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DINÂMICA DAS

MÁQUINAS EIÉIRICAS-II
CURSO DE ENGENHARIA
EM SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

- SÉRIE PTI -

RELAÇÃO DE VOLUMES E TRADUTORES

1 - Analise de Circuitos de Sistemas de Potência -


Arlindo R. Mayer
2 - Teoria das Linhas de Transmissão I - J.Wagner Kaehler

3 - Teoria das Linhas de Transmissão II - Felix A. Farret

4 - Dinâmica das Maquinas Elétricas I - Somchai A n s u j ,


Arlindo R.Mayer

5 - Dinâmica das Maquinas Elétricas II - Elvio Rabenschlag

6 - Dinâmica e Controle da Geração - Almoraci S. Al g a r v e ,


João M, Soares

7 - Proteção de Sistemas Elétricos de Potência -


Fritz Stemmer

8 - Coordenação de Isolamento - J. Wagner Kaehler

9 - Operação Econômica e Planejamento - Paulo R. Wilson

10 - Métodos Probabilísticos para Projeto e


Planejamento de Sistemas Elétricos - M.Ivone Brenner

Coordenação Geral: Arlindo R, Mayer


CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S.A.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

DINÂMICA DAS
MÁQUINAS EIÉIRICAS-II

F. P. DE MELLO

Tradução: Elvio Rabenschlag


B--------1» H ira i ■ ■ lill — li |
Prof. Adj. no Depto de
ELETROBRÁS Eng. Elétrica da UFSM

Nucíeo do Documentação Tfcwtca - DOTE


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DATA. Í.X/...3.3

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E X E M P L A R D O D O T E I

CURSO DE ENGENHARIA EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA
SÉRIE P. T. I.

SANTA MARIA ■ RS ■ 1979


Título do original:
Electrical Machine Dynamics II

Direitos para o Brasil reservados â Centrais Elétricas


Brasileiras S.A. - ELETROBRÂS

Av. Presidente Vargas, 624 - 109 andar


Rio de Janeiro - RJ
1979

F I C H A C A T A L O G R Â F I C A
.--- - ---- - ■ - — -%
---------

Mello, F.P. de
M527d Dinâmica das máquinas elétricas II |por| F.P. de
Mello. Trad. |de| Elvio Rabenschlag. Santa Maria,
Universidade Federal de Santa Maria, 1979.
109p ilust. 23cm (Curso de Engenharia em
Sistemas Elétricos de Potência - Série PTI, 5)

Título original: "Electrical Machine Dynamics II"


I. Rabenschlag, Elvio, 1940 - (trad.) II. Título

CDD 621.313 3
CDU 621.313 3
Obra publicada
Com a colaboração
do Fundo de Desenvolvimento Tecnológico
da CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S.A — ELETROBRÁS
em Convênio com a
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA — UFSM
APRESENTAÇÃO

Há cerca de 10 anos vem a ELETROBRÂS patrocinan­


do a realização de Cursos na área de Sistemas Elétricos
de Potência, visando o aperfeiçoamento de engenheiros
eletricistas das Empresas do Setor de Energia Elétrica.
Assim, cerca de 200 profissionais, nesse período, recebe­
ram formação a nível de Mestrado, tanto no exterior como
no Brasil, em obediência a currículos estabelecidos pela
ELETROBRÂS, tendo em vista as necessidades detectadas por
seu pessoal especializado.

Como resultado da experiência de realização des­


ses e de outros Cu r s o s , por vezes contando com a partici­
pação de professores estrangeiros especialmente contrata­
dos para reforçar as equipes docentes nacionais, vêm sen­
do publicados livros especializados em regime de co-
edição com Universidades, e â conta de Recursos do Fundo
de Desenvolvimento Tecnológico da ELETROBRÂS.

Ê constante a preocupação desta Empresa em


apoiar as Instituições de Ensino Superior, razão pela qual,
entre outras ações, têm sido sistematicamente oferecidas
vagas a docentes universitários, sempre que grupos de en­
genheiros são enviados ao exterior para freqüência a cur­
sos especiais ainda não oferecidos regularmente no Brasil.
Isso tem propiciado mais rápida resposta das Universidades
no atèndimento de necessidades especiais no Setor de Ener­
gia Elétrica, inclusive pela imediata implantação de tais
cursos no País, a mais baixo custo e possibilitando am­
pliar a faixa de atendimento de profissionais das Empre­
sas .

Em uma dessas ações, a ELETROBRÂS contratou com


o Power Technologies, Inc. - P.T.I., de Schenectady -USA,
a ministração de um curso especial em Sistemas Elétricos,
e constante dos tópicos que se seguem:
1 - Análise de Sistemas Elétricos de Potência
2 - Teoria das Linhas de Transmissão
3 - Releamento - Características e Princípios
Fundamentais de Operação dos
Relês
4 - Coordenação de Isolamento
5 - Operação Econômica e Planejamento
6 - Dinâmica e Controle da Geração
•7 - Dinâmica das Máquinas Elétricas
8 - Métodos Probabilísticos para Projeto e
Planejamento de Sistemas Elétricos
9 - Economia das Empresas de Energia Elétrica
Esses tópicos, na forma como foram inicialmente
ministrados pela equipe do P.T.I., e posteriormente re­
produzidos por outros docentes brasileiros em diversas
oportunidades, constituem, a nosso ver, uma fonte de in­
formações capaz de proporcionar uma formação equilibrada
de profissionais de alto nível que se destinam às Empresas
de Energia Elétrica e que delas precisem ter inicialmente
boa visão técnica de conjunto. Posteriormente tais profis­
sionais poderão aprofundar seus estudos em tópicos especí­
ficos, conforme necessário às suas áreas de atuação.

Foi, pois, com esta intenção que a ELETROBRAS de­


cidiu adquirir ao P.T.I. os direitos de reprodução do Cur­
so, e contratou com a Universidade Federal de Santa Maria
a tradução e edição do mesmo, visando sua distribuição às
Empresas do Setor de Energia Elétrica e demais Institui­
ções de Ensino Superior que ministram cursos na área de
Engenharia Elétrica. Estamos certos de que a divulgação
desse material, agora em língua portuguesa,atingirá apre­
ciável número de profissionais e estudantes universitários
proporcionando-lhes um nível de aperfeiçoamento mínimo h o ­
je desejável naquelas Empresas, e ao mesmo tempo consti­
tuindo-se em obra de referência para docentes especiali­
zados.

Arnaldo Rodrigues Barbalho


Presidente da ELETROBRÂS
PREFÁCIO

Raros são os livros publicados em português so­


bre Sistemas Elétricos de Potência. Isso fez com que os
professores do Departamento de Engenharia e professores que
atuam no Curso de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica,da
Universidade Federal de Santa Maria, aceitassem o desafio
de realizar a estafante, porém, atraente tarefa de tradu­
ção, revisão e acompanhamento na impressão do Curso orga­
nizado por Power Technologies, Inc. - PTI, e cujos direi­
tos de reprodução foram adquiridos pela ELETROBRÂS.
Foi muito valiosa, para a realização desta ta­
refa, a união e o espírito de equipe de um conjunto de
professores que, além de suas atividades docentes, admi­
nistrativas e de pesquisa, passaram a dedicar-se a mais
essa importante tarefa.
Ê nosso dever deixarmos assinalados os nossos a-
gradecimentos a todos os que contribuiram para a elabora­
ção dessa obra. Destacamos a ajuda prestada pelo Diretor do
Centro de Tecnologia, Prof. Gilberto Aquino Benetti, pelo
Diretor da Imprensa Universitária, Prof. José Antonio M a ­
chado, pelo Chefe do Departamento de Engenharia Elétrica,
Prof. Wilson Antônio Barin, pelo Coordenador do convênio UFSM/
ELETROBRÂS, Prof. Arlindo Rodrigues Mayer, como também pelos
Professores Waldemar Correia Fuentes, Nilton F abbrine Nor-
berto V. Oliveira.
Pela Companhia Estadual de Energia Elétrica -CEEE -
tiveram participação destacada, nesta realização, o Eng9
Paulo Roberto Wilson, Coordenador do Convênio CEEE/UFSM ,
e os Engenheiros José Wagner Kaheler e Fritz Stemmer, to­
dos eles Professores visitantes do CPGEE da UFSM.
Nossos agradecimentos ã Professora Celina Fleiq
Mayer e ã Jornalista Veronice Lovato Rossato, pelos seus
vários serviços de revisão. E ã Professora June Magda Scham-
berg pelo seu auxílio na organização das fichas catalogrã-
ficas dos vários volumes.
Nossos agradecimentos, também, ao datilõgrafo U-
byrajara Tajes e ao desenhista Delcio Bolzan.

Aos Professores Ademir Carnevalli Guimarães e


Hélio Mokarzel, da Escola Federal de Engenharia de Itaju-
bã, agradecemos a gentileza de nos terem enviado a tradu­
ção parcial de alguns dos volumes, os quais serviram como
valiosas referências em nosso trabalho.

Finalmente, ê nosso dever deixar registrado


nossos agradecimentos ã Centrais Elétricas Brasileiras
S.A. - ELETROBRÂS, por seu apoio e confiança em nós depo­
sitados.

Derbday Galvao
Reitor
SUMÁRIO

PROGRAMA DE ES T U D O ................................ 1

Capítulo 1 - INTRODUÇÃO........ 3
Capítulo 2 - CONCEITO DE ESTABILIDADE - MÁQUINAS
IDEALIZADAS.......................... 5
- Fenômeno de estabilidade................... 5
- Relação potência-ângulo.................... 8
- Potência de saída........................... 12
- Estabilidade em regime permanente......... 14
- Diagrama do círculo de Clarke............. 17
- Estabilidade transitória................... 20
- Critério de igualdade das áreas........... 21
- Sistemas de duas máquinas.................. 25
Capítulo 3 - ANALISE DE ESTABILIDADE MULTI-
MAQU I N A .............................. 32
Capítulo 4 - EFEITOS DAS MÁQUINAS SlNCRONAS..... 41
- Relações potência-ângulo................... 41
- Curvas de capacidade da estabilidade...... 55
- Efeitos da saturação - Estabilidade em
regime permanente......................... 61
- Estabilidade dinâmica...................... 74
- Efeitos da máquina de indução............. 86
- Auto-excitação.................... *95
BIBLIOGRAFIA....................................... 109
PROGRAMA DE ESTUDO

Sessão Tópicos '*= Estudo recomendado

I Conceitos de Estabilidade Introduction to Problems


of System Stability, E.W.
Máquinas Idealizadas
Kimbark, Ref.3, pag.5-10.
Relações Potência-Ãngulo
Dinâmica das Máquinas E-
Potência de Saída lêtricas II, pag. 3-31.
Estabilidade em Regime Perma­
nente.
Diagrama do Círculo "de
Clarke.

II Maquinas Idealizadas Dinâmica das Máquinas E-


lêtricas II, pag.32-40.
Estabilidade Transitória
Westinghouse T § D Book,
Caso de Duas Maquinas
Cap. 13, pag. 433-443.
Critério de Igualdade de
Ãreas. Transient Stability So-
lution Techniques, G.W.
Análise de Estabilidade
Multimãquina. Stagg, Ref.3, pag.47-52.

Cálculos Passo a Passo Apêndice D, Ref. 7


Ref. 8 , pag.145-148
Seqüencia Negativa da
Potência de Frenagem Ref. 8 , p ag.148-156

III Efeitos das Maquinas Dinâmica das Máquinas E-


Elétricas lêtricas II, pag. 41-74.
Relações Potência-Ãngulo Ref. 4
Regimes Subtransitorio,
Apêndice E , R e f . 7
Transitório e Permanente
Curvas de Capacidade de
Estabilidade: Efeitos da
Saturação
Estabilidade Dinâmica

IV Estabilidade Dinâmica Dinâmica das Maquinas E-


Efeitos da Excitação lêtricas II, pag. 74-95.

Efeitos das Máquinas dè


Indução

V Auto-Excitação Dinâmica das Máquinas E-


Simuladores de Sistemas lêtricas II, pag.95-108.
Elétricos de Potência "The Synchronous Machine",
C .C . Y o u n g , R e f . 3, p a g .
11-24.
CAPÍTULO I

IN T R O D U Ç Ã O

O sucesso da operação de um sistema de potência


CA depende da habilidade de várias máquinas síncronas man­
terem o sincronismo em condições transitórias que podem ser
criadas por possíveis distúrbios. O estudo do comportamento
transitório das máquinas síncronas envolve tanto o fenôme­
no elétrico, que relaciona fluxos e correntes, como o fenô­
meno mecânico, que descreve as variações da velocidade do
eixo e do ângulo do rotor, como função do desequilíbrio en­
tre potências elétrica e mecânica.

O comportamento transitório das máquinas síncro­


nas tem sido caracterizado pelos utilíssimos conceitos de
"estabilidade em regime permanente" e "estabilidade dinâmi­
ca" . Muito tem sido escrito sobre esses assuntos em livros
textos e publicações técnicas,"papers", e a intenção, aqui,
não ê substituir esta riqueza de material de referência,mas
apresentar alguns conceitos fundamentais em forma tutorial
conveniente.

’ Visto que o assunto inteiro da estabilidade da o-


peração síncrona pode ser descrito por um detalhado conjun­
to de equações dinâmicas, uma diferenciação muito útil tem
sido desenvolvida pela classificação de certos fenômenos bá­
sicos em formas que permitem suposições simplificadas par­
ticulares.
Vamos explorar o assunto e a maior parte dos con­
ceitos de estabilidade de sistemas de potência, consideran­
do primeiro o caso de máquinas ideais representadas por fon­
tes atrás de reatâncias equivalentes; estas fontes têm os
ângulos de fase correspondentes â posição do eixo do rotor
do gerador.
Os efeitos adicionais, devido ao fato de que a m á ­
quina síncrona comporta-se diferentemente da fonte ideal a-
trãs de uma reatância constante, serão consideradas separada­
mente, seguindo uma exposição de conceitos de estabilidade
básica em sua forma mais simples.
CAPITULO

CONCEITO DE ESTABILIDADE — M ÁQUINAS IDEALIZADAS

f e n Om e n o de estabilidade

O mecanismo pelo qual as máquinas síncronas se man­


têm em sincronismo, ou permanecem "em compasso" com uma ou­
tra, ê feito através de forças restauradoras, tal que,a ca­
da instante, uma dada unidade tende a acelerar ou desacele­
rar com respeito a outras unidades ligadas à mesma rede.
A velocidade constante no eixo ê mantida quando e-
xiste equilíbrio entre o conjugado mecânico e o conjugado e-
létrico. Qualquer desequilíbrio entre esses dois conjugados
produz aceleração ou desaceleração do rotor da máquina, se­
guindo as leis de rotação de um corpo.
As derivações da equação do movimento e as cons­
tantes de inércia M e H foram desenvolvidas no volume sobre
Dinâmica e Controle da Geração. Para uma rápida referência,
elas são resumidas aqui por:

P{ «=> - i r j tTm - TJ dt ' 1 >

onde pô(t) ê igual ao desvio da freqüência normal, em por


unidade.

Tm = conjugado inicial, em p.u.


Te = conjugado elétrico, em p.u.

M = 2H

H = constante de inércia,em segundos

H = 0>231 x wR^ x (r.p.m.)^ x 10 ^ ( 2 )


kVA base

t = tempo em segundos

No livro sobre Dinâmica e Controle da Geração foi


mostrado que (1 ) pode ser expresso, com pequeno erro, por:

p« «=> - i r [Pm
L m - P eJ
1 dt ( 3 )

onde Pm e são, respectivamente, as potências mecânica e


elétrica em p.u.
A Figura 1 mostra um diagrama de bloco, que des­
creve a equação do momento (também chamada equação de osci­
lação) na forma incrementai, aplicado a uma máquina simples.

Fig. 1

A potência de aceleração (P^ = APM - APE ) se trans­


forma por integração na variação de uma velocidade (pô) que
por sua vez é integrada na variação de um ângulo. (Aô). A va­
riação na potência elétrica (APE ) é vista como consistindo
de dois componentes, um que é função da velocidade e o outro
que ê função de um ângulo. Na forma^ linearizada, estas fun­
ções podem ser representadas por constantes. D = 3PE/3pô é
chamado de coeficiente de amortecimento. T = 3PE/3ô é chamado
de coeficiente de potência de sincronização.
A estabilidade deste sistema pode ser analisada por
álgebra padrão de diagrama de bloco, a fim de se obter as
raízes da equação característica.

377.T
s ( 4 )
M

Aprendemos anteriormente que um sistema com laço


fechado ê estável quando as raízes da equação característi­
ca não possuem parte real.
A aplicação desse critério em (4) requer que D >. 0
E>2
e T — Tx377M P ara a estabilidade. Este resultado correspon­
de bem à ressonância física, uma vez que valores negativos de
D e T constituiríam um laço de realimentação positiva,o que,
obviamente, conduziría â instabilidade.
Como apresentado aqui, na forma mais fundamental,
devemos concluir que existe um único "tipo de análise de es­
tabilidade (ou instabilidade). Veremos, entretanto, que as
equações linearizadas não são adequadas, e que critérios mais
rigorosos são necessários. A fim de se tornar mais ameno o
entendimento de nossa análise, vamos pensar, conceituaimente,
em termos de três tipos de estabilidade.

1) Estabilidade em Regime Permanente que pode ser in­


vestigada por meio de variações graduais nas condi­
ções do sistema. Estas variações são suficientemente
lentas, de maneira que podemos considerar o siste­
ma em regime permanente. A estabilidade em regime
permanente ê uma função do sistema e não depende da
magnitude do distúrbio que, por definição, ê infi­
nitamente pequeno. Ela é basicamente relacionada com
a existência ou não de conjugados de sincronização
do regime permanente.
2) Estabilidade Transitória que, tal como o nome indi­
ca, ê baseada no estudo de transitórios, ou distúr­
bios. Embora possamos esperar variações da veloci­
dade durante tais alterações, verificaremos que o
fenômeno predominante ê fundamentalmente uma função
da característica potência-ângulo e da gravidade do
distúrbio.
3) Estabilidade Dinâmica que é baseada nas proprieda­
des dinâmicas linearizadas do sistema, as quais po­
dem ser descritas pelas raízes da equação caracte­
rística do sistema inteiro, incluindo controles. No
estudo da estabilidade dinâmica veremos que o com­
portamento transitório dos fluxos da máquina podem
ter alta importância. Como no caso de estabilidade
de regime permanente, a estabilidade dinâmica não é
função do distúrbio.

RELAÇÃO POTfiNCIA-ÃNGULO

Consideramos o sistema da Figura 2 mostrando duas


fontes síncronas ligadas por uma impedância Z.

P1

Fig. 2

O diagrama vetorial das correntes e tensões é mos­


trado na Figura 3.

EjZ«i

Fig.. 3
Em notação vetorial:

E r E2
I = ( 5

Também a expressão para a potência ê:

P = Re EI* j ( 6 )

Logo:
Ei V - Ei V
P-, = Re E^* = Re

Ei V
= Re - Re

E1 E 1E2
— i— sen a + — i— ,— sen (ô, - 6 » - a ) ( 7 )
Z Z 1 2

”1 R
o n d e : Z = R + jX = |Z | / 90-ot = |Z | (sen a + jcos a), a = tg (-rr-)

Similarmente: 2
EÍ sen a E iE o
P2 = ---- [Zl---- + — [ Z ] ~ Sen (ô2 ' 61 " a) ( 8 )

onde a direção do fluxo da potência ê, por convenção, sele­


cionada como sendo a de saída da fonte.

As equações (7) e (8 ) são as expressões familia­


res de potência-ângulo que relacionam a potência, que flui
entre duas fontes síncronas de tensão, como função do ângu­
lo de fase entre elas.

A Figura 4 traça P^ e P^ para o caso = E^.

* Significa conjugado
Fig. 4

Notemos a forma senoidal da função potência-ângulo. No­


temos também que (P^ - P 2 ) representa perdas e que, para o
caso de uma reatância pura, Z = jx, o caso sem perdas, a ex­
pressão da potência-ângulo ê uma onda senoidal.

E E
P = — sen (ôx - ô2 ) ( 9 )

como mostra a Figura 5.

Fig. 5

O ângulo das fontes de tensão E^ e pode ser re­


lacionado ao ângulo do eixo do rotor da máquina. Estes ro­
tores produzem FMM e ondas de fluxo,cuja rotação, com res­
peito ao estator, gera tensão CA.

Ê evidente, a partir do diagrama vetorial da Fi­


gura 3 e das expressões (7) e (8 ), que a transferência de
potência através de impedâncias envolve uma variação no ân­
gulo entre as tensões através da impedância.

Fig. 6

No caso geral de uma rede de impedâncias entre di-


versas fontes, como na Figura 6 , as expressões de potência-
ângulo são:

E1E3
sen + sen^(S12-a12^+ ----- sen(<$13-a13)

P. (10)
2

P
3

onae:

Z^ = impedância de entrada = Z^ / ^ ® -an

Z^ = impedância de transferência = Z^ / ^ ® ~ a ±2

Z ^3 = Impedância de transferência = Z ^3 y/90-a^3

É interessante notar que, para o caso de séries pur-


ras de resistência e reatância indutiva entre duas fontes,
Z1X = Z ^2 = Z 22 ' e ° an<?u l° ai2 a positivo tal que o pico da
curva potência-ângulo ocorre num ângulo, entre as fontes
(6 ^ - ô2 ) de (90+a^2 ), como ê mostrado na Figura 4.
No caso de haver impedâncias em paralelo, como na
Figura 7, Z ^ ^ Z ^2 e ' P ara redes com resistênciase reatân-
cias indutivas, a ^2 © negativo,

P1 -P„

Fig. 7

tal que o pico da curva potêncià-ângulo ocorre em (ô^ - ô2 ),


abaixo de 90ò , como ê mostrado na Figura 8 .

POTÊNCIA DE SAÍDA

Consideremos o sist^pia com uma única maquina sín-


crona conectada a uma barra infinita por uma linha de trans-
missão, como ê mostrado na Figura 9.

;E2/0°

Notemos que a máquina, aqui, ê representada por


uma fonte de tensão constante atrás de uma re:atância equi­
valente. Sem elaboração e desconsiderando a saliência, di­
remos que o estudo do diagrama vetorial de regime permanen­
te da Figura 9, visto em Dinâmica das Máquinas Elétricas I,
mostra que a reatância é a reatância síncrona X = X, = X
^ eq d q
e que a tensão E^ ê proporcional à tensão devida à corrente
de campo (X ^ I ^ ) •

A aplicação de (7) nos permite derivar a relação


potência-ângulo.

E1 E 1E 2
PjL = -jYj- sen a + -y^j- sen ^ - a) (11 )

onde:
Z = r + j(X+Xe g ) = |Z| / 9 0 - a

a = tg_ 1 (r/(X+Xe q ))

|z| = (r2 + (X + Xe q )2 )T

O coeficiente da potência de sincronização para a


máquina é a inclinação da curva potência-ângulo, ou:

T 9P1 V 2
T ’ * z c° s <S1 - “ >

a qual ê não-negativa sempre que -90 + a < ô ^ < . 9 0 + a


A potência mãxima que pode ser estavelmente trans­
ferida ocorre, conseqüentemente, quando ô = 90 + a. Esta po­
tência ê chamada "potência máxima de sincronismo com corrente de campo
cónstante". Sua magnitude ê dada por (13):

E1 E iE 2
PMAX |Z | Sen 01 + [z] (13)

ESTABILIDADE EM REGIME PERMANENTE

Embora o conceito de potência de salda seja um


conceito essencial, o caso de maquinas síncronas com corren­
te de campo constante não ê, usualmente, encontrado na pra­
tica. Os geradores mais modernos são equipados com regula­
dores automáticos de tensão que ajustam a corrente de campo
a fim de manter constante a tensão terminal (e^). Seria mais
útil, pois,desenvolver o equivalente da potência mãxima de sincronismo
para o caso de e^ constante do que para E ^ constante. Este
limite ê referido como "potência limite para o regime per­
manente" .

O diagrama vetorial para o sistema da Figura 9 po­


de ser desenhado como na Figura 10, usando a corrente como
referência.

Se começamos sem carga, com fator de potência u-


nitãrio, então I = 0 e E^ = e^. Ã medida que aumentamos a
carga, são necessários valores cada vez mais altos de E^ pa­
ra manter e t constante. Podemos, então, dizer que a excita­
ção em regime permanente ê uma fiihção da potência em regime
permanente, = E^(P). Para cada valor de E^(P), podemos de­
finir uma potência máxima de sincrcnismo com corrente de campo constan­
te, como uma função da- potência em regime permanente e es­
crita como em (14).

(E. (P))2 sen a + E.(P)E 2


(14)
■ W (p> [r2 + (X + Xe q )2] 1/2

onde:

sen a = --- -------------- - -7 ■



[r2 + (X + X eg)2] 1/2

Obviamente, a definição para limite de potência em regime per­


manente ê quando:

(15)
W p) '
Exemplo:

Esse conceito pode ser mais., facilmente visualiza­


do através de um exemplo. Usando o sistema das Figuras 9 e
10 e dando os seguintes dados em por unidade:

r = 0

X 1,0

X 1,5
eq
H
O

E2 =

1,0
et =

Por meio de análise trigonométrica do diagrama ve-


torial (não apresentado aqui) , podemõs obter os seguintes da-
relacionados com E^ e P:
P E^P}
0,00 1,0
0,25 1,11
0,50 1,42
0,75 1,88
1,0 2,92
Para o valor de P = 0,25, calculamos:

ô 12 = sen -1 (0,25 x ^ x+ ) = 34,2°

e, também:

p = 1,0 x 1,11
0,445
MAX (1 + 1,5)

Podemos repetir este procedimento para cada valor


de potência e compilá-los na seguinte Tabela:

Ponto P E^P} „ . E 1{PÍE2


612 MAX X + X
_ eq
1 0 1,00 0 0,400
2 0,25 1,11 34,17 0,445
3 0,50 1,42 61,98 0,566
4 0,75 1,88 85,32 0,752
5 1,00 2,92 120,96 1,166

A Figura abaixo mostra os resultados graficamente.

Fig. 11

Embora o conceito de estabilidade em regime per­


manente tenha sido discutido em termos de uma ou duas má­
quinas, os princípios envolvidos são gerais. O critério ge­
ral de estabilidade em regime permanente para um sistema mul-
timáquina é que dP^/dô^, conhecido como coeficiente da po­
tência de sincronização em regime permanente, seja positivo
para cada máquina. 0 problema aparece no cálculo de dP^/dô^
para grandes sistemas, porque seu cálculo é influenciado por
todos os efeitos de interação das máquinas, conjunto de con­
troles, reguladores de tensão, etc.. O Capítulo 3, da refe­
rência 1 apresenta uma discussão muito boa sobre este assun­
to.

DIAGRAMA DO CÍRCULO DE CLARKE

Uma das dificuldades da análise da estabilidade de


um sistema em regime permanente ê a complexidade das relações
trigonométricas do diagrama vetorial. Um método gráfico para
determinar os limites de estabilidade em regime permanente,
para um sistema de duas máquinas, foi desenvolvido por Edith
Clarke e apresentado no Capítulo 6 da referência 1.

Consideremos o sistema de duas máquinas da Figura


12 .

Fig. 12

A informação necessária para o cálculo do limite


de potência em regime permanente consiste dos valores de im-
pedância e tensões terminais efc^ e e ^ •

Construímos o diagrama tomando a corrente como re­


ferência e construindo o diagrama vetorial das quedas de
tensão através do sistema, como mostrado na Figura 1 3 . A es­
cala ê arbitrária. O problema, então,se resume em obter a
origem "O" do diagrama vetorial (Figura 13e) a fim de deter-
minar a magnitude e as relações angulares.

6 90° + a; a tg (x + x +
eql eq 2

Sem provar, afirmamos que o lugar geométrico das


possíveis origens "O" que satisfazem a equação (16) ê um cír­
culo cuja circunferência contêm e e cujo centro es­
ta sobre uma linha reta que passa pelos pontos E£ e e ^ - A
locação grafica do centro deste círculo ê mostrada na Figu­
ra 13b. A porção do círculo que interessa ê a do maior arco,
como o mostrado por uma linha solida da Figura 13c.

A outra informação dada ê a magnitude de e ^ e e ^ *


Entretanto, como ainda não estabelecemos a escala para o dia­
grama, não podemos usar estas magnitudes diretamente. Toda­
via, a razão e ^ / e ^ ® independente da escala e. pode ser u-
sada. A Figura 13d mostra a construção grafica do lugar geo­
métrico das possíveis origens "O" que satisfazem a relação
dada e ^ / e ^ * A interseção deste lugar geométrico com o
círculo previamente desenhado satisfaz ambos os critérios e
deve ser, portanto, o ponto ,fO n .

A Figura 13e mostra o diagrama vetorial final com


todos os arcos auxiliares, linhas, etc. removidos. Agora po ­
demos determinar a escala, por comparação com o comprimento
do vetor et ^, que ê conhecido. O limite de potência em re­
gime permanente, para este diagrama vetorial, ê dado por (13).

S evidente que o diagrama de Clarke pode ser mui­


to útil na visualização de variações nas impedâncias e de
níveis de tensão do sistema estável em regime permanente.
A equação (17) ê uma relação conveniente para es­
timar os limites de estabilidade em regime permanente. Ela
pode ser obtida a partir do diagrama de Clarke pela suposi­
ção de que e ^ = e^ = 1/0 e que r = 0 .

J (Xeqi + f)(Xeq2 + f)
'MAX
(l> 2 + «eql + I > <Xeq2 + !>
LUGAR GEO M ÉTRICO DA RAZÃO

Fig. 13
A equação (17) também pode ser usada para calcular
os limites de estabilidade para linhas de transmissão com
impedincias em derivação, mediante a aplicação do Teorema de
Thévenin, como ê mostrado na Figura 14.

eql t1 Z z eq2
E1— nnp.
TI n m m n n - n m m — E2

ftl z et2
i— ^ n p O " 1 1 .4
z ’eql
Fig. 14

onde:
'eql
Jeql 1 - Z .Y.
eql 1

z' = ___ !ê 22____


e,52 1 - Zeq2Y 2

Para que este método seja válido, Z e Y devem


ser sem perdas, tal que a potência interna seja igual â po­
tência terminal.

ESTABILIDADE TRANSITÕRIA

Até este ponto estudamos aqueles aspectos da es­


tabilidade que podem ser analisados pelas relações do regi­
me permanente. Estas relações são baseadas em pequenas per­
turbações em torno de vim dado ponto de operação e em equa­
ções de oscilação linearizadas em torno daquele ponto. Na
discussão da estabilidade em regime permanente, limitamos
nossa atenção testando, para coeficientes positivos da po­
tência de sincronização, todas as mãqufhas do sistema. No
estudo da estabilidade transitória tratamos aqueles casos
onde a magnitude dos distúrbios são tais que a não-lineari-
dade assume um papel importante.
CRITÉRIO DE IGUALDADE DAS ÁREAS

Muito se tem aprendido sobre estabilidade .tran­


sitória, a partir do estudo da equação do momento básico
(*) .

p6(t) = -i- ( 3 )
(PM - PE )dt

Sabemos, por definição, que no regime permanente


(se existe um regime permanente), pô(t) = 0 pára uma máqui­
na, se ela permanece em sincronismo com o sistema, operando
em freqüência nominal. Então:

1 f
0 (PM (t) - P£ (t))dt + pô (0) (18)
M

Partindo de um regime permanente inicial, pô(0)=0.


Conseqüentemente, (18) se torna:

00

0 PA (t)dt (19)

Uma interpretação física de (18) pode ser feita


se entendermos as unidades da integral como potência vezes
tempo, ou energia. Se a carga elétrica é maior do que (me­
nor do que) a entrada mecânica, a diferença pode ser supri­
da pela energia cinética liberada (armazenada) pela desa­
celeração (aceleração). Se partimos da velocidade síncrona
e voltamos à mesma velocidade, seguindo um distúrbio, a e-
nergia líquida armazenada ou liberada pela inércia do rotor
é zero.

A Figura 15 mostra o gráfico de PA e pô contra o


tempo. A interpretação gráfica de (19) é que a área de ace­
leração líquida (PA > 0) deve ser igual à área de desace­
leração (PA < 0), a fim de que pô retorne a zero.

(*) NOTA - A potência em por unidade ê usada no lugar de


conjugado, baseado no fato de que a velocidade
permanece muito próxima da unidade.
Sem perda de generalidade/ gostaríamos de expor
novamente a equação (19) em termos de ângulo (ô)/ em vez de
desvio de velocidade (pô)/ jã que esta forma pode ser mais
útil. A equação que relaciona o ângulo com PA é:

a S(t)._ = _ 377 { ( 20 )
dt2 M PA (t)


Multiplicando ambos os lados por 2

_d6_ , di _ _dô_ . 377 .


^ dt dt2 dt 1 M

ou
* , dô ,2 _ 2 x 377 „
d (~ d t - ) ------ M---- PA dÔ

Integrando
, dô x2 2 x 377
(21)
1 dt 'ô. M / pa a5 +
61 1

Supondo um regime permanente inicial à velocidade slncrona,


o para 6 = 0 , :
o 1
, dô .2 _ 2
(~ d ^ )ô1 " “o

Logo, para a condição subseqüente ^ e dô/dt = ü)q para Ô = Ô2»


(21) torna-se:
62
0 = P* dô (22)
Exemplo:

Vamos aplicar (22) ao sistema da Figura 16, que


mostra uma máquina simples ligada a uma barra infinita.

Fig. 16

A equação potência-ângulo para este sistema é:

E E
PE = X Sen ^12^ = PMAX Sen ^12^

que ê mostrado graficamente na Figura 17. Vamos supor a po­


tência mecânica (PM ) constante. O ponto de operação, no re­
gime permanente inicial, é estabelecido como sendo o ângulo
para o qual PE = PM «

EM REGIME PERMANENTE

Fig. 17

Suponhamos, agora, que um circuito de transmissão


sofreu uma falha, tal que a reatância liquida X foi aumen­
tada de XB para X ^ . Com uma reatância mais alta, teremos que
operar com um ô maior para poder transmitir a mesma potên­
cia em regime permanente, tal que:
E 1E 2 e iE 2
sen ô (24)
PM S6n ÓB 5 Ç ~ A

como é mostrado na Figura 18.

Fig. 18

No momento em que ocorre a falha, movemo-nos do


ponto (1) para o ponto (2) na Figura 18, uma vez que o ân­
gulo não pode variar instantaneamente.
A potência de saída mais baixa cria uma potência
de aceleração PA na direção do aumento de velocidade e do
aumento de 6. Quando atingimos o ponto em que 6 = ( ponto
(3)), as potências mecânica e elétrica se equilibram e a a-
celeração i zero. Entretanto, a velocidade neste ponto é
ainda maior que a normal, e o ângulo continua crescendo a-
lém de ô = 6^. Nesta região, porém, a potência mecânica ê m e ­
nor que a potência elétrica (PA < 0) e a mâquinar, então,co­
meça a desacelerar. Em algum ponto (ponto (4», a máquina terã
retomado sua velocidade normal e o ângulo terã atingido o
máximo (6 = ^M A X ). àMAX é o ângulo que satisfaz a equação(25).

’ÔMAX E. E 0
0 (PM ---- ± - £ - * Se n S )dô (25)
x M X_
J ô B
Graficamente, ® ° an9u l° que causa a área de
desaceleração (Ârea B, Figura 18) para igualar a área de a-
celeração (Ârea A, Figura 18).

Notemos que não há restrição a que seja me­


nor que o ângulo para estabilidade em regime permanente (:90o
para este exemplo).

Agora que atingimos o ponto (4) , no qual o desvio


de velocidade é trazido novamente a zero, a velocidade di­
minuirá se uma potência de desaceleração líquida existir no
ponto (4), e o ângulo diminuirá, conseqüentemente.

Num sistema sem perdas, o ângulo oscilará para fren­


te e para trãs entre e Na situação real, devido
âs perdas e amortecimento, estas oscilações irão diminuindo
com o tempo.

SISTEMA DE DUAS MÁQUINAS

Para ilustração deste conceito, vamos agora con­


siderar a condição de falta no sistema de duas máquinas fi­
nitas da Figura 19.

LINHA DE TRANSMISSÃO

Fig. 19

Agora que temos mais de uma máquina, temos também


mais de uma equação de oscilação a considerar. Logo, não po­
demos usar a equação (22). Entretanto, podemos derivar uma
fórmula mais geral para o critério de igualdade das áreas,
como segue: 0

« «1 - 377 r
dt2 M1 A1
d 2ô.
A2
dt

d26 377
12 _ 377
M, Al M_ 'A2
dt


12
Multiplicando por 2 — ^

dô1? dz619 , dô._ „ P_, P_, dô


2 dt 1 dt2 ; dt * dt ' ' KM1 M2 ; dt

Integrando:
^^12 2
(-^) =2x377 ( -M,
^ = ---- ^M, “ ) dô + (
dt ô.


12
E quando (dô^/dt)^ = 0 =

f s. Al 'A2 Al A2
0 = ■)dô = •)dÔ (26)
M, M, H. H,

A equação (26) é equivalente à (22) para um sis­


tema de duas maquinas. Podemos fazer interpretações gráfi­
cas de (26) semelhantes àquelas da Figura 17. A chave para
uma tal interpretação advêm das equações potência-ângulo nos
terminais dè transmissão e recepção combinados.

Para o sistema da Figura 19, vamos desprezar a re­


sistência, de tal modo que:

1 _ 1 E 1E 2 1 . E 1E 2
sen ô12); ^ sen ^ 21 ^
H, H, H,
X 12 H2 X 12
p
2 1
H 12 H (-sen <$12^
2 2

(27)
12

A Figura 20 mostra a interpretação gráfica de (27).


Nesta forma, o critério de igualdade de ângulo (26) pode ser
aplicado diretamente.

Fig. 20

É interessante notar que a inércia das máquinas a­


parece nas equações (26) e (27), mas não aparece,de maneira
alguma, nas equações (22) e (23). Acontece que o caso de uma
máquina simples contra uma barra infinita ê tom dos casos es­
peciais de (26) e (27), no qual o termo da inércia desapa­
rece. Primeiro, notemos que as inércias na equação (27) se
combinam como resistências em paralelo. Sé é pequeno com­
parado com H 2 , podemos desprezar

Se permitimos aproximar-se do infinito, então a


equação (26) se reduz à equação (22). O outro caso é quando
todas as resistências são desprezadas, tal que -Pe2 = pe 1 e
0 dô
l f - ) dô
H2


Al

0 dô
Al

que é a própria equação (22).

Voltando ao nosso exemplo da Figura 19, vamos des­


prezar todas as resistências. Vamos supor, também, uma rea-
tância de transferência inicial (X_.) , uma reatância de trans-
D
ferência de falta (X^) e uma reatância após a falta (XA )ob­
tida pela abertura dos disjuntores em A e A'. Devemos es­
perar que X^ < Xg < XA>

A Figura 21 ilustra este exemplo. Como antes, pe­


lo aparecimento de uma reatância mais alta, uma potência de
aceleração instantânea é causada (troca do ponto (1) para o
ponto (2)- Figura 21) na direção do aumento de ô ^ (na máqui­
na 1 a velocidade aumenta, e na máquina 2 a velocidade di­
minui) . Em algum ponto no tempo, a falta serã eliminada(no
tempo t coresponde â característica de operação de pós-falta)
(troca do ponto (3) para o ponto (4) - Figura 21).

Tal como àntes, uma vez que o ângulo passou do pon­


to de operação em regime permanente (ponto(6) - Figura 21),
PA serã negativa causando uma desaceleração. A aplicação do
critério de igualdade de ãreas estabelece .o máximo ângulo
S v (ponto (5) - Figura 21) onde a ãrea B ê i g u a l ã ãrea A.

Consideremos agora o mesmo caso, mas com os dis­


juntores operando mais lentamente, como é mostrado na Figu­
ra 22. Por comparação com a Figura 21, vemos que um aumento
no tempo de falta, (t ), causa um aumento no ângulo de eli-
c
minaçao da falta, (ôc ), movendo a linha 3 - 4 - 5 para a di­
reita, aumentando, então, a ãrea A e diminuindo a ãrea B. Se
o ângulo avança até o ponto (6) da Figura 22, e a área B ê
ainda menor que a área Ã, estaremos em dificuldade ,pois maio­
res angules serão acompanhados mais por aceleração do que por
desaceleração, e a maquina perderá o sincronismo tão logo o
ângulo continue aumentando. Em tais casos, diremos que as m á ­
quinas estão em instabilidade transitória na primeira osci­
lação.

POTÊNCIA

PRE - FALTA

POS - FALTA

P = - P
M1 M2

DURANTE A FALTA

°° 4b «a E l i m in a ç ã o 90
DA FALTA

Fig. 21
ESTÁVEL

12
IN S TÁ V E L

P6
12
Dado um exemplo como acima, podemos definir o ca­
so limite onde o sistema é ainda estável. Da Figura 22, ve­
mos que este caso é aquele em que a área 1 - 2 - 3 - 4 - 1 ,
é exatamente igual à área 4 - 5 - 6 - 4. 0 tempo de desliga­
mento para este caso é chamado de "tempo crítico de desli­
gamento" . Ele é válido para as tensões e potências supos­
tas, como para os valores de reatância admitidos. Por outro
lado, podemos definir uma máxima potência, transferida pa­
ra a primeira oscilação em estabilidade transitória, apli­
cável para a tensão suposta, e reatância e tempo de elimi­
nação da falta admitidos.

É de se observar que, a partir do diagrama potên­


cia- ângulo, usando o critério de igualdade de área, pode-se
determinar o ângulo crítico de eliminação da falta. Para
determinar o tempo crítico de eliminação, as relações entre
tempo e ângulo devem ser usadas envolvendo potência de ace­
leração e inércia equivalente.
CAPÍTULO

ANÁLISE DE ESTABILIDADE M U LTIM ÁQ U IN A

O desenvolvimento anterior dos conceitos básicos


de estabilidade tem sido limitado a casos muito simples,en­
volvendo somente uma ou duas máquinas.

Embora os princípios fundamentais sejam perfeita­


mente gerais, sua aplicação a sistemas de três ou mais má­
quinas, por meios algébricos ou meios gráficos, envolve so­
luções das equações gerais (10). Geralmente, fórmulas res­
tritas de solução dessas equações são extremamente cansati­
vas e consideradas impraticáveis.

Antes do advento dos analisadores de redes CA e


dos computadores, muito esforço foi dedicado ao desenvolvi­
mento de fórmulas restritivas de solução aproximada para du­
as ou três máqui n a s , f reqüentemente usando alguma espécie de
equivalência concentrada para o restante do sistema. Méto­
dos mais modernos calculam curvas de oscilação por meio de
procedimento de integração numérica.
Partindo de vim regime permanente inicial, a osci­
lação transitória começa com a aplicação do distúrbio sob
estudo (falta, desligamento da linha, etc.). Com as tensões
internas da máquina mantidas em ângulos correspondentes aos
ângulos iniciais do rotor, a potência elétrica e,conseqüen-
temente, a potência de aceleração são obtidas para cada máqui­
na, a partir do fluxo de potência da rede.

Determinadas essas potências de aceleração, as va­


riáveis de velocidade e ângulos são calculados em um peque­
no intervalo de tempo At, usando as equações de oscilação(a
integração da aceleração conduz à velocidade, e a integração
da velocidade coniduz ao ângulo) .

A solução do fluxo ê, então, repetida para novos


intervalos de tempo t + At, tendo-se os rotores de todas as
máquinas (tensões internas) com seus novos ângulos calcula­
dos, e o processo se repete.

O uso dos análisadores de rede era feito para con­


duzir soluções rápidas do fluxo de potência, e a integração
numérica para as variações de ângulo era executada manual­
mente. Hoje, todo o processo de integração das equações de
oscilação, bem como a solução do fluxo de potência, é feito
por métodos numéricos em computadores digitais de grande por­
te .

A representação do sistema de equações envolvidas


ê mostrada na Figura 23 para apenas uma máquina.

A Figura 23 mostra as variáveis básicas das ten­


sões internas e ângulos da máquina. Se fizermos a suposição
simplificada de que a tensão interna da máquina ê constante
e a potência da máquina primária também é constante, então o
conjunto de equações se reduz a uma equação diferencial de
segunda ordem para cada máquina (equação de oscilação), e o
serviço de computação que resta ê a solução do fluxo de po­
tência, que ê a solução de equações algébricas.

Logicamente, uma vez que a computação ê feita di-


gitalmente, ê natural estender o programa a fim de eliminar
muitas das simplificações inerentes ao uso das linhas sõli-
das somente, no diagrama da Figura 23. Estas equações adi­
cionais são equações diferenciais que descrevem as variações
dos fluxos e tensões internas nas máquinas, em resposta ãs
tensões de excitação e corrente nas máquinas. Da mesma for­
ma, as equações diferenciais descrevem o comportamento das
tensões de excitação e potência da máquina primária, onde o
sistema de comando pode ser representado.

Fig. 23

A solução de equações diferenciais por técnicas nu­


méricas foi descrita no Apêndice D de "Dinâmica e Controle
de Geração", usando um único algoritmo de integração. Exis­
tem muitos métodos de integração numérica, abrangendo desde o
simples método de Euler até métodos mais refinados como Run-
ge-Kutta.

Em todos os casos, a acuracidade é aumentada pela


diminuição do intervalo de tempo. Deve haver um compromisso
entre a acuracidade necessária e a quantidade de cálculo. Os
procedimentos envolvidos nos cálculos passo a passo sobre a
curva de oscilação serão ilustrados com um exemplo simples,
usando o método de Euler de integração numérica. Neste exem­
plo, a máquina será representada por uma fonte de tensão a-
trás de uma reatância equivalente, supostamente igual à re-
atância transitória, X^. O materiai subseqüente neste livro
dirá respeito a refinamentos das representações das máqui­
nas .

Exemplo:

Um alternador mostrado na Figura 24 está gerando


potência de 1 p.u. com fator de potência unitário e tensão
também unitária. Calcular a velocidade da máquina e as va­
riações do ângulo causadas por uma falta trifãsica no lado
de alta tensão do transformador elevador, com duração de 0,04
segundos e eliminada pelo desligamento da linha de trans­
missão.

X’ = 0 ,4 0 Xe = 0 ,5 0
X t= 0,15 H = 4

Fig. 24

1. Cálculo das condições iniciais

O primeiro passo é calcular uma base para o fluxo


de potência em regime permanente. A Figura 25 mostra o dia­
grama vetorial, do qual obtemos a tensão interna da m á q u i n a ,
a tensão da barra infinita e o ângulo entre os dois.

Ei = 1 + IjXi
Ê ■ - 1 - íj <xt + - f >

onde
I = (P " jQ) = í1 " j°)

= 1,0 + j O ,4 = 1,078 / 21,80

= 1,0 - j O ,4 = 1,078 /-21,8o

Logo, antes da falta, as condições iniciais são:

21,8°
Ô1 -

-21,8°
62 -

1,0 p.u.
“ (o) =

PM(o)= PE(o) = 1 '° P -U

2. Calculo do fluxo de potência no instante t = 0+

A ocorrência de uma falta trifãsica no lado de al­


ta do transformador causa um novo fluxo de potência. Acon­
tece que, para este simples caso, desprezando a resistência,
a potência de saída transferida da máquina 1 para a barra in­
finita é zero. Logo, a potência de aceleração que atua na
máquina 1 ê ^M (0 + ) “ pe ( o+) = Desde que definimos a
máquina 2 como infinita, não estamos interessados na solução
das condições de oscilação na máquina 2.

3. Integração numérica passo a passo das equações de oscilação

No gerador 1, a velocidade e o ângulo da fase, no


instante = t + At, são obtidos a partir das equações inte­
grais :
t + At
o
180f
Aw(t + At) = (»)(t + At) - tü = (PM - P£)dt (28)
o o o H
e
t + At
6 (t + At) ° (io - oj )dt + 6 . . (29)
t o (o)
o

dü) Ao)
usando a aproximação de uma derivada como:
dt At At -> 0

e usando uma formulação de diferença central:

t^ + At/2
180f
Au> At x PA (t1 )
t x - At/2 H

onde Aw ê a variação no intervalo de tempo de t^ - At/2 a


t^ + A t / 2 , e PA é o valor da potência de aceleração no ins­
tante t^.

Analogamente, a variação do ângulo t^ até t^ + At


é obtida pela integração da velocidade média no intervalo de
tempo, que pode ser aproximada para a velocidade no instan­
te t = t^ + At/ 2 .

No instante do desligamento, a potência de acele­


ração, como mostrada na Figura 26, pode sofrer uma repenti­
na descontinuidade. Portanto, conservando o objetivo de uti­
lizar a média no intervalo, a potência de aceleração duran­
te o intervalo de tempo, colocada centralmente com respeito
à descontinuidade, ê a média dos valores antes e depois da
descontinuidade.

x
3t

Fig. 26
O procedimento passo a passo, usado na época do
analisador de redes, ê ilustrado com a tabela da Figura 27
aplicada ao exemplo acima:

K = PP^ (At)^ = 1,08 para At = 0,02

Tenpo Potência Potência de Aô =Aô ,+KP 6 =6 ,+Aô


aceleração
fV n n-1 A n n-1 n

P _p
PE M E^A

0 0 0,54 • 21,8°
l x ~r
0,54
al 0 1 1,08 22,34°
1,62
2At- 0 -L 23,96°

Elimi­
nação Media 0,604
da
falta

2At+ 0,7915 0,2085 0,652


2,27
3At 0,822 0,1915 0,207 26,23°
2,48
4At
28,71°

Fig. 27

Neste exemplo, a falta foi eliminada em t = 0,04


segundo e, novamente, a descontinuidade é considerada como
a média da potência de aceleração antes e depois da operação
de desligamento. Observemos que, em t = 0,04+ , a eliminação
da falta deixou o sistema sõ com uma linha de transmissão.
A potência de saída da máquina, em t = 0,04+ , ê obtida do
fluxo de potência para as condições do novo sistema e para
a condição do ângulo do rotor da máquina em é^2= (23,96+21,8),
isto é:

E j E 2 sen(S12)
1,078 x 1,078 sen(45,76)
0,7915p.u
E = (X'+Xt+Xe ) 1,05

A Figura 28 mostra o gráfico de potência e ângulo


como funções do tempo, para este exemplo.
Fig. 28

No caso geral de multimáquinas, a curva de osci­


lação é traçada para cada máquina. Uma inspeção das curvas
revelará se o sistema ê estável ou instável, desde que se
observe o comportamento da diferença angular entre as máqui­
nas. Se a diferença angular começa a decrescer, mostrando a
tendência das máquinas de se aproximarem uma da o u t r a ^ s i s ­
tema ê estável (Figura 29a). Se a diferença angular aumenta
indefinidamente, o sistema ê instável (Figura 29b).

Como derivado na seção sobre entreferro das má­


quinas e potência no eixo para faltas desequilibradas (pá­
ginas 164-165), de "Dinâmica das Máquinas Elétricas I", o
efeito das faltas desequilibradas nas cargas das máquinas pode
ser obtido pela aplicação d a s .ligações das redes de seqüência
zero e negativa, correspondendo ao caso de falta através dá
rede de seqüência positiva. Ou seja, entre o ponto de falta
e a barra de potência zero, a impedância de falta ZQ + Z 2 ê
aplicada para o caso de falta linha-terra, e a impedância de
falta Z ^ Z ^ / {Z^+Z^) aplicada para o caso de uma falta de duas
linhas para terra. Além disso, para a potência elétrica su­
prida por cada fonte de seqüência positiva, existem compo­
nentes de seqüência negativa de perdas no rotor e que são su­
pridas pela energia mecânica do eixo. Estes componentes de
potência de frenagem devem ser considerados no cálculo da
potência de aceleração de cada fonte.

Fig. 29

Portanto, onde os efeitos da seqüência negativa são


importantes, os componentes da potência de frenagem devem ser
calculados como segue:

1. Determinar,para cada fonte,as correntes Ij de se­


qüência negativa.
2 ^
2. Determinar I~ (r, ~ r ) <*e cada gerador, onde r. é á
resistência ae seqüência negativa e r ê a resis-r
tência do estator para o referido gerador.
3. Incluir estes termos como potência de frenagem adi­
cional em cada máquina na solução das equações de
oscilação.
CAPITULO

EFEITOS DAS MÁQUINAS SÍNCRONAS

RELAÇÕES DE POTfiNCIA-ANGULO

No tratamento anterior, os conceitos básicos de


estabilidade foram introduzidos com a suposição de que uma
máquina poderia ser apresentada por uma fonte ideal, atrásde
uma reatância equivalente, e o ângulo de fase da fonte sen­
do dado como a posição angular do rotor da máquina com re­
ferência ao vetor girante slcrono.

Em "Dinâmica das Máquinas Elétricas I" vimos que


o comportamento da máquina elétrica síncrona ê influenciada
pelas Variações dos fluxos do rotor com respeito ao tempo,
o que faz a máquina exibir diferentes valores de reatância
efetiva como função do tempo. As variações destes fluxos são
uma função do tempo das correntes da armadura e da excitação
de campo, como descrito na Figura 30, onde as indutâncias
operacionais da máquina são:

-Aií>d (s)
L d <s)
Aid (s)

e -A^q(s)
Lq(s) -
4 V S)
Fig. 30

Lembremo-nos que, desprezando os termos de ação


transformadora, as equações dos componentes d e q da tensão
nominal são:

(30)
ed rid

eq - V - riq

Também,
^ = G(s) E fd - id (s) Ld (s)

(31)
*q “ - iq (s) Lq (s)

Portanto: e , = ig (s) Lg(s)ü) - rid (32)

- y s> Xq (s) - r±d

e = ü)G(s ) Ld (s)ü) - rid


q E fd - id (8)

= ujG( s ) xd (s) - rid


Efd ' id (s)

Na obtenção do comportamento da máquina sob ação


de curto-circuito ou outras variações bruscas de carga, vi­
mos que era impossível descrever as condições finais em ter­
mos de uma tensão interna inicial em cada eixo e uma rea-
tância em cada eixo. A tensão interna era estabelecida a par­
tir das condições iniciais tiradas do diagrama vetorial da
máquina.

Conceitualmente, podíamos visualizar a máquina co­


mo uma fonte em cada eixo, através de alguma reatância equi­
valente. Logicamente, tanto esta fonte como a r e a tância são
funções variantes no tempo. Onde a máquina é representada por
equações diferenciais, como na Figura 30, estas variações
são obtidas automaticamente como parte da solução.

O método de representação da máquina como uma ten­


são fixa atrás de uma reatância fixa, e o uso de diferentes
valores desta tensão e a reatância como uma aproximação do
comportamento da máquina para efeitos de curta, m é d i a e lon­
ga duração, ê um expediente útil para reduzir as relações a
equações algébricas.

A Figura 31 ê uma revisão do diagrama vetorial em re­


gime permanente estabelecendo os enlaces de fluxo ou tensões
atrás das reatâncias subtransitõrias, transitóriase síncro­
nas .

Fig. 31
Do diagrama vetorial:

E * - E cos6= i . (X + X *) + i r
q a e a q e
(33)

E sen 6 - E * = i, r + i (X + X *)
a a e q e q

onde E^* e E^* são tensões nos eixos d e q geradas pelos en­
laces de fluxo nos eixos d e q, derivadas das reatâncias cor­
respondentes X^* e Xg* que podem ser subtransitõrias, tran­
sitórias ou síncronas, dependendo do caso em questão.

Resolvendo as correntes a partir de (33):

(E * - E cos 6) (X + X *) - r (E sen 6 - E *)
. _ q e d e d
1d 2
r “ + (X * + X ) (X * + X )
e q e d e

(34)

(E sen 6 - E *) (X + X.*) + r (E * - E cos 6)


___________ d e d_____ e q___________
q =
r2 + (X * + X ) (X* + X )
e q e d e

A potência de saída da máquina ê:

P_ = e . i, + e i (35)
E d d q q

* _
“ < V + S Xq*> *3 + (Ec d d r) i

= E *i. + E *_ (36)
d d q i_q ~
d ^q (XÍ
a - Oq

Substituindo i. e i e, para tornar as expressões


d q
mais simples, supondo r & = 0:

J -l XJ (X * - X *)
d q s e n 26 (37)
p = -a-,----
E X,* + X X * + 2(X * + X J (X * + X )
q d e q e

Notemos que os primeiros dois termos de (37) são


componentes da potência que variam senoidalmente com o ân­
gulo, enquanto o terceiro termos ê uma componente saliente
da potência que varia com um ângulo de segunda harmônica.
Notemos, especialmente, que o coeficiente do ter­
ceiro termo de (37) ê uma função de:

( X * - X *)
_________ã .___ £[_________
2 (X,* + X ) (X * + X J
d e q e

Isto se torna insignificante para X^ -*■ = X^, ou


quando X » X, ou X .
e d q
Observemos também que o 29 termo ê proporcional a
E^*, a tensão atrás da reatância apropriada no eixo em qua-
dratura.

Se os efeitos transitórios são desprezados no eixo


em quadratura, X * = X e E,* = 0 .
q q u
Os efeitos da saliência são, evidentemente, uma
função da velocidade do fenômeno estudado. Se apareoem tran­
sitórios rápidos, estaremos envolvidos com saliência tran­
sitória, que ê a diferença nas reatâncias transitórias nos
dois eixos. Para este caso, X,* = X l e X * = X 1 , ou algu-
d d q q
mas vezes X^* = X^. Se aparecem variações lentas do fenôme­
no, estaremos envolvidos com efeitos de saliência em regime
permanente, isto é, a diferença entre X^ e X^.

Exemplo:

Para a condição da Figura 32, o traçado das cur­


vas potência-ângulo supõe:

1. éfeitos subtransitõrios
2. efeitos transitórios
3. condições de regime permanente

Nota:

A maioria dos transitórios, que envolvem varia­


ções do ângulo do rotor, são por demais lentos para que pos­
sam ser considerados como condições subtransitõrias.
Condições iniciais:

et = 1,0
P = 1,0 + jO

J
0,12 P + jQ
0,14 r \

0,35
".t x . “ 0'5
I
0,70 Fig. 32

1,70

1,60

Condições iniciais tiradas do diagrama vetorial em regime


permanente:

1,0 + (1,0 + j0) jl,6


eq
=
1,888 / 58°

= 1,0 sen 58° =


0, 848
Ad
= 1,0 cos 58° =
0, 53
*q
ed
=
1,0 sen 58° =
0, 848

e = 1,0 cos 58° = 0, 53


q
e " = i X " = 0, 848 - 0,074 = 0,774
d ed ' q q
e " = e + i,x,n = 0, 53 + 0,102 = 0,632
q q d d
e ' = i X ' = 0, 848 - 0,371 = 0,477
ed ed - q q
e ■ = e + 53 + 0,297 = 0,827
q q W = 0,
= e + 0, 53 + 1,44 = 1,97
EI q V d =

Tensão na barra infinita em volts: E = e.,. -ji X


t e
curvas p o t B n c i a -A n g u l o

a) Subtransitória; usando (37):

e " E sen ô ed " E cos 6 E^(X^" - X ") sen 26


PE = X^" + Xe Xq " + Xe + 2(Xd " + X0 ) (Xq " + Xe >

= 2,42 sen (6 - 49,4) - 0,059 sen 26

b) Transitória:

e ' E sen 6 e , • E cos 6 E 2 (X,' - X ') sen2Ô


0 _ _q__________ d__________ _____ a q_________
*E X,' + X X ' + X 2(X ' + X ) (X ' + X )
d e q e d e q e

= 1,42 sen (6 - 20,57) - 0,294 sen 26

c) Regime permanente:

E t E sen 6 E 2 (X, - X ) sen 26


, = _í_________+ d q_________
E X, + X 2 (X, + X ) (X^ + X )
d e d e q e

= 1,03 sen 6 + 0,0144 sen 26

Obtenhamos as curvas potência-ângulo do regime per­


manente e transitório para uma máquina de pólos salientes típica,
com as seguintes constantes, operando sob as mesmas condições
que a máquina da Figura 32.

X ' = 0,30
d '

X ' = X =0,80
q q

Xd - 1,2

As condições iniciais obtidas do diagrama vetorial


em regime permanente são:

E q = 1,0 (1,0 + j ,0) j O ,8 = 1,28 / 38,6°


= 1,0 sen 38,6° = 0,625
ed
= 1,0 cos 38,6° = 0,781
6q
= 1,0 sen 38,6© = 0,625
Ad
= 1,0 cos 38,60 = 0,781
^■q

V = 0,781 + 0,625 x 0,30 = 0,9685

= 0,781 + 0,625 1,2 = 1,531


EI

CURVA POTÊNCIA-ANGULO PARA O REGIME TRANSITÓRIO

„ _ 0,9685 x 1,044 1,044' x 0_£_50


sen 6 - sen 26
*E 0,6 2 x 0,6 x 1,1

P,_ = 1,685 sen 6 - 0,413 sen 26


£* '

As curvas potincia-ângulo para estes casos estão


traçadas na Figura 33. Em particular, o efeito da saliência
que pode adicionar ou subtrair o termo de segunda harmôni­
ca, depende se X^* é maior ou menor que X g * .

curva de potência-Angulo para o regime permanente

, _ 1,531 x 1,044 ___ x . (1,044)2 (0,4) sen 26


e ------ T7T“C--- sen 6 + ----2 k (i/sl-TiTil--
= 1,068 sen 6 + 0,1322 sen 26

Ilustraremos as demais implicações dos efeitos

transitórios da máquina com os seguintes exemplos. Observe­

mos que a característica potência-ângulo da máquina ê uma

função variante no tempo. É possível uma máquina ser tran­

sitoriamente estável (primeira oscilação) e instável em re­

gime permanente.
Capítulo 4 Efeitos das máquinas síncronas
POTÊNCIA POR UNIDADE
Exemplo:

A máquina hidro, mostrada na Figura 34, ê subme­


tida a uma falta trifãsica durante 0,14 segundos, seguida pela
perda de alguma transmissão, de tal modo que a reatância de
de transmissão de põs-falta é Xe = 0,5 e uma reatância de
d
prê-falta Xe^ = 0,3.

= 1,2
xd

V = 0,3

o xnr^ X = 0.8
q
C M

II

O
! H

Fig. 34

Supondo o enlace de fluxo constante atrás da rea­


tância transitória no eixo d, é estável o sistema na primei­
ra oscilação ?

Como no exemplo anterior, as condições iniciais


para este caso são:

e ' = 0,9685
q
6 = 38,6° + 16,7° = 55,3°

E = 1,044

Para a condição de põs-falta, a curva potência-ângulo


tem a seguinte expressão:
e ' E E2 (Xd ' ~ V
PE = (x ' + Xe ) sen 6 + 2(X ' + Xe ) (X + Xe ) sen 26
a a a a q a

= 1,266 sen $ - 0,262 sen 26

Para uma falta trifásica que dura 6 ciclos,supon­


do completa perda de potência, o ângulo mudará de 55,3° pa­
ra
180f
' 0,1
55,3° + dt dt
H
•0

0,1
180f
= 55,3° + 0
H

= 55,3° + 13,5° = 68,8°

A Figura 35 mostra a curva potincia-ângulo. Des­


ta curva podemos determinar o ângulo no qual P£ = PM - 1,0 e
dP„/d<$ é negativa. Isto ocorre para ô = 144°. Agora, a e-
ti
nergia de aceleração durante a falta ê proporcional a P x[l3,5]=
13,5.

A máxima energia de desaceleração disponível é:

144
180
[1,266 sen 6 - 0,262 sen 2<5]dô - 1,0 x (144-68,8°)
ir
68,8

144
180
- 1,266 oos 6 + 0,262 cos 26 75,2
ir
68,8

= 92,5 - 75,2 = 17,3

Esta área de desaceleração, (17,3), é maior que a


área de aceleração (13,5). Portanto, o sistema ê estável na
primeira oscilação, supondo-se um enlace de fluxo constan­
te.

Agora, supondo que a excitação não varie, será o


sistema estável em regime permanente ?

A curva de potência-ângulo em regime permanente


para este sistema ê tirada das condições iniciais:

E = 1,531
E t E sen 6 E 2 (X, - X )
P ^ __________ -L . _______________ 3_____ sen 26
E (X, + X ) 2(X, + X ) (X + X )
d e d e q e

1,531 x 1,044 1,044 x 0,4


sen 6 sen 26
1,7 2 x 1,7 x 1,3

= 0,941 sen 6 + 0,0945 sen 26

O pico de potência désta expressão é menor do que


PM = 1,0. Logo, o sistema será instável em regime permanen­
te para suposição de excitação constante.

Agora, suponhamos que a excitação mantenha a ten­


são terminal de 1,0 p . u . . Será o sistema estável em regime
permanente ?

Para a potência transferida de 1,0 p.u. entre o


terminal da máquina e o sistema de recepção, E = 1,044, o
ângulo através da reatância do sistema externo, Xe = 0,5, é:
cl

e E
- 77--- sen 6 = 1,0

ou

6 = sen"1 = 28,6C
0 Sen 1,0 x 1,044

Então, a corrente da maquina é:

et - E /-28,6o
í =
3X,
ea

= jQ1 5 {1,0 - 1,044 [cos 28,6 - j sen 28,6]}

= 1,0 - j O ,164 = 1,0137-9,3°

e um novo diagrama vetorial do regime : • nte dá:


E q = 1,0 + (1,0 - j0,164) j0,8 = 1,131 + j0,8 = 1,387 /35,27o

ed = 1,0 sen 35,27° = 0,578

e = 1,0 cos 35,27° = 0,816


4

id = 1,0 sen (35,27° + 9,3°) = 0,702

E t = 1,0 + 0,702 x 1,2 = 1,842

i = 1,0 cos (35,27° + 9,3°) « 0,712

P£ = — ^ sen 6 + 0,0945 sen 26

= 1,132 sen 6 + 0,0945 sen 26

Esta expressão mostra que o pico excederá PM = 1,0.


Assim, o sistema será estável em regime permanente.

Dos exemplos acima notamos a diferença entre o com­


portamento das máquinas em regime transitório e em regime per­
manente. Em particular, devemos notar que o assim chamado
critério de regime permanente, nos exemplos acima, ê basea­
do na condição da excitação não ser controlada. Evidente­
mente, este critério ê pessimista, uma vez que o controle au­
tomático de tensão compensa o efeito desmagnetizante que ê
o responsável pela transição da característica do regime tran­
sitório para o regime permanente. A título de ilustração,
citamos que dois diferentes testes podem ser feitos: um para
a estabilidade em regime permanente, baseado nas condições de
excitação para as condições iniciais de prê-falta; o outro
teste pode ser feito para a potência de sincronização, ba­
seado nas condições de excitação para uma põs-falta em re­
gime permanente, se ê que existe tal regime permanente.

Podemos apreciar, agora, que a complexidade do


problema torna necessário o emprego de suposições simplifi-
cadoras, a fim de se estabelecer níveis de referência. Hoje
em dia, com a capacidade de cálculos dos computadores digi­
tais, não hã necessidade de «se fazer muitas destas suposi­
ções, já que todos os efeitos transitórios podem ser consi­
derados. Entretanto, a habilidade em estabelecer níveis de
referência, com suposições simplificadoras, continua sendo
da mais alta importância.

Fig. 35

Uma das suposições mais usadas universalmente ê a


do enlace de fluxo de campo constante, isto ê, a suposição
de que os enlaces de fluxo, atrás da reatância transitória,
são constantes durante o tempo crítico da primeira oscila­
ção (1/2 a 1 segundo). Freqüentemente, a reatância transi­
tória ê usada em ambos os eixos.

Estudos demonstram que uma resposta do sistema de


excitação entre 1 e 2 p.u. ê uma suposição muito boa para
estabelecer os eféitos da primeira oscilação.

Em muitas situações, o desempenho da estabilidade


pode ser determinado por simulações através dè oscilações
subseqüentes, onde os efeitos da máquina e ao controle de
excitação devem ser considerados (Referência 9).

CURVAS DE CAPACIDADE DA ESTABILIDADE

A maneira útil de se dar informações sobre a es­


tabilidade está na forma de traçar os lugares.geométricos de
estabilidade do plano ativo e reativo da carga (P,Q) na má­
quina, para uma tensão terminal fixa. A Figura 36 mostra o
caso que está sendo considerado.

Fig. 36

Desprezando a resistência e a saturação, a expres­


são da potência-ângulo em regime permanente, originário de
(37), ê:

EjE sen 26
<xa -
sen ô + (38)
PE XJ + X, 2(X,+X ) (X +X )
d e q e

Agora, para as curvas da capacidade , onde P,Q e


e são dados, o valor de e E são variáveis dependen­
tes que variam em função das condições de carga. Considere­
mos, primeiro, o caso da máquina de rotor cilíndrico (istoé,
= X g ) . A Figura 37 mostra o diagrama vetorial, onde I e
IQ são componentes da potência real e reativa da corrente nos
terminais da máquina.

Iq X<J

Desse diagrama, podem ser derivadas as seguintes


relações:

P E Ie2 (39) f
sen 6
xd + xe

E I 2Xe XQ - X.
e d
Q= -- E je2 cos ^
(40)
(Xa + Xe > (Xe + xd)'
<Xd + Xe )

(41)
p - et1p
Q = et IQ (42)

El2 - let + V d >2 + « W 2 (43>

e 2 2 = <e t - V e * " + (IPXe >2 <44>

De (39):
E e„
dP 12
cos ô (45)
(X, + X )
d e

Substituindo o valor de cos 6 de (40):

E_X e„X
dP 2 d Q(Xd +V (46)
dó (X* + Xe) (Xd - Xe> (Xa + e) (X,
X
a
-
V
O limite de estabilidade em regime permanente ocorre quando
dP/dó = 0, ou de (46), quando:

2
ET X
I e e 22íid
Q = (47)
(X- + X ) (X, + X )
d e d e

2 2
Substituindo (43) e (44) por E^ e e2 ' (47) pode ser re­
duzida â equação:

2
PX. QX, i X,
__ É_ + _L_ d ___â.) i - d + ^-) (48)
<— f > + 2 2 u X ’
e
et

A equação (48) é a equação de um círculo no plano P,Q, com


centro em:

Q )
e
enquanto que o raio é: ^ (1 +

Fig. 38

A Figura 38 mostra curvas normalizadas do limite


2 2
de estabilidade no plano PX^/et e QX^/e^ .

Notemos que as curvas determinam os pontos onde o


coeficiente de potência de sincronização em regime permanente
é zero, dP/dô = 0. Pontos à esquerda da curva são pontos de
operação estável, enquanto que os pontos à direita da curva
são pontos de operação instável.

No caso de máquina de pólos salientes, o diagrama


vetorial é o da Figura 39.
Fig. 39*

Como já tinhamos anteriormente:

E Ie2
P = sen <5 +
e2 (Xd - ^
sen 26
(X,
d + ^
e 2 <xd
a + XJ
e <x„
q + x„>
e
(49)

Diferenciando a expressão (49)

(X, - X )
dP EIe2 d _q_
cos 6 +
dô (X, + X ) (X, + X ) (X + X ) cos 26 (50)
d e d e q e

A equação (50) pode ser escrita em termos de e^, P e Q por


substituição de E^, e ô expressos em termos dessas variá­
veis. O resultado da expressão é mais cômodo e mais prático
de resolver, para determinar os limites de estabilidade por
tentativa e erro.

As expressões para E^ e em termos» de e^, P e


Q, são:
(e. + — X )2+(-^-X )2+(X,-X ) Ê-£-)2X + — (e +-2-X )
t e. q' e. q d q et q et t et q
=

/ (e, + (Q/et )Xq )2 + <P/et )2Xq 2

e
= / (et - Q/et .Xe )2 + (P/et .Xe)2

Dois pontos no plano P-Q podem ser obtidos pela so­


lução de (50) fazendo-se igual a zero com a condição P = 0
de carga, para a qual ô = 0 .

Nesta situação:

e2 = [et -<Q/e t ,Xe]

A substituição destes valores em (50) c o n d u z â e x -


_ 2 _
pressão quadrãtica (Q/efc) , cujas raízes sao:

Q +
JL
1 X
e e
t

A razão para o limite de estabilidade em P = 0, Q =


1/Xe ê que a tensão do sistema receptor neste ponto ê e 2 = 0 .
Noutro extremo, o limite de estabilidade é alcançado num pon­
to de excitação negativa E^, tal que a contribuição negativa
do primeiro termo de (50) é igual ao segundo termo de (50),
que é o coeficiente do conjugado de sincronização devido à
saliência.
Ou seja:
e 2 (Xa - X^)
Ei
= 0
x (Xa + Xe )<Xg f
Xe>
xd +

A Figura 40 mostra curvas típicas de estabilidade em regime


permanente para uma maquina de pólos salientes.

EFEITOS DA SATURAÇÃO ~ ESTABILIDADE EM REGIME PERMANENTE

O método de tratamento da saturação em máquinas


de rotor cilíndrico e de pólos salientes foi discutido em
"Dinâmica das Máquinas Elétricas I", páginas 58-63.

No caso da máquina de rotor cilíndrico, o efeito


da saturação foi levado em conta na redução da reatância sín-
crona em ambos os eixos. Esta redução era uma função do ní­
vel de fluxo atrás da reatância de dispersão ou reatância de
Potier. Evidentemente, o efeito da saturação ê aumentar os
limites de estabilidade, especialmente nas condições de qpe-
peração onde o nível de saturação ê alto* A Figura 41 mostra
efeitos típicos da saturação no gráfico de estabilidade.

O método de tratamento da saturação para a máqui­


na de põios salientes consiste em modificar a corrente de
campo, calculada sem considerar a saturação, por uma compo­
nente de saturação "S" correspondente a algum nível de fluxo
no eixo direto , tal como o nível de fluxo proporcional â
tensão atrás da reatância transitória.

0 efeito da saturação pode ser melhor explorado quan­


do se escreve as equações dinâmicas da máquina, desprezando-
se os efeitos amortecedores. Como ponto de revisão do assun­
to apresentado em "Dinâmica das Máquinas Elétricas I", a Fi­
gura 4 2 dá o circuito equivalente para uma máquina de •pólos
salientes sem os efeitos amortecedores.

Fig. 42
A curva de saturação em circuito aberto, bem como
a função de saturação "S" dos enlaces de fluxo que descrevem
o excesso de força magnetomotriz requerida pela saturação, são
mostradas na Figura 4 3.

Fig. 43

A equação da tensão de campo é:

d*fd
e fd dt + r fd1fd (51)

Integrando:

(e dt + ip (52)
♦fd fd r fd 1fd) fdo

Xad
Multiplicando tudo por -=---
X ffd

X x
Xad ad Lfd ad
¥ fd Xffd- eq* (e Xad W dt + X 4>
fdo
f d X ffd X£fd ffd

isto e:
ad
[E ]dt + (53)
'q' fd “ Xad 1fd X fdo
do ffd
onde:
- 2L e
Jfd
r fd fd

_ x ffd
do
fd

Se a saturação não foi considerada, os enlaces de


fluxo de campo são:

^fd X ffd ^■fd “ X ad Ad

OU

Xad*fd = X , i_.
M - id (54)
ad fd
X ffd ^ffd

Notemos que:

X, = X . + X 0
d ad l

X . X__
v * — v -i- Iu
xd x,
ffd

Portanto:

ad
' - * 1 >
ffd

A equação (54) pode ser expressa, então, como:

= X (55)
ad fd eq ; (Xd ~ d' ) i.

Convêm lembrar que estas equações correspondem à-


quelas do Apêndice I, da Referência 3, páginas 22 e 23, re­
ferente ao Modelo III.

Considerando a saturação, (54), fica modificada pelo


termo "S", o qual podemos escrever como sendo:
ad rfd
= f C x - ] ou «W-]
ffd

isto e:

X ad
^ i-,
fd
ffd ffd

ou

E I = X ad 1£d ' eq' + <Xd - Xd > + « t - ] <56>

As deduções acima completam o assunto anterior e


permitem um entendimento mais fácil do tratamento que se se­
gue sobre a saturação em máquinas de põlos salientes.

Partindo das equações (53) e (56) que serão repe­


tidas, aqui, na forma equivalente, com oi = 1 ,0 :

e1
o1 _ Ef d - Ei , qo (57)
q S
sT'do

(58)
Ei = Xad 1fd = eq + f(eq » + <Xd - Xd ^ d

= e = e' - x JL (59)
*d q q d Xi

Podemos definir a inclinação da função saturação,


num- dado ponto de operação, como um fator:

- e'
ds 4(Xad ^ d
K
Ae'
deq q
e 1
qp

As relações acima podem ser postas, então, na forma incre­


mentai como segue:

AE -.(s) - AEt (s )
de ■ ( s ) ---------- & W ------- í -------- (6 0 )
ao

AEj.(s) = Aeg' (s) (1 + K) + (Xd - XJ ) Aid (s) (61)


Aeg (s) = Ae^ (s) - Xd' Aid (s) (62)

Lembramos que, na Figura 30, o comportamento da mã-


quina foi expresso como:

A^>d (s) = AEf d (s) G(s) - Ld (s) id (s)

a qual, com a suposição de que W = 1,0 e desprezando o ter­


mo ã ty /ã t, também pode ser escrita:

Aeg (s) = AEf d (s) G(s) - Xd (s) Aid (s) (63)

Eliminando Ae , e AE em (62), com o uso de (60)


e (61), podemos expressar (62) na mesma forma de (63), onde

1
G (s ) — (64)
(1 + K) + sT'
do

X, + KX ' + sT' X'


X ls ) = d d_______ do d (65)
A d' ; (1 + K) + sT'
do

Visto que,no estudo da estabilidade em regime per­


manente, estamos interessados somente no regime permanente
ou nos valores de freqüincia zero da reatância da máquina,
da equação (65) observamos que a reatância efetiva em regi­
me permanente saturado X d da máquina ê:
asat

X '
V 1 +kttd
1 + K ( 66 )
sat

O ganho da máquina em regime permanente ê:

Aeq 1
1 + K (67)
AEfd id = 0

Verificando-se, portanto, a estabilidade em regime


permanente, impõe-se, em primeiro lugar, estabelecer as con­
dições de operação em regime permanente, determinar os pa­
râmetros linearizados relativos a estas condições de opera­
ção e calcular o coeficiente da potência de sincronização
AP/Aô, usando estas condições de operação para estes parâ­
metros linearizados. Tomando o diagrama vetorial da Figura
44, para o caso de resistência zero, e concentrando nossa a-
tenção ao caso do regime permanente:

/
/

Fig. 44

e ^ = e^ - ij Xe = Corponente da tensão da barra segundo o eixo q

e ^ = e^ + i Xg = Gcrnpcnente da tensão da barra segundo o eixó d

(68 )

Da Figura 45, para pequenas variações no ângu­


lo Aô, e para pequenos valores desse ângulo, podemos escrever:.
/
/ EIXO q

Fig. 45

Ae, = -e, , A<5


bq bdo
(69)

Ae, , = e, Aô
bd bqo

Também, de (68 ) :

Ae, = Ae - A i , X
bq q d e
(70)

Ae,, = A e , + Ai X
bd d q e

Equacionando (69) e (70):

Ae - Ai, X = -e, , Aô
q d e bdo

Ae, + Ai X AÔ
d q e 'bqo
De (63) e (64), a parte do regime permanente destas relações
conduz a:

Xd-
xd (1 + K - T ~ )
(72)
Aeq AEfd 1 + K ‘ (1 + K) Aid

enquanto que, para o eixo em quadratura, supondo nenhum a-


mortecimento e nenhuma saturação:

Ae, = + X Ai (73)
d q q

Substituindo (72) e (73) em (71):

Ai = bdo A6 AÉ . 1 . 1
A d (X^+X, ) + AEfd {1 + K* (X + X , )
e ds e ds
(74)
e, Aô
Ai = bqo
7 x~ + T T
e q

onde:
Xd a + K
XJ = X
sat (1 + K>

Agora, P = ed id + eq iq

.*. AP = e. Ai, + i _ Ae, + e Ai + i Ae


do d do d qo q qo q

Usando (72), (73) e (74), AP pode ser expresso como uma fun­
ção de A 6 e A E ^ .

Para a estabilidade em regime permanente, consi­


deremos nenhum controle de excitação; l o g o , A E ^ = 0 e AP é
uma função de Aô somente.
(e + i , x ) (e. + i X ) (-e, + i X , J
*p /*í _ qo do q do qo e do qo d sat
X + X “ X. + X. .
q e e d sat
A equação (75) pode ser usada para determinar o
limite de estabilidade em regime permanente, como será de­
monstrado no seguinte exemplo.

Um gerador de pólos salientes, com parâmetro ecur­


va de saturação indicados na Figura 46, ê ligado a um sis­
tema infinito através de uma impedância externa que pode ser
aproximada para uma reatância simples Xg = 0,5 p.u.

Achemos o limite de estabilidade em regime perma­


nente, para controle manual da máquina, supondo a tensão ter­
minal unitária e o fator de potência também unitário.

Como se compara este limite de estabilidade, cal­


culado sem se levar em conta a saturação ?

SOLUÇÃO: Este problema requer uma solução por tentativa e


erro.

Supomos a condição de operação de PQ = 1,2 + jO


para et = 1 ,0 .
o
Do diagrama vetorial:

V eto [ (eto + - I ç V - V eto xq ]

90 A e t o + Q0 /et0 Xq >2 + <P0 /et0 Xq ) 2


(P /et )2 X + (Q /et ) (et + ■ .0 X )
o o q o' o o etQ q
■do
/(et + Q /et X )2 + (P /et X )2
o q o q

(et + Q /et X )et


o o o q o
qo
/ <eto + V eto Xq> 2 + (Po/eto Xq >2

e 1 - e + i, X '
qo qo do d

e, = i X
do qo q

E = et - (P /et - jQ /et ) jx
o o o o J o o Je

et P/et (X + X )
o o q eo
sen 6
E E
qo o

Da curva de saturação podemos desenhar o fator de


saturação K = ôs/ôe 1 , que é mostrado na Figura 47.

Fig. 47
Do ponto de operação da primeira tentativas

1/2 (1 )
•H
= 0,936
II
0
Ü1

Á 2 + 0,7922

1 ,22 x 0,66
■» —
= 0,742
do 1,28

e _ = 0,783
qo

0,620
d)

ll
0

e' = 0,783 + 0,742 x 0,24 = 0,961


go ' ' '

K = 0,77

Conseqüentemente:
1,14(1 + 0,77 x )
= 0,749
ds 1,77

Usando os valores acima em (75): AP/Aô = 0,383.

Se a saturação não for desconsiderada: AP/Aô = 0,153.

Para a próxima tentativa toma-se P = 1,8; Q=0.

i = 1,16
qo
= 1,38
1do
= 0,645

0
D1

= 0,765
edo
. = 0,976
6qo
00«k
o

.*•K
II

= 0,74
ds
Usando estes valores em (75): AP/Aô = -0,163;
variações do conjugado elétrico para
K uma variação no ângulo do rotor, com
1
enlace de fluxo constante segundo o
eixo d.

variação do conjugado elétrico para


K uma variação no eixo d do enlace de
2
6 fluxo com o ângulo constante do ro­
tor.

K fator de impedância = (X^ + Xe)/(X^ + Xq) , para o ca­


3
so onde a impedância externa ê uma reatância pu­
ra X .
e

efeito desmagnetizante de uma varia­


AEq
K
4 AÔ ção do ângulo do rotojr.

variação da tensão terminal com a va­


K riação do ângulo do rotor para E'
5
constante. ^

Ae, variação na tensão terminal com a


variação de E' para um ângulo cons­
K6 AE 1 tante do rotor?
q

Ti = constante de tempo do campo em circuito aberto.

T' K 3Tdo = constante de tempo efetiva do campo sob


dz
carga.

É importante reconhecer que, com excessão de K^,


o qual é somente uma função da relação de impedância, todos
os outros parâmetros variam com a carga, fazendo com que o
comportamento da máquina seja bastante diferente nos diver­
sos pontos de operação.

X - X' E E cos 6
q a qo o o
i E sen Ô +
K1 = x + X' qo o o X + X
e d e q

sen 6
o
K
2
+ Xd
Interpolando, o limite de estabilidade serã apro­
ximadamente em P = 1,62 p.u.

Desconsiderando a saturação, para P = 1,8 e Q =


0, AP/Aô = -'■0,441. Interpolando, o limite sem saturação ê a-
proximadamente 1,355.

ESTABILIDADE DINÂMICA

Os aspectos de estabilidade, com pequenas pertur­


bações linearizadas consideradas até aqui, envolveram tes­
tes para verificar a existência de potência de sincroniza­
ção,, isto ê, para verificar se o coeficiente AP/Aô ê posi­
tivo.

O uso de reguladores de tensão atuando continua­


mente asseguram um AP/Aô positivo para a maioria das situa­
ções praticas. A instabilidade, entretanto, não resulta u-
sualmente da falta de potência de sincronização, mas sim,
devido à ausência de amortecimento positivo na sucessão de
oscilações resultantes das equações de oscilações descritas
no diagrama de bloco da Figura 1.

As referências 4 e 5 cobrem os conceitos de esta­


bilidade dinâmica afetados pelo controle da excitação. O mé­
todo para compreender o problema ê através do desenvolvi­
mento das relações linearizadas, a partir de correntes não-
lineares do comportamento da maquina síncrona. Um exemplo de
tais relações linearizadas ê mostrado no Apêndice A da re­
ferência 4.

O diagrama de bloco básico que descreve o fenôme­


no ê repetido neste livro por conveniência (Figura 48 e 49).
Também, para o simples caso de uma máquina ligada através de
uma reatância externa a uma barra infinita, com a máquina
representada sem os efeitos amortecedores, os parâmetros no
diagrama de bloco são:
Capítulo 4 Efeitos das máquinas síncronas
vQ.

00
4^
H-
Relações de conjugado-ângulo da maquina
X
xd + e
K3 " + X
d e
(76)
X, - X'
d d
E sen 6
K4 = X + X* o o
e d

e.X
____SL do E cos ô - ■■-xá
> * --- 32. E gen g
*5 X + X e.
e q to o x + X' e.
e d to
o o

X
K. = '3 2 .
X + X'
e d 't o

Os métodos de análise usam a técnica da resposta de


freqüência. O material no Apêndice E de "Dinâmica e Contro­
le da Geração", será útil para a compreensão destas técni­
cas (referência 7).

Fig. 49

Diagrama de blocos de uma máquina simples alimentando


uma barra infinita através de uma impedância externa,
incluindo efeitos do sistema excitação-regulador de
tensão.
O uso desses métodos de análise será ilustrado com
alguns exemplos.

Seja o caso do exemplo anterior de uma máquina cujos


dados são apresentados na Figura 45, e para a mesma condição
de carga considerada anteriormente de P + jQ = 1,0 + jO e
efc = 1,0, Xe = 0,4, H = 5.

Desprezando a saturação e usando (76) para as con­


dições de operação com

i = 0,835, e = 0,835
qo qo

idQ = 0,550,
edo = °'550

E = 1,20 , E = 1,077
qo ' o '

6 = 55,22°

Os parâmetros linearizados do diagrama de bloco da


Figura 49 são:

— 1,174
K1

K2 *= 1,47

= 0,36
K3

= 1,88
K4

= -0,117
K5

= 0,301
K6

Qual é o coeficiente de potência de sincronização


para enlaces de fluxo constantes ?

AT
e
K 1,174 p.u./radiano
1 A<$
Qual ê a freqüência de oscilação das equações de
oscilação da máquina, supondo os enlaces de fluxo constan-
tes ?

377 Kx
to 6,65 rad/s
n 2H

Qual o coeficiente de potência de sincronização em


regime permanente, considerando a ausência de ação regula­
dora (tensão de campo constante) ?

3T
Em regime permanente = K x - K 2K 3K 4 = 0,180
36
*fd

Qual o valor de que faria o coeficiente da po­


tência de sincronização em regime permanente igual àquele ccm
enlaces de fluxo constantes ?

K CK K 0
"K 4 K 3 5 e 3
AE'/Aí 1 + K
1 + K eK 3K6 e 3 6

e o coeficiente de sincronização em regime permanente é:

K.K, + K CK K 0
4 3 5 £/ 3
= K1 - K2 1 + K K_K,
e 3 6

Da equação acima, com os valores de a Kg calculados, te­


mos que:

K £ = 16,1 p.u. A E ^ / p . u .

Isto mostra o uso de um regulador com ganho razoa­


velmente baixo para contrabalançar o efeito da desmagneti-
zação da reação da armadura e faz a máquina apresentar um
coeficiente de potência de sincronização em regime permanente
igual àquele com os enlaces de fluxo constantes.

Supondo nenhuma ação reguladora (tensão de campo


constante) na freqflência natural de oscilação, q u a l ê a mag-
nitude do conjugado de amortecimento devido às perdas de
campo ?

Sem nenhuma ação reguladora, os conjugados de amor­


tecimento recebem contribuição da serie de blocos, cuja fun­
ção de transferência combinada ê:

-K4 Kj Kj

1 + SK3Tà>

Para a freqüência de oscilação ü)n = 6,65 rad/s e


= 8 segundos.

Esta componente do conjugado tem a seguinte mag­


nitude e fase relativa ao ângulo:

-0,994
= 0,0520 / 93°
1 + j 19,1

Desde que a velocidade adianta o ângulo de 90°, o


componente do conjugado em fase com a velocidade é 0,0520-
cos 3o = 0,052. Notemos que o componente do coeficiente do
conjugado de sincronização nessa freqüência é negativo,isto
é, -0,0520 sen 3o = -0,00272.

Para uma amplitude de oscilação angular de 1 ra-


diano, a 6,65 rad/s,- a amplitude de oscilação de velocidade
em p.u. é de 6,65/377 = 0,0177. Logo, a constante de amor­
tecimento equivalente D = A T/pô, nesta freqüência,é 0,0520/
0,0177 = 2,94.

A razão de amortecimento representada por esta quan­


tia de conjugado amortecedor pode ser obtida aproximadamen­
te como segue.

A equação característica de um sistema de segunda


ordem, representada pelo diagrama de bloco da Figura 50, é:

2
s + s = 0.
M K1 + M
Fig. 50

Comparando essa expressão com a forma quadrática:

2 2
ü) + 2ç ü) s + s = 0
o * o

onde / K, 377
ü) = / ----n---

2 SK1 M377'

Para s = jmn , o coeficiente de amortecimento equivalente ê


D = 2,94 p.u.

Assim, a razão de amortecimento produzida pelas per­


das no campo é, aproximadamente:

l_x 2,94________ 0,022


ç
2 ✓ 1,174 x 10 x 377

Supondo um regulador-excitatriz idealizado, a fun­


ção AE'/AÔ t o m a - s e :

AE' -K,[ k . + K K c]
q _ 3L 4 e 5J
Aô (1 + sK-T' + K K_KC )
3 do e 3 6

com K «»
e
AE^/AS = -K 5/K 6

e
A T / A Ô = [K1 - K 2K 5/K6]

Notemos que, sob esta situação idealizada de ga­


nho infinito e constante de tempo nula, a variação do con­
jugado obtida pela variação do fluxo está em fase com o ân­
gulo e , conseqüentemente, não tem componente de anorteciirento.

Vejamos também que, devido a K,. ser negativo, o


coeficiente da potência líquida de sincronização é maior do
que com enlaces de fluxo constantes. Ou seja, K, - K_K,./K =
i z d o
1,745 comparado com = 1,174 para enlaces de fluxo cons­
tantes.

Ainda, o coeficiente da potência de sincronização,


para o caso ideal de reatância nula da máquina (tensão ter­
minal constante) sob estas condições de carga, ê:

e E
— y 4° cos 21,8 = 2,5

Tomemos agora o caso dò sistema de excitação que


tem considerável atraso e é descrito pela função

K
___________ e__________
(1 + sT ) (1 + sT )
e v

Seja:

K = 20
e

T£ = 0,5

Tv = 0,2

Quais são os conjugados de amortecimento produzi­


dos pelas variações no fluxo, na freqttência m = 6,65 rãd/s ?
O ponto de operação é estável com este sistema de excitação?

Referindo-nos ao diagrama de blocos da Figura 49


e designando a função do regulador de tensão-excitatriz por
G ( s ) , os conjugados resultantes das variações em E' são:

k4 + k5g (s )
-K K3
AÔ (s)
2 1 + s K3T*o K K G ( s)
11 36
1 + sK3Tdo

Substituindo s = j6,65 e G(s) = 20/((1 + s0,2) (1 + s0,5)) , a


expressão acima com T' = 8 segundos se torna:

= 0,0.626 / 98,55

= o,0093 + j O ,0619

isto é, o conjugado de amortecimento desenvolvido por osci­


lações do ângulo de amplitude de 1 radiano, na freqüincia de
6,65 rad/s, ê 0,0619 p . u . , ou seja, a amplitude de conjuga­
do em fase com a velocidade ê (0,0619 A ô ) . Parece que este
ponto é estável.

Notemos que a estabilidade pode ser determinada pelo


critério de Nyquist com uma verificação do ângulo de fa­
se sobre todas as funções de laço aberto mostradas na Figu­
ra 51, na freqüência para a qual a razão de amplitude desta
função é unitária. Fizemos a suposição que esta freqüincia
está próxima à freqüência natural wn (supondo constantes os
enlaces de fluxo).

A t0
Esta suposição é boa quando a magnitude da função
de realimentação (AE^/Aô) for pequena com respeito a K^.

Tomem o s , agora, o mesmo caso para a função do re-


gulador-excitatriz dada por 100/(1 + 0/5); o sistema de e x ­
citação é estável na condição de circuito aberto ?

O diagrama de blocos da maquina em circuito aber­


to ê mostrado na Figura 52.

Fig. 52

O diagrama de Bode para a função de laço aberto


(Figura 53) revela que o sistema de controle é estável/ com
uma freqüência de passagem de ü) = 1 1 rad/s. Isto é , a fun­
ção de laço aberto 100/( (1 + jO ,05ü) )(1 + j 8o) ) ) tem amplitude
unitária nesta freqüência e ângulo de fase de -118,2°.
O ponto de operação P = 1,0 + jO e estável oom este
sistema de excitação ?

Repetindo o procedimento na determinação dos con­


jugados , com o uso do diagrama de blocos e de G(s) = 100/
(1 + s O ,05) ,

AT/AS (jm) por intermédio da variação do fluxo =


0,257 / -78,03° = 0,0533 - j0,252.

O valor acima de AT/Aô para üj = 6,65 rad/s mostra


que o componente do conjugado de amortecimento é negativo,
isto é, - j 0,252. Deste modo, na ausência de outras fontes
de amortecimento, este ponto será instável.

Notemos que, se existir alguma fonte externa de a-


mortecimento, tal que D = 1,0 no diagrama da Figura 50, en­
tão o coeficiente de amortecimento líquido, nesta freqüên-
cia, será:

( 1 --- °~/2~6~ è á ~ 7~ ' } = ( 1 " 14,3) = -13,3

que é ainda substancialmente negativa. Em conseqüência, o


ponto é instável apesar de uma quantidade nominal de amor­
tecimento externo, tal como poderia ser fornecida pela car­
ga.

Se formos usar um sinal estabilizado derivado da


medida da velocidade do rotor, determinemos o avanço de fa­
se, através do qual o sinal teria de ser processado para pro­
duzir somente conjugados de amortecimento. Determinemos,
também, a magnitude do sinal requerido para fazer este pon­
to estável, somente com a função do regulador-excitatriz de
100/(1 + s O ,05) .

A Figura 54 mostra a parte pertinente do diagrama


de blocos, para achar os componentes do conjugado em respos­
ta ao sinal estabilizador, operando através da referência ou
ajuste do regulador de tensão.
Fig. 54

O atraso de fase de AT/Aet ref é o atraso de fase


da função:

K_ K- K
2 3 e
(1 + sK-T' )(1 + sT )
3 do e
AT/Aet ref =
K 0 K K,
3 e 6
1+
(1 + sK3T d o l(1+ sTe>

Substituindo os valores numéricos e efetuando pa­


ra s = j6,65:

AT/Aet ref = 2,62 / -74,38°

Assim, o sinal de velocidade deveria ser proces­


sado por um circuito de avanço de fase, tal que o sinal fos­
se adiantado de 74,38°. As variações do conjugado resultan­
tes estariam, então, em fase com a velocidade.

O ganho de sinal, medido na referência do regula­


dor de tensão deverá ser tal que a variação de 1 p.u. na ve­
locidade dê uma variação de 13,3/2,62 em Aet ref, ou seja,
um g a n h o d e 5,07 p.u. Aet/p.u. p ô , de tal modo que o efeito
líquido será o cancelamento do amortecimento negativo devi­
do ao regulador-excitatriz previamente calculado ccmo -13,3.
EFEITOS DA MÃQUINA DE INDUÇÃO

Embora a estabilidade seja usualmente associada ao


desempenho da máquina síncrona operando em paralelo, os mo­
tores de indução podem também apresentar problemas que po­
dem ser classificados como problemas de estabilidade. Tome­
mos o caso da Figura 55, que mostra uma fonte síncrona ali­
mentando um grande motor de indução através de uma reatân-
cia externa X.

GERADOR MOTOR
Xe
^ n r r o

Fig. 55

O circuito equivalente deste sistema é descrito na


Figura 56.

Xg Xe rl X1 x2

Fig. 56

Podemos observar que designamos a resistência do


rotor por r 2 * Fazemos o registro para evitar-se confusão com
o símbolo r 2 usado para a resistência de seqüência negativa
em outra seção.

Como descrito nas páginas 148-156 e Problema n9 10


de "Dinâmica das Máquinas Elétricas I " , o comportamento do
motor pode ser obtido com a ajuda do seguinte circuito equi­
valente :
r2/s

onde:
jx m
V' = E, = e
Thev gr.. + j (X + X + X.. + X )
3 1 J g e 1 m

r, . 1x. . 3V rl * 3<xc, + - *1»


1 1 " rx + j(X * xe + xx + Xm)

Para condições equilibradas, o conjugado em p.u., desenvol­


vido pelo motor, ê:

T Vi2 r2S
(77)
( rjs + r 2 )2 + (X| + X 2 ,^ S 2

0 escorregamento variável "s" deverá ser resolvi­


do a partir das equações de momentos do motor e das carac­
terísticas conjugado / velocidade da carga mecânica do motor,co­
mo descrito na Figura 58.

CONJUGADO MOTOR
pS

Fig. 58

A forma das características de conjugado-escorre-


gamento do motor ê mostrado na Figura 59.

Da expressão (77) referente ao conjugado, é cla­


ramente visto que ele varia diretamente com o quadrado da ten­
são do sistema e inversamente com o quadrado da impedância
equivalente do sistema. Logo, distúrbios na rede, que resul­
tam em queda da tensão e variações na impedância efetiva da
fonte, podem causar uma redução no conjugado do motor a pon­
to de, muitas vezes, parar o motor repentinamente. Uma vez o
motor parado , sua carga no sistema torna-se altamente rea­
tiva causando excessiva queda de tensão e impedindo, desse
modo, que o gerador se mantenha em sincronismo.

No caso de faltas desequilibradas, existem os e-


feitos adicionais de correntes de seqüência negativa e con­
jugados que podem contribuir consideravelmente para o pro­
blema de parada repentina dos motores.

Quando não se pode supor que a freqüência do sis­


tema seja constante no valor nominal w , evidentemente o v a -
o
lor do escorregamento será (1 - wm /u ) , onde ^ é a freqüên­
cia do sistema.

As constantes do circuito equivalente do motor,as


reatâncias, teriam que ser ajustadas à nova freqüência dosis-
tema, w . Entretanto, visto que as tensões geradas, às quais
são um produto da velocidade e do fluxo, geralmente não são
feitas função da velocidade (sendo as variações de velocida­
de do sistema geralmente pequenas) , os erros introduz idos por
esta aproximação são compensados pelos erros de não ajusta­
mento das reatâncias.

Devemos notar que o tratamento anterior é baseado


nas relações de correntes, tensões e fluxos do motor eín re­
gime permanente. Uma análise mais rigorosa deveria levar em
conta as constantes de tempo elétricas dos circuitos do ro­
tor. Estas são, comumente, bastante pequenas para justifi­
car a prática de desprezá-las. Um método de representação,
que leva em conta estas constantes de tempo, tem valor, to­
davia, e pode ser necessário em certos casos que exijam a-
nãlise detalhada. Com referência ao circuito equivalente da
Figura 60,

Fig. 60

as equações do motor de indução, em termos dos componentes


a e 8 , também conhecidas como equações de Stanley, são mo­
dificadas para uma referência que gire sincronicamente.

Tensões do estator

E = dU) /dt + r.I -


a y a ' 1 a
(78)
E 8 = dijydt + + *aü>

Estes componentes são relativos aos eixos que gi­


ram â velocidade síncrona w = 1,0. Para operação balanceada,
E e E„ serão valores CC. e if>0 são enlaces de fluxo do
a p a p
estator.
Tensões no rotor

dX
a
0 =
dt + V a + V 6
(79)
dX„
0 =
dt + r 2 1g " Xap8

onde e Xg são enlaces de fluxo do rotor expressos segun­


do os eixos que giram à velocidade síncrona. p 0 ê o escor-
regamento negativo do rotor. Sob condições balanceadas, X
a
Xg, ifte ig serão grandezas CC.

Enlaces de fluxo no estator


= L ) I + L i
* a (L1 + m a ma
(80)
+ L i0
A

= L m) l n
»

8
—1

h m $

Enlaces de fluxo no rotor

Xa
=
(L2 + L m ) i a + L m Ia
(81)
= L ) i_ + L IQ
X8 (L2 + m 8 m 8

Conjugado

T = X i (82)
e V a ' a 8

Para tensões de fase balanceadas de freqüência fundamental:

e_ = E cos wt
a

e. = E cos (wt - 1200)

e c = E cos(wt + 120°)
A transformação apropriada para os eixos a e 3(que
são os mesmos que os eixos d^g para um rotor girando à ve­
locidade síncrona) dã:

E = E
a

E$ = 0

Sob condições normais de regime permanente, os ter­


mos dty^/dt e d^^/dt, nas equações de tensão do estator(l),
são nulos. A omissão destes termos di|i/dt resultará em des­
prezar as correntes de deslocamento CC no estator, as quais
podem surgir durante operações súbitas de manobra.

Reescrevendo (78) com os termos d\p/dt suprimidos,


e usando (80) e (81) para eliminar as correntes do rotor,te­
remos :

ü)L
E = r, I -u> (L, + L - m m
a la 1 m
2 m
' 80 "
L „ + L -)I L« + L
2 m
8

EÍS - +” <L1 + Lm - - L2T T T m- ' 1» + X 2T l


m
*=»
(85)

Também, eliminando as correntes do rotor em (79)

dX ~ r o r 2
o L m
m
a _____£___ .
dt + L_ Aa L0 t L a 3*
2 m 2 m

( 86)
d X pR ~ X 0
_ _________“ . rOL™
2 m _ - <i «

dt L2 + Lm » L2 + Lm 6 “P

De (85):
0)L
m
X )
(E8 " L
2 + L
m
a
I =
a
m m
03 (L-. + L - - , T 0)(L1 + L
1 m + L 1 m l2 + L
2 m m
03 'L
m
(E +
a L0 L+ X6}
2 in
■Ia (87)
h
m m
W (L1 + Lm L~ + L ‘
2 m

As equações (86 ) e (87) podem ser simplificadas


ccm redefinição das variáveis, como segue:

X a’ = -=—
L 0 + L— xa
2 m

m
L9 + L “3
2 m

m
L, + L - = L'
1 m L0 + L
2 m

dX' -r r0L 2
a
-s---- — J — X* + -------2.SL
dt + L_
m
a 2 1a - xÒP
8 0
(L,
2 + Lm)
(88)

dX -r„ r9L
8 _ ______\ » + 2 m
dt L + L
2 Itl
À8
(L0 + L )r - H + xâP0
2 m

E. - w X '
1 = _8_____ a_
a u)rL ' a)L' 8
(89)
-<E „ + “ V
*8 " a)L' m L' a

A simetria das equações (88) e (89), e o fato de


que os componentes a e 8 são ortogonais, sugerem o uso de vim
novo conjunto de variáveis complexas, como segue:
P-
X' +

II

V
jX8

H
+ (90)
II
A1

3
jIB

e = E +
a jEe

Usando estas definições em (88) e (89):

-r. r9Lm
dX' 2 m
dt
A' + n “ j X 1(p0)
2 iX1
L2
9 + Lm
m (L„ + L )
2 m

(91)
Ai = -õn^“ (a,x’ + je) + ii

Ainda, definindo uma tensão complexa proporcional aos enla­


ces de fluxo do rotor e' = j A ’o), (91) se torna:

de' -r 0 r L
2 e1 t j 2 m + 3e ' (P0 )
dt L2
9 + Lm
m (L-
2 + LJ
m

(92)
j w L 'i = (e - e') - r^i^

Os parâmetros em (92) podem ser expressos como se-


gue:

r2^ ^2 + Lm^ = oaistan^e <3e tertpo de circuito aberto do rotor

= do

L 2r 2 -i
— — ---= — j ( L + L - L')
2 T' 1 m
(L- + LJ do
2 m

Logo, (92) pode ser expresso por:

T F ----- - 3“ <L 1 + Lm - L,)ii]+ 3e’(P 9)


—* &
(93)
11 (r, + jcüL 1)

O conjugado do motor em p.u. é igual â potência em


p.u. transferida para o motor, isto ê:

T = e **i
e

onde * significa conjugado.

As equações (93) formam um conjunto conveniente pa­


ra a representação dos motores de indução no estudo dinâmi­
co onde os transitórios elétricos do rotor têm de ser con­
siderados .

O motor pode ser representado por uma tensão in­


terna e', que é uma variável complexa, em série com uma im-
pedância r^ + jX', onde

r^ = resistência de estator

X
m
e X' (Xx + X J + x = X. + (análoga à reatância
m 1 ' xm + *2
transitória).

X i*
m

Xm 2
X ’ = X. + X
Fig. 61 1 m
*2 + xmm
A derivada de e 1 é uma função de e', p0 e i^, co­
mo é descrito no diagrama de blocos da Figura 61.

AUTO-EXCITAÇÃO

Além das oscilações causadas pela interação da i-


nércia do rotor com a potência de sincronização, que têm si­
do o principal fenômeno relativo aos problemas de estabili­
dade, existem formas de instabilidade que podem ocorrer em
máquinas síncronas e máquinas de indução e que dizem res­
peito à auto-excitação elétrica.

A auto-excitação elétrica pode ocorrer scnenbequan­


do o circuito, ao qual a máquina está ligada, contém capa-
citância. Por exemplo, um gerador síncrono pode estar liga­
do a lima linha de transmissão aberta, ou um motor de indu­
ção pode ser deixado ligado aos terminais de um capacitor.

A capacitância série também pode gerar pulsações


de tensão e conjugado.

Examinemos o caso de uma máquina, como a da Figu­


ra 62, ligada a uma capacitância.

Fig. 62
Para uma máquina representada por fluxos, corren­
tes e tensões nos dois eixos e limitando a representação aos
efeitos transitórios, isto é, a um par de circuitos em cada
eixo, como descrito pelo circuito equivalente da Figura 63,
a condição do circuito da Figura 62 pode ser descrita pelas
equações no desenvolvimento abaixo.

Fig. 63

Visto que os fenômenos da auto-excitação são fre-


qüentemente associados com condições de sobrefreqüência, a
suposição de que w = 1,0 e X = L nem sempre pode ser feita.
Conseqüentemente, os enlaces de fluxos e as tensões serão
mantidas independentes.

Os enlaces de fluxo e as equações de tensão do ro­


tor, segundo o eixo-d, podem ser reduzidos a;

f
e'
0)

onde

e fdr fd L ffd
e T'
Jfd do
L ad rfd
(95)
~ u ~ + x â ^ L ã ~ Ld ) +

onde f[— é o excesso de corrente-de campo, devido à sa­


turação, a qual é uma função do nível de fluxo e'/(i)/ e L i =

L £ + L fdL ad/Lffd

il>, = e '/w - ijL' (96)


rd q d d

Similarmente, o enlace de fluxo e as equações de tensão do


rotor segundo o eixo-q são:

i. (L + L. ) -i L = t (97)
kq aq kq q aq rkq

ou
(i|>, + i L )
L = kq q aq (98)
kq L + L,
^ aq kq

* r. i, dt (99)
kq kq kq

Também
é = L i, -Li (100)
q aq kq q q

-Ê 2 - J 2.
■ K „ - -
Laq + h q kq L q Laq + ^ q

= . _Í<L _ L&Lkq + L^ag + W a g í


0)
Laq + I1cg

0'
d
- L' i
U) q q

onde

_ag_
ü) L + L, kq
aq kq
L L,
L ' = L. + --- ãSLJSSL
q l L + L,
aq kq

As equações de tensão e corrente do estator (des­


prezando os termos dip/dt e a resistência da armadura) são:

(102 )
eq “^d eq " 1dü)Ld

2 2
i , = -to ,C = -toCe ' + i ,to LIC
il> (103)
d d q d d

e, = -u é = + el + i toL1 (104)
d rq d q q

2 2
i = -o) C = üjC e ' + i to L 'C (105)
q rq d q d

De (103) e (105):

-e'(oc .
q (106)
Xd =
1 - (0 L^C

e^toC
i = (107)
q - to2L ’C
q

Usando (94) e (106) na forma da Transformada de Laplace e


desprezando a saturação:

e ' (s)
___ CEf d (s)
(0 sTdo
Ead*fd

e^(s)
1
e?rp> [E^(s) Jd ^d'
do

, e'(s) toC(L, - L')


- *F-CEfa<S>--V-+eq(S)-
S ão ra to q l-o) L 'C
d
ou
wC(Ld - L^)
E f d ís)
q " - 0 1 ST^a.
sTdo
sTá o (1 - “ 2LdC)

ou seja:
10
eq <s ) = [-
(1 - Ü) LdC)
s +
Tà o a '“2Ldc)

ou
E _ , (s )co
eq (s) ---- ^ q < ° > ] [-
‘do (1 - ü) L dO
s +
Td o (1 - “ 2LdC)
condição
inicial (108)

Analogamente, para o eixo-q, usando (99) , (100), (101) e


(107):

e' r,
___d ________kq_____ L i, dt
io L + L, aq kq
aq kq

isto é,
L + L,
ek { s) onde T' = — ^2---- *2-
L i,
0) T' s aq kq qo
qo 'kq

ed (s)
(0 + i (L - L')
T' s q q q .
qo

e ' (s) ooC (L - L')


ed (5) _______3____2_
T' s <0
qo 1 - o) L'C
q
ou seja:
1 - (ü L C
ed (s) q
e'(s)
TqOS - (02L'C
q
OU

1 - 0) L C
-e'(s)T' + et T' = e'(s) T ------ =— 3— 1
q 1 q° do q ° q L i - « A -c

condição
inicial

ou seja,

'do
(109)
eá (s» (1 - 0) L C)
s + [— ------ 2-----]
(1 - u 2L'C)T'
q qo

Examinemos as equações (108) e (109).

Os enlaces de fluxo segundo o eixo-d (e') , exi-


w ^ ^ vl
birao auto-excitação, isto e, aumentarao com o tempo, tanto
quanto:

(1 - ü>2L,C)
--------------- \ -------- < 0
T d o (1 " “ LdC)

Desde que > L^, o maior valor de capacitância,


que somente evitará a auto-excitação segundo o eixo-d, será:

1
C = ou ( 110)
“Ld o)C

Na ausência de reguladores de tensão, a auto-ex­


citação ocorrerá sempre que a admitância 1/ üjC for maior que
a reatância síncrona segundo o eixo-d. Notemos que o va­
lor da capacitância para auto-excitação varia inversamente
com o quadrado da freqüência ou velocidade.

Poderia ser mostrado que o efeito dos reguladores


de tensão, que afeta o fluxo segundo o eixo direto, ê alte­
rar esta condição de auto-excitação para o ponto onde não
ocorre no eixo-d, primeiramente, mas sim no eixo-q, como po­
de ser mostrado pela expressão (109).

O fluxo segundo o eixo-q cairá conforme

(1 - u 2L C) ü)
[------ a— 3---- T] seja positivo.
(1 - ü> L'C)T'
q qo

Desde que > 1/ , o ponto onde a auto-excitação no


eixo-q ocorre primeiro é onde u)C = 1/WL ou X = X .
q c q
O fenômeno da auto-excitação envolve aumentos ex-
ponenciais de fluxos e tensões como função do tempo. O pro­
blema envolve não-linearidades devido à saturação e, conse-
qüentemente, deve ser resolvido geralmente por simulação di­
reta.

A fim de ilustrar com exemplos típicos, as Figu­


ras 64 até 68 foram extraídas do "paper" "ANALOG COMPUTER
STUDIES OF SYSTEM OVERVOLTAGES FOLLOWING LOAD REJECTIONS",
IEEE, Power Apparatus and Systems, Abril 1963, pag. 42-49.

A Figura 64 ê o esquema de uma termoelétrica co­


nectada num grande sistema, através de uma extensa linha de
transmissão. Para as condições de abertura da transmissão por
meio dos disjuntores do sistema receptor, o circuito equi­
valente do sistema, visto pelas máquinas, fica reduzido ao
da Figura 64b. Esta aproximação supre valores de tensão ao
gerador e à barra de terminal de transmissão.

Os valores de tensão do terminal receptor podem ser


calculados pelo conhecimento da tensão e freqüência do ter^
minai transmissor. Para os sistemas a vapor, onde sobreve-
locidades seguidas de rejeição de carga são menores que 10%,
verifica-se que ê suficientemente preciso representar o sis­
tema de transmissão por uma capacitância equivalente, como é
mostrado na Figura 64b.

Onde õ efeito corona ê apreciável, um resistor não-

linear equivalente em derivação pode ser incluído para si-


mular os efeitos coronat*).

A Figura 65a mostra o esquema de uma hidroelétri­


ca ligada a um grande sistema de potência através de um ex­
tenso sistema de transmissão. O circuito equivalente do sis­
tema simplificado, usado para simulação em computador,ê mos­
trado na Figura 65b. Este equivalente ê para a condição do
sistema de transmissão aberto no terminal receptor.

A representação do sistema de transmissão ê mais


complexo do que uma simples capacitância equivalente usada
no exemplo da termoelêtrica a vapor.

A razão para os maiores detalhes é que a faixa de


sobrefreqtiência, seguida de rejeição de carga para o caso da
hidroelétrica, ê muito maior, e o comportamento do sistema
pode não ser suficientemente representado apenas por uma im-
pedância equivalente. Além disso, houve três elementos satu-
rãveis (transformadores) ao longo da linha de transmissão,e
a identidade dos pontos terminais de transmissão e recepção
do sistema de 480kV tiveram de ser preservados.

A simulação de um sistema de transmissão é enor­


memente simplificado, supondo-se que ele contêm somente e-
lementos reativos. Isto elimina a necessidade da manutenção
das relações de fase entre as variáveis. Para compensar par­
te do erro nesta suposição, o transformador e parte da re­
sistência da linha foram englobados na resistência da arma­
dura do gerador.

A suposição de uma linha sem perdas também faci­


lita a interrupção dos componentes da corrente de linha, se­
gundo o eixo direto e o eixo em quadratura, dentro da máquina.
As constantes do sistema de transmissão foram tais que per­
mitiram uma simplificação a mais, qual seja a de concentrar
todos os "line charging" (**) 'de 250kV no terminal transmissor da
linha de 483kV. Mesmo que o equivalente ir seja válido scmen-

(*) A reatância de magnetização do transformador tem carac­


terísticas de saturação que permite considerá-la uma in-
dutância não-linear.

(**) N.T.: Carregamento de linha.


te para a freqüincia nominal, o erro desse equivalente para
a faixa de f reqflência pertinente a este problema não foi bas­
tante significativo para autorizar a construção de um equi­
valente ir com capacitâncias e indutâncias funções dafreqüên-
cia, ou a introdução de um maior número de seções em ir para
representar as linhas.

ELEMENTOS PRINCIPAIS NO

TURBINA-GERADOR E SISTEMA SISTEMA


e l e V r ic o DE POTÊNCIA RECEPTOR

____ SISTEMA DE
TRANSMISSÃO ■CU­ CA)
GERADORES
I REATORES

GERADORES

( J — nrrmr^
B-CIRCUITO EQUIVALENTE
REPRESENTANDO A CONDIÇÃO DE
1
ABERTURA DO DISJUNTOR DA
EXTREMIDADE RECEPTORA DE (A). MAGNETIZAÇAO REATOR DE EQUIVALENTE DO
DERIVAÇÃO CARREGAMENTO DE UNHA
TRANSFORMADOR

Fig. 64

- dia grama esquema T ico s im p l if ic a d o ,


u t il iz a d o por geradores hid ro
E SISTEMA DE POTÊNCIA.

B-CIRCUITO eq u iva len te r e p r e s e n t a n d o gerador


A c o n d iç ío de a b e r t u r a do disju n to r HIDRO
da e x t r e m id a d e receptora DE (A).

TRANSFORMADOR UNHA AUTOTRANSFORMADOR LINHA


ELEVADOR 250 kV 250 kV 4 83 kV 4 8 3 kV

(B)
VELOCIDADE EM PU.

SEGUNDOS

Fig. 66
Parâmetros do gerador e da excitatriz após a rejeição
de c a r g a , ilustrando o fenômeno da auto-excitação. Linha
de transmissão de 186 m i l h a s , 345kV em circuito duplo,
ausência de falta antes da abertura do disjuntor do
terminal receptor, e ausência de compensação por rea­
tor derivação. Resposta de excitação do Sistema - 1/2 p.u.
American Standard Association
DO GERADOR EM VOLTS

A - Sobretensões de freqüência
TENSÃO TERMINAL

fundamental do gerador.após
a rejeição de carga no ter­
minal de recepção de uma li­
nha longa.
Falta de 6 ciclos, seguida
de operação do disjuntor no
terminal receptor, com res­
posta de excitação do sis­
tema = 0,5 p.u.
TENSÃO DA EXCITATRIZ

Resposta da excitação do sis


tema = 0 , 5 p . u .,rejeição de
carga s o m e n t e .
Mesmo que (1), mas com res­
posta de excitação do sis­
EM VOLTS

tema = 2,5 p.u..


Tensão e xcitadora
Assoc i a d a com a curva a-1
A ssociada com a curva a-2
A s s o c i a d a com a curva a-3
A Figura 66 ilustra curvas típicas de computador,
onde a rejeição ocorreu pela abertura do terminal de recep­
ção de 186 milhas de uma linha de 345kV. Não houve falha an­
terior â abertura da linha, e o sistema de transmissão não
teve reator de compensação em derivação. Os geradores tive­
ram um sistema de excitação com resposta 0,5. A Figura 66 e-
xibe os principais fenômenos que ocorrem com a rejeição de
carga seguida de auto-excitação.

Basicamente, quando uma carga é rejeitada, a ten­


são no terminal do gerador varia quase instantaneamente para
um valor que ê obtido pela adição dos enlaces de fluxo cons­
tantes nos circuitos equivalentes dos eixos direto e em qua-
draturá do rotor, com os componentes de aumento da tensão que
aparecem através das reatâncias transitórias segundo os dois
eixos, devido às correntes "line charging". A tensão no lado
de alta do transformador tem um aumento adicional devido aos
"line charging", através da reatância do transformador. Um
aumento gradual nos enlaces de fluxo aparece devido ao ex­
cesso de tensão de excitação para novas condições de carga.
O regulador de tensão diminui a excitação e, em conseqüên-
cia, impede o aumento de tensão. Notemos que o regulador de
tensão controla o fluxo de eixo direto somente. A tensão
terminal ê obtida a partir dos dois componentes de fluxo, de
eixo direto e em quadratura. Normalmente, o componente do
eixo-q pode existir somente quando a carga ê puramente re-
sistiva. Durante a transição de uma condição de carga para
uma condição de "line charging", os enlaces de fluxo do ro­
tor do eixo-q decairão, contanto que a reatância capacitiva
X c do sistema equivalente seja maior que a reatância em qua­
dratura Xg do gerador.

Quando X c < X^, a condição de auto-excitação e-


xiste e, em vez de decair, o fluxo do eixo em quadratura au­
menta. Numa máquina desregulada, o crescimento do fluxo no
eixo-d ocorrerá quando Xc < X^. Com ação reguladora, entre­
tanto, a auto-excitação não ocorre até que X c < X^.
Enquanto o fluxo do rotor no eixo-q, ^ , estã au­
mentando devido à auto-excitação, o fluxo do campo no eixo-d
^fd' s°k a a<?ão 11111 re 9u la<^or dinâmico, está diminuindo,
com o efeito liquido com que a tensão terminal ê mantida a-
proximadamente constante durante um período de tempo.Ufcnpon-
to ê finalmente atingido quando, diminuindo não mais
será possível manter constante a tensão terminal por causa de
seu pequeno efeito, e por causa do rápido crescimento de
Quando realmente inverte o sinal sob a ação de uma ten­
são de excitação compensadora continua, a tensão terminal au­
menta mesmo mais rápido, pois o sistema regulador de tensão
está, agora, sob condições de realimentação positiva.

Este fenômeno da auto-excitação é ilustrado na


curva da Figura 66 . Na linha limite de auto-excitação, a ta­
xa de crescimento do fluxo é muito gradual. Pode acontecer
que uma condição transitória de sobrefreqüincia, que conduz
à condição de autó-excitação, seja restaurada para normal a
tempo de evitar um significativo crescimento do fluxo.

Embora a auto-excitação do gerador seja comumente


referida a sistemas hidroelétricos devido à alta sobrevelo-
cidade em rejeição de carga, praticamente ela não se rela­
ciona a sistemas de termoelêtricas a vapor. A aplicação de
reatores em derivação, nos terminais transmissores e recep­
tores da linha, eliminaram o problema da auto-excitação nos
sistemas de termoelêtricas a vapor, no estudo deste assunto.

Para o sistema hidro da Figura 65, um caso típico


de auto-excitação está ilustrado na Figura 67a. A curva de
Eg relativa aos enlaces de fluxo do campo do gerador torna-
se negativa para o tempo de aproximadamente 4 segundos. O
sistema de excitação, atuando no eixo-d, não pode mais con­
trolar a tensão terminal no gerador que aumenta para um va­
lor alto depois de ter permanecido razoavelmente constante,
próximo ao valor nominal, sob o controle do regulador de ten­
são por diversos segundos.

Para o período anterior à auto-excitação, a ten­


são terminal do gerador aumentou aproximadamente 10%, enquan­
to que a tensão de transmissão no terminal receptor aumen­
tou aproximadamente de 40%. O excitator operou com excita­
ção negativa no período anterior à auto-excitação.

A Figura 67b ilustra o caso típico de sobretensão


controlada sem auto-excitação no gerador- As condições do
circuito e da carga para os casos das Figuras 67a e 67b fo­
ram idênticas. A diferença entre os dois casos foi devida a
uma troca na saturação do transformador, que foi suficiente
para evitar a auto-excitação, no caso da Figura 67b. A so­
bretensão do gerador foi menor que 10%, enquanto que a ten­
são de transmissão no terminal receptor aumentou cerca de
30%.

3
A - Hidrogerador, tensões da ex-
citatriz e do sistema,e ve­
locidade do gerador após a
rejeição de carga^lustran­
do a auto-excitação.
> B - Caso típico de sobretensão
controlada após a rejeição
— Sc de carga ao sistema de hi-
16 m * 200 drogeradores:
1 A■"
ir 100 ’< et = tensão em volts nos ter­
3 12- aZ > o t minais do hidrogerador;
> «t
> -100 § » er = tensão em volts no ter­
z ’'°- N>Ks
V__
\
\. f* minal receptor;
w Q8 -200 UJ O
" •> N ÍX inn
Q > E = tensão de excitação no sen-
.8 06
C

ex tido direto;
i

EM
TENSÁ0

ox a) = velocidade do conjunto de
2 Q4 v_
ÜJ N
hidrogeradores;
*“ 0,2 \
\ E' = tensão proporcional aos
\ E <1
0 ^ enlaces de fluxo do cam­
—N po do gerador;
-0,2 \
\ Carga inicial = P = 293MW(lp.u.)
- 04c i5 Y.
Inércia = H = 4,0
) 1 2> i 5
SiEGUNDOS (A]1 3 ,8
O-
16 g
!— ■ ■— - - •--- ^ •
Õ; 1,4- ,^ * e-C 200 2 S
2 12 - — 100 g §
V Lex
—s.
5 ^ 0 02
et "1mn '<o u
Z
Ui
0,8 UU c2»
v~
SEGUNDOS (B )

Fig. 68

A sobretensão na transmissão é devida, puramente,


âs constantes do circuito capacitivo-indutivo que são tra­
zidas para muito próximo das condições de ressonância pela
sobrevelocidade. Devemos notar que, no momento em que a ten­
são de traitemissão atingiu seu valor de pico, a tensão do
gerador era perfeitamente constante no valor de referência.
Os efeitos dos sistemas de excitação estática(ti-
ristor), podem.ser muito significativos no controle de so­
bre tensões de rejeições de carga, particularmente na ques­
tão de se esses sistemas sejam ou não supridos com corrente
de campo negativa (Referência 10).
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John Wiley & Sons, Inc.
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John Wiley & Sons, Inc.
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IMPRENSA UNIVERSITÂRIA-UFSM

CAFA-REINALDO PEDROSO

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