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PERSONALIDADE INTERNACIONAL

ESTADO

FORMAÇÃO DO ESTADO

Elementos constitutivos: Os Estados, sujeitos de Direito Internacional,


devem reunir quatro elementos em sua formação: 1. população permanente; 2.
território determinado; 3. governo; 4. soberania.

Nesse jaez, vale ressaltar que parte da doutrina, em especial o Professor


Dalmo de Abreu Dallari, afirma existir um quinto elemento constitutivo do Estado,
qual seja, a finalidade.

Cumpre aventar ainda que os doutrinadores apontam o princípio da


continuidade do Estado para explicar a sua realidade física – população e território –
, que, apesar de eventuais alterações políticas, não deixa de existir, em regra.

CLASSIFICAÇÃO

Os Estados classificam-se em simples (poder único e centralizado) e


compostos.

Os Estados compostos, por coordenação ou por subordinação,


caracterizam-se pela distribuição do poder entre os seus membros.

Compostos por coordenação são os Estados federais, as confederações de


Estados e as uniões de Estados.
Estado federal é formado por Estados-membros autônomos e pela União
Federal soberana.

Confederação de Estados é a reunião de diversos Estados soberanos para


a consecução de algum objetivo comum. Dieta é a denominação do órgão central de
uma Confederação.

União de Estados consiste em formação permitida apenas na forma


monárquica de governo, em que o rei chefia dois Estados. É pessoal quando dois
Estados são governados pelo mesmo monarca em função de uma eventualidade
nas regras sucessórias. A união é real se resultante de ato jurídico interno ou
internacional.

Compostos por subordinação são os Estados vassalos, os protetorados


internacionais, os Estados clientes, os Estados satélites e os Estados exíguos.

RECONHECIMENTO DE ESTADO

É o ato discricionário, unilateral, irrevogável e incondicional, por meio do


qual o surgimento de um novo sujeito de Direito Internacional é atestado pelos
demais Estados. O reconhecimento deve ser provocado pelo novo Estado, por meio
de notificação. Pode ser expresso ou tácito. O expresso pode ser individual,
convencional ou recíproco convencionalmente.

Há três teorias sobre a natureza jurídica do ato de reconhecimento:


constitutiva, declarativa e mista.

A primeira, teoria constitutiva, entende que o reconhecimento dá origem à


personalidade estatal (Jellinek, Triepel, Anzilotti).
Diversamente, os adeptos da teoria declarativa afirmam que a existência do
Estado tem início a partir da conjugação dos seus elementos constitutivos, sendo
apenas constatada pela comunidade internacional no ato do reconhecimento. O
entendimento declarativo é majoritariamente aceito pela comunidade internacional.

A teoria mista (Lauterpacht) considera que o reconhecimento constata um fato


(teoria declaratória), mas que ele constitui, entre o Estado que reconhece e o
reconhecido, direitos e deveres (teoria constitutiva).

RECONHECIMENTO DE GOVERNO

A instalação de um novo governo em um Estado, a partir da


desconsideração do ordenamento jurídico vigente, vindica a prática do
reconhecimento de governo. Isso não ocorre quando da realização de um golpe de
Estado pelo governo atual, ainda que haja violação do sistema; não há novo
governo.

O instituto do reconhecimento de governo, segundo Jiménez de Aréchaga,


tem por finalidade: 1. ser um meio que os terceiros possuem para declarar qual o
governo do Estado, uma vez que, após as revoluções, em alguns casos a situação é
confusa; 2. ser um meio que os terceiros possuem para coagir o novo governo a
cumprir com obrigações internacionais assumidas pelo governo anterior em nome do
Estado; 3. informar aos tribunais quem é o governo do Estado estrangeiro (Celso D.
de Albuquerque Mello, Curso de direito internacional público, v. 1).

O governo a ser reconhecido deve preencher algumas formalidades: 1.


efetividade; 2. cumprimento das obrigações internacionais do Estado; 3. ter sua
Constituição, respeitados os termos impostos pelo Direito Internacional; 4. ser
democrático.
São efeitos do reconhecimento: 1. estabelecimento das relações
diplomáticas; 2. imunidade à jurisdição; 3. capacidade para demandar em tribunal
estrangeiro; 4. admissão da validade das leis e dos atos governamentais.

O reconhecimento de governo, assim como o de Estado, classifica-se em:


incondicional, irrevogável, retroativo e declaratório. Pode ser expresso ou tácito, seja
individual, seja coletivo.

EXTINÇÃO

O desaparecimento de qualquer dos elementos constitutivos do Estado –


população, território, governo e soberania – ocasiona a sua extinção, total ou parcial.

Total é a extinção decorrente da fusão, da anexação total, do


desaparecimento do território etc. O desaparecimento da soberania ou sua restrição
caracterizam a extinção parcial.

SUCESSÃO

O instituto da sucessão no Direito Internacional é mais abrangente do que a


sucessão mortis causa aplicada no Direito Civil. Aqui, o termo “sucessão” não
pressupõe necessariamente a extinção total do Estado.

A Convenção de Viena de 1978 determina que a “sucessão de Estados


significa a substituição de um Estado pelo outro no tocante à responsabilidade pelas
relações internacionais do território”.

A sucessão de Estados caracteriza-se pela modificação do poder soberano


incidente sobre um território, e tem por finalidade a preservação das relações
jurídicas estabelecidas pelo sucedido antes da alteração da personalidade
internacional, bem como a estabilidade da sociedade internacional.

A sucessão de Estados manifesta-se nas seguintes hipóteses:

1. Emancipação: é a aquisição da independência de uma colônia em


relação ao Estado controlador, com a formação de um novo Estado (sucessão
parcial).

2. Fusão: união de dois ou mais Estados formando uma nova


personalidade de Direito Internacional, um Estado distinto dos anteriores (sucessão
total).

3. Anexação total: há a absorção plena de um Estado por outro, com a


desconstituição da personalidade jurídica internacional do Estado anexado
(sucessão total).

4. Anexação parcial: é a perda de parte do território de um Estado em favor


de outro (sucessão parcial).

Plebiscito e opção são institutos protetores dos indivíduos, criados pelo


Direito Internacional, para as hipóteses de anexação de Estados, total ou parcial.

O plebiscito constitui consulta prévia à população do território ou Estado


anexado para manifestação de concordância ou dissenso sobre a sucessão. São
características do plebiscito: 1. voto secreto; 2. precede a anexação e produz efeitos
coletivos; 3. regido por terceiros: Estados, observadores neutros ou organismos
internacionais; 4. facultativo, salvo nos Estados em que as Constituições assim
determinam (ex.: Constituição francesa). Celso D. de Albuquerque Mello (Curso de
direito internacional público, v. 1) aponta a futura obriatoriedade do plebiscito em
decorrência do princípio da autodeterminação dos povos, e, em consequência, da
importância crescente do homem na vida internacional e no Direito Internacional.

Opção é o direito concedido aos indivíduos ocupantes do território a ser


anexado para a eleição entre a manutenção de sua nacionalidade ou a adoção da
nacionalidade do Estado anexante.

São quatro os fundamentos possíveis para o exercício do direito de opção:


1. nascimento – nascidos no território anexado; 2. domicílio – domiciliados no
território no momento da anexação; 3. nascimento e domicílio – concomitantes no
ato da anexação; 4. nascimento ou domicílio – alternativamente.

Os tratados podem ou não ser adotados pelo Estado sucessor, assim como
não há a obrigação de aplicá-los aos novos territórios. Diversamente, a doutrina
entende que tratados reais ou dispositivos devem ser respeitados, ressalvado o
direito de o Estado sucessor invocar a cláusula rebus sic stantibus.

O respeito aos direitos adquiridos constitui fundamento do Direito


Internacional em relação à população sujeita aos efeitos da sucessão.

O Estado sucessor adquire os bens públicos; os particulares, apenas se for


acordado.

DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS DOS ESTADOS

1. dever de respeitar os direitos dos demais Estados nos termos do Direito


Internacional;
2. existência política do Estado independentemente do seu reconhecimento
pelos outros Estados;

3. jurisdição dos Estados nos limites do território nacional exercida


igualmente sobre todos os habitantes, quer sejam naturais, quer estrangeiros;

4. direito ao desenvolvimento cultural, político e econômico;

5. respeito e observância fiel dos tratados constituem norma para o


desenvolvimento das relações pacíficas entre os Estados. Os tratados e acordos
internacionais devem ser públicos;

6. nenhum Estado ou grupo de Estados tem o direito de intervir, direta ou


indiretamente, nos assuntos internos ou externos de qualquer outro;

7. os territórios estatais são invioláveis. Não podem ser objeto de ocupação


militar, nem de outras medidas de força tomadas por outro Estado, direta ou
indiretamente, qualquer que seja o motivo, embora de maneira temporária;

8. compromisso com o não uso da força, salvo em caso de legítima defesa

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