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NOÇÃO DE DIP
Suscetibilidade por ser destinatário de normas e princípios de DI, dos quais decorre a
oportunidade ser titular de direitos e ficar adstrito a obrigações (capacidade de ser
titular direitos e deveres internacionais, dependendo estes dos objetivos e funções
atribuídos à organização, sejam eles enunciados, implicados por seu ato constitutivo
ou desenvolvidos na prática).
Pessoa Jurídico-internacional
Ius Belli – é o direito que rege a maneira como a guerra é conduzida, este tem fins
puramente humanitários, buscando limitar o sofrimento causado pela guerra.
RECONHECIMENTO DA SUBJETIVIDADE INTERNACIONAL
Reconhecimento do Estado
Reconhecimento do Governo
Divide-se nos que têm substrato estadual (Estado) e os que não têm (representações
não estaduais):
Coletividades não estaduais: não se filiam em qualquer pertença estadual (Santa sé,
Ordem de Malta, Cruz Vermelha)
População
Povo
Nação
O Estado, uma componente totalmente exclusiva, mas o Direito Internacional vai exigir
que esse vínculo seja efetivo. O estado é livre de dar a nacionalidade a quem quiser,
mas essa nacionalidade para ser reconhecida no estrangeiro, para ser oponível tem de
ser efetiva. Se não for efetiva os outros países têm o direito de não a reconhecer.
Apátrida
Devia haver poucos casos desses, mas infelizmente há́ mais, cerca de 10 milhões de
pessoas. O problema de não ter nacionalidade é que não se pode trabalhar, não se
pode ir à escola. Há erros administrativos. Há́ questões de incompatibilidades de
nacionalidades que não permitem a transmissão da nacionalidade. Em alguns países só
os homens transmitem nacionalidade. Se não tiverem a mulher não pode transmitir.
Pessoas que nascem sem identidade em países em guerra, em estados falhados. Às
vezes são decisões de países.
Pluripatridia
Território
Espaço terrestre
Espaço aéreo
Espaço marítimo
A fronteira é uma linha fictícia que permite saber a soberania que se exerce. As
fronteiras não precisam de ser bem delimitadas para ser considerado um estado.
Vamos aplicar o princípio da inviolabilidade das fronteiras. Quer dizer que esse
princípio visa garantir o respeito pelos limites territoriais de um estado no momento
da sua independência.
Soberania internacional
Aliás isto está previsto no art.º 2 da Carta das Nações Unidas. Não têm soberania
internacional os Estados Federados. Os Estados Federados têm soberania interna pois
têm uma constituição, mas não tem vertente internacional, não podem participar em
organizações internacionais, celebrar tratados, etc.
Uma vez que o Estado é formado a soberania internacional vai implicar direitos e
deveres. Os direitos é a independência e a soberania reconhecidos e protegidos pelo
direito internacional. Os deveres é respeitar o direito internacional, proibição das
ingerências nos assuntos internos, proibição do uso da força.
Pode haver casos em que os estados vão ter uma capacidade do exercício de soberania
limitado. Os estados neutralizados não têm jus belli. São estados que decidiram por um
ato interno não ter o jus belli.
Temos ainda os estados neutros. São aqueles que vão tomar uma opção momentânea
que num conflito vai decidir não intervir nem a favor de um lado nem a favor de um
outro. Mas é momentâneo não quer dizer que noutro conflito não possa intervir.
Quando um estado é membro de uma organização internacional vai ter capacidade
limitada. Ao mesmo tempo que exerce a sua soberania, delega competências na
organização internacional.
Sucessão dos estados
É a questão de um estado que vai suceder a outro. Temos aqui uma convenção de
Viena sobre sucessão de estados em matéria de tratados que rege essas questões, a
prática não é bem seguida assim como vamos ver, mas vamos simplificar. Esta questão
coloca-se em duas situações quando há uma fusão de estados ou se há um
desmembramento, ou uma desintegração vamos guardar os tratados e o estado
sucessor vai continuar os tratados em virtude do princípio de continuidade informando
que é o estado que vai suceder.
Ex.: Tratados objetivos, desde logo tratados de delimitação as fronteiras. Aqui não
pode haver princípio da tábua rasa pois haveria um conflito. Tem de se aceitar o
tratado objetivo assinado pela potência anterior. Depois tenta-se negociar.
Outro tipo de tratados que não podem ser postos em causa são os tratados-lei
(tratados que protegem os direitos dos indivíduos). Tudo o que tem que ver com
Direitos Humanos. Ex.: um estado que tenha aceitado a convenção de genebra.
Vicissitudes do Estado
É uma associação de vários estados reunidos numa nova entidade internacional com
base num tratado.
Principais funções:
Estados Beligerantes
Estados Insurretos
3. Este artigo não prejudica as demais consequências referidas nesta Parte bem como
outras consequências que uma violação a qual se aplique este Capítulo possa
acarretar, de acordo com o Direito Internacional.
Regra: o Estado não pode ser considerado responsável pela conduta de particulares,
uma vez que as suas ações não lhe podem ser atribuídas.
2. Incluir-se-á como órgão qualquer pessoa ou entidade que tenha tal status de acordo
com o direito interno do Estado”.
Exceções: artigos 5, 8, 11
Jurisprudência internacional
TIJ interpretação restritiva da atribuição de responsabilidade
Acórdão Pessoal Diplomático e consular dos EUA em Teerão (EUA c. Irão) de 1980
O Estado tem uma dupla obrigação de prevenir e punir os danos causados pelos seus
nacionais ou por qualquer pessoa residente no seu território: o Estado só é
responsável se exercer um controlo efetivo sobre os indivíduos e se tiver ordenado as
violações.
B. Organização internacional
Artigo 31: “1. O Estado responsável tem obrigação de reparar integralmente o prejuízo
causado pelo ato internacionalmente ilícito.
2. O prejuízo compreende qualquer dano, material ou moral, causado pelo ato
internacionalmente ilícito de um Estado”.
Artigo 30: “O Estado responsável pelo ato internacionalmente ilícito tem a obrigação
de: a) cessar aquele ato, se ele continua; b) oferecer segurança e garantias apropriadas
de não repetição, se as circunstâncias o exigirem”.
C. Contramedidas
Contramedidas => medidas ilícitas, mas que perdem essa ilicitude quando respondem
a outro ato ilícito (no respeito do DI: princípio da proporcionalidade + normas
imperativas).
Responsabilidade de punir aqueles que infrinjam os mais altos valores protegidos pelo
Direito Internacional como por exemplo crimes internacionais. Se houver crimes
internacionais temos este mecanismo. Esta é uma responsabilidade individual que
recai sobre as pessoas que cometeram comportamentos criminais destacando a
pessoa humana como sujeito passivo de direito internacional público.
TPIJ: Tribunal ad hoc estabelecido em 1993 pela Resolução 827 do CSNU (adotada no
âmbito do capítulo VII da CNU), como sede em Haia (Holanda), com vista a processar e
julgar os principais responsáveis de graves violações do DIH (crimes de guerra,
genocídio, crimes contra a humanidade) cometidos no território da antiga Jugoslávia
desde 1 de janeiro de 1991.
TPIR: Tribunal ad hoc estabelecido em 1994 pela Resolução 955 do CSNU (também
com embasamento no capítulo VII da CNU), com sede em Arusha (Tanzânia). Foi uma
resposta ao genocídio e outras graves violações que haviam ocorrido no Ruanda, com
vista a processar e julgar os principais responsáveis de atos de genocídio, crimes contra
a humanidade e outras graves violações do DIH cometidos no território nacional ou
por cidadãos ruandeses em territórios de países vizinhos no período entre 1 de janeiro
e 31 de dezembro de 1994.
A jurisdição destes dois TPIs é concorrente com a dos tribunais nacionais para
processar os acusados. Contudo, em virtude do princípio da primazia, podem solicitar,
em qualquer fase do processo que os tribunais nacionais renunciam à respetiva
competência a seu favor, se isso se mostrar de interesse da justiça internacional.
Competência do TPI
Ratione materiae
Ratione temporis
Artigo 11. Competência ratione temporis
Ratione personae
O Tribunal não terá jurisdição sobre pessoas que, à data da alegada prática do crime,
não tenham ainda completado 18 anos de idade.
1 - O presente Estatuto será aplicável de forma igual a todas as pessoas, sem distinção
alguma baseada na qualidade oficial. Em particular, a qualidade oficial de Chefe de
Estado ou de Governo, de membro de Governo ou do Parlamento, de representante
eleito ou de funcionário público em caso algum eximirá a pessoa em causa de
responsabilidade criminal, nos termos do presente Estatuto, nem constituirá de per si
motivo de redução da pena.
2 - As imunidades ou normas de procedimento especiais decorrentes da qualidade
oficial de uma pessoa, nos termos do direito interno ou do direito internacional, não
deverão obstar a que o Tribunal exerça a sua jurisdição sobre essa pessoa.
Complementaridade:
O Tribunal poderá exercer a sua jurisdição em relação a qualquer um dos crimes a que
se refere o artigo 5, de acordo com o disposto no presente Estatuto, se:
Tivemos uma primeira secção sobre a condenação internacional da guerra, onde vimos
como é que no início tínhamos uma teoria conforme a qual podia fazer tudo. A
doutrina da guerra justa tentou por ali um enquadramento mas ficou por ali, não teve
muito impacto na prática, depois, no modelo de Vestefália, o uso da força era um dos
poderes dos estados; depois tivemos uma preocupação para limitar esse uso da força,
sobretudo a partir do séc. XX onde vamos distinguir o que é o jus ad bellum que vai
deixar de existir (a não ser autorização do Conselho de Segurança ou em Legitima
Defesa) e o outro ramo é o jus in bellum que é o Direito Internacional Humanitário,
direito que se deve respeitar em termos de regras durante uma guerra. Vimos os
vários momentos para se chegar a uma proibição da ONU, vimos a Convenção Drago-
Porter de 1907, o Pacto da SDN de 1919, o Pacto Briand-Kellogg de 1928 e, sobretudo,
o artigo mais importante é o 2, n.o 4 da Carta das Nações Unidas de 1945 que proíbe o
uso da força. Depois tivemos uma secção dedicada ao papel do Conselho de
Segurança. Vimos que é um órgão muito importante porque tem um papel essencial
na manutenção da paz que quando ele se encontra paralisado há uma resolução que é
a Acheson que pode servir para desbloquear esse impasse, onde a AG pode se reunir e
perante uma situação de ameaça à paz pode adotar resoluções para tomar medidas,
inclusive medidas que vão no sentido do uso da força e esta resolução está a ser
implementada no contexto atual (tivemos a utilização desta Resolução no caso da
guerra da Ucrânia que permitiu à AG adotar 3 resoluções que condenam o que a
Rússia está a fazer). A partir do momento em que o Estado usa o veto vai ser
convidado a explicar-se perante a AG e até hoje os Estados que usaram o veto que são
a Rússia e a China fizeram-no, foram sempre explicar o porquê do uso do veto, mesmo
não sendo obrigados.
O Art.º 7 da CNU é o mais importante do tema uso da força porque vai explicar-nos
como é que o CS vai tomar sanções. Vai tomar iniciativa, vai avaliar a situação, vai
deliberar e vai ponderar se é preciso ou não tomar medidas que vão no sentido de
autorizar ou não o uso da força.
A última matéria é a exceção da legítima defesa que está no art. 51 da Carta. O uso da
força fora da autorização do CS só é possível se um estado estiver a defender-se de
uma agressão. O que quer dizer que se um estado for atacado, for invadido, for
bombardeado, o estado vai poder defender-se, tem é de imediatamente alertar o CS
para que este tome as medidas necessárias adequadas (o facto de poder haver um
veto pode complicar as coisas). Ultimamente houve na doutrina a vontade de alargar a
legítima defesa não só́ quando há́ um ataque atual, que já́ se concretizou, houve uma
tentativa de alargamento que era para haver uma legítima defesa preventiva, caso que
se verifica quando de acordo com uma interpretação subjetiva do próprio estado há́
indícios de que virá a sofrer um ataque. Quando se age com o uso da força devemos
respeitar o princípio da necessidade e o princípio da proporcionalidade, algo que não é
possível num ataque futuro. O Putin alegou legítima defesa preventiva quanto ao facto
da Ucrânia querer aderir à NATO, temendo um ataque da sua parte. Mas isso não é
aceite, daí as 4 resoluções da AG que vieram condenar.
O que eventualmente hoje é aceite, motivado pelo facto de haver armas nucleares,
bacteriológicas e químicas, o que permite antever ataques eminentes, é a legitima
defesa preemptiva.