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A palavra "soberania" tem origem no latim, deriva do termo latino "superanus", que

significa "superior" ou "supremo". A palavra evoluiu para o termo "soveranus" no


latim medieval, que manteve o significado de supremacia ou superioridade. A ideia
de soberania, no contexto político e jurídico, foi desenvolvida durante os períodos
Renascentistas e a era moderna. O pensador político francês Jean Bodin, do século
XVI, formulou e popularizou o conceito atual de soberania, atribuindo-lhe o
significado de autoridade suprema e indivisível dentro de um território. Essa
concepção influenciou a teoria política e jurídica, moldando a compreensão
contemporânea da soberania.

(https://www.politize.com.br/soberania/#:~:text=A%20origem%20da%20palavra
%20soberania,potestas%2C%20e%20significa%20Poder%20Supremo.) e (Livro
Curso de Direito Internacional Público - Valério de Oliveira Mazzuoli)

Desse modo, a palavra soberania está ligada na atuação do Estado de se


autogovernar, sem a interferência de outro Estado. Logo, nenhum Estado ou grupo
de Estados têm o direito de intervir, direta ou indiretamente, seja qual for o motivo,
nos assuntos interiores ou exteriores de qualquer outro. Ademais, a verdadeira
liberdade de um Estado só pode ser alcançada através de sua autonomia no
cenário internacional, permitindo-lhe agir de forma independente e evitar qualquer
coerção ou interferência externa. Essa autonomia é crucial para a sobrevivência do
Estado, tornando o direito à liberdade inseparável da noção de soberania,
desempenhando um papel fundamental na configuração jurídica internacional do
Estado.

A soberania do Estado se divide em interna e externa. Internamente, o Estado é


soberano ao importar e resguardar suas decisões dentro de suas fronteiras.
Externamente, na sociedade internacional, todos os Estados são juridicamente
iguais, regidos por normas internacionais. A concepção tradicional de soberania
destaca a competência internacional de um Estado, excluindo a dependência. O
Estado soberano dita normas internas sem ingerência externa, mas ao ingressar na
sociedade internacional, deve aceitar suas regras. A expressão soberania é
entendida como o poder do Estado de impor suas decisões dentro do território
nacional. Goffredo Telles Júnior define soberania como o "poder incontrastável de
decidir, em última instância, sobre a validade jurídica das normas e dos atos". No
âmbito externo, os Estados são iguais, em uma "igualdade soberana" nas relações
internacionais.

A soberania externa, que a projeção internacional da personalidade jurídica do


Estado, podem ser relacionados os seguintes direitos:
1) direito de celebrar tratados com outros Estados ou com Organizações
Internacionais;
2) direito de legação ativo e passivo, ou seja, de enviar representantes diplomáticos
junto a Estados estrangeiros e organismos internacionais, bem como, por outro
lado, de receber os que lhes forem enviados por tais entidades;
3) direito ao respeito mútuo entre os Estados, tanto em relação às suas
prerrogativas internacionais, bem como em relação à sua integridade territorial, sua
honra e sua dignidade;
4) direito à igualdade jurídica, que constitui princípio a tempos consagrado pela
sociedade internacional, segundo o qual nenhum Estado pode imiscuir-se na esfera
de competência de outro etc.

Sejam os Estados militarmente fortes ou fracos, economicamente ricos ou pobres,


seja uma grande potência ou uma pequena nação, todos eles têm os mesmos
direitos e deveres à luz do direito das gentes. Não interessa ao Direito Internacional
o seu grau de desenvolvimento material ou bélico, apenas importando que todos se
manifestem livremente e possuam a necessária autodeterminação para fazê-lo.

No direito interno, as normas seguem uma hierarquia, promovida pela lei


fundamental, enquanto no direito internacional público, não há hierarquia entre as
normas. A análise política destaca o princípio da não intervenção em questões
domésticas de um Estado como mais relevante do que dispositivos específicos em
tratados bilaterais. Ao contrário das relações internas marcadas pela subordinação,
na ordem internacional, a cooperativa é o princípio que orienta a convivência entre
diversas soberanias. (Livro Curso de Direito Internacional Público - Valério de
Oliveira Mazzuoli)
A noção de soberania é crucial para identificar um Estado como uma entidade legal
internacional. Não basta ter um território delimitado e uma população sujeita a um
governo. O Estado se destaca quando seu governo não se subordina a nenhuma
autoridade superior, registrando apenas seus pares na construção da ordem
internacional. A soberania confere ao Estado competências específicas, limitadas
pela existência de uma ordem jurídica internacional, mas ainda assim, nenhuma
outra entidade possui competências superiores. Essa característica essencial do
Estado implica em esforços horizontais e igualitários de cooperação no interesse
coletivo.

A soberania não é apenas uma ideia doutrinária fundada na observação da


realidade internacional existente desde quando os governos monárquicos da
Europa, pelo século XVI, escaparam ao controle centralizante do Papa e do Sacro
Império romano-germânico. Ela é hoje uma afirmação do direito internacional
positivo, no mais alto nível de seus textos convencionais. A Carta da ONU diz, em
seu art. 2, § 1, que a organização “é baseada no princípio da igualdade soberana de
todos os seus membros”. A Carta da OEA estatui, no art. 3, f, que “a ordem
internacional é constituída essencialmente pelo respeito à personalidade, soberania
e independência dos Estados”. De seu lado, toda a jurisprudência internacional, aí
compreendida a da Corte da Haia, é carregada de afirmações relativas à soberania
dos Estados e à igualdade soberana que rege sua convivência. (Seção VI —
SOBERANIA)

O reconhecimento de um Estado é um ato unilateral, muitas vezes implícito, no qual


um Estado, no exercício de sua soberania, indica que autoriza em uma entidade
homóloga a soberania e a personalidade jurídica internacional semelhantes às suas.
Há uma teoria equivocada que considera o reconhecimento como um quarto
elemento constitutivo do Estado, além de território, população e governo. No
entanto, a soberania é um atributo do governo, não um elemento separado. Além
disso, a ideia de que o reconhecimento por outros Estados é constitutivo da
existência de um Estado é questionada, e a Carta da Organização dos Estados
Americanos estabelece que a existência política de um Estado é independente do
seu reconhecimento por outros Estados. O reconhecimento, nesse contexto, é
declaratório e implica aceitar a personalidade do novo Estado com direitos e
deveres determinados pelo direito internacional.
O reconhecimento de um Estado pode ocorrer de diversas formas, expressas ou
tácitas. Exemplos incluem tratados bilaterais, comunicados comuns ou notas
diplomáticas unilaterais. O reconhecimento expresso ocorre quando há uma justiça
explícita sobre a legitimidade de um novo regime, enquanto o reconhecimento tácito
envolve manter relações diplomáticas sem comentários sobre a legitimidade do
governo. No contexto multilateral, o reconhecimento mútuo é necessário para
tratados bilaterais, mas não implica automaticamente o reconhecimento por todos
os Estados participantes. Por exemplo, Israel participou de tratados com nações
árabes que não o levaram a sério por muitos anos.

Além disso, o reconhecimento de governo difere do reconhecimento de Estado. O


primeiro ocorre em situações de ruptura na ordem política, como revoluções ou
golpes de Estado, e envolve a forma expressa ou tácita. O debate sobre esse
reconhecimento envolve uma avaliação da legitimidade do regime. Essas dinâmicas
foram evidentes na América Latina no século XX, com doutrinas como as de Carlos
Tobar e Genaro Estrada. Em resumo, o reconhecimento de Estado e governo é
complexo, variando em formas e implicando diferentes considerações legais e
políticas.

O direito internacional não se oponha à atitude do Estado soberano que, na


conformidade de sua ordem jurídica interna, decide vestir seus componentes
federados de alguma competência para atuar no plano internacional, na medida em
que as outras soberanias interessadas tolerem esse procedimento, conscientes de
que, na realidade, quem responde pela província é a união federal.

(Livro: REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: Curso Elementar.)

Tópico 3 - SITE
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1496/Aspectos-da-soberania-no-Direito-I
nternacional

Alguns doutrinadores, analisam a soberania sobre os aspectos interno e externo,


denominado "soberania" a primeira e "autonomia" a segunda. Seguindo as
orientações de LITRENTO, entende-se como soberania "o poder do Estado em
relação às pessoas e coisas dentro do seu território, isto é, nos limites da sua
jurisdição" e como autonomia "a competência conferida aos Estados pelo
Direito Internacional que se manifesta na afirmação da liberdade do Estado em
suas relações com os demais membros da comunidade internacional,
confundindo-se com a independência" (LITRENTO, 2001, 116).

Nota-se que a soberania sob o aspecto interno tem a característica de supremacia,


ou seja, um poder superior, que impede outro poder de se sobrepor a ele. O jurista
REALE conceitua a soberania como o "poder de organizar-se juridicamente e de
fazer valer dentro de seu território a universalidade de suas decisões nos
limites dos fins éticos de convivência" (REALE, 1960, 127).

Nesse sentido, é um poder exclusivo e coativo. Somente o Estado o possui, pois


para ser supremo não é possível a sua convivência com outro poder no mesmo
âmbito. A característica de coatividade é constatada na atuação do Estado, que
impõe ordens e possui meios para fazê-las cumprir. Devido a estas características,
a soberania foi considerada por muitos estudiosos como um poder ilimitado. Citado
por DALLARI, BODIN entende que a soberania é um poder absoluto e perpétuo".
Dessa forma, a soberania coloca o seu representante, permanentemente, acima do
direito interno e o deixa livre para acolher ou não o direito internacional, só
desaparecendo o poder soberano quando se extinguir o próprio Estado (DALLARI,
1993, 66).

A relação de um soberano com outros soberanos no âmbito internacional não retira


a soberania de um Estado, pois esse tem a liberdade de escolha de se vincular ou
não à ordem internacional.

Do conceito de soberania como a qualidade do poder do Estado que não reconhece


outro poder maior que o seu - ou igual - no plano interno, chegou-se à moderna
conceituação: Estado soberano é o que se encontra, direta e imediatamente,
subordinado à ordem jurídica internacional. A soberania continua a ser um poder (ou
qualidade do poder) absoluto; mas, absoluto não quer dizer que lhe é próprio. A
soberania é, assim, um poder (ou grau de poder) absoluto, mas não é nem poderia
ser ilimitado. Ela encontra seus limites nos direitos individuais, na existência de
outros Estados soberanos, na ordem internacional (FRAGA, 2001, 9).
Com certeza, a soberania não pode ser entendida como um poder ilimitado quando
analisada sob a ótica externa. Os Estados não têm outra opção para se relacionar
internacionalmente com harmonia sem que sejam feitas concessões. É com o intuito
de manter relações com os demais membros da comunidade internacional num
ambiente de intercâmbio e solidariedade, que os Estados se submetem às regras do
direito internacional.

Nesta relação internacional, cada Estado se julga soberano-absoluto e opõe sua


ordem jurídica às ordens jurídicas dos demais. Eles se inter-relacionam por livre
vontade, por autolimitação unilateral, mas que pode ser retirada a qualquer
momento, pois que ao Estado soberano nada se pode sobrepor sem que perca essa
qualidade.

Conforme nos ensina LEAL, os internacionalistas que almejam uma ordem


internacional consideram a soberania como um óbice à realização da comunidade
internacional. Isto porque "o Estado, embora titular da soberania, desta iria
afastar-se para buscar a sua própria sobrevivência econômica, submetendo-se aos
interesses dos capitais hegemônicos internacionais" (LEAL, 1999, 80-5). (não sei se
gostei dessa frase, acho que o bruno não pega muito por esse lado, mas é algo que
deve ser considerado)

As entidades supranacionais detêm poderes diretos e coercitivos sobre os


Estados-membros. Esses poderes são fixados pelos tratados que as instituem.
Deve restar claro que "as comunidades não compõem uma federação, uma vez que
os Estados-membros preservam a individualidade enquanto sujeitos do Direito das
Gentes, exceto no que se refere às competências transferidas para as
comunidades" (BARACHO, 1987, 100).

Não se pode olvidar que as regras às quais os Estados-membros de uma


comunidade estão submetidos só lhes são imperativas porque esses resolveram,
por sua vontade soberana, pertencer à uma comunidade, constituída por um
complexo de normas jurídicas às quais eles devem se sujeitar. É interessante
observar que ao firmar um Tratado qualquer, os Estados abdicam de uma parcela
de sua soberania e se obrigam a reconhecer como legítimo o direito da comunidade
internacional de observar sua ação interna sobre o assunto de que cuida o
instrumento jurídico negociado e livremente aceito (GÓIS, 2000, 1).

Torna-se irreal considerar a soberania como ilimitada no plano das relações


internacionais. Com efeito, "à medida que os Estados assumem compromissos
mútuos em convenções internacionais, que diminuem a competência discricionária
de cada contratante, eles restringem sua soberania" (MAZZUOLI, 2002, 2).

Essa "limitação" na soberania dos Estados pode ser vislumbrada claramente na


formação dos blocos regionais econômicos, advinda da necessidade dos Estados
de se unirem para alcançar determinados objetivos comuns.

O contexto atual exige uma reavaliação da concepção de soberania devido à nova


ordem integrada. O impulso para uma cooperação mais estreita entre as nações
não desgasta os poderes soberanos dos Estados. No direito comunitário,
observa-se a renúncia parcial à soberania pelos Estados-membros, que se
subordinam ao interesse comunitário para alcançar os objetivos de integração. Essa
realidade entra em conflito com a visão clássica de soberania, marcada por um
poder ilimitado, revelando contradições diante da busca contemporânea pela
unificação de mercados e integração comunitária. (Conclusão sobre a matéria do
site)

Portanto, o Direito Internacional Público não necessariamente fere a soberania


nacional, mas é projetado para equilibrar as relações entre os Estados soberanos.
Enquanto a soberania interna de um Estado é preservada, o Direito Internacional
Público estabelece normas e princípios para regular as interações entre os Estados.
Isso implica que, ao participar de tratados internacionais, os Estados concordam em
seguir os regulamentos impostos a eles. No entanto, o Direito Internacional pode
limitar a soberania em certos casos, mas geralmente é visto como um sistema que
promove a cooperação, a prevenção de conflitos e a proteção dos direitos humanos.
Assim, a participação em tratados e acordos internacionais é voluntária, e os
Estados mantêm o direito de escolher sua adesão com base em seus interesses
soberanos. (CONCLUSÃO FEITA POR SANDY)

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