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Público e Privado
Editora
Verbo Jurídico
Porto Alegre
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
ISBN: 978-85-7699-244-8
CDU: 341.124
Bibliotecária Responsável
Ginamara Lima Jacques Pinto
CRB 10/1204
Colaboração de
Rodrigo TeUectaea Silva
Direito Internacional
ÍNDICE
7
2.3. Proteção Internacional do Meio Ambiente.......................................;... 65
2.4. Outras Convenções Internacionais.......................................................70
2.4.1. Convenção para repressão ao Genocídio........................................70
2.4.2. Convenção contra o crime organizado transnacionai..................... 71
2.4.3. Convenção contra o tráfico ilícito de entorpecentes....................... 75
2.4.4 Convenção contra o tráfico de armas................................................ 77
2.4.5. Convenção sobre o combate à corrupção de funcionários
públicos estrangeiros em transações comerciais internacionais..............78
CAPÍTULO IV - REPRESENTAÇÃO DIPLOMÁTICA
1. Missões Diplomáticas................................................................................81
1.1 Convenções de Viena de 1961 ............................................................. 82
1.2. Privilégios e Imunidades........................................................................83
2. Convenção sobre Relações Consulares de 1963.................................. 86
CAPÍTULO V - RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL DOS
ESTADOS
1. Direitos Fundamentais dos Estados........................................................89
2. Deveres dos Estados............................ ................................................... .91
2.1. Dever de Não-lntervenção.....................................................................91
2.2. Responsabilidade por Danos Internacionais.................................... 92
2.2.1. Proteção Diplomática...................................... ....................................95
CAPÍTULO VI - MEIOS DE COMPOSIÇÃO DE CONFLITOS
INTERNACIONAIS
1. Solução Pacífica de Conflitos.................................................................. 99
1.1. Arbitragem Internacional..................................................................... 100
1.2. Corte Internacional de Justiça .............................................................. 101
2. Sanções e Soluções Coercitivas de Controvérsias...............................102
2.1. Rompimento de Relações Diplomáticas..............................................103
2.2. Retorsão..................................................................................................104
2.3. Represálias.............................................................................................104
2.3.1. Embargo.............................................................................................. 104
2.3.2. Bloqueio Pacífico................................................................................ 105
2.3.3. Boicotagem..... .................................................................................... 105
CAPÍTULO VII - DIREITO INTERNACIONAL ECONÔMICO
1. Princípios do Comércio Internacional - GATT e O M C .......................... 107
Direito Internacional
9
7.5. Pessoa Jurídica............... ......................................................................... 157
7.6, Sucessão................................................. ........................ ........................ 158
8. Teoria das Qualificações......................................................................... 159
CAPÍTULO XI - NACIONALIDADE
1. População e Comunidade Nacional.................. ......................................... 161
2. Aquisição, Mudança e Perda da Nacionalidade - Opção e Prazos............. 162
3. Naturalização................................................................................................ 167
4. Posição da Justiça Federai - Jurisprudência............................................ 169
CAPÍTULO XII - REGIME JURÍDICO DO ESTRANGEIRO
1. Estatuto dos Estrangeiros e Vistos............................................................ 175
2. Extradição, Expulsão e Deportação................... ....................................... 178
3. Asilo Político.......................... .......................................................................183
4. Refugio........................................................................................ ............... .184
5. Pessoas Jurídicas Estrangeiras................. ................................................185
CAPÍTULO XIII - PROCESSO CIVIL INTERNACIONAL
1. Aplicação da Lei Estrangeira .....................................................................187
2. Competência Internacional no Brasil.............................................. ....... 188
2.1. Competência Concorrente......................................................... ........... 188
2.2. Competência Absoluta.................................................... ...................... . 189
3. Sentença Estrangeira e Cooperação Internacional..................................191
3.1. Cartas Rogatórias.............................................. .......................... ......... 191
3.2. Homologação de Sentenças Estrangeiras e Exequatur...................... 193
3.3. Precedentes Jurisprudenciais envolvendo Homologação de
Sentenças Estrangeiras pelo STJ.......................... ........................................ 195
CAPÍTULO XIV - PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS E
CONVENÇÃO DE NOVA IORQUE
1. Noções Gerais segundo o Decreto Legislativo n 10/58 e o
Decreto n 56.826/65. Hipóteses de Procedimento.......................................201
2. Competência da Justiça Federal.............. ........................ ........................203
Resolução STJ n. 9/2005............................. ............................................... 205
Q uestões......................................................................................................... 209
10
Direito Internacional
Capítulo I
1 introdução à disciplina
1 SOARES, Guido Fernando Silva. Curso de Direito Internacional Público. São Paulo, Editora
Atlas, 2002, pg 28.
2 JO, Hee Moon. introdução ao Direito Internacional. São Paulo: LTr, 2000, pp. 52 e 65.
3 JO, op. cit., p. 52.
11
(I) característica européia, em face do período de colo
nização;
(II) aplicação dos princípios da pacta sant servada nas
obrigações internacionais, da soberania territorial, da
imunidade estatal e das regras de proteção diplomática;
(III) aceitação do uso ilimitado de força e de guerra como
direito inerente ao Estado, facilitando a aceitação da idéia de
anexação de território estrangeiro conquistado e da
colonização dos novos continentes4.
Já o sistema moderno é marcado pelas seguintes carac
terísticas:
(I) desvinculação das características européias, ou seja, uni
versalização do DIP, apesar de muitas normas do DIP
clássico terem sido mantidas;
(II) manutenção da paz e segurança internacionais por meio
da organização sistemática da sociedade internacional;
(III) surgimento de novas áreas do DIP, como direito inter
nacional econômico, direitos humanos, direito internacional
ambiental, etc.
Em verdade, foi com o final da Primeira Guerra Mundial
(1918), a partir da instituição da Liga das Nações e da criação da Orga
nização Internacional do Trabalho, que o Direito Internacional Público
ganhou notoriedade no contexto internacional. É a partir desse momento
histórico que o DIP começa a ser visto como um sistema normativo com
o objetivo de instituir o dever jurídico de cooperação entre entidades
autônomas (Estados).
Houve uma transformação fundamental no sistema legal
vigente àquela época, objetivando reorganizar a comunidade interna
cional de modo a impedir o uso de força como meio de coação e criação
de direitos. Sob o ponto de vista histórico-político, esses períodos podem
ser divididos da seguinte forma: (I) da Revolução Russa até a criação da
ONU; (II) do estabelecimento da ONU até o período de descolonização
4 É importante lembrar que, atualmente, essa regra foi proibida pela Carta da ONU, que não permite
o uso da força para intervenção em assuntos internos dos Estados.
12
Direito Internacional
13
qualquer dos cinco Estados que detêm o poder de veto no Conselho de
Segurança da ONU (China, França, Rússia, Grã-Bretanha e Estados
Unidos).
1.2 Conceito
O conceito e o conteúdo abrangido pelo Direito Inter
nacional Público podem variar conforme o critério adotado pelo
doutrinador estudado. Para oferecer uma visão sistemática do assunto,
adotaremos definições comuns à grande maioria da doutrina
especializada.
Até fins do século XIX, a doutrina somente atribuía a
condição de sujeito do DIP aos Estados. Nesse sentido, Pimenta Bueno
(1863) afirmou “o direito internacional público ou das gentes, jus
gentium publicum ou jus publicum intergentes ^ é o complexo dos
princípios, normas, máximas, atos ou usos reconhecidos como
reguladores das relações de nação a nação, ou de Estado a Estado, como
tais, reguladores que devem ser atendidos tanto por justiça como para
segurança e bem-ser comum dos povos ”
Na acepção clássica de Direito Internacional Público, o
Estado era visto como um ente soberano, soberbo, o único sujeito capaz
de criar direitos e gerar obrigações no âmbito internacional, motivo pelo
qual o Estado está sempre presente nas conceituaçoes iniciais da
disciplina. A explicação histórica para essa visão centralizadora encontra-
se na idéia de que, por muito tempo, o Estado foi visto como detentor de
um poder supremo, ilimitado.
Todavia, essa noção de soberania incondicionada não é mais
absoluta, eis que, atualmente, o exercício do poder do Estado se encontra
limitado por fatores e normas externas a sua própria vontade, como por
exemplo, pelos compromissos assumidos na esfera internacional e pelas
normas de DIP7. Nesse contexto e com a evolução da disciplina, passou-
se a incorporar ao lado do Estado, as organizações internacionais
enquanto sujeitos do DIP.
14
Direito Internacional
2 Objeto
15
satisfatoriamente, passando também a regular direitos relativos ao meio
ambiente, ao comércio internacional, aos direitos humanos, ao direito do
consumidor, entre muitos outros.
3 Fontes
9 MELLO, Celso D. Albuquerque de. Curso de Direito internacional Público. Vol. 1,12a ed. Rio de
Janeiro: Renovar, 2000, p. 192.
16
Direito Internacional
3.1 Tratados
Entende-se por tratado o ato jurídico por meio do qual se
manifesta o acordo de vontades entre duas ou mais pessoas interna
cionais13.
As Convenções de Viena de 1969 e 1986 estabeleceram as
normas pelas quais é regido o tratado no Direito Internacional Publico,
conceituando-o como “um acordo internacional celebrado por escrito
entre Estados regidos pelo Direito Internacional, quer inserido num único
instrumento, quer em dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que
seja a sua designação específica” (art. 2, item 1, da Convenção de 1969).
Essa Convenção foi assinada pelo Brasil em 1980, e ratificada em 25 de
setembro de 2009 (Decreto 7.030, de 14 de dezembro de 2009).
De acordo com o texto da Convenção de Viena, com
preende-se que a palavra tratado designa um acordo regido pelo direito
internacional, qualquer que seja a sua denominação. Nesse sentido,
tratado seria a designação genérica, onde estão abrangidas as expressões:
convenção, convênio, protocolo, compromisso, etc.
Apesar disso, algumas diferenciações têm sido utilizadas
para a designação dos diferentes tratados, de acordo com sua hierarquia e
finalidade, tais como:
Expressão 1 Designação
19
Essas denominações, contudo, não têm influência sobre o
conteúdo do tratado, podendo variar de acordo com a escolha dos
Estados-membros. Portanto, a utilização das expressões é, de certa forma,
livre.
O capítulo III tratará mais detalhadamente acerca dos
tratados internacionais.
3.2 Costume
O costume adquire papel fundamental enquanto fonte do
DIP, uma vez que muitas das relações de direito internacional não se
encontram normatizadas. E, por excelência, a fonte formadora das normas
de DIP.
Segundo a doutrina, para a formação do costume interna
cional é indispensável a existência de 2 (dois) elementos: um de ordem
material e outro de caráter subjetivo.
O elemento material do costume está consubstanciado na
prática, na repetição ao longo do tempo de um certo modo de proceder
ante a determinado quadro fático. Essa prática reiterada pode ser omissiva
ou comissiva e aplica-se a quaisquer sujeitos na esfera do Direito
Internacional Público. Não há transcurso de tempo pré-determinado para
a sua formação, devendo ser analisado caso a caso. Nesse sentido, já se
manifestou a Corte Internacional de Justiça no julgamento do Caso da
Plataforma Continental do Mar do Norte: “o transcurso de um período de
tempo reduzido não é necessariamente, ou não constitui em si mesmo, um
impedimento à formação de uma nova norma de direito consue-
tudinário”14.
O elemento subjetivo do costume internacional (Opinio
Juris) é o entendimento, a convicção, a crença de que a atitude prática se
estima obrigatória por ser necessária, correta, justa, e por assim dizer,
digna do bom direito. Do contrário, qualquer conduta internacional
reiterada por qualquer Estado durante um certo lapso temporal, por
comodismo, hábito ou praxe, se enquadraria nessa definição, formando
assim uma nova norma costumeira.
20
Direito Internacional
21
3.3 Princípios gerais do direito
A doutrina destaca que, dentre as fontes de DIP citadas pelo
artigo 38 do Estatuto da CIJ {vide item 3 do presente capítulo), os
princípios gerais do direito são os mais vagos, os de mais difícil
caracterização19. Tais princípios seriam aqueles aceitos por todas as
nações in foro doméstico, dentre os quais poderíamos destacar o princípio
da boa fé, da não-agressão, da solução pacífica dos litígios, da
continuidade do Estado, da autodeterminação dos povos, do desarma
mento, pacta sunt servanda e rebus sic stantibus.
Na prática, há exemplos da utilização dos princípios gerais
do direito como fundamento de decisões. No Caso Chorzów Factory
(1927), a Corte Permanente de Justiça Internacional (antecessora da Corte
Internacional de Justiça) declarou que “é um princípio de direito
internacional, e até mesmo um princípio geral do direito, que qualquer
quebra a um acordo acarreta a obrigação de indenização”.
22
Direito Internacional
Capítulo 11
PERSONALIDADE INTERNACIONAL
1 Conceito
25 \
1
26
Direito Internacional
3 Pessoas internacionais
3.1Estados
O Estado é, sem dúvida, o ente mais participativo nas
relações regidas pelo direito internacional. Diversos são os conceitos de
Estado, vejamos alguns:
“Estado soberano independente é aquele que tem exclu
sividade, autonomia e plenitude de competência, sendo que
todas as noções devem ser interpretadas dentro do quadro
geral do Direito Internacional" (Rousseau).
“Estado sujeito do Direito Internacional é aquele que reúne três
elementos indispensáveis para a sua formação: população
{composta de nacionais e estrangeiros), territórios (ele não
precisa ser completamente definido, sendo que a ONU tem
admitido Estados com questões de fronteira, como por exemplo,
Israel) e govemo (deve ser efetivo e estável). Todavia, o Estado
pessoa internacional plena é aquele que possui soberania"
(Celso D. Albuquerque de Mello, 1997, vol. I, p. 329).
H0 Estado, personalidade originária de direito internacional
público, ostenta três elementos conjugados: uma base
territorial, uma comunidade humana estabelecida sobre essa
área, e uma forma de governo não subordinado a qualquer
autoridade exterior” (J.F. Rezek, 2005, p. 161).
27
c) Nascimento e Reconhecimento do Estado
d) Extinção do Estado
e) Sucessão de Estados
a) Elementos Constitutivos do Estado - Conforme
estabelece a Convenção Interamericana sobre os Direitos e Deveres dos
Estados, firmada em Montevidéu, em 1933, são quatro os elementos
constitutivos do Estado: a) população permanente; b) território; c)
governo; d) capacidade de entrar em relação com os demais Estados,
a.l) População', trata-se do conjunto de indivíduos,
nacionais ou estrangeiros, que habitam o território ém determinado
momento. É, pois, um conceito aritmético, quantitativo, de modo que não
se confunde com o conceito de povo, que se refere à coletividade
determinada pelo aspecto social.
A população estatal moderna é de natureza sedentária,
estabilizada no interior das fronteiras do território de determinado Estado.
A idéia de uma população nômade não condiz com a realidade
internacional. A maioria dos governos confrontados com problemas do
nomadismo transfronteiriço pratica políticas, por vezes brutais, de
sedentarização dos grupos nômades. No entanto, é importante destacar
que um Estado não perde sua qualidade porque pratica ou favorece uma
política de emigração maciça de sua população ou porque permite uma
ímigraçao estrangeira importante. 24
O elemento humano garante a manifestação do princípio da
continuidade do Estado.
a.2) Território: A noção conceituai de território relaciona-
se a uma área terrestre, somada àqueles espaços hídricos de interesse
puramente interno, como os rios e lagos que se circunscrevem no interior
dessa área sólida. Sobre o território, o Estado soberano exerce jurisdição
geral e exclusiva, no sentido de que possui domínio territorial sobre todas
as competências de ordem legislativa, administrativa e jurisdicional e que
não enfrenta concorrência de qualquer outra soberania.
24 DINH, Nguyen Quoc, DAILUER, Daillier e PELLET, Aían. Direito internacional Púbiico,
Fundação Calouste Gulbenkian, 1999, p. 374.
28
Direito Internacional
29 \
Os Estados simples caracterizam-se pelos seguintes
atributos: são plenamente soberanos e representam um todo homogêneo e
indivisível, sendo que não há divisão interna de autonomias. Trata-se da
forma mais comum de Estado.
Os Estados compostos dividem-se em: (I) Estados
compostos por subordinação; e (II) Estados compostos por coordenação.
Os compostos por subordinação referem-se a grupos de Estados que não
se encontram em situação de igualdade, não possuem plena autonomia e
não possuem pleno gozo de alguns direitos (eram os chamados Estados
vassalo, protetorado ou Estado cliente). Tais Estados não mais existem na
atualidade. Exemplo dessa situação era a da URSS com os países satélites
(Polônia, Hungria, Romência, etc.), onde havia controle por parte da
URSS relativamente a aspectos econômicos, militares e comerciais.
Já os Estados compostos por coordenação ocorrem a partir
da associação de Estados soberanos, em situação de igualdade. Exemplo
dessa situação é a confederação de Estados, onde se busca determinado
fim especial a partir da associação. Esse fim especial pode ser, por
exemplo, a defesa dos Estados ou a proteção de interesses comuns.
Geralmente há uma autoridade central, chamada Dieta, a qual não se
constitui em poder supremo, mas apenas em uma assembléia cujas
decisões são tomadas por unanimidade. Atualmente também não há
exemplos de confederações de Estados, mas podemos destacar a
Confederação Americana, que existiu no período de 1781 a 1789.
Dentre os Estados compostos por coordenação, a doutrina
destaca ainda o Estado federal ou federação de Estados. Trata-se da
união permanente de Estados onde cada um conserva sua autonomia
interna enquanto que a soberania externa é exercida pelo governo federal.
A autonomia interna dos Estados é, contudo, limitada pela constituição
federal. Desde a Constituição de 1891, o Brasil é um Estado federal.
c) Nascimento e Reconhecimento do Estado - o na
do Estado decorre da reunião de seus elementos constitutivos, conforme
vimos no item a. Contudo, a simples reunião dos elementos não permite,
por si só, o nascimento do Estado, sendo necessário um elemento de
conexão entre eles. A doutrina cita como “elementos de conexão” a
nacionalidade e os fatores econômicos (capacidade de sobrevivência por
seus próprios meios).
30
Direito Internacional
31
Matéria de interessante análise é aquela relativa aos Micro-
Estados. São aqueles Estados que dispõem de um território mais ou
menos exíguo, como por exemplo, Andorra (467 Km2), Liechtenstein
(160 Km2), São Marino (61 Km2), Mônaco (menos de 2Km2) e com uma
população inferior a quarenta mil pessoas, todavia, com instituições
políticas estáveis e regimes organizados.
O que diferencia os Micro-Estados dos demais Estados da
comunidade internacional é que, em razão da hipossuficiência ocasionada
pela pequena dimensão territorial e demográfica, partes de sua
competência (defesa nacional, emissão de moeda) são confiadas a outrem,
normalmente a um Estado vizinho, como a França no caso de Mônaco; a
Itália, no caso de São Marino; e a Suíça no caso de Liechtenstein25.
c.l) Reconhecimento de Govemo: o reconhecimento do
Estado não deve se confundir com o reconhecimento de govemo. Uma
ruptura na ordem política, como uma revolução ou golpe de estado pode
determinar a instauração no país de uma nova forma de poder, à margem
das prescrições constitucionais pertinentes à renovação do quadro de
condutores políticos26. Por exemplo, quando as modificações de um
Estado se dão em violação a sua Constituição, os governos resultantes de
golpes precisam ser reconhecidos pelos demais Estados. São exemplos
típicos: os Golpes de Estado ocorridos no Brasil em 1930 e 1964 e na
Argentina em 1966.
Importante atentar para o fato de que o reconhecimento de
um Estado, em regra, implica no reconhecimento do govemo que se
encontra no poder naquele momento. Contudo, “se a forma de govemo
muda, isto não altera o reconhecimento do Estado: só o novo govemo terá
necessidade de novo reconhecimento”27. Os meios de reconhecimento do
govemo também podem se dar de forma tácita ou expressa; de facto ou de
jure.
c.2) Reconhecimento de beligerância e insurgência: o
reconhecimento de beligerância ocorre quando parte da população se
revolta para criar um novo Estado ou então modificar a forma de govemo
existente, sendo que tal “revolta” evolui ao nível de uma guerra
internacional. Nesse caso, os demais Estados podem passar a considerar
32
Direito Internacional
33 \
Quanto aos efeitos jurídicos da sucessão de Estados,
vejamos:
e.l) Sucessão em matéria de Tratados: regulada pela
Convenção de Viena sobre Sucessão de Estados em Matéria de Tratados,
de 1978. A regra geral é de que a sucessão de Estados não afeta os
tratados que se referem aos direitos sobre o território (tratados
dispositivos). Essa regra pode, contudo, variar de acordo com a mudança
territorial ocorrida. Assim, quando um novo Estado é formado pela
sucessão do território de um outro, o novo Estado sucede
automaticamente o Estado predecessor (art. 34). Também quando há
fusão de dois ou mais Estados, os tratados firmados pelos Estados
predecessores continuam vigentes no território ao qual eram aplicados
antes da fusão, salvo algumas exceções previstas no art. 31. Um Estado
apenas sucede num tratado bilateral se o outro Estado e o novo
concordarem (art. 24). Por fim, a condição de membro de uma
organização internacional, em princípio, não se sucede.
e.2) Sucessão em Matéria de Bens: regulada pelos artigos 7
a 18 da Convenção. Caso haja sucessão da totalidade do território,
sucede-se toda a propriedade pública, ou seja, todos os bens do Estado
predecessor. A convenção estabelece que, salvo disposição em contrário,
a passagem dos bens ocorrerá sem compensação ou pagamento. Se
houver sucessão apenas de parte do território, os imóveis relativos àquela
porção do território passarão ao sucessor, assim como os móveis
vinculados às atividades desenvolvida nessa porção do território, salvo
disposição em contrário.
e.3) Sucessão em Matéria de Arquivos: salvo estipulação
em contrário, os arquivos (documentos) transferem-se ao sucessor (arts.
20 a 24).
e.4) Sucessão em matéria de Dívidas: regulada pelos arts. 32
a 41 da Convenção. A regra geral é de que a sucessão não influencia os
direitos dos credores. Sendo assim:
*4>Se o Estado sucessor anexa totalidade do território do
predecessor - deve-se cumprir com os deveres perante os
credores da dívida do predecessor;
't S e o Estado predecessor perde parte de seu território - o
Estado sucessor assume parte da dívida do predecessor;
34
Direito Internacional
35
g) em virtude de seu estatuto jurídico, tem capacidade de
concluir acordos internacionais no exercício de suas junções e para
realização de seu objeto.
Pelo menos 2 (dois) órgãos têm sido adotados pelas
organizações internacionais, independentemente de seu alcance ou
finalidade: uma assembléia geral, onde são deliberadas as questões
correspondentes à atuação da organização por parte dos Estados-
membros; e uma secretaria, cuja função é de administração, de natureza
permanente. A assembléia geral não é permanente, pois se reúne
anualmente para assuntos ordinários e, em caráter excepcional, de acordo
com necessidades especiais. Há, ainda, em algumas organizações
internacionais de vocação política, um Conselho Permanente.
Quanto ao processo decisório, as organizações interna
cionais geralmente não operam segundo as normas de deliberação por
maioria. O Estado soberano somente costuma se sentir vinculado à
determinada resolução caso tenhá sido favorável a ela, ao menos no que
seja classificado como importante, e não meramente instrumental.
Decisão relativa à matéria instrumental seria aquela referente a questões
administrativas, como eleições para cargos na organização. Exemplos
típicos de insubordinação de Estados membros a deliberações da
Assembléia Geral são encontrados na própria Organização das Nações
Unidas, como por exemplo, no caso das intervenções no Congo e no
Oriente Médio. Essas condutas dissidentes enfatizam ainda mais o valor
relativo das recomendações da Assembléia.
A jurisdição das organizações internacionais corresponde
aos poderes para executar seus objetivos e está delimitada no tratado
constitutivo. Sendo assim, as atividades realizadas fora desses objetivos
são consideradas ultra vires. Essa regra passou a denominar-se principio
da especialidade. Contudo, se tal extrapolação for necessária para a
execução dos objetivos da organização, a competência da organização é
compreendida como tacitamente ampliada {teoria do poder implícito).
A questão relativa à possibilidade de um tratado institu
cional de uma organização internacional gerar obrigações a Estados não
contratantes é de suma importância. Na verdade, a matéria ganha grande
contorno em casos em que uma organização de alcance e finalidade
universais, como a ONU, por exemplo, está inserida na discussão. Em
36
Direito Internacional
regra geral, não há força jurídica na Carta das Nações Unidas ou em outro
tratado institucional para vincular Estados não membros. “Na verdade, a
imposição de tratado institucional a terceiro é mera via de fato,
condicionada à potência da organização, à conjunção favorável das forças
políticas no seu contexto, e finalmente à debilidade do Estado que faça
objeto da pretendida coação.”29
As Organizações Internacionais necessitam de um Estado
soberano, que, mediante celebração de um tratado bilateral (acordo de
sede), facultará a instalação física da organização em algum ponto do seu
território. Nada impede que a organização tenha mais de uma sede e que
se localize em país não membro, sendo, todavia, muito remota essa última
hipótese.
A falta de cumprimento dos deveres de sua qualidade de
membro de uma organização internacional pode trazer ao Estado
conseqüências, de acordo com as previsões estabelecidas pelo tratado
constitutivo e aplicáveis pela própria organização, mediante o voto de
seus órgãos. Geralmente elas assumem 2 (duas) formas principais: a
suspensão de determinados direitos e a exclusão do quadro de Estados
membros.
Outros exemplos de Organizações Internacionais de alcance
mundial, além da Organização das Nações Unidas são: OIT (Organização
Internacional do Trabalho, fundada em 1919 e sediada em Genebra, na
Suíça), a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura, fundada em 1946, com sede em Paris, na França), a
FAO (Organização para a Alimentação e a Agricultura, fundada em 1945,
como sede em Roma, na Itália), o FMI (Fundo Monetário Internacional),
entre muitas outras. Há também aquelas organizações de alcance regional,
como por exemplo, o NAFTA (Acordo de Livre Comércio das Américas)
e o MERCOSUL.
37
~ acabou por ocasionar, juridicamente, a celebração de acordos
internacionais e a criação de organizações, dentre as quais a Organização
das Nações Unidas (ONU) foi o exemplo mais representativo, como
forma de implementação dessa convergência de interesses30.
Em 26-06-1945, em São Francisco, ocorreu a assinatura da
Carta da ONU (tratado constitutivo da organização) e do Estatuto da
Corte Internacional de Justiça - CIJ.
Atualmente, a presença da ONU no cenário internacional é
de inegável importância, ainda que, por vezes, sua credibilidade
interna/externa seja abalada por iniciativas conjuntas de alguns de seus
Estados membros, em áreas de seu interesse, mas sem o seu aval, como
por exemplo, na invasão do Iraque por parte dos EUA e seus aliados.
A ONU atua nas mais diversas áreas (direitos humanos,
direitos do mar, direitos do meio ambiente, etc.), em atividades que
compreendem, de certa maneira, as esferas legislativa, administrativa e
judiciária.
A Carta da ONU estabelece, em seu art. Io, os objetivos da
organização:
“(1) Manter a paz e segurança internacionais, e para esse fim
tomar coletivamente medidas efetivas para evitar ameaças à
paz e reprimir os atos de agressão ou outra qualquer ruptura
da paz e chegar, por meios pacíficos e de conformidade com
os princípios da justiça e do direito internacional, a um ajuste
ou solução das controvérsias ou situações que possam levar a
uma perturbação da paz;
(2) Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas
no respeito ao princípio de igualdade de direito e de
autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas
apropriadas ao fortalecimento da paz universal;
(3) Conseguir uma cooperação internacional para resolver os
problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural
ou humanitário, e para promover e estimular o respeito aos
direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos,
sem distinção de raça, sexo, língua ou religião;
38
Direito Internacional
39
econômica. No entanto, no âmbito da ONU, essa forma de cáiculo foi
modificada, na tentativa de evitar o agigantamento de um Estado membro
específico. Sendo assim, ficou estabelecido um teto individual de 25% da
receita prevista. A título exemplificativo, na virada do século, os EUA
contribuíam com 25% da receita, o Japão com 20% e a Alemanha com
10%.
Vejamos a seguir um quadro descritivo dos principais
órgãos da ONU:
| Órgão Função Composição Processo de
L ... J Votação
I Conselho de Manutenção da paz e São 15 Estados- - Cada membro
1 Segurança i da segurança Inter membros, cada (permanente ou
(cs) \ nacionais, inclusive
\ mediante o uso de
um com um
representante.
não) tem direito a
um voto;
I força, se necessário. Membros - Decisões sobre
1 i Age em nome dos permanentes: questões
I
1I 1 demais membros
sobre questões
- China;
- França;
processuais são
tomadas por voto
1 ^ relativas a: - Rússia; afirmativo de nove
1 a) litígios entre
Estados-membros;
- Reino Unido;
-Estados
membros;
- Demais assuntos
1I b) regulamentação de
armamentos;
Unidos.
Periodicamente,
- voto afirmativo
de nove membros,
c) ações em casos de a AG escolhe 10 inclusive os votos
ameaça à paz e miembros não- afirmativos de
1
1 agressão; permanentes, todos os membros
1 d) cumprimento das com mandato de permanentes;
1i sentenças da CIJ.
Adota resoluções
2 anos. - Decisões sobre
soluções pacificas
1 para a solução de controvérsias =
pacifica de conflitos e parte envolvida se
1 decide sobre abstém de votar e
medidas coercitivas, não poderá vetar.
1 em caso de Obs: os Membros
1 ameaças. Ê um
órgão permanente e
Permanentes tem
direito de vetar
1
suas resoluções qualquer decisão
1
1 deverão ser sobre assunto não
cumpridas pelas processual, dentre
1
Nações Unidas. os quais se j
encontram as ]
! “ações !
coercitivas”. ]
40
reito Internacional
41 \
campos econômico,
social, cultural,
educacional,
sanitário, etc.
mediante consulta ou
fazendo
recomendações.
Pode elaborar
estudos, relatórios,
recomendações, pre
para projetos de
convenções e
organiza
conferências
internacionais. Pode
con-sultar ONGs que
i I se ocupem de
assuntos de sua
competência.
Conselho de É o responsável por Composto pelos
Tutela acompanhar o membros
progresso social dos permanentes do
territórios onde não CS.
há governo
independente. Hoje
não há mais
territórios em tais
condições.
42
Direito Internacional
j I
| Conselhos da Organização: |
| a) Conselho Permanente: trata de assuntos determinados pela AG e pela I
| Reunião de Consulta. Dentre suas funções destacam-se: velar pela j
i manutenção das relações de amizade entre os Estados-membros, executar !
decisões da AG, formular recomendações à AG sobre funcionamento da|j
[•organização^,;; ^ "'/"V •• ••J
43
A OEA possui, ainda, vários organismos especializados, tais
como a Organização Pan-Americana de Saúde, a Junta Interamericana de
Defesa (cuja finalidade é traçar medidas de defesa do continente) e o
Instituto Internacional Americano de Proteção à Infância.
44
Direito Internacional
4 Sania-Sé
45 \
consideradas como entes com personalidade jurídica internacional, apesar
de algumas organizações internacionais» como a ONU, outorgarem a
condição de “observador” a algumas ONGs. Contudo, essa condição não
as confere o status de sujeito de direito internacional.
Exceção, contudo, se faz ao Comitê Internacional da Cruz
Vermelha, fundado em 1863, ao qual se reconhece personalidade
internacional por meio. da Convenção de Genebra do ano seguinte.
46
Direito Internacional
TRATADOS INTERNACIONAIS
47
A Convenção de Viena define tratado internacional como
“um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido
pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de
dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação
específica” (Art. 2, a).
Conforme Rezek34, “tratado é todo acordo formal concluído
entre sujeitos de direito internacional, e destinado a produzir efeitos
jurídicos”.
A celebração de tratados se constitui em exercício de
soberania. Mas, além do reconhecimento de sua soberania, o Estado, ao
celebrar tratados, reconhece e se compromete a uma fonte de limitação de
suas competências. Por isso, a doutrina costuma afirmar que o compro
metimento do Estado por meio de tratados internacionais implica em: (I)
manifestação do atributo de soberania; (II) instrumento de limitação do
exercício do poder soberano.35
De maneira geral, a elaboração de um tratado internacional
segue as seguintes etapas:
1. Negociacão. Realizada por autoridades nacionais desig
nadas pela ordem constitucional do Estado, muitas vezes acompanhados
de especialistas no assunto sob discussão;
2. Elaboração do texto. Os tratados são compostos de um
preâmbulo, o qual espelha os motivos da realização do tratado,
fornecendo elementos para sua interpretação, e do chamado dispositivo,
ou seja, o texto ou corpo onde são definidas as obrigações dos Estados-
Partes;
3. Adoção. Segundo a Convenção de Viena (art. 9o), a
adoção de um texto efetua-se pelo voto da maioria de dois terços dos
Estados presentes, salvo se esses Estados, pela mesma maioria, decidam
aplicar outras regras;
4. Manifestação do Consentimento. O artigo 11 da
Convenção reza que o consentimento de um Estado em obrigar-se por um
tratado pode manifestar-se pela assinatura, troca de instrumentos
constitutivos do tratado, ratificação, aceitação, aprovação ou adesão, ou
por quaisquer outros meios, se assim for acordado pela partes.
48
4
Direito Internacional
49
(I) segundo o número de partes: tratados bilaterais (entre
dois Estados) e tratados multilaterais (entre mais de dois Estados);
(II) segundo a possibilidade de adesão de Estados: tratados
abertos (permitem a participação de Estados que não assinaram o texto
inicialmente) e tratados fechados (não permitem a adesão tardia);
(III) segundo o modo de sua entrada em vigor, tratados em
devida forma (necessitam da troca de instrumentos de ratificação ou da
prática, pelos Estados Signatários, de outro ato solene posterior a sua
assinatura) e tratados em forma simplificada, também denominados
Executive Agreements (entram em vigor, no momento de sua assinatura,
ou no momento em que o texto dispuser, prescindindo de atos posteriores,
como o da ratificação);
(IV) quanto à matéria regulada: os tipos podem variar ao
infinito, como, por exemplo, tratados de paz, tratados de comércio e
navegação, tratados de extradição, etc.
Antigamente, tinha-se no direito internacional público a
prática dos tratados secretos. Todavia, hoje em dia essa idéia não possui
mais assento é já se encontra proibida em diversos ordenamentos internos
de Estados democráticos.
Por fim, é importante destacar a existência dos chamados
acordos Guarda-Chuva (Umbrella Treaty) e dos “tratados-quadro” que
vêm ganhando espaço na constante evolução do Direito Internacional
Público. São tratados multilaterais, nos quais os Estados-Partes traçam
grandes molduras normativas, de direitos e deveres de natureza vaga, e
que, por sua natureza, pedem uma regulamentação mais pormenorizada.
Geralmente, instituem-se reuniões periódicas e regulares, de um órgão
composto de representantes dos Estados-Partes (chamada Conferência das
Partes - COP), com poderes delegados de complementar e expedir normas
de especificação. O conjunto normativo que se forma, a partir dos
dispositivos do tratado-quadro e das decisões das Conferências das
Partes, deve formar um sistema harmônico, entre os mesmos Estados-
Partes.
50
Direito Internacional
1.2 interpretação
A interpretação dos tratados é disciplinada pelos artigos 31,
32 e 33 da Convenção. A regra geral determina que um tratado deverá ser
interpretado de acordo com a boa-fé, à luz de seu contexto e finalidade. A
interpretação deverá buscar, portanto, a compreensão da vontade dos
Estados-Partes, uma vez que não deverá resultar em obrigações não
assumidas pelos Estados.
Para a compreensão do contexto do tratado, serão levados
em consideração o texto, seu preâmbulo e anexos, além de acordos
relativos ao tratado firmados entre as mesmas partes por ocasião da
conclusão do tratado. Serão também considerados instrumentos
estabelecidos por uma ou várias partes quando da conclusão do tratado e
aceitos pelas outras partes como relativos ao tratado.
Segundo o artigo 33 da Convenção, quando um tratado for
autenticado em dois ou mais idiomas, seu texto fará igualmente fé em
cada uma delas, salvo se as partes acordarem que, em caso de
divergência, um texto determinado prevalecerá.
51
(referente a fato que o Estado supunha existir quando da celebração do
tratado e que se constituía base essencial do seu consentimento), dolo
(Estado foi levado a concluir o tratado por conduta fraudulenta de outro
Estado), corrupção (representante do Estado encontrava-se corrompido),
coação sobre o representante (ameaças ou atos dirigidos ao repre
sentante) ou coação sobre o Estado (ameaça ou uso de força em violação
aos princípios da Carta da ONU).
(III) Objeto lícito: a ilicitude será analisada com base
normas imperativas de direito internacional geral (jus cogens) e não em
normas internas de determinado Estado. O art. 53 da Convenção de Viena
conceitua “norma imperativa de direito internacional geral” como a
norma que é aceita e reconhecida pela comunidade internacional na
condição de norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só
pode ser modificada por nova norma de direito internacional da mesma
natureza”. São exemplos dessas normas as que se referem a liberdades
individuais (direito à vida, liberdade de circulação).
A vigência dos tratados pode ser (I) ilimitada: o tratado
exige um ato de denúncia; (II) por prazo fixo: o tratado extingue-se por
decurso de prazo, podendo ser, normalmente, renovável por acordo das
partes; (IH) por prazo determinado: prorroga-se automaticamente por
iguais períodos, possibilitando-se a denúncia às partes que não desejem a
sua renovação.
O início da vigência de um tratado pode ser definido pelas
partes, conforme estabelece o art. 24 da Convenção de Viena. No caso do
Mercosul, por exemplo, o Tratado de Assunção entrou em vigor após o
depósito de três das quatro ratificações.
Caso as partes não tenham determinado a forma de entrada
em vigor, a vigência se dará a partir do consentimento manifestado por
todos os negociadores. A Convenção determina ainda que, quando o
consentimento de um Estado em se obrigar por um tratado for
manifestado após sua entrada em vigor, a vigência com relação a esse
Estado ocorrerá nessa date (art. 24).
Aos tratados, aplica-se o princípio da irretroatividade, a não
ser que as partes estabeleçam de forma diversa. Sendo assim, em regra, as
disposições de um tratado não obrigam uma parte em relação a um ato ou
fato anterior à vigência do tratado.
52
Direito Internacional
53
Extingue-se um tratado quando o intento terminativo for
comum às partes por ele obrigadas. Vale destacar que não serão estas,
necessariamente, aquelas mesmas que um dia negociaram o pacto e o
puseram em vigor, em virtude de possíveis adesões e denúncias.
Por meio da denúncia, o Estado manifesta sua vontade de
deixar de ser parte nó acordo internacional. A exemplo da ratificação e da
adesão, a denúncia é um ato unilateral.
Segundo o artigo 70 da Convenção, a extinção do tratado
libera as partes de continuarem a cumprir o tratado, contudo, não
prejudica qualquer direito ou obrigação existente entre as partes em
decorrência da execução do tratado anteriormente a sua extinção.
42 KELSEN, Hans. Teoria Gerai do Direito e do Estado, trad. Luís Carlos Borges. São Paulo:
Martins Fontes, 1990, pp. 352-376.
54
Direito Internacional
55
promulgação, cuja dàta de publicação corresponde ao início da vigência
no território nacional.
Sendo assim, os tratados internacionais somente passam a
integrar o ordenamento jurídico nacional após sua promulgação pelo
Poder Executivo, posição essa reiteradamente afirmada pelo Supremo
Tribunal Federal.
Além disso, o STF já afirmou que a mesma sistemática de
recepção de acordos se aplica aos tratados celebrados no âmbito do
Mercosul:
A recepção dos tratados internacionais em gerai e dos acordos
celebrados pelo Brasil no âmbito do Mercosul depende, para
efeito de sua ulterior execução no plano interno, de uma
sucessão causai e ordenada de atos revestidos de caráter
politico-jurídico, assim definidos: (a) aprovação pelo Congresso
Nacional, mediante decreto legislativo, de tais convenções; (b)
ratificação desses atos internacionais pelo Chefe de Estado,
mediante depósito do respectivo instrumento; (c) promulgação
de tais acordos e tratados, pelo Presidente de República,
mediante decreto, em ordem a viabilizar a produção dos
seguintes efeitos básicos, essenciais à sua vigência doméstica:
(1) publicação oficial do texto do tratado e (2) executoriedade
do ato de direito internacional público, que passa, então - e
somente então - a vincular e a obrigar no plano do direito
positivo interno. (CR-8279, acórdão publicado em 10-08-2000)
56
Direito Internacional
(...)
§ 2° - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte.
§ 3° - Os tratados e convencões internacionais sobre direitos
humanos aue forem aprovados, em cada Casa do Congresso
Nacionai. em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais.
57 \
^ Em regra, a concordância do Congresso Nacional não é
necessária para que o Brasil denuncie a um tratado internacional.
Segundo Rezek43, tal regra não se aplica nos casos de tratados cuja
aprovação pelo Congresso Nacional seguiu o rito de aprovação das
emendas constitucionais, nos termos do § 3o do art. 5o da Constituição
Federal. O STF, contudo, vem debatendo a questão da necessidade do
referendo do Congresso Nacional para a denúncia de tratados
internacionais, especialmente no que se refere à Convenção 158 da OIT fADl
1625^
2 Tratados em espécie
58
Direito Internacional
59
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos foi
firmada em São José da Costa Rica, em novembro de 1969. Sua entrada
em vigor ocorreu em 18 de Julho de 1978. Nela estão discriminados
diversos direitos de âmbito civil, político, econômico, social e cultural. O
Brasil aderiu à Convenção em setembro de 1992.
A Convenção designa como órgãos competentes para
conhecer acerca dos assuntos relacionados aos compromissos assumidos
pelos Estados pactuantes a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos. Em linhas
gerais, a Comissão atua como instância preliminar à jurisdição da Corte,
possuindo poderes para requisitar informações e formular recomendações
aos governos dos Estados pactuantes.
São submetidas ao exame da Comissão denúncias ou
queixas formuladas por qualquer pessoa ou grupo de pessoas, entidades
não-govemamentais e Estados-Partes. É necessário» contudo, que o
Estado denunciado tenha reconhecido a competência da Comissão para
equacionar o conflito.
Não obstante, é preciso salientar que, para que qualquer
denúncia ou queixa chegue à Comissão, a Convenção determina o
preenchimento de alguns requisitos de admissibilidade, dentre os quais»
destaca-se a necessidade de esgotamento dos recursos proporcionados
pela jurisdição interna (regra de esgotamento dos remédios locais).
A Comissão e os Estados Membros têm poderes para
submeter a matéria à análise da Corte Interamericana de Direitos
Humanos. Partes privadas não poderão iniciar uma demanda na Corte,
mas poderão apresentar solicitações, argumentos e provas de forma
autônoma durante o processo perante a Corte (art. 23,1 do Regimento da
Corte). As sentenças da Corte são definitivas e inapeláveis, podendo, se
for o caso, ordenar o pagamento de indenização justa à parte lesada.
Tanto a Comissão quanto a Corte Interamericana podem
emitir decisões liminares, no caso de perigo atual ou iminente que pode
causar danos irreparáveis às vítimas. No caso da Comissão, as medidas
emergenciais são chamadas cauteiares e, no caso da Corte, provisórias.
Em se tratando de questões ainda não submetidas à análise da Corte, esta
poderá editar medidas provisórias a pedido da Comissão. Isso porque as
medidas cauteiares estão previstas no Regulamento da Comissão, que foi
aprovado por meio de uma Resolução da Assembléia Gerai da OEA,
60
Direito Internacional
61
imprensa emitida pela Secretaria de Estado de Direitos Humanos
(SEDH), acusou conhecimento da medida provisória e indicou as
medidas a serem tomadas a respeito.
Observe-se, que, mesmo que o desrespeito a direitos
humanos não se origine de atos tomados pelo govemo federal, o Estado
poderá ser responsabilizado. Deste modo» não pode o Estado se eximir de
sua responsabilidade internacional por motivos de ordem interna. Sendo
assim, a forma federativa do Estado e a conseqüente divisão de
competências materiais e legislativas não podem ser alegadas pelo Estado
para exonerar-se de responsabilidades. Observe-se, contudo, que a União
é que será demandada, ainda que uma autoridade estadual ou municipal é
que seja responsável pelos danos causados.
62
Direito Internacional
63
Algumas observações adicionais sobre o Tribunal Penal
Internacional:
> Tanto um Estado Parte quanto o Conselho de
Segurança da ONU podem denunciar ao
Procurador a ocorrência de indícios de crimes. O
procurador poderá, por sua própria iniciativa,
abrir um inquérito com base em informações
sobre a prática de crimes da competência do
Tribunal.
64
Direito Internacional
65
do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente
em relação a ele”.
Além do princípio do desenvolvimento sustentável» são
princípios gerais do direito internacional do meio ambiente:
- princípio da cooperação;
- princípio da precaução e prevenção;
- princípio do poluidor-pagador;
- princípio do fornecimento de informações e consulta.
A responsabilidade civil do Estado no direito internacional,
em regra, é subjetiva ou por culpa, ou, ainda sistema de responsabilidade
por um ilícito, sendo necessários, para que se configure o dever de
reparação: (i) a ocorrência de um ilícito (decorrente de ato ou omissão);
(ii) a ocorrência de um dano; e (iii) a imputabilidade do dano ao Estado.
Contudo, segundo esclarece Guido Soares51, "a crescente industria
lização em todas as partes do mundo e a conseqüente banalização dos
perigos, (...) trouxe para as relações internacionais o sistema dito da
responsabilidade objetiva ou por risco, precisamente no campo da
regulamentação internacional do meio ambiente. Segundo tal sistema, a
norma que define a obrigação de reparar não se preocupa, de forma
alguma, em determinar a licitude ou ilicitude de uma conduta que cause
dano, mas, antes, procura definir as conseqüências de uma conduta
perigosa.”
A responsabilidade objetiva no direito internacional é,
portanto, a exceção, prevista em convenções que se referem princi
palmente à proteção ambiental.
O dano ambiental transfronteiriço pode abranger as
hipóteses em que os efeitos negativos alcançam as áreas de domínio
comum internacional ou os territórios de outros Estados. Nesse sentido,
estabelece a Convenção sobre Diversidade Biológica, assinada no Rio de
Janeiro, em 05 de junho de 1992:
Artigo 3
Princípio
Os Estados, em conformidade com a Carta das Nações
Unidas e com os princípios de Direito Internacional, têm o direito
51 SOARES, Cuido Fernando Silva Soares, A Proteção Internaciona! do Meio Ambiente. Manoie:
2003, p. 161.
66
Direito Internacional
.| Convenção Objeto \
Convenção-Quadro das Nações llnidas Estabilização das concentrações de j
sobre Mudanças do Clima e seu Proto gases de efeito estufa, o que deverá ser i
colo de Kyoto, de 1992. alcançado a partir de medidas a serem j
: Promulgada no Brasil pelo Decreto n. implementadas por países do Anexo I j
2.652/1998. (desenvolvidos), de acordo com método-
logias previstas no Protocolo de Kyoto,
dentre as quais se destaca o chamado
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo -
MDL.
67
Convenção sobre Proibição do Uso Os Estados-Partes comprometem-se a
Militar ou Hostil de Técnicas de Modifi
não promover o uso militar ou qualquer
cação Ambiental, de 1976. outro uso hostil de técnicas de modifi
Promulgada no Brasil pelo Decreto n. | cação ambiental que tenham efeitos
225/1991. disseminados, duradouros ou graves,
como meio de infligir destruição, dano ou
prejuízo a qualquer outro Estado-Parte.
Comprometem-se também a não prestar
assistência, encorajar ou induzir qualquer
Estado, grupo de Estados ou organiza
ção, internacional, a empreender essas
atividades.
68
Direito Internacional
69
excepciona! do ponto de vista da ciência
ou da conservação, e os lugares notá
veis, cuja conservação é necessária para
a preservação da beieza natural.
Os Estados partes comprometem-se a
identificar, proteger, conservar e legar a
futuras gerações o patrimônio cultural e
natural, apresentando ao “Comitê do
Patrimônio Mundial”, criado pela Conven
ção, um rol dos bens situados em seu
território que possam ser incluídos na
lista de bens protegidos como “Patrimô
nio Mundial”.
70
Direito Internacional
71
na presente Convenção, com a intenção de obter, direta ou indiretamente,
um benefício econômico ou outro benefício material;
c) "Grupo estruturado" - grupo formado de maneira não
fortuita para a prática imediata de uma infração, ainda que os seus
membros não tenham funções formalmente definidas, que não haja
continuidade na sua composição e que não disponha de uma estrutura
elaborada;
e) "Produto do crime" - os bens de qualquer tipo,
provenientes, direta ou indiretamente, da prática de um crime;
f) "Bloqueio" ou "apreensão" - a proibição temporária de
transferir,, converter, dispor ou movimentar bens, ou a custódia ou
controle temporário de bens, por decisão de um tribunal ou de outra
autoridade competente;
g) "Confisco" - a privação com caráter definitivo de bens,
por decisão de um tribunal ou outra
i) "Entrega vigiada" - a técnica que consiste em perm
remessas ilícitas ou suspeitas saiam do território de um ou mais Estados,
os atravessem ou neles entrem, com o conhecimento e sob o controle das
suas autoridades competentes, com a finalidade de investigar infrações e
identificar as pessoas envolvidas na sua prática;
- A convenção é aplicável à investigação, instrução e
julgamento de infrações de caráter transnacional e envolvam um grupo
criminoso organizado. A infração será de caráter transnacional se:
a) For cometida em mais de um Estado;
b) For cometida num só Estado, mas uma parte substancial
da sua preparação, planeamento, direção e controle tenha lugar em outro
Estado;
c) For cometida num só Estado, mas envolva a participação
de um grupo criminoso organizado que pratique atividades criminosas em
mais de um Estado; ou
d) For cometida num só Estado, mas produza efeitos
substanciais noutro Estado.
- A Convenção criminaliza a lavagem do produto do crime,
quando praticada intencionalmente:
72
Direito Internacional
73
de informação financeira que funcione como centro nacional de coleta,
análise e difusão de informação relativa a eventuais atividades de
lavagem de dinheiro.
- Além disso, cada Estado adotará medidas para crimina-
lização da corrupção e para responsabilização de pessoas jurídicas que
participem em infrações graves envolvendo um grupo criminoso
organizado. A responsabilidade das pessoas jurídicas poderá ser penal,
civil oü administrativa e não obstará à responsabilidade penal das pessoas
físicas que tenham cometido as infrações.
- Os Estados Partes adotarão, na medida em que o seu
ordenamento jurídico interno o permita, as medidas necessárias para
permitir o confisco:
a) Do produto das infrações previstas na presente
Convenção ou de bens cujo valor corresponda ao desse produto;
b) Dos bens, equipamentos e outros instrumentos utilizados
ou destinados a ser utilizados na prática das infrações previstas na
presente Convenção.
- Cada Estado Parte adotará as medidas necessárias para
estabelecer a sua competência jurisdicional em relação às infrações
previstas na Convenção, nos seguintes casos:
a) Quando a infração for cometida no seu território; ou
b) Quando a infração for cometida a bordo de um navio que
arvore a sua bandeira ou a bordo de uma aeronave matriculada em
conformidade com o seu direito interno no momento em que a referida
infração for cometida.
- O Estado poderá igualmente estabelecer a sua competência
jurisdicional em relação a qualquer destas infrações, nos seguintes casos:
a) Quando a infração for cometida contra um dos seus
cidadãos;
b) Quando a infração for cometida por um dos seus cidadãos
ou por uma pessoa apátrida residente habitualmente no seu território; ou
c) Quando a infração for:
I) Uma das previstas no parágrafo 1 do Artigo 5 da pr
Convenção e praticada fora do seu território, com a intenção de cometer
uma infração grave no seu território;
74
Direito Internacional
75
importação ou a exportação de qualquer entorpecente ou substância
psicotrópica, contra o disposto na Convenção de 1961 em sua forma
emendada, ou na Convenção de 1971;
ii) o cultivo de sementes de ópio, do arbusto da coca ou da
planta de cannabis, com o objetivo de produzir entorpecentes, contra o
disposto na Convenção de 1961 em sua forma emendada;
iii) a posse ou aquisição de qualquer entorpecente ou
substância psicotrópica com o objetivo de realizar qualquer uma das
atividades enumeradas no item i) acima;
iv) a fabricação, o transporte ou a distribuição de
equipamento, material ou das substâncias enumeradas no Quadro I e no
Quadro II, sabendo que serão utilizados para o cultivo, a produção ou a
fabricação ilícita de entorpecentes ou substâncias psicotrópicas;
v) a organização, a gestão ou o financiamento de um dos
delitos enumerados nos itens i), ii), iii) ou iv);
b) i) a conversão ou a transferência de bens, com
conhecimento de que tais bens são procedentes de algum ou alguns dos
delitos estabelecidos no inciso a) deste parágrafo , ou da prática do delito
ou delitos em questão, com o objetivo de ocultar ou encobrir a origem
ilícita dos bens, ou de ajudar a qualquer pessoa que participe na prática do
delito ou delitos em questão, para fugir das conseqüências jurídicas de
seus atos;
ii) a ocultação ou o encobrimento, da natureza, or
localização, destino, movimentação ou propriedade verdadeira dos bens,
sabendo que procedem de algum ou alguns dos delitos mencionados no
inciso a) deste parágrafo ou de participação no delito ou delitos em
questão;
c) de acordo com seus princípios constitucionais e com os
conceitos fundamentais de seu ordenamento jurídico:
i) a aquisição, posse ou utilização de bens, tendo
conhecimento, no momento em que os recebe, de que tais bens procedem
de algum ou alguns delitos mencionados na letra a) ou de ato de
participação no delito ou delitos em questão;
ii) a posse de equipamentos ou materiais ou substâncias,
enumeradas no Quadro I e no Quadro II, tendo conhecimento prévio de
76
Direito Internacional
77
(b) Tráfico ilícito de armas de fogo, suas peças e
componentes e munições;
(c) Falsificação ou obliteração, supressão ou alteração
ilícitas de marca(s) em armas de fogo exigida(s) pelo artigo 8 deste
Protocolo.
Além disso, os Estados Partes adotarão, até onde permitir
seu ordenamento jurídico interno, as medidas que forem necessárias para
possibilitar o confisco de armas de fogo, suas peças e componentes e
munições que tenham sido ilicitamente fabricados ou traficados.
Os Estados Partes adotarão, ainda, no âmbito de seu
ordenamento jurídico interno, as medidas necessárias para impedir que
armas de fogo, peças e componentes e munições ilicitamente fabricados e
traficados caiam nas mãos de pessoas não autorizadas, por meio da
apreensão e destruição dessas armas de fogo, suas peças e componentes e
munições, a menos que outra disposição tenha sidò oficialmente
autorizada, contanto que as armas de fogo tenham sido marcadas e que os
métodos de disposição dessas armas de fogo e munições tenham sido
registradas.
78
Direito Internacional
79
Direito Internacional
Capítulo IV
1 Missões diplomáticas
Todo Estado soberano tem o direito de estabelecer relações
diplomáticas. Chama-se direito de legação ativo o direito de envio de
missão diplomática, e passivo quando o Estado recebe a missão de outro
Estado53.
O artigo 2° da Convenção de Viena de 1961 estabelece que
as relações diplomáticas entre Estados e o envio de missões diplomáticas
permanentes fazem-se por consentimento mútuo. A regra do
consentimento mútuo é conseqüência de um compromisso nacional,
inteiramente em conformidade com o princípio segundo qual toda
limitação das competências soberanas de um Estado depende de sua
aceitação54.
81
O objetivo da missão diplomática é assegurar a manutenção
de boas relações entre os Estados, bem como proteger os direitos e
interesses do país e de seus nacionais.
A missão diplomática possui funções de representação, ou
seja, o agente diplomático age em nome do Estado que representa,
devendo promover o intercâmbio econômico, cultural e científico. Possui
também a função de negociar com o Estado acreditado. Deve também
proteger os interesses de seu Estado, observar as condições e a evolução
dos acontecimentos no Estado acreditado e informar seu governo sobre
tais circunstâncias55.
Assim como seu estabelecimento, a ruptura das relações
diplomáticas é um ato discricionário do Estado, e se traduz pela decisão
unilateral que este toma ao fechar sua missão diplomática, impondo,
assim, a mesma decisão ao seu parceiro, em virtude do princípio da
reciprocidade. É, no entanto, um ato bastante grave e não acontece senão
em último recurso.
82
Direito Internacional
83
Os privilégios e imunidades diplomáticas foram codificados
pela Convenção de Viena, em seus artigos 20 a 42. Em seu artigo 37, a
Convenção trata da extensão dos privilégios e imunidades às famílias dos
diplomatas, ao pessoal administrativo e técnico. O referido artigo dispõe
que os membros da família de um agente diplomático que façam parte de
seu agregado são beneficiados pelos mesmos privilégios e imunidades
que os previstos em favor do agente, contanto que não sejam nacionais do
Estado acreditado.
Os membros do pessoal administrativo e técnico (por
exemplo, os tradutores), assim como os membros de suas famílias,
gozam, com poucas diferenças, das mesmas imunidades concedidas aos
agentes diplomáticos. Os membros do pessoal do serviço (jardineiros,
empregados domésticos), por sua vez, não se beneficiam da imunidade
senão para os atos produzidos no exercício de sua função. Os membros de
suas famílias estão inteiramente excluídos.
A missão diplomática tem liberdade nas comunicações
oficiais, isto é, o Estado acreditado tem a obrigação de permitir e proteger
a livre comunicação da missão para todos os fins oficiais. (Art. 27). Da
mesma forma, os locais onde a função é exercida, dentre os quais se
inclui a residência do chefe da missão, possuem inviolabilidade
diplomática. Também possuem inviolabilidade os próprios diplomatas e
seus arquivos. Em seu artigo 29, reza a Convenção “a pessoa do agente
diplomático é inviolável. Não poderá ser objeto de nenhuma forma de
detenção ou prisão. O Estado acreditado tratá-lo-á com o devido respeito
e adotará todas as medidas adequadas para impedir qualquer ofensa à sua
pessoa, liberdade e dignidade”.
A inviolabilidade, contudo, não é absoluta. Caso o agente
pratique atos contra a ordem pública ou a segurança do Estado onde se
acha acreditado, o Estado poderá exigir sua retirada e, caso a medida seja
necessária, cercar sua residência até que o agente se retire. Não será
possível a prisão do agente. Sua expulsão é excepcional, em casos em que
o agente não é retirado pelo seu governo.
Além disso, em razão da inviolabilidade, os agentes do
Estado acreditado não poderão adentrar na embaixada sem a autorização
do chefe da missão.
No que se refere à imunidade de jurisdição, vale enfatizar
que ela é de natureza absoluta, quer o agente esteja ou não no exercício de
84
Direito Internacional
85
princípios» o pagamento de impostos é um ato de sujeição. O artigo 34 da
Convenção proclama a imunidade fiscal, criando, contudo, algumas
exceções, entre as quais figuram, por exemplo, os impostos prediais
devidos pelos imóveis privados e aqueles que tocam rendimentos
privados, tendo a sua fonte no Estado acreditado.
Além disso, o artigo 36 declara que, de acordo com suas
disposições legislativas e regulamentares, o Estado acreditador pode
conceder a isenção de direitos alfandegários sobre os objetos destinados
ao uso pessoal do agente diplomático ou ao dos membros de sua família,
86
Direito Internacional
87
Direito Internacional
Capítulo ¥
89
desempenha suas relações internacionais. Confunde-se, assim, com o
conceito de independência. A soberania externa compreende os direitos
de celebrar tratados, o de fazer guerra ou paz, etc.60
b) Direito de igualdade: o art. 4o da Convenção
Panamericana sobre Direitos e Deveres dos Estados (Montevidéu, 1933)
dispõe que “os Estados são juridicamente iguais, gozam dos mesmos
direitos e têm a mesma capacidade no seu exercício”. Os direitos de cada
um não dependem do poder que tenha para assegurar o seu exercício, mas
do simples fato de sua existência como pessoa de direito internacional.
De acordo com o direito de igualdade, cada Estado terá direito de voto
para decisão de questões internacionais, sendo que os votos dos mais
fracos têm o mesmo valor dos votos dos mais fortes. Além disso, nenhum
Estado tem o direito de reclamar jurisdição sobre outro Estado, de modo
que os tribunais de um Estado não têm jurisdição sobre outro. Esse último
princípio, porém, não é absoluto, pois se tem entendido que o Estado
pode renunciar - tácita ou expressamente - à imunidade de jurisdição
(por meio de tratado, quando propõe ação perante tribunal estrangeiro,
quando exerce atos de comércio/gestão perante Estado estrangeiro). Além
disso, a jurisprudência tem aplicado a renúncia da imunidade de
jurisdição em ações relativas a questões trabalhistas. À imunidade de
execução, contudo, é compreendida como absoluta.
c) Direito de defesa e conservação: prática de medidas
contra inimigos internos e externos, tais como a expulsão de estrangeiros
nocivos à ordem nacional e a celebração de alianças defensivas. Esse
direito, contudo, não é absoluto, pois é limitado pelo direito de defesa e
conservação dos demais Estados.
d) Direito ao desenvolvimento: com base nesse princípio, a
ONU adotou várias resoluções objetivando a melhoria das condições dos
Estados em desenvolvimento, como a Conferência sobre Comércio e
Desenvolvimento - UNCTAD.
90
Direito Internacional
91
de dívidas. Como resultado, na 4a Conferência Internacional Americana,
em 1910, as partes comprometeram-se a submeter reclamações
pecuniárias à arbitragem, desde que não possam ser resolvidas
amistosamente por vias diplomáticas.
Ainda no que se refere ao princípio de não-intervenção,
importante destacar a Doutrina Monroe, surgida de uma mensagem
dirigida ao Congresso dos Estados Unidos, em 1823, onde o Presidente
James Monroe enumerou princípios norteadores da política externa no
país. Três deles constituem a Doutrina Monroe: (I) o continente
americano não pode ser sujeito de ocupação por parte de nenhuma
potência européia; (II) é inadmissível a intervenção de potência européia
nos negócios internos ou externos de qualquer país americano; (III) os
Estados Unidos não intervirão nos negócios pertinentes a qualquer país
europeu.
Destacamos, a seguir, algumas espécies de intervenção:
a) Intervenção em nome do direito de defesa e conservação:
os Estados têm direito de tomar as medidas necessárias a sua defesa e
conservação, desde que se limitando aos contornos estabelecidos pelo
DIP. Não podem, entretanto, tomar medidas que atinjam outro Estado o
qual não o esteja ameaçando militarmente. Assim, quando não se tratar de
hipótese de legítima defesa, a intervenção é condenada pelo direito
internacional.
b) Intervenção para proteção dos direitos humanos: nesse
caso, a intervenção poderá ser praticada por intermédio de uma
organização internacional (ONU), eis que seus membros reconheceram o
dever de proteção aos direitos humanos por meio da Declaração
Universal de Direitos Humanos.
c) Intervenção para proteção dos nacionais: o Estado tem o
dever de proteger seus nacionais no exterior. A esse dever corresponde
também o direito do Estado em protegê-los, por meio de missão
diplomática, conforme previsto na Convenção de Viena sobre Relações
Diplomáticas de 1961.
92
Direito Internacional
82 A Corte Internacional d© Justiça, em parecer consultivo exarado em 1949, deixou claro que a
ONU tem legitimidade para pleitear reparação adequada quando seu servidor, no exercício de suas
funções, sofre dano em circunstâncias que ensejem a responsabilidade de um Estado (Recuei! CtJ,
1949).
63 ARAÚJO, Luís Ivani de Amorim, Curso de Direito Internacional Público. 9a ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1998. p. 144.
84ARAÚJO, op. cit,, p. 144.
65 REZEK, op. cit., p. 271.
93
funcionários. Sendo assim, a imputabilidade não se confunde com a
autoria do ato ilícito: os atos são imputáveis porque estão vinculados à
soberania e ocorrem em nome do Estado. A responsabilidade do Estado é
indireta quando este responde pelo ato ilícito que foi praticado, por
exemplo, nos territórios sob sua tutela. A responsabilidade direta advém
da ação praticada pelos órgãos do Estado. Pode-se, inclusive, imputar ao
Estado ilícito resultante do exercício de competências legislativas (por
exemplo, a não-revogação de leis contrárias a compromissos firmados),
judiciárias (quando age desfavoravelmente a preceitos internacionais) e
executivas (ação ou omissão de funcionários).
A ação hostil de particulares não acarrete, por si só, a
responsabilidade internacional do Estado. No entanto, o Estado incorrerá
em ilícito quando faltar com seus deveres de prevenção e repressão de
atos ilícitos praticados por particulares.66
Dano: não será necessariamente material ou de expressão
econômica, uma vez que o Estado pode transgredir também direitos
extrapatrimoniais (apartheid, genocídio).
Só o Estado vitimado por alguma forma de dano causado
diretamente a si, ao seu território, ao seu patrimônio, aos seus serviços, ou
ainda à pessoa ou aos bens de particular que seja seu súdito tem qualidade
para invocar a responsabilidade internacional do Estado faltoso (dano
direto)67.
Há circunstâncias, contudo, que excluem a ilicitude do ato
violador do DIP. Segundo Luis Amorim de Araújo, são hipóteses que
“isentam a responsabilidade do Estado: legítima defesa (todo Estado tem
direito de repelir um ataque armado até que o Conselho de Segurança da
ONU tenha tomado as medidas indispensáveis para a manutenção da paz
e da segurança internacionais, ex vi do art. 51 da Carta da ONU), a
prescrição liberatória (quando o prejudicado, pelo seu silêncio,
negligencia a reclamação e seu direito) e a renúncia do indivíduo
prejudicado em recorrer à proteção diplomática de seu Estado”68.
66 Exemplo clássico no Direito Internacional Público desse dever de punir ou vigiar que acarreta a
responsabilidade internacional do Estado está presente no julgamento da Corte internacional de
Justiça no Caso do Pessoal Diplomático e Consular dos Estados Unidos em Teerã, no qual a
ocupação contínua da embaixada e a detenção persistente dos reféns assumiram caráter de atos
do Estado. Os militantes tomaram-se, então, agentes do Estado iraniano, dada a omissão desse
país em nâo tentar prevenir ou punir seus atos (Recueil CIJ, 1980).
67 REZEK, op. cit, p. 274.
68 ARAÚJO, op. cit., p. 147.
94
Direito Internacional
95
indivíduo lesado poderá apresentar uma reclamação, via diplomática,
contra o Estado infrator para obter a devida reparação. Para tanto, o
indivíduo lesado deverá primeiro esgotar os recursos domésticos do
Estado responsável antes de recorrer ao país nacional para requerer a
proteção diplomática.
Portanto, somente se poderá utilizar a proteção diplomática
quando se verificar a inviabilidade dos remédios locais. Não será
necessário, todavia, esgotar os recursos domésticos, quando for evidente
que os tribunais locais não farão justiça no caso. Além disso, quando um
tratado excluir expressamente o esgotamento dos recursos domésticos,
esse princípio não será aplicado.
Essa outorga da proteção diplomática de um Estado a um
particular chama-se endosso. Nesse momento, o Estado assume a
reclamação, fazendo-a sua, e dispondo-se a tratar da matéria junto ao
Estado autor do ilícito. É um direito de qualquer indivíduo ou empresa
solicitar a proteção diplomática de seu país de origem, mas isso não quer
dizer que irá obtê-la. É ato discricionário do Estado concedê-la, o que, por
sua vez, pode ser feito, com ou sem o pedido do particular.
A concessão do endosso exige 2 (duas) condições: a
nacionalidade do súdito, sendo que, no caso das pessoas jurídicas, será
analisado o foro de sua constituição69; e o esgotamento dos recursos
internos do país reclamado, se eles se mostrarem imparciais, acessíveis e
eficazes, conforme já referido.
O efeito jurídico do endosso é a transformação de uma
reclamação particular numa reclamação nacional. Saliente-se, ainda, que
no caso de êxito na demanda e estabelecimento de indenização, o direito
internacional não impõe o dever de o Estado transferir o montante obtido,
mesmo que já deduzido de todas as despesas, ao particular. Esse dever
resultará de deveres éticos ou de normas de direito interno70.
O exercício de proteção diplomática é um direito do Estado.
Seu exercício deverá ser pacífico, por meio de negociação direta,
mediação, conciliação, arbitragem, processo judiciário, etc. O Estado
poderá renunciar à sua reclamação, não podendo mais reformulá-la.
Entretanto, não poderá o indivíduo renunciar, eis que a reclamação
pertence ao Estado, e não ao particular.
69 “Caso Barcelona Traction, no qual a Corte Internacional de Justiça se manifestou indicando que a
nacionalidade da pessoa JurEdica é definida pelo iocai de sua constituição.”
70 REZEK, op. cit. p. 276.
96
Direito Internacional
97
Direito Internacional
CapítuSo V!
99
A partir dos sistemas criados por essas organizações, a
solução pacífica de litígios passa a se dar pela negociação diplomática ou
por meio de soluções jurisdicionais, dentre as quais destacam-se a
arbitragem e os procedimentos perante os tribunais internacionais.
A negociação internacional pode ser bilateral ou multilateral
e tem função preliminar e até mesmo preventiva a fim de evitar o
surgimento de um conflito de maiores proporções. Pode se dar por meio
de bons ofícios (diálogo e negociações)!, da mediação (onde um terceiro
intervem no processo de negociação) ou da conciliação (a solução é
apresentada por um terceiro que goza de confiança dos litigantes). A
negociação poderá ocorrer no âmbito de uma organização internacional,
como a ONU.
Vejamos a seguir os chamados meios jurisdicionais de
solução de conflitos.
100
Direito Internacional
101
b) suas decisões são tomadas por maioria de juizes, desde
que com quórum mínimo de nove juizes;
c) os juizes possuem mandato de nove anos, podendo ser
reeleitos. Não podem ser demitidos, exceto por unanimidade de voto dos
demais juizes. Devem dedicar-se exclusivamente à Corte e possuem
imunidade diplomática;
d) somente Estados (membros ou não da ONU) podem ter
acesso à Corte, excluídos assim os indivíduos e organizações não-
governamentais, salvo no que se refere aos pareceres meramente
consultivos;
e) sua competência abrange a interpretação de tratados e de
quaisquer normas de direito internacional;
f) controvérsias relativas à competência da Corte serão
resolvidas por decisão da própria Corte;
g) os Estados somente estão sujeitos às decisões da Corte
caso tenham consentido prévia ou concomitantemente;
h) as sentenças são definitivas e inapeláveis. São admitidos
apenas os chamados recursos de interpretação e revisão. Este último
caberá se houver descoberta de fato novo e antes de transcorridos dez
anos da data da decisão (art. 61 do Estatuto).
Com relação à jurisdição da Corte Internacional de Justiça,
observe que essa é, via de regra, facultativa. Desta feita, o fato de um
Estado ser membro da ONU não o obriga a submeter compulsoriamente
seu litígio à apreciação da Corte. A jurisdição da CIJ pode ser obrigatória
quando estiver expressamente previste em tratados (art. 36, § Io, do
Estatuto da Corte Internacional de Justiça).
102
Direito Internacional
103
O rompimento de relações diplomáticas poderá ser
recomendado pelo Conselho de Segurança visando à aceitação de suas
decisões, em caso de ameaça contra a paz internacional (art. 41).
2.2 Retorsão
Consiste na aplicação de medidas legais, mas inamistosas,
em resposta às medidas adotadas pelo Estado ofensor. Trata-se de uma
forma de aplicação da pena de talião, por meio da adoção de tratamento
análogo ou idêntico àquele adotado pelo violador, com base nos
princípios do respeito mútuo e da reciprocidade. Alguns exemplos são o
corte de ajuda econômica, diminuição do número de diplomatas,
limitação de viagens de estrangeiros, imposição de tributação excep
cional, etc.
Da mesma forma que ocorre no rompimento de relações
diplomáticas, no caso da retorsão, não há aplicação de medidas de força.
É medida legítima, apesar de a jurisprudência internacional não lhe ser
favorável.
2.3 Represálias
As represálias, ao contrário das medidas anteriores, cons-
tituem-se em medidas ilícitas empregadas por um Estado em relação a
outro Estado em razão de ter este praticado atos também ilícitos. Podem
consubstanciar-se em medidas armadas ou outros tipos de agressão, como
a penhora de bens invioláveis, a expulsão de nacionais e a suspensão de
aplicação de tratado vigente.
Diferenciam-se da legítima defesa, pois nesta o Estado
impede que o ilícito se efetive, enquanto que nas represálias o ilícito já
ocorreu. Além disso, a legítima defesa somente se aplica em casos de
ataque armado e a represália se aplica a qualquer ilícito internacional.
2.3.1 Embargo
Em geral, consiste no seqüestro de navios e cargas de
nacionais de outro Estado, os quais se encontram ancorados nos portos do
104
Direito Internacional
2.3.3 Boicotagem
A boicotagem é a interrupção de relações comerciais e
financeiras com outro Estado. Quando realizada de forma pacífica, é legal
perante o direito internacional, pois pode representar um meio de defesa
do Estado.
A doutrina destaca que a boicotagem pode ser realizada por
Estados ou por particulares. Na segunda hipótese, não acarreta qualquer
responsabilidade internacional ao Estado.
A boicotagem também é prevista no artigo 41 da Carta das
Nações Unidas como medida destinada a tomar efetivas as decisões no
Conselho de Segurança.
105
Direito Internacional
Capítulo vil
107
a liberalização do comércio e a diminuição de barreiras ao fluxo
comercial jamais deixaram de integrar as agendas de discussões
internacionais77.
Iniciaram-se, assim, negociações no sentido de pôr em
prática a Convenção de Havana no que se refere à expansão e
liberalização do Comércio Internacional. Tais negociações acabaram por
originar, com o intuito principal de conceber um fórum de discussões
acerca do comércio internacional, o Acordo Geral de Tarifas e Comércio
(General Agreement on Tarijfs and Trade - GATT), o qual entrou em
vigor em Io de janeiro de 1948. O GATT, contudo, não se constituiu na
forma de um organismo internacional, mas como uma instituição dotada
de flexibilidade, a cujas decisões os Estados não teriam obrigatoriamente
de se sujeitar.
Oito séries de negociações multilaterais comerciais
ocorreram entre a criação do GATT e a Rodada Uruguai, quando se deu a
criação da atual Organização Mundial do Comércio. Foram elas: Genebra
(1947-48, 23 países participantes), Annecy (1949, 33 países), Torquay
(1950-51, 34 países), Genebra (1956, 22 países), Dillon (1960-62, 45
países), Kennedy (1964-67, 48 países) e Tóquio (1973-79, 99 países
participantes).
No decorrer dessas Rodadas, importantes resultados foram
obtidos no que diz respeito à liberalização do comércio internacional e à
solidificação do papel do GATT enquanto fórum internacional de
negociações.
Sem dúvida, a Rodada Uruguai, iniciada em 20 de setembro
de 1986, em Punta dei Leste, tratou-se da mais ambiciosa das rodadas de
negociações, pois, além de congregar todos os capítulos tradicionais do
GATT, abordou também discussões em tomo de setores sensíveis como
os da agricultura e dos têxteis, além da inclusão de setores mais
dinâmicos das trocas internacionais: propriedade intelectual, investi
mentos e serviços.
108
Direito Internacional
109
países participantes e incorporados, progressivamente, aos novos setores
de atividade previstos.
A chamada cláusula da Nação-Mais-Favorecida determina
que as vantagens concedidas para qualquer país, inclusive os não-
membros, devem ser estendidas a todos os outros países-membros do
81
GATS . O princípio da não-discriminação, por sua vez, imprime a
condição de que os acordos de integração econômica regional não devem
excluir nenhum setor de prestação de serviços. Além disso, os membros
do GATS que sejam também parte de outro acordo regional de integração
deverão comunicar tal fato ao Conselho para o Comércio de Serviços,
órgão responsável da supervisão do Acordo. Por fím, segundo o princípio
do tratamento nacional, não há permissão para que fornecedores
estrangeiros de serviços sejam tratados diferentemente dos fornecedores
nacionais.
A fím de assegurar a participação dos países em desen
volvimento, compromissos específicos foram negociados» referentemente
ao fortalecimento da capacidade e à competitividade dos serviços
nacionais, bem como às melhorias a serem implantadas visando ao acesso
desses países a novas tecnologias. Para tanto, os membros apresentam
listas de compromissos específicos abordando o acesso ao mercado
interno, definindo limitações e condições referentes ao princípio do
tratamento nacional, especificando compromissos adicionais.
No Brasil, o Congresso Nacional aprovou a Ata Final que
incorpora os resultados da “Rodada Uruguai’ de negociações
multilaterais do GATT, assinada em Marraqueche, em 12 de abril de
1994, por meio do Decreto Legislativo n - 3, de 15 de dezembro de 1994,
posteriormente promulgado pelo Decreto n. 1.355, de 30 de dezembro de
1994.
São funções da OMC:
(II) servir de fórum para negociações, entre seus Membros,
acerca de relações comerciais multilaterais;
(III) administrar o entendimento relativo às normas e
procedimentos para solução de controvérsias;
81 COSTA, Ligia. OMC - Manual Prático da Rodada Uruguai. São Pauio: Saraiva, 1996, p. 105. A
autora exemplifica a cláusula da nação-mais-favorectda da seguinte forma: “permissão dada por um
Membro a estabelecimento bancário de um outro Membro para operar no seu território. Essa
permissão será estendida automaticamente para todos os outros Membros".
110
Direito Internacional
111
supervisionar o funcionamento dos Acordos Comerciais Multilaterais do
Anexo IA do Acordo Constitutivo da OMC; (D) Conselho para o
Comércio de Serviços, o qual supervisiona o funcionamento do Acordo
Geral sobre o Comércio de Serviços - GATS; e (III) Conselho para os
Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionadas com o
Comércio, também denominado de Conselho TRIPS, com o objetivo de
supervisionar o funcionamento do Acordo sobre os Aspectos dos Direitos
de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio.
- Secretaria: é chefiada por um Diretor-Geral, indicado
Conferência Ministerial, sendo que, para garantir a independência e
imparcialidade na condução das atividades da organização, o Diretor-
Geral e os funcionários da Secretaria não podem buscar nem aceitar
instruções de qualquer governo ou de outra autoridade externa à OMC.
O sistema de solução de controvérsias instituído no âmbito
da OMC é aplicado aos litígios referentes ao Acordo Constitutivo da
organização, além de acordos multilaterais anexos.
O DSB ou OSC (Dispute Settlement Bocly / Órgão de Solução
de Controvérsias) é responsável pela condução do procedimento e suas
decisões se dão por consenso. Os sujeitos do conflito são Estados-membros,
de modo que indivíduos e entidades não podem figurar como partes.
Os meios de solução de controvérsias instituídos pela OMC
consistem em meios diplomáticos, como consultas, conciliação,
mediação, e meios judiciais, como a arbitragem e o panei
O processo de panei é utilizado quando a consulta não obtém
sucesso. Assim, a solução de um litígio começa por uma negociação e, se
tal etapa não obtiver êxito em sessenta dias, cria-se o panei que, por sua
vez, enviará um relatório ao Órgão de Solução de Controvérsias. Esse
relatório será adotado em sessenta dias se não houver apelação.
82 BAPTISTA, Luis Otavo. O Mercosul, suas Instituições e Ordenamento Jurídico. São Pauto:
LTr, 1a ed., 1998, p. 46.
112
Direito Internacional
3 Blocos Regionais
3.1 Mercosul
A criação do Mercosul foi o marco do processo de
aproximação entre os países do cone sul, cuja integração havia sido
iniciada entre Brasil e Argentina em 1986, por meio do Programa de
Integração e Cooperação Econômica (PICE). O objetivo do PICE era o
estabelecimento de uma seara econômica comum, com a abertura de
mercados e estímulo a setores específicos da economia dos dois países.
O Uruguai e o Paraguai buscaram adesão ao acordo
bilateral, o que resultou na celebração, em 26 de março de 1991, do
Tratado de Assunção. Trata-se do acordo que define as regras básicas
para a criação do Mercado Comum, o qual estabeleceu:
113
• Um programa de liberalização comercial por meio de
reduções tarifárias progressivas, lineares e automáticas,
acompanhadas da eliminação de restrições não-tarifárias;
■ A coordenação de políticas macroeconômicas, que se
realizaria gradualmente e de forma convergente com os
programas de desgravação tarifária e eliminação de restrições
não-tarifárias;
114
Direito Internacional
115
e demais procedimentos análogos, espe
cialmente as concordatas; 2. matéria
tratada em acordos no âmbito do direito
de família e sucessões; 3. contratos de
seguridade social; 4. contratos adminis
trativos; 5. contratos de trabalho; 6.
contratos de venda ao consumidor; 7.
contratos de transporte; 8. contratos de \
seguro; e 9. direitos reais (art. 2o).
Protocolo sobre Medidas Cauteiares Regulamente o cumprimento de medidas
(promulgado no Brasil pelo Decreto n. cauteiares. Também prevê a designação
192, publicado ém 15-12-1995) de uma autoridade central para receber e
transmitir as solicitações de cooperação
cautelar. t
Protocolo Adicional ao Tratado de Declara a personalidade jurídica de Di- ;
Assunção sobre a Estrutura Institucional reito Internacional do Mercosul e deter
do Mercosul - Protocolo de Ouro Preto mina sua estrutura institucional.
(promulgado no Brasil peto Decreto n.
1901, publicado em 10-05-1996)
Protocolo sobre Responsabilidade Civii Regula o direito aplicável e a jurisdição
Emergente de Acidentes de Trânsito internacionalmente competente em casos
entre os Estados Partes do Mercosul de responsabilidade civil decorrente de
(promuigado no Brasil pelo Decreto n. acidentes de trânsito. A novidade estabe
3856, publicado em 03-07-2001) lecida é que, se no acidente participarem
ou resultarem atingidos somente pessoas
domiciliadas em outro Estado-Parte, o
mesmo será regido pelo direito interno
deste último. Além disso, será compe
tente, à eleição do autor, o tribunal do ;
Estado-Parte: (I) onde ocorreu o aciden
te; (II) do domicílio do demandado; e (iil)
do domicílio do demandante.
Protocolo de Assistência Jurídica Mútua A assistência compreende a notificação j
em Assuntos Penais (promulgado no de atos, produção de provas, localização
Brasii pelo Decreto n. 3468, publicado em de pessoas, medidas acautelatórias de
17-05-2000) bens, etc.
Protocolo de Olivos para Solução de Cria o Tribuna! Permanente de Revisão,
Controvérsias no Mercosul <pro- mulgado instalado oficialmente em 13-08-2004, na
no Brasil pelo Decreto n. 4.982, publicado cidade de Assunção, Paraguai. As partes
em 09-02-2004). podem apresentar recurso de revisão dos
laudos arbitrais provenientes dos Tribu
nais ad hoc do Mercosul ao Tribunal
Permanente de Revisão, dentro de 15
dias da notificação. O Tribunal possui
também função consultiva.
Revogou o Protocolo de Brasília sobre
solução de controvérsias.
116
Direito Internacional
b) Estrutura do Mercosul
Em 1994, o Tratado de Assunção foi complementado pelo
Protocolo de Ouro Preto, que instituiu a estrutura definitiva do Mercosul,
optando-se pela intergovemabilidade e flexibililidade, sem instituições de
caráter supranacional. Também se iniciou uma nova fase do processo de
integração, com o início da União Aduaneira.
A estrutura institucional do Mercosul é composto pelos
seguintes órgãos, cujas decisões são tomadas por consenso:
""^ i.
Órgão Função Composição Manifestação |
CMC
i Conselho do É o órgão superior do ê composto pelos 0 Conselho se
Mercado Co- MERCOSUL. Responsável pela Ministros das pronuncia
mum condução política do processo Relações Exterio mediante
de integração e a tomada de res e pelos Decisões que
decisões parã assegurar o Ministros da serão
cumprimento dos objetivos esta Economia dos obrigatórias
belecidos peio Tratado. Exerce a Estados-Partes. para os Estados
representação Internacional do Partes.
Bloco.
117
órgão Função | Composição Manifestação
Integrada por
CCM órgão de assessoramento do Implementa
quatro membros
Comissão de GMC, com a finalidade de suas políticas
titulares e quatro
Comércio do implementar a união aduaneira, por meio de
membros substi
MERCOSUL formular políticas comerciais Diretrizes, que
tutos de cada
comuns em relação a terceiros Estado-Parte, são obrigatórias
países, e cuidar, especial setido coor para os
mente, da área de concorrên Estados-Mem-
denada pelos
cia desleal por intermédio de bros.
Ministros das
um Comitê Técnico. Exerce a
Relações Exte
representação internacional do riores.
Bloco por delegação.
Comissão Órgão representativo dos Par Composta por até Não tem com
Parlamentar lamentares do Estados-Mem- sessenta e quatro petência para
Conjunta bros encarregados de acelerar parlamentares aprovação de
a entrada em vigor nos Esta- sendo, dezesseis legislação
dos-Membros das normas co de cada Estado- comunitária,
muns e da harmonização das Membro. uma vez que
iegisiações. não se admite a
aplicação direta
de normas
internamente
nos Estados-
Partes.
118
Direito Internacional
119
c) Fontes Jurídicas do Mercosul
Segundo dispõe o art. 41 do Protocolo de Ouro Preto, são
fontes jurídicas do Mercosul:
“1. O Tratado de Assunção, seus protocolos e instrumentos
adicionais e complementares;
120
Direito Internacional
121
Européia de Energia Atômica), por meio do qual os Estados reúnem
recursos para o desenvolvimento de energia nuclear para produção de
energia elétrica e outros fins pacíficos; e pela CEE (Comunidade
Econômica Européia), por vezes denominada Mercado Comum Europeu.
A CEE proporcionou a união gradual dos recursos econômicos de seus
membros, de forma a permitir que todos os capitais, mercadorias, serviços
e trabalhadores pudessem circular livremente.
A partir desses últimos tratados e com o desenvolvimento
dos objetivos neles delineados, chegamos à atual União Européia, criada
em 7 de fevereiro de 1992, por meio denominado Tratado de Maastricht.
Por fím, em 2 de outubro de 1997, é assinado o Tratado de Amsterdam,
que traz diversas alterações nos procedimentos decisórios da UE.
Além dos tratados destacados acima, conhecidos como o
direito originário ou primário, há o chamado direito derivado, o qual
surge a partir da estrutura criada pelos tratados constitutivos.
O direito comunitário derivado é produzido sob a forma de
atos normativos unilaterais, emitidos pelas instituições que compõem a
UE. São eles:
Ato Destinatário Efeitos
122
Direito Internacional
a) Principais características da UE
Personalidade Internacional
. A UE é detentora de personalidade internacional e, por isso,
pode firmar acordos com outros Estados ou com organizações
internacionais independentemente e em nome de seus Estados-membros.
Ex: acordos sobre política comercial comum;
. Há também os acordos mistos, firmados pela UE e pelos
seus membros, cada um na sua área de competência. A vigência do
acordo depende da ratificação de cada um dos signatários.
Primazia do Direito Comunitário
,O s Estados-membros não podem invocar a legislação
nacional para impedir aplicação do direito comunitário;
. O juiz nacional não aplicará a lei nacional (de qualquer
hierarquia) se esta for contrária ao direito comunitário, podendo inclusive
ignorar regras que limitam sua própria competência (Caso Simmenthal).
Aplicabilidade Imediata das Regras Comunitárias
. Algumas regras comunitárias integram-se às ordens internas
sem necessidade de internalização, independentemente de o Estado adotar
o sistema monista ou dualista;
Todo o ente dotado de personalidade jurídica pode ser
titular de direitos e obrigações decorrentes do direito comunitário (não
somente os Estados);
. Por meio da teoria do efeito direto, um particular pode
demandar a realização do direito baseado em norma da UE ou impedir a
aplicação de norma interna contrária ao direito comunitário;
. Em caso de direito derivado, o efeito direto depende da
natureza do ato normativo em questão. O regulamento, o qual emana do
Conselho, é de aplicação direta nos ordenamentos nacionais. Já a diretiva,
instrumento pelo qual se promove a harmonização legislativa na UE,
vincula o Estado-membro quanto ao resultado a ser alcançado, no
entanto, o Estado deverá internalizá-la de acordo com os procedimentos
nacionais: lei, decreto, etc.
123
b) Instituições da UE
A UE dispõe de cinco instituições, cada uma com funções
específicas85:
Parlamento Europeu: é eleito e exerce o poder legislativo,
juntamente com o Conselho. Além disso, desempenha funções
orçamentárias (aprovação do orçamento da UE) e de controle do poder
executivo;
Conselho da União Européia: exerce o poder legislativo e
tem poder de decisão na UE. É o fórum onde os Estados-membros podem
manifestar-se sobre seus interesses e procurar alcançar compromissos. É
formado por representantes dos Estados. Exerce sua função legislativa
por meio da adoção de propostas formuladas pela Comissão. Seus atos
podem assumir a forma de regulamentos, diretivas, decisões, recomen
dações ou pareceres, além de declarações e resoluções;
Comissão Européia: órgão executivo, formado por
comissários independentes de seus Estados, concentrando funções de
apresentação de propostas de legislação, fiscalização de cumprimento de
Tratados e execução de políticas da UE e relações comerciais
internacionais;
Tribunal de Justiça: garante a observância da legislação;
Tribunal de Contas: controle e gestão do orçamento da UE.
Essas instituições são coadjuvadas por cinco outros órgãos
importantes:
Comitê Econômico e Social Europeu: emite pareceres sobre
questões econômicas e sociais;
Comitê das Regiões: emite pareceres das autoridades
regionais e locais;
Banco Central Europeu: responsável pela política
econômica e a gestão do euro;
Procurador Europeu: ocupa-se das queixas dos cidadãos
sobre deficiências na administração de qualquer instituição ou órgão da
UE;
Banco Europeu de Investimento: contribui para a realização
dos objetivos da UE, financiando projetos de investimento.
124
Direito Internacional
c) Contencioso Comunitário
O contencioso comunitário é exercido peia Corte Européia
de Justiça, que tem por função garantir a coerência na interpretação e
aplicação dos Tratados, de modo que o processo de integração se dê em
consonância com o direito. Sua sede é em Luxemburgo.
As principais funções do Tribunal de Justiça são86:
"■^anular, a pedido de instituição comunitária, Estado-Membro
ou particular diretamente visado, atos da Comissão, do
Conselho, ou emanados dos Governos Nacionais e que sejam
incompatíveis com o Tratado;
^pronunciar-se, a pedido do Tribunal Nacional, a respeito da
interpretação ou validade das disposições do direito
comunitário. Além da tramitação judicial propriamente dita, o
Tribunal de Justiça ainda tem por incumbência emitir pareceres
- que se revestem de caráter vinculante - a respeito de acordos
que a Comunidade entenda celebrar com terceiros Estados.”
86 CASELLA, Pauto Borba, Comunidade Européia e seu Ordenamento Jurídico, São Pauto, Ltr,
1994, p. 120.
87 MARQUES, Frederico. Direito Internacional Privado e Mercosul. Disponlvai em:
<http://www.dip.com.br>. Acesso em: 10 de maio de 2005.
que, de acordo com as normas comunitárias, já deveriam ter sido
regulamentadas. Ocorre quando o Parlamento Europeu, o Conselho ou a
Comissão se abstiverem de pronunciar-se, ocasião esta em que, os
Estados-Membros e as outras instituições da Comunidade e, até mesmo, o
particular prejudicado, poderá recorrer ao Tribunal e ajuizar esta ação,
com a finalidade de que seja declarada essa violação e reparado o ato.
Ação de Indenização: visa a determinar a responsabilidade
da União Européia pelos danos causados por suas instituições e por seus
agentes no exercício de suas funções. Fundada na responsabilidade
extracontratual.
Recurso Ordinário: limitado às questões de direito, contra
acórdãos proferidos pelo Tribunal de Primeira Instância nos processos de
competência deste. O Tribunal de Primeira Instância foi criado em 1989
para atender crescentes demandas de particulares.
Processo de Questão Prejudicial Interpretativa (Reenvio
Prejudicial'): compete ao Tribunal de Justiça decidir a título prejudicial
sobre a interpretação do Tratado de Roma, sobre a validade e a
interpretação dos atos adotados pelas instituições da Comunidade e sobre
a interpretação dos estatutos dos organismos criados por ato do Conselho.
Importante destacar que, em havendo um processo qualquer, que verse
sobre a aplicação e interpretação do chamado direito comunitário em um
dos Estados-Membros, e chegando este processo na última instância deste
país, é obrigatório o reenvio da questão para o Tribunal de Justiça, a fim
de que este se pronuncie. Nesses casos, o Tribunal de Justiça poderá
anular o ato, indicando quais os efeitos do regulamento que devem ser
considerados insubsistentes. Os acórdãos do Tribunal de Justiça possuem
força executiva.
3 3 NAFTA e MCA
a) WÂFTÂ
O NAFTA (North American Free Trade Agreement)
constitui-se em um instrumento de integração das economias dos EUA,
do Canadá e do México. O processo de negociação foi iniciado em 1988,
entre norte-americanos e canadenses. Por meio do Acordo de Libe
ralização Econômica, assinado em 1991, formalizou-se o relacionamento
comercial entre os Estados Unidos e o Canadá. Em 13 de agosto de 1992,
o bloco recebeu a adesão do México.
126
Direito Internacional
b ) ALCA
Como a própria sigla já refere, a finalidade principal da
ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) é a eliminação das
barreiras ao comércio e aos investimentos nas Américas como um todo.
O passo inicial para sua formação foi a reunião de Cúpula
de Miami, realizada em dezembro de 1994, reunindo Chefes de Estado e
de Governo de 34 (trinta e quatro) países das Américas. Na ocasião, foi
lançada a negociação dos termos do acordo que abrangeria territórios do
Alasca à Patagônia, e seria firmado até o ano de 2005. As decisões
estabelecidas na Cúpula de Miami foram consolidadas em documentos
oficiais e deram origem à Declaração de Princípios e a um Plano de Ação.
Desde o início das negociações, o Brasil vem participando
de forma bastante intensa desse processo. Com o passar dos anos, várias
reuniões foram realizadas na tentativa de chegar a um consenso acerca
das formas de implementação do acordo, o que, todavia, até o presente
momento, não foi alcançado.
As discussões da ALCA desenvolvem-se em 9 (nove)
Grupos de Negociação, a saber: (I) Acesso a Mercados, (II) Agricultura,
(III) Serviços, (IV) Investimentos, (V) Compras Governamentais, (VI)
Solução de Controvérsias, (VII) Direitos de Propriedade Intelectual,
(VIU) Políticas de Concorrência, e (IX) Subsídios, Antidumping e
Medidas Compensatórias.
127
4 Nomenclatura utilizada no Comércio
Internacional
TERMO DEFINIÇÃO
Dumping Introdução de um bem no comércio de uma outra Parte
por preço Inferior a seu valor normal, se o preço de
exportação do bem exportado de uma Parte para outra
for inferior ao preço comparável, no curso ordinário do
comércio, do bem similar, quando destinado a consumo
na Parte expor-tadora. Venda de mercadoria em outra ;
Parte por preço inferior àquele pelo qual a mesma ;
mercadoria é vendida no mercado doméstico ou venda
dessa mercadoria por preço inferior aos custos
incorridos em sua produção e transporte. 0 dumping \
ocorre quando bens são exportados por preço inferior ao
valor normal, o que em gerai significa que são
exportados por preço inferior àquele por que são
vendidos no mercado doméstico ou no mercado de
outras terceiras Partes ou por menos do que o custo de j
produção. A medida antidumping estabelece a tarifação
de produtos, mercadorias e bens comercializados com
preço considerado sob margem de dumping.
Corresponde à composição de valores entre o preço de
exportação do produto estrangeiro e ò respectivo vator
da mercadoria similar ou concorrente na indústria |
nacional.
Medidas compensatórias Medida tomada peta Parte importadora, geralmente sob a j
forma de aumento de taxas, para compensar subsídios
concedidos, direta ou indiretamente, a produtores ou
exportadores na Parte exportadora. Taxas adicionais
impostas pela Parte importadora para compensar
subsídios governamentais na Parte exportadora quando
as importações subsidiadas causem prejuízo material à
indústria doméstica da Parte importadora.
Salvaguarda Medida, em gerai de natureza tarifária, que incide em
caráter provisório sobre importações de bens que
causem ou ameacem causar prejuízo grave a uma
determinada Indústria doméstica que produz bens iguais
ou similares. Tem por objetivo proporcionar o tempo
necessário para que a indústria afetada possa enfrentar
um processo de ajustamento. Geralmente é imposta
após a realização de investigação na Parte importadora
para determinar se o prejuízo grave ou a ameaça de
prejuízo grave afeta a indústria devido a importações
súbitas.
128
Direito Internacional
129
Direito Internacional
Capitulo VIII
131
Em que pese a soberania estatal sobre o mar territorial, é
assegurado o direito de passagem inocente pelo mar territorial aos navios
de todos os Estados. Nesse caso, o trânsito de navios pelo mar territorial
de um Estado independe de autorização prévia do Estado que exerce a
soberania sobre esta faixa do mar. A passagem inocente tem com
requisito principal a natureza rápida e sem interrupções, com as seguintes
finalidades:
a) atravessar o mar territorial sem penetrar nas águas
interiores, nem fazer escalas, em um ancoradouro ou instalações
portuárias fora das águas interiores; e
b) dirigir-se para as águas interiores ou sair delas, ou fazer
escalas em um ancoradouro ou instalações portuárias.
Não será considerada passagem inocente, dentre outras,
quando, no trânsito do navio, pelo mar territorial, este desenvolver
qualquer atividade que não esteja diretamente relacionada com a
passagem (art. 19, “1”).
Na passagem inocente pelo mar territorial, submarinos ou
quaisquer outros veículos submergíveis deverão navegar pela superfície e
hastear o pavilhão de seu Estado de origem.
O Estado poderá adotar lei e regulamentos, em confor
midade com as normas de Direito Internacional, que disciplinem o
trânsito inocente em relação à preservação do meio ambiente do Estado
costeiro e prevenção, redução e controle da sua poluição (art. 21.1, “h”).
O Estado poderá, ainda, tomar, em seu mar territorial, as
medidas necessárias para impedir toda passagem que não seja inocente
(art. 25.1).
Por fim, não será exercida jurisdição penal a bordo do navio
estrangeiro, que passe pelo mar territorial, para reprimir infração criminal
praticada a bordo deste navio, salvo nos casos de:
a) ter a infração criminal conseqüências para o Estado
costeiro (art. 27.1, “a”, da Convenção);
b) perturbar a infração criminal a paz do país ou a ordem do
mar territorial (art. 27.1, “b”);
c) ter sido solicitada a assistência das autoridades locais
pelo capitão do navio ou pelo representante diplomático ou consular do
Estado da bandeira do navio;
132
Direito Internacional
133
b) compete ao Estado, com base nos dados científicos mais
fidedignos de que disponha, assegurar, mediante as medidas adequadas de
conservação e administração, que a preservação dos recursos vivos de sua
zona econômica exclusiva não seja ameaçada por um excesso de
exploração; no exercício dessa competência, os Estados e as organizações
internacionais competentes, sub-regionais, regionais ou mundiais, atuarão
em cooperação;
c) as medidas a que se referem a alínea anterior terão,
também, a finalidade de preservar ou restabelecer as populações das
espécies capturadas em níveis que possam produzir o máximo
rendimento, respeitados os fatores ambientais e econômicos pertinentes
(incluídas nestes as necessidades econômicas das populações pesqueiras
ribeirinhas e as necessidades especiais dos Estados em desenvolvimento)
e consideradas as diferentes modalidades de pesca (comercial, desportiva,
consumo etc.), a interdependência das populações e quaisquer outros
padrões mínimos internacionais, aplicáveis à espécie, sejam sub-
regionais, regionais ou mundiais;
d) o Estado ao tomar as medidas referidas nas alíneas
anteriores, terá em conta seus efeitos sobre as espécies associadas às
espécies capturadas ou delas dependentes, com vistas a preservar ou
restabelecer as populações de tais espécies associadas ou dependentes em
níveis superiores àqueles em que sua reprodução pode ser ameaçada;
e) os Estados interessados, incluídos aqueles cujos nacionais
estejam autorizados a realizar a pesca em zona econômica exclusiva de
outro Estado, deverão, periodicamente, por meio das organizações
internacionais competentes (sub-regionais, regionais ou mundiais),
prestar ou realizar o intercâmbio de informações científicas de que
disponham, as estatísticas sobre captura e ações de pesca e outros dados
pertinentes para a conservação das populações de peixes.
Por sua vez, o art. 62, prevê que:
a) o Estado promoverá a concretização do objetivo da
utilização ótima dos recursos vivos em sua zona econômica exclusiva,
sem prejuízo do estabelecido no art. 61;
b) o Estado determinará sua capacidade de capturar os
recursos vivos em sua zona econômica exclusiva; quando o Estado não
tiver capacidade para explorar toda a captura permissível, este terá que
dai' acesso a outros Estados para que estes capturem o excedente da
134
Direito Internacional
135
6) a exigência de que, sob autorização e controle do Estado,
se realizem determinados programas de inspeção pesqueira, nos termos
regulamentados pelo Estado, podendo ser prevista a amostragem das
capturas, a prestação de informações sobre o destino do pescado e a
comunicação de dados científicos conexos;
7) o embarque, pelo Estado, de observadores ou pessoal em
formação nos navios pesqueiros;
8) a descarga, pelos navios pesqueiros, de todo o produto da
pesca, ou parte dele, nos portos do Estado;
9) as modalidades e condições relativas às empresas
conjuntas ou formadas sob outro tipo de acordo de cooperação;
10) os requisitos quanto à formação de pessoal e à
transmissão de tecnologia pesqueira, incluindo o aumento da capacidade
do Estado para empreender investigações pesqueiras;
11) os procedimentos de execução.
e) os Estados darão conhecimento público, e amplo, das
e regulamentos em matéria de conservação e administração.
Pode o Estado costeiro, no exercício dos séus direitos de
soberania de exploração, aproveitamento, conservação e gestão dos
recursos vivos da zona econômica exclusiva, tomar as medidas que sejam
necessárias, incluindo visita, inspeção, apresamento e medidas judiciais,
para garantir o cumprimento de suas leis e regulamentos, adotados em
conformidade com o disposto na Convenção.88
2 Plataforma Continental
88 Principal Fonte: Estudo para Consultoria Legislativa de junho de 2001, Autor: João Ricardo
Carvalho de Souza.
136
Direito Internacional
3 Alto-Mar
4 Rios internacionais
137
\
Direito Internacional
Capitulo (X
1 Espaço Aéreo
2 Princípios Elementares
' REZEK, Francisco. Direito Internacional Público. Editora Saraiva. 2005, p. 326.
139
" - '• n m i iiiimnii n j g j
3. Liberdade de desembarcar passageiros e mercadorias
provenientes do Estado nacional da aeronave;
4. Liberdade de embarcar passageiros e mercadorias com
destino ao Estado nacional da aeronave;
5. Liberdade de cada um dos Estados permitirem que as
aeronaves do outro embarquem e desembarquem com destino ou
provenientes de outros países. Essa liberdade depende de um ajuste entre
Estados.
f
3 Normas Convencionais
140
Direito Internacional
141
Convenção de Varsóvla. 1! - Não cabem embargos de
divergência, quando a jurisprudência do Tribunal se firmou no
mesmo sentido do acórdão embargado (Súmula 168/STJ). Não
conheço dos embargos.” (ERESP n° 269.353, Rei. Min. Castro
Filho, Segunda Seção, Superior Tribunal de Justiça, unânime,
julgado em 24/04/2002, D J 17/06/2002, pg. 184)
“TRANSPORTE AÉREO. RESPONSABILIDADE CIVIL
OBJETIVA DO TRANSPORTADOR. ALTERAÇÃO EM
HORÁRIO DE VÔO. PERDA DE CONEXÃO, LEVANDO A
PERDA DE COMPROMISSOS PROFISSIONAIS. AFASTA
MENTO DAS REGRAS DO CÓDIGO BRASILEIRO DE
AERONÁUTICA E DA CONVENÇÃO DE VARSÓVIA. APLI
CAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
DANOS MORAIS E MATERIAIS. CARACTERIZAÇÃO. DEFE
RIMENTO DE INDENIZAÇÃO.
O Código de Defesa do Consumidor tem aplicação no caso de
indenização baseada em responsabilidade do transportador
aéreo por perda de vôo, afastando-se as regras da Convenção
de Varsóvia e do Código Brasileiro de Aeronáutica.
Precedentes do TJRGS e STJ.
Comprovada a falha da empresa concessionária de serviço
público, que, em virtude da modificação em horário de vôo e
atraso na previsão de chegada, levou-os a perder a conexão,
que só ocorreu no dia subseqüente ao previsto, com prejuízos
na atividade profissional dos autores, médicos, que tiveram
consultas e cirurgias desmarcadas, bem como sofreram com
os efeitos da altitude.
Responsabilidade da empresa aérea em indenizar pelos danos
materiais e morais, presente hipótese de responsabilidade
objetiva.
Redução do valor dos danos morais aos parâmetros da
Câmara.
Deram parcial provimento á apelação da ré e negaram
provimento à apelação dos autores.” (Apelação Cível n°
70005372479, Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator. Carlos Eduardo Zietlow Ouro, julgado
em 14/08/2003)
142
Direito Internacional
5 Espaço Extra-Atmosférico
143
I
mas se o Estado a utiliza como sua para fíns militares ou públicos (caráter
alfandegário ou policial, por exemplo), vige o princípio da
extraterritorialidade (nacionalidade determinada pela matrícula).
Observe-se que as aeronaves militares ou públicas
estrangeiras não se sujeitam à fiscalização alfandegária ou policial
brasileira, nem seqüestro ou penhora.
A aeronave privada, contudo, sujeita-se à lei do Estado onde
se encontre (leis, jurisdição e administração). Entretanto, se estiver em
alto mar, ou seja, região que não pertence ao Estado, será sujeita à
legislação e jurisdição do Estado de sua nacionalidade.
Segundo o art. 6o, os direitos reais sobre as aeronaves se
regem pela lei de sua nacionalidade. A nacionalidade da aeronave decorre
da matrícula (art. 17 da Convenção de Chicago e 108 do Código
Brasileiro). No Brasil, a matrícula é efetuada no Registro Aeronáutico
Brasileiro.
144
Direito Internacional
Capítulo x
1 Conceito e objeto
145
2 Relação típica e relação atípica
3 Fontes
90 GARCEZ, José Maria Rossani. Eiementos Básicos de Direito internacional Privado! Editora
Síntese, p. 42.
146
Direito Internacional
147
c. Escola Estatutária Holandesa —Século XVIII
Principal Representante: Ulrich Hüber
Características:
- Defesa à aplicação da extrema territorialidade, de modo
que a lei de cada Estado soberano deve ser aplicada em seii território e a
seus súditos, que são aqueles que se encontram no território.
- A aplicação da extraterritorialidade se dá apenas pela
“cortesia internacional” (comitas gentium), ou seja, a aplicação do direito
estrangeiro se dá por mera cortesia do Estado soberano.
d. Escola Estatutária Alemã - Século XVIII
Principais Representantes: Heinrich Cocceji e Johannes
Hertius (ou Hert)
Características:
- Apresentou a seguinte trilogia: (i) a lei do domicílio
aplica-se ao estatuto pessoal; (ii) a lei da situação da coisa apüca-se ao
estatuto real, independentemente de onde foi celebrado o ato; (iii) a lei do
lugar da celebração do ato regula a forma do ato.
e,. Doutrina Moderna - Final do Século XV II
Representante: Joseph Stoiy
- Escola Anglo-americana;
- Defendia a aplicação dos seguintes elementos de conexão,
dentre outros:
(I) Estado e capacidade das pessoas - regra do domicílio;
(II) Obrigações contratuais - lei do local da constituição,
mesmo no que se refere à capacidade para contratar;
(III) Bens imóveis - local da situação do bem;
(IV) Formalidade do casamento - lei do local da celebração.
Representante: Friedrich Carl Von Savigny
- Escola do domicílio;
148
Direito Internacional
149
direito aplicável à capacidade de uma pessoa e o sistema de DIP do pais
em que o mesmo se encontra domiciliado determina a competência do
domicílio, enquanto que o sistema de DIP do país da nacionalidade da
pessoa indica como aplicável a lex patrie”91.
Já o conflito negativo se dará quando as normas de DIP de
cada um dos sistemas envolvidos atribuem competência para reger a
matéria à lei interna de outro sistema. Trata-se do instituto chamado
reenvio, expressamente vedado no Brasil pelo art. 16 da Lei de
Introdução do Código Civil, que prevê: “quando, nos termos dos artigos
precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a
disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a
outra lei. ”
Não se pode confundir o conflito negativo em tomo da lei
competente com o conflito de jurisdição. O reenvio se refere à lei
aplicável à questão e não ao juiz competente para decidir o conflito.
Nos países em que o reenvio é permitido pode-se ter, por
exemplo, a seguinte situação: o DIP do país A determina a aplicação do
ordenamento jurídico do país B, enquanto que o DIP do país B determina
a aplicação do direito do país C. Denomina-se, neste caso, reenvio de 2o
grau. Caso o direito do país C mande aplicar o direito de um quarto país
(país D), teríamos o reenvio de 3o grau, uma vez que estão envolvidos 4
países.
Conforme esclarece Dolinger92, “o número do grau será
sempre um abaixo do número de países envolvidos: dois países, em que
um remete para o outro e este devolve ao primeiro constitui reenvio do I o
grau; três países, reenvio de 2 ograu; quatro países, reenvio de 3ograu”.
91 DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado. 5a ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1997, p.2Ô7.
92 DOLINER, op cit. P. 299.
150
Direito Internacional
151
Nesse ponto, percebe-se a diferença entre as normas de direito
substantivo e as normas de conflito: as normas de direito substantivo
possuem um suporte fático, enquanto que as normas de conflito
(DIPrivado) incidem sobre urna questão de direito.
A LICC prevê a aplicação dos seguintes elementos de conexão:
Artigo da LICC Conceitos-Quadro Elemento de Conexão
152
Direito Internacional
153
Algumas situações especiais são relacionadas ao estatuto
pessoal:
a) Casamento consular (§ 2o do art. 7o, e art. 18 da LICC) -
somente poderá ocorrer se ambos os nubentes forem estrangeiros e da
mesma nacionalidade. Segue a lei do país do consulado. Também os
brasileiros podem realizar casamentos no estrangeiro, perante a
autoridade consular do Brasil. Contudo, é importante salientar que ambos
os nubentes deverão ser de nacionalidade brasileira.
b) Casamento por procuração: o artigo 1.542 do Código
Civil permite a realização de casamento por procuração no Brasil. Os
requisitos de validade da procuração serão regulados pela lei do local
onde o documento foi firmado {locus regit actum).
c) Divórcio: consoante dispõe o §6° do art. I a da LICC,
combinado com o art. 226, §1°, da Constituição Federal, o divórcio
realizado no estrangeiro envolvendo brasileiros (um ou ambos os
cônjuges), somente será reconhecido e homologado no Brasil após 1 (um)
ano do trânsito em julgado da sentença.
d) Regime de bens: é determinado pela lei do domicílio
conjugal. Com o advento do Novo Código Civil, passou-se a admitir a
autonomia da vontade para a escolha do domicílio (art. 1525, IV).
Portanto, o domicílio será aquele estabelecido por mútuo consenso, não
só para os casais que tinham domicílio diverso antes do casamento, mas
também para os casais que tinham um domicílio comum, mas que
transferiram seu domicílio por ocasião do casamento.
e) Nome: o direito ao nome é regulado pela lei pessoal, que,
de acordo com o sistema brasileiro, é a lei do domicílio. Em caso de
conflito de leis, o Tribunal de Justiça de São Paulo manifestou-se no
sentido de permitir à mulher adicionar o sobrenome do marido, apesar da
proibição estabelecida pela lei do local onde foi celebrado o casamento.
Segundo a decisão, trata-se de direito garantido pela lei brasileira.93
154
Direito Internacional
7.3 Bens
O artigo 8o da LICC determina que “para qualificar os bens
e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que
estiverem situados”.
Portanto, o artigo adotou a lex rei sitae (lei do local da
situação do bem) como elemento de conexão aplicável aos bens. Há
contudo, uma exceção relativa aos bens móveis, aos quais aplicar-se-á a
lei do país em que for domiciliado o proprietário (parágrafo primeiro do
artigo 8o).
155
Quanto ao penhor, a lei também traz uma exceção. Vejamos
o parágrafo segundo do artigo 8o: “o penhor regula-se pela lei do
domicílio que tiver a pessoa em cuja posse se encontre a coisa apenhada”.
O caput do artigo 8o determina, ainda, que a qualificação
dos bens também se dará pela lex rei sitae. Isso significa que a lei do
local da situação dos bens é que distinguirá se são bens móveis ou
imóveis, fungíveis ou não fungíveis, principais ou acessórios, etc.
Regulará também os direitos relativos às coisas, como por exemplo a
extinção do direito de propriedade e suas formas de transmissão.
94 Sobre o tema, vide explanação de Nádia de Araújo, op. cit., pp 318 a 324. A autora esclarece
que: “A LICC, no seu artigo 9o, não menciona o principio da autonomia da vontade e, embora
muitos juristas sejam a favor, o princípio é proibido”. Alguns autores entendem que a LICC não
proibiu a autonomia da vontade, apenas não a previu expressamente. Nesse sentido, TENÓRIO,
Oscar. Lei de introdução ao Código Civii Brasileiro. 2a ed. Borsai: Rio de Janeiro, 1955.
95 AMORIM, Edgar Carfos de Amorim. Direito Intemacionai Privado. 7a ed. Forense: Rio de
Janeiro, 2001, p. 156.
96 SERPA LOPES. Comentários Teórico e Prático da Lei de introdução ao Código Civii. Vol. II.
Livraria Jacinto: Rio de Janeiro, 1944, p. 230.
156
Direito Internacional
157
No direito brasileiro, o estatuto pessoal da pessoa jurídica é
definido pelo art. 11 da LICC, que dispõe: “as organizações destinadas a
fins de interesse coletivo, como as sociedades e fundações, obedecem à
lei do Estado em que se constituírem”. O dispositivo consagra, portanto, o
critério da incorporação.
Para as empresas estrangeiras funcionarem no Brasil, terão
de observar o requisito previsto no § Io do art. 11 da LICC, ou seja,
deverão ter seus atos constitutivos previamente aprovados pelo governo
brasileiro.
7.6 Sucessão
A regra é a aplicação da lei do último domicílio do de cujus,
seja qual for a natureza e a situação dos bens (art. 10 da LICC).
Excepcionalmente, a lei, por meio do § Io do art. 10 da LICC e inciso
XXXI do art 5o da CF, privilegia a nacionalidade conferindo proteção aos
filhos e cônjuges brasileiros quando houver bens no Brasil.
Assim, para aplicar a lei que regerá a sucessão, é necessário
efetuar uma análise da lei estrangeira para avaliar se é ou não mais
benéfica do que a nossa lei. Dessa forma, havendo filhos ou cônjuge
brasileiro, se aplica a lei mais benéfica (entre a lei do domicílio de de
cujus e a lei brasileira). Se não houver filhos ou cônjuge brasileiro, se
aplica a lei do domicílio de cujus.
Exemplo de utilização de lei estrangeira mais benéfica do
que a lei brasileira ocorreu em decisão do Tribunal de Justiça do RJ. Em
uma sucessão em que a lei aplicável era a portuguesa, tendo em vista ser
Portugal o último domicílio do de cujus, aplicou-se aquela lei mesmo
havendo filhos brasileiros porque seu resultado era mais benéfico (dois
terços do patrimônio compunham a legítima enquanto que, segundo a lei
brasileira, a legítima corresponderia apenas a metade do patrimônio)98.
Relativamente aos testamentos realizados no estrangeiro,
não há regra expressa na LICC, mas os tribunais têm aplicado,
relativamente às formalidades, a regra locus regit actum, ou seja, aplica-
se a lei do local onde foi elaborado o documento.
158
Direito Internacional
159
Direito Internacional
capftufo Xi
N acionalidade
161
2 Aquisição, mudança e perda da
nacionalidade - opções e prazos
162
Direito Internacional
163
optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira.
Caso a criança não tenha sido registrada em repartição
brasileira competente, deverá ingressar aos 18 (dezoito) anos com a
chamada “ação de opção confirmativa”. Tal ação é de competência da
justiça federal e tem duplo grau de jurisdição obrigatório. O Ministério
Público atuará obrigatoriamente como fiscal da lei e a condição de
brasileiro conferida pela sentença retroage à data da propositura da
demanda.
Observe-se que o art. 12, I, c, da Constituição Federal de
1988 dispunha serem brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai
brasileiro ou mãe brasileira, desde que venham a residir na kepública
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade
brasileira.
A Emenda Constitucional n° 54, de 20 de setembro de 2007,
alterou o artigo 12,1, "c" da CF/88, passando a considerar, também, como
brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe
brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira
competente, ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira.
Sendo assim, a CF/88 passou a prever mais uma forma de
aquisição da nacionalidade originária brasileira, eis que a emenda
manteve a hipótese já contemplada anteriormente, ou seja, aquela em que
o nascido no estrangeiro, de pai ou mãe brasileiros, desde que viessem a
residir do Brasil e optassem a qualquer tempo pela nacionalidade
brasileira, seria brasileiro nato. Com relação a essa hipótese de aquisição
de nacionalidade, o legislador apenas acrescentou que essa "opção”
deveria ser manifestada após a maioridade, nos termos da jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal. Vejamos:
Opção de nacionalidade brasileira (CF, art. 12, I, c): menor
residente no Pais, nascido no estrangeiro e filho de mãe
brasileira, que não estava a serviço do Brasil: viabilidade do
registro provisório (L. Reg. Públicos, art. 32, § 2o), não o da
opção definitiva. 1. A partir da maioridade, que a toma possível,
a nacionalidade do filho brasileiro, nascido no estrangeiro, mas
residente no País, fica sujeita à condição suspensiva da
homologação judicial da opção. 2. Esse condicionamento
164
Direito Internacional
165
quando da Emenda Constitucional de Revisão n° 3, de 7 de junho de
1994» essa hipótese foi suprimida.
1A í *
Conforme leciona Dantas , “de todo modo, achou por bem
o legislador constituinte derivado reinserir essa hipótese. Ou seja, a partir
de 20 de setembro de 2007, também é considerado como nato o brasileiro
nascido no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que
seja registrado em repartição brasileira competente.
O novel art. 12, I, V ’, adota, poís, o critério jus sanguinis
aliado a um requisito específico, qual seja, a necessidade de registro em
repartição brasileira competente. Destarte, esse assentamento de
nascimento, lavrado pela autoridade brasileira no exterior, possui a
mesma eficácia jurídica daqueles que são formalizados no Brasil.
Nessa hipótese, não há necessidade de posterior opção pela
nacionalidade brasileira daquele que, sendo filho de pai ou mãe brasileira,
nascer no exterior. O mero registro em repartição diplomática ou consular
brasileira competente assegura a ele a aquisição originária da naciona
lidade brasileira.
Por fim, cumpre destacarmos que o art. 95 dos Atos das
Disposições Constitucionais Transitórias, também acrescido pela
retrofalada Emenda, dispõe que os nascidos no estrangeiro entre 7 de
junho de 1994 e 20 de setembro de 2007, filhos de pai brasileiro ou mãe
brasileira, poderão ser registrados em repartição diplomática ou consular
brasileira competente ou em ofício de registro, se vierem a residir na
República Federativa do Brasil.”
A perda da nacionalidade brasileira se dá pela aquisição de
outra nacionalidade, por meio da naturalização voluntária. Essa regra se
aplica tanto ao brasileiro nato quanto ao naturalizado. Nesse caso, a perda
da nacionalidade brasileira é declarada pelo Presidente da República. Há,
todavia, duas exceções a essa regra. Primeiramente, nos casos em que a
lei estrangeira, correspondente ao Estado do qual se tomou nacional por
aquisição secundária reconheça sua nacionalidade originária e admita a
dupla nacionalidade (art. 12, § 4o, II, a). Outra exceção se dá quando a lei
estrangeira impõe a aquisição de outra nacionalidade ao brasileiro
166
Direito Internacional
3 Naturalização
167
O procedimento para obtenção da naturalização se dá
perante o Ministério da Justiça, encerrando-se com a entrega do
certificado pelo juiz federal competente. Dispõe a Lei 6815/80 (Estatuto
do Estrangeiro):
Art. 119. Publicada no Diário Oficial a portaria de naturalização,
será ela arquivada no órgão competente do Ministério da
Justiça, que emitirá certificado relativo a cada naturalizando, o
qual será solenemente entregue, na forma fixada em
Regulamento, pelo juiz federal da cidade onde tenha domicilio
o interessado. (Renumerado o art. 118 para art. 119 e alterado
pela Lei n° 6.964, de 09/12/81)
§ 1o. Onde houver mais de um juiz federai, a entrega será feita
pelo da Primeira Vara.
(Incluido alterado pela Lei n° 6.964, de 09/12/81)
§ 2o. Quando não houver juiz federal na cidade em que tiverem
domicilio os interessados, a entrega será feita através do juiz
ordinário da comarca e, na sua falta, pelo da comarca mais
próxima. (Incluído alterado pela Lei n° 6.964, de 09/12/81)
§ 3o. A naturalização ficará sem efeito se o certificado não for
solicitado pelo naturalizando no prazo de doze meses contados
da data de publicação do ato, salvo motivo de força maior,
devidamente comprovado. (Parágrafo único transformado em §
3o pela Lei n° 6.964, de 09/12/81)
168
Direito Internacional
170
Direito Internacional
171
DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE RESIDÊNCIA.
ESSENCIAL A COMPROVAÇÃO DA FILIAÇÃO. ART-12, INC-
1, LET-C. EMENDA N. 03/94.
172
Direito internacional
173
c) Requisitos para naturalização
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA QUARTA REGIÃO
Classe: AC - APELAÇÃO CIVEL - 583977 Processo:
200270020067275 UF: PR Órgão Julgador: TERCEIRA
TURMA Data da decisão: 09/09/2003 Documento:
TRF400090118 Fonte DJU DATA:24/09/2003 PÁGiNA: 511
Relator(a) JUIZ LUIZ CARLOS DE CASTRO LUGON Decisão
A TURMA, POR UNANIMIDADE, NEGOU PROVIMENTO AO
RECURSO.
Ementa ADMINISTRATIVO. ESTRANGEIRO. NACIONA
LIDADE. ART. 12, II, B, DA CF/88. NATURALIZAÇÃO. Lei n.
6.815/80. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. ART.
267, VI, DO CPC.
- Divergindo a hipótese vertente da figura de Opção de
Nacionalidade originária, regulada ha Lei dos Registros
Públicos - Lei n. 6.015/73, a qual é requerida diretamente à
Justiça Federal, com acerto se houve o Julgador a quo ao
extinguir o processo sem julgamento do mérito por
impossibilidade jurídica do pedido (art. 267, VI, do CPC),
cumprindo à cidadã estrangeira vtndicar sua naturalização iunto
ao Ministro da Justiça, nos moldes da íegisíacão de regência
íart. 12. II. b da CF/88 c/c Lei n. 6.815/801
Data Publicação 24/09/2003
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA QUARTA REGIÃO
Ciasse: AMS - APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA -
72738 Processo: 200070000186274 UF: PR Órgão Julgador:
TERCEIRA TURMA Data da decisão: 02/10/2001 Documento:
TRF400082053 Fonte DJU DATA:24/10/2001 PÁGINA: 376
DJU DATA:24/10/2001 Relator(a) JUIZA MARIA DE FÁTIMA
FREITAS LABARRÈRE Decisão A TURMA, POR
UNANIMIDADE, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO.
Ementa NATURALIZAÇÃO. REQUISITOS PREVISTOS NA
CONSTITUIÇÃO PARA A AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE
BRASILEIRA. EXIGÊNCIA DE OUTROS. ATO ADMINIS
TRATIVO INVÁLIDO.
É anulável o ato da autoridade que faz exigências para a
concessão de naturalização não previstas na Constituição, pois
tal exigência caracteriza abuso de poder. Recurso improvido.
Data Publicação 24/10/2001
174
Direito Internacional
Capitulo xii
175
A permissão para que o estrangeiro entre no Brasil se dá
pela concessão do visto de entrada, registrado no passaporte do
estrangeiro. Entretanto, a permissão de entrada em território nacional é
ato discricionário do Estado, de modo que o visto “não constitui um
direito subjetivo à entrada e ainda menos à permanência no território, mas
sim uma expectativa de direito”104.
O visto de entrada no Brasil poderá ser de turista, de
trânsito, de cortesia, oficial ou diplomático. Poderá, ainda, ser temporário
ou permanente; individual ou extensivo aos dependentes do titular. A
distinção fundamental é a que no chamado visto permanente, o
estrangeiro se instala no país com ânimo de permanência definitiva. Já os
demais têm um caráter temporário. Nos vistos de caráter temporário não é
possível a prestação de trabalho remunerado.
O estrangeiro registrado como permanente que se ausentar
do Brasil poderá regressar independentemente de visto se o fizer dentro
de dois anos (art. 51 da Lei). Além disso, nos casos de vistos
permanentes, o estrangeiro poderá obter a cédula de identidade para
estrangeiros.
Não poderão obter visto (art. 7o da Lei):
a) Estrangeiro menor de 18 (dezoito) anos desacompanhado
ou sem autorização expressa do responsável legal;
b) Estrangeiro processado ou condenado em outro país por
crime doloso, passível de extradição consoante a lei brasileira;
c) Estrangeiro que já foi expulso do Brasil, desde que a
expulsão não tenha sido revogada;
d) Estrangeiro considerado nocivo aos interesses nacionais
ou à ordem pública;
e) Estrangeiro que não satisfaça as devidas condições de
saúde.
Algumas limitações são estabelecidas pela Constituição
Federal e pelo Estatuto do Estrangeiro no que se refere aos direitos dos
estrangeiros no Brasil. Dentre elas, destaca-se o fato de que os
176
Direito Internacional
estrangeiros não adquirem direitos políticos (art. 14, § 2o). Por outro lado,
a Emenda Constitucional n. 19, de 1998, tomou-lhes acessíveis os cargos,
empregos e funções públicas.
Diversos países, mediante tratado bilateral ou mero
exercício de reciprocidade, dispensam a prévia aposição de um visto nos
passaportes de súditos de nações amigas. O ingresso de um estrangeiro
com passaporte não-visado faz presumir que sua presença no país será
temporária, mas jamais a dispensa do visto poderá ser interpretada como
abertura generalizada à imigração.105
A Constituição Federal concedeu garantias diferenciadas
aos portugueses com residência permanente no Brasil, os quais são
equiparados aos brasileiros naturalizados. Observe-se que o art. 12, § Io,
da Constituição menciona que os portugueses são equiparados a
brasileiros natos, contudo a concessão de direitos acompanhada da
ressalva “salvo casos previstos nesta Constituição” é maneira típica de
prever limitações aos direitos de naturalizados}06
O Decreto n. 70.436/1972, que promulgou a Convenção
sobre Igualdade de Direitos e Deveres entre Brasileiros e Portugueses
prevê o direito de os portugueses residentes no Brasil em face dessa
equiparação. Observe-se, contudo, que os portugueses continuam sendo
estrangeiros, apesar de equiparados.
Observe a seguir alguns artigos importantes da Lei
6.815/80J á solicitados em concursos federais:
Art. 6o A posse ou a propriedade de bens no Brasil não confere
ao estrangeiro o direito de obter visto de qualquer natureza, ou
autorização de permanência no território nacional.
177
Art. 38. É vedada a legalização da estada de clandestino e de
irregular, e a transformação em permanente, dos vistos de
trânsito, de turista, temporário (artigo 13, itens I a IV e VI) e de
cortesia.
a) Extradição
Consoante conceitua Rezek, “a extradição é a entrega, por
um Estado a outro, e a pedido deste, de indivíduo que em seu território
deva responder a processo penal ou cumprir pena”107.
É condição indispensável para a extradição a existência de
um processo penal, concluso ou em andamento, no país requerente.
Ainda, o fundamento jurídico de todo pedido de extradição há de ser um
tratado entre os dois países envolvidos, no qual se estabeleça que, em
presença de determinados pressupostos, dar-se-á a entrega da pessoa
reclamada. “Na; falta de tratado, o pedido de extradição só fará sentido se
o Estado de refugio do indivíduo for receptivo - à luz de sua própria
legislação - a uma promessa de reciprocidade”108. Percebe-se, pois, que
os 2 (dois) requisitos alternativos para a concessão da extradição são: a
existência de tratado e a promessa de reciprocidade.
178
Direito Internacional
179
O Brasil não entregará o extraditando ao Estado requerente
sem que este assuma os seguintes compromissos, previstos no art. 91 da
Lei 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro): de não ser o extraditando preso
nem processado por fatos anteriores ao pedido; de computar o tempo de
prisão que, no Brasil, for imposta por força da extradição; de comutar em
pena privativa de liberdade a pena corporal ou de morte, ressalvados,
quanto à última, os casos em que a lei brasileira permitir a sua aplicação;
de o extraditando não ser entregue, sem consentimento do Brasil, a outro
Estado que o reclame; e de não considerar qualquer motivo político para
agravar a pena.109
De acordo com os arts. 77 e 78 do Estatuto do Estrangeiro,
não será concedida extradição quando: o fato que motivar o pedido não for
considerado crime no Brasil; a lei brasileira impuser ao crime a pena de
prisão igual ou inferior a um ano; o extraditando estiver respondendo a
processo pelo qual já foi condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo
fato em que se fundar o pedido; estiver extinta a punibilidade pela
prescrição da pretensão punitiva; o fato constituir crime político; o
extraditando tiver de responder, no Estado requerente, perante Tribunal ou
Juízo de Exceção; o crime Mo for cometido no território do Estado
requerente.
Finalmente, a extradição de indivíduos condenados pela
justiça brasileira somente será requerida a outro país se a pena for
inicialmente cumprida em regime fechado, nos termos da legislação
brasileira.
Algumas observações adicionais sobre o instituto:
(I) Ter filho brasileiro e/ou cônjuge brasileiro não será causa
de indeferimento da extradição pelo Supremo Tribunal
Federal.
(II) O artigo 89 da Lei 6.815/80 prevê que "quando o
extraditando estiver sendo processado, ou tiver sido
condenado, no Brasil, por crime punível com pena privativa
de liberdade, a extradição será executada somente depois da
conclusão do processo ou do cumprimento da pena'*, exceto
quando sua entrega imediata for conveniente ao interesse
nacional.
(III) Ressalta-se que não será procedida a expulsão de
180
Direito Internacional
181
\
ou cuja estada tenha-se tomado irregular por excesso de prazo ou trabalho
remunerado, no caso de turistas. No Brasil, a Policia Federal tem compe
tência para promover a deportação de estrangeiros, quando entenderem que
não é o caso de regularizar sua documentação.
Não se deve confundir deportação com impedimento à
entrada de estrangeiro, que ocorre quando lhe falta justo título para
ingressar no Brasil. Nesse caso, o estrangeiro não chega a ultrapassar a
barreira policial da fronteira, porto ou aeroporto: é mandado de volta de
imediato, sempre que possível, às expensas da empresa que o transportou
sem certificar-se da legalidade de sua documentação.
Ao contrário da expulsão, o estrangeiro deportado poderá
retomar ao país, desde que atenda às condições legais para tanto. A
deportação se assemelha à expulsão uma vez que não poderá ser
promovida em casos em que a extradição não é admitida pela lei
brasileira. Além disso, ambos são atos discricionários, ou seja, o Estado
não é obrigado, mas detém a faculdade de expulsar e deportar o
estrangeiro, nos termos da legislação brasileira.
Veja a seguir um resumo comparativos dos três institutos:
i — ^ Deportação Expulsão ( Extradição
Quem se Estrangeiro Estrangeiro Estrangeiro ou Brasileiro
submete? naturalizado, em caso
de crime comum,
praticado antes da
naturalização ou por
tráfico de entorpecentes.
Por que Entrada ou Art. 65 da Lei l Responder a processo
ocorre? permanência 6815/80- l criminal ou cumprir
irregular em tornar-se nocivo | pena.
território ao interesse
brasileiro. nacional j
Procedimento Junto à Polícia inquérito no | A Divisão de Medidas
Federal. Ministério da | Compulsórias do
Justíça e ! Ministério da Justiça
decisão por [ recebe, por via
portaria exarada diplomática (Ministério
pelo Ministro da das Relações
Justiça | Exteriores), o pedido de
(competência [ extradição formulado
delegada por j pelo país requerente.
meio do Decreto Realizada a análise de
3447/00). admissibilidade, de
acordo com o Tratado,
? se houver, o pedido será j
; encaminhado, por meio
______________ J de Áviso Ministerial, ao |
182
Direito Internacional
Supremo Tribunal
Federal, a quem
compete a análise da
legalidade do pedido,
conforme previsto no
artigo 102, inciso I,
alfnea "g" da
Constituição Federal.
3 Asilo político
183
O asilo diplomático não é definitivo. Significa, geralmente,
apenas um estágio provisório, uma ponte direta para o asilo político, a
consumar-se no solo daquele mesmo país cuja embaixada acolheu o
fugitivo, ou eventualmente no solo de um terceiro país que o aceite. Há,
nesses casos, a emissão do “salvo-conduto”, instrumento jurídico hábil a
permitir o translado do sujeito até o território do Estado que o acolheu.
4 Refúgio
184
Direito Internacional
185
Também o Código Civil de 2002 contemplou esse entendimento, em seu
artigo 1.126.
Algumas restrições são previstas na legislação brasileira
relativamente à atuação de empresas estrangeiras. O artigo 199, §3°, da
Constituição Federal, dispõe ser vedada a participação de empresas ou
capitais estrangeiros na assistência à saúde no país, salvo previsão legal.
Além disso, o artigo 222 da CF exige que pelo menos 70% do capital social
total ou votante de empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora devem
permanecer a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos.
Sendo a empresa nacional ou estrangeira, é necessário seu
registro na Junta Comercial.
186
Direito Internacional
capítulo xiii
187
2 Competência internacional no Brasil
113 RECHSTEINER, Beat Walter. Direito Internacional Privado. 6a ed. Saraiva: São Pauto, 2003, p.
221.
188
Direito Internacional
2.2Competência absoluta
Ao contrário das hipóteses de competência concorrente, a
competência absoluta da autoridade judiciária brasileira inviabiliza
completamente a apreciação da questão por parte da autoridade
estrangeira. Significa dizer que, em determinados casos, somente à justiça
brasileira caberá a decisão do conflito, de modo que uma sentença
estrangeira versando sobre tais matérias jamais poderia ser executada no
Brasil
0 artigo 89 do Código de Processo Civil dispõe sobre a
competência absoluta:
Compete á autoridade judiciária brasifeira, com exclusão de
qualquer outra:
1 - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
H - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil,
ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido
fora do território nacional.
189
c) Não há ofensa à ordem púbíica quando, apesa
tratar de hipóteses previstas no artigo 89 do CPC (competência absoluta),
houver acordo entre as partes que embasou a decisão proferida pelo juiz
estrangeiro. Nesse sentido:
HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA. PARTILHA
DE BENS IMÓVEIS SITUADOS NO BRASIL SENTENÇA
HOMOLOGANDA. RATIFICAÇÃO DE VONTADE ÚLTIMA
REGISTRADA EM TESTAMENTO. CITAÇÃO COMPROVADA.
CONCORDÂNCIA EXPRESSA DOS REQUERIDOS.
AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO POSTERIOR. CARÁTER
DEFINITIVO DO JULGADO. ART. 89 DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL E ART. 12 DA LEI DE INTRODUÇÃO AO
CÓDIGO CIVIL. OFENSA. INEXISTÊNCIA. PRECEDENTES.
PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO DEFERIDO.
(...)
IV - A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal já decidiu no
sentido de que compete exclusivamente à Justiça brasileira
decidir sobre a partilha de bens Imóveis situados no Brasil.
V - Tanto a Corte Suprema quanto este Superior Tribunal de
Justiça já se manifestaram pela ausência de ofensa à
soberania nacional e à ordem pública na sentença estrangeira
que dispõe acerca de bem localizado no território brasileiro,
sobre o qual tenha havido acordo entre as partes, e que tão
somente ratifica o que restou pactuado. Precedentes.
VI - Na hipótese dos autos, não há que se falar em ofensa ao
art. 89 do Código de Processo Civil, tampouco ao art. 12, § 1o
da Lei de Introdução ao Código Civil, posto que os bens
situados no Brasil tiveram a sua transmissão ao primeiro
requerente prevista no testamento deixado por Thomas B.
Honsen e confirmada pela sentença homologanda, a qual tão
somente ratificou a vontade última do testador, bem como a
dos ora requeridos, o que ficou claramente evidenciado em
razão da não Impugnação ao decisum alienígena.
VII - Pedido de homologação deferido. (Superior Tribunal de
Justiça, SE 1304/US, 03/03/2008)
190
Direito Internacional
191
Cartas Rogatórias limitou, em seu artigo 3o, o uso das cartas para atos
processuais de mero trâmite ou instrutórios, como notificações, citações,
receptação e obtenção de provas. Proibiu-se, assim, a utilização de cartas
rogatórias para atos de execução coercitiva. No âmbito do Mercosul, o
Protocolo de Lãs Lefías também disciplina a matéria.
O trâmite das cartas rogatórias ocorre, em regra, da seg
forma: o tribunal do país rogante entrega a carta rogatória à autoridade
diplomática de seu país; esta, por sua vez, entrega à autoridade
diplomática do país rogado, que encaminhará ao tribuna! competente, o
qual fica incumbido de seu cumprimento.
No Brasil, as cartas rogatórias são executadas perante a
justiça federal (art. 109, X, da CF), após a concessão de exequatur (vide
item 2.2 abaixo).
O STF já se manifestou em caso onde um juiz de cidad
fronteira deu cumprimento à carta rogatória vinda de cidade vizinha
localizada no Uruguai. O STF entendeu que o juiz usurpou sua
competência e anulou a decisão.
Com a transferência da competência para homologação de
sentenças estrangeiras e concessão de exequatur a cartas rogatórias para o
STJ (Emenda Constitucional n. 45, de 08 de dezembro de 2004), houve a
edição da Resolução n. 9, datada de 04 de maio de 2005, a qual regula o
rito desses processos no âmbito do STJ.
A resolução permite que o STJ conceda a nações
estrangeiras pedidos realizados por meio de carta rogatória que tenham
conteúdo executório como, por exemplo, solicitações de arresto e
indisponibilidade de bens. Tais pedidos eram tradicionalmente negados
pelo STF, tendo em vista que eram derivados de sentenças não transitadas
em julgado, as quais deveriam transitar em julgado no país de origem e,
portanto, passar pelo processo de homologação de sentença.
Além disso, a partir da resolução, somente serão analisados
pelo STJ os pedidos internacionais que necessitem de análise por parte do
tribunal. Os atos que não atendam a essa condição, mesmo que enviados
por carta rogatória (por exemplo: pedidos de cópias de autos de
processos), serão encaminhados ao Ministério da Justiça para que sejam
cumpridos.
192
Direito Internacional
116 STF. SE 2114/EU, publicada em 23-05-1975. Ementa: Sentença estrangeira. - Réu domiciliado
no Brasil. — Alegada submissão tácita â jurisdição estrangeira por força de entendimentos
extraprocessuais entre advogados, sem mandato o do réu, para o fim de aguardar instrução do
cliente domiciliado no Brasil. - Revelia que não significa aceitação da jurisdição estrangeira,
aceitação aferivel pela lei do tribunal do “exequatur*. Inexistência de submissão à jurisdição
estrangeira também pela “lex fori". Citação irregular por via postal, com dispensa de rogatória,
Sentença a que se nega homologação.
193 \
O termo exequatur é normalmente empregado pela d
para designar o procedimento pelo qual deverão passar as cartas
rogatórias passivas para que possam ser cumpridas no Brasil. Somente
após a concessão do exequatur pelo Superior Tribunal de Justiça (artigo
105, I, h> da CF e art. 12, § 2o, LICC), é que sè possibilitará que a
providência rogada seja providenciada.
O STJ apenas analisará aspectos processuais da carta
mérito é de competência da justiça rogante. Sendo assim, a tradição da
jurisprudência brasileira, é de concessão do exequatur uma vez atendidos
os requisitos formais da carta (art. 202 do CPC), salvo quando ocorrer
ofensa à ordem pública.
A Resolução n. 9 do STJ, editada a partir do momento em
que o STJ passou a ser competente para homologação de sentenças
estrangeiras, possibilita a concessão de medidas de urgência (tutela
antecipada) durante o curso do procedimento de homologação117.
Em julho de 2006, o STJ concedeu a primeira medida
liminar em um caso envolvendo a homologação de sentença estrangeira,
firmando uma posição inovadora em relação à maior parte dos
julgamentos proferidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) antes do
advento da EC n° 45, já que a grande maioria dos Ministros do STF eram
contrários à concessão desse tipo de tutela antecipada118.
Nesse caso em particular, a medida liminar foi proferida
pelo Vice-Presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ministro
Francisco Peçanha Martins, no exercício da Presidência, numa situação
fática envolvendo adoção internacional. A falta de reconhecimento da
adoção no estrangeiro, a espera pela homologação no Brasil, e a entrada
da criança com visto de turista em território brasileiro impediam a
matrícula da menor em escola brasileira. Com base nessas circunstâncias
fáticas, o ministro concedeu, em sede de liminar, o direito à mãe de
matricular sua filha em escola brasileira, até que fosse apreciado pelo STJ
117 Art. 4o A sentença estrangeira não terá eficácia no Brasil sem a prévia homologação pelo
Superior Tribunai de Justiça ou por seu Presidente. §3° Admite-se tutela de urgência nos
procedimentos de homologação de sentenças estrangeiras.
118 Em 2003, o Ministro Marco Aurélio de Mello, no exercício da Presidência do Supremo Tribunal
Federal, concedeu medida liminar em um caso envolvendo uma sentença estrangeira, ainda
pendente de pedido de homologação. O caso era sobre uma sentença arbitra! que comprovava que
determinada empresa brasileira era devedora de uma empresa estrangeira e estaria esvaziando
seu patrimônio para evitar o pagamento da dívida. Ocorre que, antes da medida liminar ser deferida
pelo STF, a empresa já havia obtido uma medida de natureza semelhante em primeira instância.
194
Direito Internacional
119 GRION, Renato. Princípio da Instrumentalidade das Formas (...). RBAr n°. 18. Abr-Jun/2008, p.
191.
195
Comercial, dado que a aludida decisão poderá ser útil para o
julgamento da ação contra si ajuizada pela requerida perante a
1a Vara Cível da Comarca de Petrópolis.
3. Presentes os requisitos indispensáveis à homologação da
sentença estrangeira, não havendo ofensa à soberania ou à
ordem pública, deve ser deferido o pedido de homologação.
4. Sentença estrangeira homologada.
Relator: Ministro Paulo Gallotti. Data do Julgamento:
18/06/2008. Data da Publicação: 06/10/2008.
196
Direito Internacional
197
nacional. Ademais, o tema refere-se especificamente ao mérito
da sentença homologanda, sendo inviável sua análise na
presente via.
VII - O ato homologatório da sentença estrangeira limita-se à
análise dos seus requisitos formais. Isto significa dizer que o
objeto da deübação na ação de homologação de sentença
estrangeira não se confunde com aqueie do processo que deu
origem à decisão alienígena, não possuindo conteúdo
econômico. É no processo de execução, a ser instaurado após
a extração da carta de sentença, que poderá haver pretensão
de cunho econômico.
VIII - Em grande parte dos processos de homologação de
sentença estrangeira - mais especificamente aos que se
referem a sentença arbitrai - o valor atribuído à causa
corresponde ao conteúdo econômico da sentença arbitrai,
geralmente de grande monta. Assim, quando for contestada a
homologação, a eventual fixação da verba honorária em
percentual sobre o valor da causa pode mostrar-se
exacerbada.
IX - Na hipótese de sentença estrangeira contestada, por não
haver condenação, a fixação da verba honorária deve ocorrer
nos moldes do art. 20, § 4o do Código de Processo Civil,
devendo ser observadas as alíneas do §3° do referido artigo.
Ainda, consoante o entendimento desta Corte, neste caso, hão
está o julgador adstrito ao percentual fixado no
referido §3°.
X- Pedido de homologação deferido.
198
Direito Internacional
SEC 256 / EX
SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA
2005/0086277-0
Ministro LUIZ FUX (1122) CE - CORTE ESPECIAL DJ
20.08.2007 p. 227
PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA ESTRANGEIRA. HOMO
LOGAÇÃO. DIVÓRCIO POR MÚTUO CONSENTIMENTO.
REQUISITOS LEGAIS ATENDIDOS. HOMOLOGAÇÃO DE
FERIDA,
1. A sentença estrangeira, cumpridos os requisitos erigidos
pelo art. 5o incisos I, ll, III e IV da da Resolução 09/STJ,
revela-se apta à homologação perante o STJ.
2. In casu, consoante destacado pelo Subprocurador-Geral da
República às fls. 87/88 :"(...)
Entretanto, observo que os documentos juntados a fls. 75/76 e
77, não foram objeto de autenticação consular (STJ, Resolução
n° 9, 2005, art. 3o). Nestes lindes, promovida a chancela
consular dos documentos acima identificados, opino pelo
deferimento do pedido, sem qualquer ressalva, por estarem
presentes os requisitos exigidos pelo art. 5o, da Resolução n° 9,
de 4 de maio de 2005 e preservados os valores enunciados
pelo art. 6o do mesmo ato normativo."
3. Deveras, verificado o cumprimento, às fls. 104/108, da
última exigência destacada pelo Subprocurador- Gerai da
República, qual seja a chancela consular dos documentos
acostados às fls. 75/77, a sentença estrangeira homologanda
cumpre os requisitos erigidos pelo art. 5o incisos I, ii, III e IV da
Resolução 09/STJ, o que revela a sua aptidão à pretendida
homologação perante o STJ.
4. Precedentes do STJ: SEC 756 / EX, Rei. Min. Felix Fischer,
DJ de 28/08/2006; SEC 57 / DF , Rei. Min. Laurita Vaz, DJ de
01/08/2006, SEC 881/EX, Relator Ministro José Delgado, DJ
de 05,09.2005.
5. Homologação deferida. Honorários advocatícios fixados em
R$ 1.000,00 (mil reais)a serem pagos pelo requerido. Vistos,
relatados e discutidos estes autos, os Ministros da CORTE
ESPECIAL do Superior Tribunal de Justiça acordam, na
conformidade dos votos e das notes taquigráficas a seguir, por
unanimidade, deferir o pedido de homologação, nos termos do
voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Teori Albino
Zavascki, Arnaldo Esteves Lima, Antônio de Pádua Ribeiro,
Nilson Naves, Francisco Peçanha Martins, Humberto Gomes
199
de Barros, Cesar Asfor Rocha, Ari Pargendier, José Delgado,
Carlos Alberto Menezes Direito, Felix Fischer, Aldir Passarinho
Junior, Gilson Dipp, Hamilton Carvalhido, Eliana Calmon, Paulo
Gallotti e Laurita Vaz votaram com o Sr. Ministro Relator.
Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Francisco Falcão
e João Otávio de Noronha e, ocasionalmente, o Sr. Ministro
Fernando Gonçalves.
200
Direito Internacional
Captai© XIV
201
Vejamos as principais regras estabelecidas pela Convenção:
(i) cria a autoridade central com o objetivo de agilizar a
cobrança de alimentos, sem a necessidade de se enfrentar instâncias
diplomáticas.
(ii) no Brasil, a autoridade central designada é a
Procuradoria Geral da República, a qual atua como autoridade interme
diária e autoridade remetente em casos de pedidos oriundos do exterior e
daqueles originados no Brasil e que precisam ser enviados ao exterior:
a) no caso dos pedidos oriundos do exterior, o Ministério
Público Federal - MPF irá providenciar o procedimento devido, seja por
meio da homologação de sentença perante o STJ, pelo processamento da
carta rogatória ou, até mesmo, pela propositura de ação de alimentos no
Brasil.
b) no caso de pedidos que precisem ser enviados ao exterior,
o MPF contatará a autoridade central no exterior para que se proceda às
medidas necessárias visando ao pagamento de alimentos.
(iii) Segundo o art. VI, item 3, da Convenção, a lei que
regerá tais ações será a do Estado do demandado, inclusive em matéria de
direito internacional privado.
(iv) A Convenção também se aplica a pedidos de
modificação de decisões judiciais sobre prestação de alimentos.
(v) Não cabe exigência de caução para a propositura da
demanda.
Sobre o tema, veja decisão do Superior Tribunal de Justiça,
datada de 17/10/2007:
SENTENÇA ESTRANGEIRA. ALIMENTOS. COBRANÇA.
PARCELAS EM ATRASO. CONVENÇÃO DE NOVA YORK
SOBRE PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS NO ESTRANGEIRO.
DECRETO 56.826/65. INSTITUIÇÃO INTERMEDIÁRIA.
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. DOCUMENTAÇÃO.
AUTENTICAÇÃO. TRAMITAÇÃO VIA OFICIAL. DESNE
CESSIDADE. HOMOLOGAÇÃO DEFERIDA. PRESENTES OS
REQUISITOS AUTORIZADORES.
1. Nos termos do artigo VI, da Convenção de Nova York Sobre
Prestação de Alimentos no Estrangeiro, o Ministério Público
Federal, na qualidade de Instituição Intermediária, pode tomar
todas as providências necessárias à efetivação da cobrança de
202
Direito Internacional
122 CC 20.175, STJ, DJ. 07/12/1998 e TRF3, Ap. Cível 226696, DJU 10/10/2000.
203
território nacional, atua a Procuradoria-Gerai da República como
“Instituição Intermediária”. Conflito conhecido, declarado competente o
juízo estadual, o suscitado. DJ 27.11.89.
204
Direito Internacional
205
\
§3° Admite-se tutela de urgência nos procedimentos de
homologação de sentenças estrangeiras.
Art. 5o Constituem requisitos indispensáveis à homologação de
sentença estrangeira:
I - haver sido proferida por autoridade competente;
1! - terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente
verificado a revelia.;
III - ter transitado em julgado; e
IV - estar autenticada pelo cônsul brasileiro e acompanhada de
tradução por tradutor oficial ou juramentado no Brasil.
Art. 6o Não será homologada sentença estrangeira ou
concedido exequatur a carta rogatória que ofendam a
soberania ou a ordem pública.
Art. 7o As cartas rogatórias podem ter por objeto atos
decisórios ou não decisórios.
Parágrafo único. Os pedidos de cooperação jurídica
internacional que tiverem por objeto atos que não ensejem
juízo de delibação pelo Superior Tribunal de Justiça, ainda que
denominados como carta rogatória, serão encaminhados ou
devolvidos ao Ministério da Justiça para as providências
necessárias ao cumprimento por auxílio direto.
Art. 8o A parte interessada será citada para, no prazo de 15
(quinze) dias, contestar o pedido de homologação de sentença
estrangeira ou intimada para impugnar a carta rogatória.
Parágrafo único. A medida solicitada por carta rogatória poderá
ser realizada sem ouvir a parte interessada quando sua
intimação prévia puder resultar na ineficácia da cooperação
internacional.
Art. 9o Na homologação de sentença estrangeira e na carta
rogatória, a defesa somente poderá versar sobre autenticidade
dos documentos, inteligência da decisão e observância dos
requisitos desta Resolução.
§ 1o Havendo contestação à homologação de sentença
estrangeira, o processo será distribuído para julgamento pela
Corte Especial, cabendo ao Relator os demais atos relativos ao
andamento e à instrução do processo.
§ 2o Havendo impugnação às cartas rogatórias decisórias, o
processo poderá, por determinação do Presidente, ser
distribuído para julgamento pela Corte Especial.
§ 3o Revel ou incapaz o requerido, dar-se-lhe-á curador
especial que será pessoalmente notificado.
Art. 10 O Ministério Público terá vista dos autos nas cartas
rogatórias e homologações de sentenças estrangeiras, pelo
prazo de dez dias, podendo impugná-las.
Art. 11 Das decisões dó Presidente na homologação de
206
Direito Internacional
207
Direito Internacional
209
\
4. Assinale a assertiva incorreta:
(A) Todas as decisões da Assembléia Geral da ONU são sempre
deliberadas pela maioria simples dos membros presentes e votantes.
(B) O Secretário constitui órgão administrativo da ONU, sendo presidido
pelo Presidente da Assembléia Geral.
(C) O Conselho de Segurança da ONU possui um sistema diferenciado de
voto constituído de privilégios deferidos apenas a alguns de seus membros.
(D) Ao Conselho Econômico e social da ONU compete promover o respeitò
e a observância dos direitos do homem e das liberdades fundamentais.
210
Direito Internacional
211
aplicável. Tuvaiu e Tonga recorrem á Corte Permanente de Arbitragem,
com sede em Haia, para solucionar questão de interesse dos dois
Estados. A Corte seleciona os senhores Andrei Petrovich, Juan Carlos
Calderón de La Barca e Amadheus Hostoff para exercer o seu ofício no
Tribunal Arbitrai, visando solucionar o caso. Todavia, o Estado de
Tonga fica insatisfeito com a decisão dos membros da Corte e tenta
reverter a situação. Tal procedimento não é possível, pois o laudo
arbitrai já havia sido proferido. A negativa encontra-se consubstanciada
em vários motivos. Considere os apresentados abaixo.
I. A sentença arbitrai é definitiva.
II. A sentença arbitrai é irrecorrível.
iii. A sentença arbitrai não é executória, mas é obrigatória.
Quais deles embasam essa negativa?
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas lil.
(D) I, II e III.
212
Direito Internacional
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas Hl.
(D) |, He III.
i
213
(B) é aquele do domicílio do proponente, quando o contrato for firmado
entre ausentes.
(C) é aquele do domicílio do aceitante, quando o contrato for firmado entre
ausentes.
(D) é estabelecido conforme o valor do contrato.
214
Direito Internacional
215
(D) Compete ao Presidente da República, através do Ministério das
Relações Exteriores, sujeito ao referendo do Senado Federal.
(E) n.r.a.
216
Direito Internacional
(B) Constitui o conjunto de normas válidas para todos os países que sejam
signatários de tratados internacionais, especificamente nas matérias tratadas.
(C) Constitui o conjunto de normas internas de cada país que tem por
finalidade determinar qual direito material deve ser aplicado, naquele país,
aos fatos e atos internacionais.
(D) Constitui o conjunto de normas internas de cada pais que têm por
finalidade o tratamento das relações jurídicas entre pessoas de
nacionalidades diversas.
217
A
j (C) Que, por expressa disposição do art. 88 do Código de Processo Civii,
juiz francês não poderá juigar a questão.
(D) Oue o Supremo Tribunal Federal não poderá homologar sentença
proferida por juiz francês.
218
Direito Internacional
219
37. Dadas as assertivas abaixo, assinalar a alternativa correta.
I. Todos os tratados internacionais celebrados posteriormente à Emenda
Constitucional n° 45 que versem sobre direitos humanos têm força normativa
interna equivalente à das emendas constitucionais.
II. Em razão do princípio da soberania, o Brasil não se submete às decisões
de Tribunal Internacional, ainda que tenha manifestado adesão à sua criação.
III. Os tratados são assinados pelo Presidente da República e são
internalizados apenas quando publicado o respectivo Decreto no Diário
Oficial da União.
IV. Os tratados podem ser celebrados por cônsules, desde que aprovados
por ambas as Casas do Congresso Nacional por quorum qualificado de 3/5.
a) Está correta apienas a assertiva I.
b) Está correta apenas a assertiva III.
c) Estão corretas apenas as assertivas I e IV.
d) Estão corretas apenas as assertivas I, II e III.
220
Direito Internacional
221
11. Não será concedido visto ao estrangeiro que, dentre outras razões, for
considerado nocivo à ordem pública, tiver sido expulso ou tenha sido
condenado em outro pais por crime doloso passível de extradição segundo a
lei brasileira.
Ml. O estrangeiro registrado como permanente pode regressar ao Brasil
independentemente de visto, se o fizer em até dois anos de sua saída.
IV. Não sendo possível a extradição, pode a autoridade, em substituição e
quando necessário e conveniente, em razão de pedido de Estado
estrangeiro, ordenar a deportação do estrangeiro.
a) Está correta apenas a assertiva I.
b) Está correta apenas a assertiva II.
c) Estão corretas apenas as assertivas II e III.
d) Estão corretas apenas as assertivas II, III e IV.
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Direito Internacional
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C) Encaminhar pedido de homologação ao Superior Tribuna! de Justiça.
D) Encaminhar pedido de homologação ao Supremo Tribunal Federal.
224
Direito Internacional
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D) 0 agente diplomático goza, em regra, da imunidade de jurisdição civil,
administrativa e penal do Estado acreditado.
E) A renúncia à imunidade de jurisdição no tocante às ações cíveis ou
administrativas implica renúncia à imunidade quanto às medidas de execução
da sentença, para as quais nova renúncia é necessária.
226
Direito Internacional
227
E) A reserva é uma declaração unilateral feita por um estado, seja qual for o
seu teor ou denominação, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado,
ou a ele aderir, com o objetivo de incluir ou modificar o efeito jurídico de
certas disposições do tratado em sua aplicação a esse estado. A retirada de
uma reserva ou de uma objeção de vê ser formulada por escrito e
encaminhada para conhecimento dos estados pactuantes dentro de 30
(trinta) dias contados da deferida retirada ou objeção.
228
Direito Internacional
229
\
E) a ampliação de emissões de metano por meio de sua recuperação e
utilização no tratamento de resíduos, bem como no transporte, na produção e
na distribuição de energia.
230
Direito Internacional
231
Considerando que o texto transcrito tem caráter unicamente motivador,
avalie os seguintes itens e indique a opção correta.
I. No momento atual, o Direito internacional Público ainda não dispõe de
meios efetivos de sanção,
II. A ausência de um poder Legislativo universal, bem assim de um Judiciário
internacional com jurisdição compulsória, são alguns dos argumentos
utilizados pelos negadores do direito internacional para falar da ausência de
caráter jurídico do direito das gentes.
lii. As organizações internacionais exprimem vontade própria - distinta da de
seus Estados-membros - ao agir nos domínios em que desenvolve sua
opção. Tal se dá tanto nas relações com seus membros, quanto no
relacionamento com outros sujeitos do direito internacional.
IV. Pode-se mencionar como exemplos de tribunais internacionais: a Corte
internacional de Justiça ( sede na Haia), a Corte Interamericana de Direitos
humanos ( San José da Costa Rica), o tribunal internacional do Direito do Mar
(Hamburgo), o Tribunal Penal Internacional (Haia) e a Corte Constitucional
italiana (Roma).
V. A doutrina, meio auxiliar para a determinação das regras de Direito
internacional Público, tem como funções fornecer a prova do conteúdo do
direito e influir no seu desenvolvimento.
A) Todos os itens estão corretos.
B) Apenas os itens, II e III estão corretos.
C) Apenas o item IV está correto.
D) Apenas o item IV está incorreto.
E) Apenas os itens I e III estão incorretos,
232
Direito Internacional
233
\
A) Apenas a asserção I está correta,
B) Apenas as asserções I e II estão corretas.
C) Apenas as asserções I, II e ili estão corretas.
D) Apenas a asserção V está correta
E) Todas as asserções estão incorretas.
234
Direito Internacional
235
contribuir para a eliminação dos principais obstáculos ao livre comércio entre
as nações, entre outros.
E) { ) O MERCOSUL, com personalidade jurídica de direito internacional, tem
como órgão superior o Conselho do Mercado Comum, que se manifesta
mediante decisões tomadas por consenso e com a presença de, pelo menos,
dois terços dos Estados-partes.
71. Nos termos dos arts. 92 e seguintes da Carta das Nações Unidas,
qual a corte competente para julgar litigios internacionais territoriais à
semelhança do ocorrido entre Argentina e Inglaterra a respeito das Ilhas
Malvinas (Falklands)?
A) O conselho de Segurança da ONU.
B) A Organização Mundial do Comércio, através de painel de especialistas.
C) A Corte Internacional de Justiça.
D) O Tribunal da união Européia.
236
Direito Internacional
237
\
Considerando esses fatos, a Corte convocou uma audiência, realizada
na sede do Tribunal, em São José, Costa Rica, em 28/06/2004, para
escutar os informes sobre essa situação dados pelos representantes
dos internos na Penitenciária de Urso Branco, que atuam como
peticionários, assim como a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos e o Estado.
Em 07/07/2004, a Corte Interamericana ditou nova resolução que
reiterava as demais resoluções adotadas ao longo dos últimos dois
anos.
Trecho traduzido e adaptado, extraído do Voto Concurrente proferido
pelo juiz Garcia Ramirez à Resolução da Corte interamericana de
Direitos Humanos sobre medidas provisórias no Caso da Penitenciária
de Urso Branco de 07/07/2004.
Tendo o texto acima como referência inicial, julgue os itens seguintes,
acerca de medidas provisórias em matéria de proteção internacional
dos direitos humanos e a respeito do regime Jurídico das obrigações
internacionais de proteção dos direitos de pessoa humana.
238
Direito Internacional
239
Trata-se do primeiro caso relacionado ao Brasil a ser julgado pela Corte
interamericana de Direitos Humanos desde o reconhecimento brasileiro
da jurisdição obrigatória da Corte, em dezembro de 1998. Anteriormente,
a Corte havia decidido apenas pedidos de medidas provisórias, de
natureza cauteiar.
A delegação brasileira, durante sua participação na audiência, exporá o
andamento dós processos judiciais relativos à morte de Damião
Ximenes Lopes e os
Vários avanços ocorridos no sistema de atenção à saúde mental do
país, que passou a enfatizar os direitos humanos dos portadores de
transtornos mentais e sua não-internação, especialmente após a
aprovação e implementação da Lei n°10.216/2001. O município de
Sobral, onde ocorreram os fatos, é atualmente referência nacional em
políticas de saúde mental. A Rede integrada de Saúde Mentol de Sobrai
recebeu, me 2001, o Prêmio David Capistrano da Costa Filho de
Experiências Exitosas na Área de saúde mental e, em outubro deste
ano, o prêmio de inclusão Social- Saúde mental.
240
Direito Internacional
241
\
II. A extradição do brasileiro nato só é possível nos casos de crimes de tráfico
internacional de entorpecentes e de terrorismo, em razão dos respectivos
tratados de repressão a que aderiu a República Federativa do Brasil.
III. O estrangeiro tem garantia constitucional de não ser extraditado por crime
de opinião.
IV. O processo de extradição fica suspenso se, após seu início, o
extraditando optar pela nacionalidade originária brasileira, até que se
verifique o implemento da condição suspensiva, pela homologação da opção
no juízo competente.
(a) Está correta apenas a assertiva I.
(b) Está correta apenas a assertiva II.
(c) Estão corretas apenas as assertivas IS e 111.
(d) Estão corretas apenas as assertivas Hi e IV.
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Direito Internacional
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(a) Estão corretas apenas as assertivas I e II.
(b) Estão corretas apenas as assertivas I e III.
(c) Estão corretas apenas as assertivas lli e IV.
(d) Estão corretas apenas as assertivas II, III e IV.
244
Direito Internacional
GABARITO
0 1 -C
0 2 -B
03-A
04-A
05-B
06-D
07-D
08-A
09-D
1 0 -A
11- D
12-B
13-A
14- A
15-C
16-B
17-B
18-C
19-A
20-D
2 1 -A
22-D
23-C
24-B
25-C
26-A
27-C
28-D
29-B
30-D
31-C
32-B
33-B
245
34-B
35-C
36-B
37- B
38-D
39-B
40- A
41-C
42-D
43-C
44-A
45-C
46-D
47-A
48-D
49-E
50-D
51-E
52-A
53-D
54-A
55-E
56-A
57-E
58-C
59-B
60-D
61-E
62-C
63-C
64-D
65-A
66-A correta, B correta, C correta, D errada, E errada.
67-A errada, B errada, C correta, D errada, E correta.
68-A correta, B correta, C errada, D errada, E correta.
69-A correta, B errada, C correta, D errada, E errada.
70-D
71-C
72-D
73-B
74-A
246
Direito Internacional
75-correta
76-errada
77-correta
78-correta
79-correta
80-errada
81-correta
82-errada
83-correta
84-errada
85-errada
86-correta
87-errada
88-certa
89-A errada, B errada, C correta, D correta.
90~A
91-D
92-B
93-D
94-A
95-A
96-Anulada
247