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Os anos de 1960

A partir de 1960 esses protestos se intensificaram em todo o mundo com as músicas dos The Beatles e Rolling
Stones, músicas essas que clamavam pelo fim da guerra, pela paz mundial, pela união de todos. No Brasil
a censura musical já se fazia presente durante o período do Estado Novo, a DIP (Departamento de
Imprensa e Propaganda) era a responsável em manter a imagem do presidente Getúlio Vargas, e a intervir nos
trabalhos quando estes não condizem para o bem do Estado. Com o decreto n° 20.493. de 1946 foi criada a
DCDP (Divisão de Censura de Diversões Públicas) que ficava estabelecido no artigo 41.
Devido ao alto índice de analfabetismo e a cultura oral estarem mais presentes na vida das pessoas nesse
momento, segundo Ribeiro (2011, p. 181) é graças a essa oralidade que “a canção popular mostrava-se como a obra
cultural capaz para se alcançar o objetivo pretendido: fazer-se ouvir e ajudar nas causas sociais”. O povo analfabeto
via na música um meio de se integrar à sociedade. Moraes (2000, p. 204) cita um pensamento de Antônio Alcântara
Machado que diz: “Toda a gente sabe: verso e música são as expressões de arte mais próximas dos analfabetos.
Conjugados, assumem um poder de comunicação que fura a sensibilidade mais dura”. Isso explicaria os números de
participantes nos festivais de música, pois a música atingia toda uma massa de classe média, que já vinha
descontente com o governo e via na música uma forma de expressar esse descontentamento.

Por fim, abrangendo o recorte do Woodstock, temos em meados desse


evento a eclosão do movimento negro que se intensificou na década de 1960.
Suas principais reivindicações estavam relacionadas à igualdade de direitos
entre pessoas de etnias distintas. Uma das principais críticas empreendidas
pela população juvenil da época em relação aos Estados Unidos, diz respeito à
Guerra do Vietnã. Sendo essa caracterizada pela intervenção de duas grandes
potências mundiais – EUA e a URSS – em um conflito interno ocorrido no
Vietnã. Durante um período em que as contradições presentes na sociedade
estadunidense eram mais que evidentes, ocorreu um dos mais importantes
festivais de música da História, que além de ter deixado o seu legado, exprimiu
os pensamentos e anseios de toda uma geração.
O festival que ficou conhecido como Woodstock ocorreu nos dias
15, 16 e 17 de agosto de 1969, na cidade de Bethel. Teve
proporções muito maiores daquelas esperadas pelos
organizadores, pois se esperava um público de duzentas mil
pessoas, mas os organizadores do evento calcularam em torno de
um milhão de espectadores. Durante os três dias de festival as
pessoas assistiram a shows, acamparam, meditaram,
compartilharam ideias, ali tudo era permitido: drogas tornaram-se
lícitas e o amor livre.

Mas e o Brasil?
Renúncia de um presidente, adoção casuística do regime parlamentarista, radicalismo político, golpe de Estado
seguido de ditadura militar, fechamentos do Congresso, elevado número de diferentes governos e subversão armada
são alguns dos acontecimentos que movimentam o Brasil na conturbada década de 60.
O presidente Juscelino Kubitschek, que vinha implementando em ritmo acelerado o seu programa de
industrialização e desenvolvimento econômico, ao preço, porém, do endividamento externo, inflação, concentração de
renda e acentuado êxodo rural, inaugura Brasília em 21 de abril de 1960. Jânio Quadros vence as eleições de 3 de
outubro e João Goulart é eleito vice-presidente (pelo sistema eleitoral então vigente, votava-se separadamente para
presidente e vice).
Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961, renuncia seu mandato e como o vice-presidente João Goulart estava em
visita à China, o presidente da Câmara, Ranieri Mazzilli, assume o governo interinamente.
As forças conservadoras, promoveram em São Paulo a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, manifestação
que reúne cerca de 500 mil pessoas e simboliza a sustentação civil ao que estava por vir: a deposição de Goulart
pelos militares em 1 de abril de 1964.
No dia 2 de abril, Ranieri Mazzilli assume interinamente o governo e no dia seguinte, com o poder de fato na mão
dos militares, desencadeia-se em todo o País uma onda de prisões de líderes políticos, sindicais e camponeses.

Cinema novo
O cinema novo é uma época de produção intensa de filmes e ideias, em que a ordem é fazer política por meio do
cinema, à margem do sistema e de suas engrenagens comerciais, contrariando quase tudo que se faz no cinema
brasileiro e propondo um olhar novo e autoral sobre a realidade.
Fortemente influenciado pelo Neorrealismo italiano e pela Nouvelle Vague francesa, o movimento atingiu seu
auge após o golpe militar de 1964 e foi marcado pelo descontentamento de um grupo de cineastas com relação às
questões políticas e sociais do país. A desigualdade e a opressão faziam parte de um contexto de luta que marcou
não apenas o Cinema Novo, como toda a produção dos países de terceiro mundo na época.
A geração de cineastas do Cinema Novo cresceu em meio a um contexto histórico conturbado e de muitos
questionamentos, no Brasil e no mundo. Se, de um lado, os jovens demonstravam uma vontade de romper com
valores estabelecidos (questões sociais, culturais e de gênero, por exemplo); de outro, o conservadorismo e a
repressão a esses movimentos ganhavam força.

A juventude que atuava no cinema acreditava que era necessário lutar contra o empobrecimento intelectual que
dominava a população brasileira, tendo como arma uma arte com conteúdo, mais próxima do real e que pudesse ser
feita com poucos recursos. Embora esses ideais fundamentais tenham se mantido em todos os filmes do movimento,
historicamente o Cinema Novo é dividido em três fases, que se diferenciam em atmosfera, estilo e conteúdo.

Na chamada Primeira Fase (1960 a 1964), antes que a ditadura militar se instaurasse no país, o Centro Popular de
Cultura (CPC), uma entidade associada à União Nacional de Estudantes (UNE), lançou o filme Cinco Vezes Favela
(1961), dirigido por Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade, Leon Hirszman, Miguel Borges e Marcos Farias. O
longa-metragem, dividido em cinco episódios, é considerado por muitos teóricos como uma das primeiras produções
do Cinema Novo.

Glauber Rocha, que certamente está entre os mais


influentes nomes do movimento, foi também seu maior
defensor e um dos responsáveis por sua existência.
Ele queria fazer filmes que educassem o público. Em
1964, lançou Deus e o Diabo na Terra do Sol no
Festival de Cannes, na França, e foi indicado à Palma
de Ouro. Ainda hoje, o longa é um marco do cinema
brasileiro.

A Primeira Fase do Cinema Novo representa bem as motivações e os objetivos primordiais do movimento, com
temáticas sociais que retratavam as dificuldades do povo: a fome, a violência, a alienação religiosa e a exploração
econômica. Os filmes queriam se afastar da imagem que o Brasil tinha no exterior: belos atores em paraísos tropicais.
Ou seja, mostravam a realidade nua e crua, em especial nas periferias e no sertão. A seu modo, também criticavam a
maneira pacífica como os brasileiros lidavam com esses problemas, mas ainda apresentavam algum otimismo de que
as coisas poderiam mudar.

Segundo o cineasta Cacá Diegues, o foco dessa fase do Cinema Novo não estava na edição e no enquadramento,
por isso seu estilo era visualmente próximo do documental. A intenção era, de fato, espalhar a filosofia do proletariado.
“Os cineastas brasileiros (principalmente no Rio, na Bahia e em São Paulo) levaram suas câmeras e saíram para as
ruas, o interior e as praias em busca do povo brasileiro, o camponês, o trabalhador, o pescador, o morador das
favelas”, afirmou.

Quando o presidente João Goulart foi deposto pelos militares, iniciou-se a Segunda Fase do Cinema Novo
(1964–1968). Foi nesse momento que os brasileiros perderam a fé nos ideais do movimento, já que a promessa de
proteção dos direitos civis e de luta contra a opressão não se
concretizou. Ou seja, os jovens e idealistas cineastas haviam
falhado em sua empreitada de manter a democracia, usando a
arte como instrumento político.

Muitos acreditam que essa desconexão com o povo


brasileiro se deve ao fato de que os diretores do movimento
passaram a tentar agradar mais aos críticos do que ao público.
A temática dos filmes passou a focar na angústia e na
perplexidade de um país sob um regime autoritário, como que
aceitando o fracasso do Cinema Novo e da esquerda intelectual.

Para tentar reconquistar o público, alguns autores começaram a se afastar da “estética da fome” em favor de um
estilo cinematográfico um pouco mais sofisticado tecnicamente e de temáticas que atraíssem o interesse das massas.
Tanto que o primeiro filme do Cinema Novo a ser filmado em cores e a retratar personagens da classe média foi
lançado nesse período: Garota de Ipanema, de Leon Hirszman (1968).

Glauber Rocha, no entanto, permanecia em sua luta por um cinema engajado, tendo lançado em 1967, também em
Cannes, o longa Terra em Transe. O filme fazia uma clara alusão à situação política brasileira, sob o regime militar,
retratando uma república fictícia governada por um tecnocrata conservador, e foi proibido pela censura por ser
considerado subversivo.

A Terceira Fase do Cinema Novo (1968–1972) buscou sua


inspiração no Tropicalismo, um movimento que fazia sucesso no
país. Sua estética remetia às cores da flora brasileira, com
influências da cultura pop e do concretismo, abusando do
exagero. A ideia era chocar e romper com a arte “bem
comportada”.

Por isso mesmo, essa fase foi também caracterizada como


“canibal-tropicalista” – um canibalismo que apareceu literalmente no filme Como Era Gostoso o Meu Francês (1971),
de Nelson Pereira dos Santos. A ideia de antropofagia também aparece em Macunaíma (1969), de Joaquim Pedro de
Andrade, no qual o protagonista acaba sendo “devorado” pelo sistema, assim como muitos brasileiros eram tragados
pelo milagre econômico da ditadura militar.

Foi nessa fase, também, que a perseguição do regime militar aos seus opositores se intensificou e Glauber Rocha
partiu para o exílio, em 1971, de onde nunca retornou totalmente. Ele passou pelos Estados Unidos, Chile, Uruguai,
Cuba, França e Itália, tendo realizado diversos filmes, mesmo longe de sua terra natal – fonte de inspiração para
tantas obras emblemáticas.

Como a Terceira Fase do Cinema Novo se deu durante um


período de modernização e globalização do Brasil, os filmes
produzidos também eram mais tecnicamente bem acabados, o
que de certa forma contradizia os ideais da Primeira Fase. Essas
discussões deram espaço para o surgimento do Novo Cinema
Novo, também conhecido como Udigrudi, que retomava o foco
inicial do movimento: personagens marginalizados e problemas
sociais, com uma estética mais “suja”, a chamada “estética do
lixo”. Nesse movimento de ruptura se destacaram Rogério Sganzerla (O Bandido da Luz Vermelha, A Mulher de
Todos), Júlio Bressane (Matou a Família e Foi ao Cinema, O Anjo Nasceu) e Ozualdo Candeias (A Margem, A
Herança).

Com a criação da Embrafilme, em 1969, o cinema nacional passou a produzir uma enorme quantidade de
longas-metragens. Alinhados ao regime militar e preocupados com a censura, esses filmes não obedeciam mais às
ideologias estéticas ou filosóficas do Cinema Novo. Assim, o movimento se dissolveu nos anos 1970, sendo
substituído por produções mais comerciais e nacionalistas.

As principais características estéticas do movimento, a falta


de recursos e a liberdade criativa permitiram aos cineastas
do Cinema Novo desafiar, provocar e surpreender os
espectadores. No entanto, essa liberdade, esse abandono
de preciosismos técnicos, fez de cada filme uma expressão
da visão particular de seu diretor. Por isso, o movimento não
é necessariamente heterogêneo em sua estética, já que a
forma e o conteúdo dos filmes variaram muito em suas
diferentes fases.

O Cinema Novo foi moldado à imagem de outros movimentos, conhecidos por sua subversão, como o
Neorrealismo italiano e a Nouvelle Vague francesa. Em comum com seus predecessores, os brasileiros tinham a
vontade de filmar com orçamentos reduzidos, muitas vezes em locações reais e usando atores não profissionais,
tratando de temas da realidade das classes oprimidas. A paixão pelo cinema e o desejo de usá-lo como ferramenta de
transformação era o que movia a todos eles.

Embora alguns diretores do Cinema Novo vissem os franceses


como burgueses ou elitistas, eles concordavam que a “teoria do
autor” da Nouvelle Vague era um conceito interessante, que
permitia ao cineasta imprimir suas visões pessoais nas obras, o
que incluía opiniões políticas e preferências estéticas.

Por esse motivo, esteticamente o movimento não possui uma


unidade. A própria “estética da fome”, desenvolvida por Glauber
Rocha, tratava mais de questões conceituais do que visuais ou técnicas. O objetivo era expor as desigualdades
sociais nos países de terceiro mundo, falar da fome como um sintoma de uma sociedade doente. Como disse o
cineasta: “[…] nossa maior miséria é que esta fome, sendo sentida, não é compreendida.”
Tropicália
O Tropicalismo foi um movimento de ruptura que sacudiu o ambiente da música popular e da cultura brasileira entre
1967 e 1968. Seus participantes formaram um grande coletivo, cujos destaques foram os cantores e compositores
Caetano Veloso e Gilberto Gil, além das participações da cantora Gal Costa e do cantor-compositor Tom Zé, da banda
Mutantes, e do maestro Rogério Duprat. A cantora Nara Leão e os letristas José Carlos Capinan e Torquato Neto
completaram o grupo ao lado do artista gráfico, compositor e poeta Rogério Duarte, um dos principais mentores
intelectuais do tropicalismo.
Os tropicalistas deram um histórico passo à frente no meio musical brasileiro. A música brasileira pós-Bossa Nova e
a definição da “qualidade musical” no país estavam cada vez mais dominadas pelas posições tradicionais ou
nacionalistas de movimentos ligados à esquerda. Contra essas tendências, o grupo baiano e seus colaboradores
procuram universalizar a linguagem da MPB, incorporando elementos da cultura jovem mundial, como o rock, a
psicodélica e a guitarra elétrica.
Ao mesmo tempo, sintonizaram a eletricidade com as informações da vanguarda erudita por meio dos inovadores
arranjos de maestros como Rogério Duprat, Júlio Medaglia e Damiano Cozzella. Ao unir o popular, o pop e o
experimentalismo estético, as ideias tropicalistas acabaram impulsionando a modernização não só da música, mas da
própria cultura nacional.
O nome surge a partir de uma obra de Hélio Oiticica, de nome Tropicália. Cabe frisar que o movimento era
abrangente: incluía múltiplas linguagens artísticas,
como cinema, música e artes plásticas.
Letras com tom poético, que abordavam temas
cotidianos e camuflavam críticas sociais (mas sem
oposição política explícita), uso constante de guitarras
elétricas, mistura de tradições da cultura nacional e
inovações estéticas
internacionais, como a pop art, e a luta contra
barreiras tradicionais (peace and love) são algumas
das principais características desse movimento
antropofágico.
O movimento que, entre outros motivos, surgiu por
conta da repressão da Ditadura Militar do Brasil, foi
muito criticado. Pessoas que eram opostas ao Tropicalismo diziam que as letras das músicas não tinham
posicionamento contra a política da época. Porém, para o movimento, a ideia era justamente fugir das formas de
protestos tradicionais, com letras claramente críticas. Através de roupas e letras mais leves, e muitas vezes
debochadas, os tropicalistas buscavam a mudança da sua forma.
Porém o Tropicalismo não fazia suas manifestações de forma tradicional. As letras continham tons de deboche. A
sátira estava presente nas apresentações. Carmen Miranda, por exemplo, passava uma imagem estereotipada de um
Brasil Tropical.
No movimento, a imagem da cantora foi satirizada, mas não por seu trabalho ou por sua voz. Caetano Veloso se
inspirou na cantora, inclusive, para compor a canção Tropicália.
As roupas do Tropicalismo eram usadas em forma de protesto contra as roupas vistas como corretas. A ideia era
chocar quem quer que os visse. O movimento teve forte presença nos programas de televisão, tendo algumas vezes
programas dedicados apenas ao estilo.
Um ano depois do impacto causado pelas guitarras nas canções “Alegria, alegria” (Caetano Veloso) e “Domingo no
parque” (Gil), apresentadas no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, Caetano Veloso e Gilberto Gil
voltaram a surpreender o público no III FIC, Festival Internacional da Canção, promovido pela Rede Globo. A
apresentação de “É proibido proibir” acabou se transformando num happening acaloradíssimo naquela noite de
domingo, 15 de setembro de 1968. Na final paulista do FIC, realizada no Teatro da Universidade Católica de São
Paulo, a música de Caetano foi recebida com furiosa vaia pelo público que lotava o auditório.

“Mas é isso que é a juventude que diz que quer


tomar o poder? Vocês têm coragem de aplaudir, este
ano, uma música, um tipo de música que vocês não
teriam coragem de aplaudir no ano passado! São a
mesma juventude que vão sempre, sempre, matar
amanhã o velhote inimigo que morreu ontem! Vocês
não estão entendendo nada, nada, nada,
absolutamente nada. Hoje não tem Fernando Pessoa.
Eu hoje vim dizer aqui, que quem teve coragem de
assumir a estrutura de festival, não com o medo que o
senhor Chico de Assis pediu, mas com a coragem,
quem teve essa coragem de assumir essa estrutura e
fazê-la explodir foi Gilberto Gil e fui eu. Não foi
ninguém, foi Gilberto Gil e fui eu!”
CAETANO VELOSO - DISCURSO EM FESTIVAL

A geração de 1970 e a poesia marginal


Esse movimento dito "marginal", absorveu o grito silenciado pela Ditadura Militar por meio da união de diversos
artistas, agitadores culturais, educadores e professores. Assim, ele permitiu uma nova forma de divulgação da arte e
da cultura brasileira, reprimida pelo sistema totalitário que vigorava no país.

Inspirado nos movimentos de contracultura, a denominação


“Geração Mimeógrafo” remete justamente à sua principal
característica. Ou seja, a substituição dos meios tradicionais de
circulação de obras para os meios alternativos de divulgação. Estes
eram empregado pelos artistas independentes ou os “representantes
da cultura marginal”. Foi assim que os artistas envolvidos sentiram a
necessidade de se expressarem e, sobretudo, divulgarem suas ideias.

A partir desse movimento revolucionário literário, a produção


poética “fora do sistema” foi divulgada pelos próprios poetas a partir
de pequenas tiragens de cópias.Elas eram produzidas nos toscos folhetos mimeografados, os quais vendiam sua arte
a baixo custo, nos bares, praças, teatros, cinemas, universidades, etc.

A poesia marginal era formada, em sua maioria, por pequenos textos, alguns com apelo visual (fotos, quadrinhos,
etc.), absorvidos por uma linguagem coloquial (traços da oralidade), espontânea, inconsciente. A temática cotidiana e
erótica era permeada de sarcasmo, humor, ironia, palavrões e gírias da periferia. Numa das vertentes desse
movimento sociocultural e artístico, surge notadamente a “Poesia Marginal”, aquela da periferia, representando assim,
a voz da minoria.

Os poetas marginais recusavam qualquer modelo literário, de forma que não se “encaixavam” em nenhuma escola
ou tradição literária. Desse movimento marginal surgem poetas que se destacaram como Chacal, Cacaso, Paulo
Leminski e Torquato Neto. No campo musical, destacam-se Tom Zé, Jorge Mautner e Luiz Melodia. Já nas artes
plásticas foram Lygia Clark e Hélio Oiticica que se identificaram com o movimento.

Envolvidos:

● Cacaso: Sua voz colaborou com o grito de liberdade que o país almejava
diante da repressão causada pela ditadura;
● Chacal: Poeta e letrista brasileiro, mimeografou sua obra “Muito Prazer” em
1971:;
● Paulo Leminski: Escreveu contos, poemas, haicais, ensaios, biografias,
literatura infanto-juvenil, traduções e, além disso, realizou parcerias
musicais e publicou seus primeiros poemas na revista concretista
“Invenções” e colaborou com outras revistas de vanguarda;
● Francisco Alvim: Destacou-se na poesia marginal com poemas curtos e uma
linguagem coloquial. Fez parte do grupo inicial dos poetas marginais
“Frenesi”, ao lado de Cacaso e Chacal. Algumas obras que se
destacaram;
● Torquato Neto: Organizou a revista de poesias vanguardistas
“Navilouca” (1974) e participou dos movimentos de contracultura como
a Tropicália, o Concretismo e a Poesia Marginal;
● Ana Cristina César: Poetisa, tradutora e crítica literária carioca, é
considerada uma das principais figuras femininas da geração
mimeógrafo e suas publicações de edições independentes que
merecem destaque são: “Cenas de Abril” e “Correspondência
Completa”;
● Nicolas Behr: Foi um grande representante da Geração mimeógrafo e
da Poesia Marginal. Lançou sua primeira obra mimeografada em 1977,
intitulada “Iogurte com farinha”.

Pop. Art

Pop Art é um movimento artístico que se caracteriza pela reprodução de


temas relacionados ao consumo, publicidade e estilo de vida americano
(american way of life).

A pop art não deve ser considerada um fenômeno de cultura popular (apesar de estar muito interligada a ela), mas
uma interpretação de seus artistas da cultura dita popular e de massas.

Este fenômeno baseou-se, em grande medida, na estética da cultura de massas, a mesma criticada pela Escola de
Frankfurt e influenciou muito o grafismo e os desenhos relacionados à moda.

Características
● Aproximação da arte com a vida cotidiana;

● Utilização de cores intensas e vibrantes;

● Reproduções de peças publicitárias;

● Inspiração na cultura de massa;

● Uso da serigrafia;

● Imitação da estética industrial;

● Uso da imagem de celebridades;

● Reproduções em série do mesmo tema;

● Inspiração no universo das histórias em


quadrinhos.

No Brasil

No Brasil, a Pop Art surgiu em outro contexto histórico. Aqui, estava em curso a ditadura militar e os artistas
utilizaram a estética pop para se comunicar com as massas e, assim fazer críticas ao sistema.

Os principais nomes da pop art brasileira são:

● Antonio Dias (1944)

● Rubens Gerchman (1942-2008)

● Claudio Tozzi (1944)

O artista contemporâneo Romero Britto utiliza hoje em dia a estética da pop art para produzir suas obras. Entretanto,
ele não possui caráter crítico.

Bibliografia

https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/tropicalismo

https://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3741/tropicalia

https://www.aicinema.com.br/cinema-novo/

https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/plenario/discursos/escrevendohistoria/visitantes/panorama-das-deca
das/decada-de-60#:~:text=Ren%C3%BAncia%20de%20um%20presidente%2C%20ado%C3%A7%C3%A3o,na%20con
turbada%20d%C3%A9cada%20de%2060

https://www.todamateria.com.br/poesia-marginal/

https://www.todamateria.com.br/pop-art/

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