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Etapa Ensino Médio

História

A política e a
música brasileiras
a partir de 1968
1ª Série do EM
Aula 2 – 3º bimestre
Conteúdo Objetivo
• Ditadura civil-militar; • Analisar e compreender
o contexto brasileiro no
• Movimentos de período da ditatura militar
resistência estudantil e e os movimentos culturais
de juventude. juvenis de contracultura
desse período.
• Habilidade:
(EM13CHS205)
Para começar
Na atualidade, como os jovens
lutam pela democracia e pelos
direitos humanos?
Essas questões já estão
consolidadas no Brasil? E eu digo sim
E eu digo não ao não
Qual é a importância de lutar E eu digo: É!
Proibido proibir
por uma sociedade mais justa e É proibido proibir
É proibido proibir...
igualitária? Caetano Veloso.
É Proibido Proibir,
1968.

Geraldo Vandré, em 1968. Arquivo Nacional.


Para começar
Na aula anterior, certamente,
você deve ter lido o texto
sugerido A cena musical
brasileira de 1968.
Disponível em:
E eu digo sim
https://jornal.usp.br/artigos/a-ceE eu digo não ao não
na-musical-brasileira-de-1968/ E eu digo: É!
Proibido proibir
. É proibido proibir
É proibido proibir...
Caetano Veloso.
É Proibido Proibir,
1968.
A banda Os Mutantes, formada por Arnaldo
Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias. Fotografia
de 1969. Arquivo Nacional.
Foco no conteúdo

Na década dos anos de 1960, o Brasil vivia sob uma ditadura militar
que havia tomado o poder em 1964, e que governou o país até 1985. O
regime militar foi marcado por uma série de restrições às liberdades
civis, censura à imprensa e perseguição política, o que gerou forte
resistência por parte da sociedade civil.
No âmbito econômico, o país passava por um momento de
desenvolvimento, com a implantação de políticas de industrialização e
modernização da economia, mas que também gerava desigualdades
sociais e regionais.
Foco no conteúdo

No plano cultural, os anos 1960 foram marcados por movimentos de


renovação, com a emergência da bossa nova, do Teatro de Arena, do
Cinema Novo e do Tropicalismo, que influenciaram não somente a
produção cultural brasileira, mas também alcançaram projeção
internacional.
Jovens se mobilizaram contra a ditadura militar, participando de
movimentos estudantis, sindicais e populares. Houve uma série de
manifestações e protestos contra o regime, que foram reprimidos com
violência pelas autoridades.
Foco no conteúdo
TEXTO – A cena musical brasileira de 1968
“A vida não se resume em festivais”, disse Geraldo Vandré no palco do
Maracanãzinho, diante de 20 mil pessoas que vaiavam a decisão do júri. A
multidão estava inconformada com a derrota de sua canção ‘Caminhando
(Para não dizer que não falei das flores)’ para a bela ‘Sabiá’, de Chico Buarque
e Tom Jobim, interpretada por Cynara e Cybele, do Quarteto em Cy. [...]
Em maio, enquanto Paris estava em chamas, o samba triunfara nos palcos
da TV Record. Também espremido entre tanta sede de novidade e juventude,
desde o surgimento da Bossa Nova nos fins dos anos 1950, o velho samba
renovava o seu repertório, com uma série de canções [...].
Mas o ano de 1968 tinha urgências, inclusive urgências musicais. Tinha
urgência de revolução, urgência de liberdade, urgência de juventude, urgência
de realidade e de ação.
Foco no conteúdo
As canções daquele ano também tinham que ser urgentes [...]. Não
podiam ficar limitadas a cantar o futuro, cantar para esperar o futuro,
cantar enquanto o futuro não chega. [...] Precisava de uma canção
urgente que anunciasse que ‘o dia de glória (revolucionária) chegou’.
Efetivamente, o ano de 1968 esticou ao máximo o fio ilusório de
continuidade histórica, numa tensão máxima entre sonhos utópicos e
realidades massacrantes. Os tanques soviéticos de Praga, o eleitorado
conservador francês, a fuzilaria da Praça Tlatelolco no México, o AI-5 no
Brasil acabaram com a Primavera da Juventude e suas utopias
revolucionárias no auge das mobilizações. Quando esse fio ilusório se
rompeu, ficou a sensação de choque, de paralisia temporal, de
sensação de um tempo inconcluso, um ano que não acabou. [...]
Foco no conteúdo
[...] Em setembro, em uma das eliminatórias do mesmo III Festival
Internacional da Canção, que consagraria ‘Caminhando’, Caetano Veloso
protagonizara um dos maiores happenings musicais de todos os tempos,
discutindo ao vivo com a plateia que vaiava a canção ‘É Proibido Proibir’
no Tuca, em São Paulo. Enquanto Os Mutantes tocavam de costas para a
plateia e um hippie norte-americano fazia uma coreografia esquisitona
[...].”
Fonte: NAPOLITANO, Marcos. A cena musical brasileira de 1968. Jornal
da USP, 25 out. 2018. Disponível em:
https://jornal.usp.br/artigos/a-cena-musical-brasileira-de-1968/ .
Acesso em: 20 out. 2020.
Na prática

A partir da leitura do texto “A cena musical brasileira de 1968”, responda


ao que se pede:
I. Qual o assunto principal do texto? Explique com as suas palavras.
II. A quais eventos históricos, ocorridos em 1968, o texto está se
referindo? Qual a relação desses acontecimentos com os movimentos
de juventude? Justifique.
III.Por que, à época, a música de Geraldo Vandré “Pra não dizer que não
falei das flores” tornou-se um hino da juventude? O que esses jovens
almejavam, segundo o texto? Qual a relação com a ditadura
civil-militar no Brasil? Por que “Sabiá” foi vaiada?
Na prática Correção
I e III. Muitos jovens ligados aos movimentos estudantis, por exemplo,
críticos ao regime ditatorial, viam nas canções a materialização de
utopias, de um presente diverso do vivido, como um hino, uma voz e,
nesse sentido, a música de Geraldo Vandré revelava a urgência que a
geração almejava, o que a melancolia de “Sabiá”, de Chico Buarque e
Tom Jobim, não trazia explicitamente.
A Bossa Nova retratava os anseios da classe média da zona sul carioca,
e a Jovem Guarda dialogava com o rock norte-americano. Já a MPB e o
Tropicalismo eram considerados engajados e contestadores.
Na prática Correção
Os festivais de música propiciaram às juventudes daquele período um “ato
de rebeldia”, promovendo rupturas com o cenário da década de 1960,
principalmente durante o “ano que não acabou”, segundo Zuenir Ventura.
II. Os eventos históricos citados no texto são os desdobramentos da
Primavera de Praga, as manifestações no México, Maio de 1968, na França,
e a ditadura civil-militar no Brasil.
Diante da temática, também podemos apontar outras formas de
manifestação artística do período, como o Cinema Novo, com os contrastes
sociais expressos na “estética da fome”, de Glauber Rocha. Assim como a
influência do Tropicalismo nas artes visuais, em obras de Hélio Oiticica, na
cenografia de Hélio Eichbauer (Rei da Vela, 1967), e em pinturas artísticas
como as de Rubens Gerchman e de Carlos Vergara.
Na prática
Assista ao vídeo para refletir acerca do movimento tropicalista.
Relacione o surgimento do movimento ao cenário político, social e
cultural dos anos de 1960 no Brasil. Caso seja necessário, pesquise
em fontes confiáveis para responder ao que se pede.
Hélio Oiticica defende a Tropicália como uma "posição estética
diante das coisas“

O que o artista Hélio Oiticica quis dizer


com a expressão “posição estética das
coisas”?
https://cutt.ly/dwwtoK3s
Na prática Correção
A expressão “posição estética das coisas” refere-se à forma como uma
pessoa percebe e aprecia a beleza e a arte presentes nas coisas ao
seu redor, o que também pode ser influenciado pela cultura, pela
história, entre outras.
Para o artista, e no contexto da ditadura militar, a expressão era uma
referência à forma como a cultura popular brasileira se manifestava no
movimento tropicalista, que estabelecia uma conexão entre a arte e a
realidade brasileira.
Na prática

Ao lado, está a capa do álbum


Tropicália. Observe a imagem, e
descreva quais eram as propostas
estéticas do movimento tropicalista.
Caso seja necessário, pesquise em
outras fontes confiáveis.

Tropicália ou Panis et Circencis


é um álbum de estúdio lançado
por Caetano Veloso, Gal Costa,
Gilberto Gil, Nara Leão, Os
Mutantes e Tom Zé, em julho de
1968.
Na prática Correção
A capa foi elaborada por Rubens Gerchman, a partir de uma imagem
fotográfica de Olivier Perroy. Rita Lee e Guilherme Araújo sugeriram o
figurino (roupas), predominantemente em tons de verde e amarelo.
Gilberto Gil, sentado no chão, repete a pose de Oswald de Andrade
num retrato dos modernistas, de 1922.
Caetano Veloso segura um retrato de Nara, numa referência a fotos
de grupos de artistas dadaístas, de 1921.
Na prática Correção
O disco traz contraposição à Bossa Nova (que retratava os anseios da
classe média da zona sul carioca) e à Jovem Guarda (que dialogava
com o rock norte-americano). Os tropicalistas eram considerados
engajados e contestadores.
A linguagem pop foi de extrema importância para o Tropicalismo. Para
os padrões da bossa nova, tudo era estranho no movimento
tropicalista. As músicas, o visual dos artistas, os efeitos sonoros, tudo
era, de certa maneira, “estranho”. Tudo foi revolucionário. Desde a
produção da foto até a colocação dos artistas. A capa do álbum
funcionou como um grande outdoor para o novo movimento.
Aplicando
Confira algumas músicas famosas de resistência
à ditadura militar no Brasil:
1 - Cálice – Chico Buarque e Milton Nascimento. Disponível em:
https://cutt.ly/B6zvhad. Acesso em: 10/05/2023.
2 - Alegria, alegria – Caetano Veloso. Disponível em:
https://cutt.ly/z6zvAsM. Acesso em: 10/05/2023.
3 - O bêbado e a equilibrista – Elis Regina. Disponível em:
https://cutt.ly/V6zvBXH. Acesso em: 10/05/2023.
4 - Como nossos pais – Elis Regina. Disponível em:
https://cutt.ly/x6zbqFP. Acesso em: 10/05/2023.
Aplicando

O que é uma batalha de Slam?


Trata-se de um tipo de encontro literário que envolve poesia oral,
performances e competição. Nesses encontros, os participantes (também
chamado de “slammers”) apresentam seus poemas autorais.
A partir das músicas selecionadas e seus versos, elabore poemas autorais
que possam estar em consonância com as reinvindicações da sua juventude,
do seu tempo.
Confira com seu professor a possibilidade de fazer uma apresentação para
toda a escola.
Fique atento às orientações e aos prazos de entrega das produções.
O que aprendemos hoje?
• Na década dos de 1960, o Brasil vivia sob uma ditadura
militar, que havia tomado o poder em 1964, e que governou
o país até 1985. O regime militar foi marcado por uma série
de restrições às liberdades civis, censura à imprensa e
perseguição política, o que gerou forte resistência por parte
da sociedade civil;
• No plano cultural, os anos 1960 foram marcados por
movimentos de renovação cultural e artística, com a
emergência da bossa nova, do Teatro de Arena, do Cinema
Novo e do Tropicalismo;
• Jovens se mobilizaram contra a ditadura militar, participando
de movimentos estudantis, sindicais e populares.
Referências
Slide 03 – Fonte: Imagem. Disponível em:
https://cutt.ly/W6jGcbM.
Slide 04 – Fonte: Imagem. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Os_Mutantes.tif
Slide 13 – Fonte: Vídeo. Hélio Oiticica defende a Tropicália
como uma "posição estética diante das coisas“. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=nlJZ5VuvRMY. Acesso em:
10/05/2023.
Slide 15 – Fonte: Imagem. Disponível em:
https://cutt.ly/c6j0sXM
Referências
BIROLLI, Maria Izabel de Azevedo Marques. Gerações em conflito:
a juventude contemporânea entre o passado e o presente.
Doutorado em Ciências Sociais, PUC-SP. São Paulo, 2016.
Texto: A ‘Juventude’ é apenas uma palavra, Questões de
sociologia, Rio de Janeiro: Marco Zero.
Currículo em Ação. Caderno do Estudante. Vol. Único. 1ª série do
EM. Disponível em: https://cutt.ly/S51iOqI. Acesso em: 03 de
maio de 2023.
Jornal da USP. Escrito por: Kimi Tomizaki. Disponível em:
https://cutt.ly/O51onai. Acesso em: 03 de maio de 2023.
Material
Digital

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