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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação

PEDRO JOSÉ DOS SANTOS NETO

Proposta de gerenciamento de potência em uma


microrrede CC conectada à rede de distribuição e
interligação de um sistema eólico usando gerador de
relutância variável

Campinas
2021
PEDRO JOSÉ DOS SANTOS NETO

Proposta de gerenciamento de potência em uma


microrrede CC conectada à rede de distribuição e
interligação de um sistema eólico usando gerador de
relutância variável

Tese apresentada à Faculdade de Engenharia


Elétrica e de Computação da Universidade Es-
tadual de Campinas como parte dos requisitos
exigidos para a obtenção do título de Doutor em
Engenharia Elétrica, na Área de Energia Elé-
trica

Orientador: Prof. Dr. Ernesto Ruppert Filho

ESTE TRABALHO CORRESPONDE À VERSÃO FINAL


DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO
PEDRO JOSÉ DOS SANTOS NETO, E ORIENTADA
PELO PROF. DR. ERNESTO RUPPERT FILHO

Campinas
2021
Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura
Rose Meire da Silva - CRB 8/5974

Santos Neto, Pedro José dos, 1991-


Sa59p SanProposta de gerenciamento de potência em uma microrrede CC conectada
à rede de distribuição e interligação de um sistema eólico usando gerador de
relutância variável / Pedro José dos Santos Neto. – Campinas, SP : [s.n.],
2021.

SanOrientador: Ernesto Ruppert Filho.


SanTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de
Engenharia Elétrica e de Computação.

San1. Geração distribuída de energia. 2. Gerenciamento de potência. 3.


Energia eólica. 4. Eletrônica de potência. I. Ruppert Filho, Ernesto, 1948-. II.
Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Elétrica e de
Computação. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: A power management proposal for a grid-connected DC microgrid


and interconnection of a wind system using the switched reluctance generator
Palavras-chave em inglês:
Distributed energy generation
Reluctance motors
Wind energy
Power electronics
Área de concentração: Energia Elétrica
Titulação: Doutor em Engenharia Elétrica
Banca examinadora:
Ernesto Ruppert Filho [Orientador]
José Antenor Pomilio
Marcelo Gradella Villalva
Rodrigo Padilha Vieira
Tiago Davi Curi Busarello
Data de defesa: 25-08-2021
Programa de Pós-Graduação: Engenharia Elétrica

Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a)


- ORCID do autor: 0000-0001-6249-1923
- Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/7639620909227183

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)


COMISSÃO JULGADORA - TESE DE DOUTORADO

Candidato: Pedro José dos Santos Neto RA:163709


Data da defesa: 25 de agosto de 2021

Título da Tese: “Proposta de gerenciamento de potência em uma microrrede CC conec-


tada à rede de distribuição e interligação de um sistema eólico usando gerador de relutância
variável”.

Prof. Dr. Ernesto Ruppert Filho (Presidente, FEEC/UNICAMP)


Prof. Dr. José Antenor Pomilio (FEEC/UNICAMP)
Prof. Dr. Marcelo Gradella Villalva (FEEC/UNICAMP)
Prof. Dr. Rodrigo Padilha Vieira (Universidade Federal de Santa Maria)
Prof. Dr. Tiago Davi Curi Busarello (Universidade Federal de Santa Catarina)

A ata de defesa, com as respectivas assinaturas dos membros da Comissão Julgadora,


encontra-se no SIGA (Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese) e na Secretaria de Pós-
Graduação da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação.
Aos meus avós, Seu Francisco e Dona
Neide (in memoriam), por tudo que
fizeram por mim.
Agradecimentos

Agradeço,

Aos meus pais Kátia Soraya Pereira dos Santos e Pedro José dos Santos Filho (in memo-
riam).
Aos meus irmãos João Paulo e Carlos Eduardo.
À minha esposa Osmara, pelo amor e companhia ao longo de mais de 10 anos, por me
fazer feliz, me aturar e estar sempre ao meu lado. Te amo.
Aos meus tios Cosme, Damião, Franscisquinho e Daniel. Às minhas tias Helenita, Tété,
Carminha, Neta, Lurdinha.
Aos amigos que estão ou já passaram pelo Laboratório. Do LEPO 1: João Pedro, Elmer,
Marcelo, Adson, Ramon e Paulo. Do LEPO 2: Hugo, Tisciane, Marcos, Dante, Daniel.
Do LEPO 3: Rolando e Sam.
A todos os amigos que fiz durante o período de intercâmbio na Dinamarca. Em especial:
Allan Cupertino (o feio) e João Martins (Victor do Penedo), pelas melhores conversas e
viagens inesquecíveis.
Aos professores Dr.Josep Guerrero e Dr.Juan Vasquez, da Aalborg University, pela opor-
tunidade de trabalharmos juntos.
Ao coorientador, Prof.Dr.Tárcio André, pela amizade e ajuda no cotidiano do projeto.
Ao orientador, Prof.Dr.Ernesto Ruppert Filho, pela oportunidade de estudar e desenvolver
pesquisa em uma das melhores universidades da América Latina.
À Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP).
Ao apoio financeiro processo nº 2017/21087-8 da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (FAPESP).
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).
A todos aqueles que não foram citados devido à minha memória que continua vertigino-
samente falha, sintam-se agradecidos.
He not busy being born is busy dying.

Bob Dylan
Resumo

Neste trabalho de pesquisa de doutorado investigou-se a operação de duas tecnologias


em discussão atualmente em sistemas de energia elétrica: as microrredes elétricas de cor-
rente contínua (CC) integradas à rede de distribuição convencional em corrente alternada
(CA) e o gerador de relutância variável (GRV) para aplicação em um sistema eólico de
geração distribuída de pequeno porte. O foco da abordagem realizada neste trabalho con-
siste no estudo do gerenciamento de potência dentro da microrrede CC, considerando o
fluxo bidirecional estabelecido pela fonte renovável de energia elétrica, cargas locais, um
sistema de armazenamento de energia (SAE) formado por bancos de baterias, e a integra-
ção com a rede elétrica CA de distribuição. As principais técnicas de gerenciamento de
potência (power management systems - PMS) em microrredes CC são comparadas quali-
tativamente para embasar a escolha da estratégia de controle utilizada neste sistema em
estudo. Propõe-se uma técnica de gerenciamento de potência do tipo mestre-seguidor
baseada em inércia virtual para o sistema de armazenamento de energia, o que garante
maior flexibilidade e autonomia para a microrrede CC em estudo. Em caso de falha na
linha de comunicação, uma estratégia de droop modificado é utilizada como suporte para
aumento da confiabilidade do sistema. Este trabalho propõe ainda a otimização do de-
sempenho do GRV para aplicações em sistemas eólicos. A otimização é realizada através
da escolha adequada dos parâmetros de controle da máquina elétrica, utilizando a técnica
de planejamento de experimentos computacionais, com objetivo de maximizar a eficiência
da geração e reduzir a ondulação de torque eletromagnético. Mostra-se que o uso do GRV
na microrrede introduz componentes de distorção não desejadas no barramento CC. As
frequências dessas componentes são propagadas nas correntes elétricas injetadas na rede de
distribuição, reduzindo a qualidade da energia elétrica do sistema. Um conversor CC-CC
bidirecional de interface é utilizado para obter o desempenho ótimo do GRV conectado
à microrrede CC, bem como para mitigar parte das distorções de tensão causadas pela
conexão do GRV. Os resultados experimentais apresentados neste texto validam a aplicabi-
lidade do sistema de gerenciamento de potência proposto para microrredes CC operando no
modo conectado à rede elétrica de distribuição. Além disso, os resultados obtidos indicam
que o sistema eólico com GRV otimizado, utilizando o conversor de interface, apresenta
desempenho superior em relação à estratégia convencional de conexão direta, comumente
encontrada na literatura. Com os estudos realizados nesta tese, espera-se contribuir para
a viabilidade técnica da integração de geração eólica distribuída com GRV em microrredes
de corrente contínua, com o intuito de aprimorar os sistemas modernos de distribuição de
energia elétrica.

Palavras-chave: microrredes CC, gerenciamento de potência, inércia virtual, gerador de


relutância variável, sistema eólico, conversor eletrônico de potência de interface.
Abstract

This Ph.D. thesis investigates the operation of two emergent technologies: the DC mi-
crogrids integrated into the AC utility grid and the switched reluctance generator (SRG)
for application in small wind systems as distributed generation. The approach in this
thesis is the study of the power management inside the DC microgrid, considering the
bidirectional power flow established by the renewable energy resource, local loads, energy
storage system, and the microgrid integration to the AC utility grid. The main power
management techniques for DC microgrids are benchmarked to base the choice of the
control strategy applied to the system under study. A master-follower power management
strategy based on virtual inertia is proposed for the energy storage system, which returns
to the microgrid increased flexibility and autonomy. In the event of a communication line
failure, an adaptive droop strategy is applied as a backup to improve the system’s reliabi-
lity. Another proposal is the SRG performance optimization for wind systems application
using the optimal control parameters obtained through the technique called design of com-
putational experiments. The goal is to maximize the generator efficiency and reduce the
electromagnetic torque ripple. It is shown that the SRG connection to the microgrid in-
troduces undesired distortion components into the DC bus. These frequency components
are propagated to the electric currents injected into the utility grid, thus reducing the sys-
tem power quality. A bidirectional DC-DC interface converter is used to obtain the SRG
optimum performance when connected to the microgrid. Moreover, the interface converter
adds a filter functionality to mitigate part of the undesired frequency components. The
experimental results presented in this thesis validate the proposed power management
applicability. In addition, the obtained results indicate that the SRG wind system using
the interface converter returns better performance compared to the conventional direct
connection approach.

Key-words: DC microgrids, power management system, virtual inertia, switched reluc-


tance generator, wind system, interface converter.
Lista de Figuras

2.1 Comparação entre estruturas de microrredes elétricas: a) microrrede em


corrente alternada; b) microrrede em corrente contínua. . . . . . . . . . . . 35
2.2 Métodos de gerenciamento de energia em uma microrrede CC: a) controle
descentralizado; b) controle hierárquico centralizado; c) controle hierárquico
distribuído; d) controle mestre-seguidor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.3 Estrutura da máquina de relutância variável trifásica 12/8 e perfis de indu-
tância e torque eletromagnético. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.4 Conversor para acionamento do GRV: a) AHB trifásico; b) etapa de exci-
tação; c) etapa de geração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
2.5 Acionamento do gerador de relutância variável por histerese de corrente e
por pulso único (adaptada de [191]) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
2.6 Estrutura da microrrede CC proposta para estudo. . . . . . . . . . . . . . 56

3.1 Estrutura do conversor fonte de tensão (VSC) interligando a microrrede CC


à rede elétrica de distribuição CA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
3.2 Estrutura de controle do VSC. Grupo A: SRF-PLL e gerador de referência
síncrona dq. Grupo B: malha externa de controle de tensão. Grupo C:
malha interna de controle de corrente e modulador SPWM. . . . . . . . . . 63
3.3 Estrutura do SRF-PLL utilizado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3.4 Diagrama de controle do conversor fonte de tensão. Cada bloco representa
uma função de transferência descrita no texto. . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3.5 Diagrama de bode da malha interna de corrente com compensador. . . . . 66
3.6 Diagrama de bode da malha externa de tensão com compensador. . . . . . 67
3.7 Modelo elétrico geral de um banco de baterias. . . . . . . . . . . . . . . . . 68
3.8 Conversor CC-CC bidirecional do SAE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
3.9 Controle do conversor CC-CC bidirecional do SAE. . . . . . . . . . . . . . 70
3.10 Diagrama de controle do sistema de armazenamento de energia. . . . . . . 71
3.11 Diagrama de Bode das malhas de controle do sistema de armazenamento de
energia. a) malha interna de corrente com compensação; b) malha externa
de tensão com compensação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
3.12 Carga de potência constante emulada com uso de um conversor CC e carga
resistiva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
3.13 Tensão característica do controle por droop em função da corrente de saída
do conversor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
3.14 Implementação do gerenciamento de potência baseado no controle por droop.
a) controle do VSC que substitui o grupo B da Figura 3.2; b) controle do
SAE integrado ao esquema de controle mostrado na Figura 3.9. . . . . . . 76
3.15 Característica de droop adaptativo em função da corrente de saída e do
estado de carga do banco de baterias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
3.16 Implementação do gerenciamento de potência baseado em droop adaptativo
no controle do sistema de armazenamento de energia, o qual é integrado ao
esquema de controle mostrado na Figura 3.9. . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
3.17 Implementação do gerenciamento de potência baseado no controle hierár-
quico: a) camada secundária centralizada; b) camada primária do VSC
substituindo o grupo B da Figura 3.2; c) camada primária do SAE inte-
grada ao esquema mostrado na Figura 3.9. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
3.18 Função de gerenciamento utilizada como BMS baseada no estado de cargas
(SOC) do banco de baterias: a) operação de carga do banco de baterias; b)
operação de descarga do banco de baterias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
3.19 Implementação do controle do SAE com estratégia de gerenciamento de
potência baseado na técnica mestre-seguidor proposta. . . . . . . . . . . . 83
3.20 Curva característica do droop melhorado em função da corrente elétrica de
saída. a) curva de droop do SAE; b) curva de droop do VSC. . . . . . . . 84
3.21 Implementação do gerenciamento de potência baseado no método por droop
modificado. a) controle por droop modificado do VSC substituindo o grupo
B da Figura 3.2; b) controle por droop modificado do SAE integrado ao
esquema mostrado na Figura 3.9. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
3.22 Plataforma experimental utilizada para simular a microrrede CC. (CROM
- Center of Research on Microgrids, Aalborg, Dinamarca.) . . . . . . . . . . 88
3.23 Avaliação experimental do fluxo de potência da geração distribuída (Pdg ) e
da carga consumidora (Pload ). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
3.24 Avaliação experimental para o controle por droop: a) fluxo de potência do
VSC (Pvsc ) e do SAE (Pbess ); b) estado de carga estimado do SAE (soc) e
variação do barramento CC (Vbus ). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
3.25 Avaliação experimental do controle por droop adaptativo: a) fluxo de po-
tência do VSC (Pvsc ) e do SAE (Pbess ); b) estado de carga estimado do SAE
(soc) e variação do barramento CC (Vbus ). . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
3.26 Avaliação experimental do controle hierárquico: a) fluxo de potência do
VSC (Pvsc ) e do SAE (Pbess ); b) estado de carga estimado do SAE (soc) e
variação do barramento CC (Vbus ). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
3.27 Avaliação experimental da estratégia mestre-seguidor proposta: a) fluxo de
potência do VSC (Pvsc ) e do SAE (Pbess ); b) estado de carga estimado do
SAE (soc) e variação do barramento CC (Vbus ). . . . . . . . . . . . . . . . 93
3.28 Avaliação experimental do controle por droop modificado proposto: a) fluxo
de potência do VSC (Pvsc ) e do SAE (Pbess ); b) estado de carga estimado
do SAE (soc) e variação do barramento CC (Vbus ). . . . . . . . . . . . . . . 94

4.1 Visão detalhada da microrrede CC estudada. O sistema de potência e res-


pectivos controles são apresentados. A linha de comunicação é representada
na cor laranja. A estratégia PMS, foco deste capítulo, é mostrada no grupo
A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
4.2 Modelos equivalentes simplificados das estratégias utilizadas para compor
o PMS proposto: a) método mestre-seguidor com inércia virtual (P1); b)
método por droop modificado (P2). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
4.3 Estratégia de gerenciamento de potência usando a técnica mestre-seguidor
com adição de inércia virtual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
4.4 Malha de controle do sistema de armazenamento de energia, operando no
modo de controle de corrente (M2), com a estratégia proposta de gerencia-
mento de potência mestre-seguidor adicionada da inércia virtual (P1). . . . 110
4.5 Diagramas de Nyquist considerando a variação paramétrica do PMS-P1
proposto. As setas indicam o sentido de crescimento dos parâmetros: a)
parâmetro Jp variando de 0,1 a 10; b) parâmetro Dp variando de 0,1 a 10. . 113
4.6 Mapeamento de polos e zeros para variação dos parâmetros da inércia vir-
tual no PMS. As setas indicam a marcha dos polos dominantes quando os
parâmetros aumentam: a) parâmetro Jp variando de 0,1 a 10; b) parâmetro
Dp variando de 0,1 a 10. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
4.7 Resposta a um degrau de potência de 1000 W sobre a função de transferência
Gclpms (s) com variação dos parâmetros da inércia virtual: a) parâmetro Jp
variando de 0,1 a 10; b) parâmetro Dp variando de 0,1 a 10. . . . . . . . . 116
4.8 Tensões trifásicas de fase obtidas do emulador da rede de distribuição CA. 118
4.9 Predefinição do fluxo de potência utilizado em todos os testes experimentais.
Em azul escuro: potência da carga. Em azul claro: potência na geração
distribuída. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
4.10 Resultados experimentais para o fluxo de potência do SAE e da rede de
distribuição quando Jp = 1, 0 e Dp = 1, 0. a) Em azul escuro: potência
no VSC. Em azul claro: potência no SAE. b) Em verde: estado de carga
estimado para o banco de baterias. Em roxo: tensão do barramento CC. . 120
4.11 Resultados experimentais para o fluxo de potência do SAE e da rede de
distribuição quando Jp = 0, 1 e Dp = 1, 0. a) Em azul escuro: potência
no VSC. Em azul claro: potência no SAE. b) Em verde: estado de carga
estimado para o banco de baterias. Em roxo: tensão do barramento CC. . 122
4.12 Resultados experimentais para o fluxo de potência do SAE e da rede de
distribuição quando Jp = 5, 0 e Dp = 1, 0. a) Em azul escuro: potência
no VSC. Em azul claro: potência no SAE. b) Em verde: estado de carga
estimado para o banco de baterias. Em roxo: tensão do barramento CC. . 123
4.13 Resultados experimentais para o fluxo de potência do SAE e da rede de
distribuição quando Jp = 1, 0 e Dp varia. Em azul escuro: potência no
VSC. Em azul claro: potência no SAE. a) D = 0, 5; b) D = 2, 0. . . . . . . 124
4.14 Resultados experimentais para o fluxo de potência do SAE e da rede de
distribuição considerando atraso na linha de comunicação. a) atraso de 300
ms; b) atraso de 1 s; c) atraso de 2 s. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
4.15 Resultados experimentais para o fluxo de potência do SAE e da rede de
distribuição com comutação entre os modos de PMS P1-P2. a) Em azul
escuro: potência no VSC. Em azul claro: potência no SAE. b) Em verde:
estado de carga estimado para o banco de baterias. Em roxo: tensão do
barramento CC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128

5.1 GRV conectado ao barramento CC da rede de distribuição utilizando um


conversor CC-CC bidirecional de interface. Detalhe A: modos de operação
do GRV. Detalhe B: implementação do controle direto de potência. Detalhe
C: Seletor dos parâmetros ótimos. Detalhe D: gerador de pulsos do GRV.
Detalhe E: controle do conversor CC-CC bidirecional de interface. Detalhe
F: controle de tensão do VSC. Detalhe G: controle de corrente do VSC. . . 134
5.2 Curvas de magnetização obtidas para o GRV utilizado [191, 217]. . . . . . . 140
5.3 Dados das tabelas de busca do modelo da MRV: a) I(Φ, θ); b) T (I, θ)
[191, 217]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
5.4 Esquema do modelo utilizado para uma fase do GRV [191]. . . . . . . . . . 142
5.5 Programa DCE-SRG optimization tool desenvolvido para realização do pla-
nejamento de experimentos computacionais com GRV. Número do registro
de software: BR512019002154-1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
5.6 Algoritmo de otimização para os sistemas eólicos com GRV utilizando pla-
nejamento de experimentos computacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
5.7 Parâmetros ótimos de controle para os sistemas eólicos com GRV com e
sem o uso do conversor de interface. a) angulo de ligação, θon ; b) angulo
de desligamento, θof f ; c) tensão de excitação do GRV, Vgrv ; d) avaliação da
função custo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
5.8 Representação da ondulação de tensão de saída do GRV. Figura ilustrativa,
não representa as variáveis em escala. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
5.9 Forma canônica em pequenos sinais de conversores CC-CC operando em
CCM [280]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
5.10 Diagrama de bode da função Gvg (s) para o conversor de interface projetado
com variação do ciclo de trabalho médio 0, 0 < Db < 0, 5. . . . . . . . . . . 159
5.11 Bancada de testes implementada para avaliação da conexão do GRV com a
rede elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
5.12 Resultados experimentais da comparação a 950 rpm. a) sistema eólico com
GRV diretamente conectado; b) sistema eólico com GRV e conversor de
interface proposto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162
5.13 Análise da FTT das correntes na rede a 950 rpm para os sistemas com co-
nexão direta e com conversor de interface: a) espectro em baixa frequência;
b) espectro em alta frequência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
5.14 Resultados experimentais da comparação a 1250 rpm. a) sistema eólico
com GRV diretamente conectado; b) sistema eólico com GRV e conversor
de interface proposto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
5.15 Análise da FTT das correntes na rede a 1250 rpm para os sistemas com co-
nexão direta e com conversor de interface: a) espectro em baixa frequência;
b) espectro em alta frequência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166
5.16 Avaliação experimental da eficiência global dos sistemas com e sem o uso
do conversor de interface. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167
5.17 Avaliação experimental da ondulação de torque mecânico para os sistemas
com e sem o uso do conversor de interface. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168
5.18 Avaliação experimental da distorção total de corrente de saída para os sis-
temas com e sem o uso do conversor de interface. . . . . . . . . . . . . . . 169
Lista de Tabelas

3.1 Parâmetros do VSC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64


3.2 Parâmetros do sistema de armazenamento de energia . . . . . . . . . . . . 73
3.3 Comparação entre as estratégias de gerenciamento de potência analisadas. 86

4.1 Parâmetros dos filtros passa-baixas de potência . . . . . . . . . . . . . . . 105


4.2 Limites do estado de carga (SOC) utilizados na função de gerenciamento
do banco de baterias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
4.3 Descrição dos principais eventos do experimento. . . . . . . . . . . . . . . . 119
4.4 Descrição dos eventos implementados para a comutação do PMS. . . . . . 127

5.1 Parâmetros do GRV utilizado [191]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142


Lista de Abreviaturas e Siglas

AHB Asymmetric Half-Bridge


BMS Battery Management System
CC Corrente Contínua
CA Corrente Alternada
CDP Controle Direto de Potência
CPL Constant Power Load
DSP Digital Signal Processor
DAQ Data Acquisition System
FEM Finite Element Method
FFT Fast Fourier Trasnform
FPB Filtro Passa-Baixas
GD Geração Distribuída
GIDA Gerador de Indução Duplamente Alimentado
GRV Gerador de Relutância Variável
GSIP Gerador Síncrono de Imãs Permanente
HVDC High Voltage DC System
IGBT Insulated Gate Bipolar Transistor
IHM Interface Homem-Máquina
IPM Interior Point Method
LHS Latin-Hypercube Sampling
MF Margem de Fase
MG Margem de Ganho
MI Máquina de Indução
MOSFET Metal Oxide Semiconductor Field Effect
MPPT Maximum Power Point Tracking
MRV Máquina de Relutância Variável
OFAT One Factor at Time
PAC Ponto de Acoplamento Comum
PEC Planejamento de Experimento Computacional
PLL Phase-Locked Loop
PMS Power Management System
PWM Pulse Width Modulation
SAE Sistema de Armazenamento de Energia
SOC State of Charge
SPWM Sinusoidal Pulse Width Modulation
SRF Synchronous Reference Frame
VCO Voltage-Controlled Oscillator
VSC Voltage Source Converter
VSG Virtual Synchronous Generator
WECS Wind Energy Conversion System
Sumário

1 Introdução 22
1.1 Motivação e Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.2 Escopo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.3 Contribuições da tese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.4 Lista de publicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.4.1 Publicações em periódicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.4.2 Publicações em congressos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.5 Organização do texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

2 Revisão bibliográfica e sistema proposto 32


2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.2 Microrredes em corrente contínua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.2.1 Contextualização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.2.2 Gerenciamento de potência em microrredes CC . . . . . . . . . . . 36
2.2.3 Integração de fontes renováveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.2.4 Sistema de armazenamento de energia . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.2.5 Análise de estabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.2.6 Proteção e operacionalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.2.7 Topologias de conversores eletrônicos de potência . . . . . . . . . . 41
2.2.8 Sistemas de comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.3 Gerador de relutância variável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.3.1 Contextualização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.3.2 Princípio de operação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.3.3 Modelagem e projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.3.4 Acionamento e estratégias de controle . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
2.3.5 Estratégias de otimização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.3.6 Conversores eletrônicos de potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.3.7 GRV em sistemas eólicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.3.8 Outras aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2.4 GRV em microrredes CC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2.5 Microrrede CC em estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
2.6 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

3 Avaliação comparativa de estratégias de gerenciamento de potência 59


3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
3.2 Modelagem e controle dos componentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3.2.1 Conversor fonte de tensão (VSC) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3.2.2 Modelo do banco de baterias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
3.2.3 Controle do sistema de armazenamento . . . . . . . . . . . . . . . . 69
3.2.4 Geração distribuída . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.2.5 Cargas consumidoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.3 Estratégias de gerenciamento de potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
3.3.1 Controle por droop . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
3.3.2 Controle por droop adaptativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
3.3.3 Controle hierárquico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
3.3.4 Controle mestre-seguidor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
3.3.5 Controle por droop modificado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
3.4 Resumo das técnicas de PMS analisadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
3.5 Resultados experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
3.5.1 Bancada de testes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
3.5.2 Desempenho das estratégias de gerenciamento de potência . . . . . 87
3.6 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

4 Proposta de PMS e técnica de inércia virtual 97


4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
4.2 Avaliação da microrrede CC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
4.2.1 Sistema estudado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
4.2.2 Análise de operação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
4.3 PMS com inércia virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
4.3.1 Conceito de inércia virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
4.3.2 Implementação do PMS com inércia virtual . . . . . . . . . . . . . 108
4.3.3 Análise de estabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
4.3.4 Análise paramétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
4.3.5 Resumo da avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
4.4 Resultados experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
4.4.1 Ajustes iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
4.4.2 Fluxo de potência e gerenciamento do SOC . . . . . . . . . . . . . . 119
4.4.3 Variação paramétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
4.4.4 Influência do atraso na comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
4.4.5 Comutação entre modos de PMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
4.5 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129

5 Interligação de um sistema eólico distribuído com GRV 130


5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
5.2 Sistema eólico avaliado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
5.2.1 Turbina eólica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
5.2.2 Modos de operação do GRV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
5.2.3 Controle direto de potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
5.2.4 Seletor de parâmetros ótimos e gerador de pulsos . . . . . . . . . . 136
5.2.5 Conversor bidirecional de interface . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
5.2.6 Conversor fonte de tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
5.3 Otimização do sistema eólico com GRV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
5.3.1 Modelo do GRV utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
5.3.2 Desempenho ótimo do GRV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
5.3.3 Parâmetros de controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
5.3.4 Planejamento de experimentos computacionais . . . . . . . . . . . . 144
5.3.5 Algoritmo proposto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
5.3.6 Resultados da otimização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
5.4 Melhoria na qualidade de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
5.4.1 Ondulação de tensão de saída do GRV . . . . . . . . . . . . . . . . 153
5.4.2 Efeito sobre a qualidade de energia injetada na rede . . . . . . . . . 155
5.4.3 Característica de filtragem do conversor de interface . . . . . . . . . 157
5.5 Resultados Experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
5.5.1 Resultados em baixas velocidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
5.5.2 Resultados em altas velocidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164
5.5.3 Avaliação de desempenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
5.6 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170

6 Conclusões 171

Bibliografia 174
22

Capı́tulo 1
Introdução

1.1 Motivação e Justificativa


sistema de distribuição de energia elétrica em corrente alternada convencional é basi-
O camente o mesmo desde o início do século XX. A evolução tecnológica nesses sistemas
ficou concentrada no desenvolvimento de técnicas e equipamentos para redução de per-
das elétricas, identificação de falhas e fraudes, e aprimoramento do sistema de operação e
proteção. Contudo, o desenvolvimento de soluções modernas de monitoramento, comuni-
cação e serviços informatizados evidenciam a defasagem dos sistemas de distribuição em
um mundo digitalizado. O conceito de redes elétricas inteligentes (smart grids) é pautado
justamente pela integração de conceitos tecnológicos modernos, como internet das coisas,
BigData, e inteligência artificial ao sistema elétrico de distribuição [1]. O próprio mo-
delo centralizado do sistema é questionado quando comparado com a concepção de uma
estrutura não-centralizada denominada de geração distribuída (GD).
No sistema convencional, utilizado desde o início da transmissão de energia elé-
trica, a geração de energia é centralizada em grandes plantas, tipicamente afastadas das
cargas consumidoras. Essa energia produzida nas grandes usinas é transmitida por meio
de linhas de transmissão em um nível de tensão elevado. A tensão é, então, abaixada por
unidades de distribuição, as quais são responsáveis por entregar energia aos consumidores
de maneira unidirecional [2]. Em uma estrutura não-centralizada para geração de energia
elétrica, permite-se a inclusão de geração distribuída entre o sistema de distribuição e as
cargas consumidoras. Com isso, a produção de energia é bidirecional, tornando o sistema
elétrico mais dinâmico, moderno e confiável. No modelo de geração distribuída, as fon-
tes de energia elétrica são locais, de pequeno ou médio porte, preferencialmente oriundas
de fontes alternativas limpas e renováveis, usualmente utilizando conversores eletrônicos
de potência para processamento de energia [2]. Tem-se, portanto, um novo paradigma
na relação entre provedores e consumidores de energia elétrica. Nesse novo paradigma,
os consumidores passam a ter a possibilidade de gerar, armazenar e gerenciar parte da
1.1. Motivação e Justificativa 23

energia que consomem. Com isso, reforça-se a necessidade de sistemas avançados de mo-
nitoramento e controle capazes de lidar com a variação da demanda e tarifação de energia
no sistema de distribuição.
Enquanto o sistema de distribuição atual é capaz de garantir o fluxo de potência
ativa e reativa e a regulação de frequência, mesmo em condições transitórias [1], os siste-
mas distribuídos não garantem, a priori, tal operação. A excelente regulação do sistema
convencional é possível graças a inércia da massa rotativa e a consolidação do controle
em paralelo de grandes geradores síncronos centralizados, os quais são responsáveis pela
geração da energia. Em sistemas distribuídos, a inércia das unidades geradoras é baixa e o
controle dos conversores de potência ainda é alvo de pesquisas, não sendo tão consolidado
quanto a operação do sistema convencional. Por conta dos desafios enfrentados pelo uso
do modelo de geração distribuída, um conceito mais amplo e estruturado foi desenvolvido,
culminando na conceitualização das microrredes de energia elétrica [3, 4].
Uma microrrede de energia elétrica pode ser entendida como um sistema de dis-
tribuição de energia em baixa ou média tensão que agrupe geração distribuída, priori-
tariamente oriunda de fontes renováveis, como a solar ou a eólica, além de sistemas de
armazenamento de energia (SAE), e cargas consumidoras locais [5–7]. Essa estrutura
pode operar conectada à rede de distribuição convencional, no chamado modo conectado,
ou no modo ilhado, quando a rede elétrica convencional não está disponível devido a faltas,
eventos atípicos ou operação isolada programada [8, 9]. Em ambos os casos, o principal
objetivo dentro da microrrede é garantir autonomia no fluxo de potência dos dispositivos
internos. Outros serviços ancilares podem ser providos pelas microrredes, quais sejam:
despacho econômico, regulação de tensão e frequência, gerenciamento de reserva de ener-
gia e operação ilhada emergencial [9,10]. Além disso, devido ao forte apelo à utilização de
fontes alternativas e limpas para geração de energia elétrica em microrredes, essas estru-
turas podem auxiliar na mitigação de emissão de gases de efeito estufa, formando assim
sistemas de energia sustentáveis e modernos [6, 11, 12].
As microrredes em corrente contínua, por sua vez, são estimuladas devido à evo-
lução da eletrônica de potência nas últimas décadas. Essa evolução tem permitido que
as desvantagens iniciais da operação em corrente contínua, especialmente no que con-
cerne à dificuldade em se elevar ou abaixar a tensão de transmissão e distribuição de
energia, sejam superadas [2, 5]. Nesse sentido, as microrredes CC surgem como poten-
ciais candidatas em sistemas de distribuição de energia elétrica por apresentarem maior
simplicidade, eficiência, capacidade de operação e estabilidade, quando comparadas às
equivalentes microrredes em corrente alternada [13, 14]. Além disso, a crescente utiliza-
ção de cargas eletrônicas alimentadas em corrente contínua é um fator fundamental que
favorece a utilização de microrredes CC [15]. Essa topologia permite ainda a integração
facilitada de fontes renováveis de energia que utilizam alguma etapa de conversão CC-CC
para integração ao sistema em corrente alternada [16].
1.1. Motivação e Justificativa 24

Para o desenvolvimento das microrredes em corrente contínua, é imperativo inves-


tigar o gerenciamento e controle dos elementos que as compõem, em especial os sistemas
de armazenamento de energia e as fontes de geração distribuída. Os sistema de arma-
zenamento de energia são particularmente importantes para lidar com o problema da
característica intermitente de fontes renováveis utilizadas em geração distribuída [1, 17].
Para sistemas de pequeno e médio porte, SAEs baseados em banco de baterias são as
principais soluções disponíveis, embora diversas pesquisas com células de combustível, vo-
lantes de inércia, e supercapacitores estejam em desenvolvimento [1, 17]. Para banco de
baterias, as tecnologias de chumbo-ácido e de íons de lítio são as mais proeminentes. Di-
versas aplicações industriais para baterias surgiram nas últimas décadas, especialmente no
sistema elétrico de potência e em veículos elétricos, fazendo deste um campo de pesquisa
e desenvolvimento bastante fértil. Como mencionado, o desenvolvimento da tecnologia e
o gerenciamento de sistemas de armazenamento são de fundamental relevância no desen-
volvimento de microrredes.
Com relação às fontes renováveis operando como geração distribuída, a energia
eólica é uma das principais alternativas e apresenta tecnologia avançada, especialmente
para aplicações em altas potências. Essa fonte de energia renovável correspondeu a 8,6%
da matriz elétrica brasileira em 2019, de acordo com o balanço anual divulgado em 2020,
representando um crescimento de 15,5% em relação ao balanço do ano anterior [18]. A
massa rotativa das turbinas eólicas contribui ainda para o armazenamento de energia
e para a estabilidade do sistema ao qual estão inseridas [19]. Para sistemas eólicos de
pequeno porte, em velocidade variável, as tecnologias de geradores eólicos mais utilizadas
têm sido o gerador de indução duplamente alimentado (GIDA) e o gerador síncrono de
imãs permanentes (GSIP) [20–22]. O domínio da tecnologia, a robustez mecânica e o baixo
custo são as principais vantagens do gerador de indução para sistemas eólicos de grande
porte. Como desvantagens, podem-se citar o baixo número de polos, o que resulta na
necessidade de caixas multiplicadoras de velocidade, e a necessidade de excitação externa.
Para pequenos aerogeradores, o gerador síncrono de imãs permanentes apresenta vantagens
importantes como a alta densidade de potência e o alto número de polos, o que elimina o
uso de caixas multiplicadores. A presença dos imãs no rotor, contudo, dificulta a operação
do GSIP em altas velocidades e aumenta o custo de fabricação dessas máquinas devido à
escassez de terras raras para fabricação dos imãs [22].
O gerador de relutância variável (GRV), por sua vez, tem sido apontado na lite-
ratura como uma boa alternativa para sistemas eólicos de pequeno porte, uma vez que
esta máquina opera em uma ampla faixa de velocidades com alto desempenho e elevada
densidade de potência [23, 24]. O GRV é uma máquina de dupla saliência, sem enrola-
mentos ou imãs permanentes no rotor, que opera pelo princípio da mínima relutância [25].
Em sistemas eólicos, a alta densidade de potência do GRV aliada a um rotor leve per-
mite que caixas de transmissão menores sejam utilizadas, ou mesmo retiradas do sistema.
1.2. Escopo 25

Tem-se ainda como principais vantagens do GRV a ausência de imãs permanentes ou de


bobinas no rotor, o baixo custo de manufatura e de material, e as baixas perdas em uma
ampla faixa de velocidades [26, 27]. Essas máquinas possibilitam ainda a operação em
altas velocidades e em altas temperaturas. Entretanto, os principais obstáculos para o uso
industrial do GRV são: a ondulação no torque eletromagnético, o ruído audível provocado
por essa ondulação, a necessidade de sensores de posição para o acionamento da máquina,
a necessidade de técnicas dedicadas de controle para operação em velocidade variável, e a
falta de metodologias para o projeto eletromagnético dessas máquinas [23, 24, 26, 27].
O crescimento do interesse pelo gerador de relutância variável em sistemas eólicos
não se dá apenas no campo de pesquisas científicas. Na indústria, por exemplo, a empresa
australiana Renewable Energy Solutions Australia Holdings Ltd comercializa aerogeradores
de pequeno porte (5 kW e 20 kW) utilizando GRVs. A eficiência global do sistema comer-
cializado é de mais 90%. A empresa alemã Macon comercializa GRVs de duas e quatro
fases juntamente com os respectivos controladores. A empresa chinesa Sahandong Kehui
Power Automation Ltd apresenta no catálago GRVs de alto rendimento, com potências
entre 5,5 e 400 kW. Fica evidente que a intensificação das aplicações da GRV em sistemas
eólicos é atrativa também para a indústria nacional. Por gerar em corrente contínua, es-
sas máquinas elétricas são, ainda, candidatas naturais para operarem em microrredes em
corrente contínua.

1.2 Escopo
Neste trabalho de pesquisa apresentam-se estudos relacionados a duas tecnologias
emergentes: as microrredes em corrente contínua e a integração de um sistema eólico
de pequeno porte utilizando o gerador de relutância variável (GRV). Mostra-se que as
microrredes CC apresentam vantagens relevantes para sistemas de distribuição de energia
elétrica, tais quais maior eficiência, e capacidade de operação conjunta com sistemas de
armazenamento de energia (SAE) e fontes renováveis de energia elétrica. O GRV, por
sua vez, apresenta qualidades essenciais para a aplicação em sistemas eólicos de pequeno
porte. Por fornecerem tensão em corrente contínua na saída do seu conversor eletrônico de
acionamento, o GRV é um potencial candidato para uso em geração distribuída integrada
à microrredes CC. Contudo, por se tratarem de tecnologias com visibilidade recente em
pesquisas tecnológicas, poucos trabalhos discutem a aplicação de sistemas eólicos com
GRV em microrredes. Este trabalho busca preencher algumas lacunas para consolidação
do tema. A maior parte das pesquisas na área é concentrada na operação ilhada da
microrrede. Entretanto, em sistemas urbanos, espera-se que a microrrede CC opere no
modo conectado na grande maioria do tempo. Por isso, o estudo apresentado foi delimitado
em microrredes em corrente contínua operando no modo conectado à rede elétrica CA de
distribuição.
1.2. Escopo 26

As investigações realizadas mostram que as técnicas de controle usuais utilizadas


para controle primário dos elementos da microrrede precisam ser adaptadas para funciona-
mento como estratégias de gerenciamento de potência (power managament systems-PMS).
Nesse sentido, uma comparação qualitativa entre os principais métodos de gerenciamento
em microrredes CC é realizada. Realiza-se a comparação entre os métodos convencionais
de controle (droop, droop adaptativo, e hierárquico com camada secundária para desvio
de tensão) com métodos propostos especialmente como PMS em microrredes CC (mestre-
seguidor e droop modificado). Os critérios avaliados incluem a capacidade de autonomia
da microrrede, o uso de linha de comunicação entre os conversores, o desvio de tensão no
barramento CC, e a aplicação do sistema de gerenciamento do banco de baterias (BMS).
Os resultados experimentais mostraram que o controle mestre-seguidor proposto retornou
melhor desempenho em relação aos demais métodos segundo os critérios avaliados. Con-
tudo, uma vez que o método discutido requer uma linha de comunicação com alta largura
de banda para definição do ponto de operação dos conversores, propôs-se o uso do controle
por droop modificado como sistema suporte caso a linha de comunicação falhe. Com isso,
aumenta-se a confiabilidade operacional da microrrede em estudo. Convém destacar que
o uso de linha de comunicação entre conversores é criticado por alguns autores por reduzir
a confiabilidade da microrrede. Entretanto, o apelo por sistemas inteligentes e modernos
integrados ao sistema de distribuição de energia elétrica favorece o uso de tecnologias com
comunicação e processamento de dados. Este trabalho de doutorado segue essa tendência
em pesquisas tecnológicas.
Como melhoria da estratégia de PMS proposta, uma técnica de inércia virtual é
inserida ao método mestre-seguidor desenvolvido. A inércia virtual foi acrescentada ao
sistema de armazenamento de energia para evitar a atuação do banco de baterias em
transitórios de potência. Com isso, a vida útil do banco de baterias é preservada e um
fluxo de potência suave é alcançado na microrrede. A técnica por inércia virtual proposta
permite ajustar a constante de tempo do SAE, bem como a saída de potência em regime
permanente. Mostra-se que o projeto dos parâmetros de inércia virtual influencia na
estabilidade do sistema. Assim, critérios de projeto dos parâmetros são apresentados com
base nas análises paramétricas e de estabilidade. Os resultados experimentais mostraram
a viabilidade técnica da proposta. As características de autonomia, regulação de tensão
no barramento CC, e fluxo de potência suave foram satisfatoriamente obtidas com ajuste
adequado dos parâmetros de inércia do SAE. Uma função de gerenciamento de baterias
(battery management system-BMS) garante a preservação do SAE em níveis seguros de
estado de carga (state of charge-SOC). A estratégia proposta mostrou-se ainda tolerante
a atrasos na linha de comunicação típicos de transmissão sem fio, o que indica a robustez
do sistema proposto.
A integração de um sistema eólico com gerador de relutância variável no bar-
ramento CC da microrrede também é avaliada. O GRV opera com controle direto de
1.3. Contribuições da tese 27

potência para rastreio do ponto de máxima potência eólica. Os parâmetros de controle


do GRV são otimizados de forma offline utilizando a técnica de planejamento de experi-
mentos computacionais proposta para redução do esforço computacional. A otimização é
realizada considerando o balanço entre os objetivos conflitantes de alta eficiência e baixa
ondulação de torque eletromagnético. Como outro diferencial da pesquisa, a tensão de
excitação do GRV foi incluída como parâmetro de otimização. Para aplicação em sistemas
eólicos, propõe-se o uso de um conversor CC-CC bidirecional como conversor de interface
para ajuste da tensão ótima de excitação do GRV. Mostra-se que o conversor de inter-
face adiciona ainda uma característica de filtragem, capaz de reduzir oscilações de tensão
introduzidas pelo GRV na microrrede. Com isso, a qualidade de energia obtida com a inte-
gração do GRV como sistema eólico distribuído é aumentada. Os resultados experimentais
mostraram que a proposta de conexão indireta (com uso do conversor de interface) retorna
melhor desempenho que o sistema com GRV usando conexão direta convencional (sem o
uso do conversor de interface e com tensão de excitação constante). Com ambos os siste-
mas otimizados, os critérios avaliados na comparação foram a eficiência, a ondulação de
torque mecânico, e a distorção da corrente elétrica injetada na rede de distribuição. Uma
redução pouco expressiva da eficiência foi observada devido às perdas extras introduzi-
das pelo conversor de interface, enquanto reduções significativas de ondulação de torque
e no conteúdo de distorção da corrente foram obtidas. Por fim, salienta-se que o uso do
conversor de interface é proposto especialmente para aplicações em microrredes CC, uma
vez que o conversor extra pode ser utilizado para regulação da tensão do barramento da
microrrede em caso de operação ilhada.

1.3 Contribuições da tese


As principais contribuições deste trabalho de doutorado são listadas à seguir:

• Proposta da estrutura e operação da microrrede CC com integração de uma turbina


eólica com GRV, banco de baterias, cargas locais e interconexão com o sistema de
distribuição CA. No modo conectado, o GRV opera rastreando a máxima potência
disponível, por meio do controle direto de potência, enquanto o SAE é responsável
por fornecer/absorver o excedente de energia em função do estado de cargas do banco
de baterias. A rede de distribuição convencional atua como suporte à microrrede,
garantindo a operação transitória e a manutenção do fluxo de potência quando o
SAE estiver limitado pelo estado de cargas.

• Estudo comparativo de técnicas de gerenciamento de potência (PMS) em microrre-


des CC. Esse estudo qualitativo considera as principais estruturas de controle para
gerenciamento de uma microrrede CC integrada à rede de distribuição. Os métodos
convencionais por droop, droop adaptativo, e controle hierárquico são comparados as
1.4. Lista de publicações 28

técnicas propostas de mestre-seguidor e por droop modificado. As estratégias men-


cionadas são avaliadas em função das características de autonomia, gerenciamento
do sistema de armazenamento, regulação da tensão do barramento CC e utilização
de linha de comunicação na microrrede.

• Proposta de um método de gerenciamento de potência para microrredes CC, do tipo


mestre-seguidor, baseado no conceito de inércia virtual. No método proposto, a téc-
nica de inércia virtual é aplicada ao sistema de armazenamento de energia de forma
que a rede de distribuição seja responsável por transitórios de potência dentro da
microrrede, enquanto que o sistema de baterias atua apenas em regime permanente
como efeito da inércia virtual aplicada. Utilizando a técnica proposta, reduz-se o im-
pacto das variações de energia no banco de baterias. Além disso, o método incorpora
um gerenciamento do estado de cargas do banco de baterias, evitando sobrecarga ou
reduções acentuadas da capacidade do sistema de armazenamento. Em caso de falha
da linha de comunicação, o método por droop adaptativo é utilizado como suporte
para manter a microrrede CC operando.

• Proposta de integração do sistema eólico utilizando GRV com a microrrede CC,


operando no modo conectada à rede de distribuição CA, utilizando um conversor
bidirecional CC-CC de interface. Nesse modo, o GRV opera com controle direto
de potência e com parâmetros ótimos obtidos por planejamento de experimentos
computacionais. O conversor de interface atua regulando a tensão de excitação
do GRV em função da velocidade de operação, enquanto a tensão do barramento
CC é regulada por um conversor fonte de tensão (voltage source converter-VSC)
integrado à rede de distribuição. O conversor bidirecional tem ainda atuação de
filtragem, mitigando a ondulação de tensão no barramento CC imposta pelo GRV,
a qual influencia na distorção da corrente elétrica injetada na rede de distribuição
CA.

1.4 Lista de publicações


Os estudos apresentados neste trabalho de doutorado são compilados dos resulta-
dos publicados pela equipe de pesquisa em periódicos científicos e conferências nacionais
e internacionais, como listados a seguir.

1.4.1 Publicações em periódicos


1. Dos Santos Neto, P. J. S., Barros, T. A. S., Catata, E. H. C., Ruppert Filho,
E. (2021). Grid-Connected SRG Interfaced with Bidirectional DC-DC converter in
1.4. Lista de publicações 29

WECS. IEEE Transactions on Energy Conversion. Early Access. (Qualis A1, JCR
4,501).

2. Dos Santos Neto, P. J. S., Barros, T. A. S., Silveira, J. P. C., Ruppert Filho,
E., Vasquez, J. C., Guerrero, J. M. (2020). Power management techniques for grid-
connected DC microgrids: A comparative evaluation. Applied Energy, 269(25920),
115057. (Qualis A2, JCR 8,848).

3. Dos Santos Neto, P. J. S., Barros, T. A. S., Carvalho Silveira, J. P., Ruppert
Filho, E., Vasquez, J. C., Guerrero, J. M. (2020). Power Management Strategy based
on Virtual Inertia for DC microgrids. IEEE Transactions on Power Electronics,
35(11), 11. (Qualis A1, JCR 6,84).

4. Dos Santos Neto, P. J. S., Barros, T. A. S., De Paula, M. V., de Souza, R. R.,
Ruppert Filho, E. (2018). Design of Computational Experiment for Performance
Optimization of a Switched Reluctance Generator in Wind Systems. IEEE Transac-
tions on Energy Conversion, 33(1), 406419. (Qualis A1, JCR 4,501).

5. Silveira, J.P.C, Dos Santos Neto, P. J. S., Barros, T. A. S., Ruppert Filho, E.
Power management of energy storage system with modified interlinking converters
topology in hybrid AC/DC microgrid. International Journal of Electrical Power &
Energy Systems, Volume 130, September 2021, 106880. (Qualis A1, JCR 3,588).

6. Nascimento Filho, P. S, Silveira, J.P.C, Dos Santos Neto, P. J. S., De Paula,


M. V. Barros, T. A. S., Ruppert Filho, E. (2021). Modeling and Experimental
Evaluation of Energy Storage Emulator for Microgrids Application. IEEE Journal
of Emerging and Selected Topics in Power Electronics. Early Access. (Qualis A1,
JCR 4,728).

1.4.2 Publicações em congressos


1. Dos Santos Neto, P. J. S., Catata, H. C. Barros, T. A. S., Ruppert Filho, E.
Optimal Performance of Switched Reluctance Generator in Stand-alone Wind Sys-
tems. IEEE Green Technologies Conference, GreenTech 2021, Denver, Colorado,
EUA (evento Online).

2. Dos Santos Neto, P. J. S., Barros, T. A. S., Ruppert Filho, E., Vasquez, J.
C., Guerrero, J. M. A Power Management Strategy for DC Microgrids Operating in
Grid Connected Mode. International Conference on Applied Energies, ICAE 2019,
Vesteras-Sweden, 2019.

3. Dos Santos Neto, P. J. S., Barros, T. A. S., De Paula, M. V., Ruppert Filho,
E., Vasquez, J. C., Guerrero, J. M. Wind Distributed System Based on Switched Re-
1.5. Organização do texto 30

luctance Generator Using a Bidirectional DC-DC Converter with Sliding Mode Con-
trol. Annual Conference of the Industry Electronics Society, IECON 2019, Lisbon-
Portugal, 2019.

4. Dos Santos Neto, P. J. S., Barros, T. A. S., Silveira, J. P. C., Ruppert Filho,
E., Vasquez, J. C., Guerrero, J. M. Enhanced Power Management System for Droop
Control in a Grid Connected DC Microgrid.. 15th Brazilian Power Electronics Con-
ference and 5th IEEE Southern Power Electronics Conference, COBEP/SPEC 2019,
Santos-Brazil, 2019.

5. Dos Santos Neto, P. J. S., Barros, T. A. S., De paula, M. V., Ruppert Filho,
E. Utilização de um conversor CC-CC bidirecional em um sistema eólico distribuído
baseado em um gerador de relutância variável. In: XXII Congresso Brasileiro de
Automática, 2018, João Pessoa, Brasil.

6. Dos Santos Neto, P. J. S., Barros, T. A. S., De paula, M. V., de Souza, R.


R., Silveira, J. P. C., Ruppert Filho, E. DC Microgrid with Wind Energy Conver-
sion System Based on Switched Reluctance Generator Operating in Grid Connected
Mode. In: 2018 13th IEEE International Conference on Industry Applications (IN-
DUSCON), 2018, São Paulo, Brazil.

1.5 Organização do texto


Este texto está organizado da seguinte forma. Este capítulo introdutório apresen-
tou a motivação e justificativa para o trabalho, além do escopo, contribuições e publicações
relacionadas a este trabalho de doutorado. No Capítulo 2, faz-se um revisão bibliográfica
dos principais pontos de investigação sobre microrredes em corrente contínua e sobre gera-
dores de relutância variável, ambos os temas que formam o escopo principal desta tese. No
Capítulo 2 é apresentada ainda a estrutura da microrrede CC em estudo com descrição dos
elementos que a constituem e respectivos papéis que desempenham na microrrede avaliada.
No Capítulo 3 são apresentadas a modelagem e as estratégias de controle dos elementos
que constituem a microrrede CC. Os principais métodos de gerenciamento de potência
são apresentados em detalhes e uma avaliação qualitativa desses métodos é conduzida.
Dois métodos de gerenciamento são propostos e comparados com as estratégias convenci-
onais adaptadas para funcionarem como sistemas gerenciamento de potência. Ainda no
Capítulo 3, uma microrrede em escala de laboratório é desenvolvida para obtenção dos
resultados experimentais. No Capítulo 4, introduz-se a proposta principal de gerencia-
mento de potência mestre-seguidor com uso de inércia virtual no controle do banco de
baterias. As análises de estabilidade e paramétricas são conduzidas para avaliar a técnica
de gerenciamento proposta. Em caso de falha do sistema de comunicação da estratégia
1.5. Organização do texto 31

principal, um controle por droop adaptativo é aplicado para garantir o funcionamento da


microrrede CC conectada à rede de distribuição. Resultados experimentais são apresen-
tados para validação da proposta. No Capítulo 5, realiza-se o estudo com o gerador de
relutância variável em um sistema eólico de pequeno porte operando como geração distri-
buída. A otimização do desempenho do GRV utilizando planejamento de experimentos
computacionais é mostrada em detalhes. Ainda no Capítulo 5, a proposta do sistema
eólico otimizado com conversor de interface é avaliada experimentalmente. Por fim, no
Capítulo 6, apresentam-se as principais conclusões desta tese e as sugestões para trabalhos
futuros.
32

Capı́tulo 2
Revisão bibliográfica e sistema proposto

2.1 Introdução
este capítulo são apresentados a revisão da literatura e o estado da arte referentes
N às microrredes de corrente contínua e ao gerador de relutância variável em sistemas
eólicos de pequeno porte. O objetivo deste capítulo é fornecer uma visão técnica geral e
um escopo teórico para os temas desenvolvidos nos próximos capítulos deste texto. Uma
contextualização sobre microrredes de corrente contínua, incluindo as diferenças entre um
sistema CC e CA, é apresentada. Em seguida, discutem-se os principais temas de pes-
quisa discutidos na comunidade científica para microrredes CC, com foco particular nos
aspectos de controle e gerenciamento de potência inerentes a este trabalho. Entre os temas
de pesquisa mencionados estão a utilização de fontes renováveis de energia elétrica como
geração distribuída em microrredes CC, o uso de sistemas de gerenciamento de potência,
estudos sobre sistemas de armazenamento de energia, e investigações sobre aspectos de
proteção da microrrede. A modelagem, princípio de funcionamento, e a descrição da ope-
ração do gerador de relutância variável em sistemas eólicos de pequeno porte também são
abordadas neste capítulo. Incluem-se as estratégias de controle adotadas e a configuração
utilizada para acionamento da máquina elétrica. Faz-se, ainda, uma revisão de literatura
de trabalhos anteriores que utilizam o gerador de relutância variável em microrredes de
energia elétrica, os quais foram utilizados como base para o desenvolvimento deste tra-
balho de pesquisa. A revisão bibliográfica efetuada mostra algumas lacunas existentes
no campo de estudos, em especial para o gerenciamento de potência em microrredes de
corrente contínua operando no modo conectado à rede de distribuição convencional e a
integração de sistemas eólicos de pequeno porte com GRV. Por fim, a microrrede CC em
estudo é apresentada em detalhes, com descrição dos elementos integrantes, principais
características, e respectivos focos de investigação deste trabalho.
2.2. Microrredes em corrente contínua 33

2.2 Microrredes em corrente contínua

2.2.1 Contextualização
Os sistemas em corrente contínua voltaram a ser objeto de estudos pela comuni-
dade científica com o avanço de tecnologias em eletrônica de potência [14,28,29]. Destaca-
se, nesse aspecto, a evolução de dispositivos semicondutores na fabricação de chaves de po-
tência, em especial as chaves MOSFETs (metal-oxide-semiconductor field effect transistor)
e IGBTs (insulated gate bipolar transistor). Outro aspecto relevante no desenvolvimento
da eletrônica de potência foi o aumento da capacidade de processamento dos microcon-
troladores, o que tornou possível a implementação de controles sofisticados para atuação
em uma escala de tempo reduzida (mili a microssegundos). Com isso, novas topologias
de conversores surgiram, com respectivo aumento das capacidades de tensão e corrente
elétrica suportadas, seguidas da evolução de novas estratégias de controle e de modula-
ção. Com esse desenvolvimento dos conversores eletrônicos de potência, a manipulação
dos níveis de tensão em corrente contínua tornou-se implementável com alto rendimento,
confiabilidade, e custo reduzido [30, 31].
A opção pela corrente alternada na geração, transmissão e distribuição de energia
elétrica deu-se no começo do século XX, principalmente pelo uso dos grandes geradores
síncronos e transformadores de potência para elevar e abaixar a tensão. Essas equipamen-
tos permitiram reduzir significativamente as perdas elétricas e levar a fonte geradora para
locais apropriados (e.g. queda d’água em usinas hidroelétricas). Com isso, as aplicações
em corrente contínua ficaram restritas a situações especiais como em sistemas de teleco-
municação [32,33], tração de veículos [34,35], e em transmissão de energia em altas tensões
(high voltage DC systems- HVDCs) [36, 37]. Destaca-se a transmissão de energia a custo
competitivo utilizando HVDC, especialmente para conexão de redes CA assíncronas em
longa distâncias ou com cabeamento submarino [19]. Outras utilizações modernas para
sistema de distribuição aplicando etapas em corrente continua incluem aplicações aeroes-
paciais, marítimas, e alimentação de servidores e centrais de dados [2]. A utilização desses
sistemas em corrente contínua permite a redução do tamanho e do peso das estruturas,
além do desacoplamento da frequência de distribuição.
Como discutido anteriormente, uma microrrede de energia elétrica é um sistema
de distribuição de energia que agrupa geração distribuída, sistemas de armazenamento
de energia e cargas consumidoras locais, com capacidade de operar de forma autônoma.
Microrredes em corrente contínua apresentam vantagens sobre estruturas em corrente al-
ternada, tais quais: redução das etapas de conversão de energia, maior eficiência, redu-
ção de perdas internas, ausência de efeito pelicular, e simplicidade de controle, uma vez
que não há circulação de potência reativa ou variação de frequência dentro da micror-
rede [2, 5, 13, 14]. A capacidade das microrredes CC resolverem problemas operacionais
2.2. Microrredes em corrente contínua 34

na rede elétrica principal é defendida em [5, 38]. Com efeito, as microrredes CC são tidas
ainda como interessantes para aplicações residenciais e comerciais no sistema de distribui-
ção [31, 39–41]. O uso de microrredes CC urbanas e inteligentes integradas em instalações
residencias ou comerciais é abordada em [1, 42].
Outro fator que favorece o uso de microrredes CC é a utilização de fontes renová-
veis de energia que, em geral, requerem uma etapa de conversão CC para operar integrada
com a rede elétrica, ou quando diretamente conectadas às cargas consumidoras. Assim,
as microrredes CC permitem uma melhor integração da fonte renovável de energia quando
comparadas às estruturas CA [43–45]. Ademais, a maioria dos dispositivos eletrônicos em
residências ou prédios comercias poderia ser diretamente alimentada em corrente contínua,
o que torna a distribuição CC adequada também em baixas tensões [39, 41, 46]. Uma vez
que os dispositivos de armazenamento de energia e as fontes renováveis exigem alguma
etapa de conversão em corrente contínua, diversos trabalhos consideram as microrredes
CC como capazes de aumentar a eficiência global do sistema distribuído [13, 14, 31, 47].
A comparação entre estruturas de microrredes CA e microrredes CC é apresentada
na Figura 2.1. Podem-se apontar como principais diferenças a natureza da tensão no ponto
de acoplamento comum (PAC) e dos conversores eletrônicos de potência utilizados para
conectar os elementos da microrrede [1]. As fontes de geração distribuída podem ser em
corrente alternada (GD-CA), como é o caso de sistemas eólicos com motores síncronos ou
de indução, ou em corrente contínua (GD-CC), como em um sistema eólico com GRV ou
sistemas fotovoltaicos. As cargas também podem ser alimentadas em CC, como a maioria
dos sistemas eletrônicos, ou em CA, caso comum de alimentação de máquinas elétricas. Os
sistemas de armazenamento de energia (SAE) com banco de baterias processam energia
em corrente contínua.
Como mostrado na Figura 2.1(a), em uma microrrede CA, a tensão e a frequência
elétricas são reguladas no barramento principal. Para melhor processamento da energia
elétrica, utilizam-se conversões CA-CC, com etapa adicional CC-CC, e uma subsequente
etapa CC-CA para conexão dos dispositivos no PAC. Entretanto, essa sequência de etapas
de conversão reduz a eficiência global na microrrede. Tanto a potência ativa (P) quanto a
reativa (Q) circulam no sistema e devem ser monitoradas para gerenciamento. Por outro
lado, em uma microrrede CC como a apresentada na Figura 2.1(b), apenas a tensão do
barramento é regulada e não há circulação de potência reativa em regime permanente, o
que simplifica o controle e o gerenciamento do sistema. Além disso, diversos estágios de
conversão CA-CC são retirados da estrutura e substituídos por um único estágio de retifi-
cação de maior potência, aumentando a eficiência global e reduzindo os custos operacionais
e de instalação da microrrede [2].
A seguir, os principais temas de pesquisa envolvendo microrredes em corrente con-
tínua são abordados. Por ser o foco principal deste trabalho de doutorado, é dada uma
maior relevância para o tópico de controle e gerenciamento das microrredes CC. Outros
2.2. Microrredes em corrente contínua 35

GD-CA

GD-CC
CA
CC
CC CC
CC CC PAC: Regulação de
CC CC tensão e frequência
Rede CA CA P,Q CA P,Q
Chave de
ilhamento P,Q
CA P,Q CA CA P,Q
P,Q CC CC CC
CC CC CC
CC CC CC
CC
CA
SAE
Cargas
CC
Cargas
CA
(a)

GD-CA

GD-CC
CA
CC PAC:Regulação
Rede CA P CC CC de tensão
CC P CC P
CC
CA Chave de CC CC CC
ilhamento P CC
P CC CC P
P,Q
CC
CA
SAE Cargas
CC
Cargas
CA
(b)

Figura 2.1: Comparação entre estruturas de microrredes elétricas: a) microrrede em


corrente alternada; b) microrrede em corrente contínua.
2.2. Microrredes em corrente contínua 36

temas de investigação em destaque incluem a utilização de fontes renováveis como geração


distribuída, o uso de sistemas de armazenamento de energia, a proteção e operacionalidade
da microrrede CC, a análise de estabilidade, o desenvolvimento e análise de novas topolo-
gias de conversores de potência, e o estudo de técnicas de comunicação entre os elementos
do sistema.

2.2.2 Gerenciamento de potência em microrredes CC


O controle e gerenciamento de energia dentro da microrrede são desafios técni-
cos investigados pela comunidade científica. Os métodos mais empregados propostos na
literatura para gerenciar o fluxo de potência na microrrede CC são: controle mestre-
seguidor [44, 48–50], controle por droop e suas variantes [37, 51–59], e o controle hierár-
quico [13, 28, 50, 60–62]. Outros métodos avançados baseados em algoritmos de consenso,
sistema multiagente ou controle robusto estão em desenvolvimento [45, 63–65]. O foco das
pesquisas é especialmente concentrado no modo isolado de operação, uma vez que diver-
sos problemas operacionais surgem quando a rede elétrica convencional não dá suporte à
microrrede. Contudo, havendo a possibilidade de conexão com o sistema elétrico de dis-
tribuição, espera-se que a microrrede opere no modo conectado durante a maior parte do
tempo. Com isso, uma investigação apropriada do controle e gerenciamento de potência
da microrrede CC operando no modo conectado deve ser conduzida.
O gerenciamento energético da microrrede consiste em manter o balanço de po-
tência entre as fontes de energia elétrica, os dispositivos de armazenamento de energia e
as cargas consumidores. Em microrredes em corrente contínua, esse balanço de potência
deve resultar em uma tensão de barramento CC estável. A estabilidade da tensão do bar-
ramento CC é essencial para evitar a interrupção da operação dos dispositivos e, em casos
extremos, o colapso do sistema elétrico [66]. Para realizar o gerenciamento da microrrede
CC, deve-se garantir a capacidade da regulação do fluxo de potência, da tensão e do com-
partilhamento da carga em qualquer ponto de operação do sistema, mesmo com variação
da geração elétrica e da carga [65, 66]. Outro aspecto fundamental é a determinação de
pontos de operação estáveis para cada controlador das fontes de energia elétrica. Essa
funcionalidade pode ser realizada por um operador, de forma individualizada para cada
conversor eletrônico de potência, ou por sistemas automatizados que podem incluir comu-
nicação e inteligência artificial [50, 67, 68]. Por fim, o gerenciamento da microrrede CC
deve ser capaz de responder a faltas na rede elétrica principal. Isso impacta na maneira
de projetar os componentes do sistema e os controladores dos conversores eletrônicos de
potência.
O método mais empregado para gerenciamento de energia em uma microrrede
CC é o controle por droop de tensão. Nesse método, a tensão de saída de cada conversor
eletrônico de potência conectado ao barramento CC varia linearmente com a corrente elé-
2.2. Microrredes em corrente contínua 37

Microrrede CC
Microrrede CC
Camada Primária
I1
I1 Conversor
Vref Vcc
Conversor #1
Vref Vcc
#1
DV
I2
I2 Conversor
Camada Secundária Vref Vcc
Conversor #2
Vref Vcc
#2 Central DV
DV IL
de Controle
IL
Vcc Carga
Vcc Carga
In
In Conversor
Vref Vcc
Conversor #n
Vref Vcc
#n
DV

(a) (b)

Microrrede CC
Camada Primária Microrrede CC
Camada I1
Secundária V Conversor
ref Vcc Mestre I1
#1
Vref Conversor
Vcc
DV #1
DV1 I2

Vref Conversor I2
Vcc Seguidor
#2
I ref Conversor
Vcc
DV IL #2
DV2
Vcc Carga IL

In Vcc Carga
Vref Conversor
Vcc Seguidor In
#n
I ref Conversor
#n Vcc
DV
DVn

(c) (d)

Figura 2.2: Métodos de gerenciamento de energia em uma microrrede CC: a) controle


descentralizado; b) controle hierárquico centralizado; c) controle hierárquico distribuído;
d) controle mestre-seguidor.

trica de saída. Consequentemente, a potência de saída de cada conversor é gerenciada em


função da tensão de operação. Esse comportamento baseia-se na operação de geradores
síncronos em sistemas de potência, em que a frequência de geração varia em função da
potência gerada. Como mostrado na Figura 2.2(a), o controle por droop e suas variantes
são decentralizados, i.e. não necessitam de um canal de comunicação entre os conversores,
o que é especialmente útil para a operação ilhada. Um controle por droop convencional,
contudo, acarreta em problemas como incompatibilidade na corrente compartilhada entre
os conversores, principalmente devido à diferença nas perdas de linha para cada disposi-
tivo. Para solucionar esse problema, diversos autores propõem técnicas de droop variável,
ou adaptativo, de forma a ajustar adaptativamente o compartilhamento de potência na
2.2. Microrredes em corrente contínua 38

microrrede [51, 55–58, 62, 69–78]. Métodos de controle distribuído para melhoria de de-
sempenho e correção dos problemas citados são discutidos em [67, 79–86]. Tais método
aplicam a estrutura básica do controle por droop aliada a técnicas de controle cooperativo,
lógica fuzzy, ou sistemas multiagente de forma distribuída e complementar à impedância
virtual.
Outro método descentralizado de gerenciamento de energia em uma microrrede
CC é a sinalização de barramento [70, 87–90]. Nessa estratégia, o nível de tensão do
barramento CC indica a atuação de determinados dispositivos, o que retorna autonomia
da microrrede de forma distribuída, sem a necessidade um controle central. Assim, vários
pontos de operação são pré-estabelecidos, os quais indicam a entrada ou saída de geração de
energia ou cargas, em função da tensão momentânea do barramento em corrente contínua
[17]. Os diferentes níveis de tensão também podem ser utilizados para alternar entre
os modos conectado à rede elétrica ou ilhado. Entretanto, uma maior complexidade de
operações dentro da microrrede resulta em uma quantidade elevada de níveis de tensão
escolhidos. Com isso, ao considerar os limites de tensão necessários para o funcionamento
adequado dos dispositivos conectados ao sistema, as faixas possíveis de operações são
limitadas ao se utilizar o método de sinalização de barramento. Portanto, esse método é
restrito a microrredes com poucos elementos internos.
A principal desvantagem dos métodos de controle descentralizados, como o droop
ou a sinalização de barramento, é o característico desvio na tensão do barramento CC.
Para corrigir esse desvio de tensão, camadas superiores de controle são inseridas em uma
estrutura hierárquica, dando origem ao controle hierárquico [13, 50, 61, 62, 91–104]. Essas
camadas superiores de controle podem ser projetadas de maneira centralizada, o que requer
o uso de linhas de comunicação de baixa largura de banda, tal qual mostrado na Figura
2.2(b); ou de maneira distribuída, na qual uma unidade central não é necessária e os
conversores ajustam entre si a tensão de operação (Figura 2.2(c)) . O controle hierárquico
para microrredes CC foi proposto por [91]. Na topologia proposta pelos autores, o controle
primário de cada conversor é implementado por droop de tensão. Um controle secundário
corrige o desvio de tensão no barramento CC produzido pelo controle primário. Por fim,
uma camada terciária é adicionada para gerenciar o fluxo de potência entre a microrrede e
o sistema de distribuição externo. Diversos trabalhos propõe modificações e melhorias no
projeto e gerenciamento do controle hierárquico para microrredes CC, tanto em estruturas
centralizadas quanto descentralizadas [61, 62, 67, 92–96, 98, 100, 101, 103, 104].
O gerenciamento de potência pelo método centralizado mestre-seguidor apresenta
vantagens sobre os métodos mencionados, quais sejam: simplicidade de implementação,
procedimento prático de comunicação entre conversores e alto desempenho sem desvios na
tensão no barramento CC ou problemas no compartilhamento de corrente entre converso-
res [10, 44, 48, 49]. Nessa estratégia, as variáveis da microrrede como tensões e correntes
elétricas são medidas e processadas de forma que as referências de potência para cada
2.2. Microrredes em corrente contínua 39

conversor sejam estabelecidas. A técnica mestre-seguidor, contudo, requer uma comu-


nicação com alta largura de banda entre os dispositivos em uma estrutura centralizada,
conforme representado na Figura 2.2(d). Um dos conversores atua como a unidade mestre,
como um conversor formador de rede, enquanto os demais são controlados como unidades
seguidoras denominadas conversores de suporte ou de alimentação de rede. O método
mestre-seguidor é criticado por consistir em um ponto único de falha, caso o conversor for-
mador ou o sistema de comunicação apresentem algum defeito, o que restringe a resiliência
da microrrede CC [5, 43]. Um outro ponto de vista, contudo, considera que no contexto
redes elétricas inteligentes (smart grids), o sistema de comunicação dentro da microrrede
deve ser confiável e robusto. Portanto, a utilização de linhas de comunicação entre os
conversores de potência em microrredes deve ser encarada como uma realidade [5, 50, 68].
Estratégias avançadas de controle não-linear são propostas na literatura para ge-
renciamento de microrredes CC, como aprimoramento dos métodos convencionais discu-
tidos [45, 63, 64, 78, 105–107]. Entre esses métodos, destacam-se a aplicação de teoria dos
jogos, em que cada conversor eletrônico de potência é visto como um jogador tomando
decisões de forma estratégica [105]; o controle cooperativo, em que a interação dos ele-
mentos da microrrede é formulada como um problema de controle ótimo para identificação
das variáveis de controle dos dispositivos [106]; e o controle baseado em passividade [63],
que utiliza uma ferramenta teórica baseada na conservação de energia para garantir a es-
tabilidade geral da microrrede CC [63]. Os métodos não-lineares citados tem forte apelo
teórico, mas são pouco práticos devido à complexidade de implementação e excessivo es-
forço computacional.
A escolha da estratégia de controle e gerenciamento de potência depende da apli-
cação e dos elementos internos que compõem a microrrede. Em geral, uma estrutura de
controle centralizada garante maior desempenho, mas reduz a confiabilidade do sistema.
Uma estrutura distribuída, por sua vez, aumenta a confiabilidade ao custo de redução de
desempenho. Uma descrição mais detalhada dos métodos de gerenciamento em uma mi-
crorrede CC é apresentada no Capítulo 3, em que é realizada uma comparação qualitativa
das principais técnicas aplicadas à microrrede CC em estudo neste trabalho de pesquisa.

2.2.3 Integração de fontes renováveis


A operação de microrredes CC com geração distribuída proveniente de fontes alter-
nativas de energia elétrica é amplamente discutida na literatura. Por gerarem em corrente
contínua, os sistemas fotovoltaicos têm maior apelo para integração em microrredes CC.
Esses sistemas fotovoltaicos integrados à microrrede são discutidos em [42, 45, 87, 90, 108].
Têm-se como principais focos de investigação o gerenciamento da microrrede frente à va-
riações de irradiação solar e a operação conjunta entre o sistema fotovoltaico e os bancos
de baterias. A utilização de turbinas eólicas como geração distribuída em microrredes
2.2. Microrredes em corrente contínua 40

CC é abordada em [66, 109–114]. Os sistemas eólicos adotam estágios de conversão em


corrente contínua para aproveitamento da energia eólica na operação em velocidade va-
riável. Destacam-se, como os principais focos de investigação, o rastreamento de máxima
transferência de potência da turbina eólica e a coordenação entre a geração distribuída
e o sistema de armazenamento de energia. Por fim, a combinação de sistemas eólicos e
sistemas fotovoltaicos integrados de forma complementar na microrrede CC é objeto de
estudo em [44, 49, 61, 79, 115]. As estratégias de gerenciamento investigadas consistem em
aproveitar o máximo de potência de cada fonte renovável, enquanto os sistemas de arma-
zenamento absorvem o excesso ou fornecessem o déficit de energia elétrica requisitada pela
carga consumidora.

2.2.4 Sistema de armazenamento de energia


Os sistemas de armazenamento de energia são fundamentais para o funciona-
mento autônomo das microrredes. Esses dispositivos funcionam de forma suplementar à
geração distribuída, mitigando parte do problema ocasionado pela natureza intermitente
de fontes renováveis. Em sua maioria, os trabalhos na literatura técnica utilizam ban-
cos de baterias como sistema de armazenamento devido à maturidade das tecnologias e
a densidade de energia de tais dispositivos, a qual é ideal para aplicação em sistemas de
potência. Para microrredes CC, o gerenciamento de bancos de bateria compondo SAE são
discutidos em [62, 69, 103, 116, 117]. Os métodos abordados incluem o controle primário
e secundário do sistema de armazenamento para carga e descarga apropriada das bate-
rias, além do gerenciamento do estado de carga do banco para preservação da vida útil
do SAE. Estratégias análogas focadas no gerenciamento e controle de supercapacitores
são encontradas em [118, 119]. O gerenciamento de múltiplos sistemas de armazenamento
dentro de uma única microrrede é discutido em [51, 71, 79, 104]. A opção por múltiplos
SAE é feita quando a potência nominal do banco de baterias é alta, o que exigiria maior
custo em cabeamento e na proteção do sistema. Opta-se, assim, por dividir a potência do
SAE em diversos bancos de baterias independentes de menor capacidade. Nesses casos,
a coordenação dos SAE é necessária para garantir o balanço adequado de energia entre
as unidades, evitando o desequilíbrio de cargas entre os múltiplos elementos. Uma outra
opção discutida na literatura é a utilização de um sistema híbrido, composto por SAEs de
naturezas distintas [54, 76, 102, 119]. Nesse arranjo híbrido, a opção mais usual consiste
na utilização de dispositivos com alta densidade de energia, como banco de baterias, em
conjunto com dispositivos de alta densidade de potência, como supercapacitores. Pode-se
ainda utilizar diferentes tecnologias de um mesmo dispositivo, e.g. baterias de chumbo-
ácido e baterias de íons de lítio. A hibridização do SAE ajuda a minimizar as variações
de tensão no PAC, diminuir o impacto de transitórios na microrrede, reduzir o tamanho
dos sistemas, e estender a vida útil dos dispositivos.
2.2. Microrredes em corrente contínua 41

2.2.5 Análise de estabilidade


A análise de estabilidade de microrredes CC, especialmente frente ao problema
de alimentação de cargas de potência constante (constant power loads- CPL), é abordada
em [37, 65, 76, 90, 120–135]. Os conversores eletrônicos de potência com estrita regulação
de tensão se comportam como cargas de potência constante, com resistência incremental
negativa, as quais podem introduzir efeito desestabilizante na tensão do barramento CC ao
reduzir a margem de estabilidade do sistema. Assim, as microrredes CC podem apresentar
problemas de estabilidade quando as cargas consumidoras e os equipamentos eletrônicos
são conectados. Os trabalhos que investigam esse problema tratam da modelagem e análise
dinâmica dos conversores de potência que atuam como CPL, além de propostas para
melhorar a estabilidade da microrrede CC. Entre as propostas apresentadas destacam-
se os métodos passivos para readequação das impedâncias dos conversores eletrônicos de
potência [65,120,127,129,131]. Destacam-se ainda o método de amortecimento ativo dado
por meio da adição de impedâncias virtuais ou técnicas não-lineares utilizadas no controle
dos conversores [37, 76, 90, 121, 124–126, 130, 132, 135].

2.2.6 Proteção e operacionalidade


Técnicas maduras e dispositivos consolidados, como relés e disjuntores, são am-
plamente utilizadas para proteção e operacionalidade no sistema de distribuição CA. Para
microrredes, o principal desafio é a bidirecionalidade do sistema, o que requer algorit-
mos apropriados para atuação dos dispositivos de proteção. Além disso, dispositivos e
estratégias de proteção em corrente contínua não apresentam o mesmo estágio de desen-
volvimento quando comparados com sistemas em corrente alternada. O primeiro problema
é que, em sistemas CC, a corrente elétrica durante faltas é alta, necessitando-se assim de
uma rápida resposta de atuação do sistema de proteção [1,136]. Em segundo lugar, tem-se
que a interrupção de uma corrente alternada é facilitada pelo cruzamento por zero, mo-
mento ideal para interrupção do circuito. Em corrente contínua, entretanto, não há esse
cruzamento por zero, o que pode resultar em arcos elétricos provocados pela interrupção
do sistema energizado [1, 19]. Esquemas de proteção para microrredes CC são discutidos
em [136–141]. As pesquisas abordam o projeto do sistema de proteção para diferentes
tipos de falta em microrredes CC, com coordenação dos elementos, identificação e isolação
da falta; além de propostas de dispositivos de uso específico em sistemas CC considerando
as características dos conversores de potência.

2.2.7 Topologias de conversores eletrônicos de potência


Novas topologias e respectiva análise de conversores eletrônicos de potência de-
senvolvidas especialmente para aplicações em microrredes CC são apresentadas nos tra-
2.3. Gerador de relutância variável 42

balhos [58, 133, 142–152]. A principal categoria de conversores propostos são conversores
CC-CC bidirecionais de alto desempenho, com objetivo de reduzir o estresse sobre as cha-
ves de potência e aumentar a capacidade de integração com o barramento em corrente
contínua. Proposta de novas topologias e análise de conversores CC-CC bidirecionais são
discutidos em [143, 147, 148]. Transformadores de estado sólido também são propostos
para integração entre a rede de distribuição CA e a microrrede CC [133, 144–146]. Tais
dispositivos substituem o uso dos transformadores de distribuição convencionais, que ope-
ram em corrente alternada, por um conversor de potência com alta controlabilidade e com
possibilidade de regular o fator de potência no PAC, compensar harmônicos, e participar
ativamente na identificação e supressão de faltas na microrrede. Uma linha de pesquisas
recentes propõe o uso de conversores eletrônicos de potência como molas elétricas (electric
springs) híbridas para regulação de tensão em microrredes CC [151, 152].

2.2.8 Sistemas de comunicação


Embora diversas linhas de pesquisa considerem fundamental que o gerenciamento
de microrredes seja feito de forma descentralizada e sem comunicação entre os conversores,
o conceito de redes elétricas inteligentes diverge desse ponto de vista. Com isso, uma
vertente majoritária de pesquisas desenvolve estratégias de gerenciamento com algum grau
de comunicação entre os dispositivos, ainda que de forma hierárquica e distribuída. Para
tornar o sistema de comunicação em microrredes CC mais robusto e confiável, a análise
e desenvolvimento de protocolos e estratégias de compartilhamento de informação entre
conversores eletrônicos de potência são discutidos em [5,50,53,67,68,153]. A influência do
atraso da linha de comunicação de baixa largura de banda é abordada em [53, 67]. Uma
revisão dos principais protocolos de comunicação passíveis de utilização em microrredes
CC é apresentada em [5], tomando como base a distância dos elementos, latência, largura
de banda e segurança dos protocolos. O impacto da latência de comunicação em controles
centralizados durante o ilhamento de uma microrrede CC é discutido em [68], em que
a relevância da capacitância do barramento CC na latência do sistema de comunicação
é evidenciada. Por fim, estratégias de gerenciamento em microrredes CC com base em
técnicas inovadoras de comunicação são apresentadas em [50, 68].

2.3 Gerador de relutância variável

2.3.1 Contextualização
Pode-se considerar a concepção da máquina de relutância variável como pioneira
entre as máquinas elétricas, ainda no século XIX. Inicialmente essas topologias primitivas
eram classificadas como máquinas de circuitos magnéticos separados e máquinas de circui-
2.3. Gerador de relutância variável 43

tos magnéticos mutuamente acoplados. As aplicações na época eram voltadas para tração
em locomotivas, tendo como influência as máquinas a vapor [154]. Contudo, o baixo desem-
penho dessas máquinas primitivas fez com que outras tecnologias se tornassem dominante
na época e a máquina de relutância fosse praticamente abandonada pela comunidade cien-
tífica. A redescoberta da máquina de relutância também é fortemente atrelada à evolução
da eletrônica de potência a partir da década de 1960, com o desenvolvimento das chaves
de potência [154–156]. A demanda por máquinas elétricas na indústria e em aplicações do-
mésticas ainda na década de 1960 favoreceu o ressurgimento de pesquisas com a máquina
de relutância variável. Atualmente, graças a essas pesquisas científicas, essas máquinas
encontram nichos de aplicação relevantes como em sistemas eólicos de velocidade variável,
veículos elétricos, em eletrodomésticos, e maquinários agrícolas.
Entre as principais vantagens da máquina de relutância estão o baixo custo de
manufatura devido à ausência de imãs e bobinas no rotor e a alta densidade de potên-
cia, uma vez que as perdas no cobre são reduzidas [25, 154]. Assim, essas máquinas são
excelentes opções para uso em sistemas que exigem uma ampla faixa de velocidade, neces-
sidade de esforço mecânico e variação excessiva de temperatura. A máquina de relutância
variável apresenta ainda uma ótima tolerância a faltas devido à independência entre as
fases, o que leva a uma ausência de tensão de circuito aberto e consequente baixa corrente
de curto-circuito. Como desvantagens, mencionam-se a alta ondulação de torque eletro-
magnético, o que causa estresse mecânico e alto ruído; a alta não-linearidade, que dificulta
o projeto mecânico e de controle da máquina; e a necessidade de sensores de posição e
sistema de controle, mesmo para aplicações simples [157,158]. Além disso, para aplicações
isoladas, a máquina de relutância necessita de excitação externa em corrente contínua para
magnetizar as bobinas do estator [159].
A máquina de relutância variável funciona pelo principio da mínima relutância,
no qual o rotor é atraído para uma posição alinhada com os polos do estator quando a
respectiva fase é energizada. A energização coordenada das fases da máquina faz com
que o rotor gire ou seja produzida uma tensão no estator de forma síncrona com esse
acionamento. O momento da energização das fases determina a operação da máquina como
motor, ou como gerador [160, 161]. Se as fases forem energizadas quando a indutância é
crescente, a máquina operará como motor e o conjugado resultante será positivo. Caso a
energização ocorra no período em que a indutância decresce, o conjugado será negativo,
caracterizando a operação como gerador [25, 155]. Portanto, para a seleção do modo de
funcionamento é necessário o conhecimento da posição do rotor, o que é feito de forma
precisa por meio de sensores de posição, ou de forma aproximada por meio de técnicas de
estimação.
A operação da máquina de relutância variável como motor é mais consolidada
e apresenta estágio de desenvolvimento mais maduro. A operação como gerador vem
sendo desenvolvida com base em soluções tecnológicas e aplicações recentes, especialmente
2.3. Gerador de relutância variável 44

em turbinas eólicas de velocidade variável e veículos elétricos. Duas vertentes principais


para sanar as dificuldades de utilização do GRV são o projeto da estrutura mecânica da
máquina e o acionamento e controle utilizando um conversor eletrônico de potência. Esta
seção apresenta o princípio de operação e as principais linhas de pesquisas relacionadas
ao gerador de relutância variável discutidas na literatura técnica. São abordados os temas
de modelagem e projeto do gerador, as estratégias de acionamento e controle, estratégias
de otimização, e as principais aplicações do gerador de relutância variável, com foco na
aplicação em sistemas eólicos, objeto de estudo deste trabalho.

2.3.2 Princípio de operação


Uma máquina de relutância variável possui polos salientes no estator e no rotor,
ambos com estrutura laminada para limitar as correntes parasitas no núcleo magnético.
Não há necessidade de bobinas ou imãs no rotor, uma vez que essa máquina funciona
pelo princípio da mínima relutância [23, 25]. O desalinhamento entre os polos é dado pela
diferença entre o número de polos do estator e do rotor. Esse desalinhamento garante
torque inicial de partida na operação como motor. A escolha do número de polos afeta
principalmente a ondulação do torque eletromagnético produzido pela máquina. O arranjo
uniforme e equidistante das bobinas do estator garante produção de um torque balanceado
em cada fase [162]. A escolha do número de fases, por sua vez, modifica a frequência dos
pulsos de corrente aplicados, com consequente alteração das tensões e correntes elétricas
produzidas. A operação nos quatro quadrantes é obtida com pelo menos três fases.
Uma máquina de relutância variável trifásica 12/8 (número de polos do esta-
tor/número de polos no rotor) e os respectivos perfis de indutância e torque eletromagné-
tico durante a operação como motor e gerador são apresentados na Figura 2.3.
Como mostrado na Figura 2.3, a indutância da máquina apresenta valor mínimo
na posição desalinhada D, quando a relutância é máxima. Na posição alinhada AL , a
indutância é máxima, enquanto a relutância é mínima. A posição S indica o início do
alinhamento dos polos, enquanto S 0 indica o início de desalinhamento. A passagem do
rotor partindo de D, passando por S, por AL e S 0 , e retornando a D define um ciclo
elétrico [162]. Quando as bobinas de uma fase são energizadas, os pares de polos do
rotor que são adjacentes aos polos do estator dessa fase ativada se movem para a posição
alinhada, enquanto que os demais polos do rotor são movidos para posições desalinhadas.
Quando a fase subsequente é energizada, esse processo se repete. Na operação como
motor, as bobinas das fases são ativadas quando a indutância é crescente; ou seja, quando
os polos do rotor aproximam-se do alinhamento. Nesse caso, o torque eletromagnético
produzido é positivo. Para operar como gerador, deve-se energizar as bobinas das fases
quando a indutância for decrescente, o que significa que os polos do rotor aproximam-se
do desalinhamento. Com isso, obtém-se torque eletromagnético negativo [23, 25].
2.3. Gerador de relutância variável 45

Posição
Alinhada
Bobinas
do estator Posição
B A C Desalinhada

B L (q , i )
C
Rotor
Estator
A A
D S AL S’ D S AL S’
q
T (q , i )

B C
Motor q
Gerador
B
C A

Figura 2.3: Estrutura da máquina de relutância variável trifásica 12/8 e perfis de indu-
tância e torque eletromagnético.

Um máquina de relutância variável pode ser representada dinamicamente, por


fase, pela equação:

dλ (i, θ)
Vgrv = Ri + (2.1)
dt
em que Vgrv é a tensão terminal do gerador, R é a resistência elétrica do enrolamento do
estator, λ é o fluxo concatenado com o enrolamento do estator, i é a corrente elétrica no
enrolamento do estator, e θ é a posição angular do rotor [25, 162].
A indutância da máquina é dependente da corrente elétrica e da posição angular
do rotor por conta da estrutura de polos salientes, que faz com que o entreferro varie a
posição relativa dos polos. Como λ = L (θ, i) i, tem-se que:

di dL (θ)
Vgrv = iR + L (θ) +i (2.2)
dt dt

di dL (θ) dθ
Vgrv = iR + L (θ)
+i (2.3)
dt dθ dt
As Equações (2.2) e (2.3) são válidas se a máquina não estiver saturada magneti-
camente. Como a velocidade angular do rotor é dada por ω = dθdt
, tem-se:

di dL
Vgrv = iR + L (θ) +i ω (2.4)
dt dθ
ou ainda,
di
Vgrv = iR + L (θ) +e (2.5)
dt
2.3. Gerador de relutância variável 46

em que e = ωi ∂L
∂θ
é força contra-eletromotriz, a qual é responsável pela potência no entre-
ferro que é convertida em potência mecânica na operação como motor.
A potência do GRV é obtida multiplicando a Equação (2.3) por i e manipulando
as expressões de forma que:

d 1 1
 
Pgrv = i2 R + L (θ) i2 + i2 L (θ) ω (2.6)
dt 2 2
Da Equação (2.6), pode-se notar que o primeiro termo do lado direito é a potência
elétrica dissipada no cobre do estator. O segundo termo representa a potência armazenada
no campo magnético da bobina. O último termo representa a potência no entreferro,
convertida em potência mecânica na operação como motor [23,25]. Uma vez que a potência
mecânica é dada por Pmec = T ω, tem-se que:

1 dL (θ, i)
T (i, θ) = i2 (2.7)
2 dθ
em que T (i, θ) é o torque eletromagnético da máquina de relutância.
O torque eletromagnético instantâneo é função da corrente elétrica e da posição
do rotor. Porém, o torque é independente da polaridade da corrente, o que garante a
unidirecionalidade do acionamento. A dependência com o quadrado da corrente faz com
que essa máquina tenha ainda um excelente torque de partida. Entretanto, a natureza
não-linear dessas equações faz com que a obtenção de um modelo equivalente simples para
a máquina de relutância variável não seja possível.

2.3.3 Modelagem e projeto


Devido à impossibilidade de obtenção de um modelo simplificado para a máquina
de relutância variável, uma vasta linha de pesquisas aborda as temáticas de modelagem e
projeto da máquina para funcionamento como gerador elétrico. Os métodos de modelagem
do GRV podem ser divididos em três categorias básicas: o método analíticos, o método
gráfico baseado em elementos finitos (finite element method - FEM), e o método baseado
em curvas experimentais. Métodos analíticos são apresentados para obtenção das carac-
terísticas dinâmicas do GRV em [163–171]. A principal desvantagem desses métodos é a
necessidade de utilização de diversos parâmetros construtivos que, na maioria das vezes,
não estão disponíveis para o projetista. Os métodos analíticos são práticos para repre-
sentar condições específicas de operação, mas são menos precisos do que os demais ao se
considerar toda a faixa de operação do gerador. O método baseado em elementos finitos
é utilizado em [44, 172, 173]. O uso de FEM é feito por meio de softwares específicos, os
quais retornam excelente precisão no comportamento eletromagnético não-linear do GRV.
Essa técnica é madura e bem desenvolvida, porém exige alto esforço computacional na
solução para elementos finitos a cada passo de integração. Métodos experimentais para
2.3. Gerador de relutância variável 47

levantamento do modelo do GRV são discutidos em [174–176]. Os métodos experimentais


são os de maior utilidade prática, quando se tem um GRV fabricado e deseja-se obter
as características da máquina. Tais métodos retornam uma precisão intermediária entre
métodos analíticos e os FEM e possuem como desvantagem a falta de previsão da altera-
ção de variáveis físicas, como temperatura e umidade, não inclusas no momento do ensaio
experimental.
O projeto físico do gerador de relutância variável é discutido em [101,177–190]. A
técnica de análise de elementos finitos é amplamente utilizada pelos autores no projeto, di-
mensionamento, e em propostas de novas geometrias para a máquina de relutância. Entre
os méritos dessa técnica estão a flexibilidade, adaptatividade e maior precisão em relação
aos demais métodos [27]. A análise por FEM é usualmente combinada com estratégias de
otimização, em especial os algorítimos genéticos, para obtenção dos parâmetros construti-
vos ótimos nos projetos do gerador [187]. Entre as propostas de novas topologias projetadas
para o gerador de relutância destacam-se o GRV com núcleo tipo C [189], as topologias
tubulares [101], de fluxo transverso [186], e as topologias de GRVs auto-excitados [185].
Esses projetos visam mitigar parte das desvantagens do gerador de relutância variável por
meio de modificações estruturais na máquina.

2.3.4 Acionamento e estratégias de controle


Para energização coordenada das fases do GRV, faz-se necessário o uso de con-
versores eletrônicos de potência e respectivas técnicas de acionamento apropriadas. Em
cada ciclo de ativação, deve-se magnetizar a fase do GRV, recuperar a energia convertida
de mecânica para elétrica e, por fim, desenergizar o enrolamento. O conversor em meia
ponte assimétrica (asymmetric half bridge-AHB) é o mais utilizado no acionamento do
gerador de relutância variável por promover de forma direta as etapas de acionamento
mencionadas [23,25,162]. Um circuito do GRV com conversor AHB é mostrado na Figura
2.4(a). Cada braço do conversor é formado por duas chaves de potência e dois diodos de
roda livre para recuperação da energia convertida. As chaves e os diodos são dispostos em
diagonal, de forma assimétrica. A fonte externa é necessária para pré-carga do capacitor
do barramento e consequente magnetização inicial das bobinas do estator. Essa fonte é
retirada após o início da operação da máquina como gerador. O filtro capacitivo de saída
é projetado para manter a tensão no barramento CC com baixa ondulação.
Pode-se resumir o acionamento do conversor AHB para a operação do GRV da
seguinte forma: ambas as chaves das fases do AHB devem ser acionadas durante o período
de magnetização (ou excitação), no qual a respectiva fase do GRV recebe a tensão de
excitação e a corrente elétrica circula por seus enrolamentos, como mostrado na Figura
2.4(b). Para cada período de excitação, a energia é armazenada no campo magnético da
fase correspondente. Durante a etapa de geração, mostrada na Figura 2.4(c), as chaves são
2.3. Gerador de relutância variável 48

GRV

B A C

C B

A A

B C

B
C A

Fonte
Externa Conversor em meia ponte assimétrica Carga

D2 D4 D6
S1 S2 S3

C R
Vext Fase A Fase B Fase C

S1B S2 B S3B
D1 D3 D5

(a)

Excitação Geração

S D2 S D2

C R C R

SB SB
D1 D1

(b) (c)

Figura 2.4: Conversor para acionamento do GRV: a) AHB trifásico; b) etapa de excitação;
c) etapa de geração.

desligadas e a energia circula para a carga, com adição da conversão eletromecânica resul-
tante. Uma fase intermediária adicional de roda livre pode ser acrescentada para produzir
tensão nula, se desejável. O conversor AHB produz um fluxo de corrente unidirecional,
com as fases isoladas eletricamente umas das outras [162].
Para o GRV, a velocidade de base é definida como aquela em que a força contra
2.3. Gerador de relutância variável 49

eletromotriz e a tensão no barramento CC se igualam, ou seja, e = Vgrv na Equação


2.5. Na velocidade de base, as correntes de fase atingem o valor nominal constante sem a
necessidade de corrente de regulação [23]. Para baixas e médias velocidades, a força contra
eletromotriz é menor do que a tensão no elo CC e, assim, a corrente na fase decresce ao
fim da etapa de excitação. O controle por histerese de corrente ou por PWM pode ser
aplicado para regular a corrente de fase. Para altas velocidades, no entanto, a força contra-
eletromotriz é maior do que a tensão no elo CC. Nesse caso, a corrente elétrica tende a
aumentar e não há controle da mesma após o período de excitação. O limite da corrente
é dado pela própria força contra-eletromotriz da máquina. Com isso, a operação por
pulso único é necessária [159, 161]. Ambas as formas de controle de corrente do GRV são
apresentadas na Figura 2.5.

Histerese Pulso único


Lmax Lmax
Excitação Excitação
Vgrv Vgrv
ref

Lmin Lmin
Geração
q Geração
qon qoff qon qoff qf

Indutância Indutância
Tensão Tensão
Corrente Corrente

-Vgrv -Vgrv

Figura 2.5: Acionamento do gerador de relutância variável por histerese de corrente e por
pulso único (adaptada de [191])

Os ângulos de ativação, a indutância, a tensão, e a corrente elétrica em uma fase


do GRV são mostrados na Figura 2.5. Define-se o ângulo de ligação, θon , como aquele
em que a fase é energizada com aplicação de uma tensão positiva nas bobinas. Nesse
momento, o período de excitação começa e a corrente elétrica passa a circular na máquina
para ambos os modos de operação. Na operação por histerese, a corrente é controlada na
etapa de geração. O ângulo de desligamento, θof f , é definido de maneiras distintas nas
operações por histerese e por pulso único. Quando o GRV opera por histerese, o ângulo de
desligamento é definido como aquele em que as chaves são desligadas e a corrente elétrica
cai a zero rapidamente. Nesse caso, o período θon − θof f é o definido como intervalo de
condução. Na operação por pulso único, o ângulo de desligamento marca a abertura das
chaves e início do processo de geração. Nesse caso, a corrente elétrica continua circulando
2.3. Gerador de relutância variável 50

na fase, sem controle, até ser totalmente extinta em θf .


Diversas estratégias voltadas ao controle e acionamento do gerador de relutância
variável são reportadas na literatura [23]. Essas estratégias de controle podem ser divididas
em controle da velocidade do gerador, controle da tensão de saída e controle de potência
média. Nas três situações, utilizam-se duas malhas fechadas de controle, em que a malha
interna é dada por um controle de corrente, utilizando os métodos de acionamento por
histerese (ou PWM) e pulso único; e a malha externa define a aplicação do GRV. O controle
de tensão é utilizado quando o GRV alimenta cargas fixas ou em situações em que a tensão
de saída do gerador deve ser regulada [148, 169, 186, 192–208]. Embora mais comum na
operação da máquina de relutância variável como motor, o controle de velocidade pode ser
utilizado em GRV em sistemas eólicos para obtenção do pico de eficiência aerodinâmica,
ou em veículos elétricos alternando entre a operação motor e gerador [23,24,209–213]. Por
fim, o controle de potência pode ser aplicado quando é exigido regulação da potência média
de saída, tal qual em aeronaves, veículos elétricos ou em turbinas eólicas de velocidade
variável [62, 151, 207, 214–222].

2.3.5 Estratégias de otimização


Vários trabalhos discutem o problema de desempenho ótimo do gerador de relu-
tância variável [23, 62, 148, 151, 194, 196, 201, 205, 208, 210, 214, 216, 219, 221, 223–226]. Os
métodos propostos podem ser classificados em estratégias online, nas quais expressões
aproximadas são aplicadas para obter os parâmetros ótimos de controle durante a opera-
ção da máquina; e métodos offline, nos quais algoritmos mais complexos de otimização
são aplicados em simulações computacionais. Então, os parâmetros de controle ótimo são
armazenados em tabelas de buscas ou em funções de interpolação para aplicação durante o
funcionamento do gerador. Os métodos online requerem menos esforço de processamento,
são mais simples e práticos, porém são dependentes dos aspectos construtivos da máquina,
não podendo ser reproduzidos com precisão em máquinas distintas. Os métodos offline
são tão precisos quanto os modelos computacionais permitirem, mas exigem maior esforço
computacional na obtenção dos parâmetros e esforço de processamento para atualização
das tabelas de busca no experimento.
Os trabalhos citados consideram a otimização do GRV com objetivos de atingir
potência máxima de geração ou regulação de tensão de saída. Este trabalho de doutorado,
por sua vez, é continuação direta dos trabalhos desenvolvidos em [161, 191, 219, 220]. Um
método offline de otimização baseado em planejamento de experimentos computacionais
é aplicado para obter os parâmetros ótimos do GRV, considerando o balanço adequado
entre eficiência e ondulação de torque eletromagnético. Esse método é adaptado para
acionamento do GRV por meio de controle direto de potência em função da operação da
microrrede, como será detalhado no Capítulo 5. Ressalta-se ainda a contribuição do uso
2.3. Gerador de relutância variável 51

de um conversor CC-CC bidirecional de interface para garantia da tensão ótima do GRV,


recurso raramente explorado na literatura.

2.3.6 Conversores eletrônicos de potência


Apesar do conversor em meia ponte assimétrica ser o mais utilizado para aplica-
ções da máquina de relutância variável operando como gerador, diversas outras topologias
de conversores de potência são investigadas [62,148,173,199,202,205,215,225,227–232]. As
topologias de conversores para o GRV podem ser divididas em quatro categorias básicas:
conversores em meia ponte; conversores com recuperação de energia capacitiva, indutiva ou
externa; conversores dissipativos; e conversores com auto-comutação [227]. Outra classifi-
cação usual é dada de acordo com o número de chaves de potência empregada, com opções
dos tipos: (N + 1), N , 1.5N ou 2N , em que N é o número de fases da máquina [25, 162].
O conversor AHB, por exemplo, é um conversor do tipo (2N )-chaves, enquanto outras to-
pologias como o conversor C-dump são do tipo (N + 1)-chaves. O objetivo das propostas
de conversores de potência para acionamento do GRV focam na redução de custo baseado
na redução do número de chaves de potência, no aumento da capacidade de tensão e cor-
rente, aumento da tolerância a faltas, e na possibilidade de operação sem uso de sensores
(sensorless). Uma outra linha de investigação utiliza conversores em cascata com objetivo
de compatibilizar a tensão gerada pelo GRV com a tensão no barramento em corrente
contínua [199, 215].

2.3.7 GRV em sistemas eólicos


A energia eólica é a energia contida nas massas de ar em movimento. O aproveita-
mento dessa energia renovável ocorre pela conversão da energia cinética de translação das
massas de ar em energia cinética de rotação utilizando turbinas eólicas. Os aerogeradores,
por sua vez, são máquinas elétricas responsáveis por converter a energia eólica em energia
elétrica em sistemas eólicos (Wind Energy Conversion System-WECS) [233, 234]. Esses
sistemas podem operar em velocidade fixa ou velocidade variável, sendo que a opção pela
velocidade variável retorna melhor desempenho e flexibilidade de operação. Os sistemas
eólicos modernos operam em velocidade variável graças ao uso de conversores eletrônicos
de potência capazes de realizar o processamento da energia convertida.
A potência mecânica obtida por um aerogerador é expressa por [233, 234]:

1
Pm = πR2 ρCp (λ, β) V 3 (2.8)
2
em que R é o raio da pá eólica, ρ é a densidade do ar, V é a velocidade do vento incidente,
Cp (λ, β) é o coeficiente de potência da turbina, β é o ângulo de passo das hélices da turbina
(ângulo de pitch), e λ é a razão de velocidade na ponta da pá.
2.3. Gerador de relutância variável 52

O coeficiente de potência, Cp , é dado em função da razão de velocidade na ponta


da pá, λ, calculado como:

ωr R
λ= (2.9)
V
em que ωr é a velocidade rotacional das pás.
O torque mecânico produzido pela turbina eólica, por sua vez, é dado por:

1
Tm = πCp (λ, β) R3 V 2 (2.10)
2

Na operação com velocidade variável, o rastreamento do ponto de máxima trans-


ferência de potência (Maximum Power Point Tracking-MPPT) deve fazer com que o ae-
rogerador opere com o coeficiente de potência Cp (λ, β) máximo, o que implica no maior
conjugado mecânico. O ponto de máxima captura de energia é obtido para cada veloci-
dade de vento quando o máximo Cp (λ, β) é atingido, dando origem as curvas de coeficiente
de potência. Uma vez que o ponto de máxima potência é seguido por meio de técnicas
apropriadas de controle, o perfil otimizado da potência de saída gerada é dado por:

Popt = kopt wr3 (2.11)

em que Popt é a potência ótima de saída requisitada; kopt é uma constante que depende da
aerodinâmica da pá, dos parâmetros da turbina e da caixa de engrenagens do aerogerador,
se houver, assumindo o máximo Cp .
Uma vez que o GRV opera em uma ampla faixa de velocidades com alta densidade
de potência, sua aplicabilidade como aerogerador, especialmente os de pequeno porte, é
incentivada em projetos de pesquisas. A aplicação do gerador de relutância variável em
sistemas eólicos é discutida em [44, 153, 179, 181, 187, 195, 198, 200, 201, 204, 207, 209, 210,
212, 213, 215, 217–222, 226, 231, 235]. Os principais aspectos estudados, em consonância
com os temas abordados nesta seção, são melhorias no projeto estrutural do gerador,
com foco na aplicação eólica; propostas de estratégias de controle do GRV em sistemas
eólicos, tanto em aplicações de conexão à rede elétrica distribuição, quanto para sistemas
isolados; e propostas de estratégias de otimização dos parâmetros GRV operando como
aerogerador. Dentre os trabalhos citados, destacam-se ainda as propostas de inovação
no projeto construtivo das turbinas eólicas com GRV [44, 179, 181, 187, 201]; as propostas
de obtenção de máxima transferência de potência para o GRV em sistemas eólicos [207,
210, 212, 215]; a aplicação do controle direto de potência [217–220, 222]; as estratégias de
controle de velocidade de turbinas eólicas com GRV [209,213], e o uso de técnicas sensorless
[198, 231] para controle e operação do GRV. Este trabalho de doutorado tem enfoque na
estratégia de controle do GRV em um sistema eólico de pequeno porte, especialmente
com uso do controle direto de potência, tendo como base as propostas apresentadas em
2.4. GRV em microrredes CC 53

[204, 215, 220].

2.3.8 Outras aplicações


Conforme comentado nas seções anteriores, o gerador de relutância variável pode
ser aplicado em situações que requerem o uso de um gerador robusto e tolerante a faltas
para operação em uma ampla faixa de velocidades. Além da aplicação em sistemas eólicos,
o uso do GRV é ainda discutido na literatura para turbinas a gás [172, 193], em aeronaves
e aplicações aeroespaciais [171, 188, 190, 236], como conversor de energia maremotriz [185,
237, 238], e principalmente em veículos elétricos [165, 177, 178, 184, 200, 205, 211, 232, 239].
O uso do GRV como turbogerador é justificado pela alta velocidade e alta temperatura de
operação das turbinas a gás, as quais podem alcançar 80.000 rpm e 900 o C, respectivamente
[172]. Para aplicações aeroespaciais, o gerador de relutância variável é proposto com
objetivo de reduzir o volume, peso e custo da infraestrutura sem prejudicar a eficiência e
a confiabilidade global da aeronave [188]. A conversão de energia maremotriz requer o uso
de uma gerador capaz de converter o movimento translacional em baixas velocidades das
marés em energia elétrica; o uso do GRV linear é proposto também para essa finalidade
[238]. O baixo custo, a robustez e a faixa de velocidade extensa de operação do GRV
fazem com que essas máquinas também sejam indicadas para uso em veículos elétricos,
tanto como provedor de energia elétrica no modo gerador, quanto como máquina motriz
no modo motor [205].

2.4 GRV em microrredes CC


Alguns trabalhos tecnológicos discutem a inclusão do gerador de relutância va-
riável em microrredes CC [62, 135, 153, 199, 202, 205, 208, 213, 231, 240, 241]. Em [199],
apresenta-se uma microrrede CC com inclusão do GRV conectado por meio de um con-
versor boost. Um esquema de controle robusto do tipo mestre-seguidor é aplicado para a
operação do sistema. Um conversor buck-boost bidirecional é utilizado para realizar a carga
e descarga de baterias incorporadas à microrrede. Contudo, apenas a operação isolada é
abordada pelos autores. O gerenciamento de potência para a geração distribuída e para o
banco de baterias também não é efetuado. Em [202], apresenta-se a conexão do GRV em
um sistema eólico com interfaceamento por um conversor CC-CC. O objetivo do controle
desenvolvido é a regulação da tensão de saída do GRV. Embora considere a operação em
um sistema eólico, apenas o controle por histerese é realizado pelos autores. Novamente,
somente a operação isolada é considerada, ignorando-se a conexão com a rede elétrica
convencional em corrente alternada. Em [205], um conversor de potência e um controle
de busca inteligente são propostos para reduzir a ondulação de corrente de saída de um
GRV para aplicações em carregamento de baterias. Os ângulos ótimos do GRV para tal
2.4. GRV em microrredes CC 54

operação são discutidos pelos autores. O foco do trabalho é limitado à redução da ondu-
lação de corrente elétrica, nenhum método de gerenciamento de potência é considerado, e
o modo conectado à rede de distribuição não é abordado.
Em [135, 213], um controle baseado em passividade é aplicado para WECS com
GRV suprindo cargas de potência constante. As propostas dos autores consideram a
geração direta para a carga, em um sistema isolado, com auxílio de um sistema de baterias.
Contudo, esses artigos focam apenas na análise de estabilidade dos controles propostos.
Assim, o gerenciamento de potência na microrrede não é abordado e a operação conectada
à rede elétrica não é avaliada. Em [231], uma topologia de conversor eletrônico de potência,
que contém apenas diodos e indutores, e respectivo sistema de controle são propostos para
o GRV em um WECS conectado à uma microrrede CC. Os autores detalham apenas a
proposta do conversor e respectivo controle, sem abordar o gerenciamento de potência ou
características da microrrede CC. Um esquema de controle de corrente de fase do GRV
é proposto em [240] para regulação da potência de saída do gerador. Embora comente a
conexão com uma microrrede CC, o artigo não aborda o gerenciamento de energia de tal
microrrede nem a aplicação do GRV em sistemas eólicos. Em [153], uma técnica de soft-
PWM é proposta de forma a injetar uma ondulação extra na tensão de saída do GRV como
forma de comunicação dentro de uma microrrede CC. O artigo foca na apresentação da
técnica de comunicação e no projeto da modulação e demodulação do sinal, sem abordar
o gerenciamento de potência na microrrede ou aspectos do sistema eólico. O controle do
GRV para microrredes CC é abordado em [208]. Apenas o desempenho ótimo do GRV
controlando a tensão do barramento CC é considerado pelos autores. Assim, mais uma
vez, o gerenciamento de potência dentro da microrrede operando no modo conectado não
é estudado no trabalho citado. Em [62], um conversor de potência do tipo boost ativo
é proposto para conexão do GRV em microrredes CC ou para alimentação de cargas em
corrente contínua. O conversor proposto pelos autores é adicionado como entrada do
conversor AHB para aumento da eficiência do sistema e obtenção do ponto de máxima
potência na geração. Os autores focam na proposta do conversor adicional, sem abordar
aspectos de gerenciamento de potência da microrrede CC. Um mecanismo de suporte de
energia para GRV em microrredes CC é apresentado em [241]. Os autores utilizam um
conversor boost intercalado cujo o número de células varia em função da velocidade de
operação da turbina eólica. Com isso, a tensão de saída do gerador é regulada em função
da velocidade de operação do gerador. Embora considere a operação coordenada de bancos
de baterias com a turbina eólica, os autores não apresentam a estratégia de gerenciamento
de potência utilizada nem realizam a otimização do GRV em função dos parâmetros de
controle da máquina.
Diante do exposto, verifica-se a escassez de estudos aprofundados sobre a conexão
do GRV em uma microrrede em corrente contínua integrada ao sistema de distribuição
de energia elétrica. Inicialmente, são desenvolvidas, de forma independente da operação
2.5. Microrrede CC em estudo 55

do GRV, estratégias de controle para o gerenciamento do fluxo de energia elétrica entre o


sistema eólico, os dispositivos de armazenamento e a microrrede CC, em função da carga
consumidora. Em seguida, os principais aspectos da geração eólica de pequeno porte são
considerados neste trabalho de doutorado. Em especial, considera-se a otimização dos
parâmetros de controle da máquina elétrica e a diferenciação apropriada entre a operação
em baixas e altas velocidades. A consideração da microrrede CC operando conectada à
rede elétrica CA, com o sistema eólico com GRV em um modelo de geração distribuída, é
um fator importante do estudo. Além disso, o impacto da ondulação de tensão na saída
do GRV sobre a qualidade da energia elétrica injetada na rede CA de distribuição é um
tema avaliado. A análise de um conversor CC-CC bidirecional de interface para obtenção
do desempenho ótimo, aliado a um comportamento de filtragem, é investigada. Essas
considerações são os principais alvos de estudo deste trabalho de doutorado, como será
detalhado ao longo dos próximos capítulos.

2.5 Microrrede CC em estudo


A estrutura da microrrede CC proposta para estudo neste trabalho é mostrada na
Figura 2.6. O sistema apresentado é composto pelo conversor de interligação com a rede
de distribuição CA convencional, por uma turbina eólica de pequeno porte com GRV, pelo
sistema de armazenamento de energia, e pelas cargas locais. Todos os elementos apresen-
tados são conectados através de conversores eletrônicos de potência apropriados. As setas
nos conversores indicam o sentido do fluxo de energia elétrica, o qual pode ser bidirecional
ou unidirecional. Uma linha de comunicação é adotada apenas entre o conversor fonte
de tensão e o SAE para implementação da estratégia de gerenciamento de potência. A
geração distribuída e a carga têm perfis de geração e consumo próprios e, portanto, não
exigem troca de informação na microrrede implementada. Devido à complexidade do sis-
tema e por limitações de espaço e material para a implementação de toda a estrutura da
microrrede em laboratório, este trabalho realiza, de forma independente, estudos sobre as
técnicas de gerenciamento de potência na microrrede CC e sobre a integração do sistema
eólico de pequeno porte com GRV. Adota-se, contudo, a microrrede CC apresentada como
sistema principal de estudo para desenvolvimento das análises apresentadas nos capítulos
subsequentes. Cada elemento do sistema e os aspectos a serem estudados são discutidos a
seguir.

1. Conexão com a rede de distribuição CA:


A rede de distribuição CA é a principal responsável pela criação e regulação do
barramento CC. O conversor fonte de tensão (voltage source converter - VSC) é o
responsável por converter a tensão alternada em tensão contínua, além de permitir
o fluxo de potência bidirecional entre a microrrede CC e o ponto de acoplamento
2.5. Microrrede CC em estudo 56

Linha de ivsc
PAC
Chave de Rede CA
comunicação ilhamento + Sv1a Sv 2 a Sv 3a Lf
Vbus Cbus
SAE LB iLf
iB Sv1b Sv 2b S v 3b
+ SB2 +
-
(1)
Vbat S B1 CB VSC
- -

(2 ) Conversor CC-CC
Cargas locais
bidirecional Sl Ll iload
Turbina Eólica AHB + +
Dl Cl

GRV S D2 idg Ldg - -


+
Cgrv
Sdg +
Conversor Buck
(4)
Sdg Cdg
SB -
D1 -

Conversor CC-CC
bidirecional
(3)
Figura 2.6: Estrutura da microrrede CC proposta para estudo.

comum (PAC). Essa parte do sistema deve abranger a segurança e a estabilidade


do lado CC. O controle do VSC deve garantir a operação integrada da rede CA
com a microrrede. O gerenciamento de potência é estudado para avaliar a melhor
maneira de compartilhar potência entre essas duas redes, considerando os demais
elementos incorporados. A operação no modo ilhado (chave de ilhamento aberta)
não é avaliada neste trabalho. Em caso de falta ou operação isolada programada, A
fonte de geração distribuída e o sistema de armazenamento de energia assumiriam a
função de regular o barramento CC.
Neste trabalho, a rede elétrica de distribuição CA considerada é trifásica, 60 Hz, 127
V (tensão eficaz de fase). Considerando a viabilidade de implementação experimen-
tal, O VSC é projetado para uma potência nominal de 2 kW. A tensão nominal do
barramento CC é escolhida em 400 V, em função dos requisitos de operação da rede
de distribuição. Além disso, o nível de tensão 380-400 V é ideal para sistemas de
distribuição CC, como o avaliado neste trabalho, por aliar baixas perdas e um nível
adequado de segurança para o usuário [1].

2. SAE: Um sistema de armazenamento de energia baseado em bancos de baterias é


considerado neste trabalho. Para fins experimentais, A tensão de saída do banco
de baterias é assumido em 240 V e a potência nominal do SAE é de 1 kW. Um
conversor CC-CC bidirecional realiza a conexão com o barramento CC de 400 V,
permitindo a operação de carga e descarga do SAE. O controle do conversor permite
2.5. Microrrede CC em estudo 57

a operação do SAE como uma unidade de suporte à microrrede, ou ainda como um


dispositivo formador de rede. A atuação do sistema de armazenamento é limitada
pelo estado da carga (state of charge-SOC) do banco de baterias para preservar a vida
útil das mesmas. No modo conectado, quando o banco de baterias está totalmente
carregado, a potência extra proveniente da geração distribuída deve ser injetada na
rede de distribuição CA, uma vez que o SAE não tem mais capacidade de absorção
dessa energia. Por outro lado, se o estado de carga crítico é atingido, o SAE não deve
auxiliar no fluxo de potência. Assim, o déficit de energia dentro da microrrede deve
ser suprido pela rede de distribuição. Para realizar tal operação, um gerenciamento
do SOC do banco de baterias é implementado no controle do SAE. Optou-se, com
isso, por evitar que a rede elétrica e o banco de baterias troquem energia entre si, de
forma que seja garantida a autonomia interna da microrrede. Assim, o carregamento
do SAE é realizado unicamente pela geração distribuída, enquanto que a descarga
do banco de baterias é feita em função do requerimento das cargas consumidoras
locais.

3. Gerador Eólico: A fonte renovável de geração de energia elétrica proposta provém


de uma de turbina eólica utilizando o gerador de relutância variável como geração
distribuída. O GRV adotado neste trabalho é trifásico, 12/8 (número de polos do
estator/número de polos do rotor), potência nominal de 2 kW, velocidade nominal
de 1500 rpm. Por ser o principal elemento do sistema, a potência nominal da mi-
crorrede em estudo é definida como a potência do GRV, ou seja 2 kW. O conversor
AHB é responsável pelo acionamento e controle do gerador. O controle direto de
potência (CDP) é utilizado para garantir a entrega da máxima potência elétrica para
a microrrede no modo conectado. Esse modo de controle é otimizado para garantir a
operação ótima do GRV, a qual resulta em um balanço adequado entre alta eficiência
e baixa ondulação de torque eletromagnético. A técnica de planejamento de experi-
mentos computacionais é aplicada para realizar o processo de otimização. A distinção
apropriada entre a operação em baixas e altas velocidades de vento é considerada.
O conversor CC-CC bidirecional de interface tem o papel de garantir a regulação da
tensão de excitação do GRV operando com parâmetros otimizados. Esse conversor
atua ainda evitando que componentes de frequências responsáveis pela ondulação na
tensão de saída do GRV sejam propagadas para a corrente elétrica injetada na rede
de distribuição.

4. Cargas Consumidoras: A carga consumidora local da microrrede CC consome po-


tência de acordo com suas próprias características. O fluxo de energia é, portanto,
unidirecional. A microrrede CC é responsável por garantir a potência requisitada
pela carga a qualquer tempo. O conversor CC-CC tem a função de manter a tensão
na carga regulada no nível adequado exigida pela mesma. As cargas CC são con-
2.6. Considerações Finais 58

figuradas como um conversor abaixador de tensão alimentando cargas resistivas de


até 1 kW de potência. A tensão na carga é regulada para 120 V, de forma a ser
compatível com a tensão eficaz da rede de distribuição CA avaliada. Com a tensão
regulada em uma carga resistiva, tem-se o comportamento de uma carga de potência
constante (CPL), as quais apresentam característica de impedância negativa. Essa
característica pode levar o sistema para a instabilidade e colapsar a microrrede CC.
Cargas de potência constante são dominantes em equipamentos eletrônicos e, devido
à sua importância para estabilidade geral do sistema, tais cargas são empregadas
neste estudo.

2.6 Considerações Finais


Neste capítulo, apresentou-se uma revisão bibliográfica dos dois temas centrais
deste trabalho: as microrredes em corrente contínua e o gerador elétrico de relutância
variável. As principais linhas de pesquisa na literatura científica sobre ambos os temas
foram comentadas. Deu-se destaque para as estratégias de controle e gerenciamento po-
tência de microrredes CC e para o acionamento e controle do gerador de relutância variável
em sistemas eólicos, um vez que essas temáticas são foco de investigação deste trabalho.
Uma revisão da literatura sobre a aplicação do GRV em microrredes CC mostrou a lacuna
existente nas pesquisas, especialmente nos aspectos de integração do GRV na microrrede,
considerando o modo de operação conectado à rede elétrica convencional. Até onde vai o
conhecimento do autor, nenhum trabalho aborda, simultaneamente, o gerenciamento de
potência na microrrede CC e a operação otimizada dos parâmetros de controle do GRV
integrado à microrrede operando no modo conectado à rede de distribuição. Portanto,
esta tese tem o objetivo de preencher algumas dessas lacunas por meio das investigações
experimentais realizadas. Neste capítulo, apresentou-se ainda a microrrede CC proposta
para estudo, a qual é composta por um conversor fonte de tensão para conexão com a rede
elétrica de distribuição CA; pelo GRV acionado por um conversor em ponte assimétrica,
com conversor CC-CC bidirecional de interface; por um sistema de armazenamento de
energia utilizando banco de baterias com respectivo conversor bidirecional; e pelas cargas
locais com tensão regulada. Os próximos capítulos se dedicam a explorar o gerenciamento
de potência na microrrede e o uso do gerador de relutância variável para turbinas eólicas
de pequeno porte atuando como geração distribuída.
59

Capı́tulo 3
Avaliação comparativa de estratégias de
gerenciamento de potência

3.1 Introdução
este capítulo, considera-se a microrrede CC no modo de operação conectado à rede
N elétrica CA convencional, uma vez que esse modo de operação é o mais usual em
microrredes urbanas. As principais estratégias de gerenciamento de potência e controle
foram implementadas neste estudo, baseadas na estrutura da microrrede CC apresentada
na Figura 2.6. Esta etapa da pesquisa foi realizada no Centro de Pesquisas em Microrredes
(CROM), na Universidade de Aalborg, Dinamarca. O foco dessa investigação é o gerenci-
amento da microrrede CC em um ambiente experimental. A integração com o gerador de
relutância variável será considerada em capítulos posteriores.
Para serem aplicadas como estratégias de gerenciamento de potência (power mana-
gement systems-PMS), os métodos de controle descritos na Seção 2.2 devem ser adaptados
para coordenar o fluxo de potência na microrrede CC. Devido às características intermi-
tentes da geração distribuída e a ausência de controle sobre as cargas consumidoras locais
para a microrrede em estudo, o PMS pode ser simplificado para incluir apenas a opera-
ção do sistema de armazenamento de energia (SAE) e da rede CA de distribuição. Neste
capítulo, três métodos usuais de controle reportados na literatura são adaptados como
PMS em uma microrrede CC conectada à rede elétrica. Esses métodos são: controle por
droop convencional, controle por droop adaptativo baseado no estado de carga do SAE, e
o controle hierárquico com compensação do desvio de tensão no barramento CC.
Devido à ausência de controles projetados especificamente para operar como PMS
no modo conectado de microrredes CC, duas estratégias adaptadas são propostas neste
trabalho. A primeira estratégia consiste em um método mestre-seguidor em que apenas a
informação de potência no barramento CC é trocada entre a unidade mestre e a unidade
seguidora. Com isso, a linha de comunicação entre os conversores eletrônicos de potência
3.2. Modelagem e controle dos componentes 60

é simplificada. Além disso, uma estratégia de gerenciamento do banco de baterias (battery


management systems-BMS) é utilizada em função do estado de carga (state of charge-SOC)
do banco, o que permite preservar a vida útil do SAE. A segunda estratégia proposta como
PMS consiste em um controle por droop modificado. Esse método retorna desempenho
similar ao mestre-seguidor, também incluindo a função de BMS dependente do SOC do
sistema de armazenamento de energia. Contudo, no método por droop modificado, a linha
de comunicação entre os conversores não é necessária. Por outro lado, essa estratégia tem
como desvantagem a imposição de uma variação da tensão no barramento CC, a qual é
característica dos métodos por droop.
Neste capítulo, apresentam-se a modelagem e as respectivas estratégias de controle
dos elementos que constituem a microrrede CC. Em seguida, os métodos de gerenciamento
de potência são apresentados em detalhes e uma avaliação qualitativa é conduzida. Os
métodos propostos são comparados com as estratégias convencionais adaptadas para funci-
onarem como PMS. A comparação experimental é realizada baseada nas características de
autonomia do SAE, necessidade de linha de comunicação, desvio de tensão no barramento
CC, e a inclusão da funcionalidade de gerenciamento do sistema de baterias (battery mana-
gement system- BMS). Por fim, uma microrrede em escala de laboratório foi desenvolvida
para obtenção dos resultados experimentais.

3.2 Modelagem e controle dos componentes

3.2.1 Conversor fonte de tensão (VSC)


Seguindo a estrutura da microrrede CC apresentada na Figura 2.6, um conversor
fonte de tensão (voltage source converter-VSC) trifásico, com filtro indutivo, é utilizado
para formar o barramento CC da microrrede. Portanto, quando não há fluxo de potência
da microrrede para a rede CA de distribuição, esse conversor atua como um retificador
controlado. A estrutura detalhada do VSC é mostrada na Figura 3.1.
O conversor fonte de tensão apresentado na Figura 3.1 é de dois níveis, composto
por três circuitos em meia ponte idênticos. A saída do conversor pode assumir os valores
−Vbus ou +Vbus . Cada circuito de meia ponte é associado a uma fase da rede CA trifásica. O
acionamento deve ser tal que duas chaves da mesma meia ponte não possam ser acionadas
ao mesmo tempo. A modulação por largura de pulso senoidal (sinusoidal pulse width
modulation-SPWM) é aplicada para sintetizar a forma de onda da corrente de saída do
conversor. Chaves de potência do tipo IGBT com diodo de retorno são utilizadas na
implementação do dispositivo. Utilizando uma estratégia de acionamento apropriada, o
VSC pode fornecer fluxo de potência bidirecional entre o barramento CC e a rede de
distribuição CA.
3.2. Modelagem e controle dos componentes 61

ivsc
Vtabc Vsabc
Microrrede + Sv1a Sv 2 a Sv 3a
CC Lf Rede CA
Vbus Cbus
iLf
Sv1b Sv 2b S v 3b
-
Figura 3.1: Estrutura do conversor fonte de tensão (VSC) interligando a microrrede CC
à rede elétrica de distribuição CA.

3.2.1.1 Modelagem do VSC

A dinâmica da tensão do barramenco CC, descrita em detalhes em [242], é dada


por:
2
Cbus dVbus
= Pext − Ploss − Pt (3.1)
2 dt
em que Vbus é a tensão do barramento CC, Cbus é a capacitância do barramento, Pext é a
potência ativa externa que atua como distúrbio, Ploss representa as perdas totais do VSC,
e Pt é a potência terminal do lado CA da rede.
A transformação das variáveis das coordenadas abc para os eixos de referência
síncronos dq permite trabalhar com variáveis constantes em regime permanente, facilitando
o uso de controladores lineares do tipo PI. A transformação de um conjunto de variáveis
fabc para fdq é dada por:

fdq (t) = T (θ) fabc (t) (3.2)

fabc (t) = T −1 (θ) fabc (t) (3.3)

     
2 cos (θ) cos θ − 2π
3 
cos θ − 4π
3  
T (θ) =  

 (3.4)
3 −sen (θ) −sen θ − 3 −sen θ − 4π3

em que T (θ) é a matriz de transformação e θ é o ângulo de sincronização.


Como deduzido em [242], pode-se mostrar que:
! !
2Lf dPs dQs
Pt ≈ P s + Ps + Qs (3.5)
3Vsd 2 dt dt
em que Ps e Qs são as entradas de controle de potência ativa e reativa, respectivamente,
3.2. Modelagem e controle dos componentes 62

Lf é a indutância do filtro de saída e Vsd é a tensão de saída do VSC no eixo direto.


Assumindo Qs = 0 para operação com fator de potência unitário na Equação
(3.1), e aplicando na Equação (3.5), a dinâmica do barramento CC em função da potência
ativa controlada é dada por:
( " ! #)
2
dVbus 2 2Lf Ps dPs
= Pext − Ploss − Ps + (3.6)
dt Cbus 3Vsd2 dt
As equações dinâmicas das correntes elétricas no indutor, para o VSC operando
no eixo de referência síncrono, são dadas por:

did
Lf = −Rl id (t) + Lf ωiq (t) − Vsd + Vtd (3.7)
dt

diq
Lf = −Lf ωid (t) − Rl iq (t) − Vsq + Vtq (3.8)
dt


= ω (t) (3.9)
dt
em que id e iq são as correntes dq no indutor, Rl representa as perdas no indutor, Vtd e Vtq
são as tensões terminais em dq, Vsd e Vsq são as tensões da rede em dq, e ω é a frequência
angular das tensões da rede elétrica.
As potências ativa, Ps , e reativa, Qs , a serem controladas são expressas da seguinte
forma:

3
Ps (t) = (Vsd id (t) + Vsq iq (t)) (3.10)
2

3
Qs (t) =
(−Vsd iq (t) + Vsq id (t)) (3.11)
2
Para uma modulação por largura de pulso senoidal (SPWM), a tensão média por
ciclo de chaveamento no terminal CA do VSC é dada por:

Vbus
Vtabc (t) = mabc (t) (3.12)
2
em que Vtabc é a tensão terminal do lado CA e mabc é o índice de modulação do sinal PWM.
Em coordenadas dq, tem-se:

Vbus
Vtd (t) = md (t) (3.13)
2

Vbus
Vtq (t) =
mq (t) (3.14)
2
Devido a presença do termo Lf ω nas Equações (3.7) e (3.8), as dinâmicas das
correntes no eixos direto e em quadratura estão acopladas. O desacoplamento é feito se
3.2. Modelagem e controle dos componentes 63

os índices de modulação forem escolhidos da seguinte forma:

2
md = (ud − Lf ω0 iq + Vsd ) (3.15)
Vbus

2
mq = (uq − Lf ω0 id + Vsq ) (3.16)
Vbus
em que ud e uq são as variáveis de substituição no desacoplamento de corrente e ωo é a
frequência angular das tensões da rede elétrica, em regime permanente.

3.2.1.2 Controle do VSC

O esquema de controle utilizado para o conversor fonte de tensão é apresentado


na Figura 3.2.

PLL- transformação dq Controle de tensão do VSC

V3f q vdq Vo 2 evbus Pref


PLL dq K pv s + K iv
-1
idq s
A i3f abc Vbus 2 B

Pref idref vd
eid ud
K pi s + K ii
¸ 2 3 ¸
s
id Vbus md ma
wo L f Sv1a , Sv1b
vd 2 abc mb
iq q SPWM Sv 2 a , Sv 2b
dq mc
wo L f S v 3 a , S v 3b
mq
i
qref eiq K uq
s + K ii
¸ 2 3 pi
¸
Qref s
vq Controle de corrente VSC C

Figura 3.2: Estrutura de controle do VSC. Grupo A: SRF-PLL e gerador de referência


síncrona dq. Grupo B: malha externa de controle de tensão. Grupo C: malha interna de
controle de corrente e modulador SPWM.

No grupo A, mostra-se que a sincronização com a rede elétrica é realizada por


meio de um SRF-PLL (synchronous reference frame phase-locked loop), no qual o ângulo
de sincronização, θ, é utilizado para obter a referência síncrona da transformada de Park
(dq). A implementação do controle do VSC é dada através de um controle desacoplado de
corrente utilizando controladores PI para a malha interna, como mostrado no grupo C da
Figura 3.2. A modulação por largura de pulso senoidal é aplicada para acionar as chaves
de potência IGBT. A frequência de chaveamento, fswvsc , é ajustada para 10 kHz. A malha
externa de tensão é adicionada para gerar a referência de potência ativa para a malha
interna, também utilizando um compensador PI, como mostrado no grupo B. A potência
ativa de referência é obtida de forma a manter a tensão do barramento CC constante,
3.2. Modelagem e controle dos componentes 64

enquanto a referência de potência reativa é posta em zero, com o objetivo de atingir fator
de potência unitário. Mais detalhes dessa implementação podem ser consultados em [242].
Os parâmetros dos elementos físicos do VSC, os valores nominais de tensão e
potência e os parâmetros dos controladores utilizados nos testes experimentais são apre-
sentados na Tabela 3.1. O projeto de cada controlador é discutido a seguir.

Tabela 3.1: Parâmetros do VSC


Parâmetro Valor Parâmetro Valor
Ps 2,0 kW ω0 377,0 rad/s
Vp 180,0 V Vbus 400,0 V
Lf 3,6 mH Rvsc 0,75 Ω
Cbus 4 mF fswvsc 10 kHz
kppll 0,96 kipll 111,3
kpi 16,7 kii 663,4
kpv 0,54 kiv 109,9

3.2.1.2.1 PLL O controle utilizando o sistema de coordenadas no eixo síncrono neces-


sita de uma estrutura capaz de realizar o sincronismo com as tensões da rede trifásica CA.
Neste trabalho, um SRF-PLL é utilizado para obtenção do ângulo de sincronização, θ,
com as tensões da rede CA de distribuição. A estrutura do PLL é apresentada na Figura
3.3.

Vsa Vsd
Vsb dq
Vsq
Vsc abc wmax
w
ò
K ppll s + K ipll
q s
q
wmin
0 VCO

Figura 3.3: Estrutura do SRF-PLL utilizado.

A estrutura do PLL apresentada na Figura 3.3 utiliza o eixo de referência em


quadratura para a sincronização com as tensões da rede CA. Um compensador do tipo
PI atua para zerar a componente de tensão Vsq . Esse compensador retorna o valor da
frequência angular da rede, ω, a qual deve ser limitada entre um valor máximo, ωmax e
um mínimo ωmin , considerando uma variação na frequência da rede menor do que 5%
da frequência de operação. O integrador aplicado é um oscilador controlado por tensão
3.2. Modelagem e controle dos componentes 65

(voltage-controlled oscillator - VCO) que deve ser reinicializado sempre que o ângulo de
sincronização atingir o valor de 2π.
A função de transferência do PLL é dada por:

Vp
Gpll (s) = (3.17)
s

em que Vp é o valor de pico da tensão de fase da rede CA.


Em regime permanente, a tensão Vsd assume o valor de Vp . Para uma rede trifásica
de tensão de linha 220 V, tem-se que: Vp = 179, 63 V. O controlador PI é projetado por
resposta em frequência para obtenção de uma margem de fase de 60o na frequência de corte
de 200 rad/s [242]. A obtenção dos parâmetros de todos os controladores PI utilizados
neste trabalho seguem o procedimento descrito em [243].

3.2.1.2.2 Controle de corrente O diagrama de blocos simplificado do controle do


conversor fonte de tensão é mostrado na Figura 3.4. A estrutura da malha interna de
corrente é idêntica para os eixos direto e em quadratura. Os compensadores do tipo PI
foram projetados por meio de análise de resposta em frequência.

malha interna de corrente


idq , ref u% dq
Vref 2+ +
Gcv (s ) Gci (s ) G pi (s ) Gd (s ) G pv (s )
- -
idq
Vbus 2 H i (s )

malha externa de tensão


H v (s )

Figura 3.4: Diagrama de controle do conversor fonte de tensão. Cada bloco representa
uma função de transferência descrita no texto.

O controle interno de corrente é formado pelo compensador PI, Gci (s); pela dinâ-
mica do filtro indutivo de saída, Gpi (s); pela função de transferência do PWM incluindo
respectivo atraso, Gd (s); e pela função de transferência do sensor de realimentação de
corrente, Hi (s) = 1. As funções descritas são dadas por:

ĩdq 1
Gpi (s) = = (3.18)
ũdq Lf s + Rf

kpi s + kii
Gci (s) = (3.19)
s

1
Gd (s) = (3.20)
1 + 1, 5Ts s
3.2. Modelagem e controle dos componentes 66

em que Lf e Rf são a indutância e a resistência equivalente do filtro L de saída, res-


pectivamente; kpi e kii são o ganho proporcional e integral do compensador de corrente,
respectivamente, e Ts é o tempo de amostragem.
No projeto do controlador PI da malha de interna, escolhe-se a frequência de
cruzamento do sistema compensado como uma fração da frequência de chaveamento de
10 kHz (62.830 rad/s). Assim, a frequência de cruzamento escolhida foi 4.000 rad/s. Os
compensadores foram projetados para atingir uma margem de fase de 60o na frequência
de cruzamento escolhida. O diagrama de Bode do sistema compensado em malha aberta
é mostrado na Figura 3.5.

Diagrama de Bode
MG = ¥
Magnitude [dB]

4000 rad/s
Fase [graus]

MF = 60o

Frequência [rad/s]

Figura 3.5: Diagrama de bode da malha interna de corrente com compensador.

Na Figura 3.5, MG é a margem de ganho e MF é a margem de fase na frequência


desejada. A margem de fase desejada de 60o é destacada na frequência de cruzamento es-
colhida de 4.000 rad/s. Pelo diagrama de Bode, conclui-se que a malha interna de corrente
com compensação é estável, com margens de fase e de ganho seguras. Os parâmetros do
controlador projetado são apresentados na Tabela 3.1.

3.2.1.2.3 Controle de tensão Como mostrado na Figura 3.4, a malha externa de


tensão é formada por um compensador PI, Gcv (s); pela função de transferência da malha
fechada interna de corrente, Gcli (s); pela função de transferência relacionando a tensão do
barramento CC com a potência ativa, Gpi (s); e pela função de transferência do sensor de
realimentação de tensão, Hv (s) = 1. Essas funções são expressas por:

kpv s + kiv
Gcv (s) = (3.21)
s
3.2. Modelagem e controle dos componentes 67

Gci (s) Gpi (s) Gd (s)


Gcli (s) = (3.22)
1 + Hi (s) Gci (s) Gpi (s) Gd (s)
2
ṽbus 2 τf s + 1
  
Gpv (s) = =− (3.23)
p̃ext Cbus s

2Lf Ps
τf = (3.24)
3Vsd 2
em que, kpv e kiv são os ganhos proporcionais e integrais do controlador de tensão, respec-
tivamente; Cb é a tensão do barramento CC, Lf é a indutância do filtro, Ps é a potência
nominal do conversor e Vsd assume o valor da tensão de pico de fase da rede CA.
O compensador da malha externa é projetado para que se obtenha uma dinâmica
muito mais lenta que a malha interna de controle. A frequência de cruzamento adotada foi
de 400 rad/s (10 vezes menor que a da malha interna). O compensador foi projetado para
alcançar uma margem de fase de 60o na frequência de cruzamento escolhida. O diagrama
de Bode em malha aberta do controle de tensão é apresentado na Figura 3.6.

Diagrama de Bode

MG = 31 dB
Magnitude [dB]

400 rad/s
Fase [graus]

7750 rad/s
o
MF = 60

Frequência [rad/s]

Figura 3.6: Diagrama de bode da malha externa de tensão com compensador.

Da Figura 3.6, tem-se que a margem de fase desejada de 60o é satisfatoriamente


obtida na frequência de cruzamento estipulada de 400 rad/s. A margem de ganho é
positiva (35 dB), o que demonstra a operação estável do sistema compensado. Assim,
tanto a malha interna de corrente quanto a malha externa de tensão apresentam margens
seguras de estabilidade para operação do conversor fonte de tensão.
3.2. Modelagem e controle dos componentes 68

3.2.2 Modelo do banco de baterias


Um conjunto de baterias agrupadas em série e paralelo forma a estrutura básica
de um banco de baterias [244]. A tensão de saída e o valor de corrente desejados são
alcançados modificando a estrutura do agrupamento. Como mostrado na Figura 3.7, o
banco de baterias pode ser modelado como uma fonte de tensão dependente em série com
uma resistência, as quais representam a tensão interna e as perdas, respectivamente.

ibat Rbat
soc

Ebat Vbat

Figura 3.7: Modelo elétrico geral de um banco de baterias.

O comportamento do modelo de banco de baterias é expresso da seguinte forma:

Vbat = Ebat (soc) − Rbat ibat (3.25)

em que Vbat e Ebat são as tensões de saída e interna do banco, respectivamente, Rbat é a
resistência interna, e ibat é a corrente elétrica no banco de baterias.
O estado de carga (SOC) é a medida da capacidade de carga disponível no banco
de baterias durante o ciclo de operação [245, 246]. A tensão interna do banco, Ebat , varia
em função do SOC e em função da operação de carga ou de descarga [244, 247]. O valor
do estado de carga pode ser computado utilizando o método de contagem de Coulomb
(balanço ampére-hora), como dado na Equação (3.26).

1 Z
soc = soc0 + ibat dt (3.26)
Qb
em que soc0 é o estado de carga inicial e Qb é a capacidade nominal da bateria em A.h, a
qual é usualmente informada pelos fabricantes.
A utilização do método de Coulomb para estimação do SOC de baterias, contudo,
pode resultar em um elevado erro computacional. Esse erro final é ocasionado pela soma
dos erros em cada medida, oriundo do processo de integração da corrente elétrica no tempo.
Ademais, um estado inicial de carga preciso deve ser obtido, o que não é um processo trivial
de obtenção experimental em aplicações reais. Técnicas mais sofisticadas e precisas para
obtenção do estado de cargas em baterias não são foco de estudo deste trabalho, podendo
3.2. Modelagem e controle dos componentes 69

ser consultadas em [247, 248].


O modelo do banco de baterias é ajustado, por meio dos parâmetros do modelo,
para as diferentes tecnologias existentes. As tecnologias de chumbo-ácido e ións de lítio
são as mais empregadas para formação de bancos de baterias [246, 249, 250]. Além disso,
a complexidade dos modelos cresce a medida que mais perdas ou dinâmicas da célula de
bateria são incorporadas na modelagem. Para o objetivo de investigação do gerenciamento
de energia em microrredes, a opção do modelo do banco de baterias como uma fonte
CC controlada em série com um resistência resulta em um compromisso adequado entre
simplicidade de implementação e precisão do modelo. O modelo elétrico simplificado é
suficiente para analisar o controle do banco de baterias e a operação do mesmo em um
sistema de potência distribuído.
O modelo dinâmico da carga e descarga de células de íons de lítio, descrito em
detalhes em [251], é dado por:

Qb
Ebat,carga = E0 − K (yi + ibat ) + Ae−byi (3.27)
Qb − yi

Qb Qb
Ebat,descarga = E0 − K yi − K + Ae−byi (3.28)
Qb − yi cQb + yi
em que Qb = 2.3 A.h é a capacidade nominal da célula, E0 = 3, 336 V é a constante de
R
tensão, K = 0.0076 Ω é a constante de polarização, yi = ibat dt é a energia atual em A.h,
A = 0, 26422 V é a amplitude da zona exponencial, b = 26, 5847 Ah−1 é a constante de
tempo inversa da zona exponencial, e c = 0, 1 é a constante de carga [251].
Para alcançar as tensões desejadas, utilizam-se arranjos em série e paralelo das
células de bateria. O banco de baterias considerado neste trabalho consiste de uma arranjo
de células de íons de lítio com as seguintes características na região constante: Ebat = 240
V e Zbat = 4 Ω.

3.2.3 Controle do sistema de armazenamento


Um conversor CC-CC bidirecional é utilizado para conectar o banco da baterias ao
barramento CC da microrrede, como mostrado na Figura 3.8. Esse conversor permite as
operações de carga e descarga do SAE, além das operações do sistema de armazenamento
como unidade de suporte ou unidade formadora de rede.
O modelo médio da topologia é dado pelas seguintes equações diferenciais:

diB (t)
LB = −RB iB (t) − (1 − δB ) Vbus (t) + Vbat (t) (3.29)
dt

dVbus (t) Vbus (t)


CB = (1 − δB ) iB (t) − (3.30)
dt Ro
3.2. Modelagem e controle dos componentes 70

Banco de SB2
Baterias iB LB + Microrrede
CC
CB Vbus
+
Vbat -

- SB1

Figura 3.8: Conversor CC-CC bidirecional do SAE.

em que LB e RB são a indutância e perdas resistivas no indutor, iB é a corrente através


do indutor, δB é o ciclo de trabalho médio do conversor, Vbus é a tensão do barramento
CC, Vbat é a tensão de saída do banco de baterias, CB é a capacitância de saída, e Ro é a
resistência equivalente de saída.
O esquema de controle do SAE, apresentado na Figura 3.9, é formado por uma
malha interna de corrente e uma malha externa de tensão, ambas utilizando controladores
do tipo PI. A modulação PWM é aplicada para acionar as chaves de potência IGBT. Os
parâmetros do controle são dados na Tabela 3.2.

evbus
Vbusref K pBv s + K iBv
M1 i
s B ref
eiB K pBi s + K iBi
dB S B1
Vbus s
PWM SB2
I Bref M2
iB

Figura 3.9: Controle do conversor CC-CC bidirecional do SAE.

Dois modos de operação são considerados. No modo M1, o SAE atua controlando a
tensão do barramento CC, como uma unidade formadora de rede. A tensão de referência
é utilizada como entrada da estratégia de controle. Esse modo pode ser utilizado para
conectar o SAE em paralelo com a rede de distribuição CA na operação por droop, ou
durante a operação ilhada da microrrede. No modo M2, o SAE é controlado por corrente.
A entrada do controle é a corrente de referência no indutor do conversor; assim, o SAE
opera como uma unidade de suporte para a microrrede. Uma chave seletora é utilizada
para alternar entre os modos de operação dependendo da estratégia de gerenciamento de
potência em análise. Ambos os modos permitem operações de carga e descarga do banco
de baterias. As malhas de controle do SAE são apresentadas na Figura 3.10.
A malha interna de corrente é formada por um compensador PI, GciB (s); pela
função de transferência relacionando a corrente no indutor e o ciclo de trabalho do con-
versor bidirecional, GpiB (s); e pelo ganho do sensor de corrente, HiB (s) = 1. A malha
3.2. Modelagem e controle dos componentes 71

Malha interna de corrente


M1 iBref d%B
Vref + +
G cvB ( s ) GciB (s ) G piB (s ) G pvB ( s )
- M2 -
Vbus iB
I Bref
H iB (s )

Malha externa de tensão


H vB (s )

Figura 3.10: Diagrama de controle do sistema de armazenamento de energia.

externa de tensão é formada pela relação entre a tensão e a corrente no indutor, GpvB (s);
pelo compensador PI, GcvB (s); pela malha fechada interna de corrente, GcliB (s); e pelo
ganho do sensor de tensão HvB (s) = 1. Essas funções são expressas por:

kpiB s + kiiB
GciB (s) = (3.31)
s

ĩB Vbat
GpiB (s) = ˜ = (3.32)
dB LB s + R B

ṽbus −LB IB s + (1 − δB )Vbus


GpvB (s) = = (3.33)
ĩB Vbus Cbus s + 2 (1 − δB ) IB

kpvB s + kivB
GcvB (s) = (3.34)
s

GciB (s) GpiB (s)


GcliB (s) = (3.35)
1 + HiB (s) GciB (s) GpiB (s)
em que ĩB , d˜B , e ṽbus são variações em pequenos sinais da corrente no indutor, ciclo de
trabalho e tensão do barramento, respectivamente.
Os compensadores para o sistema de armazenamento de energia foram projeta-
dos utilizando análise de resposta em frequência. Para a malha interna de corrente, a
frequência de cruzamento de ganho e a margem de fase adotadas foram 2.000 rad/s e 60o ,
respectivamente. A malha externa de tensão é mais lenta do que a malha de corrente,
portanto a frequência de cruzamento de ganho adotada foi 400 rad/s, com margem de fase
de 60o . Os diagramas de Bode das malhas de controle compensadas são mostrados na
Figura 3.11.
Da Figura 3.11(a), a margem de fase de 60o é obtida de forma satisfatória na
frequência de 2.000 rad/s para a malha de corrente compensada. A margem de ganho
infinita mostra que o controle utilizado no modo de operação M1 é estável. Da Figura
3.11(b), a margem de fase de 60o é obtida na frequência desejada de 400 rad/s para a malha
3.2. Modelagem e controle dos componentes 72

Diagrama de Bode

MG = ¥

Magnitude [dB]
2000 rad/s
Fase [graus]

MF = 60o

Frequência [rad/s]
(a)

Diagrama de Bode

MG = 32 dB
Magnitude [dB]

400 rad/s
Fase [graus]

MF = 60o

Frequência [rad/s]

(b)

Figura 3.11: Diagrama de Bode das malhas de controle do sistema de armazenamento de


energia. a) malha interna de corrente com compensação; b) malha externa de tensão com
compensação.

de tensão compensada. A margem de ganho positiva indica que o controle utilizado no


modo de operação M2 também é estável. Com isso, tem-se que tanto o modo de operação
do SAE como formador de rede quanto como unidade de suporte estão projetados com
3.2. Modelagem e controle dos componentes 73

margens seguras de estabilidade.


Os parâmetros do sistema de armazenamento de energia utilizados neste trabalho
estão agrupados na Tabela 3.2.

Tabela 3.2: Parâmetros do sistema de armazenamento de energia


Parâmetros Valor Parâmetros Valor
Ebat 240 V Rbat 4Ω
LB 1 mH CB 2 mF
fswB 30 kHz Vbat 220-260 V
kpBi 0,014 kiBi 16,67
kpB v 0,686 kiBv 167,33

3.2.4 Geração distribuída


Por limitações experimentais, o gerador de relutância variável não é considerado
nesta etapa de avaliação. Assim, a geração distribuída é modelada como uma fonte de
corrente capaz de injetar até 2 kW de potência ativa nominal. Assume-se que a fonte de
geração distribuída opera rastreando o ponto de máxima potência. Um conversor fonte
de tensão idêntico ao apresentado na Seção 3.2.1 é utilizado para efeito de estudo das
técnicas de gerenciamento de potência. O VSC é controlado por corrente para se obter
uma unidade alimentadora de rede. O controle de corrente é o mesmo apresentado na
Figura 3.2, retirando-se a malha externa de tensão. A modulação SPWM é utilizada para
acionar as chaves IGBT com frequência de chaveamento de 10 kHz.

3.2.5 Cargas consumidoras


Por fim, as cargas consumidoras locais são emuladas por um conversor do tipo buck
alimentando uma carga resistiva , como apresentado na Figura 3.12. O conjunto absorve
até 1 kW de potência nominal com tensão CC de 120 V. Essa nível de tensão na carga
foi escolhido de forma a ser compatível com a tensão eficaz da rede de distribuição CA.
Devido à forte regulação de tensão, a carga consumidora é considerada uma CPL, as quais
são a principal fonte de instabilidade em sistemas em corrente contínua [131, 132, 134].
Um carga de potência constante pode ser modelada como:

∂iload Pload
=− (3.36)
∂vload Vload 2
em que iload é a corrente da CPL, Pload é a potência nominal da carga, vload é a tensão
terminal, e Vload é a tensão da CPL em um ponto de operação específico.
O conversor abaixador é modelado pelas seguintes equações:

dil
Ll = Rl il − vload + δl Vbus (3.37)
dt
3.3. Estratégias de gerenciamento de potência 74

il Ll iload
Microrrede
CC + +
SL1 Cl
Vbus SL2 Rcpl Vload
- -
Figura 3.12: Carga de potência constante emulada com uso de um conversor CC e carga
resistiva.

dvload vload
Cl = il − (3.38)
dt Rcpl
em que Ll = 1, 8 mH e Rl = 0, 3 Ω são a indutância e resistência do indutor do conversor, il
é a corrente elétrica através do indutor, δl = 0, 32 é o ciclo de trabalho médio, Vbus = 400
V é a tensão do barramento CC, Vload = 120 V é a tensão de saída, Cl = 2 mF é a
capacitância de saída e Rcpl = 16, 12 Ω é a resistência equivalente de saída.
O esquema do emulador da carga de potência constante é formado por uma malha
interna de controle de corrente, e por uma malha externa de controle de tensão, análogas
ao esquema apresentado na Figura 3.10. Ambas as malhas utilizam compensadores PI
projetados por resposta em frequência de forma similar ao apresentado na Seção 3.2.3. A
frequência de chaveamento é de 10 kHz.

3.3 Estratégias de gerenciamento de potência


As estratégias de gerenciamento de potência para a operação da microrrede CC no
modo conectado são avaliadas nesta seção. As técnicas de controle adotadas são apresen-
tadas para o conversor bidirecional do SAE e para o VSC formador da microrrede. Como
discutido anteriormente, considera-se aqui que a geração distribuída opera com controle
de máxima potência, enquanto as cargas consumidoras tem perfil de consumo próprio.

3.3.1 Controle por droop


A operação por droop convencional para sistemas CC é mostrada na Figura 3.13.
A tensão de saída é limitada em valores máximos e mínimos, com variação linear em
função da corrente elétrica e com taxa de inclinação k. A característica desse controle é
dada pela Equação (3.39).

Vo = Vbusref − kio (3.39)


3.3. Estratégias de gerenciamento de potência 75

Vo
Vmax

k
DV
Vref

Vmin

imin imax io

Figura 3.13: Tensão característica do controle por droop em função da corrente de saída
do conversor.

em que Vo é a tensão de saída, Vbusref = 400 V é a tensão de referência desejada, k é o


coeficiente de droop, e io é a corrente de saída.
O coeficiente de droop, k, pode ser calculado por:

Vref
 
k= ∆Vbus (3.40)
2Pmax
em que ∆Vbus = 40 V é a variação de tensão permitida e Pmax = 2 kW é a máxima potência
do conversor controlado.
Para adaptar essa estratégia como um PMS, assume-se que a mesma característica
de droop é aplicada a ambos os controles do VSC e do SAE. Com isso, o compartilhamento
de potência entre essas duas unidades conectadas em paralelo é obtido. A implementação
do gerenciamento de potência utilizando controle por droop é mostrada na Figura 3.14(a),
a qual substitui o grupo B da Figura 3.2. A nova tensão de referência do barramento
CC é obtida subtraindo a referência de tensão da corrente de saída multiplicada pelo
coeficiente de droop. O compensador PI do VSC retorna a potência de referência e o resto
do controle segue idêntico ao apresentado na Figura 3.2. Para o SAE, a estrutura de
controle é mostrada na Figura 3.14(b), a qual integra o esquema mostrado na Figura 3.9.
O SAE opera no modo M1, como uma unidade formadora de rede. A tensão de referência é
obtida em função da corrente de saída do conversor; portanto, também em função do fluxo
de potência na microrrede. Um controlador PI retorna a corrente de referência desejada,
enquanto o resto do controle segue idêntico ao apresentado na Figura 3.9.
É importante destacar que o controle por droop impõe um erro de regime per-
manente na tensão do barramento CC. Esse fato é essencial para o funcionamento dos
métodos como o droop ou sinalização de barramento, uma vez que a variação da tensão é
parte inerente ao funcionamento desses sistemas [87]. Se cargas CC forem supridas utili-
zando conversores de potência, a tensão de saída da carga pode ser bem regulada, mesmo
com a varição de tensão de entrada imposta pelo PMS. Assim, para microrredes CC em
3.3. Estratégias de gerenciamento de potência 76

Controle por droop do VSC

Vref Vmax
Vbusref Vo 2 evbus Pref
K pv s + K iv
´ -1
s
ivsc Vmin
Vbus 2
k

(a)

Controle por droop do SAE

Vref Vmax
Vbusref evbus
K pBv s + K iBv
s
M1 i
B ref
iB Vmin
k Vbus
I Bref M2
(b)

Figura 3.14: Implementação do gerenciamento de potência baseado no controle por droop.


a) controle do VSC que substitui o grupo B da Figura 3.2; b) controle do SAE integrado
ao esquema de controle mostrado na Figura 3.9.

que apenas alguns conversores de potência são empregados, uma variação projetada da
tensão do barreamento CC pode ser permitida sem danificar a estabilidade do sistema. O
método de controle por droop tem como vantagens a simplicidade e o fato de que nenhuma
linha de comunicação é necessária entre os conversores.

3.3.2 Controle por droop adaptativo


Se a característica de droop mostrada na Figura 3.13 for aplicada em ambos os
sistemas do VSC e do SAE, então o excesso ou escassez de energia dentro da microrrede
será compartilhada entre esses conversores. Para se atingir uma autonomia do sistema de
armazenamento, o compartilhamento de potência entre o VSC e o SAE não é desejado.
Uma operação verdadeiramente autônoma é alcançada quando o SAE e o GD são suficien-
tes para suprir a demanda de energia dentro da microrrede. Assim, a rede de distribuição
CA apenas deve atuar quando houver excesso ou escassez de energia, como um sistema de
suporte à microrrede.
Outro problema importante que não é solucionado pelo controle por droop con-
vencional é a ausência de um sistema de gerenciamento do banco de baterias (battery
management system-BMS). Descargas profundas resultam em uma redução significativa
no tempo de vida das baterias. Por outro lado, as sobrecargas podem danificar o sistema
de armazenamento [252–254]. Essas situações são tratadas ao acrescentar um BMS limi-
tando o estado de carga do SAE em um valor máximo, assim evitando sobrecarga, e em
3.3. Estratégias de gerenciamento de potência 77

um valor mínimo, evitando uma descarga profunda.


Um controle por droop adaptativo pode ser utilizado para alcançar ambas as
funcionalidades de PMS e BMS. Em termos gerais, o droop adaptativo pode ser descrito
como:

Vo = Vbusref − k(soc)io (3.41)

em que Vo é a tensão de saída, Vbusref = 400 V é a tensão de referência, k(soc) é o


coeficiente de droop dependente do estado de carga do banco de baterias, e io é a corrente
de saída.
Para evitar o uso de comunicação entre os conversores, é suficiente manter a
característica de droop do VSC constante, como mostrado na Figura 3.13, enquanto a
curva do SAE é modificada como mostrado na Figura 3.15.

Vmax

Vref

Vmin

Figura 3.15: Característica de droop adaptativo em função da corrente de saída e do


estado de carga do banco de baterias.

Neste trabalho, uma relação linear entre o coeficiente de droop e o estado da


carga do SAE é aplicado como função adaptativa. Essa escolha gerante simplicidade e
fácil implementação digital. Em condições normais de operação, apenas o SAE injeta ou
absorve potência na microrrede CC. Em valores específicos de SOC, o SAE compartilha
potência com a rede CA para evitar uma descarga acentuada ou sobrecarga do banco
de baterias. Quando os valores limites de SOC são alcançados, o SAE para de operar,
enquanto a rede CA atua para manter a demanda de potência na microrrede até que valores
seguros do estado de carga sejam reestabelecidos. As funcionalidades de BMS baseadas
em controle por droop adaptativo, para as operações de carga e descarga do SAE, são
dadas respectivamente por:




 
k, soc ≤ sa

sb −soc
k(soc)carga = sb −sa
k, sa < soc < sb (3.42)


0, soc ≥ sb


3.3. Estratégias de gerenciamento de potência 78

e,




 
0, soc ≤ sb

soc−sb
k(soc)descarga =  sc −sb
k, sb < soc < sc (3.43)

k, soc ≥ sc

em que soc é o estado de carga estimado, sa = 50%, sb = 75% and sc = 90% são os
limites inferior, médio e superior do estado de carga aplicados, respectivamente, e k = 4 é
o coeficiente por droop calculado pela Equação (3.40).
A implementação do controle do VSC é a mesma apresentada na Figura 3.14(a).
Para o controle do SAE, a constante característica do droop é modificada para a função
adaptativa, como mostrado na Figura 3.16. A definição dos modos de carga ou descarga
é obtida pelo sentido da corrente elétrica no conversor bidirecional. Uma potência de
referência positiva significa absorção de energia; enquanto uma potência negativa significa
injeção de potência na microrrede.

Controle por droop adaptativo do SAE

Vref Vmax
Vbusref evbus K pBv s + K iBv
s
M1 i
iB Vmin
B ref

k (soc ) Vbus
I Bref M2
soc

Figura 3.16: Implementação do gerenciamento de potência baseado em droop adaptativo


no controle do sistema de armazenamento de energia, o qual é integrado ao esquema de
controle mostrado na Figura 3.9.

As principais vantagens do controle por droop adaptativo são a adição da funcio-


nalidade de BMS e a possibilidade de se alcançar operação autônoma dentro da microrrede
CC. Um melhor desempenho pode ser alcançado se o controle do VSC também incluir uma
característica adaptativa. Contudo, essa configuração requer uma linha de comunicação
entre os conversores para transmitir a estimativa em tempo real do estado de carga do
banco de baterias. Além disso, a principal desvantagem dessa técnica é que tanto o mé-
todo convencional quanto a versão adaptativa do controle por droop ocasionam variações
na tensão do barramento CC. Um nível secundário de controle pode ser adicionado para
solucionar esse problema, como descrito a seguir.

3.3.3 Controle hierárquico


Para resolver adequadamente o problema da variação de tensão no barramento
CC, o qual é imposto pelos controles por droop convencional e adaptativo, uma camada
3.3. Estratégias de gerenciamento de potência 79

secundária de controle é introduzida de maneira hierárquica. A técnica por droop adap-


tativo é utilizada neste trabalho como camada primária de controle para o conversor do
sistema de armazenamento de energia. A inserção da camada secundária requer uma linha
de comunicação entre o VSC e o conversor do SAE, de forma a transmitir a informação
do desvio de tensão no barramento CC. Contudo, essa linha de comunicação é bem mais
lenta do que a ação do controle primário, o que facilita a implementação da estrutura
hierárquica.
Ao adicionar o controle de tensão secundário à característica por droop adaptativo
apresentado na seção anterior, tem-se:

Vo = Vbusref − k(soc)io + δV (3.44)

em que Vo é a tensão de saída, Vbusref é a tensão de referência desejada, k é o coeficiente de


droop dependente do SOC da bateria, io é a corrente de saída e δV é a tensão de restauração
do barramento CC.
A tensão de restauração pode ser obtida por meio de um compensador PI de
dinâmica lenta, tal qual:
Z
δV = Kps (Vbus − Vref ) + Kis (Vbus − Vref )dt (3.45)

em que Vref = 400 V é a tensão do barramento CC sem desvio, Kps = 0, 098 e Kis = 2, 85
são os parâmetros do controlador PI da camada secundária. Os parâmetros do controlador
foram obtidos de forma empírica, por meio de testes de simulação computacional, visando a
estabilidade e o tempo de resposta adequados para a restauração da tensão no barramento.
A implementação do controle hierárquico é mostrada na Figura 3.17. A camada
secundária, apresentada na Figura 3.17(a), é implementada de forma centralizada assu-
mindo a existência de um sistema supervisório externo à camada primária dos conversores.
Nesse esquema, a tensão do barramento CC é comparada com a tensão de referência, o
qual gera o erro entre a tensão desejada e a tensão real do barramento CC. O controlador
PI retorna a tensão de restauração, que deve ser limitada em valores preestabelecidos para
evitar extrapolar o desvio máximo de tensão permitido. A variação máxima permitida
utilizada neste trabalho é de 10% do valor nominal da tensão no barramento CC, ou seja,
40 V. A informação da tensão de restauração é enviada para os controles primários do VSC
e do SAE, como mostrado nas Figuras 3.17(b) e 3.17(c), respectivamente. Os controles
primários seguem a estrutura de droop adaptativo, com funcionalidades de PMS e BMS,
mostrados anteriormente. A tensão de restauração é somada à tensão de referência, ge-
rando assim um novo ponto de operação para as camadas internas de controle do conversor
fonte de tensão e do sistema de armazenamento de energia.
Utilizando a estratégia apresentada, o desvio de tensão no barramento CC imposto
pelo controle por droop é corrigido pela camada secundária. Apesar de ser necessária a
3.3. Estratégias de gerenciamento de potência 80

Controle secundário
dVmax
Vref eVbus K ps s + K is dV
s
dVmin
Vbus
(a)
Controle primário do VSC

Vref Vmax
Vbusref Vo Vo 2 evbus Pref
K pv s + K iv
´ s
-1
ivsc Vmin
Vbus 2
k dV
(b)
Controle primário do SAE
Vmax
Vbusref Vref Vo evbus K pBv s + K iBv
s
M1 i
iB Vmin
B ref

k (soc ) dV Vbus
I Bref M2
soc
(c)

Figura 3.17: Implementação do gerenciamento de potência baseado no controle hierár-


quico: a) camada secundária centralizada; b) camada primária do VSC substituindo o
grupo B da Figura 3.2; c) camada primária do SAE integrada ao esquema mostrado na
Figura 3.9.

utilização de uma linha de comunicação entre os conversores, em caso de falha nessa linha
o controle secundário é removido, enquanto a camada primária mantém o sistema ativo e
funcional. Assim, a confiabilidade e robustez da microrrede CC é aumentada com o uso
do controle hierárquico.

3.3.4 Controle mestre-seguidor


Devido à escassez de métodos de controle adaptados como PMS para microrredes
CC, um controle mestre-seguidor é proposto neste trabalho para ser utilizado especifica-
mente como gerenciamento de potência na microrrede CC operando no modo conectado.
Para o sistema apresentado na Figura 2.6, no esquema proposto o VSC que integra a
microrrede CC com a rede CA de distribuição atua como a unidade mestre, enquanto
o conversor bidirecional do sistema de armazenamento de energia atua como a unidade
seguidora. O SAE opera, assim, como uma dispositivo de suporte à rede. Ao atuar como
3.3. Estratégias de gerenciamento de potência 81

unidade mestre, a potência ativa no VSC é medida, processada, e transmitida para a uni-
dade seguidora por meio de uma linha de comunicação com alta largura de banda e menor
atraso possível.
O fluxo de potência na microrrede CC pode ser calculado por:
!
ω2
Pvsc = Pbess + Pdg + Pload = (Vbus × ivsc ) 2 (3.46)
s + 2ζωs + ω 2
em que Pvsc , Pbess , Pdg , Pload são as potências ativa no conversor fonte de tensão, SAE,
geração distribuída e na carga, respectivamente. Os parâmetros ω = 62, 8 rad/s e ζ = 0, 7
são a frequência de corte o fator de amortecimento de um filtro passa-baixas de segunda
ordem, respectivamente. O filtro de segunda ordem é escolhido para mitigar as oscilações
causadas por transitórios na microrrede CC, de forma que apenas o valor médio em regime
permanente é transmitido no canal de comunicação.
Ao aplicar o método proposto, a rede de distribuição CA atua apenas durante
o transitório de potência, ou quando o sistema de armazenamento de energia não pode
dar suporte à microrrede. A potência de saída do sistema de armazenamento de energia
é utilizada como realimentação para fechar a malha externa de potência no controle do
SAE. A potência de saída do SAE é calculada por:

ω
 
Pbess = (Vbat × iB ) (3.47)
s+ω
em que Vbat e iB são a tensão e corrente elétrica de saída do sistema de armazenamento
de energia, respectivamente.
O objetivo do SAE é prover a potência ativa em regime permanente requisitada
pela microrrede CC. Contudo, para preservar o ciclo de vida do banco de baterias, uma
função de gerenciamento baseada no estado da carga do banco, ψ (soc), é introduzida
como BMS. A função ψ (soc) retorna a referência de potência para o SAE de acordo
com o estado de cargas do banco de baterias. Tal função é definida de maneira diferente
para as operações de carga e descarga, como mostrado nas Figuras 3.18(a) e 3.18(b),
respectivamente.
A função de gerenciamento ψ (soc), aplicada como BMS, considera a varição de
potência (∆p) entre o VSC e o SAE. Na operação de descarga das baterias, o SAE não deve
fornecer potência para a microrrede se o limite mínimo de SOC for alcançado (socmin ).
Entre o valor socmin e um ponto específico do estado de carga (soca ), a referência de
potência cresce linearmente. Após o valor soca , o SAE passa a fornecer a máxima potência
requisitada pela unidade mestre. Esse processo é descrito matematicamente por:





0, soc ≤ socmin
(soc−socmin )
ψ (soc) =  (soca −socmin )
, socmin ≤ soc ≤ soca (3.48)

1, soc ≥ soca


3.3. Estratégias de gerenciamento de potência 82

y (soc ) y (soc )
Dp > 0 Dp < 0
1 1

SOC SOC
0 0 socmin soc
socmin soca socb socmax a soc b socmax
(a) (b)

Figura 3.18: Função de gerenciamento utilizada como BMS baseada no estado de cargas
(SOC) do banco de baterias: a) operação de carga do banco de baterias; b) operação de
descarga do banco de baterias.

em que soc é o estado de carga estimado, socmin = 50% e socmax = 95% são os limites
inferior e superior do SOC, soca = 75% e socb = 85% são os pontos específicos de variação
do estado de carga do SAE aplicados neste trabalho.
Durante o carregamento do banco de baterias, o SAE absorve a máxima potência
disponível dentro da microrrede até um estado de carga específico ser alcançado (socb ).
Com isso, a potência absorvida pelo SAE é linearmente reduzida até que o limite má-
ximo do SOC seja atingido (socmax ). Essa ação é importante para evitar sobrecarregar
o banco de baterias. A operação de carregamento do banco de baterias com a função de
gerenciamento é dada por:





1, soc ≤ socb
(soc−socb )
ψ (soc) =

1− (socmax −socb )
, socb ≤ soc ≤ socmax (3.49)

0, soc ≥ socmax

Finalmente, a corrente de referência para controle do sistema de armazenamento


de energia, iBref , utilizada como entrada da malha interna de corrente, é obtida por:

Pvsc − Pbess
 
iBref = × ψ (soc) (3.50)
Vbat
A implementação do gerenciamento de potência utilizando a técnica mestre-seguidor
proposta nesta pesquisa é apresentada na Figura 3.19. A potência ativa calculada na uni-
dade mestre (conversor fonte de tensão) é medida, processada, e transmitida através da
linha de comunicação para o sistema de armazenamento de energia. O controle do VSC
é o mesmo apresentado na Figura 3.2, sem a necessidade de operar por droop. A po-
tência medida no SAE é, então, comparada com a potência advinda do VSC, resultando
3.3. Estratégias de gerenciamento de potência 83

na variação de potência ativa (∆p) dentro da microrrede CC. Essa variação de potência
ativa determina a quantidade de energia que deve ser fornecida pelo SAE para obtenção
de autonomia interna da microrrede. A corrente de referência utilizada na malha interna
de controle do SAE é dada pela Equação (3.50). O sistema de armazenamento opera no
modo M2, ou seja, como uma unidade alimentadora de rede.
Controle mestre-seguidor do SAE

Vbusref evbus K pBv s + K iBv


s
M1 iB ref eiB dB
Vbus K pBi s + K iBi
PWM S B1
s SB2
Pvsc Dp M2
iB
y (soc ) ¸
Vbat soc
´ Vbat
iB Filtro
Pbess
Passa-baixas

Figura 3.19: Implementação do controle do SAE com estratégia de gerenciamento de


potência baseado na técnica mestre-seguidor proposta.

Diferentemente de outros métodos mestre-seguidor existentes na literatura, o mé-


todo proposto é ideal para utilização como PMS em uma microrrede CC operando conec-
tada à rede CA convencional. No método proposto, apenas a informação de potência é
trocada entre a unidade mestre e a unidade seguidora, o que simplifica a linha de comu-
nicação entre os conversores. Além disso, o ciclo de vida da bateria é preservado com a
inclusão da funcionalidade BMS, a qual é inserida por meio da função baseada no estado
de carga do sistema de armazenamento de energia. O barramento CC não está sujeito a
variações de tensão, o que garante a funcionalidade dos dispositivos conectados à micror-
rede. A estratégia desenvolvida considera que o sistema de comunicação a ser utilizado
é robusto, com redundância a erros, e com baixo atraso de transmissão e processamento.
Para aumentar a confiabilidade do sistema, um método por droop pode ser implementado
como alternativa caso o sistema de comunicação apresente erro. Nesse sentido, um método
por droop modificado é apresentado a seguir.

3.3.5 Controle por droop modificado


Um controle por droop modificado, baseado nos trabalhos desenvolvidos em [255,
256], é proposto neste trabalho. A estratégia apresentada é um alternativa ao controle
mestre-seguidor em caso de falha da linha de comunicação dentro da microrrede CC.
O diferencial da estratégia apresentada neste trabalho é que a funcionalidade de BMS é
incorporada sem a necessidade de modificação em tempo real do coeficiente de droop. Além
disso, o fluxo de potência dentro da microrrede CC é ajustado sem a necessidade de uma
3.3. Estratégias de gerenciamento de potência 84

linha de comunicação. O SAE opera no modo M2, como uma unidade alimentadora de
rede, de maneira que a transição entre o método mestre-seguidor e por droop modificado é
feita de maneira suave. Assim, esse método incorpora algumas das vantagens das técnicas
por droop adaptativo e mestre-seguidor apresentadas.
Na estratégia proposta, após a tensão do barramento CC ser estabelecida, o con-
trole de tensão do VSC comuta para a operação por droop no modo M2. Nesse caso, a
potência de referência do VSC é dada por:

2Pmax
 
Pref = × (Vbus − Vref ) (3.51)
∆Vbus
em que Pref é a potência de referência do VSC, Vref = 400 V e a tensão de referência do
barramento CC, Pmax = 2 kW é a potência nominal do VSC, e ∆Vbus = 40 V é a variação
de tensão máxima permitida no barramento CC.
O gerenciamento de potência considera que o SAE deve suprir a potência requi-
sitada na microrrede, enquanto a rede de distribuição CA apenas injeta ou absorve o
desbalanço de energia em excesso ou em falta. Tal funcionalidade pode ser implementada
ao aplicar a curva de droop do SAE apresentada na Figura 3.20(a). A tensão de saída do
sistema de armazenamento de energia é mantida no nível de referência durante as ope-
rações de carga e descarga do banco de baterias, enquanto o VSC controla a tensão do
barramento CC de acordo com a característica de droop mostrada na Figura 3.20(b). Se
os limites de corrente elétrica do SAE forem atingidos, então as tensões de saída máxima
(para a carga) ou mínima (para a descarga) são impostas pelo PMS.

Vo Vo
Vmax Vmax

DV k
DV
Vref Vref

Vmin Vmin

imin imax imin imax


io io
(a) (b)

Figura 3.20: Curva característica do droop melhorado em função da corrente elétrica de


saída. a) curva de droop do SAE; b) curva de droop do VSC.

A corrente elétrica de referência da malha interna de controle do SAE, iBref , é


obtida pela relação entre a potência de referência do SAE, PBref , e a tensão de saída do
banco de baterias, Vbat . O controle por droop modificado retorna:
3.3. Estratégias de gerenciamento de potência 85

!
ψ (soc) Vbus ω
 
iBref = Vref − Vbus (3.52)
kVbat s+ω
em que ψ (soc) é a função de BMS, k = 4 é o coeficiente por droop (ver Equação 3.40),
e ω = 62, 8 rad/s é a frequência de corte de um filtro passa-baixas de primeira ordem
introduzido para realimentação da tensão medida.
Controle por droop modificado do VSC
evbus
Vbusref 2 - PI
Vbus 2 Pref
Pmax
evbus 2 Pmax
Vbusref
DVbus
Pmin
Vbus
(a)
Controle por droop modificado do SAE
Pmax
Vbusref evbus 1
PBref I Bref
´ y (soc ) ¸
k
Vbus Pmin
Vbat
Filtro
Passa-baixas

(b)

Figura 3.21: Implementação do gerenciamento de potência baseado no método por droop


modificado. a) controle por droop modificado do VSC substituindo o grupo B da Figura
3.2; b) controle por droop modificado do SAE integrado ao esquema mostrado na Figura
3.9.

A implementação do método por droop modificado é apresentado na Figura 3.21.


O controle de tensão do VSC é mostrado na Figura 3.21(a), na qual o VSC comuta
para operação por droop após a tensão do barramento CC ser estabelecida. A tensão do
barramento CC é comparada com a tensão de referência, enquanto a potência de referência
é obtida pela Equação (3.51). O resto do esquema de controle segue idêntico ao apresentado
anteriormente na Figura 3.2.
O controle do SAE é mostrado na Figura 3.21(b). O conversor CC-CC bidire-
cional é controlado por corrente, assim o SAE opera no modo M2, como uma unidade
alimentadora de rede. A tensão do barramento CC, Vbus , é utilizada como realimentação
através de um filtro passa-baixas usado para atenuar o comportamento transitório. A ca-
racterística de droop atua como um controlador proporcional com ganho dado pelo inverso
3.4. Resumo das técnicas de PMS analisadas 86

do coeficiente de droop, o qual foi estabelecido na curva apresentada na Figura 3.20(b). A


tensão Vbus é multiplicada pela saída do controlador e, assim, a potência de referência do
SAE é obtida. A função de BMS, ψ (soc), retorna uma variação linear com o estado de
carga do banco de baterias. Essa função de gerenciamento é a mesma utilizada no método
mestre-seguidor, de forma a facilitar a transição entre os métodos. Finalmente, a corrente
elétrica de referência é obtida pela Equação (3.52). Essa corrente é utilizada como entrada
do controle interno de corrente do SAE, como apresentado na Figura 3.9.
No método por droop modificado, o VSC não é responsável pela estabilização
do barramento CC. Em vez disso, o nível de tensão é ajustado de forma cooperativa
com o SAE, de acordo com a característica mostrada na Figura 3.20(b). Com isso, uma
operação autônoma da microrrede CC é alcançada, o que leva o VSC a atuar como um
sistema auxiliar à microrrede. A vantagem dessa implementação é que a estratégia de
BMS, apresentada na Figura 3.18, pode ser introduzida sem modificações no controle do
SAE. Portanto, uma fluxo de potência estável é alcançado em função do SOC do banco de
baterias através da função ψ (soc) previamente descrita. Como desvantagem, destaca-se a
variação do barramento CC inerente à operação por droop.

3.4 Resumo das técnicas de PMS analisadas


Uma vez que as estratégias de gerenciamento de potência (PMS) analisadas nesta
pesquisa foram apresentadas, as principais características de cada método são resumidas na
Tabela 3.3. Quatro características principais são consideradas: autonomia da microrrede
CC, uso de linha de comunicação, desvio de tensão do barramento CC, e integração da
funcionalidade do sistema de gerenciamento de baterias (BMS).

Tabela 3.3: Comparação entre as estratégias de gerenciamento de potência analisadas.


Estratégia de PMS Autonomia Comunicação Desvio de tensão BMS
Droop 5 5 X 5
Droop adaptativo X 5 X X
Hierárquico X X 5 X
Mestre-seguidor X X 5 X
Droop modificado X 5 X X

A característica de autonomia refere-se à possibilidade de utilizar a rede CA de


distribuição como um sistema auxiliar, enquanto o sistema de armazenamento e a geração
distribuída garantem o fluxo de potência demandada pela carga dentro da microrrede. Essa
característica é útil do ponto de vista do consumidor que queira instalar uma microrrede
com objetivo de depender majoritariamente da própria energia interna produzida. O
controle por droop convencional não atende a esse critério, uma vez que os conversores em
paralelo tendem a compartilhar energia em função da potência nominal de cada conversor.
3.5. Resultados experimentais 87

O uso da linha de comunicação entre os conversores, por sua vez, é uma caracte-
rística que reduz a confiabilidade ao introduzir um ponto de falha no sistema. Entretanto,
a implementação de uma linha de comunicação robusta retorna um melhor compartilha-
mento de potência dentro da microrrede e uma melhora substancial da capacidade de
controle dos conversores. Sem comunicação entre conversores, tem-se o problema do des-
vio de tensão no barramento CC. As técnicas de controle hierárquico e mestre-seguidor
utilizam a linha de comunicação e, portanto, são os métodos capazes de corrigir esse desvio
de tensão. A funcionalidade de BMS é necessária para preservar a vida útil do banco de
baterias, o que não é possível ao se utilizar o controle por droop convencional. A introdução
da característica de BMS garante uma transição suave no fluxo de potência da microrrede,
o que permite a regulação de tal fluxo em função do estado de carga do banco de baterias.
A característica de BMS é adotada quando o SAE opera como uma unidade de suporte à
rede de distribuição CA, como dado nos controles mestre-seguidor e por droop modificado
propostos nesta tese. Os métodos de droop adaptativo e hierárquico também podem ser
ajustados para incluir a funcionalidade de BMS, como mostrado nas seções anteriores.
Uma avaliação experimental das estratégias apresentadas é realizada a seguir.

3.5 Resultados experimentais

3.5.1 Bancada de testes


A plataforma experimental utilizada para emular a microrrede CC é apresentada
na Figura 5.11. Essa plataforma é formada por inversores de frequência Danfoss FC302,
um processador dSPACE DS1006, um emulador de rede CA Chroma 61845, um transfor-
mador isolador DYn11, e um conjunto de cargas resistivas. As medições e instrumentação
são obtidas por meio de sensores de corrente e tensão LEM e uma placa de aquisição de
sinais DS2004. Uma interface homem-máquina (IHM) e um osciloscópio Tektronix DPO
2014B são utilizados para automatizar a coleta de dados e obter os resultados experimen-
tais.

3.5.2 Desempenho das estratégias de gerenciamento de potência


As estratégias de gerenciamento de potência discutidas nas seções anteriores foram
implementadas para avaliação experimental. O banco de baterias é emulado por meio da
dinâmica dada na Figura 3.7 para os parâmetros de baterias de íons de lítio. A geração
distribuída é emulada com os base em dados reais de vento coletados em agosto de 2019
na cidade de Aalborg, Dinamarca. Para permitir a realização dos experimentos em um
tempo razoável, os perfis de fluxo de potência de um dia típico foram ajustados para 200
segundos experimentais. O emulador do banco de baterias teve sua capacidade nominal
3.5. Resultados experimentais 88

Dspace

Trafo
Inversores Emulador
de rede

Cargas

IHM

Osciloscópio

Figura 3.22: Plataforma experimental utilizada para simular a microrrede CC. (CROM
- Center of Research on Microgrids, Aalborg, Dinamarca.)

ajustada de acordo com o tempo do experimento, enquanto a potência da carga foi fixada
no valor nominal. O fluxo de potência da geração distribuída e da carga consumidora
aplicado em todas as análises é mostrado na Figura 3.23.

Pload 1 kW

0W

Pdg
-1.5 kW
-1.7 kW
500 W/div 500 W/div 20 s/div

Figura 3.23: Avaliação experimental do fluxo de potência da geração distribuída (Pdg ) e


da carga consumidora (Pload ).

Da Figura 3.23, é possível notar que a potência da GD não é capaz de suprir a


demanda das cargas durante todo o período emulado. Essa condição, usual em microrredes,
justifica a aplicação da estratégia de gerenciamento de potência. A potência das cargas
consumidoras é mantida em 1 kW, considerando o pior caso de consumo de carga. A
potência do GD varia de 0 a 2 kW, seguindo a potência disponível da fonte renovável.
3.5. Resultados experimentais 89

Para os casos que seguem, uma potência de referência negativa significa injeção de energia
elétrica, enquanto uma potência positiva significa absorção de energia.
Considerando o comportamento apresentado da GD e das cargas, o desempenho do
controle por droop aplicado para gerenciar o fluxo de potência na microrrede é apresentado
na Figura 3.24. O PMS baseado em droop é ativado no instante T0 = 15 s. Da Figura
3.24(a), percebe-se que o VSC e o SAE compartilham a diferença de potência entre a carga
consumidora e o GD. O compartilhamento de potência não é perfeito devido ao conhecido
desvio no compartilhamento de corrente elétrica resultante da operação por droop para
conversores em paralelo. Essa diferença é estimada em 200 W, o que representa 10% da
potência nominal dos conversores.

400 W
T0 Pbess

-900 W
Pvsc

500 W/div 500 W/div 20 s/div


(a)

95%
Soc
75%
410 V
Vbus 50%

45%

360 V

20 V/div 12.5%/div 20 s/div


(b)

Figura 3.24: Avaliação experimental para o controle por droop: a) fluxo de potência do
VSC (Pvsc ) e do SAE (Pbess ); b) estado de carga estimado do SAE (soc) e variação do
barramento CC (Vbus ).

A tensão do barramento CC é apresentada na Figura 3.24(b). A tensão de referên-


3.5. Resultados experimentais 90

cia desse sinal é fixada em 400 V. A operação por droop impõe um variação de tensão da
ordem de 40 V, na faixa limite entre 360-440 V (10% da tensão de referência). O estado de
carga do SAE também é mostrado na Figura 3.24(b). O SOC inicial do banco de baterias
é fixado em 95%. É possível notar que, uma vez que a estratégia de PMS por droop não
inclui a funcionalidade de BMS, o SOC não é controlado. Assim, uma profundidade de
descarga prejudicial ao banco de baterias (abaixo 50%) é atingida. Isso significa que, do
ponto de vista de proteção do SAE e melhoria da vida útil do banco de baterias, o controle
por droop só é viável se o sistema de baterias possuir um gerenciamento do SOC próprio,
dado por controladores de cargas convencionais.
O desempenho do controle por droop adaptativo, para o mesmo perfil de potência
do GD e da carga consumidora, é mostrado na Figura 3.25. O controle adaptativo é
ativado no instante T0 . Da Figura 3.25(a), pode-se notar que o VSC não injeta nem
absorve potência da microrrede até que o instante T1 = 64 s seja alcançado. O SAE é
responsável por suprir a falta ou excesso de energia dentro da microrrede, o que significa
que a operação autônoma é alcançada. No instante T1 , o nível de SOC de 75% é atingido,
como mostrado na Figura 3.25(b). Nesse momento, a característica de droop varia e
o SAE e o VSC passam a gerenciar o fluxo de potência de forma compartilhada. No
instante T2 = 110 s, entretanto, o limite mínimo de 50% do SOC é alcançado. Com isso,
o SAE para de injetar potência na microrrede para evitar uma profundidade de descarga
danosa ao banco de baterias. Devido à variação do coeficiente de droop, o sistema passa a
apresentar oscilações em resposta à imposição dos limites do SOC.
Uma análise da variação de tensão do barramento CC, como mostrada na Figura
3.25(b), revela que as oscilações de potência resultam numa variação de tensão à partir do
instante T2 . Nesse instante, a mínima tensão permitida de 360 V é imposta ao sistema pela
ação do controle. Apesar o sistema manter a estabilidade, essas oscilações indesejadas,
quando na presença de cargas de potência constante, podem levar ao colapso da microrrede.
Assim, tais oscilações devem ser evitadas.
Para corrigir o problema do desvio de tensão no barramento CC imposto pela
ação dos controles por droop, o controle hierárquico é implementado. O desempenho da
estrutura hierárquica, com adição da camada secundária, é mostrado na Figura 3.26. O
PMS baseado nessa estrutura é ativado no instante T0 = 15 s. Da Figura 3.26(a), resta
evidente que a ação da camada primária é a mesma imposta pelo droop adaptativo. A
operação autônoma do SAE é alcançada até o nível de 75% do SOC ser atingido no instante
T1 = 60 s. Em T1 , o SAE e o VSC passam a compartilhar o fluxo de potência requisitado
para a manutenção da microrrede. Em T2 = 100 s, o SOC mínimo permitido é atingido e,
mais uma vez, as oscilações de potência são percebidas.
A camada secundária do controle hierárquico força o banco de baterias a carregar
ou descarregar mais rapidamente devido à imposição da regulação de tensão. Da Figura
3.26(b), pode-se observar que a camada secundária é efetiva em corrigir o desvio de tensão
3.5. Resultados experimentais 91

500 W
T0 T1 T2

-900 W
Pvsc Pbess

500 W/div 500 W/div 20 s/div


(a)

95%
Soc 75%

Vbus 400 V 50%

360 V

20 V/div 12.5%/div 20 s/div


(b)

Figura 3.25: Avaliação experimental do controle por droop adaptativo: a) fluxo de potên-
cia do VSC (Pvsc ) e do SAE (Pbess ); b) estado de carga estimado do SAE (soc) e variação
do barramento CC (Vbus ).

do barramento CC, uma vez que o nível desejado de 400 V é mantido. Contudo, a estrutura
básica do controle hierárquico com duas camadas não corrige o problema da oscilação de
tensão causada pela variação do coeficiente por droop nos limites estabelecidos do estado
de carga do banco de baterias. Portanto, o controle hierárquico também pode apresentar
problemas de estabilidade quando suprindo cargas de potência constante.
O desempenho da estratégia mestre-seguidor proposta como PMS é apresentado
na Figura 3.27. Um tempo de atraso de 100 ms é introduzido para emular um linha
de comunicação sem fio entre os conversores. O controle mestre-seguidor é ativado no
instante T0 = 15 s. Nessa situação, a operação autônoma do sistema de armazenamento
de energia é enfatizada. O VSC não injeta ou absorve potência da microrrede até o limite
do estado de carga de 75% ser alcançado no instante T1 = 60 s. Pode-se notar que o
3.5. Resultados experimentais 92

600 W
T0 T1 T2

-900 W
Pvsc Pbess

500 W/div 500 W/div 20 s/div


(a)

95%
Soc 75%

Vbus 50%
400 V

360 V

20 V/div 12,5%/div 20 s/div


(b)

Figura 3.26: Avaliação experimental do controle hierárquico: a) fluxo de potência do


VSC (Pvsc ) e do SAE (Pbess ); b) estado de carga estimado do SAE (soc) e variação do
barramento CC (Vbus ).

fluxo de potência entre o SAE e o VSC tem transições suaves, quando comparado com os
métodos anteriores, o que indica uma maior eficácia da funcionalidade de gerenciamento
de baterias para o método proposto.
Ao se observar a Figura 3.27(b), pode-se perceber que não há variação de tensão no
barramento CC da microrrede, como desejado. A tensão de referência do barramento CC
é mantida praticamente constante, o que é importante para manutenção da estabilidade
do sistema. Além disso, a ausência de oscilações de potência e tensão, diferentemente dos
métodos anteriores, é um forte indício da robustez e estabilidade do método proposto ao se
alimentar cargas de potência constante. Entretanto, convém destacar que a utilização da
linha de comunicação entre os conversores pode introduzir outros problemas associados,
como atrasos excessivos no tempo de resposta.
3.5. Resultados experimentais 93

T2 400 W
T0 T1

-900 W
Pbess
Pvsc

500 W/div 500 W/div 20 s/div


(a)

95%
Soc
75%

400 V 50%
Vbus

20 V/div 12.5%/div 20 s/div


(b)

Figura 3.27: Avaliação experimental da estratégia mestre-seguidor proposta: a) fluxo de


potência do VSC (Pvsc ) e do SAE (Pbess ); b) estado de carga estimado do SAE (soc) e
variação do barramento CC (Vbus ).

Por último, o desempenho do controle por droop modificado proposto é mostrado


na Figura 3.28. O gerenciamento de potência é ativado no instante T0 = 15 s. Da Figura
3.28(a), nota-se que a operação autônoma do sistema de armazenamento de energia é
atingida satisfatoriamente. Além disso, um fluxo de potência suave é obtido de forma
semelhante àquele alcançado com o método mestre-seguidor. Em T1 = 60 s, o nível de 75%
de estado de carga do banco de baterias é alcançado e o BMS começa a atuar. Em T2 = 100
s, o valor mínimo de 50% do SOC é atingido e, com isso, o SAE para de compartilhar
energia na microrrede CC. Diferentemente dos métodos adaptativo e hierárquico, contudo,
nenhuma oscilação de potência é detectada em T2 .
Como observado na Figura 3.28(b), a estratégia por droop modificado também
impõe um desvio da tensão do barramento CC, o que é uma desvantagem do método.
3.5. Resultados experimentais 94

500 W
T0 T1 T2

-900 W
Pbess
Pvsc

500 W/div 500 W/div 20 s/div


(a)

95%
Soc 75%

Vbus 400 V 50%

360 V

20 V/div 12.5%/div 20 s/div


(b)

Figura 3.28: Avaliação experimental do controle por droop modificado proposto: a) fluxo
de potência do VSC (Pvsc ) e do SAE (Pbess ); b) estado de carga estimado do SAE (soc) e
variação do barramento CC (Vbus ).

Contudo, esse desvio ocorre sem as oscilações apresentadas em métodos anteriores, o que
indica uma robustez do controle e a estabilidade da estratégia proposta ao se alimentar
cargas de potência constante. A principal vantagem dessa técnica é a obtenção de um fluxo
de potência suave aliada a uma característica de BMS para proteção do banco de baterias,
sem a necessidade de utilização da linha de comunicação entre os conversores. Esse método
é ideal para atuar como substituto do método mestre-seguidor, em caso de falhas na linha
de comunicação. A desvantagem do desvio de tensão do barramento CC, entretanto, pode
ser proibitiva se uma regulação de tensão rígida for exigida para a operação da microrrede.
3.6. Considerações finais 95

3.6 Considerações finais


Este Capítulo apresentou os resultados da análise comparativa de estratégias de
gerenciamento de potência (PMS) para uma microrrede CC operando no modo conectado
à rede CA de distribuição. A estrutura básica dos controles por droop, droop adaptativo,
e hierárquico foram adaptadas para funcionarem como PMS. Além disso, uma estratégia
de controle mestre-seguidor e outra por droop modificado foram propostas para utilização
como PMS. A comparação foi realizada levando em conta as características da autonomia
do sistema de armazenamento de energia (SAE), presença de linha de comunicação entre
os conversores, variação da tensão do barramento CC, e inclusão da funcionalidade de
gerenciamento do sistema de armazenamento (BMS). Uma plataforma experimental foi
utilizada para emular a microrrede CC incluindo a rede de distribuição CA, um emulador
do banco de baterias, um emulador de geração distribuída, e as cargas consumidoras locais
com regulação de tensão.
Os resultados experimentais mostraram que a estrutura básica do controle por
droop não garante autonomia do SAE nem inclui a funcionalidade de BMS, o que pode
afetar significativamente a vida útil do banco de baterias. Esse método também resulta
em desvios de tensão do barramento CC, o que pode ser proibitivo se a microrrede exigir
uma regulação de tensão rígida. O controle por droop adaptativo inclui ambas as carac-
terísticas de autonomia do SAE e BMS. Contudo, o desvio de tensão do barramento é
característico do método. Além disso, essa estratégia pode resultar em oscilações de po-
tência em decorrência da variação do coeficiente de inclinação, o que pode levar o sistema
à instabilidade. O controle hierárquico, por sua vez, inclui uma camada secundária que
corrige satisfatoriamente os desvios de tensão no barramento CC, além de incluir auto-
nomia do SAE e BMS na camada primária. Entretanto, a adição da camada secundária
implementada exige a presença de uma linha de comunicação que, embora lenta, aumenta
a complexidade do sistema. Ademais, as oscilações no fluxo de potência evidenciam que
esse método também pode ser instável ao alimentar cargas de potência constante (CPLs).
A estratégia de gerenciamento mestre-seguidor proposta, por sua vez, inclui as
características de autonomia do SAE e a funcionalidade de BMS. O gerenciamento do
banco de baterias se mostrou superior aos demais métodos, uma vez que um fluxo de
potência suave é estabelecido na microrrede. Os desvios de tensão no barramento CC
foram completamente mitigados e a robustez do método em garantir estabilidade, mesmo
ao suprir CPLs, foi evidenciada. Entretanto, uma linha de comunicação de ação rápida se
faz necessária entre os conversores, o que introduz um ponto de possível falha no sistema.
Essa linha de comunicação é simplificada por transmitir apenas a informação da variação
de potência no barramento CC. Por fim, o método por droop melhorado proposto como
BMS reúne as vantagens de autonomia do SAE e funcionalidade de BMS com alto de-
sempenho comparável ao do controle mestre-seguidor. Nenhuma linha de comunicação é
3.6. Considerações finais 96

necessária entre os conversores, o que simplifica a implementação da estrutura. Contudo,


a variação de tensão do barramento CC, característica da operação por droop, é a principal
desvantagem do método.
As conclusões dessa análise comparativa indicam que o método mestre-seguidor
utilizado como PMS retorna o melhor desempenho no gerenciamento de potência da mi-
crorrede CC. Esse método preserva a simplicidade e robustez de implementação. A des-
vantagem da utilização da linha de comunicação entre os conversores pode ser solucionada
com o uso estratégias robustas de comunicação, as quais já são amplamente utilizadas
na indústria por meio de protocolos com redundância e confiabilidade necessárias para a
aplicação em estudo. Ainda assim, a técnica por droop modificado se mostrou o candidato
ideal para atuar substituindo o método mestre-seguidor caso a linha de comunicação seja
perdida. As características similares entre as duas estratégias permite uma comutação
suave entre os métodos. Com isso, a combinação das técnicas de PMS mestre-seguidor e
droop modificado propostas pode ser a melhor alternativa para utilização na microrrede
CC em análise. O próximo capítulo introduz o conceito de inércia virtual incorporada ao
método mestre-seguidor e apresenta uma análise mais aprofundada da estratégia de PMS
proposta neste trabalho.
97

Capı́tulo 4
Proposta de PMS e técnica de inércia virtual

4.1 Introdução
s microrredes em corrente contínua apresentam baixa inércia devido à ausência de
A máquinas elétricas de grande porte capazes de armazenar energia na massa rota-
tiva. Os conversores eletrônicos de potência utilizados nos sistemas de armazenamento de
energia, cargas consumidoras, e geração distribuída não apresentam inércia significativa.
Portanto, esses dispositivos não são capazes de lidar satisfatoriamente com transitórios
fora dos limites especificados de cada conversor. A ausência de inércia dentro da micror-
rede CC causa problemas de estabilidade na tensão do barramento, especialmente com a
alimentação de cargas de potência constante no modo de operação ilhado [76,131,132]. No
evento transitório do fluxo de potência causado por variação da carga ou pela caracterís-
tica intermitente da geração distribuída, o suporte dinâmico para a tensão na microrrede
CC é dado apenas pelos capacitores do barramento. Uma solução para esse problema
seria o aumento da capacitância do barramento CC. Contudo, com o uso convencional
de capacitores eletrolíticos, o aumento da capacitância não é uma alternativa viável de-
vido ao aumento de volume, redução da densidade de potência, e redução da vida útil do
barramento CC [257].
No modo conectado autônomo, discutido no Capítulo 2, quando o sistema de ar-
mazenamento de energia atua mantendo o fluxo de potência e a rede CA de distribuição
atua como suporte à microrrede, o problema da ausência de inércia afeta o banco de bate-
rias de maneira particular. Sem inércia, o sistema de armazenamento pode ser submetido
a transitórios indesejados de potência, o que contribui para o aumento da taxa de falha
e para a redução do ciclo de vida de baterias convencionais como as de chumbo ácido
ou íons de lítio [90, 253, 258]. Como discutido em [252–254], uma alta taxa repentina de
variação de carga ou descarga das baterias que compõem o sistema de armazenamento
de energia pode resultar em uma degradação irreversível desse banco de baterias. Uma
solução possível apresentada na literatura técnica para esse problema consiste no uso de
4.1. Introdução 98

sistemas de armazenamentos híbridos. Nesses sistemas híbridos, dispositivos com alta ca-
pacidade de potência, tais quais os supercapacitores, são inseridos no SAE composto por
dispositivos de alta capacidade de energia, como as baterias. O supercapacitores ajudam a
suprir variações rápidas e transitórias de potência, enquanto o banco de baterias é gerenci-
ado para suprir apenas desbalanços de potência em baixas frequências [245, 250, 258–261].
Essa solução, contudo, encarece os custos de implementação da microrrede e aumenta a
complexidade do sistema de gerenciamento e controle do SAE.
Diversas estratégias de inércia virtual têm sido empregadas como alternativa para
minimizar o problema da falta de inércia em microrredes CC [41,89,90,262–266]. Em [263],
um controle de inércia virtual emulando uma máquina síncrona é proposto para melhorar
a resposta transitória da tensão do barramento CC. O método desenvolvido é aplicado no
conversor fonte de tensão que forma o barramento da microrrede, o que torna a estratégia
útil para a operação no modo conectado. Entretanto, apenas transitórios de tensão são
analisados e nenhuma estratégia de gerenciamento de potência é aplicada. Uma técnica
similar é proposta em [262]. Os autores sugerem o uso do controle por inércia virtual
no conversor formador da microrrede CC em conjunto com uma técnica de controle por
droop dual. O objetivo é estabilizar o sistema de potência e regular a frequência do lado
CA, aumentando a estabilidade interna da microrrede CC. Contudo, a técnica apresentada
não abrange o sistema de armazenamento de energia, além de acrescentar as desvantagens
inerentes ao controle por droop no modo de operação conectado. Um controle coordenado
para microrredes CC baseado em sinalização de barramento e inércia virtual é apresentado
em [89]. Um sistema de gerenciamento de energia apropriado é considerado pelos autores,
enquanto o conceito de inércia virtual é aplicado no controle da fonte renovável de energia.
Entretanto, os autores não avaliam o modo de operação conectado da microrrede. Em
[90], um controle por inércia virtual é aplicado a painéis fotovoltaicos para melhoria do
desempenho dinâmico da microrrede CC. Uma estratégia de ganho adaptativo é utilizada
para assegurar o compartilhamento de potência entre os painéis fotovoltaicos. Porém, a
proposta dos autores não é integrada ao sistema de gerenciamento de energia e apenas o
modo de operação ilhado é considerado.
Uma síntese de inércia virtual com adição de controle preditivo para microrredes
CC é proposta em [41]. O método defendido pelos autores habilita uma inércia adaptativa
sintética para estabilização da tensão do barramento CC em caso de distúrbios. Mais uma
vez, contudo, a estratégia apresentada é voltada apenas para o modo de operação ilhado.
Além disso, os sistemas de gerenciamento de energia não são considerados. O conceito
de máquina CC virtual é introduzido em [264]. Nessa aplicação, a dinâmica de máquinas
CC é emulada no controle do conversor CC-CC bidirecional aplicado ao SAE. A inércia
da máquina virtual é emulada para atingir operação estável e variação de tensão suave
durante transitórios. Vale mencionar, entretanto, que apenas simulações computacionais
são apresentadas para validação do método proposto pelos autores. O modo de operação
4.1. Introdução 99

conectado à rede CA também não é investigado e nenhuma estratégia de gerenciamento


do SAE é utilizada. O modo conectado é explorado em [265]. Na estratégia elaborada
pelos autores, o controle baseado em inércia virtual é empregado para regular frequência
do lado CA. O estudo considera a presença de cargas CA em um sistema eólico, com adi-
ção de um sistema de armazenamento composto por supercapacitores. Contudo, o estudo
foca exclusivamente no sistema eólico para microrredes, apenas resultados de simulação
são apresentados, e o gerenciamento do sistema de armazenamento de energia não é im-
plementado. Uma estratégia de inércia virtual válida para ambos os modos, conectado e
ilhado, é apresentada em [257]. Os autores propõem o uso de inércia virtual para aumento
equivalente da capacitância de cada conversor conectado à microrrede CC, observando as
características do balanço de potência de cada unidade. Contudo, a proposta apresen-
tada tem como finalidade a estabilidade do barramento CC; portanto, não é integrada
ao sistema de gerenciamento de potência. Além disso, apenas resultados de simulação
computacional são apresentados pelos autores. Um técnica de emulação de inércia é pro-
posta em [266] para microrredes CC suprindo cargas CA. Os autores propõem regulação
de tensão e frequência utilizando excitação virtual. Uma estratégia de BMS é aplicada
para coordenar o compartilhamento de corrente elétrica entre a rede CA e o SAE. Porém,
a estratégia de inércia emulada proposta não é integrada ao gerenciamento de potência e
apenas resultados de simulação são apresentados.
Considerando os problemas mencionados nesse campo de pesquisa, este capítulo
apresenta uma estratégia de gerenciamento de potência na microrrede CC para garantia
de operação autônoma no modo conectado. O conceito de inércia virtual é integrado à es-
tratégia de controle mestre-seguidor proposta e discutida no capítulo anterior. O objetivo
é garantir a flexibilidade de regulação do fluxo de potência da microrrede CC durante o
transitório. No método proposto, a inércia virtual é utilizada em conjunto com a função
de gerenciamento do SAE baseada no estado de cargas do banco de baterias. Assim, as li-
mitações no estado de carga são consideradas para funcionamento adequado do sistema de
armazenamento. Um estudo paramétrico e de estabilidade é conduzido para dar suporte
ao projeto e implementação da técnica em estudo. Por se tratar de um aprimoramento
do método mestre-seguidor discutido anteriormente, essa estratégia requer uma linha de
comunicação entre os conversores. Contudo, apenas a informação de potência no barra-
mento CC é transmitida no canal de comunicação, o que simplifica a implementação do
sistema. Em caso de falha na linha de comunicação, propõem-se a comutação para o PMS
por droop modificado apresentado no Capítulo 3. Essa conceitualização de comutação de
métodos de gerenciamento da microrrede é proposta com intuito de aumentar a robustez
e a confiabilidade do sistema.
Os resultados experimentais apresentados neste capítulo foram obtidos utilizando
a bancada de testes emulando uma microrrede CC. Esses resultados são apresentados para
mostrar a viabilidade técnica da estratégia de gerenciamento de potência proposta. Para
4.2. Avaliação da microrrede CC 100

tal, verificou-se experimentalmente a influência da variação paramétrica da inércia virtual


sobre o fluxo de potência da microrrede, estado de cargas do banco de baterias e variações
da tensão do barramento CC. Apresentam-se ainda a influência do atraso na linha de
comunicação e o comportamento do sistema na comutação entre os métodos de PMS, com
e sem comunicação entre as unidades. Com os testes apresentados, mostra-se que a técnica
proposta retorna as características desejadas de autonomia, robustez, gerenciamento do
banco de baterias e fluxo de potência suave para a microrrede CC em estudo.

4.2 Avaliação da microrrede CC


A técnica mestre-seguidor proposta neste trabalho, apresentada no capítulo ante-
rior, mostrou melhor desempenho dinâmico que os métodos convencionais. Neste capítulo,
o método proposto é aprimorado com a inserção da técnica de inércia virtual, também de-
nominada de emulação de gerador síncrono virtual. Essa técnica é utilizada para melhoria
da resposta transitória do sistema de armazenamento de energia, para preservação do
banco de baterias, e como grau extra de liberdade na estratégia de controle desenvolvida.
Contudo, essa técnica tem como desvantagem a utilização da linha de comunicação entre
os conversores, o que introduz um ponto sensível de falha. Para minimizar esse problema
e aumentar a robustez do PMS desenvolvido, o método por droop modificado é implemen-
tado para atuar caso a linha de comunicação seja perdida ou caso identifiquem-se falhas
nessa comunicação. Esta seção apresenta o sistema da microrrede CC em detalhes e a
avaliação dos modos de operação implementados.

4.2.1 Sistema estudado


A estrutura detalhada da microrrede CC e respectivos sistemas de controle são
apresentados na Figura 4.1. Essa estrutura foi implementada experimentalmente utili-
zando a bancada de testes discutidas na Seção 3.5.1. Ressalta-se que as resistências de
linha foram omitidas para simplificação do desenho. A modelagem dos conversores ele-
trônicos de potência e o projeto de controle das unidades conectadas à microrrede foram
discutidos no Capítulo 2. Uma visão geral do sistema implementado é dada a seguir.
Na Figura 4.1, o grupo A mostra a estratégia de PMS implementada para o sistema
de armazenamento de energia. No modo P1, o método mestre-seguidor com adição de
inércia virtual é utilizado como gerenciamento de potência. Caso a linha de comunicação
seja perdida, o PMS é realizado utilizando o método por droop modificado (modo P2). O
grupo B apresenta a estrutura de controle do conversor CC-CC bidirecional do SAE. No
modo M1, o SAE regula a tensão do barramento CC como uma unidade formadora de rede.
Esse modo é utilizado para conexão inicial do sistema de armazenamento ao barramento
CC ou para operação ilhada da microrrede. Neste trabalho, o modo M1 é utilizado apenas
4.2. Avaliação da microrrede CC 101

Barramento CC
Inércia
Virtual PMS
Pvsc ep Conversor fonte
1
Jp ò ivsc de tensão
P1 Dp PBref I Bref
Pess
Dp y (soc ) ¸ Sv1a Sv 2 a Sv 3a Lf Rede CA
Vref eV Pmax
P2
BMS
Vbat +
1k ´ Vbus Cbus
Vbus Pmin -
FPB iLf + -
A Sv1b Sv 2b S v 3b V3f
Vref eV Controle do SAE
PI
iB ref dB evbus
Vbus M1
eiB S B1 Vbusref 2 - PI
PI PWM SB2 V3f qs vdq
P1 Pref
iB PPbess M2 SRF-PLL Vbus 2
´
ess
FPB I B ref iB dq P2
Vbat idq Vbusref evbus Pmax
C B i3f abc 2 Pmax
DVbus

iB LB SB2 i Pmin
RB bat
D
Vbus
E

+ + Pref idref eid


vd
ud Controle do VSC
Ebat Vbat S B1 CB ¸ 2 3 PI ¸
- - id Vbus md ma
wo L f Sv1a , Sv1b
vd 2 abc mb
iq qs SPWM Sv 2 a , Sv 2b
dq mc
Banco de wo L f S v 3 a , S v 3b
Conversor CC-CC mq
Baterias Bidirecional iqref eiq uq ivsc
¸ 2 3 PI ¸ Pvsc
Qref
vq
´ FPB
Vbus G
F
Controle do GD
idg ref eidg d dg Sdg
idg PI PWM
ili il Ll iload
Pdg
´ FPB idg Sl
Vdg
I
+
Cli Dl Cl Vload Rcpl
H -
idg Ldg Ddg idgo
Conversor buck Carga consumidora

Vdg + Cdg Controle da CPL


- S dg Vl ref eVl dl Sl
iload
PI PWM
Pload
´ FPB Vload
GD Conversor boost Vload K
J

Figura 4.1: Visão detalhada da microrrede CC estudada. O sistema de potência e respec-


tivos controles são apresentados. A linha de comunicação é representada na cor laranja.
A estratégia PMS, foco deste capítulo, é mostrada no grupo A.

para conectar o SAE no início da formação da microrrede, uma vez que a operação ilhada
não é avaliada. No modo M2, o SAE atua como unidade de suporte com gerenciamento
de potência em P1 ou P2. O grupo C mostra o cálculo da potência no SAE usado no
PMS. O controle do VSC é mostrado nos grupos D, E, F, G, os quais foram discutidos
no capítulo anterior. Destaca-se, no grupo E, o controle de tensão do barramento CC
regulado pelo VSC nos modos P 1 e P 2. O cálculo da potência do VSC é apresentado
4.2. Avaliação da microrrede CC 102

no grupo G. O detalhe na cor laranja representa a linha de comunicação, uma vez que a
informação da potência no VSC é transmitida para o SAE. Novamente, considera-se aqui
que a unidade de geração distribuída (GD) opera com rastreio da máxima potência, como
uma unidade de alimentação de rede (grupos H, I). A carga local tem consumo próprio,
com regulação de tensão em uma carga resistiva para emulação do comportamento de uma
carga de potência constante (grupos J, K).

4.2.2 Análise de operação


Duas estratégias de controle são utilizadas como gerenciamento de potência (PMS)
para regular o fluxo de potência na microrrede CC conectada à rede CA de distribuição. A
Figura 4.2 apresenta os modelos equivalentes das estratégias adotadas. As considerações
sobre cada método são apresentadas a seguir.
Durante a operação normal da microrrede, o método mestre-seguidor (P1) é uti-
lizado. O modelo equivalente desse método é apresentado na Figura 4.2(a). O VSC que
interliga a microrrede CC com a rede de distribuição CA atua como unidade formadora
de rede, sendo representada por uma fonte de tensão constante com valor Vbus . O sistema
de armazenamento de energia atua como unidade de suporte à microrrede, fornecendo
ou absorvendo potência de acordo com a demanda interna. Essa unidade é representada
por uma fonte de corrente controlada, em que a corrente ibat (t) depende do desbalanço de
potência ∆p(t) entre o SAE e o VSC, e da função de gerenciamento do banco de bate-
rias ψ(soc), apresentada no capítulo anterior. A adição da inércia virtual atua regulando
∆p(t), como será discutido ao longo deste capítulo. O GD atua com rastreio de máxima
potência, sendo representado no modelo equivalente por uma fonte de corrente de valor idg .
Por fim, a carga consumidora é representada por uma CPL de potência Pload , cujo valor
independe da variação de tensão do barramento CC pela ação do conversor eletrônico de
potência.
Caso a linha de comunicação entre o VSC e o SAE seja perdida ou apresente
falhas, a microrrede passa a ter o gerenciamento de potência realizado pelo método por
droop modificado (P2). A escolha desse método é baseada no desempenho dinâmico similar
ao método mestre-seguidor sem a necessidade da transmissão de informação pelo canal de
comunicação. Para esse caso, o modelo equivalente da microrrede é apresentado na Figura
4.2(b). Tanto a geração distribuída quanto a carga de potência constante possuem o
mesmo modelo equivalente apresentado no modo P1. No modo P2, entretanto, o VSC
e o SAE operam como unidades formadoras de rede, sendo representadas por fontes de
tensão com valor de referência Vbus . O gerenciamento de potência é regulado em função
do coeficiente de droop rd = k, discutido no Capítulo 3. A notação rd é utilizada daqui em
diante pela associação desse coeficiente com o incremento da resistência de saída da fonte
de tensão equivalente.
4.2. Avaliação da microrrede CC 103

vbus (t )
+ - zl1 rg

ivsc Cbus + Vbus


iB (t ) =
Dp (t )
y (soc )
-
Vbat zl 2
VSC
iB (t ) rb CB ibat
Pload
zl 3 iload (t ) =
vload (t )
SAE
zl 4 ili Cli rl iload (t )

idg rdg Cdg idgo


CPL

GD
(a)

vbus (t )
+ -z l1
(r g + rd )

ivsc Cbus + Vbus


-
(rb + rd ) zl 2
VSC
Vbus + CB ibat
- Pload
zl 3 iload (t ) =
vload (t )
SAE
zl 4 ili Cli rl iload (t )

idg rdg Cdg idgo


CPL

GD
(b)

Figura 4.2: Modelos equivalentes simplificados das estratégias utilizadas para compor o
PMS proposto: a) método mestre-seguidor com inércia virtual (P1); b) método por droop
modificado (P2).

Em ambos os modos de operação, as perdas em cada unidade são agrupadas em


resistências equivalentes de saída, ligadas em paralelo com as fontes de corrente ou em série
com as fontes de tensão. Essas resistências representam de forma aproximada as perdas
4.2. Avaliação da microrrede CC 104

elétricas nos cabos, nos elementos dos conversores eletrônicos de potência, e as perdas de
chaveamento. Na Figura 4.2, os parâmetros rg , rb , rl , e rdg representam as resistências
equivalentes do VSC, SAE, CPL e GD, respectivamente. No modo de operação P2 , o
coeficiente de droop (rd ) das unidades é somado a resistência equivalente; assim, obtêm-se
a variação de tensão no barramento CC característica do método.
As resistências de linha na microrrede CC são representadas por zl1 , zl2 , zl3 , e zl4
para as linhas do VSC, SAE, CPL e GD, respectivamente. Para sistemas de distribuição
em baixa tensão, um valor típico das resistências de linha é zl = 0.642 Ω/km [267]. Além
disso, espera-se que uma microrrede CC com apenas alguns elementos conectados, como o
sistema em estudo, tenha distâncias entre as conexões dos dispositivos limitadas a poucas
dezenas de metros. Supondo a instalação de uma microrrede CC com distanciamento
máximo entre as unidades de 100 metros, as resistências de linha são inferiores a 65 mΩ.
Portanto, nas análises que seguem, as perdas na linha são consideradas desprezíveis.
Para computar o fluxo de potência na microrrede CC, a potência média do SAE
(Pess ), da geração distribuída (Pdg ), da carga (Pload ), e do VSC (Pvsc ) são calculadas como
mostrado nos detalhes C, G, I, e K da Figura 4.1, respectivamente. Assim:
!
ω1 2
Pvsc = (Vbus × ivsc ) 2 (4.1)
s + 2ζω1 s + ω12

ω2
 
Pess = (Vbat × iB ) (4.2)
s + ω2

ω3
 
Pdg = (Vdg × idg ) (4.3)
s + ω3

ω4
 
Pload = (Vload × iload ) (4.4)
s + ω4
em que Vvsc e ivsc são a tensão e corrente do VSC; Vbat e iess são a tensão e a corrente elétrica
do banco de baterias; Vdg e idg são a tensão e corrente de saída do geração distribuída; Vload
e iload são a tensão e corrente na carga. Os parâmetros ω1 , ω2 , ω3 , e ω4 são as frequências
de corte de filtros passa-baixas utilizados para calcular a potência média de cada unidade,
e ζ é o fator de amortecimento do filtro de segunda ordem do VSC.
Convém destacar que para o cálculo da potência média do VSC, um filtro passa-
baixas de segunda ordem é aplicado. Isso se faz necessário pela característica chaveada da
corrente de entrada do VSC (ivsc ), a qual torna difícil a extração da potência média com
a implementação digital de um filtro passa-baixas de primeira ordem. Os parâmetros de
cada filtro utilizado são apresentados na Tabela 4.1.
Desprezando as resistências de linha, a dinâmica do barramento CC para obtenção
de uma tensão estável é dada por:
4.3. PMS com inércia virtual 105

Tabela 4.1: Parâmetros dos filtros passa-baixas de potência


Parâmetro Valor Parâmetro Valor
ω1 10 Hz ζ 0,7
ω2 5 Hz ω3 5 Hz
ω4 5 Hz

n
dvbus (t) 1 X
vbus (t) = pi (t) (4.5)
dt Ceq i=1
em que vbus (t) é a tensão instantânea do barramento CC, pi (t) é a potência instantânea
da i-ésima unidade na microrrede, Ceq é a capacitância equivalente do barramento, e n é
a quantidade de unidades conectadas. Para a microrrede CC em análise:
n
X
Ceq = Ci = Cbus + CB + Cli + Cdg (4.6)
i−1

em que Cbus , CB , Cli , e Cdg são as capacitâncias de saída (ou entrada) do VSC, do SAE,
do carga consumidora, e da geração distribuída, respectivamente.
A tensão do barramento CC será estável em regime permanente se a soma das
potências em regime fornecidas ou absorvidas por cada dispositivo for nula, ou seja:
n
X
Pi = ± Pvsc ± Pess + Pdg − Pload − Ploss = 0 (4.7)
i=1

em que Ploss contabiliza as perdas internas no cabeamento e conversores da microrrede.


A conversão gerador é adotada, de forma que um sinal positivo indica fornecimento de
potência, enquanto um sinal negativo indica absorção de potência pela unidade.
No método mestre-seguidor (P1), a tensão do barramento CC é regulada pelo
VSC. Com isso, o balanço do fluxo de potência ativa na microrrede é computado direta-
mente por ±pvsc (t). No método por droop modificado, por outro lado, o VSC e o SAE
operam em conjunto para regulação de tensão do barramento. Assim, o balanço do fluxo
de potência é computado por ±pvsc (t) ± pess (t). Como mostrado no Capítulo 3, a operação
autônoma da microrrede CC é atingida quando o SAE fornece a potência de desbalanço
interna na microrrede. Para tal, a rede de distribuição CA atua sobre o déficit ou excesso
de energia interna, atendendo aos critérios dados nas Equações 4.5 e 4.7.

4.3 PMS com inércia virtual


Esta seção detalha a técnica de PMS proposta com adição da inércia virtual.
Primeiro, apresenta-se o conceito, a modelagem matemática e as principais considerações
teóricas sobre essa técnica. Em seguida, mostra-se a implementação da proposta integrada
4.3. PMS com inércia virtual 106

ao controle do sistema de armazenamento de energia. Por fim, as análises de estabilidade


e paramétrica são conduzidas para guiar o projeto dos parâmetros da técnica de inércia
virtual discutida.

4.3.1 Conceito de inércia virtual


Em sistemas de potência convencionais, os geradores síncronos com inércia própria
da massa rotativa são utilizados como principais conversores de energia elétrica. Em
uma microrrede em corrente contínua, contudo, os conversores eletrônicos de potência que
estabelecem a tensão no barramento CC apresentam baixa ou nenhuma inércia. Essa
característica resulta em rápida resposta frente a transitórios, o que torna a microrrede
vulnerável a distúrbios e perturbações [263]. Nessas situações, para que a autonomia da
microrrede CC seja mantida, e para preservação da vida útil do banco de baterias que
integra a microrrede, é necessário que o sistema de armazenamento de energia apresente
tempo de resposta adequado. Com isso, pode-se regular adequadamente o fluxo de energia
e mitigar o problema de picos transitórios indesejados de potência ativa.
Tanto em sistemas CA quanto em sistemas CC, O fundamento da técnica de
inércia virtual é a emulação da resposta dinâmica de uma máquina síncrona. Por isso, esse
conceito é também denominado de gerador síncrono virtual (virtual synchronous generator-
VSG). O VSG pode ser estabelecido com a utilização de um sistema de armazenamento
de energia e mecanismo de controle adequados. A unidade com VSG passa a emular
o comportamento de um gerador síncrono durante o período transitório e, com isso, é
possível aumentar a estabilidade geral da microrrede [268]. Contudo, é importante destacar
que diferentemente de uma máquina síncrona real, o VSG não permite operação com
sobrecarga, uma vez que os conversores de potência devem limitar a corrente elétrica em
valores seguros. Diferentes topologias e estratégias de VSG implementadas na literatura
podem ser consultadas nas referências [268, 269]
A resposta dinâmica da máquina síncrona utilizada como base para a implemen-
tação do VSG é dada pela equação de balanço [270]:


Tm − Te − Dm ω = Jm (4.8)
dt
em que Tm e Te são o torque mecânico e o torque eletromagnético, respectivamente, Dm
[Kg.m2 /rad.s] é o coeficiente de atrito ou de amortecimento, ω é a velocidade angular de
operação e Jm é o coeficiente de inércia da máquina em [Kg.m2 ].
Como apresentado na revisão bibliográfica na introdução deste capítulo, em geral,
o VSG é implementado nas unidades formadoras de rede para aumentar o amortecimento
da tensão no barramento CC, sem a necessidade de aumentar a capacitância do barra-
mento. Porém, para a microrrede em estudo operando com o PMS mestre-seguidor, o
VSC garante a regulação da tensão por meio do balanço de potência no barramento CC.
4.3. PMS com inércia virtual 107

O GD e a carga operam com fluxo de potência próprios que, em condições de estabilidade,


independem das demais unidades. O SAE, por sua vez, opera como unidade de suporte,
cuja a definição da potência de referência é afetada diretamente pela regulação do fluxo de
potência na microrrede. Por essa razão, a inércia virtual proposta é utilizada no controle
do SAE, para regulação do tempo de resposta e amortecimento da potência fornecida pelo
banco de baterias.
Como apresentado no grupo A da Figura 4.1, na proposta desta pesquisa, a emu-
lação de inércia virtual é inserida no processamento do erro de potência, ep , no SAE. Esse
erro é calculado pela diferença instantânea entre a potência medida no barramento CC,
utilizada como referência, e a potência de realimentação medida no sistema de armazena-
mento de energia. Ou seja:

ep = Pvsc − Pess (4.9)

Para melhoria da resposta transitória no processamento do erro de potência, a


emulação de inércia virtual é acrescentada de forma a obter uma equação diferencial que
emule o comportamento apresentado na Equação (4.8). Com base nessa dinâmica, tem-se:
!
d∆p
Pvsc − Pess − Dp ∆p = J (4.10)
dt
em que Jp é o coeficiente de inércia, Dp é o fator de amortecimento, e ∆p é a variação de
potência injetada ou absorvida pelo banco de baterias em determinado instante.
Dessa formulação, verifica-se que o equivalente da diferença entre o torque eletro-
magnético e o torque mecânico em um sistema real é representado pelo erro de potência
no sistema emulado. Além disso, o equivalente da velocidade angular do gerador síncrono
é obtido pela variação de potência ativa fornecida pelo banco de baterias. Por meio da
análise das unidades das grandezas envolvidas, conclui-se que Jp é dado em segundos,
enquanto Dp é adimensional.
Aplicando-se a transformada de Laplace à Equação (4.8), obtém-se a função de
transferência da inércia virtual apresentada no detalhe A da Figura 4.1:

∆p(s) 1
K(s) = = (4.11)
ep (s) Jp s + Dp
Assim, nota-se que a inércia virtual adicionada tem o comportamento de um
filtro passa-baixas, cuja frequência de corte depende dos parâmetros de inércia escolhidos.
Considerando um degrau de entrada do erro entre a potência do barramento CC e a
potência fornecida pelo banco de baterias, a resposta no tempo da variação de potência
do SAE é dada por:

1 −t
  
∆p (t) = 1 − exp ep (t) (4.12)
Dp τ
4.3. PMS com inércia virtual 108

em que τ = Jp /Dp é a constante de tempo da resposta dinâmica do SAE com inércia


virtual.
Da avaliação da resposta ao degrau, pode-se concluir que a razão entre o coeficiente
de inércia Jp e o fator de amortecimento Dp determina o tempo de resposta do sistema
de armazenamento de energia. A regulação da constante de tempo τ define a troca de
energia de forma transitória na microrrede. Essa constante de tempo atua como um atraso
ao aumentar o tempo de resposta do sistema de armazenamento. Com isso, evita-se que o
SAE forneça picos de potência indesejados, os quais são supridos pela rede de distribuição
através do VSC.
O coeficiente de amortecimento, Dp , pode ser utilizado para modificar a resposta
em regime permanente da potência fornecida pelo banco de baterias, uma vez que:

1 −1 ep ∞
  
lim ∆p (t) = lim 1 − exp t ep (t) = (4.13)
t→∞ t→∞ Dp τ Dp
Portanto, com a técnica de inércia virtual implementada, consegue-se aprimorar o
controle mestre-seguidor proposto como PMS. Por meio da escolha dos parâmetros da inér-
cia virtual, podem-se regular tanto o tempo de resposta do SAE quanto o valor da potência
fornecida em regime permanente. O objetivo é garantir que o sistema de armazenamento
de energia não forneça potência transitória e, assim, pode-se garantir a preservação da
vida útil do banco de baterias.

4.3.2 Implementação do PMS com inércia virtual


A implementação da estratégia de gerenciamento de potência aplicando a técnica
mestre-seguidor com adição da inércia virtual é detalhada na Figura 4.3. A estratégia
proposta é formada pela malha interna de corrente do SAE, e por um malha externa de
gerenciamento de potência com adição da inércia virtual. Um controlador anti-windup é
adicionado para atuar na saturação de potência do SAE imposta pela função de BMS. Os
comentários sobre essa implementação são apresentados a seguir.

PMS (P1) + BMS Malha interna de corrente


kwu
Anti-windup
ewu
Inércia virtual
Pvsc ep 1 Dp
1 PB ref M2 iB ref eiB K pBi s + K iBi
dB S B1
Jp s y (soc ) ¸ PWM
Vbat s SB2
´ soc BMS
iB P Vbat iB
Filtro bess Dp
Passa-baixas

Figura 4.3: Estratégia de gerenciamento de potência usando a técnica mestre-seguidor


com adição de inércia virtual.

A potência desenvolvida no VSC (Pvsc ) é transmitida para o SAE por uma linha
de comunicação com alta largura de banda. Esse valor é utilizado como potência de
4.3. PMS com inércia virtual 109

referência para o banco de baterias. O erro de potência (ep ) é obtido subtraindo-se a


potência de referência (Pvsc ) da potência instântanea do banco de baterias (Pbess ). Esse
erro obtido é processado pela implementação da inércia virtual, com objetivo de regular a
capacidade do SAE de fornecer potência durante transitórios e ajustar o fluxo de potência
em regime permanente. O desbalanço de potência resultante (∆p) é processado em função
do estado de cargas do banco de baterias (soc) utilizando a função de gerenciamento BMS,
ψ(soc), apresentada na subseção 3.3.4. Os valores limites utilizados na função de BMS
são apresentados na Tabela 4.2.

Tabela 4.2: Limites do estado de carga (SOC) utilizados na função de gerenciamento do


banco de baterias.
Parâmetro Valor Parâmetro Valor
socmax 95 % socmin 50 %
soca 75 % socb 85 %

A função de gerenciamento do SAE, ψ(soc), tem o comportamento de um limi-


tador para o desbalanço de potência, de acordo com a estimativa do estado de cargas
do banco de baterias. Para evitar que o integrador utilizado na inércia virtual conti-
nue acumulando o erro durante a saturação, uma estratégia anti-windup é implementada
subtraindo-se o valor resultante saturado, ∆pψ(soc), do valor não limitado, ∆p. Essa
diferença (ewu ) é processada por um controlador proporcional de ganho kwu que atua para
zerar o erro de integração durante a saturação. O valor desse ganho determina a velocidade
em que o integrador é reinicializado após a saturação. Neste trabalho, o ganho proporci-
onal foi ajustado em kwu = 5, resultando em uma constante de tempo Twu = 1/kwu = 0, 2
segundos [271, 272]. A constante de tempo Twu pode ser ajustada em função da capaci-
dade de carga do banco de baterias. Durante a operação normal em que o limitador não
atua, o erro ewu é nulo e, portanto, a estratégia anti-windup não tem influência sobre o
comportamento do PMS.
Em seguida, a saída da função de gerenciamento de baterias resulta na potência
de referência para o SAE, PBref . O SAE atua no modo M2, como unidade de suporte para
a microrrede. A corrente de referência para o banco de baterias é dada por:

1
 
iBref = eP × K(s) × ψ(soc) (4.14)
Vbat
em que iBref é a corrente de referência para o banco de baterias, ep é o erro de potência
entre o VSC e o sistema de armazenamento de energia, K(s) é a função de inércia virtual
dada na Equação 4.11, Vbat é a tensão de saída do banco de baterias, e ψ(soc) é a função
de gerenciamento utilizada como BMS.
Finalmente, a corrente de referência (iBref ) é utilizada como entrada para a malha
de corrente do conversor CC-CC bidirecional do SAE, cujo projeto foi discutido no capítulo
4.3. PMS com inércia virtual 110

anterior. Com essa implementação, o PMS utilizado garante que o banco de baterias atue
apenas sobre o desbalanço de potência em regime permanente dentro da microrrede CC.
A rede de distribuição CA com respectivo conversor fonte de tensão atua para regular a
tensão no barramento, fornecendo apenas a potência transitória para segurança do banco
de baterias. Se o estado de carga do SAE atingir valores críticos de sobrecarga ou descarga
profunda, então a rede de distribuição CA assume o balanço do fluxo de potência interno
da microrrede.

4.3.3 Análise de estabilidade


A principal investigação sobre a estratégia de gerenciamento de potência é a aná-
lise de como os parâmetros da técnica afetam o comportamento do sistema de armaze-
namento de energia. Esta subseção investiga os efeitos dos parâmetros do PMS sobre a
malha de controle do SAE. O objetivo é determinar regras práticas para o projeto do PMS.
A malha de controle do SAE, incluindo a técnica de PMS por mestre-seguidor com inércia
virtual, é apresentada na Figura 4.4.

PMS-P1 Malha interna de corrente - M2

Pvsc + eP PBref iBref eiB d%


Dp + iB
K (s ) y (soc ) ¸ GciB (s ) G piB (s )
- -
Pbess iB
H iB (s )
Vbat

w1
s + w1
´

Figura 4.4: Malha de controle do sistema de armazenamento de energia, operando no


modo de controle de corrente (M2), com a estratégia proposta de gerenciamento de po-
tência mestre-seguidor adicionada da inércia virtual (P1).

A função de transferência K(s), dada na Equação 4.11, contém os parâmetros de


inércia virtual em análise (Jp e Dp ). A relação entre o erro de potência (eP ) e a corrente
de referência do SAE (iBref ) é dada por:

iBref 1 ψ (soc)
 
Gpms (s) = = (4.15)
eP Vbat Jp s + Dp
em que ψ (soc) é a função de gerenciamento do banco de baterias definida nas Equações
(3.48) e (3.49), e Vbat é a tensão de saída do banco de baterias, considerada constante em
regime permanente.
As funções de transferência da malha interna de corrente de SAE foram apresen-
tadas na subseção 3.2.3. Substituindo as Equações (3.31) e (3.32) na Equação (3.35), a
4.3. PMS com inércia virtual 111

função de transferência em malha fechado do SAE, operando no modo M2 com PMS-P1,


é dada por:

iB Vbat (kpiB s + kiiB )


GcliB (s) = = (4.16)
iBref LB s2 + Vbat (kpiB s + kiiB )
em que iB é a corrente elétrica no indutor do conversor CC-CC bidirecional do SAE, LB é
a indutância, KpiB e KiiB são os ganhos proporcional e integral do controlador de corrente,
respectivamente.
Finalmente, a realimentação de potência do sistema de armazenamento de energia
é obtida por:

Pbess ω1
 
Hpms (s) = = Vbat (4.17)
iB s + ω1
em que Pbess é a potência medida do banco de baterias e ω1 é a frequência de corte do
filtro passa-baixas de primeira ordem.
Para avaliar a influência dos parâmetros da técnica de gerenciamento de potência
sobre o controle do SAE, procede-se uma análise de estabilidade do sistema para grandes
sinais. As funções de transferência em malha aberta e em malha fechada para o sistema
de armazenamento de energia operando com PMS-P2 são dadas, respectivamente, por:

Pbess
Golpms (s) = = Gpms (s) GcliB (s) Hpms (s) (4.18)
ep

iB Gpms (s) GcliB (s)


Gclpms (s) = = (4.19)
Pvsc 1 + Gpms (s) GcliB (s) Hpms (s)
Substiuindo as Equações (4.15), (4.16), e (4.17) em (4.18), a expressão final para
a função de transferência em malha aberta do SAE com PMS é dada por uma função de
quarta ordem generalizada do tipo:

z0 s + z1
Golpms (s) = (4.20)
p0 s4 + p1 s3+ p 2 s2 + p3 s + p4
em que,





z0 = ψVbat ω1 KpiB

z1 = ψVbat ω1 KiiB






p0 = Jp LB






p1 = Jp KpiB Vbat + (Jp ω1 + Dp ) LB

p2 = Jp KiiB Vbat + Dp ω1 LB + (Jp ω1 + Dp ) KpiB Vbat






p3 = Dp ω1 KpiB Vbat + (Jp ω1 + Dp ) KiiB Vbat






p4 = Dp ω1 KiiB Vbat

Nas considerações que seguem, assume-se que a malha interna de controle de


4.3. PMS com inércia virtual 112

corrente é estável em toda faixa de operação do SAE. Essa afirmação pode ser endossada
com base no projeto adequado do controlador de corrente apresentado no capítulo anterior.
A condição da estabilidade da malha interna de corrente é fundamental para garantir a
correta operação da técnica de gerenciamento de potência. Além disso, para simplificar
a análise, a tensão de saída do banco de baterias (Vbat ) é considerada constante com
valor regulado em 240 V. Essa afirmação é feita considerando a faixa estreita de variação
da tensão de saída do banco de baterias nas operações de carga e descarga. Por fim, a
frequência de cruzamento (ω1 = 5 Hz) do filtro passa-baixas assume um papel importante
para obtenção da potência do banco de baterias sem oscilações ou componentes transitórios
de alta frequência.
Para os valores dos parâmetros do SAE apresentados na Tabela 3.2, a estabilidade
do sistema é avaliada utilizando o critério de estabilidade de Nyquist. Os diagramas de
Nyquist obtidos quando os parâmetros Jp e Dp variam na Equação 4.20 são apresentados
nas Figuras 4.5(a) and 4.5(b), respectivamente.
Da Figura 4.5, pode-se notar que o ponto crítico no eixo real (−1) não é enlaçado
em ambos os casos, quando Jp e Dp variam no intervalo [0,1-10]. Isso significa que,
para essa faixa de variação dos parâmetros no sistema estudado, a estabilidade da malha
fechada pode ser analisada apenas pela função de transferência em malha aberta, seguindo
o critério de estabilidade de Nyquist. Com isso, para que o sistema com inércia virtual
estudado seja assintoticamente estável, é suficiente que os polos da função de transferência
em malha aberta, Golpms (s), estejam alocados no semi-plano esquerdo.
A equação característica de Golpms (s), obtida a partir da Equação (4.20), é dada
por:

 
(s + ω1 ) (Dp + Js) LB s2 + KpiB Vbat s + KiiB Vbat = 0 (4.21)

Da Equação 4.21, os polos da equação característica são obtidas por:





 s1 = −ω1

s2 = − DJpp




 r
−KpiB Vbat KpiB Vbat 2

KiiB Vbat (4.22)
 s3 = 2LB
+ − LB
r 2LB 





−KpiB Vbat K V 2 KiiB Vbat
− piB bat



 s4 = 2LB 2LB LB

Os valores de KpiB , Vbat e LB são positivos. Com isso, pode-se concluir a partir
dos polos s3 e s4 que esses parâmetros não afetam a estabilidade do sistema, desde que os
parâmetros do compensador da malha interna de corrente garantam a estabilidade dessa
malha. Para isso, o procedimento adequado de projeto dos controladores deve ser seguido.
Uma observação importante do polo s1 é que a escolha da frequência de corte do filtro
passa-baixas (ω1 ) afeta de forma significativa o desempenho do sistema. A escolha de ω1
positivo já garante que esse parâmetro não influencie na estabilidade da malha de controle,
4.3. PMS com inércia virtual 113

Diagrama de Nyquist
Jp

Eixo Imaginário

Eixo Real
(a)

Diagrama de Nyquist
Eixo Imaginário

Dp

Eixo Real
(b)

Figura 4.5: Diagramas de Nyquist considerando a variação paramétrica do PMS-P1


proposto. As setas indicam o sentido de crescimento dos parâmetros: a) parâmetro Jp
variando de 0,1 a 10; b) parâmetro Dp variando de 0,1 a 10.
4.3. PMS com inércia virtual 114

uma vez que o polo não cruzará para o semi-ciclo positivo. Entretanto, um pequeno valor
de ω1 força a aproximação do polo para a origem e, portanto, para a estabilidade marginal.
Finalmente, da avaliação do polo s2 , fica evidente que os parâmetros da inércia virtual
devem assumir valores positivos não nulos para garantir que s2 esteja alocado no semi-
plano esquerdo e, assim, a estabilidade assintótica seja obtida.
Para complementar a análise de estabilidade, o mapeamento de polos e zeros da
função de transferência em malha fechada, Gclpms (s), é obtido quando os valores de Jp e Dp
variam. Esses resultados são apresentados nas Figuras 4.6(a) e 4.6(b), respectivamente.
É possível concluir que, assumir Jp e Dp positivos não-nulos é suficiente para evitar a
instabilidade. Contudo, Valores elevados de Jp forçam os polos dominantes de Gclpms (s)
para próximo da origem, levando assim para uma indesejada estabilidade marginal. Por
outro lado, valores elevados de Dp forçam os polos dominantes a se afastarem da origem no
semi-plano esquerdo, tornando o sistema mais estável. Como Dp afeta o valor em regime
permanente da resposta (ver Equação 4.13), então uma escolha adequada do fator Dp /Jp
deve ser feita para atingir a resposta desejada com margem de estabilidade segura.

4.3.4 Análise paramétrica


Para auxiliar na escolha do valor de cada parâmetro da inércia virtual aplicada, é
interessante verificar o efeito desses parâmetros sobre a corrente de referência do sistema
de armazenamento de energia. Para tal, um degrau de potência é aplicado na função de
transferência Gclpms (s), de forma a obter a corrente elétrica do sistema quando a potência
nominal for requisitada (Pbess = 1000 W). Essa análise é apresenta nas Figuras 4.7(a) e
4.7(b).
Da Figura 4.7(a), resta evidente que, fixado um valor para o coeficiente de atrito
Dp , então a constante de inércia Jp altera o tempo de resposta do sistema de armazena-
mento de energia. Um valor baixo de Jp torna a resposta mais rápida, enquanto um valor
alto aumenta a constante de tempo e, portanto, o sistema apresenta inércia virtual maior.
Esses resultados estão de acordo com o obtido na Equação 4.12. Assim, como orienta-
ção na escolha do valor da constante de inércia, deve-se fixar Dp e definir a constante de
tempo desejada para o SAE. Da Figura 4.7(b), tem-se que para um Jp fixo, a variação do
parâmetro Dp resulta em variações do valor de regime da potência de saída. Um valor de
Dp inferior à unidade resulta em valores de potência de saída superior ao nominal. Por
outro lado, valores para o coeficiente de atrito acima da unidade retornam potências de
resposta inferiores à nominal. Essas observações estão alinhadas com o resultado obtido
na Equação 4.13. Portanto, a escolha Dp = 1, 0 retorna resposta de potência de saída
igual à potência de entrada em regime permanente.
4.3. PMS com inércia virtual 115

Mapeamento polos-zeros

Eixo Imaginário

Jp

Eixo Real
(a)

Mapeamento polos-zeros
Eixo Imaginário

Dp

Eixo Real
(b)

Figura 4.6: Mapeamento de polos e zeros para variação dos parâmetros da inércia vir-
tual no PMS. As setas indicam a marcha dos polos dominantes quando os parâmetros
aumentam: a) parâmetro Jp variando de 0,1 a 10; b) parâmetro Dp variando de 0,1 a 10.
4.3. PMS com inércia virtual 116

Resposta ao degrau de potência

Corrente elétrica (A)

Tempo (s)
(a)

Resposta ao degrau de potência


Corrente elétrica (A)

Tempo (s)
(b)

Figura 4.7: Resposta a um degrau de potência de 1000 W sobre a função de transferência


Gclpms (s) com variação dos parâmetros da inércia virtual: a) parâmetro Jp variando de 0,1
a 10; b) parâmetro Dp variando de 0,1 a 10.
4.4. Resultados experimentais 117

4.3.5 Resumo da avaliação


Essa seção apresentou uma avaliação da influência dos parâmetros de inércia vir-
tual sobre a estabilidade do sistema de armazenamento de energia. Alguns critérios para
a escolha do parâmetros em estudo foram introduzidos. Um resumo da avaliação pa-
ramétrica para o método de gerenciamento de potência com inércia virtual proposto é
apresentado como segue:

• A malha interna de corrente do SAE deve ser estável para garantir a operação correta
da técnica PMS-P1. A estabilidade da malha interna é alcançada com o projeto
adequado dos parâmetros do compensador de corrente KpiB and KiiB .

• Valores muito baixos para a frequência de corte (ω1 ) do filtro passa-baixas de potên-
cia aproxima o sistema da estabilidade marginal. Portanto, essa consideração deve
ser utilizada para projeto do filtro de potência.

• Os parâmetros da inércia virtual Jp e Dp devem ser positivos e não nulos. Valores


da relação Jp /Dp próximos de zero não são desejáveis para evitar a estabilidade
marginal. Valores altos de Jp tendem a degradar a margem de estabilidade, enquanto
valores mais elevados de Dp contribuem para ampliar essa margem.

• Finalmente, o tempo de resposta do sistema de armazenamento de energia com


inércia virtual é determinado por τ = Jp /Dp . A escolha de Dp determina a resposta
em regime permanente da potência de saída. Para obtenção da potência saída igual
a potência de entrada em regime permanente, Dp é fixado na unidade. Fixando-se
Dp , a constante de inércia pode ser ajustada para obtenção do tempo de resposta
desejado.

4.4 Resultados experimentais


Os ensaios experimentais para análise da estratégia de gerenciamento de potência
proposta foram realizados na mesma bancada experimental apresentada na Figura 5.11 e
descrita na Seção 3.5.1. Os resultados experimentais apresentados neste capítulo consis-
tem da avaliação da variação dos parâmetros da inércia virtual sobre o comportamento
da microrrede CC. Em seguida, avalia-se a influência de um possível atraso na linha de
comunicação entre o VSC e o SAE, com o objetivo de verificar a robustez da técnica
proposta. Por fim, a transição entre os dois modos de PMS abordados é verificada, emu-
lando uma perda ou falha na linha de comunicação e consequente alternância entre o PMS
mestre-seguidor com inércia virtual e o método por droop modificado.
4.4. Resultados experimentais 118

4.4.1 Ajustes iniciais


Os ensaios experimentais foram realizados com base nos seguintes ajustes iniciais.
O emulador de rede Chroma foi programado para prover tensão alternada trifásica, senoi-
dal, 60 Hz, 127 Vrms de fase, emulando a rede de distribuição CA. As tensões obtidas são
mostradas na Figura 4.8.

180 V

75 V/div 75 V/div 10 ms/div


75 V/div

Figura 4.8: Tensões trifásicas de fase obtidas do emulador da rede de distribuição CA.

Um processo de automação foi implementado no controlador dSPACE como pre-


definição para as potências nos emuladores da carga consumidora local e da geração distri-
buída. O fluxo de potência nessas duas unidades é apresentado na Figura 4.9 e utilizado
em todos os experimentos realizados neste capítulo. O objetivo do fluxo de potência carga-
geração escolhido é avaliar o comportamento da microrrede CC em condições críticas de
operação. Em especial, deseja-se verificar o comportamento da estratégia de PMS proposta
em diferentes situações críticas para o fluxo de potência na microrrede.
Nas análises que seguem, um valor positivo indica que a potência é absorvida pela
unidade, enquanto um valor negativo significa que a potência é fornecida pela fonte. O
tempo total de experimento é de 200 s, de maneira que o emulador do SAE teve o parâmetro
de capacidade de carga ajustado com base nesse tempo de experimento. Na Figura 4.9, no
momento T1 = 20 s, a carga passa a consumir a potência nominal (aproximadamente 950
W), enquanto a geração distribuída não entrega potência para a microrrede. Esse teste
foi aplicado para verificar o comportamento da técnica PMS proposta quando o SAE é a
única fonte de potência na microrrede operando no modo conectado. No instante T2 = 100
s, a potência da geração distribuída cresce em rampa até atingir o valor nominal de 1000
W. Entre T1 e T2 , tanto o GD quanto a carga estão ativos. Após T3 = 120 s, as cargas são
cortadas para emular outra situação crítica em que o GD fornece potência nominal, mas
não há cargas consumindo essa potência extra. A Tabela 4.3 lista os principais eventos
considerados para estudo do fluxo de potência da microrrede.
4.4. Resultados experimentais 119

950 W
Pload

Pdg
T1 T2 T3

1000 W

250 W/div 250 W/div 20 s/div

Figura 4.9: Predefinição do fluxo de potência utilizado em todos os testes experimentais.


Em azul escuro: potência da carga. Em azul claro: potência na geração distribuída.

Tabela 4.3: Descrição dos principais eventos do experimento.


Evento Tempo (s) Descrição
Ti 10 s PMS é ativado
T1 20 s Carga é acionada
T2 100 s GD é acionado
T3 120 s Carga é desligada
T4 150 s SAE atinge 85% do soc
Tf 180 s SAE atinge 95% do soc

A análise do comportamento das demais unidades da microrrede CC em decor-


rência do fluxo de potência mencionado é apresentada a seguir.

4.4.2 Fluxo de potência e gerenciamento do SOC


Para realização dos testes experimentais em uma escala de tempo razoável, bem
como para limitar a quantidade de dados processados, a capacidade de carga do emulador
de banco de baterias foi projetada para permitir a total carga e descarga do banco em cerca
de 5 minutos. Assim, os parâmetros do PMS foram ajustados para o nível de potência e o
tempo de experimento configurados. Vale mencionar que, em um sistema real, levariam-se
horas para carregar ou descarregar o banco de baterias, o que não é prático para estudos
em laboratório.
Para as predefinições do fluxo de potência mostradas na Figura 4.9, considerando
o gerenciamento de potência PMS-P1, o fluxo de potência do SAE e da rede de distribuição
CA, o estado de carga do banco de baterias, e a tensão do barramento CC são apresentados
na Figura 4.10. Os parâmetros da inércia virtual foram fixados em Jp = 1, 0 e Dp = 1, 0.
O estado de carga inicial do banco de baterias é configurado em 95%.
4.4. Resultados experimentais 120

850 W

Tf
Ti T1 T2 T3 250 W T4

300 W

Pvsc
Pbess
900 W
250 W/div 250 W/div 20 s/div
(a)

95% 95%
SOC
85%
75%

50%
Vbus 400 V

20 V/div 12,5%/div 20 s/div


(b)

Figura 4.10: Resultados experimentais para o fluxo de potência do SAE e da rede de


distribuição quando Jp = 1, 0 e Dp = 1, 0. a) Em azul escuro: potência no VSC. Em azul
claro: potência no SAE. b) Em verde: estado de carga estimado para o banco de baterias.
Em roxo: tensão do barramento CC.

Da Figura 4.10(a), pode-se observar que antes do instante Ti , a rede de distri-


buição CA é responsável por prover as perdas na microrrede CC. As perdas observadas
são de aproximadamente 100 W. Em Ti = 10 s, a estratégia de PMS é ativada e o SAE
torna-se responsável por suprir a potência interna requisitada na microrrede. Em T1 , as
cargas passam a consumir aproximadamente a potência nominal de 950 W. Os ajustes do
parâmetro de inércia virtual atuam sobre o período transitório (com Dp = 1, 0), de ma-
neira que a rede de distribuição forneça a potência transitória e o banco de baterias seja
preservado. O pico de potência fornecido pelo VSC na transição é de aproximadamente
300 W. Após o período transitório, o SAE entrega a potência requisitada, a qual é man-
tida até que o primeiro limite do estado de carga de 75% seja alcançado. Nesse momento,
a função de gerenciamento do SOC força o banco de baterias a fornecer de forma suave
4.4. Resultados experimentais 121

menos potência, até o que o ponto de SOC mínimo de 50% seja atingido, como pode ser
verificado na Figura 4.10(b).
Quando o limite mínimo do SOC é alcançado, a rede de distribuição CA passa
a prover a potência interna na microrrede CC por intermédio do VSC. No instante T2 ,
o GD começa a injetar potência no sistema, reduzindo assim a potência fornecida pelo
VSC enquanto a potência no SAE é nula. Em T3 , a carga é cortada. Como resultado
da operação do PMS, o banco de baterias passa a absorver a potência excedente. No
transitório, o VSC entrega um pico de potência de aproximadamente 250 W. Quando o
nível de SOC de 85% é atingido em T4 = 150 s, o SAE começa a reduzir suavemente a
potência absorvida. Com isso, esse excedente de potência passa a ser injetado na rede de
distribuição. Quando o limite máximo do SOC é alcançado em Tf = 180 s, o SAE para de
absorver potência extra e toda a potência gerada pelo GD é entregue à rede CA. Ainda da
Figura 4.10(b), observa-se que durante todo o teste a tensão do barramento CC é mantida
bem regulada em 400 V, com variações inferiores a 20 V nos momentos transitórios.
Do teste realizado com os parâmetros de inércia escolhidos, pode-se perceber que
a estratégia de PMS com inércia virtual garante que o SAE forneça apenas a potência
requisitada em regime permanente. O transitório é fornecido pela rede elétrica de dis-
tribuição, com picos aceitáveis de potência transitória. Dentro dos limites de estado de
carga impostos pela função de BMS, a operação autônoma da microrrede CC é atingida
e a tensão do barramento CC é bem regulada. As transições do fluxo de potência são
suaves e o processo de carga e descarga do SAE é gerenciado, o que mostra que o banco
de baterias é preservado com o método proposto.

4.4.3 Variação paramétrica


Os efeitos da variação paramétrica da inércia virtual sob o fluxo de potência
do sistema de armazenamento de energia e da rede de distribuição são analisados nessa
subseção. Na primeira avaliação, fixou-se o coeficiente de atrito Dp = 1, 0, variando-se a
constante de inércia Jp . Os resultados obtidos para uma constante de inércia Jp = 0, 1 são
mostrados na Figura 4.11.
Da Figura 4.11(a), percebe-se que a redução da constante de inércia afeta o período
transitório no qual o VSC atua para estabelecer o fluxo de potência na microrrede CC.
Os picos de potência fornecidos pelo VSC são reduzidos quando comparados com a Figura
4.10(a). A comparação também revela que para Jp = 0, 1 o sistema apresenta oscilações
de potência indesejáveis, contribuindo para a deterioração do fluxo de potência interno da
microrrede. Esse resultado está de acordo com a análise teórica de que valores baixos da
constante de inércia tendem a levar o sistema para a estabilidade marginal. Na prática,
tais valores podem conduzir a microrrede CC a instabilidade.
O estado de carga e a variação de tensão no barramento CC para Jp = 0, 1 são
4.4. Resultados experimentais 122

100 W
Pvsc
100 W

Pbess
250 W/div 250 W/div 20 s/div
(a)

SOC

Vbus 420 V
400 V

380 V
20 V/div 12.5%/div 20 s/div
(b)

Figura 4.11: Resultados experimentais para o fluxo de potência do SAE e da rede de


distribuição quando Jp = 0, 1 e Dp = 1, 0. a) Em azul escuro: potência no VSC. Em azul
claro: potência no SAE. b) Em verde: estado de carga estimado para o banco de baterias.
Em roxo: tensão do barramento CC.

mostrados na Figura 4.11(b). A variação do estado de cargas do SAE não é alterada


significativamente, uma vez que o SOC é regulado pela função de gerenciamento do banco
de baterias. Utilizando a tensão do barramento CC de 400 V como referência, percebe-se
que a utilização de um valor baixo de inércia leva também a oscilações de tensão no barra-
mento CC. A tensão permanece estável e regulada pelo VSC, dentro da variação máxima
permitida pela malha de controle do retificador de 40 V (10% do valor nominal). Entre-
tanto, essas oscilações de tensão são igualmente indesejáveis para estabilidade e segurança
de operação da microrrede.
A Figura 4.12 apresenta o resultado do fluxo de potência do SAE e do VSC, além
da estado de cargas do banco de baterias e a tensão no barramento CC quando o coeficiente
de inércia é elevado para Jp = 5, 0. Da Figura 4.12(a), pode-se notar que os picos de
4.4. Resultados experimentais 123

potência fornecidos pelo VSC durante o transitório são até duas vezes mais elevados quando
comparados com o valor de inércia de referência (Figura 4.10(a)). O desempenho do SAE
é afetado por essa dinâmica, embora os limites de SOC sejam preservados, como mostrado
na Figura 4.12(b). A tensão do barramento é mantida estável e bem regulada em 400
V. Desse teste, infere-se que valores elevados de inércia degradam a capacidade do SAE
de armazenar ou absorver a potência requerida. Os picos elevados de potência também
são problemáticos. O controle sobre a potência transitória é essencial para proteger o
banco de baterias contra picos de corrente elétrica e também para manter a estabilidade
na microrrede CC.

500 W

Pvsc

650 W
Pbess

250 W/div 250 W/div 20 s/div


(a)

SOC

Vbus 400 V

20 V/div 12.5%/div 20 s/div


(b)

Figura 4.12: Resultados experimentais para o fluxo de potência do SAE e da rede de


distribuição quando Jp = 5, 0 e Dp = 1, 0. a) Em azul escuro: potência no VSC. Em azul
claro: potência no SAE. b) Em verde: estado de carga estimado para o banco de baterias.
Em roxo: tensão do barramento CC.

Finalmente, realizou-se o teste de variação paramétrica do coeficiente de atrito Dp ,


com o coeficiente de inércia mantido constante em Jp = 1, 0. Essa análise é apresentada
4.4. Resultados experimentais 124

250 W
Pvsc
Pbess

500 W

250 W/div 250 W/div 20 s/div


(a)

400 W

Pbess

500 W Pvsc

250 W/div 250 W/div 20 s/div


(b)

Figura 4.13: Resultados experimentais para o fluxo de potência do SAE e da rede de


distribuição quando Jp = 1, 0 e Dp varia. Em azul escuro: potência no VSC. Em azul
claro: potência no SAE. a) D = 0, 5; b) D = 2, 0.

na Figura 4.13. Como mostrado na Figura 4.13(a), para Dp = 0, 5, a estratégia de PMS


força o SAE a prover mais potência do que o requisitado pelas cargas da microrrede CC.
O resultado disso é que o SAE passa a injetar potência na rede de distribuição CA. Por
outro lado, quando o GD injeta potência em excesso, o PMS força o SAE a absorver mais
potência do que a microrrede CC é capaz de suprir. Com isso, a rede de distribuição passa a
injetar potência no SAE. Ambas as condições com Dp < 1, 0 são indesejáveis por não trazer
nenhum benefício prático para a microrrede estudada. Para Dp = 2, 0, como mostrado
na Figura 4.13(b), o SAE e o VSC compartilham aproximadamente a mesma potência
injetada ou absorvida até que as limitações do estado de carga do banco de baterias sejam
alcançadas. Portanto, para Dp > 1, 0, o comportamento da estratégia de gerenciamento
de potência torna-se equivalente ao da operação por droop, com compartilhamento de
4.4. Resultados experimentais 125

potência entre as unidades proporcional ao valor do coeficiente de atrito da inércia virtual.


Embora, para os propósitos da microrrede estudada, a variação de Dp não traga
benefícios no gerenciamento de potência, esse parâmetro introduz um grau extra de liber-
dade no PMS. Por exemplo, considera-se um cenário de uma microrrede CC interligada
à uma rede de distribuição com variações tarifárias. Nessa condição, pode ser útil em
momentos de baixa tarifa fazer com que o banco de baterias seja carregado não só pelo
GD, mas também pela rede CA. No caso de tarifas baixas, pode ainda ser viável econo-
micamente que o banco de baterias coopere com a rede CA para alimentação da carga,
preservando parte da energia do SAE para momentos de tarifas mais elevadas. Esses
cenários alternativos de avaliação são sugeridos como trabalhos futuros.

4.4.4 Influência do atraso na comunicação


Um fator limitante para o uso de estratégias de PMS com uso de comunicação
entre as unidades é a presença de atrasos na comunicação. Esta subseção avalia o impacto
desse atraso no fluxo de potência do sistema de armazenamento de energia e da rede de
distribuição CA. Tecnologias de comunicação típicas para uso na microrrede CC estudada
estão incluídas em redes com premissa de consumidor, como Ethernet, ZigBee, Bluetooth
ou WiFi. Essas tecnologias fornecem taxa de dados de até 100 kbps por segundo e cobrem
distâncias de até 100 m [5]. Nos testes anteriores, o valor de atraso médio para tecnologias
sem fio, como o WiFi, de 100 ms foi introduzido nos experimentos. Valores máximos de
atraso na comunicação sem fio de 300 ms são reportados em [68]. A influência do aumento
do atraso na comunicação da estratégia de PMS é apresentada na Figura 4.14.
Da Figura 4.14(a), percebe-se que mesmo o atraso máximo de 300 ms de uma
comunicação sem fio operando corretamente não afeta o fluxo de potência e a estabilidade
da microrrede CC. O fluxo de potência do SAE e da rede de distribuição é idêntico ao
apresentado nas subseções anteriores. Verifica-se, assim, a robustez da estratégia para
atrasos normais na linha de comunicação. Contudo, da Figura 4.14(b), tem-se que em
um atraso hipotético elevado de 1 segundo, o fluxo de potência começa a se deteriorar.
Para um atraso ainda maior de 2 segundos, como mostrado na Figura 4.14(c), o fluxo
de potência entre o SAE e o VSC é completamente deteriorado. Nessas condições, as
oscilações observadas tornam o gerenciamento de potência na microrrede CC impraticável,
o que pode se refletir na instabilidade do barramento CC.
Convém destacar que o limite máximo de atraso para comunicações sem fio deve
ser estabelecido como limite de operação normal da estratégia de gerenciamento de potên-
cia proposta. Para estratégias de comunicação com fio, as taxas de atraso são significati-
vamente menores que os 300 ms considerados. Os testes com valores de 1 ou 2 segundos de
atraso são conceituais, mas de pouco apelo prático, uma vez que tais atrasos tão elevados
devem ser interpretados como rompimento da linha de comunicação. O desenvolvimento
4.4. Resultados experimentais 126

Pvsc

Pbess 300 ms
250 W/div 250 W/div 20 s/div

(a)

Pvsc

Pbess 1000 ms
250 W/div 250 W/div 20 s/div
(b)

Pbess

Pvsc
2000 ms
250 W/div 250 W/div 20 s/div

(c)

Figura 4.14: Resultados experimentais para o fluxo de potência do SAE e da rede de


distribuição considerando atraso na linha de comunicação. a) atraso de 300 ms; b) atraso
de 1 s; c) atraso de 2 s.
4.4. Resultados experimentais 127

de protocolos de segurança e a implementação prática de sistemas de comunicação para


microrredes em corrente contínua também são sugeridos como trabalhos futuros.

4.4.5 Comutação entre modos de PMS


Por fim, como proposto neste capítulo, caso a linha de comunicação do PMS com
inércia virtual seja perdida, o PMS deve comutar para a estratégia por droop modificado.
Assume-se aqui que o sistema de comunicação deve possuir protocolos de identificação de
erro capazes de detectar a ausência ou falha na linha de comunicação entre os conversores.
O foco da investigação realizada neste trabalho é a capacidade operacional da microrrede.
Portanto, uma investigação aprofundada de protocolos de comunicação não é efetuada. A
avaliação da comutação entre os dois métodos é realizada nessa subseção.
A Figura 4.15 apresenta o fluxo de potência do sistema de armazenamento de
energia e da rede de distribuição CA, como também o estado de cargas do banco de ba-
terias e a tensão no barramento CC para o teste realizado. O modo P1 refere-se ao PMS
utilizando a técnica mestre-seguidor com inércia virtual com comunicação entre as unida-
des. O modo P2 refere-se ao PMS utilizando droop modificado, sem o uso de comunicação
entre as unidades. A descrição dos eventos de comutação implementados no dSPACE é
apresentada na Tabela 4.4.

Tabela 4.4: Descrição dos eventos implementados para a comutação do PMS.


Evento Tempo (s) Descrição
C1 28 s Comutação P1 para P2
C2 78 s Comutação P2 para P1
C3 156 s Comutação P1 para P2
C4 178 s Comutação P2 para P1

O fluxo de potência do SAE e do VSC é apresentado na Figura 4.15(a). As


comutações entre os métodos de PMS exemplificam momentos de transição entre ausência
e presença da linha de comunicação entre as unidades da microrrede. Nos instantes de
comutação dos modos de PMS, podem-se identificar perturbações significativas no fluxo de
potência da rede de distribuição. Essas perturbações atingem picos até 25% superiores ao
valor nominal de potência. Entretanto, vale destacar que esses transitórios de potência não
afetam de maneira evidente a potência do sistema de armazenamento de energia. Assim,
verifica-se que o banco de baterias é preservado durante a transição dos métodos, como
desejado. De forma geral, o fluxo de potência preserva as características obtidas quando
apenas o PMS por mestre-seguidor com comunicação é utilizado.
A Figura 4.15(b) apresenta o estado de cargas estimado para o banco de baterias
e a variação da tensão medida no barramento CC. Verifica-se que a estimativa do estado
de cargas não é afetada pela comutação dos métodos de PMS. Por outro lado, a transição
4.4. Resultados experimentais 128

C4
Pvsc
C1 C3
Pbess
C2

250 W/div 250 W/div 20 s/div


(a)

SOC

C2 C4

Vbus C1 400 V
C3

20 V/div 12.5%/div 20 s/div


(b)

Figura 4.15: Resultados experimentais para o fluxo de potência do SAE e da rede de


distribuição com comutação entre os modos de PMS P1-P2. a) Em azul escuro: potência
no VSC. Em azul claro: potência no SAE. b) Em verde: estado de carga estimado para o
banco de baterias. Em roxo: tensão do barramento CC.

entre os métodos faz com que a tensão do barramento CC deixe de ser regulada em
um valor fixo de 400 V. Ao comutar para o método por droop modificado, a tensão de
barramento passa a ser regulada em função do ponto de operação do VSC e do conversor
do SAE. Os transitórios de tensão são limitados pelos controladores de tensão, evitando-
se assim ultrapassar os limites de segurança de ±10% do valor nominal. Destaca-se que
durante a comutação dos métodos de PMS, a microrrede manteve-se sempre operacional,
sem desestabilizar a tensão do barramento CC.
Os resultados avaliados mostraram que, em caso de perda na linha de comuni-
cação entre os conversores, a comutação de um método centralizado para um método
distribuído, como o droop modificado, é uma solução viável. Após os transitórios causa-
dos pela comutação, a microrrede manteve-se operacional, com fluxo de potência regulado
4.5. Considerações finais 129

e tensão do barramento CC estável. A estimativa do estado de cargas do SAE não foi


afetada. Destaca-se a necessidade do desenvolvimento de algorítimos e protocolos para
detecção de falhas na linha de comunicação. A comutação entre os métodos pode ainda
ser aprimorada com o intuito de reduzir o efeito de transitórios no fluxo de potência e
na tensão do barramento CC. Ambas as considerações discutidas aqui são sugeridas como
ramificações da linha de pesquisa estabelecida neste trabalho.

4.5 Considerações finais


Este capítulo apresentou uma proposta de gerenciamento de potência (PMS) para
uma microrrede CC operando no modo conectado. O PMS proposto é formado por dois
modos de operação. Em condições normais, o gerenciamento de potência é realizado
utilizando a método mestre-seguidor com linha de comunicação entre as unidades. A
técnica de inércia virtual foi aplicada para preservação do sistema de armazenamento de
energia (SAE) e maior flexibilidade no fluxo de potência na microrrede. Caso a linha
de comunicação seja perdida ou apresente falhas, o PMS comuta para o modo por droop
modificado, sem a necessidade de troca de informação entre as unidades. A análise da
operação da microrrede CC em ambos os modos de operação foi apresentada.
A técnica de inércia virtual foi destacada como foco deste capítulo. O conceito,
desenvolvimento matemático, e implementação dessa técnica foram apresentados. As aná-
lises de estabilidade e paramétrica apresentaram considerações importantes no projeto do
PMS proposto, em especial com relação aos critérios de escolha da constante de inércia e
coeficiente de amortecimento. Foi mostrado que, com a escolha adequada dos parâmetros
de inércia virtual, é possível regular a constante de tempo do SAE e ajustar a potência
fornecida ou absorvida pelo banco de baterias em regime permanente. Mostrou-se também
que esses parâmetros têm influência direta na estabilidade do sistema.
Por fim, os resultados experimentais mostraram a viabilidade técnica da pro-
posta. Nos testes realizados com o PMS mestre-seguidor com inércia virtual, verificou-se
a influência dos parâmetros de inércia. Essa análise corroborou as discussões teóricas de-
senvolvidas, evidenciando o controle sobre a constante de tempo e o valor da potência de
regime do SAE. Com o ajuste adequado, a microrrede CC apresentou as características
desejadas de autonomia, regulação da tensão do barramento CC e fluxo de potência suave
nos períodos transitórios. A função de gerenciamento implementada como BMS garantiu
ainda limites seguros do estado de cargas do banco de baterias. A avaliação da presença
de atrasos na linha de comunicação mostrou que o PMS implementado é robusto a atrasos
elevados típicos de comunicação sem fio. Por fim, evidenciou-se ainda a viabilidade da
comutação do método com comunicação para o método descentralizado em caso de falhas
na linha de comunicação. Esse último aspecto da análise evidencia a robustez da técnica
de gerenciamento de potência proposta.
130

Capı́tulo 5
Interligação de um sistema eólico distribuído
com GRV

5.1 Introdução
crescente demanda pelo uso de fontes de energia renováveis em sistemas elétricos dis-
A tribuídos favorecem o uso de sistemas de conversão éolicos (wind energy conversion
systems-WECS ). Os WECS de pequeno porte são incentivados com o emprego de gera-
dores elétricos de alto desempenho. O gerador de relutância variável é um candidato em
potencial para aplicações em sistemas eólicos de pequeno porte, pois, como mencionado,
essas máquinas possuem vantagens como a ausência de imãs permanentes ou bobinas no
rotor, construção simples, alta eficiência, robustez, e tolerância a faltas [23, 24, 273]. Con-
tudo, as principais desvantagens do GRV são a complexidade de controle e o excesso de
ondulação do torque eletromagnético, os quais dificultam a aplicação industrial em larga
escala desses geradores. Para aplicação em geração distribuída e uso em microrredes CC
como a discutida nesta pesquisa, a conexão do GRV com a rede elétrica de distribuição
precisa ser avaliada.
A conexão do GRV com a rede elétrica de distribuição em WECS pode ser clas-
sificada como: conexão direta, quando o conversor do GRV é diretamente conectado ao
conversor da rede; ou como conexão indireta, quando um conversor de interface é inserido
entre os sistemas do GRV e da rede elétrica, atuando assim com estágio intermediário.
Na conexão direta, a opção de controle mais comum é utilizar o conversor fonte de ten-
são (VSC) da rede elétrica para regular a tensão do barramento CC, enquanto o GRV
opera rastreando a máxima potência eólica [209, 212, 219, 220, 222]. Outra possibilidade
de conexão direta é a utilização do GRV para regular o barramento CC, enquanto o VSC
atua sobre a injeção de potência na rede de distribuição [204]. Para a conexão indireta, o
conversor de interface é usualmente empregado para ajustar a tensão de saída do gerador.
Esse ajuste é realizado para que a tensão de saída do conversor do GRV seja compatível
5.1. Introdução 131

com o nível de tensão do barramento de conexão, seja com a rede de distribuição ou em


microrredes com barramento em corrente contínua [195, 199, 207, 215, 232].
Um papel crucial para o conversor de interface é a possibilidade de integração do
GRV a microrredes CC, com eventual necessidade de alternar entre os modos de operação
conectado e ilhado. Além de ajustar o nível de tensão de saída do GRV no modo conectado,
o conversor de interface pode atuar ainda como conversor formador de rede, em caso
de desconexão da rede de distribuição CA. A operação do GRV em sistemas ilhados ou
isolados para suprimento das cargas consumidores e operação conjunta com banco de
baterias é discutida em [153, 187, 202, 213, 231]. Uma outra aplicação da conexão indireta
em desenvolvimento é o uso do conversor de interface para regulação de bancos de baterias
em veículos elétricos [205]. Portanto, a opção do uso do conversor de interface garante
a flexibilidade de operação, tanto para compatibilidade de tensões entre o gerador e o
barramento, quanto para a alternância entre unidade de alimentação e formadora de rede.
Os estudos com gerador de relutância variável desenvolvido neste trabalho de
pesquisa é uma continuação da dissertação de mestrado [191]. Na dissertação referida,
foi proposta uma estratégia de otimização para o GRV em sistemas eólicos utilizando a
técnica de planejamentos de experimentos computacionais (PEC). O desempenho ótimo
foi caracterizado pelo balanço entre a eficiência e a ondulação de torque eletromagnético
do GRV. Contudo, a característica conflitante desses objetivos resulta em um problema
de escolha multiobjetivo. A estratégia de planejamento de experimentos computacionais
retornou uma significativa redução do esforço computacional para realização da otimização
multiobjetivo do GRV na faixa de velocidades avaliada. Na otimização proposta, foi
mostrado que a tensão de excitação do GRV é um parâmetro fundamental, em conjunto
com os ângulos de acionamento do conversor em meia ponte assimétrico, para obtenção
do desempenho ótimo em função da velocidade de operação do gerador. A dissertação
citada teve como foco o desenvolvimento da estratégia de otimização e, assim, a operação
conectada à rede de distribuição foi discutida apenas como um cenário possível de aplicação
do método.
O controle otimizado da tensão de excitação do GRV utilizando o conversor de
interface é raramente abordado na literatura. Em [148], uma estratégia de controle com
malha dupla é apresentada para melhorar o desempenho do GRV. A tensão de excitação
é otimizada utilizando algorítimos de evolução diferencial, enquanto um conversor buck
regula a conexão do GRV com o barramento CC. Contudo, os autores não consideram a
aplicação do GRV em sistemas eólicos, a conexão com a rede elétrica não é abordada, e a
eficiência da máquina é o único fator de desempenho analisado. Um conversor CC-CC do
tipo boost é utilizado em [232] para regular a tensão de excitação do GRV. Esse conversor
atua como um filtro ativo para corrente de saída do gerador, reduzindo assim o volume do
capacitor do barramento CC. Apesar da função do conversor como filtro ser discutida, o
artigo mencionado não investiga a conexão do sistema à rede elétrica de distribuição nem
5.1. Introdução 132

considera a aplicação do GRV em sistemas eólicos.


Neste capítulo, um conversor CC-CC bidirecional é utilizado como estágio de in-
terface entre o conversor AHB do GRV em um sistema eólico distribuído e o VSC da
rede de distribuição. Diferentemente dos trabalhos mencionados na revisão de literatura,
o conversor bidirecional de interface atua regulando a tensão de excitação do GRV, ga-
rantindo assim o desempenho ótimo do sistema eólico. O conversor fonte de tensão, por
sua vez, atua mantendo a tensão do barramento CC regulada, como ocorre no caso da mi-
crorrede CC operando no modo conectado. O desempenho ótimo do gerador de relutância
é analisado por meio de um balanço entre eficiência e ondulação de torque eletromag-
nético. Além disso, o conversor de interface melhora a qualidade de energia do sistema
eólico conectado por reduzir ondulações no barramento CC impostas pelo GRV. Como
consequência dessa ação de filtragem, parte das distorções harmônicas são removidas da
corrente elétrica injetada na rede de distribuição.
A proposta apresentada neste capítulo é indicada para aplicações em que o con-
versor CC-CC bidirecional está presente no sistema eólico com GRV. Uma aplicação típica
é o uso do sistema distribuído com GRV em microrredes CC, como a discutida na seção
2.5. Na microrrede estudada, a turbina eólica opera rastreando o ponto de máxima potên-
cia no modo conectado. Por outro lado, para o modo ilhado, a geração distribuída pode
comutar para atuar como unidade formadora de rede. O uso do conversor de interface,
portanto, é necessário para garantir a operação do GRV em ambos os modos de operação
da microrrede CC. O conversor extra, contudo, leva a um aumento de custo e redução
da eficiência global do sistema. O sistema eólico com conexão indireta proposto utiliza
o cenário de microrredes CC como motivação para propor a melhoria no desempenho do
GRV explorando a bidirecionalidade e capacidade de filtragem do conversor de interface.
Uma comparação entre a estratégia indireta proposta e a conexão direta conven-
cional é conduzida. Ambos os sistemas são otimizados para atingir individualmente o
melhor desempenho balanceado entre ondulação de torque eletromagnético e eficiência.
Os resultados experimentais mostram que, para os sistemas em estudo, o conversor de
interface melhora o desempenho do WECS com GRV mesmo com um redução global de
2,5% na eficiência na comparação com a conexão direta. Essa redução na eficiência ocorre
devido às perdas introduzidas pelo conversor CC-CC bidirecional. Como vantagens da
solução com interface proposta, a oscilação de torque é reduzida em até 9,5% para altas
velocidades, o que garante um menor estresse mecânico para o gerador. Além disso, o
conteúdo harmônico na corrente elétrica injetada na rede de distribuição é reduzido em
até 6% devido a ação de filtragem do conversor. Esses resultados mostram que o sistema
eólico com GRV e conversor de interface é uma opção viável para conexão com a rede
elétrica. Em especial, a proposta é vantajosa para microrredes CC, em que o conversor
de interface extra se faz necessário para possível operação da geração distribuída como
formador de rede.
5.2. Sistema eólico avaliado 133

Este capítulo apresenta a descrição do sistema eólico com GRV estudado. Em se-
guida, discute-se o procedimento de otimização baseada em planejamento de experimentos
computacionais para GRV operando com controle direto de potência. Então, os aspec-
tos da qualidade da energia do sistema eólico com e sem o uso do conversor bidirecional
de interface são discutidos. Por fim, os resultados experimentais são apresentados para
validação da proposta de conexão do GRV à microrrede em corrente contínua.

5.2 Sistema eólico avaliado


O princípio de operação e as principais características do GRV foram discutidos
no Seção 2.3. Para o estudo realizado neste capítulo, destacam-se a dinâmica do GRV
dada na Equação (2.5) e a expressão do torque eletromagnético dada na Equação (2.7).
Destaca-se também a expressão não-analítica para a potência de saída do GRV em função
dos ângulos de acionamento e da tensão de excitação do GRV. Essa expressão de potência
é utilizada como base no desenvolvimento da estratégia de otimização dos parâmetros de
acionamento utilizando o planejamento de experimentos computacionais. Por fim, destaca-
se a expressão generalizada da potência ótima extraída da turbina eólica, dada na Equação
(2.11), a qual é utilizada para implementação do controle direto de potência que atua como
rastreio do ponto de máxima potência da turbina.
O sistema eólico com gerador de relutância variável avaliado neste capítulo é apre-
sentado em detalhes na Figura 5.1. O WECS apresentado é composto pela turbina eólica
com GRV, pelo conversor AHB acionado por controle direto de potência, pelo conversor
CC-CC bidirecional de interface utilizado para regular a tensão de excitação do GRV, e
pelo conversor fonte de tensão utilizado para regular a tensão do barramento CC e o fluxo
de potência injetada na rede elétrica de distribuição. Os demais elementos da microrrede
CC, como o SAE e as cargas locais não são incluídos nessa análise. Esta seção discute cada
bloco de controle mostrado no sistema eólico estudado, nomeados de A a G. Destacam-se
a definição dos modos de operação do GRV, o controle direto de potência implementado,
e o uso do conversor CC-CC bidirecional de interface.

5.2.1 Turbina eólica


A turbina eólica é emulada utilizando o gerador de relutância variável disponível
para estudos experimentais. O coeficiente de potência ótimo da turbina eólica emulada é
de kopt = 5, 16 × 10−4 , de acordo com a Equação (2.11). O controle direto de potência
é aplicado para acionamento do conversor AHB. A máquina elétrica utilizada possui os
seguintes parâmetros: gerador trifásico, 12/8 (número de polos no estator/número de polos
no rotor), potência nominal de 2000 W, tensão nominal de 400 V, e velocidade nominal
de 157 rad/s (1500 rpm).
5.2. Sistema eólico avaliado 134

Indutância Indutância
Tensão Tensão
Histerese Pulso único
Lmax Corrente Corrente Controle Direto
Excitação Excitação de Potência
Vgrv do GRV
Pulso único Pref
I ref
Lmin
w > wbase
q off
PI Pgrv Vgrv
Geração Geração eP
I ref I grv
Filtro
w £ wbase PI passa-baixas
Para gerador Histerese
-Vgrv de pulsos
Parâmetros de controle: q on ,q off ,Vgrv Parâmetros de controle: q on ,Vgrv A B
Variáveis controladas: I ref Variáveis controladas: q off

I grv I LB LB
ia , ib , ic
GRV S1 S2 S3 S G1 SG 3 SG 5
D2 D4 D6 SC 2 Lf Rede CA
a
Vgrv S Vdc
FA FB FC C1 b
Cgrv Cbus c
w ,q S1B S 2B S3B SG 2 SG 4 SG 6
D1 D3 D5 Va ,b ,c

N
Turbina Eólica Conversor em meia Conversor CC-CC Conversor
ponte assimétrico bidirecional de interface fonte de tensão

Seletor de Parâmetros Gerador de Pulsos


I FA , I FB , I FC
Pulso único Ótimos do GRV do GRV
I ref , I max
Vref
w > wbase Tabela q off
de busca q on S1 - S1B ,
w Para q FA ,q FB ,q FC
Vref gerador
and x S2 - S2 B ,
w £ wbase Tabela de pulsos q on Hysteresis
S3 - S3 B
q on
de busca
q off
Histerese D
C

Vref Controle do conversor de interface Vdc Vdc 2 Controle de tensão


Vdcref
x do VSC
Vgrv evL I refB eiL dL SC 1 evdc Pref idref
PI PI PWM
SC 2
x PI -1 23

I LB Vdcref 2 vd
iqref
E F Qref -2 3

ia , ib , ic vd Controle de corrente
id , iq idref eid ud do VSC
dq PI
md S G1
va , vb , vc abc vd , vq id Vdc ma
wo L f
dq m SG 2
qg 2 qg b
SPWM SG 3
PLL qg iq wo L f
mq abc mc SG 4
iqref eiq uq SG 5

G
PI SG 6
vq

Figura 5.1: GRV conectado ao barramento CC da rede de distribuição utilizando um


conversor CC-CC bidirecional de interface. Detalhe A: modos de operação do GRV. Deta-
lhe B: implementação do controle direto de potência. Detalhe C: Seletor dos parâmetros
ótimos. Detalhe D: gerador de pulsos do GRV. Detalhe E: controle do conversor CC-CC
bidirecional de interface. Detalhe F: controle de tensão do VSC. Detalhe G: controle de
corrente do VSC.

5.2.2 Modos de operação do GRV


Os modos de operação do GRV são apresentados no detalhe A da Figura 5.1.
Para velocidades abaixo da velocidade de base, a força contra-eletromotriz é menor que a
5.2. Sistema eólico avaliado 135

tensão de excitação do GRV. Portanto, nesse caso a corrente decresce após o período de
excitação e o controle por histerese é aplicado para regular a corrente de fase do gerador.
Para velocidades acima da velocidade de base, a força contra-eletromotriz é maior que
a tensão de excitação. Nesse caso, não é possível controlar a corrente de fase após o
período de excitação e, portanto, o controle por pulso único de tensão é aplicado. Para
o controle por histerese, o ângulo de ativação (θon ), o ângulo de desligamento (θof f ), e a
tensão de excitação do GRV (Vgrv ) são definidos como parâmetros de controle para fins
de acionamento e otimização. No controle por histerese, a corrente de referência (Iref )
é utilizada como variável controlada. Na operação por pulso único, como não é possível
controlar a corrente de fase, define-se o ângulo de desligamento como variável controlada,
enquanto a tensão de excitação e o ângulo de ativação são utilizados como parâmetros de
controle a serem otimizados.

5.2.3 Controle direto de potência


O detalhe B da Figura 5.1 apresenta a implementação do controle direto de po-
tência (CDP). O CDP é utilizado para obter o ponto de máxima potência eólica, como
desenvolvido em [220]. Para implementação do CDP, a tensão e a corrente elétrica de
saída do GRV são multiplicadas. O resultado da multiplicação é processado por um filtro
passa-baixas, o qual retorna a potência média de saída do conversor AHB. A referên-
cia de potência ótima dada ao controlador é definida pela Equação (2.11), em função da
velocidade angular de rotação da turbina.
Como discutido na seção anterior, os modos de operação do GRV definem a es-
tratégia do controle direto de potência. Para o gerador estudado, a velocidade de base
encontrada é de ωsb = 957 rpm [161]. Assim, a operação do GRV é determinada da se-
guinte forma: controle por histerese de corrente se ω ≤ 957 rpm; controle por pulso único
de tensão se ω > 957 rpm. A operação por histerese é também chamada de operação em
baixas velocidades, enquanto que o acionamento por pulso único é também denominado
de operação em altas velocidades.
Para baixas velocidades (abaixo de ωsb ), o controle direto de potência atua sobre
a referência de corrente do GRV utilizando o controle por histerese [220]. Um controlador
PI é utilizado para processar o erro de potência definido por eP = Pref − Pavg . Com isso,
a corrente elétrica de referência é dada por:
Z
Iref = Kpbv eP + Kibv eP dt (5.1)

em que Kpbv = 0, 0050 e Kibv = 0, 1346 são os ganhos proporcionais e integrais do contro-
lador PI, respectivamente.
Para altas velocidades (acima de ωsb ), a estratégia do CDP atua sobre o ângulo
de desligamento θof f , o que implica na operação por pulso único [220]. Novamente, um
5.2. Sistema eólico avaliado 136

controlador PI processa o erro de potência, eP , e o ângulo θof f é dado por:


Z
θof f = Kpav eP + Kiav eP dt (5.2)

em que Kpav = 0, 0026 e Kiav = 0, 0709 são os ganhos proporcionais e integrais do contro-
lador PI, respectivamente.
Vale destacar que, para ambos os controladores, os ganhos foram ajustados uti-
lizando a ferramenta de ajuste de ganhos do Matlab/Simulink. Para o caso do controle
por histerese, adotou-se como critério de projeto o tempo de resposta ao degrau consi-
derando a potência obtida na velocidade de base (512 W). Para a a operação por pulso
único, utilizou-se como critério de projeto o tempo de resposta ao degrau considerando a
potência nominal do GRV (2000 W).

5.2.4 Seletor de parâmetros ótimos e gerador de pulsos


O detalhe C da Figura 5.1 apresenta o seletor de parâmetros ótimos do GRV.
Os parâmetros ótimos são definidos em função da velocidade de operação do gerador
(ω) e do modo de controle (histerese ou pulso único). A estratégia de planejamentos de
experimentos computacionais utilizada para obtenção desses parâmetros é discutida nas
próximas seções. Os valores ótimos obtidos são armazenado em tabelas de busca para
aplicação online. Por fim, os valores de θon , θof f e Vgrv são definidos pelo seletor de
parâmetros, os quais são utilizados na entrada do gerador de pulsos.
O gerador de pulsos do GRV, por sua vez, é aplicado para acionamento do con-
versor em meia ponte assimétrico, como mostrado no detalhe D. A lógica de acionamento
é baseada na comparação entre os ângulos ótimos e a posição atual do rotor do GRV, ga-
rantindo o disparo das chaves do AHB no período de indutância decrescente. Na operação
por histerese de corrente, o bloco de histerese é aplicado à corrente de referência (Iref ) que
o controlador PI retorna. Para a operação em pulso único, a corrente não é controlada e,
portanto, a referência do bloco de histerese é a corrente máxima (Imax = 10 A) utilizada
para evitar danos ao sistema eólico.

5.2.5 Conversor bidirecional de interface


Como mostrado na Figura 5.1, um conversor CC-CC bidirecional é utilizado para
integrar o sistema eólico com GRV ao barramento CC. Para uma rede de distribuição CA,
trifásica, 220 V de tensão de linha, a tensão do barramento CC é regulada em 400 V pelo
conversor fonte de tensão. O sistema avaliado torna-se, assim, equivalente a microrrede CC
operando no modo conectado discutida nos capítulos anteriores. O conversor de interface
regula a tensão de excitação do GRV no ponto ótimo em função da velocidade de operação
na faixa de 200-380 V. Portanto, do lado do GRV, o conversor de interface atua como um
5.2. Sistema eólico avaliado 137

conversor abaixador, enquanto que do lado do barramento CC o conversor bidirecional


atua como elevador de tensão. O projeto de controle dessa unidade é discutida a seguir.

5.2.5.1 Modelagem do conversor bidirecional

A modelagem do conversor bidirecional foi descrita em detalhes na Seção 3.2.3


para o SAE da microrrede CC. As mesmas considerações são válidas para o conversor de
interface do GRV e, por isso, neste capítulo procede-se uma visão geral. O modelo médio
do conversor CC-CC bidirecional de interface é dado por:

dilb
LB = Rlb ilb − Vgrv + δL Vdc (5.3)
dt

dVgrv Vgrv
Cgrv = ilb − (5.4)
dt Req
em que LB = 2 mH e Rlb = 0, 1 Ω são a indutância e resistência do indutor do conversor,
ilB é a corrente que circula no indutor, δl é o ciclo de trabalho, Vdc = 400 V é a tensão no
barramento CC, Vgrv é a tensão de excitação ótima do GRV em função da velocidade e do
.
modo de operação, Cgrv = 2, 25 mF é a capacitância de saída do AHB e Req = Vgrv 2 Pgrv =
72, 2 Ω é a resistência de saída equivalente do conversor.

5.2.5.2 Controle do conversor

Utilizando as Equações (5.3) e (5.4), o controle em malha dupla do conversor


bidirecional de interface é mostrado no detalhe E da Figura 5.1. A malha externa regula
a tensão no lado do GRV (Vgrv ), enquanto a malha interna regula a corrente no indutor
para obtenção da estabilidade. A frequência de chaveamento do conversor é fswi = 20
kHz e chaves IGBT são utilizadas. Controladores PI foram projetados por resposta em
frequência, de forma análoga à apresentada na Seção (3.2.3), para uma margem de fase
de 60◦ .
Para a malha externa, o controlador atua sobre o erro de tensão evL = Vref − Vgrv ,
de forma que a corrente de refência é dada por:
Z
Iref B = KpvL evL + KivL evL dt (5.5)

em que KpvL = 0, 7127 and KivL = 175, 76 são os ganhos proporcional e integral projetados
do controlador, respectivamente.
Para a malha interna, o controlador atua sobre o erro de corrente eiL = Iref B −ILB ,
de forma que o ciclo de trabalho do conversor é obtido como:
Z
δL = KpiL eiL + KiiL eiL dt (5.6)
5.2. Sistema eólico avaliado 138

em que KpiL = 0, 0086 e KiiL = 10, 0 são os ganhos proporcional e integral do controlador
PI projetado, respectivamente. Além disso, limita-se o ciclo de trabalho em 0 ≤ δL ≤ 1.
Com o projeto adequado do conversor bidirecional, pode-se regular a tensão de
excitação do GRV no valor ótimo, enquanto a tensão do barramento CC é mantida cons-
tante pelo VSC de interligação com a rede de distribuição. O conversor bidirecional têm
ainda um importante papel de filtragem para o barramento CC, como será discutido em
detalhes em uma seção posterior.

5.2.6 Conversor fonte de tensão


O conversor fonte de tensão regula a tensão do barramento em 400 V e controla
o balanço de potência entre o sistema eólico e a rede de distribuição CA, tal qual ocorre
na microrrede CC estudada. A modelagem e projeto dos controladores do VSC foram
detalhados na Seção 3.2.1. Um procedimento análogo é adotado para o sistema eólico em
análise, comentado a seguir de maneira simplificada.

5.2.6.1 Modelo do VSC

Utilizando a referência síncrona dq, a modelagem do VSC implementado é a


mesma dada nas Equações 3.6 a 3.16. O mesmo SRF-PLL mostrado na Figura 3.3 é
utilizado na implementação do sistema eólico para obtenção do ângulo de sincronização
com a rede elétrica. A capacitância do barramento CC adotada é de Cbus = 2, 2 mF. O
filtro indutivo de saída possui indutância Lf = 10 mH.

5.2.6.2 Controle do VSC

O controle do VSC é mostrado nos detalhes F e G da Figura 5.1. O SRF-PLL


retorna o ângulo θs de sincronização com a rede elétrica, o que permite a transformação
abc para dq. A malha externa regula a tensão do barramento CC e retorna a potência ativa
de referência em função do balanço de tensão no capacitor do barramento. Da potência
ativa de referência e do comando da potência reativa, encontram-se as correntes idref e
iqref utilizadas na malha interna. Conforme discutido na Seção 3.2.1, as correntes no eixo
d e q são desacopladas. A malha interna retorna o valor do índice de modulação utilizado
na modulação SPWM [242].
Novamente, controladores PI foram utilizados para obter erro de regime nulo
em ambas as malhas. Os controles foram projetados por resposta em frequência, como
apresentado na Seção 3.2.1, para obtenção de margens de fase de 60◦ . A malha externa
de tensão é 10 vezes mais lenta que a malha interna. Os parâmetros dos controladores
da malha externa são Kpvg = 0, 6530 e Kivg = 181, 15. Para a malha interna os valores
dos parâmetros são Kpig = 86, 50 and Kiig = 5, 01e5. Chaves IGBT são utilizadas e a
frequência de chaveamento do VSC é de fswvsc = 10 kHz.
5.3. Otimização do sistema eólico com GRV 139

5.3 Otimização do sistema eólico com GRV


Esta seção apresenta o procedimento de otimização do sistema eólico com GRV
utilizando o planejamento de experimentos computacionais (PEC). Por se tratar de uma
técnica offline, primeiro apresenta-se o modelo computacional do GRV utilizado. Em
seguida, discute-se o conceito de desempenho ótimo em geradores de relutância variável.
Então, a técnica de PEC é discutida com base em trabalhos anteriores desenvolvidos
em [191]. Por fim, encontram-se os parâmetros ótimos para sistema eólico com conexão
indireta proposto e para o sistema com conexão direta, sem o uso do conversor bidirecional.
O objetivo é realizar a comparação experimental entre os dois WECS otimizados com GRV.

5.3.1 Modelo do GRV utilizado


Para utilização do PEC, o modelo computacional do gerador de relutância variável
deve ser fiel à dinâmica da máquina real e incorporar as não-linearidades do gerador. Os
modelos computacionais obtidos por ensaios experimentais são utilizados por retornarem
excelente representatividade [169, 174, 274]. Neste trabalho, utiliza-se a mesma máquina
e procedimento experimental para obtenção do modelo do GRV discutido em [217]. O
procedimento experimental consiste em um sistema automatizado de alta resolução para
realização dos ensaios de caracterização magnética do GRV. Os dados obtidos no ensaio
são armazenados em tabelas de busca para uso em simulações computacionais.
Caracteriza-se o comportamento elétrico do GRV pelas curvas de magnetização
Φ(I, θ). Experimentalmente, as curvas de magnetização são encontradas com o rotor
bloqueado, aplicando-se degraus de tensão para diferentes posições do rotor [217]. Esse
procedimento é denominado de método direto. Os valores de tensão e corrente elétrica são
armazenados. O teste em corrente contínua determina o valor da resistência de fase dos
enrolamentos. Com os valores de tensão e corrente obtidas com rotor bloqueado e com a
resistência de enrolamento, pode-se determinar o fluxo concatenado por:
Z t
Φ(t) = (Vf − Rf if )dt (5.7)
0

em que Φ é o fluxo concatenado calculado, Vf e if são a tensão e a corrente elétrica em


uma fase do GRV, e Rf é a resistência elétrica por fase do enrolamento do estator.
A Figura 5.2 apresenta as curvas de magnetização obtidas experimentalmente
para o GRV estudado [217]. Destacam-se as curvas para a posição alinhada e desalinhada
do rotor. No total, 200 curvas de magnetização foram obtidas utilizando interpolação dos
pontos de teste.
Com as curvas de magnetização experimentais, extraem-se as relações I(Φ, θ) e
T (I, θ) mostradas na Figura 5.3. Os pontos das curvas apresentadas são armazenados
em tabelas de busca (lookup tables), conforme procedimento descrito em [217]. A Figura
5.3. Otimização do sistema eólico com GRV 140

Alinhado

desalinhado

Figura 5.2: Curvas de magnetização obtidas para o GRV utilizado [191, 217].

5.3(a) mostra a relação da corrente de fase do GRV em função do fluxo concatenado e


da posição angular do rotor. O valor da corrente máxima deve ser limitado para evitar
pontos de saturação não representados pelo modelo. A Figura 5.3(b) mostra a relação
do torque eletromagnético em função do fluxo e da posição do rotor. Destaca-se que
o modelo obtido abrange tanto a operação como motor (torque positivo), quanto como
gerador (torque negativo).
Por fim, completa-se o modelo do GRV por fase com a equação dinâmica que
representa o comportamento mecânico da máquina:


Tm = Te + Bv ω + J (5.8)
dt
em que Tm é o torque mecânico no rotor, Te é o torque eletromagnético, Bv é a constante
de atrito viscoso, e J é o momento de inércia.
As Equações (5.7) e (5.8), em conjuto com as tabelas de busca apresentadas
na Figura 5.3, completam o modelo por fase do GRV. A implementação desse modelo
no programa Matlab/Simulink é mostrada na Figura 5.4. A tensão de fase do GRV é
subtraída da queda de tensão nos enrolamentos do estator. O fluxo concatenado é obtido
da integral da tensão resultante. Com o fluxo e a posição angular do rotor, determina-se
a corrente elétrica de fase do GRV utilizando a tabela de busca I(Φ, θ). Com a corrente
resultante e com a posição angular, determina-se o torque instantâneo por fase utilizando
a tabela T (I, θ). A soma dos torques em cada fase determina o torque eletromagnético
total do GRV. Por fim, o comportamento mecânico do GRV é introduzido para obtenção
5.3. Otimização do sistema eólico com GRV 141

(a)

(b)

Figura 5.3: Dados das tabelas de busca do modelo da MRV: a) I(Φ, θ); b) T (I, θ)
[191, 217].

da velocidade e posição angular do rotor utilizada para realimentação do modelo.


A Tabela 5.1 apresenta os parâmetros do modelo do gerador de relutância variável
utilizados no procedimento de otimização.
A seguir, discute-se o conceito de desempenho ótimo do GRV para justificar o
procedimento de otimização empregando o planejamento de experimentos computacionais
adotado.
5.3. Otimização do sistema eólico com GRV 142

w 1
1
s Js + B
qj qj
Te1
Vj Fj Ij Temag
1 M
å s
I (F,q ) T (I , q )
Ten å å
Tm
R

Figura 5.4: Esquema do modelo utilizado para uma fase do GRV [191].

Tabela 5.1: Parâmetros do GRV utilizado [191].


Parâmetro Valor
Potência nominal (Pnom ) 2 kW
Velocidade nominal (ωnom ) 1500 rpm
Número de fases (NF ) 3
Número de polos (Ns /Nr ) 12/8
Resistência do enrolamento (R) 4,52 Ω
Fluxo magnético máximo (Φmax ) 1,1074 W b.esp
Corrente máxima (Imax ) 8A
Momento de inércia (J) 0,004 Kg.m2

5.3.2 Desempenho ótimo do GRV


O desempenho do gerador de relutância variável é definido pela eficiência do gera-
dor e pela ondulação de torque eletromagnético. Um desempenho satisfatório é dado por
alta eficiência e baixa ondulação de torque. A eficiência do GRV depende basicamente das
perdas elétricas, principalmente as perdas no cobre do estator e no núcleo ferromagnético.
A ondulação de torque eletromagnético, por sua vez, causa problemas de estresse mecânico
e ruído indesejáveis, devendo ser mitigada.
Para investigação da eficiência do GRV em um modelo computacional, adota-se o
seguinte procedimento. A relação entre as perdas no cobre do estator e a corrente elétrica
do GRV é dada por:

PCu = Nf RI 2 rms (5.9)

em que PCu é a potência dissipada no cobre do estator por efeito Joule, Nf é o número de
fases do GRV, e Irms é a corrente rms do gerador.
5.3. Otimização do sistema eólico com GRV 143

As perdas no núcleo ferromagnético são estimadas pela equação de Steinmetz,


dada por:
!2
a+bB dB
PF e = ch fst B + ce (5.10)
dt
em que fst é a frequência de passo do GRV, ch é o coeficiente de histerese, ce é o coeficiente
de perdas por correntes parasitas, a e b são coeficientes determinados pelas curvas de
perdas, e B é a densidade do fluxo [194, 196].
Portanto, verifica-se que as perdas no cobre dependem essencialmente da corrente
Irms do GRV. Além disso, as perdas no núcleo do GRV dependem de maneira prioritária
do valor de pico do fluxo concatenado Φmax . A redução das perdas no cobre e das perdas
no núcleo significa o aumento da eficiência do sistema eólico com GRV.
A ondulação do torque eletromagnético é afetada principalmente pelo intervalo de
condução de corrente e a posição relativa entre as fases do GRV. O cálculo da ondulação
de torque é dado por:

Tmax − Tmin
Tripple = (5.11)
Tavg
em que Tripple é a ondulação de torque, Tmax e Tmin são os torques máximo e mínimo,
respectivamente, e Tavg é o torque médio calculado em um período de passo do gerador.
As três variáveis principais do gerador de relutância variável, Irms , Φmax e Tripple ,
são utilizadas no procedimento de otimização multiobjetivo para melhoria de desempenho
do sistema eólico estudado.

5.3.3 Parâmetros de controle


A potência de saída do GRV é influenciada pelos ângulos de acionamento, pela
tensão no elo CC e pela velocidade de operação. Embora não seja possível determinar uma
expressão analítica precisa para a potência de saída do GRV envolvendo esses termos, uma
expressão aproximada, deduzida em [159], é dada por:

 
θZof f Zθe
2
Ns × Nr × Vgrv  (θ − θon ) dθ (θof f − θon − θ) dθ 
Po = − (5.12)
ω L (θ) L (θ)
 
θon θof f

em que Po é a potência elétrica de saída em função dos parâmetros de acionamento, Ns e


Nr são o número de polos do estator e do rotor, respectivamente, Vgrv é a tensão no elo
CC, θ é a posição angular do rotor, L(θ) é a indutância em função da posição angular, e
ω é a velocidade mecânica de operação.
Diferentes escolhas para os ângulos de ativação θon e θof f e para a tensão Vgrv ,
5.3. Otimização do sistema eólico com GRV 144

em uma dada velocidade ω, podem produzir a mesma potência de saída. A escolha desses
parâmetros é crucial para o desempenho do gerador, o qual é caracterizado por um ba-
lanço adequado entre eficiência e ondulação de torque eletromagnético. Entretanto, esses
dois objetivos são conflitantes quando se utilizam os métodos de controle convencionais,
como demonstrado em [161, 191, 219, 220]. Assim, a melhoria da eficiência resulta em um
aumento da ondulação de torque, ao passo que a redução dessa ondulação prejudica a efi-
ciência da máquina. Trata-se, portanto, de um problema de otimização multiobjetivo. A
técnica de planejamento de experimentos computacionais é utilizada nesta pesquisa para
determinação e resolução desse problema multiobjetivo, como discutido a seguir.

5.3.4 Planejamento de experimentos computacionais


Os experimentos físicos podem ser inviáveis devido ao custo ou impraticabilidade
operacional. No caso do gerador de relutância variável, a determinação experimental dos
parâmetros ótimos de controle por testes em bancada é impraticável. Isso decorre da
necessidade de inúmeros experimentos devido à quantidade de parâmetros e condições a
serem testadas. A técnica de planejamentos de experimentos computacionais é utilizada
para modelar fenômenos físicos por meio de simulações utilizando um metamodelo do
tipo [275, 276]:

y = f (x) , x = (x1 , ..., xs ) ∈ T (5.13)

em que x corresponde às variáveis de entrada, y é a variável de saída, f é a função obtida,


que pode não ser analítica e T é o espaço das variáveis de entrada.
O método de planejamento de experimentos computacionais aplicado em [191]
para determinação dos parâmetros de controle do gerador de relutância variável é composto
de três etapas básicas: preenchimento de espaço, determinação da superfície de resposta,
e método de otimização. Cada etapa mencionada é discutida a seguir.

5.3.4.1 Preenchimento de espaço

Projetos por preenchimento de espaço (space-filling) são apropriados para mo-


delos computacionais determinísticos. Os pontos de simulação são espalhados de forma
estatística, com o objetivo de obter uniformidade na região de experimentação [277]. Para
uma região experimental genérica s-dimensional em um cubo unitário C s = [0, 1]s , se
n é o número total de amostras, o projeto por preenchimento de espaços denominado
Dn = {x1 , ..., xn }, em que xi ∈ C s , deve ser tal que o desvio, Dev(x; f, g) = f (x) − g(x),
seja o menor possível ∀x ∈ C s , sendo y = f (x) o modelo físico real e y = g(x) o metamo-
delo computacional. O projeto de preenchimento de espaço por hipercubo latino (LHS) é
adotado por garantir uma redução significativa nos pontos de teste.
5.3. Otimização do sistema eólico com GRV 145

O LHS faz um amostragem estocástica dividindo o domínio C s de cada xk em


estratos iguais com probabilidade marginal de 1/n. Toma-se uma amostra de cada estrato.
O projeto LHS resultante é uma matriz n × s, em que cada coluna é uma permutação
aleatória em {1, 2, ..., n}, sendo n o número de ensaios e s o número de variáveis [276].
Outros métodos de preenchimento de espaços que podem ser aplicados são o OFAT (one
factor at time) e variações otimizadas do LHS, como os projeto maximin ou por correlação
mínima(minimum correlation).

5.3.4.2 Superfície de resposta

Após a seleção dos pontos a serem testados, constrói-se o metamodelo descrevendo


as relações empíricas entre as entradas e a saída desejada. Para construir o metamodelo,
utiliza-se a regressão dos dados sem erros aleatórios denominado modelo de superfície
de resposta. Um superfície polinomial completa de terceira ordem é utilizada para a
otimização do GRV devido á boa relação entre esforço computacional e precisão do modelo.
Essa superfície de resposta é dada por:

N
P N P
P N N P
P N P
N
f (x) = a0 + ai x i + aij xi xj + aijk xi xj xk + ε (5.14)
i=1 i=1 j≥i i=1 j≥i k≥i

em que a0 , ai , aij e aijk são os coeficientes da regressão, e ε é o erro observado na resposta


f (x) [275].
O método dos mínimos quadrados permite encontrar os coeficientes da regressão.
Seja B̂ = {B0 (x), . . . BL (x)} o campo de funções base definidos no domínio experimental,
ŷ = {y1 , . . . , yn } são as saídas, {x1 , . . . , xn } são as entradas, faz-se:
 2
n 
X L
X  2
yi − Bj (xi ) βj = ŷ − B̂ β̂ (5.15)

 
i=1 j=0

o qual resulta em estimadores dos mínimos quadrados do tipo β̂ = (B 0 B)−1 B 0 y. Tomando


L suficientemente grande, a interpolação resulta em y = B̂ β̂ [275]. Destaca-se que o
número de coeficientes é determinado pela ordem da superfície, o que reforça a escolha por
superfícies de ordem igual ou inferior a três. Outros métodos de obtenção da superfície
de resposta são o modelo utilizando curvas spline, modelo Kriging gaussiano, ou ainda
técnicas de inteligência artificial como as redes neurais.

5.3.4.3 Método de otimização

Com o metamodelo construído e avaliado estatisticamente, define-se o problema de


otimização como: Encontrar X = {x1 , x2 , . . . , xn } que minimiza f (X), sujeita às restrições
impostas gj (X) = 0 e lj (X) < 0. Em que X é um vetor n-dimensional chamado de vetor
5.3. Otimização do sistema eólico com GRV 146

de projeto, f (X) é a função objetivo (ou função custo) a ser minimizada, e gj (X) e lj (X)
são restrições de igualdade e desigualdade, respectivamente.
Em problemas de otimização multiobjetivo, tal qual a otimização dos parâmetros
de controle do GRV, mais de um objetivo conflitantes são considerados. Portanto, adota-se
a função custo multiobjetivo como uma combinação f (X) linear das funções conflitantes,
de maneira que:

N
X
min f (X) = αi fi (X) (5.16)
i=1

sendo fi (X) uma função objetivo conflitante, e αi são fatores de peso relacionando uma
função objetivo as demais.
Uma vez que a função multiobjetivo a ser minimizada é definida, diversas técnicas
numéricas podem ser empregadas para determinação do mínimo dessa função. O método
do ponto interior (interior point method - IPM) é apropriado para solução de problemas
computacionais não-lineares de otimização [278]. No IPM, para encontrar o mínimo da
função desejada, utiliza-se uma barreira logarítmica de aproximação construindo uma
função Φ(x, µ), tal que:
m
X
Φ(x, µ) = fo (x) − µ log (−fi (x)) (5.17)
i=1

em que µ é um parâmetro de penalidade, o qual é escolhido com valor mínimo pra pontos
distantes dos limites de restrições e máximo próximo a esses limites.
Encontra-se o ponto de mínimo da função objetivo por meio da resolução compu-
tacional das equações derivadas parciais:
m
X 1
∇Φ(x) = ∇fi (x) (5.18)
i=1 −fi (x)

m m
2 1 T 1
∇2 fi (x)
X X
∇ Φ(x) = 2 ∇fi (x)∇fi (x) + (5.19)
i=1 fi (x) i=1 −fi (x)

em que os operadores ∇ e ∇2 retornam o gradiente e a matriz hessiana, respectivamente


[278].
O método IPM é nativo de grande parte dos programas de cálculo numérico, como
o Matlab, o que facilita a implementação do algoritmo de otimização. Por isso, o IPM
é adotado no procedimento desenvolvido nesta tese. Técnicas clássicas como o método
de Newton e o Simplex também podem ser empregadas. Por fim, técnicas heurísticas
modernas como os algoritmos genéticos e a otimização por enxame de partículas são outras
candidatas potenciais para a solução do problema de otimização.
5.3. Otimização do sistema eólico com GRV 147

5.3.5 Algoritmo proposto


Os parâmetros ótimos de controle do GRV foram obtidos utilizando a técnica
de planejamento de experimentos computacionais descrita, cujo processo é detalhado em
[191]. O modelo da máquina de relutância variável foi obtido por meio dos testes de
caracterização realizados em [175]. A otimização multiobjetivo é realizada para retornar
o balanço entre a melhoria da eficiência do gerador e a redução da ondulação do torque
eletromagnético. As operações por histerese de corrente e por pulso único de tensão foram
consideradas. Para efeito de comparação, o procedimento de otimização foi realizado
para dois sistemas eólicos com GRV. No primeiro, a tensão ótima de excitação do GRV
é incluída e o conversor CC-CC bidirecional é inserido como apresentado na Figura 5.1,
caracterizando assim uma conexão indireta com conversor de interface. O segundo sistema
otimizado é a conexão direta do GRV, sem conversor de interface, com a tensão de excitação
do gerador mantida constante em 400 V (valor da tensão do barramento CC).
Para realização do procedimento, utilizou-se o programa de computador DCE-
SRG optimization tool, produzido pelo autor desta tese, e elaborado na plataforma de
desenvolvimento de aplicativos Guide-Matlab (Registro INPI Nº: BR512019002154-1).
Fotos ilustrativas da ferramenta computacional produzida são agrupadas na Figura 5.5. O
programa utilizado recebe todos os dados para a simulação do sistema eólico com GRV no
Simulink, realiza o algoritmo de planejamento de experimentos computacionais de forma
automatizada, e retorna as tabelas de busca com os parâmetros de controle ótimos do
GRV para toda a faixa de velocidade testada.
Como mostrado nos detalhes A e B da Figura 5.1, para o controle por histerese,
o controlador de potência retorna a corrente de referência Iref . Nesse caso, os ângulos de
acionamento θon e θof f , e a tensão de excitação Vgrv são adotados como parâmetros de
controle a serem otimizados. Para a operação por pulso único de tensão, o controlador de
potência retorna o ângulo de desligamento, θof f , enquanto os parâmetros de controle são
o ângulo θon e a tensão Vgrv . O algoritmo implementado para realização da otimização
de ambos os sistemas eólicos com GRV é apresentado na Figura 5.6. Esse algoritmo é o
mesmo para o sistema com conversor de interface e para o sistema diretamente conectado.
A diferença no procedimento de otimização é que, para o caso sem o uso do conversor de in-
terface, a tensão Vgrv = 400 V não é modificada nos testes. O procedimento implementado
é descrito a seguir.
O algoritmo é iniciado com o carregamento dos dados de simulação e definição
da velocidade inicial de teste. Para cada velocidade, define-se o modo de acionamento do
GRV (histerese ou pulso único). Para um GRV 12/8, a posição alinhada é definida como
ângulo de referência, de forma que 0o → 45o . Portanto, a posição de total desalinhamento
ocorre em θ = 22, 5o . Para evitar o avanço do ângulo de desligamento na operação como
motor, limita-se θof f = 21o . Os espaços de projetos (design space-DS) definidos para os
5.3. Otimização do sistema eólico com GRV 148

Figura 5.5: Programa DCE-SRG optimization tool desenvolvido para realização do pla-
nejamento de experimentos computacionais com GRV. Número do registro de software:
BR512019002154-1.

modos de acionamento por histerese e pulso único são dados, respectivamente, por:





5o ≤ θof f ≤ 21o

30o ≤ θon ≤ 50o





DS-Histerese [D]n×3 : 200 ≤ Vgrv ≤ 380 V

ω 

600 ≤ ω ≤ 950 rpm






0 ≤ Pgrv ≤ 512 W


5.3. Otimização do sistema eólico com GRV 149

Início
w = winicial
FIM
Carrega dados w + Dw
de simulação Parâmetros ótimos
q off (w ),q on (w ),Vgrv (w )
V w £ wbase F
Pulso V
Histerese único F
w = w final
Space-filling Space-filling
[D ]n´3 [D ]n´2
Salva dados
i =1
Otimização
i++ ìq off = Di1
ï ìq on = Di1 i++
íq on = Di 2 í
ïV = D îVdc = Di 2 Função
î dc i3 Objetivo

Calcula Resposta
Pgrv , Rload de superfície
F
Simulação V Calcula
i = n? I rms , F max , Tripple
F Pgrv - Pref £ 0, 05 ´ Pref

V
Calcula
I rms , F max , Tripple Salva dados

Figura 5.6: Algoritmo de otimização para os sistemas eólicos com GRV utilizando plane-
jamento de experimentos computacionais






25o ≤ θon ≤ 50o

200 ≤ Vdc ≤ 380 V


DS-Pulso único [D]n×2 :

ω 



950 ≤ ω ≤ 1500 rpm

400 ≤ Pgrv ≤ 2000 W

Para ambos os modos de acionamento, adotou-se um preenchimento de espaços


LHS-maximin utilizando n = 200 pontos, ∆ω = 50 rpm. Os dados do preenchimento
5.3. Otimização do sistema eólico com GRV 150

de espaços são enviados ao Simulink, onde o modelo da máquina com controle direto de
potência é implementado para cada terno D(θof f , θon , Vgrv ) no modo de acionamento por
histerese; ou par D(θon , Vgrv ), no acionamento por pulso único. A máxima potência do
GRV é definida com base na velocidade de referência. Uma carga variável Rload é inserida
para absorver a potência ótima em cada teste. Em seguida, realiza-se a simulação. Caso
a potência obtida tenha erro máximo de até 5% da potência de referência, então os dados
desse teste são armazenados em vetores. Caso contrário, testa-se outro ponto de operação.
Os dados armazenados em vetores são a corrente eficaz, Irms , o pico do fluxo concatenado,
Φmax , e a ondulação do torque eletromagnético, Tripple .
Após o armazenamento dos dados para todos os pontos dentro do espaço de pro-
jeto, encontra-se os valores normalizados referentes a velocidade de teste. A normalização
é obtida dividindo cada vetor armazenado pelo maior valor no teste. Em seguida, monta-
se uma superfície de resposta polinomial de terceira ordem para cada vetor normalizado.
Então, encontra-se a função multiobjetivo a ser minimizada para cada velocidade de teste,
de forma que:

min(fc |ω ) = α1 I rms (θof f , θon , Vdc ) + α2 Φmax (θof f , θon , Vdc )


(5.20)
+ α3 T ripple (θof f , θon , Vdc )

em que I¯rms é o valor normalizado do vetor de corrente eficaz, o qual minimiza as perdas
no cobre; Φ̄max é o vetor normalizado do pico do fluxo concatenado, o qual minimiza as
perdas no núcleo, e T̄ripple é o vetor normalizado da ondulação do torque eletromagnético.
Os parâmetros α1 , α2 , α3 são os fatores de ponderação da função multiobjetivo.
Os fatores de ponderação α1 , α2 , α3 são definidos de maneira diferente para os
modos de operação por histerese e pulso único. Para baixas velocidades, definem-se α1 =
0.333, α2 = 0, 333 e α3 = 0, 333, de forma que tanto o aumento da eficiência quanto a
redução da ondulação de torque são priorizadas. Em altas velocidades, contudo, as perdas
no núcleo do gerador tendem a ser mais elevadas. Portanto, o vetor de pico do fluxo
concatenado é priorizado na otimização. Nesse caso definem-se α1 = 0, 25, α2 = 0, 5 and
α3 = 0, 25. Uma vez construída a superfície de resposta, o mínimo da função multiobjetivo
é obtido utilizando o método do ponto interior.
Findado o processo de otimização, os parâmetros ótimos de controle do GRV,
θon , θof f , e Vgrv são armazenados para a velocidade do rotor em teste. O algoritmo segue
com a incrementação da velocidade de teste e o procedimento é repetido. Quando a
velocidade máxima de 1500 rpm é atingida, os dados finais são armazenados em tabelas
de busca em função da velocidade de operação e o processo é encerrado. O tempo total
do procedimento realizado foi de 2h:53 min para cada um dos sistemas eólicos testados.
O computador pessoal utilizado possui processador i7-8000 CPU 3.7 GHz, 16 GB RAM,
SSD 256 GB.
5.3. Otimização do sistema eólico com GRV 151

5.3.6 Resultados da otimização


Os parâmetros ótimos obtidos para os sistemas eólicos com GRV testados são apre-
sentados na Figura 5.7. Realiza-se uma comparação entre o WECS com GRV diretamente
conectado, sem conversor de interface e com tensão de excitação constante, e o sistema
com conversor de interface e tensão de excitação variável proposto. A Figura 5.7(a) mostra
os ângulos de ligação (θon ) obtidos para toda a faixa de velocidades do GRV. A Figura
5.7(b) mostra os ângulos de desligamento (θof f ). O ângulo de desligamento é apresentado
apenas até a velocidade de base (957 rpm), uma vez que na operação por pulso único
esse parâmetro passa a ser obtido pelo controlador de potência. A Figura 5.7(c) mostra a
tensão de excitação ótima do GRV. Destaca-se que a otimização do sistema diretamente
conectado mantém a tensão fixa em 400 V, enquanto o sistema com conversor de interface
proposto regula a tensão de excitação do GRV em função da velocidade de operação.
Finalmente, uma vez que ambos os sistemas eólicos foram otimizados para atingir
o melhor balanço entre alta eficiência e baixa ondulação de torque eletromagnético, faz-
se uma avaliação comparativa entre os sistemas estudados. Essa comparação é realizada
pelo valor da função custo obtida para toda a faixa de velocidade de operação do GRV,
como mostrado na Figura 5.7(d). A função custo avaliada, dada na Equação (5.20),
é normalizada na faixa de operação para permitir a investigação comparativa entre os
sistemas. O objetivo da otimização é encontrar o mínimo da função custo implementada.
Portanto, valores menores da função custo indicam melhor desempenho do sistema eólico
com GRV. Da Figura 5.7(d), pode-se notar que a função custo normalizada do sistema
com conversor de interface retorna o menor valor em baixas velocidades (operação por
histerese). Percebe-se que na velocidade de base (957 rpm), ambos os sistemas retornam
o mesmo valor da função custo, assim o desempenho é considerado equivalente. Para
altas velocidades (operação por pulso único), o sistema com conversor de interface retorna
desempenho superior próximo a velocidade de base. Próximo da velocidade nominal (1500
rpm), os sistemas voltam a ter desempenho equivalente. Portanto, da análise da função
custo realizada, conclui-se que a proposta de uso do conversor bidirecional de interface,
com regulação da tensão de excitação do GRV, retorna sempre o melhor desempenho ou
equivalente quando comparado ao sistema convencional diretamente conectado.
Os dados apresentados na Figura 5.7 são armazenados em tabelas de busca para
uso nos experimentos. Vale ressaltar que o uso do conversor CC-CC bidirecional aumenta o
custo e reduz a eficiência do sistema. Contudo, o objetivo da proposta é mostrar que, caso
o conversor bidirecional seja necessário, como em aplicações em microrredes CC, então a
proposta de controle da tensão de excitação do GRV retorna desempenho equivalente ou
superior ao sistema com conexão direta, a menos das perdas do conversor extra. Uma
outra vantagem da conexão indireta é a característica de filtragem que o conversor de
interface insere no sistema eólico, como será discutido na próxima seção.
5.4. Melhoria na qualidade de energia 152

Histerese wbase Pulso único Histerese wbase

conexão indireta conexão indireta


conexão direta conexão direta

Velocidade do rotor [rpm] Velocidade do rotor [rpm]


(a) (b)

Histerese Pulso único


Função custo normalizada
wbase
Histerese Pulso único
grv

wbase

conexão indireta conexão indireta


conexão direta conexão direta

Velocidade do rotor [rpm] Velocidade do rotor [rpm]


(c) (d)

Figura 5.7: Parâmetros ótimos de controle para os sistemas eólicos com GRV com e sem
o uso do conversor de interface. a) angulo de ligação, θon ; b) angulo de desligamento, θof f ;
c) tensão de excitação do GRV, Vgrv ; d) avaliação da função custo.

5.4 Melhoria na qualidade de energia


Nesta seção, mostra-se que o conversor de interface utilizado para regular a tensão
de excitação do GRV adiciona uma característica de filtragem ativa para a ondulação de
tensão no barramento CC. Como vantagem dessa característica, a qualidade da energia
injetada na rede de distribuição é melhorada em comparação com um sistema eólico dire-
tamente conectado. Discutem-se o princípio da ondulação de tensão de saída do gerador de
relutância variável, o efeito dessa ondulação de tensão no barramento CC sobre a corrente
elétrica injetada na rede, a característica de filtragem do conversor de interface e, por fim,
o projeto adequado do conversor para melhoria da qualidade da energia do sistema eólico
5.4. Melhoria na qualidade de energia 153

com GRV.

5.4.1 Ondulação de tensão de saída do GRV


A ondulação na tensão de saída do gerador de relutância variável é causada prin-
cipalmente pela ativação sequenciada das fases. Nos momentos entre o desligamento de
uma fase e a ativação da fase subsequente, o capacitor do conversor AHB descarrega mo-
mentaneamente, causando ondulações periódicas na tensão do capacitor, como mostrado
na Figura 5.8.

Tst = N F f st
Dvst + Dvc
vgrv
Vgrv

iA iB iC
I ref

q
Figura 5.8: Representação da ondulação de tensão de saída do GRV. Figura ilustrativa,
não representa as variáveis em escala.

Na Figura 5.8, Tst é o período de passo do gerador, definido como o intervalo entre
a ativação de duas fases. A ondulação da tensão de saída depende desse intervalo, bem
como do número de fases da máquina. Pode-se descrever a tensão de saída do GRV em
função de três componentes principais, de forma que:

vgrv = V̄grv + ∆vf st + ∆vc (5.21)

em que vgrv é a tensão de saída do GRV, V̄grv é o valor médio da tensão, ∆vst é a ondulação
dada na frequência de passo da máquina (e consequentes harmônicas), e ∆vc é a ondulação
de tensão em altas frequências.
Das três componentes de tensão descritas, o valor da tensão média (V̄grv ) de saída
do conversor AHB é determinado pela tensão de excitação utilizada no GRV. A compo-
nente de altas frequências (∆vc ) ocorre devido ao acionamento das chaves do conversor.
Essa componente é significativa e variável na operação por histerese devido à comutação
das chaves, e ausente na operação por pulso único para uma mesma tensão de excitação.
A tensão de saída do GRV contém ainda a ondulação (∆vst ) com frequências múltiplas da
frequência de passo da máquina, dada por:
5.4. Melhoria na qualidade de energia 154

ωNr
 
fst = hNF , (h = 1, 2, 3...) (5.22)

em que fst é um múltiplo da frequência de passo do GRV, h é a ordem da harmônica, NF é
o número de fases da máquina, Nr é o número de polos do rotor, ω é a velocidade angular
do GRV.
Portanto, a ondulação da tensão do GRV em função do período de passo, ∆vst ,
depende da velocidade de operação do gerador. O aumento do número de fases da máquina
aumenta a frequência de ondulação, o que facilita o processo de filtragem. Para uma
máquina trifásica como a em estudo, o método convencional de filtragem consiste da
escolha adequada para a capacitância de saída do conversor AHB. A componente ∆vst
pode ser aproximada por [197]:
v
u !2 !2
2V̄grv ESR V̄grv
∆vst ∼
u
= t
+ (5.23)
Ro 2πfst Ro Cgrv
Em que ESR é a resistência série equivalente do capacitor, Ro é a resistência equivalente
de saída do conversor AHB, e Cgrv é a capacitância do conversor.
Para mitigação das componentes de ondulação de tensão, a capacitância do con-
versor em meia ponte assimétrica pode, então, ser projetada da seguinte forma:
!
Po 1

Cgrv = (5.24)
V̄grv ∆vmax 2NF Nr ω
em que Po é a potência nominal do conversor e ∆vmax é a máxima ondulação de tensão
permitida.
A escolha adequada da capacitância de saída do conversor AHB ajuda a mitigar
parte da ondulação de tensão de saída do GRV. Vale destacar que a componente ∆vc
é reduzida pela escolha de capacitores com baixa resistência série equivalente (ESR) na
frequência de chaveamento [197]. Contudo, a componente de ondulação de tensão ∆vst
apresenta baixas frequências para baixas velocidades de operação. Portanto, um valor
muito elevado da capacitância seria necessário para mitigar a ondulação de tensão de forma
eficaz, especialmente em baixas velocidades. O aumento significativo da capacitância
aumenta o custo e o volume, além de afetar a estabilidade do sistema, sendo impraticável
em aplicações de pequeno porte. Com isso, para um sistema eólico com GRV e conexão
direta, parte não desprezível da ondulação de tensão do GRV permanece presente no
barramento CC. A seguir, discute-se o efeito dessa ondulação de tensão no barramento
CC na qualidade da energia de saída do conversor fonte de tensão.
5.4. Melhoria na qualidade de energia 155

5.4.2 Efeito sobre a qualidade de energia injetada na rede


Como discutido na subseção anterior, a ondulação de tensão de saída do GRV não
é totalmente eliminada com a filtragem do capacitor do conversor AHB. Com isso, em um
sistema eólico diretamente conectado, a tensão do barramento CC apresentará ondulação
por conta do acionamento do gerador de relutância variável. Além disso, a frequência
dessa ondulação será variável em função da velocidade de operação do gerador.
Para verificar o efeito dessa componente de frequência variável na saída do con-
versor fonte de tensão, sejam V̄dc o valor médio da tensão do barramento CC e ṽdc uma
componente de ondulação assumida senoidal, com valor de pico av , na fundamental da
frequência de passo ωst , para uma dada velocidade de operação da turbina. Assim, pode-
se escrever:

vdc (t) = V̄dc + ṽdc = V̄dc + av cos (ωst t) (5.25)

em que vdc é a tensão do barramento CC no tempo t, considerando o valor médio V̄dc , e a


ondulação ṽdc na frequência de passo do GRV.
Como mostrado na Figura 5.1, o erro de tensão é processado por um controlador
PI convencional. Esse controlador, na sua forma básica, não atua sobre a oscilação de
tensão no barramento CC, uma vez que o PI trabalha com sinais contínuos. Portanto, a
componente de ondulação será propagada para a corrente de eixo direto id e, consequen-
temente para a componente de eixo direto do índice de modulação md . As componentes
em quadraturas não são afetadas devido ao desacoplamento introduzido entre os eixos dq.
Com isso, o índice de modulação md pode ser escrito no tempo t por:

md (t) = M̄d + am cos (ωst t) (5.26)

em que M̄d é o valor médio do índice de modulação, am é a amplitude da ondulação na


frequência de passo ωst .
O índice de modulação mdq , por sua vez, é convertido novamente para as coor-
denadas abc utilizando a transformada T −1 (θ), dada na Equação (3.4). Para o sistema
equilibrado trifásico, as componentes em coordenadas abc são simétricas, senoidais, defa-
sadas em 120o . Portanto, avaliando apenas a componente ma , tem-se:

ma (t) = md cos (ω1 t) − mq sen (ω1 t) (5.27)

em que ω1 = 2πf1 é a frequência angular da rede elétrica de distribuição (60 Hz neste


estudo).
Substituindo a Equação (5.26) na Equação (5.27), obtém-se:

ma (t) = M̄d cos (ω1 t) + am cos (ωst t) cos (ω1 t) − mq sen (ω1 t) (5.28)
5.4. Melhoria na qualidade de energia 156

Reagrupando os termos e recorrendo ao auxílio de identidades trigonométricas,


resulta-se que:
h i am
ma (t) = M̄d cos (ω1 t) − mq sen (ω1 t) + [cos (ωst + ω1 ) t + cos (ωst − ω1 ) t] (5.29)
2

O primeiro termo da Equação 5.29 representa o índice de modulação obtido caso


não houvesse ondulação na tensão do barramento CC. O segundo termo decorre da oscila-
ção da tensão imposta pelo gerador de relutância variável. Do segundo termo, percebe-se
que após a aplicação da transformação dq para abc, a componente original na frequência
ωst resulta em duas componentes de frequências (ωst + ω1 ) e (ωst − ω1 ). As característi-
cas do índice de modulação são refletidas na tensão de saída do VSC antes do filtro L e,
consequentemente, na corrente elétrica injetada na rede de distribuição.
Expandindo a discussão apresentada para as componentes harmônicas da frequên-
cia de passo do gerador de relutância variável, conclui-se que, para o GRV diretamente
conectado à rede de distribuição, a tensão de ondulação no barramento CC causa distor-
ções na corrente injetada na rede em:

fh = hfst ± f1 , (h = 1, 2, 3...) (5.30)

em que fh são as componentes de frequência da corrente injetada na rede devidas ao GRV,


h é a ordem da harmônica, fst é a frequência de passo do GRV em determinada velocidade,
e f1 é a frequência fundamental da rede elétrica de distribuição.
A distorção na corrente de saída do VSC, causada pela oscilação de tensão do
GRV, contribui para a redução da qualidade da energia do sistema eólico conectado à
rede de distribuição. A distorção inerente ao gerador de relutância variável muda em
função da velocidade de operação da turbina eólica e, portanto, com a velocidade de vento.
Essa característica estocástica dificulta a filtragem da componente de distorção, pois é
necessário modificar a frequência a ser filtrada a cada mudança na velocidade da turbina.
Vale destacar ainda que, a distorção na corrente elétrica injetada na rede por conta da
oscilação de tensão de saída do GRV soma-se às distorções causadas pelo desalinhamento
mecânico no eixo da máquina, além do conteúdo harmônico da própria rede de distribuição.
Essas três componentes são as principais causas de redução na qualidade da energia do
sistema eólico com GRV usado como geração distribuída.
Como mencionado, o método mais utilizado para redução da oscilação de tensão
causada pelo GRV é o aumento da capacitância do barramento [199]. Contudo, esse mé-
todo tem limitações práticas já discutidas. As técnicas de compensação de harmônicos,
com filtragem passiva ou ativa, também podem ser empregadas para mitigação das distor-
ções. A solução passiva requer a inclusão de indutores e capacitores no sistema, sofrendo
assim de problemas similares ao aumento da capacitância. Os métodos ativos, por sua
vez, requerem acesso ao controle do conversor fonte de tensão para emprego de estratégias
5.4. Melhoria na qualidade de energia 157

com uso de filtros ressonantes, média móvel ou adaptativos [279]. Contudo, esse acesso ao
controle do VSC nem sempre é possível, especialmente em aplicações industriais em que
inversores de frequência comerciais são utilizados. Por outro lado, em um sistema eólico
com GRV utilizando o conversor de interface, como mostrado na Figura 5.1, o próprio
conversor adiciona uma característica de filtragem capaz de mitigar de forma eficiente a
oscilação de tensão causada pelo gerador. Essa característica é discutida a seguir.

5.4.3 Característica de filtragem do conversor de interface


Do lado do GRV para o barramento CC, o conversor bidirecional de interface tem
o comportamento de um conversor elevador (boost). A forma canônica de conversores CC-
CC, para pequenos sinais e no modo de condução contínua (CCM), apresentada em [280],
é mostrada na Figura 5.9.

e ( s ) d% ( s ) Leq
1: M (D )

Vin + v%in (s ) j (s )d% (s ) Vo + v%o (s ) Ceq Req

Figura 5.9: Forma canônica em pequenos sinais de conversores CC-CC operando em CCM
[280].

A forma canônica mostrada permite obter as funções de transferência desejadas


para os conversores CC-CC. As variáveis com sinal diacrítico (x̃) indicam pequenos sinais
CA, enquanto as constantes marcadas com barras (X̄) são valores médios CC. Percebe-se
que a resolução do circuito equivalente depende das tensão médias de entrada e saída com
respectivas perturbações em pequenos sinais (V̄in + ṽin ) e (V̄o + ṽo ), da entrada de controle
˜ da razão de conversão (M ) que descreve o transformador CC ideal em função do ciclo
(d),
de trabalho no ponto quiescente (D), da indutância (Leq ) e capacitância (Ceq ) equivalentes,
e da resistência equivalente de saída (Req ).
Para o conversor bidirecional de interface com característica de conversor elevador
estudado, vale que V̄in + ṽin (s) = V̄grv + ṽgrv (s) e V̄o + ṽo (s) = V̄dc + ṽdc (s). Além disso,
LB
Ceq = Cbus e Leq = (1−D) 2 , para um dado ponto quiescente do ciclo de trabalho D. As

demais relações apresentadas na forma canônica para o conversor boost são dadas por [280]:

1
M (D) = (5.31)
(1 − D)
5.4. Melhoria na qualidade de energia 158

Vdc
j (s) = (5.32)
(1 − D)2 Req
" #
sLB
e (s) = Vdc 1− (5.33)
(1 − D)2 Req
Da forma canônica mostrada na Figura 5.9, percebe-se ainda que o conversor é
representado por um filtro passa-baixas LC na saída formado pela indutância equivalente
e pela capacitância do barramento CC. Variações na tensão de entrada são refletidas na
tensão de saída do conversor em função da entrada de controle, do ponto de operação, e
da relação de transformação do transformador CC ideal.
A característica de linha para saída (line-to-output) do conversor bidirecional de
interface representa a relação de uma perturbação na tensão de saída (ṽdc ) para uma dada
perturbação na tensão de entrada (ṽgrv ). Essa relação é dada por uma função de segunda
˜ = 0 a partir da forma
ordem característica de um filtro passa-baixas, obtida fazendo d(s)
canônica mostrada na Figura 5.9, e expressa por:

ṽdc (s) 1
Gvg (s) = = Go  2  (5.34)
ṽgrv (s)

s s
ωc
+ Qωc
+1
em que,

Go = (1 − Db )−1 (5.35)


ωc = (1 − Db ) √LB Cbus (5.36)

s
Cbus
Q = (1 − Db ) Req (5.37)
LB
sendo que Go é o ganho da função de transferência, Db é o ciclo de trabalho médio, ωc
é o frequência de corte do filtro passa-baixas, Q é o fator de qualidade do filtro, LB e
.
Cbus são a indutância e capacitância do conversor, respectivamente, e Req = Vdc 2 Pvsc é a
resistência equivalente de saída.
A função de transferência Gvg (s) é utilizada para avaliar como as oscilações de
tensão impostas pelo GRV são refletidas na saída do conversor de interface. Além disso,
Gvg (s) é utilizada para o projeto adequado do filtro equivalente de saída do conversor.
Considerando o pior caso de projeto, a frequência de corte máxima do filtro passa-baixas
equivalente do conversor é obtida quando Db = 0, de acordo com a Equação (5.36). Com
isso, o projeto dos parâmetros do conversor bidirecional para atenuação das componentes
de oscilação causadas pela frequência de passo do GRV é determinado por:
5.4. Melhoria na qualidade de energia 159

!2
1
LB Cbus > (5.38)
2πfst0
em que, para o conversor implementado experimentalmente, LB = 2 mH, Cbus = 4 mH e
fst0 é a componente fundamental da frequência de passo da GRV para a menor velocidade
de operação.
Com o valor dos parâmetros de indutância e capacitância utilizados, a função
de linha para saída, Gvg (s), do conversor de interface projetado é apresentada na Figura
5.10. A variação do ciclo de trabalho médio (∆Db ) para a faixa de operação do GRV é
de 0, 0 < Db < 0, 5, com variação de 0,1. O aumento do ciclo de trabalho resulta em uma
redução da frequência de corte (ωc ) do filtro. Portanto, o caso crítico é obtido em Db = 0,
como discutido.
Diagrama de Bode
wc = 353,7
rad/s Oscilações
Magnitude [dB]

do GRV
DDb
0,5 0 wst¢ = 1508,0
rad/s
Fase [graus]

Oscilações
DDb do GRV

Frequência [rad/s]

Figura 5.10: Diagrama de bode da função Gvg (s) para o conversor de interface projetado
com variação do ciclo de trabalho médio 0, 0 < Db < 0, 5.

Neste trabalho, a menor velocidade de operação do GRV é de 600 rpm (62,83


rad/s). Assim, de acordo com a Equação (5.30), retorna-se uma frequência de passo
mínima para o gerador de fst0 = 240, 0 Hz (ωst
0
= 1508, 0 rad/s). O filtro LC projetado,
por sua vez, garante uma frequência de corte de:
 q 
fc = 1 2π LB Cbus = 56, 29 Hz (353, 68 rad/s) (5.39)

Da Figura 5.10, fica claro que a característica de filtragem conversor de interface


5.5. Resultados Experimentais 160

0
apresenta frequência de corte (ωc ) inferior a frequência de passo mínima (ωst ) inserida pelo
GRV. O fator de qualidade (Q) do filtro é superior a 35 dB, o que resulta numa rápida
inversão de fase acima da frequência de corte. A atenuação do filtro é superior a 20 dB
0
em ωst mesmo na operação crítica com Db = 0. Portanto, o conversor projetado atende os
requisitos impostos pela Equação (5.38), como desejado.
A característica de filtragem do conversor bidirecional de interface apresentada
mostra que as ondulações de tensão causadas pela frequência de passo do GRV são ate-
nuadas com a inserção do conversor de interface. A frequência de passo do GRV depende
da velocidade de operação do gerador, o que dificulta a filtragem em sistemas eólicos em
velocidade variável com conexão direta. A atenuação dessas oscilações resultam numa
melhora da qualidade da energia injetada na rede de distribuição em GD, como mostrado
nos resultados experimentais a seguir.

5.5 Resultados Experimentais


A bancada de testes experimentais desenvolvida nesta etapa é apresentada na
Figura 5.11. A bancada foi implementada para análise de desempenho dos sistemas eólicos
com GRV conectados à rede elétrica. A turbina eólica é emulada utilizando um motor de
indução (MI) como máquina motriz acionado por um inversor WEG CFW-08. O sistema
de controle foi implementado utilizando o microprocessador DSP TMS320F28335 (Texas
Instruments) com 40 kHz de frequência de amostragem. Um aquisitor de dados (DAQ)
NI-6259 foi empregado na obtenção dos sinais desejados, com comunicação com a interface
homem-máquina (IHM) desenvolvida em Labview para automação da bancada. O sinal de
torque mecânico foi obtido utilizando um transdutor de torque modelo HBMT22/50NM
acoplado entre o GRV e o motor de indução. Os conversores eletrônicos de potência foram
realizados utilizando chaves IGBT e dissipidores da empresa SEMIKRON.
A comparação entre o sistema diretamente conectado (sem o uso do conversor de
interface) e o sistema com conversor de interface proposto é realizada para validação da
proposta. Resultados experimentais a 950 rpm e 1250 rpm são escolhidos como estudo de
caso, representando a operação do GRV em baixas e altas velocidades, respectivamente.
Os sinais escolhidos para avaliação em ambos os casos são: uma das correntes de fase do
GRV, a oscilação da tensão de saída e a tensão no barramento CC, uma corrente de fase
da rede e o fluxo de potência no sistema. Para baixas velocidades de operação, a janela de
histerese de corrente foi ajusta em ±∆i = 0, 5 A, de acordo com a limitação dos sensores
empregados. Vale destacar que a forma da corrente do GRV não é mantida plana dentro
da janela de histerese devido ao efeito combinado da indutância mútua entre as fases e a
ação de filtragem das ponteiras de prova de corrente.
5.5. Resultados Experimentais 161

Inversor WEG
DAQ
Placa
DSP
VSC

GRV MI

Oscilosc.
IHM Conv. Interface AHB

Figura 5.11: Bancada de testes implementada para avaliação da conexão do GRV com a
rede elétrica

5.5.1 Resultados em baixas velocidades


Para operação por histerese, os resultados experimentais a 950 rpm são apresen-
tados na Figura 5.12. A corrente do GRV é regulada pelo controle por histerese, como
pode ser visto pelo formato da corrente (Igrv ) em ambas as situações apresentadas. Para
conexão direta, Figura 5.12(a), a tensão do GRV (Vgrv ) é a mesma tensão do barramento
CC (Vdc ), na qual podem ser observadas as componentes de distorção na frequência de
passo do GRV em 380 Hz, como destacado (fst ). Para a conexão com interface, mostrada
na Figura 5.12(b), a tensão ótima do GRV é reduzida para 375 V. Percebe-se que as os-
cilações de tensão causadas pelo GRV não são propagadas para a tensão do barramento,
demonstrando, assim, a ação de filtragem do conversor de interface. Essa ação de filtra-
gem é refletida na melhora da qualidade da corrente injetada na rede elétrica (Igrid ). A
potência mecânica de entrada (Pmec ), a potência gerada pelo GRV (Pgrv ), e a potência de
saída efetivamente enviada para a rede elétrica (Pout ) são mostradas. A potência gerada
pelo GRV é ajustada pelo controle direto de potência em função da velocidade do gerador.
Pode-se notar que, com a inserção do conversor de interface mostrada na Figura 5.12(b),
a potência mecânica de entrada do gerador é reduzida em 32 W quando comparada com
a conexão direta mostrada na Figura 5.12(a). Esse resultado mostra que a eficiência do
GRV é melhorada com a proposta de otimização. Contudo, a eficiência máxima atingida
pelo conversor de interface é de 88%, o que explica a redução de 67 W na potência de
saída quando comparada à conexão direta.
A análise da FFT da corrente injetada na rede para a operação do GRV por
histerese é mostrada na Figura 5.13. Inspecionando as componentes de frequência até 1
kHz (Figura 5.13(a)), nota-se que, na conexão direta, a componente da frequência de passo
5.5. Resultados Experimentais 162

Pout=418 W Pgrv=502 W Pmec=661 W


Igrid

400 V Vdc

IgrvA

C1 Igrv C2 Vdc C3 Igrid


2.0 A/div 1.0 V/div 2.0 A/div
(a)

Pgrv=502 W Igrid Pmec=629 W


Pout=351 W

400 V Vdc

Vgrv

IgrvA

C1 Igrv C2 Vdc C3 Igrid C4 Vgrv


2.0 A/div 1.0 V/div 2.0 A/div 1.0 V/div
(b)

Figura 5.12: Resultados experimentais da comparação a 950 rpm. a) sistema eólico com
GRV diretamente conectado; b) sistema eólico com GRV e conversor de interface proposto.

do GRV resulta em um conteúdo de distorção nas correntes da rede em 320 Hz e 440 Hz (fst1
e fst2 ). Essas componentes de distorção são altamente mitigadas na conexão utilizando o
conversor de interface, o que enfatiza a característica de filtragem do sistema proposto. As
componentes ordinárias originadas pela imperfeição da tensão da rede de distribuição são
as harmônicas 5a , 7a , 11a and 13a , nomeadas como f5 , f7 , f11 , f13 , respectivamente. Tem-se
5.5. Resultados Experimentais 163

conexão indireta
Conteúdo harmônico [A] conexão direta

Frequência [Hz]
(a)

conexão indireta
Conteúdo harmônico [A]

conexão direta

Frequência [Hz]
(b)

Figura 5.13: Análise da FTT das correntes na rede a 950 rpm para os sistemas com
conexão direta e com conversor de interface: a) espectro em baixa frequência; b) espectro
em alta frequência.

ainda que um pequeno desbalanço de tensão na rede de distribuição ocasiona componentes


CC e um conteúdo harmônico de segunda ordem significativo, nomeado de f2 . A análise
do conteúdo em alta frequência, mostrado na Figura 5.13(b), mostra que a corrente da
rede apresenta componentes em torno da frequência de chaveamento do VSC (10 kHz)
em ambos os métodos direto e indireto, como esperado. As imperfeições da tensão da
rede de distribuição e a frequência de chaveamento do conversor são fontes de distorção
que afetam ambos os métodos analisados igualmente, não sendo causados particularmente
pela operação do GRV.
5.5. Resultados Experimentais 164

5.5.2 Resultados em altas velocidades


Para altas velocidades, os resultados experimentais a 1250 rpm são mostrados na
Figura 5.14. A operação por pulso único é corroborada pelo formato da corrente do GRV
(Igrv ). A otimização da conexão com interface retorna uma redução da tensão de 400 V
para 278 V, comparando ambos os métodos, como mostrado nas Figuras 5.14(a) e 5.14(b).
Para garantir a mesma quantidade de potência com menor tensão de excitação, a corrente
elétrica do GRV aumenta. Com isso, a magnitude da frequência de passo do gerador
também aumenta. A ondulação da tensão de saída do GRV é altamente afetada pelo
formato da corrente e, portanto, observa-se um aumento da oscilação da tensão no lado
do GRV para a conexão com conversor de interface, quando comparada com a conexão
direta. Entretanto, a ação de filtragem do conversor CC-CC atua para mitigar oscilações
em torno da frequência de passo do GRV (500 Hz), do lado do máquina para o barramento
CC. Assim, tem-se que a qualidade da corrente injetada na rede é melhorada. A análise
do fluxo de potência, por sua vez, mostra que a potência mecânica do GRV é reduzida em
59 W para a conexão com conversor de interface, enquanto a potência elétrica do GRV
é regulada pelo controle de potência, o que indica um aumento da eficiência do gerador.
Contudo, mais uma vez, a potência de saída injetada na rede é reduzida em 69 W como
resultado das perdas extras no conversor.
Para a velocidade de operação de 1250 rpm, a análise da FFT da corrente injetada
na rede é mostrada na Figura 5.15. Analisando o espectro até 1 kHz, como mostrado
na Figura 5.15(a), observa-se que a frequência de passo do GRV em 500 Hz é refletida
em componentes na corrente da rede em 420 Hz e 460 Hz (fst1 e fst2 ), no método de
conexão direta. Percebe-se ainda que essas componentes são mitigadas quando a conexão
com conversor de interface proposta é apresentada. As harmônicas ordinárias oriundas da
tensão da rede de distribuição, incluindo a segunda harmônica e a componente CC devidas
ao desbalanço na tensão, estão igualmente presentes em ambos os sistemas. Em altas
velocidades, nota-se um aumento da vibração mecânica e oscilações no eixo da máquina,
as quais refletem em distorções em baixa frequência (fm ) e dependentes da velocidade do
rotor. Em 1250 rpm, devido à operação por pulso único, a oscilação mecânica em 240
Hz é significante para a conexão direta, sendo parcialmente mitigada pelo conversor de
interface. O espectro em altas frequências, mostrado na Figura 5.15(b), revela a presença
do conteúdo harmônico na frequência de chaveamento do VSC, para ambos os sistemas
analisados. Como comentado, as distorções causadas pelo GRV em torno da frequência
de passo do gerador são efetivamente suprimidas pela ação de filtragem do conversor
bidirecional na abordagem proposta. Por outro lado, a distorção causada pela tensão
de alimentação pode ser reduzida com uso de estratégias de mitigação de harmônicos,
enquanto o alinhamento do eixo da máquina e uso de estratégias anti-vibração podem
reduzir o efeito das distorções mecânicas. Tais técnicas não estão no escopo desta pesquisa.
5.5. Resultados Experimentais 165

Pout=1035 W Pgrv=1152 W Pmec=1370 W


Igrid

Vdc
400 V

IgrvA

C1 Igrv C2 Vdc C3 Igrid


5.0 A/div 2.0 V/div 5.0 A/div
(a)

Pout=966 W Pgrv=1152 W Pmec=1311 W


Igrid

400 V
Vdc

Vgrv

IgrvA

C1 Igrv C2 Vdc C3 Igrid C4 Vgrv


5.0 A/div 2.0 V/div 5.0 A/div 2.0 V/div
(b)

Figura 5.14: Resultados experimentais da comparação a 1250 rpm. a) sistema eólico com
GRV diretamente conectado; b) sistema eólico com GRV e conversor de interface proposto.

5.5.3 Avaliação de desempenho


Após a realização da avaliação comparativa para os estudos de caso, o desempenho
dos sistemas otimizados foi avaliado para a totalidade da faixa de operação do gerador
de relutância variável (600 - 1500 rpm). Para realização da avaliação comparativa, foram
5.5. Resultados Experimentais 166

conexão indireta

Conteúdo harmônico [A]


conexão direta

Frequência [Hz]
(a)

conexão indireta
Conteúdo harmônico [A]

conexão direta

Frequência [Hz]
(b)

Figura 5.15: Análise da FTT das correntes na rede a 1250 rpm para os sistemas com
conexão direta e com conversor de interface: a) espectro em baixa frequência; b) espectro
em alta frequência.

escolhidos os seguintes indicadores de desempenho dos sistemas: a eficiência global; as


oscilações de torque mecânico no eixo da máquina; e a distorção total de corrente no
ponto de acoplamento comum. As análises dos indicadores mencionados são realizadas
nas próximas subseções.

5.5.3.1 Eficiência global

Para o caso do sistema diretamente conectado, a eficiência global do sistema


é obtida com base na potência mecânica de entrada no acoplamento entre a máquina
primária e o gerador de relutância variável e a potência elétrica injetada na rede CA de
distribuição. Assim, incluem-se as perdas no GRV e no conversor fonte de tensão. Para
o sistema com conexão indireta, por sua vez, as perdas no conversor CC-CC bidirecional
5.5. Resultados Experimentais 167

de interface são incluídas no cálculo da eficiência. A comparação da eficiência global dos


sistemas é apresentada na Figura 5.16.

75

Eficiência global [%] 70

65

60

55

50 conexão indireta
conexão direta
45
600 800 1000 1200 1400
Velocidade do rotor [rpm]
Figura 5.16: Avaliação experimental da eficiência global dos sistemas com e sem o uso do
conversor de interface.

Da Figura 5.16, nota-se que a eficiência global do sistema com conversor de inter-
face é praticamente a mesma da obtida com a conexão direta em baixas velocidades. Na
operação por pulso único, contudo, o sistema com conexão direta apresenta rendimento
cerca de 2,5% superior a estratégia proposta. Esse resultado é explicado pelo fato do
rendimento do conversor bidirecional implementado ser na faixa de 88-90%. Em baixas
velocidades, a otimização da tensão de excitação do GRV garante um desempenho superior
do gerador em relação a estratégia com uso de uma tensão de excitação fixa. Parte desses
ganhos são mitigados pelas perdas no conversor extra adicionado. Em altas velocidades,
a melhoria do desempenho do GRV com otimização da tensão é menor, como poder ser
verificado na análise da função custo mostrada na Figura 5.7(d). Portanto, o uso do con-
versor de interface resulta em uma diminuição da eficiência global quando comparado com
o sistema diretamente conectado. Vale salientar que os resultados da eficiência global do
sistema com conexão indireta proposto podem sem melhorados com o uso de conversores
de interface de alta eficiência (acima de 95%), como o proposto em [241].

5.5.3.2 Ondulação de torque

As ondulações de torque mecânico são medidas com a utilização do transdutor de


torque acoplado no eixo entre a máquina primária e o GRV. Ambos os sistemas testados
retornam o mesmo valor de torque médio para uma dada velocidade, já que a potência
5.5. Resultados Experimentais 168

é mantida constante pelo CDP. A variação percentual de ondulação de torque é obtida


em função do torque médio, como mostrado na Equação (5.11). O transdutor de torque
utilizado possui filtragem com uma frequência de corte de 1 kHz. Com isso, as ondulações
de alta frequência são mitigadas, o que provoca uma diferença entre o torque mecânico
medido e o torque eletromagnético simulado. Ainda assim, é possível comparar a ondulação
de torque mecânico dentro da largura de banda do transdutor de torque, como mostrado
na Figura 5.17.

120
conexão indireta
conexão direta
Oscilação de torque [%]

100

80

60

40

20
800 1000 1200 1400
Velocidade do rotor [rpm]
Figura 5.17: Avaliação experimental da ondulação de torque mecânico para os sistemas
com e sem o uso do conversor de interface.

Da Figura 5.17, percebe-se que em baixas velocidades a ondulação de torque


mecânico dos dois sistemas avaliados é praticamente a mesma. Como discutido na seção
de otimização, a eficiência e a ondulação de torque do gerador de relutância variável
estão relacionados. Apesar disso, mesmo com o aumento da eficiência na operação por
histerese para o sistema com conversor de interface, a ondulação de torque mantém-se
praticamente a mesma quando comparada ao sistema diretamente conectado. Por outro
lado, em altas velocidades, o uso do conversor de interface com otimização da tensão de
excitação do GRV resulta em significativa redução da oscilação do torque mecânico (cerca
de 9,5%). Essa redução em altas velocidades é particularmente importante devido ao
aumento significativo das vibrações mecânicas e do ruído sonoro causado pela operação
por pulso único. Portanto, no indicador de ondulação de torque, conclui-se pelo melhor
desempenho do sistema com conversor de interface proposto.
5.5. Resultados Experimentais 169

5.5.3.3 Distorção total de corrente

O último indicador analisado na avaliação comparativa é a distorção total de


corrente no ponto de acoplamento comum entre o conversor fonte de tensão e a rede de
distribuição CA. Nesta pesquisa, para o cálculo da distorção total de corrente, considerou-
se o conteúdo harmônico até a 50a ordem em relação a frequência fundamental de 60 Hz.
Incluiram-se ainda as frequências em torno da frequência de chaveamento do conversor
fonte de tensão (9,5 kHz - 10,5 kHz) e as componentes de baixa frequência oriundas das
oscilações mecânicas da máquina. Por fim, incluíram-se no cálculo da distorção total as
frequências múltiplas (até a terceira harmônica) da frequência de passo do GRV refleti-
das na corrente de saída, como discutido na seção anterior. Os resultado dessa análise
comparativa é mostrado na Figura 5.18.
20
conexão indireta
Distorção de corrente [%]

conexão direta
15

10

0
800 1000 1200 1400
Velocidade do rotor [rpm]
Figura 5.18: Avaliação experimental da distorção total de corrente de saída para os
sistemas com e sem o uso do conversor de interface.

Da Figura 5.18, fica evidente que o sistema com conversor de interface proposto
retorna menor distorção total de corrente em toda faixa de operação do gerador de relu-
tância variável. Essa distorção é substancialmente reduzida em até 6% quando comparada
com o sistema eólico diretamente conectado. A diferença observada é resultado da ação
de filtragem do conversor bidirecional de interface com projeto adequado, o qual mitiga
as oscilações de tensão no barramento CC introduzidas na frequência de passo do GRV.
A medida que a operação se aproxima da velocidade nominal (1500 rpm), as distorções
de corrente são minimizadas. Nessa situação, ambos os sistemas apresentam distorções
aproximadamente iguais, inferiores a 5%. Destaca-se que, para baixas velocidades em
ambos os sistemas, a distorção harmônica de corrente fica acima dos 5% recomendados
5.6. Considerações finais 170

pelo documento normativo IEEE Standards 519 [281]. Fica claro, contudo, que o sistema
proposto apresenta melhor qualidade da energia em toda faixa de operação, o que facilita
a adequação às normas nacionais e internacionais para geração distribuída. Técnicas para
mitigação de conteúdo harmônico podem ainda ser implementadas no VSC para melho-
rar ainda mais a qualidade da corrente elétrica injetada na rede. Como mencionado, tais
técnicas estão fora do escopo deste trabalho.

5.6 Considerações finais


O estudo realizado neste capítulo apresentou como contribuição a proposta de um
sistema eólico com GRV conectado à rede de distribuição utilizando um conversor bidireci-
onal de interface. A técnica de planejamento de experimentos computacionais foi utilizada
para obter de forma offline os parâmetros ótimos do gerador em toda faixa de operação
da turbina eólica. A abordagem proposta utiliza um conversor CC-CC bidirecional para
regular a tensão de excitação do GRV no valor ótimo, em função da velocidade do gerador,
enquanto a tensão do barramento CC é mantida regulada em um valor fixo de 400 V. A
comparação entre o sistema proposto e a estratégia convencional de interligação de WECS
usando GRV com tensão de excitação fixa foi conduzida neste capítulo. Os resultados
experimentais obtidos corroboram os resultados preliminares apresentados na etapa de
otimização. Mostrou-se que parte das perdas do conversor de interface são compensadas
pelo aumento da eficiência do GRV otimizado com tensão de excitação variável. O sis-
tema proposto garante ainda uma redução importante da oscilação de torque mecânico do
gerador. Além disso, a ação de filtragem do conversor de interface garante a mitigação
de ondulações de tensão no barramento CC causadas pela frequência de passo do GRV.
Essa filtragem é refletida numa melhora da qualidade da corrente elétrica injetada na rede
de distribuição. A proposta apresentada é especialmente útil para conexão do GRV na
microrrede CC estudada, uma vez que a conexão com a microrrede CC requer o uso do
conversor de interface para adequação dos níveis de tensão e eventual operação ilhada.
171

Capı́tulo 6
Conclusões

ste trabalho de doutorado apresentou contribuições que podem auxiliar na viabilidade


E técnica de duas tecnologias emergentes: as microrredes elétricas de corrente contínua
operando no modo conectado à rede de distribuição em corrente alternada e os sistemas
eólicos de pequeno porte usando o gerador de relutância variável.
A técnica de gerenciamento de potência com inércia virtual proposta garantiu au-
tonomia e fluxo de potência suave dentro da microrrede de corrente contínua. A avaliação
comparativa mostrou que essa técnica apresenta melhor desempenho que as estratégias
de controle convencionais adaptadas para funcionarem como sistema de gerenciamento
de potência da microrrede. A proposta apresentada se destacou em relação as demais
técnicas de controle por garantir, simultaneamente, preservação da vida útil do sistema
de armazenamento de energia e simplicidade da troca de informação entre os conversores
eletrônicos de potência. A principal desvantagem da técnica apresentada é o uso da linha
de comunicação entre os dispositivos mestre e seguidor, o que introduz um ponto sensível
de falha no sistema. A estratégia por droop modificado, atuando como suporte em caso de
falha da linha de comunicação, garantiu o aumento da confiabilidade da técnica de geren-
ciamento de potência apresentada. Além disso, a estratégia proposta mostrou-se robusta
a atrasos na transmissão dentro da linha de comunicação.
Este trabalho apresentou ainda, como contribuição, melhorias para um sistema
eólico distribuído de pequeno porte com gerador de relutância variável conectado à micror-
rede CC. Com o uso do sistema otimizado proposto utilizando um conversor bidirecional
de interface, consegue-se melhor integração da geração distribuída com GRV. Em compa-
ração com a estratégia de conexão convencional com tensão de excitação fixa, comumente
encontrada na literatura, atingiu-se melhor desempenho com a estratégia proposta em
termos de redução das oscilações de torque e das distorções na corrente injetada na rede
elétrica de distribuição. Devido à otimização da tensão de excitação da máquina elétrica,
a redução da eficiência do sistema não foi significativa mesmo com a inclusão do conversor
eletrônico de potência adicional. O conversor de interface pode ainda ser utilizado para
172

manutenção do barramento CC da microrrede em caso de operação ilhada. Com a pro-


posta apresentada, contribui-se para a viabilidade técnica da integração de geração eólica
distribuída com GRV em microrredes de corrente contínua, com o intuito de aprimorar os
sistemas modernos de distribuição de energia elétrica.
Por meio dos estudos desenvolvidos e resultados obtidos neste trabalho de dou-
torado, espera-se servir de referência para trabalhos futuros que explorem lacunas não
preenchidas durante o tempo de pesquisa abrangido. O gerador de relutância variável já
se destaca para operações em sistemas eólicos e em veículos elétricos, despontando, assim,
como tema de pesquisa relevante. As microrredes CC estão sendo cada vez mais estudadas
e projetos pilotos de implementação em centros de pesquisa ao redor do mundo surgem
com maior velocidade. Dificuldades técnicas relevantes, como a padronização e a normati-
zação de microrredes, começam a ser discutidas pelos órgãos internacionais competentes e
em grupos de estudos nacionais. A integração dessas duas tecnologias, entretanto, ainda é
incipiente e necessita de maiores investigações. Algumas sugestões para trabalhos futuros
relacionados a esta tese são apresentada a seguir.

Sugestões para trabalhos futuros


Sugerem-se, como continuação da pesquisa apresentada neste trabalho e aprofun-
damento dos estudos na temática, as seguintes linhas de pesquisa:

• Avaliação de tecnologias de comunicação para microrredes CC. Apesar da proposta


principal de PMS deste trabalho requerer uma linha de comunicação entre os conver-
sores, nenhuma tecnologia de comunicação em especial foi adotada. Portanto, sugere-
se a investigação de protocolos e técnicas de troca de informação entre conversores
de potência na microrrede CC, utilizando o conceito de redes elétricas inteligentes.
O estudo pode envolver as seguintes características do sistema de comunicação: in-
fluência na estabilidade da microrrede, largura de banda, velocidade de resposta e
atraso, imunidade e redundância a falhas, e segurança cibernética.

• Implementação de regulação de despacho econômico na microrrede CC. Esta tese


não considerou variações tarifárias de energia elétrica dentro da microrrede e no sis-
tema de distribuição. A regulação de despacho econômico pode ser investigada em
camadas de controle superiores ao PMS proposto. Tal regulação consiste no geren-
ciamento de energia dos dispositivos da microrrede com base nas tarifas estimadas
ou obtidas instantaneamente para cada fonte geradora ou carga. Caso a tarifa de
energia da concessionária ou provedora de energia varie no tempo, pode-se optar
por selecionar horários ou períodos específicos para injetar ou absorver energia, ligar
cargas específicas, acionar o banco de baterias ou mesmo retirar a microrrede de
operação. Em geral, algorítimos de otimização e sistemas de inteligência artificial
173

são propostos para obtenção do despacho econômico ótimo em microrredes devido à


complexidade das escolhas para operação de múltiplos elementos.

• Utilização da técnica proposta de inércia virtual para a microrrede CC operando no


modo ilhado. O tema desta tese foi delimitado em microrredes conectadas à rede de
distribuição CA por se tratar da principal operação de microrredes urbanas. Con-
tudo, a ausência de inércia na microrrede é ainda mais problemática para o modo
isolado, quando a rede CA não atua como suporte. Investigações iniciais, não apre-
sentadas na tese, indicam que a técnica de PMS com inércia virtual proposta pode
ser adaptada para limitação do estado de carga e regulação da potência fornecida
pelo SAE durante a operação ilhada. A técnica discutida pode ser utilizada quando
o SAE regula a tensão do barramento CC e a geração distribuída opera com máxima
transferência de potência, enquanto a rede estiver desconectada. A operação ilhada
com inércia virtual pode ainda incluir estratégias de black-start e load shedding,
ambas a serem investigadas.

• Otimização do gerador de relutância variável operando com controle de tensão. Du-


rante o modo de operação conectado da microrrede, no sistema proposto, o GRV
opera com controle direto de potência para rastreio da máxima potência eólica. Essa
técnica pode ser utilizada também no modo ilhado, dentro dos limites de estado de
carga do SAE. Contudo, caso o SAE atinja valores de carga ou descarga críticas, o
GRV pode assumir a regulação de tensão do barramento CC provisoriamente. Com
isso, garante-se a manutenção da operação da microrrede enquanto o gerador tiver
capacidade de alimentar as cargas locais. Para tal, os parâmetros da máquina podem
ser otimizados de forma similar ao apresentado nesta tese para controle de potência.
A potência fornecida à carga pode ser inserida como critério de otimização para
obtenção de diferentes conjuntos de parâmetros otimizados. Por fim, o conversor de
interface adotado pode ser utilizado para regular a tensão no barramento no valor
nominal, enquanto a tensão gerada pelo GRV é variável.

• Outros aspectos de investigação para a integração do GRV à microrrede CC. Essa


tese focou na estratégia de gerenciamento de potência e no uso do conversor de
interface para integração do GRV à microrrede. Diversos outros aspectos dessa
operação não foram incluídos no modo conectado, e em especial no modo ilhado.
Sugerem-se, a título de exemplo, investigações sobre a operação da microrrede com
GRV durante faltas no sistema de distribuição CA. A tolerância a faltas do GRV
pode ser utilizada para mitigar parte dos transitórios e garantir uma transição suave
para o modo ilhado. A estabilidade geral da microrrede em função da operação do
GRV também é outro aspecto importante a ser investigado, em adição à análise de
estabilidade dos conversores eletrônicos de potência.
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