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Maria Olímpia Beatriz Santos

Silvina Fonseca Corrêa

ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO
DO ENSINO FUNDAMENTAL
E MÉDIO

ARTES VISUAIS

4º PERÍODO
Maria Olímpia Beatriz Santos
Silvina Fonseca Corrêa

ESTRUTURA E
FUNCIONAMENTO DO
ENSINO FUNDAMENTAL
E MÉDIO

Montes Claros - MG, 2010


Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES

REITOR IMPRESSÃO, MONTAGEM E ACABAMENTO


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2010
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Chefe do Departamento de Artes


Coordenadora do Curso de Artes Visuais a Distância
Maria Elvira Curty Romero Christoff
AUTORAS

Maria Olímpia Beatriz Santos


Mestre em Educação e Sociedade pela Universidade Presidente Antônio
Carlos, especialização em Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes
Claros, graduação em Pedagogia com habilitação em Supervisão Pedagógica
pela Universidade Estadual de Montes Claros.

Silvina Fonseca Corrêa


Formada em Pedagogia com Habilitação em SUPERVISÃO ESCOLAR DE 1º
GRAU; ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E ENSINO DAS DISCIPLINAS E
ATIVIDADES PRÁTICAS, pela Fundação Norte-Mineira de Ensino Superior,
FUNM – Montes Claros – MG. Cursou SUPERVISÃO ESCOLAR DE 1º E 2º
GRAUS. Universidade Federal de São Carlos, UFSCAR, São Carlos, Brasil.
Especializou-se em Supervisão Educacional pela PUC/MG. Atualmente é
Mestranda em Educação e Psicanálise, gerenciado pelo Centro de
Orientação e Organização Psicanalítica - CORPO – em convênio com a
Cambridge Internacional University – External Degree of Campus –
Commonwealth Territory of British Virgin Islands – United Kingdom – e com
a Universidad de Los Pueblos da Europa - UPE, regido pela resolução
001/2001 – CNE/CES/MEC, publicada no D.O.U em 03/04/2001. É
professora universitária e diretora da empresa Instituto Pólis Montes Claros -
Assessoria e Consultoria na Elaboração de Planos, Programas Projetos e
Estatutos atuando em diversos municípios de Minas, inclusive com a
instalação de diversos Centros de Apoio e atendimento a EAD.
SUMÁRIO
DA DISCIPLINA

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
Unidade I: Breve Histórico da Educação na Legislação Brasileira . . . 11
1.1 A Educação no Brasil Colônia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2 A Educação Brasileira no Período Republicano . . . . . . . . . . . 13
1.3 A Educação no Brasil Contemporâneo. . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.4 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.5 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Unidade II: Estrutura e Funcionamento da Educação Básica . . . . . . . 24
2.1 Legislação educacional no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.2 Principios e fins da educação nacional na atualidade. . . . . . . 32
2.3 Objetivos da educação básica à luz da legislação vigente . . . 33
2.4 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.5 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Unidade III: A legislação e a universalização de uma escola básica de
qualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.1 O Ensino Fundamental de 09 anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.2 O Ensino Médio e o Direito à Profissionalização . . . . . . . . . . 42
3.3 A Educação de Jovens e Adultos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.4 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.5 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Unidade IV: O plano nacional de educação e as ações articuladas e
normatizadas pelas políticas nacionais vigentes . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.1 O Plano Nacional de Educação – Antecedentes Históricos . . 57
4.2 O Plano Nacional de Educação e as Metas Propostas para a
década da educação- 2001-2011 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.3 O PNE e a visão sistêmica do PDE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.4 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
4.5 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Referências básica e complementar e suplementar . . . . . . . . . . . . . . 87
Atividades de aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
APRESENTAÇÃO

Prezado (a) cursista,


Estamos iniciando o estudo sobre a estrutura e funcionamento da
Educação Básica Brasileira em seus níveis fundamental e médio. Vamos
começar questionando: você sabe como funciona a Educação Básica em
nosso país? Conhece a legislação que a orienta? E no passado, como a nossa
educação foi instituída? Com base em quais pressupostos legais?
Para responder a essas questões nos fundamentaremos na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional que apresenta os pressupostos e
fatores, que determinam e/ou norteiam a organização das diretrizes e Bases
da Educação Nacional Brasileira, dando ênfase especial para a
intencionalidade da Lei e do Planejamento Curricular. Ressaltamos que estes
pressupostos se consolidam como principais responsáveis pela formação das
identidades pessoais e sociais, significando, sobretudo, a determinação dos
modos e intenções como foi organizada a educação antes e depois da
República brasileira.
Fazendo um breve histórico da legislação brasileira, entenderemos
o antes e o depois, mas, principalmente, como ela se estrutura na atualidade,
já que o funcionamento está ainda sob a responsabilidade dos agentes
(atores) sujeitos atuais, quer sejam os que legislam, executam, dirigem,
coordenam ou ensinam, formando educadores/educandos para uma
sociedade que se pretende seja, cada vez mais, democrática, por meio do
planejamento participativo, decorrido de um diagnóstico real dos dados
educacionais, como também das expectativas e julgamentos de
critérios/indicadores tecnicamente elaborados dos perfis encontrados,
enfim da avaliação realizada.
Pretendemos que o nosso trabalho seja baseado em compromissos
e hábitos de estudos individuais, em pequenos grupos, em grupos
diversificados e/ou na coletividade, mas sempre visando à construção de um
novo conhecimento. A partir de enunciados, muitas vezes já conhecidos por
nós, mas que também sirvam de renovação de práticas educativas que
possam fazer da educação, cada vez mais, um instrumento de
desenvolvimento pessoal, ético e democrático, capaz de refletir na
qualidade social brasileira. A participação de todos será determinante para a
construção de uma educação a distância, com mérito, desde a organização e
funcionamento dessa modalidade de ensino, dentro dos parâmetros da
legislação brasileira assim, também, de parâmetros de formação de

07
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

formadores de crianças, adolescentes e jovens, adultos e idosos, pois, no


Brasil, todos têm direito a uma educação de qualidade. Portanto a sua
participação e a do seu colega são de extrema importância para o bom
andamento das atividades e trabalhos propostos.
Acompanhe, com atenção, o estudo dos textos apresentados, as
orientações no decorrer deste estudo e faça das propostas e estratégias
momentos inovadores e desafiadores que possibilitem a construção de uma
nova prática educativa. Prática essa que lhe proporcione vivenciar
momentos de perfis profissionais diversos: coordenador ou líder de um
grupo de trabalho; mediador ou relator, exercendo sempre papéis
diferenciados no grupo de educandos etc. Essas oportunidades trarão para
sua formação novas competências e habilidades num processo de ensino-
aprendizagem e avaliação.
Atente-se para a carga horária da disciplina, o tempo previsto no
calendário do curso e se organizem para melhor aproveitar este tempo.
Acompanhe o seu tutor e preste a ele a ajuda necessária para que possa
também ajudá-lo.
A Educação a Distância requer de todos os envolvidos o
compromisso com o hábito de estudo, a sistematização dos registros e
atividades bem como o cumprimento de prazos. Não podemos nos
esquecer de que a verbalização nas discussões e debates, o uso das diversas
linguagens textuais e as pesquisas bibliográficas de enriquecimento dos
estudos constituem as diversas formas de você fazer do seu curso
oportunidade de otimização de sua formação e/ou da formação de colegas.
Evite limitar as suas características, habilidades e capacidades, mas faça delas
oportunidades de crescimento nas análises, críticas, sínteses e construções
que pretendemos seja proveitosa não só durante o curso, mas no decorrer
da carreira profissional e da vida que esperamos seja próspera e feliz.
Priorize! Evite situações indesejadas.
Aperfeiçoe, a cada dia, o seu desempenho acadêmico. Crie o
hábito de leitura diária, de seleção de leituras significativas, de
interpretações e inferências devidas, de abstração de raciocínio, de
concentração e respeito às regras, de promoção e integração entre alunos e
profissionais do curso/instituição. Colabore para encontrar e promover
medidas e projetos que possam ser elencados no rol de iniciativas do curso,
da educação como iniciativa dos acadêmicos dos polos da UAB em qualquer
canto deste grande sertão veredas.

Professora Mestra Maria Olímpia Beatriz Santos


Professora Mestranda Silvina Fonseca Corrêa

08
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

ORIENTAÇÕES PARA AS UNIDADES

Acadêmico (a), neste material que você está recebendo da


Disciplina “Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio”
trabalharemos com a seguinte ementa:
Os determinantes que norteiam a organização das diretrizes e bases
da educação, com ênfase especial para a intencionalidade da lei e do
planejamento curricular, como principais responsáveis pela formação das
identidades pessoais e sociais.
Para atendermos a esta ementa, o conteúdo está dividido em
quatro unidades. São elas:
UNIDADE I: Breve Histórico da Educação na Legislação Brasileira
A Educação antes da República.
Educação Brasileira no Período Republicano.
A Organização Educacional no Brasil (Constituição Federal de
1988)
UNIDADE II: Estrutura e Funcionamento da Educação Básica
Legislação Educacional no Brasil.
Princípios e fins da Educação Nacional na Atualidade.
Objetivos da Educação Básica à Luz da Legislação Vigente.
UNIDADE III: A Legislação e a Universalização de uma Escola
Básica de Qualidade
O Ensino Fundamental de 09 anos.
O Ensino Médio e o Direito à Profissionalização.
A Educação de Jovens e Adultos.
UNIDADE IV: O Plano Nacional de Educação e as Ações
Articuladas e Normatizadas pelas Políticas Educacionais Vigentes
O Plano Nacional de Educação (PNE) e os seus Antecedentes
Históricos.
O Plano Nacional de Educação e as Metas Propostas para a Década
da Educação- 2001-2011.
O Plano de Desenvolvimento da Educação, o Compromisso “Todos
pela a Educação” e as Ações Articuladas dos Entes Federados.
Na primeira unidade, temos o histórico da educação brasileira,
tomando como ponto principal a legislação educacional. Apresentamos
como a educação estava legalizada antes e durante o período republicano
até chegarmos à organização da Educação Nacional, a partir da nova
Constituição do Brasil em 1988.
Na segunda unidade, intitulada “Estrutura e Funcionamento da
Educação Básica”, apresentamos a Legislação Educacional no período que
antecede à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, além de
apresentarmos os objetivos, os princípios e fins da Educação Nacional, na
atualidade, de acordo com a legislação vigente.

09
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

Já na terceira unidade, o enfoque é a universalização da educação


básica e a busca de qualidade. Apresentamos o ensino de nove anos, as
considerações sobre o ensino médio atrelado à profissionalização e o direito
à educação- garantido a todos- por meio da educação de jovens e adultos.
E para finalizar este estudo, na quarta unidade - “O Plano Nacional
de Educação e as Ações Articuladas e Normatizadas pelas Políticas
Educacionais Vigentes” tratamos do Plano Nacional de Educação e como,
através da legislação brasileira, chegamos até aqui e por onde se faz o
caminhar da sociedade brasileira em busca de uma escola pública e eficaz
para todos os brasileiros.
O mais importante de tudo isso, entretanto, é que você, acadêmico
(a), faça a leitura do material e das sugestões propostas; reflita sobre o
processo legal da educação brasileira e acredite que, antes da legislação,
existe a ação de homens e mulheres empenhados em um mundo melhor.
Lembrando Paulo Freire

Não posso entender os homens e as mulheres, a não ser mais


do que simplesmente vivendo, histórica, cultural e
socialmente existindo, como seres fazedores de seu
“caminho” que, ao fazê-lo, se expõem ou se entregam ao
“caminho” que estão fazendo e que assim os refaz
também.(1992, p.97)

Assim, torna-se necessário refletir sobre a importância da legislação


brasileira em um curso de Pedagogia e licenciaturas para que os futuros
profissionais da educação observem que fazer educação no Brasil exige de
nós um profundo conhecimento da trajetória da educação brasileira. E,
assim sendo, contribuiremos para que em todos os dias possamos refletir e
agir na busca da educação de qualidade para todos.

10
1
UNIDADE 1
BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

1 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Objetivo Geral
Apresentar o histórico da educação brasileira, tomando como
ponto principal a Legislação Educacional, analisando os aspectos
educacionais, antes e durante o período republicano, até chegarmos à
organização da Educação Nacional através da Constituição do Brasil, em
GLOSSÁRIO
B GC
A
Corrente Positivista: É uma
E

corrente sociológica cujo


precursor foi o francês Auguste
Comte (1798-1857). Propõe à
F

1988. existência humana valores


completamente humanos. O
Introdução método geral do Positivismo de
No Brasil, as concepções de gestão da educação e administração Auguste Comte consiste na
pública vigentes resultam de uma construção histórica influenciada pela observação dos fenômenos,
subordinando a imaginação à
tradição jurídica que caracterizou o Período Colonial, marcado pelas observação (ou seja, mantém a
orientações e práticas resultantes das correntes filosóficas positivistas e imaginação), mas há outras
funcionalistas, que dominavam as Ciências Sociais na segunda metade do características igualmente
importantes.
século XIX e na primeira metade do século XX (SANDER, 2007).
Veja no glossário ao lado a explicação sobre estas correntes Corrente Funcionalista: É um
ramo da Antropologia e das
filosóficas.
Ciências Sociais que procura
Ações estratégicas para a condução possível do processo explicar aspectos da sociedade
educacional em território nacional, de alguma forma ou por algum motivo, em termos de funções
realizadas por indivíduos ou
sempre foram executadas, pois, de acordo com Sander (2007, p.14), suas conseqüências para a
“fundamenta-se na convicção de que a gestão da educação, longe de ser um sociedade como um todo.
instrumento ideologicamente neutro, desempenha um papel político e Corrente sociológica
relacionada ao pensador
cultural específico, situado no tempo e no espaço”. francês Emile Durkheim, para
Para melhor compreender os processos que envolvem a legalização quem cada indivíduo exerce
e administração da educação brasileira, é de fundamental relevância uma função específica na
sociedade e sua má execução
identificar aspectos e características dos três grandes momentos históricos: significa um desregramento da
Brasil Colônia, Brasil República e Brasil Contemporâneo. Em cada um deles própria sociedade. Sua
desenvolveram-se processos e situações que possibilitam compreender a interpretação de sociedade
está diretamente relacionada
evolução da estrutura e administração da educação brasileira, percebendo, ao estudo do fato social. O fato
especificamente, o momento histórico em que deixou de ser vigente uma social é exterior na medida em
concepção de administração, avançando para uma concepção de gestão da que existe antes do próprio
indivíduo e coercitivo na
educação. medida em que a sociedade
impõe tais postulados, sem o
conhecimento prévio do
1.1 A EDUCAÇÃO NO BRASIL COLÔNIA indivíduo.

Como podemos imaginar a educação no Brasil colônia? Vamos lá...


A organização e administração da educação, durante o período
colonial, apresentam a influência das Correntes Escolástica e Positivista, mas
fundamentalmente manifesta um enfoque jurídico, fundamentado no
direito romano, que era interpretado em acordo com o código napoleônico.

11
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

B GC A tradição do direito romano tinha como principais aspectos o


GLOSSÁRIO E
caráter normativo e o pensamento dedutivo, o que acabou por nortear a
A F trajetória educacional e administrativa do Brasil. Naquele momento
histórico, a lei era considerada um ideal a ser alcançado e não apenas “um
Corrente Escolástica: É uma
corrente filosófica nascida na parâmetro a ser aplicado em circunstâncias concretas” (SANDER, 2007).
Europa da Idade Média, que No entanto, a educação, durante o Período Colonial, era um tema
dominou o pensamento cristão
de pouca importância para os colonizadores portugueses e para a população
entre os séculos XI e XIV e teve
como principal nome o teólogo que habitava o país, resultando na pouca atenção aos processos
italiano São Tomás de relacionados à sua administração.
Aquino. Máxima de São Tomás
de Aquino: "Crer para poder Vale destacar que, apesar desse olhar desatento com a educação
entender e entender para crer." brasileira naquele momento, algumas das importantes personalidades da
São Tomás de Aquino dividiu o época desenvolveram ações em prol da valorização e melhoria da educação
conhecimento humano em
dois. O conhecimento nacional, especialmente a educação pública, entre eles, o grupo liderado
sobrenatural seria aquele por Rui Barbosa. Sobre isso, Sander afirma que
ensinado pela fé, como a
aceitação da Trindade Divina,
ou seja, Deus como Pai, Filho e estudos sobre a organização do ensino daquela época não
Espírito Santo. Já o permitem identificar uma administração escolar capacitada
conhecimento natural viria, à para atender às exigências mínimas das poucas instituições
luz da razão, como os teoremas educacionais para a elite governante e, muito menos, para
matemáticos. dirigir as escolas destinadas à educação popular. (2007,
p.20)
Fonte: WIKIPÉDIA.
Enciclopédia Livre. Disponível
O enfoque jurídico que influenciava a administração da educação
em pt.wikipedia.org.
acabou somado aos valores do cristianismo com a chegada da Ordem
Código Napoleônico: Franciscana, chefiada pelo Frei Henrique de Coimbra, que integrava a
originalmente chamado de
caravela comandada por Pedro Álvares Cabral. Porém, a grande
Code Civil des Français, foi o
código civil francês outorgado interferência religiosa na educação brasileira resultou do trabalho dos padres
por Napoleão I e que entrou da Companhia de Jesus, os jesuítas, sacerdotes que rapidamente
em vigor a 21 de março de
disseminaram seus ensinamentos por todo o território brasileiro,
1804.
Todavia, o Código Napoleônico desenvolvendo o primeiro esboço de um sistema educacional. Essa
não foi o primeiro código legal influência permaneceu e até aumentou durante o Período Imperial e a
a ser estabelecido numa nação
Primeira República.
europeia. O Código
Napoleónico, propriamente O positivismo teve grande impacto na sociedade brasileira,
dito, aborda somente questões manifestando-se no funcionamento das instituições políticas e sociais da
de direito civil, como o registro
civil ou a propriedade. Este época. Um precioso exemplo é o lema “ordem e progresso”, que consta na
código baseou-se em leis bandeira brasileira.
francesas anteriores e também
Na educação, o positivismo manifestou-se “no conteúdo
no Direito Romano, tendo
seguido o Código Justiniano, o universalista de seu currículo enciclopédico, na sua metodologia científica
Corpus Juris Civilis, dividindo o de natureza descritiva e empírica e nas práticas prescritivas e normativas de
direito civil em: organização e gestão educacional” (SANDER, 2007, p.25).
a pessoa;
a propriedade;
a aquisição da propriedade.

(Diário Universal, 21, mar.


2007. Disponível em
www.diariouniversal.com

12
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

1.2 A EDUCAÇÃO BRASILEIRA NO PERÍODO REPUBLICANO B GC


GLOSSÁRIO E
Agora, no período republicano, como estava a educação brasileira? A F
Em 1920, no Brasil, organizou-se o movimento chamado Escola Caráter Normativo: Atos de
caráter normativo, como o
Nova. Naquele momento histórico, o mundo vivia um período de
próprio nome está dizendo,
crescimento industrial e de expansão urbana e, nesse contexto, um grupo de são instruções de caráter geral
intelectuais brasileiros sentiu necessidade de preparar o país para para que todos os
interessados/envolvidos
acompanhar esse desenvolvimento.
procedam de padronizada.
A educação era percebida por eles como o elemento-chave para Geralmente os atos de caráter
promover a remodelação requerida. Inspirados nas ideias político-filosóficas normativo são editados para
melhor compreensão dos
de igualdade entre os homens e do direito de todos à educação, esses procedimentos requeridos em
intelectuais viam num sistema estatal de ensino público livre e aberto o único função de um texto de Lei,
meio efetivo de combate às desigualdades sociais da nação. Denominado de Decreto etc. (LYRA, 2001)

Escola Nova, o movimento ganhou impulso na década de 30, após a Pensamento Dedutivo:
divulgação do Manifesto da Escola Nova (1932). Nesse documento, quando, a partir de enunciados
defendia-se a universalização da escola pública, laica e gratuita. mais gerais dispostos
ordenadamente como
Compreenda melhor o que significou o movimento denominado premissas de um raciocínio,
Escola Nova e o Manifesto dos Pioneiros no glossário ao lado. chega a uma conclusão
particular ou menos geral. Ex:
O pensamento vigente, na administração da educação brasileira,
Todo homem é mortal (geral)
no período republicano, divide-se, segundo Sander (2007), em quatro fases: Pedro é homem
organizacional, comportamental, desenvolvimentista e sociocultural. Cada Pedro é mortal (conclusão
particular)
uma delas revelava um modelo de gestão específico.
Função básica do pensamento
Vamos analisar cada uma destas fases? dedutivo: explicitar, ao longo
da demonstração, aquilo que
a) Fase organizacional: início do século XX, desde a Primeira
implicitamente já se encontra
Guerra Mundial até a Revolução de 1930. Caracterizou-se como um no antecedente.
período de grande efervescência pol ítica e intelectual. Esse movimento www.esmec/wp.../2008/.../
metodo_cientifico
manifestou-se, também, na educação, tendo como principais
consequências a fundação da Associação Brasileira de Educação (ABE), em
1924, e o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, em 1932. Esses
movimentos foram determinantes para a gestão da educação nacional,
impulsionando a promulgação, em 1961, da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, LDB 4024/61. Destacaram-se nessa época, entre
outros, Anísio Teixeira, Querino Ribeiro e Lourenço Pinto. (SANDER, 2007)
Nessa fase, a gestão da educação teve grande interferência dos
princípios da administração clássica, assumindo “características de um
modelo-máquina preocupado com a economia, a produtividade e a
eficiência” (SANDER, 2007, p. 30).
Apresentaremos, a seguir, um elenco das principais características
da LDB 4024/61 que foram determinantes para a gestão da educação
brasileira:

13
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

B GC Ÿ obrigatoriedade de matrícula nos quatro anos do ensino


GLOSSÁRIO E primário (Art. 30);
A F Ÿ formação do professor para o ensino primário no ensino normal
Escola Nova: A “escola nova”, de grau ginasial ou colegial (Art. 52 e 53);
“escola ativa” ou “escola
Ÿ ano letivo de 180 dias (Art. 72);
progressiva” foi um movimento
próprio do século XX, mas que Ÿ ensino religioso facultativo (Art. 97);
se inspirou em pedagogos e Ÿ maior autonomia aos órgãos estaduais, diminuindo a
filósofos do século XVIII e XIX
como Rousseau (1712-1778), centralização do poder no MEC (Art. 10);
Pestalozzi (1746–1827), Ÿ empenho de 12% do orçamento da União e 20% dos municípios
Froebel (1782–1852),
com a educação (Art. 92);
Nietzsche (1844-1900), Tolstoi
(1828-1910), William James Ÿ regulamentação da existência dos Conselhos Estaduais de
(1842-1910) etc. Este Educação e do Conselho Federal de Educação (Art. 8 e 9).
movimento foi iniciado na
Europa e nos Estados Unidos b) Fase comportamental: a Segunda Guerra Mundial manifestou,
na transição dos séculos XIX também no Brasil, a reação que já acontecia em outros países contra os
para o XX. Na Europa, foi princípios e práticas da escola clássica da administração, resgatando a sua
defendido, entre outros, por
Edouard Claparède (1873- dimensão humana. Essa fase tem como marco inicial a expansão do
1940) e Maria Montessori movimento psicossociológico das relações humanas, deflagrado com os
(1870-1952). Nos Estados estudos de Hawthorne, que foram desenvolvidos entre 1924 e 1927, e que
Unidos John Dewey (1859-
1952) e William Kilpatrick fundamentaram as bases teóricas da construção comportamental de
(1871-1965) foram seus administração. Sander destaca que, a partir daí, “instalou-se, assim, o
principais advogados. A reinado dos psicólogos e psicólogos sociais no estudo do comportamento
“educação nova” privilegia a
criança como indivíduo. Essa administrativo no setor público, na empresa e na educação”.(2007, p. 37)
educação surge como Sander (2007, p. 39) afirma que “na realidade, a aplicação da
resultado de um novo
psicologia à organização e administração do ensino remonta ao
sentimento dos adultos em
relação às crianças, que psicologismo pedagógico do início do século XIX, protagonizado por
merecem cuidados especiais. Pestalozzi e Froebel, os quais postularam que a educação deve levar em
(Aranha, 1996)
conta a realidade psicológica do educando com todas as exigências do seu
mundo subjetivo”.
Os ensinamentos da sociologia da educação vieram ainda
DICAS contribuir e influenciar as concepções da gestão da educação. A integração
entre a psicologia e a sociologia deu origem à psicologia social, que
influenciou os estudos da administração da educação.
Para entender o Manifesto dos Nesse período, foi intenso o movimento para superação da
Pioneiros da Educação Nova, utilização dos estudos da administração na área educacional, destacando-se
de 1932, leia-o na integra,
acessando o site: uma perspectiva pedagógica. Essa percepção se manifesta na gestão da
http://www.pedagogiaemfoco. educação, em que o principal compromisso passa a ser com a “consecução
pro.br/heb07a.htm. eficaz dos objetivos intrínsecos do sistema educacional e de suas escolas e
Mais a frente comentaremos universidades” (SANDER, 2007, p. 42-43).
sobre Paulo Freire, mas se você
estiver interessado visite:
www.paulofreire.org e pesquise
mais sobre este grande
educador.

14
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

c) Fase desenvolvimentista: surge com a denominada B GC


“administração para o desenvolvimento”, período de reconstrução GLOSSÁRIO E
econômica nas décadas de 1950-1960, resultante das consequências da A F
Segunda Guerra Mundial e decorrente da necessidade de organizar e
administrar os serviços de assistência e ajuda financeira no período pós-
guerra. Manifesto da Escola Nova: ou
Manifesto dos Pioneiros da
No que se refere à educação, o enfoque desenvolvimentista
Educação Nova. Foi um
também se inseriu no movimento internacional da economia da educação,
documento elaborado e
em que se destacam as áreas de recursos humanos, teorias do capital assinado pelos mais destacados
humano e investimentos no ser humano, numa compreensão de que a expoentes do movimento de
educação é fator estratégico para o desenvolvimento econômico. renovação do ensino e vinha,
O otimismo pedagógico, até então vigente, entra em crise diante da num primeiro momento,
constatação de que os investimentos, na área da educação, não haviam responder a uma solicitação do
alcançado os resultados esperados na economia e no progresso tecnológico. Governo Provisório, que
buscava subsídios para sua
Tedesco (1987, p. 85-86) afirma que “o sistema educacional deixou de ser
política educacional. Divulgado
concebido como alavanca e motor de transformação, e o otimismo
em 1932 é um documento
pedagógico, que concebia a educação e o professor como fontes de dirigido ao povo e ao governo.
progresso, transformou-se em pessimismo e desilusão”. Seu texto define, de forma
Essa realidade impôs a necessidade de se reavaliar o papel da clara, seus pressupostos e se
educação nos aspectos econômicos, políticos e culturais. apresenta com o propósito de
d) Fase sociocultural: ao contrário da fase desenvolvimentista, superar o empirismo das
reformas parciais efetuadas. O
anteriormente vigente, a fase sociocultural desenvolve-se a partir dos
documento diagnostica a
ensinamentos das ciências sociais.
situação precária do ensino no
Paulo Freire, expoente da pedagogia libertadora, foi um dos país como decorrência da falta
representantes desse período, disseminando, por meio de seus estudos, a de organização das escolas e
reflexão a respeito das relações de dominação e dos ideais de libertação que reforça a ideia da necessidade
ainda se manifestavam nas relações econômicas e nas políticas de dotar a escola e,
internacionais. consequentemente, o sistema
de ensino, de estrutura
A eficiência da administração, inclusive a educacional,
burocrática consoante com os
determinava-se fundamentalmente pela atuação de um conjunto de fatores
propósitos estabelecidos para a
– políticos, sociológicos e antropológicos. Essa compreensão disseminou-se,
educação escolarizada nessa
também, no meio acadêmico, onde os cursos de pós-graduação em nova fase de desenvolvimento
educação desenvolveram suas discussões voltadas para área de política e do país. (Aranha, 1996)
gestão da educação.

1.3 A EDUCAÇÃO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO

E agora? Chegamos à contemporaneidade. Você consegue


perceber como a educação é influenciada pelos acontecimentos políticos,
econômicos e sociais? Vamos lá então.
A história da educação brasileira, na contemporaneidade, também
participou e sofreu a interferência de inúmeros movimentos políticos e
culturais.

15
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

B GC Em 1930, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública


GLOSSÁRIO E (MESP), como um dos primeiros atos do Governo Provisório de Getúlio
A F Vargas, tendo como Ministro da Educação Francisco Campos. O ministério
Otimismo pedagógico: foi responsável pela reforma que ocorreu na estrutura do ensino brasileiro,
A partir de 1920, engendra-se organizando a educação escolar, “especialmente nos níveis secundário e
no campo educacional universitário e na modalidade do ensino comercial, desatendendo o ensino
brasileiro o movimento primário e a formação dos professores”. (LIBÂNEO, 2005, p. 135),
eufórico que fora denominado
A Constituição Federal de 1934 delegou ao Estado a
"Otimismo Pedagógico". Esse
responsabilidade de fiscalizar e regulamentar as instituições de ensino
movimento desencadeou por
todo o país uma série de
públicas e privadas. Naquele momento histórico, até 1945, vigorava a
reforma do ensino em nível ditadura de Getúlio Vargas, fato que também interferia na organização da
estadual, restritas, portanto, aos educação brasileira. No entanto, pouco tempo depois, em 1946, a
ensinos primário e normal, sociedade política brasileira – partidos de esquerda e progressistas –
visto que o ensino superior retomou as principais discussões sobre a necessidade de melhorar e
estava a cargo do governo democratizar a educação brasileira.
federal e o secundário não
Nossa intenção é fazer alguns recortes na História da Educação
passava de uma rede de cursos
Brasileira que possibilite a você compreender o contexto atual, a partir do
preparatórios. Podemos
destacar, com efeito, quatro
entendimento das histórias construídas no passado, sendo assim, algumas
reformas que foram décadas não serão, por nós, reportadas.
fundamentais no delineamento A partir da década de 1970, até meados da década de 1990,
do ensino público no Brasil: a diferentes segmentos sociais brasileiros se mobilizaram em prol da
primeira, em 1920, no Estado democracia efetiva, pois já se manifestavam as novas exigências de uma
de São Paulo, tendo como sociedade impulsionada pela globalização econômica.
mentor o ilustre advogado
O contexto educacional brasileiro também sofreu essa
Antônio de Sampaio Dória; a
interferência, mobilizando-se e se transformando, muitas vezes, segundo
segunda, em 1922, no Ceará,
realizada por Lourenço Filho; a Sander, “numa arena de lutas em que seus diferentes atores vêm tratando de
terceira, em 1927, implantada impor suas opções políticas e suas categorias de percepção e interpretação”.
em Minas Gerais, por Francisco (2007, p. 70-71)
Campos e, por último, em Um exemplo dessa mobilização (arena de luta) foi a manifestação
1928, no Distrito Federal, por ocorrida, em 1984, em prol das eleições diretas para a presidência do Brasil.
Fernando Azevedo.
O país e muitos de nós assistimos a uma mobilização popular sem
(CAVALCANTE, Francisco
precedentes. Na grande maioria das cidades e em todas as capitais
Leonardo dos Santos, 2004,
brasileiras, a população manifestou seu repúdio às eleições indiretas e exigiu
Disponível em
http://www.conteudoescola. o voto direto para presidente. A maior manifestação realizou-se em São
com.br/site/content/view/118/4 Paulo e reuniu aproximadamente 1 milhão e 700 mil pessoas.
2/1/1/. Acesso em 03 de agosto A concretização da democracia implica mecanismos de tomada de
decisão que, na maioria das vezes, revelam a posição da maioria. É com essa
compreensão que Machado e Cavalcanti afirmam que “democratizar o
ensino pressupõe o acesso à permanência com êxito e à qualidade”.(2004,
p. 141)
Quanto à legislação educacional, a primeira LDB – a Lei nº
4.024/61 – dispõe, reproduzindo a Constituição vigente à época, que a
União, os Estados e o Distrito Federal organizem seus sistemas de ensino (art.
11). E, ao delimitar a abrangência destes sistemas, determina como

16
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

competência da União reconhecer e inspecionar as instituições de ensino B GC


superior, particulares (art. 14) e como competência dos Estados e Distrito GLOSSÁRIO E
Federal autorizar o funcionamento, reconhecer e inspecionar os A F
estabelecimentos de ensino primário e médio não pertencentes à União (art. Constituição de 1934:
16), aí incluindo, portanto, as instituições estaduais, municipais e privadas. Promulgada em 16 de julho
A partir da compreensão de que a delimitação dos universos de pela Assembléia Nacional
jurisdição dos sistemas de ensino reforça muito a delimitação das áreas de Constituinte, foi redigida "para
competência de cada esfera de Governo, vagamente expressas no texto organizar um regime
democrático, que assegure à
constitucional (ROMÃO, 1997, p. 26), conclui-se que, desde a década de
Naçao, a unidade, a
1930, a educação nacional passou a contar com uma ordenação jurídica
liberdade, a justiça e o bem-
comum. estar social e econômico",
Saviani, (1997, p. 05) diz que até a Constituição Federal de 1988, a segundo o próprio preâmbulo.
distribuição de competências pela educação escolar, no Brasil, atribuía à Ela foi a que menos durou em
União a responsabilidade pelo ensino superior e aos Estados e ao Distrito toda a História Brasileira:
Federal a responsabilidade pelos ensinos primário e secundário, ou, durante apenas três anos, mas
conforme a legislação da época, pelo ensino de 1º e 2º graus. vigorou oficialmente apenas
um ano (suspensa pela Lei de
Portanto os Municípios não tinham uma esfera de competência
Segurança Nacional). O
própria (JUSTO, 1988, p. 20). Até a Constituição de 1988 o ensino municipal
cumprimento à risca de seus
era considerado um “subsistema” que se vinculava ao sistema estadual. O princípios, porém, nunca
Estado repartia com o Município a responsabilidade pelo ensino ocorreu. Ainda assim, ela foi
fundamental numa relação em que o Município desempenhava um papel importante por institucionalizar
suplementar, praticamente excluído das decisões normativas (BEDÊ apud a reforma da organização
ARELARO, 1997, p. 5). político-social brasileira — não
com a exclusão das oligarquias
Apesar disto, sempre se estendeu aos Municípios a obrigatoriedade
rurais, mas com a inclusão dos
da aplicação de percentuais mínimos da receita de impostos em educação.
militares, classe média urbana
Segundo a Constituição de 1946, art. 169, a União deveria aplicar e industriais no jogo de poder.
nunca menos de dez por cento e os Estados, o Distrito Federal e os (WIKIPÉDIA. Enciclopédia
Municípios, nunca menos de vinte por cento da renda resultante de Livre. Disponível em
impostos em manutenção e desenvolvimento do ensino. http://pt.wikipedia.org. (Acesso
Eliminada pela Constituição de 1967, esta vinculação de recursos em 23 jul. 2009).
para educação foi, entretanto, reintroduzida apenas para os Municípios pela
Emenda Constitucional nº 1 de 1969, de fato, ao dispor sobre a intervenção
dos Estados nos Municípios. O art. 15, § 3º institui, na alínea “f”, que estes
últimos deveriam aplicar, em cada ano, pelo menos vinte por cento da
receita tributária municipal no ensino primário.
Em 1983, a Emenda Calmon acrescentou o § 4º ao art. 176 da
Constituição de 1969, estabelecendo que, anualmente, a União deveria
aplicar nunca menos de treze por cento e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de
impostos, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
Como se observa, não só sempre se estendeu aos Municípios a
vinculação de recursos para educação como, em 1969, somente a eles foi
atribuída esta obrigação. Em consequência, apesar de não existir, antes de

17
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

1988, uma esfera de competência própria dos Municípios, esses já


desempenhavam papel suplementar aos Estados, especialmente em relação
ao oferecimento do ensino de 1º grau. Brasil (1983)
A primeira referência legal à responsabilidade dos Municípios
encontra-se na Reforma de Ensino – Lei nº 5.692/71. Ao lado dos sistemas
de ensino da União, dos Estados e do Distrito Federal previstos na Lei nº
4.024/61 e da destinação de recursos para a educação no âmbito dos
Municípios (art. 59 da Lei nº 5.692/71).
A Reforma de 1971 previu que legislação supletiva disporia sobre a
responsabilidade do Estado e dos seus Municípios no desenvolvimento dos
diferentes graus de ensino (art. 58) e, no parágrafo único deste mesmo
dispositivo, previa a progressiva passagem para a responsabilidade
municipal dos encargos e serviços da educação, especialmente do 1º grau.
A partir da década de 70, intensificou-se, no Brasil, a
municipalização do ensino, atingindo principalmente as regiões mais pobres
do país. Muitas vezes, a municipalização decorreu de iniciativas dos Estados
mais com o objetivo de diminuir seus gastos do que inserida em uma política
de melhoria da qualidade do ensino Haguette (s/d, p. 4).
B GC
GLOSSÁRIO E 1.3.1 Constituição Federal de 1988
A F
Considerando a legislação anterior (constituições e leis de diretrizes
Constituição de 1988: A
Constituição da República e bases nacionais) no art. 211 da CF (Constituição Federal) de 1988,
Federativa do Brasil de 1988 é encontram-se as seguintes novidades:
a lei fundamental e suprema
1ª – a organização dos sistemas Municipais de ensino, ao lado dos
do Brasil, servindo de
parâmetro de validade a todas sistemas da União, dos Estados e do Distrito Federal (caput);
as demais espécies normativas, 2ª – a organização dos sistemas de ensino em regime de
situando-se no topo do
Ordenamento jurídico. É a colaboração (caput);
sétima a reger o Brasil desde a 3ª – a atuação prioritária dos Municípios no ensino pré-escolar e
sua Independência. Apesar das
fundamental (§ 2º).
controvérsias de cunho
político, a Constituição Federal Na Assembléia Nacional Constituinte, a municipalização do ensino
de 1988 assegurou diversas constitui-se em tema polêmico, em relação ao qual se opunham duas
garantias constitucionais, com
posições radicais: definir a responsabilidade da União pelo 3º grau, dos
o objetivo de dar maior
efetividade aos direitos Estados pelo 2º grau e dos Municípios pelo 1º grau ou manter a
fundamentais, permitindo a responsabilidade dos Estados pelo 1º e 2º graus.
participação do Poder
Judiciário sempre que houver Como resultado, no texto constitucional não há, como nas
lesão ou ameaça de lesão a Constituições anteriores, a definição clara de competências, e o debate
direitos. (WIKIPÉDIA. continuou a ser defendido a partir de diferentes interpretações do disposto
Enciclopédia Livre. Disponível
em http://pt.wikipedia.org. no § 2º do art. 211 da Constituição Federal. Para os defensores da
Acesso em 23 jul.2009) municipalização, os Municípios passavam a ser os responsáveis ou, ao
menos, os principais responsáveis pelo 1º grau. Para os contrários à
municipalização, a atuação prioritária dos Municípios, na oferta do ensino
fundamental, não implicava a supressão da responsabilidade principal dos
Estados pela oferta desse nível de ensino. Abreu (1998)

18
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

A indefinição do texto constitucional refletia, na verdade, a


DICAS
impossibilidade de se definir no âmbito nacional, uma distribuição de
competências entre Estados e Municípios, ou seja, em relação à oferta da
educação escolar, notadamente do ensino fundamental, face à extrema
diferenciação entre as regiões brasileiras quanto à capacidade de Para conhecer a Emenda
arrecadação tributária e de investimento na educação dos entes federados e Constitucional nº 14/94, acesse
o site:
quanto às suas diferentes participações historicamente construídas na oferta http://www.planalto.gov.br/cciv
do ensino. il.../Emendas/.../emc14.htm
Em consequência, a Constituição de 1988 optou por não atribuir a
responsabilidade pelo ensino fundamental exclusivamente aos Estados ou
aos Municípios. Na verdade, o conflito presente na Constituinte, entre a
posição favorável e a contrária à chamada municipalização do ensino de 1º
grau, foi mediado pela introdução, no texto constitucional, do regime de
colaboração. Através dele, no caminho já apontado pela Lei nº 5.692/71,
em cada Unidade Federada, Estados e Municípios devem delimitar a
responsabilidade concorrente a eles e atribuída pela Magna Carta em
relação à oferta do ensino fundamental. Abreu (1998)

1.3.2 Emenda Constitucional nº 14/96


B GC
GLOSSÁRIO E
A Constituição de 1988 não explicita, de forma coerente, as
responsabilidades e competências de cada uma das esferas do Poder A F
Público. Daí, o Governo Federal apresentar como um dos objetivos da Função redistributiva e
Proposta de Emenda Constitucional enviada ao Congresso em 1996, a supletiva:
O Art. 211 da CF/88 destaca
definição clara de responsabilidades dos diferentes níveis da população no que a União tem, “em matéria
que se refere à obrigatoriedade da educação fundamental. educacional, função
No art. 211 do texto constitucional, a Emenda Constitucional nº 14 redistributiva e supletiva, de
forma a garantir equalização de
altera a redação do parágrafo primeiro, relativo às atribuições da União e oportunidades educacionais e
acrescenta os parágrafos terceiro e quarto, relativos, respectivamente, à área padrão mínimo de qualidade
de atuação prioritária dos Estados e à colaboração entre Estados e do ensino mediante assistência
técnica e financeira aos
Municípios em relação ao ensino obrigatório. Abreu (1998) Estados, ao Distrito Federal e
Segundo Abreu, (1998) o novo texto constitucional, emendado em aos Municípios” (BRASIL,
1988). Através desta função
1996, utiliza-se da mesma linguagem – atuação prioritária – para a definição
fixada à União, a Constituição
das responsabilidades de Estados e Municípios. Tanto no artigo 211, como Federal procura a equalização
na emenda constitucional o ensino fundamental é colocado em primeiro das oportunidades
educacionais, tendo em vista as
lugar na sentença: antes da educação infantil, no caso dos Municípios e
desigualdades regionais, a
antes do ensino médio, para os Estados. Abreu (1998) carência de recursos
Em segundo lugar, o parágrafo quarto trata de explicitar o que financeiros ou mesmo técnicos
nos demais sistemas estaduais e
estava implícito: a universalização do ensino obrigatório, ou seja, do ensino municipais. Castro (1998)
fundamental deve ser assegurada, em conjunto, pelos Estados e pelos
Municípios que, para isso, define formas de colaboração entre seus sistemas
de ensino. (ABREU, 1998)

19
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

A Emenda Constitucional nº 14/96 substitui, na redação do


parágrafo segundo do art. 211, o ensino pré-escolar pela educação infantil,
desta forma procedendo à adequação do texto da Constituição ao debate
educacional desenvolvido no país.
Após 1988 e consubstanciado na nova LDB nº 9394/96 que, por
coerência com o disposto no art. 208, inciso VI, do texto de 1988, institui a
educação infantil como a que atende crianças, até seis anos de idade, em
creches (até três anos) e pré-escolas (de quatro a seis anos de idade)
(Callegari & Callegari, 1997, p. 16). Entretanto, igual adequação não foi
encaminhada no art. 30, inciso VI, da Constituição Federal de 1988,
segundo o qual cabe ao Município manter, com a cooperação técnica da
União e do Estado, programas de educação pré-escolar e de ensino
fundamental. Abreu (1998)
Ao mesmo tempo, ao constituir uma subvinculação para o ensino
fundamental dos recursos vinculados à manutenção e desenvolvimento do
ensino pelo art. 212 da Constituição Federal, a Emenda Constitucional nº
14/96, na nova redação do art. 60 do ADCT (Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias), determina igual percentual de recurso dos
Estados e dos Municípios para este nível de ensino. Abreu (1998)
No que se refere à União, a Emenda Constitucional nº 14/96
promove alterações na redação do parágrafo primeiro do art. 211, de forma
a tornar o texto mais preciso. Em primeiro lugar, diferencia a atribuição da
União de organizar o sistema federal de ensino e o dos Territórios da
atribuição de financiar as instituições públicas federais. O texto
constitucional de 1988, ao atribuir à União a responsabilidade de organizar
e também financiar o sistema federal de ensino, deixava margem a uma
interpretação equivocada sobre o papel do Governo Federal em relação às
instituições de ensino privadas que integram o seu sistema de ensino. Abreu
(1998)
Em terceiro lugar, o texto constitucional emendado em 1996
explicita a função redistributiva e supletiva da União em matéria
educacional e acrescenta que o objetivo da União, ao exercer esta função,
será o de “garantir a equalização de oportunidades educacionais e padrão
mínimo de qualidade de ensino”. Abreu (1998)
Em quarto lugar, repete o texto de 1988 ao estabelecer que a
função redistributiva e supletiva da União será implementada através de
“assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios”. Abreu (1998)
Daí, para falar de estrutura e funcionamento do ensino
fundamental e médio é necessário recorrer à fala da Secretária de Educação
Básica, Maria do Pilar Lacerda em 2008 que apresenta “A educação básica é
o caminho para assegurar a todos os brasileiros a formação comum
indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes os meios para
progredir no trabalho e em estudos posteriores.” Para isso, temos dois

20
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

documentos norteadores da Educação Básica brasileira: A Lei de Diretrizes e


Bases nº 9394/96 de 20/12/1996 e Plano Nacional de Educação Lei nº
10.172/2001 regidos naturalmente pela Constituição da República
Federativa do Brasil.

1.4 CONCLUSÃO

Nesta Unidade nós discutimos:


Ÿ Sobre o processo histórico da educação brasileira, tomando
como ponto principal a legislação educacional antes e durante o período
republicano até chegarmos à organização da educação nacional através da
nova Constituição do Brasil em 1988.
Ÿ No Brasil, as concepções de gestão da educação e administração
pública vigentes resultam de uma construção histórica, influenciada pela
tradição jurídica que caracterizou o Período Colonial, marcado pelas
orientações e práticas resultantes das correntes filosófica, positivista e
funcionalista. Para melhor compreender os processos que envolvem a
legalização e administração da educação brasileira, é de fundamental
relevância identificar aspectos e características dos três grandes momentos
históricos: Brasil Colônia, Brasil República e Brasil Contemporâneo.
Ÿ A Educação no Brasil Colônia: A organização e administração da
educação durante o período colonial apresentam a influência das correntes
escolástica e positivista, mas fundamentalmente manifesta um enfoque
jurídico, fundamentado no direito romano, que era interpretado de acordo
com o código napoleônico. A educação, durante o Período Colonial era um
tema de pouca importância para os colonizadores portugueses e para a
população que habitava o país, resultando na pouca atenção aos processos
relacionados à sua administração.
Ÿ A Educação Brasileira no Período Republicano: O pensamento
vigente na administração da educação brasileira no período republicano
divide-se, segundo Sander (2007), em quatro fases: organizacional,
comportamental, desenvolvimentista e sociocultural. Cada um delas
revelava um modelo específico de gestão.
Ÿ A Educação no Brasil Contemporâneo: A história da educação
brasileira na contemporaneidade também participou e sofreu a interferência
de inúmeros movimentos políticos e culturais. Em 1930, foi criado o
Ministério da Educação e Saúde Pública (MESP). A Constituição Federal de
1934 delegou ao Estado a responsabilidade de fiscalizar e regulamentar as
instituições de ensino públicas e privadas. Naquele momento histórico, até
1945, vigorava a ditadura de Getúlio Vargas, fato que também interferia na
organização da educação brasileira. No entanto, pouco tempo depois, em
1946, a sociedade política brasileira – partidos de esquerda e progressistas –
retomou os debates sobre a necessidade de melhorar e democratizar a

21
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

educação brasileira. A partir da década de 1970, até meados da década de


1990, diferentes segmentos sociais brasileiros se mobilizaram em prol da
democracia efetiva, pois já se manifestavam as novas exigências de uma
sociedade impulsionada pela globalização econômica.
Ÿ A Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases de
1996 e o Plano Nacional de Educação, Lei nº 10.172/2001, são os
documentos norteadores da Educação Básica brasileira. Através deles está
estruturado todo o funcionamento fundamental e médio, além da educação
infantil e da educação superior.

REFERÊNCIAS

ABREU, Mariza, Organização da Educação Nacional na Constituição e na


LDB. Ijuí: UNIJUÍ, 1998.

ARANHA, M.L. História da Educação. 2 ed.rev. São Paulo: Moderna, 1996.

ARELARO, Lisete Regina Gomes. Concepção de Sistema de Ensino no


Brasil e competências legais do Sistema Municipal. Brasília, 1997.
(Mimeo).

BRASIL. Emenda Constitucional Nº 24 (Estabelece a obrigatoriedade de


aplicação anual, pela União, de nunca menos de treze por cento, e pelos
Estados, Distrito Federal e Municípios, de, no mínimo, vinte e cinco por
cento da renda resultante dos impostos, na manutenção e desenvolvimento
do ensino.). Brasília, 1983.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília:


Senado Federal, Gráfica Central, 1988.

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Brasília: Diário Oficial de 12 de dezembro de 1996.

CALLEGARI, César; CALLEGARI, Newton. Ensino Fundamental: a


Municipalização induzida. São Paulo: Editora SENAC, 1997.

CASTRO, M. L. O. de. A educação na Constituição de 1988 e a LDB – Lei de


Diretrizes e Bases da educação Nacional. Brasília: André Quicé, 1998.

HAGUETTE, André. Parceria: o Desafio do Regime de Colaboração no


Ensino Fundamental. (Mimeo).

JUSTO, Eloy Bernst. Sistemas de Ensino: concepções e aplicabilidade as


novas disposições constitucionais. Conselho Estadual de Educação do RS,
1988.

22
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

LIBANEO José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza TOSCHI,
Mirza Seabra. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 2. ed.
São Paulo: Cortez, 2005.

LYRA FILHO, Roberto. O que é Direito. 17 ed. São Paulo: Brasiliense, 2001.

ROMÃO José Eustáquio. A LDB e o Município: Sistema Municipal de


Educação. Ijuí, RS: Editora Unijuí, 1997.

SANDER, B. Administração da educação no Brasil: genealogia do


conhecimento. Brasília: Líber Livro, 2007.

SAVIANI, Demerval. A nova lei da educação. 3ed. Campinas: Autores


Associados, 1997

TEDESCO, J.C. El desafio educativo: calidad y democracia. Buenos Aires:


Grupo Editor Latinoamericano, 1987.

23
2 UNIDADE 2
ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

GLOSSÁRIO

Projeto de Tratado de
B GC

Educação para a Mocidade


Brasileira e Projeto de
A

Criação de Universidades:
dois projetos elaborados em
E
F
Objetivo Geral

Apresentar a legislação educacional, no período que antecede a Lei


de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, destacando os
objetivos, os princípios e fins da educação nacional ao longo da história até a
atualidade.

1823 relativos à instrução


pública. O primeiro projeto, 2.1 LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL NO BRASIL
apresentado à Assembléia
Constituinte, em 16 de junho
de 1823, objetivava “estimular “Conhecer a legislação é um ato de cidadania e que não pode ficar
os gênios brasileiros” a elaborar restrito aos especialistas como juristas, bacharéis e advogados.” (CURY,
um tratado completo de
2000, p.16)
educação física, moral e
intelectual para a mocidade Como educadores precisamos conhecer a legislação do ensino
brasileira e o segundo, sugeria brasileiro. O que você sabe sobre a nossa legislação? A nossa educação
a criação de universidades.
caminha com que base e fundamento? Vamos estudar sobre isso?
Ensino Elementar: relativo à Devido à independência do Brasil, surge então a necessidade de
educação básica (ou ensino
um Sistema Educacional Brasileiro, pois o país emancipou-se politicamente
básico). É a designação dada
ao nível de ensino sem, contudo, ter uma forma de organização educacional que atendesse a
correspondente aos primeiros esta nova realidade. Sabemos que, quando os jesuítas foram expulsos, em
anos de educação formal.
1759, das terras brasileiras, também levaram com eles uma organização
Fonte: pt.wikipedia.org
educacional que, embora atendesse a uma minoria da população (e nós
Ensino Secundário: O ensino veremos que isso continuará por um bom tempo), ainda era um referencial
secundário ou ensino médio é
para a população brasileira. De acordo com Xavier (1994), somente em
um nível de ensino cuja
denominação corresponde a 1772 houve a primeira iniciativa das autoridades públicas com a escola
um conjunto específico de brasileira e, mesmo assim, restringindo-se ao ensino superior.
anos de escolaridade.
Após a independência, justificando os princípios liberais e
Ensino Propedêutico: Ensino democráticos, são elaborados planos, tendo como meta uma nova política
que serve de introdução e que referente à instrução popular, mas, na prática, isso pouco se concretiza.
prepara alguém para receber,
mais tarde, ensino de nível Segundo Xavier,
mais alto. “Conjunto de
estudos que, como estágio conforme o discurso da época, havia que se construir o
preparatório, antecede os “edifício instrucional”, de que a “jovem nação” carecia para
cursos superiores.”
tomar finalmente os “rumos da civilização”. Mas esse
(DUARTE,1986. 175 p.)
processo foi marcado, desde logo, por um escandaloso
desajuste entre os objetivos proclamados e o
encaminhamento de projetos, assim como entre as medidas
legais definidas e as condições concretas de efetivação.
(1994, p. 61)

Ainda é possível verificar a incoerência dos debates realizados, a


época, sobre como efetivar um sistema educacional consistente e que

24
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

atendesse à educação popular quando, na Assembléia Constituinte e B GC


Legislativa de 1823, são apresentados dois projetos para apreciação: o GLOSSÁRIO E
Projeto de Tratado de Educação para a Mocidade Brasileira e o Projeto de A F
Criação de Universidades. Estes dois projetos na realidade não definiam
como deveria se organizar a educação brasileira. Eles visavam a interesses Constituição Republicana de
1891: A elaboração da
particulares. O primeiro preocupava-se em excluir qualquer tentativa constituição brasileira de 1891
governamental para o ensino elementar e ao segundo só interessava a iniciou-se em 1890. Após um
criação de duas universidades no país. Nos dois projetos, como já ano de negociações, a sua
promulgação ocorreu em 24
afirmamos, percebia-se o descaso em construir um sistema educacional de fevereiro de 1891. Esta
popular e sim continuar garantindo um sistema de educação voltado para os constituição vigorou durante
interesses da elite. Veja os significados destes termos no quadro ao lado. toda a República Velha e
sofreu apenas uma alteração
A Constituição de 1824 garantia a instrução primária a todos os em 1927.
cidadãos do Império e, devido a isso, em 1826, é apresentada a proposta de Fonte: pt.wikipedia.org
criação de escolas primárias no país, através do Projeto Januário da Cunha
Barbosa e legitimado no Decreto de 15 de outubro de 1827. Entretanto, o
projeto propunha, em sua essência, uma educação voltada para a realidade
europeia e o decreto visava a transformar a instrução pública elementar em PARA REFLETIR
Escolas de Primeiras Letras e não ressaltava como deveriam ser implantadas
essas escolas e quais as condições reais que o país dispunha. Xavier (1997)
De acordo com Xavier (1997), os documentos oficiais desta época Sobre o PLANO NACIONAL
DE EDUCAÇAO
deixam claro que, durante todo o Período Imperial, pouco se preocupou
com a criação de um sistema de instrução nacional. Ainda com o Ato O primeiro Plano Nacional de
Adicional de 1834 houve a criação de sistemas paralelos de ensino em cada Educação surgiu em 1962,
durante a vigência da primeira
província, na busca de soluções para questões que eram centralizadas pela
LDB (Lei 4024 de 1961)
Coroa, anteriormente. Então começa a ter uma preocupação com o ensino
básico, continuando o poder central responsável pelo ensino superior. Essa Um Decreto proposto no
Governo João Goulart, de
medida pouco modificou o quadro do ensino elementar, porque a verba
iniciativa do MEC e aprovado
destinada às províncias, para custeio da instrução pública, era ínfima, pelo CNE, propunha metas
insuficiente para assumir tais responsabilidades. Em consequência, algumas qualitativas e quantitativas para
a educação num prazo de oito
raras escolas particulares, sediadas na Corte e nas grandes cidades,
anos.
ofereciam ensino primário mais rico e consistente que o ministrado nas
escolas públicas. Durante o período em que os
militares estiveram no poder,
Apesar das iniciativas de alguns teóricos e magistrados da época, a de 1964 a 1985, a concepção
educação brasileira caminhava lentamente e, com pouca evolução tecnicista de educação
enquanto política educacional; o ensino elementar era qualitativamente transformou a ideia de um
plano nacional em instrumento
deficiente e quantitativamente precário. O ensino secundário beneficiava de racionalidade tecnocrática.
apenas diminuta parcela da população que buscava o ensino superior.
Foram criadas condições de expansão da rede privada, procurando, dessa Em 1990, no inicio do
Governo Collor, discutiu-se
forma, suprir as graves lacunas do ensino público provincial. No entanto, o internacionalmente (UNICEF,
Império legou à República uma tarefa imensa a ser cumprida no setor da UNESCO, PNUD, BM) sobre
instrução pública, agregando-se à tal tarefa a necessidade de instalação do um plano decenal para os nove
países mais populosos do
ensino técnico comercial, agrícola e industrial, que praticamente inexistia no mundo.
Brasil. Aranha (1996).

25
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

B GC Qual é a diferença entre ensino elementar e ensino secundário?


GLOSSÁRIO E Pode-se dizer que, desde o Império, com toda a precariedade dos
A F serviços educativos, já se percebe uma dicotomia no ensino que
SENAI: Serviço Nacional de espelhava a realidade da sociedade, ou seja, o ensino propedêutico para
Aprendizagem Industrial é uma
instituição privada brasileira de
as elites e o ensino profissional, que visava preparar o aluno para o
interesse público, sem fins mercado de trabalho, era o ensino destinado às classes pobres.
lucrativos, cujo objetivo é E no período Republicano, quais foram as preocupações com a
ministrar cursos de formação
profissional de aprendizagem educação do povo?
industrial para indústria No período Republicano, começa a se formar um novo perfil
brasileira.
educacional onde se apresentam leis, decretos e atos institucionais que
SENAC: Serviço Nacional de propõem diretrizes e critérios para o ensino primário, secundário e
Aprendizagem Comercial foi superior e tentam também normatizar o ensino agrícola e o ensino
criado em 10 de janeiro de
industrial que eram mantidos com finalidades filantrópicas e se
1946 em São Paulo.É uma
instituição brasileira de destinavam, primeiramente, aos órfãos e desvalidos. Ressaltamos que a
educação profissional aberta a Proclamação da República em 1889, apesar de o povo simpatizar com a
toda a sociedade. Através de
causa e ter o respaldo dos intelectuais progressistas que já a reivindicavam
diferentes modalidades de
ensino a instituição se faz desde a Independência, não trouxe uma mudança significativa para a
presente em mais de 1.850 ordem econômica nacional. Aranha (1996).
municípios, capacitando para o
mundo do trabalho cerca de A Constituição Republicana de 1891 estabeleceu uma
1,7 milhões de brasileiros, a república federativa e fez com que o Estado assumisse, de forma
cada ano. pt.wikipedia.org. definitiva, as rédeas da educação, instituindo várias escolas públicas de
Constituição de 1946: foi
ensino fundamental e intermediário. Em relação à educação, continuou a
promulgada em 18 de tradicional divisão entre escola para a elite e escola para a população
setembro de 1946. A menos favorecida.
Constituição Brasileira de
1946, bastante avançada para Com a responsabilidade pela educação primária e profissional
a época, foi notadamente um delegada aos estados, o dever de manter as escolas secundárias e
avanço da democracia e das superiores fica a cargo das autoridades estaduais e federais. Isso, de
liberdades individuais do
cidadão. acordo com Planck, traz as seguintes consequências:
a) o fortalecimento do papel federal na educação superior;
Lei de Diretrizes e Bases:
Lei= normas, regras; Diretrizes b) um crescimento substancial das matrículas no ensino primário
= direção, o que se deseja em alguns estados relativamente ricos, como São Paulo e estagnação em
alcançar; Bases= aquilo que outros;
sustenta. Souza (1997)
c) e uma quase total falta de coordenação das políticas
Paulo Freire: um grande educacionais dos vários órgãos envolvidos no sistema educacional. Plank
educador brasileiro. Destacou- (2001)
se por seu trabalho na área da
educação popular, voltada Durante a década de 1920, com a urbanização e a
tanto para a escolarização industrialização em desenvolvimento, tem como consequência a
como para a formação da
pressão para mudanças no sistema educacional. Jovens educadores,
consciência. É considerado um
dos pensadores mais notáveis influenciados por educadores progressistas dos Estados Unidos e da
na história da pedagogia Europa, criam a Associação Brasileira de Educação onde publicam artigos
mundial, tendo influenciado o
e livros desejando uma nova escola em todo o país. Todas estas ideias e
movimento chamado
pedagogia crítica. movimento escolanovista culminam com a públicação do Manifesto dos
Saiba mais no Instituto Paulo Pioneiros da Educação Nacional, em 1932.
Freire: www.paulofreire.org

26
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

Ainda em 1930, com a Revolução, o governo nacional demonstrou B GC


grande interesse na política social e educacional. Cria-se o Ministério da GLOSSÁRIO E
Educação e da Saúde que se torna um marco da ação federal no campo A F
educacional. Golpe militar de 1964: O
Golpe Militar de 1964 designa
A Constituição de 1934, em seu capítulo sobre a educação, exigia o conjunto de eventos
que todo cidadão tivesse direito ao ensino fundamental e seria obrigação do ocorridos em 31 de março de
1964 no Brasil e que
Estado ofertá-lo. Surgem, portanto, as primeiras ideias de um Plano
culminaram no dia 1º de abril
Nacional de Educação para especificar as diretrizes curriculares e orientar as em um Golpe de Estado, que
atividades dos estados e municípios.. interrompeu o governo do
presidente João Belchior
Com o Golpe de Estado de Getúlio Vargas e o estabelecimento do
Marques Goulart, também
Estado autoritário, muitas das iniciativas foram revertidas. Enquanto a conhecido como Jango, que
Constituição de 1934 estabelecia o dever do Estado de prover a educação, havia sido, democraticamente,
eleito vice-presidente pelo
agora a Constituição de 1937 colocava a obrigação no Estado de prover o
Partido Trabalhista Brasileiro
ensino primário e profissional para os “menos favorecidos”; entretanto esta (PTB). Depois de muita
ação deveria ser realizada em acordo com os órgãos privados, como a Igreja negociação, principalmente de
seu cunhado Leonel de Moura
Católica e só se esses órgãos não conseguissem atender, satisfatoriamente, é
Brizola, na época governador
que o Estado deveria intervir. Percebemos então que, nesta Constituição, o do Rio Grande do Sul, os
Estado delega a outros órgãos a obrigação que deve ser primeiramente dele. apoiadores de Jango e a
oposição acabaram fazendo
Durante este período, sob o governo de Vargas, são criadas as redes de
um acordo político pelo qual
ensino depois do primário, de 5ª à 8ª séries e são favorecidos cursos se criaria o regime
profissionalizantes (formação industrial, comercial, agrícola e magistério). parlamentarista, passando
então João Goulart a ser chefe-
Cria-se o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e o de-Estado. Em 1963, porém,
SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) que deviam houve um plebiscito e o povo
oferecer uma profissionalização a todos os brasileiros que desejavam optou pela volta do regime
presidencialista. João Goulart,
profissionalizar-se. Aranha (1996) finalmente, assume a
Em 1945, com o fim do governo autoritário, uma nova Constituição presidência da República com
amplos poderes, o que tornou
é adotada - a de 1946. Nela, os “pioneiros da educação nova” retomam a
aparente vários problemas
luta pelos valores já defendidos em 1934 no qual o Estado tem como estruturais na polÍtica brasileira
obrigação oferecer e prover a educação a todo cidadão brasileiro. A acumulados nas décadas que
precederam o golpe e disputas
Constituição de 1946 obriga, também, os empresários a oferecerem
de natureza internacional,
educação para os empregados e filhos dos empregados, caso este número desestabilizando o governo. O
seja superior a cem, e restaura a determinação (ausente na Constituição de Golpe de 1964 submeteu o
Brasil a uma ditadura militar
1937) de que as autoridades públicas federal, estadual e municipal deveriam
alinhada politicamente com os
investir percentuais de suas receitas na educação. Contudo isso era a lei, mas interesses dos Estados Unidos
cumprir esta determinação era a dificuldade. da América, que durou até
1985, quando, indiretamente,
De 1910 até 1960 podemos afirmar que foram várias as reformas
foi eleito o primeiro presidente
educacionais com o objetivo de resolver os problemas principais da civil desde 1964, Tancredo
educação brasileira: a quantidade e a qualidade educacional. Vamos Neves.
constatar, entretanto, que essas reformas significaram pouco na conquista de
Fonte: WIKIPÉDIA.
auxiliar a construçao de uma escola de qualidade para todos. Podemos Enciclopédia Livre. Disponível
destacar as Reformas: Francisco Campos (1931-1932) e Reforma Capanema em http://pt.wikipedia.org
Acesso em 23 jul.2009.
(1942-1946). Consulte http://pt.wikipedia.org onde você encontrará
informações sobre estas reformas.

27
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

Enquanto isso, desde 1946, acontecem os intensos debates sobre a


Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Como salienta Aranha (1996), o percurso
desse projeto é longo e muito tumultuado e se estende até 1961, data da
promulgação da lei. E durante este percurso há muitas discussões e debates
sobre a descentralização do ensino; a iniciativa privada e as obrigações do
Estado; a Igreja Católica defende uma escola baseada nos princípios
religiosos católicos; e os intelectuais, estudantes e líderes sindicais iniciam a
Campanha em Defesa da Escola Pública.
Em 1961, a Lei nº 4024 é promulgada após 13 anos de discussões e
quando isso acontece já se encontra ultrapassada, pois, apesar de ter sido
gestada como uma proposta avançada, para a educação a Lei “envelhece”
no decorrer dos debates e do confronto de interesses. Destacamos os pontos
principais desta Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional:
Ÿ não há alteração na estrutura do ensino, ou seja, mantém a
desarticulação entre os ensinos primário e o médio. Entretanto diminui-se a
rigidez do sistema e propõe a redução do número de disciplinas no ensino
secundário.
Ÿ a União dispensará recursos para a construção e reforma de
prédios escolares e equipamentos.
Ÿ cria-se o Conselho Federal de Educação (CFE) e os Conselhos
Estaduais de Educação (CEE) com a função principal de exigir recursos
financeiros do governo.
Ÿ o ensino técnico continua sem merecer uma atenção especial e
continua sendo relegado a uma população “menos favorecida”. (LDBEN,
1961)
Após a promulgação da Lei, muitos intelectuais, políticos e líderes
religiosos ficam insatisfeitos com os resultados e intensificam os movimentos
populares em defesa de uma escola para todos. Estes movimentos populares
exigem do governo uma educação voltada para os interesses dos educandos.
Baseiam suas propostas em aulas com peças teatrais (muitas vezes
apresentadas nas ruas); atividades em sindicatos e universidades;
alfabetização para a população rural e urbana marginalizada; exibição de
filmes e documentários e formação de líderes locais para uma melhor
participação política. Destaque para o grande educador Paulo Freire. Como
já dissemos anteriormente vale a pena pesquisar sobre este educador
brasileiro.
O Golpe Militar de 1964 desarticula estes movimentos de
conscientização do povo, pois são considerados subversivos e seus líderes
são logo penalizados através de exílios, desaparecimentos e até assassinatos.
O que este golpe realmente representou para a educação
brasileira?
A ditadura militar que tomou o poder em 1964 afirmou a
importância da educação e buscou adaptar o sistema educacional aos
requisitos do rápido crescimento econômico. Por ser ditatorial, o regime

28
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

promove uma estreita “vigilância” no setor educacional, especialmente nas


escolas de grau médio e nas universidades. Mas o governo ainda estabeleceu
um setor de planejamento de recursos humanos e desenvolveu uma série de
Planos Nacionais de Educação voltados para uma política de incentivo à
melhoria da escola pública. Entretanto lembramos que isso tudo era
realizado tendo como base o terror e as ameças.
O governo militar ainda tentou promover uma reorganização da
universidade brasileira (1968) e do ensino primário e secundário (1971).
Juntamente com as reformas de organização do sistema educacional, o
governo militar diminui, de forma bem significativa, a responsabilidade dos
governos estaduais e municipais em relação à aplicação dos recursos
financeiros na educação. Como já dissemos anteriormente, no governo
militar são realizadas as reformas educacionais dos ensinos superior, médio e B GC
fundamental. GLOSSÁRIO E
A Reforma do 1º e 2º graus (ensinos fundamental e médio) A F
acontece no período mais crítico do governo ditatorial com a Lei Lei 5692/71: Fixa as Diretrizes
5692/71 que apresenta os pontos: e Bases para o ensino de 1° e
2º graus, e é revogada pela Lei
Ÿ extensão da obrigatoriedade para o 1º grau (1ª à 8ª séries); 9394/96.
Ÿ não se separa mais o ensino secundário do técnico, superando o
Direito público subjetivo: É o
dualismo escolar;
direito intrínseco da pessoa, ou
Ÿ superação do ensino propedêutico com a profissionalização do seja, pertence ao indivíduo a
ensino médio para todos; manifestação de postular ou
reivindicar um direito a um
Ÿ as empresas devem cooperar com a educação; serviço, atendimento,
Ÿ integração geral do sistema educacional: do primário ao reclamação de conduta e
outros feitos negativos
superior.
cometidos por representantes
Para melhor compreender a Reforma do 1º e 2º graus confira as do Poder Público.
dicas do quadro a seguir:
Fonte: WIKIPÉDIA.
Enciclopédia Livre. Disponível
em http://pt.wikipedia.org
Conheça algumas das principais características da Lei 5692 de Acesso em 23 jul.2009.
1971:
Foi publicada em 11 de agosto de 1971, durante o regime
militar, pelo presidente Emílio Garrastazu Médici.
Prevê um núcleo comum para o currículo de 1º e 2º graus e uma
parte diversificada em função das peculiaridades locais (art. 4)
Inclusão da educação moral e cívica, educação física, educação
artística e programas de saúde como matérias obrigatórias do currículo,
além do ensino religioso facultativo (art. 7)
Ano letivo de 180 dias (art. 11)
Ensino de 1º grau obrigatório dos sete aos 14 anos (art. 20)
Educação a distância como possível modalidade do ensino
supletivo (art. 25)

29
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

Formação preferencial do professor para o ensino de 1º grau, da


1ª à 4ª séries, em habilitação específica no 2º grau (art. 30 e 77)
Formação preferencial do professor para o ensino de 1º e 2º
grau em curso de nível superior ao nível de graduação (art. 30 e 77)
Formação preferencial dos especialistas da educação em curso
superior de graduação ou pós-graduação (art. 33)
Dinheiro público não exclusivo às instituições públicas de
ensino (art. 43 e 79)
Os municípios devem gastar 20% de seu orçamento com
educação; não prevê dotação orçamentária para a União ou os estados
(art. 59)
Progressiva substituição do ensino de 2º grau gratuito por
sistema de bolsas com restituição (art. 63)
Permite o ensino experimental (art. 64)

No tocante às reformas educacionais, estas, ao longo da história da


educação brasileira, deixaram suas contribuições, embora ainda
continuemos exigindo dos governantes uma responsabilidade maior em
relação aos objetivos e metas para a educação dos brasileiros.
Na verdade, desde o início, a política educacional demonstra que a
evolução do conhecimento e a aprendizagem do indivíduo estão sempre
ancorados no que o Estado deseja e impõe. Assim, o poder prevalece e a
educação fica relegada ao segundo plano.
Chegamos à Constituição de 1988, também chamada de
Constituição Cidadã. Esta Constituição dará início às discussões sobre uma
nova LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). Muitas foram
as pressões e exigências para esta Constituição onde todos queriam agora
(em um período democrático) expressar a sua voz e direitos.
De acordo com Aranha os pontos mais relevantes da Constituição
Federal de 1988 referente à educação são:
(www.planalto.gov.br/.../constituicao/constituição)

a)ensino público gratuito em estabelecimentos oficiais;


b)ensino fundamental obrigatório e gratuito e extensão do
ensino médio;
c)oferecimento de creches e pré-escolas para crianças de
zero a seis anos;
d)a educação como direito público subjetivo;
e)valorização dos profissionais do magistério e autonomia
universitária;
f)estabelece a aplicação anual de recursos obtidos com
impostos para a União, estados e municípios;

30
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

g)obriga a elaboração de um plano nacional de educação


que tenha como metas principais: a erradicação do
analfabetismo; universalização do ensino; melhoria da
qualidade do ensino com formação para o trabalho,
formação humanística e tecnológica. (1996 p. 223)

A Constituição de 1988 aborda os principais problemas


enfrentados na educação brasileira: o acesso à educação e a qualidade desta
educaçao. E como já afirmamos, inicia-se o debate sobre a elaboração da
nova LDBEN. Contudo veremos que mesmo com a nova Lei ainda teremos
um grande caminho a percorrer na luta por uma educação de qualidade
para todos os cidadãos brasileiros.

2.2 PRINCIPIOS E FINS DA EDUCAÇÃO NACIONAL NA ATUALIDADE

“...pessoa, cidadania e trabalho são tres conceitos que sintetizam os


fins da educação e até mesmo da ordem social.” (CURY, 2000, p.28)
Depois da aprovação da Constituição de 1988, a democratização
do país e a abertura política restava agora a elaboração de uma lei
educacional que confirmasse as mudanças agora exigidas. A lei anterior, a
LDBEN 5692/71 já não atendia aos desejos e necessidades explicitadas na
nova Constituição. Então inicia-se, a partir de 1988, a preocupação com a
nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educaçao Nacional, sancionada
em 1996 retoma os princípios e bases da Lei 5692/71 adaptando-se ao
novo contexto social, uma vez que a anterior caracterizou-se pela
centralização de decisões, excesso de burocratização e autoritaritarismo
visto que a referida Lei foi elaborada durante a ditadura militar.
Esta nova LDB de nº 9394 de 20 de dezembro de 1996 é marcada
pela flexibilidade, principalmente em relação à Educação Básica,
oferecendo autonomia aos estados, municípios e procurando respeitar as
diferenças entre as localidades urbanas e rurais.
Esta Lei, entretanto, é também considerada uma síntese
contraditória de diferentes projetos politicos e pedagógicos que, por oito
anos, se confrontaram em diversas instâncias da sociedade civil e
principalmente no Congresso Nacional. Foram oito anos de idas e vindas do
projeto até tornar-se lei. Muito do texto foi modificado a partir do projeto
inicial. Ora o texto foi acusado por ser muito idealista, ora por ser vago
demais e até por privilegiar o poder Executivo, dispensando a participação
ativa da sociedade.
De acordo com a Constituição de 1988 (art. 205) e a LDB de 1996
(art. 2º), a educaçao tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para
o trabalho. Esses objetivos já se encontravam na Lei da Reforma do Ensino de
1971 em seu artigo 1º. A atual Lei de Diretrizes e Bases acrescenta ainda que

31
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

B GC a educação deve ser inspirada nos principios de liberdade e nos ideais de


GLOSSÁRIO E solidariedade humana.
A F Vamos então falar dos Princípios e Fins da Educação Nacional
Artigo 206 da Constituição
Federal de 1988: Trata dos segundo a Lei em vigor: a LDBEN 9394/96.
princípios da educação
brasileira, também Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada
contemplados na LDB nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
9394/96. (BRASIL, Constituição
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
Federal, 1988)
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.
PARA REFLETIR Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios:
Principais características da I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
LDB 9394/96 que diferenciam escola;
das anteriores. II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a
Gestão democrática do ensino cultura, o pensamento, a arte e o saber;
público e progressiva
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
autonomia pedagógica e
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
administrativa das unidades
escolares (art. 3 e 15). V - coexistência de instituições públicas e privadas de
Ensino fundamental obrigatório ensino;
e gratuito (art. 4) VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos
Carga horária mínima de oficiais;
oitocentas horas distribuídas VII - valorização do profissional da educação escolar;
em duzentos dias na educação VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta
básica (art. 24)
Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
Prevê um núcleo comum para
IX - garantia de padrão de qualidade;
o currículo do ensino
fundamental e médio e uma X - valorização da experiência extra-escolar;
parte diversificada em função XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as
das peculiaridades locais (art. práticas sociais.
26)
Formação de docentes para
De acordo com o artigo 2º da LDB, a educação é dever da família e
atuar na educação básica em
curso de nível superior, sendo do Estado. Embora no texto da Constituição de 88, em seu artigo 205, fica
aceito para a educação infantil evidente que a educação é dever do Estado e posteriormente da família.
e as quatro primeiras séries do
fundamental formação em A educação é uma função da família e do Estado e sendo assim
curso Normal do ensino médio todos somos responsáveis por ela quer seja das crianças, dos jovens dos
(art. 62) adultos e idosos que não tiveram acesso à educação escolar em idade
Formação dos especialistas da
educação em curso superior de correspondente. Podemos dizer que a sociedade é co-responsável pela
pedagogia ou pós-graduação educação e deve cobrar do poder público este direito assegurado a todo
(art. 64) cidadão brasileiro.
A União deve gastar no
mínimo 18% e os estados e Continuando, o 2º artigo da LDB 9394/96 trata ainda de três
municípios no mínimo 25% de assuntos: dever de educar (dever da família e do Estado), princípios
seus respectivos orçamentos na inspiradores da educação (inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais
manutenção e
desenvolvimento do ensino de solidariedade humana), e fins da educação (pleno desenvolvimento do
público (art. 69) educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para
Dinheiro público pode o trabalho). Estes três assuntos ou pontos fundamentais dos princípios e fins
financiar escolas comunitárias,
confessionais e filantrópicas da educação nacional referem-se ao ponto primordial que nossa educação
(art. 77) deve alcançar: o preparo para o mercado de trabalho, mas também para a
Prevê a criação do Plano cidadania.
Nacional de Educação (art. 87)

32
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

Segundo Souza e Silva, (1997, p.9) tanto o ensino fundamental,


como o médio e o superior não devem medir esforços para atender o
educando, proporcionando o seu autodesenvolvimento como ser humano e
instrumentando-o para o trabalho (o seu meio de sobrevivência) e o
exercício da cidadania (meio de sobreviver-se em uma sociedade
politicamente organizada).
Já o artigo 3º expõe, trás os onze princípios que devem reger a
organização no país e deste destacamos dois itens principais: a afirmação de
valores ligados aos ideais de liberdade, igualdade, tolerância e pluralismo
ideológico; e a definição de políticas para fortalecimento entre as relações:
família, escola sociedade e trabalho. Isso também se repete no artigo 206 da
Constituição Federal de 1988 o qual deu origem aos princípios da LDB.
Vamos nessa oportunidade conhecer algumas características que
diferem a LDB vigente das anteriores.

2.3 OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA À LUZ DA LEGISLAÇÃO


VIGENTE

Conforme o Plano Nacional de Educação, o ensino fundamental é


obrigatório e gratuito e garantido na Constituição Brasileira. O artigo 208 da
Constituição Federal garante isso inclusive para todos os que a ele não
tiveram acesso na idade própria e diz ainda que se o Poder Público não o
oferecer implica em responsabilidade da autoridade competente. A Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional também ressalta em seu artigo 32
que o ensino fundamental tem que oferecer uma educação que garanta o
pleno domínio da leitura e da escrita, além de condições para o
desenvolvimento da capacidade de aprender e de se relacionar no meio
social e político. O Plano Nacional de Educação apresenta a realidade do
Ensino Fundamental do Brasil dizendo que “existe hoje, no Brasil, um amplo
consenso sobre a situação e os problemas do ensino fundamental. As
matrículas do ensino fundamental brasileiro superam a casa dos 35 milhões,
número superior ao de crianças de 7 a 14 anos, representando 116% dessa
faixa etária. Isto significa que há muitas crianças matriculadas no ensino
fundamental com idade acima de 14 anos. Em 1998, tínhamos mais de oito
milhões de pessoas nesta situação. (BRASIL, Lei nº 10.172/2001).
A exclusão da escola de crianças na idade própria, seja por descaso
do Poder Público, seja por omissão da família e da sociedade, é a forma mais
perversa e irremediável de exclusão social, pois nega o direito elementar de
cidadania, reproduzindo o círculo da pobreza e da marginalidade e
alienando milhões de brasileiros de qualquer perspectiva de futuro.

33
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

A consciência desse fato e a mobilização social que dela decorre


têm promovido esforços coordenados das diferentes instâncias do Poder
Público que resultaram numa evolução muito positiva do sistema de ensino
fundamental como um todo, em termos tanto de cobertura quanto de
eficiência.
O Plano Nacional de Educação ainda diz que, considerando-se o
número de crianças de 7 a 14 anos matriculadas no ensino fundamental, o
índice de atendimento dessa faixa etária (taxa de escolarização líquida)
aumentou, de 86% para cerca de 91% entre 1991 e 1996. O Plano destaca o
seguinte: “O progresso foi impressionante, principalmente se tomarmos os
dados já disponíveis de 1998: taxa bruta de escolarização de 128% e líquida,
de 95%. A taxa de atendimento subiu para 96%, na faixa de 7 a 14 anos. As
diferenças regionais estão diminuindo, pois nas regiões Norte e Nordeste a
taxa de escolarização líquida passou a 90%, portanto aproximando-se da
média nacional. Em 1998, o ensino privado absorvia apenas 9,5% das
matrículas, mantendo a tendência decrescente de participação relativa”.
(BRASIL, Lei nº 10.172/2001).
Se considerarmos, por outro lado, o número de crianças de 7 a 14
anos efetivamente matriculadas em algum nível de ensino, o que inclui
algumas que estão na pré-escola, outras que frequentam classes de
alfabetização, além de uma parcela muito reduzida que já ingressou no
ensino médio, o atendimento é ainda maior e o progresso igualmente
impressionante: entre 1991 e 1998, essa taxa de atendimento cresceu de
91,6% para 95%, o que está muito próximo de uma universalização real do
atendimento. (BRASIL, Lei nº 10.172/2001).
O PNE indica também um grave problema ocorrido no ensino
fundamental: a distorção idade-série. Essa provoca um verdadeiro inchaço
nas escolas de ensino fundamental. Segundo o PNE a distorção idade-série é
consequência dos altos índices de reprovação. “De acordo com o censo
escolar de 1996, mais de 46% dos alunos do ensino fundamental têm idade
superior à faixa etária correspondente a cada série. No Nordeste essa
situação é mais dramática, chegando a 64% o índice de distorção. Esse
problema dá a exata dimensão do grau de ineficiência do sistema
educacional do País: os alunos levam em média 10,4 anos para completar as
oito séries do ensino fundamental”. (BRASIL, Lei nº 10.172/2001).
Tomando como referência apenas as crianças de 14 anos,
verificamos que, em 1998, dos 3,5 milhões de adolescentes nessa faixa
etária, apenas cerca de 622 mil frequentavam a 8ª série do ensino
fundamental. Além de indicar atraso no percurso escolar dos alunos, o que
tem sido um dos principais fatores de evasão, a situação de distorção idade-
série provoca custos adicionais aos sistemas de ensino, mantendo as crianças
por período excessivamente longo no ensino fundamental. A correção dessa
distorção abre a perspectiva de, mantendo-se o atual número de vagas,
ampliar o ensino obrigatório para nove séries, com início aos seis anos de

34
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

idade. Esta medida é importante porque, em comparação com os demais


DICAS
países, o ingresso no ensino fundamental é relativamente tardio no Brasil,
sendo de seis anos a idade padrão na grande maioria dos sistemas, inclusive
nos demais países da América Latina. Corrigir essa situação constitui
A autonomia das escolas tem
prioridade da política educacional.
seu fundamento na exigência
Tendo em vista este conjunto de dados e a extensão das matrículas ética de que a ação educativa
no ensino fundamental, é surpreendente e inaceitável que ainda haja não se reduza ao mero
cumprimento de horários e de
crianças fora da escola. O problema da exclusão ainda é grande no Brasil. De execução de tarefas
acordo com a contagem da população, realizada pelo IBGE em julho de determinadas por órgãos
1996, são cerca de 2,7 milhões de crianças de 7 a 14 anos fora da escola, exteriores à instituição. A ação
educativa, tanto na sua
parte das quais nela já esteve e a abandonou. Uma parcela dessa população dimensão individual como
pode ser reincorporada à escola regular e outra precisa ser atingida pelos coletiva, requer uma
programas de educação de jovens e adultos. (BRASIL, Lei nº 10.172/2001). consciência clara dos objetivos
educacionais e dos valores a
A existência de crianças fora da escola e as taxas de analfabetismo eles ligados. Sem essa
estão estreitamente associadas. Onde há criança fora da escola costuma-se consciência não é possível
haver um grande número de adultos analfabetos. definir responsabilidades num
sentido ético e social.
Na maioria das situações, o fato de ainda haver crianças fora da (MENESES, 2004)
escola não tem como causa determinante o déficit de vagas, está
relacionado à precariedade do ensino e às condições de exclusão e
marginalidade social em que vivem segmentos da população brasileira. Não
basta, portanto, abrir vagas. Programas paralelos de assistência a famílias são
fundamentais para o acesso à escola e a permanência nela da população
muito pobre que depende, para sua subsistência, do trabalho infantil.
(BRASIL, Lei nº 10.172/2001).
A desigualdade regional é grave, tanto em termos de cobertura
como de sucesso escolar. Apesar do expressivo aumento de nove pontos
percentuais de crescimento entre 1991 e 1998, as regiões Norte e Nordeste
continuam apresentando as piores taxas de escolarização do País em relação
às regiões Sul e Sudeste do país.
Em relação aos objetivos da Educação Básica, a LDBEN 9394/96
tem o seguinte texto:

Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se


desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais.
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se
desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em
instituições próprias.
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do
trabalho e à prática social.

A estrutura do ensino brasileiro está dividida da seguinte forma:


Educação Básica e Educação Superior. A Educação Básica é composta de
Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. A Educação

35
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

Superior é um direito assegurado a todos os cidadãos brasileiros, conforme


os Art. 21 e 22 da LDB.
A Educação Básica tem por objetivo formar o educando para o
exercício da cidadania e possibilitar meios para que ele prossiga sua
formação em estudos posteriores. A LDB estabelece algumas exigências
comuns para a Educação Básica. Entre estas, para os níveis fundamental e
médio, a LDB prevê a carga horária mínima de 800 horas anuais, distribuídas
em 200 dias letivos no mínimo, permite a classificação do aluno por séries,
que pode ser feita: por promoção, transferência ou avaliação feita pela
escola em vista de definir o grau de desenvolvimento do educando, além de
outras possibilidades. (BRASIL, Lei 9394/96).

2.4 CONCLUSÃO

Nesta Unidade nós discutimos sobre a legislação educacional no


período que antecede a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de
1996. Além disso, discutimos também os objetivos, os princípios e fins da
educação nacional na atualidade de acordo com a legislação atual (a LDB
9394/96), bem como do PNE.
Destacamos os seguintes pontos:
Ÿ Com a Independência do Brasil surge então a necessidade de
um Sistema Educacional Brasileiro porque o país emancipou-se
politicamente sem ter estrutura educacional organizada.
Ÿ Justificando os princípios liberais e democráticos, são
elaborados planos, tendo como meta uma nova política referente à
instrução popular, mas na prática isso pouco se concretiza.
Ÿ A Constituição de 1824 garantia a instrução primária a todos os
cidadãos do Império e devido a isso, em 1826, é apresentada a proposta de
criação de escolas primárias no país através do Projeto Januário da Cunha
Barbosa e legitimado no Decreto de 15 de outubro de 1827. Os
documentos oficiais desta época deixam claro que, durante todo o período
imperial, pouco se preocupou com a criação de um sistema de instrução
nacional e a educação brasileira caminhava lentamente e com pouca
evolução enquanto política educacional.
Ÿ No período Republicano começa a se formar um novo perfil
educacional onde se apresentam leis, decretos e atos institucionais que
propõem diretrizes e critérios tanto para o ensino primário quanto
secundário e superior e tentam também normatizar o ensino agrícola e o
ensino industrial que eram mantidos por finalidades filantrópicas e se
destinavam primeiramente aos órfãos e desvalidos.
Ÿ Ressaltamos que a Proclamação da República, em 1889, apesar
de o povo simpatizar com a causa e ter o respaldo dos intelectuais
progressistas que já a reivindicavam desde a Independência, tal fato não
trouxe uma mudança significativa da ordem econômica nacional.

36
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

Ÿ A Constituição Republicana de 1891 estabeleceu uma república


federativa e fez com que o Estado assumisse, de forma definitiva, as rédeas
da educação, instituindo várias escolas públicas de ensino fundamental e
intermediário. Em relação a educação, continuou a tradicional divisão entre
entre escola para a elite e escola para a população menos favorecida.
Ÿ Durante a década de 20, com a urbanização e a industrialização
em desenvolvimento, tem como consequência a pressão para mudanças no
sistema educacional.
Ÿ Em 1932: o movimento escolanovista culmina com a públicação
do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nacional em 1932. Cria-se o
Ministério da Educação e da Saúde que se torna um marco da ação federal
no campo educacional.
Ÿ A Constituição de 1934 ,em seu capítulo sobre a educação,
exigia que todo cidadão tivesse direito ao ensino fundamental e seria
obrigação do Estado ofertá-lo. Aqui surgem as primeiras ideias de um Plano
Nacional de Educação para especificar as diretrizes curriculares e orientar as
atividades dos estados e municípios.
Ÿ A Constituição de 1937 coloca no Estado a obrigação de prover
o ensino primário e profissional. Cria-se o SENAI e o SENAC.
Ÿ Em 1945, com o fim do governo autoritário, uma nova
Constituição é adotada, a de 1946. Nela os “pioneiros da educação nova”
retomam a luta pelos valores já defendidos em 1934 onde o Estado tem a
obrigação oferecer e prover a educação a todo cidadão brasileiro. Esta
Constituição obriga também os empresários a oferecer educação para os
empregados e filhos dos empregados e restaura a determinação de que as
autoridades públicas federal, estadual e municipal deveriam investir
percentuais de suas receitas na educação.
Ÿ Em 1961, a Lei nº 4024 é promulgada. Após a promulgação
desta Lei muitos intelectuais, políticos e líderes religiosos ficam insatisfeitos
com os resultados e intensificam os movimentos populares em defesa de
uma escola para todos.
Ÿ Em 1971, é promulgada a Lei 5692/71 que fixa as Diretrizes e
Bases para o ensino de 1º e 2º graus. Esta lei é revogada pela Lei 9394/96.
Ÿ A Constituição de 1988 dará início às discussões sobre uma nova
LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). Esta Constituição
aborda os principais problemas enfrentados na educação brasileira: o acesso
à escola e a qualidade da educaçao oferecida.
Ÿ Em 1996 é promulgada a nova Lei de Diretrizes e Bases da
educação brasileira e nela os principios e fins da educação nacional são
estabelecidos de acordo com a Constituição de 1988. A educaçao tem por
finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

37
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

Ÿ A estrutura do ensino brasileiro está dividida da seguinte forma:


Educação Básica e Educação Superior. A Educação Básica é composta de
Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. A Educação
Superior é um direito assegurado a todos os cidadãos brasileiros, conforme
os Art. 21 e 22 da LDB.

REFERÊNCIAS

ARANHA, M.L. História da Educação. 2 ed.rev. São Paulo: Moderna, 1996.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília:


Senado Federal, Gráfica Central, 1988.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/96.


Brasília: Diário Oficial de 12 de dezembro de 1996.

BRASIL. Plano Nacional de Educação. Lei nº 10.172/2001. Brasília: Diário


Oficial de 10 de janeiro de 2001.

CURY, Carlos Roberto Jamil. A legislação educacional brasileira. RJ: DP&A


Editora, 2000.

DUARTE, Sérgio Guerra. Dicionário brasileiro de educação. Rio de


Janeiro: Edições Antares: Nobel, 1986.

MENESES, João Gualberto (org). Educação Básica: Políticas, Legislação e


Gestão – Leituras. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.

PLANK, D. Política Educacional no Brasil: caminhos para a salvação


pública. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.

SOUZA, P.N.P.; SILVA, E. Como entender e aplicar a nova LDB? São Paulo:
Pioneira, 1997.

XAVIER, M.E. História da Educação: a escola no Brasil. São Paulo: FTD,


1994.

38
3 UNIDADE 3
A LEGISLAÇÃO E A UNIVERSALIZAÇÃO DE UMA ESCOLA
BÁSICA DE QUALIDADE

Objetivo Geral
Apresentar o ensino fundamental de nove anos, as considerações
sobre o ensino médio atrelado à profissionalização e ao direito a uma
educação de qualidade garantida a todos, inclusive na educação de jovens e
adultos.

3.1 O ENSINO FUNDAMENTAL DE 09 ANOS


PARA REFLETIR

Ensino Fundamental de nove


anos:
A Lei nº 11.274, de 06 de
fevereiro de 2006, institui o
Ensino Fundamental de nove
anos. Antes da implementação
da referida lei, a pré-escola da
O que você sabe sobre o Ensino Fundamental de nove anos? Nesta Educação Infantil atendia as
crianças de quatro a seis anos
unidade, além de tratarmos do Ensino Médio e a educação de jovens e de idade.
adultos também falaremos sobre a lei que colocou as crianças um ano antes www.planalto.gov.br/ccivil.../
na escola. Vamos lá? Lei/L11274.htm

O Ensino Fundamental visa desenvolver no aluno a capacidade de


aprender o domínio da leitura, da escrita, do cálculo, desenvolver a
capacidade de aprendizagem, o fortalecimento dos vínculos de família, de
solidariedade e de tolerância recíproca na vida social. O Ensino
Fundamental pode ser dividido em ciclos e deve ser presencial, permitindo
complementação dos estudos por meio de ensino a distância.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases nº 9394 o Ensino
Fundamental passa a ser de 09 anos para que se tenha mais tempo da criança
na escola.
Vejamos o que diz a Lei:

Art. 32. O Ensino Fundamental obrigatório, com duração de


09 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos
06 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica
PARA REFLETIR
do cidadão, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.274, de
2006)
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo O Presidente da República,
como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e Luís Inácio Lula da Silva,
sancionou, em fevereiro de
do cálculo;
2006, a Lei nº 11.274 que
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema
amplia o Ensino Fundamental
político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se
para 09 anos. A alteração
fundamenta a sociedade; estava prevista na Lei nº
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, 9394/96, na Lei de Diretrizes e
tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e Bases da Educação (LDB) e no
a formação de atitudes e valores; Plano Nacional de Educação
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de (PNE). A legislação determina
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se que, até 2010, todas as escolas
assenta a vida social. brasileiras deverão se organizar
para receber crianças a partir
§ 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o Ensino
de seis anos de idade.
Fundamental em ciclos.

39
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

§ 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular


PARA REFLETIR por série podem adotar no Ensino Fundamental o regime de
progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do
processo de ensino-aprendizagem, observadas as normas do
Para saber mais sobre o Ensino respectivo sistema de ensino.
Fundamental com duração de § 3º O Ensino Fundamental regular será ministrado em língua
09 anos, você pode pesquisar
portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a
os seguintes documentos:
utilização de suas línguas maternas e processos próprios de
BRASIL. Lei nº 9394, 20 de
aprendizagem.
dezembro de 1996. Estabelece
as diretrizes e bases da § 4º O Ensino Fundamental será presencial, sendo o ensino a
educação nacional. Diário distância utilizada como complementação da aprendizagem
Oficial da União, Brasília, 23 ou em situações emergenciais.
dez. 1996. § 5o O currículo do Ensino Fundamental incluirá,
________. Lei nº 9424, 24 de obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das
dezembro de 1996. Dispõe crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no
sobre o fundo de manutenção 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da
e desenvolvimento do Ensino Criança e do Adolescente, observada a produção e
Fundamental e de Valorização distribuição de material didático adequado. (Incluído pela
do Magistério, na forma
Lei nº 11.525, de 2007).
prevista no Art. 60, parágrafo
Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte
7º, do ato das disposições
constitucionais transitórias, e integrante da formação básica do cidadão e constitui
dá outras providências. Diário disciplina dos horários normais das escolas públicas de
Oficial da União, Brasília, 26 Ensino Fundamental, assegurado o respeito à diversidade
dez. 1996. cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de
__________. Lei 10172, 9 de proselitismo. (Redação dada pela Lei nº 9.475, de
janeiro de 2001. Aprova o 22.7.1997)
Plano Nacional de Educação e § 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os
dá outras providências. Diário procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino
Oficial da União, Brasília, 10 religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e
jan. 2001. Disponível em: admissão dos professores.
http://www.mec.gov.br>.
§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída
___________. Lei nº 11114, 16
pelas diferentes denominações religiosas, para a definição
de maio de 2005. Altera os
dos conteúdos do ensino religioso.
arts. 6, 30, 32 e 87 da Lei nº
9394, de 20 de dezembro de Art. 34. A jornada escolar no Ensino Fundamental incluirá
1996, com o objetivo de tornar pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula,
obrigatório o início do Ensino sendo progressivamente ampliado o período de
Fundamental aos seis anos de permanência na escola.
idade. Diário Oficial da União, § 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das formas
Brasília, 17 maio 2005. alternativas de organização autorizadas nesta Lei.
Disponível em: § 2º O Ensino Fundamental será ministrado
http://www.senado.gov.br>.
progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas
de ensino. (BRASIL, LDB nº 9394/96)

E quais devem ser as regras para todo o Ensino Fundamental em


nosso país?
Para que o Ensino Fundamental, de acordo com a Lei 9394/96
atinja seus objetivos, deve seguir as seguintes regras:

a) O Ensino Fundamental regular deve ser ministrado em


língua portuguesa, mas deve ser assegurado às comunidades
indígenas as suas línguas maternas;
b) ter uma carga horária mínima de oitocentas horas com o
mínimo de duzentos dias letivos excluindo o tempo

40
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

reservado aos exames finais e a jornada escolar deverá ter


um mínimo de quatro horas de trabalho efetivo; PARA REFLETIR
c) o currículo deve ter uma base comum e ser
complementado com uma base diversificada para assim
___________. Lei n° 11.274, 6
contemplar as características regionais e locais; e a partir do de fevereiro de 2006. Altera a
5ª série (ou 6º ano de escolaridade) deve-se redação dos Artigos 29, 30, 32
obrigatoriamente oferecer uma língua estrangeira moderna; e 87 da Lei nº 9394, de 20 de
d) o ensino fundamental pode ser desdobrado em ciclos; dezembro de 1996, que
e) o ensino fundamental só poderá ser presencial, sendo que estabelece as diretrizes e bases
o ensino a distância só poderá ser utilizado como da educação nacional,
complemento da aprendizagem ou em situação dispondo sobre a duração de
emergencial; nove anos para o Ensino
Fundamental, com matrícula
f) a matricula para o ensino religioso é facultativa, entretanto
obrigatória a partir dos seis
constitui disciplina dos horários normais da escola pública;
anos de idade. Diário Oficial
g) em relação a avaliação do aluno, a mesma deve ser da União, Brasília, sete fev.
contínua e cumulativa e deve prevalecer os aspectos 2006. Disponível em:
qualitativos sobre os quantitativos; a classificação do aluno http://www.senado.gov.br>.
poderá ser feita em qualquer série, exceto a primeira série, ____________. Conselho
independentemente da escolarização anterior. (BRASIL, Nacional de Educação. Parecer
LDB nº 9394/96) CEB n. 020/1998. Consulta
relativa ao ensino fundamental
de nove anos. Disponível em
Pense bem: Qual deve ser o objetivo maior de aumentar o Ensino
http://www.mec.gov.br
Fundamental para nove anos? __________________.
O objetivo maior de aumentar o número de anos no Ensino Ministério da Educação.
Conselho Nacional de
Fundamental é assegurar a todas as crianças um tempo mais longo de Educação. Parecer CNE/CEB n.
convívio escolar, com maiores oportunidades de aprendizagem. Entretanto, 18/2005. Orientações para a
sabemos que aprendizagem não depende apenas do tempo de matrícula das crianças de 6
(seis) anos de idade no Ensino
permanência na escola, mas também da qualidade destinada a este tempo. Fundamental obrigatório, em
O Ensino Fundamental de nove anos visa principalmente privilegiar as atendimento à Lei n. 11.114,
crianças oriundas de famílias menos favorecidas, visto que as famílias com de 16 de maio de 2005, que
altera os arts. 6, 32 e 87 da Lei
maior poder aquisitivo já colocam seus filhos na escola antes dessa idade, n. 9.394/1996. Disponível em
mesmo sabendo nós que esse não se viabiliza como regra geral. http://www.mec.gov.br
___________________.
O Ensino Fundamental de nove anos traz o desafio e a
Ministério da Educação.
oportunidade de repensar a escola que temos na direção de um projeto de Conselho Nacional de
escola que tenha como centro de sua atenção reflexão e ação das crianças Educação. Resolução CNE/CEB
n.3/2005. Define normas
em suas características, dimensões e necessidades concretas. Ou seja, um
nacionais para ampliação do
projeto político-pedagógico que materialize para todos os brasileiros as Ensino Fundamental para nove
condições de aprendizagem voltadas para conhecimentos de diferentes anos de duração. Disponível
em http://www.mec.gov.br
áreas, interligados a linguagens, imagens, sentimentos e relações que
___________________.
apresentem e coloquem em debate a realidade e a sociedade na sua Ministério da Educação.
contemporaneidade e historicidade. Secretaria de Educação Básica.
Ensino Fundamental de nove
A universalização e a ampliação do Ensino Fundamental para nove
anos: orientações gerais.
anos, além de garantir um maior tempo de escolarização, ainda propiciam Brasília, 2004.
avaliar as possibilidades e os sentidos do trabalho da alfabetização e do ___________________.
Ministério da Educação.
letramento, no âmbito do Ensino Fundamental.
Secretaria de Educação Básica.
Ensino Fundamental de nove
anos: orientações para inclusão
da criança de seis anos de
idade. Brasília, 2006.

41
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

3.2 O ENSINO MÉDIO E O DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO

Como o Ensino Médio é definido na LDB de 1996? O Ensino


Médio, segundo esta Lei é considerada a ultima etapa da Educação Básica.
Então é preciso conhecer as suas características direitinho. Vamos lá?
O Ensino Médio - conforme a Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 - é
assim definido: (www.planalto.gov.br/ccivil.)

Art. 35. O Ensino Médio, etapa final da educação básica,


com duração mínima de três anos, terá como finalidades:
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos
adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o
prosseguimento de estudos;
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do
educando para continuar aprendendo, de modo a ser capaz
de se adaptar com flexibilidade a novas condições de
ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana,
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da
autonomia intelectual e do pensamento crítico;
IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos
dos processos produtivos, relacionando a teoria com a
prática, no ensino de cada disciplina.
Art. 36. O currículo do Ensino Médio observará o disposto na
Seção I deste Capítulo e as seguintes diretrizes:
I - destacará a educação tecnológica básica, a compreensão
do significado da ciência, das letras e das artes; o processo
histórico de transformação da sociedade e da cultura; a
língua portuguesa como instrumento de comunicação,
acesso ao conhecimento e exercício da cidadania;
II - adotará metodologias de ensino e de avaliação que
estimulem a iniciativa dos estudantes;
III - será incluída uma língua estrangeira moderna, como
disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e
uma segunda, em caráter optativo, dentro das
disponibilidades da instituição.
IV – serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas
obrigatórias em todas as séries do ensino médio. (Incluído
pela Lei nº 11.684, de 2008)
§ 1º Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação
serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio
o educando demonstre:
I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que
presidem a produção moderna;
II - conhecimento das formas contemporâneas de
linguagem;
III - domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia
necessários ao exercício da cidadania. (Revogado pela Lei nº
11.684, de 2008 que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, para incluir a Filosofia e a Sociologia
como disciplinas obrigatórias nos currículos do ensino
médio).

42
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

§ 2º O ensino médio, atendida a formação geral do


educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões
PARA REFLETIR
técnicas. (Regulamento) (Revogado pela Lei nº 11.741, de
2008 que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, para redimensionar, institucionalizar e integrar as Em 1994, eram mais de cinco
ações da educação profissional técnica de nível médio, da milhões de matriculas. Em
educação de jovens e adultos e da educação profissional e
2000, estavam registrados mais
de oito milhões de alunos. Ou
tecnológica).
seja, em seis anos, houve um
§ 3º Os cursos do ensino médio terão equivalência legal e
acréscimo de mais de 50% de
habilitarão ao prosseguimento de estudos. (LDB nº 9394/96) inscritos. Em 2003, mais de
nove milhões de jovens
O Ensino Médio no Brasil é a etapa final da educação básica e deve frequentavam o Ensino Médio.
Fonte: Ministério da Educação
oferecer uma educação que prepare o cidadão para a vida adulta. A Lei de
(MEC), Instituto Nacional de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional determina, nas finalidades do Estudos e Pesquisas
Ensino Médio, que o mesmo deve propiciar a todos os cidadãos a Educacionais Anísio Teixeira
(INEP). Disponível em
oportunidade de consolidar e aprofundar os “conhecimentos adquiridos no
http://www.mec.gov.br
Ensino Fundamental”; “aprimorar o educando "como pessoa humana”;
“possibilitar o prosseguimento de estudos”; “garantir a preparação básica
para o trabalho e a cidadania” e dotar o educando dos instrumentos que lhe
permitam “continuar aprendendo”, tendo em vista o desenvolvimento da
“compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos
produtivos” (LDB 9394/96, art. 35, incisos I a IV).
O Ensino Médio pode ser oferecido em estabelecimentos públicos
ou privados. Nos estabelecimentos públicos, a legislação educacional
determina que, prioritariamente, os sistemas de ensino estaduais devem
oferecer gratuitamente o Ensino Médio.
O Ensino Médio tem como finalidade a consolidação e o
aperfeiçoamento dos conhecimentos, possibilitando o prosseguimento dos
estudos em nível mais avançado; a preparação básica para o trabalho e a
cidadania do educando, para continuar aprendendo, numa visão
prospectiva da sociedade contemporânea, que exigirá dos indivíduos a
capacidade de adaptar-se a um mundo em constante mudança; o
aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação
ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e da consciência crítica
contribuindo, assim, para a formação do cidadão e da sociedade
contemporânea. Além disso, o Ensino Médio deve unir teoria e prática,
desenvolvendo competências cognitivas, intelectuais e de convivência
social que, sem constituir elementos de habilitação profissional, capacitem o
indivíduo para o mundo do trabalho. Meneses (2004).
A última etapa da educação básica deve ter a duração mínima de
três anos, sendo que a legislação não estabelece idade mínima para o acesso
a esta etapa. As políticas educacionais brasileiras têm direcionado,
recentemente, especial atenção à universalização do Ensino Fundamental.
Na medida em que essa meta se concretiza, a demanda pelo Ensino Médio
passa a ser impulsionada. É nesse sentido que a própria legislação prevê
progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao Ensino Médio
(artigo 4º).

43
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

Sendo assim, segundo Meneses (2004) o Ensino Médio integra-se à


escolaridade que tem como objetivo a formação comum indispensável ao
exercício da cidadania. Entretanto, a identidade desse nível de ensino tem
oscilado, nas últimas décadas, entre preparação para a educação superior,
como curso propedêutico, e a qualificação para o trabalho, como curso
técnico ou profissionalizante. A LDB então busca superar essa dualidade,
conferindo ao Ensino Médio função de educação geral que, embora
diferenciada da educação profissional, inclui preparar para o mercado de
trabalho.
Em relação à profissionalização a Lei nº. 9394/96 aponta-nos uma
exigência. Vamos verificar qual é?
A Lei nº. 9394/96 coloca-nos a seguinte exigência no tocante à
profissionalização: (disponível no site www.planalto.gov.br/ccivil)

Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste


Capítulo, o Ensino Médio, atendida a formação geral do
educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões
técnicas. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e,
facultativamente, a habilitação profissional poderão ser
desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de Ensino
Médio ou em cooperação com instituições especializadas
em Educação Profissional. (Incluído pela Lei nº 11.741, de
2008)
Art. 36-B. A Educação Profissional Técnica de nível médio
será desenvolvida nas seguintes formas: (Incluído pela Lei nº
11.741, de 2008)
I - articulada com o Ensino Médio; (Incluído pela Lei nº
11.741, de 2008)
II - subseqüente, em cursos destinados a quem já tenha
concluído o Ensino Médio. (Incluído pela Lei nº 11.741, de
2008)
Parágrafo único. A Educação Profissional Técnica de nível
médio deverá observar: (Incluído pela Lei nº 11.741, de
2008)
I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes
curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional
de Educação; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
II - as normas complementares dos respectivos sistemas de
ensino; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos
de seu projeto pedagógico. (Incluído pela Lei nº 11.741, de
2008)
Art. 36-C. A educação profissional técnica de nível médio
articulada, prevista no inciso I do caputdo art. 36-B desta Lei,
será desenvolvida de forma: (Incluído pela Lei nº 11.741, de
2008)
I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o
Ensino Fundamental, sendo o curso planejado de modo a
conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível

44
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

médio, na mesma instituição de ensino, efetuando-se


matrícula única para cada aluno; (Incluído pela Lei nº
11.741, de 2008)
II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino
médio ou já o esteja cursando, efetuando-se matrículas
distintas para cada curso, e podendo ocorrer: (Incluído pela
Lei nº 11.741, de 2008)
a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as
oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei
nº 11.741, de 2008)
b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as
oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei
nº 11.741, de 2008)
c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de
intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao
desenvolvimento de projeto pedagógico unificado. (Incluído
pela Lei nº 11.741, de 2008)
Art. 36-D. Os diplomas de cursos de Educação Profissional
Técnica de Nível Médio, quando registrados, terão validade
nacional e habilitarão ao prosseguimento de estudos na
educação superior. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
Parágrafo único. Os cursos de Educação Profissional Técnica
de Nível Médio, nas formas articuladas concomitante e
subsequente, quando estruturados e organizados em etapas
com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados
de qualificação para o trabalho após a conclusão, com
aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma
qualificação para o trabalho. (Incluído pela Lei nº 11.741, de
2008) (LDB 9394/96 e Lei nº 11.741/08)

E continuando a Lei ainda afirma:

Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no


cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-
se aos diferentes níveis e modalidades de educação e às
dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia. (Redação
dada pela Lei nº 11.741, de 2008)
§ 1o Os cursos de educação profissional e tecnológica
poderão ser organizados por eixos tecnológicos,
possibilitando a construção de diferentes itinerários
formativos, observadas as normas do respectivo sistema e
nível de ensino. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
§ 2o A educação profissional e tecnológica abrangerá os
seguintes cursos: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
I – de formação inicial e continuada ou qualificação
profissional; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
II – de educação profissional técnica de nível médio;
(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
III – de educação profissional tecnológica de graduação e
pós-graduação. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
§ 3o Os cursos de educação profissional tecnológica de
graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que
concerne a objetivos, características e duração, de acordo
com as diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo

45
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

Conselho Nacional de Educação. (Incluído pela Lei nº


11.741, de 2008)
Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em
articulação com o ensino regular ou por diferentes
estratégias de educação continuada, em instituições
especializadas ou no ambiente de trabalho. (Regulamento)
Art. 41. O conhecimento adquirido na educação
profissional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser
objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para
prosseguimento ou conclusão de estudos. (Redação dada
pela Lei nº 11.741, de 2008)
Art. 42. As instituições de educação profissional e
tecnológica, além dos seus cursos regulares, oferecerão
cursos especiais, abertos à comunidade, condicionada à
matrícula à capacidade de aproveitamento e não
necessariamente ao nível de escolaridade. (Redação dada
pela Lei nº 11.741, de 2008). (LDB 9394/96 e Lei nº
11.741/08)

De acordo com Silva (2004 apud MENESES, 2004) falar sobre a


educação profissional exige também ter maior clareza sobre o papel do
trabalhador enquanto sujeito da história; o conhecimento produzido através
do trabalho além da importância e interferência do trabalho na vida de cada
um. Não se pode falar de exercício de cidadania sem falar de qualificação,
competência e respeito conquistados através da produção individual e em
grupo.
Para sabermos como está a situação do Ensino Médio atualmente
devemos recorrer ao Plano Nacional de Educação e é isso que iremos fazer
agora.
O Plano Nacional de Educação (Lei nº 10172/2001) apresenta-nos
o seguinte diagnóstico sobre a situação do Ensino Médio brasileiro:

Considerando o processo de modernização em curso no


País, o ensino médio tem um importante papel a
desempenhar. Tanto nos países desenvolvidos quanto nos
que lutam para superar o subdesenvolvimento, a expansão
do ensino médio pode ser um poderoso fator de formação
para a cidadania e de qualificação profissional.
Justamente em virtude disso, no caso brasileiro é,
particularmente, preocupante o reduzido acesso ao Ensino
Médio, muito menor que nos demais países latino-
americanos em desenvolvimento, embora as estatísticas
demonstrem que os concluintes do Ensino Fundamental
começam a chegar à terceira etapa da educação básica, em
número um pouco maior, a cada ano. Esses pequenos
incrementos anuais terão efeito cumulativo. Ao final de
alguns anos, resultarão em uma mudança nunca antes
observada na composição social, econômica, cultural e
etária do alunado do Ensino Médio.
A Contagem da População realizada pelo IBGE, em 1997
acusa uma população de 16.580.383 habitantes na faixa

46
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

etária de 15 a 19 anos. Estavam matriculados no Ensino


Médio, no mesmo ano, 5.933.401 estudantes. Significa que,
idealmente, se o fluxo escolar fosse regular, o Ensino Médio
comportaria bem menos que metade de jovens desta faixa
etária. Isso é muito pouco, especialmente quando se
considera a acelerada elevação do grau de escolaridade
exigida pelo mercado de trabalho. A situação agrava-se
quando se considera que, no caso do Ensino Médio, os
cálculos das taxas de atendimento dessa faixa etária são
pouco confiáveis, por diversas razões. Em primeiro lugar,
porque, em virtude das elevadas taxas de repetência no
Ensino Fundamental, os jovens chegam, ao Ensino Médio,
bem mais velhos. Em segundo lugar, porque há um grande
número de adultos que volta à escola vários anos depois de
concluir o Ensino Fundamental.
Em virtude dessas duas condições, o Ensino Médio atende
majoritariamente jovens e adultos com idade acima da
prevista para este nível de ensino, devendo-se supor que já
estejam inseridos no mercado de trabalho. De fato os
6.968.531 alunos do Ensino Médio, em 1998, 54,8% - ou
seja, 3.817.688 – estudavam à noite.
O número reduzido de matrículas no Ensino Médio – apenas
cerca de 30,8% da população de 15 a 17 anos não se explica,
entretanto, por desinteresse do Poder Público em atender à
demanda, pois a oferta de vagas na 1ª série do Ensino Médio
tem sido consistentemente superior ao número de egressos
da 8ª série do Ensino Fundamental. A exclusão ao Ensino
Médio deve-se às baixas taxas de conclusão do Ensino
Fundamental, que, por sua vez, estão associadas à baixa
qualidade daquele nível de ensino, da qual resultam
elevados índices de repetência e evasão.
O Ensino Médio convive, também, com alta seletividade
interna. Se os alunos estão chegando, em maior número a
esse nível de ensino, os índices de conclusão, nas últimas
décadas, sinalizam que há muito a ser feito. Na coorte 1970-
73, 74% dos que iniciavam o Ensino Médio conseguiam
concluí-lo na coorte 1977-80, esse índice caiu para 50,8%;
na de 1991-94, para 43,8%.
Causas externas ao sistema educacional contribuem para
que adolescentes e jovens se percam pelos caminhos da
escolarização, agravadas por dificuldades da própria
organização da escola e do processo ensino-aprendizagem.
Os números do abandono e da repetência, apesar da
melhoria dos últimos anos, ainda são bastante desfavoráveis.
Desagregados por regiões, os dados da repetência e
abandono, ao lado das taxas de distorção idade-série,
permitem visualizar – na falta de políticas específicas – em
que região haverá maior percentual de alunos no Ensino
Médio, em idade pedagogicamente adequada.
Para o Ensino Médio, a idade recomendada é de 15 anos
para a 1ª série, 16 para a 2ª e 17 para a 3ª série. A 4ª série não
é incluída nos cálculos, pois apresenta características
diferentes das outras séries.
Há, entretanto, aspectos positivos nesse panorama
brasileiro. O mais importante deles é que esse foi o nível de

47
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

ensino que apresentou maior taxa de crescimento nos


últimos anos, em todo o sistema. Apenas no período de 1991
a 1998, a matrícula evoluiu de 3.770.230 para 6.968.531
alunos, de acordo com censo escolar, o que está claramente
associado a uma recente melhoria do Ensino Fundamental e
da ampliação do acesso ao Ensino Médio, ocorridas. Nos
próximos anos, como resultado do esforço que está sendo
feito para elevar as taxas de conclusão da 8ª série, a
demanda por Ensino Médio deverá ampliar de forma
explosiva.
Entretanto, no caso do Ensino Médio, não se trata apenas de
expansão. Entre os diferentes níveis de ensino, esse foi o que
enfrentou, nos últimos anos, a maior crise em termos de
ausência de definição dos rumos que deveriam ser seguidos
em seus objetivos e em sua organização. Um aspecto que
deverá ser superado com a implementação das Novas
Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio e com
programas de formação de professores, sobretudo nas áreas
de Ciências e Matemática.
Quanto ao financiamento do Ensino Médio, a Emenda
Constitucional nº 14, assim como a Lei de Diretrizes e Bases,
atribui aos Estados a responsabilidade pela sua manutenção
e desenvolvimento. De fato, o seu surpreendente
crescimento deve-se, basicamente, às matrículas na rede
estadual. A diminuição da matrícula, na rede privada, atesta
o caráter, cada vez mais público, desse nível de ensino. A
expansão futura, porém, dependerá da utilização judiciosa
dos recursos vinculados à educação, especialmente porque
não há, para este nível de ensino, recursos adicionais como
os que existem para o Ensino Fundamental na forma do
Salário Educação. Assim, como os Estados estão obrigados a
aplicar 15% da receita de impostos no Ensino Fundamental,
os demais 10% vinculados à educação deverão ser
aplicados, nessa instância federativa, prioritariamente, no
Ensino Médio. Essa destinação deve prover fundos
suficientes para a ampliação desse nível de ensino,
especialmente quando se considera que o Ensino
Fundamental consta de oito séries e o Médio, de apenas três;
isso significa que, mesmo com a universalização do Ensino
Médio, o número de alunos matriculados será, no máximo,
35% daquele atendido no nível fundamental.
Há de se considerar, entretanto, que, em muitos Estados, a
ampliação do Ensino Médio vem competindo com a criação
de universidades estaduais. O mais razoável seria promover
a expansão da educação superior estadual com recursos
adicionais, sem comprometer os 25% constitucionalmente
vinculados à educação, que devem ser destinados
prioritariamente à educação básica. (BRASIL, Lei nº
10172/2001)

E aí? O que você achou da situação do Ensino Médio apresentada


no Plano Nacional de Educação? Apresenta algo que você desconhecia?
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), o ensino médio
brasileiro será todo reformulado. Nesta reformulação está previsto um novo

48
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

currículo e modelo pedagógico, aliado à expansão das matrículas que


permitirão a oferta de uma educação acessível e de qualidade a todos os
jovens e adultos. Em dezembro de 2008, um grupo de trabalho composto
por técnicos do Ministério da Educação e da Secretaria de Assuntos
Estratégicos da Presidência da República apresentou um estudo sobre a
reestruturação e expansão do ensino médio no Brasil. E neste estudo o
principal desafio consiste no significado da ultima etapa da Educação Básica
para o cidadão brasileiro. O Ensino Médio é visto como uma mera passagem
para o ensino superior ou inserção na vida econômico-produtiva?
Hoje a reformulação do Ensino Médio caminha para a formação
integral do estudante estruturada na ciência, cultura e trabalho. Estabelece
um significado mais amplo e reconhece na integração à educação
profissional técnica uma importante política pública, mas que precisa ser
complementada com a mudança curricular do ensino médio “tradicional”
não profissionalizante. É preciso priorizar a melhoria da escola de ensino
médio da rede estadual de educação, que mantém, segundo os dados do
MEC, mais de 85% das matrículas.
Se você quiser aprofundar ainda mais os seus conhecimentos sobre
o Ensino Médio atualmente no Brasil visite o portal do MEC
(http://portal.mec.gov.br) e acesse todo o estudo realizado sobre a
reestruturação e expansão do Ensino Médio.

3.3 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Vamos agora refletir sobre a Educação de Jovens e Adultos. E você já


sabe, para isso é preciso recorrer mais uma vez à LDB/96.
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é contemplada na Lei de
Diretrizes e Bases de 1996 em seus artigos 37 e 38. Nestes artigos a Lei prevê
que os jovens e adultos poderão concluir os Ensinos Fundamental e Médio
através de cursos e exames supletivos, sendo que a idade mínima para o
Ensino Médio, por meio do Supletivo, é ser maior de dezoito anos. Os cursos
de exames supletivos são uma alternativa e uma modalidade de ensino para
prosseguimento dos estudos e conclusão da educação básica.
Vejamos o que nos fala a Lei:

Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada


àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos
no Ensino Fundamental e Médio na idade própria.
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos
jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na
idade regular, oportunidades educacionais apropriadas,
consideradas as características do alunado, seus interesses,
condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a
permanência do trabalhador na escola, mediante ações
integradas e complementares entre si.

49
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

§ 3o A educação de jovens e adultos deverá articular-se,


preferencialmente, com a educação profissional, na forma
do regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames
supletivos, que compreenderão a base nacional comum do
currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em
caráter regular.
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os
maiores de quinze anos;
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores
de dezoito anos.
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos
educandos por meios informais serão aferidos e
reconhecidos mediante exames. (BRASIL, LDB 9394/96 e
Lei nº 11.741/08)

Segundo Meneses (2004), a educação profissional de acordo com a


LDB/96 não é apenas um nível de ensino, mas um tipo de formação que
deve estar presente na vida do indivíduo em idade profissional
produtiva. Isso significa educação permanente ou educação continuada, na
qual o indivíduo nunca encerra o seu aprendizado, podendo assim
acompanhar as mudanças tecnológicas do nosso mundo.
A LDB/96 apresenta-nos a educação profissional de acordo com os
artigos 39, 40, 41 e 42 já especificados neste material.
O Plano Nacional de Educação (Lei nº 10172/2001) apresenta-nos
o diagnóstico sobre a educação de jovens e adultos:

A Constituição Federal determina como um dos objetivos do


Plano Nacional de Educação a integração de ações do poder
público que conduzam à erradicação do analfabetismo (art.
214, I). Trata-se de tarefa que exige uma ampla mobilização
de recursos humanos e financeiros por parte dos governos e
da sociedade.
Os déficits do atendimento no ensino fundamental
resultaram, ao longo dos anos, num grande número de
jovens e adultos que não tiveram acesso ou não lograram
terminar o ensino fundamental obrigatório. Embora tenha
havido progresso com relação a essa questão, o número de
analfabetos é ainda excessivo e envergonha o País: atinge 16
milhões de brasileiros maiores de 15 anos. O analfabetismo
está intimamente associado às taxas de escolarização e ao
número de crianças fora da escola.
Todos os indicadores apontam para a profunda desigualdade
regional na oferta de oportunidades educacionais e a
concentração de população analfabeta ou
insuficientemente escolarizada nos bolsões de pobreza
existentes no País. Cerca de 30% da população analfabeta
com mais de 15 anos está localizada no Nordeste.
Uma concepção ampliada de alfabetização, abrangendo a
formação equivalente às oito séries do Ensino Fundamental,

50
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

aumenta a população a ser atingida, pois, é muito elevado o


número de jovens e adultos que não lograram completar a
escolaridade obrigatória.
Embora o analfabetismo esteja concentrado nas faixas etárias
mais avançadas e as taxas tenham se reduzido, passando de
20,1% da população, em 1991, para 15,6 % em 1995, há
também uma redução insuficiente do analfabetismo ao
longo do tempo. As gerações antigas não podem ser
consideradas como as únicas responsáveis pelas taxas atuais,
pois pessoas entre quinze e trinta anos em 1997 somavam
cerca de 21,4 % do analfabetismo total. O problema não se
resume a uma questão demográfica.
Como há reposição do estoque de analfabetos, além do
fenômeno da regressão, é de se esperar que apenas a
dinâmica demográfica seja insuficiente para promover a
redução em níveis razoáveis nos próximos anos. Por isso,
para acelerar a redução do analfabetismo é necessário agir
ativamente tanto sobre o estoque existente quanto sobre as
futuras gerações. Tomado este indicador, distorções
significativas em função do gênero, estando inclusive as
mulheres melhor posicionadas nos grupos etários abaixo de
40 anos. Tomando-se o corte regional, as mulheres têm, em
todas as regiões, uma maior média de anos de estudo.
Entretanto, quando o fator verificado é a etnia, nota-se uma
distorção, a indicar a necessidade de políticas focalizadas.
(BRASIL, Lei nº 10172/2001)

As mudanças ocorridas no mercado de trabalho, no entanto, vêm


exigindo mais conhecimentos e habilidades das pessoas, assim como
atestados de maior escolarização, obrigando-as a voltar à escola básica,
como jovem, ou já depois de adultas, para aprender um pouco mais ou para
conseguir um diploma. Essa realidade tem sido responsável pela criação de
diversos projetos voltados para a alfabetização e educação de jovens e
adultos.
A educação de adultos é uma necessidade tanto na comunidade
como nos locais de trabalho. À medida que a sociedade se desenvolve novas
possibilidades de crescimento profissional surgem, mas, por outro lado,
exigem maior qualificação e constante atualização de conhecimentos e
habilidades.
Analisemos a tabela de crianças e jovens matriculados no Brasil no
ano 2000.

Tabela 1: Crianças e jovens matriculados na escola (BRASIL, 2000)


Nível de ensino Matriculas Faixa etária (%)
Fundamental 35.717.948 95,5
Médio 8.192.948 32,6
Superior 2.694.245 7,6
Fonte: BRASIL. MEC/Inep. Censo escolar e censo do ensino superior. Brasília, 2000.

51
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

Observando esta tabela vemos que os jovens apresentam uma taxa


de exclusão maior do que as crianças. Enquanto praticamente 95,5% de
todas as crianças de 7 a 14 anos estão no Ensino Fundamental, apenas uma
pequena parcela de jovens em idade de frequentar universidades está
estudando. Em 2000, a faixa de 20 a 24 anos era composta por 16,1 milhões
de pessoas e havia 2,6 milhões de alunos matriculados no nível superior. O
ideal seria que uma parcela maior do contingente que ingressa nas séries
iniciais permanecesse por mais tempo na escola.
A política educacional voltada para a faixa de 7 a 14 anos (Ensino
Fundamental) baseia-se na ideia de que colocar todas as crianças na escola
estancaria a produção de novos analfabetos ou de pessoas com baixa
escolaridade, garantindo assim a tão esperada universalização do Ensino
Fundamental para toda a população.
A Educação de Jovens e Adultos no Brasil está restrita à questão do
analfabetismo, sem relacioná-la com a Educação Básica como um todo. É
preciso entender que a alfabetização e Educação Básica são partes
indissociáveis de um mesmo processo e isso tem sido o grande desafio para a
construção de efetivas políticas públicas para a Educação de Jovens e
Adultos no Brasil. Souza (1999).
Souza analisando o analfabetismo sob o enfoque demográfico no
Brasil diz,

[...] as altas taxas observadas atualmente não estão


relacionadas apenas à presença de analfabetos de gerações
antigas na população. Além dos aspectos essencialmente
relacionados à dinâmica demográfica, há também os
relacionados à ineficiência do sistema educacional na
determinação das taxas anuais. Em outras palavras, o
analfabetismo atual é resultado tanto da insuficiência quanto
da demora da melhoria na alfabetização ao longo da
segunda metade desse século. (1999, p.17)

Sendo assim, nós educadores brasileiros enfrentamos imensos


desafios para colaborar com o país na universalização do Ensino
Fundamental. Oferecer a toda a população um ensino de qualidade é dever
e compromisso de governos e de todos os envolvidos com a questão
educacional.
Reafirmamos que, à medida que a sociedade evolui, surge a
necessidade da escolarização e a educação dos adultos favorece a educação
das crianças e adolescentes porque quanto mais os pais estudam mais
conscientes ficam da importância da educação e mais contribuirão para que
seus filhos permaneçam na escola.
Se por um lado, a educação tem assumido novos contornos em face
das mudanças ocorridas na sociedade, por outro, a educação é a
responsável pelo crescimento social, pois à medida que as pessoas vão
ficando mais escolarizadas, o nível de vida vai melhorando, as pessoas ficam

52
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

mais conscientes, críticas e exigentes. E, com isso, vão melhorando as


condições de higiene, de alimentação, de saúde, de segurança e de
satisfação pessoal. Enfim, a educação possibilita o desenvolvimento da
sociedade.
Sabe-se que a educação é o instrumento que vai permitir às pessoas
buscarem uma melhoria de vida, capacitando-as para competir no mercado
de trabalho bem como reconhecer seus direitos.

PENSE SOBRE ISSO: Aproximadamente um terço da população é


considerada analfabeta funcional. Isso se refere a pessoas que sabem ler
e escrever, mas são incapazes de interpretar o que leem e de usar a
leitura e a escrita em atividades cotidianas. O analfabeto funcional não
consegue compreender o significado das palavras nem colocar ideias no
papel por meio do sistema de escrita. No Brasil, é considerada analfabeta
funcional a pessoa com mais de 20 que não completou quatro anos de
estudos formais. Entretanto existem países como Polônia e Canadá em
que é considerado analfabeto funcional o adulto com menos de oito
anos de escolaridade. Para a UNESCO, o analfabeto funcional é aquela
pessoa que, apesar de saber ler e escrever formalmente, por exemplo,
não consegue compor e redigir corretamente um pequeno texto.
Meneses (2004) afirma que,

Segundo a Declaração Mundial sobre Educação para


Todos, mais de 960 milhões de adultos são analfabetos,
sendo que mais de um terço dos adultos do mundo não
têm acesso ao conhecimento impresso, à novas
habilidades e tecnologias, que poderiam melhorar a
qualidade de vida e ajudá-los a perceber e a adaptar-se
às mudanças sociais e culturais.

Na Declaração, o analfabetismo funcional é visto como um problema


significativo para todos os países industrializados ou em
desenvolvimento.
Para saber mais sobre a Declaração Mundial sobre Educação para Todos
acesse:
www.educacaoparatodos.org/documents/declaracao_educacaoparato
dos_jomtien

53
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

3.4 CONCLUSÃO

Na terceira unidade, apresentamos o ensino de nove anos, as


considerações sobre o ensino médio vinculado à profissionalização e à
garantia da educação para os jovens e adultos.
Destacamos os pontos:
Ÿ O Ensino Fundamental visa desenvolver no aluno a capacidade
de aprender, o domínio da leitura, da escrita, do cálculo, visa ainda
desenvolver a capacidade de aprendizagem, o fortalecimento dos vínculos
de família, de solidariedade e de tolerância recíproca na vida social. De
acordo com a Lei de Diretrizes e Bases 9394, o Ensino Fundamental passa a
ser de nove anos para que se tenha mais tempo da criança na escola.
Ÿ O ensino fundamental de nove anos traz o desafio e a
oportunidade de repensar a escola que temos na direção de um projeto de
escola que tenha como centro de sua atenção a reflexão e ação das crianças
em suas características, dimensões e necessidades concretas. Ou seja, um
projeto político-pedagógico que materialize para as crianças condições de
aprendizagem voltadas para conhecimentos de diferentes áreas, interligados
a linguagens, imagens, sentimentos e relações que apresentem e coloquem
em debate a realidade e a sociedade na sua contemporaneidade e
historicidade.
Ÿ O Ensino Médio conforme a Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 é
assim definido no art. 35: é a etapa final da educação básica, com duração
mínima de três anos. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
determina nas finalidades do ensino médio que o mesmo deve propiciar a
todos os cidadãos a oportunidade de consolidar e aprofundar os
“conhecimentos adquiridos no ensino fundamental”; “aprimorar o
educando «como pessoa humana”; “possibilitar o prosseguimento de
estudos”; “garantir a preparação básica para o trabalho e a cidadania” e
dotar o educando dos instrumentos que lhe permitam “continuar
aprendendo”, tendo em vista o desenvolvimento da “compreensão dos
fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos” (art. 35,
incisos I a IV).
Ÿ O ensino médio integra-se à escolaridade que tem como
objetivo a formação comum indispensável ao exercício da cidadania.
Entretanto, a identidade desse nível de ensino tem oscilado, nas últimas
décadas, entre preparação para a educação superior, como curso
propedêutico, e a qualificação para o trabalho, como curso técnico ou
profissionalizante. A LDB então busca superar essa dualidade, conferindo ao
ensino médio função de educação geral que, embora diferenciada da
educação profissional, inclui preparar para o mercado de trabalho.
Ÿ O Plano Nacional de Educação (Lei nº 10172/2001) em seu
diagnóstico sobre o Ensino Médio destaca que este nível de ensino no Brasil
está em expansão. Devido à melhoria no Ensino Fundamental os brasileiros

54
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

têm apresentado mais interesse no Ensino Médio e a demanda para o


mesmo tem evoluído a cada ano.
Ÿ A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é contemplada na Lei de
Diretrizes e Bases de 1996 em seus artigos 37 e 38. Nestes artigos a Lei prevê
que os jovens e adultos poderão concluir os ensinos fundamental e médio
através de cursos e exames supletivos, sendo que a idade mínima para o
ensino médio através de supletivo é ser maior de dezoito anos. Os cursos de
exames supletivos são uma alternativa e uma modalidade de ensino para
prosseguimento dos estudos e conclusão da educação básica. Aqui de
acordo com a LDB/96 a educação profissional não é apenas um nível de
ensino, mas uma modalidade de formação que deve estar presente na vida
do indivíduo em idade profissional produtiva. Isso significa educação
permanente ou educação continuada.
Ÿ As mudanças ocorridas no mercado de trabalho, no entanto,
vêm exigindo mais conhecimentos e habilidades das pessoas, assim como
atestados de maior escolarização, obrigando-as a voltar à escola básica,
como jovem, ou já depois de adultas, para aprender um pouco mais ou para
conseguir um diploma.
Ÿ A educação de adultos é uma necessidade tanto na comunidade
como nos locais de trabalho. À medida que a sociedade se desenvolve novas
possibilidades de crescimento profissional surgem, mas, por outro lado,
exigem maior qualificação e constante atualização de conhecimentos e
habilidades. Através da educação, as pessoas têm a oportunidade de
melhorar de vida e competir no mercado de trabalho bem como reconhecer
seus direitos.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9.394/96.


Brasília: Diário Oficial de 12 de dezembro de 1996.

BRASIL. Plano Nacional de Educação. Lei nº 10.172/2001. Brasília: Diário


Oficial de 10 de janeiro de 2001.

MENESES J.G. (org.). Educação Básica: Políticas, Legislação e Gestão. São


Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.

SOUZA, Marcelo de Medeiros. O analfabetismo no Brasil sob o enfoque


demográfico. Brasília: IPEA, 1999. Disponível em: http://www.ipea.gov.br.
Acesso em 25 jul.2007.

55
4 UNIDADE 4
O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E AS AÇÕES ARTICULADAS
E NORMATIZADAS PELAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS VIGENTES

4 O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E AS AÇÕES ARTICULADAS E


NORMATIZADAS PELAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS VIGENTES

‘’(...) trabalhar lucidamente em favor da escola pública, em


favor da melhoria dos padrões de ensino, em defesa da
dignidade dos docentes, de sua formação permanente
significa lutar pela educação popular, pela participação
crescente das classes populares nos conselhos de
comunidade, de bairro, de escola. Significa incentivar a
mobilização e a organização não apenas de sua própria
categoria, mas dos trabalhadores em geral como condição
fundamental da luta democrática com vistas à transformação
necessária e urgente da sociedade brasileira. (Freire, 1987)

Ÿ O Plano Nacional de Educação (PNE) e os seus antecedentes


históricos.
Ÿ O Plano Nacional de Educação e as Metas Propostas para a
década da educação- 2001-2011.
B GC Ÿ O Plano de Desenvolvimento da Educação, o Compromisso
GLOSSÁRIO E “Todos pela a Educação” e as Ações Articuladas dos entes federados.
A F
Plano Nacional de Educação – Objetivo Geral
PNE: É um plano onde estão
traçados os objetivos e metas
para a educação brasileira. É Oportunizar ao acadêmico um estudo sistemático do Plano
um plano de Estado, não um Nacional de Educação, seus antecedentes históricos e as ações articuladas e
plano de governo. Os normatizadas pelas políticas educacionais vigentes, ressaltando o
governantes atuais lideram o
processo de elaboração do compromisso da sociedade brasileira em busca de uma escola pública de
PNE e dos Planos Estaduais e qualidade e eficaz para todos os brasileiros.
Municipais. O Plano tem
E para finalizar nosso estudo da disciplina “Estrutura e
vigência por dez anos.
É um plano global, isto é, Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio”, na quarta unidade “O
abrangente de toda a Plano Nacional de Educação e as Ações Articuladas e Normatizadas pelas
educação, tanto no que se
Políticas Educacionais Vigentes” trataremos do Plano Nacional de Educação
refere aos níveis de ensino e
modalidades de educação, e como, através da vontade popular e mobilização social, além da legislação
quanto no envolvimento dos brasileira, chegamos até aqui. Resta-nos ainda, entender melhor por onde se
diversos setores da
faz o caminhar da sociedade brasileira para a consolidação de uma escola
administração pública e da
sociedade. Saviani (2007) pública de qualidade e eficaz para todos a partir das experiências aqui
explicitadas.
O mais importante de tudo isso, entretanto, é que você, acadêmico
(a), faça a leitura do material e das sugestões propostas, reflita sobre o
processo de legalização da educação brasileira e acredite que, antes da
legislação, existe a ação de homens e mulheres empenhados em um mundo
melhor.

56
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

Lembrando Paulo Freire:


DICAS
Não posso entender os homens e as mulheres, a não ser mais
do que simplesmente vivendo, histórica, cultural e
socialmente existindo, como seres fazedores de seu Você sabia que são 298 metas
“caminho” que, ao fazê-lo, se expõem ou se entregam ao propostas pelo PNE para todos
“caminho” que estão fazendo e que assim os refaz também. os níveis e modalidades de
(1992, p.97) ensino, importantes questões
sobre a formação de
professores e o financiamento
4.1 O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – ANTECEDENTES
da educação e a gestão da
HISTÓRICOS educação no Brasil que tem
objetivos primordiais.

O PNE que hora discutimos, pode ser considerado com a Conheça o manifesto dos
Constituição Federal (CF) e com a LDB, uma das bases normativas em que se pioneiros da educação:
assenta a educação do país. Reportamo-nos ao texto elaborado para http://www.pedagogiaemfoco.p
ro.br/ /heb07a.htm
apresentação do PNE- MEC que muito bem descreve os autores sobre os http://www.scielo.br/scielo.
antecedentes históricos do PNE- Lei nº 10.172/ 2001, como uma leitura php?script_sci_arrttextepid=s0
básica imprescindível para o seu entendimento, nesta unidade. 101

Transcrevemos um trecho longo, mas de suma importância para que você


conheça a história de criação e elaboração do Plano Nacional de Educação.
Veja a História a seguir:

A instalação da República no Brasil e o surgimento das


primeiras ideias de um plano que tratasse da educação para
todo o território nacional aconteceram simultaneamente. À
medida que o quadro social, político e econômico do início
deste século se desenhavam, a educação começava a se
impor como condição fundamental para o desenvolvimento
do país. Havia grande preocupação com a instrução, nos
seus diversos níveis e modalidades. Nas duas primeiras
décadas, as várias reformas educacionais, ajudaram no
amadurecimento da percepção coletiva da educação como
um problema nacional.
Desde o movimento de 1932, "Manifesto dos Pioneiros da
Educação” quando um grupo de educadores, homens e
mulheres da elite intelectual brasileira, lançou um manifesto
ao povo e ao governo que propunham a reconstrução
educacional, de grande alcance e de vastas proporções... um
plano com sentido unitário e de bases científicas...". O
documento teve grande repercussão e motivou uma
campanha que resultou na inclusão de um artigo específico
na Constituição Brasileira de 16 de julho de 1934. O art.150
declarava ser competência da União "fixar o plano nacional
de educação, compreensivo do ensino de todos os graus e
ramos, comuns e especializados; e coordenar e fiscalizar a
sua execução, em todo o território do País". Atribuía, em seu
art.152, competência precípua ao Conselho Nacional de
Educação, organizado na forma da lei, a elaborar o plano
para ser aprovado pelo Poder Legislativo, sugerindo ao
Governo as medidas que julgasse necessárias para a melhor
solução dos problemas educacionais bem como a

57
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

distribuição adequada de fundos especiais".


Todas as constituições posteriores, com exceção da Carta de
37, incorporaram, implícita ou explicitamente, a ideia de um
Plano Nacional de Educação. Havia subjacente, o consenso
de que o plano devia ser fixado por lei. A ideia prosperou e
nunca mais foi inteiramente abandonada.
O primeiro Plano Nacional de Educação surgiu em 1962,
elaborado já na vigência da primeira Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, Lei nº 4.024, de 1961. Ele não foi
proposto na forma de um projeto de lei, mas apenas como
uma iniciativa do Ministério da Educação e Cultura,
iniciativa essa aprovada pelo então Conselho Federal de
Educação. Era basicamente um conjunto de metas
quantitativas e qualitativas a serem alcançadas num prazo de
oito anos. Em 1965, sofreu uma revisão, quando foram
introduzidas normas descentralizadoras e estimuladoras da
elaboração de planos estaduais. Em 1966, uma nova revisão,
que se chamou Plano Complementar de Educação,
introduziu importantes alterações na distribuição dos
recursos federais, beneficiando a implantação de ginásios
orientados para o trabalho e o atendimento de analfabetos
com mais de dez anos.
Com a Constituição Federal de 1988, cinquenta anos após a
primeira tentativa oficial, ressurgiu a ideia de um plano
nacional de longo prazo, com força de lei, capaz de conferir
estabilidade às iniciativas governamentais na área de
educação. O art. 214 contempla esta obrigatoriedade.
Por outro lado, a Lei nº 9.394, de 1996, que "estabelece as
Diretrizes e Bases da Educação Nacional", determina nos
artigos 9º e 87, respectivamente, que cabe à União, a
elaboração do Plano, em colaboração com os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, e institui a Década da
Educação. Estabelece ainda, que a União encaminhe o
Plano ao Congresso Nacional, um ano após a publicação da
citada lei, com diretrizes e metas para os dez anos
posteriores, em sintonia com a Declaração Mundial sobre
Educação para Todos.
Em 10 de fevereiro de 1998, o Deputado Ivan Valente
apresentou no Plenário da Câmara dos Deputados o Projeto
de Lei nº 4.155, de 1998 que "aprova o Plano Nacional de
Educação". A construção deste plano atendeu aos
compromissos assumidos pelo Fórum Nacional em Defesa
da Escola Pública, desde sua participação nos trabalhos da
Assembléia Nacional Constituinte, consolidou os trabalhos
do I e do II Congresso Nacional de Educação - CONED e
sistematizou contribuições advindas de diferentes
segmentos da sociedade civil. Na justificação, destaca o
autor a importância deste documento-referência que
"contempla dimensões e problemas sociais, culturais,
políticos e educacionais brasileiros, embasado nas lutas e
proposições daqueles que defendem uma sociedade mais
justa e igualitária".
Em 11 de fevereiro de 1998, o Poder Executivo enviou ao
Congresso Nacional a Mensagem 180/98, relativa ao projeto
de lei que "Institui o Plano Nacional de Educação".

58
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

Iniciou sua tramitação na Câmara dos Deputados como


Projeto de Lei nº 4.173, de 1998, apensado ao PL nº DICAS
4.155/98, em 13 de março de 1998. Na Exposição de
Motivos destaca o Ministro da Educação a concepção do
Plano, que teve como eixos norteadores, do ponto de vista
legal, a Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Conheça a Mensagem nº 9 do
Bases da Educação Nacional, de 1996, e a Emenda Presidente da República de
Constitucional nº 14, de 1995, que instituiu o Fundo de 09.01.2001-VETOS DO PNE.
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Acesse o site:
de Valorização do Magistério. Considerou ainda realizações https://www.planalto.
anteriores, principalmente o Plano Decenal de Educação
gov.br/ccivil_03/Leis/Mensagem
_Veto
para Todos, preparado de acordo com as recomendações da
/2001/Mv0009-01.htm
reunião organizada pela UNESCO e realizada em Jomtien,
na Tailândia, em 1993. Além deste, os documentos
resultantes de ampla mobilização regional e nacional que
foram apresentados pelo Brasil nas conferências da
UNESCO constituíram subsídios igualmente importantes
para a preparação do documento. Várias entidades foram
consultadas pelo MEC, destacando-se o Conselho Nacional
de Secretários de Educação - CONSED e a União Nacional
dos Dirigentes Municipais de Educação - UNDIME.

O PNE tramitou por várias instâncias até a aprovação do texto final –


aprovado em 09 de janeiro de 2001, promulgado como Lei nº 10.172/
2001pelo então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.
Desde a proposta inicial, elaborada a partir de 1998, nos congressos
nacionais da educação e ainda contando com a participação de educadores,
profissionais da educação, estudantes, pais de alunos dentre outros. Embora
registra-se mais uma vez na história brasileira que apesar de toda a
participação e mobilização do povo nota-se que os interesses majoritários
do Congresso Brasileiro ou do Governo aprovam, como texto final, o que
lhes convém. Para saber mais sobre essa discussão leia o artigo “PNE: Plano
Nacional de Educação ou Carta de Intenção?” Do Deputado Ivan Valente e
do Prof. Dr. Roberto Romano, que está Disponível em
http://www.scielo.br/scielo.php .
Mesmo sendo aprovado o texto, segundo as intenções do
Congresso Nacional, cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
com base nesta Lei, elaborem seus planos decenais correspondentes.
Ficando ainda a União, em articulação com os Estados, o Distrito Federal, os
municípios e a sociedade civil, responsáveis por proceder à avaliação
periódica da implementação do referido Plano Nacional de Educação,
cabendo ao Poder Legislativo, por intermédio das Comissões de Educação,
Cultura e Desporto da Câmara dos Deputados e da Comissão de Educação
do Senado Federal acompanhar a execução do referido plano,
responsabilidade essa também da sociedade civil brasileira.
O que se deduz é que a luta da sociedade brasileira precisa
continuar articulada e participando de construções de propostas e projetos
que possam transformar a realidade brasileira a favor de todos nós.

59
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

Movimentos sociais, diagnóstico da realidade, dos problemas da educação


brasileira além da leitura crítica das proposições advindas dos governos
precisam ser entendidos, valorizados e viabilizados.
Já é do conhecimento dos educadores e da sociedade civil
organizada que é antiga a vontade popular da elaboração de um Plano
Nacional de Educação para definir a intervenção plurianual do Poder Público
e da sociedade, assim como sabemos ser exigência de relevantes segmentos
sociais do nosso País, agora que temos a Lei nº. 10.172/2001, que aprova o
PNE, doze anos depois de promulgada a Constituição Federal, quando surge
a norma Legislativa posta no seu artigo 214 e requerida pela LDB 9394/96.
Já registramos também que o projeto do PNE surgiu do Fórum
Nacional em Defesa da Escola Pública, com a entrada em 10 de fevereiro de
1998, na Câmara dos Deputados, de um projeto elaborado coletivamente
por educadores, estudantes, pais, profissionais da educação nos Congressos
Nacionais de Educação I e II (CONEDS), daí o plano ter ficado conhecido
como PNE da Sociedade Brasileira.

É preciso assinalar que um plano da magnitude do PNE deve


ser assumido pelo Poder Público, especialmente pelo
Congresso Nacional, como tarefa de Estado. Ele não pode ser
reduzido às "razões" de governos que agem para conquistar
vitórias conjunturais, em proveito de seus interesses
imediatos. (VALENTE; ROMANO, 2002)

Registramos, com o histórico apresentado acima, que de um lado


tínhamos um projeto democrático e popular, expresso na proposta da
sociedade e de outro o entendimento de um plano que expressava a política
vigente.
O nosso entendimento precisa ser o de busca de fortalecimento da
escola pública de qualidade para todos e a democratização da gestão
educacional, como eixo da universalização da educação básica. Daí
entendermos que propor objetivos, metas e estratégias e meios ousados
requer, antes de tudo, a ampliação de gastos públicos para a manutenção e
desenvolvimento do ensino público.
Os autores Valente e Romano (2002) apresentam críticas ao Plano,
quanto ao seu fundamento, entendendo que ele se submete às imposições
advindas de política do capital financeiro internacional impostas pelo Banco
Mundial ao MEC conforme os exemplo do que eles chamaram de
“detalhismo e generalismo ambíguo”. Veja:

Detalhismo, ao se intensificar a centralização da política


educacional, como na meta oito: "assegurar que, em três
anos, todas as escolas tenham formulado seus projetos
pedagógicos, com observância das Diretrizes Curriculares
para o ensino fundamental e dos Parâmetros Curriculares
Nacionais";

60
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

Generalismo ambíguo na ausência de definição de prazo e


meios, ao retardar a sua implementação, como na meta 20:
"eliminar a existência, nas escolas, de mais de dois turnos
diurnos e um turno noturno, sem prejuízo do atendimento da
demanda".

Tomando como base de análise o que dispõe a Constituição no seu


artigo 214, o plano deve visar à articulação e ao desenvolvimento do ensino
em seus diversos níveis e a integração das ações do Poder Público que
conduzam à sua viabilização. Os referidos autores apresentam, no quadro
comparativo dos objetivos do PNE na Constituição, versus Lei aprovada, o
que se refere a distância entre o Plano e o que o país precisa.

4.2 O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E AS METAS PROPOSTAS PARA


A DÉCADA DA EDUCAÇÃO- 2001-2011.
PARA REFLETIR
Observe, na tabela a seguir, algumas diferenças entre objetivos da
Constituição e do Plano.
Atividades e ações de
erradicação do analfabetismo
começaram a existir com o
Programa Comunidade
Solidária, ocasião também que,
com a sanção da Lei 9424/96
que cria o FUNDEF, foram
vetadas ações para a
manutenção e
desenvolvimento do ensino de
jovens e adultos, questão já
Falta ênfase no item: erradicar o analfabetismo, como objetivo do resolvida com a Lei nº.
plano, aliás, simplesmente ele desaparece, o que se nota é um descaso dos 11.494/2007 que cria o
legisladores diante de uma das dívidas sociais brasileiras com os brasileiros, FUNDEB.
Vale a pena você ler essa duas
embora vale lembrar que há explicações para a contemplação do aspecto na leis.
seção que trata da EJA, quando metas que indicam a tarefa do combate ao
analfabetismo são contempladas, embora sem definir meios para
concretização.
Analisando outros aspectos do plano, também neste sentido, a
Universalização do atendimento escolar chega a ser substituído por elevação
global do nível de escolaridade da população, o que parece diminuir a
finalidade, à época, do Plano.
Quanto ao tema “financiamento da educação” no PNE, ficou
estabelecido a elevação para 7% do PIB como meta a ser atingida na década
de validade do plano.
Vamos comparar com atenção aspectos do texto legal aprovado e o
texto do projeto da sociedade brasileira.
Vejam as Diretrizes Gerais no PL nº. 4155/98 em comparação com
os objetivos e prioridades, item 2, da Seção I – Introdução do PNE aprovado –
Lei nº. 10172/2001 originária do Projeto de Lei nº. 4.173/98.

61
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

62
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

Outros aspectos conclusivos apresentados pelos autores precisam


ser considerados no nosso estudo:
PARA REFLETIR
O PNE aprovado pelo Congresso, assim como a LDB e a
legislação educacional, aprovadas sob a égide do pacto
conservador que atualmente controla o governo brasileiro,
traduzem a compreensão de que a política educacional deve
ser concebida e praticada hostilizando-se o pensamento, as E agora, como podemos fazer
reivindicações, os anseios da comunidade escolar. Mais do uma nova leitura após
que isso, essa orientação materializa no Brasil a política do mudança de governo e
Banco Mundial para os países subdesenvolvidos. passado quase uma década da
votação do PNE?
Neste sentido e até por isso, o PNE, como lei de conjunto não
Faça uma análise sobre em que
contempla as propostas e reivindicações dos setores
medida os objetivos e as metas
democráticos e populares da sociedade. Ele é uma espécie
propostas pelo PNE vêm sendo
de salvo-conduto para que o governo continue alcançadas no seu município.
implementando a política que já vinha praticando. Para fazer essa análise, leia
(VALENTE e ROMANO, 2002) todo o plano e, em seguida,
procure o gestor educacional
Apresentamos as críticas e ponderações sobre o PNE feitas pelos do seu município e converse
com ele sobre o assunto.
autores citados e embasadas em outros tantos atores do poder público e
representantes da sociedade civil. Porém apesar das críticas apresentadas,
percebemos o PNE como um avanço significativo na construção de políticas
públicas para os brasileiros.
É preciso que o PNE seja amplamente discutido nos cursos de
formação de professores e nas redes de ensino, já que se constitui em um dos
principais pilares da política educacional brasileira.
Assim, focando nossa discussão nos objetivos e metas determinados
pelo próprio PNE, com o intuito de propiciar a você as analises e as
perspectivas para o seu cumprimento, acreditamos contribuir para melhor
formar a sua consciência crítica.
Queremos aqui, destacar os objetivos e prioridades segundo o PNE:

1. a elevação global do nível de escolaridade da população;


2. a melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis;
3. a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante DICAS
ao acesso e à permanência, com sucesso, na educação
pública e a democratização da gestão do ensino público, nos
estabelecimentos oficiais, obedecendo aos princípios da
participação dos profissionais da educação na elaboração do
Conheça o relatório: “O PNE e
projeto pedagógico da escola e;
a Avaliação de Políticas
4. a participação das comunidades escolar e local em Públicas pelo Congresso
conselhos escolares ou equivalentes (BRASIL, PNE, 2001). Brasileiro”. Artigo da
Consultoria Legislativa- Câmara
Fazendo cumprir o dever constitucional com base nas necessidades dos Deputados. Disponível em
http://apache.camara.gov.br
sociais, e considerando as limitações impostas pelos recursos financeiros e /portal/arquivos/camara/interne
pela capacidade de responder ao grande desafio de oferecer uma educação t/pública
compatível, na extensão e na qualidade, à dos países desenvolvidos é que
este plano estabelece as seguintes prioridades:

63
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

1. Garantia de ensino fundamental obrigatório de oito anos a


todas as crianças de 7 a 14 anos, assegurando o seu ingresso e
permanência na escola e a conclusão desse ensino.
2. Garantia de ensino fundamental a todos os que a ele não
tiveram acesso na idade própria ou que não o concluíram.
3. Ampliação do atendimento nos demais níveis de ensino.
4. Valorização dos profissionais da educação.
5. Desenvolvimento de sistemas de informação e de
avaliação em todos os níveis e modalidades de ensino.
(BRASIL, PNE, 2001)

O Plano Nacional de Educação define:

1. as diretrizes para a gestão e o financiamento da educação;


2. as diretrizes e metas para cada nível e modalidade de
ensino e;
3. as diretrizes e metas para a formação e valorização do
magistério e demais profissionais da educação, nos próximos
dez anos. (BRASIL, PNE, 2001)

Notamos nessas diretrizes a preocupação com a adequação às


especificidades locais e definição de estratégias adequadas a cada
circunstância que marcará a elaboração de planos estaduais e municipais.
Daí objetivarmos a reflexão da importância social e política do PNE
e da LDB. 9394/96, enquanto instrumentos que norteiam a educação
brasileira. Para conhecer suas principais determinações e implicações legais,
compreendendo a organização para o funcionamento da educação
nacional, a partir das ações articuladas entre as três esferas de governo e a
sociedade, é preciso tomar como base um diagnóstico local/real, realizado
pelos agentes/atores. Os princípios de equidade e inclusão são elementos
capazes de se tornar instrumento de redução das desigualdades e das
discriminações sofridas.
Além da LDB e do PNE, o Plano de Desenvolvimento da Educação
– PDE e o Plano de Ações Articuladas – PAR são referências nacionais que
possibilitam a articulação entre os entes federados para fazer cumprir as
políticas públicas brasileira na atualidade.

4.3 O PNE E A VISÃO SISTÊMICA DO PDE

O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (2007), afirma


que os mais diferentes setores sociais: dos trabalhadores aos empresários,
dos professores aos alunos, das escolas privadas às escolas públicas, em todas
as regiões, têm reconhecido a consistência das políticas públicas voltadas
para a educação: PROUNI, Universidade Aberta - UAB, FUNDEB, Piso
Salarial Nacional do Magistério, IDEB, REUNI, IFET, entre outras iniciativas.
Muito já foi feito e muito mais temos que fazer.

64
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

O PDE oferece uma concepção de educação alinhada aos


objetivos constitucionalmente determinados à República PARA REFLETIR
Federativa do Brasil. Esse alinhamento exige a construção da
unidade dos sistemas educacionais como sistema nacional –
o que pressupõe multiplicidade e não uniformidade. Em a) territorialidade: Condição do
seguida, exige pensar etapas, modalidades e níveis que faz parte do território de
educacionais não apenas na sua unidade, mas também a
um Estado. Limitação da força
imperativa das leis ao território
partir dos necessários enlaces da educação com a ordenação
do Estado que as promulga.
do território e com o desenvolvimento econômico e social,
b) desenvolvimento: é um
única forma de garantir a todos e a cada um o direito de
processo dinâmico de
aprender até onde o permitam suas aptidões e vontade.
melhoria, que implica uma
(BRASIL, MEC, PDE, s/d) mudança, uma evolução,
crescimento e avanço.
Compreendemos o PDE como uma possibilidade de ser mais do Crescimento; propagação.
(HOLANDA, 1986)
que a tradução instrumental do PNE. c) regime de colaboração: A
Ao analisar a relação do PDE com o PNE, enquanto norma legal, fica Constituição de 1988 no artigo
claro que o PDE pretende ser mais do que um instrumento ou plano 211 estabelece que a União,
estados e municípios
executivo que traduz o PNE. Este plano estabelece um conjunto de organizarão, em regime de
programas que visam dar consequência e encaminhamento às metas colaboração, os seus sistemas
quantitativas estabelecidas no PNE. Ao apresentar um bom diagnóstico dos de ensino. Ou seja, esse
regime significa organizar a
problemas educacionais, deixa em aberto a questão das estratégias e ações a educação em âmbito nacional
serem executadas no sentido de garantir a melhoria da qualidade da e, portanto, um sistema
educação. Ressaltamos que é notória a visão sistêmica da educação, a nacional de educação.
(SAVIANI, 1997)
concepção vigente e de inter-relação entre os níveis e modalidades d) responsabilização: obrigação
educacionais bem como o contexto do ordenamento territorial e do de membros de um órgão
desenho econômico e social, que garante uma unidade geral à Nação administrativo ou
representativo de prestar
Brasileira. contas a instâncias
O PDE pretende na sua concepção vencer as falsas oposições que controladoras ou a seus
representados. (HOLANDA,
projetaram a educação brasileira tais como: educação básica x educação
1986)
superior; educação básica x níveis da educação infantil, ensino fundamental e) mobilização social: Processo
e médio; ensino médio x educação profissional; alfabetização x EJA; dinâmico e permanente de
envolvimento, de construção e
educação regular x educação especial (BRASIL, MEC, PDE, s/d)
mudança de valores e atitudes
Dentre as razões e princípios do PDE vale destacar a concepção de e de engajamento de pessoas e
educação que inspira este plano, no âmbito do MEC. Essa se volta para uma grupos sociais. A Mobilização
Social é um processo educativo
visão sistêmica da educação, que promove a participação
(empoderamento) de muitas e
Visão sistêmica implica, portanto, reconhecer as conexões diferentes pessoas (irradiação)
intrínsecas, entre educação básica, educação superior, em torno de um propósito
educação tecnológica e alfabetização e a partir dessas
comum (convergência). (LINO,
2008).
conexões, potencializar as políticas de educação, de forma a
que se reforcem reciprocamente. (BRASIL, MEC, PDE, s/d)
Disponível em
www.museudapessoa.net/umm
A Educação é definida constitucionalmente como direito de todos e ilhao/.../mobilizacaosocial.pdf
dever do Estado e da família. Responsabilizar a classe política e mobilizar a
sociedade como condições indispensáveis da existência e execução de um
plano de desenvolvimento da educação é também dever de todos nós. Daí,
responsabilização e mobilização social serem evidentes nos propósitos deste
Plano. Elencaremos os seis pilares em que se sustentam o PDE:

65
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

Ÿ visão sistêmica da educação,


Ÿ territorialidade,
Ÿ desenvolvimento,
Ÿ regime de colaboração,
Ÿ responsabilização e
Ÿ mobilização social (BRASIL, MEC, PDE, s/d)

Outro aspecto a ser considerado e de suma importância para quem


espera conquistar avanços no país pelos ideais da nossa constituição
brasileira é que ao organizar o nosso território sob a forma federativa,
organizou ainda as competências da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos municípios em matéria educacional. E aí cabe a análise, de fato, de que
os propósitos do PDE tornam o regime de colaboração um imperativo
necessário, significando compartilhamento de competências políticas,
técnicas e financeiras para a execução de programas de manutenção e
desenvolvimento da educação de forma a exigir a atenção dos entes
federados sem ferir-lhes a autonomia. (BRASIL. MEC, PDE, s/d)
Ao analisar o mandamento constitucional, segundo o qual a União
deve exercer função distributiva e supletiva, de forma a garantir equalização
de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino,
mediante assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e
aos municípios, nota-se que, a partir do PDE, pode garantir maiores
compromissos, inclusive financeiros através de instrumentos eficazes de
avaliação e de implementação de políticas de melhoria da qualidade da
educação. Ressaltamos que, na Educação Básica Pública, ações significativas
já estão sendo concretizadas entre os entes federativos através do PAR.

4.3.1 O Plano de Desenvolvimento da Educação, o Compromisso “Todos


pela Educação” e as Ações Articuladas dos entes federados.

4.3.1.1 O PDE e o caminho para a construção do Sistema Nacional de


Educação

Descrevemos, no item anterior, nossas considerações acerca da


visão sistêmica da educação e a concretização de preceitos legais vigentes
para a nossa educação, mais precisamente para a educação básica, objeto
de estudo nessa nossa disciplina: Estrutura e Funcionamento do Ensino.
Agora queremos analisar o caminho que se pode construir a partir desta
visão para a consolidação da construção de um Sistema Nacional da
Educação, possibilitando ainda o rompimento com a visão fragmentada da
educação, sem disputa entre etapas, modalidades e níveis educacionais e
que gera incoerência e ausência de articulação de todo sistema.

66
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

Quando consideramos o caminho possível para a construção


de um Sistema Nacional de Ensino, estamos fazendo não
apenas pela análise de organização em eixos norteadores
como elos de aliança que se reforçam, mas também pelos
pilares que se fixam e seus suportes institucionais: Sistema
Nacional de avaliação, Sistema Nacional de formação de
professores e regime de colaboração e ainda duas
considerações que se entrelaçam: financiamento e
autonomia. (BRASIL, MEC, PDE, s/d)

Para explicar a afirmação anterior vamos recorrer a outro trecho do


PDE – MEC – Brasil.

Estudiosos da educação, em especial economistas, têm


defendido a tese de que o Brasil não precisa ampliar os
investimentos em educação como proporção do Produto
Interno Bruto. Alegam que o patamar atual, de 4%,
aproxima-se da média dos países desenvolvidos, o mesmo
valendo para a relação entre o investimento na educação
básica e o investimento na educação superior, de cerca de
quatro para um. Esta abordagem, contudo, perde de vista
dois aspectos: nosso baixo PIB per capita e nossa elevada
dívida educacional. Se quisermos acelerar o passo e superar
um século de atraso no prazo de uma geração, não há como
fazê-lo sem investimentos na educação da ordem de 6% a
7% do PIB. Neste esforço, que deve ser nacional, o PDE,
considerada a complementação da União ao FUNDEB,
acrescenta, a partir do quarto ano de seu lançamento, R$ 19
bilhões anuais ao orçamento do Ministério da Educação, ou
0,7% do PIB, apenas como contrapartida federal [...].
(BRASIL, MEC, PDE, s/d).
O regime de colaboração deve prever o aumento das
transferências automáticas de recursos às escolas e às redes
educacionais que demonstrem capacidade de avançar com
suas próprias forças e o aumento das transferências de
recursos condicionado à elaboração e ao cumprimento de
um plano de trabalho para as escolas e as redes educacionais
que necessitem de apoio técnico e financeiro. Deve-se
equalizar as oportunidades educacionais pelo aumento do
financiamento, diferenciando-se apenas o caráter do apoio,
de modo a garantir a ampliação da esfera de autonomia das
escolas e das redes educacionais. (BRASIL, MEC, PDE, s/d)

4.3.2 O PDE enquanto Programa de Ação: PARA REFLETIR

Apresentaremos, de forma bastante didática e resumida, os quatro


eixos norteadores que compõem o PDE enquanto plano executivo – um dos
Você concorda que um dos
elementos conceituais que determinam a formulação do PDE, daí os seus objetivos da educação pública
programas estarem organizados em termo de educação básica, educação é promover autonomia?
Para você o que significa
superior, educação profissional e alfabetização, dentro da concepção da
autonomia?
educação que já discorremos anteriormente.

67
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

O nosso compromisso de educador nos impõe destacar aqui


aspectos relevantes de cada eixo. Apresentaremos os quatro eixos, mas
vamos nos ater ao primeiro eixo por se tratar da Educação Básica, objeto de
estudo da nossa disciplina.
Conheça a metodologia PDE Escola. Visite o site do MEC.

I - Educação básica, com seus respectivos colóquios:


Ÿ Formação de professores e piso salarial nacional.
Ÿ Financiamento: Salário Educação e FUNDEB.
Ÿ Avaliação e Responsabilização: O IDEB
Ÿ O Plano de metas: Planejamento e gestão educacional.
II - Educação Superior
Ÿ Reestruturação e Expansão das diversidades federais:
REUNI e PNAES
Ÿ Democratização do Acesso: PROUNI e FIES
Ÿ Avaliação como base de regularização: SINAE
III – Educação Profissional tecnológica:
Ÿ Educação Profissional e Educação Científica: O IFET
Ÿ Normatização
Ÿ EJA Profissionalizante
IV – Alfabetização, Educação Continuada e Diversidade.
(BRASIL, MEC, PDE, s/d)

4.3.3 Formação de Professores e Piso Salarial Nacional

Dentre os pontos principais do PDE está a formação de professores


e a valorização dos profissionais da educação. Primeiro é preciso registrar
que houve distinção em relação a estes profissionais com a criação do Piso
Salarial Nacional, única categoria profissional com piso constitucionalmente
assegurado, além do comprometimento determinante da União com a
formação de professores para os sistema públicos de educação básica
através da Universidade Aberta do Brasil –UAB.
A UAB e o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
–PIBID, ao estabelecer uma relação permanente entre educação superior e
educação básica pôde representar o início de um sistema Nacional Público
de formação de professores, inclusive com a Fundação Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior- CAPES-assumindo uma
responsabilidade que sempre foi sua. Os polos presenciais da UAB, a
exemplo do curso de vocês, é resultado de acordos de cooperação entre os
entes federados e as universidades públicas, acolhendo professores sem
formação superior ou garantindo formação continuada aos que já estão
graduados. Eis aqui também um exemplo que as diretrizes e os objetivos do
PNE abrangem: “Ampliar, a partir da colaboração da União, dos estados e
dos Municípios, os programas de formação em serviço que assegurem a
todos os professores a possibilidade de adquirir a qualificação mínina
exigida pela LDB, observando as diretrizes e os parâmetros curriculares” e

68
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

desenvolver programas de educação a distancia que possam ser utilizados


também em cursos semipresenciais modulares, de forma a tornar possível o
cumprimento da meta anterior. No caso do PIBID, há a oferta de bolsas de
iniciação à docência, aos licenciados de cursos presenciais que se dediquem
ao estágio nas escolas públicas e que se comprometam com o exercício do
magistério na rede pública, uma vez graduados nas áreas de física, química,
biologia e matemática, prioritariamente.(BRASIL, PDE-Razões e Princípios,
s/d )

4.3.4 Financiamento da Educação

Acreditamos que um grande passo na construção de uma política


financeira para o país, na área da educação, foi dado no inicio da década de
80 quando, pela Emenda Calmon, a Constituição Federal estabeleceu um
patamar de gastos em educação mediante a vinculação de, no mínimo, 25%
das receitas dos estados e municípios e de 18% das receitas da união. Com
essa obrigatoriedade, a educação, embora contando com um montante
significativo de recursos disponíveis, nem todas as mudanças aconteceram,
especialmente as do ponto de vista qualitativos, embora já fosse previsto
por alguns legisladores, de 1972/88.
A Educação Básica, no aspecto de Valorização dos Profissionais da
Educação, com a implantação do FUNDEB, busca uma das respostas mais
esperadas, com base na gestão compartilhada entre a União, os Estados , o
Distrito Federal e os Municípios.
Embora na forma de um fundo contábil, o FUNDEB traz no seu bojo
não somente a alocação de recursos financeiros no ensino, mais que isto,
traz a possibilidade da concretização de uma luta histórica, de um sonho de
educadores comprometidos com uma formação qualificada para nossas
crianças, jovens e adultos. Esta é uma historia que remonta aos tempos de
Anísio Teixeira, liderando o Manifesto dos Pioneiros em 1932; o Professor
Florestan Fernandes na campanha a favor da escola pública, laica, gratuita e
de qualidade, na década de 50, ao lado de tantos outros educadores que
fizeram a historia da educação brasileira. Dificilmente será possível aos
brasileiros e brasileiras exercerem plenamente a sua cidadania sem a
garantia da elevação de seu nível cultural e de uma escolaridade básica
qualificada (DELGADO, 2006).
A garantia da educação básica pública – cuja responsabilidade cabe
aos Estados, Distrito Federal e Municípios, com a participação suplementar
da União, conforme prevê a Constituição Federal de 1988 - constitui um dos
grandes desafios esperados da política brasileira, sobretudo no que se refere
às ações de inclusão social. O que ainda se espera é que com a implantação
do FUNDEB haja a redução das diversas formas de desigualdades
educacionais existentes nesta grande Nação, equidade na distribuição dos
recursos disponíveis no âmbito dos Estados, Distrito Federal e Municípios e

69
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

maior participação federal no repasse de recursos financeiros, de forma a


contribuir para elevar as estatísticas quantitativas e qualitativas nos diversos
âmbitos da educação.

4.3.5 O que é o FUNDEB?

O FUNDEB foi criado pela Emenda Constitucional n 53/2006 e


regulamentado pela Lei n 11.494/2007 e pelo Decreto n 6.253/2007, em
substituição ao Fundef, que vigorou de 1998 a 2006. Trata-se de fundo
especial, de natureza contábil e de âmbito estadual., com vigência prevista
para o período 2007/2020, tendo sua implantação iniciada em 1º de
Janeiro de 2007 e concluída no terceiro ano de vigência.
O FUNDEB é calculado sobre as seguintes fontes de impostos e de
transferências constitucionais:
Ÿ Fundo de Participação dos Estados (FPE)
Ÿ Fundo de participação dos Municípios (FPM)
Ÿ Imposto sobre Circulação de Mercadorias e sobre prestação de
Serviços (ICMS)
Ÿ Imposto sobre os Produtos Industrializados, proporcional às

DICAS exportações (IPIexp)


Ÿ Imposto sobre transmissão causa mortis e doações de quaisquer
bens ou direitos (ITCMD)
Ÿ Imposto sobre a propriedade de Veículos Automotores (IPVA)
Conheça o Anexo da Lei Ÿ Impostos sobre a propriedade Territorial Rural (cota-parte dos
11494/2007: nota explicativa. Municípios) (ITRm)
Esta nota explica como são
feitos os cálculos para a Ÿ Recursos relativos à desoneração de exportações de que trata a
distribuição dos recursos do LC nº 87/96
Fundeb.
Ÿ Arrecadação de impostos que a União eventualmente instituir
Conheça também o Decreto n
6.253,de 13 de novembro de no exercício de sua competência (cotas- partes dos Estados, Distrito Federal
2007, que dispõe sobre o e Municípios)
FUNDEB e regulamenta a Lei
11494 de 20 de junho de Ÿ Receita da dívida ativa tributária, juros e multas relativas aos
2007 e dá outras providências impostos acima relacionados.
(operacionalização dos
Além desses recursos, originários dos entes estaduais e municipais,
FUNDOS).
Disponível em recursos federais também integram a composição do FUNDEB, a título de
www.fnde.gov.br complementação financeira, com o objetivo de assegurar o valor mínimo
Após ler os documentos,
nacional por aluno/ano a cada Estado ou Distrito Federal, em que este limite
procure saber qual o valor
mínimo nacional por aluno/ano mínimo não for alcançado com os recursos dos próprios governos (BRASIL,
vigente. FUNDEB, Manual de Orientação-2009).

70
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

4.3.6 Utilização dos recursos pelos Estados, Distrito Federal e


Municípios:

É do nosso conhecimento que os recursos do FUNDEB só podem


ser empregados exclusivamente em ações de manutenção e de
desenvolvimento da educação básica, especialmente na valorização do
magistério, devendo ser utilizado na aplicação da seguinte forma: Parcela
mínima de 60% do FUNDEB destinada à remuneração dos profissionais do
magistério em efetivo exercício na educação básica pública, com vínculo
tanto permanente quanto temporário, tanto do regime celetista quanto do
regime jurídico específico do ente governamental. São considerados
profissionais do magistério: os professores e os profissionais que exercem as
atividades de suporte e assessoramento pedagógico à docência; direção ou
administração escolar, planejamento, inspeção, supervisão, orientação
educacional e coordenação pedagógica.
Ÿ Parcela de até 40% do Fundo: Garantida a exigência mínima de
60% para a remuneração do magistério, os recursos restantes (de até 40%do
total) devem ser direcionados para despesas diversas que são consideradas
como de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE), realizadas na
educação básica, conforme previsto no artigo 70 da LDB 9.394/96,
observando ainda os níveis de atendimento por ente governamental:
Ÿ Municípios: despesas com MDE no âmbito da Educação Infantil
e do ensino fundamental.
Ÿ Estados: despesa com MDE no âmbito dos ensinos fundamental
e médio.
Ÿ Distrito Federal: despesas com MDE no âmbito da educação
Infantil e dos ensinos fundamental e médio.

4.3.7 Avaliação e responsabilização: O IDEB

O PDE traz nas alterações feitas na avaliação da educação brasileira


um novo conceito, a responsabilização, e decorrente deste a mobilização
social. Até 2005 o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) era
apenas um exame aplicado a cada dois anos, a uma amostra de alunos de
cada estado, acompanhado de um questionário.
Em 2005 o SAEB foi reformulado, a partir da realização da primeira
avaliação universal da educação básica pública. Com a Prova Brasil, e com a
adesão dos estados e municípios, alunos da 4ª à 8ª série das escolas públicas
urbanas realizaram as provas e puderam mostrar seu desempenho em
Língua Portuguesa e Matemática. Com isso os dados do SAEB passaram a ser
divulgados por rede e por escola, o que pode indicar responsabilização de
todos os envolvidos: comunidade, pais, professores, dirigentes e
governantes. Neste caso, responsabilização e mobilização social fazem da

71
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

escola cada vez mais pública e não apenas estatal. Bons resultados são
associados a boas práticas e as insuficiências poderão ser enfrentadas de
forma mais efetiva e específica. A Prova Brasil confirmou a existência de
desigualdades regionais, mesmo em redes ou sistemas comuns. Bem como a
ideia de combinar os resultados de desempenho escolar (PROVA BRASIL) e
os resultados de rendimento escolar (fluxo apurado pelo censo escolar) num
único indicador de qualidade: o Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica (IDEB) que se constitui numa sistemática que impôs inclusive
mudanças na realização de censo escolar, o que permitiu que os dados do
fluxo fossem dados individualizados sobre promoção, reprovação e evasão
escolar de cada estudante brasileiro. Brasil, programa educacenso (2006)
Interessante é que, com a Prova Brasil e o EDUCACENSO havia as
condições para a criação do IDEB expresso numa escala de Zero a 10. Com a
criação do IDEB, calculado por escola, por rede e para o próprio Pais foi
possível fixar metas de desenvolvimento educacional de médio prazo para
cada instância, com metas intermediarias de curto prazo que possibilitam
visualização e acompanhamento da reforma qualitativa dos sistemas
educacionais, conforme descrito no PDE-BRASIL (s/d). O IDEB calculado
para o país, com base na radiografia em 2005, relativo aos anos iniciais, foi
de 3,8 contra uma média estimada dos países desenvolvidos de 6,0 que
passa a ser a meta nacional para 2021. Uma das metas é alcançar a média
dos países integrantes da Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE), no ano em que o BRASIL completará
200 anos de sua independência.Interessante é que o IDEB, ao permitir
identificar as redes e as escolas públicas com maior necessidade de
assistência técnica e ou financeira, com base em critérios objetivos,
permitirá o cumprimento mais justo do art.211 da CF quando esta
estabelece que “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
organizarão, em regime de colaboração, seus sistemas de ensino”. Cabe à
União exercer, ”em matéria educacional, função redistributiva e supletiva,
de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão
mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios” (CF, art. 211, § 1º).

PARA REFLETIR
4.3.8 O Plano de Metas: Planejamento e Gestã Educacional
Você se lembra de ter feito ou
aplicado provas do SAEB Instrumentos jurídicos se fizeram necessários para o
e agora a PROVA BRASIL?
relacionamento entre os entes federados para cumprir o regime de
Você conhece o IDEB da sua
escola e de seu município? cooperação. Surgem os Planos de Ações Articuladas (PAR): em 2006, após a
Se você tem resposta para divulgação dos resultados da Prova Brasil, o MEC fez realizar nas escolas e
essas questões, apresente-as
redes de ensino, em parceria com organismos internacionais, um estudo das
aos seus colegas. Se não tem,
faça uma pesquisa e comente experiências e boas práticas as quais poderiam ser atribuídas ao bom
com seus colegas. desempenho dos alunos, consideradas as variáveis sócio-econômicas. Essas
práticas foram traduzidas em 28 diretrizes que orientam as ações do Plano

72
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

de Metas e Compromisso. Todos pela Educação, programa estratégico do


PDE. (BRASIL, Decreto, 6.094/2007)
Fechando as nossas considerações, vale destacar a ideia das
conferências como espaço social de discussão da educação brasileira e de
articulação dos diferentes agentes institucionais da sociedade civil e dos
governos, em favor da construção de um projeto nacional de educação e de
uma política de estado. Podemos afirmar que esta iniciativa representa um
dos possíveis caminhos de busca para construção de uma escola pública
eficaz para todos os brasileiros. E, ao fazer a leitura do PDE e de suas
possíveis articulações, percebemos a mobilização social como espaço de
poder para a elaboração e avaliação de diretrizes para a construção de um
sistema nacional de educação que promova a efetiva cooperação entre os
âmbitos federal, estadual e municipal da educação brasileira, desde a pré-
escola até a pós-graduação.
A coordenação dessas conferências é de responsabilidade primeira
do Ministério da Educação em parceira com a Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência – SBPC, a exemplo da CONAE 2010, que será a
próxima conferência nacional de educação.
Francisco das Chagas Fernandes - Secretário executivo adjunto do
MEC e coordenador da comissão organizadora nacional da CONAE, por
ocasião do lançamento da CONAE 2010, assim pronuncia: “‘Nossa
pretensão é fazer uma discussão sobre o sistema educacional de educação
de forma articulada, e determinar que diretrizes a sociedade brasileira, não
só o MEC, deve considerar para a construção desse sistema” (Matéria
publicada na edição 642 do ‘jornal da ciência’- SBPC-23.abril.2009-
A CONAE será precedida por conferências municipais ou
intermunicipais e conferências estaduais e do Distrito Federal; e os debates
serão orientados por um documento-referência, que será elaborado pela
comissão organizadora nacional.
Já que a pretensão é tratar a educação de forma articulada, em que
haja uma cooperação entre União, Estados e Municípios para desenvolver a
Educação Brasileira, é preciso que entendamos que não se trata de um
sistema único, a exemplo do que existe na saúde, para esclarecer o assunto:

[...] Quando falamos em sistema articulado não queremos


dizer um sistema único de educação. As pessoas acham que
estamos tratando da mesma coisa que o SUS (Sistema Único
de Saúde), mas não é isso [...]. Francisco Das Chagas
Fernandes (lançamento da CONAE 2010-Brasília-
23.04.2009)

Ele ressalta ainda a importância da CONAE em ser uma instância


que discute a educação como um todo ‘com a participação de todos’.

73
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

Dentre outros objetivos da conferência, o de elaborar conceitos,


diretrizes e estratégias nacionais para a efetivação do sistema nacional
articulado da educação, a CONAE pretende ainda integrar todos os níveis da
educação.
A mobilização dos educadores, em articulação com os movimentos
sociais, a partir do conhecimento da realidade, das demandas, da
apresentação de expectativas globais e diversificadas de propostas e
projetos, continuará sendo o caminho mais emergente e profícuo para a
continuidade da luta por uma escola pública, gratuita, democrática e de
qualidade para todos no Brasil.
Os debates previstos na CONAE terão como tema central:
“Construindo o sistema nacional articulado de educação, o PNE, diretrizes e
estratégias de ação” e as discussões serão organizadas em torno de seis eixos
temáticos:
Ÿ Democratização do acesso, permanência e sucesso escolar;
Ÿ Papel do Estado na garantia do direito a educação: organização
e regulação da Educação Nacional;
Ÿ Qualidade e Avaliação da Educação Nacional;
Ÿ Formação e valorização dos trabalhos em educação
e financiamento da educação; gestão democrática;
Ÿ Fortalecimento Institucional das Escolas e dos Sistemas de
Ensino;
Ÿ Justiça Social e Educação: Inclusão, Diversidade e Promoção da
Igualdade Social.
Ainda sobre a conferência, vale registrar as considerações do
representante da SBPC na CONAE, Nelson Maculam, (2009) quando diz
que: a conferência tem grande importância por ser inédita no formato e na
amplitude, englobando discussões que vão desde a creche até o pós-
doutorado [...] o país ainda tem uma educação básica muito ruim; e mesmo
a pós-graduação, que é boa, alcança pouca gente. É preciso discutir um
pacto federativo em favor da educação, no qual seja revisto o papel dos
prefeitos e governadores. Aqui, no Brasil joga-se tudo em cima de Brasília,
como se o Governo Federal fosse o culpado de tudo, e não é verdade. “As
prefeituras e governos estaduais têm que se responsabilizarem pela
educação básica “. Maculam (2009)
Participe você também dos espaços de construção da história da
educação brasileira na sua estrutura e funcionamento, e ainda fazendo parte
de momentos democráticos de participação e definição dos rumos da
educação neste século.

74
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

Se você é um representante da sociedade civil, um agente público,


um membro de entidade de classe, um professor ou gestor, ou simplesmente
um estudante cidadão, ou ainda pai ou mãe, ou responsável por aluno você
poderá participar não apenas da CONAE 2010, mas de todos os espaços de
ações colegiadas ou de mobilização social, tanto a exemplo dos conselhos
escolares quanto dos espaços das grandes conferências nacionais.
Concluindo, precisamos que você, na condição de acadêmico de
um curso superior de licenciatura, compreenda que toda a discussão que
fizemos sobre a estrutura e funcionamento do ensino brasileiro não
cumprirá a sua missão se você não a perceber no momento atual, como
parte integrante de um mundo globalizado e contextualizado pelas
constantes transformações e muitas delas vindas da própria exigência social.
Sendo assim, efetivar uma educação escolar de qualidade demanda que
você,acadêmico, também conheça e utilize desse referencial legal, que
apresentamos nessa disciplina, como referencial capaz de embasar a
formação de cidadãos ativos, críticos e participativos em seu meio.

4.4 CONCLUSÃO

Na quarta unidade apresentamos os antecedentes históricos do


Plano Nacional de Educação além de apresentarmos também as ações
articuladas e normatizadas pelas políticas educacionais vigentes, ressaltando
o compromisso da sociedade brasileira em busca de uma escola pública de
qualidade eficaz para todos os brasileiros.
Destacamos os pontos:
Ÿ O PNE pode ser considerado juntamente com a Constituição
Federal (CF) e com a LDB, uma das bases normativas em que se assenta a
educação do país.
Ÿ O PNE tramitou por várias instâncias até a aprovação do texto
final – aprovado em 09 de janeiro de 2001 e promulgado como Lei nº
10.172/ 2001 pelo então Presidente da República, Fernando Henrique
Cardoso.
Ÿ Desde a proposta inicial, elaborada a partir de 1998, nos
congressos nacionais da educação e ainda contando com a participação de
educadores, profissionais da educação, estudantes, pais de alunos dentre
outros. Embora se registre mais uma vez na história brasileira que apesar de
toda a participação e mobilização do povo nota-se que os interesses
majoritários do Congresso Brasileiro ou do Governo aprovam como texto
final o que lhes convém.
Ÿ Mesmo sendo aprovado texto segundo as intenções do
Congresso Nacional cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
com base nesta Lei, elaborem seus planos decenais correspondentes,
ficando ainda a União, em articulação com os Estados, o Distrito Federal, os

75
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

municípios e a sociedade civil, responsáveis por proceder à avaliação


periódica da implementação do referido Plano Nacional de Educação.
Ÿ Objetivos e prioridades segundo o PNE: a elevação global do
nível de escolaridade da população; a melhoria da qualidade do ensino em
todos os níveis; a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante
ao acesso e à permanência, com sucesso, na educação pública e
democratização da gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais,
obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da educação na
elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação das
comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Brasil,
PNE (2001)
Ÿ Fazendo cumprir o dever constitucional com base nas
necessidades sociais, e considerando as limitações impostas pelos recursos
financeiros e pela capacidade de responder ao grande desafio de oferecer
uma educação compatível, na extensão e na qualidade, à dos países
desenvolvidos é que este plano estabelece prioridades. Veja-as a seguir: 1.
Garantia de ensino fundamental obrigatório de oito anos a todas as crianças
de 7 a 14 anos, assegurando o seu ingresso e permanência na escola e a
conclusão desse ensino. 2. Garantia de ensino fundamental a todos os que a
ele não tiveram acesso na idade própria ou que não o concluíram. 3.
Ampliação do atendimento nos demais níveis de ensino. 4. Valorização dos
profissionais da educação. 5. Desenvolvimento de sistemas de informação e
de avaliação em todos os níveis e modalidades de ensino. Brasil, PNE (2001).
Ÿ O Plano Nacional de Educação define as seguintes diretrizes: as
diretrizes para a gestão e o financiamento da educação; as diretrizes e metas
para cada nível e modalidade de ensino e as diretrizes e metas para a
formação e valorização do magistério e demais profissionais da educação,
nos próximos dez anos. Brasil, PNE (2001)
Ÿ Além da LDB e do PNE o Plano de Desenvolvimento da
Educação – PDE e o Plano de Ações Articuladas – PAR são referências
nacionais que possibilitam a articulação entre os entes federados para fazer
cumprir as políticas públicas brasileira na atualidade.
Ÿ O PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação) é um plano
que estabelece um conjunto de programas que visam dar consequência, e
encaminhamento às metas quantitativas estabelecidas no PNE. O PDE
pretende, na sua concepção, vencer as falsas oposições que projetaram a
educação brasileira tais como: educação básica x educação superior;
educação básica x níveis da educação: infantil, ensino fundamental e
médio; ensino médio x educação profissional; alfabetização x EJA;
educação regular x educação especial.
Ÿ Dentre as razões e princípios do PDE vale destacar a concepção
de educação que inspira este plano no âmbito do MEC, pois essa se volta
para uma visão sistêmica da educação. A Educação é definida
constitucionalmente como direito de todos e dever do Estado e da família.

76
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

Responsabilizar a classe política e mobilizar a sociedade como condições


indispensáveis da existência e execução de um Plano de desenvolvimento
da educação é também dever de todos nós. Daí, responsabilização e
mobilização social serem evidentes nos propósitos deste Plano.
Ÿ Seis pilares em que se sustenta o PDE: Visão sistêmica da
educação; territorialidade; desenvolvimento; regime de colaboração;
responsabilização; mobilização social (BRASIL, MEC, PDE, s/d)
Ÿ Financiamento da Educação através do FUNDEB (Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica). O FUNDEB foi criado
pela Emenda Constitucional n 53/2006 e regulamentado pela Lei nº
11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007, em substituição ao Fundef, que
vigorou de 1998 a 2006. Trata-se de fundo especial, de natureza contábil e
de âmbito estadual, com vigência prevista para o período 2007/2020, tendo
sua implantação iniciada em 1º de Janeiro de 2007 e concluída no terceiro
ano de vigência.
Ÿ O PDE ainda traz alterações na avaliação da educação brasileira
com um novo conceito: a criação do IDEB (Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica).
Ÿ Fechando as nossas considerações, vale destacar a ideia das
conferências como espaço social de discussão da educação
brasileira, articulado com os diferentes agentes institucionais da sociedade
civil e dos governos, em favor da construção de um projeto nacional de
educação e de uma política de estado. Podemos afirmar que esta iniciativa
representa um dos possíveis caminhos de busca para construção de uma
escola pública eficaz para todos os brasileiros. Ao fazermos a leitura do PDE
e de suas possíveis articulações, percebemos a mobilização social como
espaço de poder para a elaboração e avaliação de diretrizes para a
construção de um sistema nacional de educação que promova a efetiva
cooperação entre os âmbitos federal, estadual e municipal da educação
brasileira, desde a pré-escola até a pós- graduação.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de


Educação e dá outras providencias. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 10
jan. 2001.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9.394/96.


Brasília: Diário Oficial de 12 de dezembro de 1996.

BRASIL. Decreto Nº 6.094, de 24 de abril de 2007 - Dispõe sobre a


implementação do plano de metas “Compromisso Todos pela Educação”,
pela União Federal. Brasília. 2007.

77
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da


Educação. FUNDEB: Manual de Orientação. Brasília, 2009

CURY, Carlos Roberto Jamil. Sistema Nacional de Educação: desafio para


uma educação igualitária e federativa. Educ. Soc., Campinas, vol. 29, n. 105,
p. 1187-1209, set./dez. 2008. Disponível
em http://www.cedes.unicamp.br. Acesso em setembro 2009.

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78
RESUMO

Unidade I: Breve Histórico da Educação na Legislação Brasileira

Nesta primeira unidade apresentamos o histórico da educação


brasileira, tomando como ponto principal a legislação educacional antes e
durante o período republicano até chegarmos à organização da educação
nacional através da nova Constituição do Brasil em 1988.
No Brasil, as concepções de gestão da educação e administração
pública vigentes resultam de uma construção histórica influenciada pela
tradição jurídica que caracterizou o Período Colonial, marcado pelas
orientações e práticas resultantes das correntes filosóficas positivista e
funcionalista. Para melhor compreender os processos que envolvem a
legalização e administração da educação brasileira, é de fundamental
relevância identificar aspectos e características dos três grandes momentos
históricos: Brasil Colônia, Brasil República e Brasil Contemporâneo.
A Educação no Brasil Colônia: A organização e administração da
educação durante o período colonial apresentam a influência das correntes
escolástica e positivista, mas fundamentalmente manifesta um enfoque
jurídico, fundamentado no direito romano, que era interpretado em acordo
com o código napoleônico. A educação, durante o Período Colonial era um
tema de pouca importância para os colonizadores portugueses e para a
população que habitava o país, resultando na pouca atenção aos processos
relacionados à sua administração.
A Educação Brasileira no Período Republicano: O pensamento
vigente na administração da educação brasileira no período republicano
divide-se, segundo Sander (2007), em quatro fases: organizacional,
comportamental, desenvolvimentista e sociocultural. Cada um delas
revelava um modelo de gestão específico.
A Educação no Brasil Contemporâneo: A história da educação
brasileira na contemporaneidade também participou e sofreu a interferência
de inúmeros movimentos políticos e culturais. Em 1930, foi criado o
Ministério da Educação e Saúde Pública (MESP). A Constituição Federal de
1934 delegou ao Estado a responsabilidade de fiscalizar e regulamentar as
instituições de ensino públicas e privadas. Naquele momento histórico, até
1945, vigorava a ditadura de Getúlio Vargas, fato que também interferia na
organização da educação brasileira. No entanto, pouco tempo depois, em
1946, a sociedade política brasileira, através dos partidos de esquerda e

79
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

progressistas, retomou os debates sobre a necessidade de melhorar e


democratizar a educação brasileira. A partir da década de 70, até meados da
década de 90, diferentes segmentos sociais brasileiros se mobilizaram em
prol da democracia efetiva, pois já se manifestavam as novas exigências de
uma sociedade impulsionada pela globalização econômica. A Constituição
Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases de 1996 e o Plano Nacional de
Educação - Lei nº 10.172/2001 são os documentos norteadores da
Educação Básica brasileira. Através deles está estruturado todo o
funcionamento do ensino fundamental e médio, além da educação infantil e
da educação superior.

Unidade II: Legislação educacional no Brasil

Nesta segunda unidade, apresentamos a legislação educacional no


período que antecede a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de
1996, destacando os objetivos, os princípios e fins da educação nacional na
atualidade de acordo com a legislação atual. A partir da Independência do
Brasil surge então a necessidade de um Sistema Educacional Brasileiro
porque o país emancipou-se politicamente sem ter sua estrutura
educacional organizada. Com a expulsão dos jesuítas, em 1759, a educação
brasileira ficou sem nenhum referencial. Após a Independência, justificando
os princípios liberais e democráticos, são elaborados planos, tendo como
meta uma nova política referente à instrução popular, mas na prática isso
pouco se concretiza. A Constituição de 1824 garantia a instrução primária a
todos os cidadãos do Império e devido a isso, em 1826, é apresentada a
proposta de criação de escolas primárias no país através do Projeto Januário
da Cunha Barbosa e legitimado pelo Decreto de 15 de outubro de 1827. Os
documentos oficiais desta época deixam claro que, durante todo o período
imperial, pouco se preocupou com a criação de um sistema de instrução
nacional e a educação brasileira caminhava lentamente e com pouca
evolução enquanto política educacional.
No período Republicano começa a se formar um novo perfil
educacional onde se apresentam leis, decretos e atos institucionais que
propõem diretrizes e critérios tanto para o ensino primário, quanto
secundário e superior e tentam também normatizar o ensino agrícola e o
ensino industrial que eram mantidos por finalidades filantrópicas e
destinava, primeiramente, aos órfãos e desvalidos. Ressaltamos que a
Proclamação da República, em 1889, apesar de o povo simpatizar com a
causa e ter o respaldo dos intelectuais progressistas que já a reivindicavam
desde a Independência, tal fato não trouxe uma mudança significativa na
ordem econômica nacional. A Constituição Republicana de 1891
estabeleceu uma república federativa e fez co que o Estado assumisse, de
forma definitiva, as rédeas da educação, instituindo várias escolas públicas
de ensino fundamental e intermediário. Em relação à educação, continuou a

80
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

tradicional divisão entre entre escola para a elite e escola para a população
menos favorecida.
Durante a década de 1920, com a urbanização e a industrialização
em desenvolvimento, tem como consequência a pressão para mudanças no
sistema educacional. Jovens educadores, influenciados por educadores
progressistas dos Estados Unidos e da Europa criam a Associação Brasileira
de Educação onde publicam artigos e livros desejando uma nova escola em
todo o país. Todas estas ideias e o movimento escolanovista culminam com a
publicação do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nacional em 1932.
Ainda em 1930, com a Revolução, o governo nacional demonstrou grande
interesse na política social e educacional. Cria-se o Ministério da Educação e
da Saúde que se torna um marco da ação federal no campo educacional. A
Constituição de 1934 em seu capítulo sobre a educação exigia que todo
cidadão tivesse direito ao ensino fundamental e seria obrigação do Estado
ofertá-lo. Aqui, surgem as primeiras ideias de um Plano Nacional de
Educação para especificar as diretrizes curriculares e orientar as atividades
dos estados e municípios.
Com o Golpe de Estado de Getúlio Vargas e o estabelecimento do
Estado autoritário, muitas das iniciativas para melhorar a educaçao foram
revertidas.
A Constituição de 1934 em seu capítulo sobre a educação exigia
que todo cidadão tivesse direito ao ensino fundamental e seria obrigação do
Estado ofertá-lo. Aqui, surgem as primeiras ideias de um Plano Nacional de
Educação para especificar as diretrizes curriculares e orientar as atividades
dos estados e municípios. E a Constituição de 1937 coloca no Estado a
obrigação de prover o ensino primário e profissional. Cria-se o SENAI e o
SENAC.
Em 1945, com o fim do governo autoritário, uma nova Constituição
é adotada, a de 1946. Nela os “pioneiros da educação nova” retomam a luta
pelos valores já defendidos, em 1934, onde o Estado tem a obrigação de
oferecer e prover a educação para todo cidadão brasileiro. Esta Constituição
obriga também os empresários a oferecer educação para os empregados e
filhos dos empregados e restaura a determinação de que as autoridades
públicas federal, estadual e municipal deveriam investir percentuais de suas
receitas na educação.
Dos anos 10 aos anos 60 do século XX podemos afirmar que foram
várias as reformas educacionais com o objetivo de resolver os problemas
principais, até então, da educação brasileira: a quantidade e a qualidade
educacional. Podemos destacar as Reformas: Francisco Campos (1931-
1932) e Reforma Capanema (1942-1946).
Em 1961, a Lei nº 4024 é promulgada. Após a promulgação desta
Lei muitos intelectuais, políticos e líderes religiosos ficam insatisfeitos com os
resultados e intensificam os movimentos populares em defesa de uma escola
para todos. Destaque para o grande educador Paulo Freire.

81
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

O golpe militar de 1964 desarticula estes movimentos de


conscientização do povo, pois são considerados subversivos e seus líderes
são logo penalizados. A ditadura militar, que tomou o poder em 1964,
afirmou a importância da educação e buscou adaptar o sistema educacional
aos requisitos do rápido crescimento econômico. O governo militar
promoveu ainda uma total reorganização da universidade brasileira (1968) e
do ensino primário e secundário (Lei 5692 de 1971).
A Constituição de 1988 dará início às discussões sobre uma nova
LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). A Constituição de
1988 aborda os principais problemas enfrentados, até então, na educação
brasileira.
Os princípios e fins da educação nacional são estabelecidos de
acordo com a Constituição de 1988 (art. 205) e a LDB de 1996 (art. 2º), a
educaçao tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. O
artigo 2º da LDB diz que a educação é dever da família e do Estado. Já no
artigo 3º, estão os onze princípios que devem reger a organização no país.
Os objetivos da educação básica, destacados na legislação em vigor
(CF/ 88; LDB/96 e PNE), determinam que a Educação Básica tem por
objetivo formar o educando para o exercício da cidadania, possibilitando
meios para que ele prossiga sua formação em estudos posteriores.
A estrutura do ensino brasileiro está dividida da seguinte forma:
Educação Básica e Educação Superior. A Educação Básica é composta de
Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. A educação
Superior é um direito assegurado a todos os cidadãos brasileiros, conforme
os Art. 21 e 22 da LDB.

Unidade III: A legislação e a universalização de uma escola básica de


qualidade

Na terceira unidade apresentamos o ensino de nove anos, as


considerações sobre o ensino médio vinculado à profissionalização e a
garantia da educação para os jovens e adultos.
O Ensino Fundamental visa desenvolver no aluno a capacidade de
aprender, o domínio da leitura, da escrita, do cálculo. Visa ainda desenvolver
a capacidade de aprendizagem, o fortalecimento dos vínculos de família, de
solidariedade e de tolerância recíproca na vida social. De acordo com a Lei
de Diretrizes e Bases 9394/96 o Ensino Fundamental passa a ser de 09 (nove)
anos para que se tenha mais tempo da criança na escola. Para que o Ensino
Fundamental, de acordo com a Lei 9394/96, atinja seus objetivos deve
seguir as seguintes regras: ser ministrado em língua portuguesa; ter uma
carga horária mínima de oitocentas horas com o mínimo de duzentos dias
letivos; currículo com base comum e base diversificada; oferecer língua

82
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

estrangeira a partir do 6º ano de escolaridade; em relação à avaliação do


aluno, a mesma deve ser contínua e cumulativa, prevalecendo os aspectos
qualitativos sobre os quantitativos; dentre outras regras.
O ensino fundamental de nove anos traz o desafio e a oportunidade
de repensar a escola que temos na direção de um projeto de escola que
tenha como centro de sua atenção a reflexão e ação das crianças em suas
características, dimensões e necessidades concretas. Ou seja, um projeto
político-pedagógico que materialize para as crianças condições de
aprendizagem voltadas para conhecimentos de diferentes áreas, interligados
a linguagens, imagens, sentimentos e relações que apresentem e coloquem
em debate a realidade e a sociedade na sua contemporaneidade e
historicidade.
O Ensino Médio, conforme a Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, é
assim definido no art. 35: é a etapa final da educação básica, com duração
mínima de três anos. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
determina, nas finalidades do ensino médio, que o mesmo deve propiciar a
todos os cidadãos a oportunidade de consolidar e aprofundar os
“conhecimentos adquiridos no ensino fundamental”; “aprimorar o
educando «como pessoa humana”; “possibilitar o prosseguimento de
estudos”; “garantir a preparação básica para o trabalho e a cidadania” e
dotar o educando dos instrumentos que lhe permitam “continuar
aprendendo”, tendo em vista o desenvolvimento da “compreensão dos
fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos” (art. 35,
incisos I a IV). As políticas educacionais brasileiras têm direcionado,
recentemente, especial atenção à universalização do ensino fundamental. À
medida que essa meta se concretiza, a demanda pelo ensino médio passa a
ser impulsionada. É nesse sentido que a própria legislação prevê progressiva
extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio (artigo 4º).
Sendo assim, o ensino médio integra-se à escolaridade que tem
como objetivo a formação comum indispensável ao exercício da cidadania.
Entretanto, a identidade desse nível de ensino tem oscilado, nas últimas
décadas, entre preparação para a educação superior, como curso
propedêutico, e a qualificação para o trabalho, como curso técnico ou
profissionalizante. A LDB então busca superar essa dualidade, conferindo ao
ensino médio função de educação geral que, embora diferenciada da
educação profissional, inclui preparar para o mercado de trabalho.
O Plano Nacional de Educação (Lei nº 10172/2001) em seu
diagnóstico sobre o Ensino Médio destaca que este nível de ensino no Brasil
está em expansão. Devido à melhoria no Ensino Fundamental os brasileiros
têm apresentado mais interesse no Ensino Médio e a demanda para o
mesmo tem evoluído a cada ano.
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é contemplada na Lei de
Diretrizes e Bases de 1996 em seus artigos 37 e 38. Nestes artigos, a Lei prevê
que os jovens e adultos poderão concluir os ensinos fundamental e médio

83
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

através de cursos e exames supletivos, sendo que a idade mínima para o


ensino médio através de supletivo é ser maior de dezoito anos. Os cursos de
exames supletivos são uma alternativa e uma modalidade de ensino para
prosseguimento dos estudos e conclusão da educação básica. Aqui, de
acordo com a LDB/96 a educação profissional não é apenas um nível de
ensino, mas uma modalidade de formação que deve estar presente na vida
do indivíduo em idade profissional produtiva. Isso significa educação
permanente ou educação continuada.
As mudanças ocorridas no mercado de trabalho, no entanto, vêm
exigindo mais conhecimentos e habilidades das pessoas, assim como
atestados de maior escolarização, obrigando-as a voltar à escola básica,
como jovem, ou já depois de adultas, para aprender um pouco mais ou para
conseguir um diploma. Sendo assim, a educação de adultos é uma
necessidade tanto na comunidade como nos locais de trabalho. À medida
que a sociedade se desenvolve novas possibilidades de crescimento
profissional surgem, mas, por outro lado, exigem maior qualificação e
constante atualização de conhecimentos e habilidades. Através da
educação, as pessoas têm a oportunidade de melhorar de vida e competir no
mercado de trabalho bem como reconhecer seus direitos.

Unidade IV: O Plano Nacional de educação e as ações articuladas e


normatizadas pelas políticas educacionais vigentes

Na quarta unidade apresentamos os antecedentes históricos do


Plano Nacional de Educação, além de apresentarmos também as ações
articuladas e normatizadas pelas políticas educacionais vigentes, ressaltando
o compromisso da sociedade brasileira em busca de uma escola pública de
qualidade e eficaz para todos os brasileiros.
O PNE pode ser considerado com a Constituição Federal (CF) e
com a LDB, uma das bases normativas em que se assenta a educação do país.
O PNE tramitou por várias instâncias até a aprovação do texto final –
aprovado em 09 de janeiro de 2001 promulgado como Lei nº 10.172/ 2001
pelo então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.
Desde a proposta inicial, elaborada a partir de 1998, nos congressos
nacionais da educação e ainda contando com a participação de educadores,
profissionais da educação, estudantes, pais de alunos dentre outros. Embora
se registre mais uma vez na história brasileira que, apesar de toda a
participação e mobilização do povo, nota-se que os interesses majoritários
do Congresso Brasileiro ou do Governo aprovam como texto final o que lhes
convém. Mesmo sendo aprovado texto segundo as intenções do Congresso
Nacional cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, com base
nesta Lei, elaborem seus planos decenais correspondentes. Ficando ainda a
União, em articulação com os Estados, o Distrito Federal, os municípios e a

84
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

sociedade civil, responsáveis por proceder à avaliação periódica da


implementação do referido Plano Nacional de Educação.
Objetivos e prioridades, segundo o PNE: elevação global do nível
de escolaridade da população; melhoria da qualidade do ensino em todos
os níveis; redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso
e à permanência, com sucesso, na educação pública e democratização da
gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais, obedecendo aos
princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do
projeto pedagógico da escola e a participação das comunidades escolar e
local em conselhos escolares ou equivalentes. (BRASIL, PNE, 2001).
Fazendo cumprir o dever constitucional, com base nas
necessidades sociais, e considerando as limitações impostas pelos recursos
financeiros e pela capacidade de responder ao grande desafio de oferecer
uma educação compatível, na extensão e na qualidade, à dos países
desenvolvidos é que este plano estabelece prioridades. Veja-as, a seguir: 1.
Garantia de ensino fundamental obrigatório de oito anos a todas as crianças
de 7 a 14 anos, assegurando o seu ingresso e permanência na escola e a
conclusão desse ensino. 2. Garantia de ensino fundamental a todos os que a
ele não tiveram acesso na idade própria ou que não o concluíram. 3.
Ampliação do atendimento nos demais níveis de ensino. 4. Valorização dos
profissionais da educação. 5. Desenvolvimento de sistemas de informação e
de avaliação em todos os níveis e modalidades de ensino. (BRASIL, PNE,
2001).
O Plano Nacional de Educação define as seguintes diretrizes: as
diretrizes para a gestão e o financiamento da educação; as diretrizes e metas
para cada nível e modalidade de ensino e as diretrizes e metas para a
formação e valorização do magistério e demais profissionais da educação,
nos próximos dez anos. (BRASIL, PNE, 2001).
Além do LDB e do PNE o Plano de Desenvolvimento da Educação –
PDE e o Plano de Ações Articuladas – PAR são referências nacionais que
possibilitam a articulação entre os entes federados para fazer cumprir as
políticas públicas brasileira na atualidade.
O PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação) é um plano que
estabelece um conjunto de programas que visam dar consequência, e
encaminhamento às metas quantitativas estabelecidas no PNE. O PDE
pretende na sua concepção vencer as falsas oposições que projetaram a
educação brasileira tais como: educação básica x educação superior;
educação básica x níveis da educação: infantil, ensino fundamental e
médio; ensino médio x educação profissional; alfabetização x EJA;
educação regular x educação especial.
Dentre as razões e princípios do PDE vale destacar a concepção de
educação que inspira este plano no âmbito do MEC, voltada para uma visão
sistêmica da educação. A Educação é definida constitucionalmente como
direito de todos e dever do Estado e da família, responsabilizar a classe

85
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

política e mobilizar a sociedade, como condições indispensáveis pela


existência e execução de um Plano de desenvolvimento da educação, é
também dever de todos nós. Daí, responsabilização e mobilização social
serem evidentes nos propósitos deste Plano.
Seis pilares em que se sustentam o PDE: visão sistêmica da
educação; territorialidade; desenvolvimento; regime de colaboração;
responsabilização; e mobilização social (BRASIL, MEC, PDE, s/d).
Financiamento da Educação através do FUNDEB (Fundo Nacional
de Desenvolvimento da Educação Básica). O FUNDEB foi criado pela
Emenda Constitucional nº 53/2006 e regulamentado pela Lei nº
11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007, em substituição ao Fundef, que
vigorou de 1998 a 2006. Trata-se de fundo especial, de natureza contábil e
de âmbito estadual, com vigência prevista para o período 2007/2020, tendo
sua implantação iniciada em 1º de Janeiro de 2007 e concluída no terceiro
ano de vigência.
O PDE ainda traz alterações na avaliação da educação brasileira
com um novo conceito: a criação do IDEB (Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica).
Fechando as nossas considerações, vale destacar a ideia das
conferências como espaço social de discussão da educação brasileira,
articulado com os diferentes agentes institucionais da sociedade civil e dos
governos, em favor da construção de um projeto nacional de educação e de
uma política de estado. Podemos afirmar que esta iniciativa representa um
dos possíveis caminhos de busca para construção de uma escola pública
eficaz para todos os brasileiros. E ao fazer a leitura do PDE e de suas possíveis
articulações percebemos a mobilização social como espaço de poder para a
elaboração e avaliação de diretrizes para a construção de um sistema
nacional de educação que promova a efetiva cooperação entre os âmbitos
federal, estadual e municipal da educação brasileira, desde a pré-escola até
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ARANHA, Maria Lúcia A. História da Educação e da Pedagogia: geral e


Brasil. 3 ed. São Paulo: Moderna, 2006.

BRASIL.Ministério da Educação.Assessoria de Comunicação Social.


Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília: MEC, 2004.

FORTUNATI, José. Gestão da Educação Pública: caminhos e desafios.


Porto Alegre: Artmed, 2007.

FREIRE, P., SHOR,I. Medo e ousadia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.

GADOTTI, M. ROMAO, J.E. (org.). Autonomia da Escola – princípios e


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SILVA PEREIRA, T. Direito da criança e do adolescente – uma proposta


interdisciplinar. Editora Renovar. Rio de Janeiro, 1996.

90
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
- AA

1) Quais as novidades apresentadas pela Constituição Federal de 1988 em


relação à legislação anterior?

2) Marque a alternativa INCORRETA. O movimento denominado “Escola


Nova” defendia principalmente:

a) ( ) Defendia uma escola pública, laica e gratuita.


b) ( ) Acreditava que um sistema de educação estatal garantiria um
ensino a todos.
c) ( ) Dizia que a educação não era elemento-chave.
d) ( ) Sentia o desejo de preparar o país para acompanhar as mudanças
ocorridas em todo o mundo.
e) ( ) Defendia uma escola que combatesse as desigualdades sociais da
nação.

3) Dos onze princípios da LDB/96 para a educação, cite no mínimo 03


destes princípios.

91
Artes Visuais Caderno Didático - 4º Período

4) Os documentos norteadores da educação brasileira são:


a) ( ) Plano Nacional de Educação e Planos Municipais de Educação.
b) ( ) Constituição Federal e Lei de Diretrizes e Bases.
c) ( ) Constituição Federal, Lei de Diretrizes e Bases e Plano Nacional de
Educação.
d) ( ) Lei de Diretrizes e Bases e Plano Nacional de Educação
e) ( ) Os Planos Municipais de Educação e os Planos Estaduais de
Educação.

5) Como a Educação de Jovens e Adultos é contemplada na LDB/96?

6) Por que a Lei de Diretrizes e Bases, de 1996, foi considerada uma síntese
contraditória durante o seu processo de elaboração?

7) Por que a Lei 5692, de 1971, já não atendia as necessidades da educação


nacional após o período ditatorial do país?

8) De acordo com os onze princípios da educação nacional comente a


responsabilidade do Estado, da família e da sociedade com a educação das
futuras gerações.

92
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

9) Para a LDB 9394/96 qual deve ser o objetivo principal para a educação
básica brasileira?

10) Por que a LDB 9394/96 propôs um ensino fundamental de maior


duração? E qual é a extensão deste desafio para a sociedade?

93

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