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10 Anos Pós-LDB
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Deise Mancebo (UERJ)
João Ferreira de Oliveira (UFG)
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Maria das Graças Medeiros Tavares (Ufal)
Maria do Carmo de Lacerda Peixoto (UFMG)
Marilia Morosini (PUC-RS)
Mariluce Bittar (UCDB)
Valdemar Sguissardi (Unimep)
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Brasília-DF
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2008
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Educação superior no Brasil - 10 anos pós-LDB / Mariluce Bittar, João Ferreira de Oliveira,
Marília Morosini (Organizadores). - Brasília : Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira, 2008.
348 p.: il. – (Coleção Inep 70 anos, v. 2)
ISBN 978-85-86260-86-5
CDU: 378(81)
Sumário
Apresentação ................................................................................................ 9
Mariluce Bittar, João Ferreira de Oliveira, Marília Costa Morosini
A) Acesso .................................................................................................... 53
9. A Universidade Comunitária:
forças e fragilidades ........................................................................... 183
Maria Estela Dal Pai Franco, Solange Maria Longhi
6
F) Trabalho Docente ............................................................................... 305
7
Apresentação
Mariluce Bittar
João Ferreira de Oliveira
Marília Costa Morosini
Apresentação
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Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
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Apresentação
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I – DESAFIOS DA EDUCAÇÃO
E DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
PÓS-LDB
1
Educação no Brasil:
10 anos pós-LDB
Carlos Roberto Jamil Cury*
Introdução
1
A sanção presidencial representa a adesão do chefe do Executivo ao projeto já aprovado pela Câmara e pelo Senado. A
manifestação presidencial pela sanção positiva ou pela sanção negativa (veto) significa uma forma co-participada entre os
dois poderes no processo legislativo. Nesse sentido, a sanção ratifica a lei fazendo-a entrar em vigor. Trata-se de uma
tradição no direito nacional e sua origem tem a ver com a passagem das monarquias absolutas para as monarquias
constitucionais (cf. art. 66 da Constituição Federal, 1988; Carvalho Neto, 1992; Silva, 1964).
2
De acordo, com o art. 87 da Constituição Federal, os ministros referendam atos presidenciais no âmbito de sua área.
19
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
3
Entrevistas com atores privilegiados, nesse processo, ainda estão por ser feitas.
20
Educação no Brasil: 10 anos pós-LDB
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Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
4
Menos do que antecipar a LDB, essa Lei foi uma espécie de lei-ponte do tipo regulamentação prévia dentro de uma
previsibilidade de que o projeto sintético seria aprovado.
5
Além dos projetos do Legislativo, havia propostas advindas do CFE e de outros fóruns profissionais ou associativos.
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Educação no Brasil: 10 anos pós-LDB
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A referência aqui é à complexidade não só de um país continental e diverso, como também dos delineamentos do pacto
federativo.
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Atribuem-se tais imprecisões ao afã de prestigiar em vida o antropólogo Darcy Ribeiro, autor do projeto do Senado.
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Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
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Esta lei estatui o ensino obrigatório de nove anos iniciando-se aos 6 anos e prolongando-se até aos 14 anos.
9
Note-se que são alterações provindas de leis específicas com força inovadora em relação à ordem jurídica. Ainda não se fez
um estudo detalhado de quem são os atores manifestos e não-manifestos dessas alterações legais.
10
É de se notar que, ao caráter impreciso de certos termos, se deve adicionar a natureza estrutural flexível no corpo da lei.
11
Este Decreto foi retificado dias após.
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Educação no Brasil: 10 anos pós-LDB
São dez decretos dos quais ao menos cinco são referentes ao ensi-
no superior, um decreto relativo à educação profissional é substituído por
outro, bem como houve substituição no decreto concernente à educação
a distância.12
Tal quantidade de alterações, praticamente 24% do texto, con-
quanto possível, em qualquer lei, é indicativo de que algo poderia ter sido
mais bem redigido na versão original.13
Além disso, há que se assinalar outras leis concorrentes e complemen-
tares à própria educação escolar derivadas ou não de emenda constitucional.
Em virtude da emenda nº 14/96, foram modificados artigos im-
portantes do capítulo da educação da Constituição Federal, no caso,
os arts. 34, 208, 211, 212. Foi também alterado, por 10 anos, o art. 60
do ADCT, artigo importante do financiamento. Esse artigo faz, com a
LDB, 10 anos de funcionamento e terá, pois, seu prazo de validade
esgotado.
Do conjunto dessa emenda procedeu a Lei nº 9.424/96 sancio-
nada a 24 de dezembro de 1996, publicada no Diário Oficial de 26/12/
1996, mais conhecida como a Lei do Fundo de Manutenção e Desen-
volvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério
(Fundef). Essa lei nasceu de um projeto do Executivo: PL nº 2.380 (cf.
Oliveira, 2000).
A lei do Fundef, para efeito de políticas educacionais do ensino
fundamental, em matéria de financiamento, tem um impacto tão grande
ou maior do que a própria LDB. Afinal, ela tange ao mesmo tempo o pacto
federativo e o sistema de financiamento do ensino obrigatório seja pela
subvinculação, seja pelo controle dos recursos.
12
Os decretos visam apenas regulamentar o fiel cumprimento das leis quando essas não são auto-executáveis preenchendo
eventuais lacunas ou explicitando aspectos da aplicação da lei.
13
Esse volume de alterações parece indicar um processo contínuo, quase que permanente, de atividade propriamente
legiferante de educação devido ao próprio caráter sintético da LDBEN aprovada. Isso obriga os executivos, em rotatividade
política, a alterar o ordenamento legal para poder levar adiante programas de governo (cf. Couto, 1997).
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Em 15/10/06, o Executivo encaminhou ao Congresso projeto de lei que altera e promove a lei de incentivos fiscais, lei
nº 11.196/05, beneficiando as pessoas jurídicas que aplicarem em pesquisas científicas e tecnológicas de acordo com a
Lei nº 10.973/04.
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Educação no Brasil: 10 anos pós-LDB
A atividade normativa
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Portarias são expedidas por escalões abaixo do chefe do Executivo para efeito de decisões de efeito interno relativas ao
bom andamento funcional de processos administrativos.
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Deve-se observar que a maior parte desses pareceres refere-se a processos de autorização e de credenciamento.
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Esses dados foram retirados da página oficial do CNE no Portal MEC www.mec.gov.br.
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Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
Um pequeno balanço
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Sobre a tensão entre Diretrizes Curriculares e Parâmetros Curriculares, cf. Parecer CNE/CEB nº 03/97.
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Restaram preservados poucos artigos da Lei nº 4.024/61 e da Lei nº 5.540/68.
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Educação no Brasil: 10 anos pós-LDB
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Uma parte dos sistemas públicos adotou o regime de ciclos, enquanto as redes privadas dos sistemas preferiram continu-
ar com a seriação (cf. Negreiros, 2004).
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Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
E chega o Fundef
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Se no salário-educação deve-se destacar a figura de Carlos Pasquale, no caso da efetivação dos fundos deve-se afirmar
a presença de Teixeira de Freitas. Para a biografia de ambos, ver Fávero e Britto, 2002.
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Esse artigo explora as similitudes e diferenças entre os dois "Fundefs".
23
Calcula-se em mais de R$ 12 bilhões o passivo deixado pelo governo FHC no âmbito do Fundef em que pese as sucessivas
cobranças do Tribunal de Contas da União (TCU).
24
Para uma análise do Fundef do ponto de vista da descentralização sem a consideração da omissão da União (cf. Oliveira
e Rezende, 2003).
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Outros pontos
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Educação no Brasil: 10 anos pós-LDB
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De certa forma o Parecer CNE/CEB nº16/99 avizinhava-se da lei de modo cauteloso e tateante. Para uma análise crítica
do último decreto, ver Frigotto, Ciavatta e Ramos, 2005.
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Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
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Atualmente, segundo o Relatório do FNDE de 2005, esse órgão executa ou apóia 14 programas e uma operação especial.
Deles decorrem 75 diferentes ações.
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No momento de fechamento deste artigo, ainda faltava uma votação na Câmara dos Deputados para então subir à
sanção presidencial.
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Educação no Brasil: 10 anos pós-LDB
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Em 15/10/06 o Executivo encaminhou projeto de lei que altera o art. 62 da LDB pondo sob o regime de colaboração a
promoção da formação inicial, continuada e capacitação dos profissionais do magistério usando os recursos da EAD. Tal
formação, de acordo com outro projeto de lei, deverá contar com o apoio da Fundação Capes, especialmente por meio dos
recursos e tecnologias de educação a distância.
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Referências bibliográficas
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Educação no Brasil: 10 anos pós-LDB
CURY, Carlos Roberto Jamil. Apresentação. In: BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional. Rio de Janeiro: DP& A, 2003.
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Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
UNESCO. O perfil dos professores brasileiros: o que fazem, o que pensam, o que
almejam. São Paulo: Moderna, 2004.
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2
Educação Superior no Brasil –
10 anos pós-LDB:
da expansão à democratização
Dilvo Ristoff*
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da expansão à democratização
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Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
g) Desequilíbrio de oferta;
h) Ociosidade de vagas;
i) Corrida por titulação;
j) Lento incremento na taxa de escolarização superior.
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da expansão à democratização
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da expansão à democratização
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Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
1
Os estudantes do ProUni tiveram desempenho superior em todas as 15 áreas do conhecimento avaliadas pelo Exame
Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) em 2006, comprovando o que relatórios freqüentes de reitores, pró-
reitores e coordenadores de curso já haviam informado.
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da expansão à democratização
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Educação superior no Brasil –10 anos pós-LDB:
da expansão à democratização
Referências bibliográficas
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II – A EDUCAÇÃO SUPERIOR
EM DEBATE 10 ANOS PÓS-LDB
A) Acesso
3
Reforma da Educação Superior:
o debate sobre a igualdade no acesso*
Deise Mancebo**
* Versão preliminar desse texto foi apresentada na XXIX Reunião Anual da ANPEd, em 2006, no colóquio “A educação
superior na América Latina: o debate sobre a igualdade no acesso às universidades".
** Doutora em História da Educação (PUC/SP); pós-doutorado pela USP; professora e pesquisadora do Programa em
Políticas Públicas e Formação Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPFH/Uerj) e do Programa de Psico-
logia Social da mesma universidade; e-mail: mancebo@uerj.br.
Reforma da educação superior:
o debate sobre a igualdade no acesso
Introdução
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Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
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Reforma da educação superior:
o debate sobre a igualdade no acesso
e dos conflitos gerados nessa seara, para a esfera do mercado com toda
carga de exclusão que tal escolha produz; (2) a adoção de avaliações
gerenciais que compreendem o controle do sistema educativo, por parte
de um “núcleo central", mas sem intervir diretamente na sua gestão, pelo
menos no que tange à melhoria da oferta educacional; (3) a flexibilização
de gestão, justificada não raramente pela necessidade de ampliação do
sistema, obviamente, ao menor custo possível, implicando reformas
curriculares, mudanças significativas na gestão escolar; profundas modifi-
cações no trabalho docente e, especialmente no caso da educação superi-
or, a diversificação das instituições, com a definição de novos tipos de
estabelecimentos de ensino que não mais relevem a indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extensão; (4) a descentralização gerencial, pela qual os
principais parâmetros educacionais continuam a ser estabelecidos, de for-
ma concentrada, em um núcleo, mas com descentralização da gestão ad-
ministrativa, com o que se mascara a heteronomia, na exata medida em
que se constrói uma “ilusão de participação" (Lima, 1997), por meio do
apelo a um maior compromisso e envolvimento dos segmentos educacio-
nais, inclusive no financiamento, ainda que parcial, do sistema; e, por fim,
(5) a privatização dos sistemas educacionais, compreendendo não só seu
aspecto visível, qual seja, a privatização ou o (des)investimento do Estado
na educação pública; como também a delegação de responsabilidades
públicas para entidades privadas; a reconfiguração quanto à oferta do
ensino superior com o estímulo a uma série de ações delegatórias às inici-
ativas empresariais destinadas a substituir ou a complementar as respon-
sabilidades que os governos recusam, ou assumem apenas parcialmente e,
no caso das universidades, a mercantilização do conhecimento, entre ou-
tros aspectos.
A análise do cotidiano dos sistemas educacionais também põe a
nu alguns vieses bastante graves, a partir da absorção/apropriação das
reformas de cunho neoliberal. Tal agenda afeta a cultura acadêmica, de
modo que “representações, motivações, normas éticas, concepções, vi-
sões e práticas institucionais dos atores universitários acerca dos objeti-
vos, das tarefas da docência, investigação, extensão e transferência que
condicionam substancialmente as maneiras de realizar as mesmas"
(Naidorf, 2005, p. 144) são profundamente mudadas no sentido do indi-
vidualismo no enfrentamento das situações problemáticas escolares e da
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Reforma da educação superior:
o debate sobre a igualdade no acesso
1
O financiamento das instituições federais de ensino superior (Ifes) corresponde, atualmente, a 0,6% do Produto Interno
Bruto (PIB), distando em muito do índice histórico aplicado em 1989 (0,95% do PIB) e da reivindicação do Sindicato
Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) (1,4% do PIB até 2011).
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o debate sobre a igualdade no acesso
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2
Segundo dados do Censo da Educação Superior (2004), os cinco maiores cursos do Brasil, segundo número de matrículas
e de concluintes são os de Administração, Direito, Pedagogia, Engenharia e Letras, nesta ordem.
3
Atualmente, a alternativa privada tem encontrado limites estruturais no poder aquisitivo de sua clientela (Corbucci, 2002),
ainda mais, quando se levam em conta as restrições econômicas características dos anos 1990 em diante, tais como o baixo
e oscilante crescimento econômico e suas conseqüências mais perversas: desemprego e queda na renda real média. Assiste-
se, assim, a uma crise nesse setor do capital e o esgotamento de seu potencial de expansão é evidente quando se observa
o percentual de vagas não-preenchidas pelo vestibular nessas instituições. Enquanto, em 1998, a proporção já era de 20%,
em 2006, as vagas não-preenchidas saltam para 50%.
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Reforma da educação superior:
o debate sobre a igualdade no acesso
4
A UAB, cujo projeto se encontra em discussão, destina-se a ampliar o acesso à educação superior, por meio de cursos e
programas de educação a distância, desenvolvidos em articulação com as instituições públicas de ensino superior do País,
com o estímulo à sua organização em redes regionais, em parceria com os sistemas estaduais e municipais de educação e
que poderá celebrar convênios e acordos com instituições privadas. Conforme entrevista concedida pelo Ministro da Educa-
ção, Fernando Haddad, "o consórcio formado pelas instituições federais com municípios de todo o País, lançado no final de
2005, tem tudo para tornar-se um sucesso e ajudar o País a cumprir a meta de colocar, no mínimo, 30% dos jovens entre
18 e 24 anos na universidade até 2010" (Vaz, 2006).
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Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
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O maior número de instituições são faculdades, escolas ou institutos (73,2%); os centros universitários representam 5,3%
do total; as faculdades integradas são 5,9%; e os centros de educação tecnológica (ou faculdades tecnológicas) são 7,2%.
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o debate sobre a igualdade no acesso
Considerações finais
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Sobre a crítica acadêmica, é de valia a consulta aos trabalhos apresentados nas Reuniões Anuais da Associação Nacional
de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), especialmente os do Grupo de Trabalho 11 que versam sobre Políticas
da Educação Superior (http://www.anped11.uerj.br). Sobre as lutas e enfrentamentos sindicais impõe-se a consulta ao sítio
do Andes-SN (http://www.andes.org.br).
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o debate sobre a igualdade no acesso
Referências bibliográficas
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Democratização do acesso e inclusão
na educação superior no Brasil
João Ferreira de Oliveira*
Afrânio Mendes Catani**
Ana Paula Hey***
Mário Luiz Neves de Azevedo****
* Professor na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG); doutor em Educação pela Universidade de
São Paulo (USP). Pesquisador do CNPq; e-mail: joaofo@terra.com.br
** Professor na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP); livre-docente em Educação pela Universidade
de São Paulo (USP). Pesquisador do CNPq; e-mail: amcatani@usp.br
*** Professora no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp); doutora em
Educação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); e-mail: anaphey@uol.com.br
**** Professor na Universidade Estadual de Maringá (UEM); doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP); e-
mail: mario.de.azevedo@uol.com.br
Democratização do acesso e inclusão na educação superior no Brasil
1
Com a aprovação da LDB em 1996 ocorreram modificações significativas na organização da educação escolar brasileira.
Além dos níveis definidos – educação básica (composta pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) e
educação superior –, estruturaram-se algumas outras modalidades de educação (de jovens e adultos, especial, profissional,
a distância, do campo e indígena).
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Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
2
O Censo da Educação Básica (2005) registrou um total de 33.534.561 matrículas no ensino fundamental, sendo 18.465.505
nas quatro primeiras séries e 15.069.056 nas quatro últimas. Já o ensino médio contabilizou 9.031.302, enquanto o ensino
superior totalizou 4.163.733 matrículas nos cursos de graduação. Em 2004, o número de concluintes do ensino fundamen-
tal foi de 2.462.319, enquanto o ensino médio registrou 1.879.044 e o ensino superior 528.223 concluintes.
3
De acordo com a LDB (Lei n° 9.394/96), integram a educação básica a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino
médio.
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Democratização do acesso e inclusão na educação superior no Brasil
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Cabe registrar, ainda, a criação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), a primeira do País.
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Democratização do acesso e inclusão na educação superior no Brasil
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Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
5
Para Carvalho (2006, p. 988), com o ProUni, "é possível perceber que as instituições que mais se beneficiam são aquelas
com fins lucrativos, já que ficam isentas, a partir da adesão, de praticamente todos os tributos federais que recolhiam".
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Democratização do acesso e inclusão na educação superior no Brasil
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Brazil has given considerable thought to the development and reform of its tertiary education system and has made
significant progress in many important areas. This section of the report suggests further developments to progress already
made by Brazil focusing on the strategic goals of access, quality, relevance and efficiency. (World Bank, 2000, p. 46).
7
The HEFCE is the largest single source of income for the higher education sector. After Council grants, tuition fees are
usually the only other major source of funding (Ibidem, p. 37).
8
Academic autonomy should be enhanced under a more decentralized system of resource management (Ibidem, p. 38).
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Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
9
Os exames de admissão/entrada no ensino superior foram criados pelo Decreto n. 8.659, de 5 de abril de 1911, por ocasião
da Reforma Rivadávia Correa. Apenas em 1915 os exames de admissão são chamados de exame vestibular, durante a
Reforma Carlos Maximiliano. Em 1925, na Reforma Rocha Vaz, ocorre o processo de classificação dos candidatos e a fixação
do número de vagas por curso. Já em 1931, durante a Reforma Francisco Campos, foram criados os exames por curso.
80
Democratização do acesso e inclusão na educação superior no Brasil
papel de limitar o acesso. É exatamente esse papel que fez dele algo tole-
rado (como um remédio ruim, mas necessário) ou criticado (como meca-
nismo de exclusão social). Por isso, há uma corrente que entende que o
vestibular, ou melhor, o processo seletivo (conforme a atual LDB) apenas
seleciona para as vagas existentes nas IES e, por esta razão, não pode ser
responsabilizado pela seletividade social. O vestibular ou processo seletivo
estaria apenas reproduzindo a seletividade já existente na sociedade e na
escola básica. Outra concepção, por sua vez, preconiza o fim do vestibular
ou seu equivalente por entender que ele intensifica a discriminação social
e produz efeitos danosos sobre as escolas e sobre os sistemas de ensino.
Esse tem sido um impasse nos debates educacionais nas últimas décadas.
A LDB confirmou tendência de reforço à autonomia das universidades
no tocante às formas de acesso dos concluintes do ensino médio aos cursos
superiores, uma vez que essa autonomia havia sido decretada no governo
Collor, em 1990 (Decreto nº 99.490/90), em um contexto de crítica à “seletividade
social promovida pelo vestibular". Com essa autonomia, observa-se que o pro-
cesso de diversificação dos modelos de seleção nas IES intensifica-se; entretan-
to, isso não significa o fim do processo de elitização e de seletividade social.10
De acordo com estudo realizado pelo sociólogo Simon Schwartzman (2002,
p.113),11 “o número de estudantes nas universidades cresceu 76% entre 1992
e 1999, mas esse aumento não significou o ingresso, na mesma medida, dos
menos favorecidos ao 3o grau". Conforme o estudo, “a proporção de alunos
universitários procedentes da camada dos 20% mais ricos da população au-
mentou de 67% para 70% no período. Ao mesmo tempo, a presença dos 20%
mais pobres sofreu queda de 1,3% para 0,9%".12 Verifica-se, portanto, que a
expansão ocorrida na última década, sobretudo por meio do setor privado, não
tem aumentado a participação dos mais pobres no sistema.13
10
Segundo dados do Inep, atualmente existem distintas formas de ingresso nas IES. Entre elas destacam-se: vestibular;
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem); avaliação seriada no ensino médio; teste/prova/avaliação de conhecimentos;
avaliação de dados pessoais/profissionais; entrevista e exame curricular/do histórico escolar.
(www.educacaosuperior.inep.gov.br/formas_acesso.stm, acessado em setembro/2006).
11
O estudo baseia-se em informações levantadas pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
12
O Censo da Educação Superior (2000) mostra que as vagas oferecidas nos cursos de graduação contabilizavam 1.100.224,
enquanto as inscrições totalizavam 3.826.293; já os ingressos foram 829.706, as matrículas 2.694.245 e os concluintes
324.734. Assim, foi de 3,5 a relação inscrições/vaga no vestibular, sendo 9,8 na esfera federal, 10,1 na esfera estadual, 2,1
na esfera municipal e 2 na rede privada.
13
O ProUni, por ser uma política afirmativa dirigida aos menos favorecidos pode, possivelmente, alterar, dentro do seu
alcance, essa composição social. Cabe, todavia, exame mais acurado do impacto desse Programa na democratização do
acesso à educação superior.
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Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
Nada é mais adequado que o exame [ou o vestibular] para inspirar a todos
o reconhecimento da legitimidade dos veredictos escolares e das hierarqui-
as sociais que eles legitimam, já que ele conduz aquele que é eliminado a
se identificar com aqueles que malogram, permitindo aos que são eleitos
entre um pequeno número de elegíveis ver em sua eleição a comprovação
de um mérito ou de um 'dom' que em qualquer hipótese levaria a que eles
fossem preferidos a todos os outros (sic).
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Democratização do acesso e inclusão na educação superior no Brasil
14
Na vigência do governo FHC (1995-2002) observou-se crescimento acentuado nos indicadores acadêmicos das universi-
dades federais, em especial no tocante ao número de alunos de graduação e de pós-graduação, sem que isso significasse
crescimento nos recursos para manutenção e desenvolvimento dessas instituições e reposição ou aumento dos quadros
docentes e de servidores técnico-administrativos. No primeiro mandato do governo Lula (2003-2004) observou-se, a partir
de 2004, maior investimento na expansão das Ifes e dos Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets), além do
aumento de recursos para custeio nas universidades federais e abertura de concursos públicos para recuperação dos quadros
docente e técnico-administrativo.
83
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
15
Um dos vetos do PNE (item 10.3, subitem 4) dizia respeito à elevação, na década, do percentual de gastos públicos em
educação em relação ao PIB (a meta seria atingir um mínimo de 7% do PIB).
16
Em publicação do Inep, Pacheco e Ristoff (2004) analisam os indicadores e as tendências atuais do sistema de educação,
tendo em vista alcançar as metas de matricular 30% da população na faixa etária de 18 a 24 anos e de expandir as
matrículas no setor público para 40% até o ano de 2010, como prevê o PNE. Os autores concluem que isso não será possível
sem que ocorra "uma participação decisiva do setor público", o que certamente incluirá uma expansão das matrículas nas
instituições públicas federais e estaduais, em especial no turno da noite. Destacam, ainda, o papel do Fundo de Financia-
mento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), do ProUni, da educação a distância e da educação tecnológica nessa
expansão pública.
84
Democratização do acesso e inclusão na educação superior no Brasil
85
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
86
Democratização do acesso e inclusão na educação superior no Brasil
Referências bibliográficas
87
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
88
5
Ensino noturno e expansão do acesso
de estudantes-trabalhadores
à educação superior*
Mariluce Bittar**
Carina Elisabeth Maciel de Almeida***
Tereza Christina Mertens Aguiar Veloso****
* Este texto é resultado de pesquisa do Projeto Interinstitucional "Ensino Noturno – acesso e democratização da educação
superior", desenvolvido com apoio financeiro do CNPq e da FUNDECT/MS, sob a coordenação da professora doutora
Mariluce Bittar.
** Doutora em Educação; coordenadora do Programa de Pós-Graduação – Mestrado em Educação da Universidade Católica
Dom Bosco (UCDB) e coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Políticas de Educação Superior (Geppes); e-
mail: bittar@ucdb.br
*** Mestre em Educação; doutoranda em Educação (UFMS); pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Políticas
de Educação Superior (Geppes); e-mail: carina.em@pop.com.br
**** Mestre em Educação; doutoranda em Educação (UFG); professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e
pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Políticas de Educação Superior (Geppes); e-mail: tecmav@terra.com.br
Ensino noturno e expansão do acesso dos estudantes-trabalhadores à educação superior
Introdução
91
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
92
Ensino noturno e expansão do acesso dos estudantes-trabalhadores à educação superior
estão presentes nesse contexto nos cursos atuais oferecidos pelas IES,
sejam elas públicas ou privadas.
No Brasil, a expansão da educação superior e, notadamente, o ensi-
no superior noturno, reflete a privatização desse nível de ensino, como de-
monstram os dados apresentados páginas a seguir. O paradigma implícito
na Declaração de Bolonha1 “[...] prioriza a diversidade e a competitividade, a
adaptação da formação ao mercado de trabalho e a mobilidade acadêmica"
(Moraes, 2006, p. 188). Essa globalização, ou internacionalização, da edu-
cação superior cresce em consonância com políticas ditadas por organismos
multilaterais que entendem a expansão das IES como meio de crescimento
econômico e social. É nessa conjuntura que o acesso à educação superior,
por meio de ensino noturno, é incorporado às transformações preconizadas
pelas políticas públicas educacionais.
A análise da expansão de vagas, cursos e matrículas na educação
superior noturna, deve articular-se à investigação das políticas de educa-
ção superior implementadas pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC),
bem como às orientações de organismos internacionais (Banco Mundial –
BM, Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento – Bird, Or-
ganização Mundial do Comércio – OMC) que influenciam diretamente a
implementação de políticas públicas para o setor.
1
A Declaração de Bolonha é um documento elaborado pelo conjunto de “[...] Ministros da Educação Europeus, assinada em
Bolonha, em 1999, para a consolidação de um espaço comum de Ensino Superior Europeu" (Morosini, 2006, p. 118).
2
Decreto nº 34.742, de dezembro de 1953; Decreto-Lei nº 53, de 18 de novembro de 1966, sobre universidades, sua
organização e seu funcionamento; Decreto-Lei nº 252, de 28 de fevereiro de 1967, que estabelece normas complementares
ao Decreto-Lei nº 53 e outras providências; Lei nº 5.539, de 27 de novembro de 1968, que modifica dispositivos sobre o
Estatuto do Magistério Superior.
93
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
94
Ensino noturno e expansão do acesso dos estudantes-trabalhadores à educação superior
95
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
96
Ensino noturno e expansão do acesso dos estudantes-trabalhadores à educação superior
97
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
98
Ensino noturno e expansão do acesso dos estudantes-trabalhadores à educação superior
99
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
100
Ensino noturno e expansão do acesso dos estudantes-trabalhadores à educação superior
101
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
102
Ensino noturno e expansão do acesso dos estudantes-trabalhadores à educação superior
Mato Grosso do Sul (Uems), que foi responsável pela abertura de novos
cursos noturnos no interior do Estado, consolidando alguns de seus obje-
tivos no sentido de promover a interiorização da educação superior, e de
expandir cursos de licenciatura para qualificar e formar professores que já
atuavam na educação básica. Ao oferecer cursos para estudantes-traba-
lhadores, o período elencado foi o noturno, uma vez que nos demais não
haveria possibilidade de freqüência por parte dos alunos mencionados.
Nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, desde a década
de 1990 a maior oferta de vagas era observada no período noturno, tanto
no setor público quanto no privado, entretanto, no ano de 2004, em Mato
Grosso, identificamos maior aumento de vagas oferecidas pelas IES públi-
cas no período diurno, enquanto no Estado de Mato Grosso do Sul essa
oferta apresenta certo equilíbrio entre os períodos, mas prevalece o maior
número de vagas oferecidas no período diurno.
103
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
35
30
25
20
15
10
5
0
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
3
"O Brasil, cuja taxa de desemprego nas mais importantes regiões metropolitanas é de 10,2%, atinge índices de 60,7% na
faixa etária de 15 a 24 anos, sendo que a maior concentração está nos jovens com baixa escolaridade e pertencentes às
classes de baixa renda" (Terribilli Filho, 2007, p. 2).
104
Ensino noturno e expansão do acesso dos estudantes-trabalhadores à educação superior
105
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
106
Ensino noturno e expansão do acesso dos estudantes-trabalhadores à educação superior
Considerações finais
107
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
108
Ensino noturno e expansão do acesso dos estudantes-trabalhadores à educação superior
Referências bibliográficas
109
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
110
6
A ampliação do acesso à educação
superior pública pós-LDB:
considerações a partir do caso
da UFMG
Maria do Carmo de Lacerda Peixoto*
Mauro Mendes Braga**
Introdução
113
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
114
A ampliação do acesso à educação superior pública pós-LDB:
considerações a partir do caso da UFMG
A escala socioeconômica
1
Apesar de seu preenchimento não ser obrigatório, o índice de respostas é muito elevado - superior a 90% - tornando
possível proceder a estudos de diversas ordens. Entre eles, está sendo realizado o censo socioeconômico e étnico dos
estudantes de graduação, estando sua primeira parte publicada em Braga e Peixoto, 2006A.
115
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
2
A escala da Abipeme é também denominada Critério Brasil. Franco e Loschi, 2005, em estudos independentes sobre as
chances de aprovação no vestibular da UFMG verificaram ainda, que a escala FSE tem maior poder para discriminar os
candidatos do que a escala Abipeme.
116
A ampliação do acesso à educação superior pública pós-LDB:
considerações a partir do caso da UFMG
O vestibular da UFMG
3
A referência aqui é o período imediatamente anterior a 2003, ocasião em que a demanda por vagas no ensino superior
brasileiro se acentuou fortemente, característica que também se fez presente na UFMG. Em dez anos, o número de candi-
datos ao vestibular da universidade quase triplicou, passando de 32 mil, em 1992, para 85 mil, em 2002. A partir desse ano,
entretanto, esse número vem caindo, fato que, em boa parte, pode ser explicado pela diminuição do número de concluintes
do ensino médio em Minas Gerais, o que será discutido um pouco mais a frente.
4
O candidato pode optar entre inglês, francês e espanhol.
5
Este é o único caso em que é permitido ao candidato fazer a inscrição para mais de um curso. O objetivo da dupla inscrição
é o de não inviabilizar a participação no vestibular, caso ocorra reprovação nessa avaliação prévia.
117
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
6
A revista Diversa é uma publicação bianual, de caráter não-científico, que aborda a produção do conhecimento, o ensino
e a extensão realizados pela UFMG, traduzindo as diferentes faces da instituição. Tem por principal objetivo mostrar a
variedade e a diversidade do compromisso de uma instituição pública. Para consulta aos números já publicados, www.ufmg.br/
online/diversa.
118
A ampliação do acesso à educação superior pública pós-LDB:
considerações a partir do caso da UFMG
119
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
100
75
total
milhares de candidatos
50
rede pública
25 rede privada
0
1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008
7
Análise sobre a demanda aos vestibulares da UFMG nesse período pode ser encontrada em Braga, Peixoto e Bogutchi,
2001, e Peixoto e Braga, 2004.
8
Essa tendência permanece para o vestibular de 2007, que registrou aproximadamente 64 mil inscritos, contra 68 mil, em
2006. Ou seja, houve redução de 6% de um ano para outro.
120
A ampliação do acesso à educação superior pública pós-LDB:
considerações a partir do caso da UFMG
121
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
122
A ampliação do acesso à educação superior pública pós-LDB:
considerações a partir do caso da UFMG
5.000
reais de junho de 2006
4.000 aprovados
3.000
inscritos
2.000
1.000
2002 2003 2004 2005 2006 2007
123
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
60
Percentual
50
40 inscritos
aprovados
30
20
10
0
até 5 SM de 5 a 10 SM de 10 a 20 SM de 20 a 40 SM maior que 40 SM
124
A ampliação do acesso à educação superior pública pós-LDB:
considerações a partir do caso da UFMG
125
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
MG ?
Cor/raça declarada MG 2000 2003 2004 2005 2006
11 anos
Amarela 1,6 0,3 3,4 2,9 2,6 2,5
Branca 53,5 71,5 65,4 61,9 58,8 58,1
Indígena 0,3 0,2 0,8 0,6 0,6 0,5
Parda 37,6 24,0 23,8 27,1 29,5 30,6
Preta 7,8 4,0 6,7 7,4 8,4 8,2
% Não declarado 0,6 0,4 - 4,9 5,5 6,7
A opção “não desejo declarar” foi introduzida no questionário apenas a partir do vestibular de 2004.
MG ?
Cor/raça declarada MG 2000 2003 2004 2005 2006
11 anos
Amarela 1,6 0,3 1,9 1,7 1,4 1,7
Branca 53,5 71,5 74,2 71,2 70,3 67,5
Indígena 0,3 0,2 0,4 0,3 0,3 0,3
Parda 37,6 24,0 20,2 22,9 24,4 26,4
Preta 7,8 4,0 3,3 3,9 3,6 4,1
% Não declarado 0,6 0,4 - 6,2 7,9 9,9
A opção “não desejo declarar” foi introduzida no questionário apenas a partir do vestibular de 2004.
126
A ampliação do acesso à educação superior pública pós-LDB:
considerações a partir do caso da UFMG
127
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
2004
Cor/raça declarada 2003 A B 2005
Amarela 3,0 2,6 2,7 2,3
Branca 66,3 62,0 61,9 58,8
Indígena 0,6 0,5 0,5 0,6
Parda 23,6 27,1 27,4 30,1
Preta 6,4 7,8 7,5 8,3
9
Vários estudos abordam a complexidade produzida pela diversidade de denominações que são atribuídas, no Brasil, à
identificação de cor ou raça. Entre eles, ver Osório, 2003 e Queiroz, 2004, em especial, Rosemberg, 2004 que confirma a
existência de mudanças na autodeclaração de cor ou raça, tendo em vista a obtenção de vantagens em programa de ação
afirmativa.
128
A ampliação do acesso à educação superior pública pós-LDB:
considerações a partir do caso da UFMG
129
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
130
A ampliação do acesso à educação superior pública pós-LDB:
considerações a partir do caso da UFMG
10
Em 2003, a UFMG ofereceu em seu vestibular, 720 vagas no noturno, número que foi ampliado para 960 em 2004, e para
1.000 em 2005 e em 2006, correspondendo, respectivamente, a 16,3%; 20,9% e 21,3% do total de vagas.
131
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
Conclusão
11
Análise sobre a implementação da política que prioriza a ampliação da oferta de vagas noturnas na UFMG foi feita por
Braga e Peixoto, 2006B.
132
A ampliação do acesso à educação superior pública pós-LDB:
considerações a partir do caso da UFMG
12
Esse, aliás, é o quadro que impera nas instituições de ensino superior federais do País, como demonstra o estudo Andifes,
2005.
133
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
Referências bibliográficas
134
A ampliação do acesso à educação superior pública pós-LDB:
considerações a partir do caso da UFMG
IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2004. Disponível em: http://
www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2004.
Acesso em: 20 jan. 2007.
135
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
136
7
Políticas de Ações Afirmativas
para a Educação Superior no Brasil:
da intenção à realidade
Otília Maria Lúcia Barbosa Seiffert*
Salomão Mufarej Hage**
Introdução
Pensemos no número de jovens das classes populares que cursam o suple-
tivo de forma precária em cursos noturnos, na sua grande maioria pagos.
Os jovens das classes médias da mesma geração percorrem o seu curso de
1° e 2° graus em escolas pagas, exigentes, e, ao chegar o momento de
ingressar na universidade, fazem revisões de conhecimentos e capacitação
em 'cursinhos' para submeter-se ao vestibular.
Neste momento, os que podem pagar e cursaram escolas privadas caras,
vêm para as universidades gratuitas federais e estaduais. Os poucos jovens
pobres que conseguiram, a duras penas, chegar ao fim dos cursos médios,
não podendo competir com os outros, não tem outro seio onde se abrigar,
senão o das faculdades caras, quase sempre sem rigor nenhum. (sic)
(Paulo Freire, 2005)
139
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
1
Pode parecer estranho falar em "minoria" para referir-se a mulheres, negros, idosos, crianças, pois quantitativamente
formam a maioria. A expressão minoria não é usada no sentido quantitativo, mas qualitativo. Quando o pensamento
político liberal definiu os que teriam direito à cidadania, usou como critério a idéia de maioridade social: seriam cidadãos
aqueles que tivessem alcançado o pleno uso da razão. Alcançaram o pleno uso da razão ou a maioridade racional os que são
independentes, isto é, não dependem de outros para viver. São independentes os proprietários dos meios privados de
produção e os profissionais liberais. São dependentes, e, portanto, em estado de minoridade racional: as mulheres, as
crianças, os adolescentes, os trabalhadores e os “selvagens primitivos" (africanos e índios). Formam a minoria. Como há
outros grupos cujos direitos não são reconhecidos (por exemplo, os homossexuais), fala-se em “minorias". A “maioridade"
liberal refere-se, pois, ao homem adulto branco proprietário ou profissional liberal (Chauí, 2003).
140
Políticas de Ações Afirmativas para a Educação Superior no Brasil:
da intenção à realidade
141
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
142
Políticas de Ações Afirmativas para a Educação Superior no Brasil:
da intenção à realidade
143
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
144
Políticas de Ações Afirmativas para a Educação Superior no Brasil:
da intenção à realidade
145
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
2
Consultar o portal do MEC/SESu (http://portal.mec.gov.br/sesu/) para conhecimento de outros Programas desenvolvidos
na área da educação.
146
Políticas de Ações Afirmativas para a Educação Superior no Brasil:
da intenção à realidade
147
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
148
Políticas de Ações Afirmativas para a Educação Superior no Brasil:
da intenção à realidade
149
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
Até 2003, atendeu cerca de 120 mil jovens e adultos em suas ações
educativas que incluem: projetos de alfabetização de jovens e adultos
assentados (EJA); formação continuada de educadores nos assentamentos
e formação técnico-profissional para as áreas de produção e administra-
ção rural; e escolarização nos níveis fundamental, médio e superior (Andrade
et al., 2004). No que tange à educação superior, um levantamento prévio
realizado para este estudo na Comissão Pedagógica Nacional do Pronera,
com base nas informações obtidas do Sistema de Informação de Projetos
de Reforma Agrária (Sipra), permitiu constatar que em 2005 encontravam-
se em execução 28 projetos educativos, favorecendo o acesso a 2.097
jovens e adultos a esse nível de ensino nas diversas regiões do País, envol-
vendo um investimento na ordem de R$ 5.071.831,66 (MDA, 2006).3
Esses programas, entre outros em desenvolvimento, são evidências
de mudanças nas políticas públicas, orientadas pela proteção e promoção
dos direitos humanos, rumo à minimização das desigualdades sociais. No
entanto, somos desafiados e instigados a saber se e como essas ações
afirmativas têm afetado o cenário da educação superior no País no que
concerne à democratização do acesso dos segmentos minoritários.
A presença/ausência de segmentos
minoritários na educação superior:
fragmentos de uma realidade
3
Um inventário dos cursos de educação superior ofertados pelo Pronera, com o objetivo de analisar a sua contribuição para
a ampliação do acesso e permanência na educação superior pública de jovens e adultos dos assentamentos rurais e os
impactos na vida dos estudantes, assentamentos, movimentos sociais e instituições de educação superior envolvidas com o
Programa, está sendo construído pelo professor Salomão Hage, com o apoio da ANPEd/Secad, por meio da pesquisa
denominada: "Democratização da Educação Superior Pública no Campo: impactos do Pronera nos assentamentos de
reforma agrária".
150
Políticas de Ações Afirmativas para a Educação Superior no Brasil:
da intenção à realidade
151
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
152
Políticas de Ações Afirmativas para a Educação Superior no Brasil:
da intenção à realidade
2004 indica que essa faixa da população está representada por somente 26,5%
dos alunos matriculados nas IES públicas e por 12,9% nas privadas. Essa
discrepância também é observada entre os que têm renda familiar superior a
dez salários mínimos, porém de maneira inversa, conforme explicita os dados
da Tabela 2. Embora esse segundo grupo represente 11,8% da sociedade
brasileira, os alunos com essa faixa de renda concentram 29% das matrículas
nas IES públicas, sendo essa taxa de participação ainda mais elevada nas IES
privadas, correspondendo a 41,6% da matrícula (Inep, 2006).
4
A taxa de escolarização líquida indica o percentual de matrícula em determinado nível de ensino e com idade adequada
para cursá-lo. Para o ensino fundamental, a população considerada adequada é de 7 a 14 anos de idade, para o ensino
médio, a população é de 15 a 17 anos, e para o ensino superior, a população é de 18 a 24 anos.
153
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
154
Políticas de Ações Afirmativas para a Educação Superior no Brasil:
da intenção à realidade
155
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
5
Por meio do questionário socioeconômico aplicado aos estudantes que participam do Exame Nacional de Desempenho dos
Estudantes (Enade) temos a possibilidade de definir as características pessoais dominantes do estudante da educação superior.
A questão de número 4 desse instrumento aborda especificamente o quesito raça/cor, com alternativas definidas pelos critérios
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): branco(a), negro(a), pardo(a)/mulato(a), amarelo(a) (de origem orien-
tal) e indígena ou de origem indígena. Em 2004, 2.187 cursos participaram da avaliação, dentro das 13 áreas de conhecimento
focadas: Agronomia, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária,
Nutrição, Odontologia, Serviço Social, Terapia Ocupacional e Zootecnia. Foram selecionados para participar do Exame 83.661
estudantes ingressantes e 56.679 estudantes concluintes, totalizando 140.340 participantes (Inep, 2005).
156
Políticas de Ações Afirmativas para a Educação Superior no Brasil:
da intenção à realidade
Reflexões conclusivas
157
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
158
Políticas de Ações Afirmativas para a Educação Superior no Brasil:
da intenção à realidade
Por outro lado, temos que reconhecer que essas ações têm mobili-
zado tensos e antagônicos debates, tanto no meio acadêmico como na
sociedade em geral. Afinal, quais os melhores caminhos a induzir a supe-
ração das desigualdades sociais? Não estariam as ações afirmativas pro-
movendo uma discriminação de uma outra natureza? Não estariam com-
prometendo ainda mais a desqualificação da educação superior? Afinal,
qual a diferença que essas ações estão fazendo para a democratização do
acesso à educação superior? Estas e tantas outras perguntas têm gerado
inquietações sobre o significado das ações afirmativas no Brasil.
O cenário para o qual essas ações são dirigidas mostra que uma
longuíssima caminhada deve ser ainda realizada. Os dados de realidade
continuam denunciando a pouca expressividade da presença das minorias
nesse nível de ensino, sobretudo quando comparamos a representatividade
desses segmentos na sociedade e nas IES.
De um fato temos clareza: as políticas de ações afirmativas
implementadas devem assumir um caráter emancipatório, para que não
sejam reeditadas as tradicionais medidas compensatórias, de caráter
assistencialista, que pouco favorecem o enfrentamento do núcleo central
de manutenção das desigualdades sociais existentes. Portanto, no proces-
so de democratização do acesso desses grupos à educação superior, de-
vem ser abertos caminhos para fomentar a construção de um ambiente de
igualdade e diversidade capaz de fortalecer a produção de um pensamen-
to científico com as marcas das distintas subjetividades, que compõem as
minorias brasileiras, promovendo assim a “igualdade na diferença".
Referências bibliográficas
159
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
BRASIL. MEC. Sistema de Cotas no Ensino Superior deve oferecer 25 mil vagas
este ano. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/sesu/index.php. Acesso em: 24
maio 2006a.
_______. PROUNI. Bolsas ofertadas por Município para o ano de 2005. Disponí-
vel em: http://prouni-inscricao.mec.gov.br/prouni/pdf. Acesso em: 13 out.
2006b.
_______. Bolsas ofertadas por Município para o ano de 2006. Disponível em:
http://prouni-inscricao.mec.gov.br/prouni/pdf/Resumo. Acesso em: 13 out.
2006c.
CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. 13. ed. São Paulo: Editora Ática. 2003.
160
Políticas de Ações Afirmativas para a Educação Superior no Brasil:
da intenção à realidade
161
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
162
B) Organização Acadêmica
8
Universidades e centros
universitários pós-LDB/96:
tendências e questões
Maria de Lourdes de Albuquerque Fávero*
Stella Cecília Duarte Segenreich**
Introdução
167
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
168
Universidades e centros universitários pós-LDB/1996:
tendências e questões
1
Decreto nº 2.207, de 15 de abril de 1997; Portaria Ministerial nº 639, de 13 de maio de 1997; Decreto nº 2.306, de 19 de
agosto de 1997; Decreto nº 3.860, de 9 de julho de 2001, além de outros.
169
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
170
Universidades e centros universitários pós-LDB/1996:
tendências e questões
171
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
Os centros universitários
e a legislação pós-LDB
172
Universidades e centros universitários pós-LDB/1996:
tendências e questões
173
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
2
O Decreto nº 2.306/97, que revoga o Decreto nº 2.207/97, regulamenta, para o Sistema Federal de Ensino, as disposições
contidas no art. 10 da Medida Provisória nº 1.477-39, de 8/8/97, nos artigos 16, 19, 20, 45, 46 e §1º, 52 único, 54 e 88 da
Lei nº 9.394/96 e dá outras providências.
174
Universidades e centros universitários pós-LDB/1996:
tendências e questões
175
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
176
Universidades e centros universitários pós-LDB/1996:
tendências e questões
1997 13 10 76,9
1998 18 16 88,9
1999 39 29 74,4
2000 50 37 74,0
2001 66 50 75,8
2002 77 58 75,3
2003 81 60 74,0
2004 107 72 67,3
177
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
Δ 1997-
620 - 590 225 - 225 1266 - 1200 400 - 367 - - -
2004
Fonte: MEC/Inep/Deaes.
Os centros universitários:
a relação ensino-pesquisa e a questão
da autonomia
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Universidades e centros universitários pós-LDB/1996:
tendências e questões
[...] não parece, pois, sensato abrir mão da pesquisa na organização dos
cursos de nível superior. [...] Realmente, faz uma grande diferença formar
profissionais num ambiente de produção de conhecimento, no qual os
alunos, a partir da graduação, têm contato com laboratórios, grupos de
pesquisa, criadores de cultura a formá-los à margem dessa possibilidade
(Saviani, 1999, p. 131).
179
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
Concluindo...
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Universidades e centros universitários pós-LDB/1996:
tendências e questões
Referências bibliográficas
181
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9
A Universidade Comunitária:
forças e fragilidades
Maria Estela Dal Pai Franco*
Solange Maria Longhi**
1
No presente trabalho não se fará diferença entre os termos ensino superior e educação superior.
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Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
2
As universidades comunitárias, propriamente ditas, surgiram de iniciativas essencialmente comunitárias; são “[...] defini-
das como não-confessionais, não-empresariais, sem alinhamento político-partidário ou ideológico de qualquer natureza.
Sob o ponto de vista patrimonial, as universidades comunitárias não pertencem a um dono ou grupo privado, mas a
fundações ou associações comunitárias (designadas de mantenedoras), cuja totalidade dos bens tem, conforme o explicitado
em seus estatutos, destinação pública, revertendo, em caso de dissolução, para o controle do Estado. Os dirigentes dessas
mantenedoras não recebem remuneração no exercício de sua função. A forma de gestão caracteriza-se pela eleição de seus
dirigentes, com participação de toda comunidade acadêmica. Em seus conselhos superiores participam representantes da
comunidade externa, inclusive do poder público municipal e, em algumas delas, do poder público estadual. Seus balanços,
de domínio público, após análise e aprovação interna, são submetidos a auditores independentes, a um conselho fiscal e à
aprovação do Ministério Público." (Longhi, 2003, p. 341).
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A Universidade Comunitária:
forças e fragilidades
residem em domicílios com renda nas faixas que permitem pagar o ES,
mostra que o sistema privado suportaria somente uma pequena expansão
de novas matrículas e em áreas específicas. Portanto, para o autor, a res-
ponsabilidade por atingir a meta governamental de 30% dos alunos com
idade entre 18 e 24 anos no ES até o ano de 2011, tem de ser conjunta do
setor privado e do setor público. Isso realça as dificuldades enfrentadas
pelas IES de hoje, explicita indagações que incidem no âmbito das tensões
entre socialização e mercantilização do conhecimento e retoma os
questionamentos sobre o compromisso social da universidade comunitária
enquanto produtora e socializadora do conhecimento.
Os pontos acima levantados sinalizam a importância de entender o
que amalgamou a proposta de universidade comunitária, como ela se en-
contra hoje, quais suas fragilidades, nesse contexto complexo e de ambi-
güidades políticas e práticas, no entorno de processos de globalização e
quais pontos fortes se apresentam ante as possibilidades da Pós-gradua-
ção e dos grupos de pesquisa para enfrentar os desafios e atender ao
compromisso histórico-social desse segmento de IES. É o espaço e o obje-
tivo do presente trabalho.
Aguçar o olhar sobre a problemática exige adentrar alguns dos
pontos levantados. A educação superior no Brasil, assim como em ou-
tras partes do mundo, tem se defrontado nestes anos 2000 com pro-
blemas sérios e inusitados: a expansão de ofertas sem qualidade e con-
trole, a ênfase mercadológica, a concorrência acirrada, a inadimplência,
as desigualdades, entre outros. Como nunca, talvez, em sua trajetória,
as IEs têm encarado tão intensamente a pressão de forças opostas,
captadas de modo diferenciado, mas que revelam um cerne comum: o
dilema mudar e/ou manter. Analistas do hemisfério norte, como
Stensaker e Norgard (apud Tight, 2003, p. 151), por exemplo, perce-
bem nesse tipo de enfrentamento a dinâmica entre inovação e
isomorfismo: de um lado o movimento em direção a objetivos inova-
dores e de outro o das forças para se adaptar às pressões externas de
padronização.
Santos (2004a) vai além e vê a questão no prisma mais de tran-
sição paradigmática, na dimensão epistemológica e na societária. É a
transição entre o paradigma da modernidade, em falência visível para
o autor, e, um paradigma emergente, que aos poucos vai se delineando
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Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
3
Participaram das entrevistas gestores de quatro universidades: Unisc (duas entrevistas); UPF (uma entrevista), URI (três
entrevistas) e a Unijuí (uma entrevista). As autoras agradecem à Morosini e Franco (2004) pela disponibilização de duas
entrevistas realizadas em 2003. As demais entrevistas foram realizadas em 2006.
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A Universidade Comunitária:
forças e fragilidades
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A Universidade Comunitária:
forças e fragilidades
4
Nas regiões norte e noroeste do RS, as primeiras tentativas de integração do ensino remontam ao denominado Distrito
Geoeducacional – DGE-38, iniciadas ainda 1970. Desde sua origem o DGE-38 traçou uma filosofia voltada para a integração
das pessoas e das instituições mediante tarefas comuns. Na década de 1980 após reestruturação do seu modelo organizacional,
criaram-se conselhos setoriais nos quais participavam, além das IES as então denominadas Delegacias de Educação (hoje
Coordenadorias Regionais de Educação – CRES) da Secretaria da Educação do Estado do Rio Grande do Sul.
191
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A Universidade Comunitária:
forças e fragilidades
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Constituiu-se em um espaço de resistência único, criado em 1970, na conjunção de oito faculdades de Filosofia, Ciências
e Letras de instituições privadas, integrantes do Programa de Formação de Professores Polivalentes (PFPP) que, desde 1967,
funcionava no RS com o apoio da Fundação Ford. Foi notória a liderança da PUC-RS, congregando um grupo de institui-
ções (UCS em Caxias do Sul, Unisinos em São Leopoldo, Unijuí em Ijuí, UCPel, em Pelotas, Imaculada Conceição em Santa
Maria, UPF em Passo Fundo e uma instituição de Uruguaiana), que, anos mais tarde participaram no estabelecimento do
Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung). A preocupação com a pesquisa na universidade esteve
presente desde 1973, quando a Aesufope organizou o primeiro de uma série de eventos de pesquisa, criando, inclusive um
Departamento de Pesquisa (DPE). Segundo Engers (2003) esses encontros congregavam os Estados do Rio Grande do Sul,
Santa Catarina e Paraná – encontros da Região Sul.
6
O Comung, é uma rede universitária, oficializada em 1993, integrada por universidades e centros universitários do Rio
Grande do Sul, cujos objetivos fundamentam-se na idéia de integração de ideais e forças. Pode-se considerar a origem desse
movimento, a organização, no ano de 1990, de algumas dessas universidades em torno do então Programa Interinstitucional
de Integração da Universidade com a Educação Fundamental (hoje Pieb, em decorrência da terminologia – educação
básica), concebido pelos reitores dessas instituições (Longhi, 2003).
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A Abruc é uma associação civil que reúne, em 2006, mais de 50 instituições de ensino superior entre universidades e
centros universitários comunitários. Foi fundada em janeiro de 1995, com sede em Brasília. “O objetivo da Abruc é promo-
ver, consolidar e defender os conceitos de universidade e centro universitário comunitários. A associação tem tido atuação
destacada no cenário educacional brasileiro, participando de diversos fóruns oficiais e organizando eventos e seminários em
todo o País. As associadas à Abruc assumem-se como entidades sem fins lucrativos, voltadas prioritariamente para ações
educacionais de caráter social. Aplicam integralmente, os recursos gerados ou recebidos, em suas atividades de ensino,
pesquisa extensão. Não pertencem a famílias ou a indivíduos isolados; podem ser leigas ou confessionais. Assim, são
mantidas por comunidades, igrejas, congregações. Com esse perfil, elas destinam parte de sua receita a atividades de
educação e assistência social, como bolsas de estudo, atendimento gratuito em hospitais, clínicas odontológicas ou psico-
lógicas, assistência jurídica, entre outras. Essa forma de atuar é o fundamento principal do projeto educacional das institui-
ções filiadas à Abruc, na medida em que estabelece um compromisso social dos seus estudantes e professores com a
comunidade onde estão inseridas. As universidades comunitárias entendem que as atividades sociais não podem ser mono-
pólio do Estado, devendo ser cada vez mais democratizadas com a participação da sociedade civil, através de instituições
sérias e competentes" (sic) (Longhi, 2003).
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forças e fragilidades
[...] o grande mérito da instituição é colocar os projetos que deram certo ...
a serviço do desenvolvimento da região o que inclui curso criado com o
setor produtivo local que proporcionou por um lado a qualificação do
setor produtivo, e por outro novas iniciativas de ensino na universidade.
Menciona como grande preocupação, [...] a criação do pólo tecnológico
uma espécie de incubadora de empresas de alta tecnologia.
[...] dos 200 projetos de pesquisa em andamento, 90% estão voltados, para
problemas regionais e as experiências de ciência e tecnologia, pesquisa e
ensino, voltados principalmente aos pólos de desenvolvimento regional,
onde se busca desenvolver alguma nova tecnologia, em função das neces-
sidades na região.
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A Universidade Comunitária:
forças e fragilidades
Fragilidades e forças:
encaminhamentos conclusivos
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forças e fragilidades
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A Universidade Comunitária:
forças e fragilidades
fragilidades e forças que sobre ela incidem, uma década pós-LDB 96,
no entorno de suas ambigüidades políticas e práticas, dos desafios da
educação superior no bojo do mercantilismo dominante e das possibi-
lidades de conhecimento sistematizado e produzido pela pós-gradua-
ção para enfrentar os desafios da educação superior e atender ao com-
promisso histórico-social deste segmento de IES.
Referências bibliográficas
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A Universidade Comunitária:
forças e fragilidades
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C) Formação
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As mudanças no mundo do trabalho
e a formação dos profissionais
da educação no contexto da LDB:
o currículo em questão
Arlete Camargo*
Olgaíses Maués**
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As mudanças no mundo do trabalho e a formação dos profissionais
da educação no contexto da LDB: o currículo em questão
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As mudanças no mundo do trabalho e a formação dos profissionais
da educação no contexto da LDB: o currículo em questão
O profissional da educação
e as diretrizes curriculares
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[...] Seria inviável para o poder público financiar a preços das universidades
“nobres" a formação de seus professores de educação básica que já se
contam em mais de milhão. Com um volume de recursos muito menor, um
sistema misto de custos baixos tanto públicos quanto privados configura
um ponto estratégico de intervenção para promover melhorias sustentá-
veis a longo prazo na escolaridade básica (Mello, 1999, p. 8).
1
Esse decreto foi revogado por outro nº 3.860, de 9 de julho de 2001, que no artigo 7º dizia: “[...] quanto à sua organização
acadêmica, as instituições de ensino superior do Sistema Federal de Ensino, classificam-se em I– universidades; II – centros
universitários; e III – faculdades integradas, faculdades, institutos ou escolas superiores." Esse Decreto foi revogado pelo
Decreto nº 5.773, de maio de 2006, que determina, no artigo 12, que as instituições de educação superior serão credenciadas
em faculdades, centros universitários e universidades.
2
Esse artigo determina que as universidades devem "fixar os currículos dos seus cursos e programas, observadas as
diretrizes gerais pertinentes".
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As mudanças no mundo do trabalho e a formação dos profissionais
da educação no contexto da LDB: o currículo em questão
3
O CNE foi criado pela Lei nº 9.131, de 24/11/1995, antes, portanto, da aprovação da LDB. No artigo 9° parágrafo 2º, alínea
c fica explicitada a atribuição da Câmara de Ensino Superior de "deliberar sobre as diretrizes curriculares propostas pelo
Ministério da Educação e do Desporto, para os cursos de graduação".
4
Parecer nº 776/97 de 3/12/1997 – Orientação para as diretrizes curriculares dos cursos de graduação.
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As mudanças no mundo do trabalho e a formação dos profissionais
da educação no contexto da LDB: o currículo em questão
5
Por currículo pré-ativo Goodson entende o currículo escrito ou oficial.
6
Conceito originado do modelo taylorista-fordista de produção. Baseia-se nos sistemas de convenções coletivas que
classificam e hierarquizam os postos de trabalho e o ensino profissional, que classifica e organiza os saberes em torno de
um diploma (Ramos, 2001, p. 42).
225
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
7
"[...] Conforme explica Castro, os saberes tácitos seriam de conhecimento que, conquanto essencial à aquisição e ao
desenvolvimento de tarefas qualificadas, é sempre aprendido através da experiência subjetiva, sendo muito difícil a sua
transmissão através da modalidade da linguagem explícita e formalizada [...]" (Ramos, 2001, p. 53).
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As mudanças no mundo do trabalho e a formação dos profissionais
da educação no contexto da LDB: o currículo em questão
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As mudanças no mundo do trabalho e a formação dos profissionais
da educação no contexto da LDB: o currículo em questão
solução das questões e problemas propostos. Esse autor mostra que, por
diferentes motivos de ordem psicológica e epistemológica, a opção por um
currículo integrado (também chamado globalizado e interdisciplinar) tem
sido justificada. Além disso, nos últimos anos, verifica-se o predomínio de
razões pragmáticas para justificar a conveniência de currículos mais
globalizados e interdisciplinares (Idem).
Os documentos produzidos nos encontros promovidos pela Anfope
são de fundamental importância para compreendermos como ocorreu o
debate das orientações curriculares sobre formação de professores, sobre-
tudo a partir da promulgação da LDB nº 9.394/96, com destaque para o
conceito de base comum nacional, surgido no início das discussões que
marcaram o movimento dos educadores brasileiros no começo da década
de 1980. Ao longo de aproximadamente 20 anos pôde-se observar como
esse conceito vem sendo construído, incorporando ou rejeitando diferen-
tes idéias e explicações, nos vários encontros promovidos ainda quando da
existência da Comissão Nacional de Reformulação dos Cursos de Forma-
ção do Educador (Conarcfe – criada em 1983), precursora da Anfope.
O surgimento do conceito de “base comum nacional" tem como refe-
rência a crítica ao modelo de orientação curricular que vigorava no final da
década de 1970 e no início da década de 1980. Nessa crítica predominava a
idéia de que os currículos dos cursos de graduação deveriam ser organizados
tendo como base os currículos mínimos, definidos por um órgão central, que,
nesse caso, era o Conselho Federal de Educação (CFE), responsável pela regu-
lamentação das funções e atividades educacionais em diferentes níveis de
ensino. Os currículos dos cursos concebidos segundo essa orientação caracte-
rizavam-se por excessiva rigidez, originada pela fixação detalhada de mínimos
curriculares, o que resultou na redução da autonomia das IES no que se refere
à definição curricular. Isso ocasionou excesso de disciplinas obrigatórias e um
desnecessário alongamento dos cursos de graduação.
O documento final do IX Encontro Nacional da Anfope (1998) re-
cuperou contribuições de encontros anteriores, em especial, a idéia de
formulação das áreas temáticas ou eixos norteadores8 da base comum
8
Expressos na proposta da Anfope, de Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Formação dos Profissionais da
Educação, no documento final do IX Encontro Nacional, realizado em Campinas, 1998.
229
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
nacional, quais sejam: sólida formação teórica, unidade entre teoria e prática,
gestão democrática, compromisso social e ético, trabalho coletivo e
interdisciplinar, articulação entre a formação inicial e a formação continuada.
Segundo esse documento, os cursos de formação dos profissio-
nais da educação deveriam orientar-se pelos seguintes princípios: for-
mação para o humano, forma de manifestação da educação unilateral;
docência como base da formação profissional de todos aqueles que se
dedicam ao estudo do trabalho pedagógico; trabalho pedagógico como
foco formativo; sólida formação teórica em todas as atividades
curriculares – nos conteúdos específicos a serem ensinados pela escola
básica e nos conteúdos especificamente pedagógicos; ampla formação
cultural; criação de experiências curriculares que permitam o contato
dos alunos com a realidade da escola básica, desde o início do curso;
incorporação da pesquisa como princípio de formação; possibilidade
de os alunos vivenciarem formas de gestão democrática; desenvolvi-
mento do compromisso social e político da docência; reflexão sobre a
formação do professor e sobre suas condições de trabalho; avaliação
permanente dos cursos de formação dos profissionais da educação,
como parte integrante das atividades curriculares e entendida como
responsabilidade coletiva a ser exercida à luz do projeto político-peda-
gógico de cada curso.
No que diz respeito às diretrizes curriculares para a formação de
professores, destaca-se, ainda, o tempo decorrido entre a publicação do
Edital nº 4/1997 e a aprovação tardia das Diretrizes Curriculares do Cur-
so de Pedagogia (2006) após um processo que vinha se arrastando há
quase dez anos. Entre as principais controvérsias que contribuíram para
retardar a aprovação dessas diretrizes destacam-se o debate sobre a
pertinência da formação de professores para as séries iniciais do ensino
fundamental, no referido curso (posição defendida pela Anfope, pelo
Fórum Nacional de Diretores de Faculdades e os Centros de Educação
das Universidades Públicas (Forumdir), Associação Nacional de Pós-Gra-
duação e Pesquisa em Educação (ANPEd), entre outros) e a criação dos
cursos normais superiores que, segundo as diretrizes oficiais, deveriam
ser, juntamente com os institutos superiores de educação, o lócus onde
essa formação deveria ocorrer.
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As mudanças no mundo do trabalho e a formação dos profissionais
da educação no contexto da LDB: o currículo em questão
Conclusão
9
Esse decreto definiu que a formação de professores para atuarem na educação infantil e séries iniciais do ensino funda-
mental dar-se-ia exclusivamente em cursos normais superiores. Após a mobilização e resistência dos movimentos sociais e
de setores da academia o decreto foi revogado pelo Decreto nº 3.554/2000.
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Referências bibliográficas
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da educação no contexto da LDB: o currículo em questão
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Educação superior pública em Alagoas
– 10 anos pós-LDBEN:
da predominância da ação
profissionalizante ao alargamento
das condições de produção
e socialização do conhecimento
Elcio de Gusmão Verçosa*
Maria das Graças Medeiros Tavares**
* Doutor em Educação pela USP, é professor emérito da Ufal, onde atua como voluntário do Programa de Pós-Graduação
em Educação do Centro de Educação; professor visitante da Funesa/Uneal – Universidade Estadual de Alagoas; e-mail:
elciogv@uol.com.br
** Doutora em Educação pela UFRJ, é pró-reitora de Graduação da UFAL e professora/pesquisadora do Programa de Pós-
Graduação em Educação do Centro de Educação desta Universidade; e-mail: graccatavares@uol.com.br
Educação superior pública em Alagoas – 10 anos pós-LDBEN: da predominância da ação
profissionalizante ao alargamento das condições de produção e socialização do conhecimento
1
O Seminário Diocesano Nossa Senhora da Assunção, fundado, em 1902, pela recém-criada Diocese de Alagoas, será a
única instituição alagoana voltada ao estudo dos saberes de natureza pós-secundária pelas próximas três décadas que se
seguirão.
2
A exceção era a Faculdade de Direito, já federalizada, que não era integrante da leva das IES surgidas na década de 1950.
237
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
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Educação superior pública em Alagoas – 10 anos pós-LDBEN: da predominância da ação
profissionalizante ao alargamento das condições de produção e socialização do conhecimento
3
Sendo a regra vigente para acesso ao ensino superior, no final dos anos 1960, a aprovação com nota igual ou superior a
5, os candidatos colocados acima desse ponto de corte, mas não-matriculados pela Ufal por falta de vaga, eram os "exce-
dentes", que passaram a lutar pelo direito à matrícula, mas cuja presença a ditadura logo cuidaria em fazer desaparecer, pela
transformação do vestibular em um concurso apenas classificatório, sendo matriculados os colocados dentro do número de
vagas disponibilizadas, independentemente da nota conseguida.
239
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
4
Pensando-se a extensão, não simplesmente como a ação de prestação de serviços, que já ocorria com muita força e
vivacidade, desde a década de 1970, no seio da Ufal, via Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária
(Crutac), sob os auspícios do regime militar, mas, antes e, sobretudo, como a socialização do saber produzido pela IES, a par
de uma intervenção qualificada, quando necessária e oportuna, a simples ausência da pesquisa já tornava praticamente
impossível a "extensão acadêmica" no sentido verdadeiramente universitário da expressão.
5
Primeiro, denominada Escola Superior de Administração e Negócios do Agreste (Esag), a sua denominação passa a ser
Fajeal, em 1998.
240
Educação superior pública em Alagoas – 10 anos pós-LDBEN: da predominância da ação
profissionalizante ao alargamento das condições de produção e socialização do conhecimento
Esse era um cenário que parecia promissor por três razões princi-
pais: primeiro, parecia, finalmente, desconcentrar-se o ensino superior da
capital para o interior; depois, começava a se diversificar o perfil dos cur-
sos dessas IES, inteiramente concentrado nas licenciaturas, a considerar o
que suas denominações prometiam, a par do surgimento alvissareiro de
cursos de Ciências Contábeis e Administração em Arapiraca, e de Zootecnia
em Santana do Ipanema; além da denominação de universidade dada pelo
governo estadual ao que resultara da Faculdades Integradas de Santa Fé
do Sul (Funec),6 mantenedora da FFPA, à qual seriam acrescidas a Esser, a
Fajeal e a Espi.
De fato, a Funec, instância privada no sentido real do termo, a
considerar sua forma de gerir e manter a IES por ela instituída, em ativida-
de desde o início dos anos 1970, nascida, na prática, apenas para manter
a Faculdade de Formação de Professores de Arapiraca, em 1995, através
da Lei Estadual nº 5.762, de 29 de dezembro, teria seu nome alterado para
Fundação Universidade Estadual de Alagoas (Funesa). Embora sem contar
com a credencial acadêmica de Universidade, primeiro pelo Conselho Na-
cional de Educação (CNE), já que “transformada" sob o império das velhas
normas educacionais, e, depois da última LDB, pelo Conselho Estadual de
Educação, uma vez que integrava o Sistema Estadual de Ensino Superior,
no entanto, àquela altura, a instituição parecia ter todas as condições
legais e de financiamento para avançar da situação acadêmica de faculda-
des integradas7 para o status de instituição universitária capaz de desen-
volver, de forma indissociável, o ensino, a pesquisa e a extensão de que as
regiões onde estava instalada necessitavam.
Infelizmente, por força do agravamento de uma severa crise políti-
ca que já vinha se abatendo sobre o Estado de Alagoas – cuja face mais
perversa era a progressiva redução da capacidade da máquina estadual
pública de fazer frente a seus encargos financeiros –, problemas político-
6
Fundação municipal de direito privado criada, no início dos anos 1970, seguindo tendência nacional, incentivada pelo
governo federal, para instituir e manter a FFPA.
7
A denominação de "faculdades integradas" que estamos atribuindo às quatro IES vinculadas à Funesa não corresponde ao
modo como elas aparecem nos dados do Inep/MEC – inclusive nos últimos –, onde figuram como IES isoladas, mas se deve
ao conhecimento que temos de sua forma de funcionamento, em unidades que se articulam e por sua natureza de fundação
pública, integralmente mantida pelo erário estadual, sob a gestão de uma presidência nomeada pelo governo do Estado,
dinâmica político-administrativa essa seguida desde a "transformação" legal por que passou, nos meados de 1990, até
recentemente.
241
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
8
Escola de Ciências Médicas de Alagoas que, por mais de 20 anos ofereceu, apenas, o curso de Medicina.
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Educação superior pública em Alagoas – 10 anos pós-LDBEN: da predominância da ação
profissionalizante ao alargamento das condições de produção e socialização do conhecimento
irregular que chegava até a deixá-los por seis meses sem qualquer valor
remuneratório. Claro que sem mencionar a total falta de estabilidade. Isso,
evidentemente, teve repercussões graves no funcionamento regular e harmô-
nico das duas instituições, mercê da disparidade de salários entre os professo-
res do quadro permanente, que ainda se encontravam em exercício, e o grupo
horista, que, com o PDV, passara a representar, sobretudo no caso da Funesa,
o contingente mais significativo do corpo docente necessário ao funciona-
mento e à expansão da IES, que havia se dado muito recentemente.
Diante desse quadro aqui apenas esboçado, dá para imaginar os
prejuízos sofridos pela Funesa, por exemplo: do ponto de vista acadêmico
é bastante dizer que até recentemente tivemos um ano letivo inteiro per-
dido naquela IES por conta das repercussões do PDV que, na verdade, foi
apenas a expressão mais visível do descalabro político-administrativo que,
por vários anos, se abateu sobre os alagoanos e que, em números, pode ser
assim representado:
Docentes 51 144
Técnico-administrativos 04 80
Docentes 90 117
Técnico-administrativos 2.142 600
243
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
9
Aqui é necessário registrar, a bem da fidelidade aos fatos, que a Funesa sofreu mais do que a Uncisal, sobretudo no plano
da gestão: refiro-me ao rodízio de diretores-presidentes, promovido por uma década e meia, com uma celeridade às vezes
espantosa, sobretudo, na Funesa, já que na Uncisal ocorreu a permanência dos dirigentes por períodos mais dilatados, o
que, na realidade brasileira e alagoana, significa descontinuidade de políticas e de gestores de primeiro e segundo escalões,
com os prejuízos daí decorrentes.
10
Essa pressão nascida do acesso mais alargado ao Ensino Fundamental, formalmente desde 1971, por determinação da
LDB/71, mas tornado real, pela via das condições de financiamento oriundas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), que teve impacto altamente positivo sobre a contenção
histórica do ensino pós-primário em Alagoas, foi tornando-se cada vez mais visível, quanto mais o governo estadual ia
ampliando a oferta do ensino médio a ponto de transformá-lo, no Estado, de majoritariamente privado, em predominante-
mente público e estadual. Os dados do Gráfico 1 mostram claramente esse fenômeno pós-LDBEN de 1996, já que tomam
mais sentido, ainda, quando confrontados com o incremento ocorrido no País como um todo, a par da forma como se deu
a expansão por dependência administrativa.
244
Educação superior pública em Alagoas – 10 anos pós-LDBEN: da predominância da ação
profissionalizante ao alargamento das condições de produção e socialização do conhecimento
120.000
100.000
Rede federal
80.000
Rede estadual
60.000
Rede municipal
40.000
Rede privada
20.000
0
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
11
Em muitos casos, o ensino médio toma "carona" nos recursos já bem limitados para o ensino fundamental, ou pela via
dos aportes de recursos oriundos dos organismos financeiros multilaterais, que contribuem com a infra-estrutura, mas não
aportam recursos para o mais oneroso, que é a manutenção.
12
Dados obtidos no sítio www.prouni.mec.gov.br em dezembro de 2006.
245
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
13
Sob esse aspecto, a criação da Coordenadoria de Educação Superior e Ensino Profissionalizante (Cesep), no seio da
Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Lei nº 6.145, de 13 de janeiro de 2000), a par da alteração
qualitativa que irá sofrer o Conselho Estadual de Educação, em 2001, teriam um papel significativo na potencialização das
lutas das comunidades acadêmicas da Funesa e da Uncisal pela sua reinstitucionalização como universidades de direito e de
fato.
246
Educação superior pública em Alagoas – 10 anos pós-LDBEN: da predominância da ação
profissionalizante ao alargamento das condições de produção e socialização do conhecimento
aos desafios dos novos tempos vividos pelo Brasil e, particularmente, por
Alagoas. Aqui, onde o PIB, em 2002, segundo o Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística (IBGE), superava apenas o Piauí, entre os Estados do
Nordeste, e com uma sociedade que tem 62% de sua população considera-
da como pobre pela pesquisa Radar Social do Ipea/Pnud (2005) e metade
dela considerada alvo do Programa Fome Zero (Carvalho, 2005), como am-
pliar o acesso à educação superior pela ampliação da via privada?
Desse modo, o crescimento democrático da educação superior seria
aquele que fosse viabilizado pela via pública e gratuita que, em Alagoas,
em particular, vem se dando predominantemente pelas IES públicas esta-
duais, em consonância com o que ocorreu com as IES e cursos que tam-
bém cresceram proporcionalmente de forma destacada, por meio do poder
público, agora com o reforço dado, nesse ano de 2006, pelas ações de
interiorização da Ufal.
Na verdade, o crescimento da Ufal, via política de interiorização
das instituições federais de educação superior (Ifes), inaugurado no ano de
2006, apresenta um perfil de cursos, vagas e localização geográfica que
merece atenção,14 pelo que pode representar em termos de oportunidades
para as populações mais pauperizadas do interior do Estado. Esse fato
aponta para alguns elementos alvissareiros em relação às políticas históri-
cas para a educação da população do interior do Estado: com as licencia-
turas, todas concentradas em áreas de grande carência nas cidades mais
distantes de Maceió, aparecem, pela primeira vez, na rede pública, cursos
de alta procura e de prestígio social, alguns deles, inclusive, de significati-
va relevância para a proposição de um desenvolvimento auto-sustentável
para Alagoas, sobretudo no agreste e no sertão. Ressalte-se, porém, a
presença exclusiva de cursos de graduação, abertos com corpo docente
autônomo em relação ao do campus de Maceió, o que nos induz a uma
preocupação com o caráter napoleônico das novas atividades, quando
esse freio à vida plenamente universitária encontra-se praticamente ultra-
passado nas unidades da Ufal situadas na capital.
14
Os cursos implantados são os de Administração, Agronomia, Arquitetura e Urbanismo, Enfermagem, Ciência da Compu-
tação, Zootecnia, Educação Física, Biologia, Física, Matemática, Química, Psicologia, Serviço Social, Engenharia de Pesca,
Turismo e Medicina Veterinária, espalhados pelas cidades de Arapiraca, Palmeira dos Índios, Penedo e Viçosa.
247
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
248
Educação superior pública em Alagoas – 10 anos pós-LDBEN: da predominância da ação
profissionalizante ao alargamento das condições de produção e socialização do conhecimento
DOUTORES
5%
MESTRES
41%
ESPECIALISTAS
54%
Gráfico 2 - Funesa
Fonte: DDA/Uneal (2006)
DOUTORES
11%
MESTRES
18%
ESPECIALISTAS
71%
Gráfico 3 - Uncisal
Fonte: Prograd/Uncisal (2006)
ESPECIALISTAS
7%
DOUTORES
43%
MESTRES
50%
Gráfico 4 - Ufal/Interior
Fonte: Prograd/Ufal (2006)
249
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
MESTRANDOS
41%
DOUTORANDOS
S
59%
Gráfico 5 - Uneal
Fonte: DDA/Uneal (2006)
DOUTORANDOS
8%
MESTRANDOS
92%
Gráfico 6 - Uncisal
Fonte: Prograd/Uncisal (2006)
MESTRANDOS
12%
DOUTORANDOS
88%
Gráfico 7 - Ufal/Interior
Fonte: Prograd/Ufal (2006)
250
Educação superior pública em Alagoas – 10 anos pós-LDBEN: da predominância da ação
profissionalizante ao alargamento das condições de produção e socialização do conhecimento
TEMPO
INTEGRAL TEMPO
50% PARCIAL
50%
Gráfico 8 - Uneal
Fonte: DDA/Uneal (2006)
TEMPO
INTEGRAL
33%
TEMPO
PARCIAL
67%
Gráfico 9 - Uncisal
Fonte: Prograd/Uncisal (2006)
DedicaçãoExclusiva
Gráfico 10 - Ufal/Interior
Fonte: DRH/Ufal (2006)
251
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
15
Além das graduações em Medicina, Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Fonoaudiologia, a IES implantou, no ano de
2006, quatro cursos tecnológicos, a saber: Informação na Saúde, Radiologia, Processos Gerenciais em Alimentação e
Sistemas Biomédicos.
252
Educação superior pública em Alagoas – 10 anos pós-LDBEN: da predominância da ação
profissionalizante ao alargamento das condições de produção e socialização do conhecimento
Referências bibliográficas
253
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
_______. www.prouni.mec.gov.br.
254
D) Financiamento
12
Financiamento da educação superior
no Brasil: gastos com as Ifes –
de Fernando Collor a Luiz Inácio Lula
da Silva*
Nelson Cardoso Amaral**
Introdução
1
Encargos financeiros da União são aqueles que se dirigem ao pagamento de juros, encargos e amortização das dívidas
interna e externa.
259
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
2
Banco Mundial (BM), Fundo Monetário Internacional (FMI), Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) e Organização Mundial do Comércio (OMC).
3
O fundo público de um país reúne os recursos financeiros colocados à disposição dos seus dirigentes – poderes Executivo
e Legislativo – para implementar políticas públicas.
260
Financiamento da educação superior no Brasil:
gastos com as Ifes – de Fernando Collor a Luiz Inácio Lula da Silva
4
“Quase-mercados são mercados porque substituem o monopólio dos fornecedores do Estado por uma diversidade de
fornecedores independentes e competitivos. São quase porque diferem dos mercados convencionais em aspectos importan-
tes" (Afonso, 2000, p. 115). Em outros termos, ocorrem diferenças no “quase-mercado" em relação ao mercado livre tanto
do lado da demanda como da oferta. As características dos “serviços educacionais" ou da “mercadoria educacional" são
diferentes das dos serviços e mercadorias típicas. Os maiores controle e regulação do poder público sobre os “fornecedores"
e os próprios “serviços" educacionais são muito mais estritos e normatizados.
261
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
5
O PIB de um país expressa a sua riqueza e é a soma de todos os bens e serviços adquiridos pela população e pelos governos
(federal, distrital, estadual, municipal), com os investimentos realizados, além de adicionar a diferença entre exportação e
importação (www.ipib.com.br, acesso em 9/10/2006).
6
As despesas correntes do Fundo Público Federal são: pagamento de pessoal ativo (civil e militar), aquisição de material de
consumo, pagamento de serviços de terceiros (pessoa física e jurídica), pagamento de encargos diversos, pagamento de
subvenções sociais e econômicas, pagamento de inativos, pensionistas, salário-família, abono familiar, pagamento de juros
e encargos da dívida pública (interna e externa), contribuições de previdência social etc.
7
Os impostos da União são os seguintes: Imposto sobre Importação, Imposto sobre a Exportação, Imposto sobre Produtos
Industrializados, Imposto sobre a Renda, Imposto sobre Operações Financeiras e Imposto Territorial Rural.
262
Financiamento da educação superior no Brasil:
gastos com as Ifes – de Fernando Collor a Luiz Inácio Lula da Silva
8
Os recursos financeiros apurados no censo de um determinado ano significam aqueles recursos efetivamente gastos no
ano anterior. Os recursos financeiros presentes neste estudo e que foram apurados pelo Censo da Educação Superior são,
portanto, aqueles referentes aos anos de 2000 a 2003.
263
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
264
Financiamento da educação superior no Brasil:
gastos com as Ifes – de Fernando Collor a Luiz Inácio Lula da Silva
265
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
266
Financiamento da educação superior no Brasil:
gastos com as Ifes – de Fernando Collor a Luiz Inácio Lula da Silva
267
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
268
Financiamento da educação superior no Brasil:
gastos com as Ifes – de Fernando Collor a Luiz Inácio Lula da Silva
269
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
270
Financiamento da educação superior no Brasil:
gastos com as Ifes – de Fernando Collor a Luiz Inácio Lula da Silva
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
%
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
%
271
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
%
272
Financiamento da educação superior no Brasil:
gastos com as Ifes – de Fernando Collor a Luiz Inácio Lula da Silva
9
Outras despesas correntes são aquelas que se destinam à aquisição de material de consumo para os laboratórios, paga-
mento de água, luz, telefone, fotocópias, pagamento de serviços de terceiros, pagamento de professores substitutos (a
partir de 1997), etc.
273
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
0,1
0,08
0,06
0,04
0,02
0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
%
274
Financiamento da educação superior no Brasil:
gastos com as Ifes – de Fernando Collor a Luiz Inácio Lula da Silva
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
%
1,8
1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
%
275
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
276
Financiamento da educação superior no Brasil:
gastos com as Ifes – de Fernando Collor a Luiz Inácio Lula da Silva
0,035
0,03
0,025
0,02
0,015
0,01
0,005
0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
%
277
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
0,2
0,15
0,1
0,05
0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
%
0,5
0,45
0,4
0,35
0,3
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
%
278
Financiamento da educação superior no Brasil:
gastos com as Ifes – de Fernando Collor a Luiz Inácio Lula da Silva
Considerações finais
279
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
280
Financiamento da educação superior no Brasil:
gastos com as Ifes – de Fernando Collor a Luiz Inácio Lula da Silva
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
%
Sarney, 1989
Collor (1990-1992), Itamar (1993-1994), FHC (1995-2002) e LULA (2003-2006)
281
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
Referências bibliográficas
SGUISSARDI, V.; SILVA JR., J.R. A nova lei de educação superior: fortalecimento
do setor público e regulação do privado/mercantil, ou continuidade
da privatização e mercantilização do público? Revista Brasileira de Educação,
Rio de Janeiro, n. 29, maio/ago. 2005.
282
E) Internacionalização
13
Internacionalização da Educação
Superior no Brasil pós-LDB:
o impacto das sociedades
tecnologicamente avançadas
Marilia Costa Morosini*
287
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
288
Internacionalização da Educação Superior no Brasil pós-LDB:
o impacto das sociedades tecnologicamente avançadas
1
O esforço produtivo é criativo, adaptativo e submetido a exigências de mobilidade geográfica e funcional, flexível e sem
localização. Os recursos produtivos básicos são bens intangíveis, o dinheiro é plástico ou digital e o lócus produtivo são as
empresas-rede, em escalas multinacionais e pequenos negócios com bases de circulação e de intercâmbio de bandas largas,
redes inteligentes, tendo como enfoque de produção de mercadorias a particularização e não mais a massificação.
2
Os governos nacionais constituir-se-ão como supervisores e orientadores e o grande poder subjacente será o das comu-
nicações, apoiados em partidos de cartel, com papel mediador e declinante. As formas de organizações sociais em ascensão
serão as ONGs e movimentos sociais e os âmbitos de integração e de referência serão a região, a comunidade territorial os
grupos primários, onde a prestação de serviços será privatizada, semipública e em regressão. As principais fraturas sociais
são: a exclusão social e a precarização do trabalho marcada por desigualdades internacionais e por grandes grupos setoriais.
3
Segundo as regiões esses dados se acirram: no Norte os percentuais são 2,1% dos 40 % mais pobres e 25,1% dos 10 %
mais ricos; no Nordeste, respectivamente, 0,9% e 25,8%; no Sudeste 5,5% e 22,2%; no Sul 9,4% e 34,1; e no Centro-Oeste
5,1% e 21,3%. Os dados foram fornecidos pela Pnad/IBGE-2001 e incluem o rendimento mensal de todos os trabalhos das
pessoas ocupadas de dez anos e mais de idade com rendimento. Não inclui população rural de Rondônia, Acre, Roraima,
Pará e Amapá.
289
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
4
Uma discussão maior sobre a internacionalização da educação superior transnacional pode ser encontrada no exame das
políticas internacionais decretadas por organismos multilaterais: aí se ressalta, principalmente, as do Banco Mundial (Siqueira
2003).
290
Internacionalização da Educação Superior no Brasil pós-LDB:
o impacto das sociedades tecnologicamente avançadas
5
Art. 11 – A qualidade exige também que a educação superior se caracterize pela sua dimensão internacional: intercâmbio
de conhecimento, redes interativas, mobilidade dos professores e estudantes e projetos internacionais de pesquisa, ao
mesmo tempo em que levam em conta valores culturais e as circunstâncias dos países.
291
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
6
Reconhecem a importância do desenvolvimento de sistemas educativos modernos e capazes de responder aos desafios de
uma economia global baseada no conhecimento, "exortando a inversão do Triângulo do Conhecimento – Educação (inclu-
indo a formação continuada), Investigação e Inovação" no qual são ressaltados como pontos-chave o desenvolvimento de
uma sociedade inovadora global, a construção de habilidades para a vida e o trabalho via uma educação de qualidade,
7
Referente a este último item a declaração da Unesco estabelece: promoção de participação cívica, bem como igualdade de
oportunidades e entendimento da perspectiva além fronteira, para auxiliar o povo na maximização de seu potencial indivi-
dual e para vencer barreiras para sua participação na sociedade. Sociedades eqüitativas e inclusivas que providenciem a
maioria das condições para adquirir habilidades e conhecimentos, promover inovações, e orientar-se para o sucesso econô-
mico e social. Considera como atributos inovadores e de inclusão de uma sociedade a diversidade cultural e o conhecimento
de línguas estrangeiras aberto a novos talentos e a mobilidade da força de trabalho. Facilitar a integração social, cultural e
profissional em nossas sociedades, por meio da promoção do suporte para o aprendizado ao longo da vida e encorajar as
competências lingüísticas necessárias para o emprego seguro de acordo com os níveis de habilidade e experiência. Também
afirma a pesquisa conjunta e a parceria do conhecimento, experiências e boas práticas entre os países do G8 e outros
mantenedores dessa área.
292
Internacionalização da Educação Superior no Brasil pós-LDB:
o impacto das sociedades tecnologicamente avançadas
Internacionalização da pesquisa
8
Alguns resultados anteriores já foram abordados em Morosini (2006).
293
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
80
75
70
65
60
55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Doutorado- GDE Pós- Doutorado- PDE
Doutorado Sanduíche- SWE Estágio Sênior- ESN
Estágio Júnior- Ejr Aperfeiçoam ento- APE
Estágio/Esp./Mestrado- SPE/GME
9
Em marco de 2006 a Fapesp abriu inscrições para o programa "Novas Fronteiras" destinado a apoiar doutores com vínculo
empregatício na realização de estágios de longa duração em centros de excelência no exterior em áreas de pesquisa ainda
não bem desenvolvidas no Estado de São Paulo. (www.fapesp.org).
10
Os percentuais de investimento referente a bolsas são de 70% para bolsas no País e 5% no exterior. Nas bolsas no País
esses variam de 87% na área da Lingüística, Letras e Artes a 71% nas Ciências Biológicas. Nas bolsas no exterior variam de
7% na área da Lingüística, Letras e Artes, na área das Ciências Sociais Aplicadas até 4% nas Ciências Agrárias e na Saúde.
No fomento da pesquisa os investimentos variam de 35% na área da das Ciências da Saúde até 6% na área da Lingüística,
Letras e Artes (CNPq, 2006).
294
Internacionalização da Educação Superior no Brasil pós-LDB:
o impacto das sociedades tecnologicamente avançadas
50
Estados Unidos
Grã- Bretanha
França 40
Alemanha
Espanha 30
Canadá
Itália
20
Portugal
Austrália
10
Holanda
Chile
Outros países 0
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
295
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
296
Internacionalização da Educação Superior no Brasil pós-LDB:
o impacto das sociedades tecnologicamente avançadas
297
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
11
Segundo a OECD (2006), baseada em dados do Institute of International Education (IIE), de abril de 2004, a contribuição
advém de 14.871 chineses, 7.290 koreanos, 6.809 indianos, 5.627 japoneses, 4.737 alemães, 4.125 canadenses, 3.117
reino-unidenses, 2.842 franceses, 2.403 russos, 2.317 italianos, 1.893 espanhóis e 26.874 de outros países, incluindo os
brasileiros.
298
Internacionalização da Educação Superior no Brasil pós-LDB:
o impacto das sociedades tecnologicamente avançadas
12
Foram fixadas as seguintes metas para a definição dos projetos a serem executados: colocar em funcionamento o
Mecanismo Experimental de Reconhecimento para as carreiras de graduação em Agronomia, Engenharia e Medicina; au-
mentar a sua aplicação para as outras carreiras; aprovar um acordo de reconhecimento de cursos de graduação; implementar
um programa de capacitação de pares avaliadores; aprovar um acordo de mobilidade; colocar em funcionamento um
programa de mobilidade de estudantes, docentes, pesquisadores e administradores; eliminar as restrições legais que dificul-
tam a implementação do Programa de Mobilidade; implementar um programa de pós-graduação em políticas públicas;
operar um banco de dados de programas de pós-graduação na região; consolidar os programas de pós-graduação da região
no marco do Protocolo de Integração Educativa para a Formação de Recursos Humanos em nível de Pós-Graduação entre
os países-membros do Mercosul; coordenar a reunião especializada em Ciência e Tecnologia do Mercosul, em desenvolvi-
mento de atividades de interesses comuns; implementar ações conjuntas na área de formação docente, com a Comissão
Regional Coordenadora de Educação Básica; aprovar um acordo de reconhecimento de títulos de nível terciário não-
universitário para a continuidade de estudos nos países do Mercosul.
299
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
13
Na UE os princípios de um sistema de reconhecimento de títulos e diplomas buscam considerar: convergência sem
harmonização; respeito pela diversidade nacional e cultural; flexibilidade na mudança do ambiente, respeito pela autono-
mia institucional, perspectiva de poderes de baixo para cima, perspectiva do mantenedor institucional, avaliação da melhoria,
levando em conta um balanço entre melhoria interna e externa das funções de avaliação; existência de valor agregado nos
sistemas de avaliação da qualidade; e construção de experiências metodológicas de avaliação da qualidade.
14
“... combinação dinâmica de atributos – com respeito ao conhecimento e sua aplicação, as atitudes e responsabilidades
– que descrevem os resultados do aprendizado de um determinado programa, ou como os estudantes serão capazes de
desenvolver-se ao final do processo educativo..." (Comissão Europea, s.d., p. 280).
15
O CENEVAL ainda esclarece que o processo principal é o de aprendizagem no qual se faz necessário conhecer e compre-
ender (conhecimento teórico de um campo acadêmico); saber como atuar (aplicação prática e operativa do conhecimento a
certas situações) e saber como ser (valores como parte integrante da forma de perceber aos outros e viver em um contexto
social).
300
Internacionalização da Educação Superior no Brasil pós-LDB:
o impacto das sociedades tecnologicamente avançadas
16
As competências básicas são entendidas como capacidades intelectuais indispensáveis para a aprendizagem de uma
profissão e incluem as competências cognitivas, técnicas e metodológicas adquiridas em níveis educativos prévios. As
competências genéricas são atributos compartilhados que podem criar-se em qualquer disciplina, comuns entre as profis-
sões. Sua importância radica na necessidade de responder às demandas de um mundo em mudança. As competências
específicas relacionam-se com a disciplina e são próprias de cada profissão. Permitem a comparabilidade entre os diferentes
programas de uma disciplina e a definição de cada profissão e são conseqüência dos conhecimentos e das habilidades
adquiridos por meio de um programa educativo e resultam da aprendizagem.
301
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
somente para aqueles que podem pagá-la, mas também para qualificados
estudantes com necessidades financeiras; deve ter os mesmos altos padrões
de qualidade acadêmica e organizacional em todo o local onde ela é ofertada;
ser avaliada pelo público, estudantes e pelo governo; deve possibilitar a
expansão de oportunidades para a mobilidade internacional de professores,
pesquisadores e estudantes.
Considerações finais
302
Internacionalização da Educação Superior no Brasil pós-LDB:
o impacto das sociedades tecnologicamente avançadas
Referências bibliográficas
303
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
OECD. Higher Educaton: quality, equity and efficiency. Back ground report.
Meeting of OECD Education Minister. Athens, 27-28 june, 2006. Disponível em:
http://www.oecd.org. Acesso em: 8 nov. 2006.
304
F) Trabalho Docente
14
Universidade, sociedade do
conhecimento, educação:
o trabalho docente em questão
Maria das Graças Martins da Silva*
Tânia Maria Lima Beraldo**
309
Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB
Sociedade do conhecimento:
que conhecimento e que sociedade?
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Universidade, sociedade do conhecimento, educação:
o trabalho docente em questão
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Universidade, sociedade do conhecimento, educação:
o trabalho docente em questão
mesma forma que, sob elas, deve ser analisado o trabalho do docente na
universidade e aquilo que ele produz, ou pretende produzir, na esfera do
conhecimento e de projetos educacionais.
A universidade brasileira
em tempos de globalização
1
No Brasil, a modernização conservadora iniciada no governo Fernando Collor de Mello (1990-1991) foi assumida por
Itamar Franco (1992-1993), recrudescida no governo de Fernando Henrique Cardoso (1994-2002) e está sendo mantida
pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (Sguissardi, 2006).
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2
Os documentos referidos pela autora são: "Transformación productiva com equidad", 1990; "Educación y conocimiento:
eje de la transformación productiva com equidad", 1992.
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assinala que, apesar das dificuldades, o Brasil construiu, nas últimas quatro
décadas, uma comunidade científica e tecnológica de mais de 60 mil pes-
quisadores com doutorado, sendo possível afirmar que:
[...] pela primeira vez na história do País, existe em muitas áreas da ciência
e da tecnologia uma 'densidade de competências' suficiente para contri-
buir de forma decisiva para a realização de ambiciosos projetos de desen-
volvimento com conhecimento nacional (Ibidem, p. 57).
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educacionais de Mato Grosso. O primeiro passo dado nessa direção foi a cria-
ção, em 2001, de um Grupo de Trabalho – GT Universidade – no Seminário de
Educação, evento acadêmico realizado anualmente no Instituto de Educação
da Universidade Federal de Mato Grosso, sob a coordenação do Programa de
Pós-Graduação em Educação. O Grupo foi estratégico para aglutinar pessoas
provenientes de diversas instituições e divulgar a produção de pesquisa na
área da educação superior, problematizando temáticas e realidades diversas.
Foi o estímulo necessário para que um grupo de professores da
instituição se organizasse para desencadear outras atividades, destacan-
do-se inicialmente as relacionadas com o desenvolvimento de estudos e
pesquisas na área de política e docência universitária. Entre outras ações
empreeendidas, cita-se a realização de três cursos de especialização em
docência na educação superior (com a participação de docentes da insti-
tuição na condição de professores e de alunos do curso) e do Ciclo de
Estudos e Debates, evento que congregou docentes para debater temáticas
variadas (universidade, conhecimento, docência universitária, currículo,
avaliação, pesquisa e uso de novas tecnologias da comunicação na educa-
ção superior). Além disso, o grupo está desenvolvendo pesquisas sobre a
formação de professores universitários em estágio probatório, com o in-
tuito de subsidiar a elaboração de uma política institucional de professo-
res universitários.
Consideramos que os investimentos feitos nessa área são ainda
incipientes, mas representam algumas das possibilidades de fazer da
docência uma prática social comprometida com a emancipação humana e
da pesquisa uma tarefa de vida.
À guisa de conclusões
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Referências bibliográficas
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G) Reforma
15
Reforma da educação superior
brasileira – de Fernando Henrique
Cardoso a Luiz Inácio Lula da Silva:
políticas de expansão, diversificação
e privatização da educação
superior brasileira
Vera Lúcia Jacob Chaves*
Rosângela Novaes Lima**
Luciene Miranda Medeiros***
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políticas de expansão, diversificação e privatização da educação superior brasileira
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1
Esses dois elementos estão estabelecidos no documento La enseñanza superior: las lecciones derivadas de la experiência,
publicado em 1995, pelo Banco Mundial, no qual são apresentadas as diretrizes para a reforma da educação superior, na
América Latina, Ásia e Caribe. Essas diretrizes foram seguidas pelos governos de Fernando Henrique Cardoso e de Luiz
Inácio Lula da Silva, na implementação da política educacional brasileira, em especial nas reformas da educação superior.
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Reforma da educação superior brasileira – de Fernando Henrique Cardoso a Luiz Inácio Lula da Silva:
políticas de expansão, diversificação e privatização da educação superior brasileira
Essa reforma foi implementada por meio da edição de uma série de instru-
mentos normativos, tendo como marco de referência a LDB, aprovada em
20 de dezembro de 1996, na qual o Estado assumiu papel destacado no
controle e na gestão das políticas educacionais.2
Entre as diversas alterações adotadas na educação superior brasi-
leira a partir da LDB, merece destaque, nesse estudo, a flexibilização/frag-
mentação por meio da diversificação institucional e a expansão pela via
do setor privado, acentuando a privatização desse nível de ensino.
A LDB define no art. 20 três tipos de instituições privadas de ensino:
as particulares, em sentido estrito (empresariais); as comunitárias; as
confessionais e filantrópicas. Observa-se, no entanto, uma imprecisão na
definição das instituições confessionais e comunitárias como IES de direito
privado. São consideradas comunitárias as IES que tiverem a presença de
representantes da comunidade na sua entidade mantenedora. Às confessionais
é exigida, além da presença de representantes da comunidade, que tenham
orientação confessional e ideologia específicas. Essa imprecisão contribuiu
para que a maioria das IES, consideradas sem fins lucrativos, se
autodenominem, simultaneamente, de comunitárias, confessionais e filan-
trópicas, favorecendo as grandes empresas de ensino superior que, por se-
rem julgadas filantrópicas, continuem a receber subsídios públicos.
A subdivisão do setor privado em duas vertentes diferenciadas: de
um lado os tidos como não-lucrativos e, de outro, os que se apresentam
como empresas lucrativas; oferece nova configuração à disputa clássica
entre os defensores da escola pública e os defensores da escola privada. Ao
distinguir-se das instituições lucrativas, as confessionais ou filantrópicas
visam aproximar-se do setor público reivindicando o acesso a verbas pú-
blicas. Utilizando a justificativa do caráter não-lucrativo essas instituições
se autodenominam de públicas não-estatais. A aprovação da LDB, no en-
tanto, favoreceu não apenas as instituições ditas não-lucrativas, mas tam-
bém o setor empresarial que almeja somente o lucro.
2
Entre as outras medidas legais baixadas para a educação superior aprovadas nos dois governos de Fernando Henrique
Cardoso destacam-se: a Lei nº 9.192, de 21 de dezembro de 1995 (que estabeleceu normas para a escolha de dirigentes das
universidades federais); a Lei nº 9.131, de 24 de novembro de 1995 (que criou o Conselho Nacional de Educação (CNE), ao
mesmo tempo em que instituiu o exame nacional de cursos para os alunos que concluem a graduação); o Decreto nº 2.207, de
15 de abril de 1997, logo alterado pelo Decreto nº 2.306, de 19 de agosto de 1997 (que alterou artigos da LDB, em especial os
que se referem à diversificação das instituições de ensino superior); o Decreto nº 3.860, de 9 de julho de 2001 (que revogou os
dois decretos anteriores, alterando as regras de organização do ensino superior e da avaliação de cursos e instituições).
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Reforma da educação superior brasileira – de Fernando Henrique Cardoso a Luiz Inácio Lula da Silva:
políticas de expansão, diversificação e privatização da educação superior brasileira
89,3%
2000
77,1%
1500 públicas
privadas
1000
22,9% 10,7%
500
0
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Centros de
Faculdades,
educação
Centros Faculdades
Universidades tecnológica e
escolas e
Ano universitários integradas
institutos
faculdades de
tecnologia
Pública Privada Pública Privada Pública Privada Pública Privada Pública Privada
1996 72 64 0 0 11 132 128 515 0 0
1997 77 73 0 13 1 77 133 526 0 0
1998 77 76 0 18 0 75 132 595 0 0
1999 72 83 0 39 2 72 102 711 16 0
2000 71 85 1 49 2 88 83 782 19 0
2001 71 85 2 64 2 97 82 954 26 8
2002 78 84 3 74 3 102 80 1.160 31 22
2003 79 84 3 78 4 115 82 1.321 39 54
2004 83 86 3 104 3 116 86 1.388 49 95
2005 90 86 3 111 4 113 81 1.493 53 131
1996/2005
25 34,4 - - -63,6 -14,4 -36,7 189,9 - -
%
Fonte: MEC/Inep/Deaes.
3
Essa meta de ampliação do ensino superior público, prevista no Plano Nacional de Educação, foi vetada por Fernando
Henrique Cardoso, mantido o veto por Luiz Inácio Lula da Silva, o que confirma a hipótese de que a expansão desse nível
de ensino se dará principalmente pelo setor privado.
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políticas de expansão, diversificação e privatização da educação superior brasileira
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Entre as políticas privatistas do governo Lula destaca-se o Programa Universidade para Todos (ProUni) implementado pelo
então ministro da Educação, Tarso Genro, que nada mais é do que a extensão dos benefícios fiscais que as IES filantrópicas
já possuem para todas as instituições de ensino superior privadas, em “troca" de preenchimento das “vagas ociosas" por
alunos “carentes", afrodescendentes, portadores de necessidades especiais, indígenas, ex-presidiários. Na prática, repete-se
a mesma política dos governos anteriores de transferência de verbas públicas para as privadas, a diferença é o discurso
demagógico e populista de “inclusão dos excluídos" no ensino superior. É uma política discriminatória, pois aos ditos
“excluídos" o governo oferece uma educação de qualidade duvidosa, segundo dados do próprio Ministério de Educação.
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Cursos
Ano Matrículas
Total Pública Privada Total Pública Privada
1996 6.644 2.978 3.666 1.868.529 735.427 1.133.102
1997 6.132 2.698 3.434 1.945.615 759.182 1.186.433
1998 6.950 2.970 3.980 2.125.958 804.729 1.321.229
1999 8.878 3.494 5.384 2.369.945 832.022 1.537.923
2000 10.585 4.021 6.564 2.694.245 887.026 1.807.219
2001 12.155 4.401 7.754 3.030.754 939.225 2.091.529
2002 14.399 5.252 9.147 3.479.913 1.051.655 2.428.258
2003 16.453 5.662 10.791 3.887.771 1.137.119 2.750.652
2004 18.644 6.262 12.382 4.163.733 1.178.328 2.985.405
2005 20.407 6.191 14.216 4.453156 1.192.189 3.260.967
1996-
2005? % 207,1 107,9 287,8 138,3 62,1 187,8
Fonte: MEC/Inep, 1996-2005.
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Reforma da educação superior brasileira – de Fernando Henrique Cardoso a Luiz Inácio Lula da Silva:
políticas de expansão, diversificação e privatização da educação superior brasileira
Considerações finais
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Dos sete vetos feitos pelo presidente Fernando Henrique Cardoso ao Plano Nacional de Educação e mantidos por Lula, a
maioria refere-se ao financiamento da educação superior pública.
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Mundial que apresenta como uma de suas teses a de que a crise da educa-
ção brasileira deriva do modelo de universidade de pesquisa (modelo
humboldtiano), que seria excessivamente unificado e caro. Nesse sentido,
a defesa da indissociabilidade entre ensino-pesquisa e extensão é inviável
teórica e financeiramente, como se evidencia no relatório:
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O PL nº 7.200/2006, tramita no Congresso Nacional em regime de prioridade, recebeu 368 emendas parlamentares e, foi
apensado ao PL 4.212/04, do deputado Átila Lira que, por antigüidade, tornou-se o projeto principal e será analisado em
conjunto com dois outros projetos.
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Referências bibliográficas
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Esta obra foi impressa em Brasília,
em abril de 2008.
Capa impressa em papel Reciclato 230g
e miolo em papel Reciclato 90g.
Texto composto em Rotis Semi Serif corpo 10.