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História Econômica
Geral e do Brasil
2012
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EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
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Ministro da Educação Chefe do Departamento de Ciências Sociais
Aloizio Mercadante Maria da Luz Alves Ferreira
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Chefe do Departamento de Estágios e Práticas Escolares
Nárcio Rodrigues Rosana Cassia Rodrigues Andrade
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Inglês
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Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Português
Paulo Cesar Mendes Barbosa Ana Cristina Santos Peixoto
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Conceitos básicos da história econômica e transição feudalismo-capitalismo. . . . . . . . . 11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.5 Mercantilismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Consolidação e crises do capitalismo, socialismo e tendências do desenvolvimento
capitalista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1930 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.5 Socialismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.6 Globalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Colonialismo e economia brasileira até a república nova . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
História - História Economica Geral e do Brasil
Apresentação
Caro (a) acadêmico (a),
A autora.
9
História - História Economica Geral e do Brasil
Unidade 1
Conceitos básicos da história
econômica e transição
feudalismo-capitalismo.
1.1 Introdução
Nesta Unidade, abordaremos itens significativos da História Econômica no âmbito geral e
em relação ao Brasil. Num primeiro momento, trataremos dos conceitos básicos da História Eco-
nômica e, em seguida, da transição do Feudalismo para o Capitalismo, enfocando, também, o
Mercantilismo.
Ao discutir os conceitos básicos, a abordagem percorrerá não só a definição de história e de
economia, fazendo a correlação entre elas, como também a trajetória nacional e internacional da
História Econômica.
A transição do Feudalismo para o Capitalismo tentará mostrar, sobretudo, os fatores que le-
varam a esse momento histórico de passagem. Os elementos de superação da crise do século
XIV, como o Mercantilismo, a expansão ultramarina e os sistemas coloniais serão estudados nessa
perspectiva. O Mercantilismo será apresentado a partir de um enfoque especial com a aborda-
gem historiográfica de Francisco Calazans Falcon.
Assim, a proposta dessa unidade objetiva compreender não só o que é e de que trata a His-
tória Econômica, mas também o período de passagem da sociedade feudal para a sociedade ca-
pitalista.
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UAB/Unimontes - 8º Período
a. Produção de bens
• Sistemas e modos de produção escravista, feudal, capitalista,
socialista e comunista;
• Técnicas de produção;
• Meios de produção e suas relações, como:
Capitalista versus operário;
Servo versus senhor feudal;
▲ Escravo versus senhor.
Figura 1: Consumo de
bens • Regimes de trabalho:
Fonte: Disponível em: Trabalho escravo;
<http://images.meez.com/ Trabalho remunerado: estatutário ou CLT;
user11/04/04_10015759173. • Sistemas de propriedade.
gif>. Acesso em: 24 dez.
c. Consumo de bens
• Hábitos de consumo;
• Salários;
• Sistemas de propriedade;
• Moedas.
Mendonça e Pires (2002), ao tratarem dos conceitos básicos da História Econômica, dizem a
importância de o historiador econômico conhecer uma teoria econômica. Assim, trabalham com
os conceitos de tempo, conjuntura e estrutura. Tempo é pensado na perspectiva de mudanças
e transformações que ocorrem com o homem, gerando o acontecimento histórico. É a ideia de
movimento. No tempo, temos a conjuntura, ou seja, “(...) um corte do movimento temporal da
sociedade” (MENDONÇA; PIRES, 2002, p. 7). E a estrutura que constitui “(...) um conjunto de rela-
ções majoritárias, a solidariedade e proporção existentes entre um conjunto de componentes,
ou seja, a interdependência entre o todo e a parte” (MENDONÇA; PIRES, 2002, p.7). Dessa forma,
abordam o pressuposto básico para avançar em relação aos conceitos básicos de História Econô-
mica, ou seja, a análise estrutural que possibilita estudar as questões que envolvem as modifica-
ções qualitativas (variações dimensionais) e quantitativas (variações estruturais) relativas ao cres-
cimento. Esse crescimento que lida com a arrancada e a desaceleração é que, por sua vez, pensa
o global e o setorial ou a macroeconomia e a microeconomia.
12
História - História Economica Geral e do Brasil
13
UAB/Unimontes - 8º Período
Para saber mais Na contramão da história surgem elementos exteriores com outras propostas, como Carlos
Procure se informar Ginzburg, que, diante do macro - estuda o micro -, ou seja, temas como privado, pessoal e o vi-
sobre a Escola dos vido. François Dosse disse que a história conquista a mídia e, assim, o papel do historiador se
Annales, pesquise na modifica, ou seja, em vez de revolucionar, conservar. Já Ciro Flamarion aborda a falência dos sis-
internet e nos seguintes temas éticos tradicionais que norteavam as relações dos indivíduos consigo e com os outros.
livros: A grande questão nesse contexto, de acordo com Florentino e Fragoso (1997), é: como fica
- REIS, José Carlos.
Escola dos Annales: a a História Econômica? Constata-se que o homem continua trabalhando, produzindo e consumin-
inovação em história. do e expressando-se em relação à cultural de diferentes formas. A História Econômica diante da
2. ed. São Paulo: Paz e sua trajetória é legítima como campo do saber, e o saber histórico é construído a partir da inter-
Terra, 2004. disciplinaridade, ou seja, as outras áreas do conhecimento contribuem para a historiografia.
- BURKE, Peter. A Es- Nesse sentido, Fragoso e Florentino (1997) apontam perspectivas futuras da História Econô-
cola dos Annales - 1929
- 1989: a revolução mica no Brasil:
francesa da historio-
grafia. São Paulo: Ed. • Pensar a historiografia nacional de 1930 a 1970 que contava com as contribuições de Caio
UNESP, 1997. Prado Júnior, Celso Furtado, Fernando Antônio Novais, Ciro Flamarion Cardoso e Jacob Go-
Após a pesquisa, faça render, os quais montaram quadros explicativos, dando conta da sociedade e de economias
um resumo e encami-
nhe ao tutor para que coloniais na perspectiva da totalidade;
ele possa fazer uma • Publicação de trabalhos, inclusive de economistas, dialogando com a Sociologia e a Econo-
apreciação mia, desferindo golpes no factualismo;
• A História Econômica, sobretudo de Londres e Chicago, de modo diferente, não se separou
Glossário formando institutos e departamentos, ou seja, não conheceu a Nova História Econômica;
Factualismo: factual; • O apogeu da História Econômica se deu por causa das pós-graduações.
referente a fatos; que
se baseia em fatos.
(BUENO, 1996, p.
285)
1.3 As sociedades pré-históricas
Dica
Retome o material de
Introdução aos Estudos
de História e Historio-
grafia para relembrar
o que você estudou
sobre História Econô-
mica. Partilhe com os
colegas essas leituras
no ambiente de apren-
dizagem.
Figura 4 e 5: Homens
da pré-história.
Fonte: Disponível
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
sepiensa.org.mx/con-
tenidos/historia; http://
images.google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.negociosgraficos.
com.br/>. Acesso em: 13
jan. 2010.
►
14
História - História Economica Geral e do Brasil
Atividade
Assista ao filme: Guerra do fogo (La Guerre du feu, 81, FRA/CAN), sob a direção de Jean-Jacques
Arnaud. Elenco: Everett McGill, Rae Dawn Chong, Ron Perlman, Nameer El Kadi. O filme trata de dois
grupos de hominídeos pré-históricos: um que cultuava o fogo como algo sobrenatural, e outro que
dominava a tecnologia de fazer o fogo. Em termos de linguagem, o primeiro não está muito longe dos
demais primatas, emitindo gritos e grunhidos quase na totalidade vocálicos. Já, o segundo grupo pa-
rece ter uma comunicação mais complexa, fazendo uso de um maior número de sons articulados. Há
outros elementos culturais, como habitações e ritos, que denotam um maior grau de complexidade
do segundo grupo em relação ao primeiro. Ao assistir ao filme, reflita acerca de como se dá o proces-
so histórico e como cada grupo se desenvolve em momentos diferentes. Verifique as mudanças que
ocorrem nas vivências do homem no decorrer do tempo, desde o período abordado no filme, até os
dias de hoje. Posteriormente, debata com seu professor formador, tutor e colegas sobre suas impres-
sõe no ambiente de aprendizagem.
1.3.1 O paleolítico
15
UAB/Unimontes - 8º Período
Como pastor e agricultor, conforme Hilário Franco Júnior e Paulo Pan Chacon (1987), o ho-
mem percebe que pode acumular, pois existe agora o excedente que, por sua vez, vai gerar a
Revolução Neolítica. São características da Revolução Neolítica:
16
História - História Economica Geral e do Brasil
o capitalismo e os elementos de
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.artimanha.com.br/
Navio>. Acesso em: 26 dez.
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UAB/Unimontes - 8º Período
Atividade
Assista ao filme “Em Nome de Deus” que conta a história ocorrida no século XII, em que Abelard
(Derek De Lint), um respeitado filósofo e professor em Paris, é contratado para ser o tutor da bela e
inteligente Heloise (Kim Thomson). Rapidamente, eles se apaixonam, mas precisam manter seu rela-
cionamento escondido de todos porque Abelard está comprometido com o celibato. O filme lançado
em 1988, direção de Clive Donner, auxiliará na compreensão da mentalidade medieval e contribuirá
na assimilação do período medieval. Assim, assista ao filme com essa intenção. Posteriormente, deba-
ta com seu professor formador, tutor e colegas quais são suas impressões sobre o filme, relacionando
ao tema estudado.
O resultado dessa desagregação demonstra que o Feudalismo era um circuito quase fecha-
do, porém deixou brechas para outras possibilidades que fluíram no decorrer do processo. As im-
plicações apresentadas a seguir desagregaram e desestruturaram o Feudalismo, possibilitando
sua passagem para a sociedade capitalista. São elas:
a. Capitalismo antigo
De fato, existiam financistas em Roma e mercadores em Veneza na Ida-
de Antiga, mas eles não dominavam a produção social dessa época. Quem
fazia isso eram os escravos. Então, não se pode comparar essa realidade
b. Capitalismo medieval
Verifica-se que na Idade Média havia uma produção industrial, po-
rém obtida de forma artesanal e corporativa. O mestre artesão compro-
mete seu capital e trabalho, e alimenta em sua casa os companheiros e
aprendizes, de maneira que as relações sociais não se reduzem a laços
apenas de dinheiro. Nesse formato, não ocorre à separação entre os
meios de produção e o produtor típico do Capitalismo.
As comunas também são extremamente importantes dentro desse
contexto, pois é o local onde se vê um caráter coletivo do modo de viver
urbano, assim como as guildas que tinham o modo de vida dos mercado-
res com uma estrutura burguesa da Idade Média. Tanto as comunas como
as guildas apresentam estruturas diferentes das estruturas burguesas ca-
pitalistas do século XIX.
Diante desse contexto, Pierre Vilar (1971) afirma que não há capitalis-
mo, pois ele tem outra configuração, conforme explica a abordagem anterior. ▲
Figura 13: Gravura
francesa do século XIII:
servos trabalhando
1.4.2 O renascimento das cidades no campo. Ao fundo,
o castelo senhorial
(STENMANN, H.; OLMO,
Pierre Vilar (1971) e Hilário Franco Júnior (1987), ao tratarem desse assunto, fazem questão de M. J. A.del [199-?] p.32).
dizer que não estão falando do Oriente, que apresenta outro contexto, mas do Ocidente Europeu. Fonte: Disponível
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
soniamartins.com.br/img/
artigos/>. Acesso em: 28
dez. de 2009.
É importante ressaltar que, no período medieval, as cidades dependiam dos senhores, mas,
internamente, constata-se que:
19
UAB/Unimontes - 8º Período
a) Invenções
No século XV, o número de invenções é muito maior que no século XVII. Isso se justifica porque:
• o uso da artilharia impulsiona a produção de metal;
• surge o primeiro alto forno;
• a imprensa também é criada e difunde o pensamento humano;
• ocorre o progresso da ciência da navegação.
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História - História Economica Geral e do Brasil
• a circunavegação da África;
• o descobrimento da rota das Índias por Vasco da Gama e da América
por Cristóvão Colombo;
• a volta ao mundo realizada por Fernão Magalhães.
A produção industrial em massa não se torna regra na Europa no século XIX. Ainda hoje,
verificamos a existência de países “subdesenvolvidos”. De acordo com Vilar (1971), a acumulação
monetária possibilita a acumulação primitiva de capital por meio de três procedimentos:
• Especulação comercial
Ocorria a acumulação primitiva de capital, por meio da especulação comercial a partir de
produtos valiosos, que alimenta o capital mercantil. Os europeus que tinham muito ouro, por
causa da exploração colonial, banalizam-no e compram produtos caríssimos como azeite, vinho
e panos. Nesse mercado de produtos de luxo, há a concorrência que faz a circulação do capital.
Caso isso não ocorresse, a economia viria a pique. Há muita pobreza e alta dos preços, e os ho-
mens com dinheiro tomam o controle da produção.
22
30 dez. 2009.
História - História Economica Geral e do Brasil
1.5 Mercantilismo
Para Francisco Calazans Falcon (1986), autor eleito, neste caderno didático, para tratar do
Mercantilismo, Pierre Deyon diz que o Mercantilismo nunca existiu e é um mito, pois esse termo
foi criado no século XIX pelos positivistas. São os admiradores da Escola Histórica Alemã no sécu-
lo XIX que denominam pela primeira vez esse fato de Merkantilismus.
23
UAB/Unimontes - 8º Período
Glossário
Fisiocracia: Considerada a primeira escola da economia científica, antes até mesmo da teoria clássica
de Adam Smith, é uma teoria econômica que surgiu para se opor ao mercantilismo, apresentando-se
como fruto de uma reação iluminista. Em síntese, a fisiocracia baseia-se na afirmação de que toda a
riqueza era proveniente da terra, da agricultura.
Escola Clássica de Economia: A economia clássica foi elaborada e sistematizada nas obras dos
economistas políticos Adam Smith e J.S. Mill. Além de Smith e Mill, os principais responsáveis pela
formação da economia clássica foram o francês Jean-Baptiste Say (1767-1832), David Ricardo e Robert
Malthus (1766-1834). A ideia central da economia clássica é a de concorrência. Embora os indivíduos
ajam apenas em proveito próprio, os mercados em que vigora a concorrência funcionam esponta-
neamente, de modo a garantir a alocação mais eficiente dos recursos e da produção, sem que haja
excesso de lucros. Por essa razão, o único papel econômico do governo é a intervenção na economia
quando o mercado não existe ou quando deixa de funcionar em condições satisfatórias, ou seja,
quando não há livre concorrência. (Disponível em: <http://www.prof2000.pt/users/afp/economia/
eco02/04eco02.htm.> Acesso em 31 dez. 2009.)
PARA SABER MAIS Uma questão importante para a construção do conceito de Mercantilismo que Falcon (1986)
Pesquise na internet ou chama atenção é para a utilização do sufixo “-ISMO” que remete à ideia ou à maneira de pensar
leia os seguintes livros e sentir. Essa palavra é contemporânea ao objeto de estudo que se quer indicar, sendo coerente.
para saber mais sobre Verifica-se, também, de acordo com Falcon (1986), um anacronismo em relação a esse ter-
noções como mate-
mo. Mercantilismo é definido como ideias e práticas econômicas cuja característica básica é a
rialismo, idealismo e
História Nova: intervenção do Estado na economia. Porém, além dessa definição, é interessante considerar o
- CARDOSO, Ciro Flama- Mercantilismo como produto das condições específicas de um determinado período histórico do
rion. (Org.). Os domí- Ocidente, caracterizado pela transição feudalismo/capitalismo.
nios da história. Rio de Enfim, não há um consenso em relação ao significado de Mercantilismo. Para Marx, esse “ca-
Janeiro: Campos, 1997.
pitalismo comercial” ou Mercantilismo é a primeira época da história do Capitalismo, cuja carac-
- BARROS, José
D’Assunção. O campo terística é o comércio. Para os autores positivistas, Mercantilismo é o sistema ou forma econômi-
histórico: as especiali- ca que caracteriza a economia nacional, ou seja, o espaço geopolítico, o Estado Nacional. Nesse
dades e abordagens da caso, eles consideram apenas os aspectos econômicos e políticos.
história. Rio de Janeiro: Afinal, o que significa Mercantilismo? É um sistema econômico? Um modo de produção en-
CELA, 2002.
tre o feudalismo/capitalismo? Para responder a essa questão, Falcon (1986) diz que há versões
- BOURDÉ, Guy e MAR-
TIN, Hervé. As escolas diferentes e que elas dependem do foco de estudo historiográfico, podendo ser:
históricas. Portugal:
Publicações Europa/ a) Materialista: Modo de produção, cuja característica dominante é o comércio, que tem
América, 1983. papel importante no processo de acumulação primitiva do capital. Mercantilismo não é Capitalis-
mo, mas cria condições para isso.
Figura 24: Karl Marx ► b) Idealista: Mercantilismo é a primeira manifes-
(1818-1883). tação do espírito capitalista. Ele busca lucro por meio
Fonte: Disponível de operações no comércio, empréstimos a juros, con-
em: <http://images. trole de oficinas artesanais e manufaturas e explora-
google.com.br/
imgres?imgurl=http:// ção colonial, propiciando a acumulação do capital
www.fjaz.com/graphics/ comercial.
marx>. Acesso em: 31 dez. c) História Nova: Mercantilismo é o conjunto
2009.
de ideias ou práticas econômicas que caracterizam
a história econômica e política europeia nos séculos
XV, XVI e XVIII, e autores como Adam Smith, Maurice
Dobb e Karl Marx confirmam esse conceito.
Atividade
Procure se informar na 1.5.2 História do conceito ou da ideia
internet, dicionário e
livros na biblioteca da do Mercantilismo
sua cidade sobre o que
é balança comercial fa-
vorável. Depois partilhe De acordo com Falcon (1986), é necessário compreender melhor o objeto de estudo, veri-
com os colegas, pro- ficando a trajetória da sua construção. Nesse sentido, conhecer as expressões anteriores, como
fessor formador e tutor sistema mercantil ou sistema comercial, criadas pelos fisiocratas franceses no século XVIII, que
sobre esse assunto no
ambiente de aprendi-
apresentam uma conotação negativa acerca do Mercantilismo, porque abordam, na perspectiva
zagem. de leis contrárias à economia, como o intervencionismo estatal é fundamental.
24
História - História Economica Geral e do Brasil
Adam Smith, através do livro “Riqueza das nações”, em 1776, define Mer-
cantilismo como um sistema do comércio que se apresenta pronto e acaba-
do, porém com princípios e objetivos equivocados por causa da questão da
balança comercial favorável. Enfim, o Mercantilismo é sinônimo de estatismo,
monopolismo, privilégios abusivos e maquinações diabólicas, conforme abor-
da Falcon (1986).
Na Alemanha, ainda conforme Falcon (1986), Fichte e F. List, integrantes
da Escola Histórica, estuda-se o fato na perspectiva de que o Mercantilismo
privilegia a economia nacional, ou seja, o protecionismo estatal. Assim, Mer-
cantilismo pode ser definido como política econômica racional para constru-
ção e fortalecimento do Estado Moderno.
Em 1930, o sueco Eli Heckscher publica um trabalho discutindo Mercan-
tilismo como um sistema de política econômica em que os meios econômicos
(política protecionista e monetária) conduzem os fins (política de unificação
e política de poder) de natureza política. A pesquisa de Eli Heckscher foi elo-
giada e criticada, assim como considerada historicamente incompleta e sendo
pessimista ao seu objeto de estudo. Para ele, o Mercantilismo era um sistema
imaginário, cuja noção é inútil e perigosa. Porém, o trabalho de Eli Heckscher
foi um marco historiográfico.
Durante a grande depressão de 1930, a ordem do dia era o intervencio-
nismo, protecionismo e autarquia. Esse fato possibilitará compreender a lógi-
ca interna do Mercantilismo e reconhecer a cientificidade e racionalidade na
época em que existiu.
Atualmente, há muitos trabalhos sobre esse assunto que constatam a sua riqueza, diversi- ▲
dade e peculiaridades. Enfim, a construção do conceito ou da ideia de Mercantilismo deu-se de Figura 25: Multidão lota
a Bolsa de Valores de
forma processual. Mercantilismo é mais que uma palavra, um sistema ou uma doutrina, consti- New York logo após
tuindo ideias e práticas econômicas ligadas ao processo que durou mais de três séculos, envol- quedas acentuadas
vendo a transição feudalismo/capitalismo; problemas do estado moderno; absolutismo e expan- de 1929. (Foto:
são político-econômica, fazendo a conexão política e econômica entre o final da ‘Idade Média e o Reprodução/Wikipedia
início da Revolução Industrial’. Commons)
Fonte: Disponível em:
http://images.google.com.
br/imgres?imgurl=http://
1.5.3 Época mercantilista g1.globo.com/Noticias/
Mundo>. Acesso em: 31
dez. 2009.
Conforme abordagem anterior e de acordo com Falcon (1986), o Mercantilismo está inserido
no período de transição feudalismo/capitalismo. Verificam-se divergências com o termo transi-
ção, pois essa palavra é algo sem sentido para a História que vive uma “eterna transição” porque
trabalha com a perspectiva de processo, esse termo também é incompatível com tempo longo.
O contexto do Mercantilismo constitui a passagem da sociedade feudal para a sociedade
capitalista que está inserida nos séculos XV, XVI, XVIII e XIX.
Pensando a época mercantilista, há visões e ponto de vistas diferentes que apresentam as
suas características, tais como:
25
UAB/Unimontes - 8º Período
a) Econômicas
As estruturas econômicas referentes ao período de transição feudalismo/capitalismo se
apresentam da seguinte forma:
• Relações existentes entre o campo e a agricultura
b) Sociais
O aspecto social é tratado por Falcon (1986), a partir da discus-
são de classe social.
A sociedade do Antigo Regime é caracterizada como uma socie-
dade de ordens. O termo sociedade de ordens ou estamental consti-
tui a negação de classe social. Para os marxistas, Engels e Lukacs, há
uma impossibilidade do uso do termo classe social no Antigo Regi-
me, pois esse termo é próprio da sociedade capitalista. É necessário
ter consciência de classe para que esse termo possa ser utilizado. Para
os positivistas que trabalham com critérios de evidência, esse termo
não é utilizado no Antigo Regime, logo, não existe classe social nesse
período.
Nessa perspectiva, Falcon (1986) apresenta duas análises para essa
questão. Verifica-se que, trabalhando textos da época, ou seja, do An-
tigo Regime, a sociedade se autodefine como sociedade de ordens ou
de estados. Então, a ideologia e a mentalidade da época tinham essa
concepção.
Em relação a essa questão, na perspectiva marxista, tendo como foco o materialismo históri- ▲
Figura 28: A Liberdade
co, a estrutura socioeconômica e as relações de produção, no Antigo Regime, existe classe social,
guiando o Povo (1830),
e ocorre a luta de classes, apesar de as estruturas religiosas, sociais, políticas e econômicas da de Eugène Delacroix,
época na sua aparência não deixarem transparecer. quadro alusivo à
Enfim, constata-se que a sociedade de ordens do Antigo Regime escamoteia por meio de Revolução Francesa.
práticas político-jurídicas e ideológicas a existência da classe de proprietários de terra (nobreza e Fonte: Disponível
em: <http://images.
clero), classe de camponeses e burguesia mercantil e industrial. google.com.br/
imgres?imgurl=http://
c) Políticas twilighthatersbrasil.files.
wordpress.com/2009/03/
A expressão máxima nesse período de transição da sociedade feudal para a sociedade ca- revoluofrancesasimbolo>.
pitalista é ESTADO ABSOLUTISTA. Esse Estado Moderno é completamente diferente da propos- Acesso em: 31 dez. 2009.
ta da Idade Média. Ele constitui um estado territorial, sendo governado por um príncipe, com a
concentração do poder e a centralização administrativa caracterizando um Estado Monárquico
Absolutista, consistindo em um aparelho burocrático e militar.
Atividade
Procure no dicioná-
rio de história ou de
política, ou ainda na
internet o significado
de Antigo Regime.
Partilhe posteriormente
essa informação com
seus colegas, tutor e
professor formador nos
fóruns de debate.
27
UAB/Unimontes - 8º Período
Glossário Falcon (1986) para tratar da natureza social e política do Estado, apresenta os seguintes ar-
Transcendência: Su- gumentos:
perioridade, elevação • A burguesia auxilia no fortalecimento do Estado por meio do poder econômico que detém.
espiritual. (BUENO, Os burgueses, em troca, ganham e conquistam cargos importantes. Essa é a justificativa
1996, p.649) para a origem social do Estado;
Imanência: Que • Verifica-se a existência de ministros burgueses influentes. Os burgueses compram títulos
existe sempre num
ser, inseparável dele, de nobres e tornam-se um deles, assim como seus descendentes. Essa é a justificativa para a
permanente, constante. origem social das elites na época;
(BUENO, 1996, p. 353) • O Estado tem de ser neutro, contando com o equilíbrio de classes, ou seja, um príncipe livre
para governar e uma burocracia do Estado independente das classes. Esses argumentos dis-
Para saber mais sociam o príncipe de sua própria classe - a nobreza – além de não destacar o fato de que a
Procure se informar aristocracia é a classe dominante.
sobre o Iluminismo, a Nessa veia, o Estado Absolutista é feudal ou capitalista? Falcon (1986) responde que são
Ilustração e as contri- as duas coisas: nem uma nem outra, constituindo uma relação contraditória. O Estado apoia os
buições, sobretudo
burgueses que são capitalistas e mantém interesses dos nobres, que apresentam características
para a história, de
Locke, Hume, Mon- feudais. Essa configuração vai se alterar com o nascimento do Liberalismo que vem com a Revo-
tesquieu, Rousseau, lução Burguesa que é anti-feudal, antiabsolutista com a proposta do reformismo esclarecido por
Diderot, D’Lambert. meio dos déspotas esclarecidos.
Não só a internet pode
colaborar, mas também
d) Ideológicas
a consulta ao livro
de FONTANA, Josep. Os elementos gerais, de acordo com Falcon (1986), que constituíam a ideologia da época,
História: análise do pas- eram os conceitos de modernidade e progresso, assim como a passagem da transcendência à
sado e projeto social. imanência.
Bauru/SP: EDUSC, 1998. O século XVIII é o século do Iluminismo e da Ilustração, por isso, conta com pensadores
Depois partilhe essas
como Locke, Hume, Montesquieu, Rousseau, Diderot, D’Lambert e outros que trazem à tona a
informações com o pro-
fessor formador, tutor discussão do político como campo diferente e próprio.
e colegas nos fóruns de Constrói-se também o discurso econômico com um foco diferente do político. O discurso
debate e no ambiente econômico não existia como campo do saber, já que existiam ideias. A economia era pensada na
aprendizagem. perspectiva da administração doméstica e controle dos negócios privados. A ideia de seculariza-
ção é voltada para o individualismo burguês. O universo ideológico é secular, imanentista, racio-
nalista e individualista, ou seja, burguês.
Dica
Ocorre a autonomia discursiva do político e do econômico como campos definidos de sa-
Leia o livro “O Príncipe” beres nos séculos XVIII e XIX. O discurso político é construído por Maquiavel no século XVI pen-
de Maquiavel.
sando a secularização do Estado. No século XVII, Thomas Hobbes e Hugo Grotius vêm afirmar o
seu caráter convencional. A economia estava subordinada ao Estado. Era a política econômica,
ou seja, ideias econômicas e ideias mercantilistas.
Figuras 30 e 31:
Maquiavel e seu livro “O
Príncipe”.
Fonte: Disponível
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
teatrosilva.files.wordpress.
com/2009/03/maquiavel.
jpg&imgrefurl=http://
teatrosilva.wordpress.
com/2009/03/&usg
Acesso em: 2 jan. 2010. ►
28
História - História Economica Geral e do Brasil
Assim sendo, o Mercantilismo é sinônimo de discurso político-econômico que vem se afir- Dica
mar com o Liberalismo Econômico e a Revolução Industrial.
Releia o caderno didáti-
co de História Moder-
na que discute esse
Referências
período de transição do
feudalismo para o capi-
talismo, para que você
possa assimilar melhor
esses conteúdos de
BARROS, José D’Assunção. O campo histórico: as especialidades e abordagens da história. Rio de História Econômica.
Janeiro: CELA, 2002.
BORGES, Vavy Pacheco. O que é história. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. 84 p. (Coleção Pri-
meiros Passos, 17)
BUENO, Francisco da Silveira. Dicionário da língua portuguesa. São Paulo: FYD: LISA, 1996.
29
História - História Economica Geral e do Brasil
Unidade 2
Consolidação e crises do
capitalismo, socialismo e
tendências do desenvolvimento
capitalista
2.1 Introdução
Nesta Unidade, discutiremos a consolidação e as crises do Capitalismo, Socialismo e tendên-
cias do desenvolvimento capitalista. De acordo com a proposta, os temas abordados referem-se
à Revolução Industrial e à ascensão do Capitalismo, do Liberalismo, Neocolonialismo e Imperia-
lismo, da primeira Guerra Mundial, da Crise de 1929 e modelos de recuperação da Crise de 1930,
do Socialismo, da Globalização, do Neoliberalismo e Regionalização.
Ressaltamos que, ao discutir a Revolução Industrial, o nosso objetivo é constatar como ocor-
re à consolidação do Capitalismo que traz consigo novos integrantes como o Liberalismo, Neoco-
lonialismo e Imperialismo.
Após a apresentação da consolidação do Capitalismo, serão focadas algumas de suas crises,
como a primeira grande depressão de 1873 a 1896, a primeira Guerra Mundial, a crise de 1929,
bem como modelos de recuperação da crise de 1930.
Na sequência, apresentaremos uma alternativa de sistema ou modo de produção diferente
do Capitalismo que é o Socialismo. Por fim, a Globalização, o Neoliberalismo e a Regionalização
possibilitarão revelar as alternativas viáveis do Capitalismo.
Desse modo, a proposta dessa unidade objetiva compreender a consolidação, as crises e a
recuperação do Capitalismo, e ainda, por meio do Socialismo, entender que é possível outro mo-
delo de sociedade. É importante não se esquecer de que nesse contexto as relações que se confi-
guram são tensas e conflitosas o tempo todo.
31
UAB/Unimontes - 8º Período
Dica Em relação ao período em que ocorreu a Revolução Industrial pode-se afirmar que foi em
Procure visualizar no meados do século XVIII, na Inglaterra e parte da Europa Ocidental; meados do século XIX, nos Es-
mapa mundial a Ingla- tados Unidos da América; na última década do século XIX, na Europa Oriental; e nos Bálcãs, após
terra, a Europa Ociden- a segunda guerra mundial. Assim, a Revolução Industrial ocorreu primeiramente na Inglaterra,
tal, os Estados Unidos depois nos Estados Unidos e, por fim, no resto do mundo.
da América, a Europa Em relação ao início da era industrial, Hobsbawn (1994) propôs a seguinte questão: “Por que
Oriental e os Bálcãs, vi-
sando conhecer melhor a Revolução Industrial ocorreu na Europa Ocidental e na Inglaterra em primeiro lugar”? Para res-
a localização dessas ponder à questão, Hobsbawn (1994) aborda os motivos pelos quais esse movimento aconteceu.
regiões.
▲
Figura 32: Cultivo de
arroz por orientais.
2.2.2 Crescimento populacional
Fonte: Disponível em:
http://images.google.com.
br/imgres?imgurl=http:// A população na Europa Ocidental está em expansão e fornece à indústria mercado e trabalho.
biorege.weblog.com.pt/ Os motivos da expansão populacional constituíram no século XVIII na:
arquivo/cultivo>. Acesso • Redução das guerras e epidemias, que propicia menos morte de pessoas;
em: 3 jan. de 2010.
• Redução da fome e da penúria. Ocorre o melhoramento da condição de saúde, o que provo-
ca mais nascimentos e menos óbitos;
• Mudança na agricultura, que gera o aumento na produtividade alimentando mais pessoas.
No século XIX, verifica-se ainda o crescimento populacional provocado pela:
• atividade agrícola que se torna uma empresa capitalista;
• terra que é comprada, vendida e comercializada;
• camponês que se torna empresário ou assalariado;
• aplicação de novas técnicas à agricultura como: arados melhores, ceifeiras, grandes anci-
nhos puxados por cavalos e debulhadoras.
Enfim, tudo isso faz com que não precise de muitos homens para a agricultura, dispondo,
então, de mais homens para a indústria.
Outro debate provocado por Hobsbawn (1994) é sobre os motivos pelos quais a Inglaterra
deu os primeiros passos para a industrialização e quais os pré-requisitos que outros países pos-
suíam.
32
História - História Economica Geral e do Brasil
a. França
• Inglaterra e França sempre mantiveram uma competição econômi-
ca acirrada ao longo da história, mas no século XVIII é mais acentu-
ada;
• Era mais próspera, populosa e tinha um império comercial impor-
tante;
• Possuía meios de transportes e comunicações;
• Tinha escolas técnicas, porém menos dispostas a mudanças;
• Era tradicional na agricultura;
• Produzia artigos de luxo que eram caros, elaborados manualmente
e compradas por poucas pessoas;
• Possuía tarifas internas pesadas.
b. Holanda ▲
• Carecia de recursos naturais; Figura 33: Agricultura
• Investia nas finanças; tradicional.
• Não aplicava na expansão da manufatura e do comércio. Fonte: Disponível em:
< http://images.
google.com.br/
c. Inglaterra imgres?imgurl=http://i.
A Inglaterra apresentava as seguintes vantagens: olhares.com/data/big/ >.
Acesso em: 3 jan. 2010.
• Possuía suprimentos de carvão e ferro, com tradição na metalurgia e na mineração;
• Possuía um sistema de transporte natural por meio dos rios, canais e estradas;
Dica
• Havia um grande número de trabalhadores disponíveis para a indústria vindos do campo
por causa dos cercamentos; Leia, sobretudo o
• Havia a elaboração pelo Estado de leis que ordenavam e protegiam a propriedade privada; capítulo 3, para com-
preender melhor como
• Havia o investimento na atividade econômica. se deu o processo dos
cercamentos e como as
leis foram elaboradas
2.2.7 Mudanças na tecnologia na Inglaterra para pro-
teger a propriedade pri-
vada, THOMPSON, E. P.
Costumes em comum:
A Revolução Industrial muda o trabalho manual por máquinas, assim como o trabalho hu- estudos sobre a cultura
mano ou animal por formas de energia como a máquina a vapor e à combustão. Pode-se citar popular tradicional. São
como exemplo: Paulo: Companhia das
Letras, 1998.
a) Desenvolvimento da manufatura têxtil
• 1733: lançadeira volante (Johnny Kay);
• 1768: máquina de fiar (James Hargreaves);
• 1768: máquina de fiar (Richard Arkright);
• 1779: Spinning Mule (Samuel Crompton); e
• 1787: tear automático (Edmund Carwright).
b) Indústria de ferro
A indústria de ferro apresenta um desenvolvimento lento,
mas significativo; por exemplo, na área de física e química. Pos-
teriormente, o ferro será substituído pelo aço que terá uma durabi- ▲
lidade muito maior. Figura 34: Máquinas a vapor foram a base da
Revolução Industrial.
c) Indústria de carvão Fonte: Disponível em: <http://images.google.com.
br/imgres?imgurl=http://static.hsw.com.br/gif/
O carvão é usado para a indústria e objetiva alimentar as ferro- motor-a-vapor->. Acesso em: 3 jan. 2010.
vias e barcos a vapor.
33
UAB/Unimontes - 8º Período
Dica Enfim, a tecnologia transforma o mundo em várias áreas, como, por exemplo, o transpor-
Assista ao filme “A revo- te que possibilita, nessa época, nos Estados Unidos, a construção de estradas que vai gerar em-
lução Industrial”, o qual prego; a utilização do barco a vapor; a substituição do cavalo por máquinas; a comunicação que
apresenta a industria- evolui com o porte postal (1840); a invenção do telégrafo, que é caro, mas extremamente útil,
lização na Inglaterra e sobretudo para os homens de negócios; e a indústria.
nos EUA. Este filme faz
parte da Enciclopédia
Barsa. Será interessante
para reforçar o tema 2.2.8 O financiamento da industrialização
discutido. Partilhe as
informações adquiridas
por meio do filme com As primeiras mudanças na agricultura,
seu tutor no Ambiente tecelagem e fiação não exigiam muito capi-
Aprendizagem.
tal. Mas o transporte, a comunicação, a indús-
tria mecanizada, a maquinaria para agricul-
tura, a expansão mineradora e a construção
de cidades dependiam de investimentos. No
princípio, os investimentos eram privados
contando com a colaboração do Estado. Po-
Figura 35: Bancos. rém, depois, eles se tornaram muito caros exi-
Fonte: Disponível gindo que o Estado assumisse os gastos.
em: <http://images. Nesse contexto, os ingleses também em-
google.com.br/ prestavam dinheiro a juros baixos para inves-
imgres?imgurl=http://
camaraecamara.files.wor- timentos em outros países, assim como cria-
dpress.com>. Acesso em: 3 vam as sociedades anônimas e limitadas.
jan. 2010. ► Verifica-se também o crescimento dos
bancos que possibilitam, por meio de em-
préstimos, investimentos maiores.
De acordo com Arruda (1984), antes a sociedade europeia era baseada nos laços de paren-
tesco. A posse da terra constituía a base de poder social.
Com a industrialização, surgiram muitas formas de propriedade, assim como vários tipos de
poder. A nação tornou-se mais importante que o local, antes representado pelo feudo. O indiví-
duo também ganha um papel de destaque, propiciando a elaboração de leis que o proteja, assim
como o comércio. Teorias políticas são construídas também visando ao individualismo.
Figura 36: Indústrias na Historiadores contemporâneos buscam respostas para tantas mudanças. Tudo isso constitui
Inglaterra. o rompimento com o passado? É a destruição da moral tradicional e do padrão social existente?
Fonte: Disponível Surge um novo mundo com novas perspectivas, assim como novos padrões socioeconômicos,
em: <http://images.
google.com.br/ porém persistem ainda costumes e práticas da vida antiga. Há no século XIX monarcas governan-
imgres?imgurl=http:// do; a terra ainda como principal fonte de riqueza; os senhores de terra com o poder político nas
www.dightonrock.com> mãos; e a sociedade europeia com aspecto rural, destacando a Inglaterra que é semi-rural.
Acesso em: 4 jan. 2010.
▼
34
História - História Economica Geral e do Brasil
da zona rural para morar nas cidades e trabalhar nas fábricas. A alternativa que encontravam nas Dica
cidades era morar nas favelas e, consequentemente, tinham insegurança diária. Leia Thompson, E. P.
A Revolução Industrial do século XVIII permitiu um grande crescimento econômico das so- Costumes em comum.
ciedades, desenvolvendo em massa o Capitalismo. No entanto, as condições humanas nesse sé- Estudos sobre a cultura
culo foram completamente esquecidas. Centenas de milhares de pessoas foram dizimadas pela popular tradicional.
exploração no trabalho, por doenças como a tuberculose, por acidentes na produção, por doen- Sapo Paulo: Companhia
das Letras, 1998. Prio-
ças infecciosas, por má-nutrição, entre muitas outras coisas. rize os capítulos que
tratam sobre “A econo-
mia moral da multidão
2.2.6.2 Urbanização inglesa do século XVIII”
e “Tempo, Disciplina de
trabalho e capitalismo
industrial”. Esses capítu-
De acordo com Arruda (1984), com a indústria, as cidades crescem em número, tamanho los estudam os motins
e população. No século XX, ocorre um enorme deslocamento da zona rural para a zona urbana de fome que ocorriam
com moradia tanto na Europa como nos Estados Unidos. na Inglaterra no século
As cidades cresceram rapidamente, porém sem planejamento e regulamentação. Os servi- XVIII revelando uma
ços sanitários eram precários, não havia nenhuma iluminação, as moradias eram ruins, o trans- população que tinha
iniciativas em relação
porte deficiente e havia pouca segurança. Com essas condições, sofrem ricos e pobres, mas os à situação que vivia no
pobres, com certeza, sofrem mais. O governo e as firmas relutam em remediar a situação com período, assim como
seu dinheiro. mostra como o tempo
Os intelectuais da época tinham pareceres diferentes em relação a possibilidades de mu- vai ganhando uma
danças. Alguns não vislumbravam melhorias, e outros acreditavam ser uma situação passageira. nova configuração a
partir das demandas da
disciplina de trabalho
e do capitalismo indus-
2.2.6.3 Mudanças na estrutura social trial. O autor da Escola
Britânica nos revela um
novo viés para pensar
O resultado social da industrialização constituiu na configuração de uma sociedade rural e a sociedade dessa
época, ou seja, a partir
agrícola versus uma sociedade urbana, industrial e comercial. Isso é revolucionário, ou seja, muda
dos conflitos e tensões.
de fato a estrutura social da época, assim como acentua diferenças entre a classe média (burgue- Partilhe o conhecimen-
sa) e trabalhadora (proletariado). to adquirido por meio
Essa situação gera descontentamento social e desencadeia atividades políticas radicais. desses textos com os
colegas e o tutor no
Ambiente Aprendiza-
gem.
2.2.6.4 Movimentos de reforma e protesto
35
UAB/Unimontes - 8º Período
De acordo com Marvin Perry (1985), diante da realidade apresentada, a proposta de alguns
intelectuais era uma maior industrialização para curar os males da industrialização, entre os quais
destacamos:
a. Adam Smith
Para ele, o homem é, por natureza, competitivo, por isso as disputas são frequentes e cons-
tantes. Ademais, segundo ele, o desenvolvimento econômico é inevitável após as remoções das
restrições ao comércio e capital.
b. Thomas Malthus
Thomas Malthus duvida que o crescimento econômico seja benéfico, acreditando que o
crescimento populacional sempre supera a produção de bem, assim como quanto maior for o
salário, maior será a família.
c. David Ricardo
De acordo com David Ricardo, a pobreza é inevitável, e o salário não poderia aumentar, mas
apenas ser suficiente para as necessidades mínimas. Caso contrário, a população aumentaria;
consequentemente, as famílias seriam maiores. Para ele, pobre será sempre pobre.
a. Charles Fourier
Fourier era um vendedor excêntrico francês. Acreditava que a sociedade mal organizada
trazia a infelicidade do homem. Por isso, seria necessário organizar pequenas comunidades para
que o homem pudesse desfrutar dos prazeres simples da vida e satisfazer suas necessidades.
b. Robert Owen
Co-proprietário e gerente de fábrica de tecidos de algodão. Fica penalizado com os maus-
-tratos dados aos empregados. Propõe na sua fábrica o aumento do salário dos empregados;
melhoria das condições de trabalho; não contratação de crianças menores de dez anos; casas
decentes para os trabalhadores, assim como alimentação e vestuário com preços razoáveis; pro-
36 grama de educação para crianças e de ensino para adultos. Dessa forma, Owem acredita que os
trabalhadores produzem mais quando estão satisfeitos.
História - História Economica Geral e do Brasil
Dica
Pesquise na internet
sobre estes autores,
visando compreender
melhor a vida e as
ideias deles:
a) Adam Smith
b) Thomas Malthus
c) David Ricardo
d) Charles Fourier
e) Robert Owen
f ) Karl Marx e Friederich
Engels
g) Mikhail Bakunin.
Partilhe as informações
adquiridas com os co-
legas, tutor e professor
formador no Ambiente
Aprendizagem.
◄ Figuras 39 e 40:
Friederich Engels e
Mikhail Bakunin.
Fonte: Disponível
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.galizacig.com; http://
images.google.com.br/
2.2.6.6.1 Marxismo imgres?imgurl=http://
upload.wikimedia.>. Aces-
so em: 4 jan. 2010.
O marxismo tem como fonte inspiradora Karl Marx e Friederich Engels que propõem trans-
formar o mundo por meio da racionalidade.
2.2.6.6.2 Anarquismo
Figura 41: Filme:
Mikhail Bakunin (1814-1876) é seu mentor. Revolucionário, organizava sociedades secretas “Germinal”.
para revoltas e acreditava na liberdade, em um país sem governo, pois o governo serve para vi- Fonte: Disponível
giar. É influenciado por Proudhon. em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.ac-.>.
2.2.6.7 Legados da Revolução Industrial Acesso em: 4 jan. 2010.
▼
37
UAB/Unimontes - 8º Período
Atividade • Bens de consumo mais baratos e abundantes. O povo tem acesso a bens e serviços que an-
Elabore uma lista indi- tes eram consumidos por poucas pessoas;
vidual de constatações • A maioria das pessoas são vítimas de salários baixos, assim como do desemprego;
dos efeitos da indus- • Homens de negócios têm voz ativa nas decisões políticas, mas os trabalhadores também se
trialização. De posse da organizam em sindicatos e por meio das greves;
referida lista, partilhe • Liberação do homem de tarefas onerosas;
com os colegas e o
tutor essa questão no • Tecnologia liberando o homem de trabalhos triviais;
Ambiente de Aprendi- • Burocracia que aliena o trabalhador;
zagem. • Padrão de vida mais alto, mas dependência geral do mercado, da moda e do relógio; e
• Questões relacionadas ao meio ambiente.
Atividade
Assista ao filme “Ger-
38
Smith (1723-1790).
História - História Economica Geral e do Brasil
2.3.2 Neocolonialismo
2.3.3 Imperialismo
39
UAB/Unimontes - 8º Período
Os países imperialistas dominam, exploram e agridem outros povos acreditando que suas
ações são justas e benéficas, ou seja, em nome do progresso e do desenvolvimento justificam e
explicam atitudes como o etnocentrismo, racismo e darwinismo social.
Para Lenine (1984), o Imperialismo era:
• acumulação necessária do capitalismo;
• substituição do capitalismo competitivo pelo monopolista. Vê-se as mudanças sociais e polí-
ticas, assim como o estágio avançado do sistema e a concorrência entre grupos gigantescos.
É o controle da economia nacional e internacional; e
• investimento estrangeiro, por meio da instalação de empresas de um país em outro, com o
único objetivo de obter lucro.
Figura 45:
2.4 A primeira guerra mundial,
Representação do
Capitalismo.
Fonte: Disponível
a crise de 1929 e modelos de
recuperação da crise de 1930
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://par-
roquiaicm.files.wordpress.
com>. Acesso em: 5 jan.
2010. O capitalismo definido por Dobb apud Catani e Sant’Antana (1986, p. 21-22) é:
▼
Um sistema em que os utensílios e as ferramentas, edifícios e matérias-
-primas com que é obtida a produção – capital, numa palavra – são predomi-
nantemente de propriedade privada e individual.
Consolida-se no decorrer do processo histórico, conforme abordagem
anterior, porém sofre crises e recupera-se. É “[...] um modo de produção cujos
meios estão nas mãos dos capitalistas, que constituem uma classe distinta da
sociedade” (Dobb apud CATANI; SANT’ANA,1986, p. 21-22). Ele é articulado o
tempo todo com o objetivo de obter lucro. As relações estabelecidas durante
esse processo são conflituosas, e a luta de classes acontece o tempo todo.
O Capitalismo no seu percurso encontrou vários impasses como a crise
de 1873. De acordo com Oliveira e Rodrigues (2000), em meados do século
XIX ocorreu o crescimento da economia inglesa, assim como a França (1850),
Bélgica (1810-1870), Alemanha (a partir de 1835), o resto da Europa (1848) e
os Estados Unidos (início do século XIX) dão início a Revolução Industrial. A
Inglaterra era naquela época a fábrica do mundo, mas, a partir da industria-
lização de outros países, ela teve concorrentes que acabaram gerando a sa-
turação da economia mundial. Diante da pressão da concorrência do merca-
do e da resistência dos trabalhadores, surgiu a primeira grande depressão. A
solução encontrada para resolver a questão foi o Capitalismo Monopolista, o
Imperialismo e a II Revolução Industrial e Tecnológica.
A primeira grande depressão, de acordo com Oliveira e Rodrigues
(2000), começou entre 1873 a 1875 continuando até 1896. Ela constituiu um conjunto de crises
sucessivas de ordem bolsística e bancária cujos resultados foram:
• elevação dos custos, como o aumento de salários e de preços dos bens;
• redução dos mercados de venda e diminuição do poder de compra;
• baixa dos preços de venda; e
• concorrência acirrada, entre outros.
40
História - História Economica Geral e do Brasil
41
UAB/Unimontes - 8º Período
42
so em: 5 jan. 2010.
História - História Economica Geral e do Brasil
2.5 Socialismo
Abordar o Socialismo é mostrar uma pro- ◄ Figura 50: Charge
posta antagônica do Capitalismo, significando alusiva ao Socialismo.
revelar outras possibilidades para uma socie- Fonte: Disponível
dade melhor. em: <http://images.
google.com.br/
De acordo com Souza (1989), o homem imgres?imgurl=http://rlei-
não é uma ilha, mas um ser social que vive em te.files.wordpress.com
sociedade. Aristóteles com “A Política” e Platão /2008/01/socialismo >.
Acesso em: 5 jan. 2010.
com “A República” idealizaram uma sociedade
socialista, apesar de contraditória, pois os gre- Atividade
gos praticavam a escravatura. Assista ao filme
As sociedades primitivas e tribais eram “Tempos Modernos”.
justas e igualitárias. Com o surgimento do ex- Trata-se do último filme
cedente é que será gerada a ganância e a in- mudo de Chaplin, que
justiça. Cumpre ressaltar que esse tema já foi focaliza a vida urbana
nos Estados Unidos nos
abordado na Unidade 1 de forma mais explíci- anos 30, imediatamen-
ta. Agora, centrar-nos-emos o nosso enfoque te após a crise de 1929,
no Socialismo do mundo moderno. quando a depressão
O Socialismo surgiu e desenvolveu-se no atingiu toda socieda-
mundo capitalista e durante a Revolução In- de norte-americana,
levando grande parte
dustrial. Para Friedrich Engels, o Socialismo tem da população ao de-
como pai a riqueza dos capitalistas e, como mãe, a pobreza das massas, sendo indispensável co- semprego e à fome.
nhecer o Capitalismo para compreender o Socialismo. Filme produzido nos
Huberman (1983) aborda como muitos pensam em construir uma sociedade melhor e as EUA em 1936. Direção
possibilidades de mudança que muitas vezes são utópicas. Para ele, o princípio básico mais im- de Charles Chaplin e
elenco contando com
portante para esses sonhadores seria a abolição do capitalismo, pois os poucos que não traba- Charles Chaplin, Paulet-
lham vivem no conforto e luxo somente porque têm os meios de produção. Porém, surge Karl te Goddard. Ao assistir
Marx, que era socialista e queria mudar as condições de vida dos trabalhadores por meio de uma ao filme, perceba a im-
sociedade planificada. Ele estuda a sociedade do passado e propõe, de forma racional e científi- portância e o papel do
ca, uma sociedade melhor, transformada por uma classe trabalhadora revolucionária. processo de industria-
lização sobre o próprio
O Socialismo, conforme Souza (1989), pode ser definido como o conjunto de doutrinas que homem e partilhe com
se propõe a promover o bem-estar comum pela transformação da sociedade e da relação entre seu tutor nos fóruns
classes mediante alteração do regime de propriedade. de debate e Ambiente
As doutrinas socialistas são: a social-democracia, comunismo, anarquismo, anarco-sindicalis- Aprendizagem.
mo e socialismo cristão. Pode-se citar como países que se dizem socialistas na década de 1990: a
China, a URSS, Angola, Índia, Iugoslávia e outros. Todos esses países apresentam formas diferen-
tes de viver o socialismo.
A trajetória do Socialismo foi cons- ◄ Figura 51: Marx, seus
truída a partir da verificação da realida- seguidores e a luta do
de capitalista que explorava o trabalha- proletariado.
dor no sentido de propor alternativa Fonte: Disponível
em: <http://images.
para salvar o homem dessa mesma ex- google.com.br/
ploração. É conveniente recordarmos imgres?imgurl=http://rlei-
que, quando estudamos a Revolução te.files.wordpress.com
/2008/01/socialismo >.
Industrial, foram apresentados alguns Acesso em: 5 jan. 2010.
pensadores inseridos nos movimentos
de reforma e protesto como os socialis-
tas utópicos e científicos. Nesse sentido,
nesse espaço, cabe apenas citar os pen-
sadores socialistas considerados utópi-
cos como Saint-Simon, Charles Fourier,
Robert Owen, Proudhon e Louis Blanc.
Os socialistas científicos são: Karl Marx,
Engels, Bakunin, Sorel. Já os socialistas
cristãos são representados pelo papas e
teólogos da Igreja Católica.
43
UAB/Unimontes - 8º Período
Ao tratar do Socialismo, é imprescindível abordar Karl Marx. Bordé e Martin (1983) dizem
quem é Karl Marx. Nasceu em 5 de maio de 1818 em Tréveris na Alemanha e morreu 14 de março
de 1883 em Londres. Economista, filósofo e socialista alemão, estudou na Universidade de Berlim
e formou-se em Iena, em 1841. Suas obras principais são:
• “Manuscritos econômico-filosóficos”, escritos em 1844 e publicados somente em 1930.
• “A sagrada família”, 1845;
• “A ideologia alemã” (1846);
• “Miséria da filosofia” (1847);
• “Manifesto do Partido Comunista” (1848);
• “Trabalho assalariado e capital” (1849);
• “O 18 Brumário de Luís Bonaparte”, publicado em jornais em 1852, e, como livro, em 1869;
• “O capital”. Livro I publicado em 1867. Livros I e III - publicações póstumas por Engels.
44
História - História Economica Geral e do Brasil
O socialismo científico marxista foi desenvolvido no século XIX por Karl Marx e Friederich
Engels. Recebe também a denominação de socialismo marxista. Ele rompe com o socialismo utó-
pico ao apresentar uma análise crítica da realidade política e econômica, da evolução histórica
das sociedades e do capitalismo.
A filosofia de Marx constitui-se por:
• Materialismo dialético: é a posição filosófica que considera a matéria como a única realidade
e que nega a existência da alma, de outra vida e de Deus;
• Materialismo histórico: pretende a explicação das sociedades humanas em todas as épocas,
através dos fatos materiais, essencialmente econômicos e técnicos. O materialismo é enfati-
zado em “A Ideologia Alemã”, intenso estudo em história de Marx e Engels em 1845. Ressalta
também a questão da natureza dos indivíduos que depende do papel deles na produção de
materiais, pois o pensamento humano é determinado pelas forças socioeconômicas.
O núcleo do pensamento de Marx é sua interpretação do homem, que começa com a ne-
cessidade humana. A história se inicia com o próprio homem que, na busca da satisfação de ne-
cessidades, luta contra a natureza. À medida que luta, o homem descobre como ser produtivo e
passa a ter consciência de si e do mundo. Percebe, então, que a história é o processo de criação
do homem pelo trabalho humano. As duas vertentes do marxismo são o materialismo dialético,
para o qual a natureza, a vida e a consciência se constituem de matéria em movimento e evolu-
ção permanente, e o materialismo histórico, para o qual o fato econômico é a base e causa deter-
minante dos fenômenos históricos e sociais, inclusive as instituições jurídicas e políticas, a mora-
lidade, a religião e as artes.
Para Marx, de acordo com Huberman (1983), Bordé e Martin (1983), a raiz de uma sociedade
é a forma como a produção social de bens está organizada. Nesse sentido, ela engloba:
• A superestrutura: ideias, costumes e instituições;
• A infraestrutura: as forças econômicas por meio das relações de produção e das forças pro-
dutivas.
Outro conceito importante para Marx são
os modos de produção da história, que consti-
tui a maneira como as forças produtivas se or-
ganizam e desenvolvem-se dentro das relações
de trabalho. Os modos de produção são:
• Modo de produção escravista: Ocidente
antigo;
• Modo de produção feudal: Europa e Japão
Medieval;
• Modo de produção capitalista: mundiali-
zação da economia; e
• Modo de produção socialista: Ex-URSS e
China, por exemplo.
45
UAB/Unimontes - 8º Período
Conforme Huberman (1983), Bordé e Martin (1983), também ocorre o grau de exploração da
força de trabalho que constitui:
• Mais valia absoluta: os capitalistas, uma vez pago o salário de mercado pelo uso da força
de trabalho, podem lançar mão de três estratégias para ampliar sua taxa de lucro: primeira,
estender a duração da jornada de trabalho mantendo o salário constante; segunda, jornada
constante com redução de salário; terceira, salário e jornada crescentes com intensificação
do ritmo de trabalho; e
• Mais valia relativa: ampliacão da produtividade física do trabalho pela via da mecanização.
Conforme Huberman (1983), Bordé e Martin (1983), para Marx, o colapso do Capitalismo po-
deria ser ocasionado por:
• Fundamento moral: as injustiças inerentes ao capitalismo levarão em última instância a con-
dições econômicas e sociais que não poderão ser sustentadas, ou seja, é o conflito entre o
ideal e a realidade;
• Argumento sociológico: o conflito de classes, entre um número decrescente de capitalistas
cada vez mais ricos e uma crescente classe trabalhadora miserável, causará, por fim, uma re-
volução social, ou seja, conflitos entre capital e trabalho; e
• Argumento econômico: a acumulação de capital em mãos privadas possibilita a abundância
econômica, contudo, também ocasiona crises, desemprego crônico e o colapso econômico
do capitalismo, ou seja, conflito entre o crescimento e a estagnação.
Nesse sentido, Marx diz que a transformação se dá por meio do conflito, isto é, processo dia-
lético mediante o qual o Socialismo substituirá, por fim, o Capitalismo.
Enfim, Karl Marx, muito mais do que conhcer, se propôs a ensinar através de sua obra aquilo
que pôde conhecer e desvendar. Mais do que qualquer tese, foi um homem disposto a mudar o
mundo em que vivia.
De acordo com Souza (1989), a Igreja Católica, diante das questões socioeconômicas, levan-
tou a voz ora para apoiar, ora para incentivar os movimentos e as ideias socialistas, ora para con-
denar e discordar.
Com o processo da industrialização, a Igreja Católica se manifestou em 1891 por meio do
documento chamado Encíclica Rerun Novarum (Sobre as coisas novas). Esse documento, provo-
cado pelo Papa Leão XIII, trata as seguintes questões:
46
História - História Economica Geral e do Brasil
47
UAB/Unimontes - 8º Período
Atividade
Assista ao filme “Quan-
to vale ou é por quilo?”.
2.6 Globalização
O filme retrata a explo-
ração da pobreza pelas De acordo com De Masi (2000), a Globalização é um fenômeno recente. É o conjunto de
ONGs (terceiro setor). transformações na ordem política e econômica mundial que vem acontecendo nas últimas dé-
Traça um paralelo entre cadas. O ponto central da mudança é a integração dos mercados numa “aldeia-global”, explorada
os métodos utilizados
pela escravidão no pas- pelas grandes corporações internacionais. Esse processo tem sido acompanhado de uma intensa
sado e a nova versão revolução nas tecnologias de informação como telefones, computadores e televisão, assim como
que essa escravidão as- a criatividade de cada grupo e o espírito empreendedor.
sume nos dias de hoje. Para De Masi (2000), a Globalização se deu da seguinte forma:
Ao assistir ao filme,
reflita sobre todas essas
questões tão atuais no a) A globalização como descoberta
nosso cotidiano. Dire- Primeira forma de Globalização. Ela ocorreu pela progressiva exploração do planeta e do
ção de Sérgio Bianchi e universo no sentido do homem poder conhecê-lo, mapeá-lo e desfrutar dos seus recursos.
roteiro de Sérgio Bian-
chi, Eduardo Benaim e b) A globalização como troca
Newton Canitto. Após
assistir ao filme faça um Troca de mercadorias com outros povos e nações cada vez mais extensos e distantes até
relatório contendo suas abranger o mundo inteiro conhecido.
apreciações e comente
com o tutor e os cole- c) A globalização como colonização
gas sobre os aspectos Tentativa de colonizar militarmente os povos vizinhos e depois os povos cada vez mais dis-
que se relacionam com
o tema abordado tantes até abranger a terra toda.
48
História - História Economica Geral e do Brasil
são anterior, completando com modelos atuais, o que se compreende por globalização hoje: Dica
• Pela primeira vez, as nove formas de globalização descritas anteriormente estão presentes; Veja o vídeo dispo-
• Pela primeira vez, um país poderoso, nesse caso os Estados Unidos, governa o planeta e pre- nível no site <www.
para-se para colonizar outros; youtube.com/
• Pela primeira vez, o caminho da unificação política e material foi aplainado por duas guerras watch?v=afNPIbOBsqY>
mundiais e uma guerra fria; O vídeo é de 4 minutos
e foi produzido em 4 de
• Pela primeira vez, a transferência de mercadorias e pessoas se faz de forma extremamente junho de 2008. Enviado
veloz através de modernos meios de transporte, assim como a transferência de dados que, por DiegoSPBrasil. Mos-
por causa das redes de telecomunicações, se tornou mais veloz; tra as principais caracte-
• Pela primeira vez, os processos de unificação social e cultural são lubrificados pelos mass rísticas e consequências
media e pela informática; e que a globalização
trouxe para o mundo
• Pela primeira vez, a humanidade inteira demonstra ao mesmo tempo os mesmos medos, ou moderno. Após assistir
seja, a guerra nuclear, a poluição atmosférica, as crises financeiras, etc. ao vídeo comente com
Enfim, a globalização constitui uma questão atual e passível de debates e discussões como seus colegas e tutor o
o movimento antiglobalização. que mais te chamou a
atenção.
De acordo com Montellato (2000), A partir do século XIV, no período de transição feudalis-
mo-capitalismo, na Europa Ocidental verifica-se o surgimento do Estado Nacional por meio do
Absolutismo. A idéia era a centralização do poder, após a experiência durante a época medieval
da descentralização do poder através da organização da propriedade feudal. Atividade
O absolutismo proporcionou a união de territórios e o despertar de um sentimento de na- Pesquise na internet e
cionalidade que foi crescendo gradativamente nos homens durante o período dos séculos XIV no site do google aca-
a XVIII. No entanto, ainda nos nossos dias nos deparamos com países que não são formados por dêmico a respeito da
história de unificação
um único grupo nacional. A Espanha é um exemplo, pois congrega catalães, galegos, bascos e
da Espanha. Leia sobre
castelhanos. A globalização tem provocado tensões em relação a essas minorias étnicas, pois ex- quem são os grupos na-
clui esses grupos de participação política. cionais que compõem
A nação foi emergindo e se configurando como sinal de poderio e em contraponto foi reve- o território espanhol e
lando as disputas e as relações de poder estabelecidas pelo homem nessa intrincada rede de in- os conflitos que esse
povo vive até os dias
trigas humanas. A nação fortalecida começa a querer descobrir outros mundos. Nesse caminho,
de hoje. Compartilhe
as nações investem na expansão marítima “descobrindo” novas terras e dominando-as com o ob- essas informações nos
jetivo do seu proveito próprio, assim como conhecendo outras formas de viver. Os portugueses fóruns de debates com
dão os primeiros passos, acompanhados posteriormente dos espanhóis, ingleses, holandeses e os colegas, o tutor e o
outros. professor formador.
Esse foi um processo longo que desembocou justamente na denominada “economia capi-
talista globalizada”. Os países que fazem parte dessa conjuntura estão integrados nas atividades
◄ Figura 60 e 61:
Crianças exploradas e
desemprego.
Fonte: Disponível em:
<http://www.google.com.
br/imgres?imgurl=http:>
<http://www.google.com.
br/search?hl=pt->. Acesso
em: 11 jul. 2011.
produtiva, comerciais e financeiras articuladas por meio das redes de comunicações disponíveis
com o objetivo de agilizar as transações. Dessa forma, vão surgir as multinacionais que vão ins-
talar suas indústrias em locais onde poderão obter mais lucro, sobretudo por causa da mão de
obra mais barata e a facilidade em conseguir matéria-prima. Não é preciso dizer que a população
onde estas indústrias vão se abrigar constituirão máquinas ferozes em explorar a localidade e,
sobretudo seus trabalhadores com o fim de obter cada vez mais lucro.
49
UAB/Unimontes - 8º Período
Essa nova configuração revela a concorrência, geralmente desleal, entre os produtos na-
cionais e estrangeiros levando as indústrias nacionais a se reorganizarem e automatizarem, im-
plicando em desemprego. A riqueza produzida pelas multinacionais não ficam onde elas estão
instaladas, mas vão para os seus países de origem dificultando o consumo e o movimento da
economia local. Essa nova realidade gera o desequilibro da economia globalizada.
Montellato (2000), explica que essa nova realidade pede novas formas de retratar a situação
Figura 62: Mundo econômica e social dos países. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) está sendo usado
globalizado por meio pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1990, ou seja, leva-se em consideração o po-
da tecnologia. der de compra e o bem-estar social, assim como o nível de analfabetismo e anos de escolaridade,
Fonte: Disponível em: expectativa de vida, respeito aos direitos da mulher e outros. Esse índice é mais humano e social.
<http://www.notapositiva.
com/trab_estudantes/ O Brasil, por exemplo, é um país bastante industrializado, mas não pode ser considerado desen-
trab_estudantes/filoso- volvido porque tem muitos problemas sociais. Mesmo os países desenvolvidos como os Estados
fia/filosofia_trabalhos/ Unidos vêm sofrendo com a globalização, pois há um número bem grande de famílias vivendo
compreendglobaliz.htm>.
Acesso em: 8 jul. 2011. abaixo da linha da pobreza. A Europa enfrenta as mesmas dificuldades, além de problemas com
▼ o sistema previdenciário e o desemprego.
2.6.2 Blocos regionais e globalização
Magnoli (1997) afirma que, de acordo com a teoria econômica, o mercado comum visa a
integração dos blocos e, assim a regionalização, porém de forma globalizada. Um exemplo desse
▲ formato é a União Européia, que vislumbra a união econômica e monetária. Alguns blocos serão
Figura 63: Globalização:
pactos entre nações.
abordados retratando essa configuração regional econômica.
Fonte: Disponível em:
<http://www.notapositiva.
com/trab_estudantes/
trab_estudantes/filoso-
2.6.2.1 União Européia – UE
fia/filosofia_trabalhos/
compreendglobaliz.htm>.
Acesso em: 8 jul. 2011. Magnoli (1997) diz que a União Européia nasceu durante a guerra fria e atualmente se en-
contra em crise. O tratado de Paris em 1951 é o seu início com a Comunidade Européia do Car-
vão e do Aço. O Tratado de Roma de 1957 criou a Comunidade Européia, tendo como um dos
seus objetivos a aproximação entre a França e a Alemanha. Essa união visava alargar as fronteiras
50
História - História Economica Geral e do Brasil
De acordo com Magnoli (1997), o Acordo de Livre Comércio da América do Norte é um ins-
trumento de integração das economias dos Estados Unidos da América, do Canadá e do México.
Esse acordo teve início em 1988 por meio de políticas dos Estados Unidos para o pós-guerra con-
tando com a adesão dos canadenses e posteriormente dos mexicanos em 1993. Com ele, conso-
lida-se o intenso comércio regional da América do Norte. Magnoli afirma que,
O Nafta surgiu como fruto das políticas comerciais dos Estados Unidos para
o pós-Guerra Fria. Ele foi constituído em duas etapas: na primeira, os Estados
Unidos, firmaram um acordo bilateral de livre comércio com o Canadá; na se-
gunda, em 1994, o México foi incorporado ao bloco. A estratégia do Nafta re-
presentava uma cartada americana para a eventualidade de fracasso das nego-
ciações comerciais multilaterais do GATT. Nesse caso, o Nafta estava projetado
para constituir a pedra inicial de uma zona de livre comércio das Américas. O
alvo era a União Européia que, liderada pela França, entravava as negociações
sobre comércio de produtos agro-industriais. (MAGNOLI, 1997, p. 45)
O Nafta entra em vigor em janeiro de 1994, com um prazo de 15 anos para a total elimina-
ção das barreiras alfandegárias entre os três países membros, Canadá, Estados Unidos da Améri-
ca e México.
51
UAB/Unimontes - 8º Período
52
História - História Economica Geral e do Brasil
53
UAB/Unimontes - 8º Período
Referências
Figura 71: Movimento
antiglobalização na
Itália.
Carlo Giuliani,
manifestante
ARRUDA, José Jobson. Revolução industrial e capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1984.
antiglobalização
assassinado pela
polícia italiana durante
BOURDÉ, Guy; MARTIN, Hervé. As escolas históricas. Portugal: Publicações Europa-América,
confrontos corridos por 1983.
causa da reunião do G-8
em Gênova. BUENO, Francisco da Silveira. Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: FTD; LISA, 1996.
Fonte: Disponível em:
<http://images. CATANI, Afrânio Mendes; SANT’ANNA, Vanya. O que é capitalismo. 22. ed. São Paulo: Brasiliense,
google.com.br/ 1986. (Coleção primeiros passos; v. 4).
imgres?imgurl=http://
infosol.files.wordpress. COIMBRA, Marcos. A globalização e sues efeitos. 2001. In: disponível em: < http://www.brasilso-
com/2009/>. Acesso em: 7
jan. 2010. berano.com.br/artigos/aglobalizacaoeseusefeitos.htm>. Acesso em 8 jul. 2011.
DE MASI, Domenico. O futuro do trabalho: fadiga e ócio na sociedade pós-industrial. 5 ed. Rio
de Janeiro: José Olympio, Brasília, DF, 2000.
DOBB, Maurice Herbert. A evolução do capitalismo. 6. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.
HOBSBAWN, H. A era das revoluções: 1789-1848. 9 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.
54
História - História Economica Geral e do Brasil
MAGNOLI, Demétrio. Globalização, estado nacional e espaço mundial. São Paulo: Moderna,
1997.
MONTELLATO, Andréa Rodrigues Dias. História temática: o mundo dos cidadãos. São Paulo: Sci-
pione, 2000.
OLIVEIRA, Marcos Fábio Martins; RODRIGUES, Luciene (Orgs.). Capitalismo: da Gênese à crise
atual. 2 ed. Montes Claros: Unimontes, 2000.
PERRY, Marvin. Civilização ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 1985.
PINA, Bernardo. Entenda a crise econômica que estamos vivendo. s.d. Disponível em: <http://
www.produzindo.net/entenda-a-crise-economica-que-estamos-vivendo/> Acesso em 21 maio
2010.
SOUZA, Ari Herculano de. O socialismo. São Paulo: Editora do Brasil, 1989.
55
História - História Economica Geral e do Brasil
Unidade 3
Colonialismo e economia brasileira
até a república nova
3.1 Introdução
Dica
Nesta Unidade, o tema abordado constituirá na discussão acerca do colonialismo e da eco-
nomia brasileira. É importante ressaltar que nenhum dos temas propostos nesse caderno didáti- Procure se informar
mais sobre Caio Prado
co figura como um item isolado. Pelo contrário, a história é trabalhada como processo. Por isso, Júnior na internet. Ele
todos esses movimentos estudados têm um vínculo entre eles, estando relacionados e correla- pertencia a uma das
cionados. Não são temas prontos e acabados, mas pensados como trajetória da humanidade e famílias mais ricas e
didaticamente dispostos para facilitar o seu entendimento. tradicionais de São
Nessa medida, ao discutirmos os nossos conteúdos, especificamente nesta Unidade quando Paulo, mas rompe com
a família e sua classe
tratarmos sobre o colonialismo e a economia brasileira, procure não pensá-los de forma isolada, social para abraçar a re-
mas inseridos no contexto próprio de sua época e elaborados dentro do processo político, eco- volução proletária. Ele
nômico, social, cultural, artístico, religioso. Enfim, procure pensar todas as dimensões possíveis fez o curso de Direito
de o homem viver. e iniciou os cursos de
A partir, sobretudo, de Caio Prado Júnior e de Celso Furtado, nesta unidade, será apresenta- Geografia e História na
USP, não concluindo
da a colonização portuguesa no Brasil, fazendo uma análise econômica do Brasil Colônia, mos- porque foi preso. Parti-
trando a economia brasileira na República, assim como a industrialização do Brasil após 1930. lhe essas informações
Dessa forma, nesta unidade, objetivamos compreender a história econômica brasileira. com o tutor no Am-
biente Aprendizagem.
57
UAB/Unimontes - 8º Período
A colonização europeia na América, de acordo com Caio Prado Júnior (1989), constituía-se
no sonho das descobertas de metais preciosos e na extração de produtos como a madeira, pele
e pesca. A ocupação do território dependeu dessas atividades. A agricultura consistiu em uma
atividade posterior.
Na América, havia duas áreas distintas, conforme Caio Prado Júnior (1989):
a) Zona Temperada
Constitui o norte da América e o Chi-
le. Até o século XVIII era praticada a pesca e a
extração de peles. No século XVIII, ocorrem as
lutas políticas e religiosas na Europa. Então,
saem, da Inglaterra, puritanos e quackers; da
França, huguenotes; da Alemanha, os morá-
vios; da Suíça, outros. Essas pessoas vêm para
a América do Norte porque se parece com a
Europa, sobretudo o clima. Eles vêm fugidos e
não para construir suas vidas na América. Os
cercamentos são também motivos pelos quais
os ingleses vieram para a América em busca
de melhores condições de vida. Eles não vêm
para a América com as ambições de traficantes
ou aventureiros, mas para construir um novo
mundo, longe das agitações e transformações
da Europa. A América seria um prolongamento
da Europa.
▲
Figura 73: A colonização
inglesa: um processo b) Zona tropical e subtropical
distinto na ocupação Apesar das controvérsias, con-
das terras norte- forme Caio Prado Júnior (1989), as
americanas. condições naturais que são bastan-
Fonte: Disponível te diferentes da Europa repelem os
em: <http://images. colonos. Porém, essa mesma diver-
google.com.br/
imgres?imgurl=http://2. sidade de condições naturais servi-
bp.blogspot.com/_ZOD>. rá como estímulo, pois os colonos
Acesso em: 8 jan. 2010. descobrirão gêneros que não exis-
tiam na Europa, como o açúcar, pi-
menta, tabaco, anil, arroz e algodão.
Tudo isso é um atrativo para
a Europa. Porém, precisam de ho-
dica
mens para trabalhar em territórios
Assista ao filme extensos. Os europeus vêm como
“Pocahontas”. É um dirigentes, e não como trabalhado- ▲
filme de animação de Figura 74: Colonização hispânica deixou suas marcas entre os
longa-metragem, da res. povos do continente americano.
Disney, considerado um A exploração agrária nos tró- Fonte: Disponível em: <http://images.google.com.br/
clássico, produzido pela picos se dará nas grandes unidades imgres?imgurl=http://2.bp.blogspot.com/_ZOD>.
Disney em 1995. A obra produtoras como fazendas, enge- Acesso em: 8 jan. 2010.
é baseada na história nhos e plantações que demandam
real da indígena norte-
-americana Pocahontas, muitos trabalhadores. Os colonos de baixo nível vêm trabalhar para a subsistência e sujeitam-se
que nasceu em 1595 ao trabalho até a chegada de mão-de-obra escrava ou indígena. A ideia é ser dirigente e grande
e morreu em 1617. proprietário rural. No Brasil, por exemplo, não teve trabalhador branco, porque não tinha braços
Refleita,a partir desse disponíveis para imigrar. Portugal e Espanha tinham uma população insuficiente e eram países
filme, sobre o processo decadentes.
de colonização na Amé-
rica, especificamente Enfim, de acordo com Caio Prado Júnior (1989), as colônias tropicais são diferentes das zo-
do norte e partilhe com nas temperadas. Nas zonas temperadas, as colônias de povoamento são escoadouros para ex-
o tutor no Ambiente cesso demográfico. Já nas zonas tropicais surgirá uma sociedade original com acentuado caráter
Aprendizagem. mercantil e empresa comercial. Indígenas e negros africanos constituem mão-de-obra, e a explo-
58
História - História Economica Geral e do Brasil
ração das terras virgens era utilizada para o comércio europeu. Logo, a formação da evolução his-
tórica dos trópicos com o objetivo exterior. A ideia é exportar do Brasil para a Europa pau-brasil,
açúcar, tabaco, ouro e diamante, algodão e café. Essa é a estrutura econômica brasileira.
Caio Prado Júnior faz um balanço até esse período da obra colonizadora no Brasil apresen-
tando os seguintes aspectos:
a) Distribuição do povoamento
• Litoral
A ocupação se faz em pequena parte do território. Há uma maior concentração do povoa-
mento na faixa costeira com uma população dispersa. Os núcleos importantes são Pernambuco,
Bahia e Rio de janeiro; Pará e Maranhão; e núcleos dispersos.
• Interior
A irregularidade do povoamento é maior.
- No norte (Amazônia): o povoamento é realizado ao longo dos cursos d’água, sendo linear
e ralo;
- No sertão nordestino: o povoamento se concentra em regiões que têm recursos naturais,
como a água por causa das fazendas;
- Na região central: o povoamento ocorre em torno das explorações auríferas, como Minas
Gerais, Goiás e Mato Grosso;
- No sudeste: a região em destaque constitui onde atualmente é São Paulo com a produção
agrícola e como centro de comunicações. Constitui a zona mais próspera e rica;
- No sul: o povoamento se faz nas estâncias de gado, como no Rio Grande do Sul.
• Indústrias extrativas
- Mineração de ouro e diamantes;
- Coleta de produtos naturais na Amazônia;
- Madeira como o pau-brasil para construção, sendo
no interior muito difícil a extração. Ela ocorre mais no lito-
ral para consumo local, construção naval, etc.;
- Pesca de baleia: é monopólio da coroa portuguesa,
mas ocorre concessão a privilegiados. Em 1801, a pesca
59
da baleia torna-se livre trazendo problemas no século XIX;
UAB/Unimontes - 8º Período
- Sal: extraído do rio São Francisco e um pouco do Mato Grosso. O sal marinho é importante
e vem do Maranhão ao Rio de Janeiro;
- Salitre: em meados do século XVIII, ocorre a extração por meio de iniciativas oficiais da
Bahia. A iniciativa particular explora em escala comercial do rio São Francisco em Minas Gerais e
Bahia; e
- Erva mate: é nativa nas matas do Rio Paraná.
Explorada no século XVIII pelos Jesuítas. É exportada
para Buenos Aires e Montevidéu.
• Artes e manufaturas
- Artes mecânicas e manufaturas: a maioria era
importada, e a produção local era insignificante e ti-
nha características próprias;
- Na zona rural constituíam-se na indústria do-
méstica por meio dos acessórios dos estabeleci-
mentos agrícolas ou de mineração, assim como para
atender às necessidades dos moradores, por estar dis-
tantes dos centros urbanos a carpintaria, ferreiros, ma-
nufaturas de panos e vestuário e pequena metalurgia;
- Indústria doméstica: foi entregue a escravos que
eram mais hábeis ou a mulheres de casa, como, por
exemplo, a fiação, tecelagem e costura;
- Atividades autônomas: apresentam ofícios di-
versos como de ambulantes e ferreiros; e
- Indústrias: Olaria, com a fabricação de telhas;
caieiras, com a preparação da cal; cerâmica que con-
▲
Figura 76: Paisagem
sistia no conhecimento dos índios, os quais perdem a habilidade por causa do contato com os
costeira no Brasil brancos; curtumes que se concentravam nas regiões ou centros de grande comércio de gado,
ilustrada na famosa como Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro; cordoaria, no Amazonas, com a
Carta Atlântica do Atlas fabricação de fibra da piaçabeira; setor têxtil em Minas Gerais, Rio de Janeiro no século XVIII, ex-
Lopo-Homem-reinéis tinto em 1785 por Portugal com receio da expansão; setor do ferro que era perseguido pela ad-
de 1519.
ministração colonial porque fazia concorrência com o Reino retirando seus lucros; ourives que
Fonte: Disponível em: <ge-
ologiamarinha.blogspot. era perseguido porque facilitava o descaminho do ouro, foi proibido em Minas Gerais em 1751 e
com/ >. 1766, na Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro.
Acesso em: 8 jan. 2010.
• Transportes e comu-
nicações
De acordo com Caio
Pardo Júnior (1989), o “ca-
minho cria o tipo social”.
As distâncias são enormes,
o relevo acidentado e as
coberturas das florestas
dificultam a comunicação,
tornando-a morosa. As re-
lações da colônia tinham
um ritmo lento e retardado,
dando características de
uma vida frouxa por causa
da deficiência dos meios ▲
Figura 77: Escravos trabalhando.
de transportes. Há dois ti-
Fonte: Disponível em: <http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://leite-
pos de via: a fluvial e a ter- devaca.com/wp>. Acesso em: 8 jan. 2010.
restre. A fluvial consistia
em rios impróprios à navegação e com impossibilidade de embarcações maiores, assim como as
cheias provocadas pela chuva e a seca dificultavam ainda mais o transporte. A terrestre não era
cômoda, pois não contava com pontes e estrada.
As vias de comunicação são por água e em sua maioria por terra. Elas servem para ligar o
litoral ao interior, o sul ao norte.
60
História - História Economica Geral e do Brasil
• Comércio
A produção de gêneros tropicais e metais preciosos são realizados para o mercado interna-
cional. Há dois setores:
- Comércio Externo: por via marítima, a colonização portuguesa utiliza o oceano Atlântico;
a espanhola, o Pacífico. As colônias vizinhas apresentam as mesmas condições do Brasil. Ainda
há as rivalidades com a metrópole, assim como as restrições. Por via terrestre, é insignificante.
Ocorre o contrabando, principalmente dos ingleses. O monopólio legal é dos portugueses, mas
há o contrabando, sobretudo nas cidades maiores como Rio de Janeiro, Bahia, Recife, São Luís e
Belém. A importação procura os mesmos portos com um nível econômico mais elevado, assim
como os gêneros alimentícios de luxo, como o vinho, azeite de oliva, sal, metais, ferro e manufa-
turas. O comércio exterior mais importante é o tráfico de escravos.
- Comércio Interno: constituído de mercadorias para exportação ou que provêm da impor-
tação. É o comércio para o abastecimento dos grandes centros urbanos. Não produz ferro, sal e
manufaturas, mas sim gêneros para subsistência. Há a insuficiência do abastecimento e carestia
nas cidades. Destaque para o comércio de gado que não só liga o território do Brasil, assim como
provoca o povoamento e a produção de carne seca, o famoso charque do Rio Grande do Sul.
◄ Figura 78: Criação de
gado no sertão.
Fonte: Disponível em:
<http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.itaporanga.net/
imagens/luor>. Acesso em:
8 jan. 2010.
Enfim, Caio Prado Júnior (1989) conclui a economia do Brasil no período colonial abordando:
• O comércio colonial que existia nos setores:
- Marinha: áreas de povoamento com as atividades no litoral, sobretudo de gêneros agríco-
las para exportação localizados nos centros e portos do comércio exterior;
- Sertão: áreas interiores de criação, sobretudo de gado;
- Minas: exploração de ouro.
• O povoamento: era constituído na maioria de negros e índios, escravizados e dominados. A
população branca era minoria, sendo os dirigentes.
• A exportação de produtos tropicais, ouro e diamante para a metrópole e comércio exterior.
De acordo com Celso Furtado (1982) e Caio Prado Júnior (1989), a vinda da coroa real para o
Brasil trouxe não só a liberdade comercial, assim como o estímulo econômico.
61
UAB/Unimontes - 8º Período
(...) desacordo entre o sistema econômico legado pela colônia e as novas ne-
cessidades da nação. Isso gerou um surto econômico do país que não se ade-
quou ao quadro político e administrativo legado pela metrópole. (PRADO JÚ-
NIOR, 1989, p. 34)
62
História - História Economica Geral e do Brasil
Atividade
Assista ao filme “Carlota
Joaquina: princesa do
Brasil”que apresenta
um painel da vida de
Carlota Joaquina, a
infanta espanhola que
conheceu o prínci-
Figura 80: pe de Portugal com
Filme “Carlota apenas dez anos e se
Joaquina: a decepcionou com o
princesa do futuro marido. Sempre
Brasil”. mostrou disposição
para seus amantes e
Fonte: Disponí-
pelo poder e se sentiu
vel em: <http://
imagens.google. tremendamente con-
com.br/imgres/ >. trariada quando a corte
Acesso em: 7 jan. portuguesa veio para o
◄ 2010. Brasil, tendo uma gran-
de sensação de alívio
quando foi embora.
3.3.2.2 De 1822 a 1889 Filme dirigido por Carla
Camurati em 1995. Par-
tilhe suas impressões
Caio Prado Júnior (1989) diz que a primeira metade do século XIX constituiu um período de do filme com os cole-
gas, tutor e professor
transição, pois é uma fase de ajustamento a nova situação, ou seja, a independência. É um perío- formador nos fóruns de
do de transformação econômica, política, social e cultural. debate e no Ambiente
Em 1822, ocorre a “independência do Brasil”. Esse acontecimento político é significativo ape- Aprendizagem.
sar das dependências que ainda persistem em relação ao Brasil com outros países, sobretudo
Portugal e Inglaterra.
Conforme Mendonça e Pires (2002), em 1826, por
ocasião de renovação dos tratados comerciais assina-
dos, logo após a fuga da coroa portuguesa para o Bra-
sil, a Inglaterra conseguiu impor ao governo brasileiro
uma cláusula pela qual este se comprometia a decre-
tar a abolição do tráfico dentro de três anos a partir da
retificação do tratado. Pela lei de 7 de novembro de
1831, o governo brasileiro cumpriu a promessa, con-
siderando livres todos os africanos introduzidos no
Brasil a partir daquela data. A lei de 1831, no entanto,
foi simplesmente ignorada. Entre 1831 e 1850, mais de
meio milhão de escravos foram introduzidos no país.
Porém, as tensões se agravaram quando chegou, no-
vamente, a ocasião de rediscutir os termos do tratado comercial com a Inglaterra. Uma das prin- ▲
Figura 81:
cipais fontes de recurso do governo brasileiro eram as tarifas sobre importação e o governo via-
Independência
-se, agora, forçado a rever algumas dessas tarifas, aumentando o seu valor, o que desagradava os do Brasil, a mais
ingleses que, em represália, reabriram a questão do tráfico de escravos. O parlamento inglês em conservadora da
1845 declarou lícito o apresamento de qualquer embarcação empregada no tráfico de escravos. América.
A lei Eusébio de Queiróz foi aprovada em 1850. Segundo essa nova lei, a importação de escravos Fonte: Disponível
em: <http://images.
foi considerada ato de pirataria e, como tal, deveria ser punida. Com isso, o contrabando dimi- google.com.br/
nuiu, porém não cessou completamente. Enfim, esse foi um embate até 1888 quando, definitiva- imgres?imgurl=http://
mente, aboliu-se a escravidão no país, por meio de muitas lutas, resistências, tensões e conflitos. maniadehistoria.files.
wordpress.>.
Um fato importante durante esse período, abordado também por Mendonça e Pires (2002) Acesso em: 9 jan. 2010.
que merece ser relatado, ocorreu em 12 de agosto de 1844 quando se implantou a política ta-
rifária, conhecida pelo nome de Tarifa Alves Branco, aumentando as taxas aduaneiras para 30%
sobre produtos importados sem similar nacional, e 60% sobre produtos com similar nacional. Tal
medida abrangeu cerca de três mil itens importados, despertando vivos protestos não apenas
dos empresários britânicos, afetados com essa medida, mas também dos importadores no Bra-
sil e das classes mais abastadas, que passaram a pagar mais caro pelos itens importados de que
dependiam. Esse aumento perdurou até meados da década de 1860 quando o governo imperial,
pressionado pelos grupos exportadores, promoveu uma redução das tarifas. Embora o seu obje-
tivo tenha sido o de melhorar a balança comercial brasileira, acabou por impulsionar a substitui-
ção de importações e a instalação de inúmeras fábricas no país, permitindo a chamada Era Mauá.
63
UAB/Unimontes - 8º Período
Dica A “Era Mauá” consistiu no período de surto industrial que viveu o Brasil durante o Segundo
Assista ao filme “Mauá: Império. Esse período recebe esse nome por causa de seu mentor Barão e Visconde de Mauá, ou
O Imperador e o Reis”, o seja, Irineu Evangelista de Souza. Os Investimentos de Mauá constituíram nos seguintes itens:
qual mostra a infância, • Fundição de ferro e bronze;
o enriquecimento e a • Construção de bondes e ferrovias;
falência de Irineu Evan- • Iluminação a gás;
gelista de Souza (1813-
1889), o empreendedor • Implantação de estaleiros;
gaúcho mais conhecido • Telégrafo submarino;
como barão de Mauá, • Navegação a vapor; e
considerado o primeiro • Banco Mauá & Cia, com filiais na Inglaterra, na Argentina, no Uruguai, em Paris e em Nova
grande empresário bra- Iorque;
sileiro, responsável por
uma série de iniciativas Com a falência de Mauá, ocorre a edição de uma nova tarifa alfandegária que reduzia as ta-
modernizadoras para xas sobre importação. Foi a chamada “Tarifa Silva Ferraz” (1865).
economia nacional ao Dessa forma, conforme abordagem anterior, verifica-se que depois de 1850, quando ocor-
longo do século XlX. rerá a abolição do tráfico africano, a abolição do tráfico africano consistirá em forças inovadoras
Mauá, um vanguardista para o país. Ocorrerá, então, um período de prosperidade e ativa vida econômica com a funda-
em sua época, arrojado
em sua luta pela indus- ção de empresas, bancos, companhias de navegação a vapor e estradas de ferro. O Brasil viverá
trialização do Brasil, uma nova fase.
tanto era recebido com
tapete vermelho como
chutado pela porta dos
fundos por D. Pedro
II. O filme auxiliará na
compreensão desse
período da indus-
trialização no Brasil,
discutindo questões
como a criação de ban-
cos, primeiro código
comercial, etc. Após
assitir ao filme poste
nos fóruns de debate
suas impressões.
64
História - História Economica Geral e do Brasil
Enfim, no Império, há o café que expande a economia brasileira; as finanças públicas, apesar
dos déficits, faziam obras vultosas; a moeda era precária, mas fortalece e ganha estabilidade; e o
crédito brasileiro no exterior é sólido. A política monetária é orientada pelo acaso e por questões
momentâneas, gerando uma instabilidade e insegurança financeira.
65
UAB/Unimontes - 8º Período
66
História - História Economica Geral e do Brasil
A Revolução de 1930 com Getúlio Vargas operou uma mudança decisiva no pla-
no da política interna, afastando do poder do estado oligarquias tradicionais que re-
presentavam os interesses agrários e comerciais. Getúlio Vargas adotou uma política
de industrialização, adotando também a substituição de mão-de-obra imigrante pela
nacional. Essa mão-de-obra era formada no Rio de Janeiro e São Paulo em função do
êxodo rural causada pela decadência cafeeira e movimentos migratórios de nordes-
tinos. Vargas investiu forte na criação da infraestrutura industrial: indústria de base e
energia. Durante esse processo foi criado (a):
• Conselho Nacional do Petróleo (1938);
• Companhia Siderúrgica Nacional (1941);
• Companhia Vale do Rio Doce (1943); e
• Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1945)
Foram fatores que contribuíram para o desenvolvimento industrial a partir de
1930:
• o grande êxodo rural, devido à crise do café, com o aumento da população urba-
na que foi constituir um mercado consumidor; e
• a redução das importações devido à crise mundial e segunda Guerra Mundial,
que favoreceu o desenvolvimento industrial, livre de concorrência estrangeira.
Esse desenvolvimento ocorreu principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Mi-
▲
nas Gerais e Rio Grande do Sul, definindo a grande concentração espacial da indústria, que per- Figura 86: Capa da
manece até nossos dias. Revista do Globo.
Uma característica das indústrias que foram criadas desde a 1ª Guerra Mundial é que muitas Revolução de outubro
delas fazem apenas a montagem de peças produzidas e importadas do exterior. São subsidiárias de 1930:
das matrizes estrangeiras. Isso ocorreu no Brasil também. No início da segunda Guerra Mundial, imagens e documentos,
Porto Alegre, 1931.
o crescimento diminuiu porque o Brasil não conseguia importar os equipamentos e máquinas Edição especial.
de que precisava. Isso ressalta a importância de possuir uma indústria de bens de capital. Apesar Fonte: Disponível em:
disso, as nossas exportações continuaram a se manter acarretando um acúmulo de divisas. A ma- <http://images.google.
téria-prima nacional substituiu a importada. Ao final da guerra, já existiam indústrias com capital com.br/images?>. Acesso
em: 11 jan. 2010.
e tecnologia nacionais, como a indústria de autopeças. No segundo governo Vargas (1951-1954),
os projetos de desenvolvimento, baseados no capitalismo de Estado, através de investimentos Dica
públicos no extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC, em 1951), BNDES, entre outros, forneceram
Pesquise na internet e
importantes subsídios para Juscelino Kubitschek lançar seu Plano de Metas, ainda que a um ele- nos cadernos didáticos
vado custo de internacionalização da economia brasileira. de História do Brasil
República sobre a Re-
volução de 1930. Esse
3.3.3.2. A crise para configuração do processo de substituição das movimento, conforme
vocês podem observar
importações é bastante significativo,
inclusive relacionado
as questões econômi-
cas do Brasil. Partilhe
O Brasil continua se ajustando ao imperai- seu conhecimento e
lismo com sua produção voltada para o exte- descobertas com seus
rior. Porém, o imperialismo possibilita ao Brasil colegas e tutor no Am-
se integrar a economia mundial e ao mundo biente Aprendizagem.
moderno. Caio Prado Júnior (1989) afirma que,
Dica
a base da economia brasileira era ser um mero
produtor de matéria-prima para o exterior. Pesquise na internet
ou livros de História
Essa era, porém, uma base insólida. Um exem-
Geral do Brasil sobre o
plo dessa situação inconstante foi a questão governo Getúlio Vargas.
da produção do café com a crise da sua super Conheça quem foi e o
produção e desvalorização. O que fazer diante que fez esse presidente
daquela realidade? O governo brasileiro teve do Barsil durante os
vários anos de gover-
que tomar decisões e assumir “responsabilida-
no. Partilhe com seus
des” e contornar a situação. Também ocorria colegas e tutor as
o mesmo com outras produções como a bor- informações adquiridas
racha e o cacau, ou seja, produção extorsiva e no Ambiente Aprendi-
descuidada. zagem.
▲
Figura 87: Imperialimo
Fonte: Disponível em< http://www.galizacig.com/actu-
alidade/200309/resistir_globalizar_luta_contra_barba-
67
rie_imperialista.htm>. Acesso em: 13 jul. 2011.
UAB/Unimontes - 8º Período
Esse sistema econômico tradiconal baseado nas exportações não era mais possível e sufi-
ciente. Era necessário buscar outras alternativas voltando, sobretudo para o âmbito nacional.
Mas como sair dos primórdios dessa formação econômica brasileira? Para tanto, a economia do
Brasil deveria voltar-se para o consumo, pois Caio Prado Júnior (1989) afirma que verificava-se,
• ocorria o crescimento populacional, fortalecido sobretudo pela libertação dos escravos e
imigração européia;
• a elevação do padrão de vida impunha novas exigências e necessidades;
• o progresso tecnológico dos transportes e comunicações agilizava o comércio; e
• o progresso industrial torna os produtos mais acessíveis.
Mesmo diante desse novo quadro, Caio Prado Júnior (1989) diz que, o Brasil continua firme
com as exportações desiquilibrando a economia, mas as solicitações de consumo impelem a pro-
dução interna. O comércio externo e a preocupação com a economia no âmbito interno, sobre-
tudo após a I e II Guerras Mundiais revelam transformações profundas, dentre elas:
• declínio da importação de vários produtos;
• cresce a produção interna de produtos adquiridos no exterior;
• a agricultura torna-se mais diversificada;
• cresce o consumo de bens internacionais;
• ocorre melhorias estruturais;
• crescimento das aglomerações urbanas por causa do progresso da indústria;
• núcleos uirbanos tornam-se potenciais de consumo; e
• progreso da pequena propriedade agrária em algumas regiões elevando a produtividades e
o padrão de vida da população rural.
Figura 88: Exportação
do café. Conforme Caio Prado Júnior (1989), não se pode negar, que a depresão de 1930 deixou se-
Fonte: Disponívl em: < quelas profundas, mas remediadas no decorrer do tempo, conforme estudamos anteriormente.
http://www.google.com. O ocorrido com o café não foi a única questão problemática do Brasil nesse período, pois tam-
br/imgres?imgurl=http:// bém teve que enfrentar a crise do algodão, cacau, borracha e produtos tropicais importados. Por
www.>. Acesso em: 14 jul.
2011. isso, a necessidade de investir em outros segmentos como a indústria sintética. Os minérios tam-
▼ bém foram promissores, mas não em estado bruto, pois dessa forma, consistiu apenas na explo-
ração dos mineradores. Esses problemas empurram o Brasil a buscar no-
vas direções e deixar de ser simplesmente um fornecedor do comércio
e dos mercados internacionais e tornar-se uma economia nacional, ou
seja, aquele que produz e distribui os recursos do país com o objetivo
de sanar as necessidades da sua população. Esse fato, consiste no rom-
pimento com o passado colonial do Brasil. Porém, há forças poderosoas
que atropelam essa aceleração na economia brasileira, como:
• ainda há vínculos com os interesses do passado;
• inércia da estrutura e organização econômica do país; e
• fatores sociais e políticos que constituem forças poderosas.
Também deve-se levar em consideração, conforme aborda Vas-
concelos; Gremaud; Toneto Júnior (1999), que a substituição de impor-
tações vai ocorrer motivada pelo Processo de Substituição de Impor-
tações (PSI), denominação dada a forma de industrialização brasileira
depois de 1930. Durante três décadas, o Brasil foi se industrializando e
urbanizando, porém enfrentando as seguintes dificuldades:
• tendência ao desquilíbrio externo;
Atividade • aumento da participação do estado;
• aumento do grau de concentração de renda; e
Pesquise na internet • escassez de fontes de finaciamento.
sobre o que é impor-
tação e exportação. Tudo isso, contribui para que a transformação ocorra de forma parcial e, ainda, vinculada ao
Veja a diferença dessas passado como as indústrias que não formam um conjunto harmônico, mas, conforme Caio Prado
palavras no dicionário Júnior por causa de “(...) cirunstâncias fortuítas e objetivando atender alguma pequena necessi-
e reflita acerca do tema dade incapaz de ser satisfeita pela importação (...).” (PARADO JUNIOR, 1989, p. 299) Essa situação
tratado anteriormente. se reflete até os dias de hoje nas indústrias de metalurgia, mecânica, química e outras. É uma
Partilhe com seus cole-
gas, profesor formador indústria precária.
e tutor nos fóruns de Enfim, essas são forças de renovação em choque com as contradições do passado colonial
debate. que levam o Brasil ao desenvolvimento econômico.
68
História - História Economica Geral e do Brasil
69
UAB/Unimontes - 8º Período
Dica
Busque no cadeno
didático de História do
Brasil República e His-
tória Contemporânea
informações sobre o
Governo Dutra e Guerra
Fria. Relembrar esses
fatos é importante para
assimilar o assunto
tratado nesse item.
Enfim, de acordo com Giambiagi et all (2005), o governo JK conseguiu vencer a dificulda-
de histórica do Brasil em montar coalizões antiinflacionárias por meio do crescimento acelerado.
Mas em contrapartida Juscelino Kubitschek deixou para seus sucesores uma inflação alta, o défi-
cit público elevado e a deterioração das contas externas.
Figura 92: Jânio
Quadros
Fonte: Disponível em: < 3.3.3.4 Jânio Quadros e João Goulart: governos de cotradição,
http://www.google.com.
br/imgres?imgurl=http>. renúncia e mudanças
Acesso em: 14 jul. 2011.
▼
Jânio Quadros sucedeu Juscelino Kubits-
chek. Ele era um político personalista e caris-
mático, porém durante sua campanha eleitoral
apresentou discurso autoritário e moralista.
O símbolo da sua campanha eleitoral era a
vassoura, com a qual dizia pretender varrer a
corrupção, a imoralidade pública e colocar na
cadeia ladrões e malandros. Durante seu go-
verno defendeu uma política de austeridade
nos gastos públicos e de combate à inflação,
assim como criticava Juscelino Kubitschek e
suas medidas desenvolvimentistas que deixou
o país em sérias dificuldades econômicas.
Jânio Quadros ameaçou controlar os lu-
cros que as grandes empresas enviavam para
fora do país; falava em reforma agrária; resta-
beleceu relações com a União Soviética; ini-
ciou negociações com a China Comunista; foi
contra a expulsão de Cuba da Organização dos
Estados Americanos (OEA), conforme preten-
dia os Estados Unidos; apoiou os países africa-
nos que qeriam a independência de Portugal;
nomeou o primeiro embaixador negro do Brasil para servir em Gana na África. Internamente to-
mou medidas que o expuseram muito, dentre elas, proibiu a briga de galo; o uso de biquini; cor-
70 ridas de cavalos em dias úteis, enfim demonstrou autoristarismo e um falso moralismo.
História - História Economica Geral e do Brasil
De acordo com Giambiagi et all (2005), o mérito da estratégia econômica de Jânio Qua- Dica
dros não poderá ser avaliado. Além do mais, não possuia base parlamentar de sustentação no Assista ao filme inti-
Congresso que era dominado pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e Partido Social Democra- tulado “Jânio: 20 anos
ta (PSD). Dessa forma, Jânio Quadros renunciou à Presidência da Repùblica em 25 de agosto de depois” de Sílvio Back
1961. datado de 1908. Esse
Conforme Giambiagi et all (2005), quando Jânio Quadros renunciou, o vice-presidente era é um documentário
contendo depoimentos
João Goulart que se encontrava em uma missão econômica ou visita oficial à China. A presidên- de políticos ligados à
cia foi entregue a Ranieri Mazzilli, presidente dos Deputados na época. Alguns militares e civis renúncia do presiden-
não concordavam que João Goulart assumisse a presidência, afinal ele não era comunista? Ou- te Jânio Quadros em
tros setores legalistas das Forças Armadas defenderam a posse de João Goulart. Além de toda 1961.
essa situação que implicava militares, políticos, ruralistas e empresários a população brasileira Também sugerimos o
filme ”Jânio a 24 qua-
se manifestou favorável a João Goulart. Sob o comando de Leonel Brizola no Rio Grande do Sul dros” de Luiz Alberto
formou-se a Rede da Legalidade, a favor de João Goulart. Depois de muitas controvérsias, João Pereira datado de 1981.
Goulart aceitou e, no dia sete de setembro de 1961 tomou posse como presidente do Brasil. O Filme conta a história
Porém, os poderes de João Goulart era limitado e ele temia não poder cumprir seu progra- bem humorada da
ma de governo. O estopim foi quando João Goulart enviou para o Congresso uma proposta con- política brasileira, des-
tacando o presidente
templando o 13° salário para os trabalhadores e não foi aprovado. Os trabalhadores apoiando Jânio Quadros.
João Goulart fizeram greve e os mi- Após assitir os filmes
litares ficaram de prontidão. João partilhe com o tutor,
Goulart também promoveu um ple- professor formador e
biscito com o objetivo de mudar o colegas no Ambiente
Aprendizagem e nos
regime político do país: presidencia- fóruns de debate.
limo ou parlamentarismo. O presi-
dencialismo venceu demonstrando ◄ Figura 93: João Goulart
o apoio da popualção a João Gou- (Jango)
Fonte: Disponível em:
lart. Dentre as medidas econômicas <http://www.google.com.
de João Goulart, de acordo com br/imgres?imgurl=http://
Giambiagi et all (2005), foram: www.rededemocratica.
org/>. Acesso em: 15 jul.
• estabeleceu em dezembro de 2011.
1963, o monopólio estatal so-
bre a importação do petróleo;
Dica
• estabeleu em janeiro de 1964, Assista ao filme “Jango”
o controle sobre os lucros que de Sílvio Tlender data-
do de 1984. Consiste
as multinacionais mandavam para fora do país; e em um documentário
• em 13 de março de 1964, em um comício João Goulart anunciou a assinatura de vários de- que busca resgatar a
cretos, dentre eles, a nacionalização das refinarias particulares de petróleo e a desapropria- imagem de João Gou-
ção, para fins de reforma agrária. lart. Após assitir o filme
Seu programa de governo contemplava, entre outras, a reforma eleitoral concedendo aos partilhe com o tutor,
professor formador e
analfabetos o direito ao voto; a reforma universitária, aumentando o número de vagas nas uni- colegas no Ambiente
versidades públicas; a reforma bancária; a reforma educacional e; a reforma urbana. No entanto, Aprendizagem e nos
João Goulart foi derrubado pelos golpistas em 1 de abril de 1964 não podendo cumprir seu pro- fóruns de debate.
jeto de governo.
Giambiagi, propõe a seguinte questão: “E como avaliar as gestões de Quadros e Goulart?” Atividade
(GIAMBIAGI et all, 2005, p. 65) Quadros e Goulart sucumbiram à mencionada dificuldade de for-
Pesquise na internet
mar coalizões antiinflacionárias. Os dois tiveram que enfrentar a herança recebida de JK ao as- e em livros acerca da
sumirem a presidência e também o comando de uma economia muito maior e complexa, pois história do Brasil nesse
ainda digeria as transformações do Plano de Metas. 1956 a 1960 se configurou como um perío- período e, especifica-
do de economia acelerada e, por isso, trouxeram efeitos macroeconômicos perversos, que Jânio mente a respeito dos
Quadros e João Goular não deram conta de resolver. A renúncia de Quadros agravaria ainda mais partidos políticos. Após
a pesquisa e a leitura
essa situação que culminou com o golpe civil-militar de 1964. partilhe com o tutor,
professor formador e
colegas no Ambiente
3.3.3.5 O Brasil na década de 1960:crises e formação do PAEG Aprendizagem e nos
fóruns de debate.
Sugerimos o livro de
FAUSTO, Boris. História
Com o golpe civil-militar de 1964 assume a presidência do Brasil, o Marechal Humberto Cas- do Brasil. São Paulo:
telo Branco, cujo mandato termina em 20 de janeiro de 1967. Porém, o início dos anos de 1960, USP, 2001.
conforme Vasconcelos; Gremaud; Toneto Júnior (1999), constituiu de uma grande crise econômi-
ca em relação a fase industrial do Brasil. Os investimentos caem, assim como a taxa de crescimen-
to da renda dos brasileiros.
71
UAB/Unimontes - 8º Período
Atividade Para tentar resolver as questões econômicas do país, Castelo Branco convida os economistas
Entreviste pessoas que de perfil ortodoxo Roberto de O. Campos e Octávio G. De Bulhões para ministros de Planejamen-
viveram durante os to e da Fazenda. A política econômica traçada pelos referidos ministros e apoida pelo presidente
governos de Getúlio, Castelo Branco consistiu, conforme Giambiagi et all (2005), no:
Juscelino, Jânio e Jan- • combate gradual à inflação;
go. Procure saber des- • expansão das exportações; e
sas pessoas como era
a vida daquela época, • retomada do crescimento.
sobretudo em relação Essa política econômica foi seguida sem
as questões econômi- grandes desvios até 1973, porém durante o
cas. Após a realização governo de Castelo Branco por causa do de-
das entrevistas partilhe sequilíbrio monetário e externo, essa política
as informações nos
fóruns de debate. sofreu um caráter restritivo. Para sanar seus
problemas econômicos, Castelo Branco irá
Dica criar o Plano de Ação Econômica do Gover-
vo (PAEG). De acordo com Vasconcelos; Gre-
Assista ao filme “Cabra maud; Toneto Júnior (999), os objetivos do
marcado para morrer”
de Eduardo Coutinho, PAEG eram:
datado de 1984. O filme • Acelerar o ritmo de desenvolvimento
coniste em uma história econômico;
baseada no assassinato • Conter o processo inflacionário;
de João Pedro Teixei- • Atenuar os desequilíbrios setoriais e re-
ra, líder de uma Liga
Camponesa na Paraíba. gionais; ▲
Foi iniciado em 1964, • Aumentar o investimento e, consequen- Figura 94: Castelo Branco e seus assessores
interrompido com o temente o emprego; e Fonte: Disponível em:<http://adm-pub-ufop.blogspot.
golpe, e retomado em com/2011/03/paeg-plano-de-acao-economica-do-gover-
• Corrigir a tendência ao desequilíbrio ex- no.html>. Acesso em: 15 jul. 2011.
1984. terno.
Assista também “Terra
em transe” de Glau- As principais metas do PAEG, conforme
ber Rocha de 1967. O Vasconcelos; Gremaud; Toneto Júnior (1999), eram:
filme conta a história • Redução de déficit público mediante a redução dos gastos e da ampliação das receitas atra-
de Eldorado, um país vés da reforma tributária e do aumento das tarifas públicas;
imaginário onde os • Restrição do crédito e aperto monetário; e
interesses do povo
são manipulados por • Política salarial contemplando reajustes salariais com o objetivo de romper expectativas e
políticos demagogos. conter reivindicações.
Trata-se de uma revisão Conforme Vasconcelos; Gremaud; Toneto Júnior (1999), como a inflação era um dos gran-
crítica da conjuntura des problemas no Brasil no período, o governo econtrou uma forma bastante peculiar para lidar
pré-1964. com ela, ou seja:
Após assistir aos filmes
partilhe com seu tutor, • A inflação é um mal inevitável, por isso a ideia é tentar conviver com ela. Para isso, surge a
colegas e pofessor for- noção de correção monetária ou indexação dos valores à inflação; e
mador suas impressões • Para combater a inflação não serão aplicados tratados de choques, mas acontecerá de forma
no Ambiente Aprendi- gradual, baixando-a paulatinamente.
zagem. Essas medidas proporcionaram a
Para saber mais redução da inflação.
O PAEG também implementou re-
Procure se informar por
formas institucionais como:
meio da internet sobre
a criação do Fundo de • A reforma tributária;
Garantia Por Tempo de • A reforma monetária – finaceira do
Serviço (FGTS) nessa PAEG; e
época. Compartilhe • A Reforma do setor externo.
essa informação com
De acordo com Vasconcelos; Gre-
seu tutor e colegas no
Ambiente Aprendiza- maud; Toneto Júnior (1999), essas re-
gem. formas possibilitaram a alteração do
quadro institucional vigente na econo-
mia brasileira, adapatando-o às neces-
sidades de uma economia industrial.
Montou-se um esquema de finaciamen-
▲
to que viabilizaria a retomada do cres- Figura 95: Símbolo da Reforma tributária proposta pelo
cimento, e dotou o Estado de maior ca- PAEG
pacidade de intervenção na economia. Fonte: Disponível em:<http://adm-pub-ufop.blogspot.
Dessa forma, a política do PAEG obteve com/2011/03/paeg-plano-de-acao-economica-do-governo.html>.
resultados bastante positivos na redu- Acesso em: 15 jul. 2011.
72 ção das taxas inflacionárias e, no sentido, de preparar o terreno para a retomada do crescimento.
História - História Economica Geral e do Brasil
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UAB/Unimontes - 8º Período
Referências
1985. O filme valoriza
a imagem pública de
Tancredo Neves.
- “Linha de Montagem”
de Renato Tapós data-
FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. 18 ed. São Paulo: Companhia Editorial do Bra- do de 1982. Consiste
sil, 1982. em um documentário
que relata as greves de
GIAMBIAGI, Fábio et all. Economia brasileira contemporânea: 1945 – 2004. Rio de Janeiro: Else- 1979 e 1980 em São
vier, 2005 Bernardo do Campo.
Após assistir os filmes
MENDONÇA, Marina Gusmão de; PIRES, Marcos Cordeiro. Formação Econômica do Brasil. São partilhe suas impres-
sões com os colegas,
Paulo: Pioneira Thomson, 2002.
tutor e professor
formador nos fóruns de
PRADO JÚNIOR. Caio. História econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1989. debate e no Ambiente
Aprendizagem.
VASCONCELOS, Marco Antônio Sandoval de; GREMAUD, Amaury Patrick; TONETO JÚNIOR, Rudi-
nei. Economia Brasileira contemporânea. São Paulo: Atlas, 1999.
Para saber mais
Pesquise sobre os mo-
vimentos grevistas que
ocorreram durante esse
período e poste nos
fórus de debates sobre
o assunto.
Atividade
Pesquise sobre os
planos econômicos:
Plano cruzado, o Plano
Bresser, o Plano Verão,
o Plano Collor e o
Plano Real. Partilhe no
Ambiente Aprendiza-
gem seu conhecimento
sobre o assunto.
75
História - História Economica Geral e do Brasil
Resumo
Unidade 1: Conceitos básicos da história econômica e transição
feudalismo/capitalismo.
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UAB/Unimontes - 8º Período
• A Revolução de 1930, com Getúlio Vargas, operou uma mudança decisiva no plano da po-
lítica interna, afastando do poder do estado oligarquias tradicionais que representavam os
interesses agrários e comerciais;
• A industrialização no Brasil após 1930 efetiva-se por medidas adotadas pelo Governo Fede-
ral;
• A crise para configuração do processo de substituição das importações;
• Juscelino Kubitschek e as novas perspectivas para o Brasil.
• Jânio Quadros e João Goulart: governos de cotradição, renúncia e mudanças;
• O Brasil na década de 1960 que aponta crises e formação do PAEG;
• O Brasil nas décadas de 1970 e 1980 que remete ao crescimento acelerado, à crise e à rede-
mocratização; e
• A Nova república
78
História - História Economica Geral e do Brasil
Referências
Básicas
ARRUDA, José Jobson. Revolução industrial e capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1984.
BORGES, Vavy Pacheco. O que é história. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. 84 p. (Coleção pri-
meiros passos, 17)
DE MASI, Domenico. O futuro do trabalho: fadiga e ócio na sociedade pós-industrial. 5 ed. Rio
de Janeiro: José Olympio, Brasília, DF, 2000.
DOBB, Maurice Herbert. A evolução do capitalismo. 6. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.
FRANCO JÚNIOR, Hilário; CHACON, Paulo Pan. História econômica geral. São Paulo: Atlas, 1987
FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. 18 ed. São Paulo: Companhia Editorial do Bra-
sil, 1982.
GIAMBIAGI, Fábio et all. Economia brasileira contemporânea: 1945 – 2004. Rio de Janeiro: Else-
vier, 2005
HOBSBAWN, H. A revolução industrial: 1789-1848. 9 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.
HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. 19 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1993.
MENDONÇA, Marina Gusmão de; PIRES, Marcos Cordeiro. Formação Econômica do Brasil. São
Paulo: Pioneira Thomson, 2002.
OLIVEIRA, Marcos Fábio Martins; RODRIGUES, Luciene (Orgs.). Capitalismo: da Gênese à crise
atual. 2 ed. Montes Claros: Unimontes, 2000.
PERRY, Marvin. Civilização ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 1985.
PINA, Bernardo. Entenda a crise econômica que estamos vivendo. Disponível em: <http://www.
produzindo.net/entenda-a-crise-economica-que-estamos-vivendo/> Acesso em 21 maio 2010.
PRADO JÚNIOR. Caio. História econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1989.
SOUZA, Ari Herculano de. O socialismo. São Paulo: Editora do Brasil, 1989.
VAINFAS, Ronaldo; CARDOSO, Ciro Flamarion. Domínios da história: ensaios de teoria e meto-
dologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
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UAB/Unimontes - 8º Período
VASCONCELOS, Marco Antônio Sandoval de; GREMAUD, Amaury Patrick; TONETO JÚNIOR, Rudi-
nei. Economia Brasileira contemporânea. São Paulo: Atlas, 1999.
VILAR, Pierre. La transition du féodalisme au capitalisme. In: ____. Sur le féodalisme. Paris:
CERM/Éditions Sociales, 1971.
Complementares
BUENO, Francisco da Silveira. Minidicionário da língua portuguesa. São Paulo: FTD: LISA, 1996.
FRANCO JÚNIOR, Hilário; CHACON, Paulo Pan. História econômica geral. São Paulo: Atlas, 1987.
MONTELLATO, Andréa Rodrigues Dias. História temática: o mundo dos cidadãos. São Paulo: Sci-
pione, 2000.
OFFE Claus. Capitalismo avançado e o Welfare State. In: Cardoso, Fernando Henrique. Política e
sociedade. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.
THOMPSON, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo:
Companhia das Letras, 1998.
Suplementares
BEAUD, M. História do capitalismo de 1500 aos nossos dias. São Paulo: Brasiliense, 1987.
BURKE, Peter. A Escola dos Annales-1929/1989: a revolução francesa da historiografia. São Pau-
lo: UNESP, 1997.
HOBBSBAWN, Eric J. A era das revoluções: 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977, cap. 11.
LOBO, R. Haddock. História econômica Geral e do Brasil. São Paulo: Atlas, 1969.
REIS, José Carlos. Escola dos Annales: a inovação em história. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004.
NOVAIS, Fernando Antônio. Estrutura e dinâmica do antigo sistema colonial. São Paulo: Brasi-
liense, 1985.
PILETTI, Nelson; PRAXEDES Walter. O MERCOSUL e a sociedade global. São Paulo: Ática, 1997.
SWEEZI, Paul. A transição do feudalismo para o capitalismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
80
História - História Economica Geral e do Brasil
Filmes
O NOME da Rosa. Direção de Jean Jacques Annaud. Elenco: Sean Conery, F. Murray Abraham.
GUERRA do fogo. Direção de Jean-Jacques Annaud. Elenco: Everett McGill, Rae Dawn Chong, Ron
Perlman, Nameer El Kadi. 1981.
MAUÁ, o imperador e o rei. Direção: Sérgio Resende. Elenco: Paulo Betti, Malu Mader, Othon Bas-
tos, Antonio Pitanga, Rodrigo Penna. 1999.
QUANTO vale ou é por quilo? Direção de Sérgio Bianchi. Roteiro de Sérgio Bianchi, Eduardo Be-
naim e Newton Canitto.
TEMPOS Modernos. Direção de Charles Chaplin. Elenco: Charles Chaplin, Paulette Goddard. Pro-
dução: EUA. 1936.
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História - História Economica Geral e do Brasil
Atividades de
Aprendizagem - AA
1) A partir do debate construído acerca de alguns conceitos, defina História, Economia e
História Econômica.
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