Você está na página 1de 19

Quarta-Feira, 29 de Janeiro de 2003 Número 2

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

DIÁRIO DA REPÚBLICA

DIÁRIO DA REPÚBLICA Assembleia Nacional

AVISO Lei n.º 1/2003.


Lei de Revisão Constitucional.
A correspondência respeitante à publicação de anúncios no Diário da República, a sua assinatura ou falta de Constituição da República Democrática de São
remessa, deve ser dirigida ao Centro de Informática e Reprografia do Ministério da Justiça, Reforma do Tomé e Príncipe.
Estado e Administração Pública – Telefone: 225693 - Caixa Postal n.º 901 – E-mail: cir@cstome.net
São Tomé e Príncipe. - S.Tomé.
14 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º21 – 29 de Janeiro de 2003

ASSEMBLEIA NACIONAL recepção na ordem jurídica interna do direito Artigo 3.º Artigo 66.º
internacional. (Cidadania São-tomense) (Órgãos do poder político)
Lei n.º 1/03
Na parte II, relativa à Organização do Poder 1. São cidadãos são-tomenses todos os A formação, a composição, a competência e
Lei de Revisão Constitucional Político, consagra-se o conceito de acto normativo, de nascidos em território nacional, filhos de pai ou mãe o funcionamento dos órgãos do poder político são
forma a melhor disciplinar a actividade legisferante. são-tomense e aqueles que como tal sejam definidos na Constituição.
Preâmbulo Introduz-se de igual modo o instituto de referendo e considerados por lei.
precisa-se os limites dos poderes dos Órgãos de 2. Os cidadãos são-tomenses que adquiram a Artigo 67.º
A presente Lei de Revisão Constitucional é o Soberania. Neste domínio institucionaliza-se o nacionalidade de outro país conservam a sua A (Princípio da separação e interdependência dos
resultado de cerca de 12 anos de uma prática Conselho de Estado como órgão de consulta nacionalidade de origem. poderes)
constitucional conturbada da Constituição aprovada obrigatória do Presidente da República, o Tribunal Artigo 12.º
em 1990, caracterizada por um sistema de Governo Constitucional como órgão jurisdicional de controle e (Relações internacionais) 1. Os órgãos de soberania devem observar
semi-presidencialista de tendência presidencialista. fiscalização da constitucionalidade e, ainda, algumas os princípios da separação e interdependência
Naquela figuram algumas disposições cujas alterações aos Órgãos do Poder Regional e Local, com 1. ................ estabelecidas na Constituição.
dificuldades de interpretação deram azo, não raras especial relevo para a consagração constitucional da 2. A República Democrática de São Tomé e 2. Nenhum órgão de soberania, de poder
vezes, a profundas divergências entre os órgãos de Região Autónoma do Príncipe. Príncipe proclama a sua adesão à Declaração Universal regional ou local pode delegar os seus poderes noutros
soberania, contribuindo para a criação de um clima de dos Direitos do Homem e aos seus princípios e órgãos, a não ser nos casos e nos termos expressamente
constante instabilidade político-institucional que tem Finalmente, no domínio das Garantias da objectivos da União Africana e da Organização das previstos na Constituição e na lei.
vivido o País desde a instauração da Segunda Constituição introduz-se modificações nos preceitos Nações Unidas.
República. constitucionais referentes à Revisão Constitucional e 3. A República Democrática de São Tomé e Artigo 67.º
nas Disposições Transitórias, confere-se ao Supremo Príncipe mantém laços especiais de amizade e de B (Actos Normativos)
Esta Lei de Revisão Constitucional surge da Tribunal de Justiça, funcionando em pleno, com mais cooperação com os países de língua portuguesa e com
necessidade de se reconfigurar o sistema dois membros, poderes de fiscalização constitucional, os países de acolhimento de emigrantes são-tomenses. 1. São actos legislativos as leis, os decretos-
constitucional são-tomense, numa perspectiva de enquanto não for legalmente instalado o Tribunal 4. A República Democrática de São Tomé e leis, os decretos, os decretos regionais e os decretos
aprofundamento e consolidação do regime Constitucional. Príncipe promove e desenvolve laços privilegiados de executivos regionais.
democrático instaurado, salvaguardando o sistema amizade e cooperação com os países vizinhos e os da 2. As leis e os decretos-leis têm igual valor,
semi-presidencialista de Governo, mas clarificando-o, Nestes termos; região. sem prejuízo da subordinação às correspondentes leis
expurgando dele, tanto quanto possível, as normas dos decretos-leis publicados no uso da autorização
mais conflituosas, e definindo com maior rigor os A Assembleia Nacional decreta, nos termos da Artigo 12.º legislativa e dos que desenvolvam as bases gerais dos
contornos dos poderes dos diversos órgãos de alínea a) do artigo 86º. da Constituição, o seguinte: A (Recepção do Direito Internacional) regimes jurídicos.
soberania. 3. Os decretos regionais e os decretos
Artigo 1.º 1. As normas e os princípios de executivos regionais versam sobre matérias de
Pretende-se em última análise conformar um direito internacional geral ou comum fazem parte interesse específico para a Região Autónoma do
sistema semi-presidencialista mais equilibrado, e uma 1. A Constituição Política aprovada pela Lei integrante do direito são-tomense. Príncipe e não reservadas à Assembleia Nacional ou ao
definição mais clara do princípio da separação e n.º 7/90, de 10 de Setembro, é alterada pela presente 2. As normas constantes de Governo, não podendo dispor contra os princípios
interdependência dos poderes dos diversos órgãos de Lei, nos termos dos preceitos que se seguem a este convenções, tratados e acordos internacionais fundamentais das leis gerais da República.
soberania. artigo. validamente aprovadas e ratificadas pelos respectivos 4. Os decretos-leis e os decretos versam
2. Os artigos seguidos de letra do alfabeto órgãos competentes vigoram na ordem jurídica são- sobre matéria respeitante à organização e
Por outro lado, optou-se, e por razões que se seguem-se ao artigo enunciado e constituem tomense após a sua publicação oficial e enquanto funcionamento do Governo.
prendem com a ingente necessidade de garantir que as aditamento à Constituição. vincularem internacionalmente o Estado São-tomense. 5. São leis gerais da República, as leis e os
mudanças preconizadas se façam num quadro de 3. Os artigos cujos números não sejam 3.As normas constantes de decretos-leis cuja razão de ser envolva a sua aplicação
consensos e de estabilidade política, por estabelecer acompanhados de letra, constituem apenas convenções, tratados e acordos internacionais sem reservas a todo o território nacional.
um período transitório, correspondente ao actual substituições das respectivas disposições, ficando a validamente aprovadas e ratificadas pelos respectivos 6. Nenhuma lei pode criar outras categorias
mandato do Presidente da República, durante o qual vigorar com estas, outros números e alíneas desses órgãos competentes têm prevalência, após sua entrada de actos legislativos ou conferir a actos de outra
permanecerão em vigor algumas disposições que artigos. em vigor na ordem internacional e interna, sobre todos natureza o poder de, com eficácia externa, interpretar,
corporizam no essencial, os poderes do Presidente da 4. São suprimidos os artigos 124.º e 125.º, os actos legislativos e normativos internos de valor integrar, modificar, suspender ou revogar qualquer dos
República ficando os mesmos sem nenhum efeito. infraconstitucional. seus preceitos.
5. O Título VII - ÓRGÃOS DO PODER 7. Os regulamentos devem indicar
Tendo em conta a experiência vivida, LOCAL, passa a designar-se TÍTULO VII - ÓRGÃOS Artigo 16.º expressamente as leis que visam regulamentar ou que
introduzem-se alterações aos capítulos e disposições DO PODER REGIONAL E LOCAL, devendo ser (Estrangeiros em São Tomé e Príncipe) definem a competência subjectiva e objectiva para a
atinentes aos Fundamentos e Objectivos, aos Direitos alterada a ordem dos artigos que o compõem. sua emissão.
Fundamentais, à Organização do Poder Político e à 6. A Parte IV passa a designar-se « 1. ....................................
Revisão Constitucional. GARANTIA E REVISÃO DA CONSTITUIÇÃO» e 2. .................................... Artigo 67.º
são criados dois títulos sendo um sobre a «Garantia da 3. A lei pode atribuir aos cidadãos C (Referendo)
Na Parte I, alusiva aos Fundamentos e Constituição» e outro sobre a «Revisão da estrangeiros residentes no território nacional, em
Objectivos, introduz-se no direito são-tomense o Constituição». condições de reciprocidade, capacidade eleitoral activa 1. Os cidadãos eleitores recenseados no
estatuto de dupla nacionalidade e as normas de 7. As Disposições Finais e Transitórias e passiva para eleição dos titulares de órgãos das território nacional, à excepção do disposto no numero 3
passam a constituir a PARTE V. autarquias locais. do artigo 16.º, podem ser chamados a pronunciar-se
14 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º21 – 29 de Janeiro de 2003

directamente, a título vinculativo, através de referendo, imediatamente anteriores à data da candidatura tenha Artigo 76.º Artigo 79.º
por decreto do Presidente da República, mediante residência permanente no território nacional. A (Competência quanto a outros órgãos) A (Responsabilidade criminal)
proposta da Assembleia Nacional ou do Governo, em
matérias das respectivas competências, nos casos e nos 3. O Presidente da República eleito toma Compete ao Presidente da República 1. Por crimes praticados no exercício das
termos previstos na Constituição e na lei. posse perante a Assembleia Nacional, no último dia do relativamente aos outros órgãos: suas funções, o Presidente da República responde
2. O referendo só pode ter por objecto mandato do Presidente da República cessante ou, no a) Presidir ao Conselho de Estado; perante o Supremo Tribunal de Justiça.
questões de relevante interesse nacional que devam ser caso de eleição por vagatura, no oitavo dia subsequente b) Presidir ao Conselho Superior de Defesa; 2. A iniciativa do processo crime cabe à
decididas pela Assembleia Nacional ou pelo Governo ao dia da publicação dos resultados eleitorais. c) Presidir ao Conselho de Ministros, à Assembleia Nacional, mediante proposta de um quinto
através da aprovação de convenção internacional ou de solicitação do Primeiro-Ministro; e deliberação aprovada por maioria de dois terços dos
acto legislativo. Artigo 75.º d) Convocar extraordinariamente a Deputados em efectividade de funções.
3. São excluídas do âmbito do referendo, (Mandato) Assembleia Nacional sempre que razões imperiosas de 3. A condenação implica a destituição do
designadamente, as alterações à Constituição, as interesse público o justifiquem; cargo e a impossibilidade de reeleição.
matérias previstas no artigo 86.º da Constituição e as 1. ................... e) Dissolver a Assembleia Nacional, 4. Pelos crimes praticados fora do exercício
questões e os actos de conteúdo orçamental, tributário 2. ................... observado o disposto no artigo 91-A e ouvidos os das suas funções o Presidente da República responde
ou financeiro. 3. Não é admitida a reeleição para um partidos políticos que nela tenham assento; depois de findo o mandato perante os tribunais
4. Cada referendo recairá sobre uma só terceiro mandato consecutivo, nem durante o f) Dirigir mensagem à Assembleia Nacional; comuns.
matéria, devendo as questões ser formuladas em quinquénio imediatamente subsequente ao termo do g) Nomear o Primeiro-Ministro, ouvidos os
termos de SIM ou NÃO, com objectividade, clareza e segundo mandato consecutivo. partidos políticos com assento na Assembleia Nacional TÍTULO II
precisão, num número máximo de perguntas a fixar por e tendo em conta os resultados eleitorais; A (CONSELHO DE ESTADO)
lei, a qual determinará igualmente as demais condições 4. Se o Presidente da República renunciar ao h) Nomear e exonerar os membros do
da formulação e efectivação de referendos. cargo, não poderá candidatar-se nas eleições imediatas Governo, sob proposta do Primeiro-Ministro; Artigo 80.º
5. São excluídas a convocação e a efectivação nem nas que se realizem no quinquénio imediatamente i) Demitir o Governo, nos termos do artigo A (Definição e Composição)
de referendos entre a data da convocação e a da subsequente à renúncia. 101º. D;
realização de eleições gerais para os órgãos de j) Nomear três membros do Conselho de 1. O Conselho de Estado é o órgão político
soberania, de membros da Assembleia Regional do Artigo 76.º Estado; de consulta do Presidente da República.
Príncipe e dos órgãos do poder local. (Competência própria) l) Nomear e exonerar o Procurador-Geral da 2. O Conselho de Estado é presidido pelo
6. O Presidente da República submete à fiscalização República, sob proposta do Governo. Presidente da República e composto pelos seguintes
preventiva obrigatória da constitucionalidade e da Compete ao Presidente da República: membros:
legalidade as propostas de referendo que lhe tenham a) Defender a Constituição da República; Artigo 76.º a) O Presidente da Assembleia Nacional;
sido remetidas pela Assembleia Nacional ou pelo b) Exercer as funções de Comandante B (Competência nas relações internacionais) b) O Primeiro-Ministro;
Governo. Supremo das Forças Armadas; c) O Presidente do Tribunal Constitucional;
7. São aplicáveis com as necessárias c) Marcar, de harmonia com a lei eleitoral, o Compete ao Presidente da República no domínio das d) O Procurador Geral da República;
adaptações, as normas relativas às eleições dos titulares dia das eleições para Presidente da República, para a relações internacionais: e) O Presidente da Governo Regional do
dos órgãos efectivos de soberania. Assembleia Nacional e para as Assembleias do poder a) Representar o Estado nas relações Príncipe;
8. As propostas de referendo recusadas pelo regional e local; internacionais; f) Os antigos Presidentes da República que
Presidente da República ou objecto de resposta d) Convocar referendo a nível nacional e b) Ratificar os tratados internacionais depois não hajam sido destituídos do cargo;
negativa do eleitorado não podem ser renovadas na marcar a data da sua realização; de devidamente aprovados; g) Três cidadãos de reconhecida idoneidade
mesma sessão legislativa, salvo nova eleição da e) Promulgar as leis, os decretos-lei e c) Declarar guerra e fazer a paz, sob e mérito, designados pelo Presidente da República pelo
Assembleia Nacional, ou até à demissão do Governo. decretos; proposta do Governo, ouvido o Conselho de Estado e período correspondente à duração do seu mandato;
f) Indultar e comutar penas, ouvido o mediante a autorização da Assembleia Nacional; h) Três cidadãos eleitos pela Assembleia
Artigo 73.º Governo; d) Nomear e exonerar os embaixadores, sob Nacional, de harmonia com o princípio da
(Funções) g) Declarar o estado de sítio e de proposta do Governo, e acreditar os representantes representação proporcional, pelo período
emergência, ouvido o Governo e depois de autorizado diplomáticos estrangeiros; correspondente à duração da legislatura.
O Presidente da República é o Chefe do pela Assembleia Nacional; e) Conduzir, em concertação com o
Estado e o Comandante Supremo das Forças Armadas, h) Autorizar a participação das Forças Governo, todo o processo negocial para conclusão de Artigo 80.º
representa a República Democrática de São Tomé e Armadas são-tomenses em operações de paz em acordos internacionais na área da defesa e segurança. B (Posse e mandato)
Príncipe, garante a independência nacional e a unidade território estrangeiro ou a presença de Forças Armadas
do Estado e assegura o regular funcionamento das estrangeiras em território nacional, sob proposta do Artigo 79.º 1. Os membros do Conselho de Estado são
instituições. Governo, ouvido o Conselho de Estado e mediante o (Ausência do território nacional) empossados pelo Presidente da República.
assentimento da Assembleia Nacional;
Artigo 74.º i) Requerer ao Tribunal Constitucional a 1. ............. 2. Os membros do Conselho de Estado
(Eleição e posse) fiscalização preventiva da constitucionalidade ou previstos nas alíneas a) a e) do número 2 do artigo
legalidade dos diplomas legais e dos tratados 2. ............. anterior mantêm-se em funções enquanto exercerem os
1. ....................... internacionais; 3. A inobservância do disposto no número 1 respectivos cargos e os previstos nas alíneas g) e h)
2. Só pode ser eleito Presidente da j) Conceder as condecorações do Estado. envolve, de pleno direito, a perda do cargo, mediante o mantêm-se em funções até à posse dos que os
República o cidadão são-tomense de origem, filho de respectivo processo, nos termos definidos por lei. substituírem no exercício dos respectivos cargos.
pai ou mãe são-tomense, maior de 35 anos, que não
possua outra nacionalidade e que nos três anos
14 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º21 – 29 de Janeiro de 2003

Artigo 80.º instituições democráticas, devendo o acto sob pena de Artigo 100.º b) A aceitação pelo Presidente da República
C (Funcionamento e competência) inexistência jurídica, ser precedida de parecer (Conselho de Ministros) do pedido de demissão apresentado pelo Primeiro-
favorável do Conselho de Estado. 1.................... Ministro;
1. As reuniões do Conselho de Estado não 2. A Assembleia Nacional não pode ser 2. Podem ser convocados para participar nas c) A morte ou impossibilidade física
são públicas. dissolvida nos doze meses posteriores à sua eleição, no reuniões de Conselho de Ministros os Secretários de duradoura do Primeiro-Ministro;
2. Compete ao Conselho de Estado: último semestre do mandato do Presidente da Estado. d) A rejeição do Programa do Governo;
a) Elaborar o seu regimento; República ou durante a vigência do estado de sítio ou 3. As competências do Governo previstas nas e) A não aprovação de uma moção de confiança;
b) Pronunciar-se sobre a dissolução da do estado de emergência. alíneas a),c),d),f),h), i), j), l), n) e o), do artigo anterior f) A aprovação de uma moção de censura
Assembleia Nacional; 3. A inobservância do disposto no número são exercidas em Conselho de Ministros. por maioria absoluta dos Deputados em efectividade de
c) Pronunciar-se sobre a demissão do anterior determina a inexistência jurídica do decreto de 4. Poderá haver Conselho de Ministros funções.
Governo, quando se torne necessário para assegurar o dissolução. especializados em razão da matéria. 2. Para além dos casos referidos no número
regular funcionamento das instituições democráticas; 4. A dissolução da Assembleia Nacional não anterior, o Presidente da República só pode demitir o
d) Pronunciar-se sobre a declaração de prejudica a subsistência do mandato dos Deputados, Artigo 101.º Governo quando tal se torne necessário para assegurar
guerra e a feitura da paz; nem da competência da Comissão Permanente, até à (Responsabilidade do Governo ) o regular funcionamento das instituições democráticas,
e) Pronunciar-se sobre os tratados que primeira reunião da Assembleia Nacional após as ouvido o Conselho de Estado.
envolvam restrições da soberania, a participação do subsequentes eleições. O Governo é responsável perante o Presidente
País em organizações internacionais de segurança da República e a Assembleia Nacional. Artigo 101.º
colectiva ou militar; Artigo 98.º E (Governo de Gestão)
f) Pronunciar-se sobre a participação das (Designação) Artigo 101.º
Forças Armadas em operações em território estrangeiro A (Responsabilidade dos Membros do Governo) 1. No caso de demissão do Governo, este
ou a presença de Forças Armadas estrangeiras em 1. O Primeiro-Ministro é nomeado pelo continua em exercício até à nomeação e posse do
território nacional; Presidente da República, ouvidos os partidos políticos 1. O Primeiro-Ministro é responsável Primeiro-Ministro do novo Governo constitucional.
g) Pronunciar-se nos demais casos previstos representados na Assembleia Nacional e tendo em perante o Presidente da República e, no âmbito da 2. Antes da apreciação do seu Programa pela
na Constituição e, em geral, aconselhar o Presidente da conta os resultados eleitorais. responsabilidade política do Governo, perante a Assembleia Nacional, ou após a sua demissão, o
República no exercício das suas funções, quando este 2. ..................................................... Assembleia Nacional. Governo limitar-se-á à prática de actos estritamente
lho solicitar. 3. Só pode ser nomeado Primeiro Ministro o 2. Os Ministros e Secretários de Estado são necessários à gestão corrente dos negócios públicos e à
3. As deliberações do Conselho de Estado cidadão são-tomense de origem, filho de pai ou mãe responsáveis perante o Primeiro-Ministro e, no âmbito administração ordinária.
não têm natureza vinculativa. são-tomense, que não possua outra nacionalidade. da responsabilidade política do Governo, perante a
Assembleia Nacional. Artigo 108.º
Artigo 80.º Artigo 99.º A (Categorias de Tribunais)
D (Forma e publicidade das deliberações) (Competência) Artigo 101.º
B (Responsabilidade criminal dos Membros do 1. Além do Tribunal Constitucional, existem
1. As deliberações do Conselho de Estado Compete ao Governo: Governo) as seguintes categorias de Tribunais:
assumem a forma de pareceres. a) Definir e executar as actividades políticas, a) O Supremo Tribunal de Justiça e o
2. Os pareceres do Conselho de Estado económicas, culturais, científicas, sociais, de defesa, 1. O Membro do Governo acusado Tribunal de 1.ª Instância, o Tribunal Regional e os
previstos nas alíneas b) a e) do número 2 do artigo segurança e relações externas inscritas no seu definitivamente por crime cometido no exercício das Tribunais Distritais;
80.º-C são emitidos na reunião que para o efeito for Programa; suas funções punível com pena de prisão superior a b) O Tribunal de Contas.
convocada pelo Presidente da República e tornados c) Legislar, por decretos-leis, decretos e dois anos é suspenso , para efeitos de prosseguimento 2. Podem existir tribunais militar e arbitrais.
público aquando da prática do acto a que se referem. outros actos normativos, em matéria respeitante à sua dos actos. 3. A lei determina os casos e as formas em
própria organização e funcionamento; 2. Em caso de acusação definitiva por crime que os tribunais previstos nos números anteriores se
Artigo 86.º j) Propor à Assembleia Nacional a punível com pena até dois anos, caberá a Assembleia podem constituir, organizar e funcionar.
(Competência) participação das Forças Armadas são-tomenses em Nacional decidir se o Membro do Governo deve ou não
operações de paz em território estrangeiro ou a ser suspenso, para os mesmos efeitos. Artigo 111.º
Compete à Assembleia Nacional: presença de Forças Armadas estrangeiras no território ( Fiscalização da constitucionalidade)
..................... nacional; Artigo 101.º
m-1) Dar assentimento ao Presidente da l) Propor ao Presidente da República a C (Apreciação do Programa do Governo) 1..........
República para autorizar a participação das Forças sujeição a referendo de questões de relevante interesse 2. .........
Armadas em operações em território estrangeiro ou à nacional, nos termos do artigo 67.º-C; O Programa do Governo é submetido à 3. Admitida a questão da
presença de Forças Armadas estrangeiras em território m) Exercer a tutela administrativa sobre a apreciação da Assembleia Nacional, através de uma inconstitucionalidade, o incidente sobe em separado
nacional, sob proposta do Governo; Região Autónoma do Príncipe e sobre as Autarquias, declaração do Primeiro-Ministro, no prazo máximo de para o Tribunal Constitucional, que decidirá.
...................... nos termos da lei; trinta dias após a sua nomeação. 4. As decisões tomadas em matéria de
Artigo 91.º n) Nomear e exonerar o Presidente do inconstitucionalidade pelo Tribunal Constitucional
A (Dissolução) Governo Regional e os Secretários Regionais; Artigo 101.º terão força obrigatória geral e serão publicadas no
o) Dissolver as Assembleias Regional e D (Demissão do Governo) Diário da República.
1. A Assembleia Nacional pode ser Distritais, observados os princípios definidos na lei.
dissolvida em caso de crise institucional grave que 1. Implicam a demissão do Governo:
impeça o seu normal funcionamento, quando tal se a) O início de nova legislatura;
torne necessário para o regular funcionamento das
14 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º21 – 29 de Janeiro de 2003

TÍTULO V f) Verificar previamente a Artigo 116.º 2. As competências específicas e o modo de


A (TRIBUNAL CONSTITUCIONAL) constitucionalidade e a legalidade dos referendos (Autarquias locais) funcionamento desses órgãos são fixados por lei.
nacionais, regionais e locais, incluindo a apreciação
Artigo 112.º dos requisitos relativos ao respectivo universo
A (Definição) eleitoral; 1. A organização democrática do Estado PARTE IV
g) Julgar, a requerimento dos Deputados e compreende a existência de autarquias locais, como (GARANTIA E REVISÃO DA CONSTITUIÇÃO)
1. O Tribunal Constitucional é o tribunal ao dos membros das Assembleias Regional e Locais, nos
qual compete especificamente administrar a justiça em termos da lei, os recursos relativos à perda do mandato órgãos do poder local, de acordo com a lei da divisão
matérias de natureza jurídico-constitucional. e às eleições realizadas na Assembleia Nacional e nas político-administrativa do País. TÍTULO I
2. O Tribunal Constitucional reúne-se Assembleias Regional e Locais; 2. As autarquias locais são pessoas (GARANTIA DA CONSTITUCIONALIDADE)
quando haja matéria para julgar. h) Julgar as acções de impugnação de
eleições e de deliberações de órgãos de partidos colectivas territoriais dotadas de órgãos
Artigo 121.º
Artigo 112.º políticos que, nos termos da lei, sejam recorríveis. representativos, que visam a prossecução de interesses
B (Composição e estatuto dos juizes) 3. Compete ainda ao Tribunal Constitucional A (Inconstitucionalidade por acção)
próprios das populações respectivas, sem prejuízo da
exercer as demais funções que lhe sejam atribuídas
1. O Tribunal Constitucional é composto por pela Constituição e pela lei. participação do Estado.
1. São inconstitucionais as normas que
cinco juízes, designados pela Assembleia Nacional.
2. Três de entre os juízes designados são Artigo 112.º Artigo 117.º infrinjam o disposto na Constituição ou os princípios
obrigatoriamente escolhidos de entre magistrados e os D (Organização e Funcionamento) (Órgãos distritais) nela consignados.
demais, de entre juristas. 2. A inconstitucionalidade orgânica ou
3. O mandato dos juízes do Tribunal A lei estabelece as regras relativas à sede, A organização das autarquias locais em cada
Constitucional tem a duração de cinco anos. organização e funcionamento do Tribunal Distrito compreende uma Assembleia Distrital eleita e formal de tratados internacionais regularmente
4. O Presidente do Tribunal Constitucional é Constitucional. com poderes deliberativos e um órgão executivo ratificados não impede a aplicação das suas normas na
eleito pelos respectivos juízes. colegial, denominado Câmara Distrital. ordem jurídica são-tomense, desde que tais normas
5. Os Juizes do Tribunal Constitucional TÍTULO VII
gozam das garantias de independência, (ÓRGÃOS DO PODER REGIONAL E LOCAL) Artigo 120.º sejam aplicadas na ordem jurídica de outra parte, salvo
inamovibilidade, imparcialidade e irresponsabilidade. (Câmara Distrital) se tal inconstitucionalidade resultar de violação de uma
6. A lei estabelece as imunidades e as Artigo 114.º disposição fundamental.
demais regras relativas ao estatuto dos juízes do (Funções) 1. A Câmara Distrital, constituída por um
Tribunal Constitucional. presidente e vereadores, é um órgão executivo colegial
1. Os órgãos do poder regional e local do distrito, eleita de entre os membros de cada Artigo 121.º
Artigo 112.º constituem a expressão organizada dos interesses Assembleia Distrital. B (Fiscalização preventiva da constitucionalidade )
C (Competência) específicos das respectivas comunidades pelos quais se 2. A Câmara Distrital é responsável
reparte o povo são-tomense. politicamente perante a Assembleia Distrital e pode ser
1. Compete ao Tribunal Constitucional 2. Os órgãos do poder regional e local destituída a todo o tempo, nos termos da lei. 1. O Presidente da República pode requerer
apreciar a inconstitucionalidade e a ilegalidade, nos apoiam-se na iniciativa e na capacidade criadora das ao Tribunal Constitucional a apreciação preventiva da
termos dos artigos 121.º- A e seguintes. populações e actuam em estreita colaboração com as Artigo 121.º
2. Compete também ao Tribunal organizações de participação dos cidadãos. (Competência dos órgãos do poder regional e local) constitucionalidade de qualquer norma constante de
Constitucional: 3. Os órgãos do poder regional e local acordo ou tratado internacional que lhe tenha sido
a) Verificar a morte e a impossibilidade dispõem de finanças e património próprios, de acordo 1. Compete, de forma genérica, aos órgãos submetido para ratificação, de lei ou decreto-lei que lhe
física permanente do Presidente da República, bem com a lei. do poder regional e local:
como verificar os impedimentos temporários do a) Promover a satisfação das necessidades tenha sido enviado para a promulgação.
exercício das suas funções; Artigo 115.º básicas das respectivas comunidades; 2. A apreciação preventiva da
b) Verificar a perda do cargo do Presidente b) Executar os planos de desenvolvimento; constitucionalidade deve ser requerida no prazo de oito
da República, nos casos previstos no n.º 3 do artigo (Região Autónoma do Príncipe)
c) Impulsionar a actividade de todas as dias a contar da data da recepção do diploma.
79.º e no n.º 3 do artigo 79.º - A;
c) Julgar em última instância a regularidade empresas e outras entidades existentes no respectivo 3. Podem requerer ao Tribunal
1. A Ilha do Príncipe e os ilhéus que a
e a validade dos actos do processo eleitoral, nos termos âmbito, com vista ao aumento de produtividade e ao Constitucional a apreciação preventiva da
da lei; circundam constituem uma Região Autónoma, com
progresso económico, social e cultural das populações; constitucionalidade de qualquer norma constante de
d) Verificar a morte e declarar a estatuto político-administrativo próprio, tendo em
incapacidade para o exercício da função presidencial d) Apresentar aos órgãos de poder político diploma que tenha sido enviado ao Presidente da
conta a sua especificidade.
de qualquer candidato a Presidente da República, para do Estado todas as sugestões e iniciativas conducentes República para promulgação como lei orgânica, além
efeitos do disposto no n.º 2 do artigo 74.º; 2. São órgãos da Região Autónoma do
ao desenvolvimento harmonioso da região autónoma e deste, o Primeiro-Ministro ou um quinto dos
e) Verificar a legalidade da constituição de Príncipe a Assembleia Regional e o Governo Regional.
partidos políticos e suas coligações, bem como apreciar dos distritos. Deputados à Assembleia Nacional em efectividade de
a legalidade das suas denominações, siglas e símbolos, funções.
e ordenar a respectiva extinção, nos termos da
Constituição e da lei;
14 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º21 – 29 de Janeiro de 2003

4. O Presidente da Assembleia Nacional, na ratificado se a Assembleia Nacional vier a aprovar por Artigo 121.º d) Que apliquem norma cuja ilegalidade haja
data em que enviar ao Presidente da República diploma maioria de dois terços dos Deputados presentes, desde E (Inconstitucionalidade por omissão) sido suscitada durante o processo com qualquer dos
que deva ser promulgado como lei orgânica, dará disso que superior à maioria absoluta dos Deputados em fundamentos referidos nas alíneas a), b) e c).
conhecimento ao Primeiro-Ministro e aos Grupos efectividade de funções. 1. A requerimento do Presidente da 3. Quando a norma cuja aplicação tiver sido
Parlamentares da Assembleia Nacional. República ou, com fundamento em violação de direitos recusada constar de convenção internacional, de acto
5. A apreciação preventiva da Artigo 121.º da Região Autónoma do Príncipe, do Presidente da legislativo ou de decreto regulamentar, os recursos
constitucionalidade prevista no número 3 deve ser D (Fiscalização abstracta da Constitucionalidade e Assembleia Legislativa Regional, o Tribunal previstos na alínea a) do número 1 e na alínea a) do
requerida no prazo de oito dias a contar da data da legalidade) Constitucional aprecia e verifica o não cumprimento da número 2 deste artigo são obrigatórios para o
prevista no número anterior. Constituição por omissão das medidas legislativas Ministério Público.
6. Sem prejuízo do disposto no número 1, o 1. O Tribunal Constitucional aprecia e declara, necessárias para tornar exequíveis as normas 4. Os recursos previstos nas alíneas b) e d)
Presidente da República não pode promulgar os com força obrigatória geral: constitucionais. do número 2 só podem ser interpostos, pela parte que
diplomas a que se refere o número 4, sem que a) A inconstitucionalidade de quaisquer 2. Quando o Tribunal Constitucional haja suscitado a questão da inconstitucionalidade ou da
decorram oito dias após a respectiva recepção ou antes normas; verificar a existência da inconstitucionalidade por ilegalidade, devendo a lei regular o regime de admissão
do Tribunal Constitucional sobre eles se ter b) A ilegalidade de quaisquer normas omissão, dará disso conhecimento ao órgão legislativo desses recursos.
pronunciado, quando a intervenção deste tiver sido constantes de actos legislativos com fundamento em competente. 5. Cabe ainda recurso para o Tribunal
requerida. violação da lei com valor reforçado; Constitucional, obrigatório para o Ministério Público,
7. O Tribunal Constitucional deve c) A ilegalidade de quaisquer normas Artigo 121.º das decisões dos tribunais que apliquem norma
pronunciar-se no prazo de vinte e cinco dias o qual, no constantes de diploma regional com fundamento em F (Fiscalidade concreta da Constitucionalidade e da anteriormente julgada inconstitucional ou ilegal pelo
caso do número 1 pode ser encurtado pelo Presidente violação do Estatuto Político-Administrativo da Região legalidade) próprio Tribunal Constitucional.
da República por motivo de urgência. Autónoma do Príncipe ou de lei geral da República; 6. Os recursos para o Tribunal
d) A ilegalidade de quaisquer normas 1. Cabe recurso para o Tribunal Constitucional são restritos à questão da
Artigo 121.º constantes de diplomas emanados dos órgãos de Constitucional das decisões dos tribunais: inconstitucionalidade ou da ilegalidade, conforme os
C (Efeitos da decisão) soberania com fundamento em violação dos direitos da a) Que recusem a aplicação de qualquer casos.
Região Autónoma do Príncipe consagrados no seu norma com fundamento na sua inconstitucionalidade;
1. Se o Tribunal Constitucional se Estatuto. b) Que apliquem norma cuja Artigo 121.º
pronunciar pela inconstitucionalidade de norma 2. Podem requerer ao Tribunal inconstitucionalidade haja sido suscitada durante o G (Efeitos da declaração de inconstitucionalidade
constante de qualquer diploma ou acordo internacional, Constitucional a declaração da inconstitucionalidade processo. ou de ilegalidade)
deverá o mesmo ser vetado pelo Presidente da ou de ilegalidade, com força obrigatória geral: 2. Cabe igualmente recurso para o Tribunal
República e devolvido ao órgão que o tiver aprovado. a) O Presidente da República; Constitucional das decisões dos tribunais: 1. A declaração de inconstitucionalidade ou
2. No caso previsto no número 1, o diploma b) O Presidente da Assembleia Nacional; a) Que recusem a aplicação de norma de ilegalidade com força obrigatória geral produz
não poderá ser promulgado sem que o órgão que o c) O Primeiro-Ministro; constante de acto legislativo com fundamento na sua efeitos desde a entrada em vigor da norma declarada
tiver aprovado expurgue a norma julgada d) O Procurador Geral da República; ilegalidade por violação de Lei com valor reforçado; inconstitucional ou ilegal e determina a repristinação
inconstitucional ou, quando for o caso disso, o e) Um décimo dos Deputados à Assembleia b) Que recusem a aplicação de norma das normas que ela, eventualmente, haja revogado.
confirme por maioria de dois terços dos Deputados Nacional; constante de diploma regional com fundamento na sua 2. Tratando-se, porém, de
presentes, desde que superior à maioria absoluta dos f) A Assembleia Legislativa Regional e o ilegalidade por violação do Estatuto Político- inconstitucionalidade ou de ilegalidade por infracção
Deputados em efectividade de funções. Presidente do Governo Regional do Príncipe. Administrativo da Região Autónoma do Príncipe ou de de norma constitucional ou legal posterior, a
3. Se o diploma vier a ser reformulado 3. O Tribunal Constitucional aprecia e lei geral da República; declaração só produz efeitos desde a entrada em vigor
poderá o Presidente da República requerer a apreciação declara ainda, com força obrigatória geral, a c) Que recusem a aplicação de norma desta última.
preventiva da inconstitucionalidade de qualquer das inconstitucionalidade ou a ilegalidade de qualquer constante de diploma emanado de um órgão de 3. Ficam ressalvados os casos julgados,
suas normas. norma, desde que tenha sido por ele julgada soberania com fundamento na ilegalidade por violação salvo decisão do Tribunal Constitucional quando a
4. Se o Tribunal Constitucional se inconstitucional ou ilegal em três casos concretos. do Estatuto Político-Administrativo da Região norma respeitar a matéria penal, disciplinar ou
pronunciar pela inconstitucionalidade de norma Autónoma do Príncipe; transgressão e for de conteúdo menos favorável ao
constante de acordo ou tratado, este só poderá ser arguido.
14 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º21 – 29 de Janeiro de 2003

4. Quando a segurança jurídica, razões de A (Supremo Tribunal de Justiça – Composição 3. Até à data da entrada em vigor dos artigos referidos
equidade ou interesse público de excepcional relevo, Não podem ser objecto de revisão enquanto acumular as funções de Tribunal no número anterior, respeitantes às competências do
que deverá ser fundamentado, o exigirem, poderá o Constitucional)
Tribunal Constitucional fixar efeitos da inconsti- constitucional: Presidente da República, os mesmos são substituídos
tucionalidade ou da ilegalidade com alcance mais a) A independência, a integridade do 1.Enquanto exercer as funções de Tribunal por um único artigo 76.º com a seguinte redacção:
restrito do que o previsto nos números 1 e 2. território nacional e a unidade do Estado; Constitucional, o Supremo Tribunal de Justiça é
b) O estatuto laico do Estado; composto por cinco juizes, designados para um
c) A forma republicana de Governo; mandato de quatro anos, nos termos dos números Artigo 76.º
TÍTULO II
(REVISÃO DA CONSTITUIÇÃO) d) Os direitos, liberdades e garantias dos seguintes, a saber: (Competência)
cidadãos; a) Três Juizes Conselheiros do Supremo
e) O sufrágio universal, directo, secreto e Tribunal de Justiça;
Artigo 122.º periódico para a eleição dos titulares dos órgãos de b) Um Juiz nomeado pelo Presidente da Compete ao Presidente da República:
(Iniciativa e tempo de revisão) soberania e do poder regional e local; República, de entre magistrados ou juristas elegíveis; a) Defender a Constituição da República;
f) A separação e interdependência dos c) Um Juiz eleito pela Assembleia Nacional, b) Dirigir a política externa do País e
órgãos de soberania; de entre os juristas elegíveis por dois terços dos votos
1. A iniciativa da revisão cabe aos g) A autonomia do poder regional e local; dos Deputados presentes, desde que superior à maioria representar o Estado nas relações internacionais;
Deputados e aos Grupos Parlamentares. h) A independência dos tribunais; absoluta de votos dos Deputados em efectividade de c) Dirigir a política de defesa e segurança;
2. A Assembleia Nacional pode rever a i) O pluralismo de expressão e de funções.
Constituição decorridos cinco anos sobre a data da d) Marcar, de harmonia com a lei eleitoral, o
organização política, incluindo partidos políticos e o 2. Só podem ser designados juizes do
publicação da última lei de revisão. direito de oposição democrática. Supremo Tribunal de Justiça, nos termos do presente dia das eleições para Presidente da República, para a
3. A Assembleia Nacional, indepen- artigo, os cidadãos nacionais de reputado mérito, Assembleia Nacional e para as Assembleias do Poder
dentemente de qualquer prazo temporal, pode assumir licenciados em Direito e no pleno gozo dos seus
os poderes de revisão constitucional por maioria de três Artigo 123.º Regional e Local;
direitos civis e políticos que, à data da designação,
quartos dos Deputados em efectividade de funções. C (Limites circunstanciais da revisão) tenham exercido, pelo menos durante 5 anos, e) Convocar extraordinariamente a
4. Apresentado um projecto de revisão actividade profissional na magistratura ou em qualquer Assembleia Nacional sempre que razões imperiosas de
constitucional, quaisquer outros terão que ser outra actividade forense e que preencham os demais
apresentados no prazo de trinta dias. Durante o estado de sítio ou de emergência interesse público o justifiquem;
requisitos estabelecidos por lei.
não pode ser praticado nenhum acto de revisão f) Dirigir mensagem à Assembleia Nacional;
Artigo 123.º constitucional. Artigo 2.º g)Nomear, empossar e exonerar o Primeiro
(Aprovação e promulgação das modificações) Revisão das leis eleitorais e dos órgãos do poder Ministro;
PARTE V h)Nomear, exonerar e empossar os restantes
(DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS) regional e local
1. As alterações da Constituição são Membros do Governo, sob proposta do Primeiro-
aprovadas por maioria de dois terços dos Deputados
Artigo 124.º No prazo de sessenta dias após a entrada em Ministro, e dar-lhes posse;
em efectividade de funções.
(Supremo Tribunal de Justiça – Acumulação de i) Presidir o Conselho de Ministros sempre
2. A Constituição, no seu novo texto, é vigor da presente lei, a Assembleia Nacional aprovará
funções de Tribunal Constitucional)
publicada conjuntamente com a lei de revisão. legislação que permita adaptar as leis eleitorais e dos que o entenda;
3. O Presidente da República não pode 1. Enquanto o Tribunal Constitucional não órgãos regionais e das autarquias locais às alterações j) Nomear e exonerar o Procurador-Geral da
recusar a promulgação da lei de revisão. for legalmente instalado, a administração da justiça em República sob proposta do Governo;
matéria de natureza jurídico-constitucional passa a ser introduzidas pela presente lei de revisão
feita pelo Supremo Tribunal de Justiça, ao qual constitucional. k) Nomear e exonerar os embaixadores;
Artigo 123.º
compete: l) Acreditar os embaixadores estrangeiros;
A (Novo texto da Constituição) a) Apreciar a inconstitucionalidade e a
Artigo 3.º m) Promulgar as leis, os decretos-lei e os
ilegalidade, nos termos dos artigos 121.º-A a 121.º-G;
b) Exercer as competências previstas no Entrada em vigor decretos;
1. As alterações à Constituição são inseridas
no lugar próprio, mediante as substituições, as artigo 112.º-C. n) Indultar e comutar penas;
supressões e os aditamentos necessários. 2. Os acórdãos do Supremo Tribunal de o) Dissolver a Assembleia Nacional
Justiça, em matéria de natureza jurídico-constitucional 1. A presente lei de revisão constitucional
2. Depois de sistematizada, a Constituição, no observado o disposto no artigo 91.º-A e ouvidos os
não são passíveis de recurso e são publicados no Diário entra em vigor no trigésimo dia posterior ao da sua
seu novo texto, será publicada conjuntamente com a lei da República, detendo força obrigatória geral, nos partidos políticos que nela tenham assento;
publicação no Diário da República, à excepção do
de revisão. processos de fiscalização abstracta e concreta, quando
disposto nos números seguintes: p) Declarar o estado de sítio e de
se pronunciam no sentido da inconstitucionalidade.
2. As disposições constantes dos artigos emergência;
76.º, 76.º-A e 76.º-B entrarão em vigor à data do início q) Declarar a guerra e fazer a paz;
do próximo mandato do Presidente da República. r) Conceder as condecorações do Estado;
Artigo 123.º Artigo 124.º
B (Limites materiais da revisão)
14 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º21 – 29 de Janeiro de 2003

s) Exercer as demais funções que lhe forem Estado Democrático, segundo o programa máximo do
atribuídas por lei. MLSTP. 1. São cidadãos são-tomenses todos os Artigo 8.º
nascidos em território nacional, os filhos de pai ou mãe Estado Laico
Quinze anos depois, e após análise são-tomense e aqueles que como tal sejam
Assembleia Nacional, em São Tomé, aos 6 de aprofundada da experiência de exercício legítimo do considerados por lei. A República Democrática de São Tomé e
poder pelo MLSTP, o Comité Central, na sua sessão de 2. Os cidadãos são-tomenses que adquiram a Príncipe é um Estado laico, nela existindo uma
Dezembro de 2002.- Dezembro de 1989, fiel ao dever patriótico de nacionalidade de outro país conservam a sua separação do Estado e no respeito por todas as
O Presidente da Assembleia Nacional, Dionísio promover o desenvolvimento equilibrado e nacionalidade de origem. Instituições religiosas.
harmonioso de São Tomé e Príncipe, decidiu ratificar
Tomé Dias. as justas aspirações nacionais, expressas durante a Artigo 4.º Artigo 9.º
Conferência Nacional, de 5 a 8 de Dezembro de 1989, Território Nacional Estado de Economia Mista
no sentido da abertura do necessário espaço à
Promulgado em 25 de Janeiro de 2003. participação de outras forças politicamente 1. O território da República Democrática de 1. A organização económica de São Tomé e
organizadas, com vista ao aprofundamento da São Tomé e Príncipe é composto pelas ilhas de São Príncipe assenta no princípio de economia mista, tendo
democracia, em prol da modernidade em São Tomé e Tomé e do Príncipe, pelos ilhéus das Rolas, das em vista a independência nacional, o desenvolvimento
Publique-se. Príncipe. Cabras, Bombom, Boné Jockey, Pedras Tinhosas e e a justiça social.
demais ilhéus adjacentes, pelo mar territorial 2. É garantida, nos termos da lei, a
Inspirada na necessidade histórica de se compreendido num circulo de doze milhas a partir da coexistência da propriedade pública, da propriedade
O Presidente da República, Fradique Bandeira promover a participação cada vez mais ampla e linha de base determinada pela lei, pelas águas cooperativa e da propriedade privada de meios de
Melo de Menezes. responsabilizada do cidadão nos vários domínios da arquipelágicas situadas no interior da linha de base e o produção.
vida nacional, a presente revisão ao texto espaço aéreo que se estende sobre o conjunto territorial
constitucional, para além de consagrar o princípio de atrás definido. Artigo 10.º
que o monopólio do poder não constitui por si só 2. O Estado São-tomense exerce a sua Objectivos Primordiais do Estado
CONSTITUIÇÃO garantia suficiente de progresso, representa a vontade soberania sobre todo o território nacional, o subsolo do
colectiva dos São-tomenses em darem a sua parcela de espaço terrestre, o fundo e o subsolo do território São objectivos primordiais do Estado:
Preâmbulo contribuição à universalidade dos direitos e liberdades aquático formado pelo mar territorial e as águas a) Garantir a independência nacional;
fundamentais do Homem. arquipelágicas, bem como sobre os recursos naturais b) Promover o respeito e a efectivação dos
Durante cinco séculos o Povo São-tomense vivos e não vivos que se encontrem em todos os direitos pessoais, económicos, sociais, culturais e
travou contra a dominação colonial, um combate difícil Nestes termos, após a aprovação pela espaços supramencionados e os existentes nas águas políticos dos cidadãos;
e heróico, pela libertação da sua Pátria ocupada, pela Assembleia Popular Nacional, no uso das atribuições suprajacentes imediatas às costas, fora do mar c) Promover e garantir a democratização e o
conquista da Soberania e Independência Nacional, pela que lhe são conferidas ao abrigo da alínea i) do artigo territorial, na extensão que fixa a lei, em conformidade progresso das estruturas económicas, sociais e
restauração dos seus direitos usurpados e pela 32.º, e ratificação por Referendo Popular, ao abrigo do com o direito internacional. culturais;
reafirmação da sua dignidade humana e personalidade n.º 2 do artigo 70.º, todos da Constituição vigente, d) Preservar o equilíbrio harmonioso da
africana. promulgo a seguinte Constituição: Artigo 5.º natureza e do ambiente.
Estado Unitário
A 12 de Julho de 1975, sob a esclarecida PARTE I Artigo 11.º
direcção do Movimento de Libertação de São Tomé e Fundamentos e objectivos 1. A República Democrática de São Tomé e Defesa Nacional
Príncipe (MLSTP), o Povo São-tomense alcançou a Príncipe é um Estado unitário, sem prejuízo da
sua Independência Nacional e proclamou perante a Artigo 1.º existência de autarquias locais. 1. Compete ao Estado assegurar a Defesa
África e a Humanidade inteira a República República Democrática de São Tomé e Príncipe 2. A capital da República é a Cidade de São Nacional.
Democrática de São Tomé e Príncipe. Essa vitória, a Tomé. 2. A Defesa Nacional tem como objectivos
maior da nossa história, só foi possível graças aos A República Democrática de São Tomé e essenciais garantir a independência nacional, a
sacrifícios e à determinação de valorosos e heróicos Príncipe é um Estado soberano e independente, Artigo 6.º integridade territorial e o respeito das instituições
filhos de São Tomé e Príncipe que, durante séculos, empenhado na construção de uma sociedade livre, justa Estado de Direito Democrático democráticas.
sempre resistiram à presença colonial, e em 1960 se e solidária, na defesa dos Direitos do Homem e na 3. Lei especial regulará a sua forma de
organizaram em CLSTP e mais tarde, 1972, em solidariedade activa entre todos os homens e todos os 1. A Republica Democrática de São Tomé e Príncipe é organização.
MLSTP, até atingir o supremo objectivo da libertação povos. um Estado de Direito democrático, baseado nos direitos
nacional. fundamentais da pessoa humana. Artigo 12.º
Artigo 2.º 2. O poder político pertence ao povo, que o exerce Relações Internacionais
Com a proclamação da Independência Identidade Nacional através de sufrágio universal, igual, directo e secreto nos
Nacional, a Assembleia Representativa do Povo São- termos da Constituição. 1. A República Democrática de São Tomé e
tomense confiou ao Bureau Político do MLSTP, A República Democrática de São Tomé e Príncipe está decidida a contribuir para a salvaguarda
através do estipulado no Artigo 3.º da Lei Fundamental Príncipe assegura a identidade nacional são-tomense e Artigo 7.º da paz universal, para o estabelecimento de relações de
então aprovada, a pesada responsabilidade de, como integra todo e qualquer são-tomense residente dentro Justiça e Legalidade igualdade de direitos e respeito mútuo da soberania
mais alto órgão político da Nação, assumir a direcção ou fora do seu território. entre todos os Estados e para o progresso social da
da sociedade e do Estado em São Tomé e Príncipe, O Estado de Direito Democrático implica a humanidade, na base dos princípios do direito
visando o nobre objectivo de garantir a independência Artigo 3.º salvaguarda da justiça e da legalidade como valores internacional e da coexistência pacífica.
e a unidade nacionais, mediante a construção dum Cidadania São-tomense fundamentais da vida colectiva.
14 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º21 – 29 de Janeiro de 2003

2. A República Democrática de São Tomé e Restrição e Suspensão 1. O domicílio e o sigilo da correspondência


Príncipe proclama a sua adesão à Declaração Universal Artigo 15.º e dos outros meios de comunicação privada são
dos Direitos do Homem e aos seus princípios e Princípios de lgualdade 1. O exercício dos direitos fundamentais só invioláveis.
objectivos da União Africana e da Organização das pode ser restringido nos casos previstos na 2. A entrada no domicílio dos cidadãos
Nações Unidas. 1. Todos os cidadãos são iguais perante a lei, Constituição e suspenso na vigência de estado de sítio contra a sua vontade só pode ser ordenada pela
3. A República Democrática de São Tomé e gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos ou de estado de emergência declarados nos termos da autoridade judicial competente, nos casos e segundo as
Príncipe mantém laços especiais de amizade e de mesmos deveres, sem distinção de origem social, raça, Constituição e da lei. formas previstas na lei.
cooperação com os países de língua portuguesa e com sexo, tendência política, crença religiosa ou convicção 2. Nenhuma restrição ou suspensão de
os países de acolhimento de emigrantes são-tomenses. filosófica. direitos pode ser estabelecida para além do Artigo 26.º
4. A República Democrática de São Tomé e 2. A mulher é igual ao homem em direitos e estritamente necessário. Família, Casamento e Filiação
Príncipe promove e desenvolve laços privilegiados de deveres, sendo-lhe assegurada plena participação na
amizade e cooperação com os países vizinhos e os da vida política, económica, social e cultural. Artigo 20.º 1. Todos têm o direito de constituir família e
região. Acesso aos Tribunais de contrair casamento em condições de plena
Artigo 16.º igualdade.
Artigo 13.º Cidadão no Estrangeiro Todo o cidadão tem direito de recorrer aos 2. A lei regula os requisitos e os efeitos do
Recepção do Direito Internacional tribunais contra os actos que violem os seus direitos casamento e da sua dissolução, por morte ou divórcio,
1. Todo o cidadão são-tomense que resida reconhecidos pela Constituição e pela lei, não podendo independentemente da forma de celebração.
1. As normas e os princípios de direito ou se encontre no estrangeiro goza dos mesmos a justiça ser denegada por insuficiência de meios 3. Os cônjuges têm iguais direitos e deveres
internacional geral ou comum fazem parte integrante direitos e está sujeito aos mesmos deveres que os económicos. quanto à capacidade civil e política e à manutenção e
do direito são-tomense. demais cidadãos, salvo no que seja incompatível com a educação dos filhos.
2. As normas constantes de convenções, ausência do país. Artigo 21.º 4. Os filhos nascidos fora do casamento não
tratados e acordos internacionais validamente 2. Os cidadãos são-tomenses residentes no Deveres e Limites aos Direitos podem, por esse motivo, ser objecto de qualquer
aprovadas e ratificadas pelos respectivos órgãos estrangeiro gozam do cuidado e da protecção do discriminação.
competentes vigoram na ordem jurídica são-tomense Estado. Os cidadãos têm deveres para com a 5. Os pais têm o direito e o dever de
após a sua publicação oficial e enquanto vincularem sociedade e o Estado, não podendo exercer os seus educação e manutenção dos filhos.
internacionalmente o Estado São-tomense. Artigo 17.º direitos com violação dos direitos dos outros cidadãos
3. As normas constantes de convenções, Estrangeiros em São Tomé e Príncipe e desrespeito das justas exigências da moral, da ordem Artigo 27.º
tratados e acordos internacionais validamente pública e da independência nacional definidas na lei. Liberdade de Consciência, de Religião e de
aprovadas e ratificadas pelos respectivos órgãos 1. Os estrangeiros e os apátridas que residam Culto
competentes têm prevalência, após sua entrada em ou se encontram em São Tomé e Príncipe gozam dos TÍTULO II
vigor na ordem internacional e interna, sobre todos os mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres Direitos Pessoais 1. A liberdade de consciência, de religião e
actos legislativos e normativos internos de valor que cidadão são-tomense, excepto no que se refere aos de culto é inviolável.
infraconstitucional. direitos políticos, aos exercícios das funções públicas e Artigo 22.º 2. Ninguém pode ser perseguido, privado de
aos demais direitos e deveres expressamente Direitos à Vida direitos ou isento de obrigações ou deveres cívicos por
Artigo 14.º reservados por lei ao cidadão nacional. causa das suas convicções ou prática religiosa.
Símbolos Nacionais 2. O exercício de funções públicas só poderá 1. A vida humana é inviolável. 3. Ninguém pode ser perguntado por
ser permitido aos estrangeiros desde que tenham 2. Em caso algum, haverá pena de morte. qualquer autoridade acerca das suas convicções ou
1. A Bandeira Nacional é constituída por carácter predominantemente técnico, salvo acordo ou prática religiosa, salvo para recolha de dados
três barras dispostas horizontalmente, sendo verdes e convenção internacional. Artigo 23.º estatísticos não individualmente identificáveis, nem ser
de igual largura as dos extremos, e a mediana, na qual 3. A lei pode atribuir aos cidadãos Direito à Integridade Pessoal prejudicado por se recusar a responder.
estão apostas duas estrelas negras de cinco pontas, estrangeiros residentes no território nacional, em 4. As confissões religiosas são livres no
amarela, e uma vez e meia mais larga que cada uma condições de reciprocidade, capacidade eleitoral activa 1. A integridade moral e física das pessoas é culto, no ensino e na sua organização.
das outras e por um triângulo encarnado, cuja base se e passiva para eleição dos titulares de órgãos das inviolável.
situa do lado esquerdo da Bandeira. A altura do autarquias locais. 2. Ninguém pode ser submetido a tortura, Artigo 28.º
triângulo é metade da base. nem tratos ou penas cruéis, desumanas ou degradantes. Liberdade de criação cultural
2. O Hino Nacional é “INDEPENDÊNCIA Artigo 18.º
TOTAL”. Âmbito e Sentido dos Direitos Artigo 24.º É livre a criação intelectual, artística e
3. A insígnia é constituída pela figura de um Direito à Identidade e à Intimidade científica.
falcão à esquerda e um papagaio à direita, separados 1. Os direitos consagrados nesta
por um brasão de forma ovular, cuja abcissa vertical é Constituição não excluem quaisquer outros que sejam A identidade pessoal e a reserva da Artigo 29.º
de dimensão 0,33 vezes superior que a horizontal e no previstos nas leis ou em regras de direito internacional. intimidade da vida privada e familiar são invioláveis. Liberdade de expressão e informação
interior do qual se destaca uma palmeira situada ao
longo da abcissa vertical. 2. Os preceitos relativos a direitos Artigo 25.º 1. Todos têm o direito de exprimir e
PARTE II fundamentais são interpretados e integrados de Inviolabilidade do Domicílio e da divulgar livremente o seu pensamento pela palavra,
Direitos Fundamentais e Ordem Social harmonia com a Declaração Universal dos Direitos do Correspondência pela imagem ou por qualquer outro meio.
Homem.
TÍTULO I 2. As infracções cometidas no exercício deste
Princípios Gerais Artigo 19.º direito ficam submetidas aos princípios gerais de
14 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º21 – 29 de Janeiro de 2003

direito criminal, sendo a sua apreciação da 3. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte especificando a lei os casos e as fases em que essa Todos os trabalhadores têm direito:
competência dos tribunais. de uma associação nem coagido por qualquer meio a assistência é obrigatória. a) A retribuição do trabalho, segundo a
permanecer nela. 4. Toda a instrução é da competência de um quantidade, natureza e qualidade, observando-se o
Artigo 30.º magistrado, o qual pode, nos termos da lei, delegar princípio de que para trabalho igual salário igual, de
Liberdade de imprensa Artigo 36.º noutras entidades a prática dos actos instrutórios que se forma a garantir uma existência condigna;
Liberdade física e segurança não prendam directamente com os direitos b) A liberdade sindical como forma de
1. Na República Democrática de São Tomé fundamentais. promover a sua unidade, defender os seus legítimos
e Príncipe é garantida a liberdade de imprensa, nos 1. Todos têm direito à liberdade física e à 5. O processo criminal tem estrutura direitos e proteger os seus interesses;
termos da lei. segurança pessoal. acusatória, estando a audiência de julgamento e os c) A organização do trabalho em condições
2. O Estado garante um serviço público de 2. Ninguém pode ser privado da liberdade, a actos instrutórios que a lei determinar subordinados ao socialmente dignificantes, de forma a facultar a
imprensa independente dos interesses de grupos não ser nos casos previstos na lei e sempre por decisão princípio do contraditório. realização pessoal;
económicos e políticos. ou com apreciação pelo tribunal competente. 6. São nulas todas as provas obtidas d) A prestação do trabalho em condições de
mediante tortura, coacção, ofensa da integridade física higiene e segurança;
Artigo 31.º Artigo 37.º ou moral da pessoa, abusiva intromissão na vida e) A um limite máximo da jornada de
Direito de aprender e liberdade de ensinar Aplicação da Lei Penal privada, no domicílio, na correspondência ou nas trabalho, ao descanso semanal e a férias periódicas
telecomunicações. pagas;
1. É garantido o direito de aprender e a 1. Ninguém pode ser sentenciado 7. Nenhuma causa pode ser subtraída ao f) A greve, nos termos a ser regulados por
liberdade de ensinar. criminalmente senão em virtude de lei anterior que tribunal cuja competência esteja fixada em lei anterior. lei, tendo em conta os interesses dos trabalhadores e da
2. O Estado não pode atribuir-se o direito de declare punível a acção ou a omissão nem sofrer economia nacional.
programar a educação e a cultura segundo quaisquer medida de segurança cujos pressupostos não estejam Artigo 41.º
directrizes filosóficas, políticas, ideológicas ou fixados em lei anterior. Extradição, expulsão e direito de asilo Artigo 44.º
religiosas. 2. Aplicam-se, porém, retroactivamente as Segurança Social
Artigo 32.º leis penais de conteúdo mais favorável ao arguido ou 1. Não são admitidas a extradição e a
Liberdade de escolha de profissão ao condenado. expulsão de cidadãos são-tomenses do território 1. O Estado garante a todo o cidadão,
nacional. através do sistema de segurança social, o direito a
Todos têm o direito de escolher livremente a Artigo 38.º 2. Não é admitida a extradição por motivos protecção na doença, invalidez, velhice, viuvez,
profissão ou o género de trabalho, salvo as restrições Limites das penas e das medidas de segurança políticos, nem por crimes a que corresponda pena de orfandade e noutros casos previstos na lei.
legais impostas pelo interesse colectivo ou inerentes à morte segundo o direito do Estado requisitante. 2. A organização do sistema de segurança
própria capacidade. Não pode haver penas nem medidas de 3. A expulsão dos estrangeiros que tenham social do Estado não prejudica a existência de
segurança privativas ou restritivas da liberdade com obtido autorização de residência, só pode ser instituições particulares, com vista à prossecução dos
Artigo 33.º carácter perpétuo ou duração ilimitada ou indefinida. determinada por autoridade judicial, assegurando a lei objectivos de Segurança Social.
Direito de deslocação e de emigração 1. As penas são insusceptíveis de trans- formas expeditas de decisão.
missão. 4. É concedido asilo aos estrangeiros Artigo 45.º
1. A todos os cidadãos é garantido o direito 2. Nenhuma pena envolve como efeito perseguidos ou gravemente ameaçados de perseguição, Cooperativas
de se deslocarem e fixarem livremente em qualquer necessário a perda de quaisquer direitos civis, em virtude da sua actividade em favor dos direitos
parte do território nacional. profissionais ou políticos. democráticos 1. É garantido o direito de livre constituição
2. A todos é garantido o direito de emigrar de cooperativas.
ou de sair do território nacional e o direito de regressar. Artigo 39.º TÍTULO III 2. O Estado estimula e apoia a criação e a
Habeas Corpus Direitos Sociais e Ordem Económica, Social e actividade de cooperativas.
Artigo 34.º Cultural
Direito de reunião e de manifestação 1. Em caso de prisão ou detenção ilegal Artigo 46.º
resultante de abuso do poder, o cidadão tem direito a Artigo 42.º Propriedade intelectual
1. Os cidadãos têm o direito de se reunir, recorrer à providência de Habeas Corpus. Direito ao trabalho
pacificamente e sem armas, mesmo em lugares abertos 2. A providência de Habeas Corpus é O Estado protege os direitos à propriedade
ao público. interposta perante o Tribunal e o seu processo é fixado 1. Todos têm direito ao trabalho. intelectual, incluindo os direitos do autor.
2. A todos os cidadãos é reconhecido o pela lei. 2. O dever de trabalhar é inseparável do
direito de manifestação, nos termos da lei. direito ao trabalho.
Artigo 40.º 3. Incumbe ao Estado assegurar a igualdade Artigo 47.º
Artigo 35.º Garantias de processo criminal de oportunidades na escolha da profissão ou género de Propriedade privada
Liberdade de associação trabalho e condições para que não seja vedado ou
1. O processo criminal assegurará todas as limitado, em função do sexo, o acesso a quaisquer 1. A todos é garantido o direito à
1. Os cidadãos têm o direito de, livremente e garantias de defesa. cargos, trabalho ou categorias profissionais. propriedade privada e à sua transmissão em vida ou por
sem dependência de qualquer autorização, constituir 2. Todo o arguido se presume inocente até 4. É garantido o direito ao exercício de morte, nos termos da lei.
associações, desde que não sejam contrárias à lei penal ao trânsito em julgado da sentença de condenação, profissões liberais nas condições previstas na lei . 2. A requisição e a expropriação por
ou não ponham em causa a Constituição e a devendo ser julgado no mais curto prazo compatível utilidade pública só podem ser efectuadas com base na
independência nacional. com as garantias de defesa. Artigo 43.º lei.
2. As associações prosseguem livremente os 3. O arguido tem direito a escolher defensor Direitos de trabalhadores Artigo 48.º
seus fins. e a ser por ele assistido em todos os actos do processo, Empresas privadas
14 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º21 – 29 de Janeiro de 2003

Artigo 54.º Direito de petição TÍTULO I


1. O Estado fiscaliza o respeito da lei pelas Terceira idade Princípios Gerais
empresas privadas e protege as pequenas e médias Todos os cidadãos têm direito de apresentar,
empresas económica e socialmente viáveis. As pessoas idosas têm direito a condições de individual ou colectivamente, aos órgãos do poder Artigo 66.º
2. O Estado pode autorizar o investimento convívio familiar e segurança económica adequadas. político ou a quaisquer autoridades petições, repre- Participação política dos cidadãos
estrangeiro, contando que seja útil ao desenvolvimento sentações, reclamações ou queixas para defesa dos seus
económico e social do País. Artigo 55.º direitos, da Constituição, das leis ou do interesse geral. A participação e o envolvimento directo e
Educação activo dos cidadãos na vida política constitui condição
Artigo 49.º Artigo 61.º fundamental de consolidação da República.
Habitação e ambiente 1.A educação, como direito reconhecido a Direito de indemnização
todos os cidadãos, visa a formação integral do homem Artigo 67.º
1. Todos têm direito à habitação e a um e a sua participação activa na comunidade. Todo o cidadão tem direito a ser indem- Órgãos do poder político
ambiente de vida humana e o dever de o defender. 2.Compete ao Estado promover a eliminação nizado por danos causados pelas acções ilegais e
2. Incumbe ao Estado programar e executar do analfabetismo e a educação permanente, de acordo lesivas dos seus direitos e interesses legítimos, quer A formação, a composição, a competência e
uma política de habitação inserida em planos de com o Sistema Nacional de Ensino. dos órgãos estatais, organizações sociais ou quer dos o funcionamento dos órgãos do poder político são
ordenamento do território. 1. O Estado assegura o ensino básico funcionários públicos. definidos na Constituição.
obrigatório e gratuito.
Artigo 50.º 2. O Estado promove gradualmente a igual Artigo 62.º Artigo 68.º
Direito à protecção da saúde possibilidade de acesso aos demais graus de ensino. Organizações cívicas Órgãos de Soberania
3. É permitido o ensino através de
1. Todos têm direito à protecção da saúde e Instituições particulares, nos termos da lei. O Estado apoia e protege as organizações São órgãos de soberania:
o dever de a defender. sociais reconhecidas por lei que, em correspondência a) Presidente da República;
2. Incumbe ao Estado promover a Saúde Artigo 56.º com interesses específicos, enquadram e fomentam a b) Assembleia Nacional;
Pública, que tem por objectivo o bem-estar físico e Cultura e desporto participação cívica dos cidadãos. c) Governo;
mental das populações e a sua equilibrada inserção no d) Tribunais.
meio sócio-ecológico em que vivem, de acordo com o 1. Serão criadas condições para que todos os Artigo 63.º
Sistema Nacional de Saúde. cidadãos tenham acesso à cultura e sejam incentivados Organizações políticas Artigo 69.º
3. É permitido o exercício da medicina a participar activamente na sua criação e difusão. Princípio da separação e interdependência dos
privada, nas condições fixadas por lei. 2. O Estado preserva, defende e valoriza o 1. Todo o cidadão pode constituir ou poderes
património cultural do Povo São-Tomense. participar em organizações políticas reconhecidas por
Artigo 51.º 3. Incumbe ao Estado encorajar e promover lei que enquadram a participação livre e plural dos 1. Os órgãos de soberania devem observar
Família a prática e difusão dos desportos e da cultura física. cidadãos na vida política. os princípios da separação e interdependência estabe-
2. Lei especial regulará a formação dos lecidas na Constituição.
1. A família, como elemento fundamental da TÍTULO IV Partidos Políticos. 2. Nenhum órgão de soberania, de poder
sociedade, tem direito à protecção da sociedade e do Direitos e Deveres Cívico-Políticos regional ou local pode delegar os seus poderes noutros
Estado. Artigo 64.º órgãos, a não ser nos casos e nos termos expressamente
2.Incumbe, especialmente, ao Estado: Artigo 57.º Deveres com a defesa nacional previstos na Constituição e na lei.
a) Promover a independência social e Participação na vida pública
económica dos agregados familiares; 1. É honra e dever supremo do cidadão Artigo 70.º
b) Promover a criação de uma rede nacional Todos os cidadãos têm direito de tomar participar na defesa da soberania, independência e Actos Normativos
de assistência materno-infantil; parte na vida política e na direcção dos assuntos do integridade territorial do Estado.
c) Cooperar com os pais na educação dos País, directamente ou por intermédio de representantes 2.Todo o cidadão tem o dever de prestar 1. São actos legislativos as leis, os decretos-
filhos. livremente eleitos. serviço militar, nos termos da lei. leis, os decretos, os decretos regionais e os decretos
3. A traição à Pátria é crime punível com as executivos regionais.
Artigo 52.º Artigo 58.º sanções mais graves. 2. As leis e os decretos-leis têm igual valor,
Infância Direito de sufrágio sem prejuízo da subordinação às correspondentes leis
Têm direito de sufrágio todos os cidadãos Artigo 65.º dos decretos-leis publicados no uso da autorização
As crianças têm direito ao respeito e à maiores de dezoito anos, ressalvadas as incapacidades Impostos legislativa e dos que desenvolvam as bases gerais dos
protecção da sociedade e do Estado, com vista ao seu previstas na lei geral. regimes jurídicos.
desenvolvimento integral. 1. Todos os cidadãos têm o dever de 3. Os decretos regionais e os decretos
Artigo 59.º contribuir para as despesas públicas, nos termos da lei. executivos regionais versam sobre matérias de
Artigo 53.º Direito de acesso a cargos públicos 2. Os impostos visam a satisfação das interesse específico para a Região Autónoma do
Juventude necessidades financeiras do Estado e uma repartição Príncipe e não reservadas à Assembleia Nacional ou ao
Os jovens, sobretudo os jovens Todos os cidadãos têm direito de acesso, em justa dos rendimentos. Governo, não podendo dispor contra os princípios
trabalhadores, gozam de protecção especial para condições de igualdade e liberdade, aos cargos fundamentais das leis gerais da República.
efectivação dos seus direitos económicos, sociais e públicos. PARTE III 4. Os decretos-leis e os decretos versam
culturais. Organização do Poder Político sobre matéria respeitante à organização e funci-
Artigo 60.º onamento do Governo.
14 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º21 – 29 de Janeiro de 2003

5. São leis gerais da República, as leis e os TÍTULO II c) Marcar, de harmonia com a lei eleitoral, o
decretos-leis cuja razão de ser envolva a sua aplicação Artigo 72.º Presidente da República dia das eleições para Presidente da República, para a
sem reservas a todo o território nacional. Incompatibilidade Assembleia Nacional e para as Assembleias do poder
6. Nenhuma lei pode criar outras categorias Artigo 77.º regional e local;
de actos legislativos ou conferir a actos de outra 1.As funções de Presidente da República são Funções d) Convocar referendo a nível nacional e
natureza o poder de, com eficácia externa, interpretar, incompatíveis com qualquer outra função pública ou marcar a data da sua realização;
integrar, modificar, suspender ou revogar qualquer dos privada. O Presidente da República é o Chefe do e) Promulgar as leis, os decretos-leis e
seus preceitos. 2.As funções de Deputados à Assembleia Estado e o Comandante Supremo das Forças Armadas, decretos;
7. Os regulamentos devem indicar expres- Nacional, membros do Governo e de titular de órgãos representa a República Democrática de São Tomé e f) Indultar e comutar penas, ouvido o
samente as leis que visam regulamentar ou que de poder local estão sujeitas às incompatibilidade Príncipe, garante a independência nacional e a unidade Governo;
definem a competência subjectiva e objectiva para a fixadas na lei. do Estado e assegura o regular funcionamento das g) Declarar o estado de sítio e de
sua emissão. instituições. emergência, ouvido o Governo e depois de autorizado
Artigo 73.º pela Assembleia Nacional;
Artigo 71.º Juramento Artigo 78.º h) Autorizar a participação das Forças
Referendo Eleição e posse Armadas são-tomenses em operações de paz em
Ao serem empossados nas suas funções, os território estrangeiro ou a presença de Forças Armadas
1. Os cidadãos eleitores recenseados no titulares dos órgãos do Estado prestam o seguinte 1. O Presidente da República é eleito por estrangeiras em território nacional, sob proposta do
território nacional, à excepção do disposto no numero 3 juramento: sufrágio universal, directo e secreto. Governo, ouvido o Conselho de Estado e mediante o
do Artigo 17.º, podem ser chamados a pronunciar-se «Juro, por minha honra, cumprir e fazer 2. Só pode ser eleito Presidente da assentimento da Assembleia Nacional;
directamente, a título vinculativo, através de referendo, cumprir a Constituição e as leis, defender a Inde- República o cidadão são-tomense de origem, filho de i) Requerer ao Tribunal de Constitucional a
por decreto do Presidente da República, mediante pendência Nacional, promover o progresso económico, pai ou mãe são-tomense, maior de 35 anos, que não fiscalização preventiva da constitucionalidade ou
proposta da Assembleia Nacional ou do Governo, em social e cultural do Povo São-tomense e desempenhar possua outra nacionalidade e que nos três anos legalidade dos diplomas legais e dos tratados
matérias das respectivas competências, nos casos e nos com toda a lealdade e dedicação as funções que me são imediatamente anteriores à data da candidatura tenha internacionais;
termos previstos na Constituição e na lei. confiadas». residência permanente no território nacional. j) Conceder as condecorações do Estado.
2. O referendo só pode ter por objecto 3.O Presidente da República eleito toma
questões de relevante interesse nacional que devam ser Artigo 74.º posse perante a Assembleia Nacional, no último dia do Artigo 81.º
decididas pela Assembleia Nacional ou pelo Governo Controlo e responsabilidade mandato do Presidente da República cessante ou, no Competência quanto a outros órgãos
através da aprovação de convenção internacional ou de caso de eleição por vagatura, no oitavo dia subsequente
acto legislativo. 1. Os titulares dos órgãos de poder político ao dia da publicação dos resultados eleitorais. Compete ao Presidente da República relativamente aos
3. São excluídas do âmbito do referendo, têm o dever de manter informados os cidadãos e as outros órgãos:
designadamente, as alterações à Constituição, as suas organizações acerca dos assuntos públicos, Artigo 79.º a) Presidir ao Conselho de Estado;
matérias previstas no Artigo 97.º da Constituição e as ficando sujeitos ao controlo democrático exercido Mandato b) Presidir ao Conselho Superior de Defesa;
questões e os actos de conteúdo orçamental, tributário através das formas de participação política c) Presidir ao Conselho de Ministros, à
ou financeiro. estabelecidas na Constituição e na lei. 1. O Presidente da República é eleito por solicitação do Primeiro-Ministro;
4. Cada referendo recairá sobre uma só 2. Os titulares de órgãos de poder político cinco anos. d) Convocar extraordinariamente a
matéria, devendo as questões ser formuladas em respondem política, civil e criminalmente pelas acções 2. Em caso de vagatura, a eleição do novo Assembleia Nacional sempre que razões imperiosas de
termos de SIM ou NÃO, com objectividade, clareza e e omissões que pratiquem no exercício das suas Presidente da República far-se-á nos noventa dias interesse público o justifiquem;
precisão, num número máximo de perguntas a fixar por funções. subsequentes e este iniciará novo mandato. e) Dissolver a Assembleia Nacional,
lei, a qual determinará igualmente as demais condições 3. Não é admitida a reeleição para um observado o disposto no Artigo 103.º e ouvidos os
da formulação e efectivação de referendos. Artigo 75.º terceiro mandato consecutivo, nem durante o partidos políticos que nela tenham assento;
5. São excluídas a convocação e a Deliberações dos órgãos colegiais quinquénio imediatamente subsequente ao termo do f) Dirigir mensagem à Assembleia Nacional;
efectivação de referendos entre a data da convocação e segundo mandato consecutivo. g) Nomear o Primeiro-Ministro, ouvidos os
a da realização de eleições gerais para os órgãos de As deliberações dos órgãos colegiais do 4. Se o Presidente da República renunciar ao partidos políticos com assento na Assembleia Nacional
soberania, de membros da Assembleia Regional do poder político são tomadas de harmonia com os cargo, não poderá candidatar-se nas eleições imediatas e tendo em conta os resultados eleitorais;
Príncipe e dos órgãos do poder local. princípios da livre discussão e crítica e da aceitação da nem nas que se realizem no quinquénio imediatamente h) Nomear e exonerar os membros do
6. O Presidente da República submete à vontade da maioria. subsequente à renúncia. Governo, sob proposta do Primeiro-Ministro;
fiscalização preventiva obrigatória da constitu- i) Demitir o Governo, nos termos do Artigo
cionalidade e da legalidade as propostas de referendo 117.º;
que lhe tenham sido remetidas pela Assembleia j) Nomear três membros do Conselho de
Nacional ou pelo Governo. Estado;
7. São aplicáveis com as necessárias Artigo 76.º Artigo 80.º k) Nomear e exonerar o Procurador-Geral da
adaptações, as normas relativas às eleições dos titulares Publicidade dos actos Competência própria República, sob proposta do Governo.
dos órgãos efectivos da soberania.
8. As propostas de referendo recusadas pelo 1. A lei determina as formas de publicidade Compete ao Presidente da República: Artigo 82.º
Presidente da República ou objecto de resposta das leis e dos demais actos do poder político. a) Defender a Constituição da República; Competência nas relações internacionais
negativa do eleitorado não podem ser renovadas na 2. A falta de publicidade das leis implica a b) Exercer as funções de Comandante
mesma sessão legislativa, salvo nova eleição da sua ineficácia jurídica. Supremo das Forças Armadas; Compete ao Presidente da República no
Assembleia Nacional, ou até à demissão do Governo. domínio das relações internacionais:
14 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º21 – 29 de Janeiro de 2003

a) Representar o Estado nas relações 1. Por crimes praticados no exercício das 1. Os membros do Conselho de Estado são Composição e eleição
internacionais; suas funções, o Presidente da República responde empossados pelo Presidente da República.
b) Ratificar os tratados internacionais depois perante o Supremo Tribunal de Justiça. 2. Os membros do Conselho de Estado 1. A Assembleia Nacional é composta por
de devidamente aprovados; 2. A iniciativa do processo de crime cabe à previstos nas alíneas a) a e) do número 2 do artigo Deputados eleitos, nos termos da lei.
c) Declarar guerra e fazer a paz, sob Assembleia Nacional, mediante proposta de um quinto anterior mantêm-se em funções enquanto exercerem os 2. Os Deputados representam todo o povo, e
proposta do Governo, ouvido o Conselho de Estado e e deliberação aprovada por maioria de dois terços dos respectivos cargos e os previstos nas alíneas g) e h) não apenas os círculos eleitorais por que são eleitos.
mediante a autorização da Assembleia Nacional; Deputados em efectividade de funções. mantêm-se em funções até à posse dos que os 3. O número de membros de Assembleia
d) Nomear e exonerar os embaixadores, sob 3. A condenação implica a destituição do substituírem no exercício dos respectivos cargos. Nacional é fixado pela lei.
proposta do Governo, e acreditar os representantes cargo e a impossibilidade de reeleição.
diplomáticos estrangeiros; 4. Pelos crimes praticados fora do exercício Artigo 90.º Artigo 94.º
e) Conduzir, em concertação com o das suas funções o Presidente da República responde Funcionamento e competência Poderes dos Deputados
Governo, todo o processo negocial para conclusão de depois de findo o mandato perante os tribunais
acordos internacionais na área da defesa e segurança. comuns. 1 As reuniões do Conselho de Estado não Os Deputados têm, designadamente, os
são públicas. seguintes poderes:
Artigo 83.º Artigo 87.º 2. Compete ao Conselho de Estado: a) Discutir todas as questões de interesse
Promulgação e veto Substituição interina a) Elaborar o seu regimento; nacional;
b) Pronunciar-se sobre a dissolução da b) Apresentar projectos de lei, de resolução
1. Os diplomas aprovados pela 1. Durante o impedimento temporário do Assembleia Nacional; e de moção;
Assembleia Nacional e submetidos ao Presidente da Presidente da República, bem como durante a vagatura c) Pronunciar-se sobre a demissão do c) Fazer perguntas ao Governo, oralmente
República deverão ser por este promulgados no prazo do cargo até tomar posse o novo Presidente eleito, Governo, quando se torne necessário para assegurar o ou por escrito;
de 15 dias a contar da data da sua recepção. assumirá as funções o Presidente da Assembleia regular funcionamento das instituições democráticas; d) Propor a constituição de comissões de
2.Caso não se verifique a Nacional ou, no impedimento deste, o seu substituto. d) Pronunciar-se sobre a declaração de inquérito.
promulgação, o diploma será reapreciado pela 2. Enquanto exercer interinamente as guerra e a feitura da paz;
Assembleia Nacional e se obtiver o voto favorável da funções de Presidente da República, o mandato de e) Pronunciar-se sobre os tratados que Artigo 95.º
maioria qualificada dos Deputados deverá o Presidente Deputado do Presidente da Assembleia Nacional ou de envolvam restrições da soberania, a participação do Imunidades
da República promulgá-lo no prazo de oito dias. seu substituto suspende-se automaticamente. País em organizações internacionais de segurança
3. Serão considerados 3.O Presidente interino não pode exercer as colectiva ou militar; 1. Nenhum Deputado pode ser incomodado,
juridicamente inexistentes os actos normativos do competências previstas na alínea f) do Artigo 80.º e e) f) Pronunciar-se sobre a participação das perseguido, detido, preso, julgado ou condenado pelos
Governo referidos nas alíneas c) e d) do Artigo 111.º se do Artigo 81.º. Forças Armadas em operações em território estrangeiro votos e opiniões que emitir no exercício das suas
no prazo de vinte dias após a sua recepção não TÍTULO III ou a presença de Forças Armadas estrangeiras em funções.
obtiverem a promulgação ou assinatura do Presidente Conselho de Estado território nacional; 2. Salvo em caso de flagrante delito e por
da República. g) Pronunciar-se nos demais casos previstos crime punível com prisão maior ou por consentimento
Artigo 88.º na Constituição e, em geral, aconselhar o Presidente da da Assembleia Nacional ou da sua Comissão
Artigo 84.º Definição e Composição República no exercício das suas funções, quando este Permanente, os Deputados não podem ser perseguidos
Formas de decisão lho solicitar. ou presos por crimes praticados fora do exercício das
1. O Conselho de Estado é o órgão político 3. As deliberações do Conselho de Estado suas funções.
No exercício das suas atribuições e de consulta do Presidente da República. não têm natureza vinculativa. Artigo 96.º
competência, o Presidente da República decide sob 2. O Conselho de Estado é presidido pelo Direitos, regalias e deveres
forma do decreto presidencial. Presidente da República e composto pelos seguintes Artigo 91º.
membros: Forma e publicidade das deliberações 1. Os direitos, regalias e deveres dos
Artigo 85.º a) O Presidente da Assembleia Nacional; Deputados são regulados pela lei.
Ausência do território b) O Primeiro-Ministro; 1. As deliberações do Conselho de Estado 2. O Deputado que falte gravemente aos
c) O Presidente do Tribunal Constitucional; assumem a forma de pareceres. deveres pode ser destituído pela Assembleia Nacional,
1. O Presidente da República não pode d) O Procurador Geral da República; 2. Os pareceres do Conselho de Estado em voto secreto, por maioria de dois terços dos
ausentar-se do território nacional sem assentimento da e) O Presidente do Governo Regional do previstos nas alíneas b) a e) do número 2 do Artigo 90.º Deputados em efectividade de funções.
Assembleia Nacional ou da sua Comissão Permanente Príncipe; são emitidos na reunião que para o efeito for
se aquela não estiver em funcionamento. f) Os antigos Presidentes da República que convocada pelo Presidente da República e tornados Artigo 97.º
2. O assentimento é dispensado nos casos de não hajam sido destituídos do cargo; público aquando da prática do acto a que se referem. Competência
viagem sem carácter oficial, de duração não superior a g) Três cidadãos de reconhecida idoneidade
cinco dias, devendo, porém, o Presidente dar prévio e mérito, designados pelo Presidente da República pelo TÍTULO IV Compete à Assembleia Nacional:
conhecimento dela à Assembleia Nacional. período correspondente à duração do seu mandato; Assembleia Nacional a) Proceder à revisão constitucional;
3. A inobservância do disposto no numero 1 h) Três cidadãos eleitos pela Assembleia b) Fazer leis e votar moções e resoluções;
envolve, de pleno direito, a perda do cargo, mediante o Nacional, de harmonia com o princípio da Artigo 92.º c) Conferir ao Governo autorizações
respectivo processo, nos termos definidos por lei. representação proporcional, pelo período Funções legislativas;
correspondente à duração da legislatura. d) Ratificar os decretos-leis expedidos pelo
Artigo 86.º A Assembleia Nacional é o mais alto órgão Governo no uso de autorizações legislativas;
Responsabilidade criminal Artigo 89.º representativo e legislativo do Estado. e) Nomear e exonerar nos termos da lei, os
Posse e mandato Artigo 93.º juizes do Supremo Tribunal de Justiça;
14 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º21 – 29 de Janeiro de 2003

f) Conceder amnistias; l) Organização geral de Administração do República ou durante a vigência do estado de sítio ou a) Acompanhar a actividade do Governo e
g) Aprovar o Orçamento Geral do Estado; Estado, salvo o disposto na alínea c) do Artigo 111.º; do estado de emergência. da Administração;
h) Aprovar os planos de desenvolvimento e m) Estatuto dos funcionários e 3. A inobservância do disposto no número b). Exercer os poderes da Assembleia
a respectiva lei; responsabilidade civil da Administração; anterior determina a inexistência jurídica do decreto de relativamente ao mandato dos Deputados;
i) Tomar as contas do Estado relativas a n) Organização das autarquias locais; dissolução. c) Promover a convocação da Assembleia
cada ano económico; o) Estado e capacidade das pessoas. 4. A dissolução da Assembleia Nacional não sempre que tal seja necessário;
j) Aprovar os tratados que tenham por prejudica a subsistência do mandato dos Deputados, d) Preparar a abertura das sessões da
objecto matéria de lei prevista no Artigo 98.º, os Artigo 99.º nem da competência da Comissão Permanente, até à Assembleia;
tratados que envolvam a participação de São Tomé e Processo legislativo e parlamentar primeira reunião da Assembleia Nacional após as e) Dar assentimento à ausência do
Príncipe em organizações internacionais, os tratados de subsequentes eleições. Presidente da República do território nacional.
amizades, de paz e de defesa e ainda quaisquer outros 1. A iniciativa legislativa compete aos
que o Governo entenda submeter-lhe; Deputados e ao Governo. Artigo 104.º TÍTULO V
k)Apreciar e aprovar o Programa do 2. As deliberações da Assembleia Nacional Organização interna Governo
Governo e controlar a sua execução; assumem a forma de leis, resoluções e moções.
l) Propor ao Presidente da República a 1.A Assembleia Nacional elabora e aprova o Artigo 108.º
exoneração do Primeiro- Ministro; Artigo 100.º seu Regimento e elege, na primeira reunião de cada Funções
m) Autorizar o Presidente da República a Autorizações legislativas legislatura, o seu Presidente e os demais membros da
declarar o estado de sítio ou de emergência; Mesa. O Governo é o órgão executivo e
n) Dar assentimento ao Presidente da 1. A Assembleia Nacional pode autorizar o 2.A Assembleia Nacional cria comissões administrativo do Estado, cabendo- lhe conduzir a
República para autorizar a participação das Forças Governo a legislar, por decreto-lei, sobre as matérias permanentes especializadas em razão da matéria e pode política geral do País.
Armadas em operações em território estrangeiro ou a previstas no Artigo 98.º. constituir comissões eventuais para se ocuparem de
presença de Forças Armadas estrangeiras em território 2. A autorização legislativa deve estabelecer assuntos determinados. Artigo 109.º
nacional, sob proposta do Governo; o seu objecto, a sua extensão e a sua duração. Composição
o) Autorizar o Presidente da República a 3.O termo da legislatura e a mudança de Artigo 105.º
declarar a guerra e a fazer a paz; Governo acarretam a caducidade das autorizações Sessões 1. O Governo é composto pelo Primeiro-
p) Vigiar o cumprimento da Constituição e legislativas concedidas. Ministro, pelos Ministros e pelos Secretários de
das leis e apreciar os actos do Governo e da 1. A Assembleia Nacional reúne-se em duas Estado.
Administração; Artigo 101.º sessões ordinárias por ano, sendo uma delas 2. O Primeiro-Ministro é o Chefe do
q) Apreciar, modificar ou anular os Ratificação dos decretos-leis consagrada nomeadamente à apreciação do relatório de Governo, competindo- lhe dirigir e coordenar a acção
diplomas legislativos ou quaisquer medidas de carácter actividade do Governo e à discussão e votação do deste e assegurar a execução das leis.
normativo adoptadas pelo órgão do poder político que Os decretos–lei publicados pelo Governo até Orçamento Geral do Estado para o ano financeiro
contrariem a presente Constituição; um mês antes de cada sessão legislativa, no uso da seguinte. Artigo 110.º
r) Exercer as demais atribuições que lhe competência legislativa delegada são considerados 2. A Assembleia Nacional poderá reunir-se Designação
sejam cometidas pela Constituição e pela lei; ratificados se, nas primeiras cinco sessões plenárias da extraordinariamente nos casos previstos no seu
s) Votar moções de confiança e de censura Assembleia Nacional posteriores à sua publicação, Regimento ou à convocação do Presidente da 1. O Primeiro-Ministro é nomeado pelo
ao Governo. qualquer Deputado não requer que sejam submetidos à República. Presidente da República, ouvidos os partidos políticos
ratificação. representados na Assembleia Nacional e tendo em
Artigo 98.º Artigo 106.º conta os resultados eleitorais.
Reserva de competência legislativa Artigo 102.º Presença de Membros do Governo 2. Os Ministros e Secretários de Estado são
Legislatura nomeados pelo Presidente da República, sob a proposta
Compete exclusivamente à Assembleia A legislatura tem a duração de quatro anos e Os Membros do Governo podem tomar parte do Primeiro-Ministro.
Nacional legislar sobre as seguintes matérias: inicia-se com a tomada de posse de todos os seus e usar da palavra nas reuniões plenárias da Assembleia, 3. Só pode ser nomeado Primeiro-Ministro o
a) Cidadania; membros. nos termos do Regimento. cidadão são-tomense de origem, filho de pai ou mãe
b) Direitos pessoais e políticos dos cidadãos; são-tomense, que não possua outra nacionalidade.
c) Eleições e demais formas de participação Artigo 103.º Artigo 107.º
política; Dissolução Comissão Permanente Artigo 111.º
d) Organização Judiciária e estatutos dos Competência
magistrados; 1. A Assembleia Nacional pode ser 1. Fora dos períodos de funcionamento
e) Estado de sítio e estado de emergência; dissolvida em caso de crise institucional grave que efectivo da Assembleia Nacional, durante o período em Compete ao Governo:
f) Organização da defesa nacional; impeça o seu normal funcionamento, quando tal se que ela se encontra dissolvida e nos restantes casos a) Definir e executar as actividades políticas,
g) Sectores de propriedade de meios de torne necessário para o regular funcionamento das previstos na Constituição, funciona a Comissão económicas, culturais, científicas, sociais, de defesa,
produção; instituições democráticas, devendo o acto sob pena de Permanente da Assembleia Nacional. segurança e relações externas, inscritas no seu
h) Impostos e sistemas fiscais; inexistência jurídica, ser precedida de parecer 2. A Comissão Permanente é presidida pelo Programa;
i) Expropriação e requisição por utilidade favorável do Conselho de Estado. Presidente da Assembleia Nacional e composta pelos b) Preparar os planos de desenvolvimento e
pública; 2. A Assembleia Nacional não pode ser Vice-Presidentes e por Deputados previstos no o Orçamento Geral do Estado e assegurar a sua
j) Sistema monetário; dissolvida nos doze meses posteriores à sua eleição, no Regimento. execução;
k) Definição dos crimes, penas e medidas de último semestre do mandato do Presidente da 3. Compete à Comissão Permanente:
segurança e processo criminal;
14 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º21 – 29 de Janeiro de 2003

c) Legislar, por decretos-leis, decretos e Artigo 118.º dignidade das pessoas e da moral pública ou para
outros actos normativos, em matéria respeitante à sua Artigo 114.º Governo de Gestão garantir o seu normal funcionamento.
própria organização e funcionamento; Responsabilidade dos Membros do
d) Fazer decretos-leis em matéria reservada Governo 1. No caso de demissão do Governo, este Artigo 124.º
à Assembleia Nacional, mediante autorização desta; continua em exercício até a nomeação e posse do Participação Popular
e) Negociar e concluir acordos e convenções 1. O Primeiro-Ministro é responsável Primeiro-Ministro do novo Governo constitucional.
internacionais; perante o Presidente da República e, no âmbito da 2. Antes da apreciação do seu Programa pela A lei prevê e estimula formas adequadas de
f) Exercer iniciativa legislativa perante a responsabilidade política do Governo, perante a Assembleia Nacional, ou após a sua demissão, o participação popular na administração de justiça.
Assembleia Nacional; Assembleia Nacional. Governo limitar-se-á à prática de actos estritamente
g) Dirigir a Administração do Estado, 2. Os Ministros e Secretários de Estado são necessários à gestão corrente dos negócios públicos e à Artigo 125.º
coordenando e controlando a actividade dos responsáveis perante o Primeiro-Ministro e, no âmbito administração ordinária. Garantias de juízes
Ministérios e demais organismos centrais da da responsabilidade política do Governo, perante a
Administração; Assembleia Nacional. Artigo 119.º 1.Os Juízes são inamovíveis, não podendo
h) Propor a nomeação do Procurador-Geral Solidariedade Ministerial ser transferidos, suspensos, aposentados ou demitidos
da República; Artigo 115.º senão nos casos previstos na lei.
i) Nomear os titulares de altos cargos civis e Responsabilidade criminal dos Membros do Os Membros do Governo estão vinculados 2.Os Juízes não podem ser responsabilizados
militares do Estado; Governo ao Programa do Governo e às deliberações tomadas em pelas suas decisões, salvo as excepções consignadas na
j) Propor à Assembleia Nacional a Conselho de Ministros. lei.
participação das Forças Armadas são-tomenses em 1. O Membro do Governo acusado
operações de paz em território estrangeiro ou a definitivamente por crime cometido no exercício das TÍTULO VI Artigo 126.º
presença de Forças Armadas estrangeiras no território suas funções punível com pena de prisão superior a Os Tribunais Categoria de Tribunais
nacional; dois anos é suspenso, para efeitos de prosseguimento
k) Propor ao Presidente da República a dos autos. Artigo 120.º 1. Além do Tribunal Constitucional, existem
sujeição a referendo de questões de relevante interesse 2. Em caso de acusação definitiva por crime Função Jurisdicional as seguintes categorias de Tribunais:
nacional, nos termos do Artigo 71.º; punível com pena até dois anos, caberá a Assembleia a) O Supremo Tribunal de Justiça e o
l) xercer a tutela administrativa sobre a Nacional decidir se o Membro do Governo deve ou não 1. Os Tribunais são órgãos de soberania com Tribunal de Primeira Instância, o Tribunal Regional e
Região Autónoma do Príncipe e sobre as Autarquias, ser suspenso, para os mesmos efeitos. competência para administrar a justiça em nome do os Tribunais Distritais;
nos termos da lei; povo. b) O Tribunal de Contas.
m)Nomear e exonerar o Presidente do Artigo 116.º 2. Na administração da justiça incumbe aos c) Podem existir tribunais militar e arbitrais.
Governo Regional e os Secretários Regionais; Apreciação do Programa do Governo Tribunais assegurar a defesa dos direitos e interesses d) A lei determina os casos e as formas em
n)Dissolver as Assembleias Regional e legalmente protegidos dos cidadãos, dirimir os que os tribunais previstos nos números anteriores se
Distritais, observados os princípios definidos na lei. O Programa do Governo é submetido à conflitos de interesse públicos e privados e reprimir a podem constituir, organizar e funcionar.
apreciação da Assembleia Nacional, através de uma violação das leis.
Artigo 112.º declaração do Primeiro-Ministro, no prazo máximo de 3. A lei poderá institucionalizar Artigo 127.º
Conselho de Ministros trinta dias após a sua nomeação. instrumentos e formas de composição não jurisdicional Supremo Tribunal de Justiça
de conflitos.
1. O Conselho de Ministro é constituído pelo Artigo 117.º O Supremo Tribunal de Justiça é a instância
Primeiro-Ministro e pelos Ministros. Demissão do Governo Artigo 121.º judicial suprema da República e cabe-lhe velar pela
2. Podem ser convocados para participar nas Independência harmonia da jurisprudência.
reuniões de Conselho de Ministros os Secretários de 1. Implicam a demissão do Governo:
Estado. a) O início de nova legislatura; Os Tribunais são independentes e apenas Artigo 128.º
3. As competências do Governo previstas b) A aceitação pelo Presidente da República estão sujeitos às leis. Tribunais Criminais
nas alíneas a), c), d), f), h), i), j), k), m) e n) do Artigo do pedido de demissão apresentado pelo Primeiro- Artigo 122.º
anterior são exercidas em Conselho de Ministros. Ministro; Decisões dos tribunais 1.É proibida a existência de tribunais
4. Poderá haver Conselho de Ministros c) A morte ou impossibilidade física exclusivamente destinados aos julgamentos de certas
especializados em razão da matéria. duradoura do Primeiro-Ministro; 1. As decisões dos tribunais são categorias de crimes.
d) A rejeição do Programa do Governo; fundamentadas nos casos e nos termos previstos na lei. 2.Exceptuam-se disposto no número anterior
e) A não aprovação de uma moção de 2. As decisões dos tribunais são obrigatórias os tribunais militares, aos quais compete o julgamento
confiança; para todas as entidades públicas e privadas e dos crimes essencialmente militares definidos por lei.
f) A aprovação de uma moção de censura prevalecem sobre as de quaisquer outras autoridades.
por maioria absoluta dos Deputados em efectividade de Artigo 129.º
Artigo 113.º funções. Artigo 123.º Fiscalização da constitucionalidade
Responsabilidade do Governo 1. Para além dos casos referidos no número Audiência dos tribunais
anterior, o Presidente da República só pode demitir o 1. Nos feitos submetidos a julgamento não
O Governo é responsável perante o Governo quando tal se torne necessário para assegurar As audiências dos tribunais são públicas, podem os tribunais, aplicar normas que infrinjam o
Presidente da República e a Assembleia Nacional. o regular funcionamento das instituições democráticas, salvo quando o próprio tribunal decidir o contrário, em disposto na Constituição ou nos princípios nela
ouvido o Conselho de Estado. despacho fundamentado, para salvaguarda da consagrados.
14 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º21 – 29 de Janeiro de 2003

2. A questão da inconstitucionalidade pode 2. Compete também ao Tribunal Consti- 3. A lei estabelece os direitos e garantias dos Artigo 140.º
ser levantada oficiosamente pelo tribunal, pelo tucional: administrados, designadamente contra actos que lesem Composição e eleição das Assembleias
Ministério Público ou por qualquer das partes. a) Verificar a morte e a impossibilidade os seus direitos e interesses legalmente protegidos. Distritais
3. Admitida a questão da física permanente do Presidente da República, bem
inconstitucionalidade, o incidente sobe em separado como verificar os impedimentos temporários do TITULO IX 1. O número de membros de cada
para o Tribunal Constitucional, que decidirá. exercício das suas funções; Órgãos do Poder Regional e Local Assembleia Distrital é fixado pela lei.
4. As decisões tomadas em matéria pelo b) Verificar a perda do cargo do Presidente 2. Os membros das Assembleias Distritais
Tribunal Constitucional terão força obrigatória geral e da República, nos casos previstos no número 3 do Artigo 136.º são eleitos por sufrágio universal, directo e secreto dos
serão publicadas no Diário da República. Artigo 85.º e no número 3 do Artigo 86.º; Funções cidadãos residentes.
c) Julgar em última instância a regularidade
Artigo 130.º e a validade dos actos do processo eleitoral, nos termos 1. Os órgãos do poder regional e local Artigo 141.º
Ministério Público da lei; constituem a expressão organizada dos interesses Mandato
d) Verificar a morte e declarar a específicos das respectivas comunidades pelos quais se
1. O Ministério Público fiscaliza a incapacidade para o exercício da função presidencial reparte o Povo São-tomense. Os membros das Assembleias Distritais são
legalidade, representa, nos tribunais, o interesse de qualquer candidato a Presidente da República, para 2. Os órgãos do poder regional e local eleitos por três anos e podem ter o seu mandato
público e social e é o titular da acção penal. efeitos do disposto no número 2 do Artigo 78.º; apoiam-se na iniciativa e na capacidade criadora das revogado por iniciativa popular, nos termos da lei.
2. O Ministério Público organiza-se como e) Verificar a legalidade da constituição de populações e actuam em estreita colaboração com as
uma estrutura hierarquizada sob a direcção do partidos políticos e suas coligações, bem como apreciar organizações de participação dos cidadãos. Artigo 142.º
Procurador-Geral da República. a legalidade das suas denominações, siglas e símbolos, 3.Os órgãos do poder regional e local dispõem de Câmara Distrital
e ordenar a respectiva extinção, nos termos da finanças e património próprios, de acordo com a lei.
TÍTULO VII Constituição e da lei; 1. A Câmara Distrital, constituída por um
Tribunal Constitucional f) Verificar previamente a Artigo 137.º presidente e vereadores, é um órgão executivo colegial
constitucionalidade e a legalidade dos referendos Região Autónoma do Príncipe do distrito, eleita de entre os membros de cada
Artigo 131.º nacionais, regionais e locais, incluindo a apreciação Assembleia Distrital.
Definição dos requisitos relativos ao respectivo universo 1. A Ilha do Príncipe e os ilhéus que a 2. A Câmara Distrital é responsável
eleitoral; circundam constituem uma Região Autónoma, com politicamente perante a Assembleia Distrital e pode ser
1. O Tribunal Constitucional é o tribunal ao g) Julgar, a requerimento dos Deputados, estatuto político-administrativo próprio, tendo em destituída a todo o tempo, nos termos da lei.
qual compete especificamente administrar a justiça em nos termos da lei, os recursos relativos à perda do
matérias de natureza jurídico-constitucional. mandato e às eleições realizadas na Assembleia conta a sua especificidade. Artigo 143.º
2. O Tribunal Constitucional reúne-se Nacional e nas Assembleias Regional e Locais; 2. São órgãos da Região Autónoma do Competência dos órgãos do poder regional e local
quando haja matéria para julgar. h)Julgar as acções de impugnação de Príncipe a Assembleia Regional e o Governo Regional.
eleições e de deliberações de órgãos de partidos 1. Compete, de forma genérica, aos órgãos
Artigo 132.º políticos que, nos termos da lei, sejam recorríveis. do poder regional e local:
Composição e Estatuto dos Juízes 1. Compete ainda ao Tribunal Constitucional Artigo 138.º a) Promover a satisfação das necessidades
exercer as demais funções que lhe sejam atribuídas Autarquias locais básicas das respectivas comunidades;
1. O Tribunal Constitucional é composto por pela Constituição e pela lei. b) Executar os planos de desenvolvimento;
cinco Juízes, designados pela Assembleia Nacional. c)Impulsionar a actividade de todas as
2. Três de entre os Juizes designados são Artigo 134.º 1. A organização democrática do Estado
obrigatoriamente escolhidos de entre magistrados e os Organização e Funcionamento empresas e outras entidades existentes no respectivo
compreende a existência de autarquias locais, como
demais, de entre juristas. âmbito, com vista ao aumento da produtividade e ao
3. O mandato dos Juízes do Tribunal A lei estabelece as regras relativas à sede, órgãos do poder local, de acordo com a lei da divisão
progresso económico, social e cultural das populações;
Constitucional tem a duração de cinco anos. organização e ao funcionamento do Tribunal político-administrativa do País.
4. O Presidente do Tribunal Constitucional é Constitucional. d)Apresentar aos órgãos de poder político do
2. As autarquias locais são pessoas
eleito pelos respectivos Juizes. Estado todas as sugestões e iniciativas conducentes ao
5. Os Juízes do Tribunal Constitucional TÍTULO VIII colectivas territoriais dotadas de órgãos representativos
desenvolvimento harmonioso da região autónoma e
gozam das garantias de independência, inamovibili- Administração Pública que visam a prossecução de interesses próprios das
dade, imparcialidade e irresponsabilidade. dos distritos.
populações respectivas sem prejuízo da participação do
6. A lei estabelece as imunidades e as Artigo 135.º 1. As competências específicas e o modo de
demais regras relativas ao Estatuto dos Juízes do Princípios gerais Estado.
funcionamento desses órgãos são fixados por lei.
Tribunal Constitucional.
1. A Administração Pública visa a Artigo 139.º
Artigo 133.º prossecução do interesse público, no respeito pelos Órgãos distritais PARTE IV
Competência direitos e interesses legalmente protegidos dos Garantia e Revisão da Constituição
cidadãos e pelas instituições constitucionais. A organização das autarquias locais em cada
1. Compete ao Tribunal Constitucional 2. A Administração Pública será estruturada Distrito compreende uma Assembleia Distrital eleita e
apreciar a inconstitucionalidade e a ilegalidade, nos de modo a evitar a burocratização, a aproximar os com poderes deliberativos e um órgão executivo TÍTULO I
termos dos Artigos 144.º e seguintes. serviços das populações e a assegurar a participação colegial, denominado Câmara Distrital. Garantia da Constitucionalidade
dos interessados na sua gestão efectiva.
14 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º21 – 29 de Janeiro de 2003

Artigo 144.º 6. Sem prejuízo do disposto no número 1, o b) A ilegalidade de quaisquer normas a) Que recusem a aplicação de norma
Inconstitucionalidade por acção Presidente da República não pode promulgar os constantes de actos legislativos com fundamento em constante de acto legislativo com fundamento na sua
violação da lei com valor reforçado; ilegalidade por violação de lei com valor reforçado;
diplomas a que se refere o número 4 sem que decorram c) A ilegalidade de quaisquer normas b) Que recusem a aplicação de norma
1. São inconstitucionais as normas que oito dias após a respectiva recepção ou antes do constantes de diploma regional com fundamento em constante de diploma regional com fundamento na sua
infrinjam o disposto na Constituição ou os princípios Tribunal Constitucional sobre eles se ter pronunciado, violação do Estatuto Político-Administrativo da Região ilegalidade por violação do Estatuto Político-
Autónoma do Príncipe ou de lei geral da República; Administrativo da Região Autónoma do Príncipe ou de
nela consignados. quando a intervenção deste tiver sido requerida. d) A ilegalidade de quaisquer normas lei geral da República;
2. A inconstitucionalidade orgânica ou 7. O Tribunal Constitucional deve constantes de diplomas emanados dos órgãos de c) Que recusem a aplicação de norma
formal de tratados internacionais regularmente pronunciar-se no prazo de vinte e cinco dias o qual, no soberania com fundamento em violação dos direitos da constante de diploma emanado de um órgão de
Região Autónoma do Príncipe consagrados no seu soberania com fundamento na ilegalidade por violação
ratificados não impede a aplicação das suas normas na caso do número 1 pode ser encurtado pelo Presidente Estatuto. do Estatuto Político-Administrativo da Região
ordem jurídica são-tomense, desde que tais normas da República por motivo de urgência. 1. Podem requerer ao Tribunal Constitucional Autónoma do Príncipe;
sejam aplicadas na ordem jurídica de outra parte, salvo a declaração da inconstitucionalidade ou de d) Que apliquem norma cuja ilegalidade haja
Artigo 146.º ilegalidade, com força obrigatória geral: sido suscitada durante o processo com qualquer dos
se tal inconstitucionalidade resultar de violação de uma a) O Presidente da República; fundamentos referidos nas alíneas a), b) e c).
Efeitos da decisão
disposição fundamental. b) O Presidente da Assembleia Nacional; 3. Quando a norma cuja aplicação tiver sido
1. Se o Tribunal Constitucional se c) O Primeiro-Ministro; recusada constar de convenção internacional, de acto
Artigo 145.º d) O Procurador Geral da República; legislativo ou de decreto regulamentar, os recursos
pronunciar pela inconstitucionalidade de norma e) Um décimo dos Deputados à Assembleia previstos na alínea a) do número 1 e na alínea a) do
Fiscalização preventiva da constitucionalidade constante de qualquer diploma ou acordo internacional, Nacional; número 2 deste artigo são obrigatórios para o
deverá o mesmo ser vetado pelo Presidente da f) A Assembleia Legislativa Regional e o Ministério Público.
1. O Presidente da República pode requerer Presidente do Governo Regional do Príncipe. 4. Os recursos previstos nas alíneas b) e d) do
ao Tribunal Constitucional a apreciação preventiva da República e devolvido ao órgão que o tiver aprovado. 1.O Tribunal Constitucional aprecia e declara número 2 só podem ser interpostos, pela parte que haja
constitucionalidade de qualquer norma constante de 2. No caso previsto no número 1, o diploma ainda, com força obrigatória geral, a suscitado a questão da inconstitucionalidade ou da
não poderá ser promulgado sem que o órgão que o inconstitucionalidade ou a ilegalidade de qualquer ilegalidade, devendo a lei regular o regime de admissão
acordo ou tratado internacional que lhe tenha sido norma, desde que tenha sido por ele julgada desses recursos.
submetido para a ratificação, de lei ou decreto-lei que tiver aprovado expurgue a norma julgada inconstitucional ou ilegal em três casos concretos. 5. Cabe ainda recurso para o Tribunal
lhe tenha sido enviado para a promulgação. inconstitucional ou, quando for o caso disso, o Constitucional, obrigatório para o Ministério Público,
confirme por maioria de dois terços dos Deputados Artigo 148.º das decisões dos tribunais que apliquem norma
2. A apreciação preventiva da Inconstitucionalidade por omissão anteriormente julgada inconstitucional ou ilegal pelo
constitucionalidade deve ser requerida no prazo de oito presentes, desde que superior à maioria absoluta dos próprio Tribunal Constitucional.
dias a contar da data da recepção do diploma. Deputados em efectividade de funções. 1. A requerimento do Presidente da República 6. Os recursos para o Tribunal Constitucional
3. Se o diploma vier a ser reformulado ou, com fundamento em violação de direitos da Região são restritos à questão da inconstitucionalidade ou da
3. Podem requerer ao Tribunal Autónoma do Príncipe, do Presidente da Assembleia ilegalidade, conforme os casos.
Constitucional a apreciação preventiva da poderá o Presidente da República requerer a apreciação Legislativa Regional, o Tribunal Constitucional aprecia
constitucionalidade de qualquer norma constante de preventiva da inconstitucionalidade de qualquer das e verifica o não cumprimento da Constituição por Artigo 150.º
suas normas. omissão das medidas legislativas necessárias para
diploma que tenha sido enviado ao Presidente da tornar exequíveis as normas constitucionais. Efeitos da declaração da inconstitucionalidade ou
República para promulgação como lei orgânica, além 4. Se o Tribunal Constitucional se 2. Quando o Tribunal Constitucional verificar ilegalidade
pronunciar pela inconstitucionalidade de norma a existência da inconstitucionalidade por omissão, dará
deste, o Primeiro-Ministro ou um quinto dos constante de acordo ou tratado, este só poderá ser disso conhecimento ao órgão legislativo competente.
Deputados à Assembleia Nacional em efectividade de ratificado se a Assembleia Nacional vier a aprovar por 1. A declaração de inconstitucionalidade ou de
funções. maioria de dois terços dos Deputados presentes, desde Artigo 149.º ilegalidade com força obrigatória geral produz efeitos
que superior à maioria absoluta dos Deputados em Fiscalidade concreta da Constitucionalidade e da desde a entrada em vigor da norma declarada
4. O Presidente da Assembleia Nacional, na efectividade de funções. inconstitucional ou ilegal e determina a repristinação
legalidade
data em que enviar ao Presidente da República diploma das normas que ela, eventualmente, haja revogado.
que deva ser promulgado como lei orgânica, dará disso Artigo 147.º 1. Cabe recurso para o Tribunal 2. Tratando-se, porém, de
Fiscalização abstracta da Constitucionalidade e da Constitucional das decisões dos tribunais: inconstitucionalidade ou de ilegalidade por infracção
conhecimento ao Primeiro-Ministro e aos Grupos de norma constitucional ou legal posterior, a
legalidade a)Que recusem a aplicação de qualquer norma
Parlamentares da Assembleia Nacional. com fundamento na sua inconstitucionalidade; declaração só produz efeitos desde a entrada em vigor
5. A apreciação preventiva da b) Que apliquem norma cuja a desta última.
1. O Tribunal Constitucional aprecia e declara, inconstitucionalidade haja sido suscitada durante o 3. Ficam ressalvados os casos julgados, salvo
constitucionalidade prevista no número 3 deve ser com força obrigatória geral: decisão do Tribunal Constitucional quando a norma
processo.
requerida no prazo de oito dias a contar da data a) A inconstitucionalidade de quaisquer 2. Cabe igualmente recurso para o Tribunal respeitar a matéria penal, disciplinar ou transgressão e
prevista no número anterior. normas; Constitucional das decisões dos tribunais: for de conteúdo menos favorável ao arguido.
4. Quando a segurança jurídica, razões de
equidade ou interesse público de excepcional relevo,
14 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º21 – 29 de Janeiro de 2003

que deverá ser fundamentado, o exigirem, poderá o d) Os direitos, liberdades e garantias dos b) Um Juiz nomeado pelo Presidente da
Tribunal Constitucional fixar efeitos da cidadãos; República, de entre magistrados ou juristas elegíveis; 1. A presente Constituição entra em vigor no
inconstitucionalidade ou da ilegalidade com alcance e) O sufrágio universal, directo, secreto e c) Um Juiz eleito pela Assembleia Nacional,
mais restrito do que o previsto nos números 1 e 2. periódico para a eleição dos titulares dos órgãos de de entre os juristas elegíveis, por dois terços dos votos trigésimo dia posterior ao da sua publicação no Diário
soberania e do poder regional e local; dos Deputados presentes, desde que superior à maioria da República, à excepção do disposto nos números
TÍTULO II f) A separação e interdependência dos absoluta de votos dos Deputados em efectividade de seguintes.
Revisão da Constituição órgãos de soberania; funções.
g) A autonomia do poder regional e local; 2. Só podem ser designados Juízes do 2. As disposições constantes dos artigos
Artigo 151.º h) A independência dos tribunais; Supremo Tribunal de Justiça, nos termos do presente 80.º, 81.º e 82.º entrarão em vigor à data do início do
i) O pluralismo de expressão e de artigo, os cidadãos nacionais de reputado mérito, próximo mandato do Presidente da República.
Iniciativa e tempo de revisão 3. Até à data da entrada em vigor dos artigos
organização política, incluindo partidos políticos e o licenciados em Direito e no pleno gozo dos seus
direito de oposição democrática. direitos civis e políticos que, à data da designação, referidos no número anterior, respeitantes às
1. A iniciativa da revisão cabe aos Deputados competências do Presidente da República, os mesmos
e aos Grupos Parlamentares. tenham exercido, pelo menos durante 5 anos,
actividade profissional na magistratura ou em qualquer são substituídos por um único artigo 80.º com a
2. A Assembleia pode rever a Constituição Artigo 155.º seguinte redacção:
decorridos cinco anos sobre a data da publicação da outra actividade forense e que preencham os demais
Limites circunstanciais da revisão requisitos estabelecidos por lei.
última lei de revisão.
3. A Assembleia Nacional, indepen- Artigo 80.º
dentemente de qualquer prazo temporal, pode assumir Durante o estado de sítio ou de emergência Artigo 158.º Competência
os poderes de revisão constitucional por maioria de três Legislação em vigor à data da
não pode ser praticado nenhum acto de revisão Independência
quartos dos Deputados em efectividade de funções.
4. Apresentado um projecto de revisão constitucional. Compete ao Presidente da República:
constitucional, quaisquer outros terão que ser A legislação em vigor à data da a) Defender a Constituição da República;
apresentados no prazo de trinta dias. PARTE V Independência Nacional mantém transitoriamente a sua
vigência em tudo o que não for contrário à presente b) Dirigir a política externa do País e
Disposições Finais e Transitórias
Artigo 152.º Constituição e às restantes leis da República. representar o Estado nas relações internacionais;
Artigo 156.º Artigo 159.º c) Dirigir a política de defesa e segurança;
Aprovação e promulgação das modificações
Supremo Tribunal de Justiça - Acumulação de Data da Constituição
1. As alterações da Constituição são d) Marcar, de harmonia com a lei eleitoral, o
aprovadas por maioria de dois terços dos Deputados funções de Tribunal Constitucional
A Constituição da República Democrática dia das eleições para Presidente da República, para a
em efectividade de funções. de São Tomé e Príncipe tem a data da sua aprovação
2. A Constituição, no seu novo texto, é 1. Enquanto o Tribunal Constitucional não Assembleia Nacional e para as Assembleias do Poder
for legalmente instalado, a administração da justiça em em reunião conjunta do Bureau Político do MLSTP e a
publicada conjuntamente com a lei de revisão. Assembleia Constituinte em 5 de Novembro de 1975, Regional e Local;
3. O Presidente da República não pode matéria de natureza jurídico-constitucional passa a ser
feita pelo Supremo Tribunal de Justiça, ao qual publicado no Diário da República, n.º 39, de 15 de e) Convocar extraordinariamente a
recusar a promulgação da lei de revisão. Dezembro de 1975.
compete: Assembleia Nacional sempre que razões imperiosas de
Artigo 153.º a). Apreciar a inconstitucionalidade e a interesse público o justifiquem;
ilegalidade, nos termos dos Artigos 144.º a 150.º; O Texto Primeiro da Lei Constitucional n.º
Novo texto da Constituição 1/80, publicado no Diário da República n.º 7, de 7 de f)Dirigir mensagem à Assembleia Nacional;
b) Exercer as competências previstas no
Artigo 133.º. Fevereiro - Primeira revisão Constitucional. g) Nomear, empossar e exonerar o Primeiro
1.As alterações à Constituição são inseridas 2. Os acórdãos do Supremo Tribunal de
O Texto Segundo da Lei Constitucional n.º Ministro;
no lugar próprio, mediante as substituições, as Justiça, em matéria de natureza jurídico-constitucional
. não são passíveis de recurso e são publicados no 2/82 publicado no Diário da República n.º 35, de 31 de h) Nomear, exonerar e empossar os restantes
supressões e os aditamentos necessários Dezembro de 1982 - Segunda revisão Constitucional.
2. Depois de sistematizada, a Constituição, no Diário da República, detendo força obrigatória geral, Membros do Governo, sob proposta do Primeiro-
seu novo texto, será publicada conjuntamente com a lei nos processos de fiscalização abstracta e concreta, Ministro, e dar-lhes posse;
quando se pronunciam no sentido da Lei de Emenda Constitucional n.º 1/87, de
de revisão. 31 de Dezembro- publicada no 4,º Suplemento ao i) Presidir o Conselho de Ministros sempre
inconstitucionalidade.
Diário da República n.º 13, de 31 de Dezembro de que o entenda;
Artigo 154.º Artigo 157.º 1987.- Terceira revisão Constitucional.
j) Nomear e exonerar o Procurador-Geral da
Limites materiais da revisão Supremo Tribunal de Justiça – Composição
enquanto acumular as funções de Tribunal Texto terceiro da Lei Constitucional n.º República sob proposta do Governo;
Constitucional 7/90, publicado no Diário da República n.º 13 de 20 de k) Nomear e exonerar os embaixadores;
Não podem ser objecto de revisão Setembro de 1990 - Quarta revisão Constitucional.
Texto quarto da Lei Constitucional n.º /0 , l) Acreditar os embaixadores estrangeiros;
constitucional: 1. Enquanto exercer as funções de Tribunal
Constitucional, o Supremo Tribunal de Justiça é publicado no Diário da República n.º , de........ de m) Promulgar as leis, os decretos-lei e os
a) A independência, a integridade do 2002 – Quinta Revisão Constitucional.
território nacional e a unidade do Estado; composto por cinco juizes, designados para um decretos;
b) O estatuto laico do Estado; mandato de quatro anos, nos termos dos números n) Indultar e comutar penas;
seguintes, a saber: Artigo160.º
c) A forma republicana de Governo;
a) Três Juizes Conselheiros do Supremo Entrada em vigor
Tribunal de Justiça;
14 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º21 – 29 de Janeiro de 2003

o) Dissolver a Assembleia Nacional


observado o disposto no artigo 103.º e ouvidos os
partidos políticos que nela tenham assento;
p) Declarar o estado de sítio e de
emergência;
q) Declarar a guerra e fazer a paz;
r) Conceder as condecorações do Estado;
s) Exercer as demais funções que lhe forem
atribuídas por lei.”
Assembleia Nacional, em São Tomé, aos 6
de Dezembro de 2002.-

O Presidente da Assembleia Nacional,


Dionísio Tomé Dias

Promulgada em 25 de Janeiro de 2003.-

Publique-se.

O Presidente da República, Fradique


Bandeira Melo de Menezes.

Você também pode gostar