Você está na página 1de 48

Direito Internacional Público (2019)

Amílcar Mário QUINTA


marquinta@yahoo.com
Plano da Apresentação
 Considerações gerais;

 A personalidade jurídica internacional;

 Capacidade jurídica internacional;

 A personalidade jurídica das organizações


internacionais;

 O Estado como sujeito de Direito Internacional;

 Surgimento dos Estados;

 Reconhecimento de Estados;

 Competências do Estado. 2
Considerações Gerais

Teoria geral da personalidade


jurídica v. Personalidade jurídica
internacional;

Personalidade jurídica v.
Capacidade jurídica.

3
A Personalidade Jurídica Internacional
Sujeito de DI é o titular de direitos e destinatário de
obrigações resultantes de normas jurídico-
internacionais;
Capacidade jurídíca internacional: É a medida de
direitos e obrigações de que um sujeito de DI pode ser
titular ou a que pode ficar adstrito;
A capacidade jurídica internacional depende da natureza
dos sujeitos:
 Estados – Capacidade jurídica plena;
 OI`s – Capacidade jurídica funcional;
 Indivíduos – Capacidade jurídica limitada:
 Os indivíduos não detêm jus tractum, mas
podem fazer lobby junto de Estados e OIs;

 Os indivíduos podem agir colectivamente por via


de organizações por si criadas (Organizações
Não-Governamentais). 4
A Personalidade Jurídica Internacional (I)

OI`s Governamentais: Associação de


Estados c r i a d a s p o r t r a t a d o ;
 Razão de ser:
 Interdependência entre os Estados;
 Cooperação internacional.

 Ex. União Telegráfica Internacional (1875),


Secretariado Internacional de Pesos e
Medidas (1875), União Postal Internacional
(1878) e União para a Protecção das Obras
Literárias e Artísticas (1883).
A Personalidade Jurídica Internacional (II)

 Segundo as estatísticas do Anuário das


Organizações Internacionais (2018 - 2019),
existem cerca de 7,710 OI`s
intergovernamentais.
A Personalidade Jurídica Internacional (III)

OI`s Governamentais:

 Gozam de personalidade jurídica


internacional distinta da dos Estados;

 Gozam de autonomia em relação aos


Estados Membros;

 Capacidade jurídica funcional limitada ao


cumprimento dos objectivos definidos
nos respectivos actos constitutivos.
6
A Personalidade Jurídica Internacional (IV)
OI`s: Jurisprudência internacional
«O Tribunal concluí que a Organização [das Nações
Unidas] é uma pessoa internacional. Isto não
significa que a Organização seja um Estado, o que
de certo não é, ou que a sua personalidade jurídica,
os seus direitos ou deveres sejam os mesmos que
os de um Estado. Tambem não significa que ela seja
um “super-Estado”, qualquer que seja o sentido
desta expressão. Nem sequer isto significa que
todos os direitos e deveres da Organização devem
situar-se no plano internacional, do mesmo modo
que nem todos os direitos e deveres dos Estados
devem situar-se nesse plano. Isto significa que a
Organização é um sujeito de DI, que tem capacidade
para ser titular de direitos e deveres internacionais e
que tem capacidade para exercer estes direitos por
via de uma reclamação internacional.» Parecer TIJ (1949)
7
A Personalidade Jurídica Internacional (V)
OI`s: Jurisprudência internacional
«Enquanto um Estado possui a totalidade
dos direitos e deveres reconhecidos pelo
DI, os direitos e deveres de uma entidade
como a Organização [das Nações Unidas]
dependem dos seus propósitos e funções,
conforme especificados ou implícitos nos
seus documentos constitutivos e
desenvolvidos na prática.»

Parecer do TIJ sobre a Reparação dos


Prejuízos Sofridos ao Serviço das Nações
Unidas (1949) 8
A Personalidade Jurídica Internacional (VI)
OI`s: Direito convencional:
 Artigo 16(1) da Constituição da Organização para
Agricultura e Alimentação:
“A organização terá capacidade de uma pessoa
jurídica para praticar qualquer acto jurídico
apropriado ao seu propósito que não exceda os
poderes concedidos por esta Constituição.”

 Artigo 47.º da Convenção sobre a Aviação Civil


Internacional:
“A organização gozará no território de cada Estado
contratante a personalidade jurídica necessária para
o exercício das suas funções.” 9
O Estado como Sujeito de DI
O Estado é uma pessoa jurídico-internacional
caracterizada por uma população instalada num
território submetida `a um poder político
soberano;
O Estado é o sujeito originário e dominante do DI;
Da personalidade jurídica internacional do Estado
decorrem duas características:
Unidade: O Estado apresenta-se, nas relações
jurídico-internacionais, como um ente uno;
Continuidade: Os direitos e obrigações
internacionais do Estado se mantêm
independentemente de mudanças de Governo.
10
O Estado como Sujeito de DI (II)
O Estado goza de capacidade jurídica
internacional plena que incluí:
Direito de legação (jus legationis): Direito de
enviar e de receber agentes diplomáticos;
Direito de celebração de tratados (jus
tractum);
Direito de fazer a guerra (jus belli): Típico do
DI clássico que legitimava a guerra como
instrumento de política externa;
Direito de reclamação internacional:
Típico do DI contemporâneo assente no
princípio geral da proibição da guerra. 11
O Estado como Sujeito de DI (III)
Elementos constitutivos do Estado: Artigo 1.º da
Convenção de Montevideu sobre os Direitos e
Deveres dos Estados, de 1933]:
“[O] Estado deverá, como pessoa internacional,
possuir os seguintes elementos:
a) uma população permanente;
b) um território definido;
c) um governo;
d) capacidade para estabelecer relações com
outros Estados”
 A Convenção de Montevideu cristaliza um costume
internacional sobre o conceito jurídico-internacional
12
de Estado.
Elementos do Estado: População
Noção: Conjunto de pessoas que de modo
permanente habita o território do Estado e está
ligado à ele pelo vínculo jurídico da nacionalidade;
Princípio da nacionalidade: 1 nação = 1 Estado;
Teorias sobre a nação:
 Teoria objectiva: A nação assenta em factores reais
comuns. Ex. língua, raça, cultura, história, etc.;
 Teoria subjectiva: A nação é uma comunidade
espiritual e de aspirações comuns;
Será o número da população relevante?
 Situação dos micro-estados: Ex. Andorra (467 Km 2),
Liechtenstein (160 Km 2), São Marino (61 Km 2), Nauru (21 km
2) e Mónaco (menos de 22 Km 2). 13
Elementos do Estado: Território
Noção: Espaço físico em que se exerce a
organização e poder do Estado em toda sua
plenitude;

Características do território:
 Estabilidade: População permanente;
 Limitação: Limites fixos e definidos;
 Delimitação v. demarcação
 Definição dos limites do território não
pressupõe a ausência de diferendos
fronteiriços;
 Será relevante a contiguidade territorial?
14
Elementos do Estado: Território (II)
Elementos constitutivos do território:
 Espaço terrestre: Solo, subsolo e águas
interiores;
 Espaço marítimo:
 Mar territorial;
 Zona contígua;
 ZEE;
 Plataforma conti-
nental.
 Espaço aéreo:
Espaço sobrejacente ao
território terrestre + mar
territorial. 15
Elementos do Estado: Território (III)
CRA:
 O Estado exerce a sua soberania sobre a
totalidade do território angolano,
compreendendo este, nos termos da presente
Constituição, da Lei e do Direito Internacional,
a extensão do espaço terrestre, as águas
interiores e o mar territorial, bem como o
espaço aéreo, o solo e o subsolo, o fundo
marinho e os leitos correspondentes [Nº 2 do
Art. 3.º];
 O Estado exerce jurisdição e direitos de
soberania em matéria de conservação,
exploração e aproveitamento dos recursos
naturais, biológicos e não biológicos, na zona
contigua, na zona económica exclusiva e na
plataforma continental, nos termos da Lei e do
Direito Internacional. [Nº 3 do Art. 3.º]. 16
Elementos do Estado: Território (III)
CRA:
 O território da República de Angola é o historicamente
definido pelos limites geográficos de Angola tais como
existentes a 11 de Novembro de 1975, data da
Independência Nacional. [Nº 1 do Art. 5.º];
 O disposto no número anterior não prejudica as
adições que tenham sido ou venham a ser
estabelecidas por tratados internacionais [Nº 2 do Art.
5.º];
 O território angolano é indivisível, inviolável e
inalienável, sendo energicamente combatida qualquer
acção de desmembramento ou de separação de suas
parcelas, não podendo ser alienada parte alguma do
território nacional ou dos direitos de soberania que
sobre ele o Estado exerce. [Nº 6 do Art. 5.º];
 Os recursos naturais, sólidos, líquidos ou gasosos existentes
no solo, subsolo, no mar territorial, na ZEE e na plataforma conti -
nental sob jurisdição de Angola são propriedade do Estado que
determina as condições para a sua concessão, pesquisa e
17
exploração, nos termos da Constituição, da Lei e do DI. [Art. 16.º].
Elementos do Estado: Território (IV)
Natureza jurídica do território:
 Teoria do território-sujeito: Território é um
mero elemento constitutivo do Estado;
 Teoria do território-objecto: Território é
objecto de um direito real de soberania;
 Teoria do território-limite: Território é um
limite às competências do Estado;
 Teoria da competência: Território é a esfera
da competência espacial do Estado. A mais
aceite, hoje, pela doutrina;
 Teoria de espaço vital: Território é o espaço
onde, por razões geopolíticas, o Estado exerce
o seu poder. 19
Elementos do Estado: Governo
Noção: Conjunto dos poderes públicos
instituídos;
Esta noção não se limita às autoridades
executivas do Estado;
O DI importa-se com as instituições
nacionais capazes de engajar o Estado
no plano internacional;
Sem Governo não há Estado;
O Governo deve ter o controlo efectivo do
território, entendido como capacidade real
de exercer todas as funções estatais. 20
Elementos do Estado: Governo (II)
Soberania v. independência;
O Estado é o único sujeito de DI que
beneficia dos atributos de soberania e
independência [Ver Art. 1.º da CRA];
Soberania implica que o Estado não
está sujeito à autoridade de qualquer
outro Estado;
Independência implica que todos os
Estados são iguais nas suas relações
internacionais, agindo ai
autonomamente.
21
Associações de Estados

União Pessoal: Associação fortuíta de 2


Estados sob o poder do mesmo monarca.
A União Pessoal resulta de leis de sucessão
dinástica. Ex. Portugal e Espanha sob o
reinado dos Reis Filipe (1640 - 1648);
A União Pessoal não afecta o estatuto
jurídico-internacional dos Estados envolvidos;

União Real: Associação deliberada de 2


Estados sob o poder do mesmo soberano. Ex.
Império austro-hungáro (1867 – 1918) sob
reinado de Francisco José;
Os Estados perdem a sua personalidade
jurídica internacional em favor da União.22
Associações de Estados (II)
Confederação: Associação de Estados
independentes visando a prossecução de
objectivos comuns.
 Confederações são criadas por um tratado
(tratado confederador);
 A confederação não é um Estado porquanto os
seus Estados Membros preservam a sua
independência;
 O tratado confederador define as competências
dos Estados Membros;
 Organicamente, um Congresso ou Dieta
confederal, com poderes legislativos e
executivos, delibera sobre assuntos de interesse
comum.
 Ex. Confederação Norte-Americana (1781 -
1789), Senegâmbia (1982 - 1989), Servia e
23
Montenegro (2003 - 2006).
Associações de Estados (III)

Federação: Associação permanente de dois


ou mais Estados autonomos, no plano
interno, mas que, no plano internacional, se
submetem à autoridade do poder central ou
Governo federal.

O Estatuto jurídico do Estado federado resulta


do Direito Interno (Constituição);

Geralmente, o Estado Federado não tem


capacidade jurídica internacional;
24
Surgimento de Estados
Descolonização: Ver o caso de Angola;
Secessão: Separação de parte da população
e do território de um Estado, permanencendo
a personalidade jurídica do antigo Estado.
Ex. Sudão e Sudão do Sul;
Desmembramento: Dissolução total de um
Estado com o total desparecimento do antigo
Estado. Ex. URSS;
Fusão: Criação de um novo Estado fruto da
união de dois ou mais Estados,
desaparecendo a personalidade jurídica dos
25
últimos. Ex. RFA.
Reconhecimento de Estados

Contexto: Surgimento de novos Estados


importa a questão do seu
reconhecimento pelos demais sujeitos;

Noção: Acto unilateral pelo qual se


valida a existência de um novo Estado.

26
Reconhecimento de Estados (II)
Função:
 Acto discricionário e de conveniência política;
 O reconhecimento não é um dever jurídico
internacional;
 Demonstra que o Estado reconhecedor
considera que o novo Estado reúne os requisitos
de um sujeito jurídico-internacional;
 É um requisito para o estabelecimento de
relações diplomáticas entre Estados;
 Impede o Estado reconhecedor em alterar a sua
posição e de reclamar que a nova entidade não
goze de personalidade jurídica internacional
(Estoppel). 27
Reconhecimento de Estados (III)
 Forma:
 Expressa: Reconhecimento emitido
através de um acto diplomático inequívoco;
 Tácita: Reconhecimento deduzido a partir
do comportamento do Estado;
 Efeitos: Será que o reconhecimento cria o
novo sujeito de DI ou apenas atesta a sua
existência?
 Teoria constitutiva: Reconhecimento é
uma condição indispensável para a
existência de um novo Estado;
 Teoria declarativa: Reconhecimento é um
acto que apenas atesta a existência de um
Estado. 28
Reconhecimento de Estados (IV)
 Críticas:
 Reconhecimento não confere
personalidade jurídica internacional ao
novo Estado;

 Teoria constitutiva gera um resultado


absurdo que consiste num mesmo Estado
gozar ou não , simultaneamente, de
personalidade jurídica internacional;

 Teoria constitutiva contraria o princípio da


igualdade soberana dos Estados. 29
RECONHECIMENTO DE ESTADOS (V)
 Direito Internacional:
[Artigo 3.º da Convenção de Montevideu sobre
os Direitos e Deveres dos Estados, de 1933]:
«O reconhecimento não confere personalidade jurídica
internacional ao novo Estado. A existência política do Estado
é independente do seu reconhecimento pelos demais
Estados. Mesmo antes do reconhecimento, o Estado tem o
direito de defender sua integridade e independência, de
prover a sua conservação e prosperidade, e, em
consequência, de se organizar como achar conveniente, de
legislar segundo os seus interesses, de administrar os seus
serviços e de definir a jurisdição e competência dos seus
tribunais.
O exercício destes direitos só é limitado pelo exercício dos
direitos de outros Estados nos termos do Direito
30
Internacional.»
RECONHECIMENTO DE ESTADOS (VI)

 Direito Internacional:
[Artigo 6.º da Convenção de Montevideu
sobre os Direitos e Deveres dos Estados,
de 1933]:
«O reconhecimento de um Estado significa
apenas que o Estado que o reconhece aceita
a personalidade daquele com todos os
direitos e deveres determinados pelo direito
internacional. O reconhecimento não pode ser
condicionado e é irrevogável.»

31
Reconhecimento de Governos
Contexto: Ruptura da ordem constitucional
vigente resultante da existência de um novo
Governo;
Noção: Acto pelo qual um sujeito de DI dá o seu
consentimento para continuar a manter relações
normais com o novo Governo (de facto) surgido
em violação das normas internas de um Estado;
Razão de ser: Assegurar os princípios de
efectividade e segurança jurídica;
Para o DI importa que o Governo
exerça o controlo efectivo sobre a
população e o território de forma contínua;
Reconhecimento de um Estado implica o
reconhecimento do seu Governo;
A mudança de Governo não afecta o
reconhecimento do Estado tendo em conta o
princípio da continuidade do Estado. 32
Reconhecimento de Governos: Doutrinas
Doutrina Tobar [Critério da legalidade] (1907
Ministro das Rel. Ext. do Equador): Não se deve
reconhecer governo algum oriundo de golpe de
Estado ou de revolução, enquanto o povo do
respectivo país, por meio de representantes
livremente eleitos, não o tenha reorganizado
constitucionalmente.

Doutrina Estrada [Critério da efectividade]


(1930 Secretário das Rel. Ext. do México): Os
governos não têm direito de ajuizar a legalidade
de governos estrangeiros porquanto isso
constituíria uma ingerência nos assuntos
internos de outros Estados, pelo que o México
não se pronunciaria sobre os mesmos e limitar-
se-ia apenas a manter ou retirar o seu pessoal
diplomático conforme julgasse pertinente.
33
Reconhecimento de Governos:
Doutrinas (II)

União Africana: Não reconhecimento de


“mudanças inconstitucionais de governos.”
[Al. p) do Art. 4.º do Acto Constitutivo da
UA].
Artigo 30.º
(Suspensão)
Aos governos que ascendam ao poder através
de meios inconstitucionais, não é permitido
participar nas actividades da União[Africna].
34
Reconhecimento de Movimentos de Libertação e de
Insurgentes/Beligerantes
Noção: É o acto pelo qual se confere à uma dado
movimento de libertação (ML), a condição de
representante legítimo de um povo ou de um Estado
ainda não constituído;
Os insurgentes/beligerantes existentes em um
Estado já constituído tambem podem ser objecto de
reconhecimento;
Finalidade:
Reconhecer um certo grau de representação
internacional à um dado ML ou à um grupo de
insurgentes/beligerantes;
Garantir que os ML, insurgentes e beligerantes
observem, na sua conduta, o Direito Humanitário
Internacional.
35
COMPETÊNCIAS DO ESTADO

TERRITÓRIO POPULAÇÃO GOVERNO

36
Competências do Estado
Noção: «Poder jurídico conferido ou
reconhecido pelo DI, à um Estado […] de
julgar um caso, de tomar uma decisão, de
resolver um diferendo.» (Dicionário da
Terminologia do Direito Internacional, Sirey,
1960, p. 132);

Contexto: Estas competências são o


corolário dos elementos constitutivos do
Estado:
 Território;
 População;
 Governo. 37
Competência Territorial
 Noção: Competência que o Estado detem
sobre as pessoas que vivem no seu território,
as coisas que aí se encontram e os factos
que aí se passam;
 Competência extra-territorial: Aquela
que incide sobre sobre espaços não
submetido à soberania do Estado;
 A competência territorial é exercida sob as
seguintes premissas:
 Plenitude: O Estado exerce todas as
competências necessárias para o exercício
das suas funções [competência territorial
maior ou soberania territorial];
 Fora do seu território, o Estado pode exercer
algumas destas competências, mas não de
forma plena [competência territorial 38
menor].
Competência Territorial (II)
 Exclusividade: É excluída a intervenção de
qualquer outro Estado no território do Estado,
salvo se com o seu consentimento ou
sancionado pelo DI;

 Autonomia: O Estado goza de liberdade


absoluta para tomar as decisões;
 Incluindo a autonomia constitucional que
permite ao Estado escolher o seu sistema de
Governo e sistema político;

 Âmbito: A soberania territorial é exercida


sobre o espaço terrestre e, acessoriamente,
sobre o mar territorial e sobre o espaço
aéreo sobrejacente ao território nacional.39
Competência Territorial (III)
 A competência territorial pode conhecer limitações,
nomeadamente:
 Imunidades diplomáticas: As normas do direito
diplomático relativas `a imunidades da missão e
pessoal diplomático relativamente à jurisdição do
Estado acreditante;

 Direito Internacional Privado: As normas de


conflitos de leis representam uma limitação da
jurisdição do Estado relativamente à capacidade
jurídica e ao estado dos estrangeiros que se
encontram no seu território;

 Direito Internacional Público: A competência


territorial não excluí o respeito das normas de direito
internacional.
40
Competência Pessoal
 Noção: Competência para regulamentar a
situação jurídica das pessoas (físicas ou morais)
que habitam no território do Estado, sobretudo
as nacionais;

 A determinação dos critérios de atribuição e


perda da nacionalidade é uma competência
exclusiva do Estado.
 O que mesmo se passa para a determinação da
nacionalidade das sociedades e engenhos,
respeitando o princípio do vínculo substancial
entre o Estado e estes engenhos;
 A competência pessoal se pode estender aos
nacionais do Estado no exterior país ou em
espaços internacionais;
 O Estado pode exercer a protecção diplomática
dos seus nacionais. 41
Competência sobre os Serviços Públicos
 Noção: Competência para regulamentar a
organização e funcionamento dos serviços
públicos;

 Resulta do facto de o Estado ser tambem um


conjunto de serviços públicos dirigidos pelos
poderes públicos;
 Determina a exclusividade na escolha, pelo
Estado, do seu regime político;
 Os critérios de exercício da competência
sobre os serviços públicos são os definidos
pela Constituição do Estado e pela lei.
42
Extinção e Sucessão de Estados
 Causas da Extinção de Estados:
 Secessão;
 Desmembramento;
 Fusão.
 Noção de sucessão de Estados: A substituição de um
Estado por outro na responsabilidade internacional de um
território.
 O princípio da continuidade do Estado impõe que o
Estado sucessor assuma as obrigações do anterior Estado;
 Âmbito da sucessão:
 Tratados: Convenção de Viena sobre a Sucessão de
Estados em matéria de Tratados (23 de Agosto de 1978);
 Bens públicos: Convenção de Viena sobre a Sucessão de
Estados em matéria de Bens, Arquivos e Dívidas (8 de Abril
43
de 1983).
Extinção e Sucessão de Estados (II)
 Bens públicos:
 O Estado sucessor têm a propriedade dos bens
públicos. No caso de desmembramento, o
património fica para o Estado originário;
 Dívidas:
 O Estado resultante da fusão é o responsável pelas
dívidas;
 No desmembramento há repartição da dívida;
 Tratados
 O novo Estado preenche o vazio de acordos na
medida em que celebre tratados;
 Em acordos multilaterais, deve ser formulada
notificação de sucessão e consequente aceitação do
44
depositário.
Bibliografia
 ACCIOLY, HILDEBRANDO POMPEO PINTO/SILVA, GERALDO
EULÁLIO/CASSELA, PAULO BORBA/ACCIOLY, HILDEBRANDO.- Manual de
Direito Internacional Público, 21ª edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2015.
 BACELAR GOUVEIA, JORGE.- Manual de Direito Internacional Público,
5ª edição, Almedina, Coimbra, 2017.
 BROWNLIE, IAN.- Princípios de Direito Internacional Público,
Gulbenkian, Lisboa-1997.
 FRANÇA VAN-DÚNEM, F. J. D.- Apontamentos de Direito Internacional
Público, (Textos policopiados), Luanda.
 GONÇALVES PEREIRA, ANDRÉ/QUADROS, FAUSTO.- Manual de Direito
Internacional Público, reimpressão da 3.ªa Edição Revista e Aumentada,
Almedina, 2015.
 MACHADO, JÓNATAS E. M.- Direito Internacional. Do paradigma
clássico ao pós 11 de Setembro, 4ª Edição, Coimbra Editora, 2013.
 MIRANDA, JORGE.- Direito Internacional Público, PRINCIPIA, S. João do
Estoril, 6ª edição Revista e Actualizada, 2016.
 NGUYEN QUOC DINH/ DAILLIER, PATRICK/ PELLET, ALAIN.- Direito
Internacional Público, Gulbenkian, Lisboa, 1999.
 REZEK, FRANCISCO J.- Direito Internacional Público - Curso
Elementar, 17ª edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2018.
PRÓXIMA AULA

 Resolução pacífica de diferendos


internacionais.

46
Direito Internacional Público (2019)
Amílcar Mário QUINTA
marquinta@yahoo.com

Você também pode gostar