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ESCOLA SUPERIOR DE NEGÓCIOS E EMPREENDEDORISMO DE CHIBUTO

ESNEC
DEPARTAMENTO DE GESTÃO

Nível: III

Licenciatura em Gestão de Empresas

Cadeira: Direito Empresarial

Tema: Actos do Comércio

Discente:
 Anitércio Uate
 Agostinho Chongo
 Horácio Péu
 Sifa Agy Ramadane Amade
Docente:
 Msc. Álvaro Novela

Chibuto, Maio de 2022


Índice
1.0 Introdução ......................................................................................................................................... 1
1.1 Objectivos ......................................................................................................................................... 2
1.1.1 Geral........................................................................................................................................... 2
1.1.2 Específicos ................................................................................................................................. 2
1.2 Metodologia .................................................................................................................................. 2
2.0 Fundamentação teórica ................................................................................................................. 3
2.1 Os Actos de Comércio .................................................................................................................. 3
2.2 Actos de comércio Objectivos ...................................................................................................... 3
2.3 Actos de comércio subjetivos ....................................................................................................... 3
2.4 Natureza Jurídica dos Actos de Comercio .................................................................................... 4
2.5 Elementos Gerais dos Actos Comerciais ...................................................................................... 4
2.5.1 Elementos Gerais (pressupostos) ........................................................................................... 5
2.6 Formação do Acto de Comércio ................................................................................................... 5
2.7 Validade e Invalidade dos Actos de Comércio ............................................................................. 6
2.8 Classificação dos Actos Comércio ................................................................................................ 6
2.8.1 Actos de Comércio Absoluto e Relativos .............................................................................. 7
2.8.2 Actos de Comércio Substancialmente Comerciais e Formalmente Comerciais .................... 7
2.8.3 Actos de Comércio Causais e Formais................................................................................... 7
2.8.4 Actos de Comércio Bilaterais e Unilaterais ........................................................................... 7
2.9 Regime Jurídico dos Actos de Comercio ...................................................................................... 8
2.9.1 Casos Duvidosos Quanto a Aquisição da Qualidade de Comerciante ................................... 8
3.0 Conclusão.......................................................................................................................................... 9
4.0 Bibliografia ..................................................................................................................................... 10
1.0 Introdução
Na antiguidade os actos de comércio eram os caracterizadores da mercantilidade dos
negócios realizados pelos mercadores. Eles têm origem na França, com o Código
Napoleónico, no auge do liberalismo, Filho desta ideologia, o Código disciplinava que
qualquer pessoa que realizasse actividade comercial prevista na lei seria considerada
comerciante.

Desta maneira, o comerciante se caracteriza como tal não enquanto sujeito, mas sim pelo
objecto de seu negócio que era desenvolvido (ULHOA, 2007).

A partir do Código Napoleónico de 1807, diversos países passam a reger o Direito Comercial
baseando-se nos actos de comércio, disciplinando em seus Códigos. A doutrina nunca
conseguiu elaborar um conceito científico do que seriam tais actos, tanto que diversos autores
sintetizaram ser: “Problema insolúvel para a doutrina, martírio para o legislador, enigma para
a jurisprudência.” (REQUIAO, 2007)

Se impossível era estabelecer uma diferença entre tais actos e actos civis, como diferenciar
um sujeito civil de um comerciante? Sem dúvidas os Códigos não seriam capazes de
enumerar, taxativamente, actos comerciais, um por um, visto que o comércio não é resultado
de uma acção estática, mas sim se reveste de actos mutantes e sempre se renova e se amplia.
Além disso, como já dito anteriormente, era o objecto da acção, e não a acção em si, que
definia o comerciante.

O Código Civil de 2002, no tocante ao direito de empresa, também não trilhou caminho
diferente, tratando da figura do empresário no artigo 966.

Partindo dessa visão, noção dos actos de comércio, e do tratamento dado pelos códigos é que
se faz necessário o estudo acerca do tema. Portanto, o presente trabalho tem como objectivo
geral Estudar os actos de comércio.

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1.1 Objectivos
1.1.1 Geral

 Estudar os actos de comércio.

1.1.2 Específicos

 Definição de actos de Comércio;


 Descrever actos de comércio;
 Apresentar a classificação dos actos comerciais.

1.2 Metodologia
A pesquisa foi desenvolvida mediante o uso do material já publicado que aborda a temática
de direito empresarial e os artigos escritos com objectivos de trazer um sustento teórico para
a pesquisa, assim como a consolidação de ideias.

Foi Desenvolvida o método histórico para elaboração da pesquisa, onde:

Método é o conjunto das actividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e
economia, permite alcançar o objectivo conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando o
caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista (MARCONI,
1991).

Método histórico consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado


para verificar a sua influência na sociedade de hoje, pois as instituições alcançaram sua forma
actual através de alterações de suas partes componentes, ao longo do tempo (LAKATOS,
1979)
A pesquisa foi feita por meio de páginas e blogs da internet, e ainda por meio de consulta de
artigos e monografias com temas afins.

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2.0 Fundamentação teórica

2.1 Os Actos de Comércio


O comércio do ponto de vista da ciência económica é toda actividade de mediação entre a
produção e o consumo de bens, em que o agente económico especula com o valor dos bens,
correndo um risco e visando obter um lucro (CORREIA, 2003, p. 51:90).

Serão considerados actos de comércio todos aqueles que se acharem especialmente regulados
neste Código, e, além deles, todos os contratos e obrigações dos comerciantes, que não forem
de natureza exclusivamente civil, se o contrário do próprio acto não resultar (Artigo 4.º do
Código Comercial).

Em sentido diverso, define-se os actos de comércio como “os factos jurídicos voluntários
especialmente regulados na lei comercial e os que, realizados por comerciantes, respeitem as
condições previstas no artigo 4.º do Código Comercial” (ABREU, 2006, p. 39:83).

Os actos de comércio podem ser objectivos e subjetivos

2.2 Actos de comércio Objectivos


Os actos de comércio expressamente regulados na lei, independentemente da qualidade de
comerciante ou não da pessoa que o prática, isto de acordo com os artigos 1.º e 2.º do código
civil (primeira parte), segundo os quais “a lei comercial rege os actos de comércio, sejam ou
não comerciantes as pessoas que nele intervêm, e serão considerados actos de comércio todos
aqueles que se acharem especialmente regulados neste código.

Em suma a comercialidade destes actos reside neles próprios e não na qualidade da pessoa
que os pratica.

Dentro da categoria de actos de comércio objectivos podemos encontrar actos de comércio


exclusivamente regulados no código comercial, actos de comércio regulados
simultaneamente pelo código comercial e pelo código civil e ainda os actos regulados pelo
processo de integração previsto no artigo 3.º do código comercial, que são os actos regulados
ou nominados unicamente no código civil.

2.3 Actos de comércio subjetivos


Serão considerados actos de comércio todos os contratos e obrigações dos comerciantes que
não forem de natureza exclusivamente civil, se o contrário do próprio acto não resultar (2ª
parte do artigo 4.º do código comercial).

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Contudo, este artigo 4.º comporta as seguintes exceções:

 Exceção: O acto ser de natureza exclusivamente civil, o que significa que os actos de
comércio praticados pelos comerciantes (que por este motivo são comerciais) deixam
de o ser se os mesmos forem essencialmente civis e por conseguinte não possam ser
comercializados, por se afigurar impossível qualquer conexão com o exercício do
comércio, nem poder dele derivar.

Exemplo: A e B são comerciantes e contraem casamento, este acto não será comercial
porque o casamento é um acto que cria direito da família e portanto de natureza
exclusivamente civil.

 Exceção: Se o contrário do próprio acto não resultar, esta exceção quer dizer que o
acto que seria um acto de comércio subjetivo por ser praticado por um comerciante,
deixa de ser regido pelo direito comercial se resultar do mesmo que não detém
qualquer ligação ou pertinência a actividade comercial de quem o praticou.

Exemplo: é a compra de um prédio efetuada por um comerciante para a sua habitação ou


a compra de qualquer produto para consumo pessoal. Também aqui o acto de compra e
venda não é um acto de comércio porque não se prende com a actividade do comerciante

2.4 Natureza Jurídica dos Actos de Comercio


Os actos de comércio são acontecimentos a que a lei liga a produção de determinados efeitos
jurídicos.

Quanto aos actos de comércio, que espécies de negócios são? Eles são por excelência
negócios jurídicos plurilaterais de acordo com os artigos 1.º, 2.º primeira parte, 230.º e 463.º
todos do código comercial.

Haverá actos de comércio que sejam negócios jurídicos unilaterais? Sim, por força da 2.ª
parte do artigo 2.º, que diz que basta que sejam celebrados contratos e contraídas obrigações
pelo comerciante, para que tais obrigações sejam actos de comércio subjectivos. Desta forma
alguns actos de comércio conformam negócios jurídicos unilaterais.

2.5 Elementos Gerais dos Actos Comerciais


Os actos de comércio são preferencialmente negócios jurídicos plurilaterais e para que os
mesmos sejam validos é necessário que contenham determinados elementos, que são gerais
porque dizem respeito a todos actos de comércio, e para além destes elementos gerais existem

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ainda os específicos, que são aqueles que devem existir em cada negócio especifico para que
o acto em concreto seja válido.

2.5.1 Elementos Gerais (pressupostos)


 As partes: Têm que ter capacidade jurídica para celebrar o acto de comércio, isto é,
capacidade de gozo e de exercício e têm que possuir Legitimidade, a qual pode ser
directa, quando é o próprio sujeito da relação jurídica a dispor da situação jurídica, ou
indirecta quando o poder de dispor da situação jurídica advém da representação.
 O objecto: consiste numa coisa, num direito (ex. direitos de autor) ou serviço, e deve
preencher os requisitos gerais do objecto negocial, ou seja deve ser possível, lícito e
determinável.
 O conteúdo: é a forma como as partes se relacionam com o objecto, isto é as partes
vão regular de forma autónoma o seu negócio, desde que o negócio não seja ilícito.
 A forma: é a exteriorização da relação estabelecida entre as partes e o objecto. Ex.:
negócio de escritura pública.
 A motivação: integra as circunstâncias que determinam a celebração do negócio
jurídico, e é relevante na medida em que os artigos 251.º, 252.º, e 257.º do código
comercial sancionam com anulabilidade a falta de motivação.
 O fim: é o que se pretende alcançar com o negócio jurídico e o mesmo mereceu
protecção do legislador com fundamento no princípio da boa-fé, no caso de negócios
simulados e com fins ilícitos.

2.5.1.1 Elementos Específicos do Acto de Comércio


Os elementos específicos do acto de comércio são aqueles que caracterizam e individualizam
os negócios jurídicos em concreto. Assim um contrato de compra e venda terá, além dos
elementos gerais, elementos específicos deste negócio.

2.6 Formação do Acto de Comércio


1.ª Fase: das negociações, é preenchida fundamentalmente por circunstâncias subjectivas
(motivação e o fim), é uma fase em que as partes vão aproximando os seus interesses.

2.ª Fase: da formação propriamente dita, é aquela em que se conclui o negócio, as partes
chegam a conclusão que querem celebrar o negócio e então dá-se o encontro de vontades,
porem se a lei impuser que o negócio seja celebrado por escritura pública, então as partes
terão que submetê-lo, caso contrário podem fazê-lo por escrito particular.

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3.ª Fase: da execução, aqui executa-se o negócio, cumprindo com as obrigações e
formalidades que a lei prevê. Diferente da maior parte dos contratos, existem contratos que
devido aos imperativos incontornáveis da celeridade cada vez maior do quotidiano, não
passam pelas fases de formação do acto de comércio, são os designados contratos de adesão
ou contratos standards.

Exemplo: quando se parqueia um carro ou um outro exemplo corrente é o da compra de


bilhete de passagem. Estes contratos são regulados pela lei 04/03 sobre as cláusulas gerais
dos contratos. Estas cláusulas contratuais gerais num contrato nominal seriam objecto de
negociação, mas isso iria gerar confusão e demoras na medida em cada aderente teria que
pessoalmente discutir com a outra parte.

2.7 Validade e Invalidade dos Actos de Comércio


As invalidades desdobram-se em: nulidades e anulabilidades.

Consequências da nulidade: a nulidade pode ser invocada a todo tempo por qualquer pessoa
interessada e oficiosamente pelo tribunal (é insuprível). Consequências da anulabilidade: só
pode ser invocada em tempo determinado ou seja um ano após ao conhecimento do vício e só
as partes integrantes o podem fazer, onde:

Nulidade é a sanção imposta pela lei aos actos e negócios jurídicos realizados sem a
observância dos requisitos essenciais, impedindo-se de produzir os efeitos que lhes são
próprios.

Assim, a nulidade restará configurada quando um ou alguns elementos do negócio jurídico


não preencha os requisitos de existência, validade e eficácia. Nesse caso, a nulidade será
considerada absoluta.

Por sua vez, a anulabilidade decorre de algum vício do negócio jurídico ou pela capacidade
do agente.

A anulabilidade, por não concernir a questões de interesse geral, de ordem pública, como a
nulidade, é prescritível e admite confirmação, como forma de sanar o defeito que a macula
(GONÇALVES, 2015).

2.8 Classificação dos Actos Comércio


Dentro da classificação particular dos actos de comércio temos, para além dos actos de
comércio objectivos e subjectivos, os seguintes:

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2.8.1 Actos de Comércio Absoluto e Relativos
Esta classificação é feita de acordo com o critério da estrutura do acto.

 Actos de comércio absolutos são aqueles que bastam a ocorrência da previsão legal
dos seus elementos para que sejam considerados comerciais.
 Actos de comércio relativos são aqueles que esta dependente de um acto de
comércio absoluto para serem considerados actos de comércio.

2.8.2 Actos de Comércio Substancialmente Comerciais e Formalmente Comerciais


O critério desta classificação é a relevância da natureza do acto para a sua comercialidade.

 Actos substancialmente comerciais, são os que têm comercialidade em razão da sua


própria natureza, por representarem em si actos próprios da vida mercantil.
 Actos formalmente comerciais, são os que se encontram regulados na lei comercial
como um esquema meramente formal. São os casos dos cheques, recibos de
pagamento, entre outros.

2.8.3 Actos de Comércio Causais e Formais


O critério desta classificação é a relevância ou irrelevância da causa do acto.

 Actos de comércio causais são aqueles que as partes o celebram para atingir uma
determinada função social específica.
 Acto de comércio formal é aquele que se afigura como um meio susceptível de
realizar distintas causas ou funções.

2.8.4 Actos de Comércio Bilaterais e Unilaterais


O comércio Bilateral é aquele acordo comercial, troca e ou transação comercial feito entre
duas pessoas/ entidades ou nações em que ambas as partes chegam em consenso ou seja este
tipo de comércio tem como base aprovação e benefícios das duas partes envolvidas.

Enquanto por sua vez, o comercio Unilateral é um “acordo” ou uma preferência comercial
não reciproca ou seja só existe “aparentemente um beneficiado” é o que os países como
China e América fazem ao ajudar países africanos

O critério utilizado para a sua distinção é o da comercialidade das partes.

O acto de comércio é bilateral ou unilateral consoante este seja respectivamente comercial


para ambas as partes ou só para uma delas.

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2.9 Regime Jurídico dos Actos de Comercio
Que se pretende é distinguir aspectos fundamentais dos actos de comércio que os diferenciam
dos actos civis.

 Regra da solidariedade nas obrigações comerciais.


 Regime dos actos de comércio unilaterais (regra da conjunção).
 Solidariedade do fiador.
 Dividas dos comerciantes quando são casados.

2.9.1 Casos Duvidosos Quanto a Aquisição da Qualidade de Comerciante


Os gerentes, a doutrina considera que não são comerciantes (artigo 248.º do código
comercial), porque atuam em nome e por conta de outrem (dependentes), praticam o mandato
comercial ou seja são mandatários comerciais com poderes de representação.

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3.0 Conclusão
Desde o Código Napoleónico de 1804, as definições dos actos de comércio passaram por
grades transformações para adequarem-se à realidade mercantil. Transformações, todavia,
mais lentas que a evolução natural do comércio.

A figura da mercancia, sempre taxativa nos códigos, excluía diversas actividades económicas.
Se a lei não caminhava no mesmo ritmo do comércio, este também se atrasava. A questão se
tornou mais acentuada quando surgiu a necessidade de separar actos civis e comerciais, a fim
de identificar a figura do comerciante.

Definiu-se também que são considerados actos de comércio todos aqueles que se acharem
especialmente regulados neste Código, e, além deles, todos os contratos e obrigações dos
comerciantes, que não forem de natureza exclusivamente civil, se o contrário do próprio acto
não resultar (Artigo 4.º do Código Comercial).

E alguns autores divergiram-se quanto ao conceito de actos de comércio, CORREIA definiu


como sendo “toda actividade de mediação entre a produção e o consumo de bens, em que o
agente económico especula com o valor dos bens, correndo um risco e visando obter um
lucro” e em contrapartida ao autor ABREU, que afirma sendo “os factos jurídicos voluntários
especialmente regulados na lei comercial e os que, realizados por comerciantes, respeitem as
condições previstas no artigo 4º do Código Comercial”.

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4.0 Bibliografia
ABREU, J. M. (2006). Curso de Direito comercial (6 ed.). São Paulo: Saraiva.

CORREIA, M. J. (2003). Direito Comercial (8 ed.). São Paulo: Ediforum.

GONÇALVES, M. G. (2015). Direito Comercial: direito de empresa e sociedades


empresárias (3 ed.). São Paulo: Saraiva.

LAKATOS, E. M. (1979). O trabalho temporário: nova forma de relações sociais no


trabalho. São Paulo: Editora.

MARCONI, L. (1991). Fundamentos da metodologia cientifica. São Paulo: Editora Atlas.

REQUIAO, R. (2007). Curso de Direito Comercial (27 ed.). São Paulo: Saraiva.

ULHOA, C. (2007). Curso de Direito Comercial, Direito da Empresa (11 ed.). São Paulo:
Saraiva.

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