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Arcádio L.

Joaquim
Arleti Belarmino Terenciano
Bene Jacinto Bene
Mateus Inácio Bichali
Ntumane Macatara Ali Amade
Paisson Feliciano Matete
Piter José Agostinho

Tema:
FONTES DO DIREITO DESPORTIVO
(Licenciatura em Direito)

Universidade Rovuma, Nampula


2024
Arcádio L. Joaquim

Arleti Belarmino Terenciano

Bene Jacinto Bene

Mateus Inácio Bichali

Ntumane Macatara Ali Amade

Paisson Feliciano Matete

Piter José Agostinho

FONTES DO DIREITO DESPORTIVO

Trabalho de carácter avaliativo a ser


apresentado na cadeira de Direito do Desporto.
1o Semestre, 4oAno, 1°.grupo Leccionada pelo
Mestre: Inácio João Faria dos Santos

Universidade Rovuma, Nampula

2024

2
Índice
1.Introdução ...................................................................................................................... 4

1.1.Metodologia ................................................................................................................ 4

2. FONTES DO DIREITO DESPORTIVO ..................................................................... 5

2.1.Direito do Desporto-conceito e a origem ................................................................... 5

2.2.Conceito do Direito do Desporto ................................................................................ 5

2.3.Fontes do Direito do Desporto ................................................................................... 6

2.4. A fonte material ......................................................................................................... 6

2.5. As fontes formais ....................................................................................................... 6

2.6.As fontes formais mediatas......................................................................................... 7

2.7.Lei ............................................................................................................................... 8

2.8.Jurisprudência ............................................................................................................. 8

2.9.Costumes .................................................................................................................... 8

3. A Doutrina .................................................................................................................... 9

3.1. JUSTIÇA DESPORTIVA ......................................................................................... 9

3.2.ÓRGÃOS DE JUSTIÇA DESPORTIVA ................................................................ 10

3.3. Conselho de Disciplina ............................................................................................ 10

3.4.Conselho Jurisdicional.............................................................................................. 10

3.5.Plenário de Justiça Desportiva .................................................................................. 11

3.6.AUTONOMIA DAS ENTIDADES DESPORTIVAS ............................................. 11

3.7.DESPORTO NEGÓCIO .......................................................................................... 13

3.8.FUNDAMENTAÇÃO CONSTITUCIONAL E LEGAL ........................................ 14

3.9.Natureza da Justiça Desportiva................................................................................. 15

Conclusão ....................................................................................................................... 17

Referência Bibliográfica ................................................................................................. 18

3
1.Introdução

O presente trabalho, tem como tema fontes do Direito Desportivo. Neste caso, iremos
exactamente abordar sobre, o conceito e o contexto histórico ou seja a sua origem do
Direito do Desporto no âmbito da constituição Brasileira, que consagra os direitos
fundamentais dos cidadãos na pratica da actividade desportiva como sendo um direito
social de cada um. Quantos às fontes, vamos falar concretamente das fontes imediatas e
as fontes mediatas Tais fontes podem ser formais (imediatas ou mediatas) ou materiais:
Lei, jurisprudência, Costume e a Doutrina. Entende-se por fontes do direito as origens
do direito, ou seja, o lugar ou a matéria-prima pela qual nasce o direito. Também,
vamos falar da Justiça desportiva, autonomia das entidades desportivas, desporto-
negócio, fundamentação constitucional e legal, e a natureza da justiça desportiva.
Define-se, o Direito Desportivo como conjunto de normas e regras que regem o
desporto e cuja inobservância pode acarretar penalizações, constituindo-se de normas
escritas ou consuetudinárias que regulam a organização e a prática do desporto e, em
geral, de quantas disciplinas e questionamentos jurídicos situam a existência do
desporto como fenómeno da vida social.

Objectivo do geral do trabalho:

 O presente trabalho tem como o objectivo geral, identificar as fontes do Direito


Desportivo, ou seja procurar saber onde nasce as normas do Direito do
Desporto.

Objectivos específicos:

 Conhecer o conceito e a história do Direito do Desporto;


 Conhecer as fontes do Direito Desportivo;
 Conhecer a sua organização e o seu funcionamento da justiça desportiva.

1.1.Metodologia

Para a realização do presente trabalho, o grupo recorreu o método dedutivo, partindo


sempre dos aspectos gerais que culminaram com os aspectos específicos, e o tipo de
pesquisa qualitativa e bibliográfica (manuais, artigos, etc) baseando-se nas legislações e
doutrinas encontradas disciplinadas na última página do trabalho.

4
2. FONTES DO DIREITO DESPORTIVO

2.1.Direito do Desporto-conceito e a origem

Foi a Constituição Brasileira de 1934, que trouxe pela primeira vez um tratamento
constitucional para o desporto, qualificando-o como matéria educacional em seu art.5º.
“No período de 1932 a 1945, o Estado encarava o desporto como educação física, com
significado de desenvolvimento da raça”1 (PAVAN, 2019.p.13).

A Constituição de 1937 trouxe o fortalecimento excessivo do Executivo e com ele, uma


extrema concentração na regulamentação desportiva. No início da década de 1930,
ocorreu, no Brasil, a queda da aristocracia agrária e a ascensão militar comandada por
Getúlio Vargas. Em 1937, Getúlio Vargas, em um golpe, institui o Estado Novo,
ideologia de inspiração fascista, centralizando a administração e utilizando-se dos
poderes Legislativo e Judiciário como meros coadjuvantes do Executivo na “tarefa” de
modernização do Estado brasileiro. Na perspectiva do Estado Novo, a educação física
teve destaque, pois significava “apuração da raça”. Tem-se, assim, em 1938, com a
edição do Decreto-Lei nº 526/38, que criou o Conselho Nacional da Cultura e incluiu a
educação física no conceito de desenvolvimento cultural, a primeira norma com menção
ao desporto no Brasil. No Brasil, o Constituinte de 1988 assegurou aos indivíduos
diversos direitos que foram alcançar ao patamar legislativo máximo. Segundo
SCHMITT (p.4), conclui-se, portanto, que o Estado Democrático de Direito não
“existem apenas direitos e deveres para os indivíduos, mas também direitos e deveres
para o Estado, como a saúde, a educação, o trabalho, o esporte, o lazer, as artes, a
cultura”2. No que se refere ao esporte, a Constituição Federal estabelece textualmente
que é dever do Estado fomentar práticas formais e não formais, como direito de cada
um. Ademais, o Estado deverá incentivar o lazer como forma de promoção social.

2.2.Conceito do Direito do Desporto

“Direito Desportivo é o ramo do direito que trata exclusivamente das relações advindas
do desporto em todas suas esferas, reunindo diversas normas e princípios sobre o tema
de forma a abarcar uma gama de actividades”,3(ROSIGNOLI, 2017.p.21). Portanto,

1
PAVAN, Lucas Moisés. O Desporto como direito fundamental e seus princípios. ERECHIM. 2019.p.13.
2
SCHMITT, Paulo Marcos. Regime jurídico e princípios do direito desportivo.p.4.
3
ROSIGNOLI, Mariana; RODRIGUES Sérgio Santos. Manual de direito desportivo.2. ed-São Paulo:
LTr, 2017.p.21.

5
podemos definir o Direito Desportivo como o ramo do Direito responsável por regular
as relações desportivas, através de um conjunto de regras e instrumentos jurídicos
sistematizados estabelecidos para cada modalidade, com o objectivo de disciplinar os
comportamentos exigíveis na prática das competições. A partir do referido conceito,
concluímos pela existência de um ordenamento jurídico responsável por essa regulação.
Em suma, consiste “o Direito Desportivo em instrumento fundamental para o
desenvolvimento e manutenção do desporto em suas diversas manifestações e, portanto,
essencial à sua constante evolução para a manutenção do desporto organizado”4.
(PAVAN, 2019.p.12).

2.3.Fontes do Direito do Desporto

As fontes do Direito do Desporto “serão as instituições, institutos ou elementos capazes


de produzir normas ou directrizes jurídicas a serem aplicadas no âmbito do direito
Desporto”,5(FACHADA, 2016, p.93 e 94). Tais fontes podem ser formais (imediatas ou
mediatas) ou materiais. Entende-se por fontes do direito as origens do direito, ou seja, o
lugar ou a matéria-prima pela qual nasce o direito

As fontes do Direito Desportivo, sejam materiais ou formais, “derivam não só


exclusivamente do Poder Legislativo, mas também de normas do Executivo,
jurisprudências, doutrina e por princípios, costumes e analogias”6(SOUZA;
RAMALHO,p.2021.p.19). Cediço que quando se trata de fontes do Direito, estamos nos
referindo aos locais onde se encontram as origens do Direito.

2.4. A fonte material

A fonte material refere-se ao organismo que tem poderes para sua elaboração e criação.
Essas correspondem ao facto social e ao valor que a lei dará ao fato social. Representam
e são facilmente identificadas pelo poder que têm de elaboração jurídica que
posteriormente serão as chamadas normas, acerca de determinado tema.

2.5. As fontes formais

4
PAVAN, Lucas Moisés. O Desporto como direito fundamental e seus princípios. ERECHIM. 2019.p.12.
5
FACHADA, Rafael Terreiro. Direito Desportivo Enquanto Uma Disciplina Autónoma. São Paulo.
2016.p.93 e 94.
6
SOUZA, Gustavo Lopes Pires de; RAMALHO, Carlos Santiago da Silva. Direito Desportivo: Primeiras
Linhas, Editora Expert - Belo Horizonte - 2021.p.19.

6
As fontes formais são aquelas pela qual o direito se manifesta, ou seja, tem o condão de
expressarem-se enquanto regra jurídica. As fontes formais podem ser imediatas e
mediatas. As fontes formais imediatas são as normas legais, as leis.

No âmbito Brasileiro, o Direito Desportivo, até mesmo por seu carácter interdisciplinar,
possui diversas fontes formais imediatas, sendo, a principal delas, tratada no artigo 217
da Constituição da República. Ainda, no que concerne às fontes formais imediatas, a Lei
9.615/1998, conhecida como “Lei Pelé” é a norma geral do desporto e principal fonte
infraconstitucional do direito desportivo. Outrossim, tem-se que a Lei nº 10.671/2003
(Estatuto do Torcedor); a Lei nº 11.438/2006 (Lei de Incentivo Fiscal ao Esporte), são
igualmente exemplos de fontes formais imediatas e infraconstitucionais. O Código
Brasileiro de Justiça Desportiva não constitui lei propriamente dita, uma vez que
emanada do Conselho Nacional dos Esportes e não do Poder Legislativo, mas se trata de
fonte que regulamenta as relações esportivas e disciplinares entre associações e atletas.
A Lei 10.671/2003, denominada Estatuto do Torcedor, por seu turno, traz disposições
acerca da protecção do consumidor do esporte, definindo este como qualquer indivíduo
que aprecie, apoie ou seja associado de determinada prática desportiva, além ainda de
acompanhar a modalidade de prática desportiva da respectiva entidade. Insta esclarecer
que o Código Civil (CC), a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e o Código
Tributário Nacional (CTN), apesar de não serem leis específicas do desporto, também
são importantes fontes do Direito Desportivo.

2.6.As fontes formais mediatas

Finalmente, “as fontes formais mediatas são os costumes, os princípios gerais do direito
a jurisprudência e a doutrina”,7(SOUZA; RAMALHO,p.2021.p.20). O artigo10 do CC,
dispõe que, “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito”8. Portanto, em alguns casos, ainda que não
haja lei escrita, aplica-se o direito com amparo em decisões reiteradas dos tribunais
(jurisprudência) ou nos usos e costumes. Conforme exposto, o Direito Desportivo
possui como fontes, normas específicas do desporto, mas, também, outros textos

7
SOUZA, Gustavo Lopes Pires de; RAMALHO, Carlos Santiago da Silva. Direito Desportivo: Primeiras
Linhas, Editora Expert - Belo Horizonte - 2021.p.20.
8
Código Civil, aprovado pelo (Decreto-lei nº 47344, de 25 de Novembro de 1966, e portaria nº.22869, de
4 de Setembro de 1967). Nova edição.2021.

7
normativos. Por estas razões, entende-se o Direito Desportivo como ramo do direito
interdisciplinar, eis que se utiliza de várias disciplinas para sua aplicabilidade.

2.7.Lei

A primeira das fontes que podemos observar é a Legislação. Dedicamos a esta um


entendimento amplo. “Legislação é o processo pelo qual um ou vários órgãos estatais
formulam e promulgam normas jurídicas de observância geral”9, (FACHADA.2016
p.96). Ainda, podemos verificar série de leis que balizam o desporto no brasil: 9.615/98-
Lei geral sobre o Desporto; 10,671/03- Estatuto do Torcedor; 11,438/06- Lei de
incentivo ao Desporto. Decretos-leis, decretos, regulamentos e outros actos.

2.8.Jurisprudência

Segundo FACHADA (2016.p.97), “jurisprudência, representa, a forma de revelação do


direito que se processa através do exercício de jurisdição, em virtude de uma sucessão
harmónico de decisões dos tribunais”10. No caso, estamos a tratar do aspecto estatal da
jurisprudência e a forma pela qual ela forneceu ao Direito Desporto importantes
decisões que influenciam seu desenvolvimento. Essa jurisprudência emanada de tais
órgãos terá o condão de actual directamente no cerne da questão desportiva, envolvendo
aspectos disciplinares, mas também estatutários, delimitando as possibilidades de
actuação dos actores desportivos. Podemos dizer que a jurisprudência desportiva é a
primeira barreira de protecção aos princípios intrínsecos do desporto. Nesse sentido, no
caso do Direito Desportivo, a jurisprudência é uma fonte que possui traços estatais,
retirando sua forca normativa e validade de suas decisões do Estado.

2.9.Costumes

Os costumes configuram-se como outra fonte não estatal do Direito. Dentre as fontes
formais apresentadas mostra-as, ainda, como a única não escrita. Lembramos que as
comunidades primitivas não dominavam a escrita; entretanto, sempre houve a
necessidade da existência de um Direito que regulasse a conduta de seus membros. Com
a evolução natural das sociedades, o direito escrito ganhou singular importância,
sobretudo nos pais Civil Law, ainda assim, reside até hoje a importância de costumes

9
FACHADA, Rafael Terreiro. Direito Desportivo Enquanto Uma Disciplina Autónoma. São Paulo.
2016.p.96.
10
Cfr. 2016.p.97.

8
nos ordenamentos jurídicos. Segundo FACHADA (2016.p.99), são duas condições para
a verificação de validade jurídica de determinando costume11:

i. “Prática constante e geral por longo tempo quanto a casos similares- factor
externo, uso”;
ii. “Convicção dos actores sociais acerca da sua obrigatoriedade, correspondendo a
uma necessidade jurídica- factor interno psicológico”.

A representação dos costumes no âmbito do direito desportivo pode ser percebida em


diferentes momentos e situações. Ao analisarmos o direito desportivo do trabalho,
podemos perceber uma série de peculiaridades na relação laboral entre atletas e
entidades desportiva. Uma dessas peculiaridades tem justamente natureza
consuetudinária: o bicho, valor comummente acordado entre os dirigentes e atletas antes
de jogo considerados importantes como um pagamento extra, que não aguarda respaldo
contratual ou legal, mas é de conhecimento geral e de cumprimento obrigatório caso
acordado.

3. A Doutrina

Segundo FACHADA (2016.p.102,103) “a doutrina não pode ser, sob nenhum ponto de
vista, minimizada pelos operadores do direito”12. É preciso que os advogados, juízes,
promotores, parlamentares e a todos os demais actores tenham em mente a importância
que o direito científico possui. Efectivamente, as fontes dispõem de função prescritiva,
ou seja, é delas que emanam as normas jurídicas. A doutrina, por outro lado, apresenta-
se como uma função descritiva, tendo assim sob a sua responsabilidade, a análise de
normas pretéritas, podendo influenciar quando estas forem dar forma ao direito. A
doutrina possui uma função própria de análise e produção de conhecimento para
aprimoramento ou preenchimento de lacunas das normas, sem actuação directa nesse
processo.

3.1. JUSTIÇA DESPORTIVA

Justiça Desportiva pode ser conceituada como o conjunto de instâncias desportivas


autónomas e independentes das entidades de administração do desporto dotadas de
“personalidade jurídica de direito público ou privado, com atribuições de dirimir os

11
Cfr.p.99
12
FACHADA, Rafael Terreiro. Direito Desportivo Enquanto Uma Disciplina Autónoma. São Paulo.
2016.p.102, 103.

9
conflitos de natureza desportiva e de competência limitada ao processo e julgamento de
infracções disciplinares definidas em códigos desportivos”13(SCHMITT p.10).

Nos termos do art.185 do Regulamento da Lei do Desporto, estabelece-se que, “ajustiça


desportiva tem como finalidade a resolução dos conflitos emergentes das relações entre
os agentes desportivos, tanto no âmbito das competições como nas relações que se
desenvolvem fora destas”14.

“No seu funcionamento, os órgãos de justiça desportiva são independentes da direcção e


dos demais órgãos sociais da colectividade a que pertencem, devendo analisar e julgar
os casos que lhes sejam presentes de acordo com a lei e regulamentos aplicáveis”
(Art.187) 15.

3.2.ÓRGÃOS DE JUSTIÇA DESPORTIVA

São órgãos de justiça desportiva os seguintes: a) Conselho de Disciplina; b) Conselho


Jurisdicional; e c) Plenário de Justiça Desportiva, (art.190 do Regulamento da Lei do
Desporto).

3.3. Conselho de Disciplina

Nos termos do art.192 do (Regulamento da Lei do Desporto), estabelece que, compete


ao Conselho de Disciplina: “julgar, em primeira instância, os protestos sobre a violação
das regras das modalidades e competições sob égide da associação desportiva a que
pertença”; “exercer o poder disciplinar sobre factos ocorridos nos recintos de
competições que lhe sejam participados pelos árbitros ou delegados, nos termos dos
regulamentos”; “aplicar as respectivas sanções disciplinares aos infractores”; “admitir e
fazer seguir os recursos interpostos às instâncias de jurisdição superior”; e “promover e
conduzir os inquéritos e sindicâncias sobre factos de que os seus membros tenham
conhecimento, que sejam susceptíveis de configurar ilícitos disciplinares ou de outra
natureza, submetendo as conclusões sobre estes últimos às autoridades competentes, nos
termos legais”.

3.4.Conselho Jurisdicional

13
SCHMITT, Paulo Marcos. Regime jurídico e princípios do direito desportivo.p.10.
14
Decreto n.º 58/2023 de 18 de Outubro (Regulamento da Lei do Desporto)
15
Decreto n.º 58/2023 de 18 de Outubro (Regulamento da Lei do Desporto)

10
Nos termos do art.193 do (Regulamento da Lei do Desporto), estabelece que, compete
ao Conselho Jurisdicional: julgar, em instância única, os recursos que lhe sejam
interpostos das decisões da direcção ou da assembleia geral, nos termos previstos nos
estatutos da organização desportiva a que pertence; julgar, em primeira instância, os
recursos interpostos das deliberações do conselho de disciplina da associação desportiva
a que pertence; exercer a acção disciplinar sobre os agentes desportivos ligados à
respectiva organização desportiva; e exercer, com as devidas adaptações, as funções
referidas no número um do presente artigo, bem como as que constarem do respectivo
regulamento.

3.5.Plenário de Justiça Desportiva

Nos termos do art.194 do (Regulamento da Lei do Desporto), estabelece que, o Plenário


de Justiça Desportiva “é a mais alta instância de resolução de litígios de todas as
modalidades desportivas, com actuação em todo o território nacional. O Plenário de
Justiça Desportiva julga em segunda e última instância”.

Nos termos do art.195 do (Regulamento da Lei do Desporto), estabelece que, o Plenário


de Justiça Desportiva “é composto por um número ímpar de membros, num mínimo de
cinco, com pelo menos dois terços dos seus membros licenciados em direito”. Os
membros do Plenário de Justiça Desportiva são escolhidos de uma lista de
personalidades com idoneidade cívica e moral, propostas pelas federações desportivas,
ouvido o Comité Nacional do Desporto. 3. Da lista de membros para o Plenário será
eleito o presidente, vice-presidente e o secretário, para um mandato de quatro anos,
podendo ser reeleitos uma única vez. “O Plenário de Justiça Desportiva funciona com
base num orçamento inscrito na entidade que superintende a área do Desporto”. “Os
membros do Plenário de Justiça Desportiva têm direito a senha de presença, a ser
determinada por despacho conjunto das entidades que superintendem as áreas das
finanças e do desporto”16, (n°.1 e 2 do art.197)

3.6.AUTONOMIA DAS ENTIDADES DESPORTIVAS

A autonomia desportiva é um direito implantado no art.217, I da Lei Magna, que


outorga às entidades desportivas, constituídas sob a personalidade jurídica de
associações sem fins lucrativos, a liberdade de se autoconstituir, auto-organizar e

16
Decreto n.º 58/2023 de 18 de Outubro (Regulamento da Lei do Desporto)

11
autofuncionar ou autogerir, com intervenção mínima do Estado (Poderes Públicos em
geral). Este direito imanta no ordenamento jurídico-desportivo brasileiro o sistema jus-
privatista ou não-intervencionista, “onde se caracteriza a intervenção mínima do Estado
na regulação e movimentação da prática desportiva formal, e, em casos pontualíssimos,
na actividade esportiva não-formal”17. Nada obstante, essa sistemática atribui às
associações desportivas, mormente as entidades administrativas (federações), pessoas
jurídicas de direito privado, algumas prerrogativas típicas, assemelhadas aos casos
especiais dos Sindicatos e dos Partidos Políticos. Essa premissa do art.217, I da CF/88,
encarta o princípio da autonomia desportiva, subdivisão sui generis, ramificação
principiológica do tronco fundamental da liberdade de associação (art.5º, XVII a XXI
da CF/88), que similarmente ao princípio da Unidade Sindical (art.8º, II da CF/88), aos
princípios da autonomia e representatividade dos Partidos Políticos (art.14, 1º e 2º da
Lex Legum) exerce a sua autonomia, unidade e representatividade em matéria de
administração desportiva.

Por outro prisma, a noção de lex sportiva vincula-se a uma ordem jurídica desportiva
autónoma, constituída não somente dos regulamentos autónomos das federações
desportivas nacionais, em geral harmonizados com a legislação desportiva estatal onde
têm sua sede, “às regras oriundas das Federações Internacionais, e, ainda às sentenças e
decisões promanadas dos tribunais de justiça desportiva e cortes arbitrais desportivas”18
(Melo Filho Álvaro.p.34).

Com efeito, a autonomia desportiva é, induvidosamente, um princípio, e, como tal,


constitui a essência (razão de ser do próprio ser) da legislação desportiva porque a
inspira (penetra no âmago), fundamenta-a (estabelece a base) e explica-a (indica a ratio
legis). Por isso mesmo, ao ser elevada ao patamar constitucional, a autonomia
desportiva propicia às entidades desportivas dirigentes e associações uma plástica
organização e um flexível mecanismo funcional que permitam o eficiente alcance de
seus objectivos. Ou seja, com autonomia os entes desportivos estão aptos a buscar
fórmulas capazes de resolver seus problemas, enriquecendo a convivência e
acrescentando à sociedade desportiva idéias criativas e soluções inovativas mais
adequadas às peculiaridades da sua conformação jurídica (organização) e de sua

17
RAMOS, Rafael Teixeira. Direito desportivo e o direito ao desporto na constituição da república
federativa do brasil.p.93 e 94.
18
ÁLVARO, Melo Filho. Da autonomia desportiva no contexto constitucional.p.34.

12
actuação (funcionamento), desde que respeitados os limites da legislação desportiva
nacional e resguardados os parâmetros das entidades desportivas internacionais.
Segundo (Melo Filho Álvaro.p.35), “buscando evitar uma interpretação distorcida e
deformante de autonomia desportiva, repontam-se alguns aspectos que tornam mais
claro o seu sentido e alcance na praxis jurídico-desportiva”19:

a) A autonomia é palavra de origem grega que, literalmente, significa legislação


independente, como decorrência da conjuminação de autos, si mesmo e nomos, lei, isto
é, a faculdade de organizar-se juridicamente e de criar um direito, direito esse não só
reconhecido pelo Estado, mas que este incorpora a seu próprio ordenamento jurídico e o
declara obrigatório;

b) A autonomia (face interna da entidade) não se confunde com independência (face


externa da entidade), posto que supõe o exercício de competências e poderes restritos ao
seu peculiar interesse, consoante prescrições estabelecidas pelo ordenamento jurídico
que não admite que direitos sejam exercitáveis de maneira absoluta e ilimitada.

c) Resgatando e retroagindo aos trabalhos da última Constituinte a proposta redaccional


do art.217, I dispunha sobre a autonomia das entidades desportivas dirigentes e
associações quanto à sua organização e funcionamento internos.

Deflui-se, de tudo isso, que a autonomia desportiva refere-se a um certo poder de


autonormação e de autogoverno que existe, sem intervenção estranha nem estatal, o que
se reconhece e resguarda, constitucionalmente, dentro dos contornos traçados pela Carta
Magna, que “não delega ao legislador, administrador ou julgador competência para
conceder direitos ou limitá-los, pois, só a própria Constituição pode fazê-lo”20.(Melo
Filho Álvaro.p.36). A jurisdição pode ser definida em várias acepções, seja pelo viés da
área de actuação da Justiça Desportiva, “conforme mandamento legislativo, ou pela
competência geográfica a que determinada unidade, judicial ou administrativa, deva
exercer as suas prerrogativas”21.

3.7.DESPORTO NEGÓCIO

19
Cfr.p.35.
20
Álvaro, Melo Filho. Da autonomia desportiva no contexto constitucional.p.36.
21
MARQUES, Robson de Araújo Ferreira. Justiça desportiva: direitos em análise comparativa. SANTA
RITA-PB 2017.p.24.

13
Segundo LEONCINI (2001.p.28 e 43), apresenta os relacionamentos no mercado
futebolístico, “as organizações vendedoras, clientes e negócios”. 22:

Escala hierárquica do futebol Mundial:

 FIFA, Confederações, Ligas/ Federações, Clubes.

Conjuntos de Clientes/Negócios:

 Mercado Consumidor fãs de futebol (bilheteiras);


 Mercado Produtor empresas patrocinadoras principais, empresas patrocinadoras
de material- patrocinador técnico;
 Mercado Intermediador de Revenda, TV, empresas licenciadas Loterias,
Licenciamento-exploração da marca, „
 Mercado intermediador industrial, Merchandising- venda de mercadorias pelos
clubes, Serviços prestados no estádio- restaurantes, outros eventos, Placas de
propaganda nos estádios.

3.8.FUNDAMENTAÇÃO CONSTITUCIONAL E LEGAL

O conceito de Justiça Desportiva pode ser compreendido a partir de um viés didáctico e


objectivo, referindo-se a uma justiça especializada, com fundamento constitucional, nos
termos do (artigo 217, 1º e 2º, a Constitucional Federal de 1988), princípios específicos,
além de possuir competência pré-determinada e estrutura organizacional própria. O
facto da Justiça Desportiva possuir seu fundamento no texto constitucional implica, de
proémio, no imprescindível cuidado e atenção ao seu âmbito de actuação. Assim, torna-
se imperioso respeitar os ditames constitucionais, de modo a evitar qualquer
interferência que macule o postulado constitucional que confere à Justiça Desportiva
sua competência e carácter de justiça especializada.

“O aparato basilar da Justiça Desportiva pátria encontra-se firmado na Constituição


Federal de 1988, mais precisamente no artigo 217, da seção III, esta versando sobre o
desporto”23. Os parágrafos primeiro e segundo do referido artigo enunciam disposições

22
LEONCINI, Marvio Pereira. Entendendo o negócio futebol: um estudo sobre a transformação do
modelo de gestão estratégica nos clubes de futebol. São Paulo. 2001.p.28 e 43.

23
Nos termos do art.93 tem como a epígrafe (Cultura física e desporto), que preconiza que: Os cidadãos
têm direito à educação física e ao desporto. O Estado promove, através das instituições desportivas e
escolares, a prática e a difusão da educação física e do desporto.

14
fundamentais acerca da Justiça Desportiva no Brasil. Assim, o artigo 217, em seu
parágrafo primeiro, atendendo ao escopo de limitar a interferência do Poder Judiciário
em matéria específica atinente ao direito desportivo, menciona que acções relativas à
disciplina e às competições desportivas só serão admitidas pelo Poder Judiciário após o
esgotamento das instâncias da Justiça Desportiva.

3.9.Natureza da Justiça Desportiva

O tema atinente à natureza da justiça desportiva não é pacífico na seara doutrinária. “As
posições enunciadas situam-se no enquadramento da Justiça Desportiva como
tribunal/instância administrativa ou posicionando-a como de natureza eminentemente
privada”, (COELHO,2020.p.33 e 34)24. De proémio, mostra-se imperioso distanciar e
diferenciar a Justiça Desportiva do Poder Judiciário. Nesse diapasão, a Constituição
Federal é muito clara na conclusão pelo afastamento. No primeiro momento, ao elencar,
em seu artigo 98, os órgãos integrantes do Poder Judiciário, não insere a Justiça
Desportiva dentre os enumerados no referido artigo. Ademais, o próprio artigo 217, em
seu parágrafo primeiro, direcciona, implicitamente, para a separação do Poder Judiciário
e da Justiça Desportiva, uma vez que aquele somente admitirá acções de competência da
Justiça Desportiva quando esta já tiver, nos termos de lei específica, apreciado as
mencionadas acções, esgotando-se as suas instâncias. Portanto, o regramento
constitucional em tela situa a Justiça Desportiva em posição que não se confunde com o
Poder Judiciário, o que é pacificado na doutrina.

No entanto, consoante mencionado anteriormente, verifica-se duas posições doutrinárias


acerca da natureza da Justiça Desportiva: natureza privada ou administrativa. De
antemão, torna-se imperioso pontuar que questões atinentes à Justiça Desportiva, e,
acrescente-se, ao próprio Direito Desportivo, podem ostentar ligação com os regimes de
direito privado ou de direito público, a depender da espécie da relação estabelecida, o
que obsta eventual facilidade para enquadramento da natureza da justiça em tela. Desse
modo, os órgãos da Justiça Desportiva terão natureza privada quando ligados às
competições organizadas por entes de natureza privada, ou vice-versa, sendo de
natureza pública quando relacionadas com competições estruturada por entes públicos.
De acordo COELHO (2020.p.35), entende que, por outro lado, há o posicionamento que

24
COELHO, Priscila Firmino. Justiça desportiva no brasil: uma análise sobre a inafastabilidade da
jurisdição do poder judiciário em matéria desportiva. RECIFE, 2020.p.33 e 34.

15
enquadra a natureza da Justiça Desportiva como um tribunal administrativo, visto que
sua actuação é claramente relacionada com “a aplicação de sanções disciplinares, em
observância à normas administrativas e observando ainda alguns elementos e princípios
oriundos do Direito Administrativo”25.

25
COELHO, Priscila Firmino. Justiça desportiva no brasil: uma análise sobre a inafastabilidade da
jurisdição do poder judiciário em matéria desportiva. RECIFE, 2020.p.35.

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Conclusão

Em jeito de conclusão do presente trabalhar, lembrar dizer que, apresentamos o tema


sobre as fontes do Direito do Desporto, falamos do conceito e a origem do Direito do
Desporto, a justiça desportiva, autonomia das entidades desportivas, o desporto e
negócio, a natureza da justiça desportiva e o seu enquadramento constitucional e legal
do Direito do Desporto. Nos do conceito do Direito Desportivo sem mais nada tem a ver
como o conjunto de normas e regras que regem o desporto e cuja inobservância pode
acarretar penalizações, constituindo-se de normas escritas ou consuetudinárias que
regulam a organização e a prática do desporto e, em geral, de quantas disciplinas e
questionamentos jurídicos situem a existência do desporto como fenómeno da vida
social. Falando da Justiça Desportiva, emende-se que é aquela justiça desportiva cuja
competência se encarrega de aplicar o direito desportivo ao caso concreto, ou seja,
Órgãos administrativos desportivos coligados ao sistema do desporto, divididas por
atribuições bem definidas, como a criação de directrizes, o julgamento e orientação das
actividades e competições desportivas, aplicando as regras relativas às competições e à
disciplina envolvendo demandas do Direito Desportivo. Na realidade, a Justiça
Desportiva revela-se como meio ideal para solução de conflitos estabelecidos no âmbito
desportivo, pois permite a solução rápida e devidamente fundamentada, a custos
mínimos e de maneira eficiente, respeitados os princípios inerentes ao devido processo
legal. Portanto, a norma constitucional em tela é de suma importância para a realidade
desportiva pátria, visto que preconiza a particularização da matéria relativa ao desporto,
sendo esta estudada e aprofundada pelo profissional especializado na área, além de,
implicitamente, destacar a importância da celeridade no trato dos entraves existentes no
ramo jurídico-desportivo, a fim de não prejudicar o regular andamento das competições
desportivas. Este se questionamento se dá muito em função do forte carácter
interdisciplinar do direito desportivo, porém para responder de maneira afirmativa tal
questionamento é preciso observar que a Constituição Federal de 1988, conforme já
citado na discussão a respeito das fontes de direito, aprecia o desporto e, em seu art.217,
também coloca a Justiça Desportiva, que possui natureza administrativa, como o órgão
competente a admitir as acções relativas à disciplina e às competições esportivas, ou
seja, constitui um ordenamento jurídico próprio. As fontes do direito do Desporto,
refere-se a origem das normas desportivas, as fontes imediatas e mediatas: a lei,
costume, jurisprudência, a doutrina.

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Referência Bibliográfica

Legislação:

 Código Civil, aprovado pelo (Decreto-lei nº 47344, de 25 de Novembro de 1966,


e portaria nº.22869, de 4 de Setembro de 1967). Nova edição.2021.

 DECRETO N.º 58/2023 DE 18 DE OUTUBRO (REGULAMENTO DA LEI DO


DESPORTO)
 Lei n.º 11/2023 de 23 de Agosto, publicado no Boletim da República -I SÉRIE-
Número 163: Altera o número 3, do artigo 311 da Constituição da República de
Moçambique (2004), que inclui a Lei de Revisão Pontual da Constituição (Lei
no 1/2018, de 12 de Junho.
Doutrina:

 ÁLVARO, Melo Filho. Da autonomia desportiva no contexto


constitucional.p.34, 35 e 36.
 COELHO, Priscila Firmino. Justiça desportiva no brasil: uma análise sobre a
inafastabilidade da jurisdição do poder judiciário em matéria desportiva.
RECIFE, 2020.p.33, 34 e 35.
 FACHADA, Rafael Terreiro. Direito Desportivo Enquanto Uma Disciplina
Autónoma. São Paulo. 2016.p.93 e 94.
 LEONCINI, Marvio Pereira. Entendendo o negócio futebol: um estudo sobre a
transformação do modelo de gestão estratégica nos clubes de futebol. São
Paulo. 2001.p.28 e 43.
 PAVAN, Lucas Moisés. O Desporto como direito fundamental e seus
princípios. ERECHIM. 2019.p.12,13.
 RAMOS, Rafael Teixeira. Direito desportivo e o direito ao desporto na
constituição da república federativa do brasil.p.93 e 94.
 ROSIGNOLI, Mariana; RODRIGUES Sérgio Santos. Manual de direito
desportivo.2. ed-São Paulo: LTr, 2017.p.21.
 SOUZA, Gustavo Lopes Pires de; RAMALHO, Carlos Santiago da Silva.
Direito Desportivo: Primeiras Linhas, Editora Expert - Belo Horizonte -
2021.p.19,20.
 SCHMITT, Paulo Marcos. Regime jurídico e princípios do direito
desportivo.p.4 e 10.

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