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O ESTADO COMO PESSOA

DE DIREITO
INTERNACIONAL
Professora: Emanoelita Silva de Amorim Abreu
ESTADO – O ESTADO SURGE DA IDADE
MÉDIA
Nos séculos XVI e XVII, o "Estado" existente na
Idade Média vai se transformar no Estado
moderno. O DI começa se formar na Idade
Moderna com a formação dos Estados e do
capitalismo. Os Estados são os principais
sujeitos do DIP por terem sido os fundadores da
Sociedade Internacional.
NOÇÕES PRELIMINARES
O ESTADO É UMA CRIAÇÃO HUMANA QUE
ESTRUTURA UM SISTEMA ORGÂNICO, DE
NATUREZA POLITÍCA E JURÍDICA, DA
SOCIEDADE. ELE DETÉM INCONTÁVEIS DIREITOS
E DEVERES NA ÓRBITA DAS RELAÇÕES
EXTERIORES, PACUTADOS MEDIANTE
TRATADOS, CONVENÇÕES, ACORDOS OU
CONVALIDADOS PELOS COSTUMES E É O
PONTO EM TORNO DO QUAL SE DESENVOLVE A
SOCIEDADE INTERNACIONAL.
“NO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO, OS
ESTADOS POSSUEM PERSONALIDADE JURÍDICA
ORIGINÁRIA E AS ORGANIZAÇÕES
INTERNACIONAIS, PERSONALIDADE JURÍDICA
DERIVADO.”
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DOS
ESTADOS
O ESTADO DEVE TER ELEMENTOS
MÍNIMOS PARA A SUA PLENA EXISTÊNCIA,
SENDO TRÊS DELES OBJETIVOS E,
PORTANTO, FUNDAMENTAIS, E UM
SUBJETIVO, QUE NÃO É ESSENCIAL, POR
NÃO SER PROPRIAMENTE CONSTITUTIVO.
TERRITÓRIO

OBJETIVOS GOVERNO SOBERANO

POVO

RECOGNIÇÃO PLENA DE
SUBJETIVO SUA EXISTÊNCIA
ELEMENTOS OBJETIVOS DO ESTADO
• TERRITÓRIO: É O ELEMENTO OBJETIVO
ESPACIAL FÍSICO. DEVE HAVER UMA BASE
TERRITORIAL, OU SEJA, UM CAMPO
ABRANGIDO COMO POR DELIMITAÇÃO DE
DETERMINADA ÁREA GEOGRÁFICA, DA
SUPERFÍCIE TERRESTRE NO QUAL O ESTADO
DESEMPENHA, DE FORMA CONTÍNUA A SUA
SOBERANIA.
• GOVERNO SOBERANO: É O ELEMENTO
OBJETIVO POLÍTICO. ASSIM SENDO,
CARACTERIZA-SE COMO UMA
ESTRUTURA POLÍTICA COM
ESTABILIDADE, QUE CONSERVA A ORDEM
NO PLANO INTERNO E REPRESENTA O
ESTADO NAS RELAÇÕES EXTERIORES.
• POVO:É O ELEMENTO HUMANO, PESSOAL.
ASSIM SENDO, CARACTERIZA-SE COMO UMA
ESTRUTURA POLÍTICA COM ESTABILIDADE,
QUE CONSERVA A ORDEM NO PLANO INTERNO
E REPRESENTA O ESTADO NAS RELAÇÕES
EXTERIORES.
POVO= BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS
(ART. 12, CF/88)
ESTADO POPULAÇÃO (composta de
nacionais e estrangeiros)

Elementos indispensáveis para sua


formação: População (composta de
nacionais e
ELEMENTO SUBJETIVO

• A RECOGNAÇÃO PLENA DA EXISTÊNCIA DE UM ESTADO PELOS


SEUS PARES E DEMAIS SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL
PÚBLICO NÃO É UM ELEMENTO ESSENCIAL, MAS APENAS
COMPLEMENTAR PARA SUA CONFIGURAÇÃO.
• EX.: PALESTINA (TEM POVO, MAS FALTA TERRITÓRIO – DESTA
FORMA NÃO PODE FIRMAR TRATADOS INTERNACIONAIS).
ELEMENTOS PARA RECONHECIMENTO
DE UM ESTADO SOBERANO
a. POSSE
DE UM GOVERNO INDEPENDENTE E AUTÔNOMO NA
CONDUÇÃO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS;

a. A EXISTÊNCIA DE AUTORIDADE EFETIVA DENTRO DO


TERRITÓRIO; e,

a. A NECESSIDADE DE QUE ESTE TERRITÓRIO ESTEJA


DELIMITADO.
RECONHECIMENTO DE ESTADO
• Quando surge um Estado na sociedade
internacional, deverá ocorrer o seu reconhecimento,
que é o ato pelo qual os Estados já existentes
constatam a existência do novo membro da ordem
internacional. É ato unilateral de natureza jurídica
declaratória, isto é, não cria nem constitui seu objeto.
O reconhecimento de Estado ou de Governo é dado
após um "pedido" do "interessado", através de uma
notificação dirigida aos demais Estados.
O reconhecimento é um ato:
a) discricionário: a questão de sua oportunidade é de apreciação
discricionária do Estado autor do reconhecimento. Não existe no DI a
fixação de um momento para que seja feito o reconhecimento.
Entretanto, a prática internacional e a doutrina têm salientado que ele
não deve ser um ato prematuro;
b) incondicional: significa dizer que o Estado não poderá criar condições
para o reconhecimento, vez que estas já estão previstas pelo Direito
Internacional;
c) irrevogável: não significa isto que o reconhecimento seja perpétuo.
Quer dizer apenas que quem o efetuou não pode retirá-lo
discricionariamente. Entretanto, como ele é dado ao Estado que
preencher determinados requisitos, caso esses deixem de existir, o
reconhecimento desaparece. d) retroativo: quando do reconhecimento,
este abrangerá todos os atos emanados desde o surgimento deste
Estado, na Ordem Internacional. Caso contrário, haveria uma solução
de continuidade na personalidade do Estado.
• Para uma coletividade ser reconhecida como Estado ela tem que
possuir população, território delimitado, governo efetivo e
independente e, por fim, soberania. Preenchendo estes requisitos ela
passa a ser uma pessoa internacional plena e passível de ser
reconhecida. Esse reconhecimento pode ser feito de modo expresso
ou tácito.
• O reconhecimento expresso pode ser individual, quando é emanado
de um Estado através de seus órgãos (chefe de Estado ou Ministro
das Relações Exteriores), ou coletivo, quando através da assinatura
de um Tratado. O reconhecimento tácito, também pode ser individual,
quando se envia ou recebe agentes diplomáticos; ou coletivo, quando
um Tratado é assinado sem que o assunto que ele trate seja o
reconhecimento.
• Natureza jurídica do reconhecimento dos
Estados:
Sobre esta matéria existem 3 teorias:
1ª TEORIA CONSTITUTIVA: Sustenta que a personalidade do novo
Estado é constituída pelo ato de reconhecimento. O reconhecimento é
que constitui, cria, estabelece a personalidade do novo Estado. Tal
afirmação está em contradição com tudo que até agora se disse sobre o
Estado, daí as críticas que se seguem:
•O Estado teria a sua personalidade constituída quantas fossem as
vezes em que fosse reconhecido; o reconhecimento é um ato
retroativo, o que não seria possível se a personalidade do Estado só
surgisse a partir do reconhecimento; por esse modo não seria um Ato
Unilateral e sim bilateral e se fôssemos admitir como ato bilateral seria
um negócio jurídico entre uma não pessoa de direito internacional e
uma pessoa de direito internacional. Para a Teoria Constitutiva o
reconhecimento é um Ato Unilateral.
• 2ª TEORIA DECLARATÓRIA: É mais aceita na ordem internacional. O
reconhecimento do Estado é um simples ato de constatação do
Estado, que preexiste a ele. O Estado tem personalidade jurídica
independentemente do reconhecimento, uma vez que ela existe
desde que preencha os requisitos: população, território delimitado,
governo efetivo e independente e soberania.
• 3ª TEORIA MISTA: Admite que o reconhecimento constata um fato
(Teoria Declaratória) e produz efeitos jurídicos e é a partir desse
reconhecimento que surgem os direitos e deveres (Teoria
Constitutiva).Salienta-se que o reconhecimento do Estado implica no
reconhecimento do primeiro governo que estiver à frente do mesmo.
Acrescenta-se também, que a ONU não reconhece situações
contrárias à descolonização. Ingressar na ONU não significa
reconhecimento pelos outros Estados membros da ONU.
• Quando se reconhecer o Estado, estará também se
reconhecendo o Governo. Quando se reconhecer o
Governo estará se reconhecendo apenas o Governo.
• O reconhecimento de Governo deve ocorrer sempre que um
novo governo se instalar em um Estado, com a violação do
seu sistema constitucional, isto é, quando ele alcança o
poder por meios não previstos no sistema jurídico estatal.
Chegando ao poder por golpe ou revolução, terá esse novo
Governo de ser reconhecido. Só há necessidade de
reconhecimento, quando um novo grupo chega ao Governo,
violando a Constituição. Para Mello, essas “regras” não são
fixas e variam com a situação política.
SUCESSÃO E EXTINÇÃO DE ESTADOS
• Ocorre quando o Estado sofreu transformações que atingem a sua
personalidade no mundo jurídico internacional. Convenção de Viena:
“sucessão de Estados significa a substituição de um Estado por outro
no tocante à responsabilidade pelas relações internacionais do
território”. Outra denominação: “sucessão jurídica internacional”.
• Emancipação Fusão (há formação de um terceiro Estado)
• Anexação total (Ex.: Etiópia pela Itália). Anexação parcial (Ex.:
Alemanha incorporou a Alsácia e a Lorena, que pertenciam à França)
Visa proteger as próprias relações jurídicas, impedindo que elas
desapareçam ao sofrer um dos seus titulares qualquer alteração na
personalidade internacional (MELLO).
Sucessão de Estados Segundo Mello:
Efeitos quanto aos tratados:
•A sucessão de Estados é uma simples substituição de soberania
sobre um território. Desaparece a competência do Estado sucedido
sobre um território e é ali instalada a do sucessor. Efeitos quanto aos
tratados: Em princípio, admite-se que o novo Estado não deve ficar
preso às obrigações convencionais contraídas pelo Estado anterior,
por se tratar de uma nova personalidade jurídica internacional.
• Convenção de Viena (1983):“Nenhum Estado de recente
independência estará obrigado a manter em vigor um tratado ou a
passar a ser parte dele pelo fato de, na data da sucessão de Estados,
o tratado estar em vigor relativamente ao território a que se refere a
sucessão de Estados”.
EXTINÇÃO DOS ESTADOS
• No DI não há um conceito definitivo de “extinção de Estado”.
Pode ser:
• Total: perda de um dos seus elementos constitutivos;
• Parcial: transformação em relação ao Estado (quando este
perde sua soberania ou esta é restringida) Expressão
imprópria para alguns autores.
• O caso do Iraque: extinção temporária por falta de governo
(MAZZUOLI)
Modos de aquisição de território

Prescrição aquisitiva (usucapião): decorre do


exercício pacífico, real e prolongado, da competência
interna de um Estado sobre dado território -
Conquista e Anexação: nascem como resultado de
uma guerra.
Condenadas pelo moderno DIP. A conquista (que
aniquila os habitantes nativos de determinado
território) encontra-se banida e sua utilização acarreta
a responsabilidade internacional do Estado.
DIREITOS DOS ESTADOS
•A primeira categoria de direitos dos Estados são os direitos
fundamentais: direitos essenciais dos Estados. Tais direitos têm como
base o direito à existência, e, por isso, seriam anteriores ao DI
positivo. (Crítica)Passou-se a entender os direitos fundamentais dos
Estados como resultantes da personalidade internacional dos
Estados. Sem eles, um Estado deixaria de ser uma pessoa
internacional com capacidade plena (MELLO).O alcance desses
direitos tem variado com a época histórica. Carta da ONU (1945) e
Carta da OEA (1948).
• Direitos dos Estados Direito à liberdade, independência ou soberania
Aspecto interno Se manifesta nos diferentes poderes do Estado: Legislativo, Executivo
e Judiciário. Consagração do direito de autodeterminação. Soberania interna:
entendida como o poder supremo do Estado de impor dentro de seu território suas
decisões (MAZZUOLI).
• Direitos dos Estados Aspecto externo
Se manifesta no direito de convenção, de legislação e ao respeito mútuo. Soberania
externa: se manifesta pela capacidade de autodeterminação do Estado nas suas
relações com outros entes soberanos internacionais. O Estado tem absoluta liberdade
na condução dos seus negócios. Carta da ONU, art. 2.º, § 7º.Carta da OEA, art. 19.
• Direitos dos Estados Igualdade
O direito à igualdade veda que um Estado submeta um outro à sua exclusiva
autoridade. Carta da ONU, art. 2º, § 1º.Trata-se de igualdade formal, jurídica, e não
material, de fato. Crítica (desigualdade de fato dos Estados).Direito de exercer a sua
jurisdição sobre todas as pessoas e coisas no seu território nacional. Imunidade de
jurisdição dos Estados estrangeiros.
• Direitos dos Estados Direito de conservação e defesa
Direito que tem o Estado de proteger e desenvolver a sua
existência. Direito à legítima defesa. Para se configurar, é
necessário que haja um ataque armado, justo e atual, bem
como que a defesa não ultrapasse a agressão. Carta da
ONU, art. 51.Carta da OEA, art. 22 e 29.
• Direitos dos Estados Direito ao comércio internacional
É o direito que os Estados têm de ter liberdade no comércio
internacional, desde que obedecidos as normas de Direito
Internacional Público e os princípios da igualdade de
tratamento, vedando que um Estado se valha de sua melhor
situação econômica para impor sua vontade nos atos de
comércio praticados com outros Estados menos favorecidos
economicamente.
Restrições aos direitos dos Estados
Geralmente, as restrições aos direitos fundamentais dos
Estados têm uma origem convencional.
• Servidão: um Estado permite que um Estado estrangeiro
exerça a sua competência no território nacional (ex.:
Tratado de Utrecht, 1713 – direito da França pescar na
Terra Nova). Condomínio: regime de um território que se
encontra submetido à competência de mais de um Estado
(ex.: 1988 – ilhas Virgens, no Caribe: condomínio dos EUA
e Grã-Bretanha). Arrendamento de território: cessão de
competências que um Estado faz sobre um trecho do seu
território a outro Estado (ex.: base militar).
• Neutralidade permanente: consiste em uma restrição à soberania de
um Estado que fica impedido de declarar guerra a qualquer outro
Estado. O Estado que se compromete a tal restrição o faz por meio
de tratado com outro Estado que se compromete a garantir a
inviolabilidade do Estado neutro. Imunidade de jurisdição: Existem
pessoas e coisas que fogem à regra de se encontrarem sujeitas à
jurisdição do Estado estrangeiro, apesar de se encontrarem no seu
território.
• Ex.: agentes diplomáticos; chefe de Estado; ministro das relações
exteriores.

Imunidade de jurisdição: Surge para garantir a independência e


estabilidade dos representantes do Estado. Convenção de Viena de
1961Prerrogativas e imunidades diplomáticas: Relativas à missão
diplomática: os locais da missão são invioláveis. Relativas aos agentes
diplomáticos: Inviolabilidade pessoal e domiciliar; Imunidade
jurisdicional; Isenção fiscal.
• Deveres dos Estados Os deveres dos Estados podem ser classificados em:

a) DEVERES MORAIS: baseiam-se nos princípios da cortesia, da humanidade, da


equidade e da justiça natural. Dever de assistência mútua. Não podem ter seu
cumprimento exigido coercitivamente nem seu descumprimento gera sanção jurídica.
Muitos dos deveres morais acabam positivando-se com o tempo, passando a ser
deveres jurídicos;
b) DEVERES JURÍDICOS: decorrem das fontes primárias de Direito Internacional
Público e podem ter seu cumprimento exigido coercitivamente pelos meios admitidos
em Direito Internacional Público. O principal dever jurídico dos Estados é o dever de
não-intervenção.

• Deveres dos Estados Dever de não-intervenção

Consiste em uma restrição à soberania e independência estatal e se traduz na ideia de


que é obrigação de todo e qualquer Estado não se ingerir indevidamente em assuntos
particulares (internos ou externos) de outros, para o fim de impor ou fazer preponderar
a sua vontade. É princípio geral do Direito Internacional Público. Art. 19 da Carta da
OEA.
• Deveres dos Estados Os elementos caracterizadores da
intervenção são:

a) imposição da vontade de determinado Estado em relação a outro,


pelo uso da força manifestada por meio de violência moral ou material;
b) ingerência não solicitada pelo Estado interessado;
c) existência de uma vontade impositiva e abusiva, estranha à do
Estado objeto da medida e sem a aceitação deste;
d) presença de dois Estados soberanos em conflito.
Deveres dos Estados O dever de não-intervenção não é
absoluto.
A intervenção é legítima nos seguintes casos:
a) em nome do direito de defesa e conservação do Estado, quando este, com razão,
sente-se ameaçado por outro Estado e intervém no Estado agressor;
b) b) salvaguarda da segurança coletiva, permitindo a intervenção para combater
determinados Estados contrários à ordem pública internacional;
c) c) proteção e promoção dos direitos humanos.
A regra hoje corrente é a de que a intervenção individual só cabe quando se tratar da
manutenção da segurança coletiva e no interesse da sociedade internacional, por meio
de procedimento próprio do organismo internacional competente.
RELAÇÕES ENTRE ESTADOS

Órgãos dos Estados nas relações internacionais:


Chefes de Estado Ministro das Relações Exteriores; Agentes
diplomáticos; Cônsules e funcionários consulares

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