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FACULDADE DE DIREITO

DELEGAÇÃO NAMPULA

Alsina Chaleca
Zita Mussimo

RECONHECIMENTO E SUCESSÃO DE ESTADO

Nampula, Junho de 2023


FACULDADE DE DIREITO
DELEGAÇÃO DE NAMPULA

Alsina Chaleca
Zita Mussimo

RECONHECIMENTO E SUCESSÃO DE ESTADO

Trabalho de caracter avaliativo da Cadeira de Direito


Internacional Público, submetido a Faculdade de
Direito, 2º ano, Curso de Direito, turma Única,
trabalho em grupo, leccionada por:

Dr. Costa Marcelino.

Nampula, Junho de 2023


Índice
INTRODUÇÃO...............................................................................................................................3

1. Reconhecimento do estado e do Governo...................................................................................4

1.1. Estado....................................................................................................................................4

1.2. O Reconhecimento................................................................................................................5

2. Sucessão de Estado......................................................................................................................5

2.1. Naturezas Jurídicas Do Reconhecimento e Sucessão do Estado..............................................6

3. A Sucessão De Estado no Direito Internacional..........................................................................8

3.1. Os Efeitos Da Sucessão.........................................................................................................8

CONCLUSÃO...............................................................................................................................10

BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................................11
INTRODUÇÃO
O presente trabalho é sobre um tema de grande relevância e o objecto do estudo do
Direito internacional e se faz presente na história de diversos Estados, só no século XX, por
exemplo houve o surgimento de novos estados ocorridos principalmente pela eclosão das duas
Grandes Guerras. Nesse sentido, no âmbito das nações unidas viu-se a necessidade de regular a
forma como tratar o fenómeno, assim existem dois instrumentos basilares que podem ser
destacados; a Convenção de Viena de 1978 em matérias de tratados e a Convenção de Viena de
1983 em matérias de bens, arquivos e dívidas de Estado.

Portanto, este trabalho analisara a questão do Estado, seu Reconhecimento, e será visto
como a Sucessão poderá se apresentar, seus efeitos e requisitos da sucessão.

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1. Reconhecimento do estado e do Governo
O Reconhecimento de Estado é um ato unilateral, expresso ou tácito, pelo qual um Estado
constata a existência de um outro Estado na ordem internacional, dotado de soberania, de
personalidade jurídica internacional e dos demais elementos constitutivos do Estado. O
Reconhecimento é indispensável para que o novo Estado se relacione com seus pares na
comunidade internacional.

Em geral, o direito Internacional exige o cumprimento de três requisitos para que um Estado
seja reconhecido por outros:

 Que o seu Governo seja independente, inclusive no que respeita à condução da política
externa;
 Que o Governo controle efectivamente o seu território e população e que cumpra com
suas obrigações internacionais; e
 Que possua um território delimitado.

1.1. Estado
Os Estados soberanos são os principais sujeitos de direito internacional. Tanto que do
ponto de vista histórico quanto do funcional, já que é por sua iniciativa que surgem outros
sujeitos, como as organizações internacionais.

A ciência política de acordo com Jelinek, aponta três elementos indispensáveis à existência
do Estado e, em consequência, a sua personalidade internacional, a saber.

 População;
 Território; e
 Governo.

Ademais dos elementos constitutivos mencionados acima, o Estado, para ser pessoa
internacional, deve possuir soberania, isto é, o Direito exclusivo de exercer a autoridade política
suprema sobre o seu território e a sua população. Ver o capítulo Natureza da norma jurídica
internacional.

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1.2. O Reconhecimento
É o ato unilateral através do qual um sujeito de direito internacional, sobretudo Estado,
constando a existência de um fato novo (Estado, Governo, situação ou tratado), cujo evento de
criação não teve sua participação, declarar, ou admite implicitamente, que o considera como
sendo um elemento com quem manterá relações no plano jurídico. Trata-se, portanto, de um ato
afirmativo que introduz o fato novo nas relações jurídicas entre os sujeitos de DIP.

O surgimento de novos Estados e suas transformações políticas ou territoriais, sejam


pacíficas ou litigiosas, constituem eventos que afectam a estrutura e o funcionamento da
sociedade internacional. Trata se de ato Diplomático livre pelo qual um ou mais Estados
reconhecem a existência, em um território determinado, de uma sociedade humana politicamente
organizada, independentemente de qualquer outro Estado existente e capaz de observar as
prescrições do Direito internacional, bem como de manter relações com os demais atores da
sociedade internacional.

Ao reconhecer um novo Estado, a sociedade internacional lhe concede:

 Condição de sujeito de direitos no direito internacional;


 Condições necessárias param participar das possíveis relações políticas e económicas
com outros Estados e organismos internacionais.

O não reconhecimento é justamente dizer ainda que implicitamente, que o surgimento deste
novo Estado decorre de um ILICITO INTERNACIONAL, ou seja, está em desacordo com as
normas do direito internacional. Dito isso, estes Estado não estaria apto a manter relações com os
outros entes internacionais.

2. Sucessão de Estado
É uma teoria em relações internacionais quanto ao reconhecimento e aceitação de um
novo Estado criado por outros Estados, baseado em uma relação histórica percebida que novo
Estado possui com o estado anterior, a teoria tem suas raízes na diplomacia do século XIX.

Karl Von Gereis, professor académico disse: Sucessão pode se referir a transferência de
direitos, obrigações, e prioridade de um Estado anteriormente bem estabelecido, o Estado

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predecessor ao novo, o Estado sucessor. Transferências de direitos, obrigações, e prioridades
podem incluir activos estrangeiros (embaixadas, reservas monetárias, artefactos de museu).

Participação em tratados, organizações internacionais, e dívidas. Frequentemente um estado


escolhe aos poucos se quer ou não ser considerado.

2.1. Naturezas Jurídicas Do Reconhecimento e Sucessão do Estado


Existem duas concepções jurídicas possíveis acerca do reconhecimento de Estado, quais
sejam:

 Teoria “atributiva “ou “constitutiva”: considera o reconhecimento pelos internacionais


como um elemento constitutivo da formação de novo estado, ou seja, sem o
reconhecimento, a formação do estado permaneceria incompleta. Neste caso, a
personalidade jurídica internacional do estado é atribuída (por isso teoria atributiva)
justamente pelo ato político do reconhecimento;
 Teoria ”declaratória”: considera que o nascimento de um estado novo não depende das
apreciações dos outros Estados existem. Ou seja, o reconhecimento do Estado tem
exclusivo alcance declaratório, pois verifica o preenchimento dos requisitos formais de
sua existência.

E frisar que a maior parte da doutrina apoia a teoria declaratória, defendendo que o Estado
como tal já existe antes de seu reconhecimento de modo que sua existência não depende do
reconhecimento. Ao contrário, acredita-se que seu reconhecimento só e possível vez que o
Estado já existe. Na prática, a recusa do reconhecimento não impede a existência de um Estado.

O mesmo não ocorre na situação inversa; vez que se os demais elementos constitutivos não
se verificam, o reconhecimento, por si só, não tem legitimidade de criar um novo Estado.

O Reconhecimento do Estado é retroactivo, incondicional e irrevogável, mesmo em face do


rompimento de relações diplomáticas.

Já o Reconhecimento de Governo por outros Estados ocorre sempre que um novo isto e, um
novo grupo político assume o poder em um estado com a violação de seu sistema constitucional.
E uma maneira pela qual os demais estados declaram qual o governo do pais em questão, em
especial quando há revolução que tornam o quadro político confuso, e pressionam o novo

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governo a cumprir com as obrigações internacionais assumidas pelo governo anterior em nome
do seu estado, não é ato obrigatório para os demais Estados.

São pré-requisitos para que um novo governo seja reconhecido:

 Efectividade, isto e, controle da máquina do Estado e obediência civil;


 Cumprimento das obrigações internacionais do Estado;
 Surgimento de novo governo com formes as regras do direito internacional: forma de
impedir o reconhecimento de governo imposto por intervenção estrangeira.

Os efeitos do Reconhecimento do Governo são os seguintes:

 Imunidade de jurisdição de novo governo perante outros estados;


 Legitimidade para ser parte em tribunal estrangeiro;

A Sucessão de Estado Constitui uma verdadeira transformação em como os Estados


apresentam e cujos efeitos jurídicos podem ser projectados no seu reconhecimento internacional,
nos compromissos assumidos, na responsabilidade internacional, entre outros. Por tanto, o
escopo da pesquisa e a análise desse fenómeno, perpassando pelas modalidades em que pode
apresentar e seus respectivos efeitos jurídicos no plano interno e externo.
O objectivo geral e compreender quais são as consequências concretas, não apenas a para
o ente político, mas também para a sociedade envolvida. Os objectivos específicos são: destacar
a modalidade de sucessão relativa a uma parte do território, na qual se utilizara o caso da
disputa territorial envolvendo EL Salvador e Honduras, cuja sentença determinando a
transferência de algumas áreas do território foi preferida pela Corte Internacional de Justiça em
11 de Setembro de 1992; e visualizar como a nacionalidade pode ser afectada nessa modalidade
de Sucessão de Estado. Assim, surge um grande problema: garantir o exercício da
autodeterminação sem que isso implique prejuízo a terceiros, especialmente, o amesquinhamento
de direitos do indivíduo. Por fim, cumpre informar que para o desenvolvimento das ideias
exibidas, além da análise do caso concreto, o trabalho utiliza métodos bibliográficos, dos quais
se pode incluir, especialmente, convenções internacionais, doutrinas especializadas e artigos
jurídicos.

Palavras-chaves: SUCESSẦO DE ESTADOS. TRANSFERÊNCIAS DE PARTE DO


TERRITORIO. CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA

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ANDRE RICCI DE AMORIM (-JUNH-2018)

3. A Sucessão De Estado no Direito Internacional


A melhor forma de entender o significado da sucessão de Estados é a partir da análise de
duas convenções acerca do tema, a saber:

 Convenção de Viena sobre sucessão de estado em matérias de tratados, de 23 de agosto


de 1978;
 E Convenção de Viena sobre sucessão de estados em matérias de propriedades, arquivos
e dívidas de estado, de 8 de Abril de 1983.

Ao abordar a questão da sucessão de Estados, a doutrina, fundamentando-se nas


convenções de 1978, considera haver cinco formas de apresentações desse fenómeno
(ALMEIDA, 2003, p. 243). A primeira forma é a sucessão relativa a uma parte do território ou
simplesmente transferência territorial, que ocorre, como o próprio nome sugere, quando se
efectua a transferência de parte do território de um Estado para outro.

Assim pode se dizer que não existe qualquer surgimento ou desaparecimento de


soberania, mas a mera transferência de soberania sob determinada parcela do território (REZEK,
2011, P. 337.) Como exemplo, é possível citar a transferência de parte de território de EL
Salvador para a Republica de Honduras na década de 1990. A segunda modalidade apresenta por
Almeida (2003, p.246) diz respeito ao Estados sucessores de recente independência, ou seja, “um
Estado sucessor cujo território, mediatamente, antes da data da sucessão de estados, era um
território dependentes de cujas relações internacionais, era responsável o Estado predecessor”
(artigo 2, item 1, alínea “f” dá Convenção de Viena de 1978).

O interessante nessa modalidade é que a separação para criar um estado sucessor não
extingue o estado predecessor continua a existir com todos os seus direitos e obrigações
internacionais intacto (SHW,2008, P 974.). Como exemplo, é possível citar a separação do
panamá da Republica da Colômbia, em 1903.

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3.1. Os Efeitos Da Sucessão
Passado o memento de análise das várias hipóteses de Sucessão de Estados, vê-se que a
forma de solucionar a questão não é uma tarefa fácil e seus efeitos podem repercutir tanto
internamente quanto exactamente.

Desse modo, e interessante atentar-se para alguns efeitos que esse fenómeno gera, em
especial no que refere ao bens e direitos dos particulares, no ordenamento jurídico, nos bens
públicos, nas dívidas do estado, nos tratados internacionais, na responsabilidade internacional, e
na nacionalidade do indivíduo, o último a ser analisado separadamente no tópico seguinte, com o
caso da disputa territorial envolvendo EL Salvador e Honduras.

a) Nos bens e Direitos dos Particulares

A doutrina não é unânime quanto a questão dos bens e direitos dos particulares adquiridos
antes da constituição do estado sucessor, ou seja, como proceder quando o bem ou o direito foi
adquirido ainda sob vigência das regras do estado sucessor.

A primeira corrente defende que o estado sucessor, em observância ao princípio da


segurança jurídica, deve os direitos adquiridos pelos particulares para que permaneça a situação
jurídica actual.

A segunda corrente entende que, ao garantir esses direitos, se estaria violando a soberania do
estado sob a liberdade de conduzir sua política económica, em especial na questão da
nacionalização de propriedades estrangeiras. Desse modo, seria lícito ao Estado sucessor não
honrar as garantias preexistentes, pois estas não foram assumidas por si (Almeida, 2003, p.249).

b) Nos tratados internacionais

Ao analisar a convenção de Viena de 1978, nota-se que a solução da problemática é variável


conforme a modalidade de sucessão. Quando se trata de uma sucessão relativa a parte do interior,
ou se for o caso, de um Estado de recente independência, os artigos 15 e 16 da convenção de
1978 mostram que, em regra, o Estado sucessor não está obrigado a aceitar e, por conseguinte,
cumprir com as obrigações surgidas a partir de tratados celebrados no território do estado
predecessor.

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CONCLUSÃO
Como conclusão podemos dizer que, conseguimos observar e considerar apenas quatro
tipologias possíveis, no tocante a sucessão, a saber; sucessão relativamente a parte do território, a
sucessão de Estados de recente independência, a unificação de Estados e a separação. No
entanto, entendimento diverso defende o Doutor Francisco Ferreira de Almeida, e o Doutor
Malcolm Shaw (2008, p.979), quando cintam expressamente que a dissolução é uma das
modalidades que a sucessão de Estados pode se apresentar.

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BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Francisco Ferreira de: Direito Internacional Público, 2 ed.coimbra: coimbrã Editora,
2003.

BRITO, Wladimir. Direito Internacional Público, 2ed. Coimbra: coimbrã editora, 2014.

SHAW, Malcolm N. Direitos Internacional, 6. Ed. Nova York: 2008.

REZEK, Francisco. Direito internacional público; 13 ed. São Paulo: saraiva, 2011.

EL SALVADOR, Honduras (interveniente Nicarágua). Disponível em:


<http://www.icj-cij.org/docket/filis /75/6671.pdf>.

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