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TRABALHO DE ARTES

A DITADURA MILITAR NO BRASIL ATRAVES DA MUSICA


POPULAR BRASILEIRA

Escola Estadual Nossa Senhora do Carmo


Nome: Ana Cristina
Camilly Vitoria
Gabriel Thaygler
Maria Eduarda Nunes
Maria Luiza Bastos
Vinicius
Turma: 1reg2
Professora: Aurea
Data de entrega: 06/11/23

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SUMARIO

A Ditadura Militar no Brasil através da Música Popular Brasileira 3


Música no Brasil da Ditadura 5
Composições e Músicas Sobre a Ditadura Militar no Brasil 7
Referencias Bibliográficas 10

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A Ditadura Militar no Brasil através da Música Popular Brasileira

Em 2 de abril de 1964, os militares, apoiados pelos Estados Unidos, derrubaram


o governo de João Goulart e tomaram o poder. Estava instaurada a Ditadura
Militar no Brasil. Milhares de pessoas foram agredidas, torturadas e
assassinadas. Outros milhares desapareceram. Sob o pretexto de
redemocratizar o país, limpando-o da escória, como comunistas e outros seres
pensantes (possíveis ameaças à ditadura), inaugurou-se um período de terror (e
vergonha) nas terras tupiniquins.

Um grupo que se destacou na luta contra a opressão foi o dos artistas: atores,
músicos, cineastas, artistas plásticos, poetas, escritores... Cada um contribuía
com o que melhor sabia fazer, questionando os fatos e informando a população,
apesar de censurados pelos órgãos opressores. E, como bons artistas, os
músicos populares brasileiros descreveram os horrores da ditadura nos mínimos
detalhes. Descrições que perpetuam até os dias atuais, trazendo à tona toda a
covardia aplicada contra nosso povo, e que não nos deixam esquecer todas as
atrocidades cometidas contra nosso país.
Na década de 60, a censura tentou calar quem tinha algo a falar. Mas alguns
músicos acharam uma brecha e deixaram para a posteridade seu pesar. Um dos
mais ilustres artistas militantes foi Chico Buarque. Junto com outro grande
músico, Gilberto Gil, compuseram uma música que reflete bem a situação da
época. “Cálice” traz referências ao Santo Cálice de Cristo e a uma passagem
bíblica (Pai, afasta de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue), mas é uma
metáfora com o verbo “calar”. Foi a forma que os músicos acharam de dizer ao
mundo que a liberdade de expressão estava caçada no Brasil.

Outro grande expoente do período foi o músico Geraldo Vandré. Geraldo compôs
“Pra não dizer que não falei das flores”, um hino contra a ditadura. Nessa canção,
Geraldo enfatizava as injustiças (pelos campos há fome em grandes plantações),
destacava a presença do exército nas ruas (Há soldados armados, amados ou
não) e convocava as pessoas para se unirem na luta contra a ditadura (Vem,
vamos embora que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera
acontecer). Geraldo foi preso, torturado e exilado, mas “Caminhando” (como
ficou popularmente conhecida) é um clássico da música popular brasileira e, com
certeza, deve incomodar até hoje. A “flor” da canção é uma referência ao
movimento “Flower Power” que surgiu nos Estados Unidos. Pregava a não
violência contra os povos e foi teorizado depois da Guerra do Vietnã em 1959.

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Em 1979, João Bosco e Aldir Blanc compuseram “O bêbado e a equilibrista”, que
fala sobre os exilados. É um retrato do Brasil no final do período ditatorial, com
mães chorando (Choram Marias e Clarisses) pela falta de seus filhos, os
“Carlitos” tentando sobreviver (alusão a um personagem de Charles Chaplin.
Representa a população que, mesmo oprimida, ainda consegue manter o bom
humor) e a equilibrista (nossa esperança, se equilibrando e sobrevivendo).
Várias outras músicas também confrontaram o regime militar. “Panis et
Circenses” (de Caetano e Gil), “Apesar de você” (Chico Buarque) e “Cartomante”
(de Ivan Lins e Victor Martins).

Em 1985 foi eleito o primeiro presidente pelo colégio eleitoral. Tancredo Neves
nem chegou a assumir. Em 21 de abril de 1985, faleceu de diverticulite, uma
inflamação dos divertículos presentes no intestino grosso. Há quem diga que
Tancredo foi envenenado por militares, descontentes com o fim da ditadura, mas
é só especulação. Seu vice, José Sarney, assumiu. Depois, em 1989, foi eleito
o primeiro presidente pelo voto popular: Fernando Collor de Melo.

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Musica no Brasil da Ditadura

A partir dos anos 1950, o Brasil passou por uma ebulição musical nunca antes
vista, com um caldeirão de movimentos: bossa nova, jovem guarda, tropicalismo,
música de protesto. Os festivais de música brasileira despertavam paixões no
público, com vaias e aplausos calorosos. Mas, nos rebeldes anos 1960 e 1970,
cantar virou atividade de risco, já que a censura baixava seu carimbo sobre
aqueles que se insurgiam contra o regime.
Alguns dos principais movimentos musicais brasileiros durante a ditadura militar:

A jovem guarda

A Jovem Guarda foi um movimento cultural que surgiu, em 1965, por influência
de um programa musical apresentado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e
Wanderléa. O programa levava o mesmo nome do movimento, influenciado pelo
rock and roll e pelo soul em alta na Europa e América do Norte à época.
A influência do rock and roll na Jovem Guarda fez com que ela fosse conhecida
também como “iê-iê-iê”. Esse nome foi uma adaptação para o português da
expressão “yeah yeah yeah”, presente em uma canção da banda The Beatles,
um dos grandes sucessos no mundo da música durante a década de 1960.

Os adeptos da Jovem Guarda foram muito criticados na sua época por pessoas
da crítica especializada e até mesmo por artistas de outros movimentos culturais.
Essas críticas apontavam a Jovem Guarda como um movimento alienante
porque não era engajado politicamente e tinha canções com letras simples, que
não se enquadravam no que é entendido como arte engajada.

As críticas a essa condição alienante da Jovem Guarda levavam muito em


consideração a situação do país, que estava sofrendo com o autoritarismo dos
militares durante a Ditadura Militar.

Exemplos de música da jovem guarda:


Exemplos dessa temática são “Quero que tudo vá para o inferno”, de Roberto
Carlos (1965) e “Festa de arromba”, de Erasmo Carlos e Roberto Carlos (1965).

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Tropicalismo

O tropicalismo, ou tropicália, surgiu no final dos anos 1960, após a instauração


da ditadura militar no Brasil, unindo elementos da erudita Bossa Nova, com os
populares rock, dance, pop, samba e um certo visual psicodélico.
Era uma maneira de aproximar essa arte das camadas sociais consideradas
inferiores na época, tanto é que naquele momento não era sequer considerado
um movimento cultural. Seus maiores expoentes são conhecidos até hoje, como
Elza Soares, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Gal Costa.

O nome surge com a obra “Tropicália” de Hélio Oiticica, exposto na cidade do


Rio de Janeiro, que consistia em um labirinto de areia onde o expectador entrava
em contato com a cultura Brasileira. Na mesma época, Caetano Veloso estava
se preparando para lançar um disco, e sem nome para a obra, observando as
semelhanças com o labirinto de Oiticica, deu esse nome ao álbum, que mais
tarde passou a representar todo o movimento.
As canções foram fortes no período da ditadura militar, e temos um conteúdo
exclusivo sobre elas.
A tropicália foi expoente nesse período justamente por ter um tom de deboche e
subversão, que muitas vezes colocou os artistas em uma saia justa com o
regime. Ou seja, ajudou a criar essa corrente de pensamento que coloca arte e
política como complementares, e não mais excludentes.

Exemplos de música do tropicalismo:


Canções Tropicália/Ditadura militar no Brasil
Aquele abraço
Gilberto Gil · 1969

Ambiente de Festival
Caetano Veloso · 1968

Apesar de você
Quarteto em Cy · 2008
Domingo No Parque
Os Mutantes · 2008

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Composições e Musica Sobre a Ditadura Militar no Brasil

Numa época em que a liberdade de expressão é cerceada, nada mais criativo


que expressar desejos e anseios através da música. A Ditadura Militar que o
Brasil viveu, entre os anos de 1964 e 1985, fez com que músicas se tornassem
hinos e verdadeiros gritos de liberdade aos cidadãos oprimidos e sem
possibilidade de se expressar como desejo. Através de letras complexas e
cheias de metáforas, elas traduziam tudo o que sentiam.
Além disso, os festivais de MPB, promovidos TV Excelsior e, posteriormente,
pela TV Tupi, auxiliaram na divulgação das músicas, tornando-as ainda mais
populares.
'Pra Não Dizer que não Falei das Flores', de Geraldo Vandré
Nada mais lógico e natural que começar a lista com o hino do movimento de
resistência. Pra Não Dizer que não Falei das Flores, composta em 1968, pelo
paraibano Geraldo Vandré, fez com que os militares censurassem a canção por
fazer clara referência contrária ao governo ditatorial. O refrão “Vem, vamos
embora/ Que esperar não é saber/ Quem sabe faz a hora/ Não espera acontecer”
foi considerado um verdadeiro chamado às ruas contra os ditadores.
Além do refrão, a estrofe “Há soldados armados/Amados ou não/Quase todos
perdidos/ De armas na mão/ Nos quartéis lhes ensinam/ Uma antiga lição/ De
morrer pela pátria/ E viver sem razão” é uma das mais explícitas das produções
musicais no momento. Não faz rodeios. Vai direto à crítica aos militares.
O sucesso da canção é atribuído aos mais diversos fatores: a rima de fácil
assimilação e que “gruda”; a melodia em forma de hino, o que acaba por se
tornar mais uma provocação ao regime; além de retratar os desejos e anseios
da geração da época.
'Apesar de você', de Chico Buarque
Provavelmente, a música mais representativa do momento da safra de Chico
Buarque, um dos principais compositores contrários ao regime militar. Lançada
em 1970, foi imediatamente censurada pelos militares que, rapidamente,
identificaram a crítica implícita à falta de liberdade.
Porém, antes mesmo da censura, a cantora Clara Nunes gravou e lançou a
canção em um compacto. Foi o bastante para a música, assim como Pra Não
Dizer que não Falei das Flores, se tornasse um hino de resistência, sendo
comum ver pessoas entoando o refrão nas ruas.
Chico e Clara, aliás, sofreram consequências. Chico foi perseguido e censurado
pelo restante do governo. Suas músicas, até mesmo as que não possuíam uma
crítica muito dura, eram censuradas e proibidas de serem gravadas. Já Clara
Nunes se viu obrigada a realizar publicidade ao governo para não sofrer outras
sanções.

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'Opinião', de Zé Keti
inicialmente, nada tinha a ver com o Regime Militar. Composta em 1964 para a
peça teatral homônima, ela era uma crítica ao governo estadual do Rio de
Janeiro que desejava retirar as favelas do morro. Porém, o sucesso da música
na voz da cantora Nara Leão foi tão grande que acabou transcendendo o
problema local e se tornou uma crítica ao governo militar que viria a censurar,
quatro anos depois, a canção de Zé Keti.
Apesar da letra impactante e extremamente forte, é interessante um comentário
do escritor Ruy Castro sobre um dos versos, o trecho “deixa andar/deixa andar”,
no qual o eu - lírico fica conformado com a situação. “Era inacreditável que as
pessoas não se sentissem desconfortáveis na plateia quando Zé Keti continuava
a letra e cantava o trecho que apresenta o mais leso e preguiçoso conformismo,
mas ninguém parecia reparar, afinal”, dizia o escritor.
'O Bêbado e a Equilibrista', de Aldir Blanc e João Bosco
Em 1977, João Bosco fez a melodia, inspirado pela morte de Charlie Chaplin, e
entregou para Aldir Blanc colocar a letra. Alguns anos depois, com o uso de
metáforas, traço característico da obra de Aldir, a música acabou se tornando
um marco da luta contra a ditadura ao criticar a ditadura militar de uma forma
extremamente poética.
A poesia, aliás, começa no título. O bêbado seria a representação de todos os
artistas que lutavam contra o regime. E a equilibrista é a esperança de que dias
com liberdade virão. Além disso, outras referências são feitas. O verso “E
nuvens/ Lá no mata-borrão do céu”, por exemplo, refere-se aos militares
(nuvens, ou seja, inalcançáveis), que ficavam no DOI-CODI (mata-borrão, para
corrigir erros) e que, assim como os militares, ficavam inalcançáveis (céu). Enfim,
O Bêbado e a Equilibrista é genial.
'Ponteio', de Edu Lobo
é uma das músicas mais complicadas de se achar um significado crítico ao
regime militar. Porém, ao se analisar mais profundamente, nota-se que o eu –
lírico mostra um desejo de tocar sua viola, mas é impedido pelo tempo mudado
(ditadura). Por isso, ele teria que procurar um novo lugar para depositar seus
desejos e anseios.
'Eu quero é botar meu bloco na rua', de Sérgio Sampaio
Durante a Ditadura, os militares andavam com tropas pelas ruas para evitar
manifestações populares. Sérgio Sampaio, então, no ano de 1972, lança Eu
quero é botar meu bloco na rua, onde o compositor impõe seu desejo de que as
tropas sejam substituídas pelos blocos (povo). Além disso, refere-se aos
militares como Durango Kid, um durão cowboy dos faroestes americanos.

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Cálice', de Chico Buarque e Gilberto Gil
A música, composta em 1973, só pode ser lançada cinco anos depois, devido à
forte censura. Fazia um inteligentíssimo jogo de palavras entre “cálice” e “cale-
se”. Além disso, faz claras referências ao regime da época em versos fortíssimos
como “quero cheirar fumaça de óleo diesel”, onde faz alusão à prática de tortura
onde o preso era submetido ao processo de inalar fumaça de óleo diesel.
Como Nossos Pais', de Belchior
Como Nossos Pais, do cantor e compositor Belchior e sucesso na voz de Elis
Regina, fala de uma juventude que era reprimida pela ditadura, não
possibilitando que a situação política do país fosse mudada. Ou seja, agíamos
como nossos pais, sem vontade ou sem sentir a necessidade de lutar para mudar
o então quadro político.

Apesar da visão acima ser a mais frequente, o significado da música ainda é


pouco certo. Alguns alegam que Belchior queria apenas passar um desabafo aos
jovens que viviam na base de uma ideologia qualquer, sem viver a vida
plenamente.
'Alegria, Alegria', de Caetano Veloso
Lançada em 1967, a letra indica os abusos sofridos cotidianamente pelo cidadão.
Seja nas ruas, nos meios de comunicação ou em qualquer parte do próprio país.
Ela crítica várias mazelas que atacavam o Brasil no período através de
inteligentes metáforas. Era o abuso de poder, a violência praticada pelo regime,
o cerceamento da liberdade de expressão e até mesmo desníveis sociais.
Essas são umas das várias músicas que faziam críticas a ditadura militar
brasileira de forma pacífica

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Referências bibliográficas

www.todamateria.com.br
www.esquinadacultura.com.br
www.sabra.org.br
www.memoriasdaditadura.org.br
www.mundoeducacao.uol.com.br

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