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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA - CAMPUS FLORIANÓPOLIS

Elaboração: Prof. Eugênio Avello


Prof. Orlando Antunes

Apostila
Eletrônica Industrial

Florianópolis, Fevereiro/2012
Revisão: Agosto/2010

Av. Mauro Ramos, 950 - centro


88020-300 – Florianópolis/SC
Fone: (48) 3221 0570
Fax: (48) 3224 0727
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SUMÁRIO

1 RETIFICADORES MONOFÁSICOS .......................................................................................... 1


1.1 Introdução ................................................................................................. 1
1.2 Retificador monofásico de meia onda (Carga RL) ..................................... 1
1.3 Retificador monofásico de meia onda com diodo de roda livre ................. 6
1.4 Retificador monofásico de onda completa com ponto médio (carga RL) .. 9
1.5 Retificador monofásico de onda completa em ponte (carga RL) ........... 12
1.6 Exercícios resolvidos ............................................................................... 15
1.7 Exercícios propostos ............................................................................... 16
2 RETIFICADORES TRIFÁSICOS.............................................................................................. 17
2.1 Introdução ............................................................................................... 17
2.2 Retificador trifásico de ponto médio ........................................................ 17
2.3 Retificador trifásico de onda completa - Ponte de Graetz ....................... 21
2.4 Exercícios resolvidos ............................................................................... 26
2.5 Exercícios propostos ............................................................................... 27
3 RETIFICADORES A TIRISTOR ............................................................................................... 29
3.1 Introdução ............................................................................................... 29
3.2 O tiristor ................................................................................................... 29
3.3 Retificador monofásico de meia onda (carga resistiva) ........................... 31
3.4 Retificador monofásico de meia onda (carga RL) ................................... 34
3.5 Outras Estruturas .................................................................................... 39
3.6 Noções de circuitos de disparo ............................................................... 40
3.7 Exercícios resolvidos ............................................................................... 41
3.8 Exercícios propostos ............................................................................... 42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 44

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1 Retificadores monofásicos

Competências a serem desenvolvidas:


• Conhecer as estruturas dos retificadores
monofásicos alimentando carga RL;
• Conhecer as seqüências de funcionamento dos
retificadores monofásicos alimentando carga RL;
• Reconhecer as formas de onda dos retificadores
monofásicos alimentando carga RL;
• Dimensionar os componentes dos retificadores
monofásicos alimentando carga RL.

1.1 Introdução

Neste capítulo estudaremos os retificadores monofásicos alimentando


carga RL (resistiva-indutiva). Na indústria normalmente as cargas são de
natureza RL, caso dos motores elétricos. Neste caso, para o acionamento de
motores elétricos de corrente contínua, por exemplo, são empregados
conversores CA/CC, ou seja, retificadores. A carga RL tem comportamento
bem diferente da carga puramente resistiva estudada anteriormente e
necessita de um estudo aprofundado. O domínio da eletrônica que estuda os
conversores para o acionamento de motores elétricos é conhecido por
Eletrônica Industrial ou de Potência, pois neste caso a corrente e a tensão nos
dispositivos eletrônicos de potências (diodo, tiristores e transistores) podem
alcançar os KA e KV.

1.2 Retificador monofásico de meia onda (Carga RL)

Estrutura e convenções de polaridade

Para a compreensão do funcionamento deste retificador e dos outros


que vamos estudar é importante fixarmos algumas convenções que vão auxiliar
no estudo. Na figura abaixo a polaridade das tensões e o sentido da corrente
indica as convenções de polaridade e de sentido de circulação para estas
variáveis, ou seja, quando elas são positivas elas apresentam as polaridades e
o sentido indicados na figura abaixo. Caso sejam negativas obviamente tem-se
a polaridade ou o sentido de circulação contrário aos indicados.

Fig. 1.1 Estrutura e convenções de polaridade para o retificador monofásico de meia


onda com carga RL

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Seqüências de funcionamento

a)0→
→π

Na figura 1.2 observa-se que a tensão no secundário vs é positiva de 0


até π, ou seja, a sua polaridade instantânea será idêntica à indicada na
convenção (Fig. 1.1): potencial positivo no terminal superior e negativo no
inferior.
Para analisar as seqüências de funcionamento, após a identificação da
polaridade instantânea da fonte, descreve-se o caminho percorrido pela
corrente e após faz-se a análise da tensão nos componentes (diodo e carga).

Corrente: a corrente sai do terminal positivo e é sugada pelo pólo


negativo da fonte. É importante observar que a corrente elétrica é conservativa:
toda corrente que entra em um componente do circuito tem que sair dele.
Neste caso a corrente sai do pólo positivo de vs, como mostra a figura acima,
passa pelo diodo, o qual permite sua passagem (observe o sentido da seta no
símbolo do diodo), pela carga e finalmente chega ao pólo negativo.
Tensão: se a análise do caminho percorrido pela corrente for correta,
então o(s) diodo(s) por onde a corrente passou estão com tensão positiva (+0.7
V da barreira de potencial) e funcionam como chave fechada. Nesta análise
iremos desprezar a queda de tensão na barreira de potencial. No(s) caminho(s)
onde não há a circulação de corrente então certamente o(s) diodo(s) estão com
tensão negativa (polarização reversa) e funcionam como chave aberta. Para o
circuito acima visto que o diodo é um elemento passivo (não fornece energia
elétrica), então no terminal do diodo onde a corrente entra temos um pólo
positivo (neste caso o anodo) e onde a corrente sai o pólo negativo (neste caso
o catodo) caracterizando polarização direta e o diodo funciona como chave
fechada. Desconsiderando a queda na barreira de potencial o diodo tem tensão
nula: veja a Fig. 1.2. Com o diodo funcionando como chave fechada o pólo
positivo da fonte é conectado diretamente com a carga e toda a tensão do
secundário do transformador é aplicada à carga. Observe que a tensão na
carga é positiva nesta seqüência, pois o pólo positivo está no terminal superior
e o negativo no inferior, exatamente como na convenção indicada na Fig. 1.1.
Nesta seqüência é importante observar que a corrente sobe mais
lentamente que a tensão. Isto se deve a energia armazenada no campo
magnético do indutor. Quem produz este campo magnético é a corrente e não
a tensão. A corrente fica, então, mais “pesada” que a tensão, pois é ela que
produz a energia no indutor. Apesar de tanto tensão como corrente saírem do
tempo zero, quando a tensão chegou ao máximo a corrente ainda não
conseguiu e atinge seu valor máximo um pouco depois da tensão (observe as
formas de onda da Fig. 1.2). A tensão se anula em wt=π, porém a corrente não
se anulou, pois demora mais tempo para diminuir de valor que a tensão devido
à energia que ela produz no campo magnético do indutor. É importante
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observar que este fenômeno não ocorre com carga resistiva, onde a tensão e a
corrente têm exatamente as mesmas formas de onda, pois o resistor não
armazena energia apenas transforma energia elétrica em calor.

b) π→β

A partir de wt=π até wt=2π a tensão vs apresenta valor negativo, ou seja,


pólo negativo no terminal superior do secundário e pólo positivo no terminal
inferior (observe a figura acima). Além da polaridade da fonte de tensão vs nos
circuitos com indutores é importante observar a corrente nestes, pois a
tendência de manter a corrente constante faz os indutores funcionarem, se
analisarmos um período pequeno de tempo, como fontes de correntes. Neste
caso em wt=π, existe uma corrente no indutor Iπ que deve ser considerada.

Corrente: neste caso a fonte tende a empurrar a corrente pelo pólo


positivo e sugar pelo negativo. Mas isto é impossível, pois o diodo (observe o
sentido da seta no símbolo do diodo) não permite. Então se a carga fosse
resistiva simplesmente a corrente se anularia em wt=π. Mas com carga indutiva
isto não pode ocorrer senão a energia na indutância acabaria
instantaneamente! E iria pra onde? Bom, na realidade o indutor não deixa a
corrente mudar bruscamente, devido à energia que ela produz no campo
magnético. Então o indutor funciona como uma fonte de corrente na
proximidade de wt=π forçando o diodo a continuar conduzindo até que a
energia no indutor se anule e a corrente também em wt=β. Toda a energia que
foi entregue para o indutor na seqüência de 0→π é, nesta seqüência, em parte
transformada em calor no resistor e em parte devolvida à fonte, pois a corrente
está entrando no pólo positivo e saindo do negativo de vs fazendo a fonte
absorver energia em vez de fornecer!
Tensão: Mas como o diodo pode continuar conduzindo? A tensão do
secundário é negativa! Na verdade, como o diodo é um elemento passivo (não
fornece energia elétrica), então no terminal do diodo onde a corrente entra
temos um pólo positivo (neste caso o anodo) e onde a corrente sai o pólo
negativo (neste caso o catodo) caracterizando polarização direta e o diodo
funciona como chave fechada. Desconsiderando a queda na barreira de
potencial o diodo tem tensão nula: veja a Fig. 1.2. Com o diodo funcionando
como chave fechada o negativo da fonte é conectado diretamente ao terminal
superior da carga e toda a tensão do secundário do transformador é aplicada à
carga. Observe que a tensão na carga é negativa nesta seqüência, pois o pólo
negativo está no terminal superior e o positivo no inferior, o contrário de nossa
convenção indicada na Fig. 1.1.

c)β
β→2π
π

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A partir de wt=β até wt=2π a tensão vs apresenta valor negativo, ou seja,


pólo negativo no terminal superior do secundário e pólo positivo no terminal
inferior (observe a figura acima). No entanto, a corrente no indutor se anulou
em wt=β. Então apenas vs vai influenciar esta seqüência de funcionamento.

Corrente: neste caso a fonte tende a empurrar a corrente pelo pólo


positivo e sugar pelo negativo. Mas isto é impossível, pois o diodo (observe o
sentido da seta no símbolo do diodo) não permite. A corrente então continua
nula.
Tensão: como não há corrente na carga a tensão na carga é zero. Isto
significa que a diferença de potencial nos terminais da carga é nula, ou seja, o
potencial no terminal inferior da carga, que é positivo, é igual ao do terminal
superior. O pólo positivo da fonte vs é conectado diretamente ao catodo do
diodo através da carga. Note que apesar de não haver corrente elétrica na
carga a ligação elétrica entre seus terminais não foi interrompida! O pólo
negativo da fonte é conectado diretamente ao anodo do diodo caracterizando
polarização reversa. Observe que toda a tensão do secundário vs é aplicada ao
diodo e é negativa (Fig. 1.2): o positivo está no catodo e o negativo no anodo (o
contrário da convenção adotada).

Formas de onda

Fig. 1.2 Formas de onda para o retificador monofásico de meia onda com carga RL
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Tensão e corrente média na carga

O diodo só bloqueia quando a corrente se extingue em wt=β. A tensão


na carga torna-se negativa no intervalo π→β, o que faz com que o valor médio
da tensão seja menor que para carga resistiva pura:

Vcmed = 0,225Vo(1 − cos β )

O valor de β depende da relação entre a indutância e a resistência da


carga. Seu valor pode ser obtido no gráfico abaixo, sendo:

wL
φ = arctag
R

Fig. 1.3 Gráfico de φ (ângulo do fator de potência da carga) em função de β (ângulo de


extinção da corrente).

A corrente na carga ic pode ser decomposta em duas partes:

ic = ic(ca ) + ic(cc)

A parte contínua ic(cc) é por definição o próprio valor médio Icmed:

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Fig. 1.4 Decomposição da corrente na carga em suas componentes contínua e


alternada.

Para o cálculo da corrente média na carga interessa apenas a


componente contínua ic(cc). Esta corrente não encontra oposição ao passar
pelo indutor, visto que, sua reatância é nula para corrente contínua. Desta
forma, conclui-se que a tensão média no indutor é nula : VLmed=zero.
Portanto, podemos escrever:

Vrmed
Vcmed = Vrmed ⇒ Icmed = ⇒
R

Vcmed
Icmed =
R

Tensão inversa máxima e corrente média no diodo

A corrente média no diodo é igual à corrente média na carga:

Id med = Icmed

A máxima tensão reversa aplicada ao diodo é:

Vd pico = − 2Vo

1.3 Retificador monofásico de meia onda com diodo de roda livre

Estrutura e convenções de polaridade

No retificador monofásico de meia onda a tensão média na carga


depende da carga. Para uma indutância maior em relação á resistência, temos
um ângulo de extinção β maior e uma redução na tensão média na carga
devido ao aumento da parte do semi-ciclo negativo da tensão vs que é aplicada
à carga. Isto deve ser evitado, pois não podemos fixar o valor da tensão na
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saída do retificador. Para eliminar a parte negativa da tensão na carga basta


conectarmos um diodo em antiparalelo com a carga, como mostra a figura
abaixo. Este diodo é conhecido como diodo de roda livre.

Fig. 1.5 Estrutura e convenções de polaridade para o retificador monofásico de meia


onda com carga RL

Seqüências de funcionamento

a)0→π

A tensão no secundário vs é positiva de 0 até π, ou seja, potencial


positivo no terminal superior e negativo no inferior.

Corrente: neste caso a corrente sai do pólo positivo de vs, como mostra
a figura acima, passa pelo diodo principal, o qual permite sua passagem
(observe o sentido da seta no símbolo do diodo), pela carga e finalmente chega
ao pólo negativo. O diodo de roda livre não permite a circulação da corrente e,
portanto, está bloqueado (aberto).
Tensão: para o circuito acima visto que o diodo é um elemento passivo,
então no terminal do diodo principal onde a corrente entra temos um pólo
positivo (neste caso o anodo) e onde a corrente sai o pólo negativo (neste caso
o catodo) caracterizando polarização direta e o diodo funciona como chave
fechada. Desconsiderando a queda na barreira de potencial o diodo principal
tem tensão nula. Com o diodo principal funcionando como chave fechada o
pólo positivo da fonte é conectado diretamente com a carga e toda a tensão do
secundário do transformador é aplicada à carga. O diodo principal, que está
conduzindo, conecta o pólo positivo da fonte não somente à carga mais
também ao catodo do diodo de roda livre. O diodo de roda livre está com o seu
anodo ligado diretamente ao terminal inferior do secundário do transformador
que possui potencial negativo. Confirmando a análise pela corrente, o diodo de
roda livre está bloqueado e consequentemente com tensão negativa
(polarização reversa) e toda a tensão do secundário é aplica sobre ele.

b) π→2π

A tensão no secundário vs é negativa de π até 2π, ou seja, potencial


positivo no terminal inferior e negativo no superior. Como para o retificador de
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meia onda, neste caso devido à carga RL a corrente é mais lenta que a tensão.
Portanto em wt=π existe uma corrente no indutor Iπ que deve ser considerada.

Corrente: neste caso a fonte tende a empurrar a corrente pelo pólo


positivo e sugar pelo negativo. Mas isto é impossível, pois o diodo principal
(observe o sentido da seta no símbolo do diodo) não permite. Pensando o
indutor como uma fonte de corrente, ele força esta a passar pelo diodo de roda
livre, que fica polarizado diretamente, como mostra a figura acima. A energia
armazenada no indutor é dissipada no resistor da carga até que a corrente se
anule.
Tensão: a corrente de carga passando no diodo de roda livre produz um
pólo positivo no anodo e negativo no catodo: polarização direta (chave
fechada). A tensão na carga fica então nula, pois a carga está em paralelo com
o curto-circuito produzido pelo diodo de roda livre. No diodo principal observa-
se que o pólo negativo de vs está ligado ao seu anodo e o pólo positivo de vs
está conectado, através do diodo de roda livre, ao catodo do diodo que está
então com polarização reversa (chave aberta).

Tensão e corrente média na carga

A forma de onda da tensão na carga é a mesma que para o retificador


monofásico de meia onda alimentando carga resistiva já estudado, portanto:

Vcmed = 0,45Vo

A corrente média na carga, uma vez que VLmed=zero, é obtida através


da expressão:

Vcmed
Icmed =
R

Tensão inversa máxima e corrente média nos diodos

A corrente média, se a reatância indutiva da carga for grande em relação


à resistência (o que é verdade para motores elétricos), em cada diodo é igual a
metade da corrente média na carga:

Icmed
Id med =
2

A máxima tensão reversa aplicada aos diodos é:

Vd pico = − 2Vo

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Formas de onda

Fig. 1.6 Formas de onda para o retificador monofásico de ½ onda com diodo
de roda livre e carga RL

1.4 Retificador monofásico de onda completa com ponto médio (carga RL)

Estrutura e convenções de polaridade

Este retificador apresenta um desempenho melhor que os de meia onda,


pois a tensão na carga possui uma componente alternada menor. No entanto o
transformador tem que possuir um secundário com derivação central para que
esta estrutura com dois diodos possa ser realizada. No caso do transformador
não possuir a derivação central uma estrutura com 4 diodos é necessária,

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como estudaremos a seguir. Neste caso, como mostra a figura abaixo, a


tensão vs é a tensão de uma das metades do secundário.

Fig. 1.7 Estrutura e convenções de polaridade para o retificador monofásico


de onda completa com ponto médio.

Seqüências de funcionamento

a)0→π

A tensão no secundário vs é positiva de 0 até π, ou seja, potencial


positivo no terminal superior e negativo no inferior de cada metade do
secundário.

Corrente: para a metade superior do secundário a corrente sai do pólo


positivo, passa pelo diodo 1 (chave fechada), pela carga e é sugada pelo pólo
negativo. Para a metade inferior a corrente não sai do pólo positivo, pois não
pode ser sugada pelo pólo negativo devido ao diodo 2.
Tensão: o pólo positivo da metade superior do secundário é conectado
diretamente à carga através do diodo 1 (chave fechada). A tensão da metade
superior do secundário é então aplicada à carga. No diodo 2 o pólo positivo da
metade superior do secundário é aplicado ao seu catodo uma vez que o diodo
1 está conduzindo (chave fechada) e o pólo negativo da metade inferior do
secundário é ligada ao seu anodo. Portanto o diodo 2 está com polarização
reversa e a tensão negativa aplicada sobre ele é duas vezes vs.

b) π→2π

A tensão no secundário vs é negativa de π até 2π, ou seja, potencial


negativo no terminal superior e positivo no inferior de cada metade do
secundário.

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Corrente: para a metade inferior do secundário a corrente sai do pólo


positivo, passa pelo diodo 2 (chave fechada), pela carga e é sugada pelo pólo
negativo. Para a metade superior a corrente não sai do pólo positivo, pois não
pode ser sugada pelo pólo negativo devido ao diodo 1.
Tensão: o pólo positivo da metade inferior do secundário é conectado
diretamente à carga através do diodo 2 (chave fechada). A tensão da metade
inferior do secundário é então aplicada à carga. No diodo 1 o pólo positivo da
metade inferior do secundário é aplicado ao seu catodo uma vez que o diodo 2
está conduzindo (chave fechada) e o pólo negativo da metade superior do
secundário é ligada ao seu anodo. Portanto o diodo 1 está com polarização
reversa e a tensão negativa aplicada sobre ele é duas vezes vs.
Observe que nas duas seqüências acima a corrente na carga se
manteve no mesmo sentido. Apesar de em wt=π existir uma corrente no indutor
Iπ, esta corrente muda naturalmente de ramo passando do diodo 1 para o
diodo 2 sem modificar seu valor na carga na proximidade de wt=π. Esta
mudança de ramo da corrente em um circuito indutivo é chamada de
comutação. Se a reatância indutiva for suficientemente grande em relação à
resistência para uma dada freqüência então a corrente será praticamente
contínua na carga.

Tensão e Corrente Média na Carga

Neste caso, temos, a forma de onda de vc apresenta a metade do


período em relação ao caso anterior, portanto:

2 2Vo
Vcmed = = 0,9Vo
π

A corrente média na carga, uma vez que VLmed=zero, é obtida através


da expressão:

Vcmed
Icmed =
R

Tensão inversa máxima e corrente média nos diodos

A corrente média em cada diodo é a metade da corrente média na


carga:

Icmed
Id1med = Id 2 med =
2
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A máxima tensão reversa aplicada aos diodos é:

Vd pico = −2 2Vo

Formas de onda

Fig. 1.8 Formas de onda para o retificador monofásico de onda completa


com ponto médio alimentando carga RL.

1.5 Retificador monofásico de onda completa em ponte (carga RL)

Estrutura e convenções de polaridade

No caso de o transformador não possuir a derivação central uma


estrutura com 4 diodos conhecida como ponte é necessária.
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Fig. 1.9 Estrutura e convenções de polaridade para o retificador monofásico


de onda completa em ponte.

Seqüências de funcionamento

a)0→π

A tensão no secundário vs é positiva de 0 até π, ou seja, potencial


positivo no terminal superior e negativo no inferior do secundário.

Corrente: a corrente sai do pólo positivo, passa pelo diodo 1 (chave


fechada), pela carga, pelo diodo 4 (chave fechada) e é sugada pelo pólo
negativo.
Tensão: o pólo positivo do secundário é conectado diretamente à carga
através do diodo 1 (chave fechada). O pólo negativo do secundário é
conectado diretamente à carga através do diodo 4 (chave fechada). Portanto,
toda a tensão do secundário é aplicada à carga. No diodo 2 o pólo positivo do
secundário é aplicado ao seu catodo através do diodo 1 (chave fechada) e o
pólo negativo do secundário é ligado diretamente ao seu anodo. Portanto, o
diodo 2 está com polarização reversa e a tensão negativa aplicada sobre ele é
igual a vs. No diodo 3 o pólo positivo do secundário é aplicado diretamente ao
seu catodo e o pólo negativo do secundário é ligado através do diodo 4 (chave
fechada) ao seu anodo. Portanto, o diodo 3 está também com polarização
reversa e a tensão negativa aplicada sobre ele é igual a vs.

b) π→2π

A tensão no secundário vs é negativa de π até 2π, ou seja, potencial


negativo no terminal superior e positivo no inferior do secundário.

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Corrente: a corrente sai do pólo positivo, passa pelo diodo 2 (chave


fechada), pela carga, pelo diodo 3 (chave fechada) e é sugada pelo pólo
negativo.
Tensão: o pólo positivo do secundário é conectado diretamente à carga
através do diodo 2 (chave fechada). O pólo negativo do secundário é
conectado diretamente à carga através do diodo 3 (chave fechada). Portanto,
toda a tensão do secundário é aplicada à carga. Observe que a tensão na
carga continua positiva. No diodo 1 o pólo positivo do secundário é aplicado ao
seu catodo através do diodo 2 (chave fechada) e o pólo negativo do secundário
é ligado diretamente ao seu anodo. Portanto, o diodo 1 está com polarização
reversa e a tensão negativa aplicada sobre ele é igual a vs. No diodo 4 o pólo
positivo do secundário é aplicado diretamente ao seu catodo e o pólo negativo
do secundário é ligado através do diodo 3 (chave fechada) ao seu anodo.
Portanto, o diodo 4 está também com polarização reversa e a tensão negativa
aplicada sobre ele é igual a vs.

Tensão e corrente média na carga

A tensão na carga vc tem a mesma forma de onda que para o retificador


de ponto médio, portanto:

2 2Vo
Vcmed = = 0,9Vo
π

A corrente média na carga é obtida através da expressão:

Vcmed
Icmed =
R

Tensão inversa máxima e corrente média nos diodos

A corrente média em cada diodo é a metade da corrente média na


carga:

Icmed
Id1med = Id 2 med = Id 3med = Id 4 med =
2

A máxima tensão reversa aplicada aos diodos é:

Vd pico = − 2Vo
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Formas de Onda

Fig. 1.10 Formas de onda para o retificador monofásico de onda completa em ponte
alimentando carga RL.

1.6 Exercícios resolvidos

1.Um retificador monofásico de meia onda com diodo de roda livre alimenta
uma carga RL (R=20 Ω e L=200 mH). Sendo a tensão eficaz no secundário do
trafo 220V, calcule Vcmed e Icmed.

Solução:

Substituindo na expressão de Vcmed:


Vcmed = 0,45Vo = 0,45.220 = 99V
E para Icmed:

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Vcmed 99
Icmed = = = 4,95 A
R 20

2.Um retificador monofásico de meia onda alimenta uma carga RL (R=10 Ω e


L=60,78 mH). Sendo a tensão eficaz no secundário do trafo 100V, calcule
Vcmed e Icmed. A freqüência da rede é 60 Hz.

Solução:
Para calcularmos Vcmed é necessário encontrar o ângulo de extinção da
corrente β. Inicialmente encontramos o ângulo do fator de potência da carga φ:

ωL 2πfL 2.π .60.60,78.10 −3


φ = arctg = = = 66,42 0
R R 10

Com φ vamos até o gráfico da Fig. 10.3 e obtemos β = 255 o aproximadamente.

Substituindo na expressão de Vcmed:


Vcmed = 0,225Vo(1 − cos β ) = 0,225.100(1o − cos 255 o ) = 28,32V
E para Icmed:
Vcmed 28,32
Icmed = = = 2,83 A
R 10

1.7 Exercícios propostos

1.Um retificador monofásico de meia onda alimenta uma carga RL (R=5 ohm e
L=30,39mH). Sendo a tensão eficaz no secundário do trafo 200V, calcule
a)Vcmed, b)Icmed e desenhe vc e ic. A freqüência da rede é 60 Hz.

R.: a)56,64V; b)11,32A.

2.Um retificador monofásico de meia com diodo de roda livre alimenta a


mesma carga da questão (1). Sendo o trafo 220V/200V , calcule: a)Vcmed,
b)Icmed, c)Vdpico e d)Idmed.
R.: a)90V; b)18A; c)282,84V; d)9A.

3. Um retificador monofásico de onda completa com ponto médio alimenta


uma carga RL ( R=10 ohms, L=60,78moH) através de um transformador de
220V/110V-0-110V. Calcule: a)a tensão e b) a corrente média na carga.
R.: a)99V; b)9,9A.

4.Um retificador monofásico de onda completa em ponte alimenta uma carga


RL ( R=10 ohms, L=60,78mH) através de um transformador de 220V/110V.
Calcule: a)a tensão e b)a corrente média na carga.
R.: a)99V; b)9,9A.

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2 Retificadores trifásicos

Competências a serem desenvolvidas:


• Conhecer as estruturas dos retificadores trifásicos
alimentando carga R e RL;
• Conhecer as seqüências de funcionamento dos
retificadores trifásicos alimentando carga R e RL;
• Reconhecer as formas de onda dos retificadores
trifásicos alimentando carga R e RL;
• Dimensionar os componentes dos retificadores
trifásicos alimentando carga R e RL.

2.1 Introdução

Neste capítulo estudaremos os retificadores trifásicos alimentando carga


RL (resistiva-indutiva). Quando temos acesso a uma rede trifásica podemos
utilizar uma das duas estruturas a seguir. Os retificadores trifásicos produzem
uma tensão contínua mais pura na saída, ou seja, apresentam uma
componente alternada reduzida em relação aos retificadores monofásicos e
são mais eficientes.

2.2 Retificador trifásico de ponto médio

Estrutura e convenções de polaridade

Para esta estrutura é necessário que o secundário do transformador


esteja ligado em estrela e que se tenha acesso ao neutro, pois a corrente que
passa através da carga retornará por ele. A tensão que será aplicada à carga é
o pico das tensões de fase (tensões entre uma das fases e o neutro) VAN, VBN
e VCN.

Fig. 2.1 Estrutura e convenções de polaridade para o retificador trifásico de ponto


médio alimentando carga RL

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Tensões no secundário do transformador

Fig. 2.2 Tensões de fase no secundário do transformador

Seqüências de funcionamento

1. Seqüência de 30o a 150 o

Corrente: Como os catodos dos três diodos estão em curto-circuito, vai


conduzir o diodo que tiver seu anodo ligado ao potencial mais positivo: neste
caso D1, pois VAN (observe na figura 2.2) é a mais positivas das tensões de
fase no intervalo entre 30o e 150o. A corrente sai do pólo positivo de VAN passa
pelo diodo 1, pela carga e retorna ao enrolamento do transformador pelo
neutro.

Tensão: Com o diodo D1 fechado a fase A é conectada diretamente à


carga e ao catodo dos diodos D2 e D3. A tensão VAN é então ligada
diretamente à carga. O diodo D2 apresenta sua tensão vd2 igual a VBA, pois a
fase B está ligada ao seu anodo e a fase A ao seu catodo. Como VBA = VBN -
VAN e VBN é menor que VAN a tensão VBA será negativa, ou seja, vd2 será
negativa e o diodo D2 está bloqueado (aberto). Observe que a tensão reversa
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aplicada a D2 é uma tensão de linha VBA e, portanto, 3 vezes maior que o


pico das tensões de fase. Por análise semelhante concluímos que D3 também
está bloqueado.

2. Seqüência de 150 o a 270 o

Corrente: Como no caso anterior, com os catodos dos três diodos em


curto-circuito, vai conduzir o diodo que tiver seu anodo ligado ao potencial mais
positivo: neste caso D2, pois VBN (observe na figura 11.2) é a mais positivas
das tensões de fase no intervalo entre 150o e 270o. A corrente sai do pólo
positivo de VBN passa pelo diodo 2, pela carga e retorna ao enrolamento do
transformador pelo neutro.

Tensão: Com o diodo D2 fechado a fase B é conectada diretamente à


carga e ao catodo dos diodos D1 e D3. A tensão VBN é então ligada
diretamente à carga. O diodo D1 apresenta sua tensão vd1 igual a VAB, pois a
fase A está ligada ao seu anodo e a fase B ao seu catodo. Como VAB = VAN -
VBN e VAN é menor que VBN a tensão VAB será negativa, ou seja, vd1 será
negativa e o diodo D1 está bloqueado (aberto). Observe que a tensão reversa
aplicada a D1 é uma tensão de linha VAB e, portanto, 3 vezes maior que o
pico das tensões de fase. Por análise semelhante concluímos que D3 também
está bloqueado.

3. Seqüência de 270 o a 390 o

Fazendo a mesma análise que nas seqüências anteriores concluímos


que o diodo D3 está conduzindo, a tensão de fase VCN é aplicada à carga e os
diodos D1 e D2 estão bloqueados e com tensão reversa correspondente a pico
de tensão de linha.

Formas de onda

Para carga resistiva a corrente apresenta a mesma forma de onda que a


tensão. Com carga RL ocorre a diminuição da componente alternada da
corrente na carga e no caso limite de a reatância ser muito elevada em relação
à resistência da carga (caso dos motores elétricos) a corrente na carga fica
praticamente contínua pura (observe as formas de onda na Fig. 2.3).
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Fig. 2.3 Formas de onda para o retificador trifásico de ponto médio com carga R e RL

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Tensão e corrente média na carga

A tensão média é obtida pela expressão:

Vcmed = 1,17Vo

Neste caso Vo é o valor eficaz das tensões de fase. A corrente média,


para carga resistiva ou indutiva, é:

Vcmed
Icmed =
R

Tensão inversa máxima e corrente média nos diodos

A corrente média em cada diodo é igual a um terço da corrente média na


carga, uma vez que cada um deles conduz durante um terço do período:

Icmed
Id med =
3

A máxima tensão reversa aplicada aos diodos é o pico de tensão de


linha:

Vd pico = − 2 3Vo

2.3 Retificador trifásico de onda completa - Ponte de Graetz

Estrutura e convenções de polaridade

Para esta estrutura não é necessário o acesso ao neutro do secundário


do transformador. A tensão que será aplicada à carga corresponde ao pico das
tensões de linha (tensões entre duas fases) VAB, VAC, VBC etc.... Este
retificador apresenta uma componente alternada da tensão na carga ainda
menor que a estrutura anterior, produzindo praticamente tensão contínua pura.

Fig. 2.4 Estrutura e convenções de polaridade para o retificador trifásico Ponte de


Graetz alimentando carga RL

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Tensões no secundário do transformador

Fig. 2.5 Tensões de fase no secundário do transformador

Seqüências de funcionamento

1. Seqüência de 30 o a 90 o

Corrente: Como os catodos dos três diodos superiores (D1, D2 e D3)


estão em curto-circuito, vai conduzir o diodo que tiver seu anodo ligado ao
potencial mais positivo: neste caso D1, pois VAN (observe na figura 11.5) é a
mais positivas das tensões de fase no intervalo entre 30o e 90o. Como os
anodos dos três diodos inferiores (D4, D5 e D6) estão em curto-circuito, vai
conduzir o diodo que tiver seu catodo ligado ao potencial mais negativo: neste
caso D5, pois VBN (observe na figura 11.5) é a mais negativas das tensões de
fase no intervalo entre 30o e 90o. A corrente sai do pólo positivo de VAN passa
pelo diodo 1, pela carga e retorna pelo diodo D5 até o pólo negativo de VBN.

Tensão: Com o diodo D1 conduzindo (fechado) a fase A, a mais positiva,


é conectada diretamente ao terminal superior da carga e ao catodo dos diodos
D2 e D3. O diodo D2 apresenta sua tensão vd2 igual a VBA, pois a fase B está
ligada ao seu anodo e a fase A ao seu catodo. Como VBA = VBN - VAN e VBN
é negativa e VAN positiva, a tensão VBA será negativa, ou seja, vd2 será
negativa e o diodo D2 está bloqueado (aberto). Observe que a tensão reversa
aplicada a D2 é uma tensão de linha VBA e, portanto, 3 vezes maior que o

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pico das tensões de fase. Por análise semelhante concluímos que D3 também
está bloqueado.
Com o diodo D5 conduzindo (fechado) a fase B, a mais negativa, é
conectada diretamente ao terminal inferior da carga e ao anodo dos diodos D4
e D6. O diodo D4 apresenta sua tensão vd4 igual a VBA, pois a fase B está
ligada ao seu anodo, através do diodo D5 que está conduzindo (fechado), e a
fase A ao seu catodo. Como VBA = VBN - VAN e VBN é negativa e VAN
positiva, a tensão VBA será negativa, ou seja, vd4 será negativa e o diodo D4
está bloqueado (aberto). Com raciocínio similar concluímos que D6 também
está bloqueado. Com os diodos D1 e D5 conduzindo a tensão de linha VAB é
aplicada diretamente à carga (observe as formas de onda na Fig. 2.6).

2. Seqüência de 90 o a 150 o

Corrente: Como os catodos dos três diodos superiores (D1, D2 e D3)


estão em curto-circuito, vai conduzir o diodo que tiver seu anodo ligado ao
potencial mais positivo: neste caso D1, pois VAN (observe na figura 2.5) é a
mais positivas das tensões de fase no intervalo entre 90o e 150o. Como os
anodos dos três diodos inferiores (D4, D5 e D6) estão em curto-circuito, vai
conduzir o diodo que tiver seu catodo ligado ao potencial mais negativo: neste
caso D6, pois VCN (observe na figura 2.5) é a mais negativas das tensões de
fase no intervalo entre 90o e 150o. Portanto, a corrente sai do pólo positivo de
VAN passa pelo diodo 1, pela carga e retorna pelo diodo D6 até o pólo negativo
de VCN.

Tensão: Com o diodo D1 conduzindo (fechado) a fase A, a mais positiva,


é conectada diretamente ao terminal superior da carga e ao catodo dos diodos
D2 e D3. O diodo D2 apresenta sua tensão vd2 igual a VBA, pois a fase B está
ligada ao seu anodo e a fase A ao seu catodo. Como VBA = VBN - VAN e VBN
é menor que VAN, a tensão VBA será negativa, ou seja, vd2 será negativa e o
diodo D2 está bloqueado (aberto). Observe que, neste caso também, a tensão
reversa aplicada a D2 é uma tensão de linha VBA. Por análise semelhante
concluímos que D3 também está bloqueado.
Com o diodo D6 conduzindo (fechado) a fase C, a mais negativa, é
conectada diretamente ao terminal inferior da carga e ao anodo dos diodos D4
e D5. O diodo D4 apresenta sua tensão vd4 igual a VCA, pois a fase C está
ligada ao seu anodo, através do diodo D6 que está conduzindo (fechado), e a
fase A ao seu catodo. Como VCA = VCN - VAN e VCN é negativa e VAN
positiva, a tensão VCA será negativa, ou seja, vd4 será negativa e o diodo D4
está bloqueado (aberto). Com raciocínio similar concluímos que D5 também
está bloqueado. Com os diodos D1 e D6 conduzindo a tensão de linha VAC é
aplicada diretamente à carga (observe as formas de onda na Fig. 2.6).
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3. Seqüência de 150 o a 210 o

Corrente: Os catodos dos três diodos superiores (D1, D2 e D3) estão em


curto-circuito, vai conduzir o diodo que tiver seu anodo ligado ao potencial mais
positivo: neste caso D2, pois VBN (observe na figura 11.5) é a mais positivas
das tensões de fase no intervalo entre 150o e 210o. Como os anodos dos três
diodos inferiores (D4, D5 e D6) estão em curto-circuito, vai conduzir o diodo
que tiver seu catodo ligado ao potencial mais negativo: neste caso D6, pois
VCN (observe na figura 2.5) é a mais negativas das tensões de fase no
intervalo entre 150o e 210o. Portanto, a corrente sai do pólo positivo de VBN
passa pelo diodo 2, pela carga e retorna pelo diodo D6 até o pólo negativo de
VCN.

Tensão: Com o diodo D2 conduzindo (fechado) a fase B, a mais positiva,


é conectada diretamente ao terminal superior da carga e ao catodo dos diodos
D1 e D3. O diodo D1 apresenta sua tensão vd1 igual a VAB, pois a fase A está
ligada ao seu anodo e a fase B ao seu catodo. Como VAB = VAN - VBN e VAN
é menor que VBN, a tensão VAB será negativa, ou seja, vd1 será negativa e o
diodo D1 está bloqueado (aberto). Observe que, neste caso também, a tensão
reversa aplicada a D1 é uma tensão de linha VAB. Por análise semelhante
concluímos que D3 também está bloqueado.
Com o diodo D6 conduzindo (fechado) a fase C, a mais negativa, é
conectada diretamente ao terminal inferior da carga e ao anodo dos diodos D4
e D5. O diodo D4 apresenta sua tensão vd4 igual a VCA, pois a fase C está
ligada ao seu anodo, através do diodo D6 que está conduzindo (fechado), e a
fase A ao seu catodo. Como VCA = VCN - VAN e VCN é menor que VAN, a
tensão VCA será negativa, ou seja, vd4 será negativa e o diodo D4 está
bloqueado (aberto). Com raciocínio similar concluímos que D5 também está
bloqueado. Com os diodos D2 e D6 conduzindo a tensão de linha VBC é
aplicada diretamente à carga (observe as formas de onda na Fig. 2.6).

4. Seqüências restantes

Nas seqüências anteriores pode-se observar que a cada 60o um diodo


deixa de conduzir e um outro passa a conduzir. Cada um dos diodos conduz
durante 120o mantendo a tensão na carga sempre igual aos picos positivos das
tensões de linha (observe as formas de onda na Fig. 2.6). As três seqüências
restantes para completarmos um ciclo são obtidas da mesma forma que as
anteriores. Entre 210o e 270o D2 e D4 conduzem, entre 270 o e 330 o D3 e D4
conduzem e entre 330o e 390o D3 e D5 conduzem.
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Formas de onda

Para carga resistiva a corrente apresenta a mesma forma de onda que a


tensão. Com carga RL ocorre a diminuição, ainda mais acentuada que no caso
do retificador com ponto médio, da componente alternada da corrente na carga
e no caso limite da reatância ser muito elevada em relação à resistência da
carga a corrente na carga fica praticamente contínua pura (observe as formas
de onda na Fig. 2.6).

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Fig. 2.6 Formas de onda para o Retificador trifásico de onda completa - Ponte de
Graetz com carga R e RL.
Tensão e corrente média na carga

A tensão média é obtida pela expressão:

Vcmed = 2,34Vo

Neste caso Vo é o valor eficaz das tensões de fase. A corrente média,


para carga resistiva ou indutiva, é:

Vcmed
Icmed =
R

Tensão inversa máxima e corrente média nos diodos

A corrente média em cada diodo é igual a um terço da corrente média na


carga, uma vez que cada um deles conduz durante um terço do período:

Icmed
Id med =
3

A máxima tensão reversa aplicada aos diodos é o pico de tensão de


linha:

Vd pico = − 2 3Vo

2.4 Exercícios resolvidos

1)Um retificador trifásico de ponto médio alimenta uma carga RL (R=10Ω,


L=100mH), através de um transformador ∆/Y , 380/100V. Calcular:
a)A tensão média na carga
b)A corrente média na carga
c)A máxima tensão reversa imposta aos diodos

Solução:
As tensões nominais de um transformador trifásico são sempre valores de
linha. Como Vo é por definição o valor eficaz das tensões de fase no
secundário do transformador temos:
100
Vo = = 57,73V
3
a) Vcmed = 1,17 ⋅ Vo = 1,17 ⋅ 57,73 = 67,55V
V 67,55
b) Icmed = cmed = = 6,76 A
R 10
c) Vd pico = − 2 3Vo = −141,41V

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2.Dimensione o transformador e os diodos de um retificador trifásico de ponto


médio para alimentar um motor de corrente contínua de 200V e 2KW, através
de uma rede CA de 220V trifásica.
Solução:
O motor CC necessita de 200V em corrente contínua, ou seja, Vcmed = 200V .
Então podemos calcular Vo :

Vcmed 200
Vo = = = 170,94V
1,17 1,17

Ora Vo é por definição a tensão eficaz de fase no secundário do transformador.


Então a tensão de linha no secundário do transformador, se a ligação for
estrela, é

VL = 3 ⋅ Vo = 3 ⋅170,94 = 296V

Portanto o transformador será ∆/Y, 220/296V.

O motor CC necessita de 2KW em corrente contínua, ou seja, Pcmed = 2000W .


A corrente média na carga pode ser calculada por:
Pcmed 2000
Icmed = = = 10 A
Vcmed 200
Icmed 10
Id med = = = 3,33 A
3 3
Vd pico = − 2 3Vo = − 2 3170,94 = 418,72V

Portanto os três diodos deverão suportar cada um uma corrente média de


3,33A e uma tensão reversa de 418,72V.

2.5 Exercícios propostos

1.Complete as seqüências de funcionamento abaixo:

a)Para o retificador Trifásico de Ponto Médio

270o→390o

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b) Para o retificador de Onda Completa – Ponte de Graetz

210o→270o

270o→330o

330o→390o

2.Um retificador trifásico Ponte de Graetz alimenta uma carga RL (R=15Ω,


L=300mH), através de um transformador ∆/Y , 380/220V. Calcular:
a)A tensão média na carga
b)A corrente média na carga
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c)A máxima tensão reversa imposta aos diodos


R.: a)127V; b)19,81A; c)311V

3.Dimensione o transformador e os diodos de um retificador trifásico Ponte de


Graetz para alimentar um motor de corrente contínua de 200V e 2KW, através
de uma rede CA de 220V trifásica.
R.: Transformador ∆/Y , 220/148V; Diodos: Id med =3,33A e Vd pico =-209,35V.

4.Dimensione o transformador e os diodos de um retificador trifásico de ponto


médio para alimentar um motor de corrente contínua de 110V e 1KW, através
de uma rede CA de 380V trifásica.
R.: Transformador ∆/Y , 220/163V; Diodos: Id med =3,03A e Vd pico =-230,51V.

3 Retificadores a tiristor

Competências a serem desenvolvidas:


• Conhecer o funcionamento do tiristor;
• Conhecer as estruturas dos retificadores
monofásicos a tiristor alimentando carga R e RL;
• Conhecer as seqüências de funcionamento dos
retificadores monofásicos de meia onda a tiristor
alimentando carga R e RL;
• Reconhecer as formas de onda dos retificadores
monofásicos de meia onda a tiristor alimentando
carga R e RL;
• Dimensionar os componentes dos retificadores
monofásicos de meia onda a tiristor alimentando
carga RL.

3.1 Introdução

Nos dois capítulos anteriores estudamos os retificadores a diodo, onde a


tensão na carga é fixa. Porém em aplicações industriais onde se deseja, por
exemplo, controlar a velocidade de um motor de corrente contínua, é
necessário que o conversor CA/CC (retificador) que alimenta o motor produza
uma tensão contínua variável na saída. Os motores de corrente contínua
podem ter sua velocidade facilmente controlada se variarmos a tensão em seu
enrolamento do estator (armadura). Os retificadores a tiristor se adaptam bem
a esta tarefa pois podemos variar a sua tensão de saída.

3.2 O tiristor

O tiristor é um componente eletrônico que difere do diodo na condução,


que pode ser comandada através da corrente de gatilho ou gate (ig). Sua
estrutura interna é mostrada na figura abaixo:

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Símbolo:

Fig. 3.1 Estrutura interna a símbolo do Tiristor (SCR).

A curva característica ideal IT em função de VT, mostrada abaixo,


apresenta três regiões distintas. O tiristor sem corrente de gatilho é
representado pelas regiões 1 e 2. Desta forma, ele fica bloqueado (aberto)
tanto com tensões positivas quanto com as negativas. Com corrente de gatilho,
desde que sua tensão VT seja positiva, ele passa da região 2 para a região 3.
Isto é, entra em condução. O tiristor também é conhecido como SCR (Silicon
Controlled Rectifier). O Tiristor é uma chave que para conduzir além de sua
tensão ser positiva ele necessita de um pulso de corrente no seu gatilho. Para
bloquear basta a tensão ser negativa.

Fig. 3.2 Curva característica ideal doTiristor (SCR).

A curva abaixo mostra a característica IT versos VT real do tiristor. Note


que além da tensão reversa máxima VRRM a tensão direta máxima, sem
corrente de gatilho, VDRM também é limitada. Ultrapassando este limite o
tiristor entraria em condução mesmo sem corrente de gate.

Fig. 3.3 Curva característica real doTiristor (SCR).

ITM é a máxima corrente que o tiristor suporta na condução. É


importante observar que a corrente de gate é um pulso com duração
relativamente curta - a largura de pulso depende do tiristor e da carga. Mesmo
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após a corrente de gate anular-se o tiristor mantém-se em condução até que a


corrente it se anule.

3.3 Retificador monofásico de meia onda (carga resistiva)

Estrutura e convenções de polaridade

Fig. 3.4 Estrutura e convenções de polaridade para o retificador monofásico de meia


onda com carga R

Seqüências de funcionamento

a)0→α

Na figura 3.5 observa-se que a tensão no secundário vs é positiva de 0


até π, ou seja, a sua polaridade instantânea será idêntica à indicada na
convenção (Fig. 3.4): potencial positivo no terminal superior e negativo no
inferior.
Corrente: a corrente tende a sair do terminal positivo da fonte e ser
sugada pelo negativo, porém neste intervalo de 0 até α não foi injetada a
corrente no gate e o tiristor permanece bloqueado.

Tensão: como não há corrente na carga a tensão na carga é zero. Isto


significa que a diferença de potencial nos terminais da carga é nula, ou seja, o
potencial no terminal inferior da carga, que é negativo, é igual ao do terminal
superior. O pólo negativo da fonte vs é conectado diretamente ao catodo do
diodo através da carga. Note que apesar de não haver corrente elétrica na
carga a ligação elétrica entre seus terminais não foi interrompida! O pólo
positivo da fonte é conectado diretamente ao anodo do diodo caracterizando
polarização direta. Observe que toda a tensão do secundário vs é aplicada ao
diodo e é positiva (Fig. 3.5): o positivo está no anodo e o negativo no catodo.
Mesmo com polarização direta o tiristor não conduz, pois não foi ainda injetado
o pulso de corrente no gatilho!

b)α→π

Corrente: como visto na seqüência anterior o tiristor está com


polarização direta e em wt=α um pulso de corrente é injetado no gatilho: o
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tiristor então entra em condução. A corrente sai do pólo positivo de vs passa


pelo tiristor pela carga e é sugada pelo pólo negativo do secundário do
transformador.

Tensão: com o tiristor conduzindo o pólo positivo de vs é conectado


diretamente à carga. Toda a tensão do secundário do transformador, no
intervalo α→π é aplicada à carga.

c) π→2π

A partir de wt=π até wt=2π a tensão vs apresenta valor negativo, ou seja,


pólo negativo no terminal superior do secundário e pólo positivo no terminal
inferior (observe a figura abaixo).
Corrente: neste caso a fonte tende a empurrar a corrente pelo pólo
positivo e sugar pelo negativo. Mas isto é impossível, pois o tiristor (observe o
sentido da seta no símbolo do tiristor) não permite.

Tensão: como não há corrente na carga a tensão na carga é zero. Isto


significa que a diferença de potencial nos terminais da carga é nula, ou seja, o
potencial no terminal inferior da carga, que é positivo, é igual ao do terminal
superior. O pólo positivo da fonte vs é conectado diretamente ao catodo do
tiristor através da carga. O pólo negativo da fonte é conectado diretamente ao
anodo do tiristor caracterizando polarização reversa.

Formas de onda

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Fig. 3.5 Formas de onda para o retificador monofásico de meia onda com carga R

Tensão e corrente média na carga

A tensão média na carga é obtida pela expressão:

Vcmed = 0,225Vo(1 + cos α )

Portanto, ao se variar o ângulo de disparo α, varia-se a tensão média na


carga Vcmed. O valor máximo de Vcmed corresponde a α=0 (Vcmed=0,45.Vo)
e o valor mínimo α=π (Vcmed=0).
A corrente média na carga é obtida através da expressão:

Vcmed
Icmed =
R

Tensão inversa máxima e corrente média no tiristor

A corrente média no tiristor é igual a corrente média na carga:

It med = Icmed

A máxima tensão reversa aplicada ao Tiristor é:

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Vt pico = − 2Vo

3.4 Retificador monofásico de meia onda (carga RL)

Estrutura e convenções de polaridade

Fig. 3.6 Estrutura e convenções de polaridade para o retificador monofásico de ½ onda


com carga RL

Seqüências de funcionamento

a)0→α

Na figura 3.7 observa-se que a tensão no secundário vs é positiva de 0


até π, ou seja, a sua polaridade instantânea será idêntica à indicada na
convenção (Fig. 3.6): potencial positivo no terminal superior e negativo no
inferior.
Corrente: a corrente tende a sair do terminal positivo da fonte e ser
sugada pelo negativo, porém neste intervalo de 0 até α não foi injetada a
corrente no gate e o tiristor permanece bloqueado.

Tensão: como não há corrente na carga a tensão na carga é zero. Isto


significa que a diferença de potencial nos terminais da carga é nula, ou seja, o
potencial no terminal inferior da carga, que é negativo, é igual ao do terminal
superior. O pólo negativo da fonte vs é conectado diretamente ao catodo do
diodo através da carga. Note que apesar de não haver corrente elétrica na
carga a ligação elétrica entre seus terminais não foi interrompida! O pólo
positivo da fonte é conectado diretamente ao anodo do diodo caracterizando
polarização direta. Observe que toda a tensão do secundário vs é aplicada ao
diodo e é positiva (Fig. 3.7): o positivo está no anodo e o negativo no catodo.
Mesmo com polarização direta o tiristor não conduz, pois não foi ainda injetado
o pulso de corrente no gatilho!

b)α→π

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Corrente: como visto na seqüência anterior o tiristor está com


polarização direta e em wt=α um pulso de corrente é injetado no gatilho: o
tiristor então entra em condução. A corrente sai do pólo positivo de vs passa
pelo tiristor pela carga e é sugada pelo pólo negativo do secundário do
transformador.

Tensão: com o tiristor conduzindo o pólo positivo de vs é conectado


diretamente à carga. Toda a tensão do secundário do transformador, no
intervalo α→π é aplicada à carga.
Nesta seqüência é importante observar que, da mesma forma que
acontecia no retificador com diodo, a corrente sobe mais lentamente que a
tensão. Isto se deve a energia armazenada no campo magnético do indutor.
Quem produz este campo magnético é a corrente e não a tensão. A corrente
fica, então, mais “pesada” que a tensão, pois é ela que produz a energia no
indutor. Apesar de a corrente sair do tempo wt=α com seu valor nulo, quando é
injetada a corrente de gatilho o tiristor conduz e a tensão do secundário vai
instantaneamente para a carga em wt=α. Portanto, a tensão atinge seu balor
máximo rapidamente e a corrente apenas consegue atingi-lo algum tempo
depois da tensão (observe as formas de onda da Fig 3.7). A tensão se anula
em wt=π, porém a corrente não se anulou, pois demora mais tempo para
diminuir de valor que a tensão devido à energia que ela produz no campo
magnético do indutor.

c) π→β

A partir de wt=π até wt=β a tensão vs apresenta valor negativo, ou seja,


pólo negativo no terminal superior do secundário e pólo positivo no terminal
inferior (observe a figura acima). Além da polaridade da fonte de tensão vs nos
circuitos com indutores é importante observar a corrente nestes, pois a
tendência de manter a corrente constante faz os indutores funcionarem, se
analisarmos um período pequeno de tempo, como fontes de correntes. Neste
caso em wt=π, existe uma corrente no indutor Iπ (observe a forma de onda de
ic na Fig. 3.7). que deve ser considerada.
Corrente: neste caso a fonte tende a empurrar a corrente pelo pólo
positivo e sugar pelo negativo. Mas isto é impossível, pois o tiristor (observe o
sentido da seta no símbolo do tiristor) não permite. Então se a carga fosse
resistiva simplesmente a corrente se anularia em wt=π. Mas com carga indutiva
isto não pode ocorrer senão a energia na indutância acabaria
instantaneamente! E iria pra onde? Na realidade o indutor não deixa a corrente
mudar bruscamente, devido à energia que ela produz no campo magnético.
Então o indutor funciona como uma fonte de corrente na proximidade de wt=π
forçando o tiristor a continuar conduzindo até que a energia no indutor se anule
e a corrente também em wt=β. Toda a energia que foi entregue para o indutor
na seqüência de α→π é, nesta seqüência, em parte transformada em calor no
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resistor e em parte devolvida à fonte, pois a corrente está entrando no pólo


positivo e saindo do negativo de vs fazendo a fonte absorver energia em vez de
fornecer!

Tensão: O tiristor é um elemento passivo (não fornece energia elétrica),


então no terminal do diodo onde a corrente entra temos um pólo positivo (neste
caso o anodo) e onde a corrente sai o pólo negativo (neste caso o catodo)
caracterizando polarização direta: o tiristor funciona como chave fechada.
Desconsiderando a queda de tensão nas barreiras de potencial das duas
junções PN do tiristor, ele apresenta tensão nula: veja a Fig. 3.7. Com o tiristor
funcionando como chave fechada o negativo da fonte é conectado diretamente
ao terminal superior da carga e toda a tensão do secundário do transformador
é aplicada à carga.

d)β→2π

A partir de wt=β até wt=2π a tensão vs apresenta valor negativo, ou seja,


pólo negativo no terminal superior do secundário e pólo positivo no terminal
inferior (observe a figura acima). No entanto, a corrente no indutor se anulou
em wt=β. Então apenas vs vai influenciar esta seqüência de funcionamento.
Corrente: neste caso a fonte tende a empurrar a corrente pelo pólo
positivo e sugar pelo negativo. Mas isto é impossível, pois o tiristor (observe o
sentido da seta no símbolo do tiristor) não permite. A corrente então continua
nula.

Tensão: como não há corrente na carga a tensão na carga é zero. Isto


significa que a diferença de potencial nos terminais da carga é nula, ou seja, o
potencial no terminal inferior da carga, que é positivo, é igual ao do terminal
superior. O pólo positivo da fonte vs é conectado diretamente ao catodo do
tiristor através da carga. Note que apesar de não haver corrente elétrica na
carga a ligação elétrica entre seus terminais não foi interrompida! O pólo
negativo da fonte é conectado diretamente ao anodo do tiristor caracterizando
polarização reversa. Observe que toda a tensão do secundário vs é aplicada ao
tiristor e é negativa (observe a forma de onda vt na Fig. 3.7): o positivo está no
catodo e o negativo no anodo (o contrário da convenção adotada).

Formas de onda

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Fig. 3.7 Formas de onda para o retificador monofásico de meia onda com carga R

Tensão e corrente média na carga

O tiristor só bloqueia quando a corrente se extingue em wt=β. A tensão


na carga torna-se negativa no intervalo π→β, o que faz com que o valor médio
da tensão seja menor que para carga resistiva pura:

Vcmed = 0,225Vo(cos α − cos β )

O valor de β depende do ângulo de disparo α e da relação entre a


indutância e a resistência da carga. Seu valor pode ser obtido no gráfico
abaixo, conhecido como Ábaco de Puschlowski, sendo:
ωL
φ = arctg
R

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Fig. 3.8 Ábaco de Puschlowski

Para obtermos β no Ábaco de Puschlowski devemos calcular o cosφ e


utilizarmos o feixe de curvas que partem de a=0 o qual corresponde à carga
RL.
A corrente média na carga é obtida através da expressão:

Vcmed
Icmed =
R

Tensão inversa máxima e corrente média no tiristor

A corrente média no tiristor é igual a corrente média na carga:

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It med = Icmed

A máxima tensão reversa aplicada ao tiristor é:

Vt pico = − 2Vo

3.5 Outras Estruturas

Todas as estruturas empregadas nos retificadores com diodos podem


ser empregadas nos retificadores com tiristores. Para evitar a tensão negativa
na carga no retificador de meia onda alimentando carga RL, por exemplo,
pode-se empregar um diodo de roda livre, como mostra a figura abaixo.

Fig. 3.9 Retificador monofásico de meia onda a tiristor com diodo de roda livre (carga
RL).

No caso do retificador de onda completa em ponte é possível construí-lo


com quatro tiristores (ponte completa), como mostra a figura abaixo:

Fig. 3.10 Retificador monofásico de onda completa em ponte (ponte completa).

ou com do dois tiristores e dois diodos (ponte mista):

Fig. 3.11 Retificador monofásico de onda completa em ponte (ponte mista).

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No caso da ponte mista apesar da estrutura funcionar muito bem para


acionamento de motores CC, ela não permite a regeneração da energia, ou
seja, que o motor de CC se estiver funcionando como gerador devolva a
energia para a fonte. Isto só é possível com uma ponte completa. Para elevar o
braço de um guindaste, por exemplo, a máquina CC funciona como motor, e
quando o braço desce é possível a máquina funcionar como gerador e devolver
energia para a fonte.

3.6 Noções de circuitos de disparo

Na figura baixo está representado o circuito de potência (retificador


monofásico de meia onda) e o circuito de disparo do tiristor. Nesta configuração
a corrente de gatilho é ig=vs/R e, como a tensão senoidal sobe do zero, a
corrente de gatilho alcançará um nível tal que faz o tiristor entrar em condução.
O ângulo de disparo é controlado a através do potenciômetro R. Esta
configuração tem uma limitação forte: o ângulo de disparo é sempre maior que
zero e seu valor máximo é 90o.

Fig. 3.12 Retificador monofásico de meia onda com o circuito de disparo empregando
potenciômetro (resistor variável).

Existem outros tipos de circuitos de disparo que produzem uma variação


maior do ângulo de disparo α. Na figura abaixo temos um circuito de disparo
empregando uma rede resistiva-capacitiva. À medida que a tensão da fonte
aumenta o capacitor se carrega através do potenciômetro R. Quando a tensão
no capacitor chega a um determinado valor então ele se descarrega através do
diac, do diodo e do gatilho do tiristor. O diac é um dispositivo que conduz em
dois sentidos, porém ele só entra em condução a partir de certo valor de tensão
em seus terminais. Por isto o capacitor só se descarrega quando a tensão
atinge o valor suficiente para disparar o diac. O diodo em série com o diac
serve para evitar um pulso negativo de corrente no gatilho. Também neste caso
o ângulo de disparo é controlado a através do potenciômetro R.

Fig. 3.13 Retificador monofásico de meia onda com o circuito de disparo.


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Os circuitos de comando vistos acima funcionam bem para carga


resistiva. Quando a carga é indutiva é necessário manter a corrente de gatilho
por um tempo maior para assegurar o disparo do tiristor. Existe no mercado um
chip dedicado o TCA 785 para fazer o comando de tiristores, o qual pode ser
empregado em estruturas monofásicas ou trifásicas e com cargas resistiva ou
indutiva. O estudo detalhado deste circuito está fora do escopo deste curso e o
aluno pode encontrá-lo nas referências bibliográficas ou em catálogos dos
fabricantes.

3.7 Exercícios resolvidos

1.Um retificador monofásico de meia onda a tiristor alimenta uma carga R


(R=20 Ω). Sendo a tensão eficaz no secundário do trafo 220V, calcule Vcmed
e Icmed para α=50o.

Solução:

Substituindo na expressão de Vcmed:


Vcmed = 0,225Vo(1 + cos α ) = 0,225.220(1 + cos 50 o ) = 81,31V
E para Icmed:
Vcmed 81,31
Icmed = = = 4,07 A
R 20

2.Um retificador monofásico de meia onda a tiristor alimenta uma carga RL


(R=10 Ω e L=60,78 mH). Sendo a tensão eficaz no secundário do trafo 100V,
calcule Vcmed e Icmed para α=40o. A freqüência da rede é 60 Hz.

Solução:
Para calcularmos Vcmed é necessário encontrar o ângulo de extinção da
corrente β. Inicialmente encontramos o cosφ da carga:

ωL 2πfL 2.π .60.60,78.10 −3


φ = arctg = = = 66,42 0
R R 10

cos φ = cos(66,42 o ) = 0,4

Com o cos φ vamos até o Ábaco de Puschlowski. Partimos de α=40o no eixo das
abscissas até encontrar a curva cos φ = 0.4 no primeiro feixe de curvas a=0, que
corresponde à carga RL, e dobrando à esquerda encontramos no eixo das ordenadas
β = 253o .

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Substituindo na expressão de Vcmed:


Vcmed = 0,225Vo(cos α − cos β ) = 0,225.100(cos 40o − cos 253o ) = 23,81V
E para Icmed:
Vcmed 23,81
Icmed = = = 2,38 A
R 10

3.8 Exercícios propostos

1.Um retificador monofásico de meia onda a tiristor alimenta uma carga R (R=5
Ω). Sendo a tensão eficaz no secundário do trafo 80V, calcule
a) Vcmed,
b) Icmed
e desenhe vc e ic para α=50o.

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R.: a)29,57V; b)5,91A.

2.Um retificador monofásico de meia onda a tiristor alimenta uma carga RL


(R=5 Ω e L=30,39mH). Sendo a tensão eficaz no secundário do trafo 80V,
calcule
a)o ângulo de extinção da corrente β,
b) Vcmed,
c) Icmed
e desenhe vc e ic para α=50o.
R.: Aproximadamente 250o; 17,73V; 3,54A.

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Referências Bibliográficas

[1] BARBI, IVo, Eletrônica de Potência, Florianópolis, Editora da UFSC,


1986.

[2] Cipelli, A. M. V. e Sandrini, WJ – Teoria e DesenVolvimento de Projetos


de Circuitos Eletrônicos.

[3] Gray, P.E. e Searle, C.L. – Princípios da Eletrônica.

[4] Hibberd, R.G. – Circuitos Integrados.

[5] Icotron – Boletim Técnico Informativo.

[6] Mello, H. A. e Intrator, E. – Dispositivos semicondutores.

[7] Millman, J. e Halkias, C.C. – Integrated Eletronics.

[8] NoVo, D.D. – Eletrônica Aplicada.

[9] RCA – Manual de Trasistores, Tiristores e Diodos.

[ 10 ] Siemens – Transistors Data Book 1980/81.

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