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Filomena Luciene Cordeiro Reis

História Econômica
Geral e do Brasil

Montes Claros/MG - 2012


Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES

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2012
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Maristela Cardoso Freitas Maria Narduce da Silva

Chefe do Departamento de Ciências Biológicas


Guilherme Victor Nippes Pereira
Autora
Filomena Luciene Cordeiro
Graduada em História pela Universidade Estadual de Montes Claros; Pós-
graduação Lato Sensu em Ciências Sociais pela Unimontes e Gestão da
Memória: Arquivo, Patrimônio e Museu pela Universidade Estadual de Minas
Gerais – UEMG; Mestre em História pela Universidade Severino Sombra – USS
e Doutoranda em História pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU.
Professora do Departamento de História da Unimontes.
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Conceitos básicos da história econômica e transição feudalismo-capitalismo. . . . . . . . . 11

1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.2 Conceitos básicos da história econômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.3 As sociedades pré-históricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

1.4 A transição do feudalismo para o capitalismo e os elementos de superação

da crise do século XIV: expansão ultramarina e sistemas coloniais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

1.5 Mercantilismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Consolidação e crises do capitalismo, socialismo e tendências do desenvolvimento

capitalista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

2.2 Revolução industrial e a ascensão do capitalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

2.3 Liberalismo, neocolonialismo e imperialismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

2.4 A primeira guerra mundial, a crise de 1929 e modelos de recuperação da crise de

1930 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

2.5 Socialismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

2.6 Globalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Colonialismo e economia brasileira até a república nova . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

3.2 Colonização da América Portuguesa no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

3.3 Análise econômica do Brasil Colônia e Império . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

Referências Básicas, Complementares e Suplementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
História - História Economica Geral e do Brasil

Apresentação
Caro (a) acadêmico (a),

O caderno didático de História Econômica Geral e do Brasil objetiva proporcionar a você a


compreensão acerca da formação, expansão e transformação do capitalismo e a inserção da eco-
nomia brasileira, nesses processos, desde o período colonial à República Nova.
Nesse sentido, a disciplina História Econômica Geral e do Brasil tem como objetivo geral
possibilitar a compreensão dos processos econômicos mundiais do feudalismo até a atualidade.
Para tanto, é necessário estar atento aos seguintes objetivos específicos:
• Propiciar a compreensão dos conceitos básicos de História Econômica;
• Compreender a História Econômica como a história do domínio do homem sobre a natureza
e de sua capacidade de utilizá-la em proveito próprio, pois, após milhares de anos, o homem
aprendeu a lidar com o mundo que o rodeia e a obter da natureza muito mais do que neces-
sitava para viver;
• Analisar a transição do feudalismo para o capitalismo;
• Analisar a íntima relação entre a trajetória da economia mundial e a evolução das relações
sociais de cada período supramencionado;
• Refletir acerca dos seguintes conceitos: Feudalismo, Mercantilismo, Capitalismo, Colonialis-
mo, Imperialismo e Globalização;
• Estudar e compreender a consolidação do capitalismo;
• Refletir acerca da expansão, dos problemas e dos limites do capitalismo;
• Discutir a globalização, o neoliberalismo e a regionalização;
• Entender as crises vivenciadas pelas grandes potências e o Imperialismo;
• Identificar os mecanismos que favoreceram o início da economia globalizada;
• Discutir acerca do processo de colonização do Brasil pelos portugueses e a repercussão des-
se fato, sobretudo no âmbito econômico;
• Analisar a economia brasileira no período da República;
• Compreender o processo de industrialização do Brasil, após 1930.
Para atender aos objetivos apresentados, organizamos os conteúdos em três unidades. Na
Unidade I, discutiremos os conceitos básicos da história econômica, a transição feudalismo - ca-
pitalismo e a consolidação do capitalismo. Na Unidade II, estudaremos o socialismo, o capitalis-
mo e tendências do desenvolvimento capitalista, assim como a globalização e seus efeitos. Por
último, na unidade III, o colonialismo e a economia brasileira até a República Nova serão o alvo
do estudo.
A leitura e o estudo de cada uma das unidades que compõem o caderno serão úteis por
possibilitar conhecer e compreender a disciplina História Econômica Geral e do Brasil. Enfim, a
proposta desse material é permitir a sua aprendizagem sobre esse universo. Bom trabalho!

A autora.

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História - História Economica Geral e do Brasil

Unidade 1
Conceitos básicos da história
econômica e transição
feudalismo-capitalismo.

1.1 Introdução
Nesta Unidade, abordaremos itens significativos da História Econômica no âmbito geral e
em relação ao Brasil. Num primeiro momento, trataremos dos conceitos básicos da História Eco-
nômica e, em seguida, da transição do Feudalismo para o Capitalismo, enfocando, também, o
Mercantilismo.
Ao discutir os conceitos básicos, a abordagem percorrerá não só a definição de história e de
economia, fazendo a correlação entre elas, como também a trajetória nacional e internacional da
História Econômica.
A transição do Feudalismo para o Capitalismo tentará mostrar, sobretudo, os fatores que le-
varam a esse momento histórico de passagem. Os elementos de superação da crise do século
XIV, como o Mercantilismo, a expansão ultramarina e os sistemas coloniais serão estudados nessa
perspectiva. O Mercantilismo será apresentado a partir de um enfoque especial com a aborda-
gem historiográfica de Francisco Calazans Falcon.
Assim, a proposta dessa unidade objetiva compreender não só o que é e de que trata a His-
tória Econômica, mas também o período de passagem da sociedade feudal para a sociedade ca-
pitalista.

1.2 Conceitos básicos da história


econômica
Para compreensão do significado de História Econômica, é importante definir separadamen-
te que é história e economia, pois cada termo tem um significado específico.
História é definida por Borges (1993) como acontecimento histórico porque o homem não
vive sozinho, mas é um ser social. Por isso, relaciona-se com o mundo e com as pessoas que o
rodeiam, transformando a sociedade em que vive. A acepção processo histórico diz respeito ao
fato de que os acontecimentos históricos não acontecem da noite para o dia, mas por meio de
uma caminhada em que o homem, através das relações estabelecidas, gera mudanças na socie-
dade. Já o conhecimento histórico, que constitui o saber histórico, serve para fazer entender, as
outras ciências, as condições e realidades vividas e experimentadas pelo homem no decorrer da
sua existência.
Os acontecimentos históricos são objetos de análise do conhecimento histórico, ou seja, é
aquilo que aconteceu com o homem na natureza e no universo. A História não é o passado mor-
to, pelo contrário, é uma possibilidade de explicar o universo social do homem por meio dos his-
toriadores que têm como matéria-prima as fontes. As fontes podem ter suportes variados, como
revistas, jornais, fotografias, documentos oficiais, roupas, etc., que constituem vestígios do passa-
do, conforme afirma Le Goff (1996).

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UAB/Unimontes - 8º Período

A História serve para dar a dimensão do homem na socieda-


de através da interdisciplinaridade. A Antropologia, Sociologia,
Economia, Geografia, Psicologia, Demografia, por exemplo, aju-
dam a História a ver e compreender as transformações das socie-
dades humanas, que é a sua essência.
A Economia é a ciência social que estuda a produção, distri-
buição e consumo de bens e serviços. O termo economia vem do
grego oikos (casa) e nomos (costume ou lei) ou, ainda, gerir, admi-
nistrar. Daí, “regras da casa” (lar) e “administraçao da casa” (BAR-
ROS, 2002).
De acordo com Barros (2002), a História Econômica é uma
corrente historiográfica recente, pois nasce no século XIX e ganha
prestígio acadêmico no século XX. Ela acompanhou a evolução
de seu objeto, o que quer dizer que estudou as economias de
sociedades de épocas passadas, objetivando mostrar como o ho-
mem domina a natureza e o meio em que vive para seu proveito.
Ainda conforme Barros, os interesses e objetos da História
Econômica constituem:

a. Produção de bens
• Sistemas e modos de produção escravista, feudal, capitalista,
socialista e comunista;
• Técnicas de produção;
• Meios de produção e suas relações, como:
Capitalista versus operário;
Servo versus senhor feudal;
▲ Escravo versus senhor.
Figura 1: Consumo de
bens • Regimes de trabalho:
Fonte: Disponível em: Trabalho escravo;
<http://images.meez.com/ Trabalho remunerado: estatutário ou CLT;
user11/04/04_10015759173. • Sistemas de propriedade.
gif>. Acesso em: 24 dez.

b. Circulação ou distribuição de bens


• Os ciclos ou fase, como do algodão, do café, etc.;
• Ritmos, levando em conta o tempo lento, longo ou rápido;
• Preços: alto e baixo;
• Trocas no âmbito interno ou externo;
• Moedas: entender o que elas significam e o valor de troca.

c. Consumo de bens
• Hábitos de consumo;
• Salários;
• Sistemas de propriedade;
• Moedas.

Mendonça e Pires (2002), ao tratarem dos conceitos básicos da História Econômica, dizem a
importância de o historiador econômico conhecer uma teoria econômica. Assim, trabalham com
os conceitos de tempo, conjuntura e estrutura. Tempo é pensado na perspectiva de mudanças
e transformações que ocorrem com o homem, gerando o acontecimento histórico. É a ideia de
movimento. No tempo, temos a conjuntura, ou seja, “(...) um corte do movimento temporal da
sociedade” (MENDONÇA; PIRES, 2002, p. 7). E a estrutura que constitui “(...) um conjunto de rela-
ções majoritárias, a solidariedade e proporção existentes entre um conjunto de componentes,
ou seja, a interdependência entre o todo e a parte” (MENDONÇA; PIRES, 2002, p.7). Dessa forma,
abordam o pressuposto básico para avançar em relação aos conceitos básicos de História Econô-
mica, ou seja, a análise estrutural que possibilita estudar as questões que envolvem as modifica-
ções qualitativas (variações dimensionais) e quantitativas (variações estruturais) relativas ao cres-
cimento. Esse crescimento que lida com a arrancada e a desaceleração é que, por sua vez, pensa
o global e o setorial ou a macroeconomia e a microeconomia.

12
História - História Economica Geral e do Brasil

Enfim, Mendonça e Pires (2002) afirmam que: Dica


Reflita e pesquise,
a análise histórico-econômica deve abranger problemas ligados ao processo, individualmente,
não ao estático. O tempo, assim como o movimento, são os pontos de partida acerca das formas de
para a identificação e a análise de dada estrutura. A compreensão da dinâmica produção, distribuição
da estrutura dá-se por meio de cortes conjunturais. Tais conjunturas caracteri- e consumo de bens na
zam-se por movimentos de ordem qualitativa ou quantitativa, que apresentam sociedade, mais espe-
momentos de arrancada e desaceleração. Por fim, a qualidade da análise está cificamente no Brasil e
em saber unir o global e o setorial (MENDONÇA; PIRES, 2002, p. 8). em nossa cidade. Como
ela acontece? Quem
Entre os autores que se dedicam ao es- produz os bens? Quem
tudo da História Econômica podemos citar: distribui? E quem con-
George Duby, Emanuel Le Roy Ladurie, An- sume? Após encontrar
essas respostas partilhe
tônio Gramsci e Mikhail Bakhtin (marxistas), com o professor forma-
Jean Meuvret e Claude Imbert (Escola Históri- dor, tutor e colegas no
ca Francesa), Simon S. Kuznets (Nova História ambiente de apren-
Econômica), Ernest Labrousse, Pierre Vilar e dizagem. Refletir em
Ciro Flamarion Cardoso. conjunto sobre essas
noções permitirá que
você conheça melhor a
cidade em que vive.
1.2.1 História Econômica ◄Figura 2: Georges
Michel Claude Duby
Fonte: Disponível
Conforme Fragoso e Florentino (1997), a em: <http://images.
História Econômica agoniza, e essa tendência google.com.br/
não é localizada, mas mundial. Verifica-se que imgres?imgurl=http://
www.bibl.u-szeged.hu/
a Revista dos Annales apresenta um declínio exhib/duby/gifs/duby.
na produção de artigos que envolvem a Histó- jpg&imgrefurl=http://
ria Econômica. De 1929 a 1945, quando Marc Bloch e Lucien Febvre coordenavam a Revista dos www.bibl.u->. Acesso em
24 dez. de 2009.
Annales, constata-se uma produção de 60% de artigos de História Econômica. Já no período de
1946 a 1969, sob a coordenação de Fernand Braudel, essa produção cai para 40 %; e hoje se faz a
mesma constatação.
O Brasil sentiu esse fenômeno tardiamente: na Universidade de São Paulo, em 1970, metade Para saber mais
das produções científicas, como teses e dissertações, era na perspectiva da História Econômica, Procure se informar,
em 1980, constitui um terço. O mesmo ocorre na Universidade Federal Fluminense e Universida- recorrendo à inter-
de Federal do Rio de Janeiro nas décadas de 1980 e 1990. net ou a sites como o
Com o pós-guerra, ocorre a ênfase na História Econômica, porém, cultura e política se tor- google acadêmico ou
ainda visite a biblioteca
nam autônomas. Em 1940, historiadores economicistas da Escola Histórica Francesa e do mun- da sua cidade, sobre
do anglo-saxão afirmam-se como economistas-historiadores criando o movimento denominado os autores George
Nova História Econômica. Os historiadores assumem o modelo dos economistas com as equa- Duby, Emanuel Le
ções e quadros estatísticos, nesse papel não são historiadores e não são economistas. É a contra- Roy Ladurie, Gramsci
mão da História Econômica. Assim, vários historiadores, como Labrousse, Vilar, Kula, Darnton, Le e Bakhtin, Meuvret,
Imbert, Kuznets, Ernest
Roy Ladurie, Berend, Paul Bois e outros, por meio de estudos e pareceres acerca dessa questão, Labrousse, Pierre Vilar e
afirmam que a História Econômica deve ser apreendida além dos números, numa perspectiva Ciro Flamarion Cardoso.
global. Conhecer esses autores
De acordo com Fragoso e Florentino (1997), a Histó- e sua trajetória é im-
ria Econômica dizia explicar tudo, bem como determinar, portante para conhecer
seus posicionamentos
através de laboratórios e modelos matemáticos, todas as em relação ao que eles
questões. Era elitista, afastando-se da História, dos histo- escreveram, sobretudo,
riadores e dos homens. no campo historio-
Após 1945, a História Econômica continua em declí- gráfico. De antemão,
nio por causa do enorme crescimento dos Estados Unidos é possível afirmar que
eles contribuem com
da América e da economia socialista da União Soviética. os novos formatos da
Esses acontecimentos sugerem transformações no mun- historiografia. Poste
do. Em 1960 e 1970, há um crescimento da História Eco- o resultado de sua
nômica feita por economistas. Criam-se, então, os institu- pesquisa no fórum de
▲ discussão e tente veri-
Figura 3: Ciro Flamarion Cardoso, tos e departamentos de História Econômica. Verifica-se,
ficar as posturas desses
historiador brasileiro. nesse período, o isolamento intelectual, a fragilização e autores em relação às
Fonte: Disponível em: <http://www.google. marginalização da História Econômica. escolas historiográficas
com.br/imgres?imgurl=http://>. Acesso em estudadas nas discipli-
7 jul. de 2011. nas anteriores.

13
UAB/Unimontes - 8º Período

Para saber mais Na contramão da história surgem elementos exteriores com outras propostas, como Carlos
Procure se informar Ginzburg, que, diante do macro - estuda o micro -, ou seja, temas como privado, pessoal e o vi-
sobre a Escola dos vido. François Dosse disse que a história conquista a mídia e, assim, o papel do historiador se
Annales, pesquise na modifica, ou seja, em vez de revolucionar, conservar. Já Ciro Flamarion aborda a falência dos sis-
internet e nos seguintes temas éticos tradicionais que norteavam as relações dos indivíduos consigo e com os outros.
livros: A grande questão nesse contexto, de acordo com Florentino e Fragoso (1997), é: como fica
- REIS, José Carlos.
Escola dos Annales: a a História Econômica? Constata-se que o homem continua trabalhando, produzindo e consumin-
inovação em história. do e expressando-se em relação à cultural de diferentes formas. A História Econômica diante da
2. ed. São Paulo: Paz e sua trajetória é legítima como campo do saber, e o saber histórico é construído a partir da inter-
Terra, 2004. disciplinaridade, ou seja, as outras áreas do conhecimento contribuem para a historiografia.
- BURKE, Peter. A Es- Nesse sentido, Fragoso e Florentino (1997) apontam perspectivas futuras da História Econô-
cola dos Annales - 1929
- 1989: a revolução mica no Brasil:
francesa da historio-
grafia. São Paulo: Ed. • Pensar a historiografia nacional de 1930 a 1970 que contava com as contribuições de Caio
UNESP, 1997. Prado Júnior, Celso Furtado, Fernando Antônio Novais, Ciro Flamarion Cardoso e Jacob Go-
Após a pesquisa, faça render, os quais montaram quadros explicativos, dando conta da sociedade e de economias
um resumo e encami-
nhe ao tutor para que coloniais na perspectiva da totalidade;
ele possa fazer uma • Publicação de trabalhos, inclusive de economistas, dialogando com a Sociologia e a Econo-
apreciação mia, desferindo golpes no factualismo;
• A História Econômica, sobretudo de Londres e Chicago, de modo diferente, não se separou
Glossário formando institutos e departamentos, ou seja, não conheceu a Nova História Econômica;
Factualismo: factual; • O apogeu da História Econômica se deu por causa das pós-graduações.
referente a fatos; que
se baseia em fatos.
(BUENO, 1996, p.
285)
1.3 As sociedades pré-históricas
Dica
Retome o material de
Introdução aos Estudos
de História e Historio-
grafia para relembrar
o que você estudou
sobre História Econô-
mica. Partilhe com os
colegas essas leituras
no ambiente de apren-
dizagem.

Figura 4 e 5: Homens
da pré-história.
Fonte: Disponível
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
sepiensa.org.mx/con-
tenidos/historia; http://
images.google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.negociosgraficos.
com.br/>. Acesso em: 13
jan. 2010.

Conforme a abordagem anterior que trata da definição de História Econômica, mostrando


como o homem dominava a natureza e o meio em que vivia para seu proveito, vamos retornar
ao período da “pré-história” para conhecer um pouco mais sobre a história da humanidade. Esse
item objetiva apenas relembrar como o homem dominou a natureza e tudo que está ao seu re-
dor para, posteriormente, compreender como se deu a passagem da sociedade feudal para a so-
ciedade capitalista.
Inicialmente, fazemos uma ressalva a respeito do termo “pré-história”. Esse termo, para a his-
toriografia, é impróprio, pois o homem é o sujeito da história e, por isso, sempre histórico. Então,
não há antes e depois na história. Ressaltamos que, didaticamente e conforme já está estabeleci-
do, vamos utilizar o termo sempre lembrando essa observação.

14
História - História Economica Geral e do Brasil

Atividade
Assista ao filme: Guerra do fogo (La Guerre du feu, 81, FRA/CAN), sob a direção de Jean-Jacques
Arnaud. Elenco: Everett McGill, Rae Dawn Chong, Ron Perlman, Nameer El Kadi. O filme trata de dois
grupos de hominídeos pré-históricos: um que cultuava o fogo como algo sobrenatural, e outro que
dominava a tecnologia de fazer o fogo. Em termos de linguagem, o primeiro não está muito longe dos
demais primatas, emitindo gritos e grunhidos quase na totalidade vocálicos. Já, o segundo grupo pa-
rece ter uma comunicação mais complexa, fazendo uso de um maior número de sons articulados. Há
outros elementos culturais, como habitações e ritos, que denotam um maior grau de complexidade
do segundo grupo em relação ao primeiro. Ao assistir ao filme, reflita acerca de como se dá o proces-
so histórico e como cada grupo se desenvolve em momentos diferentes. Verifique as mudanças que
ocorrem nas vivências do homem no decorrer do tempo, desde o período abordado no filme, até os
dias de hoje. Posteriormente, debata com seu professor formador, tutor e colegas sobre suas impres-
sõe no ambiente de aprendizagem.

1.3.1 O paleolítico

Esse período compreende cerca de


700.000 a 10.000 a.C. A atividade econômi-
ca fundamental do homem, conforme Hilário
Franco Júnior e Paulo Pan Chacon (1987), era a
caça. A coleta constituía uma atividade secun-
dária, geralmente praticada pelas mulheres.
O homem desse período é caçador e coletor,
sendo inferior a outros animais em força física
e agilidade, porém sua inteligência e habilida-
des eram maiores. Ele utilizava os recursos da
natureza, como, por exemplo, pedras para con-
feccionar instrumentos: machados, raspadeiras
e facas, etc. A grande descoberta do homem
desse período é o fogo. O fogo servia para co-
zinhar os alimentos e afugentar os animais e,
dessa forma, dava maior segurança ao homem.

Figura 6: Cenas do filme
1.3.2 Mesolítico “A guerra do fogo”.
Fonte: Disponível em:
<http://blog.uncovering.
Compreende o período entre org/archives/2008/03/a_
guerra_do_fogo.html>.
10.00 a 7.000 a. C. O homem nessa Acesso em: 26 de dez.
época é pastor e agricultor, e a ati- 2009.
vidade fundamental ainda é a caça.
Conforme Hilário Franco Jú-
nior e Paulo Pan Chacon (1987), o
homem domestica os animais. Ele,
como pastor, captura o animal vivo,
pequeno ou doente, e cuida dele. Figura 7: Viver no
O animal não se afasta porque tem Neolítico.
alimento. Para o homem, há as van- Fonte: Disponível
tagens de ter carne ao alcance, usar em: <http://images.
google.com.br/
o leite como alimentação comple- imgres?imgurl=http://4.
mentar diminuindo a mortalidade bp.blogspot.com/>. Aces-
infantil e possibilitando, posterior- ◄ so em: 31 dez. de 2009.
mente, o surgimento do queijo, da manteiga e de outros alimentos. As mulheres coletam mel,
frutas e raízes, observam no seu cotidiano as sementes germinando e descobrem que é possível
cultivar a terra. Essa nova realidade muda à mentalidade do homem dessa época. O amanhã não
é mais incerto.

15
UAB/Unimontes - 8º Período

Como pastor e agricultor, conforme Hilário Franco Júnior e Paulo Pan Chacon (1987), o ho-
mem percebe que pode acumular, pois existe agora o excedente que, por sua vez, vai gerar a
Revolução Neolítica. São características da Revolução Neolítica:

• O homem produz seu alimento e não depende do acaso para sobreviver;


• A agricultura é base de todas as economias;
• A vida agrícola sedentariza o homem, que cria vínculo emocional com a terra;
• A vida comunitária torna-se mais intensa. Precisa-se de mais pessoas para lidar com a terra.
A partir daí, surge o estado;
• Com o excedente, surge a propriedade privada que possibilita a substituição do comunismo
primitivo, e a separação entre donos de terra e rebanhos versus aqueles que trabalham, oca-
sionando a escravidão;
• A necessidade que haja braços para cultivar as terras faz surgir às guerras;
• Novas técnicas, como a cerâmica e os instrumentos de pedra trabalhada, possibilitam a se-
dentarização do homem;
• Surgimento das primeiras trocas;
• Os mistérios, como o fenômeno da semente brotar, a importância das chuvas, do sol e da
temperatura, preparam o espírito humano para as religiões;
• A necessidade de registrar a extensão de terras, a produção de vegetais, o número de gados
e as palavras aos deuses proporcionam a criação da escrita, ou seja, a passagem para a His-
tória.
• A partir de então, ocorre uma nova configuração que permite o surgimento das civilizações
de regadio ou hidráulicas.

1.3.3 Civilizações de regadio ou hidráulicas

Com o surgimento da agricultura, o homem trabalha em grupo e procura um lugar para a


atividade. As primeiras civilizações nascem, então, em torno dos rios. Cita-se como exemplo:

• Mesopotâmia que nasce às margens dos rios Tigre e Eufrates, onde se plantava cevada, po-
rém o lugar era acessível a muitas enchentes;
• O Egito nasce às margens do rio Nilo, onde se cultivou trigo e cevada;
• A Índia às margens dos rios Ganges e Indo;
• A china às margens do rio Amarelo.

Os rios fertilizam a terra e permitem boas


colheitas, porém, há algumas preocupações
com o homem desse período. Ele deve levar
água a locais distantes e, para isso, cria os ca-
Dica nais de irrigação e diques para deter as en-
Retome o caderno chentes. Com essas demandas, surge a neces-
didático de História sidade da coordenação desses trabalhos. O
Antiga para se lembrar poder central será necessário para defender o
dessas questões, e
facilitar sua assimilação
território e interferir junto aos deuses. Nasce o
da disciplina. estado burocratizado e teocratizado.

1.3.4 Civilizações comerciais


Figura 8: Egito às
margens do rio Nilo. As civilizações comerciais não apresen-
Fonte: Disponível tam condições geográficas propícias à agri-
em: <http://images.
google.com.br/
cultura, mas buscam meios para conseguir
imgres?imgurl=http://4. produtos alimentícios, oferecendo em troca
bp.blogspot.com/>. outras mercadorias. O resultado disso é o de-
Acesso em: 31 dez. 2009. ►
senvolvimento do comércio de base agrícola.

16
História - História Economica Geral e do Brasil

Podemos citar como exemplos:

• Fenícia, atual Líbano, dedicou-se à pesca, e tratou do cedro e da


madeira para a fabricação de barcos, além disso, cultivou a vinha e
a oliveira típicas do local;
• A Grécia tinha pouca área fértil, um relevo acidentado, era pro-
fundamente penetrada pelo mar, e a existência de portos naturais
leva-a para a navegação. A Grécia, como vocês estudaram anterior-
mente em História Antiga, torna-se uma grande potência até sur-
gir Roma que domina praticamente o mundo conhecido naquela
época. Tanto a Grécia quanto o Império Romano desenvolverão no
decorrer da sua trajetória histórica o modo ou sistema de produção
escravista. Com a queda do Império Romano, gradativamente, ve-
remos o Feudalismo ser implantado e ganhar configuração. E a par
desse contexto que iremos tratar da transição do Feudalismo para
o Capitalismo, ou seja, a partir do que foi apreendido nas discipli- ▲
nas anteriores que embasam essa discussão. Figura 9: Fenícia, com
o cedro e a madeira,
fabrica barcos e torna-
se uma civilização

1.4 A transição do feudalismo para marítimo-mercantil.


Fonte: Disponível
em: <http://images.

o capitalismo e os elementos de
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.artimanha.com.br/
Navio>. Acesso em: 26 dez.

superação da crise do século XIV: 2009.

expansão ultramarina e sistemas


coloniais
Após a abordagem da história do homem,
desde os primórdios até a idade antiga com a
queda do Império Romano e a nova configu-
ração social, política, econômica e cultural que
se construiu com o feudalismo, passamos a
discutir a transição do feudalismo para o capi- Dica
talismo que ocorreu concretamente a partir do Retome o material de
século XII. História Medieval, que
De acordo com Pierre Vilar (1971), deve-se você estudou no ensino
pensar a passagem qualitativa da sociedade médio, e os cadernos
didáticos de História
feudal para a sociedade capitalista. Esse acon-
Medieval I e II do Curso
tecimento não deve ser colocado de maneira de História da UAB com
acabada e pronta, mas pensando nas variações o objetivo de rememo-
de país para país. Nessa perspectiva, os fatores rar esses temas. Sugeri-
imediatos que contribuíram para essa passa- mos também que você
consulte os seguintes
gem foram os elementos contrários ao princí-
livros:
pio do modo de produção feudal que, por sua - VALADARES, V. T. de
vez, possibilitaram a sua destruição. São eles: et al. História: assim ca-
1) A propriedade da terra em diferentes minha a humanidade.
graus; Belo Horizonte: Editora
▲ do Brasil em Minas Ge-
2) A propriedade limitada sobre as pessoas. Figura 10: Estrutura social feudal. rais, 1992.
Fonte: Disponível em: <http://images.google.com.br/ - MONTELLATO, A. et
imgres?imgurl=http://www.professoraclara.com/ima- al. História temática:
gens/feudal/feudo>. tempos e culturas. São
Acesso em: 28 dez. de 2009. Paulo: Scipione, 2000.

17
UAB/Unimontes - 8º Período

Atividade
Assista ao filme “Em Nome de Deus” que conta a história ocorrida no século XII, em que Abelard
(Derek De Lint), um respeitado filósofo e professor em Paris, é contratado para ser o tutor da bela e
inteligente Heloise (Kim Thomson). Rapidamente, eles se apaixonam, mas precisam manter seu rela-
cionamento escondido de todos porque Abelard está comprometido com o celibato. O filme lançado
em 1988, direção de Clive Donner, auxiliará na compreensão da mentalidade medieval e contribuirá
na assimilação do período medieval. Assim, assista ao filme com essa intenção. Posteriormente, deba-
ta com seu professor formador, tutor e colegas quais são suas impressões sobre o filme, relacionando
ao tema estudado.
O resultado dessa desagregação demonstra que o Feudalismo era um circuito quase fecha-
do, porém deixou brechas para outras possibilidades que fluíram no decorrer do processo. As im-
plicações apresentadas a seguir desagregaram e desestruturaram o Feudalismo, possibilitando
sua passagem para a sociedade capitalista. São elas:

Figura 11: Elementos de • Trocas exteriores;


um feudo. • Desenvolvimento da circulação monetária;
Fonte: Disponível
em: <http://images. • Propriedade absoluta que progride, em vez de retroceder, diante da propriedade feudal;
google.com.br/ • Homens livres, ricos ou pobres, cada vez mais numerosos, vinculados às relações feudais;
imgres?imgurl=http:// • A cidade adquire importância ao lado dos campos. Percebe-se o surgimento de fortunas
www.professoraclara.com/
imagens/feudal/feudo>. mobiliárias;
Acesso em: 28 dez. 2009. • Impostos do estado competem com tributos senhoriais.

Esses fatores constituíram ameaças ao regi-
me feudal, proporcionando sua desagregação.
Conforme Pierre Vilar (1971), nas discus-
sões teóricas acerca da transição feudalismo/
capitalismo há controvérsias. Verifica-se que
alguns locais, desde o século XI, esboçam o Ca-
pitalismo. Porém, ressalta-se que Karl Marx diz
que algumas cidades italianas irão esboçar o
Capitalismo a partir do século XIV.
Conforme Vilar (1971), não se pode falar
da verdadeira passagem da sociedade feudal
para o Capitalismo porque esses esboços re-
trocedem. Somente quando regiões extensas
vivem um regime completamente novo pode-
-se dizer que se deu a passagem para o Capi-
talismo. Essa passagem decisiva vai ocorrer
Figura 12: Escravos quando as revoluções políticas, como as revoluções burguesas, sancionam juridicamente as mu-
servindo em um danças de estruturas e novas classes sociais dominam o estado. Mas essa evolução dura séculos,
banquete romano. porém ocorre com a burguesia legitimando o Capitalismo.
Mosaico proveniente de
Cartago. Século III d.C.
Fonte: Disponível
em: <http://images. 1.4.1 O papel da burguesia
google.com.br/
imgres?imgurl=http://3.
bp.blogspot.com/ >.
Acesso em: 28 dez. 2009.
Pierre Vilar (1971) orienta que se deve ter precaução ao usar as palavras burguesia e Capi-
▼ talismo. Justifica seu ponto de vista dizendo que essas palavras fazem parte da sociedade mo-
derna, onde há produção maciça de mercadorias e exploração de trabalho
assalariado, em outras palavras, verifica-se o antagonismo entre quem nada
possui e quem possui os meios de produção. Por outro lado, de acordo com
Pierre Vilar (1971), ocorre um abuso no emprego das expressões Capitalis-
mo antigo e Capitalismo medieval, sendo interessante apresentar o sentido
de cada termo.

a. Capitalismo antigo

De fato, existiam financistas em Roma e mercadores em Veneza na Ida-
de Antiga, mas eles não dominavam a produção social dessa época. Quem
fazia isso eram os escravos. Então, não se pode comparar essa realidade

18 com a configuração do Capitalismo.


História - História Economica Geral e do Brasil

b. Capitalismo medieval
Verifica-se que na Idade Média havia uma produção industrial, po-
rém obtida de forma artesanal e corporativa. O mestre artesão compro-
mete seu capital e trabalho, e alimenta em sua casa os companheiros e
aprendizes, de maneira que as relações sociais não se reduzem a laços
apenas de dinheiro. Nesse formato, não ocorre à separação entre os
meios de produção e o produtor típico do Capitalismo.
As comunas também são extremamente importantes dentro desse
contexto, pois é o local onde se vê um caráter coletivo do modo de viver
urbano, assim como as guildas que tinham o modo de vida dos mercado-
res com uma estrutura burguesa da Idade Média. Tanto as comunas como
as guildas apresentam estruturas diferentes das estruturas burguesas ca-
pitalistas do século XIX.
Diante desse contexto, Pierre Vilar (1971) afirma que não há capitalis-
mo, pois ele tem outra configuração, conforme explica a abordagem anterior. ▲
Figura 13: Gravura
francesa do século XIII:
servos trabalhando
1.4.2 O renascimento das cidades no campo. Ao fundo,
o castelo senhorial
(STENMANN, H.; OLMO,
Pierre Vilar (1971) e Hilário Franco Júnior (1987), ao tratarem desse assunto, fazem questão de M. J. A.del [199-?] p.32).
dizer que não estão falando do Oriente, que apresenta outro contexto, mas do Ocidente Europeu. Fonte: Disponível
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
soniamartins.com.br/img/
artigos/>. Acesso em: 28
dez. de 2009.

Figuras 14 e 15: Cidade


da Idade Média e a
cidade de São Paulo nos
dias atuais.
Fonte: Disponível em:
<http://cidademedieval.
blogspot.com/2008/09/
vida-urbana-medieval-
-iluminada-pela-luz.html
>. Acesso em: 21 de maio
de 2010.
<http://cafehistoria.ning.
com/>. Acesso em: 28 dez.
◄ 2009.
Glossário
Comunas: Cidades com
governo próprio, livres.
(BUENO, 1996, p. 152)
Nesse sentido, rememorar a atividade urbana no século III é interessante para verificar como Guildas: Corporações
se dá a evolução do renascimento das cidades ainda na Idade Média. A atividade urbana, nesse artesanais ou corpo-
rações de ofício. Eram
período, era mínima, pois, com as invasões dos bárbaros, apresenta outro contexto histórico. Ve- associações de artesãos
rifica-se que as cidades romanas cercadas de muralhas que serviam para proteção não desapare- de um mesmo ramo,
cem, mas vivem mediocremente. O caráter rural da vida econômica e social corresponde ao perí- isto é, pessoas que
odo de implantação do modo ou sistema de produção feudal que ocorreu nos séculos IV ao X. As desenvolviam a mesma
exceções são Lund, no Mar Báltico, e Veneza, no Mar Mediterrâneo, que praticavam o comércio atividade profissional
e que procuravam ga-
em terras distantes até o século IX, além das frentes de contato, como Espanha muçulmana e rantir os interesses de
cristã, que tinha papel militar ou comercial, distribuindo objetos preciosos ou moedas adquiridas classe e regulamentar a
nas razzias e com vendas de escravos. Assim, no século XI, generaliza-se o grande comércio que profissão. Ocorreram na
proporciona: Europa durante e após
• produção local destinada ao mercado; a Idade Média. (BUENO,
1996, p. 334)
• substituição de oficinas dos servos no feudo. Agora, ocorre a fabricação de objetos de uso
corrente pelas oficinas urbanas;
• a especulação que surge com pessoas querendo abusar ou tirar vantagem da situação;
• a oposição entre cidade e campo.

É importante ressaltar que, no período medieval, as cidades dependiam dos senhores, mas,
internamente, constata-se que:
19
UAB/Unimontes - 8º Período

Dica • os moradores das cidades se rebelavam e discutiam, propiciando as “cartas de franquia”, ou


Com o objetivo de seja, a liberdade;
compreender melhor a • as cidades, coletivamente, pertenciam ao sistema feudal, mas, dentro das muralhas, os habi-
transição da Idade An- tantes eram livres e organizavam-se;
tiga para Idade Média, • fundação de novas vilas, com o objetivo de vigiar as fronteiras, povoar territórios, aproveitar
leia: encruzilhadas e exigir a liberdade.
- GUERRAS, Maria
Sonsoles. Os povos Essas cidades se tornavam livres, mas não modificam o modo e as relações de produção que
bárbaros. São Paulo: continuam camponesas, porém influenciam outras comunas rurais e dão asilo aos servos refugia-
Ática, 1987. dos e lutam pela liberdade.
Nas cidades, nobres, mercadores e corporações artesanais disputam o poder municipal. Para
isso, firmam compromissos ou se eliminam, gerando uma crise geral do feudalismo no século XIV
e XV. Nessa época, surgem às propriedades urbanas e fortunas mercatins, assim como é um tem-
po de luxo, construções de mecenas das artes, mas não é o auge produtivo, porque a burguesia
vive de renda ou compra de terras feudais. A burguesia imita os senhores feudais não caracteri-
zando uma nova configuração nas cidades. Diante de tudo isso, as lutas de classes se agravam,
pois a situação não é harmoniosa. Enfim, essa realidade não se apresenta de forma tranquila e
serena, pelo contrário é conflituosa e tensa. Desse modo, as cidades do Mediterrâneo, que eram
mercantis, entram em decadência, pois os turcos conquistam o Oriente em 1453. A Inglaterra,
Portugal e Espanha agora se tornam novidades para a Europa Ocidental.

1.4.3 As forças produtivas dos séculos XV e XVI

Nos séculos XV e XVI, as forças produtivas também constituem as invenções e os descobri-


mentos de acordo com Pierre Vilar (1971).

a) Invenções

No século XV, o número de invenções é muito maior que no século XVII. Isso se justifica porque:
• o uso da artilharia impulsiona a produção de metal;
• surge o primeiro alto forno;
• a imprensa também é criada e difunde o pensamento humano;
• ocorre o progresso da ciência da navegação.

Figura 16: Invenção da


imprensa: equipamento
utilizado para prensar.
Fonte: Disponível
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.paroquiansdores.
org/wp-content/uploa-
ds/2008/07/>.
Acesso em: 28 dez. 2009. ►
Enfim, pela primeira vez, as técnicas industriais e de comunicações ultrapassam a técnica
agrícola, dando início ao processo que coloca a indústria em primeiro plano.

20
História - História Economica Geral e do Brasil

b) Expansão marítima e colonial

No final do século XV, por meio da expansão marítima e colonial,


há uma grande riqueza que vem do exterior. Nesse período, verifica-se
que ocorre

• a circunavegação da África;
• o descobrimento da rota das Índias por Vasco da Gama e da América
por Cristóvão Colombo;
• a volta ao mundo realizada por Fernão Magalhães.

Essas “descobertas” ampliaram o nível científico e a concepção de


mundo na Europa, além disso, ocorre a retomada do grande comércio
de produtos exóticos, escravos e metais preciosos, que constitui a finali-
dade dos “descobridores”.

1.4.4 Acumulação primitiva de capital



Figura 17: Navegações
De acordo com Pierre Vilar (1971), há duas versões para explicação da acumulação primitiva do século XV.
de capital. Uma versão é a de Max Weber que diz que ela ocorre por meio do espírito de poupan- Fonte: Disponível
ça. Essa explicação ganha respaldo nas teorias protestantes. A outra versão, de Karl Marx, explica em: <http://images.
que a acumulação primitiva de capital só pode acontecer por causa das crises, das violências, dos google.com.br/
imgres?imgurl=http://
desequilíbrios, dos açambarcamentos e das usuras do fim do regime feudal e a expansão dos www.dightonrock.com/
europeus. caravela2>. Acesso em: 28
É na perspectiva marxista que Pierre Vilar (1971) aborda essa questão. Nesse sentido, a acu- dez. 2009.
mulação primitiva de capital se deu da seguinte forma:

a) Expropriação agrária e proletarização das mas- ◄ Figura 18: Cercamentos


na Inglaterra: séculos
sas rurais
XV a XVIII.
Fonte: Disponível em:
Marx tem como símbolo para explicar esse fato à In- <http://images.
glaterra. No século XIV, verifica-se o desenvolvimento da google.com.br/
classe rural comprometida com a produção artesanal e com imgres?imgurl=http://
www.usp.br/fau/docen-
o comércio de produtos. Nos séculos XV e XVI, há o incen- tes/>. Acesso em: 28 dez.
tivo de lucros sobre campos de pastagens com a indústria 2009
de lã que acaba por expulsar pequenos agricultores dos
campos. Essa expropriação se dá de forma sistemática. O
despovoamento e o empobrecimento do campo ocorrem
sistematicamente contando com uma legislação impotente
ao movimento. Essa legislação, no entanto, volta-se contra
Figura 19: Aspecto do
o pobre, desocupado e vagabundo que são colocados à interior de uma mina de
disposição da indústria. Enfim, a expropriação e a proleta- ouro.
rização têm como resultado a acumulação primitiva. Esse Fonte: Disponível em: <
fenômeno é uma violência legalizada. em: br. olhares.com/mina_
de_ouro_foto2422013.
html>
b) Saque e exploração colonial Acesso: em 21 de maio de
2010.
Os saques constituem uma exploração contínua e sistemática dos povos colonizados. Ocor- ▼
rem roubos de joias e tesouros dos colonizados, como os índios na
América, especificamente no México; dos Maias, Incas e Astecas em
Portugal e Espanha; no extremo oriente pelos holandeses no século
XVII; na Índia, no século XVIII, pelos ingleses. A pirataria e a pilhagem
realizadas nos carregamentos dos espanhóis eram constantes.

c) A exploração colonial e alta de preços na Europa

Do século XV ao XVIII ocorre a exploração das minas de ouro no Méxi-


co, Brasil, Cuba e São Domingos. Quem trabalha nessas minas são escravos
e trabalhadores assalariados. A consequência dessa exploração sem limites
é a banalização do ouro e a alteração de preços, sobretudo dos alimentos. 21
UAB/Unimontes - 8º Período

d) O papel do capital usurário e do capital mercantil

A produção industrial em massa não se torna regra na Europa no século XIX. Ainda hoje,
verificamos a existência de países “subdesenvolvidos”. De acordo com Vilar (1971), a acumulação
monetária possibilita a acumulação primitiva de capital por meio de três procedimentos:

• Empréstimo usurário para consumo


Havia dois níveis: o nível mais baixo e o mais alto. O nível mais baixo ocorria quando o ho-
mem tinha disponibilidade monetária e emprestava a juros altos para o camponês comprar suas
ferramentas, sementes e pagar os impostos. O nível mais alto ocorria quando os mercadores e
banqueiros emprestavam aos grandes senhores e príncipes.

• Especulação sobre escassez


Havia as carestias periódicas. Quem acumulava grãos nessas épocas acabava vendendo em
momento oportuno e obtendo lucro. Quem fazia isso era odiado, mas enriquecia.

• Especulação comercial
Ocorria a acumulação primitiva de capital, por meio da especulação comercial a partir de
produtos valiosos, que alimenta o capital mercantil. Os europeus que tinham muito ouro, por
causa da exploração colonial, banalizam-no e compram produtos caríssimos como azeite, vinho
e panos. Nesse mercado de produtos de luxo, há a concorrência que faz a circulação do capital.
Caso isso não ocorresse, a economia viria a pique. Há muita pobreza e alta dos preços, e os ho-
mens com dinheiro tomam o controle da produção.

1.4.5 Etapas finais do processo de transformação

De acordo com Pierre Vilar (1971), a passagem


da sociedade feudal para sociedade capitalista se deu
de forma lenta e gradativa, ou seja, processual. Na se-
quencia, apresentamos alguns fatos que concorreram
como etapas finais desse processo de transformação.

a) Primeiro controle do capital mercantil sobre


a produção industrial
No século XVII, em relação à manufatura, verifi-
cava-se o lucro por meio da exploração das colônias,
sobretudo por causa da matéria-prima, das dificulda-
des do artesanato corporativo e do excesso de mão de
obra no campo. Os mercadores distribuíam matéria-
-prima e instrumentos de produção em domicílios
para os camponeses e oficinas, separando produtor e
meio de produção, organizando, assim, a divisão do
trabalho.

b) Papel dos primeiros estados nacionais e a


acumulação primitiva
As contribuições dos primeiros estados em rela-
ção à acumulação primitiva de capital constituem:
• Organização do crédito, por meio da criação dos ban-
cos, que eliminou os agiotas, mas acabou criando gru-
▲ pos restritos e poderosos;
Figura 20: Interior de
uma fábrica no século
• Proteção da produção nacional, por meio das alfândegas, com a finalidade de fazer dinheiro
XVIII na Inglaterra. e lucro. Um exemplo é a Inglaterra, no final do século XVII, que podia verificar: concentra-
Fonte: Disponível em: ção de propriedade agrária; proletarização de mão de obra; atividade marítima e colonial in-
<http://images. tensa. Portugal e Espanha, que tinham um afluxo de dinheiro, eram diferentes da Inglaterra,
google.com.br/ mas viviam do parasitismo das rendas. A Holanda não tinha recursos industriais na época,
imgres?imgurl=http://
www.coljxxiii.com.br/ assim como a França, que resistia aos cercamentos, por isso o atraso em relação à Inglaterra.
webquest/>. Acesso em:

22
30 dez. 2009.
História - História Economica Geral e do Brasil

c) No século XVIII há o novo avanço das forças


de produção: produção industrial em massa e a nova
agricultura
A Inglaterra do século XVIII apresenta uma nova
configuração com o aparecimento do maquinismo. As
invenções de 1730 a 1760 substituem a manufatura pela
maquinofatura, multiplicando a produtividade, tornan-
do o trabalho mais barato e a mão de obra de força re-
duzida, como a da criança e da mulher, passa a ser utili-
zada. Pode-se citar, como exemplo, a metalurgia com a
fundição de carvão, por meio da máquina a vapor, cujas
consequências foram a produção industrial em massa,
contando com a fonte do capital através da mais-valia.
A partir daí, acaba a era da acumulação primitiva. Tudo
é mercadoria, e as relações sociais são vinculadas ao di- ▲
nheiro e ao lucro. Configura-se, então, o fim do Feudalismo. Figura 21: Agricultura
Verifica-se, também, a exploração cada vez mais acentuada do trabalho humano. No século industrializada nos
XVIII, ocorre a alta de preços, sobretudo dos alimentos. A fonte de renda e riqueza é constituída nossos dias.
Fonte: Disponível
por meio da exploração das colônias. Grandes fortunas são edificadas com o colonialismo. Da em: <http://images.
América, vem o algodão; do Brasil, especificamente, o ouro e do México, a prata. A Índia também google.com.br/
é fonte de exploração, sobretudo das especiarias. O salário é diminuído, porém há um contraste: imgres?imgurl=http://
www.rodalpr.com.br/
todos, mulheres e crianças, podem trabalhar aumentando a renda familiar, favorecendo, na épo- imagens/colheitadeiras.>.
ca, o desaparecimento da carestia e da falta de pão. Acesso em 30 dez. 2009
Nesse contexto, ocorre a revolução agrícola e a liberdade do comércio de grão por meio da
produção agrícola em massa para a venda.
Enfim, nem todos os países entram no século XVIII no Capitalismo. A Inglaterra tornou-se
capitalista em 1760. Contudo, verifica-se ainda hoje que há aqueles países, como, por exemplo, a
África que não chegaram a esse ponto. Outra questão importante é em relação ao regime social
que não estava constituído exclusivamente pela economia, pois cada modo de produção corres-
pondia a um sistema direto de instituições e de formas de pensamento, como, por exemplo, as
lutas de classes, resistências do regime anterior, revoluções e conflitos.

1.5 Mercantilismo
Para Francisco Calazans Falcon (1986), autor eleito, neste caderno didático, para tratar do
Mercantilismo, Pierre Deyon diz que o Mercantilismo nunca existiu e é um mito, pois esse termo
foi criado no século XIX pelos positivistas. São os admiradores da Escola Histórica Alemã no sécu-
lo XIX que denominam pela primeira vez esse fato de Merkantilismus.

1.5.1 Quem constrói o conceito/termo

Os fisiocratas no século XVIII e economistas


da Escola Clássica de Economia no século XVIII e
XIX denominam após estudos esse acontecimento
como “sistema mercantil” ou “sistema do comércio”.

Figuras 22 e 23: Adam Smith (1723-1790)


e David Ricardo (1772-1823).
Fonte: Disponível em: <http://images.goo-
gle.com.br/imgres?imgurl=http://jacusers.
johnabbott.qc.ca/~bill.russell/AdamSmith>.
Acesso em 31 dez. 2009. ►

23
UAB/Unimontes - 8º Período

Glossário
Fisiocracia: Considerada a primeira escola da economia científica, antes até mesmo da teoria clássica
de Adam Smith, é uma teoria econômica que surgiu para se opor ao mercantilismo, apresentando-se
como fruto de uma reação iluminista. Em síntese, a fisiocracia baseia-se na afirmação de que toda a
riqueza era proveniente da terra, da agricultura.
Escola Clássica de Economia: A economia clássica foi elaborada e sistematizada nas obras dos
economistas políticos Adam Smith e J.S. Mill. Além de Smith e Mill, os principais responsáveis pela
formação da economia clássica foram o francês Jean-Baptiste Say (1767-1832), David Ricardo e Robert
Malthus (1766-1834). A ideia central da economia clássica é a de concorrência. Embora os indivíduos
ajam apenas em proveito próprio, os mercados em que vigora a concorrência funcionam esponta-
neamente, de modo a garantir a alocação mais eficiente dos recursos e da produção, sem que haja
excesso de lucros. Por essa razão, o único papel econômico do governo é a intervenção na economia
quando o mercado não existe ou quando deixa de funcionar em condições satisfatórias, ou seja,
quando não há livre concorrência. (Disponível em: <http://www.prof2000.pt/users/afp/economia/
eco02/04eco02.htm.> Acesso em 31 dez. 2009.)
PARA SABER MAIS Uma questão importante para a construção do conceito de Mercantilismo que Falcon (1986)
Pesquise na internet ou chama atenção é para a utilização do sufixo “-ISMO” que remete à ideia ou à maneira de pensar
leia os seguintes livros e sentir. Essa palavra é contemporânea ao objeto de estudo que se quer indicar, sendo coerente.
para saber mais sobre Verifica-se, também, de acordo com Falcon (1986), um anacronismo em relação a esse ter-
noções como mate-
mo. Mercantilismo é definido como ideias e práticas econômicas cuja característica básica é a
rialismo, idealismo e
História Nova: intervenção do Estado na economia. Porém, além dessa definição, é interessante considerar o
- CARDOSO, Ciro Flama- Mercantilismo como produto das condições específicas de um determinado período histórico do
rion. (Org.). Os domí- Ocidente, caracterizado pela transição feudalismo/capitalismo.
nios da história. Rio de Enfim, não há um consenso em relação ao significado de Mercantilismo. Para Marx, esse “ca-
Janeiro: Campos, 1997.
pitalismo comercial” ou Mercantilismo é a primeira época da história do Capitalismo, cuja carac-
- BARROS, José
D’Assunção. O campo terística é o comércio. Para os autores positivistas, Mercantilismo é o sistema ou forma econômi-
histórico: as especiali- ca que caracteriza a economia nacional, ou seja, o espaço geopolítico, o Estado Nacional. Nesse
dades e abordagens da caso, eles consideram apenas os aspectos econômicos e políticos.
história. Rio de Janeiro: Afinal, o que significa Mercantilismo? É um sistema econômico? Um modo de produção en-
CELA, 2002.
tre o feudalismo/capitalismo? Para responder a essa questão, Falcon (1986) diz que há versões
- BOURDÉ, Guy e MAR-
TIN, Hervé. As escolas diferentes e que elas dependem do foco de estudo historiográfico, podendo ser:
históricas. Portugal:
Publicações Europa/ a) Materialista: Modo de produção, cuja característica dominante é o comércio, que tem
América, 1983. papel importante no processo de acumulação primitiva do capital. Mercantilismo não é Capitalis-
mo, mas cria condições para isso.
Figura 24: Karl Marx ► b) Idealista: Mercantilismo é a primeira manifes-
(1818-1883). tação do espírito capitalista. Ele busca lucro por meio
Fonte: Disponível de operações no comércio, empréstimos a juros, con-
em: <http://images. trole de oficinas artesanais e manufaturas e explora-
google.com.br/
imgres?imgurl=http:// ção colonial, propiciando a acumulação do capital
www.fjaz.com/graphics/ comercial.
marx>. Acesso em: 31 dez. c) História Nova: Mercantilismo é o conjunto
2009.
de ideias ou práticas econômicas que caracterizam
a história econômica e política europeia nos séculos
XV, XVI e XVIII, e autores como Adam Smith, Maurice
Dobb e Karl Marx confirmam esse conceito.

Atividade
Procure se informar na 1.5.2 História do conceito ou da ideia
internet, dicionário e
livros na biblioteca da do Mercantilismo
sua cidade sobre o que
é balança comercial fa-
vorável. Depois partilhe De acordo com Falcon (1986), é necessário compreender melhor o objeto de estudo, veri-
com os colegas, pro- ficando a trajetória da sua construção. Nesse sentido, conhecer as expressões anteriores, como
fessor formador e tutor sistema mercantil ou sistema comercial, criadas pelos fisiocratas franceses no século XVIII, que
sobre esse assunto no
ambiente de aprendi-
apresentam uma conotação negativa acerca do Mercantilismo, porque abordam, na perspectiva
zagem. de leis contrárias à economia, como o intervencionismo estatal é fundamental.

24
História - História Economica Geral e do Brasil

Adam Smith, através do livro “Riqueza das nações”, em 1776, define Mer-
cantilismo como um sistema do comércio que se apresenta pronto e acaba-
do, porém com princípios e objetivos equivocados por causa da questão da
balança comercial favorável. Enfim, o Mercantilismo é sinônimo de estatismo,
monopolismo, privilégios abusivos e maquinações diabólicas, conforme abor-
da Falcon (1986).
Na Alemanha, ainda conforme Falcon (1986), Fichte e F. List, integrantes
da Escola Histórica, estuda-se o fato na perspectiva de que o Mercantilismo
privilegia a economia nacional, ou seja, o protecionismo estatal. Assim, Mer-
cantilismo pode ser definido como política econômica racional para constru-
ção e fortalecimento do Estado Moderno.
Em 1930, o sueco Eli Heckscher publica um trabalho discutindo Mercan-
tilismo como um sistema de política econômica em que os meios econômicos
(política protecionista e monetária) conduzem os fins (política de unificação
e política de poder) de natureza política. A pesquisa de Eli Heckscher foi elo-
giada e criticada, assim como considerada historicamente incompleta e sendo
pessimista ao seu objeto de estudo. Para ele, o Mercantilismo era um sistema
imaginário, cuja noção é inútil e perigosa. Porém, o trabalho de Eli Heckscher
foi um marco historiográfico.
Durante a grande depressão de 1930, a ordem do dia era o intervencio-
nismo, protecionismo e autarquia. Esse fato possibilitará compreender a lógi-
ca interna do Mercantilismo e reconhecer a cientificidade e racionalidade na
época em que existiu.
Atualmente, há muitos trabalhos sobre esse assunto que constatam a sua riqueza, diversi- ▲
dade e peculiaridades. Enfim, a construção do conceito ou da ideia de Mercantilismo deu-se de Figura 25: Multidão lota
a Bolsa de Valores de
forma processual. Mercantilismo é mais que uma palavra, um sistema ou uma doutrina, consti- New York logo após
tuindo ideias e práticas econômicas ligadas ao processo que durou mais de três séculos, envol- quedas acentuadas
vendo a transição feudalismo/capitalismo; problemas do estado moderno; absolutismo e expan- de 1929. (Foto:
são político-econômica, fazendo a conexão política e econômica entre o final da ‘Idade Média e o Reprodução/Wikipedia
início da Revolução Industrial’. Commons)
Fonte: Disponível em:
http://images.google.com.
br/imgres?imgurl=http://
1.5.3 Época mercantilista g1.globo.com/Noticias/
Mundo>. Acesso em: 31
dez. 2009.

Conforme abordagem anterior e de acordo com Falcon (1986), o Mercantilismo está inserido
no período de transição feudalismo/capitalismo. Verificam-se divergências com o termo transi-
ção, pois essa palavra é algo sem sentido para a História que vive uma “eterna transição” porque
trabalha com a perspectiva de processo, esse termo também é incompatível com tempo longo.
O contexto do Mercantilismo constitui a passagem da sociedade feudal para a sociedade
capitalista que está inserida nos séculos XV, XVI, XVIII e XIX.
Pensando a época mercantilista, há visões e ponto de vistas diferentes que apresentam as
suas características, tais como:

a) Ideia de ruptura da idade moderna



A ideia de ruptura da Idade Moderna apresenta-se a partir dos seguintes aspectos:

• Econômico: Na Idade Média, há uma economia quase fechada e de subsistência. Na Idade


Moderna, verifica-se a expansão marítima, comercial e colonial com seus efeitos, ou seja,
preços, moeda, exploração ultramar;
• Político: Na Idade Média, o poder é descentralizado, calcado nas mãos dos senhores feudais.
Na Idade Moderna, surgem os estados nacionais, centralizado, propício à guerras e à diplo-
macia, estabelecendo relações políticas e econômicas;
• Social: Na Idade Média, a sociedade era estamental, sem mobilidade social. Na Idade Moder-
na surge a burguesia e, assim, a mobilidade social;
• Espiritual e ideológico: Na Idade Média, a ideologia e a espiritualidade estão voltadas para o
teocentrismo da Igreja Católica. Na Idade Moderna, o Humanismo, o Renascimento, a Refor-
ma Protestante e a Contrarreforma possibilitarão uma nova concepção de mundo.

25
UAB/Unimontes - 8º Período

Para Falcon (1986), essa ideia é insustentável. Pensar na rup-


tura, ou seja, ontem foi de uma forma, e hoje é de outra é incon-
cebível.
b) Ideia de continuidade
Os mesmos aspectos apresentados acima, ou seja, econo-
mia, política, espiritualidade, etc., nessa perspectiva de continui-
dade, permanecem. É a ideia de permanência das relações feu-
dais até o século XVII, na Inglaterra, e 1789, na França. Essa ideia
em parte é válida, porém devem-se ter argumentos para respal-
dá-la.
c) Ideia do novo
Considera-se o Mercantilismo como a época pré-capitalista,
quando se formam e germinam elementos do sistema capitalis-
ta. Essa ideia envereda pelo caminho da teleologia, que tenta ex-
plicar a época não pelo que ela é, mas pelo que virá a ser.

Figura 26: Lutero e as 95 d) Ideia do dualismo estrutural
teses. Tenta superar o dualismo estrutural, ou seja, a coexistência e interdependência de relações
Fonte: Disponível em: feudais e capitalistas. Considerada época de transição feudalismo/capitalismo. Entre todas essas
http://images.google.com. ideias, Falcon (1986) aponta o dualismo estrutural como a mais coerente.
br/imgres?imgurl=http://
eudesenholetras.files.
wordpress.co>. Acesso em:
31 dez. 2009. 1.5.4 Estruturas do período de transição

Falcon (1986) apresenta as estruturas econômicas, sociais, políticas e ideológicas do período


de transição feudalismo/capitalismo, nas quais o mercantilismo se insere. São elas:

a) Econômicas
As estruturas econômicas referentes ao período de transição feudalismo/capitalismo se
apresentam da seguinte forma:
• Relações existentes entre o campo e a agricultura

Figura 27: Camponeses ► Na relação existente entre o campo e a


da Idade Média agricultura, temos:
trabalhando no campo.
- Aforamento: Retrata a persistência das
Fonte: Disponível
em: <http://images.
relações feudais. Os foreiros e senhores são os
google.com.br/ nobres, eclesiásticos e burgueses;
imgres?imgurl=http://raul- - Arrendamento: Identifica-se ou aproxi-
marinhog.files.wordpress.
com/2008/12/idade-
ma-se das relações contratuais capitalistas;
-media>. - Parceria: Ocupa lugar intermediário en-
Acesso em: 31 dez. 2009. tre os dois tipos anteriores, aforamento e ar-
rendamento. Caracteriza-se por ser tipicamen-
te de transição;
- Cercamentos ou enclouseres: O Capita-
lismo com os cercamentos contrapõe a todos.
Eles constituem na expropriação e expulsão
dos camponeses.
Atividade
Procure no dicionário,
com vistas a ampliar • Relações existentes na cidade/indústria
seu conhecimento,
o significado das Na relação existente entre a cidade e a indústria, temos:
palavras: aforamento,
arrendamento, parceria
e cercamento. Depois - O artesanato: Ocorre a produção em pequenas oficinas com o controle das corporações
partilhe com os cole- ou guildas. O artesão é dono dos meios de produção e do processo de produção. Possui caracte-
gas, professor formador rística feudal;
e tutor os resultados - A manufatura: A organização era feita com o produtor direto, ainda artesão, porém subor-
de sua pesquisa no
ambiente de aprendi- dinado ao empresário. Esse empresário fornece a matéria-prima e os instrumentos de trabalho,
zagem. assim como se apropria da produção pagando por tarefa ou salário. Dessa forma, acontece a es-
pecialização de funções. Esse modelo apresenta característica de transição.
26
História - História Economica Geral e do Brasil

b) Sociais
O aspecto social é tratado por Falcon (1986), a partir da discus-
são de classe social.
A sociedade do Antigo Regime é caracterizada como uma socie-
dade de ordens. O termo sociedade de ordens ou estamental consti-
tui a negação de classe social. Para os marxistas, Engels e Lukacs, há
uma impossibilidade do uso do termo classe social no Antigo Regi-
me, pois esse termo é próprio da sociedade capitalista. É necessário
ter consciência de classe para que esse termo possa ser utilizado. Para
os positivistas que trabalham com critérios de evidência, esse termo
não é utilizado no Antigo Regime, logo, não existe classe social nesse
período.
Nessa perspectiva, Falcon (1986) apresenta duas análises para essa
questão. Verifica-se que, trabalhando textos da época, ou seja, do An-
tigo Regime, a sociedade se autodefine como sociedade de ordens ou
de estados. Então, a ideologia e a mentalidade da época tinham essa
concepção.
Em relação a essa questão, na perspectiva marxista, tendo como foco o materialismo históri- ▲
Figura 28: A Liberdade
co, a estrutura socioeconômica e as relações de produção, no Antigo Regime, existe classe social,
guiando o Povo (1830),
e ocorre a luta de classes, apesar de as estruturas religiosas, sociais, políticas e econômicas da de Eugène Delacroix,
época na sua aparência não deixarem transparecer. quadro alusivo à
Enfim, constata-se que a sociedade de ordens do Antigo Regime escamoteia por meio de Revolução Francesa.
práticas político-jurídicas e ideológicas a existência da classe de proprietários de terra (nobreza e Fonte: Disponível
em: <http://images.
clero), classe de camponeses e burguesia mercantil e industrial. google.com.br/
imgres?imgurl=http://
c) Políticas twilighthatersbrasil.files.
wordpress.com/2009/03/
A expressão máxima nesse período de transição da sociedade feudal para a sociedade ca- revoluofrancesasimbolo>.
pitalista é ESTADO ABSOLUTISTA. Esse Estado Moderno é completamente diferente da propos- Acesso em: 31 dez. 2009.
ta da Idade Média. Ele constitui um estado territorial, sendo governado por um príncipe, com a
concentração do poder e a centralização administrativa caracterizando um Estado Monárquico
Absolutista, consistindo em um aparelho burocrático e militar.
Atividade
Procure no dicioná-
rio de história ou de
política, ou ainda na
internet o significado
de Antigo Regime.
Partilhe posteriormente
essa informação com
seus colegas, tutor e
professor formador nos
fóruns de debate.

Figura 29: Invasão da


Bastilha em 14 de julho
de 1789.
Fonte: Disponível
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.historiadomundo.
com.br/imagens/france-
sa_revolucao3>. Acesso
◄ em: 31 dez. 2009.

27
UAB/Unimontes - 8º Período

Glossário Falcon (1986) para tratar da natureza social e política do Estado, apresenta os seguintes ar-
Transcendência: Su- gumentos:
perioridade, elevação • A burguesia auxilia no fortalecimento do Estado por meio do poder econômico que detém.
espiritual. (BUENO, Os burgueses, em troca, ganham e conquistam cargos importantes. Essa é a justificativa
1996, p.649) para a origem social do Estado;
Imanência: Que • Verifica-se a existência de ministros burgueses influentes. Os burgueses compram títulos
existe sempre num
ser, inseparável dele, de nobres e tornam-se um deles, assim como seus descendentes. Essa é a justificativa para a
permanente, constante. origem social das elites na época;
(BUENO, 1996, p. 353) • O Estado tem de ser neutro, contando com o equilíbrio de classes, ou seja, um príncipe livre
para governar e uma burocracia do Estado independente das classes. Esses argumentos dis-
Para saber mais sociam o príncipe de sua própria classe - a nobreza – além de não destacar o fato de que a
Procure se informar aristocracia é a classe dominante.
sobre o Iluminismo, a Nessa veia, o Estado Absolutista é feudal ou capitalista? Falcon (1986) responde que são
Ilustração e as contri- as duas coisas: nem uma nem outra, constituindo uma relação contraditória. O Estado apoia os
buições, sobretudo
burgueses que são capitalistas e mantém interesses dos nobres, que apresentam características
para a história, de
Locke, Hume, Mon- feudais. Essa configuração vai se alterar com o nascimento do Liberalismo que vem com a Revo-
tesquieu, Rousseau, lução Burguesa que é anti-feudal, antiabsolutista com a proposta do reformismo esclarecido por
Diderot, D’Lambert. meio dos déspotas esclarecidos.
Não só a internet pode
colaborar, mas também
d) Ideológicas
a consulta ao livro
de FONTANA, Josep. Os elementos gerais, de acordo com Falcon (1986), que constituíam a ideologia da época,
História: análise do pas- eram os conceitos de modernidade e progresso, assim como a passagem da transcendência à
sado e projeto social. imanência.
Bauru/SP: EDUSC, 1998. O século XVIII é o século do Iluminismo e da Ilustração, por isso, conta com pensadores
Depois partilhe essas
como Locke, Hume, Montesquieu, Rousseau, Diderot, D’Lambert e outros que trazem à tona a
informações com o pro-
fessor formador, tutor discussão do político como campo diferente e próprio.
e colegas nos fóruns de Constrói-se também o discurso econômico com um foco diferente do político. O discurso
debate e no ambiente econômico não existia como campo do saber, já que existiam ideias. A economia era pensada na
aprendizagem. perspectiva da administração doméstica e controle dos negócios privados. A ideia de seculariza-
ção é voltada para o individualismo burguês. O universo ideológico é secular, imanentista, racio-
nalista e individualista, ou seja, burguês.
Dica
Ocorre a autonomia discursiva do político e do econômico como campos definidos de sa-
Leia o livro “O Príncipe” beres nos séculos XVIII e XIX. O discurso político é construído por Maquiavel no século XVI pen-
de Maquiavel.
sando a secularização do Estado. No século XVII, Thomas Hobbes e Hugo Grotius vêm afirmar o
seu caráter convencional. A economia estava subordinada ao Estado. Era a política econômica,
ou seja, ideias econômicas e ideias mercantilistas.

Figuras 30 e 31:
Maquiavel e seu livro “O
Príncipe”.
Fonte: Disponível
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
teatrosilva.files.wordpress.
com/2009/03/maquiavel.
jpg&imgrefurl=http://
teatrosilva.wordpress.
com/2009/03/&usg
Acesso em: 2 jan. 2010. ►

28
História - História Economica Geral e do Brasil

Assim sendo, o Mercantilismo é sinônimo de discurso político-econômico que vem se afir- Dica
mar com o Liberalismo Econômico e a Revolução Industrial.
Releia o caderno didáti-
co de História Moder-
na que discute esse

Referências
período de transição do
feudalismo para o capi-
talismo, para que você
possa assimilar melhor
esses conteúdos de
BARROS, José D’Assunção. O campo histórico: as especialidades e abordagens da história. Rio de História Econômica.
Janeiro: CELA, 2002.

BORGES, Vavy Pacheco. O que é história. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. 84 p. (Coleção Pri-
meiros Passos, 17)

BUENO, Francisco da Silveira. Dicionário da língua portuguesa. São Paulo: FYD: LISA, 1996.

FALCON, F. C. Mercantilismo e transição. São Paulo: Brasiliense, 1986.


PARA SABER MAIS
FRANCO JÚNIOR, Hilário; CHACON, Paulo Pan. História econômica geral. São Paulo: Atlas, 1987.
Conheça melhor o
LE GOFF, Jacques. História e memória. 4. ed. Campinas, SP: Unicamp, 1996. 523 p. (Coleção re- liberalismo econômico,
pertórios) consultando os sítios:
www.abphe.org.br;
MENDONÇA, Marina Gusmão de; PIRES, Marcos Cordeiro. Formação Econômica do Brasil. São http://www.abphe.org.
Paulo: Pioneira Thomson, 2002. br/revista/objetivo.
html;
http://sites.google.
FRAGOSO, João; FLORENTINO, Manolo. In: VAINFAS, Ronaldo; CARDOSO, Ciro Flamarion. Domí-
com/site/rephe01/;
nios da história: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997. http://www.race.nuca.
ie.ufrj.br/bvartigoseco-
VILAR, Pierre. La transition du féodalisme au capitalisme. In: ____. Sur le féodalisme. Paris: nomia.
CERM/Éditions Sociales, 1971.

29
História - História Economica Geral e do Brasil

Unidade 2
Consolidação e crises do
capitalismo, socialismo e
tendências do desenvolvimento
capitalista

2.1 Introdução
Nesta Unidade, discutiremos a consolidação e as crises do Capitalismo, Socialismo e tendên-
cias do desenvolvimento capitalista. De acordo com a proposta, os temas abordados referem-se
à Revolução Industrial e à ascensão do Capitalismo, do Liberalismo, Neocolonialismo e Imperia-
lismo, da primeira Guerra Mundial, da Crise de 1929 e modelos de recuperação da Crise de 1930,
do Socialismo, da Globalização, do Neoliberalismo e Regionalização.
Ressaltamos que, ao discutir a Revolução Industrial, o nosso objetivo é constatar como ocor-
re à consolidação do Capitalismo que traz consigo novos integrantes como o Liberalismo, Neoco-
lonialismo e Imperialismo.
Após a apresentação da consolidação do Capitalismo, serão focadas algumas de suas crises,
como a primeira grande depressão de 1873 a 1896, a primeira Guerra Mundial, a crise de 1929,
bem como modelos de recuperação da crise de 1930.
Na sequência, apresentaremos uma alternativa de sistema ou modo de produção diferente
do Capitalismo que é o Socialismo. Por fim, a Globalização, o Neoliberalismo e a Regionalização
possibilitarão revelar as alternativas viáveis do Capitalismo.
Desse modo, a proposta dessa unidade objetiva compreender a consolidação, as crises e a
recuperação do Capitalismo, e ainda, por meio do Socialismo, entender que é possível outro mo-
delo de sociedade. É importante não se esquecer de que nesse contexto as relações que se confi-
guram são tensas e conflitosas o tempo todo.

2.2 Revolução industrial e a


ascensão do capitalismo
De acordo com Hobsbawn (1994), é importante trabalhar com o conceito e com o termo Re-
volução Industrial. Entre as definições existentes, pode-se conceituá-lo como:
• Um processo, pois constituiu um período gradual de desenvolvimento, porém firme, que
durou cerca de 150 anos;
• Aplicação de inventos às tarefas humanas e divisão do trabalho em equipe;
• Mudança de economia agrária para produção mecanizada realizada nas fábricas nas áreas
urbanas;
• Denominação desse acontecimento de Revolução Industrial ou Industrialismo, pela primeira
vez, pelos observadores e estudiosos franceses, em 1820.

31
UAB/Unimontes - 8º Período

Dica Em relação ao período em que ocorreu a Revolução Industrial pode-se afirmar que foi em
Procure visualizar no meados do século XVIII, na Inglaterra e parte da Europa Ocidental; meados do século XIX, nos Es-
mapa mundial a Ingla- tados Unidos da América; na última década do século XIX, na Europa Oriental; e nos Bálcãs, após
terra, a Europa Ociden- a segunda guerra mundial. Assim, a Revolução Industrial ocorreu primeiramente na Inglaterra,
tal, os Estados Unidos depois nos Estados Unidos e, por fim, no resto do mundo.
da América, a Europa Em relação ao início da era industrial, Hobsbawn (1994) propôs a seguinte questão: “Por que
Oriental e os Bálcãs, vi-
sando conhecer melhor a Revolução Industrial ocorreu na Europa Ocidental e na Inglaterra em primeiro lugar”? Para res-
a localização dessas ponder à questão, Hobsbawn (1994) aborda os motivos pelos quais esse movimento aconteceu.
regiões.

2.2.1 O início da era industrial

Cabe aqui a seguinte pergunta: Por que


o início da industrialização ocorreu na Europa
Ocidental? Vejamos os motivos apresentados
para responder à questão:
• Região próspera;
• Expansão rápida do comércio;
• Acúmulo de riquezas;
• Agricultura ocidental diferente da oriental: o
ocidente era farto em terras, capital e trabalho
humano. O ocidente cultivava cereais diversos
e diferentemente dos orientais que só culti-
vavam arroz, os europeus aceitavam outros
alimentos, além de que o declínio da servidão
libera pessoas para novos trabalhos;
• Centralização do poder;
• Rivalidades entre estados que acabam fabri-
cando armamentos e incentivando o comércio.


Figura 32: Cultivo de
arroz por orientais.
2.2.2 Crescimento populacional
Fonte: Disponível em:
http://images.google.com.
br/imgres?imgurl=http:// A população na Europa Ocidental está em expansão e fornece à indústria mercado e trabalho.
biorege.weblog.com.pt/ Os motivos da expansão populacional constituíram no século XVIII na:
arquivo/cultivo>. Acesso • Redução das guerras e epidemias, que propicia menos morte de pessoas;
em: 3 jan. de 2010.
• Redução da fome e da penúria. Ocorre o melhoramento da condição de saúde, o que provo-
ca mais nascimentos e menos óbitos;
• Mudança na agricultura, que gera o aumento na produtividade alimentando mais pessoas.
No século XIX, verifica-se ainda o crescimento populacional provocado pela:
• atividade agrícola que se torna uma empresa capitalista;
• terra que é comprada, vendida e comercializada;
• camponês que se torna empresário ou assalariado;
• aplicação de novas técnicas à agricultura como: arados melhores, ceifeiras, grandes anci-
nhos puxados por cavalos e debulhadoras.
Enfim, tudo isso faz com que não precise de muitos homens para a agricultura, dispondo,
então, de mais homens para a indústria.

2.2.3 A industrialização na Inglaterra e pré-requisitos de outros


países

Outro debate provocado por Hobsbawn (1994) é sobre os motivos pelos quais a Inglaterra
deu os primeiros passos para a industrialização e quais os pré-requisitos que outros países pos-
suíam.

32
História - História Economica Geral e do Brasil

a. França
• Inglaterra e França sempre mantiveram uma competição econômi-
ca acirrada ao longo da história, mas no século XVIII é mais acentu-
ada;
• Era mais próspera, populosa e tinha um império comercial impor-
tante;
• Possuía meios de transportes e comunicações;
• Tinha escolas técnicas, porém menos dispostas a mudanças;
• Era tradicional na agricultura;
• Produzia artigos de luxo que eram caros, elaborados manualmente
e compradas por poucas pessoas;
• Possuía tarifas internas pesadas.

b. Holanda ▲
• Carecia de recursos naturais; Figura 33: Agricultura
• Investia nas finanças; tradicional.
• Não aplicava na expansão da manufatura e do comércio. Fonte: Disponível em:
< http://images.
google.com.br/
c. Inglaterra imgres?imgurl=http://i.
A Inglaterra apresentava as seguintes vantagens: olhares.com/data/big/ >.
Acesso em: 3 jan. 2010.
• Possuía suprimentos de carvão e ferro, com tradição na metalurgia e na mineração;
• Possuía um sistema de transporte natural por meio dos rios, canais e estradas;
Dica
• Havia um grande número de trabalhadores disponíveis para a indústria vindos do campo
por causa dos cercamentos; Leia, sobretudo o
• Havia a elaboração pelo Estado de leis que ordenavam e protegiam a propriedade privada; capítulo 3, para com-
preender melhor como
• Havia o investimento na atividade econômica. se deu o processo dos
cercamentos e como as
leis foram elaboradas
2.2.7 Mudanças na tecnologia na Inglaterra para pro-
teger a propriedade pri-
vada, THOMPSON, E. P.
Costumes em comum:
A Revolução Industrial muda o trabalho manual por máquinas, assim como o trabalho hu- estudos sobre a cultura
mano ou animal por formas de energia como a máquina a vapor e à combustão. Pode-se citar popular tradicional. São
como exemplo: Paulo: Companhia das
Letras, 1998.
a) Desenvolvimento da manufatura têxtil
• 1733: lançadeira volante (Johnny Kay);
• 1768: máquina de fiar (James Hargreaves);
• 1768: máquina de fiar (Richard Arkright);
• 1779: Spinning Mule (Samuel Crompton); e
• 1787: tear automático (Edmund Carwright).

É oportuno ressaltar que todos esses inventos não eram


complicados, sendo produzidos por tecelões e fiandeiros. Pos-
teriormente, vai haver uma grande demanda de técnicos para
manutenção e reparos.
• 1760: máquina a vapor (James Watt). Máquina fácil de ma-
nejar possibilitando o trabalho tanto de homens como de
mulheres e crianças, tornando a mão-de-obra mais barata.

b) Indústria de ferro
A indústria de ferro apresenta um desenvolvimento lento,
mas significativo; por exemplo, na área de física e química. Pos-
teriormente, o ferro será substituído pelo aço que terá uma durabi- ▲
lidade muito maior. Figura 34: Máquinas a vapor foram a base da
Revolução Industrial.
c) Indústria de carvão Fonte: Disponível em: <http://images.google.com.
br/imgres?imgurl=http://static.hsw.com.br/gif/
O carvão é usado para a indústria e objetiva alimentar as ferro- motor-a-vapor->. Acesso em: 3 jan. 2010.
vias e barcos a vapor.

33
UAB/Unimontes - 8º Período

Dica Enfim, a tecnologia transforma o mundo em várias áreas, como, por exemplo, o transpor-
Assista ao filme “A revo- te que possibilita, nessa época, nos Estados Unidos, a construção de estradas que vai gerar em-
lução Industrial”, o qual prego; a utilização do barco a vapor; a substituição do cavalo por máquinas; a comunicação que
apresenta a industria- evolui com o porte postal (1840); a invenção do telégrafo, que é caro, mas extremamente útil,
lização na Inglaterra e sobretudo para os homens de negócios; e a indústria.
nos EUA. Este filme faz
parte da Enciclopédia
Barsa. Será interessante
para reforçar o tema 2.2.8 O financiamento da industrialização
discutido. Partilhe as
informações adquiridas
por meio do filme com As primeiras mudanças na agricultura,
seu tutor no Ambiente tecelagem e fiação não exigiam muito capi-
Aprendizagem.
tal. Mas o transporte, a comunicação, a indús-
tria mecanizada, a maquinaria para agricul-
tura, a expansão mineradora e a construção
de cidades dependiam de investimentos. No
princípio, os investimentos eram privados
contando com a colaboração do Estado. Po-
Figura 35: Bancos. rém, depois, eles se tornaram muito caros exi-
Fonte: Disponível gindo que o Estado assumisse os gastos.
em: <http://images. Nesse contexto, os ingleses também em-
google.com.br/ prestavam dinheiro a juros baixos para inves-
imgres?imgurl=http://
camaraecamara.files.wor- timentos em outros países, assim como cria-
dpress.com>. Acesso em: 3 vam as sociedades anônimas e limitadas.
jan. 2010. ► Verifica-se também o crescimento dos
bancos que possibilitam, por meio de em-
préstimos, investimentos maiores.

2.2.9 A transformação da sociedade

De acordo com Arruda (1984), antes a sociedade europeia era baseada nos laços de paren-
tesco. A posse da terra constituía a base de poder social.
Com a industrialização, surgiram muitas formas de propriedade, assim como vários tipos de
poder. A nação tornou-se mais importante que o local, antes representado pelo feudo. O indiví-
duo também ganha um papel de destaque, propiciando a elaboração de leis que o proteja, assim
como o comércio. Teorias políticas são construídas também visando ao individualismo.
Figura 36: Indústrias na Historiadores contemporâneos buscam respostas para tantas mudanças. Tudo isso constitui
Inglaterra. o rompimento com o passado? É a destruição da moral tradicional e do padrão social existente?
Fonte: Disponível Surge um novo mundo com novas perspectivas, assim como novos padrões socioeconômicos,
em: <http://images.
google.com.br/ porém persistem ainda costumes e práticas da vida antiga. Há no século XIX monarcas governan-
imgres?imgurl=http:// do; a terra ainda como principal fonte de riqueza; os senhores de terra com o poder político nas
www.dightonrock.com> mãos; e a sociedade europeia com aspecto rural, destacando a Inglaterra que é semi-rural.
Acesso em: 4 jan. 2010.

2.2.6.1 A situação dos pobres

De acordo com Marvin Perry (1985), um grave proble-


ma apresentado foi a pobreza que veio com a industria-
lização, o que constitui uma contradição, pois a máquina
serve para produzir riqueza. Então, por que existe tanto
pobre? Esses são os efeitos da industrialização, que se con-
figurou de forma diferente em cada país e em cada época.
Marvin Perry (1985) diz que, no geral, com a industrializa-
ção, as condições de vida se tornaram melhores para parte
da população, pois a quantidade de bens era maior; po-
rém, a qualidade de vida era menor. Os camponeses saíam

34
História - História Economica Geral e do Brasil

da zona rural para morar nas cidades e trabalhar nas fábricas. A alternativa que encontravam nas Dica
cidades era morar nas favelas e, consequentemente, tinham insegurança diária. Leia Thompson, E. P.
A Revolução Industrial do século XVIII permitiu um grande crescimento econômico das so- Costumes em comum.
ciedades, desenvolvendo em massa o Capitalismo. No entanto, as condições humanas nesse sé- Estudos sobre a cultura
culo foram completamente esquecidas. Centenas de milhares de pessoas foram dizimadas pela popular tradicional.
exploração no trabalho, por doenças como a tuberculose, por acidentes na produção, por doen- Sapo Paulo: Companhia
das Letras, 1998. Prio-
ças infecciosas, por má-nutrição, entre muitas outras coisas. rize os capítulos que
tratam sobre “A econo-
mia moral da multidão
2.2.6.2 Urbanização inglesa do século XVIII”
e “Tempo, Disciplina de
trabalho e capitalismo
industrial”. Esses capítu-
De acordo com Arruda (1984), com a indústria, as cidades crescem em número, tamanho los estudam os motins
e população. No século XX, ocorre um enorme deslocamento da zona rural para a zona urbana de fome que ocorriam
com moradia tanto na Europa como nos Estados Unidos. na Inglaterra no século
As cidades cresceram rapidamente, porém sem planejamento e regulamentação. Os servi- XVIII revelando uma
ços sanitários eram precários, não havia nenhuma iluminação, as moradias eram ruins, o trans- população que tinha
iniciativas em relação
porte deficiente e havia pouca segurança. Com essas condições, sofrem ricos e pobres, mas os à situação que vivia no
pobres, com certeza, sofrem mais. O governo e as firmas relutam em remediar a situação com período, assim como
seu dinheiro. mostra como o tempo
Os intelectuais da época tinham pareceres diferentes em relação a possibilidades de mu- vai ganhando uma
danças. Alguns não vislumbravam melhorias, e outros acreditavam ser uma situação passageira. nova configuração a
partir das demandas da
disciplina de trabalho
e do capitalismo indus-
2.2.6.3 Mudanças na estrutura social trial. O autor da Escola
Britânica nos revela um
novo viés para pensar
O resultado social da industrialização constituiu na configuração de uma sociedade rural e a sociedade dessa
época, ou seja, a partir
agrícola versus uma sociedade urbana, industrial e comercial. Isso é revolucionário, ou seja, muda
dos conflitos e tensões.
de fato a estrutura social da época, assim como acentua diferenças entre a classe média (burgue- Partilhe o conhecimen-
sa) e trabalhadora (proletariado). to adquirido por meio
Essa situação gera descontentamento social e desencadeia atividades políticas radicais. desses textos com os
colegas e o tutor no
Ambiente Aprendiza-
gem.
2.2.6.4 Movimentos de reforma e protesto

De acordo com Marvi Perry (1985), intelectuais e líde-


res políticos lutavam contra problemas da industrialização
e urbanização que se constituíam de superpovoamento,
desenraizamento, pobreza e condições de trabalho precá-
rio. As discussões tramitavam no sentido de que toda essa
realidade não era vontade de Deus, mas um mal social, por
isso precisava de uma solução racional.
Quais as soluções para resolver esse problema? Seria
a intervenção do Estado? Os reformistas deveriam intervir
por causa do seu dever cristão? Mas como seria essa in-
tervenção? Por meio da caridade cristã? Da ação governa-
mental? Da agência de voluntários, de religiosos ou de hu-
manistas? De sindicatos? De sociedades de auxílio mútuo?
De cooperativas? De organizações políticas?
Enfim, diante dessas questões, medidas deveriam
ser tomadas, e o Estado decide intervir, por meio da fis-
calização das indústrias, com o objetivo de proteger os ▲
desamparados, sobretudo as crianças e as mulheres. Figura 37: Crianças trabalhando em fábricas.
Fonte: Disponível em: <http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://
www.planetaeducacao.com.br/>
Acesso em: 4 jan. 2010.

35
UAB/Unimontes - 8º Período

2.2.6.5 Movimentos de reforma e protesto

De acordo com Marvin Perry (1985), diante da realidade apresentada, a proposta de alguns
intelectuais era uma maior industrialização para curar os males da industrialização, entre os quais
destacamos:

a. Adam Smith
Para ele, o homem é, por natureza, competitivo, por isso as disputas são frequentes e cons-
tantes. Ademais, segundo ele, o desenvolvimento econômico é inevitável após as remoções das
restrições ao comércio e capital.

b. Thomas Malthus
Thomas Malthus duvida que o crescimento econômico seja benéfico, acreditando que o
crescimento populacional sempre supera a produção de bem, assim como quanto maior for o
salário, maior será a família.

Figura 38: Thomas


Malthus.
Fonte: Disponível
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.nndb.com/>.
Acesso em: 04 jan. 2010. ►

c. David Ricardo
De acordo com David Ricardo, a pobreza é inevitável, e o salário não poderia aumentar, mas
apenas ser suficiente para as necessidades mínimas. Caso contrário, a população aumentaria;
consequentemente, as famílias seriam maiores. Para ele, pobre será sempre pobre.

2.2.6.7 Os primórdios do Socialismo

Os socialistas primam pela cooperação. Entre eles, pode-se citar:

a. Charles Fourier
Fourier era um vendedor excêntrico francês. Acreditava que a sociedade mal organizada
trazia a infelicidade do homem. Por isso, seria necessário organizar pequenas comunidades para
que o homem pudesse desfrutar dos prazeres simples da vida e satisfazer suas necessidades.

b. Robert Owen
Co-proprietário e gerente de fábrica de tecidos de algodão. Fica penalizado com os maus-
-tratos dados aos empregados. Propõe na sua fábrica o aumento do salário dos empregados;
melhoria das condições de trabalho; não contratação de crianças menores de dez anos; casas
decentes para os trabalhadores, assim como alimentação e vestuário com preços razoáveis; pro-

36 grama de educação para crianças e de ensino para adultos. Dessa forma, Owem acredita que os
trabalhadores produzem mais quando estão satisfeitos.
História - História Economica Geral e do Brasil

Dica
Pesquise na internet
sobre estes autores,
visando compreender
melhor a vida e as
ideias deles:
a) Adam Smith
b) Thomas Malthus
c) David Ricardo
d) Charles Fourier
e) Robert Owen
f ) Karl Marx e Friederich
Engels
g) Mikhail Bakunin.
Partilhe as informações
adquiridas com os co-
legas, tutor e professor
formador no Ambiente
Aprendizagem.

◄ Figuras 39 e 40:
Friederich Engels e
Mikhail Bakunin.
Fonte: Disponível
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.galizacig.com; http://
images.google.com.br/
2.2.6.6.1 Marxismo imgres?imgurl=http://
upload.wikimedia.>. Aces-
so em: 4 jan. 2010.
O marxismo tem como fonte inspiradora Karl Marx e Friederich Engels que propõem trans-
formar o mundo por meio da racionalidade.

2.2.6.6.2 Anarquismo
Figura 41: Filme:
Mikhail Bakunin (1814-1876) é seu mentor. Revolucionário, organizava sociedades secretas “Germinal”.
para revoltas e acreditava na liberdade, em um país sem governo, pois o governo serve para vi- Fonte: Disponível
giar. É influenciado por Proudhon. em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.ac-.>.
2.2.6.7 Legados da Revolução Industrial Acesso em: 4 jan. 2010.

De acordo com Marvi Perry (1985), entre os legados


da industrialização, pode-se elencar:
• Força da democracia: o poder social, após a indus-
trialização, não é só dos senhores de terra, os ope-
rários também têm direito à educação, são consu-
midores de bens e escolhem seus representantes na
política por meio do voto;
• Secularização da sociedade: A igreja católica, a partir
da industrialização, perde espaço, cedendo lugar à
nação, ao governo, ao partido político, ao clube ou
grêmio, etc.;
• Oposição entre zona rural e zona urbana, que mo-
difica as relações entre países, classes sociais, sexos,
pais e filhos;
• Poder das nações ocidentais sobre outras nações:
ocorre uma competição, sobretudo econômica, en-
tre as nações que acabam por gerar antagonismos
sociais;

37
UAB/Unimontes - 8º Período

Atividade • Bens de consumo mais baratos e abundantes. O povo tem acesso a bens e serviços que an-
Elabore uma lista indi- tes eram consumidos por poucas pessoas;
vidual de constatações • A maioria das pessoas são vítimas de salários baixos, assim como do desemprego;
dos efeitos da indus- • Homens de negócios têm voz ativa nas decisões políticas, mas os trabalhadores também se
trialização. De posse da organizam em sindicatos e por meio das greves;
referida lista, partilhe • Liberação do homem de tarefas onerosas;
com os colegas e o
tutor essa questão no • Tecnologia liberando o homem de trabalhos triviais;
Ambiente de Aprendi- • Burocracia que aliena o trabalhador;
zagem. • Padrão de vida mais alto, mas dependência geral do mercado, da moda e do relógio; e
• Questões relacionadas ao meio ambiente.
Atividade
Assista ao filme “Ger-

2.3 Liberalismo, neocolonialismo e


minal”, dirigido por
Claude Berri em 1993. É
um filme histórico que
mostra bem o início da
Revolução Industrial, as
lutas operárias, o pau-
perismo causado pelas
imperialismo
minas de carvão, bem
como a exploração do Tratar dos temas Liberalismo, Neocolonialismo e Imperialismo consiste em discutir questões
trabalhador no modo
de produção capitalista
atuais. Nessa medida, seguem algumas reflexões sobre essa temática.
e como eles são trata-
dos como mercadorias.
Retrata o processo de
gestação e matura-
2.3.1 Liberalismo
ção de movimentos
grevistas e uma atitude
Ao abordarmos os movimentos de refor-
mais ofensiva por parte
dos trabalhadores das ma e protesto que ocorreram com o advento
minas de carvão do sé- da Revolução Industrial, enfocamos pensado-
culo XIX na França em res cujas propostas se constituem no Liberalis-
relação à exploração de mo. Assim, foram apresentados Adam Smith,
seus patrões. Após as-
Thomas Malthus e David Ricardo.
sistir ao filme comente
com o tutor, o professor De acordo com Marvin Perry (1985), no
formador e os cole- período compreendido entre 1815 e 1848 ve-
gas suas apreensões rificou-se um crescimento estrondoso da bur-
acerca do mesmo e guesia. A burguesia procurava nessa época eli-
faça referência ao tema
minar o poder, que tinha como fonte os laços
estudado.
de parentesco, como ocorria com a nobreza
Figura 42: John Locke agrária, assim como eliminar as restrições à li-
(1632 -1704). vre busca de lucros. O liberalismo foi a filosofia
Fonte: Disponível política da burguesia que tinha como inspira-
em: <http://images.
google.com.br/ ção o Iluminismo e a Revolução Francesa.
imgres?imgurl=http:// A palavra “liberal” deriva do latim liber (“li-
charlottehutson.files. vre”, ou “não escravo”) e está associada com a
wordpress.>. Acesso em: 4
jan. 2010. ► palavra “liberdade”, libertário. O Liberalismo é
uma doutrina baseada na defesa da liberdade
individual, nos campos econômico, político, religioso e intelectual, contra as ingerências e atitu-
des coercitivas do poder estatal.
As origens do Liberalismo remontam a Grécia Antiga, mas suas raízes históricas estão na In-
glaterra do século XVIII com a Revolução Inglesa.
As revoluções francesa e americana marcaram épocas fundamentais na história do Liberalis-
mo, a Declaração de Independência que deu expressão à teoria de Locke dos direitos naturais e a
Lei dos Direitos que protegia o indivíduo e seus direitos.
O liberalismo prima pela liberdade individual. A base da vida política para os liberais estava
assentada na razão. Os liberais atacavam o Estado e as autoridades que impediam o indíviduo de
exercer o seu direito de escolha e a livre expressão. Para se protegerem da autoridade absoluta e
arbitrária dos reis, os liberais reivindicavam constituições escritas que garantissem o direito dos
cidadãos.
Apesar de diversas culturas e épocas apresentarem indícios das ideias liberais, o liberalismo
definitivamente ganhou expressão moderna com os escritos de John Locke (1632-1704) e Adam

38
Smith (1723-1790).
História - História Economica Geral e do Brasil

2.3.2 Neocolonialismo

Colonialismo, de acordo com Bueno


(1996), consiste na orientação política de man-
ter sob seu domínio, inclusive econômico, as
colônias, compreendidas como uma região
pertencente a um estado e fora do seu âmbi-
to geográfico. Esse processo de colonização se
deu, sobretudo a partir do século XV, com os
“descobrimentos”.
O Neocolonialismo é o processo de domi-
nação política e econômica estabelecido pelas
potências capitalistas emergentes ao longo do
século XIX e início do século XX, que culmina
com a partilha da África e da Ásia (colonização
da África e da Ásia). A disputa por novos mer-
cados envolve Reino Unido, França e Bélgica,
primeiras potências industrializadas; Alema-
nha e Estados Unidos, que conhecem o apo-
geu industrial e econômico a partir de 1870;
Itália, Rússia e Japão, que ingressavam na via
da industrialização.
O Neocololialismo é o mesmo que Impe-
rialismo.

2.3.3 Imperialismo

De acordo com Huberman (1993), o Im-


perialismo é o mesmo que o Neocolonialismo. ▲
Figura 43: Divisão da
Essa foi uma concepção de economistas alemães e ingleses do século XX, entre os quais destacamos: África.
• John Hobson (1902) Fonte: Disponível
John Hobson, no seu livro “Imperialismo”, define o termo como uma necessidade de expor- em: <http://images.
tar capital excedente. google.com.br/
imgres?imgurl=http://
• Joseph Schumpeter (1942) www.laredoclass.net/
Joseph Schumpeter, no seu livro “Capitalismo, socialismo e democracia”, define Imperialismo images/afric.>. Acesso em:
como a estrutura pré-capitalista. 4 jan. 2010.

O Imperialismo pode ainda ser definido,


de acordo com Huberman (1993), como:
• alternativa para continuidade e expansão
do sistema capitalista. Nesse ponto, res-
saltamos que houve a Revolução Indus-
trial em 1750, a II Revolução Industrial em
1850 e a Revolução Industrial e Tecnológi-
ca no século XX que propiciaram esse fe-
nômeno;
Figura 44: Ilustração
• uma forma que permite o processo de remetendo o domínio
acumulação; dos EUA sobre o
• a busca de oportunidades lucrativas para mundo.
o excedente de capitais acumulados nos Fonte: Disponível
países centrais, o que evita o acirramento em: <http://images.
google.com.br/
da competição. imgres?imgurl=http://3.
bp.blogspot.com/>. Aces-
Para Huberman (1993), o capital sempre ◄ so em: 4 jan. 2010.
acumulará, por isso é preciso distribuí-lo. Assim, ele discute aumentar o salário. No entanto, con-
forme abordagem anterior, David Ricardo e Thomas Malthus contestam esse procedimento.

39
UAB/Unimontes - 8º Período

Os países imperialistas dominam, exploram e agridem outros povos acreditando que suas
ações são justas e benéficas, ou seja, em nome do progresso e do desenvolvimento justificam e
explicam atitudes como o etnocentrismo, racismo e darwinismo social.
Para Lenine (1984), o Imperialismo era:
• acumulação necessária do capitalismo;
• substituição do capitalismo competitivo pelo monopolista. Vê-se as mudanças sociais e polí-
ticas, assim como o estágio avançado do sistema e a concorrência entre grupos gigantescos.
É o controle da economia nacional e internacional; e
• investimento estrangeiro, por meio da instalação de empresas de um país em outro, com o
único objetivo de obter lucro.

Enfim, é o controle econômico e político que vai além das fronteiras.


Os países imperialistas foram: Inglaterra, França, Bélgica, Itália, Alemanha, Portugal, Espa-
nha, Holanda, Japão, Rússia, Estados Unidos da América e o Império Otamano.
Os países prejudicados com o Imperialismo foram: o Sudeste Asiático, Oriente Médio, Ocea-
nia, América Latina e África.
Nesse sentido, o Imperialismo devastou culturas, pessoas, recursos naturais, etc., além de
provocar rivalidades entre potências, gerando a Primeira Guerra Mundial e, consequentemente,
o apogeu da partilha do mundo, assim como a sua redivisão. Surge, então uma nova era imperia-
lista tendo os Estados Unidos como país cardeal.

Figura 45:
2.4 A primeira guerra mundial,
Representação do
Capitalismo.
Fonte: Disponível
a crise de 1929 e modelos de
recuperação da crise de 1930
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://par-
roquiaicm.files.wordpress.
com>. Acesso em: 5 jan.
2010. O capitalismo definido por Dobb apud Catani e Sant’Antana (1986, p. 21-22) é:

Um sistema em que os utensílios e as ferramentas, edifícios e matérias-
-primas com que é obtida a produção – capital, numa palavra – são predomi-
nantemente de propriedade privada e individual.
Consolida-se no decorrer do processo histórico, conforme abordagem
anterior, porém sofre crises e recupera-se. É “[...] um modo de produção cujos
meios estão nas mãos dos capitalistas, que constituem uma classe distinta da
sociedade” (Dobb apud CATANI; SANT’ANA,1986, p. 21-22). Ele é articulado o
tempo todo com o objetivo de obter lucro. As relações estabelecidas durante
esse processo são conflituosas, e a luta de classes acontece o tempo todo.
O Capitalismo no seu percurso encontrou vários impasses como a crise
de 1873. De acordo com Oliveira e Rodrigues (2000), em meados do século
XIX ocorreu o crescimento da economia inglesa, assim como a França (1850),
Bélgica (1810-1870), Alemanha (a partir de 1835), o resto da Europa (1848) e
os Estados Unidos (início do século XIX) dão início a Revolução Industrial. A
Inglaterra era naquela época a fábrica do mundo, mas, a partir da industria-
lização de outros países, ela teve concorrentes que acabaram gerando a sa-
turação da economia mundial. Diante da pressão da concorrência do merca-
do e da resistência dos trabalhadores, surgiu a primeira grande depressão. A
solução encontrada para resolver a questão foi o Capitalismo Monopolista, o
Imperialismo e a II Revolução Industrial e Tecnológica.
A primeira grande depressão, de acordo com Oliveira e Rodrigues
(2000), começou entre 1873 a 1875 continuando até 1896. Ela constituiu um conjunto de crises
sucessivas de ordem bolsística e bancária cujos resultados foram:
• elevação dos custos, como o aumento de salários e de preços dos bens;
• redução dos mercados de venda e diminuição do poder de compra;
• baixa dos preços de venda; e
• concorrência acirrada, entre outros.
40
História - História Economica Geral e do Brasil

Enfim, essa crise se encontrava no próprio siste-


ma de produção. De acordo com Oliveira e Rodrigues
(2000), a crise se deve à insuficiência de mercados e
à falta de oportunidades onde colocar novos investi-
mentos, cujos resultados consistem no acirramento da
competição, gerando fusões e incorporações de em-
presas por meio da centralização do capital, constituin-
do o que se denomina de Capitalismo Monopolista. O
imperialismo, conforme abordagem anterior, vem ape-
nas para consolidar essa nova realidade, assim como
a II Revolução Industrial e Tecnológica que investe em
novos setores como elétrico, químico, motor à explo-
são e aço, surgindo uma nova forma de acumulação e
crescimento.
A primeira grande guerra é outro momento difícil ▲
para a Europa Ocidental. A tecnologia moderna capacitou o homem para a guerra, assim como o Figura 46: I Guerra
nacionalismo exarcebado incentivou o desejo de lutar pela nação até a morte. Essa guerra alterou Mundial.
profundamente o rumo da civilização ocidental. Devastada e destruída, era hora da reconstrução. Fonte: Disponível
em: <http://images.
Surgem novas lideranças como os Estados Unidos e a Alemanha. google.com.br/
Verifica-se após a Primeira Guerra Mundial uma nova onda de prosperidade com a criação imgres?imgurl=http://
de novas tecnologias, mas o movimento operário enfraquece. Ocorre uma superprodução propi- whataversity.files.word-
press.com/>. Acesso em: 5
ciando acumulação, pois, de acordo com Oliveira e Rodrigues (2000), o sistema produz para gerar jan. 2010.
lucros e não para atender às necessidades de uso. Então, surge uma nova crise em 1929. Essa cri-
se acontece pelos seguintes motivos: Glossário
• Excesso de acumulação; Ordem Bolsística: De-
• Falta de oportunidade de investimentos lucrativos no mundo da produção. sabamento dos preços
A saída da crise, conforme Oliveira e Rodrigues (2000), foi a transformação do Capitalismo e pânico.
com a intervenção do Estado. O presidente Roosevelt dos Estados Unidos com o New Deal, que Ordem bancária:
Falência de um grande
constituiu num Programa de Auxílio, Recuperação e Reforma, contribuiu com: Ajuda a setores estabelecimento ou
econômicos, como bancos, agricultura e indústrias; Programas de auxílio a carentes; Programa de falências em cadeia.
seguro-desemprego e previdência; Estímulo à economia através da realização de obras públicas; (Disponível em: <http://
e Reconhecimento e estímulo à organização operária. pt.wikipedia.org/wiki/
O New Deal lança bases para o Welfare State (Estado de bem-estar social) quando traba- Sistema_Integrado_de_
Administra>. Acesso
lhadores são incorporados ao mundo capitalista como consumidores. O fordismo em 1945 a em: 7 jul. 2011.
1979/80 será um novo modo de o capitalismo encarar a produção e o salário dos trabalhadores.
Atividades
Com a segunda guerra mundial, a eco- Para compreender me-
nomia será impulsionada por meio dos Es- lhor esse item, pesquise
tados Unidos. O período do pós-segunda na internet sobre New
guerra, ou seja, de 1945 a 1970/80, cons- Deal, fordismo, Keyne-
sianismo e Welfare State.
tituiu-se, conforme Oliveira e Rodrigues
Sugestão de leitura:
(2000), como uma fase de prosperidade do OFFE, Claus. Capitalis-
sistema capitalista. Constata-se a existência mo avançado e o Welfa-
e predominância do fordismo, Welfare State re State. In: CARDOSO,
e do Keynesianismo, que consistia no Esta- Fernando Henrique.
Política e sociedade.
do Interventor por meio de uma crescente
Rio de Janeiro: Tempo
produtividade e a inclusão social de países Brasileiro, 1984. artilhe,
centrais. Dessa forma, o capitalismo sai da após as leituras, com
fase selvagem. O trabalhador é mão-de- seu tutor no Ambiente
-obra, mas também é consumidor. É uma Aprendizagem.
época de prosperidade e também da re- ◄ Figura 47: Imagem
construção da Europa. alusiva ao New Deal
De acordo com Oliveira e Rodrigues com enfoque a
(2000), de 1970 a 1980, há novamente si- Roosevelt.
nais de crise: Fonte: Disponível
• Luta dos trabalhadores por aumento de salário, redução da jornada de trabalho, recusa de em: <http://images.
google.com.br/
certo tipo de trabalho; imgres?imgurl=http://
• Aumento dos custos para diminuir a poluição e outros problemas da industrialização e ur- www.hermes->. Acesso
em: 5 jan. 2010.
banização;

41
UAB/Unimontes - 8º Período

• Redução do mercado, pois a reconstrução da Europa termina; e


• Diminuição do mercado e aumento da capacidade produtiva, gerando intensificação da
competição.
As soluções para essas questões são as multinacionais; novas formas de fusões e incorpo-
rações, empresas investindo em marketing e o governo armamentista. Essa é a idade de ouro do
Figura 48: Imagem
alusiva à crise de 2008- capitalismo, porém ele precisa de inovações.
2009. Além dessas crises citadas, conforme Oliveira e Rodrigues (2000), o capitalismo enfrentou
Fonte: Disponível também:
em: <http://images. • Crise do dólar em 1971;
google.com.br/
imgres?imgurl=http://ape- • Os choques do petróleo de 1973 a 1979;
losdoceu.com/blog/wp- • Crises das dívidas externas do terceiro mundo; e
-content/uploads/2009/10/ • Várias crises financeiras e das bolsas.
crise->. Acesso em: 5 jan.
2010. A resposta do capitalismo para sanar essas crises foi a III Revolução Industrial e Tecnológica,
▼ a Globalização e o Neoliberalismo.
De acordo com Pina (2010), em 2008-
2009, o Capitalismo enfrenta outra crise eco-
nômica que consistiu na crise imobiliária dos
Estados Unidos. Essa crise teve início porque
os bancos estavam oferecendo uma quanti-
dade muito grande de crédito imobiliário, o
que acabou incentivando o setor. O problema
é que os bancos não faziam um estudo so-
bre as possibilidades financeiras dos clientes,
achando que bastaria cobrar juros mais altos
para se protegerem da inadimplência e au-
mentar os lucros. Como existia muito crédito,
os americanos adquiriram a sua casa própria.
Só que, com isso, o preço dos imóveis subiu
muito. Desgostosos por pagar preços exorbi-
tantes nos imóveis e nos juros da sua hipoteca,
os americanos começaram a deixar de pagar
os bancos. Mas isso ainda não é o maior pro-
blema: o problema é que essa situação não
aconteceu apenas em alguns casos isolados,
aconteceu em massa. Os bancos não ofere-
ciam crédito apenas para compra de imóveis.
O crédito era oferecido para tudo, incentivan-
do o consumo em diversas áreas. Consequen-
temente, isso aumenta muito o endividamen-
to, e as pessoas acabam por muitas vezes não
conseguir pagar suas dívidas. Com a crise já
instaurada, mas sendo negada por todos, co-
meçou a existir menos crédito na praça e o
preço dos imóveis diminuiu por haver me-
nos procura por eles. Nesse momento, muitos
americanos viram seus imóveis desvalorizarem
muito chegando ao cúmulo de eles deverem
um valor absurdamente maior do que o valor
que o imóvel realmente valia naquele momen-
▲ to. Assim, muitas pessoas acharam que não valia a pena continuarem pagando a hipoteca, mes-
Figura 49: Filme:
“Tempos Modernos”. mo que tivessem seus imóveis executados, ou seja, retomados pelos credores - os bancos -, ju-
Fonte: Disponível dicialmente. Como a inadimplência estava crescendo assustadoramente, os bancos começaram
em: <http://images. a sentir falta de dinheiro novo, com que já contavam para várias outras operações financeiras.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://via- Tudo isso desencadeou a crise.
gemaleatoria.files. Enfim, o Capitalismo durante sua trajetória vem enfrentando crises e superando-as, fortale-
wordpress.com/2009/10/
tempos-modernos>. Aces- cendo cada vez mais o sistema.

42
so em: 5 jan. 2010.
História - História Economica Geral e do Brasil

2.5 Socialismo
Abordar o Socialismo é mostrar uma pro- ◄ Figura 50: Charge
posta antagônica do Capitalismo, significando alusiva ao Socialismo.
revelar outras possibilidades para uma socie- Fonte: Disponível
dade melhor. em: <http://images.
google.com.br/
De acordo com Souza (1989), o homem imgres?imgurl=http://rlei-
não é uma ilha, mas um ser social que vive em te.files.wordpress.com
sociedade. Aristóteles com “A Política” e Platão /2008/01/socialismo >.
Acesso em: 5 jan. 2010.
com “A República” idealizaram uma sociedade
socialista, apesar de contraditória, pois os gre- Atividade
gos praticavam a escravatura. Assista ao filme
As sociedades primitivas e tribais eram “Tempos Modernos”.
justas e igualitárias. Com o surgimento do ex- Trata-se do último filme
cedente é que será gerada a ganância e a in- mudo de Chaplin, que
justiça. Cumpre ressaltar que esse tema já foi focaliza a vida urbana
nos Estados Unidos nos
abordado na Unidade 1 de forma mais explíci- anos 30, imediatamen-
ta. Agora, centrar-nos-emos o nosso enfoque te após a crise de 1929,
no Socialismo do mundo moderno. quando a depressão
O Socialismo surgiu e desenvolveu-se no atingiu toda socieda-
mundo capitalista e durante a Revolução In- de norte-americana,
levando grande parte
dustrial. Para Friedrich Engels, o Socialismo tem da população ao de-
como pai a riqueza dos capitalistas e, como mãe, a pobreza das massas, sendo indispensável co- semprego e à fome.
nhecer o Capitalismo para compreender o Socialismo. Filme produzido nos
Huberman (1983) aborda como muitos pensam em construir uma sociedade melhor e as EUA em 1936. Direção
possibilidades de mudança que muitas vezes são utópicas. Para ele, o princípio básico mais im- de Charles Chaplin e
elenco contando com
portante para esses sonhadores seria a abolição do capitalismo, pois os poucos que não traba- Charles Chaplin, Paulet-
lham vivem no conforto e luxo somente porque têm os meios de produção. Porém, surge Karl te Goddard. Ao assistir
Marx, que era socialista e queria mudar as condições de vida dos trabalhadores por meio de uma ao filme, perceba a im-
sociedade planificada. Ele estuda a sociedade do passado e propõe, de forma racional e científi- portância e o papel do
ca, uma sociedade melhor, transformada por uma classe trabalhadora revolucionária. processo de industria-
lização sobre o próprio
O Socialismo, conforme Souza (1989), pode ser definido como o conjunto de doutrinas que homem e partilhe com
se propõe a promover o bem-estar comum pela transformação da sociedade e da relação entre seu tutor nos fóruns
classes mediante alteração do regime de propriedade. de debate e Ambiente
As doutrinas socialistas são: a social-democracia, comunismo, anarquismo, anarco-sindicalis- Aprendizagem.
mo e socialismo cristão. Pode-se citar como países que se dizem socialistas na década de 1990: a
China, a URSS, Angola, Índia, Iugoslávia e outros. Todos esses países apresentam formas diferen-
tes de viver o socialismo.
A trajetória do Socialismo foi cons- ◄ Figura 51: Marx, seus
truída a partir da verificação da realida- seguidores e a luta do
de capitalista que explorava o trabalha- proletariado.
dor no sentido de propor alternativa Fonte: Disponível
em: <http://images.
para salvar o homem dessa mesma ex- google.com.br/
ploração. É conveniente recordarmos imgres?imgurl=http://rlei-
que, quando estudamos a Revolução te.files.wordpress.com
/2008/01/socialismo >.
Industrial, foram apresentados alguns Acesso em: 5 jan. 2010.
pensadores inseridos nos movimentos
de reforma e protesto como os socialis-
tas utópicos e científicos. Nesse sentido,
nesse espaço, cabe apenas citar os pen-
sadores socialistas considerados utópi-
cos como Saint-Simon, Charles Fourier,
Robert Owen, Proudhon e Louis Blanc.
Os socialistas científicos são: Karl Marx,
Engels, Bakunin, Sorel. Já os socialistas
cristãos são representados pelo papas e
teólogos da Igreja Católica.

43
UAB/Unimontes - 8º Período

As bases do Socialismo são, de acordo


com Souza (1989):
• Igualdade social: sociedade justa onde todos
possam ter a mesma oportunidade de acesso à
cultura, à riqueza, ao poder e às condições dig-
nas de vida;
• Fraternidade: base do entendimento huma-
no em que os interesses sociais estejam acima
dos interesses individuais; e
• Democracia: forma de organização da socie-
dade que dê oportunidade a todos e limite as
ganâncias individualistas e grupais.
A partir desses princípios básicos, o Socia-
lismo propõe na vida prática:
• Sociedade sem classes, em que os interesses
individuais não sobreponham aos coletivos;
• Fim da propriedade privada dos bens de
produção, que passará a ser dominada pelo
poder do estado, respeitando a propriedade
dos bens de consumo;

• Nacionalização da economia, pois a economia deve ser controlada pelo poder nacional, e
Figura 52: URSS e a luta
contra o capitalismo. não pelo poder internacional; e
Fonte: Disponível • Planificação econômica, pois a economia deve estar sob o controle do Estado, que possui e
em: <http://images. administra a riqueza.
google.com.br/ Enfim, a experiência do Socialismo não correspondeu às expectativas de suas proposições e
imgres?imgurl=http://rlei-
te.files.wordpress.com de seus fundadores (igualdade, democracia e desenvolvimento). Por diversas razões, isso ocorreu
/2008/01/socialismo >. levando ao afastamento do Socialismo real dos ideários socialistas. Tais fatos não serão aqui tra-
Acesso em: 6 jan. 2010. tados. A nossa pretensão foi apresentar apenas o Socialismo como crítica (proposta antagônica)
ao Capitalismo.

2.5.1 Karl Marx

Ao tratar do Socialismo, é imprescindível abordar Karl Marx. Bordé e Martin (1983) dizem
quem é Karl Marx. Nasceu em 5 de maio de 1818 em Tréveris na Alemanha e morreu 14 de março
de 1883 em Londres. Economista, filósofo e socialista alemão, estudou na Universidade de Berlim
e formou-se em Iena, em 1841. Suas obras principais são:
• “Manuscritos econômico-filosóficos”, escritos em 1844 e publicados somente em 1930.
• “A sagrada família”, 1845;
• “A ideologia alemã” (1846);
• “Miséria da filosofia” (1847);
• “Manifesto do Partido Comunista” (1848);
• “Trabalho assalariado e capital” (1849);
• “O 18 Brumário de Luís Bonaparte”, publicado em jornais em 1852, e, como livro, em 1869;
• “O capital”. Livro I publicado em 1867. Livros I e III - publicações póstumas por Engels.

Figura 53: Livros de Karl


Marx.
Fonte: Disponível
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.skoob.com.br/;
http://images.google.com.
br/imgres?imgurl=http://
www.zahar.com.br/ ;
http://images.google.com.
br/imgres?imgurl=http://i.
s8.com.br/images/ >.
Acesso em: 6 jan. 2010. ►

44
História - História Economica Geral e do Brasil

O socialismo científico marxista foi desenvolvido no século XIX por Karl Marx e Friederich
Engels. Recebe também a denominação de socialismo marxista. Ele rompe com o socialismo utó-
pico ao apresentar uma análise crítica da realidade política e econômica, da evolução histórica
das sociedades e do capitalismo.
A filosofia de Marx constitui-se por:
• Materialismo dialético: é a posição filosófica que considera a matéria como a única realidade
e que nega a existência da alma, de outra vida e de Deus;
• Materialismo histórico: pretende a explicação das sociedades humanas em todas as épocas,
através dos fatos materiais, essencialmente econômicos e técnicos. O materialismo é enfati-
zado em “A Ideologia Alemã”, intenso estudo em história de Marx e Engels em 1845. Ressalta
também a questão da natureza dos indivíduos que depende do papel deles na produção de
materiais, pois o pensamento humano é determinado pelas forças socioeconômicas.
O núcleo do pensamento de Marx é sua interpretação do homem, que começa com a ne-
cessidade humana. A história se inicia com o próprio homem que, na busca da satisfação de ne-
cessidades, luta contra a natureza. À medida que luta, o homem descobre como ser produtivo e
passa a ter consciência de si e do mundo. Percebe, então, que a história é o processo de criação
do homem pelo trabalho humano. As duas vertentes do marxismo são o materialismo dialético,
para o qual a natureza, a vida e a consciência se constituem de matéria em movimento e evolu-
ção permanente, e o materialismo histórico, para o qual o fato econômico é a base e causa deter-
minante dos fenômenos históricos e sociais, inclusive as instituições jurídicas e políticas, a mora-
lidade, a religião e as artes.
Para Marx, de acordo com Huberman (1983), Bordé e Martin (1983), a raiz de uma sociedade
é a forma como a produção social de bens está organizada. Nesse sentido, ela engloba:
• A superestrutura: ideias, costumes e instituições;
• A infraestrutura: as forças econômicas por meio das relações de produção e das forças pro-
dutivas.
Outro conceito importante para Marx são
os modos de produção da história, que consti-
tui a maneira como as forças produtivas se or-
ganizam e desenvolvem-se dentro das relações
de trabalho. Os modos de produção são:
• Modo de produção escravista: Ocidente
antigo;
• Modo de produção feudal: Europa e Japão
Medieval;
• Modo de produção capitalista: mundiali-
zação da economia; e
• Modo de produção socialista: Ex-URSS e
China, por exemplo.

De acordo com Huberman (1983), Bordé


e Martin (1983), a evolução das relações eco-
nômicas nas sociedades humanas, ao longo
do processo histórico, conforme a teoria mar-
xista, constitui-se na luta de classes, ou seja, a
história do homem é a luta de classes. No es-
cravismo, era a luta entre senhores de escravos versus escravos; no feudalismo, entre os senhores ▲
Figura 54: “Operários”,
feudais versus os servos; e, no capitalismo, a burguesia versus o proletariado. Na sociedade capi-
da mestra modernista
talista, a divisão social decorreu da apropriação dos meios de produção pela burguesia, enquan- Tarsila do Amaral.
to o grupo expropriado - o proletariado - possuía apenas seu corpo e capacidade de trabalho. Fonte: Disponível
Assim, é estabelecida uma relação antagônica e conflituosa: capitalistas versus proletário. em: <http://images.
Nessa veia, ocorre a alienação, ou seja, o trabalhador aluga sua força de trabalho à classe google.com.br/
imgres?imgurl=http://
burguesa recebendo um salário por esse aluguel, o qual é determinado pelo patrão. Isso ocorre olhaocaze.files.wordpress.
dentro de um contexto em que há a acumulação de bens por causa do excesso de trabalhadores com/>.
que gera a reserva de operários. Por sua vez, o operário aceita um salário de subsistência provo- Acesso em: 6 jan. 2010.
cando a concorrência entre o proletariado justamente por que há uma reserva.

45
UAB/Unimontes - 8º Período

Conforme Huberman (1983), Bordé e Martin (1983), também ocorre o grau de exploração da
força de trabalho que constitui:
• Mais valia absoluta: os capitalistas, uma vez pago o salário de mercado pelo uso da força
de trabalho, podem lançar mão de três estratégias para ampliar sua taxa de lucro: primeira,
estender a duração da jornada de trabalho mantendo o salário constante; segunda, jornada
constante com redução de salário; terceira, salário e jornada crescentes com intensificação
do ritmo de trabalho; e
• Mais valia relativa: ampliacão da produtividade física do trabalho pela via da mecanização.
Conforme Huberman (1983), Bordé e Martin (1983), para Marx, o colapso do Capitalismo po-
deria ser ocasionado por:
• Fundamento moral: as injustiças inerentes ao capitalismo levarão em última instância a con-
dições econômicas e sociais que não poderão ser sustentadas, ou seja, é o conflito entre o
ideal e a realidade;
• Argumento sociológico: o conflito de classes, entre um número decrescente de capitalistas
cada vez mais ricos e uma crescente classe trabalhadora miserável, causará, por fim, uma re-
volução social, ou seja, conflitos entre capital e trabalho; e
• Argumento econômico: a acumulação de capital em mãos privadas possibilita a abundância
econômica, contudo, também ocasiona crises, desemprego crônico e o colapso econômico
do capitalismo, ou seja, conflito entre o crescimento e a estagnação.
Nesse sentido, Marx diz que a transformação se dá por meio do conflito, isto é, processo dia-
lético mediante o qual o Socialismo substituirá, por fim, o Capitalismo.
Enfim, Karl Marx, muito mais do que conhcer, se propôs a ensinar através de sua obra aquilo
que pôde conhecer e desvendar. Mais do que qualquer tese, foi um homem disposto a mudar o
mundo em que vivia.

2.5.2 O socialismo cristão

Figuras 55 e 56: Papas


Leão XIII e João XXIII.
Fonte: Disponível em:
<http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.franciscanos-
mapi.org.br/; ; http://
images.google.com.br/
imgres?imgurl=http://
veja.abril.com.br/historia/
republica/ >. Acesso em: 6
jan. 2010. ►

De acordo com Souza (1989), a Igreja Católica, diante das questões socioeconômicas, levan-
tou a voz ora para apoiar, ora para incentivar os movimentos e as ideias socialistas, ora para con-
denar e discordar.
Com o processo da industrialização, a Igreja Católica se manifestou em 1891 por meio do
documento chamado Encíclica Rerun Novarum (Sobre as coisas novas). Esse documento, provo-
cado pelo Papa Leão XIII, trata as seguintes questões:

46
História - História Economica Geral e do Brasil

• Chama a atenção dos governos e patrões para as injustiças sociais;


• Condena a exploração capitalista;
• Critica ideias socialistas;
• Discute acerca da liberdade de associações de trabalhadores; e
• Considera o trabalho como não mercadoria.
Na Encíclica “Quadragésimo Anno”, em 1931, com o Papa Pio XI, novamente essas discus-
sões vêm à tona, e a Igreja Católica, diante das crises mundiais, fica à margem dos problemas
sociais e políticos.
Em 1960, com o Concílio do Vaticano II, o Papa João XXIII declara a opção preferencial pelos
pobres.

2.5.3 Geoges Sorel

De acordo com Souza (1989), Sorel é um pensador e político francês,


que nasceu em 1847 e morreu em 1922. Adere, no início, ao socialismo
marxista, depois ao anarco-sindicalismo.
Ele acreditava que o sindicato era capaz de organizar os trabalhadores,
tinha poder e domínio da produção, podendo recorrer à sabotagem, greve
e violência terrorista, que influenciou, posteriormente, o fascismo de Mus-
solini, assim como grupos revolucionários e movimentos estudantis.
Enfim, conforme Souza (1989), o Socialismo tem vários movimentos
dentro de si, mesmo apresentando diferenças entre as suas principais cor-
rentes, como:
• Marxista: dividiu-se depois com as interpretações feitas por Lênin, o le-
ninismo; por Trotsky,o trotskismo; por Mao Tse-Tung, o maoísmo;
• Anarquista: contesta toda e qualquer estrutura estatal, desenvolvida
principalmente por Bakunin;
• Anarco-sindicalista, de Sorel;
• Socialista revisionista: propôs-se a revisar e atenuar a filosofia de Marx;
• Socialista Cristã: condena o materialismo de várias correntes socialis-
tas; e
• Social-democrata: prega as mudanças socioeconômicas pelas leis e
pela participação da classe trabalhadora no poder.

O Socialismo trouxe a dialética por meio da possibilidade de uma sociedade mais justa e Figura 57: Georges
fraterna. Sorel.
Fonte: Disponível
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.oswaldmosley.com/
uploads/ >. Acesso em: 6
jan. 2010.

Para saber mais


Procure na internet
mais informações sobre
leninismo, trotskismo e
maoísmo. Partilhe no
Ambiente Aprendiza-
gem essa informação
com seus colegas e
tutor.

Figura 58: Filme: “Quanto


vale ou é por quilo?”
Fonte: Disponível em: <
http://images.google.com.br/
imgres?imgurl=http://www.
europafilmes.com.br/ >. Aces-
so em: 6 jan. 2010. ►

47
UAB/Unimontes - 8º Período

Atividade
Assista ao filme “Quan-
to vale ou é por quilo?”.
2.6 Globalização
O filme retrata a explo-
ração da pobreza pelas De acordo com De Masi (2000), a Globalização é um fenômeno recente. É o conjunto de
ONGs (terceiro setor). transformações na ordem política e econômica mundial que vem acontecendo nas últimas dé-
Traça um paralelo entre cadas. O ponto central da mudança é a integração dos mercados numa “aldeia-global”, explorada
os métodos utilizados
pela escravidão no pas- pelas grandes corporações internacionais. Esse processo tem sido acompanhado de uma intensa
sado e a nova versão revolução nas tecnologias de informação como telefones, computadores e televisão, assim como
que essa escravidão as- a criatividade de cada grupo e o espírito empreendedor.
sume nos dias de hoje. Para De Masi (2000), a Globalização se deu da seguinte forma:
Ao assistir ao filme,
reflita sobre todas essas
questões tão atuais no a) A globalização como descoberta
nosso cotidiano. Dire- Primeira forma de Globalização. Ela ocorreu pela progressiva exploração do planeta e do
ção de Sérgio Bianchi e universo no sentido do homem poder conhecê-lo, mapeá-lo e desfrutar dos seus recursos.
roteiro de Sérgio Bian-
chi, Eduardo Benaim e b) A globalização como troca
Newton Canitto. Após
assistir ao filme faça um Troca de mercadorias com outros povos e nações cada vez mais extensos e distantes até
relatório contendo suas abranger o mundo inteiro conhecido.
apreciações e comente
com o tutor e os cole- c) A globalização como colonização
gas sobre os aspectos Tentativa de colonizar militarmente os povos vizinhos e depois os povos cada vez mais dis-
que se relacionam com
o tema abordado tantes até abranger a terra toda.

Figura 59: Globalização. d) A globalização dos mercados


Fonte: Disponível Colonização de todos os mercados, invadindo-os com as suas mercadorias.
em: <http://images.
google.com.br/ e) A globalização como influência dos capitais
imgres?imgurl=http://
infosol.files.wordpress. Tentativa de expandir o raio de ação e de influência dos capitais e moedas.
com/2009/>. Acesso em: 7
jan. 2010. f) A globalização com as multinacionais

Deslocamento de parte das próprias es-
truturas produtivas a regiões cada vez mais dis-
tantes, criando multinacionais que transpõem
as fronteiras e os poderes de cada Estado com
o super-poder de suas redes operadoras.

g) A globalização como invasão do


mundo
Invasão do mundo conhecido com suas
ideias.

h) A globalização como regulamento


Criação de organismos internacionais
para regular as políticas de cada país, o co-
mércio, os conflitos, as pesquisas, a defesa do
ambiente, da arte, da infância, a polícia, os
serviços secretos, as estruturas econômicas,
sindicais, religiosas, escolares, militares, huma-
nitárias e esportivas.

i) A globalização como competição


global
Predisposição das grandes empresas a
criar estruturas multinacionais visando abran-
dar, por meio de acordos e trocas nacionais, a
perigosa fluidez da competição global.
j) A globalização atual
De acordo com De Masi (2000), na sequência, fazemos um apanhado geral de toda a discus-

48
História - História Economica Geral e do Brasil

são anterior, completando com modelos atuais, o que se compreende por globalização hoje: Dica
• Pela primeira vez, as nove formas de globalização descritas anteriormente estão presentes; Veja o vídeo dispo-
• Pela primeira vez, um país poderoso, nesse caso os Estados Unidos, governa o planeta e pre- nível no site <www.
para-se para colonizar outros; youtube.com/
• Pela primeira vez, o caminho da unificação política e material foi aplainado por duas guerras watch?v=afNPIbOBsqY>
mundiais e uma guerra fria; O vídeo é de 4 minutos
e foi produzido em 4 de
• Pela primeira vez, a transferência de mercadorias e pessoas se faz de forma extremamente junho de 2008. Enviado
veloz através de modernos meios de transporte, assim como a transferência de dados que, por DiegoSPBrasil. Mos-
por causa das redes de telecomunicações, se tornou mais veloz; tra as principais caracte-
• Pela primeira vez, os processos de unificação social e cultural são lubrificados pelos mass rísticas e consequências
media e pela informática; e que a globalização
trouxe para o mundo
• Pela primeira vez, a humanidade inteira demonstra ao mesmo tempo os mesmos medos, ou moderno. Após assistir
seja, a guerra nuclear, a poluição atmosférica, as crises financeiras, etc. ao vídeo comente com
Enfim, a globalização constitui uma questão atual e passível de debates e discussões como seus colegas e tutor o
o movimento antiglobalização. que mais te chamou a
atenção.

2.6.1 Alguns apontamentos sobre a globalização

De acordo com Montellato (2000), A partir do século XIV, no período de transição feudalis-
mo-capitalismo, na Europa Ocidental verifica-se o surgimento do Estado Nacional por meio do
Absolutismo. A idéia era a centralização do poder, após a experiência durante a época medieval
da descentralização do poder através da organização da propriedade feudal. Atividade
O absolutismo proporcionou a união de territórios e o despertar de um sentimento de na- Pesquise na internet e
cionalidade que foi crescendo gradativamente nos homens durante o período dos séculos XIV no site do google aca-
a XVIII. No entanto, ainda nos nossos dias nos deparamos com países que não são formados por dêmico a respeito da
história de unificação
um único grupo nacional. A Espanha é um exemplo, pois congrega catalães, galegos, bascos e
da Espanha. Leia sobre
castelhanos. A globalização tem provocado tensões em relação a essas minorias étnicas, pois ex- quem são os grupos na-
clui esses grupos de participação política. cionais que compõem
A nação foi emergindo e se configurando como sinal de poderio e em contraponto foi reve- o território espanhol e
lando as disputas e as relações de poder estabelecidas pelo homem nessa intrincada rede de in- os conflitos que esse
povo vive até os dias
trigas humanas. A nação fortalecida começa a querer descobrir outros mundos. Nesse caminho,
de hoje. Compartilhe
as nações investem na expansão marítima “descobrindo” novas terras e dominando-as com o ob- essas informações nos
jetivo do seu proveito próprio, assim como conhecendo outras formas de viver. Os portugueses fóruns de debates com
dão os primeiros passos, acompanhados posteriormente dos espanhóis, ingleses, holandeses e os colegas, o tutor e o
outros. professor formador.
Esse foi um processo longo que desembocou justamente na denominada “economia capi-
talista globalizada”. Os países que fazem parte dessa conjuntura estão integrados nas atividades
◄ Figura 60 e 61:
Crianças exploradas e
desemprego.
Fonte: Disponível em:
<http://www.google.com.
br/imgres?imgurl=http:>
<http://www.google.com.
br/search?hl=pt->. Acesso
em: 11 jul. 2011.

produtiva, comerciais e financeiras articuladas por meio das redes de comunicações disponíveis
com o objetivo de agilizar as transações. Dessa forma, vão surgir as multinacionais que vão ins-
talar suas indústrias em locais onde poderão obter mais lucro, sobretudo por causa da mão de
obra mais barata e a facilidade em conseguir matéria-prima. Não é preciso dizer que a população
onde estas indústrias vão se abrigar constituirão máquinas ferozes em explorar a localidade e,
sobretudo seus trabalhadores com o fim de obter cada vez mais lucro.

49
UAB/Unimontes - 8º Período

Essa nova configuração revela a concorrência, geralmente desleal, entre os produtos na-
cionais e estrangeiros levando as indústrias nacionais a se reorganizarem e automatizarem, im-
plicando em desemprego. A riqueza produzida pelas multinacionais não ficam onde elas estão
instaladas, mas vão para os seus países de origem dificultando o consumo e o movimento da
economia local. Essa nova realidade gera o desequilibro da economia globalizada.
Montellato (2000), explica que essa nova realidade pede novas formas de retratar a situação
Figura 62: Mundo econômica e social dos países. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) está sendo usado
globalizado por meio pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1990, ou seja, leva-se em consideração o po-
da tecnologia. der de compra e o bem-estar social, assim como o nível de analfabetismo e anos de escolaridade,
Fonte: Disponível em: expectativa de vida, respeito aos direitos da mulher e outros. Esse índice é mais humano e social.
<http://www.notapositiva.
com/trab_estudantes/ O Brasil, por exemplo, é um país bastante industrializado, mas não pode ser considerado desen-
trab_estudantes/filoso- volvido porque tem muitos problemas sociais. Mesmo os países desenvolvidos como os Estados
fia/filosofia_trabalhos/ Unidos vêm sofrendo com a globalização, pois há um número bem grande de famílias vivendo
compreendglobaliz.htm>.
Acesso em: 8 jul. 2011. abaixo da linha da pobreza. A Europa enfrenta as mesmas dificuldades, além de problemas com
▼ o sistema previdenciário e o desemprego.

2.6.2 Blocos regionais e globalização 

De acordo com Magnoli (1997), após a


guerra fria se multiplicou os acordos e a forma-
ção de blocos econômicos regionais. A Comu-
nidade Européia viu-se diante do surgimento
de novos grupos também buscando a hege-
monia ou ao menos querendo estar inserido
nesse novo contexto globalizado. Surgiu o Naf-
ta, Bacia do Pacífico, Mercosul, Pacto Andino,
Mercado Comum Centro-Americano, além de
outros grupos.
Para Magnoli (1997) os blocos regionais se
distinguem por quatro tipos de tratados eco-
nômicos, além do bloco regional espontâneo.
A Zona de Livre Comércio visa um acordo entre
estado destinado a eliminar restrições tarifárias
e não-tarifárias que incide sobre a circulação
de mercadorias entre os integrantes. Restringe
apenas ao âmbito comercial. Para Magnoli,

(...) a finalidade de um tratado de livre comércio, do ponto de vista da teoria


econômica, é ampliar a exposição da economia dos países integrantes à con-
corrência externa, a fim de estimular ganhos de produtividade na estrutura
produtiva nacional. O Nafta é, atualmente, o mais ilustre representante dessa
espécie que vaga pelas planícies da selva de blocos regionais. Um pouco mais
ambicioso é o tratado de União Aduaneira. (...) A finalidade de uma união adu-
aneira é atrair investimentos produtivos para o interior do território recoberto
pelo tratado. (MAGNOLI, 1997, p. 44)

Magnoli (1997) afirma que, de acordo com a teoria econômica, o mercado comum visa a
integração dos blocos e, assim a regionalização, porém de forma globalizada. Um exemplo desse
▲ formato é a União Européia, que vislumbra a união econômica e monetária. Alguns blocos serão
Figura 63: Globalização:
pactos entre nações.
abordados retratando essa configuração regional econômica.
Fonte: Disponível em:
<http://www.notapositiva.
com/trab_estudantes/
trab_estudantes/filoso-
2.6.2.1 União Européia – UE
fia/filosofia_trabalhos/
compreendglobaliz.htm>.
Acesso em: 8 jul. 2011. Magnoli (1997) diz que a União Européia nasceu durante a guerra fria e atualmente se en-
contra em crise. O tratado de Paris em 1951 é o seu início com a Comunidade Européia do Car-
vão e do Aço. O Tratado de Roma de 1957 criou a Comunidade Européia, tendo como um dos
seus objetivos a aproximação entre a França e a Alemanha. Essa união visava alargar as fronteiras

50
História - História Economica Geral e do Brasil

da Europa gerando a união entre estados europeus. Os países


fundadores foram a Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxem-
burgo e Países Baixos. Em 1973, agregou-se a ela a Dinamarca,
Irlanda e Reino Unido; em 1981, a Grécia; em 1986, Portugal
e Espanha; em 1995, Áustria, Finlândia e Suécia; em 2004, Re-
pública Checa, Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Hungria,
Letônia, Lituânia, Malta e Polônia; e em 2007 Bulgária e Romê-
Figura 64: União
nia. Outros países como a Islândia, Croácia, Turquia e Repúbli- Européia
ca da Macedônia desde 2005 articulam seu ingresso na referi- Fonte: Disponível em:
da Comunidade. <http://www.google.com.
br/imgres>. Acesso em: 8
◄ jul. 2011

2.6.2.2 Acordo de Livre Comércio da América do Norte - Nafta

Figura 65: Nafta


Fonte: Disponível em:
<http://www.google.com.
br/imgres?imgurl=http>.
◄ Acesso em: 8 jul. 2011.

De acordo com Magnoli (1997), o Acordo de Livre Comércio da América do Norte é um ins-
trumento de integração das economias dos Estados Unidos da América, do Canadá e do México.
Esse acordo teve início em 1988 por meio de políticas dos Estados Unidos para o pós-guerra con-
tando com a adesão dos canadenses e posteriormente dos mexicanos em 1993. Com ele, conso-
lida-se o intenso comércio regional da América do Norte. Magnoli afirma que,

O Nafta surgiu como fruto das políticas comerciais dos Estados Unidos para
o pós-Guerra Fria. Ele foi constituído em duas etapas: na primeira, os Estados
Unidos, firmaram um acordo bilateral de livre comércio com o Canadá; na se-
gunda, em 1994, o México foi incorporado ao bloco. A estratégia do Nafta re-
presentava uma cartada americana para a eventualidade de fracasso das nego-
ciações comerciais multilaterais do GATT. Nesse caso, o Nafta estava projetado
para constituir a pedra inicial de uma zona de livre comércio das Américas. O
alvo era a União Européia que, liderada pela França, entravava as negociações
sobre comércio de produtos agro-industriais. (MAGNOLI, 1997, p. 45)

O Nafta entra em vigor em janeiro de 1994, com um prazo de 15 anos para a total elimina-
ção das barreiras alfandegárias entre os três países membros, Canadá, Estados Unidos da Améri-
ca e México.

51
UAB/Unimontes - 8º Período

2.6.2.3 Mercado Comum do Sul – Mercosul

Figura 66 e 67: Mercosul


e NAFTA
Fonte: Disponível em:
<http://www.google.com.
br/imgres?imgurl=http://2.
bp.blogspot.>.
<http://4.bp.blogspot.
com/_IEt4B2OiufA/
Sy6Y6UH67pI/>. Acesso
em: 8 jul. 2011. ►
De acordo com Magnoli (1997), o Mercado Comum do Sul foi criado em 1991 por meio do
Tratado de Assunção, tendo como um dos seus objetivos acabar com a rivalidade entre Brasil e
Argentina visando atrair investimentos internacionais. O Chile, no princípio tem interesse em
aderir ao Nafta, mas foi orientado para o Mercosul. O Mercosul cuja estrutura física e administra-
tiva esta sediada em Montevidéu, têm um mercado potencial de 220 milhões de consumidores
e um PIB de 1,1 trilhão de dólares. Considera-se também que, no decorrer do século 21, a água
será um elemento estratégico essencial, e neste caso é importante destacar que dentro do Mer-
cosul estão as duas maiores bacias hidrográficas do planeta: a do Prata e a da Amazônia.
De acordo com Magnoli,

Mas, na ótica da política externa brasileira, o Mercosul constitui também uma


resposta ás iniciativas comerciais americanas e ao projeto de uma zona hemis-
férica de livre comércio negociada nos termos de Whashington. A estratégia
brasileira (...) consiste em consolidar o bloco do cone sul e, em seguida, estabe-
lecer uma área de livre comércio sul-americana. Essas iniciativas formariam o
alicerce para as negociações futuras da zona hemisférica proposta pelos Esta-
dos Unidos. (MAGNOLI, 1997, p. 47.)
Figura 68: Tigres
asiáticos
Fonte: Disponível em: O Mercosul tem como atuais membros Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Venezuela.
<http://www.conecteedu-
cacao.com/escconect/me-
dio/GEO/GEO02060400.
asp>. Acesso em: 8 jul. 2.6.2.4 A Bacia do Pacífico
2011.

Conforme Magnoli (1997), o termo Bacia do Pacífico está
relacionado a um bloco econômico da década de 1970, Dra-
gões Asiáticos, que constituía Hong Kong, Cingapura, Taiwan
e Coréia do Sul que, nesse período crescia bastante no proces-
so de industrialização. Além desses países, outros nomes vão
emergindo como Tailândia, Malásia e Indonésia. Os japoneses
têm um papel significativo na industrialização desses países,
pois investe nesse sentido. Na década de 1980, o Iene também
se revela. Atualmente as Filipinas e o Vietnã crescem e se mos-
tram propensas á industrialização. A China também se moder-
niza por causa da política de abertura do Partido Comunista.
Os Dragões Asiáticos surgem como “plataformas de exporta-
ção”, cuja economia industrial visa o ocidente e o Japão.

52
História - História Economica Geral e do Brasil

2.6.2.5 Regionalização versus globalização Atividade


pesquise na internet o
que é: ALCA: NAFTA;
Magnoli (1997) afirma que há uma multiplicação de blocos regionais e, dessa forma, a eco- APEC; ASEAN; CARI-
nomia mundial é ameaçada a fragmentar, pois ocorre um isolamento de macro-regiões. Essa rea- COM; CEI; CAFTA-DR;
lidade sugere a regionalização, que gera as seguintes consequências: BRIC e PACTO ANDINO
– SADC. Após a reali-
• Fluxos comerciais direcionados, em função da atração exercida pela remoção das barreiras zação da pesquisa faça
alfandegárias, o que atua contra a globalização; um relatório para poder
• Criação de novos fluxos comerciais, na medida em que as barreiras alfandegárias são retiradas partilhar com os cole-
estimulando assim, a importação a custos mais baixos, o que atua a favor da globalização. gas, professor formador
O capitalismo com o movimento atual tende a acabar com as medidas protecionistas ex- e tutor sobre esses
blocos econômicos.
pandindo o mercado e o comércio. É o alargamento das fronteiras de acordo com as conveni-
ências. Para tanto, cada bloco econômico vai se organizando e estruturando com o objetivo de Atividade
obter a hegemonia, não só econômica, mas também política.
Com seus colegas
reflita sobre quais as
implicações no mundo
2.6.2.6 Globalização e seus malefícios atual com esses blocos
econômicos emergindo
enquanto regionali-
A globalização enquanto processo histórico vem se consolidando no decorrer da sua tra- zação da economia
e, por outro lado, a
jetória e, consequentemente deixa rastros, sobretudo negativos, e muitos questionamentos dos globalização também
estudiosos economistas e historiadores econômicos. se configurando como
O que a globalização tem proporcionado à população mundial? A integração mundial é realidade. Tente fazer
consistente? Há partilha/divisão e distribuição de bens entre os países no âmbito mundial? Quais o paralelo verificando
diferenças podemos constatar? Por que essas diferenças – sociais, políticas e, sobretudo econô- pontos positivos e
negativos de ambos.
micas – ocorrem? Essas e muitas outras inquietações nos provocam a tomar posicionamentos Também procure se
nesse campo minado da globalização. informar conversando
Os malefícios são citados com colegas, professo-
com muita ênfase. Dentre eles, res, amigos, bem como
de acordo com Marcos Coimbra vendo televisão e lendo
jornais sobre a crise
(2001) podemos enumerar: econômica atual que
• a pobreza que se expande acontece nos Estados
por todo o mundo de forma Unidos da América e na
tão acentuada; União Européia. Poste
• o aumento de desemprego nos fóruns de debate.
que ganha números cada ◄ Figura 69: Efeitos da
globalização.
vez maiores;
Fonte: Disponível em:
• a exclusão social que se dis- <http://www.google.com.
semina com rapidez e fir- br/imgres?imgurl=http>.
meza; Acesso em: 8 JUL. 2011.
• a criminalidade que cresce
cada vez mais, sobretudo
em países menos desenvol-
vidos;
• o Fundo Monetário Econômico – FMI e o Banco Mundial Tomam medidas em relação aos
países devedores revelando sua tirania financeira;
• as desigualdades das estruturas capitalistas cada vez mais intensa;
• a padronização cultural não respeitando as diferenças entre os povos; e
• a questão ambiental é motivo de preocupação, pois implica na emissão de gases que ge-
ram o efeito estufa, assim como nas reservas de água potável que estão escassas e o desma-
tamento acelerado.
Joseph Stiglitz escreveu o livro intitulado “A globalização e seus malefícios” que trata acerca ▲
dessa questão. Esse livro gerou muita polêmica e foi escrito em 2001 diante de uma realidade em Figura 70: Livro de
que os países articulavam a mundialização. Ele enumera por meio de explicações bastante con- Joseph Stiglitz que trata
sistentes os malefícios gerados pelo processo da globalização. O autor aborda aspectos de sua sobre a globalização e
seus malefícios
experiência como conselheiro do Governo de Clinton, assim como economista do Banco Mun-
Fonte: Disponível em: <
dial durante o período de 1997 a 2000. Esse livro foi escrito pelo Prêmio Nobel da Economia em http://www.google.com.
2001 por sua importância e reflexão sobre as inquietações provocadas pela globalização. br/imgres?imgurl=http>.
Acesso em 8 jul. 2011.

53
UAB/Unimontes - 8º Período

Atividade 2.6.3 Movimento antiglobalização


Pesquise na internet e
livros sobre o assunto,
ou seja, quais são os De acordo com Gohn, o movimento antiglobalização
pontos positivos e
negativos da globaliza- ... nega a forma como a ordem capitalista instituída vigente se reproduz e não a
ção. Poste nos fóruns ordem em si. Ele é movido para a busca de soluções alternativas aos problemas
de debate. sociais e a própria preservação da vida no planeta e, não para a sua destruição.
(GOHN, 2003, p. 33)
Dica
Pesquise na internet O movimento antiglobalização objetiva, conforme Gohn (2003):
sobre o movimento • Designar aqueles que se opõem aos aspectos capitalistas-liberais;
antiglobalização e
partilhe com o tutor • Reivindicar o fim de acordos comerciais e do livre trânsito de capital;
e os colegas sobre o • Opor-se à formação de blocos comerciais, como o Tratado Norte-Americano de Livre Comér-
assunto no Ambiente cio – NAFTA – e a Área Livre de Comércio das Américas – ALCA;
Aprendizagem. • Propor alternativas ao regime econômico capitalista, como o Socialismo, o Comunismo e a
Anarquismo; e
• Manifestar preocupação com danos ao meio
ambiente e aos direitos humanos.
Os significados do movimento antigloba-
lização são:
• Ações que impulsionam mudanças sociais
diversas;
• Crítica à cultura do lucro, que deve ser subs-
tituída pela cultura do ser humano pleno, com
direito à vida;
• Demonstração de que as lutas sociais volta-
ram à cena internacional como fonte de pres-
são por mudanças que levem às transforma-
ções do modelo civilizatório em curso; e
• União, sem apagar as diferenças, num cam-
po comum, de grupos políticos e outros gru-
pos sociais e culturais que antes não conversa-
vam.

Referências
Figura 71: Movimento
antiglobalização na
Itália.
Carlo Giuliani,
manifestante
ARRUDA, José Jobson. Revolução industrial e capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1984.
antiglobalização
assassinado pela
polícia italiana durante
BOURDÉ, Guy; MARTIN, Hervé. As escolas históricas. Portugal: Publicações Europa-América,
confrontos corridos por 1983.
causa da reunião do G-8
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<http://images. CATANI, Afrânio Mendes; SANT’ANNA, Vanya. O que é capitalismo. 22. ed. São Paulo: Brasiliense,
google.com.br/ 1986. (Coleção primeiros passos; v. 4).
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54
História - História Economica Geral e do Brasil

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LENINE, Vladimir Ilitch. O imperialismo, fase superior do capitalismo. Lisboa-Moscovo: Edi-


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MAGNOLI, Demétrio. Globalização, estado nacional e espaço mundial. São Paulo: Moderna,
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MONTELLATO, Andréa Rodrigues Dias. História temática: o mundo dos cidadãos. São Paulo: Sci-
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OLIVEIRA, Marcos Fábio Martins; RODRIGUES, Luciene (Orgs.). Capitalismo: da Gênese à crise
atual. 2 ed. Montes Claros: Unimontes, 2000.

PERRY, Marvin. Civilização ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 1985.

PINA, Bernardo. Entenda a crise econômica que estamos vivendo. s.d. Disponível em: <http://
www.produzindo.net/entenda-a-crise-economica-que-estamos-vivendo/> Acesso em 21 maio
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com.br/imgres?imgurl=http>. Acesso em 8 jul. 2011.

55
História - História Economica Geral e do Brasil

Unidade 3
Colonialismo e economia brasileira
até a república nova

3.1 Introdução
Dica
Nesta Unidade, o tema abordado constituirá na discussão acerca do colonialismo e da eco-
nomia brasileira. É importante ressaltar que nenhum dos temas propostos nesse caderno didáti- Procure se informar
mais sobre Caio Prado
co figura como um item isolado. Pelo contrário, a história é trabalhada como processo. Por isso, Júnior na internet. Ele
todos esses movimentos estudados têm um vínculo entre eles, estando relacionados e correla- pertencia a uma das
cionados. Não são temas prontos e acabados, mas pensados como trajetória da humanidade e famílias mais ricas e
didaticamente dispostos para facilitar o seu entendimento. tradicionais de São
Nessa medida, ao discutirmos os nossos conteúdos, especificamente nesta Unidade quando Paulo, mas rompe com
a família e sua classe
tratarmos sobre o colonialismo e a economia brasileira, procure não pensá-los de forma isolada, social para abraçar a re-
mas inseridos no contexto próprio de sua época e elaborados dentro do processo político, eco- volução proletária. Ele
nômico, social, cultural, artístico, religioso. Enfim, procure pensar todas as dimensões possíveis fez o curso de Direito
de o homem viver. e iniciou os cursos de
A partir, sobretudo, de Caio Prado Júnior e de Celso Furtado, nesta unidade, será apresenta- Geografia e História na
USP, não concluindo
da a colonização portuguesa no Brasil, fazendo uma análise econômica do Brasil Colônia, mos- porque foi preso. Parti-
trando a economia brasileira na República, assim como a industrialização do Brasil após 1930. lhe essas informações
Dessa forma, nesta unidade, objetivamos compreender a história econômica brasileira. com o tutor no Am-
biente Aprendizagem.

3.2 Colonização da América


Portuguesa no Brasil

◄ Figura 72: Ilustrações


acerca do processo de
colonização.
Fonte: Disponível
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
historianomessiasantonio.
files. >.
Acesso em: 8 jan. 2010.

57
UAB/Unimontes - 8º Período

A colonização europeia na América, de acordo com Caio Prado Júnior (1989), constituía-se
no sonho das descobertas de metais preciosos e na extração de produtos como a madeira, pele
e pesca. A ocupação do território dependeu dessas atividades. A agricultura consistiu em uma
atividade posterior.
Na América, havia duas áreas distintas, conforme Caio Prado Júnior (1989):

a) Zona Temperada
Constitui o norte da América e o Chi-
le. Até o século XVIII era praticada a pesca e a
extração de peles. No século XVIII, ocorrem as
lutas políticas e religiosas na Europa. Então,
saem, da Inglaterra, puritanos e quackers; da
França, huguenotes; da Alemanha, os morá-
vios; da Suíça, outros. Essas pessoas vêm para
a América do Norte porque se parece com a
Europa, sobretudo o clima. Eles vêm fugidos e
não para construir suas vidas na América. Os
cercamentos são também motivos pelos quais
os ingleses vieram para a América em busca
de melhores condições de vida. Eles não vêm
para a América com as ambições de traficantes
ou aventureiros, mas para construir um novo
mundo, longe das agitações e transformações
da Europa. A América seria um prolongamento
da Europa.


Figura 73: A colonização
inglesa: um processo b) Zona tropical e subtropical
distinto na ocupação Apesar das controvérsias, con-
das terras norte- forme Caio Prado Júnior (1989), as
americanas. condições naturais que são bastan-
Fonte: Disponível te diferentes da Europa repelem os
em: <http://images. colonos. Porém, essa mesma diver-
google.com.br/
imgres?imgurl=http://2. sidade de condições naturais servi-
bp.blogspot.com/_ZOD>. rá como estímulo, pois os colonos
Acesso em: 8 jan. 2010. descobrirão gêneros que não exis-
tiam na Europa, como o açúcar, pi-
menta, tabaco, anil, arroz e algodão.
Tudo isso é um atrativo para
a Europa. Porém, precisam de ho-
dica
mens para trabalhar em territórios
Assista ao filme extensos. Os europeus vêm como
“Pocahontas”. É um dirigentes, e não como trabalhado- ▲
filme de animação de Figura 74: Colonização hispânica deixou suas marcas entre os
longa-metragem, da res. povos do continente americano.
Disney, considerado um A exploração agrária nos tró- Fonte: Disponível em: <http://images.google.com.br/
clássico, produzido pela picos se dará nas grandes unidades imgres?imgurl=http://2.bp.blogspot.com/_ZOD>.
Disney em 1995. A obra produtoras como fazendas, enge- Acesso em: 8 jan. 2010.
é baseada na história nhos e plantações que demandam
real da indígena norte-
-americana Pocahontas, muitos trabalhadores. Os colonos de baixo nível vêm trabalhar para a subsistência e sujeitam-se
que nasceu em 1595 ao trabalho até a chegada de mão-de-obra escrava ou indígena. A ideia é ser dirigente e grande
e morreu em 1617. proprietário rural. No Brasil, por exemplo, não teve trabalhador branco, porque não tinha braços
Refleita,a partir desse disponíveis para imigrar. Portugal e Espanha tinham uma população insuficiente e eram países
filme, sobre o processo decadentes.
de colonização na Amé-
rica, especificamente Enfim, de acordo com Caio Prado Júnior (1989), as colônias tropicais são diferentes das zo-
do norte e partilhe com nas temperadas. Nas zonas temperadas, as colônias de povoamento são escoadouros para ex-
o tutor no Ambiente cesso demográfico. Já nas zonas tropicais surgirá uma sociedade original com acentuado caráter
Aprendizagem. mercantil e empresa comercial. Indígenas e negros africanos constituem mão-de-obra, e a explo-

58
História - História Economica Geral e do Brasil

ração das terras virgens era utilizada para o comércio europeu. Logo, a formação da evolução his-
tórica dos trópicos com o objetivo exterior. A ideia é exportar do Brasil para a Europa pau-brasil,
açúcar, tabaco, ouro e diamante, algodão e café. Essa é a estrutura econômica brasileira.

3.3 Análise econômica do Brasil


Colônia e Império
De acordo com Caio Prado Júnior (1989), a era colonial termina em 1808 com a vinda da co-
roa real portuguesa para o Brasil. Na sequência, apresentaremos o período do descobrimento até
1808 e após 1808 até o Império em 1889.

3.3.1 Análise econômica do Brasil Colônia do descobrimento até 1808

Caio Prado Júnior faz um balanço até esse período da obra colonizadora no Brasil apresen-
tando os seguintes aspectos:

a) Distribuição do povoamento
• Litoral
A ocupação se faz em pequena parte do território. Há uma maior concentração do povoa-
mento na faixa costeira com uma população dispersa. Os núcleos importantes são Pernambuco,
Bahia e Rio de janeiro; Pará e Maranhão; e núcleos dispersos.
• Interior
A irregularidade do povoamento é maior.
- No norte (Amazônia): o povoamento é realizado ao longo dos cursos d’água, sendo linear
e ralo;
- No sertão nordestino: o povoamento se concentra em regiões que têm recursos naturais,
como a água por causa das fazendas;
- Na região central: o povoamento ocorre em torno das explorações auríferas, como Minas
Gerais, Goiás e Mato Grosso;
- No sudeste: a região em destaque constitui onde atualmente é São Paulo com a produção
agrícola e como centro de comunicações. Constitui a zona mais próspera e rica;
- No sul: o povoamento se faz nas estâncias de gado, como no Rio Grande do Sul.

b) Atividades econômicas variáveis Figura 75: Extração do


sal nos dias atuais.
Acontecerão da seguinte forma:
Fonte: Disponível
• Extremo norte: grandes lavouras tropicais com cana de açúcar, tabaco, arroz, anil, algodão e em: <http://images.
cacau no litoral; google.com.br/
• Centro-sul: pecuária e mineração de ouro e diamantes; imgres?imgurl=http://
images.ig.com.br/publi-
• Nordeste e extremo-sul: pecuária. cador/>.
Enfim, o caráter geral da economia brasileira consistiu na exploração dos recursos naturais Acesso em: 8 jan. 2010.
em proveito do comércio europeu. Não consistiu na economia nacional. ▼

c) Quadro da economia colonial


Apresenta-se da seguinte forma:

• Indústrias extrativas
- Mineração de ouro e diamantes;
- Coleta de produtos naturais na Amazônia;
- Madeira como o pau-brasil para construção, sendo
no interior muito difícil a extração. Ela ocorre mais no lito-
ral para consumo local, construção naval, etc.;
- Pesca de baleia: é monopólio da coroa portuguesa,
mas ocorre concessão a privilegiados. Em 1801, a pesca

59
da baleia torna-se livre trazendo problemas no século XIX;
UAB/Unimontes - 8º Período

- Sal: extraído do rio São Francisco e um pouco do Mato Grosso. O sal marinho é importante
e vem do Maranhão ao Rio de Janeiro;
- Salitre: em meados do século XVIII, ocorre a extração por meio de iniciativas oficiais da
Bahia. A iniciativa particular explora em escala comercial do rio São Francisco em Minas Gerais e
Bahia; e
- Erva mate: é nativa nas matas do Rio Paraná.
Explorada no século XVIII pelos Jesuítas. É exportada
para Buenos Aires e Montevidéu.

• Artes e manufaturas
- Artes mecânicas e manufaturas: a maioria era
importada, e a produção local era insignificante e ti-
nha características próprias;
- Na zona rural constituíam-se na indústria do-
méstica por meio dos acessórios dos estabeleci-
mentos agrícolas ou de mineração, assim como para
atender às necessidades dos moradores, por estar dis-
tantes dos centros urbanos a carpintaria, ferreiros, ma-
nufaturas de panos e vestuário e pequena metalurgia;
- Indústria doméstica: foi entregue a escravos que
eram mais hábeis ou a mulheres de casa, como, por
exemplo, a fiação, tecelagem e costura;
- Atividades autônomas: apresentam ofícios di-
versos como de ambulantes e ferreiros; e
- Indústrias: Olaria, com a fabricação de telhas;
caieiras, com a preparação da cal; cerâmica que con-

Figura 76: Paisagem
sistia no conhecimento dos índios, os quais perdem a habilidade por causa do contato com os
costeira no Brasil brancos; curtumes que se concentravam nas regiões ou centros de grande comércio de gado,
ilustrada na famosa como Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro; cordoaria, no Amazonas, com a
Carta Atlântica do Atlas fabricação de fibra da piaçabeira; setor têxtil em Minas Gerais, Rio de Janeiro no século XVIII, ex-
Lopo-Homem-reinéis tinto em 1785 por Portugal com receio da expansão; setor do ferro que era perseguido pela ad-
de 1519.
ministração colonial porque fazia concorrência com o Reino retirando seus lucros; ourives que
Fonte: Disponível em: <ge-
ologiamarinha.blogspot. era perseguido porque facilitava o descaminho do ouro, foi proibido em Minas Gerais em 1751 e
com/ >. 1766, na Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro.
Acesso em: 8 jan. 2010.
• Transportes e comu-
nicações
De acordo com Caio
Pardo Júnior (1989), o “ca-
minho cria o tipo social”.
As distâncias são enormes,
o relevo acidentado e as
coberturas das florestas
dificultam a comunicação,
tornando-a morosa. As re-
lações da colônia tinham
um ritmo lento e retardado,
dando características de
uma vida frouxa por causa
da deficiência dos meios ▲
Figura 77: Escravos trabalhando.
de transportes. Há dois ti-
Fonte: Disponível em: <http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://leite-
pos de via: a fluvial e a ter- devaca.com/wp>. Acesso em: 8 jan. 2010.
restre. A fluvial consistia
em rios impróprios à navegação e com impossibilidade de embarcações maiores, assim como as
cheias provocadas pela chuva e a seca dificultavam ainda mais o transporte. A terrestre não era
cômoda, pois não contava com pontes e estrada.
As vias de comunicação são por água e em sua maioria por terra. Elas servem para ligar o
litoral ao interior, o sul ao norte.

60
História - História Economica Geral e do Brasil

• Comércio
A produção de gêneros tropicais e metais preciosos são realizados para o mercado interna-
cional. Há dois setores:
- Comércio Externo: por via marítima, a colonização portuguesa utiliza o oceano Atlântico;
a espanhola, o Pacífico. As colônias vizinhas apresentam as mesmas condições do Brasil. Ainda
há as rivalidades com a metrópole, assim como as restrições. Por via terrestre, é insignificante.
Ocorre o contrabando, principalmente dos ingleses. O monopólio legal é dos portugueses, mas
há o contrabando, sobretudo nas cidades maiores como Rio de Janeiro, Bahia, Recife, São Luís e
Belém. A importação procura os mesmos portos com um nível econômico mais elevado, assim
como os gêneros alimentícios de luxo, como o vinho, azeite de oliva, sal, metais, ferro e manufa-
turas. O comércio exterior mais importante é o tráfico de escravos.
- Comércio Interno: constituído de mercadorias para exportação ou que provêm da impor-
tação. É o comércio para o abastecimento dos grandes centros urbanos. Não produz ferro, sal e
manufaturas, mas sim gêneros para subsistência. Há a insuficiência do abastecimento e carestia
nas cidades. Destaque para o comércio de gado que não só liga o território do Brasil, assim como
provoca o povoamento e a produção de carne seca, o famoso charque do Rio Grande do Sul.
◄ Figura 78: Criação de
gado no sertão.
Fonte: Disponível em:
<http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.itaporanga.net/
imagens/luor>. Acesso em:
8 jan. 2010.

Enfim, Caio Prado Júnior (1989) conclui a economia do Brasil no período colonial abordando:
• O comércio colonial que existia nos setores:
- Marinha: áreas de povoamento com as atividades no litoral, sobretudo de gêneros agríco-
las para exportação localizados nos centros e portos do comércio exterior;
- Sertão: áreas interiores de criação, sobretudo de gado;
- Minas: exploração de ouro.
• O povoamento: era constituído na maioria de negros e índios, escravizados e dominados. A
população branca era minoria, sendo os dirigentes.
• A exportação de produtos tropicais, ouro e diamante para a metrópole e comércio exterior.

3.3.2 Análise econômica do Brasil de 1808 até 1889

De acordo com Celso Furtado (1982) e Caio Prado Júnior (1989), a vinda da coroa real para o
Brasil trouxe não só a liberdade comercial, assim como o estímulo econômico.

61
UAB/Unimontes - 8º Período

3.3.2.1 De 1808 a 1822

Modificações efetuadas por causa da Coroa Portuguesa no Brasil:


• Abertura do comércio exterior;
• Grande número de viajantes estrangeiros que passam pelo Brasil;
• Estímulo às necessidades e ao consumo do país;
• Comércio internacional voltado para a exportação, além de ser deficitário. Ocorrem os em-
préstimos públicos com juros altos agravando a situação econômica do país;
• O sistema monetário utilizava na época o ouro. Porém, as minas com a redução de produção
são substituídas pelos pesos espanhóis de prata, que são escassos, provocando o apareci-
mento da moeda de cobre, a qual é bastante depreciada. Surge depois o papel-moeda de
valor instável. As moedas vivem oscilações violentas;
• No Brasil, a economia não pode concorrer com as mercadorias estrangeiras. Há o pagamen-
to de taxas à Inglaterra e a Portugal;
• Nas alfândegas brasileiras, perdura tarifa primitiva, porém muda por causa dos protestos,
sobretudo dos ingleses;
• O desenvolvimento da produção nacional é difícil porque o país é pobre em recursos, assim
como tem problemas na organização produtiva, sofre com a concorrência estrangeira e é
voltado para a exportação;
• A pequena indústria brasileira não pode sobreviver à concorrência e a situação se agrava
com o tempo por causa da melhoria da indústria europeia;
• As indústrias mais importantes são: a manufatura de tecidos e a metalurgia, por causa da
matéria-prima abundante e os mercados locais apreciáveis;
• A liberdade comercial compromete o artesanato indígena com a produção nos centros ur-
banos;
• O setor de finanças públicas possui um complexo aparelho administrativo que não existia
antes da vinda da coroa. Isso implica maiores gastos. Além disso, houve duas guerras, da
Prata e Guiana Francesa que implicaram mudanças como a ampliação das forças armadas,
abertura de novas estradas, etc. A preocupação era: de onde tirar dinheiro para a manuten-
ção de tudo isso? Constata-se que há uma incapacidade ad-
ministrativa, o território é muito grande e a população disper-
sa provocando uma única saída: impostos alfandegários. As
finanças públicas resultam num funcionalismo atrasado que
implica dívidas proteladas, emissão de papel-moeda de curso
forçado e empréstimos externos que geram descrédito pú-
blico, desvalorização da moeda, inflação e encarecimento da
vida. Tudo isso gera o agravamento e desequilíbrio da econo-
mia no Brasil;
• O grande comércio está nas mãos dos ingleses com
as transações financeiras; os franceses com o negócio de luxo
e moda; os nativos não sofrem tanto com a concorrência, ao
contrário dos portugueses que se dedicavam ao comércio,
mesmo após 1822. A concorrência reflete na vida e na popula-
ção nacional por meio das animosidades contra o estrangeiro,

Figura 79: Alusão à
sobretudo os ingleses que são donos das primeiras grandes empresas e têm posição de relevo
inflação. na sociedade e na economia;
Fonte: Disponível em: • No setor privado há um desequilíbrio financeiro. Com a vinda da coroa real para o Brasil,
<PINA, Eduardo. Entenda ocorre a transformação dos hábitos, a introdução do conforto e do luxo, que antes eram
a crise econômica que desconhecidos na colônia, além dos costumes da corte imitados pela população. Certas
estamos vivendo. In: dis-
ponível em: http://www. classes brasileiras movidas pela vaidade vivem da compra de títulos, condecorações e hon-
produzindo.net/entenda- rarias.
-a-crise-economica-que- Enfim, de acordo com Caio Prado Júnior (1989) e Celso Furtado (1982), a transferência da
-estamos-vivendo/>.
Acesso em: 5 jan. 2010. corte constituiu um processo contraditório, pois houve um

(...) desacordo entre o sistema econômico legado pela colônia e as novas ne-
cessidades da nação. Isso gerou um surto econômico do país que não se ade-
quou ao quadro político e administrativo legado pela metrópole. (PRADO JÚ-
NIOR, 1989, p. 34)

62
História - História Economica Geral e do Brasil

Atividade
Assista ao filme “Carlota
Joaquina: princesa do
Brasil”que apresenta
um painel da vida de
Carlota Joaquina, a
infanta espanhola que
conheceu o prínci-
Figura 80: pe de Portugal com
Filme “Carlota apenas dez anos e se
Joaquina: a decepcionou com o
princesa do futuro marido. Sempre
Brasil”. mostrou disposição
para seus amantes e
Fonte: Disponí-
pelo poder e se sentiu
vel em: <http://
imagens.google. tremendamente con-
com.br/imgres/ >. trariada quando a corte
Acesso em: 7 jan. portuguesa veio para o
◄ 2010. Brasil, tendo uma gran-
de sensação de alívio
quando foi embora.
3.3.2.2 De 1822 a 1889 Filme dirigido por Carla
Camurati em 1995. Par-
tilhe suas impressões
Caio Prado Júnior (1989) diz que a primeira metade do século XIX constituiu um período de do filme com os cole-
gas, tutor e professor
transição, pois é uma fase de ajustamento a nova situação, ou seja, a independência. É um perío- formador nos fóruns de
do de transformação econômica, política, social e cultural. debate e no Ambiente
Em 1822, ocorre a “independência do Brasil”. Esse acontecimento político é significativo ape- Aprendizagem.
sar das dependências que ainda persistem em relação ao Brasil com outros países, sobretudo
Portugal e Inglaterra.
Conforme Mendonça e Pires (2002), em 1826, por
ocasião de renovação dos tratados comerciais assina-
dos, logo após a fuga da coroa portuguesa para o Bra-
sil, a Inglaterra conseguiu impor ao governo brasileiro
uma cláusula pela qual este se comprometia a decre-
tar a abolição do tráfico dentro de três anos a partir da
retificação do tratado. Pela lei de 7 de novembro de
1831, o governo brasileiro cumpriu a promessa, con-
siderando livres todos os africanos introduzidos no
Brasil a partir daquela data. A lei de 1831, no entanto,
foi simplesmente ignorada. Entre 1831 e 1850, mais de
meio milhão de escravos foram introduzidos no país.
Porém, as tensões se agravaram quando chegou, no-
vamente, a ocasião de rediscutir os termos do tratado comercial com a Inglaterra. Uma das prin- ▲
Figura 81:
cipais fontes de recurso do governo brasileiro eram as tarifas sobre importação e o governo via-
Independência
-se, agora, forçado a rever algumas dessas tarifas, aumentando o seu valor, o que desagradava os do Brasil, a mais
ingleses que, em represália, reabriram a questão do tráfico de escravos. O parlamento inglês em conservadora da
1845 declarou lícito o apresamento de qualquer embarcação empregada no tráfico de escravos. América.
A lei Eusébio de Queiróz foi aprovada em 1850. Segundo essa nova lei, a importação de escravos Fonte: Disponível
em: <http://images.
foi considerada ato de pirataria e, como tal, deveria ser punida. Com isso, o contrabando dimi- google.com.br/
nuiu, porém não cessou completamente. Enfim, esse foi um embate até 1888 quando, definitiva- imgres?imgurl=http://
mente, aboliu-se a escravidão no país, por meio de muitas lutas, resistências, tensões e conflitos. maniadehistoria.files.
wordpress.>.
Um fato importante durante esse período, abordado também por Mendonça e Pires (2002) Acesso em: 9 jan. 2010.
que merece ser relatado, ocorreu em 12 de agosto de 1844 quando se implantou a política ta-
rifária, conhecida pelo nome de Tarifa Alves Branco, aumentando as taxas aduaneiras para 30%
sobre produtos importados sem similar nacional, e 60% sobre produtos com similar nacional. Tal
medida abrangeu cerca de três mil itens importados, despertando vivos protestos não apenas
dos empresários britânicos, afetados com essa medida, mas também dos importadores no Bra-
sil e das classes mais abastadas, que passaram a pagar mais caro pelos itens importados de que
dependiam. Esse aumento perdurou até meados da década de 1860 quando o governo imperial,
pressionado pelos grupos exportadores, promoveu uma redução das tarifas. Embora o seu obje-
tivo tenha sido o de melhorar a balança comercial brasileira, acabou por impulsionar a substitui-
ção de importações e a instalação de inúmeras fábricas no país, permitindo a chamada Era Mauá.

63
UAB/Unimontes - 8º Período

Dica A “Era Mauá” consistiu no período de surto industrial que viveu o Brasil durante o Segundo
Assista ao filme “Mauá: Império. Esse período recebe esse nome por causa de seu mentor Barão e Visconde de Mauá, ou
O Imperador e o Reis”, o seja, Irineu Evangelista de Souza. Os Investimentos de Mauá constituíram nos seguintes itens:
qual mostra a infância, • Fundição de ferro e bronze;
o enriquecimento e a • Construção de bondes e ferrovias;
falência de Irineu Evan- • Iluminação a gás;
gelista de Souza (1813-
1889), o empreendedor • Implantação de estaleiros;
gaúcho mais conhecido • Telégrafo submarino;
como barão de Mauá, • Navegação a vapor; e
considerado o primeiro • Banco Mauá & Cia, com filiais na Inglaterra, na Argentina, no Uruguai, em Paris e em Nova
grande empresário bra- Iorque;
sileiro, responsável por
uma série de iniciativas Com a falência de Mauá, ocorre a edição de uma nova tarifa alfandegária que reduzia as ta-
modernizadoras para xas sobre importação. Foi a chamada “Tarifa Silva Ferraz” (1865).
economia nacional ao Dessa forma, conforme abordagem anterior, verifica-se que depois de 1850, quando ocor-
longo do século XlX. rerá a abolição do tráfico africano, a abolição do tráfico africano consistirá em forças inovadoras
Mauá, um vanguardista para o país. Ocorrerá, então, um período de prosperidade e ativa vida econômica com a funda-
em sua época, arrojado
em sua luta pela indus- ção de empresas, bancos, companhias de navegação a vapor e estradas de ferro. O Brasil viverá
trialização do Brasil, uma nova fase.
tanto era recebido com
tapete vermelho como
chutado pela porta dos
fundos por D. Pedro
II. O filme auxiliará na
compreensão desse
período da indus-
trialização no Brasil,
discutindo questões
como a criação de ban-
cos, primeiro código
comercial, etc. Após
assitir ao filme poste
nos fóruns de debate
suas impressões.

Figura 82: O Mercado


Municipal de
Diamantina.
Fonte: Disponível
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.desvendar.com/ima-
gens/cidades/Diamantina/
mercado >. Acesso em: 8
jan. 2010. ►
Dica
De 1865 a 1870, ocorrerá a Guerra do Paraguai que provocará crises de crescimento. O Brasil
Pesquise na internet
sobre a Guerra do vence a guerra, mas os resultados são nulos, pois compromete as finanças do país.
Paraguai. De 1870 a 1880, será um período de maior prosperidade nacional com empreendimentos
industriais, comerciais e agrícolas. O Brasil se moderniza e se esforça para entrar no ritmo das ati-
vidades do mundo capitalista.
Durante o período do Império, ocorrerá:
• O crescimento populacional;
• Os ricos têm riqueza e bem-estar;
• O aparelhamento técnico com a construção de estradas de ferro; implementação da nave-
gação a vapor nacional e internacional e da rede ferroviária;
• A rede telegráfica é aprimorada;
• O progresso industrial; e
• A lavoura é produtora de gêneros de exportação como o café, açúcar, algodão e borracha.

64
História - História Economica Geral e do Brasil

Enfim, no Império, há o café que expande a economia brasileira; as finanças públicas, apesar
dos déficits, faziam obras vultosas; a moeda era precária, mas fortalece e ganha estabilidade; e o
crédito brasileiro no exterior é sólido. A política monetária é orientada pelo acaso e por questões
momentâneas, gerando uma instabilidade e insegurança financeira.

3.3.3 Economia brasileira na república

O Brasil, de acordo com Caio Prado Júnior (1989), mesmo após a


independência política, possuía suas raízes na dependência e subordi-
nação na forma orgânica e funcional. Sua economia era de exportação,
sobretudo de gêneros alimentícios e matérias-primas para a Europa e
depois para a América para as zonas temperadas. A economia colonial
era diferente da economia mundial, pois a organização da produção
deveria ser em função das necessidades de sua população; porém, isso
não ocorria, pois era sempre pensada para exportação.
A penetração do capital estrangeiro financeiro no Brasil constituía
uma função política e comercial com o aparente objetivo de consolidar
a autonomia do país e sua liberdade comercial. Nesse sentido, o capital
estrangeiro objetivava o lucro, a dominação, contribuindo para a subor-
dinação do país aos países hegemônicos, impedindo, dessa forma, uma
verdadeira autonomia, ou seja, independência econômica além da po-
lítica. Assim, a Inglaterra e outros países europeus tornaram o Brasil o
mercado para suas indústrias na fase primária.
Posteriormente, ocorre a substituição do objetivo de vender produ-
tos industriais para expansão do capital financeiro e disputa dos grupos
que o detém. É a evolução do capitalismo financeiro que consistia no
momento na economia mundial.
Os empréstimos públicos feitos pelo Brasil serviam como arma de
penetração e conquista de posições, como, por exemplo, a valorização
do café. O café representava a grande riqueza do país, porém a eco-
nomia cafeeira, desde a produção até o consumo, era explorada pelo
capitalismo internacional. O financiamento da produção, comércio e ▲
exportação gera lucros nacionais, mas com a exportação exige-se aparelhamento comercial e in- Figura 83: Capital
dustrial que seria por meio do capital internacional. estrangeiro.
O Brasil tem fortes oscilações cambiais da moeda; instabilidade das finanças; carência de ca- Fonte: Disponível
em:<ttp://images.
pital para o giro comercial; e sucessivas e bruscas contrações do mercado financeiro. Logo, torna- google.com.br/
-se presa fácil para a especulação do capital estrangeiro, disponível, farto e controlador. imgres?imgurl=http://
Os empreendimentos industriais no Brasil consistiam e/ou são realizados : www.paulohenriqueamo-
rim.com.>. Acesso em: 9
• Nos serviços públicos, na construção de estradas de ferro, serviços e melhoramentos urba- jan. 2010.
nos, instalações portuárias e fornecimento de energia elétrica, cuja iniciativa era do capital
estrangeiro;
• Na indústria manufatureira, nas grandes indústrias, na luta pela conquista de mercados. Por
isso, grandes indústrias se transferem para o Brasil instalando agências comerciais de pe-
queno porte e livrando-se, por exemplo, das tarifas alfandegárias, obtendo mão-de-obra ba-
rata e adaptando-se às peculiaridades do mercado brasileiro; e
• Com a penetração do imperialismo no Brasil e de suas operações na economia brasileira,
são realizados, continuadamente, por meio das matérias-primas que o Brasil fornece, como
a borracha, manganês, minério de ferro e algodão.
O Brasil será foco do Imperialismo, cuja vida econômica não é em função de interesses inter-
nos, mas da luta de monopólios e grupos financeiros internacionais concorrentes, sobrando-lhe
apenas atividades marginais, como, por exemplo, oficinas de artesanato.
Os efeitos do Imperialismo no Brasil, de acordo com Caio Prado Júnior (1989), constituíram:
• Poderoso fator de exploração da riqueza nacional;
• Manutenção da economia brasileira na função primária;
• Elemento de constante perturbação das finanças nacionais;
• Crescimento da dívida externa.

65
UAB/Unimontes - 8º Período

Não se pode negar também os pontos positivos como:


• Estímulo para a vida econômica do país;
• Construção de estradas de ferro, portos modernos, serviços urbanos e grandes empresas co-
merciais;
• Ritmo de vida econômica e social brasileira, no nível do mundo moderno; e
• Espírito de iniciativa, padrões, exemplos e técnicas desenvolvidas.
Enfim, para Caio Prado Júnior (1989), tudo isso é contraditório, pois ao mesmo tempo em
que liberta, oprime.

3.3.3.1 A industrialização do Brasil após 1930

De acordo com Caio Prado Júnior (1989), durante a República Ve-


lha (1889-1930), verifica-se a predominânia da economia cafeeira no
Brasil. Porém, o café vai sofrer várias crises. Os maiores produtores de
café eram paulistas e mineiros, que, inclusive, exerciam influência na po-
▲ lítica da República Velha e na indicação dos candidatos à presidência da República. O governo
Figura 84: Brasil sugado vai tentar sanar os problemas da superprodução do café por meio de medidas como a “Política
pela dívida externa.
de valorização do café”, instituída em 1906. Para garantir o preço do café no mercado externo, o
Fonte: Disponível
em:<007blog.net/sobre- governo federal comprava parte da produção quando a demanda internacional era menor. Para
-a-divida-externa-do- manter os preços internos e externos, a produção de café poderia ser guardada em estoques re-
-brasil/>. Acesso em: 21 guladores ou até incinerada, quando preciso. O câmbio era também controlado, de forma a ga-
maio 2010.
rantir os lucros dos exportadores de café. A moeda brasileira foi desvalorizada em vários momen-
tos, a fim de beneficiar as exportações de café, que acabavam alcançando os mercados externos
por preços relativamente mais baixos. Enquanto issso, a população, sobretudo a mais pobre, so-
fria com o custo de vida cada vez mais alto.
Apesar da intervenção do governo, na década de 1920, houve várias crises de superpro-
dução do café fazendo o seu preço cair no
mercado internacional. Dessa forma, o setor
entrou em crise, e as oligarquias paulista e
mineira perderam o apoio das oligarquias de
outros estados que acabaram buscando alian-
ças com outras camadas da população urba-
na, tais como tenentes e industriais, propon-
do outras formas de organização política. Um
movimento de oposiçao à oligarquia cafeicul-
tora foi o tenentismo.
O tenentismo foi organizado por jovens
oficiais do exército e representavam o anseio
das camadas médias da população em busca
da ampliação no direito de participação pollí-
tica. Reivindicavam reformas políticas e eleito-
rais. A classe média cresceu bastante por causa
da urbanização, assim como o setor industrial
que exigia também maior participação nas de-
cisões políticas.
Em 1929, a crise brasileira se agrava por
▲ causa da quebra da Bolsa de Valores de New
Figura 85: Fazenda York, nos Estados Unidos, que vai gerar a grande depressão, assunto do qual já falamos anterior-
cafeeira no Brasil. mente.
Fonte: Disponível em: Houve, em 1929, eleição no Brasil, tendo, de um lado, Getúlio Vargas com aliança entre a
<http://tibexa.files.
wordpress.com/2008/02/
oligarquia mineira e a do Rio Grande do Sul, e, de um outro, Júlio Prestes, nome ratificado pelos
cafe.jpg>. Acesso em: 11 paulistas. Júlio Prestes ganhou a eleição na Aliança Liberal, partido político em que se encontra-
jan. 2010. va. Getúlio Vargas com os tenentes organizaram a luta armada para impedir a posse do presiden-
te eleito, Júlio Prestes. Esse movimento foi denominado Revolução de 1930.

66
História - História Economica Geral e do Brasil

A Revolução de 1930 com Getúlio Vargas operou uma mudança decisiva no pla-
no da política interna, afastando do poder do estado oligarquias tradicionais que re-
presentavam os interesses agrários e comerciais. Getúlio Vargas adotou uma política
de industrialização, adotando também a substituição de mão-de-obra imigrante pela
nacional. Essa mão-de-obra era formada no Rio de Janeiro e São Paulo em função do
êxodo rural causada pela decadência cafeeira e movimentos migratórios de nordes-
tinos. Vargas investiu forte na criação da infraestrutura industrial: indústria de base e
energia. Durante esse processo foi criado (a):
• Conselho Nacional do Petróleo (1938);
• Companhia Siderúrgica Nacional (1941);
• Companhia Vale do Rio Doce (1943); e
• Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1945)
Foram fatores que contribuíram para o desenvolvimento industrial a partir de
1930:
• o grande êxodo rural, devido à crise do café, com o aumento da população urba-
na que foi constituir um mercado consumidor; e
• a redução das importações devido à crise mundial e segunda Guerra Mundial,
que favoreceu o desenvolvimento industrial, livre de concorrência estrangeira.
Esse desenvolvimento ocorreu principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Mi-

nas Gerais e Rio Grande do Sul, definindo a grande concentração espacial da indústria, que per- Figura 86: Capa da
manece até nossos dias. Revista do Globo.
Uma característica das indústrias que foram criadas desde a 1ª Guerra Mundial é que muitas Revolução de outubro
delas fazem apenas a montagem de peças produzidas e importadas do exterior. São subsidiárias de 1930:
das matrizes estrangeiras. Isso ocorreu no Brasil também. No início da segunda Guerra Mundial, imagens e documentos,
Porto Alegre, 1931.
o crescimento diminuiu porque o Brasil não conseguia importar os equipamentos e máquinas Edição especial.
de que precisava. Isso ressalta a importância de possuir uma indústria de bens de capital. Apesar Fonte: Disponível em:
disso, as nossas exportações continuaram a se manter acarretando um acúmulo de divisas. A ma- <http://images.google.
téria-prima nacional substituiu a importada. Ao final da guerra, já existiam indústrias com capital com.br/images?>. Acesso
em: 11 jan. 2010.
e tecnologia nacionais, como a indústria de autopeças. No segundo governo Vargas (1951-1954),
os projetos de desenvolvimento, baseados no capitalismo de Estado, através de investimentos Dica
públicos no extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC, em 1951), BNDES, entre outros, forneceram
Pesquise na internet e
importantes subsídios para Juscelino Kubitschek lançar seu Plano de Metas, ainda que a um ele- nos cadernos didáticos
vado custo de internacionalização da economia brasileira. de História do Brasil
República sobre a Re-
volução de 1930. Esse
3.3.3.2. A crise para configuração do processo de substituição das movimento, conforme
vocês podem observar
importações é bastante significativo,
inclusive relacionado
as questões econômi-
cas do Brasil. Partilhe
O Brasil continua se ajustando ao imperai- seu conhecimento e
lismo com sua produção voltada para o exte- descobertas com seus
rior. Porém, o imperialismo possibilita ao Brasil colegas e tutor no Am-
se integrar a economia mundial e ao mundo biente Aprendizagem.
moderno. Caio Prado Júnior (1989) afirma que,
Dica
a base da economia brasileira era ser um mero
produtor de matéria-prima para o exterior. Pesquise na internet
ou livros de História
Essa era, porém, uma base insólida. Um exem-
Geral do Brasil sobre o
plo dessa situação inconstante foi a questão governo Getúlio Vargas.
da produção do café com a crise da sua super Conheça quem foi e o
produção e desvalorização. O que fazer diante que fez esse presidente
daquela realidade? O governo brasileiro teve do Barsil durante os
vários anos de gover-
que tomar decisões e assumir “responsabilida-
no. Partilhe com seus
des” e contornar a situação. Também ocorria colegas e tutor as
o mesmo com outras produções como a bor- informações adquiridas
racha e o cacau, ou seja, produção extorsiva e no Ambiente Aprendi-
descuidada. zagem.

Figura 87: Imperialimo
Fonte: Disponível em< http://www.galizacig.com/actu-
alidade/200309/resistir_globalizar_luta_contra_barba-

67
rie_imperialista.htm>. Acesso em: 13 jul. 2011.
UAB/Unimontes - 8º Período

Esse sistema econômico tradiconal baseado nas exportações não era mais possível e sufi-
ciente. Era necessário buscar outras alternativas voltando, sobretudo para o âmbito nacional.
Mas como sair dos primórdios dessa formação econômica brasileira? Para tanto, a economia do
Brasil deveria voltar-se para o consumo, pois Caio Prado Júnior (1989) afirma que verificava-se,
• ocorria o crescimento populacional, fortalecido sobretudo pela libertação dos escravos e
imigração européia;
• a elevação do padrão de vida impunha novas exigências e necessidades;
• o progresso tecnológico dos transportes e comunicações agilizava o comércio; e
• o progresso industrial torna os produtos mais acessíveis.
Mesmo diante desse novo quadro, Caio Prado Júnior (1989) diz que, o Brasil continua firme
com as exportações desiquilibrando a economia, mas as solicitações de consumo impelem a pro-
dução interna. O comércio externo e a preocupação com a economia no âmbito interno, sobre-
tudo após a I e II Guerras Mundiais revelam transformações profundas, dentre elas:
• declínio da importação de vários produtos;
• cresce a produção interna de produtos adquiridos no exterior;
• a agricultura torna-se mais diversificada;
• cresce o consumo de bens internacionais;
• ocorre melhorias estruturais;
• crescimento das aglomerações urbanas por causa do progresso da indústria;
• núcleos uirbanos tornam-se potenciais de consumo; e
• progreso da pequena propriedade agrária em algumas regiões elevando a produtividades e
o padrão de vida da população rural.
Figura 88: Exportação
do café. Conforme Caio Prado Júnior (1989), não se pode negar, que a depresão de 1930 deixou se-
Fonte: Disponívl em: < quelas profundas, mas remediadas no decorrer do tempo, conforme estudamos anteriormente.
http://www.google.com. O ocorrido com o café não foi a única questão problemática do Brasil nesse período, pois tam-
br/imgres?imgurl=http:// bém teve que enfrentar a crise do algodão, cacau, borracha e produtos tropicais importados. Por
www.>. Acesso em: 14 jul.
2011. isso, a necessidade de investir em outros segmentos como a indústria sintética. Os minérios tam-
▼ bém foram promissores, mas não em estado bruto, pois dessa forma, consistiu apenas na explo-
ração dos mineradores. Esses problemas empurram o Brasil a buscar no-
vas direções e deixar de ser simplesmente um fornecedor do comércio
e dos mercados internacionais e tornar-se uma economia nacional, ou
seja, aquele que produz e distribui os recursos do país com o objetivo
de sanar as necessidades da sua população. Esse fato, consiste no rom-
pimento com o passado colonial do Brasil. Porém, há forças poderosoas
que atropelam essa aceleração na economia brasileira, como:
• ainda há vínculos com os interesses do passado;
• inércia da estrutura e organização econômica do país; e
• fatores sociais e políticos que constituem forças poderosas.
Também deve-se levar em consideração, conforme aborda Vas-
concelos; Gremaud; Toneto Júnior (1999), que a substituição de impor-
tações vai ocorrer motivada pelo Processo de Substituição de Impor-
tações (PSI), denominação dada a forma de industrialização brasileira
depois de 1930. Durante três décadas, o Brasil foi se industrializando e
urbanizando, porém enfrentando as seguintes dificuldades:
• tendência ao desquilíbrio externo;
Atividade • aumento da participação do estado;
• aumento do grau de concentração de renda; e
Pesquise na internet • escassez de fontes de finaciamento.
sobre o que é impor-
tação e exportação. Tudo isso, contribui para que a transformação ocorra de forma parcial e, ainda, vinculada ao
Veja a diferença dessas passado como as indústrias que não formam um conjunto harmônico, mas, conforme Caio Prado
palavras no dicionário Júnior por causa de “(...) cirunstâncias fortuítas e objetivando atender alguma pequena necessi-
e reflita acerca do tema dade incapaz de ser satisfeita pela importação (...).” (PARADO JUNIOR, 1989, p. 299) Essa situação
tratado anteriormente. se reflete até os dias de hoje nas indústrias de metalurgia, mecânica, química e outras. É uma
Partilhe com seus cole-
gas, profesor formador indústria precária.
e tutor nos fóruns de Enfim, essas são forças de renovação em choque com as contradições do passado colonial
debate. que levam o Brasil ao desenvolvimento econômico.

68
História - História Economica Geral e do Brasil

3.3.3.3 Juscelino Kubitschek: novas perspectivas para o Brasil? Atividade


Pesquise e veja nos si-
tes http://pt.wikipedia.
O governo Dutra (1946 -1950), org/wiki/Anexo:Lista_
conforme Giambiagi et all (2005), de_presidentes_
implanta uma política cambial com do_Brasil ev http://
pt.wikipedia.org/wiki/
o objetivo de amortecer as pressões Presidente_do_Brasil a
inflacionárias e fortalecer a política lista dos presidentes do
interna. Vargas retorna em 1951 de Brasil com o objetivo
forma triunfal e no seu projeto de de verificar quem
governo enfrenta um processo in- estava no governo nos
períodos abordados
flacionário, o desiqulíbrio financei- no texto. Partilhe essas
ro do setor público, mas encontra informações com seu
uma economia externa fortalecida tutor no Ambiente
pelo café. Porém, Vargas enfrentará Aprendizagem.
novas dificuldades como o colapso
◄ Figura 89: Juscelino
cambial de 1951 a 1952, questões Kubitschek
relativas ao aumento do salário míni- Fonte: Disponível
mo e os problemas com o café. O fim em: <http://www.
trágico de Vargas (1951 – 1954) leva ao governo Café Filho (1954 – 1955). De 1945 a 1955, a gran- google.com.br/
imgres?imgurl=http://>.
de preocupação dos governos era industrailizar o Brasil. Juscelino Kubitschek enfrentará grandes Acesso em 14 jul. 2011.
percalços para confirmar esse propósito.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945 e a eleição de Juscelino Kubitschek em Para saber mais
1955, o Brasil irá passar por uma nova fase. O liberalismo econômico que nasce com o fim do Procure se informar por
Estado Novo (1937 – 1945) e o início do governo Dutra irá enfrentar dificuldades por causa do meio da internet sobre
contexto da “Guerra Fria”. Mas Juscelino Kubitschek implantará o Plano de Metas que vigorará de a criação da Petrobras
e do Banco Nacional
1955 a 1960. O Plano de Metas constituiu o auge da industrialização do Brasil, pois seu principal de Desenvolvimento
objetivo era “... estabelecer as bases de uma economia industrial madura no país, introduzindo de (BNDES) no período
ímpeto o setor produtor de bens de consumo duráveis.” (VASCONCELOS; GREMAUD; TONETO JÚ- do Governo de Vargas.
NIOR. 1999, p. 238) O projeto de Juscelino Kubitschek era levar o Brasil a crescer “cinqueta anos Essas instituições foram
em cinco”. Para conseguir alcançar suas metas Juscelino Kubitschek recorreu à tecnologia e ao muito importantes para
a economia nacional.
capital estrangeiro. Compartilhe esse
O Plano de Metas, conforme Vasconcelos; Gremaud; Toneto Júnior (1999), pode ser dividi- conhecimento com
do em três objetivos principais: seus colegas, professor
• investimentos estatais em infra-estrutura, com destaque para os setores de transporte rodo- formador e tutor no
viário e enérgia elétrica. Ambiente Aprendiza-
gem.
• incentivar a produção de bens intermediários como aço, carvão, cimento, zinco e outros.
Para tanto, foram elaborados projetos especiíficos; e
Dica
• estimular a introdução dos setores de bens de consumo duráveis e de capital.
O referido plano tinha comissões setoriais Assista o filme “Os
anos JK. Uma trajetó-
que trabalhavam no sentido de alcançar os obje- ria política” de Sílvio
tivos propostos. Por isso, o cumprimento das me- Tlender. Essse é um
tas foi satisfatório. Os principais problemas desse filme de 1980 que trata
plano encontrava relacionado aos investimentos do período político do
públicos, a concentração de renda, desestímulo á governo de Juscelino
Kubitschek. Após assis-
agricultura e investimento maçiço na indústria. tir o filme compartilhe
Foi no governo de Juscelino Kubitschek que com seu tutor e colegas
se instalaram no Brasil diversas indústrias de ve- no Ambiente Aprendi-
ículos provocadas justamente pelo investimento zegem e nos fóruns de
no transporte rodoviário, dentre ela, a Ford, Ge- debate.
neral Motors, Willys e Volkswagen. Porém, a maior
obra de Juscelino Kubitschek foi a construção de
Brasília, cuja transferência da capital da República Figura 90: Prioridade
do Plano de Metas:
estava prevista na Constituição de 1891. Para tan- implação de indústrias
to, convidou Lúcio Costa e Oscar Niemeyer e bus- de automóveis.
cou trabalhadores do nordeste conhecidos como Fonte: Disponível
cadangos para construir a nova capital. Em 21 de em: < http://www.
google.com.br/
abril de 1960, Brasília foi inaugurada como a nova imgres?imgurl=http://3.
capital do Brasil. bp.blogspot.com>. Acesso
◄ em: 14 jul. 2011.

69
UAB/Unimontes - 8º Período

Figura 91: Projeto de ►


Brasília
Fonte: Disponível
em: < http://amori-
mjuliana.wordpress.
com/2007/04/22/21-de-
-abril-tambem-e-o-aniver-
sario-de-brasilia/>. Acesso
em: 14 jul. 2011.

Dica
Busque no cadeno
didático de História do
Brasil República e His-
tória Contemporânea
informações sobre o
Governo Dutra e Guerra
Fria. Relembrar esses
fatos é importante para
assimilar o assunto
tratado nesse item.

Enfim, de acordo com Giambiagi et all (2005), o governo JK conseguiu vencer a dificulda-
de histórica do Brasil em montar coalizões antiinflacionárias por meio do crescimento acelerado.
Mas em contrapartida Juscelino Kubitschek deixou para seus sucesores uma inflação alta, o défi-
cit público elevado e a deterioração das contas externas.
Figura 92: Jânio
Quadros
Fonte: Disponível em: < 3.3.3.4 Jânio Quadros e João Goulart: governos de cotradição,
http://www.google.com.
br/imgres?imgurl=http>. renúncia e mudanças
Acesso em: 14 jul. 2011.

Jânio Quadros sucedeu Juscelino Kubits-
chek. Ele era um político personalista e caris-
mático, porém durante sua campanha eleitoral
apresentou discurso autoritário e moralista.
O símbolo da sua campanha eleitoral era a
vassoura, com a qual dizia pretender varrer a
corrupção, a imoralidade pública e colocar na
cadeia ladrões e malandros. Durante seu go-
verno defendeu uma política de austeridade
nos gastos públicos e de combate à inflação,
assim como criticava Juscelino Kubitschek e
suas medidas desenvolvimentistas que deixou
o país em sérias dificuldades econômicas.
Jânio Quadros ameaçou controlar os lu-
cros que as grandes empresas enviavam para
fora do país; falava em reforma agrária; resta-
beleceu relações com a União Soviética; ini-
ciou negociações com a China Comunista; foi
contra a expulsão de Cuba da Organização dos
Estados Americanos (OEA), conforme preten-
dia os Estados Unidos; apoiou os países africa-
nos que qeriam a independência de Portugal;
nomeou o primeiro embaixador negro do Brasil para servir em Gana na África. Internamente to-
mou medidas que o expuseram muito, dentre elas, proibiu a briga de galo; o uso de biquini; cor-
70 ridas de cavalos em dias úteis, enfim demonstrou autoristarismo e um falso moralismo.
História - História Economica Geral e do Brasil

De acordo com Giambiagi et all (2005), o mérito da estratégia econômica de Jânio Qua- Dica
dros não poderá ser avaliado. Além do mais, não possuia base parlamentar de sustentação no Assista ao filme inti-
Congresso que era dominado pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e Partido Social Democra- tulado “Jânio: 20 anos
ta (PSD). Dessa forma, Jânio Quadros renunciou à Presidência da Repùblica em 25 de agosto de depois” de Sílvio Back
1961. datado de 1908. Esse
Conforme Giambiagi et all (2005), quando Jânio Quadros renunciou, o vice-presidente era é um documentário
contendo depoimentos
João Goulart que se encontrava em uma missão econômica ou visita oficial à China. A presidên- de políticos ligados à
cia foi entregue a Ranieri Mazzilli, presidente dos Deputados na época. Alguns militares e civis renúncia do presiden-
não concordavam que João Goulart assumisse a presidência, afinal ele não era comunista? Ou- te Jânio Quadros em
tros setores legalistas das Forças Armadas defenderam a posse de João Goulart. Além de toda 1961.
essa situação que implicava militares, políticos, ruralistas e empresários a população brasileira Também sugerimos o
filme ”Jânio a 24 qua-
se manifestou favorável a João Goulart. Sob o comando de Leonel Brizola no Rio Grande do Sul dros” de Luiz Alberto
formou-se a Rede da Legalidade, a favor de João Goulart. Depois de muitas controvérsias, João Pereira datado de 1981.
Goulart aceitou e, no dia sete de setembro de 1961 tomou posse como presidente do Brasil. O Filme conta a história
Porém, os poderes de João Goulart era limitado e ele temia não poder cumprir seu progra- bem humorada da
ma de governo. O estopim foi quando João Goulart enviou para o Congresso uma proposta con- política brasileira, des-
tacando o presidente
templando o 13° salário para os trabalhadores e não foi aprovado. Os trabalhadores apoiando Jânio Quadros.
João Goulart fizeram greve e os mi- Após assitir os filmes
litares ficaram de prontidão. João partilhe com o tutor,
Goulart também promoveu um ple- professor formador e
biscito com o objetivo de mudar o colegas no Ambiente
Aprendizagem e nos
regime político do país: presidencia- fóruns de debate.
limo ou parlamentarismo. O presi-
dencialismo venceu demonstrando ◄ Figura 93: João Goulart
o apoio da popualção a João Gou- (Jango)
Fonte: Disponível em:
lart. Dentre as medidas econômicas <http://www.google.com.
de João Goulart, de acordo com br/imgres?imgurl=http://
Giambiagi et all (2005), foram: www.rededemocratica.
org/>. Acesso em: 15 jul.
• estabeleceu em dezembro de 2011.
1963, o monopólio estatal so-
bre a importação do petróleo;
Dica
• estabeleu em janeiro de 1964, Assista ao filme “Jango”
o controle sobre os lucros que de Sílvio Tlender data-
do de 1984. Consiste
as multinacionais mandavam para fora do país; e em um documentário
• em 13 de março de 1964, em um comício João Goulart anunciou a assinatura de vários de- que busca resgatar a
cretos, dentre eles, a nacionalização das refinarias particulares de petróleo e a desapropria- imagem de João Gou-
ção, para fins de reforma agrária. lart. Após assitir o filme
Seu programa de governo contemplava, entre outras, a reforma eleitoral concedendo aos partilhe com o tutor,
professor formador e
analfabetos o direito ao voto; a reforma universitária, aumentando o número de vagas nas uni- colegas no Ambiente
versidades públicas; a reforma bancária; a reforma educacional e; a reforma urbana. No entanto, Aprendizagem e nos
João Goulart foi derrubado pelos golpistas em 1 de abril de 1964 não podendo cumprir seu pro- fóruns de debate.
jeto de governo.
Giambiagi, propõe a seguinte questão: “E como avaliar as gestões de Quadros e Goulart?” Atividade
(GIAMBIAGI et all, 2005, p. 65) Quadros e Goulart sucumbiram à mencionada dificuldade de for-
Pesquise na internet
mar coalizões antiinflacionárias. Os dois tiveram que enfrentar a herança recebida de JK ao as- e em livros acerca da
sumirem a presidência e também o comando de uma economia muito maior e complexa, pois história do Brasil nesse
ainda digeria as transformações do Plano de Metas. 1956 a 1960 se configurou como um perío- período e, especifica-
do de economia acelerada e, por isso, trouxeram efeitos macroeconômicos perversos, que Jânio mente a respeito dos
Quadros e João Goular não deram conta de resolver. A renúncia de Quadros agravaria ainda mais partidos políticos. Após
a pesquisa e a leitura
essa situação que culminou com o golpe civil-militar de 1964. partilhe com o tutor,
professor formador e
colegas no Ambiente
3.3.3.5 O Brasil na década de 1960:crises e formação do PAEG Aprendizagem e nos
fóruns de debate.
Sugerimos o livro de
FAUSTO, Boris. História
Com o golpe civil-militar de 1964 assume a presidência do Brasil, o Marechal Humberto Cas- do Brasil. São Paulo:
telo Branco, cujo mandato termina em 20 de janeiro de 1967. Porém, o início dos anos de 1960, USP, 2001.
conforme Vasconcelos; Gremaud; Toneto Júnior (1999), constituiu de uma grande crise econômi-
ca em relação a fase industrial do Brasil. Os investimentos caem, assim como a taxa de crescimen-
to da renda dos brasileiros.

71
UAB/Unimontes - 8º Período

Atividade Para tentar resolver as questões econômicas do país, Castelo Branco convida os economistas
Entreviste pessoas que de perfil ortodoxo Roberto de O. Campos e Octávio G. De Bulhões para ministros de Planejamen-
viveram durante os to e da Fazenda. A política econômica traçada pelos referidos ministros e apoida pelo presidente
governos de Getúlio, Castelo Branco consistiu, conforme Giambiagi et all (2005), no:
Juscelino, Jânio e Jan- • combate gradual à inflação;
go. Procure saber des- • expansão das exportações; e
sas pessoas como era
a vida daquela época, • retomada do crescimento.
sobretudo em relação Essa política econômica foi seguida sem
as questões econômi- grandes desvios até 1973, porém durante o
cas. Após a realização governo de Castelo Branco por causa do de-
das entrevistas partilhe sequilíbrio monetário e externo, essa política
as informações nos
fóruns de debate. sofreu um caráter restritivo. Para sanar seus
problemas econômicos, Castelo Branco irá
Dica criar o Plano de Ação Econômica do Gover-
vo (PAEG). De acordo com Vasconcelos; Gre-
Assista ao filme “Cabra maud; Toneto Júnior (999), os objetivos do
marcado para morrer”
de Eduardo Coutinho, PAEG eram:
datado de 1984. O filme • Acelerar o ritmo de desenvolvimento
coniste em uma história econômico;
baseada no assassinato • Conter o processo inflacionário;
de João Pedro Teixei- • Atenuar os desequilíbrios setoriais e re-
ra, líder de uma Liga
Camponesa na Paraíba. gionais; ▲
Foi iniciado em 1964, • Aumentar o investimento e, consequen- Figura 94: Castelo Branco e seus assessores
interrompido com o temente o emprego; e Fonte: Disponível em:<http://adm-pub-ufop.blogspot.
golpe, e retomado em com/2011/03/paeg-plano-de-acao-economica-do-gover-
• Corrigir a tendência ao desequilíbrio ex- no.html>. Acesso em: 15 jul. 2011.
1984. terno.
Assista também “Terra
em transe” de Glau- As principais metas do PAEG, conforme
ber Rocha de 1967. O Vasconcelos; Gremaud; Toneto Júnior (1999), eram:
filme conta a história • Redução de déficit público mediante a redução dos gastos e da ampliação das receitas atra-
de Eldorado, um país vés da reforma tributária e do aumento das tarifas públicas;
imaginário onde os • Restrição do crédito e aperto monetário; e
interesses do povo
são manipulados por • Política salarial contemplando reajustes salariais com o objetivo de romper expectativas e
políticos demagogos. conter reivindicações.
Trata-se de uma revisão Conforme Vasconcelos; Gremaud; Toneto Júnior (1999), como a inflação era um dos gran-
crítica da conjuntura des problemas no Brasil no período, o governo econtrou uma forma bastante peculiar para lidar
pré-1964. com ela, ou seja:
Após assistir aos filmes
partilhe com seu tutor, • A inflação é um mal inevitável, por isso a ideia é tentar conviver com ela. Para isso, surge a
colegas e pofessor for- noção de correção monetária ou indexação dos valores à inflação; e
mador suas impressões • Para combater a inflação não serão aplicados tratados de choques, mas acontecerá de forma
no Ambiente Aprendi- gradual, baixando-a paulatinamente.
zagem. Essas medidas proporcionaram a
Para saber mais redução da inflação.
O PAEG também implementou re-
Procure se informar por
formas institucionais como:
meio da internet sobre
a criação do Fundo de • A reforma tributária;
Garantia Por Tempo de • A reforma monetária – finaceira do
Serviço (FGTS) nessa PAEG; e
época. Compartilhe • A Reforma do setor externo.
essa informação com
De acordo com Vasconcelos; Gre-
seu tutor e colegas no
Ambiente Aprendiza- maud; Toneto Júnior (1999), essas re-
gem. formas possibilitaram a alteração do
quadro institucional vigente na econo-
mia brasileira, adapatando-o às neces-
sidades de uma economia industrial.
Montou-se um esquema de finaciamen-

to que viabilizaria a retomada do cres- Figura 95: Símbolo da Reforma tributária proposta pelo
cimento, e dotou o Estado de maior ca- PAEG
pacidade de intervenção na economia. Fonte: Disponível em:<http://adm-pub-ufop.blogspot.
Dessa forma, a política do PAEG obteve com/2011/03/paeg-plano-de-acao-economica-do-governo.html>.
resultados bastante positivos na redu- Acesso em: 15 jul. 2011.

72 ção das taxas inflacionárias e, no sentido, de preparar o terreno para a retomada do crescimento.
História - História Economica Geral e do Brasil

3.3.3.6 O Brasil nas décadas de 1970 e 1980: Do crescimento Dica


acelerado à crise e à redemocratização Assista ao filme “O
desafio” de Paulo Cézar
Saraceni, datado de
1965. O filme constitui
De acordo com Vasconcelos; Gremaud; Toneto Júnior (1999), esse período no Brasil é dividido em; uma análise do mo-
• O “milagrae Econômico Brasileiro” durante o período de 1968 a 1973 e mento político brasilei-
• O II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND – 1974 – 1979) ro a partir da deposição
Durante essa época, ou seja, de 1968 a 1973 verifica-se um crescimento acelerado em de- de Jango. Conta a
história de um intelec-
corrência das reformas acontecidas no governo de Castelo Branco e das condições internacionais tual frente ás medidas
favoráveis. Os governos nesse período são de Arthur da Costa e Silva (1967 – 1969) e Emílio Gar- autoritárias adotadas a
rastazu Médici (1969 – 1973). partir de 1964.
O crescimento se deu a partir de investimentos diversificados e com menor participação do Também assista ao
Estado e baseado no setor privado. Esse crescimento e desenvolvimento também viria no senti- filme “Fênix” de Sílvio
Dan-rin de 1980.
do de justificar e legitimar o go- Analisa dois momen-
verno militar. tos de crise política e
Nesse sentido, segundo Vas- cultural no Brasil de
concelos; Gremaud; Toneto Jú- 1964 a 1968, por meio
nior 1999), as principais fontes de depoimentos de
inteletuais e artistas.
de crescimento foram: Compartilhe com seus
• Retomada do investimento colegas e tutor sua im-
públcio em infra-estrutura; pressões sobre o filme
• Aumento do investimento no Ambiente Aprendi-
das empresas estatais; zagem.
• Demanda por besn durá-
◄ Figura 96: A ponte
veis; Rio - Niterói foi uma
• Construção civil; e das obras construídas
• Crescimnto das exporta- durante o período do
ções. “Milagre Econômico”
Para tanto, em 1968, con- promovido pelas
ditaduras militares
forme Giambiagi et all (2005, p. 84), foi lançado o Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED), que governaram o
cujas prioridades eram: Brasil entre 1964-1984.
• A estabilização gradual dos preços, mas sem a fixação de metas explícitas de inflação; Fonte: Disponível em:
• O fortalecimento da empresa privada, visando á retomada dos investimentos; http://www.google.com.
• A consolidação da infra-estrutura, a cargo do governo; e br/imgres?. Acessoem: 15
jul. 2011.
• A ampliação do mercado interno, visando a sustentação da demanda de bens de consumo,
especialemnte dos duráveis.
Para saber mais
O PED foi um plano mais desenvolvimentista que o PAEG, prevendo a continuidade do
combate gradual à inflação, mas acompanhado de investimentos públicos e políticas favoráveis Pesquise em sites de
à recuperação dos investimentos privados. Conforme Giambiagi et all (2005), o “milgare” ocorreu universidades disserta-
ções e teses que discu-
por causa que a economia brasileira nesse período consistiu na combinação do crescimento com tiram os movimentos
a redução das taxas de inflação e com a total eliminação dos déficits do balanço de pagamentos. sociais desse período,
Para Giambiagi et all, isso só foi possível porque, "de um lado, atuaram algumas condições eco- sobretudo o movimen-
nômicas e políticas favoráveis e, de outro, a habilidade do governo no aproveitamento das opor- to estudantil.
tunidades que essa conjuntura oferecia." (GIAMBIAGI et all, 2005, p. 89) Depois de ler alguns
trabalhos partilhe com
Durante o período de 1964 a 1984 ocorreram vários eventos significativos para a história seu tutor sobre essas
política e conômica do Brasil. A partir de 1974 inicia-se o movimento que levaria a redemocratização questões no Ambiente
do país. Durante esse processo, o Brasil terá como presidentes o General Ernesto Geisel 91974 Aprendizagem.
– 1978), General João Figueiredo (1979 – 1984) e José Sarney (1985 – 1989). José Sraney foi o
primeiro presidente civil depois do golpe militar em 1964. Atividade
No governo do General Ernesto Geisel, ou seja, em 1974, será criado o II Plano Nacional de Entreviste pesoas que
Desenvolvimento (II PND). Esse foi um plano econômico brasileiro que tinha como objetivo esti- foram perseguidas ou
mular a produção de insumos básicos, bens de capital, alimentos e energia. viveram durante o pe-
De acordo com Vasconcelos; Gremaud; Toneto Júnior (1999) e Giambiagi et all (2005), o II rído do regime militar.
Estimule questões que
PND foi uma resposta à crise econômica causada pelo primeiro choque do petróleo durante o remetam, sobretudo a
fim do “milagre econômico” e a crise internacional. João Paulo dos Reis Velloso, Mário Henrique economia e política da
Sinmosen e Severo Gomes foram os responsáveis pelo planejamento de plano. Este plano foi o época. Partilhe essas
último plano econômico desse ciclo desenvolvimentista contando com a intervenção do Estado. informações com cole-
Foi durante esse plano que a dívida externa do Brasil aumentou consideravelmente. Dessa forma, gas, professor formador
e tutor nos fóruns de
o plano obteve êxito parcial, pois a industrialização do país ocorreu com o custo da dívida exter- debate.

73
UAB/Unimontes - 8º Período

Atividade na culminando na moratória de 1982.


O quadro da situação brasileira no final
Entreviste pesoas que
da década de 1970 e início de 1980 se confi-
foram perseguidas ou
viveram durante o pe- gurava da seguinte forma, de acordo com Vas-
rído do regime militar. concelos; Gremaud; Toneto Júnior (1999),
Estimule questões que • Profundas transformações no cenário in-
remetam, sobretudo a ternacional revelando a economia brasi-
economia e política da
leira vulnerável no âmbito externo;
época. Partilhe essas
informações com cole- • Internamente verifica-se a redução na
gas, professor formador carga tributária bruta, assim como o au-
e tutor nos fóruns de mento no volume de transferências des-
debate. tacando os juros sobre a dívida externa,
Dica as estatais eram focos de déficit e o orça-
mento monetário contaminado por ope-
Leia em livros didáticos,
caderno didático de rações fiscais apresentava déficits;
História do Brasil Repú- • O desequilíbrio externo, os choques de
blica e na internet sobre oferta em relação ao petróleo e a agricul-
o processo de redemo- tura, bem como os déficits públicos pro-
cratização do Brasil. vocados pela pressão da inflação propa-
Veja como ocorreu a
eleição para primeiro gava-se; e
presidente e como • Ocorreu a mudança de governo – Geisel
José Sarney chegou a para Figueiredo – que iria marcar a aber- ▲
presidência. Partilhe tura política por meio da anistia aos exila- Figura 97: O governo Geisel lançou o II PND
essas informações e o dos, liberdade sindical, reforma partidária Fonte: Disponível em: <ttp://www.unicamp.br/unicamp/
conhecimento adqui- unicamp_hoje/ju/setembro2009/ju442_pag09.php>.
rido com os colegas e e outros.
Acesso em 15 jul. 2011.
o tutor no Ambiente O Governo Figueiredo assume a presi-
Aprendizagem e nos dência e conta com Delfim Neto para assumir
fóruns de debate. a Secretaria de Planejamento (SEPLAN) que objetivava combater a inflação e continuar com o
processo desenvolvimentista. As medidas adotadas por esse governo, segundo Vasconcelos; Gre-
maud; Toneto Júnior (1999), foram:
• Controle das taxas de uros;
• Expansão do crédito para a agricultura com
o objetivo de conter os preços dos alimentos;
• Criação da Secretaria Especial das Empresas
Estatais (SEST);
• Eliminação de alguns incentivos fiscais às ex-
portações;
• Estímulo à captação externa;
• Maxidesvalorização de 30% do cruzeiro em
dezembro de 1979;
• Para combater a inflação prefixou a correção
monetária e cambial em 50% e 45% em 1980; e
• Aprovação da lei n° 6.708 instituindo os rea-
juste semestrais dos salários.
Nesse período ocorreram vários movi-
mentos culminando na reforma política com a
revogação do Ato institucional n°5. Dessa for-
ma, foram aprovados o fim das cassações, das
suspensões de direitos políticos, da pena de
morte, banimento e prisão pérpetua e o res-
tabelicimento do habeas corpus para crimes
políticos. Esse processo não foi tranquilo, pois
a direita reagiu tentando tumultuar e impedir
a abertura do regime. Mas a população esta-
va se moblizando há algum tempo cujo ápice
▲ do movimento foram as “Diretas Já”. Assim,
Figura 98: Movimento das “Diretas Já” Tancredo Neves pelo Partido do Movimento
Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/ Democrático Brasileiro (PMDB) sai vitorioso do
imgres?imgurl=http://img.estadao.com.>. Acesso em: 15 Colégio Eleitoral em 1985. Porém, Tancredo
jul. 2011.
Neves é acometido de uma doença e morre

74 antes da posse e José Sarney é empossado.


História - História Economica Geral e do Brasil

3.3.3.7 Nova república?: de 1985 até hoje Dica


Assista os seguintes
filmes:
A nova República colocou como pauta principal de governo o combate à inflação. Para isso, - “Patriamada” de Tizuka
desenvolveu o Plano Cruzado, o Plano Bresser, o Plano Verão, o Plano Collor e o Plano Real. Yamasaki de 1985. O
A Nova República consistiu em esperança, frustação e aprendizado. Nesse sentido, a cam- filme conta as dificul-
dades de um grupo de
panha das “Diretas Já” retrata a esperança de mudança de um regime autoritário para a abertura cineastas e jornalistas
política que se apresentava como liberdade. Porém, a morte de Tancredo Neves foi a frustação dispostos a filmar as
de não ver o presidente assumindo o seu lugar por direito. E o aprendizado vem se fazendo no manifestações públicas
decorrer do processo histórico democrático que o Brasil experimenta depois de longos anos de que antecederam a vo-
ditadura militar. tação da emenda Dante
de Oliveira.
- “Muda Brasil” de
Oswaldo Caldeira de

Referências
1985. O filme valoriza
a imagem pública de
Tancredo Neves.
- “Linha de Montagem”
de Renato Tapós data-
FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. 18 ed. São Paulo: Companhia Editorial do Bra- do de 1982. Consiste
sil, 1982. em um documentário
que relata as greves de
GIAMBIAGI, Fábio et all. Economia brasileira contemporânea: 1945 – 2004. Rio de Janeiro: Else- 1979 e 1980 em São
vier, 2005 Bernardo do Campo.
Após assistir os filmes
MENDONÇA, Marina Gusmão de; PIRES, Marcos Cordeiro. Formação Econômica do Brasil. São partilhe suas impres-
sões com os colegas,
Paulo: Pioneira Thomson, 2002.
tutor e professor
formador nos fóruns de
PRADO JÚNIOR. Caio. História econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1989. debate e no Ambiente
Aprendizagem.
VASCONCELOS, Marco Antônio Sandoval de; GREMAUD, Amaury Patrick; TONETO JÚNIOR, Rudi-
nei. Economia Brasileira contemporânea. São Paulo: Atlas, 1999.
Para saber mais
Pesquise sobre os mo-
vimentos grevistas que
ocorreram durante esse
período e poste nos
fórus de debates sobre
o assunto.

Atividade
Pesquise sobre os
planos econômicos:
Plano cruzado, o Plano
Bresser, o Plano Verão,
o Plano Collor e o
Plano Real. Partilhe no
Ambiente Aprendiza-
gem seu conhecimento
sobre o assunto.

75
História - História Economica Geral e do Brasil

Resumo
Unidade 1: Conceitos básicos da história econômica e transição
feudalismo/capitalismo.

Nesta unidade, você aprendeu que:


• A História Econômica trabalha com conceitos próprios da sua área, assim como a sua traje-
tória nacional e internacional;
• As sociedades pré-históricas, desde o paleolítico até mesolítico, assim como as civilizações
de regadio ou hidráulicas e comerciais, fazem parte de um processo no qual o homem cons-
trói a sua história econômica;
• Na transição da sociedade feudal para a sociedade capitalista, verifica-se o papel da burgue-
sia e do renascimento das cidades, assim como das forças produtivas dos séculos XV e XVI,
ou seja, das invenções e dos descobrimentos e acumulação primitiva de capital; e
• O Mercantilismo é trabalhado a partir das correntes historiográficas, bem como das estrutu-
ras típicas do período de transição, no qual está inserido esse movimento.

Unidade 2: Consolidação e crises do capitalismo, socialismo e


tendências do desenvolvimento capitalista

Nesta unidade, você aprendeu que:


• A Revolução Industrial gera a ascensão do Capitalismo;
• No início da era industrial, ocorre o crescimento populacional, e quais são os pré-requisitos
da Holanda e da França para o avanço no processo da industrialização;
• Há fatores e quais são eles que levaram a Europa Ocidental e a Inglaterra a darem os primei-
ros passos para a Revolução Industrial;
• Há mudanças geradas na sociedade por causa da industrialização, bem como quais são elas;
• Há o papel da tecnologia no processo de industrialização.
• Há mudanças geradas na estrutura social e os movimentos de protesto e reforma causados
pela industrialização;
• Os legados da industrialização repercutem até os nossos dias;
• Os conceitos de Liberalismo, Neocolonialismo e Imperialismo são importantes para compre-
ender o que tudo isso significa nos nossos dias;
• O socialismo propõe uma sociedade diferente da capitalista;
• Há vários tipos de Socialismo, como o proposto por Karl Marx, Sorel e o socialismo cristão;
• Globalização e regionalização e seus malefícios; e
• A globalização e o movimento antiglobalização são diferentes, mas a favor do capitalismo.

Unidade 3: Colonialismo e economia brasileira até a repúblivca nova

Nesta unidade, você aprendeu que:


• Com a colonização portuguesa, o Brasil foi explorado e saqueado pelos colonizadores;
• Com a vinda da Coroa Real para o Brasil, houve várias mudanças significativas para o país;
• A independência política não implica independência econômica;
• Os empreendimentos industriais no Brasil República consistiam nos serviços públicos, na in-
dústria manufatureira e nas matérias primas que o Brasil fornece como a borracha, manga-
nês, minério de ferro e algodão;
• Em 1929, a crise brasileira se agrava por causa da quebra da Bolsa de Valores de New York,
nos Estados Unidos, que vai gerar a grande depressão;

77
UAB/Unimontes - 8º Período

• A Revolução de 1930, com Getúlio Vargas, operou uma mudança decisiva no plano da po-
lítica interna, afastando do poder do estado oligarquias tradicionais que representavam os
interesses agrários e comerciais;
• A industrialização no Brasil após 1930 efetiva-se por medidas adotadas pelo Governo Fede-
ral;
• A crise para configuração do processo de substituição das importações;
• Juscelino Kubitschek e as novas perspectivas para o Brasil.
• Jânio Quadros e João Goulart: governos de cotradição, renúncia e mudanças;
• O Brasil na década de 1960 que aponta crises e formação do PAEG;
• O Brasil nas décadas de 1970 e 1980 que remete ao crescimento acelerado, à crise e à rede-
mocratização; e
• A Nova república

78
História - História Economica Geral e do Brasil

Referências
Básicas

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80
História - História Economica Geral e do Brasil

Filmes

A REVOLUÇÃO Industrial. Enciclopédia BARSA. s.d.

CABRA marcado para morrer. Direção: Eduardo Coutinho. 1984.

CARLOTA Joaquina, a princesa do Brasil. Direção de Carla Camurati. 1995.

O NOME da Rosa. Direção de Jean Jacques Annaud. Elenco: Sean Conery, F. Murray Abraham.

EM NOME de Deus. Elenco: Derek De Lint e Kim Thomson.

FÊNIX. Direção: Sílvio Dan-rin. 1980.

GERMINAL. Direção de Claude Berri. 1993.

GUERRA do fogo. Direção de Jean-Jacques Annaud. Elenco: Everett McGill, Rae Dawn Chong, Ron
Perlman, Nameer El Kadi. 1981.

JÂNIO: 20 anos depois. Direção: Sílvio Back. 1980.

JÂNIO a 24 quadros. Direção: Luiz Alberto Perreira. 1981.

JANGO. Direção: Sílvio Tlender. 1984.

LINHA de Montagem. Direção: Renato Tapós. 1982.

MAUÁ, o imperador e o rei. Direção: Sérgio Resende. Elenco: Paulo Betti, Malu Mader, Othon Bas-
tos, Antonio Pitanga, Rodrigo Penna. 1999.

MUDA Brasil. Direção: Oswaldo Caldeira. 1985.

O DESAFIO. Direção: Paulo Cézar Saraceni. 1965.

Os ANOS JK. Uma trajetória política. Direção: Sílvio Tlender. 1980.

QUANTO vale ou é por quilo? Direção de Sérgio Bianchi. Roteiro de Sérgio Bianchi, Eduardo Be-
naim e Newton Canitto.

PATRIAMADA. Direção: Tizuka Yamasaki. 1985.

POCAHONTAS. Produção: Disney. 1995.

TEMPOS Modernos. Direção de Charles Chaplin. Elenco: Charles Chaplin, Paulette Goddard. Pro-
dução: EUA. 1936.

TERRA em transe. Direção: Glauber Rocha. 1967.

81
História - História Economica Geral e do Brasil

Atividades de
Aprendizagem - AA
1) A partir do debate construído acerca de alguns conceitos, defina História, Economia e
História Econômica.

2) De acordo com a abordagem do homem da “pré-história”, disserte sobre esse assunto


analisando o processo de transformação na perspectiva econômica.

3) Em relação à passagem da sociedade feudal para a sociedade capitalista, marque a alter-


nativa INCORRETA.
a) ( ) A passagem decisiva da sociedade feudal para a capitalista ocorre quando as revo-
luções políticas sancionam juridicamente as mudanças de estrutura e novas classes assumem o
poder do estado.
b) ( ) Os saques, a exploração colonial, a expropriação agrária, a proletarização das massas
rurais e a especulação comercial são fatores que contribuíram para a acumulação primitiva de
capital.
c) ( ) Os primeiros estados não contribuíram para a acumulação primitiva de capital.
d) ( ) Deve-se estudar a passagem da sociedade feudal para a capitalista de forma qualitativa.

4) Sobre a construção do conceito de mercantilismo, coloque V (verdadeiro) ou F (falso).


a) ( ) Conhecer as expressões anteriores como sistema mercantil ou sistema comercial, cria-
das pelos fisiocratas franceses no século XVIII, que apresentam uma conotação negativa acerca
do mercantilismo, porque abordam na perspectiva de leis contrárias à economia como o inter-
vencionismo estatal é fundamental e é importante para construir seu conceito.
b) ( ) Na Alemanha, Fichte e F. List, integrantes da Escola Histórica, estudam o fato na pers-
pectiva de que o mercantilismo privilegia a economia nacional, ou seja, o protecionismo estatal.
c) ( ) A construção do conceito ou da ideia de mercantilismo se deu de forma abrupta e
corriqueira.
d) ( ) Durante a grande depressão de 1930, a ordem do dia era a proteção do senhor feudal
e a colaboração dos servos, sobretudo com o pagamento dos tributos senhoriais.
c) ( ) Os fatores imediatos que contribuíram para essa passagem foram os elementos con-
trários ao princípio do modo de produção feudal que, por sua vez, possibilitaram a sua destrui-
ção como a propriedade da terra em diferentes graus e a propriedade limitada sobre as pessoas.
d) ( ) As trocas exteriores, por sua vez, possibilitaram o desenvolvimento da circulação
monetária.

5) Sobre a industrialização na Inglaterra e pré-requisitos de outros países, marque a alterna-


tiva INCORRETA.
a) ( ) A França tinha escolas técnicas, dispostas a mudanças, e uma agricultura tradicional,
mas criativa.
b) ( ) A Holanda carecia de recursos naturais, assim como investia nas finanças.
c) ( ) O Estado inglês elabora leis que ordena e protege a propriedade privada.
d) ( ) A Inglaterra possuía suprimentos de carvão e ferro, sendo considerada como tradição
na metalurgia e na mineração, bem como possuía um sistema de transporte natural por meio
dos rios, canais e estradas.

83
UAB/Unimontes - 8º Período

6) Sobre o Liberalismo, Neocolonialismo e Imperialismo, marque a resposta INCORRETA.


a) ( ) O liberalismo prima pela liberdade individual. A base da vida política para os liberais
estava assentada na razão. Os liberais atacavam o Estado e as autoridades que impediam o indí-
viduo de exercer o seu direito de escolha e a livre expressão. Para se protegerem da autoridade
absoluta e arbitrária dos reis, os liberais reivindicavam constituições escritas que garantissem o
direito dos cidadãos.
b) ( ) Para Lenin, o Imperialismo consistia na acumulação necessária do Feudalismo, assim
como a substituição do Feudalismo pelo Capitalismo e o investimento estrangeiro por meio da
instalação de empresas de um país em outro com o único objetivo de obter lucro.
c) ( ) O Neocolonialismo é o processo de dominação política e econômica estabelecido pe-
las potências capitalistas emergentes ao longo do século XIX e início do século XX, que culmina
com a partilha da África e da Ásia.
d) ( ) O Colonialismo consiste na orientação política de manter sob seu domínio, inclusive
econômico, as colônias. Colônias compreendidas como uma região pertencente a um estado e
fora do seu âmbito geográfico. Esse processo de colonização se deu, sobretudo a partir do século
XV com os “descobrimentos”.

7) Sobre as crises econômicas mundiais, marque V (verdadeiro) ou F (falso).


a) ( ) A saída da Crise de 1929 foi a transformação do Capitalismo com a intervenção do Es-
tado. O presidente Roosevelt dos Estados Unidos com o Neal Deal, que constituiu num Programa
de Auxílio, Recuperação e Reforma.
b) ( ) A primeira Guerra Mundial foi outro momento difícil para os Estados Unidos. A tecno-
logia moderna capacitou o homem para a guerra e alterou profundamente o rumo da civilização
americana.
c) ( ) A primeira grande depressão aconteceu em 1873 a 1875. Ela constituiu um conjunto
de crises sucessivas de ordem bolsística e bancária, apresentando, entre os resultados, a redução
dos mercados de venda e diminuição do poder de compra.
d) ( ) Após a segunda Guerra Mundial, uma nova onda de prosperidade com a criação de
novas tecnologias emerge. Ocorre uma superprodução propiciando acumulação, pois o sistema
produz para atender às necessidades de uso. Então, surge uma nova crise em 1929.

8) Em relação ao Socialismo, marque a alternativa CORRETA.


a) ( ) Sorel é um pensador e político francês, que acreditava que o sindicato era capaz de
organizar os trabalhadores e tinha poder e domínio da produção podendo recorrer à sabotagem,
greve e violência terrorista, que influenciou posteriormente o fascismo de Mussolini, assim como
grupos revolucionários e movimentos estudantis.
b) ( ) O Socialismo surgiu e desenvolveu-se no mundo medieval e durante a Revolução In-
dustrial. Para Friedrich Engels, o Socialismo tem como pai a riqueza dos capitalistas e, como mãe,
a pobreza das massas. É indispensável conhecer o Capitalismo para compreender o Socialismo.
c) ( ) O socialismo científico marxista foi desenvolvido no século XV por Robert Owen e
Fourier. Recebe também a denominação de socialismo marxista. Ele rompe com o socialismo
utópico ao apresentar uma análise crítica da realidade política e econômica, da evolução históri-
ca das sociedades e do Capitalismo.
d) ( ) O Socialismo pode ser definido como o conjunto de meios que se propõe a promover
o bem-estar da burguesia pela transformação da sociedade e da relação entre classes, mediante
alteração do regime de propriedade privada.

9) Sobre a globalização, associe a segunda coluna de acordo com a primeira.

a) Como descoberta ( ) primeira forma de globalização

b) Como colonização ( ) colonização de todos os mercados, invadindo-os com as


suas mercadorias.
c) Como sendo dos mercados ( ) colonização de todos os mercados, invadindo-os com as
suas mercadorias.
d) Como regulamento ( ) criação de organismos internacionais para regular as
políticas de cada país, o comércio, os conflitos, as pesquisas, a
defesa do ambiente, da arte, da infância, a polícia, os serviços
secretos, as estruturas econômicas, sindicais, religiosas, esco
lares, militares, humanitárias e esportivas.

84
História - História Economica Geral e do Brasil

10) Sobre a economia brasileira, marque V (verdadeiro) ou F (falso).


a) ( ) Na América, havia duas áreas distintas para colonizar: a zona temperada e a zona tro-
pical e subtropical.
b) ( ) O quadro da economia colonial brasileira em relação às indústrias extrativas estava
relacionado à mineração de ouro e diamantes, à coleta de produtos naturais na Amazônia, à ma-
deira, à pesca da baleia, ao sal, ao salitre e à erva-mate
c) ( ) Algumas das modificações efetuadas com a vinda da coroa real para o Brasil consis-
tem no fechamento dos portos e no comércio voltado para a importação.
d) ( ) Durante o período do Império, na economia brasileira, os ricos têm riqueza e bem-
-estar, há o aparelhamento técnico com a construção de estradas de ferro, implementação da na-
vegação a vapor nacional e internacional e da rede ferroviária.

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