Você está na página 1de 2

Disciplina: Direito Internacional Público I 11 – 02 - 2021

Nome: Tatiana Marisa Correia Fonseca Nº Estudante: 2020234683

Exame Final

I.
1- Receção automática condicionada e transformação inserem-se no sistema de
incorporação as normas de Direito Internacional no Direito interno. A receção
automática consiste numa tese monista, em que Estado aceita a vigência das norma de
Direito Interno na ordem jurídica interna, sendo assim, as normas internacionais passam
a vigorar como tal e não como normas de Direito interno, sendo, ainda, necessária a sua
publicação no jornal oficial do Estado. Enquanto que a transformação consiste numa
tese dualista em que o Estado se opõe á vigência da norma de Direito Internacional
enquanto tal na ordem jurídica interna, sendo que esta só produzirá os seus efeitos
depois de ser transformada em norma interna. Sendo assim as normas internacionais
deixam de se apresentar como tal, passando a vigorar como normas de Direito interno.

2- Estado de necessidade e legítima defesa são causas de exclusão da ilicitude previstas


no Draft. O estado de necessidade (art. 25º do Draft) trata-se de situações em que um
Estado vê um interesse essencial seu ameaçado, não lhe restando outra alternativa, para
proteger tal interesse, a não ser a adoção de um comportamento que desrespeita uma
obrigação internacional. Para que um Estado invoque o estado de necessidade têm de
estar preenchidos certos requisitos, a saber: o interesse ameaçado tem de ser essencial;
o Estado que invoca o estado de necessidade não pode ter contribuído para a sua
verificação; a violação de uma obrigação internacional tem de ser o único meio
utilizável; não pode ser posto em causa o interesse essencial do Estado vítima; a conduta
ilícita que se pretende excluir não pode ter sido praticada pela violação de uma norma
de ius cogens; e, por último, não é possível invocar o estado de necessidade caso num
tratado se tenha afastado essa possibilidade. A legítima defesa (art. 51º da CNU) traduz-
se no uso da força por parte de um Estado perante um perigo grave que ameaça a sua
existência e, também, possui requisitos para que seja validamente invocada: tem de
haver um uso prévio da força, por parte de um outro Estado; o Estado deve notificar o
CSNU que irá ou que está a usar a força; o uso da força só deve acontecer até que o
CSNU intervenha; o uso da força em legítima defesa deve ser proporcional; e, ainda, o
momento do ato de agressão tem de ser atual.

II.

1. A afirmação é verdadeira. No modelo clássico os sujeitos internacionais eram apenas


os Estados e, caso fossem objeto de reconhecimento internacional, os insurretos, sendo
as fontes de Direito Internacional, neste modelo, somente o costume e s convenções
internacionais bilaterais. No modelo moderno há uma expansão dos sujeitos
internacionais, passando a ser reconhecidos como tal as organizações internacionais,
os povos não autónomos e o próprio indivíduo, bem como uma expansão das fontes de
Direito Internacional, passando a fazer parte delas o costume selvagem e os tratados
multilaterais. Como na passagem do modelo clássico para o modelo moderno do Direito
Internacional há um afastamento do poder soberano dos Estados, havendo, no modelo
moderno órgãos superiores capazes de limitar esse poder, como há também a ascensão
do principio da proibição do recurso á força nas relações internacionais, sendo este
apenas concedido ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, há uma autonomia dos
Estados para que possam existir convenções internacionais. O princípio da relatividade
do efeito dos tratados é traduzido pelo art. 34º da CVDT, o qual diz que “um tratado não
cria obrigações nem direitos para um terceiro Estado sem o consentimento deste”, as
exceções vão aparecendo na passagem do modelo clássico para o modelo moderno,
pois essas exceções têm que ver com o envolvimento de outros Estados que não os que
integram uma convenção. Há exceções em que esse envolvimento tem o consentimento
dos Estados e há outras em que não há o seu consentimento.

III.

As convenções internacionais possuem três requisitos de validade: a capacidade das


partes, a regularidade do consentimento e a licitude do objeto. No que toca á
capacidade das partes não parece levantarem-se problemas, uma vez que estamos
perante dois Estados tendo, ao que se pressupõe havido representação adequada
(art.7º da CVDT). Quanto á licitude do objeto, também, não parece levantarem-se
problemas, uma vez que é licita a celebração de uma convenção “para gestão e partilha
de recursos naturais de rios sucessivos e contínuos”. Relativamente á regularidade do
consentimento o representante do Estado B alega que, aquando das negociações, terá
sido vítima de coação (art.51º da CVDT), um vício de consentimento, pelo que a
convenção não será válida, não produzindo quaisquer efeitos jurídicos . Relativamente
ao funcionamento do Tribunal Internacional de Justiça, o art. 34º do ETIJ confere
legitimidade ativa e passiva a Estados no exercício da competência contenciosa do
tribunal, por isso, há legitimidade das partes. Como o reconhecimento da jurisdição do
Tribunal Internacional de Justiça se dá pela subscrição da cláusula facultativa de
jurisdição obrigatória (art. 36º do ETIJ) e pelo princípio da consensualidade e do
enunciado retira-se que “o Estado A suscita uma exceção preliminar arguindo a
incompetência do Tribunal para julgar o caso, pois nunca aceitara a sua jurisdição”, á luz
do transcrito, o Estado A não poderá ter invocado qualquer das exceções preliminares,
uma vez que não há exceções preliminares que versem sobre a aceitação da
competência contenciosa dos Estados. Mas pelo facto de que não é mostrado o
consentimento do Estado A para que o caso seja apreciado pelo TIJ, este não poderá
resolver o caso.

Você também pode gostar