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al por DANIEL REBELLO BAITELLO

:48 -03'00'

FACULDADE UNYLEYA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DESPORTIVO
DANIEL REBELLO BAITELLO

A EXPLORAÇÃO DOS JOGOS DA MENTE COMO FOMENTO DO


ESPORTE

Brasília – DF
2021

1
DANIEL REBELLO BAITELLO

A LEGALIZAÇÃO DOS JOGOS DE AZAR NO BRASIL COMO


FORMA DE FOMENTAÇÃO DO ESPORTE

Monografia apresentado à
Faculdade UnyLeya como requisito
parcial para obtenção do título de
Pós Graduação em Direito
Desportivo, orientado pelo professor
Gustavo de Carvalho Linhares.

Brasília – DF
2021

2
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, que me deu


força para alcançar mais este objetivo,
assim como ao meu pai, à minha mãe, que
vem me dando assistência me
possibilitando, chegar ao final de mais uma
jornada, com sucesso.
Ao meu filho, por ser meu bem mais
precioso na minha vida.

3
AGRADECIMENTOS

É com grande satisfação que agradeço a


todos os professores que nesse período de
enriqueceram o meu aprendizado, me
ajudando diretamente em mais uma
conquista. A todos, o meu muito obrigado.

4
EPÍGRAFE

Não é tão bom com o dinheiro como é ruim sem ele.


Provérbio Iídiche

5
RESUMO

Os primeiros jogos da mente surgiram desde a época antiga. Com a evolução


da sociedade os jogos até hoje fascinam as pessoas, seja por lazer, esporte ou
fonte de renda. Os jogos são presentes em todas as fases da vida do ser
humano e alguns desses jogos da mente são considerados jogos de azar.
Dessa forma, nota-se que atualmente existem vários tipos desses Jogos de,
porém no Brasil essas práticas são proibidas desde 1946, época do Governo
Dutra. Diante dessa proibição, discute-se a legalização dos jogos da mente no
Brasil como forma de investimento fomentação do esporte, principalmente pelo
fato de haver uma quantidade de dinheiro que deixa de ser arrecadada com
tributos e tarifas que poderiam ir aos cofres públicos, colocando essas práticas
na clandestinidade. Devido ao fato de o esporte necessitar de investimentos
públicos brasileiros para as diversas modalidades olímpicas e a conversão
destes investimentos em resultados, a exploração dos jogos da mente será
uma boa maneira de fomentar o esporte. Portanto, buscou-se ainda apresentar
os principais aspectos concernentes à legislação sobre esta prática, bem como
discorrer sobre o contexto histórico, político e social pertinentes ao tema. Além
disso, é importante demonstrar a diferença entre jogo e aposta para fins
jurídicos e práticos e suas implicações no universo esportivo.

Palavras-chave: Direito Desportivo; Jogos da mente; Legalização; Fomento;


Esporte.

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ABSTRACT

The first gambling emerged from ancient times. With the evolution of society,
games still fascinate people, whether for leisure, sport or source of income.
Games are present in all phases of human life and some of these mind games
are considered games of chance. Thus, it is noted that currently there are
several types of these Games, but in Brazil these practices have been
prohibited since 1946, at the time of the Dutra government. Given this
prohibition, the legalization of mind games in Brazil is discussed as a form of
investment in the promotion of sport, mainly due to the fact that there is an
amount of money that is not collected with taxes and fees that could go to the
public coffers. practices in hiding. Due to the fact that sport requires Brazilian
public investments for the various Olympic modalities and the conversion of
these investments into results, the exploration of mind games will be a good
way to promote the sport. Therefore, we also sought to present the main
aspects concerning the legislation on this practice, as well as discuss the
historical, political and social context relevant to the subject. Furthermore, it is
important to demonstrate the difference between gambling and betting for legal
and practical purposes and its implications in the sporting world.

Keywords: Sports Law; Gambling; Legalization; Investments; Sports.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................5

2 HISTÓRIA DOS JOGOS DE AZAR.................................................................8

3 EXPLORAÇÃO DOS JOGOS DE AZAR NO BRASIL NA ATUALIDADE....11

3.1 DA ERA DE OURO DOS JOGOS DE AZAR À PROIBIÇÃO PELO


GOVERNO DUTRA.................................................................................13

3.2. JOGOS ILÍCITOS X JOGOS TOLERADOS.....................................18


3.3. DIFERENÇA ENTRE APOSTA E JOGO.........................................20
3.3.1 A legalização das apostas esportivas no Brasil através da
Lei nº 13756/18.............................................................................21

4 JOGOS DE AZAR MAIS POPULARES NO BRASIL....................................25

4.1 CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE


EXPLORAÇÃO DOS JOGOS DE AZAR.................................................26

5 PROJETO DE LEGALIZAÇÃO DOS JOGOS DE AZAR..............................29

5.1 DOS FUNDAMENTOS PARA A LEGALIZAÇÃO DOS JOGOS DE


AZAR.......................................................................................................31

5.1.1 Modelos de exploração dos jogos de azar em outros


países...........................................................................................32

5.2 DA POSSIBILIDADE DA FOMENTAÇÃO DO ESPORTE ATRAVÉS


DA RECEITA DOS JOGOS DE AZAR....................................................35

CONCLUSÃO....................................................................................................37

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................38

8
LISTA DE ABREVIATURAS

CNJ – Conselho Nacional de Justiça


CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoas Jurídica
CARF – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais
CNAE – Cadastro Nacional de Atividade Empresarial
CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
Cofins – Contribuição para o financiamento da Seguridade Social
IN – Instrução Normativa
INSS – Instituto Nacional da Seguridade Social
PIS – Programa de Integração Social
IRPF – Imposto de Renda Pessoa Física
IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica
IRRF – Imposto de Renda Retido na Fonte
PF – Pessoa Física
PJ – Pessoa Jurídica
RFB – Receita Federal do Brasil

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1 INTRODUÇÃO

O Direito é uma ciência social aplicada condicionada pelo fenômeno


normativo. Nesse sentido, as leis, como normas em sentido estrito, são
expressões jurídicas de vontade compulsória, emanadas unilateralmente pelo
Estado para regulação e regulamentação da sociedade e de determinados
setores que a compõe.
Nesse sentido Direito e Desporto caminham lado a lado, com ambos
utilizando-se de regras para o desenvolvimento de suas atividades. Logo,
sendo o Direito sustentado por normas advindas das mais variadas fontes o
desporto se desenvolve com o conjunto de regras para práticas de
modalidades esportivas, sem as quais não será possível realiza-las.
Assim, o Direito Desportivo surge como ramo autônomo que
regulamenta a organização das práticas desportivas nas mais diversas
modalidades, dando-lhe forma e direcionamento, através de normas que serão
aplicadas, tanto na realização de partidas e/ou provas dependendo do esporte,
bem como na forma de regulamento que rege cada competição inerente à
determinada modalidade desportiva.
Diferentemente de outros ramos do direito, o desportivo não visa
diretamente o lucro, mas seu objetivo maior está no resultado, principalmente
no desporto de alto rendimento, seja ele profissional ou não profissional.
Contudo, mesmo sendo não profissional, é importante destacar que a obtenção
de resultados está diretamente ligada visão de lucro, fomento, patrocínio,
dentre outros meios de obtenção de recurso que sem os quais se torna inviável
o desenvolvimento dos atletas de alto rendimento sejam eles profissionais ou
não profissionais.
Com efeito, além do fenômeno normativo, o Direito também é
condicionado pelo fenômeno econômico, sendo as leis uma expressão jurídica
de vontade compulsória, do Estado, formando uma simbiose entre o Direito e a
Economia, que se torna importante inclusive na regulação de regulamentação
das atividades desportivas.
Logo, interdisciplinaridade no Direito Desportivo é fundamental. Não
há como aplicar seus institutos sem o entendimento do Direito Empresarial,

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Econômico, Tributário, Trabalhista, Penal. O Direito Desportivo utiliza-se de
conceitos de outros ramos jurídicos – em especial os já mencionados – para
encontrar respaldo nas suas disposições legais, fontes e princípios que
regulam suas atividades.
Assim como o Direito Desportivo com os demais ramos, não se
podem ignorar leis de outras ciências, como se o Direito pudesse funcionar de
uma maneira autônoma. Tal pretensão é vã, pois as leis científicas não são
derrogáveis. As Leis com valor jurídico, emanadas do estado, devem estar com
concordância com as leis da ciência, gerando harmonia entre si.
Sendo o Direito uma ciência social aplicada, ele se comporta de
acordo com a finalidade para qual se dirige sua aplicação. As normas jurídicas
devem perseguir sempre a legítima finalidade social e econômica a que se
dirigem. Observando que os institutos de Direito Desportivo, unidos ao Direito
Empresarial, Econômico, Tributário, Penal, estando em harmonia com estes,
tem que se utilizar de mecanismos para o fomento e captação de recursos no
desenvolvimento de atletas de alto rendimento, sem que com isso sejam
violadas normas jurídicas estatais.
Os jogos de azar e as apostas são meios de interligação das
atividades desportivas para com o cidadão comum. Porém, apesar de esses
dois institutos serem tratados como sinônimos, existes diferenças entre ambos.
Enquanto a aposta independe da ação do apostador para a obtenção do
resultado desejado, estando esta condicionada ao fator “sorte”, podendo ou
não haver interferências externas, os jogos de azar dependem da ação do
jogador, para obter o resultado favorável.
As apostas são reguladas pela Lei nº 13.756 de 12 de dezembro de
2018, e são autorizadas a funcionar na forma dessa Lei, podendo ainda seus
recursos arrecadados fomentar atividades desportivas, como forma de
incentivo ao esporte. A autorização das apostas como forma de exploração da
atividade econômica, autorizada pelo poder público, é o embrião da exploração
dos jogos de azar por meio de bingos e cassinos, os quais seu funcionamento
é vedado em todo território nacional.
Diante disso, pergunta-se: se as apostas funcionam como meio de
fomento das atividades desportivas, tendo inclusive seus recursos arrecadados
com direcionados a práticas de desporto, porque os jogos de azar sob

11
exploração de bingos e cassinos não poderia assumir o mesmo caráter social
das apostas e fomentar o esporte criando uma função social dessas atividades.
Logo, os jogos de azar podem ter a função social de na exploração
de sua atividade mercantil, por meio da instituição de bingos e cassinos,
fomentar o esporte através de encargos tributários, que seriam diretamente
direcionados às atividades desportivas e o desenvolvimento de atletas nas
mais diversas práticas de alto rendimento, contribuindo para o aumento de
resultados do Brasil representados por seus atletas nas mais diversas
competições, inclusive na Olímpiadas. Tal fomento poderá aumentar a
participação brasileira nos quadros de medalhas olímpicas.
Portanto, o desenvolvimento dos jogos de azar poderá fomentar a
economia em diversos setores, em especial nos esportes de alto rendimento
que não possuem patrocínio específico, instituindo contribuições fiscais que
direcionem recursos para seu fomento.

12
2 HISTÓRIA DOS JOGOS DA MENTE

Os jogos da mente não são práticas recente no mundo, existindo


registros dos mesmos desde a antiguidade, sua prática sempre foi inerente à
população. No Brasil não é diferente, contando com registros oficiais,
instituídos ainda pelo Governo Monárquico, desde o Século XIX.
Atualmente os jogos da mente são reprimidos pelo ordenamento
jurídico brasileiro, mais especificamente no rol das contravenções penais. Por
outro lado, os jogos de bicho, por exemplo, ainda são muito praticados,
podendo ser vistos com muita frequência pelas ruas.
De acordo com Porto da Silveira (2001) os jogos da mente são,
provavelmente, tão velhos quanto a humanidade. Conforme o mesmo autor, há
provas arqueológicas da prática do jogo do osso, praticado a cerca de 40.000
anos. Ademais, o jogo é uma prática realizada no mundo inteiro, sendo raras
as sociedades que não o faziam, como os polinésios, siberianos e outras.

Historicamente, os jogos mais praticados foram o do osso, conhecido


pelo mundo inteiro, e o de dados, que surgiu na Índia e Mesopotâmia
em 3000 a.C., como evolução do jogo do osso, daí se difundiu para o
mundo grego, romano e cristão. É também importante lembrar que
antigamente faziam-se apostas, sobre temas gerais, bem como
específicos: prever o futuro, decidir disputas, dividir heranças etc.
(SILVEIRA, 2001, p. 02).

O mais antigo desses registros foi verificado por volta de 950 D.C.,
quando um bispo belga, Wibold, criou um jogo religioso que, a cada um dos 56
possíveis resultados do lance de 3 (três) dados, atribuía uma penitência ou a
prática de uma virtude correspondente (SILVEIRA, 2001). Posteriormente, o
italiano Girolamo Cardano, em 1526, desenvolveu um pequeno “Manual de
Jogos da mente” (Liber de Ludo Aleae), no qual resolveu diversos problemas
de enumeração. Para Silveira (2001), Cardano é o precursor do estudo
matemático das probabilidades. Com efeito, o autor aduz que:

[...] Cardano foi o primeiro a introduzir técnicas de combinatória para


calcular a quantidade de probabilidades favoráveis num evento
aleatório e, assim, poder calcular a probabilidade de ocorrência do
evento como razão entre a quantidade de possibilidades favoráveis e
a quantidade total de possibilidades associadas ao evento. Limitou-

13
se, contudo, a resolver problemas concretos, ou seja: problemas com
dados estritamente numéricos (SILVEIRA, 2001, p. 12).

Não se sabe ao certo a origem exata dos jogos da mente.


Entretanto, foi na China que se registrou o primeiro relato oficial da prática em
2300 a.C. Desse modo, acredita-se que o jogo, de uma maneira ou de outra,
tenha estado presente em quase todas as sociedades desde os tempos mais
longínquos. Desde os antigos gregos e romanos a história é rica em contos
baseados em jogos da mente (BNL, 2015).

No auge do Império Romano, os legisladores decretaram que todas


as crianças fossem ensinadas a jogar dados. Os franceses são
creditados com a invenção do jogo de cartas em 1387, e em 1440,
Johann Gutenberg da Alemanha imprimiu o primeiro baralho
completo. Muitos jogos de hoje são encarnações de jogos anteriores.
A classe trabalhadora francesa do século XVI tornou-se perita no jogo
de roleta egípcio, enquanto Napoleão se interessou pelo jogo de
cartas “vingt-et-un” – o que é hoje conhecido como blackjack ou 21
(BNL, 2015, p. 1).

No direito romano, o jogo e a aposta eram regulados isoladamente e


identificados como alearum ludus (jogo) e sponsio (aposta). Contudo, no século
XVI, na Europa, surgiram os primeiros estudos matemáticos sobre os jogos, a
exemplo da obra Summa, do matemático Luca Pacioli (meados de 1500), e do
livro Liber de Ludo Aleae, de Girolamo Cardano, ele mesmo, como fazia
questão de dizer, “um viciado em jogo” (IEZZI; HAZZAN, 2013).
No Brasil, a proibição do jogo de azar, e o fechamento dos cassinos,
ocorreram em 30 de abril de 1946, por meio do Decreto-Lei n. 9.215, assinado
pelo Presidente Dutra. De acordo com a autora, após o anúncio da proibição
dos jogos da mente no Brasil, a Igreja Católica e os principais jornais do país,
como o Diário de Notícias manifestaram total apoio.
O jornal fez campanha contra as apostas e as casas de jogos
(SILVEIRA, 2001). Os poucos que discordaram, utilizaram por argumentos
principais os prejuízos econômicos e sociais dessa medida, como, por
exemplo, a perda de milhares de empregos, e a diminuição da atividade
turística nos destinos que tinham os cassinos entre os principais atrativos como
foi o caso do jornal paulistano que, com frequência, abordava o assunto em
suas matérias e editoriais:

14
[...] Setenta mil pessoas deixaram de chegar a Santos. Setenta mil
pessoas que iam aos cassinos jogar. Setenta mil pessoas que
movimentavam Santos; que lotavam suas pensões, seus hotéis, seus
cafés, seus trens, seus ônibus, seus automóveis. Setenta mil pessoas
que justificavam empregos para cerca de oito mil viventes que
trabalhavam nos cassinos e que, por força de seu fechamento, se
encontram agora desempregados. (Jornal Folha da Noite, São Paulo,
página 5, 14 mai. 1946 apud SILVEIRA, 2001, p. 14).

Décadas se passaram desde a proibição formal, entretanto, os jogos


e apostas de azar não deixaram de ser praticados, somente foram relocados
dos vultosos salões dos cassinos para salas de apartamento e outros
ambientes distantes dos olhos da fiscalização.
No Século XXI, o patrimônio que restou dos cassinos e hotéis-
cassinos teve o seu uso adaptado às novas funções, tornando-se condomínios
residenciais e até mesmo reitorias de universidades, ou encontram-se em
estado de abandono, tendo como exemplo o caso do “Cassino da Urca”, um
dos maiores ícones de seu tempo.
Também houve uma queda drástica da movimentação turística
nacional, tendo em vista que antes de serem fechados, os cassinos atraíam
diversos turistas estrangeiros para o Brasil, os quais vinham com o intuito de se
divertir nos cassinos do país, bem como para assistir aos shows de artistas de
projeção internacional. Atualmente, são os brasileiros que viajam para o
exterior a fim de ir aos cassinos, situados em Mar del Plata, Punta del Leste,
Las Vegas ou em outros locais, usufruindo dos serviços e consequentemente
deixando divisas significativas em tais países.
Assim como na história mundial, o jogo no Brasil também teve sua
evolução. Diferente de outros países que seguiram uma linha tênue de
legalização da jogatina, a história nacional teve idas e vindas, divididas entre
autorizar e tornar ilícito a prática do jogo de aposta. A Revista Galileu trouxe
uma breve, mas importante, linha do tempo abordando a trajetória do jogo aqui.
Vejamos:

HISTÓRIA DE CONFLITOS
1920 - O presidente Epitácio Pessoa permite que casas de apostas
sejam construídas em instâncias de turismo;
1930 - Após um período de proibição, a construção de cassinos é
retomada com a presidência de Getúlio Vargas;
1933 - É inaugurado no Rio de Janeiro o Cassino da Urca,
estabelecimento luxuoso que receberia estrelas internacionais;

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1946 - No dia 30 de abril, o presidente Eurico Gaspar Dutra assina
um decreto que fecha os quase 70 cassinos do país;
1993 - A Lei Zico legaliza os bingos com a justificativa de recolher
impostos e estimular os esportes olímpicos;
2004 - Após denúncias de corrupção, o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva decreta o fechamento das casas de bingos. (REVISTA
GALILEU, 2017)

Em que pese nações do globo todo verem no jogo um meio de


fomentar a riqueza nacional, o Brasil segue dividido entre aceitá-lo como fator
gerador de renda e continuar negando-o por vê-lo como imoral, tendo em vista
“causar” maus hábitos e levar à prática de crimes, como a lavagem de dinheiro
e sonegação de impostos.

16
3 EXPLORAÇÃO DOS JOGOS DA MENTE NO BRASIL NA
ATUALIDADE

Nos jogos da mente no ordenamento nacional observam-se que há


muitas contradições que refletem a atual situação do direito brasileiro. Os jogos
representam uma prática enraizada na cultura nacional e são um exemplo
cristalino da dicotomia que há entre o proibicionismo e a permissividade.
Com a Constituição de 1988 não houve tanta modificação na
legislação dos jogos da mente no ordenamento pátrio. O que se verificou foi a
disposição dos concursos de prognóstico no custeio da seguridade social no
artigo 195 da lei maior. Destarte, as receitas advindas dos concursos de
prognósticos foram reguladas pela Lei nº 8.212 de 1991. Em 2018 a Medida
Provisória nº 841, trouxe alterações ao texto legal referido. Como anuncia o
artigo 26 da referida lei:

Art. 26. Constitui receita da Seguridade Social a contribuição social


sobre a receita de concursos de prognósticos a que se refere o inciso
III do caput do art. 195 da Constituição. 1º O produto da arrecadação
da contribuição será destinado ao financiamento da Seguridade
Social. § 2º A base de cálculo da contribuição equivale à receita
auferida nos concursos de prognósticos, sorteios e loterias. 26 § 3º A
alíquota da contribuição corresponde ao percentual vinculado à
Seguridade Social em cada modalidade lotérica, conforme previsto
em lei. (BRASIL, 1991)

Quando a legislação cita os concursos de prognósticos, ela remete a


lei maior. O que se entende por concursos de prognósticos são aqueles
dispostos no parágrafo primeiro da redação anterior do artigo supracitado:
―Consideram-se concurso de prognósticos todos e quaisquer concursos de
sorteios de números, loterias, apostas, inclusive as realizadas em reuniões
hípicas, nos âmbitos federal, estadual, do Distrito Federal e municipal‖
(BRASIL, 1991). Entende-se que tal definição não foi ultrapassada com a
edição da Medida Provisória nº 841 de 2018, do Presidente da República
Michel Temer.
Não obstante, verifica-se como figura principal do aludido dispositivo
as Loterias. É de bom grado analisar a legislação que a caracterizou como
sendo uma das poucas espécies de jogo legal no sistema jurídico nacional,

17
tornando-as uma importante fonte de renda para a seguridade social, como se
observa no texto legal do Decreto-lei nº 204, de 27 de fevereiro de 1967:

CONSIDERANDO que é dever do Estado, para salvaguarda da


integridade da vida social, impedir o surgimento e proliferação de
jogos proibidos que são suscetíveis de atingir a segurança nacional;
CONSIDERANDO que a exploração de loteria constitui uma exceção
às normas de direito penal, só sendo admitida com o sentido de
redistribuir os seus lucros com finalidade social em termos nacionais;
CONSIDERANDO o princípio de que todo indivíduo tem direito à
saúde e que é dever do Estado assegurar esse direito;
CONSIDERANDO que os Problemas de Saúde e de Assistência
MédicoHospitalar constituem matéria de segurança nacional;
CONSIDERANDO a grave situação financeira que enfrentam as
Santas Casas de Misericórdia e outras instituições hospitalares, para-
hospitalares e médico-científicas;
CONSIDERANDO, enfim, a competência, da União para legislar
sobre o assunto. (BRASIL, 1967)

Ainda consoante à legislação supracitada, tem-se que as Loterias


Federais são um serviço público da União, logo o poder público tem monopólio.
Como anuncia o artigo 1° da referida legislação:

Art. 1º A exploração de loteria, como derrogação excepcional das


normas do Direito Penal, constitui serviço público exclusivo da União
não suscetível de concessão e só será permitida nos termos do
presente Decreto-lei. Parágrafo único. A renda líquida obtida com a
exploração do serviço de loteria será obrigatoriamente destinada a
aplicações de caráter social e de assistência médica,
empreendimentos do interesse público. (BRASIL, 1967)

Verifica-se que as Loterias se apresentam como fonte de extrema


relevância no que concerne à seguridade social, disposição esta que foi
elevada a norma constitucional com a promulgação da Constituição Cidadã de
1988. Além do custeio da seguridade social, as Loterias são responsáveis pelo
subsídio do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), Ministério dos
Esportes, Comitê Olímpico Brasileiro (COB), entidades esportivas e outros.
Vale lembrar que as loterias no ano de 2017 obtiveram arrecadação
recorde, mais de 13 bilhões de reais arrecadados em benefício do bem estar
da população (PEDUZZI, 2018).
Por fim, a problemática dos jogos da mente e a evolução legislativa
no ordenamento jurídico nacional continuam a caminhar em sentidos opostos.

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Percebeu-se que os jogos foram ―tuteladosǁ pela cultura popular e estão
presentes na realidade social de muitos brasileiros.
Hoje em dia, já existe uma certa aceitação e um belo aceno do
governo brasileiro em favor da legalização dos jogos no nosso território
nacional. Entusiastas já acreditam que será nesta oportunidade que poderemos
ver em pouco tempo os jogos da mente e sua exploração, como um novo
fenômeno cultural. Os contrários, relatam que se trata de uma medida
inconsequente e com um impacto incalculável, não só para determinadas
regiões, como para toda a sociedade brasileira, contudo, só o tempo nos dirá o
que isso acarretará, cabendo a nós apenas ponderar racionalmente e
legalmente tais efeitos.
O que vale-nos saber para o momento é que o Projeto de Lei do
Senado nº 186/2014, proposto pelo Senador Ciro Nogueira (PP/PI) permanece
entrando em tramitação no Senado Federal, motivada pela necessidade de
reconhecer o valor histórico e cultural dos jogos no país, bem como sua função
social, assim como diz no texto do projeto, o que já gera euforia dos setores
empresariais na área de jogos da mente atraindo os olhares para o mercado
nacional e também da área de movelaria, que já estima uma grande
lucratividade com a reabertura dos bingos.

3.1 DA ERA DE OURO DOS JOGOS DA MENTE À PROIBIÇÃO PELO


GOVERNO DUTRA
Ao longo do século XVIII, ocorrem mudanças na configuração da
sociedade colonial, com a mudança do eixo econômico para a então capitania
de Minas Gerais, o surgimento de Vila Rica, (atual Ouro Preto) e a mudança da
capital de Salvador para o Rio de Janeiro, há um sutil desenvolvimento de
opções variadas de lazer nestes lugares e entra em cena as casas de
tavolagem, que “se confirmava como divertimento nas horas de lazer das
famílias economicamente abastadas.” (SILVA apud INTELIGÊNCIA..., p. 31).
No ano de 1784, por iniciativa do governador de Minas Gerais, Luiz
da Cunha Menezes, foi solicitada perante a Câmara Municipal de Vila Rica a
concessão para criar uma espécie de aposta, bastante conhecida na Europa,
visando arrecadar fundos para a construção da Casa de Câmara e Cadeia da
então capital desta capitania. Surgem assim as loterias no Brasil, onde ao

19
longo do século XIX, seria intensificada e utilizada para promover atividades de
beneficência, como a construção das Santas Casas de Misericórdia.
(CANTON, 2010, p. 16)
Em 05 de julho de 1892, o Diário do Commercio, do Rio de Janeiro,
noticia um grande evento ocorrido no Jardim Zoológico do Rio de Janeiro,
criado em 1888 por João Batista Viana Drummond, o Barão de Drummond que,
correndo risco de fechar suas atividades, cria uma modalidade de aposta que
em pouco tempo tornar-se-ia a maior modalidade de jogo genuinamente
brasileira:

Foram inaugurados anteontem [sic] diversos divertimentos no Jardim


Zoológico, entre os quais o do sorteio dos animais, que tem por fim
animar a concorrência àquele estabelecimento. Esse sorteio consiste
no seguinte: d’entre [sic] 25 animais escolhidos pela Empresa é tirado
um diariamente e metido em uma caixa quando começa a venda de
entradas. Às cinco horas da tarde, a um sinal dado, abre-se a caixa e
a pessoa que tem a entrada com o nome e o desenho do animal,
ganha-o como prêmio. [...] (DIÁRIO... apud WEGUELIN1920)

Nasce o Jogo do Bicho! Ao longo da semana, a imprensa relatara a


empolgação da população já na primeira semana, através de reportagem feita
no dia 11 de julho, evidenciando que o lugar havia recebido a visita de 1350
pessoas, inclusive do Ministro da Guerra (DIÁRIO apud WEGUELIN). Com o
tempo, ficou claro que as idas ao Jardim Zoológico, não eram no intuito de
visitar os animais, mas de participar das apostas que ocorriam ao fim do dia.
Assim, a prática passou a ser reprimida já nas primeiras semanas, pois o
Código Penal de 1890, em seus artigos 369 e 370proibia espaços para a
prática de jogos da mente no Brasil (BRASIL, 1890), conforme ofício expedido
pelo Chefe de Polícia da Capital Federal, noticiado pelo jornal O Tempo (1892),
duas semanas depois:

Entretanto, posta em prática essa diversão, se verifica que tem ela o


alcance de verdadeiro jogo, manifestamente proibido. Esta diversão,
prejudicial aos interesses dos encantos, que com a esperança
enganadora de um incerto lucro se deixam ingenuamente seduzir, é
precisamente um verdadeiro jogo de azar, porque a perda e o ganho
dependem exclusivamente do acaso e da sorte. Como semelhante
divertimento não pode por mais tempo ser tolerado, [...] (O TEMPO
apud WEGUELIN)

20
Apesar da proibição expressa dada pelo primeiro Código Penal
republicano, em 1920, a Lei nº 3987, em seu artigo 14, narra que “Aos clubs e
casinos das estações balnearias termais e climatéricas poderá ser concedida
autorização temporária para a realização dos jogos da mente em locais
próprios e separados [sic]” (BRASIL, 1920), mudando completamente o
tratamento dado aos jogos até então. Apesar de o governo ter o poder de
cassar a licença a qualquer momento, esta legislação foi a mais progressista
referentes a jogos da mente na história do país, até então.
Contudo, foi na década seguinte, no governo de Getúlio Vargas, que
ocorreu a chamada “era de ouro” do jogo, onde foi legalizada a prática, com a
criação de impostos de licença para funcionamento dos cassinos. O grande
marco legalizador é o Decreto-Lei nº 241, de 1938, onde “Dispõe sobre o
imposto de licença para funcionamento, no Distrito Federal, dos Cassinos
balneários, [...]” (BRASIL, 1938). Assim, nasceram os famosos cassinos do
Copacabana Palace, Cassino Atlântico e da Urca, no Rio de Janeiro, e o
Quitandinha, em Petrópolis, o maior da América do Sul. Em todo o Brasil,
houve o registro de mais de 70 casas de apostas no país. (ABRABINCS, 2016)
Os cassinos não se resumiam à jogatina. Eram grandes complexos
de entretenimento. Os apostadores podiam jantar no restaurante, tomar
drinques no piano-bar, dançar ao som da orquestra no salão de baile e assistir
a musicais no teatro. O Presidente Getúlio Vargas procurava agradar todas as
classes sociais. É dessa época o surgimento da Consolidação das Leis do
Trabalho (BRASIL, 1943), onde o trabalhador adquiriu inúmeros direitos,
validos até hoje. Assim, “Vargas fez um jogo duplo. Por um lado, ele aprovou
as leis trabalhistas, para afagar a população mais pobre, que se mudava do
campo para a cidade. Por outro lado, incentivou os cassinos, para ganhar
também o apoio da elite”. (PAIXÃO apud ABRABINCS, 2004).
A partir do ano de 1941, os jogos da mente começam a ser
criminalizados no Brasil, com a publicação do Decreto-Lei nº 3.688 – Lei das
Contravenções Penais –, que em seu artigo 50, criminalizava a exploração e o
estabelecimento de jogo de azar em lugar público ou acessível ao público e no
artigo 58, o Jogo do Bicho (BRASIL, 1941). Os cassinos ficaram em uma
situação embaraçosa, pois o dispositivo sancionado poderia enquadrar estes
estabelecimentos.

21
Em 1942, foi expedido o Decreto-Lei nº 4.866, determinando que o
disposto na Lei de Contravenções Penais não se aplicaria aos
estabelecimentos licenciados na forma da legislação de 1938 (BRASIL, 1942).
Assim, os cassinos ainda estavam salvaguardados pela legislação.
No dia 30 de abril de 1946, três meses depois de assumir a
Presidência da República, o general Eurico Gaspar Dutra, numa atitude
surpresa, expede o Decreto-Lei nº 9.215, ordenou o fim de todos dos jogos da
mente, com exceção do turfe. Nesta época, o Congresso Nacional estava
reunido em Assembleia Constituinte para a elaboração da Carta Magna de
1946. Assim, a decisão do Presidente Dutra estava tutelada pelo manto da
Constituição de 1937, onde em seu artigo 180 concedia ao Chefe do Executivo
a autoridade de “expedir decretos-leis sobre todas as matérias da competência
legislativa da União.” (BRASIL, 1937)
Não existe um argumento contundente do governo a época para a
proibição do jogo de azar no Brasil. Existem hipóteses que alimentaram a
medida: Desde buscar apagar os vestígios da era Vargas, até a influência
maciça da primeira-dama, Carmela Dutra –conhecida como Dona Santinha –,
que, em virtude de sua forte religiosidade, teria pressionado o marido a
decretar a proibição do que considerava ambiente viciado e libidinoso dos
cassinos. (ABRABINCS, 2016)
Houve comemoração por parte da sociedade carioca e aprovação
pela maioria dos parlamentares constituintes (ABRABINCS, 2016). No entanto,
estimativas apontam que o número de desempregados por conta da medida
alcançou milhares de trabalhadores.

8.000 pessoas desempregadas em Santos com o fechamento de


todos os cassinos – diminuiu em 80% o movimento de passagens
entre a capital e a cidade praiana – calmaria nos hotéis e nas ruas da
cidade – pleiteiam os músicos “shows” nos cinemas e indenização – a
situação dos carteadores, “croupiers” e outros empregados dos
salões de jogos – as artistas [...] (1946 apud GUIMARÃES, 2013)

As Loterias surgiram no Brasil na segunda metade do século XVIII,


como explanado acima. Mas, foi no ano de 1962 que o Governo Federal deu
forma a este jogo como conhecemos hoje, atribuindo a Caixa Econômica

22
Federal a gestão, comercialização e exploração das lotéricas e sorteios das
apostas. (LOTERIAS...)
O Decreto-Lei nº 204, do ano de 1967 dispõe sobre a exploração de
loterias em território nacional, onde em seu artigo 1º, caput, descreve:

Art. 1º A exploração de loteria, como derrogação excepcional das


normas do Direito Penal, constitui serviço público exclusivo da União
não suscetível de concessão e só será permitida nos termos do
presente Decreto-lei. (BRASIL, 1967)

No mesmo artigo, em seu parágrafo 1º, é relatada que destinação da


obtenção dos lucros será destinada a programas de caráter social e assistência
médica, divisão está melhor elucidada no artigo 28. (BRASIL, 1967)
O artigo 32, caput e § 1º, do mesmo Diploma Legal, autoriza a
manutenção do funcionamento das loterias estaduais existentes, desde que
fiquem limitadas às quantidades de bilhetes e séries em vigor na data da
publicação e veta a criação de loterias em outras unidades federativas.
(BRASIL, 1967)
Em seu preâmbulo, o regulamento define-se como uma exceção às
normas de direito penal vigentes, em virtude da proibição de exploração de
jogos em território nacional, destinando todos os recursos auferidos para fins
sociais (BRASIL, 1967).
As Loterias Caixa têm como atividade fim o repasse social, onde, a
aplicação dos rendimentos vai para áreas como o Fundo de Financiamento
Estudantil (FIES), Comitês Olímpico e Paralímpico Brasileiro, Seguridade
Social, Fundos Nacionais da Cultura, Saúde, Penitenciário e de apoio à
Criança e Adolescente (LOTERIAS...). No ano de 2018, as “fezinhas” feitas na
Megasena, Loto Fácil, Quina etc., renderam à Caixa Econômica um montante
de R$ 13,85 bilhões (BNL, 2019).
Nos anos de 1993 e 1998, as Leis nº 8.672 e 9.615,
respectivamente, deram ares de esperança de o jogo retornar à legalidade.
Conhecida como Lei Zico e Lei Pelé, nesta ordem, passaram a permitir a
exploração de bingos pelo país. O objetivo era instituir “normas gerais sobre
desportos [...]” (BRASIL, 1993), mas em seu artigo 57, autoriza entidades
esportivas promover bingos. A regulação surgiu com o artigo 59 e seguintes da

23
legislação ulterior. Contudo, em 2004, por conta de um escândalo no alto
escalão do governo federal relacionado a bingos (TERRA, 2004), por meio de
Medida Provisória n.º 164, tornou-se proibido a exploração de “todas as
modalidades de jogos de bingo e jogos em máquinas eletrônicas denominadas
"caça-níqueis", [...]” (BRASIL, 2004).
Em 2018, entrou em vigor na legislação brasileira algo que pode ser
considerado como mais um ensaio para um provável cenário da legalização
dos jogos da mente no Brasil. A Lein.º13.756/18, que dispõe “sobre a
destinação do produto da arrecadação das loterias e sobre a promoção
comercial e a modalidade lotérica denominadas apostas de quota fixa”
(BRASIL, 2018), legitimou a atividade do comércio físico e virtual de apostas
esportivas, modalidade que se tornou “febre” nos últimos anos.
Apesar da existência deste mercado anterior a lei, com a
promulgação desta, este comércio de apostas poderá patrocinar clubes de
futebol brasileiros, conforme o artigo 30, incisos I, alínea “e” e II, alínea “e”, do
Diploma Legal supracitado, inclusive “com marcas expostas nas camisas das
equipes”(MÁQUINA..., 2018).Ainda sem prazo concreto para a regulamentação
da atividade, “11 dos 20 times da elite já contam com aportes financeiros
dessas empresas.”, onde o montante financeiro estaria em torno de R$ 300
milhões, a frente da Caixa Econômica, que desembolsou R$ 127,8 milhões em
patrocínios no ano de 2018. (LEISTER FILHO, 2019)
É similarmente interessante discutir sobre sorteios que são
transmitidos em canais de televisão na rede aberta, a exemplo da Tele Sena,
de abrangência nacional, e Caruaru da Sorte e Pernambuco da Sorte, de
cobertura regional, pois, desde a cartela que o consumidor adquire até a forma
de como o sorteio dos números realiza-se, é praticamente idêntica ao jogo de
bingo. No entanto, a explicação para o funcionamento é que estas, na verdade,
não são jogos da mente e sim uma das espécies de Títulos de Capitalização. O
Decreto-Lei nº 261 de 1967 regulamenta as operações das Sociedades de
Capitalização no país, onde constitui-se “de um capital mínimo perfeitamente
determinado em cada plano e pago moeda corrente em um prazo máximo
indicado no mesmo plano, [...] segundo cláusulas e regras aprovadas e
mencionadas no próprio título.” (BRASIL, 1967).

24
3.2 JOGOS ILÍCITOS X JOGOS TOLERADOS
A priori, é necessário salientar a distinção entre os conceitos de
obrigação e responsabilidade, pois, a obrigação pode ser gerada por diversos
meios, seja contratual ou extracontratual, e uma vez não cumprida, surge,
então, o instituto da responsabilidade, a qual possui como fonte a
inadimplência existente.
Com isso, observa-se que os jogos da mente quando proibida a sua
prática, surge a obrigação de cumprir com o contratado. No entanto, mesmo
existindo a obrigação, esta não possuirá a interferência da responsabilidade
para coagir o adimplemento do débito, uma vez que no direito civil é vedada a
ação de cobranças de dívida de jogo. Importante destacar que esta regra não
se aplica aos jogos que for legalmente permitida a sua prática.
Ademais, continua possuindo importância o entendimento da
jurisprudência e parte da doutrina acerca da distinção entre os jogos proibidos,
tolerados e autorizados, inclusive doutrinadores como Orlando Gomes, quando
citado por Maria Helena Diniz, afirma que os contratos autorizados são
regulados por lei, conferindo, desta forma, o direito de crédito, tornando a
dívida exigível judicialmente.
Os jogos proibidos ou ilícitos estão relacionados aqueles eventos
que dependam exclusivamente da sorte para o ganho ou a perda, como por
exemplo o jogo do bicho. Nessa espécie de jogo, por ser ilícito, não se pode
ajuizar ação para cobrar o valor devido, e além disso, é aplicado o artigo 815
do Código Civil de 2002, que estabelece: “Não se pode exigir reembolso do
que se emprestou para jogo ou aposta, no ato de se apostar”. (BRASIL, 2002)
No que diz respeito aos jogos tolerados, são aqueles que não
dependem exclusivamente da sorte, mas da habilidade dos jogadores, tal qual
o pôquer. Esses tipos de jogos não são considerados contravenções penais,
sendo vistos, apenas como uma forma de diversão. Contudo, por se tratar de
jogo tolerado, conforme estabelece o Código Civil, não é possível a ação de
cobrança no que se refere a dívida, ou, no caso que, o devedor queira receber
de volta o valor pago.
Em relação aos jogos autorizados ou lícitos são aqueles que visam a
atender uma utilidade social. Esses têm seus efeitos regulados em lei própria.
De acordo com a doutrina de Maria Helena Diniz, a qual contraria o artigo 814,

25
§2º do Código Civil de 2002, o fato de dividir os jogos em lícitos ou ilícitos é
irrelevante, uma vez que, mesmo permitido, seja qual for a espécie, é negado
seu principal efeito, a exigibilidade do valor ganho seja na aposta seja no jogo.
Desta forma, demonstra-se o comentário da doutrinadora supra:

Todas as espécies de jogos, ilícitos ou lícitos, não obrigam a


pagamento, de modo que ninguém poderá ser demandado por débito
de jogo ou aposta, visto ser inexigível. Os títulos emitidos para
garantir pagamento de aposta não poderão ser cobrados. Nosso
Código Civil não considera o jogo e a aposta como atos jurídicos
exigíveis, por serem vícios moralmente condenáveis,
economicamente desastrosos. (DINIZ, 2014, p. 607).

Percebe-se, a partir da opinião de Diniz, que os jogos e apostas de


modo geral, desde aqueles proibidos, passando pelos tolerados e chegando
aos que são permitidos por lei, possuem em comum a característica de não
possibilitarem a exigência de dívidas que lhe sejam referentes, seja por débito
do jogo em si, seja por empréstimo referente aquele jogo, além disso, caso
haja sido paga a dívida, essa não poderá ser recuperada.
No entanto, o artigo 814, caput, §2º do Código Civil de 2002, de
forma expressa, demonstra uma ressalva no que diz respeito aos jogos
legalmente permitidos, haja vista que vem dispor o seguinte:

814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas


não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo
se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito. § 2o O
preceito contido neste artigo tem aplicação, ainda que se trate de jogo
não proibido, só se excetuando os jogos e apostas legalmente
permitidos. (BRASIL, 2002).

Ademais, o mesmo artigo prever também, que, haverá repetição do


valor pago, quando a dívida de jogo ocorrer por dolo, pois, deve-se castigar o
desonesto. Nos casos de o perdedor for menor de idade ou interditado, pois,
falta a ele discernimento para com suas ações, sendo considerado incapaz,
poderá ajuizar ação para resgatar os valores pagos.
Por fim, não é admitido, de acordo com o artigo 814, §1º, do Código
Civil de 2002, que seja realizado um contrato que envolva o reconhecimento do
débito do jogo ou da aposta, sob pena de nulidade. Contudo, para
doutrinadores como Serpa Lopes, conforme afirma Diniz (2014, p. 608), é

26
admitida a novação de obrigação natural, desde que não seja oriunda de causa
ilícita, desta forma, cabe a aplicação de novação nos jogos legalmente
permitidos por lei.

3.3 DIFERENÇA ENTRE APOSTA E JOGO


Mesmo a Lei Criminal entendendo e equiparando as apostas com os
jogos da mente, conforme o mesmo artigo citado anteriormente, não podemos
considerar o conceito de jogo de azar e aposta como idênticos. O conceito de
aposta se define em um mero acordo entre partes, em que aquele que não
acerta, ou perde, dependendo do que se trata, paga à outra parte o que fora
acordado, desta forma, as apostas esportivas são verificadas quando sua
origem é relacionada ao determinado fato ou resultado de uma modalidade de
esporte ou evento ligado a ele. Segundo o Dicionário Aurélio (2008, p.53),
aposta é um “acordo entre duas ou mais pessoas de opiniões diferentes,
devendo quem não estiver certo pagar algo previamente convencionado:
ganhar uma aposta, perder uma aposta”.
Washington de Barros Monteiro (2014) define que: “jogo é o contrato
pelo qual duas ou mais pessoas se obrigam a pagar certa soma àquela, dentre
as contratantes, que resulta vencedora na prática de determinado ato, a que
todas se entregam”. Desta maneira, para todo o entendimento deste estudo é
necessário que compreendamos que a aposta esportiva não encontra
sustentação na equiparação ao jogo de azar, pois, não pode se qualificar como
uma modalidade em que se depende meramente de fatos aleatórios para
consecução do resultado, vale acrescentar ainda que segundo o Dicionário
Aurélio (2008, p.79), conceitua-se azar como: “Má sorte; sorte adversa ou
ainda ausência completa de sorte”. Hoje em dia são vendidos inúmeros
exemplares de livros e manuais que propiciam uma série de informações que
orientam os apostadores a conduzirem seus estudos para avaliar os
prognósticos a que se propõem a jogar.
As apostas esportivas não são simples como um lançar de dados ou
um giro em uma catraca mecânica para emparelhamento de ilustrações
idênticas à mercê de probabilidades meramente ligadas ao acaso, os
apostadores realizam estudos baseados em uma série de fatos e eventos

27
como: a força do time fora de casa ou em seus domínios, o retrospecto no
campeonato, os investimentos feitos na equipe, os artilheiros, a forma de jogar,
a postura do treinador, entre uma série de outros fatores que cumulam em um
palpite derradeiro averso ao acaso. É um equívoco pensar que resultados
desportivos são equiparados ao livre comércio de uma sequência numérica que
se compra nas Casas Lotéricas e aguarda-se uma combinação determinada
essencialmente pelo acaso. Assimilar os dois significa o reconhecimento do
esporte como um fenômeno aleatório que independe dos fatores externos e
internos para promover um resultado final.
Ainda que se reconheça a imprevisibilidade dos eventos esportivos,
uma vez que do contrário seria um notável caso de manipulação, os resultados
dos jogos estão muito distantes de serem determinados por princípios
matemáticos ou leis do acaso. Fatores preponderantes ocorrem entre si para
que se obtenha um resultado final, sendo estes fatores já conhecidos ou
analisados previamente pelos apostadores como possibilidades reais de
mudança ou obtenção do resultado que se almeja, rompendo completamente
seus laços com a casualidade.

3.3.1 A legalização das apostas esportivas no Brasil através da Lei nº 13756/18

A aprovação da MP 846/2018 e sua posterior conversão na Lei


13.756/2018 (legaliza as apostas esportivas de cota fixa) representa um
enorme avanço quanto à Legalização dos Jogos no Brasil, e em especial, para
as apostas esportivas.
Por muitos anos a regulamentação do jogo foi deixada de lado no
congresso, e o único referencial legal que abordava algo sobre jogos datava da
década de 1940, proibindo a exploração dos jogos da mente em locais
públicos, fato este que não ocorre com as apostas esportivas, fazendo com que
a atividade estivesse presente num limbo jurídico, sendo exercida à brecha da
lei até pouco tempo atrás.

As apostas esportivas permitem viver, de forma ainda mais intensa,


uma paixão já existente entre os consumidores, que é o esporte.
Deste modo, e ainda que compartilhe algumas características com os
demais jogos de azar, este tipo de aposta não constitui puramente um
jogo de azar, uma vez que a combinação ganhadora não é resultado

28
de um sorteio, e sim relaciona-se com o resultado final de um
determinado evento esportivo. Assim, tem-se uma certa relação de
complementariedade entre a demanda de apostas esportivas e o
consumo do esporte correspondente. (OLMEDA, 2010, p. 27)

Ocorre que o mercado de apostas é um dos que mais cresce no


esporte, movimentando anualmente bilhões de reais apenas no Brasil, um dos
maiores mercados consumidores do meio. Segundo (Balestra e Cabot, 2006)
‘‘O mercado das apostas desportivas online vai acompanhar as tendências do
mercado global do jogo online’’. Percebendo a imensa movimentação de
valores, diversos países no mundo passaram a regulamentar a atividade,
ficando o Brasil atrás nesse aspecto por muito tempo.
De acordo com Pérez (2010) a indústria de apostas esportivas
tornou-se um setor com excelentes oportunidades tanto para diferentes
governos, como para organizações esportivas ou mesmo para vários
operadores privados ou casas de apostas.
Diante do referido cenário e notando a oportunidade de arrecadação
de impostos e geração de emprego e renda, o congresso nacional agiu e
sancionou a lei 13.756 que criou a modalidade de aposta ‘‘quota fixa’’, na qual
se encaixam as apostas esportivas, sejam elas por meio físico ou online.
Percebendo a importância do tema e progresso existente em outros
países após a regulação, o Congresso Nacional no final do ano de 2018
sancionou a Lei 13.756, que dispõe sobre o Fundo Nacional de Segurança
Pública (FNSP), sobre a destinação do produto da arrecadação das loterias e
sobre a promoção comercial e a modalidade lotérica denominadas apostas de
quota fixa.
A criação da modalidade lotérica, sob a forma de serviço público
exclusivo da União, chamada de quota fixa foi fundamental para o avanço do
processo de regulação de apostas esportivas no Brasil, através dessa
modalidade o apostador tenta prever o resultado de eventos reais, sendo
definido no momento da aposta quanto o apostador poderá receber em caso de
acerto do prognóstico.
A lei estabelece que a loteria de apostas de quota fixa será
autorizada ou concedida pelo Ministério da Fazenda e será explorada,
exclusivamente, em ambiente concorrencial, com possibilidade de ser
comercializada em quaisquer canais de distribuição comercial, físicos e em

29
meios virtuais. Além disso, o texto legal já prevê a destinação dos recursos
arrecadados oriundos das apostas esportivas, conforme o artigo 30 (Lei
13.756, de 12 de dezembro de 2018):

Art.30 - O produto da arrecadação da loteria de apostas de quota fixa


será destinado da seguinte forma:
I - em meio físico: a) 80% (oitenta por cento), no mínimo, para o
pagamento de prêmios e o recolhimento do imposto de renda
incidente sobre a premiação; b) 0,5% (cinco décimos por cento) para
a seguridade social; c) 1% (um por cento) para as entidades
executoras e unidades executoras próprias das unidades escolares
públicas de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio que
tiverem alcançado as metas estabelecidas para os resultados das
avaliações nacionais da educação básica, conforme ato do Ministério
da Educação; d) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o
Fundo Nacional da Segurança Pública; e) 2% (dois por cento) para as
entidades desportivas da modalidade futebol que cederem os direitos
de uso de suas denominações, suas marcas, seus emblemas, seus
hinos, seus símbolos e similares para divulgação e execução da
loteria de apostas de quota fixa; f) 14% (quatorze por cento), no
máximo, para a cobertura de despesas de custeio e manutenção do
agente operador da loteria de apostas de quota fixa’’ (BRASIL, 2018)

De acordo com o mesmo artigo, no meio virtual a destinação dos


valores se dará da seguinte maneira:

II – em meio virtual: 89% (oitenta e nove por cento), no mínimo, para


o pagamento de prêmios e o recolhimento do imposto de renda
incidente sobre a premiação; b) 0,25% (vinte e cinco centésimos por
22 cento) para a seguridade social; c) 0,75% (setenta e cinco
centésimos por cento) para as entidades executoras e unidades
executoras próprias das unidades escolares públicas de educação
infantil, ensino fundamental e ensino médio que tiverem alcançado as
metas estabelecidas para os resultados das avaliações nacionais da
educação básica, conforme ato do Ministério da Educação; d) 1% (um
por cento) para o FNSP; e) 1% (um por cento) para as entidades
desportivas da modalidade futebol que cederem os direitos de uso de
suas denominações, suas marcas, seus emblemas, seus hinos, seus
símbolos e similares para divulgação e execução da loteria de
apostas de quota fixa; f) 8% (oito por cento), no máximo, para a
cobertura de despesas de custeio e de manutenção do agente
operador da loteria de apostas de quota fixa. (BRASIL, 2018)

O legislador pátrio ao estabelecer tal divisão demonstrou o interesse


da União com a destinação dos recursos oriundos do mercado de apostas
esportivas, alocando-os nas mais diversas áreas, visando assim o
desenvolvimento nacional. Logicamente, a maior parte dos recursos destina-se
ao pagamento do prêmio, porém até mesmo essa parcela não fica isenta da
arrecadação estatal, uma vez que é devido também o imposto de renda. Bem

30
como os recursos também deverão ser aplicados na segurança pública -
através do Fundo Nacional da Segurança Pública; destinados também a
seguridade social; à educação; às entidades esportivas que cedem suas
marcas; e por fim aos agentes operadores das apostas.
Dessa maneira, fica evidente que todas as partes envolvidas na
regulação, uso e prestação de serviço de apostas esportivas serão
beneficiadas. O Estado através do aumento da arrecadação, os usuários que
terão a garantia de recebimento dos prêmios e maior segurança jurídica e os
operadores que poderão fornecer seus serviços legalmente no país,
conquistando ainda mais adeptos.
Confirmando a importância temática e os possíveis ganhos com a
regulação do mercado de apostas esportivas o governo abriu uma consulta
pública online (Secap nº 1/2019) que tem por objetivo colher subsídios para as
ações do Ministério da Economia em relação à regulamentação das apostas
esportivas de quota fixa (Capítulo V, da Lei nº 13.756, de 12 de dezembro de
2018). Regulamentação essa que se encontra em curso, coordenada pela
Secretaria de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria (Secap) da Secretaria
Especial de Fazenda do Ministério da Economia, e busca estabelecer um
modelo regulatório alinhado às melhores práticas mundiais que propicie um
ambiente concorrencial para o setor de loterias, nos termos da legislação
vigente. Busca-se assim um modelo regulatório que contemple questões
essenciais à futura operação do serviço público, com a adoção de modernas
práticas de segurança, integridade, responsabilidade social corporativa,
prevenção a fraudes e à lavagem de dinheiro.

31
4 JOGOS DA MENTE MAIS POPULARES NO BRASIL

Nesta seção serão feitas algumas considerações em relação a


alguns dos jogos mais populares que são praticados de forma ilícita em todo o
país.
• Jogo do bicho: O jogo do bicho surgiu no Brasil por volta de
1892, criado por João Batista Drummond, proprietário de um grande zoológico
do Rio de Janeiro na época. Trata-se de um dos jogos da mente mais
populares no país, devido à facilidade para jogá-lo. É como se fosse uma
espécie de loteria, onde existe uma lista com vinte e cinco números, cada um
representado por um animal diferente. A partir daí, existem diversas formas
para o jogador apostar. São sorteados cinco pares de dezenas, relativos a
números entre zero e noventa e nove. Cada número dentre estes, é associado
a um dos vinte e cinco animais. As apostas se baseiam nisso. Caso um dos
números sorteados seja um dos associados ao animal que o jogador apostou,
ele receberá uma premiação, de acordo com o valor que apostou, relacionado
com à probabilidade de vitória.
O jogo do bicho é expressamente proibido no país. O artigo 50 do
Decreto-Lei das Contravenções Penais nº 3.688, de 1941, como já citado,
proíbe a exploração de qualquer tipo de jogo de azar. Porém, existe um artigo
específico da mesma lei que trata da questão do jogo do bicho. Vejamos o
artigo 58 da Lei das Contravenções Penais:
Art. 58. Explorar ou realizar a loteria denominada jogo do bicho, ou
praticar qualquer ato relativo à sua realização ou exploração:
Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e multa, de dois a
vinte contos de réis.
Parágrafo único. Incorre na pena de multa, de duzentos mil réis a dois
contos de réis, aquele que participa da loteria, visando a obtenção de
prêmio, para si ou para terceiro. (BRASIL, 1941)

Pode-se dizer que o jogo do bicho é aceito pela sociedade, de forma


que a prática é tão tradicional que pessoas das mais diferentes classes sociais
desafiam a legislação ao contribuir com o fortalecimento dessa atividade.
• Bingo: O bingo é outro jogo muito popular que, provavelmente, a
maioria das pessoas que nunca participaram do jogo, ao menos o conhece.
Trata-se de um jogo onde o participante compra uma ou mais cartelas com

32
diversos números. Diversas bolas enumeradas são sorteadas e aquele que
completar primeiro sua cartela, ou seja, tenha os números que constam em sua
cartela sorteados, vence o jogo e recebe o prêmio prometido. Grande parte da
população conhece e já participou de tal jogo, visto que é muito comum em
eventos de igrejas, festas juninas e entidades sociais.
Sempre houve uma grande popularidade do jogo do bingo no Brasil,
sendo sempre um dos jogos da mente mais explorados no país
independentemente do período de legalidade ou não de tais práticas. Com a
proibição dos jogos da mente em 1946, o bingo assim como todos os outros
jogos da mente passou a ser uma atividade ilegal. Isto ocorreu até o ano de
1993, no qual ocorreu o advento da Lei Zico nº 8.672/93 e do Decreto
Regulamentador nº 981/93, que possibilitou o funcionamento de jogos de bingo
e similares no Brasil.
• Máquinas caça-níqueis: A máquina caça-níquel ou slot machine,
assim como o jogo do bicho e o bingo, é uma das formas mais utilizadas no
Brasil para a exploração ilegal de jogos da mente. Trata-se de uma máquina
que funciona por meio da introdução de moedas ou fichas e gera um resultado
que se dá de forma aleatória. Dependendo do resultado, o jogador tem a
chance de receber uma premiação em dinheiro muito maior do que a quantia
que utilizou para apostar. Tal tipo de máquina é vista geralmente em bares,
podendo ser encontrada também em outros tipos de lugares como boates,
casas de jogos, lanchonetes e outros tipos de comércio, porém é
expressamente ilegal o mantimento desse tipo de aparato em qualquer
estabelecimento, visto que a exploração de máquinas caça-níqueis no Brasil é
considerada contravenção penal.
A popularidade da utilização de máquinas caça-níqueis se dá pelo
fato de que estes aparelhos são geralmente leves e de fácil manuseio. Tal fato
explica o porquê de ser tão comum vermos notícias de apreensões deste tipo
de máquinas em todo o país. A gravidade que a facilidade de obtenção e
manuseio deste tipo de aparelho traz, como ocorre também na atividade de
outros jogos da mente, é a questão da propensão a prática de outros crimes
ligados a esta atividade, como a lavagem de dinheiro.

33
4.1 CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE EXPLORAÇÃO
DOS JOGOS DA MENTE
Independentemente da legalidade ou não da exploração dos jogos
da mente, este tipo de atividade deve receber regulamentação específica, de
forma que ocorra um controle em torno de tal fator.
Como relatado anteriormente, a exploração dos jogos da mente no
Brasil é considerada uma atividade ilícita. Constantemente donos de
estabelecimentos que exploram jogos da mente são presos e em todas as
semanas saem notícias em jornais sobre máquinas caça-níqueis apreendidas.
Porém, o controle da exploração dos jogos da mente ainda se demonstra
pouco eficiente, uma vez que o funcionamento deste tipo de atividade continua
muito constante em todo o país, sendo que em alguns casos as autoridades
têm feito vista grossa neste sentido. Isto se dá pelo fato de que alguns estados
do Brasil passam por uma grave crise na segurança pública. Entretanto, este
não é o único motivo.
Alguns magistrados têm entendido que a atividade da exploração
dos jogos da mente não deve ser vista como contravenção penal, uma vez que
tal questão se trata de uma proibição ultrapassada e que não condiz com a
realidade dos dias atuais. Eles entendem que a proibição de tal atividade fere
princípios constitucionais, como a liberdade individual. Assim têm entendido
parte do judiciário do Rio Grande do Sul, estado onde a ocorrência de práticas
de jogo de azar é muito grande.
Em relação ao tema em questão, a Turma Recursal Criminal dos
Juizados Especiais do Estado do Rio Grande do Sul interpôs um marcante
recurso em face do Ministério Público do estado, questionando uma sentença
que condenou o réu por prática de jogo do bicho. Segue a ementa do julgado:

JOGOS DA MENTE. EXPLORAÇÃO DO JOGO DO BICHO.


ATIPICIDADE DA CONDUTA. 1- Caso em que apreendidos com o
réu, em decorrência de cumprimento de mandado de busca e
apreensão, registros de apostas e objetos utilizados na exploração do
jogo do bicho. 2- A exploração de jogos de azar é conduta inserida no
âmbito das liberdades individuais, enquanto direito constitucional
intocável. Os fundamentos da proibição que embasaram o Decreto-
Lei 9.215/46 não se coadunam com a principiologia constitucional
vigente, que autoriza o controle da constitucionalidade em seus três
aspectos: evidência, justificabilidade e intensidade. Ofensa, ainda, ao
princípio da proporcionalidade e da lesividade, que veda tanto a
proteção insuficiente como a criminalização sem ofensividade. Por

34
outro lado, é legítima a opção estatal, no plano administrativo, de não
tornar legal a atividade, sem que tal opção alcance a esfera penal.
RECURSO PROVIDO. (Recurso Crime Nº 71008136566, Turma
Recursal Criminal, Turmas Recursais, Relator: Luis Gustavo Zanella
Piccinin, Julgado em 28/01/2019).

No recurso em questão, podemos observar a tendência citada


anteriormente sobre os magistrados do Rio Grande do Sul entenderem que a
criminalização da prática de jogos da mente se dá de maneira ultrapassada. Na
jurisprudência citada, é possível observar que o relator utilizou viés
constitucional para sua argumentação em defesa da legalidade da prática em
questão, utilizando argumentos que vão desde a aplicação do princípio da
proporcionalidade até a minimização da lesividade do bem jurídico tutelado.
Outro fator que cabe ser analisado em relação à forma de controle
ou à falta dele em relação aos jogos da mente no país é a questão da
vulnerabilidade dos exploradores do jogo, pelo fato de se encontrarem
realizando atividades criminosas. Muitos dos exploradores desse ramo sofrem
com ameaças e extorsões vindas de organizações criminosas, que se
aproveitam da situação para intimidar bicheiros, donos de bingos e caça-
níqueis, com o objetivo de retirar parte do lucro que estes recebem, de forma
que os mesmos não encontram formas de defesa deste tipo de extorsão, uma
vez que também se encontram realizando atividades ilícitas.
Com relação a autorização da exploração de jogos da mente e a
regulação desse setor é sabido que demandam o desenvolvimento de sistemas
de controle e fiscalização dessas atividades para garantir o cumprimento das
normas regulatórias e contratuais, assim como reprimir a prática de atividades
criminosas.
Em relação à repressão ao cometimento de crimes envolvendo
licença de jogos, podemos identificar, pelo menos, quatro tipos de crimes que a
fiscalização busca reprimir: lavagem de dinheiro, sonegação de valores
arrecadados pelos cassinos para evitar pagamento de tributo, crimes
cometidos pelos empregados, como roubo dos cassinos ou dos jogadores, e
crimes cometidos pelos jogadores contra os cassinos.

35
5 PROJETO DE LEGALIZAÇÃO DOS JOGOS DA MENTE

Atualmente no Brasil tramita o projeto de Lei nº 186/2014 é um


projeto proposto pelo Senador Ciro Nogueira, que trata de uma possível
regulamentação da exploração dos jogos da mente em todo o território
nacional.
O projeto define desde quais seriam especificamente os jogos da
mente legalizados e como se dariam a sua exploração, até a destinação dos
recursos arrecadados. Também discorre sobre as infrações administrativas e
dos crimes decorrentes da violação das regras acerca da exploração dos jogos.
Em 2018 o projeto havia sido rejeitado pela CCJ, porém, em abril de
2019 foi desarquivado. A situação atual do projeto é “Pronto para deliberação
do Plenário. Aguardando inclusão em Ordem do Dia. Discussão, em turno
único”.
De acordo com as propostas previstas no projeto, tanto os jogos
feitos de forma presencial quanto online, serão regularizados e permitidos.
Dentre tais jogos estão incluídos o jogo do bicho, bingo, jogos de cassino e
apostas esportivas.
Qualquer empresa que tiver interesse em explorar jogos da mente
terá a obrigação de comprovar regularidade fiscal e idoneidade financeira.
Deverá possuir registro a pessoa jurídica que pretende exercer legalmente
suas atividades nesse âmbito.

Art. 6º A autorização para explorar jogos de azar somente será


outorgada às pessoas jurídicas que comprovarem:
I – capacidade técnica para o desempenho da atividade;
II – regularidade fiscal em relação aos tributos e contribuições de
competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios; e
III – idoneidade financeira. Através da realização de um processo
seletivo público é que serão selecionados os estabelecimentos
considerados aptos a comportarem um casino.

O jogador que tiver o interesse de entrar em um estabelecimento


que contenha exploração de , deverá apresentar documento de identificação.
Desta forma, ocorrerá o controle das pessoas que entram nos
estabelecimentos, proibindo a entrada de menores de dezoito anos, ficando
sujeito a pena de detenção e multa aquele que não realizou as devidas

36
medidas necessárias em caso de ocorrência da entrada de um menor neste
tipo de estabelecimento: ‘’Art. 32 Permitir o ingresso de menor de dezoito anos
em recinto destinado a jogo de azar: Pena – detenção, de três meses a um
ano, e multa.”
O dever de fiscalizar os cassinos e as apostas online ficará por conta
do governo, enquanto estabelecimentos credenciados, como casas de bingo,
por exemplo, ficarão por conta da fiscalização dos estados e Distrito Federal.

Art. 16. É permitida, mediante autorização dos Estados e do Distrito


Federal, a exploração dos em cassinos por pessoas jurídicas
previamente credenciadas pelo órgão a ser designado pelo Poder
Executivo Federal. Parágrafo único. Entende-se por cassino o prédio
ou espaço físico utilizado para exploração dos jogos de azar.

Art. 17 Compete ao órgão do Poder Executivo Federal a que se refere


o art. 16 desta Lei a regulamentação, o controle e a fiscalização dos
cassinos.

Qualquer empresa que deixar de cumprir exigências dos órgãos de


fiscalização sofrerá punição de multa que poderá variar de dez mil a quinhentos
mil reais, podendo até perder a autorização para a exploração de . O dinheiro
arrecadado destas multas será revertido em investimentos em segurança
pública.

Art. 28 Caberá ao órgão fiscalizador aplicar as seguintes sanções


administrativas, segundo a gravidade da falta cometida, mediante o
devido processo legal, garantido o contraditório e a ampla defesa:
I – advertência;
II – multa simples;
III – multa diária;
IV – apreensão dos instrumentos, documentos e demais objetos e
componentes destinados ao funcionamento das máquinas e
instalações;
V – suspensão parcial ou total das atividades, mediante interdição do
estabelecimento; e
VI – cancelamento de autorização.

Aquele que adulterar o resultado de jogos ficará sujeito a receber


uma punição de seis meses a dois anos de detenção e será multado. Também
será sujeito a detenção e multa, o empresário que explorar jogo sem
credenciamento concedido.
Bem com, existirá uma contribuição social por parte das empresas
que irão explorar os jogos. Os estabelecimentos que possuem cassinos

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deverão repassar parte dos lucros para o governo federal, que por sua vez
reverterá o dinheiro em investimentos nas áreas de saúde, previdência e
assistência social. Isto servirá tanto para os estabelecimentos físicos quanto
para as empresas que ofertam jogos online.

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de


forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a
manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto
no art. 154, I.

Pode-se observar que a proposta de legalização dos que o Projeto


de Lei traz, propõe uma ideia totalmente organizada e bem fundamentada.

5.1 DOS FUNDAMENTOS PARA A LEGALIZAÇÃO DOS


Inicialmente, como fundamento para a legalização dos , nota-se que
se legalizada, de certa forma, contribuiria para o aumento do orçamento
público, conforme vejamos:
[...] traria um ganho líquido para o orçamento público, o que
possibilitaria novos investimentos em diversas causas “nobres” (e.g.
saúde, educação, cultura, esportes, etc.). Esse tipo de raciocínio
possui alguns problemas. Devemos considerar que parte dos
recursos adicionais arrecadados pelo governo pode vir a ser mais do
que compensado por eventuais incrementos na despesa em outras
áreas decorrentes da verificação dos custos potenciais associados à
prática de jogos. Essas áreas incluem segurança, fiscalização e
saúde pública, dentre outras, dependendo de quais modalidades de
jogos serão regularizadas e como isso será feito. Não é perfeitamente
claro se o impacto final no orçamento público vai ser positivo.
(RAGAZZO; RIBEIRO, 2012, p. 628)

Outra situação apontada como positiva nos projetos de lei


atualmente em discussão é que a regularização de pode contribuir para o
desenvolvimento econômico do país.

De acordo com dados do Instituto Jogo Legal, a legalização das


apostas injetaria mais de R$ 15 bilhões de reais na economia
brasileira sob a forma de tributos. Em outras palavras, não legalizar
os jogos é optar por deixar de investir em educação e saúde.
(BRASIL, 2015).

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Vale dizer, que havendo a legalização, terá como consequência, um
grande aprendizado:

Se o município “A” estabelece, digamos, um ISS mais elevado sobre


o jogo, e com isso obtém recursos para realizar bons investimentos,
muito rapidamente outros prefeitos e vereadores, e também cidadãos,
de outras localidades, perceberão que devem, também, redefinir as
regras de funcionamento dos cassinos em seu território [...] Cientes
do nível de lucratividade auferido, será possível, lá onde assim
entenderem os munícipes e seus representantes, ajustar as
contribuições da empresa ao município, de forma a manter a
proporcionalidade entre os ganhos desta e sua contribuição à
sociedade. (BRASIL, 2009).

Neste sentido, critica-se a punição ao jogo de azar sob o argumento


de Mazzilli:

Atualmente, a própria União e o Estado se valem dos sorteios para


angariar recursos orçamentários para a consecução de seus fins e
para o desempenho de suas obrigações sociais, seja por meio da
loteria federal, seja por meio da chamada loteria instantânea.
(MAZZILLI, 1999, p. 544)

Em pleno século 21, com os jogos legalizados em aproximadamente


¾ do planeta, não se pode continuar com uma legislação septuagenária que
nega este lazer ao cidadão, composta de hipocrisia e desprovida de qualquer
argumento técnico-jurídico que justifique a sua proibição, enquanto a atividade
ilícita toma conta, através de uma massa de trabalho explorada e alimentando-
se, entre outros, de viciados.
Fazendo uma análise do artigo 50 da Lei de Contravenções Penais,
não é abarcado o turfe, considerado esporte de elite, mas que também se
constitui como jogo de azar. Já o artigo 51 da mesma lei de contravenções
proíbe as loterias sem autorização legal de funcionarem. O curioso é que duas
décadas depois, o Estado concede a si próprio a posição de único detentor de
explorar a atividade.
O preâmbulo do Decreto-Lei nº 9215/46 tem com base em
argumentos fracos e meros dogmas filosóficos, teológicos e utópicos. Usa-se
de apelação moral e religiosa, em um país que se considera laico desde a
Constituição de 1891 e de recurso repressivo presente na consciência dos

39
povos cultos, apesar de países desenvolvidos caminharem em direção
contrária.
Por fim, a Constituição de 1988 tem como garantias fundamentais o
direito à liberdade, à livre iniciativa, à vida privada, bem como o lazer e a livre
concorrência (BRASIL, 1988). Por outro lado, não há dispositivo constitucional
que proíba expressamente o estabelecimento de empresas de jogos, ficando a
vedação sujeita apenas a uma norma infraconstitucional. O cidadão brasileiro
tem sua liberdade e iniciativa própria de jogar ou não cerceada e o país perde
uma modalidade de recreação e dinheiro proveniente da concorrência gerada.

5.1.1 Modelos de exploração dos em outros países

A exploração de é regulada de forma diferente em todas as partes


do mundo. Algumas legislações nacionais optaram por coibir totalmente a
prática. A maioria concede a uma ou mais instituições o direito de explorar esse
setor, comumente, sob a forma de monopólio estatal. Outras, liberaram a
atividade também a operadores privados, estabelecendo algum tipo de
regulação. Há, ainda, aquelas jurisdições que permitem o estabelecimento
irrestrito das empresas.
Uma cidade tipicamente representante desta indústria é Las Vegas,
situada em Nevada, Estados Unidos, que tem como principal fonte de renda o
turismo. A cidade possui uma ampla e luxuosa rede hoteleira, além de oferecer
uma vasta gama de jogos disponíveis nos cassinos da cidade. Nos cassinos é
possível apostar em diversos jogos tais como: Blackjack, Tree card poker,
Caribbean Stud poker, Roleta e outros, e as apostas são realizadas em mesas
específicas para cada jogo. Nestes jogos, aposta-se sempre contra o cassino e
o objetivo principal é derrotá-lo para, assim, sair vitorioso. Também existem as
apostas eletrônicas, como as máquinas caça-níqueis ou slot machines, nas
quais se aposta para sair a combinação correta e o apostador ganhar o prêmio
acumulado. O prêmio de todos os jogos é pago em dinheiro e pode ser retirado
no momento que o apostador desejar.
Na França, os jogos também são liberados e as empresas podem
operar livremente sem obstáculos legais que dificultem suas atividades, sendo
necessária a observação de algumas regras que são impostas pela Autorité de

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régulation des jeux em ligne (Empresa Reguladora de Jogos Online), ou
apenas ARJEL, que se trata de uma agência administrativa reguladora dos
jogos na França.
Na Itália ocorre de maneira semelhante todo o processo operacional
dos jogos. A AAMS, Administração Autônoma dos Monopólios do Estado é a
responsável por analisar e proceder com a autorização de licenças para
operação das empresas. A agência reguladora, faz parte do Ministério da
Economia e tem algumas exigências maiores para o exercício das atividades,
um exemplo é a obrigatoriedade que é imposta aos operadores online que se
estabeleçam servidores físicos instalados em território italiano e que os
mesmos tenham conexão direta com a AAMS, que mapeia e monitora todas as
transações garantindo a idoneidade das operações e a segurança aos
cidadãos italianos.
Em Portugal as casas de apostas já operam desde 1688, quando foi
criada a Loteria Real visando o engrandecimento de capital nos cofres do
império. Seguido de inúmeras mudanças ao longo dos anos, em 1848 enfim foi
cessada a exploração estatal dos jogos, passando a atribuição para a Santa
Casa de Misericórdia. Hoje em dia, prevalece desde 2015 o Regime Jurídico
dos Jogos e Apostas Online de Portugal, que autorizou as apostas online em
seu território, desde que obedecidas algumas regras.
Na América do Sul, o Brasil é um dos poucos que não apresenta
liberação e regulamentação da exploração dos como atividade econômica,
preferindo coibi-la. Recentemente, o Fórum Argentino de Jornalismo (FOPEA)
relatou que anualmente os movimentam aproximadamente R$ 19,5 milhões de
reais, que corresponde ao dobro do orçamento do país para a área da saúde e
corresponde também a quase 100% do orçamento do Desenvolvimento Social,
não enfatizando também o fato de que são mantidos quase 200 mil empregos,
que são gerados com a exploração da atividade.
Em se falando dos jogos na Argentina, o país não adota uma
posição una mantendo o funcionamento apenas em alguns lugares do país,
como é o caso que ocorre em Buenos Aires, onde não é permitida a instalação
de casas de jogos, chamando atenção para o grande cassino flutuante de
Puerto Madero. O cassino encontra-se atracado no Porto Madero, sendo
constituído de três andares com várias máquinas e mesas de jogos, bem como

41
também a ampla estrutura que dispõe de bares, restaurantes e ambiente para
espetáculos, satisfazendo assim todos os adeptos da jogatina. Mesmo
operando desta maneira, os jogos da mente na Argentina são submetidos a um
controle estatal intenso, que só permite a exploração dos jogos que o próprio
Estado disponha a operacionalizar.
O Uruguai nesse aspecto é um dos destaques na luxuosidade que
proporciona aos seus turistas e operadores de apostas. Um exemplo é o
Conrad Resort e Casino, que é tido como o principal e mais famoso cassino
uruguaio, encontra-se localizado na praia de Puntadel Este dispondo de todas
as modalidades de jogos e a mais luxuosa estrutura do país.
O também vizinho, Chile, dispõe atualmente de 25 cassinos
instalados ao longo de seu território. Regulamentados por uma lei, considerada
recente, editada em 1995, ainda se apresenta em um processo de
amadurecimento da exploração dos jogos, permanecendo em constante ação
de adaptação e atualização de suas normas, chamando atenção para uma
peculiaridade que é pouco vista nos demais países que é o fato de que as
máquinas de são estritamente proibidas de serem usadas em locais diversos
dos cassinos, restringindo ao máximo a exploração da atividade apenas aos
locais credenciados. Dentre estes, o destino mais conhecido pelos brasileiros é
o Paraguai.
Hoje existem diversos locais como esses, com destaque para os
localizados em Las Vegas, outros na Bélgica, Itália, que se tornaram grandes
centros turísticos que movimentam tanto a economia como o turismo local,
gerando ainda riqueza nacional através dos impostos pagos para a
manutenção dos mesmos.

5.2 DA POSSIBILIDADE DA FOMENTAÇÃO DO ESPORTE ATRAVÉS DA


RECEITA DOS JOGOS DA MENTE
A receita auferida através da arrecadação fiscal incidente sobre os
jogos da mente, ou jogos de azar, sendo direcionada à fomentação do esporte,
continuará elevando o cenário nacional no contexto de potência olímpica. Em
que pese o futebol seja o esporte no qual há maior interesse no cenário
nacional, o investimento nessa modalidade já se encontra por demais saturado
e desenvolvimento em detrimento de outras modalidades. O investimento

42
apenas a esse esporte referido, e, não a outras modalidades, impede tornar
realidade o desejo buscado por anos pelos praticantes desde a sua formação
desportiva em se tornar um atleta profissional.
O esporte possui assim a essencial relevância de afastar
adolescentes e jovens da rua, da prostituição infantil, do tráfico de drogas e da
segregação social. Assim essa fim somente e tão somente poderá ser atingido
com o direcionamento de investimentos fomentação das mais diversas
modalidades desportivas, as quais farão com que mais e mais atletas surjam
desde a formação a até o status de atleta profissional ou de alto rendimento,
dependendo da modalidade.
Assim sendo, em tempos de Olimpíadas, constata-se que a falta de
investimento no esporte tem grande impacto nos resultados de cada
modalidade, onde o Brasil deveria ter muitos mais atletas de ponta, ser muito
mais eficaz nas medalhas e também muito mais eficiente nos Jogos Olímpicos,
visto que a quantidade de investimentos impacta diretamente no número de
medalhas e de novos atletas que surgem a cada olimpíada.
Mesmo diante das transformações do desporto brasileiro,
principalmente a partir do início do século XIX, a primeira e única Constituição
que tratou do tema como um meio de dignidade e base que constitui o Estado
foi a Constituição Cidadã de 1988. Conforme dispõe o artigo 217 da Carta
Magna, o esporte não é tratado apenas como uma modalidade profissional,
mas sim como um dever do Estado, associado à proteção e ao fomento de
práticas esportivas, principalmente, com finalidade pedagógica. Agrega-se o
cunho recreativo e da diversão, inclusive com o dever de o Estado patrocinar a
fomentação, destinando recursos públicos para tal, conforme veja-se:

Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e


não formais, como direito de cada um, observados:
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações,
quanto a sua organização e funcionamento;
II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do
desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de
alto rendimento;
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não
profissional;
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação
nacional. (BRASIL, 1988)

43
Com relação a destinação de recursos oriundos da prática da
exploração de jogos no Brasil surgiu a Lei Zico que trouxe novações na área
dos bingos, a Lei n° 8.672 de 6 de julho de 1993. O diploma legal autorizou a
exploração dos bingos, desde que os mesmos fossem utilizados para angariar
fundos para o fomento do esporte nas entidades esportivas, onde essas
entidades de direção do esporte tivessem no mínimo três modalidades
olímpicas e que comprovassem nos termos daquela lei.
Observa-se que a loteria é tratada como a joia da coroa do poder
público atual, sendo utilizada para o custeio de grande parcela de áreas
sensíveis da segurança pública nacional, além de também custear o esporte, a
cultura e o lazer. Ao diversificar o mercado dos jogos, o Estado arrecadaria
mais. Logo, mais mercados explorados trariam mais recursos, assim
garantindo o bem estar social.
Portanto, chega-se ao ponto que com a legalização dos jogos da
mente, hoje considerados ilegais, a renda destinada a ser usada para fomento
ao esporte seria maior, e assim sendo, a própria regulamentação tenderia a
diminuir o crime organizado, pois os valores que hoje são direcionados para o
crime, serão empregados para o bem-estar social por meio da distribuição
tributária, em que prevê que seja repartido os valores, encaminhando parte
para as ações de apoio ao esporte olímpico e paralímpico.

44
CONCLUSÃO

A exploração dos traz uma história marcada entre liberação e


proibição. Inicialmente, a prática de exploração destes jogos, se dava por mera
diversão e conforme a sociedade foi evoluindo, tal conceito também foi se
alterando, até que passou a ser uma atividade também lucrativa.
Sem dúvidas, entrelaçado ao tema, existem questões negativas e
positivas, por isso, foram apresentados os principais pontos. Além de serem
analisados minuciosamente os projetos de lei em trâmite no Congresso
Nacional.
Diante dos pressupostos elencados, conclui-se a legalização dos
pode sim ser medida eficaz no estímulo para o crescimento econômico do país,
foram levantados pontos altamente relevantes e favoráveis para que isto venha
acontecer. Caso contrário, não sendo legalizados os jogos, continuaremos com
a situação estagnada da mesma forma em que se encontra, ilegal e sem
mecanismos para a efetiva proibição ou até punição para a atual contravenção
penal.
Certamente a atitude repressiva que se vem tendo não se mostra
tão eficaz quando a permissão, regulamentação e fiscalização, as quais são
propostas no marco regulatório, em diversas outras áreas no sistema penal a
repressão não surte efeito positivo, não seria diferente no que tange a
exploração dos jogos.
Baseado no que foi estudado pode-se concluir que, não podemos
negar a importância da legislação vigente no Brasil no que tange ao incentivo
ao esporte, sendo cada vez mais importante a aplicação correta dos
investimentos feitos para que se obtenham resultados melhores e a
consequente redução de problemas sociais.
No entanto, para uma legalização segura, conforme já exposto, é
necessário que antes de qualquer decisão favorável, se faça análises
criteriosas acerca dos reais benefícios e impactos que a legalização traria ao
país. A legalização tem muito a agregar positivamente, desde que sejam
eficazmente cumpridas as normas de fiscalização e combate aos malefícios

45
que esta atividade traz assim se sobressaindo os pontos positivos sobre os
pontos negativos decorridos deste fator.

46
REFERÊNCIAS

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fim dos cassinos no Brasil. 2016. Disponível em: Por “moral e bons
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