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Introdução à Educação Física


Ao longo desta webaula, vamos refletir sobre a relação entre ética, moral e Educação Física.

Ética, moral e Educação Física

O profissional de educação física vai lidar com o ser humano, na dimensão cultural do movimento e seus
vários significados e interesses sociais. O esporte, o lazer, as lutas, as danças, as práticas de aventura, os
jogos e brincadeiras, a atividade física e o exercício físico, em seus mais diferentes contextos, sempre serão
práticas relacionadas à cultura, à sociedade, logo aos valores humanos, a uma moral, a uma ética.

Em um jogo de futebol, por exemplo, muitas vezes vemos os jogadores simulando faltas, criando situações
para ludibriar a arbitragem e levar vantagem. Essa dimensão cultural, que geralmente é relacionada à
“malandragem” do jogador brasileiro, acaba sendo aceita dentro do campo esportivo. Raros são os exemplos
de atletas que agem de acordo com uma moral socialmente aceita nesses momentos: “Seu juiz, não foi
pênalti! Caí de maduro. Segue o jogo”. Você imagina uma situação assim? Bem, claro que pode acontecer.
Mas você enquanto torcedor como se sentiria?

Agora, vamos entender qual é a diferença entre ética e moral:

Ética
É constituída por princípios universais, mais gerais e menos mutáveis.

Moral
É mais dinâmica, pode ser diferente de acordo com o tempo histórico, o contexto
social e cultural.

O fato é que nós lidamos com o corpo, esse corpo em movimento que faz emergir nele valores sociais. O
que é um corpo “belo”? Quais valores esse corpo passa quando busca, através do exercício físico, muito
mais se enquadrar em um padrão de beleza constituído pelas imagens midiáticas do que os padrões de
saúde? E aquele aluno na aula de Educação Física que é o “fominha”, não passa a bola para ninguém? Como
podemos trabalhar valores de cooperação, trabalho em equipe?

A ética e a moral não são ideias distantes, não são apenas reflexões filosóficas feitas por filósofos. Elas
valem para todo cidadão – aliás, elas devem fazer parte da formação do cidadão, como na educação escolar e
na Educação Física dentro desse âmbito. Trata-se, portanto, da educação moral, da compreensão dos valores
sociais presentes nas mais diversas manifestações da Educação Física, dentro ou fora do contexto escolar.

Saiba mais

A moral é um dos aspectos mais relevante na compreensão da dimensão da ética de uma sociedade. Ela é a
materialidade dos princípios éticos. Uma dimensão conceitual sobre a moral é sua dimensão histórica,
social, cultural. Ou seja, as sociedades, grupos socais ou pessoas podem apresentar valores, normas,
princípios, logo, uma moral diferente. Assim, reforçamos que a ética é mais universal, menos dinâmica, já
a moral é mutável, difere de um contexto, de um grupo social para outro. A sociedade, por sua natureza
dinâmica, muda, transforma, (re)significa seus valores, normas e princípios morais.
Para concluir, vale mencionar que a educação escolar e o trabalho pedagógico estão imersos em valores
sociais, portanto, temos também que ter compreensão da dimensão da educação moral de nossos educandos.
Cabe destacar que não é somente na escola que lidamos com a formação de uma moral, mas em todo
trabalho direto com os seres humanos, no esporte, na saúde, no lazer, nas práticas de aventura, nos jogos,
danças, lutas etc.
Bons estudos!

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Introdução à Educação Física


Regulamentação da profissão

Nesta webaula, iremos aprender sobre:

• A regulamentação profissional da Educação Física.


• A função do Conselho Federal (CONFEF) e dos Conselhos Regionais (CREFs).
• A importância do Código de Ética dos Profissionais de Educação Física.

Regulamentação profissional da Educação Física

A regulamentação profissional da Educação Física é um marco histórico para a área. Dentre as profissões da
área da saúde, fomos a última a passar pelo processo de regulamentação.

A Lei nº 9.696, de 1º setembro de 1998 (BRASIL, 1998), regulamentou a profissão da Educação Física e
criou o Conselho Federal de Educação Física e os Conselhos Regionais de Educação Física.
A regulamentação da Educação Física, assim como de muitas outras profissões, não foi algo consensual.
Alguns argumentos que se destacaram a favor da regulamentação foram:

• Garantir a reserva do mercado de trabalho da área.


• Garantir ao profissional registrado o direito de exercer a profissão de modo exclusivo.
• Afastar os leigos, não graduados, do exercício da profissão.
• Responder aos anseios sociais por um profissional de qualidade.

CONFEF e CREFs

O CONFEF e os CREFs têm a delegação da esfera federal para normatizar as atuações e preceitos éticos e
deontológicos da profissão e dos profissionais da educação física.

Conforme o art. 2 do Estatuto do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF, 2010, [s. p.]): “O
CONFEF e os CREFs são órgãos de normatização, disciplina, defesa e fiscalização dos Profissionais de
Educação Física, em prol da sociedade, atuando como órgãos consultivos do Governo”.

A seguir, saiba mais sobre as funções do CONFEF e dos CREFs:

• CONFEF

O art. 3 do Estatuto do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF, 2010, [s. p.]) afirma que: “O
CONFEF é a instituição central e coordenadora do Sistema CONFEF/CREFs, responsável pelo atendimento
dos objetivos de interesse público que determinaram sua criação, atuando em prol da sociedade”.

CREFs
Dentre as finalidades dos CREFs estão:
• Fiscalizar o exercício profissional em sua área de abrangência.
• Estimular, apoiar e promover o aperfeiçoamento, a especialização e a
atualização de profissionais de educação física registrados em sua área de
abrangência.

Código de Ética dos Profissionais de Educação Física

O Código de Ética dos Profissionais de Educação Física está materializado na Resolução CONFEF nº
307/2015 (CONFEF, 2015). Esse código é um dos mais importantes documentos normatizador e balizador
da atuação profissional, sendo fundamental para o prestígio e reconhecimento profissional.

Tal documento apresenta uma base filosófica, norteadora do exercício profissional a partir de valores éticos
e morais. Aliado à prática profissional, na materialidade dos conhecimentos apreendidos no processo de
formação, devem estar os valores éticos, constituindo uma indissociabilidade entre conhecimento, habilidade
e decisões constantemente tomadas na atuação profissional a partir de uma visão ética.

Saiba mais

Um dos aspectos fundamentais na regulação do exercício da profissão, do papel exercido pelo Sistema
CONFEF/CREFs, de proteção do profissional e do beneficiário, é o Código Processual de Ética, disposto
na Resolução CONFEF nº 264/2013 (CONFEF, 2013). Essa resolução dispõe sobre o Código Processual de
Ética do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Educação Física. Em seu art. 1, declara que os
Conselhos Federal e Regionais de Educação Física (CONFEF/CREFs) têm a responsabilidade institucional
de apurar toda denúncia que infrinja norma capitulada pelo Código de Ética dos Profissionais de Educação
Física e julgar, por deliberação própria, qualquer profissional de educação física neles registrado. Tal
resolução estabelece os ritos processuais em cada caso a ser analisado pela respectiva Comissão de Ética
Profissional (CEP) que fará garantir o cumprimento dos procedimentos previstos no referido código. Isso
garante lisura, transparência e legalidade às ações tomadas pela Comissão de Ética Profissional.
Lembre-se de que a ética, a moral e a deontologia (a ética profissional) sustentam e ancoram as profissões na
sociedade moderna. A Educação Física, reconhecida como profissão a partir da Lei nº 9.696/1998, vem
buscando, a partir do Sistema CONFEF/CREFs, atender às dimensões da sociedade, como as que envolvem
desde a formação até a atuação profissional.

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Introdução à Educação Física


Bioética na pesquisa e biossegurança

Nesta webaula, aprenderemos sobre os documentos internacionais e nacionais que orientam as ações que
envolvem a ciência e os seres humanos.

Documentos internacionais
Código de Nuremberg (1947)
Após um longo julgamento que se iniciou em dezembro de 1946 e terminou em agosto de 1947, o Tribunal
Militar Internacional julgou 23 pessoas por crimes cometidos durante a 2ª Guerra Mundial, sendo 20
médicos que realizaram experimentos com prisioneiros em campos de concentração. Desse acontecimento
que marcou a história da humanidade, foi publicado o Código de Nuremberg (1947) com dez princípios
éticos que deveriam orientar a ciência, a pesquisa que envolvesse seres humanos. São eles:

1. O consentimento voluntário do ser humano é absolutamente essencial [...].


2. O experimento deve ser tal que produza resultados vantajosos para a sociedade [...].
3. O experimento deve ser baseado em resultados de experimentação em animais e no conhecimento da
evolução da doença ou outros problemas em estudo [...].
4. O experimento deve ser conduzido de maneira a evitar todo sofrimento e danos desnecessários, quer
físicos, quer materiais.
5. Não deve ser conduzido qualquer experimento quando existirem razões para acreditar que pode ocorrer
morte ou invalidez permanente [...].
6. O grau de risco aceitável deve ser limitado pela importância do problema que o pesquisador se propõe a
resolver.
7. Devem ser tomados cuidados especiais para proteger o participante do experimento [...].
8. O experimento deve ser conduzido apenas por pessoas cientificamente qualificadas.
9. O participante do experimento deve ter a liberdade de se retirar no decorrer do experimento.
10. O pesquisador deve estar preparado para suspender os procedimentos experimentais em qualquer estágio
[...].
CÓDIGO DE NUREMBERG, 1947, [s. p.].

Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)


Os princípios de igualdade, liberdade e respeito à dignidade humana nortearam e ainda norteiam muitas
políticas públicas nos países signatários dessa declaração. A ciência não pode estar acima da vida, deve
cumprir seu papel de modo ético e respeitando esses direitos garantidos.

Declaração de Helsinki (1964)


Estabeleceu cinco princípios básicos para a pesquisa biomédica envolvendo seres humanos:

1 - A pesquisa clínica deve adaptar-se aos princípios morais e científicos que justificam a pesquisa médica e
deve ser baseada em experiências de laboratório e com animais ou em outros fatos cientificamente
determinados.
2 - A pesquisa clínica deve ser conduzida somente por pessoas cientificamente qualificadas e sob a
supervisão de alguém medicamente qualificado.
3 - A pesquisa não pode ser legitimamente desenvolvida, a menos que a importância do objetivo seja
proporcional ao risco inerente à pessoa exposta.
4 - Todo projeto de pesquisa clínica deve ser precedido de cuidadosa avaliação dos riscos inerentes, em
comparação aos benefícios previsíveis para a pessoa exposta ou para outros.
5 - Precaução especial deve ser tomada pelo médico ao realizar a pesquisa clínica na qual a personalidade da
pessoa exposta é passível de ser alterada pelas drogas ou pelo procedimento experimental.
DECLARAÇÃO DE HELSINKI, 1964, [s. p.].

Relatório de Belmont (1978)


Relacionado ao conceito de bioética, trazendo essa discussão à luz do conhecimento científico e da reflexão
das práticas científicas, estabelece os princípios bioéticos da autonomia, da beneficência e da justiça ou
equidade.

Documentos nacionais
Resolução CNS nº 1, de 13 de junho de 1988
É o primeiro documento nacional regulador e normativo das pesquisas envolvendo seres humano, criando,
por exemplo, os Comitês de Ética na área da saúde.

Resolução CNS nº 196, de 10 de outubro de 1996


Revoga a anterior. É o primeiro grande marco regulatório da ciência e pesquisa envolvendo seres humanos.
Fator fundamental para sua concretização foi o amplo debate e envolvimento da comunidade científica, civil
e instituições de pesquisa. Respeita e se orienta, conforme seu preâmbulo, pelos documentos internacionais
citados. Criou a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), que determina os marcos regulatórios
de pesquisas em seres humanos no Brasil, e os Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs), ligados às instituições
de pesquisa e universidades, criando o sistema CEP/CONEP.

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Resolução CNS nº 466, de 12 de dezembro de 2012


Revisa a resolução anterior, mantendo seus princípios éticos, estabelece normas para regulação e controle do
trabalho dos CEPs, assim como as atribuições, deveres e responsabilidades dos participantes das pesquisas e
de seus agentes fiscalizadores.

Saiba mais

O item II da Resolução CNS nº 466, de 12 de dezembro de 2012, define, dentre outros termos, o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e o Termo de Assentimento. Assim ficam definidos:

II.23 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE - documento no qual é explicitado o


consentimento livre e esclarecido do participante e/ou de seu responsável legal, de forma escrita, devendo
conter todas as informações necessárias, em linguagem clara e objetiva, de fácil entendimento, para o mais
completo esclarecimento sobre a pesquisa a qual se propõe participar;
II.24 - Termo de Assentimento - documento elaborado em linguagem acessível para os menores ou para os
legalmente incapazes, por meio do qual, após os participantes da pesquisa serem devidamente esclarecidos,
explicitarão sua anuência em participar da pesquisa, sem prejuízo do consentimento de seus responsáveis
legais.
BRASIL, 2012, [s. p.].

Diante do conteúdo exposto, esperamos que você tenha compreendido a importância dos documentos
apresentados para a atuação ética na ciência. Lembre-se de que a produção de conhecimento e a ética na
pesquisa são imprescindíveis para o desenvolvimento de uma sociedade.

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Introdução à Educação Física


Caracterizando a atuação do profissional de educação física

A Educação Física e a saúde possuem uma longa e intrínseca relação histórica. Nesta webaula objetivamos
compreender como essa relação ocorreu entre o século XIX e XXI.
Século XIX

Os ideais médicos baseados nos saberes anátomo-fisiológicos, principalmente a partir da prática da


ginástica, estabelece o higienismo como ideal vinculado na prática da Educação Física. Durante o final do
Império e o período da Primeira República, o país entrou em um processo de industrialização e crescimento
das grandes cidades e centros urbanos. Com isso, evidenciaram-se o aparecimento de doenças e o
crescimento da mortalidade infantil. Consequentemente, percebeu-se a necessidade de saneamento básico e
de cuidados com a saúde da população. Lembrando que a formação da mão de obra em uma sociedade
capitalista e industrial era extremamente necessária, foco também da perspectiva higienista. Realizava-se um
processo de culpabilização da população pelos problemas sociais enfrentados pelo Estado, que se
distanciava e não se colocava como elemento fundamental para a resolução ou causa dos problemas que
surgiam.

Castellanni Filho (1988) identifica o processo de biologização da Educação Física, que passa a sofrer forte
influência médica na busca do corpo saudável, forte, com hábitos higiênicos.

Conforme a área se insere no campo educacional formal, ela passa a fazer parte dos projetos e discursos
institucionais e institucionalizantes, ligados a um projeto de nação e de sociedade. Em 1882, Rui Barbosa,
no parecer no Projeto 224, que versava sobre a Reforma do Ensino Primário, legitima a Educação Física nas
escolas brasileiras.

Rui Barbosa (1849-1923)

Fonte: Wikimedia Commons.

Com os ideais médicos e higienistas de forma hegemônica, a Educação Física passa a desempenhar o papel
de cuidar do corpo dos indivíduos com base nos saberes biológicos do corpo.

Século XX

Com os avanços científicos da área e com o aparecimento de novos campos de atuação profissional,
principalmente a partir da segunda metade do século XX, a relação da Educação Física com a saúde se
fortalece, mas não como uma relação de causa e efeito (ou seja, o exercício/atividade física leva,
diretamente, à saúde). O campo científico a partir dos anos de 1970 e as reflexões e ampliação
epistemológica da área ampliam as bases teóricas e metodológicas no campo da Educação Física e saúde.

A seguir, destacamos alguns marcos desse século para a Educação Física.

1971
Em termos de discurso institucional, podemos destacar o Decreto nº 69.450/1971, que determinava que um
dos objetivos da Educação Física deveria estar voltado para a conservação da saúde. Ainda nesse decreto,
pode-se encontrar a orientação segundo a qual a aptidão física seria a base referencial para o planejamento
pedagógico do ensino (BRASIL, 1971).
1997
O reconhecimento do profissional de educação física como profissional da saúde,
de nível superior, ocorreu no ano de 1997, pelo Conselho Nacional de Saúde,
conforme Resolução nº 218, de 6 de março, sendo que as 13 profissões
reconhecidas deveriam estar legalmente atreladas ao Ministério da Educação e do
Desporto, ao Ministério do Trabalho e aos seus respectivos conselhos profissionais
(BRASIL, 1997).
1998
A Lei nº 9.696, de 1 de setembro de 1998 (BRASIL, 1998), regulamenta a profissão da
Educação Física, sendo uma condição importante para buscar ações de
fortalecimento e legitimação da área e suas contribuições para a saúde em
diversas perspectivas de atuação e diversas áreas de atuação.

Século XXI

Agora, selecionamos alguns fatos relevantes do século XXI relacionados à Educação Física.

2008
O Ministério da Saúde, a partir da Portaria nº 154, de 24 de janeiro de 2008 (BRASIL, 2008), cria os Núcleos
de Apoio a Saúde da Família (NASF), havendo o reconhecimento para a área e a inclusão do profissional de
educação física nas equipes. Essa conquista histórica e fundamental para a área se deu a partir do crescimento
de sua base científica, principalmente relacionada ao campo da saúde coletiva, da saúde pública, da promoção
da saúde e qualidade de vida, rompendo com o paradigma biologicista da Educação Física na área da saúde.
2013
Outro marco histórico é a inclusão da atividade física, no ano de 2013, como fator
determinante e condicionante da saúde, conforme a Lei nº 12.864, de 24 de
setembro de 2013 (BRASIL, 2013). Esse aspecto abre uma grande possibilidade não
só de reconhecimento social, mas também de aberturas de novos campos de
trabalho, tanto no setor público quanto no privado
2020
A publicação da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) e a presença da área
com código permanente 2241-40, de acordo com o Ministério da Economia, por
solicitação do Ministério da Saúde, também são um avanço, ampliando a
potencialidade de inserção dos profissionais de educação física na área da saúde
em diversos espaços públicos e privados com prestação de serviços da saúde.

O mais novo marco nesse processo histórico ocorreu em agosto de 2020, com a
Resolução nº 391, de 26 de agosto, que trata sobre o reconhecimento e a definição
da atuação e competências do profissional de educação física em contextos
hospitalares (CONFEF, 2020). Isso mesmo, você agora pode atuar no âmbito
hospitalar enquanto profissional da educação física, seja intra-hospitalar ou extra-
hospitalar, nas áreas da atenção primária, secundária e terciária da saúde.

Com base no conteúdo apresentado, enfatizamos que:

• A relação da Educação Física com a saúde é histórica e sempre envolvida em tensões de diversas
naturezas, como a científica, ideológica, política e cultural.
• Somos profissionais reconhecidos legalmente e precisamos balizar nossa ação nos saberes científicos,
procedimentais, éticos e morais.

Para se aperfeiçoar profissionalmente, incentivamos que você busque mais conhecimentos sobre a temática
abordada nesta webaula.

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Introdução à Educação Física


O profissional de educação física

Como uma área de formação em nível superior, a Educação Física passou por diversas mudanças e
transformações ao longo de sua história, apresentando sentidos e significados relacionados aos aspectos
sociais, históricos, políticos e ideológicos de cada período e contexto. Diante disso, nesta webaula, temos
como objetivo compreender como a Educação Física se constituiu como uma área acadêmica e profissional
com o passar dos anos.

O que é Educação Física

Conceituar e definir a Educação Física é uma difícil tarefa, pois ela se configura como uma prática social
que é materializada a partir de muitas manifestações da cultura do movimento humano. Nesse sentido, o
corpo e o movimento humano sempre estiveram presentes nessa dimensão conceitual da Educação Física.

O movimento humano, desde a origem do homem, vem passando por transformações de acordo com cada
período histórico, com diferentes sentidos e significados atribuídos. Esse movimento é tanto produto quanto
produtor de cultura. Nas dimensões da Educação Física, ele se materializa no jogo, na brincadeira, nas lutas,
nas danças, nas ginásticas, nas práticas corporais de aventura, no fenômeno esportivo e suas diversas
modalidades, voltadas para o lazer, a saúde, a atividade física, o exercício físico. Enfim, esse corpo em
movimento é a dimensão do trabalho na Educação Física.

Fonte: Shutterstock.

Quando falamos da dimensão do corpo, destacamos o aspecto dualista, mecânico, fragmentado, consolidado
principalmente com o pensamento filosófico cartesiano: “Penso, logo existo”.

Esse corpo máquina esteve sempre muito presente na Educação Física, como forma de controlar, de vigiar,
principalmente sob os ideais médicos e militares nas origens dos movimentos ginásticos europeus e que
também influenciaram significativamente a Educação Física brasileira no final do século XIX e início do
século XX. Na evolução histórica da Educação Física, o corpo e o movimento humanos sempre foram
dimensões estruturantes da área.

Essa dimensão tecnicista, mecânica, esteve fortemente presente na Educação Física escolar, principalmente
nos anos de 1960 e 1970, com uma formação baseada na visão fragmentada do corpo.

Fonte: Shutterstock.

Com os avanços científicos e acadêmicos a partir dos anos de 1970, com a criação do primeiro curso de pós-
graduação em nível de mestrado em Educação Física, na USP em 1977, além da necessidade de se refletir
sobre a identidade da área, que até então era eminentemente prática, uma atividade carente de uma base
teórica que a justificasse na universidade, deflagra-se, nos anos de 1980, uma crise de identidade da área,
com discussões que perpassam a sua constituição acadêmica e profissional.
Hoje, em termos legais, inserida no mundo da universidade, a Educação Física segue as diretrizes nacionais
de uma política de educação. Na linha do tempo a seguir, destacamos os documentos legais que
regulamentaram essa formação.

1987

Até 1987, a Educação Física era puramente voltada ao mundo escolar. O Parecer CNE/CES nº 215/1987
instituiu a formação do bacharelado em Educação Física (BRASIL, 1987), mas pouquíssimas instituições
seguiram o parecer e permaneceram com a formação do licenciado.

2002

A Resolução nº 1/2002 instituiu as diretrizes para a formação de professores da educação básica (BRASIL,
2002). Nesse contexto normativo, a licenciatura ganhou uma dimensão própria dentro da formação em nível
superior.

2004

As Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física são determinadas na
Resolução nº 7/2004, estabelecendo-se as formações distintas do bacharelado e da licenciatura (BRASIL,
2004).

2018

O Parecer CNE/CES nº 584/2018 instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em


Educação Física, determinando o ingresso único no curso, composto por uma etapa comum (conhecimentos
gerais da área) e uma etapa específica (bacharelado ou licenciatura) – ambas com quatro semestres
(BRASIL, 2018).

Saiba mais

Franklin Henry, nos Estados Unidos, em 1964, defendeu a Educação Física como uma disciplina acadêmica
sustentada pelo desenvolvimento de um corpo científico, com prioridade para pesquisa básica, afastando a
dimensão profissional de intervenção do campo da Educação Física (HENRY, 1964). Para esse autor, a
disciplina acadêmica da Educação Física estava baseada em um corpo organizado de conhecimento, com
uma base de conteúdo teórico e acadêmico (científico) que existia sem nenhuma obrigatoriedade de
demonstração ou requerimento de aplicação prática. Portanto, a Educação Física seria uma disciplina
científica estando em oposição ao técnico e profissional. Esse autor teve forte influência nas discussões e
debates sobre a constituição da área científica na Educação Física brasileira em seu processo de
caracterização enquanto disciplina acadêmica.
Atualmente, a Educação Física é uma área de formação e atuação profissional consolidada e seus campos de
atuação estão bem demarcados nas dimensões do bacharelado e da licenciatura. Esse retrato representa toda
a evolução, os dilemas, os conflitos e as lutas para fazer da Educação Física uma importante área de atuação
na sociedade, nas mais diversas manifestações da cultura do movimento humano. Para aprofundar seus
conhecimentos sobre essa temática, incentivamos que você busque novos conhecimentos.

Pesquise mais

Um dos aspectos essenciais da sua formação acadêmica é conhecer os autores e atores que formam e são
essenciais para a Educação Física. São aquilo que podemos caracterizar de clássicos: seus pensamentos não
envelhecem e estão enraizados na área, são atemporais. As leituras indicadas, além de estarem alinhadas aos
conteúdos abordados, podendo construir uma ampliação, ajudando você a tecer suas próprias reflexões, são
clássicas para a área e para a formação profissional.
O primeiro artigo é de autoria do Professor Valter Bracht, no qual ele apresenta sua proposta epistemológica
da prática pedagógica como objeto da Educação Física. Em seu artigo, ele busca construir sua base de
argumentação, como você poderá apreender.

BRACHT. V. A constituição das teorias pedagógicas da educação física. Cadernos Cedes, ano XIX, n. 48,
p. 69-88, ago. 1999.

O segundo artigo é fruto de toda discussão presente na área, uma reflexão a partir dos ideais da matriz
científica e pedagógica. Seu autor é o professor Mauro Betti, que analisa as contribuições de Go Tani, Valter
Bracht e do professor Hugo Lovisolo, tecendo um amplo debate sobre as ideias propostas e mais
representativas na área.

BETTI, M. Educação física como prática científica e prática pedagógica: reflexões à luz da filosofia da
ciência. Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v. 19, n. 3, p. 183-97, jul./set. 2005.
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Introdução à Educação Física


O mercado do profissional de educação física

Nesta webaula, objetivamos compreender o mercado de trabalho da Educação Física e suas especificidades
de atuação profissional no contexto das equipes multidisciplinares.

Mercado de trabalho e Educação Física

O mercado de trabalho, de um modo geral, pode ser compreendido por diversos aspectos, como sociais,
políticos, econômicos e culturais. Configura-se como um campo que abrange o mundo do trabalho, as lutas
internas de cada profissão, cada grupo profissional, suas características, as demandas sociais e a oferta de
serviços e profissionais.

No caso da Educação Física, compreendem-se diversos campos de atuação profissional, suas especificidades
e os objetos de conhecimento estruturantes da área, como o esporte, o lazer e cultura, a saúde, a educação
básica e a educação não formal. Importante você pensar que esses campos de atuação se configuram de
diferentes formas, exigindo conhecimentos e competências distintas. Por exemplo, você pode atuar na saúde
privada com musculação em academias, como personal trainer; e na reabilitação, no campo da saúde
pública.

Fonte: Shutterstock.

Fonte: Shutterstock.

Ao pensar a área da saúde, muitas possibilidades se abrem. Os aspectos econômicos do país, por exemplo,
juntamente com as políticas de saúde, nas esferas federais, estaduais e municipais, podem impactar
diretamente o mercado de trabalho. Portanto, é na relação com outros campos que podemos compreender o
nosso.

Saiba mais
O mercado de trabalho das academias configura-se como um dos mais importantes para a Educação Física.
Pode ser considerado, no campo do bacharelado, um mercado que absorve parte significativa dos
profissionais formados. Esse fenômeno tem relação com o processo de globalização e a materialização do
neoliberalismo na política econômica a partir dos anos 1980 e 1990 no Brasil. Em nosso país houve um
boom das academias de musculação a partir dos anos de 1970, consolidando-se nos anos de 1980 como um
campo não apenas voltado para a prática da musculação, halterofilismo, mas para os cuidados com a saúde e
a estética, diversificando suas ofertas para além da musculação, como a presença de esportes de lutas,
ginásticas, danças. Outro aspecto importante se deu na própria gestão desses espaços, que a partir da própria
lógica neoliberal passaram a ser pensados efetivamente como negócio, com demanda por administração e
gestão profissional, caracterizando-se como um campo de investimento de pessoas e profissionais de outras
áreas, sendo função do profissional de educação física o desenvolvimento de programas a serem
implantados, na maioria das vezes de forma padronizada. Hoje, as academias e seus mais diversos serviços
ofertados podem ser considerados um dos mais importantes nichos de mercado da área, principalmente para
a atuação do bacharel.
Equipe multidisciplinar

O trabalho em equipes multidisciplinares é uma demanda crescente na sociedade, uma vez que os problemas
sociais passaram a ser compreendidos a partir das múltiplas áreas que podem contribuir para seus
enfrentamentos.

Para atuar nesse contexto, além do domínio da expertise da área, da especialidade no objeto de intervenção,
algumas competências são fundamentais, como a cooperação, o trabalho em equipe, a solidariedade, o
reconhecimento da importância das demais profissões envolvidas e dos limites e fronteiras dos
conhecimentos. Essas são algumas das características gerais de qualquer profissional que queira atuar nesse
mercado e desenvolver competências e habilidades a partir da sua área de formação, pensando em como
pode efetivamente contribuir, como um representante da área.

A seguir, destacamos áreas em que o educador físico trabalha em conjunto com outros profissionais.

Saúde
A área da saúde é, sabidamente, a mais abrangente no contexto da atuação do educador físico em equipes
multidisciplinares. Podemos compreender esse fato tanto pela dimensão legal, uma vez que está presente nas
profissões da saúde, quanto por demonstrar ao longo do tempo capacidade de produção de conhecimento
acadêmico e profissional para preparar seu profissional de forma qualificada. Logo, é uma conquista da área,
como a atuação no Núcleo de Apoio a Saúde da Família e a atuação em ambientes hospitalares.
Esporte
O esporte é um dos campos de protagonismo mais relevantes para a área. A
atuação em equipes multidisciplinares é mais facilmente encontrada nos clubes de
esportes de rendimento e performance atlética. Com conhecimentos em
biomecânica, fisiologia, anatomia, assim como o domínio de equipamentos e
tecnologias para obtenção de dados, o profissional da área pode colaborar no
processo de formação, treinamento, recuperação e prevenção de lesões,
aumentando o desempenho a partir dos dados mensuráveis.
Lazer
O lazer se tornou, principalmente a partir dos anos 1970, um campo de estudo e
intervenção da Educação Física. Com uma vasta produção de conhecimento
acadêmico voltado para a formação desse profissional, a Educação Física
consolidou-se nos campos do lazer, da recreação e das atividades lúdicas que se
dão em diferentes contextos. É possível a atuação em hotéis, resorts, clubes
recreativos, órgãos públicos, empresas de turismo. Enfim, o profissional de
educação física se depara com a necessidade de trabalho multidisciplinar devido à
complexidade do fenômeno lazer na sociedade contemporânea.
Campo educacional
No campo educacional, dentro da educação básica, juntamente com os demais
professores e profissionais que compõem a equipe e comunidade escolar, há uma
forte tendência ao trabalho multidisciplinar, pensando nas competências e
habilidades que se espera dos estudantes na sociedade, ou seja, uma educação de
qualidade passa por romper os modelos tradicionais pedagógicos, e o trabalho
multidisciplinar é uma importante estratégia educacional que pode ocorrer em
equipes permanentes, como no trabalho com a educação inclusiva com alunos
com deficiência, altas habilidade ou transtornos globais. A própria dimensão da
Base Nacional Comum Curricular coloca a Educação Física na área de linguagem,
junto com Artes e Língua Portuguesa. A BNCC também estabelece muitos temas
contemporâneos transversais, que precisam ser trabalhados a partir do diálogo
com outros profissionais envolvidos no âmbito escolar (BRASIL, 2018).
Desporto e atividades físicas adaptadas
O campo da Educação Física e do desporto e atividades físicas adaptadas também se
configura como importante espaço social de atuação multidisciplinar. No trabalho
de reabilitação de uma deficiência física, por exemplo, muitos profissionais
precisam estar envolvidos, e o conhecimento especializado sobre esse campo é a
base para atuação do profissional de educação física. As escolas de educação
especial, assim como a educação inclusiva na educação formal, exigem e requerem
um profissional com domínio de conhecimento específico, mas, também, com
competências para o trabalho colaborativo de modo multidisciplinar.

Por fim, enfatizamos que a amplitude do mercado de trabalho no setor da Educação Física nos deixa, por um
lado, uma sensação de grandes chances de inserção, mas, por outro, também nos coloca diante da
responsabilidade de uma formação acadêmica sólida para poder se manter no mercado de trabalho. Portanto,
continue buscando novos conhecimentos para se aperfeiçoar.

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Bons estudos!

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Introdução à Educação Física


Outras possibilidades de atuação do profissional de Educação Física
Nesta webaula, trataremos sobre as seguintes possibilidades de atuação do profissional de Educação Física:

• Área da gestão desportiva.


• Área científica.
• Área da comunicação.
• Área tecnológica/digital.

Gestão desportiva

A enciclopédia digital Wikipédia nos oferece uma boa definição de gestão do esporte:

A Gestão do Esporte (ou Sport Management em inglês) é uma área de conhecimento e atuação que envolve
o gerenciamento das diversas atividades e organizações existentes no segmento da “Indústria do Esporte”,
ou seja, ações práticas, eventos e produtos que se relacionam com inúmeras modalidades esportivas e as
diferentes organizações envolvidas. Além disso, a Gestão do Esporte também pode englobar o
gerenciamento de programas e projetos esportivos que são ofertados pelo poder público. A Gestão do
Esporte possui como principal objetivo realizar o gerenciamento efetivo, eficaz e eficiente das atividades e
organizações esportivas.
WIKIPÉDIA, 2020, [s. p.].

Área científica

Para atuar na área científica, é necessário que o profissional faça parte de algum programa científico
associado às pesquisas da área ou a outro setor que possibilite o desenvolvimento científico. A Ciência do
Esporte, por exemplo, engloba áreas diversas do conhecimento. Seu objetivo é otimizar e entender o
desempenho esportivo. Ela pode ser definida como um processo científico disposto a guiar/orientar a prática
desportiva, buscando o alto rendimento.

No âmbito esportivo, a investigação científica tem como objetivo principal a utilização do método e do
experimento para construir um ambiente adequado ao atleta ou à equipe, a fim de que seu desempenho possa
ser elevado ao máximo.
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Jornalismo esportivo

Fonte: Shutterstock.

Área da comunicação

Sobre o mercado de trabalho para o profissional de Educação Física, na área da comunicação, devemos nos
lembrar que o jornalismo esportivo é muito tradicional no Brasil e no mundo. Esse fato remete às origens da
mídia de massa e da popularização dos esportes competitivos de alto rendimento, tornando-se um espetáculo
e uma ação de entretenimento para as pessoas.

A consolidação de eventos e competições internacionais – como a Copa do Mundo e as Olimpíadas – no


final do século XIX e começo do XX, funcionou como estímulo poderoso à estruturação e organização de
tecnologias de comunicação em nível global. A Educação Física, nessa época, consolidou-se como campo
de conhecimento, principalmente através da cobertura e divulgação desses eventos. Profissionais de
Educação Física podem integrar setores da imprensa (televisiva, rádio ou impressa) como comentaristas
especialistas de determinadas modalidades esportivas. Em alguns casos, passam a fazer parte das equipes
desportivas de jornais, emissoras de rádio e TV.

Área tecnológica/digital
Atuar na área tecnológica/digital no meio desportivo é, sem dúvidas, o que temos de mais recente dentre as
oportunidades de atuação profissional em Educação Física. Embora sempre tenha sido uma aliada do
esporte, a tecnologia digital atualmente pode trazer informações muito precisas a quem prepara e ao próprio
competidor, influenciando direta ou indiretamente seu desempenho desportivo. Novos softwares, aparelhos e
aplicativos são feitos com a contribuição de profissionais da área da Educação Física, que não só trabalham
direta ou indiretamente para o desenvolvimento dessas tecnologias como também são qualificados para
ensinar como as utilizar no cotidiano esportivo.

Saiba mais

Na área tecnológica/digital, as possibilidades de atuação são muitas. Uma delas é ser analista de
desempenho.

Na atualidade, os principais campos de atuação dos analistas de desempenho são: trabalhos em clubes,
formação de jogadores, mercado de atletas, geradores de conteúdo para rádios e mídias, TVs e profissionais
que trabalham com big data (área do conhecimento que estuda como analisar, tratar e buscar informações
através de conjuntos de dados grandes demais para serem analisados por sistemas tradicionais).
Como você pode ter notado, apresentamos áreas de atuação profissional não convencionais quando
comparadas com aquelas comumente adotadas. No entanto, elas não deixam de ser importantes para a
comunidade. Caso se interesse, procure canalizar sua atenção para algumas delas, pois são recentes e
representam grandes chances de êxito, haja visto a importância do esporte em nossa sociedade.

Bons estudos!

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Introdução à Educação Física


A atuação do profissional de Educação Física

A fim de ajudá-lo a identificar as possibilidades de atuação na área de Educação Física, nesta webaula, serão
discutidos os seguintes temas:

• Pesquisa na Educação Física.


• Transformações na área da Educação Física.
• Especificidades da intervenção profissional.
• Público e objetivos na Educação Física.

Pesquisa em Educação Física

A pesquisa sistemática na área de Educação Física pode ser considerada uma atividade recente, uma vez que
as décadas de 1970 e 1980 foram decisivas para a estruturação do que nós hoje denominamos projetos em
pós-graduação stricto sensu em Educação Física. O primeiro curso de mestrado em Educação Física do
Brasil foi criado em 1977, na USP. Já o primeiro curso de doutorado surgiu em 1989, também na USP. Para
avaliar esses programas de pós-graduação, foi criada, em 1977, a Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal do Ensino Superior (CAPES), junto com o Conselho Técnico-Científico da Educação Superior
(CTC-ES). Até o momento, a área da Educação Física contempla 37 programas de pós-graduação stricto
sensu funcionando no Brasil. Destes 37 programas, 5 foram excluídos, 2 por se constituir como mestrado
profissionalizante e 3 por não ser exclusivamente a Educação Física.
Pesquise mais
Transformações na área de Educação Física

A Educação Física sempre esteve bastante conectada com as ciências humanas e do esporte, além disso,
muitos fatores foram impactantes na transformação e inovação na área, dentre os quais podemos citar os
seguintes:

• Passou a haver consideração das diferentes dimensões relacionadas à Educação Física e compreensão
da relação entre o “homem e a sociedade”.
• Os aspectos pedagógicos serviram como instrumentos na Educação Física, como fator impactante.
• No passado, mais especificamente há três décadas, com a ausência de uma organização fortalecida de
conhecimento teórico e científico, a Educação física se manifestava como um conhecimento prático.
• Houve mudança na estruturação da Educação Física nas últimas décadas, tendo seu status mais
reconhecido devido à atuação na prevenção e tratamento de várias doenças e na promoção da saúde.
• Fortalecendo a área, existe a possibilidade de atuação na saúde. O Conselho Nacional de Saúde
reconhece os profissionais de Educação Física como especialista da saúde, através da Resolução n°
218, de 6 de março de 1997, sendo que, no ano seguinte, foi concretizada a regulamentação da
profissão, através da Lei nº 9.696/1998, atuando no sistema CONFEF/CREFs.
• A partir do reconhecimento do grau de importância do profissional de Educação física, o Ministério da
Saúde passou a inserir a atividade física no Sistema Único de Saúde (SUS).
• Na atualidade, o curso sofreu uma nova alteração em seu processo de formação, estruturando-se da
seguinte forma: núcleo comum, que engloba eixos de formação geral de estudo da área, e etapa
específica (licenciatura e bacharelado em Educação Física), na qual o aluno terá conhecimentos
específicos do ambiente escolar e não escolar.
Especificidades da intervenção profissional

A ética profissional é uma das responsabilidades na intervenção dos profissionais de Educação Física em
suas aplicações de conhecimentos pedagógicos e técnicos sobre a atividade física.

Além disso, essa intervenção pode ser direcionada a alguns grupos de pessoas, apenas uma única pessoa,
com faixas etárias diversificadas, desde os mais jovens até os da terceira idade, observando as características
individuais dessas pessoas, principalmente suas necessidades especiais, como também suas condições
corporais, sendo que para maior informação desses indivíduos, as avaliações trarão indicadores importantes
e atualizados de tais condições.

Terceira idade

Fonte: Shutterstock.

No que se refere à intervenção profissional e suas especificidades, podemos verificar que elas são
subdivididas em alguns setores, que vai da regência/docência em educação física, treinamento desportivo,
preparação física e avaliação física, passando pela recreação e atividade física e orientação de atividades
físicas, até a gestão em Educação Física e desporto.

Público e objetivos da Educação Física

A intervenção em Educação Física abrange muitos públicos, embora o objeto final seja o ser humano.
Contudo, essas diversidades podem ser observadas quanto aos locais de intervenção, às diferenças de
gênero, às faixas etárias e principalmente aos objetivos.

Quando nos referimos ao ambiente escolar, o público é composto por estudantes matriculados na Educação
Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio). Nesse ambiente, existe variação de idade,
gênero e outras particularidades que deverão ser respeitadas, principalmente aquelas que necessitam de uma
inclusão apropriada.
Público da Educação Básica

Fonte: Shutterstock.

Quanto aos objetivos a serem alcançados, no ambiente escolar devem ser seguidas as diretrizes
recomendadas pelo órgão institucional responsável pela organização das entidades, de acordo com a série e
idade dos alunos.

Já no ambiente não formal, fora do ambiente escolar, os objetivos devem ser direcionados ao que se
pretende desenvolver com as atividades relacionadas à saúde ou ao desenvolvimento desportivo.

Um ponto muito importante é que ambos os públicos, em seus objetivos, devem se envolver com os
exercícios e atividades corporais despertando convivências harmoniosas e instrutivas com os cidadãos,
sendo capazes de respeitar e reconhecer as características e desempenho dos outros indivíduos, como a si
próprio, não depreciando nem segregando outras pessoas por peculiaridades e qualidades, como os aspectos
físicos, sociais e sexuais.
Diante do exposto, vale ressaltar que as atividades de intervenção em Educação Física, sejam elas em uma
pesquisa, extensão ou ensino, estão acompanhadas de dois fatores: o público e os objetivos

Bons estudos!

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Introdução à Educação Física


Campos de atuação do profissional de Educação Física

Nos campos e possibilidades de atuação do profissional de Educação Física, as áreas são bem variadas,
embora em alguns momentos se confundam em seus objetivos e conteúdo. Por isso, nesta webaula, vamos
tratar sobre quatro áreas em que o profissional de Educação Física pode atuar, são elas:

• Educação escolar.
• Treinamento esportivo.
• Saúde.
• Cultura, recreação e lazer.

Educação escolar

Para que o profissional possa atuar na área escolar, é necessário que tenha na sua formação acadêmica a
habilitação da licenciatura ou alguma graduação generalista. Entre as especificidades de atuação
profissional, segundo o CONFEF (Conselho Federal da Educação Física), uma delas é a regência/docência
em Educação Física, cuja intervenção objetiva apresentar os conteúdos dos componentes curriculares da
disciplina Educação Física no Ensino Fundamental, na Educação Infantil, no Ensino Médio e Superior – no
âmbito das atividades de características técnico-pedagógicas (Ensino, Pesquisa e Extensão), na área das
disciplinas de formação técnico-profissional do Ensino Superior. A atuação desse profissional no ambiente
escolar deverá ser pautada pelas recomendações da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) e
dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), que dividem os ciclos escolares em Fundamental e Médio e
apresentam os objetivos de cada um.
Fonte: Shutterstock.

Treinamento esportivo

A área do treinamento esportivo é específica para o desenvolvimento do esporte competitivo e de alto


rendimento. O professor de Educação Física que atuar nessa área se habilita como bacharel ou faz um curso
de especialização em esportes ou áreas afins. Como especificidade de atuação profissional, as intervenções
se dão principalmente no desenvolvimento básico e no aperfeiçoamento do treinamento técnico, tático e
físico de modalidades esportivas, na área formal e não formal.

Fonte: Shutterstock.

Para desenvolver atividades de treinamento esportivo é necessário compreender como se estrutura o esporte
e seu caráter competitivo. Na sua organização, a periodização do treinamento e seus períodos, etapas e fases
são considerados o ponto de partida para a estruturação da temporada competitiva. Como foi observado, a
área do treinamento esportivo busca a excelência no esporte e procura levar o atleta às suas melhores
condições relacionadas ao desempenho esportivo. Portanto, o treinador precisa ter estudos aprofundados e
atualizados para cada setor ou aspecto que se pretende desenvolver.

Pesquise mais
Fonte: Shutterstock.

Saúde

No campo da saúde, o profissional de Educação Física pode ser habilitado em qualquer área, pois a saúde
pode ser desenvolvida tanto no ambiente escolar quanto fora dele, em situações formais e não formais.
Segundo o CONFEF, a intervenção principal nesse campo é a manutenção da qualidade de vida e da saúde
da população em geral.

Os conceitos de saúde, de aptidão física e de suas dimensões são importantes para o profissional de
educação física no sentido de ele ser capaz de compreender e analisar a qualidade e estilo de vida saudável.
Saiba mais sobre esses conceitos a seguir:

Saúde
Uma das definições conhecidas sobre saúde é da Organização Mundial da Saúde (1978), assim referida:
“multiplicidade de aspectos do comportamento humano voltados ao completo bem-estar físico, mental, social
e espiritual”. A agência ainda acrescenta que não basta apenas não estar doente para ter saúde, é preciso
apresentar evidências ou atitudes que afastem ao máximo os fatores e os comportamentos de risco que possam
precipitar o surgimento das doenças.
Aptidão física
A aptidão física é conceituada como conjunto de atributos que se possui ou que se
pode adquirir em relação à capacidade de realizar esforços físicos, dividida em
aptidão física relacionada à saúde e aptidão física relacionada ao desempenho
atlético. No primeiro caso, está associada a fatores biológicos que oferecem
alguma proteção ao aparecimento de distúrbios orgânicos induzidos pelo estilo de
vida sedentário; e, no segundo caso, a atributos biológicos necessários à prática
mais eficiente dos esportes.
Dimensões relacionadas à saúde
As dimensões da saúde são divididas em: promoção, conservação e educação
(específica da área da educação física); prevenção e controle de doenças e
reabilitação da saúde (associadas à área médica).
Dimensões relacionadas à aptidão física
As dimensões da aptidão física relacionadas à saúde podem ser divididas em:
dimensão morfológica (composição corporal e distribuição da gordura corporal),
dimensão funcional motora (função respiratória, consumo máximo de oxigênio,
função musculoesquelética, força, resistência muscular e flexibilidade), dimensão
fisiológica (pressão sanguínea, tolerância à glicose, sensibilidade insulínica,
oxidação de substratos, níveis de lipídeos sanguíneos e perfil das lipoproteínas) e
dimensão comportamental (tolerância ao estresse).

De posse dessas definições, é possível elaborar programas de atividades com pessoas de várias faixas
etárias, no ambiente escolar e fora dele, com desenvolvimento das capacidades motoras, atendendo às
particularidades dessas pessoas, com prescrição e orientação no exercício físico.

Cultura, recreação e lazer

Para atuar no campo da cultura e do lazer, é necessário que o interessado faça na sua formação acadêmica a
licenciatura, para o ambiente escolar, e o bacharel, para fora da escola. Para fortalecer e solidificar esta
atuação é importante conhecer suas especificidades prescritas no CONFEF, que explicita as ações de
intervenção, além de promover e restabelecer o entendimento do lazer, das relações socioculturais e do bem-
estar psicossocial.

Fonte: Shutterstock.

Quando o profissional de Educação Física promove estas atividades relacionados à saúde, respeita o direito
adquirido pela Declaração Universal dos Direitos da Criança, no artigo 7º, que ressalta o direito ao brincar:
“Toda criança terá direito a brincar e a divertir-se, cabendo à sociedade e às autoridades públicas garantir a
ela o exercício pleno desse direito”. O resultado pretendido tem um impacto muito importante e necessário
dentro de uma ótima prática pedagógica, pois sabemos que essas atividades, e a própria Educação Física,
estão e sempre estarão presentes na vida das pessoas por meio das manifestações esportivas, buscando
valores como: a cultura, a socialização, a interação e a autoestima dos participantes.

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Por meio do conteúdo apresentado, esperamos que você tenha mais clareza sobre as características de
algumas áreas de atuação do profissional de Educação Física. Incentivamos que continue se aperfeiçoando
para alcançar seus objetivos!

Bons estudos!

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Introdução à Educação Física


Dimensão pedagógica e técnico-funcional aplicada e dimensão de gestão e
empreendedorismo

Nesta webaula nos concentraremos em apresentar vários segmentos e setores que compõem a Gestão
Desportiva, são eles:

• Política esportiva.
• Desenvolvimento esportivo.
• Diagnóstico esportivo.
• Promoção esportiva.
• Sistema esportivo.
• Beneficiários esportivos.
• Bens esportivos.
• Mídia esportiva.

• Demanda esportiva.
• Emprego esportivo.
• Empresas esportivas.
• Estruturas esportivas.
• Inovação esportiva.
• Sociedade anônima esportiva.
• Serviços esportivos.
• Organizações não governamentais

Política esportiva

É o conjunto de ações e princípios que uma instituição estabelece como referência para uma atuação
coerente, consistente e homogênea de todas as instituições/partes envolvidas no processo esportivo para
atingir as finalidades identificadas e estabelecidas.

Desenvolvimento esportivo

É o processo de crescimento e de mudanças estruturais de uma área/modalidade esportiva/ organização


esportiva, com evidências de progressos graduais nos indicadores de desenvolvimento.

Diagnóstico esportivo

Consiste num conjunto de levantamentos de dados e indicadores de realidades esportivas (que podem ser
várias), com as devidas interpretações, de modo que o planejamento esportivo consequente tenha as
informações necessárias para sua elaboração.

Promoção esportiva

É o conjunto de ações de uma entidade ou grupo a fim de promover fatos relacionados ao esporte.

Sistema esportivo

Pode ser explicado pelo conjunto de relações existentes entre as partes que atuam nos Esportes de
determinado país.

Beneficiários esportivos
Para se beneficiarem das ações desenvolvidas no sistema esportivo, os B.E., também chamados de usuários
esportivos, são pessoas que, de certa forma, são clientes dos serviços esportivos.

Bens esportivos

Representam o conjunto de condições que permitem possibilidades de uso coletivo esportivo. Um ambiente
qualquer é um bem esportivo, pois acolhe práticas esportivas. Os bens esportivos podem ser públicos ou
privados.

Mídia esportiva

Representa o conjunto dos meios de comunicação existentes (impressa, eletrônica e virtual).

Fonte: Shutterstock.

Demanda esportiva

É a quantidade (expressa em números) de pessoas (consumidores esportivos) que procuram um determinado


serviço esportivo.

Emprego esportivo

São situações de relação capital-trabalho nas quais esportistas de diferentes tipos de desenvolvimento com
processos e fatos esportivos recebem remuneração por seus serviços.

Empresas esportivas

São organizações que, com o objetivo do lucro, tratam de assuntos do esporte, como promoção, eventos,
serviços técnicos para entidades e associações esportivas, consultorias técnico-esportivas, interesses de
atletas etc.

Estruturas esportivas

São o conjunto de meios/partes existentes em situações/realidades esportivas que permitem o


desenvolvimento dos fatos esportivos.

Inovação esportiva

Compreende as novas práticas, os novos produtos e os novos serviços que surgem no universo do esporte,
provocando um crescimento e uma evolução nesse mundo fenomenológico esportivo.

Sociedade anônima esportiva

É uma forma de estruturação de clubes esportivos, principalmente profissionais, que permite uma divisão de
cotas de capital, com regras específicas em cada situação e cuja gestão controla as cessões das partes e as
questões financeiras.

Serviços esportivos

Podem ser explicados pelo atendimento ou oferecimento de produtos esportivos para o consumo da
sociedade.

Organizações não governamentais


Reconhecidas também como terceiro setor, têm um papel importante na sociedade contemporânea. No
esporte elas têm atuado principalmente na promoção de eventos e no apoio a programas sociais esportivos e
de iniciação esportiva, sem deixar em alguns casos de patrocinar eventos, campanhas e outros
empreendimentos e fatos esportivos.

Saiba mais

Uma curiosidade interessante ao assumir o papel de um gestor esportivo e organizador de uma partida oficial
de uma modalidade coletiva, como voleibol, por exemplo, é a questão da preparação de uma
checklist (lista de todas as providências a serem tomadas e conferidas). Nela devem conter várias
informações, como: bolas; redes; bancos de reservas; régua para rede; postes; antenas; fitas; protetores de
poste; cadeira de árbitro; banquinhos para enxugadores/passadores de bola; mesas e cadeiras (imprensa,
delegado, anotadores); rodos para enxugadores; bancos de reservas; jogos de placas de substituição;
campainha; placar eletrônico; toalhas para enxugadores de bola; toalhas de mesa; comunicação visual;
vestiários; impressos da federação.
Por meio desta leitura, tivemos uma introdução sobre a Gestão Desportiva. Continue seus estudos para se
aprofundar nessa temática!

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Nesta webaula, iremos relacionar a Educação Física com a história, a antropologia e a sociologia,
considerando também aspectos da fisiologia, bioquímica, morfologia e biomecânica. Isso porque todos esses
conhecimentos devem estar associados com a prática laboral da Educação Física no mercado de trabalho.
Assim, esperamos qualificar você para atuar nesse campo de forma mais assertiva.

Educação Física, características da profissão e dimensão socioantropológica e biodinâmica

A Educação Física, profissionalmente falando, é uma área nova, considerando que teve sua regulamentação
em 1998. A partir de então, muito se tem discutido sobre o que de fato é o papel do profissional de Educação
Física e qual exatamente é a sua função.

Para responder essas e outras questões, é de suma importância que, não só o acadêmico, mas também o
profissional da área compreenda como tudo se iniciou e evoluiu até chegar à presente realidade, com ênfase
em quais subáreas ou disciplinas foram surgindo no decorrer do tempo.
A Educação Física chegou ao Brasil por volta de 1882, referendada por Rui Barbosa, moldada com base no
que já existia em outros países, evidentemente com as devidas adaptações. Nos anos 1930, a Educação
Física tinha objetivos militares, fortalecidos pelas políticas públicas. Posteriormente, começou a se
ramificar, buscando segmentos específicos, como o do treinamento desportivo e o das atividades voltadas
para a saúde.

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Aspectos sociológicos e antropológicos também foram alvo de estudos e discussões para tentar fortalecer a
área. A corporeidade e a motricidade foram alicerçadas no pensar e legitimar o corpo, e justamente devido a
essa discussão sobre o corpo humano é que novas subáreas ou disciplinas surgiram ou foram fortalecidas,
como é o caso da morfologia, biomecânica, fisiologia e bioquímica.

Todas essas disciplinas estão diretamente associadas ao corpo humano. Por exemplo, a morfologia é a área
que estuda as formas dos seres vivos, que traz consigo a biomecânica, a qual tem como objetivo o estudo
dos movimentos, analisando a cinemática e a cinética, ou seja, elementos imprescindíveis na realização do
exercício físico.
Saiba mais

A biomecânica é alicerçada graças a dois pesquisados: Borelli (século XVII) e Marey (século XIX). Vamos
conhecê-los!

Giovanni Alfonso Borelli, era físico, fisiólogo e matemático. Publicou várias pesquisas e concretizou
diversas teorias, tornando-se, assim, o patriarca da biomecânica. Como autor, Borelli publicou o livro
intitulado De Motu Animalium, entre 1680 ou 1681, no qual apresentava os primeiros relatos sobre
locomoção humana, sendo um dos precursores da ideia de contração muscular por meio de estímulos
nervosos.

Giovanni Alfonso Borelli

Fonte: Wikimedia Commons.

Étienne-Jules Marey

Fonte: Digite aqui a fonte da imagem.

Sobre Étienne-Jules Marey, as informações históricas apontam que o inventor criou o cronofotógrafo,
aparelho que tornou possível análises do corpo humano, atividade de suma importância para a cardiologia e
seus tratamentos.

No exercício físico, não é somente a forma dos movimentos que é estudada e analisada, mas também os
processos bioquímicos envolvidos, daí a necessidade de a fisiologia do exercício e a bioquímica estarem
presentes na formação do educador físico. A fisiologia do exercício busca, em seus princípios, o
funcionamento do corpo humano e os resultados crônicos e agudos dos variados sistemas orgânicos.
A bioquímica é uma parceira da fisiologia, pois ela tem a função de verificar as reações químicas que se
manifestam com o corpo em descanso e as que se sucedem com a movimentação.

Pesquise mais
Por fim, é importante destacar que, nas séries dos conteúdos apresentados, o objetivo foi apresentar os
conceitos de forma resumida. Esperamos que isso instigue em você, aluno, a curiosidade por buscar mais
informações para construir suas próprias ideias e aplicá-las quando seja pertinente, tanto na teoria quanto na
prática.

Bons estudos!

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Introdução à Educação Física


Dimensão comportamental e dimensão científica e tecnológica
Ao longo desta webaula, trataremos sobre a intervenção do educador físico para a aquisição das habilidades
motoras no desenvolvimento humano, o que é um processo pelo qual os seres humanos passam no decorrer
dos anos, com mudanças e transformações, não só na estrutura física, mas também cognitiva. Assim sendo,
dois pontos devem ser considerados: o físico e o psicológico. Também, ao final desta leitura, destacaremos a
importância da ética profissional.
Desenvolvimento físico

O desenvolvimento físico se inicia desde os primeiros dias de nascimento até chegar à idade adulta e
continua até a terceira idade.

O corpo cresce e se desenvolve. Por isso, há a necessidade de diferenciarmos os conceitos de “crescimento”


e “desenvolvimento”. O crescimento está associado a um aumento quantitativo da massa corporal, aumento
da estrutura do corpo humano. Já o desenvolvimento são alterações e mudanças no funcionamento do
organismo das pessoas ao longo do tempo. Para que ocorram essas alterações e adaptações, precisamos
refletir sobre alguns fatores:

Idade biológica
Está associada ao desenvolvimento físico dos indivíduos.
Idade cronológica
Tem ligação com quantidade de anos, meses, semanas e dias de existência de
um organismo.
Maturação
Relaciona-se ao amadurecimento, momento excelente de integração de
funcionamento dos sistemas corporais e capacidade de reprodução.
Compreendendo esses processos, a aquisição das habilidades básicas e especializadas são desenvolvidas em
fases e seus respectivos estágios, sendo eles:

Fase dos movimentos reflexivos

Estágio de codificação e decodificação de informações.

Fase dos movimentos rudimentares

Estágio de inibição de reflexos e estágio de pré-controle.

Fase dos movimentos fundamentais

Estágio inicial. Elementar e maduro.

Fase motora especializada

Estágio transitório, de aplicação e de utilização permanente.

Pesquise mais

A intervenção, tanto no ambiente escolar quanto no não escolar, realizada pelo profissional de Educação
Física é baseada em três princípios do desenvolvimento motor, que são estruturados em três categorias que
interveem na aquisição da qualidade das ações, sendo elas:

Estabilização

Rolar, equilibrar e apoio invertido.

Locomoção
Andar, trotar, correr e saltar.

Manipulação

Arremessar e lançar, chutar, rebater, receber e agarrar (bola).

Saiba mais

Embora associada à idade, a aquisição das habilidades motoras fundamentais maduras não depende
exclusivamente da idade, mas sim de alguns fatores, entre eles: o ambiente, o indivíduo e a atividade
realizada.

Nesse caso, o ambiente está relacionado com a oportunidade para a prática, encorajamento/motivação e
ecologia (ambiente). Sobre o indivíduo, destacam-se as questões anatômicas, fatores fisiológicos mecânicos
e motores/perceptivos. Por fim, sobre a atividade, temos as exigências do desempenho, formação do padrão
motor e graus de liberdade.
Educação Física e psicologia

O profissional de Educação Física, mesmo não sendo especialista em psicologia, acaba por aplicar atitudes
relacionados a essa área, como a motivação da prática esportiva, a resolução de problemas e conflitos
pessoais ou de grupos ou ainda a promoção da autoestima.

Fonte: Shutterstock.

Uma contribuição importante da aproximação entre a Educação Física e a psicologia pode ser a utilização de
estratégias de problematização, como situações reais de ensino em que, mesmo surgindo de lugares
distintos, possam contribuir com a formação do professor dessa área. Tais táticas de ensino levariam ao
desenvolvimento de um ponto de vista crítico, firmando-se numa convicção de cidadão autônomo e ativo,
não somente no sentido físico, mas politicamente comprometido com a transformação social.

Por outro lado, para que essa intervenção ocorra, é necessário, além da competência profissional, o
cumprimento de um quesito muito significante na área, que é a ética profissional.

Ética profissional

Para a sua intervenção, o profissional de Educação Física se vale de métodos e diagnósticos, técnicas e
aparelhos que avaliam as capacidades motoras, a composição corporal funcional e as características da
biomecânica para programar e aplicar cargas dinâmicas, utilizar instalações, materiais, equipamentos e
técnicas apropriadas.

Além disso, o profissional de Educação Física deve estar ciente de que a ética profissional deve embasar
suas intervenções. Por isso, ele deverá estar habilitado para:

• Pesquisar, compreender, estudar e aplicar os conhecimentos biopsicossociais e pedagógicos da


atividade desportiva e física nas suas variadas manifestações, considerando o contexto histórico-
cultural.
• Ser atuante nas dimensões de seu campo profissional, desde uma conduta crítico-reflexiva e ética.
• Aplicar e propagar conhecimentos teóricos e práticos.
• Promover uma educação permanente e efetiva para a ocupação do tempo livre, saúde e lazer.
• Favorecer a formação integral de crianças, jovens, adultos e idosos, na direção de que sejam cidadãos
conscientes e autônomos.
• Estimular e promover o direito de todos os indivíduos para a atividade física, por caminhos formais
e/ou não formais.
• Impulsionar estilos de vida saudáveis, combinando com as necessidades de indivíduos e grupos,
estando presente como intermediário de transformação social.
• Ter conhecimentos para a utilização de recursos tecnológicos, próprios à aplicação profissional.

Sendo assim, o Conselho Federal de Educação Física reforça algumas atitudes e direcionamentos a serem
preservados pelos profissionais, sendo eles:

• Trabalhar o ser humano a partir do corpo.


• Efetuar adequação às diversas realidades.
• Comprometer-se com a cidadania.
• Seguir a regulamentação da profissão.
• Valorizar a cultura brasileira.

Fonte: Shutterstock.

Por meio do conteúdo apresentado, compreendemos que:

• A Educação Física pode contribuir para o desenvolvimento motor dos indivíduos.


• Existe relação entre Educação Física e psicologia, quando o professor motiva os alunos e contribui
para sua autoestima por meio das atividades físicas, por exemplo.
• A conduta ética do educador físico é fundamental, inclusive porque ele é o responsável pela
integridade dos participantes.

Bons estudos!

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