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EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA
CEAD/UDESC/UAB
Centro de Educação a Distância
Universidade do Estado de Santa Catarina
Universidade Aberta do Brasil
Sociologia da
EDUCAÇÃO
FLORIANÓPOLIS
CEAD/UDESC/UAB
Copyright © CEAD/UDESC/UAB, 2011
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição
Governo Federal
Centro de Educação
Presidenta da República a Distância
Dilma Rousseff
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Ministro de Educação Estevão Roberto Ribeiro
Fernando Haddad
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Secretário de Educação Graduação
a Distância/MEC Ademilde Silveira Sartori
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Souza Climaco Diretora de Pesquisa e Pós-
Graduação
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Distância da CAPES/UAB
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Santa Catarina Ivair De Lucca
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Graduação
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Universidade Aberta do Brasil
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de Graduação Coordenadora de Curso
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Cultura e Comunidade Fátima Rosana Scoz Genovez
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Pró-Reitor de Administração
Vinícius A. Perucci
Pró-Reitor de Planejamento
Marcus Tomasi
Marilise Luiza Martins dos Reis
Sociologia da Educação
Caderno Pedagógico
1ª edição
Florianópolis
Design instrucional
Ana Cláudia Taú
Professora parecerista
Tade-Ane Amorim
Projeto instrucional
Ana Claudia Taú
Carmen Maria Pandini Cipriani
Roberta de Fátima Martins
Diagramação
Elisa Conceição da Silva Rosa
Pablo Eduardo Ramirez Chacón
Revisão de texto
Roberta de Fátima Martins
R375S
Reis, Marilise Luiza Martins dos
Sociologia da educação: caderno didático / Marilise Luiza Martins dos
Reis ; design instrucional Ana Cláudia Taú – Florianópolis : UDESC/CEAD,
2011.182 p. : il. ; 28 cm.
Inclui Bibliografia.
ISBN: 978-85-64210-16-5
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Programando os estudos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Receba-o como mais um recurso para a sua aprendizagem, realize seus estudos
de modo orientado e sistemático, dedicando um tempo diário à leitura. Anote
e problematize o conteúdo com sua prática e com as demais disciplinas que
irá cursar. Faça leituras complementares, conforme sugestões e realize as
atividades propostas.
Bons estudos!
Equipe CEAD\UDESC\UAB
Introdução
Querido(a) Aluno(a)
Que tal uma viagem de ida e volta no tempo: do passado para o futuro e dele,
de volta para o presente? E que tal saber de antemão que essa viagem te
ajudará a constituir-se enquanto um professor crítico, e a constituir uma prática
docente que seja capaz de interferir na realidade da escola onde você atua ou
atuará?
Que tal poder lançar mão de um arsenal de conceitos e teorias que te darão
habilidades e competências para pensar o contexto em que a sua escola está
inserida, e mais, que a partir dele, você possa fazer leituras de contexto que te
ajudarão a propor mudanças significativas para a vida nesse espaço?
Para que você realize um bom estudo é importante, antes de tudo, programar
seus estudos e ler atentamente todo o texto, prestando atenção aos lembretes
de Para Pensar, Aprenda Mais e Para Saber Mais, assim como às indicações
de Leituras Complementares. Ao final de cada capítulo, você encontrará
algumas atividades a serem desenvolvidas. Essas atividades têm o objetivo
de aprofundar os conteúdos estudados. Faça-as com muita atenção! Já as
respostas e/ou comentários das atividades você encontrará no final desse
Caderno Pedagógico.
Gostaria de enfatizar que o propósito dessa disciplina é possibilitar uma leitura
crítica da realidade contemporânea na qual a escola se insere a fim de que
você possa perceber a importância da Sociologia da Educação na sua prática
pedagógica e identificar os principais desafios que se colocam à educação no
Brasil, hoje. Não perca essa oportunidade e aproveite!
10
Programando os estudos
Estudar a distância requer organização e disciplina; assim como estudos
diários e programados para que você possa obter sucesso na sua caminhada
acadêmica. Portanto, procure estar atento aos cronogramas do seu curso e
disciplina para não perder nenhum prazo ou atividade, dos quais depende seu
desempenho. As características mais evidenciadas na Educação a Distância são
o estudo autônomo, a flexibilidade de horário e a organização pessoal. Faça sua
própria organização e agende as atividades de estudo semanais.
Ementa
O contexto histórico e o surgimento da Sociologia. As principais correntes
sociológicas. As concepções de educação a partir dos clássicos da Sociologia. O
pensamento social brasileiro. A crise da Modernidade. A Sociologia da Educação
no Brasil. Globalização e Educação. Os desafios da Sociologia da Educação.
Elementos sociológicos para a análise e intervenção nas práticas educativas. O
ensino da Sociologia.
Objetivos de aprendizagem
Geral
Específicos
Carga horária
54 horas/aula.
12
Anote as datas importantes das atividades na disciplina, conforme sua agenda
de estudos:
Conteúdo da disciplina
Capítulos de estudo: 4
14
CAPÍTULO 1
Sociologia: A Ciência da Sociedade
Seções de estudo
Seção 1 – O contexto histórico de surgimento da
Sociologia
Objetivo de aprendizagem
18
Sociologia da Educação
CAPÍTULO 1
Para você entender com mais detalhes o contexto histórico e
o surgimento da Sociologia enquanto ciência da sociedade, é
importante compreender alguns aspectos iniciais. Primeiramente,
é fundamental que você entenda que a Sociologia é uma das
manifestações do pensamento moderno, que nasceu e se
desenvolveu com ele. É importante compreender também, que
a Sociologia é um produto do mundo moderno, oriundo das
transformações ocorridas no final do século XVI e que, por isso,
remete aos principais acontecimentos desse período.
19
CAPÍTULO 1
Por isso é possível dizer, e este é outro aspecto significativo que você
deve registrar, que a Sociologia é uma espécie de “fruto” desse novo
mundo, no qual se revela a historicidade da sociedade moderna
ocidental e no qual se elege o mundo social como objeto de análise
privilegiado. (IANNI, 1989).
É nesse sentido que, nessa seção, você dará início a sua “viagem”, com o
objetivo de melhor conhecer os principais acontecimentos que marcaram o
nascimento da chamada Era Moderna. Para tanto, você deverá entender o que
foi o Renascimento e o Iluminismo e compreender também, porque a Sociologia
ganhou espaço entre as ciências, a partir das complexidades da vida social
CAPÍTULO 1
erigidas dos impactos e transformações gerados pela Revolução Industrial
e Francesa. Além disso, você ainda poderá entender como a educação foi
repensada a partir dos novos valores e concepções de mundo que surgiram no
contexto da sociedade moderna ocidental. Vamos à leitura?
Renascimento
21
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
um é responsável pela condução de sua vida, assim como
a possibilidade de fazer opções e de manifestar-se sobre
diversos assuntos.
23
CAPÍTULO 1
Iluminismo
CAPÍTULO 1
»» Colocou em maior destaque os valores da burguesia,
favorecendo o aumento dessa camada social.
25
CAPÍTULO 1
Mesmo pregando que todos os homens eram bons e iguais e que por
isso tinham direito de ser livres, muitos pensadores iluministas foram
complacentes com a escravidão, quando os interesses econômicos
falavam mais alto. Voltaire, por exemplo, contestou a escravidão na
América, mas nada disse sobre aquela promovida por seu próprio país,
a França. Também é necessário lembrar que a defesa da escravidão
decorre da defesa do direito de propriedade que é um dos grandes
ideais do liberalismo: o direito de propriedade como um dos Direitos
Naturais do ser humano.
CAPÍTULO 1
Industrial e a Francesa – passou a constituir os dois lados de um
mesmo processo, um econômico e outro político, da instalação
definitiva da sociedade capitalista, que será o grande objeto de
análise da Sociologia. Podemos deduzir que a Sociologia emerge em
um contexto de crise da sociedade europeia.
A Revolução Industrial
27
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
imposição de prolongadas horas de trabalho, o surgimento da classe
operária etc., transformações que geraram efeitos traumáticos sobre
milhões de seres humanos.
29
CAPÍTULO 1
A Revolução Francesa
A Revolução Francesa é considerada um dos mais importantes
acontecimentos políticos da história do Ocidente. Não é à toa que
o ano de 1789, data que marca o seu início, é também o começo
da Idade Contemporânea. Para resumir em poucas palavras o que
representou o processo revolucionário francês, é preciso entender
que ele foi um dos primeiros passos para pôr fim, definitivamente,
ao Antigo Regime, que representava a velha ordem. A velha ordem
é um tipo de sociedade em que eram imensos os privilégios para os
membros da Igreja e da nobreza, dividida em estamentos e grupos
sociais fechados altamente hierarquizados, onde não se podia, por
vontade própria, mudar de posição social. Assim, o “povo”, que era
Regime em que o monarca formado por ricos burgueses e humildes camponeses, tinha direitos
tem poder absoluto. políticos insignificantes e pagava a maior parte dos tributos que
sustentava o Estado Absolutista.
CAPÍTULO 1
Figura 1.5 - Quadro A liberdade Guiando o Povo, de Eugene Delacroix
31
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
profundas mudanças. Enquanto resposta intelectual à “crise social”
de seu tempo, os primeiros sociólogos revalorizaram determinadas
instituições que, segundo eles, desempenhariam papéis
fundamentais na integração e na coesão da vida social. (COSTA,
1997).
As revoluções e a educação
No ponto alto da Revolução Francesa, no final do século XVIII,
emergiram os discursos acerca de uma educação que fosse pública
e laica, ou seja, que o clero perdesse o monopólio sobre ela.
Ainda que em momentos anteriores à Revolução, nas iniciativas
da Reforma e da Contrarreforma, estas intenções já estivessem
presentes, “foi somente durante a Revolução Francesa que se
concretizaria, pela primeira vez a idéia de uma instituição pública
e laica [...]” de ensino. (VILLELA, 1990, p. 22). Essas reivindicações,
todavia, aconteceram na medida em que a burguesia se aliou aos
discursos populares de reivindicação de direitos na luta contra
os privilégios do clero e da nobreza. Dentre os principais direitos
reclamados, estava a igualdade de oportunidades educacionais para
o povo que, diferentemente dos membros da nobreza e do clero,
era excluído da escola.
33
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
»» Uma, decorrente das necessidades de uma sociedade cada
vez mais industrializada, voltada para a formação de mão de
obra para o trabalho nas fábricas.
Objetivo de aprendizagem
Pensando nisso, você já parou para refletir por que pensadores como
Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber são considerados clássicos da
Sociologia?
35
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
»» Um conjunto de revelações, ideias e sentimentos que
tem a propriedade de durar na memória; uma forma que
ultrapassa o tempo e a finitude humana.
Mas você pode estar se perguntando: o que torna uma obra clássica e
outras não?
37
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
históricos e os homens. Então, que tal mergulharmos um pouco
mais a fundo nesse “mar” de ideias que surgiram sobre a sociedade
moderna ocidental dos séculos XVIII e XIX?
39
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
A Revolução fora necessária, pensava Comte, porque as antigas
instituições sociais e políticas eram ainda teológicas, não
correspondendo, portanto, ao estado de desenvolvimento das
ciências da época. Porém, em contraposição, a Revolução não
teria oferecido os fundamentos para a reorganização da sociedade
por ter sido negativa e metafísica em seus pressupostos. A tarefa
a ser cumprida deveria ser a instauração do espírito positivo na
organização das estruturas sociais e políticas. Para isso, seria
necessária uma nova elite científico-industrial capaz de formular os
fundamentos positivos da sociedade e de desenvolver as atividades
técnicas correspondentes a cada uma das ciências, tornando-as
bem comum. Assim, tomando as ideias de Saint-Simon, de que a
reorganização da sociedade moderna ocidental exigiria a união
entre ciência positiva e empresários para o pleno desenvolvimento
e equilíbrio do mundo industrial nascente, Comte fundou o
Positivismo.
41
CAPÍTULO 1
Podemos dizer que Comte deu os passos definitivos para que a Sociologia
nascesse como ciência. E foi baseada em seus princípios que a Sociologia
surgiu com uma postura conservadora, preocupada com a ordem, a coesão
e a estabilidade, enfatizando a importância da autoridade, da hierarquia, da
tradição e dos valores morais para a conservação da vida social.
CAPÍTULO 1
Foi diante disso que o discípulo mais direto dele, Emile Durkheim
(1858-1917), propôs a criação de uma nova ciência, uma “ciência
das sociedades” a qual, diante destes fatos, teria interesses práticos.
Durkheim, sistematizando algumas das principais ideias de Comte,
foi o primeiro a usar efetivamente a expressão “Sociologia” para
referir-se ao estudo das sociedades. Enquanto resposta intelectual
à “crise social” de seu tempo. Durkheim revalorizou determinadas
instituições que, segundo ele, desempenhariam papéis
fundamentais na integração e na coesão da vida social.
Emile Durkheim
Émile Durkheim nasceu em Épinal, na Alsácia no dia 15 de abril de Foi um sociólogo e antropó-
1858. Descendente de uma família judia, iniciou seus estudos logo marcante na Sociologia
filosóficos na Escola Normal Superior de Paris, indo depois para e na Antropologia Social
contemporânea e é conside-
Alemanha. Ainda moço decidiu não seguir o caminho dos familiares rado o pai da antropologia
levando, pelo contrário, uma vida bastante secular. Em uma das suas francesa. Fundou o Instituto
obras procurou explicar os fenômenos religiosos a partir de fatores de Etnologia da Universidade
de Paris (1925). Sucedeu o tio
sociais e não divinos. Tal fato não o afastou, no entanto, da como editor da revista L’Année
comunidade judaica. Muitos de seus colaboradores, entre eles seu Sociologique
sobrinho, Marcel Mauss formaram um grupo que ficou conhecido
como escola sociológica francesa. Entrou na École Normale Supérieure em
1879 juntamente com Jean Jaurès e Henri Bergson. Durante esses estudos
43
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
A Sociologia de Durkheim
»» o Conservadorismo de E. Burke.
45
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
Os fatos sociais são também fenômenos que têm poder de coação
e são capazes de nos arrastar, mesmo contra a vontade. Se um
indivíduo experimentar opor-se a uma destas manifestações
coletivas, os sentimentos que ele está negando se voltarão contra
ele, de uma maneira ou de outra. O efeito de coação externa de um
fato social é fácil de constatar quando se traduz por uma reação
direta da sociedade, como é o caso do direito, das crenças, dos usos
e até das modas.
Como para Durkheim os fatos sociais não existem por acaso, mas
porque cumprem uma função, é papel da Sociologia demonstrar a
função que eles exercem, investigando para isso a razão do porque
surgiram (a historicidade), para depois determinar sua função social.
Com base nesses pressupostos e inspirado pela Biologia, Durkheim
propôs o método funcionalista, na qual a sociedade é pensada
tal qual um organismo onde cada órgão, ou parte, cumpre uma
função para que o todo (a sociedade) funcione perfeitamente. Para
a sociedade funcionar bem, a Sociologia precisa desvendar como
as instituições funcionam e devem funcionar. Por exemplo, quais
funções exercem ou devem exercer instituições sociais, como a
família, o Estado, a Igreja, a Educação etc., para que a sociedade
funcione harmoniosamente?
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CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
psicopatológicas, mas também sociais. Ele distinguiu três tipos de
suicídio:
Por meio desse estudo, Durkheim concluiu que o suicídio pode ser
cometido por causas unicamente sociais, refletidas no excesso de
peso que a sociedade exerce sobre o indivíduo ou pela ausência
dele. Este estudo também fortaleceu outro conceito de Durkheim, o
de anomia, que, para o autor, é o problema central das sociedades
modernas. A anomia refere-se a um estado da sociedade em que
fatos sociais considerados patológicos denunciam que existem
disfunções na sociedade moderna ocidental, que algo não está
funcionando de forma harmônica. A anomia é como uma doença
social, uma disfunção que fragiliza e que pode até “matar” a
sociedade. Por isso a Sociologia teria um papel preponderante, pois
caberia a ela dar respostas que normalizem as disfunções sociais.
Exemplo
Pensando pela perspectiva da anomia, o terrorismo contemporâneo,
que depende fortemente da surpresa e que ocorre quando e onde
menos se espera, é de natureza anônima porque é instaurador do
pânico moral e porque implica em situações em que a sociedade não
tem os mecanismos institucionais para controlar tais atos. Lembre-se do
ataque de 11 de setembro e das situações de caos e pânico instauradas
na cidade de Nova Iorque, e sem exageros, no mundo ocidental como
um todo.
49
CAPÍTULO 1
Karl Marx
CAPÍTULO 1
as diferenças da filosofia da natureza de Demócrito e de Epicuro.
Em 1842, assumiu a chefia da redação do Jornal Renano em Colônia,
onde seus artigos radical-democratas irritaram as autoridades. Em
1843, mudou-se para Paris, editando, no ano seguinte, o primeiro
volume dos Anais Germânico-Franceses, órgão principal dos
hegelianos de esquerda. Entretanto, rompeu logo com os líderes
desse movimento.
51
CAPÍTULO 1
A Sociologia de Marx
CAPÍTULO 1
ele, seria resultado da emergência da sociedade socialista. Por isso
mesmo podemos dizer que é com esse pensador que a Sociologia
vai assumir, pela primeira vez na história, um caráter político.
53
CAPÍTULO 1
Karl Marx só pode chegar a essas conclusões por que sua teoria
estava baseada na ideia de que as forças econômicas estavam
gradualmente oprimindo os seres humanos e de que a ação política
é uma parte necessária à Filosofia. Isto é, a relação entre teoria e
prática está presente em toda base de seu pensamento como forma
de superar as situações de opressão da sociedade capitalista. Desse
modo, lançando mão do método materialista-dialético, desenvolveu
uma análise profunda da sociedade capitalista. Tal método consistia
em partir das condições materiais de vida dos homens para explicar
a realidade. Nesse sentido, o trabalho seria a categoria mestra
CAPÍTULO 1
para este entendimento, visto que é pelo trabalho que o homem
supera a sua condição de ser natural para criar uma nova realidade:
a sociedade.
55
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
destruído o capitalismo e consolidada a sociedade socialista. Viu,
portanto, no atributo científico, a possibilidade de transformação
da realidade, concebendo a modernidade com um misto de
pessimismo e otimismo, por entendê-la como um sistema de
exploração e dominação, mas também como dotada das armas que
possibilitariam sua superação.
Max Weber
57
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
A Sociologia de Weber
59
CAPÍTULO 1
Como vimos, a realidade para Weber não é uma coisa em si, mas
algo que se faz nas interrelações estabelecidas entre os indivíduos.
Partindo disso, os “fatos” sociais não poderiam ser tratados como
coisas, porque as “coisas” que eu vejo de um jeito, você pode
ver de outro, na medida em que nós vemos as coisas que se
passam no mundo a partir de certos valores compartilhados. As
“coisas” “são” porque damos significados a elas. São esses valores
compartilhados que fundamentam a interação entre as partes que
constituem a sociedade e, portanto, compreendendo a ação social,
podemos compreender a sociedade. Ou seja, a Sociologia deve
interpretar o sentido da ação, o motivo básico para a execução da
ação social. Nesse caso, agimos movidos por determinados valores
compartilhados e não porque somos coagidos a agir de certa
maneira, o tempo todo.
Exemplo
Por exemplo, quando você está assistindo a um jogo de futebol do
seu time, no estádio, com outros milhares de torcedores e ele se
torna campeão, você certamente irá comemorar, certo? Mas, ao
fazer isso, você não o faz por coação, mas movido por certos valores
compartilhados socialmente. Entretanto, você não faria isso num
funeral, porque lá seriam outros os valores compartilhados.
CAPÍTULO 1
seja lido por alguém. Sua ação só terá significado enquanto envolver
outra pessoa. Já cantar não é, em princípio e necessariamente, uma
ação social na medida em que, a priori, envolve apenas a satisfação
ou a expressão das sensações do cantor. A reação dos outros ao seu
canto não será inicialmente levada em conta, se ele estiver cantando
sozinho no chuveiro, por exemplo. Ainda que o e-mail retorne por
ter sido atingindo por um vírus de computador, e assim ninguém
o leia, escrevê-lo continua sendo uma ação social porque o agente
continua interessando na reação do destinatário. Enquanto isso,
cantar será entendido como produto de uma ação social apenas se,
ao fazê-lo, o cantor já tiver em mente mostrá-lo a outras pessoas e
provocar alguma manifestação em terceiros. Portanto, dependendo
da situação em que é feita, uma ação pode ser tratada apenas em
parte como social.
61
CAPÍTULO 1
1. Ação racional referente à fins (que se orienta por meios tidos como
adequados para atingir determinado fim. Por exemplo, você vai ao
trabalho para ganhar dinheiro e garantir seu sustento).
CAPÍTULO 1
Síntese do capítulo
63
CAPÍTULO 1
Atividades de aprendizagem
CAPÍTULO 1
apontando as principais transformações que foram trazidas para a
sociedade ocidental e para a educação por cada um destes eventos.
65
CAPÍTULO 1
Aprenda mais...
Seções de estudo
Seção 1 – Os clássicos da Sociologia e a Educação
Seção 2 – Atualizando os clássicos: Bourdieu,
Gramsci e Mannheim
Iniciando o estudo do capítulo
A partir desse momento, você iniciará seus estudos em Sociologia da
educação. Para tanto, você terá a oportunidade de conhecer, nesse
capítulo, como os clássicos da Sociologia pensaram a educação.
Isso quer dizer que todos eles, ainda que Durkheim tenha sido o
clássico que mais atentamente se dedicou ao estudo da educação,
consideraram em seus estudos sobre a sociedade moderna
70
Sociologia da Educação
CAPÍTULO 2
ocidental que os processos educacionais deveriam obrigatoriamente
fazer parte de suas macroteorias. Segundo Archer (1980):
71
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 2
Seria nesse sentido que a sociedade nos molda, e a educação teria como
função social nos adaptar às expectativas do universo social em que
vivemos. Cada geração transmitiria à seguinte, através da educação,
os elementos fundamentais para a manutenção da estabilidade social.
(RODRIGUES, 2000).
73
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 2
Nesse sentido, foi em seu afã por construir uma nova sociedade
que Marx não pôde deixar de considerar a importância da ação
educativa para essa transformação. No Manifesto Comunista, ele
deixou bastante evidente que a educação tem papel fundamental
no momento de se elaborar qualquer projeto de superação das
relações sociais burguesas. Para tanto é preciso, segundo ele,
“arrancar” a educação da influência da classe dominante, do modo
burguês de ver o mundo, se não quisermos que as crianças sejam
transformadas “em simples objetos de comércio, em simples
instrumentos de trabalho”. (MARX, 1984, p. 32).
75
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 2
A educação dará aos jovens a possibilidade de assimilar
rapidamente na prática todo o sistema de produção e
permitirá passar sucessivamente de um ramo de produção
a outro, segundo as necessidades da sociedade e suas
inclinações. Por conseguinte, a educação nos libertará deste
caráter unilateral que a divisão atual do trabalho impõe
a cada indivíduo. Assim, a sociedade organizada sobre
bases comunistas dará a seus membros a possibilidade
de empregar em todos os aspectos suas faculdades
desenvolvidas universalmente. (MARX apud RODRIGUES,
2000, p. 57).
77
CAPÍTULO 2
Weber, portanto, viu com certo receio esse “triunfo” da razão, porque
percebeu entre as consequências desse domínio o aprofundamento da
racionalização da sociedade que levou não à ordem e ao progresso, não
à liberdade, à igualdade e à fraternidade, mas, ao contrário, às perdas
de sentido e de liberdade.
CAPÍTULO 2
Há essa perda de sentido, porque, de acordo com Weber, enquanto
a religião era uma cosmovisão que conferia sentido a realidade,
a ciência, que a vai substituindo paulatinamente, não ocupou o
seu papel, visto que é um saber instrumental. Este saber visa a
atingir, da melhor maneira, um objetivo que responde os “comos”
e não os “porquês”. E, para além disso, esse racionalismo social,
ao extrapolar o campo da economia e da política e penetrar na
nossa vida cotidiana, nos aprisionou em uma “jaula de ferro”
constituindo a nossa perda de liberdade. Embora liberto da religião
e das cosmovisões, o homem se tornou escravo de suas criações. A
racionalidade que aumentou a produtividade acabou escravizando
o homem.
Mas por que falar sobre tudo isso para desenvolvermos a concepção de
Weber sobre o processo educativo?
79
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 2
A pedagogia da sociedade racional passa a ser a pedagogia do
treinamento. Um tipo de educação por meio da qual, segundo
Weber, os indivíduos são treinados para ocuparem posições diante
da extensa burocratização do Estado moderno, bem como das
corporações capitalistas privadas. A educação torna-se um preparo
especializado com o objetivo de tornar o indivíduo um perito, além
de expô-lo a um mecanismo de ascensão social e de obtenção de
status privado. (Ibid. id. ). Em síntese:
81
CAPÍTULO 2
Objetivo de aprendizagem
CAPÍTULO 2
Bourdieu e o poder reprodutor dos processos educacionais
O estruturalismo é a
teoria segundo a qual
os sujeitos são uma
espécie de marionetes das
estruturas dominantes. Os
Figura 2.1 - Pierre Bourdieu agentes sociais, mesmo
aqueles que pensam estar
liberados das determina-
Partindo da questão de se estamos ou não condenados a reproduzir ções sociais, são movidos
as estruturas indefinidamente e influenciado pelo modelo de por forças ocultas, que os
estimulam a agir, mesmo
Durkheim, Bourdieu desenvolveu sua análise sobre os processos que não tenham consciên-
educacionais contemporâneos introduzindo uma síntese teórica cia disso.
entre o modelo durkheimiano e o estruturalismo, pretendendo
desvendar o peso das estruturas sociais por detrás das ações dos
sujeitos.
83
CAPÍTULO 2
Exemplo
Dois temas que favorecem a ocorrência de violência simbólica na
sala de aula são o preconceito e a discriminação racial. Sempre que
silenciamos as diferenças entre negros e brancos, ou quando dissimulamos
a existência do negro, não mencionando sua presença histórica, tomamos
como padrão o branco dominante. Nesse processo, o negro, reduzido e
submetido ao lugar de “não-branco”, é identificado pela negação, e não
pela diferença do seu ser, pelo que é e representa étnica, histórica, cultural
e politicamente. Por consequência, o aluno negro é submetido, tomando a
perspectiva de Pierre Bourdieu, a uma forma de violência simbólica.
CAPÍTULO 2
É importante ressaltar, entretanto, que Bourdieu avança e se afasta
de Durkheim, na medida em que não faz uma defesa conservadora
do sistema. Ao contrário, o que ele está fazendo ao explicitar o
aspecto reprodutivista da educação é uma crítica à educação no
sistema capitalista.
85
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 2
Porque para ele não bastava apenas a conquista do Estado por meio
da luta armada da classe operária, mas também uma conquista
cultural, a conquista da hegemonia, ou seja, a tentativa de organizar
a cultura de acordo com os interesses da classe dominada. Mas para
que isso se realizasse, fazia-se necessária a existência de intelectuais
que produzissem essas novas ideias, que produzissem uma contra-
hegemonia. Entretanto, grande parte desses intelectuais precisaria
ser formada pelo sistema escolar. Mas, num sistema que dividia a
educação escolar entre o ensino clássico e profissional, isso não seria
possível. (GADOTTI, 2001).
87
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 2
em que seria ela aquela que serviria como embasamento teórico
para que educadores e educandos compreendessem a situação
educacional moderna.
89
CAPÍTULO 2
A frase “O que se faz agora com as crianças é o que elas farão depois
com a sociedade”, de Karl Mannheim, é uma das mais citadas. Essa frase
demonstra sua preocupação com o processo educacional que deve ser
desenvolvido pelas sociedades modernas.
CAPÍTULO 2
em que chegava à vida pública como alguém que veio “de fora” e se
deparava com o caos dos valores antagônicos em choque.
Síntese do capítulo
91
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 2
»» Para Gramsci, a escola deveria se tornar uma escola
includente, desde a estrutura, até os conteúdos, as
metodologias, o sistema de avaliação e a relação professor-
aluno.
93
CAPÍTULO 2
Atividades de aprendizagem
CAPÍTULO 2
2. Relacione a primeira coluna com a segunda:
95
CAPÍTULO 2
Aprenda mais...
Seções de estudo
Seção 1 – A crise da Modernidade
Seção 2 – A crítica da Modernidade e a Educação:
novas correntes teóricas
Objetivo de aprendizagem
100
Sociologia da Educação
CAPÍTULO 3
Modernidade. Você estudou que a Modernidade se configurou
como uma visão de mundo relacionada ao projeto que foi
empreendido em diversos momentos ao longo da Idade Moderna e
consolidado com as Revoluções. Está normalmente relacionada com
o desenvolvimento do capitalismo, e por isso é, ao mesmo tempo,
passado e presente, visto que, ainda que na Idade Contemporânea,
vivemos na Modernidade.
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CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 3
Uma imagem da crise
Um fato mais recente que precisa também ser pontuado aqui, para
que pensemos na questão das incertezas e da flexibilidade na alta
modernidade é a tragédia ocorrida no Japão no ano de 2011: um
terremoto de grandes proporções, seguido de um Tsunami que
ocasionou avarias de extensão até então não medidas em suas
usinas nucleares. Construídas para dar conta do modelo tecnológico
e econômico adotado pelo país, esta tragédia reacendeu o debate,
no mundo inteiro, sobre a questão da produção e uso da energia
nuclear para fins pacíficos. Para os ativistas do Greenpeace, por
exemplo, o melhor plano de emergência contra a ameaça nuclear
é abandonar de vez este modelo de geração de energia. O debate
está em aberto.
103
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 3
Um grupo de estudiosos, que faz parte de uma corrente que
podemos denominar como Estudos Pós-Coloniais, diz que não
há como consolidar um projeto de modernidade nesses países
sem empreender uma luta descolonizante. Apesar dos sistemas
colonialistas terem terminado, suas caracteristicas culturais,
epistemológicas, étnicas ainda permanecem bastante arraigadas
nas sociedades de “passado” colonial. Só seria possível consolidar
o tal “projeto iluminista” se levarmos a cabo o projeto inacabado
da descolonização. Um projeto que envolve a descolonização, em
termos de desconstrução de estereotipias e hierarquias, em termos
de raça-etnia, gênero, trabalho, conhecimento, sexo, religião -
espiritualidade e linguagem, tanto em escala planetária, quanto
em escala nacional e local, tarefa para a qual a escola terá papel
fundamental.
Objetivo de aprendizagem
105
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 3
(ou pós-críticas) e o grupo das teorias educacionais holísticas.
Acompanhe.
a. Qualidade total
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CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 3
b. Paradigma da cidadania
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CAPÍTULO 3
c. Crítico-emancipatória
CAPÍTULO 3
com o indivíduo em si. A preocupação nessa vertente é com uma
formação que desenvolva as habilidades racionais e críticas do ser
humano, não apenas para a vida coletiva, mas igualmente, para o
seu autoconhecimento.
111
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 3
a) pós-modernismo de celebração,
b) e pós-modernismo de resistência.
a. Pós-modernismo de celebração
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CAPÍTULO 3
b. Pós-modernismo de Resistência
CAPÍTULO 3
parece ser exequível a partir de microrracionalidades, embora estas,
por si mesmas, nada possam garantir.
115
CAPÍTULO 3
Multiculturalismo de resistência
CAPÍTULO 3
que as forças criativas de cada um e de todos convergem na ação.
(LIBÂNEO, 2005).
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CAPÍTULO 3
Para você começar a pensar nas contribuições dadas por Paulo Freire
à educação, sugerimos partir desses questionamentos, porque é em
CAPÍTULO 3
torno dele que esse educador teceu uma forma revolucionária de se
fazer o ato de ensinar.
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CAPÍTULO 3
A obra de Paulo Freire é muito vasta. Para se ter uma ideia, seu
ideário serviu como roteiro de pesquisa e trabalho para educadores
do mundo inteiro ajudando, além da leitura das palavras, a fazer
CAPÍTULO 3
a leitura do mundo. Que tal conhecer um pouco mais a proposta
pedagógica de Paulo Freire?
A educação libertadora
121
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 3
Paulo Freire também afirmou que ninguém ensina nada a
ninguém e que as pessoas não aprendem sozinhas. “Os homens se
educam entre si mediados pelo mundo”. Isso implica um princípio
fundamental: o de que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola
levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do
professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos e, para
isso, será necessário que as relações sejam afetivas e democráticas,
garantindo a todos a possibilidade de se expressar. Tal cenário só
poderá se concretizar em ambientes que propiciem o diálogo, em
ambientes em que seja possível estabelecer relações dialógicas.
Paulo Freire, por exemplo, foi alfabetizado debaixo de mangueiras.
A alfabetização deu-se no quintal da própria casa: “Fui alfabetizado
no chão do quintal de minha casa, à sombra das mangueiras, com
palavras do meu mundo, não do mundo maior dos meus pais. O
chão foi o quadro negro; gravetos o meu giz”. (FREIRE, 1988, p. 15).
123
CAPÍTULO 3
Objetivo de aprendizagem
CAPÍTULO 3
Segundo Ariès (1973), criança e adolescente foram, por muito tempo,
segmentos ignorados enquanto pessoas. A história deste grupo
aponta para uma trajetória marcada pela violência das relações
adultocêntricas, onde o abandono era prática aceita e o infanticídio
era uma das formas usadas para suprimir da sociedade pessoas
vistas como “inadequadas” aos padrões sócioeconômicos, culturais
e morais.
Exemplo
A sociedade espartana, por exemplo, eliminava as crianças portadoras
de deficiências por serem consideradas inaptas para a guerra.
Em Cartago, a prática do sacrifício sistemático de crianças só foi
interrompida quando houve um decréscimo populacional, para depois
ser retomada por razões econômicas relacionadas à distribuição da
herança. Entre os romanos, também a prática de sacrificar crianças
portadoras de deficiência e as do sexo feminino eram aceitáveis e
recomendadas.
125
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 3
reconhecendo-se com eles que a criança é um ser humano especial,
com características específicas e que tem direitos próprios. Foi nesse
contexto que emergiram as discussões da Sociologia da Infância,
principalmente com a institucionalização da escola, quando o
conceito de infância começou lentamente a ser alterado através da
escolarização das crianças.
127
CAPÍTULO 3
Pense nas crianças quilombolas, pense nas crianças indígenas dos mais
variados povos, pense nas crianças autistas. Quantos mundos têm aí?
Então, será que toda a infância é igual?
CAPÍTULO 3
toda e qualquer infância: o princípio de transposição imaginária do
real, comum a todas as gerações, constituindo-se em capacidade
estritamente humana. Portanto, torna-se imprescindível na
atualidade levar em consideração uma concepção modificada da
mente infantil.
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CAPÍTULO 3
Síntese do capítulo
CAPÍTULO 3
»» Paulo Freire é o principal teórico da Sociologia da Educação
no Brasil. Em suas teorias Freire depositou muita importância
no papel fundamental da educação enquanto instrumento
de transformação social. Seu diferencial enquanto
teórico da educação é atribuído a importância dada ao
ato de educar, o qual teria como objetivo fundamental o
desenvolvimento da pedagogia libertadora.
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CAPÍTULO 3
Atividades de aprendizagem
CAPÍTULO 3
memória de milhares de japoneses era a guerra no Pacífico, entre
Japão e Estados Unidos, no contexto do término da Segunda
Guerra Mundial. (Fonte: RECCO, Cláudio Barbosa (Coord.). A Bomba Atômica.
Historianet. Disponível em: <www.http://www.historianet.com.br/conteudo/default.
aspx?codigo=193>. Acesso em: 1 fev. 2011).
Como você pode relacionar esse fenômeno com aquilo que foi
denominado como a “Crise da Modernidade”?
133
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 3
3. Explique por que a Educação Libertadora proposta por
Paulo Freire se difere completamente do treinamento ou
da simples transmissão de informações, característica da
educação tradicional, ou bancária. Que relações você pode
estabelecer entre a proposta de Freire e a Sociologia da
Infância?
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CAPÍTULO 3
Aprenda mais...
Seções de estudo
Seção 1 – Globalização: um fenômeno de múltiplas
dimensões
CAPÍTULO 4
Seção 1 - Globalização: um fenômeno de múltiplas
dimensões
Objetivo de aprendizagem
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CAPÍTULO 4
O que é globalização?
Revolução Tecnocientífica
Em 1960, um cabo de telefone intercontinental conseguia transmitir
138 conversas ao mesmo tempo. Atualmente, com a invenção dos
cabos de fibra óptica, esse número sobe para 1,5 milhão. Uma
ligação telefônica internacional de 3 minutos, que custava cerca
de 200 dólares em 1930, hoje em dia é feita por mais ou menos
US$ 2 dólares. O número de usuários da Internet, rede mundial de
computadores é de cerca de 50 milhões e tende a duplicar a cada
ano, o que faz dela o meio de comunicação que mais cresce no
mundo. E o maior uso dos satélites de comunicação permite que
alguns canais de televisão - como as redes de notícias CNN, BBC e
MTV - sejam transmitidas instantaneamente para diversos países.
CAPÍTULO 4
Esta revolução nas tecnologias de informação, gerado pela
expansão dos sistemas de comunicação por satélites intensificaram
as relações socioeconômicas em âmbito mundial. E é justamente por
meio dos avanços tecnológicos obtidos, que foi possível promover
maior integração econômica e cultural entre regiões e países de
diferentes pontos do planeta. Entretanto é importante ressaltar
que mesmo com os avanços cada vez mais velozes ocorridos nos
meios de comunicação e informação, há, contraditoriamente, um
crescente isolamento dos indivíduos, de forma que as alternativas
de socialização têm sido reduzidas. A exclusão de muitos grupos na
sociedade e a separação entre camadas sociais têm contribuído para
que a integração entre diferentes povos não se efetive e rume para
um processo de isolamento social.
143
CAPÍTULO 4
Exemplo
Nas escolas, por exemplo, o uso de celular e notebooks é também um
reflexo importante deste fenômeno. Nossos alunos têm a possibilidade
de estarem conectados e interligados o tempo todo.
CAPÍTULO 4
Mesmo com todas as múltiplas dimensões que o processo da
globalização apresenta, demonstrando a sua complexidade
e abrangência, a faceta que mais se destaca é a econômico-
capitalista, ou seja, a mundialização do espaço geográfico por meio
da interligação econômica em âmbito planetário. Esse processo
ocorre em diferentes escalas e possui consequências distintas entre
os países. Nos países mais desenvolvidos, são muito os benefícios
trazidos pela globalização, na medida em que seu mercado
consumidor é expandido por intermédio de suas empresas. Para
os países mais pobres, processos de exclusão, marginalização e
pobreza se tornam cada vez mais evidentes no mundo globalizado.
145
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 4
Na contramão da crítica feroz à globalização globalitária, Milton Santos
(2000, p.174) foi otimista e acreditou num novo tempo, pois para ele “a
globalização atual não [era] irreversível”. Para ele, no bojo do próprio
fenômeno da globalização estariam as sementes que possibilitariam
a mudança, bastando para isso que “se completem as duas grandes
mutações ora em gestação: a mutação tecnológica e a mutação
filosófica da espécie humana” . Para tanto, Milton Santos (2000, p.174)
propôs uma mudança pautada na reação dos miseráveis, que seriam os
únicos atores sociais capazes de empreender “uma outra globalização”
feita por baixo, com novas instituições, numa nova realidade.
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CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 4
O impacto da utilização das tecnologias da informação e da
comunicação pelos movimentos sociais é enorme. Veja no quadro a
seguir um exemplo disso:
O movimento Zapatista
Em 1994, o surgimento de um
movimento guerrilheiro indígena no
sul do México, provocou um
verdadeiro reboliço na mídia ao redor
do mundo. No momento em que
muito se falava do “milagre
econômico mexicano”, das bondades
das políticas neoliberais e do Tratado
de Livre Comércio da América do
Norte, milhares de indígenas
tomavam sete cidades do estado de
Chiapas na madrugada do 1 de
janeiro e declaravam guerra ao
Figura 4.3 - Movimento Zapatista governo. As propostas inovadoras do
Exército Zapatista de Liberação
Nacional e a forma
surpreendentemente bem-
humorada e articulada de comunicá-las suscitaram não apenas o
interesse da mídia comercial, mas o surgimento de um movimento de
mídia alternativa – nacional e internacional – com efeitos duradouros na
forma de se pensar os meios de comunicação global. Ao mesmo tempo,
as comunidades zapatistas, rebeldes na selva e nas montanhas do
sudeste mexicano, que desde então vêm criando sistemas cada vez
mais complexos de autonomia como principal eixo da sua proposta
revolucionária, tem desenvolvido audaciosos projetos de comunicação
autônoma que incluem rádio, produção áudio-visual, comunicações por
internet e outros meios.
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CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 4
de desenvolvimento, visto que o processo produtivo sempre se
baseia em algum grau de conhecimento e no processamento da
informação.
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CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 4
lógica modifica de forma substancial a operação e os resultados
dos processos produtivos e de experiência, poder e cultura.
São estruturas abertas capazes de expandir de forma ilimitada,
integrando novos nós por meio dos quais compartilhamos os
mesmos códigos de comunicação.
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CAPÍTULO 4
»» a informação é um produto;
CAPÍTULO 4
dinâmica, aos poucos, absorve e supera as formas sociais
preexistentes. O perfil do trabalhador a ser formado para essa
nova estrutura se modifica e exige formação qualificada. Desse
modo, a educação não escapa a essa lógica e se vê confrontada
por complexos e novos desafios que nos desafiam a pensar seu
papel frente à sociedade atual. Adaptar-se ou resistir, o que cabe ao
processo educacional nesse contexto?
155
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 4
A massa de trabalhadores genéricos circulará por vários empregos,
cada vez mais por trabalhos eventuais, com muita descontinuidade.
157
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 4
sujeito acesso aos diversos referenciais sobre o conhecimento que
lhes é transmitido e, ao mesmo tempo, construa progressivamente
o conhecimento. (BURNHAM apud GOMES, 2000). Tendo em vista
o imperativo dos professores desenvolverem essas práticas na sala
de aula, sublinha-se a importância dessa ação discursiva ressaltando
seu papel como mediador/construtor do processo de cidadania, por
interface de uma leitura que reúna as práticas informacionais vistas
na escola e as experiências de mundo dos alunos.
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CAPÍTULO 4
Síntese do capítulo
CAPÍTULO 4
»» Em termos políticos, a globalização destacaria a diminuição
do poder dos Estados Nacionais em detrimento do poder
do comércio e do capital internacional e, em termos
econômicos, seria um movimento de liberalização dos
mercados, marcado por grandes ondas de privatizações.
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CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 4
Atividades de aprendizagem
163
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 4
3. A lógica imposta pelo surgimento da Sociedade em Rede
tem levado os profissionais e estudiosos envolvidos com
a educação a repensar as condições para a formação do
trabalhador. Nesse capítulo, foi possível discutir, pelo menos
três modelos para essa tarefa: a formação do trabalhador
como mão de obra genérica, como mão de obra auto-
programável, ou como formação global do sujeito. Explique
qual é o tipo de formação que indivíduo recebe em cada um
destes modelos. Qual deles se encaixa com os pressupostos
deste curso?
165
CAPÍTULO 4
Aprenda mais...
Os documentários :
»» Let’s Make Money (Alemanha, 2008)
»» Ouro Azul: a guerra mundial pela água (Inglaterra, 2009)
Ambos documentários estão disponíveis na midiateca da disciplina, são
referências interessantes que promovem uma reflexão sobre as consequências
da globalização.
O filme :
»» Rede Social (EUA, 2010)
Apresenta um bom retrato sobre o significado da informação na era da
sociedade em rede.
Se assim for, toda essa “viagem”, com certeza, terá valido muito a pena!
AUTORA
Marilise Luiza Martins dos Reis
É bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Catarina
- UFSC, Mestre em Sociologia Política pelo Programa de Pós-Graduação em
Sociologia Política da UFSC e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em
Sociologia Política - UFSC. Faz parte do Núcleo de Pesquisa em Movimentos
Sociais (NPMS), da UFSC, e do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (NEAB),
da UDESC. Desde 2001 atua no curso de pedagogia a distância da UDESC,
ministrando as disciplinas Sociologia, Antropologia Cultural e Multiculturalismo,
Políticas Públicas e Economia e Trabalho. É co-autora de sete cadernos
pedagógicos voltados para a educação a distância, publicados pela UDESC,
onde atua como professora. Ministrou disciplinas presenciais no Curso de
Pedagogia da Faculdade de Educação da UDESC durante o ano de 2006 e
no Curso de Economia e Ciências Contábeis, da UFSC, em 2008. Ministrou a
disciplina Gênero e Etnia: a mulher negra e mestiça na sociedade, no Curso de
Pós-Graduação da FACEL/AUPEX, no ano de 2010.
PARECERISTA
Tade-Ane de Amorim
Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa
Catarina (1999) e mestrado em Sociologia Política pela Universidade Federal de
Santa Catarina (2001). Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em
Tecnologia e Sociedade, atuando principalmente nos seguintes temas: internet,
risco, pornografia, nanotecnologia e gênero.
Comentários das atividades
Capítulo 1
Os eventos que você deve ter citado são: o Iluminismo, que trouxe como
grande modificação a substituição da visão teocêntrica do mundo pela
visão antropocêntrica, o uso da razão e o método científico; a Revolução
Industrial, que implicou em modificações econômicas como a industrialização,
a migração para as cidades e o surgimento das classes sociais: burguesia e
proletariado e a Revolução Francesa, que implicou em modificações políticas
como: o nascimento do Estado Moderno e a emergência da burguesia ao
poder. Para a educação foram trazidas modificações como a emergência de
uma educação pública e laica, de tipo dual, uma voltada para a formação de
mão de obra para o trabalho nas fábricas, e outra, voltada para a formação
da elite dirigente, bem como para a proliferação dos ideais burgueses para a
sociedade.
Capítulo 2
Capitulo 3
Como você pode relacionar esse fenômeno com aquilo que foi denominado
como a “Crise da Modernidade”?
Para essa questão você deve relacionar esse evento com a ideia dos efeitos
imprevistos pelo projeto da modernidade. Relacionar a modernidade como
um fenômeno repleto de ambiguidades, que ao mesmo tempo em que
oferece segurança, oferece perigo, e que não pode garantir que o uso da
razão humana leva a certeza de um mundo melhor para todos. Tais bombas,
por exemplo, derivaram de uma descoberta importantíssima da ciência,
portanto da razão humana, para a qual Albert Einstein sabia, hipoteticamente,
dos usos maléficos que poderiam ser feitos com a descoberta da energia
nuclear, mas não contava com dois fatos históricos concretos: o primeiro, que
viesse a estourar uma Segunda Guerra Mundial e o segundo, que em algum
dia essa energia fosse realmente utilizada para fins de destruição em massa.
Capítulo 4
Você deve ter pontuado em sua resposta que, para Milton Santos a
globalização é um fenômeno complexo porque assumiu uma abrangência
para além da questão econômica. Nesse sentido, ela passou a ser pensada
por ele como uma possibilidade potencial de romper não só com as barreiras
geográficas entre os países, mas de transpor barreiras culturais de intolerância,
de discriminação, permitindo o surgimento de consensos globais em torno
de valores universalizáveis, tais como as questões ecológicas e os direitos
humanos. Como exemplos, pense nos movimentos sociais, na mídia, na
possibilidade gerada pelas tecnologias da informação e comunicação.
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informação implica desenvolver, no processo educativo, a formação global do
sujeito.
173
Referências
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Referências das figuras