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Direito Internacional Público

Actos Jurídicos Unilaterais


Internacionais

Amílcar Mário QUINTA (2023)


amilcar.quinta@ucan.edu
Plano da Apresentação

 Noção de actos jurídicos unilaterais


internacionais;

 Características dos actos jurídicos


unilaterais internacionais;

 Classificação dos actos jurídicos


unilaterais internacionais.
Actos Unilaterais
 Considerações gerais: O Art. 38.º do Estatuto do
Tribunal Internacional de Justiça não esgota as fontes de
Direito Internacional.
 Noção geral: “Acto unilateral, na ciência jurídica, é aquele
em que a manifestação de vontade de um sujeito de
direito é suficiente para produzir efeitos jurídicos.” Celso
D. de Albuquerque Mello
 Noção de actos jurídicos unilaterais internacionais:
 “Acto unilateral é uma manifestação da vontade de um
só sujeito de direito internacional, cuja validade não
depende prima facie de outros actos jurídicos e que
tende a produzir efeitos – criação, modificação,
extinção e conservação de direitos e obrigações – para
o sujeito que o emite e para terceiros, em determinadas
circunstâncias.” Dias de Velasco
Actos Unilaterais
 Noção de actos jurídicos unilaterais
internacionais: Actos praticados
 por um só sujeito de direito
internacional;
 por vários conjuntamente, quando as
respectivas vontades têm o mesmo
conteúdo, ou
 por órgãos de organizações
internacionais, de acordo com os
respectivos estatutos.
Características dos Actos Unilaterais
 São obrigatórios para os seus autores;
 Devem deve ser proferidos com a intenção de
criar obrigações;
 Os Estados que confiaram no acto unilateral têm
o direito de exigir o seu cumprimento;
 Vinculam o Estado, sendo-lhes estes oponíveis;
 São apenas imputáveis aos órgãos com
competência para engajar o Estado no plano
internacional;
 Sua emissão deve respeitar as normas de Direito
Classificação dos Actos Unilaterais
 Quanto ao número de actores:
 Actos singulares: Actos praticados por um
só Estado;
 Actos plurais: Actos praticados por dois ou
mais Estados colectivamente.

 Quanto à natureza dos seus actores:


 Actos estaduais: Actos que emanam de
Estados;
 Actos de organizações internacionais:
Actos que emanam de organizações
internacionais.
Classificação dos Actos Unilaterais (II)
 Quanto à forma:

 Actos tácitos: Equivalem ao silêncio e são


assimilado à aquiescência (quid tacit,
consentire videtur);

 Actos expressos: Podem conhecer a forma


de protesto, notificação, renúncia,
denúncia, reconhecimento e promessa.

 Tal enumeração não é, entretanto,


exaustiva.
Classificação dos Actos Unilaterais (III)
 Quanto aos efeitos:
 Actos estaduais formal e materialmente
internacionais: Os que emanam de órgãos
estaduais com competência para agir no
quadro das relações internacionais e ai
produzem directamente os seus efeitos;

 Actos estaduais formalmente internos


mas com relevância internacional: Os que
são praticados pelos órgãos do Estado,
internamente, mas cujos efeitos se fazem
sentir na esfera internacional.
Classificação dos Actos Unilaterais (IV)
 Quanto aos efeitos:
 Actos institucionais e actos comunitários:
Os que emanam de órgãos competentes de
organizações internacionais;
 Estes actos têm o seu fundamento no tratado
de constituição da respectiva Organização;
 Organizações Internacionais do tipo
clássico: Os actos unilaterais se apresentam
sob a forma de resoluções, recomendações
ou decisões;
 Organizações Internacionais supra-
nacionais: Os actos unilaterais têm
geralmente carácter vinculativo.
Classificação dos Actos Unilaterais (V)
 Quanto aos efeitos: Actos institucionais e
actos comunitários.
 Quanto ao seu conteúdo, os actos unilaterais das OIs
podem apresentar-se como:
 Actos jurisdicionais: Quando são sentenças de
tribunais pertencentes à OIs;
 Actos de pura administração interna: Actos de
carácter processual ou de gestão do respectivo
pessoal;
 Actos de funcionamento da Organização: Actos
quanto às relações internas da OI, quanto às
relações entre a OI e os Estados membros ou entre
estes entre si, e também os relativos aos
indivíduos, quando a Organização em questão tiver
competência para tanto.
PROTESTO
 NOÇÃO: É o acto unilateral pelo qual um Estado declara
expressamente o seu desacordo ou a sua não aceitação
de um facto ou situação que lhe seja prejudicial;
 CAPACIDADE JURÍDICA:
 O protesto é emanado pelos principais sujeitos de
Direito Internacional, ou seja, Estados e OIs;
 O individuo não tem o direito de formular protesto com
efeitos internacionais;
 CAPACIDADE DO ÓRGÃO que formulou o protesto: O
Executivo é o único órgão estadual competente para
emitir protestos;

 A vontade de quem formulou o protesto não deve conter


vícios.
PROTESTO (II)
 Objecto lícito: O protesto está
subordinado ao objecto lícito dos tratados;

 O protesto pode ser escrito ou oral;

 É geralmente endereçado à quem violou


direitos do autor do protesto;

 O protesto evita a criação de uma norma


jurídica, e ele mesmo não cria uma.
NOTIFICAÇÃO
 Noção: É o acto pelo qual um Estado ou
grupo de Estados leva ao conhecimento de
outro, ou de vários outros, um determinado
facto ou situação passíveis de produzir efeitos
jurídicos;
 O sujeito activo da notificação podem ser os
Estados, as OIs e os indivíduos, desde que
estes últimos tenham acesso aos órgãos e
tribunais internacionais;
 O sujeito passivo serão os órgãos
encarregues das relações internacionais do
Estado a quem for dirigida a notificação.
PROMESSA
 Noção: É o acto unilateral mediante o qual o
Estado se compromete a adoptar uma certa
conduta (activa ou passiva ) no futuro;
 O sujeito activo da promessa são os Estados
e as OIs;
 A promessa deve ser dirigida à um sujeito de
Direito Internacional (Estados e OI);
 O beneficiário da promessa deve agir de boa-
fé;
 A jurisprudência admite a obrigatoriedade da
promessa para quem a fez (Ver Caso dos
Ensaios Nucleares, 1974).
RENÚNCIA
 Noção: É um acto unilateral irrevogável
e extintivo de um direito de seu autor;

 Deve ser expressa, uma vez que a


renúncia não pode ser presumida;

 Só será fonte de direito se a sua


validade não depender da vontade de
outro Estado.
DENÚNCIA
 Noção: Acto unilateral mediante o qual o
Estado manifesta sua intenção em se
desvincular de um tratado;

 A denúncia só é um acto unilateral se


produz efeitos sem estar admitida no
tratado;

 A denúncia não será um acto unilateral


se, para produzir efeitos, estiver
prevista no tratado.
RECONHECIMENTO
 Noção: Acto unilateral mediante o qual um Estado, em
presença de determinados factos, declara
expressamente ou admite implicitamente que os
considera como elementos a ter em conta nas suas
relações jurídicas futuras;
 O reconhecimento transforma situações de facto em
situações jurídicas;
 Pode ser tácito ou expresso;
 O objecto ou a situação reconhecidos passam a ser
oponíveis à quem os reconheceu;
 O autor do reconhecimento está impedido de contestar,
posteriormente, o valor jurídico do facto ou situação
antes reconhecidos, se disso resultar prejuízo para a
outra Parte (estoppel).
 A natureza do reconhecimento é declaratória e não
constitutiva.
Jurisprudência
 O Caso dos Ensaios Nucleares
(1974)
 Disponível em http://www.icj-cij.org
Bibliografia
 ACCIOLY, HILDEBRANDO/CASSELA, PAULO BORBA/ NASCIMENTO E SILVA,
EULÁLIO GERALDO - Manual de Direito Internacional Público, 24.ª edição,
Editora Saraiva, S. Paulo, 2019.
 BACELAR GOUVEIA, JORGE.- Manual de Direito Internacional Público – Uma
Perspectiva de Língua Portuguesa, 5.ª edição, Almedina, Coimbra, 2017.
 BROWNLIE, IAN.- Princípios de Direito Internacional Público, Gulbenkian, Lisboa,
1997.
 FRANÇA VAN-DÚNEM, F. J. D - Apontamentos de Direito Internacional Público,
(Textos policopiados), Luanda, 2000.
 GONÇALVES PEREIRA, ANDRÉ/QUADROS, FAUSTO - Manual de Direito
Internacional Público, 9.ª reimpressão da 3.ª edição revista e aumentada, Almedina,
2015.
 LUKAMBA, PAULINO - Direito Internacional Público, 4.ª edição, Escolar Editora,
Lisboa, 2018.
 MACHADO, JÓNATAS E. M - Direito Internacional. Do paradigma clássico ao pós
11 de Setembro, 5.ª Edição, Coimbra Editora, 2019.
 MIRANDA, JORGE - Direito Internacional Público, PRINCIPIA, S. João do Estoril,
6.ª edição, 2016.
 NGUYEN QUOC DINH/ DAILLIER, PATRICK/ PELLET, ALAIN - Direito
Internacional Público, Gulbenkian, Lisboa, 1999.
 REZEK, F.J. - Direito Internacional Público - Curso Elementar, 15ª edição, Editora
Saraiva, 2014.
PRÓXIMA AULA
 Jus cogens;

 Soft law.
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Actos Jurídicos Unilaterais


Internacionais

Amílcar Mário QUINTA (2023)


amilcar.quinta@ucan.edu

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