Amílcar Mário QUINTA marquinta@yahoo.com Plano da Apresentação
Noção de actos jurídicos unilaterais
internacionais;
Características dos actos jurídicos
unilaterais internacionais;
Classificação dos actos jurídicos
unilaterais internacionais. Actos Unilaterais Considerações gerais: O Art. 38.º do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça não esgota as fontes de Direito Internacional. Noção geral: “Acto unilateral, na ciência jurídica, é aquele em que a manifestação de vontade de um sujeito de direito é suficiente para produzir efeitos jurídicos.” Celso D. de Albuquerque Mello Noção de actos jurídicos unilaterais internacionais: “Acto unilateral é uma manifestação da vontade de um só sujeito de direito internacional, cuja validade não depende prima facie de outros actos jurídicos e que tende a produzir efeitos – criação, modificação, extinção e conservação de direitos e obrigações – para o sujeito que o emite e para terceiros, em determinadas circunstâncias.” Dias de Velasco Actos Unilaterais Noção de actos jurídicos unilaterais internacionais: Actos praticados por um só sujeito de direito internacional; por vários conjuntamente, quando as respectivas vontades têm o mesmo conteúdo, ou por órgãos de organizações internacionais, de acordo com os respectivos estatutos. Características dos Actos Unilaterais São obrigatórios para os seus autores; Devem deve ser proferidos com a intenção de criar obrigações; Os Estados que confiaram no acto unilateral têm o direito de exigir o seu cumprimento; Vinculam o Estado, sendo-lhes estes oponíveis; São apenas imputáveis aos órgãos com competência para engajar o Estado no plano internacional; Sua emissão deve respeitar as normas de Direito Classificação dos Actos Unilaterais Quanto ao número de actores: Actos singulares: Actos praticados por um só Estado; Actos plurais: Actos praticados por dois ou mais Estados colectivamente.
Quanto à natureza dos seus actores:
Actos estaduais: Actos que emanam de Estados; Actos de organizações internacionais: Actos que emanam de organizações internacionais. Classificação dos Actos Unilaterais (II) Quanto à forma:
Actos tácitos: Equivalem ao silêncio e são
assimilado à aquiescência (quid tacit, consentire videtur);
Actos expressos: Podem conhecer a forma
de protesto, notificação, renúncia, denúncia, reconhecimento e promessa.
Tal enumeração não é, entretanto,
exaustiva. Classificação dos Actos Unilaterais (III) Quanto aos efeitos: Actos estaduais formal e materialmente internacionais: Os que emanam de órgãos estaduais com competência para agir no quadro das relações internacionais e ai produzem directamente os seus efeitos;
Actos estaduais formalmente internos
mas com relevância internacional: Os que são praticados pelos órgãos do Estado, internamente, mas cujos efeitos se fazem sentir na esfera internacional. Classificação dos Actos Unilaterais (IV) Quanto aos efeitos: Actos institucionais e actos comunitários: Os que emanam de órgãos competentes de organizações internacionais; Estes actos têm o seu fundamento no tratado de constituição da respectiva Organização; Organizações Internacionais do tipo clássico: Os actos unilaterais se apresentam sob a forma de resoluções, recomendações ou decisões; Organizações Internacionais supra- nacionais: Os actos unilaterais têm geralmente carácter vinculativo. Classificação dos Actos Unilaterais (V) Quanto aos efeitos: Actos institucionais e actos comunitários. Quanto ao seu conteúdo, os actos unilaterais das OIs podem apresentar-se como: Actos jurisdicionais: Quando são sentenças de tribunais pertencentes à OIs; Actos de pura administração interna: Actos de carácter processual ou de gestão do respectivo pessoal; Actos de funcionamento da Organização: Actos quanto às relações internas da OI, quanto às relações entre a OI e os Estados membros ou entre estes entre si, e também os relativos aos indivíduos, quando a Organização em questão tiver competência para tal. PROTESTO NOÇÃO: É o acto unilateral pelo qual um Estado declara expressamente o seu desacordo ou a sua não aceitação de um facto ou situação que lhe seja prejudicial; CAPACIDADE JURÍDICA: O protesto é emanado pelos principais sujeitos de Direito Internacional, ou seja, Estados e OIs; O individuo não tem o direito de formular protesto com efeitos internacionais; CAPACIDADE DO ÓRGÃO que formulou o protesto: O Executivo é o único órgão estadual competente para emitir protestos;
A vontade de quem formulou o protesto não deve conter
vícios. PROTESTO (II) Objecto lícito: O protesto está subordinado ao objecto lícito dos tratados;
O protesto pode ser escrito ou oral;
É geralmente endereçado à quem violou
direitos do autor do protesto;
O protesto evita a criação de uma norma
jurídica, e ele mesmo não cria uma. NOTIFICAÇÃO Noção: É o acto pelo qual um Estado ou grupo de Estados leva ao conhecimento de outro, ou de vários outros, um determinado facto ou situação passíveis de produzir efeitos jurídicos; O sujeito activo da notificação podem ser os Estados, as OIs e os indivíduos, desde que estes últimos tenham acesso aos órgãos e tribunais internacionais; O sujeito passivo serão os órgãos encarregues das relações internacionais do Estado a quem for dirigida a notificação. PROMESSA Noção: É o acto unilateral mediante o qual o Estado se compromete a adoptar uma certa conduta (activa ou passiva ) no futuro; O sujeito activo da promessa são os Estados e as OIs; A promessa deve ser dirigida à um sujeito de Direito Internacional (Estados e OI); O beneficiário da promessa deve agir de boa- fé; A jurisprudência admite a obrigatoriedade da promessa para quem a fez (Ver Caso dos Ensaios Nucleares, 1974). RENÚNCIA Noção: É um acto unilateral irrevogável e extintivo de um direito de seu autor;
Deve ser expressa, uma vez que a
renúncia não pode ser presumida;
Só será fonte de direito se a sua
validade não depender da vontade de outro Estado. DENÚNCIA Noção: Acto unilateral mediante o qual o Estado manifesta sua intenção em se desvincular de um tratado;
A denúncia só é um acto unilateral se
produz efeitos sem estar admitida no tratado;
A denúncia não será um acto unilateral
se, para produzir efeitos, estiver prevista no tratado. RECONHECIMENTO Noção: Acto unilateral mediante o qual um Estado, em presença de determinados factos, declara expressamente ou admite implicitamente que os considera como elementos a ter em conta nas suas relações jurídicas futuras; O reconhecimento transforma situações de facto em situações jurídicas; Pode ser tácito ou expresso; O objecto ou a situação reconhecidos passa a ser oponíveis à quem o reconheceu; O autor do reconhecimento está impedido de contestar posteriormente o valor jurídico do facto ou situação antes reconhecidos, se disso resultar prejuízo para a outra Parte (estoppel). A natureza do reconhecimento é declaratória e não constitutiva. Jurisprudência O Caso dos Ensaios Nucleares (1974) Disponível em http://www.icj-cij.org Bibliografia ACCIOLY, HILDEBRANDO/NASCIMENTO E SILVA, EULÁLIO GERALDO.- Manual de Direito Internacional Público, 20ª edição, Editora Saraiva, S. Paulo, 2014. BACELAR GOUVEIA, JORGE.- Manual de Direito Internacional Público, 4ª edição, Almedina, Coimbra, 2013. BROWNLIE, IAN.- Princípios de Direito Internacional Público, Gulbenkian, Lisboa-1997. FRANÇA VAN-DÚNEM, F. J. D.- Apontamentos de Direito Internacional Público, (Textos policopiados), Luanda. GONÇALVES PEREIRA, ANDRÉ/QUADROS, FAUSTO.- Manual de Direito Internacional Público, reimpressão da 3ª edição revista e aumentada, Almedina, 2013. MACHADO, JÓNATAS E. M.- Direito Internacional. Do paradigma clássico ao pós 11 de Setembro, 4ª Edição, Coimbra Editora, 2013. MIRANDA, JORGE.- Direito Internacional Público, PRINCIPIA, S. João do Estoril, 4ª edição revista e actualizada, 2010. NGUYEN QUOC DINH/ DAILLIER, PATRICK/ PELLET, ALAIN.- Direito Internacional Público, Gulbenkian, Lisboa, 1999. REZEK, FRANCISCO J.- Direito Internacional Público - Curso Elementar, 15ª edição, Editora Saraiva, 2014. PRÓXIMA AULA Jus cogens;