Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Reconhecimento de Estados;
Competências do Estado. 2
Considerações Gerais
Personalidade jurídica v.
Capacidade jurídica.
3
A Personalidade Jurídica Internacional
Sujeito de DI é o titular de direitos e destinatário de
obrigações resultantes de normas jurídico-
internacionais;
Capacidade jurídíca internacional: É a medida de
direitos e obrigações de que um sujeito de DI pode ser
titular ou a que pode ficar adstrito;
A capacidade jurídica internacional depende da natureza
dos sujeitos:
Estados – Capacidade jurídica plena;
OI`s – Capacidade jurídica funcional;
Indivíduos – Capacidade jurídica limitada:
Os indivíduos não detêm jus tractum, mas
podem fazer lobby junto de Estados e OIs;
OI`s Governamentais:
Características do território:
Estabilidade: População permanente;
Limitação: Limites fixos e definidos;
Delimitação v. demarcação
Definição dos limites do território não
pressupõe a ausência de diferendos
fronteiriços;
Será relevante a contiguidade territorial?
14
Elementos do Estado: Território (II)
Elementos constitutivos do território:
Espaço terrestre: Solo, subsolo e águas
interiores;
Espaço marítimo:
Mar territorial;
Zona contígua;
ZEE;
Plataforma conti-
nental.
Espaço aéreo:
Espaço sobrejacente ao
território terrestre + mar
territorial. 15
Elementos do Estado: Território (III)
CRA:
O Estado exerce a sua soberania sobre a
totalidade do território angolano,
compreendendo este, nos termos da presente
Constituição, da Lei e do Direito Internacional,
a extensão do espaço terrestre, as águas
interiores e o mar territorial, bem como o
espaço aéreo, o solo e o subsolo, o fundo
marinho e os leitos correspondentes [Nº 2 do
Art. 3.º];
O Estado exerce jurisdição e direitos de
soberania em matéria de conservação,
exploração e aproveitamento dos recursos
naturais, biológicos e não biológicos, na zona
contigua, na zona económica exclusiva e na
plataforma continental, nos termos da Lei e do
Direito Internacional. [Nº 3 do Art. 3.º]. 16
Elementos do Estado: Território (III)
CRA:
O território da República de Angola é o historicamente
definido pelos limites geográficos de Angola tais como
existentes a 11 de Novembro de 1975, data da
Independência Nacional. [Nº 1 do Art. 5.º];
O disposto no número anterior não prejudica as
adições que tenham sido ou venham a ser
estabelecidas por tratados internacionais [Nº 2 do Art.
5.º];
O território angolano é indivisível, inviolável e
inalienável, sendo energicamente combatida qualquer
acção de desmembramento ou de separação de suas
parcelas, não podendo ser alienada parte alguma do
território nacional ou dos direitos de soberania que
sobre ele o Estado exerce. [Nº 6 do Art. 5.º];
Os recursos naturais, sólidos, líquidos ou gasosos existentes
no solo, subsolo, no mar territorial, na ZEE e na plataforma conti -
nental sob jurisdição de Angola são propriedade do Estado que
determina as condições para a sua concessão, pesquisa e
17
exploração, nos termos da Constituição, da Lei e do DI. [Art. 16.º].
Elementos do Estado: Território (IV)
Natureza jurídica do território:
Teoria do território-sujeito: Território é um
mero elemento constitutivo do Estado;
Teoria do território-objecto: Território é
objecto de um direito real de soberania;
Teoria do território-limite: Território é um
limite às competências do Estado;
Teoria da competência: Território é a esfera
da competência espacial do Estado. A mais
aceite, hoje, pela doutrina;
Teoria de espaço vital: Território é o espaço
onde, por razões geopolíticas, o Estado exerce
o seu poder. 19
Elementos do Estado: Governo
Noção: Conjunto dos poderes públicos
instituídos;
Esta noção não se limita às autoridades
executivas do Estado;
O DI importa-se com as instituições
nacionais capazes de engajar o Estado
no plano internacional;
Sem Governo não há Estado;
O Governo deve ter o controlo efectivo do
território, entendido como capacidade real
de exercer todas as funções estatais. 20
Elementos do Estado: Governo (II)
Soberania v. independência;
O Estado é o único sujeito de DI que
beneficia dos atributos de soberania e
independência [Ver Art. 1.º da CRA];
Soberania implica que o Estado não
está sujeito à autoridade de qualquer
outro Estado;
Independência implica que todos os
Estados são iguais nas suas relações
internacionais, agindo ai
autonomamente.
21
Associações de Estados
26
Reconhecimento de Estados (II)
Função:
Acto discricionário e de conveniência política;
O reconhecimento não é um dever jurídico
internacional;
Demonstra que o Estado reconhecedor
considera que o novo Estado reúne os requisitos
de um sujeito jurídico-internacional;
É um requisito para o estabelecimento de
relações diplomáticas entre Estados;
Impede o Estado reconhecedor em alterar a sua
posição e de reclamar que a nova entidade não
goze de personalidade jurídica internacional
(Estoppel). 27
Reconhecimento de Estados (III)
Forma:
Expressa: Reconhecimento emitido
através de um acto diplomático inequívoco;
Tácita: Reconhecimento deduzido a partir
do comportamento do Estado;
Efeitos: Será que o reconhecimento cria o
novo sujeito de DI ou apenas atesta a sua
existência?
Teoria constitutiva: Reconhecimento é
uma condição indispensável para a
existência de um novo Estado;
Teoria declarativa: Reconhecimento é um
acto que apenas atesta a existência de um
Estado. 28
Reconhecimento de Estados (IV)
Críticas:
Reconhecimento não confere
personalidade jurídica internacional ao
novo Estado;
Direito Internacional:
[Artigo 6.º da Convenção de Montevideu
sobre os Direitos e Deveres dos Estados,
de 1933]:
«O reconhecimento de um Estado significa
apenas que o Estado que o reconhece aceita
a personalidade daquele com todos os
direitos e deveres determinados pelo direito
internacional. O reconhecimento não pode ser
condicionado e é irrevogável.»
31
Reconhecimento de Governos
Contexto: Ruptura da ordem constitucional
vigente resultante da existência de um novo
Governo;
Noção: Acto pelo qual um sujeito de DI dá o seu
consentimento para continuar a manter relações
normais com o novo Governo (de facto) surgido
em violação das normas internas de um Estado;
Razão de ser: Assegurar os princípios de
efectividade e segurança jurídica;
Para o DI importa que o Governo
exerça o controlo efectivo sobre a
população e o território de forma contínua;
Reconhecimento de um Estado implica o
reconhecimento do seu Governo;
A mudança de Governo não afecta o
reconhecimento do Estado tendo em conta o
princípio da continuidade do Estado. 32
Reconhecimento de Governos: Doutrinas
Doutrina Tobar [Critério da legalidade] (1907
Ministro das Rel. Ext. do Equador): Não se deve
reconhecer governo algum oriundo de golpe de
Estado ou de revolução, enquanto o povo do
respectivo país, por meio de representantes
livremente eleitos, não o tenha reorganizado
constitucionalmente.
36
Competências do Estado
Noção: «Poder jurídico conferido ou
reconhecido pelo DI, à um Estado […] de
julgar um caso, de tomar uma decisão, de
resolver um diferendo.» (Dicionário da
Terminologia do Direito Internacional, Sirey,
1960, p. 132);
46
Direito Internacional Público (2019)
Amílcar Mário QUINTA
marquinta@yahoo.com