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DISCIPLINA: Direito Internacional

TURNO: Matutino
ALUNO: MARIANA MICHETTI SOUZA
MATRÍCULA: 1610100181

PESQUISA ACADÊMICA – Aula 08

1. Quais são os elementos que formam o Estado?

População (elemento humano), território (espaço geográfico) e soberania.

2. Qual a diferença entre delimitação e demarcação?

São formas de determinar o Estado. Delimitar é estabelecer limites, o que é feito por
tratados ou costumes. Já demarcar um território significa implantar marcos físicos sobre o
território, que podem ser postes, cercas, muros, balizas entre outros.
3. Quais são as formas de expansão do território do Estado?

São formas de expansão do território:


a) ocupação efetiva (quando um Estado toma posse de um território que não pertencia
anteriormente a nenhum outro Estado - res nullius);
b) conquista (é a transferência do domínio de um território de um Estado para outro, por
meio da guerra);
c) secessão (independência de parte do território, que se torna um Estado autônomo);
d) cessão convencional (quando um Estado transmite uma porção de seu território a outro
Estado por manifestação livre de sua vontade);
e) fusão convencional (junção completa de dois ou mais Estados para a criação de um
outro Estado resultante);
f) decisão unilateral (quando uma Organização Internacional ou comissão arbitral decide
um litígio entre dois ou mais Estados, determinando os limites territoriais de cada um);
g) descolonização (processo de independência das ex-colônias);
h) dissolução de um Estado (a separação do Estado em diversos Estados distintos).

4. Qual a diferença entre fronteira e limite?

Limite relaciona-se com um traçado preciso, linear e evidentemente definido no


terreno. A expressão fronteira, por sua vez, possui maior abrangência e refere-se a uma
região ou faixa. Limites referem-se a uma determinação legalmente fomentada, que foi
estabelecida por um acordo formal ou uma convenção. Já as fronteiras constituem algo
dinâmico, “vivo”, por assim dizer, referindo-se às trocas e relações, sejam elas culturais,
econômicas, militares, afetivas e outras.

5. Quais são as formas de fixação de território nos rios?

São formas de fixação em rios contíguos:


a) no talvegue (linha do nível mais baixo do leito do rio em toda sua extensão, será mais
interessante que o limite não seja no meio do rio, mas sim ao longo do talvegue);
b) em condomínio (dois Estados podem utilizar o rio, tanto para navegação quanto para
exploração comercial, sem discriminação em função da nacionalidade dos usuários);
c) no meio do rio (quando é difícil estabelecer o talvegue ou quando a navegação é
igualmente possível por diferentes partes do rio ou ainda quando o rio não é muito
utilizado para navegação);
d) em uma das margens do rio.

6. Diferencie mar territorial, zona contigua, zona econômica exclusiva e plataforma


continental. Qual a extensão de cada uma delas?

Conforme Lei 8.617/1993:


a) Mar territorial: o Estado costeiro exerce soberania ou controle pleno sobre a massa
líquida e o espaço aéreo sobrejacente, bem como sobre leito e o subsolo deste mar.
Compreende uma faixa de 12 milhas marítima de largura, medidas a partir da linha de
baixa-mar do litoral continental e insular.
b) Zona contigua: onde o Estado exerce sua jurisdição sobre atividades marítimas e de
interesse nacional. Compreende uma faixa que se estende de 12 a 24 milhas marítimas.
c) Zona econômica exclusiva: separa as águas nacionais das águas internacionais. O
Estado tem prerrogativas na utilização dos recursos, tanto vivos como não-vivos, e
responsabilidade na sua gestão ambiental.ompreende a plataforma continental e a coluna
d’água que se estende, a priori, de 12 a 200 milhas marítimas.
d) Plataforma continental: uma faixa de terra submersa existente em todo litoral de todo
o continente, que, em um suave declive, termina ao dar origem ao talude continental. É
uma extensão natural do solo mar adentro, até o limite do talude continental.

7. O que é patrimônio comum da humanidade? De exemplos e a especificidade de cada


um.

Quando determinada região não está sob o domínio direto de Estado algum e cuja
preservação é de interesse de toda a humanidade. Pode ser:
a) o alto-mar (regiões além da zona econômica exclusiva);
b) a Antártica (continente que fica no Polo sul, para fins de pesquisa científica pacífica.
Não pode ser explorada economicamente ou ser o palco de atividades militares);
c) o espaço geoestacionário (região ao redor da terra, aproximadamente 36 mil
quilômetros acima do Equador, ideal para o posicionamento de satélites);
d) o espaço sideral e os corpos celestes (patrimônio de toda humanidade, não são
passíveis de apropriação pelo primeiro Estado que tivesse contato).

PESQUISA ACADÊMICA – Aula 09

1. Reconhecimento de um novo Estado e de um novo governo é a mesma coisa?

Não são a mesma coisa. Pois, o reconhecimento do Estado é a manifestação unilateral e


discricionária de outros Estados ou Organizações Internacionais no sentido de aceitar a
criação do novo sujeito de direito internacional, portanto, com direitos e obrigações. É ato
unilateral, pois tem a manifestação de um único sujeito de direito internacional. Quando o
Estado é criado, os demais Estados gradualmente manifestam seu reconhecimento. E é
discricionário porque os outros Estados não são obrigados a reconhecer o novo Estado.
Eles podem considerar que existe alguma inconsistência nos elementos constitutivos do
Estado, por exemplo. O reconhecimento de um novo Estado é um ato político.
Reconhecer que determinado território e população estão agora sob o comando de um
determinado governo autônomo significa dizer que não está mais sob as ordens de outro
Estado.
Já reconhecimento do novo governo ocorre no contexto de um Estado já reconhecido,
mas cuja direção política é alterada. Não gera problemas quando há manutenção da linha
política, mas se faz necessário quando há alterações bruscas no regime político, por
exemplo, golpes de Estado ou revoluções.

2. Quem pode reconhecer um novo Estado?

Qualquer sujeito internacional. Ou seja, um outro Estado ou uma Organização


Internacional.

3. Qual a importância do reconhecimento de um novo Estado?

O reconhecimento de um novo Estado tem como importância a consideração da


soberania deste, o reconhecimento de direitos e deveres e a delimitação territorial e
populacional. Ainda, demonstra a vontade política de interagir com o Estado reconhecido
e que a nova entidade detém as condições fáticas para tornar-se um sujeito de direito
internacional. Também, cria juridicamente um estoppel, tornando, nesse caso, impossível
ao Estado que reconheceu o novo Estado mudar a manifestação de sua vontade.
Por outro lado, o não reconhecimento traz consequências diversas, porque significa que,
para os demais Estados, inexiste a pessoa jurídica de direito internacional. Os direitos
soberanos do Estado não reconhecido são ignorados, com efeitos como a impossibilidade
da garantia dos privilégios e imunidades diplomáticas perante os tribunais nacionais (que
devem seguir o reconhecimento ou não pelo Poder Executivo); a impossibilidade de
respeito aos limites jurisdicionais do outro Estado; o não reconhecimento da
nacionalidade; entre outros.

4. Em que contexto um novo governo pode ser reconhecido?

Quando há uma mudança efetiva no cenário político do Estado, por meio de troca da
troca de regime, ou por um golpe ou revolução.
O reconhecimento do novo governo ocorre no contexto de um Estado já reconhecido, mas
cuja direção política é alterada. Não gera problemas quando há manutenção da linha
política, mas se faz necessário quando há alterações bruscas no regime político, por
exemplo, golpes de Estado ou revoluções.

5. Cite três tipos especiais de personalidade jurídica internacional, explicando cada


um deles.

Alguns tipos especiais de personalidade jurídica internacional são a) entidades políticas


legalmente próximas dos Estados, b) Territórios internacionalizados, c) Estados com
status nascendi, d) Comunidades beligerantes, e) Microestados, f)
Governos em exílio.
Explica-se, a seguir, três deles:
- Entidades políticas legalmente próximas dos Estados: são arranjos políticos criados por
Estados ou por OI’s. Essas figuras híbridas podem ser regiões com um governo
autônomo e população, mas que não são Estados propriamente ditos, a exemplo da
cidade livre de Dantzig, criada pelo Tratado de Versalhes. Essas ficções jurídicas têm
poderes para celebrar tratados, manter a ordem e exercer a jurisdição em seu território.
No entanto, não se pode dizer que sejam entes soberanos.
Territórios internacionalizados: são regiões administradas por outros Estados, não em
nome próprio, mas em nome da Comunidade Internacional em geral, ou por Organizações
Internacionais. Geralmente são administradas durante um período de tempo determinado,
como, por exemplo, parte da Lituânia, após a Primeira Guerra Mundial.
Estados com status nascendi: são regiões com governo, população e territórios próprios,
mas ainda não reconhecidos pela comunidade internacional. Por conveniência jurídica,
assume-se que existe certa personalidade jurídica, para que os atos práticos antes do
reconhecimento sejam considerados válidos retroativamente, a partir deste. A situação da
Palestina é um exemplo atípico porque, muito embora tenham território, governo e
população próprios, Israel ainda controla diversas competências jurídicas, limitando
bastante a autonomia palestina.

6. Cite duas capacidades e duas competências que o Estado soberano possui.

São capacidades de um Estado soberano: produzir normas jurídicas internacionais; ser


sujeito ativo de ilícitos internacionais; pedir indenizações por danos ilícitos cometidos por
outros Estados; ter acesso aos sistemas internacionais de solução de controvérsias;
tornar-se membro e participar plenamente da vida das Organizações Internacionais;
estabelecer relações diplomáticas e consulares com outros Estados.
São competências de um Estado soberano: exercer o domínio sobre seu território,
independentemente da vontade de qualquer outra fonte de poder; criar normas internas e
julgar os atos cometidos em seu território; atribuir a nacionalidade de seu Estado;
determinar o direito sobre as pessoas físicas e jurídicas.

7. Soberania pode ser transferida? Por quê?

Não. Embora tal questão não esteja pacificada entre os doutrinadores, a Soberania é um
aspecto fortemente presente no plano do direito internacional e nas relações entre
Estados. Ao transferir parte da competência, significa perder uma parte do que se está
transferindo.
O Estado soberano é ainda a principal fonte do direito, dos instrumentos de regulação da
vida internacional, apesar da presença de entidades que têm influência sobre suas
decisões.

8. O que é sucessão de Estados? Nesses casos há transferência de soberania?

Sucessão de Estados é a substituição de um Estado por outro na responsabilidade das


Relações Internacionais de um determinado território. Trata-se de uma situação que
implica efeitos jurídicos importantes não apenas para o Estado que surge como também
para toda a comunidade internacional. Pode ser o caso em que um Estado se divide e
origina dois ou mais novos Estados ou, então, o contrário, com a fusão de dois Estados,
que dão origem a um novo.
Estado. A sucessão de Estados dá origem à criação de novos direitos soberanos ou à
expansão dos direitos soberanos de um Estado sobre outro território.
Não se trata de transferência de soberania, e sim, o nascimento do direito soberano,
independente dos direitos do Estado predecessor. Ou seja, não há que se falar em
direitos de sucessão em relação ao Estado anterior.

9. Quais são as modalidades de sucessão de Estado?

São quatro principais modalidades de sucessão:


a) aquisição de um território cujo domínio a ninguém pertencia anteriormente (res nullius);
b) transferência ou fusão de território de um Estado a outro;
c) perda de uma parte de território para um novo Estado que nasce;
d) dissolução de um Estado e a respectiva formação de dois ou mais novos Estados.

10. Qual é o principio norteador na sucessão de Estado? Explique.

O princípio da continuidade do Estado, ou seja, entende-se que há a continuação do


Estado anterior no novo Estado, em relação à responsabilidade de direitos e obrigações.
Isto é, permanece as obrigações assumidas por um governo que toma o poder, ainda que
decorrente de revolução ou golpe de Estado, porque não há um novo Estado, mas o
anterior, agora com novo governo.

11. Em que momento ocorre a extinção jurídica do Estado?

A extinção jurídica do Estado apenas ocorre com sua dissolução ou sua fusão a outro
Estado.

12. Qual é o principio seguido na sucessão de Estados em relação aos tratados?


Explique.

É o princípio da manutenção seletiva dos tratados em vigor anteriormente. Ou seja, há a


presunção de que o sucessor continua parte nos tratados em vigor. Em alguns casos, o
Estado sucessor declara que continuará sendo parte em todos os tratados de seu
predecessor. No entanto, mesmo assim, o Estado sucessor poderá posteriormente decidir
em quais tratados será ou não parte, conforme seus interesses.

13. O que ocorre com os tratados em caso de fusão ou de dissolução do Estado?

Quando há fusão, presume-se que o novo Estado participa de todos os tratados e


Organizações Internacionais integradas pelos anteriores, inclusive pendentes de
assinatura ou ratificação. Todos os atos podem ser praticados pelo novo Estado unificado,
exceto quando: a) não há interesse de sua parte; b) os demais não aceitam a sua
participação; c) a sua participação seria incompatível com a finalidade do tratado.
Quando há dissolução, presume-se que os novos Estados têm o direito de dar
continuidade a todos os tratados relacionados ao Estado anterior. No entanto, há algumas
considerações que limitam o poder de escolha: a) se o tratado se refere a todo o território,
todos os Estados têm direitos idênticos ao Estado predecessor; b) se o tratado se refere à
parte do território do Estado predecessor, que agora pertence apenas a um ou a alguns
Estados sucessores, somente estes terão o direito de integrar o novo tratado; c) os
demais Estados partes no tratado devem aceitar a participação dos novos; d) a
participação dos sucessores não pode ser contrária aos objetivos do tratado em vigor.
14. O que acontece com os bens, arquivos e dívidas na sucessão de Estados?

A princípio, deveria haver o consenso entre as partes na divisão dos haveres. Todavia,
muitas vezes tal divisão não é pacífica. Quando há sucessão de Estados, o princípio
fundamental na divisão dos haveres positivos e negativos é o consenso entre as partes.
Utilizando-se, assim, o princípio da proporcionalidade. O direito internacional segue regras
gerais no sentido de que a propriedade dos bens, dos arquivos e das dívidas deve ser
relacionada à ligação entre o território de cada Estado e ao princípio da equidade em sua
divisão.
Quanto aos bens, a criação de um novo Estado implica a transferência de bens do Estado
predecessor. Neste sentido, os bens existentes no território transferido passam a ser do
Estado sucessor.

Quanto aos arquivos públicos, importantes, pois, por meio deles, que podem ser
encontrados os títulos de propriedade, o histórico dos tributos, das normas, do processo
legislativo ou até mesmo do processo que deu origem à criação do novo Estado. Devem
ser transferidos com a sucessão do Estado. Sua transferência é feita, em geral, sem
compensação financeira e segue a seguinte lógica:
a) os documentos que se referem ao território do sucessor devem ser destinados ao
mesmo; b) o Estado predecessor deve fornecer os títulos territoriais relativos ao território
e seus limites territoriais, na melhor forma possível; c) o predecessor pode cobrar do
sucessor os valores referentes aos custos da realização das cópias.
Quanto às dívidas, a priori, são transferidas ao Estado sucessor pro rata. Mas, é indicada
a realização de um acordo entre as partes. Se não houver acordo, alguns princípios
devem ser seguidos: a) quando há transferência de parte do território de um Estado para
outro Estado, o sucessor deve assumir as dívidas do predecessor proporcionalmente ao
território transferido; b) se for um novo Estado independente, não se deve transferir a
dívida; c) quando se trata de União entre Estados, as dívidas são assumidas pelo novo
Estado que se forma; d) se for dissolução do Estado, a dívida é dividida
proporcionalmente.

PESQUISA ACADÊMICA – Aula 10

1. Conceitue Organizações Internacionais?

Organizações Internacionais ou intergovernamentais são pessoas jurídicas de direito


internacional. Têm ordens jurídicas próprias, diferentes dos Estados que as integram. São
criadas a partir da iniciativa dos próprios Estados ou de outras Organizações
Internacionais, com um fim determinado, o que por sua vez pode ser de diferentes
naturezas. São resultado de manifestação da vontade dos sujeitos de direito internacional,
com isso não poderá ter como membros pessoas físicas ou jurídicas de direito interno.

2. Ois podem ter como membros pessoas físicas ou jurídicas de direito interno? O
que será nesse caso?

Como são manifestação da vontade dos sujeitos de direito internacional, não podendo ser
sujeitos de direito interno, a Organização Internacional não pode ter como membros
pessoas físicas ou jurídicas de direito interno. Caso tenha membro que não são Estados,
ela será uma organização não governamental (ONG).
3. Qual a natureza jurídica de uma OI? Qual o fundamento para sua criação?

Organizações Internacionais têm natureza de pessoa jurídica de direito internacional, de


caráter institucional. A criação de Organizações Internacionais fundamenta-se no poder
soberano dos Estados. A natureza jurídica é, portanto, a mesma dos Estados, mas com
limites de competência predeterminados pelos próprios membros que a constituem. A
principal diferença é a origem do fundamento: nos Estados, existe uma justificativa interna
para a personalidade jurídica, derivada da faceta interna da soberania. Nas Organizações
Internacionais, o único elemento justificador é externo, derivado apenas da soberania dos
Estados-membros. Se houver outras Organizações Internacionais como membros, o
fundamento continua a ser a soberania dos Estados que, indiretamente, atribuíram
capacidades e competências a estas, por meio da primeira Organização Internacional que
integraram.

4. Ois podem criar outras Ois?

As Organizações Internacionais também podem criar outras Organizações Internacionais.


Neste caso, a organização instituidora atribuirá parte de suas capacidades e
competências à outra, também decorrente da vontade dos Estados. De qualquer modo, a
vontade soberana dos Estados-membros é a fonte e o fundamento de todos os poderes
das Organizações Internacionais.

5. Qual a importância do tratado constitutivo da OI? Qual a particularidade destes?

O ato constitutivo das Organizações Internacionais é sempre um tratado. Em geral,


denomina-se estatuto. Segue as mesmas regras dos tratados em geral, necessitando de
ratificação pelos Estados, conforme o procedimento previsto em sua Constituição ou
norma equivalente. Em Organizações Internacionais de escopo universal, com
competências mais importantes, esse tratado é chamado de Carta ou Pacto. No entanto,
como explicado no capítulo sobre tratados, a denominação do documento é apenas uma
tradição e não uma regra. Por esse motivo, encontram-se as mais diversas
denominações.
O tratado constitutivo das Organizações Internacionais é ratificado por Estados ou por
outras
Organizações Internacionais e determina as estruturas, as competências, as finalidades,
os meios de execução, os procedimentos para alteração de seu estatuto e suas formas de
extinção.Para cada estrutura, define os instrumentos e critérios para composição de
cargos e a forma de exercício do poder. Esses tratados são documentos solenes, que não
aceitam reservas. Os membros devem aceitar a Organização Internacional tal como foi
negociada. Também não podem alegar outros tratados posteriores para esquivar-se de
cumprir o tratado constitutivo porque este tem primazia sobre outros tratados.

6. Qual é a motivação dos Estados para criarem Ois?

Os Estados criam Organizações Internacionais com diferentes propósitos, como


institucionalizar o controle de determinados temas, criar instituições independentes da
burocracia nacional, possibilitar a existência de um foro permanente de negociações ou
viabilizar a coordenação de determinados temas, a partir do amadurecimento de um
processo de cooperação multilateral.
Com a criação de mecanismos institucionais de controle, com procedimentos e
instrumentos de sanção comumente aceitos pelos membros, evita-se o constrangimento
de um Estado controlar os assuntos internos de outro Estado. Mesmo sendo as
Organizações Internacionais sujeitos de direito internacional com personalidade própria,
distinta da dos Estados, estes se sentem mais confortáveis em ser controlados por uma
Organização Internacional do que por outro Estado, visto que a Organização Internacional
não é “outro Estado”, mas “uma pessoa jurídica composta pelo próprio Estado”.

7. Cite e explique três estruturas mais comuns nas Ois.

a) Assembleia Geral ou Conselho Ministerial - órgão que reúne todos os Membros. Trata-
se do órgão máximo de deliberação, com poder de alterar os tratados em vigor. Pode
reunir-se permanentemente ou periodicamente.
b) Secretário Geral - órgão unipessoal, ocupado por um indivíduo escolhido pelos
membros.
c) Mecanismo de Solução de Controvérsias – são mecanismos próprios para buscar a
efetividade do direito em seu subsistema, são instrumentos próprios de solução de
controvérsias.
d) Órgãos específicos - têm por objetivo controlar e implementar os objetivos da
organização. Os órgãos específicos têm, em geral, de um terço a um quinto dos membros
da organização.

8. Qual a classificação dos membros de uma OI?

Os membros das Organizações Internacionais são os Estados ou outras Organizações


Internacionais. Existem três diferentes modalidades de vínculo: permanente, observador e
temporário.
Membros permanentes são aqueles que podem participar ativamente de todas as
atividades da Organização Internacional, com direito a voz e voto.
Observadores têm acesso às reuniões e podem ter inclusive direito a voz, mas não terão
direito a voto. Os Estados preferem passar um período como observadores, para melhor
avaliar as vantagens de um vínculo obrigatório.
Temporários são convidados para reuniões específicas, para a discussão de pontos que
lhe interessam, ou apenas durante um período restrito e, em geral, predeterminado.

9. Explique a teoria das capacidades ou dos poderes implícitos? Quais são suas
limitações?

Os Estados atribuem capacidades às Organizações Internacionais. Atende-se ao princípio


da especialidade, isto é, elas têm uma capacidade funcional, para aquelas funções para
as quais foram criadas, e não uma capacidade universal, como os Estados, que têm
irrestrito poder de agir no âmbito de sua soberania. O princípio da especialidade
pressupõe uma interpretação ampla, onde se evoca com frequência a teoria das
capacidades implícitas.
Entende-se pela teoria dos poderes implícitos que os órgãos das OI’s possuem todos os
poderes necessários para executar suas capacidades e competências previstas nos
tratados constitutivos. Tal teoria não é unânime. Reconhecem-se poderes implícitos, não
expressamente atribuídos pelos Estados, mas sem os quais os atos dessas OI’s teriam
baixa efetividade. Tal teoria amplia bastante as capacidades e competências de uma OI.
Seus limites são encontrados quando analisamos sistematicamente o direito internacional
e o contexto de uma OI. Não deve haver sobreposição de assuntos.
10. Cite três capacidades institucionais das Ois, explicando cada uma delas.

São capacidades de uma OI:


a) celebrar tratados com outros sujeitos de direito internacional;
b) enviar e receber representantes diplomáticos;
c) promover e participar de conferências internacionais;
d) apresentar reclamações perante tribunais internacionais;
e) ser depositárias de tratados;
f) operar navios e aeronaves com bandeira própria.

O poder de celebrar tratados deriva da natureza de pessoa jurídica de direito


internacional. Não decorre de um poder soberano da Organização Internacional, porque
esta não tem esse poder. Deriva das competências atribuídas pelos Estados-membros.
Podem ter naves e aeronaves com bandeira própria, a fim de não vincular as atividades
da Organização Internacional a Estado algum.

11. De quem é a competência de interpretar o tratado constitutivo da OI?

É a própria Organização Internacional e não pelos Estados que a integram. Logo, em


caso de controvérsias, a Organização Internacional irá decidir sobre seu tratado
constitutivo. Em geral, quando se trata da identificação da competência sobre
determinada situação, o tratado constitutivo é interpretado de forma ampla e raramente a
organização se declara incompetente.

12. Quais são os procedimentos de tomada de decisões nas Ois?

Os atos jurídicos produzidos pelos órgãos colegiados são chamados de resoluções. As


resoluções podem ser relativamente obrigatórias, conforme o grau de cogência da própria
OI. Em função de sua obrigatoriedade, podem ser classificadas como:
a) Recomendações: resoluções não obrigatórias, mas que indicam a posição da
Organização Internacional sobre um tema;
b) Decisões: de caráter obrigatório, que devem ser seguidas pelos Estados. Quando não
cumpridas, podem dar origem a sanções.
A adoção de decisões é precedida por recomendações indicando a posição da
Organização Internacional a respeito de um determinado tema. Trata-se, neste sentido,
de um processo escalonado.
O quorum para a aprovação de uma resolução segue as regras definidas no estatuto.
Existem diferentes modalidades:por consenso; por maioria qualificada; por maioria
qualificada, mas com o aceite de alguns Estados específicos.

13. De que forma uma OI pode ser controlada? Qual é a forma de extinção de uma
OI?

São os tipos de controle:


a) controle interno, de caráter político - realizado pelos órgãos deliberativos e judiciais da
própria Organização Internacional. É um controlar a legalidade, a conveniência e a
oportunidade dos atos. Pode ser feito indiretamente pelos Estados, mas, sobretudo, de
forma independente, pelos próprios funcionários da OI.
b) controle interno, de caráter judicial - realizado quando há um
órgão judicial interno, competente para controlar os próprios atos.
c) controle externo, de caráter político - realizado por outras Organizações Internacionais,
quando há subsídio, ou mesmo pelos Estados-membros.
d) controle externo, de caráter judicial - realizado pelos tribunais internacionais e pelos
tribunais nacionais.

São formas de extinção:


A extinção ocorre com a desconstituição da personalidade jurídica pelos membros. A
sucessão ocorre quando outra Organização Internacional é criada a partir daquela que foi
extinta.

PESQUISA ACADÊMICA – Aula 11

1. O que guia as relações diplomáticas?

O princípio do consentimento mútuo norteia o direito das relações diplomáticas.


As negociações entre os sujeitos de direito internacional são feitas por
representantes diplomáticos enviados e aceitos por estes.

2. Quem possui direito de legação? Isso implica no reconhecimento do Estado?

Apenas os sujeitos de direito internacional. O direito de legação é o direito de receber e


enviar diplomatas. Trata-se, portanto, de um direito inerente à personalidade jurídica de
direito internacional. O direito de legação depende do reconhecimento do sujeito de direito
internacional. A aceitação do estabelecimento de relações diplomáticas significa, por
consequência, o reconhecimento do outro Estado ou da Organização Internacional. No
entanto, o simples fato de dois Estados não manterem relações diplomáticas não significa
que não se reconhecem. A inexistência de relações diplomáticas pode decorrer por
diversas questões.

3. Qual a diferença entre acreditante e acreditador?

O Estado que envia a missão diplomática é designado "Estado acreditante" e o que a


recebe e acredita é designado "Estado acreditador" ou "Estado acreditado". Hoje em dia,
praticamente todas as missões diplomáticas têm a categoria de embaixada, o que faz
com que os dois termos sejam praticamente equivalentes. A acreditação é o ato pelo qual
o Estado de acolhimento reconhece os poderes do representante do Estado de origem.

4. Qual a diferença entre embaixada e consulado? E entre acreditação dupla ou


múltipla e representação comum?

A embaixada e o consulado são naturezas da missão permanente (diplomatas que


representam o Estado). Embaixadas são responsáveis pela representação política dos
Estados. Consulados e vice-consulados são responsáveis pela representação comercial e
administrativa, sobretudo de caráter notarial.

Acreditação dupla ou múltipla - quando a mesma representação diplomática representa


seu governo perante diversos Estados ao mesmo tempo. Exemplo, a Missão diplomática
de A em uma cidade atende à outros países.
Representação comum, quando a mesma embaixada representa dois ou mais Estados
perante um terceiro Estado. Neste caso, a missão diplomática é comum, podendo ter
funcionários de todas as nacionalidades representadas ou apenas de uma delas.

5. Estrangeiros podem representar o Estado em uma missão diplomática?

Sim. O Estado pode nomear em alguns casos estrangeiros. Tal escolha é um direito
soberano do Estado e não pode ser questionado. No entanto, quando o diplomata
escolhido for de nacionalidade do Estado de acolhimento, este pode mais facilmente
negar sua aceitação ou retirá-la sem qualquer justificativa ou ainda restringir os privilégios
e imunidades diplomáticos concedidos.

6. Somente diplomatas podem ser chefe da missão diplomática?

Não. O chefe da missão é chamado de embaixador, núncio, enviado ou ministro ou


encarregado de negócios. Note-se que embaixador é uma função ocupada e não uma
classe da carreira diplomática. A função de embaixador pode ser ocupada por qualquer
pessoa, de qualquer nível da carreira diplomática (mesmo um iniciante) ou até mesmo
alguém estranho à carreira.

7. Qual a natureza dos membros da missão?

Os membros do pessoal da missão diplomática podem ser de três naturezas:


a) Membros do pessoal diplomático: diplomatas que integram a missão, tais como
ministros, conselheiros, secretários ou adidos. São agentes diplomáticos o chefe da
missão, bem como os membros do pessoal diplomático.
b) Membros do pessoal administrativo e técnico: responsáveis pelo trabalho
técnicoburocrático, como secretários ou arquivistas. No caso brasileiro, além da
possibilidade de contratar terceiros, há a carreira dos oficiais de chancelaria, específica
para cuidar desses temas.
c) Membros do pessoal de serviço: os demais funcionários responsáveis pela manutenção
da missão, como o serviço de jardinagem, garçons, cozinheiros e limpeza, por exemplo.

8. Cite três funções da missão.

a) representar o Estado de origem junto ao Estado de acolhimento;


b) proteger os interesses do Estado de origem e de seus nacionais junto ao Estado de
acolhimento, dentro dos limites estabelecidos pelo direito internacional;
c) negociar com o Governo do Estado de acolhimento;
d) obter licitamente informações sobre a evolução dos eventos de toda natureza no
Estado de acolhimento e informar seu próprio governo;
e) promover relações de amizade e desenvolver relações econômicas, culturais,
científicas entre o Estado de acolhimento e o Estado de origem.

9. Qual a diferença entre imunidade e privilegio?

Imunidades diplomáticas são benefícios previstos no direito internacional e concedidos


pelo Estado de acolhimento ao Estado de origem, para que este exerça certas
capacidades e competências soberanas em seu território.
Privilégios são benefícios concedidos pelo direito dos próprios Estados de acolhimento,
além de suas obrigações assumidas pelas normas multilaterais. A distinção não é tão
rígida. Há uma corrente teórica favorável aos Estados de origem que defende que os
privilégios também derivam do direito internacional.

10. Descreva duas imunidades atribuídas aos Estados.

A proteção dos membros da missão diplomática e o direito de livre trânsito ou a


inviolabilidade da missão.
Devem ser obrigatoriamente respeitadas pelos Estados. São pressupostos fundamentais
da manutenção das relações diplomáticas e para a própria coexistência na comunidade
internacional.

11. As imunidades se estendem a todos os membros da missão?


12. Qual a diferença entre imunidade de jurisdição e de execução? Explique.
13. O que é a teoria das imunidades relativas?
14. Rompimento de relações diplomáticas implica no rompimento de relações
consulares? Qual é o fundamento das relações consulares?
15. Quais são as funções do consulado?
16. Cite duas diferenças entre as imunidades e privilégios do pessoal da missão
diplomática e do consulado.
17. O Estado é obrigado a manter relações diplomáticas e consulares com os
demais? E em caso de guerra o que acontece?

PESQUISA ACADÊMICA - Aulas 12, 13 (DIPr)


1. De exemplos de situações que podem ser tratadas pelo DIPr?
2. Qual a particularidade dos casos tratados pelo DIPr? E qual a particularidade das
regras de DIPr em relação aos demais ramos do direito?
3. Qual o objeto do DIPr?
4. Quais são as fontes de DIPr? Existe hierarquia entre elas?
5. O que é qualificar?
6. Quais são as teorias existentes para a qualificação? Discorra sobre os argumentos e
dificuldades de cada uma delas.
7. Como se dá a qualificação no Brasil? Existem exceções?
8. Questão prévia e qualificação é a mesma coisa?
9. O juiz brasileiro pode remeter um caso que considere da competência de outro juízo?
10. De que forma pode se dá a aplicação da lei estrangeira?
11. Quais são os meios de prova da lei estrangeira? A quem incumbe o ônus?
12. O que é o retorno/reenvio? Ele é possível no direito brasileiro?
13. Quais são os limites de aplicação da lei estrangeira? Discorra sobre cada um deles.
14. Como se dá a aplicação indireta da lei estrangeira?
15. Qual a diferença entre homologação de sentença e execução de sentença?
16. Para que servem as cartas rogatórias?
17. A concessão ou denegação do exequatur faz coisa julgada material?
18. De que modo deve ocorrer a citação de parte domiciliada no Brasil?
19. Quais são os objetivos da homologação no âmbito interno?
20. Quais são as decisões passíveis de homologação?
21. Descreve o sistema de homologação utilizado no Brasil?
22. Discorra sobre os requisitos necessários para a homologação de sentença?
23. Sentença homologanda gera litispendência em relação a lide na justiça brasileira?
24. Há coincidência entre objetos e partes do processo de homologação e da sentença
estrangeira?
Referência Bibliográfica:
- VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público. SP, Saraiva.2012.

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