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Volume 2
CRIME DE BRANQUEAMENTO
DE CAPITAIS
República de Moçambique
Ministério da Justiça
Ministra da Justiça
Benvinda Levi
Procurador-Geral da República
Augusto Paulino
Coordenador Pedagógico
Carlos Manuel Serra
CRIME DE BRANQUEAMENTO
DE CAPITAIS
Supervisor
Andrey Borges de Mendonça
Autores
Alda Manjate
Amâncio Zimba
Américo Mazenga
Dimas Marôa
Leonardo Mualia
Brasília-DF
2012
978-85-88652-49-1
Publicado também em versão eletrônica, ISBN 978-85-88652-53-8
Prefácio – 9
Introdução – 11
3 Parte penal – 41
5 Dificuldades e metas – 95
Referências – 97
O Director do CFJJ
Achirafo Abubacar Abdula
(Juiz Desembargador)
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2 Paraísos fiscais são países que proporcionam incentivos fiscais aos investidores, isentando
ou diminuindo consideravelmente a carga de tributos por determinado período de tempo ou
para determinados tipos de aplicações financeiras, ou ainda diminuindo a carga tributária
especificadamente para determinados negócios que ali venham a se estabelecer. Não significa
e não podem, entretanto, consentir que o dinheiro aplicado ou investido tenha origem criminosa
no país de onde provém.
3 São empresas ou filiais de empresas estabelecidas em outros países. Prestam-se, em tese,
a administrar “investimentos” financeiros. A tradução literal de off-shore é “litoral” ou “fora da
costa”.
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5 Depósitos iniciais são usualmente feitos em países onde não há regulamentação. Países com
instituições governamentais frágeis são especialmente vulneráveis.
6 Exemplo extraído de Cartilha do Coaf, p. 5. O Brasil criou, no âmbito do Ministério da
Fazenda, o equivalente ao nosso Ministério das Finanças, uma instituição denominada Conselho
de Controle de Actividades Financeiras (Coaf). A principal tarefa do Coaf é promover um esforço
conjunto por parte dos vários órgãos governamentais do Brasil que cuidam da implementação
de políticas nacionais voltadas para o combate à lavagem de dinheiro, evitando que sectores da
economia continuem sendo utilizados nessas operações ilícitas.
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11 O Brasil passou a ser legislação de terceira geração com a edição da Lei n. 12.683, de
9 de Julho de 2012, que, entre outras modificações, alterou a redação do artigo 1º da Lei n.
9.613/1998, que passou a estar assim redigido: “Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza,
origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores
provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal” (grifos nossos). Assim, a partir de
10 de julho de 2012, qualquer infração penal – incluindo crimes ou contravenções – pode ser
crime antecedente do crime de branqueamento, desde que sejam aptos a gerar bens, direitos
ou valores.
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Art. 37 (Traficante-Consumidor)
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12 Para Jorge dos Reis Bravo (2010, p. 139), o problema do conteúdo do “catálogo” de crimes
é, em grande medida, um problema de opção político-criminal, que partirá de pré-compreensões
do legislador em função da realidade criminológica e económico-financeira com que se depara.
Naturalmente que, sem pretender beliscar a legitimidade do legislador moçambicano, que
reserva a punibilidade do branqueamento a infracções de natureza exclusivamente criminal − o
que se aplaude − poderia o processo legislativo moçambicano evoluir no sentido das tendências
que emanam de instrumentos normativos internacionais e que preconizam a consideração como
crime precedente de infracções puníveis com pena de prisão de duração mínima de seis meses
e máxima de superior a cinco anos.
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13 Confira: <http://siteresource.worldbank.org/>.
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de fundos.
Aliás, a lavagem de dinheiro faz parte do mundo da
criminalidade organizada e esta, como é sabido, regra geral, sempre
andou à frente do direito penal, ou seja, desenvolve para sua protecção
meios (humanos e tecnológicos) mais sofisticados que os colocados a
dispor da investigação criminal.
Quem pratica a lavagem de dinheiro não é nenhum tolo, não
se expõe, por isso, às garras da Justiça e, para lograr este propósito,
investe o próprio dinheiro que obtém da actividade ilícita na aquisição
de sofisticados meios de protecção ou encobrimento do crime.
Os mecanismos comumente usados no branqueamento
de capitais têm sido a utilização de contas “bancárias móveis”,
constituição de off shores trusts, funcionamento dos off shores trusts
nos off shores centres, smurfing, contrabando, aquisição de negócios
falidos (para “emprestar” uma face legal aos negócios através dos
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a favor do Estado possa ter lugar mesmo que nenhuma pessoa possa
ser punida ou condenada, ou ainda que tenha sido absolvida.
Assim deve ser porque o que se exige nestes delitos é a
existência de indícios bastantes da ilícita proveniência dos bens ou da
existência do delito. Aquela construção legal, permitindo a perda de
bens a favor do Estado ainda que não haja sido condenada determinada
pessoa, visa atender às exigências de repressão do lucro proveniente
da actividade económica exercida para acobertar a lavagem.
O legislador moçambicano, nos artigos 5, 6, 7 e 8 trata a
apreensão de bens oriundos de actividades inseridas no branqueamento
de capitais de forma que pode ser considerada suficientemente
abrangente ou ampla, determinando que tais bens sejam depois
entregues ao Estado.
Para que se concretize a aprensão, é imprescindível a
identificação do bem e a conclusão sobre maior probabilidade de este
ter proveniência ilícita. Assim, proceder-se-á à sua judicial apreensão,
com rigorosa observância do disposto nos artigos 202º e ss do CPP.
Com efeito, a aprensão deverá ter por base uma ordem emitida
pelo poder judicial, ou seja, por um juiz da causa ou da instrução
criminal, conforme o feito haja sido introduzido em juízo ou esteja
na fase de instrução preparatória, oficiosamente, a requerimento do
Ministério Público e da parte acusadora, se a houver (art. 203º e ss
do CPP).
Esta ampla abrangência tem sua vantagem, pois somente
com medidas amplas e agressivas pode-se combater eficazmente o
delito de branquemento de capitais.
Ao consagrar aquela disposição, o legislador moçambicano
pretendeu reprimir de forma vigorosa os proventos, os lucros advindos
da actividade ilícita.
Diferentemente da legislação moçambicana, a brasileira
elencou como medidas cautelares a apreensão e o sequestro (art. 4);
àquelas duas medidas se acrescem o arresto e a hipoteca, embora não
estejam elencadas naquela lei. Julgamos que, para um eficaz combate
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