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Educação Especial
12
1ª Edição
3
Fortaleza História
2019
Educação
Física
Ciências Artes
Química Biológicas Plásticas Computação Física Matemática Pedagogia
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Editora Filiada à
Capítulo 6 – Surdocegueira................................................................ 81
Introdução............................................................................................................ 83
1. Surdocegueira – aproximações conceituais e implicações
diante das perdas sensoriais......................................................................... 83
1.1. Classificação da surdocegueira............................................................. 85
2. Quando comunicar é possível........................................................................ 87
2.1. Então, como comunicar-se com um surdocego?................................. 88
2.2. Educação da pessoa com surdocegueira: desafios
e possibilidades....................................................................................... 91
3. Considerações finais...................................................................................... 94
As autoras
7
Educação Especial
Capítulo 1
Educação especial e inclusiva:
conceitos, definições e
alunos com necessidades
educacionais especiais
9
Educação Especial
Objetivos
Introdução
A educação das pessoas com deficiência, apesar de todos os avanços que já
conseguimos perceber nos dias atuais, considerando as contribuições da ciên-
cia e os direitos sociais celebrados nos instrumentos legais, em decorrência da
luta de parcelas da sociedade civil, ainda configura-se como uma trajetória com
um longo caminho à frente a ser percorrido. Esse caráter desafiante quer dizer,
na prática, o enfrentamento de questões de diferentes ordens.
Para iniciarmos as nossas reflexões sobre o assunto, como forma de
provocar o nosso pensamento, vamos atentar para as seguintes indagações:
O que você
Como uma pessoa com entende por
deficiência se sente na educação
sociedade? inclusiva?
10
Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
Nesse texto, não temos a intenção de discutir cada uma dessas inda-
gações, mas pretendemos incluir elementos conceituais que se convertam
em subsídios para as reflexões necessárias ao estudo da inclusão escolar de
pessoas com deficiência.
1. Iniciando a conversa
A Organização das Nações Unidas (ONU), em levantamento divulgado em
2006, estima que existam 500 milhões de pessoas com deficiências em
todo o mundo, estando 80% nos países menos desenvolvidos. O Censo
Demográfico de 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es-
tatística (IBGE), estima que, no Brasil, 14,5% da população tem algum tipo
de deficiência. À época, essa porcentagem correspondia a 24,5 milhões
de pessoas (OSÓRIO, 2010).
O conceito de deficiência sempre esteve associado ao de falta, de in-
completude ou mesmo de defeito, imperfeição. Etimologicamente falando,
deficiência vem do latim, deficiens, de deficere, que significa “ter uma falha”.
De de + facere, quer dizer aquele que não consegue fazer, que tem um corpo
imperfeito, erro da natureza (FERREIRA; GUIMARÃES, 2003).
Em 1980, a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou a Classifica-
ção Internacional de Deficiências, Incapacidades e Desvantagem (CIDID), que
foi traduzida oficialmente para a Língua Portuguesa em 1989. Esse documento
contempla a revisão conceitual sobre a deficiência, impulsionada pelas discus-
sões deflagradas em um encontro mundial, realizado em 1981 pela OMS, que o
elegeu como sendo o “Ano Internacional da Pessoa Portadora de Deficiência”.
[...] uma condição do sujeito que não depende apenas da sua dimensão
orgânica, pois os condicionamentos sociais e ambientais podem minimi-
zar ou acentuar as diferenças, de acordo com as oportunidades e ações
valorativas que se oferecem aos sujeitos (BASTOS, 2006, p. 63).
O Brasil, nesse contexto, tem assumido nos textos legais e nas políticas
públicas orientações baseadas na perspectiva da educação inclusiva, como é
o caso da Política Nacional de Educação Especial (PNEE), de 1994, a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB Nº 9394/96), a Lei nº 7853/89,
sobre a Política Nacional para a integração da Pessoa Portadora de Defici-
ência; as Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica
(2001), e a recente Política Nacional de Educação Especial, na perspectiva
da Educação Inclusiva (2008), dentre outras.
Importa assinalar no contexto nacional a contribuição política e legal
que a promulgação da Constituição Federal de 1988 traz para o movimento
da inclusão quando define como um de seus objetivos fundamentais:
e socialização do saber;
l A resistente ideia de que existem alunos ideais;
Atividades de avaliação
Sites
http:/portal.mec.gov.br.
www.scielo.br/scielo.php?pid=1413-6538&script=sci_serial
Referências
BASTOS, Marbênia Gonçalves Almeida. Deficiência: marco legal e institucio-
nal. In: VALDÉS, Maria Teresa Moreno. (Org.). Inclusão de pessoas com
deficiência no ensino superior no Brasil: caminhos e desafios. Fortaleza:
EdUECE, 2006.
20
Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
Objetivos
l Reconhecer a estrutura e o funcionamento da educação especial no con-
texto brasileiro.
l Refletir sobre a educação especial no contexto escolar do seu município.
Introdução
Iniciamos este estudo sobre a estrutura e o funcionamento da educação espe-
cial na educação básica, fazendo algumas perguntas muito importantes para
nossas reflexões:
l Você sabe como funciona a educação básica em nosso país, estado e
município?
l Quem elabora as leis que dizem respeito à educação básica brasileira?
l Como está estruturado o ensino nas escolas especiais brasileiras?
l Quais são os maiores desafios enfrentados nas escolas públicas e as
mudanças ocorridas capazes de atender as demandas oriundas do pro-
cesso inclusivo?
l Você conhece a legislação que orienta a educação básica e a educa-
ção especial?
Para responder a essas questões, apresentamos os pressupostos que
dão suporte teórico que determinam e/ou norteiam a estrutura e a organização
da educação especial.
É importante saber que a relevância desse estudo está na possibilida-
de de conhecer mais os principais responsáveis pela formação e atuação
das pessoas com deficiência na sociedade, significando, sobretudo, a de-
terminação e intenções sociais e educacionais referendadas nas políticas
públicas brasileiras.
Vigotsky (1997) foi um dos críticos a esse tipo de modelo que separa
os indivíduos, relegando-os a viverem segregados pela sua própria condição
deficitária, sem a oportunidade de serem desafiados por outras pessoas e di-
nâmicas sociais. Conforme o autor, a educação especial deve estar vinculada
à educação geral, não se configurando como diferente, em princípio, para as
crianças com deficiência. As iniciativas educacionais devem se constituir um
capítulo da pedagogia geral, considerando os princípios gerais da pedagogia.
Certamente, os estudos e pesquisas de interessados nessas temáticas
aqui abordadas e desenvolvidos pelas instituições de ensino superior e as lu-
tas das famílias e grupos engajados na luta pelos direitos sociais das pessoas
com necessidades educacionais especiais marcam, com força de pressão,
as mudanças implementadas na legislação brasileira.
Essas mudanças se coadunam com a perspectiva inclusiva discutida
no capítulo anterior, impulsionada pelas conferências mundiais em favor da
educação, ocorridas nos anos 1990, como é o caso da Declaração de Sa-
lamanca, elaborada no bojo dos debates proporcionados pela Conferência
Mundial sobre Necessidade Educacionais Especiais, realizada naquela ci-
dade espanhola, em 1994.
Garcia (2008) considera que a educação das pessoas com deficiência
foi contemplada nos debates educacionais da década de 1990, notadamente
nos países em desenvolvimento, regidos pelo “[...] consenso em torno da uni-
versalização como política que organiza a educação básica e que passou a
ser difundida como estratégia de inclusão social na virada do século” (p. 13).
A Declaração de Salamanca reafirma o direito à educação de todos,
5
www.portal.mj.gov.br/ como está firmado na Declaração Universal dos Direitos Humanos5, de 1948,
sedh/ct/legis_inter/ddh_ assim como renova o compromisso assumido pelos países na Conferência
bib_inter_universal.htm
Mundial sobre a Educação para Todos, de 1990, de assegurar esse direito,
independente das diferenças individuais.
Saiba mais
Declaração de Salamanca: sobre princípios, políticas e prá-
ticas na área das necessidades educativas especiais
l Toda criança tem direito fundamental à educação e deve ser dada a oportunidade de
atingir e manter o nível adequado de aprendizagem.
l Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de apren-
l Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular,
que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de
satisfazer a tais necessidades.
l Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais
Portanto, temos claro que a formação inicial e/ou continuada dos pro-
fessores para atuar nos espaços inclusivos deve ser compromisso dos go-
vernos federal, estadual e municipal. O compromisso com a qualidade de
educação de qualidade que possa garantir uma formação que complete em
suas matrizes curriculares saberes teóricos e práticos, visando oferecer do-
mínio de conhecimentos necessários e suficientemente capazes de atender
às diferentes demandas dos alunos com deficiências nos diversos espaços
escolares e não escolares.
30
Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
Saiba mais
Estrutura e funcionamento: origens
As palavras estrutura e funcionamento têm raízes distintas, ambas de natureza latina.
Structura vem do verbo struere, que significa construir. Funcionamento, por sua vez, é ori-
ginária do francês fonctionnement, cuja etimologia associa-se à palavra latina functio, ònis,
que, entre outros termos, está ligada ao ato de “cumprir, exercer, desempenhar”.
Para um entendimento inicial sobre o assunto, associemos a ideia de estrutura à
“organização, disposição e ordem dos elementos essenciais que compõem um corpo
(concreto ou abstrato)”. (HOUAISS & VILLAR, 2001, p. 1267).
Os dicionários costumam ter longos verbetes para a palavra que possui inúmeros sentidos,
com usos em campos tão diferenciados quanto a Engenharia, a Filosofia e outros. Funciona-
mento diz respeito ao “ato ou efeito de funcionar”, que, por sua vez, também comporta signifi-
cados diversos. A ideia de “um bom e regular desempenho”. (Idem, p. 1403).
Para facilitar a compreensão, é importante recorrer a ilustrações. Quando se aponta a
estrutura de uma escola, a referência costuma dizer respeito ao prédio e às instalações físicas
– biblioteca, laboratórios e outros. Quando nos reportamos ao seu funcionamento, estamos
nos referindo a aspectos que dependem da estrutura, mas tem uma dimensão própria com
claro sentido operacional. Uma escola em funcionamento abre suas porta a professores, alu-
nos e funcionários em todos os dias dos ano escolar. É óbvio, porém, ser insuficiente a escola
estar em funcionamento. Ela precisa estar em bom funcionamento. E isto depende sobretu-
do do compromisso de todos com a aprendizagem.
Fonte: VIEIRA, Sofia Lerche. Educação Básica: política e gestão da escola. Brasília: Liber Livro, 2008, p. 17 e 18.
Atividades de avaliação
1. Após a leitura do texto, discutir nos grupos: que informações do texto são rele-
vantes para o bom funcionamento da educação especial na educação básica?
2. Pesquise no seu município como estão estruturadas as escolas especiais
para receber os alunos com deficiência, principalmente em relação à aces-
sibilidade e aos recursos didático-pedagógicos adaptados. Faça um relató-
rio e apresente na sua sala de aula.
Sites
htpp://www.portal.mec.gov.br-níveis de modalidades de ensino
htpp//www.planlato.gov.br-legislação
Referências
BRASIL. Estatuto da Criança do Adolescente. MEC, Brasília, 1990.
UNESCO. Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre Necessidades
Educativas Especiais. Salamanca, Espanha: Ministério da Educação e Ciên-
cia de Espanha, 1994.
VIEIRA, Sofia Lerche. Educação Básica: política e gestão da escola. Fortale-
za: Liber Livro, 2008.
VIGHOSTKY, S. L. Obras escogidas: tomo V. fundamentos de defectologia.
Madrid: Portugal: Visor, 1997.
33
Educação Especial
Capítulo 3
Políticas, modalidades de
atendimento educacional
especializado e salas
de recursos
35
Educação Especial
Objetivos
Introdução
Neste capítulo, apresentamos alguns documentos internacionais e nacionais
que se referem à educação especial e inclusiva e que identificam as modali-
dades de atendimento especializado e salas de recursos que vêm contribuin-
do para a implementação das políticas públicas no Brasil e no Ceará.
Conhecer esses documentos oficiais possibilitará que você saiba mais
sobre a situação do ensino e da aprendizagem de crianças e adolescentes
com deficiências nas escolas de ensino especial e regular. Também ajuda-
rá você a entender como estão sendo implementadas no seu município as
ações sobre o atendimento e os recursos disponíveis para esses alunos.
Os documentos nacionais normatizam as ações dos governos, ten-
tando trazer para a comunidade uma visão mais ampla para se realizar
uma educação de qualidade, respeitando o princípio da diversidade entre
todos os indivíduos. Portanto, ao estudarmos as diversas leis sobre educa-
ção especial e inclusiva, vamos encontrar momentos que fazem referên-
cias ao atendimento educacional especializado e aos recursos utilizados
pelos profissionais das escolas, visando atender às reais necessidades
educacionais de seus alunos.
anos, o atendimento
l Decreto Nº 6.571/2008 que dispõe sobre o Atendimento Educacional Espe- dos alunos com
cializado. necessidades especiais
na Educação Infantil e
É importante destacar que o Programa Educação Inclusiva: direito à di- no Ensino Fundamental
versidade (2004), tem como uma das principais finalidades “disseminar a polí- (meta 5);
l Assegurar que, em
tica de inclusão junto aos municípios e seus respectivos segmentos” (BRASIL/ 5 anos, todos os
MEC, 2004). Na análise de Oliveira (2004), é importante destacar que o pres- prédios escolares
suposto da Política de Educação Especial (1994), compreende: seja adaptados com
padrões mínimos de
modificar a estrutura escolar (física, administrativa e pedagógica) para po- infraestrutura para o
der realizar a inserção dos alunos com necessidades educacionais espe-
atendimento dos alunos
com necessidades
ciais no ensino comum, enquanto que, na política multicultural (PCN; 1996),
educacionais especiais
o discurso de mudança está centralizado nas práticas individuais de docen- (meta 12);
tes e discentes, pois as orientações didáticas definem como responsabilida- l Aumentar os recursos
Saiba mais
Onde tudo começou
O Instituto Benjamin Constant foi criado pelo Imperador D. Pedro II, através do Decreto
Imperial nº 1.428, de 12 de setembro de 1854, tendo sido inaugurado, solenemente, no dia 17
de setembro do mesmo ano, na presença do imperador, da imperatriz e de todo o ministério,
com o nome de Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Este foi o primeiro passo concreto no
Brasil para garantir ao cego o direito à cidadania. Estruturando-se de acordo com os objetivos
a alcançar, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos foi pouco a pouco derrubando preconceitos
e mostrou que a educação das pessoas cegas não era utopia, bem como a profissionalização.
Com o aumento da demanda, foi idealizado e construído o prédio atual, que passou a
ser utilizado a partir de 1890. Em 1891, o Instituto recebeu o nome que tem hoje: Instituto
Benjamin Constant (IBC), em homenagem ao seu terceiro diretor. Fechado em 1937 para a
conclusão da segunda e última etapa do prédio, o IBC reabriu em 1944. Em setembro de 1945,
criou o curso ginasial, que veio a ser equiparado ao do Colégio Pedro II, em junho de 1946.
Proporcionou, assim, o ingresso nas escolas secundárias e nas universidades.
Atualmente, o Instituto Benjamin Constant tem seus objetivos redirecionados e
redimensionados. É um Centro de Referência, em nível nacional, para questões da de-
ficiência visual. Possui uma escola, capacita profissionais da área da deficiência visual,
assessora escolas e instituições, oferece consultas oftamológicas para a população, re-
abilita, produz material especializado, impressos em Braille e publicações científicas.
Toda a história do IBC foi publicada no primeiro exemplar da Revista Benjamin Cons-
tant, em um texto que apresenta os seguintes tópicos históricos: antecedentes, fundação,
primeiros diretores, nomes do instituto, imprensa Braille e o instituto no século XX.
Fonte: www.ibc.gov.br/?itemid=89.
Pense!
O desconhecimento dos recursos disponíveis aos municípios implantados pelos po-
deres públicos, bem como as iniciativas de cunho particular para o atendimento das pes-
soas com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/super-
dotação nas áreas de educação e saúde, sem desprezar a importância de outras áreas,
contribui para a manutenção de opiniões que associam “inclusão escolar” com a mera
matrícula desses alunos nas classes comuns e, portanto, reforçam uma avaliação negativa
dessa perspectiva de atendimento (BAPTISTA e JESUS, 2009, p. 73).
3. Considerações finais
Assim, como vimos no decorrer de todo o texto, os documentos oficiais apre-
sentados pontuam a importância das políticas públicas inclusivas que direcio-
nam novas ações influenciando diretamente na formação e nas práticas dos
professores da educação básica, bem como na necessidade urgente para
um melhor atendimento educacional, utilizando os recursos adequados para
todos os alunos com deficiência.
Percebemos que os direcionamentos destes documentos permane-
cem com ênfase em um caráter excludente da população em determina-
dos setores sociais, mesmo considerando alguns momentos de transição
e diversas opiniões sobre os resultados significativos das práticas inclusi-
vas nas escolas brasileiras.
Também observamos que, apesar das diretrizes nacionais serem vol-
tadas para a educação para todos, seus resultados legais e práticos levam
anos para serem percebidos na cultura e nas atitudes da população brasilei-
ra, como também concretizados por todo o sistema educacional. Para além
desse olhar, acreditamos que para uma efetiva e significativa implantação dos
documentos vigentes existem outros aspectos do cotidiano escolar que esca-
pam a qualquer legislação e cujo aprimoramento e transformação depende,
contudo, de quem faz educação nas escolas brasileiras.
Em relação ao atendimento educacional especializado e às salas de re-
cursos multifuncionais nas escolas de educação especial e regular, todos os
alunos têm benefícios educacionais durante o processo de aprendizagem, na
medida em que a criação de novas estratégias pedagógicas e adaptações cur-
riculares conseguem responder às reais necessidades educacionais especiais.
Nesse sentido, concluímos que, se a educação é um direito universal,
independente de sua condição social, racial ou de alguma limitação física,
cognitiva ou motora, podemos entender que todos os indivíduos têm acesso
e permanência buscando uma educação de qualidade, numa perspectiva de-
mocrática de sociedade.
No entanto, por muito tempo, em relação à educação especial perdu-
rou o entendimento de que o direito a esse tipo de modalidade de ensino era
organizado paralelo à escola regular e uma forma mais apropriada para o
atendimento de alunos com deficiência educacionais especiais. Hoje todos
permanecem com direitos e oportunidades de educação; precisamos analisar
que tipo de educação está sendo oferecida a esses alunos nas escolas de
ensino especial e inclusiva, bem como compreender as práticas pedagógicas
dos professores para uma aprendizagem significativa quanto ao atendimento
educacional especializado. Vamos acompanhar!
42
Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
Síntese do capítulo
Nesse capítulo, apresentamos alguns documentos oficiais que orientam as
políticas públicas no Brasil e no Estado do Ceará. Discutimos como a edu-
cação especial se consolida a partir dos sistemas de ensino ao atendimento
educacional nas escolas regulares.
Identificamos como as bases legais são importantes para a educação
da pessoa com deficiência, principalmente tendo como diretrizes a Política
Educacional Especial, na perspectiva da Educação Inclusiva (2008) e seguin-
do as orientações do Atendimento Educacional Especializado (2008), que es-
tabelece a criação de salas multifuncionais nas escolas regulares.
Finalizamos, refletindo sobre a importância da implantação efetiva das
políticas públicas contribuírem para a prática dos professores nas escolas e
para o processo de aprendizagem dos alunos com deficiência.
Atividades de avaliação
1. Construa uma linha do tempo sobre os documentos nacionais da educação
especial e inclusiva, correspondendo ao período de 2000 a 2012.
a) Quais os documentos nacionais referentes à educação especial e in-
clusiva?
b) Visite a Secretaria de Educação e faça uma linha do tempo citando esses
documentos oficiais.
2. Em seu município:
a) Visite a Secretaria de Educação e registre os documentos existentes sobre
a Educação Especial e Inclusiva.
b) Saiba como é realizado o atendimento educacional especializado às crian-
ças com deficiências. Faça uma visita às escolas e escreva um relatório
sobre as características desses atendimentos.
c) Discuta em sala de aula quais as melhores alternativas de atendimento
educacional especializado que podem ser realizadas em seu município.
43
Educação Especial
Sites
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf
http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm
http://200.156.28.7/Nucleus/media/common/Downloads_PCN.PDF
http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf
http://peei.mec.gov.br/arquivos/Resol_4_2009_CNE_CEB.pdf
Referências
BRASIL. Atendimento Educacional Especializado. Decreto nº 6571 de 17
de setembro de 2008. Brasília/ MEC, 2008.
BAPTISTA, Claudio Roberto, JESUS, Denise Meyrelles de. Avanços em po-
líticas de inclusão: o contexto da educação especial no Brasil e em outros
países. Porto Alegre: Mediação/CDV/FACITEC, 2009.
SÁNCHEZ, Pilar Arnaiz. A educação inclusiva: um meio de construir escolas
para todos no século XXI. In. Inclusão – Revista da Educação Especial. Ano
I nº 01, outubro, 2005.
BRASIL. Constituição Federal do Brasil. Brasília. 1988.
______. Política Nacional de Educação Especial. MEC, Brasília, 1994.
______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília/DF: 1996.
______. Plano Nacional de Educação – PNE - Lei nº 10172/2001. Ministério
da Educação. Brasília, 2001.
_______. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Edu-
cação Inclusiva. MEC/SEESP, 2008.
44
Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
Capítulo 4
Deficiência visual
47
Educação Especial
Objetivos
l Compreender as especificidades educacionais dos alunos com deficiên-
cia visual cujas informações auxiliem a identificação, diagnóstico, e o at-
endimento educacional especializado;
l Reconhecer os recursos especiais, metodologia e estratégias pedagógi-
cas que facilitam o processo ensino-aprendizagem de alunos com cegue-
ira e baixa visão no contexto do sistema educacional brasileiro e sua in-
serção social.
1. Deficiência visual
A inclusão de alunos com deficiência visual em instituições de educação regu-
lar tem sido um tema bastante recorrente em nosso país e em todas as partes
9
Existe um movimento
mundial pela educação
do mundo, desde o final do século passado. Com a discussão trazida para
inclusiva. Trata-se de
diversos espaços, pretendemos chamar a atenção dos profissionais, dos for- uma ação política global
muladores e dos executores de políticas públicas relativas à educação, para que defende o direito de
que possam promover uma educação inclusiva9 efetiva. todos os alunos estarem
juntos, aprendendo e
Para que essa oportunidade educacional ocorra de fato é importante
participando, sem nenhum
oferecer aos alunos com deficiência visual mecanismos que lhes possibi- tipo de discriminação. No
litem uma equidade no acesso a recursos técnicos, materiais e humanos Brasil, essa política fica
atendendo-os de uma forma específica e, ao mesmo tempo, igualitária. clara com o Estatuto da
Diante da atual conjuntura econômica e social, a busca incessante por edu- Criança e do Adolescente,
cação de qualidade torna-se indispensável. de 1990, que diz que
todos os pais têm
Destacamos, assim, a importância da formação docente respaldada obrigação de matricular
por saberes que possibilitem o atendimento educacional de alunos com de- seus filhos na rede regular
ficiência visual através de recursos, metodologia e estratégias pedagógicas de ensino.
que facilitem o processo de ensino e aprendizagem destes alunos.
Pense!
Estudos recentes revelam que enxergar não é uma habilidade inata, ou seja, ainda
não sabemos enxergar quando nascemos. Essa habilidade se forma inconscientemente,
quando alguém chama nossa atenção dizendo: ''olha o gatinho'', ''olha a bola do Pedro''.
A prevenção
Pense!
O importante é saber que a deficiência visual não confere a ninguém nem qualida-
des menores nem potencialidades compensatórias. A criança com deficiência terá seu
crescimento efetivo dependendo das oportunidades que lhe forem dadas, da forma
pela qual a sociedade a vê e da maneira como ela própria se aceita.
2. Práticas pedagógicas
Sabemos que a criança com deficiência visual, se não for estimulada adequa-
damente, tende a desenvolver-se mais lentamente, se comparada com crian-
ças sem deficiência. No entanto, ela precisa ser percebida como um ser inteiro,
dona dos seus pensamentos e construtora, ainda que em condições peculiares,
do seu próprio conhecimento. A falta de vivência sensório-motora significativa,
de limitações de movimentos e espaço gerados inconscientemente pelos pais,
ou familiares, a torna uma criança insegura, prejudicando a construção do co-
nhecimento e a elaboração das suas representações simbólicas.
Desde cedo a criança considerada sem deficiência tem contato com
o mundo das letras, através de rótulos, livros de estórias, cartazes, jornais,
revistas, outros, enquanto a maioria das crianças com deficiência visual
faz seu primeiro contato com a escrita somente na etapa da alfabetização.
Daí a necessidade de um ambiente desafiador, criativo e estimulador para
propiciar experiências diversas e, consequentemente, o desenvolvimento
global do educando.
52
Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
Pense!
O interesse da criança, da família e da comunidade em geral será melhor atendido
quando os programas de educação especial forem instalados em escolas locais, propor-
cionando ao educando o máximo de convivência com outras crianças e pessoas de seu
próprio círculo de relações sociais.
Saiba mais
Informações através de outros sentidos
Cientistas da Universidade Hebraica de Jerusalém descobriram que pessoas cegas, atra-
vés de equipamentos de som especiais, podem descrever objetos e até identificar letras e
palavras. A novidade coloca em dúvida o senso comum de que, se o córtex virtual não recebe
informações visuais na infância, a criança dificilmente poderá enxergar objetos no futuro.
Consegue-se o feito através de um dispositivo de substituição sensorial. O equipa-
mento tem o objetivo de fornecer informações visuais aos cegos através de outros sen-
tidos. Os usuários só precisam usar uma pequena câmera conectada a um computador
e fones de ouvido. As imagens são convertidas em paisagens sonoras, o que permite ao
indivíduo interpretar as informações.
Os cegos que passaram pela experiência alcançaram um nível de acerto que ultra-
passa o critério estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para a cegueira,
segundo os pesquisadores. Os resultados, apesar de não convencionais, já que não uti-
lizam o sistema oftalmológico do corpo, não deixam de ser visuais, por ativarem a rede
de identificação visual do cérebro.
55
Educação Especial
3. Recursos específicos
Os recursos específicos facilitam a inclusão de crianças com deficiência
visual na escola, auxiliando a comunicação e o acesso ao conhecimento,
enriquecendo as atividades escolares, além de estimular e desenvolver o
processo de aprendizagem formal ou informal.
Recursos ópticos e pedagógicos especiais
l Lupas manuais,
l Iluminação com filtro para potencializar contraste e diminuir reflexo e brilho;
l Lápis 6b.
Recursos pedagógicos específicos
l Reglete;
l Punção;
l Máquina de escrever;
l Sorobã;
de crianças com
l Verificar o potencial de visão remanescente preservada; deficiência visual, utilize
l Compreender as dificuldades de percepção de detalhes que o aluno apre- materiais concretos e
sente e a necessidade de aproximação da lousa ou do material pedagógico; experiências da vida
cotidiana. Trabalhe com
l Facilitar a discriminação de detalhes, potencializando o contraste e a ilumi- diferentes texturas,
nação do material a ser discriminado; construa palavras com
l Favorecer o desenvolvimento da consciência visual, ajudando o aluno a alfabeto móvel em Braille,
analisar e interpretar formas mais complexas de objetos e figuras; apresente o alfabeto
convencional e oralize os
l Favorecer a ampliação do repertório visual do aluno, através de múltiplas experi-
comandos com clareza.
ências, incluindo até ajudas táteis e auditivas11 quando a visão não for suficiente;
56
Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
4. Considerações finais
Observando o contexto educacional brasileiro, evidenciamos, ainda, algumas
barreiras enfrentadas pelos alunos com deficiência visual, considerando que
nem sempre suas diferenças individuais são contempladas pela escola. Daí
se afirmar que ainda hoje a educação da pessoa com deficiência visual se
encontra carecedora de ajustes e de condições específicas para o acesso e a
permanência desses alunos, prevendo o apoio de professores especializados
e a consequente disponibilidade de recursos específicos. Outra peculiaridade
que se traduz em barreira à inclusão é a formação docente, que demanda de
saberes específicos desta deficiência.
Contudo, assinalamos que o aprofundamento relacionado aos saberes
inerentes às potencialidades da pessoa com deficiência visual, além dos re-
cursos e estratégias adequadas ao ensino e à aprendizagem desse aluno,
tende a minimizar essas barreiras e favorecer o processo de inclusão educa-
cional destas pessoas.
Síntese do capítulo
A perda da função visual se classifica em nível severo, moderado ou leve,
podendo ser influenciada também por fatores ambientais inadequados. A for-
mação da imagem visual depende de uma rede integrada, de estrutura com-
plexa, da qual os olhos são apenas uma parte desse sistema, envolvendo as-
pectos fisiológicos, função sensório-motora, perceptiva e psicológica. Desse
modo, a capacidade de ver e interpretar as imagens visuais depende funda-
mentalmente da função cerebral de receber, codificar, selecionar, armazenar
e associar essas imagens a outras experiências anteriores.
Cabe ao professor conhecer as dificuldades visuais do aluno. Contudo,
mais que isso, o educador deve identificar as potencialidades e possibilidades
deste aluno. É responsabilidade do educador possibilitar ao aluno recursos
específicos e estratégias adequadas ao seu desenvolvimento educacional,
como a orientação sobre sua organização e orientação espacial, posição para
leitura e adequação do material de acordo com suas especificidades.
57
Educação Especial
Atividades de avaliação
1. Reflita e, em seguida, assinale a(s) alternativa(s) verdadeira(s):
( ) As pessoas com baixa visão devem poupar o pouco de visão rema-
nescente.
( ) A função visual desenvolve-se por uso e função do sistema visual.
( ) É desaconselhável o uso de óculos em bebê.
( ) Os recursos ópticos especiais facilitam o processo de aprendizagem de
leitura-escrita para a pessoa com baixa visão.
( ) O aluno cego deve ter acesso ao código Braille somente quando estiver
no Ensino Fundamental.
( ) A criança cega deve estar exposta desde cedo à simbologia gráfica em
relevo, a materiais e representações bi e tridimensionais, a desenhos e
símbolos em relevo.
( ) A família, a escola e os demais colegas não precisam aprender o Braille.
Esta é uma tarefa somente do professor especializado.
Saiba mais
Aspectos históricos-sociais da educação de pessoas com
deficiência visual no Brasil
A educação de cegos no Brasil teve como patrono José Álvares de Azevedo, nascido
no Rio de Janeiro em 1834. Após concluir seus estudos no Instituto Real dos Jovens Ce-
gos em Paris, retorna ao Brasil e, ao passar o que aprendera para Adéle Sigaud, filha do
médico da família imperial, Dr. Xavier Sigaud, obtém sucesso no aprendizado pelo sistema
Braille. A educação da aluna desperta a atenção do Ministro do Império, o Conselheiro
Couto Ferraz, que levou a D. Pedro II, Imperador do Brasil, a ideia de criar em nosso país
uma escola destinada à educação das pessoas cegas.
Ao ser criada tal escola, sedimenta a oportunidade para efetivar a educação das
pessoas cegas. Assim, em 1854 o Brasil passa a contar com o Instituto dos Meninos
Cegos, hoje Instituto Benjamin Constant, sendo a primeira instituição da América La-
tina e a única do país durante 50 anos voltados para educação dessas pessoas
Em 1883, foi discutida a educação para pessoas com deficiência visual no 1º Congres-
so de Instrução Pública, convocado pelo imperador. A apresentação de um currículo e a
formação de professores para cegos e surdos foram temas de discussão no Congresso.
Passados alguns anos, surgem novos cenários trazidos pelas transformações e mudanças
de regimes, como a proclamação da República, ocorrida em 1889. Os institutos, após
findar o regime monárquico, tiveram nova denominação. Segundo Lanna Júnior (2010, p.
25), “o Imperial Instituto dos Meninos Cegos recebeu o nome de Instituto dos Meninos
Cegos, alterado, em 1890, para Instituto Nacional dos Cegos e, em 1891, para Instituto
Benjamin Constant (IBC), homenagem ao seu diretor mais ilustre”.
A partir do modelo educacional efetivado no Instituto Benjamin Constant, outras es-
colas são criadas em diversos locais do Brasil: Instituto São Rafael, em Belo Horizonte
(1925), Instituto Padre Chico, em São Paulo (1928), Instituto de Cegos da Bahia em Sal-
vador (1929), Instituto de Cegos do Ceará, em Fortaleza (1942), Instituto Santa Luzia, em
Porto Alegre (1941), Instituto de Cegos Florisvaldo Vargas, em Campo Grande (1957).
Lanna Júnior (2010, p. 22) afirma que em razão da falta “de ações concretas do
Estado, a sociedade civil criou organizações voltadas para a assistência nas áreas de
educação e saúde, como as Sociedades Pestalozzi (1932) e as Associações de Pais e
Amigos dos Excepcionais (APAE, 1954)”. A preocupação educacional de pessoas com
deficiência no sistema de ensino foi citada pela primeira vez na LDB (Lei de Diretrizes
e Bases da Educação, nº 4.024/61), que preceitua em sua redação:
Nessa reflexão sobre o acesso e a permanência de alunos na escola
regular, percebe-se
Art. 2ºque, até hoje,é as
A educação instituições
direito de todos de ensino
e será dadaesperam que
no lar e na o alu-
escola
[...]. Art. 88. A educação de excepcionais deve no que for
no se adapte ao espaço, currículo, recursos, quando o correto são as escolas possível,
enquadrar-se no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na
trabalharem pela inclusão desses alunos (OLIVEIRA, 2008).
comunidade. LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) Brasil
(1961) nº 4.024/61.
59
Educação Especial
Filmes
O Sino de Anya: um drama americano que envolve uma mulher cega e seu
vizinho, um menino de 12 anos, cuja amizade é a ajuda que precisava para
enfrentar a vida.
Fonte: Adaptado de http://dicasdatv.com.br/dicas.php?page=mostrarprograma&programaid=46461
Além dos meus olhos (1987): Após alguns anos de casados, James e Ethel,
que são cegos, descobrem que não podem ter filhos. Quando decidem adotar
uma criança, têm que enfrentar uma série de barreiras legais e provar que são
capazes de cuidar de alguém
Fonte: http://www.interfilmes.com/filme_23739_alem.dos.meus.olhos.html
À primeira vista (1999): Amy se apaixona por Virgil, homem bonito que ficou
cego acidentalmente na infância. Surge uma esperança, através de um novo
tratamento experimental, e Virgil é operado com sucesso. Ele recomeçará
tudo de novo, aprendendo mais uma vez a enxergar a luz do dia e, quem
sabe, descobrir a força do amor.
Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-3492/
Sites
http://www.ibc.gov.br/
http://www.bengalalegal.com/
http://www.institutodecegos.org.br/
http://www.deficientevisual.org.br/
http://www.assistivas.com.br/
http://www.portal.mec.gov.br/
http://www.acessobrasil.org.br/
61
Educação Especial
Referências
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plinaridade e inclusão na visão subnormal. Revista Medica (São Paulo). 2007
out.-dez.; 86(4):195-200.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponí-
vel em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.
htm. Acesso em 25 fev 2012.
BRASIL. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/
pdf/lei9394_ ldbn1.pdf. Acesso em 15 fev 2012.
BRUNO. Marilda Moraes Garcia. Deficiência visual: reflexão sobre a prática
pedagógica. São Paulo: Laramara, 1997.
BRUNO. Marilda Moraes Garcia. In: Revista Benjamin Constant. Ano 13, nº
38 p.10-17, Dezembro de 2007.
CARVALHO, Rosita Edler: A nova LDB e a educação especial. Rio de Ja-
neiro, WVA, 1997.
_______. Removendo barreiras para a aprendizagem: Educação inclusiva.
5ª ed. Porto Alegre – Mediação, 2006.
CBO. Manual da Boa Visão. Conselho Brasileiro de Oftalmologia / Ministério
da Saúde/ Educação, 1998. Disponível em http://www.portaldaretina.com.br/
home/saibamais.asp?cod=63. Acesso em 02 dez 2011.
CEARÁ. Manual de prevenção das deficiências. Secretaria da Educação
Básica do Ceará – SEDUC, 1995.
IBGE. Censo Demográfico. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ home/es-
tatística/população/censo2000/default. Shtm Acesso em: 02 de Agosto. 2011.
OLIVEIRA, Elinalva Alves de. A educação da criança com deficiência visu-
al. Fortaleza: Ed. Demócrito Rocha, 2008.138p. (Coleção Rede de saberes).
63
Educação Especial
Capítulo 5
Deficiência Auditiva
65
Educação Especial
Objetivos
l Propiciar conhecimento, análise e reflexão das pelas abordagens e tendên-
cias para a educação do aluno com deficiência auditiva em direção a uma
prática transformadora;
l Refletir sobre as possibilidades para a construção do conhecimento e a partici-
pação do aluno com deficiência auditiva na escola, na família e na sociedade.
Quadro 2
Causas pós-natais: A criança fica surda porque surgem problemas após seu
nascimento, causados por.
l meningite;
l remédios ototóxicos, em excesso, ou sem orientação médica;
l sífilis adquirida;
l sarampo, caxumba;
l exposição contínua a ruídos ou sons muito altos;
l traumatismos cranianos;
l outros.
69
Educação Especial
Iniciando um diagnóstico
a) Exame de ouvido;
b) Detectando surdez no bebê – observação comportamental auditiva;
c) Testes eletrofisiológicos;
d) Bera (audiometria de Tronco Cerebral);
e) Audiometria com Reforço Visual – ARV.
71
Educação Especial
Para refletir
O professor pode adotar alguns procedimentos para tentar identificar deficiências au-
ditivas em seus alunos como:
a) Consulte a ficha individual de seus alunos, verificando se há um diagnóstico referente
à deficiência auditiva;
b) Observe o comportamento de seus alunos durante atividades específicas de discrimi-
nação auditiva;
c) Convide um médico especialista em otologia, otorrinolaringologia, foniatria ou um fo-
noaudiólogo, para realizar uma palestra sobre surdez e suas consequências para profis-
sionais, pais e alunos da escola;
d) Visite uma clínica ou hospital que realize o diagnóstico da surdez, para futuros encami-
nhamentos de seus alunos.
Pense!
A chance de um casal sem parentesco ter filhos com deficiência é de 30%, mas, no
caso de casamento entre primos, a chance aumenta para 60%, o que se assemelha para
gravidez em mulheres acima de 40 anos. Daí ser conveniente consultar um geneticista
para avaliar os riscos para cada casal.
7. Considerações finais
A escola, ambiente de diversidades, embora haja uma tendência em normati-
zar o educando, é local de socialização. Assim, abstraindo as diferenças com
o advento da inclusão dos estudantes com deficiência, essa diversidade ga-
nhou outras proporções e o risco de ignorar suas especificidades, excluindo-
-os das trocas educacionais.
Na relação com o outro biologicamente diferente, essa evidência torna-
-se um fator de insegurança que tende a paralisar os indivíduos. Os profes-
sores veem-se diante de um corpo discente desconhecido, no caso, surdos,
gerando nesses docentes, sentimento misto de desafio e impotência.
Saiba mais
Técnicas de avaliação da audição em crianças de 2 a 6 Anos de Idade
Audiometria lúdica: É um teste em que a criança apresenta uma resposta lúdica a um estímulo
sonoro. É realizada com fones e tem a vantagem de atrair a atenção da criança de forma mais
efetiva, com pequeno custo, e avalia um ouvido de cada vez. A sala de teste deve ser tratada
acusticamente, os brinquedos devem ficar fora do alcance visual da criança, devendo ser apre-
sentados um a um. O jogo proposto é cada vez que a criança ouvir o som, colocar o brinquedo
numa caixa, por exemplo.
Pesquisa-se nível mínimo de resposta em 500 - 1000 - 2000 e 4000 Hz e reconhecimento de
palavras, ou ordens verbais.
Deve-se ressaltar, ainda, que os surdos, em sua maioria, não têm domí-
nio da Língua Portuguesa. É na diferença que incomoda que estão as limita-
ções, mas são elas também os pontos de partida e os aprendizados a serem
elaborados e desenvolvidos pelos educadores. Quem são os surdos, afinal?
Que diferença, não deficiência, apresentam, se comparados a estudantes ou-
vintes, os falantes de línguas orais?
Síntese do capítulo
A deficiência auditiva é caracterizada pela diminuição da capacidade de per-
cepção normal dos sons, apresentando uma audição funcional com ou sem
uso de prótese. Já a surdez se caracteriza pela incapacidade de perceber
os sons normais. A Organização Mundial de Saúde indica que 2% da popu-
lação mundial têm problemas auditivos, podendo ser congênitos (ocorrem
na gravidez ou no parto) ou adquiridos.
As principais causas da deficiência congênita são hereditariedade, viro-
ses maternas (rubéola, sarampo), doenças tóxicas da gestante (sífilis, citome-
galovírus, toxoplasmose) ou ainda por ingestão de medicamentos ototóxicos
que lesam o nervo auditivo durante a gravidez.
Do ponto de vista médico, o termo surdo abrange diferentes particularida-
des. Além dos níveis de surdez, tais como leve, moderado e profundo, o fato de
ser pré-linguística ou pós-linguística constitui dado relevante para o trabalho com
esses sujeitos que constituem um grupo com cultura e identidades próprias.
As causas da deficiência adquirida acontecem por predisposição genéti-
ca (otosclerose), meningite, ingestão de remédios ototóxicos, exposição a sons,
como explosões e viroses. O grau da perda auditiva e do comprometimento
linguístico, a época em que ocorreu a surdez e a idade em que começou sua
educação especial são fatores que irão determinar importantes diferenças em
relação ao tipo de atendimento que deverá ser prescrito para o educando.
Quanto maior for a perda auditiva, maiores serão os problemas linguís-
ticos e maior será o tempo em que o aluno precisará receber atendimento es-
pecializado. A construção da linguagem oral no indivíduo com surdez profunda
é uma tarefa longa e bastante complexa, envolvendo aquisições, como: tomar
conhecimento do mundo sonoro, aprender a utilizar todas as vias perceptivas
que podem complementar a audição, perceber e conservar a necessidade
de comunicação e de expressão, compreender a linguagem e aprender a
expressar-se. Nessa área, as alternativas de atendimento estão intimamente
relacionadas às condições individuais do educando.
77
Educação Especial
Saiba mais
Peep-show ou audiometria condicionada:
Nesta técnica, a criança é ensinada a pressionar um botão toda vez que ouvir o som. O exami-
nador controla a apresentação do estímulo sonoro e do reforço através da liberação da corren-
te elétrica, fazendo movimentar o brinquedo, que geralmente é elétrico: autorama, bonecos
animados, filmes, outros.
Pesquisa-se o nível mínimo de resposta com fones em cada ouvido nas principais frequên-
cias: 500 - 1000 - 2000 e 4000 Hz, também o teste de reconhecimento da fala.
Há crianças de 5 anos que já respondem muito bem em cabines para teste de adulto. Os
resultados desses testes são marcados num gráfico, o audiograma, que mostra a frequência e
a intensidade (volume) dos sons que a pessoa consegue ouvir. Para entender um audiograma é
preciso compreender as qualidades do som: a) Decibéis; b) Hertz.
Atividades de avaliação
1. A função do ouvido normal inclui:
a) Conhecimento acerca da anatomia, da fisiologia e da patologia do ouvido;
b) Captação dos sons, intensificação das vibrações e conversão dessas vi-
brações em sinais elétricos;
c) Realização de exames audiométricos;
d) Estudo sobre a anatomia e a fisiologia do ouvido.
Filmes
A música e o silêncio (1996): Desde a mais tenra idade, Lara serviu de intér-
prete para seus pais surdos, ajudando-os a se comunicar com os outros. Já
crescida, ela demonstra grande talento musical. É quando surge um dilema
em sua vida, pois, se quiser abraçar uma promissora carreira, terá que mudar-
-se para Berlim.
Fonte: http://www.cineplayers.com/filme.php?id=5117
O piano (1993): Ada McGrath é muda e usa o piano para extravasar seus
sentimentos. No século 19, ela e sua filha Flora são enviadas para a Nova
Zelândia (ainda um tanto selvagem) para um casamento arranjado com o fa-
zendeiro Stewart. No desembarque, seu piano é deixado na praia, pois seria
muito difícil carregá-lo e Stewart não compreende o quanto Ada precisa do
instrumento. Já George Baines, um rústico vizinho, percebe porque o piano
é tão importante quando, na praia, ouve Ada tocar. Atraído por Ada, Baines
compra o piano com a intenção de conquistá-la. De maneira poética e intensa,
as emoções dos personagens vão sendo reveladas: a sexualidade de Ada, a
ternura de Baines, o ciúme de Stewart.
Gênero: Drama
Fonte: http://www.cineclick.com.br/o-piano
Sites
http://www.ines.gov.br/default.aspx
http://www.feneis.com.br/page/index.asp
http://www.acessobrasil.org.br/libras/
Referências
BRASIL. Subsidios para Organização e Funcionamento de Serviços de Edu-
cação Especial: Área da Deficiência Auditiva. Secretaria de Educação Es-
pecial – Série Diretrizes 6 – Brasilia: MEC/SEESP, 1995.
_________. Preguntas e Repostas sobre o seu AASI. Apostilla do Centro de
Pesquisas Audiológicas. USP. Bauru-SP s/d.
_________. Saberes e Práticas da Inclusão: Desenvolvendo Competências
para o Atendimento às Necessidades Educacionais de Alunos Surdos, MEC,
Secretaria de Educação Especial, Brasília, 2003.
80
Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
Capítulo 6
Surdocegueira
83
Educação Especial
Objetivos
l Compreender a surdocegueira como uma deficiência única, sua etiologia
e classificação;
l Refletir sobre a diversidade da comunicação pré-linguística e pós-linguís-
tica da pessoa com surdocegueira;
l Identificar os desafios e possibilidades educacionais diante da surdocegueira
congênita e adquirida.
Introdução
Antes do nascimento de um bebê, temos as melhores expectativas quanto a
sua chegada. Os pais nutrem o sentimento de um filho perfeito e fazem pla-
nos para o seu futuro. E quando este bebê nasce diferente? As reações são
diversas e muitas vezes as famílias não sabem como lidar com a criança por
desconhecerem a deficiência.
Também muitos educadores se encontram assustados ao se depara-
rem com alunos com deficiência nas salas de aula. Alguns deles acreditam
estar despreparados e desconhecem métodos e estratégias adequadas à
educação deste aluno. Mas o que fazer diante do desconhecido? Como lidar
com essa pessoa que requer cuidados e estratégias de ensino e aprendiza-
16
Apesar das pesquisas
já realizadas em
gem de forma diferenciada? E quando se trata da surdocegueira, duas perdas
universidades em
sensoriais, como relacionar-se e desenvolver um trabalho educacional junto dissertações de mestrado
a essa pessoa? e teses de doutorado na
Esperamos que o conteúdo deste escrito esclareça as possibilidades área da surdocegueira
e deficiência múltipla,
de desenvolvimento dos alunos com surdocegueira16, quando estimulados e
estas se constituem de
atendidos devidamente em suas necessidades, considerando as especificida- um número reduzido,
des apresentadas por cada pessoa. mostrando a insipiência de
estudos e a necessidade
1. Surdocegueira – aproximações conceituais de aprofundamentos
nessa área.
e implicações diante das perdas sensoriais
A surdocegueira diz respeito à associação de duas deficiências, proveniente
de duas perdas simultâneas, a auditiva e a visual, que trazem ao surdoce-
go características específicas. Assim, em virtude das perdas audiovisuais
coexistentes e das especificidades que estas perdas causam, justifica-se a
utilização da grafia “surdocegueira”.
84
Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
A surdocegueira não pode ser comparada com a surdez nem com a ce-
gueira, pois a pessoa cega e a pessoa surda utilizam seus sentidos de forma
complementar: a pessoa com deficiência visual trabalha mais sua audição, e
a pessoa surda conta mais com sua visão. No caso da surdocegueira, esta
complementação não acontece, é uma outra deficiência. É por esta razão que
escrevemos esta deficiência com uma só palavra, "surdocegueira".
A surdocegueira engloba um grupo com características peculiares
e proporciona aos educadores grandes desafios relacionados a situações
de aprendizagem e ao processo de inclusão educacional. É uma condição
em que se combinam transtornos visuais e auditivos que produzem graves
problemas de comunicação e outras necessidades de desenvolvimento e
aprendizagem. Em geral, estas pessoas necessitam de uma educação in-
dividualizada que requer enfoques educativos especiais e exclusivos para
assegurar que tenham oportunidade de alcançar plenamente seu potencial.
A visão e a audição – importantes sentidos de distância – conectam o
indivíduo ao mundo, favorecendo-lhe uma relação socioafetiva e de apren-
dizagem significativa com o meio e com o outro. Através desses sentidos,
é possível reconhecer as informações do ambiente, mesmo que o indivíduo
esteja a uma distância considerável, possibilitando o relacionamento interpes-
soal e com o meio. Vygotsky (1997) refere que a visão e a audição são órgãos
sociais que funcionam como intermediários entre o indivíduo e o mundo.
Desta forma, a perda ou déficit destes sentidos pode acarretar difi-
culdades relacionadas à aquisição e ao desenvolvimento da linguagem,
da comunicação, além da orientação espacial e mobilidade do indivíduo.
O surdocego, quando não estimulado a tempo e adequadamente, pode vir
a apresentar prejuízos diversos e distintos dos que apresentam as pessoas
com surdez ou deficiência visual, especialmente nas áreas do desenvolvi-
mento psicomotor e na comunicação, o que deverá afetar significativamente
a inclusão social desta pessoa.
Assim, a surdocegueira promove consequências relacionadas à per-
cepção diferenciada do mundo, dificultando seu relacionamento com o meio
e, consequentemente, sua aprendizagem.
85
Educação Especial
Quadro 5
Quadro 6
Quadro 7
RECEPTOR
EMISSOR
MENSAGEM: “Bom dia”
1 4
2 5
3 6
Figura 2 – Ssitemas de leitura e escrita Braille
A escrita é realizada por meio da reglete, que é uma prancha que pren-
de o papel e uma régua, unida à esquerda por uma dobradiça. O punção é
uma espécie de sovela que serve para escrever. Esta escrita é realizada da
direita para a esquerda, enquanto a leitura é feita com o toque e leve pressão
dos dedos no relevo. Também pode ser utilizada a máquina de escrever Brail-
le, a produção por meio de impressoras, além da leitura mediante linhas Braille
acopladas ao computador.
Tadoma: É um sistema de comunicação tátil, que ocorre mediante a percep-
19
A escrita na mão ção da vibração e dos movimentos da articulação no momento da fala. Foi
também é utilizada desenvolvido na Europa por uma professora de crianças surdocegas (Tad e
como uma forma de
Oma), o que deu origem ao nome Tadoma. Esta é uma comunicação recepti-
comunicação. Consiste
na escrita do alfabeto va que consiste em tocar o rosto e o pescoço de quem estiver falando. Keller
na palma da mão do (1939) referiu que, além de sentir as vibrações da garganta da professora, co-
surdocego, com letra locava os dedos nos lábios dela e sentia o movimento da boca e a expressão
cursiva ou em caixa alta. de seus lábios, o que facilitava sua compreensão19.
Esta estratégia é utilizada
com surdocego que teve Assim, pessoas com surdocegueira estabelecem um processo de inte-
a perda visual após ser ração e comunicação, o que influencia diretamente em seu desenvolvimento
alfabetizado com a grafia pessoal e educacional.
em tinta.
No caso de pessoas que adquiriram a surdocegueira após a aprendiza-
gem de uma língua, devem ser estimuladas à aprendizagem de novas formas
de comunicação, considerando as peculiaridades de cada um.
91
Educação Especial
Pense!
Professores de crianças com surdocegueira ou com deficiência múltipla têm na elabo-
ração de modelos curriculares e programas educacionais um dos seus maiores desafios,
quer sobre o aspecto do desenvolvimento da linguagem e comunicação, quer sobre a
definição do conteúdo programático a ser ensinado (CORMEDI, 2011, p. 129).
Pense!
Apesar de a educação da pessoa com surdocegueira existir no Brasil há 43 anos
(Grupo Brasil, 2004), a realidade nacional ainda é um grande número de pessoas com
surdocegueira e com deficiência múltipla sem atendimento ou com atendimento ina-
dequado [...] (MAIA, 2011, p. 109).
Coloque a mão dele no que servirá de apoio. Nunca o deixe sozinho num
ambiente que não lhe seja familiar.
11. Ao andar, deixe-o apoiar-se no braço, nunca o empurre à sua frente.
12. Utilize sinais simples para avisá-lo da presença de escadas,de uma porta
ou um carro.
3. Considerações finais
Finalizamos estas reflexões ratificando a surdocegueira como uma deficiência
única, proveniente de duas perdas sensoriais simultâneas, a visão e a audição.
Ressaltamos que nem sempre essas perdas são totais, o que acarreta uma diver-
sidade de combinações, que influencia diretamente na interação dessa pessoa
com o meio social. Assim, classificamos a surdocegueira considerando a intensi-
dade das perdas, a época de aquisição e, ainda, o grau de funcionalidade.
Estes aspectos observados influenciam diretamente na forma de co-
municação do surdocego e na orientação e mobilidade e, consequentemente,
interfere no processo de aprendizagem. Desta forma, é certo que o processo
educacional da pessoa com surdocegueira demanda um atendimento especí-
fico, no qual sejam consideradas as especificidades de cada aluno.
Desta forma, observamos que o professor, seja da classe comum ou do
atendimento educacional especializado, necessita conhecer e identificar as
especificidades da deficiência, para priorizar o que vai ser trabalhado com seu
aluno, adotando estratégias que possibilitem condições adequadas às suas
necessidades para que possa efetivamente aprender.
Síntese do capítulo
Com o objetivo de compreendermos a surdocegueira, refletimos, nesta uni-
dade, sobre as aproximações conceituais da surdocegueira e as implica-
ções socioeducacionais mediante a dupla perda sensorial (visual e auditiva).
Justificamos a unicidade da surdocegueira em virtude destas perdas coexis-
tentes, que promovem a existência de características peculiares, nomeada-
mente em termos da comunicação, orientação e mobilidade.
Utilizamos como pressuposto teórico a ideia de Vygotsky (1997), que
ressalta a deficiência para além do defeito, da dificuldade, compreendendo
esta deficiência como “diferença”. Dito de outra forma, não é que o surdocego
não aprenda, mas sim que aprende de forma diferente, ou utilizando estraté-
gias diferenciadas.
95
Educação Especial
Atividades de avaliação
1. Helen Keller (1939), surdocega que teve como professora Anne Sullivan, ao
se referir às primeiras relações com sua professora, relatou que, no início do
trabalho, ela era resistente ao toque e apresentava comportamento agressi-
vo. Keller relata que foi levada à força para sua primeira aula e que, na época,
não compreendia os sentidos e significados das palavras e dos objetos. Que
atitudes você tomaria diante de uma aluna com essas características?
2. A comunicação é a ferramenta básica para a educação de um aluno surdo-
cego. De que forma pode ser iniciado o trabalho educacional de um aluno
com surdocegueira total (perda audiovisual total) pré-linguístico?
3. Leia e reflita: De acordo com Fávero, Pantoja e Mantoan (2007), “[...] es-
colas tradicionais alegam um despreparo para receber pessoas com de-
ficiência visual, auditiva, mental e até física” (p. 18).
4. Com base nessa reflexão elabore um texto seguindo a linha de pensamento
das autoras, se são claras as dificuldades em relação a estas deficiências,
muito mais despreparadas estão em relação à surdocegueira, consideran-
do suas especificidades. E, atualmente, as escolas estão preparadas para
receber esse aluno? Que formação tem sido oferecida ao professor para
atender alunos com surdocegueira?
5. Faça uma pesquisa com os professores, na sua escola, considerando o
que as professoras pensam sobre a educação de alunos surdocegos.
Filmes
Black (2005): Michelle McNally é uma garota que perdeu a visão e audição
alguns meses depois do seu nascimento e passa a viver em um mundo negro
onde está isolada na escuridão de sua própria existência, presa por sua inca-
pacidade de ver, ouvir e se expressar. Seus pais desesperados com a situa-
ção da sua filha contrata um professor que é idoso e alcoólico e que trabalha
com surdos e cegos e têm métodos pouco convencionais para ensinar seus
alunos, porém sempre visando benefícios a longo prazo. Muitos anos depois,
Michelle já aprendeu bastante, tornando-se mais relaxada e expressiva, e é
capaz até de dançar. O professor convence o diretor de uma universidade
para conceder-lhe uma entrevista e ela passa, tornando a primeira pessoa
surda-cega a estudar naquela universidade. Infelizmente nem tudo são flores!
O professor desenvolve a doença de Alzheimer e lentamente, ele se esquece
de tudo, incluindo todas as palavras e seus significados. A primeira metade do
filme é uma adaptação da autobiografia de Helen Keller – A historia da minha
vida, livro que inspirou o filme O milagre de Anne Sullivan de 1962.
Fonte: http://www.filmesdaindia.com.br/filmes-letra-b/black.php
Sites
http://www.grupobrasil.org.br/: Grupo Brasil de Apoio ao surdocego e ao múlti-
plo deficiente sensorial
http://home.adefav.org.br/: Centro de recursos em deficiência múltipla, surdo-
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97
Educação Especial
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dual do Ceará, Fortaleza, 2012.
98
Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
Capítulo 7
Deficiência intelectual
101
Educação Especial
Objetivos
l Propiciar conhecimentos necessários no processo de aprendizagem dos
alunos com deficiência intelectual, analisando e refletindo sobre as aborda-
gens e as tendências atuais da educação especial na perspectiva inclusiva
e a participação deste aluno na escola, na família e na sociedade;
l Identificar as práticas pedagógicas utilizadas na construção da aprendi-
zagem do aluno com Deficiência Intelectual relativa aos métodos, técnicas
e recursos.
Introdução
Existe uma verdadeira confusão de conceitos em relação à deficiência inte-
lectual. Umas pessoas chamam atraso mental, deficiência mental, e outros,
conduta atrasada, déficit intelectual ou ainda utilizam-se de termos muito
discriminatórios. Porém a expressão recomendada pela Organização das
Nações Unidas (ONU) é “deficiência intelectual”.
Esse novo pensar vem desde o advento da Convenção Internacio-
nal de Direitos Humanos das Pessoas com Deficiência, realizada em 2006.
Essa deficiência não é considerada uma doença ou um transtorno psiqui-
átrico, mas um prejuízo das funções cognitivas causadas por um ou mais
fatores que acompanham o desenvolvimento do cérebro.
Vamos conhecer o que é deficiência intelectual.!!
De acordo com a Convenção da Guatemala, no seu artigo 1° deficiên-
cia é [...] “uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente
ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades
essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e
social”. Assim sendo, a deficiência passa a ser uma situação.
Essa deficiência constitui um impasse para o ensino na escola co-
mum e para a definição do Atendimento Educacional Especializado, pela
complexidade do seu conceito e pela grande quantidade e variedade de
abordagens existentes. Além de todos esses conceitos que, em muitos ca-
sos, são antagônicos existe a dificuldade de se estabelecer um diagnóstico
diferencial entre o que seja “doença mental’’ (que engloba diagnósticos de
psicose e psicose precoce) e “deficiência mental’’, principalmente no caso
de crianças em idade escolar.
102
Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
2. Considerações finais
Durante muito tempo, as pessoas com deficiência foram totalmente excluídas
do convívio social. Com o avanço dos estudos na área da medicina e da edu-
cação, surgiram as instituições que muito contribuíram para a socialização
dessas pessoas. Porém, elas ainda continuaram sendo estigmatizadas, vi-
vendo à margem da sociedade, visto que foram sujeitas a diversas formas de
tratamento, uma vez que, na incompreensão sobre as causas da deficiência,
buscava-se muitas vezes explicações sobrenaturais, resultando em várias for-
mas de barbárie contra essas pessoas.
Consideramos que a deficiência intelectual não se esgota na sua con-
dição orgânica e/ou intelectual, não podendo ser conceituada por um único
saber. Após a superação conceitual de que a deficiência intelectual não é
uma doença, estudiosos permanecem em busca de esclarecimentos e se
debruçam sobre o tema para conhecer melhor os fatores de risco que estão a
determinar essa condição.
Na origem desta deficiência, há uma complexidade de causas e múlti-
plos elementos interagem. Por isso, torna-se necessário conhecer e identificar
fatores de risco, especialmente no interior da escola para que seja possível
estabelecer ações preventivas que possam diminuir os efeitos da lesão e da
desvantagem sociocultural determinada pela deficiência.
Assim, é imperativo se ter em mente que os critérios de classificação
dessa pessoa não podem ser preponderantes considerando-a apta ou inapta
como sujeito social. Outra compreensão nos diz haver múltiplas formas de
mediação, desse modo, o trabalho pedagógico contribuirá beneficiando esses
alunos na educação formal.
Vale ressaltar que a pessoa com deficiência é um feixe de possibili-
dades. Cabe à sociedade e à escola não limitá-los. O melhor a fazer é im-
plementar mudanças estruturais de ordem política, econômica, educacional
e material para que a pessoa com deficiência intelectual possa desenvolver
suas capacidades e se incluir socialmente.
107
Educação Especial
Para refletir
Professor:
l Se você tiver um aluno com deficiência intelectual em sua sala de aula, fique atento para o fato
de que, para realizar tarefas, esse aluno necessita aprender:
– a partir do concreto, como forma de elucidar os conceitos;
– o conteúdo dividido em etapas para compreender e realizar o proposto;
– o que precisa ser feito, de forma simples e direta, sem muitos detalhes.
l Foque a atenção, dando prioridade aos objetivos que se tenciona ensinar, partindo sempre de
contextos reais.
l Crie situações de aprendizagem positivas e significativas, preferencialmente em ambientes na-
turais aos alunos, usando situações e formas mais concretas possíveis, transferindo comporta-
mentos e aprendizados adquiridos para novas situações.
l Motive, elogie o sucesso e valorize a autoestima, experiencie situações do cotidiano no campo
dos conhecimentos acadêmicos, como ensinar a ler e a escrever nome, endereço, a utilizar o
telefone, a ler informações dos pontos de ônibus, das placas e dos rótulos.
Síntese do capítulo
Seguindo informações da Associação Americana sobre Deficiência Intelec-
tual e Desenvolvimento (AAIDD), fundada em 1876, a definição sobre defici-
ência Intelectual vem passando por revisões conceituais e atualmente está
caracterizada por limitações significativas, tanto no funcionamento intelec-
tual como no comportamento adaptativo, abrangendo habilidades práticas e
sociais, originando-se antes dos 18 anos de idade. Para a OMS, a deficiên-
cia intelectual está relacionada à falta de comunicação, de posicionamento
do corpo, à dificuldade de locomoção.
A AAIDD apresenta uma concepção funcional e multidimensional que
facilita a compreensão e o planejamento dos apoios que possam melhorar o
funcionamento da vida da pessoa em cinco dimensões: habilidades intelec-
tuais, comportamento adaptativo, participação, interações e papéis sociais,
saúde e contexto. Esta visão amplia o foco da intervenção apontando as áre-
as do ensino e educação, vida doméstica e em comunidade, emprego, saú-
de, segurança, desenvolvimento humano, proteção e defesa, além das áreas
comportamentais e sociais.
É necessário apontar que, embora tenha havido mudanças conceitu-
ais no decorrer dos tempos, na área da saúde ainda prepondera a mesma
definição trazida pelo CID 10 – (Classificação Estatística Internacional de
Doenças e Problemas relacionadas à Saúde) como sendo Retardo Mental
de natureza leve, moderado, severo e profundo (BRASIL, 2009).
São várias as causas e os fatores de risco que podem encaminhar para
uma deficiência intelectual. São eles: pré-natais: desnutrição materna; má as-
sistência à gestante; doenças infecciosas como sífilis, rubéola, toxoplasmose.
108
Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
Saiba mais
Expectativas do entorno, ensino e interações escolares
As expectativas positivas dos familiares e dos professores contribuem para a aprendiza-
gem dos alunos. Essas expectativas se manifestam em diversas situações de interações socio-
familiares e escolares. Embora possam existir diferenças no desenvolvimento das crianças,
é importante ter consciência de que elas podem se beneficiar de diferentes experiências no
contexto familiar e escolar. Desejar que todos aprendam igualmente é uma tarefa impos-
sível, mesmo em se tratando de pessoas ditas normais. Essa compreensão possibilita uma
educação pautada no respeito aos ritmos e às potencialidades individuais.
Muitos professores desenvolvem suas práticas pedagógicas pautando suas ações no
princípio da realidade da sala de aula. Eles organizam as atividades tendo como refe-
rência as diferentes respostas de seus alunos e não em julgamentos pré-concebidos a
respeito de suas possibilidades de aprendizagem.
Segundo Vygotsky (1995), há uma relação de dependência entre o desenvolvimento
do ser humano e o aprendizado realizado num determinado grupo social. O desenvol-
vimento e a aprendizagem estão inter-relacionados desde o nascimento. Na concepção
de Vygotsky (1986), a criança com deficiência deve ser compreendida numa perspectiva
qualitativa e não como uma variação quantitativa da criança sem deficiência. As relações
sociais estabelecidas com essa criança deverão necessariamente considerá-la como uma
pessoa ativa, interativa e capaz de aprender.
Na escola, a convivência com as contradições sociais, a diversidade e a diferença possibi-
litam um espaço rico de aprendizagem para todos os alunos. O confronto saudável no grupo
promove a construção de conhecimentos. Com efeito, as diferenças nas salas de aula contri-
buem para a aprendizagem de todos. O favorecimento de eventos de letramento, a dispo-
nibilidade de material impresso de leitura, tanto na família quanto na escola, proporcionam
uma significativa influência sobre a aprendizagem da leitura dos alunos.
Fonte: FIGUEREIDO, R.V, 2007.
109
Educação Especial
Atividades de avaliação
1. Faça uma linha do tempo e compare algumas mudanças ocorridas na dis-
cussão sobre a deficiência intelectual.
2. Após a leitura e discussão dessa unidade, qual o seu posicionamento em
relação às pessoas com deficiência intelectual?
Gaby, uma história verdadeira: Gabriela Brimmer nasceu com paralisia ce-
rebral e só conseguia mexer seu pé esquerdo. Ela começou a usar esses mo-
vimentos para se comunicar e conseguiu se tornar uma reconhecida escritora
e poetisa.
Fonte: http://www.interfilmes.com/filme_21730_gaby.uma.historia.verdadeira.html
Uma lição de amor: Sam é um homem com problemas mentais que está no
meio de um julgamento para reconquistar a custódia de sua filha Lucy. O es-
topim que fez com que eles fossem separados foi o fato de a menina, aos sete
anos, estar dando sinais de superar seu pai intelectualmente. Diante disso, a
assistente social que cuida do caso decide levar Lucy para um orfanato. A ad-
vogada Rita, sensibilizada pelo caso e instigada a lutar por ele como se fosse
um desafio para sua carreira, resolve defender Sam, partindo do pressuposto
de que ele é suficientemente capaz de assumir a função de pai. A partir disso,
Sam ensina a todos o verdadeiro papel da família.
Fonte: http://www.cineclick.com.br/uma-licao-de-amor
Inside I'm Dancing (2004): Michael resignou-se a uma vida pacata na Carrig-
moore Home, uma instituição para inválidos, até à chegada do rebelde Rory
O'Shea. Rory tem um plano que lhes parece capaz de ludibriar o sistema e
conseguir-lhes a sua própria casa, não obstante o facto de ambos estarem
confinados a uma cadeira de rodas. Recrutando a bela mas, experiente Sio-
bhan para os ajudar, os dois embarcam numa experiência inacreditável. Com
a sua recém descoberta amizade e independência, a vida está nas suas mão
para viver, mas não sem consequências
Fonte: http://cinema.sapo.pt/filme/inside-im-dancing/detalhes#sinopse
111
Educação Especial
Referências
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113
Educação Especial
Capítulo 8
Transtornos globais
do desenvolvimento:
um desafio para a inclusão
115
Educação Especial
Objetivos
l Reconhecer a importância do diagnóstico, da elaboração e da organização de
recursos didáticos que possibilitem à adequação do ensino às possibilidades
de aprendizagem dos alunos com transtornos globais do desenvolvimento.
l Propiciar subsídios para uma efetiva atuação dos professores de forma re-
flexiva na organização do trabalho pedagógico possibilitando atendimento
especializado à clientela escolar.
Introdução
Os Transtornos Globais do Desenvolvimento representados pela sigla (TGD)
são definidos como distúrbios que ocorrem nas interações sociais recíprocas
que costumam se manifestar nos primeiros cinco anos de vida. Caracterizam-
-se por padrões de comunicação estereotipados e repetitivos, assim como
pelo estreitamento nos interesses e nas atividades da vida cotidiana.
Nessa relação, encontram-se as principais patologias consideradas
anteriormente como condutas típicas, inserindo-se aí o autismo infantil,
transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, bem como o transtorno
de conduta. Hoje, as manifestações de TGD são encontradas em autismo
atípico, psicose infantil, Síndrome de Rett e Transtorno Desintegrativo da In-
fância. A inserção de crianças com essas patologias na escola regular deve
ser realizada respeitando-se as limitações para que seja benéfica tanto para
os estudantes que têm deficiência quanto para aqueles que não a possuem.
Desse modo, a inclusão desses alunos na rede regular de ensino deverá
considerar e respeitar alguns aspectos como incluir de forma gradual, conside-
rando o tempo de adaptação do aluno; deverá esse aluno contar com o acom-
panhamento terapêutico, essencialmente durante as realizações de tarefas, a
permanência na escola, caso seja aconselhado pela equipe multiprofissional.
Durante o processo de escolarização de quaisquer crianças, a par-
ceria da família é primordial. Com as crianças com TGD, essa participação
é vital e indispensável. Devido ao desconhecimento do assunto e à falta
de produção acadêmica a respeito do tema, muitos professores se sentem
desamparados, solitários, sem saber como intervir e proceder na área peda-
gógica com esses alunos.
116
Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
1.1. Autismo
Síndrome de Asperger
Definição: Condição genética que tem muitas semelhanças com o autismo.
Características: focos restritos de interesse são comuns. Quando gosta de
Matemática, por exemplo, o aluno só fala disso. “Use o assunto que o en-
canta para introduzir um novo”, diz Salomão Schwartzman (2010).
Recomendações: As mesmas do autismo.
118
Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
Síndrome de Williams
Definição: Desordem no cromossomo 7.
Características: Dificuldades motoras (demora para andar e falta de habilidade
para cortar papel e andar de bicicleta, entre outros) e de orientação espacial.
Quando desenha uma casa, por exemplo, a criança costuma fazer partes dela
separadas: a janela, a porta e o telhado ficam um ao lado do outro. No entanto,
há um grande interesse por música e muita facilidade de comunicação.
Recomendações: Na sala de aula, desenvolva atividades com música para
chamar a atenção delas.
Síndrome de Rett
Definição: Doença genética que, na maioria dos casos, atinge meninas.
Características: Regressão no desenvolvimento (perda de habilidades
anteriormente adquiridas), movimentos estereotipados e perda do uso das
mãos, que surgem entre os 6 e os 18 meses. Há a interrupção no contato
social. A comunicação se faz pelo olhar.
Recomendações: “Crie estratégias para que esse aluno possa aprender,
tentando estabelecer sistemas de comunicação”, diz Shirley Rodrigues Maia.
Muitas vezes, crianças com essa síndrome necessitam de equipamentos es-
peciais para se comunicar melhor e caminhar.
l Resistência a mudanças;
l Ansiedade excessiva;
l Hiperatividade ou hipoatividade.
119
Educação Especial
Saiba mais
Intervenções pedagógicas para alunos com TGD
O professor que tem um aluno que apresenta um transtorno de desenvolvimento deve
realizar algumas ações.
No que se refere à socialização, o professor deve fazer com que o aluno:
l mantenha contato visual;
l manifeste interesse por objetos, pessoas e pelo ambiente;
l identifique-se dentro de um grupo;
l procure contato afetivo;
l imite ações;
l expresse seus sentimentos;
l compartilhe objetos;
l coopere com o outro;
l compreenda e obedeça as regras sociais;
l realize atividades com independência e participe de atividades cooperativas em grupo.
No que se refere aos cuidados pessoais, a professora deve fazer com que o aluno:
l alimente-se sozinho;
l use os talheres adequadamente;
l mastigue e engula corretamente;
l controle o esfíncter;
l faça uso do banheiro adequadamente;
l vista-se sozinho;
l guarde seus pertences;
l use meios de transporte.
pessura e altura;
l saiba discriminar semelhanças e diferenças;
l discrimine, perceba e localize fontes sonoras;
120
Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
No que se refere às atividades motoras, a professora deve fazer com que o aluno:
l controle a cabeça, role, sente, arraste-se, engatinhe, fique em pé, ande, corra, pule, dance,
consiga subir e descer e se balançar;
l arremesse objetos;
l dê pontapés numa bola;
l domine os movimentos e a coordenação de vários membros alternadamente;
l realize movimentos coordenados de mãos e dedos;
l perceba a dominância lateral em seu próprio corpo.
2. Considerações finais
A apropriação de conhecimentos a respeito do TGD e das práticas edu-
cacionais propiciadoras de desenvolvimento das competências sócio-cognitivas
destes alunos precisa ocorrer tanto pelo professor da educação básica quanto
pelo professor de Atendimento Educacional Especializado (AEE). Entretanto, é
preciso que se compreenda que o desenvolvimento dessas competências ocorre
no âmbito do ambiente escolar com a turma em que o aluno encontra-se incluído.
As necessidades decorrentes do TGD no cotidiano escolar deman-
dam estratégias absolutamente articuladas com a experiência diária para
que promovam aprendizado e possam ser generalizadas pelo aluno para
outros ambientes sociais e de intervenção.
Desta maneira, o professor do AEE poderá contribuir orientando os
profissionais da escola na elaboração das estratégias no cotidiano escolar,
na elaboração de recursos e na organização da rotina, de acordo com as
peculiaridades de cada aluno e de cada escola.
A inclusão escolar tem-se mostrado essencial para que as crianças
e os adolescentes com TGD desenvolvam competências a serem utiliza-
das no decorrer de toda a sua vida. Por mais complexas que possam se
apresentar as manifestações do TGD, é fundamental que seja garantido à
criança o direito à escola desde a Educação Infantil.
O desafio que se apresenta hoje exige propor práticas novas, pautadas
na conciliação da organização do trabalho e dos tempos escolares ao tempo
e necessidade de nossos alunos. Entretanto, precisamos não perder de vista
que o acúmulo e a sistematização de estratégias escolares para a inclusão de
pessoas com TGD não podem desconsiderar o que é próprio de cada criança
e adolescente. É preciso compreender os fundamentos de cada estratégia
para que ela possa ser flexibilizada e pensada mediante o conhecimento so-
bre esse aluno, quem ele é, para além do transtorno que apresenta.
121
Educação Especial
Saiba mais
O autismo e outros transtornos do espectro autista
O Autismo Infantil foi descrito inicialmente por Kanner, em 1943, quando ele identificou
crianças apresentando danos nas áreas da comunicação, do comportamento e da interação so-
cial, e caracterizou essa condição como sendo única e não pertencente ao grupo das crianças com
deficiência mental. Propôs o nome de “Autismo” para chamar a atenção para o prejuízo severo na
interação social que era muito evidente desde o início da vida desses pacientes.
Deixou claro que, embora a causa dessa condição não fosse conhecida, acreditava que
o ambiente desfavorável seria o responsável. No mesmo trabalho entretanto, diz que, em
alguns casos, o transtorno era tão precoce que não haveria tempo para a interferência do
ambiente da criança, de modo que poderia haver uma etiologia biológica. Um ano após a
descrição de Kanner, outro médico austríaco, Asperger, descreveu crianças semelhantes
às descritas por seu colega, mas que eram, aparentemente, mais inteligentes e sem atraso
significativo no desenvolvimento da linguagem. Esse quadro foi mais tarde denominado de
Síndrome de Asperger.
Com o passar do tempo e maior conhecimento a respeito desse tipo de condição,
surgiu a denominação de Transtornos Globais ou Invasivos do Desenvolvimento (TGD)
que incluía, além do Autismo e da Síndrome de Asperger, a Síndrome de Rett e o Trans-
torno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação (TGDSOE).
A Síndrome de Rett é inteiramente diversa das demais, de modo que em breve será re-
tirada deste grupo. Mais recentemente, cunhou-se o termo Transtorno do Espectro Autista
(TEA) para englobar o Autismo, a Síndrome de Asperger e o Transtorno Global do Desenvol-
vimento Sem Outra Especificação. As mais recentes estatísticas, realizadas em várias partes
do mundo, referem prevalência dos TGD como sendo de 1 em cada 160 indivíduos, número
muito superior aos citados em décadas anteriores e que suscitou a hipótese de que estaría-
mos vivendo uma epidemia de autismo.
A mais provável explicação para este aumento no número de pessoas identificadas é o
maior reconhecimento dessa condição e, acima de tudo, a maior abrangência do conceito dos
TGD. Outro dado relevante é que os TGD afetam mais os meninos, na proporção de 4 meninos
para 1 menina. Sabemos hoje que a causa dos quadros dos TGD é multifatorial dependendo de
fatores genéticos e ambientais.
Fonte: José Salomão Schwartzman, 2010.
122
Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
Síntese do capítulo
Filmes
O Enigma das Cartas (1993): Quando o marido de Ruth Matthews morre em
uma queda, quando à noite fazia escavações arqueológicas em umas ruínas
maias, a caçula do casal, Sally, reage à morte do pai de maneira muito estranha,
pois ao voltar para sua casa não profere uma só palavra. Quando o comporta-
mento de Sally piora, Ruth se vê obrigada a deixar que Jacob T. Beerlander, um
especialista em crianças autistas, examine sua filha. Jacob tenta tirar Sally da sua
desordem mental por métodos tradicionais, mas Ruth tenta de outra maneira, ao
reproduzir em grande escala um castelo de cartas que sua filha tinha construído.
Por mais estranho que seja, Ruth crê que só assim terá Sally de volta.
Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-47105/
Rain Man (1988): Charlie, um jovem yuppie, fica sabendo que seu pai fale-
ceu. Eles nunca se deram bem e não se viam há vários anos, mas ele vai ao
enterro e ao cuidar do testamento descobre que herdou um Buick 1949 e al-
gumas roseiras premiadas, enquanto um "beneficiário" tinha herdado três mi-
lhões de dólares. Curioso em saber quem herdou a fortuna, ele descobre que
foi seu irmão Raymond, cuja existência ele desconhecia. Autista, Raymond é
capaz de calcular problemas matemáticos com grande velocidade e precisão.
Charlie sequestra o irmão da instituição onde ele está internado para levá-lo
para Los Angeles e exigir metade do dinheiro, nem que para isto tenha que ir
aos tribunais. É durante uma viagem cheia de pequenos imprevistos que os
dois entenderão o significado de serem irmãos.
Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-4572/
Uma mente brilhante (2001): John Nash é um gênio da matemática que, aos 21
anos, formulou um teorema que provou sua genialidade e o tornou aclamado no
meio onde atuava. Mas aos poucos o belo e arrogante Nash se transforma em um
sofrido e atormentado homem, que chega até mesmo a ser diagnosticado como
esquizofrênico pelos médicos que o tratam. Porém, após anos de luta para se re-
cuperar, ele consegue retornar à sociedade e acaba sendo premiado com o Nobel.
Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-28384/
124
Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
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ções Démocrito Rocha, 2002. 228p.
SCHWARTZMAN, José Salomão. http:// www.revistaautismo.com.br/edic-o-0/
autismo-e-outros-transtornos-do-espectro-autista Acesso em 31/10/2012.
125
Educação Especial
Capítulo 9
Altas Habilidades
ou Superdotação:
iniciando uma reflexão
127
Educação Especial
Objetivos
l Promoção formação e capacitação de professores para que possam identifi-
car e atender a esse aluno com altas habilidades e superdotação;
l Oportunizar a construção do processo de aprendizagem com vistas ao
pleno desenvolvimento das potencialidades, segundo técnicas e estraté-
gias de ensino para a suplementação, a diferenciação e o enriquecimento
curricular para os alunos com altas habilidades.
Introdução
Apesar de documentos legais que reconhecem alunos com capacidade acima
da média na população escolar o que, muitas vezes, chega à prática dos pro-
fissionais da educação são conceitos desligados de concepções, relativamente
vagos, pesados de mitos que as produções científicas estão superando.
Sempre que se fala em superdotação, nos vem à mente figuras dos
grandes gênios e visionários da humanidade, como Albert Einstein, William
Shakespeare, Wolfgang Amadeus Mozart, Isaac Newton, Charles Darwin, Le-
onardo da Vinci, Marie Curie, Mahatma Ghandi e Pablo Picasso. Todos eles
se destacaram em virtude de suas realizações criativas, e das contribuições
positivas que deixaram para a humanidade, destacando o conhecimento hu-
mano, as ciências, a tecnologia, a cultura e as artes a patamares inusitados.
Estes, devido ao talento de cada um ousaram inventar ideias inteiramente
novas superando paradigmas vigentes em suas áreas.
Para Valdés & Magalhães (2002):
o interesse pelas crianças com capacidades e habilidades superiores
as das outras crianças começou desde a Antiga Grécia, aparecendo
referências escritas de filósofos como Platão e sendo famosos casos
de ‘’crianças precoces’’ Mozart na música. Galton na ciência, Capa-
blanca no xadrez, dentre outros (p. 115).
O destaque deixado nos dias atuais encaminha para o fato de que essas
mentes extraordinárias, não nasceram inteiramente prontas. Não havendo uma
separação absoluta entre tais pessoas e os seres humanos “comuns”. Pesqui-
sadores alertam para o fato de que a existência da inteligência e alguns traços da
personalidade geralmente expõem esses alunos com altas habilidades a uma
infinidade de problemas e tensões, pela forte pressão interna e externa, de pais,
professores e do próprio sistema de educação, exigindo um altíssimo rendimen-
to, uma performance que pode gerar em alguns deles, condutas inadaptadas.
As habilidades mentais essenciais em uma sociedade que prima pela
mudança e transformação contínuas, está pontuada, tendo como foco o pa-
pel da pessoa com altas habilidades nestas transformações. De modo que a
criatividade, o pensamento crítico e habilidades analíticas precisam ser com-
binados para alcançar as chances de sucesso na sociedade atual.
Desse modo, torna-se necessário entender como os educadores po-
dem contribuir para desenvolver o talento e o potencial dos alunos desde tenra
idade, não esquecendo que o ambiente escolar é um dos principais espaços
promotor das capacidades superiores que um dia vão desabrochar de forma
plena considerando que a criança entra na vida escolar, em geral, sem do-
mínio sobre a consciência de seus talentos, e talvez sem a oportunidade de
explorar suas potencialidades em seus anos iniciais de vida ficando esses
talentos escondidos durante sua vida escolar e, às vezes, por toda a sua vida.
De modo que, é tarefa da escola e do professor enquanto educador,
conhecer os pontos fortes e os interesses do aluno, suas necessidades cog-
nitivas, sociais e afetivas peculiares, a fim de oportunizar a construção de seu
próprio conhecimento, respeitando seu ritmo.
Dessa forma, talvez seja possível transformar potencialidades e talentos,
visualizados nos primeiros anos na escola, em certezas e realizações, embora o
dia a dia seja de muitos desafios para se alcançar uma educação de qualidade
e atender às demandas cognitivas de todo o seu alunado de forma inclusiva.
Quadro 8
Quadro sinóptico de caracterização do aluno com altas habilidades
Características Condutas Problemas
Observa e analisa Incrédulo Alguns professores o vêm como ameaça.
criticamente Pode ser desobediente na escola e em
casa. Outros alunos o desaprovam.
Capacidade Respostas enérgicas a outras Desobediências.
de liderança pessoas: dominância
Percepção independente Dificuldades de adaptações Dificuldades nas relações
de si mesmo e do mundo e empatia. interpessoais.
Interesses intelectuais Intelectualismo Pode despertar antipatia em outros alunos.
Intensa aplicação Desde a persistência até Pode ser rejeitado.
de energias obstinação e teimosia
Riqueza de vocabulário. Facilidade verbal Protagonismo ‘’excessivo’’ em sala
de aula. Linguagem inadequada
para outros alunos.
Originalidade Criatividade Rompe a ordem do planejamento
previsto para outros alunos.
Tendência a erudição, aprendizado Mostra saber muito sobre Perda de tempo para os professores.
rápido, especialmente no campo diversos assuntos Conclui rapidamente as tarefas e pode
do seu interesse ficar entediado ou causar indisciplina.
Pensamento lógico Atuação objetiva e racional Dificuldades de comunicação
com outros alunos.
27
Nos programas de
intervenção educativa
Impaciência com detalhes Intranquilidade e não Descuido na escrita, deficiência para alunos com
e com aprendizagem que conclusão de tarefas quando na ortografia, dificuldades
altas habilidades e
requer treinamento desinteressado. de aprendizagem.
superdotação, a estratégia
Interesse pelos temas Excêntrico Perda de tempo para os professores, da aceleração consiste
pouco usuais desinteresse pelas matérias escolares em adiantar o aluno
que não o motivem. uma ou vários anos
Fonte: VALDÉS, & MAGALHÃES, 2002, p. 118-119. para oferecer o contexto
curricular mais apropriado
Dessa forma, o conhecimento dessas características não pode ser ig- a suas capacidades, ou
noradas em nenhum contexto, como o escolar, familiar e social, devendo ser seja, uma acomodação
curricular à necessidade
estabelecida formas adequadas de intervenção educativa27 visando atender da criança, favorecendo
as necessidades desse aluno. Ressaltando que a criança com altas habili- sua motivação e o ajuste
dades, apesar de sua grande capacidade pode apresentar vir a apresentar ao seu nível e ritmo de
aprendizagem.
problemas de aprendizagem. Por isso, se faz necessário, no processo de
130
Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
fisiólogo David Lewis, em seu livro Mentes Abertas (1987) alerta para o papel
dos pais e educadores na aprendizagem inicial da criança, a fim de ajudá-la a
dominar as habilidades mentais essenciais para o sucesso futuro.
O mundo de hoje clama por boas ideias, por mudanças em nossas no-
ções pré-concebidas, principalmente quando os velhos hábitos já não resolvem
novos problemas. Essa postura exige uma combinação de inteligências para
resolvermos problemas e criarmos novos produtos necessários ao desenvolvi-
mento de nossa cultura.
Exige também a integração de ações que devem se iniciar no lar e pro-
gredir com a ajuda da escola, a fim de que possamos preparar nossos jovens
para enfrentar os desafios de uma sociedade onde as transformações cons-
tantes são a única certeza. Valdéz e Magalhães (2002), destaca e recomenda
alguns procedimentos no processo de avaliação com esses alunos:
l Avaliação realizada por professores, especialistas e supervisores, utili-
zando observação, questionários de traços e características comuns;
l Percepção de resultados superiores aos demais;
l Demonstração de habilidades superiores em determinadas áreas;
l Avaliação psicológica mediante testes de reconhecida validade para
esse fim, entrevistas e técnicas indutoras, dentre outros (p. 119-120).
É ainda David Lewis, que vem assinalando que o bom êxito da apren-
dizagem depende de três fatores fundamentais: informação, motivação e se-
gurança. Assim sendo, os educadores devem praticar tais fatores em ação
escolar, da seguinte maneira: (a) agindo como uma fonte de informação; (b)
desenvolvendo o desejo natural da criança de aprender; e (c) propiciando um
ambiente seguro onde o aluno possa exercitar e aperfeiçoar suas habilidades
mentais. Deve, portanto, agregar a tudo isso, o estímulo para que as crianças
se mantenham com a mente aberta.
De acordo com o acima sinalizado, os educadores que queiram ajudar
as crianças e os jovens a obterem êxito no mundo atual devem estimular cer-
tos aspectos de sua personalidade que os permitam expandir seus talentos e
aplicá-los em algum campo do conhecimento e da cultura.
Cabe ainda, adicionar a estas habilidades mentais essenciais já prova-
das, reter e recordar informações, pensamento lógico, resolução criativa de
problemas e tomada efetiva de decisões. O jovem do mundo de hoje deve de-
senvolver outras habilidades mentais que, embora fundamentais para o êxito
do pensamento, raramente são reconhecidas como tendo um papel essencial
no talento intelectual adquirido.
Para perceber sua importância, David Lewis (1987) recomenda aos
educadores considerarem três papéis que a criança terá que representar,
com perfeição, a fim de que seja bem sucedida no mundo do futuro: o papel
do aventureiro do artista e do atleta.
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Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
3. Conclusão
Existem grandes diversidades, especialmente centradas no âmbito educacional,
centrada no educando que pode apresentar altas habilidades ou superdotação.
A educação especial, atuando nessa relação pedagógica assegura e apresenta
respostas educacionais para aqueles com necessidades educacionais espe-
ciais por meio de serviços e recursos especiais organizados institucionalmente
para apoiar, complementar, suplementar e em alguns casos substituir serviços
educacionais, de forma a garantir a educação escolar e promover o desenvolvi-
mento de potencialidades desse educando.
Entretanto, se vislumbra barreiras e dificuldades ao longo do caminho
nessa trajetória educacional encontradas por alguns educadores e assim, o
fato de haver expectativas quanto à forma de promover a aprendizagem, a
visão de que o currículo é algo de difícil flexibilidade e, ainda, os ritmos desses
133
Educação Especial
alunos devem ser próximos à uniformidade até mesmo nas respostas que
devem seguir o mesmo percurso. De maneira que ao se confrontar com um
aluno com altas habilidades, ou superdotação, em sala de aula, o professor
percebe em suas descobertas que o ritmo pode ser diferenciado, que o currí-
culo tende a ser enriquecido e ampliado e que as respostas não serão aquelas
esperadas, sempre.
Revelam-se então, os desafios no atendimento educacional do aluno
com superdotação ou altas habilidades passando a ser instigante exigindo um
trabalho pedagógico voltado para a perspectiva de uma aprendizagem ativa
e dinâmica. A presença desse aluno trarão muitas contribuições, construídas
coletivamente dando a essa turma oportunidades de conhecer uma ou várias
expressões de talentos, de conviver com ritmos diferenciados e aprendiza-
gens que respeitarão estilos particulares.
Mas, até que todos entendam e respeitem as diferenças em todas as
suas expressões (ritmo, aprendizagem, aptidões, habilidades) é um desafio
constante que demanda tempo e paciência do educador, uma vez que é algo
particularmente pessoal. Professores, orientadores educacionais e psicólogos
escolares devem primeiramente acreditar que essas diferenças existem e que
devem ser respeitadas, para posteriormente transpor esse respeito, aos de-
mais alunos, pais e comunidade.
Somente com o trabalho de todos (família, escola e sociedade) será
possível reverter essa trajetória experimentada por muitos alunos que apre-
sentam altas habilidades ou superdotação, inseridos no ambiente educacional
sem perspectivas, para uma prática de respeito às suas necessidades e de
real inclusão social.
Sobremaneira que o atendimento às singularidades das expressões
contidas nas pessoas que apresentam as altas habilidades ou superdotação
é um direito a ser respeitado e efetivado por educadores e especialistas.
Reconhecer a necessidade, as vantagens e os ganhos de inúmeros talentos
produtivamente ativos em nossa sociedade é o primeiro passo a ser dado
para o atendimento às necessidades educacionais de pessoas com poten-
ciais superiores venham a contribuir e também se beneficiar com o estímulo
de suas altas habilidades.
134
Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
Síntese do capítulo
O conceito de altas habilidades evoluiu historicamente de uma concepção uni-
dimensional, limitada a aptidões cognitivas e avaliação psicométrica para uma
compreensão multidimensional. Embora a literatura especializada não se ali-
cerce em um conceito uniforme existe um consenso quanto à sua ampliação.
Os elevados níveis de cognição e desempenho em uma área ou mais
de conhecimento constituem elementos comuns às várias concepções, como
também o reconhecimento da importância de ações para o desenvolvimento
do talento. Podemos afirmar então, que talento não se desperdiça, estimula-se.
As pessoas com altas habilidades formam um grupo heterogêneo, com
características diferentes e habilidades diversificadas; diferem uns dos outros
também por seus interesses, estilos de aprendizagem, níveis de motivação e
de autoconceito, características de personalidade e principalmente por suas
necessidades educacionais especiais.
De maneira que o entendimento sobre essa temática revela que é tarefa
dos educadores, sejam eles professores ou pais, compreender a superdota-
ção em seus aspectos mais básicos e assim se tornarem multiplicadores na
promoção do desenvolvimento dos potenciais, de forma a poder atender as
necessidades educacionais e sociais especiais, desta população.
Sabe-se ainda que esse alunado embora tenham características co-
muns, nem todos apresentam os mesmos desempenhos, existindo os que
diferem no modo de pensar, de aprender, agir e desenvolver seu potencial, va-
riando em grau de intensidade e no modo de sistematizar os comportamentos.
Dentre as características consideradas universais, podemos elencar
aquelas como: curiosidade e vivacidade mental; boa memória; concentração e
atenção; motivação interna; autonomia e independência; persistência na área
que se destaca de forma talentosa; vocabulário avançado para a pouca idade;
habilidade no trato com ideias abstratas; pensamento original e divergente; con-
duta criativa e sensibilidade. Deve se ter um cuidado esmerado no propósito de
identificar esses alunos com altas habilidades e superdotação, pois não se deve
rotulá-los, mas favorecer pelas ações pedagógicas adequadas, o atendimento
as necessidades educacionais, sociais e emocionais desse aluno.
Há critérios sistematizados para essa identificação através de medidas
ou ponto fixo de demarcação indicando um limite mínimo de produção para
auferir o reconhecimento da existência de talento. O outro critério toma por
base, uma sequência de acontecimentos naturais do cotidiano, seguido pela
135
Educação Especial
Texto complementar
Segundo Reynoldes e Birch (1982), e Lewis e Doorlag (1991)28, há seis princípios importan-
28
Lewis e Doorlag
tes que podem auxiliar o professor a oferecer experiências educacionais apropriadas para (1991) abordam
esse grupo de alunos, no contexto da sala inclusiva: especificadamente a
1. Estimular a independência de estudo do aluno, ensinando-o a ser “eficiente e efe- questão da criatividade,
tivo” nessa tarefa. Assim, é interessante que o professor estimule o aluno a ler, a a qual “pode também
pesquisar, a buscar novas informações em material extraclasse, de forma que ele ser conceituada como
aprenda a estudar pesquisando. Desta forma, o aluno não precisa ficar “amarrado” a habilidade de gerar
ao conteúdo regular do plano de ensino da série ou nível em que se encontra (por soluções novas para
ele, muitas vezes, já dominado) andando em seu próprio ritmo, ao mesmo tempo problemas específicos”
em que se evitam problemas na interação com colegas e mesmo com o professor. (p.397).
Fonte: MEC/SEESP – Projeto
2. Estimular que os alunos utilizem processos cognitivos complexos, tais como o pensamen- Escola Viva – Cartilha 09:
to criativo, a análise crítica, análises de prós e contras, outros... Esse tipo de atividade Identificando e atendendo as
permite ao aluno exercitar suas competências de forma construtiva e favorecedora de necessidades educacionais
especiais dos alunos com altas
um desenvolvimento dentro de seu próprio ritmo. habilidades/superdotação (2000)
3. Estimular os alunos a discutirem amplamente sobre questões, fatos, idéias, aprofun- – Acesso no site: www.portal.
dando gradativamente o nível de complexidade da análise, até culminar em um pro- mec.br/seesp.
cesso de tomada de decisão e de comunicação com os demais acerca de planos, re-
latórios e soluções esperadas a partir das decisões tomadas. Este procedimento não
só estimula as operações de análise (reflexão sobre os múltiplos componentes da
realidade enfocada, a identificação de possibilidades alternativas para a solução de
problemas) e de síntese, como também a organização do pensamento, o raciocínio
lógico, o planejamento de ações, a avaliação de possíveis consequências e efeitos
das ações planejadas, a comunicação social das ideias, dentre outras competências.
4. Estabelecer as habilidades de comunicação interpessoal necessárias para que os alunos
trabalhem tranquilamente com parceiros de diferentes faixas etárias, e de todos os ní-
veis do desenvolvimento cognitivo. O fato de ter altas habilidades, sejam elas as compe-
tências que forem, pode tornar-se impeditivo para a convivência entre pares, razão pela
qual é de grande importância que a interação e a comunicação interpessoal constituam
objetivos de ensino, de igual importância aos demais conteúdos curriculares.
5. Estimular o desenvolvimento do respeito pelos demais seres humanos, independen-
temente de suas características, talentos e competências. A criança portadora de
altas habilidades pode se tornar alguém impaciente com pessoas que funcionam em
nível ou ritmo diferente do seu, ou desenvolver um padrão de a elas desqualificar.
Isto é prejudicial para seu desenvolvimento pessoal e social, podendo ter consequ-
ências destrutivas para seu próprio processo de aprendizagem, bem como para a
sociedade. Assim, tratar do desenvolvimento e da prática do respeito humano en-
quanto conteúdo curricular é de importância e relevância educacional e social.
6. Desenvolver expectativas positivas do aluno quanto a escolhas profissionais que pos-
sam otimizar o uso de seus talentos e competências. (p.396).
136
Oliveira, E. A., Matos, I. S., Ribeiro, R. R. R. P. C., Santos, G. C. S.
Atividades de avaliação
1. Como diferentes expectativas podem contribuir ou dificultar as expres-
sões da superdotação no ambiente educacional?
2. O aluno superdotado se encontra incluído no contexto escolar? O que
significa efetivamente para educadores a inclusão do aluno com super-
dotação nesse contexto?
3. Enumere duas alternativas que possam otimizar a aprendizagem de alunos
com superdotação / altas habilidades.
4. Como tem sido a sua trajetória pessoal em relação à atualização de sua
prática pedagógica?
5. Que novas perspectivas são possíveis frente ao conhecimento das di-
ferentes necessidades do aluno com altas habilidades / superdotação?
6. Procure identificar algum aluno com bom desempenho em sua escola. Se
ele não apresentar altas habilidades, motive-o a desenvolver ainda mais
suas possibilidades.
Mentes que brilham (1991): O filme narra a história de Fred Tate, um ga-
roto de sete anos com inteligência acima da média e sérias dificuldades de
relacionamento. Tímido e solitário, o menino se vê afastado do convívio so-
cial, em parte por causa da superproteção de sua mãe. Como não consegue
matriculá-lo em escolas comuns, ela procura por uma instituição especial para
crianças superdotadas, onde o menino é inscrito numa espécie de olimpíada
para pequenos gênios. Durante a competição, ele apresenta um desempenho
notável, mas acaba agravando seu estado psicológico.
Fonte: http://www.cineclick.com.br/mentes-que-brilham
Prenda-me se for capaz (2002): Frank Abagnale Jr. já foi médico, advogado
e co-piloto, tudo isso com apenas 18 anos. Mestre na arte do disfarce, ele
aproveita suas habilidades para viver a vida como quer e praticar golpes milio-
nários, que fazem com que se torne o ladrão de banco mais bem-sucedido da
história dos Estados Unidos com apenas 17 anos. Mas em seu encalço está
o agente do FBI Carl Hanratty, que usa todos os meios que tem ao seu dispor
para encontrá-lo e capturá-lo.
Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-35973/
Código para o inferno (1997): Quando uma operação não tem o resultado es-
perado Arthur Jeffries, um agente do FBI, se torna bode expiatório e é relegado
a segundo plano, sendo usado só em operações de rotina. Mas sua vida tem
uma radical mudança quando Simon Lynch, um menino de nove anos autista,
sem o menor esforço desvenda um "indecifrável" código do governo americano
que tinha custado dois bilhões de dólares. Assim, o responsável pelo projeto or-
dena que este contratempo em forma de criança seja eliminado, mas o agente
encarregado da missão mata os pais do garoto (e simula que o marido matou
a mulher e se suicidou), mas a criança não é encontrada. Jeffries descobre Si-
mon em um esconderijo e não aceita a versão do "suicídio". Fica claro que que-
rem o garoto morto, ele não sabe quem e nem o motivo, mas decidiu protegê-lo
e sozinho, pois não sabe em quem confiar. Outras pessoas são mortas e, se
não agir rápido, Simon poderá ser a próxima vítima do chefe de uma agência
que está determinado a fazer qualquer coisa para manter seu poder e prestígio.
Sites
www.possibilidades.com.br
www.intelliwise.com.br
www.talentocriativo.com.br
www.profissaomestre.com.br
www.edukbr.com.br
www.pedagobrasil.com.br
www.ufsm/ce/revista.com.br
Referências
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1999.
BRASIL, Ministério da Educação. Adaptações curriculares em ação: desen-
volvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais
de alunos com altas habilidades/superdotação. Brasília: MEC/SEESP, 2002.
BRASIL. Subsídios para a organização e funcionamento de serviços de
educação especial: área de altas habilidades, Brasília: MEC, 1995.
KIRK, S.; GALLAGHER, J.J. Educação da criança excepcional. São Paulo:
Martins Fontes, 1991.
VALDÉS, Maria Teresa Moreno & MAGALHÃES. Rita de Cássia Barbosa Pai-
va. Reflexões sobre a diferença: uma introdução à educação especial. Co-
leção Magister. Edições Demócrito Rocha. Fortaleza, Ceará. 2002.
139
Educação Especial
Sobre as autoras