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RATZEL, Friedrich. A Relação entre o Estado e o Solo. O Estado como Organismo Ligado ao
Solo. Geousp – Espaço e tempo. São Paulo. Número 29, p. 51-58, 2011.
RESUMO DO CAPÍTULO
1. O Estado na geografia e a concepção de Estado
A vida do homem se parece com a dos outros animais por causa de suas imagens (ilha
política, onda humana, ilha humana, maré humana, etc.).
Para a biogeografia, o próprio Estado é uma extensão da vida que sofre a mesma influência
que qualquer outra forma de vida. O Estado não se cria ou não se expande em regiões “hostis”, como
por exemplo as desérticas e polares. Ao longo da história, os Estados cresceram juntos com a
população. Sua fronteira é a expressão de um movimento orgânico e inorgânico, e sua formação
estatal é parecida com um tecido celular .
O solo favorece ou impede o crescimento do Estado: aqueles localizados perto da margem de
rios ou costas prosperaram por causa do sistema de comunicação natural que o solo criou; Estados
montanhosos são menos povoados e tem uma relação desigual entre superfície e povo; Os que ficam
longe da linha do Equador dispõe de um espaço estreito que torna o solo precioso; por fim, os
maiores e mais potentes estão em zonas moderadas perto do mar.
4.
Estados civilizados têm uma alma política detida pelo povo que sustenta seu “corpo”, quanto
mais essa alma anima o corpo, mais vigoroso é o Estado. Essa alma sempre renova-se através das
gerações. Membros que não são penetrados pela alma política se separam e com isso a unidade
política também termina.
Apesar da política ser o espírito do Estado nem sempre só ela basta, como por exemplo no
caso da Suíça, formada por povos diversos e Estados fragmentados, em que a política da
confederação foi possível também graças ao amor geográfico dos suíços pelo seu país. Nas palavras
de Ratzel: “é este fundamento geográfico que fez com que esta ideia política animasse o corpo fraco
de uma alma forte”.
Quando o Estado está durante séculos intimamente associado ao seu solo é quase impossível
separar um do outro: não se pode pensar na Suíça sem seus alpes, nos holandeses sem a Holanda ou
em franceses sem a França. Como expõe Platão, homem e Estado se diferenciam apenas em função
do ambiente. É como se a natureza inconscientemente fizesse com que Estados únicos, que se
tornarão territórios unificados, cubram os solos que são suscetíveis para dar resultados.
Somente uma potência política pode colher as vantagens de determinado solo, a presença de
um segundo Estado faz com que a potência se enfraqueça: “Não é como o crescimento de um
carvalho que deixa ainda crescer erva sob a sua coroa” - Ratzel. Foi no momento em que outros
Estados, através de seus funcionários, começaram a nascer dentro do Estado imperial alemão que ele
se desfez.
A maioria da população deve considerar o solo como o solo dela para que a economia tenha
valor do ponto de vista do Estado.
5. A história de um Estado não conseguiria instruir sua política sem a fixidez de um solo
O Estado faz sua política porque o solo é fixo. As características do solo comportam-se
conforme a modificação feita pelo povo. O solo sempre prevalece sobre o Estado: Apeninos, mesmo
nem sempre estando no centro de um império, permaneceu como uma das regiões mais importantes
do mundo. A geografia política aprende sobre o futuro pois presta atenção na constância do solo. O
objetivo último do Estado é garantir ao povo o solo para seu desenvolvimento.
O Estado é um organismo imperfeito, pois as partes que compõe ele são independentes, elas
não se sacrificam em prol de todos, mas ele termina por ser potente e produtivo por causa de sua
espiritualidade e moral. Os habitantes de um Estado são fixados espiritualmente a sua terra em razão
de um objetivo em comum. Estados primitivos têm crescimento orgânico, isto é, utilizam o solo
apenas para sua cultura e defesa, enquanto os desenvolvidos são inorgânicos e precisam das forças
espirituais para seu desenvolvimento.
No entanto, é importante notar que a comparação entre o Estado e um organismo deve ser
feita com cuidado, não levando totalmente ao pé da letra a analogia entre os dois. No Estado, o
homem não sacrifica nada importante em prol do todo e não é dependente dele, enquanto em um
organismo, os elementos são todos dependentes do todo.
8. A relação espiritual com o solo reside no hábito de viver juntos, no trabalho comum e na
necessidade de proteção
Do hábito de viver juntos, surge a consciência nacional; do trabalho comum, a relação
econômica do Estado; da necessidade de proteção, o poder dado ao soberano para manter a
unidade. O solo é a cena, o objeto e a fonte (dos frutos) do trabalho. Certos lugares são sagrados por
causa do hábito de viver juntos que cria uma conexão profunda entre o povo e o solo. A necessidade
de proteção faz com que as fronteiras sejam fortalecidas e certos lugares tenham mais investimentos.
11. Certas partes de um organismo são mais estritamente ligadas à vida do ponto de vista do
todo do que outras.
Todo Estado tem uma parte geográfica que é mais importante politicamente do que outras,
de modo que sua perda causaria grande dano. As partes mais importantes são onde tem grandes vias
de comunicação, como as zonas costeiras e as vias fluviais ligadas ao mar. Conforme a civilização
progride, as zonas mais importantes se beneficiam. Sem o Danúbio, a Sérvia precisa de Belgrado, já a
Suíça depende dos Alpes.