Você está na página 1de 572

LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

INTRODUÇÃO
A disciplina Legislação de Trânsito visa conscientizar o policial militar sobre a importância não só de
conhecer, mas também fazer cumprir a legislação de trânsito brasileira em vigor.
Para atingir este objetivo, os assuntos aqui tratados serão com ênfase ao Código de Trânsito Brasileiro.
Muita coisa nós já conhecemos, pelo menos os que possuem carteira de habilitação, não é? Entretanto,
mais do que relembrar conceitos e tópicos essenciais da lei, a disciplina tem como foco demonstrar e
relembrar a importância do conhecimento e aplicação da lei na função policial militar.
Vamos começar?
ASPECTOS INICIAIS
VAMOS COMEÇAR NOSSA VIAGEM?
Aspectos históricos da Legislação
Um pouco de história!
Você sabia que o Brasil é signatário da Convenção Sobre Trânsito Viário?
Sim, o Brasil é um dos países signatários da Convenção da ONU, ocorrida em 1968, em Viena, na Áustria.
Mas qual a relação dessa Convenção com a nossa disciplina de legislação de trânsito?
Ocorre que nessa Convenção, o Brasil também assinou o chamado “Tratado sobre Trânsito Viário”.
Vejamos o que é e para que foi assinado esse Tratado;
Celebrado em Viena, a 08 de Novembro de 1968, a Convenção sobre Trânsito Viário é um acordo
internacional criado entre os países participantes da Convenção de Viena, a fim de facilitar o trânsito
viário internacional e aumentar a segurança nas rodovias. Para isso, esses países adotaram uma série de
regras que devem ser seguidas por todos os condutores de veículos quando trafegarem em qualquer um
desses países.
Tais regras são iguais em todos os países e se referem, dentre outros tópicos, à;
Definições do que é considerada legislação nacional, área urbana, veículo, pista, bordo da pista, faixa de
trânsito, interseção, dentre outros itens relacionados ao trânsito.
Algumas convenções relativas à exceção de obrigações em ambiente internacional, permissão nacional e
internacional para dirigir, dentre outros quesitos.
Obrigações a serem adotadas a fim de se proporcionar um trânsito seguro em território internacional.
Sinalização.
Regras de trânsito internacionalizadas para prover um fluxo adequado de veículos, independentemente
de sua localização.
Todavia, o Tratado em questão só foi promulgado no país em 1981.
Apesar do Tratado sobre Trânsito Viário ter sido assinado no final da década de 1960, somente em
meados da década de 1990, frente às pressões por um trânsito mais seguro e cidadão, que foi elaborado
o atual Código de Trânsito Brasileiro (CÓDIGO BRASILEIRO DE TRÂNSITO), Lei Número 9.503, de 1997,
que entrou em vigor em 1998, baseado nas premissas desse Tratado Internacional da ONU.
A reformulação de todas as normas relativas ao trânsito no país se mostravam cada vez mais necessárias
em face de alguns fatores, tais como;
A estabilização da economia com o Plano Real, possibilitando a renovação e aumento da frota de
veículos em todo o país;
A abertura de comércio para a instalação de outras montadoras estrangeiras no país;
O crescimento de acidentes e vítimas de trânsito por conta de falta de infra-estrutura de trânsito e vias.
Em 29 de setembro de 1992, o Brasil já havia assinado juntamente com os demais países componentes
do MERCOSUL (Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai) a Regulamentação Básica Unificada
de Trânsito (RBUT). Esta regulamentação visava facilitar o trânsito e incrementar tanto o comércio
quanto o turismo entre os países membros. Tal regulamentação foi aprovada no Congresso Nacional por
decreto legislativo em 03 de agosto de 1993.
CONCEITOS E DEFINIÇÕES
Você saberia definir trânsito?
Vejamos os conceitos que encontramos no Código de Trânsito Brasileiro (CBT);
CÓDIGO BRASILEIRO DE TRÂNSITO Artigo Primeiro, Parágrafo Primeiro - “Considera-se trânsito a
utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins
de circulação, parada, estacionamento e operação de carga e descarga.”
CÓDIGO BRASILEIRO DE TRÂNSITO, anexo Um - “movimentação e imobilização de veículos, pessoas e
animais nas vias terrestres”.
Conceito de vias; CÓDIGO BRASILEIRO DE TRÂNSITO, anexo 1;
“superfície por onde transitam veículos, pessoas e animais, compreendendo a pista, a calçada, o
acostamento, ilha e canteiro central”.
E as vias terrestres? Já ouviu falar? Saberia definir?
Classificação das vias
Artigo Segundo – São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as avenidas, os logradouros, os caminhos,
as passagens, as estradas e as rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão ou entidade com
circunscrição sobre elas, de acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias especiais.
Parágrafo único – Para os efeitos deste Código, são consideradas vias terrestres as praias abertas à
circulação pública e as vias internas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades
autônomas.
Artigo Terceiro – As disposições deste Código são aplicáveis a qualquer veículo, bem como aos
proprietários, condutores dos veículos nacionais ou estrangeiros e às pessoas nele expressamente
mencionadas.
Artigo Quarto – Os conceitos e definições estabelecidos para os efeitos deste Código são os constantes
do Anexo Um.
Podemos entender como via; superfície por onde transitam veículos, pessoas e animais,
compreendendo a pista, calçada, acostamento, ilha e canteiro central.
De acordo com a sua utilização, as vias classificam-se em;
Vias urbanas; e
Vias rurais.
As vias urbanas são as ruas, avenidas ou caminhos abertos à circulação pública, situadas nas áreas
urbanas, caracterizadas, principalmente, por possuírem imóveis edificados, enquanto que as vias rurais
não possuem imóveis edificados.
Vamos descrever os demais tipos de vias;
Vias de trânsito rápido – Estas vias são caracterizadas por acessos especiais, com trânsito livre, sem
interseções em nível, sem acessibilidade direta aos lotes lindeiros e sem travessia de pedestres em nível.
LINDEIRO – Que faz referência à linda ou linde (limite), capaz de lindar (demarcar); que demarca ou
confina, limítrofe.
Sinônimos de Lindeiro – confinante, fronteiro, limítrofe.
Via Arterial – Este tipo de via é caracterizado por interseções em nível, geralmente controlada por
semáforo, com acessibilidade direta aos lotes lindeiros e às vias secundárias e locais, possibilitando o
trânsito entre as regiões da cidade.
Via coletora – Via destinada a coletar e distribuir o trânsito que tenha necessidade de entrar ou sair das
vias de trânsito rápido ou arteriais, possibilitando o trânsito dentro das regiões da cidade.
Via local – Via caracterizada por interseções em nível não semaforizadas, destinada apenas ao acesso
local ou áreas restritas.
Vias rurais – São as estradas e rodovias situadas fora das áreas urbanas. Você já passou por rodovias e
estradas, seja de carro, ônibus ou outro meio de transporte. Mas você sabe a diferença entre rodovias e
estradas?
RODOVIAS – É uma via rural pavimentada.
ESTRADAS – É uma via rural não-pavimentada.
A velocidade máxima permitida para a via será indicada por meio de sinalização, obedecidas suas
características técnicas e as condições de trânsito. Onde não existir sinalização regulamentadora, a
velocidade máxima será de;
Nas vias urbanas;
Limite de Velocidade
Via de trânsito rápido – 80 Quilômetros por hora;
Via de Arterial – 60 Quilômetros por hora;
Via coletora – 40 Quilômetros por hora;
Via Local – 30 Quilômetros por hora.
Nas rodovias de pista dupla;
110 Quilômetros por Hora para automóveis, camionetas e motocicletas.
90 Quilômetros por Hora para os demais veículos.
Nas rodovias de pista simples;
100 Quilômetros por Hora para automóveis, camionetas e motocicletas.
90 Quilômetros por Hora para os demais veículos.
Nas Estradas – 60 Quilômetros por Hora.
A velocidade mínima não poderá ser inferior à metade da velocidade máxima estabelecida ato dos tipos
de via, porém, o condutor deverá observar constantemente as condições físicas da via, do veículo, da
carga, as condições meteorológicas, a intensidade do trânsito, não obstruindo a marcha normal dos
demais veículos em circulação.
Sinais de trânsito
Artigo 87 Código de Trânsito Brasileiro
Você saberia explicar o que são sinais de trânsito?
Quais lhe veem a mente?
São sinais de trânsito todos os elementos de sinalização viária; placas, marcas viárias, equipamentos de
controle luminosos, auxiliares, apitos e gestos destinados exclusivamente a ordenar ou dirigir o trânsito
dos veículos e pedestres.
Vejamos o que diz o Código de Trânsito Brasileiro;
Artigo 87 – Os sinais de trânsito classificam-se em;
Inciso Um – verticais;
Inciso Dois – horizontais;
Inciso Três – dispositivos de sinalização auxiliar;
Inciso Quatro – luminosos;
Inciso Cinco – sonoros;
Inciso Seis – Gestos do agente de trânsito e do condutor.
Vamos definir sinalização de trânsito?
É um conjunto de sinais de trânsito e dispositivos de segurança, colocados na via pública, com o objetivo
de garantir sua utilização adequada, possibilitando melhor fluidez no trânsito e maior segurança dos
veículos e pedestres que nela circulam.
Artigo 89 – A sinalização terá a seguinte ordem de prevalência;
Inciso Um – as ordens do agente de trânsito sobre as normas de circulação e outros sinais;
Inciso Dois – as indicações do semáforo sobre os demais sinais;
Inciso Três – as indicações dos sinais sobre as demais normas de trânsito.
Artigo 90 – Não serão aplicadas as sanções previstas neste Código por inobservância à sinalização
quando for esta insuficiente ou incorreta.
Artigo 195 – Desobedecer às ordens emanadas da autoridade competente de trânsito ou de seus
agentes;
Infração – grave;
Penalidade – multa.
Agente da Autoridade de Trânsito
Segundo o Manual de Fiscalização, Ao agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o Auto
de Infração de Trânsito (AIT) poderá ser servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial militar,
desde que designado pela autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via no âmbito de sua
competência.
Para que possa exercer suas atribuições como agente da autoridade de trânsito, o servidor ou policial
militar deverá ser credenciado, estar devidamente uniformizado, conforme padrão da instituição, e no
regular exercício de suas funções. O uso de veículo, na fiscalização de trânsito, deverá ser feito com os
mesmos caracterizados.
Você sabia que o agente de trânsito, ao presenciar o cometimento da infração, lavrará o respectivo auto
e aplicará as medidas administrativas cabíveis, sendo vedada a lavratura do AIT por solicitação de
terceiros? A lavratura do Auto de Infração de Trânsito (AIT) é um ato vinculado na forma da Lei, não
havendo discricionariedade com relação a sua lavratura, conforme dispõe o artigo 280 do Código de
Trânsito Brasileiro.
O agente de trânsito deve priorizar suas ações no sentido de coibir a prática das infrações de trânsito,
porém, uma vez constatada a infração, só existe o dever legal da autuação, devendo tratar a todos com
urbanidade e respeito, sem, contudo, omitir-se das providências que a lei lhe determina.
Sinais sonoros
Você conhece os sinais sonoros de trânsito?
Imagine; O operador de trânsito deu um silvo longo no apito!
E agora? O que faço?
SINAL DE APITO DE UM SILVO BREVE SIGNIFICA SIGA, EMPREGADO EM LIBERAR O TRÂNSITO NA
DIREÇÃO ou SENTIDO INDICADO PELO AGENTE;
SINAL DE APITO DE DOIS SILVO BREVE SIGNIFICA PARE, EMPREGADO EM INDICAR PARADA
OBRIGATÓRIA;
SINAL DE APITO DE UM SILVO LONGO SIGNIFICA DIMINUA A MARCHA, EMPREGADO QUANDO FOR
NECESSÁRIO FAZER DIMINUIR MARCHA DOS VEÍCULOS.
Os sinais sonoros somente devem ser utilizados em conjunto com os gestos dos agentes.
SONS POR APITO – sinais sonoros, emitidos exclusivamente pelos agentes da autoridade de trânsito nas
vias, para orientar ou indicar o direito de passagem dos veículos ou pedestres, sobrepondo-se ou
completando sinalização existente no local ou norma estabelecida no CÓDIGO BRASILEIRO DE
TRÂNSITO.
SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO
ARTIGO Quinto – O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto de órgãos e entidades da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que tem por finalidade o exercício das atividades de
planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos, formação,
habilitação e reciclagem de condutores, educação, engenharia, operação do sistema viário,
policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de penalidades.
Você é capaz de citar ao menos três Órgãos componentes desse grande sistema? Vamos discorrer
brevemente sobre eles;
Órgãos Normativos, Consultivos e Coordenadores;
CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito
É o órgão máximo normativo, consultivo e coordenador da política nacional de trânsito, responsável
pela regulamentação do Código de Trânsito Brasileiro e pela atualização permanente das leis de trânsito,
sua sede é em Brasília (DISTRITO FEDERAL) e está diretamente subordinado ao Ministério da
Infraestrutura.
CETRAN – Conselho Estadual de Trânsito;
É o órgão máximo normativo, consultivo e coordenador do Sistema Nacional de Trânsito na área do
respectivo estado. Cada estado da federação possui o seu conselho, e a sede de cada conselho é na
capital do respectivo estado.
CONTRANDIFE – Conselho de Trânsito do Distrito Federal;
É órgão normativo, consultivo e coordenador, com atuação apenas no Distrito Federal. Tem as mesmas
competências dos CETRANS, limitadas ao Distrito Federal.
Órgãos Executivos de Trânsito
DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito;
É o órgão máximo executivo do Sistema Nacional de Trânsito, tem autonomia administrativa e técnica, e
jurisdição sobre todo o território nacional; sua sede é em Brasília (DISTRITO FEDERAL) e está
subordinado diretamente ao Ministério das Cidades.
Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN) – É o órgão máximo executivo dos estados e do Distrito
Federal, que cumpre e faz cumprir a Legislação de Trânsito nos limites de sua jurisdição.
Órgãos Executivos Rodoviários
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (D.N.I.T) – Órgão executivo rodoviário da
união, com jurisdição sobre as rodovias e estradas federais. Substituiu o DNER (Departamento Nacional
de Estradas e Rodagem) e está subordinado ao Ministério dos Transportes, assim como a ANTT (Agência
Nacional de Transportes Terrestres) e a ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) que
também foram criadas com a extinção do DNER.
Departamento de Estradas e Rodagem (D.E.R.) – Órgão executivo rodoviário do Estado e do Distrito
Federal, com jurisdição sobre as rodovias e estradas estaduais de sua sede.
Juntas Administrativas de Recursos de Infrações (JARIS) – São órgãos colegiados componentes do
Sistema Nacional de Trânsito, responsáveis pelo julgamento dos recursos interpostos contra penalidades
aplicadas pelos órgãos e entidades executivas de trânsito ou rodoviários.
Polícia Rodoviária Federal (P.R.F.) – Tem a responsabilidade de fiscalizar o cumprimento das normas de
trânsito através do patrulhamento ostensivo nas rodovias federais.
Polícia Militar dos Estados e do Distrito Federal (P.M.E.) – Tem a responsabilidade de fiscalizar o
trânsito, como agente do órgão ou entidade executivo ou executivo rodoviário, junto com os demais
agentes credenciados.
CIRETRAN ou Circunscrição Regional de Trânsito – São órgãos dos DETRANs nos municípios do interior
dos estados, tem a responsabilidade de exigir e impor a obediência e o devido cumprimento da
legislação de trânsito no âmbito de sua jurisdição.

CATEGORIAS DA CNH
Carteira Nacional de Habilitação (CNH) – Esse assunto é muito importante para a atuação policial! Veja
abaixo os tipos de categorias de uma CNH;
CATEGORIA A
Todos os veículos automotores e elétricos, de duas ou três rodas, com ou sem carro lateral;
Ciclomotor, caso o condutor não possua ACC;
Não se aplica a quadriciclos, cuja categoria é a B.
CATEGORIA B
Veículos automotores e elétricos, de quatro rodas cujo Peso Bruto Total (PBT) não exceda a 3.500 kg e
cuja lotação não exceda a oito lugares, excluído do motorista, contemplando a combinação de unidade
acoplada, reboque, semi-reboque ou articulada, desde que atenda a lotação e capacidade de peso para
a categoria.
Veículo automotor da espécie motor-casa cujo peso não exceda a 6.000 kg, ou cuja lotação não exceda a
8 lugares, excluído o do motorista.
PESO BRUTO TOTAL – peso máximo que veículo transmite ao pavimento, constituído da soma da tara
mais a lotação.
TARA – peso próprio do veículo, acrescido dos pesos da carroçaria e equipamento, do combustível, das
ferramentas e acessórios, da roda sobressalente, do extintor de incêndio e do fluido de arrefecimento,
expresso em quilogramas.
CATEGORIA C
Todos os veículos automotores e elétricos utilizados em transporte de carga, cujo Peso Bruto Total (PBT)
exceda a 3.500 Quilos (kg).
Tratores, máquinas agrícolas e de movimentação de cargas, combinação de veículos que a unidade
acoplada, reboque, semi-reboque ou articulada, não exceda a 6.000 Quilos (kg) de Peso Bruto Total
(PBT).
Todos os veículos abrangidos pela categoria "B"
CATEGORIA D
Veículos automotores e elétricos utilizados no transporte de passageiros, cuja lotação exceda a oito
lugares, excluído o do condutor.
Veículos destinados ao transporte de escolares independente da lotação.
Todos os veículos abrangidos nas categorias "B' e C.
CATEGORIA E
Combinação de veículos em que a unidade tratora se enquadre nas Categorias B, C ou D e;
Todos os veículos abrangidos nas categorias B, C e D.
NORMAS GERAIS DE CIRCULAÇÃO E CONDUTA
A imagem ao lado retrata, de forma sutil, uma situação muito séria. Você sabia que existem diversas
regras de circulação e conduta para os diversos veículos nas vias públicas? Você conhece todas elas?
Sabia que todos os condutores devem saber e respeitá-las?
Regras de circulação de trânsito (do Artigo 29 ao 38 do CÓDIGO BRASILEIRO DE TRÂNSITO)
Inciso Um – A circulação deve ser feita pelo lado direito da via, admitindo-se as exceções sinalizadas;
Inciso Dois – Todo condutor deve manter distância lateral e frontal dos demais veículos e da margem da
pista.
Preferências
Inciso Três – Quando veículos transitam por fluxos que se cruzem em local não sinalizado, tem
preferência de passagem;
No caso de apenas um fluxo ser proveniente de rodovia, aquele que estiver circulando por ela;
No caso de rotatória, aquele que estiver circulando por ela;
Nos demais casos, o que vier pela direita do condutor.
Inciso Quatro – Em uma pista com várias faixas no mesmo sentido, as da direita são para os veículos
mais lentos e de maior porte, quando não houver faixa especial a eles destinada, e as da esquerda, para
efetuar ultrapassagem e para os veículos de maior velocidade.
Inciso Cinco – O trânsito sobre calçadas e acostamentos só pode ocorrer para entrar ou sair de imóveis
ou estacionamentos.
Inciso Seis – Os veículos precedidos de batedores terão prioridade de passagem, respeitadas as demais
normas de circulação.
Inciso Sete – Veículos do Corpo de Bombeiros, Polícia, ambulância, os de fiscalização e operação de
trânsito têm prioridade e gozam de livre circulação, estacionamento e parada quando em serviço de
urgência e devidamente identificados, observadas as seguintes disposições;
Quando a sirene estiver ligada, indicando a proximidade dos veículos, todos os condutores devem deixar
livre a passagem pela esquerda, indo para a direita da via e parando, se necessário;
Os pedestres, ao ouvir o alarme sonoro, devem aguardar no passeio, só atravessando a via quando o
veículo já tiver passado;
O uso de sirene e luz vermelha intermitente só pode ocorrer quando em serviço de urgência;
A prioridade de passagem na via e no cruzamento deve ser com velocidade reduzida e com os devidos
cuidados de segurança.
Inciso Oito – Os veículos prestadores de serviço de utilidade pública, quando em atendimento na via,
gozam de livre parada e estacionamento no local da prestação de serviço, desde que devidamente
sinalizados e identificados.
Inciso Nove – A ultrapassagem de outro veículo em movimento deve ser feita pela esquerda, precedida
por sinalização regulamentar. Será permitida pela direita, quando o veículo que estiver à frente indicar
que vai entrar à esquerda.
Inciso Dez – Todo condutor deve, ANTES de efetuar uma ultrapassagem, certificar-se de que;
Nenhum condutor que venha atrás haja começado uma manobra para ultrapassá-lo;
Quem o precede na mesma faixa de trânsito não haja indicado o propósito de ultrapassar um terceiro;
A faixa de trânsito que vai tomar esteja livre numa extensão suficiente para que sua manobra não ponha
em perigo ou obstrua o trânsito que venha em sentido contrário.
Inciso Onze – Todo condutor ao efetuar a ultrapassagem deve;
Indicar com antecedência a manobra pretendida, acionando a luz indicadora de direção do veículo ou
por meio de gesto convencional de braço;
Afastar-se do usuário ou usuários os quais ultrapassa, de tal forma que deixe livre uma distância lateral
de segurança;
Inciso Doze – Os veículos que se deslocam sobre trilhos têm preferência de passagem sobre os demais,
respeitadas as normas de circulação.
Normas de conduta
Artigo 29 – O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às seguintes
normas:
Parágrafo Primeiro – As normas de ultrapassagem previstas nas alíneas A e B do inciso dez e as Alíneas A
e B do inciso onze aplicam-se à transposição de faixas, que pode ser realizada tanto pela faixa da
esquerda como pela da direita.
Parágrafo Segundo – Respeitadas as normas de circulação e conduta estabelecidas neste artigo, em
ordem decrescente, os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores,
os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres.
Inciso Treze – Todo condutor, ao perceber que outro tem o propósito de ultrapassá-lo, deve;
Se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslocar-se para a faixa da direita, sem acelerar a marcha;
Se estiver circulando em outra faixa, manter-se nela, sem acelerar a marcha.
Os veículos mais lentos, quando em fila, devem manter distância suficiente entre si para permitir que
veículos que os ultrapassem possam se intercalar na fila com segurança.
O condutor que tenha o propósito de ultrapassar um veículo de transporte coletivo que esteja parado,
efetuando embarque ou desembarque de passageiros, deve reduzir a velocidade, dirigindo com atenção
redobrada ou parar o veículo com vistas à segurança dos pedestres.
Inciso Quatorze – O condutor não pode ultrapassar veículos em vias com duplo sentido de direção e
pista única nos trechos em curvas e em aclives sem visibilidade suficiente, nas passagens de nível, nas
pontes e viadutos e nas travessias de pedestres, exceto quando houver sinalização permitindo a
ultrapassagem.
Inciso Quinze – Nas interseções e suas proximidades, o condutor não pode efetuar ultrapassagem.
Inciso Dezesseis – Todo condutor antes de efetuar um deslocamento lateral deve indicar por sinal
regulamentar sua intenção com antecedência.
Inciso Dezessete – O condutor que for entrar em uma via, vindo de lote que faz limite com essa via, deve
dar preferência aos veículos e pedestres que estejam transitando.
Inciso Dezoito – Para virar à esquerda ou retornar, o condutor deve fazê-lo nos locais apropriados e,
onde não existirem estes locais, o condutor deve aguardar no acostamento, à direita, para cruzar a pista
com segurança.
Artigo 38 – Antes de entrar à direita ou à esquerda, em outra via ou em lotes lindeiros que fazem limites
com uma via, o condutor deve;
Ao sair da via pelo lado direito, aproximar-se o máximo possível do bordo direito da pista e executar a
manobra no menor espaço possível;
Ao sair da via pelo lado esquerdo, aproximar-se o máximo possível da linha divisória da pista, quando a
pista for de duplo sentido de circulação, ou do bordo esquerdo, quando for uma pista de sentido único;
CONCLUSÃO PARTE 1
Vamos relembrar um pouco sobre o que estudamos?
Primeiramente, no início abordamos sobre aspectos históricos que culminaram com toda a legislação
vigente.
Em seguida, no tópico 2, relembramos alguns conceitos e definições importantes.
A seguir, no tópico 3, tratamos sobre o Sistema Nacional de Trânsito e os órgãos que o compõem.
Tudo isso foi necessário para chegarmos com segurança no tópico 4, onde analisamos as categorias da
CNH e por findo, no quinto e último tópico desta disciplina, falamos sobre as Normas gerais de
circulação e conduta no trânsito.
EXERCÍCIOS 1
QUESTÃO 1 – Qual a categoria mínima da CNH para conduzir um veículo FIAT/DOBLÔ para transporte
escolar regulamentado?
a. ( ) D
b. (x) B
c. ( ) C
d. ( ) E
QUESTÃO 2 – Assinale a única alternativa onde NÃO encontramos um órgão componente do SNT, ou
SINATRAN;
a. ( ) CONTRAN
b. ( ) DETRAN
c. (x) DNER
d. ( ) JARI
QUESTÃO 3 – O CONTRAN é presidido pelo;
a. ( ) Representante do Ministério das Cidades
b.(x) Representante do Ministério dos Transportes
c. ( ) Dirigente máximo do DENATRAN
d. ( ) Presidente da República
QUESTÃO 4 – Assinale a alternativa onde encontramos a correta definição de trânsito segundo o
CÓDIGO BRASILEIRO DE TRÂNSITO;
a. ( ) “Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos,
conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga.”
b. ( ) “Considera-se trânsito a utilização das vias por veículos isolados ou em grupos, conduzidos ou não,
para fins de circulação na via pública.”
c. ( ) “Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, somente para fins de
circulação na via.”
d. ( ) “Movimentação e imobilização de veículos nas vias terrestres.”
QUESTÃO 5 – “superfície por onde transitam veículos, pessoas e animais, compreendendo a pista, a
calçada, o acostamento, ilha e canteiro central.” Segundo o Anexo I do CÓDIGO DE TRÂNSITO
BRASILEIRO este é o conceito de;
a. ( ) Trânsito
b. ( ) Estrada
c. ( ) Rodovia
d. ( ) Via
IDENTIFICAÇÃO VEICULAR
Todos os veículos automotores devem ser identificados e, portanto, possuem detalhadas normas
técnicas para isso, inclusive normas internacionais. Vamos destacar aqui as principais e mais
importantes;
A identificação dos veículos automotores se dá através de;
Gravação do número do chassi;
Placa (dianteira e traseira);
Gravação no vidro;
Etiqueta auto destrutível;
Gravação nos agregados;
CRLV (Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo.
Gravação do número do chassi;
Você sabia que os veículos possuem alguns sinais identificadores que permitem registrar sua existência e
que são específicos e individuais, não se repetindo em outro veículo. Um destes sinais é a numeração
que é gravada no chassi ou no monobloco do veículo e reproduzida em diversas partes do veículo, como
nos vidros, por exemplo.
Código vin (Velhicle Indentification Number).
A composição do código VIN (Velhicle Indentification Number) segue os critérios estabelecidos na norma
ABNT 6066 de 1980 que determina a gravação do chassi com 17 caracteres, sendo o Décimo caractere
identificador do ano de fabricação do veículo.
A partir de 01 de janeiro de 1999, conforme Resolução CONTRAN 24 de 1998, a décima posição passou
há informar o ano modelo do veículo.
As normas para esta identificação estão previstas na resolução número 24 do CONTRAN.
Artigo 114 – O veículo será identificado obrigatoriamente por caracteres gravados no chassi ou no
monobloco, reproduzidos em outras partes, conforme dispuser o CONTRAN.
Parágrafo Primeiro – A gravação será realizada pelo fabricante ou montador, de modo a identificar o
veículo, seu fabricante e as suas características, além do ano de fabricação, que não poderá ser alterado.
Parágrafo Segundo – As regravações, quando necessárias, dependerão de prévia autorização da
autoridade executiva de trânsito e somente serão processadas por estabelecimento por ela credenciado,
mediante a comprovação de propriedade do veículo, mantida a mesma identificação anterior, inclusive
o ano de fabricação.
Parágrafo Terceiro – Nenhum proprietário poderá, sem prévia permissão da autoridade executiva de
trânsito, fazer, ou ordenar que se façam modificações da identificação de seu veículo.
A gravação do chassi segue uma sequência lógica como podemos constatar no esquema baixo;
Código VIN
Numeração no Chassi
Da Primeira a terceira posição é a Região Geográfica do País e fabricante.
Exemplo – 9BW;
Da quarta a nona posição são as informações do veículo a critério do fabricante.
Exemplo – ZZZ30Z.
A Décima posição é o ano de fabricação.
Exemplo – R.
Da Décima primeira a Décima sétima é a sequencia de produção.
Exemplo – T245798.
Posições
Primeira – Área Geográfica.
Segunda – País Ex; 9BW ZZZ30Z R T 245798.
Terceira – Fabricante/montadora.
Quarta a Nona – A critério do fabricante/montadora
Décima - Ano de fabricação/modelo do veículo.
Décima Primeira – Local de fabricação/montagem do veículo.
Décima Segunda a Décima Sétima – Número sequencial da produção, a critério do
fabricante/montadora.
Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é aumentada de
um terço. Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou
registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial.
Conduzir o veículo;
Inciso Seis – Com qualquer uma das placas de identificação sem condições de legibilidade e visibilidade;
Infração – gravíssima.
Penalidade – multa e apreensão do veículo.
Medida administrativa – remoção do veículo.
RESOLUÇÃO Número 24, DE 21 DE MAIO DE 1998.
Estabelece o critério de identificação de veículos, a que se refere o Artigo 114 do Código de Trânsito
Brasileiro.
Artigo Primeiro – Os veículos produzidos ou importados a partir de Primeiro de janeiro de 1999, para
obterem registro e licenciamento, deverão estar identificados na forma desta Resolução.
Parágrafo único – Excetuam-se do disposto neste artigo os tratores, os veículos protótipos utilizados
exclusivamente para competições esportivas e as viaturas militares operacionais das Forças Armadas.
Artigo Segundo – A gravação do número de identificação veicular (VIN) no chassi ou monobloco, deverá
ser feita, no mínimo, em um ponto de localização, de acordo com as especificações vigentes e formatos
estabelecidos pela NBR 3 número 6066 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em
profundidade mínima de 0,2 milímetro.
Parágrafo Primeiro – Além da gravação no chassi ou monobloco, os veículos serão identificados, no
mínimo, com os caracteres VIS (número sequencial de produção) previsto na NBR 3 Número 6066,
podendo ser, a critério do fabricante, por gravação, na profundidade mínima de 0,2 Milímetro, quando
em chapas ou plaqueta colada, soldada ou rebitada, destrutível quando de sua remoção, ou ainda por
etiqueta autocolante e também destrutível no caso de tentativa de sua remoção, nos seguintes
compartimentos e componentes;
Inciso Um – Na coluna da porta dianteira lateral direita;
Inciso Dois – No compartimento do motor;
Inciso Três – Em um dos para-brisas e em um dos vidros traseiros, quando existentes;
Inciso Quatro – Em pelo menos dois vidros de cada lado do veículo, quando existentes, excetuados os
quebra-ventos.
Comentários; essas gravações serão abreviadas contendo os oito dígitos finais do chassi e, portanto, se
iniciando no décimo caractere;
As letras I, O e Q não são usadas justamente com o objetivo de evitar adulterações.
A tabela mundial do ano de fabricação se aplica ao décimo item da numeração do chassi de dezessete
caracteres.
Tabela mundial do ano de fabricação
D – 1983;
P – 1993;
E – 1984;
F - 1985;
G - 1986;
H - 1987;
J – 1988;
K – 1989;
L – 1990;
M – 1991;
N – 1992;
P – 1993;
R – 1994;
S – 1995;
T – 1996;
V – 1997;
W- 1998;
X – 1999;
Y – 2000;
1 – 2001;
2 – 2002;
3 – 2003;
4 – 2004;
5 – 2005;
6 – 2006;
7 – 2007;
8 – 2008;
9 – 2009;
A – 2010;
B – 2011;
C – 2012;
A Tabela de país de fabricação;
Aplica-se a segunda posição do item da numeração do chassi.
Tabela de país de fabricação
1 – EUA;
2 – Canadá;
3 – México;
4 - Estados Unidos;
8 – Argentina;
9 – Brasil;
J – Japão;
K - Coréia do Sul;
S - Inglaterra;
T - Rússia;
U – Uruguai;
V – França;
Z – Itália;
W – Alemanha;
Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos (CRLV)
Alguns elementos de segurança do Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos (CRLV)
Na parte Superior esquerda há um Texto Microscópico – Contran, Denatran.
Na parte central a esquerda há uma Imagem Latente – Brasil.
Na parte inferior esquerda há um Texto Microscópico – Contran, Denatran.
Na parte Superior direita há um Texto Microscópico – Numeração em impressão eletrônica por impacto.
Classificação dos Veículos
Você sabia que o Código Brasileiro de Trânsito possui em seu Artigo 96 a previsão da classificação de
todos os veículos? Eles podem ser classificados com base em várias características. Vamos ver?
Quanto à tração
Automotor;
Elétrico;
Propulsão humana;
Tração animal;
Reboque ou semirreboque.
Quanto à espécie
Um – De passageiros
Bicicleta;
Ciclomotor;
Motoneta;
Motocicleta;
Triciclo;
Quadriciclo;
Automóvel;
Micro-ônibus;
Ônibus;
Bonde;
Reboque ou semirreboque;
CHARRETE.
Dois – De carga
Motoneta;
Motocicleta;
Triciclo;
Quadriciclo;
Caminhonete;
Caminhão;
Reboque ou semirreboque;
Carroça;
Carro-de-mão.
Três – Misto
Camioneta;
Utilitário;
Outros.
Quatro – De competição
Cinco – De tração
Caminhão-trator;
Trator de rodas;
Trator de esteiras;
Trator misto.
Seis – especial.
Sete – De COLEÇÃO.
Quanto à categoria
Expresso através das cores usadas nas placas de identificação externa
Oficial;
Representação diplomática, de repartições consulares de carreira ou organismos internacionais
acreditados junto ao Governo brasileiro;
Particular;
Aluguel;
Aprendizagem.
Placa com as letras e números pretos sob fundo cinza, modelos utilizados em carros particulares.
Placa com as letras e números Brancos sob fundo Vermelho, modelos utilizados em transportes públicos
e veículos de aluguel.
Exemplo – ônibus, taxis e etc.
Placa com as letras e números Vermelhos sob fundo Branco, modelos utilizados em veículos de
autoescola.
Placa com as letras e números Pretos sob fundo Branco, modelos utilizados em carros de uso Oficial.
Exemplo; Governo, Policia, Bombeiros e etc.
Porém agora os veículos da Polícia Militar, Polícia Civil, Bombeiros estaduais utilizam placas com as
letras e números azuis e fundo branco.
Placa com as letras e números Cinza sob fundo Preto, modelos utilizados em automóveis de
colecionadores. Com mais de trinta anos e em excelente estado de conservação e originalidade.
Placa com as letras e números Brancos sob fundo Verde, modelos utilizados em carros que precisam ser
testados na rua.
Placa com as letras e números Brancos sob fundo Azul com ADM (Administrativo), com CC (Corpo
Consular), CD (Corpo Diplomático), CMD (Chefe de Missão Diplomática Exclusiva do Embaixador), OI
(Organização Internacional), no local da tarjeta do estado, modelos utilizados em veículos Diplomático –
Consular.
Placa com as letras e números Brancos sob fundo Azul com sigla do estado e cidade fabricante, modelos
utilizados em carros das montadoras que ainda estão em fase de teste para ver seu desempenho rodam
com a placa azul.
Placa com as letras e números Dourado sob fundo preto e com o brasão da República, modelos
utilizados em carros Oficiais de Prefeitos, Presidente de Câmaras, Presidente de Assembleia, Presidente
de Tribunais.
NovaResolução CONTRAN Número 510 de 2014 (novas placas para todo o MERCOSUL)
Uso do Veículo – Particular tendo a cor dos caracteres em preta.
Uso do Veículo – Comercial (Aluguel e Aprendizagem) tendo a cor dos caracteres em Vermelha (Pantone
Fórmula Sólido Brilhante 186 C).
Uso do Veículo – Oficial ou Representação tendo a cor dos caracteres em Azul (Pantone Fórmula Sólido
Brilhante 286 C).
Uso do Veículo – Diplomático - Consular (Missão Diplomática, Corpo Consular, Corpo Diplomático,
Organismo Consular e ou internacional e Acordo Cooperação Internacional) tendo a cor dos caracteres
em Dourada (Pantone Fórmula Sólido Brilhante 130 C).
Uso do Veículo – Especiais (Experiência – Fabricante de Veículos, pecas e implementos) tendo a cor dos
caracteres em Verde (Pantone Fórmula Sólido Brilhante 341 C).
Uso do Veículo – Coleção tendo a cor dos caracteres em Cinza Prata (SwopPantoneGrey).
REGISTRO E LICENCIAMENTO DOS VEÍCULOS
ATENÇÃO; registro e licenciamento de veículos são coisas distintas.
LICENCIAMENTO – Procedimento anual, relativo a obrigações do proprietário de veículo, comprovado
por meio de documento específico (Certificado de Licenciamento Anual).
REGISTRO – todo veículo automotor deve ser registrado e possuir um número de RENAVAM - Registro
Nacional de Veículos Automotores.
Registro
Artigo 120 – Todo veículo automotor, elétrico, articulado, reboque ou semirreboque, deve ser registrado
perante o órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal, no Município de domicílio ou
residência de seu proprietário, na forma da lei.
Parágrafo Segundo – O disposto neste artigo não se aplica ao veículo de uso bélico.
Licenciamento
Artigo 130 – Todo veículo automotor, elétrico, articulado, reboque ou semirreboque, para transitar na
via, deverá ser licenciado anualmente pelo órgão executivo de trânsito do Estado, ou do Distrito Federal,
onde estiver registrado o veículo.
Parágrafo Primeiro – O disposto neste artigo não se aplica ao veículo de uso bélico.
Artigo 133 – É obrigatório o porte do Certificado de Licenciamento Anual. (Resolução 205)
OBSERVAÇÃO – De acordo com a Resolução do CONTRAN Número 61 de 1998, o C.L.A (Certificado de
Licenciamento Anual) é o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV).
Registro e licenciamento de outros veículos
Você sabia que o Código de Trânsito conferiu aos órgãos executivos de trânsito dos municípios,
competência para registrar e licenciar, na forma da legislação municipal, alguns veículos?
Artigo 24 – Compete aos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua
circunscrição;
Inciso Dezessete – registrar e licenciar, na forma da legislação, veículos de tração e propulsão humana e
de tração animal, fiscalizando, autuando, aplicando penalidades e arrecadando multas decorrentes de
infrações;
Artigo 129 – O registro e o licenciamento dos veículos de propulsão humana e dos veículos de tração
animal obedecerão à regulamentação estabelecida em legislação municipal do domicílio ou residência
de seus proprietários.
Ao sancionar a lei número 13.154 de 2015 no final de julho, a presidente Dilma Rousseff pôs fim a uma
discussão sobre ciclomotores que já durava quase 20 anos.
A nova lei altera a anterior, de 1997, que transferia aos municípios a função de regulamentar seu uso e
os equiparava a veículos de tração humana e animal, como bicicletas e carroças. Desde o começo de
agosto, cabe ao DETRAN de cada estado providenciar registro e licenciamento desses veículos.
Os ciclomotores são veículo de 2 ou 3 rodas, provido de motor de combustão interna, cuja cilindrada
não exceda a 50 cm3 (cinquenta centímetros cúbicos), equivalente a 3,05 pol3 (três polegadas cúbicas e
cinco centésimos), ou de motor de propulsão elétrica com potência máxima de 4 kW (quatro
quilowatts), e cuja velocidade máxima de fabricação não exceda a 50 Km/h (quilômetro por hora).
MEDIDAS ADMINISTRATIVAS E PENALIDADES
Mais porque a importância disso?
Olá! Antes de tudo é importante saber distinguir entre a autoridade de trânsito e seus agentes, vejamos;
AGENTE DA AUTORIDADE DE TRÂNSITO – pessoa, civil ou policial militar, credenciada pela autoridade de
trânsito para o exercício das atividades de fiscalização, operação, policiamento ostensivo de trânsito ou
patrulhamento.
AUTORIDADE DE TRÂNSITO – dirigente máximo de órgão ou entidade executivo integrante do Sistema
Nacional de Trânsito ou pessoa por ele expressamente credenciada.
Portanto as são Autoridades de trânsito SOMENTE os dirigentes máximos dos órgãos executivos do
Sistema Nacional de Trânsito (SNT), tais como os presidentes do DETRAN-RJ, DER-RJ, DENATRAN, etc.
Porque APENAS AS AUTORIDADES DE TRÂNSITO aplicam as penalidades de trânsito? Vamos entender?
Assim fica bem claro que as medidas administrativas previstas no código de trânsito devem ser aplicadas
tanto pela autoridade de trânsito quanto pelos seus agentes credenciados, pois tratam-se, via de regra,
de ações que visam sanar o problema no momento da abordagem, no “calor do acontecimento”,
perceba ao verificar o rol de medidas administrativas prevista no artigo 269 do Código Brasileiro de
Trânsito.
De acordo como o CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO;
Artigo 256 – A autoridade de trânsito, na esfera das competências estabelecidas neste Código e dentro
de sua circunscrição, deverá aplicar, às infrações nele previstas, as seguintes penalidades;
Artigo 269 Alínea A – autoridade de trânsito ou seus agentes, na esfera das competências estabelecidas
neste Código e dentro de sua circunscrição, deverá adotar as seguintes medidas administrativas;
Inciso 1 – Retenção do veículo;
Inciso 2 – Remoção do veículo;
Inciso 3 – recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação;
Inciso 4 – Recolhimento da Permissão para Dirigir;
Inciso 5 – Recolhimento do Certificado de Registro;
Inciso 6 – Recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual;
Inciso 7 – (VETADO)
Inciso 8 – transbordo do excesso de carga;
Inciso 9 – Realização de teste de dosagem de alcoolemia ou perícia de substância entorpecente ou que
determine dependência física ou psíquica;
Inciso 10 – Recolhimento de animais que se encontrem soltos nas vias e na faixa de domínio das vias de
circulação, restituindo-os aos seus proprietários, após o pagamento de multas e encargos devidos.
Inciso 11 – realização de exames de aptidão física, mental, de legislação, de prática de primeiros
socorros e de direção veicular. (Incluído pela Lei número 9.602, de 1998).
Enquanto que as penalidades previstas são, via de regra, ações a serem desencadeadas posteriormente
pela autoridade de trânsito ao tomar conhecimento da infração de trânsito, observemos o rol previsto
do Código Brasileiro de Trânsito, no artigo 256;
Inciso 1 – Advertência por escrito;
Inciso 2 – multa;
Inciso 3 – suspensão do direito de dirigir;
Inciso 4 – (Revogado pela Lei número 13.281, de 2016)
Inciso 5 – cassação da Carteira Nacional de Habilitação;
Inciso 6 – cassação da permissão para dirigir;
Inciso 7 – frequência obrigatória em curso de reciclagem.
Parágrafo Primeiro – A aplicação das penalidades previstas neste Código não elide as punições
originárias de ilícitos penais decorrentes de crimes de trânsito, conforme disposições de lei.
FIQUE ESPERTO! Muitos ainda confundem remoção, retenção e apreensão... Vamos entender o que é
cada uma dessas ações?
Remoção é uma medida administrativa que requer que o veículo seja rebocado até um depósito público.
Retenção é quando o veículo permanece retido no local por tempo determinado até o saneamento da
irregularidade, e caso isso não ocorra em tempo hábil, a retenção pode se transformar em remoção.
Apreensão é uma penalidade administrativa, mas que foi revogada pela Lei número 13.281, de 2016,
portanto trata-se de dispositivo que não existe mais na legislação vigente de trânsito.
INFRAÇÕES DE TRÂNSITO
Mais o que são infrações de trânsito?
Artigo 161 – Constitui infração de trânsito a inobservância de qualquer preceito deste Código, da
legislação complementar ou das resoluções do CONTRAN, sendo o infrator sujeito às penalidades e
medidas administrativas indicadas em cada artigo, além das punições previstas no Capítulo Dezenove do
Código Trânsito de Brasileiro.
Parágrafo único – As infrações cometidas em relação às resoluções do CONTRAN terão suas penalidades
e medidas administrativas definidas nas próprias resoluções.
Estamos falando de direito administrativo de trânsito, portanto, esfera autônoma e que não se pode
confundir com as esferas civil e criminal, por exemplo. Assim sendo não confunda infração de trânsito
com crime. No capítulo Quinze, do Código Trânsito de Brasileiro, são tratadas as infrações de trânsito
(do artigo 161 ao artigo 255). Nesse sentido, aqui iremos discorrer sobre as principais infrações no
âmbito da competência estadual, no que se refere à fiscalização, ou seja, aquelas mais corriqueiras e
que competem ao Estado fiscalizar.
Artigo 162 – Dirigir veículo;
Inciso Um – sem possuir Carteira Nacional de Habilitação, Permissão para Dirigir ou Autorização para
Conduzir Ciclomotor;
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa (3 vezes);
Medida administrativa - retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado;
Inciso Dois – com Carteira Nacional de Habilitação, Permissão para Dirigir ou Autorização para Conduzir
Ciclomotor cassada ou com suspensão do direito de dirigir;
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa (3 vezes);
Medida administrativa – recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo até a
apresentação de condutor habilitado;
Inciso Três – com Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir de categoria diferente da do
veículo que esteja conduzindo;
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa (2 vezes);
Medida administrativa – retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado;
Inciso Quatro – (VETADO);
Inciso Cinco – com validade da Carteira Nacional de Habilitação vencida há mais de trinta dias;
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa;
Medida administrativa – recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação e retenção do veículo até a
apresentação de condutor habilitado.
Inciso Seis – sem usar lentes corretoras de visão, aparelho auxiliar de audição, de prótese física ou as
adaptações do veículo impostas por ocasião da concessão ou da renovação da licença para conduzir;
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa;
Medida administrativa – retenção do veículo até o saneamento da irregularidade ou apresentação de
condutor habilitado.
A relação de adaptações elas deverão ser lançadas no campo de observação da CNH do condutor
seguindo a codificação prevista no anexo quinze da Resolução número 267 de 2008 do CONTRAN.
Restrição de obrigatório o uso de lentes corretivas código na CNH a letra A.
Restrição de obrigatório o uso de prótese auditiva código na CNH a letra B.
Restrição de obrigatório o uso de acelerador à esquerda código na CNH a letra C.
Restrição de obrigatório o uso de veículo com transmissão automática código na CNH a letra B.
Restrição de obrigatório o uso de empunhadura/manopla/pomo no volante código na CNH a letra E.
Restrição de obrigatório o uso de veículo com direção hidráulica código na CNH a letra F.
Restrição de obrigatório o uso de veículo com embreagem manual ou com automação de embreagem
ou com transmissão automática código na CNH a letra G.
Restrição de obrigatório o uso de acelerador e freio manual código na CNH a letra H.
Restrição de obrigatório o uso de adaptação dos comandos de painel ao volante código na CNH a letra I.
Restrição de obrigatório o uso de adaptação dos comandos de painel para os membros inferiores e/ou
outras partes do corpo código na CNH a letra J.
Restrição de obrigatório o uso de veículo com prolongamento da alavanca de câmbio e/ou almofadas
(fixas) de compensação de altura c/ou profundidade código na CNH a letra K.
Restrição de obrigatório o uso de veículo com prolongadores dos podais e elevação do assoalho e/ou
almofadas fixas de compensação de altura c/ou profundidade código na CNH a letra L.
Restrição de obrigatório o uso de motocicleta com pedal de câmbio adaptado código na CNH a letra M.
Restrição de obrigatório o uso de motocicleta com pedal do freio traseiro adaptado código na CNH a
letra N.
Restrição de obrigatório o uso de motocicleta com manopla do freio dianteiro adaptada código na CNH a
letra O.
Restrição de obrigatório o uso de motocicleta com manopla de embreagem adaptada código na CNH a
letra P.
Restrição de obrigatório o uso de motocicleta com carro lateral ou triciclo código na CNH a letra Q.
Restrição de obrigatório o uso de motoneta com carro lateral ou triciclo código na CNH a letra R.
Restrição de obrigatório o uso de motocicleta com automação de troca de marchas código na CNH a
letra S.
Restrição de vedado dirigir em rodovias e vias de trânsito rápido código na CNH a letra T.
Restrição de vedado dirigir após o pôr-do-sol código na CNH a letra U.
Restrição de obrigatório o uso de capacete de segurança com viseira protetora sem limitação de campo
visual código na CNH a letra V.
Restrição de Aposentado por invalidez código na CNH a letra W.
Outras restrições código na CNH a letra X.
Artigo 163 – Entregar a direção do veículo a pessoa nas condições previstas no artigo anterior; Infração -
as mesmas previstas no artigo anterior; Penalidade - as mesmas previstas no artigo anterior;
Entregar significa passar às mãos ou à posse de alguém, a direção do veículo automotor. Quando o
proprietário, devidamente habilitado e estando presente, passar às mãos de alguém que não esteja em
condições plenas de conduzir veículo automotor, conforme tratam os incisos do artigo 162, comete a
infração do artigo 163.
Medida administrativa – a mesma prevista no inciso três do artigo anterior.
Artigo 164 – Permitir que pessoa nas condições referidas nos incisos do Artigo 162 tome posse do
veículo automotor e passe a conduzi-lo na via;
Infração – as mesmas previstas nos incisos do artigo 162;
Penalidade – as mesmas previstas no artigo 162;
Medida administrativa – a mesma prevista no inciso três do artigo 162.
Permitir é dar licença, autorizar, consentir, tolerar. Estes verbos dizem respeito a quando o condutor foi
permitido tomar a direção do veículo automotor e conduzi-lo em uma das situações do artigo 162,
comete a infração do artigo 163. Em tal situação o proprietário não estará no interior do veículo no
momento da abordagem e esse consentimento não necessita ser expresso.
Artigo 165 – Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine
dependência;
Infração – gravíssima;
Parágrafo único – Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de
até 12 meses.
Artigo 165 Alínea A – Recusar-se a ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento
que permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa, na forma estabelecida pelo
artigo 277;
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa (10 vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 meses;
Medida administrativa – recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo, observado o
disposto no Parágrafo quarto do artigo 270.
Parágrafo único – Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de
até 12 meses.
É importante estabelecer a correlação entre os artigos 165 e 277 do Código de Trânsito Brasileiro, para
que você policial militar possa atuar corretamente em uma ocorrência envolvendo condutores com
suspeita de estarem sob influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa, vejamos o que
diz o legislador no artigo 277;
Artigo 277 – O condutor de veículo automotor envolvido em acidente de trânsito ou que for alvo de
fiscalização de trânsito poderá ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que,
por meios técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo CONTRAN, permita certificar influência de
álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência.
Parágrafo Primerio - (Revogado).
Parágrafo Segundo – A infração prevista no artigo 165 também poderá ser caracterizada mediante
imagem, vídeo, constatação de sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo CONTRAN, alteração da
capacidade psicomotora ou produção de quaisquer outras provas em direito admitidas. Parágrafo
Terceiro Serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas estabelecidas no artigo 165-A deste
Código ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos previstos no caput
deste artigo.
O dispositivo presente no Parágrafo Segundo do artigo 277 autoriza que seja dada voz de prisão em
flagrante aos condutores flagrados visivelmente alterados, sem a necessidade de exame, bastando
apenas que haja testemunhas, fotos ou filmagens do estado do condutor no momento da abordagem,
para melhor disciplinar a atuação o CONTRAN editou a Res. número 432/13 a respeito, confira AQUI.
Artigo 166 – Confiar ou entregar a direção de veículo a pessoa que, mesmo habilitada, por seu estado
físico ou psíquico, não estiver em condições de dirigi-lo com segurança;
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa.
Artigo 167 – Deixar o condutor ou passageiro de usar o cinto de segurança, conforme previsto no artigo
65;
Infração – grave;
Penalidade – multa;
Medida administrativa – retenção do veículo até colocação do cinto pelo infrator.
Artigo 168 – Transportar crianças em veículo automotor sem observância das normas de segurança
especiais estabelecidas neste Código; Infração - gravíssima; Penalidade - multa; Medida administrativa -
retenção do veículo até que a irregularidade seja sanada.
A Resolução número 277 de 2008 do CONTRAN disciplina o uso de cadeirinhas para as crianças nos
veículos, veja a imagem a seguir;
Artigo 64 – As crianças com idade inferior a 10 anos que não tenham atingido 1,45 m (um metro e
quarenta e cinco centímetros) de altura devem ser transportadas nos bancos traseiros, em dispositivo
de retenção adequado para cada idade, peso e altura, A Resolução número 277 de 2008 do CONTRAN
disciplina o uso de cadeirinhas para as crianças nos veículos, veja a imagem a seguir;
Salvo exceções relacionadas a tipos específicos de veículos regulamentadas pelo Contran.
Parágrafo único – O Contran disciplinará o uso excepcional de dispositivos de retenção no banco
dianteiro do veículo e as especificações técnicas dos dispositivos de retenção a que se refere o caput
deste artigo.
Artigo 169 – Dirigir sem atenção ou sem os cuidados indispensáveis à segurança;
Infração - leve;
Penalidade - multa.
Artigo 173 – Disputar corrida; Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (10 vezes), suspensão do direito de dirigir e apreensão do veículo;
Medida administrativa – recolhimento do documento de habilitação e remoção do veículo.
Parágrafo único – Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de
12 meses da infração anterior.
Artigo 174 – Promover, na via, competição, eventos organizados, exibição e demonstração de perícia em
manobra de veículo, ou deles participar, como condutor, sem permissão da autoridade de trânsito com
circunscrição sobre a via;
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa (10 vezes), suspensão do direito de dirigir e apreensão do veículo Medida
administrativa - recolhimento do documento de habilitação e remoção do veículo.
Parágrafo Primeiro – As penalidades são aplicáveis aos promotores e aos condutores participantes.
Parágrafo Segundo – Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período
de 12 meses da infração anterior.
Artigo 175 – Utilizar-se de veículo para demonstrar ou exibir manobra perigosa, mediante arrancada
brusca, derrapagem ou frenagem com deslizamento ou arrastamento de pneus.
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa (dez vezes), suspensão do direito de dirigir e apreensão do veículo.
Medida administrativa – recolhimento do documento de habilitação e remoção do veículo.
Parágrafo único – Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de
12 meses da infração anterior.
Artigo 176 – Deixar o condutor envolvido em acidente com vítima;
Inciso 1 – De prestar ou providenciar socorro à vítima, podendo fazê-lo;
Inciso 2 – De adotar providências, podendo fazê-lo, no sentido de evitar perigo para o trânsito no local;
Inciso 3 – De preservar o local, de forma a facilitar os trabalhos da polícia e da perícia;
Inciso 4 – De adotar providências para remover o veículo do local, quando determinadas por policial ou
agente da autoridade de trânsito;
Inciso 5 – De identificar-se ao policial e de lhe prestar informações necessárias à confecção do boletim
de ocorrência;
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir;
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação.
Artigo 177 – Deixar o condutor de prestar socorro à vítima de acidente de trânsito quando solicitado
pela autoridade e seus agentes;
Infração - grave;
Penalidade - multa.
Artigo 178 – Deixar o condutor, envolvido em acidente sem vítima, de adotar providências para remover
o veículo do local, quando necessária tal medida para assegurar a segurança e a fluidez do trânsito;
Infração – média;
Penalidade – multa.
Principalmente no caso das infrações previstas nos artigos 162 até o artigo 178, existe ainda a
possibilidade de apuração no aspecto criminal, muitas dessas infrações também caracterizam crimes
segundo o CÓDIGO BRASILEIRO DE TRANSITO e demais legislações conforme veremos nas próximas
aulas. Nestes casos o policial deve dotar as medidas administrativas previstas e encaminhar a ocorrência
para que a autoridade policial tome conhecimento e atue no aspecto criminal.
Artigo 230 – Conduzir o veículo;
Inciso 1 – Com o lacre, a inscrição do chassi, o selo, a placa ou qualquer outro elemento de identificação
do veículo violado ou falsificado;
Inciso 2 – Transportando passageiros em compartimento de carga, salvo por motivo de força maior, com
permissão da autoridade competente e na forma estabelecida pelo CONTRAN;
Inciso 3 – Com dispositivo antirradar.
NÃO CONFUNDIR este dispositivo ANTIRRADAR com os aparelhos GPS amplamente usados nos dias de
hoje, o dispositivo proibido pelo CÓDIGO BRASILEIRO DE TRÂNSITO trata-se de um equipamento que
corta ou embaralha o sinal dos radares não permitindo que o veículo seja flagrado pelos radares. Este
equipamento é proibido em nosso país.
Inciso 4 - Sem qualquer uma das placas de identificação;
Inciso 5 – Que não esteja registrado e devidamente licenciado;
Inciso 6 – Com qualquer uma das placas de identificação sem condições de legibilidade e visibilidade;
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo;
Inciso 7 – com a cor ou característica alterada;
Inciso 8 – sem ter sido submetido à inspeção de segurança veicular, quando obrigatória;
NÃO confundir essa inspeção com o licenciamento, nesse caso o inciso VIII refere-se à inspeções de
segurança como a inspeção de cilindros de GNV, por exemplo. Já o inciso V trata do licenciamento anual
veicular.
Inciso 9 – Sem equipamento obrigatório ou estando este ineficiente ou inoperante;
Inciso 10 – Com equipamento obrigatório em desacordo com o estabelecido pelo CONTRAN;
Inciso 11 – com descarga livre ou silenciador de motor de explosão defeituoso, deficiente ou inoperante;
Inciso 12 – Com equipamento ou acessório proibido;
Inciso 13 – Com o equipamento do sistema de iluminação e de sinalização alterados;
Inciso 14 – Com registrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo viciado ou defeituoso,
quando houver exigência desse aparelho;
Inciso 15 - Com inscrições, adesivos, legendas e símbolos de caráter publicitário afixados ou pintados no
para-brisa e em toda a extensão da parte traseira do veículo, excetuadas as hipóteses previstas neste
Código; NÃO confundir essa inspeção com o licenciamento, nesse caso o inciso 8 refere-se a inspeções
de segurança como a inspeção de cilindros de GNV, por exemplo. Já o inciso 5 trata do licenciamento
anual veicular.
Inciso 16 – Com vidros totais ou parcialmente cobertos por películas refletivas ou não, painéis
decorativos ou pinturas;
Inciso 17 – Com cortinas ou persianas fechadas, não autorizadas pela legislação;
Inciso 18 – Em mau estado de conservação, comprometendo a segurança, ou reprovado na avaliação de
inspeção de segurança e de emissão de poluentes e ruído, prevista no artigo 104;
Inciso 19 – Sem acionar o limpador de para-brisa sob chuva;
Infração – grave;
Penalidade – multa;
Medida administrativa – retenção do veículo para regularização.
Inciso 20 – Sem portar a autorização para condução de escolares, na forma estabelecida no artigo 136;
Infração – gravíssima; Penalidade – multa (5 vezes);
Medida administrativa – remoção do veículo.
Inciso 21 - de carga, com falta de inscrição da tara e demais inscrições previstas neste Código;
Inciso 22 - com defeito no sistema de iluminação, de sinalização ou com lâmpadas queimadas; Infração -
média; Penalidade - multa.
Inciso 23 - em desacordo com as condições estabelecidas no artigo 67 Alínea C, relativamente ao tempo
de permanência do condutor ao volante e aos intervalos para descanso, quando se tratar de veículo de
transporte de carga ou coletivo de passageiros; Infração - média; Penalidade - multa; Medida
administrativa - retenção do veículo para cumprimento do tempo de descanso aplicável. 60
Inciso 24- (VETADO). Parágrafo Primeiro Se o condutor cometeu infração igual nos últimos 12 meses,
será convertida, automaticamente, a penalidade disposta no inciso 23 em infração grave. Parágrafo
Segundo Em se tratando de condutor estrangeiro, a liberação do veículo fica condicionada ao
pagamento ou ao depósito judicial ou administrativo, da multa.
Artigo232. Conduzir veículo sem os documentos de porte obrigatório referidos neste Código; Infração -
leve; Penalidade - multa; Medida administrativa - retenção do veículo até a apresentação do
documento.
Esse artigo, como exemplo, aplica-se a condutores habilitados que estejam dirigindo sem está portando
sua CNH ou o CRLV, pois são documentos de porte obrigatório conforme previsto na Res. CONTRAN
número 205 de 2006. No caso de condutores que não possuam a CNH (inabilitados) deve-se aplicar o
artigo 162, inciso 1.
Artigo 233 – Deixar de efetuar o registro de veículo no prazo de trinta dias, junto ao órgão executivo de
trânsito, ocorridas as hipóteses previstas no artigo 123;
Infração – média;
Penalidade – multa;
Medida administrativa – remoção do veículo.
Artigo 235 – Conduzir pessoas, animais ou carga nas partes externas do veículo, salvo nos casos
devidamente autorizados;
Infração – grave;
Penalidade – multa;
Medida administrativa – retenção do veículo para transbordo.
Esse artigo, como exemplo, aplica-se a condutores habilitados que estejam dirigindo sem esta portando
sua CNH ou o CRLV, pois são documentos de porte obrigatório conforme previsto na Resolução do
CONTRAN número 205 de 2006. No caso de condutores que não possuam a CNH (inabilitados) deve-se
aplicar o artigo 162, inciso 1.
Artigo236 – Rebocar outro veículo com cabo flexível ou corda, salvo em casos de emergência;
Infração – média;
Penalidade – multa.
Artigo 238 – Recusar-se a entregar à autoridade de trânsito ou a seus agentes, mediante recibo, os
documentos de habilitação, de registro, de licenciamento de veículo e outros exigidos por lei, para
averiguação de sua autenticidade;
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa e apreensão do veículo;
Medida administrativa – remoção do veículo. Artigo 239. Retirar do local veículo legalmente retido para
regularização, sem permissão da autoridade competente ou de seus agentes; Infração - gravíssima;
Penalidade – multa e apreensão do veículo; Medida administrativa - remoção do veículo. Artigo 244.
Conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor;
Inciso 1 – Sem usar capacete de segurança ou vestuário de acordo com as normas e especificações
aprovadas pelo CONTRAN;
Inciso 2 – Transportando passageiro sem o capacete de segurança, na forma estabelecida no inciso
anterior, ou fora do assento suplementar colocado atrás do condutor ou em carro lateral;
Inciso 3 – fazendo malabarismo ou equilibrando-se apenas em uma roda;
Inciso 4 – (revogado pela Lei número 14.071 de 2020)
Inciso 5 – Transportando criança menor de 10(dez) anos de idade ou que não tenha, nas circunstâncias,
condições de cuidar de sua própria segurança;
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa e suspensão do direito de dirigir Medida administrativa–retenção do veículo até
regularização e recolhimento do documento de habilitação;
Inciso 6 – Rebocando outro veículo;
Inciso 7 – sem segurar o guidom com ambas as mãos, salvo eventualmente para indicação de manobras;
Inciso 8 – transportando carga incompatível com suas especificações ou em desacordo com o previsto
no Parágrafo Segundo do artigo 139 Alínea A desta Lei;
Inciso 9 – Efetuando transporte remunerado de mercadorias em desacordo com o previsto no artigo 139
Alínea A desta Lei ou com as normas que regem a atividade profissional dos motos taxistas;
Infração – grave;
Penalidade – multa;
Medida administrativa – apreensão do veículo para regularização.
Inciso 10 – Com a utilização de capacete de segurança sem viseira ou óculos de proteção ou com viseira
ou óculos de proteção em desacordo com a regulamentação do Contran;
Inciso 11 – transportando passageiro com o capacete de segurança utilizado na forma prevista no inciso
10 do caput deste artigo;
Infração – média;
Penalidade – multa;
Medida administrativa – retenção do veículo até regularização;
Resolução 453 de 2013 do CONTRAN,
RESOLUÇÃO 453, DE 26 DE SETEMBRO DE 2013
Disciplina o uso de capacete para condutor e passageiro de motocicletas, motonetas, ciclomotores,
triciclos motorizados e quadriciclos motorizados.
O CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO (CONTRAN), no uso da atribuição que lhe confere o artigo 12, da
Lei 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro, e conforme o Decreto
número 4.711, de 29 de maio de 2003, que dispõe sobre a coordenação do Sistema Nacional de
Trânsito, Considerando o disposto no inciso I dos artigos 54 e 55 e os incisos 1 e 2 do artigo 244 do
Código de Transito Brasileiro, Considerando o inteiro teor do processo número 80000.028782/2013-11
Resolve;
Artigo Primeiro – É obrigatório, para circular nas vias públicas, o uso de capacete motociclístico pelo
condutor e passageiro de motocicleta, motoneta, ciclomotor, triciclo motorizado e quadriciclo
motorizado, devidamente afixado à cabeça pelo conjunto formado pela cinta jugular e engate, por
debaixo do maxilar inferior.
Parágrafo único – O capacete motociclístico deve estar certificado por organismo acreditado pelo
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), de acordo com
regulamento de avaliação da conformidade por ele aprovado. Artigo Segundo Para fiscalização do
cumprimento desta Resolução, as autoridades de trânsito ou seus agentes devem observar;
Inciso 1 – Se o capacete motociclístico utilizado é certificado pelo INMETRO;
Inciso 2 – Se o capacete motociclístico está devidamente afixado à cabeça;
Inciso 3 – A aposição de dispositivo retrorrefletivo de segurança nas partes laterais e traseira do
capacete motociclístico, conforme especificado no item I do Anexo;
Inciso 4 – A existência do selo de identificação da conformidade do INMETRO, ou etiqueta interna com a
logomarca do INMETRO, especificada na norma NBR7471, podendo esta ser afixada no sistema de
retenção;
Inciso 5 – O estado geral do capacete, buscando avarias ou danos que identifiquem a sua inadequação
para o uso;
Parágrafo único – Os requisitos descritos nos incisos 3 e 4 deste artigo aplicam-se aos capacetes
fabricados a partir de Primeiro de agosto de 2007.
Artigo Terceiro – O condutor e o passageiro de motocicleta, motoneta, ciclomotor, triciclo motorizado e
quadriciclo motorizado, para circular na via pública, deverão utilizar capacete com viseira, ou na
ausência desta, óculos de proteção, em boas condições de uso.
Parágrafo Primeiro – Entende-se por óculos de proteção, aquele que permite ao usuário a utilização
simultânea de óculos corretivos ou de sol.
Parágrafo Segundo – Fica proibido o uso de óculos de sol, óculos corretivos ou de segurança do trabalho
(EPI) de forma singular, em substituição aos óculos de proteção.
Parágrafo Terceiro – Quando o veículo estiver em circulação, a viseira ou óculos de proteção deverão
estar posicionados de forma a dar proteção total aos olhos, observados os seguintes critérios;
Inciso 1 – quando o veículo estiver imobilizado na via, independentemente do motivo, a viseira poderá
ser totalmente levantada, devendo ser imediatamente restabelecida a posição frontal aos olhos quando
o veículo for colocado em movimento;
Inciso 2 – a viseira deverá estar abaixada de tal forma possibilite a proteção total frontal aos olhos,
considerando-se um plano horizontal, permitindo-se, no caso dos capacetes com queixeira, pequena
abertura de forma a garantir a circulação de ar;
Inciso 3 – no caso dos capacetes modulares, além da viseira, conforme inciso 2, a queixeira deverá estar
totalmente abaixada e travada.
Parágrafo Quarto – No período noturno, é obrigatório o uso de viseira no padrão cristal.
Parágrafo Quinto – É proibida a aposição de película na viseira do capacete e nos óculos de proteção.
Artigo Quarto – Dirigir ou conduzir passageiro em descumprimento às disposições contidas nesta
Resolução implicará nas sanções previstas no CÓDIGO BRASILEIRO DE TRANSITO, conforme abaixo;
Inciso 1 – Com o capacete fora das especificações contidas no artigo Segundo, exceto inciso 2,
combinado com o Anexo; artigo 230, inciso 10, do CÓDIGO BRASILEIRO DE TRÂNSITO;
Inciso 2 – Utilizando viseira ou óculos de proteção em descumprimento ao disposto no artigo terceiro ou
utilizando capacete não afixado na cabeça conforme artigo Primeiro; artigo 169 do CÓDIGO BRASILEIRO
DE TRÂNSITO;
Inciso 3 – Não uso de capacete motociclístico, capacete não encaixado na cabeça ou uso de capacete
indevido, conforme Anexo; incisos 1 ou 2 do artigo 244 do CÓDIGO BRASILEIRO DE TRÂNSITO, conforme
o caso.
Artigo Quinto – As especificações dos capacetes motociclísticos, viseiras, óculos de proteção e acessórios
estão contidas no Anexo desta Resolução.
Artigo Sexto – O Anexo desta Resolução encontra-se disponíveis no sitio eletrônico
www.denatran.gov.br.
Artigo Sétimo – Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Artigo Oitavo – Ficam revogadas as Resoluções CONTRAN número 203, de 29 de setembro de 2006,
número 257, de 30 de novembro de 2007 e número 270, de 15 de fevereiro de 2008.
Antônio Claudio Portella Serra e Silva Presidente, Jerry Adriane Dias Rodrigues Ministério Da Justiça,
Rone Evaldo Barbosa Ministério dos Transporte,s Luiz Otávio Maciel Miranda Ministério da Saúde,
Rudolf de Noronha Ministério do Meio Ambiente.
ANEXO (Resolução CONTRAN número XXX, de XXXXXXXXX)
I - DISPOSITIVO RETRORREFLETIVO DE SEGURANÇA O capacete deve contribuir para a sinalização do
usuário diuturnamente, em todas as direções, através de elementos retrorrefletivos, aplicados na parte
externa do casco. O elemento retrorrefletivo deve ter uma superfície de pelo menos 18 centímetros
quadrados e assegurar a sinalização em cada lado do capacete; frente, atrás, direita e esquerda. Em cada
superfície de 18 centímetro quadrado, deve ser possível traçar um círculo de 4,0 centímetro de diâmetro
ou um retângulo de superfície de, no mínimo, 12,5 centímetro quadrado com uma largura mínima de
2,0 centímetro. Cada uma destas superfícies deve estar situada o mais próximo possível do ponto de
tangência do casco com um plano vertical paralelo ao plano vertical longitudinal de simetria, à direita e à
esquerda, e do plano de tangência do casco com um plano vertical perpendicular ao plano longitudinal
de simetria, à frente e para trás. A cor do material iluminado pela fonte padrão A da CIE deve estar
dentro da zona de coloração definida pelo CIE para branco retrorrefletivo. As cores e as especificações
técnicas dos retrorrefletivos a serem utilizados no transporte remunerado serão definidas em resolução
própria. Especificação do coeficiente mínimo de retrorefletividade em candelas por Lux por metro
quadrado (orientação 0 e 90 graus);
Os coeficientes de retrorefletividade não deverão ser inferiores aos valores mínimos especificados. As
medições serão feitas de acordo com o método ASTME-810. Todos os ângulos de entrada deverão ser
medidos nos ângulos de observação de 0,2 graus e 0,5 graus. A orientação 90 graus é definida com a
fonte de luz girando na mesma direção em que o dispositivo será afixado no capacete.
2 – DEFINIÇÕES
A – CAPACETE MOTOCICLISTICO – Tem a finalidade de proteger a calota craniana, o qual deve ser
calçado e fixado na cabeça do usuário, de forma que fique firme, com o tamanho adequado,
encontrados nos tamanhos, desde o 50 até o 64.
B – CAPACETE CERTIFICADO – Capacete que possui aplicado as marcações (selo de certificação
holográfico/etiqueta interna), com a marca do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade-SBAC,
comercializado, após o controle do processo de fabricação e ensaios específicos, de maneira a garantir
que os requisitos técnicos, definidos na norma técnica, foram atendidos. Os modelos de capacetes
certificados estão descritos abaixo nos desenhos legendados de 01 a 07
Figura Um – Capacete Integral (fechado) com viseira.
Figura Dois – Capacete Integral sem viseira e com pala, uso obrigatório dos óculos de motocross.
Figura Três – Capacete integral com viseira e pala.
Figura Quatro – Capacete modular, a frente levanta e abaixa.
Figura Cinco – Capacete aberto (jet) sem viseira (com ou sem pala), uso obrigatório dos óculos de
motocross.
Figura Sete – Capacete aberto (jet) com viseira (com ou sem pala).
C - ÓCULOS DE PROTEÇÃO MOTOCICLISTICA São óculos que permitem aos usuários a utilização
simultânea de óculos corretivos ou de sol (figura 8), cujo uso é obrigatório para os capacetes que não
possuem viseiras, casos específicos das figuras 02, 05 e 06.
D - PRINCIPAIS COMPONENTES DE UM CAPACETE CERTIFICADO;
CASCO EXTERNO – O casco pode ser construído em plásticos de engenharia, como o ABS e o
Policarbonato (PC), através do processo de injeção, ou, pelo processo de multilaminação de fibras (vidro,
aramídicas, carbono e polietileno), com resinas termofixas.
CASCO INTERNO – Confeccionado em materiais apropriados, onde o mais conhecido é poliestireno
expansível (isopor), devido a sua resiliência, forrado com espumas dubladas com tecido, item que em
conjunto com o casco externo, fornece a proteção à calota craniana, responsável pela absorção dos
impactos.
VISEIRA – Destinada à proteção dos olhos e das mucosas, é construída em plásticos de engenharia, com
transparência, fabricadas nos padrões; cristal, fume light, fume e metalizadas. As viseiras que não sejam
do padrão cristal devem ter aplicação da seguinte orientação na sua superfície, em alto ou baixo relevo,
sendo; Idioma português;
USO EXCLUSIVO DIURNO (podendo estar acompanhada com a informação em outro idioma) Idioma
ingles; DAY TIME USE ONLY SISTEMA DE RETENÇÃO; (figura 9) sistema é composto de; CINTA JUGULAR;
Confeccionada em materiais sintéticos, fixadas ao casco de forma apropriada, cuja finalidade é a de fixar
firmemente (sem qualquer folga aparente) o capacete à calota craniana, por debaixo do maxilar inferior
do usuário, e; ENGATES; tem a finalidade de fixar as extremidades da cinta jugular, após a regulagem
efetuada pelo usuário, não deixando qualquer folga, e, podem ser no formato de Duplo “D”, que são
duas argolas estampadas em aço ou através de engates rápidos, nas suas diversas configurações. Figura
9 ACESSÓRIOS; são componentes que podem, ou não, fazer parte de um capacete certificado, como
palas, queixeiras removíveis, sobreviseiras e máscaras (figura 10).
A relação dos capacetes certificados pelo INMETRO, com a descrição do fabricante ou importador, do
modelo, dos tamanhos, da data da certificação, estão disponibilizados no site do INMETRO;
www.inmetro.gov.br. E - CAPACETES INDEVIDOS Uso terminantemente proibido, nas vias públicas, por
não cumprirem com os requisitos estabelecidos na norma técnica (figura 11);
Artigo 252. Dirigir o veículo; I - Com o braço do lado de fora; II-Transportando pessoas, animais ou
volume à sua esquerda ou entre os braços e pernas; Para melhor compreensão é importante verificar a
veja o link a seguirRes. 453/13 do CONTRAN, 63 III - Com incapacidade física ou mental temporária que
comprometa a segurança do trânsito; IV - Usando calçado que não se firme nos pés ou que comprometa
a utilização dos pedais; V - Com apenas uma das mãos, exceto quando deva fazer sinais regulamentares
de braço, mudar a marcha do veículo, ou acionar equipamentos e acessórios do veículo; VI - Utilizando-
se de fones nos ouvidos conectados a aparelhagem sonora ou de telefone celular; Infração - média;
Penalidade - multa. VII - realizando a cobrança de tarifa com o veículo em movimento; Infração - média;
Penalidade - multa. Parágrafoúnico. A hipótese prevista no inciso V caracterizar-se-á como infração
gravíssima no caso de o condutor estar segurando ou manuseando telefone celular Aula V – Manual de
Fiscalização de trânsito. VAMOS VER ALGUNS TÓPICOS CITADOS NO MANUAL Em dezembro de 2011
entrou em vigor oMANUAL DE FISCALIZAÇÃO, é um documento que norteia a ação de fiscalização
exercida pelos agentes da autoridade de trânsito, embora ainda pouco conhecido trata-se de um
documento importante, pois elenca de forma exaustiva as ações a serem desencadeadas a partir de
cada infração, vamos ver um pouco sobre ele? 64 Agente da autoridade de trânsito O agente da
autoridade de trânsito competente para lavrar o auto de infração de trânsito (AIT) poderá ser servidor
civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial militar designado pela autoridade de trânsito com
circunscrição sobre a via no âmbito de sua competência. Para que possa exercer suas atribuições como
agente da autoridade de trânsito, o servidor ou policial militar deverá ser credenciado, estar
devidamente uniformizado, conforme padrão da instituição, e no regular exercício de suas funções. O
uso de veículo, na fiscalização de trânsito, deverá ser feito com os mesmos caracterizados. O agente de
trânsito, ao presenciaro cometimento da infração, lavrará o respectivo auto e aplicará as medidas
administrativas cabíveis, sendo vedada a lavratura do AIT por solicitação de terceiros. A lavratura do AIT
é um ato vinculado na forma da Lei, não havendo discricionariedade com relação a sua lavratura,
conforme dispõe o artigo 280 do CÓDIGO BRASILEIRO DE TRANSITO. O agente de trânsito deve priorizar
suas ações no sentido de coibir a prática das infrações de trânsito, porém, uma vez constatada a
infração, só existe o dever legal da autuação, devendo tratar a todos com urbanidade e respeito, sem,
contudo, omitir-se das providências que a lei lhe determina. Habilitação Para a condução de veículos
automotores é obrigatório o porte do documento de habilitação, apresentado 65 no original e dentro da
data de validade. O documento de habilitação não pode estar plastificado para que sua autenticidade
possa ser verificada.O porte do documento de habilitação será dispensado quando, no momento da
fiscalização, for possível ter acesso ao sistema informatizado para verificar se o condutor está habilitado.
São documentos de habilitação;  Autorização para Conduzir Ciclomotores (ACC) - habilita o condutor
somente para conduzir ciclomotores e cicloelétricos  Permissão Para Dirigir (PPD) - categorias A e B 
Carteira Nacional de Habilitação (CNH) – cat. A, B, C, D e E. Condutor oriundo de país estrangeiro O
condutor de veículo automotor, oriundo de país estrangeiro e nele habilitado, poderá dirigir com os
seguintes documentos;
Permissão Internacional para Dirigir (PID) ou Documento de habilitação estrangeira, quando o país de
origem do condutor for signatário de Acordos ou Convenções Internacionais, ratificados pelo Brasil,
respeitada a validade da habilitação de origem e o prazo máximo de 180 dias da sua estada regular no
Brasil.
Documento de identificação.
CONCLUSÃO PARTE II Chegamos ao término de mais uma parte desta disciplina. Nela focamos na
identificação e classificação dos veículos. Além disso, estudamos sobre o registro e licenciamento destes.
Também abordamos as Medidas e Penalidades Administrativas, as Infrações de trânsito, e finalmente, o
manual de fiscalização. Muita informação, concorda? Então vamos exercitar um pouco!
Vamos fazer alguns exercícios de fixação?
EXERCÍCIOS Dois
QUESTÃO 1 – Encontrar veículos circulando com o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo
com o ano de exercício em atraso constitui uma das infrações mais recorrentes atualmente, assinale a
ÚNICA alternativa que apresenta o enquadramento e os procedimentos corretos nesses casos;
A. ( ) Artigo 230, Inciso Oito – “Conduzir veículo”...“sem ter sido submetido à inspeção de segurança
veicular, [...].” Devendo o agente remover o veículo ao depósito.
B. ( ) Artigo 230, Inciso Oito – “Conduzir veículo”...“sem ter sido submetido à inspeção de segurança
veicular, [...].” Devendo o agente recolher a CNH do condutor e apreender o veículo ao depósito.
C. ( ) Artigo 230, Inciso Cinco – “Conduzir veículo”...”que não esteja registrado e devidamente
licenciado.” Devendo o agente liberar o veículo após o infracionamento.
D. ( ) Artigo 230, Inciso Cinco – “Conduzir veículo”...”que não esteja registrado e devidamente
licenciado.” Devendo o agente remover o veículo ao depósito.
QUESTÃO 2 – Um policial militar atuando como agente da autoridade de trânsito, devidamente
credenciado pelo DETRAN, exerce a fiscalização de trânsito e durante uma operação de trânsito verifica
que o condutor de uma motocicleta, que foi abordado pela equipe de seleção, não está com capacete.
Qual deve ser o seu procedimento?
A. ( ) Inflacioná-lo em virtude de não estar usando o capacete, recolher a CNH, e reter o veículo até que
seja apresentado um condutor habilitado com capacete.
B. ( ) Apreender a motocicleta imediatamente e a CNH do condutor.
C. ( ) Inflacioná-lo em virtude de não estar com capacete e logo após liberar o condutor e o veículo.
D. ( ) Fazer imediatamente a apreensão do veículo ao depósito público mais próximo.
QUESTÃO 3 – As infrações de trânsito classificam-se, em;
A. ( ) Crimes e delitos de trânsito.
B. ( ) Grupos 1, 2, 3 e 4.
C. ( ) Penalidades e medidas administrativas.
D. ( ) Gravíssimas, graves, médias e leves.
QUESTÃO 4 – Um condutor de motocicleta é fiscalizado em uma operação, está sem camisa e descalço,
com o capacete dentro das especificações e devidamente afixado e encaixado na cabeça, com o CRLV e
CNH em dia, qual a medida administrativa de trânsito que o policial militar deverá tomar?
A. ( ) Reter a motocicleta até o condutor colocar o calçado e a camisa;
B. ( ) Liberar o motociclista, pois não há infração.
C. ( ) Notificá-lo por falta de vestuário de acordo com as normas e especificações aprovadas pelo
CONTRAN.
D. ( ) Reter o CRLV.
E. ( ) Solicitar a presença da Guarda Municipal no local, pois trata-se de infração de competência
municipal.
QUESTÃO 5 – Relacione a CATEGORIA do veículo com a característica de sua respectiva PLACA;
( ) Placa com caracteres brancos e fundo vermelho
( ) Placas com caracteres brancos e fundo azul
( ) Placa com caracteres pretos e fundo cinza
( ) Placa com caracteres pretos e fundo branco
( ) Placa com caracteres vermelhos e fundo branco
a. (x ) 3 - 5 - 2 - 1 – 4
b. ( ) 1 – 2 – 3 – 4 – 5
c. ( ) 4 – 1 – 2 – 3 – 5
d. ( ) 4 – 2 – 1 – 5 - 3
(1) Oficial
(2) Particular
(3) de aluguel
(4) de aprendizagem
(5) de representação diplomática, de repartições consulares de carreira.
PARTE 3 – ASPECTOS OPERACIONAIS
INTRODUÇÃO
Para entendermos os aspectos operacionais, iremos explorar os acidentes de trânsito (Nota de instrução
da PMERJ número 17 de 1984); as Leis 5.097 de 1973 e 6.174 de 1974 e, ainda, os crimes de trânsito.
Então vamos começar nossa viagem? Vamos entender os tipos de acidente que podem ocorrer?
ACIDENTE DE TRÂNSITO (NI/PMERJ NÚMERO 17 de 1984)
Vejamos os tipos de acidentes;
a) Colisão - acidente em que o veículo em movimento sofre o impacto de outro veículo, também em
movimento;
b )Atropelamento - quando um veículo em movimento vai de encontro a uma ou mais pessoas ou a um
ou mais animais, causando lesões;
c) Tombamento - quando um veículo em movimento declina
sobre um dos seus lados, imobilizando-se;
d) Choque - quando há o impacto de um veículo em movimento contra qualquer obstáculo ou veículo
parado ou estacionado;
[e) Capotamento - acidente em que o veículo gira sobre si mesmo, em qualquer sentido, chegando a
ficar com as rodas para cima, imobilizando-se em qualquer posição;
f) Abalroamento - quando um veículo em movimento é colhido, lateral ou transversalmente, por outro
veículo em movimento.
DECRETO Número 4.118 – DE 18 DE MAIO DE 1981
ARTIGO Primeiro – Em caso de acidente de trânsito com vítima(s), a autoridade ou agente policial que
primeiro tomar conhecimento do fato poderá autorizar, independentemente de exame pericial do local,
a imediata remoção das pessoas que tenham sofrido lesão, bem como dos veículos envolvidos, quando
estiverem no leito da via pública e prejudicarem o tráfego.
ARTIGO Segundo – Ao providenciar a remoção, a autoridade ou agente policial deverá preencher
boletim, cujo modelo acompanha o presente decreto. Parágrafo Único – Na falta do impresso a que
refere este artigo, a autoridade ou agente policial redigirá relatório e dele constarão todos os elementos
esclarecedores do fato, cuja obtenção tenha sido possível.
ARTIGO Terceiro – O boletim de que trata o artigo anterior, ou o relatório de que trata o seu Parágrafo
único, deverá ser entregue, incontinenti, à Delegacia Policial da circunscrição onde se deu o fato, de que
tudo tomará conhecimento.
ARTIGO Quarto - Quando do acidente de trânsito resultar morte, será o corpo removido do leito da via
pública de maneira a não prejudicar o tráfego, permanecendo, porém no local até a chegada da perícia.
ARTIGO Quinto – Qualquer autoridade ou agente policial que presenciar ou tiver conhecimento de
acidentes de trânsito com vítimas deverá imediatamente tomar as providências previstas neste decreto,
sendo considerada falta grave sua omissão.
LEIS 5.097 1973 E 6.174 de 1974
Agora nosso assunto se restringirá a duas leis que amparam o desfazimento do local de acidente de
trânsito pelo policial militar para garantir a boa fluidez no trânsito. Desta forma, é muito importante
conhecê-las para o bom andamento do nosso serviço. Vamos lá?
A lei número 5.970 de 1973; “em caso de acidente de trânsito, a autoridade ou agente policial que
primeiro tomar conhecimento do fato poderá autorizar, independente de exame do local, a imediata
remoção das pessoas que tenham sofrido lesão, bem como dos veículos nele envolvidos, se estiverem
no leito da via pública e prejudicarem o tráfego”.
Parágrafo único – “Para autorizar a remoção, a autoridade ou o agente policial lavrará boletim da
ocorrência, nele consignando o fato, as testemunhas que o presenciaram e todas as demais
circunstâncias necessárias ao esclarecimento da verdade".
As duas leis possuem serventia apenas para locais de acidente de trânsito. No caso de ocorrência de
homicídio, por exemplo, na via pública não cabe avocar tais leis para desfazer o local.
CRIMES DE TRÂNSITO
Sargento, você sabe quais são os crimes de trânsito? Vamos aprender?
Disposições Gerais
Artigo 291 – Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-
se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de
modo diverso, bem como a Lei número 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.
Parágrafo Primeiro – Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos Artigos
74, 76 e 88 da Lei número 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver;
Inciso Um – Sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine
dependência;
Inciso Dois – Participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de
exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade
competente;
Inciso Três – transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta
quilômetros por hora).
Parágrafo Segundo – Nas hipóteses previstas no Parágrafo Primeiro deste artigo, deverá ser instaurado
inquérito policial para a investigação da infração penal.
Artigo 293 – A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação, para
dirigir veículo automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos.
Parágrafo Primeiro – Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à
autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
Artigo 298 – São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos crimes de trânsito ter o
condutor do veículo cometido a infração;
Inciso Um – Com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano
patrimonial a terceiros;
Inciso Dois – Utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas;
Inciso Três – Sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
Inciso Quatro – Com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do
veículo;
Inciso Cinco – Quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte de
passageiros ou de carga;
Inciso Seis – Utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características que
afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas
especificações do fabricante;
Inciso Sete – sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres.
Artigo 299 – (VETADO)
Artigo 300 – (VETADO)
Artigo 301 – Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se
imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.
Dos Crimes em Espécie
Artigo 302 – Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor;
Penas – detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.
No Código Brasileiro de Trânsito há apenas a tipificação de homicídio culposo, o homicídio com dolo é
tratado no Código Penal.
Parágrafo Primeiro – No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é
aumentada de um terço à metade, se o agente;
Inciso Um - não possuir permissão para dirigir ou carteira de habilitação.
Inciso Dois – praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada.
Inciso Três – deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;
Inciso Quatro – no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de
passageiros.
Parágrafo Terceiro – Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer
outra substância psicoativa que determine dependência;
Penas – reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.
Artigo 303 – Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor;
Penas – detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.
Parágrafo Primeiro – Aumenta-se a pena de um terço à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do
Parágrafo Primeiro do artigo 302.
Parágrafo Segundo – A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das
outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada
em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência, e se do
crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima.
Assim como no homicídio, não existe a previsão de lesão corporal dolosa no CÓDIGO BRASILEIRO DE
TRANSITO.
Artigo 304 – Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima,
ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública;
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais
grave.
Para esse crime também existe infração prevista no Artigo 176 do CÓDIGO BRASILEIRO DE TRANSITO.
Esse artigo do CÓDIGO BRASILEIRO DE TRANSITO só se aplica aos condutores envolvidos no acidente e
que NÃO prestaram socorro. Outros motoristas, caronas ou pedestres que passam posteriormente na
via, ou ainda, os caronas dos veículos envolvidos que não prestam socorro, respondem pelos Artigo 135
do Código Penal.
Parágrafo único – Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão
seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.
Artigo 305 – Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal
ou civil que lhe possa ser atribuída; Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Condutores que se afastam do local após cometerem algum acidente, mesmo de pequena monta, sem
se identificarem objetivando fugir da responsabilidade penal ou cível, estão incursos nesse artigo.
Artigo 306 – Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência
de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência. Penas - detenção, de seis
meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor.
Parágrafo Primeiro – As condutas previstas no caput serão constatadas por
Inciso Um – Concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou
superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou
Inciso Dois – Sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo CONTRAN, alteração da capacidade
psicomotora.
Parágrafo Segundo – A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de
alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova
em direito admitidos, observado o direito à contraprova.
Parágrafo Terceiro – O CONTRAN disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou
toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo.
Parágrafo Quarto – Poderá ser empregado qualquer aparelho homologado pelo Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO - para se determinar o previsto no caput.
O famoso crime da LEI SECA!!! A Resolução CONTRAN número 432 de 2013 regulamenta a ação do
agente que efetua a prisão em flagrante.
Artigo 307 – Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor imposta com fundamento neste Código;
Penas – detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de
suspensão ou de proibição.
Parágrafo único – Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido
no Parágrafo Primeiro do artigo 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
Artigo 308 – Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou
competição automobilística não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à
incolumidade pública ou privada;
Penas – detenção, de 6 meses a 3 anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.
Parágrafo Primeiro – Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave,
e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo,
a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 a 6 anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste
artigo.
Parágrafo Segundo – Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias
demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de
liberdade é de reclusão de 5 a 10 anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo.
Esse é um crime de “perigo concreto”, ou seja, é necessário que seja provado que o condutor gerava
algum perigo a terceiros, se não a ocorrência se enquadra apenas como infração de trânsito previstas
nos artigos número 173 ou número 174.
Artigo 309 – Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou
Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano;
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Mais um crime de “PERIGO CONCRETO”! É
necessário provar que o condutor gerava perigo de danos a terceiros, senão trata-se de caso atípico,
inexistindo crime, mais apenas a infração do artigo 162, Inciso Um do CÓDIGO BRASILEIRO DE TRÂNSITO.
Artigo 310 – Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com
habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde,
física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança;
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Artigo 311 – Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas,
hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja
grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano;
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Artigo 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na pendência do
respectivo procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o estado de lugar,
de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz;
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo,
ainda que não iniciados, quando da inovação, o procedimento preparatório, o inquérito ou o processo
aos quais se refere.
Artigo 312 alínea B – Aos crimes previstos no Parágrafo Terceiro do artigo 302 e no Parágrafo Segundo
do artigo 303 deste Código não se aplica o disposto no inciso um do caput do artigo 44 do Decreto-Lei
número 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal).
Entende-se por inovação qualquer modificação no veículo, na vítima ou local que venha burlar ou
dificultar o trabalho pericial e/ou da administração da justiça.
CONCLUSÃO PARTE Três
Caro aluno, assim chegamos ao término de nossa disciplina. Espero que tenha contribuído para
construção de seu conhecimento, bem como para o entendimento de nossa legislação de trânsito não
só como policial militar, mas também como cidadão.
Para finalizar a parte Três, vamos fazer alguns exercícios de fixação? Temos também um simulado
disponível na plataforma virtual de aprendizagem.
EXERCÍCIOS Três
QUESTÃO 1 – Numere as lacunas de acordo com os itens abaixo e depois assinale a sequência correta;
(1) Colisão
(2) Choque
(3) Capotamento
(4) Abalroamento
(5) Tombamento
(4) quando um veículo em movimento é colhido, lateral ou transversalmente, por outro veículo em
movimento.
(2) quando há impacto de um veículo em movimento contra qualquer obstáculo ou veículo parado ou
estacionado.
(1) acidente em que o veículo em movimento sofre impacto de outro veículo também em movimento.
(3) acidente em que o veículo gira sobre si mesmo, chegando a ficar com as rodas para cima,
imobilizando-se em qualquer posição.
(5) quando um veículo em movimento declina sobre um dos seus lados, imobilizando-se.
a. (x) 4 - 2 - 1 - 3 – 5
b. ( ) 1 – 2 – 3 – 4 – 5
c. ( ) 4 – 1 – 2 – 3 – 5
d. ( ) 4 – 2 – 1 – 5 - 3
QUESTÃO 2 – Epifânio provoca um acidente de pequena monta ao se chocar com um veículo
estacionado no seu condomínio quando manobrava para sair, se aproveitando que não havia ninguém
por perto ele se afasta do local com o objetivo de não ser identificado. Essa conduta esta tipificada
como; (valor; 1,0 ponto)
a. ( ) Apenas um pequeno infortúnio, como Epifânio não pôde identificar o proprietário do veículo, se
evadiu do local.
b. (x) Trata-se de um caso típico de crime de trânsito previsto no artigo 305 do CÓDIGO BRASILEIRO DE
TRANSITO; “Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal
ou civil que lhe possa ser atribuída”.
c. ( ) Trata-se de um crime de omisso de socorro tipificado no artigo 304 do CÓDIGO BRASILEIRO DE
TRANSITO, por omissão de socorro de condutor envolvido em acidentes de trânsito.
d. ( ) Epifânio responde pelo crime de inovação artificiosa previsto no CÓDIGO BRASILEIRO DE TRANSITO.
QUESTÃO 3 – Um veículo automotor atinge violentamente a traseira de um motociclista que circulava na
via produzindo lesões no motociclista, qual o tipo de acidente de trânsito descrito? (valor; 1,0 ponto)
a. ( ) Atropelamento
b. ( ) Choque
c. ( ) Abalroamento
d. (x ) Colisão
“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Cora Coralina
ADMINISTRAÇÃO APLICADA A PMERJ
INTRODUÇÃO
Você sabia que a partir da graduação de segundo SARGENTO PM suas responsabilidades são maiores e
com isso a necessidade de um conhecimento mais aprofundado também se faz necessária? Vamos
estudar na disciplina de Administração Aplicada à PMERJ, um pouco mais das práticas e rotinas
referentes às seções administrativas de uma unidade da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
Obter maiores conhecimentos e habilidades, buscar o aprimoramento, é algo que deve ser primordial na
vida de um Policial Militar, sendo assim não podemos apenas estar preparados para o Policiamento
Ostensivo, mas também para os serviços administrativos que venham a ser demandados durante a
carreira policial. A presente apostila busca realizar um panorama das questões pertinentes a
administração aplicada a PMERJ, de modo que os discentes possam se aprofundar um pouco mais em
algumas questões relacionadas à administração da Corporação.
Gestão de Bens Móveis (Almoxarifado)
Legislação; RAPM – Decreto 431 de 19 de agosto de 1965, que Regulamenta a Administração da Polícia
Militar (RAPM) estabelece regras para a vida econômico-financeira das Unidades Administrativas, regula
as atribuições dos administradores e define as responsabilidades consequentes das funções de cada
agente da Administração na esfera de suas posições na escala hierárquica, e bem assim as
responsabilidades de todos os detentores de material, valores ou dinheiro do Estado a cargo da
Corporação.
Normas para Escrituração, controle e Contabilidade de Material. Que Coordenar os procedimentos
administrativos a serem seguidos, objetivando a necessária uniformidade na aplicação da legislação em
vigor, no que se relaciona a administração do material.
Deliberação 278 de 24 de agosto de 2017, que dispõe sobre a apresentação da Prestação de Contas
Anual de Gestão, no âmbito da Administração estadual, e dá outras providências.
Instrução Normativa Auditoria Geral do Estado (AGE) número 41 de 26 de dezembro de 2017, que
estabelece Normas de organização da documentação relativa à gestão dos bens móveis dos órgãos e
entidades da administração Pública Estadual.
Instrução Normativa Auditoria Geral do Estado (AGE) número 42 de 26 de dezembro de 2017, que
estabelece Normas de organização da documentação relativa à gestão dos bens móveis dos órgãos e
entidades da administração Pública Estadual.
Decreto Número 46.223 de 24 de janeiro de 2018, Regulamenta a gestão de bens móveis, no âmbito do
poder executivo do Estado do rio de Janeiro.
E a RESOLUÇÃO SEPM Número 1.162 DE 19 de Março de 2021 publicada no Boletim PM 070 de 19 de
abril de2021, que veio normatizar o uso de toda a legislação acima mencionada.
RESOLUÇÃO SEPM Número 1162 DE 19 DE MARÇO DE 2021
DISPÕE SOBRE AS NORMAS NO ÂMBITO DA SECRETARIA DE ESTADO DE POLÍCIA MILITAR DO RIO DE
JANEIRO, NO QUE COMPETE À GESTÃO DE BENS MÓVEIS.
O SECRETÁRIO DE ESTADO DE POLÍCIA MILITAR, no uso de suas atribuições legais e com base no
disposto no Decreto Estadual número 46.223, de 24 de janeiro de 2018, nas Instruções Normativas da
Auditoria Geral do Estado número 41 e número 42, de 26 de dezembro de 2017, no Decreto número 45,
de 20 de dezembro de 2018, no Decreto número 44.489, de 25 de novembro de 2013, na Portaria CGE
número179, de 27 de março de 2014, no Decreto número431, de 19 de agosto de 1965 (RAPM), e o
Processo número SEI-350104/000155/2021, bem como;
CONSIDERANDO
A necessidade de padronizar e aprimorar as rotinas de trabalho relativas à área de gestão de bens
móveis e;
A importância de uma estrutura organizacional fundamentada em técnicas administrativas que
viabilizem o desenvolvimento de diretrizes básicas nas atividades de fiscalização, conservação, avaliação,
programação de uso, controle e desfazimento dos bens móveis;
RESOLVE;
Artigo Primeiro – Regulamentar no âmbito da SEPM/PMERJ, na forma abaixo, as normas gerais no que
tange à gestão de patrimônio dos bens móveis;
CAPÍTULO 1
Das Conceituações Básicas.
Artigo Segundo – Material Permanente; é o material que, em razão do seu uso corrente, não perde
normalmente sua identidade física e/ou sua durabilidade é superior a 02 anos.
Artigo Terceiro – Material de Consumo; é o material que, em razão do uso corrente e da definição da Lei
número 4.320 de 1964, perde normalmente sua identidade física e/ou tem sua durabilidade limitada há
02 anos.
Artigo Quarto – Bem Móvel - São bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força
alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômica e social.
Artigo Quinto – Bem Móvel Cultural - é o bem de interesse para a preservação da memória e referencial
coletivo, tais como; fotografias, livros, acervos, mobiliário, utensílios, obras de arte, entre outros.
Artigo Sexto – Incorporação de Bens Patrimoniais - processo que inclui o cadastro e identificação de
bens móveis no acervo patrimonial da SEPM/PMERJ, bem como o seu registro patrimonial (número de
inventário) e valor.
Artigo Sétimo – Carga - lista de bens com responsabilidade atribuída a um titular de cargo ou função,
pela existência e conservação do material permanente.
Artigo Oitavo – Desfazimento de Bens Patrimoniais, processo que exclui do inventário, bens do acervo
patrimonial da SEPM/PMERJ, baixa de um material permanente verificada em decorrência de haver
incidido nas seguintes condições; inservibilidade (não sendo suscetível de reparação ou recuperação);
perda ou extravio; furto ou roubo; movimentação entre UAs e transferências entre a SEPM/PMERJ e
outros órgãos do Estado e ou alienação.
Artigo Nono – Baixa Definitiva ocasião em que bens móveis são classificados como inservíveis e ou
irrecuperáveis.
Artigo 10 – Material em Desuso é todo aquele que não tenha mais utilidade para a SEPM/PMERJ,
devendo por isso ser remanejado, na forma da legislação pertinente, devendo ser colocado em
disponibilidade conforme Artigo 60 do Decreto número 46.223 de 2018.
Artigo 11 – Material Obsoleto é o que, embora em condições de uso, não satisfaz mais às exigências
técnicas do órgão a que pertence, sendo passível, portanto, do mesmo tratamento previsto no artigo
anterior, devendo ser colocado em disponibilidade conforme Artigo 60 do Decreto número 46.223 de
2018.
Artigo 12 – Material Imprestável é aquele sem condições de uso, dadas às alterações em suas
características físicas, cuja reparação ou recuperação sejam consideradas tecnicamente impraticáveis
e/ou antieconômicas, devendo por isso, ser descarregado e alienada a matéria-prima não aproveitável.
Artigo 13 – Inventário Físico constatação das existências físicas, no que couber de bens móveis próprios
ou de terceiros, sob a responsabilidade das Unidades Administrativas, para fins de controle físico.
Artigo 14 – Controle ato ou efeito de acompanhar a execução das atividades relativas às organizações,
de modo a não permitir desvios dos propósitos que lhe forem estabelecidos pela legislação pertinente.
Artigo 15 - Valor Contábil Líquido é o valor pelo qual um bem móvel é contabilizado após a dedução da
depreciação e das perdas acumuladas por redução ao valor recuperável.
Artigo 16 - Valor Justo o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela
transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data de
mensuração;
Artigo 17 – Termo de Recebimento e Exame de Material (TREM) documento que atesta o recebimento
do material e sua conformidade com as características técnicas especificadas na sua aquisição.
Artigo 18 – Cessão de Uso de Bens Móveis transferência de posse e troca de responsabilidade, gratuita
ou onerosa, de caráter temporário, limitado a vida útil do bem móvel, entre órgãos da administração
direta ou entidades da administração indireta do Poder Executivo Estadual, ou entre estes e órgãos de
quaisquer dos Poderes, do Ministério Público, do Tribunal de Contas ou de outra esfera da federação.
Artigo 19 – Permissão de Uso ato administrativo unilateral, discricionário e precário, gratuito ou
oneroso, pelo qual a administração pública faculta a utilização privada de bens móveis públicos, para
fins de interesse público, observados os procedimentos licitatórios, nos termos da legislação em vigor.
Artigo 20 – Prestação de Contas ato pelo qual o agente responsável, em face de dispositivo legal, tem a
iniciativa de relatar os fatos ocorridos em relação à sua gestão, ao órgão ou a pessoa a quem de direito é
competente para apreciá-los.
Artigo 21 – Tomada de Contas ato pelo qual a pessoa ou órgão, que de direito e competente para
executá-la, realiza quando o agente responsável por bens deixa de cumprir em prazo legal sua obrigação
de apresentar a Prestação de Contas.
Artigo 22 – Órgão é a unidade de atuação integrante da estrutura da administração direta e da estrutura
interna da administração indireta.
Artigo 23 - Unidade Gestora é a unidade orçamentária ou administrativa que realiza atos de gestão
orçamentária, financeira e ou patrimonial.
Artigo 24 – Unidade Administrativa é a unidade que não dispõe de recursos próprios para gerir suas
atividades e não possuem autonomia para realizar o registro contábil de seu patrimônio, tais como
Escolas e Batalhões de Polícia Militar, por exemplo.
Artigo 25 – Subunidade é a área física da unidade que pode agregar uma ou mais localizações.
CAPÍTULO Dois
Das Generalidades
Artigo 26 – A contabilidade patrimonial do material compreende todo o movimento de entrada e saída
do material diretamente gerido pela Unidade Gestora, e elaborado pelas Unidades Administrativas
(UAs).
Artigo 27 – Os registros contábeis far-se-ão em ordem cronológica obedecendo à ordem natural dos dias
do calendário, e sistemática, de forma demonstrativa do que entra e do que sai, de modo que fique
estabelecido o respectivo confronto em função de determinado título, determinadas pessoas ou
relações de direito.
Artigo 28 – A escrituração obedecerá ao disposto nestas normas considerando-se, para o material
bélico; os carros de combates, as viaturas, as aeronaves, as embarcações, os bens culturais (obras de
arte e peças de museu), os instrumentos musicais e os aparelhos médicos, hospitalares e odonto
hospitalares. Além do contido nessa Resolução, devem ser obedecidas as legislações e instruções
peculiares quanto à identificação do bem (etiqueta, placa ou similar com número de inventário),
incorporação (em caso de armamento) e forma de desfazimento.
Artigo 29 – Todas as entradas ou saídas de material serão sempre registradas à luz das publicações em
Boletim Interno da Unidade Administrativa e deverão ser homologadas em Boletim da PM de acordo
com o Artigo 25 e pela Diretoria de Abastecimento - DAbst nos casos de material cujo o controle dá-se
pelo Almoxarifado.
Artigo 30 – Caberá à DAbst/Depósito elaborar planilha de controle de distribuição dos bens contendo
dados do documento de aquisição, nota fiscal, dados do fornecedor (exceto em caso de doação, aqui
bastando completar com os dados do doador), valor do bem (vide Artigo 36 do Decreto número 46.223
de 2018), data da entrada na DAbst, data da distribuição para as Unidades Administrativas, quantidade
distribuída e as siglas das Unidades que receberam. A referida planilha deverá ser preenchida
regularmente a cada entrada e saída (distribuição) do bem.
Artigo 31 – Deverá ser publicada em Bol PM a distribuição do(s) bem(ns) com todos os dados da planilha
(artigo anterior).
Artigo 32 – Nenhum registro contábil poderá ser efetuado sem que tenha por base documento hábil.
Artigo
33 – Na classificação dos materiais serão observadas as normas estabelecidas pela Diretoria de
Patrimônio - DPat, distinguindo-se, para efeito contábil, o material permanente e o de consumo.
CAPÍTULO Três
Das Atribuições e Competências
Artigo 34 – A estrutura patrimonial para a gestão dos bens móveis é constituída da seguinte forma;
Inciso Um – Unidade Gestora SEPM/PMERJ – DPat;
Inciso Dois – Unidades Administrativas e;
Inciso Três – Subunidades.
Artigo 35 – São responsáveis pela gestão dos bens móveis;
Inciso Um – Titular da Unidade Gestora - Secretário de Estado de Polícia Militar; é o responsável pela
gestão dos bens móveis e responderá perante aos órgãos de controle interno e externo do Estado do Rio
de Janeiro ou autoridade por ele delegada (público em DOERJ);
Inciso Dois – Gestor de Bens Móveis – Diretor de Patrimônio; é um servidor subordinado ao titular da
Unidade Gestora, na condição de corresponsável, a quem cabe realizar a gestão dos bens móveis
(público em DOERJ);
Inciso Três – Titular Responsável pela Unidade Administrativa; servidor de cargo efetivo que tenha sido
designado para a função de Chefe, Comandante, Diretor ou Coordenador a quem cabe acompanhar a
fiscalização das atividades dos Agentes de Bens Móveis de sua Unidade Administrativa, sendo também
responsável pela gestão dos bens móveis e responderá interna e externamente solidariamente perante
o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro – TCE/RJ (público em DOERJ);
Inciso Quatro – Agente de Bens Móveis das Unidades Administrativas; é um servidor subordinado ao
Gestor de Bem Móveis, indicado pelo Titular Responsável pela Unidade Administrativa e nomeado pelo
Titular da Unidade Gestora, a quem cabe realizar a gestão dos bens móveis permanentes inventariados
sob sua responsabilidade (público em DOERJ);
Inciso Cinco – Almoxarife; é um servidor subordinado ao Gestor de Bens Móveis, indicado pelo Titular
Responsável pela Unidade Administrativa e nomeado pelo Titular da Unidade Gestora, a quem cabe
realizar a gestão de bens em almoxarifado (bens de consumo e sob sua responsabilidade (público em
DOERJ);
Inciso Seis – Encarregados de Bens Móveis das Subunidades; qualquer policial militar investido dessa
função, cuja atribuição será a responsabilidade pelos bens móveis colocados sob a sua guarda (público
em DOERJ);
Inciso Sete – Detentor da Carga; qualquer policial militar chefe de seção cuja atribuição será a
responsabilidade pelos bens móveis localizados em sua seção (público em Boletim Interno e
encaminhado à DPat via sistema SEI);
Inciso Oito – Usuário - qualquer servidor que utilize, efetivamente, o bem móvel para o desempenho de
suas atribuições e seja responsável pela sua guarda e adequada utilização.
Artigo 36 – Compete ao Titular da Unidade Gestora ou autoridade por ele delegada, dentre outras
tarefas;
Inciso Um – regulamentar e estabelecer as normas internas para a gestão dos bens móveis da unidade;
Inciso Dois – designar o Gestor de Bens Móveis da Unidade Gestora, os agentes das Unidades
Administrativas e os Encarregados das subunidades, em ato devidamente publicado no DOERJ;
Inciso Três – tomar as medidas cabíveis para o ressarcimento dos prejuízos causados ao Estado, quando
identificadas irregularidades na gestão, uso e guarda dos bens móveis na SEPM/PMERJ, na forma
prevista nas normas em vigor;
Inciso Quatro – responder pelo cumprimento dos prazos e formalidades para prestação de contas dos
bens móveis da Unidade Gestora.
Artigo 37 - Compete ao Gestor de Bens Móveis da Unidade Gestora - Diretoria de Patrimônio da
SEPM/PMERJ;
Inciso 1 – assessorar o Titular da Unidade ou autoridade por ele delegada nos assuntos relativos à gestão
de bens móveis bem como na elaboração de normas internas relativas ao tema;
Inciso 2 – responder pelo registro patrimonial da gestão dos bens móveis da Unidade Gestora;
Inciso 3 – organizar os inventários relativos aos bens móveis existentes na Unidade Gestora;
Inciso 4 – ratificar e homologar em DOERJ os processos de desfazimento dos bens móveis da Unidade
Gestora;
Inciso 5 – instruir os processos de prestações de contas dos bens móveis da Unidade Gestora, na forma
da legislação vigente;
Inciso 6 – informar mensalmente a movimentação, inclusive a depreciação, e promover as consistências
dos saldos entre os registros efetuados e a existência física dos bens móveis à Coordenadoria Setorial de
Contabilidade ou setor equivalente na SEPM/PMERJ;
Inciso 7 – orientar tecnicamente os agentes das Unidades Administrativas, os Encarregados das
Subunidades e os usuários;
Inciso 8 – manter em arquivo organizado todos os documentos relativos à gestão dos bens móveis, à
disposição dos órgãos de controle interno e externo;
Inciso 9 – estabelecer cumprimento dos prazos e formalidades para prestação de contas dos bens
móveis da Unidade Gestora;
Inciso 10 – orientar, coordenar e supervisionar as atividades pertinentes à gestão de bens móveis no
âmbito da SEPM/PMERJ;
Inciso 11 – coordenar e supervisionar o registro para controle do patrimônio móvel;
Inciso 12 – respeitar as regras de contabilidade pública de forma a possibilitar a administração dos bens
permanentes durante toda sua vida útil;
Inciso 13 – instruir sobre processos de baixa, incorporação e desincorporação, dentre outros atinentes à
gestão de bens públicos no âmbito da SEPM/PMERJ.
Artigo 38 – Compete ao Titular Responsável pela Unidade Administrativa;
Inciso 1 – indicar o Agente de Bens Móveis de Unidade Administrativa;
Inciso 2 – responder pelo cumprimento dos prazos e formalidades para prestação de contas dos bens
móveis junto à DPat;
Inciso 3 – assumir a responsabilidade pelos bens que estão destinados seu uso e/ou da subunidade que
está sob sua Chefia ou Direção;
Inciso 4 – comunicar, imediatamente a Unidade Gestora, qualquer irregularidade com o bem sob sua
responsabilidade;
Inciso 5 – acompanhar e fiscalizar a elaboração dos processos de desfazimento, incorporação,
desincorporação e outros atinentes a bens móveis da respectiva Unidade Administrativa, sempre
informando a Diretoria de Patrimônio sobre tais atos;
Inciso 6 – acompanhar e fiscalizar a elaboração dos processos de prestações de contas dos bens móveis
sob sua responsabilidade e enviar para o gestor de bens móveis da Unidade Gestora;
Inciso Sete – fazer cumprir o prazo de transição entre Gestor substituto e substituído, que é de 30 dias
úteis.
Artigo 39 - Compete ao Agente de Bens Móveis da Unidade Administrativa/Almoxarife as seguintes
tarefas;
Inciso 1 – assessorar o Titular da Unidade Administrativa ou autoridade por ele delegada nos assuntos
relativos à gestão de bens móveis;
Inciso 2 – controlar e fornecer ao Gestor de Bens Móveis da Unidade informações sobre os bens móveis
sob sua responsabilidade;
Inciso 3 – organizar os inventários relativos aos bens móveis existentes na Unidade Administrativa;
Inciso Quatro – organizar e instruir os processos de prestações de contas dos bens móveis sob sua
responsabilidade e enviar para o Titular da Unidade Administrativa para encaminhamento ao Gestor de
Bens Móveis da Unidade Gestora;
Inciso Cinco – informar mensalmente os saldos e a movimentação ao Gestor de Bens Móveis da Unidade
Gestora;
Inciso Seis – orientar, tecnicamente, os Encarregados das Subunidades e os usuários, visando sempre
seu bom uso;
Inciso Sete – responder pelo registro patrimonial da gestão dos bens móveis da Unidade Administrativa;
Inciso Oito – organizar os inventários relativos aos bens móveis existentes na Unidade Administrativa;
Inciso Nove – manter em arquivo organizado todos os documentos relativos à gestão dos bens móveis, à
disposição dos órgãos de controle interno e externo;
Inciso Dez – providenciar meios para que o Agente de Bens Móveis de Unidade Administrativa/
Almoxarife execute de forma satisfatória sua função;
Inciso Onze – elaborar os processos de desfazimento, incorporação, desincorporação e outros atinentes
a bens móveis da respectiva Unidade Administrativa, sempre informando a Diretoria de Patrimônio
sobre tais atos;
Inciso Doze – deverá realizar, quando de sua substituição, a transição em um prazo máximo de 30 dias
úteis.
Artigo 40 – Compete ao Encarregado da Subunidade;
Inciso Um – a responsabilidade pelos bens móveis que estão destinados a sua Subunidade;
Inciso Dois – zelar pela conservação e correto manuseio dos bens móveis de sua Subunidade;
Inciso Três – adotar e propor à chefia imediata providências que preservem a segurança e conservação
dos bens móveis existentes em sua Subunidade;
Inciso Quatro – comunicar, imediatamente, ao Gestor de Bens Móveis e ao agente da Unidade
Administrativa qualquer irregularidade ocorrida com o bem móvel sob a sua responsabilidade;
Inciso Cinco – informar mensalmente os saldos e a movimentação ao agente de bens móveis de Unidade
Administrativa;
Inciso Seis – apoiar a realização de levantamentos, inventários e prestação de contas; VII - deverá
realizar, quando de sua substituição, a transição em um prazo máximo de 30 (trinta) dias úteis.
Artigo 41 – Compete ao agente Detentor da Carga;
Inciso Um – a responsabilidade pelos bens móveis que estão destinados a seção de sua chefia;
Inciso Dois – zelar pela conservação e correto manuseio dos bens móveis da seção de sua chefia;
Inciso Três – comunicar, imediatamente, ao Agente de Bens Móveis de Unidade Administrativa ou
Encarregado qualquer irregularidade ocorrida com o bem móvel sob a sua responsabilidade;
Inciso Quatro – informar imediatamente qualquer alteração, sinistro ou movimentação dos bens móveis
de sua seção ao Agente de Bens Móveis de Unidade Administrativa;
Inciso Cinco – elaborar os inventários relativos à seção de sua chefia e encaminhá-los ao Agente de Bens
Móveis de Unidade Administrativa ou Encarregado.
Artigo 42 – Compete ao Usuário zelar pelo uso adequado, guarda e conservação dos bens móveis
disponibilizados para o desempenho de suas atribuições, bem como informar ao Encarregado da
Subunidade, Agente da Unidade Administrativa ou ao Gestor de Bens Móveis da Unidade qualquer
ocorrência relativa a esses bens.
Parágrafo Primeiro – Qualquer usuário poderá responder pelo desaparecimento do bem móvel que lhe
for confiado, para guarda e uso, bem como pelo dano que, dolosa ou culposamente causar a qualquer
bem móvel que esteja ou não sob sua guarda.
Parágrafo Segundo – Quando o usuário solicitar o bem móvel para uso individual fora do local de
trabalho deve ser emitida a Cautela por meio de termo próprio, devidamente assinada pelo usuário,
assim como sua respectiva baixa.
Parágrafo Terceiro – Todos os contratados que detêm vínculo precário com a Administração Pública, tais
como estagiários, terceirizados e contratados temporários na forma do Artigo 37, inciso nove da
Constituição Federal, não poderão ter sob sua guarda bens móveis, salvo por motivo de força maior
devidamente justificado e apresentado ao Diretor de Patrimônio da SEPM/PMERJ. Parágrafo Quarto - Os
bens móveis utilizados por contratados que detêm vínculo precário com a Administração Pública serão
de responsabilidade da chefia imediata a que estiverem subordinados, não estando os mesmos isentos
das responsabilidades sobre os referidos bens.
CAPÍTULO 4
Do Controle e Gestão dos Bens Patrimoniais
Artigo 43 – São atividades da gestão de bens móveis;
Inciso Um – ingresso;
Inciso Dois – recebimento, perícia e aceitação;
Inciso Três – incorporação;
Inciso Quatro – movimentação;
Inciso Cinco – inventário;
Inciso Seis – desfazimento;
Inciso Sete – depreciação, reavaliação e redução ao valor recuperável;
Inciso Oito – prestação de contas.
Seção Um – Do Ingresso/Entrada de Bens
Artigo 44 - O ingresso de bens móveis decorrerá de;
Inciso Um – compra;
Inciso Dois – convênio;
Inciso Três – contrato;
Inciso Quatro – doação;
Inciso Cinco – adjudicação;
Inciso Seis – dação em pagamento;
Inciso Sete – produção, fabricação própria e reaproveitamento;
Inciso Oito – procriação;
Inciso Nove – permuta;
Inciso Dez – transferência;
Inciso Onze – movimentação entre unidades administrativas;
Inciso Doze – achados.
Artigo 45 – O ingresso por compra é toda aquisição remunerada de bens móveis, nos termos da
legislação vigente.
Artigo 46 – O ingresso de bens móveis adquiridos com recursos de convênios ou contratos que, por
disposição desses, tenham um período de carência, antes de serem incorporados ao patrimônio, serão
cadastrados e controlados separadamente, sendo que, encerrando-se o prazo de carência, esses bens
deverão ser incorporados, como se adquiridos nesta data.
Parágrafo Único – Os bens móveis, quando decorrentes de convênios ou contratos com prazo superior a
01 ano, quando da incorporação, deverão ser reavaliados e ter estabelecida nova vida útil.
Artigo 47 – O ingresso por doação ocorre com a transferência da posse e propriedade de forma
voluntária e gratuita do bem móvel (vide Resolução número 696 de 2020 - DOERJ número 145, de 10 de
agosto de 2020 – Poder Executivo, Bol PM número 144, de 10/08/2020).
Artigo 48 - O ingresso por adjudicação é a determinação dada por sentença judicial de entrega de bem
móvel de particular ao Estado para quitação de débito.
Artigo 49 – O ingresso por dação em pagamento é a transferência definitiva de bens móveis pelo
devedor ao Erário para pagamento de débito financeiro.
Parágrafo Único – A formalização da dação em pagamento deve ser instruída com a especificação do
bem móvel, prazos de entrega, certificado de garantia, preços e demais documentos pertinentes,
obedecida a legislação específica.
Artigo 50 – O ingresso por produção própria e reaproveitamento dão origem aos bens móveis criados,
elaborados ou reaproveitados com recursos disponibilizados para esse fim. Parágrafo Único - Os bens
móveis originados de produção própria e reaproveitados serão valorados por Comissão específica para
este fim através de termo no qual constem dados de custos, descrição, quantidade, unidade de medida
e valor justo do bem móvel com detalhamento dos insumos necessários para sua fabricação.
Artigo 51 – O ingresso por procriação é a modalidade de aquisição de semoventes nascidos de matrizes
já incorporadas ao patrimônio público.
Parágrafo Primeiro – Fica facultada a permissão de cruzamento de matrizes devidamente incorporadas
ao patrimônio público com animais particulares.
Parágrafo Segundo – Em relação ao Parágrafo anterior quando do cruzamento de matrizes devidamente
incorporadas ao patrimônio público com animais particulares, tal ato deverá ser documentado
previamente e arquivado na Unidade.
Artigo 52 – O ingresso por permuta decorre de procedimento prévio de alienação de bem móvel, de
acordo com a legislação vigente.
Artigo 53 – O ingresso por transferência é a movimentação de bem móvel, com repasse gratuito da
posse e troca de responsabilidade, de caráter definitivo, entre órgãos da administração direta do Poder
Executivo Estadual.
Artigo 54 – Achados são os bens móveis localizados e ainda não incorporados, resultantes do inventário
no qual se faz a inspeção física dos bens da Unidade.
Parágrafo Único – Após o encerramento do inventário, os bens móveis achados, deverão ser avaliados e
incorporados, por Comissão nomeada para este fim.
Subseção Um – Da Documentação de Ingresso/Entrada
Artigo 55 – Para registro cronológico dos ingressos/entradas, os Agentes de Bens Móveis de Unidade
Administrativa e Almoxarifes utilizarão os seguintes documentos, além de uma via do Termo de
Recebimento, Exame e Avaliação de Material;
Inciso Um – nas aquisições (compras), convênio, contrato - documento da origem (onde deverá constar
a descrição quantitativa e qualitativa do material); cópia da Nota de Empenho (se houver), e
correspondentes vias autenticadas das Notas Fiscais;
Inciso Dois – nas movimentações de outras Unidades Administrativas (UAs) – 02 vias do Termo de
Movimentação de Material emitido pela Unidade Administrativa (UA) que cede os materiais; uma via
para esta e a outra para a Unidade solicitante;
Inciso Três – nas doações – vide Resolução SEPM número 696 de 06 de agosto de 2020;
Inciso Quatro – nas transferências de outros órgãos – cópia do Termo de Transferência;
Inciso Cinco – nas adjudicações, dações em pagamento, permuta – cópia do documento, decisão judicial,
acordo;
Inciso Seis – na produção, fabricação própria - Termo elaborado por Comissão com todos os dados
citados no artigo 49, Parágrafo único;
Inciso Sete – na procriação – cópia do documento em que o médico veterinário ou técnico da área
atestar a condição de sobrevivência, em Termo de Vida Útil;
Inciso Oito – Nos achados – uma via do Termo de Inspeção de Inventário assinado pela Comissão.
Seção Dois – Do Recebimento, Perícia e Aceitação de Material
Artigo 56 – Todo material recebido, que der entrada na Unidade Administrativa e ou Subunidade deverá
ser examinado e avaliado.
Artigo 57 – O material que der entrada na UA será recebido provisoriamente, pelo Oficial de Dia e outro
policial militar que esteja no momento, e a posterior deverá ser examinado por Comissão e o recibo
definitivo efetuado por dois servidores na Nota Fiscal será visado pelo Fiscal Administrativo.
Artigo 58 – O recibo provisório conterá a declaração; “Recebi os artigos constantes desta Nota, os quais
ficarão sujeitos a exame qualitativo posterior”, por meio de carimbo a ser confeccionado conforme
modelo abaixo;
SEPM XXXBPM
Recebi os artigos constantes desta Nota os quais ficarão sujeitos a exame qualitativo posterior.
Servidor 1 (assinatura e carimbo)
Servidor 2 (Assinatura e Carimbo)
Artigo 59 – Será nomeada Comissão de Recebimento, Exame e Avaliação de Material pelo Titular
Responsável da Unidade Administrativa em Boletim Interno, com no mínimo 03 integrantes, dos quais
01 deve ser o Agente de Bens Móveis de Unidade Administrativa/ Almoxarife da Unidade Administrativa
(UA) e os outros 02 policiais militares da unidade Administrativa (UA).
Artigo 60 – Todo e qualquer material destinado à Unidade Administrativa (UA) deverá ser entregue no
Almoxarifado ou local para isso destinado, acompanhado, conforme o caso, da Nota Fiscal ou
documento equivalente, do Termo de Distribuição (Anexo Um desta Resolução) ou de Movimentação de
Material (Anexo Dois desta Resolução), conforme o caso, cabendo aos Encarregados dessas
dependências participar essa entrega, de imediato, ao Fiscal Administrativo para os efeitos do artigo 55
desta norma.
Artigo 61 – Quando houver conveniência para a Unidade Administrativa (UA), o recebimento e exame de
material poderá ser feito no próprio local de procedência, sendo feita a participação imediata ao Fiscal
Administrativo.
Artigo 62 – O recebimento do material será participado por meio de Ficha de Recebimento de Material
(Anexo Nove desta Resolução).
Artigo 63 – A Ficha de Recebimento de Material assinada pelo Fiscal Administrativo será levada a
despacho do Titular Responsável da Unidade Administrativa para inclusão em carga ou registro do
material, a mesma deverá ser anexada ao processo SEI de incorporação.
Artigo 64 – O documento de que trata o artigo acima, fará referência ao Termo de Movimentação de
Material, Nota Fiscal, ou documento equivalente (número, data, origem, etc.), que serão anexados à
mesma, não sendo necessária a transcrição de seu conteúdo.
Artigo 65 – Quando se tratar de material fornecido pela DAbst e não for encontrada qualquer
irregularidade, os servidores que procederem ao recebimento e exame do material consignarão tal fato
em recibo passado no respectivo Termo de Distribuição e Entrega de Bens (Anexo Um desta Resolução).
Artigo 66 – O Termo de Distribuição e Entrega de Bens (Anexo Um desta Resolução) deverá ser acostado
ao processo SEI de incorporação do bem e ser encaminhado à DPat com a cópia do Boletim Interno da
incorporação, ou extrato do Bol PM da homologação (quando se tratar de material de cunho reservado).
Artigo 67 – As cópias das folhas do Boletim que publicar a ordem para inclusão em carga ou cópia do
registro no Livro de Controle do Almoxarifado (este devendo conter o número do Boletim), devidamente
visadas pelo Fiscal Administrativo e Titular Responsável da Unidade Administrativa serão remetidas à
DPat, juntamente com uma via da Termo de Movimentação de Material (quando for o caso).
Parágrafo Único – A cópia do livro citado no caput somente substituirá a cópia do Boletim Interno para a
efetiva homologação da incorporação nos casos de força maior devidamente justificada.
Artigo 68 – Quando for encontrada qualquer irregularidade no recebimento do material adquirido pela
UA ou fornecido pela DAbst, o Fiscal Administrativo e o Almoxarife ou os membros da Comissão,
previstos respectivamente no artigo 64 e no artigo 58, lavrarão no Termo de Recebimento, Exame e
Avaliação de Material.
Artigo 69 – Quando se tratar de material distribuído pela DAbst, os Termos serão enviados aos seguintes
destinos; fiscalização administrativa da UA e DPat.
Artigo 70 – Os Termos mencionarão o estado dos materiais e eventuais irregularidades encontradas bem
como os artigos rejeitados, com declaração dos motivos da rejeição.
Artigo 71 – A Comissão de Recebimento, Exame e Avaliação de Material poderá ser assessorada por
especialistas ou técnicos, julgados necessários.
Artigo 72 – A Comissão terá o prazo de 08 dias para apresentar ao Fiscal Administrativo o Termo de
Recebimento, Exame e Avaliação de Material e Ficha de Recebimento de Material, podendo este prazo
ser prorrogado pelo Titular Responsável da Unidade Administrativa, mediante solicitação
fundamentada.
Artigo 73 – Nos casos da Comissão, a designação poderá ser feita para cada recebimento específico, ou
poderá haver Comissão para os recebimentos num período determinado.
Seção Três – Da Incorporação - Do Registro do Material na Carga
Artigo 74 – Todo material que for incluído na carga deverá ser catalogado na planilha Mapa Carga e será
cadastrado de forma analítica, por meio do registro individualizado com as seguintes informações;
Inciso Um – número de inventário;
Inciso Dois – descrição com número de série e valor do bem móvel;
Inciso Três – características físicas;
Inciso Quatro – características técnicas;
Inciso Cinco – Termo de Garantia vinculado à emissão da Nota Fiscal, quando couber;
Inciso Seis – informações da apólice de seguro, quando couber;
Inciso Sete – dados da Nota Fiscal, Termo, Acordo, Convênio, Contrato e decisão judicial.
Parágrafo Primeiro – Não será permitido o cadastro por lotes, conjuntos ou assemelhados.
Parágrafo Segundo – Tratando-se de semovente, será exigido ainda documento a ser emitido pelo setor
responsável pelo controle, justificando a incorporação.
Artigo 75 – A escrituração do material deverá ser feita com o preço unitário, item a item e todas as
especificações que permitam sua fácil identificação.
Artigo 76 – Na falta de preço unitário, este deverá ser arbitrado por Comissão de Inventário,
previamente nomeada em Boletim Interno para este fim, tomando por base o preço corrente de bem
similar (achados, semoventes oriundos de procriação, dentre outros).
Artigo 77 – Deverá ser elaborada a Ficha Individual (Anexo Oito desta Resolução) do bem numerada,
com todo o histórico de origem, manutenção, movimentação e uso e uma cópia desta Ficha
acompanhará o bem nos casos de movimentação por remanejamento.
Artigo 78 – Para todo bem de terceiros que der entrada na Unidade para utilização do mesmo, de
outrem ou para uso coletivo, o cedente deverá comunicar ao chefe de seção (Detentor da Carga) que
solicitará ao Agente de Bens Móveis a emissão do Termo de Declaração de Bens de Terceiros em Uso na
Unidade (Anexo Seis desta Resolução) e efetivará a publicação no Boletim Interno da Unidade
Administrativa (UA) ou Subunidade realizando a devida identificação no bem.
Parágrafo Único – Na identificação do bem deverá constar identificação da Unidade, número e data do
Boletim Interno que publicou a autorização para o uso do bem na unidade e identificação do
proprietário (nome, RG).
Subseção Um - Da Publicidade do Ato
Artigo 79 – Deverá se tornar público em Boletim Interno ou Reservado (quando couber), o ato de
incorporação, e este se dará da forma abaixo descrita;
Inciso Um – em relação ao Material Permanente, o Boletim publicará;
a) Número e data do Termo ou do documento;
b) Origem do material (nome e endereço do órgão provedor ou fornecedor);
c) Quantidade e descrição analítica do material (suas especificações de maneira a permitir sua fácil
identificação);
d) Preço unitário, em algarismos;
e) Número e data do documento de entrega (Nota Fiscal ou documento equivalente), e valor total do
material nele constante;
f) Código conta contábil e;
g) Número de inventário atribuído.
Inciso Dois – quando se tratar de Material de Consumo, constarão do Boletim;
a) Número e data do Termo ou do documento;
b) Título por onde foi empenhada a despesa, e número do respectivo pedido-empenho, quando for o
caso;
c) Origem do material (nome e endereço do órgão fornecedor ou provedor);
d) Número e data do documento de entrega (Nota Fiscal ou documento equivalente) e valor total do
material constante;
e) Código classificador de despesa e receita.
Subseção Dois - Da Identificação do Bem
Artigo 80 - Cada bem incorporado como bem permanente deverá possuir identificação com número de
inventário e número de U.A., podendo esta ser por meio de plaqueta ou etiqueta, devendo conter as
seguintes informações; brasão da SEPM/PMERJ, número de U.A. e número de inventário, conforme
modelo abaixo, com exceção dos casos previstos no artigo 34.
Subseção Três - Da Homologação da Incorporação
Artigo 81 - Cada Unidade Administrativa deverá solicitar a homologação, remetendo a cópia de toda
documentação relativa à incorporação de acordo com a natureza do bem, consoante o disposto abaixo;
Inciso Um – Material Permanente de cunho reservado – Estado Maior Geral - EMG/PM4;
Inciso Dois – Material Permanente Comum - DPat;
Inciso Três – Material de Consumo Comum – DAbst;
Inciso Quatro – Materiais Permanente e de Consumo de Informática – Coordenadoria Especializada de
Tecnologia da Informação e Comunicação - CETIC;
Inciso Cinco – Material Permanente - Equipamentos de Saúde – Diretoria Geral de Saúde - DGS.
Artigo 82 – A homologação da incorporação será publicada em Boletim da PM ostensivo ou reservado
até 20 dias a partir do recebimento do bem e nela constará número do Boletim Interno da Unidade
Administrativa (UA), o código de classificação, descrição, sua destinação e valor do bem.
Artigo 83 – Após a homologação, as Unidades Administrativas deverão remeter à DPat, no prazo de 10
dias, os processos eletrônicos dos bens de qualquer natureza, a fim de centralizar todos os processos de
incorporação. Ato contínuo, a DPat realizará o registro contábil desse (s) bem (ns).
Artigo 84 – Os processos de incorporação somente poderão ser concluídos no sistema SEI pela DPat.
Seção Quatro - Da Movimentação de Bens Móveis
Artigo 85 – Entende-se por movimentação o ato por meio do qual é efetuado o deslocamento de bens
móveis, internamente na SEPM/PMERJ, podendo ser por distribuição inicial, remanejamento entre
Unidades Administrativas (UAs), recolhimento e uso exclusivo.
Artigo 86 – A distribuição inicial realizada pela DAbst será por meio do Anexo Um desta Resolução e ou
internamente na Unidade Administrativa realizada por meio do Anexo Dois desta Resolução (quando
esta realizar a compra do bem) e consiste no momento em que o bem móvel adquirido começa a ser
utilizado, deve ser incorporado e que se inicia a depreciação, carecendo ser documentada através do
Termo de Distribuição e Entrega de Bens.
Parágrafo Primeiro – Até ser distribuído inicialmente, o Diretor da DAbst e o Titular Responsável da
Unidade Administrativa são responsáveis pelos bens móveis.
Parágrafo Segundo – O bem móvel adquirido não deve permanecer no almoxarifado de bens móveis das
Unidades Administrativas (UAs) e da DAbst por um período superior a 60, sem a justificativa do
Almoxarife.
Artigo 87 – Entende-se por remanejamento entre Unidades Administrativas (UAs) a movimentação física
do bem móvel, entre as Unidades Administrativas e/ou Subunidades.
Artigo 88 – Ao fazer o remanejamento entre Unidades Administrativas (UAs), a Unidade cedente deverá
emitir o Termo de Movimentação de Bem Móvel (Anexo Dois desta Resolução).
Artigo 89 – Poderá ser feito o remanejamento de bens móveis dentro das Unidades Administrativas pelo
Detentor da Carga por meio do Termo de Movimentação de Bem Móvel, desde que seja autorizado pelo
Agente de Bens Móveis da Unidade Administrativa ou Encarregado da Subunidade.
Artigo 90 – Para que seja feito o remanejamento de bens móveis entre Unidades Administrativas, se faz
necessário que tal procedimento seja feito em comum acordo entre os Titulares Responsáveis das
Unidades Administrativas e prévia autorização da DPat.
Artigo 91 – No ato do recebimento dos bens movimentados, a Unidade receptora deverá verificar se a
descrição e quantidade dos materiais elencados no Termo de Movimentação (Anexo Dois desta
Resolução) conferem com o que efetivamente está sendo entregue.
Artigo 92 – Deverá ser aberto pela Unidade que disponibiliza o bem, um processo administrativo
eletrônico nos casos de remanejamento entre Unidades Administrativas, devendo conter;
Inciso Um – Correspondência Interna dirigida à DPat solicitando autorização para remanejamento,
assinada pelo Titular Responsável da Unidade Administrativa;
Inciso Dois – Termo de Movimentação de Bem (Anexo Dois desta Resolução) devidamente assinado por
ambas as Unidades;
Inciso Três – Cópia da Ficha Individual do Bem (Anexo Oito desta Resolução).
Artigo 93 - Após a publicação da movimentação por remanejamento do bem em Bol PM, o mesmo
deverá ser entregue fisicamente na nova Unidade Administrativa juntamente com a sua Ficha Individual
(Anexo Oito desta Resolução) no prazo de até 05 dias.
Artigo 94 – Entende-se por recolhimento a movimentação de bens móveis das Unidades Administrativas
e Subunidades nas seguintes situações; desuso/ocioso, período de garantia ou manutenção, devendo
ser elaborado o Termo de Movimentação de Bem Móvel (Anexo Dois desta Resolução) e lançada à
informação na Ficha Individual do Bem (Anexo Oito desta Resolução).
Artigo 95 – O bem móvel recolhido ao retornar a Unidade Administrativa (UA) ou Subunidade deverá ser
redistribuído e deverá ser elaborado o Anexo Dois desta Resolução e deverá ter a informação lançada na
Ficha Individual do Bem (Anexo Oito desta Resolução).
Artigo 96 – Bem móvel de Uso Exclusivo caracteriza-se por ser um bem cedido para uso individual do
servidor, em razão da necessidade de serviço, a exemplo de computadores portáteis, aparelhos de
telefonia celular, unidades portáteis de armazenamento de dados, armamentos, animais, entre outros,
neste caso deverão ser emitidos o Termo de Movimentação de Bem Móvel (Anexo Dois desta
Resolução) e o Termo de Bens Patrimoniais em Posse de Terceiros (Anexo Quatro desta Resolução),
sendo que estes deverão ser mantidos em arquivo nas Unidades Administrativas (UAs) e Subunidades à
disposição dos órgãos de controle interno e externo.
Artigo 97 – Quando o Usuário solicitar o bem móvel para uso individual fora do local de trabalho deve
ser emitida a cautela por meio do Termo de Bens Patrimoniais em Posse de Terceiros (Anexo Quatro
desta Resolução), devidamente assinado pelo Usuário, assim como seu respectivo registro na planilha de
controle Mapa Carga e informação na Ficha Individual do Bem (Anexo Oito desta Resolução), devendo,
ainda, uma cópia do Anexo IV desta Resolução ser entregue ao Usuário.
Artigo 98 - Quando o Usuário devolver o bem sob sua responsabilidade deverá se emitido o Termo de
Devolução de Bens em Poder de Terceiros (Anexo Cinco desta Resolução); uma cópia deve ser entregue
ao Usuário e uma deve ficar arquivada na Unidade Administrativa (UA)/ Subunidade à disposição dos
órgãos de controle interno e externo.
Artigo 99 – Todos os atos acima de movimentação de bens deverão ser públicos em Boletim Interno e
nos casos previstos homologados em Bol PM.
Artigo 100 – O ingresso por transferência é a movimentação de bem móvel, com repasse gratuito da
posse e troca de responsabilidade, de caráter definitivo, entre órgãos da administração direta do Poder
Executivo Estadual.
Parágrafo Primeiro – A Unidade Administrativa que tiver intenção de receber bens por transferência
deverá encaminhar através de processo SEI a solicitação para autorização do recebimento à DPat, e as
Subunidades encaminharão para as Unidades Administrativas (UAs) com vistas à DPat.
Parágrafo Segundo – A incorporação por transferência do bem móvel será realizada por meio do Termo
de Transferência de Bens Móveis (Anexo Dez desta Resolução) oriundo do órgão cedente para a
SEPM/PMERJ, cuja Minuta deverá estar nos moldes fornecidos pela Procuradoria Geral do Estado –
PGE/RJ e será dirigida à DPat para apreciaçã técnica e esta encaminhará ao GCG com vistas à
ASSEJUR/SEPM visando análise jurídica.
Parágrafo Terceiro – O Termo de Transferência de Bens Móveis deverá ser assinado pelo Titular da
SEPM/PMERJ ou a quem ele delegar, com anuência do órgão cedente.
Artigo 101 – Todas as formas de ingresso deverão ser formalizadas através de processo eletrônico
encaminhado à DPat com a documentação citada no artigo 54 e seus incisos bem como publicação em
Boletim Interno da Unidade Administrativa.
Seção Cinco – Do Inventário
Artigo 102 – O inventário é o instrumento periódico de controle que tem por finalidade confirmar a
existência física e a verificação dos bens móveis em uso na SEPM/PMERJ, de forma a possibilitar;
Inciso Um – confrontar a existência física com o saldo contábil registrado;
Inciso Dois – a listagem atualizada da carga patrimonial do órgão;
Inciso Três – as condições físicas e funcionais dos bens móveis e consequentemente a necessidade de
manutenção, reparos ou reposições.
Artigo 103 – Os tipos de inventários serão obrigatoriamente;
Inciso Um – anual - destinado a comprovar a quantidade e o saldo dos bens móveis da unidade gestora,
em 31 de dezembro de cada exercício, constituído do inventário anterior e das variações patrimoniais
ocorridas durante o exercício;
Inciso Dois – inicial - realizado quando da criação de uma Unidade Administrativa, para identificação e
registro dos bens móveis sob sua responsabilidade;
Inciso Três – de transferência de responsabilidade - realizado quando da mudança de
titularidade/responsabilidade de Unidade/Subunidade;
Inciso Quatro – de extinção - realizado quando da extinção da Unidade Gestora, da Unidade
Administrativa e da Subunidade;
Inciso Cinco – eventual - realizado em qualquer época, por iniciativa do Titular da Unidade Gestora ou
por iniciativa dos órgãos de controle interno e externo.
Artigo 104 – O inventário deverá conter, no mínimo, as seguintes informações;
Inciso Um – nome da Unidade, Subunidade;
Inciso Dois – tipo de inventário;
Inciso Três – data de emissão do inventário;
Inciso Quatro – número patrimonial do bem móvel;
Inciso Cinco – data da aquisição do bem móvel;
Inciso Seis – conta patrimonial do bem móvel;
Inciso Sete – valor de entrada e valor contábil líquido do bem móvel (valor depreciado);
Inciso Oito – descrição padronizada do bem móvel;
Inciso Nove – estado de conservação do bem móvel.
Parágrafo Único – O Inventário deverá ser ordenado por Unidades Administrativas e Subunidades, com
os respectivos subtotais, e ao final deverá constar um somatório geral efetuado pela DPat.
Artigo 105 – No inventário deverá constar o estado de conservação dos bens móveis, observando-se a
classificação abaixo;
Inciso Um – excelente - qualidade do bem móvel adquirido há menos de 01 ano e que ainda mantenha
as mesmas características e condições de uso de sua aquisição;
Inciso Dois – bom - qualidade do bem móvel que esteja em perfeitas condições de uso, mas com data de
aquisição superior a 01 ano;
Inciso Três – regular - qualidade do bem móvel que esteja em condições de uso, mas que apresenta
avarias que não impedem sua utilização;
Inciso Quatro – péssimo - qualidade do bem móvel que apresenta avarias que comprometem sua
utilização, embora seja viável sua reforma.
Artigo 106 – Para a realização do inventário serão observadas as seguintes etapas;
Inciso Um – criação e publicação em Boletim Interno da Comissão de Inventário, formada por pelo
menos 03 servidores, sendo que, neste caso, deverão fazer parte da Comissão de Inspeção de
Inventário, o Fiscal Administrativo, o Agente de Bens Móveis de Unidade Administrativa/Almoxarife e
um auxiliar do Almoxarifado, podendo ser convidado para a inspeção de inventário profissional técnico
especializado conforme a necessidade;
Inciso Dois – levantamento dos bens móveis por localização dentro da Unidade Administrativa ou
Subunidade;
Inciso Três – registro das características e das quantidades obtidas na etapa do levantamento;
Inciso Quatro – saldo contábil dos bens móveis registrados (lista de inventário constante na Unidade
Administrativa).
Parágrafo Único – As Comissões de Inspeção de Inventário poderão ser designadas em caráter
permanente ou temporário, a critério do Titular Responsável de Unidade Administrativa.
Artigo 107 – As Subunidades remeterão para a Unidade Administrativa a que estiverem subordinadas
patrimonialmente seus inventários.
Artigo 108 – O Agente de Bens Móveis de Unidade Administrativa consolidará o inventário de suas
Subunidades e remeterá à DPat.
Artigo 109 – O Gestor de Bens Móveis da Unidade Gestora - Diretor de Patrimônio - deverá consolidar
os inventários enviados pelas Unidades Administrativas.
Artigo 110 – Dos prazos para a remessa do inventário à DPat;
Inciso Um – inicial 30 dias a partir da publicação em DOERJ da designação do Agente de Bens Móveis de
Unidade Administrativa e ou encarregado;
Inciso Dois – anual juntamente com a prestação de contas por término do ano em exercício, no prazo de
30 dias;
Inciso Três – de transferência de responsabilidade 30 dias a partir da publicação em DOERJ da troca de
responsabilidade;
Inciso Quatro – da extinção de Unidade Administrativa (UA) ou Subunidade 30 dias a partir da
publicação em DOERJ;
Inciso Cinco – eventual realizado em qualquer época, por iniciativa do Titular da Unidade Gestora no
qual o prazo será estipulado em Boletim da PM.
Artigo 111 – Os bens móveis não localizados no dia da verificação física, sem justificativa do seu
responsável, ou com justificativa não aceita pela Comissão De Inventário, serão considerados
extraviados e, nessa condição, deverá ser instaurado procedimento apuratório.
Parágrafo Único – Após o encerramento do inventário, os bens móveis achados, que após pesquisas em
todos os arquivos dos setores responsáveis a Comissão não conseguir encontrar documentação e se
manter a origem desconhecida, deverão ser avaliados e incorporados pela Comissão de Inventário.
Artigo 112 – Concluídas as etapas da realização do inventário, deverá ser emitido o Termo de Inventário,
contendo;
Inciso Um – procedimento utilizado para a realização do inventário; o levantamento deverá ser realizado
a partir da identificação física dos bens, constando data-base de realização da inspeção, relação dos 21
bens móveis que deverá estar agrupada segundo as categorias patrimoniais constantes do Plano de
Contas Contábil, com os respectivos valores e conclusão;
Inciso Dois – relação dos bens móveis devendo ser, preferencialmente, ordenada por Unidades
Administrativas, Subunidades e Seções, com os respectivos subtotais, e ao final o somatório geral;
Inciso Três – ocorrências e divergências verificadas na realização no inventário, devidamente registradas
e detalhadas.
Artigo 113 – O Termo de Responsabilidade por Guarda de Bens Patrimoniais (Anexo três desta
Resolução) deverá ser elaborado a cada 03 meses e por ocasião do inventário, a fim de se manter
atualizado o estado de conservação do acervo e facilitar a conferência da realização dos demais
inventários, sendo que este Termo deverá ser afixado em local visível da Seção.
Artigo 114 – Os bens móveis de propriedade particular localizados durante o inventário deverão ser
controlados separadamente e confeccionado Termo de Declaração de Bens de Terceiros em Uso na
Unidade (Anexo Seis desta Resolução) público no Boletim Interno da Unidade e arquivado o respectivo
documento que comprove a propriedade, que poderá ser uma Nota Fiscal ou uma declaração de posse
do momento da entrada do bem na SEPM/PMERJ.
Artigo 115 – No último dia útil do ano em exercício, os Agentes de Bens Móveis de Unidade
Administrativa e os Encarregados, responsáveis pela gestão dos bens patrimoniais e Almoxarifados
efetuarão o inventário geral das existências físicas dos bens móveis e em Almoxarifado para o
encerramento do exercício.
Artigo 116 – O inventário dos bens móveis permanentes deverá ser elaborado através de Relatório da
Comissão de Inventário no qual deverá constar o Anexo Quatro da IN AGE número 41 contendo os
dados determinados no artigo 103, o estado de conservação e o valor do bem depreciado deverá
constar na observação.
Artigo 117 – As alterações, os bens achados por questão da inspeção deverão ser relacionados no
relatório informando quais procedimentos foram tomados acerca dos óbices encontrados.
Artigo 118 – O inventário dos bens em Almoxarifado deverá ser elaborado através de Relatório da
Comissão no qual deverá constar os Anexos Dois e Três da IN AGE número 42 que serão remetidos à
DAbst para consolidação e após isso envio à DPat através de processo SEI conforme prazos já
estipulados no artigo 109.
Artigo 119 – A inventariação mencionada nos artigos anteriores escriturada nos anexos abaixo
mencionados obedecerá, quanto aos valores apropriados, aos seguintes critérios;
Inciso Um – para os materiais permanentes (Anexo Quatro da IN AGE número 41) – o preço de aquisição
(Nota Fiscal, Termo de Doação, Termo de Transferência, dentre outros), acompanhado do valor
depreciado, quando for o caso e;
Inciso Dois – para os materiais de consumo (Anexos Dois e Três da IN AGE número 42) – o preço médio
ponderado.
Artigo 120 – O preço médio será apurado após cada lançamento na planilha de controle de
Almoxarifado, e ou através da aplicação da seguinte fórmula;
Pm = V1 + V2 onde;
Q1 + Q2
Pm – é o preço médio;
V1 – é o valor monetário das existências antes do lançamento de entrada;
V2 – é o valor monetário da aquisição ou entrada ocorrida;
Q1 – é a quantidade física existente antes do lançamento da entrada e;
Q2 – é a quantidade física adquirida.
Artigo 121 – O preço médio apurado conforme artigo anterior, além de ser empregado para as baixas e
requisições verificadas, servirá para a elaboração dos inventários de encerramento do exercício.
Artigo 122 – A DPat realizará inspeções, pelo menos 01 vez por ano, nas Unidades Administrativa e
Subunidades.
Seção Seis – Do Desfazimento
Artigo 123 – Considera-se desfazimento a disponibilidade e a destinação dos bens móveis inservíveis,
mediante transferência, alienação e baixa.
Artigo 124 – O desfazimento do material é ordenado pelo Titular Responsável da Unidade
Administrativa, em face dos Termos das Comissões de Vistoria e Baixa de Vida Útil e relatórios de
sindicâncias e inquéritos.
Artigo 125 – Os motivos gerais para desfazimento de material são;
a) inservibilidade para o fim a que se destina, não sendo suscetível de reparação ou recuperação;
b) perda ou extravio;
c) furto ou roubo e;
d) outros motivos (transferência, doação, alienação, etc.).
Artigo 126 – Considera-se inservível o bem móvel que não possa mais ser utilizado para o fim a que se
destina e são classificados em;
Inciso Um – desuso/ocioso aqueles que, embora em perfeitas condições de uso, não estiverem sendo
aproveitados;
Inciso Dois – irrecuperáveis aqueles que não mais puderem ser utilizados pelo órgão/entidade da
administração pública para o fim a que se destinam devido à perda de suas características ou em razão
da inviabilidade econômica de sua recuperação, entendida esta quando o custo de recuperação for
superior a cinquenta por cento de seu valor de mercado;
Inciso Três – antieconômicos aqueles cuja manutenção for demasiadamente onerosa ou esteja com seu
rendimento precário em função de uso prolongado ou desgaste prematuro;
Inciso Quatro – obsoletos aqueles que, embora em condições de uso, não satisfaçam mais às exigências
técnicas do órgão/ entidade a que pertencem;
Inciso Cinco – recuperáveis aqueles cujo orçamento de recuperação seja equivalente a, no máximo,
cinquenta por cento de seu valor de mercado.
Artigo 127 – O desfazimento por transferência ocorre com troca de posse e responsabilidade, de caráter
permanente, entre órgãos da administração pública direta do Estado do Rio de Janeiro.
Artigo 128 – O desfazimento por alienação decorre da transferência do direito de propriedade do bem
móvel, mediante venda, permuta, doação ou qualquer outra modalidade prevista em lei, estando
condicionada à avaliação prévia e procedimentos licitatórios, na modalidade leilão, nos termos do Artigo
22, Parágrafo Quinto da Lei número 8.666 de 1993.
Artigo 129 – A venda será permitida para o bem móvel inservível, após a colocação em disponibilidade
condicionada à verificação prévia da existência de interesse por parte dos órgãos ou entidades do Poder
Executivo do Estado do Rio de Janeiro e dependerá de licitação, nos termos da legislação vigente.
Parágrafo Único – Qualquer que seja a natureza do bem móvel vendido, a renda auferida será recolhida
aos cofres públicos, depois de deduzidas as despesas necessárias à efetivação da licitação, quando
houver, nos termos da legislação vigente.
Artigo 130 – A doação é a transferência voluntária da posse e propriedade do bem móvel entre órgãos
da administração direta e indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios mediante a lavratura
de Termo de Doação emitido pelo doador, apresentando todos os elementos identificadores do bem
móvel, tais como, descrição detalhada, valor da aquisição e/ou valor contábil líquido e data de entrega.
Parágrafo Primeiro – Nos casos em que a SEPM/PMERJ figurar como doadora, a doação de bens móveis
dependerá de lei específica de iniciativa do Governador, prévia avaliação dos bens e justificativa 23 da
oportunidade e da conveniência socioeconômica da doação relativamente à escolha de outra forma de
alienação, bem como laudo técnico, comprovando o real estado do bem em questão.
Parágrafo Segundo – Fica dispensada de lei autorizativa a doação de bens móveis à pessoa jurídica de
direito público interno, hipótese em que exigir-se-á tão somente prévia avaliação dos bens e justificativa
da oportunidade e da conveniência socioeconômica da doação relativamente à escolha de outra forma
de alienação, além da autorização do Governador ou de autoridade administrativa a que seja delegada
tal competência.
Parágrafo Terceiro – Fica dispensada de lei autorizativa a doação de bens móveis a entidades da
administração pública indireta e fundacional do Estado do Rio de Janeiro, hipótese em que exigir-se-á
tão somente autorização do Governador ou de autoridade administrativa a que seja delegada tal
competência.
Parágrafo Quarto – Também se exclui da exigência de lei autorizativa a doação de bens móveis da
SEPM/PMERJ considerados, como em desuso, antieconômicos, obsoletos ou irrecuperáveis, que
poderão ser doados, com ou sem encargos, à pessoa jurídica de direito privado, reconhecidamente de
utilidade pública e cujo fim principal consista em atividade de relevante valor social, caso em que
bastará autorização do Governador ou de autoridade administrativa a que seja delegada tal
competência.
Artigo 131 – O bem móvel classificado como recuperável, em desuso/ocioso ou obsoleto deverá ser
preferencialmente disponibilizado para os órgãos da administração direta e entidades da administração
indireta do Poder Executivo, através do site da Secretaria de Estado de Fazenda (SEFAZ/RJ).
Artigo 132 – Os semoventes, quando inaptos para o fim a que se destinam, deverão ser colocados em
disponibilidade para alienação gratuita ou onerosa.
Subseção Um – Da Documentação do Desfazimento
Artigo 133 – Os processos de desfazimento dos bens deverão ser realizados pelas Unidades
Administrativas e assim que finalizados remetidos à DPat.
Artigo 134 – O desfazimento do material pelos motivos a que se referem os incisos do artigo 125 será
solicitado pelo Detentor da Carga (chefe de seção), através de processo SEI ao Agente de Bens Móveis
de Unidade Administrativa ou Encarregado da Subunidade, com a justificativa de que o bem não tem
mais serventia para aquela seção.
Artigo 135 – O aludido Agente de Bens Móveis de Unidade Administrativa ou Encarregado verificará
quanto à necessidade das demais seções da UA e se há interesse no bem por parte destas a fim de
movimentar o bem internamente antes de iniciar o processo de desfazimento.
Parágrafo Único – Não havendo interessados na UA/Subunidade, o Agente de Bens Móveis de Unidade
Administrativa submeterá o processo ao Fiscal Administrativo, que a seu turno, encaminhará a
solicitação ao Titular Responsável da Unidade Administrativa. Os Encarregados das Subunidades
remeterão o processo ao Titular Responsável da Unidade Administrativa a fim de que este encaminhe à
Unidade Administrativa a qual estiver subordinada patrimonialmente para ciência e proceder do Agente
de Bens Móveis de Unidade Administrativa.
Artigo 136 – O Titular Responsável da Unidade Administrativa após examinar o processo determinará as
providências constantes dos subitens deste artigo;
a) Nomeação de Comissão de Vistoria e Baixa de Vida Útil, na qual não poderão integrá-la o Agente de
Bens Móveis de Unidade Administrativa, o Encarregado das Subunidades, Fiscal Administrativo e Titular
Responsável da Unidade Administrativa;
b) A comissão deve ser composta por, no mínimo, 03 servidores e terá as seguintes atribuições;
Inciso Um – avaliar o bem móvel que, eventualmente, seja posto em disponibilidade e estabelecer a sua
classificação definitiva dentre aquelas previstas no artigo 125 desta norma;
Inciso Dois – opinar de modo justificado, observando o disposto no Artigo 130, pela forma de
desfazimento do artigo 122;
Inciso Três – emitir relatório conclusivo sobre a vistoria realizada, neste deverá constar as informações
descritivas dos bens e do processo que originou a solicitação do procedimento, e ao final manifestar “De
Acordo” ou não, justificando detalhadamente os motivos;
Inciso Quatro – Na análise, a comissão verificará a causa dos estragos, dano, inutilização, dentre outros,
a fim de ser o prejuízo imputado aos detentores, usuários ou ao Estado, conforme o caso. Verificará
ainda se foi caso ou não de motivo de força maior.
Artigo 137 – O prazo para a realização dos trabalhos da Comissão de Vistoria e Baixa de Vida Útil será de
08 dias, podendo ser prorrogado uma única vez e por igual período pela autoridade que a nomeou,
mediante solicitação justificada.
Artigo 138 – O Titular Responsável da Unidade Administrativa deverá apreciar o relatório conclusivo
elaborado pela Comissão e despachá-lo descrevendo se está “De Acordo” ou não, com a determinação
conforme o caso;
Inciso Um – determinar que o Agente de Bens Móveis encaminhe o processo à DPat a fim de que esta
torne público em Bol PM que o(s) bem(ens) se encontra(m) à disposição de qualquer Unidade da
SEPM/PMERJ;
Inciso Dois – encaminhar à DPat para colocar o(s) bem(ens) em disponibilidade no site da SEFAZ/RJ pelo
período de 60 dias, para os bens considerados, em desuso/ocioso, antieconômicos, obsoleto e,
recuperáveis, e que ainda podem servir para uso em outros órgãos do Estado. Após esse período, não
havendo interessados, o Agente de Bens Móveis poderá prosseguir ao desfazimento, considerando o
prazo máximo citado no artigo 146.
Artigo 139 – Para os bens que forem postos em disponibilidade os quais houver entes interessados, o
Agente de Bens Móveis de Unidade Administrativa deverá proceder ao desfazimento conforme o caso;
Inciso Um – Doação Deverá ser elaborada e anexada ao processo de desfazimento Minuta padrão
fornecida pela PGERJ – TERMO DE DOAÇÃO DE BEM MÓVEL (Anexo 9 desta Resolução), com todos os
dados solicitados no documento;
https;//pge.rj.gov.br/entendimentos/minutas-padrao/09-bens-publicos-contratos
Inciso Dois - Transferência - Deverá ser elaborada e anexada ao processo de desfazimento Minuta
padrão fornecida pela PGE-RJ – TERMO DE TRANSFERÊNCIA DE BEM MÓVEL (Anexo 10 desta Resolução),
com todos os dados solicitados no documento;
https;//pge.rj.gov.br/entendimentos/minutas-padrao/09-bens-publicos-contratos
Artigo 140 – Nos casos de que trata os incisos Um e Dois do artigo anterior deverão ser anexados os
documentos pelos quais os entes solicitantes informaram seu interesse;
Artigo 141 – Os processos de desfazimento por doação e transferência deverão ser encaminhados à
DPat e esta após análise técnica encaminhará a ASSEJUR/SEPM para seu parecer a fim de proceder o
desfazimento em conformidade com as legislações em vigor.
Subseção Dois – Da Publicidade do Ato de Desfazimento
Artigo 142 – O ato de desfazimento se tornará público em Boletim Interno ou Reservado (quando
couber) devendo conter os seguintes dados;
a) O número do processo de desfazimento iniciado pelo Detentor da Carga;
b) A quantidade, especificação, número de inventário e valor unitário de entrada do material e valor
depreciado até a data do desfazimento;
c) Código conta contábil;
d) A solução da sindicância ou do inquérito, quando for o caso;
e) O destino do bem e;
f) A imputação do prejuízo. Subseção
Inciso Três – Da Homologação do Desfazimento
Artigo 143 – O processo deverá ser encaminhado para homologação e orientação quanto ao descarte
conforme especificidade do bem;
a) Material Permanente de cunho reservado – Deverão ser observadas, além desta, as demais
legislações de desfazimento de materiais de cunho reservado, devendo a Diretoria de Manutenção e
Suprimento de Armamento - DMSA orientar especialmente quanto ao procedimento de descarte se for
o caso e após isso, em não havendo óbices, o ato será homologado pelo EMG/PM4;
b) Material Permanente comum – a homologação e orientação quanto ao descarte será realizada pela
DPat;
c) Material Permanente de informática – Deverão ser observadas, além desta, as demais legislações de
desfazimento de materiais que em seu descarte podem causar impacto ambiental - a orientação quanto
ao descarte será realizada pelo CETIC e a homologação do desfazimento pela DPat;
d) Material Permanente de Equipamentos de Saúde – Deverão ser observadas, além desta, as demais
legislações de desfazimento de materiais que em seu descarte podem causar impacto ambiental -a
orientação quanto ao descarte será realizada pela DGS, e a homologação do desfazimento pela DPat.
Artigo 144 – A homologação do desfazimento será publicada em Boletim da PM ostensivo ou reservado
e constará número do Boletim Interno da UA, o código de classificação, descrição, sua destinação, valor
do bem e número do processo de desfazimento no sistema SEI.
Parágrafo Único – Após a homologação, as Unidades Administrativas deverão remeter à DPat, os
processos eletrônicos dos bens de qualquer natureza, a fim de centralizar todos os processos de
desfazimento. Ato contínuo, a DPat realizará o registro da baixa contábil desse (s) bem (ns) e publicação
em DOERJ.
Subseção
Inciso Quatro – Do Descarte Artigo 145 - Considera-se descarte dos bens móveis quando da
impossibilidade ou inconveniência da transferência ou alienação e considerando sua consequente
inutilização.
Artigo 146 – Para realizar o descarte dos bens, o Agente de Bens Móveis de Unidade Administrativa
deverá atentar para as seguintes informações;
Inciso Um – a inutilização, sempre que necessário, será feita mediante presença dos setores
especializados, de forma a ter sua eficácia assegurada e;
Inciso Dois – símbolos nacionais, armas, munições e bens móveis pirotécnicos serão inutilizados em
conformidade com a legislação específica.
Parágrafo Único – A inutilização de bem móvel será documentada mediante Termo de Inutilização
(Anexo 8 desta Resolução), no qual constará os dados da destinação final dos bens e integrará o
respectivo processo de desfazimento.
Artigo 147 – Descarte deverá ser realizado em até 90 dias, após esse prazo o processo de desfazimento
será interrompido e o bem móvel deverá ser reavaliado, dando início a novo processo de desfazimento.
Artigo 148 – Nos casos de desfazimento por perda ou extravio, além dos procedimentos previstos nos
artigos acima devem ser efetuadas, a depender da situação;
a) Instauração de Sindicância, sempre que houver indício de incúria e;
b) Instauração de Inquérito Policial-Militar (IPM), sempre que houver indício de crime.
Artigo 149 – Quando o desfazimento resultar de Sindicância ou Inquérito, serão remetidas à DPat, as
folhas do Boletim Interno que publicar a solução dada em anexo ao processo do desfazimento.
Artigo 150 – Os processos de desfazimento somente poderão ser concluídos no sistema SEI pela DPat.
Artigo 151 – São consideradas baixas patrimoniais;
a) consumo;
b) perda, extravio, furto, roubo, destruição ou perecimento, obsolescência ou imprestabilidade e
desuso;
c) doações;
d) alienações;
e) transferências a outros órgãos;
f) outras (recolhimento, mortes de semoventes, dentre outros).
Artigo 152 – A baixa decorrerá do processo de desfazimento.
Artigo 153 – A respectiva baixa deverá ser efetivada nos referidos documentos de controle patrimonial e
se dará da seguinte forma;
Inciso Um – atualizar a planilha Mapa Carga com os dados do desfazimento;
Inciso Dois – preencher o Termo de Baixa da IN AGE número 41 e remeter à DPat anexo ao processo de
desfazimento após a homologação;
Inciso Três – após homologação e preenchimento de Termo de Baixa deverá se atentar para a
elaboração do Anexo Quatro da IN AGE número 41 quando da prestação de contas, retirando os bens
descritos no aludido Termo do supracitado Anexo.
Artigo 154 – No momento da baixa do bem cessa sua depreciação.
Subseção Cinco – Da Reinclusão em Carga
Artigo 155 – A reinclusão se dará quando o material decorrente de extravio, furto ou roubo for
recuperado, devendo ocorrer novo processo de incorporação, sendo-lhe atribuído novo número de
inventário e elaborada nova Ficha Individual do Bem Móvel (Anexo 8 desta Resolução).
Artigo 156 – Deverá constar no processo de incorporação acima citado, o Termo de Recebimento,
Exame e Avaliação de Bem com a declaração de recuperação do material.
Seção Sete - Da Depreciação, Reavaliação e Redução ao Valor Recuperável
Artigo 157 – A depreciação, a reavaliação e a redução ao valor recuperável são reguladas pelo órgão
central de contabilidade do Estado do Rio de Janeiro.
Artigo 158 - Quanto aos procedimentos relativos ao Ajuste Inicial e a Depreciação dos bens móveis, de
acordo com o Decreto Estadual número 44.489 de 2013 e Portaria CGE 179 de 2014 e suas alterações
posteriores, entende-se por;
Inciso Um – ajuste inicial, ajuste a valor justo no imobilizado ou intangível no momento da adoção das
novas normas contábeis, por não terem sido ajustados anteriormente às valorizações e desvalorizações
ocorridas no valor dos bens;
Inciso Dois – avaliação patrimonial, atribuição de valor monetário a itens do ativo e do passivo
decorrentes de julgamento fundamentado em consenso entre as partes e que traduza, com
razoabilidade, a evidenciação dos atos e dos fatos administrativos;
Inciso Três – mensuração, a constatação de valor monetário para itens do ativo e do passivo decorrente
da aplicação de procedimentos técnicos suportados em análises qualitativas e quantitativas;
Inciso Quatro – valor de aquisição, soma do preço de compra de bem com os gastos suportados direta
ou indiretamente para colocá-lo em condição de uso;
Inciso Cinco – depreciação, redução do valor dos bens tangíveis pelo desgaste ou perda de utilidade por
uso, ação da natureza ou obsolescência;
Inciso Seis – valor depreciável, valor original de um ativo deduzido do seu valor residual;
Inciso Sete – valor residual, montante líquido que a entidade espera, com razoável segurança, obter por
um ativo no fim de sua vida útil, deduzidos os gastos esperados para sua alienação;
Inciso Oito – vida útil;
a) o período de tempo durante o qual a entidade espera utilizar o ativo ou;
b) o número de unidades de produção ou de unidades semelhantes que a entidade espera obter pela
utilização do ativo.
Inciso Nove – Laudo de Avaliação - documento hábil com as informações necessárias ao registro
contábil;
Inciso Dez – Comissão de Inventário e Avaliação, comissão responsável pela realização do inventário e
avaliação dos bens móveis, com objetivo de realizar o ajuste inicial.
Artigo 159 – Os bens móveis adquiridos, incorporados e/ou colocados em utilização a partir de Primeiro
de janeiro de 2014 serão depreciados de acordo com os prazos de vida útil e valor residual previstos no
Anexo Um da Portaria CGE 179 de 2014 e suas alterações posteriores, não sendo necessário submetê-los
previamente ao procedimento de ajuste inicial.
Parágrafo Primeiro – A depreciação do bem móvel deve iniciar quando estiver em condições de uso, ou
seja, quando estiver no local e em condição de funcionamento na forma pretendida pela administração.
Parágrafo Segundo – Em caráter excepcional, poderão ser utilizados parâmetros de vida útil e valor
residual diferenciados para bens singulares, que possuam características de uso peculiares, por meio de
fundamentação escrita, encaminhada pela Comissão de Reavaliação ao setor de Contabilidade da DPat
no qual será verificada a pertinência, podendo solicitar auxílio da Controladoria Interna da SEPM/PMERJ.
Parágrafo Terceiro – Para uso nos procedimentos de ajuste inicial (reavaliação) e depreciação, a
SEPM/PMERJ utilizará as planilhas eletrônicas para cálculo da depreciação e reavaliação dos bens
disponibilizada no sítio da Contadoria Geral do Estado (www.fazenda.rj.gov.br), em Normas e
Orientações.
Artigo 160 – Para realização dos procedimentos de ajuste inicial poderão ser utilizados os valores de
mercado fundamentados por tabela FIPE ou de referência.
Artigo 161 – Os bens móveis recebidos por doação, ou outras formas de direito, bem como os bens
encontrados por ocasião do inventário (bens não particulares, sem registro ou referência anterior, a
serem incorporados por verificação física, achados), serão avaliados e incorporados ao patrimônio da
SEPM/PMERJ, iniciando-se a depreciação a partir da data do Laudo de Avaliação.
Artigo 162 – O Laudo de Avaliação será emitido utilizando o Anexo IV da Portaria número 179 de 2014 e
suas alterações posteriores da Contadoria Geral do Estado e deverá conter pelo menos as seguintes
informações;
Inciso Um – descrição detalhada de cada bem avaliado;
Inciso Dois – identificação contábil (código da conta, custo histórico, correção monetária se for o caso,
avaliações anteriores, depreciações quando houver);
Inciso Três – critérios utilizados pela avaliação e sua respectiva fundamentação técnica;
Inciso Quatro – data/período de referência da avaliação;
Inciso Quinto – vida útil remanescente do bem;
Inciso Seis – identificação do responsável pela avaliação.
Artigo 163 – O Laudo de Avaliação deve ser elaborado com base nos parâmetros e índices solicitados na
Planilha Cálculo Fator Reavaliação, fornecida pela Contadoria Geral do Estado do Rio de Janeiro e
quaisquer informações que se julgar necessárias deverão ser relatadas no referido Laudo.
Artigo 164 – A depreciação somente poderá ser iniciada nos bens móveis adquiridos após a data de
corte estabelecida de 01/01/2014 e para os bens que já passaram pelo ajuste inicial (reavaliação) bens
adquiridos até 31/12/2013 e que ainda estão sendo utilizados nas Unidades Administrativas (UAs).
Artigo 165 – Deverá compor a prestação de contas de Ordenadores de Despesa, o Demonstrativo da
Mensuração de Bens Patrimoniais, conforme modelo constante do Anexo V da Portaria CGE 179 de 2014
e suas alterações posteriores, o qual tem o objetivo de auxiliar a referida prestação de contas com
informações detalhadas sobre a depreciação acumulada por conta contábil ocorrida no período de
apuração, demonstrando o valor líquido contábil dos bens quando do encerramento do exercício.
Artigo 166 – A DPat poderá a qualquer tempo, caso julgue necessário, solicitar a reavaliação dos bens.
Artigo 167 – A depreciação deverá ser realizada mensalmente através da planilha fornecida pelo sítio
eletrônico da CGE e arquivada na Unidade devendo ser remetida à DPat através de processo SEI no
Quinto (quinto) dia útil após o encerramento do exercício.
Artigo 168 – Todo bem movimentado por remanejamento, deverá ser feito através do Termo de
Movimentação de Bem Móvel (Anexo II desta Resolução) no qual deverá constar o valor de aquisição,
reavaliado e depreciado na data da movimentação.
Artigo 169 – A depreciação e reavaliação poderá ser solicitada a qualquer tempo pela DPat através de
publicação em Boletim da PM com as devidas orientações e informação quanto à necessidade.
Seção Oito - Das Prestações de Contas
Artigo 170 – Prestará contas qualquer pessoa física ou entidade pública que utilize, arrecade, guarde,
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos, ou pelos quais o Estado responda ou que, em
nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária. (Parágrafo Único do Artigo 122 da Constituição
do Estado do Rio de Janeiro).
Artigo 171 – A prestação de contas se dará nos seguintes casos;
Inciso Um – Prestação de Contas de Bens Mensais;
Inciso Dois – Prestação de Contas Anual de Bens por Término do Exercício;
Inciso Três – Prestação de Contas por Término de Responsabilidade pela Guarda de Bens Móveis e em
Almoxarifado das Unidades Administrativas e Subunidades;
Inciso Quatro – Prestação de Contas por Término de Gestão do Titular da Unidade Gestora e do Gestor
dos Bens da Unidade Gestora;
Inciso Cinco – Prestação de Contas por Término de Gestão por Extinção da Unidade.
Artigo 172 – Os Anexos para a prestação de contas são os documentos das Instruções Normativas AGE
número 41 e número 42 ou legislação estadual vigente à época, além de outros regulados por esta
Resolução.
Subseção Um – Da Prestação de Contas de Bens Mensais
Artigo 173 – As prestações de contas mensais serão elaboradas para os bens móveis permanentes e
deverão ser remetidas à DPat da forma que segue;
Inciso Um – as Prestações de Contas de Bens Móveis Mensais deverão ser elaboradas por parte das
Unidades Administrativas pelo Agente de Bens Móveis de Unidade Administrativa e por parte das 29
Subunidades pelos Encarregados, no prazo máximo de 10 dias, contados a partir do término do mês a
que se refere à prestação de contas;
Inciso Dois – a Prestação de Contas de Bens Móveis Mensais se dará sob a forma do Demonstrativo da
Movimentação (Anexo Um da IN AGE número 41), sendo mencionado, em moeda corrente, o saldo
anterior, as entradas, as saídas, os ajustes e o saldo para o mês seguinte.
Parágrafo Primeiro – As Subunidades deverão encaminhar o Demonstrativo da Movimentação (Anexo 1
da IN AGE número 41) às Unidades Administrativas a que estiverem subordinadas patrimonialmente e
estas após consolidarem as informações encaminharão à DPat, através de Processo SEI, no qual será
anexado o referido Demonstrativo da UA e de cada Subunidade (quando houver) e o documento
denominado de Controle Mensal do Gestor de Bens Móveis da Unidade (Anexo Dois da IN AGE número
41) para as Unidades Administrativas que façam a gestão de bens móveis de alguma Subunidade.
Parágrafo Segundo – O Gestor de Bens Móveis manterá controle de modo a evidenciar se todas as
Unidades Administrativas e Subunidades efetuaram as prestações de contas mensais.
Parágrafo Terceiro – O documento denominado de Controle Mensal do Gestor de Bens Móveis da
Unidade após análise do contador lotado na DPat deverá ser submetido, mensalmente, à DGAF, visando
à atestação da paridade do montante registrado com o constante dos registros contábeis.
Parágrafo Quarto – Na hipótese de não ocorrer paridade entre os saldos no período, o Gestor de Bens
Móveis e o Setor de Contabilidade da DPat deverão, conjuntamente, analisar as contas e proceder aos
ajustes necessários.
Parágrafo Quinto – As Prestações de Contas de Bens Móveis Mensais servirão de base para a
consolidação das prestações de contas da Unidade, permanecendo sob a guarda do Gestor de Bens
Móveis, à disposição dos órgãos de controle.
Subseção Dois - Da Prestação de Contas Anual de Bens Móveis
Artigo 174 – O Encarregado da Subunidade deverá providenciar anualmente os seguintes documentos
relativos aos bens móveis, sob sua guarda;
Inciso Um – Cadastro do Responsável de todos os Encarregados no exercício (Anexo Três da IN AGE
número 41 e Anexo Um da IN AGE número 42);
Inciso Dois – inventário das existências físicas das Subunidades (Anexo Quatro da IN AGE número 41);
Inciso Três – Demonstrativo da Movimentação dos Bens Móveis das Subunidades no exercício (Anexo
Um da IN AGE número 41 e Anexos Dois e Três da IN AGE número 42);
Inciso Quatro – Termo de Transferência de Responsabilidade, devidamente autenticado pelos
Encarregados substituto e substituído (Anexo Cinco da IN AGE número 41 e Anexo Quatro da IN AGE
número 42) e cópia da publicação da Transferência de Responsabilidade, se for o caso;
Inciso Cinco – Termo de Baixa Definitiva dos Bens Móveis Permanentes da Subunidade, no caso de
desincorporação (Anexo nove da IN AGE número 41);
Inciso Seis – Termo de Entrega de Bens e Valores, quando houver término de gestão decorrente da
extinção da Subunidade (Anexo dez da IN AGE número 41 e Anexo cinco da IN AGE número 42);
Inciso Sete – Cópia da publicação do ato de extinção da Subunidade, quando ocorrer no exercício;
Inciso Oito – Termo de Inspeção realizada na Subunidade por Comissão de Vistoria e pelos órgãos de
controle, quando ocorrer.
Parágrafo Primeiro – O Titular Responsável da Subunidade na hipótese de no Termo de Transferência de
Responsabilidade não se verificar impropriedade ou irregularidade que comprometa a transferência da
responsabilidade dos bens emitirá Termo de “Nada Consta” para o Encarregado da Subunidade.
Parágrafo Segundo – A documentação no artigo 173 será encaminhada, por meio de processo SEI ao
Agente de Bens Móveis da Unidade Administrativa que encaminhará à DPat após consolidar as
informações, 30 devendo ser mantida cópia na Subunidade e Unidade Administrativa, à disposição dos
órgãos de controle.
Parágrafo Terceiro – O Agente de Bens Móveis de Unidade Administrativa emitirá Termo de “Nada
Consta” para o Encarregado da Subunidade, atestando a paridade nos saldos informados com o
inventário físico, o qual deverá manter o controle.
Artigo 175 – A transferência da responsabilidade poderá ocorrer ainda que esteja configurado o
desaparecimento ou a não localização de bem, não recaindo para o substituto a responsabilidade por
impropriedades ou irregularidades ocorridas na gestão do substituído, desde que estas estejam
relatadas no Termo de Transferência de Responsabilidade.
Artigo 176 – Caberá a apuração de responsabilidade, na forma da legislação vigente, se ficar configurado
no Termo de Transferência de Responsabilidade o desaparecimento ou não localização de bem
anteriormente arrolado na Subunidade.
Artigo 177 – A data do período de responsabilidade pela guarda e conservação dos bens do servidor
substituído se inicia no dia subsequente ao da data do Termo de Transferência de Responsabilidade.
Artigo 178 – O Agente de Bens Móveis de Unidade Administrativa/Almoxarife deverá providenciar
anualmente os seguintes documentos relativos aos bens móveis;
Inciso Um – cadastro de todos os Responsáveis pela Unidade Administrativa no exercício (Anexo Três da
IN AGE número 41 e Anexo Um da IN AGE número 42);
Inciso Dois – inventário das existências físicas da Unidade Administrativa, consolidado quando houver
Subunidade (Anexo Quatro da IN AGE número 41);
Inciso Três – Demonstrativo da Movimentação dos Bens Móveis e em Almoxarifado da Unidade
Administrativa (consolidado quando houver Subunidade) no exercício (Anexo Um da IN AGE número 41
e Anexos Dois e Três da IN AGE número 42);
Inciso Quatro – Termo de Transferência de Responsabilidade, devidamente autenticado pelos Agentes
de Bens Móveis de Unidade Administrativa/Almoxarifes substituto e substituído e dos Encarregados das
Subunidades quando houver (Anexo Cinco da IN AGE número 41 e Anexo Quatro da IN AGE número 42)
e cópia da publicação do Bol PM da Transferência de Responsabilidade;
Inciso Cinco – Termo de Baixa Definitiva dos Bens Móveis Permanentes da Unidade Administrativa e das
Subunidades quando houver, no caso de desincorporação (Anexo nove da IN AGE número 41);
Inciso Seis – Termo de Entrega de Bens e Valores, quando houver término de gestão decorrente da
extinção da Unidade Administrativa e das Subunidades (estas quando houver) (Anexo Dez da IN AGE
número 41 e Anexo Cinco da IN AGE número 42);
Inciso Sete – cópia da publicação em BOL PM do ato de extinção da Unidade Administrativa e das
Subunidades (caso haja), quando ocorrer no exercício;
Inciso Oito – Termo de Inspeção realizada na Unidade Administrativa e Subunidades por Comissão de
Vistoria e pelos órgãos de controle, quando ocorrer.
Parágrafo Único – A documentação relacionada nos incisos acima será encaminhada, através de
processo SEI, à DPat ou DAbst, da seguinte forma; documentos da IN AGE Número 41 à DPat e
documentos da IN AGE número42 à DAbst.
Artigo 179 – O Gestor de Bens Móveis – Diretor De Patrimônio deverá providenciar anualmente os
seguintes documentos relativos aos bens móveis (IN AGE número 41 - Bens Permanentes);
Inciso Um – Cadastro do Responsável de todos os Titulares da Unidade e Gestores de Bens Móveis no
exercício (Anexo Três da IN AGE número 41);
Inciso Dois – Inventário das existências físicas da Unidade, em 31 de dezembro de cada ano,
discriminado por Subunidades e Unidades Apoiadas, se houver (Anexo Quatro da IN AGE número 41);
Inciso Três – Demonstrativo da Movimentação dos Bens Móveis da Unidade no exercício (Anexo Um da
IN AGE número 41);
Inciso Quatro – Termo de Transferência de Responsabilidade Consolidado da Unidade (Anexo Sete da IN
AGE número 41);
Inciso Cinco – Termo de Baixa Definitiva dos Bens Móveis da Unidade, no caso de desincorporação,
quando não houver Subunidades ou Unidades Administrativas em sua estrutura (Anexo Nove da IN AGE
número 41);
Inciso Seis – Declaração do Titular da Unidade, quando ocorrer término de gestão durante o exercício
(Anexo Oito da IN AGE número 41);
Inciso Sete – Termo de Entrega de Bens e Valores, quando houver término de gestão decorrente da
extinção da Unidade (Anexo Dez da IN AGE número 41);
Inciso Oito – Cópia da publicação do ato de extinção da Unidade em DOERJ, quando ocorrer no
exercício;
Inciso Nove – Termo de Inspeção realizada na Unidade por Comissões de Vistoria e pelos órgãos de
controle, quando ocorrer.
Artigo 180 – O Gestor dos Bens Móveis consolidará, em até 90 dias do exercício subsequente ao
exercício de competência, a documentação relativa aos bens móveis da Unidade Gestora, a fim de
retratar a composição do patrimônio da SEPM/PMERJ, que está sob a responsabilidade de seu Titular.
Artigo 181 – A consolidação da documentação relativa à gestão de bens móveis da Unidade pressupõe o
recebimento pelo Gestor de Bens Móveis de toda a documentação prevista nos artigos 173 e 177,
contemplando assim todas as Subunidades e Unidades Administrativas do órgão e sua juntada aos
documentos do Artigo 178.
Artigo 182 – Todos os documentos relacionados nos artigos 173, 177 e 178 deverão ser mantidos
arquivados na DPat, preferencialmente, em meio eletrônico, sob a guarda do Gestor de Bens Móveis,
ficando à disposição dos órgãos de controle interno e externo para fins de auditorias e inspeções.
Artigo 183 – O Diretor da Diretoria de Abastecimento deverá providenciar anualmente a consolidação
dos documentos relativos à gestão dos bens em Almoxarifado (IN AGE número 42) e Termo de
Transferência de Responsabilidade consolidado com os dados dos Almoxarifes das Unidades
Administrativas (IN AGE número 41), quais sejam;
Inciso Um – cadastro de todos os responsáveis por bens em Almoxarifado no exercício (Anexo 1 da IN
AGE número 42);
Inciso Dois – arrolamento das existências físicas, em 31 de dezembro (Anexo Dois da IN AGE número 42);
Inciso Três – Demonstrativo da Movimentação dos Bens em Almoxarifado no exercício, com controle
mensal (Anexo Três da IN AGE número 42);
Inciso Quatro – Termo de Transferência de Responsabilidade por Bens em Almoxarifado, sempre que
ocorrer a substituição do responsável (Anexo Quatro da IN AGE número 42);
Inciso Cinco – Termo de Transferência de Responsabilidade consolidado da Unidade (Anexo Sete da IN
AGE Número 41);
Inciso Seis – Termo de Entrega de Bens e Valores, quando houver término de gestão decorrente da
extinção de órgão, entidade ou unidade (Anexo Cinco da IN AGE número 42);
Inciso Sete – cópia da publicação do ato de extinção das Unidades Administrativas e Subunidades no
DOERJ quando ocorrido no exercício;
Inciso Oito – Termo de Inspeção realizada por Comissões de Vistoria e pelos órgãos de controle, quando
ocorrer.
Parágrafo Único – Após consolidação, o Diretor da DAbst encaminhará à DPat processo SEI com a
Prestação de Contas dos Bens em Almoxarifado devendo manter a cópia individualizada por Unidade
Administrativa em arquivo na DAbst, preferencialmente, em meio eletrônico, sob a guarda do
responsável, ficando à disposição dos órgãos de controle interno e externo para fins de auditorias e
inspeções. A documentação relacionada neste artigo deverá estar concluída em até 90 dias do exercício
subsequente ao exercício de competência.
Subseção Três – Da Prestação de Contas por Término de Responsabilidade pela Guarda de Bens Móveis
das Unidades Administrativas e Subunidades
Artigo 184 – A Prestação de Contas por Término de Responsabilidade pela guarda e conservação dos
bens será elaborada pelo Agente de Bens Móveis de Unidade Administrativa com o auxílio dos
Encarregados de Subunidade, quando houver.
Artigo 185 – A Prestação de Contas por Término de Responsabilidade será encaminhada à DPat em até
30 dias a partir da data da troca de responsabilidade comunicada por meio de processo SEI. O não
cumprimento deste prazo ensejará transgressão da disciplina.
Artigo 186 – A Prestação de Contas por Término de Responsabilidade ficará sob a guarda do Gestor de
Bens Móveis, à disposição dos órgãos de controle.
Artigo 187 – A Prestação de Contas por Término de Responsabilidade pela guarda dos bens será
composta pelos seguintes itens;
Inciso Um – comunicação Interna (CI) de encaminhamento da prestação de contas, assinada pelo Titular
Responsável da Unidade Administrativa, conforme o caso;
Inciso Dois – cópia da publicação no DOERJ do ato de exoneração ou dispensa do responsável
substituído, bem como do ato de nomeação ou designação do substituto.
Artigo 188 – Quando se tratar de bens móveis permanentes, além dos documentos do inciso Um e Dois
do artigo anterior, será necessária a documentação listada abaixo;
Inciso Dois – Cadastro do Responsável pela guarda dos bens (Anexo Três da IN AGE número 41);
Inciso Um – Inventário das Existências Físicas na data da substituição do responsável (Anexo Quatro da
IN AGE número 41);
Inciso Três – Demonstrativo da Movimentação no período a que se refere à prestação de contas, sendo
mencionado, em moeda corrente, o saldo anterior, as entradas, as saídas, os ajustes e o saldo para o
mês seguinte (Anexo Um da IN AGE número 41);
Inciso Quatro – Termo de Transferência de Responsabilidade, devidamente autenticado pelos servidores
substituto e substituído (Anexo Cinco da IN AGE número 41);
Inciso Cinco – Termo de Inspeção, quando for o caso.
Artigo 189 – Quando se tratar de bens móveis em Almoxarifado, além dos documentos dos incisos Um e
Dois do artigo 189, será necessária a documentação listada abaixo;
Inciso Um – cadastro de todos os responsáveis por bens em Almoxarifado no exercício (Anexo Um da IN
AGE número 42);
Inciso Dois – arrolamento das existências físicas (Anexo Dois da IN AGE número 42);
Inciso Três – Demonstrativo da Movimentação dos Bens em Almoxarifado no exercício (Anexo Três da IN
AGE número 42);
Inciso Quatro – Termo de Transferência de Responsabilidade por bens em Almoxarifado, sempre que
ocorrer a substituição do responsável (Anexo Quatro da IN AGE número 42);
Inciso Cinco – Termo de Entrega de Bens e Valores, quando houver término de gestão decorrente da
extinção da Unidade (Anexo Cinco da IN AGE número 42).
Artigo 190 – Na hipótese de no Termo de Transferência de Responsabilidade não se verificar
impropriedade ou irregularidade que comprometa a transferência da responsabilidade dos bens, o
Titular Responsável da Unidade Administrativa ou Subunidade emitirá Termo de “Nada Consta” para o
Encarregado da Subunidade. (Anexo Quinze desta Resolução).
Artigo 191 – A transferência da responsabilidade poderá ocorrer ainda que esteja configurado o
desaparecimento ou a não localização de bem, não recaindo para o substituto a responsabilidade por
impropriedades ou irregularidades ocorridas na gestão do substituído, desde que estas estejam
relatadas no Termo de Transferência de Responsabilidade.
Artigo 192 – Caberá a apuração de responsabilidade na forma da legislação em vigor, se ficar
configurado no Termo de Transferência de Responsabilidade o desaparecimento ou não localização de
bem anteriormente arrolado na Unidade Administrativa e ou Subunidade.
Artigo 193 – A data do período de responsabilidade pela guarda e conservação dos bens do servidor
substituído se inicia no dia subsequente ao da data da exoneração do substituto e deverá ser pública em
DOERJ.
Artigo 194 – As Subunidades deverão remeter às Unidades Administrativas (UAs) as quais estiverem
subordinadas toda documentação referente à Prestação de Contas por Término de Responsabilidade,
por meio de processo SEI. Por sua vez, as Unidades Administrativas (UAs) deverão consolidar as
informações e enviar à DPat nos casos dos bens permanentes e à DAbst quanto aos bens em
Almoxarifado.
Parágrafo Único – Toda vez que houver troca de responsabilidade, a DAbst deverá apurar se há mais de
uma Unidade nesta situação a fim de realizar uma única consolidação e, após isso, encaminhar à DPat,
via processo SEI com a Prestação de Contas dos Bens em Almoxarifado devendo manter a cópia
individualizada por Unidade Administrativa em seus arquivos, preferencialmente, em meio eletrônico,
sob a guarda do responsável, ficando à disposição dos órgãos de controle interno e externo para fins de
auditorias e inspeções. A documentação relacionada neste artigo deverá estar concluída em até 30 dias
da recepção dos processos SEIs.
Subseção Quatro – Da Prestação de Contas por Término de Gestão do Titular da Unidade
Artigo 195 – A Prestação de Contas de Bens Móveis por Término de Gestão por encerramento de gestão
do Titular da Unidade será elaborada pelo Gestor de Bens Móveis e este solicitará as Unidades
Administrativas e Subunidades, os documentos necessários e sua remessa deverão ocorrer no prazo 30
dias, essa solicitação será através de publicação em Boletim Ostensivo da PM.
Artigo 196 – A Prestação de Contas de Bens Móveis por Término de Gestão do Titular da Unidade será
composta pelos seguintes elementos;
Inciso Um – Comunicação Interna (CI) da DPat encaminhando a prestação de contas consolidada,
assinada pelo Gestor de Bens Móveis à DGAF que deverá proceder aos trâmites necessários para
prosseguimento;
Inciso Dois – cópia da publicação em DOERJ do ato de exoneração do responsável substituído e da
nomeação do substituto;
Inciso Três – pronunciamento do Gestor de Bens Móveis quanto aos procedimentos adotados, no caso
de verificação de irregularidades (Anexo Dezesseis desta Resolução);
Inciso Quatro – Termo de Inspeção, quando for o caso.
Artigo 197 – Quando se tratar de bens móveis permanentes, além dos documentos do inciso Um e Dois
do artigo anterior, será necessária a documentação listada abaixo;
Inciso Um – Cadastro do Responsável dos Titulares da Unidade e do Gestor de Bens Móveis (Anexo Três
da IN AGE número 41);
Inciso Dois – Inventário Especial das Existências Físicas na data (Anexo Quatro da IN AGE número 41);
Inciso Três – Demonstrativo da Movimentação no período a que se refere a prestação de contas, sendo
mencionado, em moeda corrente, o saldo anterior, as entradas, as saídas, os ajustes e o saldo para o
mês seguinte (Anexo Um da IN AGE número 41);
Inciso Quatro – Termo de Transferência de Responsabilidade consolidado da Unidade (Anexo Sete da IN
AGE número 41);
Inciso Cinco – declaração do Titular da Unidade (Anexo Oito da IN AGE número 41).
Artigo 198 – Quando se tratar de bens móveis em Almoxarifado, além dos documentos dos incisos Um e
Dois do artigo 198, será necessária a documentação listada abaixo;
Inciso Um – cadastro de todos os responsáveis por bens em Almoxarifado no exercício (Anexo Um da IN
AGE número 42);
Inciso Dois – arrolamento das existências físicas, em 31 de dezembro (Anexo Dois da IN AGE número 42);
Inciso Três – Demonstrativo da Movimentação dos Bens em Almoxarifado no exercício, com controle
mensal (Anexo Três da IN AGE número 42);
Inciso Quatro – Termo de Transferência de Responsabilidade por bens em Almoxarifado, sempre que
ocorrer a substituição do responsável (Anexo Quatro da IN AGE número 42);
Inciso Cinco – Termo de Transferência de Responsabilidade consolidado da Unidade (Anexo Sete da IN
AGE número 41);
Inciso Seis – Termo de Entrega de Bens e Valores, quando houver término de gestão decorrente da
extinção de órgão, entidade ou unidade (Anexo Cinco da IN AGE número 42).
Artigo 199 – O Diretor da Diretoria de Abastecimento deverá providenciar a consolidação dos
documentos relativos à gestão dos bens em Almoxarifado (Anexo da IN AGE número 42) e Termo de
Transferência de Responsabilidade consolidado com os dados dos Almoxarifes das Unidades
Administrativas (Anexo da IN AGE número 41).
Artigo 200 – Fica dispensada a prestação de contas por término de gestão do titular quando a data do
término de gestão coincidir com a do término de exercício financeiro, devendo a Unidade juntar, na
Prestação de Contas Anual de Bens Móveis Consolidadas, uma cópia da publicação do ato de
exoneração e da nomeação do substituto.
Subseção Cinco - Da Prestação de Contas por Término de Gestão por Extinção da Unidade Administrativa
Artigo 201 – A Prestação de Contas de Bens Móveis por Término de Gestão por Extinção da UA deverá
ser elaborada pelo Agente de Bens Móveis de Unidade Administrativa/Almoxarife e conferida pelo
Gestor de Bens Móveis.
Artigo 202 – A Prestação de Contas de Bens Móveis por Término de Gestão por Extinção da Unidade será
composta pelos seguintes itens;
Inciso Um – Comunicação Interna (CI) de encaminhamento da prestação de contas elaborada e assinada
pelo Titular Responsável da Unidade Administrativa à DPat;
Inciso Dois – cópia da publicação do ato de extinção da unidade em DOERJ e Bol PM.
Artigo 203 - Quando se tratar de bens móveis permanentes, além dos documentos dos incisos Um e Dois
do artigo anterior, será necessária a documentação listada abaixo;
Inciso Um – Cadastro do Responsável dos Titulares da Unidade e do Gestor de Bens Móveis (Anexo Três
da IN AGE número 41);
Inciso Dois – Inventário Especial das Existências Físicas na data (Anexo Quatro da IN AGE número 41);
Inciso Três – Demonstrativo da Movimentação no período a que se refere a prestação de contas, sendo
mencionado, em moeda corrente, o saldo anterior, as entradas, as saídas, os ajustes e o saldo para o
mês seguinte (Anexo Um da IN AGE número 41).
Artigo 204 - Quando se tratar de bens móveis em Almoxarifado, além dos documentos dos incisos Um e
Dois do artigo 204, será necessária a documentação listada abaixo;
Inciso Um – cadastro de todos os Responsáveis por bens em Almoxarifado no exercício (Anexo Um da IN
AGE número 42);
Inciso Dois – arrolamento das existências físicas até a data da extinção (Anexo Dois da IN AGE número
42);
Inciso Três – Demonstrativo da Movimentação dos Bens em Almoxarifado no exercício (Anexo Três da IN
AGE número 42);
Inciso Quatro – Termo de Entrega de Bens e Valores (Anexo Cinco da IN AGE número 42);
Inciso Cinco – pronunciamento do Gestor de Bens Móveis quanto aos procedimentos adotados, no caso
de verificação de irregularidades (Anexo Seis desta Resolução);
Inciso Seis – Termo de Inspeção, quando for o caso.
Parágrafo Único – No ato da extinção da UA deverá haver a transferência de todos os bens desta
Unidade por meio do Termo de Transferência de Bem Móvel (Anexo 10 desta Resolução) que será
pública no Bol PM pela DPat e anexada ao processo de Prestação de Contas.
Subseção Seis – Da Desincorporação de Bens Móveis
Artigo 205 – No caso de desincorporação de bem patrimonial, as seguintes peças deverão constar do
processo de prestação de contas de bens móveis;
Inciso Um – Termo de Baixa Definitiva (Anexo Nove da IN AGE número 41);
Inciso Dois – Ficha Individual de Bem Patrimonial (Anexo Oito desta Resolução);
Inciso Três – Cópia dos Termos de transferência e doação para outro órgão ou documento de alienação.
CAPÍTULO Cinco
Da Transferência de Responsabilidade
Artigo 206 – Transferência de Responsabilidade ocorre quando é realizada a substituição dos
responsáveis; Titular da Unidade Gestora - Secretário de Estado de Polícia Militar; Gestor de Bens
Móveis – Diretor de Patrimônio; Titular Responsável pela Unidade Administrativa; Agente de Bens
Móveis das Unidades Administrativas; Almoxarife; Encarregados de Bens Móveis das Subunidades e
Detentor da Carga.
Artigo 207 – A designação e a substituição do Titular Responsável pela Unidade Administrativa, Agente
de Bens Móveis das Unidades Administrativas, Almoxarife e Encarregados de Bens Móveis das
Subunidades deverão ser comunicadas à DPat, dentro de 10 dias subsequentes à ocorrência, através de
processo SEI no qual deverá constar os seguintes documentos;
Inciso Um – quando se tratar da substituição do;
a) Agente de Bens Móveis das Unidades Administrativas/Almoxarife – Boletim Interno que efetivou a
substituição, cópia do Anexo Três da IN AGE número 41 e cópia do Anexo Um da IN AGE número 42
preenchidos;
a.1) O servidor que ocupar a função de Agente de Bens Móveis Das Unidades Administrativas
/Almoxarife nas Unidades da SEPM/PMERJ só pode ser substituído por motivo devidamente justificado,
devendo ser sua manutenção a regra, a fim de se evitar prejuízos à continuidade do serviço.
b) Encarregados de Bens Móveis das Subunidades - Boletim Interno que efetivou a substituição, e cópia
do Anexo Três da IN AGE número 41 preenchido.
Artigo 208 – A responsabilidade dos Agentes mencionados no artigo anterior se inaugura com a entrega
dos materiais, através da inventariação inicial ou por troca de responsabilidade.
Artigo 209 – O Boletim Interno que publicar a troca deverá mencionar a data de designação em dia
subsequente à data da destituição.
Artigo 210 – Nos casos de substituição do Agente de Bens Móveis das Unidades
Administrativas/Almoxarifes e Encarregados de Bens Móveis das Subunidades, haverá inventário físico e
emissão dos documentos conforme normas desta Resolução. Quando da troca de responsabilidade do
Agente de Bens Móveis das Unidades Administrativas/ Almoxarife deve-se atentar para o determinado
no Capítulo Prestação de Contas com a respectiva elaboração dos Demonstrativos das Operações
realizadas até a data do seu levantamento, confrontando-se com a escrituração contábil os valores
constantes daqueles documentos.
Parágrafo Único – O novo e o antigo responsáveis procederão, inicialmente, a conferência da existência
das Fichas Individuais dos Bens Móveis, dos documentos de controle mensal, do controle mensal nas
respectivas planilhas e documentos do Almoxarifado da Unidade Administrativa e Subunidade,
elaborando relatório de passagem de responsabilidade dos referidos bens e saldos. O Fiscal
Administrativo aporá seu “Conferido” no relatório e determinará a emissão do seguinte Termo;
a) Deverá ser emitido o Termo de Transferência de Responsabilidade de Bens Móveis e em Almoxarifado
(Anexo Cinco da IN AGE número 41 e Anexo Quatro da IN AGE número 42), quando da nomeação ou
substituição do Agente de Bens Móveis da Unidade Administrativa e do Encarregado da Subunidade.
Artigo 211 – Após a conferência do material que estiver sob a guarda direta do servidor substituído e das
listagens do que estiver distribuído ou emprestado a outras Unidades Administrativas (UAs),
Subunidades e aos Usuários (materiais sob cautela), o substituto participará ao Fiscal Administrativo o
recebimento da carga que deverá ser documentado através do Anexo Quatro da IN AGE número 41.
Artigo 212 – Toda vez que houver substituição de um Detentor da Carga, este antes de deixar a Seção
fará a relação do material (Anexo Quatro da IN AGE número 41) sob sua guarda, e apresentará ao
Agente de Bens Móveis da Unidade e ou Encarregado de Subunidade que deverão dar o atesto no
referido documento e realizar a conferência dos materiais sob a guarda do mesmo.
Parágrafo Único – O substituto deverá dar continuidade à elaboração do Anexo Três desta Resolução
enquanto figurar como Detentor da Carga.
Artigo 213 – A comunicação quanto à alteração do detentor de carga deverá ser remetida através de
processo SEI ao Agente de Bens Móveis da Unidade ou Encarregado de Subunidade e a relação com a
carga deverá ser demonstrada no Anexo Quatro da IN AGE número 41 que deverá ser anexada ao
processo. O prazo para efetivar a comunicação é de 02 dias subsequentes.
Artigo 214 – O Agente de Bens Móveis da Unidade e ou Encarregado de Subunidade deverá fiscalizar o
ato acima e na ausência de elaboração dos documentos de que trata o artigo 211 e seu Parágrafo único,
os supracitados responsáveis deverão elaborar os documentos e comunicar ao Fiscal Administrativo.
Artigo 215 – Em seguida, será procedida a conferência física do material, artigo por artigo. O novo
Detentor aporá sua rubrica na coluna “OBS”, do Anexo Quatro da IN AGE número 41, imediatamente
abaixo do último registro, a partir da linha seguinte às assinaturas do Fiscal Administrativo, Agente de
Bens Móveis da Unidade Administrativa ou Encarregado de Subunidade e do novo Detentor.
Artigo 216 – O Titular Responsável da UA deverá emitir Termo “Nada Consta” (Anexo Quinze desta
Resolução) quando da substituição do Agente de Bens Móveis da Unidade Administrativa/Almoxarife ou
Encarregado de Subunidade após conferência das documentações determinadas nos artigos anteriores.
Artigo 217 – A Unidade Administrativa (UA) deverá indicar em Boletim Interno, Agente de Bens Móveis
da Unidade Administrativa/ Almoxarife substituto a fim de assumir a função no caso de qualquer
impedimento do agente titular em situação de até no máximo 03 meses.
Parágrafo Primeiro – A cópia da publicação no Boletim Interno de que trata o caput será remetida à DPat
por meio de processo SEI.
Parágrafo Segundo – Quando da assunção do substituto, este deverá realizar o preenchimento dos
Anexos Um e Dois da IN AGE número 41 e os Anexos Dois e Três da IN AGE número 42 com a respectiva
data que assumiu a gestão dos bens móveis.
Parágrafo Terceiro – Quando o agente titular regressar, este deverá apor seu visto de recebimento nos
documentos descritos no Parágrafo Segundo.
Artigo 218 – Procedimentos a serem executados quando da assunção de Comando das Unidades
Administrativa ou Subunidades;
Inciso Um – O Titular Responsável da Unidade Administrativa ou de Subunidade, após assumir o
comando, pronunciar-se-á mediante processo SEI enviado à Diretoria de Patrimônio, no prazo de até 10
dias úteis, a contar da data de passagem de Comando juntando ao processo, o Anexo Três da IN AGE
número 41 devidamente preenchido e;
Inciso Dois – constará como informação no processo supracitado;
a) a cópia do Boletim Interno e Ostensivo da PM no qual consta data de sua nomeação como Titular
Responsável da Unidade Administrativa ou de Subunidade, publicação em Boletim Interno da
designação da Comissão de Vistoria juntamente com o nome, posto, RG e ID funcional de seus
integrantes, com o objetivo de verificar se os bens estão ou não de acordo com o arrolamento das
existências apresentadas pelo Agente de Bens Móveis de Unidade Administrativa e ou encarregado ou;
b) o “De Acordo” com o arrolamento das existências por parte do Titular Responsável da Unidade
Administrativa ou de Subunidade, caso não opte por delegar a uma Comissão de Vistoria a confrontação
física dos bens patrimoniais do arrolamento das existências apresentadas pelo Agente de Bens Móveis
de Unidade Administrativa e ou Encarregado.
Artigo 219 – Após a publicação em Boletim Interno da Unidade ou Ostensivo, a Comissão de Vistoria
realizará o trabalho de confrontar a existência física dos bens patrimoniais com o arrolamento
apresentado pelo Agente de Bens Móveis de Unidade Administrativa e ou encarregado, tendo um prazo
de 30 dias a contar da publicação para emitir o relatório, no qual aquela informará se há irregularidades
ou não, salientando que ali deverá ser registrada a conclusão da vistoria.
Artigo 220 – Em seguida, o Titular Responsável da Unidade Administrativa ou de Subunidade deverá
remeter à Diretoria de Patrimônio um processo SEI fazendo menção ao processo SEI do inciso Um do
Artigo 220, com o seu pronunciamento quanto à carga existente na Unidade Administrativa ou
Subunidade informando se assume está com ou sem ressalvas quanto aos seus bens, juntamente com o
Relatório da Comissão de Vistoria.
Artigo 221 – Os procedimentos a serem executados quando se tratar da troca de Comando do Titular da
Unidade Gestora e do Gestor de Bens Móveis da Unidade Gestora seguem abaixo;
Inciso Um – a DPat determinará através de publicação no Boletim Ostensivo da PM a apresentação da
documentação necessária referente à prestação de contas destes responsáveis, sendo seu prazo de
remessa a DPat de 30 dias;
Inciso Dois – a documentação de que trata o artigo anterior será descrita no Boletim do inciso um e já
estão previstos os procedimentos de preenchimento e controle nesta Resolução.
CAPÍTULO Seis
Das Tomadas de Contas dos Responsáveis
Artigo 222 – Tomada de Contas é a ação desempenhada para apurar a responsabilidade dos
responsáveis que deixarem de prestar contas e dos que derem causa a perda, extravio ou outra
irregularidade de que resulte, ou possa resultar dano ao Erário, devidamente quantificado.
Artigo 223 - A Tomada de Contas se dará de forma imediata (tão logo se tenha conhecimento), na
hipótese de desfalques, desvios ou quaisquer outras irregularidades de que resulte prejuízo para a
Fazenda Estadual.
Parágrafo Único – Consideram-se responsáveis as pessoas do artigo 34 às quais a obrigação de ressarcir
o dano ao Erário possa ser imputada.
Seção Um – Medidas Administrativas Internas Anteriores à Instauração da Tomada de Contas
Artigo 224 – A Tomada de Contas é um rito de exceção e só deve ser instaurada depois de esgotadas as
medidas administrativas internas sem obtenção da prestação de contas ou do ressarcimento do dano ao
Erário.
Parágrafo Primeiro – São consideradas medidas administrativas internas. as diligências, as notificações,
as comunicações, as sindicâncias ou outros procedimentos, devidamente formalizados, destinados a
promover a prestação de contas ou o ressarcimento do dano ao erário.
Parágrafo Segundo – As medidas administrativas internas por parte da DPat deverão ser concluídas em
até 30 dias, contados da data do evento, quando conhecido, ou da data da ciência do fato.
Artigo 225 – A DPat deverá diligenciar as medidas administrativas de que trata este artigo e em não
sendo possível sua consecução deverá providenciar relatório patrimonial circunstanciado a fim de
demonstrar a apresentação da prestação de contas fazendo constar todas as Unidades Administrativas e
Subunidades que apresentaram suas contas e ou deixaram de apresentar e se houve alguma
minudência, sendo que o aludido relatório deverá ter seu prazo finalizado em 30 dias a somar com o
prazo do Parágrafo Segundo do artigo 226.
Artigo 226 – O relatório terá por base os seguintes documentos;
Inciso Um – o inventário da respectiva Unidade Gestora;
Inciso Dois – os Demonstrativos Mensais das Movimentações de Bens Móveis e em Almoxarifado;
Inciso Três – todos os documentos referentes à incorporação e desfazimento dos bens móveis e
requisição e baixa dos bens em Almoxarifado e;
Inciso Quatro – os Termos das inspeções efetuadas, quando houver.
Artigo 227 – Findo o prazo do relatório referido no artigo acima, este será encaminhado à DGAF para
apresentação da prestação de contas e ou dos procedimentos para apuração das causas da perda,
extravio ou outra irregularidade.
Artigo 228 – Esgotadas as medidas administrativas internas sem que haja a finalização da prestação de
contas ou a reparação do dano ao Erário, o Ordenador de despesas deverá comunicar o fato, sob pena
de responsabilidade solidária, à Controladoria Interna da SEPM/PMERJ visando à instauração do
procedimento de Tomada de Contas.
Parágrafo Único – A comunicação do Ordenador de Despesas deverá estar acompanhada dos
documentos citados no Parágrafo Primeiro do artigo 226 e artigo 229.
Seção Dois - Da Instauração
Artigo 229 – A Tomada de Contas será instaurada pela Controladoria Interna da Unidade Gestora, depois
de exauridas as medidas administrativas internas previstas no Parágrafo Primeiro do artigo 226, quando
caracterizado pelo menos um dos seguintes fatos;
Inciso Um – omissão do dever de prestar contas;
Inciso Dois – impugnação total ou parcial da prestação de contas da aplicação de adiantamentos, da
execução de convênios e de contratos formais pelo Ordenador de Despesas, ou outros formalmente
indicados;
Inciso Três – extravio, perda, subtração ou deterioração culposa ou dolosa de valores, bens ou materiais
da SEPM/PMERJ, ou pelos quais o responsável pela sua guarda responda;
Inciso Quatro – término de gestão, por falecimento, de tesoureiro, Almoxarife ou de responsável pela
guarda de bens patrimoniais;
Inciso Cinco – outros previstos em lei ou regulamento.
Artigo 230 - A Tomada de Contas não será instaurada, sem prejuízo das sanções administrativas e/ou
penais cabíveis, se for o caso, quando, na fase da adoção das medidas previstas no Parágrafo Primeiro
do artigo 226, ocorrer;
Inciso Um – o recolhimento do dano ou a recomposição dos bens ou;
Inciso Dois – a apresentação da prestação de contas e a sua aprovação pela autoridade competente.
Artigo 231 – É pressuposto para instauração de tomada de contas a existência de elementos fáticos e
jurídicos suficientes para;
Inciso Um – comprovação da ocorrência de dano e;
Inciso Dois – identificação das pessoas que deram causa ou concorreram para a ocorrência de dano.
Parágrafo Único – A demonstração de que tratam os incisos Um e Dois deste artigo abrange,
obrigatoriamente;
a) descrição detalhada da situação que deu origem ao dano, lastreada em documentos, narrativas e
outros elementos probatórios que ofereçam suporte à comprovação de sua ocorrência;
b) exame da suficiência e da adequação das informações, contidas em pareceres de agentes públicos,
quanto à identificação e quantificação do dano;
c) evidenciação do nexo causal entre a situação que deu origem ao dano e a conduta ilegal, ilegítima ou
antieconômica do responsável a quem se imputa a obrigação de ressarcir ao Erário, por ter causado ou
concorrido para a ocorrência de dano.
Artigo 232 – A Tomada de Contas será realizada com independência e imparcialidade, cabendo ao
Controlador competente assegurar os meios necessários ao desenvolvimento dos trabalhos.
Seção Três – Da Quantificação do Dano
Artigo 233 - A quantificação do dano far-se-á mediante;
Inciso Um – verificação, quando for possível quantificar com exatidão o real valor devido ou;
Inciso Dois – estimativa, quando, por meios confiáveis, apurar-se quantia que seguramente não exceda o
real valor devido.
Artigo 234 – O dano será atualizado monetariamente pela UFIR-RJ, ou qualquer outro índice que venha a
substituí-lo, na forma da legislação aplicável aos débitos para com a Fazenda Pública, desde a data da
ocorrência do fato.
Parágrafo Único – Não se aplicam as regras do caput aos danos apurados em tomadas de contas
decorrentes da execução ou da ausência de prestação de contas de convênio, em que a atualização
monetária e os juros legais são regulados por meio do Decreto número 41.528, de 31 de outubro de
2008 e suas alterações posteriores.
Artigo 235 – Os processos de Tomada de Contas por omissão no dever de prestar contas deverão ser
instruídos com os documentos a serem juntados nas respectivas Prestações de Contas, no que couber
(Instruções Normativas número 41 e 42 da AGE de 2017).
Artigo 236 – Para os demais casos, relacionados nos incisos Dois a Cinco do artigo 231 desta Resolução,
integrarão os processos de Tomada de Contas os seguintes documentos da Instrução Normativa número
22 da AGE de 2013, que deverão ser numerados e juntados tempestivamente aos autos do processo
administrativo;
Inciso Um – Termo de Instauração de Tomada de Contas preenchido (Anexo Um da IN AGE número 22
de 2013);
Inciso Dois – Ofício do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e respectivo voto do Conselheiro Relator,
quando a Tomada de Contas tenha sido por ele determinada para instauração no âmbito deste órgão;
Inciso Três – cópias das notificações de cobranças, comunicações, requerimentos, acompanhados de
aviso de recebimento ou de qualquer outra forma que assegure a ciência ao notificado da ausência das
prestações de contas, bem como os originais de suas manifestações, defesa ou dos documentos que
comprovem a reparação do dano ao Erário, quando houver, além de comprovantes de despesas,
quando for o caso;
Inciso Quatro – cópia do Registro de Ocorrência na delegacia, quando for o caso;
Inciso Cinco – cópias dos relatórios conclusivos de comissão de inquérito ou sindicância, de laudos
periciais, bem como de relatório final do inquérito policial militar, e de decisões em processos
administrativos e ações judiciais, se houver;
Inciso Seis – identificação do(s) responsável(is) (Anexo Dois da IN AGE número 22 de 2013);
Inciso Sete – quantificação do dano atualizado monetariamente (Anexo Três da IN AGE número 22 de
2013);
Inciso Oito – cópia do documento de lançamento referente à inscrição do(s) responsável(eis) na conta
“Créditos por Danos ao Patrimônio”;
Inciso Nove – pronunciamento do Ordenador de Despesas, no qual atestará haver tomado
conhecimento dos fatos apurados e indicará as medidas adotadas para o saneamento das deficiências e
irregularidades (Anexo Quatro da IN AGE número 22 de 2013);
Inciso Dez – relatório do Tomador de Contas (Anexo Cinco da IN AGE número 22 de 2013), elaborado
pela Controladoria Interna da SEPM/PMERJ, que conterá manifestação acerca dos seguintes quesitos;
a) apuração dos fatos, indicando sua descrição cronológica, especificando o motivo determinante da
instauração, origem e data da ocorrência ou do conhecimento do fato, com a indicação das normas e
regulamentos eventualmente infringidos;
b) identificação do responsável, individual ou solidariamente, pelo ato de gestão inquinado de vício, com
elementos que permitam ajuizamento acerca da responsabilidade pelo dano ao Erário;
c) quantificação do dano atualizado, por responsável identificado, e das parcelas já recolhidas, se for o
caso;
d) descrição dos procedimentos que foram tomados visando ao ressarcimento do dano;
e) descrição dos procedimentos que foram adotados para impedir ou diminuir a ocorrência de fatos
semelhantes.
Artigo 237 – O processo de Tomada de Contas por desvio de bens será constituído, além daqueles
indicados no artigo 238, dos seguintes elementos;
Inciso Um – cópia da Nota Patrimonial (NP) referente à baixa do bem;
Inciso Dois – cópia da Nota Fiscal de aquisição do bem ou respectiva Ficha Individual de Bem Patrimonial
ou Ficha de Movimentação de Material, a qual conterá, obrigatoriamente, a descrição do bem, número
de inventariação, data e valor da aquisição e sua localização;
Inciso Três – Termo de Baixa Definitiva do Bem.
Artigo 238 – A DPat procederá a baixa definitiva do bem quando constatado desvio, no processo de
baixa devendo constar todos os documentos decorrentes do procedimento instaurado bem como o
respectivo número e data da instauração.
Artigo 239 – Os processos de Tomada de Contas instaurados por omissão quanto ao dever de prestar
contas, à falta de comprovação ou aplicação irregular dos recursos repassados mediante convênio,
deverão ser instruídos, com os seguintes documentos, além dos enumerados no artigo 238;
Inciso Um – comprovação de retenção, pela concedente, das parcelas vincendas, quando for o caso;
Inciso Dois – cópia do documento de lançamento referente à inscrição da inadimplência ou à
impugnação de todo ou parte da execução de convênio.
Seção Quatro - Do Prazo
Artigo 240 – No prazo de 60 dias da instauração da Tomada de Contas, a Controladoria Interna
devolverá os autos para o Estado Maior Geral (EMG).
CAPÍTULO Sete Do Controle Contábil
Artigo 241 – O controle contábil exercido sobre a gestão dos bens móveis e da gestão dos bens em
estoque nos Almoxarifados, através dos documentos que demonstram as entradas e saídas dos bens e
materiais é constituído dos seguintes elementos;
Inciso Um – Registro analítico do Demonstrativo Mensal da Movimentação dos Bens Móveis (Anexo Um
da IN AGE número 41) e Demonstrativo Mensal da Movimentação dos Bens em Almoxarifado (Anexo
Três da IN AGE número 42);
Inciso Dois – Termos e relatórios de inspeções realizadas;
Inciso Três – Inventariações;
Inciso Quatro – Prestação de Contas e;
Inciso Cinco – Tomadas de Contas.
Artigo 242 – No último dia de cada mês será levantado pelos Agentes de Bens Móveis de Unidade
Administrativa/Almoxarifes o Demonstrativo Mensal da Movimentação dos Bens.
Artigo 243 – O Demonstrativo Mensal da Movimentação dos Bens Móveis Anexo Um da IN AGE número
41, será elaborado e deverá ser arquivado 01 via no Almoxarifado, e 01 via será remetida à DPat até o
Quinto dia útil do mês subsequente através de processo SEI no qual deverá constar relacionados os
processos que originaram as movimentações mencionadas, quando houver, incorporação ou
desfazimento de bens.
Artigo 244 – O Demonstrativo Mensal da Movimentação dos Bens em Almoxarifado - Anexo Três da IN
AGE número 42, será elaborado e deverá ser arquivado 01 via no Almoxarifado, e 01 via será remetida à
DAbst até o Quinto dia útil do mês subsequente através de processo SEI no qual deverá constar
anexadas as respectivas cópias das Notas Fiscais (no caso de compra realizada pela Unidade
Administrativa).
Artigo 245 – A DPat, de posse dos Demonstrativos Mensais da Movimentação dos Bens Móveis (Anexo
Um da IN AGE número 41), fará as verificações que julgar pertinentes para constatar a existência física
dos materiais, bem como a exatidão dos valores para os respectivos registros contábeis e efetivar os
lançamentos gerando as Notas Patrimoniais.
Artigo 246 – A consequente baixa contábil decorrente do processo de desfazimento será realizada pela
DPat até o último dia do encerramento do exercício financeiro.
Seção Um - Da Contabilidade e Controle de Material nas UAs
Artigo 247 – A contabilidade de material processa-se, de modo geral, na Fiscalização Administrativa e no
Almoxarifado (ou depósito equivalente), e de modo particular em todas as frações ou dependências da
Unidade Administrativa, ficando a cargo do Fiscal Administrativo, do Almoxarife e dos demais agentes
executores diretos e indiretos.
Artigo 248 – A escrituração do material em Almoxarifado processar-se-á através da Planilha de Controle
de Almoxarifado (Anexo Doze desta Resolução) e preenchimento dos Anexos Dois e Três da IN AGE
número 42 sob a responsabilidade do Agente de Bens Móveis de Unidade Administrativa com
supervisão do Fiscal Administrativo, esse controle destina-se à escrituração analítica e ao controle de
todo o material permanente da UA, em estoque.
Artigo 249 – O material permanente será escriturado nos documentos de gestão dos bens móveis; Mapa
Carga (Anexo Quatorze desta Resolução), e preenchimento dos Anexos Um, Quatro e Nove da IN AGE
número 41, sob a responsabilidade do Agente de Bens Móveis de Unidade Administrativa com
supervisão do Fiscal Administrativo, esse controle destina-se à escrituração analítica e ao controle de
todo o material permanente da Unidade Administrativa (UA), em uso.
Artigo 250 – Utilizar-se-á Ficha Individual de Material Permanente (Anexo Oito desta Resolução) que é o
documento de controle com todos dados do bem.
Artigo 251 – As Fichas serão numeradas de forma sucessiva dentro do ano civil, seguido do número de
inventário e mantidas no fichário nessa ordem (exemplo 01/2020/ Número DE INVENTÁRIO).
Artigo 252 – Qualquer publicação em Boletim, relativa à movimentação de carga, fará referência ao
número da Ficha correspondente ao bem existente.
Artigo 253 – As Fichas serão abertas e encerradas pelo Agente de Bens Móveis de Unidade
Administrativa e deverão ser inspecionadas e assinadas pelo Fiscal Administrativo e pelo Titular
Responsável de Unidade Administrativa. As datas de abertura e de encerramento serão,
respectivamente, os referentes à Primeira inclusão do material na carga da Unidade e a última alteração
consignada no verso da Ficha.
Artigo 254 – Todo bem móvel que der entrada na Unidade, e for disponibilizado imediatamente para
uso, deverá ser registrado no Livro Fichário de Material Permanente em uso, sob a responsabilidade do
Agente de Bens Móveis de Unidade Administrativa, este livro destina-se à escrituração analítica e ao
controle do material permanente em uso, em qualquer dependência ou fração interna da UA e deverá
ser revisado pelo Fiscal Administrativo.
Artigo 255 – O Livro Fichário de Material Permanente deverá registrar item a item com o respectivo
número de inventário, descrição analítica, data de entrada e Boletim Interno que publicou a
incorporação.
Artigo 256 – No tocante aos bens do acervo patrimonial pertencentes ao Centro Cultural da Polícia
Militar do Estado do Rio de Janeiro (CCPMERJ) (Museu), estes deverão ser catalogados com número de
inventário, data de entrada (em não podendo ser definida basta haver justificativa), descrição minuciosa
do bem, valor do bem de acordo com o valor de mercado cultural (se necessário for, poderá ser feita
consulta/ pesquisa/convênio com órgãos do Estado tais como IPHAN, INEPAC e FUNARJ) em livro
próprio para esta finalidade.
Artigo 257 – Todo bem permanente ou de consumo que der entrada na Unidade/Subunidade sendo
entregue no Almoxarifado e lá permaneça em estoque deverá ser registrado no Livro Fichário de
Material em Almoxarifado, sob a responsabilidade do Almoxarife, destinando-se à escrituração e ao
controle do material e este deverá ser revisado pelo Fiscal Administrativo. Parágrafo Único - Quanto aos
materiais em estoque no Almoxarifado, o livro deverá registrar a descrição do material, quantidade,
data de entrada e dados do documento de origem (Nota Fiscal, Termo de Doação, Termo de
Transferência, dentre outros).
CAPÍTULO 8
Do Controle dos Bens em Almoxarifado
Seção Um - Dos Conceitos
Artigo 258 – Quanto à sua conceituação, o Material de Consumo é aquele que possui os seguintes
requisitos;
Inciso Um – durabilidade, quando o bem móvel em uso normal perde ou tem reduzidas as suas
condições de funcionamento, no prazo máximo de 02 anos;
Inciso Dois – fragilidade, cuja estrutura esteja sujeita a modificação, por ser; quebradiço ou deformável,
caracterizandose pela irrecuperabilidade e/ou perda de sua identidade;
Inciso Três – perecibilidade, quando sujeito a modificações (químicas ou físicas) ou que se deteriora ou
perde sua característica normal de uso;
Inciso Quatro – incorporabilidade, quando destinado à incorporação a outro bem móvel, não podendo
ser retirado sem prejuízo das características do principal;
Inciso Cinco – transformabilidade, quando adquirido para fim de transformação.
Parágrafo Único – Sua aquisição é feita por meio de despesa de custeio e possui controle após a sua
distribuição aos usuários para fins de gestão de estoque, registrando a sua entrada e saída do
almoxarifado.
Artigo 259 – O Material de Consumo armazenado em depósito na Diretoria de Abastecimento (DAbst) e
nos almoxarifados de todas as Unidades Administrativas da SEPM/PMERJ é considerado como
integrante do patrimônio do órgão.
Artigo 260 – Para os fins dessa norma, considera-se;
Inciso Um – Diretoria de Abastecimento (DAbst) – Unidade Administrativa vinculada à Diretoria Geral de
Apoio Logístico (DGAL), onde é feita a armazenagem e distribuição de todo material classificado como
de consumo e permanente de uso na SEPM/PMERJ, de natureza perecível e não perecível, com ou sem
data de validade;
a) Não se aplica ao item acima aqueles materiais de uso único e exclusivo da área de saúde da
SEPM/PMERJ, cuja atribuição é da Diretoria de Suprimentos de Saúde (DGS)
Inciso Dois – quando o material é entregue diretamente em outra Unidade Administrativa que não à
DAbst, caberá à Unidade beneficiada realizar os registros patrimoniais e encaminhar os documentos e as
devidas informações às Unidades especializadas da SEPM/PMERJ, conforme descrito nesta Resolução no
artigo 80;
Inciso Três – Almoxarifado seção da Unidade Administrativa, na qual é armazenado e distribuído todo o
material de consumo e ou permanente destinado para qualquer Unidade Administrativa, sendo o
Almoxarife responsável por;
a) receber e examinar, juntamente com o fiscal e mais um servidor indicado pelo Titular Responsável da
Unidade Administrativa, o material destinado à Unidade, assinando com os mesmos o respectivo Termo
de Recebimento, Exame e Avaliação de Material;
b) receber, firmando os recibos nos documentos que lhe forem apresentados, o material destinado à
Unidade cuja entrega lhe seja feita pelos órgãos provedores, diretamente, assumindo individualmente
toda a responsabilidade, quer sob o ponto de vista quantitativo, quer sob o aspecto qualitativo;
c) possuir uma relação de todo o material distribuído contendo designação dos locais em que se
encontram, sendo o responsável direto e fixo (Anexo Doze desta Resolução - Planilha de Controle);
d) garantir a existência, bom estado, asseio e conservação do material a seu cargo;
e) gestão e contabilidade do material a seu cargo, mantendo em ordem e em dia a respectiva
escrituração, de acordo com a legislação e modelos em vigor;
f) não entregar artigo algum de sua carga sem pedido formalizado (Anexo XIII desta Resolução) ou
ordem de autoridade competente;
g) levar imediatamente ao conhecimento do Fiscal Administrativo o dano causado em qualquer artigo
que estiver sob sua guarda, prestando os necessários esclarecimentos.
Artigo 261 – Quanto à situação patrimonial, o material de consumo pode ser considerado como;
Inciso Um – bom, quando estiver em plena condição de uso normal;
Inciso Dois – ocioso, quando, embora esteja em perfeitas condições de uso, não estiver sendo
aproveitado;
Inciso Três – obsoleto, quando em razão de sua natureza cair em desuso;
Inciso Quatro – inservível, quando se tornar impróprio para uso em razão da perda de sua validade ou
serventia, podendo ocasionar danos às máquinas, equipamentos, a pessoas, etc.
Seção Dois – Da Solicitação de Material
Artigo 262 – O pedido de materiais destina-se à solicitação de bens de consumo e/ou permanentes à
DAbst, por meio eletrônico, visando suprir as Unidades Administrativas dos itens necessários para o
desenvolvimento de suas atividades funcionais;
Inciso Um – a solicitação de materiais ao almoxarifado das próprias Unidades Administrativas deve ser
realizada por meio eletrônico e no impedimento deste, em casos excepcionais, por meio físico;
Inciso Dois – quaisquer movimentações de entrada e saída de material no Almoxarifado devem ser
realizadas através do modelo de documento conforme Anexo XII desta Resolução.
Artigo 263 – A solicitação de materiais à DAbst deverá ser assinada pelo Titular Responsável da Unidade
Administrativa solicitante e deve obedecer ao princípio da eficiência e da economicidade.
Artigo 264 – Caberá à DAbst, ou por ordem da DGAL, o atendimento integral ou parcial das solicitações
emanadas pelo Titular Responsável das Unidades Administrativas, tendo por critério de análise os
estudos técnicos realizados preliminarmente para a aquisição do material, a disponibilidade do material
em estoque, bem como a realidade situacional da Unidade solicitante, de forma a equilibrar a
distribuição do material junto às demais Unidades da SEPM/PMERJ.
Artigo 265 – Os itens das solicitações de materiais que não forem atendidos por inexistência de estoque,
racionamento ou decisão administrativa devidamente comunicada, deverá constar em estudos técnicos
preliminares para futuras aquisições.
Artigo 266 – É vedada a emissão de solicitação de material por uma Unidade para o fornecimento de
materiais destinados ao uso de outra Unidade.
Seção Três – Da Aquisição
Artigo 267 – Caberá aos órgãos listados no Bol da PM número 085, de 15 de maio de 2020, a
responsabilidade de iniciar os Estudos Técnicos Preliminares (ETP) para a aquisição do material de
consumo, seja o órgão responsável instado pela unidade solicitante através de nota técnica preliminar,
seja através da observação de término de estoque ou de ordem direta da DGAL. Devendo ser
observados os seguintes critérios;
Inciso Um – Consumo médio mensal - média aritmética do consumo nos últimos 12 meses;
Inciso Dois – tempo de aquisição - período decorrido entre a emissão do pedido de compra e o
recebimento efetivo do material no Almoxarifado;
Inciso Três – intervalo de aquisição - período compreendido entre duas aquisições normais e sucessivas;
Inciso Quatro – estoque mínimo e de segurança é a menor quantidade de material a ser mantida como
estoque capaz de atender ao consumo da SEPM/PMERJ por período de demanda normal em resultado
de atraso no recebimento ou excesso eventual de consumo;
Inciso Cinco – estoque máximo - maior quantidade de material admissível em estoque, observadas as
condições de estocagem, durabilidade (prazo de validade), consumo entre os períodos de aquisição e
economicidade;
Inciso Seis – ponto de pedido - nível de estoque que, ao ser atingido, determina novo pedido de
aquisição, visando o imediato ressuprimento;
Inciso Sete – quantidade de aquisição - número de unidades de material a adquirir para recompor o
estoque suficiente para atendimento das demandas regulares da SEPM/PMERJ.
Artigo 268 – Concluído o ETP, este será enviado pela Unidade responsável à DGAL para avaliação. Sendo
aprovado, o ETP será encaminhado para a Diretoria de Licitação e Projetos (DLP), que procederá à
pesquisa de preços e iniciará processo licitatório em conformidade com a disponibilidade financeira e
com a Lei número 8.666 de 1993, e suas alterações posteriores, que regem a matéria.
Seção Quatro – Do Recebimento e da Aceitação
Artigo 269 – Todo material será entregue ao depósito da DAbst, salvo aquele que por sua característica
condicional, física ou técnica necessite ser entregue em local diverso, situação que deverá ser
antecipada e devidamente justificada pelo requisitante ou pelo fornecedor, conforme o caso, sujeito à
autorização da DAbst.
Parágrafo Único – Quando o material for entregue diretamente nas Unidades Administrativas (UAs) ou
Subunidades, esta entrega deverá ocorrer em seus setores de almoxarifado.
Artigo 270 – O recebimento é o ato pelo qual o material de consumo ou permanente é entregue à
DAbst, ou local previamente estabelecido, conforme a sua procedência, seja por aquisição, doação,
permuta ou cessão, para a composição de estoques, no almoxarifado, não implicando necessariamente
em aceitação, procedimento esse que apenas transfere a responsabilidade pela guarda e conservação
do material do fornecedor para a SEPM/DAbst até a sua aceitação definitiva.
Artigo 271 – A prova de recebimento na DAbst é constituída pela assinatura do responsável pelo
depósito da Divisão de Material de Consumo no documento fiscal de entrega e serve apenas para
comprovação da data de efetiva entrega do material.
Artigo 272 – A aceitação é o ato segundo o qual se declara, na documentação fiscal ou afim, que o
material recebido satisfaz as especificações e condições contratadas. Nesse ato, deve a Comissão (gestor
ou fiscais) constituída para essa finalidade, afirmar haver;
Inciso Um – recebido o material em perfeito estado;
Inciso Dois – ter submetido o mesmo à devida análise técnica, se for o caso;
Inciso Três – conferido e atestado a quantidade e a qualidade do material em consonância com as
especificações estabelecidas no Edital, Pedido de Compra, Proposta Detalhe, Contrato de aquisição ou
outros instrumentos pactuados;
Inciso Quatro – identificado e classificado, segundo as normas contábeis.
Artigo 273 – Ao dar entrada no Almoxarifado/Depósito DAbst, o material deverá estar acompanhado;
Inciso Um – no caso de compra, de Nota Fiscal ou Nota Fiscal/Fatura correspondente;
Inciso Dois – no caso de cessão, convênio, comodato ou permuta, pelo Termo de Doação, Cessão,
Permuta ou ainda, de outro documento que oriente o registro do bem no controle de material;
Inciso Três – no caso de permuta, deverá ser observada a equivalência de valores entre os materiais;
Inciso Quatro – no caso de material distribuído pela DAbst para o Almoxarifado das demais Unidades
Administrativas, o material deve ser acompanhado pelo documento listado no Anexo Um desta
Resolução e deverá ser entregue diretamente no Almoxarifado devendo o mesmo fazer seu registro
imediato da entrada na Unidade através da Planilha de Controle (Anexo Doze desta Resolução).
Artigo 274 – Quando o material não corresponder com exatidão ao que foi pedido, ou ainda, apresentar
faltas ou defeitos, será feita a comunicação e o gestor do contrato providenciará junto ao fornecedor a
regularização da entrega para efeito de aceitação.
Artigo 275 – Os prazos estabelecidos para regularização dos materiais de consumo ou permanentes
devem ser fiscalizados pelo Fiscal Administrativo.
Artigo 276 – O não atendimento pelo fornecedor ao chamado para reposição ou correção dos materiais
entregues, assim como a desobediência aos prazos, serão comunicados à Diretoria Geral de
Administração e Logística para as devidas medidas punitivas, previstas nas normas vigentes.
Artigo 277 – Os materiais de consumo adquiridos em grandes quantidades, de tal forma que se torne
inviável sua conferência unitária, poderão ser conferidos pelos sistemas de amostragem aleatória, a
critério do Titular Responsável de Unidade Administrativa, que estabelecerá a metodologia a ser seguida
pelo Fiscal Administrativo e pelo Almoxarife.
Artigo 278 – O responsável pelo recebimento do material no almoxarifado poderá solicitar apoio de
qualquer área técnica da SEPM/PMERJ, para auxiliar e orientar no recebimento de material de consumo
ou permanente com características especiais, com vistas a consolidar o aceite do bem.
Artigo 279 – Após a verificação da qualidade e quantidade dos materiais recebidos, estando os mesmos
de acordo com as especificações exigidas, os fiscais, em caso de contrato firmado pela SEPM/PMERJ, ou
os servidores designados pelo Titular Responsável da Unidade Administrativa, deverão apor carimbo no
verso do documento fiscal apresentado pelo fornecedor, com a sua assinatura e identificação,
procedendo ao devido atesto em consonância com o Parágrafo Terceiro, do Artigo 90 da Lei Estadual
número 287, de 04 de dezembro de 1979.
Artigo 280 – Não sendo possível ou oportuno o atesto dos fiscais do contrato no momento da entrega
do material, será confeccionado o recebimento provisório do objeto para posterior atesto definitivo por
parte dos fiscais.
Artigo 281 – Deve o Chefe da Divisão de Material da DAbst correspondente, ou o Almoxarife, cientificar
o gestor e os fiscais do contrato quanto ao recebimento de objeto contratado em depósito, devendo
atentar, ainda, quanto ao prazo estipulado em contrato para o aceite definitivo.
Artigo 282 – Para fins de responsabilidade, não será exigido do servidor por receber provisoriamente o
material em depósito a observação de especificações profundamente técnicas ou não visíveis
superficialmente no objeto. Contudo, a quantidade do material recebido deverá estar em conformidade
com a Nota Fiscal apresentada.
Seção Cinco – Do Controle do Material
Artigo 283 – Antes da distribuição dos materiais recebidos, mediante qualquer processo de aquisição,
incluídos aqui também os bens adquiridos através de transferência/ adiantamento financeiro, devem ser
os mesmos avaliados e classificados quanto à sua natureza como material de consumo ou permanente,
situação em que serão registrados no Almoxarifado da Unidade Administrativa, ou como ativo
permanente, situação em que deverão ser devidamente tombados e incorporados ao patrimônio da
Unidade Administrativa, observadas as regras estabelecidas para administração dos bens patrimoniais
descritas nesta Resolução.
Parágrafo Único – As Notas Fiscais ou Faturas só serão pagas se observadas a segunda fase da despesa
pública, ou seja, se forem devidamente atestadas pelos fiscais do contrato ou pelos servidores indicados
pelo Titular Responsável da Unidade Administrativa.
Artigo 284 – Compete ao responsável pelo Almoxarifado controlar o material de consumo lançando na
Planilha de Controle (Anexo Doze desta Resolução) de acordo com as especificações contidas no
processo de aquisição, fazendo constar no campo “Observações”; dados da Nota de Empenho, da Nota
Fiscal, Valor Unitário do Bem, do Termo de Doação, Cessão, Guia de Produção Interna, Termo de
Permuta, dentre outros.
Parágrafo Único – No ato de lançamento do bem de consumo deverão ser criteriosamente observadas
às definições já existentes correspondentes ao mesmo tipo de material, bem como a descrição dos
documentos, de modo a identificá-lo adequadamente, não deixando margem para dúbias
interpretações ou duplo cadastro.
Seção Seis – Da Guarda e da Armazenagem
Artigo 285 – Compete aos Chefes das Divisões de Material de Consumo, de Material Permanente e de
Material de Subsistência, na DAbst, e ao Almoxarife, na Unidade Administrativa (UA), a responsabilidade
pela guarda, armazenagem, conservação e distribuição dos materiais de consumo ou permanentes
existentes no Almoxarifado.
Artigo 286 – A armazenagem dos materiais compreende - a guarda, a localização, a segurança e a
preservação do material estocado nas dependências do depósito do Almoxarifado.
Artigo 287 – Na armazenagem devem ser adotados os seguintes cuidados;
Inciso Um – os materiais devem ser resguardados contra o furto ou roubo, protegidos contra a ação dos
perigos mecânicos e das ameaças climáticas, bem como de animais e insetos;
Inciso Dois – os materiais devem ser estocados de modo a possibilitar fácil acesso à sua localização,
tanto para fins de distribuição e guarda, como para fins de inventário, com identificação das prateleiras
que possibilitem o seu imediato confronto com o endereçamento dos itens;
Inciso Três – os materiais que possuem grande movimentação física devem ser estocados em lugar
próximo das áreas de expedição;
Inciso Quatro – os materiais perecíveis jamais devem ser estocados em contato direto com o piso;
Inciso Cinco – a arrumação dos materiais não deve prejudicar o acesso às áreas de emergência, aos
extintores de incêndio ou à circulação de pessoas;
Inciso Seis – os materiais de mesma classe devem ser concentrados em locais adjacentes, a fim de
facilitar a sua movimentação e contagem quando da realização de inventários;
Inciso Sete – os materiais pesados e/ou volumosos devem ser estocados nas partes inferiores das
estantes e estrados, procurando sempre que possível eliminar os riscos de acidentes ou avarias e
facilitar a sua movimentação;
Inciso Oito – os materiais devem ser conservados nas embalagens originais e somente abertos quando
houver necessidade de fornecimento parcelado ou por ocasião da utilização;
Inciso Nove – a arrumação dos materiais deve ser feita de modo a manter voltada para o lado de acesso
ao local de armazenagem a face da embalagem ou etiqueta, contendo as informações que identifiquem
rapidamente o conteúdo do volume;
Inciso Dez – quando o material for identificado por códigos de barras ou outro de qualquer natureza,
que possa tornar a identificação do bem demorada, deverá ser colocada etiqueta identificadora na
estante ou prateleira para facilitar a sua pronta identificação;
Inciso Onze – quando o material estocado tiver que ser empilhado, deve-se atentar para a segurança e
altura das pilhas, de modo a não afetar a sua qualidade pelo efeito da pressão decorrente, o
arejamento, obedecendo sempre as recomendações do fabricante.
Seção Sete – Da Distribuição
Artigo 288 – A distribuição é o processo pelo qual se faz chegar ao Usuário requisitante o material
solicitado.
Artigo 289 – O Almoxarifado nas Unidades Administrativas, ou servidor designado pelo Titular
Responsável da Unidade Administrativa no caso das Unidades que não dispõem de um Almoxarife,
fornecerá o material de consumo ou permanente ao Usuário somente com o devido preenchimento da
Solicitação de Material (Anexo Oito desta Resolução), sendo a rotina de distribuição dentro da Unidade
Administrativa, um conjunto de normas gerais que além destas poderão somar a ações específicas da
própria Unidade que deverão ser estabelecidas pelo Titular Responsável da Unidade Administrativa.
Artigo 290 – Os Depósitos da DAbst fornecerão o material de consumo ou permanente somente através
da apresentação de cópia do documento autorizativo realizado através de processo SEI, ou cópia da
publicação de distribuição do material em Bol PM Ostensivo com o devido preenchimento do
documento do Anexo I desta Resolução, vedada qualquer outra forma de distribuição.
Artigo 291 – O Diretor de Abastecimento poderá determinar o fornecimento de material de consumo
e/ou per manente pelo respectivo depósito, em caráter excepcional e/ou emergencial.
Parágrafo Único – Será fornecido ao solicitante do material cópia do documento do Anexo I desta
Resolução e número do processo SEI para seu acompanhamento e controle.
Artigo 292 – As Unidades deverão planejar seu consumo de material de forma a não haver sobras que
comprometam a integridade do mesmo pelo armazenamento inadequado, bem como de forma a que se
evite a sua perda por obsolescência ou vencimento de validade.
Artigo 293 - Qualquer devolução de material de consumo ou permanente ao Depósito da DAbst deverá
ser acompanhada, obrigatoriamente, de processo SEI exarado pelo Titular Responsável da Unidade
Administrativa para a DAbst, com cópia para a Diretoria de Patrimônio.
Parágrafo Único – O Chefe da Divisão do Depósito correspondente, após a vistoria do material devolvido
e da comprovação de sua integridade, promoverá o seu retorno ao acervo onde ficará disponível para o
atendimento de nova distribuição.
Artigo 294 – Os materiais de consumo ou permanente adquiridos para uso específico de uma Unidade e
recebidos pelo Almoxarifado deverão ser requisitados para o seu uso integral.
Artigo 295 – Considera-se como carga, a efetiva responsabilidade do Usuário pela guarda e uso
adequado do material colocado à sua disposição.
Artigo 296 – Todo e qualquer material de consumo ou permanente será considerado em carga do
Depósito (DAbst), Almoxarifado da UA ou Subunidade, e sob a responsabilidade destes, quando do seu
registro, após o cumprimento das formalidades de recebimento e aceitação.
Artigo 297 – O Diretor da Diretoria de Abastecimento, eventualmente a pedido da Diretoria Geral de
Administração e Finanças, da Diretoria Geral de Apoio Logístico, bem como dos órgãos externos da
Administração Pública Estadual (AGE e TCE), e obrigatoriamente ao final de cada exercício financeiro e
de nova nomeação de Diretor da DAbst, coordenará Comissão formalmente designada para
levantamento físico/contábil dos materiais em estoque, elaborando a correspondente prestação de
contas de bens em almoxarifado, de acordo com a legislação vigente.
Seção Oito – Do Inventário do Almoxarifado
Artigo 298 – O Inventário Físico é o instrumento de controle para a verificação dos saldos de estoque no
Almoxarifado, que permite, dentre outros, confirmar a atribuição da carga e localização dos materiais,
atualizar os registros, apurar ocorrência de dano, extravio ou qualquer outra irregularidade, ajustar
saldos escriturais e movimentações de estoque ao saldo real, e avaliar o desempenho do responsável
pelo almoxarifado, podendo ser;
Inciso Um – anual; destinado a comprovar a quantidade e o valor dos materiais de consumo existentes
no Almoxarifado da SEPM/PMERJ em 31 de dezembro de cada exercício financeiro, indicando as
variações de entrada e saída ocorridas durante o período;
Inciso Dois – de transferência de responsabilidade; realizado quando da mudança do responsável pelo
Almoxarifado;
Inciso Três – eventual; realizado em qualquer época e a qualquer tempo por iniciativa do responsável
pelo Almoxarifado, da Diretoria Geral de Administração e Finanças, da Diretoria Geral de Apoio
Logístico, da Diretoria de Patrimônio ou por solicitação de órgão fiscalizador competente.
Artigo 299 – Mensalmente, o Diretor da DAbst, responsável pelo Almoxarifado da SEPM/PMERJ,
consolidará os dados preenchidos no Anexo Doze desta Resolução por todas as Unidades
Administrativas da corporação e manterá em arquivo à disposição dos órgãos de controle interno e
externo.
Artigo 300 – Nenhum material deve ser liberado aos usuários antes de cumpridas as formalidades de
recebimento, aceitação e registro no competente instrumento de controle pelo Almoxarifado, bem
como do devido preenchimento do documento do Anexo Um desta Resolução.
Artigo 301 – Mensalmente, as UAs deverão através de processo SEI encaminhar à DAbst, o Anexo Dois
da IN AGE número 42 a fim de que se faça a provisão e controle dos materiais em Almoxarifado,
devendo manter cópia em arquivo.
CAPÍTULO 9
Das Disposições Finais
Artigo 302 – Qualquer prazo estabelecido para a realização de um ato ou fato administrativo comum
não deverá exceder de 08 dias, salvo em casos especiais ou mediante solicitação fundamentada.
Artigo 303 – Todo bem móvel distribuído às Unidades Administrativas (UAs) e Subunidades deverá ser
público em Bol PM no qual constará obrigatoriamente todos os dados de origem com valor constante no
documento, não cabendo apor quantia simbólica. Não havendo documento que indique o valor do bem
deverá ocorrer nomeação de Comissão de Vistoria para avaliação do mesmo.
Artigo 304 – No tocante à escrituração tanto na entrada quanto na saída dos bens, estas serão efetuadas
na planilha Mapa Carga imediatamente após a realização do evento que as originou.
Artigo 305 – Cada Unidade da SEPM/PMERJ deve manter seu Mapa Carga atualizado com o número de
inventário novo correspondente.
Artigo 306 – Deverá constar no Mapa Carga o valor depreciado dos bens a cada final de exercício, para
tanto, na planilha do referido Mapa haverá necessidade de inserção de coluna específica nominada pelo
número do ano.
Artigo 307 – Cada Almoxarife deverá manter em sua Unidade, Livro de Controle de Material Duradouro
de Bens em Almoxarifado (exemplos; pendrives, talheres, grampeadores, etc) no qual serão apostas as
seguintes informações, contendo data do pedido e data da saída;
a) Descrição do bem;
b) Quantidade atendida;
c) Valor unitário.
Artigo 308 – Os processos de incorporação e desfazimento só serão considerados encerrados após cada
Unidade responsável por sua homologação proceder à publicação em Bol PM. Após isso, tais processos
devem retornar à DPat para registro e arquivamento.
Artigo 309 – Acerca dos bens permanentes que forem incorporados ao patrimônio da SEPM/PMERJ, as
Unidade que os receberem deverão emitir Relatórios de Acompanhamento seguindo o Modelo do
Anexo VII desta Resolução e remetê-los à DPat sempre que requeridos no prazo de 90 dias, podendo ser
prorrogado mediante solicitação por mais 30 dias desde que devidamente justificado.
Artigo 310 – Por conta de norma específica do Exército, o Sistema de Bens Móveis (SBM) não poderá ser
preenchido no tocante a material bélico, sendo o controle analítico descritivo deste efetuado pela
Reserva Única de Material Bélico (RUMB) e esta, por sua vez, prestará as informações à PM4, este setor,
então, consolidará os dados e só enviará documento à DPat, via processo SEI, com os valores contábeis.
Artigo 311 – Para efeito de classificação contábil de material serão obedecidos os procedimentos
estabelecidos pela Contadoria Geral do Estado – CGE/RJ.
Artigo 312 – Para fiel e uniforme aplicação das presentes normas, a DPat, atenderá a consultas, expedirá
recomendações, e atualizará, sempre que julgar conveniente, formulários e anexos que as integram.
ANEXOS da IN AGE 41 (Modelos pelo link)
ANEXO Um – B Moveis_Demonstr_da_Movimentação
ANEXO Dois – B Moveis_Controle_Mensal_Gestor
ANEXO Três – B Moveis_Cadastro_dos_Responsaveis
ANEXO Quatro - B Moveis_Inventario
ANEXO Cinco – B Moveis_Termo_de_Transf_de_Responsabilidade
ANEXO Seis – B Moveis_Nada_Consta
ANEXO Sete – B Moveis_Transf_Respons_Consolidado
ANEXO Oito – B Moveis_Declaração_Titular_Unidade
ANEXO Nove – B Moveis_Termo_de_Baixa_Definitiva
ANEXOS da IN AGE 42 (Modelos pelo link);
ANEXO Um - Almoxarifado_Cadastro_dos_Responsaveis
ANEXO Dois - Almoxarifado_Arrolamento
ANEXO Três - Almoxarifado_Demonstr_da_Movimentação
ANEXO Quatro - Almoxarifado_Termo_de_Transf_de_Responsabilidade
ANEXO Cinco - Almoxarifado_Termo_de_Entrega_de_Bens_e_Valores
ANEXOS DA RESOLUÇÃO;
ANEXO Um – Modelo de Termo de Distribuição e Entrega de Bens;
ANEXO Dois – Modelo de Termo de Movimentação de Bem Móvel;
ANEXO Três – Modelo de Termo de Responsabilidade de Guarda de Bens;
ANEXO Quatro – Modelo de Termo de Responsabilidade Bens Patrimoniais em Posse de
Terceiros/Servidores;
ANEXO Cinco – Modelo de Termo de Devolução de Bem Móvel em Posse de Terceiros;
ANEXO Seis – Modelo de Termo de Responsabilidade - Bens de Terceiros em Uso na Unidade;
ANEXO Sete – Modelo de Relatório de Acompanhamento de Bens Permanentes;
ANEXO Oito – Modelo de Ficha Individual de Material Permanente;
ANEXO Nove – Modelo de Ficha de Recebimento de Material;
ANEXO Dez - Modelo de Termo de Transferência de Bem Móvel;
ANEXO Onze - Modelo de Termo de Doação de Bem Móvel;
ANEXO Doze – Planilha Controle de Estoque de Almoxarifado;
ANEXO Treze – Modelo de Solicitação de Material;
ANEXO Quatorze – Modelo de Planilha Mapa Carga – Controle Patrimonial Bens Permanentes;
ANEXO Quinze – Modelo de Termo Nada Consta – Transferência de Responsabilidade na UA;
ANEXO Dezesseis – Modelo de Pronunciamento do Gestor – Prestação de Contas;
ANEXO Dezessete – Modelo de Termo de Inutilização.
ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAL- P/1 A Seção de Pessoal
P/1 é responsável pelo controle de efetivo, escalas, controle de férias e licença das praças, bem como
todos os assuntos pertinentes.
Os principais documentos utilizados pela Seção de Pessoal P/1, são os abaixo relacionados;
Livro de índice nominal
Livro Leme
Livro de controle de escala
Alarde CABOS e SOLDADOS
Mapas operacionais
Quadro
Plano de chamada
Plano de Avaliação de condicionamento físico TAM/TAF
Relação do Pessoal em diversos destinos
Calendário de férias e Licença Especial
Livro de controle de Apresentação
Tabelas e gráficos
Elaborados nas subunidades
Quadro fotográfico
Escalas de serviço
Pernoites
Livro Índice Nominal – De uso permanente destinado a relacionar o pessoal pertencente ou que
pertenceu a OPM, bem como sua classificação, conforme exemplo abaixo;
Nome – João Pedro,
Grau hierárquico - SD,
RG – 100.00,
Apresentação – 03/01/2019,
Procedência – CFAP,
Classificação – Primeira Companhia,
Desligado – 08 de janeiro de 2019,
Destino – APM.
Livro Leme – De uso permanente para controle da distribuição funcional dos PMs. O posto será
transcrito a lápis, para os Oficiais, SUBTEN e SGT serão identificados com o nome de Escala e os CABOS e
SOLDADOS com RG. (Pouco utilizado atualmente, porém importante).
Livro de controle de escalas – Do uso permanente, destina-se a transcrição das escalas de serviços
elaboradas pelas companhias.
 Alarde – consta nas alterações do policial.
Exemplo; Mês de maio, o SD PM João RG 20.000; Baixou extraordinariamente ao HCPM, no dia 10.
Atividade fim – Policiamento;
Atividade meio – Atividade interna na OPM.
Plano de chamada – Durante o expediente responsabilidade da P/1;
Depois do expediente – Responsabilidade do oficial de Dia;
Os meios utilizados;
Rádio,
telefone,
mensageiro.
OPM acionadora – A que pertence o policial.
Acionada – É aquela área que cobre o endereço do policial.
As faltas ao serviço serão lançadas a letra F, para dispensa a letra D.
Bol da PM número 48 de 23 de abril de 1981.
A ficha do TAF será arquivada juntamente com as que constituem o alarde do PM.
Se a OPM tiver gabinete dentário as fichas do TAM ficarão arquivadas.
Relações de Pessoal
A seção de pessoal deverá organizar relações dos integrantes da OPM referentes aos afastamentos
temporários.
1- Baixados ao HCPM;
2- A disposição da justiça civil ou criminal;
3- Fazendo cursos;
4- Situação de férias para oficiais e são confeccionados pela secretaria;
5- Para as praças e confeccionada pela P/1.
Livro de apresentação
De uso permanente, para controle dos PPMM que deverão depor na Justiça, IPM, Sindicância.
Escalas de Serviço – As escalas de serviço serão confeccionadas nas companhias com letras de forma e a
tinta azul ou preta, observando-se as definições contidas na DGO (Bol Res da PM número74 de 05 de
nov 82). A alteração será anotada a tinta vermelha. As companhias, dos órgãos de execução remeterão a
Primeira seção diariamente, e no dia anterior.
Controle de Férias – As férias poderão ter início de janeiro a 31 de março do ano seguinte.
O calendário de férias será elaborado anualmente, até 15 de outubro e publicado em boletim interno,
devendo ser encaminhado a DGP.
Você sabia que as férias têm duração de 30 dias?
O Policial Militar que por necessidade do serviço deixar de entrar de férias no mês publicado, será
incluído em outro mês devendo essa alteração ser publicada.
Licença Especial – O número de policiais militares em gozo de Licença especial, em cada OPM, não
poderá ultrapassar a 5 porcento do efetivo pronto, computados separadamente em grupos de;
Oficiais
Subtenentes e Sargentos
Cabos e Soldados
A Licença Especial poderá ser gozada do seguinte modo;
Integral – 6 meses
Parcelada – em dois períodos de 3 meses ou três períodos de 2 meses.
Tipos de Licença
LE – licença Especial
LTIP – Licença para Tratamento Interesse particular.
LTS – Licença para Tratamento de saúde.
LTSF – Licença para tratamento da saúde de pessoa da família.
SECRETARIA – é o local onde tramitam os documentos que entram e saem da unidade. A escrituração
dos livros exigidos é regida pela Nota de Instrução (NI) número 02 de 1982 – EM – PM/1. (Bol PM
número 44 de 06 março de 1996).
O controle dos documentos será feito através dos seguintes documentos;
Protocolo;
Boletim Interno;
Arquivo;
Sistema Eletrônico de Informação (SEI).
O Sistema Eletrônico de Informações (SEI) foi desenvolvido pelo Tribunal Regional Federal da Quarta
Região (TRF-4) e é regulamentado pela Resolução SEFAZ Número 222 de 16 de fevereiro de 2018, sendo
adotado pelo Governo do Rio de Janeiro como sistema oficial para tramitação de documentos por meio
eletrônico, substituindo a tramitação de documentos em forma física entre os órgãos do Estado e
utilizado pela PMERJ desde 01 de novembro de 2018, conforme orientação do Boletim PMERJ número
106 de 21 de agosto de 2018. Dentre os processos/documentos utilizados pelo sistema estão;
A- CI Eletrônica;
B- Ofício Eletrônico;
C- Nomeação e exoneração de cargo em comissão;
D- Nomeação e exoneração de cargo efetivo;
E- Passagens e diárias;
F- Normativos infra legais;
G- Cessão de imóveis;
H- Gerir combustíveis;
I- Licença prêmio;
J- Auxílio funeral.
Os documentos físicos utilizados serão arquivados segundo a norma da ABNT NBR 9578 de 1986,
visando à utilidade que poderão oferecer futuramente.
Por órgão;
Por tipo de documento dentro do órgão de origem;
Por ordem sequencial de numeração ou cronológica (datas);
Por assunto.
Encaminhamento de expediente
Você sabia que em todos os níveis de Encaminhamento de expediente serão obedecidos os prazos de;
24 horas para simples encaminhamento;
2 dias para a remessa para outra unidade;
E que são 8 dias para informação e 30 dias para emissão de parecer e prorrogação para decisões?
Boletim PM
Os boletins das OPM Interno e Reservado são elaborados e impressos pela Ajudância Geral da PMERJ.
Boletim interno das OPM
Os boletins das OPM Interno e Reservado serão impressos pela P/1 e pela P/2 setor de assuntos
sigilosos.
O Boletim Interno divide – se em 5 partes;
Primeira – Serviço Diário
Segunda – Operação e Instrução
Terceira – Assuntos Gerais e Administrativos
Quarta – Justiça e Disciplina
Quinta – Comunicação social (destinado fatos e cultura da PMERJ participação de aniversariantes do
mês).
Alarde
É o registro de todas as alterações do policial militar, a partir de sua incorporação nos quadros da
corporação.
O alarde é constituído de três partes;
Ficha de identidade;
Folhas de alterações;
Ficha Disciplinar.
Ficha de Identidade – destina-se a identificação do policial militar contendo todos os seus dados
pessoais.
Preenchimento a caneta – unidade, nome, RG, data de praça, CPF, filiação, data de nascimento,
naturalidade, cútis, olhos, altura, religião, PASEP, pratica de esporte, nome dos filhos, unidade anterior,
cursos, promoções, medalhas e tipo sanguíneo.
Preenchimento a lápis – companhia, graduação, bigode, grau de instrução, motorista, motociclista,
estado civil, nome da esposa, residência.
Folha de alterações – destina-se ao registro de todas as alterações do Policial Militar, com exceção dos
corretivos. São exemplos de alterações;
Promoções;
Licenças (LE, LTIP, LTSP, LTSPF) e férias;
Afastamento (qualquer tipo);
Movimentações.
Escalas de serviço – O serviço de escala é todo serviço não atribuído permanentemente à mesma pessoa
e não importa em delegação pessoal ou escolha, devendo obedecer às seguintes regras (art 152 do
RIS6);
Para se confeccionar uma escala de serviço podem ser usados dois tipos;
Escala corrida – É a escala que é feita de Segunda feira a domingo.
Escala paralela – É a escala que é feita usando o seguinte critério;
Preta – é realizada de Segunda a sexta.
Vermelha – é realizada aos sábados e domingos e feriados.
Correspondência militar – São ofícios, memorandos requerimento, guia de remessa partes e cópias
autenticadas, correspondências internas, devendo todos os documentos estar de acordo com o manual
de redação de documentos oficiais da PMERJ
São classificadas em;
1- Ultra-secreta;
2- Secreta;
3- Confidencial;
4- Reservada.
Quanto à tramitação;
Normal – prazo é de 8 dias;
Urgente – prazo é de 48 horas;
Urgentíssima – tramitação deverá ser imediata.
BOL PM número 18 de 27 de janeiro de 1983
MATERIAL BÉLICO
Todo material utilizado em campanha ou em missões militares, compreendido os seguintes itens;
Veículo;
Radio;
Armamento;
Munições
Livros da reserva do material bélico
Livro de estoque – nele serão feitos os lançamentos de entrada e saída do estoque existente;
Livro de ocorrências – nele será registrada todas as ocorrências;
Livro das condições meteorológicas – nele serão lançadas diariamente as temperaturas máxima e
mínima e as taxas de umidade lidas no interior do paiol da RMB.
Fichas utilizadas na reserva de armamento;
Ficha de controle das munições;
Ficha individual do armamento;
Ficha de controle do material;
Ficha auxiliar de material permanente numerado.
Ficha de controle de armamento e instrumento.
Ficha de material permanente em uso.
Boletim reservado do material bélico interno
Divide-se em 7 partes;
Inclusão em carga.
Homologação de carga.
Transferência de carga.
Recolhimento de carga
Eliminação de carga
Descarga
Assuntos diversos
1- Inclusão em carga – é todo material distribuído pela DGAL/4 e recebido através do CSM.
2 – Homologação de carga – solicitação feita a DGAL/4 através de oficio e publicada em Bol Res Material
Bélico PM.
3 – Transferência de carga – é feita através de Bol Res Material Bélico PM pela DGAL/4 de uma OPM
para outra.
4- Recolhimento de carga – é o que ocorre com todo material que não atende mais as finalidades a que
se destina, obedecidas às normas técnicas concernente a cada material. O recolhimento de carga é feito,
tomando-se por base inquérito técnico, parecer técnico e descarga.
5- Eliminação de carga – é o que ocorre com todo material bélico, utilizado em instrução, doado,
transferido.
6- Descarga – é o que ocorre com todo material que incide nas condições do item 4, sendo que a
descarga funciona como pré-requisito que fundamenta o recolhimento de carga.
7- Assuntos diversos – é a parte destinada aos assuntos que não se enquadram nos itens anteriores.
Exemplo – entrega de espadins.
Procedimento diário na RUMB
Marcação da temperatura máxima e mínima e umidade relativa do ar.
Relação das armas indisponíveis até o Quinto dia útil do mês subsequente.
Mapa de munições
Inclusão em carga Procedimento – Todo material bélico, imediatamente após o seu recebimento pela
força auxiliar, deverá ser incluído em carga, constituindo a publicação do ato administrativo
correspondente em boletim reservado sob a responsabilidade do Comandante Geral.
Em qualquer caso, não poderá ser utilizado o material bélico ainda não incluído em carga.
Descarga do material
Sempre que houver perda, extravio, roubo, mau estado, acidente ou incidente de tiro, imediatamente
após a conclusão do Inquérito Técnico (IT) ou Inquérito Policial Militar (IPM) e apuração das
responsabilidades, se houver, deverá o material bélico ser descarregado quando for o caso, mediante
publicação do ato administrativo correspondente em bol reservado.
A IGPM será informada sobre a descarga de qualquer material bélico através de oficio reservado com o
número do Bol que publicou a descarga com cópia do Inquérito Técnico (IT) ou Inquérito Policial Militar
(IPM).
Guia de remessa (Mod DAM 07)
Sargento, vamos atentar aos procedimentos quanto da ordem de transferência ou recolhimento do
material bélico;
1 – Cumprir a ordem mais breve possível;
2 – Preencher a respectiva guia de remessa/ recolhimento destacando e dando destino às vias da
seguinte forma;
Primeira via branca- enviar a DGAL/4
Segunda via azul – seguira na parte externa do volume e será devolvida a OPM expedidora, devidamente
assinada.
Terceira via amarela – seguirá no interior do volume e ficará com a OPM recebedora do MB para
inclusão.
Quarta via rosa – ficará na OPM expedidora para descarga. Munições e explosivos Em qualquer caso,
não poderá ser utilizado o material bélico ainda não incluído em carga.
Munições e explosivos
Vamos aprender sobre munição e explosivos?
Conceituação – munições são corpos carregados com explosivos ou agentes químicos destinados a
produzir danos.
Munição química – É todo e qualquer engenho de guerra ou controle de distúrbio que contem agentes
químicos capazes de produzir efeito tóxico, fulmígena ou incendiário.
Classificação quanto às características;
Munição para armamento leve – é utilizada em revolveres, pistolas, fuzis, carabinas, mosquetão,
metralhadora, fuzis metralhadoras.
Munições para armamento pesado – compreende rojões, granadas de morteiros, e todos os tipos de
granada utilizada em canhões, obuseiros.
Munição de arremesso – granadas de mão e de bocal.
Munição tóxica – é toda munição que por sua ação toxica é empregada como antipessoal
(lacrimogêneo).
Munição fulmígena – é toda munição química destinada a produzir fumaça ou neblina.
Munição incendiária – é toda munição química que contem agentes destinados a produzir incêndio.
Controle da temperatura
BOLETIM RESESERVADO MD PM número 75 de 22 de maio de 1978.
Será considerada a temperatura máxima de 40 graus Celsius para munições químicas e instrumentos
óticos. Os paióis deverão ser equipados com termômetros de máxima e mínima colocados em nichos
apropriados. Sempre que for observado nas inspeções diárias que a temperatura do momento é
superior aos limites previstos, serão tomadas as providências relativas ao arejamento e ignição.
O arejamento dos paióis de munição será feito abrindo as portas ou com auxílio de sistema de exaustão.
O arejamento dos paióis será feito obrigatoriamente de 3 em 3 meses.
Inigação; dos paióis será feita com aparelhagem própria, na falta desta com a de incêndio.
Para reduzir a umidade ambiente do paiol, poderá ser colocada no interior dos mesmos, substancias
higroscópicas tais como;
Cloreto de cálcio,
Sílica gel; ou
Cal virgem.
Os aparelhos de controle da temperatura e umidade serão conferidos semestralmente ou em qualquer
época, quando houver suspeita de mau funcionamento (Boletim Reservado PM número 75 de
22/05/1978).
APROVISIONAMENTO
Você sabia que as questões alusivas ao Aprovisionamento das unidades, as determinações e orientações
estão no ADITAMENTO AO BOL DA PM Número 165 de 15 setembro de 2010?
Finalidade – A presente norma tem por finalidade instituir nas Organizações Policiais Militares da PMERJ
as orientações técnicas referentes às Boas Práticas na Fabricação de Alimentos conforme a legislação
vigente. Envolve a sistematização dos procedimentos executados na produção dos alimentos voltados
para o consumo do público interno da corporação e a adoção dos preceitos relativos à inocuidade dos
alimentos que visam a proteção da saúde e do potencial humano.
Da responsabilidade técnica do rancho de uma organização policial militar (OPM)
Você sabia que todo rancho deverá ter um oficial designado pelo Comandante da OPM, que atuará
como responsável técnico do rancho? E que este oficial poderá ser o oficial aprovisionador ou o oficial
nutricionista, quando disponível na OPM?
O responsável técnico deve ser possuidor de conhecimento técnico e formação adequada sobre as boas
práticas na manipulação de alimentos, para poder zelar pelo cumprimento das normas preconizadas,
avaliando de forma contínua todo o fluxo de produção e intervindo de forma corretiva quando
necessário. São ainda atribuições do responsável técnico;
1) A implantação dos Procedimentos Operacionais Padronizados básicos;
2) A verificação das condições de higiene no local de trabalho, incluindo instalações, equipamentos e
utensílios;
3) A verificação das condições de higiene e a apresentação dos manipuladores;
4) A execução das medidas profiláticas relacionadas ao controle da qualidade da água;
5) A execução das medidas de controle da saúde do pessoal de rancho;
6) A execução do controle integrado de pragas e vetores;
7) Notificação à Diretoria Geral de Saúde no caso de ocorrência de algum surto suspeito de DTA;
8) A confecção e o envio periódico à Diretoria Geral de Saúde de relatórios referentes às atividades de
controle sanitário, conforme solicitação específica.
Da capacitação e habilitação de pessoal – Todo policial militar destinado ao serviço no rancho, deverá
obrigatoriamente ter formação básica em “Higiene para manipuladores de alimentos” em Curso com a
duração mínima de 8 horas.
Para assumir a função de aprovisionador, os oficiais indicados deverão ter curso de “Boas Práticas na
Produção de Alimentos” com a duração mínima de 40 horas.
Das funções previstas e as atribuições
As funções e as suas respectivas atribuições nos ranchos da PMERJ são descritas a fim de facilitar a
organização e a execução das atividades, conforme o que segue;
APROVISIONADOR
1) É o oficial responsável pela execução das atividades diárias relacionadas à produção dos alimentos,
bem como pela administração de todo o material sob sua responsabilidade;
2) É encarregado do setor de aprovisionamento e responsável pela fiel observância, por todos os seus
subordinados, das normas de prevenção de acidentes e pela verificação das condições de segurança no
aprovisionamento e do uso correto de EPI e de dispositivos de segurança;
3) É o responsável por elaborar as escalas de serviço, a distribuição do pessoal para os vários setores,
assim como providenciar as eventuais substituições e trocas necessárias e ainda;
4) Conferir a qualidade e quantidade dos gêneros alimentícios recebidos;
5) Prever gêneros e materiais para o abastecimento do serviço conforme a previsão de cardápio;
6) Controlar os estoques de gêneros;
7) Providenciar a manutenção preventiva das instalações e equipamentos, fazendo as solicitações
necessárias aos escalões superiores para eventuais reparos, aquisição ou descarga de material
permanente;
8) Participar de programas de treinamento de pessoal;
9) Verificar a perfeita higienização das instalações, equipamentos e utensílios;
10) Controlar a realização dos exames de saúde do pessoal.
OBS – Os graduados e outras praças em serviço no aprovisionamento são auxiliares diretos do
encarregado do setor, incumbindo-lhes o cumprimento das disposições regulamentares e as
determinações do encarregado do setor de aprovisionamento.
DESPENSEIRO OU ESTOQUISTA
1) Receber e conferir a entrega de gêneros alimentícios separando-os e estocando-os corretamente;
2) Entregar mediante requisição prévia do nutricionista e ou aprovisionador os gêneros alimentícios para
a área de preparo e cocção;
3) Atender a requisições extras, autorizadas pelo nutricionista e ou aprovisionador;
4) Registrar diariamente a entrada e a saída dos gêneros do estoque;
5) Executar a limpeza diária, das áreas e estocagens, zelando pela higiene do seu local de trabalho;
6) Efetuar periodicamente, em data pré-estabelecida o levantamento de todo o estoque existente;
7) Notificar ao aprovisionador falhas e irregularidades que possam comprometer o desenvolvimento de
suas atividades.
OBS – Os graduados e outras praças em serviço no aprovisionamento são auxiliares diretos do
encarregado do setor, incumbindo-lhes o cumprimento das disposições regulamentares e as
determinações do encarregado do setor de aprovisionamento.
COZINHEIRO
1) Orientar ao pessoal da cozinha sobre o preparo e a cocção dos gêneros;
2) Consultar o cardápio do dia, verificar se os gêneros alimentícios necessários a sua confecção estão
devidamente separados e recebê-los do estoquista;
3) Supervisionar o preparo de carnes e vegetais, orientando o encarregado desta tarefa;
4) Supervisionar o andamento das preparações do cardápio;
5) Supervisionar e auxiliar a distribuição das preparações;
6) Informar a existência de sobras ou ocorrências inesperadas, relacionadas com a confecção e
distribuição do cardápio diário;
7) Encaminhar ao setor de produção a solicitação de gêneros alimentícios extras;
8) Fiscalizar o pessoal de seu setor específico e se obrigar a cumprir as etapas de serviço, no horário
previsto;
9) Fiscalizar a higienização e a conservação das instalações, equipamentos e utensílios utilizados pelo
setor de produção;
10) Responder pela carga e informar sobre as condições de uso dos materiais, equipamentos e
utensílios, de forma a incluir as necessidades de manutenção e substituição.
AUXILIAR DE COZINHA
1) Realizar as tarefas de preparo dos alimentos executando operações de cocção mais simples, que lhe
forem atribuídas pelo cozinheiro, observando a higiene dos gêneros alimentícios;
2) Receber e conferir os gêneros alimentícios entregues pelo despenseiro, destinados à confecção do
cardápio do dia;
3) Distribuir as refeições nos refeitórios;
4) Proceder a higienização dos equipamentos e das instalações;
5) Notificar ao cozinheiro a quebra ou dano de qualquer material;
6) Notificar ao cozinheiro as falhas e irregularidades que prejudiquem o andamento do serviço.
AUXILIAR DE SERVIÇOS GERAIS DE COPA E COZINHA
1) Auxiliar na higienização de utensílios e equipamentos.
2) Higienizar toda a área do rancho e providenciar a remoção do lixo.
3) Auxiliar no transporte de gêneros e no que for necessário dentro das instalações do rancho.
4) Notificar ao cozinheiro e ou aprovisionador a quebra ou dano de qualquer material.
5) Notificar ao aprovisionador falhas e irregularidades que prejudiquem o andamento do serviço.
Magarefe (corte de carnes)
1) Realizar as tarefas de pré-preparo das carnes (cortes) que lhe forem atribuídas pelo nutricionista e/ou
aprovisionador, observando a higiene do alimento.
2) Receber e conferir quantitativamente e qualitativamente as carnes entregues pelo despenseiro,
destinados ao pré-preparo (cortes) do cardápio.
3) Proceder à higienização dos equipamentos e das instalações.
4) Notificar ao oficial aprovisionador qualquer dano eventual a equipamento ou material.
Gard Manger (confecção de saladas)
1) Realizar as tarefas de pré-preparo e preparo dos vegetais que lhe forem atribuídas pelo cozinheiro,
observando a higiene dos alimentos.
2) Receber e conferir os gêneros entregues pelo despenseiro, destinados à confecção do cardápio do
dia.
3) Proceder a higienização dos equipamentos e das instalações.
4) Notificar ao oficial aprovisionador a quebra ou dano de qualquer material.
Copeiro e ou Garçom
1) Observar e cumprir rigorosamente o horário da distribuição de refeições.
2) Separar os alimentos, aquecê-los ou resfriá-los até o momento da distribuição.
3) Proceder à confecção de pequenas refeições intermediárias (lanches), observando os critérios de
higiene na manipulação dos alimentos.
4) Proceder à montagem de bandejas.
5) Higienizar os utensílios e a área de distribuição.
6) Notificar quebra ou dano de material ou equipamento, ao oficial aprovisionador.
7) Notificar ao oficial aprovisionador, falhas ou irregularidades do serviço.
DO CONTROLE DA SAÚDE DOS MANIPULADORES
Sargento, você já ouviu falar do controle da saúde dos manipuladores? Sabe o que é? Vamos aprender
sobre isso?
Em razão do risco de transmissão de doenças infecciosas oriundas dos manipuladores através dos
alimentos, são preconizadas as seguintes ações que permitem a promoção da saúde e a prevenção dos
agravos à saúde dos policiais militares;
1) Realizar o acompanhamento periódico das condições de saúde pessoal do rancho, militares e civis,
através de exames clínicos semestrais e incluindo conforme critério do médico examinador, exames
complementares para detecção de moléstias infectocontagiosas transmissíveis aos alimentos através do
manipulador;
2) Não permitir a manipulação de alimentos pelo manipulador que se apresente ao trabalho com sinais e
sintomas sugestivos de processos infecciosos, tais como vômitos, febre, diarreia, ou ainda, afecções
buco-odontológicas, infecções gastrintestinais, infecções do trato respiratório e cutâneas e dentro do
possível, deslocar o mesmo para atividades administrativas.
3) O manipulador que apresentar cortes ou lesões abertas na pele, não deve manipular alimentos ou
superfícies que entrem em contato com os alimentos, a menos que as lesões estejam efetivamente
protegidas por uma cobertura à prova d'água, como a luva de borracha ou dedeira.
A partir do exame clínico, o exame de saúde poderá constar de hemograma, coproparasitológico,
coprocultura e outros que o médico examinador julgar necessários, caso haja suspeita de doença com
potencial risco de contaminação dos alimentos manipulados.
Os resultados dos atestados de saúde devem permanecer arquivados e à disposição para a apresentação
sempre que requisitados, devendo ser enviada uma cópia para a Diretoria Geral de Saúde.
DOS UNIFORMES E MATERIAIS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
Para exercício de suas atividades no rancho, os policiais militares e funcionários civis devem estar
devidamente uniformizados conforme a padronização estabelecida.
Os uniformes devem ser preferencialmente de cor clara, sem bolsos acima da cintura, complementados
por botas de borracha e proteção para os cabelos que pode ser feita com gorro, touca ou rede própria.
Cada manipulador deverá possuir no mínimo três mudas de uniforme em bom estado de limpeza e de
conservação, sem rasgos ou furos, para uso exclusivo nas dependências do rancho, uma vez que a troca
do mesmo deve ser feita no vestiário do rancho, quando existente.
É vedada a utilização de quaisquer adornos, tais como, colar, amuleto, pulseira, fita, brinco, relógio,
anel, aliança, inclusive piercing, que possa representar risco de contaminação, assim como carregar no
uniforme, objetos estranhos à atividade tais como cigarro, isqueiro, telefone celular, espelho, dinheiro
entre outros.
O uso de materiais de proteção individual (EPI) – é indicado conforme as necessidades de cada rancho,
sendo considerados para tal função;
1) Avental impermeável forrado para uso nas atividades onde haja grande quantidade de água;
2) Avental anti-chama para proximidade do fogão;
3) Casaco antitérmico para uso obrigatório na câmara fria;
4) Luvas de borracha para a limpeza do ambiente;
5) Luvas térmicas para o manuseio sob calor.
6) Luvas de malha de aço para proteção das mãos durante o trabalho de corte de carnes, legumes e
higienização de equipamentos e lâminas cortantes;
7) Magote de lona para a proteção dos braços ao efetuar serviços de frituras;
8) Óculos de segurança transparentes para a proteção dos olhos ao efetuar serviços de fritura, manuseio
de substâncias químicas ou corte de carnes.
OBS – Não é recomendado o uso de máscaras na manipulação dos alimentos como mecanismo de
prevenção de contaminação, uma vez que para o controle efetivo é necessário que seja feita a troca a
cada 30 minutos.
DAS INSTALAÇÕES
Você sabia que as instalações devem ser projetadas de forma a facilitar procedimentos operacionais de
fluxos contínuos, sem cruzamento de etapas e linhas do processo de produção, compreendendo desde o
recebimento da matéria-prima até o produto acabado ou a distribuição para o consumo?
A separação adequada das atividades deve estar garantida por meios físicos ou outras medidas efetivas
que permitam evitar a contaminação cruzada e facilitar as operações higiênicas, obedecidas às
exigências desta norma.
O dimensionamento das edificações e das instalações deve ser compatível com todas as operações
realizadas e a quantidade de refeições produzidas. Os ranchos e refeitórios deverão estar localizados em
área livre de focos de insalubridade, ausência de lixo, objetos em desuso, animais, insetos e roedores.
Acesso direto e independente, não comum a outros usos.
As áreas circundantes não devem oferecer condições de proliferação de insetos e roedores. A estética
não deverá prevalecer sobre o objetivo primário de se manter as condições sanitárias para a produção
de alimentos seguros.
A estrutura física necessária para a produção de alimentos em conformidade com a legislação vigente de
constar de;
1) Vestiários para os manipuladores com instalações sanitárias – Os vestiários e banheiros deverão ser
separados para cada sexo, sendo que os vestiários devem possuir armários individuais, com paredes e
pisos de cores claras, de material liso, resistente e impermeável, portas com molas, ventilação adequada
e janelas teladas. Os banheiros (instalações sanitárias) devem estar em bom estado de conservação e
limpeza, sendo constituídos de vaso sanitário, pia e mictório para cada 20 funcionários, dispostos de
bacia com tampa, papel higiênico, lixeira com tampa acionada por pedal, mictórios com descarga, pias
para lavar as mãos, sabonete líquido ou sabão antisséptico, toalha de papel, de cor clara, não reciclado;
2) Área de acesso para pessoal – Deve ser separada da área de recebimento de gêneros e
preferencialmente permitir o acesso direto aos vestiários;
3) Área para a administração (sala do aprovisionador e ou nutricionista) – Deve estar situada em local
estratégico, que facilite a supervisão das operações do processamento das refeições. O piso deve estar
localizado acima do piso da área total da cozinha, preferencialmente com visor que facilite a visualização
geral do ambiente e das operações de processamento;
4. Área de recebimento de gêneros – Deve ser área própria específica para a finalidade e situada em
local de fácil acesso externo e próximo à estocagem. Deve ser provida de rampa e marquise para
proteção dos produtos na hora da entrega. Recomenda-se que esta área tenha uma pia para pré-higiene
dos vegetais e outros produtos;
5. Área de inspeção, pesagem e higiene de mercadorias – Pode estar junto da área de recebimento e
deve dispor de espaço suficiente para acomodar a mercadoria no momento do controle e que seja
aparelhada com balança e calhas para pré-higiene das verduras e frutas antes do seu armazenamento.
Nesse local os gêneros são retirados das embalagens de papelão e caixotes de madeira utilizados no
transporte para serem acondicionados em recipientes apropriados de forma a evitar a contaminação ou
a entrada de pragas ou vetores;
6. Área de armazenamento à temperatura ambiente – Destina-se ao armazenamento de alimentos não
perecíveis. Deve ter porta única, larga, alta, com dispositivo de fechamento automático e borracha de
vedação na parte inferior. O piso deve ser de material lavável e impermeável. Deve ter boa iluminação,
ventilação que permita ampla circulação de ar entre as mercadorias com janelas dotadas de telas
milimétricas, com temperatura não superior a 26 graus celsius. As prateleiras devem ser localizadas a 25
centímetros do piso, com profundidade máxima de 45 centímetros e devem ser usados estrados para as
sacarias. Os alimentos devem ser separados por grupos, longe das paredes e entre pilhas de no mínimo
10 centímetros de altura e distante do forro 60 centímetros. Nesta área não devem existir equipamentos
como refrigerador, freezer, aquecedor, tubulações de água, vapor, entre outros que possam alterar as
condições térmicas ambientais ou a umidade relativa do ar que pode interferir na qualidade e nas
condições sensoriais dos alimentos. Não deve ter ralos nem entulhos ou material tóxico, sendo material
de limpeza armazenado separadamente dos alimentos. A mesa do estoquista pode permanecer nesta
área desde não interfira no controle de qualidade dos alimentos e/ou no fluxo de armazenamento.
7) Área de armazenamento à temperatura controlada – Destina-se ao armazenamento de alimentos
perecíveis ou de rápida deterioração em temperatura ambiente. Deve ter equipamentos de refrigeração
e congelamento de acordo com a necessidade e tipos de alimentos a serem produzidos e armazenados.
O ideal é que os gêneros sejam armazenados separadamente, mas no caso de possuir apenas uma
geladeira ou câmara, o equipamento deve estar regulado para o alimento com a menor temperatura.
Conforme a especificação no quadro a seguir; Carnes refrigeradas e alimentos prontos até 4 graus
Celsius, Sobremesas, massas, frios e laticínios Até 8 graus Celsius, Hortifrutigranjeiros Até 10 graus
Celsius.
8) Área de pré-preparo dos alimentos – É o local onde são realizadas as operações preliminares de
confecção, podendo ser subdividida ou setorizada em; Área para preparação de carnes vermelhas, aves
e pescados; Esta área deve dispor de utensílios e equipamentos adequados e uma bancada com tampo
de aço inox ou outro material adequado. A bancada deve ser disposta de modo a impedir o cruzamento
das atividades. O ideal que seja climatizada com temperatura entre 12 graus Celsius a 18 graus Celsius.
Área para preparação de hortifrutigranjeiros; Esta área deve dispor de bancada com tampo de inox ou
outro material adequado, cubas de material liso, resistente e de fácil higienização, suficientes para a
correta lavagem, desinfecção e enxágue dos vegetais. Área para preparo de massas e sobremesas; Esta
área deve dispor de bancada com tampo de inox ou outro material adequado, cubas de material liso,
resistente e de fácil higienização. Mesa de apoio e local para dispor os equipamentos. Área para outros
preparos; Área destinada a preparo de lanches, desjejum, café e dietas. Deve dispor de cubas, balcões e
equipamentos adequados ao tipo de produção, de modo que não ocorram cruzamentos das atividades.
9) Área de preparo ou de cocção – É situada entre as áreas de preparos prévios e a expedição. Deve
conter apenas os equipamentos destinados ao preparo de alimentos quentes e devem ser organizados
seguindo um fluxo ordenado. Não deve ter refrigeradores ou congeladores, pois o calor excessivo
compromete o funcionamento de seus motores e a garantia da temperatura específica de cada gênero.
O ideal que disponha de pia com sistema completo para higiene das mãos.
10) Área de distribuição – Se o refeitório for adjacente à cozinha, as refeições podem sair da área de
cocção direto para o balcão térmico e/ou balcão refrigerado na área de distribuição. Caso contrário faz-
se necessário a existência de uma área específica para expedição das preparações antes de atingirem
sua etapa final de distribuição local.
11) Refeitório – Deve ter as mesmas características das áreas de preparo dos alimentos, inclusive
lavatórios exclusivos para higiene das mãos com água corrente, torneiras acionadas por pedal ou outro
meio não manual, sabão líquido, antisséptico, toalha de papel não reciclado e cesto de lixo com tampa
acionada por pedal. O balcão térmico e/ou refrigerado, refresqueiras, utensílios de mesa e geladeira
para bebidas podem permanecer no refeitório. O balcão térmico deve estar limpo, com água tratada e
limpa, trocada diariamente e estar em temperatura entre 80 graus Celsius a 90 graus Celsius, já o balcão
refrigerado deve manter temperatura de até 10 graus Celsius. Os ornamentos tais como plantas não
devem ser adubados com adubos orgânicos, não devem propiciar contaminação dos alimentos, não
estar entre o fluxo de ar e os alimentos, nem próximo a eles. É permitida a existência de ventiladores de
teto ou de chão, desde que o ar não incida diretamente sobre os ornamentos, plantas e alimentos.
12) Área para higiene e guarda dos utensílios de mesa – Esta área deve ser adjacente ao refeitório,
comunicando-se através de guichê para recepção de material usado. Os utensílios já higienizados devem
ter um local para serem guardados de modo que não entrem em contato com os utensílios sujos e nem
com os alimentos, ressaltando que o sistema de devolução de utensílios e o sistema de distribuição não
devem oferecer riscos de contaminação cruzada.
13) Área para depósito e higienização de material de limpeza – Materiais e objetos de limpeza, como;
vassouras, rodos, esfregões, pano de chão, baldes, entre outros, devem ser higienizados e guardados em
local próprio, de maneira que não provoquem a contaminação de alimentos, utensílios e equipamentos,
devendo ter tanque provido de água corrente quente e fria.
14) Área para depósito de lixo – Deve ficar em local que facilite a remoção diária do lixo, deve ser
fechada e revestida de material de fácil limpeza e dotado de esguicho de pressão com água para
lavagem dos latões e do próprio local.
15) Área para a guarda de botijões de gás – Deve ser delimitada para assegurar exclusividade à área e
proteção aos elementos instalados. Deve ser cercada com tela e ter grades vazadas para evitar a entrada
de pessoas estranhas; e manter uma constante ventilação do local. São indicadas ainda pela legislação
sanitária as seguintes especificações para as instalações destinadas à manipulação de alimentos;
1) Piso – Material liso, resistente, impermeável, lavável, de cores claras e em bom estado de
conservação, antiderrapante, resistente ao ataque de substâncias corrosivas e que seja de fácil
higienização (lavagem e desinfecção), não permitindo o acúmulo de alimentos ou sujidades. Deve ter
inclinação suficiente em direção aos ralos, não permitindo que a água fique estagnada.
2) Ralos e Canaletas – Colocados em locais que facilitem o escoamento e a limpeza e possuir grelhas com
proteção telada ou dispositivos que permitam o seu fechamento.
3. Paredes – Devem ter acabamento liso, impermeável, lavável, de cores claras, isento de fungos
(bolores) e em bom estado de conservação. Se forem azulejadas devem respeitar a altura mínima de 2
metros e ter ângulos arredondados no contato com o piso e o teto, além de estarem em bom estado de
conservação.
4) Forros e tetos – Acabamento liso, impermeável, lavável, de cores claras e em bom estado de
conservação. Devem ser isentos de goteiras, vazamentos, umidade, trincas, rachaduras, bolores e
descascamentos. Se houver necessidade de aberturas para ventilação, esta deve possuir tela com
espaçamento de 2 milímetros e removíveis para limpeza. O pé direito deve se possível, ter no mínimo de
3 metros se no andar térreo e 2,7 metros em andares superiores.
5) Portas – Devem ter superfície lisa, cores claras, fácil limpeza, ajustadas aos batentes, de material não
absorvente, com fechamento automático (mola ou similar), protetor no rodapé e estar ainda, em bom
estado de conservação, livre de defeitos, rachaduras, trincas, buracos e outros. As entradas principais e
os acessos às câmaras devem ter mecanismos de proteção contra insetos e roedores.
6) Janelas – Devem ter superfície lisa, de fácil limpeza, ajustada aos batentes, sem falhas de
revestimento e fixas, sendo dotadas de telas milimétricas de no máximo 2 milímetros e removíveis para
facilitar a limpeza.
7) Lavatórios – Em todas as áreas de manipulação de alimentos devem existir lavatórios em perfeitas
condições de higiene, exclusivos para higienização das mãos, dotados de água corrente, sabonete
líquido antisséptico, papel toalha descartável, não reciclado e coletor de papel acionados sem contato
com as mãos. Torneiras também devem ser dotadas de acionamento sem contato com as mãos (pedal,
cotovelo ou célula fotoelétrica). Os lavatórios para higienização das mãos não devem ser utilizados para
higienização de alimentos.
8) Iluminação – O ambiente deve ter iluminação uniforme, sem ofuscamentos, sem contrastes
excessivos, sombras e cantos escuros. As lâmpadas e luminárias devem estar limpas protegidas
contraexplosão ou quedas acidentais e em bom estado de conservação. A iluminação não deve alterar
as características sensoriais dos alimentos. Recomenda-se como padrões mínimos a intensidade de
iluminação de 1000 lux para as áreas de inspeção, 250 lux para as áreas de processamento e 150 lux
para outras áreas.
9) Ventilação – Deve garantir o conforto térmico, a renovação do ar e que o ambiente fique livre de
fungos, gases, fumaça, gordura e condensação de vapores. A circulação de ar na cozinha deve ser feita
com o ar insuflado e controlado através de filtros ou através de exaustão com equipamentos
devidamente dimensionados. O fluxo de ar nas áreas de preparo dos alimentos deve ser direcionado da
área limpa para a suja. Não devem ser utilizados ventiladores nem aparelhos de ar condicionado nas
áreas de manipulação.
10) Sistema de exaustão e sucção – A coifa deve ser de material liso, resistente, de fácil limpeza, sem
gotejamento de gordura e instalada acima da fonte poluidora. Na saída da coifa é montado o
mecanismo corta fogo para controlar o fogo por abafamento no caso de incêndio no interior dos ductos.
Os ductos são fabricados em metal galvanizado com portas de visita para limpeza e manutenção.
11) Esgotamento sanitário – Deve ser ligado à rede de esgoto, ou quando necessário tratado
adequadamente para ser eliminado através de rios ou lagos. Não deverá existir dentro das áreas de
preparo de alimentos, caixa de gordura ou de esgoto.
DOS EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS
Os equipamentos devem ser construídos com material sanitário atóxico, de fácil limpeza, canto
arredondado, soldado com acabamento sanitário, com pintura clara, atóxica, livre de gotejamento de
graxa, com parafusos, porcas e arrebites ajustados.
Os equipamentos devem ser localizados no espaço de trabalho, de forma a obedecer ao fluxo
operacional e propiciar fácil acesso aos mesmos, com entorno livre, garantindo seu perfeito
funcionamento, a circulação de ar e dos operadores, a manutenção, a higienização e o controle de
pragas.
Os equipamentos e utensílios de material poroso, madeira, vidro, material esmaltado, susceptível à
oxidação, não serão permitidos nas etapas de fracionamento, pré-preparo e preparo, e ou manipulação.
As zonas de perigo das máquinas e equipamentos, partes móveis, zonas entrantes, de cisalhamento, de
corte, áreas de cilindro, serras e transmissões de força, devem possuir dispositivos de proteção ou avisos
que impeçam o acesso involuntário e acidental dos manipuladores.
As mesas, bancadas, prateleiras, pias, cubas, tanques, devem ser suficientes para o volume de refeições
produzidas e feitas de material sanitário, liso, resistente e impermeável e de fácil limpeza. Devem ser
mantidas em bom estado de conservação. O aço inoxidável é o material de escolha para tais estruturas.
Os utensílios devem ser em quantidade suficiente, construídos com material sanitário, devem ser
mantidos bem conservados, livres de pontos escuros, furos, amassamentos, e estar ainda, limpos,
protegidos de sujidades, de insetos e de pragas.
Não é permitida a utilização de equipamentos e utensílios de amianto, bem como a utilização de
termômetros de vidro. É permitida a utilização de caixa isotérmica, com tampa perfeitamente ajustada,
revestida, interna e externamente, de material liso, atóxico, resistente, impermeável e lavável.
DA HIGIENE NA PRODUÇÃO DOS ALIMENTOS
Da higiene ambiental
Sargento, você já ouviu falar em higiene ambiental? Que tal aprender sobre isso?
A higienização de instalações, equipamentos e utensílios é imprescindível para a diminuição dos riscos
de contaminação dos alimentos e suas ações devem estar descritas na forma de Procedimentos
Operacionais Padronizados, afixados em locais estratégicos e disponíveis para a autoridade sanitária,
devendo ser mencionado também a área ou equipamento a ser higienizado, o método e sua frequência,
o produto utilizado, a concentração, a temperatura e o tempo de ação, a ação mecânica e o responsável
pela tarefa.
Fazem parte da rotina da higiene ambiental os seguintes procedimentos;
1) Remoção diária do lixo, quantas vezes forem necessárias, em recipientes apropriados, devidamente
tampados e ensacados, tomando-se medidas eficientes para evitar a penetração de insetos, roedores e
outros animais;
2) O controle da presença de animais domésticos no local de trabalho;
3) A adoção um programa de controle integrado de pragas e vetores.
São etapas obrigatórias nos procedimentos de higienização ambiental com produto desinfetante;
1) Limpeza para remoção de sujidades;
2) Lavagem com água e sabão ou detergente;
3) Enxágue;
4) Desinfecção química; deixar o desinfetante em contato com a superfície, conforme recomendação do
fabricante.
5) Enxágue obrigatório para superfícies que entram em contato com alimentos.
Os produtos aprovados pelo Ministério da Saúde para desinfecção ambiental e as concentrações
recomendadas são;
Princípio Ativo Concentração;
Hipoclorito de Sódio 100 – 250 Partes por Milhão (ppm)
Cloro orgânico 100 – 250 Partes por Milhão (ppm);
Quaternário de Amônio – 200 Partes por Milhão (ppm) Iodóforos 25 Partes por Milhão (ppm);
Álcool 70 Porcento.
1. O tempo de contato deve ser no mínimo de 15 minutos, com exceção do álcool 70%, ou de acordo
com recomendações constante do rótulo.
2. A desinfecção deve ser realizada somente após a lavagem.
3. Para a obtenção de álcool 70 Porcento deve-se misturar 250 Mililitros de água (de preferência
destilada) em 750 Mililitros de álcool 92,8 INPM ou 330 Mililitros de água em 1 litro álcool.
4. Os demais produtos utilizados na desinfecção do ambiente devem ter o registro no Ministério da
Saúde.
Não é aconselhável durante os procedimentos de higiene;
1) Varrer a seco nas áreas de manipulação;
2) Fazer uso de panos para secagem de utensílios e equipamentos;
3) Uso de escovas, esponjas ou similares de metal, lã, palha de aço, madeira, amianto e materiais
rugosos e porosos;
4) Reaproveitamento de embalagens de produtos de limpeza;
5) Usar nas áreas de manipulação, os mesmos utensílios e panos de limpeza utilizados em banheiros e
sanitários. Os produtos aprovados pelo Ministério da Saúde para desinfecção ambiental e as
concentrações recomendadas são;
A periodicidade de limpeza deve ser adotada da seguinte forma;
1) Diária – Pisos, rodapés e ralos; todas as áreas de lavagem e de produção; maçanetas; lavatórios (pias);
sanitários; cadeiras e mesas (refeitório); monoblocos e recipientes de lixo;
2) Diária ou de acordo com o uso; Equipamentos, utensílios, bancadas, superfícies de manipulação e
saboneteiras, borrifadores.
3) Semanal – Paredes; portas e janelas; prateleiras (armários); coifa; geladeiras; câmaras e "freezers".
4) Quinzenal – Estoque; estrados.
5) Mensal – Luminárias; interruptores; tomadas; telas.
6) Semestral – Reservatório de água.
Observação – Teto ou forro; caixa de gordura e filtro de ar condicionado devem ser limpos de acordo
com a necessidade ou regulamentação específica.
DA HIGIENE DOS MANIPULADORES
Todo o pessoal do efetivo do rancho deverá observar os seguintes procedimentos de higiene pessoal;
1) Banho diário;
2) Cabelos protegidos;
3) Barba feita diariamente e bigode aparado;
4) Unhas curtas, limpas, sem esmalte ou base;
5) Uso de desodorante inodoro ou suave sem utilização de perfumes;
6) Maquiagem leve;
7) Não utilização de adornos (colares, amuletos, pulseiras ou fitas, brincos, relógio e anéis, inclusive
alianças).
Considerando a necessidade da higiene operacional dos manipuladores, é recomendado que os mesmos
devessem evitar;
1) Falar, cantar, assobiar, tossir, espirrar, cuspir, fumar;
2) Mascar goma, palito, fósforo ou similares, chupar balas, comer;
3) Experimentar alimentos com as mãos;
4) Tocar o corpo;
5) Assoar o nariz, colocar o dedo no nariz ou ouvido, mexer no cabelo ou pentear-se;
6) Enxugar o suor com as mãos, panos ou qualquer peça da vestimenta;
7) Manipular dinheiro;
8) Fumar;
9. Tocar maçanetas com as mãos sujas;
10) Fazer uso de utensílios e equipamentos sujos;
11) Trabalhar diretamente com alimento quando apresentar problemas de saúde, por exemplo,
ferimentos e/ou infecção na pele, ou se estiver resfriado ou com gastrenterites;
12) Circular sem Uniforme nas áreas de serviço)
O manipulador de alimentos deverá lavar as mãos e antebraços sempre que;
1) Chegar ao trabalho;
2) Utilizar os sanitários;
3) Tossir, espirrar ou assoar o nariz;
4) Usar esfregões, panos ou materiais de limpeza;
5) Fumar;
6) Recolher lixo e outros resíduos;
7) Tocar em sacarias, caixas, garrafas e sapatos;
8) Manipular alimentos não higienizados ou crus;
9) Pegar em dinheiro;
10) Houver interrupção e reinício do serviço;
11) Iniciar um novo serviço;
12) Tocar em utensílios higienizados (antes de);
13) Colocar ou retirar luvas.
A técnica preconizada para a higienização das mãos e antebraços deve seguir as etapas descritas abaixo;
1) Umedecer as mãos e antebraços com água;
2) Lavar com sabonete líquido, neutro, inodoro.
Pode ser utilizado sabonete líquido antisséptico, neste caso, massagear as mãos e antebraços por pelo
menos 1 minuto;
3) Enxaguar bem as mãos e antebraços.
4) Secar as mãos com papel toalha descartável e não reciclado, ar quente ou qualquer outro
procedimento apropriado;
5) Aplicar antisséptico, deixando secar naturalmente o ar, quando não utilizado sabonete antisséptico;
6) Pode ser aplicado o antisséptico com as mãos úmidas.
Parágrafo único – Os antissépticos permitidos são o álcool 70 Porcento, as soluções iodadas, os
iodóforos, a clorexidina ou outros produtos aprovados pelo Ministério da Saúde para esta finalidade.
DA HIGIENE DOS ALIMENTOS
Você sabia que a higienização de hortifrutigranjeiros deve ser feita em água potável e em local
apropriado? Para o preparo destes gêneros, deve ser realizada ainda a higienização completa que
compreende;
1) Lavagem criteriosa com água potável;
2) Desinfecção; imersão em solução clorada por 15 a 30 minutos;
3) Enxágue com água potável.
Não necessitam de desinfecção;
1) Frutas não manipuladas;
2) Frutas, cujas cascas não são consumidas, tais como; laranja, mexerica, banana e outras, exceto as que
serão utilizadas para suco;
3) Frutas, legumes e verduras que irão sofrer ação do calor, desde que a temperatura no interior atinja
no mínimo 74 Graus Celsius;
4) Ovos inteiros, tendo em vista que devem ser consumidos após cocção atingindo 74 Graus Celsius no
seu interior. Os produtos permitidos para desinfecção dos alimentos são o hipoclorito de sódio a 2,0-2,5
Porcento, o hipoclorito de sódio a 1 Porcento e o cloro orgânico todos na concentração de 100 a 250
Partes por Milhão (ppm).
OBS – A diluição para a obtenção das concentrações recomendadas deve ser feita adicionando-se 10
Mililitros (1 colher de sopa rasa) de água sanitária para uso geral a 2,0 - 2,5 Porcento em 1 litro de água
ou 20 Mililitros (2 colheres de sopa rasas) de hipoclorito de sódio a 1 Porcento em 1 litro de água.
DAS ETAPAS DO FLUXO DE PRODUÇÃO DOS ALIMENTOS
Do recebimento dos gêneros
O Recebimento constitui a etapa onde se recebe o material entregue por um fornecedor, avaliando-o
qualitativa e quantitativamente, segundo critérios pré-definidos para cada produto. O fornecedor deve
ser selecionado através de auditoria e avaliação de especificação técnica e de sistema de qualidade,
como subsídio para a qualificação, triagem e cadastramento, além de seguir eventuais critérios
complementares que estabelecidos.
Em relação ao fornecedor, devem ainda ser avaliados, no momento da entrega, as condições de higiene
dos veículos da empresa e a apresentação dos entregadores, incluindo as condições de higiene pessoal e
a adequação dos uniformes à atividade.
1) Cabe ao despenseiro ou estoquista, conferir as condições e a identificação dos gêneros recebidos e os
rótulos onde devem constar; O nome, a composição do produto e o lote;
2) O número de registro no Órgão oficial (quando aplicável);
3) O CNPJ, endereço e dados do fabricante e distribuidor;
4) A data de fabricação e o prazo de validade;
5) O peso ou o volume;
6) As condições de transporte e estocagem;
A avaliação dos gêneros recebidos deve ainda incluir;
1) Observação das condições das embalagens que devem estar limpas, íntegras e atenderem as
particularidades de cada alimento. Os alimentos não devem estar em contato com papel que ofereça
risco de contaminação (reciclado, jornais, revistas e similares), papelão ou plástico reciclado;
2) Avaliação sensorial (características organolépticas, cor, gosto, odor, aroma, aparência, textura, sabor
e cinestesia). Esta avaliação deve estar baseada nos critérios definidos pela ABNT Associação Brasileira
de Normas Técnicas – ANÁLISE SENSORIAL DE ALIMENTOS E BEBIDAS – NBR 12806 – 02 de 1993;
3) Sempre que possível, a avaliação das temperaturas, as quais devem estar adequadas ao tipo de
gênero.
Parágrafo único – As informações obtidas devem ser documentadas em livro de registro conforme
padronização da DGAL. Os produtos perecíveis devem cumprir os seguintes critérios de temperatura; se
congelados deverão apresentar a temperatura de - 18 Graus Celsius (com tolerância de até -12 Graus
Celsius), quando resfriados a temperatura deverá estar até 6 Graus Celsius ou conforme especificação
do fabricante.
DA ESTOCAGEM DOS ALIMENTOS Sargento, você sabia que a estocagem correta dos alimentos é
fundamental para preservação da qualidade dos mesmos? A estocagem ou armazenamento é uma das
etapas do controle de qualidade de alimentação. Nessa etapa, as matérias-primas são mantidas em
condições que garantam;
1) A proteção contra a contaminação;
2) A redução ao mínimo, das perdas da qualidade nutricional;
3) A não deterioração do produto;
4) A diminuição das perdas econômicas com alimentos impróprios para o consumo.
Os critérios básicos recomendados nessa etapa e que visam a preservação da qualidade dos alimentos, o
controle da organização e da utilização das matérias-primas são;
1) Apoiar alimentos ou recipientes com alimentos sobre estrados ou em prateleiras, não sendo
permitido o contato direto com o piso;
2) Manter limpas as embalagens dos alimentos;
3) Não utilizar caixas de madeira ou papelão;
4) Não arrastar pelo piso monoblocos, caixas plásticas ou afins, devendo se adotar os procedimentos de
carregá-los à mão ou com o auxílio de carrinhos;
5) Dispor os alimentos em estrados, mantendo os gêneros afastados da parede e entre si, de forma a
garantir a boa circulação de ar. É recomendado que os produtos nas prateleiras devam estar afastados
da parede em 35 Centímetro, do teto ou forro em 60 Centímetro e entre si em 10 Centímetro;
6) Organizar os produtos de acordo com as características, considerando-se enlatados, farináceos, grãos,
garrafas, etc.
7) Dispor os produtos obedecendo a data de fabricação, sendo que os produtos com a data de
fabricação mais antiga, são aqueles que consumidos em primeiro lugar;
8) Todos os produtos devem estar adequadamente identificados e protegidos contra a contaminação;
9) Alimentos não devem ficar armazenados junto a produtos de limpeza, químicos e de higiene;
10) Manter a higiene do local conforme a periodicidade preconizada pelo serviço e evitar a presença de
sucata ou materiais ou equipamentos em desuso;
11) Desprezar os alimentos com a data de validade vencida;
12) Alimentos que tiverem as suas embalagens abertas e não forem totalmente consumidos, deverão
ser acondicionados em recipientes descartáveis ou em contentores higienizados e confeccionados com
material atóxico, impermeável e lavável;
13) Quando houver necessidade de armazenar diferentes gêneros alimentícios em um mesmo
equipamento refrigerador, deve-se respeitar; alimentos prontos para o consumo dispostos nas
prateleiras superiores; os semiprontos e ou pré-preparados nas prateleiras do meio e os produtos crus
nas prateleiras inferiores, separados entre si e dos demais produtos.
14) As embalagens individuais de leite, ovo pasteurizado e similares, podem ser armazenadas em
geladeiras ou câmaras, devido seu acabamento ser liso, impermeável e lavável;
15) Podem ser armazenados no mesmo equipamento para congelamento (“freezer”) tipos diferentes de
alimentos, desde que devidamente embalados e separados.
O armazenamento de gêneros pode ser feito sob as seguintes condições;
1) Armazenamento sob congelamento; etapa onde os alimentos são armazenados à temperatura de 0
Graus Celsius ou menos, de acordo com as recomendações dos fabricantes constantes na rotulagem ou
dos critérios de uso.
2) Armazenamento sob refrigeração; etapa onde os alimentos são armazenados em temperatura de 0
Graus Celsius a 10 Graus Celsius, de acordo com as recomendações dos fabricantes constantes na
rotulagem ou dos critérios de uso.
3) Estoque seco; etapa onde os alimentos são armazenados à temperatura ambiente, segundo
especificações no próprio produto e recomendações dos fabricantes constantes na rotulagem. No
armazenamento sob refrigeração devem ser observadas as seguintes temperaturas e o tempo máximo
até a utilização da matéria-prima em questão;
1) Pescados e seus produtos manipulados crus – até 4 Graus Celsius (°C) por 24 horas;
2) Carne bovina, suína, aves e outras e seus produtos manipulados crus – até 4 Graus Celsius (°C) por 72
horas
3) Hortifrúti – até 10 Graus Celsius por 72 horas
4) Alimentos pós-cocção; até 4 Graus Celsius por 72 horas
5) Pescados pós-cocção; até 4 Graus Celsius por 24 horas
6) Sobremesas, frios e laticínios manipulados – até 8 Graus Celsius por 24 horas, até 6 Graus Celsius por
48 horas ou até 4 Graus Celsius por 72 horas.
7) Maionese e misturas de maionese com outros alimentos – até 4 Graus Celsius por 48 horas ou até 6
Graus Celsius por 24 horas.
Quando houver a necessidade de armazenar diferentes gêneros alimentícios em um mesmo
equipamento, os alimentos prontos para o consumo devem estar dispostos nas prateleiras superiores,
os semiprontos ou pré-preparados nas prateleiras do meio e os crus nas prateleiras inferiores.
No caso de possuir apenas uma prateleira ou câmara, o equipamento deve ser regulado para o alimento
que necessitar de temperatura mais baixa. A espessura do gelo formado nas paredes do freezer ou
congelador não deve ultrapassar 1 Centímetro (cm), devendo ser removido por meio de espátulas
próprias.
Em relação ao tempo máximo para o armazenamento preconiza-se que para produtos industrializados
em suas embalagens originais devem ser observadas as informações do fornecedor enquanto que para
produtos manipulados e/ou embalagens de produtos industrializados abertos, são adotados os
seguintes critérios conforme a temperatura;
TEMPERATURA x TEMPO
máximo de armazenamento
0 a - 5 Graus Celsius 10 dias;
5 a - 10 Graus Celsius 20 dias;
10 a - 18 Graus Celsius 30 dias;
18 Graus Celsius - 90 dias.
DA MANIPULAÇÃO DOS ALIMENTOS
Durante a preparação dos alimentos, devem ser adotadas medidas a fim de minimizar o risco de
contaminação cruzada;
Deve-se evitar o contato direto ou indireto entre alimentos crus, semipreparados e prontos para o
consumo;
As matérias-primas e os ingredientes caracterizados como produtos perecíveis devem ser expostos à
temperatura ambiente somente pelo tempo mínimo necessário para a preparação do alimento, a fim de
não comprometer a sua qualidade higiênico-sanitária;
Quando as matérias-primas e os ingredientes não forem utilizados em sua totalidade, devem ser
adequadamente acondicionados e identificados com, no mínimo, as seguintes informações; designação
do produto, data de fracionamento e prazo de validade após a abertura ou retirada da embalagem
origina;
Para os alimentos congelados, antes do tratamento térmico, deve-se proceder o descongelamento, a fim
de garantir adequada penetração do calor. Excetuam-se os casos em que o fabricante do alimento
recomenda que o mesmo seja submetido ao tratamento térmico ainda congelado, devendo ser seguidas
as orientações constantes da rotulagem;
O descongelamento deve ser conduzido de forma a evitar que as áreas superficiais dos alimentos se
mantenham em condições favoráveis à multiplicação microbiana. Deve ser efetuado em condições de
refrigeração à temperatura inferior a 5 Graus Celsius ou em forno de micro-ondas quando o alimento for
submetido imediatamente à cocção.
Os alimentos submetidos ao descongelamento devem ser mantidos sob refrigeração se não forem
imediatamente utilizados, não devendo ser recongelados.
A etapa de dessalgue de carnes de bovinos, suínos ou pescados deve ocorrer em água potável sob
refrigeração até 10 Graus Celsius, através de fervura ou se utilizada água na temperatura de até 21
Graus Celsius, esta deverá ser trocada a cada 4 horas;
O porcionamento ou fracionamento deve ocorrer em área própria. Os alimentos devem ser porcionados
com utensílios próprios, que devem ser removidos e lavados após a sua utilização. As embalagens
originais devem ser preferencialmente mantidas e fechadas adequadamente, quando se tratar de
produto industrializado.
O tratamento térmico (cocção) deve garantir que todas as partes do alimento atinjam a temperatura de,
no mínimo, 74 Graus Celsius. Temperaturas inferiores podem ser utilizadas no tratamento térmico
desde que as combinações de tempo e temperatura sejam suficientes para assegurar a qualidade
higiênico-sanitária dos alimentos ou seja, 65 Graus Celsius por 15 minutos ou 70 Graus Celsiuspor 2
minutos. A eficácia do tratamento térmico deve ser avaliada pela verificação da temperatura e do tempo
utilizados e, quando aplicável, pelas mudanças na textura e cor na parte central do alimento.
Para os alimentos que forem submetidos à fritura, além dos controles estabelecidos para um
tratamento térmico, devem-se instituir medidas que garantam que o óleo e a gordura utilizados não
constituam uma fonte de contaminação química do alimento preparado.
Os óleos e gorduras utilizados devem ser aquecidos a temperaturas não superiores a 180 Graus Celsius,
sendo substituídos imediatamente sempre que houver alteração evidente das características
físicoquímicas ou sensoriais, tais como aroma e sabor, e formação intensa de espuma e fumaça.
Após serem submetidos à cocção, os alimentos preparados devem ser mantidos em condições de tempo
e de temperatura que não favoreçam a multiplicação microbiana.
Para conservação a quente, os alimentos devem ser submetidos à temperatura superior a 60 Graus
Celsius por, no máximo, 6 horas;
Para conservação sob refrigeração ou congelamento, os alimentos devem ser previamente submetidos
ao processo de resfriamento.
O processo de resfriamento de um alimento preparado deve ser realizado de forma a minimizar o risco
de contaminação cruzada e a permanência do mesmo em temperaturas que favoreçam a multiplicação
microbiana.
A temperatura do alimento preparado deve ser reduzida de 60 Graus Celsius a 10 Graus Celsius em até
duas horas através do uso de freezer (- 18 Graus Celsius) ou de geladeira (2 Graus Celsius a 3 Graus
Celsius). Em seguida, o mesmo deve ser conservado sob refrigeração a temperaturas inferiores a 5 Graus
Celsius, ou congelado à temperatura igual ou inferior a -18 Graus Celsius. O prazo máximo de consumo
do alimento preparado e conservado sob refrigeração a temperatura de 4 Graus Celsius, ou inferior,
deve ser de até 5 dias. Quando aplicável, os alimentos a serem consumidos crus devem ser submetidos a
processo de higienização a fim de reduzir a contaminação superficial.
Os produtos utilizados na higienização dos alimentos devem estar regularizados no órgão competente
do Ministério da Saúde e serem aplicados de forma a evitar a presença de resíduos no alimento
preparado.
Caso o alimento preparado seja armazenado sob refrigeração ou congelamento deve-se por no
invólucro do mesmo, no mínimo, as seguintes informações; designação, data de preparo e prazo de
validade. A temperatura de armazenamento deve ser regularmente monitorada e registrada.
Uma vez que os ovos são comumente contaminados por Salmonella, tanto na casca como na gema,
existem medidas de controle que devem ser realizadas. A qualidade sanitária das preparações à base de
ovos nas empresas fornecedoras de alimentos pode ser garantida com os seguintes procedimentos;
1) Verificar se os ovos estão estocados em local arejado, limpo e fresco, longe de fontes de calor;
2) Conferir o prazo de validade;
3) Armazenar os ovos de acordo com as instruções do fornecedor;
4) Não utilizar ovos com a casca rachada;
5) Evitar misturar a casca com o conteúdo do ovo;
6) Não reutilizar as embalagens de ovos, nem as utilizar para outras finalidades.
Na preparação de alimentos à base de ovos, deverão ser observados os seguintes aspectos;
1) Não oferecer para consumo ovos crus;
2) Não oferecer para consumo alimentos preparados onde os ovos permaneçam crus;
3) Utilizar ovos pasteurizados, ovos desidratados e ovos cozidos;
4) Preparações quentes; ovos cozidos por 7 minutos em fervura, no mínimo ovos fritos com a gema
dura;
5) As preparações tais como omeletes, empanados, milanesa, bolos, doces e etc., devem atingir 74
Graus Celsius no centro geométrico no momento do preparo.
A distribuição é a etapa onde os alimentos estão expostos para o consumo imediato, sob controle de
tempo e temperatura para não ocorrer multiplicação microbiana e proteger de novas contaminações. Os
alimentos quentes podem ficar na distribuição ou espera a 65 Graus Celsius ou mais por no máximo 12
horas ou a 60 Graus Celsius por no máximo 6 horas ou abaixo de 60 Graus Celsius por 3 horas, devendo
ser desprezados aqueles que ultrapassarem os prazos estipulados. Para a distribuição de alimentos frios
potencialmente perigosos e que favorecem uma rápida multiplicação microbiana, devem ser seguidos os
seguintes critérios;
Devem ser distribuídos no máximo a 10° Graus Celsius por até 4 horas 9h.
Quando a temperatura estiver entre 10 Graus Celsius e 21 Graus Celsius, só podem permanecer na
distribuição por 2 horas.
Alimentos frios que ultrapassarem os critérios de tempo e temperatura estabelecidos devem ser
desprezados.
As sobras constituem o excedente do alimento industrializado in natura, alimentos pré-preparados ou
dos alimentos prontos, incluídos aqueles que não foram para a distribuição e os que foram distribuídos,
mas ficaram sob controle em conformidade com os critérios das boas práticas de fabricação.
Os restos constituem o excedente que não ficou condições de segurança e ainda os alimentos servidos e
não consumidos. Os seguintes procedimentos são indicados para reaproveitamento de sobras quentes;
1) Reaquecer a 74 Graus Celsius e manter a 65 Graus Celsius ou mais, para servir por no máximo 12
horas)
2) Reaquecer a 74 Graus Celsius e quando atingir 55 Graus Celsius na superfície, resfriar a 21 Graus
Celsius em 2 horas, devendo atingir 4 Graus Celsius em mais 6 horas, para reaproveitar no máximo em
24 horas;
3) Na conduta acima, após atingir 55 Graus Celsius, as sobras podem ser congeladas, devendo ser
seguidos os critérios de uso para congelamento;
4) Alimentos que sofreram tratamento térmico e que serão destinados à refrigeração devem ser
armazenados em volumes ou utensílios com altura máxima de 10 centímetros, devendo ser cobertos
quando atingirem a temperatura de 21 Graus Celsius ou menos.
As sobras de alimentos frios que ficaram sob requisitos de segurança podem ser reaproveitadas das
seguintes formas;
1) Ser refrigeradas de modo que a temperatura interna do alimento atinja 4 Graus Celsius em 4 horas,
podendo ser utilizadas por no máximo 24 horas;
2) Ser reaproveitados para pratos quentes, devendo ser levados à cocção a 74 Graus Celsius e mantidos
a 65 Graus Celsius para distribuição por no máximo 12 horas;
3) Após atingirem 55 Graus Celsius ser resfriadas a 21 Graus Celsius em 2 horas e atingirem 4 graus
celsius em mais 6 horas, devendo ser mantidas nesta temperatura para reaproveitamento como pratos
quentes, por no máximo 24 horas;
4) No reaproveitamento citado anteriormente, as sobras também podem ser congeladas, segundo os
critérios de uso para congelamento, podendo ser reaproveitados para pratos quentes, devendo ser
levados à cocção a 74 Graus Celsius e mantidos a 65 Graus Celsius para distribuição por no máximo 12
horas.
DO TRANSPORTE DOS ALIMENTOS São requisitos a serem observados para o transporte de alimentos;
1) O veículo de transporte de alimentos e água potável, refrigerados ou não, deve garantir a integridade
e a qualidade do produto, quando destinado ao consumo humano.
2) É proibido manter ou transportar, no mesmo compartimento de um veículo, alimentos prontos para o
consumo, outros alimentos ou substâncias estranhas e produtos tóxicos que possam contaminá-los.
3) Excetuam-se da exigência do item anterior, os alimentos embalados em recipientes hermeticamente
fechados, impermeáveis e resistentes, salvo com produtos tóxicos.
4) É expressamente proibido o transporte de produtos perigosos em veículos que transportem
alimentos e água, mesmo que submetidos à lavagem e desinfecção.
5) Não é permitido transportar alimentos conjuntamente com pessoas e animais
6) A cabine do condutor deve ser isolada da parte que contém os alimentos, e esta deve ser revestida de
material liso, resistente, impermeável, atóxica e lavável.
7) Os métodos de higiene e desinfecção devem ser adequados às características dos produtos e dos
veículos de transportes
8) Quando a natureza do alimento assim o exigir deve ser colocado sobre prateleiras e estrados, quando
necessários removíveis, de forma a evitar danos e contaminação.
9) Os materiais utilizados para proteção e fixação da carga (cordas, encerados, plásticos e outros) não
devem constituir fonte de contaminação ou dano para o produto, devendo os mesmos ser desinfetados
juntamente com o veículo de transporte.
10) A carga e/ou descarga não devem representar risco de contaminação, dano ou deterioração do
produto e ou matéria-prima alimentar.
11) Nenhum alimento deve ser transportado em contato direto com o piso do veículo ou embalagens ou
recipientes abertos.
12) Os equipamentos de refrigeração não devem apresentar risco de contaminação para o produto e
deve garantir, durante o transporte, temperatura adequada para o mesmo.
13) Os alimentos perecíveis crus ou prontos para o consumo devem ser transportados em veículo
fechado, dependendo da natureza sob refrigeração ao redor de 4 Graus Celsius, com tolerância até 7
Graus Celsius; sob resfriamento ao redor de 6 Graus Celsius, não ultrapassando 10 Graus Celsius ou
conforme especificação do fabricante expressa na rotulagem; sob aquecimento com tolerância até 60
Graus Celsius ou sob congelamento com tolerância até -12 Graus Celsius.
14) Os veículos de transporte que necessitem controle de temperatura devem ser providos
permanentemente de termômetros calibrados e de fácil leitura.
DO CONTROLE DA QUALIDADE DA ÁGUA
Você sabia que a água utilizada para o preparo dos alimentos, proveniente de sistema de abastecimento
público ou de fonte alternativa deve ser potável e filtrada?
Deve ainda ser límpida, transparente, insípida, inodora e adequada ao padrão de potabilidade
estabelecido pela legislação vigente. É obrigatória a existência de reservatório de água, que deve
apresentar as seguintes condições;
1) Superfície lisa, resistente e impermeável;
2. Fácil acesso, para inspeção e higienização;
3. Isento de rachaduras e sempre tampado;
4. Provido de extravasar na sua parte superior;
5. Protegido contra inundações, infiltrações;
6. Feito de material atóxico, inodoro e resistente aos produtos e processos de higienização;
7. Limpo e desinfetado a cada 6 meses ou ainda quando for instalado ou na ocorrência de acidentes que
possam contaminar a água.
A limpeza de reservatórios de água deve ser realizada por empresa credenciada pela Feema, que emitirá
laudo da análise físico-química e de potabilidade microbiológica.
A água oriunda de solução alternativa ou mista deve ser tratada e a sua qualidade deve ser controlada
através de análises laboratoriais, com a periodicidade determinada pela legislação específica vigente.
A água utilizada para a fabricação de gelo ou a confecção de bebidas deve ser filtrada, sendo que o
elemento filtrante deve ser trocado periodicamente. Os laudos referentes à limpeza dos reservatórios e
da análise de potabilidade da água deverão ser arquivados e ter cópias enviadas à DGS.
DO CONTROLE INTEGRADO DE PRAGAS E VETORES
O controle integrado de pragas e vetores constitui um conjunto de ações preventivas e corretivas
destinadas a impedir a atração, o abrigo, o acesso e ou a proliferação de vetores e pragas urbanas que
comprometam a qualidade higiênico-sanitária do alimento. São considerados pragas e vetores que
constituem potencial risco de transmissão de doenças aos seres humanos;
1) Roedores, sendo incluídos o rato de esgoto, a ratazana e o camundongo;
2. Baratas, sendo que as mais comuns são a Barata Americana ou voadora e a Francesinha;
3. Moscas, sendo a mosca doméstica a espécie mais frequente;
4. Formigas, sendo descritas cerca de 30 espécies que são consideradas pragas urbanas.
5) Pombos;
As medidas de caráter preventivo que contribuem para o controle de pragas e vetores e que devem ser
implantados na OPM são as seguintes;
1) Uso de protetores de borracha para a vedação de portas e janelas;
2. Uso de telas milimétricas em janelas e outras aberturas;
3. Uso de ralos sifonados;
4. Vedação de buracos, rachaduras e frestas na estrutura física das instalações;
5. Inspeção cuidadosa durante o recebimento dos gêneros alimentícios;
6. Correto armazenamento de matérias-primas e produtos acabados;
7. Destinação e acondicionamento correto dos resíduos alimentares e do lixo;
8. Limpeza periódica de caixas de gordura e do sistema de esgoto.
9) Manutenção das áreas próximas ao rancho sempre limpas, livres de vegetação, entulho, materiais em
desuso ou resíduos;
10. Manutenção das paredes externas e o telhado, livres e sem contato com construções próximas ou
árvores.
1) Controle químico aplicado periodicamente conforme a indicação.
As ações de desinsetização e desratização através do uso de produtos químicos deverão ser realizadas
por empresa habilitada e credenciada pelos órgãos de vigilância sanitária. As ações coordenadas
deverão seguir a orientação de um calendário profilático confeccionado pela DGS e a documentação
pertinente deverá ser devidamente arquivada e ter cópia enviada também à DGS para o devido controle.
DOS PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRONIZADOS
Conforme preconizado pela Resolução RDC número 216 de 15 de setembro de 2004, os serviços de
alimentação devem implementar Procedimentos Operacionais Padronizados (POP) que estabelecem as
instruções sequenciais para a realização de atividades de rotina e específicas, em todas as etapas da
produção de alimentos assim como outras atividades complementares. Segundo a Resolução em
questão, devem ser desenvolvidos, implementados e mantidos os procedimentos operacionais
padronizados para os seguintes itens;
1) Higienização de instalações, equipamentos, móveis e utensílios;
2. Higienização do reservatório da água;
3. Higiene e saúde dos manipuladores;
4. Controle integrado de vetores e pragas urbanas.
Os POP referentes às operações de higienização de instalações, equipamentos e móveis devem conter
as seguintes informações;
 Natureza da superfície a ser higienizada;
 Método de higienização, princípio ativo selecionado e sua concentração;
 Tempo de contato dos agentes químicos e ou físicos utilizados na operação de higienização; 
Temperatura e outras informações que se fizerem necessárias.
Quando aplicável, os POP devem contemplar a operação de desmonte dos equipamentos. Os POP
relacionados ao controle integrado de vetores e pragas urbanas devem contemplar as medidas
preventivas e corretivas destinadas a impedir a atração, o abrigo, o acesso e ou a proliferação de vetores
e pragas urbanas. No caso da adoção de controle químico, o estabelecimento deve apresentar
comprovante de execução de serviço fornecido pela empresa especializada contratada, contendo as
informações estabelecidas em legislação sanitária específica.
Os POP relacionados à higiene e saúde dos manipuladores, devem contemplar as etapas, a frequência e
os princípios ativos usados na lavagem e antissepsia das mãos dos manipuladores, assim como, as
medidas adotadas nos casos em que os manipuladores apresentem lesão nas mãos, sintomas de
enfermidade ou suspeita de problema de saúde que possa comprometer a qualidade higiênico-sanitária
dos alimentos. Devem especificar os exames aos quais os manipuladores de alimentos são submetidos,
bem como a periodicidade de sua execução. O programa de capacitação dos manipuladores em higiene
deve ser descrito, sendo determinada a carga horária, o conteúdo programático e a frequência de sua
realização, mantendo-se em arquivo os registros da participação nominal dos funcionários.
São considerados ainda itens cuja implementação de POP deve ser considerada;
1) A seleção das matérias-primas, ingredientes e embalagens;
2) Pontos críticos em relação ao risco de contaminação dos alimentos durante os procedimentos de
recebimento, estocagem, preparo e distribuição dos alimentos.
3) Procedimentos em locais ou no uso de equipamentos que ofereçam riscos de acidentes.
4) A manutenção preventiva e calibração dos equipamentos;
5. O manejo dos resíduos;
6. O programa de recolhimento de alimentos.
É determinado que os Procedimentos Operacionais Padronizados devam;
Conter as instruções sequenciais das operações e a frequência de execução, especificando o nome, o
cargo ou a função dos responsáveis pelas atividades.
Ser aprovados, datados e assinados pelo responsável técnico pelo estabelecimento.
Quando aplicável, relacionar os materiais necessários para a realização das operações, assim como os
Equipamentos de Proteção Individual (EPI).
Estar acessíveis a todos os manipuladores envolvidos e disponíveis para a autoridade sanitária quando
requeridos.
Diretoria de Logística (DL) – Implantação do novo sistema de controle de estoque de gêneros
alimentícios
Determinação
1) Acesso ao sistema Página de login e senha, o endereço eletrônico para acesso será o
http;//rancho.macxpc.com.br
Tela de LOGIN do cadastro do usuário, os usuários cadastrados no programa SISNOTA terão acesso
imediato ao sistema de controle de gêneros alimentícios. Após a confirmação dos dados, o usuário será
redirecionado para a página principal do sistema, local onde será permitido realizar as alterações de
seus dados e a senha.
Na página principal, o usuário, de acordo com o seu nível de acesso, poderá cadastrar o cronológico da
sua Unidade, informar a movimentação diária dos gêneros alimentícios, selecionar os cardápios
existentes, efetuar os pedidos extras de acordo com os principais eventos na sua área de policiamento e
controlar o acesso ao rancho das Unidades através de dispositivo mobile.
2) Página principal; Funcionalidades disponíveis
Na parte superior da página principal do Sistema de Controle de Estoque de gêneros alimentícios da
PMERJ, identificamos a barra de menu com a possibilidade de acesso às páginas de cadastramento do
cronológico, de relação individual de gramagem, das informações sobre os 90 cardápios e sua
movimentação diária, solicitação de pedidos extras, os relatórios de movimentação de gêneros e a
impressão ou geração de QRCODE para o usuário.
Durante a execução de qualquer tarefa no sistema, ficarão registradas a identificação do usuário e da
sua Unidade.
3) Do Cronológico de entregas de gêneros alimentícios
Os usuários do Setor de Aprovisionamento, de acordo com o cardápio publicado para as Unidades,
deverão efetuar os pedidos de gêneros alimentícios através da análise da sua capacidade de estoque dos
itens solicitados, de acordo com as datas de entregas disponíveis.
Após a definição das quantidades referentes ao produto selecionado, o usuário será obrigado a clicar no
botão “INSERIR”. Automaticamente será iniciada uma relação de produtos solicitados por esta OPM para
o cronológico do mês subsequente.
Após ter selecionados todos os produtos que serão necessários para a confecção do cardápio publicado
pela PMERJ na sua Unidade, o usuário finalizará o cadastramento do pedido através do clique no botão
“ENVIAR MATERIAIS”, que representa o registro do cronológico no banco de dados e possibilita que o
Setor de Gêneros Alimentícios da Diretoria de Logística possa estabelecer os quantitativos corretos nas
Ordens de Fornecimento que serão enviadas para as Empresas contratadas.
4) Da Entrada de Gêneros Alimentícios
Os gêneros alimentícios adquiridos junto às fornecedoras serão introduzidos no sistema através do
lançamento diário das notas fiscais pelo SISNOTA. No entanto, para o lançamento do estoque existente
na Despensa do Aprovisionamento no sistema atual, ou a inserção de gêneros alimentícios adquirido por
doação, será permitida a entrada de gêneros alimentícios sem comprovação de notas fiscais, através da
página “ENTRADA DE ESTOQUE”.
5) Da Baixa de Gêneros Alimentícios do Estoque da OPM
Os gêneros alimentícios existentes na Despensa da Unidade serão utilizados de acordo com a previsão
de refeições produzidas para a tropa. Desta forma, a principal forma de dar baixa no Estoque da OPM
será através da geração diária da montagem do cardápio.
No entanto, pode ocorrer a necessidade de alimentar a tropa em horários e casos específicos e não
habituais, sendo necessário o registro desta ação.
Do exposto, será permitida a baixa de gêneros alimentícios para determinados setores, através da
página “BAIXA DE ESTOQUE”.
6) Da Elaboração do Cardápio Diário
O Despenseiro deverá utilizar-se da página “GERAR REFEIÇÕES DO DIA” para registrar o quantitativo de
PPMM que deverão fazer as refeições, conforme a previsão de Vale de Rancho de cada OPM. Ele deverá
selecionar o Tipo de Refeição (CAFÉ, ALMOÇO, JANTAR, CEIA) para, após selecionar as diversas
sugestões de cardápio disponíveis, conforme o previsto no cardápio único da PMERJ.
Ao final das indicações dos quantitativos, o Despenseiro deverá clicar no botão “ENVIAR CARDÁPIO”.
Com esta ação será gerada automaticamente a informação do relatório diário de movimentação de
gêneros alimentícios.
Após clicar no botão “ENVIAR CARDÁPIO”, o Despenseiro receberá uma mensagem alerta para que
revise as suas informações porque as estas, quando enviadas, não poderão ser mais revistas.
Confirmado o envio, o Sistema apresentará o Relatório do Movimento Diário de Gêneros Alimentícios.
7) Pedidos Extras
A Unidade, quando da ocorrência de algum evento na sua OPM, poderá solicitar o envio de gêneros
alimentícios indicando o quantitativo e a finalidade deste, acessando a página “GERAR PEDIDO” da Aba
“PEDIDOS EXTRAS”.
O Aprovisionador selecionará o Motivo, a Data e informará os produtos e quantidade que precisará para
cada evento. A cada produto que selecionar e indicar a quantidade o Aprovisionador deverá clicar no
botão “INSERIR”. Ao finalizar a relação de produtos necessários, o Aprovisionador deverá clicar no botão
“ENVIAR MATERIAIS”.
Os pedidos poderão ou não ser aprovados, pois dependerá de fatores inerentes a faculdade decisória do
Comando da Corporação.
CONCLUSÃO
Ao estudar o conteúdo da disciplina Administração Aplicada a PMERJ, o policial militar na graduação de
Segundo SGT PM, pode compreender um pouco mais sobre o funcionamento da área 4 das unidades da
Corporação, visando assim qualificar e aprimorar para o desempenho das funções administrativas caso
necessário ao longo de sua carreira.
É fundamental que o graduado na condição de Segundo SGT PM esteja apto para desempenhar as
funções sejam alusivas ao policiamento ostensivo ou serviços administrativos sempre que necessário,
por este a importância dos conhecimentos adquiridos.
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR
INTRODUÇÃO
A disciplina de Atendimento Pré-hospitalar tem por objetivo abordar situações de urgências e
emergências mais comumente encontradas pelo Agente de Segurança Pública nas ocorrências diárias,
bem como as principais condutas a serem tomadas até a chegada de equipe especializada para
atendimento e transporte do paciente ao hospital.
Estudaremos o Suporte Básico de Vida visando o atendimento prestado a uma vítima de mal súbito,
queimaduras, traumatismo e intoxicações visando à manutenção de seus sinais vitais e à preservação da
vida, além de evitar o agravamento das lesões existentes, até que uma equipe especializada possa
transportá-la ao hospital e oferecer um tratamento definitivo.
CONCEITOS BÁSICOS DE ATENDIMENTO PRÉHOSPITALAR
Responsabilidades do socorrista – É da maior importância que o socorrista conheça e saiba colocar em
prática o suporte básico de vida. Saber fazer o certo na hora certa pode significar a diferença entre a
vida e a morte para um acidentado. Além disso, os conhecimentos na área podem minimizar os
resultados decorrentes de uma lesão, reduzir o sofrimento da vítima e colocá-la em melhores condições
para receber o tratamento definitivo.
Atendimento pré-hospitalar (aph)
É o conjunto de procedimentos técnicos realizados no local da emergência e durante o transporte da
vítima, visando mantê-la com vida e estável, evitando o agravamento das lesões existentes e fornecendo
um transporte rápido e adequado até um serviço de referência.
O socorrista
É pessoa tecnicamente capacitada e habilitada para, com segurança, avaliar e identificar problemas que
comprometam a vida. Cabe ao socorrista prestar o adequado socorro pré-hospitalar e o transporte do
paciente sem agravar as lesões já existentes.
É uma atividade regulamentada pelo Ministério da Saúde, segundo a portaria N° 2048, de 05 de
novembro de 2002. O socorrista possui um treinamento mais amplo e detalhado que uma pessoa
prestadora de socorro.
Atributos do socorrista
Os principais atributos inerentes à função do socorrista são;
a) Ter conhecimento técnico e capacidade para oferecer o atendimento necessário;
b) Aprender a controlar suas emoções, ser paciente com as ações anormais ou exageradas daqueles que
estão sob situação de estresse;
c) Ter capacidade de liderança para dar segurança e conforto ao paciente. Responsabilidades do
socorrista.
As responsabilidades do socorrista no local da emergência incluem o cumprimento das seguintes
atividades;
Ter conhecimento acerca da necessidade de utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI’s) e
fazer uso dos mesmos;
Controlar o local do acidente, identificando e gerenciando os riscos, de modo a proteger a si mesmo, sua
equipe, o paciente e prevenir outros acidentes;
Colher o maior número possível de informações junto à base, tais como tipo de acidente, número e
situação das vítimas, se já foi acionado outro órgão para o local (recursos adicionais), pontos de
referência do local da ocorrência etc.
Obter acesso seguro ao paciente e utilizar os equipamentos necessários para a situação;
Identificar os problemas utilizando-se das informações obtidas no local, através da cinemática do trauma
e pela avaliação do paciente;
Fazer o melhor possível para proporcionar uma assistência de acordo com seu treinamento, não
correndo riscos desnecessários. Tentar fazer o que estiver ao seu alcance para socorrer uma vítima,
desde que a cena esteja segura para si e sua equipe primeiramente;
Decidir quando a situação exige a mobilização ou mudança da posição ou local do paciente. O
procedimento deve ser realizado com técnicas que evitem ou minimizem os riscos de lesões adicionais;
Solicitar, se necessário, auxílio de terceiros presentes no local da emergência e coordenar as atividades;
Fornecer um atendimento humanizado ao paciente, tratando com dignidade e respeito à vida humana.
Direitos do paciente
a) Solicitar e receber atendimento;
b) Exigir sigilo sobre suas condições;
c) Denunciar a quem não lhe prestou socorro e/ou não fez sigilo de sua condição;
d) Recusar o atendimento conforme o caso.
Termos usuais Primeiros Socorros – São os cuidados imediatos prestados a uma pessoa cujo estado
físico coloca em perigo a sua vida ou a sua saúde, com o fim de manter as suas funções vitais e evitar o
agravamento de suas condições, até que receba assistência médica especializada.
Urgência – Condição indica gravidade, mas geralmente não perigosa. Estado que necessita de
encaminhamento rápido ao hospital. O tempo gasto entre o momento em que a vítima é encontrada e o
seu encaminhamento deve ser o mais curto possível.
Exemplo – queimaduras; estado de pânico agudo; dor abdominal grave.
Emergência – Condição potencialmente ameaçadora a vida ou à ação normal de um órgão em estado
grave, que necessita atendimento médico imediato com a mais alta prioridade.
Exemplo –parada cardíaca; choque profundo; traumatismo craniano.
Acidente – Fato do qual resulta pessoas feridas e/ou mortas que necessitam de atendimento.
Incidente – Fato ou evento desastroso do qual não resulta pessoas mortas ou feridas, mas que pode
oferecer risco futuro.
Sinal – É a informação obtida a partir da observação da vítima.
Sintoma – É informação a partir de um relato da vítima.
Suporte Básico da Vida – É uma medida de emergência que consiste no reconhecimento e correção da
falência do sistema respiratório e/ou cardiovascular, ou seja, manter a pessoa respirando, com pulso e
sem hemorragias.
Trauma – Aplicação de uma força que supera a capacidade de resistência do corpo ou parte dele,
provocando lesões de extensão, intensidade e gravidade variáveis, que podem ser produzidas por
agentes diversos (físicos ou químicos), sendo de forma acidental e ou intencional, agindo instantânea ou
prolongadamente, provocando perturbação somática e/ou psíquica.
A OCORRÊNCIA
Evento causado pelo homem, de forma intencional ou acidental, por fenômenos naturais, ou patologias,
que podem colocar em risco a integridade de pessoas ou bens e requer ação imediata de suporte básico
de vida, a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida ou sobrevida aos pacientes, bem como
evitar maiores danos à propriedade ou ao meio ambiente.
Acionamento e comunicação protocolar de emergência
Dados a solicitar ou confirmar durante o deslocamento para a cena de emergência ou para acionamento
dos serviços públicos ou privados de socorro;
Local do acidente (ponto de referência);
Solicitante;
Natureza da ocorrência;
Número de vítimas e idade aproximada;
Gravidade das vítimas;
Ações já empreendidas.
Caso a equipe de resgate seja dotada de veículo de transporte, deve – se ser conhecido com
antecedência à localização dos hospitais de referência nas proximidades do local de trabalho.
Deve se conhecer os procedimentos para o planejamento das ações conforme definido previamente no
plano de emergência da planta.
Exemplo – Em alguns pontos da planta será viável a retirada do trabalhador acidentado por plataforma e
em outros por corda, por exemplo, bem como medidas padronizadas para riscos específicos de acordo
com cada setor ou ponto de trabalho.
Reconhecimento do local da ocorrência
Reconhecimento da situação, realizado pelo socorrista no momento em que chega ao local da
emergência. O reconhecimento é necessário para que o socorrista possa avaliar a situação inicial, decidir
o que fazer e como fazer.
Avaliação do local
O socorrista deverá avaliar o local da ocorrência, observando principalmente os seguintes aspectos;
A situação;
Potencial de risco;
As medidas a serem adotadas;
Adoção de medidas de proteção individual (EPI).
Após avaliar o local, o socorrista deverá gerenciar os riscos presentes na cena e acionar o serviço de
emergência.
Gerenciamento dos riscos
Consiste na avaliação minuciosa por parte do socorrista em toda a cena de emergência, possibilitando
eliminar ou minimizar as situações de risco existentes. Equipamentos de proteção individual (epi)
EPI’s – são equipamentos destinados à proteção da integridade física do socorrista durante a realização
de atividades onde possam existir riscos potenciais a sua vida.
Avaliação geral do paciente
A avaliação é a pedra fundamental para o melhor atendimento ao doente. A primeira meta é determinar
a situação atual da vítima. Desenvolve-se uma impressão geral, estabelecem-se valores basais para os
estados respiratórios, circulatório e neurológico. Em seguida, são rapidamente encontradas e tratadas as
condições que ameaçam a vida. Se o tempo permitir, mais frequentemente quando o transporte está
sendo efetuado, é feita uma avaliação detalhada de lesões sem risco de vida ou que comprometam
membros.
Todas essas etapas são realizadas com rapidez e eficiência com o intuito de minimizar o tempo gasto na
cena. Não se pode permitir que doentes graves permaneçam no local do trauma para outro cuidado que
não o de estabilizá-los para transporte, a menos que estejam presos ou existam outras complicações
que impeçam o transporte imediato.
De acordo com o PHTLS 8ª Edição, o processo de avaliação geral do paciente divide-se em quatro fases
distintas, a saber –
Exame da cena;
Exame primário;
Exame secundário;
Monitoramento e reavaliação.
EXAME DA CENA
Antes de iniciar o atendimento propriamente dito, a equipe de socorro deve garantir sua própria
condição de segurança, a das vítimas e a dos demais presentes. De nenhuma forma qualquer membro
da equipe deve se expor a um risco com chance de se transformar em vítima, o que levaria a deslocar ou
dividir recursos de salvamento disponíveis para aquela ocorrência.
Exame primário
Podemos conceituá-lo como sendo um processo ordenado para identificar e corrigir, de imediato,
problemas que ameacem a vida em curto prazo.
No doente traumatizado multissistêmico grave, a prioridade máxima é a identificação e o atendimento
rápido de condições que ameacem a vida. Mais de 90% dos doentes traumatizados possuem ferimentos
que envolvem apenas um sistema. Para esses, há tempo para fazer tanto o exame primário quanto o
secundário completo.
O paciente multissistêmico possui lesões que afetam mais de um sistema do corpo, incluindo os
sistemas pulmonar, circulatório, neurológico, gastrointestinal, musculoesquelético e tegumentar.
Para doentes traumatizados graves, o socorrista não pode fazer mais do que o exame primário. A ênfase
é na avaliação rápida, utilizando cinco etapas (ABCDE do trauma).
A - (Airway) permeabilidade das vias aéreas e controle da coluna cervical.
B- (Breathing) ventilação. Se a vítima respira e como se processa essa respiração.
C- (Circulation) verificar pulso, hemorragia e risco de estado de choque.
D- (Disability) incapacidade neurológica.
E- (Exposure) exposição de ferimentos.
Como Realizar o Exame primário
1) Observe visualmente a cena (cinemática do trauma) e forme uma impressão geral do paciente;
2) Apresente-se ao paciente e solicite o seu consentimento. “Eu sou o... (nome Agente), Policial Militar,
e estou aqui para te ajudar. O que aconteceu contigo? ’’. Uma resposta adequada permite esclarecer
que a vítima está consciente, que as vias aéreas estão permeáveis e que respira;
3) Vias aéreas (A) – Avalie a sua permeabilidade e estabilize manualmente a coluna cervical, utilizando a
manobra do empurre mandibular (em caso de trauma). Para casos clínicos, será necessária somente a
abertura de VA’s, utilizando a manobra de elevação do queixo;
4) Avalie a respiração (B) do paciente (usar a técnica do ver, ouvir e sentir – VOS). Observe sinais de
respiração difícil (rápida, profunda, ruidosa). Caso o paciente não respire, faça a abertura de sua
cavidade oral e visualize a presença de algum corpo estranho ou excesso de secreção na cavidade. Caso
exista, faça uma varredura digital ou uma aspiração. Posteriormente, deverão ser efetuadas duas
ventilações de resgate e observar se houve passagem do ar (elevação do tórax e/ou abdome).
Em caso negativo, iniciar manobra de desobstrução de vias aéreas (OVACE). Em caso positivo, checar
pulso carotídeo – paciente com pulso iniciar reanimação pulmonar (esses procedimentos serão descritos
logo adiante);
Quando a vítima se encontra inconsciente, o tônus muscular é insuficiente, posto que a língua e a
epiglote podem obstruir a chegada de ar até os pulmões. A fim de permitir a respiração ou o acesso fácil
para aspiração bilateral, é introduzida uma cânula orofaríngea nesses pacientes. Caso tenham reflexos
de vômito, não deverá ser colocada;
5) Verifique a circulação (C) do paciente (avalie o pulso carotídeo em adultos e crianças, e braquial em
lactentes) – paciente sem pulso iniciar RCP; verifique a presença de hemorragias e perfusão. A perfusão
> 2s, associada a outros sinais tais como cianose, palidez, pele fria e úmida, pode indicar um
comprometimento da oxigenação dos tecidos ou choque;
6) Verifique nível de consciência (D) (Escala de coma de Glasgow), para a avaliação do grau de
comprometimento neurológico e da evolução do quadro. Ao verificar a resposta ocular, examine as
pupilas. Observe a sua reatividade e simetria;
7) Exposição dos ferimentos (E). Retirar vestimentas pesadas que impeçam a correta avaliação da
existência de ferimentos; expor somente as partes lesionadas para tratamento; prevenir o choque;
preservar dentro das possibilidades, a intimidade do paciente;
8) Decida a prioridade para o transporte, através da escala CIPE;
9. Coloque colar cervical;
10. Administre oxigênio.
Escala CIPE
Ao término do exame primário, o socorrista deverá classificar o paciente de acordo com a gravidade de
suas lesões ou doença. Essa classificação é baseada na escala CIPE. Crítico
Parada respiratória ou cardiorrespiratória.
Instável
Paciente inconsciente (Glasgow 2s), dificuldade respiratória severa, com lesão grave de cabeça e/ou
tórax.
Potencialmente instável
Paciente vítima de mecanismo agressor importante, em choque compensado (perfusão portador de
lesão isolada importante ou lesão de extremidade com prejuízo circulatório ou neurológico.
Estável
Paciente portador de lesões menores e sinais vitais normais. Os pacientes críticos e instáveis devem ser
tratados no máximo em 5 minutos no local da emergência e transportados de imediato. Nesses casos, o
exame secundário deverá ser realizado durante o transporte para o hospital, simultaneamente com as
medidas de suporte básico de vida. Já no caso dos pacientes potencialmente instáveis e estáveis, o
socorrista deverá continuar a avaliação no local da emergência no máximo em 12 minutos e transportá-
lo após sua estabilização.
Colar Cervical e Oxigênio
Após decidir sobre a prioridade de transporte, a equipe de socorristas deverá realizar um rápido exame
físico na região posterior, anterior e lateral do pescoço e, em seguida, mensurar e aplicar o colar cervical
de tamanho apropriado. Depois, os socorristas deverão avaliar a necessidade de ofertar oxigênio para o
paciente. Para isto, deverão examinar o nariz, a boca e a mandíbula e através do emprego de uma
máscara facial com reservatório de oxigênio.
Para tratar os pacientes de emergência clínica, os socorristas poderão utilizar os mesmos parâmetros
recomendados nos casos de trauma, no entanto, não necessitam imobilizar a região cervical.
Exame secundário
Você sabia que o exame secundário é avaliação da cabeça aos pés do doente?
O socorrista deve completar o exame primário, identificar e tratar as lesões que ameaçam a vida antes
de começar o exame secundário. Seu objetivo é identificar lesões ou problemas que não foram
identificados durante o exame primário.
É dividido em três etapas, que são realizadas simultaneamente por três socorristas. Caso não haja essa
quantidade, pode haver acúmulo de função, sendo imprescindível sempre, um treinamento permanente
da equipe para a harmonia dos trabalhos. Entrevista – Etapa da avaliação onde o socorrista 1 conversa
com o paciente buscando obter informações dele próprio, de familiares ou de testemunhas, sobre o tipo
de lesão ou enfermidade existente e outros dados relevantes.
Sinais Vitais – Etapa da avaliação onde o socorrista 2 realiza a aferição da respiração, pulso, pressão
arterial e temperatura relativa da pele do paciente.
Exame físico detalhado – Realizado pelo chefe da equipe em todo o segmento corporal.
Fique atento durante todo o processo de avaliação, pois algumas vezes a natureza da emergência pode
não estar claramente definida.
Guia Para Realizar Uma Entrevista
Se o paciente estiver consciente e em condições de respondê-lo, questione-o utilizando as seguintes
perguntas (mnemônica AMPLA);
Alergias – principalmente a remédios.
Medicações – drogas prescritas ou não que o paciente toma regularmente.
Passado médico e antecedente cirúrgico – problemas médicos importantes para os quais o paciente
recebe tratamento. Inclui cirurgias prévias.
Líquido e alimentos – muitos traumatizados necessitarão de cirurgia, e alimentação recente pode
aumentar o risco de vômito e aspiração durante a indução da anestesia. Ambiente e Eventos que
levaram ao trauma (o que aconteceu?).
Pergunte ao paciente sobre sua queixa principal, o (s) local (s) que doem mais.
Guia para aferir os sinais vitais Sinal
É tudo aquilo que o socorrista pode observar ou sentir no paciente enquanto o examina.
Exemplos – pulso, palidez, sudorese etc.
Sintoma – É tudo aquilo que o socorrista não consegue identificar sozinho. O paciente necessita contar
sobre si mesmo.
Exemplos – dor abdominal, tontura etc.
Aferição de Sinais Vitais
Pulso - É o reflexo do batimento cardíaco palpável nos locais onde as artérias calibrosas
Estão posicionadas próximas da pele e sobre um plano duro.
Valores normais
Adulto - 60-100 batimentos por minuto (bpm);
Criança - 80-140 bpm;
Lactentes - 85-190 bpm.
Respiração
Processo fisiológico de troca de gases entre as artérias e o alvéolo.
Valores normais
Adulto - 12-20 ventilações por minuto (vpm);
Criança - 20-40 vpm;
Lactentes - 40-60 vpm.
Temperatura
É a diferença entre o calor produzido e o calor perdido pelo corpo humano.
Valores normais
36,5 a 37,0 Graus Celsius – independente da faixa etária.
Temperatura Relativa da Pele
Em atendimento pré-hospitalar, o socorrista verifica a temperatura relativa da pele colocando o dorso
da sua mão sobre a pele do paciente (na testa, no tórax ou no abdômen). O socorrista estima a
temperatura relativa da pele pelo tato.
Convém recordar que a pele é a grande responsável pela regulação da temperatura e poderá
apresentar-se normal, quente ou fria, úmida ou seca.
Durante o monitoramento, o socorrista deverá utilizar o termômetro clínico, para real certificação da
temperatura corporal.
Com relação à coloração, a pele poderá estar?
Pálida, Ruborizada ou Cianótica.
Nas pessoas negras, a cianose poderá ser notada nos lábios, ao redor das fossas nasais e nas unhas.
Pressão arterial (PA) - É definida como a pressão exercida pelo sangue circulante contra as paredes
internas das artérias. A PA é verificada em dois níveis, a PA sistólica e a diastólica.
A sistólica é a pressão máxima à qual a artéria está sujeita durante a contração do coração (sístole). A
diastólica é a pressão remanescente no interior do sistema arterial quando o coração fica relaxado
(diástole). A pressão arterial é diretamente influenciada pela força do batimento cardíaco, quanto mais
força, mais elevada a PA e o volume de sangue circulante.
Valores normais
Adulto –
Sistólica - máxima 150 mmHg e mínima 100 mmHg.
Diastólica - máxima 90 mmHg e mínima 60 mmHg.
Criança
Idade
Nascimento de 12 horas e menor que 1000 gramas a pressão sistólica é de 39 a 59 mm hg.
Pressão diastólica é de 16 a 36 mm hg
Nascimento de 12 horas a 3 quilos a pressão sistólica é de 50 a 70 mm hg.
Pressão diastólica é de 25 a 45 mm hg.
Recém-nascido 96 horas a pressão sistólica é de 60 a 90 mm hg.
Pressão diastólica é de 20 a 60 mm hg.
Lactente a6 meses a pressão sistólica é de 87 a 105 mm hg.
Pressão diastólica é de 53 a 66 mm hg.
Criança 2 anos a pressão sistólica é de 95 a 105 mm hg.
Pressão diastólica é de 53 a 66 mm hg.
Idade escolar 7 anos a pressão sistólica é de 97 a 112 mm hg.
Pressão diastólica é de 57 a 71 mm hg.
Adolescente 15 anos a pressão sistólica é de 112 a 128 mm hg.
Pressão diastólica é de 66 a 80 mm hg.
Dentro desses valores, consideramos a PA normal;
Se exceder à máxima, denominamos alta (hipertensão) e, ao contrário,
Se não atinge o nível mínimo, denominamos baixa (hipotensão).
Em geral não se afere PA em crianças com menos de 3 anos de idade. Nos casos de hemorragias ou
choque, a PA mantém-se constante dentro de valores normais para no final desenvolver uma queda
abrupta.
Guia para realizar o exame físico detalhado
O exame físico detalhado da cabeça aos pés deve ser realizado pelo socorrista em cerca de 2 a 3
minutos. O exame completo não precisa ser realizado em todos os pacientes. Ele pode ser realizado de
forma limitada em pacientes que sofreram pequenos acidentes ou que possuem emergências médicas
evidentes.
Ao realizar o exame padronizado da cabeça aos pés, o socorrista deverá –
Verificar a cabeça (couro cabeludo) e a testa;
Verificar a face do paciente. Inspecionar os olhos, pálpebras e os ouvidos;
Inspecionar o ombro bilateralmente proximal/distal;
Inspecionar as regiões anterior e lateral do tórax;
Inspecionar o abdômen em quatro quadrantes separadamente;
Inspecionar as regiões anterior e lateral da pelve e a região genital;
Inspecionar as extremidades inferiores (uma de cada vez).
Pesquisar a presença de pulso distal, a capacidade de movimentação (motricidade), a perfusão e a
sensibilidade (PPMS);
Inspecionar as extremidades superiores (uma de cada vez). Pesquisar PPMS;
Realizar o rolamento em monobloco e inspecionar a região dorsal.
Monitoramento e reavaliação
Você sabia que o monitoramento é realizado durante o transporte do paciente, devendo o socorrista
reavaliar constantemente os sinais vitais e o aspecto geral do paciente?
A reavaliação deverá ser realizada conforme a escala CIPE;
CRÍTICO e INSTÁVEL – Reavaliar a cada 5 minutos.
POTENCIALMENTE INSTÁVEL e ESTÁVEL – Reavaliar a cada 15 minutos.
Escala de coma de glasgow (ECG)
Avaliação
Abertura ocular
Se espontânea 4 pontos,
Por estímulo verbal 3 pontos;
Por estímulo a dor 2 pontos;
Sem resposta 1 ponto.
Resposta verbal
Orientado 5 pontos;
Confuso, mas responde 4 pontos;
Resposta inapropriada 3 pontos;
Sons incompreensíveis 2 pontos;
Sem resposta 1 ponto.
Resposta motora
Obedece a ordens 6 pontos;
Localiza dor 5 pontos;
Reage a dor, mas não localiza 4 pontos;
Flexão anormal, decortificação 3 pontos;
Extensão anormal, decerebração 2 pontos;
Sem resposta 1 ponto.
Fluxograma da avaliação geral do paciente
Avaliação da cena
Exame primário consiste em impressão geral, vias aéreas/cervical, respiração, circulação, pulso e
hemorragias (rp, ovace, rcpdea),
Colar cervical e oxigênio
Exame secundário consiste em entrevista, exame físico detalhado, sinais vitais;
Estabilização monitoramento e reavaliação.
SUPORTE BÁSICO DE VIDA
Você já ouviu falar em suporte básico de vida (SBV)? Sabe o que é? Vamos aprender? O suporte básico
de vida (SBV) é uma sequência de medidas, aplicadas inicialmente no atendimento a vítimas em parada
cardiorrespiratória, consiste em reconhecer a PCR, solicitar ajuda iniciar suporte ventilatório e circulação
mecânica.
Considerando que a fibrilação ventricular (FV) e taquicardia ventricular (TV) sem pulso são os ritmos
mais frequentemente observados em adultos durante uma PCR, e que a desfibrilação elétrica precoce é
a única terapia eficaz na conversão desse ritmo caótico, adicionou-se a desfibrilação à sequência da RCP.
O termo Reanimação Cardiorrespiratória e Cerebral (RCRC) vem sendo inserido na prática profissional
em substituição ao termo Reanimação Cardiopulmonar (RCP).
Busca-se com essa mudança, o entendimento de que as medidas iniciais devem objetivar não só o
retorno da circulação espontânea, mas sim a prevenção ou minimização de lesão cerebral. Entretanto,
abordaremos nessa apostila o termo RCP, para evitarmos quaisquer dúvidas.
Definições
Parada respiratória
Supressão súbita dos movimentos respiratórios, que poderá ou não, ser acompanhada de parada
cardíaca.
São causas de parada respiratória por ordem de incidência –
Doenças do pulmão;
Trauma;
Obstrução de Vias Aéreas;
Acidente Cardiovascular (AVC);
Overdose por drogas;
Afogamento;
Inalação de fumaça;
Epiglotite e laringite;
Choque elétrico.
Parada cardíaca
Segundo Guimarães ET AL parada cardíaca é “a cessação da atividade ventricular cardíaca e circulação
sistêmica em indivíduo com expectativa de restauração das funções cardiopulmonar e cerebral, não
portador de moléstia crônica intratável ou em fase terminal”.
A relação 30 por 2 proposta pela AHA é mundialmente aceita visto que até o momento é a que melhor
apresenta confirmações científicas de eficácia. A antiga relação 15 por 2 caiu em desuso, pois exigia que
o socorrista interrompesse as compressões torácicas para realizar ventilações desnecessárias visto que o
suprimento sanguíneo que chega ao coração está diminuído durante uma PCR, portanto não há
necessidade de grandes quantidades de oxigênio.
Outra definição
É o cessar da atividade mecânica do coração. É um diagnóstico clínico confirmado pela falta de resposta
a estímulos, ausência de pulso detectável e apneia (ou respirações agônicas).
Morte clínica e biológica
A reanimação cardiopulmonar (RCP) é também uma aspiração médica, porque a morte clínica não é
seguida instantaneamente da morte biológica. Ou seja, no momento em que um paciente apresenta
sinais de morte clínica (inconsciência sem resposta a qualquer estímulo e ausência de movimentos
respiratórios e de pulso), há ainda viabilidade biológica dos órgãos internos.
Dessa forma, se for possível manter a oferta de oxigênio aos tecidos e recuperar a respiração e a
circulação espontâneas, antes da morte biológica dos tecidos, a reanimação é conseguida com sucesso.
Para alguns pacientes com parada cardiorrespiratória e com funções neurológica e cardiorrespiratória
previamente preservada, a utilização rápida das técnicas de RCP, seguidas de cuidados médicos
definitivos, pode ser salvadora.
O tempo disponível de viabilidade dos tecidos antes da morte biológica é curto e o principal
determinante do sucesso da RCP.
Delineação da idade
Com o objetivo de aplicar as técnicas conforme a idade da vítima é necessária definir tal situação –
Adultos – vítimas que apresentem caracteres sexuais secundários (pré-adolescentes);
Crianças – a partir de 1 ano de idade até a presença de caracteres sexuais secundários;
Bebês ou lactentes – até 1 ano de idade;
Neonatos ou recém-nascidos – das primeiras horas do parto até 28 dias.
É essencial para um melhor prognóstico, o reconhecimento de sinais que indiquem que o paciente está
evoluindo para uma parada cardiorrespiratória. São eles;
Alteração da respiração (taqui ou bradipnéia);
Alteração do nível de consciência (torpor);
Alteração do ritmo cardíaco (taquiarritmias, bradicardia).
Na vigência da evolução desses sinais, teremos uma PCR, diagnosticada através de – inconsciência,
ausência de movimentos respiratórios e ausência de pulso central (carotídeo e femoral). No lactente, dá-
se preferência ao pulso braquial, palpado contra o úmero medialmente ao bíceps.
Outros sinais podem ser identificados, como a midríase e a cianose. A dilatação pupilar (midríase) surge
cerca de 45 segundos após a PC, completando-se em menos de 3 minutos.
ABCD primário A reanimação cardiopulmonar requer uma sequência de procedimentos parecidos com o
ABCD da avaliação inicial com a diferença que o “D” da RCP se refere à desfibrilação –
A - Vias aéreas – manter as vias aéreas para a passagem do ar.
B – Respiração – ventilar os pulmões da vítima com pressão positiva.
C- Circulação – fazer compressões torácicas.
D – Desfibrilação – aplicação de choque para FV/TV sem pulso.
Estabelecida que a vítima apresenta os sinais característicos de parada cardiopulmonar você deve iniciar
os procedimentos de RCP. Para tanto o primeiro passo é garantir que a vítima esteja em decúbito dorsal
(costas no chão).

Vias aéreas (A)


Primeiro passo – Na ausência de suspeita de trauma (vítimas clínicas), realize a manobra de inclinação
da cabeça-elevação do queixo. Ao suspeitar de eventos traumáticos realizarem manobra de empurre
mandibular.
Segundo passo – inspecione a cavidade oral e certifique-se que não há nenhuma obstrução por prótese,
vômito, sangue e outros. Retirar conforme técnicas já descritas.
Respiração (B)
Fazer o V O S (ver, ouvir e sentir). Se não há nenhuma movimentação do tórax e nenhum ar exalado, a
vítima está em apneia. O ideal é que essa avaliação dure de 3 a 5 segundos. Se constatar que não há
respiração, a respiração é inadequada (agônica) ou ainda, você não tem certeza sobre a situação, inicie
as ventilações artificiais.
Realize 2 ventilações de resgate- boca-boca, boca máscara, boca-nariz, bolsa-válvula-máscara e observe
se houve passagem de ar. As ventilações devem ter a duração de 1 segundo e um intervalo de aprox. 4
segundos entre elas, permitindo assim a expiração. Entretanto, o importante é observar se o volume de
cada ventilação está sendo suficiente para produzir uma elevação torácica visível. Devem-se evitar
ventilações longas ou forçadas, pois pode exceder a pressão de abertura do esôfago, provocando
distensão gástrica, regurgitação e aspiração. Cuidado maior quando se trata de crianças e lactentes,
onde o volume de ar insuflado deverá ser menor. Se possível, a cânula orofaríngea deverá ser usada
nesse momento;
Se houve passagem de ar e a vítima não respira, mas possui pulso, realizar a reanimação pulmonar, que
consiste em ciclos de 10 a 12 ventilações por minuto para um adulto (1 ventilação a cada 5 segundos) e
12 a 20 ventilações por minuto para lactentes ou crianças (aprox. 1 ventilação a cada 3 segundos). Após
cada ciclo, observar se a vítima ainda apresenta pulso central. Continuar com as ventilações até que a
vítima restabeleça a respiração ou entre em parada cardiorrespiratória.
Circulação (C)
Checar pulso em artérias centrais, como carótida e femoral; em lactentes, utiliza-se a palpação da artéria
braquial. Se ausente, iniciar a compressão torácica externa na metade inferior do osso esterno.
Sequência
ADULTO – o esterno é comprimido 4 a 5 centímetro, utilizando-se a região hipotênar de 2 mãos. As
compressões são feitas na frequência de 100 por minuto, com 5 ciclos de 30 por 2
(compressão/ventilação) ou aproximadamente 2 minutos.
CRIANÇAS – utilizar a região hipotênar de 1 ou 2 mãos na compressão esternal, aqui restrita a 2,5- 3,5
centímetros.
A relação compressão e ventilação será de 30 por 2 (5 ciclos ou 2 minutos) com um socorrista e 15 por 2
(10 ciclos ou 2 minutos) com dois socorristas.
LACTENTES – profundidade, 2,5-3,5 centímetros.
Com 1 socorrista – utilizar 2 dedos para comprimir o esterno;
com 2 socorristas – utilizar a técnica dos dois polegares, com as mãos circundando o corpo. Da mesma
forma em crianças, a frequência das compressões em lactentes será de 100 por minuto, guardando a
relação 30 por 2 (5 ciclos ou 2 minutos) com um socorrista e 15 por 2 (10 ciclos ou 2 minutos) com dois
socorristas.
Considerações acerca da RCP
Em nenhuma hipótese as mãos devem ser retiradas da posição entre as massagens. Entretanto, é
importante que seja permitido ao tórax retornar ao seu ponto de partida antes da compressão, não
devendo ser mantido sob pressão;
Certifique-se de que a vítima esteja em decúbito dorsal sobre uma superfície rígida; Após 2 minutos ou 5
ciclos de RCP reavalie a vítima; não demore mais do que 5 segundos nessa avaliação e continue a RCP, a
menos que um DEA esteja disponível;
O tempo de compressão e descompressão deve ser igual; não permitir que o tórax retorne de forma
abrupta;
A ótima compressão do esterno normalmente é identificada quando existe a palpação de pulso
carotídeo ou femoral;
Na impossibilidade da ventilação (ausência de materiais de proteção ou traumas que possibilitem
apenas a obtenção de via aérea avançada), realizar somente as compressões cardíacas externas.
Adultos e crianças
Ponto de referência para a compressão – centro do peito, entre os mamilos;
Ajoelhe-se ao lado da vítima na altura dos ombros. Se possível, posicione-se do lado direito, deixando
livre o esquerdo para a aplicação do DEA;
Considerações acerca da RCP
A cada 2 minutos troque se possível, o socorrista que comprime o tórax, para evitar a exaustão e
consequente aplicação incorreta das compressões;
Os dedos devem estar estendidos ou entrelaçados; eles não tocam o tórax durante as compressões. Os
braços também deverão permanecer eretos e perpendiculares ao tórax da vítima durante todo o tempo.
Para isso, o socorrista deverá inclinar-se.
Lactentes
Ponto de referência para compressão – imediatamente abaixo da linha dos mamilos; Em lactentes, o
socorrista poderá realizar a RCP sentado com o bebê em seu braço, apoiado em uma das pernas;
Desfibrilação (D)
Se após 5 ciclos de RCP o paciente não tiver pulso e se houver um desfibrilador disponível, deverá ser
lançado mão imediatamente para normalizar os batimentos cardíacos que entram em movimentos
descompassados como a fibrilação ventricular (FV) e a taquicardia ventricular sem pulso.
Desfibrilação Externa Automática
O principal fator determinante da sobrevivência de uma parada cardíaca é o intervalo desde a perda da
consciência até a desfibrilação. A desfibrilação rápida é fundamental para as vítimas de parada cardíaca
súbita pelos seguintes motivos –
O ritmo inicial mais frequente nas paradas cardíacas súbitas testemunhadas é a Fibrilação Ventricular.
O tratamento mais eficaz para a FV é a desfibrilação elétrica.
A probabilidade de uma desfibrilação bem-sucedida diminui rapidamente com o tempo.
A FV tende a transformar-se em assistolia em poucos minutos.
Muitos pacientes adultos em parada por FV podem sobreviver sem sequelas neurológicas, mesmo se a
desfibrilação é realizada de 6 a 10 minutos após a parada cardíaca súbita. Quanto mais cedo à
desfibrilação, mais alta a taxa de sobrevivência. O socorrista tem apenas alguns minutos depois da perda
da consciência para restabelecer um ritmo de perfusão. A RCP pode manter um paciente por um
período breve, mas não pode restabelecer diretamente um ritmo organizado. Restabelecer um ritmo de
perfusão requer RCP imediata seguida de desfibrilação nos primeiros minutos da parada nicial e para
isso o socorrista deverá dispor de um desfibrilador externo automático (DEA).
ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO DEA
Os DEA são desfibriladores externos automáticos. Na verdade, a palavra automática significa
semiautomático, já que a maioria dos DEA disponíveis no mercado “avisa” ao operador que o choque
está indicado, mas não o administram sem uma ação do socorrista (isto é, o socorrista deve pressionar o
botão de CHOQUE [SHOCK]).
O DEA é conectado ao paciente por meio de pás autoadesivas. O aparelho está equipado com um
sistema de análise do ritmo baseado em microprocessadores. Quando é detectada TV ou FV, o sistema
“indica” um choque por intermédio de mensagens visuais ou sonoras.
Operação Do DEA
Os DEA’s devem ser utilizados somente quando os pacientes apresentarem os seguintes 3 sinais clínicos;
1) Ausência de resposta verbal (inconsciente);
2) Ausência de respiração efetiva depois da liberação das vias aéreas;
3) Ausência de reposta às 2 ventilações de resgate iniciais.
Momento adequado para emprego do DEA
1)Quando a parada cardíaca for TESTEMUNHADA priorize a utilização do DEA logo que constatar a
parada cardíaca;
2) Quando a parada cardíaca NÃO FOI TESTEMUNHADA ou ocorreu há mais de 4 minutos, execute 5
ciclos (ou 10 ciclos, se lactente ou criança, com 2 socorristas) de RCP (2 minutos) para depois utilizar o
DEA. Nestes casos, será necessário criar condições propícias para que o coração receba o choque em
uma fibrilação ventricular fortalecida pela RCP.
Situações especiais
Antes de aplicar o DEA, o operador deve determinar primeiro, se há situações especiais que exijam
outras ações antes de usar o aparelho ou que contraindiquem absolutamente sua utilização.
As 4 situações que podem requerer que o operador adote outras ações antes de usar um DEA ou
durante sua operação são as seguintes;
A vítima tem menos de 8 anos (ou pesa menos de 25 quilos, aproximadamente). Existem desfibriladores
com pás apropriadas para serem empregadas em crianças. As Diretrizes 2005 da American Heart
Association aprova o uso do DEA programado para vítimas, adultos e crianças, na impossibilidade do
equipamento apropriado.
Diante de uma situação de parada cardíaca por fibrilação ventricular a única chance de recuperação da
vítima é a desfibrilação precoce (choque). Não se recomenda a utilização de pás de desfibrilação
pediátrica em vítimas adultas devido à ineficácia do choque. Priorize a RCP e o transporte imediato ao
hospital.
A vítima está na água ou próxima dela. A água é boa condutora de eletricidade. Um choque elétrico
aplicado a uma vítima poderia ser conduzido até o socorrista. É mais comum que a água sobre a
superfície da pele da vítima torne-se uma via direta de passagem de energia de um eletrodo a outro
interferindo na transmissão do choque ao músculo cardíaco. A vítima deve ser removida, rapidamente,
do local em que se encontra. Seque a parte anterior e posterior do tórax antes da aplicação das pás
adesivas.
A vítima tem um marca-passo implantado. Esses aparelhos podem ser identificados imediatamente
porque cria uma protuberância dura sob a pele, coberta por uma cicatriz, na parte anterior do tórax.
Quando houver coincidência de eletrodos adesivos do DEA com o marca-passo implantado no tórax
poderão ocorrer danos ao aparelho e queimaduras nos pontos de inserção metálica no miocárdio
durante a aplicação do choque. Nesse caso, aplique a pá autoadesiva do DEA à, no mínimo, 2,5
centímetros do marca-passo cardíaco. Depois siga os passos normais de operação de um DEA.
Há um adesivo de medicação transcutânea ou outro objeto sobre a pele da vítima, onde se colocam as
pás autoadesivas do DEA.
Passos universais para operar um DEA.
1. LIGUE o DEA, em primeiro lugar (isso ativa as mensagens sonoras para guiá-lo em todos os passos
subsequentes);
2. Abra o estojo ou a tampa do DEA;
3. Ligue o aparelho (alguns começarão a funcionar automaticamente, quando se abre a tampa ou o
estojo);
4. FIXE as pás autoadesivas no tórax da vítima. (Interrompa as compressões torácicas imediatamente
antes de fazê-lo);
5. Conecte a “caixa” do DEA com os cabos. (Em alguns modelos, os cabos estão pré-conectados);
6. Conecte os cabos do DEA com as pás autoadesivas. (Em alguns modelos, as pás estão pré-conectadas);
7. Retire a proteção que está detrás das pás. Interrompa a RCP;
8. Aplique as pás autoadesivas no tórax despido da vítima;
9. “Afaste-se” do paciente e ANALISE o ritmo;
10. Pressione o botão ANALISAR [ANALYZE] para iniciar a análise do ritmo (alguns DEA não precisam
desse passo);
11. “Afaste-se” sempre do paciente durante a análise. Assegure-se de que ninguém esteja em contato
com ela, nem mesmo a pessoa encarregada da respiração de resgate;
12. “Afaste-se” do paciente e PRESSIONE o botão CHOQUE [SHOCK], se a descarga estiver indicada;
13. Afaste-se do paciente antes de aplicar o choque; assegure-se que ninguém esteja em contato com
ela;
14. Pressione o botão CHOQUE [SHOCK] para aplicar a descarga somente quando o DEA avisar que isto
está indicado e ninguém estiver em contato com o paciente. Resultados e ações após a desfibrilação
Mensagem “choque indicado / choque não indicado” e ações relacionadas –
Se o DEA mostrar uma mensagem de “choque indicado”, afaste-se do paciente e, depois, pressione o
botão CHOQUE [SHOCK].
Se o DEA avisa “choque não indicado”, verifique os sinais de circulação.
Se não há sinais de circulação, reinicie a RCP por 2 minutos, aproximadamente. Depois, verifique
novamente os sinais de circulação.
Se não detectar sinais de circulação, analise o ritmo do paciente mais uma vez.
Depois de 3 mensagens de “choque não indicado”, faça mais um ciclo de RCP.
Repita período de análise a cada 1 ou 2 minutos, enquanto continua realizando RCP.
O DEA numa ambulância em movimento
Os DEA podem permanecer conectados enquanto o paciente é transportado em um veículo em
movimento. No entanto, nunca pressione o botão ANALISE [ANALYZE] numa ambulância durante o
transporte; o movimento do veículo pode interferir na avaliação do ritmo e provocar um artefato que
simule uma FV. Alguns aparelhos analisam continuamente o paciente. Se uma pessoa necessita de uma
análise do ritmo durante o transporte, e o DEA indica ao socorrista que verifique o paciente ou
recomenda um choque, pare o veículo completamente e faça uma nova análise. Sequência de ações
com o DEA
1. Verifique a ausência de resposta (consciente / inconsciente);
2. Abra as vias aéreas (clínico / trauma);
3. Verifique se há respiração eficaz (VOS);
4. Verifique se há circulação – se não houver circulação realize compressões torácicas e prepare-se para
aplicar o DEA; Tente a desfibrilação com o DEA.
Obstrução das vias aéreas por corpo estranho–OVACE
Durante a avaliação do paciente, ao iniciar a manobra de ventilação, o socorrista pode se deparar com
uma resistência ao tentar insuflar. Isso significa que, por qualquer problema, o ar insuflado não está
conseguindo chegar aos pulmões da vítima. Caso isso aconteça, não adianta prosseguir na análise
primária, sem antes corrigir e eliminar a obstrução.
Causas da OVACE
Há muitos fatores que podem causar obstrução das vias aéreas, total ou parcial. Em nível de suporte
básico da vida pode-se atuar e corrigir as mais comuns, que são – Obstrução causada pela língua;
Obstrução causada por corpos estranhos.
Sinais da OVACE
O reconhecimento precoce da obstrução de vias aéreas é indispensável para o sucesso no atendimento.
O socorrista deve estar atento, pois as obstruções de vias aéreas e consequente parada respiratória
evoluem rapidamente para parada cardiopulmonar. A obstrução das vias aéreas pode ser parcial (leve)
ou total (grave).
Uma vítima está tendo obstrução parcial das vias aéreas quando;
Sua respiração é muito dificultosa, com ruídos incomuns;
Embora respire, a cor da pele está azulada (cianótica), principalmente ao redor dos lábios, leito das
unhas, lóbulo da orelha e língua;
Quando a vítima está tossindo.
Quando a vítima apresentar estes sinais, estará consciente e, caso a troca gasosa ainda esteja
satisfatória, o socorrista apenas irá encorajá-la a tossir, aguardando que o corpo estranho seja expelido.
A obstrução total das vias aéreas é reconhecida quando, por exemplo, a vítima está se alimentando ou
acabou de comer e, repentinamente, fica incapaz de falar ou tossir. Pode demonstrar sinais de asfixia,
agarrando o pescoço, apresentando cianose e esforço respiratório exagerado. O movimento de ar pode
estar ausente ou não ser detectável. A pronta ação é urgente, preferencialmente enquanto a vítima
ainda está consciente.
Em pouco tempo o oxigênio disponível nos pulmões será utilizado e, como a obstrução de vias aéreas
impede a renovação de ar, ocorrerá à perda de consciência e rapidamente, a morte.
TÉCNICAS DE DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS
Remoção manual
Durante a avaliação das vias aéreas, o socorrista pode visualizar corpos estranhos, passíveis de remoção
digital. Somente deve-se remover o material que cause obstrução se o mesmo for visível.
A técnica de remoção manual consiste em abrir a boca da vítima utilizando a manobra de tração da
mandíbula (em caso de trauma) ou a de elevação do mento e introduzir o dedo indicador “em gancho”,
do canto para o centro, deslocando e retirando o corpo estranho. Estando o corpo estranho mais
aprofundado, existe a alternativa de utilizar o dedo indicador e médio “em pinça”. Em recém-nato e
lactente, utilizar o dedo mínimo ou o pinçamento, em virtude das dimensões reduzidas das vias aéreas.
Somente tentar a remoção se o corpo estranho estiver visível.
Caso o motivo da obstrução de uma vítima inconsciente seja a queda da língua, a introdução a cânula
orofaríngea será suficiente para restabelecer a passagem do ar. Aspiração
Tem como finalidade a remoção de sangue, vômito e de outros materiais das vias aéreas. O vácuo
necessário pode ser produzido com gás comprimido (O2 ou ar), motor elétrico ou manualmente. Os
dispositivos utilizados para aplicar a sucção podem ser rígidos ou flexíveis.
Técnica
Se possível, o paciente deve estar monitorado com o oxímetro de pulso;
Pré-oxigenar com máscara e bolsa com oxigênio;
Efetuar a limpeza manual da orofaringe;
Introduzir o dispositivo de sucção sem aspirar;
Aspirar na retirada, o procedimento não deve durar mais de 10 segundos;
Retirar com movimentos rotatórios;
Não é necessário aspirar às narinas de adultos, pois a obstrução de vias aéreas é na boca e orofaringe;
Antes de repetir o procedimento, o paciente deve ser novamente oxigenado. Complicações
A complicação mais comum é a hipoxemia pela interrupção da ventilação, que pode causar arritmias
cardíacas ou mesmo parada cardiorrespiratória.
Manobras de desobstrução de vias aéreas em adultos
Vítima consciente
Para constatar a obstrução o socorrista deverá perguntar a vítima – Você está engasgado?
Se a vítima confirmar através de movimento afirmativo (balançando a cabeça, por exemplo), o socorrista
deverá avisar-lhe que irá ajudar e iniciar rapidamente a manobra de Heimlich, que consiste;
a) Vítima em pé ou sentada
Posicionar-se atrás da vítima, abraçando-a em torno do abdome;
Colocar a raiz do polegar de uma das mãos entre a cicatriz umbilical e o apêndice xifoide;
Envolver a mão que se encontra sobre o abdome da vítima com a outra mão;
Estando a vítima em pé, ampliar sua base de sustentação, afastando as pernas e colocando uma delas
entre as pernas da vítima;
Pressionar o abdome da vítima puxando-o para si e para cima, por 5 vezes, forçando a saída do corpo
estranho;
Observar se a vítima expele o corpo estranho e volta a respirar normalmente;
Continuar as compressões até que a vítima expila o objeto ou perca a consciência. Caso a compressão
abdominal seja inviável, por tratar-se de paciente obeso ou gestante, realizar as compressões na porção
média inferior do osso esterno.
Se a vítima da obstrução for à própria pessoa e essa se encontrar sozinha, deverá forçar a tosse de
maneira insistente, ou utilizar-se do espaldar de uma cadeira para que seja possível comprimir o
abdome.
b) Vítima deitada
Posicionar a vítima em decúbito dorsal;
Ajoelhar-se ao lado da vítima ou a cavaleiro sobre ela no nível de suas coxas, com seus joelhos tocando-
lhe lateralmente o corpo;
Posicionar a palma da mão sobre o abdome da vítima, entre o apêndice xifoide e a cicatriz umbilical,
mantendo as mãos sobrepostas;
Aplicar cinco compressões abdominais no sentido do tórax;
Abrir a cavidade oral e observar se o corpo estranho está visível e removê-lo;
Repetir o processo de compressão e observação da cavidade oral até que o objeto seja visualizado e
retirado ou até a vítima perder a consciência.
Vítima inconsciente
Para vítimas sem responsividade, deve ser aplicada a RCP, pois as compressões torácicas forçam a
expelição do corpo estranho e mantém a circulação sanguínea, aproveitando o oxigênio ainda presente
no ar dos pulmões. Vale ressaltar que durante a abertura das vias aéreas para a aplicação das
ventilações de resgate, o socorrista deverá inspecionar a boca e remover quaisquer objetos visíveis
(Protocolo 2005 AHA).
MANOBRAS DE DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM CRIANÇASE LACTENTES
Para crianças maiores de um ano, aplicar a manobra de Heimlich, de forma semelhante à do adulto,
levando-se em consideração a intensidade das compressões que será menor; nos lactentes, para realizar
a manobra de desobstrução, o socorrista deverá tomar os seguintes procedimentos, após falhar a
segunda tentativa de ventilação de resgate –
Segurar o bebê sobre um dos braços, com o pescoço entre os dedos médio e polegar e com o dedo
indicador segurar o queixo da vítima para manter as vias aéreas abertas, deixando-o com as costas
voltadas para cima e a cabeça mais baixa que o tronco;
Dar 5 pancadas com a palma da mão entre as escápulas do bebê; girar o bebê de modo que ele fique de
frente, ainda mantendo a cabeça mais baixa do que o tronco, e efetuar 5 compressões torácicas através
dos dedos após a indicador e médio sobre a linha dos mamilos (idêntica às compressões realizadas na
RCP); colocar o bebê sobre uma superfície plana e tentar retirar o corpo estranho;
Realizar 1 insuflação e, caso o ar não passe, reposicionar a abertura das vias aéreas; Abrir as vias aéreas
e efetuar outra insuflação. Caso o ar não passe, retornar para as pancadas entre as escápulas e as
compressões torácicas, e repetir os procedimentos até que o objeto seja expelido ou a vítima fique
inconsciente.
Nesse caso, proceder a manobras de RCP.
CHOQUE
Definição
É o quadro clínico que resulta da incapacidade do sistema cardiovascular de prover circulação sanguínea
suficiente para os órgãos. A chegada de sangue rico em O2 aos órgãos é denominada perfusão.
Fisiologia
Todas as células do corpo humano necessitam de oxigênio para produzir energia através da queima da
glicose – metabolismo aeróbico. A queima da glicose produz o gás carbônico. O O2 é extraído da
atmosfera pelos pulmões e transportado ligado aos glóbulos vermelhos pela circulação do sangue aos
tecidos onde é utilizado.
A função do sistema circulatório é transportar as hemácias para se abastecerem de oxigênio nos
pulmões e depois transportá-las aos tecidos. Na ausência de O2 as células do corpo possuem uma fonte
alternativa de produção de energia que é o metabolismo anaeróbico, que produz menos energia e gera
o acúmulo de ácido lático. Os órgãos mais sensíveis à deficiência de O2 são cérebro, coração e pulmões,
sobrevivendo poucos minutos em metabolismo anaeróbico. A pele e os músculos podem sobreviver de
quatro a seis horas em metabolismo anaeróbico e os órgãos abdominais podem sobreviver de 45 a 90
minutos.
O sistema circulatório é composto pelo coração, vasos sanguíneos e pelo sangue, que é o fluido
movimentado sob pressão. A pressão necessária à movimentação do sangue é gerada pela força de
contração do coração.
A pressão arterial (PA) depende da quantidade de sangue ejetada pelo coração e do grau de contração
das artérias ou resistência vascular periférica que é regulada pelo sistema nervoso. Os vasos sanguíneos
são capazes de se contrair ou se dilatar de acordo com as necessidades do corpo. Por exemplo, no
exercício físico ocorre dilatação nos músculos utilizados e contração dos vasos do tubo digestivo;
durante a digestão ocorre o contrário.
As condições fundamentais para contração eficaz do coração são a existência de um volume suficiente
de sangue para encher os vasos sanguíneos e a manutenção de um grau eficaz de contração dos vasos
sanguíneos.
Condições causadoras do estado de choque
Queimaduras graves;
Hemorragias;
Acidentes por choque elétrico;
Envenenamento por produtos químicos e intoxicações;
Ataque cardíaco;
Exposição a extremos de calor ou frio;
Dor aguda; v Infecção grave;
Emoções fortes;
Lesões graves;
Politraumatismos.
Classificação
a) Hipovolêmico – Hemorragias internas e externas, perda de plasmas em queimaduras graves e por
desidratação intensa (exemplo – diarreia e vômitos).
b) Cardiogênico – Causado pelo Infarto agudo do miocárdio, arritmia cardíaca e insuficiência cardíaca
congestiva.
c) Séptico – Ocorre em infecções graves devido à liberação de toxinas pelo agente causador com efeito
vasodilatador.
d) Anafilático – Resulta de reação alérgica grave, que produz substância vasodilatadores. Exemplo -
venenos de insetos, medicamentos, alimentos etc.
e) Neurogênico – Desenvolve-se quando o controle autônomo dos vasos sanguíneos falha.
Normalmente o sistema nervoso controla a contração e dilatação dos vasos sanguíneos, regulando a
pressão arterial. O traumatismo de coluna cervical com dano para a medula espinhal, que interrompe a
comunicação entre as fibras do sistema nervoso autônomo e o sistema circulatório. Ocorre vaso
dilatação e incapacidade de responder ao choque com taquicardia. Dores intensas são outra causa.
f) Obstrutivo – É produzido por obstrução ao enchimento e/ou ao bombeamento cardíaco. São causas o
pneumotórax hipertensivo e tamponamento cardíaco.
Fases do estado de choque
Na ausência de tratamento é um quadro com agravamentos progressivos que se apresenta em duas
fases;
Choque compensado – é o primeiro estágio, o organismo consegue se equilibrar através dos
mecanismos compensatórios. A perfusão dos órgãos é mantida e os sinais e sintomas são mínimos. Não
há dano permanente, se o tratamento reverter a causa básica.
Choque descompensado – nesta fase ocorre redução na perfusão, queda na pressão arterial e alterações
do estado mental. O tratamento ainda pode ser eficaz neste estágio desde que realizado rapidamente.
Sinais do estado de choque
Pele fria e pegajosa;
Suor na testa e na palma das mãos;
Face pálida, com expressão de ansiedade e agitação;
Frio, chegando às vezes a ter tremores;
Náusea e vômito;
Fraqueza;
Respiração rápida, curta e irregular;
Visão nublada, tontura;
Pulso fraco e rápido;
Sede;
Extremidades frias;
Queda da pressão arterial;
Poderá estar total ou parcialmente inconsciente.
Tratamento
Posicionar a vítima em decúbito dorsal;
Observar a vítima, pois em caso de vômito deve-se virar a cabeça da vítima para que ela não se asfixie.
Caso haja suspeita de lesão da coluna cervical a cabeça não deve ser virada;
Afrouxar as roupas da vítima, para facilitar respiração e circulação;
Fornecer oxigênio;
Não administrar nada via oral;
Cobri-lo com cobertores ou sacos plásticos;
Reavaliar frequentemente os sinais vitais.
HEMORRAGIA
Introdução
O sangue é o meio onde é realizado o transporte de oxigênio e nutrientes para as células e de gás
carbônico e outras excretas para os órgãos de eliminação, possui um componente líquido chamado
plasma que representa cerca de 55 porcento (%) a 60 porcento (%) de seu volume total, sendo
composto por água, sal e proteínas.
O corpo humano possui normalmente um volume sanguíneo de aproximadamente 70 mililitro por quilo
de peso corporal para adultos e 80 mililitros por quilo para crianças, ou seja, um indivíduo com 70 quilo
possui aproximadamente 4.900 mililitros de sangue.
Os mecanismos normais que o corpo possui para limitar as hemorragias são;
Contração da parede dos vasos sanguíneos – Os vasos sanguíneos que possuem camada muscular
contraem sua parede, diminuindo o tamanho da abertura por onde o sangue está escapando.
Coagulação do sangue – Inicia-se pela aderência das plaquetas, corpúsculos que fazem parte da porção
sólida do sangue sobre a lesão da parede do vaso. Em seguida ocorre uma série de reações químicas que
formam o trombo ou coágulo, que bloqueia o escape de sangue pelo orifício do vaso lesado.
Definições
Hemorragia
É o extravasamento de sangue provocado pelo rompimento de um vaso sanguíneo – artéria, veia ou
capilar. Dependendo da gravidade pode provocar a morte em alguns minutos. O controle da hemorragia
é prioridade. A hemorragia deve ser tratada na análise primária, para depois tratar as vias aéreas e a
ventilação do paciente. Nesta fase deve-se remover a roupa do paciente para examinar as hemorragias.
Hemostasia
Significa controle de sangramento, pode ser efetuada através dos mecanismos normais de defesa do
organismo isoladamente ou em associações com técnicas de tratamento médico-básicas e avançadas.
Os pacientes com distúrbios no mecanismo de coagulação, por exemplo, os hemofílicos, podem
apresentar hemorragias graves por traumas banais.
Classificação das hemorragias
Podem ser classificadas de acordo com;
Tipo de vaso sanguíneo
Arterial – sangramento em jato acompanhamento a contração cardíaca. Geralmente o sangue é de
coloração vermelho-viva. É mais grave que o sangramento venoso em vasos de mesmo calibre, pois a
pressão no sistema venoso e a velocidade da perda sanguínea são maiores.
Venoso – Sangramento contínuo geralmente de coloração escura.
Capilar – Sangramento contínuo com fluxo lento.
Localização do vaso sanguíneo
Externa – sangramento de estruturas superficiais com exteriorização do sangramento. Podem ser
controladas utilizando técnicas básicas de primeiros socorros.
Interna – sangramento de estruturas profundas pode ser oculto ou se exteriorizar. As médias básicas de
socorro não funcionam. O paciente deve ser tratado no hospital. Primeiros socorros
Estancar imediatamente a hemorragia, fazendo no local um dos métodos que veremos mais à frente
(nos casos de hemorragia externa, pois não existe nenhum método de estancamento para hemorragia
interna).
Hemorragia interna
Esse tipo de hemorragia ocorre quando o sangue extravasado do vaso sanguíneo permanece dentro do
corpo da vítima. É o tipo de hemorragia mais perigosa, pois tanto a sua identificação quanto o seu
controle são mais difíceis de serem feitos fora do ambiente hospitalar.
Sinais e Sintomas de Hemorragia Interna
Dor local;
Pele pálida e fria;
Edema em expansão; v Sangramento pelo ouvido e nariz (hemorragia cerebral);
Sede;
Fraqueza, tontura e desmaio;
Membro sem pulso, muitas vezes associada à fratura.
Tratamento da Hemorragia Interna
Mantenha as vias aéreas liberadas;
Manter a vítima deitada e o mais imóvel possível;
Use talas infláveis em caso de fraturas (exceto fraturas expostas);
Transporte na posição de prevenção ao estado de choque;
Administre oxigênio;
Não dê nada para a vítima beber;
Eleve o membro, caso não haja suspeita de fratura;
Aplicar uma bolsa de gelo sobre o provável local da hemorragia;
Conduzir a vítima com urgência para um pronto socorro.
Alguns Tipos De Hemorragia Interna
Muitos tipos de hemorragia interna podem se apresentar, mas neste tópico vamos abordar aqueles que
podem ser encontrados com mais frequência.
a) Hemorragia na Cabeça (narinas)
Mantenha a vítima sentada, com a cabeça para cima;
Comprima a narina que sangra;
Afrouxe-lhe a roupa em torno do pescoço;
Se o sangramento não cessar no espaço de 05 minutos, tampe a narina que sangra com algodão ou gaze
enchumaçada;
Encaminhe a vítima ao pronto socorro, pois esse tipo de hemorragia pode ser a manifestação de
determinadas doenças.
b) Tórax e Abdome
Comprima o ferimento com um pano dobrado, amarrando-o com atadura larga;
Mantenha o acidentado deitado com a cabeça mais baixa que o corpo, exceto em casos de fratura de
crânio.
c) Hemorragia dos Pulmões
Manifesta-se após um acesso de tosse, e o sangue que sai pela boca é de cor vermelho rutilante.
Deite a vítima mantendo-a em repouso;
Tranquilize-a e não a deixe falar;
Procure imediato auxílio médico e remova a vítima para um pronto socorro.
d) Hemorragia Digestiva
A vítima apresenta náuseas e pode vomitar sangue vivo ou digerido, semelhante à borra de café;
Mantenha a vítima em repouso e providencie sua remoção para o hospital. Hemorragia externa
É de mais fácil identificação, pois basta visualizar o local onde ocorre a perda de sangue. Os sinais e
sintomas são praticamente os mesmos descritos para as hemorragias externas, e os métodos de
contensão, veremos a seguir;
a) Compressão Direta
Comprimir diretamente o local de sangramento usando compressa estéril, se possível. Nos ferimentos
com objetos penetrantes, devem-se comprimir ambos os lados do objeto. Pode-se fazer um curativo
compressivo usando compressas ou faixas elásticas, se isso for suficiente para o estancamento da
fratura, caso contrário mantenha a compressão direta.
É a técnica mais adequada e mais utilizada, pois além de parar o sangramento, não interrompe a
circulação sanguínea para o membro ferido.
Quando se localiza grande hemorragia deve-se imediatamente realizar-se a compressão direta para
posteriormente fazer o tamponamento.
b) Elevação do Membro
A compressão direta não sendo suficiente para estancar o sangramento, deve-se elevar o membro
lesionado. Deve-se ter cuidado ao elevar uma extremidade fraturada ou com uma luxação.
c) Pontos de Pressão
Outro método de controlar o sangramento é aplicando pressão profunda sobre uma artéria proximal à
lesão. Esta é uma tentativa de diminuir a chegada de sangue à ferida. Os principais pontos de pressão é
a artéria braquial, a artéria axilar, a artéria poplítea, a artéria femoral.
d) Tamponamento
Consiste em cobrir o local do sangramento com gaze ou pano limpo e estéril, se possível, e envolvê-lo
firmemente com uma atadura. É uma técnica de estancamento adequada e mais utilizada, pois para o
sangramento e não interrompe a circulação.
e) Torniquete
Essa técnica praticamente interrompe a circulação. Só deverá ser utilizada em duas situações, se
necessário no caso de amputação de membro, quando o corte foi muito extenso e romper vasos
sanguíneos ou quando a compressão direta não estancar a hemorragia. Essa técnica não é aconselhada
por provocar o necrosamento do órgão, ou membro e, consequentemente sua amputação. Deve-se usá-
la como último recurso.
Tratamento De Uma Hemorragia Externa
Nunca toque na ferida;
Não toque e nem aplique medicamento ou qualquer produto no ferimento;
Não tente retirar objeto empalado;
Proteger com gazes ou pano limpo, fixando com bandagem, sem apertar o ferimento; fazer compressão
local suficiente para cessar o sangramento;
Se o ferimento for a membros, deve-se elevar o membro ferido, caso não haja fratura; caso não haja
controle do sangramento, pressione os pontos arteriais; v Encaminhar a vítima o mais rápido possível
para um pronto socorro.
QUEIMADURAS
Introdução
Lesão do tecido de revestimento do corpo, causada por agentes térmicos, químicos, radioativos ou
elétricos, podendo destruir total ou parcialmente a pele e seus anexos, até atingir camadas mais
profundas (músculos, tendões e ossos).
Noções básicas
A pele é o maior órgão do corpo humano e a barreira contra perda de água e calor pelo corpo, tendo
também um papel importante na proteção contra infecções. Pacientes com lesões extensas de pele
tendem a perder líquido corporal e temperatura e se tornam mais propensos a infecções.
Origem das queimaduras
As queimaduras podem ter origem térmica, elétrica, químicas ou por radiação.
a) Térmicas
Causadas pela condução de calor através de líquidos, sólidos, gases e do calor de chamas.
b) Elétricas
Produzidas pelo contato com eletricidade de alta ou baixa voltagem. Na realidade o dano é ocasionado
pela produção de calor que ocorre à medida que a corrente elétrica atravessa o tecido. São difíceis de
avaliar e, mesmo as lesões que parecem superficiais, podem ter danos profundos a músculos, nervos e
vasos. A eletricidade, principalmente a corrente alternada, pode causar PCR e lesão do sistema nervoso.
c) Químicas
Provocadas pelo contato de substâncias corrosivas, liquidas ou sólidas, com a pele.
d) Radiação
Resulta da exposição à luz solar, fontes nucleares ou qualquer outra fonte de energia emitida sob forma
de ondas ou partículas.
Gravidade da queimadura
Depende da causa, profundidade, percentual de superfície corporal queimada, localização, associação
com outras lesões, comprometimento de vias aéreas e estado prévio da vítima.
Queimaduras de Primeiro GRAU
Lesão superficial da epiderme;
Vermelhidão;
Dor local suportável;
Não há formação de bolhas;
Lavar o local com água fria corrente.
Queimaduras de Segundo GRAU
Lesão da epiderme e derme;
Formação de bolhas;
Desprendimento de camadas da pele;
Dor e ardência locais de intensidade variável;
Lavar o local com água fria corrente.
Queimaduras de Terceiro GRAU
Lesão da epiderme, derme e tecido subcutâneo;
Destruição dos nervos, músculos, ossos etc.;
Retirar anéis, pulseiras, tornozeleiras e congêneres, pois a vítima provavelmente sofrerá inchaço.
Gravidade quanto à extensão
Queimaduras graves são as grandes queimaduras que atingem mais de 13 Porcento (%) de área corporal
queimada.
O risco de vida está mais relacionado com a extensão (choque, infecção) do que com a profundidade.
São consideradas queimaduras graves –
Em períneo;
Queimaduras do Terceiro Grau, elétricas, por radiação;
Com mais de 13 Porcento (%) da área corpórea; com lesão das vias aéreas;
Queimaduras em pacientes idosos, infantis e pacientes com doença pulmonar.
Primeiros Socorros
Prevenir o Estado de Choque (cobrir o paciente);
Evitar infecções na área queimada, protegendo-o;
Controlar a dor;
Umedecer o local com soro fisiológico;
Administrar oxigênio;
Encaminhar a vítima ao pronto socorro o mais rápido possível.
Procedimentos Queimaduras térmicas
Apagar o fogo da vítima com água, rolando-a no chão ou cobrindo-a com um cobertor (em direção aos
pés);
Verifique as vias aéreas, respiração e nível de consciência (especial atenção para VAS em queimadas de
face);
Retirar partes de roupas não queimadas; e as queimadas aderidas ao local, recortar em volta;
Retirar pulseiras, anéis, relógios etc.;
Estabelecer extensão e profundidade das áreas queimadas;
Quando de Primeiro grau banhar o local com bastante água fria ou soro fisiológico;
Não passar nada no local, não furar bolhas e cuidado com infecção;
Cobrir regiões queimadas com curativo úmido, frouxo, estéril ou limpo, para aliviar a dor e diminuir os
riscos de contaminação;
Transporte o paciente para um hospital, se necessário.
Queimaduras químicas
Afaste o produto da vítima ou a vítima do produto;
Verificar VAS, respiração, circulação e nível de consciência e evitar choque;
Retirar as roupas da vítima;
Lavar com água ou soro, sem pressão ou fricção;
Identificar o agente químico –
Ácido lavar por 05 minutos;
Álcali lavar por 10 minutos;
Na dúvida lavar por 15 minutos;
Se álcali seco não lavar, retirar manualmente (exemplo – soda cáustica);
Cubra a região com um curativo limpo e seco e previna o choque.
Queimadura nos olhos.
Lavar o olho com água em abundância ou, se possível, com soro fisiológico por no mínimo 15 minutos;
Encaminhar a vítima para um pronto socorro o mais rápido possível.
Queimaduras elétricas
Desligar a fonte ou afastar a vítima da fonte;
Verificar sinais vitais da vítima;
Avaliar a queimadura (ponto de entrada e de saída);
Aplicar curativo seco;
Prevenir o choque.
Intoxicações
As intoxicações são causadas pela ingestão, aspiração ou introdução no organismo, acidental ou não, de
substâncias tóxicas, como entorpecentes, medicamentos, produtos químicos utilizados em laboratório e
limpeza, alimentos deteriorados, venenos, gases tóxicos. As intoxicações podem ser subdivididas de
acordo com o tempo de ocorrência – aguda (até 24 horas do acidente), subagudas (os primeiros dias
após) e, seguidamente sub crônicas (até um mês) e crônicas, exposição a determinada substância
durante longo tempo, resultando em acumulação do composto no corpo (metais, como o chumbo, por
exemplo
Tóxico
Tóxico ou veneno é qualquer substância que afeta a saúde ou causa a morte por sua ação química
quando interage com o organismo. É importante informar que todo medicamento apresenta
propriedades terapêuticas. Entretanto, em doses excessivas, todos podem tornar-se tóxicos.
Intoxicação
Emergência médica caracterizada por distúrbios no funcionamento de órgãos ou sistemas causados pela
interação com o organismo humano de substâncias tóxicas de quaisquer naturezas.
Substâncias normalmente envolvidas
Medicamentos - antidepressivos, estimulantes, analgésicos;
Derivados de petróleo – gasolina, óleo diesel, graxa, naftalina;
Cosméticos - esmalte, acetona, talcos;
Pesticidas, raticidas, agrotóxicos;
Plantas venenosas - comigo-ninguém-pode; trombeta;
Outros – drogas, alimentos contaminados, limpadores domésticos, chumbo, pomadas, cremes, contato
com insetos (taturana), picada de insetos, acidente ofídico, drogas injetáveis.
Vias de ingresso do agente nocivo
a) Ingestão - deglutição de substâncias químicas, acidental ou intencionalmente;
b) Inalação - aerossóis, pós, fumaças, gases;
c) Absorção - através do contato direto da pele com certas substâncias;
d) Injeção - inoculada no organismo humano através de peçonhas ou seringas.
Sinais e/ou sintomas gerais das intoxicações
Queimaduras ou manchas ao redor da boca;
Formação excessiva de saliva ou espuma na boca;
Odor inusitado no ambiente, no corpo ou nas vestes da vítima;
Respirações rápidas e superficiais;
Pulso alterado na frequência e ritmo;
Sudorese;
Alteração do diâmetro das pupilas;
Dor abdominal;
Náuseas; vômitos;
Diarreia;
Hemorragias digestivas;
Distúrbios visuais;
Tosse;
Reações na pele, que podem variar de irritação até queimaduras químicas;
Coceiras (pruridos) e ardência na pele;
Aumento da temperatura da pele;
Picadas e mordidas visíveis na pele com dor ou inflamação;
Confusão mental, inconsciência
Convulsões;
Choque anafilático;
Parada respiratória ou cardiorrespiratória.
Tratamento pré-hospitalar das intoxicações
Garantir a segurança pessoal e da equipe de resgate - (uso de EPI e EPR);
Remover a vítima do local de risco, especialmente quando exposta à atmosfera gazeada;
Realizar a análise primaria e secundária e tratar os problemas em ordem de prioridade; remover as
roupas do acidentado caso estejam contaminadas;
Nos casos de contato da pele da vítima com substâncias químicas, lavar com água limpa ou soro
fisiológico, a fim de remover o máximo de substâncias possíveis;
Mantenha a temperatura corporal da vítima estabilizada;
Vítimas inconscientes que apresentem possibilidade de vomitar devem ser posicionadas e transportadas
na Posição de Recuperação;
Vítimas conscientes apresentando dificuldade respiratória devem ser posicionadas e transportadas em
decúbito elevado (semi sentada);
Transporte junto com a vítima – resto de substâncias, recipientes e aplicadores de drogas ou vômito.
OBS – Tenha certeza que a vítima não possui traumatismos, pois as drogas podem "mascarar" a dor!
EMERGÊNCIAS CLÍNICAS
Angina - Estreitamento da artéria do coração.
Sinais e Sintomas - Dor (esforço ou emoção);
Geralmente curta duração;
Melhora o uso de vasodilatadores.
Conduta - Manter a vítima em repouso, monitorar sinais vitais;
Transportar ao hospital com O2;
Transportar na posição semi sentado.
Infarto Agudo do Miocárdio - Decorrente da obstrução de uma artéria do músculo cardíaco.
Sinais e Sintomas - Dor súbita de duração prolongada na região do peito;
Não é aliviada;
Dor pode irradiar para áreas adjacentes do coração;
Mal-estar (náuseas, vômitos, palidez, sudorese e choque).
Conduta - Manter a vítima em repouso, monitorar sinais vitais, afrouxar as vestes, RCP se necessário,
Usar O2;
Transportar na posição semi sentado.
Desmaio - Perda curta de consciência
Sinais e Sintomas - Perda da Consciência.
Conduta - Afastar a vítima do local agressor, monitorar os sinais vitais, Cabeça mais baixa do que o resto
do corpo.
Diabetes - Doença de caráter hereditário, caracterizada pela deficiência de insulina, hormônio produzido
pelo pâncreas.
Sinais e Sintomas - Poliúria (urina abundante), Polidipsia (sede), Polifagia (fome), Emagrecimento.
Sinais do Como Diabético - Pele seca e mucosas ressecadas, Olhos encovados (ressecados);
Náuseas e vômitos, Respiração rápida, Dores abdominais e torácicas, Dores musculares, Hipotensão e
taquicardia, Sonolência e taquicardia, Hálito cetônico.
Conduta - Colocar a vítima em repouso, tentar identificar se é diabética, procurar recurso hospitalar;
Administrar O2.
Asma ou Bronquite - É a constrição da musculatura dos brônquios, dificultando a passagem do ar.
Sinais e Sintomas - Dificuldade respiratória, Ruídos respiratórios audíveis, Uso de toda musculatura do
tórax, Ansiedade e agitação, Cianose dos lábios.
Conduta - Afastar a vítima do local agressor, Repouso na posição sentado, Ministrar O2, observar sinais
vitais, transportar para o hospital.
Edema Agudo de Pulmão - Enchimento do pulmão por líquido, devido ao mau funcionamento do
coração.
Sinais e Sintomas - Respiração difícil, Secreção pulmonar abundante.
Conduta - Repouso com tórax elevado, fazer garrote em 03 membros, rodiziando entre eles, a cada 10
minutos, Manter sinais vitais, Encaminhar a recurso hospitalar.
AVC – Acidente Vascular Cerebral (Derrame) - Lesão cerebral pode ser definida por interrupção do fluxo
sanguíneo a determinada área do sistema nervoso central.
Sinais e Sintomas – Tontura, Dor de cabeça, Hemiplegia (paralisia unilateral), às vezes sangramentos.
Conduta - Monitorar sinais vitais, Ministrar O2, Posição de coma para transporte, procurar recurso
médico.
Coma - Alteração do nível de consciência.
Sinais e Sintomas - Qualquer reação que comprove mudança no nível de consciência.
Conduta - Monitorar sinais vitais, RCP se necessário, Transporte na posição de coma, afrouxar as vestes,
Histórico médico (causa do coma), Transporte para hospital com O2.
Convulsão - Define-se como abalos musculares de parte ou de todo o corpo, decorrente do
funcionamento anormal do sistema nervoso central.
Conduta - Proteger a vítima, proteger a língua com um pedaço de pano, Cabeça colocada lateralmente,
se em 05 minutos não passar, transportar para o hospital.
TRAUMATISMO
Sargento, você sabia que o trauma é uma “doença” da sociedade moderna que resulta em perdas de
vidas humanas, incapacidade física e consideráveis problemas de ordem social e econômica e que a
palavra trauma vem do grego, trauma e significa ferida? Tendo como princípio que a maioria dos
“acidentes” poderia ser evitada, faz sentido a expressão “é melhor prevenir do que remediar”. Dentro
desse ponto de vista, o trauma deve ser encarado como doença, ao invés de mero “evento acidental”.
Em 1966, a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (National Academy of Sciences) publicou
um trabalho que se tornou referência no desenvolvimento dos sistemas modernos de atendimento ao
traumatizado, reconhecendo que “em longo prazo, a solução para o problema do trauma é a
prevenção”.
A violência interpessoal, os acidentes de trânsito, as quedas e os acidentes de trabalho constituem as
causas mais comuns de mortalidade por causas externas (trauma) entre a ampla faixa etária de 1 a 44
anos de idade, sendo os homens adultos jovens os mais vulneráveis a sofrerem traumatismos,
especialmente em relação às agressões.
O trauma ocupa hoje a terceira causa geral de morte na população brasileira, superado apenas pelas
doenças cardiovasculares e neoplasias.
Nesse módulo aprenderemos a prestar atendimento a uma vítima de trauma, visando à manutenção de
seus sinais vitais e à preservação da vida, além de evitar o agravamento das lesões existentes, até que
uma equipe especializada possa transportá-la ao hospital e oferecer um tratamento definitivo.
“Apesar de qualquer cidadão poder ajudar em uma situação de emergência, é importante lembrar que
isso não o torna um socorrista” profissional. Para se profissionalizar é necessário adquirir muito mais
informações e habilidades, treinamento adequado e, inclusive, para muitas das funções, diploma e
registro profissional. Portanto, devemos preferir, sempre que possível, o atendimento pelos socorristas,
que contam com formação qualificada e equipamentos especiais para realizá-lo.
Nesta disciplina serão abordadas situações de urgências e emergências mais comumente encontradas
pelo profissional de saúde no ambiente pré-hospitalar e as principais condutas a serem tomadas até a
chegada de equipe especializada para atendimento e transporte do paciente ao hospital.
Lesão Cerebral Traumática
Fraturas de crânio
As fraturas de crânio são comuns nas vítimas de acidentes que receberam impacto na cabeça. A
gravidade da lesão depende do dano provocado no cérebro.
As lesões cerebrais são mais frequentes nos traumatismos sem fratura de crânio.
As fraturas poderão ser abertas ou fechadas;
Fraturas de crânio Abertas – São aquelas que permitem a comunicação entre as meninges ou o cérebro
e o meio exterior. Há ruptura do couro cabeludo com exposição do local da fratura.
Fraturas de crânio fechadas – São as que afetam o osso sem, entretanto, expor o conteúdo da caixa
craniana, não existe solução de continuidade da pele.
Lesões Encefálicas
Concussão – Quando uma pessoa recebe um golpe na cabeça ou na face, pode haver uma concussão
encefálica. Não existe um acordo geral sobre a definição de concussão, exceto, que esta envolve a perda
temporária de alguma ou de toda a capacidade da função encefálica podendo não haver lesão encefálica
demonstrável.
O paciente que sofre uma concussão pode se tornar completamente inconsciente e incapaz de respirar
em curto período de tempo ou ficar apenas confuso. Em geral o estado de concussão é bastante curto e
não deve existir quando o socorrista chegar ao local do acidente.
Se o paciente não consegue se lembrar dos eventos ocorridos antes da lesão (amnésia), existe uma
concussão mais grave.
Contusão – O cérebro pode sofrer uma contusão quando qualquer objeto bate com força no crânio. A
contusão indica a presença de sangramento a partir de vasos lesados.
Quando existe uma contusão cerebral, o paciente pode perder a consciência. Outros sinais de disfunção
por contusão incluem a paralisia de um dos lados do corpo, dilatação de uma pupila e alteração dos
sinais vitais. As contusões muito graves podem produzir inconsciência por período de tempo
prolongáveis e também causar paralisia em todos os membros. Mesmo em contusões graves, pode
haver recuperação sem necessidade de cirurgia intracraniana.
As mudanças na recuperação são diretamente proporcionais aos cuidados dispensados ao paciente
desde o inicio das lesões. Os pacientes devem receber ventilação adequada, reanimação
cardiorrespiratória quando necessário, devendo ser transportado para o serviço de emergência para
uma avaliação e cuidados neurocirúrgicos.
Tipos de Lesões Encefálicas
Diretas – São produzidas por corpos estranhos que lesam o crânio, perfurando-o e lesando o encéfalo.
Indiretas – Golpes na cabeça podem provocar, além do impacto do cérebro na calota craniana, com
consequente dano celular, hemorragias dentro do crânio. Este hematoma acarreta compressão do
tecido cerebral. A hipertensão intracraniana, provocada pela hemorragia e edema causa lesão nas
células cerebrais.
Sinais e Sintomas do Trauma Crânio-Encefálico (TCE).
Cefaleia e/ou dor no local da lesão.
Náuseas e vômitos.
Alterações da visão.
Alteração do nível de consciência podendo chegar à inconsciência.
Ferimento ou hematoma no couro cabeludo.
Deformidade do crânio (depressão ou abaulamento).
Pupilas desiguais (anisocoria).
Sangramento observado através do nariz ou ouvidos.
Líquido claro (líquor) que flui pelos ouvidos ou nariz.
Alteração dos sinais vitais.
Postura de decorticação ou descerebração.
Tratamento Pré-Hospitalar
a) Corrija os problemas que ameaçam a vida, mantendo a permeabilidade das VA, a respiração e a
circulação. Administrar oxigênio (conforme protocolo local).
b) Suspeite de lesão cervical associada ao acidente e adote os procedimentos apropriados.
c) Controle hemorragias (não deter saída de sangue ou líquor pelos ouvidos ou nariz).
d) Cubra e proteja os ferimentos abertos.
e) Mantenha a vítima em repouso.
f) Proteja a vítima levando em consideração a possibilidade de entrar em convulsão.
g) Monitore o estado de consciência, a respiração e o pulso.
h) Trate o choque e evite a ingestão de líquidos ou alimentos.
i) Esteja preparado para o vômito.
Nunca tentar remover objetos transfixados na cabeça.
Não se deve conter sangramento ou impedir a saída de líquidos pelo nariz ou ouvidos nos traumatismos
crânio encefálicos (TCE). Poderá ocorrer aumento na pressão intracraniana ou infecção no encéfalo.
Traumatismos de Face
O principal perigo das lesões e fraturas faciais são os fragmentos ósseos e o sangue que poderão
provocar obstruções nas vias aéreas.
Sinais e Sintomas
Coágulos de sangue nas vias aéreas;
Deformidade facial;
Equimose nos olhos;
Perda do movimento ou impotência funcional da mandíbula;
Dentes amolecidos ou quebrados (ou a quebra de próteses dentárias);
Grandes hematomas ou qualquer indicação de golpe severo na face.
Tratamento Pré-Hospitalar
É o mesmo tratamento utilizado no cuidado de ferimentos em tecidos moles, sua atenção deve estar
voltada para manutenção da permeabilidade das vias aéreas e controle de hemorragias. Cubra com
curativos estéreis os traumas abertos, monitore os sinais vitais e esteja preparado para o choque.
Traumatismo Raqui Medular (Trm)
São aqueles onde ocorre o comprometimento da estrutura óssea (vértebras) e medula espinhal. Os
danos causados por traumas nessas estruturas poderão ocasionar lesões permanentes, se a região
atingida for a cervical poderá comprometer a respiração, levar à paralisia ou até mesmo a morte.
Sinais e Sintomas
Dor regional (pescoço, dorso, região lombar);
Perda da sensibilidade tátil nos membros superiores e inferiores;
Perda da capacidade de movimentação dos membros (paralisia);
Sensação de formigamento nas extremidades;
Deformidade em topografia da coluna;
Lesões na cabeça, hematomas nos ombros, escápula ou região dorsal do paciente;
Perda do controle urinário ou fecal;
Dificuldade respiratória com pouco ou nenhum movimento torácico;
Priapismo (ereção peniana contínua).
Complicações
Paralisia dos músculos do tórax (respiratórios).
Respiração sendo feita exclusivamente pelo diafragma;
A lesão medular provoca dilatação dos vasos sanguíneos, podendo se instalar o choque (neurogênico).
Tratamento Pré-Hospitalar
1. Corrija os problemas que ameaçam a vida mantendo a permeabilidade das Vias Aéreas, a respiração e
a circulação.
2. Controle o sangramento importante.
3. Administre oxigênio.
4. Evite movimentar o paciente e não deixe que ele se movimente.
5. Não mobilize uma vítima com trauma de coluna, a menos que necessite de RCP, de controle de
sangramento que ameace a vida e/ou de remoção do local por risco iminente.
6. Imobilize a cabeça e o pescoço com emprego do colar cervical, fixadores de cabeça e prancha rígida.
7. Monitore os sinais vitais constantemente (cuidado com o choque e a parada respiratória).
Lembrar que em pacientes que possuam uma lesão na coluna, o socorrista deverá realizar todas as
manobras mantendo fixos a cabeça e o pescoço.
TRAUMA TORÁCICO
Sinais e Sintomas
Dependendo da extensão, presença de lesões associadas (fratura de esterno, costelas e vértebras) e
comprometimento pulmonar e/ou dos grandes vasos, o paciente poderá apresentar –
Aumento da sensibilidade ou dor no local da fratura que se agrava com os movimentos respiratórios;
Respiração superficial (dificuldade de respirar, apresentando movimentos respiratórios curtos);
Eliminação de sangue através de tosse;
Cianose nos lábios, pontas dos dedos e unhas;
Postura característica – o paciente fica inclinado sobre o lado da lesão, com a mão ou o braço sobre a
região lesada. Imóvel;
Sinais de choque (pulso rápido e PA baixa).
Fratura de Costelas
As fraturas de costelas, geralmente, são causadas por traumatismos torácicos diretos ou por
compressão e estão associadas à produção de lesões de vasos, pulmões e hemorragias, podendo
acarretar tórax instável. Fratura simples de costelas, por si só, raramente representa risco de morte no
adulto. As fraturas de costelas inferiores podem originar lesões de baço, rins ou fígado.
Sinais e Sintomas
Dor na região da fratura;
Dor à respiração, movimentos respiratórios curtos;
Crepitação.
Tratamento pré-hospitalar
a) Na fratura de uma ou duas costelas, o socorrista deverá posicionar o braço do paciente sobre o local
da lesão.
b) Usar bandagens triangulares como tipoia e outras para fixar o braço no tórax.
Não use esparadrapo direto sobre a pele, para imobilizar costelas fraturadas.
Tórax instável
Ocorre quando duas ou mais costelas estão quebradas em dois pontos. Provoca a respiração paradoxal.
O segmento comprometido se movimenta, paradoxalmente, ao contrário do restante da caixa torácica
durante a inspiração e a expiração.
Enquanto o tórax se expande o segmento comprometido se retrai e quando a caixa torácica se contrai o
segmento se eleva.
Tratamento pré-hospitalar
a) Estabilize o segmento instável que se move paradoxalmente durante as respirações; b) Use almofadas
pequenas ou compressas dobradas presas com fita adesiva larga;
c) O tórax não deverá ser totalmente enfaixado;
d) Transporte o paciente deitado sobre a lesão ou na posição que mais lhe for confortável;
e) Ministre oxigênio suplementar.
Ferimentos penetrantes
São os traumas abertos de tórax, geralmente provocados por objetos que não se encontram cravados,
assim como lesões provocadas por armas brancas, de fogo ou lesões ocorridas nos acidentes de trânsito
etc. Pelo ferimento é possível perceber o ar entrando e saindo pelo orifício.
Tratamento pré-hospitalar
a) Tampone o local do ferimento usando a própria mão protegida por luvas, após a expiração;
b) Faça um curativo oclusivo com plástico ou papel aluminizado (curativo de três pontas), no entanto
deve-se tomar cuidado, pois a oclusão completa do ferimento pode provocar um pneumotórax
hipertensivo grave;
c) Previna o estado de choque;
d) Conduza com urgência para um hospital e ministre O2.
Objetos cravados ou encravados
Não remover corpos estranhos encravados (pedaços de vidro, facas, lascas de madeiras, ferragens etc).
As tentativas de remoção poderão causar hemorragia grave ou ainda, lesar nervos e músculos próximos
da lesão.
Tratamento pré-hospitalar
a) Controle a hemorragia por pressão direta;
b) Use curativo volumoso para estabilizar o objeto encravado, fixando-o com fita adesiva;
c) Transporte o paciente administrando oxigênio suplementar.
Pneumotórax hipertensivo
Ocorre quando há acúmulo de ar no espaço pleural e esse ar não sai da cavidade. À medida que o ar se
acumula, a pressão intratorácica aumenta bruscamente, comprimindo o coração e o pulmão. A
hemorragia no interior da caixa torácica, hemotórax, também provoca compressão do pulmão, levando
à insuficiência respiratória.
Sinais e sintomas
Insuficiência respiratória.
Pulso fraco.
Desvio de traqueia contralateral.
Hipotensão.
Estase jugular.
Cianose.
Sinais de choque.
Tratamento pré-hospitalar
Avalie a respiração e a circulação, procedam às intervenções necessárias.
Ministre oxigênio suplementar.
Monitore constantemente os sinais vitais.
Transporte o paciente.
AMPUTAÇÕES
São lesões geralmente relacionadas a acidentes automobilísticos (amputações traumáticas). Seu
tratamento inicial deve ser rápido, pela gravidade da lesão e pela possibilidade de reimplante. Deve-se
controlar a hemorragia, aplicar curativo estéril e fixá-lo com bandagens ou ataduras; guardar a parte
amputada envolta em gaze estéril umedecida com soro fisiológico, colocando dentro de um saco
plástico e este então dentro de um segundo saco ou caixa de isopor repleta de gelo.
LESÕES DO CORAÇÃO E PULMÃO
O ar que sai do pulmão perfurado leva ao pneumotórax hipertensivo que resulta em colapso pulmonar.
As hemorragias no interior da caixa torácica (hemotórax) provocam compressão do pulmão, levando
também à insuficiência respiratória. As lesões na caixa torácica acabam provocando lesões internas nos
pulmões e no coração. O sangue envolvendo a cavidade do pericárdio pode também resultar em uma
perigosa compressão no coração.
Todas estas lesões são emergências sérias que requerem pronta intervenção médica. Sinais e Sintomas
(lesões do coração e pulmão)
Desvio de traqueia;
Estase jugular;
Cianose;
Sinais de choque;
Enfisema subcutâneo etc.
Tratamento pré-hospitalar
Ministre O2 e conduza com urgência para receber tratamento médico.
TRAUMA ABDOMINAL
Ocorre em 20 a 40 por cento dos politraumatizados, causando 50 porcento das mortes evitáveis por
trauma. A mortalidade elevada é explicada pelo fato de que, frequentemente, o paciente não é
diagnosticado na avaliação inicial da sala de emergência.
Tipos de lesão
Os traumatismos podem ser fechados ou penetrantes, dependendo da integridade da parede
abdominal. Os traumatismos fechados podem ser por compressão dos órgãos abdominais ou por
aceleração-desaceleração, e são cinco vezes mais frequentes que os penetrantes. Os pacientes podem
não ter dor ou evidências de trauma ao exame. Os traumatismos penetrantes podem ser causados por
arma branca ou arma de fogo. São mais evidentes e a trajetória do projétil ou da lâmina pode ser
imaginada, levando o socorrista a suspeitar da lesão de determinados órgãos. Porém, deve-se levar em
conta que lesões torácicas baixas podem atingir órgãos do abdome, pois o diafragma se eleva até o
quarto espaço intercostal durante a expiração. A mortalidade é bem mais elevada em ferimentos por
arma de fogo, pois as lesões aos órgãos abdominais são bem mais frequentes.
Anatomia do abdome
O abdome contém os principais órgãos do sistema digestivo, endócrino e urogenital e os grandes vasos
do sistema circulatório. A cavidade abdominal fica abaixo do diafragma e seus limites são na frente, a
parede abdominal anterior; inferiormente, os ossos pélvicos; posteriormente, a coluna vertebral e
lateralmente os músculos do abdome e flancos.
Na porção superior do abdome ficam o fígado e o baço, órgãos estes protegidos anteriormente pela
coluna vertebral. As fraturas de costelas inferiores se associam a lesões a estes órgãos. A porção inferior
dos intestinos é protegida pela pelve e a hemorragia pela fratura de pelve, é um problema nestes casos.
Os órgãos do abdome podem ser divididos em três grupos – vasculares, sólidos e ocos.
Órgãos sólidos – fígado, baço, pâncreas e rins. Estas estruturas se caracterizam por possuir suprimento
sanguíneo importante. As lesões a estes órgãos produzem hemorragia e choque hipovolêmico.
Órgãos ocos – estômago, vesícula biliar, intestino delgado e grosso. A lesão a qualquer um destes órgãos
causa vazamento de secreções para a cavidade abdominal e peritonite (inflamação do peritônio,
membrana que envolve as vísceras).
Vasos sanguíneos – os mais importantes são a aorta e cava inferior. A lesão destas estruturas causa
hemorragia volumosa e choque hipovolêmico.
A complicação pré-hospitalar que deve ser mais temida pelo socorrista é a hemorragia interna, que pode
causar o choque hipovolêmico. A perfuração de vísceras ocas e perda de função dos órgãos também são
graves, podendo causar a morte, porém são manifestações tardias e ocorrem no hospital.
Pelo que pode ser observado nos dados da tabela 1, os traumatismos de fígado e de baço são os mais
comuns. Os de fígado, nos traumatismos penetrantes, e os de baço nos fechados.
Avaliação
Não tentar fazer diagnóstico preciso no pré-hospitalar, o tempo é fundamental. Mecanismo de trauma
Ferimentos penetrantes – devem ser consideradas lesões críticas mesmo que o paciente esteja
aparentemente estável, por isso deve - se suspeitar de traumatismo abdominal significativo em todos os
pacientes com ferimentos penetrantes, especialmente os causados por arma de fogo. Nos traumatismos
fechados deve - se avaliar o estado do painel do carro e da carroceria do veículo, correlacionando-os
com as lesões observadas no paciente.
Conhecimento
Dor abdominal – pode ser mascarada por alterações do nível de consciência e produzida por drogas,
traumatismos de cabeça ou por lesões de medula espinhal. Alguns pacientes têm dor abdominal
produzida por fratura de arcos costais ou de pelve. Inspeção
Expor o abdome e observar ferimentos penetrantes (entrada e saída), evisceração, contusões,
empalamento e hemorragias externas.
A distensão abdominal sugere lesão visceral.
Palpação
Deve ser feita nos quatro quadrantes, visando determinar – sensibilidade, descompressão dolorosa e
defesa. O exame detalhado feito no ambiente hospitalar está contraindicado no atendimento
emergencial. A dor e a distensão abdominais indicam que o paciente tem risco de choque iminente e são
indicações de transporte rápido.
Técnica
Ausculta – não é importante no ambiente pré-hospitalar, pois não altera a conduta.
Hipotensão arterial e taquicardia – nas vítimas de traumatismo sem evidências de hemorragia externa,
devem fazer o socorrista suspeitar de sangramento interno.
Por vezes estes são os únicos sinais de traumatismos de abdome.
Conduta
A prioridade é a desobstrução das vias aéreas, ventilação pulmonar e manutenção circulatória. Manter
cuidados com a coluna cervical, se indicados. Como o tratamento das lesões abdominais é cirúrgico, o
tempo de chegada ao hospital é crucial.
O pulso e a pressão arterial devem ser constantemente monitorizados durante o transporte devido ao
risco de hemorragia interna que levam ao choque.
Administrar oxigênio suplementar em alto fluxo em todos os casos.
Obter acesso venoso e o iniciar durante o transporte a reposição com ringer lactato, desde que
autorizado pelo controle médico.
O transporte rápido ao hospital é fundamental para diminuir a mortalidade.
Ter sempre um alto índice de suspeita na presença de mecanismo de lesão compatível. Lesões
específicas
Objeto penetrante parcialmente exteriorizado
Não remover os objetos que penetram o abdome, pois existe risco significativo de precipitar
hemorragia.
Expor a lesão.
Estabilizar o objeto com curativo.
Não tentar quebrar ou mobilizar o objeto, exceto nos casos em que isso seja essencial para o transporte.
Evisceração
Não tentar reintroduzir no abdome os órgãos eviscerados.
Cobrir as vísceras com compressas estéreis úmidas (solução salina).
Envolver o curativo com bandagem.
Transportar o paciente em posição supina e com os joelhos fletidos (se não houver traumatismos de
membros inferiores que contraindiquem está pós.
TRAUMA MÚSCULO – ESQUELÉTICO
Fratura
É a ruptura total ou parcial de um osso.
Classificação das fraturas
Fechada (simples) – A pele não foi perfurada pelas extremidades ósseas;
Aberta (exposta) – O osso se quebra, atravessando a pele ou existe uma ferida associada que se estende
desde o osso fraturado até a pele.
Sinais e sintomas da fratura
a) Deformidade – A fratura produz uma posição anormal ou angulação, num local que não possui
articulação;
b) Sensibilidade – O local da fratura está muito sensível à dor;
c) Crepitação – Quando a vítima é movimentada podemos escutar um som áspero, produzido pelo atrito
das extremidades fraturadas. Este sinal não deve ser pesquisado intencionalmente, porque aumenta a
dor e pode provocar outras lesões nos tecidos moles;
d) Edema e Alteração de coloração – Quase sempre a fratura é acompanhada de certo inchaço, que é
provocado pelo líquido entre os tecidos e as hemorragias. Esta alteração pode demorar horas para
aparecer;
e) Impotência Funcional – É a perda total ou parcial dos movimentos das extremidades. A vítima
geralmente protege o local fraturado, pois qualquer movimentação é difícil e dolorida;
f) Fragmentos expostos – Numa fratura aberta ou exposta, os fragmentos ósseos podem se projetar
através da pele ou serem vistos no fundo do ferimento.
Luxação
É o desalinhamento das extremidades ósseas de uma articulação, fazendo com que as superfícies
articulares percam o contato entre si.
Sinais e sintomas de luxação
Deformidade mais acentuada na articulação luxada;
Edema;
Dor, principalmente quando a região é movimentada;
Impotência funcional, com a perda completa ou parcial dos movimentos.
Entorse
Sargento, você sabe o que é entorse? Vamos aprender?
É a tração ou distensão brusca de uma articulação, além do seu grau normal de movimentação
(amplitude).
Sinais e sintomas de entorse
São similares aos das fraturas e aos da luxação. Mas nas entorses, os ligamentos geralmente sofrem
ruptura ou estiramento, provocado por movimentação brusca. Amputação
Lesão geralmente relacionada a acidente automobilístico (amputação traumática). Pela gravidade da
lesão, o tratamento inicial deve ser rápido, principalmente pela possibilidade de reimplante.
Procedimento em caso de amputação
Controlar a hemorragia;
Aplicar curativo estéril, fixando-o com bandagem ou atadura;
Guardar a parte amputada envolta em gaze ou compressa estéril (pode ser também um pano limpo),
umedecido com solução fisiológica;
Colocar a parte amputada, agora protegida, dentro de um saco plástico e, em seguida, dentro de um
segundo saco ou caixa de isopor repleta de gelo;
Transportar rapidamente ao pronto socorro.
Regras gerais de imobilização
a) Informe o que irá fazer;
b) Exponha o local, removendo ou cortando as roupas da vítima;
c) Controle hemorragias e cubra feridas. Não empurre fragmentos ósseos para dentro do ferimento,
nem tente removê-los. Use curativos estéreis;
d) Verifique o pulso distal, a mobilidade, a sensibilidade e a perfusão;
e) Prepare todo o material de imobilização antes de mexer no local para imobilizá-lo;
f) Proteja as talas que estiverem em contato com o osso fraturado;
g) A imobilização de fraturas deve impedir a movimentação de uma articulação acima e uma abaixo do
local da fratura e, no caso de lesões em articulações, imobilize um osso acima e um abaixo da articulação
lesada. Movimentar o mínimo possível. Dependendo da fratura, faça a imobilização na posição
encontrada;
h) Refaça o exame da extremidade após imobilização; caso haja alterações vasculares ou neurológicas,
refaça a imobilização;
i) Previna o estado de choque;
j) Transporte para um pronto socorro ou aguarde uma equipe especializada.
Materiais utilizados na imobilização
Talas rígidas, moldáveis ou infláveis;
Talas de tração;
Colares cervicais;
Colete de imobilização dorsal (KED);
Macas rígidas;
Bandagens triangulares ou ataduras.
Muitas vezes, é impossível saber se a vítima é mesmo portadora de uma fratura, entorse ou luxação. A
confirmação virá quando a vítima for submetida a um exame de raio-X. No entanto, até que se faça o
exame em ambiente hospitalar, devemos tratá-la como se tivesse sofrido uma fratura.
Triagem
Processo utilizado em situações em que o número de vítimas ultrapassa a capacidade de resposta da
equipe de socorro. Utilizado para alocar recursos e hierarquizar vítimas de acordo com um sistema de
prioridades, de forma a possibilitar o atendimento e o transporte rápido do maior número possível de
vítimas.
Método start - (simple triage and rapid treatment)
Triagem Simples e Tratamento Rápido
Vantagens
Sistema de triagem simples que permite triar uma vítima em menos de 1 minuto;
O método utiliza diferentes cores para determinar a prioridade de atendimento e transporte;
Significado das cores;
Vermelha – Significa primeira prioridade. Estas vítimas estão em estado grave e necessitam tratamento
e transporte imediato.
Amarela – Significa segunda prioridade. Estas vítimas necessitam tratamento, mas podem aguardar.
Verde – Significa terceira prioridade. Estas vítimas não requerem atenção imediata. Preta – Significa sem
prioridade. Estas vítimas possuem lesões obviamente mortais. Critérios utilizados no Método START
Este método baseia-se em três diferentes critérios para classificar as vítimas em diferentes prioridades, a
saber;
Respiração
NÃO – Se não respira mesmo após abrir as vias aéreas, é considerada vítima sem prioridade (cor preta).
SIM – Se após abertura de vias aéreas voltarem a respirar é considerada vítima de primeira prioridade
(cor vermelha). Se a respiração se apresenta de forma espontânea e acima de 30 vpm é também
considerada vítima de primeira prioridade (cor vermelha). Até 30 vpm, avalie a perfusão.
Perfusão
A perfusão é avaliada através do enchimento capilar. Se for superior a 2 segundos, significa uma
perfusão inadequada (em caso de iluminação reduzida o socorrista deverá avaliar o pulso radial. Um
pulso radial ausente indica uma PA sistólica abaixo de 80mmHg). Controle hemorragias se houver e
considere a vítima em primeira prioridade (cor vermelha).
Se o enchimento capilar for de até 2 segundos, avalie o status neurológico.
Status neurológico
Avaliar se a vítima é capaz de cumprir ordens verbais simples.
NÃO – Não cumpre ordens simples, considerar vítima de primeira prioridade (cor vermelha).
SIM – Cumpre ordens simples, considerar como vítima de segunda prioridade (cor amarela).
Ação dos primeiros socorristas na cena com múltiplas vítimas
Primeiro passo – Dimensionar e assumir a situação de emergência, solicitar recurso adicional e iniciar a
triagem, método START, das vítimas. Determinar a um socorrista de sua equipe que dirija todas as
vítimas que possam caminhar para uma área de concentração previamente delimitada (poderá ser
utilizado um megafone para isso). Estas vítimas receberão uma identificação verde de forma individual.
Segundo passo – Determinar para que outro socorrista de sua equipe inicie a avaliação das vítimas que
permaneceram na cena de emergência e que não apresentam condições de caminhar. Deverá ser
avaliada a respiração. A respiração está normal, rápida ou ausente?
Se está ausente – abra imediatamente as VA para determinar se as respirações iniciam
espontaneamente. Se a vítima continua sem respirar, recebe a fita de cor preta (não perca tempo
tentando reanimar a vítima). Se voltar a respirar e necessitar de ajuda para manter as VA abertas
receberá a fita de cor vermelha (nesses casos, tente conseguir voluntários para manter abertas as VA da
vítima).
Se está presente – avalie a sua frequência respiratória, se superior a 30 vpm, receberá uma fita de cor
vermelha. Caso a respiração esteja normal (até 30 vpm), vá ao passo seguinte.
Terceiro passo – O socorrista deverá verificar a perfusão através da prova do enchimento capilar ou
através da palpação do pulso radial.
Se o enchimento capilar – for superior a 2 segundos ou se o pulso radial está ausente, a vítima deverá
receber a fita de cor vermelha.
Se o enchimento capilar – for de até 2 segundos ou se o pulso radial está presente, vá ao passo seguinte.
Qualquer hemorragia grave que ameace a vida deverá ser contida neste momento. Caso não haja
suspeita de traumatismo raquimedular, posicione a vítima com as pernas elevadas para prevenir o
choque (novamente tente conseguir voluntários para fazer pressão direta sobre o local do
sangramento).
Em caso de iluminação reduzida o socorrista deverá avaliar o pulso radial.
Quarto passo – O socorrista deverá verificar o status neurológico da vítima. Se a vítima não consegue
executar ordens simples emanadas pelo socorrista, deverá receber a fita de cor vermelha. Se a vítima
executa corretamente as ordens simples recebidas, receberá a fita de cor amarela.
TRANSPORTE E MANIPULAÇÃO DE VÍTIMA DE TRAUMATISMO
Sargento, você sabe como transportar uma vítima de traumatismo? Que tal aprender? Manipulação
Movimentação justificada de um paciente a fim de evitar mal maior. Vítimas de eventos de trauma
precisam ser transportadas com cuidados especiais. A coluna cervical (pescoço) deve ficar imóvel
durante a abordagem e transporte. Se o socorrista não possui o equipamento adequado (colar cervical),
improvise com cobertor, toalhas ou papelão, a imobilização do pescoço.
A vítima deve ser transportada em uma superfície plana e rígida (prancha de madeira, maca rígida,
porta, etc.) e fixada com cintos de segurança, cordas ou panos.
Técnicas de manipulação
Rolamento de 90 Graus;
Rolamento de 180 Graus;
Elevação a cavaleiro;
Retirada de capacete;
Imobilização de fraturas;
Extricação veicular KED e manobra de Hautec.
Rolamento de 90 Graus
Técnica empregada para posicionar o paciente na prancha, quando este se encontrar em decúbito
dorsal.
Técnica para sua execução
1. O auxiliar número 1 deverá posicionar-se atrás da cabeça do paciente, com os joelhos apoiados no
chão para melhor estabilidade, segurando, firmemente, as laterais da cabeça do paciente, mantendo o
alinhamento da coluna vertebral.
2. O auxiliar número 2 deverá posicionar a prancha do lado oposto ao rolamento, junto ao paciente,
enquanto o chefe posiciona o braço do paciente, do lado que for efetuado o rolamento, acima da cabeça
do paciente ou posicionando-o em um ângulo de 90 graus em relação ao seu corpo, e o outro braço do
paciente cruzado ao tórax.
3. O chefe e o auxiliar número 2 posicionam-se na altura do tórax e cintura pélvica, respectivamente,
apoiando suas mãos ao longo do corpo do paciente do lado oposto ao que estão posicionados.
O chefe coloca uma mão no ombro e a outra próxima à coxa do paciente. O auxiliar número 2 posiciona
uma não na lateral da cintura pélvica e a outra logo abaixo do joelho.
4. O auxiliar número 1 pergunta aos demais se estão prontos, após receber o sinal de positivo (OK),
efetua a contagem para execução do rolamento devendo movimentar o paciente em monobloco.
5. O chefe avalia a região dorsal do paciente em busca de possíveis lesões, após a avaliação, juntamente
com o auxiliar número 2, posiciona a prancha o mais próximo possível do paciente.
6. O auxiliar número 1, após o posicionamento correto da prancha, efetua novamente a contagem para
posicionar o paciente sobre ela, observando a necessidade de reposicionamento do paciente.
7. O chefe e o auxiliar número 1 efetuam a fixação da cabeça do paciente, a fim de evitar movimentos
laterais, com o uso de apoiadores. Após a fixação da cabeça, o paciente é fixado à prancha com o uso de
três tirantes ao longo do corpo.
Rolamento de 180 Graus.
Técnica empregada para posicionar o paciente na prancha, quando este encontrar-se em decúbito
ventral.
Técnica para sua execução
1. O auxiliar número 1 deverá posicionar-se atrás da cabeça do paciente, com, pelo menos, um dos
joelhos apoiados no chão no mesmo alinhamento da coluna vertebral do paciente para melhor
estabilidade, segurando firmemente as laterais de sua cabeça, indicando o lado apropriado para o
rolamento (para onde a nuca estiver apontando ou lado menos lesionado), mantendo o alinhamento da
coluna vertebral.
2. O auxiliar número 2 deverá posicionar a prancha do mesmo lado do rolamento, próxima ao paciente,
enquanto o chefe posiciona o braço do paciente, do lado em que for efetuado o rolamento, acima da
cabeça do paciente, e o outro ao longo do corpo.
3. O chefe e o auxiliar número 2 posicionam-se na altura do tórax e cintura pélvica, respectivamente,
apoiando suas mãos ao longo do corpo do paciente do lado oposto ao que estão posicionados. O chefe
posiciona uma mão no ombro e a outra próxima à coxa do paciente. O auxiliar número 2 coloca uma
mão na lateral da cintura pélvica e a outra logo abaixo do joelho.
Posicionamento da equipe para rolamento de 180 graus
1. O auxiliar número 1 pergunta aos demais se estão prontos, após receber o sinal de positivo (OK),
efetua a contagem para execução do rolamento devendo movimentar o paciente em monobloco (giro
de 90 Graus). Efetua novamente a contagem para a finalização do rolamento sobre a prancha,
observando a necessidade de reposicionar o paciente.
2. O chefe efetua a colocação do colar cervical adequado, em seguida, em conjunto com o auxiliar
número, efetua também a fixação da cabeça do paciente, a fim de evitar movimentos laterais, com o uso
de apoiadores, fixando-o à prancha, com o emprego de três tirantes ao longo do corpo.
Elevação a cavaleiro
Técnica empregada para posicionar o paciente sobre a prancha, quando houver impossibilidade de
executar o rolamento.
Observação – durante a sua execução, o socorrista deverá agir cautelosamente para não produzir novas
lesões ou agravar as já existentes.
Técnica para sua execução
1. O chefe e os auxiliares número 1 e 2 posicionam-se ao longo do corpo do paciente, de forma que ele
fique entre suas pernas (posição a cavaleiro).
2. O chefe ficará na altura da cintura escapular e posicionará as mãos de ambos os lados do ombro do
paciente, mantendo os polegares apoiados na região occipital e os demais dedos na altura do músculo
trapézio.
3. O auxiliar número 1 ficará na altura da cintura pélvica do paciente e posicionará as mãos de ambos os
lados segurando firmemente a pelve do paciente.
4. O auxiliar número 2 ficará na altura das pernas do paciente, abaixo dos joelhos, e posicionará as mãos
nas panturrilhas, segurando firmemente.
5. O auxiliar número 3 posicionará a prancha próxima ao paciente, preferencialmente na altura da
cabeça da vítima.
6. O chefe pergunta aos demais se estão prontos, após receber o sinal de positivo (OK), efetua a
contagem para execução da elevação, devendo movimentar o paciente em monobloco.
7. O auxiliar número 3, uma vez elevado o paciente, deverá posicionar adequadamente a prancha rente
ao solo no sentido craniocaudal.
8. O chefe, depois de posicionar a prancha corretamente, efetuará nova contagem para posicionar o
paciente em monobloco sobre ela.
9. O auxiliar número 3 irá estabilizar a cabeça do paciente, liberando o chefe para que este, juntamente
com o auxiliar número 1, efetuem a fixação da cabeça do paciente, a fim de evitar movimentos laterais,
com o uso de apoiadores, fixando à prancha, com o emprego de três tirantes ao longo do corpo.
Retirada de Capacete
Técnica empregada para retirada de capacete, a fim de facilitar a avaliação e tratamento de possíveis
lesões que o paciente possa apresentar.
Técnica para sua execução;
1. O auxiliar número 1 estabilizará a cabeça do paciente, apoiando, simultaneamente, o capacete e a
mandíbula, tencionando-a levemente para posicioná-la anatomicamente.
2. O chefe irá liberar as jugulares do capacete, e, em seguida, apoiará, com uma das mãos, a nuca do
paciente, abrangendo a maior superfície possível, atentando para o apoio do antebraço ao solo; com a
outra mão, apoiará a mandíbula do paciente, a fim de estabilizar a coluna cervical.
3. O auxiliar número 1, após o sinal de OK do chefe, procederá à retirada do capacete, liberando,
primeiramente, a região occipital do paciente, e, posteriormente, a face; após a completa retirada,
estabilizará a cabeça do paciente apoiando-a ao solo. Técnica de instalação de colar cervical (paciente
deitado)
Socorrista número 1 posiciona-se atrás da cabeça do paciente (com ambos os joelhos apoiados no chão),
mantendo distância de 1 palmo. Com ambas as mãos protegida por luvas, segura lateralmente a cabeça
do paciente, imobilizando-a e mantendo-a alinhada com a coluna.
O socorrista número 2 posiciona-se ao lado do paciente e mensura o tamanho adequado do colar
cervical de acordo com instruções do fabricante.
Remova colares e brincos do paciente.
Posicione o colar aberto por detrás da nuca, apoie à frente do colar abaixo da mandíbula do paciente,
ajuste-o firmemente sem movimentar a cabeça e feche o velcro de fixação do colar.
Questione ao paciente se o colar está confortável.
KED (Kendrick Extrication Device) colete de imobilização
Kendrich Extration Device (KED) é um equipamento de origem americana, criado para extricação de
vítimas de acidentes automobilísticos e outros. É utilizado para imobilizar a coluna vertebral,
proporcionando maior estabilização, segurança e apoio durante a manipulação de acidentados.
Pacientes potencialmente instáveis ou estáveis – opte pela técnica de remoção com emprego do colete
de imobilização dorsal (KED).
O Primeiro socorrista imobiliza a cabeça do paciente posicionando os dedos médios de ambas as mãos
na região do zigomático, polegares na nuca e os dedos mínimos e anulares apoiarão a mandíbula do
paciente durante a estabilização.
O Segundo socorrista avalia as regiões – posterior, lateral e anterior do pescoço, mensura e aplica o
colar cervical no paciente, após avaliar o dorso procurando identificar hemorragias e deformidades,
verifica a necessidade de reposicionar o paciente para posicionar o KED entre o paciente e o banco do
veículo, ajusta a altura do KED pela cabeça do paciente.
Para reposicionar o paciente, o Segundo socorrista posicionado fora do veículo, juntamente com o
Terceiro socorrista posicionado no interior do veículo, apoiará uma das mãos sob a articulação do joelho
e a outra na região dorsal, de forma que uma mão esteja posicionada na porção superior e a outra na
porção inferior do dorso do paciente. Após a certificação em que estão posicionados corretamente, o
Primeiro socorrista efetuará uma contagem de um a três, após a contagem, o paciente será
movimentado em monobloco para frente, o suficiente para que o KED seja instalado. Dependendo da
situação, os socorristas poderão optar por baixar o encosto do banco do paciente.
O Primeiro socorrista continua sustentando a cabeça do paciente, (mas agora junto com as abas do KED
em torno da cabeça do paciente).
Os Segundo e Terceiro socorristas iniciarão o afivelamento dos tirantes iniciando pelo tirante central
(amarelo), depois o tirante inferior (vermelho) e, finalmente, o tirante superior (verde). Após, deverão
afivelar os dois tirantes longos passando-os de fora para dentro por baixo dos joelhos do paciente e
deslizando-os até a raiz da coxa. Observando que a perna do paciente deverá ser estabilizada durante o
deslizamento dos tirantes longos. Após o afivelamento dos tirantes longos os socorristas devem,
obrigatoriamente, revisar e, se necessário, ajustar os tirantes colocados sobre o tórax do paciente.
O Segundo socorrista – avalia o espaço existente entre a cabeça e a parte superior do KED e preenche-o
com um coxim próprio, sem forçar a cabeça do paciente para trás.
Em seguida, posiciona as tiras de fixação da cabeça. A primeira passando na testa do paciente (logo
acima dos olhos) e a segunda sobre o colar cervical (altura do queixo do paciente). As tiras devem ser
presas com o velcro no corpo do KED (a tira superior deve ficar bem justa para evitar qualquer
movimento e a tira inferior mais solta para permitir a abertura da boca do paciente) conforme figura ao
lado. Nesse momento, o paciente está imobilizado (tronco, pescoço e cabeça) e o primeiro socorrista
poderá soltá-lo. Então, com uma bandagem triangular, os socorristas, deverão juntar os dois antebraços
do paciente e prendê-los (opcional). O paciente está pronto para ser removido, por isso, o Segundo e o
Terceiro socorristas deverá proceder à remoção sustentando o paciente pelas alças do KED e deslizando-
o até uma prancha longa.
O Primeiro socorrista deverá alinhar a prancha que estará posicionada na caixa de ar do veículo
permitindo que o paciente seja removido mantendo o corpo alinhado na horizontal.
Após posicionar o paciente sobre a prancha, os tirantes deverão ser afrouxados para facilitar os
movimentos respiratórios e a circulação nos membros inferiores. Observações – O Primeiro socorrista
deverá estar posicionado no interior do veículo atrás do paciente ou fora do veículo próximo ao Segundo
socorrista.
Seu posicionamento dependerá da situação.
O Terceiro socorrista deverá posicionar-se no interior do veículo próximo ao paciente (sempre que a
situação permitir), deverá avaliar se os membros inferiores do paciente estão presos no veículo (pedais,
assoalho, painel, lataria, etc.) e liberá-los; manipular as extremidades inferiores na posição fletida
durante a extricação do paciente. Pacientes críticos e instáveis – opte pelo uso da Chave de Rauteck.
Remoção emergencial – Chave de Rauteck
Técnica empregada para remover rapidamente vítimas em estado crítico do interior de um veículo, ou
quando o local do acidente oferece perigo imediato para a vítima, para o socorrista e outros.
A Chave de Rauteck é empregada para retirada de vítimas de acidentes automobilísticos que se
encontram em situação de risco iminente (incêndio com risco de explosão, veículo a beira de um
penhasco, ambiente tomado por fumaça, etc.), promovendo o mínimo de estabilização da coluna
cervical.
Esta técnica é realizada por apenas um socorrista, durante sua execução há riscos de agravar as lesões
do paciente, no entanto, sua utilização é realizada para evitar um mal maior.
Descrição da técnica
Posicione-se do lado de fora do veículo, imobilize a cabeça do paciente posicionando os dedos médios
de ambas as mãos na região do osso zigomático, polegares na nuca e os dedos mínimos e anulares
apoiarão a mandíbula do paciente durante a estabilização;
Após a estabilização, posicione o paciente de forma que fique ereto no acento do veículo. Posicionando
sua face de encontro com a face do paciente. Posicione uma das mãos por baixo da axila do paciente
apoiando sua mandíbula.
Com a outra mão segure firmemente o punho do paciente estabilizando-o de encontro ao seu corpo.
Após certificar-se que o paciente está bem seguro, o socorrista realiza um movimento de rotação,
preparando-o para remoção.
Para retirar o paciente do interior do veículo, posicione-se, mantendo as pernas afastadas e os joelhos
flexionados formando uma base, distribuindo o peso sobre o seu tórax.
Retire o paciente e posicione-o em um local seguro, para tratamento e transporte.
CONCLUSÃO
É importante que você policial militar tenha ao menos conhecimentos mínimos sobre os primeiros
procedimentos que devem ser adotados no socorro, tendo sempre a consciência que você não é
bombeiro e nem médico, porém geralmente é o primeiro a chegar na maioria das ocorrências e alguns
procedimentos podem salvar a vida da vítima que pode ser você.
CRIMINALÍSTICA APLICADA

INTRODUÇÃO

No início da fase técnico-científica, a partir do século dezenove, era de responsabilidade da medicina


legal, além dos exames de integridade física do corpo humano, toda a pesquisa, busca e
demonstração de outros elementos relacionados à materialidade do fato penal. Com o
surgimento de novos conhecimentos e o desenvolvimento das áreas técnicas, como exemplo a
física, química, biologia, toxicologia, matemática etc., evidenciou-se a necessidade real da
criação de uma nova disciplina para a pesquisa, análise e interpretação dos vestígios materiais
encontrados em locais de crime, fixando-se, assim, a Criminalística como fonte fundamental de
apoio à Polícia e à Justiça, como uma disciplina independente em sua ação, como as demais
que a constituem. A presente apostila visa trazer um pouco da história da Criminalística, bem
como alguns conceitos importantes para você Policial Militar.
CRIMINALÍSTICA
Sargento, você já ouviu falar em Criminalística? Sabe o que é? Que tal aprender?
Conceito de Criminalística
Originalmente o termo Criminalística foi desenvolvido por Hans Gross como “Sistema de
métodos científicos utilizados pela polícia e pelas investigações policiais”. Somente no Primeiro
Congresso Nacional de Polícia Técnica, ocorrido em São Paulo no ano de 1947, a Criminalística
foi definida como “disciplina que tem como objetivo o reconhecimento e a interpretação dos
indícios materiais extrínsecos, relativos ao crime ou à identidade do criminoso”.
Articulando dessa maneira, a Criminalística não como uma ciência, mas como a aplicação do
conhecimento de diversas Ciências e Artes, para utilização dos métodos desenvolvidos e
inerentes às diversas áreas para auxiliar e informar as atividades policiais e judiciárias de
investigação criminal.
Assim, a Criminalística é uma ciência aplicada que utiliza conceitos de outras ciências firmadas
nos princípios da física, da química e da biologia, no bojo de métodos e leis próprias
embasadas nas normas específicas constantes na legislação, principalmente a processual
penal. Embora não possamos confundir o campo da Criminalística com o da Medicina Legal, e
apesar de ambas se responsabilizarem pelos exames de corpo de delito e, apresentem
interseção em vários momentos, a Medicina Legal tem como objetivo os exames de vestígios
intrínsecos (na pessoa), relativos ao crime.
Como defende Garrido (2008), durante a evolução da criminalística, diversas foram as
denominações doutrinariamente impróprias dadas à Criminalística
Criminologia Científica;Ciência Policial; Investigação Criminal Científica; Policiologia, os quais se aplicam
também àadministração policial e aos métodos de elucidação geral.
No entanto, o termo Criminalística é,oriundo da escola alemã, sendo utilizado por toda Europa,
“Kriminalistik e Criminalistique”. Enesse sentido o próprio termo Ciência Forense não é sinônimo de
Criminalística em toda parte
do mundo. Para Gialamas, Ciência Forense deve ser definida como a aplicação das ciências àmatéria ou
problemas legais cíveis, penais ou mesmo administrativos. Dessa forma, aCriminalística seria apenas
uma das matérias da Ciência Forense.
Cabe salientar que não podemos confundir Criminalística com Criminologia, esta última dá
conta do estudo e da explicação da infração legal, dos meios de se lidar com os atos
desviantes, a postura das vítimas, ou seja, o objetivo é o autor dos fatos desviantes, não
exclusivamente criminosos e como a sociedade se relaciona com este fato.
História da Criminalística
De acordo com Garrido (2008), apesar dos avanços tecnológicos que acompanham a
Criminalística ou Ciência Forense esta utilização de diversas técnicas, voltadas para a
elucidação de crimes remonta a épocas pré-científicas, e que a partir do século Dezesseis houve uma
progressiva sistematização de dados de maneira a formar um corpo de conhecimento
estruturado.
Neste sentido seria a Criminalística filha da Medicina Legal, ou a Medicina Legal e
Criminalística possuem origens que se confundem. Na realidade, as diferentes disciplinas que
atualmente compõem a Ciência Forense tiveram origem, na maioria das vezes, independente
e, em alguns casos, até incidental. A Criminalística da maneira como a
conhecemos teria seu início quando Hans Gross, no final do século Dezenove, propôs que os métodos
da Ciência moderna fossem utilizados para solucionar casos criminais.
Considerado o Pai da Criminologia, Hans Gross professor de criminologia na Universidade de
Praga, foi um magistrado austríaco que defendeu o uso da ciência e da tecnologia na
investigação, autor do Livro System der Kriminalistik, que se manteve atual por mais de 50
anos. Para se elaborar uma linha de sucessão e difusão do conhecimento, em1908, na França,
foi criado o “Instituto de Polícia Científica” na Universidade de Lausanne. E apesar de originada
na Academia, a Criminalística foi aos poucos sendo tutelada pelo Estado e incorporada às
forças policiais. Até que na década de 20 e 30 nos EUA, houve a criação dos laboratórios
policiais, e finalmente na metade do século Dezenove, a solicitação do trabalho pericial científico já se
tornara rotina aceita pelas autoridades judiciais e policiais.
Semelhante ao restante do mundo, no Brasil, a origem da Criminalística confunde-se com a da
Medicina Legal, deixando, ainda no início, a Universidade. Os primeiros estudos de vestígios de
disparos em armas de fogo e a produção de reagentes para a identificação de manchas de
sangue foram feitos por peritos legistas.
Em relação ao Brasil, a origem da Criminalística também se confunde com a Medicina Legal, a
partir de 1939, em decorrência da exigência de tese para obtenção do grau de doutor, para as
faculdades de medicina, quando surgiram os primeiros trabalhos em Medicina Legal. Mas
somente em 1877 surge à cadeira de Ensino prático de Medicina legal na Faculdade de
Medicina do Rio de Janeiro, e posteriormente, em 1881 o curso prático de tanatologia forense
no necrotério da Polícia da Capital Federal.
No Rio de Janeiro, a Medicina Legal oficial foi transferida da autoridade judiciária para a
Polícia, em 1856, ano que fora criada a assessoria médica junto à Secretaria de Polícia da
Corte, cuja composição era de dois médicos efetivos, ligados à Polícia, e dois consultores,
professores universitários de Medicina Legal, responsáveis principalmente pelos exames
toxicológicos, posteriormente foi transformado em Gabinete Médico Legal e em 1907, por
força de um decreto transformado em Serviço Médico Legal. Neste período as funções de
perito legista e perito criminal se confundiam. Já na década de 40 foi criada a Diretoria Geral
de Investigações que englobava o Instituto de Identificação Félix Pacheco, o Instituto Médico
Legal e o Gabinete de Pesquisas Científicas, originário do Instituto de Criminalística.
Para a Polícia Militar a história se inicia por Ato do Comandante Geral, em 09 de fevereiro de
1988, criando o Núcleo do Centro de Criminalística da PMERJ que surgiu como uma resposta
da Corporação à necessidade de ter em seus quadros Oficiais-Peritos Militares dotados de
conhecimentos técnico-científicos para atender as requisições emanadas das autoridades de
polícia judiciária militar, judiciária singular e do Ministério Público, agilizando assim, os
procedimentos apuratórios onde estão envolvidos policiais militares.
Posteriormente pela Resolução número 127, de 24 de agosto de 1993, da então Secretaria de
Estado de Polícia Militar, passou a subordinar-se à recém-criada Corregedoria Geral da Polícia
Militar. E, finalmente, pela Resolução número 196, de 23 de julho de 1998, da Secretaria de Estado
de Segurança Pública, passou a ser denominado Centro de Criminalística da Polícia Militar do
Estado do Rio de Janeiro.
O CCrim dispõe dos seguintes serviços de perícia; exames em armas de fogo e munição
(balística), locais de acidente de trânsito, de infração penal, veículos em geral e
arrombamentos (local de crime), adulteração e falsificação de documentos, cédulas,
assinaturas e manuscritos (documentos copia), mercadorias e gêneros diversos (merceologia) e
substâncias e materiais entorpecentes, combustíveis, remarcação e adulteração de chassi
(laboratoriais).
CONCEITO DE CRIME E INFRAÇÃO PENAL
Você sabia que o crime é um episódio na vida de um indivíduo, mas é uma realidade que vai
além de um fenômeno social, que não pode ser dele destacado e isolado, nem mesmo ser
estudado em laboratório ou reproduzido?
Nesse sentido o conceito de crime mudou com o passar dos séculos, o Código Criminal do
Império de 1830 determinava em seu artigo Segundo, Parágrafo Primeiro - Julgar-se-á crime ou delito
toda ação ou omissão contrária às leis penais. E, o Código Penal Republicano de 1890 se
manifestava em seu artigo Sétimo - Crime é a violação imputável e culposa da lei penal. No entanto
a legislação penal atual, Código Penal de 1940, reformulado em 1984, não se preocupou com
esta definição, de maneira que “crime" foi definido diferentemente pelas dezenas de escolas
penais. E, nestas definições, haviam ainda subdivisões, que consideravam o foco de
observação do jurista.
Surgindo então, os conceitos formal, material e analítico do crime como expressões
significativas, dentre outras de menor expressão. O conceito formal é a definição nominal, ou
seja, relação de um termo a aquilo que o designa.
O conceito material corresponde a definição real, que procura estabelecer o conteúdo do fato
punível. O conceito analítico indica as características ou elementos constitutivos do crime,
sendo de grande importância técnica.
Apesar disso, no Brasil, muitos sustentam que os pressupostos para o conceito do crime sejam
três - fato típico, antijurídico e culpável, inexistindo um deles não há crime.
Nesse sentido, fato típico é, no conceito analítico, o primeiro substrato do crime, no conceito
material é um fato humano indesejado, em todos os casos reúne a conduta, o resultado, o
nexo causal entre a conduta e o resultado e a tipicidade. Para ser antijurídico, é preciso
observar a anterioridade da norma em relação à conduta do agente e a inexistência de
excludentes de ilicitude.
E para ser culpável, o indivíduo deve ser capaz de responder pelos seus atos, se é possível a
exigência de conduta diversa da adotada, e certa possibilidade de conhecimento da ação ou
omissão contrária ao direito.
No nosso caso, é importante salientar que vamos para além do crime, sendo necessário
conhecer a definição de Infração Penal, que no Brasil é um gênero, que conta com duas
espécies, o crime ou delito e a contravenção, de forma especifica no Direito Penal, mas
exclusivas, incluindo outros ramos do direito e por isso é a definição adotada pela Polícia
Militar em seus manuais, não podendo ser considerada equivocada.
Para exemplificarmos, em um dia qualquer um homem encontrou um senhor baleado e sem
vida, com ferimento em região letal, esticado no meio da rua. Um leigo certamente afirmaria
tratar-se de um homicídio. Mas os juristas, entretanto, não terão essa conclusão, naquele
momento. É lógico que existiria uma ideia, um indício da existência de um homicídio, mas
pode-se ponderar que a morte violenta dada àquele homem, poderia, por exemplo, estar
justificada, e, evidentemente, não haveria crime (legítima defesa ou outra excludente de
ilicitude).
Para a existência de crime, é necessário percorrer um longo caminho, passando por todas as
características que o delito apresenta, para depois, se chegar a uma conclusão; trata-se de um
homicídio ou não.
Portanto, o Policial Militar trata o local como local de infração penal e não necessariamente
local de crime, apesar de esta última denominação estar muito bem esclarecida na literatura,
como se tratando do mesmo fenômeno.
LOCAL DE INFRAÇÃO PENAL
Sargento, você certamente já ouviu falar em local de infração penal? Saberia dizer o que é?
Vamos aprender?
Apesar de já discutido anteriormente, a adoção de local de infração penal ao invés de local de
crime, se deu em virtude desta última por muitas vezes ser imprópria, já que fatos como morte
natural, acidental, suicídio, por exemplo, sempre ensejaram a abertura de inquérito policial, e
no entanto, após a conclusão vai se chegar a um fato penalmente atípico. No entanto é preciso
salientar que nas palavras de Edmond Locard, a existência de um crime pressupõe três
elementos; a vítima, o criminoso e o local em que se desenrolaram os acontecimentos. É o que
ele denominou de triângulo do crime.
Definição de Local de Infração Penal
Para a definição de Local de Infração Penal, adotaremos a referência apresentada por Mallmith
(2007), como a região do espaço em que ocorreu um evento delituoso. Neste sentido é toda
área onde tenha ocorrido qualquer fato que reclame as providências da polícia. E finalmente
em Eraldo Rabello, “Local de crime é a porção do espaço compreendida num raio que, tendo
por origem o ponto no qual é constatado o fato, se estenda de modo a abranger todos os
lugares em que, aparente, necessária ou presumivelmente, hajam sido praticados, pelo
criminoso, ou criminosos, os atos materiais, preliminares ou posteriores, à consumação do
delito, e com este diretamente relacionados.”
Sendo assim, na voz do mestre Eraldo Rebello; “Local de crime constitui um livro
extremamente frágil e delicado, cujas páginas por terem a consistência de poeira, desfazem
se, não raro, ao simples toque de mãos imprudentes, inábeis ou negligentes, perdendo-se
desse modo para sempre, os dados preciosos que ocultavam à espera da argúcia dos peritos”.
Ainda nesse sentido, saliento as palavras da Nota de Instrução (NI) número 006 de 1998 “Considera-se
LOCAL DE INFRAÇÃOPENAL, toda área onde tenha ocorrido um fato que assuma a configuração de
delito”.
Tal conceito implica em manter perenemente viva a advertência de que, enquanto não ficar
perfeitamente esclarecido o fato, deve ele ser denominado como delituoso, mesmo se,
aparentemente, não se tratar de um ilícito penal, cabendo ao perito criminal, em termos de
conclusão, no caso de falecimento, apresentar aquilo que os juristas denominam de “causa
jurídica da morte”, ou seja, distinguido o fato entre homicídio, suicídio ou acidente (diagnose
diferencial).
Classificação de Local de Infração Penal
Os locais podem ser classificados de diversas maneiras, no entanto, adotaremos a divisão
prevista na Nota de Instrução (NI) número 006 de 1998;
Sargento, você sabia que o local de infração penal é classificado segundo 03(três) critérios?
Saberia dizer quais são eles? Vamos aprender?
1) Quanto ao local em si;
2) Quanto à natureza do fato; e.
3) Quanto ao exame do local.
Em relação ao local em si, isto é, sua situação topográfica, o local de infração penal se
apresenta sob duas formas.
Você saberia dizer quais são elas?
Local Interno – é a área compreendida no interior das habitações de quaisquer espécies, isto é,
em todo ambiente fechado. O fato ocorrendo em terreno cercado ou murado será a área
considerada como “local interno”, por constituir recinto fechado.
Local Externo – é a área constituída por extensão aberta, ou seja, fora das habitações. Ex; rua,
terreno baldio, etc...
Ainda sobre os locais internos e externos, são subdivididos do seguinte modo.
Ambiente Imediato – É a área onde ocorreu o fato. É nesse ambiente que se procede ao exame
cuidadoso de todos os detalhes, presumindo-se que o local tenha sido convenientemente
preservado desde o comparecimento do primeiro policial militar.
Ambiente Mediato – Compreende as adjacências do local onde ocorreu o fato; é, por assim
dizer, a área intermediária entre o local onde ocorreu o fato (local propriamente dito) e o
grande ambiente exterior.
No que tange à natureza do fato, o local de infração penal se apresenta sob as seguintes
formas;
1) Local de Homicídio;
2) Local de Furto;
3) Local de Furto Qualificado;
4) Local de Incêndio;
5) Local de Contravenção Penal, etc....
No Estudo do Local de Infração Penal sob esses dois primeiros aspectos, quanto ao local em sie quanto à
natureza do fato, objetiva-se.
Determinar a natureza da área onde o mesmo ocorreu; e
Determinar a natureza do fato ocorrido.
Em resumo, a natureza da área responde à seguinte pergunta; onde ocorreu o fato? Anatureza do fato
ocorrido responde à pergunta - O que aconteceu?
Para a realização do Exame do Local de Infração Penal o perito precisa saber das formas que olocal se
apresenta, sendo ainda considerado.
Local Idôneo – é aquele que não foi violado, isto é, que não sofreu qualquer alteração desde aocorrência
do fato ou, ao menos, desde o comparecimento do policial-militar;
Local Inidôneo, Violado, Alterado ou Desfeito – é aquele que foi alterado, isto é, que sofreuqualquer
alteração após a ocorrência do fato ou depois que o policial-militar tomouconhecimento do mesmo;
Locais Relacionados – são os que se referem a uma mesma ocorrência e oferecem pontoscomuns de
contato.
Exemplificando o local relacionado.
Falsificação de moedas, de selos, atentados terroristas, etc. Nos casos de falsificação, a moedaou o selo,
são vendidos e apreendidos em determinado local, porém fabricados em outro; nosde atentados
terroristas, o atentado é praticado em determinado local, porém, o materialexplosivo é adquirido ou
preparado em outro. Os locais onde se deram os fatos e aqueles ondeo material foi preparado estão
relacionados.
Crimes de extorsão mediante seqüestro
A vítima e os seqüestradores são localizados emdeterminado local, enquanto a ação criminosa originou-
se em outro.
Técnicas de Isolamento e Preservação
Quando da ocorrência de um crime, a polícia militar é a primeira instituição a chegar ao local, sendo, na
maior parte das vezes, acionada por parentes da vítima ou qualquer pessoa do povoque venha a tomar
conhecimento do fato.
Importante ressaltar que a primeira providência que deve ser adotada pelo primeiro agente
desegurança pública que chegar ao local do crime, em havendo vítima, é a de saber se a vítimaainda vive
por meio dos procedimentos de primeiros socorros adquiridos nos diferentescursos de formação e
especialização policial, a fim de que possa ser providenciado o devidosocorro. Ao perceber que a vítima
já se encontra sem vida, deverá isolar o local até a chegadada polícia judiciária, cabendo a esta tomar as
providências legais.
O procedimento de preservação do local de crime sucede as providências pertinentes aoprocedimento
de isolamento do local de crime. Destaque-se que não se deve aceitar aimprovisação. No entanto
verifica-se o uso de corda e outros meios para se isolar um local decrime, e a ausência dos mais
elementares equipamentos para a execução dos procedimentosde preservação, isolamento e perícia,
dificulta, quando não impossibilita, a identificação damaterialidade e autoria do crime.
O isolamento e a conseqüente preservação do local de crime é uma garantia que o perito teráao
encontrar a cena do crime conforme fora deixada pelo infrator, assim, como pela vítima, tendo com isso,
as condições técnicas de analisar todos os vestígios. É também uma garantiapara a investigação como
um todo, pois, haverá muito mais elementos a analisar e levar para oinquérito, e posteriormente, para o
processo criminal.
O local de crime devidamente preservado oferece elementos vitais para a fixação dasresponsabilidades.
E, no sentido inverso, poderá contribuir com a absolvição de criminosos emface da inconsistência
probatória, em decorrência da possível violação dos vestígios. O papel da Polícia Ostensiva e da Polícia
Judiciária quanto à preservação e isolamento do localde crime, além de ser definido nos seus ditames
internos, é também ditado pela legislaçãopenal em vigor.
A Polícia Militar, sendo uma instituição pública prestadora de serviços à comunidade, exercesua missão
constitucional de polícia ostensiva, e, nesse sentido, destaca-se dentre suasatribuições, a promoção do
devido isolamento do local de crime, assim como de suapreservação.
Portanto, o policial militar que primeiramente chegar ao local do crime, no que concerne
aosprocedimentos referentes aos vestígios e evidências, e manter o local como idôneo, deveráisolar a
área de ocorrência do evento criminoso, não permitindo a alteração das coisas, assimcomo do cadáver,
se houver; deverá também evitar que qualquer pessoa tenha contato comos vestígios, bem como para
com os instrumentos do crime, resguardando-os, a fim de seremoportunamente analisados pelos
profissionais de perícia, o que será detalhado abaixo.
Após a chegada da autoridade policial competente (delegado de polícia, que representa apolícia
judiciária, CMT DA OPM, que representa a polícia judiciária militar) no local de crime, conforme
preconiza o artigo 6.º do Código de Processo Penal Brasileiro, o policial militar queatendeu a ocorrência
entregará o local a este, transmitindo todas as informações e impressõesobtidas. E, prioritariamente,
quando a autoridade policial se defrontar com o local de
ocorrência do delito criminoso, esta buscará preservar o local até a chegada dos peritos, e, buscará
outras evidências que possam colaborar na investigação policial.
A responsabilidade pela preservação dos locais de crime é de competência do primeiro agentede
segurança pública que se defrontar para com a cena criminosa, por isso, que, o artigo 169do Código
Processual Penal (CÓDIGO PROCESSUAL PENAL), não atribui exclusividade de competência quanto às
ações de isolamento e depreservação dos locais de crime.
Entretanto, verifica-se, que em alguns casos, o local de crime é ignorado, seja por policiaismilitares ou
policiais civis, quanto à preservação de seus vestígios, acabando por contaminarprovas vitais ao
esclarecimento do crime, e, em conseqüência disso fornecendo subsídios paraa defesa pedir a
absolvição do acusado.
Protocolo de Procedimentos nos Locais de Crime – InstruçãoNormativa (IN) Número 006 de 1998
Sargento, você sabe qual é o Protocolo de Procedimentos nos Locais de Crime, InstruçãoNormativa
número 006 de 1998? Que tal aprender?
Nesse sentido a Nota de Instrução divide os procedimentos de duas maneiras;
1) Procedimentos Genéricos.
Socorrer a vítima (primeiros socorros) ou providenciar atendimento médico;
Prender o infrator (se possível);
Interditar o local;
Preservar o local;
Comunicar o fato ao COPOM, ou a Sala de Operações e à DP da circunscrição;
Arrolar testemunhas e realizar a investigação preliminar;
Aguardar no local a chegada da Autoridade de Polícia Judiciária e da Perícia Criminal.
Visando a preservação do local de infração penal, deverão ser observados, além dosprocedimentos
genéricos, os seguintes Procedimentos Específicos.
1) Nos casos de local interno ou de acesso restrito.
Prender o criminoso – agir com cautela necessária, revistando-o, desarmando-o ecolocando-o sob
custódia até a chegada da autoridade policial, ou se possível e necessário, conduzindo-o até a Delegacia
Policial da área. Tendo que optar entre o socorro à vítima e aprisão do criminoso, o socorro tem
prioridade. Caso existam dois ou mais policiais
militares, de acordo com a ocorrência e a percepção dos milicianos, poderá ocorrer adivisão de funções,
um prendendo o criminoso e o outro socorrendo a vítima;
Socorrer vítima – utilizar os conhecimentos de “Primeiros Socorros”, usando a técnicaadequada no
sentido de minorar sofrimento e salvar vidas. No caso de impossibilitar ouinconveniência da utilização
de “Primeiros Socorros”, providenciar com urgência oatendimento médico.
Isolar o local – Principalmente a área do evento (área imediata) e suas vias de acesso, impedindo o
ingresso ou permanência de parentes, curiosos, jornalistas ou quaisquerpessoas que não habilitadas
para este mister (policiais e/ou peritos).
Preservar o local – especialmente a “área imediata”, adotando as seguintes medidas;
Não tocar ou mudar de posição de todo e qualquer objeto existente no local, considerando que a
posição dos móveis desarrumados ou desviados de suas posiçõesnormais, e roupas de cama em
desalinho, constituem elementos objetivos para arealização dos exames periciais;
Não mexer nem recolher armas, estojos, projéteis, documentos e papéis em geral e o quemais houver,
nem permitir que outras pessoas o façam. Deve ter sempre em mente queaquele local e intangível;
Se houver cadáver, permanecer em suas proximidades sem o tocar ou mudar de posição, não permitir
também que outras pessoas assim procedam;
Na ocorrência de incêndio, auxiliar na evacuação do prédio ou residência, conservando aspessoas “na
área mediata”. Havendo cadáver no local onde estiver ocorrendo o incêndio, enão existindo outra
alternativa, o mesmo deverá ser retirado;
Nos casos de acidente por vazamento de gás, deve-se fechar o registro geral, retirarvítimas, quando
vivas para a “área mediata” e abrir portas e janelas de modo a ventilarcompletamente o ambiente. Não
adentrar ao recinto com cigarro acesso e nem acionar osinterruptores, pois poderá ocasionar uma
explosão.
Nas violações de fechadura por meio de gazua, micha ou chave falsa, não fechar nempermitir que as
fechem com as chaves que lhes são próprias, preservando-se assim oseventuais vestígios;
Os cadeados e ferrolhos destruídos por arrombamento, não devem ser reparados antes docompetente
exame pericial.
Comunicar o fato – Comunicar imediatamente o fato ao COPOM ou Sala de Operações daUnidade e à
Autoridade de Polícia Judiciária da área, ou se não puder solicitar que alguémo faça, usando o meio mais
rápido que dispuser.
Arrolar testemunhas do fato e realizar investigação preliminar – Entrevistar, quandopossível, as vítimas,
testemunhas e suspeitos, buscando provas para a incriminação dosúltimos.
Aguardar no local – Permanecer no local até a chegada da Autoridade de Polícia Judiciária eda Perícia
Criminal, entregando o mesmo àquela Autoridade e transmitindo-lhe asinformações já obtidas.
2) Nos casos de local externo;
O policial militar deverá interditar apenas a área que contenha vestígios, procurando, tanto quanto
possível, não interromper o trânsito, se for o caso de fato ocorrido emlogradouro, adotando as demais
providências preconizadas para o local de infração penalinterno;
Preservar o local, mediante os seguintes cuidados –Se houver vestígios ou objetos a serem inutilizados
pela ação de intempéries (chuva, vento, umidade, etc....), tais como manchas de sangue, pegadas,
sulcos, marcas de
arrastamento de pneus, armas e outros, deverão ser protegidos cobrindo-se com plástico, lona, lata,
tábua, ou o que houver a mão. Deve o policial militar, entretanto, cuidar paraque os vestígios,
porventura existentes, não sejam tocados ou mudados de posição, aoserem cobertos;
Os materiais mais apropriados para o isolamento e preservação dos locais de infraçãopenal são cordas,
cavaletes, fitas, plásticos e lonas. Não obstante, poderão ser utilizadostábuas, caixotes, latas, folhas de
zinco, saco de aniagem, arames ou quaisquer outrosmateriais disponíveis. É válido solicitar-se o auxílio
de terceiros para a obtenção do
material necessário.
Adotar, no que couber, as demais medidas relativas ao local de infração penal interno;
Nos casos de veículos envolvidos em fatos de interesse criminalístico (extorsão medianteseqüestro,
homicídios, roubos, etc.), deverão ser observados os seguintes procedimentos;
Não tocar ou mudar a posição do (s) veículo (s), preservando-o (s) no próprio lugar em quefor (em)
encontrado (s), ficando expressamente proibida a sua remoção antes darealização do exame pericial;
Em nenhuma hipótese adentrar ao veículo, tendo em vista, em especial, a preservação dasimpressões
digitais, palmares e outras, que eventualmente possam ser detectadasinternamente no volante, no
espelho retrovisor, nos vidros, no painel e outras partes doveículo;
Havendo cadáver no interior do veículo, o mesmo não deverá ser tocado ou mudado deposição até a
realização da perícia;
Nada deverá ser tocado ou retirado do interior do veículo, tais como armas, bolsas, carteiras, porta-
documento, agendas ou quaisquer outros objetos.
O policial militar em qualquer local de infração penal deverá observar as seguintes regrasde
comportamento;
Não fumar e nem permitir que fumem, visto que palitos de fósforo, cinzas e pontas decigarros, muitas
vezes constituem elementos de valor criminalístico e, se tiverem sidodepositados no local após o seu
isolamento, poderão confundir os peritos;
Os aparelhos telefônicos existentes no local, bem como as dependências sanitárias ouquaisquer outras,
não deverão ser utilizados.
Não prestar qualquer tipo de informação ou emitir opinião, a não ser àqueles a quem pordever de ofício
cabe informar sobre o fato;
Evitar que seja tomada a sua própria fotografia atuando no local;
Permitir o trabalho dos órgãos de comunicação no local de interesse, somente após aliberação do
mesmo pela Perícia Criminal e pela autoridade de Polícia Judiciária.
COMPETÊNCIAS DE CADA ÓRGÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA
A Constituição Federal de 1988, pela primeira vez em nosso direito constitucional, dedicaum capítulo à
segurança pública.
Trata-se do terceiro capítulo do título Cinco Da Defesa doEstado e das Instituições Democráticas.
No Artigo 144, da Constituição da República Federativa do Brasil está previsto que, “A segurança pública,
dever do Estado, direito eresponsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e
daincolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos;
Inciso Um – Polícia Federal;
Inciso Dois – Polícia Rodoviária Federal;
Inciso Três – Polícia Ferroviária Federal;
Inciso Quatro – Polícia Civil;
Inciso Cinco – Polícia Militar e Corpo de Bombeiro Militar”.
Nesse sentido a Polícia Civil é um órgão permanente, organizado, e estruturado emcarreira que exerce
as funções de polícia judiciária. Sendo obrigação de cada Estado membro da Federação possuir sua
própria força policial civil sendo responsável por suamanutenção. A União compete em atendimento,
conforme previsão da Constituição da República Federativa do Brasil no seu Artigo21, Inciso Quatorze,
organizar e manter a Polícia Civil do Distrito Federal. A direção da Polícia Civil éreservada a um delegado
de polícia que seja integrante da instituição, o que impede queos governadores venham a nomear uma
pessoa que não pertença aos seus quadros.
A atividade fim exercida pela Polícia Civil é a função de polícia judiciária, onde deve buscara autoria e
materialidade das infrações criminais, com o objetivo de fornecer os elementosnecessários ao titular da
ação penal, para que este possa propor a denúncia ou oferecer aqueixa contra o autor dos fatos.
No que tange a Polícia Militar e suas atribuições a Constituição da República Federativa do Brasil no seu
Artigo 144, Parágrafo Quinto, disciplinaque, “Às policias militares cabem à polícia ostensiva e a
preservação da ordem pública”;
De maneira que o texto constitucional evidencia que a Polícia Militar exerce a função depolícia
administrativa, evitando atos lesivos aos bens individuais e coletivos, devendo agirpara impedir ou
paralisar atividades antissociais.
PROVA
Conceito de Prova
Em Calgiari (1998), observamos que o vocábulo prova oriundo do latim probatio, do verboprobare, que
significa demonstrar, reconhecer, formar juízo de.
Nesse sentido seu valor jurídico, é a demonstração que se faz, pelos meios legais, daexistência ou
veracidade de um fato material ou de um ato jurídico, em virtude da qual seconclui por sua existência ou
se afirmar a certeza a respeito da existência do fato ou do atodemonstrado. Nesse sentido, a
demonstração dos fatos está pautada na pretensão doautor, e no que o réu alega em oposição a essa
pretensão, é o que constitui a prova. Antes,
porém o “processo”, “é o conjunto de atos legalmente ordenados, para a apuração dofato, da autoria e
a exata aplicação da lei”. Com o fito de descoberta da verdade, o meio. Asentença que é resultado da
aplicação da lei vai resolver o conflito, para a apuração daverdade o nome é instrução, sendo nesta fase
que as partes demonstram o que objetivam, para o acusador a pretensão punitiva e para o acusado a
defesa. E essa demonstração que
se trata da constituição das provas, cuja finalidade é o convencimento do juiz sobre oselementos
necessários para a decisão da causa. Assim a finalidade da prova é convencer ojuiz de que os fatos
existiram ou não e ocorreram desta ou da outra forma.
De maneira geral, as provas são classificadas, no processo, em objeto, sujeito e forma.
Você sabia que o objeto da prova é o fato a se provar? E que pode ser direta ou indireta? Sendo que as
diretas se referem imediatamente aos fatos, e as indiretas, tambémchamadas de circunstancial, são
aquelas que se deduz da existência do fato, que leva aconclusão da existência do fato?
O sujeito da prova é a pessoa ou coisa que atesta a existência do fato, são o lugar a arma, o cadáver, a
ferida, etc.
A forma da prova é a modalidade ou maneira, testemunhal, documental ou material, que aprova se
apresenta.
Provas Ilícitas
As provas ilícitas, apesar da controvérsia doutrinária, podem se afirmar que estasaparecem na lide entre
a defesa social e o respeito a direitos fundamentais, sendocategorizada como vedada, o que pode ser
estabelecido por uma lei processual ou poroutra norma, ou ainda decorrer de um princípio geral do
direito. Neste sentido, indicam
que a prova foi colhida infringindo norma ou princípio constitucional ou legal efreqüentemente são
aquelas que foram obtidas ferindo a liberdade, a personalidade ouintimidade, violação do domicílio
(Artigo Quinto, Inciso Onze da CONSTITUIÇÃO FEDERAL) ou das comunicações (Artigo Quinto, Inciso
Doze daCONSTITUIÇÃO FEDERAL); as conseguidas mediante tortura ou maus-tratos (Artigo Quinto,
Inciso Três da CONSTITUIÇÃO FEDERAL); as colhidas cominfringência à intimidade (Artigo Quinto, Inciso
Dez da Constituição Federal), entre outras.
E em conformidade com observado no artigo 157 do Código Processual Penal “Serão inadmissíveis as
provasilícitas, assim entendidas as obtidas com violação a princípios ou normas constitucionais, eas
delas resultantes”.
Estrutura Analítica da Prova
Em sua configuração teórica podemos categorizar a prova nas seguintes partes, elementosde prova,
meio de prova e instrumento de prova, que devem ser identificadas nomomento da produção da prova
para o processo.
Elemento de prova, são os dados da realidade objetiva concernente ao fato ocorrido – coisa, pessoa,
cadáver, espaço, etc.
Meio de prova refere-se aos dados da realidade objetiva, existentes na dimensão doespaço,
concernente ao ato, fato, coisa ou pessoa, tal como um cadáver ou um elementoqualquer existente no
fato ocorrido.
O meio de prova é a categoria que disciplina a obtenção dos elementos de prova.
É por meio desta categoria que se realiza a captação/apreensão dos dados da realidadeobjetiva para sua
introdução no processo.
No processo penal brasileiro destacam-se como meios de prova, regulados pelo Código de
Processo Penal (CPP);
O Interrogatório, disciplinado nos Artigo 185 ao 196, dispositivos queforam recentemente alterados pela
Lei numero 10.792 de 2003;
A Acareação, prevista nos artigos 229 e230; o Depoimento do Ofendido, disposto no Artigo 201, e o das
Testemunhas, disposto nosartigos 202 ao 225;
A Perícia, constante dos artigos 158 ao 184;
O Reconhecimento de Pessoas ecoisas, regulado nos artigos 226, 227 e 228; e a Busca e Apreensão
reguladas nos artigos 240 ao250 do CÓDIGO PROCESSUAL PENAL (CPP).
Diferenciar o meio de prova das demais categorias, que integram o instituto da prova éimprescindível
para que seja possível desconstituir-se a noção equívoca compartilhadapela doutrina ao utilizar o termo
"prova ilícita", pois não existe "prova ilícita", mas simprova obtida por meio ilícito.
Após a obtenção do elemento de prova por meio lícito e legalmente permitido, tem-seainda que fixar o
mesmo nos autos de processo. Para tanto é necessário a utilização dacategoria do instrumento de
prova, que se destina a materializar de modo gráfico-formalos elementos obtidos.
A prova em sentido jurídico-processual deve ser compreendida como a resultante daextração na
facticidade dos elementos de prova pelos meios legalmente previstos, formalizados nos instrumentos
que os fixam aos autos do procedimento, servindo de basepara a formação do conhecimento.
Provar em direito é representar e demonstrar, instrumentando os elementos de provapelos meios de
prova.
Meio de prova é, entre as categorias integrantes do instituto jurídico da prova, aquela soba qual deve
recair a análise da licitude, ilicitude da obtenção dos elementos de prova, justamente por ser a categoria
que disciplina a captação ou apreensão dos referidoselementos.
Assim, os elementos empregados na feitura do Inquérito são as PROVAS, meios que servem para
demonstrar algo.
No INQUÉRITO Policial (IP) as provas são os meios pelos quais são evidenciadosos atos e fatos
pertinentes as ocorrências criminosas, a fim de que aquele que tomarconhecimento delas aceite como
verdade.
Nesse sentido, prova é tudo aquilo que pode trazer ao espírito a certeza de um fato, provaé a soma dos
meios produtores da certeza.
O Código de Processo Penal enumera quais as provas que entram na composição de umInquérito
Policial;
Coisas apreendidas (Artigo Sexto, Inciso Dois e Artigo 240).
Informações das vítimas (Artigo Sexto, Inciso Quatro e Artigo 201).
Informações de testemunhas (Artigo Sexto, Inciso Três e Artigo 202).
Informações de acusados (Artigo Sexto, Inciso Cinco e artigos185 e 197).
Acareação (Artigo Sexto, Inciso Seis e Artigo 229).
Reconhecimento (Artigo Sexto, Inciso Quatro e Artigo 226).
Documentos (Artigo Sexto, Inciso Três e Artigo 231).
Perícias em geral (Artigo Sexto, Inciso Sete e Artigo 158)
Identificação datiloscópica (Artigo Sexto, Inciso Oito)
Estudo da vida preserva (Artigo Sexto, Inciso Nove).
Reconstituição (Artigo Sétimo).
Podemos ainda, apresentar dois grupos de PROVAS; o das Subjetivas ou Informativas e dasObjetivas ou
Materiais. Um terceiro grupo designado como de complementares, quedurante o desenvolvimento do
curso será esclarecido.
Corpo de Delito
Sargento, o que é Corpo de Delito? Vamos aprender?
Em Mallmith (2007), observamos que de maneira didática, os objetos encontrados no localda infração
penal pode ser segmentada em duas partes; o corpo de delito e osvestígios.
O corpo de Delito no Código de Processo Penal, se referindo apenas ao serhumano. Entretanto
atualmente, entende-se corpo de delito como qualquer ente materialrelacionado a um crime e no qual é
possível efetuar um exame pericial. “É o delito em suacorporação física. ”

O corpo de delito é o elemento principal de um local de crime, em torno do qual gravitamos vestígios e
para o qual convergem as evidências.
É o elemento desencadeador daperícia e o motivo e razão última de sua implementação.

Resumindo, podemos dizer que o corpo de delito é aquele objeto que, removido da cenado crime,
descaracterizaria por completo a ocorrência, tornando-a até, em alguns casos, inexistente.

Ônus da Prova
Os doutrinadores reconhecem como um problema fundamental do Direito no processo oônus probandi.
Quem deve provar?
Quais as conseqüências para quem não tem aobrigação e qual o efeito de deixar de fazer ou fazer de
modo insuficiente, assim o Artigo 156do CÓDIGO PROCESSUAL PENAL “A prova da alegação incumbirá a
quem a fizer; mas o juiz poderá, no curso dainstrução, ou antes, de proferir a sentença, determinar, por
ofício, diligências para dirimir
dúvidas sobre ponto relevante”.
Neste sentido, o novo Código de Processo Civil (CPC), Lei número 13.105 de 19 de março de 2015 no seu
Artigo 373.
O ônus da prova incumbe;
Ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
Ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito doautor.
Parágrafo Primeiro – Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas
àimpossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou àmaior
facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus daprova de modo
diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverádar à parte a oportunidade de
se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
Parágrafo Segundo – A decisão prevista no Parágrafo primeiro deste artigo não pode gerar situação em
que adesincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.
Parágrafo Terceiro A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das
partes, salvo quando;
Recair sobre direito indisponível da parte;
Tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
Parágrafo Quarto – A convenção de que trata o Parágrafo Terceiro pode ser celebrada antes ou durante
o processo.
Deste modo, a pretensão punitiva do Estado se fundamenta num fato delituoso que seatribui a
determinada pessoa, o acusado. Se aplicarmos aquela regra ao processo penal, ter-se á que ao Estado
incumbir à prova da existência do fato criminoso e de sua autoria, que embase o jus puniendi. E o
acusado, se incumbirá da demonstração de outros fatosque possam impedir, modificar ou extinguir
aquele jus puniendi, como, por exemplo, ascausas de exclusão de ilicitude ou culpabilidade.
Para o processo o réu será absolvido quando não houver prova da existência do fato, CÓDIGO
PROCESSUAL PENAL
artigo 386, Inciso Dois, ou quando não existir prova de ter concorrido para a infração penal CÓDIGO
PROCESSUAL PENAL, artigo 386, Inciso Quatro. Deduz-se de ambos os preceitos que à parte acusadora
incumbe forneceros meios necessários de prova para a demonstração da existência do corpus delicti e
daautoria. Daí se segue que todos os elementos constitutivos do tipo devem ter suaexistência provada,
ficando o ônus probandi, no caso, para a acusação. “Cabe a estademonstrar, não só a chamada
materialidade do crime (o que é função do auto de corpo
de delito), como ainda os elementos subjetivos e normativos do tipo”.
De modo que para o réu que goza da presunção de inocência, a prova do crime quer aparte objecti, quer
a parte subjecti, deve ficar a cargo da Acusação. No caso do ônus daprova para a defesa ela é um ônus
imperfeito, em virtude do in dúbio pro reo, que leva aabsolvição nos casos de dúvida, pelo fato de
bastar suscitar uma dúvida razoável para queesta milite em seu favor.
PROVA MATERIAL – INVESTIGAÇÃO OBJETIVA
Você saberia dizer o que são provas objetivas? Que tal aprender?
As provas Objetivas são denominadas provas mudas, são aquelas baseadas em vestígios, são colhidas e
entregues para apreciação dos peritos e são transportadas ao Inquérito pormeio de laudos. A finalidade
é provar a materialidade do delito.
Conceito de Investigação Objetiva
A investigação é realizada pela Polícia Judiciária que pode ser estadual ou federal, porémnão é
exclusividade dela. Os parlamentares podem realizar investigação, porém esta évoltada para fatos
políticos e possuem desdobramentos criminais, a Constituição Federalprevê as CPI para crimes políticos.
Portanto, não é exclusividade do delegado fazerinvestigação.
O Inquérito Policial é o procedimento utilizado pela Polícia Judiciária para investigar, apurar a infração
penal, a fim de colher todos os elementos de prova relacionados com ofato. Trata-se de procedimento
administrativo e meramente informativo. Não temos no inquérito policial o contraditório, ou seja, o
Inquérito Policial é todo
desenvolvido pelo Estado contra o investigado. Tudo o que for apurado devem serrenovados em juízo,
ou seja, reproduzido para o juiz. Nesse sentido, a investigaçãoobjetiva, trata dos vestígios do crime, ou
seja, da parte material do crime.
Vestígios, Evidências e Indícios
Sargento, você certamente já ouviu falar em vestígios, evidências e indícios? Saberiadiferenciá-los?
Vamos aprender?
Como vestígio, entende-se; “Sinal que homem ou animal deixa no lugar onde passa; rastro, pegada,
pista; no sentido figurado, indício, pista, sinal”. Os vestígios constituem-se, pois, em qualquer marca,
objeto ou sinal sensível que possa ter relação com o fato investigado.
A existência do vestígio pressupõe a existência de um agente provocador, é o que produziu
o vestígio – ou contribuiu para tal e de um suporte adequado, o local onde fora produzidotal vestígio,
quando se fala de algo material e o vestígio em si que é tudo o que éencontrado no local do crime que,
após estudado e interpretado pelos peritos, pode setransformar em elemento de prova,
individualmente ou associado a outros. Porém, antesde se transformar em uma prova, passará pela fase
da evidência.
Como evidência entende-se a “qualidade daquilo que é evidente, que é incontestável, quetodos veem
ou podem ver e verificar”.
No âmbito da Criminalística, porém, constitui uma evidência o vestígio que, após analisadopelos peritos,
se mostrar diretamente relacionado com o delito investigado.
As evidências são, portanto, os vestígios depurados pelos peritos. Observamos que asevidências, por
decorrerem dos vestígios, são elementos exclusivamente materiais e, porconseguinte, de natureza
puramente objetiva.
O termo indício encontra-se explicitamente definido no artigo 239 do Código de Processo
Penal - “Considera-se indício a circunstância conhecida e provada que, tendo relação com ofato,
autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.”
Num primeiro momento, o termo definido pelo Artigo 239 do CÓDIGO PROCESSUAL PENAL parece
sinônimo do
conceito de evidência. Contudo, a expressão “indício” foi definida para a fase processual, portanto para
um momento pós-perícia, o que quer dizer que a palavra “indício” carreiaconsigo, além dos elementos
materiais de que trata a perícia, outros de natureza subjetiva,próprios da esfera da polícia judiciária.).
Tipos de Vestígios ou Evidências
Existem inúmeros tipos de evidências físicas;
Impressões digitais e outras;
Evidências impressas;
Evidências de fibras e cabelos/pelos;
Outras evidências;
Armas de fogo e ferramentas;
Evidência biológica;
Fluidos inflamáveis ou combustíveis;
Material explosivo;
Documentos questionados;
Drogas;
Evidência de marca de mordida;
Evidência entomológica.
Principais Vestígios Encontrados em Local de Infração Penal
Dependendo do local de infração penal os vestígios encontrados serão diferenciados, sendo muitas
vezes indicativos da infração penal cometida.
Neste sentido em Locais de Crime Contra o Patrimônio, os vestígios mais comumenteencontrados são os
danos aos bens móveis e imóveis, sendo muito comum a ruptura outransposição forçada de fechaduras,
cadeados, portas, janelas, dutos de ventilação, etc., propiciando, assim, um acervo maior de vestígios
materiais na ação.
Ainda nos Locais de Crime Contra a Vida, em que supostamente, tenha ocorrido umhomicídio podem
existir diversos tipos de vestígios associativos, manchas de sangue, emestado líquido ou na forma de
crosta, arma, pegadas, instrumentos cortantes, entreoutros. Nos crimes contra a dignidade sexual, o
esperma é um vestígio importantíssimo, mas se podem observar marcas no corpo, hematomas e outros
a serem observados pelos
peritos ou pelo Médico Legista.
Outros vestígios também podem estar presentes na cena do crime, a depender danatureza do delito,
como saliva, leite, colostro, líquido amniótico, matéria fecal, urina, vômitos, fibras e pelo.
Preservação da Prova Material – Cadeia de Custódia
A evidência material, como já foi dito, pode ser qualquer elemento, desde grandes objetosaos itens
microscópicos, produzido durante a execução de um crime e coletado no local ouem locais relacionados.
Assim, com exceção das provas materiais, todas as outras fontes de informação sofremcom problemas
de confiabilidade limitada. A evidência material, quando identificada eapropriadamente tratada, oferece
a melhor perspectiva para prover informações objetivase confiáveis envolvendo o incidente sob
investigação.
Tal valor da evidência, mesmo cuidadosamente coletada e preservada, pode ser perdido sea cadeia de
custódia não for adequadamente constituída. Cadeia de custódia é geralmentereconhecida como o elo
fraco em investigações criminais. E refere-se ao procedimento dedocumentação cuidadosa e cronológica
da evidência material para estabelecer a sualigação à infração penal.
Desde o início até o fim do processo judicial, é fundamental ser capaz de demonstrar cadapasso (todas
as etapas) para assegurar o “rastreamento” e a “continuidade” da evidênciadesde o local de crime até a
sala do tribunal.
PROVA SUBJETIVA – INVESTIGAÇÃO SUBJETIVA
Você sabia que as provas subjetivas são informações ou notícias?
E que suas fontes são as pessoas participantes dos acontecimentos tais como vítimas, acusados, e
qualquer pessoa que teve conhecimento direto ou indireto dos fatos?
Conceito de Investigação Subjetiva e Prova Subjetiva
Pode-se conceituar a prova subjetiva (ou pessoal) como sendo aquela que exprime oconhecimento
subjetivo e pessoal atribuídos a alguém. Exemplificando;
O interrogatório,
Os depoimentos,
A confissão,
As conclusões dos peritos e etc.
Quanto ao seu valor jurídico, a prova a ser medida pelo juiz é aquela produzida em juízo, com
observância dos princípios constitucionais do contraditório, da ampla defesa e dapublicidade.
O artigo 155 do CÓDIGO PROCESSUAL PENAL deixa claro que uma decisão não poderá se fundamentar
exclusivamente nos elementos obtidos na fase de investigação.
Abordagem de Testemunhas, Vítimas e Suspeitos
No que diz respeito à abordagem de testemunhas, vítimas e suspeitos, a atuação dopolicial militar deve
se persuasiva, cortês e objetiva.
O tom de voz e as palavras que usar incutirão imensa influência nas respostas que opolicial irá receber.
O tom de voz usado deve ser proporcional aos propósitos do policial, que pode sofrer variação de uma
busca por informações até um pedido de cooperação ouordem direta, como devem receber as pessoas
sobre as quais existem fortes suspeitas.
Apelidos, insinuações, gírias e brincadeiras não devem ser utilizados. O policial precisamanter-se
emocionalmente imparcial ao dialogar durante a abordagem. Também não sedeve perder de vista as
questões legais inerentes ao tratamento que deve ser dispensado aalgumas provas em espécie.
Técnicas de Abordagem
Interrogatório
Pode-se definir o interrogatório como sendo a resposta dada pelo acusadoàs perguntas que lhe são
formuladas, para esclarecimento do fato delituoso e suascircunstâncias. Atualmente o interrogatório
ganha um caráter misto à sua naturezajurídica, podendo se constituir tanto como meio de defesa como
fonte de prova (Artigo 187 do CÓDIGO PROCESSUAL PENAL).
Confissão – Consiste no reconhecimento total ou parcial, feito pelo acusado, da verdade dosfatos
pertinentes à acusação que lhe é imputada, podendo ser classificada como simples
ou qualificada (Artigo 190 e artigo 197 do CÓDIGO PROCESSUAL PENAL).
Ofendido
O ofendido é o titular eventual do bem jurídico ameaçado ou atingido.
A vítima – não se confunde coma a testemunha, posto que não está compromissada e se mentir não
incorrerá em falso testemunho, podendo, dependendo do caso, responder pordenunciação caluniosa ou
comunicação falsa de crime (Artigo 201 do CÓDIGO PROCESSUAL PENAL).
Testemunha – São os olhos e ouvidos da justiça, haja vista que toda pessoa pode servircomo
testemunha (Artigo 202 do CÓDIGO PROCESSUAL PENAL).
Preservação da Prova Subjetiva
Refere-se aos cuidados que se deve ter para viabilizar a utilização da prova subjetiva. Apreservação pode
ocorrer mediante a garantia dos cuidados médicos indispensáveis àmanutenção da vida, à recuperação
de alguma doença, o tratamento de ferimentos, comotambém nas medidas voltadas a garantir a
integridade física, como o que ocorre com osprogramas de proteção à testemunha.
Uma pessoa pode ser vítima, que presenciado e sobrevivido aos fatos será tambémtestemunha, algo
que também pode ocorrer com algum suspeito (ou infrator), o qual, diante de certas circunstâncias,
também poderá se constituir em importante testemunha, correndo o risco de ser vítima de “queima de
arquivo”.
Atenção aos Comentários no Local de Crime
A curiosidade das pessoas pode ser uma ferramenta interessante para auxiliar nasinvestigações,
bastando que fique atento para captar estas informações no momento queelas estiverem sendo
expostas no local do crime. Se o policial prestar atenção para esseaspecto, vai notar o quanto às pessoas
fazem comentários sobre um crime ocorrido e que
estão observando. Dentre essas pessoas que estão no local pode-se encontrar algumparente ou amigo
próximo que, revoltado com o fato, esteja vociferando informaçõesimportantes para a elucidação do
fato. Normalmente as pessoas que ali estão são dasimediações e muitas conhecem alguma coisa sobre a
vítima ou agressor.
Quando se aglomeram para ver o local e a própria movimentação policial, ficam acomentar os mais
variados assuntos sobre o caso que estão vendo.
Catalogar Possíveis Testemunhas
Esta é um importante ajuda para o esclarecimento do crime. Dessa forma, o policial queprimeiro chegar
ao local deve procurar sempre interagir com as pessoas que estejam nasimediações, verificando de
forma sutil e informal pessoas que poderiam prestar algumtestemunho do crime. A tarefa de identificar
um potencial testemunha pode serexecutada simultaneamente com a “atenção nos comentários de
populares”, procurandose aproximar de pessoas que estejam conversando ou demonstrando algum
interesse emobservar o ambiente do delito.
Observar Possíveis Suspeitos
Prestar bastante atenção aos comentários das pessoas que estão observando o local decrime, pois
nestes as possibilidades de observar e/ou identificar suspeitos daquele crimesão maiores. É comum em
alguns casos o autor do crime estar nas imediações ou nopróprio local observando o trabalho da polícia
e da perícia. Existem até aqueles maisousados que vêm conversar com algum policial, na tentativa de
extrair informações sobreo que já foi descoberto sobre o crime e, assim, poder avaliar quanto a sua
segurança denão ser descoberto.
Reflexão
O primeiro policial que chegar ao local de crime deve estar ciente das providências etarefas a serem
realizadas. Melhor e mais seguro será o resultado da investigação comoum todo, pois a tomada de
providências adequadas garante mais segurança ao própriopolicial, às vítimas e à investigação. Destaca-
se como é importante a realização de tarefaspelo primeiro profissional no sentido de auxiliar na
investigação e preservar asinformações.
SOLICITAÇÃO DE EXAMES PERICIAIS DE NATUREZA CASTRENSE
Sargento, você já ouviu falar em Exames Periciais de Natureza Castrense? Vamos aprenderos diferentes
tipos de exames solicitados?
Nesta Unidade, vamos conhecer a Nota de Instrução numero 003 de 2008 que regula osprocedimentos a
serem adotados pela Corporação quanto ao fiel cumprimento dasnormas legais pertinentes à solicitação
de Exames Periciais de natureza castrense aoCentro de Criminalística da PMERJ (CCrim).
Neste sentido, cabe ressaltar que a obrigação legal de preservar e isolar cabe ao primeiropolicial que
chegar no local, salientando que conforme o Artigo 12 do CÓDIGO PROCESSUAL PENALM, logo que
tiverconhecimento da prática de infração penal militar, verificável na ocasião, a autoridade aque se
refere o Parágrafo Segundo do Artigo 10 deverá, se possível;
a) dirigir-se ao local, providenciando
para que se não alterem o estado e a situação das coisas, enquanto necessário.
b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o fato;
c) efetuar aprisão do infrator, observado o disposto no Artigo 244;
d) colher todas as provas que sirvampara o esclarecimento do fato e suas circunstâncias.
Dessa maneira as autoridades a quee referem o Parágrafo Segundo do Artigo 10 apesar da delegação
não obsta que o oficial responsável porcomando, direção ou chefia, ou aquele que o substitua ou esteja
de dia, de serviço ou de quarto, tome ou determine que sejam tomadas imediatamente as providências
cabíveis, previstas no Artigo 12, uma vez que tenha conhecimento de infração penal militar que
lheincumba reprimir ou evitar.
Métodos de acionamento do CCRIM
Para o correto acionamento do CCRIM, as atuações do centro podem ser divididas de duasmaneiras.
O acionamento que exige a presença imediata do perito, que pela natureza dofato ou pelas
circunstâncias os elementos materiais podem ser perdidos, e quando apresença do Perito Militar não é
requisito fundamental para apuração da materialidade dofato.
Nos casos em que a presença do perito seja fundamental, dividimos didaticamente daseguinte maneira.
A primeira, quando pelo fato ou natureza da prisão, torna-se necessárioa presença imediata do Perito
Militar.
A segunda o acionamento é realizado diretamentepelo Comandante, Chefe ou Diretor, seguido de
posterior instauração de procedimentoapuratório competente, e finalmente fora do expediente quando
efetuado pela Supervisãode Oficiais, Oficial de Dia ou Oficial mais antigo da OPM que esteja
representando oComandante, Chefe ou Diretor, comumente este acionamento é realizado após
oexpediente.
Quando se exige a imediata presença do perito.
Quando efetuado por Presidente de Auto de Prisão em Flagrante de Delito (APF),
Solicitar ao Chefe do CCrim o deslocamento da equipe de Peritos Militares através dosmeios de
comunicação disponíveis na corporação;
Ratificar por ofício (Anexo Um) a solicitação efetuada, no prazo máximo de cinco dias úteis, acontar da
data de acionamento;
Explicitar no ofício o tipo de exame solicitado e os quesitos a serem respondidos, conformeartigos 316 e
317 do Código Processual Penal Militar (CÓDIGO PROCESSUAL PENAL Militar (CPPM)).
Observar o fiel cumprimento da NI número 006 de 1998 (republicada no BOL PM número 062,
de02ABR2001), no que se refere ao isolamento e preservação do local de infração penal, considerando
ainda o disposto no Artigo 339 do CÓDIGO PROCESSUAL PENAL Militar (CPPM); “é responsabilidade da
autoridadesolicitante a preservação do estado das coisas até a chegada dos peritos”, havendo
mesmaprevisão no Artigo 169 do CÓDIGO PROCESSUAL PENAL.
Quando efetuado por Comandante, Chefe ou Diretor.
Solicitar ao Chefe do CCrim o deslocamento da equipe de Peritos Militares através dosmeios de
comunicação disponíveis na corporação;
Certificar-se através da Supervisão de Oficiais ou outro meio que julgar conveniente eeficaz, de que o
local está isolado e preservado, observando o fiel cumprimento da NI número006 de 1998 (republicada
no Bol PM número 062, de 02ABR2001), considerando ainda o disposto noArtigo 339 do CÓDIGO
PROCESSUAL PENALM; “é responsabilidade da autoridade solicitante a preservação do estadodas coisas
até a chegada dos peritos”, havendo mesma previsão no Artigo 169 do CÓDIGO PROCESSUAL PENAL;
Sendo constatada a inidoneidade do local (não preservação), adotar as ações necessáriasao isolamento
e preservação do mesmo, conforme alínea alfabética anterior.
Instaurar o devido procedimento apuratório que o caso requer (IPM, Sindicância, Averiguação, Inquérito
Técnico), determinando que o Encarregado ratifique, através deofício (Anexo Um), a solicitação do
exame pericial pretérito, no prazo máximo de dez diasúteis, a contar da data de acionamento dos
peritos;
Nos casos de acidente de trânsito sem vítima, cujas viaturas tenham sido removidas, combase nas Leis
Federais número 5.970 de 1973 (para remoção veículos civis) e 6.174 de 1974 (para remoçãoveículos
militares), Artigo Primeiro e Parágrafo únicos, respectivamente, permanecendo anecessidade de
realização do Exame Pericial da(s) viatura(s) envolvida(s), o Comandante,Chefe ou Diretor agendará a ida
do Perito Militar à sua OPM durante o horário deexpediente, instaurando em seguida o devido Inquérito
Técnico, cujo encarregadoratificará através de ofício (Anexo Um), a solicitação de exame pericial
pretérita, no prazomáximo de dez dias úteis, a contar da data de acionamento dos peritos.
Quando efetuado pela Supervisão de Oficiais, Oficial de Dia ou Oficial mais antigo da OPMque esteja
representando o Comandante, Chefe ou Diretor após o expediente.
Este tipo de acionamento somente poderá ocorrer após o expediente regulamentar daCorporação, para
os locais que exijam presença IMEDIATA do Perito Militar;
O Oficial de serviço mais antigo da OPM solicitante (Supervisão de Oficiais, Oficial de Dia, Oficial de
Permanência ou Sobreaviso) deverá primeiramente certificar-se de que o localnão tenha sido alterado;
A constatação de idoneidade de local (preservação e isolamento) deverá ser efetuada,
preferencialmente, pela Supervisão de Oficiais, observando o fiel cumprimento da NI número006 de
1998 (republicada no Bol PM número 062, de 02 de abril de 2001), considerando ainda o disposto
noArtigo 339 do CÓDIGO PROCESSUAL PENAL Militar; “é responsabilidade da autoridade solicitante a
preservação do estadodas coisas até a chegada dos peritos”, havendo mesma previsão no Artigo 169 do
CÓDIGO PROCESSUAL PENAL;
Contatar o Perito Militar de Dia de serviço ao CCrim através dos meios de comunicaçãodisponíveis na
corporação;
Participar a solicitação de realização do Exame Pericial em questão no Livro de ParteDiárias (LPD)
próprio ao serviço da OPM, cujo tópico servirá de guisa à instauração dodevido procedimento
apuratório (IPM, Sindicância, Averiguação, IT) pelo Comandante,Chefe ou Diretor da OPM, ficando sob a
responsabilidade do Encarregado de tal
procedimento a realização do ofício ao Chefe do CCrim (Anexo 1) de ratificação dasolicitação do exame
pericial pretérito, no prazo de dez dias úteis, a contar da data deacionamento do Peritos;
Acionamento efetuado por Encarregados de Procedimentos Administrativos para ExamesPericiais que
não necessitem da presença imediata do Perito Militar;
Oficiar ao Chefe do CCrim solicitando a nomeação de 02 oficiais Peritos Militares
para atuarem no exame solicitado; e
Explicitar no ofício em questão, o tipo de Exame Pericial a ser realizado e os quesitos aserem
respondidos, na forma dos artigos 316 e 317 do Código Processual Penal Militar (CÓDIGO PROCESSUAL
PENAL Militar).
Dos Tipos de Exames Periciais Realizados Pelo CCrim
Conforme consta na NI 003 de 2008, os Tipos de Exames Periciais realizados pelo CCrim aserem
especificados nos ofícios de solicitação.
Balístico;
Balística Interna (mecanismo);
Balística Terminal (impacto P.A.F.);
Obliteração;
Comparação Balística;
Balística Externa (trajetória);
Munição; Explosivo;
Identificação de Armamento;
Petrechos; Avarias;
Vestígios de Disparo;
Compatibilidade de Peças Documentoscópico/Grafotécnico/Grafodocumentoscópico;
Autenticidade Gráfica.
Assinatura;
Rubrica;
Texto Autoria Gráfica.
Assinatura;
Rubrica;
Texto Autenticidade Documental.
Diploma;
Cédula de Identidade;
Cédula Monetária.
Adulteração Documenta.
Subtrativa;
Aditiva;
Mista;
Cronológica.
Mecanográfico.
Identificação do Sistema;
Autoria.
Local
Acidente de Tráfego.
Com Vítima ou Sem Vítima
Dano.
Edificação ou Veículo.
Furto ou Roubo.
Armário,
Cofre,
Edificação ou Veículo.
Edificação ou Veículo.
Incêndio
Edificação, Veículo ou Morte.
Com rompimento de obstáculo;
Sem rompimento de obstáculo;
Constatação de vestígios preparatórios
Reprodução Simulada (Reconstituição)
Acidente de Tráfego;
Fuga;
Morte;
Trajetória de P.A.F.;
Detonação de Artefato Explosivo.
Laboratório
Entorpecente- Cocaína, Maconha, Crack ou Outros.
Manchas;
Marcas;
Impressões;
Material Explosivo.
Merceológico
Avaliação Direta ou Indireta – De armas, Eletroeletrônicos, vestimenta, Veículo, Documentos e ou
outros.
Material
Instrumento de ação ilícita;
Equipamento PM;
Uniforme PM;
Vestimenta em Geral;
Objetos (utensílios);
Celular;
Rádio;
Outros.
Veículo
Obliteração de Chassi;
Autenticidade de Chassi;
Avaliação do Sistema de Segurança;
Avaliação do Sistema de Comandos (direção);
Impacto de P.A.F.;
Adulteração de Hodômetro;
Identificação das Características;
Constatação de Avarias;
Incêndio.
Audiovisual
Fonética Forense;
Imagem;
Computação Forense (COM)
Papiloscopia (PAP)
Levantamento Papiloscópico;
Dependências;
ObjetoVeículo;
(Utensílios);
Documentos.
Confronto Papiloscópico;
Outros.
CONCLUSÃO
Tendo em vista a conclusão da disciplina é importante salientar que a criminalística é adisciplina que
tem como objetivo o reconhecimento e a interpretação dos indíciosmateriais extrínsecos, relativos ao
crime ou à identidade do criminoso, tendo sua origemna Medicina Legal.
Sua ação no crime, aqui descrito como fato típico, antijurídico e culpável, é sempre a defornecer
elementos materiais para o inquérito e para fundamentar a decisão do tribunal.
Na Policia Militar utilizamos a expressão local de infração penal, cujo significado é maisamplo que crime,
para o qual os diversos órgãos do Estado atuam conforme a Constituição os determina.
Definimos o local de infração penal como a região do espaço em que ocorreu um eventodelituoso, cuja
primeira tarefa é o isolamento da área no caso dos crimes que estejamconsumados, seguido da
preservação e comunicação do fato as autoridades. Sendo ainda, tarefa da Policia Militar, se possível
arrolar testemunhas e aguardar no local até a chegadada autoridade de polícia judiciária.
Neste sentido, a autoridade de polícia judiciária é o Delegado nos crimes comuns e oComandante da
OPM nos casos dos crimes militares, ou em ambos os casos quem estasautoridades delegarem para
representá-los.
Neste, sentido corpo de delito é o elemento principal de um local de crime, em torno doqual gravitam os
vestígios e para o qual convergem as evidências, que posteriormente noinquérito se transformará em
prova, que é todo elemento pelo qual se procura mostrar aexistência e a veracidade de um fato. Assim,
a doutrina incumbe à acusação provar aexistência do fato criminoso e de causas que implicar aumento
de pena, e como está previsto no Artigo 156 do CÓDIGO PROCESSUAL PENAL “A prova da alegação
incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz deofício...”, de custódia, todos possuem
responsabilidade para garantia do jus puniendi do Estado.
Podemos dividir de maneira didática o inquérito em duas partes, uma objetiva e outrasubjetiva, cuja,
separação que trata resumidamente das provas materiais e testemunhais.No que tange ao serviço
policial militar devemos observar que o isolamento e preservaçãodo local de infração penal é,
fundamental para elucidação do fato e para se determinar aautoria e materialidade dos fatos e que
muitas vezes, ao deixar de observar determinados procedimentos previstos na legislação interna,
podem trazer grande prejuízo para açãopenal, o que muitas vezes faz com que autores e crimes deixem
de ser responsabilizados eescapem ao crivo da Justiça.
Especificamente nos casos dos Crimes Militares, além da observação dos preceitosinstitucionais, é
preciso salientar que a função de autoridade de polícia judiciária éexercida pelo Comandante da OPM, e
que conforme o Código de Processo Militar no Parágrafo Segundodo Artigo 10 “O aguardamento da
delegação não obsta que o oficial responsável porcomando, direção ou chefia, ou aquele que o substitua
ou esteja de dia, de serviço ou dequarto, tome ou determine que sejam tomadas imediatamente as
providências cabíveis,previstas no Artigo 12, uma vez que tenha conhecimento de infração penal que lhe
incumbareprimir ou evitar.”
Convém ressaltar que, conforme o CÓDIGO PROCESSUAL PENALM em sua alínea “a” do Artigo 12 a
autoridade de polícia que trata o artigo 10, deverá se dirigir ao local, providenciando para que se
nãoalterem o estado e a situação das coisas, enquanto necessário.
Assim, os conhecimentos adquiridos neste curso, são uma ferramenta auxiliar nodesenvolvimento da
atividade policial ostensiva, servindo de guisa para o estabelecimentoda correta cadeia de custódia,
permitindo assim, que o Tribunal forme juízo adequado, podendo alcançar a Justiça.
DIREITO ADMINISTRATIVO

INTRODUÇÃO
Caro Policial, vamos aprender o que é o Direito Administrativo e sua importância para melhor execução
das suas funções?
O Direito Administrativo é um ramo do Direito Público, que foi criado com o advento da Revolução
Francesa em função da formação do Estado Moderno. A finalidade do Direito Administrativo foi de
estabelecer a regulação da atuação do novo modelo que se torna instrumento profissional no
atendimento dos legítimos interesses sociais. Daí o referencial de toda a sua atuação e emprego ser
dirigida ao administrado (cidadão), dentro dos parâmetros e diretrizes que passam a reger a forma de
condução dos negócios públicos. A Administração Pública surge como instrumento concreto do Estado
Moderno na busca e realização dos interesses coletivos, em que seus agentes, gestores públicos,
encontrarão as diretrizes e princípios que nortearão suas condutas; pois, neste modelo, a referência é o
Princípio da Legalidade; “O agente só pode realizar o que a lei autoriza”. Nesse sentido, a importância do
Direito Administrativo é fornecer aos gestores públicos conhecimento técnico com a finalidade de
desenvolver habilidades e atitudes que permitam a melhor execução de suas funções, bem como a
percepção de suas responsabilidades dentro do modelo estabelecido; demonstrando, principalmente, a
quem deve ser dirigido, e em benefício de que público as atividades do Estado deverão alcançar. Por fim,
a disciplina Noções de Direito Administrativo tem por objetivo apresentar ao Policial Militar, em linhas
gerais, o papel da administração pública, suas prerrogativas, atividades e as suas possíveis
responsabilidades.
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA
Ao final desta aula você deverá;
Conceituar Administração Pública;
Compreender os princípios infraconstitucionais
Organização Administrativa
Introdução
Você sabia que a Administração Pública busca atender os interesses públicos da sociedade em geral, e
nessa busca, a organização do Estado vem tornando cada vez mais complexa, já que os interesses dessa
sociedade são heterogêneos?
Com objetivo de atender esse novo perfil da sociedade, no decorrer da década de 1990 foram inseridas
diversas alterações legislativas, buscando reduzir o aparato estatal, buscando uma melhoria nos
resultados, delegando certas atribuições a particulares, ficando o Estado com aquelas essenciais para
harmonizar os interesses tão distintos da sociedade, como por exemplo, elaboração de leis, definição de
políticas públicas, onde a presença do Estado seja necessária por imposição legal ou pela necessidade do
exercício do poder de autoridade, como o poder de polícia.
Porém para iniciarmos é necessário compreender que o termo Administração Pública pode ser
empregado em dois sentidos diversos;
1) No sentido subjetivo ou formal são as pessoas jurídicas, os órgãos e os agentes públicos que exercem
atividades administrativas, como órgãos públicos, empresas públicas, autarquias, fundações e sociedade
de economia mista.
2) No sentido objetivo ou material é a própria função ou atividade administrativa desenvolvida, como
poder de polícia, serviços públicos, fomento e intervenção do Estado no domínio econômico.
Desconcentração e Descentralização
A organização administrativa se efetiva através de duas técnicas, chamadas de desconcentração e
descentralização.
Na desconcentração existe uma especialização de funções dentro da própria estrutura estatal, sem que
implique em criação de nova pessoa jurídica; é um centro de competências que está dentro de uma
mesma estrutura hierárquica, sendo conhecido como órgãos públicos.
Já a descentralização representa a transferência da atividade administrativa para outra pessoa, física ou
jurídica, integrante ou não do aparelho estatal, que no momento oportuno será estudado.
Administração Direta
Em seu sentido subjetivo compreende os Entes Federativos (União, Estados, DF e Municípios) e seus
respectivos órgãos. O Ente atua por meios de seus órgãos de maneira centralizada, isto é, uma
distribuição interna de atividades dentro de uma mesma pessoa jurídica, criando os órgãos públicos.
Órgão Público
São repartições internas do Estado, criadas a partir da desconcentração administrativa e necessária a
sua organização, sendo justificada pela necessidade de especialização, tornando a atuação estatal mais
eficiente.
Entre as principais características do órgão público é não ter personalidade jurídica própria, podendo
existir tanto na Administração direta quanto na indireta.
Características
A criação e a extinção de um órgão público dependem de lei, em regra, sendo de iniciativa do Chefe do
Executivo; já seu funcionamento será estabelecido por decreto do chefe do Executivo.
O órgão público não tem capacidade processual, isto é, não pode demandar ou ser demandado em
juízo; a exceção são os órgãos públicos que atuam em defesa do consumidor ou aqueles que são órgãos
de cúpula da hierarquia administrativa, atuando em defesa de suas prerrogativas institucionais, como
por exemplo, um conflito entre a prefeitura e a câmara de vereadores, órgãos de cúpula,
respectivamente do Executivo e Legislativo do Município.
Classificação dos órgãos
Os órgãos públicos podem ser classificados a partir de diversos critérios, quanto à posição que o órgão
ocupa na escala governamental ou administrativa; em relação ao enquadramento federativo; quanto a
composição e em relação as atividades que preponderante são exercidas pelos órgãos públicos.
Quanto à posição que o órgão ocupa na escala governamental ou administrativa;
a) Órgãos independentes
São órgãos originários da Constituição e representativo dos Poderes do Estado (Legislativo, Executivo e
Judiciário);
Não se subordinam a nenhum outro órgão público, e somente submetendo-se ao controle recíproco
previsto no teto constitucional.
b) Órgãos autônomos
Imediatamente subordinados aos órgãos independentes, isto é, aso chefes dos órgãos independentes.
Desenvolve as funções de planejamento, supervisão, coordenação e controle, como Ministérios,
Secretária estaduais e municipais, por exemplo, a SEPM.
Ampla autonomia administrativa e financeira.
c) Órgãos superiores
Estão subordinados a uma chefia.
São órgãos que não tem autonomia administrativa e financeira.
Possui o poder de direção e controle sobre assuntos específicos de sua competência, como por exemplo,
coordenadorias dentro da SEPM.
d) Órgãos subalternos
Aquele que se encontram na base da pirâmide, com reduzido poder de decisão.
São órgãos de mera execução, como os batalhões.
Em relação ao enquadramento federativo;

a) Órgãos federais
Integrantes da Administração Federal
Exemplo – Presidência da República, Ministérios, Congresso Nacional.
b) Órgãos estaduais
Integrantes da Administração Estadual
Exemplo – Governadoria, Secretarias estaduais, Assembleia Legislativa.
c) Órgãos distritais
Integrantes da Administração Distrital
Exemplo – Governadoria e Câmara Distrital.
d) Órgãos municipais
Integrantes da Administração Municipal
Exemplo – Prefeitura, Secretarias municipais, Câmara dos Vereadores.
Quanto a composição;
a) Órgãos singulares ou unipessoais
Quando compostos por um agente público, como a chefia do Executivo.
b) Órgãos coletivos ou pluripessoais
Quando compostos por mais de um agente público, como os Conselhos do Ministério Público e Conselho
Nacional de Justiça. Em relação as atividades que preponderante são exercidas pelos órgãos públicos;
a) Órgãos ativos
Órgãos responsáveis pela execução concreta das decisões administrativas, como órgão responsável pela
execução de uma obra pública.
b) Órgãos consultivos
Órgãos responsáveis pelo assessoramento de outros órgãos, como a procuradoria
c) Órgãos de controle
Órgãos que fiscalizam as atividades de outros órgãos, como TCE.
Administração Indireta Compreende as entidades administrativas que exercem funções administrativas
a partir da descentralização legal, e que estão vinculados ao respectivo Ente Federativo, como;
a) As autarquias
b) As empresas públicas (e suas subsidiárias)
c) As sociedades de economia mista (e suas subsidiárias)
d) As fundações públicas Autarquia Pessoa jurídica de direito público, criada por lei e integrante da
administração Pública Indireta, que desempenha atividade típica de Estado, como IBAMA, INSS.
Características
A criação é através de lei de iniciativa do chefe do Executivo, sendo que sua personalidade jurídica
começa a vigência da lei criadora.
A autarquia deve exercer atividades típicas de Estado, como aquelas que exercem poder de polícia,
sendo vedado a autarquia desempenhar atividades econômicas.
O patrimônio das autarquias é constituído por bens públicos, na forma do artigo 98, Código Civil (CC).
As mesmas têm imunidade tributária e prerrogativas processuais, no primeiro caso é a vedação de
instituição de imposto sobre o patrimônio, a renda e os serviços d autarquias, desde que vinculados a
suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes; já em relação as prerrogativas processuais, a
autarquia é enquadrada no conceito de Fazenda Pública e goza das mesmas prerrogativas, como prazos
dobrados para todas as suas manifestações.
Classificação
a) Quanto a vinculação federativa das autarquias;
Monofederativas – quando integrantes da Administração Indireta de um Ente federado determinado
(autarquias federais, estaduais, distritais ou municipais).
Plurifederativas –quando a autarquia integrar ao mesmo tempo a Administração Indireta de dois ou
mais Entes federados, como por exemplo, associação pública.
b) Em relação ao campo de atuação ou ao objeto;
Autarquias assistenciais ou previdenciárias – INSS.
Autarquias de fomento – SUDENE.
Autarquias profissionais ou corporativas – CRM, CREA.
Culturais ou de ensino – UFRJ.
Autarquias de controle ou de regulação – ANP.
c) Quanto aos regimes jurídicos;
Autarquias comuns ou ordinárias – são as autarquias em geral, responsáveis pela execução de atividades
administravas tradicionais e típicas de Estado.
Autarquias especiais – são as agências reguladoras.
Agências Reguladoras
Você já ouviu falar de agências reguladoras? Sabe o que é? Vamos aprender?
As agências reguladoras existem desde 1929, no modelo de organização administrativa americano, com
objetivo de ter um corrigir falhas de mercado. No Brasil, as agências reguladoras foram instituídas em
1990, com a diminuição da intervenção estatal na economia brasileira.
Então podemos afirmar que as agências reguladoras são autarquias com regime jurídico especial,
dotado de autonomia reforçada em relação ao Ente central, tendo em vista dois fundamentos principais;
a) Despolitização – conferindo o tratamento técnico e maior segurança jurídica ao setor regulado.
b) Necessidade de celeridade na regulação de determinadas atividades técnicas.
Atividade regulatória
As agências reguladoras envolvem o exercício de três atividades diversas, entre as quais; administrativa,
poder normativo e judicante.
No poder administrativo um exemplo clássico é o exercício do poder de polícia; já em relação poder
normativo, as agências reguladoras têm a prerrogativa de editar atos normativos, dentro dos limites e
atribuições da agência reguladora.
Já em relação ao poder judicante é a possibilidade resolver conflitos entre os agentes regulados, porém
não afastando a possibilidade de buscar a tutela jurisdicional.
Classificação
Além de regular os serviços concedidos aos particulares, outra atribuição das agências reguladoras é a
necessidade de controle de determinadas atividades que são relevantes para a sociedade. Nesse
caminho podemos classificar as agências reguladoras, quanto ao tipo de atividade regulada ou a partir
da quantidade de setores regulados.
a) Quanto ao tipo de atividade regulada.
Agências reguladoras de serviços públicos concedidos
Exemplos – ANEEL, ANATEL, ANTT
Agências reguladoras de atividades econômicas em sentido estrito.
Exemplos – ANP, ANCINE
b) Quantidade de setores regulados.
Agência reguladoras monossetoriais
Exemplos – ANEEL, ANATEL, neste caso, é possível constatar que a agência regula um único setor, como
de energia elétrica ou telecomunicações.
Agência reguladora plurissetoriais
Exemplos – AGESC (Agência Reguladora de Serviços Públicos de Santa Catarina), no caso desta agência,
todos os serviços delegados pelo Ente estadual aos particulares são fiscalizados por esta autarquia
especial.
Características
Tem autonomia administrativa, com a estabilidade reforçada dos dirigentes, impossibilidade de recurso
hierárquico impróprio.
Os dirigentes das agências reguladoras têm mandato fixo, não coincidente com o mandato do chefe do
Executivo, buscando diminuir a influência política, e assim, reafirmando o papel de uma autarquia
especial técnica.
Em decorrência dessa característica o chefe do Executivo não pode exonerar o dirigente, sendo que os
mesmos só perdem o cargo em três situações específicas;
a) Renúncia;
b) Sentença transitada em julgado
c) Processo administrativo, com observância da ampla defesa e do contraditório, conforme artigo Nono,
da lei número 9.986 de 2000.
Impossibilidade de recurso hierárquico impróprio,
Isto é, é quando o recurso é encaminhado para pessoa jurídica diversa daquela que proferiu a decisão
recorrida. Então nas agências regulatórias o objetivo é que a decisão final na esfera administrativa seja
da autarquia regulatória.
Autonomia financeira e as taxas regulatórias.
Já que encaminham propostas orçamentárias ao Ministério ao qual estão vinculadas e podem instituir
taxas regulatórias que terão a natureza de tributo, quando a finalidade da agência regulatória for regular
atividades econômicas, enquanto terá natureza de taxa quando for regular a prestação de serviços
públicos.
Empresas Estatais; Empresas Públicas e Sociedade de Economia Mista
Você saberia dizer o que são empresas estatais?
Empresas estatais – É toda e qualquer entidade, civil ou comercial, sob controle acionário do Estado, é o
gênero, sendo as espécies; as empresas públicas, as sociedades de economia mista, suas subsidiárias e
as demais sociedades controladas pelo Estado.
Empresa pública – É uma pessoa jurídica de direito privado, integrante da Administração Indireta, criada
por autorização legal, sob qualquer forma societária admitida em direito, que prestam serviços públicos
ou executam atividades econômicas.
Sociedade de Economia Mista – É uma pessoa jurídica de direito privado, integrante da Administração
Indireta, criada por autorização legal, sob a forma sociedade de sociedade anônima, que presta serviços
públicos ou executa atividades econômicas.
Empresa Pública x Sociedade Economia Mista
As Diferenças
Composição do Capital;
Empresa Pública – É formado por capital público.
Sociedade de Economia Mista - Formada por capital público e privado, mas o controle acionário é do
Estado.
Forma societária;
Empresa Pública – Pode ser revestida por qualquer forma societária admitida em direito
Sociedade de Economia Mista – São sociedade anônimas.
Foro competente para julgamento de litígios;
Empresa Pública- O foro competente é a Justiça Federal para as empresas públicas federais, as demais, o
foro competente é a Justiça Estadual.
Sociedade de Economia Mista – O foro competente é a Justiça Estadual, é a regra. Poderá ir para a
Justiça Federal, se a União intervier como assistente ou oponente ou para julgar mandado de segurança
contra ato praticado por sociedade de economia mista federal.
Características em comum
Criação Para a sua criação deve ser por uma lei específica, porém o início da personalidade jurídica
ocorrerá com a inscrição dos atos constitutivos no respectivo registro (artigo 45, Código Civil (CC)).
Objeto Podem desenvolver atividades econômicas ou prestação de serviços públicos.
Regime de pessoal – O regime é celetista (CLT), porém a demissão desses empregados deverá ser
motivada, visto o respeito aos princípios constitucionais da moralidade e impessoalidade.
Patrimônio – O patrimônio é privado, porém sofre modulações do direito público, visto que aquelas
empresas ou sociedade de economia mista que prestam serviço público a limitação do patrimônio, como
a penhora, não pode atingir os bens que estiverem afetados ao serviço público e forem necessários a
sua continuidade. Os bens privados das empresas estatais podem ser adquiridos por usucapião,
independentemente da natureza do serviço ou atividade econômica desempenhados.
Fundações Públicas
Você sabia que as fundações públicas são entidades ligadas à Administração Indireta, instituída por lei,
com objetivo de exercer atividades sociais, sem fins lucrativos?
As fundações públicas devem se destinar às atividades que de alguma forma tenham um fim coletivo,
como relacionadas à assistência social, médica e hospitalar, educação e ensino, pesquisa e atividades
culturais, todas de relevo coletivo o que justifica a vinculação de bens e recursos públicos para sua
realização.
O regime de pessoal daqueles que trabalham nas fundações públicas é estatutário; já em relação ao
patrimônio é composto por bens públicos.
O foro processual das fundações públicas será o foro destinado ao ente federativo instituidor, ou seja,
Justiça Federal para as fundações públicas criadas pela União e, Justiça Estadual para as que forem
criadas pelos Estados e Municípios, excetuando-se os casos de falência, acidentes de trabalho e as
demandas sujeitas à Justiça Eleitoral.
Terceiro Setor – São entidades da sociedade civil sem fins lucrativos, que desempenham atividades de
interesse social, mediante vínculo formal de parceria com o Estado. O terceiro setor está situado entre o
Estado e o mercado, executando atividades sociais e recebendo benefícios públicos.
Entre as entidades do terceiro setor podemos indicar;
Os serviços sociais autônomos (sistema S);
As organizações sociais (OS);
As organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs).
Serviços sociais autônomos – Sistema S
Criados pelas Confederações privadas, após autorização legal, para exercer atividades de amparos para
determinadas categorias profissionais, através das contribuições sociais.
Os exemplos são SESI, SENAI, SENAC
Organizações Sociais (OS) – São entidades privadas que celebram contratos de gestão com o Estado para
cumprimentos de determinadas metas de desempenho e recebimento de benefícios públicos.
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPS) – Entidades privadas que não exercem
atividades lucrativas e desempenham atividades sociais especialmente citadas pela lei, devendo atender
um dos objetivos previstos na lei número 9.790 de 1999, que são;
Artigo Terceiro – A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o princípio da
universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferida
às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos
uma das seguintes finalidades;
Inciso Um – Promoção da assistência social;
Inciso Dois – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
Inciso Três – promoção gratuita da educação;
Inciso Quatro – promoção gratuita da saúde;
Inciso Cinco – promoção da segurança alimentar e nutricional;
Inciso Seis – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento
sustentável;
Inciso Sete – promoção do voluntariado;
Inciso Oito – promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;
Inciso Nove – experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio produtivos e de sistemas
alternativos de produção, comércio, emprego e crédito;
Inciso Dez – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica
gratuita de interesse suplementar;
Inciso Onze – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros
valores universais;
Inciso Doze – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação
de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas
neste artigo;
Inciso Treze – estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização e a implementação de
tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer meio de transporte.  (Incluído pela Lei
número 13.019 de 2014)   (Vigência)
Características
São criadas pela iniciativa privada.
Não possuem finalidade lucrativa.
Não integram a Administração Pública Indireta.
Prestam atividade privadas de relevância social.
Possuem vínculo legal ou o negocial com o estado.
Recebem benefícios públicos.
E relação ao regime de pessoal todos são celetistas (CLT), porém a contratação deve ser através de
processo seletivo objetivo, observando os princípios da impessoalidade e moralidade.
Os bens são privados, porém os bens adquiridos com recursos públicos repassados pelo Poder Público
sofrem as limitações do regime público.
As imunidades tributárias são estendidas as instituições privadas de educação de assistencial social, em
relação aos impostos sobe patrimônio, renda e serviços relacionados com as suas finalidades.
ATOS ADMINISTRATIVOS S
argento, agora que já estudamos administração direta e indireta. Que tal estudarmos os atos
administrativos? Vamos lá?
Ao final desta aula você deverá;
Explicar o direito administrativo à luz da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988;
Associar a atividade policial aos princípios.
Conceitos
A manifestação unilateral da vontade da Administração Pública e seus delegatórios que buscam produzir
efeitos jurídicos com objetivo de implementar o interesse público. Uma outra forma de conceituar ato
administrativo é como sendo a exteriorização da vontade de agentes da Administração Pública ou de
seus delegatários, nessa condição, que, sob regime de direito público, vise à produção de efeitos
jurídicos, com o fim de atender ao interesse público.
Ao analisar o conceito deve ser levado em consideração três pontos fundamentais para a caracterização
do ato administrativo. É necessário que a vontade emane de agente da administração pública ou dotado
de prerrogativas desta. Que seu conteúdo propicie a produção de efeitos jurídicos com o fim público.
Por fim, deve toda essa categoria de atos serem regidos basicamente pelo direito público.
Elementos
O ato administrativo praticado sem a observância dos elementos formadores ou requisitos de validade
estará contaminado de vício de legalidade, fato que o deixará sujeito à anulação, bastando tão somente
à inobservância de um deles, que são; competência, objeto, forma, motivo e finalidade.
Competência
A competência é a prerrogativa atribuída pelo ordenamento jurídico às entidades administrativas e aos
órgãos públicos, habilitando os seus agentes públicos para o exercício da função pública. Dessa maneira,
o agente poderá exercer legitimamente suas atividades.
Características
Irrenunciabilidade – o agente público não pode renunciar à prática de ato que é de sua competência
(relembramos; trata-se de um poder-dever). Tal característica tem caráter relativo em função dos
institutos da delegação e da avocação.
Inderrogabilidade – um agente (ou órgão público) não pode transferir a outro, por acordo ou por
assentimento das partes da Administração envolvidas, atribuições típicas que são de sua exclusiva
competência.
Improrrogabilidade – o agente só pode praticar os atos para os quais a lei lhe conferiu competência,
ressalvadas as hipóteses de delegação e avocação.
Imprescritibilidade – As competências devem ser exercidas a qualquer tempo, salvo, é claro, nos casos
em que a lei estabelece prazos para a Administração.
CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA
a) Em razão da matéria
As matérias são distribuídas conforme a especificidade da função para sua melhor execução, por
exemplo Secretaria de Educação, Secretaria de Saúde.
b) Em razão do território
As funções administrativas são distribuídas, em razão, do território, permitindo uma maior aproximação
entre o administrado e a Administração Pública.
O exemplo pode ser as subprefeituras, as seccionais de órgãos públicos.
c) Em razão da hierarquia
As matérias podem ser distribuídas a partir da posição hierárquica do agente público.
O exemplo são as matérias de atribuição exclusiva de uma determinada autoridade.
d) Em razão do tempo
Algumas funções administrativas só podem ser exercidas, em determinado período de tempo.
O exemplo clássico é o exercício do mandato eletivo, onde aquele só poderá praticar seus atos de ofício
durante o exercício do mandato.
Delegação e Avocação
a) Delegação de competência é quando a norma autorizar que um agente transfira a outro,
normalmente em plano hierárquico inferior, funções que originariamente lhe são atribuídas.
b) Avocação, quando o delegante atrai para a sua esfera decisória a prática de ato objeto de delegação,
sendo esse um meio de evitar decisões concorrentes e eventualmente contraditórias.
Objeto – É a alteração no mundo jurídico que o ato administrativo se propõe a processar. Significa, como
informa o próprio termo, o objetivo imediato da vontade exteriorizada pelo ato, a proposta do agente
que manifestou à vontade com vistas a determinado alvo.
O objeto deve ser lícito, isto é, em conformidade com ordenamento jurídico, também deve ser possível
(realizável concretamente) e por fim, moral (de acordo com os padrões éticos ou morais).
Discricionariedade e Vinculação
A vontade do agente, exteriorizada pelo ato administrativo, tem que reproduzir, às vezes, a própria
vontade do legislador. Em outras situações, é a lei que permite ao agente que faça o delineamento do
que pretende com sua manifestação de vontade.
Quando se trata de atividade vinculada, o autor do ato deve limitar-se a fixar como objeto desse o
mesmo que a lei previamente já estabeleceu. Aqui pode dizer-se que se trata de objeto vinculado.
Em outras hipóteses, é permitido ao agente traçar as linhas que limitam o conteúdo de seu ato,
mediante a avaliação dos elementos que constituem critérios administrativos. Constitui a parte variável
do ato, sendo possível a fixação de termos, condições e modos. Nesse caso estamos diante de objeto
discricionário.
Forma – é o meio pelo qual se exterioriza a vontade, é o revestimento externo do ato administrativo
para a produção de efeitos jurídicos.
A vontade, tomada de modo isolado, reside na mente como elemento de caráter meramente psíquico,
interno. Quando se projeta, é necessário que o faça através da forma. Por isso a forma é elemento que
integra a própria formação do ato. Sem sua presença, o ato não completa o ciclo de existência.
Princípio da Solenidade das Formas
Você sabia que no Direito Privado é consagrado o princípio da liberdade das formas, o que reforça a
autonomia de vontade entre particulares e que no Direito Administrativo vigora o princípio da
solenidade das formas e que nesse princípio exige que o agente público atenda as formalidades legais
para a edição dos atos?
A solenidade das formas funciona como garantia para o administrado, trazendo a certeza que o agente
praticou o ato de acordo com o estabelecido em lei, sob pena de vício de legalidade suficiente para a sua
invalidação.
Ocorre situações que a própria vontade administrativa permite que a Administração Pública possa
exteriorizar suas vontades por outros meios como é o caso de gestos (guardas de trânsito), palavras
(atos de polícia de segurança pública) ou sinais (semáforos e placas de trânsito), esses meios, porém, são
excepcionais.
Motivo
O motivo – é a situação de fato ou de direito que gera a vontade do agente quando pratica o ato
administrativo. O motivo é a causa do ato.
Motivo discricionário (motivo de fato) e motivo vinculado (motivo de direito)
a) Motivo de direito (vinculado);
É a situação de fato eleita pela norma legal como ensejadora da vontade administrativa, é por exemplo,
quando o servidor atinge determinada idade prevista em lei, o mesmo é aposentado compulsoriamente,
restando ao administrador cumpri-la;
É uma escolha do legislador.
b) Motivo de fato (discricionário)
É a própria situação de fato ocorrida sem descrição na norma legal, um exemplo é a dispensa da licitação
em determinados casos que a lei prevê; neste caso o administrador pautado nos princípios
constitucionais poderá atuar conforme oportunidade e conveniência, já que a lei não determinou de
maneira taxativa a adoção de determinada medida.
É uma escolha do administrador.
Motivo e Motivação
O motivo – é a situação de fato por meio da qual ocorre a manifestação de vontade da Administração.
A motivação – é a justificativa do pronunciamento tomado, exprime de modo expresso e textual todas
as situações de fato que levaram o agente à manifestação da vontade.
Teoria dos Motivos Determinantes
Baseia-se no princípio de que o motivo do ato administrativo deve sempre guardar compatibilidade com
a situação de fato que gerou a manifestação da vontade.
Mesmos naqueles atos que não exijam motivação do ato administrativo, caso o administrador o faça, a
validade da medida dependerá da citada correspondência com a realidade.
Finalidade
A finalidade do ato administrativo – é o atendimento do interesse público.
A finalidade – é o resultado do ato.
Um exemplo é quando a Vigilância Sanitária apreende em estabelecimentos comerciais produtos
impróprios para o consumo;
a finalidade do ato de apreender esses produtos é a proteger a saúde das pessoas.
Desvio de Finalidade
O atendimento de interesses meramente privado, em desacordo com a legislação, é conhecido como
desvio de poder, que acarreta nulidade do ato.
Finalidade e Objeto
A finalidade e o objeto podem ser considerados como vetores do resultado do ato, mas o objeto
representa o fim imediato, ou seja, o resultado prático a ser alcançado pela vontade administrativa. A
finalidade, ao contrário, reflete o fim mediato, o interesse coletivo que deve o administrador perseguir.
Atributos
Os atributos – são qualidades ou características dos atos administrativos, enquanto que os requisitos
dos atos administrativos constituem condições que devem ser observadas para sua validação. Os
atributos podem ser entendidos como as características inerentes aos atos administrativos.
Os atributos dos atos administrativos são;
Presunção de legitimidade,
Imperatividade,
Autoexecutoriedade; e
tipicidade;
Sendo que o segundo e terceiro atributos são observáveis somente em determinadas espécies de atos
administrativos.
Presunção de Legitimidade
Os atos administrativos presumem-se editados em conformidade com ordenamento jurídico (presunção
de legitimidade), bem como as informações nele contidas presumem-se verdadeiras (presunção de
veracidade), visto que os agentes públicos estão sujeitos ao princípio da legalidade, a necessidade de
cumprimento de certas formalidades, atendimento do interesse público.
A presunção de legitimidade tem o caráter relativo, isto é, admite-se prova em contrário. Um dos efeitos
que a presunção de legitimidade é a autoexecutoriedade dos atos administrativos, visto que editado o
ato, o administrado é obrigado a cumpri-los.
Imperatividade
A imperatividade traduz a possibilidade de a administração pública, unilateralmente, criar obrigações
para os administrados, ou impor-lhes restrições.
Este atributo não está presente em qualquer ato administrativo, mas apenas naqueles atos que
implicam obrigação para o administrado, ou que são a ele impostos, e devem ser por ele obedecidos,
sem necessidade de seu consentimento, como é nos casos punitivos e no exercício do poder de polícia.
Em decorrência do atributo da presunção de legitimidade, presente em todos os atos administrativos, os
atos caracterizados pela imperatividade podem ser imediatamente imposto aos particulares a partir de
sua edição.
Autoexecutoriedade
Atos autoexecutórios – são os que podem ser materialmente implementados pela administração,
diretamente, inclusive mediante o uso da força, se necessária, sem que a administração precise obter
autorização judicial prévia.
A autoexecutoriedade não é um atributo presente em todos os atos administrativos. Afirma-se que ela é
qualidade própria dos atos inerentes ao exercício de atividades típicas da administração, quando está
atuando na condição de poder público.
A necessidade de defesa ágil dos interesses da sociedade justifica essa possibilidade de a administração
agir sem prévia intervenção do Poder Judiciário, especialmente no exercício do poder de polícia. A
presteza requerida evidentemente faltaria, se fosse necessário recorrer ao Judiciário toda vez que o
particular opusesse resistência às atividades administrativas contrárias a seus interesses.
Tipicidade – É o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas
previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Esse atributo, corolário do
princípio da legalidade, teria o condão de afastar a possibilidade da administração praticar atos
inominados. Dessa forma, para cada finalidade que a administração pretenda alcançar, deve existir um
ato típico definido em lei.
Como consequências desse atributo, temos a representação de uma garantia para o administrado, pois
impede que a administração pratique um ato, unilateral e coercitivo, sem prévia previsão legal, e afasta
também a possibilidade de ser praticado um ato totalmente discricionário; pois a lei, ao prever o ato, já
define os limites em que a discricionariedade poderá ser exercida.
Extinção dos Atos Administrativos
Você saberia dizer como são extintos os atos administrativos?
Os atos administrativos são extintos em determinado momento, podendo essa extinção ser de diversas
maneiras, como uma extinção natural, subjetiva, objetiva, por manifestação de vontade do particular ou
por manifestação de vontade do Estado.
Entre as principais estão as manifestações de vontade do particular e do Estado, podendo ser elencados,
a recusa e renúncia no caso do particular e caducidade, cassação, anulação e revogação, pelo Estado.
Recusa – É a extinção do ato administrativo antes da produção de seus efeitos.
Renúncia – É a extinção do ato administrativo por vontade unilateral do particular.
Caducidade – É a extinção do ato administrativo quando a situação nele contemplada não é mais
tolerada pela nova legislação, tornando-se ilegal, em virtude da alteração legislativa. É importante
ressaltar que a caducidade somente irá incidir sobre os atos discricionários e precários, que não geram
direito subjetivo aos particulares, já que os atos vinculados geram direito adquirido ao administrado.
Cassação – É quando o ato administrativo por descumprimento das condições fixadas pela
Administração ou ilegalidade superveniente imputada ao beneficiário do ato, como por exemplo,
cassação de licença profissional ou cassação a licença para dirigir.
Anulação – É a invalidação do ato administrativo editado em desconformidade com a legislação vigente,
como por exemplo, conceder uma licença ao particular que não preenche os requisitos.
A competência para anulação do ato fundado na ilegalidade pode ser por qualquer um dos três Poderes,
sendo quando for a anulação oriunda do Poder que a editou está exercendo o seu poder de autotutela.
O ato anulado deve se submeter aos princípios do contraditório e ampla defesa.
Importante ressaltar que a Administração Pública tem o dever de anular o ato administrativo que viola o
ordenamento jurídico, sendo que tal anulação tem o caráter vinculado.
Revogação – É a extinção do ato administrativo legal por razões de conveniência e oportunidade do
administrador, isto é, daquele que editou o ato;
Como por exemplo, a concessão ou não de determinado espaço público para particulares.
É importante ressaltar que o ato revogado era válido, porém o administrador entendeu como
inoportuno ou inconveniente, ponderando os interesses por parte do administrador. Também
importante perceber que são impostos limites a revogação dos atos administrativos, sendo que alguns
atos administrativos são irrevogáveis, como por exemplo;
a) Os atos vinculados;
b) Os atos que exauriam seus efeitos ou com prazo expirado;
c) Os atos preclusos no processo administrativo – é quando no decorrer do ato;
d) Os atos que geram direitos adquiridos – são aqueles atos que geram direitos adquiridos, tendo em
vista o artigo Quinto, Inciso Trinta e Seis, Constituição Federal (CONSTITUIÇÃO FEDERAL)
e) Os meros atos administrativos – os exemplos certidões, atestados, pareceres, pois os efeitos desses
atos estão estabelecidos em lei.
Convalidação dos Atos Administrativos – É o salvamento do ato administrativo que apresenta vícios
sanáveis, produzindo efeitos retroativos, preservando o ato ilegal anteriormente editado.
Na convalidação os vícios sanáveis são aqueles relacionados à competência, à foram e ao objeto, quando
este último for plúrimo, isto é, mais de um objeto. De forma contrária, os vícios relativos ao motivo,
finalidade, ao objeto (quando for único) e à falta de congruência entre motivo e resultado do ato
administrativo não admitem convalidação.
PODERES ADMINISTRATIVOS – PRERROGATIVAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Ao final desta aula você deverá;
Empregar o poder de polícia com a devida observância dos princípios administrativos e constitucionais;
Você saberia dizer quais são as prerrogativas da administração pública?
São prerrogativas instrumentais conferidas aos agentes públicos para que, no desempenho de suas
atividades, alcancem o interesse público. Trata-se de um poder-dever, já que seu exercício é
irrenunciável.
Esses poderes são exercidos pelos administradores públicos nos termos da lei, com observância dos
princípios jurídicos e respeito aos direitos e garantias fundamentais, o devido processo legal, as
garantias do contraditório e da ampla defesa, a garantia da inafastabilidade da tutela judicial, etc.
Excesso e Desvio de Poder – É quando o agente público utiliza os poderes administrativos de forma
abusiva. Esse abuso de poder pode ocorrer de duas formas;
a) Excesso de poder – É quando a atuação do agente extrapola a competência estipulada em lei.
b) Desvio de poder – É quando o agente pretende alcançar finalidade diversa do interesse público.
Espécies de Poderes Administrativos
Sargento, vamos estudar as espécies dos poderes administrativos?
As espécies dos poderes administrativos são;
Regulamentar (normativo);
De polícia,
Disciplinar,
Hierárquico,
Vinculado; e
Discricionário.
Poder Regulamentar ou Normativo – É a prerrogativa reconhecida à Administração Pública para editar
atos administrativos gerais para fiel execução das leis, isto é, complementando o sentido da lei.
Poder Hierárquico A hierarquia – é uma relação de subordinação administrativa entre agentes públicos,
que pressupõe a destruição e o escalonamento vertical de funções no interior das organizações. As
relações de natureza hierárquica, entre superior-subordinado, são típicas da organização administrativa,
não havendo, entretanto, hierarquia entre diferentes pessoas jurídicas, nem entre os Poderes da
República, nem mesmo entre a administração e os administrados.
Como decorrência do poder hierárquico temos as prerrogativas exercidas pelo superior sobre os seus
subordinados, que são as de dar ordens, fiscalizar, controlar, aplicar sanções, delegar e avocar
competências.
As prerrogativas de dar ordens, permite ao superior hierárquico que assegure o adequado
funcionamento dos serviços sob sua responsabilidade, dando ordens diretas, verbais ou escritas, como
também edita os atos administrativos ordinatórios, como ordens de serviço, portarias, instruções,
circulares internas, que obrigam os agentes subordinados a executar as tarefas neles disciplinadas.
Poder Vinculado – É aquele de que dispões a administração para a prática de atos administrativos em
que é mínima ou inexistente a sua liberdade de atuação, é o poder de que ela se utiliza quando pratica
atos vinculados.
Com relação aos atos vinculados, não cabe à administração fazer juízo de oportunidade e conveniência,
nem escolher seu conteúdo. O poder vinculado apenas possibilita à administração executar o ato
vinculado nas estritas hipóteses legais, observando o conteúdo rigidamente estabelecido na lei.
Assim, o poder vinculado é mais um dever da administração pública, do que um poder, pois quando
pratica um ato vinculado a administração está muito mais cumprindo um dever do que exercendo uma
prerrogativa.
Poder Discricionário – É conferido à administração para a prática de atos discricionários. É aquele em
que o agente administrativo dispõe de uma razoável liberdade de atuação, podendo valorar a
oportunidade e conveniência da prática do ato, quanto ao seu motivo e escolher dentro dos limites
legais o seu conteúdo.
O poder discricionário tem como núcleo a autorização legal para que o agente público decida, nos
limites da lei, acerca da conveniência e da oportunidade de praticar, ou não, um ato administrativo.
Sendo, portanto, o núcleo essencial do poder discricionário o denominado mérito administrativo.
Diante de um caso concreto, a administração, nos termos e limites da lei, decidirá, segundo seus
critérios de oportunidade e conveniência administrativas, a conduta, dentre as previstas na lei, mais
condizente com a satisfação do interesse público.
Observe-se que, também, tem fundamento no poder discricionário a revogação de atos discricionários
que a administração pública tenha praticado e que num momento posterior, passe a considerar
inoportunos ou inconvenientes.
Quanto aos limites do poder discricionário, além do próprio conteúdo da lei, os princípios jurídicos
administrativos, sobretudo os da razoabilidade e da proporcionalidade. A extrapolação dos limites
legais, assim como a atuação contrária aos princípios administrativos, configura arbitrariedade, caso em
que, por ser um ato ilegal ou ilegítimo, poderá ser anulado.
Poder Disciplinar – é um poder-dever que possibilita à administração pública punir internamente as
infrações funcionais de seus servidores e punir infrações administrativas cometidas por particulares a ela
ligados mediante algum vínculo jurídico específico.
Quando a administração aplica uma sanção disciplinar a um agente público, essa atuação decorre
imediatamente do poder disciplinar e mediatamente do poder hierárquico. Entretanto, quando a
administração pública aplica uma sanção administrativa a alguém que descumpriu um contrato
administrativo, há exercício do poder disciplinar, mas não existe liame hierárquico. Nesses casos, o
poder disciplinar não está relacionado ao poder hierárquico.
Não se deve confundir o poder disciplinar da administração pública com o poder punitivo do Estado, que
é exercido pelo Poder Judiciário e diz respeito à repressão de crimes e contravenções tipificadas nas leis
penais.
Poder de Polícia – É a prerrogativa reconhecida à Administração Pública para restringir e condicionar,
com fundamento na lei, o exercício de direitos com o objetivo de atender o interesse público. O conceito
do poder de polícia está previsto no artigo 78, Código Tributário Nacional (CTN).
Artigo78 – Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando o direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e
do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Polícia Administrativa x Polícia Judiciária
a) A polícia administrativa se exaure em si mesma;
A polícia judiciária – é preparatória para a atuação do Poder Judiciário.
b) A polícia administrativa atua sobre atividades, bens e direitos dos indivíduos; e
A polícia judiciária sobre os próprios indivíduos.
c) O caráter de polícia administrativa – é basicamente preventivo; enquanto
A polícia judiciária – é predominante repressiva.
O Ciclo do Poder de Polícia
a) Ordem – É a norma legal que estabelece as restrições e as condições para o exercício das atividades
privadas.
b) Consentimento – É anuência do Estado para que o particular desenvolva determinada atividade ou
utilize a propriedade particular.
O consentimento pode ser – licença ou autorização.
A licença – é quando o ato é vinculado, por meio do qual a Administração reconhece o direito do
particular.
A autorização – é o ato discricionário pelo qual a Administração, após avaliar a conveniência e
oportunidade, faculta o exercício de determinada atividade privada ou utilização de bens, sem criação,
em regra, de direito subjetivos ao particular.
c) Fiscalização – É verificado do cumprimento, pelo particular, da ordem e do consentimento de polícia.
d) Sanção – É a medida coercitiva aplicada ao particular que descumpre a ordem de polícia ou os limites
impostos no consentimento de polícia.
Características do Poder de Polícia
a) Discricionariedade – É a liberdade conferida pelo legislador ao administrador para escolher, por
exemplo, o melhor momento de sua atuação ou sanção mais adequada ao caso concreto quando há
previsão legal de duas ou mais sanções para determinada infração.
b) Coercibilidade – O ato de poder de polícia impõe restrições ou condições que devem ser
obrigatoriamente cumpridas pelos particulares.
c) Autoexecutoriedade – É a prerrogativa conferida à Administração para implementar os seus atos, sem
a necessidade de manifestação prévia do Poder Judiciário.
Delegação do Poder de Polícia
O poder de polícia – é monopólio do Estado, sendo exercido pelas pessoas jurídicas de direito públicos
(Entes federados, autarquias e fundações estatais de direto público) e seus respectivos servidores.
Porém, em situações excepcionais, esse poder pode ser delegado a pessoas físicas ou jurídicas de direito
privado, como por exemplo, aos comandantes de aeronaves, conforme o Código Brasileiro de
Aeronáutica.
Mas quando se fala em delegação devemos fazer a remissão ao ciclo de polícia, já que a posição
jurisprudencial é que as fases do consentimento e fiscalização de polícia podem ser delegadas a
terceiros, ficando afastada a ordem e sanção de polícia; mas ainda existem posições que o poder de
polícia não pode ser delegado, deve ser exercido integralmente pela administração pública.
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Ao final desta aula você deverá;
Guiar toda a atividade policial com foco na CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE
1988;
Montar, corrigir e reelaborar, se preciso for, novas formas de abordagem policial, na busca de maiores
aperfeiçoamentos pessoal e profissional.
Você sabia que a Administração Pública deve exercer suas funções administrativas, sempre em prol do
interesse público?
Porém existe a necessidade no Estado Democrático de Direito de verificar se a Administração Pública
está exercendo suas funções nos limites impostos pelo ordenamento jurídico. Daí surgindo os controles
realizados pela própria administração ou por órgãos externos.
Espécies de Controle As espécies de controle podem ser classificadas por diversos critérios.
Iremos apresentar alguns critérios.
Quanto ao órgão que exerce responsável pelo controle;
a) Controle interno ou autocontrole – É o controle realizado pelo próprio Poder Executivo.
b) Controle externo – É o controle exercido pelo Poder Judiciário e pelo Poder Legislativo, com auxílio do
Tribunal de Contas.
c) Controle social – É implementada pela sociedade civil, por meio da participação popular no
planejamento, acompanhamento e avaliação das políticas públicas.
Quanto ao momento do controle
a) Controle prévio – É o controle realizado antes da publicação do ato administrativo.
b) Controle posterior – É o controle realizado sobre o ato administrativo, após finalizado. Seu objetivo é
desfazê-lo, se ilegal, inconveniente ou inoportuno, corrigi-lo ou confirma-lo.
Controle de legalidade e controle de mérito
a) Controle de legalidade – É verificado no âmbito interno, na autotutela ou no controle externo, da
compatibilidade formal do ato administrativo com a legislação infraconstitucional.
b) Controle de mérito – É avaliação da conveniência e da oportunidade relativos ao motivo e objeto, que
ensejaram a edição do ato administrativo discricionário.
CONTROLE ADMINISTRATIVO
Você já ouviu falar sobre controle administrativo? Vamos aprender?
Ao final desta aula você deverá;
Desenvolver uma maior consciência da ética na gestão da coisa pública;
Desenvolver a consciência da importância de sua profissão na busca do interesse público.
É a prerrogativa que tem à Administração Pública para fiscalizar e corrigir sua própria atuação, utilizando
critérios de legalidade ou de mérito. Esse controle é conhecido como autotutela, podendo ser exercido
em quaisquer um dos Poderes constituídos, no exercício das suas atribuições administrativas exercem
sobre seus próprios atos; de forma provocada ou de oficio.
Controle Legislativo – É exercido pelo Poder Legislativo sobre atos do Poder Executivo, a partir de
critérios políticos e financeiros e nos limites do texto constitucional.
Os casos de controle são os seguintes; sustação de atos normativos, convocação de autoridade e
requisição de informações, autorização e aprovação de ato administrativos, comissões parlamentares de
inquérito (CPI), julgamento do chefe do Executivo e controle financeiro.
Tribunal de Contas – É um órgão que tem por objetivo a fiscalização financeira e orçamentária a parir de
três critérios;
legalidade,
legitimidade, e
economicidade.
As suas atribuições são consultivas, fiscalizadora, julgadora, registro, sancionadora, corretiva e ouvidoria.
Controle Jurisdicional – É apreciação pelo Poder Judiciário dos atos administrativos oriundos do próprio
poder, bem como do Legislativo e Executivo.
O controle jurisdicional sobre os atos do Poder Legislativo ou do Executivo é apenas nos aspectos de
legalidade.
Instrumentos de Controle Judicial da Administração Pública
Sargento, vamos estudar os instrumentos de controle judicial da administração pública?
Habeas Corpus – É uma ação constitucional que tem por objetivo corrigir ou evitar violência ou coação
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abusou de poder.
Pode ser dividido em habeas corpus preventivo ou repressivo.
O habeas corpus será preventivo quando houver ameaça de violência ou coação de locomoção, onde
será expedido o “salvo-conduto”.
O habeas corpus será repressivo quando cessar a efetiva violência ou coação à liberdade de locomoção é
chamado de “alvará de soltura”.
A legitimidade ativa, isto é, qualquer pessoa, nacional ou estrangeira, poderá impetrar em seu nome ou
de terceiros, sem necessidade de representação ou assistência.
Na legitimidade ativa a pessoa que sofre a ameaça é chamada de paciente e aquela que impetra o
habeas corpus é chamada de impetrante.
Não tem prazo para impetrar o habeas corpus, desde que verificada a lesão ou ameaça de lesão à
liberdade de locomoção do indivíduo.
A competência será delimitada dependendo da qualificação da autoridade coatora ou do paciente.
A legitimidade passiva são as autoridades ou particulares responsáveis pela ilegalidade, que são
chamados de coatores. 3
Mandado de Segurança – É ação constitucional que tem por objetivo proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, contra atos ilegais ou abuso de poder praticados pelo
Estado ou por seus delegatários.
Espécies de Mandado de Segurança
a) Quanto ao momento de impetração;
Mandado de segurança preventivo – quando houver ameaça (justo receio) de lesão ao direito líquido e
certo.
Mandado de segurança repressivo – quando buscar reparar a lesão efetiva ao direito líquido e certo. b)
Em relação ao objeto da impugnação e dos legitimados.
Mandado de segurança individual – defende direito líquido e certo do próprio impetrante.
Mandado de segurança coletivo – é impetrado defender direitos coletivos e individuais homogêneos,
líquidos e certos.
A legitimidade ativa para os mandados de segurança individual – é da pessoa física (nacional ou
estrangeira) ou jurídica;
Já para o mandado de segurança coletivo – é pelos partidos políticos com representação no Congresso
Nacional; organizações sindicais, entidades de classe e associações legalmente constituídas, por no
mínimo um ano.
A legitimidade passiva atualmente – é da autoridade coatora, bem como, da pessoa jurídica.
A autoridade coatora é o agente público que exerce a função pública.
O prazo é 120 dias a partir da ciência do interessado, do ato impugnado.
A competência para o julgamento depende, em regra, da qualificação da autoridade coatora (federal,
estadual, distrital ou municipal), levando em consideração a função exercida pela autoridade coatora.
Mandado de Injunção – É uma ação constitucional que tem por objetivo suprir omissão normativa e
efetivar o exercício dos direitos e liberdades constitucionais das prerrogativas inerentes à nacionalidade,
à soberania e à cidadania.
Espécies de mandado de injunção
a) Mandando de injunção individual – A finalidade é efetivar direitos, liberdade e prerrogativas
constitucionais do impetrante.
b) Mandado de injunção coletivo – Já em relação ao mandado de injunção coletivo é impetrado para
defender direitos coletivos e individuais homogêneos
A legitimidade ativa – é de todos aqueles prejudicados pela ausência de norma reguladora, entre eles; as
pessoas físicas e jurídicas, o Ministério Público, partido político e organização sindical, entidade de classe
ou associação, nos mesmos moldes do mandado de segurança coletivo.
A legitimidade passiva – é da autoridade ou órgão público responsável pela omissão legislativa, sendo
essa posição majoritária.
A competência para o processo e julgamento de mandado de injunção depende do órgão o da
autoridade responsável pela edição da norma regulamentadora faltante.
Habeas Data – É uma ação constitucional que tem por objetivo assegurar o conhecimento, retificação ou
anotação de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou banco de dados
de entidade governamental ou de caráter público.
A legitimidade ativa – qualquer pessoa, física ou jurídica, nacional ou estrangeira.
A legitimidade passiva – são as entidades governamentais ou de caráter público.
A qualquer momento pode impetrar o habeas data, não estabelecendo prazo fatal.
A competência para julgar dependerá da autoridade ou do órgão que recusou a fornecer informações ao
impetrante.
Ação Popular – É uma ação constitucional que pode ser proposta por todo e qualquer cidadão com
objetivo de invalidar atos e contratos administrativos considerados ilegais e lesivos ao patrimônio
público, à moralidade administrativas, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
A legitimidade ativa – é de qualquer cidadão, é aquele que se encontra no pleno gozo de seus direitos
políticos ativos.
A legitimidade passiva – são os entes da Administração Direita e Indireta; entidades privadas com
participação do Estado ou que recebam subvenção dos cofres públicos, autoridades, funcionários ou
administradores que tenham aprovado, praticado ou ratificado o ato impugnado e os beneficiários
diretos do ato.
O prazo prescricional – é de 05 anos, ressalvadas as hipóteses de ressarcimento ao erário.
A competência – é do juiz de Primeira instância, federal ou estadual, dependendo da origem do ato
impugnação, não se aplicado o foro por prerrogativa de função às ações populares.
Ação Civil Pública – É um instrumento processual que tem por objetivo prevenir ou reprimir danos
causados a qualquer interesse difuso ou coletivo.
A legitimidade ativa – é restrita ao Ministério Público, Defensoria Púbica, aos Entes federados e as
entidades da Administração Pública Indireta e as associações constituídas, há pelo menos 01 ano.
A legitimidade passiva – é toda e qualquer pessoa física ou jurídica, de direito público ou de direito
privado, responsável pela ameaça ou lesão aos interesses e direitos coletivos tutelados pela lei.
Em relação ao prazo a lei – é omissa, ficando o prazo prescricional de 05 anos, no mesmo sentido na
Ação Popular.
A competência deve ser proposta no foro do local onde correr o dano, perante a Justiça Estadual, salvo
nos casos que a União, autarquias federais e as empresas públicas federais estejam nas condições de
autoras, rés, assistente e oponente, sendo que a partir daí a competência será da Justiça Federal.
SERVIDORES PÚBLICOS – GESTORES PÚBLICOS / TEORIA DA IMPUTAÇÃO
Ao final desta aula você deverá;
Dialogar com os problemas, na busca, sempre, menos graves para suasolução.
Agentes Públicos – Conceito e Classificação
Você saberia dizer o significado da expressão agentes públicos?
Conceito
A expressão agente público tem sentido amplo. Significa o conjunto de pessoas que, a qualquer título,
exercem uma função pública como prepostos do Estado. Essa função pode ser remunerada ou gratuita,
definitiva ou transitória, política ou jurídica. Tais agentes quando atuam no mundo jurídico estão de
alguma forma vinculados ao Poder Público. O Estado só se faz presente através das pessoas físicas que
em seu nome manifestam determinada vontade, e é por isso que essa manifestação volitiva acaba por
ser imputada ao próprio Estado. São todas essas pessoas físicas que constituem os agentes públicos.
Classificação
Sendo quantitativa e qualitativamente tão abrangente a categoria dos agentes públicos, há que se
reconhecer a existência de grupamentos que guardem entre si algum fator de semelhança.
Para melhor compreensão, torna-se necessário agrupar os agentes públicos em categorias que denotem
referenciais básicos distintivos. Trata-se de classificação de natureza didática, relevante para a formação
de um sistema lógico de identificação;
Agentes Políticos – São aqueles aos quais incumbe a execução das diretrizes traçadas pelo Poder
Público. São estes agentes que desenham os destinos fundamentais do Estado e que criam as estratégias
políticas por eles consideradas necessárias e convenientes para que o Estado atinja os seus fins.
Caracterizam-se por terem funções de direção e orientação estabelecidas na Constituição e por ser
normalmente transitório o exercício de tais funções. Como regra, sua investidura se dá através de
eleição, que lhes confere o direito a um mandato, e os mandatos eletivos caracterizam-se pela
transitoriedade do exercício das funções, como deflui dos postulados básicos das teorias democráticas e
republicana. Por outro lado, não se sujeitam às regras comuns aplicáveis aos servidores públicos em
geral; a eles são aplicáveis normalmente as regras constantes da Constituição, sobretudo as que dizem
respeito às prerrogativas e à responsabilidade política. São eles os Chefes de Estado (Presidente,
Governadores e Prefeitos), seus auxiliares (Ministros e Secretários Estaduais e Municipais) e os membros
do Poder Legislativo (Senadores, Deputados e Vereadores).
Agentes Particulares Colaboradores – Esta categoria de agentes públicos, embora sejam particulares,
executam certas funções especiais que podem se qualificar como públicas, sempre como resultado do
vínculo jurídico que os prende ao Estado. Alguns deles exercem verdadeiro munus público, ou seja,
sujeitam-se a certos encargos em favor da coletividade a que pertencem, caracterizando-se, nesse caso,
como transitórias as suas funções. São exemplos; os jurados e pessoas convocadas para serviços
eleitorais.
Servidores Públicos – A categoria dentre os agentes públicos que contém a maior quantidade de
integrantes, formando uma grande massa dos agentes do Estado, desenvolvendo, em consequência, as
mais variadas funções. Tais agentes se vinculam ao Estado por uma relação permanente de trabalho e
recebem, a cada período de trabalho, a sua correspondente remuneração.
As categorias de servidores públicos são classificadas em;
Servidores Públicos Civis e Militares;
Servidores Públicos Comuns e Especiais;
Servidores Deveres dos Servidores.
Sargento, agora que você já sabe o conceito e a classificação dos agentes públicos. Saberia dizer quais
são os deveres dos servidores?
Os regimes jurídicos modernos impõem uma série de deveres aos servidores públicos como requisitos
para o bom desempenho de seus encargos e regular funcionamento dos serviços públicos.
Há duas espécies de deveres funcionais – os gerais, que se aplicam a todos os servidores; e os especiais,
que obrigam a determinadas classes ou em razão de determinadas funções. Quanto aos deveres gerais,
são classificados ainda em internos e externos, conforme se dirijam à conduta do servidor no
desempenho de suas atribuições ou ao seu procedimento na vida privada.
São eles;
Dever de lealdade – Também denominado dever de fidelidade, exige de todo servidor a maior dedicação
ao serviço e o integral respeito às leis e às instituições constitucionais, identificando-o com os superiores
interesses do Estado. Se o servidor agir contra os fins e objetivos legítimos da Administração, incorre em
infidelidade funcional, ensejadora da mais grave penalidade, que é a demissão.
Dever de obediência – Impõe ao servidor o acatamento às ordens legais de seus superiores e sua fiel
execução. Está assentado no princípio disciplinar que informa toda organização administrativa.
Dever de conduta ética – Decorre do princípio constitucional da moralidade administrativa e impõe ao
servidor público a obrigação de jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. De acordo com o
Código de ética profissional do servidor público civil federal (Decreto 1.171 de 1994), a dignidade, o
decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados maiores que devem nortear
o servidor público. O dever de honestidade aqui se inclui.
a) Assiduidade – É a regularidade do cumprimento das obrigações funcionais. Os estatutos deverão
conter uma disciplina de faltas, limitando-as por períodos e estabelecendo os critérios de justificação.
b) Sigilo – Impõe ao servidor o dever de nada divulgar acerca de assuntos de que tinha conhecimento
em razão de suas funções ou, mesmo, acidentalmente, apresentem ou não caráter confidencial ou
secreto.
c) Probidade – é a particularização do dever ético geral do servidor público, sendo que a lei federal
número. 8.429 de 1992 define os atos de improbidade administrativa, simples e qualificados (artigos.
Nono, Décimo, Décimo – Alínea A e Décimo Primeiro), estabelecendo-lhes penas específicas,
independentemente das cominadas em outros diplomas.
d) Boa conduta – Dever externo, O servidor deve manter sempre correção de atitudes, decoro em seus
hábitos e dignidade de procedimento. A sua vida íntima não revela senão na medida em que não se
torne escandalosa.
e) Proibição de intermediação – Compreende-se na proibição a aceitação, a qualquer título, de
gratificações, propinas e gorjetas oferecidas pelas partes.
Outros deveres – São aqueles especificados nos estatutos, onde procura adequar a conduta do servidor
ao serviço que lhe é cometido. Dentre as restrições que a função pública impõe aos seus exercentes
destacam-se a de se sujeitarem aos impedimentos estabelecidos para o desempenho do cargo. Nesse
sentido, é permitido ao Poder Público impedir contratos de seus servidores com a Administração,
estabelecer incompatibilidades entre o exercício do cargo ou da função e certas atividades públicas ou
particulares, impor exigências de residência no local do trabalho e quaisquer outros requisitos de
eficiência e moralidade do serviço público, desde que não afronte os direitos fundamentais do servidor,
resguardados pela Constituição Federal (CONSTITUIÇÃO FEDERAL) de 1988.
Direitos dos Servidores
Você já estudou os deveres dos servidores? Que tal aprender também seus diretos?
Direito à função pública – Surge com a estabilidade ou com a vitaliciedade (está em grau mais elevado,
como direito ao cargo público), consiste em não poder ser discricionariamente, senão por ato material e
formalmente vinculado, dela desprovido;
Direito ao exercício – É espécie do gênero direito ao trabalho; seria incompatível com a dignidade do
homem e com o interesse público que a Administração resolvesse manter, por considerações
inconfessáveis, o servidor em indefinido afastamento. O afastamento tem seus pressupostos fixados em
lei. Além do mais, é do exercício que derivarão os demais direitos funcionais, entre os quais a percepção
ordinária dos vencimentos.
Os direitos que se fundam no exercício são de várias espécies; a contagem do tempo de serviço, para
vários efeitos, a estabilidade, as férias, as licenças e a percepção da remuneração, acumulação de cargos
e funções, acessibilidade. O direito ao amparo social e a dignidade do status integram o elenco,
consagrando-se, no que respeita à função pública, certos princípios gerais do trabalho (artigo 39,
Parágrafo Segundo, Constituição Federal (CONSTITUIÇÃO FEDERAL)). Entre outros, podemos citar o
direito à assistência, à previdência, à associação, à petição, direito à defesa e direito de representação.
A Constituição da República, ao cuidar do servidor público (artigos 37 a 41), detalhou seus direitos,
indicando especificadamente os que lhe são extensivos dentre os reconhecidos aos trabalhadores
urbanos e rurais (artigo Sétimo da Constituição Federal (CONSTITUIÇÃO FEDERAL)).
Responsabilidade dos Servidores – Civil, Penal e Administrativa
Responsabilidade Civil
Você sabia que a responsabilidade civil é a imputação, ao servidor público, da obrigação de reparar o
dano que tenha causado à Administração ou a terceiro, em decorrência de conduta culposa ou dolosa,
de caráter comissivo ou omissivo?
Para imputar-se a responsabilidade civil ao servidor é preciso que haja a comprovação do dano causado,
seja lesada a Administração, seja o terceiro. Sem o dano inexiste responsabilização. Cumpre também
que haja a comprovação de que o servidor agiu com culpa civil, isto é, por meio de comportamento
doloso ou culposo.
Se o dano for causado à Administração, o servidor público é responsável direto com relação a ela.
Contudo, se causa danos a terceiros, pode o servidor responder diretamente, sendo acionado pelo
lesado, ou indiretamente, por meio do direito de regresso assegurado à Administração, caso em que
esta já terá sido acionada diretamente pela vítima.
Responsabilidade Penal
A responsabilidade penal do servidor – é a que decorre de conduta que a lei penal tipifica como infração
penal.
O servidor pode ser responsabilizado apenas penalmente, mas se o ilícito penal acarretar prejuízo à
Administração será também civilmente responsável.
Os crimes contra a Administração são basicamente os dos artigos 312 a 326 do código penal – crimes
praticados por funcionário público contra a Administração Pública.
Diga-se, por oportuno, que a responsabilidade penal pode ser, ou não, pertinente à função
administrativa. Quando está fora de sua função pública, a eventual prática de ilícito penal pode não
causar nenhuma influência no âmbito da Administração.
Responsabilidade Administrativa
Quando o servidor pratica um ilícito administrativo, a ele é atribuída responsabilidade administrativa. O
ilícito pode verificar-se por conduta comissiva ou omissiva e os fatos que o configuram são os previstos
na legislação estatutária.
A responsabilidade administrativa deve ser apurada em processo administrativo, assegurando-se ao
servidor o direito à ampla defesa e ao contraditório, bem como a maior margem probatória, a fim de
possibilitar mais eficientemente a apuração do ilícito. Constatada a prática do ilícito, a responsabilidade
importa a aplicação da adequada sanção administrativa.
Os servidores públicos podem ser responsabilizados civil, penal e administrativamente, sendo
assegurado aos servidores, o direito à ampla defesa e ao contraditório, cabendo ao Estado na
constatação do ilícito, a ação regressiva em face do mesmo.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
Ao final desta aula você deverá;
Compreender a responsabilidade estatal no direito positivo brasileiro;
Identificar as causas de excludentes e atenuantes.
Conceito
A responsabilidade civil tem sua origem no Direito Civil. Consubstancia-se na obrigação de indenizar um
dano patrimonial ou moral decorrente de um fato humano. É modalidade de obrigação extracontratual
e, no direito privado, a regra geral é a necessidade de estarem presentes os seguintes elementos;
a) Uma atuação lesiva culposa ou dolosa do agente; a regra geral no direito privado é a exigência de
caracterização de culpa em sentido amplo na conduta; a culpa em sentido amplo abrange o dolo
(intenção) e a culpa em sentido estrito (negligência, imprudência ou imperícia);
b) A ocorrência de um dano patrimonial ou moral; e
c) O nexo de causalidade entre o dano havido e a conduta do agente, o que significa ser necessário que
o dano efetivamente haja decorrido da ação do agente (ou de sua omissão ilícita, se fosse o caso de o
agente ter o dever de agir).
Responsabilidade Estatal no Direito Positivo Brasileiro
No direito brasileiro a responsabilidade civil da Administração Pública evidencia-se na obrigação que
tem o Estado de indenizar os danos patrimoniais ou morais que seus agentes, atuando em seu nome, ou
seja, na qualidade de agentes públicos, causem à esfera juridicamente tutelada dos particulares. Traduz-
se, na obrigação de reparar economicamente danos patrimoniais, e com tal reparação se exaure.
Não se confunde a responsabilidade civil com as responsabilidades administrativas e penais, sendo essas
três esferas de responsabilização, em regra, independentes entre si, podendo as sanções
correspondentes ser aplicadas separada ou cumulativamente de acordo com cada caso. A
responsabilidade penal resulta da prática de crimes ou contravenções tipificadas em lei prévia ao ato ou
conduta. Já a responsabilidade administrativa decorre de infração, pelos agentes da Administração
Pública, das leis e regulamentos administrativos que regem seus atos e condutas.
Causas Excludentes e Atenuantes
No âmbito da responsabilidade objetiva o nexo de causalidade é o fundamento da responsabilidade civil
do Estado, sendo que esta deixará de existir ou incidirá de forma atenuada quando o serviço público não
for a causa do dano ou quando estiver aliado a outras circunstâncias, ou melhor delineando, quando não
for a causa única.
Como hipóteses das causas excludentes da responsabilidade podemos apontar a ocorrência do caso
fortuito ou força maior, ou culpa exclusiva ou concorrente da vítima.
No caso fortuito ou força maior ocorre um acontecimento imprevisível, inevitável e estranho a vontade
das partes, provocado pelo homem ou pela força da natureza. Visualiza-se que não sendo imputável a
Administração, não pode incidir a responsabilidade do Estado, pois não há um nexo de causalidade
entre o dano e o comportamento da Administração.
Já quando houver culpa da vítima, deve-se analisar se é uma culpa exclusiva da mesma ou concorrente
com a do Poder Público, pois no primeiro caso, o Estado não responde e no segundo (culpa concorrente)
atenua-se a sua responsabilidade, que se reparte com a da vítima.
A Constituição autoriza a ação regressiva da Administração Pública contra o agente cuja atuação
acarretou o dano, desde que seja comprovado dolo ou culpa na atuação do agente.
Existem dois aspectos que devem ser destacados;
a) A entidade pública para voltar-se contra o agente, deverá comprovar já ter sido condenada a
indenizar, pois seu direito de regresso nasce com o trânsito em julgado da decisão judicial condenatória,
prolatada na ação de indenização;
b) Não se deve confundir a responsabilidade da Administração perante o particular com a
responsabilidade do agente para com a Administração; aquela é do tipo objetiva, na modalidade risco
administrativo, que, conforme vimos, independe de culpa ou dolo do réu na ação de indenização; esta,
do agente perante a Administração, só ocorre no caso de dolo ou culpa daquele (responsabilidade
subjetiva do agente).
Em suma, a Administração Pública que causou o dano indeniza o particular independentemente de
comprovação de dolo ou culpa, mas o agente só será condenado a ressarcir a Administração
regressivamente, se houver dolo ou culpa do agente.
IMPROBIDADADE ADMININSTRATIVA
Ao final desta aula você deverá;
Identificar os elementos da improbidade administrativa; sujeito passivo, sujeito ativo, conduta improba,
enriquecimento ilícito, lesão ao erário, atos contra os princípios da Administração Pública, atos
decorrentes de concessão ou aplicação indevida e elemento subjetivo.
Introdução – É o ato ilegal ou contrário aos princípios básicos da Administração Pública no Brasil,
cometido por agente público, durante o exercício de função pública ou decorrente desta. O vocábulo
improbidade administrativa pode ser utilizada para designar corrupção, desonestidade, malversação
administrativa, ou ainda, o exercício da função pública de maneira ilegal ou imoral, seja pela omissão
indevida de atuação funcional, seja pela não observância dolosa ou culposa das normas legais.
A improbidade administrativa se dará com toda conduta ilegal, dolosa ou culposa do agente público no
exercício de função, cargo, mandato ou emprego público, com ou sem participação de terceiro, que
ofenda os princípios constitucionais da Administração Pública, em atuar com probidade na gestão da
coisa pública, conforme prevê o artigo 37, Parágrafo Quarto da Constituição Federal.
Artigo 37, Parágrafo Quarto, da CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL – Os atos de
improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem
prejuízo da ação penal cabível.
Elementos da Improbidade Administrativa
Vamos estudar agora os elementos da improbidade administrativa?
Para aplicar as sanções mencionadas no artigo 37, Parágrafo Quarto da CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE
1988, devem estar presentes os seguintes requisitos;
a) SUJEITO PASSIVO – deve ser uma das entidades mencionadas no artigo Primeiro, caput e Parágrafo
único, da Lei número 8.429 de 1992;
b) SUJEITO ATIVO – o agente público ou terceiro, que induza, concorra ou dele se beneficie sob qualquer
forma direta ou indireta (artigos Segundo e Terceiro da Lei número 8.429 de 1992);
c) CONDUTA ÍMPROBA – é a conduta comissiva ou omissiva do sujeito ativo, praticada contra o sujeito
passivo, de que resulte;
1. Enriquecimento ilícito do sujeito ativo;
2. Prejuízo ao erário;
3. Violação de princípios da Administração Pública.
É ímproba, portanto, a conduta que se inclua em qualquer das citadas hipóteses, sendo comum o
enquadramento em ao menos duas delas;
d) ELEMENTO SUBJETIVO – é o dolo ou a culpa, que deve obrigatoriamente estar presente na conduta
do sujeito ativo.
Sujeito Passivo
O sujeito passivo do ato de improbidade administrativa está previsto no artigo Primeiro, caput e
Parágrafo único, da Lei número 8.429 de 1992, podem se enquadrar nessa definição;
Artigo Primeiro – Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não,
contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de
entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por
cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.
Parágrafo único – Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade praticados
contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de
órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com
menos de cinquenta porcento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção
patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
Então podemos resumir da seguinte maneira, como sujeito passivo;
a) As pessoas da Administração Direta (União, Estados, Distrito Federal e Municípios);
b) Pessoas da Administração Indireta (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades
de economia mista);
c) Empresa incorporada ao patrimônio público;
d) Entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por
cento do patrimônio ou da receita anual;
e) Entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público,
limitando-se nesse caso a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres
públicos; e
f) Entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinquenta
por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se nesse caso a sanção patrimonial à
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
Sujeito Ativo
O sujeito ativo – é aquele que pratica o ato de improbidade administrativa, concorre para sua prática ou
aufere alguma vantagem indevida em razão desse ato.
A Lei número 8.429 de 1992 identifica duas espécies de sujeito ativo;
Primeira – agentes públicos; e
Segunda – terceiros.
a) AGENTES PÚBLICOS – Para efeitos da incidência da Lei de Improbidade Administrativa, o seu artigo
Segundo define como agente público todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura
ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades que podem ser sujeitos passivo do ato de
improbidade administrativa.
Artigo Segundo – Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer
outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas
no artigo anterior.
b) TERCEIROS
Você sabia que a Lei de Improbidade Administrativa também prevê a aplicação de sanções aos terceiros
que, mesmo não se revestindo da condição de agente público, induzam (convençam) ou concorram
(colaborem) para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficiem sob qualquer forma direta ou
indireta?
A partir do disposto na Lei, é possível concluir que o terceiro não pode praticar isoladamente o ato de
improbidade administrativa, sendo indispensável para tanto a participação de um agente público. O
particular (terceiro) submetido à lei que tutela a probidade administrativa pode ser pessoa física ou
jurídica. Apesar de por óbvio não ser possível a aplicação às pessoas jurídicas das sanções de perda da
função pública e suspensão dos direitos políticos, são-lhe comináveis as demais penalidades previstas na
Lei.
Conduta Ímproba
A conduta ímproba, segundo previsto na Lei número 8.429 de 1992, dá origem a três espécies distintas
de atos de improbidade.
São eles;
1) atos de improbidade que importam enriquecimento ilícito;
2) atos de improbidade que causam prejuízo ao erário;
3) atos de improbidade que atentem contra os princípios da Administração Pública.
Enriquecimento Ilícito – São atos de improbidade que importam em enriquecimento ilícito aqueles em
que os agentes públicos envolvidos auferem qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão
do exercício de seu cargo, mandato, função, emprego ou atividade (artigo Nono, da Lei número 8.429 de
1992). De forma direta, iremos indicar entre àquelas situações previstas na lei, as mais comuns ao
policial militar;
a) Receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem
econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem
tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente
das atribuições do agente público;
b) Utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer
natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no artigo Primeiro da
Lei número 8.429 de 1992, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros
contratados por essas entidades;
c) Receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a
prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra
atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
d) Adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública, bens
de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente
público;
e) Receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de
ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;
f) Usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das
entidades mencionadas no artigo Primeiro da Lei número 8.429 de 1992. 54
Lesão ao Erário – São enquadrados como atos de improbidade administrativa que causam lesão ao
erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens e haveres das entidades que podem ser sujeitos passivo de
atos de improbidade (artigo 10, da Lei número 8.429 de 1992).
Dentre os atos de improbidade inseridos nessa categoria, os mais comuns são;
a) Permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no artigo Primeiro da Lei número 8.429
de 1992, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
b) Doar à pessoa física ou jurídica, bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins educativos ou
assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no
artigo Primeiro da Lei número 8.429 de 1992, sem observância das formalidades legais e regulamentares
aplicáveis à espécie;
c) Permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de qualquer
das entidades referidas no artigo Primeiro da Lei número 8.429 de 1992, ou ainda a prestação de serviço
por parte delas, por preço inferior ao de mercado;
d) Realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar garantia
insuficiente ou inidônea;
e) Permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;
f) Permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material
de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no artigo
Primeiro da Lei número 8.429 de 1992, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou
terceiros contratados por essas entidades;
Atos contra os princípios da Administração Pública – Por fim, são atos de improbidade administrativa
que atentam contra os princípios da Administração Pública qualquer ação ou omissão que violem os
deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições (artigo 11 da Lei número
8.429 de 1992). Nesta última categoria, a tipificação do ato estará presente mesmo que não haja
enriquecimento sem causa do agente ou mesmo que não exista prejuízo aos cofres públicos, sendo
suficiente apenas a violação aos princípios aplicáveis à Administração Pública para configurar a
improbidade administrativa.
A Lei número 8.429 de 1992, de forma exemplificativa, apresenta as seguintes hipóteses de ato de
improbidade que atentam contra os princípios da Administração Pública (artigo 11);
a) Praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de
competência;
b) Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
c) Revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em
segredo;
d) Negar publicidade aos atos oficiais;
e) Frustrar a licitude de concurso público;
f) Deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
g) Revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial,
teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
Atos Decorrentes de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário
São os atos de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter
benefício financeiro ou tributários Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes de Concessão ou
Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário.
Elemento Subjetivo – Para que um ato possa ser enquadrado como improbidade administrativa é
necessário que esteja presente na conduta do sujeito ativo o elemento subjetivo; dolo ou culpa. Entre as
três espécies de atos de improbidade administrativa;
a) os que importam em enriquecimento ilícito (artigo nono);
b) os que causam prejuízo ao erário (artigo 10);
c) os que atentam contra os princípios da Administração Pública (artigo 11).
Quando a Lei número 8.429 de 1992 fez referência às três espécies de atos de improbidade, apenas no
caso dos atos de improbidade que causam prejuízo ao erário, previsto no artigo 10, exigiu que a conduta
fosse praticada com dolo ou culpa; nas demais, a lei foi omissa quanto ao elemento subjetivo; então a
jurisprudência tem restringido a possibilidade de modalidade culposa apenas aos casos dos atos de
improbidade que causam prejuízo ao erário e nos casos de enriquecimento ilícito do agente ou agressão
aos princípios da Administração somente podem ser tipificados como ato de improbidade administrativa
mediante a comprovação de dolo do agente.
Sanções
O indivíduo que comete o ato de improbidade induz ou concorre para sua prática ou dele se beneficia
está sujeito à aplicação de certas penalidades (sanções) previstas na Constituição Federal e na Lei de
Improbidade Administrativa, desde que o agente seja condenado por improbidade administrativa em
específica ação judicial.
O ato de improbidade possibilita a aplicação das sanções previstas na Lei número 8.429 de 1992, que
podem ser de natureza administrativa (perda da função pública e proibição de contratar ou de receber
incentivos do Poder Público), civil (perda de bens, ressarcimento do dano ao erário e multa civil) e
política (suspensão dos direitos políticos). E naqueles casos que o fato também seja considerado crime
também terá uma sanção de natureza penal, como detenção ou reclusão. Nesse caso, os responsáveis
poderão sofrer sanções de natureza administrativa, civil e política cumuladas com as penalidades de
natureza penal.
A Constituição Federal (artigo 37, Parágrafo Quarto) estabeleceu as seguintes consequências para o
sujeito ativo dos atos de improbidade administrativa;
1) suspensão dos direitos políticos;
2) ressarcimento ao erário;
3) perda da função pública.
Você sabia que a Lei número 8.429 de 1992 (Lei de Improbidade Administrativa), por sua vez, ampliou o
leque das medidas previstas na Constituição Federal, possibilitando a aplicação das seguintes
consequências aos responsáveis por atos de improbidade administrativa (artigo 12)?
1) perda de bens e valores;
2) ressarcimento integral do dano;
3) perda da função pública;
4) suspensão de direitos políticos;
5) multa civil; e
6) proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
As penalidades previstas na referida norma legal estão graduadas de acordo com as espécies de ato de
improbidade. As sanções mais pesadas são imputadas aos atos de improbidade que geram
enriquecimento ilícito, que são considerados os mais graves. Por sua vez, as mais leves são destinadas
àqueles que apenas atentam contra os princípios da Administração Pública. Por fim, as sanções
aplicadas aos atos que causam prejuízo ao erário estão em uma posição intermediária, conforme prevê
o artigo 12 da Lei número 8.429 de 1992, com redação dada pela Lei número 12.120 de 2009),
representada pelo quadro abaixo.
Ressarcimento ao Erário
Enriquecimento ilícito – Aplicável;
Prejuízo ao erário – Aplicável;
Lesão a princípios – Aplicável;
Concessão Indevida de Benefício – Aplicável;
Perda da função pública
Enriquecimento ilícito – Aplicável;
Prejuízo ao erário – Aplicável;
Lesão a princípios – Aplicável;
Concessão Indevida de Benefício – Aplicável;
Suspensão dos direitos políticos
Enriquecimento ilícito – De 8 a 10 anos;
Prejuízo ao erário – De 8 a 10 anos;
Lesão a princípios – De 8 a 10 anos;
Concessão Indevida de Benefício – De 8 a 10 anos;
Perda dos bens acrescidos ilicitamente
Enriquecimento ilícito – Deve ser aplicada;
Prejuízo ao erário – Pode ser aplicada;
Lesão a princípios –;
Concessão Indevida de Benefício –;
Multa civil
Enriquecimento ilícito – Até 3x o valor do acréscimo patrimonial;
Prejuízo ao erário – Até 2x o valor do dano;
Lesão a princípios – Até 100x o valor da remuneração recebida pelo agente;
Concessão Indevida de Benefício – Até 3x o valor do benefício financeiro ou tributário concedido;
Proibição de contratar com o Poder Público
Enriquecimento ilícito – Por 10 anos;
Prejuízo ao erário – Por 5 anos;
Lesão a princípios – Por 3 anos;
Concessão Indevida de Benefício – Por 10 anos;
Casos Especiais
Em caso de morte do autor
Em caso de morte daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente, seus
herdeiros (sucessores) estão sujeitos ao ressarcimento do dano, até o limite do valor da herança
recebida (artigo Oitavo da Lei número 8.429 de 1992);
Aplicação das sanções
As penas de perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só podem ser aplicadas depois
do trânsito em julgado da sentença condenatória, ou seja, quando não houver mais qualquer recurso
judicial cabível, conforme prevê o artigo 20 da Lei número 8.429 de 1992. As demais sanções não
precisam esperar o trânsito em julgado da decisão condenatória, podendo ser executadas desde a
publicação daquela sentença.
Prescrição
a) A prescrição é de 05 anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de
função de confiança.
b) Nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego, aplica-se o prazo prescricional previsto em lei
específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público.
c) 05 anos contados da data da prestação de contas, no caso de entidades privadas beneficiárias de
recursos públicos ou de cujo patrimônio ou receita anual o Poder Público contribua com menos de 50
porcento.
d) As ações civis de ressarcimento ao erário, decorrentes de atos de improbidade, são imprescritíveis.
DIREITO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR MILITAR – CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO
Ao final desta aula você deverá;
Conceituar o ato administrativo disciplinar militar;
Compreender os requisitos dos atos disciplinares militares.
Conceito – É um sub-ramo especializado do direito administrativo comum, afeto às atividades de
administração praticadas no âmbito das Forças Armadas e das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros
Militares. Não se trata, portanto, de ramo do direito público dotado de autonomia científica, mas, sim,
de uma especialização técnico-funcional do direto administrativo.
Ato Administrativo Disciplinar Militar
O ato administrativo militar pode ser conceituado como toda manifestação volitiva unilateral da
Administração Pública Militar, regida por regime jurídico de direito público, capaz de gerar efeitos
jurídicos imediatos para si e para os administrados em geral.
Os atos administrativos militares podem ser divididos em típicos e atípicos.
Os atos administrativos militares atípicos são aqueles comuns à atividade administrativa em geral, cujo
objeto não envolve questões intrínsecas à atividade e carreira militar. Como exemplos; nomeação,
demissão, punição de servidor público civil pertencentes aos quadros das Forças Armadas e Auxiliares;
aplicação em processos licitatórios, de penalidades de advertência ou multa, na forma prevista na Lei
número 8.666 de 1993 e autorização de fabricação, exportação, importação e comércio de armas de
fogo e demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de
colecionadores, atiradores e caçadores, nos termos do artigo 24 da Lei número 10.826 de 2003, etc.
Você sabia que os atos administrativos militares típicos em tempo de paz são aqueles que têm por
objeto e conteúdo questões intrínsecas à atividade e carreira militar?
Em regra, são destinados aos membros das Forças Armadas e Auxiliares.
Como exemplos; punição disciplinar de agente militar, incorporação, desincorporação, desligamento,
licenciamento, demissão, exclusão do serviço ativo, reforma, promoção, transferência, convocação,
nomeação e exoneração de cargos militares, comissionamento, portarias, instruções de comando,
normas padrão de ação, diretriz de comando, etc.
Em tempo de guerra, os atos administrativos militares típicos que resultem em atos de guerra, como a
destruição de pontes, de indústrias, aeroportos, aeronaves, navios, ainda que civis, serão considerados
atos de império.
Requisitos dos Atos Disciplinares Militares – São requisitos dos atos administrativos em geral, inclusive
dos atos administrativos militares típicos; a competência, finalidade, forma, motivo e objeto.
a) Competência – A competência decorre da lei, sendo por ela delimitada. É, portanto, elemento
vinculado do ato administrativo. Por esta razão, quando praticado por agente incompetente ou, ainda
que competente, tenha extrapolado os limites de suas atribuições legais, o ato será ilegal, inválido, nulo,
em decorrência de vício quanto à competência.
b) Finalidade – É o fim, o objetivo do ato administrativo praticado, que será a satisfação do interesse
público. A finalidade está sempre definida de forma explícita ou implícita pela lei. Desta forma, não cabe
ao administrador escolher outra, ou substituir a indicada na norma administrativa, ainda que ambas
tenham como objetivo os fins públicos. Neste caso, nada resta para escolha do administrador, que fica
vinculado integralmente à vontade legislativa. Trata-se de elemento vinculado do ato administrativo.
c) Forma – É o formato com que o ato administrativo é exteriorizado. Em regra, a forma é definida
previamente em lei, razão pela qual se diz que o ato administrativo é formal. Nestes casos, a forma será
elemento vinculado do ato. A forma escrita é a mais comum. Porém, excepcionalmente, podem ser
externados por meio de gestos, toques de corneta, silvos de apito, ordens e comandos verbais, via rádio,
sinais visuais, etc. A inobservância da forma legal vicia o ato administrativo, acarretando sua nulidade.
d) Motivo – É a circunstância de fato e de direito que determina ou permite a execução do ato
administrativo. O motivo poderá estar ou não definido de forma explícita em lei. Na primeira hipótese,
será elemento vinculado, ou seja, o ato só poderá ser realizado se estiver presente a situação prevista na
lei; na segunda não estará prevista na lei, cabendo ao administrador, discricionariamente, diante do caso
concreto, praticar ou não o ato administrativo. O motivo e motivação não se confundem, o motivo ser
refere à situação fática ou de direito capaz de ensejar a prática do ato administrativo. A motivação,
consiste na exposição, narração, explicitação, descrição do motivo, devendo ser explícita.
e) Objeto – É o conteúdo do ato administrativo, o efeito jurídico por ele pretendido.
Processo Administrativo Disciplinar Militar (PAD) – O processo administrativo disciplinar é o instrumento
formal através do qual a Administração apura a existência de infrações praticadas por seus servidores e
aplica as sanções adequadas.
Quando uma infração é praticada no âmbito da Administração, é absolutamente necessário apurá-la,
como garantia para o servidor e também da Administração. O procedimento tem que ser formal para
permitir ao autor do fato o exercício do direito de ampla defesa, procurando eximir-se da acusação a ele
oferecida.
O fundamento do processo em foco está abrigado no sistema disciplinar que vigora na relação entre o
Estado e seus servidores. Cabe à Administração zelar pela correção e legitimidade da atuação de seus
agentes, de modo que quando se noticia conduta incorreta ou ilegítima tem a Administração o poder
jurídico de restaurar a legalidade e de punir os infratores. A necessidade de formalizar a apuração
através de processo administrativo é exatamente para que a Administração conclua a apuração dentro
dos padrões da maior veracidade.
Princípios Aplicáveis ao Direito Disciplinar Militar Você sabia que os princípios são mandamentos
nucleares de um sistema, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo lhe
o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão?
Sendo certo que violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma. A desatenção ao
princípio implica ofensa não a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de
comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do
princípio violado, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores
fundamentais.
A Administração Militar, parte integrante da Administração Pública Direta, está sujeita aos mesmos
princípios que informam o direito administrativo comum.
a) Legalidade – A administração militar não pode conceder direitos ou impor obrigações ou vedações,
via ao administrativo, sem prévio suporte legal. Se assim o fizer, o ato administrativo poderá ser
invalidado. Logo, o agente público militar, no exercício de sua atividade funcional, não poderá se afastar,
desviar ou extrapolar os limites da lei, sob pena de nulidade do ato praticado e violação de preceito da
ética militar. Tal conduta poderá, inclusive, configurar a prática de crime militar ou de transgressão
disciplinar, como, também, de ato de improbidade administrativa.
b) Impessoalidade – O administrador público deve praticar seus atos, colimando sempre o interesse
público, sem beneficiar, por meio de favoritismo, ou prejudicar, por meio de perseguições, esta ou
aquela pessoa.
c) Moralidade – A administração além de seguir os ditames legais, também deverá observar à moral, os
bons costumes, as regras de boa administração, os princípios de justiça, equidade e honestidade. O
militar que venha a praticar ato contrário a este princípio estará violando obrigações e deveres militares,
razão pela qual sua conduta poderá constituir crime militar ou transgressão da disciplina, bem como a
invalidação do ato praticado.
d) Publicidade – Os atos praticados pela Administração devem ser divulgados de forma ampla e
irrestrita, ressalvadas, apenas, as hipóteses em que o sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade
e do Estado. O princípio da publicidade viabiliza o controle do ato praticado pela Administração,
permitindo-se aferir sua legalidade, legitimidade, moralidade ou quaisquer outras ofensas a ordem
jurídica. Com a regular publicação, o ato administrativo, em regra, começa a produzir efeitos, não
podendo o administrado alegar desconhecimento do mesmo.
e) Eficiência – Para a Administração Pública, o princípio da eficiência está relacionado à ideia, dentre
outras, de presteza, rapidez, perfeição, racionalização da estrutura organizacional da máquina
administrativa, maximização do emprego de meios materiais e humanos, qualificação e
aperfeiçoamento profissional dos servidores, a fim de se satisfazer, de forma eficaz, os interesses da
coletividade.
f) Supremacia do interesse público – Em nome do bem de toda a coletividade, o interesse público
sobrepõe-se ao privado. Por isso, o legislador, quando da elaboração das leis, deve conferir à
Administração, em nome desta supremacia, poderes para desapropriar, promover intervenções, punir,
fiscalizar, etc., observados os direitos e garantias fundamentais, a fim de legitimar a atuação da
autoridade administrativa que, em função do princípio da legalidade, necessariamente, se vincula à
vontade da lei. Com base nesse princípio, a Administração Pública Militar poderá promover requisições
militares em caso de iminente perigo e em tempo de guerra; efetuar servidões militares e
desapropriações; convocar o cidadão brasileiro para o serviço militar obrigatório, etc.
g) Presunção de legitimidade e veracidade – Diante do dever de obediência ao princípio da legalidade,
presume-se que todos os atos praticados pela Administração Pública estão em conformidade com as
normas legais e que são verdadeiros. Por consequência, os atos administrativos criam, de imediato,
obrigações para o administrado independente de sua anuência, podendo ser executados, desde logo,
pela própria Administração, na forma prevista em lei.
h) Autotutela – Por esse princípio, a Administração Pública tem o dever de controlar seus próprios atos,
anulando os ilegais, independentemente de prévia chancela do Poder Judiciário, e revogando os
inconvenientes e inoportunos.
i) Continuidade do serviço público – Este princípio visa assegurar a regularidade na prestação dos
serviços públicos essenciais e necessários à coletividade.
j) Motivação – Pelo princípio da motivação, a Administração deve expor os fundamentos de fato e de
direito da decisão administrativa. A motivação atende ao aspecto formal, porque está expressa no texto
constitucional básico, e a substancial, pois sem motivação não há possibilidade de aferição da legalidade
ou ilegalidade, da justiça ou da injustiça de uma decisão administrativa.
k) Razoabilidade e proporcionalidade – A razoabilidade pressupõe uma correlação lógica e racional entre
o fato (motivo) e a correspondente ação da Administração Pública, que deve ser pautada no senso
comum, na eficiência, moralidade, economicidade, justiça, prudência. Exige-se da Administração uma
adequação entre os meios por ela utilizados e os fins a serem alcançados, evitando-se os excessos que
caracterizam a desproporcionalidade da medida.
l) Segurança jurídica – É condição indispensável para a própria existência do Estado de Direito. Sem ela,
situações que se encontravam consolidadas sob a égide de uma determinada interpretação normativa
poderia ser desconstituída em função de mudanças de entendimento, acarretando graves crises de
insegurança. Por isso, é proibida a aplicação retroativa de uma nova interpretação.
m) Boa-fé – A relação entre a Administração Pública e o administrado deve ser pautada, inteiramente,
na confiança. Para tanto, ambos devem agir com boa-fé, ou seja, com honestidade, lealdade,
moralidade. Comprovada a má-fé do administrado, a administração deve, a qualquer tempo, anular o
ato administrativo do qual decorram efeitos favoráveis para ele.
n) Hierarquia – A hierarquia administrativa, instituto do qual deriva o princípio da hierarquia, é um
critério de estruturação organizacional verticalizado, de forma piramidal, no qual os diversos órgãos que
compõem a Administração são dispostos, na forma da lei, em vários níveis hierárquicos distintos. A
estrutura hierarquizada viabiliza o exercício desconcentrado das diversas funções administrativas,
assegurando aos superiores o poder de rever atos dos subordinados, de delegar e avocar atribuições, de
coordenar, de dar ordens, de punir, de decidir conflitos de competência entre subordinados e impondo
aos subordinados o dever de obediência. Na Administração Militar, este princípio deve possuir
contornos extremamente rígidos, sob pena de se instaurar a subversão nas instituições militares. Por
isso, o respeito à hierarquia deve ser mantido em todas as circunstâncias da vida entre militares da
ativa, da reserva remunerada e reformados, independentemente de estarem ou não nas dependências
dos quartéis ou no exercício de atividades militares. Ainda em razão da hierarquia, o acesso às
autoridades superiores deve seguir rigorosamente a cadeia de comando, sob pena de transgressão
disciplinar.
CONCLUSÃO
Podemos concluir que o Direito Administrativo surgiu como um instrumento concreto do Estado
Moderno na busca e realização dos interesses coletivos, onde seus agentes, gestores públicos,
encontrarão as diretrizes e princípios que nortearão suas condutas, pois, neste modelo, a referência é o
P. da Legalidade; “o agente só pode realizar o que a lei autoriza”.
Para os gestores públicos a importância do Direito Administrativo está ligada ao conhecimento técnico
com a finalidade de desenvolver habilidades e atitudes que permitam a melhor execução de suas
funções, bem como a percepção de suas responsabilidades dentro do modelo estabelecido e,
principalmente, a quem deve ser dirigido e em benefício de quem às atividades do Estado deverão
alcançar. Por fim, a disciplina Noções de Direito Administrativo nos leva a perceber em linhas gerais, o
papel da administração pública, suas prerrogativas, atividades e as suas possíveis responsabilidades.
DIREITO CONSTITUCIONAL

INTRODUÇÃO
Sabemos que a Constituição Federal brasileira, em seu artigo primeiro (art. primeiro), determinou o
aspecto político constitucional do Brasil como o de um Estado Democrático de Direito. Trata-se do mais
importante mecanismo da Carta de mil novecentos e oitenta e oito (1988), pois dele decorrem todos os
princípios e preceitos fundamentais do Estado brasileiro.
Estado Democrático de Direito é muito mais do que meramente Estado de Direito, pois assegura a
igualdade entre os homens, e tem como características a submissão de todos ao império da lei, a divisão
formal do exercício das funções derivadas do poder, entre os órgãos executivos, legislativos e judiciários,
como forma de evitar a concentração de forças e combater o arbítrio, o estabelecimento formal de
garantias individuais, o povo como origem formal de todo e qualquer poder e ainda a igualdade de todos
perante a lei.
Sargento policial militar aluno do Curso de Aperfeiçoamento na matéria de Direito Constitucional, você
relembrará alguns tópicos do que fora estudado nos cursos de formação de soldado, cabo e sargento.
Agora, que tal ampliar seus conhecimentos nesta importantíssima e primordial matéria?
Objetiva-se que o graduado saiba aprimorar seus conhecimentos jurídicos constitucionais para continuar
a resguardar e legitimar suas ações dentro da legalidade bem como prepare o graduado para que este
dê suporte e esclarecimento aos seus subordinados quando estiverem na atividade policial e surgirem
dúvidas quanto ao comportamento mais apropriado embasado na lei maior do País e ainda ajudar ao
comando na orientação a tropa na diminuição de erros por desconhecimento ou descuido do que
determina a Carta magna.
Compreendendo a matéria de direito constitucional através do histórico, conceitos, estrutura, direitos e
garantias Pétreas, organização do estado, segurança pública e as competências das Polícias federais e
estaduais, principalmente a Polícia Militar somados a jurisprudência e a doutrina majoritária recente,
realizando uma abordagem sistemática com gráficos ajudará sobremaneira ao futuro Sargento
aperfeiçoado ter uma visão ampla, afim de evitar equivocadas interpretações dos artigos da Constituição
Federal e sua inadequada aplicação ao caso concreto e ainda evitar a uma prática não protegida pela lei.
Insta aduzir derradeiramente que não é nossa atribuição questionar a legislação Constitucional mesmo
que a referida lei em nossa opinião não possua sentido ou não responda aos reclamos da sociedade.
A Constituição Federal determina as competências das diversas Instituições cabendo a polícia militar
consciente de sua missão constitucional exercitá-la cumprindo rigorosamente o que se determina em
lei.
DIREITO CONSTITUCIONAL
Você sabia que o estudo do Direito Constitucional e do Direito, como um todo necessariamente começa
com a seguinte pergunta; o que se entende por Constituição? Necessário, portanto, uma breve
contextualização histórica.
Conceito liberal de constituição
Com a vitória do constitucionalismo surge, no século XIX, a ideia de Constituição ideal, com CARL
SCHMITT. Seu conceito está atrelado à ideologia político-liberal, considerando-se essencial; a garantia
das liberdades, com a participação política; a divisão dos poderes; a Constituição como documento
escrito.
Assim, essa ideia de Constituição foi albergada pela Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de
mil e setecentos e setenta e nove (1789), em seu artigo dezesseis (art.16), nos seguintes termos; “Toda
sociedade na qual não está assegurada a garantia dos direitos nem determinada a separação dos
poderes, não tem Constituição”.
Conceito orgânico de constituição
Sargento, durante sua carreira, você já deve ter ouvido falar no vocábulo “constituição”? Sabe o que
significa? Vamos aprender?
O vocábulo “constituição” designa, genericamente, a especial forma de ser de um corpo, de um objeto,
de um ser vivo. É sua organização, sua formação, enfim, sua “constituição”.
A Constituição é o produto pelo qual podemos reconhecer que houve a manifestação do denominado
poder constituinte genuíno. Com a eclosão do poder constituinte, o resultado de sua atividade haverá
de ser a produção de um novo texto fundamental.
O termo, contudo, apresenta diversos significados. No sentido comum, constituição é o que forma
determinado corpo (ideia de estrutura), como já sublinhado. Nesse sentido é que alguns autores,
transplantando o conceito comum para a seara normativa, definem juridicamente a Constituição como a
particular maneira de ser de um Estado.
Para empreender estudos próprios da Ciência do Direito Constitucional, deve-se partir de seu objeto,
que é a Constituição. Decorre disso o interesse em aprofundar, aqui, o conceito do termo. Para tanto, a
Constituição deve ser visualizada, basicamente, de três prismas; o formal, o material e o substancial.
Conceito jurídico de constituição
Lei fundamental e suprema de um Estado, criada pela vontade soberana do povo. É ela que determina a
organização político-jurídica do Estado, dispondo sobre a sua forma, os órgãos que o integram e as
competências destes e, finalmente, a aquisição e o exercício do poder. Cabe também a ela estabelecer
as limitações ao poder do Estado e enumerar os direitos e garantias fundamentais, sendo a matéria do
ramo do Direito Público de onde decorrem todas as demais normas do ordenamento jurídico.
Estrutura das constituições
Você sabia que as Constituições, de forma geral, dividem-se em três partes; preâmbulo, parte dogmática
e disposições transitórias?
O preâmbulo é a parte que antecede o texto constitucional propriamente dito. Tem como função definir
as intenções do legislador constituinte, proclamando os princípios da nova constituição e rompendo com
a ordem jurídica anterior.
Além disso, serve de elemento de integração dos artigos que lhe seguem, bem como orienta a sua
interpretação. Também sintetiza a ideologia do poder constituinte originário, expondo os valores por ele
adotados e os objetivos por ele perseguidos.
Na Constituição Federal Brasileira de 1988, vigente no País, do ponto de vista estrutural, contém um
preâmbulo, o corpo (artigos primeiros ao artigo 250) e um Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias (ADCT) (artigos primeiros ao artigo 97).
E no preâmbulo os seguintes dizeres;
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade”
A parte dogmática da Constituição é o texto constitucional propriamente dito, que prevê os direitos e
deveres criados pelo poder constituinte. Trata-se do corpo permanente da Carta Magna, que, na
Constituição Federal de oitenta e oito, vai dos artigos primeiros ao artigo duzentos e cinquenta (artigos
primeiro a 250). Destaca-se que falamos em “corpo permanente” porque, a princípio, essas normas não
têm caráter transitório, embora possam ser modificadas pelo poder constituinte derivado, mediante
emenda constitucional. Por fim, a parte transitória da Constituição visa integrar a ordem jurídica antiga à
nova, quando do advento de uma nova Constituição, garantindo a segurança jurídica e evitando o
colapso entre um ordenamento jurídico e outro. Suas normas são formalmente constitucionais, embora,
no texto da Constituição Federal de oitenta e oito, apresente numeração própria (vejam ADCT Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias).
Assim como a parte dogmática, a parte transitória pode ser modificada por reforma constitucional.
Além disso, também pode servir como paradigma para o controle de constitucionalidade das leis.
No direito Constitucional estuda-se as diversas Constituições existentes no mundo e suas peculiaridades,
sendo certo que a doutrina propõe diversos critérios para classificá-las, porém não é objetivo deste
trabalho pois visamos relembrar as características e classificações da Constituição Federal Brasileira de
1988 que está vigente e deverá sempre nortear o nosso comportamento profissional.
A chamada Carta cidadã foi aprovada em dois turnos de votação, por maioria absoluta dos membros da
Assembleia Nacional Constituinte, que ocorreu em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da atual
Constituição da República Federativa do Brasil.
No que se refere a classificação da Constituição de 1988 podemos aduzir que é escrita, do tipo
codificada, elaborada em processo democrático, dogmática eclética, rígida, formal, analítica, normativa,
dirigente, social princípio lógica e expansiva.
Vejamos logo abaixo as principais características das Constituições existentes e a definição sintetizada de
cada uma, observe o significado das características da Constituição Brasileira.
Classificação das constituições
Quanto à origem
OUTORGADAS - Impostas, surgem sem participação popular. Resultam de ato unilateral de vontade da
classe ou pessoa dominante no sentido de limitar seu próprio poder.
DEMOCRÁTICAS - Nascem com participação popular, por processo democrático.
CESARISTAS - Outorgadas, mas necessitam de referendo popular.
DUALISTAS - Resultam de um compromisso entre a monarquia e a burguesia, dando origem às
monarquias constitucionais.
Quanto à forma
Escritas - Sistemizadas em documentos, podendo ser quanto ao modo de elaboração ou quanto à
estabilidade.
IMUTÁVEIS - Não podem ser modificadas.
RÍGIDAS - Modificadas por procedimento mais dificultoso que aquele de alteração das leis. Sempre
escritas.
SEMIRRÍGIDAS - Processo legislativo de alteração mais dificultoso que o ordinário para algumas de suas
normas.
Dogmáticas - Elaboradas em um determinado momento, segundo os dogmas em voga. Podendo ser
quanto ao conteúdo.
MATERIAIS - Conjunto de normas que regulam os aspectos essenciais da vida estatal, ainda que fora do
texto constitucional escrito.
Históricas - Valores históricos consolidados pela sociedade.
FORMAIS - Conjunto de normas que estão inseridas no texto de uma Constituição rígida,
independentemente de seu conteúdo.
Quanto à extensão
ANALÍTICAS - Conteúdo extenso. Contêm normas apenas formalmente constitucionais. SINTÉTICAS;
Restringem-se aos elementos materialmente constitucionais.
Quanto à correspondência com a realidade
NORMATIVAS - Limitam, de fato, o poder, por corresponderem.
NOMINATIVAS - Não conseguem regular o processo político, embora esse seja seu objetivo, por não
corresponderem à
SEMÂNTICAS - Não têm por objeto regular a política estatal, mas apenas formalizar a situação.
Quanto à finalidade
CONSTITUIÇÕES GARANTIA - Objetivam proteger as liberdades públicas contra a
CONSTITUIÇÕES DIRIGENTES - Traçam diretrizes para a ação estatal, prevendo.
CONSTITUIÇÕES BALANÇO - Descrevem e registram o estágio da sociedade em um dado momento.
LIBERAIS - Buscam limitar o poder estatal.
SOCIAIS - Têm como objetivo realizar a igualdade material e a efetivação dos direitos sociais.
Quanto ao conteúdo ideológico
HETEROCONSTITUIÇÕES - Elaboradas fora do Estado em que produzem seus efeitos.
Quanto ao local da decretação
AUTOCONSTITUIÇÕES -Elaboradas dentro do Estado
Quanto ao sistema
PRINCIPIOLÓGICAS - nelas, predominam os princípios.
PRECEITUAIS - Nelas, prevalecem as regras.
Breve histórico das constituições brasileiras
Vamos aprender um pouco mais sobre a história das Constituições Brasileiras?
Serão apontadas as principais características das Constituições brasileiras, desde o período do Império
até a atual Constituição de 1988. Releva notar que o surgimento das diversas Leis Fundamentais esteve
sempre associado a rupturas de alterações sociais e políticas.
CONSTITUIÇÃO IMPERIAL DE 1824
A Constituição Imperial foi promulgada por D. Pedro I, dois anos após a independência do País, em 07 de
setembro de 1822, a Constituição Política do Império do Brasil foi promulgada em 25 de março de 1824.
O território foi dividido em províncias. Desse modo, quanto à forma de Estado, era unitário, e não
federal. Quanto à forma de governo, era uma monarquia hereditária. No tocante à divisão dos Poderes,
além dos clássicos Legislativo, Executivo e Judiciário, havia o Poder Moderador, este exercido
privativamente pelo Imperador (doutrina de Benjamin Constant).
Quanto à mutabilidade, era semirrígida. A eleição era indireta e censitária, ou seja, definida com base na
renda, sendo vedada às mulheres e aos analfabetos.
CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA DE 1891
A República foi proclamada em 15 de novembro de 1889. A Constituição da República dos Estados
Unidos do Brasil foi promulgada em 24 de fevereiro de 1891. Adotou como forma de Estado a
federação; como forma de governo, a república; e como sistema, o presidencialismo. Foi inspirada na
Constituição dos Estados Unidos da América. Previa a existência dos três Poderes; Executivo, Legislativo
e Judiciário (doutrina de Montesquieu).
CONSTITUIÇÃO DE 1934
Com a Revolução de 1930, ascendeu ao Poder Getúlio Vargas. Em grande parte, por força da Revolução
Constitucionalista, que exigia do governo uma Constituição, foi promulgada em 16 de julho de 1934 a
segunda grande Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. Manteve-se a federação, a
república presidencialista e os três poderes.
Como inovação, instituiu-se o voto secreto, obrigatório para os maiores de 18anos estendendo-o
também às mulheres. Foi à primeira Constituição a trazer um capítulo sobre a ordem econômica e social,
inspirando-se na Constituição de Weimar, criando a Justiça do Trabalho. Continha, ainda, normas sobre
a família, educação e cultura.
CONSTITUIÇÃO DE 1937
Conforme narra à história, em 1937 ocorreu o golpe de Getúlio Vargas para manter-se no poder. Era o
início do Estado Novo, ditadura que perdurou até 1945. Em 10 de novembro de 1937 foi outorgada a
Constituição dos Estados Unidos do Brasil. Nesta nova Constituição foi fortalecido o Poder Executivo.
Os direitos individuais eram sempre condicionados ao bem público. De observar que, embora os direitos
e as garantias estivessem previstos, alguns desses poderiam ser suprimidos em caso de estado de
emergência e curiosamente na parte final da Constituição havia um dispositivo que instituía o estado de
emergência no País.
Em razão de ter sido inspirada nos regimes nazifascistas, esta foi apelidada de Constituição polaca, em
alusão à Constituição polonesa fascista de 1935, outorgada pelo Marechal Josef Pilsudski.
CONSTITUIÇÃO DE 1946
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados ditatoriais nazistas foram derrotados. A isso se seguiu
um movimento inicial de democratização, o que foi acompanhado pelo Brasil. Getúlio Vargas convocou
eleições diretas para a presidência e para o Poder Legislativo.
Foi eleito, com o apoio de Vargas, o General Eurico Gaspar Dutra. Foi então, promulgada, em 18 de
setembro de 1946 a quarta Constituição brasileira, a Constituição da República dos Estados Unidos do
Brasil, inspirada nas anteriores de (1891 e 1934).
CONSTITUIÇÃO DE 1967 e a EMENDA CONSTITUCIONAL número 1 DE 1969
No contexto internacional da Guerra Fria, em 1964 houve uma tomada de poder liderada pelos militares
do Brasil destituindo o Governo do Presidente eleito João Goulart, era o início de um regime militar que
perdurou até 1985. Outorgada em 24 de janeiro de 1967, a Constituição do Brasil apoiava-se na busca
pela Segurança Nacional. Alguns constitucionalistas entendem que o regime militar imposto era legítimo
e sustentam que a Constituição de 1967 foi promulgada, mas não é o entendimento predominante.
Amplos poderes foram concedidos à União e ao Poder Executivo.
Durante o regime militar, foram expedidos diversos Atos Institucionais, dos quais o de número 5
representou praticamente a supressão das garantias individuais. Em 17 de outubro de 1969 foi
outorgada a Emenda Constitucional número 1, considerada por muitos a doutrina do res como uma
nova Constituição do Brasil, tanto que, com essa Emenda Constitucional, a Constituição do Brasil passou
a ser denominada como hoje a conhecemos, ou seja, Constituição da República Federativa do Brasil.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
Importa destacar que a luta pela redemocratização se iniciou com a tomada do poder pelos militares em
1964. Porém, o regime militar perdurou por mais de vinte anos. Em 1984 houve intensa luta,
destacando-se o movimento pelas “diretas já”, o qual pretendia que as eleições para Presidente de 1985
fossem diretas, o que não ocorreu. Venceu as eleições o candidato que apoiava a democracia, falamos
de Tancredo Neves.
Eleito de forma indireta, pelo Colégio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985, não chegou a tomar posse,
pois faleceu. Assumiu o Vice-Presidente José Sarney, que, embora tenha sido aliado dos militares, deu
continuidade ao processo de redemocratização. Os membros do Congresso Nacional foram convocados
para formar a Assembleia Nacional Constituinte. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal reuniram-
se na sede do Congresso Nacional.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabeleceu como forma de governo a
república e como sistema, o presidencialismo, sendo o governante eleito a partir daquela data para
exercer as suas atividades de chefe do executivo federal eleito através do voto do cidadão onde
exerceria o mandato por um período determinado de 05 anos sem a possibilidade de reeleição porém
com as mudanças realizadas pela Emenda Constitucional de Revisão número 5, de 1994 e Emenda
Constitucional número16, de1997 fora vetado o período de cinco anos passando a ser de 04 com
possibilidade de uma consecutiva reeleição, sendo este Presidente eleito responsável por todos os seus
atos Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar número 101, de 04/05/2000), podendo ainda, ser
submetido a processo de impeachment, se praticar um crime de responsabilidade (Lei do Impeachment
número. 1.079 de 10 de abril de 1950), na forma do artigo 86 da CRFB/88. No Brasil temos dois
exemplos de impeachment de Presidentes da República; o primeiro ocorrido em 02 de outubro de 1992
– do Presidente Fernando Collor de Mello e, por derradeiro, o impeachment de Dilma Rousseff, no
dia31/08/2016.
Mediante um plebiscito, ocorrido no dia 21 de abril de 1993, em atendimento a determinação artigo
segundo do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição Federal de1988 para
escolher a forma de governo (república ou monarquia) a maioria do povo brasileiro decidiu pela
continuidade da República presidencialista que está em vigor até a presente data.
A República Federativa do Brasil é um Estado Federal Soberano, ou seja, possui independência em
relação aos Estados estrangeiros, não se submete a outra forma de poder que não seja o que é inerente
ao nosso próprio ordenamento jurídico (União - Soberania). Sendo assim, o Estado brasileiro é formado
pela União, 01 (um) Distrito Federal, 26 (vinte e seis) Estados membros e 5.570 (cinco mil quinhentos e
setenta) Municípios, (CF, art. primeiro e art. 18). Todos eles são pessoas jurídicas de direito público,
autônomos entre si (Estados e Municípios - Autonomia).
Os Estados estão submetidos ao princípio da indissolubilidade do vínculo federativo. A República
Federativa do Brasil indica que o país é baseado em uma federação, isto é, composto por vários estados
membros. Não é possível aceitar propostas que possa transformar um dos estados membros em um
Estado (país) independente do Brasil, pois não existe em nosso ordenamento jurídico o fenômeno da
secessão.
O vínculo entre as entidades componentes da Federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios)
é indissolúvel, ou seja, nenhuma delas pode abandonar o restante para fundar um novo país, não é
admitido o fenômeno da secessão.
Por fim, quanto ao regime, está expresso no artigo primeiro da Lei Maior o Estado Democrático de
Direito, ou seja, um Estado no qual todo o poder se exerce do povo e para o povo, ou seja, no qual a
própria lei deverá sempre ser fruto da vontade popular, assegurando- se, igualmente, os direitos
fundamentais para preservar a dignidade da pessoa humana.
A pirâmide de Kelsen – hierarquia das normas
Sargento, você já ouviu falar em pirâmide de Kelsen? O que seria? Vamos aprender?
No Brasil, vigora o princípio da Supremacia da Constituição, segundo o qual as normas constitucionais,
obra do poder constituinte originário, estão num patamar de superioridade em relação às demais leis,
servindo de fundamento de validade para estas. Assim, as normas podem ser separadas;
Topo da pirâmide vem Caráter; Constituição Federal, Emenda Constitucional e tratados Internacionais
sobre Direitos humanos aprovados com as regras exigidas para Emenda Constitucional (artigo quinto,
parágrafo segundo, Constituição Federal).
Logo após vem Caráter; tratados internacionais sobre Direitos humanos aprovados em rito ordinário.
Logo após vem infraconstitucionais; Leis complementares, Leis Ordinárias, Leis Delegadas, Resoluções,
Decretos Legislativos, Decretos autônomos e Tratados Internacionais em geral.
Logo após vem infra legais; Decretos regulamentares, portarias e instruções normativas.
Para compreender bem o Direito Constitucional, é fundamental que estudemos a hierarquia das
normas, através do que a doutrina denomina “pirâmide de Kelsen”. Essa pirâmide foi concebida pelo
jurista austríaco Hans Kelsen para fundamentar a sua teoria, baseada na ideia de que as normas jurídicas
inferiores (normas fundadas) retiram seu fundamento de validade das normas jurídicas superiores
(normas fundantes).
Iremos, a seguir, nos utilizar da “pirâmide de Kelsen” para explicar o escalonamento normativo no
ordenamento jurídico brasileiro. A pirâmide de Kelsen tem a Constituição como seu vértice (topo), por
ser estar fundamentado de validade de todas as demais normas do sistema. Assim, nenhuma norma do
ordenamento jurídico pode se opor à Constituição; ela é superior a todas as demais normas jurídicas, as
quais são, por isso mesmo, denominada infraconstitucional. Na Constituição, há normas constitucionais
originárias e normas constitucionais derivadas. As normas constitucionais originárias são produto do
Poder Constituinte Originário (o poder que elabora uma nova Constituição); elas integram o texto
constitucional desde que ele foi promulgado, em 1988.
As normas constitucionais derivadas são aquelas que resultam da manifestação do Poder Constituinte
Derivado (o poder que altera a Constituição); são as chamadas emendas constitucionais, que também se
situam no topo da pirâmide de Kelsen. Não existe hierarquia entre normas constitucionais originárias.
Assim, não importa qual é o conteúdo da norma. Todas as normas constitucionais originárias têm o
mesmo status hierárquico.
Não existe hierarquia entre normas constitucionais originárias e normas constitucionais derivadas. Todas
elas se situam no mesmo patamar, porém entre normas constitucionais originárias e derivadas, há um
importante diferença entre elas; as normas constitucionais originárias não podem ser declaradas
inconstitucionais. Em outras palavras, as normas constitucionais originárias não podem ser objeto de
controle de constitucionalidade. Já as emendas constitucionais (normas constitucionais derivadas) são
passíveis de controle de constitucionalidade.
Com a promulgação da Emenda Constitucional número 45 de 2004, abriu-se uma nova e importante
possibilidade no ordenamento jurídico brasileiro. Os tratados e convenções internacionais de direitos
humanos aprovados em cada Casa do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal),
em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, passaram a ser equivalentes às
emendas constitucionais Artigo quinto, parágrafo terceiro da CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988.
Situam-se, portanto, no topo da pirâmide de Kelsen, tendo “status” de emenda constitucional. Diz-se
que os tratados de direitos humanos, ao serem aprovados por esse rito especial, ingressam no chamado
“bloco de constitucionalidade”. Em virtude da matéria de que tratam (direitos humanos), esses tratados
estão gravados por cláusula pétrea e, portanto, imunes de modificação ou extinção pelo Estado
brasileiro. O primeiro tratado de direitos humanos a receber o status de emenda constitucional foi a
“Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo”.
Os demais tratados internacionais sobre direitos humanos, aprovados pelo rito ordinário, têm, segundo
o STF, “status” supra legal. Isso significa que se situam logo abaixo da Constituição e acima das demais
normas do ordenamento jurídico.
As normas imediatamente abaixo da Constituição (infraconstitucionais) e dos tratados internacionais
sobre direitos humanos são as leis (complementares, ordinárias e delegadas), as medidas provisórias, os
decretos legislativos, as resoluções legislativas, os tratados internacionais em geral incorporados ao
ordenamento jurídico e os decretos autônomos.
Ao contrário do que muitos podem ser levados a acreditar, as leis federais, estaduais, distritais e
municipais possuem o mesmo grau hierárquico. Assim, um eventual conflito entre leis federais e
estaduais ou entre leis estaduais e municipais não será resolvido por um critério hierárquico à solução
dependerá da repartição constitucional de competências. Deve-se perguntar o seguinte; de qual ente
federativo (União, Estados ou Municípios) é a competência para tratar do tema objeto da lei? Nessa
ótica, é plenamente possível que, num caso concreto, uma lei municipal prevaleça diante de uma lei
federal.
Existe hierarquia entre a Constituição Federal, as Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas dos
Municípios? Sim, a Constituição Federal está num patamar superior ao das Constituições Estaduais que,
por sua vez, são hierarquicamente superiores às Leis Orgânicas.
As leis complementares, apesar de serem aprovadas por um procedimento mais dificultoso, têm o
mesmo nível hierárquico das leis ordinárias. O que as diferencia é o conteúdo; ambas têm campos de
atuação diversos, ou seja, a matéria (conteúdo) é diferente. Como exemplo, citamos o fato de que a
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 exige que normas gerais sobre direito tributário sejam estabelecidas
por lei complementar.
As leis ordinárias não podem tratar de tema reservado às leis complementares. Caso isso ocorra,
estaremos diante de um caso de inconstitucionalidade formal (nomo dinâmica). Os regimentos dos
tribunais do Poder Judiciário são considerados normas primárias, equiparados hierarquicamente às leis
ordinárias. Na mesma situação, encontram-se as resoluções do CNMP (Conselho Nacional do Ministério
público) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Os regimentos das Casas Legislativas (Senado e Câmara dos Deputados), por constituírem resoluções
legislativas, também são considerados normas primárias, equiparados hierarquicamente às leis
ordinárias.
Finalmente, abaixo das leis encontram-se as normas infra legais. Elas são normas secundárias, não tendo
poder de gerar direitos, nem, tampouco, de impor obrigações. Não podem contrariar as normas
primárias, sob pena de invalidade, é o caso dos decretos regulamentares, portarias, instruções
normativas, dentre outros decretos regulamentares.
Poder constituinte
A teoria do poder constituinte, que se aplica somente aos Estados com Constituição escrita e rígida,
distingue poder constituinte de poderes constituídos.
Você sabia que Poder Constituinte é aquele que cria a Constituição, enquanto os poderes constituídos
são aqueles estabelecidos por ela, ou seja, são aqueles que resultam de sua criação? E que o poder
constituinte pode ser de dois tipos; originário ou derivado?
Poder constituinte originário (poder constituinte de primeiro grau ou genuíno) é o poder de criar uma
Constituição. Apresenta 6 características; político, inicial, incondicionado, permanente, ilimitado
juridicamente e autônomo, cria o ordenamento jurídico de um Estado dando validade a uma nova
ordem constitucional, ou seja, nova ordem jurídica, rompendo com a anterior com efeito de criar um
novo Estado, não se sujeitando a qualquer forma ou procedimento predeterminado em sua
manifestação, não se submete a limites determinados pelo direito anterior. Pode mudar completamente
a estrutura do Estado ou os direitos dos cidadãos, por exemplo, sem ter sua validade contestada com
base no ordenamento jurídico anterior.
O Poder Constituinte Derivado (poder constituinte de segundo grau) é o poder de modificar a
Constituição Federal bem como de elaborar as Constituições Estaduais. É fruto do poder constituinte
originário, estando previsto na própria Constituição. Tem como características ser jurídico, derivado,
limitado (ou subordinado) e condicionado.
O Poder Constituinte Derivado subdivide-se em dois;
1 - Poder Constituinte Reformador e
2 - Poder Constituinte Decorrente.
O primeiro poder constituinte reformador consiste no poder de emendar a Constituição federal. Já o
segundo poder constituinte decorrente é aquele que a CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 confere aos
Estados membros de se auto organizarem, por meio da elaboração de suas próprias Constituições
estaduais. Ambos devem respeitar as limitações e condições impostas pela Constituição Federal.
O Poder constituinte difuso é o poder de fato que atua na etapa da mutação constitucional, meio
informal de alteração da Constituição. Cabe a ele, portanto, alterar o conteúdo, o alcance e o sentido
das normas constitucionais, mas de modo informal, sem qualquer modificação da literalidade do texto
da Constituição. É um poder de fato porque nascido do fato social, político econômico. É informal
porque se manifesta por meio das mutações constitucionais, modificando o sentido das Constituições,
mas sem nenhuma alteração do seu texto expresso este fenômeno ocorre nos em matéria
Constitucional federal quando Supremo Tribunal Federal (STF).
Mutação constitucional
Sargento, o que seria Mutação Constitucional? Vamos estudar?
Mutação constitucional é o fenômeno que modifica determinada norma da Constituição Federal sem
que haja qualquer alteração no seu texto. É considerada alteração informal porque não são cumpridos
os requisitos formais necessários à modificação do seu conteúdo textual.
Exemplo emblemático de mutação Constitucional sobre a mesma matéria em curto espaço de tempo é o
tema de cumprimento de pena depois da confirmação de condenação em segunda instância.
Desde a Constituição de 1988, o entendimento sobre a prisão em segunda instância já mudou algumas
vezes utilizando a mutação Constitucional para exercer o poder Constituinte difuso.
Em 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o réu só pudesse ser preso após o trânsito
em julgado, ou seja, depois do recurso a todas as instâncias. Antes do esgotamento de recursos, ele
poderia no máximo ter prisão preventiva decretada contra si.
Já em fevereiro de 2016, o Supremo decidiu que um réu condenado em segunda instância já poderia
começar a cumprir sua pena, ou seja, poderia parar na cadeia mesmo enquanto recorre aos tribunais
superiores. Naquele momento, a regra foi aplicada ao caso de um réu específico. No mesmo ano, o STF
reafirmou a decisão, que passou a ter validade para todos os casos no Brasil.
Em 2019, a constitucionalidade da condenação em segunda instância voltou ao Supremo Tribunal
Federal para novo julgamento o Supremo analisou três Ações Declaratórios de Constitucionalidade
capazes de discutir o alcance da norma constitucional de presunção de inocência por maioria de 6x5 que
cumprimento da pena deve começar após esgotamento de recursos, ou seja, a prisão condenatória
apenas depois do trânsito em julgado.
Cláusulas pétreas
Você sabia que cláusulas pétreas são limitações materiais ao poder de reforma da constituição de um
Estado?
Em outras palavras, são dispositivos que podem ser alteradas, mas não abolidas, que tende a abolir as
normas constitucionais relativas às matérias por elas definidas. A existência de cláusulas pétreas ou
limitações materiais implícitas é motivo de controvérsia na literatura jurídica.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo 60, parágrafo quarto, traz em
seu bojo as Cláusulas Pétreas. As matérias que estão sob o manto das Cláusulas Pétreas não podem ser
alteradas para restringir ou retirar direitos, no entanto, permite que todos os direitos sob o seu manto
sejam majorados. São objetos das Cláusulas Pétreas; a forma federativa de Estado; o voto direto,
secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes e os direitos e garantias individuais. São
denominadas "cláusulas pétreas" os dispositivos elencados no Parágrafo quarto do artigo 60 da Carta
Magna. Assim está disposto;
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta; (...) parágrafo quarto - Não será objeto
de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir - a forma federativa de Estado; - o voto direto,
secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais.
(BRASIL, 1988).
Forma Federativa de Estado
A denominação República Federativa do Brasil indica que o país é baseado em uma federação, isto é,
composto por vários estados membros. Não é possível aceitar propostas que possa transformar um dos
estados membros em um Estado (país) independente do Brasil.
Voto direto, secreto, universal e periódico.
Não é possível a modificar o sistema de voto direto, onde cada cidadão devidamente alistado tem
direito a voto. Deverá sempre ser secreto (o cidadão tem o direito de não revelar o seu voto, evitando
assim perseguições políticas ou qualquer outra intimidação). Deve também ser universal, ou seja, todos
os brasileiros, natos ou naturalizados têm a oportunidade de se alistar e votar, a menos que se encaixem
em certos casos previstos no artigo 14 da Carta Magna. Deve este voto ser ainda periódico, ou seja, o
cidadão deve ter a oportunidade de votar de tempos em tempos.
A separação dos Poderes
Não se admite discutir a retirada ou a introdução de outro poder, sendo esta organização tripartite do
Estado em Judiciário, legislativo e Executivo clausula pétrea. Estes poderes são independentes e
harmônicos entre sí, e não existe hierarquia entre eles, e sim competências específicas.
Os direitos e garantias individuais
Direitos individuais elencados no artigo quinto e seus incisos, possuindo maior relevo a vida, a liberdade,
a igualdade, a segurança, a propriedade, ente outros. Insta aduzir, apesar de serem direitos pétreos não
são absolutos, podendo ser reduzidos ou até retirados quando o interesse público for afetado, sendo
certo que deverá estar previsto em lei.
Princípios fundamentais
Policial, você saberia dizer quais são os princípios fundamentais da República Federativa do Brasil que
estão disciplinados nos artigos primeiros a quarto da Constituição?
Os princípios fundamentais estão disciplinados nos artigos primeiros a quarto da Constituição. Trata-se
de uma federação (forma de Estado), de uma república (forma de governo), que adota o regime político
democrático (traz ínsita a ideia de soberania assentada no povo); constitui um Estado de Democrático de
Direito (implica a noção de limitação do poder e de garantia de direitos fundamentais aos particulares).
Ademais, traz os fundamentos da República federativa do Brasil, que são; soberania; cidadania;
dignidade da pessoa humana; valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa e o pluralismo político.
A soberania é um atributo essencial ao Estado, garantindo que sua vontade não se subordine a qualquer
outro poder, seja no plano interno ou no plano internacional. A soberania é considerada um poder
supremo Fundamentos da RFB e independente, não estando limitado a nenhum outro poder na ordem
interna e no plano internacional, não se subordina à vontade de outros Estados. (Art. quarto, quinto,
Constituição Federal de 88).
A cidadania, é um direito fundamental das pessoas, representa um verdadeiro status do ser humano o
de ser cidadão e, com isso, ter assegurado o seu direito de participação na vida política do Estado. A
previsão da cidadania como fundamento do Estado brasileiro exige que o Poder Público incentive a
participação popular nas decisões políticas do Estado no direito de sufrágio, ou seja votar e ser votado.
A dignidade da pessoa humana é outro fundamento da República Federativa do Brasil e sendo a base de
todos os direitos fundamentais. Trata-se de princípio que coloca o ser humano como a preocupação
central para o Estado brasileiro; a proteção às pessoas deve ser vista como um fim em si mesmo.
Segundo o STF, a dignidade da pessoa humana é princípio supremo, “significativo vetor interpretativo,
verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira todo o ordenamento constitucional vigente em nosso
País e que traduz, de modo expressivo, um dos fundamentos em que se assenta, entre nós, a ordem
republicana e democrática consagrada pelo sistema de direito constitucional positivo. ”
O princípio da dignidade da pessoa humana possui elevada densidade normativa e pode ser usado, por
si só e independentemente de regulamentação, como fundamento de decisão judicial. Além de possuir
eficácia negativa (invalidando qualquer norma com ele conflitante), o princípio da dignidade da pessoa
humana vincula o Poder Público, impelindo-o a adotar políticas para sua total implementação.
O pluralismo político princípio que visa garantir a inclusão dos diferentes grupos sociais no processo
político nacional, outorgando aos cidadãos liberdade de convicção filosófica e política. Como seu
corolário, tem-se a liberdade de criação e funcionamento dos partidos políticos e por isso dezenas de
partidos políticos representam o seu eleitor.
Fundamentos Da República Federativa do Brasil
Soberania;
Cidadania;
Dignidade da Pessoa humana;
Valores Sociais do trabalho e;
Pluralismo.
No artigo segundo estão elencados os Poderes da União, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, todos
são independentes e harmônicos entre si, ou seja, estão impedidos de invadir a esfera de competência
dos demais, devendo atuar de forma integrada, inclusive controlando-se reciprocamente.
A Constituição estabelece diversas situações nas quais os poderes deverão atuar conjuntamente, como é
o caso da lei, uma vez que o projeto após ser aprovado pelo Legislativo será sancionado ou vetado no
Executivo; também a escolha dos Ministros do STF, que será feita com a nomeação pelo Presidente
(Executivo) após aprovada a escolha pelo Senado.
Federal (Legislativo).
Legislativo, Judiciário e Executivo.
Por fim, também integra esse sistema os mecanismos de controle recíprocos, como, por exemplo, a
fiscalização do Executivo pelo Legislativo (art. setenta), ou o controle de constitucionalidade pelo
judiciário.
Temos no art. terceiro os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, que são; construir
uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais, por fim, promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Objetivos Fundamentais da RFB
Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
Garantir o desenvolvimento nacional;
Erradicar a pobreza e a Marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
Promover o bem de todos, sem Preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação;
O art. quarto estabelece os princípios que devem reger a República Federativa do Brasil nas suas
relações internacionais; independência nacional; autodeterminação dos povos; não intervenção;
igualdade entre os Estados; prevalência dos direitos humanos; repúdio ao terrorismo e ao racismo;
defesa da paz; solução pacífica dos conflitos; cooperação entre os povos para o progresso da
humanidade; e concessão de asilo político.
Brasil e as Relações internacionais
Independência Nacional;
Prevalência Dos direitos humanos;
Autodeterminação dos povos;
Não Intervenção;
Igualdade entre os Estados;
Defesa da paz;
Solução pacífica dos conflitos;
Repúdio ao Terrorismo e ao racismo;
Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
Concessão de asilo político.
DOS PRÍNCÍPIOS, DOS DIREITOS E DAS GARANTIAS FUNDAMENTAIS (ART. Quinto AO dezessete DA
Constituição da República Federativa do Brasil de mil, novecentos e oitenta e oito)
Iniciamos aqui a Unidade dois de nossa apostila. Nela nós vamos estudar os Princípios e as Garantias
Constitucionais de nossa Constituição Federal. Ao final desta aula os alunos estarão habilitados a
reconhecer os direitos aqui estudados e praticar em seu cotidiano e respeitando tais institutos no
exercício de suas funções, elevando e honrando a instituição policial a que representam.
Você saberia dizer o que são direitos fundamentais? Vamos aprender?
Preliminarmente devemos refletir que Direitos fundamentais são os direitos da pessoa humana
consagrados, em um determinado momento histórico, em um certo Estado. São direitos
constitucionalmente protegidos, ou seja, estão positivados em uma determinada ordem jurídica. Os
direitos fundamentais são tradicionalmente classificados em gerações, o que busca transmitir uma ideia
de que eles não surgiram todos em um mesmo momento histórico. Eles foram fruto de uma evolução
histórico-social, de conquistas progressivas da humanidade do conceito de “gerações de direitos
humanos” nossa doutrina majoritária reconhece a existência de três gerações de direitos;
Primeira Geração; são os direitos que buscam restringir a ação do Estado sobre o indivíduo, impedindo
que este se intrometa de forma abusiva na vida privada das pessoas. São chamadas liberdades
negativas, pois traduzem a liberdade de não sofrer ingerência abusiva por parte do Estado ficando este
proibido de intervir indevidamente na esfera privada. Exemplo; Direito a locomoção, associação,
reunião.
Segunda geração; são os direitos que envolvem prestações positivas do Estado aos indivíduos (políticas e
serviços públicos) e, em sua maioria, caracterizam-se por serem normas programáticas, também
chamados de liberdades positivas. Para o Estado, constituem obrigações de fazer algo em prol dos
indivíduos, objetivando que todos tenham de “bem-estar”. Exemplo; Direito a saúde, educação,
segurança, trabalho.
Terceira geração; são os direitos que não protegem interesses individuais, mas que transcendem a
órbita dos indivíduos para alcançar a coletividade. Os direitos de terceira geração têm como valor-fonte
a solidariedade, a fraternidade. São os direitos difusos e os coletivos. Citam-se, como exemplos, o direito
do consumidor, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e o direito ao desenvolvimento.
Constata-se que as três gerações seguem a sequência do lema da Revolução Francesa; Liberdade,
Igualdade e Fraternidade.
Diante disto os direitos fundamentais podem ser classificados em direitos de primeira geração ou
dimensão (direitos e garantias civis e políticos), de segunda geração ou dimensão (direitos sociais,
econômicos e culturais) e de terceira geração ou dimensão (direitos de solidariedade, como a um meio
ambiente sadio e à paz, ou seja, os direitos difusos).
Gerações Dos direitos fundamentais
1ª geração; LIBERDADE, impõe ao estado o Dever de Abstenção Dos Direitos civis e políticos.
2ª geração; IGUALDADE, impõem ao estado o dever de atuação, Direitos sociais, econômicos e culturais.
3ª geração; FRATERNIDADE, Direitos difusos e coletivos.
4ª geração; DEMOCRACIA, INFORMAÇÃO, PLURALISMO, ENGENHARIA GENÉTICA.
5ª geração; DIREITO à PAZ.
Distinção entre direitos fundamentais e garantias fundamentais
Direitos fundamentais; A Constituição Federal trouxe em seu título II, os direitos e garantias
fundamentais, subdivididos em cinco capítulos; Direitos individuais e coletivos, Direitos sociais, Direitos
de nacionalidade, Direitos políticos e Direitos de sufrágio.
Garantias fundamentais; São estabelecidas pelo texto constitucional como instrumentos de proteção
dos direitos fundamentais. As garantias possibilitam que os indivíduos façam valer, frente ao Estado, os
direitos fundamentais. Assim, ao direito à vida corresponde a garantia de vedação à pena de morte; ao
direito à liberdade de locomoção corresponde a garantia do “habeas corpus”; ao direito à liberdade de
manifestação do pensamento, a garantia da proibição da censura etc. Finalmente, os direitos
fundamentais são bens jurídicos em si mesmos considerados, conferidos às pessoas pelo texto
constitucional, enquanto as garantias fundamentais são os instrumentos por meio dos quais é
assegurado o exercício desses direitos, bem como a devida reparação, nos casos de violação.
Direitos e garantias fundamentais
Diante das três gerações de direitos elencados acima percebemos que na Constituição Federal do Brasil
segue esta linha estabelecendo os direitos e garantias fundamentais no título dois da Constituição de
mil, novecentos e oitenta e oito (artigos do quinto ao dezessete), abrangendo os direitos e deveres
individuais e coletivos, os direitos sociais, a nacionalidade, os direitos políticos e os partidos políticos.
Você sabia que os direitos fundamentais se caracterizam por serem; históricos, inalienáveis,
imprescritíveis, irrenunciáveis e relativos?
É histórico porque seu conteúdo altera-se com o passar dos tempos; inalienáveis, pois não são passiveis
de valorização econômica; imprescritíveis, já que, independentemente de não serem exercitados
permanecem invocáveis; irrenunciáveis porque são direitos fundamentais da própria existência humana,
razão pela qual, ainda que se deseje, não será passível abrir mão de tais direitos.
Dos direitos e dos deveres individuais e coletivos
Você já ouviu falar nos direitos e nos deveres individuais e coletivos contemplados no artigo quinto da
constituição da república federativa do Brasil de oitenta e oito?
Contemplados no artigo quinto da constituição da república federativa do Brasil de oitenta e oito,
estabelece; “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, a liberdade, a
igualdade, a segurança e a propriedade”. O dispositivo constitucional enumera cinco direitos
fundamentais – os direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade e desses
derivam todos os outros direitos inseridos nos incisos do artigo quinto da constituição da república
federativa do Brasil de oitenta e oito. Tais dispositivos são considerados como cláusulas pétreas,
conforme reza o artigo sessenta, paragrafo quarto da constituição da república federativa do Brasil de
oitenta e oito. Desse modo não podem ser suprimidos apenas para acrescentar mais direitos através de
emenda à Constituição.
Necessário ressaltar que embora haja referência apenas aos estrangeiros residentes no país, tal
dispositivo não pode ser interpretado de modo a afastar aos estrangeiros não residentes direitos
fundamentais, portanto, um estrangeiro que está no país a turismo, para estudar ou a trabalho também
terá assegurado os direitos e as garantias disciplinados neste artigo constitucional, há consenso na
doutrina de que os direitos fundamentais abrangem qualquer pessoa que se encontre em território
nacional, mesmo que seja um estrangeiro residente no exterior, este se estiver passando férias no Brasil
será, titular de direitos fundamentais como qualquer outro cidadão.
No que se refere ao direito à vida, a doutrina considera que é dever do Estado assegurá-lo em sua dupla
acepção; a primeira, enquanto direito de continuar vivo; a segunda, enquanto direito de ter uma vida
digna. A vida deve ser compreendida seu sentido mais amplo, pois é o bem jurídico mais relevante de
todo o ser humano é o mais elementar dos direitos fundamentais, sem vida, nenhum outro direito
poderá ser fruído, ou sequer cogitado.
Nesse sentido, o STF já decidiu que assiste aos indivíduos o direito à busca pela felicidade, como forma
de realização do princípio da dignidade da pessoa humana. O direito à vida não abrange apenas a vida
extra uterina, mas também a vida intra uterina. Sem essa proteção, estaríamos autorizando a prática do
aborto, que somente é admitida no Brasil quando há grave ameaça à vida da gestante ou quando a
gravidez é resultante de estupro.
Relacionado a esse tema, há um importante julgado do STF sobre a possibilidade de interrupção de
gravidez de feto anencefálico. O feto anencefálico é aquele que tem uma má formação do tubo neural
(ausência parcial do encéfalo e da calota craniana). Trata-se de uma patologia letal; os fetos por ela
afetados morrem, em geral, poucas horas depois de terem nascido.
A Corte garantiu o direito à gestante de “submeter-se a antecipação terapêutica de parto na hipótese de
gravidez de feto anencefálico, previamente diagnosticada por profissional habilitado, sem estar
compelida a apresentar autorização judicial ou qualquer outra forma de permissão do Estado”. O STF
entendeu que, nesse caso, não haveria colisão real entre direitos fundamentais, apenas conflito
aparente, uma vez que o anencefálico, por ser inviável, não seria titular do direito à vida. O feto
anencefálico, mesmo que biologicamente vivo, porque feito de células e tecidos vivos, seria
juridicamente morto, de maneira que não deteria proteção jurídica.
Outra controvérsia levada à apreciação do STF envolvia a pesquisa com células-tronco embrionárias.
Segundo a Corte, é legítima e não ofende o direito à vida nem, tampouco, a dignidade da pessoa
humana, a realização de pesquisas com células-tronco embrionárias, obtidas de embriões humanos
produzidos por fertilização “in vitro” e não utilizados neste procedimento.
Por fim, cabe destacar que nem mesmo o direito à vida é absoluto, sendo admitida pela Constituição
Federal de 1988 a pena de morte em caso de guerra declarada. A doutrina considera que, por se tratar
de cláusula pétrea, emenda constitucional não pode estabelecer, no Brasil, novas hipóteses de pena de
morte. Essa ampliação não poderia nem mesmo ser feita por meio de uma nova Constituição, em
respeito ao princípio da vedação ao retrocesso.
Direito a vida
Direito a busca pela felicidade (uniões homo afetivas são entidades familiares).
Direitos sociais (artigo sexto ao artigo decimo primeiro) sobrevivência mais existência digna.
Alcança a vida intra e extra uterina.
É relativo
É compatível; sendo com a interrupção de gravidez de anencefálico ou com pesquisa com células-tronco
embrionárias.
Depois da análise do “caput” do artigo quinto da Carta Magna, passaremos à análise dos seus incisos;
A igualdade é a base fundamental do princípio republicano e da democracia. O princípio da igualdade
determina que se dê tratamento igual aos que se encontra em situação equivalente de que se trata de
maneira desigual os desiguais na medida de suas desigualdades.
O princípio constitucional da igualdade não veda que a lei estabeleça tratamento diferencia do entre
pessoas que guardam distinções de grupo social, de sexo, de profissão, de condições econômicas ou de
idade entre outras; o que não se admite é que o parâmetro diferenciador seja arbitrário, desprovido de
razoabilidade.
Em suma, o princípio da igualdade não veda tratamento discriminatório entre os indivíduos quando há
razoabilidade para a discriminação. Exemplo; cotas nas universidades para os Afrodescendentes;
concurso público com vagas determinadas exclusivamente para determinado sexo (neste caso as
peculiaridades das atribuições do cargo devem justificar no edital do concurso, ou seja, concurso para
preenchimento de vaga de agente penitenciário feminino para unidade prisional feminino).
Os legisladores e aplicadores da lei, por sua vez, ficam limitados pela “igualdade perante a lei”, não
podendo diferenciar, quando da elaboração ou aplicação do Direito, aqueles a quem a lei concedeu
tratamento igual resguardando assim a igualdade na lei, pois de nada adiantaria ao legislador
estabelecer um direito a todos se fosse permitido que os juízes e demais autoridades tratassem as
pessoas desigualmente reconhecendo direito a alguns e negando-os a outros mesmo estando na mesma
situação fática. Do princípio da igualdade se originam vários outros princípios da Constituição, como, por
exemplo, a vedação ao racismo (artigo quinto, inciso quarenta e dois, Constituição Federal), o princípio
da isonomia tributária (artigo cento e cinquenta, inciso dois, Constituição Federal), dentre outros.
IGUALDADE
Igualdade NA LEI; destina-se ao LEGISLADOR;
Igualdade PERANTE A LEI; destina-se aos aplicadores do direito.
Esse inciso trata do princípio da legalidade, que se aplica de maneira diferenciada aos particulares e ao
Poder Público. Para os particulares, traz a garantia de que só podem ser obrigados a agir em ou as e
omitirem por lei. Tudo é permitido a eles na falta de norma legal proibitiva.

No Poder Público, o princípio da legalidade consagra a ideia de que este só pode fazer o que é permitido
pela lei, não pode atuar, nem contrariamente às leis, nem na ausência de lei. Não se exclui, aqui, a
possibilidade de atividade discricionária pela Administração Pública, mas a discricionariedade não é, em
nenhuma hipótese, atividade desenvolvida na ausência da lei, e sim atuação nos limites da lei, quando
esta deixa alguma margem para a Administração agir conforme critérios de oportunidade e
conveniência, repita-se segundo os parâmetros genéricos estabelecidos na lei.
Princípio da legalidade, inciso dois, do Artigo quinto; ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei;
É importante compreendermos a diferença entre o princípio da legalidade e o princípio da reserva legal,
pois o princípio da legalidade se apresenta quando a Carta Magna utiliza a palavra “lei” em um sentido
mais amplo, abrangendo não somente a lei em sentido estrito, mas todo e qualquer ato normativo
estatal (incluindo atos infra legais) que obedeça às formalidades que lhe são próprias e contenha uma
regra jurídica. Por meio do princípio da legalidade, a Carta Magna determina a submissão e o respeito à
“lei”, ou a atuação dentro dos limites legais; no entanto, a referência que se faz é à lei em sentido
material.
O princípio da reserva legal é evidenciado quando a Constituição exige expressamente que determinada
matéria seja regulada por lei formal ou atos com força de lei (como decretos autônomos, por exemplo).
O vocábulo “lei” é, aqui, usado em um sentido mais restrito.
LEGALIDADE;
Exige lei formal, ato com força de lei, ou atos expedidos nos limites deste.
Maior abrangência.
Menor densidade ou conteúdo.
Reserva Legal;
Exige lei formal, ou atos com força de lei.
Menor abrangência.
Maior densidade ou conteúdo.
Princípio da legalidade, inciso três, do Artigo quinto; ninguém será submetido a tortura nem a
tratamento desumano ou degradante.
São proibições Constitucionais com fundamento no preceito fundamental da dignidade humana onde a
proteção é extensiva a todos as pessoas que estão permanentemente ou transitoriamente no Brasil,
independentemente de qualquer coisa. Princípio da dignidade da pessoa Humana, artigo primeiro. inciso
três da Constituição Federal de oitenta e oito.
Princípio da legalidade, inciso quatro, do Artigo quinto; É livre a manifestação do pensamento, sendo
vedado o anonimato.
Trata-se da liberdade de expressão, que é verdadeiro fundamento do Estado democrático de direito.
Todos podem manifestar, oralmente ou por escrito, o que pensam, desde que isso não seja feito
anonimamente. A liberdade de expressão pode ser oralmente ou por escrito, e também o direito de
ouvir, assistir e ler. A vedação ao anonimato visa garantir a responsabilização de quem utilizar tal
liberdade para causar danos a terceiros. A liberdade de expressão é ampla, mas não é absoluta, sendo
proibidos os discursos de ódio. Preconceituosa e de intolerância.
Essa norma traduz o direito de resposta à manifestação do pensamento de outrem, que é aplicável em
relação a todas as ofensas, independentemente de elas configurarem ou não infrações penais. Essa
resposta deverá ser sempre proporcional, ou seja, veiculada nomes no meio de comunicação utilizada
pelo agravo, com mesmo destaque, tamanho e duração. Salienta-se, ainda, que o direito de resposta se
aplica tanto a pessoas físicas quanto a pessoas jurídicas ofendidas pela expressão indevida de opiniões.
DIREITO DE RESPOSTA
Aplicação a pessoas físicas e pessoas jurídicas;
Proporcional ao agravo;
Pode ser acumulado com indenização por dano material, moral ou à imagem.
Princípio da legalidade, inciso sexto, do Artigo quinto; É inviolável a liberdade de consciência e de
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção
aos locais de culto e a suas liturgias;
Princípio da legalidade, inciso sete, do Artigo quinto; é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
Princípio da legalidade, inciso oitavo, do Artigo quinto; ninguém será privado de direitos por motivo de
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
Consagra-se, nesses incisos, o direito Constitucional Pétreo de liberdade religiosa. No que ser refere ao
inciso VII, observe que não é o Poder Público o responsável pela prestação religiosa, pois o Brasil é um
Estado laico, portanto a administração pública está impedida de exercer tal função. Essa assistência tem
caráter privado e incumbe aos representantes habilitados de cada religião.
“Você sabia que o artigo quinto, inciso oito, consagra a denominada” escusa de consciência”? Sabe o
que isso significa? Vamos aprender?
Essa é uma garantia que estabelece que, em regra, ninguém será privado de direitos por não cumprir
obrigação legal a todos imposta devido a suas crenças religiosas ou convicções filosóficas ou políticas.
Entretanto, havendo o descumprimento de obrigação legal, o Estado poderá impor, à pessoa que
recorrer a esse direito, prestação alternativa fixada em lei.
É uma norma constitucional de eficácia contida, todos têm o direito de manifestar livremente sua crença
religiosa e convicções filosófica e política. Essa é uma garantia plenamente exercitável, mas que poderá
ser restringida pelo legislador se houver interesse público. Ressalta-se que o direito à escusa de
consciências e será garantido em sua plenitude. A partir do momento em que o legislador edita norma
fixando prestação alternativa, ele está restringindo o direito à escusa de consciência. Aquele que, além
de descumprir a obrigação legal a todos imposta, ser e cursar a cumprir a prestação alternativa será
privado de seus direitos.
Princípio da legalidade, inciso nove, do Artigo quinto; é livre a expressão da atividade intelectual,
artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.
A liberdade de expressão, contida no art. quinto, IX da CRFB/88 tem por escopo proibir a censura prévia,
porém, qualquer direito fundamental, é relativa. Isso porque é limitada por outros direitos protegidos
pela Carta Magna, como a inviolabilidade da privacidade e da intimidade do indivíduo, por exemplo.
Nesse sentido, entende o STF que o direito à liberdade de imprensa assegura ao jornalista o direito de
expender críticas a qualquer pessoa, ainda que em tom áspero, contundente, sarcástico, irônico ou
irreverente, especialmente contra as autoridades e aparelhos de Estado.
Entretanto, esse profissional responderá, penal e civilmente, pelos abusos que cometer, sujeitando-se
ao direito de resposta a que se refere a Constituição em seu artigo quinto, inciso cinco. A liberdade de
imprensa é plena em todo o tempo, lugar e circunstâncias, tanto em período não eleitoral, quanto em
período de eleições gerais.
Princípio da legalidade, inciso dez, do Artigo quinto; São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação;
Este inciso revela a proteção Constitucional Pétrea do direito à intimidade e a vida privada. Resguarda,
portanto, a esfera mais secreta da vida de uma pessoa, tudo que diz respeito a seu modo de pensar e de
agir.
O direito à honra também é protegido desse modo, o sentimento de dignidade e a reputação dos
indivíduos, o “bom nome” que os diferencia na sociedade.
O direito à imagem é protegido pois defende a representação que as pessoas
possuemperantesimesmaseosoutros. Aintimidade, avidaprivada, ahonraeaimagem das pessoas são
invioláveis; elas consistem em espaço íntimo intransponível por intromissões ilícitas externas.
A violação a esses bens jurídicos ensejará indenização, cujo montante deverá observar o grau de
reprovabilidade da conduta. Destaque-se que as indenizações por dano material e por dano moral são
cumuláveis, ou seja, diante de um mesmo fato, é possível que se reconheça o direito a ambas
indenizações. As pessoas jurídicas também poderão ser indenizadas por dano moral, uma vez que são
titulares dos direitos à honra e à imagem.
Sobre à privacidade dos agentes políticos o STF expressou através de súmula que esta é relativa, uma
vez que estes devem à sociedade as contas da atuação desenvolvida. Mas isso não significa que quem se
dedica à vida pública não tem direito à privacidade. O direito se mantém no que diz respeito a fatos
íntimos e da vida familiar, embora nunca naquilo que se refira à sua atividade pública.
Também relacionado aos direitos à intimidade e à vida privada está o sigilo bancário, que é verdadeira
garantia de privacidade dos dados bancários. Assim como todos os direitos fundamentais, o sigilo
bancário não é absoluto. Nesse sentido, tem-se o entendimento do STJ de que “havendo satisfatória
fundamentação judicial a ensejar a que brado sigilo, não há violação a nenhuma cláusula pétrea
constitucional.” (STJ, DJ de 23.05.2005)
O Ministério Público pode determinar a quebra do sigilo bancário de conta da titularidade de ente
público. Segundo o STJ, as contas correntes de entes públicos (contas públicas) não gozam de proteção à
intimidade e privacidade. Prevalecem, assim, os princípios da publicidade e moralidade, que impõem à
Administração Pública o dever de transparência.
Na jurisprudência do STF, também se reconhece, em caráter excepcionalíssimo, a possibilidade de
quebra de sigilo bancário pelo Ministério Público, que se dará no âmbito de procedimento
administrativo que vise à defesa do patrimônio público (quando houver envolvimento de dinheiros ou
verbas públicas). MS número 21.729-4/DF, Rel. Min. Francisco Rezek. Julgamento 05.10.1995.
Devido à gravidade jurídica de que se reveste o ato de quebra de sigilo bancário, este somente se dará
em situações excepcionais, sendo fundamental demonstrar a necessidade das informações solicitadas e
cumprir as condições legais. Além disso, para que a quebra do sigilo bancário ou do sigilo fiscal seja
admissível, é necessário que haja individualização do investigado e do objeto da investigação. Não é
possível, portanto, a determinação da quebra do sigilo bancário para apuração de fatos genéricos.
Princípio da inviolabilidade domiciliar tem por finalidade proteger a intimidade e a vida privada do
indivíduo, bem como de garantir-lhe, especialmente no período noturno, o sossego e a tranquilidade.
Inicialmente necessário saber qual é o conceito de “casa” e o STF em conceito pacificado nesta Corte
revela que o conceito de “casa” é abrangente, estendendo-se a;
1; qualquer compartimento habitado;
2; qualquer aposento ocupado de habitação coletiva; e
3; qualquer compartimento privado não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade
pessoal. HC93. 050, Rel. Min. Celso de Mello, julgamentoem10- 6-2008, Segunda Turma, DJE deprimeiro-
8-2008.
Assim, o conceito de “casa” alcança não só a residência do indivíduo, mas também escritórios
profissionais, consultórios médicos e odontológicos, trailers, barcos e aposentos de habitação coletiva
(como, por exemplo, o quarto de hotel).
Não estão abrangidos pelo conceito de casa os bares e restaurantes. O STF entende que, embora os
escritórios estejam abrangidos pelo conceito de “casa”, não se pode invocar a inviolabilidade de
domicílio como escudo para a prática de atos ilícitos em seu interior. Com base nessa ideia, a Corte
considerou válida ordem judicial que autorizava o ingresso de autoridade policial no estabelecimento
profissional, inclusive durante a noite, para instalar equipamentos de captação de som (“escuta”).
Entendeu-se que tais medidas precisavam ser executadas sem o conhecimento do investigado, o que
seria impossível durante o dia.
Diante destas informações, cabe-nos fazer a seguinte pergunta; em quais hipóteses se pode penetrar na
casa de um indivíduo?
O ingresso na “casa” de um indivíduo poderá ocorrer nas seguintes situações;
Com o consentimento do morador.
Sem o consentimento do morador, sob ordem judicial, apenas durante o dia. Perceba que, mesmo com
ordem judicial, não é possível o ingresso na casa do indivíduo durante o período noturno.
A qualquer hora, sem consentimento do indivíduo, em caso de flagrante delito ou desastre, ou, ainda,
para prestar socorro. A regra geral é que somente se pode ingressar na casa do indivíduo com o seu
consentimento. No entanto, será possível penetrar na casa do indivíduo mesmo sem o consentimento,
desde que amparado por ordem judicial (durante o dia) ou, a qualquer tempo, em caso de flagrante
delito ou desastre, ou para prestar socorro.
O conceito de “dia” para fins de aplicação do artigo quinto, inciso nove da Constituição Federal de
oitenta e oito, possui divergências doutrinárias sobre o tema. Há autores que entendem que “dia” é o
período compreendido entre as seis horas e as dezoito horas e outros utilizam um critério físico
astronômico, destacando que “dia” é o intervalo entre a aurora e o crepúsculo. Cabe aduzir que para
efeito da atividade policial o que mais respalda esta ação é o primeiro entendimento.
A entrada de autoridade policial em domicílio sem autorização judicial será possível nas situações de
flagrante delito. Isso é particularmente relevante no caso da prática de crimes permanentes, nos quais a
situação de flagrância se estende no tempo. Exemplo de crimes desse tipo seriam o cárcere privado e o
porte de drogas.
Objetivando coibir o abuso de autoridade, o STF deixou consignado o entendimento de que “a entrada
forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada
em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre
situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da
autoridade e de nulidade dos atos praticados” RE 603.616. Rel. Min. Gilmar Mendes. Julgamento; cinco
de novembro de dois mil e quinze. Ressalta-se que a doutrina admite que a força policial, tendo
ingressado na casa de indivíduo, durante o dia, com amparo em ordem judicial, prolongue suas ações
durante o período noturno.
Princípio da legalidade, inciso doze, do Artigo quinto; é inviolável o sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal;
O Artigo quinto, inciso doze, trata da inviolabilidade das correspondências e das comunicações. A
princípio, a leitura pode dar a entender que o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas
e de dados não poderia ser violado; apenas haveria exceção constitucional para a violação das
comunicações telefônicas. Não é esse, todavia, o entendimento que prevalece.
Como não há direito absoluto no ordenamento jurídico brasileiro, admite-se, mesmo sem previsão
expressa na Constituição, que lei ou decisão judicial também possam estabelecer hipóteses de
interceptação das correspondências e das comunicações telegráficas e de dados, sempre que a norma
constitucional esteja sendo usada para acobertar a prática de ilícitos.
Nesse sentido, entende o STF que “a administração penitenciária, com fundamento em razões de
segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre
excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita no artigo quarenta e um, Parágrafo único,
da Lei sete mil duzentos e dez de mil novecentos e oitenta e quatro, proceder à interceptação da
correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo
epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas.”
De início, é importante destacar a diferença entre quebra do sigilo telefônico e interceptação telefônica.
São coisas diferentes. A quebra do sigilo telefônico consiste em ter acesso ao extrato das ligações
telefônicas (grosso modo, seria ter acesso à conta da VIVO/TIM). Por outro lado, a interceptação
telefônica consiste em ter acesso às gravações das conversas. A interceptação telefônica é, sem dúvida,
medida mais gravosa e, por isso, somente pode ser determinada pelo Poder Judiciário. Já a quebrado
sigilo das comunicações telefônicas, pode ser determinada pelas Comissões Parlamentares de Inquérito
(CPIs), além, é claro, do Poder Judiciário.
A interceptação das comunicações telefônicas só pode ser autorizada por decisão judicial (de ofício ou a
requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público) e para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal. Há que se estabelecer, agora, a diferença entre três institutos que possuem
bastante semelhança entre si;
1 - Interceptação telefônica;
2 - Escuta telefônica e;
3 - gravação telefônica.
A interceptação telefônica, conforme já vimos, consiste na captação de conversas telefônicas feita por
terceiro (autoridade policial) sem o conhecimento de nenhum dos interlocutores, devendo ser
autorizada pelo Poder Judiciário, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer, para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal.
A escuta telefônica, por sua vez, é a captação de conversa telefônica feita por um terceiro, com o
conhecimento de apenas um dos interlocutores.
A gravação telefônica é feita por um dos interlocutores do diálogo, sem o consentimento ou ciência do
outro. STJ, HC 161.053-SP, Rel. Min. Jorge Mussi. 23.04.2010.
Vejamos, a seguir, importantes entendimentos do STF sobre a licitude/ilicitude de provas ilegais
referentes ao direito pétreo constitucional de inviolabilidade das correspondências e das comunicações;
É ilícita a prova obtida por meio de interceptação telefônica sem autorização judicial.
São ilícitas as provas obtidas por meio de interceptação telefônica determinada a partir apenas de
denúncia anônima, sem investigação preliminar.
São ilícitas as provas obtidas mediante gravação de conversa informal do indiciado com policiais, por
constituir-se tal prática em “interrogatório sub-reptício”, realizado sem as formalidades legais do
interrogatório no inquérito policial e sem que o indiciado seja advertido do seu direito ao silêncio.
São ilícitas as provas obtidas mediante confissão durante prisão ilegal. Ora, se a prisão foi ilegal, todas as
provas obtidas a partir dela também o serão.
É lícita a prova obtida mediante gravação telefônica feita por um dos interlocutores sem a autorização
judicial, caso haja investida criminosa daquele que desconhece que a gravação está sendo feita. Nessa
situação, tem-se a legítima defesa.
É lícita a prova obtida por gravação de conversa telefônica feita por um dos interlocutores, sem
conhecimento do outro, quando ausente causa legal de sigilo ou de reserva da conversação.
É lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem o
conhecimento do outro.
Princípio da legalidade, inciso terze, do Artigo quinto; É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
Trata-se de norma constitucional de eficácia contida que trata da liberdade de atividade profissional.
Esta dispõe que, na inexistência de lei que exija qualificações para o exercício de determinada profissão,
qualquer pessoa poderá exercê-la. Entretanto, existente a lei, a profissão só poderá ser exercida por
quem atender às qualificações legais. Segundo o STF, nem todos os ofícios ou profissões podem ser
condicionadas ao cumprimento de condições legais para o seu exercício. A regra é a liberdade.
Princípio da legalidade, inciso quatorze, do Artigo quinto; É assegurado a todos o acesso à informação e
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
Esse inciso tem dois desdobramentos; assegura o direito de acesso à informação (desde que esta não
fira outros direitos fundamentais) e resguarda os jornalistas, possibilitando que estes obtenham
informações sem terem que revelar sua fonte. Não há conflito, todavia, com a vedação ao anonimato.
Caso alguém seja lesado pela informação, o jornalista responderá por isso.
Princípio da legalidade, inciso dezesseis, do Artigo quinto; Todos podem reunir-se pacificamente, sem
armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra
reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente;
O direito de reunião é um direito típico de uma democracia, estando intimamente relacionado à
liberdade de expressão. É um direito individual, mas que se expressa de maneira coletiva. Caracteriza-se
como uma “liberdade-condição”, pois viabiliza o exercício de outros direitos individuais, tais como a
liberdade de crença religiosa e política e a liberdade de expressão. O exercício do direito de reunião é
condicionado pela Constituição Federal de mil novecentos e noventa e oito;
A reunião deverá ter fins pacíficos, e apresentar ausência de armas;
A reunião deverá ser realizada em locais abertos ao público;
O exercício do direito de reunião não poderá frustrar outra reunião convocada anteriormente para o
mesmo local;
Desnecessidade de autorização;
Necessidade de prévio aviso à autoridade competente.
Princípio da legalidade, inciso dezessete, do Artigo quinto; é plena a liberdade de associação para fins
lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
Princípio da legalidade, inciso dezoito, do Artigo quinto; A criação de associações e, na formada lei, a de
cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.
Princípio da legalidade, inciso dezenove, do Artigo quinto; as associações só poderão ser
compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial.
Princípio da legalidade, inciso vinte, do Artigo quinto; ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
permanecer associado.
Não há muito a se falar sobre esse inciso; apenas que ninguém pode ser obrigado a se associar (filiar-se
a um partido político, por exemplo) ou a permanecer associado.
Princípio da legalidade, inciso vinte e um, do Artigo quinto; as entidades associativas, quando
expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou
extrajudicialmente.
O Artigo quinto, inciso vinte e um, Constituição Federal de oitenta e oito, é um caso de representação
processual, as associações poderão, desde que expressamente autorizadas, representar seus filiados
judicial e extrajudicialmente, em outras palavras, poderão atuar em nome de seus filiados e na defesa
dos direitos destes.
Princípio da legalidade, inciso vinte e dois, do Artigo quinto; é garantido o direito de propriedade;
Princípio da legalidade, inciso vinte e três, do Artigo quinto; A propriedade atenderá a sua função social;
Princípio da legalidade, inciso vinte e quatro, do Artigo quinto; A lei estabelecerá o procedimento para
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia
indenização em dinheiro, ressalvada os casos previstos nesta Constituição;
Esses três incisos em conjunto tratam do direito de propriedade, que é norma constitucional de eficácia
contida e, portanto, está sujeita à atuação restritiva por parte do Poder Público. Como todos os direitos
fundamentais, o direito de propriedade não é absoluto; é necessária que o proprietário dê à
propriedade uma função social.
Entretanto, mesmo sendo relativa, a Constituição não poderia deixar de estabelecer certas proteções a
esse direito.
Desse modo, no inciso vinte e quatro do artigo quinto da Constituição Federal de oitenta e oito, garante-
se que, se a propriedade estiver cumprindo a sua função social, só poderá haver de apropriação com
base na tutela do interesse público, em três hipóteses; necessidade pública, utilidade pública ou
interesse social. A indenização, nesses casos, ressalvadas algumas exceções determinadas
constitucionalmente, dar-se-á mediante prévia e justa indenização em dinheiro.
Existem casos em que a indenização pela desapropriação não será em dinheiro, são eles;
Desapropriação para fins de reforma agrária;
Desapropriação de imóvel urbano não edificado que não cumpriu sua função social;
Desapropriação confiscatória. A desapropriação para fins de reforma agrária obedece ao disposto no
artigo cento e oitenta e quatro da Carta Magna. É de competência da União e tem por objeto o imóvel
rural que não esteja cumprindo sua função social.
Dar-se á mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação
do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja
utilização será definida em lei. O paragrafo primeiro do mesmo artigo, entretanto, faz uma ressalva; a de
que as benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.
No que diz respeito à desapropriação de imóvel urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, ou
seja, que descumpriu sua função social, determina a Constituição Federal de oitenta e oito (artigo cento
e oitenta e dois, paragrafo quarto, inciso três) que a indenização se dará mediante títulos da dívida
pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos,
em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
Existe, ainda, a possibilidade de que haja desapropriação sem indenização. É o que ocorre na
expropriação de propriedades urbanas e rurais de qualquer região do País onde forem localizadas
culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou exploração de trabalho escravo. Tem-se, então, a chamada
“desapropriação confiscatória”, prevista no art. 243 da Constituição. (CNMP – 2015) A lei estabelecerá o
procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade.
Princípio da legalidade, inciso vinte e cinco, do Artigo quinto; no caso de iminente perigo público, a
autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização
ulterior, se houver dano;
Esse inciso trata da requisição administrativa, que ocorre quando o Poder Público, diante de perigo
público iminente, utiliza seu poder de império (de coação) para usar bens ou serviços de particulares.
Fatiando-se o artigo, para melhor compreensão, temos que;
Em caso de iminente perigo público, o Estado pode requisitar a propriedade particular. Exemplo; no caso
de uma enchente que destrua várias casas de uma cidade, a Prefeitura pode requisitar o uso de uma
casa que tenha permanecido intacta, para abrigar aqueles que não têm onde ficar. Qual o perigo público
iminente que justifica tal ato estatal? No exemplo dado, a possibilidade de a população atingida morrer
por falta de abrigo.
A requisição é compulsória para o particular, devido ao poder de império do Estado. Veja que o
interesse público (socorro às pessoas desabrigadas) é maior que o particular (inconveniente de ter a
casa cedida ao Poder Público gratuitamente). Por isso, o último cede lugar ao primeiro.
A propriedade continua sendo do particular; é apenas cedida gratuitamente ao Poder Público.
O titular do bem somente será indenizado em caso de dano. No exemplo acima, o Estado não teria que
pagar aluguel ao proprietário pelo uso do imóvel.
O perigo público deve ser iminente, ou seja, deve ser algo que acontecerá em breve. No exemplo dado,
o Estado não poderia requisitar a casa já na estação da seca baseado na possibilidade de uma enchente
ocorrer vários meses depois.
Inafastabilidade do poder judiciário (artigo quinto, inciso trinta e cinco)
Segundo o inciso trinta e cinco, a Lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciária lesão ou ameaça a
direito.
É o princípio da inafastabilidade do acesso ao Poder Judiciário (direito de ação e de prestação
jurisdicional – princípio do livre acesso).
A constituição federal garante que a instância administrativa não precisa ser exaurida como condição ao
acesso ao Poder Judiciário, a única exceção é o acesso prévio, em certos casos, à Justiça Desportiva
(Constituição Federal, artigo duzentos e dezessete, paragrafo primeiro).
Por outro lado, o STF já firmou entendimento no sentido de que inexiste direito subjetivo ao duplo grau
jurisdicional.
Segurança jurídica (artigo quinto, inciso trinta e seis)
A Constituição Federal afirma que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a
coisa julgada” (BRASIL, mil e novecentos e oitenta e oito). Assim, a CF prevê a imutabilidade das
chamadas cláusulas pétrea (artigo sessenta, paragrafo quarto, inciso seis), ou seja, a impossibilidade de
emenda constitucional prejudicar os direitos e garantias individuais, entre eles, o direito adquirido
(artigo quinto, inciso trinta e seis).
Pode-se definir como direito adquirido aquele que se incorporou definitivamente ao patrimônio pessoal
do indivíduo, ou seja, que pode ser a qualquer momento invocado, usufruído, independentemente da
vontade alheia, e que, mesmo no caso da existência de condição ou termo para início de sua fruição, tal
condição perfaz-se inalterável ao arbítrio de terceiros.
Ato Jurídico Perfeito é aquele que se aperfeiçoou que reuniu todos os elementos necessários a sua
firmação, em face da lei vigente. Coisa Julgada é a decisão judicial transitada em julgado, em outros
termos, a decisão judicial de que já não caiba recurso (Lei de Introdução ao Código Civil, artigo sexto,
paragrafo terceiro);
Exemplo; O Estatuto da PMERJ assegura ao Policial Militar, a cada decênio (dez anos) de serviço
prestado, o direito de gozar da LE (Licença especial), 06 meses de licença remunerada. Nesse aspecto, o
Direito Adquirido somente ocorrerá na data em que completar os dez anos de serviço, antes disso, terá
somente mera expectativa de direito. Portanto, se tal direito for suprimido, por nova lei, aqueles que já
haviam preenchido os requisitos da lei anterior, terão direito o adquirido de gozar a referida licença.
Tribunal do júri (artigo quinto, inciso 38).
Sargento, você já ouviu falar em tribunal do Júri? Vamos entender como isso funciona?
O Júri é um tribunal popular, de essência e obrigatoriedade constitucional, regulamentado na forma de
lei ordinária e, atualmente, composto por um juiz de direito, que o preside, por vinte e um jurados, que
serão sorteados dentre cidadãos que constem do alistamento eleitoral do Município, formando-se o
Conselho de Sentença com sete deles.
A Constituição Federal assegura à instituição do Júri; plenitude da defesa, o sigilo das votações, a
soberania dos veredictos, que não exclui a recorribilidade das suas decisões contrárias a provas dos
autos; e a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, apenas não aplicável nos
casos em que exista prerrogativa constitucional de foro, como os Governadores, Presidente da
República, Ministros de estado etc.
DIREITOS CONSTITUCIONAIS PENAIS
Previsões constitucionais de garantias penais
Você sabia que a Constituição Federal, em seu artigo quinto, inciso cinquenta e sete, determina que
“ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”?
Naquilo que se pode denominar “Direito Constitucional Penal”, há uma grande riqueza de detalhes
presente na Constituição de mil novecentos e oitenta e oito, que institui os seguintes direitos
fundamentais;
Legalidade estrita quanto à previsão de crimes e das respectivas penas (artigo quinto, inciso trinta e
nove);
Proibição de retroatividade da lei penal, salvo para beneficiar o réu, correspondendo a um aspecto
específico da proibição da retroatividade das leis (artigo quinto, inciso quarenta);
Proibição de que a pena passe da pessoa do condenado, salvo a questão patrimonial, circunscrita,
sempre, nesse caso, aos limites da transferência patrimonial aos sucessores que acaso tenha existido
(artigo quinto, inciso quarenta e três);
Individualização da pena;
Proibição de penas de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento ou cruéis (artigo quinto,
inciso quarenta e sete);
Cumprimento da pena em estabelecimentos separados conforme a natureza do delito, a idade e o sexo
do apenado (artigo quinto, inciso quarenta e oito);
Respeito à integridade física e moral dos presos (artigo quinto, inciso quarenta e nove);
Direito das presidiárias à concessão das condições necessárias para permanecerem com seus filhos
durante o período de amamentação (artigo quinto, inciso cinquenta);
Direito de o civilmente identificado não ser submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses legais
e desde que proporcionalmente estabelecidas (artigo quinto, inciso cinquenta e três);
Direito de não ser preso salvo em flagrante delito ou por ordem judicial escrita e fundamentada, ou nos
casos de transgressão militar ou crime militar propriamente dito (artigo quinto, inciso sessenta e um);
Direito do preso de que sua prisão e o local onde se encontre sejam comunica dos imediatamente ao
juiz competente, à sua família ou a pessoa por ele indicada (artigo quinto, inciso sessenta e dois);
Direito reconhecido ao preso de ser informado de seus direitos, inclusive o de permanecer calado, bem
como o direito à assistência da família e de advogado (artigo quinto, inciso sessenta e três);
Direito reconhecido ao preso quanto à identificação dos responsáveis pela sua prisão ou por seu
interrogatório policial (artigo quinto, inciso sessenta e quatro);
Direito ao relaxamento imediato de prisão ilegal (artigo quinto, inciso sessenta e cinco);
Direito a não ser levado à prisão quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança (artigo
quinto, inciso sessenta e seis);
Direito a não ser preso por dívida civil, salvo o caso do responsável por inadimplemento voluntário e
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel (artigo quinto, inciso sessenta e sete),
sendo esta última hipótese afastada pela recepção do Pacto de São José da Costa Rica pela Emenda
Constitucional número quarenta e cinco de dois mil e quatro; direito à indenização pelo erro judiciário e
pelo excesso de prisão (artigo quinto, inciso setenta e cinco).
Do direito à presunção de inocência
Trata-se de um princípio penal o de que ninguém pode ser tido por culpado pela prática de qualquer
ilícito senão após ter sido como tal julgado pelo juiz natural, com ampla oportunidade de defesa.
O Estado, em relação aos suspeitos da prática de crimes ou contravenções, deverá proceder a sua
acusação forma lei, no curso do devido processo, provar a autoria do crime pelo agente.
É por isso que se diz que o princípio está intimamente relacionado com o Estado Democrático de Direito,
já que, se assim não fosse, estar-se-ia regredindo ao mais puro e total arbítrio estatal, contudo, não
afasta a constitucionalidade das espécies de prisão provisórias (prisão temporária, em flagrante,
preventiva ou administrativa militar).
Portanto, essa dimensão do princípio da presunção de inocência não se circunscreve ao âmbito do
processo penal, mas alcança também, no foro criminal, o âmbito extraprocessual. Ao indivíduo é
garantido o não tratamento como criminoso, salvo quando reconhecido pelo sistema jurídico como tal.
Portanto, a autoridade policial, carcerária, administrativa e outras não podem considerar culpado aquele
que ainda não foi submetido à definitividade da atuação jurisdicional.
Assim, não se identifica a presunção de inocência como denominado princípio do in dubio pro reo. Este,
sim, delimita-se pelo âmbito processual em que há de incidir necessariamente. Seu significado, pois, é
mais restrito que o do princípio maior da presunção de inocência, que também se faz presente fora do
âmbito processual.
Direito ao devido processo legal
Você sabia que o artigo onze, número um, da Declaração Universal dos Direitos do Homem assegura que
“todo homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua
culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido
asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa”?
Por esse princípio é garantido a todos que ninguém será privado de seus bens e liberdade, sem que haja
o devido processo legal, dotado de todas as garantias constitucionais, com todas as etapas e
formalidades previstas em lei, sob pena de nulidade.
O princípio do devido processo legal acabou sendo inserido de forma expressa na Constituição de mil
novecentos e oitenta e oito, no artigo quinto, que foi a primeira a referir-se expressamente ao “devido
processo legal”, nos casos de privação da liberdade ou dos bens. Preceitua a Constituição; “inciso
cinquenta e quatro ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. É
imprescindível, destrinchar os elementos da consagrada expressão “devido processo legal”. Para tanto,
proceder-se-á, preliminarmente, à verificação do conteúdo de cada termo componente da expressão.
Assim, considera-se que o termo “devido” assume o sentido de algo “previsto”, “tipificado”. Mas não é
só. Também requer que seja justo. “Processo”, na expressão consagrada constitucionalmente, refere-se
aos trâmites, formalidades, procedimentos, garantias. São as práticas do mundo jurídico em geral.
“Legal”, aqui, assume conotação ampla, significando tanto a Constituição como a legislação.
Reunindo, nesses termos, os componentes, tem-se; “garantias previstas juridicamente”. Esse,
sucintamente, o significado da expressão “devido processo legal”.
A ampla defesa, assim como o contraditório, que compõem o inciso seguinte, bem como inúmeros
outros princípios enunciados na Constituição, referentemente ao processo, em realidade, estão
compreendidos na noção de devido processo legal. O princípio do devido processo legal biparte-se,
contudo, passando a ser agregado um aspecto material (substancial). O devido processo legal, no
âmbito processual, significa a garantia concedida à parte processual para utilizar-se da plenitude dos
meios jurídicos existentes. Seu conteúdo identifica-se com a exigência de “paridade total de condições
com o Estado percutor e plenitude de defesa. Na realidade, a paridade de “armas” tem como
destinatário não apenas o Estado, mas também a parte contrária. É, em realidade, o próprio
contraditório.
A plenitude de defesa, referida no conceito de devido processo legal, significa o direito à defesa técnica,
à publicidade da decisão, à citação, à produção ampla de provas, ao juiz natural, aos recursos legais e
constitucionais, à decisão final imutável, à revisão criminal, ao duplo grau de jurisdição.
Já o devido processo legal aplicado no âmbito material diz respeito à necessidade de observar o critério
da proporcionalidade, resguardando a vida, a liberdade e a propriedade.
Convenientemente vaga em sua expressão literal (embora, conforme vimos, com nítido sentido
processual em sua tradição histórica), proibindo a infringência a direitos relativos à vida, liberdade e
propriedade, a cláusula em apreço vinha atalhe de foice para se constituir em instrumento hábil a
amparar a expansão das limitações constitucionais ao exercício do poder legislativo federal e estadual”.
O princípio do devido processo legal vale para qualquer processo judicial (seja criminal ou civil), e
mesmo para os processos administrativos, inclusive os disciplinares e os militares, bem como nos
processos administrativos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Princípio do contraditório e da ampla defesa
Ampla defesa é o asseguramento de condições que possibilitam ao réu apresentar, no processo, todos
os elementos de que dispõe. Entre as cláusulas que integram a garantia da ampla defesa encontra-se o
direito à defesa técnica, a fim de garantir a paridade de armas (parconditio), evitando o desequilíbrio
processual, a desigualdade e injustiça processuais. Assim, já teve a oportunidade de decidir o Supremo
Tribunal Federal que “A presença formal de um defensor dativo, sem que a ela corresponda a existência
efetiva da defesa substancial, nada significa no plano do processo penal e no domínio tutelar das
liberdades públicas”.
Consoante a Súmula quinhentos e vinte e três do Supremo Tribunal Federal; “No processo penal, falta
da defesa constitui nulidade absoluta, mas sua deficiência só o anulará se houver prova do prejuízo para
o réu”.
Também integra a ampla defesa o direito a ser informado da acusação inicial (o que é praticamente um
pressuposto para que haja direito de defesa), e de todos os fatos arrolados, assim como do impulso
oficial e dos demais atos da outra parte, o que envolve o direito à publicidade ou, no caso de processo
sigiloso, o direito de acesso (processo que corra em segredo de Justiça, como algumas questões
atinentes ao Direito de Família e menores).
No âmbito do processo penal, esse direito à informação implica que as imputações não possam ser
“indeterminadas, vagas, contraditórias, omissas ou ambíguas ou deficiente”.
Ainda no processo penal, “o acusado revel, embora não fique impedido de comparecer aos atos
processuais supervenientes à configuração da contumácia, perde, no entanto, o direito de ser
cientificado para qualquer novo ato do procedimento penal- persecutório”.
Contraditório é decorrência direta da ampla defesa, impondo a condução dialética do processo.
Ademais, pode-se seguramente afirmar que o princípio do contraditório vincula-se ao princípio maior da
igualdade substancial. Contudo, para o Supremo Tribunal Federal, “o interrogatório não está sujeito ao
princípio do contraditório”. E, ainda; “a investigação policial, em razão de sua própria natureza, não se
efetiva sob o crivo do contraditório, eis que és a mente em juízo que se torna plenamente exigível o
dever estatal de observância do postulado da bilateralidade dos atos processuais e da instrução criminal
a prerrogativa inafastável da ampla defesa traduz elemento essencial e exclusivo da persecução penal
em juízo”.
Todo o ato ou fato produzido ou reproduzido no processo por qualquer de suas partes deve dar ensejo
ao direito da outra de se opor, de debater, de produzir contra prova ou fornecer sua versão, ou
interpretação daquele ato ou fato apresentado.
“Desse modo, as garantias constitucionais do devido processo legal convertem- se, de garantias
exclusivas das partes, em garantias da jurisdição e transformam o procedimento em um processo
jurisdicional de estrutura cooperatória, em que a garantia da imparcialidade da jurisdição brota da
colaboração entre partes e juiz.
Inadmissibilidade da prova obtida por meio ilícito
A Constituição brasileira não admite que provas obtidas por meios ilícitos sejam admitidas pelo Poder
Judiciário para a finalidade de constranger a dignidade, a liberdade ou o patrimônio (lato sensu) das
pessoas. Trata-se de garantia imanente aos direitos fundamentais. Ainda assim, a Constituição brasileira
preferiu ser expressa, e determinou peremptoriamente, no artigo quinto, inciso cinquenta e seis, que
“são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”.
A razão de ser dessa norma é a de manter a própria integridade dos direitos fundamentais, que seriam
reduzidos caso provas obtidas ilicitamente viessem a servir validamente para produzir condenações. É
imperioso aduzir que as provas ilícitas são aquelas obtidas com desrespeito à lei (violação de domicílio,
interceptação telefônica sem autorização ilegal, ingressar em domicílios e no respaldo legal, confissão
mediante a tortura etc.) o que poderá acarretar na anulação do processo criminal e responsabilização do
agente público que utilizou esta ferramenta ilegal.
Sendo este um dos principais capítulos do processo, aos quais se dedicam em profundidade os grandes
teóricos, especialmente no âmbito do processo penal, não cabe aqui uma teorização ampla, nem
constitui objetivo deste tópico oferecer o regime geral da prova no Brasil.
Tal entendimento encontra também amparo nos Parágrafos primeiro e segundo, do Código de Processo
Penal, com a nova redação trazida pela Lei número onze mil seiscentos e noventa de dois mil e oito;
Artigo cento e cinquenta e sete. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas
ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
Paragrafo primeiro; São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas
por uma fonte independente das primeiras.
Parágrafo segundo; considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e
de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da
prova.
Remédios constitucionais
Habeas corpus
Sargento, você já dever ter ouvido falar em habeas corpus? Sabe o que é? Vamos estudar?
O remédio constitucional adequado para proteger a liberdade de locomoção é o “habeas corpus”; inciso
sessenta e oito - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
O “habeas Corpus” é uma garantia fundamental. Trata-se de uma forma específica de garantia, a que a
doutrina chama “remédio constitucional”. Este fenômeno é um meio que a Constituição dá ao indivíduo
de proteger seus direitos contra a ilegalidade ou abuso de poder cometido pelo Estado.
Ao contrário da maioria das garantias, não é uma proibição ao Estado, mas um instrumento a favor do
indivíduo. Bem, voltando ao “habeas corpus”, temos que ele é remédio constitucional que protege o
direito de locomoção. Sua finalidade é, por meio de ordem judicial, fazer cessar a ameaça ou coação à
liberdade de locomoção do indivíduo. O “habeas corpus” tem natureza penal, é isento de custas
(gratuito) e pode ser repressivo (liberatório) ou preventivo (salvo-conduto).
Se repressivo, busca devolver ao indivíduo a liberdade de locomoção que já perdeu (sendo preso, por
exemplo); quando preventivo, resguarda o indivíduo quando a perda dessa liberdade é apenas uma
ameaça.
Há, ainda, o “habeas corpus” suspensivo, utilizado quando a prisão já foi decretada, mas o mandado de
prisão ainda está pendente de cumprimento. Pode o “habeas corpus” ser impetrado por qualquer
pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, ou, ainda, pelo Ministério Público e pela Defensoria
Pública.
Todos esses são, portanto, sujeitos ativos do “habeas corpus”. Trata-se de uma ação com legitimidade
universal, que pode, inclusive, ser concedida de ofício pelo próprio juiz. Tamanho é seu caráter universal
que o “habeas corpus” prescinde, até mesmo, da outorga de mandado judicial que autorize o
impetrante a agir em favor de quem estaria sujeito, alegadamente, a constrangimento em sua liberdade
de locomoção.
Mandado de segurança
Inciso sessenta e nove; conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por “habeas corpus” ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
O mandado de segurança é ação judicial, de rito sumário especial, própria para proteger direito líquido e
certo de pessoa física ou jurídica, não protegido por “habeas corpus” ou “habeas data”, que tenha sido
violado por ato de autoridade ou de agente de pessoa privada no exercício de atribuição do Poder
Público.
Quando se fala que o mandado de segurança protege direito líquido e certo “não amparado por “habeas
corpus” ou habeas data”, determina-se que este tem caráter residual. Assim, essa ação judicial só é
cabível na falta de outro remédio constitucional para proteger o direito violado.
Como exemplo, o mandado de segurança é o remédio constitucional apto a proteger o direito de
reunião caso haja lesão ou ameaça de lesão a esse direito por alguma ilegalidade ou arbitrariedade por
parte do Poder Público.
Outra característica importante é que o mandado de segurança tem natureza civil, e é cabível contra o
chamado “ato de autoridade”, ou seja, contra ações ou omissões do Poder Público e de particulares no
exercício de função pública (como o diretor de uma universidade, por exemplo).
Destaque-se que, mesmo sendo ação de natureza civil, o mandado de segurança poderá ser usado em
processos penais. Assim, a violação de direito líquido e certo não protegido por “habeas corpus” ou
“habeas data” dará ensejo à utilização do mandado de segurança.
Direito líquido e certo, segundo a doutrina, é aquele evidente de imediato, que não precisa de
comprovação futura para ser reconhecido.
É importante frisar que o mandado de segurança é cabível contra atos discricionários ou contra atos
vinculados. Reza a Constituição que os indivíduos utilizam o mandado de segurança para se defenderem
tanto da ilegalidade quanto do abuso de poder.
Por ilegalidade, entende-se a situação em que a autoridade coautora não age em conformidade com a
lei. Trata-se de vício próprio dos atos vinculados.
Por abuso de poder, por outro lado, entende-se a situação em que a autoridade age fora dos limites de
sua competência.
Trata-se de vício próprio dos atos discricionários.
Assim, a Constituição, de acordo com a doutrina, ao se referir à ilegalidade como hipótese de cabimento
de mandado de segurança, reporta-se aos atos vinculados, e ao se referir ao abuso de poder, reporta-se
aos discricionários. No que diz respeito à legitimidade ativa, podem impetrar mandado de segurança;
Todas as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, domiciliadas ou não no Brasil;
As universalidades (que não chegam a ser pessoas jurídicas) reconhecidas por lei com as detentoras de
capacidade processual para a defesa de seus direitos, com o amassa falida e o espólio, por exemplo;
Alguns órgãos públicos (órgãos de grau superior), na defesa de suas prerrogativas e atribuições;
O Ministério Público.
Há um prazo para a impetração do mandado de segurança; cento e vinte dias a partir da data em que o
interessado tiver conhecimento oficial do ato a ser impugnado (publicação desse ato na imprensa oficial,
por exemplo).
Mandado de injunção
Inciso setenta e um; conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania; O mandado de injunção foi disciplinado pela Lei número treze
mil e trezentos de dois mil e dezesseis.
Trata-se de um remédio constitucional disponível para qualquer pessoa prejudicada pela falta de norma
regulamentadora que inviabilize o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania.
Isso visa garantir que a Constituição não se tornará “letra morta”, evitando a omissão do legislador
infraconstitucional. O mandado de injunção é aplicável diante da falta de regulamentação de normas
constitucional de eficácia limitada. A título de recordação, normas de eficácia limitada são aquelas que
dependem de regulamentação para produzirem todos os seus efeitos.
Somente será cabível diante de normas de eficácia limitada de caráter impositivo. O mandado de
injunção é cabível não só para omissões de caráter absoluto ou total como também para as omissões de
caráter parcial. Isso porque à missão inconstitucional, ainda que parcial, ou seja, derivada da insuficiente
concretização, pelo Poder Público, do conteúdo material da norma constitucional, deve ser repelida,
pois a inércia do Estado é um processo informal de mudança da Constituição.
Qualquer pessoa, física ou jurídica, que se veja impossibilitada de exercer direito constitucional por falta
de norma regulamentadora é legitimada a impetrar mandado de injunção. Essa é, afinal, uma das
diferenças entre o mandado de injunção e a ação direta de inconstitucionalidade por omissão.
O Supremo Tribunal Federal já reconhecia, mesmo diante do silêncio da Constituição, a possibilidade de
impetração de mandado de injunção coletivo. Com a edição da Lei número treze mil e trezentos de dois
mil e dezesseis, passou a existir previsão expressa para esse instrumento. Cabe ressaltar que os direitos,
as liberdades e as prerrogativas protegidos por mandado de injunção coletivos são os pertencentes,
indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou
categoria.
Uma novidade importante trazida pela Lei número treze mil e trezentos de dois mil e dezesseis foi à
previsão que o Ministério Público e a Defensoria Pública sejam legitimados a impetrar mandado de
injunção coletivo. Um tópico muito importante; o mandado de injunção não é gratuito, sendo necessária
a assistência de advogado para sua impetração. O mandado de injunção visa solucionar um caso
concreto. São, portanto, três pressupostos para o seu cabimento;
Falta de norma que regulamente uma norma constitucional programática propriamente dita ou que
defina princípios institutivos ou organizativos de natureza impositiva;
Nexo de causalidade entre a omissão do legislador e a impossibilidade de exercício de um direito ou
liberdade constitucional ou prerrogativa inerente à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
O decurso de prazo razoável para elaboração da norma regulamentadora (retardamento abusivo na
regulamentação legislativa).
Habeas-data
Inciso setenta e dois; conceder-se-á "habeas-data";
Para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
Para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo;
Agora que você já aprendeu o que é habeas corpus. Vamos estudar habeas data?
O habeas data é remédio constitucional de natureza civil sumário, possuindo duas finalidades principais;
Garantir acesso a informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou banco de
dados de entidades governamentais ou de caráter público;
Retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. Essa
é uma segunda finalidade do “habeas data”, que muita gente esquece em prova. O “habeas data”
também pode ser usado para retificar dados do impetrante, constantes de banco de dados de caráter
público. O habeas data poderá ser a juizado por qualquer pessoa, físico ou jurídico, brasileiro ou
estrangeiro.
Trata-se de ação personalíssima, que não poderá ser usada para garantir acesso a informações de
terceiros.
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Supremo Tribunal Justiça reconhece que há uma
situação excepcional em que se admite a impetração de habeas data para obter informações de
terceiros. Segundo o Supremo Tribunal Federal, “é parte legítima para impetrar habeas data o cônjuge
sobrevivente na defesa de interesse do falecido”.
O “habeas data” não pode ser usado para que se tenha acesso a banco de dados de caráter privado. O
“habeas data”, para que seja impetrado, exige a comprovação da negativa da autoridade administrativa
de garantir o acesso aos dados relativos ao impetrante.
Trata-se de uma hipótese de “jurisdição condicionada”, prevista no ordenamento jurídico nacional.
Sobre isso, destaca-se a posição do Supremo Tribunal Federal de que o acesso ao “habeas data”
pressupõe, dentre outras condições de admissibilidade, a existência do interesse de agir. Ausente o
interesse de agir, torna-se inviável o exercício desse remédio constitucional. O “habeas data” é, assim
como o “habeas corpus”, ação gratuita.
No entanto, é imprescindível a assistência advocatícia para que essa ação seja impetrada. A impetração
de habeas data não se sujeita a decadência ou prescrição. Ademais, os processos de “habeas data” terão
prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto habeas Corpus e mandado de segurança.
O habeas data não é instrumento adequado para que se possa ter acesso aos autos de processo
administrativo.
DA NACIONALIDADE ARTIGO DOZE. São brasileiros; Natos;
Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não
estejam a serviço de seu país;
Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço
da República Federativa do Brasil;
Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; Naturalizados;
Os que, na formada lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua
portuguesa apenas residência por uma no ininterrupto e idoneidade moral;
Os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de
quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
Paragrafo primeiro; aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em
favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
Constituição.
Paragrafo segundo; A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo
nos casos previstos nesta Constituição.
Paragrafo terceiro; São privativos de brasileiro nato os cargos;
1 - De Presidente e Vice-Presidente da República;
2 - De Presidente da Câmara dos Deputados;
3- De Presidente do Senado Federal;
4- De Ministro do Supremo Tribunal Federal;
5 - Da carreira diplomática;
6 - De oficial das Forças Armadas.
7 - De Ministro de Estado da Defesa
Paragrafo quarto - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que;
Tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional;
Adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos;
De reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
De imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro,
como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;
Artigo treze da Constituição Federal de oitenta e oito; consagra o idioma e os símbolos nacionais oficiais,
transcrito a seguir; Artigo treze A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.
Paragrafo primeiro; São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo
nacionais.
Paragrafo segundo; Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.
Você sabia que a nacionalidade é justamente o vínculo jurídico-político entre o Estado soberano e o
indivíduo, que torna este um membro integrante da comunidade que constitui o Estado?
A nacionalidade comporta duas dimensões; a dimensão vertical (que liga o indivíduo ao Estado) e a
dimensão horizontal (que liga o indivíduo ao elemento povo).
Compete a cada Estado legislar sobre sua própria nacionalidade, respeitando, é claro, os compromissos
gerais e particulares aos quais tenha se obrigado. O Estado soberano é, afinal, o único outorgante
possível da nacionalidade.
É ele quem tem poder para determinar quem são seus nacionais, quais as condições de aquisição da
nacionalidade e, ainda, disciplinar sua perda. Pode-se afirmar, portanto, que o estabelecimento de
critérios para a concessão de nacionalidade é ato de manifestação da soberania estatal.
Conceito
Da nacionalidade - é o vínculo jurídico-político de direito público interno que faz da pessoa um dos
elementos componentes da dimensão do Estado. Cada estado é livre para dizer quais são os seus
nacionais. Serão nacionais do Estado, portanto, aqueles que o seu direito definir como tais; os demais
serão estrangeiros; estrangeiros são todos aqueles que não são ditos por nacionais em um determinado
Estado, são perante eles, estrangeiros.
Nação - é o agrupamento humano cujo membro, fixados num território, são ligados por laços históricos,
culturais, econômicos e linguísticos; o fato de possuírem as mesmas tradições e costumes, bem como a
consciência coletiva dão os contornos ao conceito de nação.
Povo - é um conjunto de pessoa que fazem parte de um Estado, é o elemento humano do Estado, ligado
a este pelo vínculo da nacionalidade.
População - é o conceito meramente demográfico, mais amplo que o conceito de povo, utilizado para
designar o conjunto de residentes de um território, quer sejam nacionais, quer sejam estrangeiros.
Nacionais
São todos aqueles que o direito de um Estado definiu como tais, são todos aqueles que se encontram
presos a um Estado pelo vínculo jurídico que o define como tais.
Cidadão
É conceito restrito, para designar os nacionais (natos ou naturalizados), no gozo dos direitos políticos é
participante da vida do Estado.
Estrangeiros
São todos aqueles que não são tidos por nacionais, em relação a um determinado Estado, isto é, as
pessoas em que o direito do Estado não atribuiu à qualidade de nacionais.
Polipátrida
É aquele que possui mais de uma nacionalidade, em razão de o seu nascimento o enquadrar em
distintas regras de aquisição de nacionalidade. Dois ou mais Estados reconhecem uma determinada
pessoa como seu nacional, dando origem à multinacionalidade. Essa situação ocorre com os filhos
oriundos de Estado que adota os critérios iurissángüinis (nacionalidade determinada pela ascendência),
quando nascem em um Estado que acolhe o critério iuris sólis (nacionalidade determinada pelo local do
nascimento).
Apátridas
É aquele que, dada a circunstância de seu nascimento não adquire nacionalidade, não se enquadrar em
nenhum critério estatal que lhe atribua nacionalidade.
Espécie de nacionalidade
A nacionalidade pode ser primária (de origem) ou secundária (adquirida).
A nacionalidade primaria - resulta de fato natural (nascimento), a partir do qual, de acordo com os
critérios adotados pelo Estado (sanguíneos ou territoriais), será estabelecida. Cuida-se de aquisição
involuntária de nacionalidade, decorrente do simples nascimento ligado a um critério estabelecido pelo
Estado.
A nacionalidade secundária - é a que se adquire por ato volitivo, depois do nascimento (em regra, pela
naturalização). Cuida-se de aquisição voluntária de nacionalidade, resultante da manifestação de um ato
de vontade.
Critérios de atribuição de nacionalidade
São dois critérios para a atribuição da nacionalidade primária, ambos partindo do nascimento da pessoa;
o de origem sanguínea (ius sanguinis) e o de origem territorial (ius solis). O critério ius sanguinis funda-se
no vinculo do sangue, segundo o qual será nacional todo aquele que for filho de nacionais,
independentemente do local de nascimento. O critério ius solis atribui a nacionalidade a quem nasce no
território do Estado que o adota, independentemente da nacionalidade dos ascendentes.
A Constituição Federal adotou, como regra, critério ius solis, admitindo, porém, ligeiras atenuações.
Portanto, no Brasil, não só o critério ius solis determina a nacionalidade; existem situações de
preponderância do critério ius sanguinis.
Brasileiros natos (aquisição originária)
São brasileiros natos; os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros,
desde que estes não estejam a serviço de seu país. Nessa hipótese, adotou a Constituição o critério ius
solis (origem territorial), considerando nato aquele nascido no território brasileiro, independentemente
da nacionalidade dos ascendentes.
A Constituição, porém, estabelece uma exceção ao critério ius solis, excluindo da nacionalidade
brasileira os filhos de pais estrangeiros que estejam a serviço de seu país.
Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro, ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a
serviço da República Federativa do Brasil;
Nessa hipótese, o legislador constituinte adotou o critério ius sanguinis, combinado com um requisito
adicional, qual seja, a necessidade de que o pai ou a mãe brasileira (ou ambos, evidentemente), nato ou
naturalizado, estejam a serviço da República Federativa do Brasil (critério funcional), expressão que
abrange serviços prestados a órgãos e entidades da administração Direta ou Indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal ou dos municípios.
Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente ou venham a residir na república Federativa do Brasil e optem, em
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.
Essa hipótese aplica-se àquele que tenha nascido no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira,
quando este pai brasileiro e mãe brasileira NÃO estejam a serviço do Brasil (caso estivessem, o filho
seria, depronto, brasileironato, por enquadramento na hipótese precedente).
Percebe-se que há duas alternativas para a aquisição de nacionalidade com base nessa hipótese,
constante do artigo doze, inciso um, alínea “c”, da Constituição;
A - Registro em repartição brasileira;
B - Vir o nascido no estrangeiro vindo a residir no Brasil e optar, quando atingida a maioridade.
A segunda possibilidade é hipótese de possibilidade de nacionalidade originária protestativos, uma vez
que, manifestada a opção, não se pode recusar o reconhecimento da nacionalidade ao interessado. É
ato que depende exclusivamente da vontade do interessado.
Anota-se que ambas as possibilidades são fundadas no critério e ius sanguinis, exigindo-se, porém,
alternativamente;
O registro em repartição brasileira competente ou;
A residência no território brasileiro e,
Uma vez adquirida a maioridade, expressa opção pela nacionalidade brasileira.
Brasileiros naturalizados
São brasileiros naturalizados (aquisição secundária), a Constituição Federal de 1988 prever a aquisição
da nacionalidade secundária por meio da naturalização, sempre mediante manifestação da vontade do
interessado. Em regra, não há direito subjetivo à obtenção da naturalização;
A plena satisfação das condições e dos requisitos não assegura ao estrangeiro o direito a nacionalização,
visto que a concessão da nacionalidade Brasileira é ato de soberania nacional, discricionário do chefe do
Poder Executivo Federal (Presidente da República). A naturalização poderá ser tácita ou expressa.
A naturalização tácita é aquela adquirida independentemente de manifestação expressa do
naturalizando, por foca das regras jurídicas de nacionalização adotadas por determinado Estado.
A naturalização expressa depende de requerimento do interessado, demonstrando sua intenção de
adquirir nova nacionalidade.
A nossa Constituição Federal só contempla a hipótese de naturalização expressa, sempre dependente de
manifestação efetiva de vontade do interessado.
São brasileiros naturalizados;
Os que, na forma da lei adquiriram a nacionalidade brasileira exigida aos originários de Países de língua
portuguesa apenas com residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral.
Os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na república federativa do Brasil há mais de 15
anos ininterrupto e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira
(naturalização extraordinária).
Constituição Federal de oitenta e oito, Artigo quatorze; A soberania popular será exercida pelo sufrágio
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante;
Paragrafo terceiro - São condições de elegibilidade, na forma da lei;
inciso seis - a idade mínima de;
Trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
Trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
Vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de
paz;
Dezoito anos para Vereador.
Portugueses residentes no Brasil
Você sabia que a Constituição Federal confere tratamento favorecido aos portugueses residentes no
Brasil, ao dispor que aos portugueses com residência permanentes no país, se houver reciprocidade em
favor dos brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes aos brasileiros, salvo os casos previstos nesta
Constituição (Constituição Federal, artigo doze, paragrafo primeiro)?
Nesta hipótese não ocorre concessão de nacionalidade brasileira aos portugueses. Os portugueses
residentes no Brasil continuam portugueses e os brasileiros que vivem em Portugal continuam com a
nacionalidade brasileira. O que acontecem uns e outros recebem direitos que no geral, somente
poderiam ser concedidos aos nacionais de cada país.
É relevante notar que a Constituição Federal concede aos portugueses aqui residentes a condição de
brasileiros naturalizados, e não de brasileiros natos.
Tratamento diferenciado entre brasileiro nato e naturalizado.
A constituição não permite que a lei estabeleça distinção entre brasileiro nato e naturalizado. Os únicos
casos de tratamento diferenciados admitidos são aqueles constantes do próprio texto constitucional, ou
seja;
Cargos - são privativos de brasileiro nato os cargos de Presidente da República e Vice Presidente da
República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal, Ministro do Supremo
Tribunal Federal, Carreira Diplomática, oficiais das Forças Armadas e de Ministro de Estado e de Defesa
(Constituição Federal, artigo doze, paragrafo terceiro);
Função no Conselho da República; no Conselho da República, órgão superior de consultado Presidente
da República foi constitucionalmente reservadas seis vagas a cidadão brasileiros natos (Constituição
Federal, artigo oitenta e nove, inciso sete).
Extradição - o brasileiro nato não pode ser extraditado, o que pode ocorrer com o naturalizado em caso
de crime praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento de tráfico ilícito de
entorpecentes de drogas a fins na forma da lei (Constituição Federal, artigo quinto, inciso cinquenta e
um).
Direito de propriedade; o brasileiro naturalizado a menos de dez anos não pode ser proprietário de
empresas jornalísticas e de radio fusão sonora de sons e imagens, tampouco ser sócio com mais de
trinta por cento de capital total e do capital votante e participar de gestão dessas empresas
(Constituição Federal, artigo duzentos e vinte e dois).
Perda da nacionalidade
A perda da nacionalidade só poderá ocorre nas hipóteses expressamente prevista na Constituição, não
podendo o legislador ordinário ampliar das hipóteses sob pena de manifesta inconstitucionalidade.
Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que (Constituição Federal, artigo doze, paragrafo
quarto).
Tiver cancelada sua naturalização por sentença judicial, em virtude de atividade nociva aos interesses
nacionais;
Adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
estrangeira ou de imposição de naturalização pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado
estrangeiro, como condição de permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
DOS DIREITOS POLÍTICOS
Conceito
Sargento, vamos estudar os direitos políticos expressos na Constituição Federal?
Nos termos expressos da Constituição Federal, a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal
e pelo voto direto e secreto, com igual valor para todos e, nos termos da lei, mediante plebiscito,
referendo e iniciativa popular (Constituição Federal, artigo quatorze).
São estes, portanto, os direitos políticos expressamente consignados na Carta Magna;
O Direito ao sufrágio - é materializar pela capacidade de votar e de ser votado, representando, pois, a
essência dos direitos políticos. O direito ao sufrágio deve ser visto sob dois aspectos; capacidade
eleitoral ativa e capacidade eleitoral passiva.
A capacidade eleitoral ativa representa o direito de votar, o direito de alistar-se como eleitor e, a
capacidade eleitoral passiva consiste no direito de ser votado, eleger-se para um cargo público.
Capacidade eleitoral ativa - é a que garante ao nacional o direito de votar nas eleições, nos plebiscitos e
nos referendos, no Brasil, a aquisição desta capacidade dar-se como alistamento realizado perante os
órgãos competentes da Justiça Eleitoral, apedido do interessado. É, pois, com o alistamento eleitoral
que o nacional adquire a capacidade eleitoral ativa.
Observação -todo o elegível é obrigatoriamente eleitor; porém, nem todo eleitor é elegível. Ou seja;
todo aquele que possui a capacidade eleitoral passiva (elegibilidade), possui também a capacidade
eleitoral ativa (alistabilidade). Porém, nem todo aquele que dispõe da capacidade eleitoral ativa é
detentor da capacidade eleitoral passiva. Por exemplo, o analfabeto e o menor entre 16 e 18 anos
possuem a capacidade eleitoral ativa; porém não dispõe da capacidade eleitoral passiva. O alistamento
eleitoral e o voto são obrigatórios para os maiores de 18 anos e facultativo para os analfabetos, maiores
de 70 anos e menores entre 16 e menores de 18 anos. A Constituição Federal Brasileira não permite
também o alistamento dos estrangeiros e durante o serviço militar dos conscritos.
Plebiscitos e referendos - a Constituição Federal prever que uma das formas de exercício da soberania
popular será a realização de consulta a população, por meio de plebiscito e referendos (Constituição
Federal, artigo quarenta e nove, inciso quinze). O plebiscito e referendos são consultas formuladas ao
povo para que deliberem sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislativa
ou administrativa.
O plebiscito é convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo
povo, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido.
O Referendo é convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a
respectiva ratificação ou rejeição.
A distinção entre os institutos é feita levando-se em conta o momento da manifestação dos cidadãos; se
a consulta aos cidadãos é prévia temos o plebiscito; se a consulta a população é posterior a edição de
um ato governamental temos o referendo.
Capacidade eleitoral passiva - conforme discorrida diz respeito de ser votado e de ser eleito
(elegibilidade). Conforme vimos anteriormente, no Brasil a elegibilidade não consiste com a
alistabilidade. É verdade que a condição de eleitor é indispensável para ser alcançada a condição de
elegível. Porém, não basta ser eleitor para ser elegível, porquanto é exigido o cumprimento de outros
requisitos para a elegibilidade. Assim, para que alguém possa concorrer a um mandato eletivo dos
poderes executivo ou legislativo é necessário o cumprimento de alguns requisitos gerais denominados
condições de elegibilidade.
As condições de elegibilidade são as seguintes;
Nacionalidade brasileira ou condição de equiparado a português, sendo que para Presidente e Vice-
Presidente da República exige a condição de brasileiro nato.
Pleno exercício dos direitos políticos (aquele que teve suspenso ou perdeu seus direitos políticos não
dispõe de capacidade eleitoral passiva);
Alistamento eleitoral;
Domicilio eleitoral na circunscrição;
Idade mínima, que deverá ser verificada tendo por referência a data da posse trinta e cinco anos para o
cargo de Presidente e Vice-Presidente da República e Senador da República; trinta anos para
Governador de Estado e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; 21 anos para Deputado
Federal, Estadual e Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e Juiz de Paz; dezoito anos Vereador;
Filiação partidária.
Inelegibilidades
As inelegibilidades afastam a capacidade eleitoral passiva constituindo impedimento à candidatura a
inelegibilidades eletivas dos Poderes Executivo e Legislativo.
A própria Constituição Federal estabelece certas hipóteses de inelegibilidades (Constituição Federal,
artigo quatorze, paragrafo quarto ao sétimo), porém, essas hipóteses constitucionalmente previstas não
são exaustivas, por que a Constituição expressamente permite que a lei complementar venha
estabelecer outras hipóteses de inelegibilidades (CF, artigo quatorze, paragrafo nono).
A doutrina distingue as hipóteses de inelegibilidades em absoluta e relativa, vejamos;
Inelegibilidade absoluta; impede que o cidadão concorra em qualquer eleição a qualquer mandado
eletivo. São casos de inelegibilidade absoluta;
Os analfabetos que, embora possam alistar-se e votar, não dispõe de capacidade eleitoral passiva (não
poderão ser eleitos).
Os não alistáveis, uma vez que a elegibilidade tem por pressuposto a alistabilidade, isto é, para ser
elegível é imprescritível ser, antes, alistável; logo, os estrangeiros e os conscritos, durante o período do
serviço militar obrigatório são não alistáveis e, como tais, inelegíveis.
Inelegibilidade relativa; ao contrário da absoluta, não está relacionada com a condição pessoal daquele
que pretende candidatar-se. A inelegibilidade relativa consiste em restrições impostas à elegibilidade
para alguns cargos eletivos, em razão da situação especial em que se encontra o cidadão junto ao
candidato no momento da eleição. A inelegibilidade relativa poderá decorrer;
Motivos funcionais;
Motivo de casamento, parentesco ou afinidade;
Da condição de militar;
Previsões e leis complementares.
Inelegibilidade por motivos funcionais; dispõe a Constituição Federal que o Presidente da República, os
Governadores de Estados e do Distrito Federal, os Prefeitos, e quem os houver sucedidos, ou
substituídos nos cursos dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente
(Constituição Federal, artigo quatorze, paragrafo quinto). Por forca desta vedação constitucional não se
permite terceiro mandato consecutivo dos Chefes dos Poderes Executivos (Presidente da República,
Governadores de Estado e do Distrito Federal e Prefeitos).
Para concorrer em outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estados e do Distrito
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.
São, pois, inelegíveis para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de
Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos que não renunciarem aos respectivos mandatos até seis
meses antes do pleito.
Motivos de casamento, parentesco e afinidades (Constituição Federal, artigo quatorze, paragrafo
sétimo); são inelegíveis no território de jurisdição do titular o cônjuge e os parentes consanguíneos ou
afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou do
Distrito Federal, e Prefeitos ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito,
salvo ser já titular de mandato eletivo e candidato a reeleição. Esta hipótese é denominada
inelegibilidade reflexa, pois incide sobre terceiros, assim temos;
Cônjuge, parentes e afins até segundo grau do prefeito não poderão candidatar-se a vereador a nem a
prefeito do mesmo município;
O cônjuge, parentes e afins até o segundo grau do governador não poderão candidatar-se a qualquer
cargo no estado, vereador, deputado estadual, deputado estadual e senador e a governador do mesmo
estado;
O cônjuge, parentes e a fins até segundo grau do presidente da república não poderão candidatar-se a
qualquer cargo eletivo no país.
Condição militar; o militar é alistável, podendo ser eleito (Constituição Federal, artigo quatorze,
paragrafo oitavo). Porém, é vedado ao militar, enquanto estiver em serviço ativo estar filiado a partido
político (Constituição Federal, artigo cento e quarenta e dois, paragrafo terceiro, inciso quinto).
Assim, em face da vedação a filiação partidária do militar o Tribunal Superior Eleitora firmou
entendimento de que nessa situação, suprirá a ausência da previa filiação partidária o registro da
candidatura apresentada pelo partido político e autorizada pelo candidato.
Atendida essas formalidades, o militar alistável é elegível atendidas as seguintes condições;
Se contar menos de 10 anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
Se contar com mais de 10 anos de serviço será agregado pela autoridade superior, e se eleito passará
automaticamente no ato da diplomação para a inatividade.
Previsão em lei complementar; A Constituição Federal deixa expressa que as hipóteses de inelegibilidade
relativa prevista no texto constitucional não são exaustivas, podendo ser criadas outras, desde que por
meio de lei complementar da União, editada pelo Congresso Nacional (Emenda a Constituição também
poderia fazê-lo). É o que dispõe o artigo quatorze, paragrafo nono da Constituição da República
Federativa do Brasil de mil novecentos e oitenta e oito, nestes termos (inverbis);

Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua secessão afim de
proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida
pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder
econômico ou do abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
Privação dos direitos políticos; o cidadão pode, em situações excepcionais, ser privado definitivamente
ou temporariamente, dos direitos políticos o que importará como efeito imediato, na perda da cidadania
política.
A privação definitiva denomina-se perda dos direitos políticos; a privação temporária denomina-se
suspensão dos direitos políticos. A constituição federal não permite em nenhuma hipótese a cassação
dos direitos políticos. A vedação expressa à cassação dos direitos políticos tem por fim evitar a supressão
arbitraria normalmente motivada por perseguições ideológicas, dos direitos políticos, prática presente
em outros momentos, antidemocrático da vida política brasileira.
Constituição Federal, artigo quinze; é vedada a cassação dos direitos políticos cujo a perda ou suspensão
só se dará nos casos de;
Cancelamento de naturalização por sentença transitada em julgado;
Incapacidade civil absoluta;
Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem os seus efeitos;
Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa nos termos do artigo quinto,
inciso oitavo da Constituição Federal;
Improbidade administrativa, nos termos do artigo trinta e sete, paragrafo quarto da Constituição da
República Federativa do Brasil de mil novecentos e oitenta e oito.
Partidos políticos
Em relação aos partidos políticos, dispõe a Constituição que é livre a criação, fusão, incorporação e
extinção de partidos políticos resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o
pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observadas os preceitos; caráter
nacional, proibição de recebimento de recursos financeiros de entidades ou governo estrangeiros ou de
subordinação a estes, prestação de contas à Justiça eleitoral, e funcionamento parlamentar de acordo
com a lei (Constituição Federal, artigo dezessete).
É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e
funcionamento e para adotar os critérios de escolha que o regime de suas coligações eleitorais, sem
obrigatoriedade de vínculo entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal,
devendo seus estatutos estabelecer norma de disciplina e fidelidade partidária. Os partidos políticos,
após adquirirem personalidade jurídica na forma da lei civil registrarão seus estatutos no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), (Constituição Federal, artigo dezessete, paragrafo segundo). Os partidos
políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e a televisão na forma da
lei. Sendo vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar (Constituição Federal,
artigo dezessete paragrafo terceiro e quarto).
A federação brasileira
A Federação Brasileira Segundo o artigo dezoito, da Constituição Federal de mil novecentos e oitenta e
oito, “a organização política administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”. Os
Territórios não são entes federativos e, portanto, não possuem autonomia política. Até a promulgação
da Constituição Federal de mil novecentos e oitenta e oito, os Municípios não eram considerados entes
federativos; com a promulgação da atual Carta Magna, eles passaram a também ser dotados de
autonomia política. Com base nisso, a doutrina dominante reconhece que a federação brasileira é de
terceiro grau.
Há que se dizer que autonomia difere de soberania. Os entes federativos (União, Estados, Distrito
Federal e Municípios) são todos autônomos, isto é, são dotados de auto-organização, auto legislação,
auto administração e autogoverno, dentro dos limites estabelecidos pela Constituição Federal. Note-se
que há um limitador ao poder dos entes federativos. A soberania é atributo apenas da República
Federativa do Brasil (RFB), do Estado federal em seu conjunto. A União é quem representa a República
Federativa do Brasil no plano internacional (artigo vinte e um, inciso um), mas possui apenas autonomia,
jamais soberania. O artigo dezoito, paragrafo primeiro, Constituição Federal de mil novecentos e oitenta
e oito determina que Brasília é a capital federal. Brasília não se confunde com o Distrito Federal,
ocupando apenas parte do seu território. A União é pessoa jurídica de direito público interno, sem
personalidade internacional, autônoma, com competências administrativas e legislativas enumeradas
pela Carta Magna.
A União e ente federativo que representa a República Federativa do Brasil no plano internacional. No
que diz respeito à sua competência legislativa, pode editar leis nacionais (às quais se submetem todos os
habitantes do território nacional) ou leis federais (que alcançam apenas aqueles que estão sob a
jurisdição da União, como é o caso dos servidores públicos federais).
Segundo o artigo dezoito, paragrafo segundo os Territórios Federais integram a União; eles não são
dotados de autonomia política, sendo considerados meras descentralizações administrativas. Por isso,
são considerados pela doutrina autarquias territoriais da União. Atualmente, não existe nenhum
Território Federal.
Estados; Os Estados-membros ou Estados federados, assim como a União, são entes autônomos,
apresentando personalidade jurídica de direito público interno. São dotados de autonomia política e,
por isso, apresentam capacidade de auto-organização, auto legislação, auto administração e
autogoverno. O artigo vinte e cinco, da Constituição Federal de mil novecentos e oitenta e oito, dispõe
sobre a capacidade de auto-organização e auto legislação dos Estados-membros; artigo vinte e cinco. Os
Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios
desta Constituição.
Território Federal.
A auto-organização dos Estados-membros se manifesta por meio da elaboração de suas Constituições,
fruto do exercício do Poder Constituinte Derivado Decorrente pela atuação de suas Assembleias
Legislativas. Já a auto legislação ocorre pela edição de suas próprias leis, resultando da atuação do
legislador ordinário, também nas Assembleias Legislativas. No exercício da sua capacidade de auto-
organização e de auto legislação.
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
Poderes constituídos
Você sabia que o Estado organiza a sua atividade em três funções; a de fazer as leis, a de julgar os
conflitos e a de realizar a Administração Pública e que por essa razão é que hoje grande parte dos países
têm os chamados três poderes?
Poder legislativo - É aquele que tem a atribuição de elaborar ou modificar as leis. Existe poder legislativo
nas esferas da União, Estados e Municípios.
UNIÃO - O Poder Legislativo na esfera Federal é bicameral, ou seja, composto por duas casas legislativas;
Senado Federal - Cada estado ou Distrito Federal elegem três representantes no Senado, dando o
mesmo peso a todos os estados do país, diferentemente do que ocorre na Câmara dos Deputados, onde
o número de Deputados é proporcional ao número de habitantes de cada estado. Dentre outras
atribuições, existem algumas que são exclusivas dos Senadores, como por exemplo; processar e julgar o
Presidente da República e seus Ministros, Ministros do Supremo Tribunal Federal e o chefe do Ministério
Público. Para se candidatar é preciso ter idade mínima de trinta e cinco anos, enquanto para ser
Deputado Federal a idade mínima é de vinte e um anos.
Câmara dos Deputados - Assim como os Senadores, os Deputados Federais são eleitos pela população
de cada estado e do Distrito Federal, sendo o número de vagas definidas por lei complementar, variando
de oito a setenta vagas, conforme o tamanho da população local. Como representante do povo, esse
parlamentar tem duas atribuições principais, estabelecidas na Constituição; legislar e fiscalizar. O
Deputado Federal também pode propor novas leis, alteração ou revogação das já leis existentes e
também propor emendas à Constituição Federal através de uma PEC, (Projeto de Emenda
Constitucional).
ESTADOS - Os Deputados Estaduais ou Distritais, são eleitos pelo sistema proporcional para integrar,
respectivamente, as Assembleias Legislativas dos Estados, ou a Câmara Legislativa, no caso do Distrito
Federal.
As Assembleias Legislativas possuem atribuições equivalentes às da Câmara dos Deputados. O Deputado
Estadual também pode propor novas leis, alteração ou revogação das já leis existentes e também propor
emendas à Constituição Estadual, através de uma PEC, (Projeto de Emenda Constitucional). Também é
responsável por fiscalizar o Governador, seus Secretários etc.
Quanto aos Deputados Distritais, além das funções de competência estadual, exercem também
cumulativamente as funções de competência legislativa municipal. A Câmara Legislativa foi uma
inovação trazida pela Constituição da República Federativa do Brasil de mil novecentos e oitenta e oito,
ocupando uma posição peculiar na República. Como o Distrito Federal acumula as competências
legislativas estaduais e municipais, o Constituinte optou pelo nome Câmara Legislativa, que é uma
junção das denominações Câmara dos Vereadores, dos municípios, com Assembleias Legislativa, dos
Estados.
MUNICÍPIOS - O Vereador é eleito pelo sistema proporcional para integrar a Câmara Municipal, o
principal órgão do Poder Legislativo em cada município. As funções dos Vereadores equivalem às dos
Deputados Estaduais, porém, na esfera Municipal. O Vereador também pode propor novas leis,
alteração ou revogação das já leis existentes e também propor emendas à Lei Orgânica Municipal,
fiscalizar o Prefeito e seus Secretários etc.
Poder executivo
O Poder Executivo tem a função de executar as leis já existentes e de propor a aprovação de novas leis
segundo a necessidade do Estado e do povo.
No Brasil o poder executivo é organizado em três esferas, as quais são lideradas por um representante.
A esfera federal, a qual é representada pelo Presidente da República; a esfera estadual, representada
pelo Governador; e a esfera municipal que é representada pelo Prefeito.
Em caso de algum impedimento, o Presidente da República pode ser substituído pelo Vice-presidente,
Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal e Presidente do Supremo Tribunal
Federal, nessa sequência, artigos setenta e nove e oitenta, da Constituição da República Federativa do
Brasil de mil novecentos e oitenta e oito. Quanto ao Governador, a substituição se dá conforme a
Constituição de cada Estado.
No Rio de Janeiro, a substituição segue a seguinte ordem; Vice-governador, Presidente da Assembleia
Legislativa e Presidente do Tribunal de Justiça. Já os Prefeitos ficam a critério da respectiva Lei Orgânica,
sendo geralmente substituído pelo vice-prefeito e Presidente da Câmara Municipal.
Poder judiciário
É composto por Juízes (em primeira instância), Desembargadores (em segunda instância) e Ministros
(Supremo Tribunal Federal, Supremo Tribunal de Justiça, Tribunal Superior Eleitoral, Tribunal Superior
do Trabalho e Supremo Tribunal Militar). O Poder Judiciário tem a obrigação de julgar quaisquer
conflitos que possam surgir no País, baseando-se nas Leis que se encontram em vigor. Cabe-lhe a função
de aplicar as Leis, julgando de maneira imparcial e isenta, determinada situação e as pessoas nela
envolvidas, determinando quem tem razão e se alguém deve ou não ser punido por infração à Lei.
De acordo com o artigo noventa e dois da Constituição Federal, são órgãos do Poder Judiciário; Supremo
Tribunal Federal (STF); Conselho Nacional de Justiça (CNJ); Superior Tribunal de Justiça (STJ); Tribunais
Regionais Federais (TRF) e Juízes Federais; Tribunais e Juízes do Trabalho; Tribunais e Juízes Eleitorais;
Tribunais e Juízes Militares; Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
No sistema Judiciário brasileiro, há órgãos que funcionam no âmbito da União e dos estados, incluindo o
Distrito Federal e Territórios. Como regra, os processos se originam na primeira instância, podendo ser
levados, por meio de recursos, para a segunda instância, para o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) (ou
demais tribunais superiores) e até para o Supremo Tribunal Federal (STF), que dá a palavra final em
disputas judiciais no país em questões constitucionais. Mas há ações que podem se originar na segunda
instância e até nas Cortes Superiores. É o caso de processos criminais contra autoridades com
prerrogativa de foro. Parlamentares federais, ministros de estado, os presidentes da República, entre
outras autoridades, têm a prerrogativa de ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) quando
processados por infrações penais comuns. Nesses casos, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) é a
instância competente para julgar governadores. Já à segunda instância da Justiça comum os tribunais de
Justiça cabem julgar prefeitos acusados de crimes comuns.
Intervenção federal
A Constituição da República de mil novecentos e oitenta e oito admite o excepcional afasta mento da
autonomia política, por meio da intervenção de uma entidade política sobre a outra, diante do interesse
maior de preservação da própria unidade da federação.
Em nosso país, somente podem ser sujeitos ativos de intervenção a União e os Estados Membros. Não
existe intervenção praticada por municípios ou pelo Distrito Federal.
A União tem competência para intervir nos Estados e no Distrito Federal. Em hipóteses nenhuma a
União intervirá em municípios localizados em Estado-Membro. A União só dispõe de competência para
intervir diretamente em município se este estiver localizado em Território Federal (constituição Federal,
artigo trinta e cinco). Hoje não existem no Brasil mais Territórios. Os Estados são competentes
unicamente para intervenção nos municípios situados em seus respectivos territórios.
A intervenção seja ela federal ou estadual somente poderá efetivar-se nas hipóteses taxativamente
descritas na Constituição Federal, porquanto representa medida patentemente excepcional, em virtude
da autonomia política dos entes federados, cujo corolário é, como regra geral o denominado princípio
da não intervenção (artigo trinta e quatro e trinta e cinco da Constituição Federal de oitenta e oito).
A decretação da intervenção é um ato político executado sempre, exclusivamente, pelo chefe do poder
executivo (Presidente da República e/ou Governador de Estado).
A intervenção federal poderá efetivar-se de maneira espontânea (de ofício) ou provocada, conforme
explicitado nos itens seguintes;
Intervenção federal espontânea; há intervenção espontânea nas hipóteses em que a Constituição
autoriza que a medida seja efetivada diretamente pelo chefe do poder executivo, e por sua própria
iniciativa. O chefe do poder executivo, dentro de seu juízo de discricionariedade, decide pela
intervenção e, de ofício, a executa, independentemente de provocação de outros órgãos. São hipóteses
de intervenção federal espontânea;
Para a defesa da unidade nacional (Constituição Federal, artigo trinta e quatro, inciso primeiro e
segundo);
Para a defesa da ordem pública (Constituição Federal, artigo trinta e quatro, inciso terceiro);
Para a defesa das finanças públicas (Constituição Federal, artigo trinta e quatro, inciso quinto).
Intervenção federal provocada; há intervenção provocada quando a medida depende de provocação de
algum órgão a qual a Constituição conferiu tal competência. Nessas hipóteses não poderá o chefe do
poder executivo tomar à iniciativa e executar, de ofício a medida. A intervenção dependerá da
manifestação de vontade do órgão que recebeu tal incumbência constitucional.
Segundo a Constituição vigente a provocação poderá dar-se mediante solicitação ou requisição. Nos
casos de solicitação entende-se que o chefe do executivo não está obrigado a decretara intervenção. Ao
contrário, diante de requisição, o chefe do poder executivo não dispõe de discricionariedade, isto é,
estará obrigado a decretar a intervenção.
A provocação mediante requisição está prescrita nos seguintes dispositivos Constitucionais; artigo trinta
e quatro, inciso quatro, requisição do Supremo Tribunal Federal; artigo trinta e quatro, inciso sexto,
requisição do Supremo Tribunal Federal, Supremo Tribunal de Justiça ou Tribunal Superior Eleitoral e
artigo trinta e quatro, inciso sétimo, requisição do Supremo Tribunal Federal.
A requisição mediante provocação está prevista no artigo trinta e quatro, inciso quarto, na defesa dos
Poderes Executivos ou Legislativos. Nas hipóteses nas intervenções provocadas são os seguintes órgãos
que receberam a incumbência constitucional de iniciar o processo interventivo;
Poder Legislativo (Assembleia Legislativa Estadual, Câmara Legislativa do Distrito Federal) ou Poder
Executivo local (Governado de Estado ou do Distrito Federal);
Supremo Tribunal Federal; caso o Poder Judiciário local esteja sendo coagido (Constituição Federal,
artigo trinta e quatro, inciso quarto), caberá ao Supremo Tribunal Federal requisitar a intervenção
federal ao Presidente da República, que estará obrigado a decretá-la, pois se cuida de hipótese de
requisição.
Supremo Tribunal Federal, Supremo Tribunal de Justiça ou Tribunal Superior Eleitoral; no caso de
desobediência a ordem ou decisão judicial (Constituição Federal, artigo trinta e quatro, inciso sexto), a
intervenção dependerá da requisição de um desses Tribunais ao Presidente da República de acordo com
a origem da decisão descumprida; se o descumprimento for de ordem ou decisão da Justiça Eleitoral,
caberá ao Tribunal Superior Eleitoral a requisição; se o descumprimento for de ordem ou decisão do
Supremo Tribunal de Justiça, caberá ele a requisição; se o descumprimento for de ordem ou decisão do
Supremo Tribunal de Justiça, da Justiça do Trabalho ou da Justiça Militar, caberá ao Supremo Tribunal de
Justiça a requisição.
Procurador Geral da República (PGR); no caso de recusa a execução de lei federal, (Constituição Federal,
artigo trinta e quatro, inciso sexto), e de ofensa aos princípios sensíveis (Constituição Federal, artigo
trinta e quatro, inciso sétimo), a intervenção dependerá de representação interventiva do Procurador
Geral da República perante o Supremo Tribunal Federal (Constituição Federal, artigo trinta e seis, inciso
terceiro).
Decreto interventivo
A intervenção federal será implementada mediante decreto expedido pelo Presidente da República,
que, uma vez publicado, terá eficácia imediata da, legitimando os demais atos do chefe do Poder
Executivo na execução da medida.
O decreto interventivo especificara a amplitude, o prazo e as condições de execução da intervenção e,
se for o caso, nomeara temporariamente o interventor com o consequente afastamento das autoridades
locais de suas funções (Constituição Federal, artigo trinta e seis, inciso primeiro).
Das hipóteses de intervenção não vinculada o Presidente da República ouvirá os conselhos da República
(Constituição Federal, artigo noventa, paragrafo primeiro) e da defesa nacional (Constituição Federal,
artigo noventa, inciso primeiro), e da defesa nacional (Constituição Federal, artigo noventa e um,
paragrafo primeiro, inciso terceiro) que opinarão a respeito.
A intervenção será temporária e, cessada os seus motivos às autoridades afastadas a estes voltarão,
salvo impedimento legal (Constituição Federal, artigo trinta e seis, paragrafo quarto). Vale lembrar que,
durante a execução da intervenção federal, a Constituição Federal não poderá ser emendada
(Constituição Federal, artigo sessenta, paragrafo primeiro).
O Estado Rio de Janeiro esteve em estado de intervenção federal na área da segurança pública no ano
de dois mil e dezoito, tendo como interventor o General de Exército Braga Netto atual Ministro chefe da
casa civil do Governo Federal.
Controle político da intervenção
Policial, o que seria controle político de intervenção? Vamos aprender?
O decreto presidencial de intervenção deverá ser submetido à apreciação do Congresso Nacional no
prazo de vinte e quatro horas. Se o Congresso estiver em recesso será convocado extraordinariamente
no mesmo prazo de vinte e quatro horas.
Importante destacar que o chefe do Executivo não solicita autorização ao Congresso Nacional para
decretar a intervenção. Ele decreta a intervenção e as medidas interventivas já começam a ser praticas
desde a decretação.
Em seguida, ele submete a medida adotada a apreciação do Congresso Nacional, que aprovará por
decreto legislativo, ou determinará a sua suspensão.
Porém nem todo o decreto interventivo será apreciado pelo Poder Legislativo. Não há controle político
do Congresso Nacional naquelas hipóteses de intervenção decidas pelo Poder Judiciário, em que o
Presidente da república é provocado mediante requisição, cabendo-lhe meramente adotar a medida
interventiva (atividade vinculada).
Intervenção no município
Os Estados-Membros poderão intervir nos municípios localizados no seu território mediante a expedição
de decreto pelo governador. A intervenção em municípios localizados em território federal é da
competência da União, que fará por meio de decreto do Presidente da República, ressalva da hipótese
da intervenção federal em município localizada em território federal, todas as intervenções em
município serão decretadas e executadas pelos Estados. Em nenhuma hipótese haverá intervenção da
União em município localizado em Estado-Membro.
As hipóteses que autorizam a intervenção estadual estão enumeradas no artigo trinta e cinco da
Constituição Federal de oitenta e oito, aplicando-se a esta intervenção as mesmas regras atinentes à
intervenção federal. Na hipótese de intervenção prevista no inciso quarto do artigo trinta e cinco da
Constituição Federal, a decretação da intervenção dependerá de provimento pelo Tribunal de Justiça de
representação interventiva do procurador geral de justiça e, nos termos do artigo trinta e seis, paragrafo
terceiro será dispensada a apreciação pela Assembleia Legislativa.
Estado de defesa
Você sabia que em um Estado Democrático de direito, o texto constitucional protege valores dos mais
diferentes grupos da sociedade e estabelece uma distribuição de poderes entre eles, de tal sorte que
haja um equilíbrio estável de forças, e que nenhum desses grupos possa dominar os demais, tampouco
romper o equilíbrio constitucional desejado?
Esse equilíbrio constitucional, delineado constitucionalmente tendo em vista as situações de
normalidade da vida do estado, poderá ser afetado por situações outras que não há desarmonia entre
grupos sociais como a guerra externa ou agressão armada estrangeiras ou calamidade de grandes
proporções na natureza.
Constatada uma situação de crise constitucional, a Constituição Federal autoriza a adoção de certas
medidas de exceção, estado de defesa e estado de sítio, com o fim de fazer frente a anormalidade
manifestada e reestabelecer a ordem.
Durante a execução dessas medidas o poder de repressão do estado é ampliado, mediante a autorização
para que sejam impostas aos indivíduos restrições e suspensões de certas garantias fundamentais, em
locais específicos e por prazo certo, sempre no intuito de re estabelecer constitucional.
Estado de defesa; estabelece a Constituição Federal que o Presidente da República pode, ouvidos os
Conselhos da República e o Conselho de Defesa Nacional decretar estado de defesa para preservar ou
prontamente reestabelecer, em locais restritos e determinados a ordem pública ou a paz social
ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes
proporções na natureza (Constituição Federal, artigo cento e trinta e seis).
São duas, portanto, as situações excepcionais que autorizam a decretação do estado de defesa;
A existência de grave e iminente instabilidade institucional que ameace a ordem pública ou a paz social;
ou
A manifestação de calamidades de grandes proporções na natureza, que atinjam a ordem pública ou a
paz social.
O estado de defesa é medida de exceção mais branda do que o estado sítio, adiante estudado, e
corresponde às antigas medidas de emergência, que vigoravam no regime constitucional pretérito.
Como medida mais branda, não exige autorização prévia do Congresso Nacional para a sua decretação.
O Presidente da República o decreta e ulteriormente, dentro de vinte e quatro horas submete o ato com
a respectiva justificação à apreciação do Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta. Se o
Congresso estiver em recesso será convocado extraordinariamente no prazo de cinco de dias, devendo
apreciar o decreto no prazo de dez dias contados do seu recebimento e continuar funcionando
enquanto durar o estado de defesa. Na apreciação da medida o Congresso Nacional concluirá por sua
aprovação ou por sua rejeição. Se aprovada a medida, prossegue sua execução; se rejeitada, cessarão
imediatamente os seus efeitos, sem prejuízo da apuração da responsabilidade pelos ilícitos cometidos
por seus executores.
Entretanto, a decretação do estado de defesa exige a previa audiência do Conselho da República
(Constituição Federal, artigo oitenta e nove e artigo noventa) e do Conselho de Defesa Nacional
(Constituição Federal, artigo noventa e um). A manifestação desses dois conselhos é obrigatória, sob
pena da inconstitucionalidade da decretação do estado de defesa. Porém, a manifestação deles é
meramente opinativa, não vinculante.
Significa que mesmo tais conselhos opinando contra a decretação da medida, o Presidente da República
poderá decretá-la se assim julgar conveniente.
O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a
serem abrangida se indicará nos termos dos limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, nas
formas comentadas adiante.
Prazo - o prazo de duração do estado de defesa não poderá ser superior a trinta dias, admitida uma
única prorrogação por igual período se persistir as razões que justificam a sua decretação. Caso haja a
expiração deste prazo, incluída a prorrogação, sem o reestabelecimento da ordem pública ou da paz
social, o remédio será a decretação do estado de sítio, com base na autorização prevista no artigo cento
e trinta e sete, inciso primeiro da Constituição da República Federativa do Brasil de oitenta e oito.
Abrangência - o estado de defesa visa a reprimir ameaças à ordem pública em locais restritos e
determinados. As áreas a ser abrangida pelo estado de defesa serão especificadas pelo Presidente da
República no decreto que instituir a medida. A Constituição não estabelece limites objetivos para a
definição de locais restritos e determinados, mas uma interpretação sistemática do texto constitucional
leva a concluir que não pode ela ter amplitude nacional, pois, neste caso a medida a ser adotada seria o
estado de sítio, conforme determina o artigo cento e trinta e sete, inciso primeiro da Lei Maior.
Medidas coercitivas - durante o estado de defesa poderão vigorar nos termos e limites fixados em lei,
certas medidas coercitivas de restrição de direitos e garantias fundamentais dos indivíduos, dentre elas
temos;
Letra A - As restrições ao direito de reunião, ainda que exercida no seio das associações; de sigilo de
correspondência e de sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
Letra B - A ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública,
respondendo a União pelos danos e custos decorrentes. Observe que as restrições previstas na letra “A”
podem ser adotadas durante o estado de defesa decretado com fundamento em quaisquer das
situações constitucionalmente admitidas, enquanto a ocupação de bens, previstos na letra “B”, somente
poderão ser atendidos na hipótese de estado de defesa decretado em decorrência de calamidade de
grandes proporções.
Na vigência do estado de defesa, a prisão por crime contra o estado, determinada pelo executor da
medida, será por este comunica da imediatamente ao juiz competente que há relaxará se não for legal,
facultado ao preso requerer exame de corpo de delito á autoridade policial. Esta comunicação será
acompanhada de declaração, pela autoridade do estado físico e mental do detido no momento de sua
autuação.
O executor da medida poderá, também, determinar a prisão de qualquer pessoa outros motivos que não
seja o cometimento de crime contra o estado, mas, neste caso, a prisão ou a detenção não poderá ser
superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário.
Em qualquer caso, é vedada a incomunicabilidade do preso, afim de que ele tenha a possibilidade de
provocar o controle judicial da legalidade de seu encarceramento, uma vez que durante a mesmo
durante a medida exceção constitucionalmente autorizada, deve o estado atuar em conformidade com
o Direito nos estritos limites impostos pelo próprio ordenamento jurídico, e não arbitrariamente. O
controle político da decretação do estado de defesa é realizado pelo Congresso Nacional, em três
momentos distintos.
Em primeiro lugar, compete ao Congresso Nacional apreciar, no prazo de dez dias contados do seu
recebimento, o decreto que institui (ou prorroga) o estado de defesa, para o fim por maioria absoluta de
seus membros, aprová-lo ou rejeitá-lo.
Da mesma forma, o legislativo o controle concomitante da execução do estado de defesa. Com efeito,
determina a Constituição que amesado Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários designará
comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas
referentes ao estado de defesa.
Por último, o Congresso Nacional realiza o controle sucessivo do estado de defesa, pois, após a sua
cessação, as medidas aplicadas durante a sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República, em
mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das providências adotadas, com
relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.
O controle jurisdicional é exercido pelo Poder Judiciário, tanto durante a execução do estado de defesa
quanto a posteriori, após a cessação dos efeitos da medida. Assim, durante a execução do estado de
defesa o Poder Judiciário poderá ser provocado para reprimir eventuais abusos e ilegalidades cometidos
pelos executores, especialmente mediante a impetração demanda do de segurança e habeas Corpus. De
igual forma, mesmo após a cessação do estado de defesa o Poder Judiciário poderá ser chamado para
apurar os ilícitos cometidos pelos seus executores ou agentes.
Estado de sítio
Sargento, agora que você já estudou Estado de Defesa. Que tal estudar Estado de Sítio? Sabe o que é?
Vamos aprender?
Determina a Constituição Federal que o Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República
e o Conselho de Defesa Nacional, solicitara o Congresso Nacional autorização para decretar o estado de
sítio nos casos de;
Comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fato que comprovem a ineficácia de medida
tomada durante o estado de defesa; ou
Declaração de estado de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.
O estado de sítio constitui medida mais grave do que o estado de defesa. Uma vez decretado,
estabelece-se uma legalidade constitucional extraordinária, na qual é permitida a suspensão temporária
de direito se garantias fundamentais do indivíduo, como forma de reverter a anormalidade em curso.
Pressupostos - a decretação do estado de sítio exige a prévia audiência do conselho da república
(Constituição Federal, artigo oitenta e nove e artigo noventa) e do conselho de defesa nacional
(Constituição Federal, artigo noventa e um). A manifestação desses dois conselhos é obrigatória sob
pena de inconstitucionalidade da decretação da medida. Porém, a manifestação deles é meramente
opinativa, não vinculante.
Ao contrário do estado de defesa, a decretação do estado de sítio exige prévia autorização do Congresso
Nacional. Com efeito, por constituir medida mais grave, o Presidente da República de vê solicitara
autorização do Congresso Nacional para decretar o estado de sítio, sob pena de absoluta
inconstitucionalidade do ato. Ao solicitar a autorização para decretar o estado de sítio ou sua
prorrogação, o Presidente da República relatará os motivos determinantes do pedido, devendo o
Congresso Nacional decidir por maioria absoluta.
Deste modo, a instauração do estado de sítio depende do cumprimento de três requisitos formais, são
eles;
Audiência do Conselho da República e do Conselho Nacional;
Autorização do Congresso Nacional, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, em face de
solicitação fundamentada do Presidente da República;
Expedição do decreto pelo Presidente da República.
O decreto de estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias
constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará o
executor das medidas especificadas e as áreas abrangidas.
Duração
A duração máxima do estado de sítio dependerá da causa de sua decretação, na forma a seguir
explicitada.
No caso de decretada com fundamento no inciso primeiro do artigo 137 da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988 (comoção grave de repercussão nacional ou ineficácia de medida tomada
durante o estado de defesa), o estado de sítio não poderá ser decretado por mais de 30 dias, nem
prorrogado, de cada vez por prazo superior a trinta dias. Caso o estado de sítio seja decretado com
fundamento nas situações autorizadoras do inciso segundo do artigo cento e trinta e sete (decretação
de estado de guerra ou resposta a agressão de estado estrangeiro) poderá a medida ser decretada por
todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.
Abrangência
Estabelece a constituição que depois de publicado o decreto de instituição do estado de sítio, o
Presidente da República designará o executor das medidas especificas e das áreas abrangidas. Desta
forma, as áreas abrangidas pelo estado de sítio não precisarão constar, especificamente, do decreto que
o instituir, devendo ser ulteriormente designadas pelo Presidente da República.
Apesar de os pressupostos para decretação do estado de sitio serem situações de alcance ou de
repercussão nacional, as medidas coercitivas não necessariamente abrangerão todas as áreas do
território nacional.
Medidas coercitivas
As medidas coercitivas que poderão ser tomadas contra as pessoas também dependerão da causa que
fundamentou a decretação do estado de sítio. Assim, se o estado de sítio for decretado com
fundamento no inciso primeiro do artigo 137 da Constituição Federal, só poderão ser adotadas contra as
pessoas com as seguintes medidas;
Obrigação de permanência em localidade determinada;
Detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;
Restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de
informações, à liberdade de imprensa, à radiodifusão e televisão, na forma da lei;
Suspensão da liberdade de reunião;
Busca e apreensão em domicilio;
Intervenção das empresas de serviços públicos;
Requisição de bens - No caso de estado de sítio decretado com fundamento nas situações autorizadoras
vazadas no inciso segundo do artigo cento e trinta e sete da Constituição Federal, a Le Maior não
estabeleceu os limites que deverão ser observados na imposição das medidas coercitivas contra as
pessoas. Significa dizer que em tese, as restrições poderão ser mais amplas, atingindo outras garantias
fundamentais, além daquelas autorizadas pelo artigo cento trinta e nove da Constituição Federal para o
caso de estado de sítio decretado com fundamento no inciso primeiro do artigo 137 da Constituição
Federal.
Controle
Controle político da decretação do estado de sítio é realizado pelo Congresso Nacional, e pode ser divido
em três diferentes modalidades;
Controle preventivo, porquanto a decretação do estado de sítio depende de autorização prévia do
Congresso Nacional;
Um controle concomitante, uma vez que a mesa do Congresso Nacional, ouvido os líderes partidários
designará comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das
medidas referentes ao estado de sítio;
E um controle sucessivo, pois, logo que cesse o estado de sítio as medidas aplicadas em sua vigência
serão reportadas pelo Presidente da República em mensagem ao Congresso Nacional com especificação
e justificação das providencias adotadas, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições
aplicadas.

O controle jurisdicional é exercido pelo Poder Judiciário, tanto durante a execução do estado de sítio
quanto à posteriori, após a cessação dos efeitos da medida. Assim, durante a execução da medida, o
Poder Judiciário poderá ser provocado para reprimir eventuais abusos e ilegalidades cometidos pelos
executores, especialmente medida a impetração de mandado de segurança e habeas Corpus. De igual
forma, mesmo após a cessação do estado de sitio, o Poder Judiciário poderá ser chamado a apurar a
responsabilidade pelos ilícitos cometidos pelos seus executores ou agentes, em conformidade com o
artigo cento e quarenta e um, da Carta Política.
DAS FORÇAS ARMADAS – MILITARES FEDERAIS
Você sabia que Constituição Federal estabelece que as forças armadas, integradas pela Marinha, pelo
Exército e pela Aeronáutica são instituições nacionais permanentes e regulares, organizada com base na
hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam se à defesa
da pátria, a garantia dos Poderes Constitucionais e por iniciativa de qualquer deste, da lei e da ordem?
Artigo 142 - As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob
a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam se à defesa da Pátria, à garantia dos
poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
Paragrafo primeiro Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização,
no preparo e no emprego das Forças Armadas.
Paragrafo segundo - Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.
Paragrafo Terceiro - Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se lhes,
além das que vierem a serem fixadas em lei, as seguintes disposições;
As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da
República e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes
privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das
Forças Armadas;
O militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente, ressalvada a
hipótese prevista no artigo trinta e sete, inciso dezesseis, alínea c, será transferido para a reserva, nos
termos da lei;
O militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função pública civil
temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no artigo
trinta e sete, inciso dezesseis, alínea c, ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá,
enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por antiguidade, contando-se lhe o tempo de
serviço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo depois de dois anos de
afastamento, contínuos ou não, transferido para a reserva, nos termos da lei;
Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;
O militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos;
O oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por
decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo
de guerra;
Inciso sétimo - o oficial condenado na justiça comum ou militar à pena privativa de liberdade superior a
dois anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso
anterior; no artigo sétimo, incisos oito, doze, dezessete, dezoito, dezenove e vinte e cinco, e no artigo
trinta e sete, incisos onze, treze, quatorze e quinze, bem como, na forma da lei e com prevalência da
atividade militar, no artigo trinta e sete, inciso dezesseis, alínea c;
Inciso oitavo - aplica-se aos militares o disposto nono -(Revogado).
Inciso décimo; a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e
outras condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração,
as prerrogativas e outras situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas
atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra.
Militares estaduais e distritais
Artigo 42 - Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas
com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
Paragrafo primeiro - Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do
que vier a serem fixados em lei, as disposições do artigo 14, paragrafo oitavo; do artigo 40, paragrafo
nono; e do artigo 142, paragrafo segundo e paragrafo terceiro, cabendo a lei estadual específica dispor
sobre as matérias do artigo 142, paragrafo terceiro, inciso 10, sendo as patentes dos oficiais conferidas
pelos respectivos governadores.
A Seção três, do Capítulo 7, da Constituição Federal de 1988, em seu artigo 142, assim dispõe;
“Os membros das Policias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base
na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios”. (Redação da
Emenda Constitucional Número 18 de 1998).
Você sabia que a Constituição Federal dispõe que as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros
Militares, semelhantemente às Forças Armadas, são instituições organizadas com base na hierarquia e
disciplina?
Afirma ainda que, que os membros dessas instituições são militares dos Estados, do Distrito Federal e
dos Territórios. Atualmente, não há mais Territórios Federais no Estado brasileiro. Por isso, os membros
das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares são denominados militares estaduais.
As patentes dos oficiais militares estaduais serão conferidas pelos respectivos Governadores
(Constituição Federal de 1988, artigo 42, paragrafo primeiro). Já o Parágrafo sexto do Artigo 144, afirma
que as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares subordinam-se, juntamente com as polícias
civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. Portanto, as instituições
supracitadas, têm como chefe supremo o governador local.
Tanto as Polícias Militares quanto os Corpos de Bombeiros, são também forças auxiliares e reserva do
Exército. Portanto, em caso de Estado de emergência ou Estado de sítio, ou em decorrência de uma
guerra, os integrantes destas corporações poderão ser requisitados pelo Exército para exercer em
funções diversas da área de segurança pública.
Fica evidente que as atividades delegadas pela Constituição a essas duas instituições são atividades
essenciais e imprescindíveis para a sociedade; logo, a interrupção da execução dessas atividades
corresponde a um atentado violento ao Estado Democrático de Direito, que pode ensejar um verdadeiro
caos social.
Organização e manutenção dos militares distritais
O Artigo 21 da Constituição Federal dispõe o seguinte;
Artigo 21 - compete a União
Inciso dezenove - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do
Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços
públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada pela Emenda Constitucional número 19, de 1988).
Nesse aspecto, ficou claro que, tanto remuneração quanto a organização das instituições militares
distrital são de total responsabilidade da União, ou seja, do governo federal.
Direito de greve dos militares distritais e estaduais
No início do ano de 2012, ocorreu em vários estados, uma onda de greves dos Policiais e Bombeiros
Militares, culminado em um aumento absurdo da criminalidade, fato que trouxe bastante temor à
população brasileira, causando inúmeros prejuízos à sociedade.
Os meios de comunicação noticiavam, diuturnamente, o aumento alarmante nos números de
homicídios, roubos e furtos, esses números praticamente quadruplicaram no período da greve dos
militares estaduais nos Estados da Bahia, Ceará e Rio de Janeiro.

O Supremo Tribunal Federal tem entendimento pacificado (Supremo Tribunal Federal), na condição de
guardião máximo da Constituição Federal. Durante o julgamento da Reclamação Constitucional 6.568,
ocasião em que entendeu que alguns serviços públicos, em razão de sua essencialidade e
imprescindibilidade para a sociedade, deverão, sempre, ser prestados em sua totalidade, vedando a
paralisação (total ou parcial) dos agentes públicos responsáveis por essas atividades.
O Supremo Tribunal Federal (STF), por analogia aos militares federais, vedou também o exercício do
direito de greve aos policiais civis do Estado de São Paulo, a pedido da Procuradoria Geral do Estado,
afirmando que os servidores que exerçam atividades indelegáveis do Estado, das quais dependam a
manutenção da ordem pública, da segurança pública, da saúde pública e da administração da Justiça,
não estão inseridos no elenco dos servidores detentores do direito de greve.
O Doutrinador Pedro Lenza, explica que a segurança pública, em nível estadual, foi atribuída às Polícias
Civis, às Polícias Militares e aos Corpos de Bombeiros. Lembrando que o policiamento ostensivo e a
preservação da ordem pública (polícia administrativa) ficaram a cargo das Polícias Militares, forças
auxiliares e reservas do Exército.
No que diz respeito ao direito de greve dos militares estaduais, o festejado doutrinador preleciona que;
Nos termos do artigo cento e quarenta e dois, paragrafo terceiro, inciso quarto, ao militar são proibidas
a sindicalização e a greve, Assim, os membros das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica),
bem como os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios (membros das Polícias Militares
e Corpos de Bombeiros Militares, artigo 42, paragrafo primeiro, que determina a aplicação do artigo
142, paragrafo terceiro) estão proibidos de exercer o direito de greve, confirmando, então, que referido
direito fundamental não é absoluto.
Segurança pública Sargento, você saberia dizer qual artigo da Constituição Federal trata da Segurança
Pública? Vamos aprender?
Segurança pública – dever do Estado e Direito e responsabilidade de todos.
A Constituição Federal trata da Segurança Pública no Capítulo 3 do seu Título quinto no artigo 144,
“caput”, Constituição Federal de 1988. Dispõe a Carta Magna que a segurança pública é dever do
Estado, direito e responsabilidade de todos, sendo exercida com o objetivo de preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos;
Polícia Federal;
Polícia Rodoviária Federal;
Polícia Ferroviária Federal;
Policiais Civis;
Policiais Militares e Corpos de Bombeiros Militares.
Polícias penais federal, estaduais e distritais (Emenda Constitucional número 104 de 2009).
Esta lista é taxativa. Não podem, portanto, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarem outros
órgãos e incluí-los no rol dos responsáveis pela segurança pública.
O Parágrafo oitavo do artigo cento e quarenta e quatro da Constituição da República Federativa do Brasil
de oitenta e oito permite aos municípios a criação de guardas municipais destinadas à proteção de seus
bens, serviços e instalações. Mas as funções desta guarda municipal se instituída pela municipalidade
são essencialmente patrimoniais, não podendo este órgão integrar a estrutura de segurança pública
para exercer função de polícia ostensiva e judiciária.
A polícia de segurança, segundo Pedro Lenza, divide-se em 2 grandes áreas; polícia administrativa e
polícia judiciária. A polícia administrativa (preventiva ou ostensiva) atua preventivamente, evitando que
o crime aconteça na área do ilícito administrativo. Já a judiciária (polícia de investigação) atua
repressivamente, depois de ocorrido o lícito penal.
Polícia Federal
Assim está definida e organizada a Polícia Federal, na previsão do artigo 144 da Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988.
Paragrafo primeiro - A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido
pela União e estruturado em carreira, destina-se a; (Redação dada pela Emenda Constitucional número
dezenove, de 1988).
Apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses
da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja
prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se
dispuser em lei.
Prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem
prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
Exercer as funções de polícia marítima, aérea e de fronteiras;
Exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda
Constitucional número 19, de 1998);
Exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
A Lei número 10.446 de 2002, em seu artigo primeiro, traz uma lista de crimes que foram escolhidos
pelo legislador e que podem ser investigados pela Polícia Federal.
No caso dos delitos previstos neste artigo primeiro, não importa se eles serão ou não julgados pela
Justiça Federal. A atribuição para investigá-los será da Polícia Federal.
Assim, quando houver repercussão interestadual ou internacional que exija repressão uniforme, a
Polícia Federal poderá investigar as seguintes infrações penais;
Sequestro e cárcere privado (artigo cento e quarenta e oito do Código Penal) e extorsão mediante
sequestro (artigo cento e cinquenta e nove, se o agente foi impelido por motivação politica ou quando
praticado em razão da função pública exercida pela vítima);
Formação de cartel (incisos primeiro, a segundo ,terceiro e sétimo do artigo quarto da Lei número 8 de
137 de 1990);
Crimes em que haja violação a direitos humanos que o Brasil se comprometeu a reprimir em decorrência
de tratados internacionais de que seja parte; e
Furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em operação interestadual
ou internacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ou bando em mais de um Estado da
Federação;
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais
e venda, inclusive pela internet, depósito ou distribuição do produto falsificado, corrompido, adulterado
ou alterado (artigo 273 do Código Penal).
OBSERVAÇÃO - A Polícia Federal irá investigá-los sempre juízo da responsabilidade das Polícias Militares
e Civis dos Estados, ou seja, tais órgãos de segurança pública também poderão contribuir com as
investigações.
Cabe ressaltar que a lista do artigo primeiro da Lei número 10.446 de 2002 é exemplificativa. Assim, o
Departamento de Polícia Federal poderá investigar outras infrações penais que não estejam nesta lista,
desde que;
Tal providência seja autorizada ou determinada pelo Ministro de Estado da Justiça;
A infração tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme.
Essa autorização mais genérica está prevista no Parágrafo único do artigo primeiro da Lei número 10.446
de 2002. A Lei número 13.124 de 2015 acrescentou mais um inciso ao artigo primeiro da Lei número dez
mil quatrocentos e quarenta e seis de dois mil e dois prevendo um novo rol de crimes que poderão ser
investigados pela Polícia Federal. Confira;
Artigo primeiro – Na forma do inciso primeiro do paragrafo primeiro do artigo 144 da Constituição,
quando houver repercussão interestadual ou internacional que exija repressão uniforme, poderá o
Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da responsabilidade dos órgãos
de segurança pública arrolados no artigo 144 da Constituição Federal, em especial das Polícias Militares
e Civis dos Estados, proceder à investigação, dentre outras, das seguintes infrações penais;
Sexto - furto, roubo ou dano contra instituições financeiras, incluindo agências bancárias ou caixas
eletrônicos, quando houver indícios da atuação de associação criminosa em mais de um Estado da
Federação.
Todos os crimes acima listados continuam sendo, em regra, de competência Justiça Estadual. Apenas a
INVESTIGAÇÃO de tais delitos é que passou para a esfera federal. Assim, a Polícia Federal realiza o
inquérito policial e depois o remete para o juiz de Direito e o Promotor de Justiça que irão dar início e
prosseguimento no processo penal. A Polícia Federal exerce tanto as funções de Polícia Judiciária quanto
a de Polícia Administrativa.
Polícia rodoviária federal
A Polícia Rodoviária Federal se encontra definida no Parágrafo segundo do artigo 144 da Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988;
Paragrafo segundo – A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e
estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
(Redação dada pela Emenda Constitucional número 19 de 1998).
O Código de Trânsito Brasileiro, instituído pela Lei Número 9.503, de 23 de setembro de 1997, em seu
artigo 20, traz as principais atribuições da Polícia Rodoviária Federal;
Artigo 20 – Compete à Polícia Rodoviária Federal, no âmbito das rodovias e estradas federais;
Cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito de suas atribuições;
Realizar o patrulhamento ostensivo, executando operações relacionadas com a segurança pública, com
o objetivo de preservar a ordem, incolumidade das pessoas, o patrimônio da União e o de terceiros;
Aplicar e arrecadar as multas impostas por infrações de trânsito, as medidas administrativas decorrentes
e os valores provenientes de estada e remoção de veículos, objetos, animais e escolta de veículos de
cargas superdimensionadas ou perigosas;
Efetuar levantamento dos locais de acidentes de trânsito e dos serviços de atendimento, socorro e
salvamento de vítimas;
Credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar medidas de segurança relativas aos serviços de
remoção de veículos, escolta e transporte de carga indivisível;
Assegurar a livre circulação nas rodovias federais, podendo solicitar ao órgão rodoviário a adoção de
medidas emergenciais, e zelar pelo cumprimento das normas legais relativas ao direito de vizinhança,
promovendo a interdição de construções e instalações não autorizadas;
Coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre acidentes de trânsito e suas causas, adotando ou
indicando medidas operacionais preventivas e encaminhando-os ao órgão rodoviário federal;
Implementar as medidas da Política Nacional de Segurança e Educação de Trânsito;
Promover e participar de projetos e programas de educação e segurança, de acordo com as diretrizes
estabelecidas pelo CONTRAN;
Integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e
compensação de multas impostas na área de sua competência, com vistas à unificação do
licenciamento, à simplificação e à celeridade das transferências de veículos e de prontuários de
condutores de uma para outra unidade da Federação;
Fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído produzidos pelos veículos automotores ou pela sua
carga, de acordo com o estabelecido no artigo 66, além de dar apoio, quando solicitado, às ações
específicas dos órgãos ambientais.
A Polícia Rodoviária Federal exerce praticamente atividades típicas de polícia administrativa, como a
fiscalização das rodovias federais, através do patrulhamento ostensivo, o qual tem objetivo de garantir
obediência às normas de trânsito, assegurando a livre circulação e evitando acidentes.
O Departamento de Polícia Rodoviária Federal é um órgão do Ministério da Justiça, logo faz parte do
Poder Executivo Federal. Assim como as demais polícias, têm também como missão a Segurança Pública,
além das suas atribuições específicas de prestar segurança aos usuários das rodovias federais, socorro às
vitimas de acidentes de trânsito, aplicar multas impostas por infrações de trânsito, etc.
Polícia ferroviária federal
A Constituição Federal de 1988 igualou a Polícia Ferroviária Federal aos de mais órgãos da Segurança
Pública em seu artigo 144, paragrafo terceiro; “A polícia ferroviária federal, órgão permanente,
organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao
patrulhamento ostensivo das ferrovias federais”.
Apesar de ser a instituição de polícia especializada mais antiga do país, está em processo de extinção, já
que seus servidores, remanescentes, gradativamente estão se aposentando e o quadro funcional não foi
reposto, sendo o último concurso público para a instituição realizado em mil novecentos e oitenta e
nove.
ATRIBUIÇÕES DA POLÍCIA FEDERAL
APURAR - Infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e
interesses da união ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas; Outras infrações cuja prática
tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em
lei.
PREVINIR E REPRIMIR - O tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho,
sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
Exercer as funções de Polícia;
Exercer as funções de Polícia
POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL - Patrulhamento ostensivo das Rodovias Federais;
POLÍCIA FERROVIÁRIA FEDERAL - Patrulhamento ostensivo das Ferrovias Federais.
Polícias dos estados
Você sabia que a segurança pública dos Estados foi atribuída às polícias civis, às polícias militares,
polícias penais e ao corpo de bombeiros, que formam, em conjunto, as polícias dos Estados?
Essas polícias, embora mantidas e organizadas pelos Estados, deverão observar as normas gerais
federais (da União) de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das
polícias militares e corpos de bombeiros militares, conforme o artigo 22 da Carta Magna. Às polícias
civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem ressalvadas a competência da União, as
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto os militares. Essa exceção não se
aplica aos crimes praticados por militares, desde que estranhos às suas atividades. Segundo o Supremo
Tribunal Federal (STF), compete à polícia civil a apuração de crimes comuns praticados por militares, ou
seja, aqueles estranhos à atividade militar.
Paragrafo quarto – Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem ressalvadas
a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as
militares.
Portanto, sua área de atuação restringe-se ao âmbito estadual, e cada Estado da Federação organizará a
sua Polícia Civil, sendo o responsável pela manutenção da mesma.
Já no Distrito Federal terá sua polícia civil mantida e organizada pela União, tendo em vista o artigo 21,
inciso quatorze da Constituição Federal, o qual estabelece a competência da União para tal.
Às polícias militares possuem por ordem Constitucional realizar a polícia ostensiva e a preservação da
ordem pública (polícia administrativa, enquanto aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições
definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil). As polícias militares e corpos de
bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias
civis e as polícias penais estaduais e distritais aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios.
Na maioria dos Estados os, corpos de bombeiros militares são unidades especializadas que pertencem
aos quadros das Polícias Militares. Em regra, seus integrantes primeiro ingressam nos quadros policiais,
para depois receberem treinamento especializado para realizarem as funções constitucionais (artigo 44,
paragrafo quinto e paragrafo sexto da Constituição Federal);
Paragrafo quinto – Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos
corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades
de defesa civil.
Paragrafo sexto – As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do
Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito
Federal e dos Territórios.
Em alguns Estados, como Rio de Janeiro, Alagoas e Brasília, o corpo de bombeiro militar é uma
instituição independente e separada da Polícia Militar, com quadros próprios e Escolas de formação de
praças e oficiais.
Cabe ressaltar que, as Polícias Militares e Bombeiros Militares, eventualmente, também exerce, mas
funções de Polícia judiciária, nas hipóteses de crime militar cometido por seus integrantes.
O texto constitucional definiu, em seu artigo 42, os princípios sobre os quais deve ser organizada a
instituição - hierarquia e disciplina. Também, colocou as polícias militares e os corpos de bombeiros
militares com as forças auxiliares e reservado Exército, conforme o disposto no artigo 144, Parágrafo
sexto da atual Constituição Federal.
Portanto, os membros dessas instituições podem ser requisitados pelo Exército Brasileiro quando
houver necessidade, por exemplo, em casos de guerra.
A nossa Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro tem um capítulo que versa sobre sua estrutura na
Constituição do Estado do Rio de Janeiro, na Seção quatro (IV), na forma a seguir;
DOS SERVIDORES PÚBLICOS MILITARES
Artigo 91- São servidores militares estaduais os integrantes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros
Militar.
Paragrafo quinto - Ao servidor militar são proibidas a sindicalização e a greve, sendo livre, no entanto, a
associação de natureza não sindical, sem fins lucrativos garantidos o desconto em folha de pagamento
das contribuições expressamente autorizadas pelo associado.
Paragrafo sexto - O militar, enquanto em efetivo serviço, não pode estar filiado a partidos políticos.
Paragrafo sétimo - O oficial e a praça só perderão o posto, a patente e a graduação se forem julgados
indignos do oficialato, da graduação ou com eles incompatíveis, por decisão de tribunal competente.
Paragrafo Oitavo - O oficial condenado na justiça comum ou militar apena privativa de liberdade
superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no
Parágrafo anterior.
Paragrafo onze - O Estado fornecerá aos servidores militares os equipamentos de proteção individual
adequados aos diversos riscos a que são submetidos em suas atividades operacionais.
Paragrafo doze - Será designado para as corporações da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar
um pastor evangélico que desempenhará a função de orientador religioso em quartéis, hospitais e
presídios com direito a ingressar no oficialato capelão.
Paragrafo treze - O servidor público militar estadual demitido por ato administrativo, se absolvido pela
justiça, na ação que deu causa a demissão, será reintegrado à Corporação com todos os direitos
restabelecidos. (Acrescentado pela Emenda Constitucional número 45, de 25 de junho de 2010.
Dispositivo declarado inconstitucional pelo tribunal de justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJERJ) –
processo número 0031439- 78.2010.8.19.0000.
Artigo 92 - Aos servidores militares ficam assegurados os seguintes direitos; (Regulamentado pela Lei
número 1890, de 14.11.91).
Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que recebem remuneração variável;
Décimo terceiro salário com base na remunerarão integral ou no valor da aposentadoria;
Salário-família para os seus dependentes;
Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de 120 dias;
Licença Paternidade nos termos fixados em lei;
Licença especial para os adotantes nos termos fixados em lei;
Inciso oito - elegibilidade do alistável, atendidas as seguintes condições;
Se contar menos de 10 anos de serviço deverá afastar-se da atividade;
Se contar mais de 10 anos de serviço será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
Inciso Nove - aos servidores militares estaduais será permitido o porte de arma, para a sua defesa
pessoal e dos com cidadãos, fora do horário de serviço. (Inciso regulamentado pela Lei número 1890, de
14.12.91, que regulamenta o disposto no inciso nove do artigo 92 da Constituição do Estado do Rio de
Janeiro.)
Parágrafo único - (...)
Artigo 93 - A lei disporá sobre a pensão militar estadual.
Paragrafo segundo - Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios
aplica-se o que for fixado em lei específica do respectivo ente estatal.
Polícia Militar - Polícia Administrativa.
Polícia Civil - Policia Judiciária.
Polícias penais federal, estaduais e distrital.
A Emenda Constitucional número 104 de 2019 incluiu no rol de órgãos de segurança pública do Estado
brasileiro as Polícias Penais Federal, Estaduais e Distritais.
“As carreiras de agentes penitenciários foram, assim, transformadas em carreiras policiais”, sendo
alçadas ao patamar constitucional. As polícias penais estão vinculadas ao órgão administrador do
sistema penal da unidade federativa a que pertencem. Compete às policiais penais a segurança dos
estabelecimentos prisionais.
No âmbito dos Estados e do Distrito Federal, as polícias penais estão subordinadas aos Governadores
dos Estados e do Distrito Federal, exatamente o que também acontece comas polícias civis e com as
polícias militares. Cabe destacar, entretanto, que a polícia penal do Distrito Federal será organizada e
mantida pela União. Nessa linha, o artigo 32, paragrafo quarto da Constituição Federal de 1988, prevê
que “lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da polícia
penal, da polícia militar e do corpo de bombeiros militar”. Com a Emenda Constitucional número 104 de
2019, fica garantido que o preenchimento do quadro de servidores das polícias penais será feito,
exclusivamente, por meio de concurso público ou por meio de transformação dos cargos dos agentes
penitenciários e equivalentes. Assim, não mais se permitirá a situação esdrúxula em que vários agentes
penitenciários exercem cargos temporários.
POLÍCIA DE SEGURANÇA
POLÍCIA ADMINISTRATIVA - Preventiva, visa a evitar que o crime aconteça, Exemplo; policiais militares
estaduais.
POLÍCIA JUDICIÁRIA - Repressiva ou de investigação,
Atua depois que o crime ocorreu;
Exemplo - polícia federal.

Guarda municipal
Você sabia que a Constituição (artigo 144, paragrafo oitavo) determina que os Municípios poderão
constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme
dispuser a lei?
Trata-se, de polícia administrativa, que visa à proteção do patrimônio contra a depredação dos
demolidores da coisa alheia. Atualmente, portanto, as guardas municipais não possuem competência
para realizar policiamento ostensivo. Há certa polêmica quanto à natureza das Guardas Municipais.
Seriam elas órgãos de segurança pública do Estado brasileiro, porém, sob um ponto de vista
estritamente formal, as Guardas Municipais não integram os órgãos de segurança pública do Estado
brasileiro, uma vez que não estão arroladas nos diversos incisos do artigo 144 da Constituição Federal de
1988.
A guarda municipal destina-se ao policiamento administrativo da cidade, especialmente dos parques e
jardins, dos edifícios públicos e museus, onde a ação dos depredadores do patrimônio público se mostra
mais danosa. É uma corporação de natureza civil, à qual caberá a proteção e vigilância dos bens, serviços
e instalações do Município, no âmbito da administração pública direta e indireta, bem como a
colaboração às policias civil e militar do Estado, para políticas de segurança pública e trânsito.
As Guardas Municipais estão definidas nos Parágrafos oitavo e décimo do artigo 144) da Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988;
Paragrafo Oitavo - Os municípios poderão constituir guardas municipais destinadas a proteção de seus
bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
Paragrafo nono - (...)
Paragrafo décimo - A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade
das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas; (Incluído pela Emenda Constitucional número 82) de
2014).
Inciso um - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades
previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e (Incluído pela
Emenda Constitucional número 82 de 2014).
Inciso dois - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos
órgãos ou entidades executivas e seus agentes de trânsito, estruturado sem Carreira, na forma da lei.
(Incluído pela Emenda Constitucional número 82 de 2014).
CONCLUSÃO
A presente disciplina visa dá suporte ao aluno do Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos concernente
ao conhecimento de alguns dos principais tópicos do Direito Constitucional iluminado pela Constituição
da República Federativa do Brasil de 1988, que foi promulgada no dia 05 de outubro de 1988; agregando
valores no tocante a sua formação técnica profissional, sua postura e comportamento no cotidiano,
principalmente no exercício da função pública onde atua como agente garantidor da lei e da ordem.
Desta forma, o estimulo, a reflexão e o debate crítico sobre o tema, deverá somar esforços para que
através do seu mister, contribua para elevar o nome e a imagem institucional da Corporação diante do
seu público.

DIREITO PENAL
INTRODUÇÃO
O Sargento policial militar aluno do Curso de Aperfeiçoamento necessita de um currículo extenso em
matérias na área do Direito para sua própria segurança jurídica e ainda resguardar e legitimar suas ações
dentro da legalidade bem como dá suporte e esclarecimento aos seus subordinados quando estiverem
na atividade policial e surgirem dúvidas quanto ao comportamento mais apropriado embasado na lei e
ainda ajudar ao comando na orientação da tropa para diminuir erros por desconhecimento ou descuido
da atual lei penal comum.
Ressalta-se que o sargento aperfeiçoado terá relevante importância no serviço policial militar prestado
ao cidadão do Rio de janeiro e para os subordinados que estiverem sobre suas ordens bem como as
promoções futuras advindas pela conclusão do CAS necessitará de um graduado ainda mais preparado
para prestar o melhor serviço ao Estado do Rio de Janeiro e ainda auxiliar e exigir dos militares de
graduação inferior que estiverem sob sua capitania um serviço de segurança pública satisfatório.
O material didático tem o intuito de forma prática e com vernáculo pouco cerimonioso relembrar e
atualizar a disciplina do Direito Penal Comum, utilizando estudo de casos alinhando a doutrina penal e a
prática policial militar. O Direito penal é uma ciência humana, mutável conjuntamente com a sociedade,
tornando o estudo desta ciência extremamente relacionada à missão da polícia militar e, portanto, deve
ser material de estudo contínuo.
Compreendendo a matéria de direito penal comum através do histórico, conceitos, estrutura, tipos
penais somados a jurisprudência e a doutrina majoritária recente, realizando uma abordagem
sistemática com gráficos, exemplos e principalmente estudo de casos ajudará sobremaneira ao futuro
Sargento aperfeiçoado uma visão ampla, a fim de evitar equivocadas interpretações dos artigos e sua
inadequada aplicação ao caso concreto e ainda a orientação e fiscalização do subordinado para que não
ocorram ações não protegidas pela lei.
Insta aduzir derradeiramente que não é atribuição da Instituição questionar a legislação penal mesmo
que a referida lei ao sentir do aluno não possua sentido ou não responda aos reclamos da sociedade. A
Constituição federal determina as competências das diversas Instituições cabendo à polícia militar
consciente de sua missão constitucional exercita-la cumprindo rigorosamente o que se determina em
lei.
Contextualizando o Direito Penal
Sargento, vamos conhecer a história do Direito Penal?
O surgimento do Direito Penal se conjuga com o surgimento da própria sociedade. Ele nasce em meio ao
sentimento de vingança penal e não de justiça, seu trajeto também acompanha os passos da evolução
do Estado e da sociedade e o que conhecemos como o Direito Penal atual não deve ser encarado como
sua forma concreta, final, acabada, pois a evolução, mudança e as necessidades e objetivos do ser
humano são continuamente modificadas.
Sabemos que o crime é um fenômeno social desde a origem da raça humana, realizado apenas por estes
seres e para um regramento de convivência na qual possa garantir a continuidade de sua existência bem
como sua evolução surge à necessidade de controle. Insta ressaltar que cada Estado soberano
respeitando a cultura de seus povos proíbe condutas contrárias principalmente a manutenção da
espécie e o seu desenvolvimento, espavorizando com tipos penais previstos em diplomas legais que em
regra estabelece os princípios gerais, formas de aplicação das penas e os tipos penais que no Brasil
recebe o nome de Direito Penal.
Atualmente em nosso País, vivemos sob égide do Estado Democrático de direito onde o Estado e as
normas penais devem ser subordinados a carta magna onde obriga aplicar as penas dentro do previsto
na legislação penal, sendo vedadas ações isoladas e de vontade própria das autoridades Constituídas.
Conceito de Direito Penal
Agora que você já conhece a história do Direito Penal?
Vamos aprender o conceito?
O direito penal ou direito criminal é a parte do ordenamento jurídico que define as infrações penais
(crimes e contravenções) e comina as respectivas sanções (penas e medidas de segurança) e ainda
estabelece os princípios e regras que regulam a atividade penal do Estado, fixando os fundamentos e os
limites ao exercício do poder punitivo previsto na Constituição Federal e nos Diplomais internacionais
dos direitos humanos recepcionados pelo nosso legislativo, a exemplo dos princípios de legalidade,
irretroatividade, humanidade das penas entre outros, ou seja os limites do direito penal são os limites
do próprio Estado.
Convém notar, por fim, que o direito penal é, ele mesmo, uma forma de violência (penas etc.) que se
pressupõe justa e necessária relativamente às violências que regula e combate (os crimes), de modo que
o direito penal é violência nem sempre legítima a serviço do controle da violência nem sempre ilegítima.
O direito penal é uma espada de duplo fio, porque é lesão de bens jurídicos para proteção de bens
jurídicos. Afinal, pretende combater crimes (homicídio, roubo, lesão corporal etc.) por meio de graves
constrangimentos à pessoa humana, os quais no Brasil podem variar de uma simples multa à pena de
reclusão por 40 anos ou até morte em caos de crimes em tempo de guerra.
Devemos inicialmente dividir por características, podendo ser entendido sob três aspectos; Material,
legal e analítico.
Sob o Aspecto Formal ou Estático
Direito penal é um conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como infrações
penais (crime ou contravenção), define seus agentes e fixa sanções (pena ou medida de segurança) a
serem lhes aplicadas.
Direito penal refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis ou danosos ao
organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à sua própria conservação e progresso.
Sob o Aspecto Sociológico ou Dinâmico
Direito penal é mais um instrumento de controle social de comportamentos desviados, visando
assegurar a necessária disciplina social, bem como a convivência harmônica dos membros do grupo.
O fundamento básico de atuação do Direito Penal é a manutenção da paz social, que propicia a regular
convivência humana em sociedade, através da existência de normas destinadas a estabelecer diretrizes
que determinam ou proíbem certos comportamentos; assim, violadas as regras de condutas, surge para
o Estado o poder e dever de aplicar as sanções penais.
Os bens jurídicos tutelados pelo Direito Penal são aqueles que o legislador considera os mais
importantes para o Estado, o princípio da intervenção mínima é que orienta a escolha desses bens
jurídicos, pois, se forem suficientes medidas civis ou administrativas, são estas que devem ser
empregadas e não as penais. A criminalização de comportamentos só deve ocorrer quando se constituir
meio necessário e indispensável à proteção de bens jurídicos ou à defesa de interesses relativos à
coexistência harmônica e pacífica da sociedade.
FINALIDADE DO DIREITO PENAL
Norma penal não pode servir como único instrumento de controle social. Ela só pode ser usada quando
não existir outro meio eficaz para a solução de conflito como, por exemplo, a religião, a moral,
educação, cultura etc. Conclui-se, portanto, que o Direito Penal só deve ser avocado como última razão,
ou seja, em último caso, aplicando se princípio da intervenção mínima.
Sargento, você saberia dizer qual é a finalidade do Direito Penal? Que tal aprender?
A finalidade do Direito Penal é a proteção da sociedade e a garantia da paz social com a defesa dos bens
jurídicos fundamentais da pessoa (vida, integridade física e mental, honra, liberdade, patrimônio).
Luiz Regis Prado ensina que “o pensamento jurídico moderno reconhece que o escopo imediato e
primordial do Direito Penal radica na proteção de bens jurídicos - essenciais ao indivíduo e à
comunidade”.
Na mesma linha, Rogério Greco afirma que “A finalidade do Direito Penal é proteger os bens mais
importantes e necessários para a própria sobrevivência da sociedade.
O ATUAL CÓDIGO PENAL BRASILEIRO
Código Penal aprovado pelo Decreto-Lei número 2.848, de 7.12.1940 - recebeu inúmeras alterações,
contudo, encontra-se em vigor com a Reforma Penal de 1984. É formado por um conjunto de regras
sistemáticas com caráter punitivo, possuindo objetivo fim a aplicação de sanções em concomitância à
desestimulação da prática de delitos que atentam contra o tecido social.
Código Penal em vigor é composto por duas partes; a parte geral do artigo primeiro ao 120, e a parte
especial do artigo 121 ao 361.
A primeira parte, a chamada geral, contém como o próprio nome sugere regras gerais a serem aplicadas
aos crimes previstos na parte especial do Código Penal, conceitos gerais sobre diversos aspectos, como a
definição do que vem a ser de fato o crime; a forma como serão aplicadas as penas, possibilidade de
prescrição e extinção da punibilidade. A parte Especial prevê unicamente os crimes em espécie e suas
respectivas penas.
DIREITO PENAL OBJETIVO E DIREITO PENAL SUBJETIVO
Denomina-se Direito Penal Objetivo ao conjunto de normas que regulam a ação estatal, definindo os
crimes e cominando as respectivas sanções. (É, portanto, o conjunto de leis penais em vigor). Somente o
Estado, na sua função de promover o bem comum e combater a criminalidade, tem o direito de
estabelecer e aplicar essas sanções. Sendo, assim, o único e exclusivo titular do direito de punir (jus
puniendi), que constitui o que se denomina Direito Penal Subjetivo.
TEORIA GERAL DO CRIME INFRAÇÃO PENAL
É toda conduta previamente tipificada pela legislação como ilícita, imbuída de culpabilidade, isto é,
praticada pelo agente com dolo ou, ao menos, culpa quando a Lei assim previr tal possibilidade. O
Estado tem o poder/dever de proibir e impor uma sanção a quem a praticar.
Você sabia que o Direito Penal é um ramo do Direito Público que define as infrações penais,
estabelecendo as penas e as medidas de segurança?
As ações penais dividem-se em crimes e contravenções.
Os crimes estão no Código Penal, nos artigos 121 a 360 e também nas leis especiais;
As contravenções são, em sua maioria, previstas no Decreto-Lei número 3.688, de 03.10.1941
(conhecido como Lei das Contravenções Penais - CÓDIGO PENAL); e
As medidas de segurança encontram-se nos artigos 96 a 99 do CÓDIGO PENAL.
Segundo Rogério Greco; “Na verdade, não há diferença substancial entre contravenção e crime. O
critério de escolha dos bens que devem ser protegidos pelo Direito Penal é político, da mesma forma
que é política a rotulação da conduta como contravencional ou criminosa.”
O crime e a contravenção se distinguem pela sua maior ou menor gravidade, ou seja, a diferença entre
eles é meramente quantitativa, classificada pela Doutrina como crime anão, conforme se comprova,
através do critério de diferenciação adotado pelo legislador, contido no artigo primeiro da Lei de
Introdução ao Código Penal (Decreto-Lei número 3.914, de 09 de dezembro de 1941), vejamos;
Artigo primeiro - Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente coma pena de multa; contravenção,
a infração penal a que a lei comina, isoladamente, penas de prisão simples ou multa, ou ambas,
alternativa ou cumulativamente.
CONCEITO DE CRIME
Você sabia que o Crime pode ser entendido e conceituado sob três aspectos; Material, legal e analítico?
Sob o aspecto material, crime é toda ação humana que lesa ou expõe a perigo um bem jurídico de
terceiro, que, por sua relevância, merece a proteção penal. Esse aspecto valoriza o crime enquanto
conteúdo, ou seja, busca identificar se a conduta é ou não apta a produzir uma lesão a um bem jurídico
penalmente tutelado.
Assim, se uma lei cria um tipo penal dizendo que é proibido chorar em público, essa lei não estará
criando uma hipótese de crime em seu sentido material, pois essa conduta nunca será crime em sentido
material, pois não produz qualquer lesão ou exposição de lesão à bem jurídico de quem quer que seja.
Assim, ainda que a lei diga que é crime, materialmente não o será.
Como observado no gráfico anterior sob o aspecto legal, ou formal, crime é toda infração penal a que a
lei comina pena de reclusão ou detenção, nos termos do artigo primeiro da Lei de Introdução ao
CÓDIGO PENAL. Percebam que o conceito aqui é meramente legal. Se a lei cominar a uma conduta a
pena de detenção ou reclusão, cumulada ou alternativamente com a pena de multa, estaremos diante
de um crime.
Por outro lado, se a lei cominar a apenas prisão simples ou multa, alternativa ou cumulativamente,
estaremos diante de uma contravenção penal. Esse aspecto consagra o SISTEMA DICOTÔMICO adotado
no Brasil, no qual existe um gênero, que é a infração penal, e duas espécies, que são o crime e a
contravenção penal.
O crime pode ser conceituado, ainda, sob um aspecto analítico, que o divide em partes, de forma a
estruturar seu conceito. Primeiramente surgiu a teoria quadripartida do crime, que entendia que crime
era todo fato típico, ilícito, culpável e punível. Hoje é praticamente inexistente. Depois, surgiram os
defensores da teoria tripartida do crime, que entendiam que crime era o fato típico, ilícito e culpável.
Essa é a teoria que predomina no Brasil, embora haja muitos defensores da terceira teoria.
A terceira e última teoria acerca do conceito analítico de crime entende que este é o fato típico e ilícito,
sendo a culpabilidade mero pressuposto de aplicação da pena. Ou seja, para esta corrente, o conceito
de crime é bipartido, bastando para sua caracterização que o fato seja típico e ilícito.
As duas últimas correntes possuem defensores e argumentos de peso. Entretanto, a que predomina
ainda é a corrente tripartida.
Todos os três aspectos (material, legal e analítico) estão presentes no nosso sistema jurídico-penal. De
fato, uma conduta pode ser materialmente crime (furtar, por exemplo), mas não o será se não houver
previsão legal (não será legalmente crime). Poderá, ainda, ser formalmente crime (no caso do exemplo
da lei que criminalizava a conduta de chorar em público), mas não o será materialmente se não trouxer
lesão ou ameaça a lesão de algum bem jurídico de terceiro.
Conceito de;
Material;
Formal;
Analítico – Teoria, Teoria e Teoria adotada.
FATO TÍPICO
É o comportamento humano, positivo ou negativo, o qual provoca um resultado e está previsto na lei
penal como infração. É aquele que se amolda, perfeitamente, nos elementos contidos no tipo penal.
O fato típico também se divide em elementos, são eles;
Conduta humana
Resultado naturalístico
Nexo de causalidade
Tipicidade
Conduta Humana
A conduta humana possui duas formas;
Ação Atuação humana positiva voltada a uma finalidade.
Omissão Ausência de comportamento; a inatividade ou o não fazer.
Considerando-se que as condutas podem ser praticadas por ação ou por omissão, os crimes comissivos
consistem em uma ação positiva (fazer) e os crimes omissivos consistem na abstenção da ação devida
(não fazer).
Para a perfeita compreensão dos crimes omissivos, é necessário dividi-los em duas espécies; crimes
omissivos puros (ou próprios), e crimes omissivos impuros (ou impróprios).
Nos crimes omissivos puros o agente se omite quando o tipo penal estabelece que a omissão, naquelas
circunstâncias, tipifica o delito.
O tipo penal estabelece que aquele que não fizer o que norma determina responderá por aquele crime.
Assim, no crime omissivo puro o agente simplesmente descumpre a norma penal, que impunha o dever
de agir.
Neste caso, é irrelevante avaliar se houve qualquer resultado (no exemplo, é irrelevante saber se houve
dano à vítima), pois o agente responde criminalmente pelo simples fato de ter violado a norma penal,
descumprindo o mandamento.
Você sabia que nos crimes omissivos impuros, ou impróprios, também chamados de crimes comissivos
por omissão não há um tipo penal que estabeleça como crime uma conduta omissiva? E que em tais
crimes o agente é responsabilizado por um determinado resultado lesivo, por ter se omitido quando
tinha o dever legal de agir, não imposto às pessoas em geral?
EXEMPLO – Maria é casada com José. Todavia, Maria possui uma filha de 11 anos de idade, Joana,
oriunda de seu casamento anterior. Certo dia, Maria descobre que José está tendo relações sexuais com
sua filha. Com receio de que José se separe dela, Maria não adota nenhuma providência, ou seja,
acompanha a situação sem nada fazer para impedir que sua filha seja estuprada.
Neste caso, Maria praticou um crime omissivo impróprio. Isto porque Maria tinha o específico dever de
proteção e cuidado em relação à sua filha, de forma que tinha o dever de agir para impedir que a filha
fosse vítima daquele crime, ou seja, tinha o dever de agir para impedir a ocorrência do resultado.
Se nos crimes omissivos puros a análise do resultado é irrelevante, porque o agente responde
simplesmente por ter se omitido, nos crimes omissivos impuros a análise do resultado é penalmente
relevante, pois o próprio resultado será imputado àquele que se omitiu.
No exemplo anterior, portanto, Maria responderá pelo próprio crime de estupro (no caso, estupro de
vulnerável, artigo 217 Alínea A do Código Penal), pois tinha o dever legal específico de agir para evitar o
resultado.
A questão que se coloca é; qual é o resultado naturalístico que advém de uma omissão?
Naturalisticamente nenhum, pois do nada, nada surge. Então, como a mãe poderia responder pelo
estupro da filha, já que a conduta da mãe, tecnicamente, não foi à causa do estupro?
A conduta da mãe não deu causa ao resultado. O resultado foi provocado pela conduta do padrasto.
Entretanto, pela teoria naturalístico-normativa, o resultado será imputado à mãe, em razão do seu
descumprimento do dever de vigilância e cuidado, neste caso a mãe é garantidora.
Assim, nos crimes omissivos impróprios a relação de causalidade que liga a conduta do agente (uma
omissão) ao resultado NÃO É FÍSICA (pois a omissão não dá causa ao resultado), mas NORMATIVA, ou
seja, o resultado é a ele imputado em razão do descumprimento da norma (omitir-se, quando deveria
agir), num raciocínio de presunção; se o agente tivesse agido, possivelmente teria evitado o resultado;
como não o fez, deve responder por ele.
EXEMPLO - Uma dupla de policiais militares efetuando policiamento ostensivo com todos os utensílios
de trabalho observam um homem com um canivete efetuando um roubo a uma idosa levando sua bolsa,
apesar de ter todas as possibilidades de evitar a consumação do crime sem colocar em risco a vida de
terceiros, os policiais militares saem do lugar para não assumir a ocorrência pelo simples fato de estar na
última hora do serviço.
Omitir-se, quando deveria agir, num raciocínio de presunção;
Se os agentes tivessem agido, possivelmente teriam evitado o resultado; como não o fizeram, devem
responder por ele.
Os policiais militares responderão pelo próprio crime de roubo (no caso, Roubo majorado, artigo 157
paragrafo segundo do Código Penal), pois tinham o dever legal específico de agir para evitar o resultado.
Os Três são as principais teorias que buscam explicar a conduta; Teoria causal naturalística (ou clássica),
finalista e social.
Para a teoria causal-naturalística, conduta é a ação humana. Assim, basta que haja movimento corporal
para que exista conduta. Esta teoria está praticamente abandonada, pois entende que não há
necessidade de se analisar o conteúdo da vontade do agente nesse momento, guardando esta análise
(dolo ou culpa) para quando do estudo da culpabilidade.
Para a teoria causalista a conduta seria um simples processo físico, um processo físico causal, desprovido
de qualquer finalidade por parte do agente. A finalidade seria objeto de análise na culpabilidade.
Para a teoria finalista, adotada pelo direito penal brasileiro, a conduta humana é a ação (positiva ou
negativa) voluntária dirigida a uma determinada finalidade. Assim;
Conduta = vontade + ação ou omissão, portanto, retirando-se um dos elementos da conduta, esta não
existirá, o que acarreta a inexistência de fato típico.
É necessária, portanto, a conjugação do aspecto objetivo (ação ou omissão) e do aspecto subjetivo
(vontade).
EXEMPLO - João olha para Roberto e o agride, por livre espontânea vontade. Estamos diante de uma
conduta (quis agir e agrediu) dolosa (quis o resultado). Agora, se João dirige seu carro, vê Roberto e sem
querer, o atinge, estamos diante de uma conduta (quis dirigir e acabou ferindo) culposa (não quis o
resultado).
Vejam que a “vontade” a que se refere como elemento da conduta é uma vontade de meramente
praticar o ato que ensejou o crime, ainda que o resultado que se pretendesse não fosse ilícito. Quando a
vontade (elemento da conduta) é dirigida ao fim criminoso, o crime é chamado de doloso, porém,
quando a vontade é dirigida a outro fim (que até pode ser criminoso, mas não aquele) o crime é culposo.
Esta é a teoria adotada em nosso ordenamento jurídico.
Vejamos os termos do artigo 20 do Código Penal;
Artigo 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a
punição por crime culposo, se previsto em lei.
Ora, se a lei prevê que o erro sobre um elemento do tipo exclui o dolo e a culpa, se inevitável, ou
somente o dolo, se evitável, é porque entende que estes elementos subjetivos estão no tipo (fato
típico), não na culpabilidade. Assim, a conduta é, necessariamente, voluntária.
A grande evolução da teoria finalista, portanto, foi conceber a conduta como um “acontecimento final”,
ou seja, somente há conduta quando o agir de alguém é dirigido a alguma finalidade (seja ela lícita ou
não).
Para terceira teoria, a teoria social, a conduta é a ação humana, voluntária e que é dotada de alguma
relevância social. Há críticas a esta teoria minoritária, pois a relevância social não seria um elemento
estruturante da conduta, mas uma qualidade que esta poderia ou não possuir. Assim, a conduta que não
fosse socialmente relevante continuaria sendo conduta.
Resultado Naturalístico
Sargento, você sabe o que é resultado naturalístico? Vamos aprender?
É a modificação do mundo real provocada pela conduta do agente, entretanto, apenas nos crimes
chamados materiais se exige um resultado naturalístico. Nos crimes formais e de mera conduta não há
essa exigência.
Os crimes formais são aqueles nos quais o resultado naturalístico pode ocorrer, mas a sua ocorrência é
irrelevante para o Direito Penal. Já os crimes de mera conduta são crimes em que não há um resultado
naturalístico possível.
Exemplo de cada um dos três;
Crime material – Homicídio (artigo 121 do Código Penal) - Para que o homicídio seja consumado, é
necessário que a vítima venha a óbito. Caso isso não ocorra, estaremos diante de um homicídio tentado
(ou lesões corporais culposas);
Crime formal – Extorsão (artigo 158 do Código Penal) - Para que o crime de extorsão se consume não é
necessário que o agente obtenha a vantagem ilícita, bastando o constrangimento à vítima;
Crime de mera conduta (artigo 150 do Código Penal) - Invasão de domicílio. Nesse caso, a mera presença
do agente, indevidamente, no domicílio da vítima caracteriza o crime. Não há um resultado previsto
para esse crime. Qualquer outra conduta praticada a partir daí configura crime autônomo (furto, roubo,
homicídio, etc.).
Nexo de Causalidade
Nos termos do artigo 13 do Código Penal;
Artigo 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Assim, o nexo de
causalidade pode ser entendido como o vínculo que une a conduta do agente ao resultado naturalístico
ocorrido no mundo exterior. Portanto, só se aplica aos crimes materiais.
Algumas teorias existem acerca do nexo de causalidade;
TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES (OU DA CONDITIO SINE QUA NON) – Para esta teoria, é
considerada causa do crime toda conduta sem a qual o resultado não teria ocorrido. Assim, para saber
se uma conduta é ou não causa do crime, devemos retirá-la do curso dos acontecimentos e ver se, ainda
assim, o crime ocorreria.
EXEMPLO; Marcelo acorda de manhã, toma café, compra uma arma e encontra Júlio, seu desafeto,
disparando três tiros contra ele, causando-lhe a morte. Retirando-se do curso o café tomado por
Marcelo, concluímos que o resultado teria ocorrido do mesmo jeito. Entretanto, se retirarmos a compra
da arma do curso do processo, o crime não teria ocorrido.
Entretanto, criou-se um filtro que é o dolo. Logo, só será considerada causa a conduta que é
indispensável ao resultado e que foi querida pelo agente. Assim, no exemplo anterior, o vendedor da
arma não seria responsabilizado, pois nada mais fez que vender seu produto, não tendo a intenção (nem
sequer imaginou) de ver a morte de Júlio.
Nesse sentido; CAUSA = conduta indispensável ao resultado + que tenha sido prevista e querida por
quem a praticou podemos dizer, então, que a causalidade aqui não é meramente física, mas também,
psicológica.
Essa foi a teoria adotada pelo Código Penal, como regra.
TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA – Trata-se de teoria também adotada pelo Código Penal, porém,
somente em uma hipótese muito específica. Trata-se da hipótese de concausa superveniente
relativamente independente que, por si só, produz o resultado.
As concausas são circunstâncias que atuam paralelamente à conduta do agente em relação ao resultado.
As concausas podem ser; absolutamente independentes e relativamente independentes.
As concausas absolutamente independentes são aquelas que não se juntam à conduta do agente para
produzir o resultado e podem ser preexistentes (existiam antes da conduta), concomitantes (surgiram
durante a conduta) e supervenientes (surgiram após a conduta).
EXEMPLO 1 – Pedro resolve matar João, e coloca veneno em seu drink. Porém, Pedro não sabe que
Marcelo também queria matar João e minutos antes também havia esta teoria, em sua concepção
original, poderia ser utilizada para diversas outras situações. No nosso Código Penal, porém, foi adotada
para a hipótese de concausa superveniente relativamente independente que, por si só, produz o
resultado.
EXEMPLO 2 – Colocado veneno no drink de João, que vem a morrer em razão do veneno colocado por
Marcelo. Nesse caso, a concausa preexistente (conduta de Marcelo) produziu por si só o resultado
(morte). Nesse caso, Pedro responderá somente por tentativa de homicídio.
EXEMPLO 3 – Pedro resolve matar João, e começa a disparar contra ele projéteis de arma de fogo.
Entretanto, durante a execução, o teto da casa de joão desaba sobre ele, vindo a causar-lhe a morte.
Aqui, a causa concomitante (queda do teto) produziu isoladamente o resultado (morte). Portanto, Pedro
responde somente por homicídio tentado.
EXEMPLO 4 – Pedro resolve matar João, desta vez, ministrando em sua bebida certa dose de veneno.
Entretanto, antes que o veneno faça efeito, Marcelo aparece e dispara 10 tiros de pistola contra João, o
matando. Neste caso, Pedro responderá somente por homicídio tentado.
Em todos estes casos o agente NÃO responde pelo resultado ocorrido. Por qual motivo? Sua Conduta
NÃO FOI à causa da morte (aplica-se a própria e já falada teoria da equivalência dos antecedentes). Se
suprimirmos a conduta de cada um destes agentes (nos três exemplos), o resultado morte ainda assim
teria ocorrido da mesma forma. Logo, a conduta dos agentes NÃO é considerada causa.
Entretanto, pode ocorrer de a concausa não produzir por si só o resultado (absolutamente
independente), afastando o nexo entre a conduta do agente e o resultado, mas unir-se à conduta do
agente e, juntas, produzirem o resultado. Essas são as chamadas concausas relativamente
independentes, que também podem ser preexistentes, concomitantes ou supervenientes.
Abaixo, exemplo e os efeitos jurídicos penais em relação ao agente. Inicialmente pelas preexistentes e
concomitantes especificamente sobre as supervenientes.
EXEMPLO – Caio decide matar Maria, desferindo contra ela golpes de facão, causando-lhe a morte.
Entretanto, Maria era hemofílica (condição conhecida por Caio), tendo a doença contribuído em grande
parte para seu óbito. Nesse caso, embora a doença (concausa preexistente) tenha contribuído para o
óbito, Caio responde por homicídio consumado. Por qual motivo? Sua conduta FOI à causa da morte
(aplica-se a própria e já falada teoria da equivalência dos antecedentes). Se suprimirmos a conduta de
Caio, o resultado teria ocorrido? Não. Caio teve a intenção de produzir o resultado? Sim. Logo, responde
pelo resultado (homicídio consumado).
Nas concausas absolutamente independentes – Em todos os casos a conduta do agente não contribuiu
para o resultado. Logo, pelo juízo hipótese de eliminação, a conduta do agente não foi causa. Portanto,
não responde pelo resultado.
Nas concausas relativamente independentes (Preexistentes e concomitantes) – Em todos os casos a
conduta do agente contribuiu para o resultado. Logo, pelo juízo hipótese de eliminação, a conduta do
agente foi causa. Portanto, responde pelo resultado.
No caso das concausas supervenientes relativamente independentes, podem acontecer duas coisas;
A causa superveniente produz por si só o resultado
A causa superveniente se agrega ao desdobramento natural da conduta do agente e ajuda a produzir o
resultado.
EXEMPLO – Pedro resolve matar João, e dispara 25 tiros contra ele, usando seu fuzil calibre 7.62. João
fica estirado no chão, é socorrido por uma ambulância e, no caminho para o Hospital, sofre um acidente
de carro (a ambulância bate de frente com uma carreta) e João vem a morrer em razão do acidente, não
dos ferimentos causados por Pedro. Nesse caso, Pedro responde apenas por tentativa de homicídio, por
qual motivar sua conduta não foi a causa da morte. Mas, se suprimirmos a conduta de Pedro, o
resultado teria ocorrido? Não, Pedro teve a intenção de produzir o resultado? Sim. Então por que não
responde pelo resultado?
Aqui o CÓDIGO PENAL adotou a teoria da causalidade adequada. A causa superveniente (acidente de
trânsito) produziu por si só o resultado, já que o acidente de ambulância não é o desdobramento natural
de um disparo de arma de fogo (esse resultado não éconsequência natural e previsível da conduta do
agente).
Perceba que a concausa superveniente (acidente de carro), apesar de produzir sozinha o resultado, não
é absolutamente independente, pois se não fosse a conduta de Pedro, o acidente não teria ocorrido (já
que a vítima não estaria na ambulância).
Concausa superveniente relativamente independente – A conduta de Pedro é relevante para o
resultado.
Que por si só produziu o resultado – Apesar disso, a conduta de Pedro foi relevante apenas por CRIAR A
SITUAÇÃO, mas não foi a responsável efetiva pela morte.
EXEMPLO – No mesmo exemplo anterior, João é socorrido e chegando ao Hospital, é submetido a uma
cirurgia. Durante a cirurgia, o ferimento infecciona e João morre por infecção. Nesse caso, a causa
superveniente (infecção hospitalar) não produziu por si só o resultado, tendo se agregado aos
ferimentos para causar a morte de João. Nesse caso, Pedro responde por homicídio consumado.
Mas qual a diferença entre o exemplo (1) e o exemplo (2)? A diferença básica reside no fato de que;
No exemplo 1 – A conduta do agente é relevante em apenas um momento; por criara situação
(necessidade de ser transportado pela ambulância).
No exemplo 2 - A conduta do agente é relevante em dois momentos;
(a) cria a situação, ao fazer com que a vítima tenha que ser operada;
(b) contribui para o próprio resultado (já que a infecção do ferimento não é um novo nexo causal).
Tipicidade
Agora, vamos estudar a tipicidade formal e a tipicidade material?
A tipicidade pode ser de duas ordens; tipicidade formal e tipicidade material. A tipicidade formal nada
mais é que a adequação da conduta do agente a uma previsão típica (norma penal que prevê o fato e lhe
descreve como crime). Assim, o tipo do artigo 121 é; “matar alguém”. Portanto, quando Marcio
esfaqueia Luiz e o mata, está cometendo fato típico (tipicidade formal), pois está praticando uma
conduta que encontra previsão como tipo penal.
Não há muito o que se falar acerca da tipicidade formal. Basta que o intérprete proceda ao cotejo entre
a conduta praticada no caso concreto e a conduta prevista na Lei Penal (subsunção). Se a conduta
praticada se amoldar àquela prevista na Lei Penal, o fato será típico, ou seja, haverá adequação típica,
por estar presente o elemento “tipicidade”.
A tipicidade material, que é a ocorrência de uma ofensa (lesão ou exposição a risco) significativa ao bem
jurídico. Assim, não haverá tipicidade material quando a conduta, apesar de formalmente típica
(prevista na Lei como crime), não for capaz de afetar significativamente o bem jurídico protegido pela
norma. Um exemplo disso ocorre nas hipóteses em que há aplicação do princípio da insignificância.
EXEMPLO – José subtrai uma folha de papel em branco, pertencente à escola em que o filho estuda.
Neste caso, a conduta é formalmente típica (está prevista na Lei como crime de furto). Todavia, não ha
tipicidade material, já que não é uma conduta capaz de ofender significativamente o bem jurídico
protegido pela norma (o patrimônio da escola).
SUJEITOS DO CRIME
Você sabia que os sujeitos do crime são classificados como sujeito ativo ou sujeito passivo?
Sujeito ativo - é a pessoa que pratica a infração penal - autor, coautor ou partícipe (ou seja, é aquele que
pratica o fato típico e antijurídico). Só pode sê-lo se for o ser humano maior de dezoito anos
(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, artigo 228 e Código Penal, artigo 27). As pessoas menores de dezoito anos
que praticam fatos definidos como crime ou contravenção penal praticam atos infracionais, sujeitando-
se às medidas socioeducativas (Lei número 8069 de 1990, artigos segundo, 103 e 112).
Sujeito passivo - é aquele que sofre as consequências da prática criminosa. É o titular do bem jurídico
lesado. Divide-se em Sujeito passivo mediato e imediato;
Sujeito passivo constante, mediato, formal, geral, genérico ou indireto; é o Estado, pois a ele pertence o
direito público subjetivo de exigir o cumprimento da legislação penal.
ujeito passivo eventual, imediato, material, particular, acidental ou direto; é o titular do bem jurídico
especificamente tutelado pela lei penal.

OBJETO DO CRIME
O objeto do crime é o bem jurídico tutelado pelo Direito Penal, pode ser jurídico ou material. Objeto
jurídico do crime - também conhecido como objetividade jurídica, é o bem ou interesse protegido pela
norma penal.
Objeto material do crime - é o bem jurídico sobre o qual recai a conduta criminosa.
PUNIBILIDADE
A punibilidade é a consequência jurídica do crime. Com a violação da norma penal, surge para o Estado o
direito de punir o sujeito ativo da infração. É o jus puniendi.
ITER CRIMINIS
O iter criminis é o “caminho do crime”, ou seja, o itinerário percorrido pelo agente até a consumação do
delito.
O iter criminis pode ser dividido em 04 etapas;
Cogitação (cogitatio) – É a representação mental do crime na cabeça do agente, a fase inicial, na qual o
agente idealiza como será a conduta criminosa. Trata-se de uma fase interna, ou seja, não há
exteriorização da ideia criminosa, adoção de preparativos, nada disso. Assim, a cogitação é sempre
impunível, pois não sai da esfera psicológica do agente.
Atos preparatórios (conatus remotus) – Aqui o agente adota algumas providências para a realização do
crime, ou seja, dá início aos preparativos para a prática delituosa, sem, contudo, iniciar a execução do
crime propriamente dita.
Exemplo; José quer matar Maria. Para tanto, José vai até uma loja e compra uma faca bem grande. Em
razão do princípio da “exteriorização do fato” ou “materialização do fato”, que impede a punição de
atitudes internas das pessoas.
Como regra, os atos preparatórios são impuníveis, já que o agente não chega, sequer, a iniciar a
execução do crime. Todavia, os atos preparatórios serão puníveis quando configurarem, por si só, um
delito autônomo.
Exemplo; José quer falsificar várias notas de R$ 100,00 (quer praticar o crime de moeda falsa, artigo 289
do Código Penal). Assim, José compra um maquinário destinado a falsificar moeda. A princípio, essa
conduta seria um mero ato preparatório impunível. Todavia, neste específico caso o CÓDIGO PENAL já
criminaliza essa conduta preparatória, estabelecendo um tipo penal autônomo, que é o crime de
“petrechos de falsificação” (artigo 291 do CÓDIGO PENAL20), ou seja, o CÓDIGO PENAL já considera
crime a aquisição do maquinário!
Atos executórios
Os atos executórios são aqueles por meio dos quais o agente, efetivamente, dá início à conduta
delituosa, por meio de um ato capaz de provocar o resultado.
Exemplo; José quer matar Maria. Para tanto, espera Maria passar pela porta de sua casa e, quando ela
passa, dispara contra ela um projétil de arma de fogo. Neste momento se inicia a execução.
Diferenciar o que é ato de execução e o que é ato preparatório não é tarefa fácil. A Doutrina é bastante
tormentosa a respeito, havendo algumas correntes. As principais são;
Teoria material (hostilidade ao bem jurídico) – O agente inicia a execução quando cria uma situação de
perigo ao bem jurídico. Exemplo; José, querendo matar Maria, se posiciona atrás de uma moita,
esperando que ela passe. Nesse caso, já teríamos execução do delito.
Teoria objetivo-formal – Para esta teoria a execução se inicia quando o agente dá início à realização da
conduta descrita no núcleo do tipo penal. Assim, no exemplo anterior, ainda não haveria execução, pois
o agente ainda não teria dado início à execução da conduta de “matar”.
Teoria objetivo-material – Para esta teoria haverá execução quando o agente realizar a conduta descrita
no núcleo do tipo penal, bem como quando praticar atos imediatamente anteriores à conduta descrita
no núcleo do tipo, partindo-se da visão de uns terceiros Petrechos para falsificação de moeda.
Artigo 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo,
aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda;
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Teoria objetivo-individual – Para esta a definição do que é ato executório passa, necessariamente, pela
análise do plano do autor do fato, ou seja, do seu dolo. Assim, seriam atos executórios aqueles que
fossem imediatamente anteriores ao início da execução da conduta descrita no núcleo do tipo.
Exemplo - José quer furtar uma casa, e invade a residência.
Neste caso, mesmo não tendo ainda dado início à subtração, já haveria ato executório. Não há
consenso, mas vem se firmando a adoção da teoria objetivo individual, embora haja quem sustente ter
sido adotada a teoria objetivo-formal, “complementada” pela análise do plano do agente, a fim de
abarcar também os atos imediatamente anteriores à realização do tipo penal.
CONSUMAÇÃO
Aqui o crime atinge sua realização plena, havendo a presença de todos os elementos que o compõem,
ou seja, o agente consegue realizar tudo o que o tipopenal prevê, causando a ofensa jurídica prevista na
norma penal.
Temos, aqui, portanto, um crime completo e acabado.
EXAURIMENTO
O exaurimento é uma etapa “pós-crime”, ou seja, um acontecimento posterior à consumação do delito,
não alterando a tipificação da conduta.
Exemplo; José pratica falso testemunho num processo que envolve Maria (crime de falso testemunho
consumado, artigo 342 do Código Penal). Após isso, Maria é condenada em razão do testemunho falso
de José (consequência que é mero exaurimento do delito, não alterando a tipificação do crime).
TENTATIVA
Todos os elementos citados como sendo partes integrantes do fato típico (conduta, resultado
naturalístico, nexo de causalidade e tipicidade) são, no entanto, elementos do crime material
consumado, que é aquele no qual se exige resultado naturalístico e no qual este resultado efetivamente
ocorre.
Nos termos do artigo 14 do Código Penal;
Artigo 14 - Diz-se o crime; (Redação dada pela Lei número 7.209, de 11.7.1984)
1 – Consumado quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; (Incluído pela Lei
número 7.209, de 11.7.1984)
2 – Tentado quando, iniciada a execução, não se consumam por circunstâncias alheias à vontade do
agente (Incluído pela Lei número 7.209, de 11.7.1984).
Assim, nos crimes tentados, por não haver sua consumação (ocorrência de resultado naturalístico), não
estarão presentes, em regra, os elementos “resultado” e “nexo de causalidade”.
Disse “em regra”, porque pode acontecer que um crime tentado produza resultados, que serão
analisados de acordo com a conduta do agente e sua aptidão para produzi-los.
EXEMPLO - Imaginem que Marcelo, visando à morte de Rodrigo, dispare cinco tiros de pistola contra ele.
Rodrigo é baleado, fica paraplégico, mas sobrevive.
Nesse caso, como o objetivo não era causar lesão corporal, mas sim matar, o crime não foi consumado,
pois a morte não ocorreu. Entretanto, não se pode negar que houve resultado naturalístico e nexo
causal, embora este resultado não tenha sido o pretendido pelo agente quando da prática da conduta
criminosa. O crime consumado nós já estudamos, cabe agora analisar as hipóteses de crime na
modalidade tentada.
No caso acima, Marcelo responderá pelo tipo penal de homicídio (artigo 121 do Código Penal), na
modalidade tentada (artigo 14, inciso dois do Código Penal). Mas se vocês analisarem, o artigo 121 do
Código Penal diz “matar alguém”. Marcelo não matou ninguém.
Assim, como enquadrá-lo na conduta prevista pelo artigo 121?
Isso é o que chamamos de adequação típica mediata, conforme já estudamos. Na adequação típica
mediata o agente não pratica exatamente a conduta descrita no tipo penal, mas em razão de uma outra
norma que estende subjetiva ou objetivamente o alcance do tipo penal, ele deve responder pelo crime.
Assim, no caso em tela, Marcelo só responde pelo crime em razão da existência de uma norma que
aumenta o alcance objetivo (relativo à conduta) do tipo penal para abarcar também as hipóteses de
tentativa (artigo 14, inciso dois do Código Penal).
O inciso dois do artigo 14 fala em “circunstâncias alheias à vontade do agente”. Isso significa que o
agente inicia a execução do crime, mas em razão de fatores externos, o resultado não ocorre. No caso
concreto que citei, o fator externo, alheio à vontade de Marcelo, foi provavelmente sua falta de precisão
no uso da arma de fogo e o socorro eficiente recebido por Rodrigo, que impediu sua morte.
O Parágrafo único do artigo 14 do Código Penal diz;
Artigo 14 (...)
Parágrafo único – Salvo disposição em contrário pune-se a tentativa com a pena correspondente ao
crime consumado, diminuída de um a dois terços (Incluído pela Lei número 7.209, de 11.7.1984).
Desta forma, o crime cometido na modalidade tentada não é punido da mesma maneira que o crime
consumado, pois embora o desvalor da conduta (sua reprovabilidade social) seja o mesmo do crime
consumado, o desvalor do resultado (suas consequências na sociedade) é menor, indiscutivelmente.
Assim, diz-se que o Código Penal adotou a teoria dualística, realista ou objetiva da punibilidade da
tentativa.
Mas qual o critério para aplicação da quantidade de diminuição (um terço ou dois terços)?
Nesse caso, o Juiz deve analisar a proximidade de alcance do resultado. Quanto mais próxima do
resultado chegar à conduta, menor será a diminuição da pena, e vice-versa. No exemplo acima, como
Marcelo quase matou Rodrigo, chegando a deixá-lo paraplégico, a diminuição será a menor possível (um
terço), pois o resultado esteve perto de se consumar. Entretanto, se Marcelo tivesse errado todos os
disparos, o resultado teria passado longe da consumação, devendo o Juiz aplicar a redução máxima.
A Tentativa pode ser;
Tentativa branca ou incruenta – Ocorre quando o agente sequer atinge o objeto que pretendia lesar.
Exemplo; José atira em Maria, com dolo de matar, mas erra o alvo.
Tentativa vermelha ou cruenta – Ocorre quando o agente atinge o objeto, mas não obtém o resultado
naturalístico esperado, em razão de circunstâncias alheias à sua vontade. Exemplo; José atira em Maria,
com dolo de matar, e acerta o alvo. Maria, todavia, sofre apenas lesões leves no braço, não vindo a
falecer.
Tentativa perfeita – Ocorre quando o agente esgota completamente os meios de que dispunha para
lesar o objeto material. Exemplo; José atira em Maria, com dolo de matar, descarregando todos os
projéteis da pistola. Acreditando ter provocado a morte, vai embora satisfeito. Todavia, Maria é
socorrida e não morre.
Tentativa imperfeita – Ocorre quando o agente, antes de esgotar toda a sua potencialidade lesiva, é
impedido por circunstâncias alheias, sendo forçado a interromper a execução. Exemplo; José possui um
revólver com seis projéteis. Dispara os três primeiros contra Maria, mas antes de disparar o quarto é
surpreendido pela chegada da Polícia Militar, de forma que foge sem completar a execução, e Maria não
morre. Em contraposição à Teoria objetiva há a Teoria subjetiva, que sustenta que a punibilidade da
tentativa deveria estar atrelada ao fato de que o desvalor da conduta é o mesmo do crime consumado
(é tão reprovável a conduta de “matar “quanto a de “tentar matar”). Para esta Teoria, a tentativa
deveria ser punida da mesma forma que o crime consumado. Na verdade, adotou-se no Brasil uma
espécie de Teoria objetiva “temperada” ou mitigada. Isto porque a regra do artigo 14, inciso dois admite
exceções, ou seja, existem casos na legislação pátria em que se pune a tentativa com a mesma pena do
crime consumado.
Em regra, todos os crimes dolosos admitem tentativa. Entretanto, não admitem tentativa;
Crimes culposos – Nestes crimes o resultado naturalístico não é querido pelo agente, logo, a vontade
dele não é dirigida a um fim ilícito e, portanto, não ocorrendo este, não há que se falar em interrupção
involuntária da execução do crime.
Crimes preterdolosos – Como nestes crimes existe dolo na conduta precedente e culpa na conduta
seguinte, a conduta seguinte é culposa, não se admitindo, portanto, tentativa; Crimes unissubsistentes –
São aqueles que se produzem mediante um único ato, não cabendo fracionamento de sua execução.
Assim, ou o crime é consumado ou sequer foi iniciada sua execução.
EXEMPLO - Injúria. Ou o agente profere a injúria e o crime está consumado ou ele sequer chega a
proferi-la, não chegando o crime a ser iniciado;
Crimes omissivos próprios – Seguem a mesma regra dos crimes unissubsistentes, pois ou o agente se
omite, e pratica o crime na modalidade consumada ou não se omite, hipótese na qual não comete
crime;
Crimes de perigo abstrato – Como aqui também há crime unissubsistente (não há fracionamento da
execução do crime), não se admite tentativa;
Contravenções penais – A tentativa, neste caso, até pode ocorrer, mas não será punível, nos termos do
artigo quarto do Decreto-Lei número 3.688 de 1941 (Lei das Contravenções penais);
Crimes de atentado (ou de empreendimento) – São crimes que se consideram consumados com a
obtenção do resultado ou ainda com a tentativa deste.
Por exemplo; O artigo 352 tipifica o crime de “evasão”, dizendo; “evadir-se ou tentar evadir-se” ... Desta
maneira, ainda que não consiga o preso se evadir o simples fato de ter tentado isto já consuma o crime;
Crimes habituais – Nestes crimes, o agente deve praticar diversos atos, habitualmente, a fim de que o
crime se consume. Entretanto, o problema é que cada ato isolado é um indiferente penal. Assim, ou o
agente praticou poucos atos isolados, não cometendo crime, ou praticou os atos de forma habitual,
cometendo crime consumado. Exemplo; Crime de curandeirismo, no qual ou o agente pratica atos
isolados, não praticando crime, ou o faz com habitualidade, praticando crime consumado, nos termos do
artigo 284, inciso um do Código Penal.
Sobre o crime tentado, veja o quadro abaixo;
Instituto – tentativa, resumo o Agente pratica a conduta delituosa, mas por circunstâncias alheias à sua
vontade, o resultado não ocorre. Tendo como consequência responde pelo crime, com redução de pena
de um terço a dois terços.
Instituto – desistência voluntária, em resumo O agente INICIA a prática da conduta delituosa, mas se
arrepende, e CESSA a atividade criminosa (mesmo podendo continuar) e o resultado não ocorre. Tendo
como consequência responde apenas pelos atos já praticados. Desconsidera-se o “dolo inicial”, e o
agente é punido apenas pelos danos que efetivamente causou.
Instituto – arrependimento eficaz, em resumo O agente INICIA a prática da conduta delituosa E
COMPLETA A EXECUÇÃO DA CONDUTA, mas se arrepende do que fez e toma as providências para que o
resultado inicialmente pretendido não ocorra. O resultado NÃO ocorre. Tendo como consequência
Responde apenas Pelos atos já praticados Desconsidera-se o “Dolo inicial”, e o agente é punido apenas
pelos danos Que efetivamente causou.
Instituto –arrependimento posterior; em resumo O agente completa a execução da atividade criminosa
e o resultado efetivamente ocorre. Porém, após a ocorrência do resultado, o agente se arrepende E
REPARA O DANO ou RESTITUI A COISA.
1. Só pode ocorrer nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa.
2. Só tem validade se ocorre antes do recebimento da denúncia ou queixa.
Tendo como consequência O agente tem a pena reduzida de um terço a dois terços.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
Policial, você já ouviu falar em desistência voluntária e arrependimento eficaz? Sabe o que é isso? Que
tal aprender?
Embora a Doutrina tenha se dividido quanto à definição da natureza jurídica destes institutos, a
Doutrina majoritária entende se tratar de causas de exclusão da tipicidade, pois não tendo ocorrido o
resultado, e também não se tratando de hipótese tentada, não há como se punir o crime nem a título de
consumação nem a título de tentativa.
Na desistência voluntária o agente, por ato voluntário, desiste de dar sequência aos atos executórios,
mesmo podendo fazê-lo.
Na tentativa – O agente quer, mas não pode prosseguir.
Na desistência voluntária – O agente pode, mas não quer prosseguir.
Para que fique caracterizada a desistência voluntária, é necessário que o resultado não se consume em
razão da desistência do agente.
EXEMPLO - Se Poliana dispara um tiro de pistola em Jason e, podendo disparar mais cinco, não o faz,
mas este mesmo assim vem a falecer, Poliana responde por homicídio consumado. Se, no entanto, Jason
não vem a óbito, Poliana não responde por homicídio tentado (não há tentativa, lembram-se?), mas por
lesões corporais.
No arrependimento eficaz é diferente. Aqui o agente já praticou todos os atos executórios que queria e
podia, mas após isto, se arrepende do ato e adota medidas que acabam por impedir a consumação do
resultado.
Imagine que no exemplo anterior, Poliana tivesse disparado todos os tiros da pistola em Jason. Depois
disso, Poliana se arrepende do que fez e providencia o socorro de Jason, que sobrevive em razão do
socorro prestado. Neste caso, teríamos arrependimento eficaz.
Ambos os institutos estão previstos no artigo 15 do Código Penal;
Artigo 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. (Redação dada pela Lei número 7.209, de
11.7.1984). Para que estes institutos ocorram, é necessário que a conduta (desistência voluntária e
arrependimento eficaz) impeça a consumação do resultado. Se o resultado, ainda assim, vier a ocorrer, o
agente responde pelo crime, incidindo, no entanto, uma atenuante de pena.
A Doutrina entende que também НА DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA quando o agente deixa de prosseguir na
execução para fazê-la mais tarde, por qualquer motivo, por exemplo, para não levantar suspeitas. Nesse
caso, mesmo não sendo nobre o motivo da desistência, a Doutrina entende que há desistência
voluntária.
Se o crime for cometido em concurso de pessoas e somente um deles realiza a conduta de desistência
voluntária ou arrependimento eficaz, esta circunstância se comunica aos demais, pois como se trata de
hipótese de exclusão da tipicidade, o crime não foi cometido, respondendo todos apenas pelos atos
praticados até então.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
O arrependimento posterior, por sua vez, não exclui o crime, pois este já se consumou, mas é causa
obrigatória de diminuição de pena. Ocorre quando, nos crimes em que não há violência ou grave
ameaça à pessoa, o agente, até o recebimento da denúncia ou queixa, repara o dano provocado ou
restitui a coisa. Nos termos do artigo 16 do Código Penal;
Artigo 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
restituída à coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena
será reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei número 7.209, de 11.7.1984)
EXEMPLO – Imagine o crime de dano (artigo 163 do Código Penal), no qual o Agente quebra a vidraça de
uma padaria, revoltado com o esgotamento do São francês naquela tarde. Nesse caso, se antes do
recebimento da queixa o agente ressarcir o prejuízo causado, ele responderá pelo crime. Mas a pena
aplicada devera ser diminuída de um a dois terços.
Vejam que não se aplica o instituto se o crime for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa. A
Doutrina entende que se a violência for culposa, pode ser aplicado o instituto. Assim, se o agente
comete lesão corporal culposa (violência culposa), e antes do recebimento da queixa paga todas as
despesas médicas da vítima, presta todo o auxílio necessário, deve ser aplicada a causa de diminuição de
pena.
O arrependimento posterior também se comunica aos demais agentes (coautores). A Doutrina entende,
ainda, que se a vítima se recusar a receber a coisa ou a reparação do dano, mesmo assim o agente
deverá receber a causa de diminuição de pena. O quantum da diminuição da pena (um terço a dois
terços) irá variar conforme a celeridade com que ocorreu o arrependimento e a voluntariedade deste
ato. O quadro abaixo pode ajudar vocês na compreensão dos institutos da tentativa, da desistência
voluntária, do arrependimento eficaz e do arrependimento posterior;
CRIME IMPOSSÍVEL
Nos termos do Código Penal;
Artigo 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. (Redação dada pela Lei número 7.209, de
11.7.1984). Como podemos perceber, o crime Impossível guarda semelhanças com a tentativa,
entretanto, com ela não se confunde.
Na tentativa, propriamente dita, o agente inicia a execução do crime, mas por circunstâncias alheias à
sua vontade o resultado não se consuma (artigo 14, inciso dois do Código de Processo Civil).
Você sabia que o crime impossível, diferentemente do que ocorre na tentativa, embora o agente inicie a
execução do delito, JAMAIS o crime se consumaria, em hipótese nenhuma, ou pelo fato de que o meio
utilizado é completamente ineficaz ou porque o objeto material do crime é impróprio para aquele
crime?
EXEMPLO - Imaginem que Marcelo pretenda matar sua sogra Maria. Marcelo chega, à surdina, de noite,
e percebendo que Maria dorme no sofá, desfere contra ela 10 facadas no peito. No entanto, no laudo
pericial se descobre que Maria já estava morta, em razão de um mal súbito que sofrera horas antes.
Nesse caso, o crime é impossível, pois o objeto material (a sogra, Maria) não era uma pessoa, mas um
cadáver. Logo, não há como se praticar o crime de homicídio em face de um cadáver.
No mesmo exemplo, imagine que Marcelo pretenda matar sua sogra a tiros e, surpreenda-a na servidão
que dá acesso a casa. Entretanto, quando Marcelo aperta o gatilho, percebe que, na verdade, foi
enganado pelo vendedor, que o vendeu uma arma de brinquedo.
Nesse último caso o crime é impossível, pois o meio utilizado por Marcelo é completamente ineficaz
para causar a morte da vítima.
Em ambos os casos temos hipótese de crime impossível. Na verdade, o crime impossível é uma espécie
de tentativa, com a circunstância de que jamais poderá se tornar consumação, face à impropriedade do
objeto ou do meio utilizado. Por isso, não se pode punir a tentativa nestes casos, eis que não houve
lesão ou sequer exposição à lesão do bem jurídico tutelado, não bastando para a punição do agente o
mero desvalor da conduta, devendo haver um mínimo de desvalor do resultado.
A ineficácia do meio ou e impropriedade do objeto devem ser ABSOLUTAS, ou seja, em nenhuma
hipótese, considerando aquelas circunstâncias, o crime poderia se consumar. Assim, se Márcio atira em
José, com intenção de matá-lo, mas o crime não se consuma porque José usava um colete e prova de
balas, não ha crime impossível, pois o crime poderia se consumar.
Como o CÓDIGO PENAL previu a impossibilidade de punição da tentativa inidônea (crime impossível),
diz-se que o Código Penal adotou a teoria objetiva da punibilidade do crime impossível.
CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO
Sargento, você saberia dizer qual a diferença entre crime doloso e crime culposo?
O dolo e a culpa são o que se pode chamar de elementos subjetivos do tipo penal, transportados da
culpabilidade para o fato típico (conduta). Assim, a conduta (no finalismo) não é mais apenas objetiva,
sinônimo de ação humana, mas sim a ação humana dirigida a um fim (ilícito ou não).
Crime Doloso
O dolo é o elemento subjetivo do tipo, consistente na vontade, livre e consciente, de praticar o crime
(dolo direto), ou a assunção do risco produzido pela conduta (dolo eventual). Nos termos do artigo 18 do
Código Penal;
Artigo 18 - Diz-se o crime; (Redação dada pela Lei número 7.209, de 11.7.1984) Crime doloso (Incluído
pela Lei número 7.209, de 11.7.1984)
Inciso um - Doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; (Incluído pela Lei
número 7.209, de 11.7.1984).
O dolo direto, que é o elemento subjetivo clássico do crime, é composto pela consciência de que a
conduta pode lesar um bem jurídico mais a vontade de lesar este bem jurídico. Esses dois elementos
(consciência + vontade) formam o que se chama de dolo natural.
Em épocas passadas, quando se entendia que o dolo pertencia à culpabilidade, a esses dois elementos
(consciência e vontade) era acrescido mais um elemento, que era a consciência da ilicitude. Esse era o
chamado dolo normativo. Assim, para que o dolo ficasse caracterizado era necessário comprovar que o
agente teve não só a vontade livre e consciente de alcançar o resultado, mas também comprovar que o
agente sabia que sua conduta era contrária ao Direito.
Atualmente, com a transposição do dolo e da culpa para o fato típico (em razão da teoria finalista), os
elementos normativos do dolo ficaram na culpabilidade, de maneira que a chamada “consciência da
ilicitude da conduta” não mais é analisada dentro do dolo em si, mas na culpabilidade. Para definir,
portanto, se o fato constitui uma conduta dolosa não é necessário, hoje, saber se o agente tinha
consciência de que sua conduta era contrária ao Direito, o que só será analisado na culpabilidade.
Desta maneira, podemos dizer que no finalismo o dolo é natural e no causalismo o dolo é normativo.
O dolo direto pode ser, ainda, de segundo grau, ou de consequências necessárias. Neste o agente não
deseja a produção do resultado, mas aceita o resultado como consequência necessária dos meios
empregados.
A “consciência da ilicitude”, inclusive, pode ser real (quando o agente sabe que sua conduta é contrária
ao direito) ou meramente potencial (quando, apesar de não saber que sua conduta é contrária ao
Direito, tinha condições intelectuais para ter este conhecimento).
EXEMPLO; Imagine o caso de alguém que, querendo matar certo executivo, coloca uma bomba no avião
em que este se encontra. Ora, nesse caso, o agente age com dolo de primeiro grau em face da vítima
pretendida, pois quer sua morte, e dolo de segundo grau em relação aos demais ocupantes do avião,
pois é certo que também morrerão, embora este não seja o objetivo do agente.
Há, ainda, o que a Doutrina chama de dolo indireto. O dolo indireto se divide dolo eventual e dolo
alternativo.
O dolo eventual consiste na consciência de que a conduta pode gerar um resultado criminoso, mais a
assunção desse risco, mesmo diante da probabilidade de sito dar errado, tratasse de hipótese na qual o
agente não tem vontade de produzir o resultado criminoso, mas analisando as circunstâncias, sabe que
este resultado pode ocorrer e não se importa, age da mesma maneira.
EXEMPLO – Imagine que Renato, dono de um sítio, e apreciador da prática do tiro esportivo, decida
levantar sábado pela manhã e praticar tiro no seu terreno, mesmo sabendo que as balas possuem longo
alcance e que há casas na vizinhança. Renato até não quer que ninguém seja atingido, mas sabe que isso
pode ocorrer e não se importa, pratica a conduta assim mesmo. Nesse caso, se Renato atingir alguém,
causando-lhe lesões ou mesmo a morte, estará praticando homicídio doloso por dolo eventual no dolo
alternativo o agente pratica a conduta sem pretender alcançar um resultado específico, estabelecendo
para si mesmo que qualquer dos resultados possíveis é válido.
EXEMPLO – José atira uma pedra em Maria, querendo matá-la ou lesiona-la, tanto faz. Ou seja, José não
possui a intenção especifica de matar, mas também não possui a intenção especifica de lesionar. O que
José, pretende, apenas, é causar dano a Maria.
O dolo pode ser, ainda;
Dolo genérico – Atualmente, com o finalismo, passou a ser chamado simplesmente de dolo, que é,
basicamente, a vontade de praticar a conduta descrita no tipo penal, sem nenhuma outra finalidade.
Dolo específico, ou especial fim de agir – Em contraposição ao dolo genérico, nesse caso o agente não
quer somente praticar a conduta típica, mas o faz por alguma razão especial, com alguma finalidade
específica. É o caso do crime de injúria, por exemplo, no qual o agente deve não só praticar a conduta,
mas deve fazê-lo com a intenção de ofender a honra subjetiva da vítima.
Dolo direto de primeiro grau – Trata-se do dolo comum, aquele no qual o agente tem à vontade
direcionada para a produção do resultado, como no caso do homicida que procura sua vítima e a mata
com disparos de arma de fogo.
Dolo geral, por erro sucessivo, ou aberratio causae – Ocorre quando o agente, acreditando ter alcançado
seu objetivo, pratica nova conduta, com finalidade diversa, mas depois se constata que esta última foi a
que efetivamente causou o resultado.
Trata-se de erro na relação de causalidade, pois embora o agente tenha conseguido alcançar a finalidade
proposta, somente o alcançou através de outro meio, que não tinha direcionado para isso. Exemplo;
Imagine a mãe que, querendo matar o próprio filho de cinco anos, o estrangula e, com medo de ser
descoberta, o joga num rio.
Posteriormente a criança é encontrada e se descobre que a vítima morreu por afogamento. Nesse caso,
embora a mãe não tenha querido matar o filho afogado, mas por estrangulamento, isso é irrelevante
penalmente, importando apenas o fato de que a mãe alcançou o fim pretendido (morte do filho), ainda
que por outro meio, devendo, pois, responder por homicídio consumado.
Dolo antecedente, atual e subsequente – O dolo antecedente é o que se dá antes do início da execução
da conduta. O dolo atual é o que está presente enquanto o agente se mantém exercendo a conduta, e o
dolo subsequente ocorre quando o agente, embora tendo iniciado a conduta com uma finalidade lícita,
altera seu ânimo, passando a agir de forma ilícita. Esse último caso é o que ocorre no caso, por exemplo,
do crime de apropriação indébita (artigo 168 do Código Penal), no qual o agente recebe o bem de boa-
fé, obrigando-se devolvê-lo, mas, posteriormente, muda de ideia e não devolve o bem nas condições
ajustadas, passando a agir de maneira ilícita.
Crime Culposo
Se no crime doloso o agente quis o resultado, sendo este seu objetivo, ou assumiu o risco de sua
ocorrência, embora não fosse originalmente pretendido o resultado, no crime culposo a conduta do
agente é destinada a um determinado fim (que pode ser lícito ou não), tal qual no dolo eventual, mas
pela violação a um dever de cuidado, o agente acaba por lesar um bem jurídico de terceiro, cometendo
crime culposo.
A violação ao dever objetivo de cuidado pode se dar de três maneiras;
Negligência – O agente deixa de tomar todas as cautelas necessárias para que sua conduta não venha a
lesar o bem jurídico de terceiro. É o famoso relapso. Aqui o agente deixa de fazer algo que deveria;
Imprudência – É o caso do afoito, daquele que pratica atos temerários, que não se coadunam com a
prudência que se deve ter na vida em sociedade. Aqui o agente faz algo que a prudência não
recomenda;
Imperícia – Decorre do desconhecimento de uma regra técnica profissional. Assim, se o médico, após
fazer todos os exames necessários, dá diagnóstico errado, concedendo alto ao paciente e este vem a
óbito em decorrência da alta concedida, não há negligência, pois, o profissional médico adotou todos os
cuidados necessários, mas em decorrência de sua falta de conhecimento técnico, não conseguiu verificar
qual o problema do paciente, o que acabou por ocasionar seu falecimento;
A punibilidade da culpa se fundamenta no desvalor do resultado praticado pelo agente, embora o
desvalor da conduta seja menor, pois não deriva de uma deliberada ação contrária ao direito.
O CÓDIGO PENAL prevê o crime culposo em seu artigo 18, inciso dois;
Artigo 18 - Diz-se o crime; (Redação dada pela Lei número 7.209, de 11.7.1984) Crime culposo (Incluído
pela Lei número 7.209, de 11.7.1984);
Inciso dois - Culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou
imperícia. (Incluído pela Lei número 7.209, de 11.7.1984).
O crime culposo é composto de;
Uma conduta voluntária – Dirigida a um fim lícito, ou quando ilícito, não é destinada à produção do
resultado ocorrido.
A violação a um dever objetivo de cuidado – Que pode se dar por negligência, imprudência ou imperícia.
Um resultado naturalístico involuntário – O resultado produzido não foi querido pelo agente (salvo na
culpa imprópria).
Nexo causal – Relação de causa e efeito entre a conduta do agente e o resultado ocorrido no mundo
fático.
Tipicidade – O fato deve estar previsto com o crime. Em regra, os crimes só podem ser praticados na
forma dolosa, só podendo ser punidos a título de culpa quando a lei expressamente determinar. Essa é a
regra do paragrafo único do artigo 18 do Código Penal;
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como
crime, senão quando o pratica dolosamente. (Incluído pela Lei número 7.209, de 11.7.1984).
Previsibilidade objetiva - O resultado ocorrido deve ser previsível mediante um esforço intelectual
razoável. É chamada previsibilidade do homem médio. Assim, se uma pessoa comum, de inteligência
mediana, seria capaz de prever aquele resultado, está presente este requisito. Se o resultado não for
previsível objetivamente, o fato é um indiferente penal. Por exemplo; Se Mário, nas dunas de Natal, dá
um chute em João, a fim de causar-lhe lesões leves, e João vem a cair e bater com a cabeça sobre um
motor de Bugre que estava enterrado sob a areia, vindo a falecer, Mário não responde por homicídio
culposo, pois seria inimaginável a qualquer pessoa prever que naquele local a vítima poderia bater com
a cabeça em algo daquele tipo e vir a falecer. A culpa, por sua vez, pode ser de diversas modalidades.
Culpa consciente e inconsciente – Na culpa consciente, o agente prevê o resultado como possível, mas
acredita que este não irá ocorrer. Na culpa inconsciente (ex ignorantia), o agente não prevê que o
resultado possa ocorrer. A culpa consciente se aproxima muito do dolo eventual, pois em ambos o
agente prevê o resultado e mesmo assim age. Entretanto, a diferença é que, enquanto no dolo eventual
o agente assume o risco de produzi-lo, não se importando com a sua ocorrência, na culpa consciente o
agente não assume o risco de produzir o resultado, pois acredita, sinceramente, que ele não ocorrerá.
Culpa própria e culpa imprópria – A culpa própria é aquela na qual o agente NÃO QUER O RESULTADO
criminoso. É a culpa propriamente dita. Pode ser consciente, quando o agente prevê o resultado como
possível, ou inconsciente, quando não há essa previsão. Na culpa imprópria, o agente quer o resultado,
mas, por erro inescusável, acredita que o está fazendo amparado por uma causa excludente da ilicitude
ou da culpabilidade.
Exemplo; Júlio, dirigindo seu veículo, avança o sinal vermelho e colide com o veículo de Carlos, que vinha
na contramão. Ambos agiram com culpa e causaram-se lesões corporais. Nesse caso, ambos respondem
pelo crime de lesões corporais, um em face do outro.
CRIME PRETERDOLOSO
Agora que você já sabe o que crime doloso e culposo. Vamos aprender o que é crime preterdoloso?
Há ainda a figura do crime preterdoloso (ou preterintencional). O crime preterdoloso ocorre quando o
agente, com vontade de praticar determinado crime (dolo), acaba por praticar crime mais grave, não
com dolo, mas por culpa. Um exemplo clássico é o crime de lesão corporal seguida de morte, previsto no
artigo 129, paragrafo terceiro do Código Penal. Nesse crime o agente provoca lesões corporais na vítima,
mediante conduta dolosa. No entanto, em razão de sua imprudência na execução (excesso), acabou por
provocar a morte da vítima, que era um resultado não pretendido (culpa).
A Doutrina distingue, no entanto, o crime preterdoloso do crime qualificado pelo resultado. Para a
Doutrina, o crime qualificado pelo resultado é um gênero, do qual o crime preterdoloso é espécie. Um
crime qualificado pelo resultado é aquele no qual, ocorrendo determinado resultado, teremos a
aplicação de uma circunstância qualificadora. Aqui é irrelevante se o resultado que qualifica o crime é
doloso ou culposo. No delito preterdoloso, o resultado que qualifica o crime é, necessariamente,
culposo. Ou seja, há dolo na conduta inicial e culpa em relação ao resultado que efetivamente ocorre.
EXEMPLO - Mariana agride Luciana com a intenção apenas de lesioná-la (dolo de praticar o crime de
lesão corporal). Contudo, em razão da força empregada por Mariana, Luciana cai e bate com a cabeça
no chão, vindo a falecer. Mariana fica chocada, pois de maneira alguma pretendia a morte de Luciana.
Nesse caso, Mariana praticou o crime de lesão corporal seguida de morte, que é um crime preterdoloso
(dolo na conduta inicial, mas resultado obtido a título de culpa sem intenção).
TEORIA DO ERRO
Erro, em Direito Penal, corresponde a uma falsa representação da realidade, que tanto pode incidir
sobre situação fática prevista como elementar ou circunstância do crime (erro de tipo), bem como sobre
a ilicitude da conduta (erro de proibição). Desta forma, a pessoa a qual subtrai coisa de outra,
acreditando ser sua - não sabe que subtrai coisa alheia - ou quando alguém, por exemplo, tem maconha
em casa, na crença de que esta constitui outra substância, inócua (exemplo; esterco), encontra-se em
erro de tipo (artigo 20 do Código Penal); contudo, se souber da natureza da substância, a qual mantém
por acreditar, equivocadamente, que o depósito não é proibido, incide no erro de proibição (artigo 21,
do Código Penal).
Vejamos as espécies de erro;
Erro sobre elemento constitutivo do tipo (Código Penal, artigo 20, caput) - "O erro sobre elemento
constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto
em lei". Tal erro pode referir-se a uma situação de fato. Exemplo; o caçador atira em uma pessoa,
pensando tratar-se de um animal perigoso.
Descriminantes putativas (Código Penal, artigo 20, paragrafo primeiro) - "É isento de pena quem, por
erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a
ação legítima". Trata-se do erro de tipo inevitável (invencível ou escusável) e, sendo assim, exclui a
punição por dolo ou por culpa. O fato, portanto, é atípico. Importante lembrar que; "Não há isenção de
pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo." (Código Penal, artigo 20,
paragrafo primeiro, parte final).
É o caso do pai que, percebendo um barulho na madrugada, se levanta e avista um vulto, determinando
sua imediata parada. Como o vulto continua, o pai dispara três tiros de arma de fogo contra a vítima,
acreditando estar agindo em legítima defesa de sua família. No entanto, ao verificar a vítima, percebe
que o vulto era seu filho de dezesseis anos que havia saído escondido para assistir a um show de Rock
no qual havia sido proibido de ir. Nesse caso, embora o crime seja naturalmente doloso (pois o agente
quis o resultado), por questões de política criminal o Código determina que lhe seja aplicado a pena
correspondente à modalidade culposa.
Nos termos do artigo 20, paragrafo primeiro do Código Penal;
Artigo 20 (...)
Paragrafo primeiro - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva
de culpa e o fato é punível como crime culposo. (Redação dada pela Lei número 7.209, de 11.7.1984).
Erro sobre a pessoa (artigo 20, paragrafo terceiro, Código Penal) - "O erro quanto à pessoa contra a qual
o crime é praticado não isenta depena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da
vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. Ocorre quando, por exemplo,
o agente mata A pensando tratar-se de B, fato que não altera a figura típica do homicídio.
Erro sobre a ilicitude do fato (artigo 21, Código Penal) - "O desconhecimento da lei é inescusável. O erro
sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
terço.
Código Penal, artigo 20, Parágrafo único; “Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem
a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa
consciência".

CAUSAS DE EXCLUSÃO DO FATO TÍPICO


Haverá exclusão do fato típico sempre que estiver ausente algum de seus elementos. As principais
hipóteses são;
Coação física irresistível - A coação física irresistível (também chamada de vis absoluta) exclui a
CONDUTA, por ausência completa de vontade do agente coagido. Logo, acaba por excluir o fato típico.
Não confundir com a coação MORAL irresistível, que exclui a culpabilidade.
Exemplo - José pega Maria à força e, segurando seu braço, faz com que Maria esfaqueie Joana, que está
dormindo. Neste caso, Maria não teve conduta, pois não teve dolo ou culpa. Maria não escolheu
esfaquear, foi coagida fisicamente a fazer isso.
Erro de tipo inevitável - No erro de tipo inevitável o agente pratica o fato típico por incidir em erro sobre
um de seus elementos. Quando o erro é inevitável (qualquer pessoa naquelas circunstâncias cometeria
o erro), o agente não responde por crime algum (afasta-se o dolo e a culpa).
Exemplo - José pega o celular que está em cima do balcão da loja e vai embora, acreditando ser o seu
celular. Todavia, quando chega em casa, vê que pegou o celular de outra pessoa, pois confundiu com o
seu. Neste caso, José praticou, em tese, o crime de furto (artigo 155 do Código Penal). Todavia, como
houve erro inevitável sobre um dos elementos do tipo (o elemento “coisa alheia”, já que José acreditava
que a coisa era sua), José não responderá por crime algum.
Sonambulismo e atos reflexos - Nas hipóteses de sonambulismo e de atos reflexos também se afasta o
fato típico, pois em ambos os casos o agente não tem controle sobre sua ação ou omissão, ou seja,
temos a exteriorização física do ato, sem que haja dolo ou culpa.
Exemplo - José dá um susto em Ricardo, que acaba mexendo os braços repentinamente e acerta uma
cotovelada em Paula. Neste caso, Ricardo não responde por crime de lesão corporal pois não teve dolo
ou culpa.
Insignificância e adequação social da conduta - Tanto na hipótese de insignificância da conduta (ausência
de ofensa significativa ao bem jurídico protegido pela norma) quanto na hipótese de adequação social
da conduta (tolerância).
ANTIJURIDICIDADE (ILICITUDE)
Você sabia que a antijuridicidade é um dos requisitos do crime e que se constitui na relação de
contrariedade entre o fato e o ordenamento jurídico?
Não basta, para a ocorrência de um crime, que o fato seja típico (previsto em lei). É necessário também
que seja antijurídico, ou seja, contrário à lei penal, que viole bens jurídicos protegidos pelo
ordenamento jurídico, portanto, a antijuridicidade (ou ilicitude) é a condição de contrariedade da
conduta perante o Direito.
Estando presente o primeiro elemento (fato típico), presume-se presente a ilicitude, devendo o acusado
comprovar a existência de uma causa de exclusão da ilicitude. Percebam, assim, que uma das funções do
fato típico é gerar uma presunção de ilicitude da conduta, que pode ser desconstituída diante da
presença de uma das causas de exclusão da ilicitude.
As causas de exclusão da ilicitude podem ser;
Genéricas – São aquelas que se aplicam a todo e qualquer crime. Estão previstas na parte geral do
Código Penal, em seu artigo 23;
Específicas – São aquelas que são próprias de determinados crimes, não se aplicando a outros. Por
exemplo; Furto de coisas comum, previsto no artigo 156, Parágrafo segundo. Nesse caso, o fato de a
coisa furtada ser comum retira a ilicitude da conduta. Porém, só nesse crime. As causas genéricas de
exclusão da ilicitude são;
a) estado de necessidade;
b) legítima defesa;
c) exercício regular de um direito;
d) estrito cumprimento do dever legal.
Entretanto, a Doutrina majoritária e a Jurisprudência entendem que existem causas supralegais de
exclusão da ilicitude (não previstas na lei, mas que decorrem da lógica, como o consentimento do
ofendido nos crimes contra bens disponíveis).
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ANTIJURIDICIDADE
Além de típico, para ser considerado crime o fato deve ser também antijurídico. O artigo 23 do Código
Penal dispõe que não há crime quando o agente pratica o fato nos seguintes casos;
Está previsto no artigo 24 do Código Penal;
Artigo 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que
não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
O Brasil adotou a teoria unitária de estado de necessidade, que estabelece que o bem jurídico protegido
deve ser de valor igual ou superior ao sacrificado, afastando-se em ambos os casos a ilicitude da
conduta.
Estado de necessidade; o agente pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua
vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias,
não era razoável exigir-se.
EXEMPLO - Marcos e João estão num avião que está caindo. Só há uma mochila com paraquedas.
Marcos agride João até causar-lhe a morte, a fim de que o paraquedas seja seu e ele possa se salvar.
Nesse caso, o bem jurídico que Marcos buscou preservar (vida) é de igual valor ao bem sacrificado (Vida
de João). Assim, Marcos não cometeu crime, pois agiu coberto por uma excludente de ilicitude, que é o
estado de necessidade.
Os requisitos para a configuração do estado de necessidade são basicamente dois;
a) a existência de uma situação de perigo a um bem jurídico próprio ou de terceiros;
b) o fato necessitado (conduta do agente na qual ele sacrifica o bem alheio para salvar o próprio ou do
terceiro).
Entretanto, a situação de perigo deve;
Não ter sido criada voluntariamente pelo agente (ou seja, se foi ele mesmo quem deu causa, não poderá
sacrificar o direito de um terceiro a pretexto de salvar o seu).
EXEMPLO - O agente provoca ao naufrágio de um navio e, para se salvar, mata um terceiro, a fim de ficar
com o último colete disponível. Nesse caso, embora os bens sejam de igual valor, a situação de perigo
foi criada pelo próprio agente, logo, ele não estará agindo em estado de necessidade.
Perigo atual – O perigo deve estar ocorrendo. A lei não permite o estado de necessidade diante de um
perigo futuro, ainda que iminente;
A situação de perigo deve estar expondo a risco de lesão um bem jurídico do próprio agente ou de um
terceiro. O agente não pode ter o dever jurídico enfrentar o perigo.
Ser conhecida pelo agente – O agente deve saber que está agindo em estado de necessidade (elemento
subjetivo).
Quanto à conduta do agente, ela deve ser;
Inevitável – O bem jurídico protegido só seria salvo daquela maneira. Não havia outra forma de salvar o
bem jurídico.
Proporcional – O agente deve sacrificar apenas bens jurídicos de menor ou igual valor ao que pretende
proteger.
O estado de necessidade pode ser;
Agressivo – Quando para salvar seu bem jurídico o agente sacrifica bem jurídico de um terceiro que não
provocou a situação de perigo.
Defensivo – Quando o agente sacrifica um bem jurídico de quem ocasionou a situação de perigo.
Pode ser ainda;
Real – Quando a situação de perigo efetivamente existe;
Putativo – Quando a situação de perigo não existe de fato, apenas na imaginação do agente.
Imaginemos que no caso do colete salva-vidas, ao invés de ser o último, existisse ainda uma sala repleta
deles. Assim, a situação de perigo apenas passou pela cabeça do agente, não sendo a realidade, pois
havia mais coletes. Nesse caso, o agente incorreu em erro, que se for um erro escusável (o agente não
tinha como saber da existência dos outros coletes), excluirá a imputação do delito.
LEGÍTIMA DEFESA
Você já ouviu falar em legítima defesa? Sabe o que é? Vamos aprender?
Nos termos do artigo 25 do Código Penal - Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem.
Com o advento da Lei número 13.964 de 2019, o chamado pacote ante crime, foi inserido na legislação
penal comum o Parágrafo único no artigo 25, que versa sobre a legítima defesa. Insta ressaltar, que o
referido acréscimo não trará nenhuma mudança naquilo que já fora pacificado na doutrina, ou seja, o
que o Parágrafo único nos traz é apenas um exemplo daquilo que se revela no caput do artigo 25,
quando na defesa de outrem repele injusta agressão moderadamente e usando os meios necessários.
Artigo 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Parágrafo único - Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em
banco Bradesco observa um homem saindo desta agência com arma empunho apontando na direção de
Paulo poderá este repelir essa agressão iminente, pois ainda que não tenha acontecido, não se pode
exigir que Paulo aguardasse que este homem não identificado comece a efetuar os disparos.
Contra direito próprio ou alheio – A agressão injusta pode estar acontecendo ou prestes a acontecer
contra direito do próprio agente ou de um terceiro. Assim, se homem saindo desta agência bancária
acima mencionada com arma em punho apontando na direção de uma pessoa qualquer, Paulo poderá
repelir essa agressão iminente contra terceiros, sargento Paulo, não estará cometendo crime, pois agiu
em legítima defesa da integridade física de terceiro.
Reação proporcional – O agente deve repelir a injusta agressão utilizando moderadamente dos meios
necessários.
Conhecimento da situação justificante – O agente deve saber que está agindo em legítima defesa, ou
seja, deve conhecer a situação justificante e agir com intenção de defesa (animus defendendi).
Quando uma pessoa é atacada por um animal, em regra não age em legítima defesa, mas em estado de
necessidade, pois os atos dos animais não podem ser considerados injustos.
Entretanto, se o animal estiver sendo utilizado como instrumento de um crime (dono determina ao cão
bravo que morda a vítima), o agente poderá agir em legítima defesa. Entretanto, a legítima defesa
estará ocorrendo em face do dono (lesão ao seu patrimônio, o cachorro), e não em face do animal.
Com relação às agressões praticadas por inimputável, a Doutrina se divide, mas a maioria entende que
nesse caso há legítima defesa, e não estado de necessidade.
Na legítima defesa, diferentemente do que ocorre no estado de necessidade, o agredido (que age em
legítima defesa) não é obrigado a fugir do agressor, ainda que possa. A lei permite que o agredido revide
e se proteja, ainda que lhe seja possível.
A reação do agente, por sua vez, deve ser proporcional. Ou seja, os meios utilizados por ele devem ser
suficientes e necessários a repelir a agressão injusta.
Vejamos;

Sargento Paulo, em discussão de trânsito com outro motorista amis alto e mais forte que Paulo e dadas
as condições físicas dos dois e se sentindo ameaçado pois o outro motorista ameaça de agredi-lo e de
forma a repelir a injusta agressão, saca sua pistola e o e desfere 05 tiros no peito do outro motorista,
provocando sua morte.
Neste caso, Sargento Paulo não pode alegar legítima defesa, eis que sua reação não foi proporcional, já
que não utilizou moderadamente dos meios necessários.
A legítima defesa pode ser;
Agressiva – Quando o agente pratica um fato previsto como infração penal. Assim, se A agride B e este,
em legítima defesa, agride A, está cometendo lesões corporais (artigo 129), mas não há crime, em razão
da presença da causa excludente da ilicitude.
Outro exemplo - Policial que atira em um criminoso armado que está na iminência de matar ou lesionar
o policial ou terceiro.
Defensiva – O agente se limita a se defender, não atacando nenhum bem jurídico do agressor.
Própria – Quando o agente defende seu próprio bem jurídico.
De terceiro – Quando defende bem jurídico pertencente a outra pessoa.
Real – Quando a agressão a iminência dela acontece, de fato, no mundo real.
Putativa – Quando a agressão é fruto da sua imaginação e falsamente a vítima acredita que sofrerá um
disparo de arma de fogo, como por exemplo pessoa que falsamente pensa que está sendo assaltado por
um criminoso usando uma arma de fogo ,porém, trata-se de réplica de arma de fogo apontada para sua
cabeça e acreditando que sua vida está em risco desfere um golpe de faca no agressor matando-o, na
verdade, esta pessoa está protegido e não responderá pelo crime pelo fenômeno da legítima defesa
putativa.
A legítima defesa não é presumida. Aquele que a alega deve provar sua ocorrência, pois, como
estudamos, a existência do fato típico tem o condão de fazer presumir a ilicitude da conduta, cabendo
ao acusado provar a existência de uma das causas de exclusão da ilicitude.
Caso o agredido erre ao revidar a agressão e atinge pessoa que não tem relação com a agressão (erro
sobre a pessoa), continuará amparado pela excludente de ilicitude, pois o crime se considera praticado
contra a pessoa visada, não contra a efetivamente atingida.
Temos também a legitima defesa com erro na execução, multo comum nos dias de atuais em que o
policial adentra em comunidades, ou mesmo nas ruas e ao se deparar com marginais armados, efetua
disparo para reprimir a injusta agressão atual ou iminente, atinge pessoa que não era criminosa, que
estava na linha de fogo ou próximo aos marginais.
No caso de legítima defesa de terceiro, duas hipóteses podem ocorrer;
O bem do terceiro que está sendo lesado é disponível (bens materiais, etc.) – Nesse caso, o terceiro deve
concordar com que o agente atue em seu favor.
O bem do terceiro é indisponível (Vida, por exemplo) – Nesse caso, o agente poderá repelir esta
agressão ainda que o terceiro não concorde com esta atitude, poiso bem agredido é um bem de caráter
indisponível.
Vocês devem ficar atentos a alguns pontos;
Não cabe legítima defesa real em face de legítima defesa real, pois se o primeiro age em legítima defesa
real, sua agressão não é injusta, o que impossibilita reação em legítima defesa.
Cabe legítima defesa real em face de legítima defesa putativa. Assim, se A pensa estar sendo ameaçado
por B e o agride (legítima defesa putativa), B poderá agir em legítima defesa real. Isto porque a atitude
de A não é justa, logo, é uma agressão injusta, de forma que B poderá se valer da legítima defesa (A até
pode não ser punido por sua conduta, mas isso se dará pela exclusão da culpabilidade em razão da
legítima defesa putativa).

Sempre caberá legítima defesa em face de conduta que esteja acobertada apenas por causa de exclusão
da culpabilidade (pois nesse caso a agressão é típica e ilícita, embora não culpável).
NUNCA haverá possibilidade de legítima defesa real em face de qualquer causa de exclusão da ilicitude
real.
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL
Sargento, você já ouviu alguém dizer que “o policial agiu no estrito cumprimento do seu dever legal”?
Sabe por que isso ocorre? Vamos aprender?
Nos termos do artigo 23, inciso três do Código Penal;
Artigo 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato;
Inciso três - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Age acobertado por esta excludente aquele que pratica fato típico, mas o faz em cumprimento a um
dever previsto em lei. Assim, o Policial tem o dever legal de manter a ordem pública. Se alguém comete
crime, eventuais lesões corporais praticadas pelo policial (quando da perseguição) não são consideradas
ilícitas, pois embora tenha sido provocada lesão corporal (prevista no artigo 129 do Código Penal), o
policial agiu no estrito cumprimento do seu dever legal.
CUIDADOI Quando o policial, numa troca de tiros, acaba por ferir ou matar um suspeito, ele não age no
estrito cumprimento do dever legal, mas em legítima defesa. Isso porque o policial só pode atirar contra
alguém em Legítima Defesa.
Estrito cumprimento do dever legal; consiste na existência de um dever proveniente de lei que obriga o
agente a determinada conduta Exemplo; policial prende em flagrante delito.
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
O Código Penal prevê essa excludente da ilicitude também no artigo 23, inciso três;
Artigo 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato; (...)
Inciso três - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
O exercício regular de direito ocorre quando o agente age dentro dos limites autorizadores pelo
ordenamento jurídico.
EXEMPLO - lesão corporal decorrente de violência desportiva.
Dessa forma, quem age no legítimo exercício de um direito seu não poderá estar cometendo crime, pois
a ordem jurídica deve ser harmônica, de forma que uma conduta que é considerada um direito da
pessoa, não pode ser considerada crime, por questões lógicas.
Trata-se de preservar a coerência do sistema, mas o direito deve estar previsto em lei? Sim! A Doutrina
majoritária entende que os direitos derivados dos costumes locais não podem ser invocados como
causas de exclusão da ilicitude.
EXEMPLO - A mãe descobre que o filho, de 12 anos, aprontou na escola e resolve colocar o garoto de
castigo, trancado no quarto por 8 horas. Neste caso, a mãe não responde pelo crime de cárcere privado
(artigo 148 do Código Penal), pois tem o direito de agir assim, dever que decorre de seu poder familiar
sobre a criança. Não há “estrito cumprimento do dever legal”, pois a mãe não tinha o dever de fazer isso
(poderia optar por perdoar o filho, dar outro tipo de castigo, etc.).
CONSENTIMENTO DO OFENDIDO
O consentimento do ofendido não está expressamente previsto no Código Penal como causa de
exclusão da ilicitude. Todavia, a Doutrina é pacífica ao sustentar que o consentimento do ofendido pode,
a depender do caso, afastar a ilicitude da conduta, funcionando como causa supralegal (não prevista na
Lei) de exclusão da ilicitude.
EXEMPLO - José e Paulo combinam de fazer manobras arriscadas numa moto, estando Paulo na garupa e
José guiando a motocicleta. Neste caso, se José perder a direção e causar lesões culposas em Paulo, não
haverá crime, eis que o consentimento de Paulo em relação à conduta arriscada de José afasta a ilicitude
da conduta.
A Doutrina elenca alguns requisitos para que o consentimento do ofendido possa ser considerado causa
supralegal de exclusão da ilicitude;
O consentimento deve ser válido – O consentimento deve ser prestado por pessoa capaz, mentalmente
sã e livre de vícios (coação, fraude, etc.).
O bem jurídico deve ser próprio e disponível – Assim, não há que se falar em consentimento do ofendido
quando o bem jurídico pertence a outra pessoa ou é indisponível como, por exemplo, a vida.
O consentimento deve ser prévio ou concomitante à conduta – O consentimento do ofendido após a
prática da conduta não afasta a ilicitude.
EXCESSO PUNÍVEL - é o exercício irregular de uma causa excludente da ilicitude, seja porque não há mais
a circunstância que permitia seu exercício (cessou os motivos para agir no estrito cumprimento do dever
legal, ou seja, porque o meio utilizado não é proporcional). No primeiro caso, temos o excesso
extensivo, e no segundo, o excesso intensivo. Nesses casos, a lei prevê que aquele que se exceder
responderá pelos danos que causar artigo 23, Parágrafo único do Código Penal;
Artigo 23 (...)
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou
culposo.
Aplica-se a qualquer das causas excludentes da ilicitude. Assim, o policial que, após prender o ladrão,
começa a desferir socos em seu rosto, não estará agindo amparado pelo estrito cumprimento do dever
legal, pois está se excedendo.
IMPUTABILIDADE
Chama-se imputabilidade a capacidade de o agente entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
se, de acordo com esse entendimento. Consequentemente, denomina-se inimputabilidade a
incapacidade de o agente entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se, de acordo com esse
entendimento, seja em virtude de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto (menor idade
penal) ou retardado, seja em virtude de embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força
maior, conforme estabelecem os artigos 26, 27 e 28 do Código Penal.
CONCURSO DE PESSOAS
Normalmente, o crime é praticado por uma única pessoa. Contudo, pode ser praticado por duas ou
mais. Assim sendo, o Código Penal utiliza o termo concurso de pessoas, adotando a teoria unitária ou
monista, segundo a qual, no concurso, existe um só crime, em que todos os participantes respondem
por ele.
Entende-se por concurso de pessoas a reunião de vários agentes concorrendo de forma relevante para
realização do mesmo evento criminoso agindo todos com identidade de propósitos. A Cooperação pode
ocorrer em fases diversas desde o planejamento até a consumação do delito e em intensidade variável,
razão pela qual é valorada de acordo com a contribuição de cada um dos agentes para o sucesso da ação
criminosa.
O artigo 29 do Código Penal estatui - “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime, incide nas penas
a este cominadas na medida de sua culpabilidade”. Além disso, a lei penal distingue coautoria de
participação (Parágrafo primeiro, artigo 29, Código Penal).
Ocorre a coautoria quando várias pessoas realizam a conduta principal do tipo penal, ou seja, há
diversos executores. Por sua vez, existe a participação quando o sujeito concorre de qualquer modo
para a prática da conduta típica, não realizando atos executórios do crime. O sujeito, chamado partícipe,
realiza atos diversos daqueles praticados pelo autor, não cometendo a conduta descrita pelo preceito
primário da norma. Pratica, entretanto, atividade - induz, instiga ou presta auxílio - que contribui para a
realização do delito.
Autor, portanto, é quem executa o núcleo da conduta típica.
Exemplo - aquele que mata, rouba etc.
Já partícipe, é quem concorre de qualquer modo para a realização do crime, praticando atos diversos
dos do autor.
Exemplos - ele vigia a rua, enquanto o autor furta bens do interior da casa; ele empresta a arma para o
autor matar a vítima etc.
A participação pode ser, portanto, moral ou material.
Existe a participação moral quando o agente induz ou instiga o autor principal à prática do crime. Ocorre
a participação material quando o agente auxilia, de algum modo, o autor principal na prática do crime.
REQUISITOS DO CONCURSO PESSOAS
a) Presença de dois ou mais agentes;
b) Nexo de causalidade material entre as condutas realizadas e o resultado obtido;
c) Não há necessidade de ajuste prévio entre os agentes, mas deve haver vontade de obtenção do
resultado (vínculo de natureza psicológica). Ou seja, mesmo que os agentes não se conheçam pode
haver o concurso de pessoas se existente a vontade de obtenção do mesmo resultado. Tal hipótese
admite ainda a autoria sucessiva. Exemplo; empregada deixa a porta da casa aberta, permitindo que o
ladrão subtraia os bens do imóvel. Enquanto isso, uma outra pessoa, ao ver os fatos, resolve dele aderir
retirando também as coisas da casa;
d) Reconhecimento da prática do mesmo delito para todos os agentes;
e) Existência de atipicidade e antijuridicidade, já que se o fato não é punível para um dos coautores,
também não será para os demais.
PARTE ESPECIAL - DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
DOS CRIMES CONTRA A VIDA
Sargento, você saberia dizer quais são os crimes contra avida? Vamos aprender?
Conceito
O Título um da Parte Especial do Código Penal cuida somente dos crimes contra a pessoa e está dividido
em seis capítulos; “Dos crimes contra a vida”; “Das lesões corporais”; “Da periclitação da vida e da
saúde”; “Da rixa”; “Dos crimes contra a honra”; e “Dos crimes contra a liberdade individual”.
É um dos mais relevantes objetos da tutela penal. Não a protege o Estado apenas por obséquio ao
indivíduo, mas, principalmente, por exigência de indeclinável interesse público ou atinente a
elementares condições da vida em sociedade. Pode-se dizer que, à parte os que ofendem ou fazem
periclitar os interesses específicos do Estado, todos os crimes constituem, em última análise, lesão ou
perigo de lesão contra a pessoa.
Não é para atender a uma diferenciação essencial que os crimes particularmente chamados contra a
pessoa ocupam setor autônomo entre as espécies de delito. A distinção classificadora justifica-se apenas
porque tais crimes são os que mais imediatamente afetam a pessoa. Os bens físicos ou morais que eles
ofendem ou ameaçam estão intimamente consubstanciados com a personalidade humana. Tais são; a
vida, a integridade corporal, a honra e a liberdade.
Dos Crimes Contra A Vida
O Código Penal tipifica os seguintes crimes contra a vida;
Um – homicídio, artigo 121;
Dois – induzimento, instigação ou auxílio a suicídio, artigo 122;
Três – infanticídio, artigo 123;
Quatro – aborto, artigo 124 a 128.
HOMICÍDIO
Você saberia definir o conceito de homicídio?

Homicídio é a morte de um ser humano provocada por outro Ser humano. É a eliminação da vida de
uma pessoa praticada por outra. O homicídio é o crime por excelência. Todos os direitos partem do
direito de viver, pelo que, numa ordem lógica, o primeiro dos bens é o bem vida. O homicídio tem a
primazia entre os crimes mais graves, pois é o atentado contra a fonte mesma da ordem e segurança
geral, sabendo-se que todos os bens públicos e privados, todas as instituições se fundam sobre o
respeito à existência dos indivíduos que compõem o agregado social.
Conceitos
Objeto Jurídico
Objeto jurídico do crime é o bem jurídico, isto é, o interesse protegido pela norma penal. A disposição
dos títulos e capítulos da Parte Especial do Código Penal obedece a um critério que leva em
consideração o objeto jurídico do crime, colocando-se em primeiro lugar os bens jurídicos mais
importantes; vida, integridade corporal honra, patrimônio etc. Desse modo, a Parte Especial do Código
Penal é inaugurada com o delito de homicídio, que tem por objeto jurídico a vida humana extrauterina,
ou seja, o objeto jurídico é o direito à vida, sendo certo que o ataque à vida intrauterina é incriminado
pelos tipos de aborto (artigos 124 a 126).
Objeto Material
Genericamente, objeto material de um crime é a pessoa ou coisa sobre as quais recai a conduta. É o
objeto da ação, interesse protegido pela lei penal. Assim, o objeto material do homicídio é a pessoa
sobre quem recai a ação ou omissão.
Crime Material
O delito de homicídio classifica-se como crime material, que é aquele que se consuma com a produção
do resultado naturalístico. O tipo descreve conduta e resultado (naturalístico), sendo certo que o
resultado morte da vítima há de se vincular pelo nexo causal à conduta do agente.
Sujeito Ativo
Sujeito ativo da conduta típica é qualquer ser humano que pratica a figura típica descrita na lei, isolada
ou conjuntamente com outros autores. O conceito abrange não só aquele que pratica o núcleo da figura
típica (quem mata), como também o partícipe, que é aquele que, sem praticar o verbo (núcleo) do tipo,
concorre de algum modo para a produção do resultado. Trata-se de crime comum, que pode ser
cometido por qualquer pessoa.
Sujeito Passivo
É o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado. Pode ser direto ou imediato, quando for à pessoa que
sofre diretamente a agressão (sujeito passivo material), ou indireto ou mediato, pois o Estado (sujeito
passivo formal) é sempre atingido em seus interesses, qualquer que seja a infração praticada, visto que a
ordem pública e a paz social violada. No caso do delito de homicídio, o sujeito passivo é qualquer pessoa
com vida, não exigindo nenhum requisito especial.
Nesse contexto, vale o registro de algumas terminologias relacionadas ao sujeito passivo no delito de
homicídio, quais sejam feticídio (supressão da vida do feto); parricídio (filho que mata o pai); fratricídio
(irmão que mata irmão); uxoricídio (morte da mulher pelo cônjuge); feminicídio (morte da mulher,
independentemente do motivo e das circunstâncias); feminicídio (homicídio praticado contra a mulher
em razão de sua condição do sexo feminino).
Homicídio Simples
Artigo 121 - Matar alguém; Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Caso de diminuição de pena.
Homicídio Privilegiado – causa de diminuição de pena
Parágrafo primeiro - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral,
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode
reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio Qualificado
Parágrafo Segundo - Se o homicídio é cometido;
1 – Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
2 – Por motivo fútil;
3 – Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
que possa resultar perigo comum;
4 – À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa do ofendido;
5 – Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio
6 – Contra a mulher por razões da condição de sexo feminino;
7 – Contra autoridade ou agente descrito nos artigos 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição.
8 – Com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Parágrafo Segundo – A Considerasse que há razões de condição de sexo feminino quando o crime
envolve;
1 – Violência doméstica e familiar;
2 – Menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Homicídio Culposo
Parágrafo Terceiro – Se o homicídio é culposo;
Pena - detenção, de um a três anos.
Aumento de pena
Parágrafo Quarto - No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de um terço se o crime é praticado contra
pessoa menor de quatorze ou maior de 60 sessenta anos.
Parágrafo Quinto – Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
desnecessária.
Parágrafo Sexto – A pena é aumentada de um terço até a metade se o crime for praticado por milícia
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
Parágrafo Sétimo – A pena do feminicídio é aumentada de um terço até a metade se o crime for
praticado;
Inciso Um – Durante a gestação ou nos 3 meses posteriores ao parto;
Inciso Dois – Contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos, com deficiência ou portadora de
doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;
Inciso Três – Na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;
Inciso Quatro – Em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos Um, Dois e
Três do caput do artigo 22 da Lei número 11.340, de 7 de agosto de 2006.

Formas de Homicídios
O Código Penal distingue várias modalidades de homicídio;
homicídio simples (artigo 121, caput),
homicídio privilegiado (Parágrafo primeiro),
homicídio qualificado (Parágrafo segundo); e
homicídio culposo (Parágrafo terceiro),
Homicídio simples doloso (caput) - Constitui o tipo básico fundamental, é o que contém os componentes
essenciais do crime.
Homicídio privilegiado (Parágrafo primeiro) - Tendo em conta circunstâncias de caráter subjetivo, o
legislador cuidou de dar tratamento diverso ao homicídio cujos motivos determinantes conduziriam a
uma menor reprovação moral do agente. Para tanto, inseriu essa causa de diminuição de pena, que
possui fator de redução estabelecido em quantidade variável (um sexto a um terço).
Homicídio qualificado (Parágrafo segundo) - Em face de certas circunstâncias agravantes que
demonstram maior grau de criminalidade da conduta do agente, o legislador criou o tipo qualificado,
que nada mais é que um tipo derivado do homicídio simples, com novos limites, mínimo e máximo, de
pena (reclusão, de 12 a 30 anos).
Homicídio culposo (Parágrafo terceiro) - Constitui a modalidade culposa do delito de homicídio. Diz-se o
crime culposo quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia
(Código Penal, artigo 18, inciso dois).
Causa de aumento de pena (Parágrafo quarto, sexto e sétimo) - O Parágrafo quarto contém causas de
aumento de pena aplicáveis respectivamente às modalidades culposa e dolosa do delito de homicídio; o
Parágrafo sexto contém causa de aumento de pena para as situações em que o homicídio é praticado
em atividade típica de grupo de extermínio; o Parágrafo sétimo contém as causas de aumento para o
feminicídio, que é o homicídio qualificado praticado contra a mulher por razões da condição de sexo
feminino (artigo 121, Parágrafo segundo, inciso cinco, Código Penal).
Homicídio simples (artigo 121, caput) - É a figura prevista no caput do artigo 121 do Código Penal,
caracterizada pelo simples ato de matar alguém, com a intenção de produzir a morte ou assumindo o
risco de fazê-lo. Conforme já dissemos acima, o homicídio simples constitui o tipo básico fundamental.
Ele contém os componentes essenciais do crime. O alcance deste tipo penal é determinado por
exclusão, ou seja, constituí homicídio simples aquele que não é privilegiado (artigo 121, Parágrafo
primeiro) ou qualificado (artigo 121, Parágrafo segundo).
COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR
Por força do artigo 483 do Código Processual Penal é do Tribunal do Júri; “Os quesitos serão formulados
na seguinte ordem, indagando sobre;
Inciso um – a materialidade do fato;
Inciso dois – a autoria ou participação;
Inciso três – se o acusado deve ser absolvido;
Inciso quatro – se existe causa de diminuição alegada pela defesa;
Inciso cinco– se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na
pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação”.
O homicídio praticado em atividade típica de grupo de extermínio é causa de aumento de pena do tipo
penal do homicídio (Código Penal, artigo 121, Parágrafo sexto). Por isso deve ser indagado ao Conselho
de Sentença se o homicídio foi ou não praticado nesses moldes. Com efeito, o cometimento do crime
em atividade típica de grupo de extermínio sujeita o autor a novos limites de pena Infanticídio O
infanticídio está previsto no artigo 123 do Código Penal, e é a eliminação da vida do próprio filho, recém-
nascido (acabou de nascer) ou nascente (está nascendo), praticada pela mãe, durante o parto ou logo
após, mas sob influência do estado puerperal.
Artigo 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após;
Pena - detenção, de dois a seis anos.
O referido artigo protege a vida extrauterina. Protege tanto a vida do recém-nascido (neonato) quanto
do que está nascendo (nascente). O sujeito ativo é a genitora do neonato ou nascente. Trata-se de crime
próprio (especial), porque exige especial atributo do sujeito ativo; ser mãe da pequena vítima sob a
influência doestado puerperal.
Bem jurídico, a vida humana, Sujeito ativo, somente a mãe, Sujeito passivo, o ser humano nascente ou
recém-nascido, Tipo objetivo; matar, sob influência doestado puerperal, o próprio filho, durante o parto
ou logo após.
Estado puerperal; Puerpério é o período que vai do deslocamento e da expulsão da placenta até a volta
do organismo materno as condições pré-gravídicas. Sua duração é variável. A mulher, mentalmente
sadia, mas abalada pela dor física do fenómeno obstétrico, fatigada, enervada, sacudida pela emoção,
vem a sofrer um colapso do senso moral uma liberação de impulsos maldosos, chegando a matar o
próprio filho.
Aborto
Você sabia que o aborto é a interrupção da gravidez fisiológica, com a consequente morte do ovo,
embrião ou feto, com ou sem a expulsão do concepto?
Tipo penal (artigo 124) - provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque. Pena;
detenção, de um a três anos.
Bem jurídico - Vida humana intrauterina;
Sujeito ativo - A própria gestante, nas demais modalidades, qualquer pessoa;
Sujeito passivo - O ser humano em formação. No aborto não consentido e no aborto qualificado pelo
resultado, a gestante também poderá figurar como vítima do delito;
Tipo objetivo - Provocar aborto, morte do nascituro no útero materno ou fora deste pelas manobras
abortivas ou pelo estágio de sua evolução.
LESÃO CORPORAL
Conceito
É resultado de atentado bem-sucedido à integridade corporal ou a saúde do ser humano, excluído o
próprio autor da lesão. O crime pode ser praticado por ação ou omissão. Debilitação da saúde como
todo ou do funcionamento de algum órgão ou sistema do corpo humano, inclusive se o resultado for o
agravamento de circunstância previamente existente. Também pode ser qualquer alteração anatômica
que não tenha expressado autorização da pessoa que vai sofrer a alteração, que vão desde tatuagens a
amputações, passando por todas as alterações físicas provocadas pela ação ou omissão maliciosa de
outrem, que pode ter utilizado meios diretos ou indiretos para gerar o dano.
Para caracterizar a lesão corporal é necessário que esteja configurada a alteração física, mesmo que
apenas temporária, sendo que sensações como desconforto ou dor física não são consideradas como
formas de lesão corporal.
Artigo 129 - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem;
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
Parágrafo primeiro - Se resulta;
Inciso um – Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
Inciso dois – perigo de vida;
Inciso três – debilidade permanente de membro, sentido ou função;
Inciso quatro – aceleração de parto;
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Em que pese o código penal brasileiro não mencionar lesão de natureza gravíssima nem leve,
tradicionalmente no Direito usa-se como lesões corporais gravíssimas aquelas que tem maior potencial
lesivo e que, portanto, implicam penalidades mais severas.
Lesão corporal de natureza gravíssima
Parágrafo Segundo - Se resulta;
Inciso um - Incapacidade permanente para o trabalho;
Inciso dois - enfermidade incurável;
Inciso três - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
Inciso quatro - deformidade permanente;
Inciso cinco - aborto;
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte.
Parágrafo Terceiro - Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado,
nem assumiu o risco de produzi-lo; Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Bem jurídico - Incolumidade física e psíquica do ser humano.
Sujeito ativo - Qualquer pessoa.
Sujeito passivo - Qualquer ser humano vivo, a partir do início do parto.
Tipo objetivo - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem. Lesão corporal é a alteração
prejudicial, anatômica ou funcional, física ou psíquica, local ou generalizada, produzida, por qualquer
meio, no organismo alheio.
Lesão corporal seguida de morte - se dá ofensa à integridade corporal ou à saúde resulta morte e as
circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo. É um
misto de dolo (antecedente) e culpa (consequente).
Lesão corporal culposa - a produção do resultado material externo (ofensa à integridade corporal ou à
saúde de outrem), não querido pelo agente, decorre da inobservância de dever objetivo de cuidado.
Violência doméstica - se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro ou com quem conviva ou tenha convivido o agressor ou, ainda, prevalecendo-se o agente
das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade.
Lesão Corporal contra Agentes de Segurança Pública e seus Familiares - A Lei número 13.142 de 2015,
alterou o código penal para incluir como causa de aumento de pena de um terço a dois terços a lesão
corporal praticada contra “autoridade ou agente descrito nos artigos 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em
razão dessa condição”.
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
Crime de Perigo
Com a rubrica “Da periclitação da vida e da saúde” o Código Penal contempla diversos crimes de perigo,
quais sejam;
perigo de contágio venéreo (artigo 130),
perigo de contágio de moléstia grave (artigo 131),
perigo para a vida ou saúde de outrem (artigo 132),
abandono de incapaz (artigo 133),
exposição ou abandono de recém-nascido (artigo 134),
omissão de socorro (artigo 135),
condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (artigo 135 Alínea A),
maus-tratos (artigo 136).
Encontram-se sistematizados neste capítulo por diferenciarem-se dos demais crimes quanto ao
elemento subjetivo e objetivo.
Perigo de Contágio Venéreo
Artigo 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de
moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado; Pena - detenção, de três meses a
um ano, ou multa.
Parágrafo primeiro – Se é intenção do agente transmitir a moléstia; Pena de reclusão, de um a quatro
anos, e multa.
Parágrafo segundo – Somente se procede mediante representação.
Sob a epígrafe “Perigo de contágio venéreo” o Código Penal disciplina o primeiro crime de perigo
individual. Busca o legislador, por intermédio dessa criminalização, evitar e sancionar o contágio e a
consequente propagação de doenças venéreas sexualmente transmissíveis, pois coloca em risco a saúde
do indivíduo e de todo o meio social. Segundo a Exposição de Motivos do Código Penal, “a doença
venérea é uma lesão corporal e de consequências gravíssimas”.
Perigo de Contágio de Moléstia Grave
Artigo 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato
capaz de produzir o contágio.
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Objeto Jurídico
Tutela o Código Penal, através do crime “perigo de contágio de moléstia grave”, a saúde e a
incolumidade física das pessoas.
A ação nuclear do tipo é praticar ato capaz de produzir o contágio de moléstia grave. Ao contrário do
artigo 130, o tipo penal não exige a prática de relações sexuais ou atos libidinosos como meios de
transmitir a moléstia.
Trata-se, aqui, de crime de ação livre. A contaminação pode dar-se por diversos meios; beijo,
instrumentos, injeções, nada impedindo, contudo, que a transmissão também se dê mediante relações
sexuais ou atos libidinosos, desde que a moléstia não seja venérea.
Pode caracterizar a conduta não só o emprego de meios diretos, como o contato físico, mas também
indiretos, como o uso de utensílios pessoais previamente infectados. A contaminação de moléstia
venérea grave e realizada por outro meio que não o ato sexual configura o delito em tela.
Abandono de Incapaz
Artigo 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por
qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono;
Pena – detenção, de seis meses a três anos.
Parágrafo primeiro – Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave;
Pena – reclusão, de um a cinco anos.
Parágrafo segundo – Se resulta a morte;
Pena – reclusão, de quatro a doze anos. Aumento de pena.
Parágrafo terceiro – As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço;
Inciso um – se o abandono ocorre em lugar ermo;
Inciso dois – se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.
Inciso três – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela Lei número 10.741, de 2003).
Exposição ou abandono de recém-nascido;
Artigo 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria; Pena - detenção, de seis
meses a dois anos.
Parágrafo primeiro – Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave;
Pena – detenção, de um a três anos.
Parágrafo segundo – Se resulta a morte;
Pena – detenção, de dois a seis anos.
O crime de abandono de incapaz e o crime de exposição ou abandono de recém-nascido (Código Penal,
artigo 134) foram previstos em tipos autônomos. Segundo a doutrina, o artigo 133 prevê o tipo básico,
fundamental, ao passo que o artigo 134, uma figura privilegiada, em decorrência da previsão do “motivo
de honra”. O crime de abandono de incapaz é um crime de perigo concreto em decorrência do próprio
verbo empregado na figura criminosa, qual seja, abandonar, o que exige um risco efetivo, real.
Objeto Jurídico
É o interesse relativo à segurança do indivíduo, que, por si, não se pode defender ou proteger,
preservando sua incolumidade física”.
Elementos do Tipo
Abandonar significa deixar a vítima sem assistência, ao desamparo. O Crime pode realizar-se mediante
uma conduta comissiva, por exemplo, conduzir um incapaz até uma floresta, abandonando-o; como
também por uma conduta omissiva, por exemplo, babá que abandona o emprego, deixando as crianças,
que estavam sob a sua assistência, à própria sorte. Não basta para a configuração do crime o simples
abandono do incapaz; o abandono deve criar uma situação de perigo concreto para a vítima,
incumbindo ao juiz analisar em cada caso a efetiva situação de perigo.
Sujeito Ativo
Esse crime somente pode ser cometido por aquele que tenha o indivíduo sob o seu cuidado, guarda,
vigilância ou autoridade. O crime é próprio, exigindo a descrição típica que exiba o agente especial
vinculação com o sujeito passivo, vinculação esta inserida no dever de assistência que o primeiro tem
em relação ao segundo. O dever de assistência pode decorrer de lei, de um contrato, ou de um fato
(lícito ou mesmo ilícito).
Exemplo - O enfermeiro que cuida de pessoa portadora de doença grave. Guarda é a assistência
duradoura.
Exemplo - menores sob a guarda dos pais. Vigilância é a assistência acauteladora.
Sujeito Passivo
Qualquer pessoa que se encontre sob o cuidado, guarda, vigilância ou autoridade do sujeito ativo e por
qualquer motivo seja incapaz de defender-se dos riscos advindos do abandono. A incapacidade não é a
civil, podendo ser corporal ou mental, durável ou temporária. Pode também ser absoluta (inerente à
condição da vítima, uma criança, um ancião, um alucinado, um cego) ou relativa (decorrente do lugar,
do tempo, das circunstâncias do abandono da vítima, deixada à própria sorte enquanto embriagada,
enferma, amarrada).
DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Calúnia
Tipo penal (artigo 138) - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime. Pena;
reclusão, de seis meses a dois anos, e multa.
Na calúnia irrogada contra os mortos, são sujeitos passivos seus cônjuges, ascendentes, descendentes
ou irmãos.
A falsidade exigida pode referir-se tanto ao próprio fato como à sua autoria. O fato imputado deve ser
definido como crime e ser determinado. Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a
propala, propaga, espalha ou divulga - a torna pública ou notória (artigo 138, Parágrafo primeiro do
Código Penal).
Admitem-se vários meios de execução (palavras, escritos, desenhos, gestos etc.).
É prescindível que a imputação ocorra na presença do ofendido. É punível a calúnia contra os mortos
(artigo 138, Parágrafo segundo do Código Penal).
Difamação
Tipo penal (artigo 139) - difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação. Pena; detenção,
de três meses a um ano, e multa.
a) A ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
b) A opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção
de difamar;
c) O conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no
cumprimento de dever do ofício. Na primeira e terceira hipótese, responde pela difamação quem lhe dá
publicidade (artigo 142, Parágrafo único do Código Penal).
Retratação - o querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da difamação, fica isento de
pena (artigo 143 do Código Penal). A retratação - completa e incondicional - pode ser feita pelo próprio
ofensor ou por seu procurador com poderes especiais até a publicação da sentença, extinguindo a
punibilidade (artigo. 107, Inciso sexto do Código Penal).
Pedido de explicações; se, de referências, alusões ou frases, se infere difamação, quem se julga ofendido
pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá
satisfatórias, responde pela ofensa (artigo 144 do Código Penal).
Injúria
Tipo penal (artigo 140) - injuriar alguém, ofendendo lhe a dignidade ou o decoro.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
BEM JURÍDICO - A honra.
SUJEITO ATIVO - Qualquer pessoa.
SUJEITO PASSIVO; Apenas as pessoas físicas, inclusive os inimputáveis, se podem perceber o caráter
ultrajante da palavra ou do gesto que lhe são endereçados. Não é punível a injúria contra os mortos.
TIPO OBJETIVO - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro. Consiste na atribuição
genérica de qualidades negativas ou de fatos vagos e indeterminados. Prescinde da falsidade a
imputação feita. Admitem-se vários meios de execução (palavras, gestos, escritos, canções, imagens,
caricaturas etc.).
SUJEITO PASSIVO - Presença desnecessária.
TIPO SUBJETIVO - Dolo, direto ou eventual, e o propósito de ofender - elemento subjetivo especial do
tipo.
Consumação e tentativa - consuma-se com o conhecimento da ofensa pela vítima. A tentativa, neste
caso, é admissível, em tese.
Perdão judicial - cabível o perdão judicial quando o ofendido, de forma reprovável provocou,
diretamente, a injúria ou no caso de retorsão imediata que consista em outra injúria (artigo 140,
Parágrafo primeiro do Código Penal).
Injúrias real e qualificada (discriminatória) - a injúria real consiste em violência ou vias de fato que, por
sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes (artigo 140, Parágrafo segundo do
Código Penal).
De outro lado, constata-se a injúria discriminatória pela utilização de elementos referentes à raça, cor,
etnia, religião, origem ou à condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência (artigo 140, Parágrafo
terceiro do Código Penal).
Exclusão do crime - não constituem injúria, pela exclusão da tipicidade (artigo 142 do Código Penal);
a) A ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
b) A opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção
de injuriar;
c) O conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no
cumprimento de dever do ofício. Na primeira e terceira hipótese, responde pela injúria quem lhe dá
publicidade (artigo 142, Parágrafo único do Código Penal).
Retratação e pedido de explicações - a retratação é inadmissível em se tratando de crime de injúria. Se
de referências, alusões ou frases se infere injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em
juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa
(artigo 144 do Código Penal).
Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação, utilizando-se de meios de
comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se
praticou a ofensa (artigo 143. Parágrafo único).
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
Constrangimento Ilegal
Tipo penal (artigo 146) - constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça ou depois de lhe
haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite ou
a fazer o que ela não manda.
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
A coação ilegítima pode ser realizada, através de violência (física), grave ameaça (violência moral) ou
qualquer outro meio idôneo a diminuir a capacidade de resistência da vítima (hipnose, ingestão de
álcool, drogas etc.). Não há crime (exclusão da ilicitude) na intervenção médica ou cirúrgica realizada
sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de
vida ou na coação exercida para impedir suicídio (artigo 146, Parágrafo terceiro do Código Penal).
Ameaça
Tipo penal (artigo 147) - ameaçar alguém - por palavra falada, texto escrito, gesto ou qualquer outro
meio simbólico - de causar-lhe mal injusto e grave.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Perseguição
Tipo penal (artigo 147 Alínea A) - Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-
lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer
forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. Pena; Reclusão de seis meses
a dois anos, e multa.
Parágrafo primeiro - A pena é aumentada de metade se o crime é cometido;
Inciso um – contra criança, adolescente ou idoso;
Inciso dois – Contra mulher por razões de condições de sexo feminino, nos termos do Parágrafo segundo
– A do artigo121 deste Código;
Inciso três - mediante recurso de 2 ou com emprego de arma.
Parágrafo segundo – As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízos das correspondentes à violência;
Parágrafo terceiro – somente se procede mediante representação.

Maus Tratos
Tipo penal (artigo 136) - expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou
vigilância, para fins de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou
cuidados indispensáveis, quer sujeitando- a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de
meios de correção ou disciplina. Pena; reclusão, de dois meses a um ano, ou multa.
Parágrafo primeiro – Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave. Pena; detenção, de um a
quatro anos.
Parágrafo segundo – Se resulta a morte. Pena; reclusão, de quatro a doze anos.
Parágrafo terceiro – Aumenta-se a pena em um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor.
Sequestro e Cárcere Privado
Tipo penal (artigo 148) - privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado. Pena;
reclusão, de um a três anos.
Bem jurídico - Liberdade.
Sujeito Ativo - Qualquer Pessoa.
Sujeito Passivo - Qualquer Pessoa, mesmo que não disponha da possibilidade de locomover-se por si
mesmo.
Tipo Objetivo - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado.
Você certamente já ouviu falar em sequestro? Sabe o que é? Vamos entender como este crime ocorre?
O sequestro - é o gênero do qual o cárcere privado é espécie. Enquanto neste a privação de liberdade é
feita em qualquer recinto fechado, naquele a vítima é detida em local aberto, do qual não é possível sair.
Perfaz-se o delito, mesmo que a liberdade de locomoção esteja limitada a determinado espaço.
Desnecessário que a vítima reste, absolutamente, impossibilitada de retirar-se do local em que se
encontra, bastando que não possa fazê-lo sem grave risco pessoal. Admitem-se vários meios de
execução, desde que idôneos à restrição da capacidade de locomoção da vítima.
O artigo 149 Alínea A - elenca o crime de Tráfico de Pessoas, crime grave que o Brasil assumiu o
compromisso de combater.
Tipo Penal (Artigo 149) - Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher
pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade.
Pena - reclusão de 04 a 08 anos e multa.
Esse crime possui um especial fim de agir que está previsto nos incisos do caput, vejamos;
Inciso um – Remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo.
Inciso dois – Submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo.
Inciso três – Submetê-la a qualquer tipo de servidão.
Inciso quatro – Adoção ilegal, ou
Inciso cinco – Exploração sexual.
Temos as causas de aumento de pena previstas no Parágrafo primeiro do artigo 149-A, vejamos;
Parágrafo primeiro A pena é aumentada de um terço até a metade se;
Inciso um – o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de
exercê-las;
Inciso dois – o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência;
Inciso três – o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de
hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao
exercício de emprego, cargo ou função; ou
Inciso quatro – a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional. E uma causa de
diminuição prevista no Parágrafo segundo.
Parágrafo segundo – A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar
organização criminosa.
DOS CRIMES DE VIOLAÇÃO DE DOMICILIO
Violação De Domicílio
Tipo penal (artigo 150) - entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente ou contra a vontade
expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências. Pena; detenção, de um
a três meses, ou multa.
Parágrafo primeiro - Se o crime for cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de
violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas. Pena; reclusão, de seis meses a dois anos, além da
pena correspondente à violência.
Formas qualificadas - comina-se pena de detenção, de seis meses a dois anos, além da pena
correspondente à violência, se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o
emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas (artigo 150, Parágrafo primeiro do
Código Penal).
Revogado Parágrafo segundo, do artigo 150 do Código Penal, Lei número 13.869 de 2019.
A expressão casa compreende qualquer compartimento habitado; aposento ocupado de habitação
coletiva ou compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade (artigo
150, Parágrafo quarto do Código Penal). Não se compreendem na expressão casa hospedaria, estalagem
ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto abertas - salvo o aposento ocupado -, e tampouco
taverna, casa de jogos e outras locações do mesmo gênero (artigo150, Parágrafo quinto do Código
Penal).
Dependências são locais incorporados funcionalmente a casa (pátios, jardins, garagens, adegas etc.). O
consentimento da vítima exclui a tipicidade da conduta.

É lícita a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências (artigo 150, Parágrafo
terceiro do Código Penal);
1) Durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
2) A qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o
ser.
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Furto
Tipo penal (artigo 155) - subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. Pena; reclusão, de um a
quatro anos, e multa.
Parágrafo primeiro - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
Parágrafo terceiro - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor
econômico.
BEM JURÍDICO - É variável, segundo a indicação na doutrina;
a) Só a propriedade.
b) Posse propriedade.
c) Propriedade, posse e detenção.
SUJEITO ATIVO - Qualquer pessoa, salvo o proprietário.
SUJEITO PASSIVO - O proprietário ou o possuidor ou, ainda, o detentor.
TIPO OBJETIVO - A conduta de subtrair (tirar, retirar de alguém) pode ser direta ou mesmo indireta.
TIPO SUBJETIVO - Dolo (vontade livre a consciente de subtrair).
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA - Consuma-se quando a coisa é retirada da esfera de disponibilidade da
vítima e fica em poder tranquilo, mesmo que passageiro, do agente. A tentativa é admissível.
Furto qualificado (artigo 155, Parágrafo quarto) - a pena do furto passa a ser de 2 a 8 anos de reclusão, e
multa, se o crime é praticado;
Inciso um – com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
Inciso dois – com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
Inciso três – com emprego de chave falsa;
Inciso quatro – mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Parágrafo quarto-A – A pena é de reclusão de 4 a 10 anos e multa, se houver emprego de explosivo ou
de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei número 13.654, de 2018).
Parágrafo quarto-B – A pena é de reclusão, de 4 a 8 anos, e multa, se o furto mediante fraude é
cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores,
com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por
qualquer outro meio fraudulento análogo. (Incluído pela Lei número 14.155, de 2021).
Parágrafo quarto Alínea C – A pena prevista no Parágrafo quarto-B deste artigo, considerada a relevância
do resultado gravoso; (Incluído pela Lei número 14.155, de 2021).
Inciso – aumenta-se de um terço a dois terços, se o crime é praticado mediante a utilização de servidor
mantido fora do território nacional; (Incluído pela Lei número 14.155, de 2021).
Inciso dois – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável.
(Incluído pela Lei número 14.155, de 2021).
a) Furto privilegiado (artigo 155, Parágrafo segundo); sendo primário o criminoso (não são precisos bons
antecedentes) e de pequeno valor a coisa furtada (até um salário mínimo), o juiz pode substituir a pena
de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços ou aplicar somente multa.
Confiança - para incidir a qualificadora, a vítima deve depositar, por algum motivo, especial confiança no
agente (amizade, parentesco, relações profissionais etc.), o qual dela se aproveita de alguma forma.
Mediante fraude - emprego de artifício, meio enganoso usado pelo agente capaz de reduzir a vigilância
da vítima e permitir a subtração do bem (engodo, insídia etc.).
a) Escalada, ou seja, utilização de via anormal para adentrar no local onde o furto será realizado. Exige-
se emprego de algum instrumento, como corda ou escada, ou de esforço para adentrar no local.
b) Destreza - trata-se da habilidade física ou manual que permite ao agente subtrair bens sem que a
vítima perceba.
c) Chave falsa - seu emprego dá-se com a utilização de instrumento capaz de abrir uma fechadura sem
arrombá-la, como grampos, tesouras, michas, chaves de fenda - englobando, inclusive, cópia da chave
verdadeira obtida por meios fortuitos ou criminosos.
d) Mediante concurso de duas ou mais pessoas - não é preciso que todos os agentes estejam no local da
subtração.
Artigo 155, Parágrafo quinto - A pena é de reclusão de 3 a 8 anos, se a subtração for de veículo
automotor que venha a ser transportado para outro estado ou para o exterior.
Artigo 155, Parágrafo sexto - A pena é de reclusão de 2 a 5 anos se a subtração for de semovente
domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela
Lei número 13.330, de 2016).
Furto de Coisa Comum
Tipo penal (artigo 156) - subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, coisa comum
a quem legitimamente a detém. Pena; detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa.

Roubo
O roubo é a subtração de bem alheio mediante emprego de violência, grave ameaça à pessoa ou ao
meio que diminua a condição de defesa do ofendido.
Artigo 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência; Pena -
reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Parágrafo primeiro – Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência
contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para
si ou para terceiro.
Parágrafo segundo – A pena aumenta-se de um terço até metade; (Redação dada pela Lei número
13.654, de 2018).
Inciso um – Revogado pela Lei número 13.654 de 2018;
Inciso dois – se há o concurso de duas ou mais pessoas;
Inciso três – se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância;
Inciso quatro – se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado
ou para o exterior; (Incluído pela Lei número 9.426, de 1996);
Inciso cinco – se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei
número 9.426, de 1996);
Inciso seis – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei número 13.654, de
2018);
Inciso sete – se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; (Incluído pela Lei
número 13.964, de 2019).
Parágrafo segundo-A. – A pena aumenta-se de dois terços; (Incluído pela Lei número 13.654, de 2018).
Inciso um – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído pela Lei
número 13.654, de 2018).
Inciso dois – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei número 13.654, de 2018).
Parágrafo segundo Alínea B – Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo
de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. (Incluído pela Lei
número 13.964, de 2019).
Parágrafo terceiro – Se da violência resulta; (Redação dada pela Lei número 13.654, de 2018).
Roubo Próprio
Tipo penal (artigo 157, caput) - subtrair coisa alheia móvel, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência à pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência.
Consumação e tentativa - há duas correntes;
a) Consuma-se no exato instante em que o agente se apodera do bem.
b) O objeto subtraído deve sair da esfera de disponibilidade e vigilância da vítima.
Porém a Jurisprudência pacificou o tema com a edição da Súmula número 582 do Supremo Tribunal de
Justiça, consumando o roubo, no exato momento em que a posse do bem passa para o criminoso.
Súmula 582 - Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada". A tentativa é
admissível.
Concurso de crimes;
a) O agente emprega grave ameaça ou violência contra duas pessoas, mas subtrai objeto de só uma, ou
seja, há crime único;
b) O sujeito, no mesmo contexto fático, subtrai bens de várias pessoas, comete tantos crimes quantos
forem os patrimônios lesados, em concurso formal;
c) O sujeito se utiliza de violência ou grave ameaça contra uma pessoa, mas leva bens de outras, os quais
estavam em seu poder, respondendo por vários roubos, caso tivesse conhecimento da diversidade de
proprietários.
Roubo Impróprio
Conceito (artigo 157, Parágrafo primeiro do Código Penal) - quando o agente, "logo depois de subtraída
a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou
a detenção da coisa para si ou para terceiro."
Características;
a) A violência ou grave ameaça é empregada depois da subtração do bem, mas antes da consumação do
furto;
b) O intuito é o de garantir a detenção da coisa ou a impunidade pelo crime.
Consumação e tentativa - consuma-se no momento em que é praticada a violência ou grave ameaça.
Tentativa - há duas correntes;
a) inadmissível (Damásio).
b) admite-se a tentativa (Mirabete).
Majorado ou agravado - roubo com causa de aumento de pena (artigo 157, Parágrafo segundo).
Natureza jurídica - trata-se de causas de aumento de pena e não de qualificadoras;
Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; abrange tanto a arma própria (aparato com
destinação específica de matar ou ferir) quanto à imprópria (instrumento que tem finalidade diversa,
mas pode ser utilizado para matar ou lesionar);
A Lei número 13.964 de 2019 passou a prever mais uma majorante, que incide no caso de emprego de
arma branca.
Se há concurso de duas ou mais pessoas - não se exige a presença de todos no local do crime;
Roubo Qualificado
Roubo qualificado por lesão corporal grave (artigo 157, Parágrafo terceiro, primeira parte); a incidência
desta qualificadora importa na imposição da pena de reclusão de 7 a 15 anos e multa. Latrocínio (artigo
157, Parágrafo terceiro, parte final); o roubo seguido de morte (ou latrocínio) encontra- se na lista do
artigo primeiro, inciso dois, da Lei número 8.072 de 1990, ou seja, trata-se de crime hediondo.
Extorsão
Você sabe o que é extorsão? Vamos aprender?
Tipo penal (artigo 158) - constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de
obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de
fazer alguma coisa.
Observações;
a) Constranger significa forçar, compelir, coagir mediante violência ou grave ameaça.
b) Utiliza meios executórios idênticos aos do roubo, exceto pela violência imprópria.
c) Pressupõe intenção de obter indevida vantagem econômica.

Extorsão Mediante Sequestro


Bem jurídico - o patrimônio e, secundariamente, a liberdade de locomoção, a integridade física e a vida.
Sujeito Passivo - qualquer pessoa, englobando tanto a vítima do sequestro como a da extorsão.
Crime Hediondo; a extorsão mediante sequestro, em qualquer de suas formas, simples ou qualificada, é
crime hediondo.
Consumação e tentativa - ocorre com a restrição da liberdade por tempo juridicamente relevante (crime
formal). A tentativa é admissível.
Tipo penal (artigo 159) - sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate.
Pena - reclusão, de 8 a 15 anos.
Observações;
a) Sequestrar - privar a liberdade por tempo juridicamente relevante.
b) Objeto material - a pessoa.
Pressupõe obtenção de vantagem indevida como condição ou preço do resgate (elemento subjetivo
específico).
Qualificadora (Parágrafo doze) - eleva os limites abstratos do tipo fundamental para reclusão de 12 a 20
anos, nas seguintes hipóteses;
a) Se o sequestro dura mais do que 24 horas (artigo 159, Parágrafo primeiro, primeira figura).
b) Se o sequestrado é menor de 18 ou maior de 60 anos (artigo 159, Parágrafo primeiro, segunda figura).
c) Se o crime é cometido por quadrilha ou bando (artigo 159, Parágrafo primeiro, terceira figura). A
aplicação dessa qualificadora impede o reconhecimento do crime autônomo de quadrilha ou bando
(artigo 288, CÓDIGO PENAL), pena de caracterização de bis in idem (duplo agravamento pelo mesmo
fato).
Qualificadoras (Parágrafos segundo e terceiro) - a pena passa a ser de reclusão de 16 (dezesseis) a 24
(vinte e quatro) anos, se do fato resulta lesão corporal de natureza grave, e de reclusão de 24 a 30 anos,
se resulta morte.
Delação premiada e eficaz (Parágrafo quarto) - se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o
denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois
terços. Não fica excluída a aplicação dos institutos da Lei número 9.807 de 1999 aos réus colaboradores
na extorsão mediante sequestro, inclusive no tocante ao perdão judicial, conforme artigo treze, da
referida lei.
Apropriação Indébita
Tipo penal (artigo 168, do CÓDIGO PENAL) - apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a
detenção.
Bem jurídico - a propriedade e posse de coisas móveis.
Consumação e tentativa - exige inversão do ânimo da posse.
Observações;
Para a configuração do crime são exigidos os seguintes requisitos;
1) Posse ou detenção lícitas e desvigiadas.
2) Boa-fé ao ingressar na posse ou detenção do bem.
3) Inversão do ânimo da posse - A tentativa é admissível (em se tratando de negativa de restituição, não
há como caracterizar a tentativa).

Apropriação de Coisa Achada


Tipo penal (artigo 169, Parágrafo único, inciso dois do CÓDIGO PENAL) - achar coisa alheia perdida e dela
se apropriar, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-
la à autoridade competente, dentro do prazo de quinze dias.
Estelionato
Você certamente já ouviu falar em estelionato? Sabe como funciona esse crime? Que tal aprender?
Tipo penal (artigo 171, do CÓDIGO PENAL) - obter, para si ou para outrem, vantagem indevida, em
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer meio
fraudulento.
Observações;
a) Requisitos fundamentais - a vítima ser induzida ou mantida em erro e o agente se utilizar, como meio
executório, de fraude, por meio de algum artifício (emprego de algum aparato material ou disfarce),
ardil (conversa enganosa) ou outro meio fraudulento (o silêncio, a mentira etc.);
b) Exige-se meio de execução apto a enganar alguém;
c) Pressupõe intenção de obter vantagem ilícita para si ou para outrem;
Se a vantagem for lícita, há exercício arbitrário das próprias razões (artigo 345, CÓDIGO PENAL);
a) É preciso haver uma vítima determinada (ou determinado grupo de pessoas).
Consumação e tentativa - consuma-se com a obtenção da vantagem ilícita e do efetivo prejuízo alheio
(resultado duplo). A tentativa é admissível.
STJ, Súmula 17; "Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido".
Fraude eletrônica
Parágrafo segundo Alínea A – A pena é de reclusão, de 4 a 8 anos, e multa, se a fraude é cometida com a
utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes
sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio
fraudulento análogo. (Incluído pela Lei número 14.155, de 2021).
Estelionato contra idoso ou vulnerável (Redação dada pela Lei número 14.155, de 2021).
Parágrafo quarto – A pena aumenta-se de um terço ao dobro, se o crime é cometido contra idoso ou
vulnerável, considerada a relevância do resultado gravoso. (Redação dada pela Lei número 14.155, de
2021).
Parágrafo quinto - Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for; (Incluído pela Lei
número 13.964, de 2019).
Inciso um – a Administração Pública, direta ou indireta; (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Inciso dois – criança ou adolescente; (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Inciso três – pessoa com deficiência mental; ou (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Inciso quatro – maior de 70 anos de idade ou incapaz. (Incluído pela Lei número 13.964 de 2019).
Lei número 13.964, de 24 de dezembro de 2019, (Pacote anticrime) introduziu o Parágrafo quinto ao
artigo cento e setenta e um do Código Penal, que, portanto, se aplica ao estelionato e a todas as
modalidades equiparadas (como a defraudação de penhor). Traz o dispositivo hipóteses em que a ação
penal passa a ser pública incondicionada;
Parágrafo quinto – Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for;
Inciso um – a Administração Pública, direta ou indireta;
Inciso dois – criança ou adolescente;
Inciso três – pessoa com deficiência mental; ou
Inciso quatro – maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.
Portanto, a regra é a ação penal pública condicionada à representação. A ação penal passa a ser
incondicionada se o delito for praticado contra a Administração Pública, direta ou indireta; contra
criança ou adolescente; contra pessoa com deficiência mental; contra maior de 70 anos de idade ou
contra incapaz.
Receptação
Tipo penal (artigo180, caput, do CÓDIGO PENAL) - adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em
proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro de boa-fé a
adquira, receba ou oculte.
Receptação dolosa simples própria; artigo 180, caput, primeira parte, do CÓDIGO PENAL. Observações;
a) Trata-se de tipo misto alternativo. Assim, o agente que adquire e, posteriormente, oculta o bem
receptado, comete uma só infração penal (a incursão em mais de uma ação nuclear, entretanto, tem
reflexos na dosagem da pena);
b) Ocorrendo várias aquisições sucessivas do bem, respondem por receptação todos aqueles que o
adquirirem sabendo de sua origem criminosa;
c) Se o agente estiver em dúvida quanto ao fato de o bem ser produto de crime, pode-se cogitar de
receptação culposa (artigo 180 Parágrafo terceiro do CÓDIGO PENAL);
d) É irrelevante ser o autor do crime anterior desconhecido ou isento de pena (artigo 180 Parágrafo
quarto, do CÓDIGO PENAL);
e) A receptação simples é crime comum (qualquer pessoa pode praticá-lo), mas a qualificada é crime
próprio, pois exige uma qualidade especial do sujeito ativo; ser comerciante ou industrial, ainda que de
fato ou clandestino.
Consumação e tentativa; consuma-se com a aquisição, o recebimento, a ocultação, o transporte ou a
condução, sem necessidade de qualquer outro resultado. A tentativa; é admissível.
Receptação dolosa simples imprópria; artigo 180, caput, parte final, do CÓDIGO PENAL. Observações;
a) A receptação dolosa simples imprópria consubstancia-se no ato de influir para que terceiro de boa-fé
adquira, receba ou oculte o bem que o agente sabe ser produto de crime.
b) Quem furta carro e depois influi para que terceiro de boa-fé o adquira responde apenas pelo furto,
sendo considerado post factum impunível a disposição de coisa alheia como própria e, da mesma forma,
a receptação imprópria.
Consumação e tentativa; consuma-se com o mero ato de influir para que terceiro de boa-fé adquira,
receba ou oculte o bem (crime formal). A tentativa é inadmissível.
Causa de aumento de pena; (artigo 180 Parágrafo sexto do CÓDIGO PENAL); "Tratando-se de bens ou
instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou
sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro".
Receptação qualificada Tipo penal (artigo 180, Parágrafo primeiro do CÓDIGO PENAL); adquirir, receber,
ocultar, ter em depósito, conduzir, transportar, montar, desmontar, remontar, vender ou expor à venda
ou de qualquer forma utilizar, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que (a pessoa)
deve saber ser produto de crime.
Observações;
a) Exige-se fato cometido no exercício de atividade comercial ou industrial, assim considerada toda e
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência (artigo 180,
Parágrafo segundo do CÓDIGO PENAL);
b) O agente deve saber ser o objeto produto de crime;
c) Não se deve confundir o artigo 180, Parágrafo primeiro, do CÓDIGO PENAL com o artigo 334,
Parágrafo primeiro, do CÓDIGO PENAL (conduta equiparada a contrabando ou descaminho), que se dá
quando o sujeito "adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação
legal, ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos".
Receptação culposa
Tipo penal (artigo 180, Parágrafo terceiro, do CÓDIGO PENAL); "Adquirir ou receber coisa que, por sua
natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve
presumir-se obtida por meio criminoso".
O tipo do artigo 180, Parágrafo sexto, elenca a receptação de bens públicos, forma grave que fez o
legislador colocar a causa de aumento de pena, dobrando a pena para o agente que recepta esses bens.
Parágrafo sexto; Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de
Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.
Já o artigo 180-A, introduzido pela Lei número 13.330 de2016, trouxe uma novidade, a receptação de
semovente, vejamos;
Tipo penal; Artigo 180-A. – Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender,
com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que
abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime; Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5
(cinco) anos, e multa.
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
Estupro Tipo penal (artigo 213); constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter
conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. Pena de
reclusão de seis a dez anos.
Parágrafo primeiro – Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de
dezoito ou maior de catorze anos. Pena de reclusão de oito a doze anos.
Na primeira figura, o constrangimento visa à conjunção carnal (coito vagínico), sendo indiferente que a
penetração seja completa ou que haja ejaculação.
Na segunda figura, o constrangimento visa praticar ou obrigar a vítima a permitir que com ela se
pratique "outro ato libidinoso" (diverso da conjunção carnal), compreendendo-se, aqui, o sexo anal,
oral, a masturbação etc.
Estupro de Vulnerável Tipo Penal (artigo 217- A, do CÓDIGO PENAL); ter conjunção carnal ou praticar
outro ato libidinoso com menor de catorze anos;
Parágrafo primeiro – Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que,
por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou
que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
Parágrafo terceiro – Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo quarto – Se da conduta resulta morte.
SÚMULA 593 do Supremo Tribunal de Justiça; O crime de estupro de vulnerável configura com a
conjunção ou prática de ato libidinoso com menor de 14 (quatorze) anos, sendo irrelevante o eventual
consentimento da vítima para a prática do ato, experiência sexual anterior ou existência de
relacionamento amoroso com o agente.
Observações;
Figura equiparada (Parágrafo primeiro); equiparam-se às condutas do caput as de quem pratica
conjunção carnal ou outro ato libidinoso com pessoa, de qualquer idade, que;
a) Não tenha o necessário discernimento para a prática do ato, em virtude de enfermidade ou
deficiência mental. É necessário que o agente tenha conhecimento da enfermidade ou deficiência
mental da vítima, e que, em virtude dela, lhe falte discernimento para o ato sexual. É imprescindível,
igualmente, a existência de laudo pericial médico que comprove a enfermidade ou a deficiência mental
da vítima, a ponto de comprometer-lhe o discernimento.
b) Por qualquer outra causa, não possa oferecer resistência. Embora a lei se refira a "qualquer outra
causa", é necessário haver prova segura da completa impossibilidade de a vítima oferecer resistência,
como no caso de ela estar sedada ou anestesiada em clínica ou hospital. É indiferente ter sido o próprio
agente o responsável pela causa que levou à impossibilidade de resistência do ofendido.
Figura qualificada por lesão grave (Parágrafo terceiro); havendo lesão corporal grave (artigo 129,
Parágrafos primeiro e segundo), o estupro de vulnerável é qualificado. Figura qualificada pela morte
(Parágrafo quarto); ocorrendo o resultado morte, o estupro de vulnerável é qualificado.
DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA
Incêndio
Artigo 250 – Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem;
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. Aumento de pena.
Parágrafo primeiro – As penas aumentam-se de um terço;
Inciso um – se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio ou
alheio;
Inciso dois – se o incêndio é;
a) em casa habitada ou destinada a habitação;
b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social ou de cultura;
c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo;
d) em estação ferroviária ou aeródromo;
e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;
g) em poço petrolífero ou galeria de mineração;
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
Parágrafo – Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de seis meses a dois anos.
Objeto Jurídico; Tutela-se a incolumidade pública, consiste em causar incêndio, isto é, provocar
combustão (por intermédio do fogo, gás inflamável e etc.) de forma que sua propagação exponha a
perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de um número indeterminado de pessoas, uma vez
que se trata de crime de perigo comum e não individual; do contrário, poderá configurar-se, por
exemplo, o crime de dano qualificado, em face do direito individual atingido (Código Penal, artigo 163,
Parágrafo único, inciso dois).
Sujeito Ativo; Qualquer pessoa pode praticar esse crime, inclusive o proprietário da coisa incendiada.
Sujeito Passivo; É a coletividade.
Explosão
Artigo 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão,
arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos;
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
Parágrafo primeiro - Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo de efeitos análogos; Pena -
reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena.
Parágrafo segundo - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre qualquer das hipóteses previstas no
Parágrafo primeiro, Inciso um, do artigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas
enumeradas no número II do mesmo Parágrafo.
Modalidade culposa
Parágrafo terceiro - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos análogos, a
pena é de detenção, de seis meses a dois anos; nos demais casos, é de detenção, de três meses a um
ano.
Objeto jurídico; Assim como no crime antecedente, tutela-se mais uma vez a incolumidade pública.
Elementos do tipo; Consubstancia-se no verbo expor a perigo. Difere, contudo, do crime de incêndio
quanto ao meio de execução, pois aqui a exposição pode ser praticada mediante explosão (estourar),
arremesso (lançar a distância) ou colocação (pôr em algum lugar) de engenho de dinamite ou de
substância de efeitos análogos.
Sujeito ativo; Trata-se de crime comum. Qualquer pessoa pode praticá-lo.
Sujeito Passivo; Cuida-se de crime de perigo comum. Sujeito passivo é, portanto, a coletividade em
geral.
Uso de Gás Tóxico ou Asfixiante
Artigo 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico
ou asfixiante;
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. Modalidade Culposa

Parágrafo único – Se o crime é culposo;


Pena – detenção, de três meses a um ano.
Objeto jurídico; Protege-se a incolumidade pública.
Elementos do tipo; Consiste em expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem. O
meio de execução é que difere dos demais crimes de perigo comum, pois o que for utilizado pode atingir
indeterminado número de pessoas ou coisas. Por razões óbvias, esta agravante não se aplica aos crimes
de perigo comum, por integrá-los.
Sujeito ativo; Trata-se de crime comum. Qualquer pessoa pode praticá-lo.
Sujeito Passivo; Por se tratar de crime de perigo comum, sujeito passivo é a coletividade em geral.
Fabricação, Fornecimento, Aquisição Posse ou Transporte de Explosivos ou Gás Tóxico, ou Asfixiante.
Artigo 253 – Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da autoridade, substância
ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação;
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Objeto jurídico; Protege-se a incolumidade pública.
Sujeito Ativo; Trata-se de crime comum. Qualquer pessoa pode praticá-lo.
Sujeito Passivo; Por se tratar de crime de perigo comum, sujeito passivo é a coletividade em geral.
Apologia de Crime ou Criminoso
Você saberia identificar a apologia de crime ou criminoso?
Tipo penal (artigo 287, do código penal); Fazer publicamente apologia de fato criminoso ou de autor de
crime.
Bem jurídico; A proteção da paz pública e da tranquilidade social.
Sujeito ativo; Qualquer pessoa.
Sujeito passivo; A coletividade.
Consumação; A consumação ocorre com a apologia pública. A tentativa é admissível, salvo na forma
oral.
A conduta típica consiste em fazer apologia - publicamente - ao crime ou ao criminoso. O que significa
elogiar, exaltar, enaltecer (Excluem-se as contravenções penais). A simples opinião ou manifestação de
solidariedade, ainda que veemente, não se confunde com a apologia de fato criminoso.
Trata-se de crime doloso, que pode ser praticado por qualquer meio; oral, escrito, gestos, atitudes etc.
Associação Criminosa
A reunião entre os componentes da associação criminosa deve ser estável e permanente, com a
finalidade específica de cometer crimes, ou seja, é necessário que exista o dolo de planejamento, a
divisão de trabalho e organicidade.
Não se deve confundir o crime de associação criminosa com o simples concurso de agentes, que consiste
na reunião eventual de duas ou mais pessoas para a prática do delito.
Trata-se de crime doloso, autônomo, possui existência própria, independentemente dos demais delitos
que possam ter sido praticados por seus integrantes, exigindo-se o fim específico de se cometer crimes.
O legislador acrescentou o delito de Constituição de Milícia Privada, previsto agora no artigo 288-A do
Código Penal.
TIPO PENAL; Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular,
grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código.
Pena; Reclusão de 04 (quatro) a 08 (oito) anos.
O bem jurídico é o mesmo da Associação criminosa, a paz pública e a tranquilidade social.
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Sargento, você sabe quais são os crimes praticados por funcionário público contra a administração em
geral? Vamos aprender?
Peculato
Tipo penal (artigo 312); apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desvia-lo em proveito próprio
ou alheio.
Bem jurídico; A tutela da administração pública e do patrimônio.
Sujeito ativo; O peculato é crime próprio. Somente o funcionário público pode pratica-lo (artigo 327 do
Código Penal). O particular que, de qualquer forma, concorrer para o crime, estará nele incurso por
força do disposto no artigo 30 do mesmo Código Penal.
Sujeito Passivo; O Estado por se tratar de crime contra a Administração.
Observação; o caput do artigo 312 contempla duas modalidades de peculato. Na primeira parte,
peculato-apropriação; na segunda parte, peculato-desvio. Essas duas modalidades de peculato
caracterizam o chamado peculato próprio.
Conduta típica; no artigo 312, caput, primeira parte, vem expressa pelo verbo flexionado apropriar-se,
que significa apossar-se, apoderar-se, tomar para si. Trata-se da modalidade de peculato-apropriação,
semelhante ao tipo penal da apropriação indébita, com a diferença de sujeito ativo.
Já no artigo 312, caput, segunda parte, a lei pune também a modalidade de peculato desvio, em que o
funcionário público, embora sem o ânimo de apossamento definitivo da coisa, emprega-a de forma
diversa da sua destinação, de maneira a obter benefício próprio ou alheio, devolvendo-a, após.
É certo que a lei tutela não apenas os bens públicos, mas também aqueles pertencentes aos particulares
que estejam sob a guarda, vigilância, custódia etc. da Administração.
Peculato-furto
Tipo penal (artigo 312, Parágrafo primeiro do Código Penal); vem expresso pelo verbo subtrair, que
significa tirar, suprimir, assenhorear-se; e pelo verbo concorrer, que significa cooperar, contribuir.
Objeto material; é a coisa sobre a qual recai a conduta criminosa, podendo ser dinheiro (moeda metálica
ou papel-moeda de circulação no país), valor (título, documento ou efeito que representa dinheiro ou
mercadoria) ou qualquer outro bem móvel, público ou particular. Em tempo; o conceito de bem móvel é
retirado do Direito Civil.
Consumação e tentativa; consuma-se o delito com a efetiva subtração ou concorrência para a subtração
da coisa. A tentativa é admissível. O delito, na modalidade peculato- apropriação, com a efetiva
apropriação pelo funcionário público, ou seja, no momento em que age como se fosse dono da coisa, e
na modalidade peculato-desvio, com o efetivo desvio, independentemente da obtenção de proveito
próprio ou alheio. A tentativa é admissível.
Tipo subjetivo; dolo. Admite-se a modalidade culposa (artigo 312, Parágrafo segundo).
Trata-se da modalidade chamada de peculato-furto, semelhante ao tipo penal do furto, com a diferença
de sujeito ativo.
Nesse tipo de peculato, o agente não tem a posse ou detenção da coisa, subtraindo-a, entretanto, ou
concorrendo para que seja subtraída, valendo-se das facilidades que o cargo lhe proporciona.
É necessário que a subtração ou a concorrência para a subtração se dê em proveito próprio ou alheio.
Peculato culposo (artigo 312, Parágrafo segundo)
Nessa modalidade de crime, o funcionário público concorre, culposamente, para o crime de outrem, ou
seja, age com negligência, imprudência ou imperícia e permite que haja apropriação, subtração ou
utilização da coisa.
Consumação e tentativa; é necessário que se estabeleça relação entre a concorrência culposa do agente
com a ação dolosa de outrem, evidenciando que o primeiro tenha dado ensejo à prática do último. A
tentativa é inadmissível.
Reparação do dano no peculato culposo; o Parágrafo terceiro do artigo 312 do Código Penal prevê um
caso de extinção da punibilidade e um caso de atenuação da pena que se aplicam exclusivamente ao
peculato culposo.
Peculato mediante erro de outrem (artigo 313)
O peculato mediante erro de outrem é crime previsto no artigo 313 do Código Penal, tendo como
objetividade jurídica a tutela da Administração Pública e do patrimônio público.
A coisa deve ter vindo ao poder do funcionário público por meio de erro de outrem, ou seja, de forma
espontânea e equivocada.
É imprescindível que a entrega do bem ao funcionário tenha sido feita ao sujeito ativo em razão do
cargo que ocupa junto à Administração Pública, e que o erro tenha relação com o seu exercício.
Concussão
Tipo penal (artigo 316, do Código Penal); exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda
que fora da função, ou antes, de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida.
Artigo 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou antes,
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida;
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei número 13.964, de 2019
do Pacote anticrime).
Bem Jurídico; A tutela da Administração.
Sujeito Ativo; Somente o funcionário público (artigo 327 do Código Penal), ainda que fora da função, ou
antes, de assumi-la, mas em razão dela (crime próprio) O particular pode serclassificado como tal aquele
que exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, empresa prestadora de serviço
contratada ou empresa prestadora de serviço conveniada.
Sujeito Passivo; O Estado e secundariamente o particular ou funcionário vítima da ação.
A conduta típica vem expressa pelo verbo exigir, que significa ordenar, intimar, impor como obrigação.
Objeto material; vantagem indevida, ou seja, vantagem ilícita, ilegal, não autorizada por lei, expressa por
dinheiro ou qualquer outra utilidade, de ordem patrimonial ou não.
Trata-se de crime doloso.
Consumação e tentativa; consuma-se com a exigência da vantagem indevida, independentemente de
sua efetiva percepção. A tentativa é admissível, desde que a exigência não seja verbal.
Corrupção Passiva
Tipo penal (artigo 317, do CÓDIGO PENAL); solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função, ou antes, de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida,
ou aceitar promessa de tal vantagem;
Parágrafo primeiro – A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa,
o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
funcional.
Parágrafo segundo – Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de
dever funcional, cedendo a pedido ou a influência de outrem.
Bem Jurídico; A proteção da Administração.
Sujeito Ativo; O funcionário público, tratando-se de crime.
Sujeito Passivo; O Estado e secundariamente o particular eventualmente.
A conduta típica vem expressa pelos verbos solicitar (que significa pedir, requerer), receber (que
significa tomar, obter) e aceitar (que significa anuir, consentir no recebimento).
Corrupção passiva qualificada; o Parágrafo primeiro do artigo 317 do Código Penal trata da corrupção
passiva qualificada, que ocorre quando o funcionário público retarda ou deixa de praticar qualquer ato
de ofício ou o pratica infringindo dever funcional, em consequência de vantagem ou promessa.
Nesses casos, o exaurimento do delito implica a imposição de pena mais severa, que será aumentada de
um terço.
Corrupção passiva privilegiada (artigo 317, Parágrafo segundo); ocorre essa modalidade quando o
funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo
a pedido ou a influência de outrem.
Nesse outro caso, o funcionário não negocia o ato funcional em troca de vantagem, mas, antes, deixa de
cumprir com seu dever funcional, para atender um pedido de terceiro, influente ou não.
É necessário que haja pedido ou influência de outrem, e que o sujeito ativo atue por essa motivação.
Consumação; opera-se com a efetiva omissão ou o retardamento do ato de ofício. Não admite a forma
tentada.
Prevaricação
Tipo penal (artigo 319); retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
Artigo 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal;
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Bem jurídico; A proteção da Administração Pública.
Sujeito Ativo; Somente o funcionário público (artigo 327 do Código Penal). É crime próprio.
Sujeito Passivo; O Estado e secundariamente o particular eventualmente lesado.
Tentativa; Consuma-se com o retardamento, a omissão ou a realização do ato de ofício. A tentativa
modalidade de conduta e realização, a tentativa é admissível.
A conduta típica vem expressa de três formas;
a) Retardar ato de ofício, o que significa protelar, procrastinar, atrasar o ato que deve executar (conduta
omissiva).
b) Deixar de praticar ato de ofício, o que significa omitir-se na realização do ato que deveria executar
(conduta omissiva).
c) Praticar ato de ofício contra disposição expressa de lei, que significa executar o ato de ofício de
maneira irregular, ilegal (conduta comissiva).
Advocacia Administrativa
Artigo 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública,
valendo-se da qualidade de funcionário;
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo;
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
Trata-se de crime em que o funcionário público se vale dessa condição, isto é, do fácil acesso aos
colegas, pertencente à mesma repartição ou não, para advogar, favorecer interesse alheio privado. Tal
conduta, obviamente, afeta o normal desempenho do cargo público, o qual deve estar a serviço do
Estado e não de interesses alheios particulares. Tutela-se, dessa forma, o funcionamento regular da
Administração Pública e a moralidade administrativa.
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULARES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Você sabe quais são os crimes praticados por particulares contra a administração em geral? Vamos
conhecer como ocorre esse crime?
Resistência
Tipo penal (artigo 329); opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário
competente para executá-la ou a quem lhe esteja prestando auxílio.
Artigo 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente
para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio;
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
Parágrafo primeiro - Se o ato, em razão da resistência, não se executa;
Pena - reclusão, de um a três anos.
Parágrafo segundo - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.
Concurso; o Parágrafo segundo do artigo 329 do CÓDIGO PENAL prevê o concurso material de crimes
entre a resistência e a violência física, que podem ser lesão corporal ou homicídio.
A conduta típica vem caracterizada pela oposição ao ato funcional, mediante violência física ou ameaça
a funcionário. Não é necessário que a ameaça seja grave, podendo ser oral ou escrita. Deve o
funcionário estar executando um ato legal, ou seja, que se revista das formalidades impostas por lei,
emanado da autoridade competente.
Caso a oposição do agente se dê contra ato ilegal da autoridade, não haverá crime.
Desobediência Tipo penal (artigo 330); desobedecer à ordem legal de funcionário público.
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
A conduta típica vem expressa pelo verbo desobedecer, que significa descumprir, não acatar,
desatender, e pode ser omissiva ou comissiva; porém, é imprescindível que o destinatário da ordem
tenha o dever jurídico de acatá-la. Trata-se de crime doloso.
Desacato
Tipo penal; (artigo 331, do CÓDIGO PENAL); Desacatar funcionário público no exercício da função ou em
razão dela.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
BEM JURÍDICO; A proteção à Administração Pública, no que diz respeito à dignidade e ao decoro devido
a seus agentes no exercício de suas funções.
SUJEITO ATIVO; Qualquer pessoa, inclusive o funcionário público fora do exercício de suas funções.
SUJEITO PASSIVO; O Estado e, secundariamente, o funcionário que sofre o desacato.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA; Consuma-se com o efetivo ato de ofensa. A tentativa não é admissível.
A conduta típica vem expressa pelo verbo desacatar, que significa desrespeitar, desprestigiar, ofender,
humilhar o funcionário público no exercício da sua função.
O delito pode ser cometido por meio de gestos, palavras, gritos, vias de fato, ameaça etc.
Trata-se de crime formal, pois independe de o funcionário público sentir-se ofendido, bastando que a
conduta possa agredir sua honra profissional. É crime doloso, pois deve abranger o conhecimento da
qualidade de funcionário público do sujeito passivo.
Tráfico de Influência
Tipo penal (artigo 332, do CÓDIGO PENAL); solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem,
vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no
exercício da função.
A conduta típica vem expressa pelos verbos solicitar (pedir, rogar, requerer), exigir (ordenar, impor,
intimar), cobrar (pedir pagamento) e obter (alcançar, conseguir).
O delito envolve uma modalidade de fraude em que o sujeito ativo solicita, exige, cobra ou obtém a
vantagem ou a promessa dela a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício
da função. Tratando-se, portanto, de crime doloso.
Corrupção Ativa
Tipo penal (artigo 333, CÓDIGO PENAL); oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público,
para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. Pena; reclusão de dois a doze anos e
multa.
Bem Jurídico; Proteção a Administração Pública, no que tange ao seu prestígio e à normalidade de seu
funcionamento.
Sujeito Ativo; Qualquer pessoa, inclusive o funcionário público que não esteja no exercício da função.
Sujeito Passivo; O Estado.
Corrupção Ativa, Corrupção qualificada; O Parágrafo único do artigo 333 do Código Penal prevê a
corrupção ativa qualificada, que ocorre quando, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Exemplo; “Pratica o delito de corrupção ativa quem oferece certa importância em dinheiro a funcionário
incumbido da fiscalização do trânsito com o propósito de levá-lo a omitir o ato de autuação pela falta
cometida" (Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul - TJRS - RT, 569/376).
Trata-se de crime doloso, sendo necessário que o agente tenha conhecimento de ser indevida a
vantagem que é dirigida a funcionário público; é um crime formal, pois independe de o funcionário
público aceitar ou não realizar a conduta almejada pelo agente. Além disso, o crime se consuma no
momento em que o funcionário toma conhecimento da oferta ou promessa.
A tentativa só é admissível se a oferta ou promessa for feita por escrito.

CONCLUSÃO
De todos os ramos da grande árvore jurídica, o Direito Penal é aquele que protege os valores mais
preciosos e significativos para a convivência social. Quais são esses valores? São por exemplo, a vida, a
saúde, a honra, a liberdade, a paz pública. Em razão de relevante importância desses valores, quando
alguém pratica um homicídio não compete aos parentes ou amigos da vítima punir o autor do delito. A
maioria dos crimes tem caráter público e não privado. Ofende a todos, isto é, à sociedade e não
exclusivamente a vítima. Portanto, compete ao Estado - Juiz, como representante da sociedade, o
direito e o dever de punir os infratores da Lei penal.
O conjunto dos profissionais chamados de “operadores do direito” não se limitam aos juízes,
promotores, advogados e aos agentes das polícias judiciárias, mas, também, aos policiais militares.
Uma vez que, o policial militar, em qualquer nível hierárquico, opera constantemente o direito no
desempenho de sua atividade profissional, cuja principal ferramenta de trabalho é exatamente a
aplicação das normas legais, objetivando alcançar o fiel cumprimento da lei e o "fazer cumprir a lei" em
defesa da sociedade, para a preservação da ordem pública.
O conhecimento jurídico é imprescindível para o policial militar não incidir em práticas de atos
arbitrários, que consistem em posicionamentos antagônicos à prática de atos discricionários, o policial
militar deve ter a noção exata dos contornos legais da discricionariedade. Destarte, não existe outra
forma senão estudar as leis, conhecer a doutrina e, ainda, tomar contato com a jurisprudência, como faz
um bom operador do direito.
Diante disto, é importante que ele receba uma boa formação técnico-jurídica para que se sinta
preparado e, consequentemente, encontre-se seguro ao tomar decisões, sob o peso da responsabilidade
de quem representa o próprio Estado e, nessa condição, é o primeiro normalmente a tomar contato
com situação de conflito, adotando providências imediatas e indispensáveis para o restabelecimento da
ordem pública.
A formação jurídica nos cursos de formação do policial militar se justifica no reconhecimento da efetiva
operação do direito que se processa na relação direta com a população, em tempo real, fora dos
cartórios dos fóruns, das salas de audiência e longe dos gabinetes dos estudiosos do direito, das salas de
aula e mesmo das sedes dos distritos policiais.
Portanto, considerando a atuação do policial militar como gestor de conflitos sociais e agente garantidor
da lei, que age preventiva e ostensivamente contra a ocorrência de infrações penais, sabendo quando,
como e quando agir no estrito cumprimento da lei faz-se necessário o conhecimento do Direito Penal.
DIREITO PENAL MILITAR
INTRODUÇÃO
O Direito Militar sempre figurou como item das constituições republicanas brasileiras, assinalando seus
princípios e normas, bem como norteando a administração militar seu objetivo é disciplinar as relações
orgânicas dentro da caserna, através da proteção maximizada dos bens jurídicos castrenses.
O ordenamento militar é composto por leis, regulamentos e princípios que prescrevem os deveres e os
direitos dos militares, conjugando aspectos de uma cultura própria da administração pública.
Logo, torna-se imprescindível que os militares conheçam sua própria legislação, a qual lhes atribui sua
esfera de responsabilidade e direitos dentro das corporações. Por conseguinte, o conhecimento do ramo
do direito penal militar, tanto na posição de tutelado quanto na posição de operador, é essencial para a
vida na caserna, devendo ser adquirido nos cursos de formação e relembrado nos cursos de
aprimoramento.
Como nos ensinou o físico Stephen Hawking; "O maior inimigo do conhecimento não é ignorância, mas a
ilusão do conhecimento”.
1 - RESUMO HISTÓRICO
Não podemos demarcar o exato momento na história da humanidade que surgiu o Direito Penal Militar.
Contudo, pode-se afirmar que ele se originou na Antiguidade, junto com os primeiros exércitos.
Simultaneamente, surgiram os primeiros órgãos julgadores cuja finalidade seria analisar os crimes
praticados por militares durante as guerras.
Indo por vias diversas do Direito Penal Comum, que teria a função de tutelar “os bens mais importantes
e necessários para a sobrevivência da própria sociedade” (vida, liberdade, integridade física, patrimônio,
e etc.), o Direito Penal militar tem como fundamento a proteção das próprias instituições militares, e,
por conseguinte, da manutenção da “hierarquia e disciplina”, fatores de preponderância para a coesão e
o regular funcionamento dessas organizações.
Neste sentido, segundo a visão do professor Univaldo Correa, o Direito Castrense nasce da “necessidade
de contar, a qualquer hora e em qualquer situação, com um corpo de soldados disciplinados”, por meio
de uma legislação peculiar e específica.
No Brasil, o Direito Militar tem suas raízes na legislação portuguesa. As Ordenações Filipinas (1595) e os
Artigos de Guerra do Conde de Lippe (1763) positivavam previsões legais próximas à legislação
castrense. Em 1808, foi criado no Brasil, pelo Príncipe Regente Dom João Sexto, o Conselho Supremo
Militar e de Justiça, com funções administrativas (promoções, soldos, etc.) e judiciárias (julgamentos de
processos criminais cujos réus fossem militares).
A Constituição brasileira imperial, outorgada por Dom Pedro Primeiro, em 1824, já constitucionalizava as
forças militares, prevendo a existência da “Força Armada de Mar e Terra”, as quais tinham como missão
a segurança e a defesa do Império. Com a Proclamação da República, a própria justiça militar é, pela
primeira vez, constitucionalizada, ou seja, passa a existir no ordenamento constitucional, bem como é
criado o Código Penal da Armada/Marinha (1891).
Em 24 de janeiro de 1944, através do Decreto-Lei número 6.227, foi instituído o Código Penal Militar
voltado às Forças Armadas e que vigorou até dezembro de 1969. Em Primeiro de janeiro de 1970,
através do Decreto-Lei número 1.001, o atual Código Penal Militar entrou em vigor, permanecendo, com
poucas alterações, até os dias atuais.
2 – OS MILITARES E A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DO BRASIL
No tópico anterior vimos que na primeira Constituição brasileira, em 1824, já era prevista a “Força
Militar”, constituída pela “Força Armada de Mar e de Terra”. E na atual Constituição Federal de 1988,
onde estão às previsões as forças militares e quais são elas?
2.1 As instituições militares e seus membros
A Constituição Federal de 1988 prevê, atualmente, duas espécies de militares;
1) Militares da União – membros das Forças Armadas.
2) Militares dos estados – membros das Polícias e Bombeiros militares.
Em relação à primeira espécie de militares, o Artigo 142 da Carta Constitucional de 1988 prevê que as
Forças Armadas são compostas pela Marinha, Exército e Aeronáutica, sendo elas instituições nacionais
permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema
do Presidente da República, destinando-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e,
por iniciativa de qualquer destes Poderes, da lei e da ordem. Importante destacar que a Constituição,
em momento algum, prevê que as Forças Armadas sejam alguma espécie de Poder Moderador ou
tenham atribuição interventora, tampouco possam ser intérpretes da Constituição. As Forças Armadas
são órgão do Poder Executivo que atendem, quando necessário, à solicitação dos outros Poderes da
República.
A segunda espécie de militares está prevista no Artigo 42 da Constituição da República, onde especifica
que os membros das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares, instituições igualmente
organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios. Tais forças pertencem ao Poder Executivo Estadual e são subordinadas aos respectivos
governadores.
Mas e as Justiças Militares? Em qual ponto da Constituição elas estão previstas e a qual Poder da
República pertencem?
2.2 A Justiça Militar Da União
A Justiça Militar da União (JMU) pertence ao Poder Judiciário, tendo sua previsão e competência
prescritas nos artigos 122 ao 124 da Constituição Federal. Seus órgãos são os Tribunais e juízes militares
e o Superior Tribunal Militar, os quais discutiremos na disciplina de Processo Penal Militar. Em relação a
sua competência, a Carta Magna define que;
Artigo 124 – À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.
Assim, ao definir no artigo 124 tão somente quais o crime a Justiça Militar da União processa e julga-os
crimes militares definidos em lei, o legislador constituinte não restringiu sua competência aos militares
das Forças Armadas. Pelo contrário, a ampliou para todo e qualquer indivíduo que cometa um crime
militar.
Dessa forma, tanto militares quanto civis poderão ser processados e julgados na Justiça Militar da União
desde que cometam um crime militar, cujo bem jurídico atingido seja o das Forças Armadas.
2.3 A Justiça Militar dos Estados e do Distrito Federal
Em relação à Justiça Militar Estadual (JME), também pertencente ao Poder Judiciário, a Constituição da
República previu, em seu artigo 125, Parágrafo Quarto, que;
Artigo 125....
Parágrafo Quarto – Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos
crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a
competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do
posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. Dessa forma, o legislador, diferentemente do
definido para a Justiça Militar da União, delimitou a competência da JME tanto quanto ao tipo de crime
quanto ao agente. Ou seja, somente militares estaduais (policiais e bombeiros militares) poderão,
quando cometerem crimes militares definidos em lei, ser processados e julgados pela Justiça Militar
Estadual.
Como o Artigo 125, Parágrafo Quarto, restringe os agentes que serão julgadas pela Justiça Militar
Estadual (JME) policiais e bombeiros militares, civis nunca poderão responder perante ela. É essa a
principal diferença entre a Justiça Militar da União e a Justiça Militar Estadual, pois enquanto a primeira
tem competência para processar e julgar militares e civis, a segunda somente tem competência para
processar e julgar militares estaduais.
Cabe ressaltar que desde 1996, com o advento da Lei número 9.299, foi retirada a competência da
Justiça Militar Estadual para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida praticados por militares
contra civis. Nesse sentido, se um policial ou bombeiro militar vier a atingir fatalmente um civil, restando
comprovado o dolo por parte do agente, a competência para o julgamento será sempre da justiça
comum (Tribunal do Júri).
Isso foi posteriormente reforçado no ano de 2004, com a Emenda Constitucional 45, que positivou no
artigo 125, Parágrafo Quarto da CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988, acima
descrito que os crimes dolosos contra a vida de civis, cometido por policiais e bombeiros militares, em
quaisquer circunstâncias, fossem processados e julgados pelo Tribunal do Júri.
3 - PRINCÍPIOS DA LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR
O Direito Penal Militar é regido por diversos princípios. Segundo o ensinamento de Cícero Robson
Coimbra Neves e Marcello Streifinger, os princípios norteadores e limitadores do jus puniendi (direito
que corresponde ao Estado criar e aplicar o direito penal) do Direito Penal Militar são; o Princípio da
Legalidade, o Princípio da Intervenção Mínima, o Princípio da Insignificância, o Princípio da Culpabilidade
e o Princípio da Humanidade. A seguir, estudaremos cada um desses princípios.
3.1 Princípio da Legalidade;
De acordo com o Princípio da Legalidade Penal, não há crime sem lei anterior que o defina, não há pena
sem prévia cominação legal. Tal princípio vem esculpido no Artigo Quinto, Inciso Trinta e Nove, da
Constituição Federal de 1988 e no artigo Primeiro do Código Penal Militar.
Você sabia que o Princípio da Legalidade é um dos princípios mais celebrados do direito moderno, não
sendo por coincidência que surge logo no primeiro artigo do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM) e é previsto
no rol dos direitos e garantias fundamentais na Constituição Federal?
Este princípio delimita o poder estatal, instituindo a chamada reserva legal. Ou seja, o estado somente
pode aplicar as penas de acordo com uma tipificação penal já existente anteriormente à prática do fato
delituoso.
3.2 Princípio da Intervenção Mínima;
Esse princípio aponta que o Direito Penal Militar deva se preocupar com a proteção dos bens jurídicos
mais importantes. Como nos mostra Greco , “o legislador, por meio de um critério político que varia de
acordo com o momento em que vive a sociedade, sempre que entender que os outros ramos do direito
se revelem incapazes de proteger devidamente aqueles bens mais importantes para a sociedade,
seleciona, escolhe as condutas, positivas ou negativas, que deverão merecer a atenção do Direito
Penal”.
3.3 Princípio da Insignificância
Seguindo o ensinamento de Claus Roxin , de acordo com este princípio “chega-se à conclusão de que
nem toda conduta é dotada da lesividade necessária para merecer reprimenda penal. Nullum crimen
sine iniuria, ou seja, não há crime sem que haja o dano, digno de reprovação ao bem jurídico”.
Em outras palavras, o princípio da insignificância ou da “bagatela” sustenta que o direito de punir do
Estado não deve ser clamado a interceder quando a lesão produzida ao bem jurídico for de
pequeníssima monta.
3.4 Princípio da Culpabilidade;
Este princípio encontra lastro na Constituição Federal de 1988. Remonta do brocardo nullum crimen sine
culpa. Nesse entendimento, a pena só pode ser imposta ao indivíduo com dolo ou culpa (imprudência,
imperícia ou negligência).
EXEMPLO – A corporação militar adquiri e distribui um veículo zero quilômetro ao Batalhão X, o qual o
designa para determinado serviço de policiamento. Após a regulamentar manutenção para a assunção
de serviço, dois policiais militares saem às ruas. Em dado momento, o culpa de qualquer agente em
relação ao acidente ocorrido. Esse assunto será melhor policial condutor acessa uma rodovia e se
mantém dentro da velocidade regulamentar quando, minutos depois, ouve um forte barulho oriundo de
uma das peças do mecanismo de direção do veículo. Uma das peças se solta e a viatura fica
desgovernada, atingindo um muro e ferindo o policial que se encontrava no banco do carona. No caso
em tela, apesar de haver alguém lesionado, não se pode imputar a ninguém uma responsabilidade
criminal, já que não houve dolo ou desenvolvido mais à frente, ao tratarmos de crimes dolosos e
culposos.
3.5 Princípio da Humanidade;
Um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito é a dignidade da pessoa humana, presente no
inciso Três, do artigo Primeiro, da Constituição Federal de 1988. O Artigo Quinto, inciso Quarenta e Sete,
da Carta Magna, não tolera penas de morte (exceto em caso de guerra declarada), de caráter perpétuo,
de trabalhos forçados, banimentos ou cruéis, declarando, ainda, que nenhuma pena poderá ser ofensiva
à dignidade da pessoa humana. Nesse sentido, impossível se pensar no Direito Penal Militar sem que ele
se adeque aos preceitos constitucionais. Essa hegemonia dos princípios carreia ao entendimento de que
estes devem ser reverenciados a todo o momento, pelo fato de corporificar a matriz do Direito.
4 - CONCEITO DE CRIME MILITAR (ARTIGO Nono DO CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM))
De acordo com Assis - “O conceito de Crime Militar não é tão fácil de entender, pelo contrário, é difícil,
uma vez que os tipos penais militares tutelam bens de interesses das instituições militares e por cuidar a
legislação castrense, não só dos crimes praticados pelo militar no exercício da função”.
Dessa feita, o Código Penal Militar não define o que seja crime militar. Tampouco é pacífica, entre os
doutrinadores, uma conceituação, fazendo com que os estudiosos da ciência criminal adotem vários
critérios para suplantar essa dificuldade. Mirabete já afirmava que “árdua por vezes é a tarefa de
distinguir se o fato é crime comum ou militar, principalmente nos casos de ilícitos praticados por
policiais militares”.
Para Jorge Alberto Romeiro (1994) “crime militar é o que a lei define como tal”. Esta conceituação se
baseia no critério ratione legis, adotado pela Constituição Federal, quando prescreve que “à Justiça
Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei”. Em verdade, crime militar é
todo aquele cometido em determinadas situações previstas pela lei. Assim, as circunstâncias para que
ocorram crimes militares estão especificadas nos artigos Nono e 10 do Código Penal Militar.
Tendo em vista o Artigo 10 do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM) ser exclusivo para situações em “Tempos
de Guerra”, ou seja, quando o Brasil estiver em um Estado de Guerra contra outra nação, e isso não
ocorrer desde 1945, além das circunstâncias serem muito específicas para as Forças Armadas, não
interessa aqui analisarmos essa conjuntura. Portanto, no presente curso, nos debruçaremos
exclusivamente no artigo Nono, que identifica as hipóteses para ocorrer os crimes militares em “Tempos
de Paz”.
4.1 Dos crimes militares em tempos de paz Artigo Nono Consideram-se crimes militares, em tempo de
paz;
Inciso Um – os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum,
ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;
Inciso Dois – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados;
(Redação dada pela Lei número 13.491, de 2017).
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou
assemelhado; b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração
militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em
formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou
reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei número 9.299, de 8.8.1996).
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou
assemelhado, ou civil;
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração
militar, ou a ordem administrativa militar;
f) por militar em situação de atividade ou assemelhado que, embora não estando em serviço, use
armamento de propriedade militar ou qualquer material bélico, sob guarda, fiscalização ou
administração militar, para a prática de ato ilegal;
f) revogada. (Redação dada pela Lei número 9.299, de 8.8.1996).
Inciso Três – os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as
instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso Um, como os do
inciso Dois, nos seguintes casos;
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar;
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou
contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu
cargo;
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração,
exercício, acampamento, acantonamento ou manobras;
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar,
ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou
judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência a determinação legal
superior.
Parágrafo único – Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos contra
civil, serão da competência da justiça comum. (Parágrafo incluído pela Lei número 9.299, de 8.8.1996)
Parágrafo único – Os crimes de que trata este artigo quando dolosos contra a vida e cometidos contra
civil serão da competência da justiça comum, salvo quando praticados no contexto de ação militar
realizada na forma do Artigo 303 da Lei número 7.565, de 19 de dezembro de 1986, Código Brasileiro de
Aeronáutica. (Redação dada pela Lei número 12.432 de 2011).
Parágrafo Primeiro – Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri. (Redação dada pela Lei número 13.491
de 2017).
Parágrafo Segundo – Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se
praticados no contexto; (Incluído pela Lei número 13.491 de 2017).
Inciso Um – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República
ou pelo Ministro de Estado da Defesa; (Incluído pela Lei número 13.491, de 2017).
Inciso Dois – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que
não beligerante; ou (Incluído pela Lei número 13.491 de 2017).
Inciso Três – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de
atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no Artigo 142 da Constituição Federal
e na forma dos seguintes diplomas legais; (Incluído pela Lei número 13.491, de 2017).
a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica; (Incluída pela Lei número
13.491 de 2017).
b) Lei Complementar número 97 de 9 de junho de 1999; (Incluída pela Lei número 13.491 de 2017).
c) Decreto-Lei número 1.002 de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo Penal Militar; e (Incluída
pela Lei número 13.491 de 2017),
d) Lei número 4.737 de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral; (Incluída pela Lei número 13.491 de
2017).
O artigo Nono do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM) possui três incisos delineadores da existência de crimes
militares;
a) O inciso um – refere-se aos delitos praticados por militares da ativa, em relação aos crimes que
constem exclusivamente no Código Penal Militar ou que tenham redação diferente da lei penal comum.
Exemplos de crimes que constam exclusivamente no Código Penal Militar;
Artigo 157 Violência contra superior – Praticar violência contra superior;
Pena – detenção, de três meses a dois anos.
Artigo 245 Chantagem – Obter ou tentar obter de alguém, para si ou para outrem, indevida vantagem
econômica, mediante a ameaça de revelar fato, cuja divulgação pode lesar a sua reputação ou de pessoa
que lhe seja particularmente cara;
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Exemplos de crimes que existem na legislação penal comum, porém tem redação/sentido diferente no
Código Penal Militar;
CÓDIGO PENAL COMUM
Artigo 299 Falsidade ideológica – Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia
constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.
CÓDIGO PENAL MILITAR
Artigo 312 Falsidade ideológica – Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia
constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante, desde que o
fato atente contra a administração ou o serviço militar.
b) inciso Dois – refere-se aos crimes previstos no Código Penal Militar e àqueles existentes na legislação
penal comum (Lei número 13.491 de 2017), todos quando praticados por militares da ativa. Caso o crime
conste igual tanto no Código Penal Militar quanto na legislação penal comum, de acordo com o princípio
da especialidade deve-se utilizar a lei castrense. Exemplo de crime que consta, com o mesmo sentido,
tanto na legislação penal comum quanto no Código Penal Militar;
CÓDIGO PENAL COMUM
Artigo 157 Roubo - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência à pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência.
CÓDIGO PENAL MILITAR
Artigo 242 Roubo– Subtrair coisa alheia móvel, para si ou para outrem, mediante emprego ou ameaça
de emprego de violência contra pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer modo, reduzido à
impossibilidade de resistência.
Exemplo de crime que consta somente na legislação penal comum, porém, após a Lei número 13.491 de
2017, são considerado crime militar;
Crime de Tortura Lei número 9.455 de 1997 Artigo Primeiro Constitui crime de tortura;
Inciso Um – Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento
físico ou mental;
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
c) O inciso três condensa as hipóteses em que um civil ou militar inativo (reformado ou da reserva
remunerada) figurem como sujeito ativo do crime militar. É fato que os incisos um e dois não
mencionam, em seu caput, o fato de aplicarem-se somente a militares da ativa. Contudo, sabendo que o
inciso três refere-se aos inativos e aos civis, o que faz expressamente, por contraposição os dois
primeiros incisos só podem se referir aos militares da ativa.
Na diferenciação entre os incisos um e dois, deve-se notar que a lei penal militar usa o critério de
semelhança, ou não, do delito militar a um delito previsto na legislação penal comum. Assim, quando
um militar da ativa praticar um crime militar que somente esteja capitulado no Código Penal Militar, ou
que esteja neste capitulado de forma diversa da legislação penal comum, aplicaremos o inciso um, o
qual não possui alíneas complementadoras da tipicidade. Por outro lado, se o crime praticado pelo
militar da ativa possuir capitulação igual tanto no Código Penal Militar quanto na legislação penal
comum, aplicaremos o inciso dois com suas alíneas complementadoras.
Resumindo, compete à Justiça Militar processar e julgar os crimes militares definidos em lei (Artigo 124
da Constituição Federal de 1988).
No Artigo Nono do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM) – são conceituados os crimes militares em tempo de
paz.
No Artigo 10 do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM) – são definidos os crimes militares em tempo de guerra.
Assim, para verificar se o fato pode ser considerado crime militar, sendo, portanto, de competência da
Justiça Militar, é preciso que ele se amolde em uma das hipóteses previstas nos artigos Nono ou 10 do
Código Penal Militar.
4.2 As mudanças da lei número 13.491 de 2017 aos crimes militares em tempos de paz
A Lei número 13.491 de 2017 trouxe grande mudança em relação à abrangência dos crimes militares,
aumentando, substancialmente, a competência das Justiças Militares.
Como podemos perceber, o Inciso Dois, do Artigo Nono do Código Penal Militar foi alterado por essa lei,
a qual acrescentou as palavras “e os previstos na legislação penal comum”. Portanto, essa mudança fez
com que, a partir da promulgação da Lei 13.491 de 2017, não somente os crimes existentes no Código
Penal Militar, mas também os previstos em toda a legislação penal comum, nas circunstâncias do Artigo
Nono, passassem a ser considerados crimes de natureza militar. Dessa feita, os crimes constantes do
Código Penal Militar, bem como aqueles das legislações penais comuns (Lei de Tortura, Lei de Abuso de
Autoridade, Código de Trânsito etc), passaram a ser, também, considerados crimes militares. Senão,
vejamos abaixo;
ALTERAÇÃO 1 – CRIMES MILITARES PODERÃO SER PREVISTOS NA LEGISLAÇÃO PENAL COMUM.
Alteração no inciso Dois, do Artigo Nono. A primeira mudança ocorrida foi no inciso dois do Artigo Nono.
Veja;
CÓDIGO PENAL MILITAR
REDAÇÃO ORIGINAL Artigo Nono Consideram-se crimes militares, em tempo de paz;
Inciso Dois – os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal
comum, quando praticados;
REDAÇÃO DADA PELA LEI Número 13.491 de 2017 - Artigo Nono Consideram-se crimes militares, em
tempo de paz;
Inciso Dois – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados;
Sargento, o que significa essa mudança?
Antes da Lei; para se enquadrar como crime militar com base no inciso dois do Artigo Nono, a conduta
praticada pelo agente deveria ser obrigatoriamente prevista como crime no Código Penal Militar.
Agora a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com base no inciso dois do Artigo Nono,
pode estar prevista tanto no Código Penal Militar ou na legislação penal “comum”.
Vejamos com um exemplo concreto a relevância dessa alteração;
João, coronel da PM, contratou, sem licitação, empresa ligada à sua mulher para prestar manutenção na
ambulância utilizada no HCÓDIGO PENAL MILITAR (CPM).
Qual foi o crime praticado, em tese, por João?
O delito do Artigo 89 da Lei número 8.666 de 1993 (Lei de Licitações);
Artigo 89 – Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as
formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade;
Pena - detenção, de 3 a 5 anos, e multa.
De quem é a competência para julgar esta conduta?
Antes da Lei número 13.491/2017 – Justiça comum
Agora (depois da Lei número 13.491 de 2017) – Justiça Militar Estadual.
Por quê?
João, militar da ativa, praticou uma conduta que não é prevista como crime no Código Penal Militar. A
conduta de dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, tipificada no Artigo 89 da
Lei número 8.666 de 1993, não encontra figura correlata no Código Penal Militar.
Assim, antes da Lei número 13.491 de 2017, apesar de o crime ter sido praticado por militar (coronel
PM) contra a administração militar, o caso não se enquadrava em nenhuma das hipóteses previstas no
Artigo Nono do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM). Isso porque o Artigo Nono exigia que o crime estivesse
expressamente previsto no Código Penal Militar.
E agora?
Atualmente, com a mudança da Lei número 13.491 de 2017, a conduta de João passou a ser crime
militar e se enquadra no Artigo Nono, Inciso Dois, Letra E, do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM);
Artigo Nono – Consideram-se crimes militares, em tempo de paz;
Inciso Dois – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados;
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração
militar, ou a ordem administrativa militar;
ALTERAÇÃO 2 – A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO PARA PROCESSAR E JULGAR MILITARES
DAS FORÇAS ARMADAS NOS CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA DE CIVIS EM DETERMINADAS
CIRCUNSTÂNCIAS.
Outra grande modificação que a Lei número 13.491 de 2017 trouxe foi o deslocamento da competência
dos crimes dolosos contra a vida de civis, cometidos por membros das Forças Armadas, em
determinadas situações.
Inicialmente, é preciso retroceder ao histórico relativo à questão da competência jurisdicional para
julgar os crimes dolosos contra a vida de civis praticados por militares, e a definição dos crimes militares,
para entendermos melhor a efetiva mudança.
Na redação originária da CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 havia a
previsão expressa de que os crimes militares definidos em lei (sem excepcionar os crimes dolosos contra
a vida de civil) seriam da competência da Justiça Militar da União ou da Justiça Militar dos Estados,
conforme vínculo do sujeito ativo do delito às Forças Armadas ou às Polícias e Bombeiros Militares.
Sucede que, por meio da Lei número 9.299 de 1996, o Congresso Nacional, atendendo aos apelos de
setores da sociedade e do clamor público, diante de confrontos com resultado morte, alterou a
competência da Justiça Castrense nos crimes dolosos contra a vida de civis, atribuindo-a ao Tribunal do
Júri.
Com a promulgação da Emenda Constitucional número 45 (Reforma do Judiciário), conforme narrado
alhures, foi incluída expressamente a competência do Tribunal do Júri para processar e julgar os crimes
dolosos contra a vida de civis praticados por militares estaduais.
Ressalte-se que, inobstante essa previsão constitucional ampliasse a competência do Tribunal do Júri
apenas em relação aos militares estaduais, adotou-se a interpretação sistemática de que tal norma era
aplicável, também, aos militares das Forças Armadas. Ou seja, os membros das Forças Armadas
estariam, igualmente, sujeitos ao Tribunal do Júri quando cometessem crimes dolosos contra a vida de
civis.
Porém, como a previsão para os militares das Forças Armadas serem julgados pelo Tribunal do Júri se
baseava apenas na legislação ordinária (Artigo Nono do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM)), e não na
Constituição da República, bastava uma modificação no Código Penal Militar para alterar essa norma.
Foi o que se sucedeu em duas ocasiões. A primeira, com a aprovação da Lei número 12.432 de 2011, que
retirou do âmbito do Tribunal Júri a competência para julgar crimes dolosos contra a vida de civis
praticados por militares das Forças Armadas, nas circunstâncias previstas no Artigo 303, do Código
Brasileiro de Aeronáutica. Essa lei se relacionava ao abate de aeronaves hostis em sobrevoo no espaço
aéreo brasileiro, as quais não obedecessem às ordens para pouso. Portanto, caso uma aeronave das
Forças Armadas abatesse outra aeronave hostil, ocasionando a morte dos tripulantes, o militar que
efetuou o disparo não seria, nesse caso, processado e julgado pelo Tribunal do Júri, mas sim pela Justiça
Militar da União.
A segunda mudança ocorreu em 2017, através da Lei número 13.491 de 2017, que ampliou as hipóteses
em que a competência para julgamento de crimes dolosos contra a vida de civil não fosse mais do
Tribunal do Júri para os militares das Forças Armadas, dilatando o espectro de atuação da jurisdição
militar da União.
É imprescindível frisar que, em regra, o julgamento dos crimes dolosos contra a vida de civis continua da
competência do Tribunal do Júri; e somente nas circunstâncias excepcionais incluídas no Artigo Nono,
Parágrafo Segundo do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM), pela Lei número 13.491 de 2017, é que será
atribuído à Justiça Castrense.
Sargento, se um militar federal ou estadual, no exercício de sua função, realiza uma lesão corporal
contra vítima civil, qual será o juízo competente?
JUSTIÇA MILITAR, considerando se tratar de crime militar (Artigo Nono, Inciso Dois, Letra C do CÓDIGO
PENAL MILITAR (CPM));
Artigo Nono – Consideram-se crimes militares, em tempo de paz;
Inciso Dois – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados;
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em
formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou
reformado, ou civil;
Isso não sofreu nenhuma mudança. Já era assim antes da Lei número 13.491 de 2017 e continuou da
mesma forma.
E no caso de crime doloso contra a vida de um civil? Se um militar federal ou estadual, no exercício de
sua função, pratica tentativa de homicídio (ou qualquer outro crime doloso contra a vida) contra vítima
civil, qual será o juízo competente?
Em se tratando de militares estaduais (policiais militares e bombeiros militares), estes, nos crimes
dolosos contra a vida de civis, sempre serão processados e julgados pelo Tribunal do Júri.
Em relação aos militares das Forças Armadas, temos agora que analisar antes e depois da Lei número
13.491 de 2017.
Antes da Lei número 13.491 de 2017;
REGRA – os crimes dolosos contra a vida praticados por militar contra civil eram julgados pela Justiça
comum (Tribunal do Júri). Isso com base na antiga redação do Parágrafo único do Artigo Nono do
CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM).
EXCEÇÃO – se o militar, no exercício de sua função, praticasse tentativa de homicídio ou homicídio
contra vítima civil ao abater aeronave hostil (“Lei do Abate”), a competência seria da Justiça Militar.
Tratava-se de exceção à regra do Parágrafo único do Artigo Nono do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM).
Depois da Lei número 13.491 de 2017;
REGRA – em regra, os crimes dolosos contra a vida praticados por militar contra civil continuam sendo
julgados pela Justiça comum (Tribunal do Júri). Isso com base no novo Parágrafo Primeiro do Artigo
Nono do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM);
Artigo Nono (...)
Parágrafo Primeiro – Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri.
EXCEÇÕES – Os crimes dolosos contra a vida praticados por militar das Forças Armadas contra civil serão
de competência da Justiça Militar da União, se praticados no contexto;
Inciso um – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República
ou pelo Ministro de Estado da Defesa;
Inciso Dois – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que
não beligerante; ou
Inciso Três – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem (GLO)
ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no Artigo 142 da Constituição
Federal (CF) de 1988 e na forma dos seguintes diplomas legais;
a) Código Brasileiro de Aeronáutica;
b) Lei Complementar (LC) 97/99;
c) Código de Processo Penal Militar; e
d) Código Eleitoral.
Previsão existente no novo Parágrafo Segundo, do Artigo Nono do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM).
Observação – As previsões do Parágrafo Segundo do Artigo Nono são tão grandes que, na prática, quase
todas as situações envolvendo os crimes dolosos contra a vida de civis, praticados por membros das
Forças Armadas, serão julgadas pela Justiça Militar da União, por se enquadrarem em alguma das
exceções existentes.
5 - CRIMES MILITARES PRÓPRIOS, IMPRÓPRIOS E EXTRAVAGANTES (OU POR EXTENSÃO)
Como já sabemos, os crimes constantes no Código Penal Militar e nas leis penais comuns - nas
circunstâncias do Artigo Nono do códex castrense – são, hoje, crimes de natureza militar. Porém, tanto a
Constituição Federal quanto o Código Penal comum fazem menção a uma espécie de crimes
denominados “crimes propriamente militares”.
Não obstante, não existe positivado em nossa legislação pátria a definição de crimes propriamente ou
impropriamente militares, ficando tal distinção a cargo da doutrina e da jurisprudência. Além disso, com
o advento da Lei número 13.491 de 2017, foi criada pela doutrina mais uma classificação, chamada de
crimes militares por extensão ou extravagantes.
Contudo, independente de classificações, as três categorias (próprios, impróprios ou extravagantes) são
consideradas crimes militares, sendo processados e julgados pelas Justiças Militares Estaduais ou da
União.
Afinal, o que são os crimes militares próprios e impróprios?
5.1 Crimes propriamente militares
O crime propriamente militar, na lição de Célio Lobão, recebeu definição precisa no direito romano e
consistia naquele “que só o soldado pode cometer”, porque “dizia particularmente respeito à vida
militar, considerada no conjunto da qualidade funcional do agente, da materialidade especial da
infração e da natureza peculiar do objeto danificado, que deveria ser o serviço, a disciplina, a
administração ou a economia militar”. Nesse prisma, são as infrações previstas exclusivamente no
Código Penal Militar e que somente poderão ser praticadas por militar.
EXEMPLOS;
Abandono de Posto;
Artigo 195 – Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe tenha sido designado,
ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo.
Dormir em Serviço;
Artigo 203 – Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou de ronda, ou em situação
equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao leme, de
ronda ou em qualquer serviço de natureza semelhante.
Deserção;
Artigo 187 – Ausentar-se o militar, sem licença, da Unidade em que serve, ou do lugar em que deve
permanecer, por mais de oito dias;
5.2 Crimes impropriamente militares
Já os crimes impropriamente militares seriam aqueles previstos no Código Penal Militar, dentro das
condicionantes do seu Artigo Nono, que podem ser cometidos tanto por civis quanto por militares.
Nesse sentido, um civil que entra em uma instalação militar (desde que fosse das Forças Armadas) e
efetua o roubo ou o furto de um armamento, ficaria sujeito a processo na Justiça Militar da União. Se o
mesmo cidadão efetuar o roubo ou furto em alguma Unidade da Polícia Militar ou Corpo de Bombeiro
Militar dos Estados, apesar desse fato igualmente ser tipificado no Código Penal Militar, este civil será
processado pela justiça comum, uma vez que há restrição constitucional de competência da Justiça
Militar Estadual, que só poderá processar e julgar policiais e bombeiros militares (Artigo 125, Parágrafo
Quarto).
EXEMPLOS;
Incêndio;
Artigo 268 – Causar incêndio em lugar sujeito à administração militar, expondo à perigo a vida, a
integridade física ou o patrimônio de outrem.
Desacato a militar;
Artigo 299 – Desacatar militar no exercício de função de natureza militar ou em razão dela.
5.3 Crimes militares extravagantes (ou por extensão)
Extravagantes ou por extensão – foi à nomenclatura dada pela doutrina aos novos crimes militares
inseridos pela Lei número 13.491 de 2017. Ou seja, todos aqueles crimes que não estão no Código Penal
Militar, mas somente nas leis penais comuns, não são classificados como crimes militares próprios ou
impróprios, recebendo a classificação de crimes militares extravagantes ou por extensão.
EXEMPLOS;
Lei 13.869/2019 Abuso de autoridade;
Artigo 13 – Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua
capacidade de resistência, a;
Inciso Um – exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;
Inciso Dois – submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei;
Inciso Três – produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro;
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência. Lei número 8.069
de 1990, Estatuto da Criança e do Adolescente;
Artigo 232 – Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
constrangimento;
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Por que devo saber o que são crimes impropriamente militares, propriamente militares e por extensão?
Devido à existência de aplicações penais e processuais que só cabem a determinadas espécies de crimes
militares. Por exemplo, no caso dos crimes propriamente militares, podemos identificar as previsões
legais abaixo apontadas;
A permissão para a prisão do militar, mesmo ausentes o estado de flagrância ou o mandado de prisão
expedido por autoridade judiciária, conforme dicção do Artigo Quinto, inciso Sessenta e Um; “Ninguém
será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei”.
A detenção do indiciado em um IPM, prevista no Artigo 18 do Código Processual Penal Militar (CPPM),
por um prazo de até 30 dias prorrogáveis por mais 20. Essa é uma espécie de prisão processual cautelar
que é determinada meramente por autoridade de polícia, a qual será apenas comunicada à autoridade
judiciária. Para se coadunar com o artigo Quinto, inciso Sessenta Um da CONSTITUIÇÃO DA REPLÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988, a detenção do indiciado poderá ser aplicada tão somente para os
crimes propriamente militares.
O crime militar próprio não gera reincidência ao agente que responder a processo por crime comum,
nos termos do Artigo 64, Inciso Dois, do Código Penal (CP).
Dica – Crime propriamente militar é aquele que está previsto somente no CÓDIGO PENAL MILITAR
(CPM) e só pode ser praticado por militar.
Exemplo;
Artigo 187 – deserção;
Artigo 195 – abandono de posto;
Artigo 196 – abandono de posto;
Artigo 202 – embriaguez em serviço;
Artigo 203 – dormir em serviço .
Todos os crimes propriamente militares enquadram-se no inciso Um, do Artigo Nono, do CÓDIGO PENAL
MILITAR (CPM). Mas cuidado, pois nem todos os crimes que se enquadram neste inciso são
propriamente militares, como, por exemplo, o ingresso clandestino (Artigo 302) e a chantagem (Artigo
245).
Crime impropriamente militar (ou militar impróprio) – é aquele previsto no Código Penal Militar,
conforme o inciso Dois, do Artigo Nono, do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM), porém pode ser praticado
tanto por um militar quanto por um civil.
Exemplo;
Artigo 129 – lesão corporal;
Artigo 205 – homicídio;
Artigo 223 – ameaça;
Artigo 240 – furto;
Artigo 319 – falsidade ideológica.
6 - APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR
6.1 Lei Penal Militar no tempo (momento do crime)
O Código Penal Militar, em seu primeiro título, conclama a “aplicação da lei penal militar”. Logo em seu
Artigo Primeiro, o Código Penal Militar também expressa como será aplicada a lei penal no tempo
quando afirma que; “não há crime sem lei anterior que o defina, não há pena sem prévia cominação
legal”. Nesse sentido, para que uma conduta possa ser considerada crime, necessariamente tem que
haver a tipificação penal anterior à ação do agente.
Assim, se um militar pratica uma conduta e posteriormente o legislador cria uma nova tipificação penal,
definindo essa conduta como crime, o militar não será alcançado por aquela. Neste caso, sua conduta foi
atípica, já que, na época em que realizou a ação, não havia lei incriminadora.
Neste mesmo entendimento, se o militar pratica uma conduta que, naquele momento, é considerada
crime e, tempos depois, esta conduta passar a não mais ser considerada criminosa, todos os efeitos
penais irão cessar, até mesmo a condenação. Isso é o que vem previsto no Artigo Segundo do CÓDIGO
PENAL MILITAR (CPM), também conhecido como abolitio criminis;
Lei supressiva de incriminação
Artigo Segundo – Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo quanto aos
efeitos de natureza civil.
Para definir o tempo do crime, o CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM) acolheu a chamada teoria da atividade;
Artigo Quinto – Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
do resultado.
Desse jeito, para que uma conduta possa ser considerada crime é preciso avaliar se, no momento da
ação ou omissão, ela era tipificada como tal, bem como se o agente tinha condições de responder pelo
delito, pouco importando quando ocorreu o resultado.
EXEMPLO – Mévio, com a idade 17 anos, 11 meses e 25 dias, desfere golpes de faca em Tício, que
somente após 10 dias vem a óbito. Mévio não praticou crime de homicídio, mas ato infracional, por ser
inimputável no momento da conduta.
COMENTÁRIOS – O nosso Código Penal Militar adotou a teoria da ação ou da atividade, afastando,
assim, as teorias do resultado e mista, uma vez que o momento da conduta (ação ou omissão) será
considerado o da prática do crime.
6.2 Lei penal militar no espaço (lugar do Crime)
Para tratar sobre o lugar do crime no direito penal militar, vamos analisar primeiramente o Artigo Sexto
do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM);
Artigo Sexto – Considera-se praticado o fato, no lugar em que se desenvolveu a atividade criminosa, no
todo ou em parte, e ainda que sob forma de participação, bem como onde se produziu ou deveria
produzir-se o resultado. Nos crimes omissivos, o fato considera-se praticado no lugar em que deveria
realizar-se a ação omitida.
Diante da previsão legal retro citada, houve a adoção da chamada teoria da ubiquidade, a qual considera
tanto o local no qual se deu a ação ou omissão como o local em que ocorreu o resultado.
O Direito Penal Militar também adotou o princípio da territorialidade/ extraterritorialidade, conforme
artigo Sétimo do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM);
Artigo Sétimo – Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou fora dele, ainda que,
neste caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira.
Ou seja, com exceção da existência de tratados e convenções internacionais que o Brasil seja signatário,
crimes militares cometidos tanto dentro quanto fora do território nacional serão processados e julgados
pela Justiça Militar brasileira. Nesse sentido, do ponto do magistério de Silvio Martins Teixeira , essa
ampla extraterritorialidade “justifica-se com o fato de os crimes militares, que se destinam à defesa do
País (Constituição Federal (CF), Artigo 142), e poderem ser, por inteiro, cometidos em outros países e,
até mesmo em benefício destes que não teriam, assim, qualquer interesse na punição de seus autores.
Daí, não ser entregue à justiça estrangeira o processo e o julgamento dos crimes militares”.
Lugar do Crime;
Conforme preconiza o Código Penal Militar, o lugar do crime se relaciona a sistema misto de
interpretação, conforme a norma abaixo transcrita;
“Artigo sexto – Considera-se praticado o fato, no lugar em que se desenvolveu a atividade criminosa, no
todo ou em parte, e ainda que sob forma de participação, bem como onde se produziu ou deveria
produzir-se o resultado”. Nos crimes omissivos, o fato considera-se praticado no lugar em que deveria
realizar-se a ação omitida.
EXEMPLO;
O Soldado Mesquita, do Exército brasileiro, durante treinamento militar nas matas de Foz do Iguaçu, faz
um disparo a esmo que atravessa a fronteira da Argentina e atinge, mortalmente, naquele país, um
nacional argentino.
Segundo o Artigo Sexto do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM), o local do crime será tanto aquele em que se
deu a ação criminosa (houve o disparo) quanto aquele que ocorreu o resultado (atingiu a vítima,
levando-a a óbito).
Territorialidade e extraterritorialidade
A Territorialidade é a aplicação da lei penal ao crime praticado no território nacional e a
extraterritorialidade retrata a aplicação da lei ao crime praticado fora do território brasileiro.
No Código Penal (CP), a territorialidade da aplicação da lei encontra-se no Artigo Quinto e a
extraterritorialidade (alguns casos) no Artigo Sétimo. A extraterritorialidade da aplicação da lei é
exceção no Código Penal (CP), e uma regra no CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM). A lei penal militar aplica-
se ao crime MILITAR praticado dentro e fora do território nacional, sem prejuízo de tratados e
convenções internacionais (Artigo Sétimo).
EXEMPLOS;
Um Sargentt do Exército no Haiti, em serviço, agride uma civil haitiana.
Um Capitão PM, em missão de paz em Angola, divulga informações privilegiadas a um estrangeiro,
causando prejuízo à administração militar (Artigo 326 violação de sigilo funcional).
No intuito de se evitar o “bis in idem”, ou dupla punição pelo mesmo ramo do direito público, o Artigo
Oitavo determina que a eventual pena aplicada no estrangeiro atenua a pena no Brasil se diversa e, nela
é computada, se idêntica.
São três as teorias que gravitam em torno do assunto;
Teoria da Atividade – lugar do crime é aquele em que se iniciou a execução da conduta típica;
Teoria do resultado – lugar do crime é aquele em que se produziu o resultado da ação/omissão;
Teoria da Ubiquidade – lugar do crime é tanto aquele em que se iniciou sua execução, como aquele em
que ocorreu o resultado.
No que tange ao lugar do crime, o CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM) adotou um sistema misto.
Crimes comissivos –Teoria da Ubiquidade.
Crimes omissivos (realizados por omissão), Teoria da Atividade
Nos crimes omissivos, o CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM) adota a teoria da atividade, já que considera
praticado o fato no lugar em que deveria realizar-se a ação que foi omitida, Artigo Sexto.
Saiba mais
Programa Jurídico Saber Direito do STF 1 Vídeo Aula – Justiça Militar
Texto – O princípio da territorialidade e extraterritorialidade no Código Penal Militar - Territorialidade e
Extraterritorialidade.
7 - PESSOA CONSIDERADA MILITAR
O Código Penal Militar, para fins de aplicação do Direito Penal Militar definiu, em 1969, o conceito de
Militar no Artigo 22;
Artigo 22 – É considerado militar, para efeito da aplicação deste Código, qualquer pessoa que, em tempo
de paz ou de guerra, seja incorporada às forças armadas, para nelas servir em posto, graduação, ou
sujeição à disciplina militar. E os militares das Policias Militares e Bombeiros Militares Estaduais?
Segundo ensinamento de Cícero Robson Coimbra Neves e Marcelo Streifinger , no artigo acima “a
palavra “incorporada” dá o mote interpretativo adequado, impondo que sempre que houver grafado o
elemento típico “militar” deve-se entender pessoa incorporada às Forças Armadas e, por extensão
arrimada no Artigo 42 da Constituição Federal, às Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, ou
seja, militares da ativa das Forças Militares Federais e Estaduais. Assim, hoje, não é somente o Artigo 22
do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM), mas também a Constituição Federal que identificam os militares
nacionais, sendo eles tanto os integrantes das Forças Armadas (militares) quanto os integrantes da
Polícias e Bombeiros Militares (militares estaduais).
Vejamos, então, o Artigo 42 da CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
(CONSTITUIÇÃO DA REPLÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988);
Artigo 42 – Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas
com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
(Redação dada pela Emenda Constitucional número 18, de 1998).
Ainda alerta os autores que, realizando uma “interpretação teleológica com base exatamente no Artigo
22, todos os tipos penais que possuam a palavra “militar” abarcam apenas os militares da ativa, já que
essa, inequivocamente, foi a intenção do legislador”.
Neste sentido crimes que viriam expressamente a palavra “militar” só poderiam ser cometidos por
militares da ativa (excluindo, assim, os militares da reserva e reformados);
EXEMPLOS;
Artigo 137 – Provocar o militar, diretamente, país estrangeiro a declarar guerra ou mover hostilidade
contra o Brasil ou a intervir em questão que respeite à soberania nacional.
Artigo 136 – Praticar o militar ato de hostilidade contra país estrangeiro, expondo o Brasil a perigo de
guerra.
Artigo140 – Entrar ou tentar entrar o militar em entendimento com país estrangeiro, para empenhar o
Brasil à neutralidade ou à guerra;
Todavia, existe uma exceção, podendo militares da reserva figurarem como sujeitos ativos de crimes que
possuam a palavra “militar” em seu tipo penal.
O Artigo 12 do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM) equipara militares da reserva ou reformados, que se
encontram empregados em serviços na administração militar, a militares da ativa para fins de aplicação
da lei penal militar. Vejamos então o Artigo 12 do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM);
Artigo12 – O militar da reserva ou reformado, empregado na administração militar, equipara-se ao
militar em situação de atividade, para o efeito da aplicação da lei penal militar.
8 – CONCEITO DE SUPERIOR
O conceito de superior funcional vem elencado no Artigo 22 do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM);
Artigo 24 – O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual posto ou
graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal militar.
O Código Penal Militar aplica dois conceitos para superior que são; superior funcional e superior
hierárquico. A definição de superior funcional “em virtude da função” vem claramente descrita no Artigo
24 do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM). A definição de superior hierárquico não se encontra no CÓDIGO
PENAL MILITAR (CPM), e cada instituição militar define em regulamentação própria a definição
hierárquica através de postos (oficiais) e graduações (praças).
Sargento, você saberia definir hierarquia? Que tal aprender?
O Artigo 12, Parágrafo Primeiro do Estatuto dos Policiais Militares do Estado do Rio de Janeiro define
como se dará a ordenação hierárquica na PMERJ - “A hierarquia policial-militar é a ordenação da
autoridade em níveis diferentes, dentro da estrutura da Polícia Militar. A ordenação se faz por postos ou
graduações; dentro de um mesmo posto ou de uma mesma graduação se faz pela antiguidade no posto
ou na graduação. O respeito à hierarquia é consubstanciado no espírito de acatamento à sequência de
autoridade”.
Segundo Cícero Robson Coimbra Neves e Marcelo Streifinger , o conceito de superior funcional
“somente entrará em voga, primeiro havendo igualdade hierárquica e, segundo, quando um par exercer,
em razão da função, autoridade sobre outro. ”
E completa o ensinamento;
Para sedimentar nossa explanação, tomemos os seguintes exemplos; se um soldado agride a um
primeiro-tenente teremos a possibilidade do crime capitulado no Artigo 157 do CÓDIGO PENAL MILITAR
(CPM) (violência contra superior), em função da superioridade hierárquica do ofendido em relação ao
sujeito ativo; contudo, também haverá o mesmo delito se um primeiro-tenente agredir outro militar do
mesmo posto, estando este na função de Comandante de Companhia daquele, estabelecendo-se a
superioridade funcional.
É bom esclarecer que a superioridade funcional sempre se sobrepõe à antiguidade. Assim, imaginemos,
por exemplo, que um coronel da Polícia Militar, promovido a esse posto no ano de 2005, agrida outro
coronel promovido em 2006. Apesar de o primeiro ser mais antigo do que o segundo, em razão do maior
tempo no posto, se o coronel mais moderno for o Comandante Geral haverá o crime de violência contra
superior (Artigo 157 do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM)).
9 – DO CRIME
9.1 Crimes omissivos impróprios
Como já comentamos anteriormente, existem alguns tipos penais que preveem a ocorrência de um
crime quando o agente deixa de realizar determinação ação que o legislador imputou diretamente a ele.
São os chamados crimes por omissão.
Por exemplo – Omissão de lealdade militar
Artigo 151 – Deixar o militar ou assemelhado de levar ao conhecimento do superior o motim ou revolta
de cuja preparação teve notícia, ou, estando presente ao ato criminoso, não usar de todos os meios ao
seu alcance para impedi-lo;
Pena - reclusão, de três a cinco anos.
Condescendência criminosa
Artigo 322 – Deixar de responsabilizar subordinado que comete infração no exercício do cargo, ou,
quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente;
Pena – se o fato foi praticado por indulgência, detenção até seis meses;
Se por negligência, detenção até três meses.
Nos crimes acima, foram especificados pelo legislador que quando um militar deixasse de realizar
determinadas ações, como levar ao conhecimento de seu superior um crime de motim ou de
responsabilizar um subordinado, estaria cometendo um delito.
Reparem que ambos os delitos não ocorrem por uma ação perpetrada pelo agente, mas por uma
omissão, ou seja, ele deixa de realizar algo que a lei especificou literalmente como sua obrigação. Tais
delitos são conhecidos por crimes omissivos próprios, ocorrendo quando há uma previsão direta na lei
responsabilizando a omissão desses sujeitos.
Porém, existe uma outra modalidade de crimes omissivos, chamada de crimes omissivos impróprios ou
comissivos por omissão.
Nos crimes omissivos impróprios, determinadas pessoas, que a doutrina denominou como “agentes
garantidores”, deveriam, por obrigação legal (não necessariamente penal), tomar providências para
evitar um resultado danoso que possa ser consumado devido a sua omissão.
A previsão dos crimes omissivos impróprios consta no Artigo 29, Parágrafo Segundo do Código Penal
Militar, que diz;
Artigo 29 – O resultado de que depende a existência do crime somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Parágrafo Segundo – A omissão é relevante como causa quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
vigilância; a quem, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; e a quem, com
seu comportamento anterior, criou o risco de sua superveniência.
Podemos apresentar como exemplos de agentes garantidores, os quais a lei incumbiu por obrigação
(DEVER) de cuidado, proteção e vigilância; os policiais, os bombeiros, os pais, os guarda-vidas etc.
Dessa forma, a lei especificou no texto acima que, caso uma determinada ocorrência venha a suceder,
onde os agentes garantidores possam realizar uma ação a fim de evitar o resultado (PODER AGIR), mas
não o façam, responderão pelo próprio resultado.
Em outras palavras, os agentes garantidores ao se omitirem responderão por um delito que outrem
tenha cometido, como se o tivessem realizado.
Então, vejamos abaixo a decisão jurisprudencial sobre o caso de um bombeiro militar de serviço, na
praia de Copacabana, que não teria, mesmo sendo possível fazê-lo, socorrido uma vítima de
afogamento;
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Número 0033924-82.2009.8.19.0001
RECORRENTE; XXXXXX
RECORRIDO – MINISTÉRIO PÚBLICO
RELATOR – DESEMBARGADOR JOSÉ AUGUSTO DE ARAUJO NETO
HOMICÍDIO SIMPLES. CRIME COMISSIVO POR OMISSÃO.
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO INTERPOSTO PELA DEFESA TÉCNICA,
POSTULANDO A IMPRONÚNCIA DO ACUSADO. PLEITO INCONSISTENTE.
RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. Havendo nos autos suficientes indícios de que o recorrente bombeiro militar atuante como guarda-
vidas na praia de Copacabana deixou de prestar socorro a banhista que estava se afogando, provocando,
com sua omissão, a morte da vítima, é de se manter a pronúncia, tal como posta pelo juízo a quo., a fim
de que o réu seja julgado pelo Júri, juiz natural da causa.
2. Recurso desprovido.
Reparem que o crime o qual o bombeiro militar respondeu não foi o de prevaricação, mas o de
homicídio simples, julgado no Tribunal do Júri, como se ele tivesse tido a intenção de matar a pessoa
afogada. Isso decorre, tendo em vista a sua omissão ter sido considera como um nexo causal direto da
morte da vítima. De igual forma, uma mãe, que é agente garantidora perante seu filho, sabendo que a
criança é agredida costumeiramente pelo padrasto, não toma providências, vindo o menor, em dado
momento, devido às agressões, a óbito. Essa mãe responderá juntamente com o padrasto pelo crime de
homicídio doloso.
Finalmente, em relação ao serviço policial militar, responderia por roubo um policial que, devendo e
podendo, não atendesse a um assalto que soubesse estar em andamento. Assim, como agente
garantidor, a omissão desse policial seria considerada relevante como a própria causa do crime.
9.2 Do crime consumado e da tentativa
A doutrina divide a ação criminosa em várias fases. Essas fases, ou caminho, são percorridas pelo agente
que busca efetivar o delito pretendido, recebendo o nome de iter criminis. O iter criminis é divido em;
a) Cogitação – o indivíduo pensa em cometer o delito;
b) Atos preparatórios – o indivíduo começa a se preparar para cometer o delito;
c) Execução – o indivíduo parte para executar o delito; e
d) Consumação – o indivíduo consegue atingir integralmente seu objetivo criminoso.
Durante essas fases, pode-se ou não chegar à consumação do crime, que é o resultado finalístico
pretendido com a ação delituosa. Assim, se a intenção final do autor do delito é tirar a vida de alguém, a
consumação do crime ocorre quando a vítima, definitivamente, deixa de viver. Já no roubo, a
consumação se dá quando o agente tira para si, ou para outrem, coisa alheia móvel, utilizando-se, para
isso, da violência ou grave ameaça. Nesse sentido, aponta o CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM);
Artigo 30 – Diz-se o crime;
Crime consumado
Inciso Um – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
Todavia, o crime pode, por algum motivo alheio à vontade daquele que o está cometendo, não se
consumar. Ou seja, não reunir todos os elementos para sua definição. Por exemplo, no crime de
homicídio, após alguém disparar com uma arma de fogo três vezes em direção da vítima e acertá-la, ela
não morre graças ao atendimento médico. A vítima, nesse caso, somente não morreu por um motivo
alheio à vontade de seu agressor, qual seja, o atendimento médico. Diz-se, desse modo, que o crime foi
tentado. Nessa hipótese, o mesmo artigo 30 do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM) prevê;
Tentativa
Inciso Dois – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade
do agente.
E qual o tratamento dado pela legislação nos casos de crimes tentados?
Em casos de tentativa, prevê o CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM);
Artigo 30
Pena de tentativa
Parágrafo único – Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime, diminuída de um a dois
terços, podendo o juiz, no caso de excepcional gravidade, aplicar a pena do crime consumado.
Dessa feita, no caso de crimes tentados, como o mal causado à vítima é inferior ao daquele que
ocorreria no crime consumado, a pena, consequentemente, também é menor, sendo diminuída de um a
dois terços. Repare que o CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM) prevê que, a depender do caso em concreto,
quando o juiz entender que há uma gravidade excepcional, mesmo nos crimes tentados a pena pode ser
a mesma aplicada a do crime consumado.
9.3 Do crime doloso e culposo
Os crimes podem ser dolosos ou culposos. Essa diferenciação de culpabilidade é importante para
configurar, principalmente, as penas aplicadas. Segundo Cirino dos Santos13, “o dolo, conforme
conceito generalizado, é a vontade consciente de realizar um crime”. Já a culpa, para Cícero Coimbra14,
refere-se “a não observância do dever objetivo de cuidado, materializada por conduta causadora de um
resultado típico, relevante penalmente”.
Desse modo, prevê o Código Penal Militar sobre os institutos da culpabilidade;
Artigo 33. Diz-se o crime;
Culpabilidade
Inciso Um – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
Inciso Dois – culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela, atenção, ou diligência
ordinária, ou especial, a que estava obrigado em face das circunstâncias, não prevê o resultado que
podia prever ou, prevendo-o, supõe levianamente que não se realizaria ou que poderia evitá-lo.
Excepcionalidade do crime culposo
Parágrafo único – Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como
crime, senão quando o pratica dolosamente.
Nesse contexto, a lei prevê dois tipos de dolo;
a) O dolo direto, que se traduz quando o agente quer realizar uma ação, visando um determinado
resultado, sendo este definido como crime.
Exemplo – “A” quer matar “B”. Para isso, “A” efetua um dispara no coração de “B”, sabedor que aquela
sua ação representará a sua morte. A ação de “A” está definida na legislação penal como sendo uma
conduta criminosa e que será sancionada com uma pena.
b) O dolo indireto, quando o agente, mesmo sem ter a intenção de realizar a conduta delituosa, pode
prever seu resultado. Não obstante, mesmo tendo consciência que o resultado poderá acontecer, o
agente assume o risco, aceitando-o como possível ou provável, não se eximindo de realizar aquela
conduta.
Exemplo – Um policial, em uma operação realizada em uma favela, sabedor de que a maioria das
residências são feitas de madeira, ao ouvir um tiro ao longe, aponta seu fuzil e, mesmo sem ter seu
agressor na mira, realiza vários disparos naquela direção.
Um dos disparos transfixa um casebre, acertando, em seu interior, uma pessoa inocente, levando-a a
óbito. Nesse exemplo, apesar da intenção do policial não ser a de querer matar aquele indivíduo, ao
realizar os disparos naquelas circunstâncias poderia prever qual seria seu resultado, mas, mesmo assim,
assumiu integralmente o risco.
Em relação aos crimes culposos, estes se configuram quando o agente não quer ou tampouco assume o
risco de produzir o resultado. Porém, mesmo assim, esse resultado ocorre por uma inobservância de um
dever de cuidado que esse agente deveria ter tomado anteriormente. As espécies de modalidade
culposa são a imprudência, a negligência e a imperícia.
A primeira modalidade, denominada imprudência, ocorre pela ação precipitada e sem cuidado do
agente em realizar algo com a devida cautela. Assim, um policial que ao revistar alguém com o dedo no
gatilho, realiza um disparo acidental e fere o indivíduo revistado, age com imprudência.
Já a negligência ocorre por displicência, por omissão, pela preguiça ou pelo desinteresse em tomar
determinadas cautelas que lhe eram exigíveis. O motorista da viatura policial que tem como dever
realizar a manutenção de primeiro escalão, porém, por preguiça, não a faz, saindo com o veículo com o
pneu sem condições de transitar, e por causa disso ocasiona um acidente, matando alguém, incorre no
homicídio culposo devido a sua negligência.
E, por último, temos a imperícia, caracterizada pela falta de conhecimentos técnicos em realizar
determinado ato referente a sua profissão. Dessa maneira, um policial que retira da reserva um
armamento que não sabe utilizar e, devido a isso, fere um companheiro de serviço por um disparo
acidental, comete uma lesão corporal culposa na modalidade da imperícia.
Por fim, o Parágrafo único do artigo 33, do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM), dispõe que os crimes
culposos são uma exceção, somente existindo quando houver estrita previsão legal.
Exemplo;
Homicídio culposo
Artigo 206 – Se o homicídio é culposo;
Pena – detenção, de um a quatro anos.
Portanto, caso a lei não preveja a modalidade culposa de algum crime, esse somente poderá ser
cometido de forma dolosa.
9.4 Excludentes de criminalidade (ilicitude)
O Código Penal Militar enumera cinco excludentes de ilicitude em seu artigo 42, sendo elas;
Inciso Um – estado de necessidade;
Inciso Dois – legítima defesa;
Inciso Três – estrito cumprimento do dever legal;
Inciso Quatro – exercício regular de direito;
Inciso Cinco – ação de comandante de navio, aeronave ou praça de guerra, na iminência de perigo ou
grave calamidade, que se utiliza de meios violentos para obrigar subordinados a executarem serviços e
manobras urgentes, salvar a unidade ou vidas, ou evitar o desânimo, o terror, a desordem, a rendição, a
revolta ou o saque.
As excludentes de ilicitude representam uma ressalva jurídica para que os militares possam executar sua
função mesmo que, ocasional e comprovadamente, venham retirar direitos de outros indivíduos
realizando uma conduta tipificada como criminosa.
9.4.1 Estado de necessidade
A primeira excludente prevista na legislação é o estado de necessidade, que ocorre quando o agente
militar pratica o fato para preservar direito seu ou alheio, de perigo certo e atual, que não provocou,
nem podia de outro modo evitar, desde que o mal causado, por sua natureza e importância, seja
consideravelmente inferior ao mal evitado, e o agente não era legalmente obrigado a enfrentar aquele
perigo.
Por exemplo, um policial que se vê, em uma operação, cercado e encurralado por marginais, arromba a
porta de uma residência e nela permanece abrigado para se salvar, não responderá pela invasão de
domicílio ou pelos danos.
9.4.2 Legitima defesa
Na legítima defesa, o agente deve estar sob risco de perigo atual e iminente, agindo de forma moderada
a repelir a injusta agressão que estejam realizando contra ele. Caso o perigo não seja atual e iminente,
não se configura a legítima defesa. Se o agente agir de forma imoderada, responderá pelo excesso
doloso ou culposo, de acordo com os artigos 45 e 46 do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM);
Excesso culposo
Artigo 45 – O agente que, em qualquer dos casos de exclusão de crime, excede culposamente os limites
da necessidade, responde pelo fato, se este é punível, a título de culpa.
Excesso escusável
Parágrafo único – Não é punível o excesso quando resulta de escusável surpresa ou perturbação de
ânimo, em face da situação.
Excesso doloso
Artigo 46 – O juiz pode atenuar a pena ainda quando punível o fato por excesso doloso.
9.4.3 Estrito cumprimento do dever legal
O estrito cumprimento do dever legal como excludente de ilicitude ocorre quando o agente, por força
de um dever imposto em lei, retira direitos de outras pessoas. Essa ação, assim como na legítima defesa,
deve ser moderada e exclusivamente conforme a lei determina.
Exemplo clássico é o caso do carrasco, que ao cumprir a pena capital realiza uma conduta típica de
matar alguém. Porém, tal conduta não é considerada ilícita, já que ele tem como dever legal realizar
aquela ação de executar a sentença judicial de morte. Da mesma maneira, temos o policial que aborda
alguém devido à existência de uma fundada suspeita, restringindo, mesmo que temporariamente, o
direito de ir e vir de uma pessoa, além de constrangê-la publicamente. A fundada suspeita que ocasiona
uma abordagem de forma técnica (moderada) faz com que o policial não cometa qualquer crime, devido
à excludente de ilicitude.
9.4.4 Exercício regular do direito
No caso do exercício regular do direito, a lei cria uma excludente para que determinados agentes
possam realizar algumas ações sem que respondam criminalmente por elas.
É o exemplo do médico que, ao operar uma pessoa, realiza cortes em seu corpo, o que, em tese,
configuraria o crime de lesão corporal. Ou um lutador de boxe, que mesmo aplicando diversos socos
contra seu adversário, lhe causando sérias lesões corporais, também estará amparado pela essa
excludente de criminalidade.
Finalmente, no âmbito castrense, podemos tomar como exemplo o treinamento em um curso de
operações especial, cujos instrutores submetem, de forma técnica, os alunos a constrangimentos e
sofrimentos físicos ou mentais, porém, óbvio, sem que ocorram abusos.
9.4.5 Emprego de violência contra subordinados na iminência de perigo ou calamidade
Por fim, o Código Penal Militar prevê uma excludente inexistente no Código Penal comum, devido a sua
própria natureza. É a possibilidade do comandante de um navio, aeronave ou praça de guerra
necessitar, devido à iminência de perigo ou calamidade, cometer violência contra seus subordinados a
fim de evitar um mal maior.
Em que pese não haver previsão de quais meios violentos possam ser executados contra os
subordinados, entende-se que até mesmo a violência que cause morte, caso seja necessária e
proporcional naquela situação, poderá ser realizada.
10 - PENAS PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS
O Código Penal Militar em seu título “DAS PENAS” classifica as sanções aplicadas em penas principais e
acessórias. Neste Tópico veremos cada uma delas.
10.1 Penas principais
O Artigo 55 do Código Penal Militar faz previsão das seguintes penas principais; morte, reclusão,
detenção, prisão, impedimento, suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função e
reforma.
Penas principais
Artigo 55 – As penas principais são;
a) morte;
b) reclusão;
c) detenção;
d) prisão;
e) impedimento;
f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função;
g) reforma.
PENA DE MORTE – A pena capital de morte, prevista através de fuzilamento (Artigo 56 do CÓDIGO
PENAL MILITAR (CPM)), não entra em conflito com a Constituição Federal, haja vista que em seu Artigo
Quinto, inciso Quarenta e Sete, é previsto que tal pena possa ser executada em casos de guerra. São
exemplos de crime punidos com pena de morte os crimes de traição, previsto no Artigo 355, de favor ao
inimigo, previsto no Artigo 356, entre outros do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM).
RECLUSÃO E DETENÇÃO – São penas privativas de liberdade que, para o CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM),
não guarda muitas distinções umas das outras. Sua principal diferença é que, conforme o Artigo 58, “o
mínimo da pena de reclusão é de um ano, e o máximo de trinta anos; o mínimo da pena de detenção é
de trinta dias, e o máximo de dez anos.”.
PRISÃO – Diferencia-se da reclusão e detenção com relação ao cumprimento, conforme o Artigo 58 do
CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM).
IMPEDIMENTO – a pena de Impedimento, conforme o Artigo 63 do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM);
“sujeita o condenado a permanecer no recinto da unidade, sem prejuízo da instrução militar” Esta pena
restritiva de liberdade somente é aplicada ao crime de Insubmissão, previsto no Artigo 183 do CÓDIGO
PENAL MILITAR (CPM).
SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DO POSTO, GRADUAÇÃO, CARGO OU FUNÇÃO - Esta pena está prevista no
artigo 64 do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM), que diz - “A pena de suspensão do exercício do posto,
graduação, cargo ou função consiste na agregação, no afastamento, no licenciamento ou na
disponibilidade do condenado, pelo tempo fixado na sentença, sem prejuízo do seu comparecimento
regular à sede do serviço. Não será contado como tempo de serviço, para qualquer efeito, o do
cumprimento da pena. ”
REFORMA – sujeita o militar à situação de inatividade, sendo prevista no Artigo 65 do CÓDIGO PENAL
MILITAR (CPM). Dessa forma, o militar condenado a esta pena deverá receber vencimentos
proporcionais ao tempo de serviço não podendo mais retornar à ativa.
10.2 Penas acessórias
Agora vamos falar das penas acessórias, previstas no Artigo 98, do CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM);
Penas Acessórias
Artigo 98 – São penas acessórias;
Inciso Um – a perda de posto e patente;
Inciso Dois – a indignidade para o oficialato;
Inciso Três – a incompatibilidade com o oficialato;
Inciso Quatro – a exclusão das forças armadas;
Inciso Cinco – a perda da função pública, ainda que eletiva;
Inciso Seis – a inabilitação para o exercício de função pública;
Inciso Sete – a suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela; VIII a suspensão dos direitos políticos.
Como o nome sugere, as penas acessórias dependem da aplicação de uma pena principal. Agora,
falaremos um pouco de cada uma delas;
A PERDA DO POSTO E DA PATENTE; A INDIGNIDADE PARA O OFICIALATO; E A INCOMPATIBILIDADE COM
O OFICIALATO
Essas três penas acessórias são consideradas inconstitucionais, uma vez que, conforme a Constituição
Federal, os oficiais militares, tanto das Forças Armadas quanto das Polícias e Bombeiros Militares,
possuem a vitaliciedade assegurada, de acordo com os artigos 142, Parágrafo Terceiro, incisos Seis e
Sete, concomitante com o Artigo 42, Parágrafo Primeiro;
Artigo 142, Inciso Seis – O oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou
com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de
tribunal especial, em tempo de guerra;
Artigo 142, Inciso Sete – Oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade
superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no
inciso anterior.
Artigo 42, Parágrafo Primeiro – Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do Artigo 14, Parágrafo Oitavo; do Artigo
40, Parágrafo Nono; e do Artigo 142, Parágrafos Segundo e Terceiro, cabendo à lei estadual específica
dispor sobre as matérias do Artigo 142, Parágrafo Terceiro, inciso Dez, sendo as patentes dos oficiais
conferidas pelos respectivos governadores.
EXCLUSÃO DAS FORÇAS ARMADAS – prevista no Artigo 102 do Código Penal Militar (CPM). Esta pena
acessória deve constar expressamente da sentença que condena a praça à pena privativa de liberdade
superior a dois anos. Por força também do Parágrafo Quarto, do Artigo 125, da Constituição Federal, na
Justiça Militar Estadual, a exclusão da praça das forças armadas ou auxiliares dependerão de decisão do
Tribunal, não funcionando como pena acessória.
PERDA DE FUNÇÃO PÚBLICA – Incorre na perda de função pública o civil, o militar da reserva ou
reformado nos casos de condenação por crime militar a qual se manifeste por aplicação desta pena
acessória, conforme Artigo 103 do Código Penal Militar (CÓDIGO PENAL MILITAR (CPM)).
INABILITAÇÃO DA FUNÇÃO PÚBLICA – Essa pena acessória impede que o civil, o militar da reserva ou o
reformado - quando condenados à pena principal de reclusão por mais de quatro anos em virtude de
crime praticado com abuso de poder ou violação do dever militar ou inerente à função pública –
assumam funções públicas pelo período de dois a vinte anos.
SUSPENSÃO DO PÁTRIO PODER, TUTELA OU CURATELA – Tal pena acessória deriva-se da impossibilidade
fática de que o sujeito que cumpre uma pena restritiva de liberdade, ou uma medida de segurança,
ambas superior a dois anos, teriam de exercitar seu poder familiar, de tutela ou de curatela.
SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS – Prevê a proibição do exercício dos direitos políticos, em votar e
ser votado, durante a execução da pena privativa de liberdade ou da medida de segurança. Tal pena
hoje é irrelevante, tendo em vista a CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
prever, em seu Artigo 15, inciso Três, que os direitos políticos são suspensos com a condenação criminal
transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos.
11 - INFRAÇÕES DISCIPLINARES
As infrações disciplinares são previstas nos mais diversos regulamentos disciplinares das Forças Armadas
e Auxiliares. O nosso Regulamento Disciplinar da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (RDPMERJ /
R-9), Decreto número 6.579, DE 05 DE MARÇO DE 1983, define que;
Artigo 13 – Transgressão disciplinar é qualquer violação dos princípios da ética, dos deveres e das
obrigações Policiais Militares, na sua manifestação elementar e simples, e qualquer ação ou omissão
contrárias aos preceitos estatuídos em leis, regulamentos, normas ou disposições, desde que não
constituam crime.
Artigo 14 – São transgressões disciplinares;
Inciso Um – Todas as ações ou omissões contrárias à Disciplina Policial Militar especificadas no Anexo I
do presente Regulamento;
Inciso Dois - Todas as ações, omissões ou atos, não especificados na relação de transgressões do Anexo
citado, que afetem a honra pessoal, o Pundonor Policial Militar, o decoro da classe ou o sentimento do
dever e outras prescrições contidas no Estatuto dos Policiais Militares, leis e regulamentos, bem como os
praticados contrarregras e ordens de serviço estabelecidas por autoridades competentes.
Contudo, apesar de Transgressão da Disciplina não constituir crime, conforme o próprio Artigo 13 do
RDPMRJ positiva, aduzem Cícero Robson Coimbra Neves e Marcelo Streifinger que; “o Direito Penal
Militar e o Direito Administrativo (Militar) se relacionam de forma intensa, justamente por ter a
hierarquia e a disciplina como base de toda a estrutura jurídica construída, de sorte que se pode afirmar
que nem todo ilícito disciplinar configura delito, porém todo delito reclama, residualmente, a existência
de uma transgressão disciplinar.”
A própria Constituição Federal fixa um Direito Disciplinar Militar, quando em seu Artigo 125, Parágrafo
Quarto inclui nas competências da Justiça Militar Estadual julgar os crimes militares e as ações judiciais
contra crimes disciplinares.
Podendo, assim, concluir que tanto o poder de coação do Direito Penal Militar (com suas penas) quanto
o do Direito Administrativo Disciplinar possuem como finalidade a proteção da “hierarquia e disciplina”,
fatores estes, como já vimos, de extrema preponderância para a coesão e o regular funcionamento das
instituições militares.
CONCLUSÃO O
Policial Militar é um operador do direito. Dessa forma, deve ter os conhecimentos básicos tanto para
agir em caso de delitos militares, que venha a presenciar, quanto para evitar realizar uma conduta que
possa ferir a legislação penal castrense.
Você é, também, um defensor da sociedade e um promotor dos direitos humanos, ora patrulhando e
prevenindo práticas delituosas, ora auxiliando pessoas que estejam necessitando da sua ajuda. Ademais,
como aprendido durante o curso, sua caracterização como agente garantidor lhe impõe rígidos deveres
perante a comunidade.
Sua profissão é de destaque, realizando tarefas essenciais para a sociedade. Lembre-se que nós somos
clientes do nosso próprio serviço. Portanto, tenha orgulho de ser policial militar, pois você é um espelho
para as outras pessoas e a referência de boas ações para sua própria família.
DIREITO PROCESSUAL PENAL COMUM
INTRODUÇÃO
O estudo do Direito Processual Penal é fundamental na formação profissional dos operadores da
segurança pública, compreender o que vem a ser o Direito Processual Penal e como o processo penal é
instaurado é muito importante em nossa profissão, você sabia?
Você sabe quais os tipos de ação penal que existem no Direito brasileiro e quem são os titulares de cada
um desses tipos, quais são as peças processuais oferecidas para o início da ação penal? Nesta disciplina
iremos conhecer um pouco desse universo.
É necessário saber distinguir as provas processuais admitidas pelo ordenamento jurídico brasileiro e
como essas provas são produzidas, bem como a sua participação na preservação do local do crime para
a colheita do maior número de objetos e informações possíveis ao deslinde do caso. Por isso essa
disciplina é importante.
Você saberia realizar a revista pessoal e a busca domiciliar seguindo estritamente o que permite a
legislação? E diferenciar as várias formas de prisão existentes no Brasil, incluindo quem e em que casos
poderão prender em flagrante delito e quais os direitos do aprisionado?
Ter conhecimento técnico sobre o instituto do Habeas Corpus e, por derradeiro, o procedimento a ser
adotado quando o delito praticado for de menor potencial ofensivo, segundo a Lei número 9.099 de 95,
com a ressalva dos delitos que envolvam violência doméstica é algo que precisamos dominar, não acha?
O processo penal é o garantidor dos direitos individuais, dos Direitos Humanos e do combate a
impunidade. A Lei número 13.964 de 2019 (Pacote Anticrime) trouxe diversas inovações ao Código de
Processo Penal, mas foi promulgada sob muita polêmica quanto a sua constitucionalidade.
Tanto que foram propostas as ADI’s (Ação Direta de Inconstitucionalidade) números. 6.298, 6.299,
6.300 e 6305 questionando diversos artigos da citada lei, entre os quais está previsto o “Juiz das
Garantias”, por exemplo. No dia 22/01/2020, o Ministro Luiz Fux, vice-presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), decidiu pela suspensão da eficácia, por tempo indeterminado, de todos os artigos que
tiveram a sua constitucionalidade arguida nas citadas ADI’s. A decisão, proferida de forma cautelar, será
posteriormente submetida a referendo do Plenário do STF, para uma decisão definitiva sobre a eficácia
dessas novas regras. (ADI’s seguem sem decisões finais proferidas).
Vamos estudar!!!
ELEMENTOS FUNDAMENTAIS AO DIREITO PROCESSUAL PENAL
Você sabia que o direito processual penal é o ramo do direito público que regula a função do Estado de
julgar as infrações penais e aplicar as penas?
Em outras palavras, nada mais é do que a violência institucionalizada, organizada, formalizada e
socialmente aceita. Pode-se ainda dizer que o processo penal surgiu como um instrumento para evitar a
vingança privada, para eliminar o auto juízo, para evitar a dominação do mais forte, resguardando
qualquer pessoa frente a outra, como mecanismo para aplicar, de forma racionalizada e alheia aos
interesses dos envolvidos, a sanção criminal.
Os elementos fundamentais ao processo penal estão em nossa Constituição e por definição
correspondem a um mandamento nuclear do processo penal, sendo o alicerce dele, a disposição
fundamental que se irradia sobre diferentes normas integrando o espírito da norma e servindo de
critério para sua exata compreensão e inteligência, definindo a lógica e a racionalidade do sistema
processual penal.
Conhecer os princípios permite o entendimento das diferentes partes componentes do todo unitário do
processo penal ou qualquer outra norma. Em nossa profissão, é comum no calor dos acontecimentos
mover-nos a um estágio mais emocional que racional, mas se deve entender que violar um princípio é
muito mais grave que transgredir uma norma qualquer, pois implica ofensa não apenas a um específico
mandamento obrigatório, mas a todo sistema de comandos, sendo a mais grave forma de ilegalidade ou
inconstitucionalidade, porque representa insurgência contra todo o sistema e quiçá a subversão dos
valores fundamentais.
Dito isto, eis os princípios fundamentais do processo penal comum;
Princípio do Devido Processo Legal – “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal”.
Princípio da Verdade Real – A função punitiva do Estado deve ser dirigida àquele que realmente
cometeu uma infração;
Princípio da Imparcialidade do Juiz – Não se pode admitir Juiz parcial. O Estado deve julgar de forma
isenta.
Princípio da Igualdade das Partes – As partes, embora figurem em polos opostos, situam-se no mesmo
plano, com iguais direitos, ônus, obrigações e faculdades.
Princípio da Persuasão Racional ou do Livre Convencimento – Esse princípio, impede que o Juiz julgue
com o conhecimento que eventualmente tenha extra autos. O Juiz tem inteira liberdade de julgar,
valorando as provas como bem quiser sem, contudo, arredar-se dos autos, pois o que não estiver dentro
do processo é como se não existisse. O poder do juiz está nos autos!
Princípio do Contraditório – “Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
Princípio da Presunção de Inocência – Significa que todo acusado é presumido inocente, até que seja
declarado culpado por sentença condenatória, com trânsito em julgado e tem por objetivo garantir que
o ônus da prova cabe à acusação e não à defesa.
Princípio da Prevalência do Interesse do Réu ou “Favor Rei” (Benefício do Réu) – em síntese, havendo
dúvidas, o réu se acha solto.
Princípio do Duplo Grau de Jurisdição – Significa que a parte tem o direito de buscar o reexame da causa
pelo tribunal.
Princípio do Juiz/ Promotor Natural – Significa o direito do réu ser julgado por um juiz/ promotor
previamente determinado por lei;
Princípio da Ampla Defesa – Significa que ao réu é concedido o direito de se valer de amplos e extensos
métodos para se defender da imputação feita pela acusação;
Princípio da Intranscendência – Significa que a ação penal não deve transcender da pessoa a quem foi
imputada a conduta criminosa. “A pena não passará da pessoa do acusado”.
Princípio da Vedação das Provas Ilícitas – Significa que a parte não pode produzir provas não autorizadas
pelo ordenamento jurídico ou que não respeitem as formalidades previstas para a sua formação;
Princípio da Vedação da Dupla Punição e do Duplo Processo pelo Mesmo Fato – Significa que não se
pode processar alguém duas vezes com base no mesmo fato.
Conhecidos alguns dos principais princípios orientadores do processo penal, importante frisar que a lei
processual penal brasileira só é válida em território brasileiro tendo sua eficácia temporal imediata e não
retroativa sob qualquer argumento, exceto para beneficiar o réu, ou seja, vale no Brasil e da publicação
da lei em diante.
INQUÉRITO POLICIAL
Você sabia que o inquérito policial possui a sua previsão legal contida no Código de Processo Penal, do
artigo quarto ao artigo 23 e que sua finalidade está prevista no artigo Quarto do CPP, ao prever que tal
procedimento investigatório (fase pré-processual) tem por fim a apuração das infrações penais e da sua
autoria, em especial a coleta das provas consideradas irrepetíveis, antecipadas ou urgentes (provas
cautelares), cujos vestígios podem desaparecer após a prática do crime?
Tais provas poderão ser utilizadas na fase processual (ação penal), durante o contraditório, e,
consequentemente, poderão servir como base a sentença penal condenatória. A persecução penal é
constituída pelas fases pré-processual e processual. A nova Lei do Abuso de Autoridade (Lei número
13.869 de 2019) evidenciou a justa causa como fundamento para a instauração do inquérito policial ao
prever, no seu artigo 27, a criminalização da conduta de requisitar instauração ou instaurar
procedimento investigatório de infração penal em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da
prática de crime.
O inquérito policial previsto no CPP, conduzido pela autoridade policial, não é o único instrumento
utilizado para a realização de uma investigação criminal, portanto, a investigação criminal não é uma
atribuição exclusiva da polícia judiciária. Outras autoridades poderão presidir uma investigação criminal
de acordo com a sua especificidade;
Investigação conduzida pelos parlamentares numa CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) - artigo 58,
Parágrafo Terceiro da Constituição Federal.
Investigação conduzida pela Polícia Legislativa – Segundo decisão do STF, na súmula número 397; “O
poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas
dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do
inquérito”.
Investigação conduzida no Inquérito Policial Militar – Encarregado de inquérito policial militar, segundo
a previsão nos artigos Sétimo e Nono do Código de Processo Penal Militar.
Investigação conduzida pelo Ministério Público – Em 2015, o STF decidiu que o MP possui legitimidade
para promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal e fixou os parâmetros para a
sua atuação, ou quando o investigado for um membro do Ministério Público.
Investigação conduzida pela autoridade judiciária – quando o investigado for um membro da
magistratura ou na hipótese de um crime praticado nas dependências do Tribunal de Justiça, segundo a
previsão contida no Regimento Interno do STF; “Artigo 42. O Presidente responde pela polícia do
Tribunal. No exercício dessa atribuição pode requisitar o auxílio de outras autoridades, quando
necessário”.
Artigo 43 – Ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do Tribunal, o Presidente instaurará
inquérito, se envolver autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição, ou delegará esta atribuição a outro
Ministro. Parágrafo Primeiro Nos demais casos, o Presidente poderá proceder na forma deste artigo ou
requisitar a instauração de inquérito à autoridade competente.
Conceito
Com relação ao conceito de inquérito policial, vamos recorrer aos ensinamentos do professor Renato
Brasileiro de Lima;
“Procedimento administrativo inquisitório e preparatório, presidido pela autoridade policial, o inquérito
policial consiste em um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa objetivando a
identificação das fontes de prova e a colheita de elementos de informação quanto à autoria e
materialidade da infração penal, a fim de possibilitar que o titular da ação penal possa ingressar em
juízo.”
Trata-se de um procedimento instrumental, porquanto se destina a esclarecer os fatos delituosos
relatados na notícia de crime, fornecendo subsídios para o prosseguimento ou o arquivamento da
persecução penal. De seu caráter instrumental sobressai sua dupla função;
Preservadora – a existência prévia de um inquérito policial inibe a instauração de um processo penal
infundado, temerário, resguardando a liberdade do inocente e evitando custos desnecessários para o
Estado;
Preparatória – fornece elementos de informação para que o titular da ação penal ingresse em juízo,
além de acautelar meios de prova que poderiam desaparecer com o decurso do tempo.
Natureza Jurídica
Com relação à natureza jurídica do inquérito policial, o professor Renato Brasileiro de Lima nos ensina
que;
“Trata-se de procedimento de natureza administrativa. Não se trata, pois, de processo judicial, nem
tampouco de processo administrativo, porquanto dele não resulta a imposição direta de nenhuma
sanção. Nesse momento, ainda não há o exercício de pretensão acusatória. Logo, não se pode falar em
partes stricto sensu, já que não existe uma estrutura processual dialética, sob a garantia do contraditório
e da ampla defesa”.
Características
O IP possui determinadas características, conforme veremos a seguir;
Sigiloso – Conforme dispõe o artigo 20 do CPP
Artigo 20 – A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo
interesse da sociedade.
Cabe ressaltar que, apesar do estatuto da OAB prever que o advogado poderá examinar procedimentos
sobre investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade,
o STF entende que tal regra se aplica apenas as peças já documentadas no inquérito policial.
O STF – é enfático ao fazer uma ressalva sobre a restrição necessária as informações sobre diligências
ainda em andamento, pois o eventual acesso a essas informações poderia causar prejuízo às
investigações.
Inquisitivo – Para a doutrina majoritária, no inquérito policial não são aplicados os princípios do
contraditório ou da ampla defesa, em razão de ser um procedimento inquisitivo, ficando à cargo da
autoridade policial, conforme o artigo 14 do CPP
Artigo 14 – O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência,
que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
Autoritariedade – O inquérito policial deverá ser presidido por autoridade pública investido no cargo de
Delegado de Polícia nos termos do artigo 144, Parágrafo Primeiro, Inciso Um (Polícia Federal) e Inciso
Quatro (Polícia Civil), e Parágrafo Quarto, da Constituição Federal, e o artigo Segundo, Parágrafo
Primeiro, da Lei número 12.830 de 2013.
Escrito ou Formal – Segundo o teor do artigo Nono do CPP, os atos praticados no inquérito policial
deverão ser formalizados por escrito.
Artigo Nono – Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
Discricionário – A autoridade policial conduzirá o inquérito policial de forma discricionária, decidindo
quais as providências/diligências serão necessárias à elucidação da infração penal, de acordo com o
crime/fato investigado, pois o IP não possui um rito procedimental previsto em lei.
Existem duas exceções para essa discricionariedade;
a) quando houver requisição do Ministério Público ou da autoridade judiciária, Artigo 13, inciso dois do
Código Processual Penal (CPP);
Artigo 13 – Incumbirá ainda à autoridade policial;
inciso Dois – realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;
b) na realização do exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, artigo 158 do Código
Processual Penal (CPP);
Artigo 158 – Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto
ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Oficialidade – O inquérito policial será presidido por órgão oficial do Estado, mais especificamente pela
Polícia Judiciária, conforme a previsão contida na Lei número 12.830 de 2013.
Artigo Segundo – As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo
delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.
Indisponibilidade – uma vez instaurado, a autoridade policial não poderá promover o arquivamento do
inquérito policial, nos termos do artigo 17 do CPP.
Artigo 17 – A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
Dispensabilidade – O inquérito policial é dispensável pois a ação penal poderá ser iniciada se o
Ministério Público ou o particular se ambos já possuírem os elementos de informação necessários para o
oferecimento da denúncia ou da queixa. Conforme nosso estudo anterior, o IP não é o único
instrumento utilizado para a realização de uma investigação criminal, nos termos do artigo 12 do CPP;
Artigo 12 – O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou
outra.
Oficiosidade – A autoridade policial é obrigada a agir de ofício, instaurando o inquérito policial, sempre
que tomar conhecimento da prática de crime de ação pública com o objetivo de apurar a materialidade,
a autoria e as circunstâncias do delito. Nos crimes de ação pública incondicionada, o IP será iniciado
independentemente de provocação da vítima. Nos crimes de ação pública condicionada, o IP será
iniciado mediante a representação da vítima. Nos termos do artigo Quinto, inciso Um, do CPP;
Artigo Quinto – Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado;
Incisao Um – de ofício.
Início do Inquérito Policial
O Inquérito Policial será sempre iniciado (instaurado) com a comunicação da notícia do crime (notitia
criminis), podendo tal comunicação ocorrer de diversas formas, segundo a regra contida no artigo
Quinto do CPP;
Inciso Um - De ofício;
Pela autoridade policial
Nos crimes de ação pública incondicionada
Nos crimes de ação pública condicionada à representação, dependerá da manifestação de vontade da
vítima, segundo o Parágrafo Quarto do artigo Quinto; “O inquérito, nos crimes em que a ação pública
depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado”.
Inciso Dois – Mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público;
Requisição é uma ordem a autoridade policial não poderá se recusar a iniciar o IP.
Inciso Três – Mediante requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo;
Requerimento é um pedido, que poderá ser recusado pela autoridade policial, segundo o Parágrafo
Segundo do artigo quinto; “Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá
recurso para o chefe de Polícia”. Segundo o Parágrafo Quinto do artigo quinto; “Nos crimes de ação
privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha
qualidade para intentá-la”. O Parágrafo Primeiro do artigo quinto prevê que o requerimento deverá
possuir, sempre que possível, determinadas informações;
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção
de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.
Inciso Quatro – Mediante a comunicação por qualquer pessoa do povo, qualquer pessoa do povo que
tiver conhecimento da existência de infração penal poderá comunicá-la diretamente à autoridade
policial e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
Tal comunicação poderá ocorrer;
Verbalmente ou por escrito;
Somente sobre infração penal cuja ação penal seja pública.
V – Por meio do Auto de Prisão em Flagrante Delito – quando a autoridade policial toma conhecimento
da prática da infração penal em razão de seu autor ser preso em flagrante delito, Artigo 302 e seguintes
do Código Processual Penal (CPP)
Instrução do Inquérito Policial
A investigação criminal será realizada através da execução de várias diligências determinadas pela
autoridade policial no inquérito policial, de acordo com o crime praticado (caso concreto). O CPP contém
um rol de diligências previstas nos artigos Sexto, Sétimo, 13, 13 alínea A e 13 alínea B. Esse rol é
exemplificativo pois existe previsão sobre outras diligências nas leis especiais que contém ritos
processuais próprios, tal como a Lei número 8.069 de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), Lei
número 11.340 de 2006 (Lei Maria da Penha), Lei número 11.343 de 2006 (Lei de Drogas), entre outras.
Observação – Denúncia anônima – Constituição Federal, “Artigo Quinto; inciso Quatro - é livre a
manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”.
O STF vêm editando diversas decisões no sentido de que as autoridades públicas não podem iniciar
investigação formalizada no inquérito policial tendo como único suporte informativo uma denúncia
anônima (peça apócrifa = peça de origem duvidosa/suspeita em razão do seu autor não estar
identificado), para tal hipótese, principalmente, tem que haver a verificação da procedência das
informações, para que haja justa causa (presença das condições mínimas de admissibilidade) para que a
investigação possa ser formalizada através da instauração do inquérito policial.
Código de Processo Penal Artigo Sexto – Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a
autoridade policial deverá;
Inciso Um – dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais;
Inciso Dois – apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais;
Inciso Três – colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
Inciso Quatro – ouvir o ofendido;
Inciso Cinco – ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do
Título Sete, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham
ouvido a leitura;
Inciso Seis – proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
Inciso Sete – determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras
perícias;
Inciso Oito – ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar
aos autos sua folha de antecedentes;
Inciso Nove – averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social,
sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e
quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter;
Inciso Dez – colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma
deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela
pessoa presa.
Artigo Sétimo – Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a
autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a
moralidade ou a ordem pública.
Artigo 13 – Incumbirá ainda à autoridade policial;
Inciso Um – fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos
processos;
Inciso Dois – realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;
Inciso Três – cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias;
Inciso Quatro – representar acerca da prisão preventiva.
Artigo 13 Alínea A – Nos crimes previstos nos artigos 148, 149 e 149 Alínea A, no Parágrafo Terceiro do
artigo 158 e no artigo 159 do Decreto-Lei número 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no
artigo 239 da Lei número 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o
membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder
público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos.
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 horas, conterá;
Inciso Um – o nome da autoridade requisitante
Inciso Dois – o número do inquérito policial; e
Inciso Três – a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação.
Artigo 13 Alínea B – Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de
pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante
autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que
disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros que
permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso.
Parágrafo Primeiro – Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de
cobertura, setorização e intensidade de radiofrequência.
Parágrafo Segundo – Na hipótese de que trata o caput, o sinal;
Inciso Um – Não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de
autorização judicial, conforme disposto em lei;
Inciso Dois – Deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a
30 dias, renovável por uma única vez, por igual período;
Inciso Três – para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de
ordem judicial.
Parágrafo Terceiro – Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no
prazo máximo de 72 horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial.
Parágrafo Quarto – Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 horas, a autoridade competente
requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem
imediatamente os meios técnicos adequados como sinais, informações e outros que permitam a
localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz”.
Determinadas diligências possuem reserva de jurisdição, ou seja, só poderão ser realizadas mediante
autorização judicial, tal qual; a interceptação telefônica, quebra do sigilo bancário, busca e apreensão
em residências, prisão temporária e preventiva, infiltração policial (ação controlada), entre outras. As
ações desenvolvidas no bojo da investigação devem ser realizadas sempre com a observância irrestrita
das garantias constitucionais, sob pena das provas colhidas se tornarem ilícitas e o policial incidir na
prática de crime de abuso de autoridade;
Lei número 13.869 de 2019;
Artigo 25 - Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou fiscalização, por meio
manifestamente ilícito; Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa.
Parágrafo único – Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do investigado ou
fiscalizado, com prévio conhecimento de sua ilicitude.
Como exemplo, podemos citar a posição do STJ nas suas recentes decisões, ao reconhecer a nulidade da
prova obtida por meio de acesso ao aplicativo “WhatsApp” no telefone celular apreendido em poder do
marginal, após a sua prisão em flagrante, hipótese em que o policial analisa o conteúdo do aparelho
mediante o (pseudo) consentimento do mesmo. As decisões, de forma geral, se baseiam na exigência da
prévia autorização judicial como condição para a análise do conteúdo existente na memória e nos
aplicativos de um aparelho celular, apreendido em razão de sua utilização na execução do crime, além
de também entender que a manifestação de vontade do marginal poderá estar comprometida em razão
do mesmo se encontrar sob o jugo do Estado. A diligência concebida através da análise de um aparelho
celular utilizado na execução de um crime poderá ser muito importante para a instrução do inquérito
policial e deverá ser realizada conforme o rito previsto em lei.
Prazo para conclusão do Inquérito Policial
O inquérito policial possui um prazo determinado para a sua conclusão. Tal prazo é determinado
conforme a previsão contida na legislação específica; Código de Processo Penal
No prazo de 10 dias – Se o indiciado tiver sido preso em flagrante ou estiver preso preventivamente,
contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão.
No prazo de 30 dias – Quando o indiciado estiver solto, mediante fiança ou(com prorrogação)sem ela e
Quando ainda não houver autoria determinada que possibilite o indiciamento.
Inquérito Policial Militar (artigo 20 do Código Processo Penal Militar (CPPM) – Decreto-Lei número 1.002
de 1969);
No prazo de 20 dias – Indiciado preso - (Sem prorrogação).
No prazo de 40 dias – Indiciado solto – (Prorrogável por mais 20 dias).
Inquérito policial com trâmite para a Justiça Federal (artigo 66 da Lei número 5.010 de 1966).
No prazo de 15 dias – Indiciado preso – (Prorrogável por mais 15 dias).
No prazo de 30 dias – Indiciado solto – (Com prorrogação)
Inquérito policial na Lei de Drogas (artigo 51 da Lei número 11.343 de 2006)
No prazo de 30 dias – Indiciado preso;
No prazo de 90 dias – indiciado solto – (Com duplicação);
Inquérito policial nos Crimes Contra a Economia Popular (artigo 10, Parágrafo Primeiro da Lei número
1.521 de 1951)
No prazo de 10 (dez) dias – indiciado preso;
No prazo de 10 dias – indiciado solto (Sem prorrogação);
Observação – Nos crimes de difícil elucidação, para que a autoria possa ser determinada e o
indiciamento efetivado, será possível a prorrogação do prazo inicialmente previsto pela lei (vide os
procedimentos acima), segundo a regra geral estabelecida pelo Código de Processo Penal.
Artigo 10, Parágrafo Terceiro – Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a
autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão
realizadas no prazo marcado pelo juiz”. No Estado do Rio de Janeiro, esse prazo é estabelecido pelo
Ministério Público
Encerramento do Inquérito Policial
O encerramento da investigação realizada por meio do inquérito policial (fase pré-processual da
persecução penal), ocorrerá somente após a conclusão de todas as diligências necessárias ao
esclarecimento sobre os indícios da autoria e materialidade do crime praticado, momento em que a
autoridade policial apresentará o relatório conclusivo do inquérito policial com o consequente
indiciamento do investigado,nessa fase não há que se falar ainda em réu ou acusado, esse termo só será
usado após o início do processo (com o recebimento da denúncia), fase em que os indícios se
converterão em provas, tanto para a acusação quanto para a defesa, durante o respectivo contraditório
Código de Processo Penal
Artigo 10 – O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante,
ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a
ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
Parágrafo Primeiro – A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao
juiz competente.
Parágrafo Segundo – No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido
inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
Artigo 399 – Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a
intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do
assistente”. Lei número 12.830 de 2013
Artigo Segundo – As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo
delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado. Parágrafo Sexto - O
indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise
técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias.
Trancamento do Inquérito Policial
O trancamento do inquérito policial poderá ser efetivado através de habeas corpus, quando a
instauração da investigação criminal se evidenciar abusiva, podendo ser decretado mediante três
fundamentos;
Atipicidade da conduta;
Existência de causa extintiva da punibilidade; ou
Ausência de justa causa (indícios mínimos de autoria ou de prova de materialidade).
Código de Processo Penal
Artigo 647 – Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer
violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Artigo 648 – A coação considerar-se-á ilegal;
Inciso Um – quando não houver justa causa;
Inciso Sete – quando extinta a punibilidade.
O trancamento do inquérito policial deve ser considerado uma medida excepcional, pois a fase pré-
processual se caracteriza pela verificação dos indícios da autoria e coleta da materialidade do crime, não
formando nenhum tipo de juízo de culpa em face do investigado. Vale ressaltar, contudo, que durante o
curso da investigação, para a devida instrução do inquérito policial, podem ser solicitadas a decretação
de medidas cautelares de restrição da liberdade contra o investigado, através das prisões temporária e
preventiva. O STF e o STJ vêm editando decisões em que reconhecem a possibilidade de trancamento do
inquérito policial mediante a existência de um dos três fundamentos acima elencados.
Arquivamento do Inquérito Policial
O arquivamento do inquérito policial ocorrerá na hipótese de, após esgotados todos os meios de
investigação, não se obter nenhum resultado sobre qualquer indício da autoria do crime e/ou da sua
materialidade. Antes do advento da Lei número 13.964 de 2019 (pacote anticrime), o arquivamento era
determinado pelo juiz mediante o requerimento do Ministério Público. Após a edição da citada lei, a
previsão sobre o arquivamento do inquérito policial mudou completamente. Talvez a principal mudança
resida na previsão sobre a atribuição para determinar esse arquivamento, que passou a ser incumbência
do Ministério Público. Finalizado o inquérito policial, o Ministério Público passa a decidir se será a
hipótese de oferecer a denúncia ao Juiz das Garantias (vide o próximo capítulo) ou determinar o seu
arquivamento.
Código de Processo Penal
Artigo 28 – Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da
mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade
policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na
forma da lei. (Redação dada pela Lei número 13.964, de 2019).
Parágrafo Primeiro – Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do
inquérito policial, poderá, no prazo de 30 dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à
revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica”.
(Incluído pela Lei número 13.964, de 2019)
Face a essa alteração, vamos recorrer aos ensinamentos do professor Guilherme de Souza Nucci, sobre
essa mudança no Código de Processo Penal;
“O arquivamento do inquérito policial ou de outras peças informativas (como, por exemplo, o
procedimento investigatório criminal (PIC), promovido pelo Ministério Público, dentre outros autos de
investigação), de maneira mais apropriada, respeitando-se o sistema acusatório, não mais enfrenta a
análise do juiz, que, no caso, seria o magistrado de garantias. Será levado à análise superior do
Ministério Público, como o Conselho Superior ou Câmaras criadas especialmente para tal finalidade.
Permanece o rigor quanto ao critério da obrigatoriedade da ação pública incondicionada, mas quem fará
esse exame de cabimento será o próprio Ministério Público. Portanto, o promotor ou Procurador da
República, ao propor o arquivamento, automaticamente, encaminhará os autos à instância revisora
ministerial para a homologação.
Outro ponto positivo é que, ordenado o arquivamento pelo membro do Ministério Público, este será
obrigado a comunicar oficialmente, à vítima do crime, ao investigado e à autoridade policial (neste caso,
quando se tratar de inquérito policial).
Tomando conhecimento do arquivamento, a vítima tem o prazo de 30 dias, a constar do recebimento da
comunicação, por isso deve ser oficial, para submeter a matéria à revisão do Órgão superior do MP.
Em suma, não cabe mais essa função anômala ao juiz de garantias, que, aliás, nem consta do rol de suas
atribuições”.
Obrigatoriedade de defensor para agentes de segurança pública investigados sobre fatos relacionados
ao uso da força letal
O artigo 14 Alínea A – é uma inovação trazida pela Lei número 13.964 de 2019, passando a prever a
obrigatoriedade da designação de defensor na hipótese de investigação sobre fatos relacionados ao uso
da força letal atribuído a agentes de segurança pública.
Código de Processo Penal
Artigo 14 Alínea A – Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no artigo 144 da
Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e
demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da
força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações
dispostas no artigo 23 do Decreto-Lei número 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o
indiciado poderá constituir defensor.
Segundo o professor Rogério Sanches Cunha; “Suspeito, investigado ou indiciado? - Parece-nos que o
chamamento agora exigido pelo artigo 14 Alínea A deve ocorrer a partir do momento em que fica
caracterizada a condição jurídica de investigado da pessoa até então suspeita, leia-se, quando as
diligências policiais passam a “mirar” pessoa certa e determinada, sobre a qual pesam indicações de
autoria ou participação na prática de uma infração penal, independentemente de qualificação formal
atribuída pela autoridade responsável pela investigação.
O ato formal do indiciamento, que para alguns era de pouca utilidade prática, agora fica definitivamente
escanteado, pelo menos em crime dessa envergadura.
É claro que a cautela do artigo 14 Alínea A não pode comprometer a investigação. Aliás, parece que a
intenção maior do legislador foi garantir aos investigados que atuam na área de segurança pública a
assistência jurídica (e não comprometer a apuração de crimes graves).
Logo, aplicando-se o mesmo espírito da Súmula Vinculante 14, o dever de chamamento do investigado
deve coexistir com o dever de apurar eficazmente o crime. Há diligências que devem ser sigilosas e
anteceder o chamamento do investigado, sob risco de comprometimento do seu bom sucesso.
Artigo 14 Alínea A, Parágrafo Primeiro – Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado
deverá ser citado da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo
de até 48 horas a contar do recebimento da citação.
Segundo o professor Rogério Sanches Cunha, “Citação ou notificação? – Diz o dispositivo que o servidor
deve ser “citado” da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo
de até quarenta e oito horas a contar do recebimento da “citação”. Por óbvio, não se deve falar em
citação nessa etapa, mas notificação, ato genérico de chamamento para realizar um ato. Não se está
garantindo contraditório e ampla defesa na fase extrajudicial, que, se um dia for prevista como opção do
legislador, não poderá ser exclusiva do agente ou autoridade de segurança pública, mas de qualquer
cidadão. O novel artigo assegura, na verdade, direito de acompanhar ab initio as investigações, podendo
a defesa fazer requerimentos que, como qualquer outro, serão apreciados pela autoridade que preside
o procedimento oficial”.
Artigo 14 Alínea A, Parágrafo Segundo – Esgotado o prazo disposto no Parágrafo Primeiro deste artigo
com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação
deverá intimar a instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para
que essa, no prazo de 48 horas, indique defensor para a representação do investigado.
Segundo o professor Rogério Sanches Cunha, “Assistência jurídica gratuita – Apesar de relevante e
fundamental a atuação de agentes e autoridades de segurança pública na garantia ou na restauração da
paz social, quando figuram como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e
demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto seja fato relacionado ao uso da força letal praticado no
exercício profissional ou missões para Garantia da Lei e da Ordem, carecem, quase sempre, de efetiva
assistência jurídica.
Se chamado a constituir defensor, o servidor não o faz no prazo de 48 horas, a autoridade responsável
pela investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o investigado à época da
ocorrência dos fatos, para que esta, no mesmo prazo, indique defensor para representá-lo”.
Ainda com relação a este tema, o professor Rogério Sanches Cunha faz importante observação sobre
duas questões relevantes.
Não atendimento ao artigo 14 Alínea A, consequências – O não chamamento do investigado para
acompanhar a investigação gera nulidade dos atos supervenientes.
Indiciado não localizado – A Lei número 13.964 de 2019 não previu solução para o caso de não ser o
servidor investigado encontrado. Diante da sistemática construída, sendo incompatível o chamamento
por edital, o que burocratizaria de forma anormal a investigação de fatos graves, sugerimos aplicar-se
Parágrafo Segundo.
Artigo 14 Alínea A - Parágrafo Terceiro - (VETADO).
Artigo 14 Alínea A - Parágrafo Quarto - (VETADO).
Artigo 14 Alínea A - Parágrafo Quinto - (VETADO).
Os Parágrafos Terceiro, Quarto e Quinto, apesar de serem objeto de debate na doutrina, não serão
estudados em razão do VETO pelo Presidente da República.
Parágrafo Sexto – As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares vinculados
às instituições dispostas no artigo 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam
respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem.
Segundo o professor Guilherme de Souza Nucci, “É preciso analisar o disposto pelo Parágrafo Sexto, que
sobrou, sem veto. Dispõe que os membros das forças armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército
e pela Aeronáutica (artigo 142, Constituição Federal (CF)) também fazem jus à citação, durante a
investigação, com acompanhamento de advogado. Entretanto, não abrange qualquer crime militar,
constante do artigo Nono do Código Penal Militar. Apenas os que disserem respeito a missões especiais
para a “Garantia da Lei e da Ordem”. Ora, esta é uma intervenção, já praticada em alguns Estados
brasileiros, não contemplando todos os delitos militares. Deve-se aplicar o disposto pelo artigo Nono,
Parágrafo Segundo do Código Processual Militar (CPM); “Os crimes de que trata este artigo, quando
dolosos contra a vida e cometidos por militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência
da Justiça Militar da União, se praticados no contexto;
Inciso Um – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República
ou pelo Ministro de Estado da Defesa;
Inciso Dois – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que
não beligerante; ou
Inciso Três – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de
atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no artigo 142 da Constituição Federal
e na forma dos seguintes diplomas legais;
a) Lei número 7.565, de 19 de dezembro de 1986 – Código Brasileiro de Aeronáutica;
b) Lei Complementar número 97, de 9 de junho de 1999;
c) Decreto-Lei número 1.0002, de 21 de outubro de 1969 – Código de Processo Penal Militar; e
d) Lei número 4.737, de 15 de julho de 1965 – Código Eleitoral” (grifamos)”.
JUIZ DAS GARANTIAS
Você sabia que a nova figura jurídica intitulada como “Juiz das Garantias” foi concebida através do
“Pacote Anticrime” e inserida no Código de Processo Penal pela previsão contida nos artigos Terceiro
Alínea A, Terceiro Alínea B, Terceiro Alínea C, Terceiro Alínea D, Terceiro Alínea E e Terceiro Alínea F.?
Apesar da nova figura jurídica do “Juiz das Garantias” estar com a sua eficácia suspensa até a decisão
final do STF, devemos compreender a previsão legal sobre a sua atuação na fase pré-processual.
O “Juiz das Garantias” foi concebido para atuar da fase da investigação criminal, mais especificamente
para controlar a legalidade das atividades policiais, bem como autorizar determinadas diligências que só
poderão ser realizadas mediante autorização judicial. A fase pré-processual se inicia com a instauração
do procedimento de investigação criminal, prosseguindo com a realização todas as diligências
necessárias para a apuração dos indícios da autoria e materialidade da infração penal, e finaliza com o
encerramento das investigações mediante o oferecimento da denúncia, ato este que antecede o início
da ação penal (fase processual).
Se o “Juiz das Garantias” (juiz da investigação) aceitar a denúncia, encerra a sua atuação pois estará
encerrada a fase pré-processual. Esse momento marca o início da ação penal e o início da atuação
(competência) do “Juiz da Instrução” (juiz do processo).
Com relação a esse tema, o professor Guilherme de Souza Nucci entende que, “O juiz de garantias não
se aplica aos tribunais, mesmo quando conduzem investigações, porque são colegiados, ou seja, não é o
mesmo Ministro/Desembargador que fiscalizará as investigações e, ao mesmo tempo, julgará, sozinho, a
ação penal originária. Ao contrário, há um colegiado para isso. O objetivo primordial do juiz de garantias
é evitar a concentração de poder nas mãos do mesmo juiz, que fiscaliza (antes da nova lei, participava da
condução) a investigação e, depois, irá conduzir a instrução para, ao final, julgar o processo. É preciso ter
um excepcional equilíbrio para separar tudo o que colheu na investigação daquilo que amealhou
durante a instrução. Por isso, o juiz de garantias pretende solucionar esse dilema”.
O processo penal e a previsão sobre a sua estrutura acusatória
Artigo Terceiro Alínea A – O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas à iniciativa do juiz na fase
de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.
A “estrutura acusatória” prevista no citado artigo, significa que a fase processual deverá ser constituída
pela atuação de determinadas figuras processuais, distintas entre si, exercendo separadamente as
funções de acusar, defender e julgar o acusado durante o trâmite do processo. Sobre tal previsão legal,
vamos recorrer aos ensinamentos do professor Rogério Sanches Cunha;
“No sistema acusatório, cada sujeito processual tem uma função bem definida no processo. A um caberá
acusar (como regra, o Ministério Público), a outro defender (o advogado ou defensor público) e, a um
terceiro, julgar (o juiz). A lição de José Frederico Marques merece ser lembrada.
O citado autor identifica as principais características do sistema acusatório, a saber;
a) separação entre os órgãos da acusação, defesa e julgamento, de forma a se instaurar um processo de
partes;
b) liberdade de defesa e igualdade de posição das partes;
c) vigência do contraditório;
d) livre apresentação das provas pelas partes;
e) regra do impulso processual autônomo, ou ativação inicial da causa pelos interessados. Diríamos, em
acréscimo; o processo é público, salvo algumas situações previstas em lei.
A nossa Bíblia Política de 1988 adota esse sistema. A lei número 13.964 de 2019, obediente à Carta
Maior, foi clara, o processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de
investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.
Na sistemática que antecedeu a Lei número 13.964 de 2019, a regra de competência ia no sentido
diametralmente oposto, isto é, o juiz da investigação tornava-se prevento para prosseguir no feito até
final julgamento (artigos 75, Parágrafo único, e 83 do Código Processual Penal (CPP)).
Lei no tempo – Em respeito ao ato jurídico perfeito, ao juiz natural e ao princípio da identidade física do
juiz, entendemos que o sistema do juiz das garantias deve ser aplicado nos casos futuros, não
retroagindo para alcançar feitos já instaurados.
Cabe realizar um comentário sobre este penúltimo Parágrafo, transcrito da obra do professor Rogério
Sanches Cunha, em que são citados os artigos 75, Parágrafo único, e 83 do Código Processual Penal
(CPP).
O ensinamento do citado professor é baseado nas modificações trazidas pelo número 13.964 de 2019,
na hipótese de que todos os seus dispositivos legais estariam em pleno vigor, após o respectivo período
de vacância.
Código de Processo Penal
Artigo 75 – A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição
judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.
Parágrafo único – A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de
prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal.
Artigo 83 – Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes
igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática
de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia
ou da queixa (artigos 70, Parágrafo Terceiro, 71, 72, Parágrafo Segundo, e 78, Inciso Dois, Letra C).
Em razão da suspensão da eficácia dos artigos que conceberam o “Juiz das Garantias”, promovida pelo
STF, por tempo ainda indeterminado, a regra que vigorava no Código de Processo Penal antes da
promulgação da Lei número Lei número 13.964 de 2019, continua a ser aplicada, ou seja, o juiz que atua
na fase da investigação, decidindo sobre a concessão de alguma medida cautelar, torna-se prevento
para prosseguir na fase do processo até o julgamento. Essa é a regra atualmente em vigor, e continuará
sendo até o STF proferir a sua decisão definitiva sobre o tema.
O rol de competências do “Juiz das Garantias”
Artigo Terceiro Alínea B – O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação
criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização
prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente;
O novo artigo Terceiro Alínea B do Código Processual Penal (CPP) apresenta um rol de competências
para o “Juiz das Garantias”, rol este que a doutrina classifica como sendo não taxativo em razão do
dispositivo contido no seu inciso Dezoito, prevendo que o mesmo poderá decidir sobre; “outras matérias
inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo”. O citado artigo apresenta os dois pilares que
fundamentam a criação dessa nova figura jurídica;
1) ser responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e;
2) ser responsável pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à
autorização prévia do Poder Judiciário.
E as “ferramentas legais” (não taxativas) para o exercício de tal competência estão relacionadas ao longo
dos dispositivos que compõem tal artigo. Para otimizar a compreensão da matéria, após cada dispositivo
estudado, reproduziremos diretamente os ensinamentos proferidos pelos professores anteriormente
citados.
Artigo Terceiro Alínea B, Inciso Um – receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso
LXII do caput do artigo Quinto da Constituição Federal;
Segundo o professor Rogério Sanches Cunha, no nosso ordenamento jurídico, a matéria, até o advento
da Lei número 13.964 de 2019, estava prevista apenas na Resolução número 213 de 2015, do Conselho
Nacional de Justiça e em normas internas dos tribunais. Agora temos Lei (artigo 310 do Código
Processual Penal (CPP)).
A audiência de custódia (ou de apresentação) tem dupla finalidade; de proteção, a fim de tutelar a
integridade física do preso, e de constatação, aquilatando, de acordo com as circunstâncias do caso
concreto, a necessidade de ser mantida a prisão do autuado.
Interessante observar que o juiz que participa da audiência de custódia nem sempre atuará como juiz
das garantias do caso a ele apresentado, pois tal solenidade pode acorrer num plantão judiciário, por
exemplo (algo comum e rotineiro). Contudo, ao decidir medidas cautelares, também este magistrado
“do plantão” estará proibido de servir na instrução.
Artigo Terceiro Alínea B, Inciso Dois – receber o auto da prisão em flagrante para o controle da
legalidade da prisão, observado o disposto no artigo 310 deste Código;
Segundo o professor Guilherme de Souza Nucci, “Esta providência sempre foi adotada, nos termos do
artigo 306 do Código Processual Penal (CPP). Recebida a comunicação, o juiz pode relaxar a prisão ilegal
(artigo 310, Inciso UM, Código Processual Penal (CPP)), pode converter a prisão em flagrante em
preventiva, quando presentes os requisitos constantes do artigo 312 deste Código, e se revelarem
inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão (artigo 310, Inciso Dois, Código
Processual Penal (CPP)); conceder liberdade provisória, com ou sem fiança (artigo 310, Inciso Três,
Código Processual Penal (CPP))”.
Artigo Terceiro Alínea B, Inciso Três – zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar
que este seja conduzido à sua presença, a qualquer tempo;
Segundo o professoressor Guilherme de Souza Nucci, “Este dispositivo nem necessitaria ter sido
introduzido, pois havendo a audiência de custódia está-se prevendo a oportunidade de o juiz zelar pelos
direitos do preso. Mas, há de se convir que se ampliou, ainda mais, esse cuidado com a integridade física
e moral do detento. Diante disso, basta o preso requerer audiência com o juiz de garantias, por conta de
ameaças sofridas, superlotação, falta de atenção médica, dentre fatores similares, para ser oportuna a
condução do detido à presença do juiz de garantias.
Artigo Terceiro Alínea B, Inciso Quatro – ser informado sobre a instauração de qualquer investigação
criminal;
Segundo o professor Guilherme de Souza Nucci, “Esta é uma novidade cuja importância e alcance há de
ser tratada com cautela. Quando o delegado instaurava o inquérito policial para apurar um crime, não
era obrigado a notificar ninguém; aliás, somente daria ciência ao investigado quando este fosse
indiciado formalmente (apontado pela autoridade policial como suspeito). O mesmo se diga em relação
a outras investigações, muitas das quais agora podem ser iniciadas pelo Ministério Público (PIC),
procedimento investigatório criminal). Inexistindo neste procedimento o indiciamento, em verdade, o
investigado ficava sabendo disso se alguém lhe contasse ou mesmo quando o PIC já serviu de elemento
para instruir uma denúncia, sendo então citado para responder à ação penal. Diante disso, toda a
investigação do Ministério Público, assim que eleger um suspeito, deve cientificá-lo, sob pena de
ocorrer, desde logo, vício representativo de cerceamento de defesa, valendo, como instrumento, o
trancamento da investigação, a ser requerido ao juiz de garantias. Se este negar, caberá habeas corpus
ao Tribunal.
Artigo Terceiro Alínea B, Inciso Cinco – decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra
medida cautelar, observado o disposto no Parágrafo Primeiro deste artigo;
Segundo o professor Guilherme de Souza Nucci, “Cabe ao juiz de garantias, durante a investigação,
decretar a prisão provisória ou outra medida cautelar, requerida pelo órgão acusatório. São prisões
provisórias cabíveis; prisão temporária e prisão preventiva. As medidas cautelares, diversas da prisão,
estão previstas no artigo 319 do Código Processual Penal (CPP). Impôs a observação ao disposto no
Parágrafo Primeiro deste artigo Terceiro-B, porém, esse Parágrafo foi vetado, sob o fundamento de que
foi suprimida a possibilidade de realização da audiência de custódia por videoconferência, o que geraria
insegurança jurídica, pois esse tipo de audiência é admitido em outros preceitos da lei processual penal;
além disso, apontou-se o aumento da despesa e a complexidade de se ter que convocar um juiz de outra
comarca (quando o juiz for o único da comarca onde foi decretada a prisão cautelar) para realizar a
audiência de custódia. Não nos parece acertado o veto ao Parágrafo Primeiro”.
Artigo Terceiro Alínea B, Inciso Seis – prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como
substituí-las ou revogá-las, assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em audiência
pública e oral, na forma do disposto neste Código ou em legislação especial pertinente;
Segundo o professor Guilherme de Souza Nucci;“Esta medida, sim, tinha tudo para ser vetada pela
complexidade e também pela complicação que vai gerar. A situação é a seguinte; o juiz de garantias
decreta a prisão temporária de alguém por 5 dias; se houver necessidade de prorrogá-la por outros 5
dias, deverá designar audiência pública (a portas abertas) e oral (podendo qualquer das partes
envolvidas comparecer e falar diretamente ao juiz, ouvindo deste alguma justificativa, valendo-se do
contraditório). Essa medida vai incentivar o uso de prisão preventiva, para evitar o curto 28 espaços de
tempo da prisão temporária, ao menos daquelas que duram somente 5 dias”.
Artigo Terceiro Alínea B, Inciso Sete – decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas
consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência
pública e oral;
Segundo o professor Guilherme de Souza Nucci, “Este preceito entra em confronto, parcialmente, com o
disposto pelo artigo 156, Inciso UM, do Código de Processo Penal (CPP). O novo inciso possibilita que o
juiz participe da produção antecipada de provas, consideradas urgentes e relevantes, observando a
necessidade, adequação e proporcionalidade da medida. Entretanto, não mais pode o juiz, agora
denominado de garantias, a quem compete essa produção antecipada de provas, determina-la de ofício,
dependendo de requerimento das partes, órgão acusatório ou defesa. Cite-se o tradicional exemplo da
existência de uma testemunha presencial, que seja crucial ao deslinde do caso, mas esteja muito
doente. É preciso ouvi-la de pronto, antes mesmo do início da instrução. Nesse caso, o juiz de garantias
designa uma audiência para a produção antecipada de provas, na situação concreta, a oitiva de uma
testemunha fundamental. Fixa-se, expressamente, o direito ao investigado de lhe ter assegurado o
contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral”.
Artigo Terceiro Alínea B, Inciso Oito – prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado
preso, em vista das razões apresentadas pela autoridade policial e observado o disposto no Parágrafo
Segundo deste artigo;
Segundo o professor Rogério Sanches Cunha, Antes da Lei número 13.964 de 2019, o prazo para
conclusão do inquérito deveria observar normas distintas, a depender se tramitava na justiça estadual
ou federal. Se estadual, aplicava-se o artigo 10 do Código Processual Penal (CPP), ou seja, prazo de dez
dias quando preso o indiciado (contado da data da prisão) e de trinta dias quando solto, nesta última
hipótese admitindo prorrogação (artigo 10, Parágrafo Terceiro).
No caso de inquérito federal, aplicava-se o artigo 66 da Lei número 5.010 de 1966 (que organizou a
Justiça Federal de Primeira instância), que prevê que “o prazo para conclusão do inquérito policial será
de quinze dias”. O diploma, porém, não aponta prazo para conclusão na hipótese do indiciado solto,
razão pela qual incidia a regra geral dos trinta dias, prevista no artigo 10 do Código Processual Penal
(CPP). Com a nova Lei número 13.964 de 2019, para o caso de indigitado preso na Justiça Estadual,
operou-se um conflito dentro do próprio Código Processual Penal (CPP). O artigo 10 manda concluir em
10 dias, sem prorrogação.
O artigo Terceiro Alínea B, Parágrafo Segundo, manda concluir em 15 dias, admitindo uma prorrogação.
E agora? Devemos, no caso, trabalhar com o princípio da posteridade. A norma posterior revoga, ainda
que em parte, a anterior. Prevalece, portanto, o artigo Terceiro Alínea B, Parágrafo Segundo,
uniformizando o prazo nas duas instâncias (estadual e federal).
Outros prazos em legislação extravagante para conclusão do inquérito policial devem ser respeitados,
em homenagem ao princípio da especialidade. Assim, o artigo 51 da Lei número 11.343 de 2006 (Lei de
Drogas), prevê o prazo de trinta dias para a conclusão do inquérito, estando o indiciado preso e de
noventa dias quando solto. Nos crimes contra a economia popular (Lei número 1.521 de 1951), esse
prazo é de dez dias (artigo 10, Parágrafo Primeiro), solto ou preso o réu. É de vinte dias o prazo para
término do inquérito instaurado perante a Justiça Militar, estando o réu preso e de quarenta dias, se
solto (artigo 20 do Código Processial Penal Militar (CPPM)).
Artigo Terceiro Alínea B, Inciso Nove – determinar o trancamento do inquérito policial quando não
houver fundamento razoável para sua instauração ou prosseguimento;
Segundo o professor Guilherme de Souza Nucci, “Este dispositivo não é novidade, pois qualquer
investigação, instaurada pelo delegado ou pelo membro do Ministério Público, se for abusiva, indicando
alguém como suspeito formal, sem provas suficientes, pode ser trancado (noutros termos, truncado e
determinado seu arquivamento. Socorre-se o investigado do juiz de garantias. Se este, por sua vez,
negar, cabe a interposição de habeas corpus junto aos Tribunais”.
Artigo Terceiro Alínea B, Inciso Dez – requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de
polícia sobre o andamento da investigação;
Segundo o professor Guilherme de Souza Nucci, “Não há norma inédita neste ponto, visto que o juiz de
garantias (antes, o juiz que acompanhava o inquérito) pode requisitar (exigir, nos termos legais) tudo o
que seja indispensável para verificar a justa causa para prosseguimento da investigação”.
Artigo Terceiro Alínea B, Inciso Onze – decidir sobre os requerimentos de;
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática ou de
outras formas de comunicação;
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico;
c) busca e apreensão domiciliar;
d) acesso a informações sigilosas;
e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado;
Segundo o professor Guilherme de Souza Nucci, “O juiz de garantias vai cumprir as vezes dos juízes que
acompanhavam o inquérito, mesmo que fossem, posteriormente, o juiz do processo principal. Ele
poderá decidir acerca dos requerimentos, geralmente pelo órgão acusatório, de interceptação
telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática ou de outras formas de
comunicação (esta última parte abrange todos os modos de comunicação surgidos nos últimos tempos,
como mensagens trocadas pelo celular, por meio de inúmeros programas). Caberá, igualmente, ao juiz
de garantias a quebra dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico, distinguindo-se da interceptação
telefônica porque esta acompanha a gravação das conversas enquanto se realizam; a outra obtém dados
registrados de ligações realizadas. É da sua atribuição, também, a expedição de mandado de busca e
apreensão em domicílio. Cabe-lhe, genericamente, o acesso a informes sigilosos (por exemplo, o acesso
a um processo que tramita na Vara da Infância e Juventude). Termina-se com uma norma aberta; outros
meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado. Pode envolver
quaisquer informes sigilosos que tenham alguma relação com investigado (ex.; um processo de
separação judicial litigiosa que ocorreu em segredo de justiça na Vara de Família)”.
Artigo Terceiro Alínea B, Inciso Doze – julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da
denúncia;
Segundo o professor Guilherme de Souza Nucci, “Esse dispositivo torna clara uma regra já existente há
décadas. Qualquer abuso de autoridade gerada por autoridade policial, por exemplo, sempre foi
apreciado pelo juiz que acompanha o inquérito, agora é competência do juiz de garantias. Se a
investigação estiver sendo conduzida por membro do Ministério Público deverá ser questionada por
habeas corpus, dirigido ao Tribunal”.
Artigo Terceiro Alínea B, Inciso Treze – determinar a instauração de incidente de insanidade mental;
Segundo o professor Rogério Sanches Cunha, nos termos do artigo 149 do Código Processual Penal
(CPP), havendo dúvida “sobre a integridade mental do acusado, deverá ser instaurado o incidente da
sanidade mental. Diante da redação do artigo Terceiro Alínea A do Código Processual Penal (CPP),
vedando a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de
acusação, nascerá discussão até então inexistente se o incidente pode ou não ser ordenado de ofício
pelo juiz das garantias, ou somente mediante provocação. A instauração do incidente pressupõe dúvida
razoável a respeito do estado mental do investigado. Assim, por exemplo, a mera brutalidade com que
cometido o crime ou os péssimos antecedentes do agente não implicam, necessariamente, a suspeita de
sua imputabilidade. Tampouco o fato de se declarar o indigitado viciado no uso de drogas”.
Artigo Terceiro Alínea B, Inciso Quatorze – decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos
termos do artigo 399 deste Código;
Com relação a este inciso, cabe a análise dos nossos dois professores, pois ambos possuem
entendimentos bem específicos com relação a essa importante etapa da persecução penal, que é o
momento da transição entre a fase de investigação (pré-processual) e a fase processual.
Segundo o professor Guilherme de Souza Nucci, “Essa competência é nova para o juiz de garantias. Em
tese, o recebimento da denúncia ou da queixa deveria ser feito pelo juiz da instrução, que vai conduzir o
feito até o final, porém, com o propósito de eliminar das mãos do juiz do processo os autos do inquérito
ou da investigação, a única possibilidade era essa. O juiz de garantias tem amplo acesso à investigação,
logo, somente ele pode saber se há justa causa – ou não – para o recebimento da denúncia ou queixa.
Resta ao juiz do processo-crime, após a resposta do réu, se achar conveniente usar a absolvição
sumária”.
Segundo o professor Rogério Sanches Cunha, “Aqui temos um erro grave da Lei. O juiz das garantias
jamais poderia permanecer até a fase do artigo 399 do Código Processual Penal (CPP). Após o
recebimento da inicial, que demanda apenas o juízo de prelibação, a competência deveria ser,
incontinenti, do juiz da instrução, responsável pelo juízo de delibação.
Percebam que o legislador acabou inserindo entre as competências do juiz das garantias, criado para
atuar somente até a viabilidade da acusação, o poder para decidir mérito. Será este mesmo magistrado
quem analisará a defesa escrita do denunciado (artigo 396 Alínea A do Código Processual Penal (CPP)),
bem como o cabimento (ou não) da absolvição sumária (artigo 397 do Código Processual Penal (CPP)) “.
OBSERVAÇÃO – juízo de prelibação – juízo de admissibilidade.
OBSERVAÇÃO – juízo de delibação – é a apreciação judicial de um pedido feito pelas partes num
processo.
Artigo Terceiro Alínea B, Inciso Quinze – assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito
outorgado ao investigado e ao seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas
produzidos no âmbito da investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em
andamento;
Segundo o professor Rogério Sanches Cunha, “Embora seja sempre bem-vinda a publicidade de
qualquer ato perpetrado por autoridade pública, pois confere maior transparência às suas ações,
podendo se aferir a legalidade de sua conduta e maior controle pela sociedade, o certo é que, de outro
lado, o sigilo por vezes é fundamental, sobretudo em se tratando de inquérito policial. O artigo 20 do
Código Processual Penal (CPP) admite, por isso, que a autoridade policial determine o sigilo do inquérito,
desde que necessário;
Primeiro – à elucidação do fato; ou
Segundo – exigido pelo interesse da sociedade.
Não se trata, pois, de mero ato discricionário da autoridade, mas antes, de decisão que se sujeita a esses
dois requisitos.
Por fim, deve ser lembrado que o artigo 32 da Lei número 13.869 de 2019 pune, com detenção de 6
meses a 2 anos, “Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação
preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de
infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a
peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo
seja imprescindível”. Essas condutas, para caracterizarem crime, devem ser praticadas pelo agente com
a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou ainda, por mero
capricho ou satisfação pessoal (artigo Primeiro).
A matéria, como alertado, já estava disciplinada na Súmula Vinculante 14. O alcance da Súmula (e da
incriminação do artigo 32) refere-se ao direito assegurado ao interessado (bem como ao seu defensor
ou advogado) de acesso aos elementos constantes em procedimento investigatório que lhe digam
respeito e que já se encontrem documentados nos autos, não abrangendo, por óbvio, as informações
concernentes à decretação e à realização das diligências investigatórias pendentes, em especial as que
digam respeito a terceiros eventualmente envolvidos.
Observação – Súmula Vinculante número 14 do STF Artigo Terceiro Alínea B, Inciso Dezesseis – deferir
pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia;
Segundo o professor Guilherme de Souza Nucci, “Esta providência é relevante, pois se o artigo 159 do
Código Processual Penal (CPP) assegura a participação de assistente técnico das partes à perícia oficial,
era preciso prever que a sua admissão se desse já na fase policial (ou de investigação ministerial). É o
que sempre defendemos. Note-se, no entanto, que o artigo 159, Parágrafo Quarto, preceitua que o
assistente técnico atuará a partir da admissão do juiz. Não se indica qual juiz. Mas o mais lógico é que
isso se dê já na fase da investigação, agora resolvida a questão”.
Artigo Terceiro Alínea B, Inciso Dezessete – decidir sobre a homologação de acordo de não persecução
penal ou os de colaboração premiada, quando formalizados durante a investigação;
Segundo o professor Guilherme de Souza Nucci, “O novo instituto da não persecução penal, assim como
a colaboração premiada que surge na fase da investigação devem ser analisadas e homologadas pelo juiz
de garantias. Nada mais natural, pois outro juiz inexiste nesta fase”
Segundo o professor Rogério Sanches Cunha, “Tomado pelo espírito de justiça consensual, compreende-
se o acordo de não persecução penal como sendo o ajuste obrigacional celebrado entre órgão de
acusação e o investigado (assistido por advogado), devidamente homologado pelo juiz, no qual o
indigitado assume a sua responsabilidade, aceitando cumprir desde logo, condições menos severas do
que a sanção penal aplicável ao fato a ele imputado”.
Observação; O acordo de não persecução penal está previsto no artigo 28 Alínea A do Código Processual
Penal (CPP), inserido pela Lei número 13.964/19 (Pacote Anticrime), e será devidamente estudado no
Capítulo Cinco Sobre Ação Penal, desta apostila.
Artigo Terceiro Alínea B, Inciso Dezoito – outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput
deste artigo.
Segundo o professor Guilherme de Souza Nucci, “Trata-se de um dispositivo residual, conferindo
competência ao juiz de garantias para decidir qualquer tema, mesmo não elencado neste artigo, desde
que esteja na fase de investigação, antes do início do processo-crime”.
Artigo Terceiro Alínea B, Parágrafo Primeiro (VETADO).
O Parágrafo Primeiro, apesar de ser objeto de debate na doutrina, não será estudado em razão do seu
VETO pelo Presidente da República.
Artigo Terceiro Alínea Parágrafo Segundo – Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá,
mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez,
a duração do inquérito por até 15 dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a
prisão será imediatamente relaxada.
O Parágrafo Segundo complementa a previsão contida no inciso Oito do caput do artigo Terceiro Alínea
B.
Para otimizar a compreensão deste Parágrafo, será necessária uma nova leitura do comentário realizado
pelo professor Rogério Sanches Cunha no citado inciso.
A previsão sobre outras competências
Artigo Terceiro Alínea C – A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto
as de menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na forma do artigo
399 deste Código”.
Segundo o professor Rogério Sanches Cunha, “O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos
critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, características
incompatíveis com a figura do juiz das garantias.
O caput do artigo Terceiro Alínea C também prevê o término da atuação do juiz das garantias com a
(sua) decisão sobre o recebimento (ou não) da denúncia ou da queixa conforme a previsão contida no
artigo Terceiro Alínea B, Inciso Quatorze, já comentada anteriormente.
Artigo Terceiro Alínea C, Parágrafo Primeiro – Recebida à denúncia ou queixa, as questões pendentes
serão decididas pelo juiz da instrução e julgamento.
Com relação ao Parágrafo Primeiro do artigo Terceiro Alínea C, importante ressaltar que, apesar da
denúncia ou queixa ser a peça inicial do processo, a decisão sobre o seu recebimento caberá ao juiz das
garantias. Contudo, qualquer questão pendente sobre tal peça inicial deverá ser decidida pelo juiz da
instrução, pois a persecução penal já se encontra na sua fase processual.
Artigo Terceiro Alínea C, Parágrafo Segundo – As decisões proferidas pelo juiz das garantias não
vinculam o juiz da instrução e julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá
reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo máximo de 10 dias.
Segundo o professor Guilherme de Souza Nucci, “Embora o disposto no Parágrafo Segundo do artigo
Terceiro-C possa parecer evidente, não é assim tão simples. As decisões do juiz de garantias não
vinculam o juiz da instrução o que é lógico. Recebida a denúncia ou queixa, cabe o reexame das medidas
cautelares em curso, no prazo máximo de 10 dias. Este prazo é fatal para determinar a legalidade ou
ilegalidade da medida cautelar existente. Ultrapassados os 10 dias, exceto por justificativa plausível,
como o excesso notório de serviço, a medida cautelar torna-se ilegal e deve ser revogada, seja ela qual
for. Porém, há um ponto importante; o juiz da instrução haverá de decidir sobre a mantença ou
revogação de medidas, especialmente, a prisão cautelar praticamente no escuro. As provas colhidas nos
autos da investigação não chegam até ele; logo, terá a denúncia ou queixa em mãos para dar
continuidade – ou não – a medidas cautelares vigentes. Assim sendo, o juiz da instrução não toma
conhecimento pleno da referida investigação, mas, sim, de um documento ou outro, que lhe permita
aferir se mantém ou revoga determinada medida cautelar, decretada pelo juiz das garantias.
Ressalva-se, por óbvio, as provas irrepetíveis, como um laudo necroscópico, entre outras (provas
antecipadas, por exemplo). Estabelece-se, agora, um sistema acusatório, vedando-se o acesso do juiz
instrutor do processo aos autos da investigação. Os autos da investigação, para essa finalidade,
desaparecem. Ficam arquivados em cartório.
Artigo Terceiro Alínea C, Parágrafo Terceiro – Os autos que compõem as matérias de competência do
juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria desse juízo, à disposição do Ministério Público e da
defesa, e não serão apensados aos autos do processo enviados ao juiz da instrução e julgamento,
ressalvados os documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de
antecipação de provas, que deverão ser remetidos para apensamento em apartado.
Segundo o professor Rogério Sanches Cunha, “Pela simples leitura do dispositivo em comento (artigo
Terceiro Alínea C, Parágrafo Terceiro), percebe-se que as matérias que não se inserem na competência
do juiz das garantias, leia-se, que estão fora dos incisos do artigo Terceiro Alínea B, podem, sem
problemas, acompanhar a inicial acusatória, como, por exemplo, oitivas na polícia, procedimento de
inquérito civil, procedimento na esfera da infância e juventude etc.
Logo, a confissão policial, por exemplo, mesmo com o sistema do juiz das garantias, continuará
instruindo o processo penal, permanecendo válida a Súmula 545 do STJ; “Quando a confissão for
utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu farpa jus à atenuante prevista no artigo
65, Inciso Três, Letra D, do Código Penal”.
Artigo Terceiro Alínea C, Parágrafo Quarto – Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos
acautelados na secretaria do juízo das garantias.
Segundo o professor Guilherme de Souza Nucci, “Esse direito de amplo acesso aos autos de investigação
leva exatamente a quê? Somente para contrastar as provas até aí produzidas e o recebimento (ou
rejeição) da denúncia ou queixa? Porém, surge um ponto. Se as partes têm livre acesso aos autos da
investigação, por que não podem tirar fotocópias e incluir no processo principal? Será uma questão a ser
decidida no caso concreto. Afinal, amplo acesso à prova pode significar amplo uso dessa prova”.
Artigo Terceiro Alínea D – O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas
competências dos artigos Quarto e Quinto deste Código ficará impedido de funcionar no processo.
Segundo o professor Rogério Sanches Cunha, “O caput do artigo Terceiro Alínea D do Código Processual
Penal (CPP), segundo a redação dada pela Lei número 13.964 de 2019, é inútil. O juiz das garantias, de
qualquer forma, só atua até o recebimento da inicial. A leitura isolada do artigo Terceiro-D, caput,
parece sugerir haver situação em que o juiz das garantias pode ser também o juiz da instrução. Contudo,
lendo os demais artigos, essa hipótese não tem cabimento”.
Artigo Terceiro Alínea D, Parágrafo único – Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais
criarão um sistema de rodízio de magistrados, a fim de atender às disposições deste Capítulo.
Segundo o professor Rogério Sanches Cunha, “Esclarece o Parágrafo que nas comarcas em que funcionar
apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de rodízio de magistrados, a fim de atender às
disposições deste Capítulo, leia-se, destacar um magistrado para supervisionar atos pré-processuais e
apreciar pedidos cautelares, e outro para atuar no processo instaurado até final decisão”.
Artigo Terceiro Alínea E – O juiz das garantias será designado conforme as normas de organização
judiciária da União, dos Estados e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a serem
periodicamente divulgados pelo respectivo tribunal.
Segundo o professor Rogério Sanches Cunha, “O juiz das garantias deve respeitar o princípio do juiz
natural”. Sua competência para o controle da legalidade da investigação criminal e para a salvaguarda
dos direitos individuais deve ser previamente estabelecida na lei. Com isso, se evita o chamado juízo de
exceção, de ocasião ou magistrado encomendado, vedado pela Constituição (artigo Quinto, inciso Trinta
e Sete).
Dentro desse espírito, o artigo Terceiro Alínea E – encerra verdadeira garantia ao cidadão, que tem a
certeza de que a sua investigação será fiscalizada por um juiz previamente conhecido, cercado de
garantias que lhe assegurem a independência e a imparcialidade, e não por um juiz especialmente
designado para o caso concreto.
Artigo Terceiro Alínea F – O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o
tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da imprensa
para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, administrativa
e penal.
Parágrafo único – Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, em 180 dias, o modo
pelo qual as informações sobre a realização da prisão e a identidade do preso serão, de modo
padronizado e respeitada a programação normativa aludida no caput deste artigo, transmitidas à
imprensa, assegurados a efetividade da persecução penal, o direito à informação e a dignidade da
pessoa submetida à prisão.
Segundo o professor Rogério Sanches Cunha, “A Lei número 13.964 de 2019, de forma curiosa, atribui
ao juiz das garantias o dever de assegurar o cumprimento das regras para o tratamento dos presos,
impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da imprensa para explorar a imagem
da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, administrativa e penal.
Uma regulamentação que deverá trabalhar as regras para o tratamento dos presos, sua relação com a
imprensa e a preservação da sua imagem. Em suma, conjugar a efetividade da persecução penal, o
direito à informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão.
A quem caberá à criação do ato normativo?
No âmbito do judiciário, Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Já na esfera do Ministério Público, Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Para as polícias, Ministério da Justiça e secretarias de segurança dos estados.
Com relação ao artigo Terceiro-F, importante ressaltar que a afronta ao mesmo constituirá na prática do
crime de abuso de autoridade, conforme a previsão contida no artigo 13 da Lei número 13.869 de 2019.
AÇÃO PENAL E ALGUMAS CONSIDERAÇÕES.
Você sabia que ação penal é um instituto processual que garante ao Estado a persecução criminal dos
indivíduos que praticam algum delito, isso quer dizer que visa dar a garantia à sociedade de que o
infrator não passará impune por crimes praticados no seio da sociedade. Você sabia disso?
As ações podem ser subdivididas em públicas e privadas.
PÚBLICA – é a ação penal cuja titularidade pertence ao Ministério Público. A ação penal pública possui
alguns princípios a saber;
Obrigatoriedade ou compulsoriedade – É necessária a existência de prova da materialidade do crime,
combinada com indícios razoáveis de autoria ou participação e, assim, o Ministério Público é obrigado a
oferecer a ação;
Indisponibilidade – Quando oferecida a ação penal, há sempre a necessidade do Ministério Público
permanecer na relação processual. Se formar sua convicção pela inocência do réu, poderá requerer sua
absolvição, mas não poderá, de fato, desistir da ação penal;
Indivisibilidade – É obrigatório que se impute os fatos a todos que são investigados no inquérito, sob
pena de gerar arquivamento do processo;
Intranscendência – A imputação não passa da pessoa do réu;
Incondicionada – Na ação penal pública incondicionada, o Ministério Público age de ofício, sem
‘provocação’;
Condicionada – Prescinde de representação da pessoa que foi ofendida ou de requisição do Ministro da
Justiça.
Já a ação PRIVADA ocorre quando o representante legal ou ofendido é o autor, devendo o ofendido
apresentar queixa-crime em sede de Juízo. Tal qual a pública, possui alguns princípios, a saber;
Oportunidade – Direito subjetivo do ofendido de deflagrar (ou não) a ação penal ou dela desistir a
qualquer momento;
Decadência – Esse direito normalmente tem um prazo de seis meses;
Renúncia (Expressa ou tácita) – como é uma faculdade do ofendido, o mesmo pode abrir mão do seu
direito;
Disponibilidade – É a possibilidade de desistência, mesmo após o julgamento (deve ocorrer antes do
trânsito em julgado);
Perdão – Tal qual a renúncia, pode ser tácito ou expresso;
Perempção – Quando o ofendido quer a ação, chega a propor, mas por desídia deixa de praticar algum
ato necessário ao andamento do processo;
Indivisibilidade – Não é possível que ela seja fracionada em relação aos infratores;
Intranscendência – A imputação não passa da pessoa do réu;
Exclusiva ou personalíssima – Somente o ofendido ou vítima, e seu representante legal e em alguns
casos, seus sucessores podem ajuizar;
Subsidiária da pública – O ofendido ou vítima, seu representante legal ou sucessores podem ajuizar,
desde que, em casos de ação pública, o Ministério Público não ofereça denúncia no prazo legal. A título
de conhecimento vale distinguir Denúncia, Notícia Crime, Representação e Queixa, a saber;
Denúncia
O Ministério Público, alicerçado na autoria e materialidade de algum fato criminoso (normalmente
conhecido através de um inquérito policial), forma sua convicção, denominada opinio delicti, iniciando a
ação penal pública com o oferecimento da peça inicial, definida no artigo 24do Código de Processo Penal
como denúncia.
Notitia criminis ou notícia-crime – É o conhecimento de um fato criminoso, que se leva à autoridade. Se
materializa por meio de um boletim de ocorrência ou de uma petição, entre outras formas, e pode ser
dirigida ao delegado de polícia, Comandante de Batalhão, ao Ministério Público ou ao juiz.
A lei não impõe rigor formal, mas devem estar presentes na comunicação a narrativa do fato em todas
as suas nuances e a indicação (com possível qualificação) de quem é provável autor do crime.
Representação – é a manifestação de vontade do ofendido ou da vítima, através de seu representante
legal, no sentido de ser instaurada a ação penal.
Ela tem lugar em crimes que são processados por ação penal pública condicionada, isto é, de
titularidade do Ministério Público, mas sujeita a essa condição. Trata-se na verdade de uma autorização
para que o órgão ministerial possa propor a ação penal.
Queixa – É a peça inicial da ação penal privada, no qual o ofendido ou vítima ingressa com a ação em
Juízo e a conduz. Da mesma forma que na representação, é a lei que diz quando um crime se processa
mediante ação penal privada.
Acordo de não persecução penal
Sargento, você sabia que foi a Lei número 13.964 de 2019 que inseriu uma inovação no Código de
Processo Penal; o acordo de não persecução penal. Com a inserção do artigo 28 Alínea A no Código
processual Penal (CPP), foram estabelecidas as regras pelo qual esse novo tipo de ajuste poderá ser
aplicado.
Vamos recorrer ao professor Rogério Sanches Cunha para compreender o conceito dessa inovação,
“Tomado pelo espírito de justiça consensual, compreende-se o acordo de não persecução penal como
sendo o ajuste obrigacional celebrado entre o órgão de acusação e o investigado (assistido por
advogado), devidamente homologado pelo juiz, no qual o indigitado assume sua responsabilidade,
aceitando cumprir, desde logo, condições menos severas do que a sanção penal aplicável ao fato a ele
imputado”.
Segundo o professor Guilherme de Souza Nucci, “Em diversos países, criaram-se vários instrumentos de
política criminal para evitar o encarceramento de quem comete uma infração de menor expressão,
admite o erro e pretende não mais delinquir.
Essa reforma atenua, ainda, mais o princípio da obrigatoriedade da ação penal pública incondicionada,
mas é o reflexo da nova política criminal assumida por diversas nações, da qual não deveria ficar por
fora a legislação brasileira.
O acordo de não persecução penal demanda os seguintes requisitos;
a) não é caso de arquivamento do inquérito ou autos de investigação;
b) confissão formal e detalhada por parte do investigado (seria mais adequado tratar por admissão de
culpa, visto não haver processo-crime para justificar uma confissão);
c) criem sem violência ou grave ameaça;
d) crime com pena mínima inferior a quatro anos;
No entanto, o legislador torna a mencionar que o acordo de não persecução penal precisa ser necessário
e suficiente para reprovação (retribuição) e prevenção do crime.
As condições previstas para o acordo de não persecução penal são as seguintes;
Inciso Um – Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
Inciso Dois – Renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como
instrumentos, produto ou proveito do crime;
Inciso Três – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena
mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da
execução, na forma do artigo 46 do Decreto-Lei número 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal);
Inciso Quatro – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do artigo 45 do Decreto-Lei
número 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser
indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos
iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
Inciso 5 - Cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que
proporcional e compatível com a infração penal imputada. Ao final, após o cumprimento integral do
acordo de não persecução penal pelo investigado, será decretada a extinção de punibilidade pelo juízo
competente.
BUSCA E APREENSÃO E ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Sargento, sabia que busca pessoal ou revista pessoal caracteriza-se pela inspeção do corpo do indivíduo
com a finalidade de promoção da segurança pública, sendo antecedida por comando verbal e que
diferentemente da busca e apreensão domiciliar, a busca pessoal independe de mandado judicial, e
pode ser realizada a qualquer tempo e hora.
Em se tratando de mulher, a revista deve ser feita preferencialmente por outra mulher consoante o
artigo 249 do Código processual Penal (CPP), inexistindo proibição legal para que a busca seja feita em
face de criança ou adolescente, idoso, deficiente ou detentor de foro privilegiado. No caso de crianças os
doutrinadores entendem que deve ser na presença do responsável e em local reservado. É importante
deixar claro que a finalidade da busca pessoal não é somente apurar ilícitos, mas também evitá-los. Daí
alguns doutrinadores dividirem-na em busca pessoal investigativa ou preventiva.
Na abordagem policial, este deve somar o tirocínio policial à proporcionalidade da ação, para que o
poder não se convole em arbítrio. Importantíssimo para nossa profissão é saber que a desconfiança é
legítima quando o policial detecta alguma anomalia no comportamento do indivíduo, ou algo atípico em
suas vestes, pertences ou veículo, no entanto, será a suspeita frágil, e não fundada, quando o PM se
basear exclusivamente em sua intuição. A despeito disso o STF já decidiu, negando a presença de
fundada suspeita pelo fato de o revistado trajar um blusão suscetível de esconder uma arma, decidindo
que a fundada suspeita prevista no artigo 244, do Código processual Penal (CPP), não podendo fundar-se
em parâmetros unicamente subjetivos, exigindo elementos concretos que indiquem a necessidade da
revista, em face do constrangimento que causa.
A busca pessoal preventiva é disciplinada no artigo 244do Código processual Penal (CPP) e ainda
encontra respaldo em outras leis, como Estatuto do Torcedor, Código de Trânsito Brasileiro e Legislação
de Fiscalização Aduaneira, Decreto Lei Federal número 667, de 02 de Junho de 1969 que reorganiza as
Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros dos Estados, Territórios e do Distrito Federal e do Decreto
88.777, de 30 de setembro de 1983 - R200– Regulamento para as Polícias Militares e Corpos de
Bombeiros Militares, a mesma visa a garantir a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do
patrimônio.
Sua essência – é prevenir o cometimento de crimes, tendo em vista que a segurança pública traduz
dever do Estado, portanto é realizada para fiscalizar indivíduos que ingressem em estabelecimentos
públicos e privados, e pessoas e veículos em vias públicas, decorrendo da inteligência do próprio artigo
144 da Constituição Federal (CF), bem como da legislação esparsa.
Em nossa missão Constitucional, a prevenção da ocorrência de delitos por meio da busca pessoal
preventiva pode ocorrer também em outras situações nas quais não há dispositivo legal expresso
(escolas, creches, igrejas, centros religiosos, feiras livres, etc.), como na fiscalização de pessoas que
transitem por determinadas regiões estatisticamente afetadas pela criminalidade violenta (locais de
risco), daí a importância de se estudar e conhecer os locais onde a criminalidade é mais acentuada e
direcionar as ações de polícia para tais locais. A apostila do Curso de Aspectos Jurídicos da Abordagem
Policial – EAD, da Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, explica que;
Os Estados Democráticos, por se inspirarem nos ideais da liberdade, clamam pelo equilíbrio entre a
fruição dos direitos de cada um e os interesses da coletividade, em prol do bem comum. As limitações
pautam-se na necessidade, proporcionalidade e eficácia.
Na mesma página da referida apostila, continua a conceituar;
Necessidade – O poder de polícia só deve ser empregado quando for necessário para evitar possíveis
ameaças de perturbações ao interesse público, se outro meio menos gravoso existir para a preservação
da ordem, deverá ser utilizado com prioridade.
Proporcionalidade – Precisa existir uma relação de equilíbrio entre a limitação ao direito individual e o
prejuízo a ser evitado.
Eficácia – O ato deve ser apropriado para impedir o dano ao interesse público, empregando meios legais
e humanos, a fim de evitar medidas extremas. Mesmo com o intuito de realizar o bem comum, não é
permitido ao agente público utilizar de meios ilícitos para atingir seu intento, pois os fins não justificam
os meios.
Por conseguinte, ao efetuar a abordagem, o policial, estará agindo com base em seu poder de polícia,
cujos atributos, são a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilidade, observando os
princípios da legalidade, razoabilidade, proporcionalidade e conveniência.
Para cumprir o mandamusconstitucional, a abordagem policial é uma das intervenções preventivas e
uma das principais ferramentas utilizadas pelo policial na sua atividade diária de combate à
criminalidade e preservação da ordem pública.
Reiterando, pois é importantíssimo para nossa profissão saber que para a realização de revista pessoal
(abordagem legítima), deve-se ter em mente que a fundada suspeita é requisito essencial e
indispensável para a sua realização.
Suspeita – é uma desconfiança ou suposição, algo intuitivo e frágil, por natureza, razão pela qual a
norma exige fundada suspeita, que é mais concreto e seguro.
Assim, quando um policial desconfiar de alguém, não poderá valer-se, unicamente, de sua experiência
ou pressentimento, necessitando, ainda, de algo mais palpável, como a denúncia feita por terceiro ou
sala de rádio de que a pessoa portaria o instrumento usado para o cometimento do delito, bem como
pode ele mesmo visualizar uma saliência sob a blusa do sujeito, dando nítida impressão de se tratar de
uma arma de fogo.
Inúmeras são as possibilidades de se dar concretude a busca pessoal.
Deve-se atentar que se a busca pessoal for feita sem que haja fundada suspeita, a conduta do agente
policial poderá se caracterizar como crime de abuso de autoridade.
Já na busca domiciliar, ou seja, aquela feita no domicílio de alguém, mister se faz mencionar que a casa é
asilo inviolável e, portanto, a legislação prevê raras exceções para autorizar tal busca.
Como exceções ao princípio geral, permite-se o ingresso na casa da pessoa;
A qualquer hora, em caso de flagrante delito, desastre ou para prestação de socorro;
Fora de tais hipóteses, somente por meio de mandado judicial e durante o dia.
Doutrinadores indicam outras exceções que, embora não previstas em lei, admitiriam o ingresso na casa
alheira.
Assim, aquele que invade o domicílio em legítima defesa de terceiro, vítima de agressão praticada pelo
dono da casa; ou quem o faz em estado de necessidade, fugindo de um perseguidor;
Há, ainda, a possibilidade de adentrar a casa no cumprimento de um dever legal (visita do mata-
mosquito), ou no exercício regular de um direito.
Para nossa profissão, é importante conhecer que em se tratando do crime de tráfico de drogas (artigo
33 da Lei número 11.343 de 2006), crime permanente, ou seja, a consumação se prolonga no tempo,
admitindo o flagrante a qualquer momento.
Dessa forma, o criminoso que, por exemplo, guarda ou tem em depósito determinada quantidade de
droga em sua residência está continuamente em flagrante delito.
Considerando a exceção trazida pelo próprio dispositivo constitucional a respeito da inviolabilidade do
domicílio, conclui-se que o armazenamento de drogas em determinada residência permite a entrada de
agentes policiais independentemente de autorização judicial, no entanto, não são poucos os casos em
que policiais em patrulhamento rotineiro ou mesmo em diligências de campo deparam com indivíduos
em atitudes suspeitas normalmente próximos a pontos de venda de drogas e iniciam uma abordagem
que culmina na vistoria de imóveis residenciais sem a devida autorização judicial, baseada apenas na
suspeita de que nesses locais algo ilícito pode estar sendo armazenado.
Nesses casos, a jurisprudência do STJ se orienta, no geral, no sentido de que o mandado de busca e
apreensão é prescindível, justamente porque se trata de crime permanente, que atrai a situação de
flagrância.
É dispensável o mandado de busca e apreensão quando se trata de flagrante de crime permanente,
podendo-se realizar a prisão sem que se fale em ilicitude das provas obtidas. Doutrina. Precedentes do
STJ e do STF.
IMPORTANTE – Contudo, atentar bem a esse novo entendimento da Justiça Brasileira, o STJ (REsp
1.574.681/RS) flexibilizou essa orientação ao considerar ilegal a entrada de policiais em uma residência
sem autorização do morador, e confirmou a absolvição que já havia sido proferida pelo Tribunal de
Justiça do Rio Grande do Sul. No caso, o acusado de tráfico havia sido abordado na rua e, diante dos
policiais, correu para sua residência. Os policiais o perseguiram, entraram no imóvel, ali encontraram
certa quantidade de droga e efetuaram a prisão em flagrante.
No entendimento do STJ, é impossível considerar lícita a violação do domicílio porque nenhuma
diligência prévia indicava que na casa havia droga armazenada. O que levou os policiais a entrar na casa
fora a mera intuição de que o local pudesse estar sendo utilizado para atividades ilícitas, sem, contudo,
algo concreto que justificasse o afastamento da garantia constitucional.
A situação de flagrância não havia sido identificada, com a segurança necessária, antes da entrada no
imóvel, mas fora descoberta por acaso após a entrada.
Não é possível, portanto, que o estado de flagrância identificado por mera eventualidade sirva para dar
guarida retroativa à violação de domicílio que deveria ter sido precedida de ordem judicial.
Logo, a perdurar esse entendimento da justiça brasileira a entrada em domicílio em que recaia a
suspeita de tráfico de drogas deve se basear em elementos objetivos da prática do crime, não em
simples deduções a respeito do que pode estar acontecendo.
PRISÃO – é o cerceamento da liberdade de locomoção, é o encarceramento, não é? Pode advir de
decisão condenatória transitada em julgado, que é a chamada prisão, pena ou, ainda, ocorrer no curso
da persecução penal, dando ensejo à prisão sem pena, também conhecida por prisão cautelar,
provisória ou processual. Você sabia?
A prisão normalmente é formalizada através de um mandado de prisão, e deve atender aos seguintes
requisitos; ser lavrado pelo escrivão e assinado pelo Juiz competente; designar a pessoa que tiver de ser
presa pelo nome, alcunha ou sinais característicos; indicar o valor da fiança; ser dirigido ao responsável
pela execução da prisão. Deve ser em duas vias, sendo uma entregue ao preso (informando dia, hora e
o local da diligência), ficando a outra com o Juiz (devidamente assinada pelo preso).
O Código de Processo Penal prevê que “se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado
não obstará a prisão, e o preso, em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido
o mandado, para a realização de audiência de custódia”.
Não há restrição de horário para o cumprimento da prisão, no entanto, dentro do domicílio somente
durante o dia, sendo o ingresso domiciliar, seja a casa de terceiro ou da própria pessoa a ser presa, o
morador será intimado a entregar o preso ou a entregar-se, à vista da ordem de prisão.
Imaginando que o preso não queira entregar-se é possível que empreenda fuga para ilidir a diligência,
ou para evitar a realização do flagrante, dando ensejo a perseguição. Nesses casos a legislação permite
que a prisão seja realizada em outro município ou estado.
Nesse caso, a autoridade do lugar da prisão procederá à lavratura do auto, remetendo o mesmo ao juiz
local, para aferição de sua legalidade. Só após, os autos e o preso serão remetidos à comarca originária.
Agora se o infrator estiver fora do país, a realização da prisão deve atender às leis ou tratados que dizem
respeito à extradição. Já se o mesmo se encontra no território nacional, em local diverso da jurisdição da
autoridade judicial que expediu o mandado, poderá ser deprecada a sua prisão, devendo constar da
precatória o inteiro teor do mandado.
Algumas pessoas em razão da função desempenhada, terão direito a recolhimento em quartéis ou a
prisão especial, enquanto estiverem na condição de presos provisórios.
Agora, atente que o emprego de força e uso de algemas pelo policial deve ser evitado, salvo quando
indispensável no caso de resistência ou tentativa de fuga do preso. É o que diz a sumula 11 do STF.
Algumas poucas considerações sobre a Prisão em Flagrante;
A prisão em flagrante – é a que resulta no momento e no local do crime. É uma medida restritiva de
liberdade, de natureza cautelar e caráter eminentemente administrativo, que não exige ordem escrita
do juiz, porque o fato ocorre inopinadamente.
Com relação a prisão em flagrante, a Lei número 13.964 de 2019 modificou o texto do artigo 310 do
Código processual Penal (CPP), aumentando as formalidades a serem cumpridas pelo juiz, através da
seguinte previsão;
Artigo 310 – Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 horas após a
realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu
advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa
audiência, o juiz deverá, fundamentadamente;
Inciso Um – relaxar a prisão ilegal; ou
Inciso Dois – converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes
do artigo 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas
da prisão; ou
Inciso Três – conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
Parágrafo Primeiro – Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato
em qualquer das condições constantes dos incisos Um, Dois ou Três do caput do artigo 23 do Decreto-
Lei número 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao
acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os atos
processuais, sob pena de revogação.
Parágrafo Segundo – Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa
armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória,
com ou sem medidas cautelares.
Parágrafo Terceiro – A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência
de custódia no prazo estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente
pela omissão.
Parágrafo Quarto – Transcorridas 24 horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo,
a não realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da
prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata
decretação de prisão preventiva.
Até a edição do Pacote Anticrime (Lei número 13.964 de 2019) a audiência de custódia, que não
constava no Código de Processo Penal, vigorava apenas através da Resolução do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ) número 213 de 2015, que regulamenta tais audiências no Poder Judiciário. A audiência de
custódia foi concebida mediante a participação do Brasil em tratados internacionais sobre direitos
humanos, como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e a Convenção Americana de Direitos
Humanos (CADH), conhecida como Pacto de San Jose da Costa Rica.
Flagrante próprio – o criminoso é surpreendido cometendo a infração penal ou quando acaba de
cometê-la. A prisão deve ocorrer de imediato, sem o decurso de qualquer intervalo de tempo.
Flagrante impróprio – o agente é perseguido, logo após a infração, em situação que faça presumir ser o
autor do fato. Não existe um limite temporal para o encerramento da perseguição.
Flagrante presumido – quando o agente é preso, logo depois de cometer a infração, com instrumentos,
armas, objetos ou papéis que presumam ser ele o autor da infração. (Note que esta espécie não exige
perseguição, embora possa existir).
Abaixo listamos alguns tipos de flagrantes aceitos pela doutrina e jurisprudência;
Flagrante compulsório ou obrigatório – as polícias civil, militar, rodoviária, ferroviária e o corpo de
bombeiros militar ou qualquer outro órgão com poder de polícia, desde que em serviço, têm o dever de
efetuar a prisão em flagrante, sempre que a hipótese se apresente;
Flagrante facultativo – é a faculdade legal que autoriza qualquer do povo a efetuar ou não a prisão em
flagrante;
Flagrante esperado – a atividade da autoridade policial antecede o início da execução delitiva, ou seja, a
polícia antecipa-se ao criminoso, e, tendo ciência de que a infração ocorrerá, fazendo campana (tocaia),
e realizando a prisão quando os atos executórios são deflagrados. Nada impede que o flagrante
esperado seja realizado por particular;
Flagrante preparado ou provocado – o agente é induzido ou instigado a cometer o delito, e, neste
momento, acaba sendo preso em flagrante. O STF sumulou no verbete número 145; “Não há crime
quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”.
Flagrante prorrogado – a autoridade policial tem a faculdade de aguardar, do ponto de vista da
investigação criminal, o momento mais adequado para realizar a prisão, ainda que sua atitude implique
na postergação da intervenção;
Flagrante forjado – é aquele armado, fabricado, realizado para incriminar pessoa inocente. É uma
modalidade ilícita de flagrante, onde o único infrator é o agente forjador, que pratica o crime de
denunciação caluniosa, e sendo agente público, também abuso de autoridade.
Flagrante por apresentação ou simplesmente apresentação espontânea – quem se entrega à polícia não
se enquadra em nenhuma das hipóteses legais autorizadoras do flagrante. Importante - ASSIM, NÃO
SERÁ AUTUADO.
Flagrante nas infrações de menor potencial ofensivo – Nas infrações de menor potencial ofensivo, ao
invés da lavratura do auto de flagrante, teremos a realização do (Importante) termo circunstanciado,
desde que o infrator seja imediatamente encaminhado aos juizados especiais criminais ou assuma o
compromisso de comparecer, quando devidamente notificado, caso contrário, o auto será lavrado,
recolhendo-se o mesmo ao cárcere, salvo se for admitido fiança, nas infrações que a comportem, ou se
puder livrar-se solto.
Abaixo enumeramos algumas figuras comuns nos autos de flagrante;
Condutor – É aquele que efetua a prisão; pode ser qualquer pessoa, integrante ou não da força policial e
que apresenta o preso à autoridade que presidirá a lavratura do auto;
Conduzido – É aquele detido em situação de flagrância. Em regra, pode ser qualquer pessoa.
Pessoas com condições especiais;
a) O Presidente da República somente poderá ser preso com o advento de sentença condenatória
transitada em julgado;
b) os diplomatas estrangeiros podem desfrutar da possibilidade de não ser presos em flagrante, a
depender dos tratados e convenções internacionais;
c) os membros do Congresso Nacional só podem ser presos em flagrante por crime inafiançável;
d) os magistrados só poderão ser presos em flagrante por crime inafiançável, devendo a autoridade
fazer a imediata comunicação e apresentação do magistrado ao Presidente do respectivo Tribunal;
e) os membros do MP só poderão ser presos em flagrante por crime inafiançável, devendo a autoridade
fazer em 24 horas a comunicação e apresentação do membro do MP ao respectivo Procurador-Geral;
f) os advogados somente poderão ser presos em flagrante por crime inafiançável, sendo necessária a
presença de representante da OAB, nas hipóteses de flagrante em razão do exercício profissional, para a
lavratura do auto, sob pena de nulidade;
g) o motorista que presta pronto e integral socorro à vítima de acidente de trânsito não será preso em
flagrante, nem lhe será exigida fiança.
Algumas poucas considerações sobre a Prisão preventiva – É a prisão de natureza cautelar mais ampla e
sem prazo para acabar, sendo uma eficiente ferramenta de encarceramento durante o inquérito policial
e na fase processual.
Ela só se sustenta se presentes o lastro probatório mínimo a indicar a ocorrência da infração, os
eventuais envolvidos, além de algum motivo legal que fundamente a necessidade do encarceramento
preventivo. A Lei número 13.964 de 2019 também modificou diversas regras sobre a decretação da
prisão preventiva, previstas no Código de Processo Penal, tais como a vedação do juiz decretar de ofício
a prisão preventiva, a exigência da demonstração do perigo gerado pela liberdade do imputado para
decretação da prisão preventiva, a obrigatoriedade da revisão (mediante decisão fundamentada) sobre
a necessidade da manutenção da prisão preventiva a cada 90 dias, além dos novos requisitos para a
decretação da prisão preventiva. A Lei número 13.964 de 2019 alterou o texto dos artigos 311, 312, 313
(Parágrafos Primeiro e Segundo), 315 e 316, conforme veremos a seguir;
Artigo 311 – Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva
decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por
representação da autoridade policial.
Artigo 312 – A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem
econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando
houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de
liberdade do imputado.
Parágrafo Primeiro – A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de
qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (artigo 282, Parágrafo Quarto
).
Parágrafo Segundo - A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em
receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da
medida adotada.
Artigo 313 – Nos termos do artigo 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva;
Inciso Um – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 anos;
Inciso Dois – se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado,
ressalvado o disposto no inciso Um do caput do artigo 64 do Decreto-Lei número 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 do Código Penal (CP);
Inciso Três – se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente,
idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência;
Inciso Quatro - (revogado).
Parágrafo Primeiro – Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a
identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la,
devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese
recomendar a manutenção da medida.
Parágrafo Segundo – Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de
antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da
apresentação ou recebimento de denúncia.
Artigo 314 – A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas provas
constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas nos incisos Um, Dois e Três
do caput do artigo 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 do Código Penal (CP).
Artigo 315 – A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre motivada e
fundamentada.
Parágrafo Primeiro – Na motivação da decretação da prisão preventiva ou de qualquer outra cautelar, o
juiz deverá indicar concretamente a existência de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a
aplicação da medida adotada.
Parágrafo Segundo – Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,
sentença ou acórdão, que;
Inciso Um – limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua
relação com a causa ou a questão decidida;
Inciso Dois – empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua
incidência no caso;
Inciso Três – invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
Inciso Quatro – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar
a conclusão adotada pelo julgador;
Inciso Cinco – limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles
fundamentos;
Inciso Seis – deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte,
sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
Artigo 316 – O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no correr da
investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem como novamente
decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
Parágrafo único – Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a
necessidade de sua manutenção a cada 90) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena
de tornar a prisão ilegal.
Algumas poucas considerações sobre a Prisão temporária A Lei número 7.960 de 1989 disciplina os
dispositivos legais sobre prisão temporária, classificada como uma prisão de natureza cautelar, cabível
exclusivamente na fase do inquérito policial, nas seguintes hipóteses;
Inciso Um – Quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
Inciso Dois – Quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao
esclarecimento de sua identidade;
Inciso Três – quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação
penal, de autoria ou participação do indiciado nos crimes elencados na Lei número 7.960 de 1989.
Conforme a citação anterior, somente a prática de alguns crimes é que fomentam a decretação da
prisão temporária. O rol desses crimes está contido na Lei número 7.960 de 1989, conforme veremos a
seguir;
a) Código Penal;
Homicídio doloso;
Sequestro ou cárcere privado;
Roubo;
Extorsão;
Extorsão mediante sequestro;
Estupro;
Epidemia com resultado de morte;
Envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte;
Quadrilha ou bando.
b) genocídio (Lei número 2.889 de 1956) em qualquer de suas formas típicas.
c) tráfico de drogas (Lei número 11.343 de 2006).
d) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492/1986).
e) crimes previstos na Lei de Terrorismo (Lei número 13.260 de 2016).
f) crimes hediondos (Lei número 8.072 de 1990)
Previsão trazida pelo artigo Segundo, Parágrafo Quarto da Lei dos Crimes Hediondos (Lei número 8.072
de 1990), aumentou o rol de crimes originalmente previstos pela Lei número 7.960 de 1989 (alguns
crimes que constam no rol da Lei dos Crimes Hediondos já constavam no rol da Lei da Prisão
Temporária).
A prisão temporária possui dois prazos de duração;
5 dias, prorrogável por mais 5 dias – prazo previsto para os crimes contidos na Lei da Prisão Temporária
(artigo Segundo).
30 dias, prorrogável por mais 30 dias – prazo previsto para os crimes contidos na Lei dos Crimes
Hediondos (artigo Segundo, Parágrafo Quarto).
A Lei número 13.869 de 2019 (Pacote Anticrime) inseriu as seguintes inovações na Lei da Prisão
Temporária;
O mandado de prisão temporária deverá conter, necessariamente, o período de duração da prisão, bem
como o dia em que o preso deverá ser libertado (artigo Segundo, Parágrafo Quarto Alínea A).
Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade responsável pela custódia deverá pôr
imediatamente o preso em liberdade, independentemente de nova ordem da autoridade judicial, salvo
se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou da decretação da prisão preventiva
(artigo Segundo, Parágrafo Sétimo).
Deverá ser incluído o dia do cumprimento do mandado de prisão no cômputo do prazo de prisão
temporária (artigo Segundo, Parágrafo Oito) - independentemente do horário em que o mandado de
prisão foi cumprido, será computado como o primeiro dia.
Exemplo – a prisão foi cumprida às 23;00 horas de um determinado dia, num ponto de ônibus próximo
à residência do indiciado, mesmo faltando apenas uma hora para completar o dia, ele será contado
como o primeiro dia da prisão na contagem do seu respectivo prazo.
Algumas poucas considerações sobre os direitos, garantias e deveres dos presos
As garantias do preso e do presidiário residem em vivermos em um estado de direito democrático e,
logicamente, aparelhado para tal, todavia, é na Constituição Federal que as garantais individuais estão
contempladas, enunciativamente, daí desdobrando-se para a legislação ordinária.
Abaixo, enumeramos algumas;
a) Princípio da isonomia entre homens e mulheres;
b) Princípio de legalidade;
c) Proibição da tortura e dos maus-tratos (tratamento desumano ou degradante);
d) Garantia da assistência religiosa;
e) Preservação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem, assegurada indenização, nos casos
de violação;
f) Garantia de que não será discriminado por preconceito racial;
g) Garantia de que a pena não passará da pessoa do condenado;
h) Certeza de que a lei regulará a individualização da pena;
i) Garantia de que “a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do
delito a idade e o sexo do apenado”;
j) Garantia do “respeito à integridade física e moral”;
k) Garantia de que “às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus
filhos durante o período de amamentação”;
l) garantia de que “o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogados”. Muita atenção nessa garantia, pois é
uma das principais causas de soltura nas chamadas audiências de custódia que o nosso judiciário
recentemente implementou;
m) Garantia de que “o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial”;
n) garantia de que “a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária”;
p) garantia de que “o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso
além do tempo fixado na sentença”.
Estas são garantias sumariamente alinhadas, outras podendo ser pinçadas do contexto, na sistemática
da Constituição Federal. Também encontramos direitos do preso tanto no Código Penal como na Lei de
Execução Penal, aliás, ambos da mesma data 11 de julho de 1984.
No Código Penal, destacamos para desmistificar porque no país existe a cultura do desencarceramento;
a) o direito à individualização da pena, através do exame de classificação para cumprimento da pena
privativa da liberdade, no regime fechado;
b) o direito ao regime semi aberto, se a pena de prisão é superior a quatro anos e não excede a oito
anos;
c) o direito ao regime aberto, se a pena de prisão for “igual ou inferior a quatro anos”;
d) previsão de que “as mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio”;
e) previsão de que “o preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade”;
f) previsão de que “o trabalho do preso será sempre remunerado, com direito à Previdência Social”;
g) a certeza de que o doente mental “deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento
psiquiátrico”;
h) previsão da detração penal;
i) a substituição da pena de prisão por penas restritivas de direitos;
j) a substituição da pena de prisão por multa; m) direito ao livramento condicional;
Já na Lei de Execução Penal, os direitos e garantias se acham disciplinados nos artigos 40 até 43, com a
seguinte enunciação;
a) direito à integridade física e moral do preso provisório, ou presidiário;
b) direito à alimentação;
c) direito ao vestuário;
d) direito à remuneração pelo trabalho;
e) direito à previdência social;
f) direito à instituição de um pecúlio;
g) direito ao descanso e à recreação, equilibradamente ao trabalho;
h) direito ao “exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores (a seu
encarceramento), desde que compatíveis com a execução da pena;
i) direito à assistência material, à saúde, à assistência jurídica, educacional, social e religiosa;
j) direito à “proteção contra qualquer forma de sensacionalismo”;
l) direito à “entrevista pessoal e reservada com o advogado”;
m) direito à “vista do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados”;
n) direito ao “chamamento nominal”;
o) direito a “igualdade de tratamento, salvo quanto às exigências de individualização da pena”;
p) direito a “audiência especial com o diretor do estabelecimento”;
q) direito a “representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito”;
r) direito a “contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros
meios de informação que não comprometam amoral e os bons costumes”;
s) direito de “contratar médico de confiança pessoal”.
E para finalizar, abaixo enumeramos alguns deveres dos presos;
Ter bom comportamento na prisão;
Ser obrigado a trabalhar;
Limpar a cela;
Obediência aos funcionários e o respeito a qualquer pessoa com que vá se relacionar;
Não participar de rebeliões;
Acatar as punições impostas;
Indenizar suas vítimas e o Estado pelas despesas de sua manutenção.
PROVAS
Caro Sargento, você sabia que a Prova é todo elemento pelo qual se procura mostrar a existência e a
veracidade de um fato, sabia também que sua finalidade, no processo, é influenciar no convencimento
do Juiz?
Elementos de prova – São quaisquer fatos ou circunstâncias em que reside a convicção do juiz como um
depoimento de testemunha, o resultado de perícia e claro o conteúdo de documentos.
Meios de prova – São instrumentos ou atividades pelos quais os elementos de prova são introduzidos no
processo como por exemplo o testemunho, o documento, a perícia.
Fontes de prova – São pessoas ou coisas das quais possa se conseguir a prova.
Meio de investigação da prova – É o procedimento que tem o objetivo de conseguir provas materiais,
como por exemplo, o inquérito, a interceptação telefônica, a busca e a apreensão.
Objetos de prova – São os fatos principais ou secundários que reclamem uma apreciação judicial e
exijam uma comprovação e cabem a quem acusa.
No processo penal, a introdução de provas nos autos precisa seguir alguns princípios, a saber;
Contraditório – prova, tecnicamente é aquela colhida sob o crivo do contraditório, com a atuação das
partes;
Imediatidade do juiz – a prova deve ser colhida perante o juiz e, como regra, esse juiz irá julgar
(identidade física do juiz);
Concentração – em regra as provas devem ser produzidas em uma única audiência;
Comunhão das provas – uma vez produzida, a prova pode ser utilizada por ambas as partes; não há
“dono” da prova.
Também no nosso ordenamento jurídico, existem fatos que independem de prova, como por exemplo,
fatos axiomáticos ou intuitivos, ou seja, são os fatos evidentes e ainda há os fatos notórios, aqueles que
são os de conhecimento geral em determinado meio e existem as presunções legais, ou seja, verdades
que a Lei estabelece, como por exemplo, menor de 18 anos não comete crime, mas ato infracional.
Não é preciso provar o Direito, pois, se seu conhecimento é presumido por todos, principalmente do
juiz, aplicador da Lei, no entanto, como exceção a essa regra, é necessário provar;
Leis estaduais e municipais;
Leis estrangeiras;
Normas administrativas;
Costumes.
O ônus da prova – é o encargo que as partes têm de provar os fatos que alegam, e incumbe a quem fizer
a alegação/ acusação. É cediço em nosso ordenamento jurídico que cabe à acusação provar a existência
do fato criminoso e de causas que implicam aumento de pena, autoria e também a prova dos elementos
subjetivos do crime (dolo ou culpa).
Ao réu, por sua vez, cabe provar excludentes de ilicitude, de culpabilidade e circunstâncias que
diminuam a pena.
O juiz tem o ‘livre convencimento motivado’ como regra, adotado pelo nosso ordenamento jurídico, ou
seja, todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade.
Prova ilícita, como regra, não é admitida no nosso ordenamento jurídico. A utilização da prova obtida
por meios ilícitos possui vedação expressa na Constituição Federal (artigo Quinto, inciso Cinquenta e
Seis) e no Código de Processo Penal (artigo 157, caput e Parágrafo Primeiro).
Excepcionalmente, e somente em favor do réu, a prova obtida por meios ilícitos é admitida pela
doutrina.
Essa possibilidade é alicerçada com base nos princípios da proporcionalidade ou da razoabilidade, que
justificariam a utilização da prova ilícita se esta for o único meio de provar a inocência do acusado no
processo, pois se estaria privilegiando um bem maior do que o protegido pela norma, qual seja, o direito
à liberdade do acusado em razão da inequívoca comprovação de sua inocência.
Ainda sobre prova ilícita, existe a chamada “teoria dos frutos da árvore envenenada”, também chamada
pela doutrina de “prova ilícita por derivação”, que se fundamenta da seguinte forma; se uma prova é
obtida (anteriormente) por meios ilícitos, contaminará com ilicitude todas as outras provas que forem
produzidas (posteriormente) com base nessa prova ilícita inicial.
Tal teoria é adotada no nosso ordenamento no artigo 157, Parágrafo Primeiro, do Código processual
Penal (CPP) ao prever que; “são também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas
por uma fonte independente das primeiras”.
São considerados meios de prova, a saber;
Perícia – prova técnica;
Interrogatório – Ato em que o acusado é ouvido sobre a imputação a ele dirigida, sempre na presença
do seu defensor. O interrogatório é ato não preclusivo, isto é, pode ser realizado a qualquer tempo.
É permitida também a renovação do ato a todo tempo, de ofício pelo juiz ou a pedido das partes. Antes
do interrogatório, o juiz deve assegurar o direito de entrevista reservada com seu defensor, bem como,
deve ser alertado do seu direito ao silêncio, podendo se recusar a responder às perguntas que lhe forem
formuladas, sem que isso seja utilizado em seu prejuízo;
O interrogatório será dividido em duas partes.
Na primeira, o juiz deverá inquirir o acusado a respeito de sua vida pessoal.
Na segunda parte, o acusado será indagado sobre se são verdadeiras as acusações e perguntas
relacionadas ao fato imputado;
Confissão – é o reconhecimento realizado em Juízo, por uma das partes, a respeito da veracidade dos
fatos que lhe são atribuídos e capazes de ocasionar-lhe consequências jurídicas desfavoráveis.
A confissão não é tida como prova de valor absoluto, e deve ser avaliada, em conjunto com os demais
elementos de prova do processo, verificando-se sua compatibilidade ou concordância com eles;
Declarações do ofendido – testemunho sob o crivo do contraditório;
Testemunhas – narram do fato aquilo que tem conhecimento. Estão dispensados de depor, o cônjuge, o
ascendente, o descendente e os afins em linha reta do réu. Eles só serão obrigados a depor caso não
seja possível, por outro modo, obter-se a prova. Neste caso, não se tomará deles o compromisso de
dizer a verdade; eles serão ouvidos como informantes do Juízo. Também não se tomará o compromisso
dos doentes mentais e das pessoas menores de 14 anos. Estão proibidas de depor as pessoas que devam
guardar sigilo em razão de função, ministério, ofício ou profissão, salvo se, desobrigadas pelo
interessado, quiserem dar seu depoimento;
Reconhecimento de pessoas e coisas – É o ato pelo qual uma pessoa admite e afirma como certa a
identidade de outra ou a qualidade de uma coisa;
Acareação – É o ato processual em que se colocam frente a frente duas ou mais pessoas que fizeram
declarações divergentes sobre o mesmo fato;
Documentos – quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares.
Indícios – é toda circunstância conhecida e provada, a partir da qual, mediante raciocínio lógico, chega-
se à conclusão da existência de outro fato.
CADEIA DE CUSTÓDIA
Sargento, não resta dúvida que o tema “provas” é o eixo central do Processo Penal, pois tudo gira em
torno delas, não é? Esse instrumento, a prova, serve para buscar a reconstituição (aproximativa e
parcial) de um fato passado, histórico, para um juiz ‘ignorante’ (pois ignora os fatos) poder através do
convencimento motivado para alcançar o maior desiderato da justiça, a verdade real
A preservação das fontes de prova é, portanto, fundamental, principalmente quando se trata de provas
cuja produção ocorre fora do processo, como é o caso das provas oriundas de locais de crime entre
outras. Trata-se de verdadeira condição de validade da prova.
Importantíssimo saber que a alteração das fontes contamina os meios e que sua não preservação afeta a
credibilidade desses meios. Por isso a preservação das fontes de prova, através da manutenção da
cadeia de custódia, situa a discussão no campo da “conexão de antijuridicidade da prova ilícita”,
acarretando a inadmissibilidade da prova ilícita.
E se faz necessário esse cuidado porque se quer impedir a manipulação indevida da prova com o
propósito de incriminar (ou isentar) alguém de responsabilidade, com vistas a obter a melhor qualidade
da decisão judicial e impedir uma decisão injusta. Mas o fundamento vai além ao não se limitar a
perquirir a boa ou má-fé dos agentes policiais/estatais que manusearam a prova. Não se trata nem de
presumir a boa-fé, nem a má-fé, mas sim de objetivamente definir um procedimento que garanta e
acredite a prova independente da problemática em torno do elemento subjetivo do agente.
A preservação da cadeia de custódia exige grande cautela por parte dos agentes do estado, da coleta à
análise, de modo que se exige o menor número de custódios possível e a menor manipulação do
material. O menor número de pessoas manipulando o material faz com que seja menos manipulado e a
menor manipulação, conduz a menor exposição. Expor menos é proteção e defesa da credibilidade do
material probatório.
O ‘ponto cego’ do direito – é o evidente, pois ele seda os sentidos e tem um alto grau de alucinação. O
‘evidente’ cega, pois não nos permite ver, ele é “simulacro de autorreferencialidade” e se basta por si
só. Erroneamente, somos levados a crer que o ‘evidente’ dispensa prova, afinal, é evidente! E aqui está o
perigo; o desamor do contraditório.
Se o material genético do suspeito foi encontrado no local do delito, está provado!
É evidente que foi ele, infelizmente esse atalho para o lugar de conforto proporcionado pelo binômio
evidente, verdade é o sonho de consumo de todo ato decisório. O processo penal então deve ser um
instrumento de correção do caráter alucinatório do evidente, instaurando o contraditório e submetendo
tudo ao fair play, exigindo do juiz um alto grau de profissionalismo para não se deixar sedar e cegar pelo
evidente.
Concluindo a cadeia de custódia da prova é relevante como registro documentado de toda a cronologia
da posse, movimentação, localização e armazenamento do material probatório. Em apertada síntese, a
importância da cadeia de custódia está diretamente endereçada à integridade da prova. A eventual
quebra da cadeia de custódia importa, portanto, na ilicitude da prova a que se refere aquele conjunto de
atos e não só isso, a preservação da fonte da prova não diz respeito apenas à integridade da cadeia de
custódia, mas à impossibilidade de utilização da prova pela defesa ou acusação e, portanto, refere-se ao
comprometimento do contraditório.
O tema sobre a cadeia de custódia das provas sempre foi abordado de forma relevante pela doutrina,
contudo, somente com a edição da Lei número 13.964 de 2019 (Pacote Anticrime) o nosso legislador
inseriu no Código de Processo Penal (artigos 158 Alínea A, 158 Alínea B, 158 Alínea C, 158 Alínea D, 158
Alínea E e 158 Alínea F) o seu conceito, bem como determinadas regras para sua efetividade;
Código de Processo Penal
DO EXAME DE CORPO DE DELITO, DA CADEIA DE CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS EM GERAL (Redação dada
pela Lei número 13.964, de 2019)
Artigo 158 – Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto
ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à
realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva; (Incluído dada pela Lei
número 13.721, de 2018).
Inciso Um – violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído pela Lei número 13.721, de 2018).
Inciso Dois – violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. (Incluído pela Lei
número 13.721, de 2018).
Artigo 158 Alínea A – Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados
para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de
crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. (Incluído pela
Lei número 13.964, de 2019).
Parágrafo Primeiro – O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com
procedimentos policiais ou periciais nos quais sejam detectadas a existência de vestígio. (Incluído pela
Lei número 13.964, de 2019).
Parágrafo Segundo – O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a
produção da prova pericial fica responsável por sua preservação. (Incluído pela Lei número 13.964, de
2019).
Parágrafo Terceiro Vestígio – é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou
recolhido, que se relaciona à infração penal. (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Artigo 158 Alínea B – A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes etapas;
(Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Inciso Um – reconhecimento, ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a
produção da prova pericial; (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Inciso Dois – isolamento, ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o
ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime; (Incluído pela Lei número
13.964, de 2019).
Inciso Três – fixação, descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no
corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou
croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável pelo
atendimento; (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Inciso Quatro – coleta, ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando suas
características e natureza; (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Inciso Cinco – acondicionamento, procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de
forma individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e biológicas, para posterior
análise, com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o acondicionamento; (Incluído
pela Lei número 13.964, de 2019).
Inciso Seis – transporte, ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as condições
adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a garantir a manutenção de
suas características originais, bem como o controle de sua posse; (Incluído pela Lei número 13.964, de
2019).
Inciso Sete – recebimento, ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado
com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e unidade de polícia judiciária
relacionada, local de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de rastreamento, natureza
do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o recebeu; (Incluído pela Lei
número 13.964, de 2019).
Inciso Oito – processamento, exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a
metodologia adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resultado
desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito; (Incluído pela Lei número 13.964,
de 2019).
Inciso Nove – armazenamento, procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material
a ser processado, guardado para realização de contraperícia, descartado ou transportado, com
vinculação ao número do laudo correspondente; (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Inciso Dez – descarte, procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação vigente e,
quando pertinente, mediante autorização judicial. (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Artigo 158 Alínea C – A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial, que
dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária a
realização de exames complementares. (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Parágrafo Primeiro – Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser tratados
como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal responsável por
detalhar a forma do seu cumprimento. (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Parágrafo Segundo – É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer
vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada como
fraude processual a sua realização. (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Artigo 158 Alínea D – O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela natureza
do material. (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Parágrafo Primeiro – Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração
individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte.
(Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Parágrafo Segundo – O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características, impedir
contaminação e vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço para registro de informações
sobre seu conteúdo. (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Parágrafo Terceiro – O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e,
motivadamente, por pessoa autorizada. (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Parágrafo Quarto – Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de acompanhamento
de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem como as informações
referentes ao novo lacre utilizado. (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Parágrafo Quinto – O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente. (Incluído
pela Lei número 13.964, de 2019).
Artigo 158 Alínea E – Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada
à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente ao órgão central de
perícia oficial de natureza criminal. (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Parágrafo Primeiro – Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para
conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação e
a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais que não
interfiram nas características do vestígio. (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Parágrafo Segundo – Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas,
consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam. (Incluído pela Lei
número 13.964, de 2019).
Parágrafo Terceiro – Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser
identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso. (Incluído pela Lei número 13.964, de
2019).
Parágrafo Quarto – Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser
registradas, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação, a data e
horário da ação. (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Artigo 158 Alínea F – Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de custódia,
devendo nela permanecer. (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Parágrafo único – Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de armazenar
determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as condições de depósito do
referido material em local diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial
de natureza criminal”. (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
Você conhece os tipos de Juizados Criminas existentes? Vamos conferir?
Ao Juizado Especial Criminal (JECRIM) compete as infrações penais de menor potencial ofensivo, assim
consideradas;
Todas as contravenções penais;
Crimes com pena máxima em abstrato até 2 anos. Lei número 9.099 de 1995;
Artigo 61 – Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 anos, cumulada ou
não com multa”.
A Lei número 9.099 de 1995, no seu Artigo 62, nos informa quais são os princípios que norteiam o
Juizado Especial Criminal;
Oralidade,
Simplicidade,
Informalidade,
Economia processual; e
Celeridade;
Bem como os seus objetivos principais.
A reparação dos danos sofridos pela vítima; e
A aplicação de pena não privativa de liberdade.
Lei número 9.099 de 1995
Artigo 62 – O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade,
simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a
reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade.
O JECRIM possui duas fases;
Etapa policial – realização do termo circunstanciado;
Etapa judicial – Tentativa de conciliação, transação penal ou audiência de instrução e julgamento.
Lei número 9.099 de 1995
Artigo 69 – A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e
o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as
requisições dos exames periciais necessários. Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do
termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não
se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá
determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a
vítima.
OBSERVAÇÃO – No caso dos crimes praticados com violência doméstica, NÃO poderá ser aplicada a Lei
número 9.099 de 1995, por expressa previsão legal.
Lei número 11.340 de 2006;
Artigo 41 – Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei número 9.099, de 26 de setembro de 1995.
No JECRIM, a lei dispensou o inquérito policial e criou em substituição a ele o instrumento mais simples
denominado termo circunstanciado, que conterá um breve resumo das versões apresentadas pela
vítima, testemunhas e autor da infração. A cópia do termo circunstanciado é encaminhada ao juiz e este
designa a audiência preliminar.
Prevalece a oralidade e a celeridade e se busca a composição dos meios, procurando a reparação
financeira. Em não ocorrendo à reparação financeira, busca-se a transação penal onde o MP propõe
uma pena restritiva de direitos ou multa, valendo ressaltar que a transação penal não é admissão de
culpa.
A transação penal cumprida evita a ação penal, pois o Ministério Público deixa de oferecer a denúncia
em face de já ter sido aplicada pena por esse fato e não gera reincidência, bem como não consta em
certidão de antecedentes, ficando registrada na folha de antecedentes apenas para efeito de impedir
nova transação penal em 5 anos e ainda tem a vantagem de não gerar efeitos civis.
Lei número 9.099 de 1995
Artigo 76 – Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não
sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva
de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
Parágrafo Primeiro – Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a
metade.
Parágrafo Segundo – Não se admitirá a proposta se ficar comprovado;
Inciso Um – ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade,
por sentença definitiva;
Inciso Dois – ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de
pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
Inciso Três – não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como
os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
Parágrafo Terceiro – Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à
apreciação do Juiz.
Parágrafo Quarto – Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz
aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada
apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
Parágrafo Quinto – Da sentença prevista no Parágrafo anterior caberá a apelação referida no artigo 82
desta Lei.
Parágrafo Sexto – A imposição da sanção de que trata o Parágrafo Quarto deste artigo não constará de
certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos
civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.
A suspensão condicional do processo (ou sursis processuais) é outra medida despenalizadora (medida
alternativa à imposição de uma pena privativa de liberdade) prevista na Lei número 9.099 de 1995
(artigo 89). Se o acusado cumprir todas as condições propostas pelo Ministério Público, o juiz declarará a
extinção da punibilidade.
Lei número 9.099 de 1995
Artigo 89 – Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou
não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo,
por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado
por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena
(artigo 77 do Código Penal).
Parágrafo Primeiro – Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este,
recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as
seguintes condições;
Inciso Um – reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
Inciso Dois – proibição de frequentar determinados lugares;
Inciso Três – proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
Inciso Quatro – comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar
suas atividades.
Parágrafo Segundo – O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão,
desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
Parágrafo Terceiro – A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser
processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
Parágrafo Quarto – A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do
prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.
Parágrafo Quinto – Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.
Parágrafo Sexto – Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.
Parágrafo Sétimo – Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em
seus ulteriores termos.
Para nós é importante entender que a sociedade entendeu que tais crimes são menos importantes para
ela (sociedade), pois agridem em menor potencial a vida coletiva, logicamente, o uso da força e dos
poderes de polícia devem ser altamente sopesados ao agir contra infratores de menor potencial
ofensivo.
HABEAS CORPUS E ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Você saberia explicar o que é uma Habeas Corpus? Vamos esclarecer?
É chamada de habeas corpus à medida que visa proteger o direito do ser humano de ir e vir ou ainda
que é capaz de cessar a violência e coação que indivíduos possam estar sofrendo. Tecnicamente,
entende-se que este instituto é uma ação constitucional de caráter penal e de procedimento especial,
isenta de custas. No processo de habeas corpus identificamos as seguintes pessoas;
Impetrante – aquele que requer ou impetra a ordem de habeas corpus a favor do paciente;
Paciente – indivíduo que sofre a coação, a ameaça, ou a violência consumada;
Coator – quem pratica ou ordena a prática do ato coativo ou da violência;
Detentor – quem mantém o paciente sobre o seu poder, ou o aprisiona.
O habeas corpus – é destinado aos atos administrativos praticados por quaisquer agentes,
independentes se são autoridades ou não, atos judiciários, e atos praticados por cidadãos. É um direito
básico previsto na constituição brasileira.
São dois os tipos de habeas corpus;
O habeas corpus preventivo, também conhecido como salvo-conduto, e o habeas corpus liberatório ou
repressivo. No caso da iminente ameaça a direito, o habeas corpus é chamado de preventivo; quando o
indivíduo já se encontra detido, o habeas corpus é classificado de liberatório. Muitos outros institutos
podem estudar de forma sucinta e prática, contudo, estes estão aí para nos auxiliar de forma sucinta e
prática. Não deixe de aprofundar seus estudos e ampliar seus conhecimentos.
CONCLUSÃO
Você policial militar pode se perguntar se de fato todas essas informações acerca do direito são
importantes nas suas ações diárias, ou se de fato é fundamental sempre rever todos os conceitos
supracitados.
Basta analisar todo o contexto que envolve suas ações e todos os outros agentes envolvidos para que
você perceba o quanto esses conhecimentos são fundamentais e necessários sempre serem revistos,
inclusive para que você possa se preservar e minimizar ao máximo o cometimento de uma infração
penal, principalmente, por desconhecer ou não recordar acerca das legislações vigentes.
Lembre-se sempre que é muito importante e a sociedade conta com você
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR
INTRODUÇÃO
O Estado é o titular dos jus puniendi, sendo o ato de punir materializado através do Poder Legislativo, na
medida em que se inicia a elaboração das leis penais militares e, consequentemente, das sanções a elas
cominadas. Ocorre que o ato de punir poderá levar o militar a ser submetido a privação de sua
liberdade. Por certo, a própria Constituição da República, alicerçada no Estado Democrático de Direito,
determinou que a aplicação do Direito Penal Militar deva, por si só, obedecer ao devido processo legal.
Sobre o tema, precisa é a lição do Cícero Robson Coimbra Neves
“O processo penal militar constitui-se em um conjunto de atos coordenados, estabelecedores de uma
relação jurídica entre juiz e partes, que tem escopo de compor justamente uma lide, está caracterizada,
de um lado, pela intenção do Estado em exercer seu direito de punir o autor de um crime militar, e, de
outro, pela resistência do pretenso autor do fato a essa intenção”.
Por fim, é de suma importância consignar que no Processo Penal Militar o próprio Estado deverá
assegurar ao acusado a plena aplicação dos Direitos e Garantias Fundamentais. Do contrário, sem que
ocorra a efetividade dessas garantias, a punição penal se torna enviesada, não representando a justiça
nem de fato, nem direito.
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO PROCESSO PENAL MILITAR
Devido Processo Legal
Você sabia que a Constituição da República de 1988, em seu artigo quinto, inciso inquenta e Quatro,
estabeleceu que para a existência de privação da liberdade ou de um bem, tais comprometimentos
deveriam ocorrer mediante um Devido Processo Legal?
Desta forma, o presente princípio é um limitador do Poder Estatal, abarcando outras garantias
fundamentais, tais como; ampla defesa, contraditório, imparcialidade do juiz, razoável duração do
processo, presunção de inocência etc.
Contraditório
Sargento, você certamente já ouviu falar em Contraditório e Ampla Defesa? Sabe o que é? Que tal
aprender?
Em consonância ao artigo Quinto, inciso Cinquenta e Cinco, da Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988 “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
Umas das características marcantes nesse princípio é a participação dialética das partes, a fiscalização, a
informação e a contrariedade dos atos praticados no curso do processo. Como se percebe, as partes
devem ter ciência da demanda e dos argumentos da parte contraria. Parte da Doutrina denomina o
Contraditório como Paridade das Armas.
Ampla Defesa
O Princípio da Ampla Defesa também se encontra no artigo Quinto, inciso Cinquenta e Quatro da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no entanto eles não se confundem, uma vez que
o contraditório se manifesta em ambas as partes, já a ampla defesa somente ao réu ou acusado.
Verifica-se, então, que a ampla defesa é a condição do réu ou acusado de levar à baila todas as provas
legais a esclarecer os fatos, omitir-se ou se prevalecer do silêncio.
Duplo Grau de Jurisdição
O Princípio do Duplo Grau de Jurisdição não está expresso na Constituição da República de 1988, mas
sim de maneira implícita no artigo Quinto, inciso Cinquenta e Cinco da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988, ao afirmar que cabe aos litigantes os meios e recursos (grifo) inerentes
àquela lide. Além disso, o Pacto de São José da Costa Rica, o qual o Brasil é signatário, prevê, em seu
artigo oitavo, número 2, letra H, que é um direito judicial do réu recorrer da sentença que lhe foi
aplicada a um juiz ou a um tribunal superior.
Dessa forma, é direito inerente do réu ou o acusado recorrer a instâncias hierarquicamente superiores a
fim de reexame da decisão judicial que lhe tenha prejudicado.
Presunção de Inocência (ou Não Culpabilidade)
Com a Constituição da República de 1988, a Presunção de Inocência ganhou status constitucional, uma
vez que o artigo Quinto, inciso Cinquenta e Sete da Constituição da República Federativa do Brasil de
1988 afirma que; “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória”.
Esse direito faz com que o acusado ou o réu só seja considerado culpado após o devido processo legal,
momento em que ele utilizou, devidamente, todos os meios de prova e recursos para a sua defesa.
Publicidade
O acesso a todos os atos praticados no curso do processo penal eleva a credibilidade, a transparência e a
fiscalização dos atos dos juízes e das partes. Nesse contexto, o artigo 93, inciso nove, da Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988 prevê que; “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos
nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse
público à informação”.
Dignidade da Pessoa Humana
Além de ser um dos princípios fundamentais da República (artigo Primeiro, inciso Três Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988) e ainda dos direitos e garantias fundamentais (artigo Quinto da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988), a sua aplicação no Direito Processual Penal
Militar está relacionada ao status libertatis do militar, optando assim em medidas menos nocivas ao
militar.
André Nicolitt observa que, como dito, a dignidade é o fim do próprio Estado, dessa maneira, toda
atividade estatal deve estar sempre voltada à tutela, à realização e ao respeito à dignidade humana, o
que não exclui a atividade persecutória do Estado, seja através da investigação criminal, seja no
exercício da ação penal, seja no curso do processo.
Agora que você já sabe todos os Princípios aplicáveis ao Processo Penal Militar, vamos aprender sobre o
Sistema e a Aplicação da Lei Processual Penal Militar?
SISTEMA DO PROCESSO PENAL MILITAR
O Processo Penal Militar adotou o sistema acusatório, caracterizado pela presença de um juiz, um
membro do Ministério Público e a defesa. De modo que as partes (MP e Defesa) sejam responsáveis
pela produção de provas, cabendo ao magistrado a imparcialidade e a garantia dos direitos
fundamentais e regras processuais. Por fim, existem ainda outros sistemas, que são o inquisitorial e o
misto.
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR Fontes do Processo Penal Militar
As fontes do processo penal militar – são a Constituição da República e a Lei Processual Penal Militar.
Note-se, ainda, que o Código Processual Penal Militar (CPPM), no artigo Primeiro, Parágrafo Primeiro,
consolidou que as convenções e os tratados internacionais, os quais o Brasil for signatário, prevalecerão
em detrimento ao Código Processual Penal Militar (CPPM).
Por exemplo, o já citado alhures Pacto de São José da Costa Rica, ratificado pelo Brasil em 1992, através
do Decreto número 687, que no número 2, do artigo 8, estabelece a igualdade entre as partes na fase
processual (paridade das armas).
Nesse cenário, o Código de Processo Penal Militar constitui-se a principal fonte formal do processo penal
militar, valendo lembrar que sua edição foi feita em âmbito federal, o que configura a União como fonte
material do Direito Processual Penal Militar, nos termos do inciso I, do artigo 22, da Constituição
Federal.
Suprimento dos Casos Omissos do Código de Processo Penal Militar
A omissão do Código Processual Penal Militar (CPPM) – é dirimida conforme as previsões do artigo
Terceiro, que traz o rol de condicionantes para sanar lacunas existentes na legislação processual
castrense. São elas;
a) A legislação processual penal comum (Código de Processo Penal e outras leis processuais penais);
b) A jurisprudência;
c) Os usos e costumes militares;
d) Os princípios gerais do direito; e
e) A analogia.
A JUSTIÇA MILITAR NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Justiça Militar da União
A Justiça Militar da União (JMU) faz parte do Poder Judiciário, sendo seus órgãos o Superior Tribunal
Militar/STM e os Tribunais e Juízes Militares (artigo 122 Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988). A JMU possui competência para processar e julgar os crimes militares definidos em lei, tendo
como jurisdicionados tanto os militares das Forças Armadas quanto os civis (artigo 124 CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988).
A Lei número 8.457 de 1992 regulamenta a organização e o funcionamento da Justiça Militar da União,
sendo utilizada, subsidiariamente, em estados que não tenham leis próprias para suas Justiças Militares.
Justiça Militar dos Estados e Distrito Federal e a Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro
(AJMERJ)
A Justiça Militar dos Estados e do Distrito Federal pertencem ao Poder Judiciário (artigo 125 Constituição
da República Federativa do Brasil de 1988). A Justiça Militar Estadual é constituída, em primeiro grau,
pelos Juízes de Direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelos Tribunais de Justiça (TJ)
ou pelos Tribunais de Justiça Militar (TJM), estes últimos quando o efetivo militar for superior a vinte mil
integrantes. Para que ocorra a criação de um Tribunal de Justiça Militar no estado, é necessário que haja
uma proposta de criação oriunda do próprio Poder Judiciário daquele ente.
O Estado do Rio de Janeiro não possui como segunda instância um Tribunal de Justiça Militar, no
entanto, os crimes militares serão processados e julgados em primeira instância por uma Vara
especializada, denominada Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro (AJMERJ). A AJMERJ
possui competência para processar e julgar os crimes militares praticados pelos militares estaduais do
Rio de Janeiro, salvo nos crimes dolosos contra a vida praticados contra civis (Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988), que serão da competência do Tribunal do Júri.
Já nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul podemos constatar a existência de
Tribunais de Justiça Militar (órgãos de segunda instância) e das Auditorias Militares (órgãos de primeira
instância).
Primeira Instância da Justiça Militar Estadual (AJMERJ) – O Órgão de Primeira Instância que julga e
processa os crimes militares praticados por integrantes da PMERJ e do CBMERJ é a Auditoria de Justiça
Militar do Estado do Rio de Janeiro/AJMERJ, composta pelo juiz de direito e pelos Conselhos de Justiça,
tendo seu funcionamento regulado, no que couber, pela Lei número 8.457 de 1992 (mesma lei da Justiça
Militar da União).
Conselho Permanente de Justiça – Constituído pelo juiz de direito do Juízo Militar (Presidente do
Conselho), por 01 Oficial Superior e mais 03 Oficiais. A composição do presente Conselho funcionará
durante 03 meses consecutivos. Tem competência para processar e julgar Praças.
Conselho Especial de Justiça – Constituído pelo juiz de direito do Juízo Militar (Presidente do Conselho) e
mais 04 Oficiais. Os Juízes Militares serão de posto superior ao do acusado, ou do mesmo posto e de
maior antiguidade. A composição do Conselho Especial é constituída para cada processo e ele é
dissolvido após a conclusão dos seus trabalhos. Tem competência para processar e julgar oficiais.
Observação – Em caso de concurso de agentes envolvendo oficiais e praças, a competência para
processar e julgar o feito será do Conselho Especial de Justiça.
Competência singular do Juiz de Direito do Juízo Militar em processar e julgar os crimes militares contra
civis.
O artigo 125, Parágrafo Quinto, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabeleceu a
competência singular do juiz de direito do Juízo Militar em processar e julgar os crimes militares
cometido contra civis (quando a vítima do crime for um civil). Já os demais crimes militares, quando a
vítima for um outro militar ou a própria administração militar, o processo e o julgamento caberão aos
Conselhos de Justiça Permanente ou Especial.
Segunda Instância da Justiça Militar Estadual (AJMERJ) – O Órgão de Segunda Instância da Justiça Militar
fluminense é o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, conforme preceitua o artigo 125,
Parágrafo Terceiro da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, combinado com o artigo
57 da Lei número 6.956 de 1995 do Rio de Janeiro. Caberá ainda ao Tribunal de Justiça decidir sobre a
perda do posto e da patente dos oficiais.
EXERCÍCIOS
1) Mérvio que é Policial Militar, foi condenado na AJMERJ com uma pena de reclusão de 03 anos, pela
prática do crime de aliciação para motim ou revolta (artigo 154 Código Penal Militar (COM)).
Inconformado com a sentença condenatória, o referido Policial Militar deseja recorre em segunda
instância. Qual o Órgão Jurisdicional competente para analisar o feito;
a) Superior Tribunal Militar.
b) Superior Tribunal de Justiça.
c) Supremo Tribunal Federal.
d) Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro – TJERJ. (Resposta Certa)
2) A Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro (AJMERJ) é competente para julgar os
crimes militares definidos em lei, praticados por;
a) Policiais Militares e Bombeiros Militares que cometam um crime no estado do Rio de Janeiro.
b) Policiais Militares e Bombeiros Militares das corporações militares do Rio de Janeiro. (Resposta Certa)
c) Policiais Militares e Integrantes das Forças Armadas.
d) Bombeiros Militares e Integrantes das Forças Armadas.
3) Tírcio e Mérvio são, ambos, policiais militares de serviço na UPP MERCÚRIO. Após uma discussão
intensa, Tírcio saca sua pistola e efetua disparos contra cabeça de Mérvio, que cai ao solo sem vida. A
quem compete julgar o policial militar?
a) Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro - AJMERJ. (Resposta Certa)
b) Superior Tribunal Militar.
c) Justiça Comum – Tribunal do Júri.
d) Qualquer Vara Criminal.
POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR
Você já ouviu falar em Polícia Preventiva e Polícia Judiciária? Saberia diferenciá-las?
Inicialmente, o poder de polícia criminal do Estado encontra-se dividido em duas funções – polícia
preventiva e ostensiva e polícia repressiva e judiciária. A primeira possui a função preventiva e
fiscalizatória; já à segunda compete a investigação de delitos criminais.
As Forças Armadas também possuem, eventualmente, atribuições de polícia ostensiva quando estão
atuando em funções de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). No que tange às Polícias Militares, segundo o
artigo 144, Parágrafo Quinto da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, estas realizam
função predominante de polícia ostensiva e preventiva, uma vez seu serviço rotineiro consiste no
policiamento fardado/identificado e na preservação da ordem pública. Já os Corpos de Bombeiros
Militares têm atribuição precípua de defesa civil.
Não se afastando dessas premissas, essas instituições, em relação a crimes militares, também exercem
as atividades de Polícia Judiciária Militar, umas no plano Federal (Marinha, Exército e Aeronáutica) e
outras no plano Estadual/Distrital (Policiais Militares e Corpos de Bombeiros Militares).Importante
ressaltar que existe vedação expressa no texto constitucional em relação à apuração dos crimes
militares pelas Polícias Civis, no artigo 144, Parágrafo Quarto da CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988.
André Nicolitt preceitua que, por fim, a função de polícia judiciária, muito embora não figure
expressamente no capítulo das funções essenciais à justiça (artigos 127 a 135, Constituição Federal de
1988), implicitamente trata-se de função essencial à justiça em razão de fortalecimento do sistema
acusatório na medida em que o juiz está despido da função de investigar o que está entregue ao órgão
próprio para tanto.
Exercício da Polícia Judiciária Militar (artigo Sétimo do Código Processual Penal Militar (CPPM))
O artigo em análise destina-se a indicação das autoridades de polícia judiciária militar (APJM), assim
mencionadas;
a) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em todo o território nacional e fora dele,
em relação às forças e órgãos que constituem seus Ministérios, bem como a militares que, neste caráter,
desempenhem missão oficial, permanente ou transitória, em país estrangeiro;
b) pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a entidades que, por disposição legal,
estejam sob sua jurisdição;
c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha, nos órgãos, forças e unidades que
lhes são subordinados;
d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos órgãos, forças e unidades
compreendidos no âmbito da respectiva ação de comando;
e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos órgãos e unidades dos
respectivos territórios;
f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do Ministério da Aeronáutica, nos
órgãos e serviços que lhes são subordinados;
g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou serviços previstos nas leis de
organização básica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;
h) pelos comandantes de forças, unidades ou navios.
Em relação às autoridades de polícia judiciária militar das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros
Militares, nos ensina Cícero Robson Coimbra Neves;
No âmbito das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, esse paralelismo também deve ser
procurado, sendo autoridades originariamente competente para medida de polícia judiciária militar, in
exemplis, o Comandante-Geral, o Subcomandante da PM e os Comandantes de Unidade.
Em suma, os Comandantes, Chefes, Diretores e Coordenadores de Organizações Policiais ou de
Bombeiros Militares (OPM ou OBM) serão as autoridades de polícia judiciária militares no âmbito da
PMERJ e do CBMERJ.
Delegação do Exercício de Polícia Judiciária Militar
Os Parágrafos do artigo Sétimo do Código Processual Penal Militar (CPPM) enumeram as possibilidades
de delegação, por tempo limitado, das atividades de Polícia Judiciária Militar aos oficiais da ativa. No
entanto, tais circunstâncias deverão obedecer aos seguintes requisitos;
a) Em se tratando de delegação para instauração de inquérito policial militar, deverá esta recair em
oficial de posto superior ao do indiciado, seja este oficial da ativa, da reserva, remunerada ou não, ou
reformado.
b) Não sendo possível a designação de oficial de posto superior ao do indiciado, poderá ser feita a de
oficial do mesmo posto, desde que mais antigo.
c) Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado não prevalece, para a delegação, a antiguidade de
posto.
d) Se o posto e a antiguidade de oficial da ativa excluírem, de modo absoluto, a existência de outro
oficial da ativa nas condições do Parágrafo Terceiro, caberá ao ministro competente a designação de
oficial da reserva de posto mais elevado para a instauração do inquérito policial militar; e, se este estiver
iniciado, avocá-lo, para tomar essa providência.
Competência da Polícia Judiciária Militar (artigo Oitavo do Código Processual Penal Militar (CPPM))
As competências estabelecidas no rol do artigo Oitavo do Código Processual Penal Militar (CPPM) é
meramente exemplificativa, na medida em que o legislador infraconstitucional não teve a intenção de
esgotar toda a matéria. Nesse sentido são as lições de Cícero Robson Coimbra Neves quando diz;
Essas atribuições numeradas no rol do artigo Oitavo do Código Processual Penal Militar (CPPM), rol que
dever ser considerado exemplificativo, e não taxativo, ao contrário do que entendem alguns autores.
Essa conclusão note-se, decorre da amplitude inerente à apuração de um fato e da conclusão de que a
conjunção de provas pela polícia judiciária militar é precária, ou seja, será refeito sempre que possível,
no curso do processo penal militar constitucional, após o recebimento da denúncia, sob o crivo do
contraditório e da ampla defesa.
Em decorrência do artigo Oitavo do Código Processual Penal Militar (CPPM), passamos agora a analisar
as competências da Polícia Judiciária Militar, a saber;
a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à jurisdição militar, e sua
autoria;
b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério Público as informações
necessárias à instrução e julgamento dos processos, bem como realizar as diligências que por eles lhe
forem requisitadas;
c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar;
d) representar a autoridades judiciárias militares acerca da prisão preventiva e da insanidade mental do
indiciado;
e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob sua guarda e responsabilidade,
bem como as demais prescrições deste Código, nesse sentido;
f) solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à elucidação das infrações
penais, que esteja a seu cargo;
g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e exames necessários ao
complemento e subsídio de inquérito policial militar;
h) atender, com observância dos regulamentos militares, a pedido de apresentação de militar ou
funcionário de repartição militar à autoridade civil competente, desde que legal e fundamentado o
pedido.
Da Prisão Preventiva
O processo penal militar prevê o instituto da prisão preventiva, que é uma modalidade de prisão
cautelar. Dessa forma, o artigo 254 do Código Processual Penal Militar (CPPM) indica a competência e os
requisitos desta medida cautelar, sendo ela, na fase do IPM, decretada pelo juiz de direito do Juízo
Militar; e, na fase processual, tanto pelo juiz de direito quanto pelo Conselho de Justiça (Especial ou
Permanente). A prisão preventiva só será decretada a requerimento do Ministério Público ou mediante
representação do encarregado do IPM.
Para sua decretação são necessários dois requisitos essenciais cumulativos;
a) prova do fato delituoso/materialidade (prova/certeza da existência do crime militar); e
b) indícios suficientes de autoria (não se exige aqui a certeza, mas sim a probabilidade de autoria).
Entretanto, não basta haver somente a presença dos dois requisitos anteriores, sendo necessário, ainda,
ser fundamentada em um dos pressupostos abaixo, previstos no artigo 255 do Código Processual Penal
Militar (CPPM);
a) garantia da ordem pública (risco do agente solto praticar outros crimes militares);
b) conveniência da instrução criminal (quando o agente solto poderá prejudicar a colheita de elementos
de informação ou provas);
c) periculosidade do indiciado ou acusado (atos que poderiam ameaças a coletividade e a paz social);
d) segurança da aplicação da lei penal militar (perigo iminente de fuga do agente); e
e) exigências da manutenção das normas ou princípios de hierarquia e disciplina militares (na medida
em que atos desafiadores e desrespeitosos são perpetrados pelo agente em desfavor de seus superiores
hierárquicos e da instituição militar).
EXERCÍCIOS
1) Sobre o exercício da Polícia Judiciária Militar é CORRETO afirmar que;
a) São exercidas pelos Comandantes, Chefes, Diretores e Coordenadores de OPM/OBM. (Resposta
Certa)
b) São exercidas pelos Comandantes e Chefes de seção do Estado Maior de Unidade.
c) São Exercidas pelo Juiz de Direito da AJMERJ e pelos Comandantes de OPM.
d) São exercidas pelos Comandantes de OPM e pelos Comandantes de Companhia.
2) Sobre a competência da Polícia Judiciária Militar é INCORRETO afirmar que;
a) Apurar as infrações penais militares.
b) Cumprir os mandados de prisão expedidos pela justiça militar.
c) Solicitar das autoridades civis informações.
d) Solicitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e exames necessários ao
complemento e subsídio de inquérito policial militar. (Resposta Certa)
3) São requisitos da Prisão Preventiva;
a) Prova do fato delituoso e materialidade criminosa. (Resposta Certa).
b) Prova do fato delituoso e indícios suficientes de autoria.
c) Indícios suficientes de autoria e garantia da lei e da ordem.
d) Indícios suficientes de autoria e conveniência da instrução crimina.
INQUÉRITO POLICIAL MILITAR
Sargento, você sabia que uma das competências da Polícia Judiciária Militar é a apuração das infrações
penais militares (artigo Oitavo, alínea A do Código Processual Penal Militar (CPPM)), que se materializa
através de um procedimento administrativo chamado Inquérito Policial Militar?
Nesse sentido, assinala Paulo Rangel .
“O inquérito policial, portanto, é o instrumento de que se vale o Estado, através da polícia, órgão
integrante da função executiva, para iniciar a persecução penal com controle das investigações
realizadas do Ministério Público (Constituição federal, artigo129, inciso sete, da Constituição da
República Federativa do Brasil)”.
Desse modo, a doutrina afirma que o Inquérito Policial Militar é um mecanismo de se evitar abusos por
parte do Estado, evitando, assim, que um cidadão responda a um processo criminal sem que antes se
apure as informações que lhe são imputadas, resguardando seus direitos e garantias fundamentais.
ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO E PROVA
Nesse sentido aponta Renato Brasileiro de Lima – a palavra prova só pode ser usada para se referir aos
elementos de convicção produzidos, em regra, no curso do processo judicial, e, por conseguinte, com a
necessária participação dialética das partes, sob o manto do contraditório (ainda que diferido) e da
ampla defesa. Por outro lado, elementos de informação são aqueles colhidos na fase investigatória, sem
a necessária participação dialética das partes.
Conceito
O Inquérito Policial Militar é um procedimento administrativo, de característica inquisitorial, cujo
encarregado exerce a função de autoridade de polícia judiciária militar, na qual desenvolve diligências
objetivando a coleta de elementos de informação, indicando o autor (se possível) e possibilitando o
oferecimento da peça acusatória por parte do Ministério Público.
Natureza Jurídica
Por se tratar de um procedimento administrativo, o Inquérito Policial Militar não contempla a ampla
defesa e o contraditório, consagrados no artigo Quinto, inciso Cinquenta e Seis da CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988, pelo simples motivo de não ser um processo judicial ou
administrativo.
Por derradeiro, o IPM é considerado pela doutrina e pela jurisprudência uma mera peça informativa
(elementos de informação), e que eventuais irregularidades no curso deste procedimento não tem o
condão de contaminar o processo penal militar, mas sim a retirada dessas informações irregulares dos
autos.
Finalidade
E qual seria a finalidade do Inquérito Policial Militar? Vamos aprender?
A finalidade do Inquérito Policial Militar encontra-se disciplinada no artigo Nono do Código Processual
Penal Militar (CPPM) que, em síntese, atribui ao IPM à apuração sumária de fato que configure crime
militar e sua autoria. Possui caráter de instrução provisória, cuja finalidade é ministrar elementos
necessários para à propositura da ação penal.
Características do Inquérito Policial Militar
a) Procedimento escrito
De acordo com o artigo 21 do do Código Processual Penal Militar (CPPM), todas as peças serão, por
ordem cronológicas, reunidas num só processado e datilografado, com folhas numeradas e rubricadas
pelo escrivão.
b) Procedimento inquisitorial
O entendimento da doutrina e jurisprudência é que o Inquérito Policial Militar possui caráter
inquisitorial, não abarcando os princípios do contraditório e da ampla defesa. Essa natureza inquisitorial
está ligada a não comunicação dos atos investigatórios ao indiciado, fazendo com que esse
procedimento seja eficiente e eficaz no que concerne a identificação do autor do crime militar.
Convém destacar que embora o IPM seja inquisitorial, tal característica não afasta a possibilidade de o
indiciado propor a formulação de quesitos nas perícias e exames, conforme preceitua o artigo 316 do
Código Processual Penal Militar (CPPM).
c) Procedimento sigiloso
O sigilo do IPM está consagrado no artigo 16 do Código Processual Penal Militar (CPPM). Entretanto,
apesar desse artigo induzir que há uma discricionariedade do Encarregado do IPM em permitir ou não
ao advogado o acesso aos autos, esta “faculdade” não encontra respaldo legal. A Lei número 8.906 de
1994 (Estatuto da OAB), no seu artigo Sétimo, inciso quatorze, atribui como direito do advogado ter
acesso aos autos de flagrantes e de inquéritos, finalizados ou em andamento. Obstar esse direito
configura tanto crime quanto transgressão disciplinar por parte das autoridades denegantes. Importante
ressaltar também que a própria Lei número 8.906 de 1994 exclui das vistas do advogado diligências que
estejam em andamento e que ainda não tenham sido colocadas nos autos, as quais, seu conhecimento
pela defesa, possam prejudicar a investigação. Um exemplo dessa restrição ao acesso ao advogado seria
uma interceptação telefônica em andamento.
No que tange às demais pessoas, se faz necessário o sigilo pelo simples motivo do IPM visara
investigação de infrações penais militares, buscando, assim, os elementos de informação para a
identificação da autoria e materialidade do crime. Por certo, a divulgação da investigação poderá
interferir na efetividade das ações de polícia judiciária militar.
d) Procedimento dispensável.
Sendo o Ministério Público o titular da ação penal, poderá ele dispensar o IPM quando obtiver
informações mínimas para o oferecimento da denúncia. Essas informações constam nos seguintes
artigos do Código Processual Penal Militar (CPPM), a saber;
Artigo 27 do Código Processual Penal Militar (CPPM) – Quando o Auto de Prisão em Flagrante for
suficiente para a elucidação do fato e sua autoria;
Artigo 28 do Código Processual Penal Militar (CPPM) – No momento em que o fato e autoria já
estiverem esclarecidos por documentos ou outras provas materiais, nos crimes contra a honra (escritos
ou publicados e seu autor identificado) e nos crimes do artigo 341 (desacato) e artigo 349
(desobediência de decisão judicial), ambos do Código Penal Militar.
e) Procedimento Oficial – Incumbe às autoridades públicas oficiais previstas em lei a realização do IPM.
f) Procedimento oficioso – A Autoridade de polícia judiciária militar que tomar conhecimento de uma
notícia crime é obrigada a agir de ofício, independente de provocação da vítima ou de qualquer outra
parte.
g) Procedimento indisponível – Uma vez instaurado o IPM, a Autoridade de polícia judiciária militar não
poderá arquivar esse procedimento, visto que compete ao titular da ação penal propor ao Juiz de Direito
o arquivamento do feito.
Formas de Instauração do IPM
A instauração do IPM – é mediante Portaria, lavrada pela autoridade de polícia judiciária militar
originária, conforme preceitua o artigo 10 do Código Processual Penal Militar (CPPM).
Instauração de Ofício Artigo 10, Alínea A do Código Processual Penal Militar (CPPM).
É quando a autoridade de polícia judiciária militar da área em que ocorreu o crime toma conhecimento
da infração penal militar e instaura, por sua própria vontade, o IPM.
Instauração por Determinação ou Delegação artigo 10, Alínea B do Código Processual Penal Militar
(CPPM).
A autoridade de polícia judiciária militar superior irá determinar ou delegar para outra autoridade, de
condição inferior (subordinada), a instauração do IPM.
Instauração por Requisição do Ministério Público Artigo 10, Alínea C do Código Processual Penal Militar
(CPPM).
O Ministério Público irá requisitar diretamente à autoridade de polícia judiciária militar a instauração do
IPM. Cabe, ainda, consignar que a própria Constituição da República de 1988 atribui essa competência
ao Parquet, conforme o artigo 129, Inciso Oito da CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
DE 1988.
Instauração por Decisão do Superior Tribunal Militar Artigo 10, Alínea D do Código Processual Penal
Militar (CPPM).
Ocorrerá quando o Poder Judiciário decidir remeter peças de informação, depoimentos, denúncias ou
autos ao Ministério Público. Será o promotor de justiça que decidirá pela requisição, ou não, à
autoridade de polícia judiciária militar sobre a instauração do IPM.
Instauração Por Requerimento do Ofendido, do Seu Representante Legal ou Por Uma Pessoa que Tenha
Conhecimento de Uma Infração Penal Militar Artigo 10, Alínea E do Código Processual Penal Militar
(CPPM).
Os fatos que constituem indícios de infração penal militar narrados pelo ofendido, seu representante
legal ou qualquer cidadão podem fazer com que a autoridade de polícia judiciária militar apure os fatos
através do IPM.
Instauração Através de Sindicância Artigo 10, Alínea F do Código Processual Penal Militar (CPPM)
Este meio investigatório pode ser interpretado de forma extensiva, na medida em que outros meios
como, por exemplo, a averiguação, irão ensejar em elementos indiciários para a instauração do IPM.
Saiba mais
O Supremo Tribunal Federal proíbe a instauração de Inquérito Policial baseando exclusivamente em
denúncia anônima, devendo o Órgão Policial apurar as informações através procedimentos preliminares,
no julgamento do Habeas Corpus número 99.490 de São Paulo, Relator Ministro Joaquim Barbosa,
23/11/10.
Superioridade ou Igualdade de Posto do Infrator artigo 10, Parágrafo Primeiro do Código Processual
Penal Militar (CPPM)
Quando o infrator for superior ou de igual posto da Autoridade de polícia judiciária militar, em cujo local
tenha ocorrido à infração penal militar, deverá esta comunicar o fato ao seu superior para fins de
delegação.
Providências Antes do IPM artigo 10, Parágrafo Segundo do Código Processual Penal Militar (CPPM) c/c
Artigo 12 do Código Processual Penal Militar (CPPM)
A autoridade de polícia judiciária militar, ou qualquer outro militar que tenha conhecimento de uma
infração penal militar, adotará as seguintes providências, a saber;
Dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a situação das coisas, enquanto
necessário;
Apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o fato;
Efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no artigo 244 do Código Processual Penal Militar
(CPPM);
Colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias.
Infração de Natureza Não Militar - artigo 10, Parágrafo Terceiro do Código Processual Penal Militar
(CPPM).
Se a infração penal não constituir natureza militar, deverá ser comunicado os fatos a autoridade de
polícia judiciária comum e, se for o caso, apresentar o infrator.
Indícios Contra Oficial de Posto Superior ou Mais Antigo no Curso do IPM - Artigo 10, Parágrafo Terceiro
do Código Processual Penal Militar (CPPM).
Se, no curso do IPM, o encarregado verificar a existência de indício de infração penal em desfavor de
oficial mais antigo ou de posto superior ao seu, deverá remeter o inquérito à autoridade delegante para
que esta delegue suas atribuições a outro oficial de posto superior ou mais antigo do que o indiciado.
ESPECIFICIDADES DE UM IPM E SEUS ENVOLVIDOS
Sargento, você saberia identificar as atribuições do encarregado e do escrivão, bem como as
especificidades do IPM?
ENCARREGADO DO IPM – ARTIGO 15 do Código Processual Penal Militar (CPPM)
O encarregado do IPM será, sempre que possível (grifo nosso), oficial de posto não inferior ao de
capitão. No entanto, a referida locução grifada não impede que um oficial subalterno (segundo ou
primeiro tenente) exerça as atividades de polícia judiciária militar.
Suspeição do Encarregado do IPM – Artigo 142 do Código Processual Penal Militar (CPPM).
Não se admite a suspeição do encarregado por parte do indiciado ou pelo seu advogado, cabendo tão
somente ao próprio encarregado do IPM declarar-se suspeito quando entender existir motivos que
prejudiquem sua imparcialidade na condução das investigações.
Atribuições do Encarregado do IPM – Artigo 13 do Código Processual Penal Militar (CPPM)
Além das medidas do artigo 12 do Código Processual Penal Militar (CPPM), o encarregado deverá
também adotas as seguintes medidas, a saber;
Ouvir o ofendido;
Ouvir o indiciado;
Ouvir testemunhas
Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e acareações;
Determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outros exames e
perícias;
Determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída, desviada, destruída ou danificada, ou da qual
houve indébita apropriação;
Proceder a buscas e apreensões e
Tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de testemunhas, peritos ou do ofendido, quando
coactos ou ameaçados de coação que lhes tolha a liberdade de depor, ou a independência para a
realização de perícias ou exames.
Escrivão do IPM – Artigo 11 do Código Processual Penal Militar (CPPM)
A designação do escrivão será de competência do encarregado do IPM, caso não tenha sido feita pela
autoridade que delegou o feito. Nos casos em que o indiciado seja oficial, recairá sob segundo ou
primeiro tenente e, nos demais casos, o escrivão será sargento ou subtenente.
Atribuições do Escrivão – Artigo 21 do Código Processual Penal Militar (CPPM)
Datilografar (digitar) as peças do IPM;
Numerar e rubricar as folhas;
Alocar as peças em ordem cronológica;
Lavrar juntada de documentos e
Lavar o recebimento, certidão e conclusão.
Incomunicabilidade do Indiciado – Artigo 17 do Código Processual Penal Militar (CPPM)
De acordo com a doutrina e jurisprudência, o artigo em análise não foi recepcionado pela Constituição
de 1988, já que ela assegura que toda a prisão deverá ser comunicada imediatamente ao juiz
competente (artigo Quinto, inciso Sessenta e Dois da CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL DE 1988). Além disso, o preso tem o direito à assistência familiar, bem como constituir um
advogado (artigo Quinto, inciso Sessenta e Três da CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL DE 1988).
Dessa forma, se nem no Estado de Defesa (artigo 136, Parágrafo Terceiro, inciso Quatro CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988), quando ocorrem restrições a direitos fundamentais, a
Constituição permitiu a incomunicabilidade do preso, conclui-se, assim, que esse instituto não deve
prosperar em tempos de normalidade institucional, visto que devem, sempre, prevaleceram às garantias
e os direitos fundamentais do indivíduo.
Detenção do Indiciado – Artigo 18 do Código Processual Penal Militar (CPPM)
Poderá o encarregado, independente de flagrante delito ou ordem judicial, exclusivamente quando
estiver investigando crimes propriamente militares, prender o indiciado cautelarmente por até 30 dias,
devendo comunicar a prisão ao juiz de direito. Essa prisão poderá ser prorrogada pelo Comandante de
Área por mais 20 dias, a pedido do Encarregado.
Para a decretação da detenção do indiciado pelo encarregado, é necessário que este cumpra os mesmos
requisitos e fundamentos da prisão preventiva vistos anteriormente.
Prazo Para Terminação do IPM – Artigo 20 do Código Processual Penal Militar (CPPM)
indiciado preso – 20 dias, contado a partir do dia em que se executar a ordem de prisão.
indiciado solto – 40 dias, contados a partir da data em que se instaurar o inquérito, podendo ser
prorrogado por mais 20 dias pela autoridade instauradora. A presente prorrogação visa complementar a
investigação no que concerne a exames, perícias e diligência não concluída. O pedido de prorrogação
deverá ser feito em tempo oportuno.
O IPM pode ser devolvido pelo Ministério Público e pelo Juiz de Direito, para fins de requisição de
diligências e preenchimento de formalidades, conforme artigo do 26 do Código Processual Penal Militar
(CPPM), e o prazo será fixado por essas autoridades.
Tempo máximo de inquirição A testemunha, vítima ou indiciado serão inquiridos por, no máximo, quatro
horas consecutivas. Após esse período deve-se interromper a oitiva por, no mínimo, trinta minutos. Caso
o depoimento não seja concluído até às 18 horas, ele será encerrado, devendo ser reiniciado no dia útil
seguinte, em hora e data designadas pelo encarregado. Caso o próximo dia não seja útil, a inquirição
será adiada até o próximo que for, a não ser em caso de urgência justificada na assentada.
Dedução em Favor dos Prazos – Artigo 20, Parágrafo Terceiro do Código Processual Penal Militar (CPPM)
Em caso de necessidade de substituição do encarregado, ao se identificar indícios de crime de um
superior ou mais antigo, o período em que o IPM permanecer com a autoridade instauradora, até nova
delegação, será deduzido do prazo final par seu término.
Relatório – Artigo 22 do Código Processual Penal Militar (CPPM)
O IPM será encerrado por um relatório minucioso, confeccionado pelo encarregado, que irá concluir se
há transgressão da disciplina ou indícios de crime. Entendendo haver crime, poderá o encarregado
representar pela prisão preventiva do indiciado, atendidos os requisitos e fundamentos necessários.
Solução – Artigo 22, Parágrafo Primeiro do Código Processual Penal Militar (CPPM)
No caso de delegação, o encarregado enviará o IPM à autoridade delegante para fins de homologação
ou não. E esta, quando necessário, poderá determinar novas diligências.
Remessa – Artigo 23 do Código Processual Penal Militar (CPPM)
Por força do Sistema Acusatório adotado pela CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE
1988, o referido artigo não foi recepcionado pela nova ordem constitucional, visto que o Ministério
Público (artigo 129, inciso um da Constituição Federativa da República do Brasil de 1988) é considerado
o verdadeiro destinatário do IPM.
Arquivamento – Artigo 24 do Código Processual Penal Militar (CPPM)
A autoridade de polícia judiciária militar não poderá, de forma alguma, mandar arquivar o Inquérito
Policial Militar (IPM) ou cancelar a portaria de instauração. O inquérito deverá, em qualquer hipótese,
ser finalizado e remetido ao Ministério Público, o qual se for o caso, solicitará o seu arquivamento ao juiz
de direito.
Instauração de Novo IPM – Artigo 25 do Código Processual Penal Militar (CPPM)
Poderá haver nova instauração de inquérito policial militar tão somente se novas provas aparecerem em
relação ao fato, ao indiciado ou a terceira pessoa, ressalvados o caso julgado e os casos de extinção da
punibilidade.
DA PRISÃO EM FLAGRANTE
Qualquer um do povo pode e os militares devem prender aqueles que se encontrem em flagrante delito
de crime militar. A prisão em flagrante ocorrerá nas seguintes situações;
Artigo 244. Considera-se em flagrante delito aquele que;
a) está cometendo o crime;
b) acaba de cometê-lo;
c) é perseguido logo após o fato delituoso em situação que faça acreditar ser ele o seu autor;
d) é encontrado, logo depois, com instrumentos, objetos, material ou papéis que façam presumir a sua
participação no fato delituoso. Infração permanente Parágrafo único. Nas infrações permanentes,
considera-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.
A prisão em flagrante, denominada prisão captura (artigo 230 do Código Processual Penal Militar
(CPPM)), se dará com a simples voz de prisão, informando ao detido o porquê está sendo preso. Este
será, imediatamente, conduzido à presença da autoridade de polícia judiciária militar, qual seja o
comandante da circunscrição que ocorreu o crime ou seu representante legal (Oficial de Dia), para que
uma delas analise a legalidade da prisão, lavrando o auto de prisão em flagrante delito ou relaxando a
prisão.
Escrivão do Auto de Prisão em Flagrante (APF) – Artigo 245, Parágrafo Quarto do Código Processual
Penal Militar (CPPM).
Em caso de autuação em flagrante delito, deverá a autoridade designar um escrivão para o ato. Sendo o
preso uma praça, o escrivão será um subtenente ou um sargento; caso seja um oficial, será designado
um capitão, um primeiro ou segundo tenente.
CONCLUSÃO
Na prática policial militar, sargentos são, em regra, designados como escrivães de inquéritos policiais
militares e de autos de prisão em flagrante. Além disso, devido ao serviço de comando de fração de
tropa, são sujeitos a serem confrontados com práticas envolvendo infrações penais militares.
Portanto, está apostila foi confeccionada com o intuito de instruir, minimamente, os sargentos
aperfeiçoados da PMERJ sobre seus deveres em relação aos procedimentos processuais penais militares
que devem adotar no decorrer de sua profissão. Esperamos que aproveite esse aprendizado e se torne
um profissional cada vez melhor, sempre evoluindo em sua carreira.
Você tem uma profissão de destaque, que realiza tarefas importantes para a sociedade, sua
comunidade, seus amigos e sua família. Tenha orgulho de ser policial militar.
DIREITOS HUMANOS
INTRODUÇÃO
O conceito de dignidade da pessoa humana é central para a problemática dos direitos humanos. Falar
dessa questão é inseparável de uma reflexão sobre o alcance e o sentido da idéia de pessoa. Trata-se de
pensar o conceito de pessoa a partir de duas contribuições importantes; a de Boécio e a de Boaventura
de Bagnoregio.
Enquanto na definição de Boécio talvez a mais conhecida e privilegiada o homem se caracteriza como
substância racional, em Boaventura essa ênfase é para a dimensão relacional da criatura humana. Dizer
pessoa humana é falar de um ser de relação, que ganha sentido quando estabelece e vive em constante
relação com outros homens; é, portanto, falar de uma criatura que somente alcança a sua plenitude
numa vida de relação com o outro. O fato de ser pessoa (desde sempre relação com o outro) expressa,
segundo Boaventura, a própria noção de dignidade.
“A dignidade é atributo intrínseco, da essência, da pessoa humana, único ser que compreende um valor
interno, superior a qualquer preço, que não admite substituição equivalente. Assim a dignidade
entranha e se confunde com a própria natureza do ser humano”.
Nesse sentido, toda violência pode ser entendida como uma forma de violação da dignidade humana,
porque redutora do outro a si mesmo.
DIREITOS HUMANOS
O que são os direitos Humanos?
Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça,
sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição.
Estudantes da Escola Secundária Butkhak em Cabul, no Afeganistão, participam da Semana de Ação
Global, uma campanha internacional que defende uma educação gratuita e de qualidade para todas e
todos.
Os direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade, à liberdade de opinião e de expressão, o
direito ao trabalho e à educação, entre e muitos outros. Todos merecem estes direitos, sem
discriminação.
Sargento, você sabia que o Direito Internacional dos Direitos Humanos estabelece as obrigações dos
governos de agirem de determinadas maneiras ou de se absterem de certos atos, a fim de promover e
proteger os direitos humanos e as liberdades de grupos ou indivíduos?
Desde o estabelecimento das Nações Unidas, em 1945 em meio ao forte lembrete sobre os horrores da
Segunda Guerra Mundial, um de seus objetivos fundamentais tem sido promover e encorajar o respeito
aos direitos humanos para todos, conforme estipulado na Carta das Nações Unidas;
“Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé nos direitos
humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na igualdade de direitos entre homens
e mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma
liberdade mais ampla, a Assembléia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Diretos
Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações…”
Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948.
Contexto e definição dos direitos humanos
Os direitos humanos são comumente compreendidos como aqueles direitos inerentes ao ser humano. O
conceito de Direitos Humanos reconhece que cada ser humano pode desfrutar de seus direitos humanos
sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outro tipo, origem social ou
nacional ou condição de nascimento ou riqueza.
Os direitos humanos são garantidos legalmente pela lei de direitos humanos, protegendo indivíduos e
grupos contra ações que interferem nas liberdades fundamentais e na dignidade humana.
Estão expressos em tratados, no direito internacional consuetudinário, conjuntos de princípios e outras
modalidades do Direito. A legislação de direitos humanos obriga os Estados a agir de uma determinada
maneira e proíbe os Estados de se envolverem em atividades específicas. No entanto, a legislação não
estabelece os direitos humanos. Os direitos humanos são direitos inerentes a cada pessoa simplesmente
por ela ser um humano.
Tratados e outras modalidades do Direito costumam servir para proteger formalmente os direitos de
indivíduos ou grupos contra ações ou abandono dos governos, que interferem no desfrute de seus
direitos humanos.
Algumas das características mais importantes dos direitos humanos
Você saberia citar algumas das características mais importantes dos direitos humanos? Que tal
aprender?
São elas;
Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dignidade e o valor de cada pessoa;
Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são aplicados de forma igual e sem
discriminação a todas as pessoas;
Os direitos humanos são inalienáveis, e ninguém pode ser privado de seus direitos humanos; eles
podem ser limitados em situações específicas. Por exemplo, o direito à liberdade pode ser restringido se
uma pessoa é considerada culpada de um crime diante de um tribunal e com o devido processo legal;
Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e interdependentes, já que é insuficiente
respeitar alguns direitos humanos e outros não. Na prática, a violação de um direito vai afetar o respeito
por muitos outros;
Todos os direitos humanos devem, portanto, ser vistos como de igual importância, sendo igualmente
essencial respeitar a dignidade e o valor de cada pessoa.
Normas internacionais de direitos humanos
A expressão formal dos direitos humanos inerentes se dá através das normas internacionais de direitos
humanos. Uma série de tratados internacionais dos direitos humanos e outros instrumentos surgiram a
partir de 1945, conferindo uma forma legal aos direitos humanos inerentes.
A criação das Nações Unidas viabilizou um fórum ideal para o desenvolvimento e a adoção dos
instrumentos internacionais de direitos humanos. Outros instrumentos foram adotados a nível regional,
refletindo as preocupações sobre os direitos humanos particulares a cada região.
A maioria dos países também adotou constituições e outras leis que protegem formalmente os direitos
humanos básicos. Muitas vezes, a linguagem utilizada pelos Estados vem dos instrumentos
internacionais de direitos humanos.
As normas internacionais de direitos humanos consistem, principalmente, de tratados e costumes, bem
como declarações, diretrizes e princípios, entre outros.
Tratados
Um tratado é um acordo entre dois ou mais Governos Independentes, que se comprometem com regras
específicas. Tratados internacionais têm diferentes designações, como pactos, cartas, protocolos,
convenções e acordos. Um tratado é legalmente vinculativo para os Estados que tenham consentido em
se comprometer com as disposições do tratado – em outras palavras, que são parte do tratado.
Um Estado pode fazer parte de um tratado através de uma ratificação, adesão ou sucessão.
A ratificação é a expressão formal do consentimento de um Estado em se comprometer com um
tratado. Somente um Estado que tenha assinado o tratado anteriormente durante o período no qual o
tratado esteve aberto a assinaturas pode ratificá-lo.
A ratificação consiste de dois atos processuais – a nível interno requer a aprovação pelo órgão
constitucional apropriado como o Parlamento, por exemplo. A nível internacional, de acordo com as
disposições do tratado em questão, o instrumento de ratificação deve ser formalmente transmitido ao
depositário, que pode ser um Estado ou uma organização internacional como a ONU.
A adesão implica o consentimento de um Estado que não tenha assinado anteriormente o instrumento.
Estados ratificam tratados antes e depois de este ter entrado em vigor. O mesmo se aplica à adesão.
Um Estado também pode fazer parte de um tratado por sucessão, que acontece em virtude de uma
disposição específica do tratado ou de uma declaração. A maior parte dos tratados não são auto-
executáveis. Em alguns Estados tratados são superiores à legislação interna, enquanto em outros
Estados tratados recebem status constitucional e em outras apenas certas disposições de um tratado
são incorporadas à legislação interna.
Um Estado pode, ao ratificar um tratado, formular reservas a ele, indicando que, embora consinta em se
comprometer com a maior parte das disposições, não concorda com se comprometer com certas
disposições. No entanto, uma reserva não pode derrotar o objeto e o propósito do tratado.
Além disso, mesmo que um Estado não faça parte de um tratado ou não tenha formulado reservas, o
Estado pode ainda estar comprometido com as disposições do tratado que se tornaram direito
internacional consuetudinário ou constituem normas imperativas do direito internacional, como a
proibição da tortura. Todos os tratados das Nações Unidas estão reunidos em treaties.un.org.
Costume
O direito internacional consuetudinário ou simplesmente “costume” – é o termo usado para descrever
uma prática geral e consistente seguida por Estados, decorrente de um sentimento de obrigação legal.
Assim, por exemplo, enquanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos não é, em si, um tratado
vinculativo, algumas de suas disposições têm o caráter de direito internacional consuetudinário.
Normas gerais dos direitos internacionais princípios e práticas com os quais a maior parte dos Estados
concordariam constam, muitas vezes, em declarações, proclamações, regras, diretrizes, recomendações
e princípios.
Apesar de não ter nenhum feito legal sobre os Estados, elas representam um consenso amplo por parte
da comunidade internacional e, portanto, têm uma força moral forte e inegável em termos na prática
dos Estados, em relação a sua conduta das relações internacionais.
O valor de tais instrumentos está no reconhecimento e na aceitação por um grande número de Estados
e, mesmo sem o efeito vinculativo legal, podem ser vistos como uma declaração de princípios
amplamente aceitos pela comunidade internacional.
A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, por exemplo, recebeu o apoio
dos Estados Unidos em 2010, o último dos quatro Estados-membros da ONU que se opuseram a ela.
Ao adotar a Declaração, os Estados se comprometeram a reconhecer os direitos dos povos indígenas sob
a lei internacional, com o direito de serem respeitados como povos distintos e o direito de determinar
seu próprio desenvolvimento de acordo com sua cultura, prioridades e leis consuetudinárias (costumes).
Nascida do desejo de impedir outro Holocausto, a Declaração Universal dos Direitos Humanos continua
a demonstrar o poder das idéias para mudar o mundo.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS DA ONU
HISTÓRICO
Sargento, você sabia que a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi adotada em 10 de
dezembro de 1948?
O que são Direitos Humanos, segundo a Sociologia?
Direitos Humanos é uma categoria de direitos básicos assegurados a todo e qualquer ser humano, não
importando a classe social, raça, nacionalidade, religião, cultura, profissão, gênero, orientação sexual ou
qualquer outra variante possível que possa diferenciar os seres humanos.
Apesar de o senso comum acreditar que Direitos Humanos é uma espécie de entidade que dá suporte a
algumas pessoas ou que são uma invenção para proteger alguns tipos de pessoas, eles, na verdade, são
muito mais do que isso. Para entender melhor, precisamos fazer algumas distinções conceituais
necessárias antes de nos aprofundar no assunto.
Mitos e verdades sobre os Direitos Humanos
Os Direitos Humanos não foram criados por alguém - Em primeiro lugar, os Direitos Humanos não são
uma invenção, e sim o reconhecimento de que, apesar de todas as diferenças, existem aspectos básicos
da vida humana que devem ser respeitados e garantidos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos
foi redigida a fim de resguardar os direitos já existentes desde que houve qualquer indício de
racionalidade nos seres humanos. Assim sendo, ela não criou ou inventou direitos em seus artigos, mas
se limitou a escrever oficialmente aquilo que, de algum modo, já existia anteriormente à sua redação.
Portanto, quando o senso comum fala que “os Direitos Humanos foram criados para”, já podemos
identificar algo de errado no comentário. Os Direitos Humanos são assegurados a toda e qualquer
pessoa.
Os Direitos Humanos são universais - Em segundo lugar, a extensão dos Direitos Humanos é universal,
aplicando-se a todo e qualquer tipo de pessoa. Portanto, eles não servem para proteger ou beneficiar
alguém e condenar outros, mas tem aplicação geral. Então, frases repetidas pelo senso comum, como
“Direitos Humanos servem para proteger bandidos”, não estão corretas, visto que os Direitos Humanos
são uma proteção a todos os humanos. Alegações com base na Declaração Universal dos Direitos
Humanos podem ser feitas para evitar ações que violem os direitos de réus ou criminosos, como o
cárcere injustificado, a tortura ou o assassinato.
Os Direitos Humanos não são uma pessoa - Por último, os Direitos Humanos nãoØ são uma entidade,
uma ONG ou uma pessoa que se apresenta fisicamente e tem vontade própria. Portanto, a frase
repetida pelo senso comum, “Mas quando morre um policial, os Direitos Humanos não vão dar apoio à
família”,está duplamente incorreta, visto que os Direitos Humanos não são entidade ou pessoas e que
eles se estendem a todos, inclusive policiais.
Você saberia dizer como surgiram os Direitos Humanos?
Podemos fazer uma primeira incursão na Revolução Americana, em que a carta Bill of Rights (ou
Declaração dos Direitos dos Cidadãos dos Estados Unidos) assegura certos direitos aos nascidos no país.
Entre eles, garante o direito à vida, à liberdade, à igualdade e à propriedade. Assim, o governo não
poderia atacar um desses direitos de alguém sem o devido processo e julgamento dentro dos
parâmetros da lei.
Na mesma época em que essa emenda americana foi oficialmente aceita, estourou a Revolução
Francesa, em 1789, e foi redigida a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. De cunho liberal e
baseada nos ideais iluministas que pregavam a igualdade, a liberdade e a fraternidade, essa declaração
tinha por objetivo assegurar que nenhum homem deveria ter mais poder ou direitos que outro o que
representava o ideal republicano e democrata, que à época ameaçava o Antigo Regime, no qual apenas
uma pessoa concentrava poderes.
Nesse primeiro momento, tanto a declaração americana quanto a francesa não asseguravam direitos
amplos a todos os membros da raça humana, pois, no período, mulheres ainda não possuíam todos os
seus direitos civis garantidos e ainda havia escravidão.
Somente em 1948 foi publicada a carta oficial contendo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a
qual asseguraria, para todos e todas, os seus direitos básicos. A história desse documento acompanha a
história do início da Organização das Nações Unidas (ONU), que iniciou suas atividades em fevereiro de
1945.
O que se queria naquele ano era evitar novas tragédias, como as ocorridas durante a Segunda Guerra
Mundial, por exemplo, a chamada “solução final” do governo nazista contra o povo judeu ou os atos
anteriores ao início oficial da guerra, como as prisões arbitrárias e o exílio de judeus, bem como a
escravização de povos, outros genocídios e etc.
Com o fim da Segunda Guerra, o cenário resultante continha milhões de mortos, milhões em situação de
miséria e fome, e milhares de civis tiveram algum direito violado por ataques, ações ou crimes de
guerra.
Para elaborar estratégias que evitassem novas tragédias, representantes de 50 países reuniram-se para
elaborar um organismo mundial que visava a garantir a paz e o respeito entre os povos. A primeira ação
elaborada foi à formação de uma Comissão de Direitos Humanos da ONU, que ficaria responsável pela
redação de um documento prescritivo para listar todos os direitos fundamentais dos seres humanos. A
declaração foi concluída em 18 de junho de 1948 e aprovada pela Assembleia Geral da ONU em 10 de
dezembro de 1948.
Hoje, 193 países são signatários da ONU. Isso significa que, entre outras coisas, eles devem garantir em
seus territórios o respeito aos direitos básicos dos cidadãos. Não há uma maneira expressa e objetiva da
organização fiscalizar e regular o cumprimento dos Direitos Humanos, mas as legislações da maioria dos
países ocidentais democráticos, bem como seus sistemas judiciários, recorrem aos artigos expressos na
Declaração Universal dos Direitos Humanos para formularem seus textos legais e aplicarem as decisões
e medidas jurídicas.
Direitos humanos e a ONU
Além de ter redigido o documento central que trata dos Direitos Humanos no mundo, a ONU tem a
tarefa de garantir a aplicação de tais direitos. Porém, a organização não pode atuar como uma fiscal ou
central reguladora ordenando ações dentro dos países e dos governos. O que a ONU pode fazer é, no
máximo, recomendações para que os países signatários sigam os preceitos estabelecidos no documento.
Além de recomendações, são comuns ações estratégicas envolvendo os países signatários para
pressionar governos para que respeitem os Direitos Humanos dentro de seus territórios, como
embargos econômicos, cortes de relações comerciais, restrições em zonas de livre comércio e restrições
ou cortes de relações exteriores.
Direitos Humanos no Brasil
Há muito o que se discutir a respeito dos Direitos Humanos no Brasil;
Em primeiro lugar – existem inúmeros desrespeitos a tal categoria de direitos em nosso território por
parte de governos, de agentes de Estado e de empresas.
Em segundo lugar – há uma relutância do senso comum em aceitar essa categoria de direitos,
percebendo-se, inclusive, que quem critica tais direitos também está assegurado por eles.
Em terceiro lugar – podemos perceber que personalidades que dedicaram as suas vidas a lutar por tais
direitos foram ameaçadas, mortas ou silenciadas.
Ao longo do tempo, percebemos que as constituições foram, gradativamente, adequando-se e sendo
aperfeiçoadas quanto às garantias dos Direitos Humanos dos cidadãos brasileiros. Tomemos, como
exemplo, os saltos qualitativos representados pela Constituição Federal de 1934, que garantiu avanços
para a classe trabalhadora e estabeleceu o sufrágio feminino, e pela Constituição Federal de 1988, que
está totalmente alinhada com a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Também esbarramos em alguns problemas em relação à garantia dos Direitos Humanos em território
brasileiro hoje. Os principais fatores que evidenciam essas falhas são as altas taxas de homicídios, em
especial de jovens, moradores de periferias e negros; o abuso policial e as execuções cometidas por
policiais ou milícias; o falho sistema prisional, que se encontra em crise; as ameaças aos defensores dos
Direitos Humanos; a miséria e a alta desigualdade social; a violência contra a mulher; e o trabalho em
situações análogas à escravidão.
Artigos da Declaração Universal de Direitos Humanos
Policial, você sabia que o documento oficial da ONU chamado Declaração Universal dos Direitos
Humanos possui 30 artigos antecedidos por um preâmbulo? Vamos estudá-los?
O preâmbulo traz as justificativas para a redação de tal documento e estabelece as bases sobre as quais
os artigos foram pensados. Abaixo, explicamos cada um dos artigos da Declaração Universal dos Direitos
Humanos.
Artigo Primeiro — trata da liberdade e da igualdade, que devem estender-se a todos os seres humanos.
Artigo Segundo — todas as pessoas podem requerer para si os direitos apresentados no documento.
Nenhuma discriminação, de qualquer origem, pode ser feita.
Artigo Terceiro — são apresentados os direitos mais fundamentais à vida, à liberdade e à segurança
pessoal.
Artigo Quarto — diz que ninguém pode ser mantido em regimes de escravidão ou servidão.
Artigo Quinto — diz que ninguém pode ser submetido à tortura, à crueldade ou a qualquer tipo de
tratamento degradante.
Artigo Sexto — a personalidade jurídica, ou seja, o reconhecimento legal e jurídico de todos como
cidadãos deve ser reconhecida em todo e qualquer lugar.
Artigo Sétimo — a lei deve ser igual para todos, deve proteger a todos, e o documento da declaração
também vale para todos, não importando as diferenças.
Artigo Oitavo — toda pessoa pode recorrer ao sistema de justiça contra as violações da lei que as
atingirem.
Artigo Nono — proíbe as prisões, detenções ou exílios arbitrários, ou seja, que não foram resultados de
um processo legal que comprove o ato como determinação de uma sentença judicial ou de algum tipo
de medida judicial válida.
Artigo Décimo — todo mundo tem direito a um julgamento oficial, público, imparcial e justo.
Artigo Décimo Primeiro — com dois incisos, o artigo afirma que alguém que é acusado de um delito é
inocente até que se prove o contrário e que não se pode condenar alguém por uma ação que, no
momento em que foi cometida, não era crime em âmbito nacional ou internacional.
Artigo Décimo Segundo — a lei deve proteger para que ninguém sofra intromissões no âmbito privado
de suas vidas.
Artigo Décimo Terceiro — tratando de fronteiras e territórios, os dois incisos desse artigo falam que
todo mundo tem o direito de residir onde quiser dentro de um Estado e que todos podem abandonar ou
retornar ao seu Estado de origem quando quiserem.
Artigo Décimo Quarto — os dois incisos desse artigo garantem o direito à busca de asilo em outros
países por perseguição, salvo em caso de processo legal legítimo.
Artigo Décimo Quinto — os dois incisos desse direito dizem que a nacionalidade é um direito de todos e
que ninguém pode ser privado dele.
Artigo Décimo Sexto — os três incisos desse artigo dizem que – a partir da idade em que o casamento é
permitido, todos têm o direito de se casar, independente de qualquer diferença existente entre eles,
desde que haja o consentimento de ambas as partes; e que o Estado deve garantir a proteção à família,
entendendo que essa é o elemento fundamental da sociedade.
Artigo Décimo Sétimo — diz que toda pessoa tem direito à propriedade e que ninguém pode ser
arbitrariamente privado dela.
Artigo Décimo Oitavo — trata da liberdade religiosa, garantindo o direito a todos de escolherem e
mudarem seus credos religiosos, bem como manifestá-los em âmbito público ou privado.
Artigo Décimo Nono — diz que todos têm o direito à liberdade de expressão, ninguém pode ser
censurado ou discriminado por suas opiniões, e todos têm o direito de divulgá-las.
Artigo Vigésimo — todo mundo pode reunir-se pacificamente, e ninguém pode ser obrigado a participar
de qualquer tipo de reunião.
Artigo Vigésimo Primeiro — todo mundo pode participar da política e da vida pública de seu país, seja
diretamente, seja por meio de representantes eleitos por votação. O terceiro inciso desse artigo diz
ainda que a vontade popular é o fundamento primeiro que confere legitimidade aos poderes públicos.
Artigo Vigésimo Segundo — todos têm direito à segurança e à seguridade social e podem exigir esses
direitos em suas diversas formas possíveis.
Artigo Vigésimo Terceiro — tratando do trabalho, os quatro incisos desse artigo garantem a todas as
pessoas; a possibilidade de escolha do trabalho; o trabalho digno; a remuneração compatível, justa e
digna por qualquer tipo de trabalho; a remuneração igual pelo trabalho igual; e a possibilidade de
fundação e filiação a sindicatos.
Artigo Vigésimo Quarto — todo mundo tem direito ao descanso, ao lazer, a uma jornada de trabalho
compatível com o descanso e a férias remuneradas periódicas.
Artigo Vigésimo Quinto — o primeiro inciso diz que todo mundo tem direito a condições básicas de vida
que garantam para si e para a sua família, as condições básicas de subsistência (saúde, bem-estar,
alimentação, vestuário, moradia e serviços sociais necessários). No caso de perda dos meios de
subsistência involuntária, também é assegurada a assistência social. O segundo inciso garante o amparo
à maternidade e à infância, que devem ser protegidas.
Artigo Vigésimo Sexto — tratando da educação, esse artigo diz que todas as pessoas têm o direito ao
ensino elementar, universal e gratuito. Diz também que o ensino superior deve estar aberto a todos em
igualdade, que a educação deve promover o respeito e os Direitos Humanos, e que cabe aos pais a
escolha do tipo de educação que seus filhos vão receber.
Artigo Vigésimo Sétimo — todos têm o direito de participar e usufruir da cultura, das artes e da ciência
produzidas em sua comunidade.
Artigo Vigésimo Oitavo — todos, sem distinção, têm direito à ordem e à garantia dos direitos
estabelecidos na Declaração.
Artigo Vigésimo Nono — todos têm deveres para com as comunidades e, seguindo o cumprimento dos
deveres, têm seus direitos garantidos.
Artigo Trigésimo — os direitos e garantias apresentados na Declaração não podem ser utilizados para
destruir ou atacar qualquer direito fundamental.
Resumo
Os Direitos Humanos – é uma categoria de direitos básicos e inalienáveis. Garantem direitos básicos a
todos os membros da espécie humana. Seus primeiros reconhecimentos ocorreram na Revolução
Americana e na Revolução Francesa. Foram oficializados, no século vinte, por meio da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, da ONU.Possuem como objetivo garantir direitos fundamentais, como
a vida, a liberdade, a saúde e a segurança das pessoas, bem como o direito à defesa e ao justo
julgamento a quem seja acusado de um crime.
Evolução dos direitos humanos no Brasil
Sargento vamos estudar a evolução dos Direitos Humanos no Brasil?
Os direitos humanos – são um importante instrumento de proteção a toda e qualquer pessoa no mundo.
Por isso, são garantidos por inúmeros tratados e documentos jurídicos em diversos países, um deles o
Brasil. Neste texto falaremos especificamente sobre os direitos humanos no Brasil. Nosso país conta com
uma série de ferramentas para garantir que os direitos humanos sejam estendidos a todos os nossos
cidadãos. Mas infelizmente na prática ainda não atingimos este objetivo.
OS DIREITOS HUMANOS SÃO GARANTIDOS PELA NOSSA CONSTITUIÇÃO
No Brasil, os direitos humanos são garantidos na Constituição Federal de 1988, o que pode ser
considerado um grande avanço jurídico, já que o país conta com uma história marcada por episódios de
graves desrespeitos a esses direitos.
A mais recente constituição garante os direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais dos nossos
cidadãos. Essas garantias aparecem, por exemplo, logo no primeiro artigo, onde é estabelecido o
princípio da cidadania, da dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho.
Já no artigo quinto é estabelecido o direito à vida, à privacidade, à igualdade, à liberdade e outros
importantes direitos fundamentais, sejam eles individuais ou coletivos.
Visando garantir a cidadania e a dignidade humana, a Constituição defende princípios como;
Igualdade entre gêneros;
Erradicação da pobreza, da marginalização e das desigualdades sociais;
Promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, gênero, idade ou cor;
Racismo como crime imprescritível;
Propôs direito de acesso à saúde, à previdência, à assistência social, à educação, à cultura e ao desporto;
Reconhecimento de crianças e adolescentes como pessoas em desenvolvimento;
Estabelecimento da política de proteção ao idoso, ao portador de deficiência e aos diversos
agrupamentos familiares;
Orientação de preservação da cultura indígena.·
Ainda que a Constituição de 1988 seja o marco mais evidente dos direitos humanos no Brasil, eles já
apareciam anteriormente, até mesmo em outras constituições.
ATUAIS DESAFIOS DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL.
Você já parou para pensar quais são os atuais desafios dos Direitos Humanos no Brasil? Saberia dizer
quais são eles?
Os direitos fundamentais resguardados pela atual constituição colocam o Brasil como um dos países
com o mais completo ordenamento jurídico em relação aos direitos humanos. Com isso, os direitos
humanos tornaram-se um compromisso do Governo Federal e hoje são conduzidos como uma política
pública. Contudo, décadas após a instauração da nova constituição, ainda existem muitas dificuldades
em tirar esses princípios do papel.
Segundo o assessor de direitos humanos da Anistia Internacional, Maurício Santoro, os direitos humanos
no Brasil são uma questão marcada por contradições. Para ele, o país apresenta ótimas leis sobre o
assunto, mas o grande problema é que elas ainda não são cumpridas.
O relatório Estado dos Direitos Humanos no Mundo, organizado pela Anistia Internacional, mostra que
entre as principais falhas do Brasil em direitos humanos, aparecem problemas como;
A alta taxa de homicídios no país, sobretudo de jovens negros;
Os abusos policiais e as execuções extrajudiciais, cometidas por policiais em operações formais ou
paralelas, em grupos de extermínio ou milícias;
A crítica situação do sistema prisional;
A vulnerabilidade dos defensores de direitos humanos, principalmente em áreas rurais;
A violência sofrida pela população indígena, sobretudo pelas falhas em políticas de demarcação de
terras; e
As várias formas de violência contra as mulheres.
A grande preocupação é que estes problemas persistem no país há cerca de 30 anos, sem que as
autoridades tenham criado soluções efetivas para mudar o cenário. Para o diretor executivo da Anistia
Internacional no Brasil, Atila Roque, o Brasil vive em um estado permanente de violação de direitos
humanos. Mesmo que o país tenha avançado em algumas áreas, como na redução da pobreza, a
situação se manteve crítica em diversos outros setores.
Segundo Roque, a boa notícia é que, apesar das falhas governamentais em melhorar a situação dos
direitos humanos, a sociedade tem investido em transformar esse cenário. A mudança vem ocorrendo
na mobilização das periferias e favelas, principais vítimas das violações de direitos humanos, e nas
diversas manifestações de pessoas saindo às ruas ou lançando campanhas para reivindicar seus direitos.
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
Sargento, você sabe o que é dignidade da pessoa humana? Vamos aprender?
O conceito de dignidade da pessoa humana é central para a problemática dos direitos humanos. Falar
dessa questão é inseparável de uma reflexão sobre o alcance e o sentido da ideia de pessoa. Trata-se de
pensar o conceito de pessoa a partir de duas contribuições importantes; a de Boécio e a de Boaventura
de Bagnoregio.
Enquanto na definição de Boécio – talvez a mais conhecida e privilegiada – o homem se caracteriza
como substância racional, em Boaventura essa ênfase é para a dimensão relacional da criatura humana.
Dizer pessoa humana é falar de um ser de relação, que ganha sentido quando estabelece e vive em
constante relação com outros homens; é, portanto, falar de uma criatura que somente alcança a sua
plenitude numa vida de relação com o outro. O fato de ser pessoa (desde sempre relação com o outro)
expressa, segundo Boaventura, a própria noção de dignidade.
“A dignidade é atributo intrínseco, da essência, da pessoa humana, único ser que compreende um valor
interno, superior a qualquer preço, que não admite substituição equivalente. Assim a dignidade
entranha e se confunde com a própria natureza do ser humano”.
Nesse sentido, toda violência pode ser entendida como uma forma de violação da dignidade humana,
porque redutora do outro a si mesmo.
Balestreri conceitua o agente de Segurança Pública como um cidadão qualificado que representa o
Estado, em seu contato mais imediato com a população, o qual porta a singular permissão para o uso da
força e das armas, no âmbito da lei. Dessa forma, a fim de não incorrer em nenhuma violação de direitos
junto à sociedade, torna-se imprescindível agir em consonância as leis, normas e tratados internacionais
dos direitos humanos.
O Policial, no exercício de sua cidadania, tem o direito de ser bem assistido pelo Estado, estar bem
equipado, preparado e ter boas condições de trabalho refletindo, assim, a imagem da Instituição e de
seu País. O Policial Militar, inequivocamente, é sujeito de Direitos Humanos; respeitar e conceber sua
cidadania são fundamentos imprescindíveis para o crescimento de todos.
Ainda, pela normativa internacional de Direitos Humanos, o Estado tem obrigações fundamentais para a
formação continuada do Policial Militar, onde observaremos mais adiante quando trataremos dos
Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos funcionários responsáveis pela
aplicação da lei (PBUFAF).
No estudo da normativa internacional fica claramente evidenciado que o Policial Militar é sujeito de
Direitos Humanos, cabendo ao Estado promover sua execução nos parâmetros internacionais
contratados, preservando individualidades e fortalecendo, profissionalmente, capacidades física,
psicológica, intelectual e social.
ESTUDOS DOS PRINCIPAIS TRATADOS E DEMAIS INSTRUMENTOS GLOBAIS REFERENTES AOS DIREITOS
HUMANOS
Durante o estudo da disciplina DIREITOS HUMANOS, possibilitaremos a discussão dos principais valores
inseridos nos Instrumentos Internacionais de Direitos Humanos relacionados à atividade policial, a
saber;
A. Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH);
B. Código de Conduta para Funcionários Encarregados de Fazer Cumprir a Lei;
C. Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis
pela Aplicação da Lei;
D. Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes;
E. Conjunto de Princípios para a Proteção de Todas as Pessoas sujeitas a qualquer forma de Detenção ou
Prisão.
Presidência da República
Secretaria-Geral
Subchefia para Assuntos Jurídicos
DECRETO Número 10.255, DE 27 DE FEVEREIRO DE 2020
Convoca a Quinta Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o Artigo 84, caput, inciso Seis, alínea
“a”, da Constituição,
DECRETA;
Artigo Primeiro – Fica convocada a Quinta Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência,
sob a coordenação do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, a realizar-se em Brasília,
Distrito Federal, no mês de dezembro de 2020, em data a ser estabelecida em ato do Ministro de Estado
da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, com o tema “Cenário atual e futuro na implementação
dos direitos da pessoa com deficiência - construindo um Brasil mais inclusivo”.
Artigo Segundo – As diretrizes gerais para a organização e a realização da Quinta Conferência Nacional
dos Direitos da Pessoa com Deficiência serão objeto de ato do Ministro de Estado da Mulher, da Família
e dos Direitos Humanos, a ser publicado no prazo de trinta dias, contado da data de publicação deste
Decreto.
Artigo Terceiro – A convocação das conferências municipais, estaduais e distrital dos direitos da pessoa
com deficiência é da competência dos governos municipais, estaduais e distrital, respectivamente.
Parágrafo único. A eventual impossibilidade de realização das conferências regionais não interferirá na
realização da Quinta Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Artigo Quarto – A Quinta Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência será presidida
pelo Ministro de Estado da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e, em suas ausências ou seus
impedimentos, pelo Presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Artigo Quinto – O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos dará publicidade aos
resultados da Quinta Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, no prazo de trinta
dias, contado da data de seu encerramento.
Artigo Sexto – Este decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 27 de fevereiro de 2020;
199º da Independência e 13segundo da República. JAIR MESSIAS BOLSONARO Tatiana Barbosa de
Alvarenga.
Características dos direitos humanos ou especificidades dos direitos humanos
Indivisibilidade – Os direitos humanos não podem ser divididos ou cindidos, pois são um conjunto único
de direitos.
Interdependentes – Significa que dependem de outros, possuem interseções para atingirem finalidades,
como por exemplo, os direitos humanos de Primeiro, Segundo, Terceiro, Quarto e Quinta
gerações/dimensões.
Interrelacionalidade – Os direitos humanos estão relacionados com os sistemas de proteção dos direitos
humanos, ou seja, não há hierarquia. O posicionamento hierárquico dos tratados de direitos humanos
no ordenamento jurídico sempre geram discussões, no entanto, existem doutrinas com
posicionamentos divergentes a respeito. Sendo assim, é imprescindível analisar todos os
posicionamentos para se obter um estudo geral perante ao jurídico da questão- Professora Adriane
Ouverney.
Há ainda os sistemas de proteção Global e os sistemas de proteção Regional. O sistema Global é o
sistema da ONU de proteção de direitos humanos. Como exemplo se pode citar o Lula quando
peticionou perante o órgão de Comissão de direitos humanos da ONU. O sistema Regional da OEA –
Corte Interamericana de Direitos Humanos e Comissão Interamericana (Lei Maria da Penha).
Petição, Artigo 44 do Pacto de São José da Costa Rica, conforme dispositivo abaixo;
Artigo Quarto – Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não governamental legalmente
reconhecida em um ou mais Estados membros da Organização, pode apresentar à Comissão petições
que contenham denúncias ou queixas de violação desta Convenção por um Estado-parte.
Imprescritibilidade – Significa dizer que a pretensão de respeito e concretização de direitos humanos
não se esgota pelo passar dos anos, podendo ser exigida a qualquer momento, assim, não sofre o
decurso do tempo. O Artigo 46, Parágrafos Primeiro, alínea “b” da Convenção Americana de Direitos
Humanos, dispõe que a petição ou a comunicação internacional deve respeitar 6 meses a partir da data
em que o prejudicado (vítima) tenha recebido a notificação da decisão definitiva do seu país.
Artigo 46
1. Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida
pela Comissão, será necessário; que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em
que o presumido prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da decisão definitiva; Os tribunais
internacionais não podem ser considerados como grau de recurso, por uma questão simples de direito
internacional, além de soberania.
Vedação do Retrocesso ou Regresso (efeito “Cliquet”) – Uma vez estabelecido os Direitos Humanos, não
se admite o retrocesso visando limitação ou diminuição do direito, como por exemplo, as cláusulas
pétreas, em que os direitos não podem ser retirados ou diminuídos, mas podem ser aumentados ou
melhorados.
Históricos – Significa que os direitos humanos não surgiram todos ao mesmo tempo, são frutos de
conquistas históricas, e foram construídos gradualmente. Como marco temos a Segunda Guerra Mundial
em 1945 e a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948.
É de suma importância interagir com o surgimento dos ideais dos Direitos Humanos para um
entendimento mais concreto da formação dos mesmos em sociedade, questão histórica e social dos
acontecimentos em detrimento das nações. Professora Adriane Ouverney.
TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS
CONSTITUIÇÃO DE 1988 do BRASIL
Interpretação dos Direitos Humanos.
Máxima Efetividade – Os Direitos Humanos devem ter aplicação direta, imediata e integral. Não
necessita de complemento, não tem prazo e não tem restrição.
Primazia da norma mais favorável – É a aplicação da norma mais favorável.
Margem de apreciação – É baseada no sistema Europeu de proteção dos Direitos Humanos, a corte
europeia se utiliza da margem de apreciação para a reparação do dano ou lesão no seu tempo, modo e
disposição.
Observação – Essa teoria não se utiliza no sistema americano. O que é possível é o controle de
convencionalidade, ou seja, a compatibilidade das leis do país com as convenções ou tratados
internacionais de Direitos Humanos.
Direitos Humanos na Constituição Federal Artigo Quarto, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, são os princípios
chamados de abertura para o Direito Internacional.
Artigo Quarto – A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios;
Inciso dois – Prevalência dos direitos humanos;
Inciso seis – Defesa da paz;
Inciso oito – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
Inciso dez – Concessão de asilo político.
Artigo Quinto – Parágrafos Primeiro, Segundo, e Terceiro, Constituição Federal de 1988, aplicação
imediata, ou seja, os Direitos são auto-aplicáreis, vinculam os três poderes.
Artigo Quinto – T -odos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes;
Parágrafo Primeiro – As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação
imediata.
Parágrafo Segundo – Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
República Federativa do Brasil seja parte.
Parágrafo Terceiro – Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
“Os direitos previstos na Constituição Federal não excluem outros decorrentes de tratados
internacionais de Direitos Humanos”. Isso é chamado de Cláusula de abertura dos Direitos Humanos.
Artigo Quinto, caput CONSTITUIÇÃO FEDERAL de 1988 – todos são iguais perante a lei sem distinção de
qualquer natureza.
Artigo Quinto da CONSTITUIÇÃO FEDERAL de 1988 – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes;
Artigo Quinto, Parágrafo Primeiro da CONSTITUIÇÃO FEDERAL de 1988 os direitos humanos são
autoaplicáveis.
Artigo Quinto da CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, Parágrafo Primeiro. As normas definidoras dos
direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
Artigo Quinto, Parágrafo Segundo da CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 – os direitos aqui previstos não
excluem outros decorrentes de Tratados (também chamados de Convenções) de Direitos Humanos.
Cláusula de abertura para os Direitos Humanos. Artigo Quinto da CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988,
Parágrafo Segundo. Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
República Federativa do Brasil seja parte.
Artigo Quinto, Parágrafo Terceiro da CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 – foi introduzido pela Emenda
Constitucional número 45 de 2004 – diz que Tratados Internacionais de Direitos Humanos que foram
aprovados com quórum de 3/5, em turnos, nas 2 casas do Congresso, serão equivalentes as Emendas
Constitucionais.
Artigo Quinto da CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, Parágrafo Terceiro. Os tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais.
ATENÇÃO
1) Bloco de Constitucionalidade;
2) Recurso Extraordinário número 466343 de 2008; e
3) Súmula Vinculante 25 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 – dizia que tínhamos 02 tipos de prisão civil;
Prisão civil por dívidas;
Prisão para o devedor de alimentos.
Mas com o Pacto de São José da Costa Rica, também chamado de Convenção Americana de Direitos
Humanos, há previsão de somente uma prisão civil que seria a do devedor de alimentos de 1969 vigor
1978, no BRASIL EM 1992.
Tratado Internacional Direitos Humanos se for matéria de Direitos Humanos exige quórum de 3/5, em 2
turnos, nas 02 casas do Senado.
EC – norma constitucional. Poderá ser também de matéria simples – norma supra legal.
Pacto de São José da Costa Rica Comum – matéria simples – norma infraconstitucional. Página 2 de 2 da
Constituição Federal de 1988.
Convenção das Pessoas com Deficiência e seu protocolo facultativo – Normas Supralegais (PACTO DE
SÃO JOSÉ DA COSTA RICA).
Artigo Quinto, Paragrafo Quarto da CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 – o Brasil também se submete ao
Tribunal Penal Internacional (TPI) – Emenda Constitucional número 45 de 2004. Artigo Quinto da
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, Paragrafo Quarto. O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
Este Tratado foi criado pelo Estatuto de Roma.
DICA; artigo Quinto do Estatuto fala dos crimes que são julgados pela TPI São 4 crimes - genocídio,
guerra, agressão x Estado, Artigo 109, inciso cinco, alínea A, Parágrafo Quinto da CONSTITUIÇÃO
FEDERAL DE 1988, Artigo 109 da Constituição Federal de 1988. Aos juízes federais compete processar e
julgar, As causas relativas a direitos humanos a que se refere o Parágrafo Quinto deste artigo; Parágrafo
Quinto.
Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade
de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos
dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase
do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.
Federalização dos crimes graves contra os Direitos Humanos. Federalizar é deslocar a competência.
Presunção de inocência – Todo homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido
inocente até que sua culpabilidade tenha sido provada. Artigo 14 do Pacto Internacional dos Direitos
Civis e Políticos de 1966. Inciso doze – Direito a privacidade.
Artigo Quinto, inciso Treze da Constituição Federal, Direito à liberdade de locomoção e residência
dentro do País.
Remédio efetivo – solução o devido processo legal, contraditório e ampla defesa, Artigo Quinto, inciso
cinquenta e cinco, inciso trinta e cinco e inciso trinta e cinco. Presumido inocente até que sua
culpabilidade tenha sido provada – Ninguém será culpado até o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória.
Proibição da tortura, da servidão e escravidão (sem exceções).
Podemos dividir em duas partes;
Valores - Valores como igualdade, fraternidade, presunção da inocência, propriedade, privacidade,
liberdade de pensamento, opinião, consciência e religião, segurança social, esforço nacional pela
cooperação internacional, direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à dignidade humana e
ao livre desenvolvimento de sua personalidade, são elementos constitutivos da Declaração Universal dos
Direitos Humanos.
Nota-se que o Brasil, na Constituição de 05 de Outubro 1988, incluiu em seu bojo os valores acima
estudados, principalmente no Artigo Quinto, como Direitos e Garantias Fundamentais. Assim, passou a
resgatar credibilidade internacional como membro da ONU.
Violações – Ações como escravagismo, tortura e prisão ilegal são tratadas como violações da dignidade
humana. As leis brasileiras passaram a tratar esses atos de forma específica, cominando penas aos
transgressores, todavia acreditamos que, apenas o conhecimento da lei e punições não constituam
motivações determinantes para que tais violações não ocorram.
Conclusão
O Brasil, perante a comunidade internacional, a partir de 1988, ao promulgar a Carta Constitucional,
deixou claro que adoção e apoio aos tratados significariam bem mais que agregar letras mortas.
A CONDIÇÃO HUMANA E ABORDAGENS
HISTÓRICO CULTURAIS DOS DIREITOS HUMANOS
Você certamente já ouviu falar em Cidadania? Sabe o que é?
Podemos entender cidadania como o verdadeiro alicerce para a concretização dos direitos humanos, ou
seja – O amplo conjunto de direitos e obrigações da pessoa, sob a vigência do Estado Democrático de
Direito.
Para concretização da cidadania, no Brasil, o poder público deverá promover para todas as pessoas os
Direitos;
Civis – onde os princípios de liberdade, opinião, expressão e de pensamento são definidos pelo Estado
como imprescindíveis;
Políticos – onde o cidadão tem o direito de votar e ser votado;
Sociais – onde o bem estar econômico e social, contemplados pela segurança e demais políticas sociais
básicas, apresenta qualidade de vida saudável.
Conduta Ética e Legal na Aplicação da Lei
Sargento, você sabia que a conduta do Policial Militar deverá estar pautada no Estado Democrático de
Direito, com enfoque moral e ético centrado nos valores da cidadania, na promoção e defesa dos
Direitos Humanos?
Esses valores éticos, legais, morais e emocionais devem estar presentes em toda sua vida profissional e
pessoal. Como representante do Estado, ao Policial Militar cabe o exercício exemplar em todas as suas
ações, diante da sociedade em que é partícipe.
ÉTICA – (Ethikos) Palavra de origem grega, cujo significado pertence ao (ethos), ou seja, "bom costume",
com caráter, bons hábitos etc.
LEGAL – Estado Democrático de Direitos, ou seja, em conformidade com as leis vigentes, aprovada no
Congresso e sancionadas pelo chefe do poder Executivo, todos escolhidos pelo povo. Estudiosos
assinalam que Ética e moral podem ser diferenciados.
Moral tem fundamentos em valores na obediência a costumes e hábitos criados.
Ética fundamenta as ações morais especificamente pela razão, ou seja, pela racionalidade humana.
No que tange ao Emocional, o Policial Militar tem o Direito de estar equipado apropriadamente e
possuir um treinamento condizente com as suas atividades de forma eficaz e contínua, possuir
condições dignas de trabalho e ter a preocupação institucional pelo seu bem-estar físico, psicológico e
social, para que possa desempenhar de maneira equilibrada, consciente e coerente as suas atividades
policiais.
No conjunto de matérias elencadas para a formação do Policial Militar encontramos o Controle de
estresse e Ética, onde serão ministrados assuntos valorosos por profissionais competentes.
Código de Conduta para Funcionários Encarregados de Fazer Cumprir a Lei;
Conduta de Conduta para Funcionários Encarregados de Fazer Cumpri a Lei. Resolução 34/169 da
Assembleia Geral das Nações Unidas em 17 de dezembro de 1979.
Artigo Primeiro – Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem cumprir, a todo o momento,
o dever que a lei lhes impõe, servindo a comunidade e protegendo todas as pessoas contra atos ilegais,
em conformidade com o elevado grau de responsabilidade que a sua profissão requer.
Comentário;
A) A expressão funcionários responsáveis pela aplicação da lei – inclui todos os agentes da lei, quer
nomeados, quer eleitos, que exerçam poderes de polícia, especialmente poderes de prisão ou detenção.
B) Nos países onde os poderes policiais são exercidos por autoridades militares, quer em uniforme, quer
não, ou por forças de segurança do Estado, a definição dos funcionários responsáveis pela aplicação da
lei incluirá os funcionários de tais serviços.
C) O serviço à comunidade deve incluir, em particular, a prestação de serviços de assistência aos
membros da comunidade que, por razões de ordem pessoal, econômica, social e outras emergências,
necessitam de ajuda imediata.
D) A presente disposição visa, não só todos os atos violentos, destruidores e prejudiciais, mas também a
totalidade dos atos proibidos pela legislação penal. É igualmente aplicável à conduta de pessoas não
susceptíveis de incorrerem em responsabilidade criminal.
Artigo Segundo – No cumprimento do seu dever, os funcionários responsáveis pela aplicação da lei
devem respeitar e proteger a dignidade humana, manter e apoiar os direitos fundamentais de todas as
pessoas.
Comentário;
A) Os direitos do homem em questão são identificados e protegidos pelo direito nacional e
internacional. De entre os instrumentos internacionais relevantes contam-se a Declaração Universal dos
Direitos Humano, o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, a Declaração sobre a Proteção
de Todas as Pessoas contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou
Degradantes, a Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Racial, a Convenção Internacional sobre a Supressão e Punição do Crime de Apartheid, a Convenção
sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, as Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos,
e a Convenção de Viena sobre Relações Consulares.
B) Os comentários nacionais a esta cláusula deve indicar as provisões regionais ou nacionais que
definem e protegem estes direitos.
Artigo Terceiro – Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei só podem empregar a força quando
tal se afigure estritamente necessário e na medida exigida para o cumprimento do seu dever.
Comentário;
A) Esta disposição salienta que o emprego da força por parte dos funcionários responsáveis pela
aplicação da lei deve ser excepcional. Embora admita que estes funcionários possam estar autorizados a
utilizar a força na medida em que tal seja razoavelmente considerado como necessário, tendo em conta
as circunstâncias, para a prevenção de um crime ou para deter ou ajudar à detenção legal de
delinqüentes ou de suspeitos, qualquer uso da força fora deste contexto não é permitido.
B) A lei nacional restringe normalmente o emprego da força pelos funcionários responsáveis pela
aplicação da lei, de acordo com o princípio da proporcionalidade. Deve-se entender que tais princípios
nacionais de proporcionalidade devem ser respeitados na interpretação desta disposição. A presente
disposição não deve ser em nenhum caso, interpretada no sentido da autorização do emprego da força
em desproporção com o legítimo objetivo a atingir.
C) O emprego de armas de fogo é considerado uma medida extrema. Devem fazer-se todos os esforços
no sentido de excluir a utilização de armas de fogo, especialmente contra as crianças.
Em geral, não deverão utilizar-se armas de fogo, exceto quando um suspeito ofereça resistência armada,
ou quando, de qualquer forma coloque em perigo vidas alheias e não haja suficientes medidas menos
extremas para dominá-lo ou deter. Cada vez que uma arma de fogo for disparada, deverá informar-se
prontamente às autoridades competentes.
Artigo Quarto – As informações de natureza confidencial em poder dos funcionários responsáveis pela
aplicação da lei devem ser mantidas em segredo, a não ser que o cumprimento do dever ou as
necessidades da justiça estritamente exijam outro comportamento.
Comentário;
A) Devido à natureza dos seus deveres, os funcionários responsáveis pela aplicação da lei obtêm
informações que podem relacionar-se com a vida particular de outras pessoas ou ser potencialmente
prejudiciais aos seus interesses e especialmente à sua reputação. Deve-se ter a máxima cautela na
salvaguarda e utilização dessas informações as quais só devem ser divulgadas no desempenho do dever
ou no interesse. Qualquer divulgação dessas informações para outros fins é totalmente abusiva.
Artigo Quinto – Nenhum funcionário responsável pela aplicação da lei pode infligir, instigar ou tolerar
qualquer ato de tortura ou qualquer outra pena ou tratamento cruel, desumano ou degradante, nem
invocar ordens superiores ou circunstanciais excepcionais, tais como o estado de guerra ou uma ameaça
à segurança nacional, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública como
justificação para torturas ou outras penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.
Comentário;
A) Esta proibição decorre da Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas contra a Tortura e outras
Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adotada pela Assembléia Geral, de acordo
com a qual – tal ato é uma ofensa contra a dignidade humana e será condenado como uma negação aos
propósitos da Carta das Nações Unidas e como uma violação aos direitos e liberdades fundamentais
afirmados na Declaração Universal dos Direitos do Homem (e noutros instrumentos internacionais sobre
os direitos do homem).
B) A Declaração define tortura da seguinte forma – Tortura significa qualquer ato pelo qual uma dor
violenta ou sofrimento físico ou mental é imposto intencionalmente a uma pessoa por um funcionário
público, ou por sua instigação, com objetivos tais como obter dela ou de uma terceira pessoa
informação ou confissão, puni-la por um ato que tenha cometido ou se supõe tenha cometido, ou
intimidá-la a ela ou a outras pessoas. “Não se considera tortura a dor ou sofrimento apenas resultante,
inerente ou conseqüência de sanções legítimas, na medida em que sejam compatíveis com as Regras
Mínimas para o Tratamento de Reclusos”.
C) A expressão – penas ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes não foi definida pela
Assembléia Geral, mas deve ser interpretada de forma a abranger uma proteção tão ampla quanto
possível contra abusos, quer físico, quer mental.
Artigo Sexto – Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem assegurar a proteção da saúde
das pessoas à sua guarda e, em especial, devem tomar medidas imediatas para assegurar a prestação de
cuidados médicos sempre que tal seja necessário.
Comentário;
A) Cuidados Médicos, significando serviços prestados por qualquer pessoal médico, incluindo médicos
diplomados e paramédicos, devem ser assegurados quando necessários ou solicitados.
B) Embora o pessoal médico esteja geralmente adstrito aos serviços de aplicação da lei, os funcionários
responsáveis pela aplicação da lei devem tomar em consideração a opinião de tal pessoal, quando este
recomendar que deva proporcionar-se à pessoa detida tratamento adequado, através ou em
colaboração com pessoal médico não adstrito aos serviços de aplicação da lei.
C) Subentende-se que os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem assegurar também
cuidados médicos às vítimas de violação da lei ou de acidentes que dela decorram.
Artigo Sétimo – Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem cometer qualquer ato de
corrupção. Devem, igualmente, opor se rigorosamente e combater todos os atos desta índole.
Comentários;
A) Qualquer ato de corrupção, tal como qualquer outro abuso de autoridade, é incompatível com a
profissão de funcionário responsável pela aplicação da lei. A lei deve ser aplicada na íntegra em relação a
qualquer funcionário que cometa um ato de corrupção, dado que os Governos não podem esperar
aplicar a lei aos cidadãos se não a puderem ou quiserem aplicar aos seus próprios agentes e dentro dos
seus próprios organismos.
B) Embora a definição de corrupção incumba a sujeição à legislação nacional, devem entender-se como
incluindo tanto a execução ou a omissão de um ato, praticado pelo responsável, no desempenho das
suas funções ou com estes relacionados, em virtude de ofertas, promessas ou vantagens, pedidas ou
aceitos, como a aceitação ilícita destas, uma vez a ação cometida ou omitida.
C) A expressão ato de corrupção, anteriormente referida, deve ser entendida no sentido de abranger
tentativas de corrupção.
Artigo Oitavo – Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem respeitar a lei e o presente
Código. Devem, também, na medida das suas possibilidades, evitar e opor-se vigorosamente a quaisquer
violações da lei ou do Código.
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei que tiverem motivos para acreditar que se produziu
ou irá produzir uma violação deste Código, devem comunicar o fato aos seus superiores e, se necessário,
a outras autoridades com poderes de controle ou de reparação competentes.
Comentários;
A) Este Código será observado sempre que tenha sido incorporado na legislação ou na prática nacionais.
Se a legislação ou a prática contiverem disposições mais limitativas do que as do atual Código, devem
observar-se essas disposições mais limitativas.
B) O presente artigo procura preservar o equilíbrio entre a necessidade de disciplina interna do
organismo do qual, em larga escala, depende a segurança pública, por um lado, e a necessidade de, por
outro lado, tomar medidas em caso de violações dos direitos humanos básicos. Os funcionários
responsáveis pela aplicação da lei devem informar das violações os seus superiores hierárquicos e tomar
medidas legítimas sem respeitar a via hierárquica somente quando não houver outros meios disponíveis
ou eficazes. Subentende-se que os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem sofrer
sanções administrativas ou de outra natureza pelo fato de terem comunicado que se produziu ou que
está prestes a produzir-se uma violação deste Código.
C) A expressão «autoridade com poderes de controle e de reparação competentes» refere-se a qualquer
autoridade ou organismo existente ao abrigo da legislação nacional, quer esteja integrado nos
organismos de aplicação da lei quer seja independente destes, com poderes estatutários,
consuetudinários ou outros para examinarem reclamações e queixas resultantes de violações deste
Código.
D) Em alguns países pode considerar-se que os meios de comunicação social («mass media»)
desempenham funções de controle, análogas às descritas na alínea anterior. Conseqüentemente, os
funcionários responsáveis pela aplicação da lei poderão como último recurso e com respeito pelas leis e
costumes do seu país e pelo disposto no artigo 4 do presente Código, levar as violações à atenção da
opinião pública através dos meios de comunicação social.
E) Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei que cumpram as disposições deste Código
merecem o respeito, o total apoio e a colaboração da comunidade em que exercem as suas funções, do
organismo de aplicação da lei no qual servem e dos demais funcionários responsáveis pela aplicação da
lei.
PRINCÍPIOS BÁSICOS SOBRE A UTILIZAÇÃO DA FORÇA E ARMAS DE FOGO PELOS RESPONSÁVEIS PELA
APLICAÇÃO DA LEI (PBUFAF).
Praticidade Fundamentada na Normativa Internacional de Direitos Humanos e nas Leis Internas, no que
Concerne ao Exercício da Função Policial Militar.
O exercício profissional responsável pela aplicação da lei constitui altíssima relevância para a Segurança
Pública e, em decorrência, para o crescimento de pessoas e instituições. Não há sociedade evolutiva sem
segurança, e sua oferta inadequada interfere na qualidade de vida da população, em todos os níveis.
O apuro técnico na formação continuada e a constante revisão nas condições de trabalho dos Policiais
Militares devem ser temas constantes na agenda dos chefes, diretores e comandantes. A Normativa
internacional da ONU (Organização das Nações Unidas), em que o Brasil é membro, prevê, ainda, a
responsabilidade dos Governantes para com a Vida e a Liberdade de todos.
A ameaça contra a vida e à Segurança dos Policiais é considerada ― uma ameaça à estabilidade da
sociedade no seu todo. Policial ameaçado, agredido, violado em seus direitos configura Crime contra os
Estados Democráticos de Direito e a inarredável DEMOCRACIA.
O Papel do Policial Militar, na sociedade, por relevância social e empenho na manutenção da ordem e
segurança pública de todos, requer das autoridades constituídas, viabilidade e imposição nas
qualificações, formação e conduta dos mesmos. Em situação de conflito, com evidente ameaça de
integridade física, própria ou de outrem, o Policial terá a obrigação funcional de atuar.
Neste mister, o uso da força e arma de fogo, se houver necessidade, deverão ocorrer dentro dos
chamados meios necessários para conter a agressão, ou seja, funcionários só podem utilizar a força
quando for estritamente necessário e somente na medida exigida para o desempenho das suas funções.
O uso da força e de armas de fogo por Policiais Militares é restrito ao respeito aos Direitos do Homem, já
que a vida constitui o mais elementar e inalienável bem, defendido pela normativa Internacional da
ONU, em que somos membros e devemos atenção particular, bem como às leis internas do País. Consta
na Normativa Internacional, ainda que Os Governos devem ter em conta os Princípios Básicos a seguir
enunciados, que foram formulados tendo em vista auxiliar os Estados membros a garantirem e a
promoverem o verdadeiro papel dos funcionários responsáveis pela aplicação lei, a observá-los no
quadro das respectivas legislação e prática nacionais e a submetê-los à atenção dos funcionários
responsáveis pela aplicação da lei, bem como de outras pessoas como os juízes, os magistrados do
Ministério Público, os advogados, os representantes do poder executivo e do poder legislativo e o
público em geral.
Princípios Básicos Sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela
Aplicação da Lei
Sargento, que tal estudar esses princípios? Saberia dizer quais são eles? Vamos aprender?
DISPOSIÇÕES GERAIS
PRINCÍPIO 1 - Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem adotar e aplicar regras sobre a
utilização da força e de armas de fogo contra as pessoas, por parte dos funcionários responsáveis pela
aplicação da lei. Ao elaborarem essas regras, os Governos e os organismos de aplicação da lei devem
manter sob permanente avaliação as questões éticas ligadas à utilização da força e de armas de fogo.
PRINCÍPIO 2 - Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem desenvolver um leque de meios
tão amplos quanto possível e habilitar os funcionários responsáveis pela aplicação da lei com diversos
tipos de armas e de munições, que permitam uma utilização diferenciada da força e das armas de fogo.
Para o efeito, deveriam ser desenvolvidas armas neutralizadoras não letais, para uso nas situações
apropriadas, tendo em vista limitar de modo crescente o recurso a meios que possam causar a morte ou
lesões corporais, para o mesmo efeito, deveria também ser possível dotar os funcionários responsáveis
pela aplicação da lei de equipamentos defensivos, tais como escudos, viseiras, coletes antibalas e
veículos blindados, a fim de se reduzir a necessidade de utilização de qualquer tipo de armas.
PRINCÍPIO 3 - O desenvolvimento e utilização de armas neutralizadoras não letais deveria ser objeto de
uma avaliação cuidadosa, a fim de reduzir ao mínimo os riscos com relação a terceiros, e a utilização
dessas armas deveria ser submetida a um controlo estrito.
PRINCÍPIO 4 - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei, no exercício das suas funções, devem,
na medida do possível, recorrer a meios não violentos antes de utilizarem a força ou armas de fogo. Só
poderão recorrer à força ou a armas de fogo se outros meios se mostrarem ineficazes ou não
permitirem alcançar o resultado desejado.
PRINCÍPIO 5 - Sempre que o uso legítimo da força ou de armas de fogo seja indispensável, os
funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem;
A) Utilizá-las com moderação e a sua ação deve ser proporcional à gravidade da infração e ao objetivo
legítimo a alcançar;
B) Esforçar-se por reduzirem ao mínimo os danos e lesões e respeitarem e preservarem a vida humana;
C) Assegurar a prestação de assistência e socorros médicos às pessoas feridas ou afetadas, tão
rapidamente quanto possível;
D) Assegurar a comunicação da ocorrência à família ou pessoas próximas da pessoa ferida ou afetada,
tão rapidamente quanto possível.
PRINCÍPIO 6 - Sempre que da utilização da força ou de armas de fogo pelos funcionários responsáveis
pela aplicação da lei resultem lesões ou a morte, os responsáveis farão um relatório da ocorrência aos
seus superiores, de acordo com o princípio 22.
PRINCÍPIO 7 - Os Governos devem garantir que a utilização arbitrária ou abusiva da força ou de armas de
fogo pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei seja punida como inflação penal, nos termos
da legislação nacional.
PRINCÍPIO 8 - Nenhuma circunstância excepcional, tal como a instabilidade política interna ou o estado
de emergência, pode ser invocada para justificar uma derrogação dos presentes Princípios Básicos.
PRINCÍPIO 9 - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem fazer uso de armas de fogo
contra pessoas, salvo em caso de legítima defesa, defesa de terceiros contra perigo iminente de morte
ou lesão grave, para prevenir um crime particularmente grave, que ameace vidas humanas, para
proceder à detenção de pessoa que represente essa ameaça e que resista à autoridade, ou impedir a sua
fuga, e somente quando medidas menos extremas se mostrem insuficientes para alcançarem aqueles
objetivos. Em qualquer caso, só devem recorrer intencionalmente à utilização letal de armas de fogo
quando isso seja estritamente indispensável para proteger vidas humanas.
PRINCÍPIO 10 - Nas circunstâncias referidas no princípio 9, os funcionários responsáveis pela aplicação
da lei devem identificar-se como tal e fazer uma advertência clara da sua intenção de utilizarem armas
de fogo, deixando um prazo suficiente para que o aviso possa ser respeitado, exceto se esse modo de
proceder colocar indevidamente em risco a segurança daqueles responsáveis implicar um perigo de
morte ou lesão grave para outras pessoas ou se mostrar manifestamente inadequado ou inútil, tendo
em conta as circunstâncias do caso.
PRINCÍPIO 11 - As normas e regulamentações relativas à utilização de armas de fogo pelos funcionários
responsáveis pela aplicação da lei devem incluir diretrizes que;
A) Especifiquem as circunstâncias nas quais os funcionários responsáveis pela aplicação da lei sejam
autorizados a transportar armas de fogo e prescrevam os tipos de armas de fogo e munições
autorizados;
B) Garantam que as armas de fogo sejam utilizadas apenas nas circunstâncias adequadas e de modo a
reduzir ao mínimo o risco de danos inúteis;
C) Proíbam a utilização de armas de fogo e de munições que provoquem lesões desnecessárias ou
representem um risco injustificado;
D) Regulamentem o controle, armazenamento e distribuição de armas de fogo e prevejam
nomeadamente procedimentos de acordo com os quais os funcionários responsáveis pela aplicação da
lei devam prestar contas de todas as armas e munições que lhes sejam distribuídas;
E) Prevejam as advertências a efetuar, sendo caso disso, se houver utilização de armas de fogo;
F) Prevejam um sistema de relatórios de ocorrência, sempre que os funcionários responsáveis pela
aplicação da lei utilizem armas de fogo no exercício das suas funções.
MANUTENÇÃO DA ORDEM EM CASO DE REUNIÕES ILEGAIS
PRINCÍPIO 12 - Dado que a todos é garantido o direito de participação em reuniões lícitas e pacíficas, de
acordo com os princípios enunciados na Declaração Universal dos Direitos do Homem e no Pacto
Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, os Governos e os serviços e funcionários responsáveis
pela aplicação da lei devem reconhecer que a força e as armas de fogo só podem ser utilizadas de
acordo com os princípios 13 e 14.
PRINCÍPIO 13 - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem esforçar-se por dispersar as
reuniões ilegais, mas não violentas sem recurso à força e, quando isso não for possível, limitar a
utilização da força ao estritamente necessário.
PRINCÍPIO 14 - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei só podem utilizar armas de fogo para
dispersarem reuniões violentas se não for possível recorrer a meios menos perigosos, e somente nos
limites do estritamente necessário. Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem utilizar
armas de fogo nesses casos, salvo nas condições estipuladas no princípio 9.
Praticidade Fundamentada na Normativa Internacional de Direitos Humanos e nas Leis Internas, no que
Concerne ao Exercício da Função Policial Militar.
Manutenção da ordem entre pessoas detidas ou presas
PRINCÍPIO 15 - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem utilizar a força na relação
com pessoas detidas ou presas, exceto se isso for indispensável para a manutenção da segurança e da
ordem nos Estabelecimentos penitenciários, ou quando a segurança das pessoas esteja ameaçada.
PRINCÍPIO 16 - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem utilizar armas de fogo na
relação com pessoas detidas ou presas, exceto em caso de legítima defesa ou para defesa de terceiros
contra perigo iminente de morte ou lesão grave, ou quando essa utilização for indispensável para
impedir a evasão de pessoa detida ou presa representando o risco referido no princípio 9.
PRINCÍPIO 17 - Os princípios precedentes entendem-se sem prejuízo dos direitos, deveres e
responsabilidades dos funcionários dos estabelecimentos penitenciários, tal como são enunciados nas
Regras Mínimas para o Tratamento de Presos, em particular as regras 33, 34 e 54.
PRINCÍPIO 18 - Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem garantir que todos os
funcionários responsáveis pela aplicação da lei sejam selecionados de acordo com procedimentos
adequados, possuam as qualidades morais e aptidões psicológicas e físicas exigidas para o bom
desempenho das suas funções e recebam uma formação profissional contínua e completa. Deve ser
submetida à reapreciação periódica a sua capacidade para continuarem a desempenhar essas funções.
PRINCÍPIO 19 - Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem garantir que todos os
funcionários responsáveis pela aplicação da lei recebam formação e sejam submetidos a testes de
acordo com normas de avaliação adequadas sobre a utilização da força. Os funcionários responsáveis
pela aplicação da lei que devam transportar armas de fogo deveriam ser apenas autorizados a fazê-lo
após recebimento de formação especial para a sua utilização
PRINCÍPIO 20 - Na formação dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei, os Governos e os
organismos de aplicação da lei devem conceder uma atenção particular às questões de ética policial e de
direitos do homem, em particular no âmbito da investigação, aos meios de evitar a utilização da força ou
de armas de fogo, incluindo a resolução pacífica de conflitos, ao conhecimento do comportamento de
multidões e aos métodos de persuasão, de negociação e mediação, bem como aos meios técnicos,
tendo em vista limitar a utilização da força ou de armas de fogo. Os organismos de aplicação da lei
deveriam rever o seu programa de formação e procedimentos operacionais, em função de incidentes
concretos.
PRINCÍPIO 21 - Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem garantir aconselhamento
psicológico aos funcionários responsáveis pela aplicação da lei envolvidos em situações em que sejam
utilizadas a força e armas de fogo.
PROCEDIMENTOS DE COMUNICAÇÃO HIERÁRQUICA E DE INQUÉRITO
PRINCÍPIO 22 - Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem estabelecer procedimentos
adequados de comunicação hierárquica e de inquérito para os incidentes referidos nos princípios 6 e 11.
Para os incidentes que sejam objetos de relatório por força dos presentes Princípios, os Governos e os
organismos de aplicação da lei devem garantir a possibilidade de um efetivo procedimento de controle e
que Autoridades independentes (administrativas ou do Ministério Público), possam exercer a sua
jurisdição nas condições adequadas. Em caso de morte, lesão grave, ou outra consequência grave, deve
ser enviado de imediato um relatório detalhado às autoridades competentes encarregadas do inquérito
administrativo ou do controle administrativo ou do controle judiciário.
PRINCÍPIO 23 - As pessoas contra as quais sejam utilizadas a força ou armas de fogo ou os seus
representantes autorizados devem ter acesso a um processo independente, em particular um processo
judicial. Em caso de morte dessas pessoas, a presente disposição aplica-se às pessoas a seu cargo.
PRINCÍPIO 24 - Os Governos e organismos de aplicação da lei devem garantir que os funcionários
superiores sejam responsabilizados se, sabendo ou devendo saber que os funcionários sob as suas
ordens utilizam ou utilizaram ilicitamente a força ou armas de fogo, não tomaram as medidas ao seu
alcance para impedirem, fazerem cessar ou comunicarem este abuso.
PRINCÍPIO 25 - Os Governos e organismos responsáveis pela aplicação da lei devem garantir que
nenhuma sanção penal ou disciplinar seja tomada contra funcionários responsáveis pela aplicação da lei
que, de acordo como o Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei e
com os presentes Princípios Básicos, recusem cumprir uma ordem de utilização da força ou armas de
fogo ou denunciem essa utilização por outros funcionários.
PRINCÍPIO 26 - A obediência a ordens superiores não pode ser invocada como meio de defesa se os
responsáveis pela aplicação da lei sabiam que a ordem de utilização da força ou de armas de fogo de
que resultaram a morte ou lesões graves era manifestamente ilegal e se tinham uma possibilidade
razoável de recusar cumpri-la. Em qualquer caso, também existe responsabilidade da parte do superior
que proferiu a ordem ilegal.
REUNIÃO, MANIFESTAÇÃO POPULAR E PROTESTO.
É a mobilização ativista de um grupo de pessoas com a finalidade de obter do poder público ou privado
competente, ações efetivas para conquista das reivindicações manifestas por seus representantes, de
formas pacífica e legal.
Considerações Gerais
Reuniões, Manifestações ou Protestos, normalmente, são articulados na forma de concentração em
locais predeterminados ou passeatas, com carros de som, cânticos de ordem, panfletos, cartazes e
exaltação de palavras de ordem evidenciando interesses comuns dirigidos aos Poderes Público e/ou
Privado. Tais manifestações procuram, ainda, chamar a atenção dos setores de imprensa e da opinião
pública em geral para tornarem sensibilizantes as causas reivindicatórias que defendem.
A Legalidade das Reuniões, Manifestações e Protestos.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (10 de 1948), em seu artigo 20, acentua que “Todo
homem tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas”. A Constituição da República
Federativa do Brasil em seu Título dois, Dos Direitos e Garantias Fundamentais, Capítulo um dos Direitos
e Deveres Individuais e Coletivos, Artigo Quinto, inciso dezesseis; Prevê; "Artigo Quinto, inciso dezesseis
- todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente
de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local,
sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente".
Prevê Assim;
Reuniões pacíficas, protestos ou manifestações fazem parte do Estado Democrático de Direito Brasileiro,
com reforço da normativa internacional.
Reuniões pacíficas, protestos ou manifestações estão embasados no conceito filosófico constitucional,
Direitos e Garantias Fundamentais, liberdade de opinião e de expressão onde clarifica que, “É livre a
manifestação popular”.
As Polícias Militares brasileiras têm a responsabilidade de proteger manifestações legais e pacíficas e,
conseqüentemente, proteger seus cidadãos participantes; exercendo o poder de polícia (Emana do
Estado) com fundamentos nos pressupostos dos direitos fundamentais consagrados na Constituição
Federal.
Nesse contexto, é um direito legal a liberdade de articulação, reunião e manifestação política para expor
publicamente suas reivindicações, desde que ocorra de forma pacífica. Assim, qualquer prisão, por
motivo de reunião, protesto ou manifestação, configura;
Prisão legal – Artigo Quinto, Inciso cinquenta e nove, Constituição da República Federativa do Brasil,
"Ninguém será preso, senão em flagrante delito, ou ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente".
A CONVENÇÃO CONTRA TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU
DEGRADANTES
TRATADOS INTERNACIONAIS E DEMAIS INSTRUMENTOS.
“Jamais torture! Não resolverá o problema do possível infrator, da sociedade e criará um enorme para
você”. Rodrigo Foureaux em “Recanto das Letras”
A Convenção Contra Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.
Adotada pela resolução número 39/46 da Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de
1984, com entrada em vigor em 26 de junho de 1987. Nesta Unidade, passaremos a conhecer como a
questão da tortura está disposta, em detalhes, na Convenção estudada e nas leis internas, a saber;
Especificidades
Na Convenção Contra a Tortura – Primeiramente, é pertinente entender que uma CONVENÇÃO é
caracterizada por número considerável de Países, ou seja, uma normativa contratada por um conjunto
maior que numa Declaração.
A CONVENÇÃO faz parte da Normativa Internacional e, assim, passou a legitimar que por TORTURA;
Entende-se qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos
intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de terceira pessoa informações ou confissões;
De castigá-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido, ou seja, suspeita de ter cometido;
De intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas por qualquer motivo baseado em discriminação de
qualquer natureza;
Quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no exercício
de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência.
Na Legislação Brasileira – O Brasil, com base na Constituição Federal e na Normativa Internacional,
sancionou a Lei de Número 9.455, de 7 de abril de 1997, a Lei da Tortura.
“Artigo Primeiro – Constitui-se em crime de tortura; Constranger alguém com emprego de violência ou
grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter informação, declaração ou
confissão da vítima ou de terceira pessoa; para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; em
razão de discriminação racial ou religiosa.”
“Inciso Três– se o crime é cometido mediante seqüestro. Parágrafo Quinto A condenação acarretará a
perda do cargo, função ou emprego público.”
A Convenção Contra Tortura Insere;
O direito à reparação e à indenização justa e adequada, incluídos os meios necessários para a mais
completa reabilitação possível, para vítimas de tortura;
Que o Estado tome medidas eficazes de todas as naturezas para impedir atos de tortura;
Que a ordem de um funcionário superior ou de uma autoridade pública não poderá ser invocada como
justificação para a tortura;
Funcionários públicos ou quaisquer outras pessoas que possam participar de custódia, interrogatório ou
tratamento de qualquer pessoa submetida a qualquer forma de prisão, detenção ou reclusão terão
assegurados o ensino e a informação sobre a proibição da tortura;
Investigação imparcial, sempre que houver motivos razoáveis para crer que um ato de tortura teria sido
cometido.
Qualquer pessoa que alegue ter sido submetida à tortura terá o direito de apresentar queixa perante as
autoridades competentes com imparcialidade no exame do seu caso.
Medidas para assegurar a proteção dos queixosos e das testemunhas contra qualquer mau tratamento
ou intimidação, em conseqüência da queixa apresentada ou do depoimento prestado.
Assim – Podemos entender que a luta pela erradicação da tortura perpassa pela isenção de preconceitos
a que grupos minoritários estão expostos, freqüentemente. As especificidades de TORTURA, na
normativa internacional e na norma interna, são claras em idênticos detalhes, o que comprova o
respeito do nosso País aos valores contratados, como membro da ONU.
Em Unidade posterior, contemplaremos o assunto com a importância pertinente à formação de Policiais
Militares. O Policial que presenciar um ato de tortura, mesmo que não participe diretamente, será
considerado como partícipe, pela omissão.
TORTURA – é considerada crime hediondo, inafiançável e insuscetível de anistia ou graça.
Desta feita, urge entender que, ao Policial Militar cabe mostrar-se contrário a qualquer iniciativa que vá
de encontro à lei e a erradicação da tortura deverá constituir posição consagrada em seu exercício
profissional, em qualquer situação. As leis brasileiras consagram como crime hediondo, a Tortura e
outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.
MINORIAS E GRUPOS VULNERÁVEIS
O Que é Grupo de Minoria e Grupo Vulnerável? Vamos aprender?
Grupo de Minoria
A palavra minoria – significa em menor número e, ainda, o entendimento de que tratamos de menor
percentual dentre o total conhecido. Números, quantitativos, percentuais, por si só, são capazes de
caracterizar uma minoria, no imediatismo. Todavia, a MINORIA que estamos aludindo nesta unidade não
é assim vista por estudiosos de várias disciplinas, na questão. Correntes sensíveis vêm chamando a
atenção para uma questão de fundo, lógica no cenário das Políticas Sociais no Brasil.
As Minorias que nos reportamos são, na verdade, “minorias no Poder”, Étnicas, Religiosas e Lingüísticas
(conforme Artigo 27 do Pacto Internacional dos Direitos Civis ou Políticos).
Minorias sem representatividade governamental, insuficientes para reverter o quadro de exclusão social
a que estão submetidas, razão pela qual o espírito de luta dos excluídos fazse ecoar nos quatro cantos
do País. A minoria abordada não é dominante, culturalmente, ainda que possa ser numericamente de
maior percentual ou não. Independe de massa numérica na sociedade, e sim, de Poder dominante para
reverter estigmas, preconceitos e acesso a todos os bens e serviços, com qualidade.
Sargento, você saberia definir “MINORIAS”?
A ONU, através da Corte internacional de Direitos Humanos, entendeu que, em respeito às
peculiaridades de cada Estado, não se deveria impor ao mundo civilizado uma definição clássica. A
Senasp, em suas publicações, divulga definição de minorias para melhor entendimento de seus alunos;
Minorias Étnicas – A formação étnica da sociedade brasileira é o produto de origens diversas, ou seja,
primários povos indígenas, negros africanos escravizados, colonizadores portugueses, aventureiros
imigrantes europeus, árabes, asiáticos etc. Os grupos étnicos construtores de nosso País apresentam
culturas próprias, em seus hábitos, valores, idiomas e, assim o Brasil constrói sua riqueza maior que se
chama diversidade. No Censo 2010 do IBGE foi apurado o percentual de 50,74 porcento (mais que a
metade) para a população negra no Brasil.
Minorias Linguísticas – São as que utilizam dialeto ou idioma diverso do empregado pela maioria
numérica de um País.
Minorias Religiosas – São grupos praticantes de religiões de minorias numéricas, tais como Candomblé,
Umbanda, Budismo, Espiritismo e outras.
“Um grupo de cidadãos de um Estado, constituindo minorias numéricas e em posição não dominante no
Estado, dotada de características étnicas, religiosas e lingüísticas que diferem daquelas da população,
tendo um senso de solidariedade um para com o outro, motivado, senão apenas implicitamente, por
vontade coletiva de sobreviver e cujo objetivo é conquistar igualdade com a maioria, nos fatos e nas
leis”.
Grupos Vulneráveis
Agora que você já sabe o que são minorias. Que tal aprender o significado da palavra “Vulnerável”?
Vamos lá?
A palavra VULNERÁVEL pode significar fragilidade, suscetibilidade a riscos pessoais e sociais, situação
capaz para ser violado em seus direitos elementares, ferido, ofendido etc. A situação de risco pessoal e
social, na legislação brasileira, é destinada às crianças e adolescentes abandonados, idosos e até
mulheres, todos não alcançados pelas Políticas Públicas.
A realidade social de grupos de pessoas vulneráveis é sintoma reflexivo de desigualdade social. Revela
que condições básicas, de Educação, Cultura, Preparação para o trabalho e demais, foram
preconceituosamente negados.
Segundo BASTOS, 2002, grupo vulnerável “É o conjunto de pessoas pertencentes a uma minoria que por
motivação diversa, tem acesso, participação e/ou oportunidade igualitária dificultada ou vetada, a bens
e serviços universais disponíveis para a população”.
Assim são reconhecidos os grupos vulneráveis. Os traços da discriminação são visivelmente aplicados
causando efeitos sociais graves de exclusão por fundamentos de idade, gênero, pessoas com
deficiências/sofrimento mental, condição social e orientação sexual.
Crianças e Adolescentes
Marginalidade Social de Crianças e Adolescentes.
Após sancionar a CRFB (Constituição da República Federativa do Brasil - 05 de outubro de 1988), o Brasil,
como País membro da ONU, deu continuidade à adoção de medidas democráticas e civilizatórias,
criando o Estatuto da Criança e Adolescente, com base nos valores da normativa internacional e na
Carta Magna citada.
Assim, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considerou pela faixa etária;
Criança – da concepção até 12 anos incompletos.
Adolescente – de 12 anos até 18 anos incompletos.
Crianças e adolescentes - pessoas em condição peculiar de desenvolvimento e constituem absoluta
prioridade no terreno das políticas públicas.
Palavra “menor” – Palavra pejorativa e preconceituosa, entendendo que a legislação deveria contemplar
a todos os inseridos como pessoas e sujeitos de direitos por parte da Família, Sociedade e Estado, em
caráter hierárquico.
O papel da Polícia Militar e suas fases na questão da Criança e do Adolescente
A Polícia Militar, constitucionalmente responsável pelo Policiamento Ostensivo, poderá ter suas ações
assim desdobradas, quando em ocorrência com crianças e/ou adolescentes em conflito com a lei e/ou
vitimados, em; ação policial militar típica, ação de apoio social e ação em situações especiais.
Ação Policial Militar típica – É a que se fundamenta no poder de polícia e se organiza através do papel da
Polícia Militar de forma educativa, preventiva e correcional.
As fases do papel da Polícia Militar;
Abordagem adequada
É o primeiro contato do Policial Militar com crianças e adolescentes, a quem se atribua a prática de ato
infracional, restritivamente, com observância de preceitos educativos, preventivos e correcionais.
Encaminhar para a Delegacia Policial com o fito de encaminhamento de perambulantes, suspeitos,
pivetes, ainda que por pressões sociais, tornou-se inconstitucional, com sanções previstas no Estatuto da
Criança e Adolescente ao responsável pela apreensão ilegal.
O Policial Militar deve restringir-se aos casos de flagrante cometimento de ato infracional (Conduta
descrita como crime ou contravenção penal) por crianças e/ou adolescentes e, como prescreve a
Constituição Federal, devem ser considerados pessoas em condição peculiar de desenvolvimento. A
apreensão de crianças e adolescentes só poderá ser feita quando houver flagrante de ato infracional.
A abordagem adequada deve ser técnica, destituída de preconceitos, com utilização de linguagem clara,
em tom moderado, sereno, firme, exemplar, ético, ou seja, compatível com a formação acadêmica
Policial Militar. Considera-se inadmissível o uso de linguagem chula, ação agressiva, truculenta,
constrangedora e/ou violenta, sob qualquer pretexto.
No caso de abordagem, por ocasião de cometimento de ato infracional, o processo de Ressocialização,
Promoção Social inicia na dita abordagem adequada, daí a importância do trabalho do Policial Militar.
Encaminhamento técnico
É a resposta certa para a pergunta – Estou com a ocorrência e para onde deverá ser encaminhada?
É o local de destino da ocorrência, a ser considerado pelo Policial Militar, quando em caso de flagrante
de ato infracional, a quem se atribua a prática por crianças e/ou adolescentes. É a destinação legal da
ocorrência, desde já, com apresentação à autoridade competente.
CONCLUSÃO
Todo ser humano merece respeito e precisa ter sua dignidade humana respeitada, independente de cor,
raça, gênero, religião e etc.
No alicerce da cidadania estão os conceitos; liberdade e igualdade. A pluralidade é uma característica
rica do Brasil. Respeitá-la é dever de todo cidadão. O Policial Militar tem como atribuição manter as
normas legais a todas as pessoas. Sua função nunca deverá imprimir qualquer estímulo ao preconceito,
garantindo um atendimento de excelência, indiferentemente do grupo social que esteja interagindo.
Concretizar práticas de abordagens, dentro dos preceitos legais, é condição inarredável para Policiais
cidadãos.
Não há sociedade evolutiva sem segurança, e sua oferta inadequada interfere na qualidade de vida da
população, em todos os níveis.
O apuro técnico na formação continuada e a constante revisão nas condições de trabalho dos Policiais
Militares devem ser temas constantes na agenda dos chefes, diretores e comandantes.
A Normativa internacional da ONU (Organização das Nações Unidas), em que o Brasil é membro, prevê,
ainda, a responsabilidade dos Governantes para com a Vida e a Liberdade de todos.
A ameaça contra a vida e à Segurança dos Policiais é considerada “uma ameaça à estabilidade da
sociedade no seu todo”.
O “Papel do Policial Militar”, na sociedade, por relevância social e empenho na manutenção da ordem e
segurança pública de todos, requer das autoridades constituídas, viabilidade e imposição nas
qualificações, formação e conduta dos mesmos.
Em situação de conflito, com evidente ameaça de integridade física, própria ou de outrem, o Policial terá
a obrigação funcional de atuar.
Neste mister, o uso da força e arma de fogo, se houver necessidade, deverão ocorrer dentro dos
chamados “meios necessários” para conter a agressão, ou seja, “funcionários só podem utilizar a força
quando for estritamente necessário e somente na medida exigida para o desempenho das suas
funções”.
Assim, a Declaração nascia como forma essencial de ruptura nas costumeiras versões aplicadas de
tirania e opressão como escravagista fonte de domínio do homem pelo homem.
Os comentários da civilizatória Declaração chama a atenção de que “algo determinante para mudanças
haveria de ser feito para que o homem, mais tarde, não contemplasse a rebelião como única solução
para livrar-se do terror”.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos dispõe que “os direitos do homem sejam protegidos pelo
império da lei” e suas aplicações veiculadas pela multidisciplinaridade.
ÉTICA E DEONTOLOGIA POLICIAL MILITAR

INTRODUÇÃO

As doutrinas éticas fundamentais nascem e desenvolvem-se em diferentes épocas esociedades, como


resposta aos conflitos básicos apresentados entre os homens. O senso moralbaseia-se em princípios,
valores e costumes contextualizados no tempo e na sociedade e tempor objetivo a regulação moral da
vida cotidiana, pois é na dinâmica da vida social que seconstroem as relações éticas fundamentais.
Atualmente, a ética contempla a condição de vida do homem no mundo e dos seus limites
epossibilidades. Em um mundo de intensas transformações culturais, é preciso compreenderque a
diversidade humana tem provocado modificações nas relações sociais.
Por este motivo é necessário buscar recursos em outras áreas do conhecimento com vistas àanálise do
comportamento humano. É desta forma que se pretende trabalhar com oprofissional de segurança
pública, fazendo com que ele também se reconheça como atorfundamental no processo de construção
de uma sociedade mais justa e íntegra, já que, osentimento de pertencimento social é intrínseco à
cidadania.
O estudo da ética é de fundamental importância para que o profissional de segurança públicapossa
optar, com segurança, sobre sua conduta ao defrontar-se com as situações dedualidade, tão freqüentes
em seu cotidiano profissional. Além disso, há uma dimensãopedagógica no seu “fazer profissional” que
requer que ele aja de acordo com os princípioséticos, entendendo o significado do seu exemplo como
protagonista do bem-estar social.Para tanto, convém explicar que a Filosofia é um conhecimento
instituíste, no sentido dequestionar o saber instituído, eis aí um de seus grandes desafios.
Por este motivo Platãoassinala que a primeira virtude do filósofo é “admirar-se”.
Diante de distintas formas de pensar a vida do ser humano, partimos do pressuposto de Éticacomo um
ramo da Filosofia, que se destina a investigar a moral. Entendida como a ciência damoral (meta moral).
No entanto, também se pode entender como a reflexão sobre as noções eprincípios que fundamentam a
vida moral.
Essa reflexão orienta-se nas mais diversas direções, dependendo da concepção de ser humanotomado
como ponto de partida. Quando a Ética desce da sua generalidade, fala-se de umamoral. Esta se prende
mais a determinados períodos e lugares, sendo conceituada como oconjunto de normas e regras
adquiridas por hábitos e costumes. Já o termo “Deontologia”designa a ciência ou a teoria (logos) do que
é preciso fazer (em grego, deon). Essa palavra,criada por Jeremy Benthan e que significava “moral
geral”, veio a assumir uma acepção muitoparticular.
A de um conjunto de regras e de deveres profissionais.
Daí surgem os códigos de conduta, pelos quais são representadas as regras e os deveresinerentes ao
exercício das profissões.
A Deontologia Policial Militar, então, deve basear-se na Ética autêntica, ou seja, na éticafundadora dos
princípios, uma deontologia trabalhada à luz de uma permanente retomada,comandada pela reflexão,
descartando-se a possibilidade de torna lá uma ética profissionalaplicada segundo um enganoso e
oportunista moralismo.
Nobres companheiros de profissão, esperamos com a disciplina; “Ética e Deontologia PolicialMilitar”,
tratar questões pertinentes à sua ascensão intelectual e, por conseguinte,profissional.
Um conteúdo pensado para você, estudante do Curso Especial de Formação deSargentos, através de um
estudo sistemático (crítico e reflexivo na medida do possível) quevise proporcionar a você um
delineamento ético para um fazer policial pleno e democrático.Sendo assim, cumpre à SEPM –
Secretaria de Estado de Polícia Militar – e a todos os seusmembros, ter observância, promover e zelar
pela sua conduta em prol do desenvolvimento,bem como o encorajamento do respeito aos direitos do
homem e das liberdades fundamentaispara todos, sem qualquer distinção, difundindo, em particular, os
valores expressos nosdocumentos fundamentais nacionais e internacionais.
Nesse sentido, a natureza das funções de aplicação da lei para defesa da ordem pública e aforma como
essas funções são exercidas, têm uma incidência direta sobre a qualidade de vidados indivíduos e da
sociedade no seu conjunto.
SIGNIFICADO DE ÉTICA
Sargento, você saberia dizer o que é ética? Que tal aprender?
Aprenda a pronunciarSubstantivo feminino.
Parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios quemotivam, distorcem, disciplinam ou
orientam o comportamento humano, refletindoespecialmente a respeito da essência das normas,
valores, prescrições e exortações presentesem qualquer realidade social.
POR EXTENSÃO.
Conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de
uma sociedade.
"é. profissional"
Na atualidade, o papel da ética tem sido foco de significativas discussões nos meios acadêmicoe
profissional. Isto porque na sociedade contemporânea, desventurosamente, tem se tornadocomum a
exposição de condutas antiéticas nas diferentes áreas profissionais e doconhecimento. É bem verdade
que a conduta humana não está sempre em conformidade comas leis éticas, contudo, existe a
necessidade de se ressaltar a importância da ética na
fundamentação da ação humana, pois o conteúdo ético é universal na humanidade ecaracterístico da
espécie humana, diga-se, universal, porém não estático.
Segundo Leonardo Boff (2003), a crise moral e ética que se instalou na atualidade propicia
adesintegração das relações interpessoais, justificada na grande tensão encontrada pelatentativa de
funcionamento em torno de interesses particulares em detrimento dos interessesdo direito e da justiça,
assim ele afirma; "Tal fato se agrava ainda mais por causa da próprialógica dominante da economia e do
mercado que se rege pela competição, que cria oposiçõese exclusões, e não pela cooperação que
harmoniza e inclui".
O fato ético, em interface com as transformações sociais, detém proporcionalmente apossibilidade de
atualizações. Segundo Ashley, "da mesma forma que as sociedades transformam-se ao longo do tempo,
os valores culturais de que os indivíduos se servem paraorganizar sua realidade e suas ações, também
tendem a sofrer modificações".
Deste modo, o conteúdo ético mencionado está sujeito a alterações da mesma maneira queocorre com
o meio social. Conceitos outrora considerados éticos podem perder tal status porora ou definitivamente.
A reorganização produz uma nova realidade. Trata-se de ummovimento que deve estar sempre em
análise, pois a sociedade é dinâmica e está em processocontínuo de mudança, como expressa muito
bem, a perspectiva dialética.
A ética relaciona-secom as ações do homem, sendo direcionada para as inter-relações sociais. Sob o
ponto de
vista dialético, o ideal ético fundamenta-se em uma vida social igualitária e justa, ou seja, aética, nessa
visão, tem como pedra angular o bem coletivo.
OS PRINCÍPIOS ÉTICOS E SUA APLICAÇÃO NO EXERCÍCIO DO DIREITO.
Agora que você já sabe o significado de ética. Vamos aprender sobre os Princípios Éticos e suaAplicação
no Exercício do Direito?
A conceituação de toda e qualquer categoria inserida nas Ciências Sociais e Humanas, ao longoda
história da Filosofia, se constitui em tarefa árdua devido à grande variedade de pontos devista.
Entretanto, se faz necessário tal exercício no sentido de apresentar, em maior ou menorgrau,
objetividade dos significados, com a finalidade de contribuir para a melhor compreensãodo assunto.
Na tentativa de se conceituar Ética, a realidade relatada se comprova. "A ética é daquelascoisas que
todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguémpergunta". Para
Augusto Comte, citado por Lima a Éticaconsiste na;
A suprema ciência, do amor por princípio, do amor sem cabeça, moralcósmica, naturalista e social, pois
recompõe os laços do universo da natureza com o universoda moralidade e vê nas regras do
comportamento humano um caso das leis que presidem aordem universal. Ética em que o homem está
submetido, em virtude de sua submissão à
humanidade.
De acordo com Vázquez -"Ética é um conjunto sistemático de conhecimentos racionais e objetivos a
respeito do comportamento humano moral, melhor dizendo, é a teoria ou ciência do comportamento
moral do homem em sociedade".
Durkeim conceitua Ética da seguinte forma - "Tudo que é relativo aos bons costumes ou àsnormas de
comportamento admitidas e observadas, em certa época, numa dada sociedade"
Segundo Moore -"a Ética é a investigação geral sobre aquilo que é bom, isso se dáporque o maior
objetivo da Ética é tentar aproximar o ser humano da perfeição, alcançar a suarealização pessoal".
Sob o ponto de vista de Jean-Paul Sartre, de acordo com Lima, a ética é - uma moral da ambiguidade e
da situação. Vai da liberdade absoluta e inútil à liberdadehistórica, da náusea diante da gratuidade das
coisas, do em si e o para si, do ser e do nada, doser para outros, do existencialismo como humanismo,
da crítica da razão dialética. É o homem, o ser humano, isto é, cada indivíduo em determinadas
circunstâncias, em determinada"situação", que por sua livre escolha cria o valor de seu ato. Todos os
valores são relativizados, exceto aquele que a liberdade outorga a si mesma, quando se considera fim
supremo.
Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, Ética é "o estudo dos juízos de apreciaçãoque se
referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e domal, seja
relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto".
Etimologicamente observado, Ética origina - se no grego ethos, e encontra correlação no latimmorale,
com o significado sinônimo de conduta ou ainda referente aos costumes. Podemosconcluir que
etimologicamente ética e moral são palavras iguais, porém, será apresentadaposteriormente a
diferenciação básica entre Ética e Moral.
Uma das configurações atribuídas à palavra Ética é de cunho filosófico. Ética enquanto parteda Filosofia
diz respeito a uma direção para reflexão sobre a complexa questão da moral no serhumano, relacionado
ao meio social em que está inserido.
O autor Henrique Cláudio de Lima Vaz, em sua obra intitulada "Ética e Direito", alerta para operigo das
teorias consideradas na atualidade que questionam a validade da Ética filosófica, dizendo.
Parece difícil admitir que uma teoria do ethos no sentido filosófico da suajustificação ou fundamentação
racional possa desaparecer do horizonte cultural da nossacivilização, a menos que desapareça a própria
filosofia e a civilização venha a mudar de alma ede destino.
A Ética, como categoria filosófica, impulsiona o exercício crítico - reflexivo das basesmoralistas, quando
necessária elucidação dos fatos morais. Desta forma, é notável que a Ética, na Filosofia, não oferece um
código de normas, antes incentiva o homem, como ser racional esocial, a praticar o senso crítico e auto -
avaliativo em suas atitudes e modo de agir.
Neste sentido, o professor Ângelo V. Cenci afirma - A ética não pode prescrever conteúdos aoagir, nem
pode instrumentalizá-lo; não é seu papel fornecer soluções concretas ao agirhumano. A ética precisa
contar com a capacidade de os indivíduos encontrarem saídasplausíveis, racionais para o seu agir.
A ética filosófica (formal e universalista) não pode, paternalisticamente, dizer o que oindivíduo deve
fazer, prescrevendo ações; ela não pode se constituir em um receituário para aconduta cotidiana dos
indivíduos, nem servir de desculpa para justificar seu agir mediantemotivos puramente externos. A justa
medida requerida pela ética não é extraída porintermédio de fórmula alguma; ela é medida
qualitativamente, por isso requer mediania.

De acordo com Marilena Chauí, o que foi apresentado por Cenci corresponde aoprincipal pilar da
diferenciação entre Moral e Ética, pois para ela toda moral é normativaenquanto designada a ditar aos
sujeitos os padrões de conduta individual e ou social, assimcomo os valores e costumes das sociedades
das quais participam. Já a ética não énecessariamente normativa. A professora ainda sistematiza a
subdivisão de ética emnormativa e não normativa.
Normativa seria a ética de deveres e obrigações e não normativa aética que tem como objeto de estudo
as ações e paixões humanas embasadas no ideal dafelicidade de acordo com o critério da relação razão -
vontade - liberdade.
De qualquer forma, não se pode pensar filosoficamente a Ética se não relacionada ao agenteético. Neste
sentido, seria responsabilidade da Ética a definição da figura do agente ético e desuas atitudes. De
acordo com este paradigma, o agente ético corresponde ao sujeitoconsciente que sabe o que são suas
ações, sendo livre para escolher o que faz e responsávelpelas conseqüências de seus atos. Para Souto &
Souto, o sujeito, desdeque em perfeito estado de juízo, já possui a ideia do que é certo ou errado em
suas atitudes.
Nas sociedades em geral existem os códigos de conduta estabelecendo o que deve serconsiderado como
certo ao agir. Dessa forma, existe a ideia de como fazer.
O jurista João Baptista Herkenhoff enuncia o seu entendimento acerca de Éticaditando - "o mundo ético
é o mundo do "dever ser (mundo dos juízos de valor) emcontraposição ao mundo do "ser" (mundo dos
juízos de realidade).
Já a moral, segundoHerkenhoff, "é a parte subjetiva da ética" que ordena o comportamento
humanopara consigo mesmo, além de englobar os costumes, obrigações, maneiras e procedência
dohomem em convívio com os demais.
A moral é compreendida na forma de uma conduta voluntária isenta de pressões externas aoindivíduo.
Assim, a moral pode ser entendida como a listagem de normas de ação específica, estandoentão
implícita em códigos, normatizações e leis que regulamentam a ação do ser humano emmeio social. Por
ocasião da exposição de definições da palavra moral, é importante ressaltarque alguns a igualam à Ética,
mas na realidade contemporânea, por certo que ambas sãoaplicadas diferentemente.
Segundo Vázquez, a moral deriva da necessidade comum aos indivíduos de serelacionarem buscando o
bem para a coletividade, podendo ser definida também como umconjunto de normas e regras que tem a
finalidade reguladora das interações entre osindivíduos dividindo o mesmo espaço em um mesmo
tempo. A moral, dessa forma, consiste
em um dado histórico mutável e dinâmico que evolui conforme as transformações políticas, econômicas
e sociais, tendo em vista que a existência de princípios morais estáticos seriaimpossível.
Segundo Nicola Abbagnano, em seu Dicionário de Filosofia, moral é umsubstantivo configurado de
diferentes formas, tais como;
1 - O mesmo que Ética;
2 - O objeto da ética que consiste na conduta direcionada por normas.
Para Søren Aabye Kierkegaard, citado por Lima, a moral é existente e uma vida que levou a sério o
cristianismo, do poeta cristão, do indivíduo diante de Deus.
Existe a definição que circula em torno do entrelaçamento entre Ética e Moral, no sentido deque
existiria um método científico para se estudar a Moral, baseado em uma teoria quepropicia a descrição
das normas e valores comportamentais. "A Ética é uma ciência da moral, pois questiona ao buscar por
que e em quais condições determinada ação é considerada boaou má, até que ponto ajuda a construir a
identidade de uma nação, grupo ou pessoa".
Mesmo diante de tantos percalços controversos, a distinção entre ética e moral é necessária, pois,
verifica-se, que sem a moral, a ética se tornaria em inutilidade no sentido de consistir emabstrata
reflexão de experiência.
Em resumo, a diferenciação entre Moral e Ética pode acontecer de várias maneiras – Ética éprincípio,
moral são aspectos particulares de determinado tipo de conduta; Ética épermanente, moral é
temporária; a Ética possui a propriedade da universalidade enquantoque a moral é restrita à dada
cultura; Ética é regra, moral é prática de tal regra; Ética é teoria, moral é prática desta teoria.
Definindo, verifica-se que Direito é uma palavra oriunda do latim directum, derivada do verbodirigere,
que tem o significado de ordenar.
Conclui-se, etimologicamente falando, que ovocábulo Direito significa "aquilo que é reto" "que está
coerente com a justiça e equidade".
Portanto, pode-se dizer que Direito é a disciplina da qual se originam as normas a seremobservadas pelo
homem e englobam direitos e deveres, dos quais ninguém se isenta.
Conforme Pinho, o Direito pode ser entendido como "aquilo que é" ou "que deve ser".
Assim, o Direito surgiu em resposta à necessidade de se estabelecer regras gerais para oconvívio do
homem em sociedade. O Direito é considerado antes de tudo, uma instituiçãoética que trabalha no
sentido de aplicar as leis, os princípios morais, tais como - igualdade, justiça, liberdade, dentre outros, na
solução de controvérsias.
Diante da escorreita explicitação de tais conceitos, é possível observar a Ética em interfacecom o Direito,
se acatada a definição de conduta amparada na aplicação de regras morais nomeio de convívio social,
ou seja, a caracterização do homem enquanto ser relacional. É essaface normativa da Ética que a
relaciona intimamente com o Direito. Nesse sentido, a contínuadiscussão da Ética dentro do Direito
encontra respaldo no fato de ser uma área das CiênciasHumanas que busca a consolidação e
manutenção da justiça e da moralidade social.
Faz-se apropriada, aqui, a definição de Cenci para Ética, que "nasce amparada noideal grego da justa
medida, do equilíbrio das ações". Ângelo Cenci ainda esclarece que "ajusta medida é a busca do
agenciamento do agir humano de tal forma que o mesmo seja bompara todos".
Para tanto, indaga-se; e não é esse o fundamento para o exercício cotidiano dos profissionaisdo Direito?
Resta evidente, embora alguns até discordem, que os valores éticos e morais devem ser ofundamento
da construção do profissional do Direito, no sentido da aplicação dos princípiosmorais enumerados pela
Ética geral aplicada ao campo profissional, possibilitando a prática daética profissional. A pessoa tem
que estar imbuída de certos princípios ou valores próprios doser humano para vivenciá-lo nas suas
atividades de trabalho. De um lado, ela exige adeontologia, isto é, o estudo dos deveres específicos que
orientam o agir humano no seucampo profissional; de outro lado, exige a diciologia, isto é, o estudo dos
direitos que a pessoatem ao exercer suas atividades.
O Direito, se analisado sob o ponto de vista cultural, abarca o sentido de ser uma realidadereferente a
valores, possuindo como missão intrínseca a progressiva busca pela segurançajurídica que consiste em
bem social e da justiça. Tais objetivos são comuns à Ética, contudo,não se pode atribuir à norma ética o
valor imperativo da norma jurídica.
São definidas comonormas éticas – as normas que disciplinam o comportamento do homem quer o
íntimo e subjetivo, quer o exterior e social.
Prescrevem deveres para a realização de valores.
Nãoimplicam apenas em juízos de valor, mas impõem a escolha de uma diretriz consideradaobrigatória,
numa determinada coletividade. Caracterizam-se pela possibilidade de seremvioladas.
Acresce-se ainda, a validade da norma jurídica que só é verificável quando esta resguarda osprincípios
éticos. Pode-se tomar como exemplo da prerrogativa de retorno aos valores moraise da vinculação
entre Ética e Direito, o Constitucionalismo. A ideologia de democraciamaterializa-se com a indelével
proteção dos direitos e garantias fundamentais do cidadão, porintermédio da Constituição que rege o
país.
Miguel Reale, em seu livro "Lições Preliminares de Direito" já defendia que as normaséticas não
envolvem apenas um juízo de valor sobre os comportamentos humanos, masculminam na escolha de
uma diretriz considerada obrigatória numa coletividade". Nesta perspectiva, a ética pode ser entendida
como uma tomada de decisão, umaescolha embasada em um conjunto de valores organizadores de uma
determinada sociedade.
De acordo com Reale, "toda norma ética expressa um juízo de valor, ao qual se ligauma sanção".
A ética, neste sentido, corresponde a uma obrigação e seu cumprimento tem comopressuposto a idéia
do que é justo diante da sociedade, que pode ser aceita ou não de acordocom o juízo de valor de cada
um.
Miguel Reale afirma que "a teoria do mínimo ético consiste em dizer que o Direitorepresenta apenas o
mínimo de Moral declarado obrigatório para que a sociedade possasobreviver", relacionando Direito e
Moral, ambos inseridos em um complexo ético, pois o viverde forma ética corresponde ao ato de
acrescer uma regra moral de uma norma jurídica emuma situação qualquer.
Ao contrário do que acontece na realidade, onde se constata que na prática jurídica ocorrecomumente a
conduta antiética, principalmente entre aqueles que exercem papel de maiorpoder, sendo verificada a
falta de respeito e de profissionalismo de alguns profissionais comrelação àqueles que somente
necessitam e buscam soluções para as lides, a observância dospreceitos éticos no exercício do Direito se
faz necessária por ser uma questão que merece
atenção de todos os envolvidos no assunto, dada a sua relevância ímpar.
Uma vez que oDireito vive a constante transformação de acordo com o desenvolvimento sociocultural,
também a ética se adéqua ao Direito sem perder o conteúdo de seus princípios. Ressalta-se ainda, a
relevância da ética no exercício da profissão do Direito, tendo em vista anatureza da atividade jurídica
relacionada aos principais valores éticos, quais sejam, a justiça emoralidade.
Referente à conduta ética do profissional do Direito especificamente o advogado, tem-seque.
O serviço profissional é bem de consumo e, para ser consumido, há de ser divulgadomediante
publicidade. Em relação à advocacia, é necessária uma postura prudencial. Não seprocura advogado
como se busca um bem de consumo num supermercado. A contratação docausídico está sempre
vinculada à ameaça ou efetiva lesão de um bem da vida do constituinte.
Ainda esse mesmo autor, vem a nos esclarecer sobre a responsabilidade do profissional doDireito no
que tange à probidade; "
Quem escolhe a profissão de advogado deve ser probo.
Quem procura um advogado está quase sempre em situação de angústia e desespero. Precisa nutrir ao
menos a convicção de estar a tratar com alguém acima de qualquer suspeita".

Sobre a Ética e o profissional exercendo o Direito, pode-se salientar ainda que, não existe oexercício de
defesa da justiça e equidade sem a aplicação de normas éticas a embasar oordenamento jurídico. Nesse
sentido, comenta Ruy de Azevedo Sodré, "a éticaprofissional do advogado consiste, portanto, na
persistente aspiração de amoldar sua conduta, sua vida, aos princípios básicos dos valores culturais de
sua missão e seus fins, em todas as
esferas de suas atividades".
Por fim, temos que a Ética é o estudo geral do que é certo ou errado, bom ou mal, justo ouinjusto,
apropriado ou inapropriado. Assim, é possível a conclusão do objetivo da Ética nafundamentação de
regras estabelecidas pela Moral e pelo Direito, porém, ressaltando, que elase diferencia de ambos, na
medida em que não dita regras.
O QUE É ÉTICA
Você sabia que a Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais?
A palavra ética é derivada do grego, e significa aquilo que pertence ao caráter.
Num sentido menos filosófico e mais prático podemos compreender um pouco melhor esseconceito
examinando certas condutas do nosso dia a dia, quando nos referimos por exemplo, ao comportamento
de alguns profissionais tais como um médico, jornalista, advogado,empresário, um político e até mesmo
um professor.
Para estes casos, é bastante comum ouvir expressões como; ética médica, ética jornalística, ética
empresarial e ética pública.
A ética pode ser confundida com lei, embora, com certa frequência, a lei tenha como base
princípios éticos.
Porém, diferentemente da lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou poroutros
indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediênciaa estas;
Mas a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas pela ética.
A ética abrange uma vasta área, podendo ser aplicada à vertente profissional. Existem códigosde ética
profissional que indicam como um indivíduo deve se comportar no âmbito da suaprofissão. A ética e a
cidadania são dois dos conceitos que constituem a base de umasociedade próspera.
ÉTICA E MORAL
Que tal aprendermos um pouco mais sobre a diferença entre ética e moral?
Ética e moral são temas relacionados, mas são diferentes, porque moral se fundamenta naobediência a
normas, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos e aética, busca fundamentar o
modo de viver pelo pensamento humano.
No contexto filosófico, ética e moral possuem diferentes significados. A ética está associada aoestudo
fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano emsociedade, enquanto a
moral são os costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas porcada sociedade.
Os termos possuem origem etimológica distinta. A palavra “ética” vem do Grego “ethos” quesignifica
“modo de ser” ou “caráter”. Já a palavra “moral” tem origem no termo latino “morales” que significa
“relativo aos costumes”.
Ética – é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humanoao tentar
explicar as regras morais de forma racional, fundamentada, científica e teórica.
Éuma reflexão sobre a moral.
Moral – é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano e usadas continuamente por cadacidadão. Essas
regras orientam cada indivíduo, norteando as suas ações e os seus julgamentossobre o que é moral ou
imoral, certo ou errado, bom ou mau.
No sentido prático, a finalidade da ética e da moral é muito semelhante. São ambasresponsáveis por
construir as bases que vão guiar a conduta do homem, determinando o seucaráter, altruísmo e virtudes,
e por ensinar a melhor forma de agir e de se comportar emsociedade.
Na filosofia, a ética não se resume à moral, que geralmente é entendida como costume, ouhábito, mas
busca a fundamentação teórica para encontrar o melhor modo de viver; a buscado melhor estilo de
vida. A ética abrange diversos campos, como antropologia, psicologia, sociologia, economia, pedagogia,
política, e até mesmo educação física e dietética.
ÉTICA A NICÔMACO
O livro intitulado "Ética a Nicômaco" é da autoria de Aristóteles e foi dedicado ao seu pai, cujonome era
Nicômaco.
Esta é a principal obra de Aristóteles sobre Ética e é constituída por dez livros, onde Aristótelesé como
um pai que está preocupado com a educação e felicidade do seu filho, mas tambémtem por objetivo
fazer com que as pessoas pensem sobre as suas ações, colocando assim arazão acima das paixões,
procurando a felicidade individual e coletiva, porque o ser humanovive em sociedade e as suas atitudes
devem ter em vista o bem comum.
Nas obras aristotélicas, a ética é vista como parte da política que precede a própria política, eestá
relacionada com o indivíduo, enquanto que a política retrata o homem na sua vertentesocial.
Para Aristóteles, toda a racionalidade prática visa um fim ou um bem e a ética tem comopropósito
estabelecer a finalidade suprema que está acima e justifica todas as outras, e qual amaneira de alcançá-
la.
Essa finalidade suprema é a felicidade, e não se trata dos prazeres, riquezas, honras, e sim deuma vida
virtuosa, sendo que essa virtude se encontra entre os extremos e só é alcançada poralguém que
demonstre prudência.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Sargento, você sabia que o tema da ética no serviço público está diretamente relacionado coma conduta
dos funcionários que ocupam cargos públicos?
Tais indivíduos devem agir conforme um padrão ético, exibindo valores morais como a boa fé eoutros
princípios necessários para uma vida saudável no seio da sociedade.
Quando uma pessoa é eleita para um cargo público, a sociedade deposita nela confiança, eespera que
ela cumpra um padrão ético. Assim, essa pessoa deve estar ao nível dessaconfiança e exercer a sua
função seguindo determinados valores, princípios, ideais e regras.
De igual forma, o servidor público deve assumir o compromisso de promover a igualdadesocial, de lutar
para a criação de empregos, de desenvolver a cidadania e de robustecer ademocracia. Para isso ele deve
estar preparado para pôr em prática políticas que beneficiem opaís e a comunidade no âmbito social,
econômico e político.
Um profissional que desempenha uma função pública deve ser capaz de pensar de formaestratégica,
inovar, cooperar, aprender e desaprender quando necessário, elaborar formasmais eficazes de trabalho.
Infelizmente os casos de corrupção no âmbito do serviço público sãofruto de profissionais que não
trabalham de forma ética.
Sargento, o que é Ética Profissional?
Conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa emoral de um indivíduo, de um grupo social ou de
uma sociedade. “É. profissional"Ética é uma palavra de origem grega (éthos), que significa “propriedade
do caráter”.
Ser éticoé agir dentro dos padrões convencionais, é proceder bem, é não prejudicar o próximo. Serético
é cumprir os valores estabelecidos pela sociedade em que se vive.
O indivíduo que tem ética profissional cumpre com todas as atividades de sua profissão, seguindo os
princípios determinados pela sociedade e pelo seu grupo de trabalho.
Cada profissão tem o seu próprio código de ética, que pode variar ligeiramente, graças adiferentes áreas
de atuação.
No entanto, há elementos da ética profissional que são universais e por isso aplicáveis aqualquer
atividade profissional, como a honestidade, responsabilidade, competência e etc.
E Código de Ética Profissional? Você sabe o que é?
O Código de Ética Profissional é o conjunto de normas éticas, que devem ser seguidas pelosprofissionais
no exercício de seu trabalho. Este código é elaborado pelos Conselhos, querepresentam e fiscalizam o
exercício da profissão. O código de ética médica, por exemplo, emseu texto descreve.
“O presente código contém as normas éticas que devem ser seguidas pelos médicos noexercício da
profissão, independentemente da função ou cargo que ocupem.
A fiscalização do cumprimento das normas estabelecidas neste código é atribuição dosConselhos de
Medicina, das Comissões de Ética, das autoridades de saúde e dos médicos emgeral. Os infratores do
presente Código, sujeitar-se-ão às penas disciplinares previstas em lei”.
Sargento, você já ouviu falar em Deontologia? Sabe o que é? Vamos aprender?
Deontologia é uma filosofia que faz parte da filosofia moral contemporânea, que significaciência do
dever e da obrigação. A deontologia é um tratado dos deveres e da moral. É umateoria sobre as escolhas
dos indivíduos, o que é moralmente necessário e serve para nortear oque realmente deve ser feito.
O termo deontologia foi criado no ano de 1834, pelo filósofo inglês Jeremy Bentham, para falarsobre o
ramo da ética em que o objeto de estudo é o fundamento do dever e das normas. Adeontologia é ainda
conhecida como "Teoria do Dever".
Immanuel Kant também deu sua contribuição para a deontologia, uma vez que a dividiu emdois
conceitos - razão prática e liberdade.
Para Kant, agir por dever é a maneira de dar à ação oseu valor moral; e por sua vez, a perfeição moral só
pode ser atingida por uma livre vontade.
A deontologia também pode ser o conjunto de princípios e regras de conduta ou deveres deuma
determinada profissão, ou seja, cada profissional deve ter a sua deontologia própria pararegular o
exercício da profissão, e de acordo com o Código de Ética de sua categoria.
Para os profissionais, deontologia são normas estabelecidas não pela moral e sim para acorreção de suas
intenções, ações, direitos, deveres e princípios.
O primeiro Código de Deontologia foi feito na área da medicina, nos Estados Unidos. ADeontologia
Policial Militar está recepcionada principalmente na Lei RJ 443 de 1981- Estatuto do
Policial Militar.
Deontologia jurídica
A deontologia jurídica é a ciência que se preocupa em cuidar dos deveres e dos direitos dosprofissionais
que trabalham com a justiça. Advogados, juízes, desembargadores, policiais e etc, são alguns exemplos
de profissionais abrangidos pela deontologia jurídica.
CONCLUSÃO
De acordo com o apresentado, é possível afirmar que é de grande valia a recuperação dosentido da
ética, enquanto instrumento indispensável da vida social, pois é dos fatos concretosinstalados na
sociedade que se originam os costumes e o próprio Direito.
Pode-se concluir que a ética norteia a maneira de se comportar do homem, incluindo tantonas esferas
públicas e sociais, com nas íntimas e subjetivas. A ética não está limitada somenteao conjunto de juízos
de valor, mas se sobressai imponente como código de disciplinaaprendido obrigatoriamente pela
sociedade.
O conjunto de deveres morais é a diretriz da conduta do sujeito na vida e na profissão queexerce, sendo
que tal conjunto contribui para a conscientização profissional que deve sercomposta de práticas que
resultem em integridade, dignidade e probidade, de forma coerentepara com o ordenamento jurídico
vigente.
Em síntese, o sujeito deve ansiar pela ética profissional em seu desempenho cotidiano, ressaltando a
validade de sua adoção como código principal de vida, pois, tanto ética quanto amoral deve ser
resguardada, propiciando crescimento profissional. Além disso, é de crucialimportância que o
profissional do Direito, como agente transformador da sociedade, oriente oser humano no sentido de
uma vida digna amparada por princípios éticos
INTELIGÊNCIA POLICIAL

INTRODUÇÃO
Caro Sargento, nesta disciplina você aprenderá como que ao longo do século XX o Brasildesenvolveu a
sua atividade de inteligência. Sabia que este crescimento foi impulsionado em
vários momentos pela necessidade das autoridades terem maior conhecimento das atividades
relacionadas à segurança do Estado?
Não iremos nos aprofundar no contexto de cada modificação da área de inteligência, tendo em
vista o objetivo da disciplina, contudo é interessante observar que certas modificações foram
influenciadas pelo momento político do país e do mundo.
Este material está dividido em três módulos com o objetivo de fornecer a você, aluno, a
capacidade de compreender a diferença entre inteligência em segurança pública, da
inteligência policial e a inteligência na PMERJ.
No primeiro módulo você irá compreender o significado da palavra inteligência na área de
Segurança Pública, quais as características e princípios; ramos; ciclo de produção de
conhecimento; ações e operações de inteligência, além de entender o processo de avaliação
do conhecimento.
No segundo módulo abordaremos o significado do termo inteligência policial, apontando
alguns conceitos a fim de proporcionar um melhor entendimento. A todo o momento ouvimos
nas mídias jornalísticas a necessidade da intensificação da inteligência nas ações policiais,
neste modulo você irá aprender qual a real função.
Já no último módulo falaremos sobre a atividade de inteligência na Policia Militar do Estado do
Rio de Janeiro, do SIPMERJ e da estrutura interna da Segunda Seção, do pessoal à documentação.
Portanto, serão apontados conceitos que contribuíram para a sua formação, desenvolvimento
e conseqüentemente atividade profissional.
ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA EM SEGURANÇA PÚBLICA AISP
Aspectos históricos da Área de Inteligência
Apontaremos alguns eventos históricos ocorridos no mundo a fim de possibilitar uma maior
localização e entendimento do aluno. Cabe ressaltar que o Brasil no século passado passou por
diversas fases completamente diferentes que vieram a influenciar o desenvolvimento da Área
de Inteligência no mundo e consequentemente, no Brasil, por exemplo.
Segunda Guerra Mundial (1939- 1945).
O Brasil sofre influência dos Estados Unidos
Guerra Fria (1945 – 1991).
Disputa ideológica e militar entre o Capitalismo x Socialismo.
Regime Militar (1964 – 1985).
Os militares assumem o governo no Brasil
Vamos demonstrar os períodos e as nomenclaturas respectivamente dos Conselhos;
Secretarias e Subsecretarias de Inteligência ao longo do século 20 no Brasil.
Inteligência no Brasil (Federação)
1927-1934 - Inteligência surge de forma complementar como Conselho de Defesa Nacional
(CDN).
1934–1937 - Modifica para Conselho Superior de Segurança Nacional (CSSN).
1937–1946 - Agora como Conselho de Segurança Nacional (CSN).
1946-1964 - Depois Serviço Federal de Informações e Contrainformações (SFICI).
1964 -1990 - No regime militar cria-se o Serviço Nacional de Informação (SNI)
1990 - 1993 -Departamento de inteligência (DI).
1993-1994 - Subsecretaria de Inteligência(SSI).
1994 – 1995 - Vira Secretaria de Inteligência (SI).
1995 -1999 - Volta a ser Subsecretaria de inteligência (SSI).
1999 – (Lei número 9.883 de 1999) - Cria o Sistema Brasileiro de Inteligência - SISBIN, tendo como
agênciaCentral a Agência Brasileira de Inteligência - ABIN, atualmente vinculada ao Gabinete
deSegurança Nacional- GSI.
O Serviço de Inteligência organizado, surgiu na Inglaterra, no século 21, durante reinado de
Elizabeth, instituído por Francis Walsingham, Ministro do Exterior e Chefe do Serviço deEspionagem.
Inteligência no Estado do Rio de Janeiro
Já no Estado do Rio de Janeiro a necessidade do aperfeiçoamento da área de inteligência surge
com a Operação Rio, no final de 1994, a crescente demanda por informações relativas à
criminalidade e ao crime organizado.
Segue abaixo os principais eventos na área.
1995 – Decreto Número 21.258 foi criado o Centro de Inteligência em Segurança Pública (CISP).
2000 – Decreto Número 26.438, transforma o CISP, na atual Subsecretaria de Inteligência (SSINTE).
2002 – Decreto Número 31.519, cria o Sistema de Inteligência de Segurança Pública do Estado doRio de
Janeiro (SISPERJ), como agência Central (no Estado), a SSINTE.
2002 - Foi criada a primeira doutrina do SISPERJ.
2005 – Decreto Número 37.272 de 01 de abril de 20005, cria a Doutrina de Inteligência (DISPERJ).
2006 – Decreto Número 40.254, cria formalmente a Escola de Inteligência de Segurança Pública
doEstado do Rio de Janeiro –ESISPERJ.
2015 – Decreto Número 45.126, de 13 de janeiro de 2015, cria a atual Doutrina de Inteligência
(DISPERJ).
2019 - Extinção da SESEG. Criação da SEPM e SPCivil, 14/01/2019.
Obs; Cabe ressaltar que as Forças armadas possuem Centros de Inteligências.
Marinha (CIM);
Exército (CIE) e
Aeronáutica (CIAER).
Vamos entender primeiro o significado da palavra Inteligência?
SEGUNDO O DICIONÁRIO
Inteligência é o conjunto das funções mentais que têm por objeto o conhecimento conceitual e
racional; entendimento.
2. Aptidão, capacidade de escolher entre várias alternativas, de se adaptar a diferentes situações, de
julgar, etc.; discernimento.
Agora sim, o que seria Atividade de Inteligência em Segurança Pública (AISP)?
“A Atividade de ISP é o exercício permanente e sistemático de ações especializadas para
identificar, avaliar e acompanhar ameaças reais ou potenciais na esfera de Segurança Pública,
basicamente voltadas e orientadas para obtenção, produção e salvaguarda de dados e ou
conhecimentos necessários para subsidiar os tomadores de decisão (fim de assessorar a
decisão), para o planejamento e a execução de uma política de Segurança Pública e das ações
para prever, prevenir, neutralizar e reprimir atos criminosos de qualquer natureza”.
Você sabe por que associam as pessoas da Área de Inteligência à coruja? Porque enxergam
bem? Ou porque são discretas? Ou eficientes?
Até pode ser, mas historicamente a nossa cultura foi influenciada pela civilização grega e na
sua mitologia, a Atena era a deusa da guerra e da sabedoria e que tinha uma coruja como
mascote. E ainda, como a coruja possui hábitos noturnos e os gregos consideravam a noite
como momento de revelação intelectual, a coruja acabou associada à busca pelo saber.
Segundo a Doutrina, a Atividade da Inteligência em Segurança Pública possui 10características e 11
princípios.
E quais seriam?
Vamos demonstrar de forma fácil para asua compreensão.
Características da Atividade da ISP
As características das AISP estão relacionadas às suas conceituação e importância, aidentificação e
qualificação.
Quadro 1 – Características da Atividade de ISP
Ações Especializadas – É a face com linguagens próprias e padronizadas que exigem dos seus
integrantes uma formação acadêmica, conjuntamente a especialização, treinamento e
experiência, conseguidos pela permanência na função.
Amplitude – É a característica que permite atuar em qualquer campo do conhecimento, ou seja,suas
características de assessoramento e de possuir metodologia própria tornando
instrumento versátil e indispensável para a tomada de decisões.
Assessoria – É a característica que a qualifica não como órgão tipicamente policial, mas como
um órgão de "staff", produzindo conhecimentos para um processo decisório e para auxiliar as
polícias na atividade-fim.
Busca de Dados – Desenvolve-se e atua em ambientes antagônicos ou hostis, onde os dados
encontram-se protegidos ou negados.
Economia de Meios – É a característica demonstrada pela produção de conhecimentos
objetivos, precisos e oportunos.
Dinâmica – Deve ser flexível há novas ideias e adverso a ideias ultrapassadas, permitindo-lhe
melhor atender as constantes transformações do mundo.
Iniciativa – É a característica da ISP que deve adotar atitudes proativa e não somente reativas.
Estão diretamente ligadas ao Princípio da Oportunidade e as ações denominadas “ante
crimes”, isto é, refere-se à produção de conhecimentos antecipados.
Produção de Conhecimento – É a característica da ISP que utiliza de uma metodologia específica,os
dados e/ou conhecimentos e o transformam em conhecimento avaliado, útil, oportuno,seguro e
significativo, a fim de assessorar o tomador de decisão.
Segurança – É a característica da ISP que visa a garantir o seu funcionamento, bem como
assegurar a proteção do conhecimento, de forma que o seu acesso seja limitado às pessoas
credenciadas e com necessidade de conhecê-lo. Deverão ser adotadas medidas a fim de se
evitar vazamento de informação. O sigilo e a discrição são determinantes.
Verdade com Significado – É a característica da ISP que a torna produtora de conhecimentos
precisos, objetivos, úteis e imparciais. Que expressa às possíveis ou prováveis causas e
conseqüências dos fatos ou situações, bem como as intenções, óbvias ou subentendidas, das
pessoas (alvos).
Princípios da Atividade de ISP
Os princípios da ISP – são as proposições diretoras; bases, fundamentos, alicerces e pilares que
orientam e definem os caminhos da atividade.
Quadro 2 – Princípios da AISP
Princípios da AISP são 11
O princípio da Precisão determina que o conhecimento produzido deva ser verdadeiro (com a
veracidade bem avaliada), significativo, completo e útil, evitando ao máximo os equívocos.
O princípio da Imparcialidade – impõe produzir conhecimentos isentos de idéias preconcebidas,
subjetivas, distorcidas ou tendenciosas.
O princípio da Objetividade – estabelece que os escalões superiores devam previamente e
claramente definir os objetivos (planejamento, Plano de ISP, diretrizes), perfeitamente
sintonizados com as suas finalidades, a fim de nortear as ações e a produção de conhecimento
nas AISPs.
O princípio da Simplicidade – conduz o órgão de ISP a produzir conhecimentos claros e concisos,
proporcionando imediata, fácil e completa compreensão, minimizando custos e riscosdesnecessários.
Deve-se evitar linguagem rebuscada, prolixa ou erudita.
O princípio da Oportunidade – conduz o órgão de ISP a produzir o conhecimento em um prazo
útil e adequado para que possa ser aproveitado, isto é, para que atinja o resultado esperado
(ação com eficácia).
O princípio da Interação – induz a atividade de ISP a estabelecer ligações permanentes entre as
AISPs, dentro de Sistemas e Subsistemas de Inteligência, para isso, utilizando o canal técnico.
O Princípio da Permanência determina que o órgão de ISP deva evitar altas rotatividades nesta
função, haja vista o fluxo constante e contínuo de dados e de conhecimentos, o que só será
conseguido após um bom tempo de aprendizado e experiência.
O princípio do Controle – impõe, na atividade de ISP, que devem ser implantadas rígidas normas de
supervisão a fim de evitar, detectar, minimizar ou corrigir variáveis, erros e
desvios comprometimentos e vazamentos.
O princípio da Compartimentação – determina que a atividade de ISP, restrinja o acesso ao
conhecimento somente para quem tiver real necessidade de conhecer, devendo ser de acordo
com a função desempenhada e a credencial de segurança adequada, independentemente da
hierarquia.
O princípio do Sigilo – proporciona, à atividade de ISP, a condição básica para evitar a divulgaçãode
conhecimentos, informações e dados sigilosos que possam colocar em risco à Segurança daSociedade e
do Estado ou que afetem a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem depessoas e instituições.
O princípio da Amplitude – o conhecimento produzido deve ser o mais completo possível. Develevar em
consideração tudo que se relaciona com o fato ou situação, levando em consideraçãoos princípios da
objetividade e da oportunidade.
Ramos da ISP
Sargento, o que são ramos da AISP? Vamos estudar?
Bem, ramos seria como se divide, ou seja, a Atividade de Inteligência em Segurança Pública é
dividida em dois ramos; o da inteligência e o da contra inteligência.
A que se refere o ramo da Inteligência?
Refere-se a produzir conhecimentos para a atividade fim, sobre a criminalidade em geral. É tida como
"inteligência positiva", porque produzconhecimento, “soma” com informações.
Segundo a Lei número 9.883 de 07 dezembro 1999, no artigo Primeiro, Parágrafo Segundo, inteligência é
a “atividade que objetiva aobtenção, análise e disseminação de conhecimentos dentro e fora do
território nacional sobrefatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório
e a açãogovernamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado.”
O ramo da Contra Inteligência destina-se a produzir conhecimentos para proteger a atividade
de Inteligência e a Instituição a que pertence. Já no artigo Primeiro, Parágrafo Terceiro, da Lei acima
descrita, “Entende-se como contra inteligência a atividade que objetiva neutralizar a inteligênciaadversa.
ORGANOGRAMA 1; RAMOS DA ISP
Ramos da ISP
Inteligência e Contra- Inteligência
Ambos os ramos devem ser compreendidos como indissoluvelmente ligados;
São partes de um todo, não possuindo limites precisos, uma vez que se interpenetram se inter-
relacionam e interdependem.
Pessoal empregado nas Operações de Inteligência
Em algum momento da sua carreira você já deve ter ouvido falar desses elementos; Agente,
Colaborador e Informante? Vamos aprender?
Não iremos estudar todos os tipos de elementos de inteligência existentes, somente os mais
cotidianos, conforme abaixo.
Agente – é o elemento que possui capacitação especializada e que só deve em ela ingressar apóspassar
por um Processo de Recrutamento Administrativo (PRA).
Colaborador – é o elemento recrutado operacionalmente ou não, que por suas ligações e
conhecimentos cria facilidades para a AI, até mesmo fora de sua área normal de atuação.
Eventualmente, pode transmitir dados obtidos em sua área de atuação.
Informante é o elemento recrutado operacionalmente que fornece dados e informações da
sua área normal de atuação. Eventualmente, pode criar facilidades em sua área normal de
atuação.
Tipos de Operações e Ações de Inteligência
As operações de inteligência através de buscas e coletas de informações fornecem subsídios
ao analista;
chefe ou comandante na formação do conhecimento.
As operações deInteligências são de dois tipos.
Operações Exploratórias e operações Sistemáticas.
Operações Exploratórias - São utilizadas para cobrir eventos e levantar dados específicos, em
curto faixa de tempo.
Operações Sistemáticas - São utilizadas para acompanhar, metodicamente, atividades de
pessoas, organizações, entidades e localidades por médio ou longo prazo.
As Ações de Inteligência são divididas em Ações de Coleta e Ações de Buscas.
Você já deve ter ouvido falar em Ações de Inteligência?Vamos entender como essas ações são
realizadas?
As ações de inteligência são todos osprocedimentos e medidas realizadas por uma AI, a fim de que possa
dispor dos dadosnecessários e suficientes para a produção do conhecimento.
Quadro 3 – Ações de Inteligência
AÇÕES DE INTELIGÊNCIA
AÇÕES DE COLETA – São todos os procedimentos realizados por uma AI, ostensiva ou
sigilosamente, a fim de reunir dados cadastrados em órgãos públicos ou privados. Dados
disponíveis.
AÇÕES DE BUSCA - São todos os procedimentos realizados por uma AI, normalmente sigilosos,
de dados ou conhecimentos não disponíveis. Dados negados.
Ciclo de Produção de Conhecimento (CPC)
Produção de Conhecimento É a atividade de ISP centra-se na produção e na salvaguarda de
conhecimentos utilizados em uma tomada de decisão ou em apoio às polícias.
Para o correto exercício da ISP, é impositivo o uso de metodologia própria, de procedimentos
específicos e de técnicas acessórias voltadas para a produção do conhecimento, excluídas a
prática de ações meramente intuitivas e a adoção de procedimentos sem orientação racional.
A Produção de Conhecimento compreende o tratamento, pelo profissional de ISP, de dados e
conhecimentos.
Produzir conhecimento para a atividade de inteligência é transformar dados e/ou
conhecimentos em conhecimentos avaliados, significativos, úteis, oportunos e seguros, de
acordo com metodologia própria e específica.
Os tipos de conhecimento produzidos são – Informe, Informação, Apreciação e Estimativa.
Dado – é toda representação de um fato ou situação, comunicação, documento, relato,
denúncia, etc, de interesse para a Atividade de Inteligência, não elaborado por um profissional
da AI.
Conhecimento – é o resultado final expresso por escrito ou oralmente de um fato ou situação,
real ou hipotético, de interesse para a Atividade de Inteligência, elaborado por um Órgão de
Inteligência.
Quadro 4 – Tipos de conhecimento
TIPOS DE CONHECIMENTO
Informe – É o conhecimento resultante de juízos formulados que podem expressar dúvida,
opinião ou certeza sobre a verdade de fato ou situação do passado ou presente. Destina-se,
normalmente, a subsidiar a elaboração dos demais tipos de conhecimento.
Informação – É o conhecimento resultante de raciocínios formulados que podem expressar sua
certeza sobre a verdade de fato ou situação do passado ou presente.
Apreciação – É o conhecimento resultante de raciocínios formulados que expressam sua opinião sobre a
verdade de fato ou situação do passado ou presente.
Estimativa – É o conhecimento resultante de raciocínios formulados que expressam sua opinião sobre a
evolução de um fato ou situação.
Avaliação
Avaliação – é a etapa da fase do processamento do ciclo de produção de conhecimento na qual o
analista estabelece o grau de veracidade dos dados ou conhecimentos reunidos, a fim declassificar e
ordenar aqueles que, prioritariamente, serão utilizados decisivamente noconhecimento a ser produzido.
Para realizar a Avaliação, o analista verificará a pertinência e acredibilidade dos dados ou conhecimentos
reunidos.
ORGANOGRAMA 2 – AVALIAÇÃO
AVALIAÇÃO – Se divide em Pertinência e Credibilidade
A credibilidade – se divide em Frações significativas, Fonte e Conteúdo.
A fonte – se divide em Autenticidade, Confiança e Competência.
O conteúdo – se divide em Coerência, Compatibilidade e Semelhança.
Pertinência – o analista verifica se o assunto constante do dado ou conhecimento reunido á
coerente e interessa a AI. Os dados ou conhecimentos avaliados como não pertinentes serão
descartados.
Credibilidade – o analista verifica e estabelece julgamentos sobre; as frações significativas, a
fonte e o conteúdo.
Na fase de julgamento das frações significativas o analista compara as frações entre si levando
em consideração o seu planejamento e conhecimento do assunto.
Na fase de julgamento da fonte é analisado com a finalidade de estabelecer seu grau de
idoneidade, devendo ser verificado três aspectos; autenticidade, confiança e competência.
(ACC).
Quadro 5 – Julgamento da fonte
JULGAMENTO DA FONTE
Autenticidade – Verifica-se se o dado ou conhecimento provém realmente da fonte presumida.
Confiança – Verifica-se sobre a fonte; antecedentes, padrão de vida compatível com o seu poder
aquisitivo, contribuição já prestada à Agência, bem como a sua motivação.
Competência – Verifica se a fonte é habilitada e teve condições de obter aquele dado específico.
Você sabia que na fase de julgamento do conteúdo é analisado e verificado três aspectos;
coerência, compatibilidade e semelhança (CCS)?
Quadro 6 – Julgamento do conteúdo
JULGAMENTO DO CONTEÚDO
Coerência – Verifica se o dado apresenta contradições em seu encadeamento lógico.
Compatibilidade – Verifica o grau de relação com que o dado se relaciona com outros dados
conhecidos.
Semelhança – Verifica se há outro dado, oriundo de fonte diferente, cujo conteúdo esteja em
conformidade com o dado em julgamento.
Após julgadas as frações significativas, a fonte e o conteúdo dos dados e/ou conhecimentos
reunidos e pertinentes, terá, o analista, as melhores condições de produzir o conhecimento
desejado, devidamente avaliado em sua credibilidade, que será traduzida, quando de sua
formalização, por meio de recursos de linguagem que expressem o estado de certeza, de
opinião ou de dúvida.
INTELIGÊNCIA POLICIAL
Introdução à inteligência policial
No módulo anterior você aprendeu o significado de Inteligência em Segurança Pública. Neste
módulo irá aprender o que é inteligência policial. Perceba que a inteligência não é atividade
fim, mas sim atividade meio. Como assim?
A inteligência serve para subsidiar a tomada dedecisão da autoridade e não a execução (salvo exceção).
Será mostrado que para a melhor eficiência da atividade se faz necessário um pessoal
qualificado que sabendo utilizar dos meios tecnológicos buscaram nos locais exatos as
informações necessárias.
Está restrita a investigação.
Na inteligência tem investigação.
Sargento vamos entender o que é Inteligência policial?
Segundo LIMA, Vandir a inteligência policial – é produção de conhecimento para auxiliar a
decisão. É quase como uma assessoria administrativa. Ela não é uma instância executora.
Levantam dados, informes, produz um conhecimento e para. Alguém, em nível mais elevado
de hierarquia, tomará, ou não, determinada decisão ou ação.
Segundo MINGARDI, doutor pela USP e especialista em segurança pública, a Inteligência
Policial pode ser considerada uma espécie de prima pobre da Inteligência de Estado e prima
distante da Inteligência militar, que é a atividade mais antiga do ramo.
Como foidito acima, a Inteligência policial não está restrita a investigação criminal. Ela se encontra
nanossa rotina, por exemplo, no planejamento da distribuição do policiamento; em uma incursãoem
determinada área ou em um atendimento de acidente de trânsito, na busca ou coleta deinformações.
Para se efetuar um bom trabalho de inteligência é necessário pelo menos dainteração de 03 fatores
essenciais; pessoal qualificado; banco de dados e meiostecnológicos. A inteligência policial, portanto,
atua na prevenção, obstrução, identificação eneutralização das ações criminosas, com vistas à
investigação policial e ao fornecimento desubsídios ao Poder Judiciário e ao Ministério Público nos
processos judiciais. Buscam-seinformações necessárias que identifiquem o exato momento e lugar da
realização de atospreparatórios e de execução de delitos praticados por organizações criminosas,
obedecendo se aos preceitos legais e constitucionais para a atividade policial e as garantias individuais.

Pessoal Qualificado
Você sabia que é necessário pessoal qualificado que possa fazer as perguntas certas, no tempo
certo e no local certo? Mas como assim?
Bem, de que adianta fazer uma pergunta a pessoa errada? Ou na hora ou dia errado? Ou do e
no local errado?
Na verdade, se deve buscar o questionamento no tempo;
Local e pessoas certas, ou seja, que forneça materialidade ou subsídios para o conhecimento,
conseqüentemente tomada de decisão.
Se qualquer dessas informações não estiverem corretas pode comprometer a ação. Mas como
obter uma equipe com qualidade?
O primeiro passo é o Processo de Recrutamento Administrativo – PRA.
A palavra diz tudo.
É um processo que visa à seleção de pessoal comcaracterísticas e qualidades compatíveis às
necessidades e a atividade da Inteligência. Queatravés de convite da autoridade militar, de um superior
hierárquico, de um membro daagência, até mesmo por iniciativa do próprio indivíduo pode vim a
compor a equipe.
O recrutamento – começa com a indicação do policial, levando em consideração característica
compatíveis, necessárias e inerentes a atividade de inteligência, depois é realizado um
levantamento bibliográfico, fornecido pelo candidato, entrevista geral e específica, aprovação
preliminar e pôr fim a aprovação da Agência Central, no nosso caso da SEPM, Subsecretaria de
inteligência SSI. O candidato à agência de inteligência pode ser aprovado; contra indicado
(caráter temporário) ou vetado (caráter permanente).
Um profissional de Inteligência deve ter ciência e consciência das suas responsabilidades, do
sigilo e do profissionalismo exigido para a função, tais como lealdade, integridade, discrição,
ética e moral preconizada na Doutrina de Inteligência (DISPERJ).
Mas como qualquer profissional, o agente de inteligência deve estar sempre buscando o
aprimoramento dos seus conhecimentos. Preocupado com isso a Escola de Inteligência em
Segurança Pública (ESISPERJ), disponibiliza alguns cursos para os habilitados;
Curso de Inteligência de Segurança Pública -(CISP).
Curso de Análise de Inteligência de Segurança Pública - (CAISP).
Curso Básico De Edição de Áudio, Foto E Vídeo Operacional.
Curso de Operações de Inteligência de Segurança Pública - (COISP).
Curso de Busca Eletrônica -(CBE);
Curso de Análise de Vínculos Em Inteligência De Segurança Pública (CAVISP).
Observação – Mesmo com a extinção da Secretaria de Segurança Pública no ano de 2019, a
ESISPERJcontinua funcionando no Prédio da Central do Brasil, terceiro andar oferecendo os referidos
cursos.
Meios Tecnológicos
Você sabia que os vários meios tecnológicos auxiliam na busca de informações?
Atualmente um simples celular possibilita a retirada de fotos, vídeos e gravação de som, alguns
até a localização do aparelho, que dependendo do caso pode contribuir para a elucidação de
um crime.
Existem equipamentos ainda mais discretos como relógios;
Pen drive e canetas queservem da mesma forma como dispositivos de filmagem e gravação de som.
Nos últimos anos temos acompanhado investigações policiais que tem como base a filmagem de
câmeras desegurança instaladas pelo próprio cidadão. (De forma mais ampla podem oscitar a utilização
decâmeras de trânsito (DER;DETRAN; prefeituras; concessionárias; empresas de ônibus) bemcomo de
instituições bancárias; empresas públicas e privadas; ONGs, dentre outras). Existe abusca telefônica a
qual respeitando a Lei de interceptação Telefônica número 9.296 de 1996, contribui muitopara a
obtenção de informações.
Quadro 7 – Conceitos na área de telefonia
CONCEITOS NA ÁREA DE TELEFONIA
Interceptação telefônica ocorre quando um terceiro capta o diálogo telefônico travado entre
duas pessoas, sem que nenhum dos interlocutores saiba.
Escuta telefônica ocorre quando um terceiro capta o diálogo telefônico travado entre duas
pessoas, sendo que um dos interlocutores sabe que está sendo realizada a escuta.
Gravação telefônica ocorre quando o diálogo telefônico travado entre duas pessoas é gravado
por um dos próprios interlocutores, sem o consentimento ou a ciência do outro.
Dados telefônicos são os registros de uma comunicação telefônica, que atestam sua existência,
duração, destino etc.
No curso da interceptação telefônica os dados são obtidos através dolevantamento do AUDIT do
telefone alvo da medida. Os dados pretéritos de determinadonúmero são obtidos através da solicitação
de conta reversa ou de conta detalhada.
Audit – Jargão utilizado pelas operadoras de telefonia ao definirem a parcela dos dados
telefônicos contendo o número que estabeleceu o contato com o alvo, o status do alvo se
recebeu ou efetuou a ligação e a antena do telefone alvo.
Contareversa – São os dados telefônicos sob a forma de planilha contendo todas as chamadas
efetuadas e recebidas durante um período determinado.
Conta detalhada – São os dados telefônicos sob a forma de planilha contendo todas as
chamadas efetuadas durante um período determinado.
Rede de telefonia móvel – consiste em um sistema de interconexão de centrais e antenas que
funcionam como estações rádio base (ERB), onde a comunicação entre os interlocutores de
uma chamada telefônica se realiza através da propagação de ondas eletromagnéticas entre os
aparelhos celulares e as ERB que por sua vez difundem a informação entre centrais e as estações rádio
base (ERB).
Sistema guardião – Software de alta tecnologia que monitora centenas de linhassimultaneamente.
Conforme a Lei número 9.296, de 24 de julho de 1996, que versa sobre as interceptações telefônicas.
Artigo Primeiro A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em
investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e
dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça.
Artigo Segundo (...)
Artigo 10 – Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática
outelemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não
autorizados em lei.
Pena – reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
Ou seja, escuta telefônica sem autorização judicial é ilegal!!!
Já o Google Earth, de tecnologia via satélite é uma ferramenta popular, barata para os
usuários, possibilita a identificação da geografia de uma área. Ela é capaz de auxiliar o
planejamento da equipe policial, inteligência ou não, com maior eficiência. Imagem via satélite
Banco de Dados
Sargento, iremos falar sobre a importância do banco de dados e daremos alguns exemplos.
Vamos aprender o que é?
Um banco de dados – é o conjunto de arquivos relacionados entre si, contendo diversas
informações que podem variar de acordo com a especialidade, por exemplo; banco de dados
com características pessoais, antecedentes criminais, endereços e etc.
Diante das informações de um amplo banco de dados o agente de inteligência pode construir
um conhecimento mais eficaz.
Cada vez mais aumenta a atuação e a interação com outros órgãos de inteligência; MP; civil e
força armadas.
Quais os bancos de dados podem ser usados na inteligência policial (PMERJ) para consulta/
pesquisa?
A resposta para tal questionamento, são vários bancos de dados.
Tem banco de dadosexternos como;
Rede INFOSEG,
Banco Nacional de Mandado de Busca (BNMB);
Portal deSegurança,
Tribunal de Justiça;
ISPGeo(ISP),
SINARM (polícia federal),
SIGMA (Exército);
Inclusive, um bem popular, o SINESP cidadão e internos;
BOPM;
SISPES;
SISMATBEL;
SIGAF.
Cabe ressalta que embora haja bancos de dados externos a PMERJ, alguns agentes ou policias
tem acesso.
O ISPGeo – é uma solução de tratamento, análise, integração e visualização de dados geor
referenciados e tabulares, com capacidade de integração entre diversas bases de dados, tais
como os registros de ocorrência da Polícia Civil, os registros do serviço 190 da Polícia Militar e
os registros do Disque-Denúncia, além de feições urbanísticas como vias expressas e aparelhos
urbanos.
Por fim, de que adianta a tecnologia avançada, sem um banco de dados considerável. Ou um
grande banco de dados sem ferramentas tecnológicas capaz de proporcionar agilidade,
precisão e eficiência quando consultados. Uma questão é certa, o agente de inteligência
qualificado, bem preparado, motivado e com meios para execução do serviço é o fator mais
importante para o sucesso da missão.
Responsabilidades e acessos
Mesmo sabendo que a segurança é responsabilidade de todos, cabe à Contra Inteligência (CI)
tomar as medidas necessárias para evitar os comprometimentos no acesso, prevenir
vazamentos e detectar e neutralizar as ameaças de possíveis forças adversas.
Por isso, a atividade de CI não se restringe às ações desenvolvidas por um grupo de servidores
especialistas, analistas e seus auxiliares, mas por todos os integrantes da AI.
O acesso denota;
Não só o ato de uma pessoa obter conhecimento e/ou dados sigilosos, mas também a
condição que tem uma pessoa para fazê-lo;e
Que podem tais circunstâncias derivar de autorização oficial emanada de autoridade
competente ou da superação das medidas de salvaguarda aplicadas a conhecimentos e/ou
dados sigilosos.
Ressalte-se que o acesso depende da função e não do grau hierárquico.
Você sabia que a credencial de segurança é o certificado concedido por autoridade
competente, que habilita determinada pessoa a ter acesso a dados ou informações em
diferentes graus de sigilo?
A necessidade de conhecer – é a condição pessoal, inerente ao efetivo exercício do cargo,
função, emprego ou atividade, indispensável para que uma pessoa possuidora de credencial
de segurança, tenha acesso a dados ou informações sigilosas.
A compartimentação – é a limitação oficial de acesso a conhecimento ou dados sigilosos às
pessoas que tenham necessidade de conhecê-las.
Entre Investigação de ISP e Investigação Policial embora pareçam iguais à investigação na ISP é
diferente da investigação policial. São semelhantes na produção de conhecimentos, entretanto
a primeira para assessorar o tomador de decisão, excepcionalmente produz provas. Já a
investigação policial a prioridade é auxiliar na produção de provas criminais.
Comprometimentos
Com base no inciso quatro do Artigo Segundo do Decreto Número 7.845, de 14 Nov. 2012.
Comprometimento – significa perda de segurança resultante do acesso não autorizado.
É a perda de segurançaresultante de acesso, por pessoa não autorizada, a conhecimentos e/ou dados
que devem serprotegidos pela AI.
O comprometimento abrange também a inutilização indesejada de conhecimento e/ou dados
sigilosos, através de sua adulteração, destruição ou perda de oportunidade. Entenda-se que a
citada inutilização pode-se efetivar por ação voluntária ou não, ou ainda em conseqüência de
fenômenos naturais. O comprometimento decorre da insuficiência ou da inadequação das
medidas de salvaguarda aplicadas a conhecimentos e/ou dados sigilosos.
Vazamentos
Vazamento – é a divulgação não autorizada de conhecimento ou dado sensível.
O vazamento, quanto á motivação, pode ser – Ocasional, Vingativo, Financeiro e Irresponsável
ORGANOGRAMA 3 – VAZAMENTO DE INFORMAÇÃO
Vazamento divide se Ocasional, Vingativo, Financeiro e Irresponsável.
O vazamento – é irresponsável quando pessoas que sabem, falam demais;
É ocasional – por um erro, uma falha humana;
Vingativa – para prejudicar uma pessoa ou órgão, e;
Financeira – quando o conhecimento ou dado é vendido à imprensa, empresa ou órgão.
Deixamos claro que o vazamento de informação pode ser enquadrado em transgressão de
disciplina (para o policial militar) ou em crime, conforme o CÓDIGO PENAL BRASILEIRO.
Divulgação de segredo Artigo 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento
particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja
divulgação possa produzir dano a outrem.
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
Primeiro – Somente se procede mediante representação.
Parágrafo Primeiro Alínea A – Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim
definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração
Pública.
Pena – detenção, de 1 a 4 anos, e multa.
Parágrafo Segundo Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação penal será
incondicionada.
Artigo 154 – Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem;
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.
INTELIGÊNCIA POLICIAL NA Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro
Introdução à inteligência na Secretaria
Neste último módulo constam 03 aulas as quais irão possibilitar a você o conhecimento
básico do Sistema de Inteligência na PMERJ.
Ressalta-se que serão disponibilizados através deste módulo quais são os documentos mais utilizados,
bem como age a administração e ao finalserão dados alguns exemplos.
É bom lembrar que a PMERJ possui um Sistema, o SIPMERJ, que está inserido no Sistema
Estadual o Rio de Janeiro, o SISPERJ, o qual está inserido no Sistema Nacional de Segurança
Pública, o SISP, que por fim está inserido no Sistema Brasileiro de Inteligência, o SISBIN.
O SISPERJ – é composto por subsistemas; SIPMERJ; SIPCERJ; SISEAP; SICBM e outros subsistemasa fins.
O organograma abaixo apresenta alguns Sistemas com suas respectivas AgênciasCentrais.
Exemplo – do SISBIN, a ABIN é a agência Central, do SIPMERJ, Sub Secretaria de Inteligência.
Você sabia que Agência Central de Inteligência é a agência de mais alto nível dentro do seu
próprio Sistema, além de ser representante perante o Sistema acima?
O Sistema de Inteligência e seus subsistemas estabelecem ligações entre as Agências de inteligência
através do Canal Técnico, não se confundindo com o Canal de Comando. O Canal de Comandoestabelece
as ligações, fundamentalmente de natureza hierárquica, entre as chefias dosorganismos que compõem
a instituição. Naturalmente, a AI subordina-se ao chefe dainstituição a que pertence organicamente.
O Canal Técnico criado para facilitar a troca de conhecimentos e para atender ao princípio da
oportunidade estabelece as ligações diretas entre as agências, sem criar vinculações orgânicas
ou de chefias. São apenas ligações formalizadas pela difusão de documentos de Inteligência
padronizados, enviando e recebendo conhecimentos.
Cabe ressaltar que qualquer solicitaçãode informação de inteligência a órgãos externos da SEPM, como
por exemplo a Inteligência dasForças armadas, deve seguir o canal de ligação Sub Secretaria de
Inteligência (SSI) que darácontinuidade. Uma AI não se subordina, hierarquicamente, a nenhuma outra
AI. Aqui iremosestudar e procurar entender um pouco do Sistema da Policia Militar, o SIPMERJ.
SIPMERJ – é composto pela Agência Central; Agências classe A; Agências classe B e Agências
classe C.
Agência Central – Subsecretaria de Inteligência (SSI) possui a seguinte estrutura.
C1- Chefe
C2- Subchefe
D1- Divisão Administrativa 10 (SS 10).
D2 – Divisão da Inteligência 20 (SS20).
D3- Divisão da contrainteligência 30 (SS30).
D4 – Divisão de operações de inteligência 40 (SS40).
D5 – Divisão de informática 50.
D6 – Divisão eletrônica 60 (SS60).
D7- Divisão de ensino 70 (SS70).
Agência Classe “A” (AIA) – São as Segundas Seções dos Comandos Intermediários. Comandos
dePoliciamento de Área (CPAs), Comando de Policiamentos Especiais (CPE), Coordenadoria de
Operações Especiais. (COE).
Exemplo - P/2 do Quarto CPA; P/2 do CPE; P2 do COE
Agência Classe “B” (AIB) – São as agências de nível abaixo das Agências Classe “A” e Agência
Central, que a elas se ligam nos assuntos de suas respectivas competências e com
responsabilidade em relação as suas correspondentes áreas de atuação. São as Segundas Seções
dasUnidades Operacionais e das Unidades Operacionais Especiais da PMERJ.
Exemplo – P/2 do Décimo Segundo BPM; P/2 do BOPE
Agência Classe “C” (AIC) – São as Segundas Seções das Unidades Administrativas da PMERJ, que
emregra, não possuem responsabilidades sobre uma Área de Policiamento específica. São
agências que se ligam diretamente à Agência Central (CI) para tratar de assuntos de interesse
de ambos. São os Setores de Assuntos Sigilosos e de Expediente dos Órgãos de Coordenação,
Direção e Apoio da PMERJ.
Exemplo – P/2 da APM Dom João Sexto, P/2 do HCPM.
Tentamos montar uma relação com as Agências da Inteligência da PMERJ, conforme tabela
abaixo.
Estrutura básica da Agência de Inteligência na PMERJ (mais comum)
ORGANOGRAMA 5 – ESTRUTURA BÁSICA DA AI NA PMERJ
AGÊNCIA DE INTELIGÊNCIA PMERJ divide se em – PERMANÊNCIA, ADMINISTRAÇÃO, EQUIPE DE BUSCA e
OPERAÇÕES, ARQUIVO.
A Administração – divide se em INTELIGÊNCIA e CONTRA INTELIGÊNCIA.
Como já mencionado as agências de inteligência possuem o setor da Inteligência (produção de
conhecimento) e o da contra- inteligência (salvaguarda e proteção) que na prática executam os
seguintes serviços; assuntos relacionados à arma de fogo (aquisição, doações, extravios);
Autorização e cadastro de celulares;
Entrada e saída de veículos da unidade;
Confecções dedocumentos interesses do SIPMERJ;
Apoio e assessoramento com informações a autoridadepolicial militar, bem como a outras Agências de
Inteligência, principalmente a Agência Central.
O agente de permanência – é o elo de ligação entre as ocorrências que acontecem na sua área
de atuação e o chefe da agência, comandante e Coordenadoria de inteligência.
O serviço de Permanência – é aquele que funciona diuturnamente, nas diversas Agências de
Inteligência com o escopo de captar conhecimento acerca das ocorrências de vulto
acontecidas dentro das áreas de Policiamento que eventualmente estejam sendo cobertas
pela Unidade Operacional da qual sua Agência de inteligência esteja ligada e que possam ter
uma maior repercussão na mídia e/ou que possam ser de interesse da Corporação.
Já a equipe de Operações visa à busca e coleta de informações a fim de subsidiar a AI,
autoridade militar (CMT) ou Agência Central. Para a Polícia Federal, às ações realizadas pelos
agentes de operações de inteligência significa.
"o conjunto de ações de inteligência policial que empregam técnicas especiais de investigação,
visando a confirmar evidências, indícios e obter conhecimentos sobre a atuação criminosa
dissimulada e complexa, bem como a identificação de redes e organizações que atuem no
crime, de forma a proporcionar um perfeito entendimento sobre seu modus operandi,
ramificações, tendências e alcance de suas condutas criminosas".
Recrutamento
Sargento, você sabe como o pessoal da agência é recrutado? Vamos aprender?
É recrutado através do Processo de Recrutamento Administrativo - PRA podendo ser
aprovado; contra indicado (caráter temporário) ou vetado (caráter permanente).
Uma vezaprovado no Sistema, o agente pode ser classificado ou não na Agência.
Se classificado podeser um agente Ativo ou Reserva Técnica.
Agente Ativo – é aquele que está atuando na agênciade inteligência.
Já o Reserva Técnica – é aquele policial que fica de “stand bay”. Ele estácredenciado, mas não está
atuando, caso aja a necessidade será chamado para a atividade naAgência.
FLUXOGRAMA 2 – CREDENCIAMENTO
PRA – ele pode ser Aprovado, Vetado ou Contraindicado.
Sendo aprovado – ele pode ser Classificado ou Não classificado.
Sendo classificado – ele pode ser ativo ou Reserva técnica.
Existe ainda o desclassificado e o descredenciado.
Desclassificado – fazia parte da agência (ativo ou reserva técnica) não faz mais.
Descredenciado – deixou de fazer parte do Sistema de inteligência.
Nos últimos anos a PMERJ tem incentivado seus agentes a realizar inscrição nos cursos de
inteligência na corporação como na SESEG. Na PMERJ periodicamente abrem os dois cursos;
CInt OF (oficiais) e CBInt PM (praças).
Arquivo e documentação
Arquivo – é a área da inteligência que armazena as informações e conhecimentos recebidos e
produzidos, podendo haver arquivos humanos (mente); arquivos eletrônicos (pen drive; email;
computadores e mídias) e arquivos em papel.
Dos documentos mais utilizados em umaAgência na PMERJ podemos citar – SUMINFO; RELINT, Pedido
de Busca, Ordem de Busca,Relatório do Agente; Boletim Reservado Interno; RMAI e IR 22.
RESUMO DOS DOCUMENTOS USUAIS
Relatório de Inteligência abreviado é – Relint tendo sua utilidade básica para Resposta de
Pedido de Busca ou informação.
Pedido de Busca abreviado é – PB tendo sua utilidade básica para pedir informações pessoais
ousituações.
Ordem de Busca abreviado é – OB tendo sua utilidade básica para ordenar a seus agentes
visando reunião de dados.
Mensagem abreviado é – MSG tendo sua utilidade básica para Documento Externo que
comunicaassunto de interesse das AISP. Caracterizado pela velocidade na informação.
Instrução Reguladora Número22 abreviado é – IR 22 tendo sua utilidade básica para instruir sobrearmas
de calibre permitido.
Relatório do agente abreviado é – RELAG tendo sua utilidade básica sendo confeccionado pelo
agente em Reposta a ordem de busca/ expressa alguma informação.
Sumário de Informação abreviado é – SUMINFO tendo sua utilidade básica como Documento Externo de
ocorrência cotidianas ou rotineiras na sua AISP.
Diretriz de Contra inteligência abreviado é – Dtz CI tendo sua utilidade básica como Documento
Internoque dá o rumo, direção a AISP.
Boletim Interno reservado abreviado é – Bol Int Res tendo sua utilidade básica para
Informaçõesreservadas.
Relatório Mensal de Assuntos Internos abreviado é – RMAI tendo sua utilidade básica para
Assuntos de Interesse do SIPMERJ.
Relatório Especial de Informação abreviado é – REI Documento tendo sua utilidade básica para
confeccionado em momentos extraordinários. Exemplo – carnaval
Cabe ressaltar que geralmente os documentos de inteligência na PMERJ recebem o grau de
Reservado.
Modelos de documentos.
MODELO DE RELINT.
GRAU DE SIGILO.
Governo do Estado do Rio de Janeiro.
Secretaria de Estado da Polícia Militar.
Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
RELINT. PMERJ/XXXXXX Número000/0000 Rio de Janeiro, 00de MÊS de AAAA.
1 –DATA;00/MM/AAAA.
2 ASSUNTO; (expressão sintética do texto).
3 ORIGEM; (AI da primeira autoria).
4 AVALIAÇÃO; (só preencher no conhecimento do tipo do informe).
5 DIFUSÃO; (AI Destinatária).
6 DIFUSÃO ANTERIOR; (AI que já recebeu este conhecimento).
7 REFERÊNCIA; (informação dos documentos que os destinatários já possuem).
8 ANEXO; (indicação dos documentos que acompanham este documento).
Exemplo; Dados chegados a esta agência xxxxxxx.
Exemplo; Em resposta axxxxxxxxx.
Carimbo e assinatura
Sigilo deste documento é protegido e controlado pela Lei Número 12.527 de 2011. A divulgação,
arevelação, o fornecimento, a utilização ou a reprodução desautorizada de seu conteúdo, aqualquer
tempo, meio e modo, inclusive mediante acesso ou facilitação de acesso indevido, constituem condutas
ilícitas que ensejam responsabilidades penais civis e administrativas. ”
Modelo de pedido de busca
GRAU DE SIGILO
Governo do Estado do Rio de Janeiro.
Secretaria de Estado da Polícia Militar.
Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
PB. PMERJ/XXXXXX Número000/0000.
Rio de Janeiro, 00de MÊS de AAA.
1 DATA; 00/MM/AAAA.
2 ASSUNTO;XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX.
3 ORIGEM; ( AI da primeira autoria).
4 DIFUSÃO; (AI Destinatária).
5 DIFUSÃO ANTERIOR; (AI que já recebeu este conhecimento).
6 REFERÊNCIA; (informação dos documentos que os destinatários já possuem).
7 ANEXO; (indicação dos documentos que acompanham este documento).
1 Dados Conhecidos xxxxxxxxxxxxxxxx.
2 Dados Solicitados Xxxxxxxxxxxxxxxxx.
3 Instruções Especiais Xxxxxxxxxxxxxxxxx.
Sigilo deste documento é protegido e controlado pela Lei Número12.527 de 2011. A divulgação,
arevelação, o fornecimento, a utilização ou a reprodução desautorizada de seu conteúdo, aqualquer
tempo, meio e modo, inclusive mediante acesso ou facilitação de acesso indevidos,constituem condutas
ilícitas que ensejam responsabilidades penais civis e administrativas. ”
Carimbo e assinatura
CONCLUSÃO
Finalizamos a disciplina, acreditando que foi possível a compreensão de como funciona o
SIPMERJ. Ou seja, foi demonstrado como funciona uma agência de inteligência na PMERJ de
forma simples e sem complicação, da Agência Central (mais complexa) até as agências classe C.
Foi possível aprender como funciona a maioria das agências, do recrutamento à parte
operacional e documentação, bem como a forma que um agente de inteligência bem
qualificado efetua um trabalho mais eficiente, uma vez que busca às informações de forma
mais rápida nos locais mais relevantes.
Foi ressaltada a existência de várias ferramentas que contribuem para a busca de informação
de fácil acesso, sem a pretensão de esgotar o assunto, contudo uma tentativa de fornecer o
melhor conhecimento possível para atuação em suas atividades policiais.
O serviço de inteligência está para subsidiar a tomada de decisão da autoridade, à serviço da
polícia, protegendo o cidadão, a sociedade, e seus próprios pares, baseados na legalidade e na
ética.
Por fim, finalizamos o curso deixando a seguinte mensagem; busquem o aperfeiçoamento,
sejam técnicos, profissionais conhecedores do seu serviço porque a sociedade; a polícia; seus
parentes e amigos podem depender da sua ação.
LEIS ESPECIAIS
INTRODUÇÃO
O Código Penal brasileiro é dividido, como se sabe, em uma parte geral e outra especial. A primeira
contendo definições, regras e princípios gerais sobre o crime e a pena conforme a perspectiva adotada;
e a segunda composta pelos tipos penais organizados como elenco normativo de condutas tipificadas
mediante descrições de ações humanas cometidas na forma comissiva ou omissiva.
É apenas na parte especial que se poderá pôr à prova a compatibilidade dos critérios utilizados para a
criminalização de dado comportamento, com os direitos fundamentais para os quais se considera a
tutela penal uma forma de proteção legítima. Assim, é na parte especial que se protege bens jurídicos e
criminalizam-se condutas.
Trata-se, portanto, de um controle de comportamentos visando à proteção de valores que tornam
possíveis a vida do homem na sociedade. Por outro lado, na parte geral, como dito acima, encontram-se
normas jurídicas que se referem à teoria do crime e da pena, estudo que deve ser realizado buscando o
conceito analítico de crime, tal como, uma conduta típica, antijurídica (ilícita) e culpável, se adotarmos a
teoria tripartida do crime.
Na conduta estuda-se a ação e a omissão, o dolo e a culpa. Na tipicidade, estuda-se a adequação da
conduta a um tipo e os elementos do tipo penal; o sujeito ativo, o sujeito passivo, o núcleo da conduta
proibida, e outros pontos importantes. Já na antijuridicidade ou ilicitude estudam-se as excludentes,
como a legitima defesa, o estado de necessidade, o estrito cumprimento do dever legal e o exercício
regular de um direito. Por fim, na culpabilidade, estudam-se as causas de inimputabilidade, que isentam
o agente de pena, assim a doença mental, a menoridade, a embriaguez involuntária, etc.
Pois bem, essa é a estrutura do estudo do direito penal e, assim foi o Código Penal elaborado; uma parte
geral e uma parte especial definidora de crimes em espécie, ilícitos que afrontam bens e valores, como o
homicídio, a lesão corporal, o roubo e tantos outros. Portando é possível dizer que a parte especial do
Código Penal, criminaliza condutas que atacam bens jurídicos, por isso a proteção da vida, da
integridade física, da honra, liberdade, intimidade, privacidade, patrimônio, administração pública, etc.
Na verdade, esse catálogo protetor de bens e definidores de condutas é padrão, existindo em quase
todas as legislações do planeta. Ocorre, no entanto, que com o desenvolvimento e o progresso da
humanidade, novas exigências surgiram, novas relações sociais, novas condutas nocivas, novos conflitos,
que mereceram e ainda merecem uma regulamentação através de leis penais especiais que se
encontram fora do Código Penal, mas com o mesmo objetivo de pacificação social.
EVOLUÇÃO DA FORMA PENAL O direito penal tem a finalidade de proteger os bens mais valiosos que
temos, como a vida, saúde etc.; e deve-se recorrer a ele quando os demais ramos do direito não forem
suficientes. Nas palavras de Rogério Greco; “Como direito penal objetiva-se tutelar os bens que, por
serem extremamente valiosos, não do ponto de vista econômico, mas sim político, não podem ser
suficientemente protegidos pelos demais ramos do direito”.
Da evolução surgem situações conflitantes que danificam ou expõem a perigo determinados bens
jurídicos. Tais conflitos não podem ser resolvidos por outros ramos do direito, daí o direito penal
especial. Por conseguinte, aquilo que antes era desconhecido passa a ter existência. Surgindo a situação
de conflito, apela-se para o direito penal.
Vejamos como exemplo, condutas que passaram a ter importância, pois perigosas ao meio ambiente,
tais como a poluição hídrica, visual, atmosférica, sonora, etc.; o desmatamento, a extração de minérios e
areia; a pesca predatória, a caça e a crueldade contra animais, enfim condutas que prejudicam o meio
ambiente. Registre-se que todas essas condutas passaram a ter importância, quando o homem começou
a se conscientizar do perigo que a terra estava exposta. Por isso, o direito penal.
Analisemos as relações de consumo, em que o consumidor se encontrava desprotegido. Os abusos eram
frequentes por parte do fornecedor, sendo que tais abusos não podiam mais ser sancionados por outros
ramos do direito, senão pelo Direito Penal. Assim, aconteceu com os idosos, com a mulher e com a
criança e o adolescente, que tiveram os seus direitos reconhecidos e ganharam proteção do direito
penal, cujas leis se encontram nos respectivos estatutos, que serão estudados em nosso curso.
Analisemos, ainda, as leis que tendem a limitar a atuação dos agentes policiais protegerem o cidadão
contra os abusos do Estado, tais como o abuso de autoridade e a tortura.
O Estatuto do Desarmamento que protege a segurança de todos, ou a incolumidade pública, contra o
uso indevido de arma de fogo. Também é de se registrar a lei que pune o tráfico de drogas, protetora da
saúde pública, sendo sujeito passivo principal a coletividade.
E por que não falar das normas penais contidas no Código de Trânsito, protetora da vida e da
integridade física, como o homicídio, a lesão corporal culposa e a embriaguez ao volante, cujas condutas
dos motoristas infratores são exaustivamente noticiadas pela mídia. Discute-se, inclusive, se a morte
produzida por motorista embriagado seria homicídio culposo previsto no Código de Trânsito, ou doloso
previsto no Código Penal, com deslocamento da competência para o Tribunal do Júri.
E poderíamos falar de tantas outras leis especiais criadas nos últimos anos para atender situações
pontuais e emergenciais, como o feminicídio e a criminalização com caráter de hediondez para os
homicídios e lesões corporais cometidos contra agentes policiais e seus familiares, o chamado policídio;
LEI Número 13.142, DE 6 DE JULHO DE 2015
Sargento, a partir de agora estudaremos boa parte da legislação especial, com foco sempre no que é
importante para o desempenho do serviço pelos policiais militares. Que tal aprender para que você
possa desempenhar suas atividades da forma mais eficaz possível?
Considerações Exemplificativas
Consideremos as seguintes situações hipotéticas;
a) Um Policial Militar, de serviço se depara com um indivíduo, maltratando qualquer animal,
domésticos, domesticados, silvestres ou exóticos – como abandono, envenenamento, presos
constantemente em correntes ou cordas muito curtas, manutenção em lugar anti-higiênico,
mutilação, presos em espaço incompatível ao porte do animal ou em local sem iluminação e
ventilação, utilização em shows que possam lhes causar lesão, pânico ou estresse, agressão física,
exposição a esforço excessivo e animais debilitados (tração), rinhas.
Nesses casos cabe a intervenção policial para reprimir o crime de crueldade contra animais, previsto no
artigo 32 da Lei Ambiental.
b) Um Policial Militar, de serviço, recebe uma denúncia de um consumidor de que em um determinado
supermercado existe mercadoria imprópria para consumo, ou porque tem data de validade vencida ou
porque mal acondicionada.
Não há dúvida de que se comprovado for à causa que torna a mercadoria imprópria, o fornecedor
poderá responder civil, penal e administrativamente. Lembre-se de que embora a vigilância sanitária
deva ser acionada para as medidas administrativas, o policial será o responsável pela ocorrência sob o
aspecto penal encaminhando as partes para a Delegacia Distrital ou Especializada por tratar-se de crime
contra a relação de consumo previsto no artigo sétimo, inciso nove, da Lei número 8137 de 1990.
c) Um Policial Militar, de serviço, resolveu torturar um preso sob sua guarda, com objetivo de obter uma
declaração sobre o paradeiro de uma arma de fogo utilizada na prática do crime, e, antes que isso
ocorresse, o seu superior tomou conhecimento do fato. O superior não concordava com a tortura e não
a praticou, mas nada fez para evitá-la.
Nessa situação, tanto o policial, quanto o superior, poderiam ser responsabilizados penalmente, com
base na lei que define os crimes de tortura; o subordinado pela tortura prova e o seu superior pela
omissão em face a tortura.
É de se ver que nos três exemplos, tivemos a figura de um policial que se encontra envolvido em
ocorrência relativa à Lei Especial, que o mesmo não pode desconhecer, por ser o seu cotidiano.
ABUSO DE AUTORIDADE
LEI Número 13.869, DE 5 DE SETEMBRO DE 2019.
Considerações Iniciais
A Lei número 13.869 de 2019 revogou a Lei número 4.898 de 1965, lei anterior que punia os abusos
praticados pelos agentes públicos.
Você sabia que a nova Lei dos Crimes de Abuso de Autoridade contém a previsão de diversos tipos
(condutas) penais, sendo elaborada para coibir os abusos que venham a ser praticados pelos agentes
públicos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário?
Face ao ineditismo da nova lei dos crimes de abuso de autoridade, a qual ainda não possui nenhum
julgado e começa a ser debatida pelos nossos doutrinadores, para o estudo dessa matéria, vamos
recorrer aos valiosos ensinamentos dos professores;
Rogério Greco e Rogério Sanches Cunha => através da obra; Abuso de Autoridade; Lei número 13.869 de
2019; comentado artigo por artigo de Rogério Sanches Cunha, Rogério Greco - Salvador; Editora
Juspodivm de 2020.
Renato Brasileiro de Lima => através da obra; Nova Lei de Abuso de Autoridade de Renato Brasileiro de
Lima, Salvador; Editora Juspodivm de 2020.
Disposições Gerais da Nova Lei de Abuso de Autoridade
A definição sobre os crimes de abuso de autoridade, contida no artigo primeiro da nova lei, nos indica a
necessidade da existência de determinados requisitos, de forma concomitante, para a sua prática;
Serem cometidos por agente público, servidor ou não,
Com o abuso do poder que lhe é atribuído em razão do seu cargo público,
No exercício de suas funções públicas ou a pretexto de exercê-las,
Praticadas com a finalidade específica de;
Prejudicar outra pessoa;
Beneficiar a si mesmo ou a terceiro; e
Por mero capricho ou satisfação pessoal
Entre os requisitos acima elencados, é importante compreender o que vem a ser dolo específico e a sua
diferença para o dolo eventual;
Dolo específico; a vontade do agente, ao praticar o ato, contém uma especial finalidade => a conduta é
praticada com um especial fim de agir.
Dolo eventual; O agente prevê que o ato que está praticando poderá produzir um determinado
resultado, mas, apesar do agente não querer produzir esse resultado, ele continua praticando o ato e,
agindo dessa forma, o agente assume o risco de efetivamente produzir esse resultado.
Atenção; Em razão da exigência da finalidade específica para a prática dos crimes de abuso de
autoridade, não se admite a modalidade culposa, não há previsão de nenhum crime culposo na lei de
abuso de autoridade.
Atenção; O Parágrafo segundo do artigo primeiro da nova lei de abuso de autoridade trouxe a previsão
de que a divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de
autoridade. Se o legislador, ao elaborar a nova lei, criminalizasse tal conduta, estaria tipificando o crime
de hermenêutica.
SUJEITO ATIVO
Os crimes de abuso de autoridade são classificados como crimes próprios em razão da imposição de
uma condição especial para o sujeito ativo => tais crimes só poderão ser praticados pelo sujeito ativo
especificado no tipo penal => nos crimes de abuso de autoridade são os agentes públicos no sentido
amplo.
Sujeito ativo; Está definido no caput do artigo segundo e seus incisos; sujeito ativo do crime de abuso de
autoridade é qualquer agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta ou
fundamental de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de
Território, compreendendo, mas não se limitando a;
a) Servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas;
b) Membros do Poder Legislativo;
c) Membros do Poder Executivo;
d) Membros do Poder Judiciário;
e) Membros do Ministério Público;
f) Membros dos tribunais ou conselhos de contas.
Agente público; Está conceituado no Parágrafo único do artigo segundo, é todo aquele que exerce, ainda
que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou
entidade abrangidos pelo caput do artigo segundo, definição de sujeito ativo para os efeitos da lei dos
crimes de abuso de autoridade.
Atenção; O particular (indivíduo que não é agente público) pode praticar um crime de abuso de
autoridade? Sim. O particular poderá praticar o crime de abuso de autoridade na condição de coautor
ou partícipe, em concurso com o agente público. Será essencial que o particular tenha o dolo de praticar
o crime de abuso de autoridade e tenha conhecimento da condição especial do agente público.
Atenção; Agente público aposentado => com a aposentadoria, o agente público perde o seu vínculo com
a Administração Pública, portanto, não pode praticar crime de abuso de autoridade na qualidade de
agente público, mas pode praticar na qualidade de particular, conforme a explicação contida no item
anterior.
SUJEITO PASSIVO
Os crimes de abuso de autoridade possuem a característica da dupla subjetividade passiva, ou seja,
possuem dois sujeitos passivos; sujeito passivo principal ou imediato, e sujeito passivo secundário ou
mediato. Sujeito passivo principal ou imediato; é a pessoa, física ou jurídica, que sofreu a ação delituosa.
Sujeito passivo secundário ou mediato; é o Estado, titular do serviço público e interessado no regular
funcionamento da administração pública.
BEM JURÍDICO TUTELADO PELA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE
Sargento, você sabia que o Direito Penal tem a função de proteger os bens jurídicos que tutelam os
interesses sociais mais relevantes e prevenir a prática de crimes, utilizando medidas penais e
extrapenais?
Segundo o professor Renato Brasileiro de Lima, a Lei dos Crimes de Abuso de Autoridade, dependendo
do crime em questão, protegerá; a liberdade de locomoção, a liberdade individual, o direito à assistência
de advogado, a intimidade ou a vida privada. Também terá como objetivos; garantir o bom
funcionamento do Estado, e que o funcionário público cumpra com o dever de conduzir-se com lealdade
e probidade, preservando-se, assim, princípios básicos da Administração Pública, como a legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, previstos na Constituição Federal.
AÇÃO PENAL
E a Ação Penal? Você sabe o que é? Que tal aprender?
Conforme a previsão contida no artigo terceiro da Lei número 13.869 de 2019, a ação penal nos crimes
de abuso de autoridade será realizada, como regra geral, na forma de ação penal pública
incondicionada. Se houver inércia por parte do Ministério Público, será admitida a ação penal privada
subsidiária da pública.
Com relação ao prazo para a proposição da ação penal privada subsidiária da pública, será de seis
meses. Tal prazo só começará a fluir a partir do dia em que se esgotar o prazo para oferecimento da
denúncia.
Sobre o procedimento que deverá ser adotado para o processo e julgamento na ação penal dos crimes
de abuso de autoridade, o artigo 39 da Lei número 13.869 de 2019 contém a seguinte previsão;
“Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos previstos nesta Lei, no que couber, as disposições
do Decreto-Lei número 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e da Lei número
9.099, de 26 de setembro de 1995 (Lei dos os Juizados Especiais Cíveis e Criminais)”.
COMPETÊNCIA PARA O PROCESSO E JULGAMENTO DOS CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE
Com relação à competência para o processo e julgamento dos crimes de abuso de autoridade, como
regra geral, será a Justiça Comum Estadual e o Juizado Especial Criminal, conforme a pena prevista.
Também como regra geral, essa competência será da primeira instância, salvo se o agente público
possuir foro por prerrogativa de função, fato este que remeterá a competência para o Tribunal de
Justiça.
Se o crime for praticado por agente público federal, a competência será da Justiça Comum Federal. Se o
crime for praticado por militar, a competência será da Justiça Militar da União ou da Justiça Militar
Estadual. Com relação ao crime de abuso que venha a serem praticados por um militar, os professores
Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco, nos ensinam a seguinte lição; “No que diz respeito aos militares
e ao crime de abuso de autoridade, é importante lembrar as mudanças trazidas pela Lei número 13.491
de 2017, que alterou o Decreto-Lei número 1.001 de 1969 do Código Penal Militar, mais precisamente o
seu Artigo nono, inflando a competência da justiça castrense, agora competente para processar e julgar
crimes praticados por militares, mesmo que tipificados fora do Código Penal Militar”.
Crime militar passa a ser o delito praticado por militar. Pode ser próprio, porque definido apenas no
Código Penal Militar (como a deserção), ou impróprio, porque definido também no restante da
legislação penal (como o furto) ou somente nela, legislação não militar (coo a tortura, lavagem de
capitais, organização criminosa, abuso de autoridade e etc.)
Qual o reflexo da mudança? “Esses crimes militares, próprios e impróprios, passam a ser processados e
julgados pela Justiça Militar da União ou dos Estados, a depender se o agente é integrante das Forças
Armadas ou da Polícia Militar”.
EFEITOS DA CONDENAÇÃO
A Lei número 13.869 de 2019 trouxe, no seu artigo quarto, a previsão sobre os efeitos da condenação
pela prática dos crimes de abuso de autoridade. Tais efeitos são;
a) Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do
ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos por ele sofridos.
b) A inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de um a cinco
anos;
c) A perda do cargo, do mandato ou da função pública.
Observação; Os efeitos previstos nos itens b e c são condicionados à ocorrência de reincidência em
crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser declarados motivadamente na
sentença.
Observação; Os efeitos previstos nos itens b e c são condicionados à ocorrência de reincidência em
crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser declarados motivadamente na
sentença.
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
Você sabia que a Lei número 13.869 de 2019 trouxe, no seu artigo quinto, a previsão sobre as penas
restritivas de direitos, substitutivas das privativas de liberdade, aplicadas em razão da condenação pela
prática dos crimes de abuso de autoridade?
As penas restritivas de direitos são;
a) Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas.
b) Suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de um a 6 seis meses, com a
perda dos vencimentos e das vantagens;
Observação; As penas restritivas de direitos poderão ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.
SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA
A Lei número 13.869 de 2019 trouxe, nos artigos sexto, sétimo e oitavo, a previsão sobre a possibilidade
de aplicação das sanções de natureza civil ou administrativa decorrentes da prática dos crimes de abuso
de autoridade, as quais, caso sejam efetivadas, poderão ser aplicadas de forma independente da sanção
que venha a ser aplicada no processo criminal, bem como sobre as excludentes de ilicitude. Tais sanções
estão previstos da seguinte forma;
Segundo o artigo sexto; As penas previstas na Lei dos Crimes de Abuso de Autoridade serão aplicadas
independentemente das sanções de natureza civil ou administrativa cabíveis, as notícias de crimes
previstos nessa Lei que descreverem a falta funcional serão informadas à autoridade competente com
vistas à apuração.
Segundo o artigo sétimo; As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não
se poderá mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido
decididas no juízo criminal.
Segundo o artigo oitavo; Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo disciplinar, a
sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa,
em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE
Com a edição da nova lei, mantidos os vetos presidenciais pela anuência do Congresso Nacional, estão
previstas trinta e quatro condutas nos vinte e quatro artigos elencados como crimes de abuso de
autoridade. A seguir, vamos estudar cada um desses crimes e as suas penas;
A conduta descrita no artigo nono, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da
seguinte forma;
“Artigo nono - Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as
hipóteses legais;
Pena - detenção, de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar
de;
Inciso um – Relaxar a prisão manifestamente ilegal;
Inciso dois – Substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade
provisória, quando manifestamente cabível;
Inciso três – Deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível”.
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a decretação de qualquer
medida de privação da liberdade que esteja em desconformidade com as hipóteses legais de prisão,
bem como, outras medidas que não propiciem ao preso a sua liberdade provisória ou o relaxamento da
sua prisão ilegal. A ordem para a privação de liberdade não pode ser determinada por qualquer agente
público, mas somente por aqueles com autoridade para decretar tal medida nas formas previstas em lei.
A seguir, podemos observar as respectivas modalidades de prisão e as suas hipóteses legais;
Cautelares; Prisão em Flagrante (Artigos 301 ao 310 do CÓDIGO PENAL)
=> Prisão preventiva (Artigos 311 ao 316 do CÓDIGO PENAL)
=> Prisão temporária (Artigos primeiro e segundo da Lei número 7.960 de 1989)
Definitiva; Prisão em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado.
Com relação à prisão em flagrante, segundo o artigo 307 do Código de Processo Penal;
“Artigo 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de
suas funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o preso
e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas
testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso,
se não o for a autoridade que houver presidido o auto”.
Diante de tal previsão legal, podemos vislumbrar que somente determinadas autoridades que poderiam
praticar a conduta descrita no caput do artigo nono, o Delegado de Polícia; o Promotor de Justiça; o Juiz
de Direito; o agente público com investidura para praticar atos de Polícia da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal.
Nas demais modalidades de prisão (preventiva, temporária e a decorrente de sentença condenatória
transitada em julgado), salvo melhor juízo, podemos concluir que somente o Juiz de Direito poderá
praticar esse abuso de autoridade, face o desempenho da atividade jurisdicional.
O teor da previsão contida no Parágrafo único do artigo nono, é taxativo quanto a autoria dessa conduta
será a autoridade judiciária que deixar de; relaxar a prisão manifestamente ilegal, OU substituir a prisão
preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória, quando manifestamente
cabível, OU deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível dentro de um
prazo razoável.
Atenção; Se a restrição de liberdade for imposta contra uma criança ou adolescente, NÃO será aplicado
este artigo da Lei de Abuso de Autoridade, Será aplicada a norma especial contida no Estatuto da
Criança e do Adolescente (Lei número 8.069 de 1990). Artigo 230; “Privar a criança ou adolescente de
sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo
ordem escrita da autoridade judiciária competente”.
A conduta descrita no artigo 10, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
“Artigo 10 - Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabida ou
sem prévia intimação de comparecimento ao juízo;”
Pena – detenção, de um a quatro anos, e multa.
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a decretação de condução
coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabida ou sem prévia (anterior) intimação
para comparecimento ao juízo.
Sobre o agente público que poderia praticar tal conduta, não há dúvida sobre a atuação do Juiz de
Direito em razão do poder para determinar a condução coercitiva, tanto da testemunha, quanto do
investigado. Entretanto, existe uma discussão entre os doutrinadores se o Delegado de Polícia e o
Promotor de Justiça também possuiriam atribuição para determinar tal medida.
Observação; Artigo 11, o artigo 11 da Lei número 13.869 de 2019 previa um novo tipo penal que foi
VETADO pelo Presidente da República.
As condutas descritas no artigo 12, elencadas como crimes de abuso de autoridade, estão previstas da
seguinte forma;
“Artigo 12 - Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo
legal;”
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem;
Inciso um – Deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à
autoridade judiciária que a decretou;
Inciso dois – Deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
encontra à sua família ou à pessoa por ela indicada;
Inciso três – Deixa de entregar ao preso, no prazo de vinte e quatro horas, a nota de culpa, assinada pela
autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas;
Inciso quarto – Prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, de prisão
preventiva, de medida de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo,
de executar o alvará de soltura imediatamente depois de recebido ou de promover a soltura do preso
quando esgotado o prazo judicial ou legal.
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade o descumprimento dos
seguintes mandamentos constitucionais, previstos no artigo quinto;
Inciso sessenta e um => ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei.
Inciso sessenta e dois => a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
Inciso Sessenta e cinco => a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária.
Inciso sessenta e seis => ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança.
Portanto, o agente público que poderá praticar tal conduta será aquele com a obrigação legal de fazer as
comunicações sobre prisão em flagrante, execução de prisão temporária ou preventiva à autoridade
judiciária, bem como à família ou pessoa indicada, de entregar a nota de culpa ao preso segundo as
especificações legais, ou de prolongar indevidamente a prisão, medida de segurança ou internação, tais
como autoridades e agentes de polícia judiciária e diretores de estabelecimentos prisionais, manicômios
judiciários ou abrigos para internação de adolescentes infratores.
A conduta descrita no artigo 13, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
“Artigo 13 - Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua
capacidade de resistência, a;”
Inciso um – Exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;
Inciso dois – Submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei;
Inciso três – Produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro;
Pena – detenção, de um a quatro anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência.
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade uma modalidade especial
de constrangimento ilegal contra o preso ou detento. Com relação aos presos ou aos detentos,
produzirem prova contra si mesmos ou contra terceiro (inciso três), segundo os professores Rogério
Sanches Cunha e Rogério Greco; “Assim, por exemplo, forçá-lo a confessar a prática de um crime, a
indicar os que com ele praticaram a infração penal, a entregar a arma de fogo, bem apontar o local onde
se encontram os objetos por ele subtraídos etc. Qualquer constrangimento, praticado mediante
violência ou grave ameaça, ou que importe em redução da capacidade de resistência do preso ou do
detento, que seja utilizado com a finalidade de produzir provas contra ele ou contra terceiro, se
caracterizará em abuso de autoridade”.
Poderá praticar tal conduta qualquer agente público com relação à exibição do preso pela imprensa. O
profissional da imprensa que estimula a transmissão desse tipo de conteúdo, NÃO responderá pelo
crime de abuso de autoridade.
Observação; Artigo 14, o artigo 14 da Lei número 13.869 de 2019 previa um novo tipo penal que foi
VETADO pelo Presidente da República.
A conduta descrita no artigo 15, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
“Artigo 15 - Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função, ministério,
ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo;
Pena - detenção, de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório;
Inciso um – De pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou
Inciso dois – De pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a
presença de seu patrono”.
Através deste artigo, o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade uma modalidade especial
de constrangimento ilegal contra pessoa que seja submetida a interrogatório sob as seguintes
circunstâncias, pessoa que deva guardar segredo ou resguardar sigilo em razão de função, ministério,
ofício ou profissão (devido a sua condição pessoal, estão proibidas de depor), pessoa que tenha decidido
exercer o direito ao silêncio (a pessoa não pode ser forçada a prosseguir falando) e pessoa que tenha
optado por ser assistida por advogado ou defensor público sem a presença de seu patrono (a pessoa
presa em flagrante; o investigado/indiciado durante a fase pré-processual; o preso/réu durante qualquer
ato processual).
Quanto aos agentes públicos que poderão praticar tais condutas, segundo os professores Rogério
Sanches Cunha e Rogério Greco => podem praticar tal conduta todo agente público que pratique esse
constrangimento estando à frente de um processo ou de um procedimento, os juízes, membros do
Ministério Público, autoridades policiais, os presidentes de Comissões Parlamentares de Inquérito,
dentre outros, não importando a natureza do processo ou procedimento em que se deu o abuso,
podendo ser criminal, cível, trabalhista, tributário etc.
A conduta descrita no artigo 16, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
Artigo 16 – Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou
quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório em sede de
procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo
falsa identidade, cargo ou função.
Através deste artigo, o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade uma forma especial de
falsa identidade, O agente público omitir a sua identificação ou fornecer identificação falsa ao preso por
ocasião de sua captura ou durante sua detenção ou prisão.
Exemplo dos professores Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco; “Alguém se identifica ao preso como
sendo o Delegado de Polícia quando, na realidade, é o escrivão ou o investigador. Isso, com certeza,
dificultará a sua identificação, caso seja necessário, e importará na prática da infração penal em estudo,
configurando abuso de autoridade”.
Segundo os citados professores, o agente público que poderá praticar tal conduta será; “o agente ou
autoridade que atua na captura, detenção ou prisão da pessoa (caput) ou age no ato do seu
interrogatório em sede de investigação de infração penal”.
Observação; Artigo 17, o artigo 17 da Lei número 13.869 de 2019 previa um novo tipo penal que foi
VETADO pelo Presidente da República.
A conduta descrita no artigo 18, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
“Artigo 18 - Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno, salvo se
capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações;”
“Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa”.
Através deste artigo o legislador definiu como crime de abuso de autoridade o ato de submeter o preso
a interrogatório policial durante o período de repouso noturno. Segundo os professores Rogério Sanches
Cunha e Rogério Greco; “Diante da ressalva do flagrante, o artigo em análise, tratando do interrogatório
policial do preso, alcança, basicamente, as hipóteses das prisões temporária e preventiva,
fundamentadas, respectivamente, no Artigo primeiro da Lei número 7.960 de 1989, e o Artigo 311 do
Código de Processo Penal. Nessas duas situações, o interrogatório policial não poderá ser realizado
durante o período de repouso noturno”.
Conforme a previsão contida nesse dispositivo legal, como podemos determinar o que vem a ser
considerado período noturno? Os citados professores respondem a esse questionamento da seguinte
forma; “a própria Lei número 13.869 de 2019, de 05 de setembro de 2019, no inciso III, do Parágrafo
primeiro do seu Artigo 22, considerou como abuso de autoridade o comportamento daquele que
cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as vinte e uma horas ou antes das cinco horas”.
Portanto, segundo os citados professores, para efeito da Lei número 13.869 de 2019, período noturno
deve ser o período compreendido entre as 21;00 horas do dia do interrogatório e às 5;00 horas do dia
seguinte.
Com relação ao agente público que poderá praticar tal conduta, os professores Rogério Sanches Cunha e
Rogério Greco entendem que será o agente ou a autoridade policial responsável pelo interrogatório
(Obra citada. Página 161). Segundo o professor Renato Brasileiro de Lima; “... esta atribuição é exclusiva
dos Delegados de Polícia e dos encarregados de inquérito policial militar, no caso de crimes militares.
Logo, sem embargo da possibilidade de membros do Ministério Público presidirem procedimentos
investigatórios criminais, oportunidade em que poderão interrogar presos, por não se tratar, in casu, de
interrogatório policial, mas sim ministerial, não há falar em crime, sob pena de indevida analogia in
malam partem”.
Observação; analogia in malam partem = comparar hipóteses parecidas utilizando uma interpretação
que será prejudicial ao réu.
A conduta descrita no artigo 19, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
“Artigo 19 - Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito de preso à autoridade judiciária
competente para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia;”
“Pena - detenção, de um a quatro anos, e multa.”
“Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente do impedimento ou da demora,
deixa de tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir sobre a
prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja”.
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade o impedimento ou
retardamento do envio de pleito de preso à autoridade judiciária, bem como a inércia do magistrado em
adotar as medidas legais cabíveis relativas a esse pleito. Quanto ao teor da previsão contida nesse
dispositivo legal, aprendemos com os professores Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco que; “A
prisão, mencionada no caput do Artigo 19, não é necessariamente penal, mas também extrapenal, como
o caso do preso em virtude do não pagamento de pensão alimentícia. Este custodiado pode questionar a
legalidade de sua custódia”.
O agente público que poderá praticar a conduta prevista no caput será o agente ou autoridade que
impeça ou retarde o envio de pleito de preso à autoridade judiciária competente. Com relação ao
Parágrafo único, a conduta será do magistrado que possuir a competência para sanar a ilegalidade.
A conduta descrita no artigo 20, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
“Artigo 20 - Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado;”
“Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa”.
“Parágrafo único – Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de
entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de
audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a audiência, salvo no curso
de interrogatório ou no caso de audiência realizada por videoconferência”.
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a restrição da entrevista
pessoal e reservada do preso com seu advogado, sem que ocorra uma justa causa o termo preso deve
abranger também o menor infrator internado. Na lição dos professores Rogério Sanches Cunha e
Rogério Greco, O preso tem o direito de ser orientado por profissional habilitado e capacitado. Em
processo judicial ou administrativo, auxiliando não somente a defesa técnica com também a autodefesa.
Todas inseridas no chamado princípio da ampla defesa (previsto no Artigo quinto, inciso cinquenta e
cinco, da CONSTITUIÇÃO FEDERAL). O Parágrafo único menciona também o investigado, Qual ato judicial
envolve o investigado? Por exemplo, a audiência de custódia ou de apresentação em que a pessoa presa
em flagrante é conduzida à presença da autoridade judiciária. Neste ato, o preso tem a necessidade de
se entrevistar pessoal e reservadamente com o seu advogado ou defensor público, obtendo deles as
informações e as orientações necessárias à sua defesa.
O agente público que poderá praticar tais condutas – No caput será o agente ou autoridade que restrinja
a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado, sem uma justa causa. No Parágrafo único,
a conduta será do magistrado.
A conduta descrita no artigo 21, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
“Artigo 21 - Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento;”
“Pena - detenção, de um a quatro anos, e multa.”
“Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na
companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei número 8.069,
de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). ”
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a manutenção na mesma
cela de presos de ambos os sexos, bem como criança ou adolescente presos na companhia de maior de
idade ou em ambiente inadequado.
Segundo o professor Renato Brasileiro de Lima, quanto ao agente público que poderá praticar tal
conduta; “ tal agente público deve ter atribuição ou competência para definir, ainda que
momentaneamente, em que lugar os presos ficarão custodiados. Enfim, podem praticar o delito não
apenas Delegados de Polícia, agentes carcerários, diretores de presídios, mas também os próprios
juízes”.
A conduta descrita no artigo 22, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
“Artigo 22 - Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante,
imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação
judicial ou fora das condições estabelecidas em lei;”
“Pena - detenção, de um a quatro anos, e multa”.
“Parágrafo primeiro - Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem;”
Inciso um – Coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou
suas dependências;
Inciso dois - (VETADO);
Inciso três – Cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as vinte e uma horas, ou antes, das
cinco horas.
“Parágrafo segundo - Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver
fundados indícios que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou
de desastre”.
Através deste artigo, o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a violação de domicílio
nas modalidades de invadir, adentrar ou nele permanecer, clandestina ou astuciosamente, imóvel alheio
ou suas dependências, contra a vontade ou conhecimento do seu ocupante, sem determinação judicial
ou fora das condições estabelecidas em lei. O legislador também definiu como crimes de abuso de
autoridade, a violação mediante coação, com violência ou grave ameaça, bem como o cumprimento de
mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21 horas, ou antes, das 5 horas.
Este dispositivo legal, para os efeitos dos crimes de abuso de autoridade, conceituou o período noturno,
que vem a ser o período compreendido após as 21 horas, ou antes, das 5;00 horas (do dia seguinte).
Segundo a lição do professor Renato Brasileiro de Lima; “De acordo com a Constituição Federal (Artigo
quinto, inciso onze), se o ocupante do imóvel consentir, é perfeitamente válido o ingresso no domicílio,
seja durante o período do dia, seja durante a noite. Este consentimento deve ser voluntário, jamais
poderá ser objeto de constrangimento. Daí a figura delituosa sob comento, que visa reprimir o emprego
de violência ou grave ameaça de modo a obrigar o ocupante a franquear o aceso do agente público ao
imóvel ou suas dependências”.
O Parágrafo segundo elenca as hipóteses em que haverá a excludente de ilicitude mediante o ingresso
no imóvel à revelia da vontade do seu ocupante; para prestar socorro, OU quando houver fundados
indícios que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou em razão
de situação de desastre.
Tal conduta poderá ser praticada por qualquer agente público ou autoridade, no sentido amplo contido
no artigo segundo da Lei de Abuso de Autoridade. A conduta descrita no artigo 23, elencada como crime
de abuso de autoridade, está prevista da seguinte forma;
“Artigo 23 - Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, o estado de
lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar
criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade”;
“Pena - detenção, de um a quatro anos, e multa”.
“Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o intuito de”;
“Inciso um – Eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no curso de
diligência”;
“Inciso dois – Omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletas para desviar o
curso da investigação, da diligência ou do processo”.
Através deste artigo, o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade uma modalidade especial
fraude processual. Para compreendermos melhor o conteúdo da previsão legal contida nesse
dispositivo, vamos aprender com o professores Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco que, “O Artigo
23 da Lei número 13.869 de 2019 pune modalidade especial do crime do Artigo 347 do CÓDIGO PENAL
(fraude processual), rotulando como abuso de autoridade o fato de o agente inovar artificiosamente, no
curso de diligência, de investigação ou de processo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim
de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a
responsabilidade”, “Inovar artificiosamente é valer-se de meio enganoso”, “Cumpre ressaltar, que a
inovação fraudulenta deve ser idônea a enganar, pois, do contrário, o crime não estará configurado”.
Tal conduta poderá ser praticada por qualquer agente público ou autoridade, no sentido amplo contido
no artigo segundo da Lei de Abuso de Autoridade. Segundo o professor Renato Brasileiro de Lima; “Na
eventualidade de o agente público solicitar, receber ou aceitar promessa de vantagem indevida para
inovar artificiosamente o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a ele deverá ser imputado
exclusivamente o crime de corrupção passiva (CÓDIGO PENAL, Artigo 317), haja vista a subsidiariedade
implícita do crime previsto no Artigo 23 da Lei número 13.869 de 2019”.
A conduta descrita no artigo 24, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
“Artigo 24 - Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário ou empregado de instituição
hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim
de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuração”;
“Pena - detenção, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência”.
Através deste artigo o legislador definiu como crime de abuso de autoridade o constrangimento
praticado por agente público contra funcionário ou empregado de instituição hospitalar pública ou
privada, obrigando-o a admitir para tratamento pessoa que já esteja morta. Para o estudo dessa
conduta, vamos recorrer a lição dos professores Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco;
“Assim que tomar conhecimento da ocorrência de um crime, cabe à autoridade policial se dirigir ao
local, garantindo sua preservação até a chegada dos peritos”.
A preservação do local em especial nos delitos violentos é de vital importância. Somente assim os
peritos poderão ter uma visão ampla do quadro encontrado, como, por exemplo, a posição do cadáver
intacta, os eventuais sinais de luta, as manchas de sangue e os objetos espalhados pela casa, etc. Ao
contrário, um cadáver removido de seu local original poderá, por si só, comprometer todo o trabalho
pericial, bastando lembrar-se da dificuldade em se apontar o trajeto do projétil no corpo do ofendido a
partir dessa falta de cautela.
Deve ser observado, ainda, que o tipo não pressupõe qualquer procedimento investigatório em curso.
Aliás, geralmente não existe sequer início de apuração, sendo a conduta do agente voltada para
prejudicar a investigação ab initio.
Como se percebe pela redação do tipo penal em análise, cuida-se de uma modalidade especializada de
inovação artificiosa, prevista no delito anterior (Artigo 23). Aqui, contudo, o fato é praticado mediante o
emprego de constrangimento (sob violência ou grave ameaça), e diz respeito também a um único fato,
vale dizer, constranger (vis absoluta) ou grave ameaça (vis compulsiva), funcionário ou empregado de
instituição hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido,
com o fim de alterar local ou momento do crime.
Somente haverá a infração penal em exame se o agente souber, de antemão, que aquele que é levado à
instituição hospitalar já se encontrava morto. “Caso ainda o considerasse vivo e, consequentemente,
necessitando de socorro, o fato será considerado erro de tipo, afastando-se o dolo”.
Quanto ao agente público que poderá praticar tal conduta, segundo o professor Renato Brasileiro de
Lima;
“Grosso modo, é possível afirmar que, ao tipificar a conduta do Artigo 24, o legislador mirou
precipuamente aqueles agentes públicos (v.g., policiais militares, policiais civis, integrantes das Forças
Armadas, guardas municipais, etc.) que são os primeiros a chegar à cena do crime e que, por esse
motivo, devem zelar pela preservação de todos os vestígios deixados pela infração penal. Não é
necessário que o agente público tenha concorrido para o óbito em questão. Basta que sua conduta seja
praticada com o objetivo de dificultar a identificação do local ou do momento da conduta que levou ao
óbito, gerando prejuízo às investigações”.
A conduta descrita no artigo 25, elenca da como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
“Artigo 25 - Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou fiscalização, por meio
manifestamente ilícito;”
“Pena - detenção, de um a quatro anos, e multa.”
“Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do investigado ou
fiscalizado, com prévio conhecimento de sua ilicitude”.
Através deste artigo, o legislador definiu como crime de abuso de autoridade a obtenção de prova
utilizando meio manifestamente ilícito, para instruir procedimento de investigação ou fiscalização. Para
compreendermos melhor o alcance da criminalização desta conduta, vamos recorrer a lição do professor
Renato Brasileiro de Lima;
“Mas por que se vedar a utilização da prova ilícita no processo? Aos olhos do leigo, soa desarrazoado
permitir-se a absolvição de um culpado pelo fato de a prova contra ele produzida ter sido obtida por
meios ilícitos. Para ele, os fins justificam os meios. Ora, não podemos perder de vista, jamais, que
vivemos em um Estado Democrático de Direito, e que neste a descoberta da verdade não pode ser feita
a qualquer preço. Mesmo que em prejuízo da apuração da verdade, no prol do ideal maior de um
processo justo, condizente com o respeito aos direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, não
se pode admitir a utilização em um processo de provas obtidas por meios ilícitos. A eficiência processual,
compreendida como a funcionalidade dos mEstatuto da Criança e do Adolescentenismos processuais
tendentes a alcançar a finalidade do processo, que é a apuração dos fatos e das responsabilidades, não
pode prescindir do respeito aos direitos e garantias fundamentais, sob pena de deslegitimação do
próprio sistema punitivo”. (Obra citada. Páginas 244 e 245).
Para ilustrar como se procede tal conduta, vamos recorrer ao exemplo formulado pelos professores
Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco, em razão de decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), sobre
esse tema;
“E a prova obtida por acesso ao WhatsApp sem autorização judicial? Deve ser rotulada como ilícita?
Recentemente, ao julgar o RHC89.385/SP (j. 16/08/2018), o tribunal reiterou orientação semelhante ao
considerar nula a prova obtida por meio de acesso ao WhatsApp em telefone celular apreendido após
prisão em flagrante por tráfico de drogas.
No caso, o recorrente havia sido preso trazendo consigo certa quantidade de droga destinada à
mercancia, e, no momento da lavratura do auto de prisão, a autoridade policial procedeu à análise do
telefone celular apreendido em poder do preso. No histórico do 29 aplicativo WhatsApp foram
encontradas mensagens que robusteciam os indícios da prática do crime.
Ainda em primeira instância, a defesa sustentou, em defesa preliminar, a ilicitude da prova em virtude
da ausência de autorização judicial para a devassa de dados no aparelho apreendido. O juízo de primeiro
grau afastou a pretensão porque os agentes haviam afirmado que o preso autorizara a análise do
aparelho e a defesa não comprovou o contrário.
Impetrou-se, em seguida, habeas corpus, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo também não encampou
o pedido, argumentando que a prisão não havia se dado em virtude das mensagens encontradas no
aparelho, algo incidental, que não prejudicava o conjunto probatório. Dispensava-se, ademais, a prévia
autorização judicial, pois.
O STJ, contudo, reconheceu a nulidade, considerando que atribuir à defesa a comprovação de que o
agente não havia autorizado a análise de seu aparelho constitui indevida inversão do ônus da prova;
No mais, fez-se referência a diversos precedentes nos quais o acesso a dados em aparelhos telefônicos
apreendidos foi considerado ilícito em virtude da inexistência de prévia autorização
O tribunal não anulou, contudo, todas as provas produzidas, mas somente o que foi obtido pelo acesso
às mensagens. “A análise de elementos probatórios não derivados da prova ilícita ficou a cargo do juízo
de primeiro grau”.
Com relação ao agente público que poderá praticar tal conduta, serão aqueles com a obrigação legal de
atuar na persecução criminal, tanto na fase de investigação, quanto na fase do processo. Sobre a
autoria, Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco respondem a seguinte indagação; “E os parlamentares,
durante investigação no âmbito de uma CÓDIGO PENALI? Entendemos que podem figurar como sujeitos
ativos do crime”. (Obra citada. Página 236).
Observação; Artigo 26, o artigo 26 da Lei número 13.869 de 2019 previa um novo tipo penal que foi
VETADO pelo Presidente da República.
A conduta descrita no artigo 27, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
“Artigo 27 - Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou
administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito
funcional ou de infração administrativa;”
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
“Parágrafo único - Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar sumária,
devidamente justificada”.
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a requisição ou
instauração de procedimento investigatório sem que existam quaisquer indícios. Segundo os professores
Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco; “Na mira do legislador estão às autoridades que instauram
efetivamente o procedimento, bem como aquelas que o requisitam”. “Contudo, para caracterização do
delito é imprescindível que as ações nucleares ocorram num ambiente de absoluta falta de indício da
prática de crime, de ilícito funcional ou de infração administrativa. O contrário sensu, diante do mínimo
de indício de materialidade e/ou autoria, é dever da autoridade agir”. (Obra citada. Página 243).
O Parágrafo único do artigo 27 contém uma causa de excludente de ilicitude, ao prever que não haverá
crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar sumária, devidamente justificada. Para
entendermos melhor o fundamento para tal excludente, segundo o professor Renato Brasileiro de Lima;
Sobre a sindicância sumária (âmbito administrativo); “funciona como um procedimento preliminar
sumário, instaurado com o fim de investigação de irregularidades funcionais, que precede ao processo
administrativo disciplinar, sendo prescindível de observância dos princípios constitucionais do
contraditório e da ampla defesa”. “A sindicância, portanto, não se presta para a aplicação de
penalidades, funcionando, grosso modo, como um procedimento simples e célere de investigação de
infrações administrativas, não se sujeitando, portanto, ao rigor procedimental a que se submete o
processo administrativo disciplinar”.
Sobre a investigação preliminar sumária (âmbito criminal); “Como o próprio nome sugere, cuida-se de
investigação preliminar e simples, verdadeiro filtro contra inquéritos policiais temerários, que possibilita
a colheita de indícios mínimos capazes de justificar a instauração de um inquérito policial”. “As
diligências levadas a efeito nesses procedimentos comumente chamados de verificação da procedência
das informações (“VPI”), são relativamente simples e devem ser documentadas em relatórios, não se
admitindo medidas invasivas como busca e apreensão domiciliar, interceptação telefônica, quebra de
sigilo de dados, apreensão de bens, etc”. “Seu” fundamento normativo é extraído do Artigo quinto,
Parágrafo terceiro, do CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, in fine, que dispõe que “qualquer pessoa do povo
que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente
ou por escrito, comunica-la à autoridade policial, e esta, verificando a procedência das informações,
mandará instaurar inquérito”.
Com relação ao agente público que poderá praticar tal conduta, serão aqueles com competência ou
atribuição legal para requisitar ou instaurar um procedimento investigatório de natureza penal ou
administrativa. Sobre a autoria, segundo o professor Renato Brasileiro de Lima; “Especificamente quanto
à requisição de instauração de inquérito policial, o dispositivo tem como foco precípuo o Promotor de
Justiça e o Juiz. Isso porque o Código de Processo Penal (Artigo quinto, inciso dois da primeira parte)
dispõe que o inquérito policial pode ser iniciado mediante requisição da autoridade judiciária ou do
Ministério Público”. “Especificamente quanto à requisição do juiz, grande parte da doutrina entende que
esse dispositivo não teria sido recepcionado pela Constituição Federal”. “Essa controvérsia, todavia, não
tem qualquer relevância para fins de tipificação do crime do Artigo 27, visto que não consta do referido
tipo penal qualquer ressalva nesse sentido”. “(...), se a instauração de um inquérito policial for objeto de
requisição pela autoridade judiciária à falta de qualquer indício da prática de crime, presente, ademais, o
especial fim de agir do Artigo primeiro, Parágrafo primeiro, da Lei número 13.869/19, restará
caracterizado o crime do Artigo 27”.
A conduta descrita no artigo 28, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
“Artigo 28 - Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir,
expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado;”
“Pena - detenção, de um a quatro anos, e multa”.
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a divulgação de gravação
que exponha a intimidade ou a vida privada do investigado ou do acusado, sem que exista uma relação
com a prova que se pretenda produzir. Para compreendermos melhor a criminalização desta conduta,
vamos recorrer à lição dos professores Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco, que utilizam a Lei
número 9.296 de 1996 (Lei de Interceptação Telefônica) para fundamentar tal estudo;
“O Artigo 10 – Da Lei de Interceptações, alterado pela Lei 13.869 de 2019 (Artigo 41), pune cinco
comportamentos alternativos, sendo quatro no caput e um no Parágrafo único;
a) Realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, promover escuta
ambiental sem autorização judicial (caput);
b) Realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, promover escuta
ambiental com objetivos não autorizados em lei (caput);
c) Quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial (caput);
d) Quebrar segredo da Justiça, com objetivos não autorizados em lei (caput);
e) Determinar a execução de conduta prevista no caput com objetivo não autorizado em lei (Parágrafo
único).
Não se ajustava a qualquer dessas condutas aquela em que o agente divulgava gravação ou trecho de
gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou
ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado. A lacuna, agora, foi preenchida pelo Artigo 28
da Lei em comento.
“O crime, como se percebe, pressupõe interceptação legal (legítima e lícita), havendo abuso no
manuseio do conteúdo obtido com a medida extrema”.
Portanto, o agente público que poderá praticar tal conduta será aquele que possuir acesso ao conteúdo
de uma interceptação telefônica ou ambiental, em razão da sua atividade funcional. Segundo o
professor Renato Brasileiro de Lima; “(...), o sujeito ativo do delito só poderá ser aquele agente público
que, legitimamente, tomou conhecimento de uma interceptação telefônica (ou ambiental), ou de seu
resultado, em virtude do exercício do cargo, emprego ou função (v.g., Promotor de Justiça, Magistrado,
Defensor Público, Delegado de Polícia, Perito, membro de Comissão Parlamentar de Inquérito, etc.)”.
(Obra citada. Página 270).
A conduta descrita no artigo 29, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
“Artigo 29 - Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo com o
fim de prejudicar interesse de investigado”;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
“Parágrafo único - (VETADO) ”.
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a prestação de informação
falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo com a finalidade específica de
prejudicar o interesse de um investigado. Na lição do professor Renato Brasileiro de Lima;
“Prestar informação falsa consiste em mentir, narrando à autoridade a ocorrência de fato inverídico”.
“De se notar, portanto, que estamos diante de verdadeira modalidade especial de falsidade ideológica
(CÓDIGO PENAL, Artigo 299), na qual o agente público, ao prestar informação sobre procedimento
judicial, policial, fiscal ou administrativo, insere ou faz inserir declaração falsa ou diversa da que deveria
ser escrita”. “É o que ocorre, por exemplo, com o Delegado de Polícia que determina a instauração de
um inquérito policial contra alguém, mas, ao ser notificado para prestar informações na condição de
autoridade coatora em virtude de impetração de um habeas corpus pelo investigado, afirma que não
haveria nenhuma investigação em andamento”.
O agente público que poderá praticar tal conduta será aquele que possuir o dever funcional de prestar
informação sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo, com a finalidade de prejudicar
o interesse do investigado.
A conduta descrita no artigo 30, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
“Artigo 30 - Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa
fundamentada ou contra quem sabe inocente”;
“Pena - detenção, de um a quatro anos, e multa”.
Através deste artigo o legislador definiu como crime de abuso de autoridade a deflagração de
persecução penal, civil ou administrativa mediante duas ações distintas; sem a existência de uma justa
causa fundamentada ou contra quem sabe inocente. Segundo o professor Renato Brasileiro de Lima;
“Dar início significa instaurar, deflagrar, provocar a instauração, in casu, de persecução penal, civil ou
administrativa. Proceder, por sua vez, pelo menos para fins do Artigo 30, deve ser compreendido como
dar seguimento, prosseguir”. (Obra citada. Página 279).
Complementando essa lição, os professores Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco nos ensinam que;
“Reparem que na denunciação caluniosa (Artigo 399 CÓDIGO PENAL) exige-se que o fato imputado ao
inocente, mesmo em procedimento extrapenal, seja criminoso ou contravencional. Já no Artigo 30 da Lei
de Abuso de Autoridade não existe essa exigência, contentando-se com a instauração sem justa causa
ou contra pessoa que sabe inocente, pouco importando a natureza do fato imputado”.
Quanto ao agente público que poderá praticar tal conduta, ainda segundo o professor Renato Brasileiro
de Lima; “Não é qualquer agente público que pode figurar como sujeito ativo do Artigo 30 da Lei 13.869
de 2019. Para tanto, o agente deve ter atribuição ou competência para dar início ou proceder à
persecução penal, civil ou administrativa (v.g., autoridades administrativas, Delegados de Polícia,
Procuradores da República, etc.)”.
Com relação à citação de Procuradores da República como sujeito ativo do citado artigo, leia-se,
membros do Ministério Público Federal e Estadual.
A conduta descrita no artigo 31, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
“Artigo 31 - Estender injustificadamente a investigação, procrastinando-a em prejuízo do investigado ou
fiscalizado”;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
“Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execução ou conclusão de
procedimento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado ou do
fiscalizado”.
Através deste artigo o legislador definiu como crime de abuso de autoridade o prolongamento
injustificado de investigação em prejuízo do investigado ou fiscalizado. Sobre tal conduta, o professor
Renato Brasileiro de Lima nos ensina;
“Uma investigação, em seu desenvolvimento, demanda um tempo razoável para que seja transcorrido
todo o iter necessário até a sua conclusão”. Quanto maior a complexidade do crime, maior será o tempo
necessário para uma perfeita apuração. Isso, todavia, não significa dizer que os órgãos responsáveis por
essas investigações dispõem de um tempo ilimitado para fornecer a resposta pleiteada.
“Evidentemente, em situações mais complexas, envolvendo vários acusados, é lógico que o prazo para a
conclusão das investigações deverá ser sucessivamente prorrogado. Porém, uma vez verificada a
impossibilidade da colheita de elementos que autorizem o oferecimento de denúncia, deve o Promotor
de Justiça requerer o arquivamento dos autos, sem prejuízo de ulterior desarquivamento diante do
surgimento da notícia de provas novas (CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, Artigo 18)”.
Sobre o agente público que poderá praticar tal conduta, vamos recorrer ao ensinamento do professor
Renato Brasileiro de Lima; “Sem embargo do aparente silêncio do Artigo 31, não é qualquer agente
público que pode figurar como sujeito ativo do delito sob análise. Para tanto, o agente público deve ter
atribuição para presidir a investigação (v.g., Delegado de Polícia, Encarregado de Inquérito Policial
Militar, Procurador da República, etc), estendendo-a de maneira injustificada de modo a prejudicar a
pessoa do investigado (ou fiscalizado) ”.
Mais uma vez, com relação à citação de Procuradores da República como sujeito ativo do citado artigo,
leia-se, membros do Ministério Público Federal e Estadual.
A conduta descrita no artigo 32, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
“Artigo 32 - Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação
preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de
infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a
peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo
seja imprescindível”;
“Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa”.
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a negativa de acesso aos
autos de procedimento investigatório, bem como a extração de cópias de documentos em autos de
investigação preliminar, termo circunstanciado, inquérito ou a qualquer outro procedimento
investigatório de infração penal, civil ou administrativa. Segundo a lição do professor Renato Brasileiro
de Lima;
“Se a deflagração de um procedimento investigatório tem como objetivo precípuo identificar fontes de
prova e coletar elementos de informação quanto à autoria e materialidade dos delitos, de nada valeria o
trabalho dos órgãos persecutórios se não fosse resguardado o sigilo necessário durante o curso de sua
realização”.
Logo, a despeito do Artigo 20 do CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, e mesmo em se tratando de inquérito
sigiloso, o investigado e seu defensor devem ter acesso aos autos do procedimento investigatório, caso a
diligência realizada pela autoridade policial já tenha sido documentada. Porém, em se tratando de
diligências que ainda não foram realizadas ou que estão em andamento, não há falar em prévia
comunicação ao advogado, nem tampouco ao investigado, na medida em que o sigilo, nesse caso, é
inerente à própria eficácia da medida investigatória. É o que se denomina de sigilo interno, que visa
assegurar a eficiência da investigação que poderia ser seriamente prejudicada com a ciência prévia de
determinadas diligências pelo investigado e por seu advogado.
Pelo menos em regra, o acesso do defensor aos elementos de informação já documentados nos autos
do procedimento investigatório independe de prévia autorização judicial. “No entanto, em se tratando
de investigação referente a organizações criminosas, uma vez decretado o sigilo da investigação pela
autoridade judicial competente, para a garantia da celeridade e da eficácia das diligências
investigatórias, o acesso do defensor aos elementos informativos deverá ser precedido de autorização
judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento (Lei número 12.850 de 2013, Artigo 25,
caput)”.
O agente público que poderá praticar tal conduta será aquele com atribuição para presidir um
procedimento investigatório. Prosseguindo com a lição do professor Renato Brasileiro de Lima; “O
sujeito ativo do crime é o agente público, nos termos do Artigo segundo da Lei número 13.869 de 2019,
in casu, dotado de atribuição para presidir determinado procedimento investigatório (v.g., Delegado de
Polícia, Promotor de Justiça, Encarregado de inquérito policial militar, no caso de crimes militares, etc.)”.
A conduta descrita no artigo 33, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
“Artigo 33 - Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer,
sem expresso amparo legal”;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
“Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou função pública ou invoca a
condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio
indevido”.
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a exigência de informação
ou do cumprimento de obrigação sem expresso amparo legal, bem como a utilização do cargo ou função
pública ou invocação da condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter
vantagem ou privilégio indevido. Com relação ao caput do artigo 33, os professores Rogério Sanches
Cunha e Rogério Greco nos ensinam que; “A Constituição Federal, dentre outros direitos, garante ao
homem não ser compelido a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei (Artigo
quinto, Inciso dois)”. Dentro desse espírito, a Lei número 13.869 de 2019, no Artigo 33, abriga essa
liberdade da formação e atuação da vontade, da autodeterminação, de fazer ou não fazer aquilo que
deliberar.
A Administração Pública, quando persegue informação do cidadão ou o cumprimento de obrigação,
deve agir com respaldo legal, tornando-se, obviamente, a expressão “legal” no sentido amplo,
abrangendo todas as espécies normativas do Artigo 59 da CONSTITUIÇÃO FEDERAL de 1988”.
Com relação ao Parágrafo único do artigo 33, segundo os citados professores; “O Parágrafo único do
Artigo 33 pune com a mesma pena quem se utiliza de cargo ou função pública ou invoca a condição de
agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio indevido”.
“Temos aqui a conduta popularmente conhecida como “carteirada”, por meio do qual o agente,
valendo-se ou invocando a sua condição funcional, busca vantagem ou tratamento diferenciado que
extrapolam seus direitos, como, por exemplo, ser tratado por determinados pronomes de tratamento,
não enfrentar filas, não ser autuado quando infringe normas de trânsito, ficar isento do valor de
ingressos etc.”
Portanto, tal conduta poderá ser praticada por qualquer agente público ou autoridade, no sentido
amplo contido no artigo segundo da Lei de Abuso de Autoridade.
Observação; Artigo 34, o artigo 34 da Lei número 13.869 de 2019 previa um novo tipo penal que foi
VETADO pelo Presidente da República.
Observação; Artigo 35, o artigo 35 da Lei número 13.869 de 2019 previa um novo tipo penal que foi
VETADO pelo Presidente da República.
A conduta descrita no artigo 36, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
“Artigo 36 - Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que
extrapole exacerbadamente o valor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a
demonstração, pela parte, da excessividade da medida, deixar de corrigi-la”;
“Pena - detenção, de um a quatro anos, e multa”.
Através deste artigo, o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a decretação, em
processo judicial, da indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que extrapola exacerbadamente
o valor estimado para satisfação da dívida e subsequente negativa de correção do excesso. O processo
judicial citado neste artigo é aquele que tramita segundo os preceitos do Código de Processo Civil.
Com relação ao agente público que poderá praticar tal conduta, segundo Renato Brasileiro de Lima;
“Referindo-se ao dispositivo à decretação da indisponibilidade de ativos financeiros em processo
judicial, é de rigor a conclusão no sentido de que o sujeito ativo do crime do Artigo 36 é apenas a
autoridade judiciária, porquanto se trata do único agente público listado pelo artigo segundo da Lei
número 13.869 de 2019 com competência para tanto. Isso, todavia, não impede a participação de outros
agentes públicos (v.g., analista, assessor, estagiário, etc.) ou até mesmo de pessoas estranhas aos
quadros da administração pública”.
A conduta descrita no artigo 37, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
“Artigo 37 - Demorar demasiada e injustificadamente no exame de processo de que tenha requerido
vista em órgão colegiado, com o intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento”;
“Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa”.
Através deste artigo, o legislador definiu como crime de abuso de autoridade a demora demasiada e
injustificada para o exame de um processo efetuado por um julgador (vogal) integrante de um órgão
colegiado, em que o mesmo tenha requerido pedido de vista.
Nos processos judiciais, por exemplo, o vogal é um juiz que atua em um órgão colegiado (composto por
vários magistrados) integrante de um Tribunal e, por não ser o relator ou revisor do processo, profere o
seu voto durante o julgamento de determinado caso. Se o (juiz) vogal necessitar de examinar melhor o
conteúdo desse processo, fará um “pedido de vista” ao (juiz) relator. Em razão desse “pedido de vista”,
o prosseguimento no julgamento do processo ficará suspenso por um (in) determinado tempo, até que
esse vogal finalize a sua análise do conteúdo dos autos do processo e manifeste o seu voto.
Segundo a lição proferida pelo professor Renato Brasileiro de Lima; “Por fim, a conduta terá como
objeto material o processo de que tenha requerido vista em órgão colegiado. Como exposto
anteriormente, onde a lei não distingue, não é dado ao intérprete fazê-lo. Logo, levando-se em
consideração que o Artigo 37 faz menção a “processo”, sem especificar sua natureza, aí estão
abrangidos não apenas aqueles de natureza criminal, como também feitos cíveis e administrativos”.
O agente público que poderá praticar tal conduta, segundo os professores Rogério Sanches Cunha e
Rogério Greco; “É sujeito ativo do crime qualquer agente público da administração direta, indireta ou
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de
Território, integrante de órgão colegiado de julgamento”.
Portanto, podemos concluir que o crime do Artigo 37 poderá ser praticado por qualquer agente público
que atue como vogal, integrante de um órgão colegiado, composto para o julgamento de um processo,
nas áreas criminal, civil e administrativa.
A conduta descrita no artigo 38, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da seguinte
forma;
“Artigo 38 - Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive rede social,
atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação”;
“Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa”.
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade o ato de antecipar a
atribuição de culpa por meio de qualquer tipo de comunicação, inclusive rede social, antes de concluídas
as investigações e formalizada a acusação através do oferecimento da denúncia (peça de acusação que
formaliza o início do processo). Segundo os professores Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco.
“Para que fique configurado o crime, portanto, exige-se da autoridade má-fé e afoiteza, atribuindo culpa
antes de formalizada a acusação na petição inicial, seja numa ação penal, seja numa ação civil, Quer-se
se coibir, em suma, o prejulgamento na fase pré-processual. Fica claro que o tipo não impede a
publicidade da condição de suspeito da pessoa objeto da investigação. Aliás, essa divulgação, não raras
vezes, aparece como necessária para a apuração de determinadas infrações, podendo contar com a
colaboração dos membros da comunidade em que ocorreu a infração.”
Segundo o professor Renato Brasileiro de Lima;
“Especificamente em relação à divulgação da imagem de pessoas presas, o que se vê no dia a dia é uma
crescente degradação da imagem e da honra produzida pelos meios de comunicação de massa com a
conivência das autoridades estatais, por meio da reprodução da imagem do preso sem que haja prévia
autorização do preso, nem tampouco um fim social na sua exibição, É dentro desse contexto de
necessário respeito à integridade moral do preso e à regra de tratamento que deriva do princípio da
presunção de inocência que devemos compreender a novel figura delituosa do Artigo 38 da Lei número
13.869 de 2019. Se é verdade que a Administração Pública está sujeita ao princípio da publicidade
(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, Artigo 37, caput), também não é menos verdade que a observância irrestrita
desse postulado não pode se dar ao arrepio de direitos e garantias individuais daquele indivíduo cuja
presunção de inocência deve ser respeitada”.
O agente público que poderá praticar tal conduta, segundo o professor Renato Brasileiro de Lima.
Trata-se de crime próprio, nos exatos termos do Artigo segundo da Lei número 13.869 de 2019. “Porém,
não é qualquer agente público que pode figurar como sujeito ativo do crime de abuso de autoridade sob
comento, mas apenas aquele responsável pelas investigações penais ou extrapenais, já que a lei não faz
qualquer ressalva nesse sentido, a exemplo de um Promotor de Justiça, um Delegado de Polícia, um
Presidente de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, um encarregado de inquérito policial militar, em
se tratando de crimes militares, etc”.
“Na eventualidade de a pessoa responsável pela atribuição de culpa não ostentar a qualidade de agente
público, e nem concorrer com este para a prática do delito, nos termos dos artigos 29 e 30 do Código
Penal, deverá responder por crime contra a honra, notadamente calúnia e difamação (CÓDIGO PENAL,
artigos 138 e 139)”.
DISPOSIÇÕES FINAIS
A Lei número 13.869, além de passar a dispor sobre os crimes de abuso de autoridade, também alterou
outros dispositivos legais;
Artigo 40 – alterou a Lei número 7.960 de 1989 (lei da prisão temporária) nos Parágrafos quarto-A,
sétimo e oitavo do seu artigo segundo.
Artigo 41 – Alterou a Lei número 9.296 de 1996, (lei de interceptação de comunicações telefônicas) no
seu artigo 10, caput e Parágrafo único.
Artigo 42 – Alterou a Lei número 8.069 de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) no seu artigo
227-A e Parágrafo único.
Artigo 43 - Alterou a Lei número 8.906 de 1994 (Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do
Brasil - OAB) no seu artigo sétima alínea B.
Através do seu artigo 44, a nova lei dos crimes de abuso de autoridade revogou alguns dispositivos
legais, conforme veremos a seguir;
“Artigo 44 - Revogam-se a Lei número 4.898, de 9 de dezembro de 1965, e o Parágrafo segundo do
Artigo 150 e o Artigo 350, ambos do Decreto-Lei número 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal) ”.
Revogou integralmente a Lei número 4.898 de 1965 – Lei anterior que criminalizava as condutas
tipificadas como crimes de abuso de autoridade.
Revogou apenas o Parágrafo segundo do Artigo 150 do Código Penal – Não revogou integralmente o
artigo 150 do CÓDIGO PENAL, que criminaliza a conduta tipificada como invasão de domicílio, revogou
apenas o seu Parágrafo segundo, que versava sobre o aumento da pena (do citado artigo) em um terço,
se a conduta fosse praticada por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das
formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.
Revogou integralmente o Artigo 350 do Código Penal – Esse artigo criminalizava a conduta tipificada
como exercício arbitrário ou abuso de poder, que versava sobre o ato do agente público que ordenasse
ou executasse algumas medidas que atentassem contra liberdade individual, sem as devidas
formalidades legais ou com abuso de poder.
A revogação da Lei número 4.898 de 1965 pela Lei número 13.869 de 2019 (nova lei dos crimes de abuso
de autoridade) teve como consequência a abolitio criminis (abolição/extinção do crime) das condutas
previstas na antiga lei. Essa pergunta é respondida pelo professor Renato Brasileiro de Lima, da seguinte
forma;
“O fato de ter havido a revogação expressa da legislação pretérita não significa dizer que teria havido
abolitio criminis em relação a todas as figuras delituosas nela previstas”. Aplica-se, in casu, o
denominado princípio da continuidade normativo-típica; a revogação da lei anterior é necessária para o
processo da abolitio criminis, mas não o suficiente. Para além da revogação formal, deve ser verificado
se o conteúdo normativo revogado não foi, simultaneamente, deslocado para outro dispositivo legal. Se
for verdade que o Artigo 44 da Lei número 13.869 de 2019 revogou expressamente a Lei número 4.898
de 1965, também não é menos verdade que o conteúdo normativo de grande parte das condutas
delituosas nela previstas migraram para nova Lei de Abuso de Autoridade”.
O professor Renato Brasileiro apresenta o seguinte exemplo;
Lei número 4.898 de 1965 (lei revogada)
Artigo quarto Constitui também abuso de autoridade;
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada.
versus
Lei número 13.869 de 2019 (lei nova)
Artigo nono - Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as
hipóteses legais;
Parágrafo único - Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar
de;
Inciso um – Relaxar a prisão manifestamente ilegal.
A conduta anteriormente descrita no artigo quarto da Lei número 4.898 de 1965 migrou para o artigo
nono da Lei número 13.869 de 2019, não havendo, portanto, a abolitio criminis em relação à referida
conduta.
Observação; Abolitio criminis – É um termo jurídico (de origem latina) que significa que uma conduta,
antes considerada como crime por uma lei penal, deixa de ser proibida pela edição de uma lei posterior,
fazendo cessar de forma imediata qualquer investigação ou processo, bem como a execução e os efeitos
de uma sentença penal condenatória.
Com relação à vigência da nova lei dos crimes de abuso de autoridade, foi promulgada a seguinte
previsão no artigo 45;
“Artigo 45 - Esta Lei entra em vigor após decorridos cento e vinte dias de sua publicação oficial. Brasília,
5 de setembro de 2019; cento e noventa dias da Independência e cento e trinta e um dias da República”.
A Lei dos crimes de abuso de autoridade entrou em vigor após 120 (cento e vinte) dias de sua publicação
oficial, em 5 de setembro de 2019. Esse período de 120 (cento e vinte) dias decorridos entre a data da
publicação e a data da entrada em vigor é denominado pelos 41 doutrinadores de vacatio legis.
Observação; Vacatio legis – É um termo jurídico (de origem latina) que significa vacância da lei
corresponde ao período entre a data da publicação de uma lei e o início de sua vigência existe para que
ocorra um prazo de assimilação do conteúdo de uma nova lei, durante o período da vacância (intervalo)
continua vigorando a lei anterior.
O início da vigência da nova lei já fomenta divergências na doutrina conforme verificaremos a seguir;
Para os professores Rogério Greco e Rogério Sanches Cunha;
De forma geral, a Lei número 13.869 de 2019 entrou em vigor no dia 02 de janeiro de 2020.
Para o professor Renato Brasileiro de Lima (obra citada, Páginas 362 e 363);
De forma geral, a Lei número 13.869 de 2019 entrou em vigor no dia 03 de janeiro de 2020;
O artigo 13 entrou em vigor somente no dia 16 de janeiro de 2020 (em razão de ter sido publicada no
D.O.U., em 18/09/2019, uma retificação sobre esse artigo);
Em razão da rejeição pelo Congresso Nacional a alguns dos vetos do Presidente da República (publicada
no D.O.U., em 27/09/2019), teremos ainda a data de 25 de janeiro de 2020 para o início da vigência dos
seguintes artigos; Artigo terceiro; Artigo nono; Artigo 13, inciso três, Artigo 15, Parágrafo único, incisos
um e dois; Artigo 16; Artigo 20; Artigo 30; Artigo 32; Artigo 38 e Artigo 43.
LEIS DOS CRIMES HEDIONDOS
Sargento, você certamente já ouviu falar em crimes hediondos? Saberia dizer qual artigo da Constituição
Federal trata esse crime?
LEI Número 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990
Conceito Legal de Crimes Hediondos
A Constituição Federal, no seu Artigo quinto, inciso quarenta e três, dispõe que;
Inciso quarenta e três – A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática
da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
omitirem;
Para viabilizar a aplicação desse dispositivo foi editada a Lei número 8.072 de 1990, que, além de definir
os delitos, trouxe outras providências de cunho penal e processual penal, e referentes à execução da
pena dos crimes hediondos, do tráfico de entorpecentes, do terrorismo e da tortura.
A Lei número 13.964 de2019, promulgada em 24 de dezembro de 2019, foi editada com o propósito de
aperfeiçoar a legislação penal e processual penal vigente. Nesse contexto, foram alterados diversos
dispositivos legais, entre os quais, os crimes considerados hediondos.
Face ao ineditismo da nova lei, conhecida como “pacote anticrime”, a qual ainda começa a ser debatida
pelos tribunais superiores e pelos nossos doutrinadores, para o estudo das alterações promovidas na lei
dos crimes hediondos, vamos recorrer aos valiosos ensinamentos do professor Guilherme de Souza
Nucci, através da obra; Pacote anticrime comentado; Lei 13.964 de2019, de 24.12.2019 / Guilherme de
Souza Nucci. Primeira edicçao . Rio de Janeiro; Forense, 2020.
O Artigo primeiro da citada lei diz o seguinte;
“Artigo primeiro São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto lei
número 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados;
Inciso um – Homicídio (Artigo 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda
que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (Artigo 121, Parágrafo segundo, inciso um,
inciso dois, inciso três, inciso quatro, inciso cinco, inciso seis, inciso sete e inciso oito); (Redação dada
pela Lei número 13.964, de 2019).
Inciso um-A Lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (Artigo 129, Parágrafo segundo) e lesão
corporal seguida de morte (Artigo 129, Parágrafo terceiro), quando praticadas contra autoridade ou
agente descrito nos artigos 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.
Inciso dois – Roubo; (Redação dada pela Lei número 13.964, de 2019)
a) Circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (Artigo 157, Parágrafo segundo, inciso cinco);
(Incluído pela Lei número 13.964, de 2019);
b) Circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (Artigo 157, Parágrafo segundo alínea A, inciso um)
ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (Artigo 157, Parágrafo segundo alínea B);
(Incluído pela Lei número 13.964, de 2019);
c) Qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (Artigo 157, Parágrafo terceiro); (Incluído
pela Lei número 13.964, de 2019);
Inciso três – Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou
morte (Artigo 158, Parágrafo terceiro); (Redação dada pela Lei número 13.964, de 2019);
Inciso quatro – Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (Artigo 159, caput, e Parágrafos
primeiro, segundo e terceiro).
Inciso cinco – Estupro (Artigo 213, caput e Parágrafos primeiro e segundo).
Inciso seis – Estupro de vulnerável (Artigo 217 alínea A, caput e Parágrafos primeiro, segundo, terceiro e
quarto).
Inciso sete – Epidemia com resultado morte (Artigo 267, Parágrafo primeiro).
Inciso sete alínea A - (VETADO).
Inciso sete alínea B – Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais (Artigo 273, caput e Parágrafo primeiro, Parágrafo primeiro alínea A e
Parágrafo primeiro alínea B, com a redação dada pela Lei número 9.677, de 2 de julho de 1998).
Inciso oito – Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou
adolescente ou de vulnerável (Artigo 218 alínea B, caput, e Parágrafos primeiro e segundo);
Inciso nove – Furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum (Artigo 155, Parágrafo quarto alínea A). (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados; (Redação dada pela Lei
número 13.964, de 2019).
Inciso um – O crime de genocídio, previsto nos artigos primeiro, segundo e terceiro da Lei número 2.889,
de primeiro de outubro de 1956; (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Inciso dois – O crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no Artigo 16 da
Lei número 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Inciso três – O crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no Artigo 17 da Lei número 10.826,
de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Inciso quatro – O crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no
Artigo 18 da Lei número 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei número 13.964, de
2019).
“Inciso cinco – O crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou
equiparado”. (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Por força do princípio da taxatividade, só serão considerados hediondos os crimes arrolados no artigo
primeiro, sejam eles praticados na forma tentada ou consumada, individualmente, com mandante ou
não, através de concurso de pessoas, quadrilha, bando ou organização criminosa.
Modificação no rol dos crimes hediondos contidos nos incisos dois e três do artigo primeiro;
A Lei número 13.964 de 2019 promoveu modificações no texto do inciso dois do Artigo primeiro da Lei
número 8.072 de 1990, alterando o termo “latrocínio” por “roubo”. A citada lei também acrescentou as
letras “a”, “b” e “c” ao citado inciso. Desta forma a lei conhecida como “Pacote Anticrime” ampliou o rol
de condutas consideradas hediondas. Outros crimes graves praticados contra o patrimônio foram
inseridos nesse rol, além do latrocínio, considerado o mais grave crime contra o patrimônio.
A lei do “Pacote anticrime” também promoveu uma modificação no texto do inciso três do Artigo
primeiro da Lei número 8.072 de 1990, alterando a previsão sobre o Parágrafo segundo do Artigo 158
para o Parágrafo terceiro do mesmo Artigo 158 do Código Penal, que consiste na “extorsão qualificada
pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte”.
Aumento no rol dos crimes hediondos com o acréscimo do inciso nove no artigo primeiro e a
modificação do seu Parágrafo único;
A Lei número 13.964 de 2019 promoveu o acréscimo de mais um crime no rol através da inserção do
inciso nove no Artigo primeiro da Lei número 8.072 de 1990, do crime de furto qualificado pelo emprego
de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum, previsto no Artigo 155, Parágrafo quarto
alínea A, do Código Penal.
A lei do “Pacote Anticrime” também promoveu modificações importantes no antigo Parágrafo único do
Artigo primeiro da Lei dos Crimes Hediondos. Anteriormente constava apenas o crime de genocídio.
Atualmente, após a edição da Lei número 13.964 de 2019, o citado Parágrafo único recebeu o acréscimo
de mais quatro condutas; o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, o crime de
comércio ilegal de armas de fogo, o crime de comércio ilegal de armas de fogo e o crime de organização
criminosa.
Com relação às modificações promovidas pela Lei número 13.964 de 2019 (pacote anticrime) no Artigo
primeiro da Lei dos Crimes Hediondos, o professor Guilherme de Souza Nucci nos ensina que;
“No mais, as novidades advêm com; a) roubo, nas seguintes circunstâncias;
a.1) restrição da liberdade da vítima;
a.2) emprego de arma de fogo (de uso permitido, restrito ou 45 proibido);
a.3) lesão grave ou morte;
b) extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima ou ocorrência de lesão corporal ou morte;
c) furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. Além
deles, o comércio ilegal de armas de fogo (Artigo 17, Lei número 10.826 de 2003), tráfico internacional
de arma de fogo, acessório ou munição (Artigo 18, Lei número 10.826 de 2003) e organização criminosa,
quando voltado à prática de crime hediondo ou equiparado.
“Em suma, a nova lista de delitos hediondos é perfeitamente admissível, em face da gravidade dos
crimes ali elencados”. Comentado daLei número 13.964 de 2019, de 24.12.2019.
DELITOS EQUIPARADOS E VEDAÇÃO LEGAL
O Artigo segundo da Lei de Crimes Hediondos traz os crimes equiparados a hediondo, conforme previsão
do Artigo quinto, Inciso quarenta e três, da Constituição Federal;
Artigo segundo – Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins e o terrorismo são insuscetíveis de;
Inciso um – Anistia, graça e indulto;
Inciso dois – Fiança.
Parágrafo primeiro – A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime
fechado.
Parágrafo segundo - (Revogado pela Lei número 13.964, de 2019).
Parágrafo terceiro Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu
poderá apelar em liberdade.
Parágrafo quarto – A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei número 7.960, de 21 de dezembro de
1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de trinta dias, prorrogável por igual período em
caso de extrema e comprovada necessidade.
São equiparados aos crimes hediondos a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins e o terrorismo. Tecnicamente esses crimes não são hediondos, mas incidem sobre eles as mesmas
regras, sendo ambos insuscetíveis de anistia, graça e indulto e fiança; a prisão temporária pode ser
decretada pelo prazo de 30 dias, prorrogáveis por igual período.
A anistia, a graça e o indulto são formas de minimizar a pena do condenado em condição de
merecimento. A anistia normalmente incide aos crimes políticos, mediante lei emanada do Congresso
Nacional, operando sobre todos os agentes que cometeram esses delitos durante período determinado
em lei, e poderá surtir efeitos antes ou depois do trânsito em julgado da sentença, e leva à abolição de
todos os efeitos penais da sentença.
Graça é para crimes comuns, por meio de Decreto do Presidente da República ou por autoridade por ele
delegada, e é pessoal e individual, sendo necessário que o decreto arrole a todos os apenados
agraciados. A consequência é apagar apenas os efeitos da pena, permanecendo o nome do condenado
no rol dos culpados.
Já o indulto é uma graça coletiva, devendo o Decreto Presidencial descrever não os nomes dos
apenados, mas sim algumas situações jurídicas nas quais todos os apenados que se enquadrarem
recebam o benefício do não cumprimento, de forma condicional ou não, do restante ou de parte da
pena.
PROGRESSÃO DE REGIME NO CUMPRIMENTO DA PENA E LIVRAMENTO CONDICIONAL
Na legislação penal comum, o regime inicial fechado é fixado apenas quando o réu for condenado por
crime apenado com reclusão, e a pena superior a oito anos, ou então se for reincidente. No caso dos
crimes hediondos, tráfico de entorpecentes, terrorismo e tortura, a lei em estudo estabelece que o
regime inicial deva ser sempre o fechado.
Com isso, se o indivíduo vier a ser condenado há seis anos por crime de estupro, mesmo que seja réu
primário, o regime inicial a ser fixado será o fechado. Na redação originária da Lei número 8.072 de
1990, os condenados por crimes hediondos ou equiparados deveriam cumprir a pena integralmente no
regime fechado, sendo, sem direito a progressão para o semiaberto e aberto. No entanto o Supremo
Tribunal Federal ao julgar o Habeas Corpus número 82.959 no ano de 2006, decidiu pela
inconstitucionalidade dessa regra por ferir os princípios da individualização da pena e da dignidade da
pessoa humana.
Escalonado de
Fechado para Semiaberto;
De semiaberto para aberto e;
Aberto igual à Liberdade.
Você sabia que a Lei número 13.964 de 2019 revogou o Parágrafo segundo do Artigo segundo da Lei
número 8.072 de 1990, onde estava contida a previsão sobre a progressão de regime nos crimes
hediondos?
Anteriormente, a Lei número 11.464 de 2007, havia modificado a redação do Artigo segundo da Lei de
Crimes Hediondos, mais especificamente o seu Parágrafo segundo, em que estabelecia que nesses
crimes o regime inicial deveria ser sempre o fechado, e a progressão seria possível após o cumprimento
de dois quintos da pena, desde que o apenado seja primário, ou de três quintos, se reincidente.
A revogação do Parágrafo segundo do Artigo segundo da Lei de Crimes Hediondos (Artigo 19 da Lei
número 13.964 de 2019) foi decorrente da modificação promovida pela da Lei número 13.964 de 2019
no Artigo 112 da Lei de Execuções Penais (Lei número 7.210 de 1984). As novas regras da progressão de
regime e do livramento condicional para os crimes hediondos, com a edição da Lei número 13.964 de
2019, estão previstas no Artigo 112 da Lei de Execuções Penais, conforme a redação a seguir;
“Artigo 112 - A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência
para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos;
(Redação dada pela Lei número 13.964, de 2019)”.
Inciso um – dezesseis por cento da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem
violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Inciso dois – vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à
pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Inciso três – vinte e cinco por cento da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido
com violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Inciso quatro – trinta por cento da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência
à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Inciso cinco – quarenta por cento da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo
ou equiparado, se for primário; (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Inciso seis – cinquenta por cento da pena, se o apenado for; (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
a) Condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário,
vedado o livramento condicional; (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
b) Condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para
a prática de crime hediondo ou equiparado; ou (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
c) Condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada; (Incluído pela Lei número 13.964,
de 2019).
Inciso sete – sessenta por cento da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou
equiparado; (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Inciso oito – setenta por cento da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado
com resultado morte, vedado o livramento condicional. (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Parágrafo primeiro – Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar
boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam
a progressão. (Redação dada pela Lei número 13.964, de 2019)
Parágrafo segundo - A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e
precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor, procedimento que também será
adotado na concessão de livramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos
previstos nas normas vigentes. (Redação dada pela Lei número 13.964, de 2019).
Parágrafo terceiro - No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas
com deficiência, a requisita para progressão de regime são, cumulativamente.
Inciso um – Não ter cometido crime com violência ou grave ameaça à pessoa;
Inciso dois – Não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;
Inciso três – Ter cumprido ao menos um oitavo da pena no regime anterior;
Inciso quatro – Ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do
estabelecimento;
Inciso cinco – Não ter integrado organização criminosa.
Parágrafo quarto - O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do
benefício previsto no Parágrafo terceiro deste artigo.
Parágrafo quinto - Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de
tráfico de drogas previsto no Parágrafo quarto do Artigo 33 da Lei número 11.343, de 23 de agosto de
2006. (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
“Parágrafo sexto - O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade
interrompe o prazo para a obtenção da progressão no regime de cumprimento da pena, caso em que o
reinício da contagem do requisito objetivo terá como base a pena remanescente”. (Incluído pela Lei
número 13.964, de 2019).
Sobre essas novas regras, o professor Guilherme de Souza Nucci nos ensina que;
“A nova tabela de progressão de regime mais severo para regime menos rígido parecenos cabível, sem
vício de constitucionalidade”. Preserva-se o sistema progressivo, apenas com prazos diferentes. Há uma
reclassificação positiva, com mais detalhes.
O percentual dividia-se em um sexto para crimes comuns; dois quintos e três quintos para delitos
hediondos
Nem se diga que essa nova estrutura para a progressão fere a individualização da pena, porque não se
proíbe o progresso; ele vem regulado de maneira mais rígida, algo que há muito já deveria ter ocorrido.
É bem verdade que, em algumas situações, proíbe-se o livramento condicional, acreditando-se ser este
benefício mais favorável, quando, na realidade, só é mais benéfico que o regime fechado. Porém, na
prática, é pior que o semiaberto e aberto.
Além dos novos prazos para a progressão, exige-se boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do
estabelecimento. A parte final do Parágrafo primeiro deve ser desconsiderada, porque o Supremo
Tribunal Federal já decidiu não ser possível vedar completamente a progressão.
O disposto no Parágrafo segundo repete-se o que já havia na lei anterior, ou seja, a decisão do juiz, ao
determinar a progressão de regime, será sempre motivada e precedida de parecer do Ministério Público
e de defensor. O mesmo procedimento deve ser adotado para a concessão do livramento condicional,
do indulto e da comutação de penas. Repetem-se os Parágrafos terceiro e quarto. No Parágrafo quinto,
insere-se em lei a decisão tomada pelo STF, no sentido de que não se considera hediondo ou
equiparado, para fins de progressão, o tráfico de drogas, com causa de diminuição de pena (Artigo 33,
Parágrafo quarto, Lei número 11.343 de 2006).
“O disposto pelo Parágrafo sexto também incorpora jurisprudência pacífica; se o apenado cometer falta
grave durante a execução da pena privativa de liberdade será interrompido o prazo para a obtenção da
progressão de regime; assim ocorrendo, haverá reinício da contagem do requisito objetivo (tempo de
cumprimento da pena), tendo por base a pena remanescente”.
PRISÃO TEMPORÁRIA
A Prisão temporária é uma prisão cautelar que ocorre ainda durante o inquérito policial, a fim de
possibilitar a investigação de crimes mais graves, e, embora ocorra durante o inquérito, somente pode
ser decretada pelo juiz competente, e nos crimes comuns pode ser decretada por até 5 dias,
prorrogáveis por outros 5. Já nos crimes hediondos, como já falamos acima, a prisão temporária poderá
ser decretada por até 30 dias, prorrogáveis por igual período.
ALTERAÇÃO DAS PENAS
Pelo Artigo nono da Lei número 8.072 de 1990 foram aumentadas as penas previstas para os crimes
hediondos. O latrocínio, por exemplo, passou a ter pena de vinte a trinta anos, que, nos termos do
Artigo 158, Parágrafo segundo, do Código Penal, automaticamente passou a ser aplicável também ao
crime de extorsão qualificada pela morte.
O Artigo oitavo criou o crime de quadrilha qualificado pela especial finalidade de seus integrantes de
cometerem os crimes previstos nessa lei. Dessa forma, enquanto o crime comum de quadrilha possui
pena de reclusão de um a três anos, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo, a pena será de três a seis anos de reclusão.
Já o Parágrafo único do mesmo artigo trouxe uma causa de diminuição da pena; “O participante e o
associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá
a pena reduzida de um a dois terços” (BRASIL, 1990). Nos termos da lei, só haverá a diminuição da pena
se a delação implicar o efetivo desmantelamento da quadrilha.
DELAÇÃO EFICAZ
O Artigo sétimo, acrescentou o Parágrafo quarto, do Artigo 159 do CÓDIGO PENAL; “Se o crime é
cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do
sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços”. Trata-se de causa de diminuição de pena, que
só caberá quando o crime tenha sido cometido ao menos por duas pessoas, e que uma delas se
arrependa e delate os demais participantes, de forma que o sequestrado venha a ser libertado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Lei número 8.072 de 1990 foi criada com base no chamado “Movimento da Lei e da Ordem”, no
“Direito Penal Máximo”, com a intenção de ser o remédio definitivo para a violência avassaladora que a
segunda metade da década de 1980 registrava, sobretudo em relação aos crimes de extorsão mediante
sequestro.
Com esse enfoque o legislador arrolou os crimes considerados bárbaros, brutais, cruéis, repugnantes e
hediondos. Aumentou as suas penas, vedou uma série de direitos fundamentais como anistia, graça,
indulto, fiança, liberdade provisória, apelo em liberdade, progressão no cumprimento de pena;
dificultou a concessão de alguns benefícios como o livramento condicional etc.
Muito de seu texto foi questionado por inconstitucional, e após reiteradas manifestações dos tribunais
em desfavor da Lei número 8.072 de 1990, o legislador se viu obrigado a fazer alterações para adequá-la
ao sistema constitucional brasileiro, até chegar no texto que temos hoje.
LEI DE TORTURA
LEI Número 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997
Considerações Iniciais
Você sabia que o crime de tortura encontra-se regulamentado pela Lei número 9455 de 1997?
Tal prática é expressamente proibida em nosso ordenamento jurídico com previsão na CONSTITUIÇÃO
FEDERAL, sendo considerado um crime contra a humanidade. O artigo quinto, inciso três da Constituição
Federal, afirma que “ninguém será submetido à tortura ou a tratamento degradante”, e no inciso
quarenta e nove, garante ao preso o respeito a sua integridade física e moral. E, por último, o inciso
quarenta e três, do mesmo artigo quinto, considerou o crime de tortura insuscetível de graça ou anistia.
Conforme estudado na aula anterior, o legislador equiparou o crime de tortura aos crimes hediondos.
Vejamos alguns pontos importantes relacionados com o crime ora estudado.
A tortura se caracteriza como um intenso sofrimento físico ou mental. O termo tortura vem o latim
tortura e, que significa ação de torcer, dor aguda, tortura. É o sofrimento ou a dor provocada por maus-
tratos físicos ou morais. É produzir sofrimento desnecessário, tornar mais angustioso o sofrimento.
CRIMES EM ESPÉCIE
O Artigo primeiro da Lei número 9.455 de 1997 elenca vários ilícitos penais ligados à prática da tortura,
cada qual com características próprias, que trataremos a partir de agora.
Tortura Prova, Tortura Crime para Prática de Crime e Tortura Discriminatória
“Artigo primeiro, caput — Constitui crime de tortura;
Inciso um – Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento
físico ou mental;
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa.
“Pena — reclusão, de dois a oito anos”.
Esse dispositivo contém três figuras caracterizadoras do crime de tortura. São, portanto, três espécies
delituosas no mesmo artigo, sendo, em razão disso, necessária a adoção de outras designações para
diferenciá-las (tortura-prova, tortura para a prática de crime e tortura discriminatória).
Quanto à objetividade jurídica, meios de execução, sujeitos ativo e passivo, consumação, tentativa e
ação penal, as regras são as mesmas para todos eles, que, dessa forma, se diferenciam apenas no que se
refere à motivação do agente torturador.
Em ambos as formas são admitidas a tentativa, a qual ocorre quando forem empregados os meios de
violência ou grave ameaça, mas a ação houver sido interrompida por circunstâncias alheias à vontade do
agente, antes que se caracterizasse o sofrimento.
Tortura prova
Quanto à primeira espécie de tortura denominada de tortura prova, podemos afirmar que se trata de
crime comum, porque praticado por qualquer pessoa e não somente pelo agente policial. O objetivo
dessa modalidade de tortura é obter declaração ou confissão de qualquer pessoa como meio de prova.
Na verdade, a criminalização dessa espécie de tortura tem raízes históricas, pois na idade média, a
confissão era considerada a rainha das provas, e assim sendo era conseguida através da tortura.
Tortura crime para prática de crime
Na tortura para prática de crime, a finalidade da tortura é conseguir do torturado um comportamento
criminoso. Na verdade, teremos três pessoas que participam dessa espécie de crime; o agente que
tortura; a pessoa que é torturada para cometer o crime; e uma terceira pessoa, contra a qual o crime é
praticado. Nessa hipótese, o agente deverá responder por dois crimes; o crime de tortura e o crime
praticado pelo torturado contra o terceiro. O torturado estará isento de pena, por estar praticando o
crime coagido pelo torturador.
Tortura discriminatória
A tortura discriminatória ocorre quando o sofrimento físico ou mental é produzido em razão de
preconceito ou discriminação de raça ou religião. Na verdade, a lei de tortura não seguiu os outros
textos legais, em que o preconceito ou discriminação são realizados em decorrência de raça, cor, etnia,
religião ou procedência nacional, como nos crimes de racismo previsto na lei 7716/89. Também aqui
teremos um crime comum, porque praticado por qualquer pessoa.
. Tortura Castigo
“Artigo primeiro, caput, Inciso dois — submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com
emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar
castigo pessoal ou medida de caráter preventivo”.
“Pena — reclusão, de dois a oito anos”.
Na tortura castigo, haverá uma relação especial de poder, autoridade ou vigilância, entre o sujeito ativo
e passivo, como os pais, tutor, professor, curador, etc., tratando-se de crime comum. Pode-se afirmar
que o crime de tortura não revogou o crime de maus tratos previsto no artigo 136 do CÓDIGO PENAL.
Assim se a intenção do agente for castigar e causar um dano a vítima teremos o crime de tortura. Mas,
se a intenção do agente for apenas de educar colocando a vítima em uma situação de perigo teremos o
crime de maus tratos.
Deixar a vítima privada de alimentação por um tempo relevante como forma de educar caracteriza maus
tratos; aplicar ferro em brasa na vítima ou arrancar os dentes, como forma de castigar caracteriza o
crime de tortura.
Sendo configurado o crime de tortura, os delitos de menor gravidade são absorvidos. Nesse sentido é o
entendimento de Victor Eduardo Rios Gonçalves; “A configuração do crime de tortura absorve delitos
menos graves decorrentes do emprego da violência ou grave ameaça, como, Página ex., os crimes de
maus-tratos, lesões corporais leves, constrangimento ilegal, ameaça, abuso de autoridade etc.”
Tortura do Encarcerado
“Artigo primeiro, Parágrafo primeiro - Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a
medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei
ou não resultante de medida legal”.
Este é um crime próprio e somente poderá ser cometido pelo agente público, porque a vítima tem que
estar presa provisoriamente ou definitivamente.
Impõe a Constituição Federal em seu artigo quinto, incisos, três e quarenta e nove, a proibição absoluta
da tortura ou de tratamento desumano ou cruel a pessoas presas ou submetidas à medida de
segurança, conservando o preso todos os seus direitos não atingidos pela sentença.
Também, a Lei de Execução Penal, em seu artigo 40, é clara ao impor a todas as autoridades o respeito
à integridade física e moral dos condenados e dos presos provisórios.
Omissão em Face à Tortura
Trata-se de crime próprio, não do torturador, mas daquele que tinha o dever jurídico de evitar a tortura
ou para aquele que posteriormente ao fato tomou conhecimento, e tinha o dever apurar a infração, e
não o fez.
Este é um crime próprio e somente poderá ser cometido pelo agente público, porque a vítima tem que
estar presa provisoriamente ou definitivamente.
Artigo primeiro, Parágrafo segundo, da lei de tortura que; “Aquele que se omite em face dessas
condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro
anos”.
Duas hipóteses que devem ser registradas;
Por outro lado, não se pode confundir tal omissão com a participação por omissão, em que o agente
poderá ser responsabilizado pelo crime de tortura, em concurso de pessoas, como no caso do policial
que assistindo a uma cena de tortura, nada faz porque quer a tortura, devendo responder como
participe.
A doutrina faz uma crítica a esse dispositivo, pois tipifica como crime menos grave a conduta de quem
tem o dever de evitar a tortura e não o faz, e afirmam que nesses casos os agentes deverão responder
como partícipe do crime de tortura, só devendo responder por essa modalidade omissiva àquele que
tinha o dever de apurar e não o fez.
Assim se manifestou Fernando Capez;
De acordo com esse entendimento, a exceção pluralística adotada pelo legislador inferior, além de
inoportuna e injusta, viola mandamento constitucional expresso. Para evitar a violação ao Texto Magno,
entendemos que o dispositivo em estudo somente fica reservado para aquele que se omitiu na apuração
dos fatos, ou seja, para aquele que, tomando conhecimento após o seu cometimento, nada fez para
esclarecer a verdade e punir os culpados. Quanto àquele que presenciou a tortura e nada fez, aderindo à
conduta principal, mediante dolo direto ou eventual, a solução é responsabilizá-lo pelo mesmo crime do
qual participou com sua omissão e não por essa forma mais benéfica”.
Nesse sentido temos também;
“Ora, nos termos do Artigo 13, Parágrafo segundo, do Código Penal, responde pelo resultado, na
condição de partícipe, aquele que deve e pode agir para evitá-lo e não o faz. Por consequência, quando
uma pessoa tortura a vítima para obter dela uma confissão, e outra, que podia e devia evitar tal
resultado, se omite, ambas respondem pelo crime de tortura do Artigo primeiro, Inciso um, alínea a, da
Lei número 9.455 de 1997 (que é delito mais grave), e não por este crime descrito no Parágrafo
segundo. Essa solução atende ao preceito constitucional que estabelece que também responde pela
tortura aquele que, podendo evitar o resultado, deixa de fazê-lo (Artigo quinto, Inciso quarenta e três,
da CONSTITUIÇÃO FEDERAL).
Dessa forma, o Parágrafo segundo da Lei número 9.455 de 1997 somente será aplicável àquele que tem
o dever jurídico de apurar a conduta delituosa e não o faz. “Como tal dever jurídico incumbe às
autoridades policiais e seus agentes, torna-se evidente a impossibilidade de aplicação do aumento do
Parágrafo quarto, inciso um, da lei (crime cometido por agente público), já que isso constituiria bis in
idem”.
Tortura Qualificada pelo Resultado
Na tortura qualificada pelos resultados, lesão grave ou morte, crime preterdoloso, o agente não quer a
morte da vítima e nem a lesão corporal grave, mas o resultado ocorre como consequência da tortura e é
atribuído ao agente a título de culpa, isto é, dolo na conduta e culpa no resultado.
A tortura qualificada pela morte não se confunde com o homicídio qualificado pela tortura. Naquela, o
dolo do agente se esgota na tortura, e no homicídio o dolo do agente se esgota na morte.
Artigo primeiro, Parágrafo terceiro, da lei de tortura que; “Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis
anos”.
No crime de homicídio, o agente quer a morte da vítima ou assume o risco de produzi-la; existe dolo no
resultado morte, sendo que o meio escolhido para concretizar seu intento é a tortura.
No crime de tortura, o sofrimento que o agente impõe na vítima tem por finalidade; obter informação,
declaração ou confissão de alguém; provocar ação ou omissão criminosa; por discriminação racial ou
religiosa; para impor castigo ou medida preventiva. Porém, por excessos na execução do crime, o agente
causa culposamente a morte da vítima.
Causas de Aumento de Pena
O Parágrafo quarto do artigo primeiro prevê as causas de aumento de pena de um sexto a um terço,
assim resumidas;
“Artigo primeiro, Parágrafo quarto. Aumenta-se a pena de um sexto até um terço”;
Inciso um – Se o crime é cometido por agente público.
Inciso dois – Se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou
maior de sessenta anos.
“Inciso três – Se o crime é cometido mediante sequestro”.
Efeitos da Sentença Condenatória
“Artigo primeiro, Parágrafo quinto - A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego
público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada”.
Além da pena privativa de liberdade, o juiz deverá declarar a perda do cargo, emprego ou função
pública. A finalidade desse efeito condenatório é ter sido demonstrado que o agente público violou seus
deveres funcionais de tal forma, que o Estado e a sociedade não podem mais confiar em seus serviços.
Será também decretada a interdição para exercício de cargo público pelo dobro do prazo da pena
aplicada.
Considerações Finais
A ação penal será publica incondicionada. O início de cumprimento de pena será em regime fechado,
exceto para o crime de omissão em face à tortura punido com pena de detenção. O crime de tortura é
insuscetível de graça ou anistia, não sendo admitida a fiança em caso de prisão em flagrante, e se aplica
também aos crimes cometidos fora do território nacional, desde que a vítima seja brasileira ou que o
autor da tortura esteja em local em que a legislação pátria seja aplicável.
TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS
Sargento, você certamente já ouviu falar na Lei do Tráfico Ilícito de Drogas? Saberia dizer que lei é essa?
Que tal estudá-la?
LEI Número 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006
Considerações Iniciais
A lei número 11.343 de 2006 entrou em vigor no dia 08 de outubro do ano de 2006, revogando
expressamente as Leis número 6368 de 1976 e número 10.409 de 2002. Esta lei se baseia na relação
entre o porte de drogas e condutas assemelhadas para consumo pessoal, e o tráfico ilícito de drogas.
São crimes de perigo que ofendem primeiramente a saúde pública. A vítima não é o usuário que adquire
a droga, mas sim o Estado, de forma mais específica à saúde pública.
A Lei número 11.343 de 2006 tratou não somente dos crimes relativos às drogas, mas também instituiu
o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - SISNAD, prescreveu medidas de prevenção ao
uso indevido e medidas para reinserção dos usuários e dependentes, tendo também estabelecido o
novo procedimento criminal.
Norma Penal em Branco Os tipos penais da Lei de Drogas contêm normas penais em branco, que
necessitam de complementação, uma vez que ela se refere a drogas apenas. Quem estabelece a lista de
substâncias é o Ministério da Saúde, através da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária),
estando vigorando atualmente a Portaria número 344 de 1998.
A regulamentação do uso medicinal do princípio ativo da maconha no Brasil – No dia 03/12/2019, a
ANVISA divulgou que aprovou o texto da regulamentação que vai estabelecer os requisitos necessários
para a regularização de produtos derivados de Cannabis (maconha) para fins medicinais no Brasil. A
nova regulação cria uma nova classe de produtos sujeito à vigilância sanitária; os produtos à base de
Cannabis. Esse termo vem sendo utilizado internacionalmente pelas diferentes autoridades sanitárias do
mundo. A Resolução aprovada regulamenta os procedimentos para a concessão de uma Autorização
Sanitária para a fabricação e a importação desses produtos, bem como estabelece requisitos para a
comercialização, prescrição, dispensação, monitoramento e fiscalização de produtos à base de Cannabis,
somente para fins medicinais. A proposta sobre o seu plantio foi rejeitada. Com a decisão da ANVISA, os
produtos à base de cannabis passarão a ser vendidos em farmácias de todo o Brasil, somente sob
prescrição médica e com a retenção da receita, estando sujeitos à fiscalização da Vigilância Sanitária.
CRIME PERMANENTE
Algumas das condutas da lei de drogas constituem crimes permanentes, que a consumação se prolonga
no tempo, permitindo a prisão em flagrante enquanto não cessar a permanência. Quem guarda droga
em casa está em estado de flagrância permanente, podendo ser preso a qualquer momento do dia ou
da noite, independentemente de mandado judicial, pois as condutas de guardar ou ter em depósito
estão sempre se consumando, não cessando a permanência.
CRIMES EM ESPÉCIE
Veremos agora os crimes tipificados na Lei número 11.343 de 2006. A maioria deles deixa vestígios, e
sua comprovação dependerá de exame toxicológico. Há outros que não deixam vestígios materiais,
dispensando o laudo pericial, como por exemplo, o Artigo 35, associação para o tráfico, e Artigo 33,
Parágrafo segundo, induzir ou instigar pessoa a usar droga.
Porte e Cultivo para Consumo Próprio
A nova Lei de Drogas teve uma preocupação especial com o usuário de drogas, tratando-o não apenas
como criminoso, como fazia a Lei número 6.368 de 1976, em seu Artigo 16. Dispôs sobre o Sistema
Nacional de Política Públicas sobre Drogas (SISNAD), dissertando entre os artigos terceiro e 26 acera da
prevenção, erradicação e tratamento dispensado ao usuário de drogas, que pode ser tratado como
mero usuário ou como usuário dependente de drogas, que vai precisar de uma atenção ainda maior por
parte do Estado.
Vejamos o que define o Artigo 28 da Lei de Drogas;
“Artigo 28 - Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será
submetido às seguintes penas;
Inciso um – Advertência sobre os efeitos das drogas;
Inciso dois – Prestação de serviços à comunidade;
Inciso três – Medida educativa de comparecimento ao programa ou curso educativo.
Parágrafo primeiro – Às mesmas medidas submetem-se quem, para seu consumo pessoal, semeia,
cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto
capaz de causar dependência física ou psíquica.
Parágrafo segundo – Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à
natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a
ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.
Parágrafo terceiro – As penas previstas nos incisos dois e três do caput deste artigo serão aplicadas pelo
prazo máximo de cinco meses.
Parágrafo quarto – Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos dois e três do caput deste
artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de dez meses.
Parágrafo quinto – “A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários,
entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados
sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de
usuários e dependentes de drogas”. (BRASIL, 2006).
Em suma, o artigo 28, trata da figura do usuário que possui a droga ou plantas em pequena quantidade
para uso próprio. O que configura o delito não é o uso, mas sim o “adquirir”, “guardar”, “ter em
depósito”, “transportar”, “trazer consigo”.
Dessa forma, por exemplo, se for constatado através de exame toxicológico que o indivíduo consumiu
drogas, mas já não estava mais de posse da mesma, não configurará o crime. Todavia, mesmo que não
tenha utilizado, se for flagrado guardando, adquirindo etc.... com a finalidade de consumo pessoal,
restará configurando o delito do Artigo 28.Cabe, porém, ressaltar que, se a sua conduta de guardar ou
adquirir tiver por objetivo outra coisa que não seja o consumo, então responderá pelo crime de tráfico
previsto no artigo 33 da mencionada lei.
É importante registrar que o artigo 28, prevendo uma infração de menor potencial ofensivo, de
competência do Juizado Especial Criminal, apresenta penas de caráter educativo e não retributivo ou
intimidatório, afastando penas privativas de liberdade, ou autuação em flagrante delito quando de sua
captura. Desta forma, não será lavrado auto de prisão em flagrante, mas apenas um Termo
Circunstanciado na forma da Lei número 9.099 de 1995.
Por outro lado, se o usuário não cumprir a pena restritiva de direito imposta, então de acordo com o
texto legal, o juiz deverá;
“Artigo 28.
Parágrafo sexto – Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos
incisos um, dois e três, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo,
sucessivamente a;
Inciso um – Admoestação verbal;
Inciso dois – Multa”.
Atenção – A Lei número 11.343 de 2006, no Parágrafo segundo do Artigo 28, faz a distinção legal entre o
usuário de drogas e o traficante de drogas ilícitas. Sobre esse tema, os professores Fábio Roque Araújo,
Nestor Távora, Rosmar Rodrigues Alencar nos ensinam a seguinte lição;
O consumo pessoal é uma finalidade almejada pelo agente, não havendo necessidade de concretização
do consumo. É o que se depreende da expressão “para consumo pessoal”, empregada no caput do
artigo. É justamente esta finalidade especial que diferencia o crime do Artigo 28 de outros crimes como
o tráfico de drogas (Artigo 33). Note-se que muitos núcleos do tipo do Artigo 28 também são núcleos do
tipo no Artigo 33. O que irá diferenciar o enquadramento da conduta em um ou outro crime, nestes
casos, é, justamente, a finalidade pretendida pelo agente, isto é, seu elemento subjetivo específico.
Há dois modelos de sistemas para diferenciar o usuário do traficante;
a) Sistema de quantificação legal; como o nome indica, nesse sistema, a legislação estabelece um
parâmetro quantitativo para diferenciar o usuário do traficante. O grande problema deste sistema é o
fomento ao pequeno tráfico. Se até determinada quantidade de droga o agente é considerado usuário,
fica fácil para os traficantes portarem pequenas quantidades de droga, que não ultrapassem esse
patamar, para o seu comércio ilícito. Em caso de flagrante, seriam enquadrados como meros usuários.
b) Sistema de reconhecimento judicial ou policial; é o nosso sistema. Nele, a legislação não estabelece
uma quantidade de droga como parâmetro rígido e inquebrantável para diferenciar o usuário do
traficante. Ao revés, a Lei traz alguns critérios que serão verificados à luz do caso concreto, inicialmente
pela autoridade policial (por ocasião de uma eventual prisão em flagrante) e, posteriormente, pela
autoridade judiciária.
No caso concreto, pode o julgador encontrar sérias dificuldades para distinguir o usuário do traficante.
Por esta razão, a legislação estabelece alguns parâmetros que devem ser levados em consideração no
momento de proceder a este julgamento. É a dicção do Parágrafo segundo deste artigo 28, ao asseverar
que para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá;
a) à natureza e à quantidade da substância apreendida;
b) ao local e às condições em que se desenvolveu a ação;
c) às circunstâncias sociais e pessoais;
d) à conduta e aos antecedentes do agente.
Nem sempre o julgador chegará a uma conclusão precisa e definitiva quanto ao enquadramento da
conduta do agente como usuário ou traficante. Subsistindo a dúvida, não resta ao magistrado outra
alternativa, senão invocar o princípio do in dubio pro reo, reconhecendo o réu como usuário e, em
consequência, enquadrando sua conduta no Artigo 28 da Lei número 111.343 de 2006”.
Observação – in dubio pro reo é uma expressão latina que significa; na dúvida, em favor do réu,
expressão que originou o princípio da presunção da inocência.
Sobre a lição acima, quanto à dúvida sobre a conduta efetivamente praticada pelo indivíduo, se a de
usuário ou traficante, vale destacar, que normalmente se refere aos casos em que seja encontrada
pouca quantidade de droga na posse do mesmo.
Tráfico na Forma Simples
“Artigo 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda,
oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a
consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar”;
“Pena - reclusão de cinco a quinze anos e pagamento de quinhentos a mil e quinhentos dias-multa”
Os crimes aqui previstos são considerados graves, sendo por isso cominada pena de reclusão. Também é
importante registrar que as condutas previstas no artigo 33, caput, são condutas caracterizadoras de
crimes hediondos.
Por outro lado, analisando-se o mencionado tipo penal, vamos encontrar condutas que se referem à
prática de crimes permanentes, tais como; expor a venda, ter em depósito, transportar, trazer consigo,
guardar. Em tais casos, será possível a prisão em flagrante delito (flagrante próprio) a qualquer hora do
dia ou da noite, ainda que dentro de casa, sem ordem judicial ou sem consentimento do morador. Isso
porque em caso de crimes dessa espécie a consumação se prolongando no tempo, permite a
intervenção policial, para fazer cessar a sua prática, com a prisão do agente.
Da leitura do Artigo 33, podemos também concluir que a Lei pune não só o comercio ilegal de drogas,
mas também a posse, o transporte, a guarda de matéria prima, de objetos, e máquinas, que podem ser
usadas na preparação, produção ou fabricação de drogas. Em outros casos, como os dos artigos 35, 36 e
37, teremos o crime de associação para fins de tráfico, a figura do agente que financia e do informante
ou colaborador do tráfico.
Tráfico Equiparado
“Artigo 33”.
Parágrafo primeiro – Nas mesmas penas incorre quem;
Inciso um – Importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece,
tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico
destinado à preparação de drogas;
Inciso dois – Semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;
“Inciso três – Utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração,
guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas”.
Aqui temos as condutas equiparadas ao tráfico de drogas. Falando sobre essa conduta, Fernando Capez
afirma que;
“A finalidade do legislador foi evitar situações que levassem à impunidade do agente. Diante da
diversidade de condutas que se podem apresentar na realidade, o legislador procurou antever todas as
hipóteses, com a inclusão dessas figuras equiparadas. Para a existência de delito, as ações do Parágrafo
devem ser praticadas indevidamente, isto é, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar, pois, se a conduta for praticada com autorização e de acordo com as normas sanitárias
adequadas, o fato será atípico”.
Tráfico no Contexto da Atuação de Agente Policial Disfarçado
“Artigo 33”.
Parágrafo primeiro – Nas mesmas penas incorre quem;
Inciso quatro – “Vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à
preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a
agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente”. (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Com relação a esse novo tipo penal, que foi inserido na Lei de Drogas através do Artigo 10 da Lei número
13.964 de 2019, o professor Guilherme de Souza Nucci nos ensina que;
“No Parágrafo primeiro, do Artigo 33 da Lei de Drogas, acrescentou-se o inciso quatro, nos seguintes
termos; “vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à
preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a
agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente”
Como já inserido na Lei de Armas, busca-se contornar a figura do crime impossível (Artigo 17, CÓDIGO
PENAL) e também evitar que o delito, quando quem recebe a droga, matéria-prima, insumo ou produto
químico é o policial disfarçado seja considerado apenas uma tentativa.
Em primeiro lugar, no contexto das drogas ilícitas, levando-se em conta os inúmeros verbos existentes
no Artigo 33, caput, quando um policial se passava por viciado, dava voz de prisão ao sujeito não pela
venda em si, mas por ele trazer consigo ou manter guardada a droga, matéria-prima, insumo ou produto
químico.
“com a modificação legal, torna-se viável a prisão pela venda ou entrega ao policial disfarçado, não
configurando crime impossível, algo que o legislador pode excepcionar por lei permitindo, inclusive, a
consideração de ter ocorrido delito consumado”.
Atenção – Sobre a conceituação doutrinária da nova figura jurídica do policial disfarçado e a sua
distinção da figura jurídica do policial infiltrado, vide o item sobre esse tema inserido no final deste
capítulo.
Tráfico Privilegiado
“Artigo 33”.
Parágrafo segundo – Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga;
“Pena - detenção, de um a três anos, e multa de cem a trezentos dias-multa”.
Induzir é fazer nascer a ideia na cabeça de alguém; instigar é reforçar uma ideia já existente, e auxiliar é
dar apoio material ao usuário, desde que não tenha oferecido a droga, se não se configuraria o tipo do
Parágrafo terceiro.
Uso Compartilhado
“Artigo 33”.
Parágrafo terceiro – Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu
relacionamento, para juntos a consumirem;
“Pena - detenção, de seis meses a um ano, e pagamento de setecentos a mil e quinhentos dias multa,
sem prejuízo das penas previstas no Artigo 28”.
O delito de uso compartilhado somente estará caracterizado se além do oferecimento estiverem
presentes os seguintes requisitos;
a) Oferecimento eventual, que demonstra que o agente não é afeito à distribuição de droga como meio
de vida, nem tão pouco de forma habitual ou continuada. É um ato ocasional, esporádico, casual;
b) Não ter o objetivo de lucro de qualquer espécie, não precisa ser lucro pecuniário. Se o agente
ofereceu a droga em troca de algo material, prestação de serviços, favores sexuais, por exemplo, houve
lucro e não se caracteriza esse delito, mas sim o do Artigo 33, caput;
c) Oferecimento à pessoa do seu relacionamento pessoal ou afetivo, parentesco sanguíneo ou por
afinidade, amigos e colegas de trabalho etc.;
d) Oferecimento para juntos consumirem demonstra que o agente não é da traficância, uma vez que irá
consumir e dividir com pessoas de seu relacionamento.
Aparelhos, Maquinários e Objetos Destinados ao Tráfico
“Artigo 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título,
possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer
objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar; Pena - reclusão, de três a dez anos, e
pagamento de mil e duzentos a dois mil dias-multa”.
Trata-se de crime contido no capítulo referente ao tráfico, mas com pena privativa de liberdade menor
do que a do artigo 33, caput, sendo subsidiário em relação ao Artigo 33, ou seja, não encontrando a
droga em poder do agente, mas havendo maquinário, aparelho, instrumento ou outro objeto destinado
à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, responderá por esse delito.
Associação para o Tráfico
“Artigo 35 – Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não,
qualquer dos crimes previstos nos artigos 33, caput e Parágrafo primeiro, e 34 desta Lei”;
Pena - reclusão, três a dez anos, e pagamento de setecentos a mil e duzentos dias-multa.
“Parágrafo único – Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática
reiterada do crime definido no Artigo 36 desta Lei”.
Trata-se de crime autônomo em relação ao tráfico, sendo uma forma anômala de quadrilha, pois exige
duas ou mais pessoas com o objetivo de cometer os crimes de tráfico (Artigo 33, caput, Parágrafo
primeiro, e Artigo 34).
Financiar ou Custear o Tráfico
“Artigo 36 – Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos artigos 33, caput e
Parágrafo primeiro, e 34 desta Lei”;
“Pena - reclusão, de oito a vinte anos, e pagamento de um mil e quinhentos a quatro mil dias multa”.
Ao criar esse tipo penal, o legislador o fez na tentativa de combater o crime diretamente na fonte,
dando tratamento mais severo àqueles que detêm o poder econômico do crime.
É importante observar que o Artigo 36, limita esse “financiar ou custear” aos crimes do Artigo 33, caput
e Parágrafo primeiro, e 34, excluindo o financiamento dos crimes dos artigos 28, Parágrafo segundo e
terceiro, 35, 37, 38 e 39. Dessa forma, quem financiar os crimes dos artigos 33 caput e Parágrafo
primeiro, e 34, responderá pelo crime do Artigo 36. Quem financiar ou custear os demais crimes não
responderá por esse delito, mas poderá responder por tráfico majorado, na forma do Artigo 40, Inciso
sete.
Informante Colaborador
“Artigo 37 – Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados à prática de
qualquer dos crimes previstos nos artigos 33, caput e Parágrafo primeiro, e 34 desta Lei”;
“Pena - reclusão, de dois a seis anos, e pagamento de trezentos a setecentos dias-multa”.
Para a configuração desse delito é necessário que o informante tenha vínculo com um grupo,
organização ou associação destinada ao tráfico. Dessa forma, não se configura esse delito para quem
passe informação para um traficante, singular, independente de organização. Segundo Victor Gonçalves;
“O informante não integra efetivamente o grupo e não toma parte no tráfico, mas passa informações a
seus integrantes, como, Por exemplo, um policial que, ao saber que uma grande diligência será feita em
certa favela, visando à apreensão de droga, telefona para o chefe do grupo passando a informação com
antecedência para que possam fugir antes da chegada dos outros policiais ao local. É evidente que o
informante, em geral, recebe dinheiro por suas informações, e, se for funcionário público, responde
também pelo crime de corrupção passiva (Artigo 317 do CÓDIGO PENAL)”.
Prescrever ou Ministrar Culposamente Drogas
“Artigo 38 – Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, fazê-lo
em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e pagamento de cinquenta a duzentos dias-multa”.
Pode ser praticado, por exemplo, por um médico na forma de prescrever; por um farmacêutico ou
enfermeiro, na modalidade de ministrar.
Trata-se do único crime culposo da Lei de Drogas, e só pode ser praticado por pessoa determinada, se
tratando, portanto, de um crime próprio.
Conduzir Embarcação ou Aeronave Após Consumo de Droga
“Artigo 39 – Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a
incolumidade de outrem”;
“Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da apreensão do veículo, cassação da habilitação
respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e
pagamento de duzentos a quatrocentos dias-multa”.
Trata-se de uma reprodução do Artigo 306, Código de Trânsito Brasileiro, adaptada a embarcação ou
aeronave. Nesse caso, não se trata de crime contra a saúde pública, mas sim contra a incolumidade
pública, a segurança aérea ou a segurança marítima.
É um crime de perigo concreto, sendo necessário que o condutor crie uma situação potencial de perigo
após consumir drogas. Mas, se um piloto de aeronave, por exemplo, durante um voo fuma maconha,
mas isso em nada interfere na rota nem nas manobras de aterrissagem, não há que se cogitar do crime
em comento.
Majorantes para os Crimes de Tráfico
“Artigo 40 – As penas previstas nos artigos 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços,
se”;
Inciso um – A natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do
fato evidenciarem a transnacionalidade do delito;
Inciso dois – O agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão
de educação, poder familiar, guarda ou vigilância;
Inciso três – A infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos
prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas,
esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou
diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção
social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos;
Inciso quatro – O crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou
qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva;
Inciso cinco – Caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal;
Inciso seis – Sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por
qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;
Inciso sete – O agente financiar ou custear a prática do crime”.
O Artigo 40 traz uma série de causas de aumento de pena para os crimes de tráfico de drogas. Dentre
elas destacamos a do inciso II, que possui duas partes.
Na primeira parte a lei pune quem comete o crime prevalecendo-se da função pública que exerce.
Enquadra-se nesse caso os policiais de um modo geral, peritos criminais, magistrados, promotores de
justiça etc.
Já na segunda parte, refere-se àqueles que têm a missão de educação, poder familiar, guarda ou
vigilância, como por exemplo, um professor que vende droga a seu aluno.
Causas de Isenção e Redução de Pena
“Artigo 45 – É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de
caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a
infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento”.
Parágrafo único – Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apresentava, à
época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o
juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico adequado.
“Artigo 46 – As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se, por força das circunstâncias
previstas no Artigo 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento”.
O agente poderá ser absolvido e encaminhamento para tratamento médico adequado, ou condenado
com sua pena reduzida de um terço a dois terços, se for dependente físico ou se tiver praticado o crime
sob a ingestão de droga por caso fortuito ou força maior, que o tenha levado a total ou parcial
capacidade de auto e livre determinação.
O Agente Infiltrado e a Ação Controlada na Lei de Drogas
“Artigo 53 – Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são
permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os
seguintes procedimentos investigatórios”;
Inciso um – A infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos
especializados pertinentes;
Inciso dois – A não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros
produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de
identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem
prejuízo da ação penal cabível.
“Parágrafo único – Na hipótese do inciso II deste artigo, a autorização será concedida desde que sejam
conhecidos o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores”.
A Lei de Drogas possui a figura jurídica do agente infiltrado e da ação controlada prevista no seu Artigo
53, instrumentos estes que visando à realização de um procedimento investigatório mais eficaz. Para
uma melhor compreensão sobre esse tema, o professor Gabriel Habib nos ensina a seguinte lição;
Inciso um – Infiltração por agentes de polícia = policial infiltrado, “O legislador trouxe a figura do agente
infiltrado, por meio da qual permitiu a infiltração do agente de polícia com o fim de verificar o
funcionamento da atividade de tráfico de drogas, com o objetivo de obter o maior número de elementos
e informações possíveis que possam servir de base para investigação policial. Cabe à autoridade policial
requerer a infiltração de agentes”.
Inciso dois – Não-atuação policial = ação controlada, “Também conhecida como flagrante retardado,
flagrante diferido ou flagrante postergado, trata-se de permissivo legal para que a autoridade policial
deixe de efetuar a intervenção policial no momento em que o autor do delito já está em flagrante da
prática da infração penal para intervir no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas
e fornecimento de informações, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de
integrantes de operações de tráfico e distribuição. Assim, embora o agente esteja em flagrante delito, a
autoridade policial poderá esperar o momento mais oportuno para intervir e efetivar o flagrante. O
legislador exigiu a necessidade de autorização judicial e de oitiva do Ministério Público”. (Obra citada.
Página737).
Parágrafo único - “Trata dos requisitos para a autorização judicial da ação controlada, sem os quais ela
não poderá ser autorizada pelo Juiz”.
A Nova Figura Jurídica do Policial Disfarçado e a Sua Distinção da Figura Jurídica do Policial Infiltrado
A Lei número 13.964 de 2019 inseriu na Lei de Drogas e no Estatuto do desarmamento a nova figura
jurídica do policial disfarçado sem, contudo, conceituá-la de forma a dirimir qualquer dúvida com
relação à atuação de outra figura jurídica, já prevista em nossa legislação, a do policial infiltrado. Para
aprimorar o nosso estudo sobre a conceituação doutrinária da nova figura jurídica do policial disfarçado
e a sua distinção da figura jurídica do policial infiltrado, vamos recorrer aos ensinamentos dos
professores Renee do Ó Souza, Rogério Sanches Cunha e Caroline de Assis e Silva Holmes Lins.
“A nova figura do agente disfarçado prevista na lei número 13.964 de 2019”
Introdução
A Lei numero 13.964 de 2019 dentre tantas alterações importantíssimas, em algumas passagens, traz a
nova figura do agente disfarçado que não deve ser confundido com outras técnicas especiais de
investigação como agente infiltrado ou agente que atua em meio a uma ação controlada.
Da leitura dos dispositivos que contemplam a novidade, logo se verifica tratar-se de outra espécie de
técnica especial de investigação e atuação policial, utilizável em situações peculiares e que reclamam
uma sofisticação operacional intermediária, situada entre uma simples campana policial e uma
infiltração policial/ação controlada. Além do relativo grau de expertise, notabilizado pela habilidade de
atuar descaracterizado de forma a permitir a coleta de provas do crime e de sua autoria, sem,
entretanto, interferir em seu curso causal.
Assim, ainda que o agente policial tenha uma pequena participação na cadeia causal da conduta
criminosa, resta afastado o crime impossível porque, doravante, a norma penal erigiu como nova
hipótese normativa (suporte fático) uma conduta que produz um resultado jurídico bem delimitado,
qual seja, a dispersão daqueles produtos ilícitos, independentemente de serem identificadas outras
pessoas no negócio.
Importa assim distinguir o agente disfarçado do agente infiltrado e do agente provocador para depois,
examinarmos algumas das características próprias contida naqueles dispositivos.
Do agente infiltrado
Conceitualmente, no escólio de Alberto Silva Franco, agente infiltrado é o “funcionário da polícia que,
falseando sua identidade, penetra no âmago da organização criminosa para obter informações e, dessa
forma, desmantelá-la”. Nesse prisma, a infiltração pressupõe a imersão do agente na organização
criminosa, mediante envolvimento articulado com os membros e adoção de postura estrategicamente
complacente com as práticas criminosas, com o fito de angariar elementos que sirvam de sustentáculo à
persecução penal.
Dessarte, a figura jurídica da infiltração de agentes revela-se num estratagema investigativo, que se dá
mediante prévia autorização judicial e cuja relação com o grupo criminoso é premeditada e planejada
antecipadamente pelo Estado.
Do agente provocador
A seu turno, o traço característico do agente provocador é o excesso de comportamento interventivo
junto à conduta criminosa de modo a romper com a atuação eminentemente investigativa e
necessariamente neutra, a ponto mesmo de induzir ou instigar a prática do delito. Em casos tais, o
agente estatal, como o nome evidencia, provoca o evento e concorre decisivamente para o crime de
forma que, ao mesmo tempo em que encoraja o autor a sua prática, providencia a sua prisão em
flagrante.
Por corolário, o agente provocador é figura que deve ser evitada, haja vista deslegitimar toda a
persecução penal por excesso na atuação do policial. Trata-se, destarte, de ação desautorizada pelo
Estado, que enseja nulidades a atuação estatal e a possível responsabilidade criminal da autoridade que
assim procede (Lei número 13.869 de 2019, Artigo nono, caput).
Do agente disfarçado
O agente disfarçado contemplado na Lei número 13.964 de 2019 é referido em quatro momentos
específicos e afigura-se tratar-se de figura jurídica sem precedente no Código de Processo Penal e na
legislação penal esparsa, razão pela qual nos parece recomendável um breve levantamento doutrinário
comparado, indicativo de uma terceira modalidade de ação encoberta dos agentes estatais.
Nessa toada, o autor português Manuel Augusto Alves Meireis apresenta uma proposta de dissociação
do agente infiltrado e agente encoberto que, adianta-se, muito se aproxima da novel figura do agente
disfarçado. Para o autor, o agente infiltrado é caracterizado, sobretudo, pela confiança que conquista
dos membros da organização criminosa. Na infiltração de agentes, a relação entre o agente infiltrado e o
grupo criminoso é imprescindível para a revelação da tessitura criminosa, os planos delitivos, o
funcionamento e a identidade dos membros. Lado outro, ainda em consonância com MEIREIS, o agente
encoberto diferencia-se pela ausência de envolvimento prévio do agente com o grupo criminoso.
Noutras palavras, o agente não provoca o acontecer típico e tampouco cativa a confiança do grupo
criminoso.
Dada às semelhanças com as disposições da Lei número 13.964 de 2019, infere-se que o agente
disfarçado, com as adaptações à tradição jurídica do Brasil, corresponde à ação encoberta da doutrina
portuguesa e espanhola.
Importa, porém, deixar destacado que o agente disfarçado, tal como concebido pela Lei número 13.964
de 2019 não pode ser confundido com a uma mera “campana policial”, técnica amplamente utilizada
para realização de prisões em flagrante esperado.
Presença de elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente
Para a validade da atuação do agente disfarçado deve haver a demonstração de provas em grau
suficiente a indicar que o autor realizou antes uma conduta criminosa, circunstância objeto da
investigação proporcionada pelo disfarce. Há, portanto, uma relação utilitarista-consequencial entre
esses elementos típicos. A investigação realizada pelo agente disfarçado, em razão da qualificada
apreensão de informações proporcionada pelo disfarce, colhe elementos probatórios razoáveis acerca
da conduta criminosa preexistente.
Caso a investigação descarte a conduta criminosa preexistente, ou seja, caso revele tratar-se de
vendedor casual dos produtos ilícitos, não será possível responder pelos crimes especiais criados pela Lei
número 13.964 de 2019. Essa observação é crucial para compreender o instituto como uma aposta na
atuação profissional dos investigadores policiais e não simplesmente como um expediente capaz de
levar ao alargamento de prisões de pessoas desvinculadas da prática de crimes.
São esses elementos probatórios que, ao cabo, dão sustentação ao recorte feito pelo legislador e
permitem a caracterização do crime sem que possa falar em flagrante preparado, além de assegurar que
a conduta criminosa foi praticada de forma voluntária, livre e consciente. Dito de outra forma são essas
provas que asseguram que a participação do agente disfarçado é neutra, quase um indiferente causal à
prática delitiva.
Assim, quando um policial anonimamente tenta adquirir drogas de um usuário, que, exclusivamente em
razão desse ato, obtém e repassa a substância ao proponente, resta caracterizada uma obra fruto de um
agente provocador e consequentemente um caso de flagrante provocado.
Contudo, caso um policial disfarçado realize um prévio levantamento investigativo que indique que
determinada pessoa exerce função de vendedor de drogas em pequenas quantidades, sem que as
mantenha consigo antes das propostas de compras, e realize com ela uma negociação pela substância,
poderá, no momento da venda ou da entrega, efetuar sua prisão porque o crime, neste instante, resta
caracterizado ante a realização dos elementos específicos do tipo, ainda que criminoso mantenha com
ele exclusivamente a exata quantia de drogas comercializada. Observe-se que neste caso, não fosse a
nova figura delitiva em estudo com participação do agente disfarçado, não seria possível a prisão do
traficante pelos demais núcleos verbais vez que restariam descaracterizadas a voluntariedade acerca da
posse da droga envolvida na comercialização.
Esboço de uma definição de agente disfarçado
De todo o exposto, à luz das normas contidas na Lei número 13.964 de 2019, pode-se esboçar a
definição de agente disfarçado como aquele que, ocultando sua real identidade, posiciona-se com
aparência de um cidadão comum (não chega a infiltrar-se no grupo criminoso) e, partir disso, coleta
elementos que indiquem a conduta criminosa preexistente do sujeito ativo. O agente disfarçado ora em
estudo não se insere no seio do ambiente criminoso e tampouco macula a voluntariedade na conduta
delitiva do autor dos fatos.
Conclusão
O agente disfarçado, previsto na Lei número 13.964 de 2019 é uma adequada resposta a atual
sofisticação na prática de crimes de tráfico de armas e drogas indicam que a atuação estatal de
enfrentamento a esta criminalidade deve aperfeiçoar-se de modo a evitar que a dispersão desses
produtos ilícitos seja feita por meio de pequenas quantidades.
“Se for verdade que a legislação deve diferenciar adequadamente o grande e o pequeno traficante, não
há dúvidas que o chamado tráfico formiguinha praticado por um exército de intermediadores do
comércio ilícito (de armas e drogas), composto por pessoas que levam consigo pequena quantidade de
drogas, estritamente encomendada pelo consumidor, devem ser alcançadas pela atuação penal de
forma eficaz, razão pela o legislador lança mão de uma adaptação legislativa capaz de responder a essa
nova prática criminosa”.
O texto integral desse artigo poderá ser consultado através da citada página na internet. O seu conteúdo
foi apresentado de forma mais compacta visando uma melhor compreensão do aluno sobre o tema
estudado neste capítulo.
Considerações Finais
Os delitos previstos nos artigos 28, 33, Parágrafo terceiro e 38, por serem considerados crimes de menor
potencial ofensivo, são de competência dos Juizados Especiais Criminais para processamento e
julgamento, com todos os benefícios da Lei número 9.099 de 1995. As demais infrações são de
competência da justiça penal comum, devendo seguir o rito do Artigo 50, da Lei número 11.343 de 2006.
O Artigo 53, incisos um e dois, prevê que durante a investigação criminal poderá ser autorizado pelo juiz
à infiltração de agentes de polícia nas organizações criminosas, podendo não atuar durante a
investigação, visando à responsabilização de maior número de integrantes de operações de tráfico e
distribuição.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Sargento, você sabia que a lei número 8.069, de 13 de julho de 1990, dispõe sobre o Estatuto da Criança
e do Adolescente?
LEI Número 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
Considerações Iniciais
De acordo com o artigo primeiro, o Estatuto dispõe sobre a proteção integral à criança e aos
adolescentes infratores ou não. Em seu artigo segundo considera criança a pessoa até 12 (doze) anos de
idade incompletos e adolescentes aquela pessoa, entre 12 (doze) completos e 18 (dezoito) anos
incompletos.
É interessante observar que o Parágrafo único do mencionado artigo segundo prevê a possibilidade de
aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente às pessoas entre 18 (dezoito) e 21 (vinte e um) anos,
mas, apenas em caráter excepcional.
Também é importante registrar que o mencionado Estatuto, em seus artigos sétimo a 69 estabeleceu
uma serie de direitos dos menores que qualquer pessoa deve respeitar sob pena da prática de crimes.
São os direitos à vida, saúde, liberdade, ao respeito e à dignidade, convivência familiar e comunitária,
educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, à profissionalização e à proteção no trabalho.
E prosseguindo, com a sua preocupação com o menor, dispõe a lei no artigo 70, que é dever de todos,
prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança ou do adolescente.
Ainda, com a sua preocupação protetora, cria a Lei, outros órgãos e outras entidades, com o objetivo de
dar efetiva proteção aos menores. Assim teremos os seguintes órgãos, entidades e pessoas aptas em
zelar pelos direitos dos menores;
O Conselho Tutelar
O Juiz da Infância e da Juventude
O Ministério Público
Os Advogados
Os Serviços Auxiliares
Os Direitos Fundamentais dos Menores
Artigo 106 – Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional
ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. Parágrafo único. O
adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado
acerca de seus direitos.
Artigo 107 – A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão
incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por
ele indicada.
Parágrafo único. “Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade de
liberação imediata”.
É importante registrar que de acordo com o artigo 178, o adolescente a quem se atribua autoria de ato
infracional não poderá ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial,
em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou mental,
sob pena de responsabilidade penal e administrativa do agente.
Por outro lado, o adolescente surpreendido em flagrante de ato infracional será levado à presença da
autoridade policial competente, isto é a DPCA, para a lavratura do auto de apreensão de adolescente
infrator.
O menor infrator não comete crime, e sim um ato infracional que é qualquer conduta prevista como
crime ou contravenção penal, sendo-lhe aplicada pelo Juiz da Infância e da Juventude, uma medida de
proteção e não uma pena. As medidas de proteção estão previstas nos artigos 101 e 112.
Medidas de Proteção
De acordo com o artigo 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente;
“Artigo 98 – As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados”;
Inciso um – Por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
Inciso dois – Por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
Inciso três – Em razão de sua conduta”.
A simples ameaça de violação de direitos já autoriza a intervenção da Justiça da Infância e da Juventude.
O dispositivo relaciona as hipóteses em que se considera que uma criança ou adolescente se encontra
na chamada “situação de risco”, ou seja, em condição de maior vulnerabilidade, demandando uma
atenção especial por parte da “rede de proteção” e dos órgãos de defesa dos direitos infanto-juvenis.
Por “responsável”, entende-se apenas o responsável legal, que além dos pais será o guardião ou o tutor,
nomeados pela autoridade judiciária, ou também dirigentes de entidades de acolhimento, Artigo 92,
Parágrafo primeiro, do Estatuto da Criança e Adolescente.
Não apenas a prática de ato infracional, mas outros distúrbios de comportamento podem colocar a
criança ou o adolescente em situação de risco.
“Artigo 101 – Verificada qualquer das hipóteses previstas no Artigo 98, a autoridade competente poderá
determinar, dentre outras, as seguintes medidas”;
Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
Inciso um – Orientação, apoio e acompanhamento temporários;
Inciso dois – Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;
Inciso três – Inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente;
Inciso quatro – Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou
ambulatorial;
Inciso cinco – Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a
alcoólatras e toxicômanos;
Inciso seis – Acolhimento institucional;
Inciso sete – Inclusão em programa de acolhimento familiar;
“Inciso oito – Colocação em família substituta”.
O rol de medidas do Artigo 101 é meramente exemplificativo, podendo ser aplicadas medidas outras
que se mostrem adequadas às necessidades pedagógicas da criança ou adolescente, conforme Artigo
100, caput.
A autoridade competente para aplicação dessas medidas será o juiz da Vara da Infância e da Juventude
ou o Conselho Tutelar, a depender do nível de intervenção.
Ato Infracional
Artigo 103 – Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal.
Artigo 104 – São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas
nesta Lei. Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à data
do fato.
“Artigo 105 – Ao ato infracional praticado por criança corresponderão às medidas previstas no Artigo
101”.
Você sabia que a criança e o adolescente são inimputáveis, e por essa razão não cometem crime, mas
sim ato infracional, que se caracteriza quando praticam qualquer conduta descrita na legislação como
crime ou contravenção penal?
Dessa forma, se for flagrado, por exemplo, subtraindo algum bem, mediante grave ameaça ou violência,
não terá cometido crime, mas sim ato infracional análogo ao crime previsto no Artigo 157, roubo.
Nesse caso, o critério de culpabilidade adotado pelo Artigo 228 da Constituição Federal foi o biológico;
“São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial”.
Ou seja, quem possuir idade biológica inferior a 18 anos, é inimputável, independentemente de
qualquer outro fator.
Medidas Socioeducativas
“Artigo 112 – Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao
adolescente as seguintes medidas”;
Advertência;
Inciso um – Obrigação de reparar o dano;
Inciso dois – Prestação de serviços à comunidade;
Inciso três – Liberdade assistida;
Inciso quatro – Inserção em regime de semiliberdade;
Inciso cinco – Internação em estabelecimento educacional;
“Inciso seis – Qualquer uma das previstas no Artigo 101, Incisos de um a seis”.
Cabe inicialmente registrar que tais medidas serão aplicadas pelo Juiz da Infância e da Juventude,
sempre que os direitos previstos na lei se encontrarem ameaçados ou violados, por ação ou omissão do
Estado ou da sociedade; por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável ou pela própria conduta do
menor, não importando se menores infratores ou não.
Essas medidas do Artigo 112 serão aplicadas somente aos adolescentes.
Já as medidas específicas de proteção previstas no artigo 101 são aplicadas aos menores, adolescentes
ou crianças infratoras ou não, sendo que para os adolescentes a lei não permite a aplicação das três
últimas medidas previstas no dispositivo acima citado, a saber; o acolhimento institucional, a inclusão
em programa de acolhimento familiar e a colocação em família substituta.
Apreensão e Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente
Apreensão de adolescente por força de ordem judicial – O adolescente apreendido por força de ordem
judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária (Juizado da Infância e da Juventude).
Apreensão de adolescente por força de flagrante por ato infracional – O adolescente apreendido em
flagrante pela prática de ato infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial
competente.
Havendo repartição policial especializada para atendimento de adolescente e em se tratando de ato
infracional praticado em co-autoria com maior, prevalecerá a atribuição da repartição especializada,
que, após as providências necessárias e conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial
própria.
O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado
em compartimento fechado de veículo policial, em condições atentatórias à sua dignidade, ou que
impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.
Em caso de flagrante de ato infracional cometido mediante violência ou grave ameaça à pessoa, a
autoridade policial deverá;
1) Lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o adolescente;
2) Apreender o produto e os instrumentos da infração; e
3) Requisitar os exames ou periciais necessários à comprovação da materialidade e autoria da infração.
Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência
circunstanciada.
Tais procedimentos deverão ser adotados também na apuração de Ato Infracional atribuído a
adolescente, quando não houver hipótese de flagrante.
Infiltração de Agentes de Polícia Previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente por Crimes Praticados
pela Internet
Infiltração de agentes de polícia para a investigação de crimes pela internet contra a dignidade sexual de
criança e de adolescente – A Lei número 8.069 de 1990 prevê a infiltração de agentes de polícia na
internet com a finalidade de que sejam investigados determinados crimes contra a dignidade sexual de
criança e de adolescente previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Código Penal;
CRIMES DO Estatuto da Criança e do Adolescente
Artigo 240 – Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo
explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente.
Artigo 241 – Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente.
Artigo 241 alínea A – Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por
qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente.
Artigo 241, alínea B – Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra
forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente.
Artigo 241 alínea C – Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou
pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra
forma de representação visual.
Artigo 241 alínea D – Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação,
criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso.
CRIMES DO CÓDIGO PENAL
Artigo154 alínea A – Invasão de dispositivo informático, Invadir dispositivo informático alheio, conectado
ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim
de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do
dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita.
Artigo 217 alínea A – Estupro de vulnerável, Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com
menor de 14 (catorze) anos = Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com
alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática
do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
Artigo 218 – Corrupção de menores, Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de
outrem.
Artigo 218 alínea A – Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente, Praticar, na
presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro
ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem.
Artigo 218 alínea B – Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança
ou adolescente ou de vulnerável, Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de
exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental,
não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a
abandone.
A doutrina diverge sobre o rol acima elencado ser taxativo ou exemplificativo;
Rol taxativo – princípio da taxatividade da lei penal, a defesa dessa corrente está pautada no caráter
excepcional de aplicação da lei penal pois o cidadão não pode ficar sujeito a uma interpretação
extensiva da conduta expressa na lei, interpretação esta que poderá prejudicá-lo.
Rol exemplificativo – princípio da proibição da proteção deficiente do Estado, a defesa dessa corrente
entende que o Estado tem a obrigação de proteger as pessoas que se encontram em situação de maior
vulnerabilidade, justificando a interpretação extensiva da conduta expressa na lei.
Em 2018, através da Lei número 13.718 de 2018, o legislador tornou crime à conduta de divulgar cena
de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia. Esse novo tipo penal foi incluído no Código
Penal pela edição do Artigo 218 alínea C, expresso da seguinte forma;
Código Penal
Artigo 218 alínea C - Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir,
publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de
informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de
estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o
consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia.
Pena - reclusão, de um a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Aumento de pena
“Parágrafo primeiro – A pena é aumentada de um terço a dois terços se o crime é praticado por agente
que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou
humilhação”.
Observação; O legislador, ao editar a Lei número 13.718 de 2018, não fez menção sobre a inclusão do
“novo” Artigo 218 alínea C do Código Penal no rol dos crimes passiveis da Infiltração de Agentes de
Polícia na internet para a Investigação de Crimes contra a Dignidade Sexual de Criança e de Adolescente,
elencados no Estatuto da Criança e do Adolescente (Artigo 190, alínea A da Lei número 8.0069 de 1990).
Baseado nessa omissão do legislador, temos a seguinte pergunta; Apesar de não fazer parte do rol dos
crimes elencados no Artigo 190, alínea A da Lei número 8.0069 de 1990, o crime previsto no Artigo 218
alínea C do CÓDIGO PENAL pode ser investigado através da infiltração de agentes na internet, conforme
o procedimento previsto no ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE? Discussões doutrinárias à
parte, a resposta será dada pelos tribunais superiores através de suas decisões judiciais.
A infiltração policial na internet obedecerá às seguintes regras;
1) Será precedida de autorização judicial devidamente circunstanciada e fundamentada, que
estabelecerá os limites da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério Público.
2) Poderá ser autorizada mediante requerimento do Ministério Público ou representação de delegado
de polícia e deverá conter a demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os
nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados de conexão (informações
referentes a hora, data, início, término, duração, endereço de Protocolo de Internet (IP) utilizado e
terminal de origem da conexão) ou dados cadastrais (informações referentes a nome e endereço de
assinante ou de usuário registrado ou autenticado para a conexão a quem endereço de IP, identificação
de usuário ou código de acesso tenha sido atribuído no momento da conexão ) que permitam a
identificação dessas pessoas.
3) Não poderá exceder o prazo de noventa dias, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o
total (de renovações) não exceda a setecentos e vinte dias e seja demonstrada sua efetiva necessidade,
a critério da autoridade judicial.
A infiltração de agentes de polícia na internet não será admitida se a prova puder ser obtida por outros
meios.
As informações da operação de infiltração serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela
autorização da medida, que zelará por seu sigilo.
A autoridade judicial e o Ministério Público poderão requisitar relatórios parciais da operação de
infiltração antes do término do prazo.
Antes da conclusão da operação, o acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao
delegado de polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o sigilo das investigações, O
investigado e/ou o seu advogado não terão acesso aos dados da operação, face a essa previsão legal que
excepciona o princípio da ampla defesa.
Não comete crime o policial que oculta a sua identidade para, por meio da internet, colher indícios de
autoria e materialidade dos crimes (elencados no rol) previstos no ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE e no Código Penal. Aplicação da excludente contida no Artigo 190 alínea C do ESTATUTO
DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE;
Artigo 190 alínea C – Não comete crime o policial que oculta a sua identidade para, por meio da internet,
colher indícios de autoria e materialidade dos crimes previstos nos artigos 240, 241 , 241 alínea A , 241
alínea B , 241 alínea C e 241 alínea D desta Lei e nos artigos 154 alínea A, 217 alínea A, 218, 218 alínea A
e 218 alínea B do Decreto-Lei número 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal)”.
Medidas Aplicadas aos Pais ou Responsáveis
“Artigo 129 – São medidas aplicáveis aos pais ou responsável”;
Inciso um – Encaminhamento a programa oficial ou comunitário de promoção à família;
Inciso dois – Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxilio, orientação e tratamento a
alcoólatras e toxicômanos;
Inciso três – Encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
Inciso quatro – Encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
Inciso cinco – Obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento
escolar;
Inciso seis – Obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado;
Inciso sete – Advertência;
Inciso oito – Perda da guarda;
Inciso nove – Destituição da tutela;
“Inciso dez – Suspensão ou destituição do poder familiar”.
As medidas destinadas aos pais ou responsável devem ser aplicadas em conjunto com as medidas de
proteção do Artigo 101, tendo sempre a perspectiva de fortalecer vínculos familiares (Artigo 100, caput,
segunda parte) e permitir que a criança ou adolescente seja “resgatado” no seio de sua família.
Conselho Tutelar
O Conselho Tutelar, de acordo com o Artigo 131 “é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional,
encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente,
definidos nesta Lei”.
Em cada município haverá ao menos um, como órgão integrante da administração pública local,
composto de cinco membros, escolhidos pela população local para mandato de quatro anos, dentre
pessoas que possuam reconhecida idoneidade moral; idade superior a vinte e um anos; que residam no
município.
Crimes em Espécie Praticados Contra os Menores
Abaixo, no link, temos as tipificações dos crimes em espécie que podem ser praticados contra a criança e
ao adolescente, descritos nos artigos 228 a 244 alínea B, da Lei número 8.069 de 1990.
Artigos 228 a 244 alínea B, da Lei número 8.069 de 1990 Infrações Administrativas Abaixo, no link, temos
as infrações administrativas, descritos nos artigos 245 a 258 alínea C, da Lei número 8.069 de 1990.
Artigos 245 a 258 alínea C, da Lei número 8.069 de 1990.
Outras Normas Proibitivas
O Artigo 81 trata da proibição de venda a menores de diversos produtos;
“Artigo 81 – É proibida a venda à criança ou ao adolescente de”;
Inciso um – Armas, munições e explosivos;
Inciso dois – Bebidas alcoólicas;
Inciso três – Produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por
utilização indevida;
Inciso quatro – Fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam
incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida;
Inciso cinco – Revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a crianças e
adolescentes. Bilhetes lotéricos e equivalentes”.
Das proibições do Artigo 81, cabe esclarecer que o Artigo 242 do ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE prevê pena de três a seis anos para quem “vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
entregar, de qualquer forma”. No entanto no ano de 2003, posteriormente a edição do ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE foi editado o Estatuto do Desarmamento, que no seu Artigo 16 trouxe a
previsão do mesmo delito, com a mesma pena, acrescentada de multa, e no Artigo 21 trouxe a previsão
de que tal infração é “insuscetível de liberdade provisória”, tornando o delito mais gravoso.
O entendimento majoritário é no sentido que o Artigo 242 foi revogado tacitamente pela Lei número
10.826/2003. Dessa forma, quem cometer tal delito, responderá pelo que consta no Estatuto do
Desarmamento, e não pelo ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.
Pelo Artigo 82, também “é proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão
ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável”.
O Artigo 83 do ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE teve nova redação dada pela Lei número
13.812 de 2019, em que foram alteradas as regras sobre viajem de criança ou adolescente menor de
dezesseis anos, para fora da comarca onde reside desacompanhado dos pais ou dos responsáveis sem
expressa autorização judicial;
“Artigo 83 – Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 (dezesseis) anos poderá viajar para fora da
comarca onde reside desacompanhado dos pais ou dos responsáveis sem expressa autorização judicial”.
(Redação dada pela Lei número 13.812, de 2019).
Parágrafo primeiro - A autorização não será exigida quando;
a) Tratar-se de comarca contígua à da residência da criança ou do adolescente menor de 16 (dezesseis)
anos, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana; (Redação dada
pela Lei número 13.812, de 2019);
b) A criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos estiver acompanhado; (Redação dada pela
Lei número 13.812, de 2019);
1) De ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco;
2) De pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
“Parágrafo segundo - A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável, conceder
autorização válida por dois anos”.
Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispensável, se a criança ou adolescente estiver
acompanhado de ambos os pais ou responsável; ou viajar na companhia de um dos pais, autorizado
expressamente pelo outro através de documento com firma reconhecida.
Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança ou adolescente nascido em território
nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.
O Estatuto da Criança e do Adolescente ainda regulamenta a hospedagem de criança ou adolescente,
desacompanhado dos pais ou responsável ou sem autorização escrita destes, ou da autoridade
judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere aplicando uma pena de multa. Em caso de
reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até
quinze dias.
Por último, a mencionada Lei, proíbe divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por
qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou
judicial relativo à criança ou adolescente a que se atribua ato infracional com aplicação da pena de
multa.
Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou adolescente
envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe
sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente. Se o fato for praticado
por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a
autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação ou a suspensão da programação da
emissora até por dois dias, bem como da publicação do periódico até por dois números.
Considerações Finais
A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-
lhes assegurando por lei todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento
físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade, devendo ser tratados
sem qualquer tipo de discriminação.
O Artigo 228 da Constituição Federal, em seu Parágrafo quarto garante que “a lei punirá severamente o
abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente” (BRASIL, 1988), e o policial militar
deve conhecer bem o ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, pois certamente se deparará com
diversos casos de violação de direitos da criança e do adolescente, dos quais, grande parte configurará
crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente.
LEI DOS JUIZADOS CÍVEIS E CRIMINAIS
LEI Número 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995
Considerações Iniciais
Você sabia que o Juizado Especial Criminal, composto por Juízes togados ou togados e leigos, tem
competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial
ofensivo?
Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos da Lei, as contravenções
penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, cumulada ou não com
multa.
O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade,
economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos
pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade.
A competência do Juizado será determinada não só pelo lugar em que foi praticada a infração penal,
como também pela natureza da infração.
Fase Preliminar e Transação Penal
No Juizado Especial Criminal não há a necessidade de inquérito policial. A autoridade policial ao tomar
conhecimento da ocorrência, mandará lavrar um termo circunstanciado que será encaminhado
imediatamente ao Juizado, juntamente com o autor do fato e a vítima, com as requisições dos exames
periciais necessários (Artigo 69, caput).
No lugar do inquérito se elabora um relatório com os dados fundamentais que possibilitem a
individualização dos fatos, as testemunhas, indicação de provas, sendo esse documento denominado
termo circunstanciado, que nada mais é do que um registro de ocorrência melhor elaborado.
Não caberá também prisão em flagrante, ex vi do comando do Artigo 69, Parágrafo único; “Ao autor do
fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o
compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança”
Nos casos de violência doméstica NÃO poderá ser aplicada a Lei número 9.099 de 1995, por expressa
previsão legal da Lei número 11.340 de 2006; “Artigo 41. Aos crimes praticados com violência doméstica
e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei número 9.099, de
26 de setembro de 1995”.
No juizado haverá inicialmente uma audiência preliminar, visando à tentativa de conciliação ou
composição civil dos danos. A audiência se dará com a presença das partes e seus advogados, e será
conduzida pelo juiz ou por um Conciliador. Se houver acordo, a vítima estará abrindo mão do seu direito
de queixa ou representação (Artigo 74, Parágrafo único), e será extinta a punibilidade do agente, ficando
como se nunca houvesse respondido pelo delito.
Não havendo a conciliação nem a composição civil dos danos, será marcada nova audiência, onde o
Ministério Público oferecerá a chamada transação penal, que consiste em uma pena alternativa não
privativa de liberdade, geralmente pagamento de cestas básicas, dispensando-se o processo.
Nessa fase, não há participação da vítima, mas somente do autor do fato. Caso o autor do fato aceite a
proposta, esta será homologada pelo juiz. Se não aceitar, será oferecida a denúncia pelo Ministério
Público, dando-se início ao processo penal.
A transação penal só caberá nas contravenções penais e nos crimes cuja pena máxima cominada não
seja superior a dois anos. Não poderá o agente ter sido beneficiado anteriormente com a transação nos
últimos cinco anos nem tão pouco condenado por sentença definitiva a pena privativa de liberdade.
Não será concedida também se os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem
como os motivos e as circunstâncias, não indicarem ser necessária e suficiente a adoção da medida.
A transação penal não gerará reincidência ou maus antecedentes, nem tão pouco constará de certidão
criminal, todavia quando aceita, ficará o agente sem ter esse direito durante cinco anos, ou seja, se
cometer novo delito, não poderá ser oferecida a transação pelo Ministério Público.
Suspensão Condicional do Processo
Trata-se de instituto despenalizador, constante do Artigo 89 da Lei número 9.099 de 1995, criado como
alternativa à pena privativa de liberdade, pelo qual se permite a suspensão do processo, por
determinado período e mediante certas condições.
Artigo 89 – Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou
não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo,
por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado
por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena
(Artigo 77 do Código Penal).
Parágrafo primeiro Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo
a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes
condições;
Inciso um – Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
Inciso dois – Proibição de frequentar determinados lugares;
Inciso três – Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
“Inciso quatro – Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar
suas atividades”.
A suspensão do processo poderá ser proposta pelo Ministério Público quando do oferecimento da
denúncia, desde que preenchidos os requisitos acima. Caso se concretize a suspensão condicional do
processo, decorrido o período de prova sem que o réu tenha dado causa à revogação do benefício, o juiz
declarará extinta a punibilidade do agente.
No Estado do Rio de Janeiro, o procedimento a ser adotado quanto a lavratura do termo
circunstanciado, classificação da conduta do agente, requisições de exames e encaminhamento ao
Juizado Especial Criminal é de responsabilidade da Autoridade Policial Civil.
Nesse caso o Policial Militar, comparecendo ao local do delito, ouve as partes envolvidas, arrola
testemunhas, apreende o material que foi utilizado na prática do crime, preserva o local para a perícia,
ser for o caso, e conduz todos os envolvidos para a Unidade de Polícia Judiciária.
Considerações Finais
É importante registrar, mais uma vez que o objetivo da Lei será sempre tentar afastar a aplicação da
pena privativa de liberdade, promovendo acordos entre as partes, através da composição dos danos, da
transação penal ou mesmo da suspensão condicional do processo. Por conseguinte, a atuação policial
deverá se limitar a registrar a ocorrência e encaminhar as partes ao JECRIM (Juizados Especiais Cíveis e
Criminais).
Por último, devemos também registrar que a Lei estabeleceu que os crimes de lesão corporal leve e
lesões culposas são de ação penal pública condicionada a representação do ofendido e, não mais de
ação penal pública incondicionada.
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
Sargento, certamente você já ouviu falar em Estatuto do Desarmamento? Sabe o que é? Vamos
aprender?
LEI Número 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003.
Considerações Iniciais
O porte ilegal de arma de fogo durante muito tempo foi considerado somente contravenção penal,
prevista no Artigo 19 da Lei das Contravenções Penais, todavia diante do aumento da violência que no
País, o legislador resolveu transformar a conduta em crime, e o fez inicialmente com a edição da Lei
número 9.437 de 1997. Todavia esta lei não surtiu grandes efeitos na diminuição da violência, de forma
que o legislador se empenhou na edição de uma nova lei, surgindo então a Lei número 10.826 de 2003,
mais conhecida como Estatuto do Desarmamento.
Cabe inicialmente registrar que as condutas previstas na lei das armas, são consideradas crimes de
perigo abstrato, uma vez que qualquer pessoa que estiver portando ou que estiver de posse de arma de
fogo sem autorização, por si só estará cometendo o delito do Artigo 14 (uso permitido) ou do artigo 16
(uso restrito) independentemente de tal comportamento ter gerado dano ou não a outrem.
O fundamento da criminalização de tais condutas é a proteção da vida, da liberdade, do patrimônio, da
integridade física e de outros bens jurídicos, uma vez que a arma de fogo, como instrumento vulnerante
fabricado para ofender tais bens jurídicos deve ser rigidamente controlada pelo Estado.
Por via de consequência, o legislador proibiu não só a arma de fogo, como também os acessórios e a
munição. Dessa forma o sujeito que for pego transportando somente a munição de armamento de uso
permitido ou restrito incidirá nas mesmas penas de quem transporta a própria arma municiada.
Quanto aos brinquedos, réplicas ou simulacros de arma de fogo, a lei apenas proibiu, em âmbito do
direito administrativo, em seu Artigo 26 a sua fabricação, a sua venda, a sua comercialização e a
importação de brinquedos, armas ou simulacros de armas de fogo, que com essas possam se confundir.
Tal proibição é para evitar crimes que possam ocorrer com armas de brinquedo, através de uma grave
ameaça, como o roubo, o estupro, o constrangimento ilegal, a extorsão. Dessa forma, no roubo
praticado com arma de brinquedo, o agente responderá somente pelo roubo simples, sem a causa de
aumento de pena, levando-se em consideração apenas a eficácia da arma de brinquedo, ou arma
desmuniciada, para a ocorrência da grave ameaça.
Posse Ilícita
“Artigo 12 – Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido,
em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência
desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do
estabelecimento ou empresa”;
“Pena – detenção, de um a três anos, e multa”.
O Artigo 12 da lei, que se refere à posse irregular de arma de fogo de uso permitido, sem o registro da
autoridade competente, é crime praticado no interior da residência do próprio agente, ou do seu local
de trabalho, desde que seja o titular ou responsável legal da empresa ou estabelecimento.
É crime permanente na modalidade de possuir ou manter a sua guarda, criminalizando-se não só a
posse da arma de fogo, como também a munição e acessórios.
É importante registrar que nesse caso o dono da casa ou de um bar, podem ser presos em flagrante
delito, pela prática de crime permanente, não necessitando o agente policial de mandado de busca
domiciliar.
Porte Ilegal e as Demais Condutas do Artigo 14
“Artigo 14 – Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar”;
“Pena – reclusão, de dois a quatro anos, e multa”.
O Artigo 14 prevê as hipóteses daqueles que não possuem o registro da arma nem autorização para o
porte e são surpreendidos com a arma de fogo de uso permitido fora de sua residência ou local de
trabalho. Também, responderão nos termos do artigo 14, àqueles que tem o registro da arma, mas não
tem a autorização para o porte, e se encontrem fora de suas residências. Por último, responderão ainda
pelo previsto no Artigo 14, aquelas pessoas que possuem o registro e a autorização para o porte, mas
emprestam a arma para outras pessoas.
Imaginemos a hipótese de uma pessoa, com o registro e a autorização para o porte, que seja
surpreendida no momento em que empresta a sua arma para outra pessoa, a qual se encontra dentro
de sua residência.
Nesse caso, o que emprestou a arma responderá pelo crime do Artigo 14, e o se encontra dentro de sua
residência será responsabilizado pelo previsto no Artigo 12, da Lei número 10.826 de 2003, com pena de
detenção de 1 a 3 anos e multa.
Em suma com o registro, o agente terá o direito de posse da arma de fogo nos locais permitidos em lei;
com a autorização para o porte, o agente terá o direito de portar e transportar a arma de um lugar para
o outro.
Por derradeiro, deve-se registrar que a lei menciona autorização para o porte, que se trata de ato
administrativo discricionário, não resultando em direito adquirido.
Omissão de Cautela
“Artigo 13 – Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor Único. Nas mesmas
penas incorrem o proprietário ou diretor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência
mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade”;
Pena – detenção, de um a dois anos, e multa.
“Parágrafo responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar
ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de
arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas
depois de ocorrido o fato”.
O artigo 13 permite a punição da conduta daquele que não toma as providências necessárias ou o
cuidado exigido por lei, para impedir que menor de 18, ou pessoa com deficiência mental se apodere da
arma de fogo que esteja sob a sua posse ou que seja de sua propriedade. É crime culposo e praticado
por omissão, caracterizando-se com o efetivo apoderamento da arma de fogo pelas pessoas
mencionadas.
Já o Parágrafo único do artigo 13 se trata de crime doloso praticado por omissão do proprietário; diretor
responsável de empresa de segurança, ou de empresa de transporte de valores, que não comunica a
perda, furto ou roubo de arma de fogo no prazo de 24 horas a polícia estadual e federal.
Disparo de Arma de Fogo
De acordo com o artigo 15 é crime de perigo “disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar
habitado ou em suas dependências, em via pública, ou em direção a ela, desde que esta conduta não
tenha por finalidade a prática de crime mais grave”.
A lei pune apenas o simples disparo de arma de fogo em lugar habitado ou de acesso ao público,
protegendo a segurança ou incolumidade pública. Assim o disparo previsto no artigo 15 somente terá
aplicação, se esta conduta não tiver a finalidade da prática de crime mais grave.
Portanto, se o disparo for efetuado com o objetivo de causar lesão corporal grave ou homicídio, o
agente responderá pelo crime mais grave; lesão corporal dolosa ou homicídio doloso.
Em suma, se alguém atirar a esmo, em local habitado, ou local público, ainda que contra ninguém,
responderá nos termos do artigo 15 da lei número 10.826 de 2003, com pena de dois a quatro anos,
mais a multa.
Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Restrito
O Estatuto do Desarmamento criminaliza a conduta descrita no seu Artigo 16, de possuir ou portar
ilegalmente de arma de fogo de uso restrito, o qual teve a sua redação alterada pela Lei número 13.964
de 2019;
“Artigo 16 - Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar”; (Redação dada pela Lei número 13.964, de 2019);
Pena – reclusão, de três a seis anos, e multa.
Parágrafo primeiro - Nas mesmas penas incorre quem; (Redação dada pela Lei número 13.964, de 2019)
Inciso um – Suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou
artefato; Portanto, se o disparo for efetuado com o objetivo de causar lesão corporal grave ou
homicídio, o agente responderá pelo crime mais grave; lesão corporal dolosa ou homicídio doloso.
Inciso dois – Modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de
fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade
policial, perito ou juiz;
Inciso três – Possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
Inciso quatro – Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca
ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
Inciso cinco – Vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição
ou explosivo a criança ou adolescente; e
Inciso seis – Produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma,
munição ou explosivo.
“Parágrafo segundo - Se as condutas descritas no caput e no Parágrafo primeiro deste artigo envolverem
arma de fogo de uso proibido, a pena é de reclusão, de quatro a doze anos”. (Incluído pela Lei número
13.964, de 2019).
A Lei número 13.964 de 2019 (pacote anticrime) promoveu modificações no texto do Artigo 16 da Lei
número 10.826 de 2003. Sobre tais modificações, o professor Guilherme de Souza Nucci nos ensina que;
“O Parágrafo segundo inclui as armas proibidas. O preenchimento das figura típicas previstas no Artigo
16 da Lei de Armas serão recompostas com a aprovação do Parágrafo segundo, ora inserido. Caso as
condutas previstas no caput e no Parágrafo primeiro (antigo Parágrafo único) envolvam arma de fogo de
uso proibido, a pena é elevada para reclusão de quatro a doze anos”.
Em resumo, podemos dizer que as condutas previstas nos incisos I, II e IV, são normas que se referem à
modificação ou alteração da arma de fogo, quer raspando, quer modificando as suas características,
quer possuindo, portando ou adquirindo a arma de fogo com identificação raspada ou suprimida.
Já o inciso três, refere-se à posse, detenção ou fabricação de artefato explosivo ou incendiário.
O inciso cinco talvez o mais importante, procurou incriminar aquele que vende, entrega ou fornece
ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo, a criança ou adolescente, não
importando se a arma seja de uso proibido, restrito ou permitido, devendo responder pelo Estatuto do
Desarmamento e não pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Por derradeiro, o inciso seis, pune a reciclagem e o recarregamento de munição ou explosivo, sem
autorização legal.
A Lei número 13.964 de 2019 também inseriu a conduta prevista no Artigo 16 do Estatuto do
Desarmamento no rol dos crimes considerados hediondos, conforme o teor da Lei número 8.072 de
1990;
Lei número 8.072 de 1990
“Artigo primeiro – São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no DecretoLei no
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados”; Parágrafo único.
Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados; (Redação dada pela Lei número 13.964,
de 2019).
“Inciso dois – O crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no Artigo 16 da
Lei número 10.826, de 22 de dezembro de 2003”. (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Comércio Ilegal e Tráfico Internacional de Arma de Fogo
Os próximos artigos versam sobre o comércio ilegal e o tráfico internacional de arma de fogo, bem como
sobre algumas hipóteses de aumento de pena e liberdade provisória em alguns dos crimes previstos no
estatuto do Desarmamento.
Comércio ilegal de arma de fogo
“Artigo 17 – Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar,
montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio
ou adhesion, no exercício de atividade comercial ou industrial, alma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”;
Pena - reclusão, de seis a doze anos, e multa. (Redação dada pela Lei número 13.964, de 2019).
Parágrafo primeiro – Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer
forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em
residência. (Redação dada pela Lei número 13.964, de 2019).
Parágrafo segundo – Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou
munição, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente
policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
(Incluído pela Lei número 13.964, de 2019).
Tráfico internacional de arma de fogo
Artigo 18 – Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de
arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente;
Pena - reclusão, de oito a dezesseis anos, e multa. (Redação dada pela Lei número 13.964, de 2019).
Parágrafo único – Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição,
em operação de importação, sem autorização da autoridade competente, a agente policial disfarçado,
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei
número 13.964, de 2019).
Artigo 19 – Nos crimes previstos nos artigos 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de fogo,
acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
Artigo 20 – Nos crimes previstos nos artigos 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se;
(Redação dada pela Lei número 13.964, de 2019).
Inciso um – Forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos artigos sexto, sétimo e
oitavo desta Lei; ou (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019)
Inciso dois – O agente for reincidente específico em crimes dessa natureza. (Incluído pela Lei número
13.964, de 2019)
“Artigo 21 – Os crimes previstos nos artigos 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória”. (Vide
Adin 3.112).
A Lei número 13.964 de 2019 (pacote anticrime) também promoveu modificações no texto dos citados
artigos da Lei número 10.826 de 2003. Com relação a essas modificações, o professor Guilherme de
Souza Nucci nos ensina que;
“O Parágrafo segundo do Artigo 17 da Lei número 10.826 de 2003 busca alterar o disposto pelo Artigo
17 do Código Penal (crime impossível); “Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio
ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime”. Buscar vender uma arma
de fogo a um policial disfarçado seria crime impossível, levando-se em conta o referido Artigo 17 do
Código Penal. Porém, a nova redação do Parágrafo segundo da Lei de Armas teve a cautela de evidenciar
ao final o seguinte; “quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente”. É o que acontece, atualmente, no contexto das drogas; quem vende a um policial
disfarçado não é preso por tentativa de venda, mas trazer consigo ou armazenar, condutas pretéritas. O
crime é tido como consumado.
Nesta hipótese, como o próprio Parágrafo segundo reconhece, deve haver elementos probatórios de
condutas antecedentes como “adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito,
desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar” (estas figuras estão
constando do caput do Artigo 17).
No entanto, o sujeito será preso exatamente pelo que ele buscou fazer; tentar vender a um policial
disfarçado, como crime consumado. A lei é clara; “incorre na mesma pena” quem vende ou entrega
arma de fogo a policial disfarçado”.
Em resumo, a interpretação sucinta sobre a previsão contida no Parágrafo segundo do Artigo 17, no
entendimento do citado professor, é de que; “o disposto altera o crime impossível e determina que se
aplique a pena do crime consumado à venda ou entrega de arma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal a agente policial disfarçado”.
Com relação à previsão sobre o tráfico internacional de arma de fogo, contido Artigo 18, o professor
Guilherme Nucci nos ensina que;
“Segue a mesma linha do Artigo 17, comentado no item anterior, o Parágrafo segundo do Artigo 18 da
Lei número 10.826 de 2003, além de elevar a pena do caput de reclusão de 4 e 8 anos, e multa, para 8 a
16 anos, e multa. Ingressa, no Parágrafo único, com a mesma proposta, amenizando o crime impossível,
ou seja, pune-se a venda ou entrega de arma de fogo a policial disfarçado “quando presentes elementos
probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente”. Isto significa que o vendedor ou entregador
teve participação na importação, exportação, favorecimento de entrada ou saída de arma de fogo,
acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente”.
Atenção – Sobre a conceituação doutrinária da nova figura jurídica do policial disfarçado e a sua
distinção da figura jurídica do policial infiltrado, vide o item sobre esse tema inserido no final do capítulo
sobre a Lei de Drogas (Lei número 11.343 de 2006).
A Lei número 13.964 de 2019 também inseriu a conduta prevista nos artigos 17 e 18 do Estatuto do
Desarmamento no rol dos crimes considerados hediondos, conforme o teor da Lei número 8.072 de
1990;
Lei número 8.072 de 1990
“Artigo primeiro – São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto Lei no
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados;
Parágrafo único – Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados; (Redação dada pela Lei
número 13.964, de 2019).
Inciso três – O crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no Artigo 17 da Lei número 10.826,
de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019)
Inciso quatro – O crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no
Artigo 18 da Lei número 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei número 13.964, de 2019)
Nos artigos 19 e 20 da Lei número 10.826 de 2003, existe previsão sobre as causas de aumento de pena.
Sobre este tema, o professor Nucci entende da seguinte forma; “Acrescenta-se ao Artigo 20 da Lei de
Armas, como causa de aumento de pena, no montante de metade, quando o agente for reincidente
específico em crimes dessa natureza. Reincidência significa o cometimento de novo crime após a prática
de delito anterior, com trânsito em julgado, nos últimos cinco anos. Porém, o novel inciso dois inclui a
reincidência específica em crimes dessa natureza, leia-se, a prática de outro crime previsto na Lei de
Armas”.
Com relação ao artigo 21, que versa sobre a impossibilidade de concessão de liberdade provisória aos
crimes previstos nos artigos 16, 17 e 18 da Lei 10.826 de 2003, o Supremo Tribunal Federal (STF)
declarou a inconstitucionalidade desse dispositivo legal. Através da Ação Direta de Inconstitucionalidade
(ADI) número 3112, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela inconstitucionalidade do artigo 21,
que negava liberdade provisória aos acusados pela posse ou porte ilegal de arma de uso restrito (Artigo
16), pelo comércio ilegal de arma (Artigo 17) e pelo tráfico internacional de arma (Artigo 18), por
considerar que tal dispositivo viola os princípios da presunção de inocência, do devido processo legal, da
ampla defesa e do contraditório.
Bem Jurídico Tutelado, Ação Penal e Competência para o Processo e Julgamento dos Crimes Previstos no
Estatuto do Desarmamento.
Bem jurídico tutelado – Segundo o professor Gabriel Habib; “A segurança pública e a incolumidade
pública, que são interesses vinculados a um corpo social, tendo a coletividade como titular, e, não, a
uma pessoa isolada ou grupo isolado de pessoas. A segurança pública é bem tutelado pela Constituição
da República Federativa do Brasil de 1988, no seu Artigo quinto, caput. As armas de fogo são espécies de
material bélico e estão intimamente ligadas a segurança pública.
A lei que instituiu o Estatuto do Desarmamento busca punir todo e qualquer comportamento irregular
relacionado à arma de fogo, acessório ou munição, como a venda, o transporte, fabricação, porte etc.,
uma vez que quase todos os crimes violentos são cometidos com armas sem autorização do Poder
Público. Exemplo; homicídio, roubo, latrocínio, extorsão mediante sequestro etc”.
Ação Penal – A ação penal nos crimes previstos no Estatuto do Desarmamento será realizada na forma
de ação penal pública incondicionada.
Competência – Com relação a competência para o processo e julgamento dos crimes previstos no
Estatuto do Desarmamento, como regra geral, será a Justiça Comum Estadual. Segundo o professor
Gabriel Habib; “Em regra, a competência para o processo e para o julgamento é da justiça estadual, uma
vez que o bem jurídico tutelado não diz respeito a nenhum interesse da União exclusivamente nos
moldes do Artigo 109 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. O fato de haver
controle de armas pelo SINARM, órgão pertencente ao Ministério da Justiça, Poder Executivo Federal,
não justifica a competência da justiça federal para o processo e para o julgamento. Entretanto, em
algumas hipóteses, a competência será da justiça federal, quando a infração penal for praticada em
detrimento de bens, serviços ou interesses da União e suas entidades autárquicas ou empresas públicas,
na forma do Artigo 109, inciso quatro da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, como
no caso do delito previsto no Artigo 18, que trata do delito de tráfico internacional de armas de fogo por
haver lesão ao interesse da União federal, no que toca ao seu exercício de fiscalização sobre a zona
alfandegária. Outro exemplo é a prática de um delito previsto no estatuto, praticado a bordo de navio
ou aeronave (Artigo 109, inciso nove da Constituição da República FEDERATIVA do Brasil de 1988)”.
O Decreto Número 9.847 de 2019 e os Conceitos para as Armas de Fogo e Munições
Você sabia que o Decreto número 9.847, de 25 de junho de 2019, é o atual decreto que regulamenta a
Lei número 10.826 de 2003, ao dispor sobre a aquisição, o cadastro, o registro, o porte e a
comercialização de armas de fogo e de munição e sobre o Sistema Nacional de Armas e o Sistema de
Gerenciamento Militar de Armas?
Tal decreto, no seu Artigo segundo, nos trouxe os conceitos (classificação) para as armas de fogo e as
munições. Para uma melhor compreensão sobre a distinção existente entre as armas de fogo e as
munições, para efeitos de aplicação dos tipos penais previstos no Estatuto do Desarmamento, vamos
especificar cada conceito, a seguir;
Arma de fogo de uso permitido – as armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que sejam;
a) De porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja na saída do cano de
prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules;
b) Portáteis de alma lisa; ou
c) Portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja na
saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libraspé ou mil seiscentos e vinte
joules;
Arma de fogo de uso restrito - as armas de fogo automáticas e as semiautomáticas ou de repetição que
sejam;
a) Não portáteis;
b) De porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de
prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou
c) Portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída
do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules;
Arma de fogo de uso proibido;
a) As armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados internacionais dos quais a
República Federativa do Brasil seja signatária; ou
b) As armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos;
Munição de uso restrito – as munições que;
a) Atinjam, na saída do cano de prova de armas de porte ou portáteis de alma raiada, energia cinética
superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules;
b) Sejam traçantes, perfurantes ou fumígenas;
c) Sejam granadas de obuseiro, de canhão, de morteiro, de mão ou de bocal; ou d) Sejam rojões,
foguetes, mísseis ou bombas de qualquer natureza;
Munição de uso proibido – as munições que sejam assim definidas em acordo ou tratado internacional
de que a República Federativa do Brasil seja signatária e as munições incendiárias ou químicas;
Munição - cartucho completo ou seus componentes, incluídos o estojo, a espoleta, a carga propulsora, o
projétil e a bucha utilizados em armas de fogo.
Arma de fogo de porte – as armas de fogo de dimensões e peso reduzidos que podem ser disparadas
pelo atirador com apenas uma de suas mãos, a exemplo de pistolas, revólveres e garruchas;
Arma de fogo portátil – as armas de fogo que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, podem ser
transportadas por uma pessoa, tais como fuzil, carabina e espingarda;
Arma de fogo não portátil – as armas de fogo que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, precisam
ser transportadas por mais de uma pessoa, com a utilização de veículos, automotores ou não, ou sejam
fixadas em estruturas permanentes;
Arma de fogo obsoleta – as armas de fogo que não se prestam ao uso efetivo em caráter permanente,
em razão de;
a) Sua munição e seus elementos de munição não serem mais produzidos; ou
b) Sua produção ou seu modelo ser muito antigo e fora de uso, caracterizada como relíquia ou peça de
coleção inerte.
Atenção – O Decreto número 9.847de 2019, no seu Parágrafo segundo, trouxe a seguinte previsão;
“Parágrafo primeiro – Fica proibida a produção de réplicas e simulacros que possam ser confundidos
com arma de fogo, nos termos do disposto no Artigo 26 da Lei número 10.826, de 2003, que não sejam
classificados como arma de pressão nem destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção de
usuário autorizado”.
Atenção – Em conjunto com o Decreto número 9.847, publicado em 25 de junho de 2019, foram
editados mais dois decretos, com publicação nessa mesma data, os quais também regulamentaram
determinados tópicos contidos no Estatuto do Desarmamento;
Decreto número 9.847, publicado em 25 de junho de 2019 – Regulamenta a Lei número 10.826, de 22
de dezembro de 2003, para dispor sobre a aquisição, o cadastro, o registro, o porte e a comercialização
de armas de fogo e de munição e sobre o Sistema Nacional de Armas e o Sistema de Gerenciamento
Militar de Armas.
Decreto número 9.846, publicado em 25 de junho de 2019 – Regulamenta a Lei número 10.826, de 22
de dezembro de 2003, para dispor sobre o registro, o cadastro e a aquisição de armas e de munições por
caçadores, colecionadores e atiradores.
Decreto número 9.845, publicado em 25 de junho de 2019 – Regulamenta a Lei número 10.826, de 22
de dezembro de 2003, para dispor sobre a aquisição, o cadastro, o registro e a posse de armas de fogo e
de munição.
Hipóteses Importantes
a) Se ocorrer à venda de arma branca para criança ou adolescente o crime será do artigo 242 do
Estatuto da Criança e do Adolescente;
b) Quanto à venda de arma branca a maior de idade, por falta de previsão expressa no Estatuto deverá
ser aplicado o artigo 19 da Lei das Contravenções Penais;
c) Já a entrega, a venda, o fornecimento de explosivo à criança ou ao adolescente, aplica-se o artigo 16,
Parágrafo único, inciso cinco da lei das armas;
d) Portar arma branca, sem licença da autoridade fora de casa ou de dependência desta será a hipótese
do artigo 19 da LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS;
e) Portar artefato explosivo e/ou incendiário sem autorização, responderá pelo artigo 16, Parágrafo
único, inciso três da nova lei das armas;
f) Portar gás asfixiante ou tóxico sem licença da autoridade; artigo 253 do CÓDIGO PENAL;
g) Quanto à arma desmontada, o agente responderá nos termos dos artigos 14 ou 16, dependendo se a
arma for de uso permitido ou proibido. Não podemos nos esquecer que o legislador procurou incriminar
são só a posse e porte da arma de fogo, como também de munição ou explosivo;
h) Arma com finalidade decorativa ou relíquia de família, tendo potencialidade lesiva, será considerada
arma de fogo, configurando crime previsto na lei, pouco importando a finalidade decorativa. A arma de
chumbinho não se encaixa no conceito do artigo 12 da lei, por isso não constitui arma de fogo;
i) A posse ou o porte de arma de fogo desmuniciada configura crime previsto no artigo 12 ou 14 da
mencionada lei, de acordo com posição pacifica do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal
Federal (STF);
j) A posse ou porte apenas da munição configura crime de acordo com o disposto na Lei número 10826
de 2003;
k) A posse ou porte de arma quebrada não configura crime desde que periciada, constatando-se a sua
ineficácia para efetuar disparos. No entanto, se a arma quebrada estiver com munição eficaz, o agente
poderá ser condenado porque o simples porte de munição (eficaz) já configura o delito. Assim, para que
não seja crime, o agente tem que ter sido apreendido com arma quebrada e desmuniciada ou, então,
com arma quebrada e com munições ineficazes, deflagradas e percutidas, de acordo com decisão do
Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Considerações Finais
A lei número 10.826 de 2003 foi criada visando à proteção da vida, da liberdade, do patrimônio, da
integridade física e de outros bens jurídicos, e a arma de fogo é um instrumento vulnerante, com
capacidade de ofender os bens jurídicos mais sagrados que temos, e, por essa razão, deve ser
rigidamente controlada pelo Estado. A vida é o bem maior que temos, e na Constituição Federal ela é
tratada no Artigo segundo, como um dos direitos fundamentais. De acordo como ao Artigo 144 a
segurança pública “é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio” (BRASIL, 1988), sendo exercida através de diversos órgãos, dentre os quais se encontra a
Polícia Militar.
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
LEI Número 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990.
Considerações Iniciais
Sargento, você sabia que o Código do Consumidor estabelece normas de proteção e defesa do
consumidor, de ordem pública e interesse social, tudo nos termos da Constituição Federal de 1988?
O Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final. A lei ainda equipara como consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
CPF – Pessoa Física.
CNPJ – Pessoa Jurídica.
O fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os
entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de
serviços.
Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de
natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista.
Direitos Básicos do Consumidor
A Lei número 8.078 de 1990 elenca no seu Artigo sexto uma série de direitos para o consumidor, que
veremos abaixo. Trata-se de direitos básicos, mínimos, que devem ser observados nas relações de
consumo;
Inciso um – A proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no
fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
Inciso dois – A educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas
à liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
Inciso três – A informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação
correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que
apresentem;
Inciso quatro – A proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou
desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e
serviços;
Inciso cinco – A modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou
sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; Pessoa Física
Pessoa Jurídica;
Inciso seis – A efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
difusos;
Inciso sete – O acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de
danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica,
administrativa e técnica aos necessitados;
Inciso oito – A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Inciso nove – (Vetado);
Inciso dez – A adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
“Parágrafo único - A informação de que trata o inciso três do caput deste artigo deve ser acessível à
pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento”. (Incluído pela Lei número 13.146, de
2015).
Práticas Abusivas
Pelo Artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor, são vedados ao fornecedor de produtos ou serviços
de forma expressa, algumas práticas abusivas. Esse rol não é taxativo, de forma que poderão ser
detectadas outras práticas abusivas além dessas;
Inciso um – Condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou
serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos.
Inciso dois – Recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas
disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes.
Inciso três – Enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer
qualquer serviço.
Inciso quatro – Prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde,
conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços.
Inciso cinco – Exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva.
Inciso seis – Executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do
consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes.
Inciso sete – Repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício
de seus direitos.
Inciso oito – Colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as
normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro).
Inciso nove – Recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a
adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis
especiais.
Inciso dez – Elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.
Inciso onze – Deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu
termo inicial a seu exclusivo critério;
Inciso doze – Aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido.
Permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de serviços de um número maior de
consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como máximo.
“Parágrafo único – Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na
hipótese prevista no inciso três, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento”.
Observações Importantes
Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no
inciso três, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento.
O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando o
valor da mão de obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento,
bem como as datas de início e término dos serviços.
Cobrança de Dívidas
Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não poderá ser exposto a ridículo, nem ser
submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça, sob pena de ser responsabilizado
penalmente, ex vi do Artigo 71, do Código de Defesa do Consumidor;
“Artigo 71 – Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral,
afirmações falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o
consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer”;
“Pena Detenção de três meses a um ano e multa”.
Quando cobrado em quantia indevida, o consumidor tem direito à repetição do indébito, por valor igual
ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de
engano justificável.
Em todos os documentos de cobrança de débitos apresentados ao consumidor, deverão constar o
nome, o endereço e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro
Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ do fornecedor do produto ou serviço correspondente.
Dos Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores
O consumidor terá acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e
de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.
Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil
compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período superior a cinco anos, e
a abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito
ao consumidor, quando não solicitada por ele.
O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua imediata
correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais
destinatários das informações incorretas.
Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e
congêneres são considerados entidades de caráter público, e todas as suas informações cadastrais
devem ser disponibilizadas em formatos acessíveis, inclusive para a pessoa com deficiência, mediante
solicitação do consumidor.
Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos
respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam impedir ou dificultar
novo acesso ao crédito junto aos fornecedores.
Os órgãos públicos de defesa do consumidor manterão cadastros atualizados de reclamações
fundamentadas contra fornecedores de produtos e serviços, devendo divulgá-lo pública e anualmente. A
divulgação indicará se a reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor.
Infrações Administrativas
O fornecedor responderá penal, civil e administrativamente, sendo-lhe aplicadas as seguintes sanções
administrativas;
Multa;
Apreensão do produto;
Inutilização do produto;
Cassação do registro do produto junto ao órgão competente;
Proibição de fabricação do produto;
Suspensão de fornecimento de produtos ou serviço;
Suspensão temporária de atividade;
Revogação de concessão ou permissão de uso;
Cassação de licença do estabelecimento ou de atividade;
Interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade;
Intervenção administrativa;
Imposição de contrapropaganda.
Infrações Penais
Finalizando nosso estudo, é importante sabermos que algumas condutas previstas neste código
constituem crimes contra as relações de consumo, sem prejuízo do disposto no Código Penal e demais
leis especiais. Elas estão contidas nos artigos 63 a 78 abaixo;
Artigos 63 a 78, da Lei número 8.078 de 1990.
Artigo 63 – Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos, nas
embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade;
Pena – Detenção de seis meses a dois anos e multa.
Parágrafo Primeiro – Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante recomendações
escritas ostensivas, sobre a periculosidade do serviço a ser prestado.
Parágrafo Segundo – Se o crime é culposo;
Pena – Detenção de um a seis meses ou multa.
Artigo 64 – Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a nocividade ou
periculosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação no mercado;
Pena – Detenção de seis meses a dois anos e multa.
Parágrafo único – Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de retirar do mercado, imediatamente
quando determinado pela autoridade competente, os produtos nocivos ou perigosos, na forma deste
artigo.
Artigo 65. Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de autoridade
competente;
Pena – Detenção de seis meses a dois anos e multa.
Parágrafo Primeiro – As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à lesão
corporal e à morte. (Redação dada pela Lei número 13.425, de 2017)
Parágrafo Segundo – A prática do disposto no inciso quatorze do Artigo 39 desta Lei também caracteriza
o crime previsto no caput deste artigo. (Incluído pela Lei número 13.425, de 2017)
Artigo 66 – Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza,
característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de
produtos ou serviços;
Pena – Detenção de três meses a um ano e multa.
Parágrafo Primeiro – Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta.
Parágrafo Segundo – Se o crime é culposo;
Pena – Detenção de um a seis meses ou multa.
Artigo 67 – Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva;
Pena – Detenção de três meses a um ano e multa.
Parágrafo único. (Vetado).
Artigo 68 – Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consumidor
a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança;
Pena – Detenção de seis meses a dois anos e multa;
Parágrafo único - (Vetado).
Artigo 69 – Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicidade;
Pena – Detenção de um a seis meses ou multa.
Artigo 70 – Empregar na reparação de produtos, peça ou componentes de reposição usados, sem
autorização do consumidor;
Pena – Detenção de três meses a um ano e multa.
Artigo 71 – Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral,
afirmações falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o
consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer;
Pena – Detenção de três meses a um ano e multa.
Artigo 72 – Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às informações que sobre ele constem em
cadastros, banco de dados, fichas e registros;
Pena Detenção de seis meses a um ano ou multa.
Artigo 73 – Deixar de corrigir imediatamente informação sobre consumidor constante de cadastro,
banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata;
Pena – Detenção de um a seis meses ou multa.
Artigo 74 – Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente preenchido e com
especificação clara de seu conteúdo;
 Pena – Detenção de um a seis meses ou multa.
Artigo 75 – Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes referidos neste código, incide as penas a
esses cominadas na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, administrador ou gerente da
pessoa jurídica que promover, permitir ou por qualquer modo aprovar o fornecimento, oferta,
exposição à venda ou manutenção em depósito de produtos ou a oferta e prestação de serviços nas
condições por ele proibidas.
Artigo 76 – São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados neste código;
 Inciso um – serem cometidos em época de grave crise econômica ou por ocasião de calamidade;
 Inciso dois – ocasionarem grave dano individual ou coletivo;
 Inciso três – dissimular-se a natureza ilícita do procedimento;
 Inciso quatro – quando cometidos;
a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição econômico-social seja manifestamente superior à
da vítima;
b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de dezoito ou maior de sessenta anos ou de
pessoas portadoras de deficiência mental interditada ou não;
Inciso cinco – serem praticados em operações que envolvam alimentos, medicamentos ou quaisquer
outros produtos ou serviços essenciais.
Artigo 77 – A pena pecuniária prevista nesta Seção será fixada em dias-multa, correspondente ao
mínimo e ao máximo de dias de duração da pena privativa da liberdade cominada ao crime. Na
individualização desta multa, o juiz observará o disposto no Artigo 60, Parágrafo primeiro do Código
Penal.
Artigo 78 – Além das penas privativas de liberdade e de multa, podem ser impostas, cumulativa ou
alternadamente, observado o disposto nos artigos 44 a 47, do Código Penal;
Inciso um – a interdição temporária de direitos;
Inciso dois – a publicação em órgãos de comunicação de grande circulação ou audiência, às expensas do
condenado, de notícia sobre os fatos e a condenação;
Inciso três – a prestação de serviços à comunidade.
Considerações Finais
A Lei número 8.078 de 1990, Código de Defesa do Consumidor, foi editada com a finalidade de trazer
proteção ao consumidor como parte mais vulnerável da relação de consumo, ante ao poderio
econômico que geralmente possuem os fornecedores. A Política Nacional das Relações de Consumo tem
por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e
segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia as relações de consumo.
O Código de Defesa do Consumidor (CDC) elenca uma série de práticas abusivas contra o consumidor, e
também àquelas que constituem infrações administrativas e penais.
Dessa forma, o policial militar deve conhecer bem a Lei número 8.078 de 1990, pois certamente haverá
que atender não poucas ocorrências de fatos que constituem violações desses direitos, sobretudo às
que configuram infrações penais.
CRIMES CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO
Considerações Iniciais
Ainda no tema de direitos do consumidor, a lei número 8.137 de 1990 define crimes contra a ordem
tributária, econômica e contra as relações de consumo, contendo dispositivos que quando violados,
podem ser trazidos ao conhecimento do policial para que atue conforme prevê a lei.
Crimes Contra a Ordem Tributária
A negativa pelo fornecedor da emissão da nota fiscal ao consumidor constitui o crime previsto no artigo
primeiro, inciso cinco.
Artigo primeiro Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição
social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas;
Inciso um – omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
Inciso dois – fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de
qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
Inciso três – falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro
documento relativo à operação tributável;
Inciso quatro – elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso
ou inexato;
Inciso cinco – negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente,
relativa à venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em
desacordo com a legislação.
Pena - reclusão de dois a cinco anos, e multa.
Parágrafo único – A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de dez dias, que poderá
ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade
quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso cinco.
Crimes Contra as Relações de Consumo
Sobre os crimes contra as relações de consumo, o artigo sétimo prevê o tratamento igualitário no
momento da compra, a garantia da conformidade das mercadorias e a pureza e qualidade dos gêneros
expostos à venda.
Artigo sétimo – Constitui crime contra as relações de consumo;
Inciso um – favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês, ressalvados os sistemas de
entrega ao consumo por intermédio de distribuidores ou revendedores;
Inciso dois – vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação, peso ou
composição esteja em desacordo com as prescrições legais, ou que não corresponda à respectiva
classificação oficial;
Inciso três – misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda
como puros; misturar gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los à
venda por preço estabelecido para os demais mais alto custo;
Inciso quatro – fraudar preços por meio de;
a) alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de elementos tais como denominação, sinal
externo, marca, embalagem, especificação técnica, descrição, volume, peso, pintura ou acabamento de
bem ou serviço;
b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente oferecido à venda em conjunto;
c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à venda em separado;
d) aviso de inclusão de insumo não empregado na produção do bem ou na prestação dos serviços;
Inciso cinco – elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ou serviços, mediante a exigência de
comissão ou de taxa de juros ilegais;
Inciso seis – sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-los a quem pretenda comprá-los nas
condições publicamente ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação;
Inciso sete – induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou afirmação falsa ou
enganosa sobre a natureza, qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a
veiculação ou divulgação publicitária;
Inciso oito – destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou mercadoria, com o fim de provocar alta de
preço, em proveito próprio ou de terceiros;
Inciso nove – vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar
matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo;
Pena - detenção, de dois a cinco anos, ou multa.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos dois, três e nove pune-se a modalidade culposa, reduzindo-se
a pena e a detenção de um terço ou a de multa à quinta parte.
ESTATUTO DO TORCEDOR
Considerações Iniciais
Neste tópico estudaremos os principais aspectos da Lei número 10.671 de 2003, que dispõe sobre o
Estatuto de Defesa do Torcedor, que sofreu alterações relevantes através da Lei número 12.299 de
2010, com o objetivo principal de coibir a violência nos locais de eventos esportivos.
Relação com o Código de Defesa do Consumidor.
O Estatuto de Defesa do Torcedor guarda estreita relação com o Código de Defesa do Consumidor (CDC),
pois, sem dúvida, o torcedor é o consumidor final do produto “espetáculo esportivo”.
Conforme podemos confirmar no artigo terceiro do Estatuto, o qual define que a entidade responsável
pela organização da competição, bem como a entidade de prática desportiva detentora do mando
equiparam-se a fornecedor, nos termos da Lei número 8.078 de 1990 (CDC).
Da Segurança do Torcedor Participe Do Evento Esportivo
O Estatuto define que o torcedor tem direito a segurança nos locais onde são realizados os eventos
esportivos antes, durante e após a realização das partidas.
É importante salientar que o próprio torcedor tem parcela de responsabilidade na garantia de segurança
nos locais de evento, pois a ele, também são impostas condições para acesso e permanência no recinto
esportivo.
Artigo 13 – O torcedor tem direito a segurança nos locais onde são realizados os eventos esportivos
antes, durante e após a realização das partidas.
Parágrafo único – Será assegurado acessibilidade ao torcedor portador de deficiência ou com
mobilidade reduzida.
Artigo 13 alínea A. São condições de acesso e permanência do torcedor no recinto esportivo, sem
prejuízo de outras condições previstas em lei;
Inciso um – estar na posse de ingresso válido;
Inciso dois – não portar objetos, bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar
a prática de atos de violência;
Inciso três – consentir com a revista pessoal de prevenção e segurança;
Inciso quatro – não portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens
ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenófobo;
Inciso cinco – não entoar cânticos discriminatórios, racistas ou xenófobos;
Inciso seis – não arremessar objetos, de qualquer natureza, no interior do recinto esportivo;
Inciso sete – não portar ou utilizar fogos de artifício ou quaisquer outros engenhos pirotécnicos ou
produtores de efeitos análogos;
Inciso oito – não incitar e não praticar atos de violência no estádio, qualquer que seja a sua natureza; e
Inciso nove – não invadir e não incitar a invasão, de qualquer forma, da área restrita aos competidores.
Inciso dez – não utilizar bandeiras, inclusive com mastro de bambu ou similares, para outros fins que não
o da manifestação festiva e amigável.
Parágrafo único – O não cumprimento das condições estabelecidas neste artigo implicará a
impossibilidade de ingresso do torcedor ao recinto esportivo, ou, se for o caso, o seu afastamento
imediato do recinto, sem prejuízo de outras sanções administrativas, civis ou penais eventualmente
cabíveis.
Das Penalidades
O Estatuto prevê penalidades aplicáveis às entidades de administração do desporto, às ligas, às
entidades de práticas desportivas e às torcidas organizadas que violarem ou de qualquer forma
concorrerem para a violação das normas que estabelece.
Dentre essas penalidades, merecem destaque neste estudo às atribuídas às torcidas organizadas, como
visto;
Artigo 39 alínea A – A torcida organizada que, em evento esportivo, promover tumulto, praticar ou
incitar a violência ou invadir local restrito aos competidores, árbitros, fiscais, dirigentes, organizadores
ou jornalistas será impedida, assim como seus associados ou membros, de comparecer a eventos
esportivos pelo prazo de até cinco anos.
Artigo 39 alínea B – A torcida organizada responde civilmente, de forma objetiva e solidária, pelos danos
causados por qualquer dos seus associados ou membros no local do evento esportivo, em suas
imediações ou no trajeto de ida e volta para o evento.
Artigo 39 alínea C- Aplica-se o disposto nos artigos 39 alínea A e 39 alínea B à torcida organizada e a seus
associados ou membros envolvidos, mesmo que em local ou data distintos dos relativos à competição
esportiva, nos casos de;
Inciso um – invasão de local de treinamento;
Inciso dois – confronto, ou induzimento ou auxílio a confronto, entre torcedores;
Inciso três – ilícitos praticados contra esportistas, competidores, árbitros, fiscais ou organizadores de
eventos esportivos e jornalistas voltados principal ou exclusivamente à cobertura de competições
esportivas, mesmo que, no momento, não estejam atuando na competição ou diretamente envolvidos
com o evento.
Dos Crimes
Com certeza, esta foi a maior inovação trazida pela Lei número 12.299 de 2010; a tipificação de crimes
de ocorrência comum em locais de evento.
Esta inovação deu uma nova roupagem ao Estatuto do Torcedor, bem como mecanismos mais sérios e
seguros para, efetivamente, coibir-se a violência nos eventos esportivos.
Foram tipificadas as seguintes condutas;
Artigo 41 alínea B – Promover tumulto, praticar ou incitar a violência, ou invadir local restrito aos
competidores em eventos esportivos;
Pena - reclusão de um a dois anos e multa.
Parágrafo primeiro – Incorrerá nas mesmas penas o torcedor que;
Inciso um – promover tumulto, praticar ou incitar a violência num raio de 5.000 (cinco mil) metros ao
redor do local de realização do evento esportivo, ou durante o trajeto de ida e volta do local da
realização do evento;
Inciso dois – portar, deter ou transportar, no interior do estádio, em suas imediações ou no seu trajeto,
em dia de realização de evento esportivo, quaisquer instrumentos que possam servir para a prática de
violência.
Parágrafo segundo – Na sentença penal condenatória, o juiz deverá converter a pena de reclusão em
pena impeditiva de comparecimento às proximidades do estádio, bem como a qualquer local em que se
realize evento esportivo, pelo prazo de três meses a três anos, de acordo com a gravidade da conduta,
na hipótese de o agente ser primário, ter bons antecedentes e não ter sido punido anteriormente pela
prática de condutas previstas neste artigo.
Parágrafo terceiro – A pena impeditiva de comparecimento às proximidades do estádio, bem como a
qualquer local em que se realize evento esportivo, converter-se-á em privativa de liberdade quando
ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta.
Parágrafo quarto – Na conversão de pena prevista no Parágrafo segundo, a sentença deverá determinar,
ainda, a obrigatoriedade suplementar de o agente permanecer em estabelecimento indicado pelo juiz,
no período compreendido entre as duas horas antecedentes e as duas horas posteriores à realização de
partidas de entidade de prática desportiva ou de competição determinada.
Parágrafo quinto – Na hipótese de o representante do Ministério Público propor aplicação da pena
restritiva de direito prevista no Artigo 76 da Lei número 9.099, de 26 de setembro de 1995, o juiz
aplicará a sanção prevista no Parágrafo segundo.
Artigo 41 alínea C – Solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem
patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o resultado
de competição esportiva ou evento a ela associado;
Pena - reclusão de dois a seis anos e multa.
Artigo 41 alínea D – Dar ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial com o fim de alterar ou
falsear o resultado de uma competição desportiva ou evento a ela associado;
Pena - reclusão de dois a seis anos e multa.
Artigo 41 alínea E – Fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o
resultado de competição esportiva ou evento a ela associado;
Pena - reclusão de dois a seis anos e multa.
Artigo 41 alínea F – Vender ingressos de evento esportivo, por preço superior ao estampado no bilhete;
Pena - reclusão de um a dois anos e multa.
Artigo 41 alínea G – Fornecer, desviar ou facilitar a distribuição de ingressos para venda por preço
superior ao estampado no bilhete;
Pena - reclusão de dois a quatro anos e multa.
Parágrafo único – A pena será aumentada de um terço até a metade se o agente for servidor público,
dirigente ou funcionário de entidade de prática desportiva, entidade responsável pela organização da
competição, empresa contratada para o processo de emissão, distribuição e venda de ingressos ou
torcida organizada e se utilizar desta condição para os fins previstos neste artigo.
Considerações Finais
Nota-se que, com estas tipificações, condutas que ocorrem nos grandes eventos esportivos e que tantas
pessoas já vitimaram, foram tratadas de forma especial no Estatuto, como por exemplo, atos de
vandalismo, as atividades ilegais dos cambistas, os resultados fabricados, dentre outras.
Por fim, saliente-se que o Estatuto do Torcedor se aplica somente ao desporto profissional.
LEI MARIA DA PENHA
Sargento, você conhece a lei número 11.340, de 7 de agosto de 2006? Vamos estudá-la? LEI Número
11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006
Considerações Iniciais
A Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos
termos do Parágrafo oitavo, do Artigo 226 da Constituição Federal, estabelecendo medidas de
assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível
educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe
asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental
e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.
De acordo como o Artigo quinto, configura violência doméstica e familiar;
“Artigo quinto – Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou
psicológico e dano moral ou patrimonial”.
Inciso um – No âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
Inciso dois – No âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são
ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
“Inciso três – Em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a
ofendida, independentemente de coabitação. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem
de orientação sexual”.
Já o Artigo sétimo traz as formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras;
Inciso um – A violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde
corporal;
Inciso dois – A violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e
diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise
degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz,
insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e
vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; (Redação
dada pela Lei número 13.772, de 2018).
Inciso três – A violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a
manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da
força;
Inciso quatro – A violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção,
subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais,
bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
“Inciso cinco – A violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação
ou injúria”.
O Artigo nono prevê mecanismos de assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar,
conforme o texto a seguir;
“Artigo nono – A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de
forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social,
no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas
públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso”.
Parágrafo primeiro – O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência
doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.
Parágrafo segundo – O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para
preservar sua integridade física e psicológica;
Inciso um – Acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta
ou indireta;
Inciso dois – Manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho,
por até seis meses.
Inciso três – Encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para eventual
ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de
união estável perante o juízo competente. (Incluído pela Lei número 13.894, de 2019).
Parágrafo terceiro – A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá
o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços
de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis
nos casos de violência sexual.
Parágrafo quarto – Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou psicológica
e dano moral ou patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive
ressarcir ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos relativos aos serviços
de saúde prestados para o total tratamento das vítimas em situação de violência doméstica e familiar,
recolhidos os recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado responsável pelas
unidades de saúde que prestarem os serviços. (Vide Lei número 13.871, de 2019).
Parágrafo quinto – Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e
disponibilizados para o monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por
medidas protetivas terão seus custos ressarcidos pelo agressor. (Vide Lei número 13.871, de 2019).
Parágrafo sexto – O ressarcimento de que tratam os Parágrafos quarto e quinto deste artigo não poderá
importar ônus de qualquer natureza ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem configurar
atenuante ou ensejar possibilidade de substituição da pena aplicada. (Vide Lei número 13.871, de 2019).
Parágrafo sétimo – A mulher em situação de violência doméstica e familiar tem prioridade para
matricular seus dependentes em instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio, ou
transferi-los para essa instituição, mediante a apresentação dos documentos comprobatórios do registro
da ocorrência policial ou do processo de violência doméstica e familiar em curso. (Incluído pela Lei
número 13.882, de 2019).
“Parágrafo oitavo – Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependentes matriculados ou
transferidos conforme o disposto no Parágrafo sétimo deste artigo, e o acesso às informações será
reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos órgãos competentes do poder público”. (Incluído pela Lei
número 13.882, de 2019).
Atendimento pela Autoridade Policial
De acordo com o Artigo 10, “Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar
contra a mulher, à autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as
providências legais cabíveis”.
Esse atendimento deverá prosseguir atendendo ao ditame previsto no Artigo 10 alínea A, que foi
acrescentado pela Lei número 13.505 de 2017, da seguinte forma;
“Artigo 10 alínea A – É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento
policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores preferencialmente do sexo
feminino previamente capacitado”.
Assim, deverá o Policial Militar, ainda no local, ouvir as partes envolvidas, arrolar testemunhas,
preservar o local para possível exame pericial, se for o caso, apreender o objeto utilizado, com a
condução de todos os envolvidos à Delegacia Especializada para as providencias de Polícia Judiciária.
Parágrafo primeiro – A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de
testemunha de violência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes
diretrizes;
Inciso um – Salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a sua
condição peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar;
Inciso dois – Garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e
familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles
relacionadas;
Inciso três – Não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos
âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada.
Parágrafo segundo – Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de
testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento;
Inciso um – A inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá os
equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou
testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida;
Inciso dois – Quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em
violência doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial; Assim, deverá o Policial
Militar, ainda no local, ouvir as partes envolvidas, arrolar testemunhas, preservar o local para possível
exame pericial, se for o caso, apreender o objeto utilizado, com a condução de todos os envolvidos à
Delegacia Especializada para as providencias de Polícia Judiciária.
“Inciso três – O depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a gravação e a
mídia integrar o inquérito”.
Ainda nesse atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, conforme previsão do
Artigo 11, a autoridade policial deverá;
a) Garantir proteção policial, quando necessário;
b) Encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde;
c) Fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver
risco de vida;
d) Se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da
ocorrência ou do domicílio familiar;
e) Informará ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive os de
assistência judiciária para o eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de separação
judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável, Incluído no Artigo 11
pela Lei número 13.894, de 2019.
Atendimento pela Autoridade de Polícia Judiciária
Na Delegacia de Atendimento à Mulher, deverá a autoridade de polícia judiciária, o Delegado de Polícia,
após a elaboração do registro da ocorrência, adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem
prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal;
a) Ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada;
b) Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
c) Remeter, no prazo de quarenta e oito horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida,
para a concessão de medidas protetivas de urgência;
d) Determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames
periciais necessários;
e) Ouvir o agressor e as testemunhas;
f) Ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais,
indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele;
g) Remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público.
h) Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e
postos de saúde.
i) Verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo e, na hipótese de existência,
juntar aos autos essa informação, bem como notificar a ocorrência à instituição responsável pela
concessão do registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei número 10.826, de 22 de dezembro de
2003 (Estatuto do Desarmamento), Incluído no Artigo 12 pela Lei número 13.880, de 2019.
j) A autoridade policial poderá requisitar os serviços públicos necessários à defesa da mulher em
situação de violência doméstica e familiar e de seus dependentes.
k) O agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida,
verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de
violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes. Tal afastamento poderá ser determinado; pela
autoridade judicial; pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou pelo
policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da
denúncia, incluído no Artigo 12 pela Lei número 13.827, de 2019.
l) Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação
de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o juiz será comunicado no prazo máximo de
vinte e quatro horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada,
devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente, Incluído no Artigo 12 pela Lei número
13.827, de 2019, a estipulação para tal comunicação ao juiz no prazo máximo de 24 (vinte e quatro)
horas, sobre a medida determinada pelo delegado de polícia (quando o Município não for sede de
comarca) ou pelo policial (quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado
disponível no momento da denúncia), visa permitir que a autoridade judicial decida sobre a manutenção
ou revogação do afastamento do agressor do lar em que convivia com a(s) vítima(s). Para o professor
Guilherme de Souza Nucci, a obrigação da comunicação da medida emanada pela autoridade policial, no
prazo máximo de vinte e quatro horas, para avaliação do ato pelo juiz e a sua consequente decisão, tal
qual como ocorre no auto de prisão em flagrante, preserva o princípio da reserva de jurisdição.
m) Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência,
o juiz não concederá a liberdade provisória ao agressor que estiver preso, incluído no Artigo 12 pela Lei
número 13.827, de 2019.
Medidas Protetivas de Urgência
Você sabia que as medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do
Ministério Público ou a pedido da ofendida, e poderão ser concedidas de imediato, independentemente
da audiência com as partes e da manifestação do Ministério Público, mas este deverá ser imediatamente
comunicado?
Essas medidas serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer
tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou
violados.
Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor,
decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da
autoridade policial. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta
de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor, especialmente dos
pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído ou do
defensor público.
A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao agressor. Para garantir a efetividade das
medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial.
De acordo com a Lei Maria da Penha, os crimes de lesão corporal dolosa, mesmo àqueles de natureza
leve, quando praticado contra mulher, são de ação penal pública incondicionada.
Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor
Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz
poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas
protetivas de urgência, entre outras;
a) Suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos
termos da Lei número 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
b) Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
c) Proibição de aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo
de distância entre estes e o agressor;
d) Proibição de contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de
comunicação;
e) Proibição de frequentar determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da
ofendida;
f) Restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento
multidisciplinar ou serviço similar;
g) Prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida
Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas;
a) Encaminhar à ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de
atendimento;
b) Determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após
afastamento do agressor;
c) Determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos
filhos e alimentos;
d) Determinar a separação de corpos;
e) Restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;
f) Proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra e venda e locação de
propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;
g) Suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
h) Prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes
da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.
Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência
A Lei número 13.641 de 2018 introduziu na Lei Maria da Penha um tipo penal criminalizando a conduta
do agressor que venha a descumprir qualquer medida protetiva de urgência que tenha sido imposta
pelo juiz.
“Artigo 24 alínea A – Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas
nesta Lei”;
Pena – detenção, de três meses a dois anos.
Parágrafo primeiro – A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que
deferiu as medidas.
Parágrafo segundo – Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder
fiança.
“Parágrafo terceiro – O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis”.
Sobre o citado tipo penal, vamos recorrer ao comentário do professor Rogério Sanches Cunha;
“Ao tempo da entrada em vigor da Lei Maria da Penha, muito se debateu a respeito das consequências
penais advindas do descumprimento, pelo agente, das medidas protetivas impostas pelo juiz, elencadas
neste capítulo”.
De sorte que, uma primeira corrente, defendia que a conduta do agente que descumpria medida
protetiva, configuraria o crime de desobediência. Todavia, face aos termos expressos da Lei número
13.641 de 2018, a discussão perdeu o seu objeto, não mais perdurando nenhuma dúvida; insere-se na
Lei número 11.340 de 2006 um tipo penal específico para punir a desobediência a decisões judiciais que
impõem medidas protetivas.
Temos como inaplicáveis as disposições da Lei dos Juizados Criminais a conduta em exame. “Importaria
em verdadeiro contrassenso que uma inovação que tenha vindo, imagina-se em proteção à vítima de
violência doméstica, pudesse admitir a imposição de medidas despenalizadoras, reservadas a condutas
menos graves, de menor potencial ofensivo”.
Considerações Finais
A lei número 11.340 de 2006, Lei Maria da Penha, foi editada visando coibir e prevenir a violência
doméstica e familiar contra a mulher. Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia,
orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem
violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.
De acordo com o Parágrafo primeiro, do Artigo terceiro “o poder público desenvolverá políticas que
visem garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no
sentido de resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão”.
O policial militar como a parte do poder público mais atuante nos conflitos da sociedade, deverá estar
atento aos ditames dessa lei, na proteção da mulher nos casos de violência doméstica e familiar.
ESTATUTO DO IDOSO
Sargento, você conhece o Estatuto do Idoso? Já ouviu falar? Vamos estudá-lo?
Lei número 10.741, de primeiro de outubro de 2003.
Considerações Iniciais
É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual
ou superior a 60 (sessenta) anos. O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa
humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei. Por outro lado, asseguram-se, por lei
ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e
mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e
dignidade.
De acordo com o Parágrafo primeiro do Artigo 19, “considera-se violência contra o idoso qualquer ação
ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou
psicológico”.
E no Artigo 19, caput, temos que;
Artigo 19 – Os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra idosos serão objeto de
notificação compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitária, bem como
serão obrigatoriamente comunicados por eles a quaisquer dos seguintes órgãos;
Inciso um – Autoridade policial;
Inciso dois – Ministério Público;
Inciso três – Conselho Municipal do Idoso;
Inciso quatro – Conselho Estadual do Idoso;
Inciso cinco – Conselho Nacional do Idoso.
Crimes em Espécie Praticados Contra Idosos
O Legislador, quando da edição do Estatuto do Idoso, em seu Título quatro, Capítulo dois, entendeu por
criar diversos crimes contra os idosos, tipificados nos seus artigos 96 a 109, os quais seguem no link
abaixo.
Artigos 96 a 109, da lei 10.741 de 2003.
Alterações na Legislação Penal
O Artigo 110 trouxe algumas alterações no Código Penal, agravando alguns crimes, quando praticados
contra pessoa idosa. A primeira das alterações foi no Artigo 61, tornando qualquer crime praticado
contra idoso uma circunstância agravante da pena.
Outra alteração trazida no CÓDIGO PENAL foi no Artigo 121, Parágrafo quarto, passando a ser uma causa
de aumento da pena de um terço, toda vez que um homicídio doloso for praticado contra um idoso. O
Artigo 133, também foi alterado, passando a ser uma qualificante no crime de abando de incapaz, com
aumento de pena de um terço.
A lei também aumentou as penas dos crimes de injúria, Artigo 140, de detenção de um a seis meses para
reclusão de um a três anos, quando praticada contra idoso, aumentando também em um terço as penas
dos crimes de calúnia e difamação, artigos 138 e 139. Sofreu aumento na pena também os crimes de
sequestro e cárcere privado e extorsão mediante sequestro, todos do Código Penal.
O Estatuto do Idoso tirou ainda algumas isenções de penas previstas no Artigo 181, quando a vítima for
idosa, e incluiu os idosos como possíveis vítimas do crime de abandono material do Artigo 244.
Foram alteradas também outras normas penais. Na Lei de Contravenções Penais foi aumentada de um
terço a pena do delito vias de fato, se praticado contra idoso. A Lei de Tortura passou a prever como
causa de aumento de pena de um sexto a um terço, quando a vítima tiver mais de 60 anos. A lei trouxe
alterações na antiga lei de drogas, porém esta foi revogada.
Considerações Finais
O Estatuto do Idoso foi criado com o objetivo de regular os direitos assegurados às pessoas com idade
igual ou superior a 60 anos. O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana,
além da proteção integral do que trata a Lei número 10.741 de 2003, Estatuto do Idoso.
Finalizando podemos, deve ser ressaltado que os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública
incondicionada, devendo a Autoridade Policial e o Ministério Público agirem de oficio e não apenas
quando provocados.
Devem ser assegurado ao idoso, todas as oportunidades e facilidades para preservação de sua saúde
física e mental, como também seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições
de liberdade e dignidade.
O Artigo sexto diz que “todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade competente qualquer
forma de violação a esta Lei que tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento”.
O policial possui o dever, não somente de denunciar, mas por expressa determinação legal do Artigo 301
do Código de Processo Penal, prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito de crime,
inclusive contra o idoso. Sobretudo os policiais militares, que estão mais próximo da sociedade, no
atendimento das diversas ocorrências, o que fará com que se depare por não poucas vezes, com
ocorrências envolvendo crimes contra os idosos.
ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
Considerações Iniciais
O Estatuto da Pessoa com Deficiência, instituído pela Lei número 13.146 de 2015 foi destinado a
assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades
fundamentais da pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. Este Estatuto tem
como base a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo,
ratificados pelo Congresso Nacional, em conformidade com o procedimento previsto no Parágrafo
terceiro do Artigo quinto da Constituição da República Federativa do Brasil.
Para os fins desta Lei, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo
de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras,
pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais
pessoas.
Artigo 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência.
Dos Crimes e das Infrações Administrativas;
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Parágrafo primeiro – Aumenta-se a pena em um terço se a vítima encontrar-se sob cuidado e
responsabilidade do agente.
Parágrafo segundo – Se qualquer dos crimes previstos no caput deste artigo é cometido por intermédio
de meios de comunicação social ou de publicação de qualquer natureza;
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Parágrafo terceiro – Na hipótese do Parágrafo segundo deste artigo, o juiz poderá determinar, ouvido o
Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência;
Inciso um – recolhimento ou busca e apreensão dos exemplares do material discriminatório;
Inciso dois – interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na internet.
Parágrafo quarto – Na hipótese do Parágrafo segundo deste artigo, constitui efeito da condenação, após
o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreendido.
Artigo 89. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão, benefícios, remuneração ou qualquer
outro rendimento de pessoa com deficiência;
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único – Aumenta-se a pena em um terço se o crime é cometido;
Inciso um – por tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
ou
Inciso dois – por aquele que se apropriou em razão de ofício ou de profissão.
Artigo 90 – Abandonar pessoa com deficiência em hospitais, casas de saúde, entidades de abrigamento
ou congêneres;
Pena – reclusão, de seis meses a três anos, e multa.
Parágrafo único – Na mesma pena incorre quem não prover as necessidades básicas de pessoa com
deficiência quando obrigado por lei ou mandado.
Artigo 91 – Reter ou utilizar cartão magnético, qualquer meio eletrônico ou documento de pessoa com
deficiência destinados ao recebimento de benefícios, proventos, pensões ou remuneração ou à
realização de operações financeiras, com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único – Aumenta-se a pena em um terço se o crime é cometido por tutor ou curador.
CRIMES DE PRECONCEITO DE RAÇA OU DE COR
Considerações Iniciais A Lei número 7.716 de 1989 define os crimes resultantes de discriminação ou
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Dos Crimes
Artigo terceiro Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da
Administração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos.
Pena; reclusão de dois a cinco anos.
Parágrafo único – Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião
ou procedência nacional, obstar a promoção funcional.
Artigo quarto Negar ou obstar emprego em empresa privada.
Pena; reclusão de dois a cinco anos.
Parágrafo primeiro – Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça ou de cor ou
práticas resultantes do preconceito de descendência ou origem nacional ou étnica;
Inciso um – deixar de conceder os equipamentos necessários ao empregado em igualdade de condições
com os demais trabalhadores;
Inciso dois – impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra forma de benefício
profissional;
Inciso três – proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no ambiente de trabalho,
especialmente quanto ao salário.
Parágrafo segundo – Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à comunidade,
incluindo atividades de promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de
recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego
cujas atividades não justifiquem essas exigências.
Artigo quinto – Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender
ou receber cliente ou comprador.
Pena; reclusão de um a três anos.
Artigo sexto Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino
público ou privado de qualquer grau.
Pena; reclusão de três a cinco anos.
Parágrafo único – Se o crime for praticado contra menor de dezoito anos a pena é agravada de um terço.
Artigo sétimo – Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer
estabelecimento similar.
Pena; reclusão de três a cinco anos.
Artigo oitavo – Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais
semelhantes abertos ao público.
Pena; reclusão de um a três anos.
Artigo nono – Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de
diversões, ou clubes sociais abertos ao público.
Pena; reclusão de um a três anos.
Artigo 10 – Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou
casas de massagem ou estabelecimento com as mesmas finalidades.
Pena; reclusão de um a três anos.
Artigo 11 – Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou
escada de acesso aos mesmos;
Pena; reclusão de um a três anos.
Artigo 12 – Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus,
trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido.
Pena; reclusão de um a três anos.
Artigo 13 – Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo das Forças Armadas.
Pena; reclusão de dois a quatro anos.
Artigo 14 – Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência familiar e
social.
Pena; reclusão de dois a quatro anos.
Artigo 15 - (Vetado).
Artigo 16 – Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, para o servidor público,
e a suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a três meses.
Artigo 17 - (Vetado).
Artigo 18 – Os efeitos de que tratam os artigos 16 e 17 desta Lei não são automáticos, devendo ser
motivadamente declarados na sentença.
Artigo 19 - (Vetado).
Artigo 20 – Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional.
Pena; reclusão de um a três anos e multa.
Parágrafo primeiro – Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos,
distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo.
Pena; reclusão de dois a cinco anos e multa.
Parágrafo segundo – Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de
comunicação social ou publicação de qualquer natureza;
Pena; reclusão de dois a cinco anos e multa.
Parágrafo terceiro – No caso do Parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério
Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência;
Inciso um – o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;
Inciso dois – a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da
publicação por qualquer meio;
Inciso três – a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede mundial de
computadores.
Parágrafo quarto – Na hipótese do Parágrafo segundo, constitui efeito da condenação, após o trânsito
em julgado da decisão, a destruição do material apreendido.
Injúria Racial x Racismo
O crime de injúria racial está inserido no capítulo dos crimes contra a honra, previsto no Parágrafo
terceiro do artigo 140 do Código Penal, que prevê uma forma qualificada para o crime de injúria, na qual
a pena é maior nos casos em que a ofensa consiste na utilização de elementos referentes à raça, cor,
etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. Para sua
caracterização é necessário que haja ofensa à dignidade de alguém, com base em elementos referentes
à sua raça, cor, etnia, religião, origem, idade ou deficiência. Nesta hipótese, a pena pode ir de 1 a 3 anos
de reclusão. Já o crime de racismo está previsto no artigo 20 da Lei número 7.716 de 1989 implica em
conduta discriminatória dirigida a um determinado grupo ou coletividade e, geralmente, refere-se a
crimes mais amplos.
O que diferencia os crimes é o direcionamento da conduta, enquanto que na injúria racial a ofensa é
direcionada a um indivíduo especifico, no crime de racismo, a ofensa é contra uma coletividade, por
exemplo, toda uma raça, não há especificação do ofendido.
Observações Importantes
Ao contrário da injúria racial, cuja prescrição é de oito anos, antes de transitar em julgado a sentença
final, o crime de racismo é inafiançável e imprescritível, conforme determina o artigo quinto da
Constituição Federal.
CRIMES AMBIENTAIS
Considerações Iniciais
Seguindo a tendência mundial, a proteção do meio ambiente tem previsão no artigo 225 da Constituição
Federal de 1988;
Artigo 225 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
A tutela jurisdicional do meio ambiente tem como embasamento o disposto no Parágrafo terceiro, do
artigo 225 da Constituição Federal;
Parágrafo terceiro – As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados.
A Lei número 9.605 de 1998, Lei de Crimes Ambientais visa o cumprimento do disposto na Constituição,
com vistas a disciplinar a proteção jurídica do meio ambiente que, anteriormente era constituída de leis
e decretos vagos e esparsos, o que contribuía para a não aplicabilidade da legislação até então vigente.
Dos Crimes Ambientais
Crimes contra a Fauna
Artigo 29 – Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota
migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em
desacordo com a obtida;
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo primeiro – Incorre nas mesmas penas;
Inciso um – quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a
obtida;
Inciso dois – quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;
Inciso três – quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito,
utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem
como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida
permissão, licença ou autorização da autoridade competente.
Parágrafo segundo – No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de
extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
Parágrafo terceiro – São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas,
migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida
ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.
Parágrafo quarto – A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado;
Inciso um – contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da
infração;
Inciso dois – em período proibido à caça;
Inciso três – durante a noite;
Inciso quatro – com abuso de licença;
Inciso cinco – em unidade de conservação;
Inciso seis– com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa.
Parágrafo quinto – A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça profissional.
Parágrafo sexto – As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.
Importante destacar que somente os animais aquáticos, excluindo peixes, crustáceos e moluscos, são
objetos do crime de caça. São eles baleias, peixes boi, golfinhos, botos e leões marinhos. E de acordo
com o Parágrafo sexto as condutas descritas no artigo 29 não se aplicam aos atos de pesca.
Artigo 30 – Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da
autoridade ambiental competente;
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Artigo 31 – Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida
por autoridade competente;
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Maus-tratos
Sobre os maus-tratos o artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais dispõe que;
Artigo 32 – Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos;
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Parágrafo primeiro – Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal
vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
Parágrafo primeiro alínea A – Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas no
caput deste artigo será de reclusão, de dois a cinco anos, multa e proibição da guarda. (Incluído pela Lei
número 14.064, de 2020).
Parágrafo segundo – A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
Importante frisar que a Lei número 14.064 de 2020, incluiu a pena mais grave no caso em que se tratar
de cão ou gato.
Degradação do ambiente aquático
Artigo 33 – Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de
espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais
brasileiras;
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente. Parágrafo único. Incorre nas
mesmas penas;
Inciso um – quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aquicultura de domínio público;
Inciso dois – quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão
ou autorização da autoridade competente;
Inciso três – quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de
moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.
Os crimes de pesca
Artigo 34 – Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão
competente;
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único – Incorre nas mesmas penas quem;
Inciso um – pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos
permitidos;
Inciso dois – pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos,
petrechos, técnicas e métodos não permitidos;
Inciso três – transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta,
apanha e pesca proibidas.
Artigo 35 – Pescar mediante a utilização de;
Inciso um – explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante;
Inciso dois – substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente;
Pena - reclusão de um ano a cinco anos.
De acordo com o artigo 36 considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar,
apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios,
suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção,
constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.
Crimes contra a Flora
Desmatamento
Artigo 38 – Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em
formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção;
Pena – detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único – Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
Artigo 38 alínea A – Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio avançado ou
médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção;
Pena – detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único – Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
Artigo 39 – Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da
autoridade competente;
Pena – detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Queimadas
Artigo 41 – Provocar incêndio em mata ou floresta;
Pena – reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
Parágrafo único – Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa.
Soltura de balões
Artigo 42 – Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e
demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano;
Pena – detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
A Lei não proíbe apenas soltar o balão, a proibição atinge também o comércio, incluso a fabricação, o
transporte e a venda. O objetivo é coibir totalmente a prática da soltura de balões, não importa se o
balão foi lançado ou não, o simples ato de fabricá-lo já constitui a infração penal.
Comércio ilegal da Flora
Artigo 45 – Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do Poder Público,
para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo
com as determinações legais;
Pena – reclusão, de um a dois anos, e multa.
Artigo 46 – Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros
produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade
competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento;
Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo único – Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta
ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o
tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente.
Plantas de ornamentação
Artigo 49 – Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação
de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia;
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único – No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa.
Poluição
Artigo 54 – Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em
danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da
flora;
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo primeiro Se o crime é culposo;
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo segundo – Se o crime;
Inciso um – tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;
Inciso dois – causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos
habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;
Inciso três – causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de
água de uma comunidade;
Inciso quatro – dificultar ou impedir o uso público das praias;
Inciso cinco – ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou
substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos;
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Parágrafo terceiro – Incorre nas mesmas penas previstas no Parágrafo anterior quem deixar de adotar,
quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano
ambiental grave ou irreversível.
Artigo 56 – Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar,
armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde
humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus
regulamentos;
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo primeiro Nas mesmas penas incorre quem;
Inciso um – abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou os utiliza em desacordo com as
normas ambientais ou de segurança;
Inciso dois – manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá destinação final
a resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou regulamento.
Parágrafo segundo – Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada de um
sexto a um terço.
Parágrafo terceiro – Se o crime é culposo;
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
O delito se constitui na poluição em níveis que possam vir ou que causem danos à saúde humana, ou
que possam vir a provocar a morte de animais ou a destruição da flora.
Crimes contra o Patrimônio
Artigo 62 – Destruir, inutilizar ou deteriorar;
Inciso um – bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial;
Inciso dois – arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido
por lei, ato administrativo ou decisão judicial;
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único – Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da
multa.
Artigo 63 – Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato
administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico,
histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade
competente ou em desacordo com a concedida;
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Artigo 64 – Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim considerado em
razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico,
etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a
concedida;
Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Pichação
Outro crime contra o patrimônio cultural é pichar ou grafitar edificação ou monumento urbano;
Artigo 65 – Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano;
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.
Parágrafo primeiro – Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor
artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de seis meses a um ano de detenção e multa.
Parágrafo segundo – Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o
patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário
e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a
autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos
órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico
nacional.
Mineração irregular
Artigo 44 – Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem
prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais;
Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Artigo 55 – Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização,
permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida;
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo único – Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada,
nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente.
CONCLUSÃO
Podemos concluir que as legislações especiais merecem maior atenção do policial militar, pois envolvem
grande parte das ocorrências atendidas no cotidiano.
É mister conhecer as legislações especiais, e ter uma boa compreensão do que diz a lei, pois como
agente de segurança pública você poderá se resguardar e amparar na garantia dos direitos do cidadão.
Quanto mais conhecimento você tiver, menores as chances de cometer erros, principalmente por
desconhecimento sobre o que se pode ou não fazer e o seu dever como policial militar.
NOÇÕES DE TELECOMUNICAÇÕES
INTRODUÇÃO
Caro Sargento da Polícia Militar
Você deve se fazer essa pergunta algumas vezes no que tange a comunicação na PMERJ será que de fato
comunicações são importantes para as operações policiais militares?
As comunicações são de extrema importância para as operações policiais militares, pois essas operações
exigem uma elevada capacidade de planejamento, comando e controle. Por ela que o comando da
Unidade e da força militar tem ciência dos acontecimentos e que se pode montar estratégias diferentes
das planejadas ou mantê-las. As comunicações mantêm o sigilo das informações, por isso devem ser de
grande confiabilidade e ter grande capacidade de tráfego, e por ela pode se dar novas ordens de acordo
com as informações repassadas. Sem comunicações não há contato com o comando nas operações.
CONCEITOS BÁSICOS
Ao final desta aula você deverá conhecer os conceitos básicos das comunicações operacionais da PMERJ,
tais como equipamentos utilizados pela PMERJ, alfabeto fonético e expressões essenciais para
operações de comunicações.
As comunicações são importantes para as operações policiais militares?
O que são comunicações?
As comunicações compreendem o conjunto de meios destinados a estabelecer as ligações entre os
diversos escalões, com a finalidade de apoiar o exercício do comando e controle. As comunicações são o
elo entre o comandante e sua tropa desdobrada no terreno, levando a presença desse comandante a
todos os lugares.
Histórico
O homem, organizado primitivamente em pequenas tribos, comunicava- se apenas por gestos.
Posteriormente, dominou a arte de emitir sons articulados e falar.
Nessa sociedade pequena, a palavra em si era um meio eficaz de comunicação, entretanto, a sociedade
cresceu e a palavra, mesmo gritada, já não era suficiente para atender às necessidades de
comunicações.
Não se sabe ao certo qual foi o primeiro instrumento usado pelo homem para transmitir sua mensagem.
Provavelmente, foi através de conchas, chifres, tambores etc.
Milhares de anos se passaram e o domínio dos fenômenos eletromagnéticos possibilitou que o homem
comunicasse a longas distâncias. Durante o século Dezoito, os fenômenos elétricos e magnéticos foram
alvos de várias experiências.
Em 1837 – SAMUEL MORSE inventou o manipulador de telegrafia, sendo este o primeiro Sistema de
Telecomunicações para auxílio do tráfego ferroviário, e criou também o código que levou o seu nome
(Código Morse).
Em 1844 – foi inaugurada a primeira linha telegráfica nos Estados Unidos. Oito anos após, em 1852,
inaugurou-se no Brasil a primeira linha telegráfica para transmissão em Morse.
Em 1877 – ALEXANDER GRAHAM BELL patenteou o invento do telefone que apenas falava de um ponto
ao outro, sem retorno.
MACEVOY e PRITCHETT aperfeiçoaram este aparelho e inventaram o telefone transmissor e receptor.
Em 1893, o Padre ROBERTO LANDELL DE MOURA conseguiu transmitir sinais a uma distância de 8
quilômetros, entre a Av. Paulista e o Alto de Santana, em São Paulo num sistema de telegrafia sem fio,
porém quem patenteou o invento do rádio dois anos após foi; GUGLIELMO MARCONI.
A aplicação do rádio à telefonia e a telegrafia aumentaram enormemente os seus raios de ação de tal
modo que em 1930 eram possíveis ligações internacionais.
A última grande guerra impulsionou as técnicas de telecomunicações possibilitando os nossos modernos
sistemas, agigantados pela corrida espacial.
O setor de comunicações inclui o rádio, telefone, a telegrafia, o telex, a transmissão de dados de
imagem, fac-símile, TV, vídeo texto, a radiodifusão, a comunicação via satélite, a televisão por cabo
(CATV) e as múltiplas formas de radiocomunicação (faixa cidadão, rádio amador), vídeo fone etc.
E 1969, o povo brasileiro assistiu à chegada de ARMSTRONG à Lua, com imagens transmitidas pelo
INTELSAT Três e captadas pela estação terrestre de TANGUÁ, da EMBRATEL.
Em 1972, surgiu a televisão em cores pelo sistema PAL-M. Atualmente o sistema mais moderno de
comunicação é a INTERNET, associada à Microsoft, criada por BILL GATES, (Microsoft). É uma rede de
computadores criada na década de 60, visando manter o sistema de Computadores dos EUA
funcionando em caso de uma guerra nuclear, visto que não havia um computador central, mas uma rede
de inúmeros computadores interligados.
Posteriormente, as grandes universidades americanas começaram a ver o potencial dessa rede, e
começaram a se interligar, e a rede recebeu o nome de ARPANET, daí até hoje, iniciou-se uma expansão
que não para de crescer.
Elementos da Comunicação
Emissor ou destinador – alguém que emite a mensagem. Pode ser uma pessoa, um grupo, uma empresa,
uma instituição.
Receptor ou destinatário – a quem se destina a mensagem. Pode ser uma pessoa, um grupo ou mesmo
um animal, como um cão, por exemplo.
Código – É a maneira pela qual a mensagem se organiza.
O código – é formado por um conjunto de sinais, organizados de acordo com determinadas regras, em
que cada um dos elementos tem significado em relação com os demais. Pode ser a língua, oral ou
escrita, gestos, código Morse, sons etc.
O código deve ser de conhecimento de ambos os envolvidos; emissor e destinatário.
Canal de comunicação – É o meio concreto pelo qual a mensagem é transmitida; voz, livro, revista,
emissora de TV, jornal, Canal de rádio, computador etc;
Mensagem – é o objeto da comunicação, é constituída pelo conteúdo das informações transmitidas.
Veja os dois textos a seguir – Texto A e Texto B
Caro Jorge, Amanha não poderei ir à aula. Por favor, avise o professor que entregarei o trabalho na
semana que vem. Joaquim
Воплимир Путин воаглавил Менгосударственный совет Организации Даговора о коллективной
безопасности Президент России Валимир Путин водглавия Межгосударственный совет
Организации Договора о коллективной
безопасности (ОКД6).
Nos dois exemplos de comunicação, podemos perceber que uma pessoa(o emissor) escreveu alguma
coisa a outra ou outras (o destinatário), dando uma informação (a mensagem).
Para isso precisou de papel ou da tela do computador, transformou o que tinha a dizer em um código, (a
língua - no texto A, a língua portuguesa; no texto B, a língua russa). Além disso, o emissor precisou
selecionar um conjunto de vocábulos (ou de sinais) no código que escolheu.
Conceitos de Telecomunicações
DEFINIÇÃO
Comunicações à distância utilizando tecnologias elétrica e eletrônica, através de meios eletromagnéticos
(inclusive ópticos).
EXEMPLOS;
Telegrafia;
Telefonia;
Televisão;
Teleprocessamento;
Paging;
Radio navegação;
Rádio AM/FM;
Telemetria.
CONCEITOS DE TELECOMUNICAÇÕES
Elementos do Processo das Telecomunicações
Transmissor (Tx) – Equipamento ou parte do equipamento que se destina a transmitir sinais telefônicos,
radiofônicos ou televisuais. Componente do transceptor gerador da RF – Onda Portadora que será
transmitida.
Mensagem / Informação – Comunicação, notícia ou recardo verbal. Conjunto de símbolos, caracteres,
sinais, imagens, sons, escritos ou tudo aquilo que desejamos transmitir deum ponto a outro.
Transdutor – Componente do transceptor que transforma um determinado tipo de energia em outra.
Exemplo – O microfone - recebe energia sonora e a transforma em elétrica.
Canal – É a via entre o transmissor e o receptor.
Exemplo – Atmosfera.
Receptor (Rx) – Componente do Transceptor que recebe a energia enviada pelo Tx.
Ruído – Qualquer elemento NEGATIVO do processo que atrapalhe ou impeça a comunicação.
Exemplo - defeito no rádio, barulho próximo.
Você vai ser promovido – Mensagem.
Meio – Ruído.
Meu Deus, vou ser demitido.
COMUNICAÇÃO UNIDIRECIONAL
O modelo básico de sistema é essencialmente unidirecional;
Fonte – Canal – Destinatário.
COMUNICAÇÃO BIDIRECIONAL
Na maior parte das aplicações práticas interessa a comunicação nos dois sentidos.
Exemplo – Conversação telefônica.
Envio de informação com confirmação de recepção
Terminal – Circuito – Terminal.
Fonte – Canal – Destinatário.
Destinatário – Canal – Fonte.
Conceitos Básicos
O Transceptor
O transceptor – é o engenho eletrônico capaz de transmitir e receber sinais de radiofrequência
necessários às comunicações-rádio, para a transmissão de mensagens por voz. É o equipamento
transmissor-receptor (TxRx), aquilo que no linguajar cotidiano acostumou-se chamar de “rádio”,
propriamente dito.
A antena
Através da antena são irradiados ou recebidos os sinais de radiofrequência.
O microfone
O microfone capta os sons ambientes e de voz, que são enviados ao transmissor, para sua irradiação a
outras estações. Ele possui dispositivo alternador (botão ou tecla), para ora permitir e ora não, a entrada
desses sons no interior do equipamento; é o denominado “PTT” (Push-to-Talk que significa em
português pressionar para falar).
Através desse processo é que a conversação pode ser entabulada; vez que, utilizando-o, o operador, em
um determinado momento, fala; e, noutro, ouve o que o seu interlocutor tem a dizer.
Fonte de alimentação
A fonte de alimentação fornece energia para o funcionamento do transceptor fixo, mediante
transformação da voltagem comercial de 110/220VAC para aquela requerida pelo equipamento,
normalmente 12 VDC. Ela pode, também, manter a carga de uma bateria, cuja função seja alimentar o
equipamento no caso de falta da energia comercial.
O alto-falante
O alto-falante transforma os impulsos elétricos que chegam ao receptor em sinais sonoros,
normalmente, de voz; a fim de que o operador possa ouvir as mensagens transmitidas por outras
estações.
Tipos de Equipamentos
Os equipamentos-rádio em uso nos diversos órgãos estaduais são de marcas e modelos diferentes; mas,
de uma forma geral, em função do emprego, eles podem ser distinguidos basicamente em três tipos;
fixo, móvel; e, portátil.
FIXO – É o equipamento destinado a ser usado em imóvel, ligado à fonte de alimentação própria.
MÓVEL- É o equipamento destinado a ser usado em veículo automotor, alimentado pelo sistema elétrico
do próprio veículo em que for instalado; normalmente, automóvel, motocicleta, aeronave, embarcação
e congêneres.
PORTÁTIL - É equipamento, de tamanho e peso reduzido, de porte individual, alimentado por fonte
própria de energia, normalmente através de bateria recarregável.
É estação dotada de grande mobilidade, transportada individualmente pelo próprio operador durante o
serviço, para qualquer lugar onde desse equipamento possa necessitar (neste ponto, devem ser
observadas as limitações de ordem técnica ao seu uso). Para recarregar a bateria é utilizado carregador
próprio, ligado à energia comercial de 110/220 Vac.
O Operador
Na comunicação-rádio é o operador, por sua voz, que empresta expressão e significância às chamadas e
à transmissão das mensagens. Por isso mesmo, sobre ele debruça-se a responsabilidade de sua correta
condução e a estrita obediência aos seus princípios básicos.
Deveres do Operador
O operador, como elemento ativo da comunicação, tem seus deveres bipartidos, ora em relação à
própria comunicação-rádio, ora em relação ao equipamento-rádio que a viabiliza.
Deveres em relação à comunicação-rádio
A esse respeito podem, objetivamente, ser elencados como deveres do operador, os seguintes;
Certificar-se de que a estação está sintonizada no canal/grupo adequado;
Pensar no que vai falar ou efetuar a leitura prévia da mensagem a ser ditada, antes de iniciar a
comunicação-rádio;
Usar linguagem limpa e clara, sempre em tom moderado e cadenciado; especialmente, quando houver
necessidade de registro escrito por parte de quem irá receber a mensagem; mormente, no caso de
operadores de estações móveis;
Manter-se no local onde se encontrar o equipamento-rádio, atento às chamadas e aos acontecimentos
na rede;
Atender prontamente às chamadas dirigidas ao prefixo da estação que estiver operando;
Evitar o desperdício de tempo na transmissão de mensagens, especialmente com aquelas demasiadas e
desnecessariamente longas;
Zelar pela ética;
a)Não transmitindo a pessoas estranhas ao serviço informações que obtiver em decorrência da função
de operador;
b) Não utilizarem-se do meio para outro fim não autorizado, como o extravasamento de insatisfações de
qualquer natureza, jocosidades, obscenidades, incitamentos, etc..
c) Buscar constantemente aperfeiçoar seus conhecimentos gerais em relação à operação do
equipamento;
d) Empregar corretamente os meios auxiliares da transmissão de mensagens;
e) Não utilizar o equipamento-rádio para transmitir mensagens de caráter particular.
Observar as técnicas operacionais de;
a) Aguardar que a rede esteja livre, para iniciar uma transmissão; salvo nos casos de imperiosa
necessidade, em que haja, principalmente, perigo atual ou iminente à segurança de pessoas; devendo,
nesse caso, haver um pedido de “prioridade”;
b) no caso de mensagens, necessariamente longas, transmiti-las em trechos,
intercalados por um “QSL”, do Código “Q” (entendido?);
c) falar ao microfone do equipamento, a uma distância aproximada entre 05 e 10 centímetros, durante a
comunicação-rádio;
d) realizar teste de funcionamento do equipamento com a estação principal da rede, sempre que
assumir o seu controle e quando observar que a rede emudeceu-se por períodos demasiadamente
longos e/ou anormais;
e) manter a estação sintonizada no canal de operação próprio;
f) enunciar a palavra “câmbio”, sempre que terminar uma locução e desejar ceder a vez da fala ao seu
interlocutor; ou, simplesmente, terminar a transmissão de uma mensagem.
Em relação ao equipamento-rádio, deve o operador;
Zelar por sua integridade, protegendo-o contra os elementos que possam lhe causar dano, como
umidade, calor e poeira excessiva, queda; e, ainda, das tentativas não autorizadas de repará-lo;
Conhecer e aprimorar seus conhecimentos em relação ao correto manuseio de seus controles; bem
como ao seu emprego adequado e pleno;
Comunicar, imediatamente, a quem de direito, acerca das panes que detectar no equipamento-rádio
e/ou no sistema, e, ainda, sobre as interferências percebidas.
IMPORTANTE – Nos casos de baixa da viatura com rádio ou, transporte, remanejamento e manutenção
de equipamentos no DETEL ou empresas privadas, deve- se observar as normas e publicações expedidas
pelo CCI e/ou orientações do oficial de comunicações da UOP.
O extravio do equipamento de comunicações deverá ser apurado através de Inquérito Policial Militar,
pois, trata-se de Material Bélico. E, danos causados ao equipamento de Comunicações, deverão ser
abertos Inquérito Técnico.
MEIOS AUXILIARES NA TRANSMISSÃO DE MENSAGENS
Meios Auxiliares
Dentre os meios considerados auxiliares da transmissão da mensagem, destacam-se;
As palavras e expressões convencionais;
O alfabeto fonético internacional;
Os algarismos fonéticos; e,
O “Código Q”.
PALAVRAS E EXPRESSÕES CONVENCIONAIS
São palavras-chaves, com significado particularmente atribuído; que a exemplo de qualquer outra
codificação utilizada oficialmente, devem ser de pleno conhecimento dos operadores, como meio
facilitador e produzir maior agilidade na comunicação. Por outro lado, seu emprego visa, ainda,
padronizar as conversações.
Segue-se um extrato daquelas recomendadas aos operadores de radiofonia;
ACUSE – Significa diga-me se entendeu ou recebeu esta mensagem.
AGUARDE – Significa espere, mantenha-se na escuta.
CÂMBIO – Significa terminei (convite à resposta).
CIENTE – Significa recebi sua mensagem.
CONFIRME – Significa repita a mensagem transmitida (solicitado por quem está recebendo a
mensagem).
CONSIGNE – Significa registre, anote para controle.
CORREÇÃO – Significa houve erro nesta transmissão.
CORRETO – Significa está certo.
NEGATIVO – Significa não, não está correto, não está autorizado.
POSITIVO – Significa sim, autorizado, afirmativo.
PRIORIDADE – Significa emergência, preciso transmitir com urgência.
PROCEDA – Significa autorizo, pode prosseguir.
PROSSIGA – Significa adiante com sua mensagem.
REPETINDO – Significa vou repetir toda a mensagem.
SEPARA – Significa dê espaço (no soletramento pelo Alfabeto Fonético;... para receber o que for
transmitido logo após).
SOLETRANDO – Significa vou soletrar a palavra seguinte com o Alfabeto Fonético.
TERMINADO – Significa acabado, fim (para indicar o término de soletramento pelo alfabeto Fonético).
VERIFIQUE – Significa sua mensagem não está clara; verifique se está correta.
Alfabeto e Algarismos Fonéticos
O Alfabeto Fonético, como meio auxiliar da transmissão, tem aplicação quando há necessidade de
soletrar palavras ou outro conjunto de letras, na dificuldade de sua compreensão, como ocorre no caso
de mensagens transmitidas em meio a péssimas condições de comunicação; ou, mesmo na transmissão
de palavras incomuns ou estrangeiras; ou de grafia diferente da normal.
O seu uso, como padrão, evita a criação e a citação indiscriminada de palavras diversas pelos
operadores, para indicar uma mesma letra; como, poderia indevidamente ocorrer em relação à “cavalo”
para representá-lo o “C”; “dado” para o “D” e outros.
Mas o seu principal papel está no auxílio da correta compreensão da mensagem, de modo a que não
fique nenhuma dúvida quanto ao seu conteúdo e a grafia das palavras que a compõem.
ALFABETO FONÉTICO
Letra A, palavra ALFA, Pronuncia-se AL FA.
Letra B, palavra BRAVO, Pronuncia-se BRA VO.
Letra C, palavra CHALIE, Pronuncia-se CHAR LIE.
Letra D, palavra DELTA, Pronuncia-se DEL TA.
Letra E, palavra ECHO, Pronuncia-se É CHO.
Letra F, palavra FOX TROT, Pronuncia-se FOX TROT.
Letra G, palavra GOLF, Pronuncia-se GOLF.
Letra H, palavra HOTEL, Pronuncia-se HO TEL.
Letra I, palavra INDIAN, Pronuncia-se ÍN DIA.
Letra J, palavra JULIET, Pronuncia-se DJU LIET
Letra K, palavra KILO, Pronuncia-se QUI LO.
Letra L, palavra LIMA, Pronuncia-se LI MA.
Letra M, palavra MAIKE, Pronuncia-se MAI QUE.
Letra N, palavra NOVEMBER, Pronuncia-se NO VEM BER.
Letra O, palavra OSCAR, Pronuncia-se ÓS CAR.
Letra P, palavra PAPA, Pronuncia-se PA PÁ.
Letra Q, palavra QUEBEC, Pronuncia-se QUE BEC.
Letra R, palavra ROMEU, Pronuncia-se RÔ MEU.
Letra S, palavra SIERRA, Pronuncia-se SI É RRA.
Letra T, palavra TANGO, Pronuncia-se TAN GO.
Letra U, palavra UNIFORM, Pronuncia-se U NIFORM.
Letra V, palavra VICTOR, Pronuncia-se VIC TOR.
Letra W, palavra WHISKEY, Pronuncia-se UÍS QUE.
Letra X, palavra X-RAY, Pronuncia-se XI-RAI ou ECS-REI.
Letra Y, palavra YANKEE, Pronuncia-se IAN QUE.
Letra Z, palavra ZULU, Pronuncia-se ZU LU.
Para iniciar o Alfabeto Fonético Internacional basta enunciar a palavra “SOLETRANDO”, antes da palavra
ou sequência a ser transmitida. Se for realizar a enunciação de várias palavras deve-se pronunciar a
palavra convencional “SEPARA”, para indicar o seu término e o início de outra palavra; ou,
“TERMINADO”, para indicar o término da transmissão.
É ERRADO
Usar o alfabeto fonético para soletrar siglas, abreviaturas ou palavras que sejam plenamente
conhecidas, como nas transmissões de abreviaturas de postos ou graduações dos militares, cargos ou
funções; ou, ainda, palavras em que não haja possibilidade de que sejam confundidas por sua pronúncia
ou correta grafia.
A única exceção é com relação à transmissão de placa de veículo, cuja “alfa” deve ser sempre soletrada
utilizando-se o alfabeto fonético; mesmo que as letras, por sua sonoridade, façam supor que não haverá
qualquer dificuldade de compreensão para quem irá receber a mensagem.
Algarismos Fonéticos
1 – UNO.
2 – DOIS.
3 – TRÊS.
4 – QUATRO.
5 – CINCO.
6 – MEIA.
7 – SETE.
8 – OITO.
9 – NOVE.
0 – ZERO.
. – PONTO.
, – V IRGULA.
Os números serão sempre pronunciados algarismo por algarismo; e formados pelos conjuntos desses.
Dessa forma, o número 10 deverá ser enunciado – uno, zero;
O 43 como – quatro, três”;
O 16, como – uno, meia e etc.
Os sinais gráficos, tais como ponto ou vírgula, deverão ser enunciados de acordo com seus próprios
nomes, como por exemplo, no número – 410.286 quatro uno zero PONTO dois oito meia ou ainda, o
número 9,31 – nove,VÍRGULA três uno.
Na sequência de algarismos idênticos em um mesmo número, temos como norma a pronunciadas
palavras DUPLO ou TRIPLO.
Se o número de algarismos repetidos em sequência for superior a três, deverá ser empregada a
combinação dessas palavras entre si (duplo-triplo, triplo-triplo); ou, do nome do próprio algarismo
seguido da palavra TRIPLO.
Exemplo
100 – Uno DUPLO zero.
2001 – Dois DUPLO zero uno.
166 – Uno DUPLO MEIA.
33348 – triplo três quatro oito.
22.777 – DUPLO dois PONTO TRIPLO sete.
222 – Dois TRIPLO dois.
5555 – Cinco TRIPLO cinco.
66666 – Duplo meia TRIPLO meia.
Código Q
O Código Internacional Q, abreviamento Código Q é utilizado nas transmissões militares com a finalidade
de simplificar as comunicações, dando-lhe maior rapidez na exploração, pela substituição de palavras,
frases ou informações por um conjunto de três letras, seguidas ou não de algarismos, das quais a inicial
é a letra Q. O código Q é internacional e foi aprovado em 21 de dezembro de 1959, em Genebra, na
convenção Internacional de Telecomunicações, da qual o Brasil é um dos países signatários, entrando
em vigor a Primeiro de maio de 1961.
O Código Q compreende os grupos QAA a QZZ, distribuídos em 4 séries.
QAA – QNZ – Serviço Aeronáutico.
QOA – QZZ – Serviço Marítimo.
QRA – QVZ – Serviço Geral (União Internacional de Telecomunicações - UIT).
QVZ – QZZ – Não distribuída.
A série Serviço Geral será utilizada nas comunicações entre estações civis, entre estações militares ou
entre uma ou outra.
Qualquer nação, serviço ou comando, pode proibir ou restringir o emprego dos sinais do Código Q em
áreas sob sua jurisdição.
Para fins militares os sinais do Código Q poderão ser utilizados juntamente com os sinais do Código Z.
Os sinais Q não tem caráter sigiloso. São considerados sempre como linguagem clara ou corrente.
O Código “Q” não está mais comumente utilizado na PMERJ, porém conforme publicado no Artigo
Oitavo do M10 da PMERJ.
QAP – Está na Escuta? – Estou na Escuta.
QRA – Qual o prefixo da sua estação ou quem está operando? – O prefixo da minha estação é, ou meu
nome é.
QRE – Qual a hora da chegada em. – A hora da chegada é.
QRF – Estou regressando a. – Estou regressando a.
QRG – Qual o canal de operação? – O canal é.
QRK - Qual a clareza e intensidade dos sinais recebidos? – A clareza e intensidade dos sinais recebidos e.
QRL – Está ocupado? – Estou ocupado
QRM – Está sofrendo interferência? – Estou sofrendo interferência.
QRT – Desligo equipamento? Cesso a transmissão? – Desligo equipamento
QRU – Alguma mensagem para mim? – Tenho uma mensagem para você
QRV – Preparado para receber a mensagem? – Estou preparado para receber a mensagem.
QRX – Qual o próximo horário para comunicação? – Horário para comunicação será...
QRZ – Quem chama (prefixo)? – Quem chama é (prefixo) ...
QSJ – Qual o valor em dinheiro, taxa de pagamento? – O valor em dinheiro, taxa, pagamento é .
QSL – Ciente da mensagem? – Ciente, entendido.
QSO – Posso comunicar-me diretamente com (prefixo)? – Comunique-se diretamente com (prefixo).
QSP – Posso retransmitir sua mensagem para (prefixo). Posso fazer a ponte? – Retransmita minha msg
para (prefixo). Ponte autorizada.
QSQ – Há médico a bordo? – Há médico a bordo.
QSV - Devo fazer uma contagem até... para teste? – Faça contagem até... para teste.
QRF – Devo transmitir no canal? – Transmita no canal.
QSZ – Devo transmitir a mensagem em trechos? (Transmissão pausada) – Transmissão à mensagem em
trechos.
QTA - Devo anular mensagem? – Anule mensagem...
QTH – Qual sua localização? – Minha localização é.
QTI – Qual o seu itinerário ou roteiro? – Meu itinerário ou roteiro é...
QTN – Qual o horário de saída de? – O horário de saída de ...é....
QTR – Qual a hora certa? – A hora certa é.
QUF – Recebeu mensagem de emergência de prefixo? – Recebi mensagem de emergência de prefixo.
QUR – Os sobreviventes foram encontrados? – Os sobreviventes foram encontrados.
QUS – Avistou sobreviventes ou destroços? – Avisei sobreviventes, ou avisei destroços.
PREFIXOS – É o conjunto de caracteres atribuídos à estação e/ou ao cargo da estrutura organizacional ou
função, para sua identificação nas comunicações-rádio. Os prefixos são classificados quanto a sua
titularidade e duração.
Quanto a sua titularidade, os prefixos podem ser.
Prefixos funcionais – São deste modo classificados aqueles prefixos formados para identificar os
dirigentes de diversos níveis de órgãos-usuários do Sistema Integrado de Radiocomunicação em função,
exclusivamente, dos cargos ou funções exercidas.
Prefixos institucionais – São assim denominados aqueles prefixos formados para facilitar a identificação
de entes envolvidos com a destinação institucional do órgão considerado; e, não classificados como
“funcionais”.
Quanto ao caráter de sua duração, os prefixos podem ser classificados como;
Prefixos permanentes – É o prefixo criado para utilização por períodos de tempo
prolongados e indeterminados.
Prefixos temporários – É o prefixo criado para atender a situações eventuais e/ou de
duração determinada.
PREFIXOS FUNCIONAIS PERMANENTES
Rede Marfim – Foi criada para a identificação funcional dos Comandantes de Segmento Administrativo;
Comando Geral, Chefia do Estado-Maior, Comandos intermediários e órgãos de Direção Geral.
Rede Mike – Foi criada para a identificação funcional dos Comandantes de Segmento Operacionais;
Comando de Unidades Operacionais.
A estrutura básica MIKE utiliza-se de complementos numéricos, assim reservados;
De 01 a 50, para os Comandantes de Batalhões de Polícia Militar (BPM);
De 51 a 69, para os Comandantes de Companhias Independentes de Polícia Militar (CIPM);
De 70 a 99, para os Comandantes de Batalhões Especializados, como o (71, para o BPCHoq; o 83, para o
BPRv; o 84, para o BPFMA, etc...);
CONSIDERAÇÕES – Em caso de prefixos subordinados, far-se-ia da seguinte forma;
Exemplo 1 – Subcomandante do Primeiro Batalhão de Policia Militar (BPM) – MIKE UNO + a letra P
seguido do algarismo Zero, o que se pronunciaria; MIKE UNO PÊ ZERO;
Exemplo 2 – Chefe da P/1 do Primeiro Batalhão de Policia Militar (BPM) – MIKE UNO + letra “P”

PREFIXOS INSTITUCIONAISPERMANENTES
São as seguintes;
Maré – Centros e Salas de Operações e Posto – posto de policiamento rodoviário, ambos referentes a
estações fixas; e,
RP – radiopatrulha, APTran – auto patrulha de trânsito, MPTran – moto-patrulha de trânsito), PATAMO –
patrulhamento tático motorizado, PAMESP – patrulhamento móvel especial, Auto choque – viatura de
condução de tropa de choque), PR – patrulha rodoviária, VTR – demais viaturas não operacionais),
referentes a estações móveis.
Outras podem ser-lhe reservadas, como – Cia, DPO, Pel, Cabina, PPC; e, mais ainda, como “marfim” e
“mike.
Rede Maré – Esta rede, já conhecida da Corporação e pertencente ao cotidiano do universo operacional,
foi criada e será utilizada para a identificação operacional dos Órgãos de Execução (Comandos
Intermediários e UOp/E, bem como suas frações destacadas e Grupamentos Especiais), possuidores de
COPOM/COp/S Op/S Com.
A MENSAGEM
Clareza ou da Transparência – Por princípio da clareza ou da transparência, entende-se que o texto da
mensagem deva ser de fácil entendimento para aquele que a irá receber, sendo dispensáveis as
demonstrações de eruditíssimo, de conhecimento da língua falada ou da matéria tratada, demonstrados
pelo emprego de palavras ou expressões pouco usuais ou complicadas.
Precisão ou da Objetividade – Por precisão ou da objetividade, como princípio, entende-se que o
assunto a ser tratado deva ser abordado de maneira direta, sem rodeios ou desnecessárias introduções
ou prefácios.
Concisão ou da Economicidade – Por princípio da concisão ou da economicidade, entende-se que, nas
comunicações-rádio, sem prejuízo da clareza, a mensagem deva ser curta; evitando-se o aumento
desnecessário do número de palavras para transmiti-la.
Qualquer palavra, mesmo padronizada, que não acrescente conteúdo a mensagem deve ser abolida,
bem como os vícios de repetição de palavras, tais como – ...positivo, positivo..., em colaboração...,
companheiro..., ... nobre companheiro ...; e, ainda, palavras de agradecimento, de despedida, de
felicitações, etc. Todas essas são de utilização não recomendada nas comunicações via rádio.
CHAMADAS – Denomina-se “chamada” ao contato entre duas ou mais estações, através de seus
prefixos, visando iniciar a transmissão de uma mensagem.
A chamada, de uma forma geral, resume-se em um apelo a estação, com a qual se deseja falar; com a
espera da consequente resposta do operador do prefixo chamado.
Em função da quantidade de estações envolvidas, as chamadas poderão ser de quatro tipos, a saber;
chamada simples, chamada múltipla, chamada geral e chamadas em broadcasting.
A primeira delas é de uso geral; e, as demais de uso próprio dos Centros de Operações ou equivalentes.
Chamada Simples – Como o próprio nome sugere a chamada simples é aquela em que apenas duas
estações estão envolvidas. É a chamada mais comum, ordinariamente realizada por operadores de todas
as estações.
Exemplo clássico desse tipo de chamada é o contato entre uma estação qualquer com o seu Centro de
Operações; e, vice-versa.
Chamada – ATENÇÃO, TODOS OS PREFIXOS, (prefixo que chama), EM CHAMADA GERAL, (palavra de
ordem) (mensagem);
REPETINDO – Neste padrão a palavra de ordem, normalmente, é anotem (Na Terceira pessoa do plural
do verbo anotar). Quando o conhecimento da mensagem transmitida for fundamental para os
procedimentos de cada estação, caberá ao Centro cobrar ciência daqueles envolvidos mais diretamente,
sem o que a missão poderá fracassar vez que sempre haverá a possibilidade de falhas técnicas ou de
falta de atenção dos operadores; e, o silêncio na resposta nem sempre indicará que todas as estações
entenderam ou ouviram a mensagem.
Chamada Múltipla – Denomina-se chamada múltipla aquela na qual uma estação busca estabelecer
contato simultâneo com duas ou mais estações. É o tipo de chamada adotada a partir de um Centro de
Operações para os seus controlados.
Nesse tipo, para evitar conflito na comunicação, é importante que os prefixos procurem responder a
chamada na mesma ordem sequencial enunciada pelo Centro de Operações.
Chamada Geral
Você sabia que a chamada geral – é a denominação dada ao contato simultâneo de uma estação com
todas as outras de um mesmo canal ou rede, para a transmissão de mensagens de interesse de todos?
A chamada geral, a exemplo da chamada múltipla, é sempre originada pelo Centro de Operações da
rede. Nesse caso, não é necessário que as estações sejam chamadas, uma a uma, através de seus
prefixos; bastando que o operador do Centro informe o padrão "geral". Também, não é necessária a
resposta inicial por parte das estações. Para esse tipo, deve-se utilizar o padrão de chamada seguinte,
que deverá ser repetida, seguidamente, por pelo menos duas vezes;
Chamada Broadcasting – Este tipo de chamada assemelha-se à chamada geral em termos e padrão, com
a diferença de ser feita em mais de uma rede simultaneamente. Essa chamada depende de
equipamento especial existente somente no novo sistema de telecomunicações, sob controle de um
supervisor; que, havendo necessidade, busca para si a transmissão de mensagens (MSN) que deva (m)
ser ouvida(s) por quantas redes julgue necessárias. Nesse caso, os operadores das respectivas redes são
afastados da transmissão regular, devendo manter-se atentos tanto a transmissão, quanto às
providências imediatas que dela(s) advierem; visto que, cessada a necessidade da chamada em
broadcasting, retornarão as atividades a sua forma normal.
Chamada de Teste de Equipamento – Trata-se de uma chamada simples com o objetivo de saber se o
equipamento está realmente funcionando bem. Realiza-se mediante o seguinte padrão;
Chamada – prefixo a chamar, prefixo que chama EM TESTE ou QRK e QSA;
Resposta – número da clareza BARRA número da intensidade, PARA prefixo que foi chamado.
Observe-se, pois, que a resposta deverá ser dada indicando, primeiro à clareza; depois a intensidade,
esclarecido que;
A clareza dos sinais – é a inteligibilidade da mensagem através do sinal recebido; e é representada pela
enunciação dos seguintes índices e representações;
a) “má”
b) “escassa”
c) “passável”
d) “boa”
e) “excelente”
A intensidade dos sinais é o volume, ou melhor, o nível do sinal recebido; e é representada pela
enunciação dos seguintes índices e representações;
a) “apenas perceptível”
b) “fraca”
c) “satisfatória”
d) “boa”
e) “ótima
EQUIPAMENTOS DE COMUNICAÇÕES UTILIZADOS PELA PMERJ E SEUS COMPONENTES
Rádio Digital Motorola MTP850S
Rádio Teltronic MDT-400 / DT-410
CONCLUSÃO
Após concluir a disciplina, você policial militar pode perceber a importância do policial militar ter a
Noção de Telecomunicações.
Através da presente apostila, buscamos aprofundar as técnicas no que tange aos equipamentos de
comunicação utilizados na Corporação, de modo a aprofundar seus conhecimentos e habilidades.
Esperamos que você tenha compreendido a importância da comunicação no meio militar e como
funciona esse processo e que isso contribua para seu conhecimento e aplicabilidade

PRÁTICA PROCESSUAL
INTRODUÇÃO
Esta disciplina tem por objetivo ensinar o conjunto de procedimentos a serem adotados, em
conformidade com as formalidades previstas no Código de Processo Penal Militar (CPPM), bem como
nos demais regulamentos e normas vigentes que tratam do assunto, que tenham por finalidade servir de
suporte básico para a confecção dos procedimentos apuratórios elaborados no âmbito da Corporação.
Nosso foco serão o Inquérito Policial Militar (IPM) e Averiguação, sendo o primeiro instrutivo da Ação
Penal Militar, e o segundo de apuração de fatos meramente administrativos ou reunir elementos
mínimos que possam servir de base à instauração do IPM, pois servirão de embasamento ao Ministério
Público para oferecimento de denúncia à Autoridade Judiciária Militar competente, dando início à Ação
Penal Militar.
Insta salientar que a disciplina de Prática Processual é muito importante, porque possibilita o uso de
ferramentas processuais por parte do Investigador, no que se refere à elaboração de Averiguação e IPM.
Assim, surge da imperiosa necessidade do Comandante, Chefe ou Diretor de OPM apurar, em seus
mínimos detalhes, o cometimento, em tese, de uma transgressão disciplinar, fatos de natureza
meramente administrativa ou crime militar. Para tal, dependendo da gravidade da irregularidade, o
Comandante escolhe a espécie de apuração dos fatos. Desde o IPM, que é a mais formal de todas,
passando pela Averiguação, que é a menos formal.
Na Averiguação, o Oficial, o Subtenente e o Sargento podem ser nomeados na condição de Averiguador
pelo Comandante, Chefe ou Diretor, obedecendo-se sempre a hierarquia.
Daí a grande importância desta disciplina para vocês!!!
No IPM, apenas o Oficial pode ser nomeado na condição de Encarregado, também em fiel observância
ao princípio da hierarquia;
Na condição de Escrivão, o Oficial, o Subtenente e o Sargento podem exercer esta função. Deste modo,
estude com atenção, zelo e dedicação.
Além do conteúdo em si, deixaremos a disposição o material complementar que oferecerá modelos e
exemplos que o auxiliarão nesta nova fase da carreira.
AVERIGUAÇÃO
Você sabe o que é uma Averiguação?
Então vamos começar pelo conceito? Averiguação é uma espécie do gênero Procedimento Apuratório,
que tem como finalidade apurar fatos, sejam de natureza meramente administrativa, sejam de natureza
criminal.
Vamos observar agora alguns exemplos de Averiguação de natureza administrativa e de natureza
criminal, para que você possa entender a diferença;
Natureza administrativa – FUSPOM, extravio de documentos, LTSPF, etc.
Natureza criminal – PM vítima de roubo ou furto, denúncia contra PM sem autoria e materialidade
definidas etc.
Espécies de Averiguação
Na PMERJ, temos três espécies de Averiguação. Você sabe quais são? Então vamos lá.
Averiguação Ordinária - É a mais utilizada na rotina militar, ou seja, é a mais comum. Este tipo de
Averiguação serve para apurar tanto os fatos de natureza criminal quanto os fatos de natureza
administrativa.
Averiguação Sumária – É uma exceção, pois ela só é instaurada quando é preciso apurar fatos no menor
prazo possível.
Averiguação Sumaríssima – Utilizamos esse tipo de averiguação para apurar se o falecimento de um PM
da ativa foi em decorrência de ato de serviço. Esta averiguação é realizada pelo Oficial Supervisor da
área onde ocorreu o falecimento, conforme publicação no Bol da PM n.º 006, de 09 Janeiro 17.
Personagens
Vamos agora conhecer todos os envolvidos em uma Averiguação e como serão tecnicamente declarados
nos autos;
Em regra, o prazo para conclusão de uma Averiguação é de trinta dias corridos.O Averiguador pode ser
um Oficial, Subtenente ou Sargento. Ele será o responsável pela investigação. O Averiguador é
selecionado por uma Autoridade de Polícia Judiciária Militar. Já o Averiguado, este é o alvo da
investigação.
Prazo
Quando uma Averiguação é instaurada, é muito importante ter atenção aos prazos. Essa missão cabe ao
Averiguador.
Parecer
Ao final da investigação, o Averiguador elaborará um circunstanciado Parecer relatando todos os fatos
apurados.
Solução
A Autoridade de Polícia Judiciária Militar que delegou ao Averiguador competência para apuração dos
fatos solucionará a Averiguação. A Autoridade de Polícia Judiciária Militar poderá concordar ou não com
o Parecer emitido pelo Averiguador, com base nos fatos apurados.
INQUÉRITO POLICIAL MILITAR
Conceito e Finalidade do IPM
Para iniciarmos, vamos conhecer a definição expressa no Artigo Nono, do Código Processual Penal
Militar (CPPM), que define o que é o IPM.
O Inquérito Policial Militar – é a apuração sumária de fato, que, nos termos legais, configure crime
militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar
elementos necessários à propositura da ação penal.
Desta forma, podemos entender que o IPM, instituído pelo Código Processual Penal Militar (CPPM), é
um procedimento administrativo de Polícia Judiciária Militar inquisitorial, investigatório, sigiloso,
desenvolvido unilateralmente pela administração militar.
Instauração de IPM
Instaurar o IPM significa iniciar oficialmente a sua elaboração. O início da contagem do prazo se dá com
o recebimento da Portaria de Instauração, baixada pelo Encarregado do IPM. A Portaria de Instauração
será sempre a folha número 4 dos autos de um IPM.
Encarregado do IPM e Escrivão
De acordo com o Artigo 15, do Código Processual Penal Militar (CPPM), o Encarregado do IPM será,
sempre que possível, Oficial de posto não inferior ao de Capitão.
A designação de Escrivão para o IPM caberá ao respectivo Encarregado. Geralmente recai em Segundo-
Tenente ou Primeiro Tenente, se o indiciado for Oficial. Já nos demais casos, o escrivão pode ser um
Subtenente ou Sargento.
O Oficial Encarregado do IPM deverá, desde logo, nos primeiros atos do IPM, quando avaliar as provas
que imprescindivelmente terá de produzir, requerer as provas periciais, pois estas são as mais
demoradas, devendo ouvir o Ofendido, as Testemunhas e o Indiciado, pessoas e proceder
reconhecimento de coisas, acareações, exame de corpo de delito (não pode ser dispensado e nem
suprido por atestado ou médico), laudos de avaliação de servibilidade de arma de fogo instrumento do
crime, exame de relatório coisa, de ou outro balística, reconstituição dos fatos, proceder as buscas e
apreensões pertinentes, enfim o Encarregado deve preocupar-se em realizar e anexar todas provas
cabíveis.
Prazo para Elaboração do IPM
O prazo inicial para conclusão do IPM é de vinte dias, estando o indiciado preso, ou de quarenta dias,
caso o mesmo esteja em liberdade ou não tenha sido identificado. Em situações de absoluta
necessidade e devidamente justificado, existindo exames e perícias a serem realizadas ou diligências
julgadas indispensáveis, este prazo poderá ser prorrogado por até vinte dias.
A primeira prorrogação é autorizada pela autoridade de polícia judiciária militar.
Caso sejam necessárias novas prorrogações, estas deverão ser solicitadas diretamente ao Ministério
Público Militar, sendo os autos encaminhados junto com a solicitação para apreciação do pleito. Todas
as prorrogações de prazo devem ser informadas à Corregedoria.
Se o prazo do IPM já tiver transcorrido dez dias, momento em que se efetiva a prisão do indiciado, qual
será o prazo final para a sua conclusão?
O IPM encerrar-se-á em trinta dias - dez dias de prazo com o indiciado solto e vinte dias com o indiciado
preso, não se ultrapassando o prazo inicial de quarenta dias.
Se o prazo do IPM já tiver transcorrido trinta dias?
O IPM encerrar-se-á em dez dias, para não ultrapassar o prazo de quarenta dias.
Se o prazo do IPM, incluída a prorrogação, já tiver transcorrido cinqüenta dias, momento em que se
efetiva a prisão do Indiciado, qual será o prazo final para a sua conclusão?
De acordo com o espírito da norma castrense supra, o prazo máximo para a conclusão do IPM é o de
sessenta dias. Neste caso, se ocorrer a prisão durante o período de prorrogação do prazo, o prazo final
deste é que deverá indicar o dia do encerramento do IPM; logo, o Encarregado terá dez dias para
encerrar o IPM.
Prisão Provisória do Indiciado
Agora vamos entender como a lei trata a questão da prisão.
Segundo o Artigo 18, do Código Processual Penal Militar (CPPM)
Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar detido, durante as investigações
policiais, até trinta dias, comunicando-se a detenção à autoridade judiciária competente. Esse prazo
poderá ser prorrogado, por mais vinte dias, pelo Comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea,
mediante solicitação fundamentada do encarregado do inquérito e por via hierárquica.
Segundo o Artigo Quinto, Inciso 61, da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) de 1988
Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos
em lei.
Em sua doutrina, o Mestre Célio Lobão tem o entendimento de que.
A medida coercitiva deverá ser comunicada ao Juiz (Juiz de Direito do Juízo Militar – AJMERJ), que após
ouvir o MP, relaxará a prisão se considerá-la ilegal. Havendo necessidade do recolhimento por mais
tempo, além dos 50 dias, compete ao Juiz decretar a prisão preventiva, mediante representação do
encarregado do inquérito ou a requerimento do MP, desde que atendidos os requisitos exigidos para a
medida cautelar.
Pelo que está regrado nesse dispositivo, o Encarregado, em tese, tem o poder de expedir ordem de
prisão ao indiciado, independente de flagrante delito, bastando, para sua formalização, simples
comunicação à autoridade competente, que no caso subentende-se, pela regra de prorrogação, ser a
autoridade delegante.
Há vários autores que defendem que esse artigo ainda está em vigor, podendo a detenção ser
determinada nos crimes militares próprios, em virtude do que dispõe o inciso 61, do Artigo Quinto da
Constituição Federal, citado acima.
Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos
em lei.
O Encarregado do IPM, caso seja necessário e justificável, poderá representar ao Juiz de Direito do Juízo
Militar pela prisão preventiva, no curso do IPM.
A prisão preventiva está prevista no Código Processual Penal Militar (CPPM). De acordo com o Artigo
254, a prisão preventiva pode ser decretada pelo Juiz de Direito do Juízo Militar ou pelo Conselho de
Justiça, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade
encarregada do inquérito policial-militar, em qualquer fase deste ou do processo, concorrendo os
requisitos seguintes;
Prova do fato delituoso E Indícios suficiente de autoria
Entretanto, de acordo com o Artigo 255, a prisão preventiva, além dos requisitos já citados, deverá
fundar-se em um dos seguintes casos.
Ofendido
Você saberá definir quem é o Ofendido em um IPM?
O Ofendido é, na verdade, a própria vítima da ação delituosa, o sujeito passivo secundário, ou seja, o
titular do direito lesado pela ação ou omissão do agente ativo.
No Código Processual Penal Militar (CPPM), os procedimentos aplicáveis ao Ofendido estão inseridos
nos artigos 311 a 313. Sempre que possível, o Ofendido deverá ser inquirido e, por determinação do
Artigo 13, deverá ser o primeiro, embora isto não possa ser entendido como uma regra impositiva e
inflexível, pelo menos no IPM. Esta regra não pode ser absoluta, até porque muitas vezes o Ofendido fica
gravemente ferido, só podendo ser ouvido algum tempo depois de instaurado o procedimento
inquisitorial, ou perdendo a própria vida.
Ao Ofendido deverá ser perguntado sobre as circunstâncias da infração penal, do tipo; quem seria ou se
presume ser o autor e as provas que possam indicar. Suas declarações devem ser reduzidas a termo,
chamado de “Termo de Depoimento”.
Testemunha
A definição de Testemunha você já deve conhecer, não é?
Mais vale a pena conferir.
Testemunha é a pessoa que atesta a veracidade de um ato ou de um fato. Logo, é quem viu ou soube
das circunstâncias em que uma determinada situação aconteceu.
No Código Processual Penal Militar (CPPM) os procedimentos sobre testemunhas estão inseridos nos
artigos 347 a 364.
Para que compareçam em dia, hora e local, a fim de serem inquiridas, as Testemunhas serão notificadas
diretamente pela autoridade. O termo próprio é esse mesmo notificação, pois não se trata de um
pedido, e sim da comunicação de uma imposição.
O comparecimento da testemunha é obrigatório, não podendo ela eximir-se, salvo impedimento
devidamente comprovado, nos casos de força maior ou outra circunstância por ela apresentada que
possa ser entendida como causa que de fato impediu-a de comparecer.
Quando se tratar de servidores públicos ou de militares, deverá ser dirigida requisição (solicitação) ao
seu chefe imediato, pedindo o seu comparecimento. No caso de militar de patente superior a do
Encarregado do IPM, mesmo assim o comparecimento será obrigatório, em função de que todo militar
quando participa de atos desta natureza está cumprindo uma determinação superior, ou seja, a ordem
expressa no ofício de apresentação.
No curso do IPM, quando uma testemunha se recusa a atender à notificação do Encarregado,
costumeiramente se deve repetir a notificação por mais duas vezes, com a finalidade de tentar
convencer a testemunha a comparecer, principalmente mostrandolhe a importância de suas declarações
para a formação da prova.
No IPM não há um número mínimo ou máximo de testemunhas a serem inquiridas. O encarregado
deverá inquirir todas as pessoas que souberem ou tiverem informações importantes sobre a infração
penal militar investigada.
Em princípio, qualquer pessoa poderá ser testemunha, independente de idade, sexo, cor, religião.
Entretanto, o ascendente, o descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, e o
irmão do Acusado, bem como pessoa que com ele tenha vínculo de adoção, salvo quando não for
possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias, estão
dispensados da obrigação legal de depor, conforme aponta o Artigo 354, do Código Processual Penal
Militar (CPPM).
Também são proibidas de depor as pessoas que em razão de função, ministério, ofício ou profissão
devam guardar segredo do que souberem, salvo se desobrigadas pela parte interessada.
O Presidente e o Vice-Presidente da República, os Governadores e Interventores dos Estados, os
Ministros de Estado, os Senadores, os Deputados Federais e Estaduais, os membros do Poder Judiciário
e do Ministério Público, o Prefeito do Distrito Federal e dos Municípios, os Secretários dos Estados, os
membros dos Tribunais de Contas da União e dos Estados, o Presidente do Instituto dos Advogados
Brasileiros e os Presidentes do Conselho Federal e dos Conselhos Secionais da Ordem dos Advogados do
Brasil;
As pessoas impossibilitadas por enfermidade ou por velhice, que serão inquiridas onde estiverem.
Sob a ótica do Artigo 352, do Código Processual Penal Militar (CPPM), no Termo de Depoimento de
Testemunha, a Testemunha deve declarar seu nome, idade, estado civil, filiação, Identidade, residência,
profissão e lugar onde exerce atividade, telefone, se é parente (e em que grau do acusado e do
ofendido), quais as suas relações com qualquer deles, e relatar o que sabe ou tem razão de saber, a
respeito do fato delituoso narrado na denúncia e circunstâncias que com o mesmo tenham pertinência,
não podendo limitar o seu depoimento à simples declaração de que confirma o que prestou no
inquérito. Sendo numerária ou referida, prestará o compromisso de dizer a verdade sobre o que souber
e lhe for perguntado.
Numerária – é o quantitativo de testemunhas previsto no Código de Processo Penal Militar (tem um
quantitativo máximo).
Referida – pessoas mencionadas nos depoimentos das testemunhas numerárias.
Antes de prestar seu depoimento, a Testemunha deverá prestar o Compromisso Legal. Compromissada,
a Testemunha será obrigada a responder as perguntas que lhe forem feitas pelo Encarregado do IPM.
Compromisso legal – é o juramento solene prestado antes do seu depoimento, em juízo ou no curso do
IPM.
O direito constitucional de ficar em silêncio aplica-se somente ao acusado. Não pratica o crime de
perjúrio somente a Testemunha que mente, mas aquela que também omite detalhes do que sabe ou se
recusa a falar o que sabe sobre a infração penal.
A critério do Encarregado do IPM, a Testemunha poderá responder as perguntas formuladas pelo
advogado do indiciado. Todas as perguntas à Testemunha serão sempre feitas pelo Encarregado. O
advogado não pode se dirigir diretamente à Testemunha ou ao Ofendido, para indagações e perguntas.
As Testemunhas deverão ser inquiridas separadamente, de modo que uma não possa presenciar ou
ouvir o que outra está declarando, ou tomar conhecimento do que já foi declarado. Pelo que regra o
Artigo 19, do Código Processual Penal Militar (CPPM), tanto a Testemunha quanto as demais pessoas a
serem ouvidas no IPM, devem ser inquiridas durante o dia, em período que medeie entre as sete e
dezoito horas, exceto em casos de urgência.
A Testemunha também não deverá ser inquirida por mais de quatro horas consecutivas, sendo lhe
facultado descanso de meia hora, caso o tempo de inquirição seja superior àquele. As inquirições não
concluídas até as dezoito horas, como regra, devem ser transferidas para o dia seguinte.
Quando a Testemunha não residir na sede dos trabalhos do IPM, não existindo forma do deslocamento
até o local mais apropriado, tanto por parte da Testemunha quanto do Escrivão e Encarregado, aquela
poderá ser inquirida através de Carta Precatória. De acordo com o Artigo 361, do Código Processual
Penal Militar (CPPM), no curso do IPM, o seu Encarregado poderá expedir Carta Precatória à autoridade
militar superior do local onde a testemunha estiver servindo ou residindo, a fim de notificá-la e inquiri-
la, ou designar Oficial que a inquira, tendo em atenção às normas de hierarquia, se a Testemunha for
militar.
Carta precatória – é o instrumento através do qual se obtém depoimento de Ofendido ou Testemunha
que resida fora da circunscrição da autoridade de Polícia Judiciária Militar.
Deprecata – é sinônimo de carta precatória
Com a Carta Precatória, o Encarregado enviará cópias da parte que deu origem ao IPM e da Portaria que
lhe determinou a instauração e os quesitos formulados para serem respondidos pela Testemunha, além
de outros dados que julgar necessários ao esclarecimento do fato. Quando se tratar de Carta Precatória
a ser expedida à Autoridade Policial Judiciária Militar de Co-irmã, o Encarregado poderá fazer a
Deprecata diretamente a ela, através da CIntPM.
Indiciado/Investigado
Até o presente momento você já é capaz de intuir a definição de Indiciado, não é? Indiciado é a
denominação que se dá ao militar alvo de investigação no IPM.
Não existe no Código Processual Penal Militar (CPPM) um procedimento próprio para o interrogatório
do Indiciado, devendo-se aplicar a este os procedimentos, no que couber, relativos ao Acusado, previsto
nos artigos 302 a 306, observando-se o Artigo 301.
Indiciado – é a qualidade do Policial Militar, no IPM, quando há evidentes indícios da prática de crime
militar.
Investigado – é a qualidade do Policial Militar, no IPM, quando não há indícios suficientes da prática de
crime militar, apenas a materialidade delitiva (aconteceu o delito, mas a autoria ainda é desconhecida).
De acordo com o Artigo 306, do Código Processual Penal Militar (CPPM), o Indiciado será perguntado
sobre o seu nome, naturalidade, estado, idade, filiação, residência, profissão ou meios de vida e lugar
onde exerce a sua atividade, além disso, se sabe ler e escrever. Respondidas essas perguntas, poderão
ainda, caso necessário, o interrogatório ser dirigido com as seguintes questões, além das elencadas pelo
Encarregado do IPM;
Onde estava ao tempo em que foi cometida a infração? Teve notícia desta e de que forma?
Conhece a pessoa ofendida e as testemunhas? (Desde quando e se tem alguma coisa a alegar contra
elas).
Conhece as provas (contra ele) apuradas? Tem alguma coisa a alegar a respeito das mesmas?
Conhece o instrumento com que foi praticada a infração ou qualquer dos objetos com ela relacionados e
que tenham sido apreendidos?
É verdadeira a imputação que lhe é feita?
Não sendo verdadeira a imputação, sabe de algum motivo particular a que deva atribuí-la ou conhece a
pessoa ou pessoas a que deva ser imputada a prática do crime? Esteve com elas antes ou depois desse
fato?
Está sendo ou já foi processado pela prática de outra infração? Em caso afirmativo, em que juízo, se foi
condenado, qual a pena imposta e se a cumpriu?
Tem quaisquer outras declarações a fazer?
Quando se tratar de confissão, esta deverá.
Ser feita perante o Encarregado do IPM;
Ser feita na presença de Testemunhas;
Ser livre, espontânea e expressa;
Versar sobre o fato principal;
Ser verossímil;
Ter compatibilidade e concordância com as demais provas do IPM.
Testemunhas do Interrogatório
Segundo o Manual de Inquérito Policial Militar e Prisão em Flagrante Delito (M5), público no Bol PM
número 163, de 14 de Outubro de 1983, é de boa técnica arrolar duas Testemunhas presenciais do
interrogatório do Investigado/Indiciado, sendo superiores hierárquicas do mesmo ou mais antigo.
RELATÓRIO
O IPM deve ter suas diligências encerradas mediante a elaboração de um Relatório pelo Encarregado.
Esse Relatório normalmente é dividido em quatro partes – Da Origem, Das Providências, Da Análise e,
finalmente, a Conclusão.
Vamos entender cada uma delas?
Introdução
O Encarregado citará
Quem determinou a instauração do IPM?
Qual o documento que delegou as atribuições de Polícia Judiciária Militar?
Quem é o Investigado/Indiciado?
Qual o fato sob apuração?
Diligências Realizadas
Devem ser relacionadas todas as medidas instrutórias adotadas pelo Encarregado. É feito, na verdade,
um resumo dos despachos, de forma cronológica, com a citação de cada providência contida neles.
Da Análise!! Tem 2 etapas; dos documentos e dos depoimentos
São a narração de como se deram os fatos sob a ótica do Encarregado. Essa narrativa deve ser feita
unicamente com base no que consta dos autos e deve apontar o dia, hora, local, meios empregados,
modo de execução e quem é o responsável por cada fase do delito.
Conclusão
O Encarregado dirá se há indícios de Infração Penal Militar e de quem é a autoria. Será analisado se há
Transgressão Disciplinar.
Nesse caso, se for de natureza grave, a indicativa de CRD, CD ou CJ, tendo como peças exordiais cópia de
todo IPM.
Abertura de outro (s) volume
De acordo com o previsto no M5, recomenda-se que cada duzentas folhas um novo volume deve ser
aberto, e que para cada novo volume deverá ser lavrado na CAPA; “TERMO DE ABERTURA DO 2, ou 3 ou
4 VOLUME”. Na hipótese de haver dois ou mais volumes no IPM, o Encarregado deverá colocar na capa
do Primeiro; “1 VOLUME”. Para que não haja quebra na seqüência lógica do processo, é permitido que
haja um desvio de até 15 folhas para a abertura de um novo volume.
Solução do IPM
É prevista nos termos do Artigo 22, Parágrafo Primeiro, do CPPM – a autoridade delegante pode
concordar ou não com o Encarregado. Se discordar, terá que haver motivação.
Remessa do IPM a AJMERJ, via Corregedoria Interna da Polícia Militar (CIntPM)
Autoridade de Polícia Judiciária Militar – Comandantes, Chefes e Diretores
Solucionado o IPM pela Autoridade de Polícia Judiciária Militar, os autos serão encaminhados a uma das
Promotorias de Justiça vinculadas a AJMERJ, nos termos do Artigo 23, do CPPM, e baseado no Artigo
Quarto, 1ª Parte, das IRRR GPGJ, n.º 971, de 31JAN01.
Observações importantes;
Central de Inquéritos – é o órgão pertencente à estrutura funcional do Ministério Público do Estado do
Rio de Janeiro.
Na hipótese de se concluir pela existência de indícios de infração penal comum, os autos do IPM
deverão ser enviados diretamente a Primeira, Segunda e Terceira
Central de Inquéritos, conforme a atribuição de cada uma delas.
Na hipótese supra, a autoridade delegante deverá enviar cópia do Relatório e da Solução à CIntPM.
As orientações acima estão previstas nas Instruções Reguladoras relacionadas à Resolução GPGJ,
número 971, de 31 de janeiro de 2001, da Procuradoria-Geral de Justiça e ao Ofício número 030 do
MPAJMERJ de 2001, que estabelecem medidas sobre procedimentos investigatórios (Bol. da PM número
083, de 07 maio 2001).
Erros mais comuns na confecção de IPM
Até aqui, nós vimos todo o caminho necessário para a elaboração de um IPM. Vamos agora atentar para
os erros mais comuns, e não deixar mais que eles ocorram, né!
Ausência de numeração, carimbo e rubrica do Escrivão no canto superior direito;
Termos – Conclusão, Despacho, Recebimento, Certidão e Juntada usados de forma incorreta;
CONCLUSÃO E CERTIDÃO AGORA SÃO CARIMBOS NO VERSO DAS PÁGINAS E NÃO SE USA MAIS O
RECEBIMENTO.
Utilização indevida do Termo de Juntada para documentos expedidos pelo Encarregado de IPM (deverá
ser Certidão), quando somente é utilizado o Termo em Comento por ocasião de documentos recebidos,
ou seja, que vem de fora;
ALGUNS DOCUMENTOS RECEBIDOS TB ENTRAM NO APENSO
Termo de Inquirição superficial, deixando de aprofundar questões relevantes como, por exemplo,
procedência de veículo, armamento, telefone celular, além da não utilização do termo de acareação por
ocasião de depoimentos contraditórios;
Falta de auditoria via GPS, quando necessário;
Falta de ficha(s) disciplinar(es) dos Investigados/Indiciados;
Utilização do termo ‘Convite’ ao invés de ‘Notificação’ (Código Processual Penal Militar (CPPM), Artigo
347);
Relatório bastante sucinto, não descrevendo de forma detalhada o que foi apurado, conforme prevê o
M-5 (Objetivo do IPM, Diligências Realizadas, Resultados Obtidos e Conclusão);
Falta de comunicação a CIntPM, quando concedida prorrogação de prazo pela Promotoria em
exercício junto a AJMERJ;
Quando da confecção do Relatório, não mencionar se houve Transgressão da Disciplina, por parte dos
envolvidos no procedimento, além de Infração Penal Militar;
Falta de perícia nos crimes que deixam vestígios, tais como – lesão corporal, homicídio, etc. (CPPM,
Artigo 328);
Não observação das medidas preliminares a serem adotadas (Código Processual Penal Militar (CPPM),
Artigo 12).
Denominação incorreta ou qualificação incompleta das pessoas ouvidas no procedimento, tais como –
declarante, envolvido, depoente, falta do CPF, do endereço ou telefone da testemunha. No IPM, o
sujeito é ouvido como “Investigado/Indiciado, Testemunha e Ofendido”, dependendo de cada situação;
Atraso na remessa dos autos a CIntPM para posterior Solução do Comandante Geral;
Termo de Encerramento de Volume (o Termo de Encerramento só se usa na fase judicial, por ordem da
autoridade judiciária competente).
Ausência de comunicação à autoridade delegante de prorrogação de prazo pelo Ministério Público.
Ordem das peças iniciais dos autos de IPM
Folha 01 – Capa com autuação;
Folha 02 – Portaria do Encarregado do IPM;
Folha 03 – Nomeação do Escrivão;
Folha 04 – Termo de Compromisso do Escrivão;
Folha 05 – Portaria determinando a instauração de IPM;
Folha ... – Demais documentos anexos à Portaria da autoridade delegante.
Folha ... – Conclusão;
Folha ... – Despacho;
Folha ...- Recebimento;
Folha... – Certidão; etc.
CONCLUSÃO
A disciplina de Prática Processual possibilita a seus operadores a noção de como desempenhar a
atividade de polícia judiciária militar, que é de suma importância à vida militar, mantendo-se os
princípios da hierarquia e da disciplina.
Neste contexto, há o exercício da polícia judiciária militar nas Forças Auxiliares pelos Oficiais, e
Subtenentes e Sargentos.
Por fim, cabe registrar que a eficiência da atividade de polícia judiciária militar passa a ser uma
ferramenta muito eficaz para que não sejam violados os pilares básicos da estrutura castrense, quais
sejam, a hierarquia e a disciplina, e, na hipótese de violação, funciona como instrumento de
restabelecimento aos prefalados princípios, como também serve como caráter inibidor a condutas
contrárias ao ordenamento jurídico.
SEGURANÇA PÚBLICA

INTRODUÇÃO

Muitos autores apontam para a necessidade de uma visão sistêmica da Segurança Pública, o que
também é reforçado pelas instâncias Federal e Estadual, tendo em vista a edição de planos específicos
para a área da Segurança Pública.
Além disso, dentre as várias abordagens teóricas das organizações que permitem tratar as questões de
segurança, criminalidade e violência; a abordagem sistêmica que descreve a Segurança Pública como um
sistema de estruturas interligadas, com certo nível de autonomia é a que mais possibilita a compreensão
dos órgãos e instituições de Segurança Pública.
Há algum tempo, esforços de pesquisa, tanto na área da História, da Sociologia e da Psicologia, vêm se
voltando para o estudo da criminalidade e da violência, de forma a elucidar o fenômeno em termos de
suas variações no tempo em relação às estruturas e processos mais amplos e de longa duração. De um
modo geral, as mudanças históricas acentuadas nos padrões de violência estariam relacionadas a duas
alterações de longo curso; as profundas mudanças culturais que modelam a sociedade moderna e a
expansão do Estado Moderno e seus aparatos de vigilância e controle social, realizadas
concomitantemente.
Poucos problemas sociais mobilizam tanto a opinião pública como a criminalidade e a violência nos dias
atuais, pois afetam toda a população, independentemente de classe, raça, credo religioso, sexo ou
estado civil. São consequências que se repercutem tanto no imaginário cotidiano das pessoas, como nas
cifras extraordinárias a respeito dos custos diretos da criminalidade violenta.
Sendo assim, é de crucial importância que o profissional de segurança pública possua uma visão
sistêmica da sua profissão, assumindo um comprometimento mais amplo, que abranja não só as ações
do órgão, mas também toda a realidade social (o sistema social), bem como o entendimento das teorias
científicas sobre a violência e a criminalidade que são utilizadas para a compreensão e investigação do
fenômeno criminoso, indagando porque determinadas pessoas são tratadas como criminosas;
vislumbrando o predomínio dos elementos sociais e situacionais sobre a personalidade e orientando na
formulação de políticas públicas.
SEGURANÇA PÚBLICA – CONCEITOS TERMOS E DEFINIÇÕES
Conceituação Essencial Inerente a Segurança Pública

Segurança Pública é um direito

Você sabia que a promulgação da Constituição Federal de 1988, apelidada de Constituição Cidadã, em
razão dos avanços sociais, modificou a semântica da Segurança Pública, quando ampliou o rol dos
direitos e das garantias individuais?
O Brasil parece ter renascido como Estado Democrático de Direito, o que não seria possível sem a
previsão de novas atribuições e responsabilidades para o Estado e para a sociedade. A segurança pública
tornou-se mais ampla, se já era garantidora de direitos inalienáveis como a Vida, a Liberdade, a
Propriedade e a Segurança, agora, assegurando a incolumidade das pessoas e do patrimônio, torna-se a
garantidora do exercício pleno da cidadania.
Logo, os instrumentos da segurança pública também mudaram para atender as novas demandas. As
políticas, as tecnologias e a legislação estão em constante transformação, na
buscadasfórmulasparaparticipação“detodos”nocontrolesocialenodesfrutedosdireitose garantias. É um novo
ambiente, onde os policiais também estão inseridos como cidadãos, inclusive os policiais militares, cabos
e soldados, que antes não podiam votar nem se alistar como candidatos, agora podem votar e ser
votados. A Lei, que é um instrumento essencial da Segurança Pública, agora garante direitos aos policiais
no exercício de suaprofissão.
O policial é um cidadão e é um servidor público.
É nesse novo contexto que vamos estudar as atribuições dos órgãos de segurança pública que atuam no
Estado do Rio de Janeiro.
Segurança Pública é um assunto multidisciplinar, extenso e complexo, indissociável das questões
políticas e sociais, presente em temas sociológicos essenciais como; Globalização, Administração
Pública, Educação, Segurança Social, Economia, Segregação Social (discriminação de todas as ordens);
Criminalização, Miséria, Política, Corrupção, Tortura, Direito da Mulher, Crianças e Adolescentes,
Violência, Controle Demográfico, Controle Populacional, Diversão Pública, Práticas esportivas, Trânsito,
Imigração, Comércio, etc.
A segurança pública é um dos pilares da organização social e a sua problemática está associada às
diversas outras áreas, como; educação, saúde, direitos, economia eetc.
Vamos tratar do assunto da forma mais sintética possível com o objetivo de entender a missão
constitucional e o funcionamento dos órgãos policiais, em particular, no Estado do Rio de Janeiro, a
partir das políticas nacionais e estaduais de segurançapública.
Para prosseguir é necessário o entendimento de alguns termos de relevante significância para a palavra
SEGURANÇA, que não deve ser entendida de maneira incerta ou aplicada fora do contexto;
Sargento, você saberia o significado da palavra “segurança”? E “insegurança”? Que tal aprender?

Segurança – estado, qualidade ou condição de quem ou do que estão livres de perigos, incertezas,
assegurado de danos e riscos eventuais; situação em que nada há a temer.
Insegurança – sensação ou sentimento de não estar protegido, seguro.
Segurança enquanto atividade estatal deve ser entendida por “garantia”.
É nítida que para as pessoas segurança é um estado, uma sensação positiva de bem-estar e de
tranquilidade que se apresenta em grau variável, que quando abaixo da linha de conforto, pode gerar o
estresse, desconforto, medo, inquietude e hesitação.
Segurança e Defesa
Cabe considerar que a segurança pode ser enfocada a partir do indivíduo, da sociedade e do Estado, do
que resultam definições com diferentes perspectivas.
Preservar a segurança requer medidas de largo espectro, envolvendo, além da defesa externa; a defesa
civil, a segurança pública e as políticas econômica, social, educacional, científico - tecnológica,
ambiental, de saúde, industrial e etc.
A segurança, em linhas gerais, é a condição em que o Estado, a sociedade ou os indivíduos se sentem
livres de riscos, pressões ou ameaças, inclusive de necessidades extremas. Por sua vez, defesa é a ação
efetiva para se obter ou manter o grau de segurança desejado.
A Segurança social
Está diretamente relacionada justiça social e a conquista da cidadania; violência urbana, desemprego,
analfabetismo, saneamento básico e etc.
A justiça social é o foco da segurança social.

Segurança Humana

É um conceito desenvolvido no contexto das relações internacionais, com base no humanitarismo, que
introduz o ser humano no centro das políticas e como fonte essencial do direito. Significa também
proteger as liberdades vitais e as pessoas expostas a ameaças e a certas situações.
A segurança contra o crime é apenas um dos aspectos da segurança Humana.

Outras definições para Segurança Pública

A segurança pública não é atividade exclusiva de polícia. Observando no Artigo 144 da Constituição
Federal, complementado pela Lei número 13.675, de 11 de julho de 2018, fica estabelecido que a
segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, compreendendo a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no âmbito das competências e atribuições legais de cada um
é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.
A Segurança Pública não pode ser tratada apenas através de ações policiais preventivas e repressivas, do
aparato penal, da fiscalização e aplicação da Lei, ou seja vai muito além das competências policiais;
“Asegurançapúblicaéumprocessosistêmicoeotimizadoqueenvolveumconjuntodeações públicas e
comunitárias, visando assegurar a proteção do indivíduo e da coletividade e a ampliação da justiça da
punição, recuperação e tratamento dos que violam a lei, garantindo direitos e cidadania a todos. Um
processo sistêmico porque envolve, num mesmo cenário, um conjunto de conhecimentos e ferramentas
de competência dos poderes constituídos e ao alcance da comunidade organizada, interagindo e
compartilhando visão, compromissos e objetivos comuns; e otimizado porque depende de decisões
rápidas e deresultados imediatos”.
A Ordem Pública a Segurança Pública e a Defesa Pública
No dizer de Lazzarini (2003), que reconhece a vagueza dos conceitos, segurança pública seria uma das
causas da ordem pública, assim como a tranquilidade pública e a salubridade pública. Ordem pública, por
sua vez, abarca a ordem administrativa em geral, podendo compreender a ordem pública propriamente
dita, a saúde, a segurança, a moralidade e a tranquilidade públicas, assim como a boa-fé nos negócios.
Restringindo o conceito, o autor associa segurança pública ao estado antidelitual que resulta da
observância dos preceitos tutelados pelas normas penais, com ações de polícia preventiva ou de
repressão imediata, afastando-se, assim, por meio de organizações próprias, de todo perigo, ou de todo
mal que possa afetar a ordem pública, em prejuízo da vida, da liberdade ou dos direitos de propriedade
das pessoas, limitando as liberdades individuais, estabelecendo que a liberdade de cada pessoa, mesmo
em fazer aquilo que a lei não lhe veda, não pode ir além da liberdade assegurada aos demais,
ofendendo-a. Essa visão da segurança pública integra-se com o de segurança interna, no aspecto de
preservação da ordem pública, em oposição à segurança interna territorial, assim como a segurança
externa, cuja responsabilidade toca às Forças Armadas.
Classificando os níveis de segurança nos âmbitos individual, comunitário, nacional e coletivo, o manual
da Escola Superior de Guerra passa a conceituar ordem pública, segurança pública e defesa pública, nos
seguintes termos;
“OrdempúblicaéasituaçãodetranquilidadeenormalidadecujapreservaçãocabeaoEstado, às instituições e aos
membros da sociedade, consoante às normas jurídicas legalmente estabelecidas”.
“Segurançapúblicaéagarantiadamanutençãodaordempública,medianteaaplicaçãodo
poderdepolícia,prerrogativadoEstado”.
“Defesapúblicaéoconjuntodemedidas,atitudese ações, coordenadas pelo Estado, mediante aplicação do
poder de polícia, parasuperar
ameaçasespecíficasàordempública”.Entendemosquesegurançapúblicadeveservistacomo uma situação
desejável e não uma função. Dessa noção resulta que os atuais chamados órgãos de segurança pública
são órgãos de execução da defesa social, normalmente incluídosna
denominaçãogenéricade“polícia”,queatuam,entreoutrosórgãos,paraaproteçãointegral da população, visando
à segurança pública. Esses órgãos possuem e utilizam a força, em nome do Estado, na vertente de ação
de segurança pública nos termos apropriados pela Constituição Federal de 1988, isto é, como segmento
inicial do sistema de persecução criminal.
A Tranquilidade pública, Salubridadepública.
Agora que você já sabe o conceito de Segurança Pública. Vamos aprender os conceitos de Tranquilidade
pública e Salubridadepública?
Tranquilidade pública; clima de convivência pacífica e bem-estar social, onde reina a normalidade das
coisas, isenta de sobressaltos ou aborrecimentos. É a paz pública nas ruas.
A definição de tranquilidade pública não depende de uma garantia estatal nem está condicionada a
observação das leis.
Salubridade pública; situação em que se mostram favoráveis às condições de vida, sob os aspectos
sanitários. A salubridade decorre do bem estar físico e moral da coletividade, decorrente da convivência
saudável e harmoniosa no desfrute da perfeita organização social.
Nesse sentido analisando a ordem pública, ainda segundo os argumentos de Lazzarini (2003), que explica
a referida como sendo um estado antidelitual, onde há observância dos códigos, através de ações de
polícia preventiva e repressiva, afastando qualquer perigo, restringindo as liberdades individuais, para
que seja assegurada a liberdade dos demais da sociedade.
A Segurança Pública é a garantia dos direitos sociais
Até a promulgação da Constituição Cidadã, a missão precípua da PMERJ era a manutenção da ordem
pública, que segundo o Decreto Federal número 88.777 de 1983 (R 200), tinha como definição;
O exercício dinâmico do poder de polícia, no campo da segurança pública, é manifestado por atuações
predominantemente ostensivas, visando a prevenir, dissuadir, coibir ou reprimir eventos que violem a
ordem pública.
O reconhecimento de direitos e garantias fundamentais permeia todo o texto constitucional, mas está
presente principalmente no Título Dois, sendo subdividido em cinco capítulos;
Um – Os direitos e deveres individuais e coletivos;

Dois – Os direitos sociais;

Três– Danacionalidade;
Quatro – Os direitospolíticos;

Cinco – Os partidospolíticos.

O caput do artigo Quinto – Privilegia a garantia da inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à


igualdade, à segurança e à propriedade, consubstanciando tais direitos por meio de setenta e oito
incisos.
A Segurança Pública, com sua nova significância, ultrapassa as definições com fulcros na intervenção
estatal, ficando claro que é também um direito inalienável que garante outras conquistas e uma
obrigação de todos derivada da Democracia numa nova expressão de cidadania, expressos mais
claramente nos Artigos Quinto e Sexto da Constituição Cidadã;
Artigo Quinto – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos seguintes termos;
Inciso Um – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
Inciso Dois - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Inciso Três - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
Inciso Quatro - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
Inciso Cinco - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano
material, moral ou à imagem;
Inciso Seis - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
Inciso Sete - é assegurado, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e
militares de internação coletiva;
Inciso Oito - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica
ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
prestação alternativa, fixada em lei;
Inciso Nove - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença;
Inciso Dez - é inviolável a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Inciso Onze - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
por determinação judicial; (Vide Lei número 13.105, de 2015), (Vigência).
Inciso Doze - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei Número 9.296, de
1996).
Inciso Treze - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer;
Inciso Quatorze - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando
necessário ao exercício profissional;
Inciso Quinze - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa,
nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
Inciso Dezesseis - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
Inciso Dezessete - é pleno a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
Inciso Dezoito - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
Inciso Dezenove - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
Inciso Vinte - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
Inciso Vinte e Um - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
Inciso Vinte e Dois - é garantido o direito de propriedade;
Inciso Vinte e Três - a propriedade atenderá a sua função social;
Inciso Vinte e Quatro - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados
os casos previstos nesta Constituição;
Inciso Vinte e Cinco - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
Inciso Vinte e Seis - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela
família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva,
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
Inciso Vinte e Sete - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de
suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
Inciso Vinte e Oito - são assegurados, nos termos da lei;
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas,
inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
Inciso Vinte e Nove - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de
empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico
e econômico do País;
Inciso Trinta - é garantido o direito de herança;
Inciso Trinta e Um - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira
em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal
do "de cujus";
Inciso Trinte e Dois - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Inciso Trinta e Três - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado; (Regulamento), (Vide Lei Número 12.527, de 2011).
Inciso Trinta e Quatro - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas;
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de
poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
situações de interesse pessoal;
Inciso Trinta e Cinco - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
Inciso Trinta e Seis - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
Inciso Trinta e Sete - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
Inciso Trinta e Oito - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados;
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
Inciso Trinta e Nove - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
Inciso Quarenta - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Inciso Quarenta e Um - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades
fundamentais;
Inciso Quarenta e Dois - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena
de reclusão, nos termos da lei;
Inciso Quarenta e Três - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática
da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
(Regulamento)
Inciso Quarenta e Quatro - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis
ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
Inciso Quarenta e Cinco - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e
contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
Inciso Quarenta e Seis - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes;
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
Inciso Quarenta e Sete - não haverá penas;
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do artigo 84, Inciso dezenove;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
Inciso Quarenta e Oito - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza
do delito, a idade e o sexo do apenado;
Inciso Quarenta e Nove - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
Inciso Cinquenta - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus
filhos durante o período de amamentação;
Inciso Cinquenta e Um - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
Inciso Cinquenta e Dois - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
Inciso Cinquenta e Três - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
Inciso Cinquenta e Quatro - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal;
Inciso Cinquenta e Cinco - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Inciso Cinquenta e Seis - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
Inciso Cinquenta e Sete - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;
Inciso Cinquenta e Oito – O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas
hipóteses previstas em lei; (Regulamento)
Inciso Cinquenta e Nove – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal;
Inciso Sessenta - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da
intimidade ou o interesse social o exigirem;
Inciso Sessenta e Um - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei;
Inciso Sessenta e Dois - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
Inciso Sessenta e Três - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
Inciso Sessenta e Quatro - O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial;
Inciso Sessenta e Cinco - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
Inciso Sessenta e Seis - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança;
Inciso Sessenta e Sete - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
Inciso Sessenta e Oito - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado
de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
Inciso Sessenta e Nove - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
Inciso Setenta - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por;
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há
pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
Inciso Setenta e Um - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
Setenta e Dois - conceder-se-á "habeas-data";
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo;
Inciso Setenta e Três - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
custas judiciais e do ônus da sucumbência;
Inciso Setenta e Quatro – O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;
Inciso Setenta e Cinco – O Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar
preso além do tempo fixado na sentença;
Inciso Setenta e Seis - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei; (Vide Lei Número
7.844, de 1989)
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
Inciso Setenta e Sete – São gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os
atos necessários ao exercício da cidadania. (Regulamento)
Inciso Setenta e Oito - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração
do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda
Constitucional Número 45, de 2004), (Vide ADIN 3392).
Inciso Setenta e Nove - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos dados pessoais,
inclusive nos meios digitais. (Incluído pela Emenda Constitucional Número 115, de 2022)
Parágrafo Primeiro – As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação
imediata.
Parágrafo Segundo – Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
República Federativa do Brasil seja parte.
Parágrafo Terceiro – Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda
Constitucional Número 45, de 2004), (Vide ADIN 3392), (Vide Atos decorrentes do disposto no Parágrafo
Terceiro do artigo Quinto da Constituição) 
Parágrafo Quarto – O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha
manifestado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional Número 45, de 2004)
Artigo Sexto – São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados,
na forma desta Constituição.
As mudanças conceituais supracitadas nos conduzem a três reflexos para a atividade policial;
1) A polícia deve reconhecer o cidadão como sujeito dedireitos;
2) O cidadão tem deveres para com a segurança pública;e
3) O policial também é um cidadão e precisa ter seus direitos assegurados para que compreenda e
respeite os direitos dos demaiscidadãos.
Quanto ao primeiro aspecto, tornou-se imprescindível que as forças policiais no Brasil se adequassem à
nova realidade; ser instrumento a serviço do cidadão. A corporação policial faz parte da comunidade e,
portanto, defende os interesses dos cidadãos, e não os do Estado ou de dado governo; “Da antiga
mentalidade militar, a polícia moderna evolui para um perfil democrático, aberto e próximo ao cidadão e
à comunidade, em defesa de sua dignidade e de seus direitos”, segundo Rodrigues.
Segurança Nacional é um assunto muito importante e definidor da política governamental tratando-se
de um conjunto de normas garantidoras da consecução dos objetivos nacionais contra antagonismos,
tanto internos como externos.
No caso brasileiro, o Artigo Primeiro da Lei número 7170 de 14 de dezembro de 1983 (Lei de Segurança
Nacional), define os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social, estabelece seu
processo e julgamento e dá outras providências.
Prevê os crimes que lesam ou expõem a perigo de lesão;
Inciso UM – A integridade territorial e a soberania nacional;
Inciso Dois – O regime representativo e democrático, a Federação e o Estado de Direito;

Inciso Três – A pessoa dos chefes dos Poderes da União.

Segurança e Defesa Nacional


Para efeito da Política Nacional de Defesa são adotados os seguintes conceitos;
Um – Segurança é a condição que permite ao País preservar sua soberania e integridade territorial,
promover seus interesses nacionais, livre de pressões e ameaças, e garantir aos cidadãos o exercício de
seus direitos e deveres constitucionais; e
Dois – Defesa Nacional é o conjunto de medidas e ações do Estado, com ênfase no campo militar, para a
defesa do território, da soberania e dos interesses nacionais contra ameaças preponderantemente
externas, potenciais oumanifestas.
POLÍTICAS NACIONAIS DE SEGURANÇA PÚBLICA
Sargento,vocêjáouviufalarem“POLÍTICASNACIONAISDESEGURANÇAPÚBLICA”?Sabeoque é? Vamos aprender?
Histórico Recente das Políticas Nacionais de Segurança Pública

Criação da Secretaria Nacional de Segurança Pública

O governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, tendo em vista os desdobramentos da


Conferência Mundial de Direitos Humanos, ocorrida em Viena, em 1993, cria, em 1996, o Programa
Nacional de Direitos Humanos (PNDH), aperfeiçoando-o em 2000, com a instituição do Segundo
Programa Nacional de Direitos Humanos, após a Quarta conferência Nacional de Direitos Humanos,
ocorrida em 1999.
Demonstrando disposição em reorganizar o arranjo e a gestão da segurança pública, o Governo Federal,
cria, em 1995, no âmbito do Ministério da Justiça, a Secretaria de Planejamento de Ações Nacionais de
Segurança Pública (Seplanseg), transformando a, no ano de 1998, em Secretaria Nacional de Segurança
Pública (Senasp), tendo como perspectiva atuar de forma articulada com os estados da federação para a
implementação da política nacional de segurança pública.
A instituição da Senasp, como órgão executivo, significou a estruturação de mecanismos de gestão
capazes de modificar o arranjo institucional da organização administrativa da segurança pública no
âmbito governamental federal. Surgiu, então, o Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP), voltado
para o enfrentamento da violência no país, especialmente em áreas com elevados índices de
criminalidade, tendo como objetivo aperfeiçoar as ações dos órgãos de segurança pública.
O Plano Nacional de Segurança Pública de 2000 é considerado a primeira política nacional e democrática
de segurança focada no estímulo à inovação tecnológica;

Alude ao aperfeiçoamento do sistema de segurança pública através da integração de políticas de


segurança, sociais e ações comunitárias, com a qual se pretende a definição de uma nova segurança
pública e, sobretudo, uma novidade em democracia.
A política de segurança pública implantada pelo governo Lula surgiu em 2001, a partir da elaboração, por
parte da ONG Instituto da Cidadania, do Projeto de Segurança Pública para o Brasil, que serviu de base
para o programa de governo durante a disputa eleitoral em 2002. A ideia primordial era reformar as
instituições da segurança pública e implantar o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) para atuar de
forma articulada, por meio de políticas preventivas, principalmente voltadas para a juventude.
Efetivamente, a inovação tecnológica é fundamental para que os instrumentos utilizados por parte dos
operadores da segurança pública possam ser eficazes e eficientes. Neste aspecto, essa proposta do PNSP
pode ser considerada extremamente estratégica.
A SENASP vai para Ministério da Segurança Pública
No governo de Michel Temer, após o impeachment de Dilma Rousseff, foi criado um novo Ministério. A
então Secretaria Nacional de Segurança Pública - SENASP do Ministério da Justiça passou a integrar esta
nova Pasta, denominada; Ministério da Segurança Pública, desmembrando então, atribuições da pasta
da Justiça.
Nasce o Ministério da Justiça e da Segurança Pública
Em edição extra do Diário Oficial da União, em 1 de janeiro de 2019, foi publicado o decreto que trata da
vinculação das entidades da administração pública federal indireta. Dentre a diminuição, foram também,
feitas fusões ministeriais, por exemplo; Ministério da Economia fusão entre Fazenda, Planejamento,
Trabalho e Indústria e Comércio. Nessa esteira, em que pese à criação, pela medida Provisória número
821, convertida na Lei número 13.690, houve a fusão do Ministério da Justiça e do Ministério da
Segurança Pública, que passou a ser chamado de Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social
A Lei Número 13.675, de 11 de junho de 2018, disciplina a organização e o funcionamento dos órgãos
responsáveis pela segurança pública, nos termos do Parágrafo Sétimo do Artigo 144 da Constituição
Federal; institui o Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e cria a Política Nacional de Segurança
Pública e Defesa Social (PNSPDS), com a finalidade de preservação da ordem pública e da incolumidade
das pessoas e do patrimônio, por meio de atuação conjunta, coordenada, sistêmica e integrada dos
órgãos de segurança pública e defesa social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
em articulação com a sociedade.
O Artigo Segundo da Lei Número 13.675, reafirma a determinação do caput do Artigo 144 da
Constituição Federal; “A segurança pública é dever do Estado e responsabilidade de todos,
compreendendo a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no âmbito das competências e
atribuições legais decada um.”.
Compete à União estabelecer a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) e aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer suas respectivas políticas, observadas as
diretrizes da política nacional, especialmente para análise e enfrentamento dos riscos à harmonia da
convivência social, com destaque às situações de emergência e aos crimes interestaduais e
transnacionais.
A Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) tem entre outras finalidades,
fortalecer "as ações de prevenção e resolução pacífica de conflitos, priorizando políticas de redução da
letalidade violenta, com ênfase para os grupos vulneráveis". A política estabelecida pela União e está
prevista para durar dez anos. Caberá aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios estabelecerem
suas respectivas políticas a partir das diretrizes do plano nacional.
A PNSPDS será implementada por estratégias que garantam integração, coordenação e cooperação
federativa, interoperabilidade, liderança situacional, modernização da gestão das instituições de
segurança pública, valorização e proteção dos profissionais, complementaridade, dotação de recursos
humanos, diagnóstico dos problemas a ser enfrentada, excelência técnica,

avaliação continuada dos resultados e garantia da regularidade orçamentária para execução de planos e
programas de segurança pública. (Lei número 13.675).
Com as novas regras, criadas pela Lei Federal, os órgãos de segurança pública das diferentes esferas de
atribuições, atuarão de forma cooperativa, sistêmica e harmônica. Essa integração irá fortalecer as ações
de combate à criminalidade.
Você sabia que o Sistema Único de Segurança Pública (Susp), que tem como órgão central o Ministério
Extraordinário da Segurança Pública e é integrado pelos órgãos de que trata o Artigo 144 da Constituição
Federal, pelos agentes penitenciários, pelas guardas municipais e pelos demais integrantes estratégicos e
operacionais, que atuarão nos limites de suas competências, de forma cooperativa, sistêmica e
harmônica?
Artigo Nono – É instituído o Sistema Único de Segurança Pública (Susp), que tem como órgão central o
Ministério Extraordinário da Segurança Pública e é integrado pelos órgãos de que trata o artigo 144 da
Constituição Federal, pelos agentes penitenciários, pelas guardas municipais e pelos demais integrantes
estratégicos e operacionais, que atuarão nos limites de suas competências, de forma cooperativa,
sistêmica e harmônica.
Parágrafo Primeiro - São integrantes estratégicos do Susp;
Inciso Um – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por intermédio dos respectivos
Poderes Executivos;
Inciso Dois – os Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social dos três entes federados.
Parágrafo Segundo – São integrantes operacionais do Sistema Único de Segurança Pública (Susp);
Inciso Um – polícia federal;
Inciso Dois – polícia rodoviária federal;
Inciso Três – (VETADO);
Inciso Quatro – polícias civis;
Inciso Cinco – polícias militares;
Inciso Seis – corpos de bombeiros militares;
Inciso Sete – guardas municipais;
Inciso Oito – órgãos do sistema penitenciário;
Inciso Nove – (VETADO);
Inciso Dez – institutos oficiais de criminalística, medicina legal e identificação;
Inciso Onze – Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp);
Inciso Doze – secretarias estaduais de segurança pública ou congêneres;
Inciso Treze – Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec);
Inciso Quatorze – Secretaria Nacional de Política Sobre Drogas (Senad);
Inciso Quinze – agentes de trânsito;
Inciso Dezesseis – - guarda portuária.
Inciso Dezessete – (VETADO). (Incluído pela Lei número 14.531 de 2023)
Parágrafo Terceiro – (VETADO).
Parágrafo Quarto – Os sistemas estaduais, distrital e municipais serão responsáveis pela implementação
dos respectivos programas, ações e projetos de segurança pública, com liberdade de organização e
funcionamento, respeitado o disposto nesta Lei.
São integrantes estratégicos do Susp;
1) A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por intermédio dos respectivos
PoderesExecutivos;
2) Os Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social dos três entes federados. De acordo com o Artigo
Nono, da Lei Número 13.675, são integrantes operacionais do Susp;
1 – Polícia Federal;

2 – Polícia Rodoviária Federal;

3 – Vetado;

4 – Polícias civis;
5 – Polícias militares;
6 – Corpos de bombeiros militares;

7 – Guardas municipais;

8 – Órgãos do sistema penitenciário;

9 – Vetado;
10 – Institutos oficiais de criminalística, medicina legal e identificação;
11 – Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp);
12 – Secretarias estaduais de segurança pública ou congêneres;
13 – Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec);
14 – Secretaria Nacional de Política Sobre Drogas (Senad);
15 – Agentes de trânsito;
16 - Guarda Portuária.
Os sistemas estaduais, distrital e municipais serão responsáveis pela implementação dos respectivos
programas, ações e projetos de segurança pública, com liberdade de organização e funcionamento,
respeitado o disposto na Lei Número 13.675.
A segurança pública continua atribuição de estados e municípios. A partir de agora, a União criará as
diretrizes que serão compartilhadas em todo o País. As unidades da Federação assinarão contratos de
gestão com a União, que obrigará o cumprimento das metas como a redução dos índices de homicídio e
a melhoria na formação depoliciais.
Atribuições do Susp
O Susp tem um papel maior do que transferir recursos para os estados. Ele garante a integração de
dados, prevê políticas que melhorem a qualidade de vida dos agentes de segurança e dá mais
transparência aos repasses de recursos.
“EleécriadoporqueaConstituiçãonãotrouxeumsistemadesegurançapúblicaintegrado entre os estados e a
União. O recurso do fundo não vai sustentar toda a segurança pública de
todososestados,masvaicontribuircomaintegraçãodedados”,destacoua Coordenadorado Grupo de Atuação
Especializado em Segurança Pública.
Funcionamento
Os órgãos de segurança do sistema realizarão operações combinadas. Elas poderão ser ostensivas,
investigativas, de inteligência ou mistas e contar com a participação de outros órgãos, não
necessariamente vinculados diretamente aos órgãos de segurança pública e defesa social –
especialmente quando se tratar de enfrentamento a organizações criminosas.
Integração
Uma das medidas previstas na lei para promover a integração é a criação de uma unidade de registro de
ocorrência policial, além de procedimentos de apuração e o uso de sistema integrado de informações e
dados eletrônicos.
Locais
A lei estabelece que os órgãos do Susp poderão atuar de forma integrada em vias urbanas, rodovias,
terminais rodoviários, ferrovias e hidrovias federais, estaduais, distrital ou municipais, portos e
aeroportos.
Especialização
Para garantir a qualificação dos profissionais de segurança pública e defesa social, haverá abertura de
vagas em cursos de especialização, aperfeiçoamento e estudos estratégicos.
Responsabilidade dos Estados e dos Municípios
A segurança pública continua atribuição de estados e municípios. A partir de agora, a União criará as
diretrizes que serão compartilhadas em todo o País. As unidades da Federação assinarão contratos de
gestão com a União, que obrigará o cumprimento das metas como a redução dos índices de homicídio e
a melhoria na formação de policiais.
Com isso, as atividades da Secretaria Executiva do Conselho de Segurança Pública, no Rio de Janeiro, são
de responsabilidade das secretarias de Estado de Polícia Militar, de Polícia Civil, sem anular a
participação de outros órgãos afetos a segurança pública e das Guardas Municipais e de outros órgãos.
AS ATRIBUIÇÕES DA POLÍCIA FEDERAL, DA POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL E DAS FORÇAS ARMADAS NA
SEGURANÇA PÚBLICA.
Sargento, você saberia dizer quais são as Atribuições das Polícias Federais e das Forças Federais na
segurança pública? Vamos aprender?
As forças policiais federais, a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) estão subordinadas
ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) é um órgão da administração pública federal direta, que
tem dentre suas competências a defesa da ordem jurídica, dos direitos políticos e das garantias
constitucionais; a coordenação do Sistema Único de Segurança Pública; e a defesa da ordem econômica
nacional e dos direitos do consumidor. O MJSP atua também no combate ao tráfico de drogas e crimes
conexos, inclusive por meio da recuperação de ativos que financiem essas atividades criminosas ou dela
resultem, bem como na prevenção e combate à corrupção, à lavagem de dinheiro e ao financiamento do
terrorismo.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) atua no Sistema de Segurança Pública Brasileira,
através de diversos órgãos singulares, dentre eles a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal
(PRF), que serão estudadas nesta aula e de diversos órgãos de assistência direta e imediata ao Ministro
de Estado da Justiça e Segurança Pública.
Planos integrados de segurança
A Secretaria Nacional da Segurança Pública (Senasp), é o órgão do Ministério da Justiça que tem como
competências principais e resumidas implementar, acompanhar e avaliar as políticas e programas
nacionais voltados para a segurança pública. Cabe ainda a essa Secretaria incentivar os órgãos estaduais
e municipais a elaborarem planos integrados de segurança, além de fortalecer e integrar os órgãos
responsáveis pela segurança nos estados, no Distrito Federal e municípios.
Sistema Brasileiro de Segurança
Você sabia que o Sistema Brasileiro de Segurança é um programa compatível com as competências e as
diferentes atribuições das policias, uma vez que existe mais de uma com atribuições diferentes,
elaborado com base no texto da Constituição da Republica Federativa do Brasil (Constituição da
Replública Federativa do Brasil DE 1988)?
Vamos veras principais competências e atribuições das forças federais que compões o Sistema de
Segurança Brasileiro; Policia Federal; Policia Rodoviária federal; Forças Armadas.
Polícia Federal
A Polícia Federal, subordinada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, instituída por lei como órgão
permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira e conforme o Decreto 9662 de
Primeiro de janeiro de 2019, cabe às competências estabelecidas no Parágrafo Primeiro do Artigo 144 da
Constituição, e, especificamente;

Inciso UM – A purar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços
e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, além deoutras infrações
cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, conforme
previsto em lei;
Inciso Dois - Prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas e o contrabando e o
descaminho de bens e de valores, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas suas
áreas decompetência;
Inciso Três – Exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;

Inciso Quatro – Exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária daUnião;

Inciso Cinco – Coibir a turbação e o esbulho possessório dos bens e dos próprios da União e das
entidades integrantes da administração pública federal, sem prejuízo da manutenção da ordem pública
pelas polícias militares dos Estados e do Distrito Federal;e
Inciso Seis – Acompanhar e instaurar inquéritos relacionados com os conflitos agrários ou fundiários e
aqueles deles decorrentes, quando se tratar de crime de competência federal, além de prevenir e
reprimir essescrimes.
Polícia Rodoviária Federal
À Polícia Rodoviária Federal, órgão permanente, integrante da estrutura regimental do Ministério da
Justiça e Segurança Pública, no âmbito das rodovias federais, que segundo o Artigo 47, do Decreto 9662
de Primeiro de janeiro de 2019, cabe exercer as competências estabelecidas no Parágrafo Segundo do
Artigo 144 da Constituição, no Artigo 20 da Lei Número 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código
Nacional de Trânsito), no Decreto Número 1.655, de 3 de outubro de 1995, e, especificamente;
Inciso UM – Planejar, coordenar e executar o policiamento, a prevenção e a repressão de crimes nas
rodovias federais e nas áreas de interesse da União;
Inciso Dois – Exercer os poderes de autoridade de trânsito nas rodovias e nas estradasfederais;
Inciso Executar – Executar o policiamento, a fiscalização e a inspeção do trânsito e do transporte de
pessoas, cargas ebens;
Inciso Quatro – Planejar e executar os serviços de prevenção de acidentes e salvamento de vítimas nas
rodovias e nas estradasfederais;
Inciso Cinco – Realizar perícias de trânsito, levantamentos de locais, boletins de ocorrências,
investigações, testes de dosagem alcoólica e outros procedimentos estabelecidos em leis e
regulamentos, imprescindíveis à elucidação dos acidentes detrânsito;
Inciso Seis – Assegurar a livre circulação das rodovias e das estradas federais, notadamente em casos de
acidentes de trânsito, manifestações sociais e calamidadespúblicas;
Inciso Sete – Manter articulação com os órgãos de trânsito, transporte, segurança pública, inteligência e
defesa civil, para promover o intercâmbio deinformações;
Inciso Oito – Executar, promover e participar das atividades de orientação e educação para a segurança
no trânsito, além de desenvolver trabalho contínuo e permanente de prevenção de acidentes de
trânsito;
Inciso Nove – Informar ao órgão de infraestrutura sobre as condições da via, da sinalização e dotráfego
que possam comprometer a segurança do trânsito, além de solicitar e adotar medidas emergenciais à
suaproteção;
Inciso Dez – Credenciar, contratar, conveniar, fiscalizar e adotar medidas de segurança relativas aos
serviços de recolhimento, remoção e guarda de veículos e animais e escolta de transporte de produtos
perigosos, cargas superdimensionadas e indivisíveis;e
Inciso Onze – Planejar e executar medidas de segurança para a escolta dos deslocamentos do Presidente
da República, do Vice-Presidente da República, dos Ministros de Estado, dos Chefes de Estado, dos
diplomatas estrangeiros e de outras autoridades, nas rodovias e nas estradas federais, e em outras áreas,
quando solicitado pela autoridadecompetente.
De acordo com o Artigo 20, do Código Nacional de Trânsito Compete à Polícia Rodoviária Federal, no
âmbito das rodovias e estradas federais;
Inciso UM – Cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito de suasatribuições;
Inciso Dois – Realizar o patrulhamento ostensivo, executando operações relacionadas com a segurança
pública, com o objetivo de preservar a ordem, incolumidade das pessoas, o patrimônio da União e o de
terceiros;
Inciso Três – Aplicar e arrecadar as multas impostas por infrações de trânsito, as medidas administrativas
decorrentes e os valores provenientes de estada e remoção de veículos, objetos, animais e escolta de
veículos de cargas superdimensionadas ouperigosas;
Inciso Quatro – Efetuar levantamento dos locais de acidentes de trânsito e dos serviços de atendimento,
socorro e salvamento devítimas;
Inciso Quinto – Credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar medidas de segurança relativas aos
serviços de remoção de veículos, escolta e transporte de cargaindivisível;
Inciso Sexto – Assegurar a livre circulação nas rodovias federais, podendo solicitar ao órgão rodoviário a
adoção de medidas emergenciais, e zelar pelo cumprimento das normas legais relativas ao direito de
vizinhança, promovendo a interdição de construções e instalações nãoautorizadas;
Inciso Sétimo – Coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre acidentes de trânsito e suas causas,
adotando ou indicando medidas operacionais preventivas e encaminhando-os ao órgão
rodoviáriofederal;
Inciso Oitavo – Implementar as medidas da Política Nacional de Segurança e Educação deTrânsito;
Inciso Nono – Promover e participar de projetos e programas de educação e segurança, de acordo com
as diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN;
Inciso Décimo – Integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito para fins de
arrecadação e compensação de multas impostas na área de sua competência, com vistas à unificação do
licenciamento, à simplificação e à celeridade das transferências de veículos e de prontuários de
condutores de uma para outra unidade da Federação;
Inciso Décimo Primeiro – Fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído produzidos pelos veículos
automotores ou pela sua carga, de acordo com o estabelecido no Artigo 66, além dedar apoio, quando
solicitado, às ações específicas dos órgãosambientais.
Órgãos da Defesa Nacional Atuando na Segurança Pública
As Forças Armadas são subordinadas ao Ministro de Estado da Defesa, dispondo de estruturas próprias.
No campo da Segurança Pública, entre outras missões, cabe às Forças Armadas;
Como atribuição subsidiária geral, cooperar com o desenvolvimento nacional e a defesa civil, na forma
determinada pelo Presidente da República;
As Operações de Garantia de Lei e da Ordem.
Realizadas exclusivamente por ordem expressa da Presidência da República, as missões de Garantia da
Lei e da Ordem (GLO) ocorrem nos casos em que há o esgotamento das forças tradicionais de segurança
pública (Artigo 144 da Constituição Federal), em graves situações de perturbação da ordem.
Nessas ações, as Forças Armadas agem de forma episódica, em área restrita e por tempo limitado, com o
objetivo de preservar a ordem pública, a integridade da população e garantir o funcionamento regular
das instituições.
A decisão sobre o emprego excepcional das tropas é feita pela Presidência da República, por motivação
ou não dos governadores ou dos chefes dos demais poderes constitucionais.
As tropas atuarão por meio de ações preventivas e repressivas, preservadas as competências exclusivas
das polícias judiciárias, na faixa de fronteira terrestre, no mar e nas águas interiores,
independentemente da posse, da propriedade, da finalidade ou de qualquer gravame que sobre ela
recaia, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou em coordenação com outros
órgãos do Poder Executivo, executando, dentre outras, as ações de;
Inciso Um–Patrulhamento;
Inciso Dois – Revista de pessoas, de veículos terrestres, de embarcações e de aeronaves; e

Inciso Três – Prisões em flagrantedelito.

Cabe ainda as Forças Armadas, ao zelar pela segurança pessoal das autoridades nacionais e estrangeiras
em missões oficiais, isoladamente ou em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, poderão
exercer as ações previstas nos incisos Dois e Três deste artigo.
Determinado o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem, caberá à autoridade
competente, mediante ato formal, transferir o controle operacional dos órgãos de segurança pública
necessários para atribuir e coordenar missões ou tarefas específicas a serem desempenhadas por
efetivos dos órgãos de segurança pública, obedecidas as suas competências constitucionais ou legais ao
desenvolvimento das ações para a autoridade encarregada das operações, a qual deverá constituir um
centro de coordenação de operações, composto por representantes dos órgãos públicos sob seu
controle operacional ou com interesses afins.
O Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC)
O Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC) é constituído por órgãos e entidades da
administração pública federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e por entidades públicas
e privadas de atuação significativa na área de proteção e defesa civil, sob a centralização da Secretaria
Nacional de Proteção e Defesa Civil, órgão do Ministério do Desenvolvimento Regional. Composição do
SINPDEC;
Órgão consultivo, Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil (CONPDEC); Órgão central, União
representada pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, responsável por coordenar o
planejamento, articulação e execução dos programas, projetos e ações de proteção e defesa civil;
Órgãos estaduais e do Distrito Federal de proteção e defesa civil e suas respectivas regionais
responsáveis pela articulação, coordenação e execução do SINPDEC em nível estadual;
Órgãos municipais de proteção e defesa civil e suas respectivas regionais responsáveis pela articulação,
coordenação e execução do SINPDEC em nívelmunicipal;
Órgãos setoriais, dos três âmbitos de governo, abrangem os órgãos envolvidos nas ações de Proteção e
Defesa Civil. O SINPDEC poderá mobilizar a sociedade civil para atuar em situação de emergência ou
estado de calamidade pública, coordenando o apoio logístico para o desenvolvimento das ações de
proteção e defesa civil. Cabe ao SINPDEC à implementação da doutrina estabelecida na Política Nacional
de Proteção e DefesaCivil.
FORÇAS ESTADUAIS 1 – A POLICIA CIVIL E A POLÍCIA MILITAR
A polícia civil e a polícia militar
Sargento, você sabia que os órgãos de segurança pública dos estados estão subordinados ao Governador
de Estado, que os coordena por meios de secretarias, no caso do Rio de Janeiro; Secretaria de Estado de
Policia Militar, Secretaria de Estado de Policia Civil, Secretaria de Estado de Defesa Civil e Secretaria de
Estado de Administração Penitenciária?
Nesta aula estudaremos a Policia Civil e a Polícia Militar
As Forças de Segurança na Constituição do Estado do Rio de Janeiro A Segurança Pública na Constituição

do Estado do Rio de Janeiro

A Constituição do Estado do Rio de Janeiro tem o capítulo Cinco, a Segurança Pública, o que é
significativo, contudo, o Supremo Tribunal Federal, em diferentes processos, deferiu a
inconstitucionalidade de alguns dos dispositivos; expressões "que inclui a vigilância intramuros nos
estabelecimentos penais", do inciso Dois, todos do Artigo 180 (atual 183), o Parágrafo Quarto, alíneas b e
c, do artigo 183 (antes, artigo 180), o Parágrafo único do Artigo 179 (atual Artigo 182), o Parágrafo
Terceiro do artigo 186 (atual Artigo 189).

O Artigo 183 – Determina que a segurança pública, é dever do Estado, direito e responsabilidade de
todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio,
pelos seguintes órgãos estaduais;
Inciso UM – PolíciaCivil;
Inciso Dois – Secretaria de Administração Penitenciária (crivo, Número1).
Inciso Três – Polícia Militar;
Inciso Quatro – Corpo de Bombeiros Militar.
Parágrafo Primeiro – Os municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus
bens, serviços e instalações, conforme dispuser alei.
Artigo 184 – A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar, forças auxiliares e reserva do Exército,
subordinam-se, com a Polícia Civil, ao Governador do Estado.
Artigo 185 – O exercício da função policial é privativo do policial de carreira, recrutado exclusivamente
por concurso público de provas ou de provas e títulos, submetido a curso de formação policial.
Parágrafo único – Os integrantes dos serviços policiais serão reavaliados periodicamente, aferindo-se
suas condições físicas e mentais para o exercício do cargo, na forma da lei.
Artigo 186 – Para atuar em colaboração com organismos federais, deles recebendo assistência técnica,
operacional e financeira, poderá ser criado órgão especializado para prevenir e reprimir o tráfico e a
facilitação do uso de entorpecentes e tóxicos.
Artigo 187 – A pesquisa e a investigação científica aplicadas, a especialização e o aprimoramento de
policiais civis e militares e dos integrantes do Corpo de Bombeiros Militar serão orientados para contar
com a cooperação das universidades, por intermédio de convênio.
Artigo 188 – À Polícia Civil, dirigida por Delegados de Polícia de carreira, incumbem, ressalvada a
competência da União, as funções de Polícia Judiciária e a apuração das infrações penais, exceto as
militares.
Artigo 189 – Cabem à Polícia Militar a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; ao Corpo de
Bombeiros Militar, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa
civil.
Parágrafo Primeiro – A lei disporá sobre os limites de competência dos órgãos policiais mencionados no
caput deste artigo.
Artigo 190 – Na divulgação pelas entidades policiais aos órgãos de comunicação social dos fatos
pertinentes à apuração das infrações penais é assegurada a preservação da intimidade, da vida privada,
da honra e da imagem das vítimas envolvidas por aqueles fatos, bem como das testemunhas destes.
Artigo 191 – Ao abordar qualquer cidadão no cumprimento de suas funções, o servidor policial deverá,
em primeiro lugar, identificar-se pelo nome, cargo, posto ou graduação e indicar o órgão onde esteja
lotado.
POLÍCIA CIVIL – Secretaria de Estado de Polícia Civil Polícia Judiciária

A Polícia Judiciária pode ser definida como uma atividade desenvolvida por órgãos de segurança (polícia
civil ou militar), com a função de reprimir a atividade de delinquentes através da instrução policial
criminal e captura dos infratores da lei penal, tendo como traço característico o cunho repressivo e
ostensivo, incidindo sobre pessoas, o que faz regulada pelo Código de Processo penal (Artigo Quarto e
seguintes).
A sua finalidade, é auxiliar o Poder Judiciário no seu cometimento de aplicar a lei ao caso concreto, em
seu cumprimento de sua função jurisdicional. Seu objetivo principal é a investigação de delitos ocorridos.
A polícia judiciária, embora seja repressiva em relação ao indivíduo infrator da lei penal, é também
preventiva em relação ao interesse geral, porque, punindo-o, tenta evitar que o indivíduo volte a incidir
na mesma infração.

No sistema de segurança brasileiro, as atribuições de polícia judiciária são de competência exclusiva das
Polícias Civis e Polícia Federal, conforme o preceituado pelos Parágrafos Primeiro e Quarto, do Artigo
144, da Magna Carta.
Policias civis; Dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da
União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
Nos termos da Constituição Federal Brasileira compete à Polícia Civil, ressalvada a competência da
União, as funções de polícia judiciária para apuração das infrações penais, exceto as militares, compondo
assim o sistema de segurança pública brasileiro.
A apuração das infrações penais ou investigação policial se desdobra por meio de uma peça meramente
informativa, denominada de inquérito policial, com previsão no Código Penal Brasileiro. O Inquérito
Policial é presidido de forma independente por cada Instituição Policial Civil, para ao final encaminhar ao
juízo criminal competente. O Ministério Público participa ativamente na requisição de diligências
complementares com o objetivo de melhor instruir o IP para a posterior propositura da ação penal ou
não, razão pela qual as Polícias Civis são judiciárias devido a esse suporte de procedimento preparatório
para auxiliar o poder judiciário na busca de provas de autoria e materialidade do crime ecriminoso.
“Comosepercebe,aConstituiçãoFederaleaLeiNúmero12.830 de 2013estabelecemumadistinção entre as
funções de polícia judiciária e as funções de polícia investigativa. Destarte, por funções de polícia
investigativa devem ser compreendidas as atribuições ligadas à colheita de elementos informativos
quanto à autoria e materialidade das infrações penais. A expressão polícia judiciária está relacionada às
atribuições de auxiliar o Poder Judiciário, cumprindo as ordens judiciais relativas à execução de
mandados de prisão, busca e apreensão, condução coercitivadetestemunhas,etc”.
POLÍCIA MILITAR - Secretaria de Estado de Polícia Militar
Nosso estudo não trataremos das atividades de policiamento ostensivo e polícia judiciária militar que
serão estudados nas respectivas disciplinas de acordo com o currículo do Curso.
OArtigo144,ParágrafoQuinto,daConstituição
Federal,preceituaque,“Àspoliciasmilitarescabemapolíciaostensivaea preservação da ordem pública; aos
corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades
de defesacivil”.
Com fundamento no texto constitucional, fica evidenciado que a polícia militar exerce atividades de
polícia administrativa, prevenindo contra todo tipo de dano à população bem como eliminando a
possibilidades da ocorrência de delitos, através de atividades de policiamento ostensivo e de
preservação da ordem pública.
Contudo, ocorrendo o delito, a Polícia Militar deverá atuar de imediato, socorrendo e orientando as
vítimas, preservando locais de infração penal e atuar de forma que sempre que possível, prender em
flagrante delito quem está cometendo ou acaba de cometer a infração penal, de forma a restabelecer a
tranquilidade.
A polícia administrativa preocupa-se com o comportamento antissocial dos indivíduos, cabendo a ela
cuidar para que cada um indivíduo viva mais, sem se prejudicar ou causar lesões graves a outros
indivíduos, fazendo todo possível para todos direitos declarados pelo Constituição Federal, não sejam
violados, assim ela multiforme, sendo toda atividade discricionária.
Polícia Administrativa
Pode-se definir Polícia Administrativa, como uma atividade da Administração que se exaure em si
mesma, ou seja, inicia e se completa no âmbito da função administrativa, como as ações preventivas
para evitar futuros danos que poderiam ser causados pela persistência de um comportamento irregular
do indivíduo. Assim ela tenta impedir que o interesse do particular se sobreponha ao interesse público,
que possa atingir bens, direitos e atividades, que se difunde por toda a administração de todos os
Poderes e entidades públicas.
Policiamento Ostensivo

Ação policial, exclusiva das Policias Militares em cujo emprego o homem ou a fração de tropa engajados
sejam identificados de relance, quer pela farda quer pelo equipamento, ou viatura, objetivando a
preservação da ordem pública.
Ex. Divisão de torcidas nos estádios; limitar o acesso de veículos a uma região por ocasião da visita de
uma alta autoridade; limitar e controlar o acesso de pessoas em um evento carnavalesco
Missão residual da PM
Você saberia dizer qual a missão residual da Polícia Militar? Que tal aprender?
“A Polícia Militar possui competência ampla na preservação da ordem pública que, engloba inclusive a
competência específica dos demais órgãos policiais, no caso de falência operacional deles, à exemplo de
suas greves e outras causas, que os tornem inoperantes ou ainda incapazes de dar conta de suas
atribuições, pois, a Polícia Militar é a verdadeira força pública da sociedade. Bem por isso as Polícias
Militares constituem os órgãos de preservação da ordem pública para todo o universo da atividade
policial em tema de ordem pública e, especificamente, da segurança pública”.
Além do policiamento ostensivo, executado pelas Unidades Operacionais, Unidades Operacionais
Especiais e Especializadas, a PMERJ exerce outras atividades de polícia administrativa da ordem social,
pouco perceptíveis ao público leigo, atuando;
No combate ao crime organizado realizando operações para a captura de criminosos procurados pela
justiça, prendendo aqueles que sejam surpreendidos praticando crimes, realizando apreensão de armas,
drogas, contrabando;
Realizando o controle interno através de suas atividades correcionais, prevenindo e apurando os desvios
de conduta;
Na prevenção e repressão da prática de delitos de competência de outras instituições policiais
compartilhando informações;
No atendimento direto a população, ajudando no transporte de doentes entre hospitais públicos
empregando suas aeronaves;
Na assistência e na orientação de pessoas em dificuldades;
Na intervenção de pequenas disputas, prevenindo a prática de outros delitos;
No encaminhamento da população não esclarecida aos órgãos competentes como saneamento, justiça
etc;
No policiamento de áreas turísticas, estádios, grandes eventos e festas populares;
No planejamento, controle, fiscalização e orientação de trânsito urbano e rodoviário mediante convênio
com os órgãos competentes;
Na fiscalização e controle da frota de veículos que circula no Estado, em ações integradas com outros
órgãos públicos;
Na preservação do meio ambiente, especialmente nas ações das Unidades de Preservação Ambiental
(UPAM);
Na segurança de institucional do Poder Judiciário Estadual;
Na segurança de autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e do Judiciário;
No apoio ao oficial de justiça em situações de reintegração de posse e outras determinações judiciais
com risco;
Na segurança de testemunhas e pessoas sob ameaça;
No apoio aos órgãos públicos, estaduais e municipais, em atividades como ações sociais junto à
população de rua e trato com crianças e adolescentes em situação de risco social;
Na custódia de policiais militares, ativos e inativos, recolhidos à disposição da justiça, enquanto não
desligados da Corporação;

Nas missões de paz da ONU, colaborando na formação policial e na implantação de sistemas policiais;
Custódia e transferência de presos de grande periculosidade;

Na pacificação de rebeliões e motins de presos;

Na execução de atividades de polícia judiciária militar estadual;


Na prevenção ao uso de drogas nocivas à saúde através do (PROERD) Programa Educacional de
Resistência às Drogas e à Violência, que tem por base o D.A.R.E. (Drug Abuse Resistance Education),
criado pela Professora Ruth Rich, em conjunto com o Departamento de Polícia da cidade de Los Angeles,
EUA, em 1983;
Registro, on line, de acidentes de trânsito sem vítimas.
FORÇAS ESTADUAIS 2; SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA CIVIL E CORPO DE BOMBEIROS E SECRETARIA
DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA DO RIO DE JANEIRO.
O Corpo de Bombeiros Militares e a Secretaria de Administração Penitenciária
Os órgãos de segurança pública dos estados estão subordinados ao Governador de Estado, que os
coordena por meios de secretarias, no caso do Rio de Janeiro; Secretaria de Estado de Policia Militar,
Secretaria de Estado de Policia Civil, Secretaria de Estado de Defesa Civil e Secretaria de Estado de
Administração Penitenciária.
Corpo de Bombeiros Militares
Você saberia dizer qual atividade fim do Corpo de Bombeiros Militares?
A atividade fim desse órgão de segurança pública, prevista no Artigo 144, Parágrafo Quinto da
Constituição Federal é a prevenção e o combate a incêndios, busca e salvamento e atividades de defesa
civil.
A Lei Número 880, de 25 de julho de 1985, dispõe sobre o Estatuto dos Bombeiros-Militares do Estado
do Rio de Janeiro e dá outras providências.
O Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro (CBERJ) é uma instituição permanente, organizada
com base na hierarquia e na disciplina, destinada aos serviços de prevenção e extinção de incêndios, de
busca e salvamento, a realizar perícia de incêndio e a prestar socorros nos casos de inundações,
desabamentos ou catástrofes, sempre que haja vítima em iminente perigo de vida ou ameaça de
destruição de haveres. Além dessas atribuições, exerce diversas outras como a regularização de
edificações; liberação e fiscalização de locais de diversão pública etc.
O Bombeiro militar é um profissional especializado
Todo Bombeiro Militar têm um papel específico para o qual eles são perfeitamente treinados, existem
muitas maneiras de servir no ar, na terra e no mar, mas independentemente da sua área de
especialização, será para sempre conhecido pelo título que ganha; Bombeiro Militar do Estado Rio de
Janeiro.
A finalidade das UnidadesOperacionais
As Unidades Operacionais do CBMERJ, normalmente chamadas de GBM (Grupamento de Bombeiros
Militares), São órgãos de execução que estão subordinadas aos respectivos Comando de Bombeiros de
Área(CBA).
Prevenção e Combate a Incêndios, Salvaguardar Bens Materiais, Buscas, Salvamentos e Socorros Públicos
no âmbito de sua respectiva área de atuação.
Atendimento as situações emergenciais decorrentes de fatores naturais ou não socorrendo as vítimas,
interagindo com o SAMU e outros órgãos de saúde, procurando dar socorro imediato adequado e
condições ideais de transporte aos hospitais; a fim de evitar o agravamento das lesões e melhorar as
condições de sobrevivência do acidentado.
Centro de Comando e Operações do Corpo de Bombeiros (COCB)

O Centro de Comando e Operações do Corpo de Bombeiros (COCB), instalado no prédio do CICC, tem a
finalidade de supervisionar e coordenar as atividades operacionais de Bombeiro Militar em todo o Estado
do Rio de Janeiro e, em caso de necessidade, apoiar todas as Unidades Operacionais.
Semelhante ao CECOPOM, possui ligações e comunicações com os órgãos responsáveis pela defesa social
no Estado (PCERJ, PMERJ, COMDEC, CORio, DPRF, GM/Rio, CCRIT, SSP, ...), com diversas instituições
( públicas e privadas) e concessionárias de serviços públicos (CEG, LIGHT, CEDAE, METRO, CERJ,).
Comandos Intermediários
Os Comandos de Bombeiros de Área (CBA) são, semelhantes aos CPA da PMERJ, com responsabilidade
sobre um espaço geográfico, são órgãos de execução subordinado diretamente ao Subcomando Geral do
CBMERJ.
São 10 os Comandos de Bombeiros de Área propriamente ditos e 01 de Comado de Bombeiros de Área
Atividades Especializadas (CBA Oito) e 01 Comando de Bombeiros de Área Salvamento Marítimo (CBA
Onze);
Função dos CBA; Coordenar, fiscalizar, controlar e emanar diretrizes e procedimentos profissionais a fim
de que os serviços de prevenção, resgate e salvamento do CBMERJ sejam prestados com a maior
presteza, eficácia e profissionalismo, objetivando reduzir ao mínimo as taxas de mortalidade em toda
área de operação.
O CBA Oito – Atividades Especializadas
O Comando de Área de Atividades Especializadas vem efetuando planejamentos voltados para uma
melhoria técnica-operacional das suas OBM subordinadas, tendo como foco principal a diminuição do
tempo resposta nos diversos atendimentos operacionais, visando o melhor atendimento a nossa
população.
Prevenção em Estádios – Controlar, fiscalizar, orientar e promover segurança nos eventos desportivos
em todo o Estado do Rio de Janeiro.
Produtos Perigosos; O Grupamento de Operações com Produtos Perigosos (GOPP) atua em ocorrências
que envolvem “Produtos e ou Substâncias Perigosas” todos os “protocolos de segurança” devem ser
seguidos para evitar a contaminação dos profissionais que atuam na ação de socorro em acidentes que
envolvam Produtos Perigosos, e da população nas comunidades adjacentes e do meio ambiente.
Infelizmente não há ainda uma tecnologia ou metodologia que seja 100% (cem por cento) segura para
evitar acidentes que envolvam produtos e ou substâncias especiais e/ou perigosas, por este motivo foi
criado o Grupamento de Operações de produtos Perigosos (GOPP), para intervenção em casos onde há a
presença e minimizar os efeitos nocivos sobre o meio ambiente em que vivemos e sobre os seres
humanos.
Socorro Aéreo – O Grupamento de Operações Aéreas (GOA) tem como característica seu múltiplo
emprego, possibilitando o transporte de autoridades, tropas e material, auxiliando na logística com
velocidade, dinamismo e agilidade, bem como as ações de Defesa Civil, Combate a Incêndios Florestais,
Operações de Busca e Salvamento, Detecção, identificação e delimitação de áreas contaminadas por
agentes químicos, biológicos e nucleares, Transporte Aero médico, Transporte de Órgãos e Tecidos,
retirada de vítima grave de locais de sinistros.
Suprimento de Água – Grupamento Tático de Suprimento de Água para Incêndios (GTSAI); Sua missão
específica de catalogar os logradouros públicos e suas características, criar e manter atualizado um
banco de dados confiável e completo para poder auxiliar com maior eficiência os Oficiais Comandantes
de Operações nas tomadas de decisões referentes ao suprimento de água, e consequentemente,
garantindo a possibilidade de fazer frente, com maior qualidade, às diversas modalidades de eventos
que necessitam deste recurso.
Socorro de Busca e Salvamento – O Grupamento de Busca e Salvamento (GBS) como órgão de execução
tem a função de Salvaguardar Bens Materiais, Buscas, Salvamentos e Socorros Públicos no âmbito de sua
respectiva área de atuação. Atender às vítimas de acidentes, procurando dar socorro imediato adequado
e condições ideais de transporte aos hospitais; a fim de evitar o agravamento das lesões e melhorar as
condições de sobrevivência do acidentado.
O atendimento é voltado exclusivamente a; acidentes de trânsito, soterramentos, desabamentos,
resgates em prédios ou montanhas, resgates no mar ou rios.
Socorro Florestal; O Grupamento de Socorro Florestal e Meio Ambiente (GSFMA) tem a missão de
atender de forma proativa e reativa, as demandas atinentes ao SERVIÇO DE SOCORRO FLORESTAL E
MEIO AMBIENTE nas principais Unidades de Conservação da Natureza, localizadas no Estado do Rio de
Janeiro. Atingindo uma posição de referencial nacional e internacional em assuntos de Incêndio Florestal
e Salvamento emMontanha.
O CBA Nove- Comando de Bombeiros de Área Salvamento Marítimo
Como Comando Intermediário, é um órgão de execução subordinado diretamente ao Subcomando Geral
do CBMERJ. Através de suas Seções de Estado Maior, o Comando de Área vem efetuando planejamentos
voltados para uma melhoria técnica-operacional dos seus GMARes subordinados, tendo como foco
principal a diminuição do tempo resposta nos diversos atendimentos operacionais, visando o melhor
atendimento a nossa população.
Cabe aos GMARes; Praticar o salvamento em ambientes aquáticos, em casos de emergência; educar a
comunidade com o objetivo de orientar sobre riscos de afogamentos e acidentes.
Entre outras atividades cabe ainda ao CBMERJ
A fiscalização e a emissão de laudos sobre a segurança das construções, locais que reúna público bem
como dos materiais de prevenção e combate a incêndio, em edificações diversas e liberação e
fiscalização de eventos em quaisquer locais abertos ao público.
Defesa Civil
Estrutura da Subsecretaria de Estado da Defesa Civil para as Atividades de Segurança Pública e Defesa
Social
A Subsecretaria de Estado da Defesa Civil, da Secretaria de Estado de Defesa Civil e Corpo de Bombeiros,
tem por finalidade o estabelecimento de normas e o exercício das atividades de integração,
planejamento, organização, coordenação e supervisão da execução das medidas preventivas, de socorro,
assistenciais e de recuperação, considerando os efeitos produzidos por fatos adversos de qualquer
natureza e nas situações de emergência ou de calamidade pública, bem como, daquelas destinadas a
preservar o moral da população e o restabelecimento da normalidade da vida comunitária em todo o
território do Estado do Rio de Janeiro.
Superintendência Operacional
Missão A Superintendência Operacional é o órgão do Sistema Estadual de Proteção e Defesa Civil
(SIEDEC-RJ) responsável por elaborar a estratégia para o desencadeamento de todas as ações e
atividades de Defesa Civil, cujo objetivo principal é redução dos riscos de desastres, nas suas mais
variadas formas, contemplando desde o planejamento de ações que possam promover a segurança
global das populações em conjunto com os Municípios, até o assessoramento técnico ao Chefe do Poder
Executivo Estadual, no estabelecimento de critérios técnicos a fim de minimizar possíveis danos e
prejuízos resultantes de desastres.
Escola de Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro (EsDEC)
A Escola de Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro (EsDEC), foi criada em 19 de Dezembro de 2003,
através da Resolução SEDEC Número 269. Nosso preceito está baseado em contribuir de forma eficiente
para a proteção das comunidades, preparando-as através da doutrina de Defesa Civil, de forma
multidisciplinar, para minimizar, por meio da construção e compartilhamento do conhecimento, os riscos
que sobre ela incidam, através da redução de suas vulnerabilidades. A Escola de Defesa Civil também
contribui para a formação e capacitação de profissionais ligados à área de Defesa Civil possibilitando um
melhor planejamento e gerenciamento de ações coordenadas de resposta aos desastres.
Centro Estadual de Monitoramento Compete ao CEMADEN-RJ;

Inciso Um – Realizar o monitoramento meteorológico, hidrológico e geológico, em caráter permanente,


bem como o monitoramento situacional de quaisquer incidentes ou desastres, de origem natural ou
tecnológica, não relacionados a área nuclear ou radiológica, que ocorramno território do Estado do Rio
de Janeiro, ou que se originem fora dos limites deste Estado e venham impactar, de alguma forma, o seu
território;
Inciso Dois – Realizar o monitoramento de riscos, de desastres, da logística, de incidentes, das operações
de resposta a desastres e a emergências que não sejam ligados a área nuclear ou radiológica, com
enfoque especial nos desastres de ordem natural, suportando as autoridades competentes e a Diretoria
Geral do DGDEC e o seu corpo técnico, na tomada dedecisões;
Inciso Três – Realizar o monitoramento e a gestão das operações ligadas a eventos, suportando as
autoridades competentes e a Diretoria Geral do DGDEC e o seu corpo técnico, na tomada de decisões;
Inciso Quatro – Operacionalizar a gestão de desastres, dos simulados e dos simulacros que não sejam
ligados à área nuclear ou radiológica, suportando as autoridades competentes e a Diretoria Geral do
DGDEC e o seu corpo técnico, na tomada dedecisões;
Inciso Cinco – Colaborar com o Diretor Geral do DGDEC, o Superintendente Operacional, o Subsecretário
e o Secretário de Estado de Defesa Civil, de forma conjunta com os demais órgãos do DGDEC na gestão e
tomada de decisão, quando da ocorrência de situação de desastres ou incidentes que não sejam ligados
à área nuclear ouradiológica;
Inciso Seis –Realizarcoletaeregistrodedadosquesubsidiemanálisesestatísticaseprobabilísticasde eventos a
serem desenvolvidas pelo DPlan e suasDivisões;
Inciso Sete –Manter atualizados os Órgãos do SINPDEC sobre a evolução das situações emergenciais ou
dos eventos ocorridos no Estado do Rio deJaneiro;
Inciso Oito – Emitir relatórios e boletins técnicos referentes às suasatribuições.
Inciso Nove – Atuar como órgão de comunicações e apoio às decisões estratégicas e operacionais dos
órgãos internos e externos, servindo como elo de integração nas relações interinstitucionais e entre os
órgãos doDGDEC;
Inciso Dez – Operacionalizar os esforços produzidos pelo CENG e pelo GRAC, visando a otimização das
respostas a desastres e a emergências que não sejam ligados à área nuclear ouradiológica.
Centro Estadual de Administração de Desastres do Departamento Geral de Defesa Civil CESTAD.
O Centro Estadual de Administração de Desastres do Departamento Geral de Defesa Civil - DGDEC, da
Secretaria de Estado de Defesa Civil. Está situado nas instalações do DGDEC e tem a finalidade de servir
como um centro integrado de gestão de emergência para os órgãos públicos e particulares necessários a
uma resposta em caso de emergência ou durante a realização de grandes eventos.
O CESTAD funciona sobre o seguinte binômio; COOPERAÇÃO E INTEGRAÇÃO.
A cooperatividade é a palavra-chave nos processos do CESTAD. Todos os membros e suas Instituições
devem ter consciência de que estão reunidos no CESTAD em busca do bem maior que é a segurança da
sociedade e o bem estar do cidadão.
O CESTAD funciona como um centro facilitador da integração entre as instituições. O Objetivo do CESTAD
é atender as necessidades oriundas das equipes de campo que estiverem diretamente ligadas às
emergências ou a eventos, facilitando a resposta através da geração de recursos e solução dos
problemas que surgirem durante as operações.
O CESTAD tem a responsabilidade de receber, analisar e mostrar as informações sobre os acidentes para
permitir a tomada de decisões, buscando a comunicação efetiva e a coordenação na gestão de desastres,
atendendo as necessidades das equipes de campo, facilitando a resposta através da gestão de recursos e
solução de problemas que surgirem durante as operações.
Centro de Coordenação e Controle de Emergências Nucleares.
Missão
Coordenar a execução das ações que lhe são atribuídas no Plano de Emergência Externo (PEE);
Coordenar o apoio dos diversos órgãos, sediados no Município, com responsabilidade na resposta a uma
situação de emergência nuclear;

Solicitar apoio aos órgãos municipais, estaduais e federais, sediados em sua área de influência, para
implementar as ações necessárias e complementar os meios utilizados, na resposta a uma situação de
emergência nuclear;
E manter o Centro de Informações de Emergência Nuclear –CIEN, informado sobre a evolução da
situação de emergêncianuclear.
Posto Central de Ajuda Humanitária (PCAH)
O Posto Central de Ajuda Humanitária (PCAH) tem por objetivo armazenar os materiais necessários na
assistência às vítimas de desastres, a fim de manter suas necessidades básicas até a restauração da
normalidade. Os Materiais de Ajuda Humanitária, armazenados no PCAH, podem ser solicitados pelas
Agências Municipais de Defesa Civil que tiverem sido atingidas por evento adverso, mediante o devido
preenchimento da Ficha de Informação de Desastre (FIDE).
Sob a gerência do Posto Central de Ajuda Humanitária (PCAH), foram criados Postos Avançados de Ajuda
Humanitária, distribuídos estrategicamente no território estadual, de modo a reduzir o tempo de
resposta assistencial.
Coordenação Especial de Ações do Meio Ambiente CEAMA.

Missão

“Preservar o meio ambiente para salvar vidas”


Assessorar a Superintendência Operacional nas ações de meio ambiente ligadas diretamente às
atividades de proteção e defesa civil, com vistas à redução de risco de desastres no Estado do Rio de
Janeiro, bem como implementar, em nível estratégico, o sistema de gestão ambiental na estrutura da
Secretaria de Estado de Defesa Civil, em especial no Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de
Janeiro.
Centro de Estudos e Pesquisas em Defesa Civil Histórico

O CEPEDEC possui como uma de suas diretrizes o planejamento com base em pesquisas e estudos sobre
áreas de risco e incidência de desastres no território nacional.
Objetivo
Promover estudos e pesquisas sobre desastres naturais, antropogênicos e tecnológicos, com prioridade
para o de maior prevalência no Estado do Rio de Janeiro e os das regiões limítrofes que poderão
impactar no território fluminense, observando-se diferentes graus de intensidade, periodicidade e
evolução.
Assessoria de Controle Interno
Atualmente, a Assessoria de Controle Interno, criada pelo Decreto Número 15 de 05 de julho de 2018,
vem se fortalecendo e capacitando seus militares, visando cumprir todas as atribuições constantes no
presente Ordenamento Jurídico, e possuindo ainda os seguintes pilares;
Missão
Estimular o alcance de resultados mais favoráveis, identificando as falhas ou desperdícios que
comprometem o processo organizacional, constituindo-se em instrumento de proteção e defesa do
cidadão.
O uso de mídias sociais facilita a integração das comunidades com as agências de segurança,
possibilitando aos cidadãos conhecerem as agências e suas finalidades, estreitando o contato através de
formas inovadoras, como o uso do facebook e do WhatsApp.
Atribuições
Assegurar a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, quanto a
legalidade, legitimidade e economicidade, eficiência, eficácia e efetividade na gestão dos recursos
públicos e a avaliação dos resultados obtidos pela administração, nos termos dos artigos 70 e 74 da
Constituição Federal e 122, 123 e 129 da Constituição Estadual.

Integração com a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil – PNPDEC


A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil - PNPDEC, instituída pela Lei Número 12.608 de 10 de abril
de 2012, publicada no Diário Oficial da União Número 70, de 11 de abril de 2012, traz os princípios, os
objetivos e instrumentos de como a gestão de riscos de desastres e a gestão de desastres serão
implementadas no Brasil, com o propósito de assegurar condições sociais, econômicas e ambientais
adequadas para garantir a dignidade da população e garantir a promoção do desenvolvimento
sustentável.
A PNPDEC trouxe algumas inovaçõescomo;
Integração das políticas de ordenamento territorial, desenvolvimento urbano, saúde, meio ambiente,
mudanças climáticas, gestão de recursos hídricos, geologia, infraestrutura, educação, ciência e
tecnologia e às demais políticas setoriais, tendo em vista a promoção do desenvolvimento sustentável;
Elaboração e implantação dos Planos de Proteção e Defesa Civil nos três níveis de governo,
estabelecendo metas de curto, médio e longo prazo;
Sistema Nacional de Informações e Monitoramento de Desastres; Profissionalização e a qualificação, em
caráter permanente, dos agentes de proteção e defesa;
Cadastro nacional de municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande
impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos; e
Inclusão nos currículos do ensino fundamental e médio dos princípios da proteção e defesa civil e a
educação ambiental, entre outras.
Na maioria dos Estados, os corpos de bombeiros militares são unidades especializadas que pertencem
aos quadros das polícias militares.
Secretaria de Estado de Administração Penitenciária
Segundo o DECRETO Número 33.164 DE 12 DE MAIO DE 2003, compete a Secretaria de Estado de
Administração Penitenciária, desenvolver, coordenar e acompanhar as atividades pertinentes à
administração penitenciária e ainda;
Inciso Um- À política criminal e penitenciária do Estado do Rio de Janeiro, observando os objetivos da Lei
de ExecuçãoPenal;
Inciso Dois – Ao processamento e julgamento dos pedidos de extinção de punibilidade e livramento
condicional em favor de sentenciados recolhidos aos estabelecimentos penais do Estado;
Inciso Três – À reinserção dos egressos do sistema penitenciário, bem como da observação cautelar dos
liberados condicionais e dos beneficiados pela suspensão condicional dapena;
Inciso Quatro – À organização e à promoção, em bases racionais e produtivas do trabalho remunerado
dos apenados do sistema penitenciário do Estado do Rio deJaneiro;
Inciso Cinco – Ao relacionamento permanente e integrado com o Poder Judiciário, Ministério Público,
Defensoria Pública, e demais instituições afins, com objetivo de melhor alcançar as metas impostas pela
política criminal epenitenciária.
FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA
Força nacional de segurança pública
Criação da Força Nacional de Segurança Pública
Inspirada no modelo da Organização das Nações Unidas (ONU) de intervenção para a paz, ou seja, o
desenho organizacional das missões de paz das Nações Unidas, a Força Nacional de Segurança Pública foi
criada através do Decreto Número 5.289, de 29 de novembro de 2004.
Você sabe o que é a FNSP?
É um programa de cooperação entre os Estados-membros e a União Federal, a fim de executar, através
de convênio, atividades e serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública, à segurança das
pessoas e do patrimônio, atuando também em situações de emergência e calamidades públicas.

É ainda uma integração entre os Estados federados e a União, com o objetivo de prestar apoio aos
órgãos de segurança federais, estaduais e do Distrito Federal, sob a coordenação do Ministério da Justiça
e Segurança Pública, ou seja, são os Estados que auxiliam o estado
solicitante.Porseucaráterfederativo,enão“federal”,atuasomentecompedidodaunidade federada, feito
diretamente pelo governador do estado ou, em caráter pontual, em apoio à Polícia Federal ou a outros
órgãos federais e, diferentemente de outras tropas, subordina-se, quando em operação, diretamente,
aocomando.
A FNSP é selecionada e composta por voluntários; policiais militares, policiais civis, bombeiros militares e
peritos dos estados e do Distrito Federal.
Breve Histórico
A FNSP foi inicialmente instituída para atuação nos estados e executar atividades de policiamento
ostensivo. Em 2007, com a Lei Número 11.437, o Distrito Federal foi incluído no projeto. Em 2008,
através da Portaria do Ministério da Justiça Número 0394 de 2008, as atribuições da Força Nacional
foram ampliadas, abrangendo também a cooperação com os órgãos de segurança federais. O Decreto
Número 7.318 de 2010, permitiu à Força Nacional contar com integrantes das polícias civis e peritos
forenses.
A Força Nacional de Segurança Pública representa uma alternativa viável, concreta e eficaz de
prevenção, preservação e restauração da ordem pública, proporcionando à sociedade em geral a
sensação de segurança, constituindo-se um esforço conjunto dos estados e da União, através do
princípio de Cooperação Federativa.
Atribuições
Éumatropade“pronta-resposta”sediadaemBrasília(DF),noBatalhãoEscoladePronto Emprego (Bepe), o
qual conta com profissionais capacitados e em condições de agirem imediatamente. Além disso,
ampliou-se a cooperação, não só com os Estados-membros e Distrito Federal, como também em apoio
aos órgãos federais como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. Suas atribuições não mais se
resumem à atuação em policiamento ostensivo, mas também no combate aos crimes ambientais, ações
de polícia sobre grandes impactos ambientais negativos, realização de bloqueios em rodovias, atuação
em grandes eventos públicos de repercussão internacional, ações de defesa civil em caso de desastres e
catástrofes, ações de polícia judiciária eperícias.
Onde poderá ser empregada?
A Força Nacional poderá ser empregada em qualquer parte do território nacional, mediante solicitação
expressa do respectivo governador de Estado, e do Distrito Federal. Ela atuará em atividades destinadas
à preservação da ordem pública e da segurança das pessoas e do patrimônio; ao auxílio às ações de
polícia judiciária estadual na função de investigação de infração penal, para a elucidação das causas,
circunstâncias, motivos, autoria e materialidade; ao auxílio às ações de inteligência relacionadas às
atividades periciais e de identificação civil e criminal destinadas a colher e resguardar indícios ou provas
da ocorrência de fatos ou de infração penal; auxílio na ocorrência de catástrofes ou desastres coletivos,
inclusive para reconhecimento de vítimas; ao apoio a ações que visem à proteção de indivíduos, grupos e
órgãos da sociedade que promovem e protegem os direitos humanos e as liberdades fundamentais; ao
apoio às atividades de conservação e policiamento ambiental; ao apoio às ações de fiscalização
ambiental desenvolvidas por órgãos federais, estaduais, distritais e municipais na proteção do meio
ambiente; à atuação na prevenção a crimes e infrações ambientais; execução de tarefas de defesa civil
em defesa do meio ambiente; ao auxílio às ações da polícia judiciária na investigação de crimes
ambientais; e prestar auxílio à realização de levantamentos e laudos técnicos sobre impactos ambientais
negativos.
E quais são os prazos?
A permanência da Força Nacional de Segurança Pública em qualquer parte do território nacional deverá
ocorrer durante o prazo delimitado pelo ato do ministro de estado da Justiça e Segurança Pública,
conforme o pedido inicial do governador e o esgotamento da crise que deu origem à solicitação, nos
termos do Artigo Quarto, Parágrafo Terceiro, do Decreto Número. 5.289 de 2004.

O contingente pode permanecer até dois anos em local determinado, ressalvada estipulação contrária
entre as partes.
O prazo do apoio prestado poderá ser prorrogado sempre que necessário. O contingente designado
obedece ao planejamento definido pela Senasp.
A permanência da Força Nacional de Segurança Pública em qualquer parte do território nacional deverá
ocorrer durante o prazo delimitado pelo ato do ministro de estado da Justiça e Segurança Pública,
conforme o pedido inicial do governador e o esgotamento da crise que deu origem à solicitação, nos
termos do Artigo Quarto, Parágrafo Terceiro, do Decreto Número. 5.289 de 2004.
Servidores Civis
A atuação dos servidores civis nas atividades desenvolvidas no âmbito da Força Nacional de Segurança
Pública, conforme previsto na legislação pertinente, compreende;
Inciso Um – Auxílio às ações de polícia judiciária estadual na função de investigação de infração penal,
para a elucidação das causas, circunstâncias, motivos, autoria ematerialidade;
Inciso Dois – Auxílio às ações de inteligência relacionadas às atividades destinadas à preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e dopatrimônio;
Inciso Três – realização de atividades periciais e de identificação civil e criminal destinadas a colher e
resguardar indícios ou provas da ocorrência de fatos ou de infraçãopena.
Exemplo de emprego
As ações da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) ocorrem nas mais diferentes situações, em
qualquer lugar da Federação. No dia 24 de março de 2020, hoje, está atuando em nove estados e no
Distrito Federal nas missões diversas, como; No estado do Maranhão, na Terra Indígena Cana Brava
Guajajara, em apoio às atividades da Fundação Nacional do Índio (Funai), com objetivo é assegurar a
integridade física e moral dos povos indígenas, dos servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) e
dos nãoíndios.
Atuando em ações de polícia judiciária e perícia forense, nos cinco municípios que fazem parte do Em
Frente, Brasil. O projeto-piloto de enfrentamento à criminalidade violenta está presente em Ananindeua
(PA), Cariacica (ES), Goiânia (GO), Paulista (PE) e São José dos Pinhais (PR). O número de homicídios
nestas localidades sofreu uma redução de 44,1 Percentual. Os dados são do período de 30 de agosto de
2019, quando começou o projeto, a 11 de janeiro de 2020.
No Rio Grande do Norte em apoio ao Departamento Penitenciário Nacional, nas ações de policiamento
de guarda e vigilância no perímetro interno da Penitenciária Federal de Mossoró.
Conclusão
A FNSP é uma força multitarefa, à disposição do Governo Federal, formada por profissionais de
segurança pública dos estados e do Distrito Federal, que é acionada, em situações de distúrbio público,
originados em qualquer ponto do território nacional, com aquiescência do governo estadual interessado,
observados os dispositivos legais.
GUARDAS MUNICIPAIS – A GUARDA MUNICIPAL DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Atribuições das Guardas Municipais Atribuição constitucional.

O artigo 144 Parágrafo Oitavo da Constituição Federal estabelece que “Os Municípios poderão constituir
guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei”. Uma
questão pararefletir;
Qual seriam as reais dimensões das atribuições da Guarda Municipal, uma força pública, que nasce
destinada a zelar pelos bens, serviços e instalações do município no capítulo constitucional específico da
Segurança Pública que é caracterizada como um dever do Estado e direito e responsabilidade de todos,
visando com isso garantir à preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do
patrimônio? Você saberia dizer o que fazem as Guardas Municipais?

A Guarda Municipal ocupa um espaço importante na Política Nacional de Segurança Pública e Defesa
Social, principalmente nas capitais, onde exercem atividades como o controle de trânsito, segurança
patrimonial e de seções dos municípios, patrulhamento de parques e jardins e segurança em eventos
públicos.
Não é só isso;
Os corpos das Guardas Municipais, por mera observação, parecem instituições militares, com seus
quadros hierarquizados, o uso de insígnias adicionando as instruções e as formaturas e as posturas quase
marciais no desenvolvimento de suas atividades cuja finalidade é claramente para além da salvaguarda
do patrimônio das respectivas municipalidades.
São promotoras de diversas ações preventivas no campo da Segurança Pública e da cidadania através de
patrulhamento preventivo nitidamente embasado no uso progressivo da força, facilmente observado nas
praias e nos pontos turísticos da cidade do Rio de Janeiro.
Em alguns municípios realizam modalidades de patrulhamento que se confundem com as atividades da
polícia militar, com emprego de armas e ou tecnologias e instrumentos policiais como câmeras e cães
adestrados, como exemplo a Guarda Municipal de Belém, com grupamentos denominados GAT, ATAC e
RONDAC, responsáveis por ações táticas, e também rondas motorizadas pelos postos (escolas, unidades
de saúde, prédios administrativos e praças) da capital paraense.
A Guarda Municipal e o Poder de Polícia.
“Pode-se dizer também que no âmbito administrativista, as Guardas Municipais representam a
manifestação instrumental do princípio da autotutela, o qual nas palavras de DI PIETRO,
representao“poderquetemaAdministraçãoPúblicadezelarpelosbensqueintegramoseu patrimônio, sem
necessitar de título fornecido pelo Poder Judiciário. Ela pode, por meio de medidas de polícia
administrativa, impedir quaisquer atos que ponham em risco a conservação dessesbens””.
“Noemaranhadodeagênciasresponsáveispelasegurançapública,aGuardaMunicipaléuma instituição colocada à
frente nas ações preventivas e de contenção de conflitos e atividades ilícitas contra o patrimônio dos
municípios, detendo poder de polícia suficiente para restringir direitos e liberdades individuais com o
intuito de resguardar os interessespúblicos
primários.”
Oartigo301doCódigo Processual Penaldiz -“Qualquerdopovopoderáeasautoridadespoliciaiseseusagentes
deverãoprenderquemquerquesejaencontradoemflagrantedelito”.Inclusiveavítima
poderáefetuartalprisão.“Oquenãoéaconselhável,salvosetiversegurançaemeios suficientes para conter o
meliante sem lhe causar danos desnecessários e acionar a força policial”.
A importância da guarda municipal
Marcelo Moreno, diretor de Políticas de Segurança Pública da Senasp, em 11 de junho de 2019, em sua
palestra no Primeiro Seminário Nacional de Guardas Municipais, em Brasília (DF), enfatizou a relevância do
diagnóstico na aplicação das políticas de segurança pública. “O diagnóstico é fundamental para que a
política seja precisa e para que entendamos o nosso foco. E o Sistema Único de Segurança Pública (Susp)
traz essa responsabilidade para nós, de entramos efetivamente nessa política junto com vocês, guardas
municipais. Pois a Senasp entende nas guardas municipais o papel fundamental e determinante para
transformar e fortalecer ainda mais esse trabalho”.
Guarda Municipal da Cidade do Rio de Janeiro
Você sabia que a Guarda Municipal do Rio de Janeiro é a maior guarda desarmada do Brasil?
A Instituição atua no patrulhamento diário da cidade, com ações especiais no trânsito, escolas, praias,
meio ambiente, turismo, ordenamento urbano, e grandes eventos. A GM-Rio tem também frentes
comunitárias, sociais, esportivas e culturais, trabalhando nas ruas em contato direto com o cidadão, seu
principal foco. Para todas essas missões, são mais de 6.900 mil guardas concursados, distribuídos em
turnos por unidades operacionais (15 Inspetorias, 7 Grupamentos Especiais e 6 UOPs) e monitorados
pelo Centro de Controle Operacional (CCO), além de 47 músicos e 380 funcionários administrativos.
Guardas atuando contra o comércio ilegal de animais silvestres em Padre Miguel.

São atribuições da Guarda Municipal norteadas pelos princípios legais conforme diretrizes do Ministério
da Justiça Secretaria Nacional de Segurança;
Um – Controlar e fiscalizar o trânsito, de acordo com a Lei Número. 9.503, de 23/09/1997 (Código de
Trânsito Brasileiro);
Dois – Interagir com os agentes de proteção Ambientais, protegendo o meio ambiente, bem de uso
comum do povo, patrimônio público municipal natural, por força do Artigo 225 da Constituição Federal;
Três – Poder de Polícia no âmbito municipal apoiando os demais agentes públicos municipais e fazer
cessar, quando no exercício da segurança pública, atividades que prejudiquem o bem estar da
comunidadelocal;
Quatro – Exercitar sua ação de presença, prevenindo condutas, bemcomo;

A) prender quem seja encontrado em flagrante delito, nos termos dos artigos 301 a 303 do Código de
Processo Penal, fundado no inciso Sessenta e Umdo Artigo Quinto, da Constituição Federal;
B) agir em legítima defesa de direito seu ou de outrem, mormente em defesa dos direitos assegurados
pela Constituição Federal, ressaltando-se os direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, todos insertos no “caput” do Artigo Quinto da Constituição Federal ;
Cinco – Apoiar as atividades de socorro e proteção às vítimas de calamidades públicas, participando das
atividades de DefesaCivil;
Seis – Garantir o funcionamento dos serviços públicos de responsabilidade doMunicípio;
Sete – Exercer a vigilância sobre os próprios municipais, parques, jardins, escolas, teatros, museus,
bibliotecas, cemitérios, mercados, feiras-livres, no sentidode;
a) protegê-los dos crimes contra opatrimônio;
b) orientar o público quanto ao uso e funcionamento do patrimônio público sob sua guarda;
Oito – Desempenhar missões eminentemente preventivas, zelando pelo respeito à Constituição às Leis e
à proteção do patrimônio públicomunicipal;
Nove – Prevenir as infrações penais;
Dez – Apoiar os agentes municipais a fazer cessar, quando no exercício do poder de polícia
administrativa as atividades que violem as normas de saúde, sossego, higiene, funcionalidade, estética,
moralidade e outras de interesse dacoletividade;
Onze – Praticar segurança emeventos;

Doze – Praticar segurança de autoridades municipais;

Treze – Prestarpronto-socorrismo;

Quatroze – Garantir a proteção aos serviços de transporte coletivo e terminaisviários;

Quize – Desenvolver trabalhos preventivos e de orientação à comunidade local quanto ao uso dos

serviços públicos e procedimentos para melhoria da segurança públicalocal;

Dezesseis – Prevenir a ocorrência, internamente, de qualquer ilícito penal;

Dezessete – Prevenir sinistros, atos de vandalismo e danos aopatrimônio;

Dezoito – Apoiar as ações preventivas –educativas; prevenção à violência, uso de drogas, ECA,
trânsito, etc.
Dezenove – Proteger funcionários públicos no exercício de suafunção;
Vinte – Prevenir a ocorrência, interna e externamente de qualquer infração penal;

Vinte e Um – Organizar o público em áreas de atendimento ao público ou congêneres;

Vinte e Dois – Prestar assistênciasdiversas;

Vinte e Três – Reprimir ações antissociais e que vão de encontro às normas municipais para utilização
daquele patrimônio público;
Participar das ações de Polícia Comunitária desenvolvidas pelas Polícias locais; participar, em conjunto
com as Polícias locais, de ações de preservação da ordem pública, sempre que solicitado;
Realizar a fiscalização e o controle viário do trânsito das viasmunicipais;
Vinte e Quatro – Prevenir sinistros, atos de vandalismo e danos aopatrimônio;
Vinte e Cinco – Exercitar sua função ostensiva, por meio de condutas, tais como; prender quem seja
encontrado em flagrante delito, nos exatos termos dos artigos 301 a 303 do código de Processo Penal,
fundado no inciso Sessenta e Um, do artigo Quinto da ConstituiçãoFederal;
Vinte e Seis – Colaborar com as ações preventivas de segurança pública; Agir em legítima defesa de
direito seu, ou de outrem, mormente em defesa dos direitos assegurados pelaConstituição Federal,
ressaltando-se os direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, todos insertos no
Caput do Artigo Quinto da Constituição Federal de 1988.
A Guarda Municipal da cidade do Rio de Janeiro já tem notória e real importância na Segurança Pública e
Defesa Social. Como pudemos observar suas atribuições são muitas, mas para a população de um modo
geral que não conhece os mecanismos de Segurança Pública, se contentam com a presença ostensiva
dos guardas nas ruas, disseminado um sentimento coletivo desegurança.
A INTEGRAÇÃO DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS E ENTIDADES PRIVADAS NA SEGURANÇA PÚBLICA E NA DEFESA
SOCIAL.
Sargento, você já ouviu falar na integração dos órgãos públicos e entidades privadas na segurança
pública e na defesa social? Sabe como funciona esse mecanismo? Que tal aprender?
Integrar é preciso
Como observamos nas aulas anteriores, as agências de Segurança Pública têm diferentes campos de
atuação, contudo diferentes agências terão atribuições sobre determinados eventos. Para exemplificar
num acidente de trânsito com vítimas é exigida a presença da PMERJ para conduzir a ocorrência, da
PCERJ para a perícia e instauração do inquérito, dos Bombeiros para liberar eventuais vítimas presas as
ferragens, atestar eventuais óbitos, socorrer os feridos, remover os cadáveres e limpar os detritos da via,
do sistema público de saúde para receber e tratar dos feridos, da Guarda Municipal para controlar e
fazer fluir o trânsito nas imediações, da Companhia de eletricidade para trocar o poste e restabelecer a
eletricidade, etc.
Seria diferente a integração das forças no teatro de operações de um desabamento no centro da cidade
do Rio de Janeiro?
Não! Também não é muito diferente. As providências em um incêndio ou de uma explosão de gás, claro,
que as tecnologias e os materiais empregados seriam diferentes e cada evento apresenta proporções e
aspectos físicos e geográficos diferentes, mas os mecanismos de integração serão os mesmos. É um
cenário onde quase todos os atores da Segurança Pública terão de atuar ao mesmo tempo, que já
começa com a dificuldade de chegar no local em razão do engarrafamento no trânsito decorrente do
evento.
Neste transtorno viaturas de diversos órgãos estão chegando e tentando estacionar próximo para
descarregar seus equipamentos, as ambulâncias das equipes de socorro estão chegando e saindo com
feridos e ao mesmo tempo que os Bombeiros descarregam equipamentos, removem vítimas e materiais,
a Polícia Militar evacua a área de risco, etc. O cenário de crise é o local em que a atuação dos
profissionais da Segurança Pública, seus respectivos órgãos e o Estado são observados e avaliados via
mídias de todos os tipos, não há espaço para amadorismo e deverá haver um gerente de crises
habilitado e com autoridade para mobilizar diferentes órgãos e coordenar as ações no local de forma não
desperdiçar recursos, esforços, tempo e não comprometera segurança da operação, com o mínimo
prejuízo para rotina da cidade e sem comprometer a eficiência doEstado.
Integração e tecnologia são indissociáveis das atividades de Segurança Pública e Defesa Social.

A integração e a coordenação entre os diferentes setores públicos são essenciais para a prevenção e a
repressão de práticas perigosas e/ou delituosas, a segurança de grandes eventos, o atendimento a
catástrofes, a gestão de crises sociais ou policiais.
A integração é prévia. O emprego de pessoal e recursos devem ser precedidos de estudos, convênios,
capacitação e observar um protocolo de ações, pois serão muitos profissionais com diferentes
atribuições de órgãos diversos que irão atuar compartilhando recursos e desempenhar suas funções, nas
mais diversas situações de crise. Convém comentar que não existe padrões nem previsibilidade para
acidentes ou crises simplesmente acontecem.
Integrar órgãos com diferentes competências legais, mesmo que o objetivo seja comum, não é fácil,
exige uma atmosfera política favorável e são necessários investimentos, que podem acontecer através
de protocolos de cooperação ou de convênios.
O uso de inovações tecnológicas compartilhadas infere interação entre diferentes entidades o que exige
uma gerencia sobre o planejamento, a administração das instalações e dos recursos, controle sobre a
divulgação de informações em mídias como imagens de GPS, de câmeras embarcadas e de
videomonitoramento das áreas urbanas.
Inovações exigem investimentos, que nem sempre os estados e municípios não dispõem. A Secretaria
Nacional de Segurança Pública (Senasp) apoia financeiramente os estados e municípios, geralmente
através de convênios ou parcerias, objetivando a construção de instalações, a aquisição de
equipamentos e o treinamento de pessoal.
Integração também exige capacitação profissional
Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), por meio da Senasp, e o Conselho Nacional das
Instituições da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica (CONIF) têm um acordo de
cooperação técnica para a formação e capacitação de agentes de segurança pública em todo o país que
envolve, dentre outros, curso de formação de Guarda Civil Municipal; Expansão do Curso de Tecnólogo
em Segurança Pública na Rede IF; Criação dos Cursos de Especialização Profissional lato sensu e stricto
sensu em Segurança Pública e Curso de Formação Cidadã para comunidade.
A integração funciona. Observe a postagem da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais;
Minas tem se tornado um lugar cada dia mais seguro para todos. E os resultados comprovam isso. Com a
integração das forças de segurança, foram registradas quedas em todos os indicadores de crimes
violentos. São os melhores oito meses desde 2012.
Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) do Rio de Janeiro
Integra órgãos policiais estaduais e federais, a Guarda Municipal e outros órgãos envolvidos com as
atividades de Segurança Pública e Social. Instalado na Cidade Nova, o CICC tem acesso a mais de quatro
mil câmeras e possui um efetivo de quase 1,2 mil pessoas, muitas delas no atendimento às ligações de
emergência, integração de forças de segurança e defesa social. A estrutura conta com representantes de
órgãos municipais, estaduais e federais, como polícias Civil e Militar, Samu, Bombeiros incluindo as
centrais 190, 192 e 193, respectivamente, Polícia Rodoviária Federal, Guarda Municipal, Defesa Civil
Estadual, Centro de Operações Rio, Agência Reguladora de Transportes (Agetransp) e Central de
Regulação de Leitos.
Para melhor ilustrar a integração dos diversos órgão o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e do
Departamento de Recursos Minerais (DRM), também têm uma sala no CICC, com a finalidade de dar
resposta mais eficientes às catástrofes e trabalhar integrados aos órgãos municipais, estaduais e federais
que ocupam o CICC monitorando o cotidiano do estado, garantindo a segurança e gerenciando as
calamidades.
Você sabia que o CICC está dotado de condições físicas e técnicas para a instituição do gabinete de
gestão de crise para todo o Estado, constituindo-se um polo concentrador das ações de defesa civil e
social tanto no atendimento às demandas de rotina da região metropolitana do Rio de Janeiro quanto
nas situações de excepcionalidade, tais como grandes eventos, desastres e eventos de defesa social de
alto risco?

O CICC funciona como base de monitoramento das demandas cotidianas e de grandes eventos
O CICC comporta em suas instalações 03 atividades com funções distintas e conexas entre si;
Centro Integrado de Operações de Defesa Social (CIODS);

Centro Integrado de Operações Coordenadas (CIOC);

Gabinete de Gestão de Crise (GGC).

O Centro Integrado de Operações de Defesa Social (CIODS) é um centro de atendimento de emergência


multiagências que congrega em suas instalações os principais órgãos de Defesa Civil e Social do Poder
Público da cidade do Rio de Janeiro, Estado e União, no tocante as áreas de segurança pública e defesa
social e de proteção e defesa civil, dispondo de aparato tecnológico que facilita, implementa e otimiza o
emprego dos recursos das agências.
O CIODS tem como finalidade propiciar a atuação integrada das agências envolvidas direta ou
indiretamente no atendimento emergencial, na promoção de segurança pública, defesa social e proteção
e defesa civil, agilizando e otimizando suas ações, bem como facilitando a troca de informações e dados
entre as mesmas para a tomada de decisões conjuntas.
O CIODS funcionará 24 horas por dia, 07 dias por semana, assegurando o atendimento em tempo
integral aos cidadãos necessitados de auxílio emergencial.
O Centro Integrado de Operações Coordenadas (CIOC) é um centro para a gestão de ocorrências ou
eventos de considerável vulto, tais como;
1 - Grandes eventos;

2 - Desastres;

3 - Eventos de defesa social de alto risco;


4- Eventos que fujam à normalidade, a critério do Chefe do Poder Executivo ou a qualquer outra
autoridade por ele delegada.
A configuração de seus componentes dar-se-á conforme a necessidade e a demanda dos fatos
apresentados e seu funcionamento será mediante o surgimento de demandas específicas que apontem
para a necessidade de acionamento da estrutura de Comando e Controle Integrado.
Exemplo; Em período eleitoral é normal formar um comitê de ação integrada liderado pelo presidente do
Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) e formado também por Procuradoria Regional Eleitoral,
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, Forças Armadas e instituições ligadas à segurança
pública, como a Secretaria de Estado de Segurança, a Guarda Municipal, o Corpo de Bombeiros, a Polícia
Rodoviária Federal, a Polícia Federal e as polícias Civil e Militar.
Gabinete de Gestão de Crises (GGC) – É uma estrutura que tem por finalidade dar resposta a crises no
campo de ação das agências componentes da estrutura do Centro Integrado de Comando e Controle. A
implantação e o acionamento do Gabinete de Gestão de Crises (GGC) ocorrerá quando a autoridade
competente constatar ou tomar conhecimento de grave perturbação da ordem, desastre (independente
da causa), escalada ou possibilidade de agravamento de tensões.
O GGC, por meio de seus integrantes, tomará decisões político estratégicas para atender as demandas
que se apresentem em função da crise e a execução destas decisões se dará no âmbito do CIOC, que
atuará como braço operacional do GGC.
Exemplo – A Secretaria de Estado de Defesa Civil, devido, as Situações de Emergência causadas por
fortes chuvas, poderá instalar um GGC congregando diversas agencias comprometidas com atividades de
Defesa Civil, para gerenciar a situação e melhor empregar os recursos disponíveis.
O impulso para a construção do CICC teria sido a Copa do Mundo de Futebol de 2013. No período entre
2013 e 2016, a cidade do Rio de Janeiro sediou ainda outros três megaeventos; a Copa das
Confederações da Fifa, a Jornada Mundial da Juventude Católica, e os Jogos Olímpicos. Tal foi o sucesso
que o CICC se tornou uma referência universal.
Neste Centro, no segundo andar, encontra-se instalado o Centro de controle operacional da PMERJ 190,
que gerencia todas as demandas de acionamento do serviço de atendimento ao público. Também lá
funcionam, entre outras centrais acionadoras de serviços públicos 192 e 193.
Observando os resultados, fica claro a importância da integração de forças e o avanço que o CICC
representa, razão pela qual muitos estados seguiram essa iniciativa, como São Paulo e o Distrito Federal.
Vários municípios do País, aqueles com mais recurso, como Niterói (RJ), já têm seus centros de
monitoramento e integração de forças, funcionando de forma semelhante ao CICC.
A integração de todos
A SENASP, incentiva a integração em todos os níveis.
A Secretaria de Operações Integradas (Seopi) tem como uma das principais funções promover a
integração das atividades de inteligência de segurança pública, em consonância com os órgãos federais,
estaduais, municipais e distrital dentro do que prevê o Sistema Único de Segurança Pública (Susp),
instituído pela Lei Número 13.675 de 2018.
São prioridades do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) as ações para desmonte de
organizações criminosas, combate à corrupção e aos crimes violentos no Brasil. Uma das ferramentas de
integração é o Centro Integrado de Comando e Controle Nacional (CICCN). Também sob a
responsabilidade da Seopi está a Rede de Centros Integrados de Inteligência de Segurança Pública. Os
centros são responsáveis por reunir dados de inteligência entre os órgãos estaduais, com o intuito de
obter informações sobre integrantes das organizações criminosas, bem como antecipar investidas destes
grupos de forma preventiva.
Além do CICCN existem outros três centros; CIISPR-Sul;

CIISPR-NE;

CIISP-N.

Cada Centro é composto por um coordenador da Diretoria de Inteligência da Secretaria de Operações


Integradas do MJSP, representantes das secretarias de Segurança Pública, das polícias Civil e Militar e do
Sistema Penitenciário dos estados da região.
As atividades são coordenadas no âmbito da Diretoria de Inteligência (DINT) da Seopi, em Brasília (DF),
com tecnologias específicas de inteligência. Entre as competências da Diretoria de Inteligência (DINT)
também estão a elaboração e a implementação de políticas de inteligência de segurança pública. A
principal função de cada centro é coletar, analisar e disseminar inteligência para tomadores de decisão
dos estados e demais agências de inteligência de segurança pública.
O SINESP
Sargento, você já ouviu falar em Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública? Sabe o que é?
Vamosaprender?
O Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e
Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas (Sinesp) é uma plataforma de informações
integradas, que possibilita consultas operacionais, investigativas e estratégicas sobre segurança pública.
As informações são validadas pela Senasp por meio dos boletins de ocorrência de todos os municípios,
regiões administrativas, estados e do Distrito Federal. Em dezembro de 2014, após a conclusão da
primeira etapa de planejamento e desenvolvimento da plataforma Sinesp, foi implementado o Boletim
Nacional de Ocorrências Policiais - Sinesp PPE (Procedimentos Policiais Eletrônicos) dando início à coleta
de dados de registros de ocorrência em temporeal.
Já em 2015, foi desenvolvido e disponibilizado às UFs o Sinesp Integração, solução destinada à
consolidação de dados e informações de múltiplas fontes em uma única Base Nacional, permitindo,
dentre outras atividades, a análise de microdados e a produção de estatísticas e relatórios mais
qualificados.

Fonte de dados e indicadores


Os dados disponíveis são extraídos das soluções Sistema Nacional de Estatística de Segurança Pública e
Justiça Criminal, SINESPJC e Sinesp Integração, fontes primárias dos seguintes indicadores; Totais de
Ocorrências e Totais de Vítimas de estupro, furto de veículos, homicídio doloso, lesão corporal seguida
de morte, roubo à instituição financeira, roubo de carga, roubo de veículos e roubo seguido de morte.
Nota – É importante ressaltar que as informações apresentadas refletem o nível de alimentação e
consolidação de cada Unidade da Federação no Sinesp Justiça Criminal e Sinesp Integração na data de
sua extração, podendo ocorrer atualizações posteriores à publicação. Salientamos que se considera
como último período os dados consolidados que antecedem os últimos três meses, por exemplo; Em
fevereiro de 2019, serão publicados os dados de janeiro de 2015 a outubro de 2018; em março de 2019
os dados de janeiro de 2015 a novembro de 2018; e assim sucessivamente. Isso se faz necessário para
que os Gestores Estaduais possam coletar, tratar e validar os dados antes do fornecimento e
consolidação via SinespJC, não sendo exigido esse processo aos entes que já utilizam o Sinesp Integração
e consideram os dados transmitidos como fonte para a produção das estatísticas oficiais.”(site MJSP
divulgação)
CONCLUSÃO
Muitos autores apontam para a necessidade de uma visão sistêmica da Segurança Pública, o que
também é reforçado pelas instâncias Federal e Estadual, tendo em vista a edição de planos específicos
para a área da Segurança Pública.
Além disso, dentre as várias abordagens teóricas das organizações que permitem tratar as questões de
segurança, criminalidade e violência; a abordagem sistêmica que descreve a Segurança Pública como um
sistema de estruturas interligadas, com certo nível de autonomia é a que mais possibilita a compreensão
dos órgãos e instituições de Segurança Pública.
Há algum tempo, esforços de pesquisa, tanto na área da História, da Sociologia e da Psicologia, vêm se
voltando para o estudo da criminalidade e da violência, de forma a elucidar o fenômeno em termos de
suas variações no tempo em relação às estruturas e processos mais amplos e de longa duração.
De um modo geral, as mudanças históricas acentuadas nos padrões de violência estariam relacionadas a
duas alterações de longo curso; as profundas mudanças culturais que modelam a sociedade moderna e a
expansão do Estado Moderno e seus aparatos de vigilância e controle social, realizadas
concomitantemente.
Poucos problemas sociais mobilizam tanto a opinião pública como a criminalidade e a violência nos dias
atuais, pois afetam toda a população, independentemente de classe, raça, credo religioso, sexo ou
estado civil. São consequências que se repercutem tanto no imaginário cotidiano das pessoas, como nas
cifras extraordinárias a respeito dos custos diretos da criminalidade violenta.
Sendo assim, é de crucial importância que o profissional de segurança pública possua uma visão
sistêmica da sua profissão, assumindo um comprometimento mais amplo, que abranja não só as ações
do órgão, mas também toda a realidade social (o sistema social), bem como o entendimento das teorias
científicas sobre a violência e a criminalidade que são utilizadas para a compreensão e investigação do
fenômeno criminoso, indagando porque determinadas pessoas são tratadas como criminosas;
vislumbrando o predomínio dos elementos sociais e situacionais sobre a personalidade e orientando na
formulação de políticas pública.
CHEFIA E LIDERANÇA
INTRODUÇÃO
Vivemos, na atualidade, uma realidade social com constantes mudanças em todos os seus
segmentos. Diante disto, a Polícia Militar não poderia continuar a desempenhar seu papel nos
antigos moldes. Neste sentido, é sabido que já obtivemos muitos avanços, entretanto ainda
temos muito a progredir.
É fundamental que dentro de uma organização exista uma liderança capaz de conduzir os seus
liderados rumo a excelência na prestação de serviços a sociedade.
Pensando nisso a disciplina de Chefia e Liderança visa auxiliar os Sargentos da Polícia Militar do
Estado do Rio de Janeiro a desenvolver características importantes de um verdadeiro líder,
compreendendo as qualidades necessárias para ser um exemplo um espelho a ser seguido por
seus subordinados, bem como o respeito e o espírito de equipe necessários para ser um
verdadeiro líder.
Em algum momento talvez você já tenha se questionado. Será que sou um chefe ou um líder?
Para responder esses questionamentos, vamos te ajudar a elaborar conceitos que possam te
auxiliar nesse processo e conseguir modificar pontos que auxiliem na sua jornada com a tropa.
Vamos pensar sobre algumas situações.
Diante de uma ação que deve ser pensada e executada com sua equipe de trabalho e o
comandante não aprova a ideia, qual sua atitude?
a) Criticar os seus comandados e atribuir a eles a falha no processo?
b) Assumir a falha junto com sua equipe e buscar melhorar o desempenho?
Se sua resposta for assumir a falha junto com sua equipe e buscar melhorar o desempenho,
você está mais próximo do conceito de líder, vamos entender o porquê.
CONCEITO DE CHEFE, COMANDO E CHEFIA.
Ao final desta aula você deverá;
Identificar e refletir sobre os princípios da Chefia e Liderança no contexto da PMERJ.
Você sabia que chefe é aquele que exerce autoridade, dirige, governa ou administra? Vamos
falar um pouco sobre o exercício e os atributos da chefia?
O exercício da chefia é prerrogativa de um cargo recebido ou conquistado, de fundamental
importância na condução do grupo/equipe para atingir um determinado objetivo, chefiar
significa contrariar interesses e estabelecer prioridades.
A figura do chefe – é muito conhecida no nosso meio, sendo muitas das vezes aquele que toma
decisões de forma individual e tende a falar mais do que escutar.
Comando – é a autoridade que o militar exerce sobre seus subordinados, em virtude do posto,
graduação ou função, é uma espécie de chefia militar. O comandante deve capacitar os
militares a cumprirem qualquer missão, agindo com responsabilidade, mesmo na ausência de
ordens.
Atributos do Chefe
Na função de chefia algumas atitudes específicas, tais como; organizar, comandar e controlar é
característica marcante do chefe. São regras de procedimentos de um Chefe para controlar ou
dirigir as ações dos seus subordinados;
1) Conhecer a sua profissão;
2) Conhecer a si próprio e procurar aperfeiçoar-se (pontos fracos e fortes);
3) Conhecer seus subordinados e interessar-se pelo seu aprimoramento profissional e bem-
estar;
4) Manter seus comandados bem informados;
5) Dar o exemplo;
6) Verificar se a ordem foi bem compreendida, fiscalizada e executada;
7) Instruir seus comandados como uma equipe;
8) Decidir com acerto e oportunidade;
9) Ter amor à responsabilidade e desenvolver esse sentimento entre os subordinados;
10) Empregar as tropas de acordo com suas possibilidades;
11) Assumir a responsabilidade dos seus atos.
Ao que se trata das Qualidades de Chefia podemos compreender da seguinte forma; “São
atributos humanos de grande valor, pois facilitam a aplicação dos princípios de chefia e
concorrem para a aquisição da confiança, do respeito, e da cooperação dos seus subordinados.
Os principais são; assiduidade, disciplina, principalmente no que tange ao cumprimento dos
horários, boa apresentação, iniciativa, espírito de decisão, coragem para mudar aquilo que
está errado, sentimento do dever, tenacidade, entusiasmo, integridade moral, bom humor,
senso de justiça e julgamento, lealdade, simpatia, tato e desprendimento, revelado pela
renúncia consciente do conforto ou dos privilégios em detrimento dos outros. ” Academia da
Polícia Militar Dom João Sexto “Chefia e liderança”.
Cabe ressaltar que o chefe geralmente foca nos resultados, cobrando que cada trabalhador
cumpra suas tarefas. Além disso, muitas vezes ele exige que todos os processos passem por
sua aprovação antes de serem concluídos.
CONCEITO DE LÍDER
Ao final desta aula você deverá;
Refletir e estabelecer as diferenças entre os conceitos e as práticas da chefia e da liderança;
Identificar e refletir sobre os tipos e estilos da liderança.
Agora que você já sabe os princípios da Chefia. Que tal aprender o conceito de líder?
Por líder entendemos ser aquele que consegue estabelecer uma interação pessoal com o
grupo/equipe, influenciando estes a se comprometerem com a busca de objetivos comuns.
Liderar significa descobrir o poder que existe nas pessoas, torná-las capazes de criatividade,
autorrealização e visualização de um futuro melhor para si e para a organização em que
trabalham. Segundo Meneghetti; "O líder é aquele que sabe servir, que sabe fazer funcionar a
harmonia das relações entre os operadores de um contexto (empresarial ou outro), para que
exista o máximo de produção específica ou resultado integral. O líder é o centro operativo de
diversas relações e funções, é aquele que sabe individuar a proporção de como se movem as
relações da vida e sabe aplicar, a cada situação, a fórmula justa para resolver e realizar
econômica, política e socialmente". Na definição de Motta;
“O líder é, em princípio, uma pessoa que conhece bem a si mesmo antes de conhecer o
mundo, a sua organização e as pessoas. O líder tem consciência de seus pontos fortes e fracos,
e sabe tirar vantagem de suas condições positivas para compensar e melhorar suas
características negativas. Na verdade, o líder se exprime verdadeiramente. É um indivíduo que
luta para ser ele mesmo, testa suas próprias crenças e possibilidades, e descobre seus próprios
caminhos e sua própria maneira de enfrentar e se adaptar à realidade. A autenticidade do
líder, em sua maneira de ser, é o que o faz descobrir novos destinos e inspirar seguidores a
perseguir um novo futuro. ”
A figura do líder é conhecida por trazer inspiração e motivação para os trabalhadores. De
modo geral, esses profissionais não focam nos resultados, mas no caminho que leva até eles.
O líder também é aquele capaz de estimulas a autonomia do trabalhador e valorizar suas
iniciativas e a criatividade. Ele compreende que no caminho para a obtenção de resultados, os
erros acontecem e acabam por ser valorizados, pois contribuem na busca de soluções
inteligentes.
Há alguns anos atrás, a psicologia e a administração admitiam que um líder já nascia feito,
predestinado a liderar. Apesar de algumas características serem específicas de cada indivíduo,
alguns se destacando e liderando naturalmente, entende-se que qualquer pessoa pode tornar-
se um líder em seu campo de atuação, bastando apenas querer. Neste sentido é que,
atualmente, recomenda-se aos chefes (comandantes, dirigentes, etc.) a dedicação ao
aprendizado da liderança e o empenho individual em enriquecer a própria experiência. O
essencial na liderança é o reconhecimento do outro, no poder que o outro tem, possibilitando
assim que suas intenções se tornem realidade e se sustentem ao longo do tempo. Os líderes
desenvolvem entusiasmo, autoestima e ideais entre os liderados. Para aprender a respeito dos
seus subordinados o dirigente deve possibilitar uma comunicação efetiva o que, além disso,
viabilizará a orientação sobre novas possibilidades, criando dependência mutua e fazendo-os
sentirem-se parte de uma equipe.
Vamos estudar os mitos e as realidades sobre Liderança?
Liderança não é;
1 – Mágica ou mistério
2 – Propriedades de pessoas eminentes
3 – Fruto de qualidades especiais aprendidos
4 – Panaceia para a solução de todos os problemas.
5 – Uso de poder pessoal para garantir os seguidores ou propósitos pessoais
Liderança é;
1 – Habilidade humana e gerencial;
2 – Alcançável por pessoas comuns;
3 – Produtos de habilidades e conhecimentos inatas;
4 – Forma de comunicação e articulação de uma missão e de futuros alternativos;
15 – Uso de poder existente nas pessoas para garantir alcance de propósitos comuns;
Qualidades do Líder
Uma importante qualidade do líder é sua capacidade de comunicação clara com todos os
envolvidos e a estimulação e a busca pelo diálogo entre todos, buscando também
transparência e melhores resultados, valorizando todos os membros de sua equipe.
O líder também prioriza as pessoas e o desenvolvimento destas, buscando que todos os
envolvidos no processo sintam-se importantes e valorizados.
Para um bom desempenho das missões um bom líder dialoga com os colaboradores qual a
melhor maneira para conseguir alcançar os objetivos e divide as responsabilidades com eles. O
líder busca tomar as decisões junto com sua equipe, discutindo as ideias em vez de impor as
suas.
Você saberia dizer algumas qualidades e atributos de um líder? Vamos aprender?
Iniciativa.
Comprometimento.
Agilidade.
Coragem.
Criatividade.
Entusiasmo.
Integridade.
Autoconfiança.
Humildade.
Ousadia.
Honestidade.
Habilidades Sociais.
Habilidades.
Interpessoais.
Habilidades Técnicas.
Habilidades Administrativas.
Habilidades Intelectuais.
Manutenção de grupo de trabalho coeso.
Manutenção de coordenação e trabalho de equipe.
Apoio ao trabalho do grupo.
Disposição de assumir responsabilidade.
Equilíbrio e controle emocionais.
Conduta ética.
Poder de decisão.
Comunicação.
Verbalização.
É importante ressaltar que qualidades e atributos nos norteiam, mas não são suficientes para
explicar a causa da liderança efetiva. No sentido de orientação, torna-se conveniente o estudo
dos estilos de liderança. Atualmente, tem sido considerado como ideal o estilo de liderança
que envolve ativamente os subordinados no estabelecimento de metas, e enfoca tanto as
pessoas como a tarefa. Vejamos três tipos de lideranças;
a) Liderança autoritária ou autocrática – dá ênfase à responsabilidade integral do líder, que
fixa normas, estabelece objetivos e avalia resultados. O líder é o único dono da verdade; é
quem estabelece normas rígidas, inspeciona os subordinados nos mínimos detalhes e
determina os padrões de eficiência usando, para motivar os homens, o sistema de
recompensas e punições. Ele despreza as ideias do subordinado, inibindo criatividade e a
iniciativa destes.
b) Liderança participativa (democrática) – de acordo com este tipo, cabe ao líder o
cumprimento da missão por meio da participação, do engajamento dos homens e do
aproveitamento de suas ideias, procurando estabelecer o respeito e a confiança mútua. O líder
participativo se reúne com seus subordinados para conversar sobre as áreas de atrito que
interferem no trabalho. Entretanto, não exclui o princípio da autoridade de que está investido
e que, por este, deverá ser exercido em toda sua plenitude, inclusive com a energia necessária
e suficiente para cada situação considerada.
c) Liderança delegativa – este tipo é mais indicado para assuntos de natureza técnica, em que
o líder atribui a seus assessores a tomada de decisões especializadas. Deste modo, ele tem
mais tempo para dar atenção a todos os problemas sem se deter, especificamente, numa
determinada área. Contudo, detém a palavra final sobre a execução da missão. O ponto crítico
do sucesso deste tipo de liderança é saber delegar atribuições sem perder o controle da
situação, ou seja, necessita de permanente acompanhamento e fiscalização.
MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA
Ao final desta aula você deverá;
Identificar e analisar as principais características da conduta em cada tipo de liderança.
Refletir e analisar o papel da liderança no desempenho de grupo;
Policial, você já ouviu falar sobre motivação e liderança?
Dentre as qualidades de um líder, um fator que merece destaque é a capacidade de motivar. É
muito comum ouvir que um líder deve motivar seu grupo, e existem diversos estudos sobre
esta questão. De um lado temos o grupo de estudiosos defendendo que a motivação
independe de fatores externos, pois são as necessidades, objetivos, desejos e valores
individuais que vão definir tal motivação, ou seja, nestas concepções a motivação é um
processo interno que pouco podemos influenciar. De outro lado temos os teóricos que
enfatizam a dimensão externa como possibilidade de direcionar o comportamento humano.
Atualmente, as propostas sobre motivação têm se centrado em incentivos, reforços, objetivos,
intencionalidade e expectativas. Estas teorias encontram-se mais bem fundamentadas e focam
essencialmente dimensões externas do indivíduo, por tanto são mais aplicáveis e mais
manipuláveis por instrumentos gerenciais. Contudo, não se devem desconsiderar as
dimensões internas do indivíduo. É importante que o líder saiba fazer a necessária interação
de fatores individuais (internos) e estímulos ambientais.
ATENÇÃO;
Na motivação, tanto o objetivo a ser alcançado quanto à recompensa deve ser valorizado pelo
indivíduo.
Dentro das possibilidades, os interesses individuais devem ser incorporados em projetos da
organização.
Identificar e analisar as principais características da conduta em cada tipo de liderança.
Refletir e analisar o papel da liderança no desempenho de grupo; Ao final desta aula você
deverá;
A dimensão individual está presente como fator propulsor dos comportamentos motivados, ou
seja, todas as dimensões da motivação devem ser levadas em conta.
Quadro Comparativo Você seria dizer as diferenças entre Chefe e Líder?
As diferenças entre.
Chefe;
Conduz empregado.
Apoia-se na autoridade.
Inspira medo.
DIZ EU.
Atribui culpa aos erros.
Sabe como se faz.
Usa pessoas.
Leva o crédito.
Manda.
Diz vai.
Líder;
Orienta empregados.
Apoia-se na boa vontade.
Cria entusiasmo.
Diz nós.
Conserta os erros.
Mostra como se faz.
Desenvolve pessoas.
Da o crédito.
Pede.
Diz Vamos.
CONCLUSÃO
Dirigentes/chefes podem exercer funções gerenciais de forma muito competente e falharem
na liderança. O líder deve estimular continuamente a iniciativa, e expressar diariamente o
apoio e a confiança. A influência do líder é nutrida através do reforço do comprometimento e
empenho com ideais comuns. A prática de uma liderança eficaz fará com que os indivíduos
aprendam a contar com a competência, a capacidade e a dedicação do outro. Diante do
exposto, podemos concluir que o estudo dos conceitos e atributos que definem chefia e
liderança são fundamentais para a rotina do exercício do profissional de segurança pública.

Você também pode gostar