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Ficha de Estudo 99
Tema
Transformação, institucionalização e conflito nas esferas espacial,
econômica, social e política
Tópico de estudo
As regiões brasileiras

Entendendo a competência
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconô-
micas e culturais de poder.

Você já parou para pensar em como é feita a distribuição do espaço geográfico na superfície terrestre? É evidente que
cada porção desse espaço, em escala continental, regional e local, tem suas delimitações representadas de forma
singular. Mas nem sempre essas áreas tiveram a mesma configuração espacial. Os territórios sofrem alterações em
suas diversas esferas, inclusive internas, ao longo do tempo.
O que provoca tais mudanças no espaço geográfico? Quem são os responsáveis por essas variações? Registre o que
você pensa a respeito.

Para responder a esses questionamentos, é importante entender que tais transformações decorrem de um processo
histórico-geográfico. A própria ação natural se encarrega de modificações nesses espaços, mas elas são também
influenciadas pela ação humana. O ser humano, como agente transformador, através de suas organizações de poder
socioeconômicas e culturais, (re)configura o espaço de acordo com os seus interesses e necessidades. Constrói e
destrói barreiras artificiais e edificações, modifica o curso natural em diferentes espaços, manipula o fluxo de produ-
ção e de pessoas, normatiza e coíbe grandes estruturas, para o controle de diferentes espaços.
Uma boa forma de fazer desenvolver a competência 2, é ficar atento às mídias, impressas e digitais. Além disso, as
leituras tradicionais no ambiente escolar são fontes ricas de dados para reflexão acerca desse tema.
Tente perceber, por exemplo, na mídia televisiva, por meio de filmes, séries ou mesmo novelas, sobretudo de época,
a caracterização feita do espaço, na qual se retratam diferentes períodos históricos e se notam características geo-
gráficas distintas dos dias atuais, além do jogo de poder que se entremeia ao contexto das tramas.
Essa contextualização contribuirá para melhor compreensão das transformações e da dinâmica espacial ocorridas
no espaço geográfico.

Desvendando a habilidade
Habilidade 9 – Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala
local, regional ou mundial.
Você sabe que o Brasil é um país de grandes dimensões territoriais. Sua grande extensão contribui para que o territó-
rio brasileiro apresente muitas diversidades naturais, econômicas e culturais. Tal fato exige que se faça a delimitação
do território em distintas porções ou divisões regionais. Mas o que significa divisão regional?

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Os estudos sobre o Brasil revelam realidades diversas: regiões industrializadas, regiões de intensa seca, regiões de
fronteira, regiões ricas e pobres, Região Nordeste, Região Sul dentre tantas outras. Lembra-se dessas expressões?
Assim, a própria extensão do país contribui para a delimitação de distintas regiões. O Brasil apresenta uma diversida-
de regional importante. Os diferentes modos de regionalizar o espaço brasileiro e as características da configuração
regional brasileira serão abordados nesta ficha. Mãos a obra!

Situações-problema e conceitos básicos


Vamos iniciar nossa discussão acerca do processo de regionalização do Brasil, retomando um importante e
recente fato a respeito de alterações no espaço geográfico brasileiro. Trata-se da discussão sobre a nova divisão
do estado do Pará.
Observe a charge a seguir elaborada por Diogo Salles sobre a nova divisão do estado do Pará e procure
interpretá-la.

Fonte: http://www.humorpolitico.com.br/index.php/2011/12/12/para-vota-nao-pela-divisao-do-estado

Está claro que a charge faz referência a uma divisão proposta pelos interesses de grupos de poder influentes
no território paraense, na qual cada porção serviria aos propósitos políticos de exploração dos recursos naturais
e atividades agropecuárias. Vamos entender melhor...
O Pará é uma das maiores unidades federativas do país. Localizado na Região Norte do Brasil, seu imenso
território provocou, no ano de 2011, uma intensa discussão sobre a possibilidade de divisão do Estado em três
partes, ou melhor, em três novos estados: Pará, Tapajós e Carajás. A proposta incitou opiniões favoráveis e con-
trárias considerando-se, de um lado, a dificuldade de administração de um território tão extenso e, de outro, a
iniquidade da redistribuição territorial dos novos estados. Não é difícil perceber a tendência contrária à divisão
do estado por parte da população paraense, uma vez que o plebiscito para a escolha entre dividir e não dividir,
realizado em novembro de 2011, teve resultado desfavorável a tal divisão. Para melhor elucidar esse pensamento,
leia atentamente alguns fragmentos do caderno Poder, da folha.com, de 8 de dezembro de 2011 sobre a exposição
de diferenças culturais entre regiões do Pará.

“Na reta final da campanha para o plebiscito sobre a divisão do Pará, a frente contrária à separação do Estado
intensificou as acusações de que os separatistas são forasteiros que querem ficar com as riquezas locais.”
[...] No Carajás, só cerca de 20% dos habitantes são do Pará, segundo os divisionistas. A maioria vem de Ma-
ranhão, Minas, Rio Grande do Sul, Tocantins e São Paulo. Historicamente, a população paraense pouco explorou
o interior do Estado, abrindo espaço para os migrantes. O resultado foi uma população de origem, sotaque e
costumes diferentes, com mais ligação com o agronegócio do que com as tradições culturais da capital. Um dos
líderes pró-Carajás, deputado Giovanni Queiroz (PDT), é mineiro e possui fazendas avaliadas em R$ 8 milhões
no Pará. No Tapajós, a distância fez com que os habitantes se identificassem mais com Manaus do que de Belém.

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“Por mês, saem de Santarém 56 barcos para Manaus e oito para Belém”, diz o professor universitário Edivaldo
Bernardo, líder pró-Tapajós.
(VIZEU, Rodrigo. Plebiscito expõe diferenças culturais entre regiões do Pará. Dezembro de 2011 In: Folha.com.
Disponível em: <http://folha.com/no1018242> Acesso em 23/05/2012).

O texto chama atenção para as argumentações dos contrários à divisão. Contudo é interessante observar tam-
bém, em algumas colocações, interesses que valorizam a divisão do estado, como a intensa migração da região
sudeste para o Pará, impondo a fixação de sua cultura, que descaracteriza tradições regionais já estabelecidas na
região. São claros, ainda, os interesses econômicos voltados principalmente ao setor primário, destacando-se as
fronteiras agrícolas e o agronegócio.

O exemplo da proposta de divisão do Pará não é único no Brasil. Em outros períodos na história do país,
outros estados surgiram a partir de divisões espaciais, tais como o estado de Mato Grosso do Sul, originado da
divisão do Mato Grosso, e o estado do Tocantins, que se originou da divisão de Goiás. Esses exemplos são impor-
tantes para mostrar como o território pode ser dividido, reorganizado, regionalizado.

Todavia, tais exemplos não esgotam as investigações sobre a atual configuração do espaço geográfico brasi-
leiro e suas possíveis alterações. Para entender esse processo é necessário considerar outros aspectos que dão
suporte ao estabelecimento e à inter-relação de distintas regiões.

Que aspectos são esses? De que forma eles influenciam na configuração regional brasileira? E, quais são as
consequências dessas modificações para habitantes dessas regiões? Registre sua resposta a essas perguntas,
antes de prosseguir a leitura.

Existem várias possibilidades para reordenar o espaço, quase sempre vinculadas ao interesse e à necessidade
de uso e ocupação do mesmo. Uma boa forma de compreender essa reordenação é fazer uma análise mais deta-
lhada dos tipos de regionalização existentes no espaço brasileiro.
Vamos refletir...
Veja o que nos dizem dois estudiosos da Geografia:

A região possui dois sentidos principais: primeiro, produto genérico de um método de regionalização, ou seja,
um recorte espacial coerente dentro de determinados princípios ou características; segundo, espaço construído
a partir de processos sociais específicos, principalmente os regionalismos e as identidades regionais.
Fonte: Haesbaert, R. e Gonçalves, C. W. P. A nova desordem mundial.
São Paulo: Unesp, 2006, p. 150.

Na citação, os autores confirmam o que temos tratado desde o início de nossa reflexão, ou seja: o espaço
geográfico pode ser organizado, ou regionalizado, a partir de vários aspectos relevantes. Além disso, é possível
observar que não existe um limite exato para determinar a extensão mínima ou máxima de uma região, e sim as-
pectos, que podem ser culturais, naturais e econômicos, que contribuem para determiná-la.
Mas fique atento! Existem alguns tipos de regionalização do território brasileiro que são mais evidenciadas.
Vamos estudar alguns deles...
Primeiramente, devemos dar atenção à regionalização feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística). Essa regionalização leva em conta fatores humanos e econômicos do território, sem desprezar os aspectos
físicos. Nessa regionalização o território nacional é dividido em cinco porções que seguem o limite político-admi-
nistrativo dos estados em suas fronteiras: Região Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste.
Antes dessa divisão oficial estabelecida pela constituição de 1988, o IBGE já havia elaborado outros tipos de
regionalização. Tais regionalizações levavam em consideração a região natural (quando o meio físico/natural de-
termina a região) e a região homogênea, definida pela divisão de um determinado espaço ou território em áreas
com características comuns, criadas com base em critérios físicos, socioeconômicos ou políticos.

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Veja, nos mapas a seguir, a evolução da regionalização brasileira de acordo com o IBGE.

Fonte: http://www.brasilescola.com/brasil/divisao-regional-brasileira.htm

O primeiro mapa, de 1913, representa a primeira divisão feita pelo IBGE, realizada para fins didáticos. Nessa
divisão são considerados apenas aspectos físicos naturais como clima, relevo e vegetação.
No segundo mapa, 1945, nota-se a subdivisão do Brasil da seguinte forma: região Norte; região Nordeste
dividida em ocidental e oriental; região chamada Leste dividida em setentrional e meridional; região Sul, e, final-
mente, a região Centro-Oeste. Nessa divisão foram considerados principalmente os aspectos físicos e naturais,
mas acrescentam-se aspectos socioeconômicos.
O último mapa é uma representação da atual regionalização brasileira, elaborada em 1970 e estabelecida em
1988, onde se situam as últimas alterações feitas no território brasileiro segundo a divisão do IBGE.
Veja a seguir algumas das principais características de cada região na atual divisão do IBGE.
t Região Norte: caracterizada como a maior região brasileira em extensão territorial, na qual se destacam as
riquezas naturais e as tradições e cultura dos povos indígenas e ribeirinhos.
t Região Nordeste: caracterizada como a região que apresenta os mais significativos problemas sociais. Seu
interior é caracterizado pelo clima semiárido com baixos índices de pluviosidade. É a segunda maior região do
Brasil e possui grande riqueza cultural.

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t Região Centro-Oeste: Região de ocupação tardia, nicho de modernização no campo, onde se destaca a pro-
dução agrícola.
t Região Sudeste: Considerada o centro econômico do Brasil, com destaque no desenvolvimento do segundo e
terceiro setores da economia e maior concentração populacional do país.
t Região Sul: Região com altos índices de IDH, caracterizada pelo processo de colonização europeia, onde se
observam, ainda hoje, características e tradições referentes a seus colonizadores.
Além da regionalização estabelecida pelo IBGE, podemos estudar outro tipo de regionalização existente no
Brasil, elaborado a partir do contexto socioeconômico do país. Nela, o território brasileiro é dividido em três
complexos regionais, denominados ‘regiões geoeconômicas’: Centro-Sul, Nordeste e Amazônia. De acordo com
esse tipo de regionalização, os limites entre os estados não são levados em conta, mas sim, outros aspectos como
os naturais, os sociais e econômicos, de onde vem a denominação ‘regiões geoeconômicas’.
Observe, no mapa a seguir, as regiões geoeconômicas:

Fonte:http://www.brasilescola.com/
brasil/as-regioes-geoeconomicas-brasil.
htm

A região 1 do mapa, mais extensa, é a Amazônia. Seus limites são estabelecidos pela floresta amazônica, uma
área muito extensa, com cobertura vegetal que dificulta o acesso e, consequentemente, a fiscalização. Assim, tem
sofrido uma ocupação desordenada, em função de atividades de mineração, extração de madeira e agropecuária.
Essa situação tem provocado, na região, fortes impactos ambientais, muitas vezes irreversíveis.
A região 2 do mapa representa o Centro-Sul, a mais desenvolvida e industrializada das regiões geoeconômi-
cas. Nela são encontradas redes complexas de cidades, além da modernização no campo e uma densa rede de
serviços e comunicações.
Por fim, a região 3 do mapa, o Nordeste, possui limites climáticos estabelecidos pelo domínio do clima se-
miárido na região. É caracterizada também pela forte desigualdade social, herdada historicamente do domínio
político pelas elites agrárias, inclusive por meio da desigual concentração de terras.
É importante observar, no mapa, que os limites das regiões não seguem os limites dos estados. Essa particu-
laridade da divisão geoeconômica faz com que uma porção de Minas Gerais faça parte do Nordeste, uma porção
do Maranhão faça parte da Amazônia, uma porção do Mato Grosso e uma porção do Tocantins se incluam na
região centro sul.
Além dos dois tipos de regionalização vistos anteriormente, podemos citar mais um, elaborado por Milton San-
tos e Maria Laura Silveira e apontado no livro “O Brasil: território e sociedade no início do século XXI”. Essa pers-
pectiva apresenta uma nova abordagem sobre a regionalização brasileira. É apoiada em fatores do processo de
globalização, que seriam a infraestrutura e a modernidade das redes de informações veiculadas pela revolução téc-
nico-científica. Segundo essa concepção, o Brasil é dividido em quatro regiões, chamadas pelos autores de quatro
brasis: Região Concentrada, Região Amazônica, Centro-Oeste, Região do Nordeste. É importante que você busque
mais informações sobre esse tipo de regionalização e se aprofunde naqueles estudados aqui anteriormente.
Com base no que acabamos de estudar nesta ficha, reflita sobre os seguintes questionamentos:
Como é possível definir uma região?
Por que as regiões do Brasil são diferentes?
Por que existem divisões regionais diferentes?
Qual o significado e a importância da região nos estudos geográficos?

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