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Avaliação na Educação a
Distância
Antonio Germano Magalhães Júnior
Fortaleza
2015
Ciências Artes
Química Biológicas Plásticas Informática Física Matemática Pedagogia
Copyright © 2015.Todos os direitos reservados desta edição à UAB/UECE. Nenhuma parte deste material
poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a
prévia autorização, por escrito, dos autores.
Editora Filiada à
Apresentação ......................................................................................... 5
Capítulo 1 - Avaliação: conceitos, dimensões e implicações
na EaD..................................................................................................... 7
1. O processo avaliativo no contexto da educação e do ensino..............10
2. A importância da participação e da autonomia no
processo educativo .............................................................................15
3. Processos avaliativos e melhoria do ensino e aprendizagem ............19
Capítulo 2 - Avaliação e Prática Pedagógica na EaD........................ 25
1. Para início de conversa: alguns conceitos necessários......................28
2. A prática da avaliação na EaD.............................................................34
Capítulo 3 - Mecanismos de Avaliação para a EaD........................... 41
1. Conceitos e processos relacionados a avaliação................................43
Capítulo 4 - Técnicas, Instumentos de Avaliação e Análise das
Principais Tecnologias utilizadas da EaD.......................................... 55
1. Para introduzir......................................................................................58
2. Os instrumentos de avaliação..............................................................61
3. Tipos de questões de múltiplas escolha..............................................67
4. O Portifólio............................................................................................74
Capítulo 5 - Análise e Utilização de Resultados da Avaliação
na EaD................................................................................................... 79
1. Para concluir... Avaliação de Disciplina...............................................79
Apresentação
Caros cursistas, o módulo “Avaliação na Educação a Distância” tem como ob-
jetivo refletir sobre a importância dos processos avaliativos no ensino e apren-
dizagem através da modalidade de EaD. A utilização da avaliação na educação
foi constituída em contextos históricos que marcaram as práticas e modelos im-
plementados. Constituímos uma cultura escolar em que a avaliação passou a
ser utilizada também como punição e mera verificação. A necessidade de refletir
sobre o tema relatado é fundamental na busca de uma educação que atenda as
necessidades de uma sociedade marcada pelas diferenças sociais.
O texto está dividido em cinco capítulos. No primeiro, você terá a oportuni-
dade de refletir e compreender a educação e a avaliação na contemporaneidade,
destacando o papel da avaliação no processo de ensino e aprendizagem, em
particular Educação a Distância (EaD).
No segundo capítulo, abordar-se-á o que é avaliação, suas características
e possibilidades na relação do ensino com a aprendizagem. Apresentaremos
conceitos e possibilidades que poderão auxiliar a fazer melhor quando estivermos
utilizando a modalidade de EaD.
O terceiro capítulo discorre sobre a definição, caracterização e exemplifi-
cação de termos e conceitos associados à avaliação. Para facilitar o processo de
estudo e aprendizagem apresentaremos diversos organogramas e exemplos que
poderão servir na constituição de processos avaliativos de ensino e aprendiza-
gem, avaliação de disciplinas e de cursos.
No quarto capítulo vamos apresentar sugestões para melhor elaborar ins-
trumentos de avaliação. Considerando nossas experiências em EaD verificamos
a necessidade de apresentarmos prioritariamente informações sobre a constitui-
ção de questões para serem utilizadas na coleta de informação que podem subsi-
diar a tomada de decisões na melhoria dos processos de ensino e aprendizagem.
No quinto e último capítulo do módulo, apresentaremos caracterizações
dos processos de avaliação de disciplina e demonstraremos a necessidade da
implantação de tomada de decisões em relação aos processos de ensino e
aprendizagem, considerando os resultados da coleta de informações realizada
no processo de avaliação.
Bom estudo!
Capítulo 1
Avaliação: conceitos, dimensões
e implicações na EaD
9
Avaliação na Educação a Distância
Objetivos
l Entender o processo avaliativo no contexto da educação e do ensino;
l Compreender a importância da participação e da autonomia no processo
educativo;
l Relacionar os processos avaliativos com a melhoria do ensino e aprendi-
zagem na EaD.
Apresentação do capítulo
Neste capítulo iniciaremos nossas reflexões procurando compreender a edu-
cação e a avaliação na contemporaneidade, destacando o papel da avaliação
no processo de ensino e aprendizagem, em particular Educação a Distância
(EaD). Definiremos conceitos, associando a situações do cotidiano nesta mo-
dalidade de ensino. Ao final do capítulo disponibilizamos endereços eletrôni-
cos de vídeos que tratam do tema Avaliação na EaD. Desejamos bons estu-
dos e competência na constituição de sua aprendizagem.
Educação na
contemporaneidade
Instituições escolares
Saiba mais
Modalidades de Educação: caminhos e descaminhos
Quando estamos realizando reflexão sobre a educação logo lembrarmos dos resultados nega-
tivos que são apresentados a cada dia nos noticiários. Sabemos que o ato de educar é fator de
suma importância no desenvolvimento de uma sociedade que visa uma convivência respeito-
sa entre seus pares e uma vida digna. Não podemos nos eximir de proporcionar educação se
queremos pessoas mais cientes e reivindicadores dos seus direitos e deveres. Consorciado a
esta necessidade premente de uma educação para todos, ação esta que deve proporcionar
condições iguais independente da situação social, encontramos iniciativas de disseminação da
educação através de modalidades que não são as mesmas vivenciadas historicamente na nossa
sociedade brasileira. Estou me referindo a modalidade da Educação a Distância (EaD).
Existem muitos pré-conceitos, não necessariamente negativos, mas conceitos anteriormente
formados, considerando as experiências que acreditamos que são as únicas a fazerem o sucesso
necessário, já que estas foram as que vivenciamos nos últimos 500 anos no Brasil. Não quero fa-
zer proselitismo ou defesa de uma modalidade ou outra de educação, mas procurar demonstrar
que uma modalidade educacional não é em si negativa, mesmo que existam experiências no
Brasil mal sucedidas utilizando tanto a modalidade presencial com a distância. Em relação à EaD
11
Avaliação na Educação a Distância
percebemos que existem desafios que precisamos enfrentar e que com a modalidade presencial
não se apresentam com tanta premência. Estou me referindo à autonomia em relação ao ato de
estudar. Sabemos que na maioria dos casos em que a modalidade de EaD é utilizada no Brasil ela
aparece consorciada a educação presencial, tornando-se modelos de educação semipresencial.
Sabemos também que existem instituições que utilizam a afirmativa de que estão fazendo edu-
cação utilizando a modalidade de EaD para diminuir seus gastos com professores. Não podemos
julgar uma modalidade de educação somente pelas experiências de insucesso que a mesma
possa ter passado pela utilização inadequada e criminosa de algumas instituições. Consideran-
do que a educação presencial no Brasil já passou por avaliações demonstrando fracassos gri-
tantes em muitas de suas experiências e mesmo assim continuamos acreditando e praticando
a referida modalidade. O que podemos afirmar é que a modalidade de EaD, conjugada com a
presencial ou mesmo totalmente a distância, necessita de pessoas devidamente preparadas,
tecnologia adequada, prática de autonomia de todos os envolvidos no processo e o exercício
da cultura do aprender-a-aprender. A utilização da EaD se justifica quando precisamos educar
pessoas que não podem estar em um local específico em uma hora definida.
A flexibilidade em relação ao tempo e espaço é uma característica da EaD, mas precisamos ain-
da constituirmos uma cultura do poder e dever estudar sem necessariamente estar em uma sala
de aula, mesmo sabendo que o papel do professor é fundamental em qualquer modalidade, já
que estamos tratando de educação e não se pode pensar a mesma sem interação e troca de
experiências entre alguns que se intitulam de estudantes e outras que devem ter a formação de
professores. Acredito que devemos refletir sobre as experiências que estão sendo vivenciadas
hoje no Brasil utilizando a EaD como uma forma de possibilitar educação, exigindo que tenha a
qualidade devida, muitas vezes não ocorrida nas nossas experiências presenciais.
Para refletir
Vivemos um desafio da melhoria das performances de escolarização e do cumprimento da exi-
gência de inserção de todos nas escolas. São muitos os desafios da universalização da educação,
principalmente em um país com as dimensões do Brasil. Problemas de infraestrutura, ausência
de professores devidamente formados, oportunidades de trabalho adequadas, renda, partici-
pação da família no processo educacional, qualidade efetiva do labor levado a efeito nas insti-
tuições, constituem alguns dos desafios a superar. Uma possibilidade de enfrentar os desafios
apresentados é a utilização da modalidade de Educação a Distância.
oratória e escuta. A EaD não se torna mais fácil ou mesmo estimulante se estamos constituídos
de uma cultura que reconhece que a aprendizagem somente ocorre na presença do professor.
O educador é parte fundamental no processo de ensino e aprendizagem, mas sua ação deve
prezar pela valorização da autonomia dos educandos, a pesquisa, o estudo, a busca de conheci-
mento visando o debate e questionamento dos mesmos nos momentos das aulas.
Os encontros presenciais e virtuais devem ser utilizados para o exercício do diálogo e confronto
de ideias, mas como pode ocorrer se muitos dos estudantes ficam a esperar pelas “palavras”
do professor. Acredito que a diferença entre a modalidade de educação presencial e a distân-
cia vem se diluindo a cada dia. Muitos professores estão utilizando ferramentas de EaD para
auxiliar estudantes na labuta da aprendizagem, mesmo não deixando de existir os encontros
presenciais, mas estes sendo valorizados como momentos de conversar sobre as atividades de
pesquisa e estudo, que podem ser exercidos mesmo sem a presença do professor.
Autonomia não é solidão, mas todo estudante precisa exercitar o caminhar sozinho e buscar nos
encontros com seus professores não somente ficar a ouvir e sim a questionar e discutir. A EaD
pode ser uma possibilidade.
pregar em uma situação cotidiana. Muita vez repetem o que foi dito, mas são
incapazes de explicar o que estão afirmando. Certa vez perguntamos a um
estudante o que caracterizaria o inicio do período republicano no Brasil em rela-
ção aos aspectos políticos. A resposta foi uma descrição de fatos que realmente
tinham significado com o que solicitamos. Mas logo perguntamos o que era
uma república e o mesmo estudante não conseguiu articular as informações
para constituir a resposta necessária. Parece que ele detinha várias informa-
ções sobre o período republicano brasileiro, mas não lograva explicar o que
era uma república. Não queremos alongar com exemplos que todos os leitores
conhecem, considerando o cotidiano escolar, mas é necessário tomar decisões
sobre o que fazer em relação ao modelo de escola hoje em curso. O processo
de avaliação precisa ser utilizado como ferramenta na melhoria do que se ensi-
na e aprende. O professor precisa saber por quê, o que e como avaliar.
Saiba Mais
Há oito semestres realizamos uma consulta aos estudantes de licenciatura, perguntando quem
realmente escolheu a profissão magistério ou está cursando uma licenciatura porque foi mais
fácil a aprovação. Os resultados variam um pouco a cada semestre, mas nunca ficam acima de
cinquenta por cento os que realmente querem o magistério.
Com esta afirmativa, mesmo se tratando de uma situação local e específica, sem a devida con-
dição de generalização, pensamos sobre o restante que está realizando formação no magistério
e não quer ser professor. É possível verificar o índice de concludentes nos cursos de magistério,
em especial os de Matemática, Física, Química e Biologia, cuja quantidade de estudantes que se
formam é muito inferior aos admitidos.
As áreas citadas anteriormente são as de maior carência de professores no Brasil. Hoje se discu-
te a urgência de formar professores para suprir a demanda de formação necessária em um país
enorme como o Brasil.
Síntese do capítulo
Depois de realizar as reflexões sugeridas no texto podemos considerar que
vivemos uma sociedade caracterizada pela valorização do conhecimento e
não somente da informação; a escolarização está fazendo parte do cotidiano
da maioria da população; existe a necessidade de melhor formação nas dife-
rentes carreiras profissionais; a EaD é uma possibilidade de disseminação do
conhecimento e o planejamento e a avaliação são ferramentas pedagógicas
fundamentais no processo de ensino e aprendizagem.
Considerando as afirmativas anteriores podemos destacar que existe
a necessidade de melhoria da qualidade da educação disseminada no Brasil.
Atualmente vivenciamos uma política avaliativa que muito valoriza a constituição
de Ranking e a não priorização na melhoria da aprendizagem dos que possuem
mais dificuldade. Vivemos um modelo que institui “O melhor para os melhores”.
Foram apresentados muitos desafios, mas conjuntamente indicadores
de ações necessárias para valorização e melhoria da educação no Brasil.
Leituras
MACHADO, Nilson José. Epistemologia e Didática: as concepções de in-
teligência e conhecimento e as práticas docentes. São Paulo: Cortez, 1995.
MEIRIEUR, Philippe. Aprender....sim, mas como? Trad. Vanise Dresch. 7.
ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
MAGALHÃES JUNIOR, A. G.. Ao abrir dos olhos, a angústia ou quando da
expulsão do paraíso: formação do professor pesquisador. In: José Álbio Mo-
reira Sales, Marcília Chagas Barreto, Isabel Maria Sabino de Farias. (Org.).
Docência e formação de professores: novos olhares sobre temáticas con-
temporâneas. Fortaleza: EdUECE, 2009, p. 121-128.
23
Avaliação na Educação a Distância
Filmes
João Mattar apresenta recursos e estratégias que podem ser utilizados no
design da avaliação em Educação a Distância (EaD). Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=IHL6hvllCJU. Publicado em 14 de jun de 2013.
Acesso: 18/03/2015
Trecho de entrevista sobre Educação a distância, exibida no Jornal Nacional, em
abril de 2011. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Pty8egioebk.
Enviado em 17 de fev de 2012. Acesso: 18/03/2015
Referências
BAUMAN, Zygmunt. Tempos líquidos. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007.
CAMBI, Franco. História da Pedagogia. São Paulo: Editora UNESP, 1999.
CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário etimológico Nova Fronteira da língua
portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Trad. Roberto Machado. Rio de
Janeiro: Graal, 1998a.
_________. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Trad. Raquel Ramalhete.
Petrópolis: Vozes, 1998b.
LE GOFF, Jacques, Os intelectuais na Idade Média. Trad. Marcus de Cas-
tro. Rio de Janeiro: José Olympio, 2003.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cor-
tez, 2008.
MEIRIEUR, Philippe. Aprender....sim, mas como? Trad. Vanise Dresch. 7.
ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
Capítulo 2
Avaliação e Prática Pedagógica
na EaD
27
Avaliação na Educação a Distância
Objetivos
l Compreender as definições de avaliação;
l Demonstrar a importância da avaliação na modalidade de EaD;
l Relacionar os processos de avaliação com a melhoria da aprendizagem.
Apresentação do capítulo
Avaliar é emitir julgamento de valor. Para podermos utilizar os processos avalia-
tivos na melhoria da aprendizagem na EaD, inicialmente devemos compreender
o que é avaliação, suas características e possibilidades na relação do ensino
com a aprendizagem. Apresentaremos conceitos e possibilidades que poderão
auxiliar a fazer melhor quando estamos utilizando a modalidade de EaD.
Conceitos de avaliação
e autonomia
Coleta de informações
e julgamento de
valores pode:
Melhorar o processo
de ensino e Gerar punições
aprendizagem
28
Antonio Germano Magalhães Júnior
Fonte: http://praqueprovasenaoreprova.blogspot.com.br/2011/05/o-coletivo-de-autores-
citado-por.html. Acesso em: 03/03/2015.
Mas por quê não podemos chamar de avaliação o ato de aplicar uma
prova e lançar as notas baixas que os alunos obtiveram, através de um ins-
trumento que, muitas vezes, não foram nem definidos os critérios que norte-
ariam o julgamento dos professores em relação à aprendizagem dos alunos?
Primeiramente já mencionamos que aplicar um instrumento é uma das fases
do ato de avaliar. O que caracteriza a função pedagógica da avaliação são
as ações que os professores realizarão em relação aos resultados obtidos
através dos instrumentos, para nortear suas práticas pedagógicas em busca
do aprimoramento da aprendizagem dos estudantes.
15
Para melhor compreender Falamos de avaliação e sua utilização como estratégia punitiva, ago-
sobre o conceito de
ra, devemos questionar como esta prática avaliativa pode conduzir a uma
“Pedagogia do Exame”
leia o livro de Cipriano “Pedagogia do Exame”15.
Carlos Luckesi “Avaliação Quando a ação de avaliar é utilizada como uma medida punitiva, ela per-
da aprendizagem escolar:
de seu princípio pedagógico. Perdendo seu sentido, a ação de julgar pode in-
estudos e proposições”.
correr em um erro que poderá prejudicar em muito a ação educativa da escola.
Percebemos que muitos alunos estão se preocupando, logo nos primei-
ros contatos com seus professores ou tutores, com o que precisarão fazer e
demonstrar para obter a aprovação no final do curso. Mas será que o objetivo
do acesso dos alunos aos meios educacionais não deveria estar diretamente
relacionado com a aquisição dos conhecimentos? e, a aprovação ao final do
processo, não seria uma consequência do ato de demonstrar que atingiu o
desempenho necessário ao que se propõe a formar? Podemos, através desta
reflexão, perceber muitas incoerências vivenciadas cotidianamente nos mais
diversos meios educacionais.
31
Avaliação na Educação a Distância
Fonte: http://www.resemichel.seed.pr.gov.br/redeescola/escolas/14/2194/284/arquivos/
File/charge.jpg. Acesso em: 03/03/2015.
Saiba mais
Aulas com giz e saliva, de quem é a culpa?
Considerando a indagação contida no título desta escritura devemos refletir sobre a necessidade
de sermos diferentes e a constituição dos nossos valores e tradições. Iniciamos com a lembrança
dos escritos do filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) que alertava sobre uma
sociedade que busca a culpa vivendo do rancor e da dificuldade de constituir algo novo.
Em muitas escolas encontramos o cenário da imposição de culpas e perseguição de culpados,
mas dependendo do espaço em que o discurso foi constituído encontraremos atores diferentes.
Em certos momentos professores são nomeados de culpados e são apresentadas acusações de
descompromissados e desqualificados. Alunos são acusados de desinteressados e despreparados.
O Estado não deixa de ser acusado de omisso e irresponsável. São muitas as acusações e acusa-
dos, mas temos que procurar compreender esta necessidade premente de encontrar um culpado
e constituir o cenário da culpa para podermos vivenciar o sentimento de que devemos encontrar
alguém que carregue o fardo do não sucesso e apazígue o espírito da decepção cotidiana gerada
pelo olhar mais atento daqueles que ainda esperam da escola a constituição de um espaço de
educação para uma sociedade que vive a crise de verdades, que mantiveram por muito tempo o
espírito da angustia arrefecido.
Considerando que existe uma busca quase esquizofrênica de encontrarmos culpados, apazi-
guando assim uma culpa coletiva, devemos lembrar que esta escritura se destina a fazer refletir
sobre temas da educação associados à tecnologia. Com a instituição do discurso da existência
de uma sociedade do conhecimento em que a multimídia deve ocupar os espaços de comuni-
cação e aprendizagem, a escola é acusada de não acompanhar as mudanças que as tecnologias
passam a cada novo instante.
Devemos contextualizar a constituição dos espaços sociais em que exercitamos nossas práticas
diárias. Não queremos encontrar culpados e alimentarmos a fogueira instituída pelo discurso de
ser moderno. Fogueira esta que busca consumir tudo que recebe o nome de passado, atrasado,
superado, ou qualquer outro termo que esteja associado a algo que representava valor e ver-
dade ontem e que hoje não possui a mesma eficiência pregada pela sociedade consumista que
vivemos. Aulas com giz e saliva. Aulas marcadas pelo discurso de alguém que acreditava, acre-
dita, trazer a verdade e verdadeiramente salvar almas incultas gerando espíritos mais sábios.
As cruzadas em nome da salvação de espíritos incultos marcaram boa parte da história humana.
Agrupamentos sociais que se reconheciam como civilizados, iluminados, representantes do pro-
gresso tentaram e muitas vezes conseguiram impor seus valores e interesse junto a agrupamen-
tos humanos que desrespeitadas suas tradições amargaram a posição de povos colonizados.
Voltemos às aulas de giz e saliva e as críticas ao não enquadramento da escola na sociedade
multimídia. Historicamente a escola constituiu-se como espaço da transmissão da verdade e
os professores aqueles que conduziam os alunos no caminho do conhecimento. Não podemos
culpar professores ou alunos pelas aulas eminentemente monologais em que um fala e a “pla-
33
Avaliação na Educação a Distância
teia” quase sempre somente escuta. Não podemos deixar de compreender que este exercício
da audiência e pouca participação foi constituído historicamente na busca de conduzir pessoas
através de ideias e valores que eram reconhecidos como verdades. O que vivenciamos hoje é
uma crise de verdades que serviram por muito tempo para manter privilégios, proporcionar
uma ordem e o um modelo de progresso. Não queremos afirmar que não precisamos de ver-
dades para manter nossa sobrevivência diária, mas a prática de refletir e questionar estão mais
presentes dentro dos espaços de sociabilidade no mundo contemporâneo.
Se de um lado muitos alunos vivenciam dentro e fora de suas casas interações multimídia, mui-
tos professores foram e ainda são formados escutando, memorizando e repetindo. Muitas pes-
soas resolvem exercitar a ato de culpar de forma mais genérica nomeando o “sistema” como o
grande vilão da história.
Acredito que esta necessidade de encontrar um culpado não está auxiliando a resolvermos os
problemas que estamos vivenciando. Precisamos melhor compreender como as ações humanas
se constituíram, sabendo que as ações humanas no tempo estabeleceram traços culturais que
não podem ser transformados radicalmente de uma hora para outra em nome de um modelo
de sociedade que recebe o título de moderna. Precisamos melhor compreender as relações de
saber/poder que marcam nossa convivência social.
A escola constitui um traço cultural que vem marcando a humanidade como espaço de trans-
missão de verdades e caminho do progresso. Esta mesma instituição está também vivenciando
a crise das verdades que marcam a sociedade contemporânea.
Aulas com giz e saliva, de quem é a culta? Não podemos eternamente ficar buscando culpa e
culpados, mas procurar compreender como se constituiu as práticas e verdades daqueles que
hoje exercitam nos espaços escolares suas relações de saber/poder, buscando assim refletir,
questionar e transformar nossas práticas cotidianas. Um constituir a cada dia sem esquecer que
somos constituídos por um passado e pelos sonhos de futuro.
Síntese do capítulo
Neste capítulo realizamos a conceituação do termo avaliação e caracteriza-
mos a EaD, em relação a educação presencial. Definimos verificação em
relação à avaliação, demonstrando a necessidade de coletar informações e
tomar decisões em busca da constituição do processo avaliativo.
Foram apresentados exemplos de ações avaliativas, demostrando a
importância de saber o que se pretende com o ensino e a necessidade do
planejamento na execução dos objetivos. Foram apresentadas situações ava-
liativas que podem proporcionar aprendizagem significativa e maior eficiência
e eficácia na EaD.
Leituras
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e
proposições. 6 ed. São Paulo: Cortez, 1997.
MACHADO, Nilson José. Epistemologia e Didática: as concepções de in-
teligência e conhecimento e as práticas docentes. São Paulo: Cortez, 1995.
SILVA, Marco; SANTOS, Edméa (Org.), Avaliação da Aprendizagem em Edu-
cação Online, Edições Loyola: São Paulo, 2006.
Referências
ABBAGNAMO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Trad. Alfredo Bosi. 2ª ed. São
Paulo: Martins Fontes, 1998.
ANDRIOLA, Wagner Bandeira; Mc DONALD, Brendan Coleman (Orgs.). Ava-
liação. Fiat lux em avaliação. Fortaleza: Edições UFC, 2003.
Mc DONALD, Brendan Coleman (Org.). Esboços em avaliação educacio-
nal. Fortaleza: Edições UFC, 2003.
AGUILAR, Maria josé e ANDER-EGG, Ezequiel. Avaliação de serviços e
programas sociais. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
39
Avaliação na Educação a Distância
Objetivos
l Definir os processos utilizados no ato de avaliar;
l Descrever os modelos teóricos da avaliação;
l Caracterizar processos avaliativos.
Apresentação do capítulo
Depois de refletirmos sobre os processos de ensino, aprendizagem e avalia-
ção, associados a EaD, devemos melhor fundamentar o processo avaliativo.
Neste capítulo faremos a definição, caracterização e exemplificação de ter-
mos e conceitos associados à avaliação. Para facilitar o processo de estudo
e aprendizagem apresentaremos diversos organogramas e exemplos que po-
derão servir na constituição de processos avaliativos de ensino e aprendiza-
gem, avaliação de disciplinas e de cursos.
Avaliação
Conceitos
possibilitar um julgamento
•• Quanto ao agente avaliativo: interna e externa; auto-avaliação e hetero- de valor, apoia-se em uma
avaliação; quantidade rica e detalhada
•• Quanto ao tipo de dado utilizado: qualitativa22 e quantitativa23; de informações sobre o
objeto a ser avaliado.
•• Quanto ao objetivo com que é realizada: diagnóstica, formativa e somativa;
•• Quanto ao tipo de decisão a tomar: de contexto, de input, de processo e de Aquela em que, para
23
possibilitar um julgamento
produto. de valor, baseia-se em
O processo avaliativo deve ser realizado em diferentes situações no um número limitado de
contexto educacional. Verifique, no quadro a seguir, alguns exemplos do uso parâmetros, identificados
e descritos em termos
da avaliação na educação. numéricos.
Avaliação
2º Formular
Decisões
Informação
Opiniões
Saiba mais
Um ponto pode fazer a diferença: ser professor ou médico
Acredito que alegorias, bem utilizadas, podem auxiliar a refletir sobre o cotidiano. Primeiramen-
te explicarei o motivo desta escritura e depois apresentarei uma alegoria que pode servir para
que professores repensem o ato de avaliar nas instituições educacionais.
Atitude corriqueira entre muitos professores é utilizar a prática de dar e retirar pontos de es-
tudantes por diferentes razões. Pode ser o cumprimento ou não de uma atividade, ou mesmo
atitudes merecedoras de reconhecimento ou punição. Questiono se esta não é uma atitude
eminentemente condicionada a alguns profissionais da área de saúde como médicos e dentis-
tas; ai começa a minha alegoria.
A atitude de avaliar, nas instituições educacionais, está associada normalmente à emissão de
julgamento de valor em relação à aquisição de conteúdos, habilidade e competências do avalia-
49
Avaliação na Educação a Distância
do. O ato de avaliar tem sido confundido com a ação de verificar. Quando se aplica instrumento
de avaliação, que pode ser uma prova, se pretende, inicialmente, coletar informações para sub-
sidiar uma atitude que o professor deve tomar em relação à situação diagnosticada.
Considerando o significado do ato de avaliar, é possível estabelecer relação entre o que e como
avaliar, com o que foi planejado para ser ministrado ao aluno, e por ele aprendido. No plane-
jamento de um curso ou aula deve-se deixar claro o que e como acontecerá essa atividade,
considerando que o processo avaliativo deve auxiliar no cumprimento do que foi planejado.
Na escolha dos conteúdos, das metodologias, dos recursos, do tempo que será utilizado nas
atividades, elas devem ser divididas em aspectos fundamentais e importantes. Quando o aluno
está sendo avaliado o professor deve ter ciência do que representa um aproveitamento de 100%
e o que não necessariamente deve alcançar esse percentual. Indagado, certa vez, se era possível
cobrar aproveitamento de 100%, esclareci que existem conteúdos, competências e habilidades
que são o mínimo necessário para o aluno exercer uma atividade ou prosseguir para a fase se-
guinte. Dois exemplares são as quatro operações matemáticas (adição, subtração, multiplicação
e divisão) para quem pretende melhor sobreviver em uma sociedade como a nossa e o ato de
decolar, realizar o voo e aterrissar para alguém que deseja ser piloto. Uma pessoa pode até fazer
as operações matemáticas com velocidade impressionante e fazer manobras ousadas durante
uma aterrissagem, mas isto poderia ser algo categorizado como importante, não sendo cobrado
em plenitude.
A atitude de dar ou retirar pontos descumpre uma lógica verdadeiramente avaliativa, porque
normalmente não está associada à tomada de decisão a ser exercida em relação a conteúdo,
habilidade ou competência que o aluno deva apresentar nas informações coletadas em instru-
mento de avaliação planejado para diagnosticar a aprendizagem instituída como fundamental e
importante. A ação de entregar uma pesquisa, que pode ter sido realizada em formato de mera
cópia, pode acrescentar um ponto em uma nota que representava o não cumprimento do fun-
damental, ocasionando a aprovação sem as condições mínimas necessárias.
Talvez isto seja um dos motivos de muitos profissionais não apresentarem as condições míni-
mas de exercerem as atividades as quais possuem a autorização outorgada pelas instituições
educacionais. Por isto, utilizo bastante à alegoria, afirmando que alguns professores querem ser
médicos ou dentistas, quando começam a “dar ou retirar pontos”, realizando, assim, o exercício
ilegal da profissão e sujeitos a processo judicial.
Para finalizar ilustro com um caso que ocorreu comigo quando exercia a função de professor
do quarto ano da educação fundamental em uma escola da prefeitura municipal de Fortaleza.
Quando iniciei as atividades com a referida turma as aulas já haviam começado e eu fiquei no
lugar de uma professora que se aposentara. Havia uma situação que achei estranha na cader-
neta de notas que recebi. Um aluno estava com nota negativa. Para ser mais explicito com nota
“-3”, no bimestre. Procurei entrar em contato com a antiga professora para esclarecer o caso e
ela relatou que havia “dado pontos negativos” no estudante todas as vezes que ele não trazia as
atividades passadas para casa, contabilizando mais de 12 pontos. O Estudante havia conseguido
a nota máxima nas provas, mas retirando os pontos negativos, ele ficava devendo três a ser
descontados da nota do próximo bimestre.
Eu pergunto: o garoto não sabia o fundamental do que havia sido planejado em relação aos es-
tudos de matemática? Deixo para os profissionais da saúde a atitude de “dar ou retirar pontos”.
para formular
Juízos de valor
que seja
Falíveis Educacionais
Comparativos
para
dados coletados. Então devemos afirmar que na realidade não está sendo
feito um processo de avaliação e sim somente verificação. Não podemos es-
perar que, os que receberem os resultados, tomarão as medidas necessárias
para obtenção do sucesso desejado. O professor ou tutor, dependendo da
modelagem do curso, precisa ter a formação necessária e realizar os procedi-
mentos adequados na melhoria das ações empreendidas.
Vamos analisar outro quadro com conceitos e informações sobre avaliação.
Resposta às necessidades.
Critérios a Utilizar Atingir objetivos e valores sociais e outros.
Estabelecer normas.
Avaliador Professor e equipes de professores com competência para avaliar.
Formativa.
Somativa.
Funções
Sociopolítica.
Administrativa.
Atingir o equilíbrio em:
Indicadores *Utilidade
*Viabilidade e
*Aprovação
Métodos Não há métodos específicos, depende das necessidades.
Objetivos Abarca todo o processo educacional em seu conjunto.
Centra-se no processo.
Processo
Selecionar e analisar dados empíricos.
Uso Deve fornecer a informação necessária a todas as partes interessadas em um objeto de avaliação.
Aspectos a avaliar.
Estratégias e planos de avaliação.
Variáveis
Processo e implementação. 26
Podemos destacar como
Impacto em seu desenvolvimento. objetivos do processo de
ensino e aprendizagem:
Mencionamos anteriormente que a avaliação educacional pode ser uti- • Diagnosticar
lizada em diferentes momentos do processo de ensino e aprendizagem: insti- conhecimentos
anteriores, pré-requisitos
tuição, curso, currículo, disciplina, discentes, docentes, materiais instrucionais
e os relacionamentos
e ambientes de ensino. No caso da avaliação da aprendizagem26, varia de com o programa a ser
acordo com suas finalidades, assumindo diferentes formas com objetivos e desenvolvido.
procedimentos específicos de cada uma. • Promover a melhoria da
aprendizagem, durante o
O quadro a seguir representa os tipos e usos em relação à avaliação decorrer do processo.
quando utilizada especificamente para melhorar as ações de ensino aprendi- • Aprovar ou reprovar, atribuir
zagem dos estudantes. certificados, melhorar ações
futuras e selecionar.
52
Antonio Germano Magalhães Júnior
Tipos Usos
Identificar conhecimentos já adquiridos sobre o assunto. Verificar causas de repetidas dificulda-
Diagnóstica
des de aprendizagem.
Formativa Identificar problemas de aprendizagem, para implementar melhorias.
Somativa Tomar decisões finais sobre o aluno: classificação, aprovação.
Quando utilizar
Tipos Momento
Antes do início da instrução.
Diagnóstica
Durante o processo instrucional.
Formativa Durante o processo instrucional.
Somativa Ao final do processo instrucional.
Exemplos
Tipos Situações
O professor de TIC vai dar um curso sobre ambientes de ensino, para os alunos do segundo
Diagnóstica semestre do Curso de Pedagogia. Antes de iniciar o curso, vai aplicar um teste para verificar se
os alunos possuem os pré-requisitos de TIC que são necessários.
Um professor de TIC, durante a aula de produção de material didático para EaD separa os
Formativa alunos que estão com dificuldades no uso de ferramentas computacionais. Trabalha esse grupo
durante mais tempo, a fim de melhorar suas habilidades.
Ao término do curso, o professor deseja verificar os alunos que conseguiram atingir os objetivos
Somativa
propostos, para efeito de Aprovação e certificação.
Síntese do capítulo
O conceito e as práticas de avaliação se constituíram no tempo histórico. Os
profissionais que utilizam a avaliação devem conhecer e saber aplicar os con-
ceitos associados à avaliação. Quando vamos realizar um processo de avali-
ção devemos seguir estratégias que possibilitem a realização do que preten-
53
Avaliação na Educação a Distância
Leituras
ARREDONDO, Santiago Castillo; DIAGO, Jesús Cabrerizo. Avaliação Edu-
cacional e Promoção Escolar. Tradução: Sandra Martha Dolinsky. Curitiba:
Ibpex; São Paulo: Unesp, 2009.
CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: O longo Caminho. 3ª ed.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
VIANNA, Heraldo Marelin. Introdução à avaliação educacional. S.P.: IBRA-
SA, 1989.
Referências
ARREDONDO, Santiago Castillo; DIAGO, Jesús Cabrerizo. Avaliação Edu-
cacional e Promoção Escolar. Tradução: Sandra Martha Dolinsky. Curitiba:
Ibpex; São Paulo: Unesp, 2009.
BONNIOL, Jean-Jacques e VIAL, Michel. Modelos de avaliação, textos fun-
damentais. Porto Alegre: Artmed, 2001.
DEPRESBITERIS, L. Instrumentos de avaliação: a necessidade de conjugar
técnica e procedimentos éticos. In: Revista Aprendizagem, Pinhais: Editora
Melo, ano 1, nº 1 – jul/ago 2007.
VIANNA, Heraldo Marelin. Introdução à avaliação educacional. S.P.: IBRA-
SA, 1989.
_______. Avaliação educacional e o avaliador. São Paulo: IBRASA, 2000.
Capítulo 4
Técnicas, Instrumentos de
Avaliação e Análise das
Principais Tecnologias
utilizadas na EaD
57
Avaliação na Educação a Distância
Objetivos
l Compreender a necessidade de coletar e analisar informações no processo
de avaliação;
l Descrever a constituição de diferentes instrumentos de avaliação associando
as necessidades do processo avaliativo;
l Elaborar instrumentos de avaliação.
Apresentação do capítulo
Neste capítulo vamos apresentar sugestões para melhor elaborar instrumentos
de avaliação. Considerado nossas experiências em EaD verificamos a neces-
sidade de apresentarmos prioritariamente informações sobre a constituição de
questões para serem utilizadas na coleta de informação que podem subsidiar
a tomada de decisões na melhoria dos processos de ensino e aprendizagem.
Sabemos que existe a necessidade de avaliar ferramentas, softwares,
a modelação dos cursos e tudo mais que faz parte da criação, implantação
e execução de atividades que utilizem a EaD. Compreendemos que tudo é
importante, mas o fundamental é saber elaborar as questões que fornecerão
informações para a tomada de decisões.
Instrumentos de
avaliação e Elaboração
de Questões
Validade e
Fidedignidade
1. Para introduzir
Passemos a refletir sobre o que podemos chamar de instrumento de ava-
liação que possa gerar aprendizagem e não somente informação. Quando
pretendemos construir um instrumento de avaliação algumas considerações
devem ser observadas. Já sabemos que os instrumentos de avaliação são
Para saber mais: http://www.
27
utilizados para auxiliar o professor na coleta de informações que subsidiará
scielo.br/pdf/aval/v15n3/07
as tomadas de decisão em relação aos alunos. Neste sentido, a construção
Consultado em 18/03/2015
dos instrumentos deverá ser bastante cuidadosa, possibilitando assim, uma
http://www.garcia.pro.br/
orientacoes/HenriqueTC2. tomada de decisões que auxilie não somente os passos de seus alunos, mas,
PDF. Consultado em o caminhar do próprio professor. Devemos considerar que o professor deve
18/03/2015 sempre utilizar diferentes instrumentos27 em momentos distintos.
Na EaD podemos utilizar diferentes ferramentas tecnológicas28 para cole-
Sobre modelos avaliativos:
28
http://www.ic.unicamp. tar informações que podem subsidiar nossa tomada de decisões. Mas para po-
br/~reltech/2005/05-11.pdf. dermos coletar informações que possam servir na melhoria dos processos de
Acesso: 18/03/2015 ensino e aprendizagem, os instrumentos de coleta devem ser constituídos com
a competência necessária. Vamos descrever alguns procedimentos que devem
ser observados na elaboração de instrumentos de coleta de informações.
Para nortear a construção dos instrumentos de avaliação é necessário:
•• Conhecer a população que deverá ser avaliada, considerando suas parti-
cularidades cognitivas;
•• Definir os objetivos, ações, habilidades ou competências a serem avaliados;
•• Definir as funções da avaliação: formativa, somativa ou diagnóstica;
•• Estabelecer os critérios de avaliação;
•• Elaborar os itens, aspectos ou questões que deverão compor o instrumento;
•• Analisar o instrumento por especialistas ou pessoas mais experientes na
elaboração de instrumentos de avaliação;
•• Montar o instrumento.
Quando analisamos os vários aspectos que devemos considerar quan-
do pretendemos construir instrumentos de avaliação, parece que enfrenta-
mos uma tarefa exaustiva e, às vezes, alguns a encaram, como “uma bes-
teira, coisa de tecnicista”. Mas, quando se trata de um julgamento que vai
influenciar na vida de pessoas, decidindo até a famosa “passagem de ano”,
obtenção ou não de uma certificação, como também, nossa própria vida, já
que estaremos novamente com muitos dos alunos que terão que repetir o
curso por causa das decisões que tomamos em relação à aprendizagem.
Assim, devemos ser cuidadosos e competentes. Avaliar é uma ação de res-
ponsabilidade que marca vidas e pode estimular ou fazer desistir alguém que
está em processo de aprendizagem.
59
Avaliação na Educação a Distância
emitir julgamento de valor, que auxiliará o caminhar dos alunos e educadores. criada a propósito, já
que acreditamos que
Sabendo disso não podemos realizar avaliações somente no final do curso ou
não podemos seguir o
da disciplina, temos que procurar realizar atividades avaliativas no transcorrer princípio de construir com
do curso, atividades estas que nortearão o prosseguimento do trabalho dos os alunos se não estamos
educadores e estudantes. Para que tenhamos sucesso nessa tarefa de estar- conjuntamente julgando
como está se processando
mos em diálogo avaliativo30.
esta caminhada, se não
Encontramos outro problema em muitos dos programas que trabalham estamos conjuntamente
com EaD, a falta de profissionais em quantidade e competência para cami- dialogando e decidindo
nhar com os alunos. Quando mencionamos estes profissionais, não nos re- sobre o assunto.
tar as particularidades locais, culturais e sociais dos alunos. Não esqueçam31: pode até ser realizada
a distância, mas, nunca
educação pode até ser realizada a distância, mas, nunca distante dos alunos. distante dos alunos.
Vejamos agora, com mais detalhes, procedimentos que devem ser ob-
servados no momento de elaborar instrumentos de avaliação.
2. Os instrumentos de avaliação
Os instrumentos de avaliação são utilizados para a coleta de informações que
subsidiam as decisões avaliativas. Neste sentido, a elaboração de instrumen-
tos deverá ser bastante cuidadosa, de modo que estes possam coletar com
precisão as informações que realmente se deseja obter para subsidiar a toma-
da de decisões em relação ao que precisa ser feito para melhorar o processo
de ensino e a aprendizagem.
A seleção do tipo de instrumentos de avaliação depende da natureza do
objeto que vai ser avaliado. São muitos os instrumentos de avaliação existen-
62
Antonio Germano Magalhães Júnior
Saiba mais
Vamos analisar um exemplo de questão: Prova de Biologia – Enade
2008 - Questão 49 – Discursiva
O que tem sido feito em termos de educação ambiental? A grande maioria das atividades é
feita dentro de uma modalidade formal. Os temas predominantes são lixo, proteção do verde,
uso e degradação dos mananciais, ações para conscientizar a população em relação à poluição
do ar. A educação ambiental que tem sido desenvolvida no país é muito diversa e a presença
dos órgãos governamentais como articuladores, coordenadores e promotores de ações é ainda
muito restrita. A educação para a cidadania representa a possibilidade de mostra e sensibili-
zar as pessoas para transformar as diversas formas de participação em potenciais caminhos de
dinamização da sociedade e de concretização de uma proposta de sociabilidade baseada na
educação para a participação. JACOBI, P. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade in
Cadernos de Pesquisa v 8, 2003, p.89-206 (com adaptações)
São diferentes os modelos de educação ambiental praticados no mundo. Apesar das grandes
possibilidades de ação, da diversidade temática e das peculiaridades de cada região, a prática,
não raro, parece estar muito centralizada na figura do “educador”, ator que tem um conheci-
mento a transmitir para os sujeitos (atores que necessitam mudar sua visão de mundo e adotar
novas posturas). Esse tipo de prática ignora os diferentes olhares e interesses das pessoas envol-
vidas no processo. Por exemplo, toda comunidade necessita de um programa de reciclagem de
lixo? Uma realidade, para ser transformada sem imposições, necessita do comprometimento, 38
Comportamento: informa
da participação e do envolvimento de todos os atores sociais. Afinal, precisamos de uma educa-
ção ambiental que signifique envolvimento e participação ambiental. ao discente o que deve ser
Considerando as ideias centrais desenvolvidas nos textos acima, redija um texto dissertativo realizado (ação). Devem ser
sobre o seguinte tema: Educação ambiental: envolvimento e participação expressos sob a forma de
Aborde em seu texto os seguintes aspectos: ação que se deseja realizar.
a) Papel dos diferentes atores sociais; Ex.: transcreva, analise
b) Processos e métodos de trabalho na educação ambiental; descreva, numere e cite.
c) Escolha dos temas trabalhados na educação ambiental
Conteúdo: descreve o
39
Exemplo de padrão de resposta:
objeto de estudo (conteúdo),
Parte a) o estudante não deve deixar de mencionar a ideia de promover a educação ambiental
por meio de práticas participativas, transformadoras da realidade, nas quais todos os atores ou seja, o assunto aprendido
sociais tem papel preponderante e ativo. A comunidade deve ser vista não como grupos de e deve vir acompanhado da
pessoas a serem “ensinadas”, mas como parceiras. Deve tornar evidente o papel do “educador” ação proposta no enunciado.
como facilitador do processo. 40
Condição: estabelece
Parte b) o estudante deve considerar conteúdos e métodos de educação ambiental que rela-
as referências teóricas,
tivizem os processos formais de educação, e que valorizem o conhecimento, as práticas e as
metodológicas, conceituais,
experiências de todos os grupos que forma a sociedade, por meio de processos que favoreçam
ideológicas entre outras, que
a participação de todos na construção de conceitos e na avaliação de práticas a serem adotadas
o conteúdo ou ação devem
pela sociedade.
seguir.
Parte c) Finalmente, espera-se que o estudante mostre conhecimento de que a prática da edu-
cação ambiental é extremamente diversa e deve estar voltada para sensibilizar as pessoas a 41
Critério: estabelece
transformarem o seu espaço de modo a torná-lo sustentável; para isso, diversos temas podem
o padrão mínimo de
e devem ser abordados, fugindo ao formalismo e a previsibilidade de alguns enfoques (por
aprendizagem esperado
exemplo, lixo, poluição do ar, etc).
(quantidade de acertos
FONTE: Brasil, INEP (ENADE, 2008, p.23). esperados).
66
Antonio Germano Magalhães Júnior
Considerando a leitura dos capítulos do livro: BITTENCOURT, Circe M. Fernandes. Ensino de His-
tória: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez Editora, 2004, responda às questões a seguir
referentes ao tema Ensino de História.
1. Defina e relacione os conceitos de transposição didática, disciplina escolar, disciplina acadê-
mica e ensino de História (8 escores). Refere-se a um comportamento a ser realizado, mas
define o critério que indica à forma como deve ser respondida a questão.
2. Caracterize e relacione a constituição da disciplina de Estudos Sociais, a metodologia da me-
morização e a história do ensino de história no Brasil (6 escores). Comportamento.
3. Considerando o tema ensino de História, defina e estabeleça a relação entre PCN, novas tec-
nologias e eixos temáticos (6 escores). Refere-se a um comportamento a ser realizado, mas
define o critério que indica à forma que precisa ser respondida a questão.
Exemplo:
Questão 3
A Revolução Industrial, no século XVIII, implicou a utilização e a transformação intensiva dos ele-
mentos naturais, por intermédio das máquinas que substituíram, em parte, o trabalho humano
e manual. Dentre essas novas máquinas e equipamentos, destacaram- -se aqueles que surgiram
a partir da invenção de James Watt, em 1768.
Com base no enunciado e nos conhecimentos sobre a Primeira Revolução Industrial, assinale a
alternativa correta.
A) A mão de obra fabril excluiu as crianças e as mulheres da linha de montagem industrial.
B) Criaram-se equipamentos domésticos movidos a eletricidade, como as primeiras máquinas
de lavar roupas.
C) Desenvolveram-se transportes terrestres e marítimos, como o trem e o navio, movidos a vapor.
D) O controle da produção na fábrica era realizado pelo ajuste dos mecanismos aos relógios
biológicos dos trabalhadores.
E) Substituiu-se a tração animal por aquela movida a gasogênio, impulsionando o transporte público.
Alternativa correta: C
Conteúdo programático: O mundo na modernidade. A revolução industrial.
Justificativa
A) Incorreta: As crianças e mulheres foram largamente empregadas no processo da revolução
industrial.
B) Incorreta: As primeiras máquinas de lavar roupas não são deste período, são do século XX e
a energia utilizada neste momento é o vapor d’água e não a eletricidade.
C) Correta: James Watt é o inventor das primeiras máquinas a vapor que passaram a ser, a partir de sua
invenção, largamente empregadas na produção industrial e no transporte de massas e produtos.
D) Incorreta: Na linha de montagem fabril, o movimento das máquinas impôs aos trabalhadores
o ajuste de seus relógios biológicos.
E) Incorreta: O gasogênio, aparelho utilizado para produzir gás mediante o uso de carvão ou
Madeira, foi criado no início do século XX, portanto distante temporalmente da primeira
revolução industrial, no século XVIII.
Fonte: Universidade Estadual de Londrina (2012, p. 3)
68
Antonio Germano Magalhães Júnior
Exemplo:
O samba nasceu na Bahia, no século XIX, da mistura de ritmos africanos. Ao longo do tempo, ele
foi ganhando novos estilos com a incorporação de instrumentos como a flauta, a cuíca e outros.
Associe o tipo de samba às suas características.
Tipo Características
1. Samba de breque ( ) Improvisação entre um refrão e outro; os músicos criam versos na
2. Partido alto hora, quase como repentistas; o surdo tocado com a mão ou com
3. Samba-enredo a baqueta define a pulsação da música.
4. Samba-canção ( ) Nasceu com as escolas de samba; apresenta uma batida mais ace-
lerada que outros sambas; a cuíca aparece como novidade nas
baterias das escolas, dando “tempero” extra ao samba.
( ) Um dos primeiros estilos nascidos no Rio de Janeiro, sua marca
registrada é a parada repentina. Incorporou a flauta como instru-
mento, deixando o ritmo mais orquestrado.
( ) Ficou famoso como “samba de fossa”, apresenta batida mais len-
ta e cadenciada lembrando bastante o bolero; o pandeiro ganha
mais força neste estilo, marcando o ritmo no lugar do surdo.
69
Avaliação na Educação a Distância
c) Lacuna: apresenta uma sentença com partes suprimidas para serem com-
pletadas com palavras ou expressões constantes das alternativas. Evite
usar mais que 20% das questões de uma prova com este tipo de questão.
Devem ser usadas de forma criteriosa.
Vantagem: fácil elaboração. Desvantagem: alto nível de memorização e há
casos em que o discente consegue completar a frase sem conhecer a respos-
ta, pela lógica gramatical.
Exemplo 1:
58. São conhecidas por __________ os crimes que não são registrados em órgãos oficiais en-
carregados de sua repressão, em decorrência de omissão das vítimas, por temor de represália.
Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna.
A) estatísticas azuis
B) estatísticas brancas;
C) cifras douradas;
D) cifras negras;
E) cifras cinza.
Fonte: Adaptado de Fundação Vunesp (2013, p. 12).
Exemplo 2:
- Definir o problema ou o que realmente se quer que o aluno demonstre saber.
Exemplo (Deficiente): A população brasileira é constituída por ___________
(O aluno poderia completar: brancos, pretos, mulatos ou ainda velhos, jovens, crianças,etc.).
Exemplo (Melhorado): As três principais raças que entraram na formação étnica da população
brasileira foram ________________________________ (Já o exemplo melhorado não deixa dú-
vida sobre o que realmente se quer).
As respostas devem ser curtas e os espaços suficientes.
Exemplo (Deficiente):
Um item de múltipla escolha se caracteriza por ____________________________.
(Nesse caso o aluno tem que preencher não uma lacuna mas escrever extensamente algumas linhas).
Exemplo (Melhorado): Um problema apresentado com várias respostas para se escolher a certa
é característica de um tipo de item de prova que se denomina ___________________ (Já nesse
caso a resposta é breve).
70
Antonio Germano Magalhães Júnior
Colocar a lacuna no final da proposição, pois torna mais clara a frase a ser completada.
Exemplo (Deficiente): _________________é o nome do descobridor das Américas.
Exemplo (Melhorado): O nome do descobridor das Américas é_________________
Não flexionar elementos, pois isto dá pista para o discente.
Exemplo (Deficiente): A mais conhecida invenção de Thomas Alva Edson foi a _____________.
Exemplo (Melhorado): A mais conhecida invenção de Thomas Alva Edson foi _____________.
(Aqui se retirou o artigo a que denotava ser feminina a palavra da lacuna).
Traçar os espaços sem deixar pista para a resposta.
Exemplo (Deficiente): O Brasil foi descoberto por ________ __________ _________ Neste
exemplo são deixados três elementos, nome e sobrenomes).
Exemplo (Melhorado): O Brasil foi descoberto _________________________ (Aqui nesse exem-
plo, não se deixa pistas quanto à quantidade de palavras do nome do personagem em questão).
Fonte: Adaptado de Ramos (2006).
Exemplo:
A figura ilustra o esquema de formação do solo denominado pedogênese, em quatro fases,
cujos processos desde a sua origem estão identificados pelos números de 1 a 8.
Justificativa
A) INCORRETA. Antes de iniciar o desgaste da rocha pela chuva, pelo sol e pelo vento é preciso
que a rocha fique exposta conforme mostra a figura 1. Após a exposição da rocha, ocorre o
processo 2, cujo desgaste pelos agentes intempéricos e meteóricos esfarelam, decompõem e
desagregam a rocha.
B) INCORRETA. A ordem está invertida nessa alternativa. Fungos, musgos e liquens ocorrem na
fase 5, depois que a matéria orgânica, fase 4, é processada pelos microrganismos.
C) CORRETA. A fase 1 é a exposição da rocha, que esfarela na fase 2 e 3, sob a ação dos intem-
péricos e meteóricos. Na fase 4, ocorre o acúmulo de água e de restos de matérias orgânicas
processadas pelo microrganismo; na fase 5, fungos, musgos e organismos um pouco maiores
começam a se desenvolver. Na fase 6, o solo está mais espesso, vão surgindo outros vegetais,
além de pequenos animais.
D) INCORRETA. Os vegetais maiores colonizam o ambiente, nas fases 7 e 8, quando o processo
atinge o equilíbrio, determinando a paisagem de um local. A fase 2 está relacionada ao processo
de esfarelamento e decomposição da rocha.
Fonte: Guia de Elaboração e Revisão de Questões e Itens de Múltipla Escolha, Governo do Estado de Minas
Gerais, Secretaria de Estado de Educação (s.d., p. 28).
Exemplo:
No Brasil, os fluxos migratórios no século XIX e início do século XX marcaram a política de cons-
trução de uma “identidade brasileira” que se assentava na ideia de “branqueamento da raça”.
Com relação à influência dos processos migratórios desse período na formação populacional
brasileira, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir.
( ) As políticas migratórias oficiais, na segunda metade do século XIX, ressaltaram o interesse de
preservar a ascendência europeia na composição étnica da população.
( ) As políticas migratórias pautavam-se por um “modelo ideal de trabalhador”, no qual predo-
minava a forma capitalista de produção.
( ) As imigrações europeia e asiática tiveram como propósito a ocupação das vagas ociosas na
indústria nascente, diante da ausência de qualificação dos ex-escravos.
( ) A imigração japonesa no Paraná foi favorecida pela fácil adaptação dos japoneses aos costu-
mes ocidentais e por serem habituados ao trabalho com as monoculturas.
( ) O direcionamento dos fluxos migratórios fez com que existisse maior concentração de afro-
descendentes nas regiões Sul e Centro-oeste.
Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta.
A) V, V, F, F, F
B) V, F, V, V, F
C) V, F, F, F, V
D) F, V, F, V, V
E) F, F, V, V, F
Alternativa correta: A
Conteúdo programático. Atividades econômicas e dinâmica populacional.
Justificativa
Verdadeiro. Os interesses em preservar e desenvolver as características mais desejáveis da as-
cendência européia na composição étnica da população brasileira estão presentes nos docu-
mentos oficiais responsáveis por regulamentar as imigrações para o Brasil, como aparece no
decreto 18-09-1945.
72
Antonio Germano Magalhães Júnior
Verdadeiro. O fim do predomínio das relações de trabalho escravo faz emergir as políticas imi-
grantistas brasileiras, pautadas por um modelo de trabalhador habituado às relações capitalis-
tas de produção, agora necessárias para a inserção do Brasil no contexto da produção econômi-
ca internacional e de uma nova forma de acumulação do capital.
Falso. As políticas imigrantistas brasileiras, no contexto tratado na questão, são direcionadas ao
trabalho na agricultura.
A incorporação dessa mão de obra na indústria se faz posteriormente, a partir do desenvolvi-
mento mais intensivo da indústria brasileira.
Falso. A imigração japonesa para o Paraná, e mesmo para outros estados brasileiros, foi mar-
cada pela resistência aos costumes e às crenças ocidentais, pela barreira da língua, além de
dificuldades com o trabalho nas monoculturas, estrutura produtiva diferenciada da japonesa, e
das más condições de alimentação e moradia.
Falso. A concentração da população afrodescendente está associada ao direcionamento dos
fluxos migratórios de negros para as regiões Nordeste e Sudeste para atender as necessidades
de mão de obra nas monoculturas de cana-de-açúcar e café, respectivamente.
Fonte: Universidade Estadual de Londrina (2013, p. 8)
Exemplo:
Analise as duas afirmativas e verifique se há relação entre elas.
Quando um ciclista, para encher o pneu da bicicleta, encaixa a bomba no bico e faz sucessivas e
rápidas compressões, o processo pode ser considerado adiabático e provoca um aquecimento
do sistema.
Por que
Numa transformação adiabática, o sistema recebe trabalho, o que provoca um aumento de sua
energia interna.
Conclui-se sobre essas afirmativas:
A) As duas são falsas.
B) A primeira é falsa e a segunda, verdadeira.
C) As duas são verdadeiras e a segunda justifica a primeira.
D) As duas são verdadeiras e não mantêm relação entre si.
Justificativa
A) INCORRETA. As duas são verdadeiras. Veja letra C.
B) INCORRETA. As duas são verdadeiras. Veja letra C.
C) CORRETA. A primeira afirmativa é verdadeira. Numa compressão rápida, a transformação
pode ser considerada adiabática, pois não há tempo de o sistema trocar calor com o meio
provocando um aumento de temperatura. A segunda afirmativa é verdadeira e justifica a
primeira. O trabalho realizado sobre o sistema faz aumentar sua energia interna, uma vez
que não há troca de calor.
D) INCORRETA. As duas são verdadeiras e a segunda justifica a primeira.
Fonte: Guia de Elaboração e Revisão de Questões e Itens de Múltipla Escolha, Governo do Estado de Minas
Gerais, Secretaria de Estado de Educação (s.d., p. 24).
73
Avaliação na Educação a Distância
Exemplo: Questão 26
A professora Inês, interessada em integrar matemática e artes plásticas, propôs aos seus alunos
uma pesquisa da obra do artista plástico Piet Mondrian (1872-1944), que consistiu na observa-
ção dos quadros reproduzidos abaixo.
A qual objetivo da educação matemática para o ensino fundamental, presente nos PCN, atende
a proposta da professora, de observação dos quadros de Mondrian?
(A) Identificar formas geométricas e reproduzi-las segundo categorias artísticas miméticas, a fim
de apurar o gosto estético.
(B) Estabelecer conexões entre temas matemáticos de diferentes campos e entre esses temas e
conhecimentos de outras áreas curriculares.
(C) Descrever resultados com precisão e argumentar sobre suas conjecturas, estabelecendo re-
lações entre matemática e linguagem oral.
(D) Resolver situações-problema para validar estratégias e resultados, identificando os ângulos
obtuso, agudo e reto entre as formas geométricas.
(E) Apurar a percepção da forma e estimular a sua criação, por meio da cooperação, tendo em
vista a solução de problemas numéricos propostos.
Exemplo:
7 - Oceanos abrigaram, uniram e separaram povos no decorrer do tempo. Representações ar-
tísticas, literárias, cartográficas e narrativas históricas sobre os oceanos contribuíram para
ampliar a sua compreensão.
Com base no enunciado e nos conhecimentos históricos, considere as afirmativas a seguir.
I. Grande parte das terras banhadas pelo Mediterrâneo, denominado Mare Nostrum pelos an-
tigos romanos, foi por eles colonizada no decorrer do seu Império.
II. Os portugueses, nos séculos XV e XVI, dominaram oceanos com caravelas e conhecimentos
náuticos, anotando, em suas viagens, as rotas marítimas.
III. As narrativas sobre as criaturas míticas que habitavam os oceanos apavoraram o homem no
período medieval, retardando as Grandes Navegações.
IV. No período colonial brasileiro, os holandeses, através de seus empreendimentos de navega-
ção, conquistaram a capitania do Rio de Janeiro, por meio século.
Assinale a alternativa correta.
A) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
B) Somente as afirmativas II e III são corretas.
C) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
E) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
Alternativa correta: D
Conteúdo programático: Do Mundo na Antiguidade ao Mundo na Modernidade. Roma repu-
blicana e imperial. A sociedade feudal europeia. A expansão comercial e colonial europeia. A
conquista e colonização do Brasil. Teoria de História, conceitos de história e historiografia.
Justificativa
As afirmativas I, II e III estão condizentes com o conhecimento historiográfico, tendo em vista a
expansão do império romano no Mediterrâneo, do domínio e conhecimento náutico dos por-
43
Os textos sugeridos a tugueses no processo de expansão ultramarina e, no imaginário do homem do medievo com as
seguir são experiências narrativas de criaturas míticas habitantes do oceano.
do uso do Portfólio como A afirmativa IV está incorreta pois os holandeses não conquistaram Rio de Janeiro, mas Recife.
ferramenta de avaliação na
Fonte: Universidade Estadual de Londrina (2012, p. 7).
EaD:
http://sistemas3.sead.ufscar.
br/ojs/index.php/2014/article/ Depois de apresentar orientações sobre a elaboração de questões dis-
view/853/377 sertativas e objetivas, vamos falar sobre outro instrumento que pode ajudar na
Acesso: 18/03/2015 coleta de informações para subsidiar o processo avaliativo na EaD: o Portfólio.
http://revistajuridica.uniube.
br/index.php/anais/article/
view/382 4. O Portfólio
Acesso: 18/03/2015
http://publicacoes.fcc.org. O Portfólio43 é um instrumento que compreende a compilação de trabalhos re-
br/ojs/index.php/eae/article/
view/2088
alizados pelos estudantes, durante um curso ou disciplina. Inclui entre outros
Acesso: 18/03/2015 elementos: registro de visitas, resumos de textos, projetos e relatórios de pes-
75
Avaliação na Educação a Distância
Saiba Mais
Objetivos do portfólio
l Ajudar os estudantes a desenvolver a habilidade de avaliar seu próprio trabalho.
l Fornecer aos professores e tutores informações sobre a aprendizagem dos estudantes;
l Auxiliar a avaliação processual e somativa.
Usos
l Demonstração, pelo estudante, de habilidades especificas, competências e valores;
l Possibilidade dos estudantes de refletir sobre seu próprio aprendizado e avaliá-lo;
l Explicação, pelo estudante, da natureza do trabalho e que tipo de desenvolvimento esta tarefa
possibilitou;
l Fornecimento de retro-informação (“feedback”) para os estudantes, pelo professor ou equipe
que avaliou o portfólio.
Vantagens
l Obtenção de informações sobre qualidade acadêmica, construção e eficácia do material rela-
cionado á carreira escolhida pelo estudante;
l O corpo docente que analisa o portfólio geralmente faz uma apreciação melhorada da experi-
ência acadêmica do aluno, pois está diretamente ligado á melhoria programática;
l Oportunidade de aprendizagem para o corpo docente, pois está diretamente ligado á melho-
ria programática;
l Os professores melhoram sua própria habilidade de avaliar os alunos. Os alunos envolvem-se
ativamente no desenvolvimento de seus portfólios pessoais;
l A avaliação é compartilhada com o estudante e com outros professores;
l Os alunos aprendem a revisar seus trabalhos de maneira organizada;
l Como é usado para relatar experiências e realizações, melhora a habilidade de comunicação
os alunos podem melhor aprendem a tomar posse do seu aprendizado, ao envolvem-se ativa-
mente na elaboração de seus portfólios pessoais;
76
Antonio Germano Magalhães Júnior
l O corpo docente podem obter apreciação das vivencias dos estudantes, a partir da perspec-
tiva do alunos;
lO corpo docente tem a oportunidade de examinar a constituição das produções dos alunos de
forma processual, identificando os pontos que precisam ser aperfeiçoados.
Sugestões
l Os portfólios devem ser constituídos no transcorrer do curso;
l É interessante que o portfólio seja constituído como um diário reflexivo para o aluno registrar
os pensamentos, sentimentos e auto-avaliações de crescimento ao longo de sua experiência
de ensino.
Limitações
l A avaliação de portfólio exige um tempo maior dos profissionais envolvidos, pois tem que
analisar em conjunto os trabalhos dos alunos.
l Trata-se de uma abordagem inovadora, que foge aos padrões tradicionais de avaliação, onde
os profissionais envolvidos no processo avaliativo devem possuir experiência em avaliação.
Síntese do capítulo
Neste capítulo apresentamos diversas sugestões para melhorar a elaboração
de instrumentos de avaliação. São muitas as possibilidades de instrumentos,
mas focamos na elaboração de questões, necessária na constituição de qual-
quer instrumento e abordamos o Portfólio como instrumento possível e bas-
tante eficiente na constituição de processos avaliativos na EaD.
Sugerimos que você que trabalha, estuda e pesquisa EaD investigue
possibilidades de ferramentas que possam ser utilizadas na coleta de infor-
mações que subsidie a tomada de decisão na melhoria do ensino e apren-
dizagem, mas não esqueça de considerar as características de todos que
estão envolvido no curso. Muitas vezes é exigido que estudantes e professo-
res utilizem ferramentas que são tecnologicamente muito boas, mas não são
adequadas para a realidade dos sujeitos envolvidos. O mais importante é con-
siderar que precisamos ter informações válidas e fidedignas para podermos
de forma competente auxiliar no processo de ensino e aprendizagem.
77
Avaliação na Educação a Distância
Leituras
ARREDONDO, Santiago Castillo; DIAGO, Jesús Cabrerizo. Avaliação Edu-
cacional e Promoção Escolar. Tradução: Sandra Martha Dolinsky. Curitiba:
Ibpex; São Paulo: Unesp, 2009.
ESTRELA, Maria Teresa; ESTRELA, Albano. A Avaliação, Regras do Jogo:
das intenções aos instrumentos.
Referências
ARREDONDO, Santiago Castillo; DIAGO, Jesús Cabrerizo. Avaliação Edu-
cacional e Promoção Escolar. Tradução: Sandra Martha Dolinsky. Curitiba:
Ibpex; São Paulo: Unesp, 2009.
BERBEL, Neusi Aparecida Navas, GIANNASI, Maria Júlia. Metodologia da
problematização aplicada em cursos de educação continuada e a distân-
cia. Londrina: Ed. UEL, 1999.
BOTH, Ivo José. Avaliação: “voz da consciência” da aprendizagem. 2 ed.
Curitiba: Ibpex, 2012.
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Tei-
xeira (INEP). Guia de Elaboração e Revisão de Itens. Vol. 1. Brasília, 2010.
(INEP). Guia de Elaboração e Revisão de Itens. Banco Nacional de Itens –
Enade. Brasília. 2011.
ESTRELA, Maria Teresa; ESTRELA, Albano. A Avaliação, Regras do Jogo:
das intenções aos instrumentos.
PIMENTA, Selma Garrido; GHEDIN, Evandro (Org.). Professor reflexivo no
Brasil: gênese e crítica de um conceito. São Paulo: Cortez, 2002.
SEIFFERT, O.M.B. Portfólio de avaliação do aluno: como desenvolvê-lo.
Disponível em: Acesso em: 16/03/15.
Capítulo 5
Análise e Utilização de
Resultados da Avaliação na EaD
81
Avaliação na Educação a Distância
Objetivos
l Caracterizar o processo de avaliação de disciplina;
l Demonstrar a importância da avaliação na EaD;
l Justificar a importância da tomada de decisões no processo de avaliação
na EaD.
Apresentação do capítulo
Neste capítulo faremos uma caracterização dos processos de avaliação de
disciplina e demonstraremos a necessidade da implantação de tomada de
decisões em relação aos processos de ensino e aprendizagem, considerando
os resultados da coleta de informações realizada no processo de avaliação.
Processo de
avaliação
Tomada de decisões
Saiba Mais
Para o professor
l Melhorar a qualidade do ensino;
l Verificar o efeito do curso sobre o aluno;
l Identificar quais os objetivos que foram ou não alcançados;
l Orientar os alunos de seu programa, ao definir quais aspectos devem ser mantidos e/ou re-
estruturados;
l Criar formas de recuperação da aprendizagem.
Para os estudantes
l Identificar suas dificuldades em aspectos específicos de uma disciplina;
l Tomar decisões sobre a escolha das disciplinas que irá cursar (optativas).
Fases Exemplos
l Unidade ou aspecto de uma disciplina;
l Disciplina como um todo;
1 Definição do(s) objetivos (s).
l Tipos de resultados de aprendizagem;
l Estratégias de ensino adotadas pelo professor.
l Formativa;
2 Definição das funções da avaliação. l Somativa;
l Formativa e somativa simultaneamente.
l Alunos;
3 Identificação das fontes de
l Colegas docentes;
informação.
l Auto-avaliação (alunos e docentes).
l Auto-avaliação docente;
5 Seleção dos métodos/modelos de l Avaliação por pares;
avaliação. l Avaliação pelos alunos (individual ou em pequenos grupos);
l Resultados das avaliações da aprendizagem dos alunos.
l Questionários;
l Fichas de observação;
l Portfólios;
6 Seleção dos instrumentos para
l Escalas;
levantamento dos dados.
l Roteiros de entrevistas;
l Relatórios;
l Gravações em vídeo.
Síntese do capítulo
Estamos chegando ao final do nosso módulo sobre avaliação na EaD.
Considerando o que foi apresentado neste último capítulo, abordamos a ne-
cessidade da avaliação de disciplina e o que pode e deve ser feito com os
resultados do processo avaliativo. Esperamos que as reflexões realizadas te-
nham propiciado a verificação da importância do processo avaliativo na ges-
tão das relações de ensino e aprendizagem na EaD. Não devemos deixar de
lembrar que não adiante saber o que se pretende e elaborar tecnicamente os
processos de avaliação se não tomarmos decisões em relação aos resultados
coletados pelos instrumentos aplicados. Desejamos competência no proces-
so de realizar cada vez mais e melhor a ação de educar.
Leituras
RUHE, Valeri; ZUMBO, Bruno D. Avaliação de educação a distância e e-lear-
ning. Tradução: Fernando de Siqueira Rodrigues. Porto Alegre: Penso, 2013.
334 p.
MAIA, Nelly Aleotti; COSTA, Marly de Abreu. Avaliação. In: MARTINS, Onilza
B.; Polak, Ymuracy N. de Souza. Planejamento e Gestão em Educação a
Distância. Curitiba: UFPR; UNIREDE, 2001. p. 193-270.
Referências
ALONSO, Kátia M. A avaliação e a avaliação na Educação a Distância. In:
PRETI, O. Educação a Distância: sobre discursos e práticas. Brasília: Liberli-
vro, 2005. p. 91-106.
ESTRELA, Maria Teresa; ESTRELA, Albano. A Avaliação, Regras do Jogo:
das intenções aos instrumentos.
MAIA, Nelly Aleotti; COSTA, Marly de Abreu. Avaliação. In: MARTINS, Onilza
B.; Polak, Ymuracy N. de Souza. Planejamento e Gestão em Educação a
Distância. Curitiba: UFPR; UNIREDE, 2001. p. 193-270.
PRETI, Oreste(Org.). Educação a Distância: inícios e indícios de um percurso.
Cuiabá: NEAD/IE-UFMT, 1996.
88
Antonio Germano Magalhães Júnior
Sobre o autor
Antônio Germano Magalhães Junior: Graduado em Pedagogia pela Universidade
Federal do Ceará (1991), graduação em História pela Universidade Estadual do
Ceará (1994), especialização em pesquisa educacional pela Universidade Federal
do Ceará (1992) e educação a distância pela Universidade de Brasília (2001),
mestrado em Educação pela Universidade Federal do Ceará (1998), doutorado
em Educação pela Universidade Federal do Ceará (2003) e pós-doutorado em
Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2009). Atualmente
é professor da Universidade Estadual do Ceará. Ministra aulas na graduação,
especialização, Mestrado e Doutorado Acadêmico em Educação e Mestrado
Profissional em Ensino de Saúde e Políticas Públicas, na área de história da cul-
tura e educação brasileira, avaliação e tecnologias na educação. Exerce a função
de avaliador ad hoc do MEC/INEP e Conselho de Educação do Estado do Ceará.
Participa de grupos de pesquisa sobre a temática história da educação brasileira,
avaliação e educação a distância.