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CAPÍTULO XIX
DOS CRIMES DE TRÂNSITO
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS –
Conceito de trânsito –
Art. 1º – O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional, abertas à
circulação, rege–se por este Código.
§ 1º Considera–se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em
grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou
descarga.
Conceito de trânsito –
✓ Pessoas;
✓ Veículos;
✓ Animais;
✓ De forma isolada ou em grupos;
✓ Conduzidos ou não;
✓ Circulação;
✓ Parada;
✓ Estacionamento;
✓ Operação de carga ou descarga.
Art. 2º São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as avenidas, os logradouros, os caminhos, as
passagens, as estradas e as rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão ou entidade com
circunscrição sobre elas, de acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias especiais.
Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são consideradas vias terrestres consideradas vias
terrestres as praias abertas à circulação pública, as vias internas pertencentes aos condomínios
constituídos por unidades autônomas e as vias e áreas de estacionamento de estabelecimentos
privados de uso coletivo.
São consideradas vias terrestres –
Conceitos – Anexo I –
Automóvel – veículo automotor destinado ao transporte de passageiros, com capacidade para até oito
pessoas, exclusive o condutor.
Veículo automotor – todo veículo a motor de propulsão que circule por seus próprios meios, e que serve
normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de veículos utilizados
para o transporte de pessoas e coisas. O termo compreende os veículos conectados a uma linha elétrica e
que não circulam sobre trilhos (ônibus elétrico).
Exemplos –
• Caminhonete – veículo destinado ao transporte de carga com peso bruto total de até três mil e
quinhentos quilogramas.
• Bicicleta – veículo de propulsão humana, dotado de duas rodas, não sendo, para efeito deste
Código, similar à motocicleta, motoneta e ciclomotor.
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam–
se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de
modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.
Para que ocorram alguns crimes de trânsito é necessário que o agente esteja na direção de veículo
automotor e fique caracterizado o elemento subjetivo do agente (dolo ou culpa). Essa conclusão
podemos extrair do início do art. 291 [Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste
Código ...]
Desta forma, são dois os requisitos para que esteja presente esse crime:
Caso contrário, ausente um desses requisitos, não configura o crime previsto no art. 302 do CTB, passando
a conduta a ser punida pelo Código Penal, por exemplo.
Exemplos –
✓ Matar alguém –
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena – reclusão, de seis a vinte anos.
✓ Lesão Corporal –
3. Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou,
não podendo fazê–lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
✓ Se o condutor que não deu causa ao acidentem teremos o crime de Omissão de socorro –
do CP –
✓ Omissão de socorro – Art. 135 – Deixar de prestar assistência, quando possível fazê–lo sem risco
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em
grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Como podemos perceber, aos crimes cometidos na direção de veículos automotores serão aplicados os dispositivos
específicos do CTB, em homenagem ao princípio da Especialidade. No entanto, quando o CTB nada dispor
sobre determinado assunto pertinente, serão aplicadas de forma subsidiária as normas gerais do Código
Penal e do Código de Processo Penal. Já as normas da Lei nº 9.099/95, serão aplicadas quando possível, ou seja,
no que couber, uma vez que depende do preenchimento de requisitos.
Anterioridade da Lei
Art. 1º – Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação
legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 2º – Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Parágrafo único – A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica–se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 3º – A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica–se ao fato praticado durante sua vigência. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 1984)
Tempo do crime
Art. 4º – Considera–se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
Territorialidade
Art. 5º – Aplica–se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 2º – É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
estrangeiras de propriedade privada, achando–se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no
espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.(Redação dada pela Lei nº
7.209, de 1984)
Lugar do crime (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
Art. 6º – Considera–se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em
parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir–se o resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
1984)
Art. 100 – A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do
ofendido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º – A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de
representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
§ 3º – A ação de iniciativa privada pode intentar–se nos crimes de ação pública, se o Ministério
Público não oferece denúncia no prazo legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 4º – No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de
oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Como regra, o procedimento sumaríssimo do Juizado Especial Criminal, bem como seus institutos
despenalizadores aplicam–se às infrações de menor potencial ofensivo. De acordo com o CTB, o Jecrim somente
será aplicado no que couber. Antes de falar quando cabe ou não o Jecrim, quero trazer os principais dispositivos
para você!
LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995 – Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais
e dá outras providências.
Competência do Jecrim –
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem
competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial
ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.
Art. 61. Consideram–se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos,
cumulada ou não com multa.
Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar–se–á pelos critérios da oralidade,
simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a
reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. (Redação dada
pela Lei nº 13.603, de 2018)
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima,
providenciando–se as requisições dos exames periciais necessários.
Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo possível a realização imediata da
audiência preliminar, será designada data próxima, da qual ambos sairão cientes.
Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvidos, a Secretaria providenciará sua
intimação e, se for o caso, a do responsável civil, na forma dos arts. 67 e 68 desta Lei.
Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a
vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a
possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não
privativa de liberdade.
Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação.
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, recrutados, na forma da lei local,
preferentemente entre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam funções na administração da Justiça
Criminal.
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante
sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.
Parágrafo único. Tratando–se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública
condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou
representação.
Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a
oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo.
Art. 76. Havendo representação ou tratando–se de crime de ação penal pública incondicionada, não
sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena
restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi–la até a metade.
I – ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por
sentença definitiva;
II – ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena
restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
III – não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz.
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena
restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir
novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes
criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos
interessados propor ação cabível no juízo cível.
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação
a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou
não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo,
por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por
outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do
Código Penal).
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia,
poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que
adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro
crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por
contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.
Conflito aparente de normas penais – O conflito aparente de normas penais ocorre quando há duas ou mais
normas incriminadoras descrevendo o mesmo fato. Sendo assim, existe o conflito, pois mais de uma norma
pretende regular o fato, mas é aparente, porque, apenas uma norma é aplicada à hipótese. Alguns elementos são
necessários para se caracterizar a existência de conflitos de normas:
Princípio da Especialidade – Especial é a norma que possui todos os elementos da geral, denominados
especializantes (não são crimes autônomos e, sim, circunstâncias que isoladas do tipo geral não teriam
significação penal), que trazem um minus ou um plus de severidade. O princípio da especialidade, na
verdade, evita o bis in idem, pois determina que haverá a prevalência da norma especial sobre a geral, sendo
certo que a comparação entre as normas será estabelecida in abstracto.
Como podemos perceber, aos crimes cometidos na direção de veículos automotores serão aplicados os dispositivos
específicos do CTB, em homenagem ao princípio da Especialidade. No entanto, quando o CTB nada dispor sobre
determinado assunto pertinente, serão aplicadas de forma subsidiária as normas gerais do Código Penal e do
Código de Processo Penal. Já as normas da Lei nº 9.099/95, serão aplicadas quando possível, ou seja, no que
couber, uma vez que depende do preenchimento de requisitos.
PRINCÍPIO DA CONFIANÇA –
“O princípio da confiança refere–se à situação na qual uma pessoa age de acordo com as regras avençadas pela
sociedade (para uma determinada atividade), e acredita que a outra também agirá conforme tais regras. Trata–
se de um orientador da conduta humana, que visa a organizar os comportamentos sociais, de forma que um
sujeito saiba o que esperar do outro. Do contrário, seria muito difícil o convívio humano.”
(https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos)
Ele também é o norteador das relações viárias, que está ligado ao cumprimento de regras de trânsito, partindo do
pressuposto que cada agente vai agir respeitando as regras de trânsito. Em outras palavras, de um modo geral,
os condutores agem por intermédio da confiança recíproca, ou seja, acreditam que todos os usuários irão
respeitar as regras viárias.
Exemplos –
1. Se o sinal está fechado e o pedestre atravessa a rua, ele confia no condutor do veículo que está parado,
acreditando que ele irá permanecer parado.
2. Se o sinal está verde para o motorista “A” e vermelho para o “B”, o motorista “A” conduz seu veículo na
confiança que o outro motorista irá permanecer parado;
3. É o caso do médico cirurgião quando vai realizar seu ofício. Ele confia que a enfermeira empregou todos
os procedimentos de higienização do centro cirúrgico e dos devidos instrumentos para que ele possa
utilizá–los adequadamente.
Art. 291, § 1º – LESÃO CORPORAL CULPOSA E O JECRIM
Art. 291 – § 1º – Aplica–se aos crimes de trânsito de lesão corporal CULPOSA o disposto nos arts. 74,
76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver:
I – sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência;
III – transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinqüenta
quilômetros por hora).
Como regra, aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa é aplicável o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no
9.099/95, uma vez que tal crime é classificado com IMPO, nos termos do JECRIM. Dessa firma, é cabível (como
regra):
[Explicação – Crime de menor potencial ofensivo – O crime de lesão corporal culposa no trânsito é
punido com detenção, de seis meses a dois anos, além da suspensão ou proibição de se obter a permissão
ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Desta forma, é crime de Menor Potencial Ofensivo, sendo
aplicáveis os institutos despenalizadores dos arts. 74, 76 e 88 da Lei 9.099/95.
Juizado Especial Criminal – Art. 61. Consideram–se infrações penais de menor potencial ofensivo,
para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior
a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.]
Como se trata de crime de menor potencial ofensivo, será dispensado o inquérito policial e lavrará termo
circunstanciado, conforme previsão na Lei 9.099/65.
Juizado Especial Criminal – Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência
lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a
vítima, providenciando–se as requisições dos exames periciais necessários.
A composição civil dos danos é a proposta feita pelo suposto autor do fato a vítima para reparar os prejuízos
causados pela infração. Se a vítima aceitar e o juiz homologar o acordo, isso implicará em renúncia e teria o
condão de extinguir a punibilidade nos crimes de ação provada pública condicionada a representação e ação
penal privada.
Juizado Especial Criminal – Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada
pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.
Parágrafo único. Tratando–se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à
representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.
03. Transação Penal –
Juizado Especial Criminal – Art. 76. Havendo representação ou tratando–se de crime de ação penal
pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação
imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
Como já vimos, como regra, o crime de lesão corporal culposa é de ação penal pública condicionada à
representação. No entanto, será de ação penal pública incondicionada, ou seja, não dependerá de representação
da vítima, quando o crime ocorrer em algumas dessas hipóteses previstas no §1º:
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal
relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
Art. 291, § 2º – Nas hipóteses previstas no § 1º deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial
para a investigação da infração penal.
• A regra é que não será cabível o inquérito policial nos crimes de lesão corporal culposa. No entanto,
quando ocorrer quaisquer das hipóteses do art. 291, §1º, deverá ser instaurado inquérito policial para a
investigação da infração penal.
De forma excepcional, não serão aplicados tais institutos despenalizadores do Jecrim, quando
✓ O agente estiver sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que
determine dependência;
✓ O agente estiver sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine
dependência;
✓ O agente estiver transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h
(cinqüenta quilômetros por hora).
§ 3º – (VETADO).
✓ à culpabilidade do agente;
✓ às circunstâncias do crime.
✓ às consequências do crime.
SUSPENSÃO OU A PROIBIÇÃO DE SE OBTER A PERMISSÃO
OU A HABILITAÇÃO (Art. 292)
Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia da
ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público
ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão
da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua
obtenção.
Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor pode ser imposta isolada ou cumulativamente com outras penalidades.
Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a
penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das
demais sanções penais cabíveis.
Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir
veículo automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos.
Art. 294, Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que
indeferir o requerimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito
suspensivo.
Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou a proibição de se obter a permissão ou a
habilitação será sempre comunicada pela autoridade judiciária ao Conselho Nacional de Trânsito –
CONTRAN, e ao órgão de trânsito do Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou residente.
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor imposta com fundamento neste Código:
Penas – detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de
suspensão ou de proibição.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido
no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
DA ANÁLISE DOS DISPOSITIVOS LEGAIS –
Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor pode ser imposta isolada OU cumulativamente com outras penalidades.
✓ Suspensão – A suspensão aplica–se aquele que já possui a permissão para dirigir ou a CNH. Aplicada
a pena, o condenado ficará com seu direito suspenso por um prazo mínimo de 2 meses até 5 anos.
✓ Proibição – A Proibição aplica–se aquele que não possui a permissão para dirigir ou a CNH. Desse
modo, após cumprir sua pena privativa de liberdade, o condenado ficará proibido de obter permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor por um prazo mínimo de 2 meses até 5 anos.
A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação poderá ser aplicada de forma isolada ou
cumulativamente, conforme previsão no próprio art. 292. De forma expressa, haverá obrigatoriamente
aplicação conjunta da suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação com penas
privativa de liberdade nos seguintes crimes:
Penas – detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação
para dirigir veículo automotor.
Penas – detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de
álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência:
Penas – detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor imposta com fundamento neste Código:
Penas – detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de
suspensão ou de proibição.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no §
1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição
automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não
autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou
privada: (Redação dada pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência)
Penas – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão
ou a habilitação para dirigir veículo automotor
Reincidente – Aplicação da suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação –
Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a
penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo
das demais sanções penais cabíveis.
Comentário –
Como vimos acima, a pena de suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação deverá
ser aplicada obrigatoriamente naqueles casos, no entanto isso não significa que ela não poderá ser
aplicada nos outros crimes. Desta forma, no caso de reincidente específico em crime previsto no CTB,
será aplicado ao condenado a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo
automotor, além das demais sanções penais cabíveis referentes ao crime cometido.
A pena suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor não substitui a Pena
Privativa de liberdade, inclusive podendo ser aplicada cumulativamente com multa.
O Código Penal, em seu art. 47, III, trata da interdição temporária de direitos, trazendo dentre as hipóteses
previstas a “suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.” Quanto à revogação, temos duas
posições. Vejamos:
✓ 1ª Corrente – (Não foi revogado) – Defendida por Rogério Greco e Júlio Fabrini Mirabete, esse
dispositivo não foi revogado, tendo incidência apenas nas hipóteses que o agente habilitado para dirigir
veículo automotor pratica crime culposo de trânsito, no entanto sem está na direção de veículo
automotor, conduzindo, por exemplo, bicicleta ou carroças.
✓ 2ª Corrente – (Foi revogado) Para Fernando Capez, esse dispositivo foi revogado, uma vez que é
incompatível com os crimes previstos no CTB, não havendo compatibilidade de substituição da Pena
Privativa de Liberdade por podendo ser suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo
automotor.
§1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à autoridade
judiciária, em quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
✓ Duração – Art. 293. A penalidade tem a duração de dois meses a cinco anos. Nesse caso, para escolher o
quantum, o juiz irá adotar o critério previsto no Art. 59 do Código Penal.
✓ Crime do Art. 307, parágrafo único – Uma vez condenado e intimado para entregar permissão para
dirigir ou a carteira de habilitação à autoridade judiciária dentro do prazo de 48 horas, se não o fizer
ele incorrerá em crime previsto no Art. 307, parágrafo único, punido com detenção, de seis meses
a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição.
✓ Duração suspensão ou proibição no caso de não entrega do documento – Ressalta–se que, nessa
hipótese, a duração não será aquela prevista no art. 293 (2 meses a 5 anos), e sim um adicional de
uma nova imposição com prazo idêntico ao de suspensão ou de proibição aplicada inicialmente. Vejamos:
Art. 307– Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo
estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação
✓ Início do Cumprimento da suspensão – Conforme o art. 293, §2º, a penalidade somente se inicia após
o sentenciado, por efeito de condenação penal, cumprir a pena privativa de liberdade estabelecida na
sentença, uma vez que, por razões obvias e por condição natural da situação de preso, ele não poderá
dirigir por está recolhido a estabelecimento prisional.
Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia
da ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério
Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a
suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua
obtenção.
Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o
requerimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo.
Comentário –
Aqui, diferente daquela prevista no art. 292 (que tem natureza definitiva), tem natureza provisória, visando a
garantia da ordem pública e da manutenção da segurança viária, de modo a impedir que o condutor continue
causando crimes de trânsito, ou gerando perigo na direção de veículo automotor.
• Investigação ou da ação penal – A medida cautelar poderá ser decretada tanto na fase de
investigação como durante a ação penal, visando a garantia da ordem pública.
• Competência para decretar – Compete ao Juiz, de forma motivada, decretar a medida cautelar. Ele
poderá fazer de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante representação da
autoridade policial.
• Autoridade policial – Como podemos perceber a autoridade não tem competência para decretar tal
medida, pois trata–se de um ato jurisdicional. No entanto, no curso da investigação, o Delegado de Polícia
poderá requerer por meio de representação ao Juiz, que decidirá de forma fundamentada.
Comunicação da suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação –
Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou a proibição de se obter a permissão ou a
habilitação será sempre comunicada pela autoridade judiciária ao Conselho Nacional de Trânsito –
CONTRAN, e ao órgão de trânsito do Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou residente
Por obvio, visando o controle e fiscalização da segurança viária, uma vez condenado, o Juiz deverá
comunicar tal penalidade ao Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN, e ao órgão de trânsito do
Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou residente.
Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a
penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo
das demais sanções penais cabíveis.
Comentário –
Quando o réu for reincidente específico em crime previsto no CTB, será aplicado ao condenado a penalidade
de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, além das demais sanções penais
cabíveis referentes ao crime cometido. Podemos perceber que não se trata de reincidência genérica, ou seja,
reincidência em qualquer crime. Deve ser reincidente em crime dessa natureza – crime previsto no CTB.
MULTA REPARATÓRIA –
Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no pagamento, mediante depósito judicial em favor da
vítima, ou seus sucessores, de quantia calculada com base no disposto no § 1º do art. 49 do Código
Penal, sempre que houver prejuízo material resultante do crime.
§ 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao valor do prejuízo demonstrado no processo.
✓ Natureza jurídica – Apesar de divergência, prevalece que ela tem natureza cível, e não natureza de
penal.
✓ Beneficiária – Será pago mediante depósito judicial em favor da vítima, ou seus sucessores, sempre que
houver prejuízo material resultante do crime.
MULTA REPARATÓRIA PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA
(ART.297 – CTB) (ART. 45, §1º – CP)
VALOR FIXADO De quantia “fixado pelo juiz não podendo De importância fixada pelo juiz, não
ser inferior a um trigésimo do maior inferior a 1 (um) salário mínimo nem
salário mínimo mensal vigente ao tempo superior a 360 (trezentos e sessenta)
do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salários mínimos.
salário” (art. 49,§1º)
CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES –
Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos crimes de trânsito ter o
condutor do veículo cometido a infração:
I – com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano patrimonial a
terceiros;
V – quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte de passageiros
ou de carga;
VI – utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características que afetem
a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas
especificações do fabricante;
De acordo com o art. 68 do Código Penal, a dosimetria da pena será realizada por meio de um sistema trifásico,
ou seja, dividida em três partes:
✓ 1ª fase – Na primeira fase, o juiz irá fixar da pena–base, utilizando–se os critérios do artigo 59 do
Código Penal;
✓ 3ª fase – Na terceira fase, o juiz irá fixar as eventuais causas de diminuição e de aumento de pena.
Incompatibilidades –
1. Não constituem elementares do crime, ou seja, quando não fizerem parte do tipo penal do crime –
2. Não qualificam o crime, ou seja, ausentes qualificados da mesma natureza das agravantes –
Desta forma, as agravantes serão aplicadas de forma subsidiária aos casos de ausência de elementares e
qualificadora. Muitas agravantes previstas nesse dispositivo constituem elementares de alguns crimes
previstos no CTB. Portanto, para que não fique caracterizado “bis in idem” (dupla punição pelo mesmo fato),
quando as agravantes genéricas forem também elementares do crime, elas não serão aplicadas.
Portanto, em uma ordem de aplicabilidade para fins de análise do crime de CTB, observa–se a seguinte
ordem:
Art. 297, III – “sem possuir Permissão para Dirigir Art. 309 – Dirigir veículo automotor, em via pública,
ou Carteira de Habilitação” sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação
ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando
perigo de dano”.
Art. 297, III – “sem possuir Permissão para Dirigir Art. 302, §1º, I (homicídio culposo); Art. 303,
ou Carteira de Habilitação” parágrafo único (lesão corporal culposa) – “não
possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
Habilitação
Art. 297, VII – “sobre faixa de trânsito temporária ou Art. 302, §1º, II (homicídio culposo); Art. 303,
permanentemente destinada a pedestres. parágrafo único (lesão corporal culposa) –
“praticá–lo em faixa de pedestres (...);”
PERDÃO JUDICIAL – ARTIGO 300 – VETADO!
Comentário –
O Art. 300 travava do perdão judicial, no entanto ele foi vetado. De acordo com o dispositivo, poderia ser
concedido o perdão judicial ao condutor do veículo que praticasse o crime de lesão corporal culposa e
homicídio culposo na direção de veículo automotor quando as consequências do crime fossem tão graves,
atingindo exclusivamente aos seus entes familiares citados no artigo, tornando a pena desnecessária.
De acordo com a justificativa do veto, aos casos de lesão corporal culposa e homicídio culposo na direção
de veículo automotor, aplica–se o Perdão Judicial previsto no código penal, pois nele o dispositivo é mais
abrangente. Nesse sentido, STJ
O fato de os delitos haverem sido cometidos em concurso formal não autoriza a extensão dos efeitos do perdão
judicial concedido para um dos crimes, se não restou comprovado, quanto ao outro, a existência do liame
subjetivo entre o infrator e a outra vítima fatal.
(REsp 1.444.699–RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, por unanimidade, julgado em 1/6/2017, DJe 9/6/2017.)
A matéria tratada nos autos consiste em averiguar a possibilidade de concessão do perdão judicial (art. 121, §
5º do CP) a autor de crime culposo de trânsito, que, mediante uma única ação imprudente, leva duas vítimas
a óbito, independentemente de haver prova de que mantivesse fortes vínculos afetivos com uma das vítimas
fatais. Sob esse prisma, cumpre observar que, quando a avaliação está voltada para o sofrimento psicológico
do autor do crime, a melhor doutrina enxerga no § 5º do art. 121 do CP a exigência de um vínculo, de um laço
prévio de conhecimento entre os envolvidos, para que seja "tão grave" a consequência ao agente a ponto de
ser despicienda e até exacerbada outra pena, além da própria dor causada, intimamente, pelo dano
provocado ao outro. No que toca ao instituto do concurso formal, ao se analisar a literalidade do art. 70 do
CP, verifica–se que, a um primeiro olhar, trata–se de um sistema de exasperação da pena, ou seja, nos casos
de concurso formal próprio ou homogêneo, a pena a ser aplicada deverá ser a de um dos delitos, aumentada
de um sexto até a metade.
Dessa forma, o percentual de aumento deve ter relação com o número de resultados e vítimas, e não com as
circunstâncias do fato. Quis o legislador, com isso beneficiar o acusado ao lhe fixar somente uma das penas,
mas acrescendo–lhe uma cota–parte que sirva para representar a punição por todos os delitos, porquanto
derivados da mesma ação ou omissão do agente. Note–se, porém, que não há referência à hipótese de
extensão da absolvição, da extinção da punibilidade, ou mesmo da redução da pena pela prática de nenhum
dos delitos. Dispõe, entretanto, o art. 108 do Código Penal, in fine, que, "nos crimes conexos, a extinção da
punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão". Assim,
tratando–se o perdão judicial de uma causa de extinção de punibilidade excepcional, que somente é cabível
quando presentes os requisitos necessários à sua concessão, esses preceitos de índole atípica devem ser os
balizadores precípuos para a aferição de sua concessão ou não, levando–se em consideração cada delito de per
si, e não de forma generalizada, como nos casos em que se afiguram pluralidades de delitos decorrentes do
concurso formal de crimes. (Informativo n. 606)
Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se
imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.
✓ Aplicabilidade – Esse disposto aplica–se aos crimes do Art. 302 (homicídio culposo) e do art. 303 (lesão
corporal culposa).
✓ de estímulo ao socorro – Por esse dispositivo, o legislador pretende estimular a prestação de socorro às
vítimas do acidente. Desta forma, se o condutor prestar pronto e integral socorro à vítima:
✓ Deixar de prestar socorro – No entanto, no caso de homicídio culposo e lesão corporal culposa, se ele
não Forma prestar socorro:
▪ Ele responderá pelos crimes com aumento de pena de pena é aumentada de 1/3 (um terço) à
metade, conforme previsão no art. Art. 302, §1º, III e Art. 303, parágrafo único.
Infração – gravíssima;
Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido em acidente de trânsito ou que for alvo de
fiscalização de trânsito poderá ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro
procedimento que, por meios técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo Contran, permita
certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência.
Art. 279. Em caso de acidente com vítima, envolvendo veículo equipado com registrador instantâneo
de velocidade e tempo, somente o perito oficial encarregado do levantamento pericial poderá retirar o
disco ou unidade armazenadora do registro.
A pena não será aumentada Ele responderá pelos crimes com aumento de pena
de pena é aumentada de 1/3 (um terço) à
metade, conforme previsão no art. Art. 302, §1º, III e
Art. 303, parágrafo único.
OUTRAS PRISÕES –
✓ Prisão preventiva –Também não caberá a prisão preventiva, uma vez que a prisão preventiva só
caberá nos crimes dolosos (art. 313, I, do CPP) e os crimes citados são praticados na modalidade culposa.
✓ Prisão temporária – Também não caberá a prisão temporária, uma vez que o rol previsto na Lei
8960/89 é taxativo, e não lá não estão inseridos os crimes do Art. 302 (homicídio culposo) e do art. 303
(lesão corporal culposa) do CTB.
DOS CRIMES EM ESPÉCIE
[ CRIMES DO CTB]
✓ Elemento subjetivo – Os crimes previstos no CTB poderão ser praticados a título de dolo ou de culpa. A
maioria dos crimes previstos no CTB são praticados na modalidade dolosa. No entanto, temos apenas dois
crimes no CTB praticados modalidade culposa, são eles:
✓ Local do crime – Os crimes previstos no CTB, Lei 9.503/97, poderão ser praticados tanto em via pública ou
particular, conforme previsão no próprio tipo penal. Desta forma, para diferenciarmos se o crime só poderá
ser cometido em via pública ou pública e particular aplicamos as seguintes regras:
▪ Quando o artigo não citar o tipo de via – Nesses casos, diante do silencio da lei, entende–se que o
crime previsto no CTB, Lei 9.503/97, poderá ser praticado tanto em via pública como em via particular.
Exemplos:
• Quando o artigo citar expressamente o tipo de via – “em via pública” – Nesses casos, conforme
especificação do próprio dispositivo legal, entende–se de modo restrito, ou seja, o crime previsto no
CTB, Lei 9.503/97, só poderá ser praticado tanto em via pública.
Exemplos:
– Art. 308 – Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou
competição automobilística não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco
à incolumidade pública ou privada.
– Art. 309 – Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou
Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano.
✓ Crimes de dano – Aqui, para que haja a consumação do crime, deverá, obrigatoriamente, haver o efetivo
dano ao bem jurídico protegido, tutelado. Exemplo: Homicídio culposo no trânsito (art. 302, CTB); Lesão
Corporal culposa no trânsito (art. 303, CTB).
✓ Crime de perigo – Os crimes de perigo são divididos em crimes de perigo concreto e de perigo abstrato.
Aqui, nesse tipo de crime, para sua consumação o legislador não exige que haja um efetivo dano ao
bem jurídico protegido, basta a probabilidade de dano, ou seja, basta a exposição do bem a um perigo.
Eles se dividem em dois tipos:
▪ Crime de perigo concreto – No crime de crime de perigo concreto, o perigo de lesão ao bem jurídico
deverá ser provado nos autos do processo, ou seja, o perigo não é presumido. Desta forma, não basta a
simples conduta do agente para o crime se configurar, o perigo ao bem jurídico deverá ser provado. Os
tipos penais trazem a expressão “gerando perigo”.
▪ Crime de perigo abstrato – No crime de perigo abstrato, o perigo de lesão ao bem jurídico é presumido,
ou seja, dispensa a necessidade de prova. Desta forma, com a simples conduta do agente, o crime estará
configurado, gerando uma situação de perigo ao bem jurídico. Os tipos penais não trazem a expressão
“gerando perigo”, ao contrário do crime de perigo concreto. Exemplo: Crimes de omissão de socorro (art.
135, CP), Tráfico de drogas (art. 33, Lei 11.343/06); Porte de Arma de fogo (art. 14, Lei 10.826/03)
✓ São crimes de dano – Homicídio Culposo (art. 302) e Lesão corporal culposa (art. 303);
✓ Crimes de perigo concreto – Racha (art. 308); Art. 309; Art. 311.
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou
competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de
veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à
incolumidade pública ou privada:
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou
Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas,
hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja
grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano:
§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço) à metade, se o agente:
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou
a habilitação para dirigir veículo automotor.
Penas - detenção, de seis mese s a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou
a habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1 o do art.
302.
§ 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas
previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão
da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência, e se do crime
resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima.
▪ Violação de um dever de cuidado objetivo – O agente atua em desacordo com o que é esperado pela
lei e pela sociedade. São formas de violação do dever de cuidado, ou mais conhecidas como modalidades
de culpa, a imprudência, a negligência e a imperícia.
▪ Resultado naturalístico – Não haverá crime culposo se, mesmo havendo falta de cuidado por parte do
agente, não ocorrer o resultado lesivo a um bem jurídico tutelado. Assim, em regra, todo crime culposo é
um crime material.
▪ Nexo causal – Relação entre a conduta e resultado. Assim, na culpa exclusiva da vítima, desaparece a
relação de causalidade entre a conduta do agente e o evento danoso.
▪ Descrição da conduta do agente – Vale destacar que a denúncia deverá descrever, de forma
clara e precisa, a conduta do agente que agiu culposamente. Não é suficiente a descrição, pura e simples,
que o agente agiu com culpa na modalidade imperícia, imprudente ou negligente. Em outras palavras, se
a denúncia não descrever os atos que levaram ao crime, a denúncia será considerada inepta. Nesse
sentido, informativo 553 do STJ.
✓ Sujeito ativo – Próprio só podendo ser praticado pelo condutor do veículo envolvido no acidente.
✓ Tentativa – o crime culposo não admite a tentativa. Portanto, esse crime não será admitida a modalidade
tentada.
✓ Crime material – Ou seja, só se consuma com a produção do resultado naturalístico, isto é, como a morte da
vítima. Por outro lado, para que haja a consumação do crime formal, não exige a produção do resultado,
embora ele venha a ocorrer. O homicídio culposo (art. 302) e da lesão corporal culposa (art. 303) são crimes
materiais.
✓ Crime de dano – Aqui, para que haja a consumação do crime, deverá, obrigatoriamente, haver o efetivo
dano ao bem jurídico protegido, tutelado. Exemplo: Homicídio culposo (art. 302, CTB); Lesão Corporal
culposa (art. 303, CTB);
Se for praticado a título de dolo, não configura crime do CTB, e sim do Código Penal, Art. 121.
Para que o crime de homicídio culposo ocorra, não basta que ele ocorra no trânsito. Em outras palavras, é
necessário que o agente esteja na direção de veículo automotor e fique caracterizada a culpa do condutor, sendo
necessário demonstrar a inobservância do dever objetivo de cuidado.
Desta forma, são dois os requisitos para que esteja presente esse crime:
Caso contrário, ausente um desses requisitos, não configura o crime previsto no art. 302 do CTB, passando a
conduta a ser punida pelo Código Penal, Art. 121, §3º, CP.
Assim, há situações que mesmo ocorrendo no trânsito, não configuram crimes previstos no CTB, e sim hipóteses
de crime comum, pois não foram provocados por quem estava na direção de veículo automotor. Vejamos:
▪ Pedestre que atravessa pista fora da faixa de pedestre, sem observar as sinalizações de trânsito,
sem observar as cautelas necessárias e é atropelado por um motociclista, que conduzia sua
motocicleta corretamente, respeitando as normas de trânsito.
Responsabilização criminal – Pedestre – Nesse caso, ocorreu crime no trânsito, mas por
culpa do pedestre. Ele deverá ser responsabilizado por crime de homicídio culposo ou lesão
corporal culposa previsto no Código Penal, uma vez que não estava conduzindo veículo automotor.
▪ Passageiro que, de dentro de um automóvel ou de ônibus, joga através da janela objetos na via,
causando acidente, seja com lesão corporal culposa seja com homicídio culposo do Código Penal.
▪ Um passageiro que, ao sair do carro, não observa se vem algum motociclista, causando acidente e,
por consequência, a morte do motociclista.
▪ Pessoa que está empurrando um carro desligado com o intuito de fazê–lo funcionar, no entanto,
perde o controle do carro e esse acaba por descer a ladeira e atropela alguém.
Como os artigos não citaram expressamente o tipo de via, entende–se de modo abrangente, mais amplo,
podendo ser praticado tanto em via pública como em via particular. Portanto, poderá ocorrer o
crime dentro da garagem, dentro da fazenda, condomínio.
Sendo provado que o motorista estava conduzindo seu veículo em velocidade compatível com a via,
observando as regras de trânsito e a morte ocorreu por culpa exclusiva da vítima, deverá ser afastada
a responsabilidade penal do agente.
COMPENSAÇÃO DE CULPAS E CONCORRÊNCIA DE CULPAS –
Ocorre a compensação de culpas quando para o mesmo crime, o sujeito ativo e sujeito passivo agem
culposamente para a produção do resultado. No âmbito do direito penal, as culpas não se
compensam, portanto mesmo que haja culpa da vítima, responderá o agente pelo crime.
Exemplo – Motorista “A” está conduzindo seu carro em alta velocidade. No entanto, de forma
inesperada, surge um pedestre bêbado e atravessa a rua fora da faixa de segurança, sem observar as
cautelas necessárias, vindo o Motorista “A” a atropelar pedestre. Nesse caso, mesmo provada a culpa do
pedestre, o motorista responderá pelo crime do art. 302 do CTB. Neste sentido,
STJ –
1. A prova colacionada aos autos é robusta e demonstra que o apelante agiu sem o devido dever de
cuidado, provocando culposamente o acidente que ceifou a vida da vítima.
2. A alegação de que o acidente se deu por culpa exclusiva da vítima não se sustenta, pois restou
demonstrado que o apelante agiu com imprudência e quebrou o dever de cuidado ao transitar em excesso
de velocidade, vindo a atingi–la quando atravessava a rodovia junto à parada de ônibus coletivo. O fato
de a vítima estar atravessando a rodovia durante o período noturno, eventualmente
distraído, não tem o condão de excluir a responsabilidade penal do recorrente, pois como
leciona Mirabete, “as culpas não se compensam na área penal”, salientando ainda que
“havendo culpa do agente e da vítima, aquele não se escusa da reprovabilidade pelo resultado
lesivo causado a esta” (Código Penal Interpretado, de Julio Fabbrini Mirabete, Editora Atlas,
5ª edição, página 203). TJ/PR – 8379159 PR 837915–9 Acórdão –
CULPA CONCORRENTE –
O juiz, na análise dos motivos do crime (art. 59 do CP), pode fixar a pena–base acima do
mínimo legal em razão de o autor ter praticado delito de homicídio e de lesões corporais
culposos na direção de veículo automotor, conduzindo–o com imprudência a fim de levar
droga a uma festa. Isso porque o fim de levar droga a uma festa representa finalidade que desborda das
razoavelmente utilizadas para esses crimes, configurando justificativa válida para o desvalor.
AgRg no HC 153.549–DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 2/6/2015, DJe 12/6/2015.
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA –
MAJORANTES –
III – deixar de prestar socorro, quando possível fazê–lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;
Art. 303 – Parágrafo único. Aumenta–se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das
hipóteses do § 1º do art. 302.
Comentários –
As causas de aumento de pena do art. 302 (homicídio culposo) são igualmente aplicadas aos casos de
lesão culposa (art. 303). Portanto, as observações serão as mesmas!
ART. 302, § 1O, I – NÃO POSSUIR PERMISSÃO PARA DIRIGIR OU CARTEIRA DE HABILITAÇÃO;
✓ Incompatibilidade – Agravante genérica (art. 298, III) e causa de aumento de pena (art. 302, §1º, I)
– A causa de aumento de pena do art. 303, § 1º, I, é incompatível com a agravaante do Art. Art. 298, III, pois
configura bis in idem.
✓ Conclusão – A prática de homicídio culposo e lesão corporal culposa por alguém que “não possuir Permissão
para Dirigir ou Carteira de Habilitação” configura majorante/aumento de pena e NÃO AGRAVANTE!
SÃO INCOMPATÍVEIS –
Art. 297, III – “sem possuir Permissão para Dirigir Art. 302, §1º, I (homicídio culposo); Art. 303,
ou Carteira de Habilitação” parágrafo único (lesão corporal culposa) – “não
possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
Habilitação
Nesse caso, há hipótese de homicídio culposo e lesão culposa na direção de veículo automotor, havendo essa
circunstância, teremos uma hipótese de homicídio culposo ou lesão culposa com aumento de pena
de um terço à metade; e não haverá a incidência da majorante.
Princípio da consunção e o crime de dirigir sem habilitação –
O crime do Art. 309 (Dirigir sem Habilitação) é absolvido pelo crime do art. 302, inciso I, não havendo
concurso de crimes. A justificativa reside na ideia de que o fato de o agente dirigir sem CNH já causa de
aumento de pena. Assim, configura um verdadeiro bis in idem.
✓ Conclusão – A prática de homicídio culposo e lesão corporal culposa por alguém que “não possuir Permissão
para Dirigir ou Carteira de Habilitação” afasta a figura criminosa do art. 309 [Dirigir veículo automotor,
em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir,
gerando perigo de dano]
SÃO INCOMPATÍVEIS –
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, Art. 302, §1º, I (homicídio culposo); Art. 303,
sem a devida Permissão para Dirigir ou parágrafo único (lesão corporal culposa) – “não
Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
gerando perigo de dano:
Habilitação
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Nesse caso, há hipótese de homicídio culposo e lesão culposa na direção de veículo automotor, havendo essa
circunstância, teremos uma hipótese de homicídio culposo ou lesão culposa com aumento de pena
de um terço à metade; e não haverá a incidência da majorante.
A justificativa do aumento de pena reside no fato de a calçada e faixa de pedestre coonstituem locais próprios
para os pedestres, no qual pressupõe maior segurança para eles.
✓ Incompatibilidade – Agravante genérica (art. 298, VII) e causa de aumento de pena – A causa de
aumento de pena do art. 303, § 1º, II, é incompatível com a agravaante do Art. Art. 298, III, pois configura bis
in idem (dupla punição pelo mesmo fato).
• Conclusão – A prática de homicídio culposo e lesão corporal culposa por alguém contra vítima em “faixa
de pedestres” configura majorante/aumento de pena e NÃO AGRAVANTE!
SÃO INCOMPATÍVEIS –
Art. 298 – VII – sobre faixa de trânsito temporária ou Art. 302, §1º, II – “praticá–lo em faixa de pedestres
permanentemente destinada a pedestres. ...”
Nesse caso, há hipótese de homicídio culposo e lesão culposa na direção de veículo automotor, havendo essa
circunstância, teremos uma hipótese de homicídio culposo ou lesão culposa com aumento de pena
de um terço à metade; e não haverá a incidência da majorante.
Art. 302, § 1o, III – DEIXAR DE PRESTAR SOCORRO, QUANDO POSSÍVEL FAZÊ–LO
SEM RISCO PESSOAL, À VÍTIMA DO ACIDENTE;
A principal observaçao a ser feita é sobre distinção da “Omissão de socorro” como causa de aumento de pena e
“Omissão de socorro” como crime autônomo previsto no art. 304. Vejamos:
• Homicídio culposo majorado pela omissão de socorro [Art. 303, III] – Aqui se aplica ao condutor
que deu causa culposamente ao acidente. Como podemos notar, o sujeito ativo, de forma dolosa, se omitiu
na prestação de socorro. Portanto, além da pena referente ao homicídio culposo, deverá ser majorada sua
pena.
• Crime de omissão de socorro no trânsito [ Art. 304 ] – Aqui o condutor omitente está envolvido no
acidente, porém não foi o causador do acidente, ou seja, ele não deu causa por imprudência, negligência
ou imperícia. No entanto, embora nao seja o causador do acidente, ele devera prestar socorro, sob pena de
ser responsabilizado criminalmente.
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do
veículo automotor: acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não
podendo fazê–lo diretamente, por justa causa, deixar
Penas – detenção, de dois a quatro anos, e suspensão de solicitar auxílio da autoridade pública:
ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação
para dirigir veículo automotor. Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa,
se o fato não constituir elemento de crime mais grave.
§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de
veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste
terço) à metade, se o agente: artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão
seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima
III – deixar de prestar socorro, quando possível fazê– com morte instantânea ou com ferimentos leves.
lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;
Aqui se aplica ao condutor que deu causa Aqui o condutor omitente está envolvido no acidente,
culposamente ao acidente. porém não foi o causador do acidente.
Como podemos notar, o sujeito ativo, de forma dolosa, No entanto, embora nao seja o causador do acidente,
se omitiu na prestação de socorro. ele devera prestar socorro, sob pena de ser
responsabilizado criminalmente.
A omissão de socorro tem natureza jurídica de A omissão de socorro tem natureza jurídica de “Crime
“majorante”. autônomo”.
Hipóteses que excluem a causa de aumento de pena – possível fazê–lo sem risco pessoal.
Essa majorante somente incidirá quando for possível fazê–lo sem risco pessoal. Assim, se em virtude do
acidente, houver uma grande movimentação para agredir o motorista, de modo que sua segurança
pessoal esteja em risco, a mojorante será excluída.
Morte instântanea –
A intenção do legislador é estimular o socorro, de modo a evitar um mal maior, como a consumação do
crime de homicídio. Desta forma, se for possível observar, de forma clara e precisa, que a vítima nao
se encontra viva, não haverá socorro a ser prestado. Assim, se o motorista de um carro atropela um
pedestre, vindo este a ser arremessado a kms de distância, tendo sua cabeça separada do corpo, não
há que prestar o socorro. Nesse caso, não incidirá a causa de aumento de pena.
Caso a vítima seja socorrida por terceiros, não incidirá a causa de aumento de pena, pois a omissão foi
suprida e a vítiama socorrida.
Obviamente, se o condutor do véiculo está muito lesionado de modo a ser impossível prestar o socorro,
não incidirá a causa de aumento de pena.
Vimos que temos punições para aquele que não presta o devido socorro. A punição poderá ser um
aumento de pena de um terço à metade, bem como tipificação de crime autômomo (art. 304)
No entanto, para aquele que prestar o socorro não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança,
conform previsão no art. 301 do CTB. Vejamos:
A pena não será aumentada Ele responderá pelos crimes com aumento de pena
de pena é aumentada de 1/3 (um terço) à
metade, conforme previsão no art. Art. 302, §1º, III e
Art. 303, parágrafo único.
Comentário –
Essa majorante se justifica pela posição que o motorista ocupa, qual seja, de motorista profissional, devendo ter
uma maior atenção no transporte de pessoas. A majorante se justica por dois motivos:
Podemos citar como exemplos: Motorista de ônibus, táxi, transporte escolar, lotação.
Exercício de sua profissão ou atividade –
Para que se configure a majorante, é necessário que o motorista esteja efetivamente durante o expediente de
trabalho, exercendo a profissão. Caso contrário, não incidirá a causa de aumento de pena.
Para que se configure a majorante, não é necessário que o motorista esteja, no momento do acidente, com
passageiros. Assim, o crime se consuma mesmo que não tenha passageiros. Nesse sentido, informativo 537 do
STJ.
Para a incidência da causa de aumento de pena prevista no art. 302, parágrafo único, IV, do CTB, é irrelevante
que o agente esteja transportando passageiros no momento do homicídio culposo cometido na
direção de veículo automotor. Isso porque, conforme precedente do STJ, é suficiente que o agente, no
exercício de sua profissão ou atividade, esteja conduzindo veículo de transporte de passageiros.
Precedente citado: REsp 1.358.214–RS, Quinta Turma, DJe 15/4/2013. AgRg no REsp 1.255.562–RS, Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/2/2014
SÃO INCOMPATÍVEIS –
Art. 298, V – quando a sua profissão ou atividade Art. 302, §1º, IV – no exercício de sua profissão ou
exigir cuidados especiais com o transporte de atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de
passageiros ou de carga; passageiros.
Nesse caso, há hipótese de homicídio culposo e lesão culposa na direção de veículo automotor, havendo essa
circunstância, teremos uma hipótese de homicídio culposo ou lesão culposa com aumento de pena
de um terço à metade; e não haverá a incidência da majorante.
CNH VENCIDA –
✓ Reflexos na área criminal – O fato de o condutor está com a CNH vencida não tem reflexos na área
criminal como agravante, aumento de pena, qualificadora ou crime autônomo.
✓ Reflexos na área administrativa –
O fato de o autor de homicídio culposo na direção de veículo automotor estar com a CNH vencida
não justifica a aplicação da causa especial de aumento de pena descrita no § 1º, I, do art. 302 do
CTB.
No art. 162 do CTB, o legislador, ao definir diferentes infrações administrativas, distinguiu duas situações:
dirigir veículo "sem possuir Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir" (inciso I); e dirigir
"com validade da Carteira Nacional de Habilitação vencida há mais de trinta dias" (inciso V).
Essas situações, embora igualmente configurem infração de trânsito, foram tratadas separadamente, de
forma diversa. Em relação ao crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor, o § 1º, I, do art.
302 do CTB determina que a pena será aumentada de 1/3 (um terço) à metade se o agente "não
possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação". Ora, se o legislador quisesse punir de
forma mais gravosa o autor de homicídio culposo na direção de veículo automotor cuja CNH
estivesse vencida, teria feito expressa alusão a esta hipótese (assim como fez, no § 1º, I, do art.
302, quanto à situação de "não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação").
Além disso, no Direito Penal, não se admite a analogia in malam partem, de modo que não se
pode inserir no rol das circunstâncias que agravam a pena (art. 302, § 1º) também o fato de o
agente cometer homicídio culposo na direção de veículo automotor com carteira de habilitação
vencida. HC 226.128–TO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 7/4/2016, DJe 20/4/2016.
O perdão judicial é uma causa extintiva de punibilidade previsto no art. 107, IX, do CP. A doutrina
amplamente majoritária é no sentido de que o perdão judicial é sim aplicável aos crimes em análise,
fundamentado na aplicação da analogia in bonam partem; bem como nas razões do veto do art. 300, que
traz o seguinte texto:
“O artigo trata do perdão judicial, já consagrado pelo Direito Penal. Deve ser vetado, porém, porque as
hipóteses previstas pelo § 5° do art. 121 e § 8° do artigo 129 do Código Penal disciplinam o instituto de
forma mais abrangente."
Assim, o perdão judicial é cabível, tendo como base as diretrizes do Código Penal, art. 121, §5º, devendo ser
analisado o caso concreto e as circunstâncias da ocorrência. Nesse sentido,
STJ – (...) Conquanto o perdão judicial possa ser aplicado nos casos em que o agente de homicídio culposo sofra
sequelas físicas gravíssimas e permanentes, a doutrina, quando se volta para o sofrimento psicológico do agente,
enxerga no § 5º do art. 121 do CP a exigência de um laço prévio entre os envolvidos para reconhecer como "tão
grave" a forma como as consequências da infração atingiram o agente. REsp 1.455.178–DF, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 5/6/2014
LESÃO CORPORAL CULPOSA – GRAVIDADE DA LESÃO –
Comentário –
Como podemos perceber, o art. 303, que tratou da lesão corporal, não fez referência aos graus de lesão,
assim como prevê o Código Penal (art. 129). Dessa forma, aquele que praticar lesão corportal culposa no trânsito
de natureza leve estará sujeito às mesmas penas daquele que causar lesão corporal de natureza grave.
Se da participação de corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada pela autoridade competente,
vir a ocorrer a morte culposa de alguém, não haverá concurso de crimes do art. 302 (homicídio culposo) e
Art. 308 (crime de racha). O sujeito ativo incorrerá no crime do Art. 308, § 2º do CTB – Crime de
racha qualificado pela morte. Vejamos:
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição
automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não
autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada:
Penas – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão
ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Não há que se falar em absorção do delito de embriaguez ao volante pelo de lesões corporais culposas
decorrentes de acidente de trânsito. Ou seja, não se aplica o princípio da consunção, devendo o agente
responder por ambos em concurso material de crimes.
STJ: lesão corporal culposa na direção de veículo e embriaguez ao volante tutelam bens jurídicos
distintos –
A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que os crimes de lesão corporal culposa na
direção de veículo automotor e de embriaguez ao volante tutelam bens jurídicos distintos, de forma que,
além de configurarem delitos autônomos, por tutelarem bens jurídicos diversos, também possuem momentos
consumativos diferentes, motivo pelo qual o concurso de crimes amolda–se à hipótese contida no art. 69 do CP –
concurso material. (AgRg no AREsp 1048627/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA
TURMA, julgado em 19/05/2020, DJe 28/05/2020)
STJ – Os crimes de embriaguez ao volante e o de lesão corporal culposa em direção de veículo automotor são
autônomos e o primeiro não é meio normal, nem fase de preparação ou execução para o cometimento do segundo,
não havendo falar em aplicação do princípio da consunção, mormente se a discussão está posta no limiar no
processo, devendo a denúncia ser recebida pelos dois delitos se há indícios suficientes da prática de
ambos. 2. Recurso improvido.
(STJ – REsp: 1636976 SP 2016/0292100–8, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
Data de Julgamento: 28/03/2017, T6 – SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 04/04/2017)
✓ Trata–se de crimes autônomos – Lesão corporal tem previsão no art. 303; Já o crime de embriaguez
ao volante tem previsão no art. 306.
▪ Lesão culposa – O tipo de lesão culposa no trânsito tutela a incolumidade física e depende de
representação da vítima. O objeto material é a pessoa lesionada.
▪ Lesão culposa – O delito de lesão corporal culposa, no instante em que as vítimas foram atingidas.
✓ O crime de embriaguez ao volante não é o meio necessário e nem constitui fase de preparação ou
execução do crime de lesão corporal culposa.
A Lei dos Juizados Especiais Criminais Estaduais criou a necessidade de representação para o oferecimento de
ação penal nos delitos de lesões corporais leves e lesões culposas, que antes eram delitos de ação penal pública
incondicionada, sendo válida a transcrição do art. 88:
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação
penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
O refeido artigo também deve ser observado em acidentes de trânsito com vítima (não fatal) por
conta da redação do art. 291 do Código de Trânsito Brasileiro. O crime de lesão corporal culposa
decorrente de acidente de trânsito em regra é de ação penal pública condicionada à representação. Será
de ação penal pública incondicionada e não haverá a aplicação da Lei n. 9.099/1995, quando:
Não há que se falar em absorvição do crime de nese caso. Assim, o homicídio cometido na direção de
veículo automotor por agente embriagado enseja o concurso entre os arts. 302 e 306, uma vez que os bens
jurídicos são distintos e a consumação ocorre em momentos diferentes.
STJ – Inexiste [NÃO EXISTE] relação consuntiva entre os crimes de embriaguez ao volante e homicídio e
lesão corporal culposos na direção de veículo automotor, uma vez que o primeiro não é o meio necessário e
tampouco constitui fase de preparação ou execução dos demais, tratando–se, na verdade, de delitos
autônomos, que tutelam bens jurídicos diversos.” (5ª Turma–STJ, AgRg no AREsp 1962016/SC, Rel. Min. JOÃO
OTÁVIO DE NORONHA, j. 05/04/2022).
Crime de dirigir sem habilitação e lesão corporal culposa na direção de veículo
A Turma consignou que o crime de dirigir sem habilitação seria absorvido pelo delito de lesão corporal
culposa em direta aplicação do princípio da consunção. [...] Isso porque, de acordo com o CTB, já seria
causa de aumento de pena para o crime de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor o fato de o
agente não possuir permissão para dirigir ou carteira de habilitação.
Assim, em decorrência da vedação de “bis in idem”, não se poderia admitir que o mesmo fato fosse
atribuído ao paciente como crime autônomo e, simultaneamente, como causa especial de aumento de
pena. Além disso, o crime do art. 303 do CTB, imputado ao paciente, seria de ação pública condicionada à
representação, que, como se inferiria da própria nomenclatura, só poderia ser perseguido mediante a
representação do ofendido. Diante da ausência de representação, seria imperativo reconhecer a extinção da
punibilidade do crime de dirigir sem habilitação. HC 128921/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, 25.8.2015. (HC–
128921)
O agente que causa lesão corporal a outrem, ao dirigir veículo, em via pública, sem habilitação,
responde pelo delito de lesão corporal culposa, com o aumento de pena pela falta de habilitação
(CTB, art. 303 parágrafo único c/c art. 302 parágrafo único, inciso I).
O fato de dirigir sem habilitação fica absorvido pelo delito de lesão corporal. Não caracteriza, a espécie, o crime
autônomo de dirigir sem habilitação (CTB, art. 309). Se a vítima não oferecer a necessária representação
pelo delito de lesão, desaparecem ambos os fatos, pelo princípio da consunção. Tranca–se a ação penal.
Habeas Corpus deferido. (HC 80.436, rel. min. Nelson Jobim, DJ 24.11.2000);
O crime de lesão corporal culposa (crime de dano), cometido na direção de veículo automotor (CTB , art. 303), por
motorista desprovido de permissão ou de habilitação para dirigir, absorve o delito de falta de habilitação ou
permissão tipificado no art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro (crime de perigo).
Com a extinção da punibilidade do agente, quanto ao delito de lesão corporal culposa, tipificado no
art. 303 do Código de Trânsito Brasileiro (crime de dano), motivada pela ausência de representação
da vítima, deixa de subsistir, autonomamente , a infração penal consistente na falta de
habilitação/permissão para dirigir veículo automotor, prevista no art. 309 do CTB (crime de perigo).
(HC 80.289. rel min. Celso de Mello. Segunda Turma, Dje 21.11.2000).
FORMA QUALIFICADA – HOMICÍDIO CULPOSO –
Art. 302 –
§ 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra
substância psicoativa que determine dependência:
Penas – reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão
ou a habilitação para dirigir veículo automotor.”
Art. 303 –
§ 2º A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas
previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão
da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência, e se do crime
resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima.”
Art. 304 – Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima,
ou, não podendo fazê–lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade
pública:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais
grave.
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua
omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com
ferimentos leves.
Trata–se de um crime autônomo, que visa punir o condutor envolvido no acidente, no entanto que
não causou o mesmo. Em outras palarvras, esse crime de omissão de socorro no trânsito aplica–se ao
condutor omitente que estava envolvido no acidente, porém não foi o causador do mesmo, ou seja, ele não deu
causa por imprudência, negligência ou imperícia. No entanto, embora nao seja o causador do acidente, ele
devera prestar socorro, sob pena de ser responsabilizado criminalmente.
Há a previsão do homicídio culposo majorado pela omissão de socorro (art. 302, §1º, III) e lesão corporal culposa
majorada pela omissão de socorro (art. 303, §1º), ambos do CTB.
Homicídio culposo/Lesão culposa majorados pela omissão de socorro – Aqui, nesse caso, o condutor do
veículo deu causa culposamente ao acidente e fugiu – omitiu socorro. Portanto, nesse caso, além da pena
referente ao homicídio culposo, deverá ser majorada sua pena de um terço à metade.
Omissão de socorro Omissão de socorro no homicícidio culposo
no trânsito (Art. 304) e lesão culposa (302, §1º, III; Art. 303, §1º)
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do Art. 302, § 1º No homicídio culposo cometido na
acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não direção de veículo automotor, a pena é aumentada de
podendo fazê–lo diretamente, por justa causa, deixar 1/3 (um terço) à metade, se o agente:
de solicitar auxílio da autoridade pública:
III – deixar de prestar socorro, quando possível fazê–
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa,
se o fato não constituir elemento de crime mais grave. lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;
Trata–se de um crime autônomo, que visa punir o Trata–se de uma majorante aplicad ao condutor do
condutor envolvido no acidente, no entanto que veículo deu causa culposamente ao acidente e
não causou o mesmo. fugiu – omitiu socorro!
O código penal traz também um crime de omissão de socorro, no entanto com suas pecualiaridades. Vejamos!
Art. 135 – Deixar de prestar assistência, quando possível fazê–lo sem risco pessoal, à criança abandonada
ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir,
nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Parágrafo único – A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave,
e triplicada, se resulta a morte.
Esse crime do Código Penal aplica–se aos não envolvidos no acidente. Desta forma, aquele presencia um
acidente e nada faz, ou seja, deixa de prestar imediato socorro à vítima, ou deixar de solicitar auxílio da
autoridade pública, incorre no crime do código penal.
Omissão de socorro Omissão de socorro no Omissão de socorro
no trânsito (Art. 304) homicícidio culposo no Código Penal (Art. 135)
e lesão culposa.
Art. 304. Deixar o condutor do Art. 302, § 1º No homicídio culposo Art. 135 – Deixar de prestar
veículo, na ocasião do acidente, de cometido na direção de veículo assistência, quando possível
prestar imediato socorro à vítima, automotor, a pena é aumentada de fazê–lo sem risco pessoal, à
ou, não podendo fazê–lo criança abandonada ou
1/3 (um terço) à metade, se o agente:
diretamente, por justa causa, deixar extraviada, ou à pessoa
de solicitar auxílio da autoridade inválida ou ferida, ao
pública: III – deixar de prestar socorro, desamparo ou em grave e
quando possível fazê–lo sem risco iminente perigo; ou não pedir,
Penas – detenção, de seis meses a pessoal, à vítima do acidente; nesses casos, o socorro da
um ano, ou multa, se o fato não autoridade pública:
constituir elemento de crime mais
grave. Pena – detenção, de um a seis
meses, ou multa.
Trata–se de um crime autônomo, Trata–se de uma majorante aplicad Trata–se de um crime
que visa punir o condutor ao condutor do veículo deu causa autônomo, que visa punir não
envolvido no acidente, no entanto culposamente ao acidente e fugiu – envolvidos no acidente; que
que não causou o mesmo. omitiu socorro! presenciaram o acidente e
nada fizeram.
EXEMPLOS –
Homicídio culposo (art. 302) + Causa de aumento de pena pela omissao de socorro (Ar. 302, §1º, III) –
Condutor “A” na direção de veículo automotor, de forma culposa, deu causa a um acidente, colidindo com
o motoqueiro “B” . O condutor “A” não presta socorro à vítima. Ressalta–se que o motoqueiro “B” morreu
horas depois no hospital.
Responsabilidde penal –
Nesse caso, condutor “A” responderá pelo crime do art. 302, caput c/c com art. 302, §1º, III; pois ele foi o
causador do acidente.
O condutor “A” está conduzindo seu veículo automotor observando todas as normas de trânsito. O
motoqueiro “B” colide com o carro do condutor “A”, vindo o motoqueiro “B” a cair ao solo. O condutor
“A” não presta socorro à vítima, nem solicita auxílio da autoridade pública:
Responsabilidde penal –
Nesse caso, Condutor “A” responderá pelo crime do art. 304, caput; pois embora ele não tenha sido o
causador do acidente, ele estava envolvido no mesmo, e, portanto, tem o dever jurídico de prestar socorro.
Condutor “A” está conduzindo seu veículo automotor observando todas as normas de trânsito. O
motoqueiro “B” colide com o carro do Condutor “A”, vindo o motoqueiro “B” a cair ao solo. O
Condutor “A” não presta socorro à vítima, nem solicita auxílio da autoridade pública.
O pedestre “C”, que não estava envolvido no acidente, presencia o motoqueiro “B” pedindo ajuda e
nada faz, deixando de prestar socorro à vítima.
Responsabilidde penal –
Nesse caso, pedestre “C”, que não estava envolvido no acidente e nem deu causa ao mesmo, responderá
pelo crime do art. 135, CP – Omissão de Socorro no Código Penal.
Observação – Podemos incluir nesse exemplo todos aqueles que, embora não estejam envolvidos no acidente,
presenciam a vítima precisando de ajuda e nada fazem.
Como podemos perceber o dispositivo legal não confere opões para o sujeito ativo. Há, portanto, dois tipos penais
bem definidos. Vejamos:
1. “Deixar de prestar imediato socorro à vítima“ – Trata–se da principal atribuição. Desse modo,
sendo possível a prestação de imediato socorro à vítima, o condutor deverá fazê–lo, uma vez que essa
medida é a mais eficaz, que poderá reduzir ao máximo o riso de morte da vítima. Desse modo, sendo
possível a prestação direta e imediata de socorro à vítima, e o condutor, ao invés de prestar socorro,
solicita auxílio da autoridade pública, ele responderá pelo crime em análise.
2. “deixar de solicitar auxílio da autoridade pública” – Trata–se de uma medida secundária, que só
deverá ser realizada quando for possível a prestação direta e imediata de socorro à vítima, em virtude de
justa causa, que equivale a “risco pessoal”.
Subsidiaridade expressa –
Se da omissão pelo condutor envolvido no acindente a vítima vier a sofrer lesões ou vier a morrer, o sujeito
ativo não responderá pelo crime do Art. 304 [omissão de socorro no CTB], e sim pelo resultado mais gravoso.
Vale destacar que a recusa da vítima em receber socorro é irrelevante. Assim, se o socorro nao for prestado,
incorrerá no crime em análise.
Morte instantânea – STJ – Informativo 554 –
No homicídio culposo, a morte instantânea da vítima não afasta a causa de aumento de pena
prevista no art. 121, § 4°, do CP – deixar de prestar imediato socorro à vítima –, a não ser que o óbito
seja evidente, isto é, perceptível por qualquer pessoa.
Com efeito, o aumento imposto à pena decorre do total desinteresse pela sorte da vítima. Isso é evidenciado por
estar a majorante inserida no § 4° do art. 121 do CP, cujo móvel é a observância do dever de solidariedade
que deve reger as relações na sociedade brasileira (art. 3º, I, da CF). Em suma, o que pretende a regra
em destaque é realçar a importância da alteridade. Assim, o interesse pela integridade da vítima deve ser
demonstrado, a despeito da possibilidade de êxito, ou não, do socorro que possa vir a ser prestado.
Tanto é que não só a omissão de socorro majora a pena no caso de homicídio culposo, como também se o agente
"não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar a prisão em flagrante".
Cumpre destacar, ainda, que o dever imposto ao autor do homicídio remanesce, a não ser que seja
evidente a morte instantânea, perceptível por qualquer pessoa.
Em outras palavras, havendo dúvida sobre a ocorrência do óbito imediato, compete ao autor da
conduta imprimir os esforços necessários para minimizar as consequências do fato. Isso porque "ao
agressor, não cabe, no momento do fato, presumir as condições físicas da vítima, medindo a
gravidade das lesões que causou e as consequências de sua conduta.
Tal responsabilidade é do especialista médico, autoridade científica e legalmente habilitada para, em tais
circunstâncias, estabelecer o momento e a causa da morte" (REsp 277.403–MG, Quinta Turma, DJ 2/9/2002).
Precedente citado do STF: HC 84.380–MG, Segunda Turma, DJ 3/6/2005. HC 269.038–RS, Rel. Min.
Felix Fischer, julgado em 2/12/2014, DJe 19/12/2014.
Classificação do crime –
✓ Sujeito ativo – Próprio, só podendo ser praticado por quem esteja envolvido no acidente.
✓ Consumação – Com a mera omissão; com o simples deixar de fazer, independendete de qualquer
resultado naturalístico.
✓ Delito formal – é delito formal, também chamado de crime de consumaçao antecipada, ou de resultado
cortado. A consumação se dará com a simples conduta do sujeito ativo, sendo irrelevante qualquer
resultado naturalístico.
✓ Crime omissivo próprio ou puro – É crime omissivo próprio ou puro, uma vez que o crime se consuma
com a simples conduta negativa, independente de qualquer resultado naturalístico; ou seja, com a mera
omissão. Em outras palavras, o crime se consuma no momento que o agente “deixa de prestar socorro”.
Infração administrativa –
Além de ser crime, configura infração administrativa, prevista no art. 176, inciso I. Vejamos:
Infração – gravíssima;
Art. 305. Afastar–se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal
ou civil que lhe possa ser atribuída:
Comentário –
O sujeito ativo do crime do art. 305 do CTB é apenas o condutor do veículo [envolvido no acidente] que se
afasta do local do sinistro. Pela estrutura do tipo penal, não é necessário que o acidentes seja consequência da
prática de um crime de trânsito, nem que o motorista tenha provocado o acidente com dolo ou culpa.
Parte da doutrina entende que esse crime é inconstitucional, pois obriga o causador do acidente de permanecer
no local para fins de ser responsabilizado civil e penalmente pela prática do crime. Vale dizer, o dispositivo legal
obriga o condutor a permanecer local para facilitar o trabalho do Estado na sua identificação, desta forma,
produzindo provas contra si mesmo. Assim, é inconstitucional, pois a simples presença no local do acidente
representaria violação da garantia de não autoincriminação, prevista no artigo 5º, inciso LXIII, da Constituição
Federal. Há de se ressaltar que o CTB é o único que prevê o tipo criminal de fuga para evitar a
responsabilização.
A Procuradoria–Geral da República (PGR) sustentava que Tribunais de Justiça de São Paulo, do Rio Grande do
Sul, de Minas Gerais e de Santa Catarina, assim como o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, têm declarado a
inconstitucionalidade do dispositivo, com o entendimento de que, ao tipificar como crime “afastar–se o condutor
do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída”, ele
terminaria por impor ao motorista a obrigação de colaborar com a produção de provas contra si, o que ofenderia
os princípios constitucionais da ampla defesa e da não autoincriminação (artigo 5º, inciso LXIII, da Constituição
Federal).
Posição doutrinária majoritária – Constitucional – [Acatada pelo STF] –
STF reafirma validade de dispositivo que tipifica como crime a fuga do local de acidente de trânsito.
O ministro Edson Fachin abriu a corrente vencedora no julgamento. A seu ver, a evasão do local do acidente não
constitui exercício do direito ao silêncio ou de não produzir prova contra si mesmo, direitos que limitam o Estado
de impor a colaboração ativa do condutor do veículo envolvido no acidente para produção de provas que o
prejudiquem. Segundo Fachin, a previsão do CTB está em consonância com o escopo da regra convencional de
“aumentar a segurança nas rodovias mediante a adoção de regras uniformes de trânsito”.
Para o ministro, a regra do CTB também não afronta o princípio da isonomia, pois o conjunto de leis no sentido
do recrudescimento das regras de conduta no trânsito decorre da política criminal que visa repreender “a
lamentável e alarmante situação que envolvem os acidentes e que resultam, invariavelmente, em mortes e
graves lesões”. Nesse sentido, de acordo com o ministro Fachin, a identificação dos envolvidos é fator
imprescindível para que se atinja a finalidade da norma. Ele observou que a permanência no local do acidente
não se confunde com confissão ou com responsabilidade pelo sinistro, “mas tão somente a sua identificação”.
https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=453269&ori=1
No julgamento, o STF entendeu que esse artigo não representava uma ofensa ao princípio da não
autoincriminação.
O voto do Ministro Edson Fachin nesse julgamento segue o entendimento de que o “tipo penal em comento,
obriga a permanência daquele envolvido no acidente, ainda que decorra responsabilidade na esfera
estritamente civil. O bem jurídico tutelado é a Administração da justiça que busca a identificação do
condutor. Portanto, o agente é punido por evadir–se e não pela dívida decorrente do sinistro.”
E assim segue a constitucionalidade do artigo 305 do CTB, reafirmada em dois julgamentos, mantendo a tese de
que “A regra que prevê o crime do art. 305 do Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503/97) é constitucional,
posto não infirmar o princípio da não incriminação, garantido o direito ao silêncio e ressalvadas as hipóteses de
exclusão da tipicidade e da antijuridicidade”.
✓ Sujeito ativo – Próprio, uma vez que só poderá ser praticado pelo condutor do veículo que o causou
culposa o acidente. Portanto, se ele não foi o causador do acidente, não responderá por esse crime.
✓ Sujeito passivo – Primeiro o Estado, titular da administração da Justiça; de forma secundária a vítima
do acidente.
✓ Objeto jurídico – O bem jurídico protegido é a administração da Justiça, pois dificulta a identificação e
responsabilização civil e penal do sujeito ativo.
✓ Tentativa – é possível.
✓ Elemento subjetivo – Dolo, caracterizado pela vonta de livre e consciente de fugir do local. Esse dolo
deverá ter como finalidade específica a fuga para evitar a responsabilização.
✓ Fato atípico – Se a fuga não tiver o dolo específico, elemento subjetivo especial, será atípico o fato.
Exemplo – O condutor foge local para resguardar sua integridade física, uma vez que estava
sendo ameaçado por terceiros.
✓ Exclusão da ilicitude – Como já afirmamos acima, se a fuga não tiver elemento subjetivo específico o
fato será atípico. No exemplo acima, em que o condutor foge local para resguardar sua integridade física,
estamos diante de um Estado de Necessidade.
✓ Crime culposo – Para ser responsabilizado por esse crime, o sujeito ativo deverá ter praticado o crime
de homicídio ou lesão corporal na modalidade culposa, uma vez que o CTB só prevê esses tipos penais se
praticados culposamente. Desta forma, se o crime de crime de homicídio ou lesão corporal culposos forem
praticados dolosamente, o condutor responderá perante o Código Penal; e o CP não prevê esse tipo
criminal.
Comentário –
Trata–se um tema altamente divergente e contraditório dentro dos próprios tribunais, especialmente
detnro do STJ. Daí porque vou abordar a regra e a exceção para fins de prova de concurso. Todavia, é importante
destacar que é necessário que o aluno acompanhe as decisões sobre o tema para que ele se mantenha atualizado.
Como regra, homicídio culposo/Lesão culposa majorando pelo omissão de socorro (art. 302, §1, III)
NÃO ABSORVE a fuga do local do acidente (art. 305), havendo, portanto, CONCURSO DE CRIMES!
Art. 302 (homicídio culposo) ou Art. 303 (lesão corporal culposo) em concurso com o Art. 305 – Fuga
do local do acidente.
Na hipóte de o condutor “A” causar acidente com vítima (seja homicídio, seja lesão corportal culposa) e fugir do
local ele será responsabilizado por:
• Art. 302 (homicídio culposo) ou Art. 303 (lesão corporal culposo) com causa de aumnto de pena prevista
no art. 302, §1º, inciso III.
• Aplicabilidade do art. 301 – [ Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de
que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e
integral socorro àquela. ]
Nesse caso, não haverá aplicação do princípio da consunção porque os bens jurídicos são distintos e a
consumação ocorre em momentos diferentes.
Superior Tribunal de Justiça –
2. O Tribunal a quo decidiu por não aplicar o princípio da consunção ao caso concreto,
afastando a tese de absorção do crime do art. 305 pelo do art. 302, parágrafo único, III,
ambos do CTB, pois entendeu que, além de diversos os objetos jurídicos tutelados pelas normas
penais, o contexto fático–probatório construído nos autos revela a autonomia subjetiva na prática dos
crimes de trânsito.
3. Consoante o acórdão recorrido, as provas dos autos mostram que o recorrente, depois de colidir sua
caminhonete contra a motocicleta da vítima, mais do que simplesmente descumprir o dever de
prestar imediato socorro e buscar preservar a vida, evadiu–se da cena do crime, com nítido
propósito de esquivar–se das responsabilidades penal, civil e administrativa decorrentes do
fato ilícito.
Art. 306 (Embriaguez ao volante) em concurso com o Art. 305 – Fuga do local do acidente.
Se, após ingerir bebida alcoolica, “A” conduz seu veículo e bate no carro que estava parado, sem pessoas dentro, e
foge do local para evitar a responsabilizaçao civil, ele respodenrá pelos crimes de:
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência
de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela
Lei nº 12.760, de 2012)
Penas – detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão
ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por: (Incluído pela Lei nº 12.760, de
2012)
I – concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior
a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou
toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito
admitidos, observado o direito à contraprova. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de
2014) (Vigência)
§ 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos
para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.971,
de 2014) (Vigência)
§ 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho homologado pelo Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia – INMETRO – para se determinar o previsto no caput. (Incluído pela Lei
nº 13.840, de 2019)
Para que seja considerada o crime do art 306, é necessário que haja [de forma cumulada e vinculada]
duas elementares [causa e consequência],
✓ Lei 11.705 de 2008 – Art. 6º – Consideram–se bebidas alcoólicas, para efeitos desta Lei, as bebidas
potáveis que contenham álcool em sua composição, com grau de concentração igual ou superior a meio
grau Gay–Lussac.
✓ Substância psicoativa – A subsância poderá ser lícita ou ilícita, não havendo obrigatoriedade de ser
uma daquelas previstas na Lei de Drogas.
✓ Capacidade psicomotora – é falta de coordenação motora, perda de reflexo. Essa falta de capacidade
poderá derivar tanto do alcool ou da substância psicoativa que determine dependência.
Art. 306 –
§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por:
I – concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3
miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou
II – sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora.
O Condutor poderá recusar a fornecer o material sanguineo, bem como ser submetido ao bafômento, sem que isso
configure crime de desobdiência. A justificativa consiste que ninguém é obrogado a produzir provas contra si
mesmo, ou a colaborar com o Estado na produção de provas. Isso decorre do Princípio da ampla defesa, do
contradiório da não–autoincriminação.
No entanto, embora recuse, a autoridade pública poderá usar de outros meios para provar que o condutor estava
com a capacidade psicomotora alterada.
Resolução 432/2013/CONTRAN
RESOLVE:
Art. 1º Definir os procedimentos a serem adotados pelas autoridades de trânsito e seus agentes na
fiscalização do consumo de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência, para
aplicação do disposto nos arts. 165, 276, 277 e 306 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 – Código de
Trânsito Brasileiro (CTB).
I – exame de sangue;
II – exames realizados por laboratórios especializados, indicados pelo órgão ou entidade de trânsito
competente ou pela Polícia Judiciária, em caso de consumo de outras substâncias psicoativas que
determinem dependência;
§ 1º Além do disposto nos incisos deste artigo, também poderão ser utilizados prova testemunhal, imagem,
vídeo ou qualquer outro meio de prova em direito admitido.
Infração administrativa –
Além de tipificado como crime, configura também infração administrativa a conduta de dirigir veículo
automor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência.
Vejamos:
Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine
dependência:
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses.
Parágrafo único. Aplica–se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de até
12 (doze) meses.
Art. 165–A. Recusar–se a ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que permita
certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa, na forma estabelecida pelo art. 277:
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses;
Parágrafo único. Aplica–se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de até
12 (doze) meses
Antes de a conduta se tornar criminosa, ela era tipificada com contravenção penal, na LCP, art. 34.
Art. 34. Dirigir veículos na via pública, ou embarcações em águas públicas, pondo em perigo a segurança
alheia:
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de trezentos mil réis a dois contos de réis.
✓ Objeto jurídico – O bem jurídico protegido, em primeiro plano, é a segurança viária; e de forma
secundária, a pessoa que sofre a lesão.
✓ Consumação – O delito se consuma com o ato de conduzir veículo automotor, sendo dispensável a
ocorrência de resultado danoso. Portanto, trata–se de crime formal.
✓ Crime de perigo abstrato – No crime de perigo abstrato, o perigo de lesão ao bem jurídico é presumido,
ou seja, dispensa a necessidade de prova que, com sua conduta, o agente colocou em risco a segurança
viária e das pessoas. O perigo é presumido, dispensa prova em contrário. Nesse sentido, STJ
A espécie, segundo entendimento iterativo desta Corte, é de crime de perigo abstrato, sendo despicienda a
demonstração da efetiva potencialidade lesiva da conduta do agente. Basta que esteja conduzindo veículo
automotor sob a influência de álcool. [RHC 97.585/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, SEXTA TURMA]
“É desnecessária a demonstração da efetiva potencialidade lesiva da conduta e basta, para tanto, a
constatação de que o réu conduzia automóvel, em via pública, com a concentração de álcool igual ou
superior a 6 dg por litro de sangue, o que equivale a 0,3 mg por litro de ar expelido dos pulmões, aferida
por meio de etilômetro. (...)
“A simples condução de automóvel, em via pública, com a concentração de álcool igual ou superior a 6 dg
por litro de sangue, aferida por meio de etilômetro, configura o delito previsto no artigo 306 do CTB”,
disse o relator.” (REsp 1.582.413).
STF – INFO 642, STF – "[...] Mostra–se irrelevante, nesse contexto, indagar se o comportamento do
agente atingiu, ou não, concretamente, o bem jurídico tutelado pela norma, porque a hipótese é de crime
de perigo abstrato, para o qual não importa o resultado. Precedente...Por opção legislativa, não se faz
necessária a prova do risco potencial de dano causado pela conduta do agente que dirige embriagado,
inexistindo qualquer inconstitucionalidade em tal previsão legal..." (HC/109269)
STF – "1. O Superior Tribunal de Justiça já decidiu, reiteradamente, que o crime do art. 306 do Código
de Trânsito, praticado após a alteração procedida pela Lei n. 11.705/2008 e antes do advento da Lei n.
12.760/2012, como na hipótese, é de perigo abstrato..." STJ – REsp 1.582.413.
✓ Elemento subjetivo – Dolo, vontade livre e consciente de dirigir veículo automotor após o uso de álcool
ou de outra substância psicoativa que determine dependência.
✓ Local do crime – Poderá ser em via pública ou particular, como dentro de condminio, fazendas etc,
uma vez que o legislador não especificou o local.
✓ Núcleo do tipo – Ação desenvolvida pelo sujeito ativo, qual seja o ato de “dirigir”. Portanto, não
configura o crime se o sujeito ativo:
▪ Empurrar o veículo;
▪ Sentar no banco do carro, porém sem dirigir;
Concurso material de crimes – Embriaguez ao volante (art. 306) e homícidio culposo (art. 302)
Não há que se falar em absorvição do crime de nese caso. Assim, o homicídio cometido na direção
de veículo automotor por agente embriagado enseja o concurso entre os arts. 302 e 306, uma vez que os
bens jurídicos são distintos e a consumação ocorre em momentos diferentes.
Concurso material de crimes – Crimes de embriaguez ao volante (art. 306) e lesão corporal culposa
(art. 303) na direção de veículo automotor –
Não há que se falar em absorção do delito de embriaguez ao volante pelo de lesões corporais culposas
decorrentes de acidente de trânsito. Ou seja, não se aplica o princípio da consunção, devendo o agente
responder por ambos em concurso material de crimes.
Concurso material de crimes – Crimes de embriaguez ao volante (art. 306) e Condução sem
habilitação para dirigir (art. 309) –
Direção de veículo automotor sob o efeito de álcool. Condução sem habilitação para dirigir
(arts. 306, § 1º, ii, e 309, da lei 9.503/97). Concurso material.
2. O Tribunal de origem afastou a aplicação da consunção e condenou o agravante pela prática, em
concurso material, dos crimes previstos pelos arts. 306 e 309 do CTB, em consonância com
a jurisprudência desta Corte Superior, segundo a qual o delito de embriaguez ao volante não se
constitui em meio necessário para o cometimento da direção de veículo automotor sem a devida
habilitação, sequer como fase de preparação, tampouco sob o viés da execução do crime na direção de
veículo automotor.
3. Os crimes em causa possuem momentos consumativos também distintos, na medida em que o art.
306 do CTB (embriaguez ao volante) é de perigo abstrato, de mera conduta, enquanto o art. 309 do CTB
(direção de veículo automotor sem a devida habilitação) é de perigo concreto (REsp 1810481, Rel.
Ministro RIBEIRO DANTAS).
A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que a embriaguez ao volante não é único
elemento apto a caracterizar o dolo eventual, sendo necessário levar em consideração outros fatores,
como a condução do veículo acima da velocidade, por exemplo.
Em crimes praticados na condução de veículos automotores, em que o próprio condutor é uma das pessoas
afetadas pelo fato ocorrido, a tendência natural é concluir–se pela mera ausência do dever de
cuidado objetivo, até porque, salvo exceções, normalmente as pessoas não se utilizam desse meio para
cometer homicídios e, mesmo quando embriagadas, na maioria das vezes, agem sob a sincera crença de
que têm capacidade de conduzir o seu veículo sem provocar acidentes.
1. Admitindo a Corte local que o réu conduzia o automóvel, embriagado, acima da velocidade permitida
para a via e ainda fugiu do local do acidente, tem–se, portanto, a presença de indícios de dolo
eventual do homicídio, com justa causa para a pronúncia, não sendo juridicamente admissível a
certeza jurídica de culpa consciente, para fins de desclassificação, nos termos do art. 419 do Código de
Processo Penal.
(REsp 1848841/MG, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 15/09/2020, DJe
12/11/2020)
STJ – Ingestão de álcool pelo motorista, por si só, não caracteriza o dolo
No caso dos autos, o relator destacou que, para o tribunal de origem, a embriaguez, isoladamente, já
justificaria a existência de dolo eventual. Todavia, segundo o ministro, essa posição equivaleria a
admitir que qualquer indivíduo que venha a conduzir veículo em via pública com a
capacidade psicomotora alterada em razão da ingestão de álcool responderá por homicídio
doloso.
De acordo com Rogerio Schietti, de fato, a embriaguez ao volante é circunstância negativa que deve
contribuir para a análise do elemento anímico que move o agente. Contudo, o magistrado ponderou que
não seria a melhor solução presumir a presença do dolo eventual como elemento inerente ao
comportamento do motorista que, sob o efeito de álcool – qualquer que seja a quantidade ingerida –,
causa o acidente com resultado morte, ainda que não haja outro elemento que indique a conduta dolosa.
STJ – Embriaguez do motorista, de forma isolada, não caracteriza dolo eventual em acidente com
morte –
“Conquanto tal circunstância contribua para a análise do elemento anímico que move o agente, não se
ajusta ao melhor direito presumir o consentimento do agente com o resultado danoso apenas porque, sem
outra peculiaridade excedente ao seu agir ilícito, estaria sob efeito de bebida alcoólica ao colidir seu
veículo contra o automóvel conduzido pela vítima”, frisou o relator.
Para Schietti, salvo exceções, “normalmente as pessoas não se utilizam desse meio para cometer
homicídios e, mesmo quando embriagadas, na maioria das vezes, agem sob a sincera crença de que têm
capacidade de conduzir o seu veículo sem provocar acidentes”.
No caso em análise, o ministro destacou que, apesar de a primeira instância e o TJSC apontarem, em
tese, para o dolo eventual, devido ao possível estado de embriaguez da recorrente, não é admissível a
presunção – quando não existem outros elementos delineados nos autos – de que ela estivesse dirigindo
de forma a assumir o risco de provocar acidente sem se importar com eventual resultado fatal de seu
comportamento. REsp 1689173; Data: 07/12/2017.
O STF ao julgar o Habeas Corpus 107.308/SP entendeu que a presunção de dolo eventual diante da
embriaguez não deve ser acatada, devendo então prevalecer a figura da culpa consciente:
2. O homicídio na forma culposa na direção de veículo automotor (art. 302, caput, do CTB) prevalece se a
capitulação atribuída ao fato como homicídio doloso decorre de mera presunção ante a embriaguez
alcoólica eventual.
3. A embriaguez alcoólica que conduz à responsabilização a título doloso é apenas a preordenada,
comprovando–se que o agente se embebedou para praticar o ilícito ou assumir o risco de produzi–lo.
4. In casu, do exame da descrição dos fatos empregada nas razões de decidir da sentença e do acórdão do
TJ/SP, não restou demonstrado que o paciente tenha ingerido bebidas alcoólicas no afã de produzir o
resultado morte.
(...) (STF – HC: 107801 SP, Relator: Min. CÁRMEN LÚCIA)
(HC 121654, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. EDSON
FACHIN)
“A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu, na tarde de hoje (6),
Habeas Corpus (HC 107801) a L. M. A., motorista que, ao dirigir em estado de embriaguez,
teria causado a morte de vítima em acidente de trânsito. A decisão da Turma desclassificou a
conduta imputada ao acusado de homicídio doloso (com intenção de matar) para homicídio
culposo (sem intenção de matar) na direção de veículo, por entender que a responsabilização
a título “doloso” pressupõe que a pessoa tenha se embriagado com o intuito de praticar o
crime.
Ao expor seu voto–vista, o ministro Fux afirmou que “o homicídio na forma culposa na direção de veículo
automotor prevalece se a capitulação atribuída ao fato como homicídio doloso decorre de mera presunção
perante a embriaguez alcoólica eventual”. Conforme o entendimento do ministro, a embriaguez que
conduz à responsabilização a título doloso refere–se àquela em que a pessoa tem como objetivo se
encorajar e praticar o ilícito ou assumir o risco de produzi–lo. O ministro Luiz Fux afirmou que, tanto na
decisão de primeiro grau quanto no acórdão da Corte paulista, não ficou demonstrado que o acusado
teria ingerido bebidas alcoólicas com o objetivo de produzir o resultado morte. O ministro frisou, ainda,
que a análise do caso não se confunde com o revolvimento de conjunto fático–probatório, mas sim de dar
aos fatos apresentados uma qualificação jurídica diferente. Desse modo, ele votou pela concessão da
ordem para desclassificar a conduta imputada ao acusado para homicídio culposo na direção de veiculo
automotor, previsto no artigo 302 da Lei 9.503/97 (Código de Trânsito
Brasileiro)”.(www.stf.gov.br) STF, no dia 06 de setembro; no julgamento do HC 107801
LEI DE DROGAS X CTB
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor imposta com fundamento neste Código:
Penas – detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo
de suspensão ou de proibição.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo
estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
Comentário –
O crime em análise visa punir aquele que teve seu direito de dirigir suspenso ou proibido. No caso, foi
imposta a sanção ao infrator e esse nesse descumpriu a medida sancionatória. Desta forma, visa o
dispositivo legal em dá efetividade a sanção, preservando a decisão da autoridade.
Suspensão e proibição –
A suspensão aplica–se aquele que tem a CNH, e fica com seu direito suspenso; ela poderá ser imposta
tanto administrativa como judicialmente. A proibição é aplicável aquele que não tem CNH, e só poderá
ser aplicada judicialmente.
Suspensão judicial –
O art. 307 se refere à penalidade judicial, e não a administrativa. Dessa forma, aquele que desobedecer a
sanção emandada de uma autoridade judicial incorrerá na prática desse crime.
Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir
veículo automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos.
Suspensão administrativa –
Art. 261. A penalidade de suspensão do direito de dirigir será imposta nos seguintes casos:
I – sempre que, conforme a pontuação prevista no art. 259 deste Código, o infrator atingir, no período de
12 (doze) meses, a seguinte contagem de pontos:
a) 20 (vinte) pontos, caso constem 2 (duas) ou mais infrações gravíssimas na pontuação;
II – por transgressão às normas estabelecidas neste Código, cujas infrações preveem, de forma específica, a
penalidade de suspensão do direito de dirigir.
I – no caso do inciso I do caput: de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e, no caso de reincidência no período de 12
(doze) meses, de 8 (oito) meses a 2 (dois) anos;
II – no caso do inciso II do caput: de 2 (dois) a 8 (oito) meses, exceto para as infrações com prazo descrito
no dispositivo infracional, e, no caso de reincidência no período de 12 (doze) meses, de 8 (oito) a 18
(dezoito) meses, respeitado o disposto no inciso II do art. 263.
§ 2º Quando ocorrer a suspensão do direito de dirigir, a Carteira Nacional de Habilitação será devolvida
a seu titular imediatamente após cumprida a penalidade e o curso de reciclagem.
SUSPENSÃO SUSPENSÃO
JUDICIAL (Art. 293) ADMNISTRATIVA
(art. 265; Art. 261, §1º, Art. 259)
HIPÓTESE Ocorre quando o agente é condenado Ocorre quando o agente atinge 20 pontos na
por crime de trânsito. carteira.
✓ Sujeito ativo – Próprio, uma vez que só poderá ser praticado por quem está com seu direito de dirigir
suspenso ou proibido.
✓ Objeto jurídico – o Bem jurídico protegido/tutelado é decisão estatal, ou seja, o respeito à penalidade
imposta.
Infração adminstrativa –
A conduta criminosa também configura infração administrativa de natureza gravíssima, prevista no art. 162, II
do CTB.
II – com Carteira Nacional de Habilitação, Permissão para Dirigir ou Autorização para Conduzir
Ciclomotor cassada ou com suspensão do direito de dirigir: (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
Penalidade – multa (três vezes); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
Local do crime –
Vias públicas ou privadas, pois o dispositivo legal nao restringiu, assim como fez nos arts. 308 e 309.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo
estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
Comentário –
O crime acima trata da hipótese em que o agente é condenado à penalidade de suspensão ou de proibição de se
obter a permissão ou a habilitação. Nesse caso, para que seja dado início ao cumprimento da pena, é necessário
que o réu entregue ao Juiz a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação. Essa entrega deverá ocorrer
dentro de um prazo de 48 horas. Após o decurso do prazo, caso ele não entregue, o crime estará consumado.
✓ Sujeito ativo – é a pessoa condenada. Como não exige qualidade especial, é crime comum.
✓ Consumação – a consumação se dá, quando intimado e não entrega dentro do prazo de 48 horas.
✓ Crime a prazo – trata–se de um crime a prazo, pois a consumação só ocorrerá após o prazo de 48 horas.
✓ Núcleo do tipo – “deixa de entregar”– como podemos perceber, trata–se de crime omisso próprio ou
puro. Crime omisso próprio ou puro é aquele que se perfaz com a simples conduta negativa; com o
simples “não fazer”. Ou seja, no momento em que o agente deixou de executar a ação prevista no tipo, o
crime se consumou.
✓ Elemento subjetivo – dolo; ou seja, é a conduta intencional de um indivíduo com o fim de praticar
determinado crime. Em outras palavras, ocorre quando ele que diretamente o resultado ou assume o
risco de produzi–lo.
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou
competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de
veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à
incolumidade pública ou privada: (Redação dada pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência)
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir v e íc u l o automotor. (Redação dada pela Lei nº 12.971,
de 2014) (Vigência)
a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras penas
previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
✓ Sujeito passivo – em um primeiro momento, é a coletividade; podendo ser sujeito passivo do crime
também a pessoa exposta à situação de perigo.
✓ Objeto jurídico – ou seja, o bem jurídico protegido pela norma. Segurança viária; incolumidade pública
e privada.
✓ Consumação – ocorre no momento que os sujeitos ativos participam de corrida, disputa ou competição
automobilística não autorizada pela autoridade competente; ou ainda pratica a exibição ou demonstração
de perícia em manobra de veículo automotor, desde que gere situação de risco à incolumidade pública ou
privada. Vale reforçar que o crime não exige resultado naturalísitico, basta a exposição.
✓ Local do crime – via pública – como o dispositivo mencionou o local expressamente, o crime só se
configura se ocorrer na via pública. Desta forma, não configura o crime em análise se o crime se a
competição for realizada em locais privados.
▪ Ruas, caminhos, travessas, praças, vias ... abertas ao público ou acessíveis ao trânsito de pessoas.
Desta forma, podemos incluir as vias de acesso a condomínios particulares.
Não são vias públicas –
▪ Interior de propriedade particular (fazenda – sítio), seja urbano ou rural; garagem, pátio de
estacionamento não abertos ao público.
✓ Crime de concurso necessário – crime plurissubjetivo – são aqueles que, para sua configuraação,
exige a participação de mais de uma pessoa na prática da ação típica. São crimes que tem como sujeito
ativos no mínimo 2 agentes. Apesar de o dispositivo em análise não mencionar um número mínimo, para
participar de corrida, disputa ou competição automobilística é necessário, no mínimo, dois agentes, pois é
impossível você competir ou disputar sozinho.
✓ Crime de concurso eventual – crime unissubjetivo – Não será necessário mais de uma pessoa na
hipótese de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela
autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada.
✓ Na direção de veículo automotor – Conforme previsto expressamente, para que seja autor desse
crime, é necessário participar, na direção de veículo automotor, ou seja, deverá efetivamente está
dirigindo, conduzindo o veículo.
✓ Promotor do evento, telespectadores e passageiros – esses, como não estão na direção de veículo
automotor, respondem pelo crime na qualidade de participe (art. 29, código penal)
✓ Crime de perigo concreto – Crime de perigo concreto é uma espécie dos crimes de perigo. Para sua
configuração, não há a necessidade de um efetivo dano ao bem jurídico. Basta a exposição ao perigo. No
entanto, essa exposição deverá ser comprovada pela acusação.
O art. 308, na sua parte final, trouxe expressamente a seguinte redação: “gerando situação de risco à
incolumidade pública ou privada”. Desta forma, trata–se de um crime de perigo concreto, que deverá ser
provado que alguém foi exposto ao perigo.
Se da participção em corrida, disputa ou competição automobilística não gerar situaçao de risco, não
haverá o crime em análise.
Infração administrativa –
Além da responsabilizaçao criminal, o réu também responderá administrativamente, conforme os art. 173 e 174
do CTB. Vejamos:
Infração – gravíssima;
Parágrafo único. Aplica–se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de
12 (doze) meses da infração anterior.
Art. 174. Promover, na via, competição, eventos organizados, exibição e demonstração de perícia em
manobra de veículo, ou deles participar, como condutor, sem permissão da autoridade de trânsito com
circunscrição sobre a via:
Infração – gravíssima;
§ 2º Aplica–se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de 12 (doze) meses
da infração anterior.
Art. 175. Utilizar–se de veículo para demonstrar ou exibir manobra perigosa, mediante arrancada
brusca, derrapagem ou frenagem com deslizamento ou arrastamento de pneus:
Infração – gravíssima;
Parágrafo único. Aplica–se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de
12 (doze) meses da infração anterior.
Art. 308, § 1º – Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e
as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi–
lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras
penas previstas neste artigo.
✓ Crime preterdoloso – O resultado lesão corporal de natureza grave deverá advir de culpa. Ou seja, há
um dolo na conduta antecedente (“racha”) e culpa no consequente (lesão corportal grave).
✓ Tentativa – Como se trata de um crime preterdoloso, tendo como elemento subjetivo a culpa, não admite
a tentativa.
✓ Lesão corporal dolosa – Como já vimos, só incidirá a qualificadora se o agente praticar a título de
culpa, não configurando a qualificadora se for a título de dolo. Assim, caso a lesão seja praticado à título
de dolo, o agente responderá por pelos crime de Racha (Art. 308) e de Lesão corporal prevista no Código
Penal, Art. 129, em concurso.
✓ Lesão corporal de natureza grave – Ao contrário do art. 303, que não fez menção à natureza da lesão
corporal (leve, grave ou gravíssima), aqui o dispositivo foi taxativo em afirmar “lesão corporal de
natureza grave”. Dessa forma, a qualificadora só incidirá se ocorrer um dos seguintes resultados
pevistos no art. 129, §§ 1º e 2º (lesão grave e gravíssima).
Código Penal –
II – perigo de vida;
§ 2° Se resulta:
II – enfermidade incuravel;
IV – deformidade permanente;
V – aborto
✓ Lesão corporal de natureza leve – A lesão corporal de natureza leve não está abarcada por essa
qualificadora. Desta forma, se do “Crime de Racha”, o agente causar lesão corporal de natureza leve, o
agente responderá somente pelo art 308, caput, sem a incidência da qualificadora.
✓ Crime preterdoloso – O resultado morte deverá advir de culpa. Ou seja, há um dolo na conduta
antecedente (“racha”) e culpa no consequente (morte).
✓ Tentativa – Como se trata de um crime preterdoloso, tendo como elemento subjetivo a culpa no resultado,
não admite a tentativa.
✓ Morte na modalidade dolosa – Como já vimos, só incidirá a qualificadora se o agente praticar a título de
culpa, não configurando a qualificadora se for a título de dolo. Assim, caso O resultado morte seja praticado à
título de dolo, o agente responderá por pelos crime de Racha (Art. 308) e de Homicídio previsto no Código
Penal, Art. 121, em concurso.
Se da Participação de corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada pela autoridade competente,
vir a ocorrer a morte culposa de alguém, não haverá concurso de crimes do art. 302 (homicídio culposo) e Art. 308
(crime de racha). O sujeito ativo incorrerá no crime do Art. 308, § 2º do CTB, Crime de racha qualificado pela
morte.
DIREÇÃO DE VEÍCULO SEM PERMISSÃO OU HABILITAÇÃO – Art. 309 –
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou
Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
✓ Sujeito passivo – em um primeiro momento, é a coletividade; podendo ser sujeito passivo do crime
também a pessoa exposta à situação de perigo.
✓ Elemento subjito – dolo, que consisite na vontade livre e conscinte direcionado para a prática do crime.
✓ Objeto jurídico – ou seja, o bem jurídico protegido pela norma. Segurança viária; incolumidade pública.
✓ Consumação – ocorre no momento que o sujeito ativo (que não tem a devida permissão para dirigir ou
habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir) efetivamente dirige veículo automotor em via
pública. Ressalta–se que não basta que o sujeito dirija nessas condições. É necessário que gere
perigo de dano, embora não ocorra resultado naturalísitico.
✓ Hipótese de não gerar perigo de dano – Se o agente dirigir veículo automotor, em via pública, sem a
devida permissão para dirigir ou habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, e não gerar
perigo de dano restará afastado o crime do art. 309, isto é, não há crime, pois não houve lesão
ao bem jurídico tutelado pela norma, que é a incolumidade pública. No entanto, apesar de não
ser crime, configura infração administrativa, prevista no art. 162, inciso I.
✓ Crime de perigo concreto – Crime de perigo concreto é uma espécie dos crimes de perigo. Para sua
configuração, não há a necessidade de um efetivo dano ao bem jurídico. Basta a exposição ao perigo. No
entanto, essa exposição deverá ser comprovada pela acusação.
O art. 309, na sua parte final, trouxe expressamente a seguinte redação: “gerando perigo de dano”. Desta
forma, trata–se de um crime de perigo concreto, que deverá ser provado que alguém foi exposto ao perigo.
Se, portanto, não gerar situaçao de risco, não haverá o crime em análise.
▪ Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida permissão para dirigir ou
habilitação, gerando perigo de dano – aqui, nessa conduta, o agente não está habilitado para
dirigir, ou seja, não tem a permissão para dirigir ou cnh.
✓ Hipótese de cassação da CNH – A cassação da CNH terá um prazo máximo de 02 anos e as hipóteses
estão previstas no art. 263. Vejamos:
Art. 263. A cassação do documento de habilitação dar–se–á:
II – no caso de reincidência, no prazo de doze meses, das infrações previstas no inciso III do art. 162 e nos
arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175;
III – quando condenado judicialmente por delito de trânsito, observado o disposto no art. 160.
§ 2º Decorridos dois anos da cassação da Carteira Nacional de Habilitação, o infrator poderá requerer sua
reabilitação, submetendo–se a todos os exames necessários à habilitação, na forma estabelecida pelo
CONTRAN.
DIRIGIR VEÍCULO AUTOMOTOR, EM VIA PÚBLICA, COM A CNH VENCIDA – FATO ATÍPICO –
Conforme o entendimento amplamente majoritário, nao configura crime previsto no art. 309 do CTB a conduta
de dirigir com CNH vencida há mais de 30 dias, mesmo que venha gerar perigo de dano. São dois os
fundamentos para esse entendimento:
1. Falta de previsão legal – uma vez que o art. 309 mencionou apenas quando o agente não possui
permissão para dirigir ou carteira de habilitação ou, ainda, se perdeu o direito de conduzir veículo
automotor, e não no caso da carteira estar vencida.
2. Vedação de analogia in malam partem – pois, a analogia não poderá ser usada para prejudicar o réu.
I. Hipótese em que o réu foi absolvido, ao fundamento de que o ato de conduzir veículo
automotor com carteira de habilitação vencida não constitui a conduta tipificada no art. 309
do CTB.
II. Se o bem jurídico tutelado pela norma é a incolumidade pública, para que exista o crime é necessário
que o condutor do veículo não possua Permissão para Dirigir ou Habilitação, o que não inclui o
condutor que, embora habilitado, esteja com a Carteira de Habilitação vencida.
III. Não se pode equiparar a situação do condutor que deixou de renovar o exame médico com a daquele
que sequer prestou exames para obter a habilitação. lV. Recurso desprovido. (STJ; REsp 1.188.333;
Proc. 2010/0058722–8; SC; Quinta Turma; Rel. Min. Gilson Langaro Dipp)
Apesar de não configurar crime previsto no art. 309 do CTB, a situação em análise configura infração
administrativa prevista no art. 162, inciso V, do CTB. Vejamos:
Não configura crime do art. 309, e sim do Art. 307 – Violar a suspensão habilitação para dirigir veículo
automotor imposta com fundamento no CTB, que se visa punir aquele que teve seu direito de dirigir
suspenso e descumpriu a medida sancionatória.
INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA –
Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via pública, ou embarcação a motor em
aguas públicas:
Súmula 720 – O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que reclama decorra do fato perigo de dano,
derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no tocante à direção sem habilitação em vias
terrestres.
Direção de veículo automotor sob o efeito de álcool. Condução sem habilitação para dirigir
(arts. 306, § 1º, ii, e 309, da lei 9.503/97). Concurso material.
3. Os crimes em causa possuem momentos consumativos também distintos, na medida em que o art.
306 do CTB (embriaguez ao volante) é de perigo abstrato, de mera conduta, enquanto o art. 309 do CTB
(direção de veículo automotor sem a devida habilitação) é de perigo concreto (REsp 1810481, Rel.
Ministro RIBEIRO DANTAS).
[....] No caso, o paciente teria sido denunciado pela suposta prática do delito em comento (CTB, art. 309),
uma vez que, ao conduzir automóvel em via pública sem documento, colidira com outro automóvel,
causando lesões em passageiros de seu veículo. [...]
A Turma consignou que o crime de dirigir sem habilitação seria absorvido pelo delito de lesão
corporal culposa em direta aplicação do princípio da consunção. Isso porque, de acordo com o
CTB, já seria causa de aumento de pena para o crime de lesão corporal culposa na direção de
veículo automotor o fato de o agente não possuir permissão para dirigir ou carteira de
habilitação.
Assim, em decorrência da vedação de “bis in idem”, não se poderia admitir que o mesmo fato
fosse atribuído ao paciente como crime autônomo e, simultaneamente, como causa especial de
aumento de pena.
Além disso, o crime do art. 303 do CTB, imputado ao paciente, seria de ação pública condicionada à
representação, que, como se inferiria da própria nomenclatura, só poderia ser perseguido mediante a
representação do ofendido. Diante da ausência de representação, seria imperativo reconhecer a extinção
da punibilidade do crime de dirigir sem habilitação.
HC 128921/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, 25.8.2015. (HC–128921)
ENTREGA DE VEÍCULO A PESSOA NÃO HABILITADA [ART. 310]
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com
habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde,
física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi–lo com segurança:
✓ Objeto jurídico – ou seja, o bem jurídico protegido pela norma. Segurança viária; incolumidade pública.
✓ Consumação – o crime se consuma com a prática dos núcleos do tipo, consistindo em permitir, confiar
ou entregar a direção de veículo automotor às pessoas citadas.
✓ Crime de perigo abstrato – é aquele que dispensa a comprovaçao de que o bem jurídico foi exposto ao
perigo. Ou seja, o perigo de lesão ao bem jurídico é presumido, sendo desnecessária a demonstração da
efetiva potencialidade lesiva da conduta. Nesse sentido,
"Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa que
não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB,
independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do
veículo”
É de perigo abstrato o crime previsto no art. 310 do CTB. Assim, não é exigível, para o
aperfeiçoamento do crime, a ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na conduta de quem
permite, confia ou entrega a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação
cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou ainda a quem, por seu estado de saúde, física ou mental,
ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi–lo com segurança.
O art. 310, mais do que tipificar uma conduta idônea a lesionar, estabelece um dever de garante ao
possuidor do veículo automotor. Neste caso, estabelece–se um dever de não permitir, confiar ou entregar
a direção de um automóvel a determinadas pessoas, indicadas no tipo penal, com ou sem habilitação, com
problemas psíquicos ou físicos, ou embriagadas, ante o perigo geral que encerra a condução de um veículo
nessas condições.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.485.830–MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min.
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 11/3/2015 (recurso repetitivo) (Info 563).
✓ Crime formal – também chamado de crime de consumação antecipada; ou crime de resultado cortado.
são aqueles que têm sua consumação independe da existência de um resultado, ainda que este venha a
acontecer. assim, o delito em análise é crime formal.
✓ Local do crime – poderá ser em via pública ou particular, como dentro de condminio, garangens etc,
uma vez que o legislador não especificou o local.
Infração administrativa –
Art. 163. Entregar a direção do veículo a pessoa nas condições previstas no artigo anterior:
Art. 164. Permitir que pessoa nas condições referidas nos incisos do art. 162 tome posse do veículo automotor
e passe a conduzi–lo na via:
Art. 166. Confiar ou entregar a direção de veículo a pessoa que, mesmo habilitada, por seu estado físico ou
psíquico, não estiver em condições de dirigi–lo com segurança:
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa.
VELOCIDADE INCOMPATÍVEL EM DETERMINADOS LOCAIS – ART. 311
Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas,
hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja
grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano:
✓ Objeto jurídico – ou seja, o bem jurídico protegido pela norma. Segurança viária; incolumidade das
pessoas presentes no local.
✓ Consumação – ocorre no momento que o sujeito ativo trafega em velocidade incompatível com a
segurança nas proximidades dos locais citados pelo dispostivo legal. Ressalta–se que não basta que o
sujeito dirija nessas condições. É necessário que gere perigo de dano, embora não ocorra resultado
naturalísitico. Portanto, para configuração do crime em análie são necessários dois requisitos: trafegar
em velocidade incompatível + perigo de dano.
✓ Hipótese de não gerar perigo de dano – se o agente trafegar em velocidade incompatível com a
segurança nas proximidades dos locais citados pelo dispostivo legal e não gerar perigo de dano
restará afastado o crime do art. 311, isto é, não há crime, pois não houve lesão ao bem jurídico
tutelado pela norma, que é a incolumidade pública, segurança viária e a integridade de terceiros
ali presentes. No entanto, apesar de não ser crime, configura infração administrativa, prevista no art.
220, inciso xiv.
✓ Responsabilidade – nesse caso, ele não praticou crime do art. 311, embora tenha praticado infração
administrativa.
✓ Crime de perigo concreto – Crime de perigo concreto é uma espécie dos crimes de perigo. Para sua
configuração, não há a necessidade de um efetivo dano ao bem jurídico. Basta a exposição ao perigo. No
entanto, essa exposição deverá ser comprovada pela acusação. O art. 311, na sua parte final, trouxe
expressamente a seguinte redação: “gerando perigo de dano”. Desta forma, trata–se de um crime de
perigo concreto, que deverá ser provado que alguém foi exposto ao perigo. Se, portanto, não gerar
situaçao de risco, não haverá o crime em análise.
✓ Consumação – O crime se consuma com a prática do núcleo do tipo, consistindo trafegar em velocidade
incompatível com a segurança nas proximidades dos locais citados no artigo.
Infração administrativa –
Apesar de não ser crime, configura infração administrativa, prevista no art. 220, inciso XIV. Vejamos:
Art. 220. Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a segurança do trânsito:
XIV – nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros ou onde
haja intensa movimentação de pedestres:
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa.
FRAUDE NO PROCEDIMENTO DE
APURAÇÃO DE ACIDENTE [ART. 312]
Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na pendência do
respectivo procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o estado de
lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz:
Parágrafo único. Aplica–se o disposto neste artigo, ainda que não iniciados, quando da inovação, o
procedimento preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere.
✓ Sujeito ativo – Como não exige qualidade especial, trata–se de crime próprio.
✓ Objeto jurídico – ou seja, o bem jurídico protegido, tutelado pela norma penal. Administração da
justiça.
✓ Consumação – o crime se consuma quando o agente inova artificiosamente o estado de lugar, de coisa
ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz.
✓ Crime formal – também chamado de crime de consumação antecipada; ou crime de resultado cortado.
São aqueles que têm sua consumação independe da existência de um resultado, ainda que este venha a
acontecer.
Assim, o delito em análise é crime formal, pois o tipo penal traz um resultado naturalístico que não é
necessário que ocorra para sua consumação.
✓ Tentativa – é possível quando o agente não chega a consumar o delito por circunstâncias alheias à sua
vontade. Por exemplo, no exato momento em que o sujeito ativo estava inovando o local do crime,
movendo o corpo da vítima, ou retirando placas de sinalização.
✓ Elemento subjetivo – é o dolo, com a finalidade específica de induzir a erro, enganar o agente policial, o
perito, ou juiz, fazendo com que esses tenham conclusões distorcidas do fato ocorrido. Com essa conduta
pretende o sujeito ativo se eximir ou diminui sua responsabilidade pelo crime causado.
✓ Induzir a erro membro do ministério público ou defensor público – como podemos notar, essas
autoridades não foram contempladas nesse dispositivo.
✓ Infração administrativa – além de ser crime, configura infração administrativa, prevista no art. 176,
inciso III. Vejamos:
Infração – gravíssima;
Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 312 deste Código, nas situações em que o juiz
aplicar a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, esta deverá ser
de prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, em uma das seguintes
atividades: (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos corpos de bombeiros e em outras
unidades móveis especializadas no atendimento a vítimas de trânsito; (Incluído pela Lei nº
13.281, de 2016) (Vigência)
Art. 312-B. Aos crimes previstos no § 3º do art. 302 e no § 2º do art. 303 deste Código não se aplica o
disposto no inciso I do caput do art. 44 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal) . (Incluído pela Lei nº 14.071, de 2020)
ANÁLISE DAS HIPÓTESES DE
CONCURSO MATERIAL DE CRIMES NO CTB
Dirigir sem CNH (Art. 309) + Lesão Corporal Não haverá concurso de crimes.
culposa por condutor sem CNH (art. 303, §1º c/c Haverá unicamente crime de lesão corporal
Art. 302, §1º, I) culposa majorada (art. 303, §1º c/c Art. 302, §1º,I)
Dirigir sem CNH (Art. 309) + Homicídio Culposo Não haverá concurso de crimes.
por condutor sem CNH (Art. 302, §1º, I) Haverá unicamente crime de homicídio culposo
majorado (Art. 302, §1º, I)
Omissão de socorro (Art. 304) + Homicídio Não há relação entre os crimes, uma vez
Culposo (art. 302, §1º, III)/ Lesão Culposa (Art. que:
303, §1º)
Fuga do local do Acidente (Art. 305) + Homicídio Haverá concurso material de crimes.
Culposo (art. 302, §1º, III)/Lesão Culposa (Art. Deverá o agente responder pelos dois crimes.
303, §1º)
Embriaguez ao volante (art. 306) + Dirigir sem Haverá concurso material de crimes.
CNH (Art. 309) Deverá o agente responder pelos dois crimes.