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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ- UFPA

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO MARAJÓ/BREVES

OFICINA DE COMPREENSÃO E PRODUÇÃO ESCRITA EM PORTUGUÊS

DOCENTE DRA. DIONE MORAES

FACULDADE DE LETRAS

DICENTE: KINDELLY MAÉLLEM FREITAS FERREIRA

MARCELE GABRIELE TEIXEIRA DE OLIVEIRA

RESUMO EXPANDIDO

CONSTRUÇÃO, DE CHICO BUARQUE: A (OUTRA) HISTÓRIA CANTADA

Moema Sarrapio Pereira

RESUMO
De maneira concisa, a época de ditadura militar no Brasil, nos restringiu da liberdade,
trazendo a tortura como forma de punição, e que a mesma marcou triste momentos na história.
No entanto, uma parte ainda sobrevivia por meio da arte. Neste cenário, destaca-se Chico
Buarque de Hollanda, cantor e compositor carioca, cuja a obra foi perseguida e censurada e
que para conseguir sobreviver a isso, ludibriou a Censura Federal, cantando e contando a
história á do seu jeito, pela brecha da música popular. O artigo analisado teve como o objetivo
analisar o disco construção (1971), de Chico Buarque, observando por meio das canções, uma
realidade que os militares mascaravam à de um país econômica e socialmente estável.
Palavras-chave: Ditadura Militar. Chico Buarque. MPB.

1. INTRODUÇÃO
Construção, de 1971, talvez seja um dos discos mais aclamados da carreira de Chico,
foi gravado no ano seguinte de seu regresso da Itália, o álbum tem canções de autoria própria,
das quais somente algumas tem parceria, como “Olha Maria” com Tom Jobim e Vinícius de
Moraes, e “Samba de Orly” com Vinicius e Toquinho.
Em construção, Chico aborda a desgraça social em oposição ao “milagre econômico”,
que era uma propaganda central do regime militar e aponta para o silenciamento imposto pela
censura.
O objetivo do artigo é analisar três canções do álbum do “lado B” que por estratégia de
Chico, mostram o que a ditadura escondeu, denunciam a ditadura militar ou indicam sua
existência por meio de silenciamento forçado, exilio, ou projeção de um amanhã diverso. São:
“Cordão”, “Samba de Orly” e “Valsinha”
2. ANÁLISE E COMENTÁRIO DO CONTEÚDO.
No início de sua análise, a autora nos apresenta a canção “Cordão” de Chico Buarque,
usando embasamento teórico de Matos (1982), onde o mesmo diz sobre o samba, dizendo que
“Cria um território protegido das pressões externas, que é, simultaneamente, um território de
prazer, com valores próprios, que procura preservar-se excluindo de si os fatores que
representam opressão e prazer. ” (MATOS, 1982, p.31). Então condizendo com a imagem que
a música nos quer passar, já que a própria canção é um samba. Em seguida, a autora do artigo
usa Menezes (1982) para apresentar o crescimento no âmbito musical de Chico, e que em
“Construção” de 1971, o compositor tem um posicionamento mais objetivo nessa época de
opressão e que “Cordão” nos apresenta um cenário em que se reivindica uma liberdade,
liberdade essa que a ditadura de 1964 impedia de usufruir.
Na canção podemos ver o enfretamento do eu-lírico com seu suposto opressor
“ninguém”, representados nos versos: “Ninguém / Ninguém vai me acorrentar / Enquanto eu
puder cantar / Enquanto eu puder sorrir”, aqui podemos perceber esse enfrentamento que, em
seu contexto de produção, seria direcionado para as autoridades que vetavam qualquer
liberdade de expressão na época de ditadura.
Essa canção e Chico, nos mostra uma união, ou seja, uma imagem de coletivo, como
diz Pereira.
“O cordão de Chico é, por conseguinte, não só o símbolo da coletividade expressa
no conteúdo da canção, mas também um símbolo imagético, construído pelo
compositor à medida que “vários personagens” são inseridos na canção (“eu”,
“ninguém”, “quem”, “alguém”), formando um elo.” (PEREIRA,2020, p.10).

Pereira aponta que “Cordão” nos apresenta a formação desse “elo” e que representa
essa união coletiva de enfrentamento e que juntos podem lutar por essa liberdade em uma
realidade tão distópica como a de antigamente.
“Samba de Orly”, é a terceira faixa do lado B do álbum, de início surgiu como uma
parceria de Chico Buarque e Toquinho, recebendo uma contribuição de Vinicius de Moraes.
Chico, enquanto estava auto exilado na Itália, recebeu Toquinho para algumas parceiras e a
mesma ao voltar para l Brasil, acabou por entregando a melodia da canção a Chico.
É importante ressaltar que a canção teve alguns de seus versos originais vetados (estes
que foram compostos por Vinicius) sendo substituídos por outros. Nos versos censurados, o
eu lírico “Pede perdão/ Pela omissão/ Um tanto forçada”. As palavras “omissão” e “forçada”
são lidas de acordo com o que Menezes chamou de “semântica repressão” essa omissão um
tanto forçada revela que o eu lírico demonstra preocupação com os que permanecem no Brasil
e perde perdão por meio do interlocutor. “Samba de Orly” é uma canção um tanto coloquial e
construiu-se por intermédio e sutilezas de uma simples despedida, para revelar coisas que não
eram permitidas dizer, como: a ausência do país que era considerado um ato de repressão e
não de querer.
A autora diz que, o caráter narrativo de “ valsinha “ não pode ser negado. A mesma
conta a história de um casal que recupera o amor esquecido por muito tempo. Na primeira
estrofe o homem toma uma atitude diferente e supreendentemente em relação a sua esposa.
A expressão “ olhou-me de um jeito mais quente / do que sempre costumava olhar pode ser
remetido a sexualidade e o desejo do homem por sua mulher. A autora analisou que os
sujeitos têm o sexo como forma de reprodução. Pensando nisso o personagem masculino vai
contra os costumes rotineiros e torna sua relação com mulher sensual e sexual. Quando o
sujeito convida a dama para dançar, a dança tem como símbolo a liberdade de pensamentos e
ações. Enquanto o casal dança e a valsa segue com a cadência final, começa a finalização do
toque do violão, evidenciando que o dia vai amanhecer em paz.

CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Com a finalização de sua análise, podemos perceber que o levantamento inicial da
autora se mostrou fiel até o fim, expôs para nós leitores, uma realidade dura que a ditadura
“mascarou”, por meio dessas canções analisadas, vimos uma sociedade que era oprimida, auto
exilada de seu país ou de um querer de um amanhã diferente. A recomendação em minha
percepção pode ser para o uso do método desse artigo (análise) para outros compositores
significativos da época ditatorial.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
HOLLANDA, Chico Buarque. Construção [CD]. São Paulo: Gravadora Phillips, 1971.
MATOS, Cláudia. O Samba e seu lugar. Acertei no milhar: Samba e malandragem no tempo de
Getúlio. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. p. 25-37.
MENESES, Adélia Bezerra de. Desenho Mágico: Poesia e Política em Chico Buarque. São Paulo:
Hucitec, 1982.

PEREIRA, Moema Sarrapio. Construção, de Chico Buarque: a (outra) história cantada.


Memento, Minas Gerais, V.11, N. 1 (1-21), janeiro-junho de 2020.

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