Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Figura 1. Instalação de módulo fotovoltaico sobre superfície pré-fabricada (Fonte: Jiro Ohno).
Para uma tensão inferior a 120 V, é possível instalar material eléctrico de protecção classe III, no entanto é
sempre recomendável a utilização de módulos com protecção Classe II. Os valores máximos das tensões e
correntes a considerar para o dimensionamento dos componentes da instalação deve considerar os valores
máximos de corrente dos módulos Isc (corrente de curto- circuito, em condições Cts – Condições de Teste
Standard) e tenção Voc (tensão em circuito aberto, em condições Cts). A tensão máxima do gerador FV deve ter
em conta o produto do número de módulos em série pela tensão Voc. E corrente máxima do gerador deve ter
em conta o produto do número de módulos em paralelo pela corrente Isc de cada módulo. Os componentes da
instalação deverão estar dimensionados para suportar em funcionamento normal no mínimo 1,15 vezes a tensão
Voc e 1,25 vezes a corrente de curto-circuito do gerador.
As regras anteriores, sobre valores máximos de tensão e corrente, são aplicáveis para módulos mono ou
policristalinos. No entanto, para outro tipo de módulos os valores máximos poderão ser significativamente
superiores pelo que se recomenda uma análise dos piores casos de tensão e corrente, tendo em consideração
irradiâncias de 1250 W/m2 e as temperaturas mais baixas para o ajuste da tensão e mais temperaturas mais
altas para o ajuste de Isc.
https://www.voltimum.pt/artigos/proteccoes-de-sistemas-fotovoltaicos-parte 1/6
21/09/2020 Protecções de sistemas fotovoltaicos Parte I | Voltimum
https://www.voltimum.pt/artigos/proteccoes-de-sistemas-fotovoltaicos-parte 2/6
21/09/2020 Protecções de sistemas fotovoltaicos Parte I | Voltimum
fotovoltaicos com ligação à rede. Na verdade os módulos standards suportam correntes inversas sete vezes
superiores à corrente do curto-circuito, sem serem danificados. De acordo com o estabelecido na norma
IEC 60364-7-712, os díodos de bloqueio de cada fileira não são necessários, se forem usados módulos do
mesmo tipo, com uma protecção de classe II, certificados para suportar 50% da corrente nominal de curto-
circuito quando polarizados inversamente e no caso do desvio da tensão do circuito aberto entre as diferentes
fileiras individuais do gerador fotovoltaico, não seja superior a 5%.
Interruptor principal DC
Na eventualidade da ocorrência de falhas, ou para a condução de trabalhos de manutenção e de reparação,
será necessário isolar o inversor do gerador fotovoltaico. Para este fim utiliza-se o interruptor principal DC. De
acordo com a norma IEC 60364-7-712 é estipulada a necessidade da instalação de um aparelho de corte da
ligação acessível entre o gerador fotovoltaico e o inversor.
O interruptor principal DC deve ser bipolar de forma a isolar o circuito positivo e negativo.Deverá ter suficiente
poder de corte para permitir a abertura do circuito DC em boas condições de segurança. Deve estar também
dimensionado para as condições de corte mais desfavoráveis, para a tensão máxima em circuito aberto Voc do
gerador, bem como para a corrente máxima Isc.
O interruptor principal DC é alojado com frequência na caixa de junção do gerador. Por razões de segurança, é
preferível instalá-lo directamente antes do inversor. O interruptor principal DC não deverá ser operado em carga.
A interrupção de correntes DC mais difícil que a interrupção de correntes AC. É portanto recomendável operar
preferencialmente o interruptor DC após o isolamento do circuito em AC. Por esta razão é recomendável a
utilização de interruptores DC com bloqueio ou no mínimo um aviso com instrução de operação junto do
interruptor.
Figura 3. Exemplo de interruptor de corrente contínua com medição electrónica de fuga à terra.
Caixa de junção geral
As fileiras individuais são ligadas entre si na caixa de junção geral do gerador. Para além destes cabos são
ainda ligados o cabo principal DC e, caso seja necessário, o condutor de ligação equipotencial.
A caixa de junção geral do gerador contém terminais, aparelhos de corte e, se necessário, fusíveis de fileira e
díodos de bloqueio das fileiras. Frequentemente é também instalado um descarregador de sobretensões para
desviar as sobretensões para a terra. Esta é a principal razão pela qual a ligação equipotencial ou o condutor de
terra são ligados à caixa de junção geral. Por vezes, também é alojado o interruptor principal DC. Esta caixa
deve ser de protecção classe II, e ter os terminais positivo e negativo claramente separados no interior da caixa.
No caso de ser instalada no exterior, deverá estar protegida, no mínimo, com protecção IP 54.
Para a maioria das configurações de sistemas fotovoltaicos, as caixas de junção do gerador podem ser
adquiridas junto dos fornecedores, já devidamente equipadas e montadas. Os fabricantes de módulos e de
inversores oferecem várias alternativas que são adequadas para os sistemas standard. As caixas de junção
fixadas no exterior, devem ficar protegidas em conformidade com o Código IP 54 e devem ser resistentes aos
raios UV. Recomenda-se no entanto a escolha de um local para a instalação que proteja a caixa de junção da
chuva e da irradiação solar directa.
A caixa de junção geral do gerador pode incorporar componentes eléctricos standard, num invólucro protegido
contra impactos mecânicos. Na instalação dos aparelhos de corte, de protecção e de comando, é possível usar
blocos terminais montados sobre calhas em perfilado. Nesta disposição, os terminais positivos e negativos
deverão ser rigorosamente separados e protegidos contra falhas de terra e curto-circuitos. Na configuração dos
inversores de fileira (uma única fileira), a caixa de junção geral do gerador pode ser dispensada, uma vez que a
fileiras está directamente ligadas ao inversor. Neste caso, os descarregadores de sobretensão encontram-se
integrados com os inversores de cadeia de módulos.
Protecção contra descargas atmosféricas e sobretensöes
Devido à sua exposição os sistemas FV estão sujeitos ao efeito de descargas atmosféricas directas ou
sobretensões devidas a descargas indirectas na proximidade da instalação, induzidas na instalação DC do
gerador ou através da instalação AC do edifício.
Em geral os sistemas fotovoltaicos não aumentam, normalmente, o risco do edifício de vir a ser atingido por uma
descarga atmosférica, no entanto existem casos de grandes estruturas de painéis colocadas nos pontos mais
altos dos edifícios que poderão ter alguma implicação no risco de descargas atmosféricas directas.
https://www.voltimum.pt/artigos/proteccoes-de-sistemas-fotovoltaicos-parte 3/6
21/09/2020 Protecções de sistemas fotovoltaicos Parte I | Voltimum
um sistema próprio de protecção contra descargas atmosféricas. Deverá evitar-se a instalação dos componentes
do sistema FV (painéis, inversores, etc.) afastados das estruturas de escoamento da descarga.
Em alguns casos particulares, quando o sistema fotovoltaico se encontra em locais expostos, poderá ser
necessária a instalação de um sistema próprio de protecção contra descargas atmosféricas. Um exemplo desta
situação, é o caso dos sistemas fotovoltaicos instalados nos telhados planos dos edifícios, uma vez que o
gerador fotovoltaico, como uma estrutura que se projecta para além do telhado, constitui um ponto preferencial
de impacto. O sistema de protecção externo contra descargas atmosféricas, compreende todo o equipamento e
medidas para deter e escoar a descarga, consistindo num dispositivo de captação (captor), num condutor de
escoamento da descarga (condutor de cobre, com uma secção mínima de 16 mm2) e no sistema de ligação à
terra (aterramento). Deverá ser construído de acordo com o que é prescrito no Guia Técnico de Pára-Raios,
editado pela DGEG - Direcção Geral de Energia e Geologia.
Um requisito prévio para a protecção interna contra descargas atmosféricas, é a ligação equipotencial dos
elementos condutores (guia técnico de pára-raios, norma IEC 364-5-54). Através do barramento de terra, todos
os sistemas condutores, tais como as canalizações metálicas de água, de gás, de aquecimento, etc, devem ser
ligadas ao eléctrodo de terra. Da mesma forma se não for instalado nenhum sistema de protecção contra
descargas atmosféricas, o gerador fotovoltaico terá de ser ligado à terra e incorporado no conjunto
equipotencial.
O raio pode ser acoplado indutivamente nos módulos fotovoltaicos, nos cabos dos módulos e no cabo principal
DC. O acoplamento indutivo nos módulos fotovoltaicos com armações metálicas, é perto de metade daquele que
se verifica com os módulos fotovoltaicos sem armação. No intuito de reduzir o acoplamento nos condutores
activos, cada condutor activo de uma fileira (positivo e negativo) deve estar tão próximo um do outro quanto
possível.
Recomenda-se o uso de cabos isolados blindados, nos sistemas fotovoltaicos que estão expostos a descargas
atmosféricas. A secção do cabo blindado deve ser no mínimo de 16 mm2(cobre). O extremo superior da
blindagem deverá estar bem ligado à sub-estrutura metálica de apoio e às armações dos módulos fotovoltaicos,
segundo o traçado mais curto possível. Se não forem usados cabos blindados, terão de ser ligados aos
condutores activos descarregadores de sobretensão, com uma corrente nominal de descarga de cerca de 10 kA.
Com cabos blindados, é suficiente usar descarregadores de sobretensão com uma corrente nominal de fugas
aproximada de 1 kA.
Normalmente, a protecção contra sobretensões é instalada na caixa de junção geral do gerador. Nos locais
expostos a raios, são instalados aparelhos de protecção contra sobretensões, antes e depois do inversor. Os
descarregadores de sobretensão têm por função proteger os sistemas fotovoltaicos e os dispositivos
electrónicos, do acoplamento indutivo e capacitivo, assim como da ocorrência de sobre-tensões na rede
eléctrica pública.
Os descarregadores de sobre-tensões Tipo C, Classe II (norma IEC 61643-1), são utilizados normalmente nos
lados DC e AC, com correntes nominais de descarga de 1kA por cada unidade de potência instalada (kWp). A
tensão operacional DC do descarregador, tem de corresponder, entre um valor de 1 e 1,4 da tensão de circuito
aberto do gerador fotovoltaico Voc, Para os locais com elevada probabilidade de incidência de descargas
atmosféricas, recomenda-se a instalação de descarregadores equipados com dispositivos de isolamento térmico
e indicadores visuais de falha. Os descarregadores de tipo B, Classe I, podem escoar directamente para a terra
descargas atmosféricas, e são utilizados nas quando existe um risco elevado de incidência de descargas
atmosféricas.
O operador do sistema deve fazer uma inspecção visual dos descarregadores depois de cada tempestade. No
mínimo, esta inspecção deverá ser efectuada todos os seis meses. Se o local da instalação dos
descarregadores não for facilmente acessível, a falha dos descarregadores deverá ser sinalizada remotamente.
O indicador visual de falhas deve estar colocado num local de boa visibilidade para o operador do sistema (por
exemplo, na vizinhança imediata da caixa do contador). Nos inversores que possuem monitorização contínua do
isolamento da rede, o disparo dos aparelhos de protecção é de imediato detectado, pelo que neste caso não é
necessário a monitorização remota.
Protecção de sistemas FV contra descargas atmosféricas em edifícios não protegidos
Se o prédio não tiver um sistema de protecção contra descargas atmosféricas, a estrutura de suporte do gerador
fotovoltaico deverá ser ligada à terra e incorporada na união equipotencial. O gerador fotovoltaico deve ser ainda
ligado à terra, sempre que são utilizados inversores que não possuem transformador de isolamento. Neste caso
recomenda-se a ligação das armações dos módulos à terra para áreas fotovoltaicas iguais ou superiores a 10
m2.
Figura 5. Instalação de sistema fotovoltaico numa superfície não plana, na qual foram cumpridas os procedimentos standard no transporte, montagem e
activação. O diagrama representa a distribuição eléctrica, onde apesar da inclinação do telhado pode ser alcançada uma distribuição adequada. (Fonte:
Fraunhofer ISE).
https://www.voltimum.pt/artigos/proteccoes-de-sistemas-fotovoltaicos-parte 4/6
21/09/2020 Protecções de sistemas fotovoltaicos Parte I | Voltimum
Deverá existir um especial cuidado na ligação das armações dos módulos fotovoltaicos e das sub-estruturas
metálicas ao condutor de protecção. Com o objectivo de assegurar a equipotencialidade entre diferentes
circuitos de protecção, é recomendado o emprego de condutores de ligação com uma secção transversal
mínima de 10 mm2 (cobre). A resistência de terra do eléctrodo de terra, ao qual o sistema fotovoltaico está
ligado, deverá ser medida e registada. Não é necessário ligar à terra estruturas de suporte dos módulos
fotovoltaicos de classe II para potências totais instaladas inferiores a 5 kWp, nem as estruturas perfiladas de
apoio que estão próximas de prédios ou situadas no solo, das instalações fotovoltaicas que empregam tensões
reduzidas de segurança.
Para longos cabos DC, recomenda-se a instalação do descarregador de sobre-tensão antes do inversor.
Frequentemente, o descarregador de sobretensão, já vem integrado com o próprio inversor. Para os pequenos
sistemas fotovoltaicos, com varistores integrados na entrada do inversor, é possível dispensar o descarregador
de sobre-tensão da caixa de junção geral do gerador. Também são comercializados módulos fotovoltaicos com
descarregadores integrados (varistores) na caixa de junção do módulo.
Protecção de sistemas FV contra descargas atmosféricas em edifícios protegidos
Se já existir um sistema de protecção contra descargas atmosféricas o gerador fotovoltaico deverá ser
incorporado neste sistema de protecção. O objectivo é prevenir que o raio seja capaz de atingir directamente o
módulo fotovoltaico. No caso dos captores de haste vertical as varetas dos pára-raios poderão ser utilizadas de
forma a garantir que o cone de protecção abranja o sistema em conformidade com o estipulado no guia técnico
do Pára-Raios. Deverá ser mantida a separação entre a estrutura fotovoltaica e o sistema de protecção externo.
O afastamento entre o gerador fotovoltaico e a haste deve ser superior a 2 m de forma a evitar-se uma descarga
lateral no gerador. As armações dos módulos fotovoltaicos e a estrutura metálica de suporte do gerador
fotovoltaico deverão ser bem ligadas a um descarregador e pelo caminho mais curto possível.
Os descarregadores de sobretensão integrados nos inversores são na sua maioria dispositivos de protecção
limitada que não proporcionam protecção contra sobretensões superiores a 5 kV. Por este motivo para sistemas
fotovoltaicos que possuem sistemas de protecção externos contra descargas atmosféricas e que estejam
particularmente exposto aos raios deverá ser instalado um descarregador de sobretensão no lado AC situado a
cinco metros do inversor. Se os inversores forem monitorizados continuamente através de um interface
computorizada a protecção contra sobretensões deverá ser adicionalmente instalada antes da unidade de
processamento.
https://www.voltimum.pt/artigos/proteccoes-de-sistemas-fotovoltaicos-parte 5/6
21/09/2020 Protecções de sistemas fotovoltaicos Parte I | Voltimum
A ligação dos inversores à terra deve seguir as regras comuns de ligação de equipamentos eléctricos. No
entanto salienta-se que inversores de Classe II não devem ser ligados à terra.
Figura 8. A parede de instalação do sistema fotovoltaico incorpora os inversores e aparelhos de medição (à direita) na zona de entrada do edifício (à
esquerda). (Fonte: BEAR Architecten).
AUTORES:
Cláudio Monteiro e Célia Tenente
https://www.voltimum.pt/artigos/proteccoes-de-sistemas-fotovoltaicos-parte 6/6