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INTRODUÇÃO ................................................................................................. 4
4.4 Punições............................................................................................. 39
2
5.1 O que é “doping” ................................................................................ 42
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 49
3
INTRODUÇÃO
Prezado aluno,
Bons estudos!
4
1 O INÍCIO DO DIREITO ESPORTIVO NO BRASIL
Fonte:www.direitodesportivo.com.br
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das outras disciplinas da grade curricular. Ainda no ano de 1940, o Decreto nº 5.723,
de 28 de maio, reconheceu oficialmente o Curso Superior da Escola de Educação
Física de São Paulo, realizado pela Universidade de São Paulo.
Outra medida importante realizada no final do Estado Novo foi a determinação
legal para que técnicos amadores de esportes fossem habilitados e reconhecidos
como profissionais, para poder exercer suas funções. O Decreto-Lei nº 2.975, de 23
janeiro de 1941, além da citada regulamentação, determinava que as instituições
desportivas tinham a obrigação de contratar pessoal legalmente habilitado em
Educação Física (com formação em nível superior ou com a habilitação de técnico
desportivo em determinada modalidade).
Entretanto, a medida legal de maior importância no período histórico que
antecedeu o Nacional Desenvolvimentismo foi aquela que criou o Conselho Nacional
do Desporto (CND). O Decreto Lei Nº 3.199, de 14 de abril de 1941 foi o primeiro
arcabouço legal que vislumbrou a necessidade de se observar a atividade física (no
caso específico, as modalidades desportivas) com um olhar mais profundo e
complexo. Os objetivos propostos nesta legislação possuíam um forte ensejo
ideológico, reconhecendo a necessidade presente de profissionalização do esporte,
sem desmerecer os benefícios de sua prática de caráter amadorística, como aponta
o artigo 3º, alíneas a e b:
A letra legal que institui o CND evidenciou o teor nacionalista e moralista que
permeava os objetivos de criação daquele Conselho. O caráter ideológico das ações
daquela instituição era uma forma de propaganda governamental que propagava não
apenas os benefícios do movimento com a finalidade esportiva e lúdica. Ensejavam
finalisticamente a formação social e cultural da população, alinhada a propósitos
políticos, exteriorizando uma estratégia de gestão que iniciou-se no Estado Novo e se
consolidou no Nacional-Desenvolvimentismo.
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Com a criação do CND, a regulamentação sobre as apurações disciplinares
(bem como sobre a aplicação de penalidades para as Confederações e os atletas que
não cumprissem os mandamentos do Conselho) tornou-se uma ação legal necessária.
A Portaria Ministerial n° 254, de 1 de outubro de 1941 veio a preencher esta lacuna
exegética, aumentando ainda mais a interferência do CND sobre as Confederações
e, sobretudo, nos atletas a ela subordinados.
Além disto, toda e qualquer entidade desportiva passou a ter uma
responsabilidade administrativa de gerir com eficiência seus gastos e atividades. O
Decreto-Lei n° 7.674, de 25 de setembro de 1945 determinou que todas as entidades
desportivas públicas (como, por exemplo, as Confederações subordinadas ao CND)
prestassem contas sobre a forma de utilização de seu capital financeiro, bem como
estabeleceu medidas para a proteção do patrimônio dessas instituições.
A fiscalização das Entidades Desportivas foi facilitada pela regionalização do
Conselho, materializada na criação das chamadas “Inspetorias Seccionais de
Educação Física” (Decreto nº 49.639, de 30 de dezembro de 1960). Com esta divisão
de responsabilidades, tanto o esporte como a educação física escolar passaram a ser
observados pelo governo federal com maior proximidade, auxiliando a futura edição
de leis que permitiriam, de forma concreta, a aplicação dos serviços que envolveriam
a atividade física gerindo não apenas a qualidade de suas atividades, como também
uma maior proximidade às demandas apresentadas pelo público.
Desta forma, o final do Estado Novo constitui o marco inicial da participação da
Administração Pública no controle (de forma direta e/ou indireta) e no fomento de
políticas de intervenção nos esportes brasileiros, tanto nos amadores como os
profissionalizados. O Decreto-Lei n° 8458, de 26 de dezembro de 1945, dispunha
sobre o registro dos estatutos das sociedades esportivas, bem como a necessidade
do governo ter ciência de todas as medidas tomadas por essas instituições.
O final do Estado Novo também marcou a criação e a regulamentação de
diversos Cursos de Graduação em Educação Física, indicando uma embrionária
mudança de paradigma no tocante à profissionalização desses educadores,
ensejando um maior conhecimento técnico científico para o exercício de suas funções,
seja no esporte, na educação física escolar e também no lazer. Na década de 1940
foram criados os Cursos Superiores de Educação Física nas Universidades do Rio
Grande do Sul (Decreto n° 7.219, de 27 de maio de 1941), Piauí (Decreto n° 7.365,
de 10 de junho de 1941), Santa Catarina (Decreto n° 7.366, de 10 de junho de 1941),
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Espírito Santo (Decreto-Lei nº 3.384, de 3 de julho de 1941), Rio de Janeiro (Escola
Nacional de Educação Física / Decreto-Lei nº 4.029, de 19 de janeiro de 1942),
Pernambuco (Decreto n° 8.919, de 4 de março de 1942), Pará (Decreto n° 9.890, de
7 de julho de 1942), Rio Grande do Sul (Decreto n° 15.582, de 16 de junho de 1944),
Bauru/SP (Decreto nº 47.174, de 6 de novembro de 1959) entre outros.
Fonte: juristas.com.br
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A regulamentação dos Cursos na área de Educação Física permitiu a
maximização e disseminação de Simpósios e Congressos envolvendo a temática da
atividade física, com enfoque na educação física escolar e no esporte. A Portaria
Ministerial n° 310, de 16 de abril de 1942 aprovou o Regimento do I Congresso Pan-
Americano de Educação Física, realizado na Escola Nacional de Educação Física, no
Rio de Janeiro.
Já, no transcorrer do Nacional-Desenvolvimentismo, técnicas e métodos de
treinamento esportivo passaram a ser pesquisados e concebidos no Brasil
(principalmente nos bancos acadêmicos), possibilitando a formação de uma base
científica na área de atividade física com o objetivo de tentar atender aos anseios e
necessidades dos atletas brasileiros. A Portaria nº 170, de 1 de outubro de 1959,
aprovou a realização de instruções mínimas sobre treinamento esportivo nas
faculdades de Educação Física, simbolizando o expressivo aumento de importância
desta área de especialização na graduação. Esse dispositivo legal simbolizava a já
presente preocupação do Estado em formar profissionais na área de Educação Física
como treinadores desportivos para atletas de alto rendimento, além de propiciar a
descoberta de talentos durante esse processo, dentro da própria Academia.
Entretanto, a incorporação de disciplinas típicas na área de fisiologia e de
anatomia para a formação do Educador Físico foi um fenômeno que se iniciou no
transcurso do Estado Novo. O primeiro passo foi dado em 4 de março de 1942, com
a promulgação do Decreto nº 8.923, autorizando o funcionamento do Curso de
Especialização de Médicos em Educação Física da Escola Superior do Estado de São
Paulo. Desta forma, estava engendrada uma crescente aproximação da área da
Educação Física com as ciências biológicas, claramente reflexiva e perceptível até os
dias atuais.
Apesar da evidente finalidade ideológica na elaboração de políticas públicas,
bem como do natural e crescente interesse que brasileiro manifestava pela atividade
física e pelo lazer; a garantia e o respaldo para essas práticas ainda não haviam sido
contempladas na legislação de maior referência durante o Nacional-
Desenvolvimentismo. A Constituição da República Federativa do Brasil, publicada em
18 de setembro de 1946, não contemplava o direito a práticas de atividades físicas
nos artigos que preconizavam os direitos individuais do cidadão brasileiro.
O forte apelo ideológico e de formação da consciência política que podem
ocorrer pela prática de atividade física, entretanto, não foram fatos suficientes para
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que o governo o alçasse a uma gestão administrativa específica. Não havia um
ministério específico para tratar sobre a atividade física durante o Nacional-
Desenvolvimentismo. A constante mudança de pastas ministeriais responsáveis pelo
o gerenciamento de assuntos destinados ao esporte e à educação física escolar
evidenciam esse fato, como ilustra a tabela abaixo:
Fonte: www.planalto.gov.br
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2 CONCEITO DE DIREITO DESPORTIVO
Fonte: cursodireitodesportivo.com.br
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(...) o desporto é, sobretudo, antes de tudo, uma criatura da lei, pois, sem o
direito, o desporto carece de sentido, porquanto nenhuma atividade humana
é mais regulamentada que o desporto. Com efeito, “regras do jogo”, “Códigos
de Justiça Desportivas”, “regulamentos técnicos de competição”, “leis de
transferências de atletas”, “estatutos e regulamentos de entes desportivos”,
“regulamentação de dopping”, atestam que, sem regras e normatização, o
desporto torna-se caótico e desordenado, à falta de regras jurídicas para dizer
quem ganha e quem perde.
Há, por exemplo, um largo setor do nosso direito privado que é inteiramente
costumeiro, de pura criação popular, mas que é obedecido como se fosse um
direito codificado e sancionado pelo Estado. Quero me referir ao direito que
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chamo esportivo e que só agora começa a ser “anexado” pelo Estado e
reconhecido por lei. Este direito, cuja Charta (para empregar uma expressão
de Malinowski) se estende pelo Brasil inteiro, é de autêntica realização
popular e é aplicado com um rigor que muito Direito escrito não possui.
Organizou instituições suas, peculiares, que velam pela regularidade e
exação dos seus preceitos.
Tem uma organização também própria – de clubes, sindicatos, federações,
confederações, cada qual com administração regular, de tipo eletivo e
democrático; e um Código Penal seu, com a sua justiça vigilante e os seus
recursos, agravos e apelações, obedecidos uns e outros, na sua atividade
legislativa ou repressiva, como se tivessem ao seu lado o poder do Estado.
Direito vivo, pois.
Dominados pela preocupação do direito escrito e não vendo nada mais além
da lei, os nossos juristas esquecem este vasto submundo do direito
costumeiro do nosso povo, de cuja capacidade criadora o direito esportivo é
um dos mais belos exemplos. (p. 44).
Assim, conforme dispõe Rafael Fachada (2017, p.1), tem-se pelo nome de
Direito Desportivo a parte da Ciência jurídica dedicada a tutelar as relações entre os
sujeitos de Direito, pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, ocorridas no
âmbito do esporte e do jogo institucionalizado, sabendo desde já que estas serão as
mais variadas e complexas possíveis, uma vez que a disciplina em tela deverá tratar
desde a existência do desporto enquanto direito fundamental do cidadão, até a
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normalização que dará respaldo aos certames de grande visibilidade, a exemplo do
que ocorre nos Jogos Olímpicos.
Fonte: www.morad.com.br
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Lei, por sua vez é segundo Ferreira (1993) uma regra de direito, obrigação,
norma, elaborada e votada pelo poder legislativo e tornada obrigatória para se manter
a ordem e o progresso numa comunidade.
A lei, em seu processo de formulação, passa por várias etapas estabelecidas
na Constituição. Nesse processo temos a iniciativa da lei, discussão, votação,
aprovação, sanção, promulgação, publicação e vigência da lei. A iniciativa da lei
normalmente compete ao Executivo ou ao Legislativo, mas há casos em que a própria
Constituição determina que a iniciativa cabe ao Judiciário. Proposta a lei, segue-se a
sua discussão no Congresso Nacional, se federal, ou nas Assembleias Legislativas,
se estadual; em seguida, vem sua votação, que é a manifestação da opinião dos
parlamentares favorável ou contrária ao projeto de lei. Se favorável ao projeto for a
maioria dos votos, a lei estará aprovada pelo Legislativo. Então, a lei é encaminhada
ao Presidente da República (lei federal) ou ao governador de estado (lei estadual) que
poderá sancioná-la ou vetá-la.
Em resumo, a legislação de um estado democrático de direito é originária de
processo legislativo que constrói, a partir de uma sucessão de atos, fatos e decisões
políticas, econômicas e sociais, um conjunto de leis com valor jurídico, nos planos
nacionais e internacionais, para assegurar estabilidade governamental e segurança
jurídica às relações sociais entre cidadãos, instituições e empresas (CÂMARA DOS
DEPUTADOS, 2007).
O esporte, por sua vez é algo que fanatiza e envolve milhões de pessoas e
interesses. Não mais é tratado como uma simples prática corporal e cultural, mas sim
como algo que move e mexe com centenas de pessoas e cifras monetárias. Tubino
(1993) comenta que o esporte nada mais é do que um dos fenômenos socioculturais
mais importantes do mundo, pois movimenta milhões de dólares no mundo todo e
ganha espaço no terreno das discussões científicas.
Assim sendo, um fenômeno desta natureza necessita de Leis que
regulamentem seu funcionamento, sua administração e sua ordem. Embora perpasse
por muitos interesses políticos, sociais e econômicos, a Legislação Esportiva Brasileira
evoluiu de maneira significativa em relação a décadas atrás.
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3.1 Do Brasil Colônia ao Estado Novo
16
sob a tutela do CND, assim como os desportos universitários e os da Juventude, e
também os da Marinha, Exército e os das forças policiais (artigos 9º, 10 e 11).
Da Costa (1996 apud ALVES e PIERANTI, 2007) comenta que essa legislação
era uma adaptação bastante próxima da legislação fascista italiana para o esporte.
Visto que todos os níveis do desporto brasileiro se encontravam sob a chancela de
um órgão maior que era o CND, regido pelo governo da época.
Durante décadas o Estado no Brasil reservou timidamente ao esporte
departamentos e secretarias dentro de ministérios já consolidados. Em 1937, o tema
começou a ganhar relevância no âmbito federal com a criação da Divisão de Educação
Física, vinculada ao Ministério da Educação e Saúde, posteriormente reorganizado
como Ministério de Educação e Cultura. A divisão era administrada por cinco militares
e um civil. Não havia qualquer referência à regulação do esporte de alto rendimento
(ALVES e PIERANTI, 2007).
A primeira legislação esportiva brasileira determina deveres, direitos e
obrigações das confederações desportivas que teriam que ser especializadas e
ecléticas (art.13), e que estas mesmas instituições teriam que ser formadas com no
mínimo três federações estaduais do mesmo desporto. Já as Federações desportivas,
(só poderia existir uma de cada esporte em cada estado) só poderiam ser formadas
com no mínimo três associações ou ligas desportivas que tratem do mesmo desporto.
Já as ligas do Distrito Federal e das capitais do território nacional poderiam se filiar
direto com as federações, contudo, nos demais municípios estas associações teriam
que se juntar em duas ou mais para se filiar a uma liga, para aí sim vincular-se as
federações.
Em relação às competições, tal legislação deixa claro que a participação de
qualquer entidade desportiva em competições internacionais tem que ser aprovada
pelo CND (art.27).
O fato de destaque nessa legislação era que o CND, órgão regido pelo governo,
tinha a intenção clara de gerenciar, de acordo com os moldes do governo todo o
desporto brasileiro, mostrando como cita Tubino (2002) a intenção do Estado em
controlar e estabelecer uma tutela no esporte nacional. Evidenciando uma
dependência das entidades esportivas ao Estado, lançando base de uma tutela e de
um paternalismo estatal no esporte.
Assim, Melo Filho (1995, p.26) analisa esta legislação da seguinte maneira:
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O Decreto-lei 3199/1941, nos seus 61 dispositivos, cuidou dos mais variados
aspectos, traçando o plano de sua estruturação, regulamentando as
competições desportivas, adotando medidas de proteção, consagrando o
princípio de que as associações desportivas exerciam atividades de caráter
cívico, dispondo sobre a adoção de regras internacionais, proibindo o
emprego de capitais com o objetivo de auferir lucros, impondo a
obrigatoriedade da atenção dos desportos amadores às associações que
mantivessem o profissionalismo, de modo a evitar o efeito desportivo
predatório.
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à conta das dotações orçamentárias destinadas a programas, projetos e
atividades desportivas e de recursos provenientes:
I - do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação;
II - do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social;
III - do reembolso de financiamento de programas ou projetos desportivos;
IV - de receitas patrimoniais;
V - de doações e legados; e
VI - de outras fontes.
explicitando que toda a renda e recurso serão gerenciados pelo Estado, e que o
desporto só receberá tal verba se estiver de acordo com o governo.
Este decreto-lei de 1975 abordou também o Comitê Olímpico Brasileiro em seus
artigos 23, 24 e 25, relatando que o mesmo é uma associação civil constituída, de
acordo com a lei e em conformidade com as disposições estatutárias e regulamentares
do Comitê Olímpico Internacional, com independência e autonomia para organizar e
dirigir, com a colaboração das confederações desportivas nacionais dirigentes do
desporto amador, a participação do Brasil nos Jogos Olímpicos, Pan-Americanos e em
outros de igual natureza, além de promover torneios de âmbito nacional e
internacional; adotar as providências cabíveis para a organização e realização dos
Jogos Olímpicos, Pan-Americanos e outros de igual natureza, quando o Brasil for
escolhido para sua sede dentre outras coisas.
Na verdade, esta lei deveria ser para levantar o desporto nacional, porém
acabou por fortalecer ainda mais o CND e continuar com o governo ditatorial em todos
os aspectos esportivos da nação. Fato este que fica claro no artigo 43 desta lei que
trata da estrutura administrativa do CND: onde o Conselho Nacional de Desportos era
composto por 11 (onze) membros, sendo 8 (oito) de livre escolha do Presidente da
República, dentre pessoas de elevada expressão cívica e de notórios conhecimentos
e experiência sobre desporto, com mandato de 4 (quatro) anos, permitida a
recondução por uma só vez; um representante do Comitê Olímpico Brasileiro, por este
indicado; um representante das confederações desportivas, por estas eleito em
reunião convocada e presidida pelo Presidente do Conselho Nacional de Desportos;
o dirigente do órgão do Ministério da Educação e Cultura responsável pela
administração e coordenação das atividades de educação física e desportos, que
integrará o Conselho como membro nato.
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3.4 Lei 8.672 de 06 de julho de 1993 (Lei Zico)
Fonte: app.interagir.me
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I - De modo profissional, caracterizado por remuneração pactuada por
contrato de trabalho ou demais formas contratuais pertinentes;
II - De modo não profissional, compreendendo o desporto
a) Semiprofissional, expresso pela existência de incentivos materiais que
não caracterizem remuneração derivada de contrato de trabalho.
b) Amador, identificado pela inexistência de qualquer forma de remuneração
ou de incentivos materiais.
Esta lei também fazia com que o Estado tivesse uma redução drástica de
interferência no esporte, passando para a iniciativa privada uma grande parte deste
poder. Tornando este um dos avanços mais importantes da legislação esportiva, como
também o gerenciamento do esporte através de empresas, como trazia o artigo 11, que
é facultado às entidades de prática e às entidades federais de administração de
modalidade profissional, manter a gestão de suas atividades sob a responsabilidade
de sociedade com fins lucrativos, desde que adotada uma das seguintes formas:
transformar-se em sociedade comercial com finalidade desportiva; constituir
sociedade comercial com finalidade desportiva, controlando a maioria de seu capital
com direito a voto; contratar sociedade comercial para gerir suas atividades
desportivas. E no seu parágrafo único, abordava que as entidades a que se refere este
artigo não poderiam utilizar seus bens patrimoniais, desportivos ou sociais para
integralizar sua parcela de capital ou oferecê-los como garantia, salvo com a
concordância da maioria absoluta na assembleia geral dos associados e na
conformidade dos respectivos estatutos.
Tubino (2002) coloca que esta perspectiva leva o Brasil a um novo modelo de
gerência esportiva em todos os níveis de atuação.
A Lei Zico também fazia uma descentralização federativa através dos sistemas
estaduais, como colocado na Seção IV, Capítulo IV. Criou também uma nova ética
quanto à utilização dos recursos públicos para o Esporte através do Conselho Superior
de Desportos, onde este foi composto por um colegiado de representantes da
sociedade, passando a ter o direito de estabelecer as prioridades da utilização dos
recursos públicos financeiros para o campo social do esporte.
Tubino (2002) comenta que o artigo 22 caracterizou quem é profissional ou não
e estabeleceu novas e saudáveis perspectivas de relações entre entidades e atletas,
sendo o atleta o foco de referência.
A Lei Zico extinguiu o CND e criou o CSD, que deveria constituir-se em mais
uma agência de desenvolvimento do esporte e não mais autoritária como era o CND,
como mostra em seu artigo 5º: onde o Conselho Superior de Desportos era um órgão
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colegiado de caráter consultivo e normativo, representativo da comunidade desportiva
brasileira, cabendo-lhe dentre outras coisas fazer cumprir e preservar os princípios e
preceitos desta Lei; oferecer subsídios técnicos à elaboração do Plano Nacional do
Desporto; dirimir os conflitos de superposição de autonomias; emitir pareceres e
recomendações sobre questões desportivas nacionais; estabelecer normas, sob a
forma de resoluções, que garantam os direitos e impeçam a utilização de meios ilícitos
nas práticas desportivas; aprovar os Códigos de Justiça Desportiva e suas alterações;
propor prioridades para o plano de aplicação de recursos do Fundo Nacional de
Desenvolvimento Desportivo - FUNDESP, elaborado pelo Ministério da Educação e do
Desporto, por meio de sua Secretaria de Desportos; outorgar o Certificado de Mérito
Desportivo; exercer outras atribuições constantes da legislação desportiva (BRASIL,
1993).
De fato a Lei Zico esboça uma preocupação social na relação do homem e o
mundo esportivo (TUBINO, 2002).
Tubino (2002) destaca um fato interessante que ocorreu no período entre a Lei
Zico e a Lei Pelé, que foram várias discussões acerca da tentativa dos atletas
conseguirem passe livre.
Contudo, as duas leis não diferiram muito, sobretudo na parte inicial que tratava
dos conceitos, princípios e definições de referência. Entretanto, a Lei 9.615, mais
conhecida como Lei Pelé ou Lei do passe livre, trouxe novamente à tona o debate
sobre a relação entre clubes e jogadores, determinando a extinção do passe dos
atletas, norma segundo a qual esses tinham seu direito de exercer a profissão atrelada
aos seus clubes, revogando assim a chamada Lei Zico.
A Lei Pelé trouxe uma novidade, que foi a legitimidade em meio a lei esportiva
do Instituto Nacional do Desenvolvimento do Desporto (INDESP), como mostrado no
Capítulo IV, Seção II. O INDESP tinha como responsabilidade propor o Plano Nacional
do Desporto e cumprir o artigo 217 da Constituição Federal.
A referida lei cria ainda um Conselho de Desenvolvimento do Desporto que em
seu artigo 11 preconiza que este Conselho é um órgão colegiado de deliberação e
assessoramento, diretamente vinculado ao Ministro de Estado do Esporte, cabendo-
lhe:
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I - Zelar pela aplicação dos princípios e preceitos desta Lei;
II - Oferecer subsídios técnicos à elaboração do Plano Nacional do Desporto;
III - Emitir pareceres e recomendações sobre questões desportivas nacionais;
IV - Propor prioridades para o plano de aplicação de recursos do Ministério do
Esporte;
V - Exercer outras atribuições previstas na legislação em vigor, relativas a
questões de natureza desportiva;
VI - aprovar os Códigos de Justiça Desportiva e suas alterações, com as
peculiaridades de cada modalidade;
VII - aprovar o Código Brasileiro Antidopagem - CBA e suas alterações, no
qual serão estabelecidos, entre outros:
a) as regras antidopagem e as suas sanções;
b) os critérios para a dosimetria das sanções; e
c) o procedimento a ser seguido para processamento e julgamento das
violações às regras antidopagem; e
VIII - estabelecer diretrizes sobre os procedimentos relativos ao controle de
dopagem exercidos pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem -
ABCD.
23
V - Outras fontes.
Finalmente, a Lei nº 12.395 de 2011 modificou a Lei nº 9.615 e incluiu a
Confederação Brasileira de Clubes (CBC) no Sistema Nacional do Desporto, que
congrega “as pessoas físicas e jurídicas de direito privado, com ou sem fins lucrativos,
encarregadas da coordenação, administração, normatização, apoio e prática do
desporto, bem como as incumbidas da Justiça Desportiva”.
24
Lei nº 11.438, de 29 de dezembro de 2006 - Lei de Incentivo Fiscal ao Esporte;
Medida Provisória nº 342, de 29 de dezembro de 2006 - Dispõe sobre a Lei
11.438;
Lei nº 11.345, de 14 de setembro de 2006 - Versa sobre a TIMEMANIA (Dispõe
sobre a instituição de concurso de prognóstico destinado ao desenvolvimento da
prática desportiva, a participação de entidades desportivas da modalidade futebol
nesse concurso e o parcelamento de débitos tributários e para com o Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço - FGTS; altera as Leis nos 8.212, de 24 de julho de
1991, e 10.522, de 19 de julho de 2002; e dá outras providências.)
Lei nº 10.891, de 09 de julho de 2004 - Institui a Bolsa-Atleta;
Decreto nº 6.795 de 16 de março de 2009 - Regulamenta o art. 23 da Lei nº
10.671, de 15 de maio de 2003, que dispõe sobre o controle das condições de
segurança dos estádios desportivos;
Portaria nº 238, de 09 de Dezembro de 2010 - Consolida os requisitos mínimos
a serem contemplados nos laudos técnicos previstos no Decreto nº 6.795/2009. Ficam
revogadas as Portarias n.º (s) 124, de 17 de junho de 2009, 185 de 19 de outubro de
2009 e 28 de 18 de fevereiro de 2010 do Ministério do Esporte.
Lei nº 10.671, de 15 de maio de 2003 - Dispõe sobre o Estatuto de Defesa do
Torcedor e dá outras providências;
Lei nº 10.672, de 15 de maio de 2003 - Altera dispositivos da Lei nº 9.615, de
24 de março de 1998, e dá outras providências;
Portaria nº 183, de 05 de outubro de 2006 - Dispõe sobre a uniformização dos
procedimentos de descentralização de recursos entre órgãos e entidades integrantes
do Orçamento Geral da união - administração federal;
Portaria nº 91, de 20 de junho de 2006 - Diretrizes gerais para a
operacionalização dos Programas;
25
4 JUSTIÇA DESPORTIVA
Fonte: 4.bp.blogspot.com
27
Federativa do Brasil. Este dispositivo prevê o limite máximo de 60 dias para que a
Justiça Desportiva analise denúncia levada a julgamento. Em caso de extrapolação
desse limite, pode o requerente obter julgamento diretamente na justiça comum.
Neste desdobramento, a Justiça Desportiva tem a sua organização, o
funcionamento e as atribuições elencadas no Código Brasileiro de Justiça Desportiva
– CBJD.
No tocante à competência, a Justiça Desportiva somente apreciará e julgará
ações referentes à competição, à disciplina desportiva, de maneira que se submetem
ao Código Brasileiro de Justiça Desportiva as entidades nacionais e regionais de
administração do desporto; as ligas nacionais e regionais; as entidades de prática
desportiva filiadas às entidades de administração mencionadas anteriormente; atletas,
profissionais e não profissionais; os árbitros, assistentes e demais membros de equipe
de arbitragem; pessoas naturais que exerçam quaisquer empregos, cargos ou
funções, diretivos ou não, relacionados a alguma modalidade esportiva, em entidades
aqui mencionadas, como, entre outros, dirigentes, administradores, treinadores,
médicos ou membros de comissão técnica; todas as demais entidades compreendidas
pelo Sistema Nacional do Desporto, bem como as pessoas naturais e jurídicas que
lhes forem direta ou indiretamente vinculadas, filiadas, controladas ou coligadas.
(ROSIGNOLI; RODRIGUES, 2015).
O Código Brasileiro de Justiça Desportiva – CBJD, em seu artigo 3º, bem como
no artigo 52 da Lei n. 9.615/98 (Lei Pelé), determina como a Justiça Desportiva deve
ser organizada, instruindo aos órgãos que a compõem, sendo autônomos e
independentes para julgar as infrações disciplinares ocorridas nas competições
desportivas:
28
Importa ressaltar que os órgãos são mantidos financeiramente pelas entidades
de administração desportiva com o único fim de promover o custeio de seu
funcionamento, conforme prevê o §4º do artigo 50 da Lei n. 9.615/98.
29
Fonte: Direito e legislação desportiva: uma abordagem no universo dos profissionais de educação
física superior tribunal de justiça desportiva – STJD, Angelo Vargas (2017)
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Art. 26. Compete às Comissões Disciplinares junto ao STJD:
I - processar e julgar as ocorrências em competições interestaduais pro-
movidas, organizadas ou autorizadas por entidade nacional de administração
do desporto e em competições internacionais amistosas;
II - processar e julgar o descumprimento de resoluções, decisões ou
deliberações do STJD ou infrações praticadas contra seus membros;
III - declarar os impedimentos de seus auditores. (BRASIL, 2009).
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a) - as decisões de suas Comissões Disciplinares e dos Tribunais de Justiça
Desportiva;
b) - os atos e despachos do Presidente do STJD;
c) - as penalidades aplicadas pela entidade nacional de administração do
desporto, ou pelas entidades de prática desportiva que lhe sejam filiadas, que
imponham sanção administrativa de suspensão, desfiliação ou
desvinculação;
III - declarar os impedimentos e incompatibilidades de seus auditores e dos
procuradores que atuam perante o STJD;
IV - criar Comissões Disciplinares, indicar seus auditores, destituí-los e
declarar sua incompatibilidade;
V - instaurar inquéritos;
VI - uniformizar a interpretação deste Código e da legislação desportiva a ele
correlata, mediante o estabelecimento de súmulas de jurisprudência
predominante, vinculantes ou não, editadas na forma do art. 119-A;
VII - requisitar ou solicitar informações para esclarecimento de matéria
submetida à sua apreciação;
VIII - expedir instruções às Comissões Disciplinares do STJD e aos Tribunais
de Justiça Desportiva;
IX - elaborar e aprovar o seu regimento interno;
X - declarar a vacância do cargo de seus auditores e procuradores;
XI - deliberar sobre casos omissos;
XII - avocar, processar e julgar, de ofício ou a requerimento da Procuradoria,
em situações excepcionais de morosidade injustificada, quaisquer medidas
que tramitem nas instâncias da Justiça Desportiva, para evitar negativa ou
descontinuidade de prestação jurisdicional desportiva. (BRASIL, 2009).
32
A Comissão Disciplinar dos Tribunais de Justiça Desportiva, assim como no
Superior Tribunal de Justiça Desportivo, é órgão de primeira instância, composta por
5(cinco) auditores e são constituídas tantas quantas forem necessárias, conforme
leitura do artigo 6º do CBJD:
33
Acerca da competência e jurisdição para julgar matérias referentes às
competições desportivas e às infrações disciplinares, o Código Brasileiro de Justiça
Desportiva – CBJD, em seu artigo 24, demarca o limite territorial e modalidade que
compete ao Tribunal de Justiça Desportivo e Superior Tribunal de Justiça Desportiva:
34
X - exigir da entidade de administração o ressarcimento das despesas
correntes e dos custos de funcionamento do Tribunal e prestar-lhe contas;
XI - receber, processar e examinar os requisitos de admissibilidade dos
recursos provenientes da instância imediatamente inferior;
XII - (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
XIII - conceder licença do exercício de suas funções aos auditores, inclusive
aos das Comissões Disciplinares, secretários e demais auxiliares;
XIV - exercer outras atribuições quando delegadas pelo Tribunal;
XV - determinar períodos de recesso do Tribunal;
XVI - criar comissões especiais e designar auditores para o cumprimento de
funções específicas de interesse do Tribunal. (BRASIL, 2009).
4.2.1 Auditores
35
Art. 19. Compete ao auditor, além das atribuições conferidas por este Código
e pelo respectivo regimento interno:
I - comparecer, obrigatoriamente, às sessões e audiências com antecedência
mínima de vinte minutos, quando regularmente convocado;
II - empenhar-se no sentido da estrita observância das leis, do contido neste
Código e zelar pelo prestigio das instituições desportivas;
III - manifestar-se rigorosamente dentro dos prazos processuais;
IV - representar contra qualquer irregularidade, infração disciplinar ou sobre
fatos ocorridos nas competições dos quais tenha tido conhecimento;
V - apreciar, livremente, a prova dos autos, tendo em vista, sobretudo, o
interesse do desporto, fundamentado, obrigatoriamente a sua decisão.
(BRASIL, 2009).
4.2.2 Procuradores
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VII - exercer outras atribuições que lhe forem conferidas por lei, por este
Código ou regimento interno.
4.2.3 Secretaria
Art. 23. São atribuições da Secretaria, além das estabelecidas neste Código
e no regi- mento interno do respectivo Tribunal (STJD ou TJD):
I - receber, registrar, protocolar e autuar os termos da denúncia e outros
documentos enviados aos órgãos judicantes, e encaminhá-los,
imediatamente, ao Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), para determinação
procedimental;
II - convocar os auditores para as sessões designadas, bem como cumprir os
atos de citações e intimações das partes, testemunhas e outros, quando
determinados;
III - atender a todos os expedientes dos órgãos judicantes;
IV - prestar às partes interessadas as informações relativas ao andamento
dos processos;
V - ter em boa guarda todo o arquivo da Secretaria constante de livros, papéis
e processos;
VI - expedir certidões por determinação dos Presidentes dos órgãos
judicantes;
VII - receber, protocolar e registrar os recursos interpostos. (BRASIL, 2009).
4.2.4 Defensores
37
nomearão defensores dativos para efetuarem a defesa técnica do denuncio que a
requereu.
38
Ademais, a própria Lei n. 9.615/98 (Lei Pelé) preceitua que a prática desportiva
profissional será regida por normas nacionais e internacionais, como mostra o artigo
primeiro:
As regras internacionais a que se refere a Lei não devem ser confundidas com
os regulamentos próprios de cada competição. Essas normas internacionais têm
caráter administrativo e regem transferências de atletas, por exemplo, entre outras
peculiaridades específicas de cada modalidade.
4.4 Punições
Fonte: universobh.files.wordpress.com
39
Disciplinares, salvo em caso de competência originária dos Tribunais, conforme os
arts. 25 e 27 do CBJD.
Com auxílio da Procuradoria, a partir da Súmula ou Relatório de cada jogo,
verificar-se-á a existência de qualquer conduta que infrinja uma das previsões do
Código Brasileiro de Justiça Desportiva, para que então se faça a denúncia, contendo
as informações necessárias para ser levado a julgamento nas Comissões.
Uma vez levado a julgamento, o atleta, representado por seu clube, pode- rá
oferecer provas que contraponham os fatos narrados na denúncia com a
apresentação de imagens, por exemplo.
Importante lembrar que os atletas menores de 14 (quatorze) anos não sofrem
pena, e que as punições são diferentes entre as equipes não profissionais e as
equipes profissionais, isso porque, muitas vezes, a pena tem natureza pecuniária e
não se pode exigir, por força de lei, a mesma capacidade de crédito entre as duas.
No Código Brasileiro de Justiça Desportiva – CBJD estão previstas as
modalidades de penalidades a serem aplicadas, conforme decisão dos auditores, em
caso de inobservância dos regulamentos das competições ou do próprio código, quais
sejam:
Art. 50. A organização, o funcionamento e as atribuições da Justiça Desportiva,
limitadas ao processo e julgamento das infrações disciplinares e às competições
desportivas, serão definidas em códigos desportivos, facultando-se às ligas constituir
seus próprios órgãos judicantes desportivos, com atuação restrita às suas
competições.
40
que narra a conduta infrativa e, sequencialmente, a pena a ser aplicada em caso de
seu cometimento, como no exemplo do art. 214, abaixo transcrito:
41
5.1 O que é “doping”
42
5.2 A WADA
Fonte: fernandespalladino.com.br
43
ajuda Federações Esportivas Internacionais a realizarem ações nas áreas de
educação e pesquisa, além de elaborar a lista de substâncias que os atletas não
podem consumir. (PAIVA in SOUZA, 2017)
Conforme a Declaração de Copenhagen, de 2003, a parte do orçamento que
cabe aos entes públicos se divide conforme as regiões olímpicas da seguinte forma:
África: 0,5%
Américas: 29%
Ásia: 20,46%
Europa: 46,5%
Oceania: 2,54%
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A partir desta recepção, foi realizada consistente alteração no Código Brasileiro
de Justiça Desportiva, excluindo-se as previsões constantes à época quanto à
dopagem e incluindo-se o art. 244-A, que dispõe que “as infrações por dopagem são
reguladas pela lei, pelas normas internacionais pertinentes e, de forma complementar,
pela legislação internacional referente à respectiva modalidade esportiva”.
Três anos depois, através do Decreto nº 7.630/11, foi criada a Autoridade
Brasileira de Controle de Dopagem - ABCD, entidade vinculada ao Ministério do
Esporte e custeada com dinheiro público.
Atualmente, a ABCD encontra-se prevista na Lei 9.615/98 e possui entre suas
competências:
Estabelecer a política nacional de prevenção e de combate à dopagem;
Coordenar o combate à dopagem no esporte nacional;
Conduzir os testes de controle de dopagem e a gestão de resultados;
Expedir autorizações de uso terapêutico;
Certificar e identificar profissionais, órgãos e entidades para atuar no controle
de dopagem;
Editar resoluções sobre os procedimentos técnicos;
Manter interlocução com os organismos internacionais envolvidos com
matérias relacionadas à antidopagem;
Divulgar e adotar as normas técnicas internacionais relacionadas ao controle
de dopagem e a lista de substâncias e métodos proibidos no esporte; e
Informar à Justiça Desportiva Antidopagem as violações às regras de
dopagem, participando do processo na qualidade de fiscal da legislação
antidopagem.
45
os clubes. Poderá haver responsabilização destes profissionais e entidades caso fique
configurada negligência, imprudência, imperícia ou omissão, no que tange a
assegurar aos atletas o uso adequado de medicamentos que possuam substâncias
proibidas.
No entanto, o atleta ainda é o principal responsável por sua própria integridade,
devendo zelar pelas substâncias que ingere, pelos tratamentos que faz e pela sua
saúde de um modo geral (FARAH, 2005).
A caracterização da dopagem ocorre a partir do simples diagnóstico de
existência de substância proibida no corpo do atleta ou da verificação da prática de
método proibido, sendo mitigados argumentos acerca da existência, ou não, de culpa
ou dolo do atleta.
A partir do momento em que um teste positivo é identificado em competição, os
resultados do atleta são automaticamente anulados, conforme dispõe o Código
Mundial Antidopagem.
Os atletas são responsáveis não apenas por qualquer substância proibida
encontrada em seu corpo, como também pelos seus metabólitos ou marcadores.
Igualmente, não é necessário fazer prova da intenção, culpa, negligência ou da
utilização consciente de quaisquer destes elementos de forma a determinar a
existência de uma violação de normas antidopagem nos termos do artigo 21 do
mencionado Código.
Portanto, quando um atleta for flagrado positivamente em um exame de
dopagem, aplica-se o princípio da responsabilidade objetiva, o que denota certa
incongruência com algumas normas consagradas em nosso ordenamento jurídico
pátrio, dentre elas em relação ao princípio da presunção de inocência. Haverá alguns
casos excepcionais em que o atleta poderá comprovar a inexistência de sua culpa ou
negligência, podendo, consequentemente, ser aplicada uma pena mais branda.
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Além da observância geral da lei, é importante que o atleta conheça seus
direitos quando da realização dos exames, os quais destacamos:
Verificar as credenciais dos Agentes de Controle de Dopagem;
Ser informado sobre todas as etapas do controle e o andamento da coleta de
amostra, incluindo as consequências em caso de recusa;
Contar com um acompanhamento e, se for preciso, com um intérprete;
Escolher um kit de coleta entre, no mínimo, três que lhe são apresentados;
Solicitar prazo maior para apresentar-se ao Controle de Dopagem, desde que
possua justificativas válidas e comprovadas;
Com o consentimento do Oficial de Controle de Dopagem e sempre
acompanhado por uma escolta, o atleta pode: receber sua premiação antes de
realização do controle; fazer exercício de relaxamento; receber atenção
médica; atender compromissos com a imprensa; competir em outros eventos
no mesmo dia;
Solicitar adaptações no processo de coleta da amostra se for deficiente físico
ou menor de idade;
Ser observado por alguém do mesmo sexo durante o processo de coleta da
amostra;
Receber uma cópia assinada do Formulário de Controle.
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I - atleta - qualquer pessoa, vinculada às entidades de que trata o inciso II,
que participe de competições esportivas na condição de competidor em
qualquer modalidade esportiva;
II - entidade - aquelas listadas no parágrafo único do art. 13 da Lei nº 9.615,
de 1998 e suas congêneres internacionais; e
III - terceiro - qualquer técnico, treinador, funcionário, preparador físico,
dirigente, empresário, agente, pessoal médico ou paramédico trabalhando
com, ou tratando de, atletas, participando ou preparando-o para competição
esportiva ou fora dela.
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BIBLIOGRAFIA
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Saraiva, 2010.
BRASIL, Lei n. 8672, de 06 de Julho de 1993. Institui normas gerais sobre desportos
e dá outras providências.
BRASIL, Lei n. 9615 de 24 de Março de 1998. Institui normas gerais sobre desportos
e dá outras providências.
CUNHA, Dirley da Jr. Curso de Direito Constitucional, 13. ed. Rev. amp. atual.
Salvador: Editora Juspodivm, 2019.
DE BEM, Leonardo Scmitt. Direito Desportivo. São Paulo: Quartier Latin, 2009.
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Paulo: Malheiros Editores, 1995.
MELO FILHO, Álvaro. Direito desportivo: novos rumos. Belo Horizonte: Del Rey,
2004.
MELO FILHO, Álvaro. Novo Código Brasileiro de Justiça Desportiva. São Paulo:
Executiva, 2010.
PERRY, Valed. Direito desportivo: temas. Rio de Janeiro: CBF, 1981. p. 81.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 41. ed. RT: São
Paulo, 2018.
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