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As músicas da ditadura militar expressavam o descontentamento dos artistas com

as barbáries cometidas durante esse período da história brasileira. E assim como as


peças de teatro, filmes, poesias e outras obras elaboradas nesse período, a
produção musical estava suscetível à censura por parte dos militares. Por isso,
muitas vezes, os compositores precisavam lançar mão de algumas estratégias para
que pudessem manifestar seu questionamento à ordem posta.

O que foi a ditadura?


Antes de conhecermos algumas músicas da ditadura militar, é importante
relembrarmos o que foi esse momento da história brasileira. Com isso, fica mais
fácil entender porque a sociedade em geral, e em particular os artistas, se opunham
ao regime e à configuração política e social imposta pelos governantes durante os
20 anos em que o sistema ditatorial se manteve vigente.

Como os compositores conseguiram lançar suas obras?


Durante a ditadura, as produções artísticas, intelectuais e culturais estavam
susceptíveis à censura. Com isso, o compositor precisava apresentar a letra de sua
composição ao representante do governo que diria se a obra poderia ou não ser
lançada. E, diante dos perigos que se corria ao fazer críticas diretas ao regime, os
compositores de músicas da ditadura militar começaram a usar das figuras de
linguagem como estratégia para conseguir autorização para gravar, tocar e distribuir
suas músicas.

Algumas músicas da ditadura militar


Todo o contexto de repressão e autoritarismo que foi a ditadura no Brasil
impossibilitou que muitas canções que se opunham ao regime chegassem ao
conhecimento público. Mas aquelas que conhecemos nos dias atuais ajudam a
recontar esse período da história nacional. Conheça algumas!
Apesar de você

Essa composição de Chico Buarque recebeu aval da ditadura para lançamento

porque o compositor fez o censor acreditar que se tratava de uma canção sobre o

término de uma relação. Contudo, a música fazia referência ao fim da ditadura, em

especial, no verso “Amanhã vai ser outro dia”. Após o lançamento, a canção fez

muito sucesso e, ao perceberem, que ela era utilizada nos protestos contra o regime,

os militares tentaram censurá-la, mas ela já havia se popularizado, se tornando uma

das músicas da ditadura militar mais famosa.

Cálice

Composição de Chico Buarque e Gilberto Gil, a questão central dessa música é o

cerceamento da liberdade de expressão. Fazendo referência aos textos bíblicos, os

compositores trazem a súplica feita por Jesus Cristo por saber que seria morto e

torturado. Ela serve de denúncia às mortes causadas pela ditadura, responsável

pelo derramamento de muito sangue. No refrão, a paronomásia existente entre os

sons de cálice e cale-se evidencia um pedido de que o silenciamento promovido

pela ditadura militar termine.

O bêbado e a equilibrista

Escrita por Aldir Blanc e João Bosco, a música faz referência a alguns fatos ocorridos
durante a ditadura que não foram devidamente explicados, como a queda do
elevado Paulo de Frontin e o assassinato do jornalista Vladimir Herzog. Esses
eventos são trazidos nos versos “Caía a tarde feito um viaduto" e "Choram Marias e
Clarices" (Clarice Herzog era o nome da esposa do jornalista do Vladimir).
Pra não dizer que não falei das flores

Composta por Geraldo Vandré, essa canção fala sobre as desigualdades sociais
existentes durante o período de ditadura, critica a presença de oficiais de exércitos
nas ruas e convoca as pessoas a lutarem contra o regime ditatorial.

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