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Rio de Janeiro
Dezembro de 2019
Rosa, Bruno Pestana
iii
Agradecimentos
À minha mãe, Cláudia, e aos meus avós, Roberto e Elisa, pelo amor, carinho e
apoio que me deram durante toda a minha vida. Por todos os ensinamentos e momentos
que me tornaram quem eu sou hoje. Se hoje eu cheguei até aqui, foi graças a estarem
presentes a cada pequeno passo em minha vida, torcendo sempre pelo meu sucesso.
Espero que possam admirar a pessoa que me tornei da mesma forma que os admiro.
À minha namorada, Maria, por todo o amor que sempre me dedicou e por todos
os anos de apoio e companheirismo. Por ser minha melhor amiga com quem eu posso
contar em todas as horas. Espero criar muitas histórias ao seu lado.
Aos meus amigos do ONS, pelo completo apoio na confecção deste trabalho e por
todo o desenvolvimento profissional proporcionado durante meu estágio.
iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.
Dezembro/2019
v
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Engineer.
December/2019
The growing concern with the environment and the search for a larger share of
clean and renewable energy sources provided the conditions for a rapid growth of the
participation of wind generation in the energy portfolio of many countries in the latest
years.
However, a high penetration of wind power presents a new paradigm for power
system operators as it directly impacts the frequency stability of the grid. The shift from
traditional synchronous generation to the asynchronous one reduces the inertial response
and increases the rate of change of frequency of a power system, endangering its security
in the event of a large imbalance between load and generation.
The present paper aims to study how the increase of wind generation and the
consequential reduction of inertial response affect a power system frequency stability in
the face of major grid disturbances. Moreover, the paper analyzes a method to estimate
the minimum inertia required to ensure system security. With this objective in mind,
electromechanical transient simulations were initially performed in a small system and,
finally, in the Brazilian Electric System.
vi
Sumário
Capítulo 1 – Introdução ................................................................................................................1
1.1 Motivação ..........................................................................................................................1
1.2 Objetivos ............................................................................................................................5
1.3 Estrutura .............................................................................................................................5
Capítulo 2 – Inércia ......................................................................................................................7
2.1 Inércia de uma máquina síncrona .......................................................................................7
2.2 Inércia equivalente de um sistema......................................................................................9
2.3 Impacto da Inércia na Estabilidade de um Sistema de Energia Elétrica ........................... 11
2.3.1 Estabilidade Angular ................................................................................................ 11
2.3.2 Controle e Estabilidade de Frequência ...................................................................... 14
2.4 Inércia das Fontes Renováveis Conectadas via Inversores ............................................... 18
2.5 Considerações Finais........................................................................................................ 19
Capítulo 3 – Simulações e Resultados ........................................................................................ 21
3.1 Sistema IEEE 39 Barras ................................................................................................... 21
3.1.1 Introdução e Estudos Iniciais .................................................................................... 21
3.1.2 Impacto da Modelagem da Carga na Resposta Dinâmica do Sistema ....................... 28
3.1.3 Impacto do Carregamento das Unidades Geradoras na Resposta Dinâmica do Sistema
........................................................................................................................................... 31
3.2 Sistema Interligado Nacional (SIN) ................................................................................. 34
3.2.1 Introdução ................................................................................................................. 34
3.2.2 Metodologia de Estudo ............................................................................................. 36
3.2.3 Sensibilidade da Resposta Dinâmica da Frequência ao Modelo da Carga ................ 39
3.2.4 Ilhamento dos Subsistemas Norte e Nordeste ........................................................... 45
Capítulo 4 – Conclusão .............................................................................................................. 53
Capítulo 5 – Bibliografia ............................................................................................................ 56
Apêndice A – Dados do Sistema Teste IEEE 39 Barras ............................................................. 59
A.1 Geradores Síncronos ....................................................................................................... 59
A.1.1 Modelo dinâmico ..................................................................................................... 59
A.1.2 Modelo do Regulador de Velocidade ....................................................................... 60
A.1.3 Modelo do Regulador de Tensão ............................................................................. 61
A.1.4 Modelo do Estabilizador (PSS) ................................................................................ 62
A.2 Geradores Eólicos ........................................................................................................... 63
A.3 Modelo da Carga ............................................................................................................. 67
A.4 Linhas e Transformadores ............................................................................................... 68
A.5 Ponto de Operação do Sistema ........................................................................................ 69
vii
Lista de Figuras
Figura 1.1: Evolução da matriz elétrica mundial (Fonte: Adaptado da Eletricity
Information 2019, IEA [1]) .............................................................................................. 1
Figura 1.2: Evolução da capacidade eólica global instalada (Fonte: Global Wind Report
2017, GWEC [2]) ............................................................................................................. 2
Figura 1.3: Evolução da matriz elétrica brasileira (Fonte: ONS – Operador Nacional do
Sistema Elétrico [3]) ......................................................................................................... 3
Figura 1.4: Evolução da capacidade instalada da geração eólica no Brasil (Fonte: Boletim
Anual de Geração Eólica, ABEEólica [4]) ....................................................................... 3
Figura 1.5: Evolução da matriz elétrica do subsistema Nordeste (Fonte: ONS – Operador
Nacional do Sistema Elétrico [3]) .................................................................................... 4
Figura 2.1: (a) Sistema exemplo de 6 barras. (b) Resposta do sistema a perda de uma
unidade geradora na barra 2.............................................................................................. 9
Figura 2.2: Sistema Máquina x Barra Infinita ................................................................ 12
Figura 2.3: Comportamento da curva potência x ângulo: (a) antes da perturbação; (b)
durante a perturbação e (c) durante a perturbação no caso limite de estabilidade ......... 14
Figura 2.4: Resposta típica de um sistema de energia elétrica à perda de geração com
regulação primária e com regulação primária + CAG .................................................... 15
Figura 2.5: Variação da resposta típica da frequência após a perda de geração com a
inércia equivalente do sistema ........................................................................................ 17
Figura 2.6: Principais topologias de geradores eólicos e plantas fotovoltaicas .............. 19
Figura 3.1: Sistema IEEE 39 barras [26] ........................................................................ 21
Figura 3.2: Frequência do COI para a contingência base por nível de penetração de
geração eólica ................................................................................................................. 23
Figura 3.3: Variação da RoCoF máxima com o nível de penetração para a contingência
base ................................................................................................................................. 23
Figura 3.4: Tensão na Barra 38 para o caso com máquina síncrona e com geração eólica
para a contingência base ................................................................................................. 26
Figura 3.5: Variação da carga com o nível de penetração para a contingência base ...... 26
Figura 3.6: RoCoF máxima simulado e calculado com margem de erro de ±5% para
diferentes níveis de penetração de geração eólica .......................................................... 27
Figura 3.7: Variação da frequência do COI com o modelo da parcela ativa da carga para
a contingência base, sem geração eólica ........................................................................ 28
Figura 3.8: Variação da frequência do COI com o modelo da parcela ativa da carga para
a contingência base, 15% de penetração eólica .............................................................. 29
Figura 3.9: Variação da frequência do COI com o modelo da parcela ativa da carga para
a contingência base, 30% de penetração eólica .............................................................. 29
Figura 3.10: Variação da RoCoF máxima com o modelo da parcela ativa da carga e
penetração de geração eólica para a contingência base .................................................. 30
viii
Figura 3.11: Variação da frequência do COI com o carregamento das máquinas síncronas
........................................................................................................................................ 32
Figura 3.12: Perfil da carga total do sistema para diferentes níveis de penetração de
geração eólica e carregamento das unidades geradoras .................................................. 33
Figura 3.13: Variação da RoCoF máxima simulado e calculado com margem de erro de
±2% com o carregamento das máquinas síncronas ....................................................... 33
Figura 3.14: Malha principal de transmissão do Sistema Interligado Nacional (Fonte:
ONS [30]) ....................................................................................................................... 34
Figura 3.15: Divisão do SIN em subsistemas e principais interligações (Fonte: ONS) . 35
Figura 3.16: Exemplo de arquivo “DMAQ.dat” e campos de interesse ......................... 37
Figura 3.17: Exemplo de arquivo de modelos de máquinas síncronas e campos de
interesse .......................................................................................................................... 37
Figura 3.18: Frequência do COI para os diferentes patamares de carga. ....................... 42
Figura 3.19: Variação da frequência do COI com o modelo da parcela ativa da carga para
o patamar de carga mínima. ............................................................................................ 43
Figura 3.20: Variação da frequência do COI com o modelo da parcela ativa da carga para
o patamar de carga pesada .............................................................................................. 43
Figura 3.21: RoCoF máxima observada para cada patamar de carga e modelo estudado.
Barras de erro de ±5% ................................................................................................... 44
Figura 3.22: Interligação Norte – Nordeste – Sudeste/Centro-Oeste. Panorama atual e
reforços futuros. [30] ...................................................................................................... 46
Figura 3.23: Interligação entre os subsistemas Norte, Nordeste e Sudeste. Linhas
tracejadas foram as desligadas pela perturbação. ........................................................... 47
Figura 3.24: Situação das principais interligações pré-contingência ............................. 49
Figura 3.25: Frequência do COI para a abertura da interligação Norte/Sul. 𝑡0 =
18: 02: 18 ....................................................................................................................... 50
Figura 3.26: RoCoF absoluta máxima simulada e teórica com margem de ±5% .......... 52
Figura A.1: Modelo do Regulador de Velocidade [28] .................................................. 60
Figura A.2: Modelo do Regulador de Tensão [28] ......................................................... 61
Figura A.3: Modelo do Estabilizador [28]...................................................................... 62
Figura A.4: Modelo de controle de tensão do DDSG [28] ............................................. 65
Figura A.5: Modelo do controle do ângulo de pitch....................................................... 66
ix
Lista de Tabelas
Tabela 3.1 – Variação da Inércia equivalente do sistema com a penetração de geração
eólica............................................................................................................................... 22
Tabela 3.2 – Variação do nadir de frequência com o aumento da penetração de geração
eólica............................................................................................................................... 24
Tabela 3.3 – Comparação da RoCoF máxima simulada e calculada .............................. 25
Tabela 3.4 – Associação de áreas do ANAREDE com subsistema do SIN ................... 38
Tabela 3.5 – Patamares de carga disponíveis no caso histórico (.SAV) dos casos de ... 39
Tabela 3.6 – Condições gerais e valores de inércia equivalente do SIN e seus subsistemas
........................................................................................................................................ 40
Tabela 3.7 – Balanço geração/carga de cada subsistema e cálculo da inércia equivalente
........................................................................................................................................ 48
Tabela A.1 – Parâmetros do modelo dinâmico dos geradores síncronos ....................... 60
Tabela A.2 – Parâmetros do modelo do Regulador de Velocidade ................................ 61
Tabela A.3 – Parâmetros do modelo do Regulador de Tensão ...................................... 62
Tabela A.4 – Parâmetros do modelo do Estabilizador ................................................... 63
Tabela A.5 – Parâmetros do modelo da turbina eólica ................................................... 66
Tabela A.6 – Perfil inicial das cargas para a tensão inicial ............................................ 67
Tabela A.7 – Dados de Linhas de Transmissão .............................................................. 68
Tabela A.8 – Dados de Transformadores ....................................................................... 69
Tabela A.9 – Ponto de Operação do Sistema ................................................................. 69
x
Capítulo 1
Introdução
1.1 Motivação
Nos últimos anos, no entanto, um rápido aumento da geração eólica e solar tem
sido observado ao redor do mundo com a depleção dos combustíveis fósseis e a busca de
uma matriz energética mais renovável e limpa. Em particular, destaca-se o crescimento
da geração eólica, que tem mostrado um aumento bem acelerado nos últimos anos, já
representando 4,4% da matriz elétrica mundial em 2017, como mostra a Figura 1.2 [2].
Figura 1.1: Evolução da matriz elétrica mundial (Fonte: Adaptado da Eletricity Information 2019, IEA [1])
1
Figura 1.2: Evolução da capacidade eólica global instalada (Fonte: Global Wind Report 2017, GWEC [2])
2
Figura 1.3: Evolução da matriz elétrica brasileira (Fonte: ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico [3])
Figura 1.4: Evolução da capacidade instalada da geração eólica no Brasil (Fonte: Boletim Anual de Geração Eólica,
ABEEólica [4])
3
Figura 1.5: Evolução da matriz elétrica do subsistema Nordeste (Fonte: ONS – Operador Nacional do Sistema
Elétrico [3])
Por outro lado, as novas energias renováveis são conectadas ao sistema de forma
bem diferente das máquinas síncronas, por meio de conversores eletrônicos. Os
conversores entregam potência à rede elétrica através do controle do chaveamento de
dispositivos semicondutores e, portanto, apresentam um desacoplamento entre o gerador
e a rede elétrica. Assim, essas formas de geração não alteram significativamente a
potência fornecida ao sistema na ocorrência de desbalanços entre a carga e a geração. Isso
constitui uma forma assíncrona de geração, não agregando resposta inercial ao sistema,
como fazem as máquinas síncronas adotadas na geração convencional.
4
Devido às caraterísticas supracitadas, o aumento da penetração de geração eólica
e fotovoltaica no sistema elétrico leva a uma redução da sua inércia equivalente. Isso
aumenta a taxa de variação da frequência (RoCoF) e, com isso, aumenta o risco de que
um desequilíbrio carga-geração leve a frequência à níveis perigosos para a estabilidade
do sistema, podendo resultar em elevados cortes de carga e, em situações extremas, em
blecautes de grandes proporções.
1.2 Objetivos
1.3 Estrutura
Esse trabalho está dividido em quatro capítulos. No Capítulo 1 foi vista uma breve
introdução ao problema que será abordado. Foi apresentado um panorama geral do
crescimento da geração eólica no Brasil e no mundo, além de terem sido apresentados
alguns dos principais conceitos associados à problemática criada pelas formas assíncronas
de geração.
5
como a inércia influencia nessas formas de estabilidade. Por fim, algumas considerações
são feitas quanto à inércia das fontes renováveis conectadas via inversores.
6
Capítulo 2
𝑑𝜔
𝐽 = 𝑇𝑚 − 𝑇𝑒 (2.1)
𝑑𝑡
Sendo,
7
Nesse caso, a velocidade com que a frequência cai depende da magnitude do
desbalanço entre a carga e a geração e do momento de inércia da máquina, de forma que
quanto maior a inércia, mais lenta é a variação da frequência para o mesmo valor de
desbalanço. Esse comportamento inerente das máquinas síncronas fornece tempo hábil
para os controles existentes regularem o valor do torque mecânico e reestabelecerem o
equilíbrio carga-geração.
𝐽 𝜔𝑛2
𝐻= (2.2)
2 𝑆𝑛
Sendo,
A unidade de 𝐻 é segundos e pode ser interpretada como o tempo pelo qual a energia
armazenada nas partes rotativas de um gerador é capaz de suprir uma carga igual à sua
potência aparente nominal [10].
A equação (2.1) pode ser reescrita utilizando esse novo parâmetro, chegando em
(2.3).
𝑑𝑓
2𝐻 = 𝑃𝑚 − 𝑃𝑒 (2.3)
𝑑𝑡
Sendo,
8
2.2 Inércia equivalente de um sistema
Figura 2.1: (a) Sistema exemplo de 6 barras. (b) Resposta do sistema a perda de uma unidade geradora na barra 2
9
Por esse motivo, o comportamento geral de um sistema de energia elétrica pode
ser estudado de maneira simplificada como se todas as máquinas individuais fossem
representadas por uma única máquina equivalente, cujo comportamento eletromecânico
é governado por uma única equação de oscilação, ou seja [7] [12]:
𝑑𝑓𝐶𝑂𝐼
2𝐻𝑆 = 𝑃𝑚 − 𝑃𝑒 (2.4)
𝑑𝑡
sendo 𝐻𝑆 a inércia equivalente do sistema normalizada pela carga. Para um sistema com
𝑁 máquinas,
∑𝑁
𝑖=1 𝑆𝑛𝑖 𝐻𝑖
𝐻𝑆 = (2.5)
𝑃𝐿
Sendo,
∑𝑁
𝑖=1 𝑓𝑖 𝐻𝑖
𝑓𝐶𝑂𝐼 = 𝑁 (2.6)
∑𝑖=1 𝐻𝑖
Na prática, está sendo calculada uma média das frequências das máquinas
síncronas do sistema ponderada pela inércia de cada máquina. Os valores de 𝑃𝑚 e 𝑃𝑒 em
(2.4), por sua vez, representam toda a potência gerada e consumida pelo sistema,
respectivamente, com ambos os valores expressos em pu na base de 𝑃𝐿 [7] [12].
10
uma representação detalhada da sua geração e carga. Outra importante observação é que
o valor da derivada da frequência obtida de (2.4) é a máxima observada seguindo o
distúrbio carga-geração 𝑃𝑚 − 𝑃𝑒 , que é observada imediatamente após a contingência,
antes que qualquer controle do sistema atue.
11
estabilidade angular à pequenas perturbações ou grande, caracterizando a estabilidade
angular transitória.
𝐸𝑓 ∙ 𝑉
𝑃𝑒 = sen 𝛿 (2.7)
𝑋𝑇
Sendo,
1
Fonte de tensão constante atrás de uma reatância.
12
Assim, a relação potência x ângulo é vista graficamente na Figura 2.3a. Em regime
permanente, a potência elétrica 𝑃𝑒 entregue pelo gerador será igual à potência mecânica
𝑃𝑚 em sua turbina, e o sistema estará operando no ponto 𝑎.
𝑑 2 𝛿 𝑃𝑚 − 𝑃𝑒
= (2.8)
𝑑𝑡 2 2𝐻
O critério das áreas iguais dita que, se a área de desaceleração disponível (𝐴2𝑚𝑎𝑥 )
for maior ou igual à área de aceleração (𝐴1 ), a máquina não perderá estabilidade. No
limite, 𝐴1 = 𝐴2𝑚𝑎𝑥 e o ângulo em que o curto-circuito é interrompido é o ângulo crítico
(𝛿𝑐𝑟 ), a partir do qual a máquina perderia o sincronismo. Esse caso está representado na
Figura 2.3c.
Integrando (2.8), chega-se no tempo crítico para que 𝛿𝑐𝑟 seja atingido.
4𝐻 (𝛿𝑐𝑟 − 𝛿0 )
𝑡𝑐𝑟 = √ (2.9)
𝜔𝑠 𝑃𝑚
13
Figura 2.3: Comportamento da curva potência x ângulo: (a) antes da perturbação; (b) durante a perturbação e (c)
durante a perturbação no caso limite de estabilidade
14
em torno de sua frequência nominal (60 Hz no Brasil). Caso a frequência do sistema se
desvie muito de seu valor nominal, diversos equipamentos deixarão de funcionar de
maneira adequada ou serão danificados, podendo ser necessário desconectar unidades
geradoras ou realizar cortes de carga [14]. Em casos extremos, a instabilidade de
frequência pode levar a grandes blecautes.
1. Resposta Inercial
2. Regulação Primária
3. Regulação Secundária
Figura 2.4: Resposta típica de um sistema de energia elétrica à perda de geração com regulação primária e com
regulação primária + CAG
15
No instante em que o distúrbio ocorre, a perda da unidade geradora cria um
desequilíbrio entre a carga e geração. Esse déficit de geração é suprido pelas demais
máquinas síncronas que liberam energia cinética para a rede e desaceleram, fazendo com
que a frequência caia. Durante esse tempo, cada máquina irá se comportar de forma
diferente seguindo sua própria equação de oscilação, de forma que a velocidade de
rotação e a frequência do sistema serão diferentes em diferentes barras. Uma vez que
essas oscilações entre os geradores são amortecidas, a frequência se torna uniforme em
todo o sistema elétrico e varia com a mesma velocidade em todas as barras [15].
Essa resposta inicial inerente às máquinas síncronas fornece tempo para a atuação
da regulação primária, que por sua vez vai atuar de forma a interromper a queda da
frequência e retorná-la a valores próximos dos nominais. Cada unidade geradora é dotada
de um regulador de velocidade, que observa sua frequência terminal e atua aumentando
ou reduzindo a potência mecânica da máquina de forma a retornar o sistema ao equilíbrio.
Para garantir uma boa interação entre as diferentes máquinas do sistema, os reguladores
de velocidade devem obedecer requisitos mínimos estabelecidos pelo operador do
sistema, como estatismo, tempo de resposta, tempo de estabilização, etc. [16].
No caso da Figura 2.4, como houve perda de geração, a regulação primária age
aumentando o despacho das unidades geradoras restantes de forma a igualar a geração
com a carga do sistema novamente. No entanto, por características do controle do
regulador, a frequência que se estabiliza no final do processo é menor do que a frequência
nominal do sistema [17].
16
sendo ativamente utilizado. Ele deve possuir capacidade rápida de tomada de carga, sendo
capaz de corrigir desequilíbrios entre a carga e a geração devido à perda de unidades
geradoras, intermitência das fontes eólica e fotovoltaica e desvios entre a demanda
prevista e verificada do sistema [12].
Como o próprio nome indica, a inércia do sistema tem maior impacto sobre a
primeira fase do controle da frequência, a resposta inercial. Na Figura 2.5 está
representado como a resposta típica de um sistema varia com a inércia na perda de um
grande bloco de geração.
Figura 2.5: Variação da resposta típica da frequência após a perda de geração com a inércia equivalente do sistema
17
Na figura pode-se observar que, ao reduzir o valor de 𝐻, a frequência do sistema
varia mais rapidamente conforme (2.4), ou seja, o valor absoluto da RoCoF aumenta.
Como a frequência varia mais rapidamente, no tempo que a regulação primária leva para
atuar, o desvio de frequência é maior, o que se traduz em um nadir menor. Conclui-se
então que, do ponto de vista de estabilidade de frequência, uma inércia alta é algo positivo
pois a frequência muda mais lentamente e com isso desvios menores de frequência
ocorrem no sistema.
18
Figura 2.6: Principais topologias de geradores eólicos e plantas fotovoltaicas
19
na capacidade de um sistema de energia elétrica de suportar grandes desequilíbrios carga-
geração.
20
Capítulo 3
Simulações e Resultados
3.1 Sistema IEEE 39 Barras
21
Foi estipulada uma contingência base definida como a perda de um bloco de
geração equivalente a 4% da carga total do sistema (desconexão da máquina 10). Essa
mesma contingência foi estudada para um aumento crescente de penetração de geração
eólica e foram analisadas a frequência do COI e a RoCoF.
Tabela 3.1 – Variação da Inércia equivalente do sistema com a penetração de geração eólica
Na Figura 3.2 está disposto o perfil da frequência do COI para cada um dos casos
estudados e na Figura 3.3 a RoCoF máxima observada. A partir dos dados da Figura 3.2,
chega-se na Tabela 3.2.
22
Figura 3.2: Frequência do COI para a contingência base por nível de penetração de geração eólica
Figura 3.3: Variação da RoCoF máxima com o nível de penetração para a contingência base
23
Tabela 3.2 – Variação do nadir de frequência com o aumento da penetração de geração eólica
𝑑𝑓𝐶𝑂𝐼
2𝐻𝑆 = Δ𝑃 (3.1)
𝑑𝑡
Também pode-se observar pela Figura 3.2 e pela Tabela 3.2 um salto maior do
nadir de frequência entre o Caso II e o Caso III em comparação com os demais casos. Isso
se deve ao fato de que, para o Caso III, foram substituídas duas máquinas síncronas,
implicando numa variação maior da inércia equivalente e, consequentemente, uma
variação maior do nadir de frequência.
24
absoluto, mostrando que a frequência cai mais rapidamente à medida que a penetração da
geração eólica cresce, conforme (2.4). Além disso, comparando os valores da RoCoF
máxima obtidos da simulação2 com os valores obtidos de (3.1) ao se substituir 𝐻𝑆 pelo
valor calculado disposto na Tabela 3.1 e Δ𝑃 pela geração da unidade perdida, observa-se
uma discrepância considerável conforme Tabela 3.3.
O efeito disso pode ser visto na Figura 3.4, onde é comparada a tensão na barra
38 para o caso sem geração eólica e com 15% de penetração, no qual a máquina síncrona
nessa barra foi substituída por uma turbina eólica.
2
Calculado através da aplicação da função gradient do MATLAB nos valores de frequência.
3
A capacidade de curto-circuito é uma medida comum da “força” de um sistema em uma determinada
barra. Um sistema com alta capacidade de curto-circuito é menos vulnerável a desvios de tensão.
25
Figura 3.4: Tensão na Barra 38 para o caso com máquina síncrona e com geração eólica para a contingência base
Figura 3.5: Variação da carga com o nível de penetração para a contingência base
26
Para esse sistema teste e controles utilizados, o impacto da geração eólica na
tensão (que por sua vez impacta a carga) foi mais significativo do que o impacto na inércia
do sistema nos instantes imediatamente seguintes à contingência. Por isso, a RoCoF
máxima diminui em valor absoluto com a penetração de geração eólica, ao invés de
aumentar. No entanto, depois da atuação dos reguladores de tensão, o impacto da redução
da inércia fica evidente na forma de um nadir menor (Figura 3.2).
Conclui-se que o modelo da carga e sua consequente variação com a tensão são
importantes para que (3.1) forneça resultados confiáveis de RoCoF máximas esperados.
Figura 3.6: RoCoF máxima simulado e calculado com margem de erro de ±5% para diferentes níveis de penetração
de geração eólica
27
3.1.2 Impacto da Modelagem da Carga na Resposta Dinâmica do Sistema
Figura 3.7: Variação da frequência do COI com o modelo da parcela ativa da carga para a contingência base, sem
geração eólica
28
Figura 3.8: Variação da frequência do COI com o modelo da parcela ativa da carga para a contingência base, 15% de
penetração eólica
Figura 3.9: Variação da frequência do COI com o modelo da parcela ativa da carga para a contingência base, 30% de
penetração eólica
29
Já na Figura 3.10, observa-se o comportamento da RoCoF máxima. É interessante
reparar que a RoCoF aumenta em valor absoluto quanto menor a percentagem da parcela
ativa da carga impedância constante (e maior a de potência constante), como esperado já
que isso significa um Δ𝑃 maior. No entanto, até a carga chegar em 10% de impedância
constante (90% de potência constante), os casos com maior penetração eólica apresentam
RoCoF máxima absoluta menor, devido ao efeito da tensão na carga. Apenas com a carga
100% potência constante é evidente o efeito de que a redução da inércia gerada pelo
aumento de penetração da geração eólica tende a aumentar a RoCoF máxima em valores
absolutos.
Figura 3.10: Variação da RoCoF máxima com o modelo da parcela ativa da carga e penetração de geração eólica para
a contingência base
30
3.1.3 Impacto do Carregamento das Unidades Geradoras na Resposta
Dinâmica do Sistema
Uma das soluções para permitir uma maior penetração de geração eólica
mantendo a inércia do sistema em níveis seguros é reduzindo o carregamento das
máquinas síncronas [7]. Isso implica em mais máquinas em funcionamento e, portanto,
maior inércia equivalente do sistema. Além disso, por estarem operando com um
despacho menor, as unidades geradoras têm mais margem de potência para compensar
um desbalanço carga-geração, ou seja, a RPO é maior. Essa medida, no entanto, faz com
que a máquina opere fora de seu ponto de máxima eficiência. Cabe então realizar um
balanço entre segurança dinâmica e custos para determinar se essa solução é viável.
No entanto, conforme Figura 3.11, para o caso sem penetração eólica (azul) e com
15% de penetração (vermelho), acontece o oposto. O caso tracejado, com ponto de
operação em 75% do nominal, apresenta um desempenho dinâmico pior que o caso com
ponto de operação nominal. Isso se deve, novamente, à questão do modelo da carga. Na
Figura 3.12 está disposto o perfil da carga para cada um dos casos estudados, seguindo o
mesmo padrão da Figura 3.11, ou seja, cores indicando o nível de penetração de geração
eólica e estilo da linha indicando o carregamento das unidades geradoras.
31
Com mais máquinas sincronizadas tem-se uma capacidade de curto-circuito
maior. Sendo assim, o perfil de tensão tende a melhorar, de modo que a carga fica mais
alta quanto menor o carregamento das máquinas.
Analisando agora a Figura 3.13, está disposta a RoCoF máxima variando com a
penetração de geração eólica e com o carregamento das máquinas. A linha cheia indica a
RoCoF obtida da simulação enquanto a linha tracejada indica a RoCoF calculada através
de (3.1) considerando a variação da carga com a tensão com uma barra de erro de ±2%.
Figura 3.11: Variação da frequência do COI com o carregamento das máquinas síncronas
32
Figura 3.12: Perfil da carga total do sistema para diferentes níveis de penetração de geração eólica e carregamento das
unidades geradoras
Figura 3.13: Variação da RoCoF máxima simulado e calculado com margem de erro de ±2% com o carregamento
das máquinas síncronas
33
3.2 Sistema Interligado Nacional (SIN)
3.2.1 Introdução
Figura 3.14: Malha principal de transmissão do Sistema Interligado Nacional (Fonte: ONS [30])
34
Figura 3.15: Divisão do SIN em subsistemas e principais interligações (Fonte: ONS)
Até a década de 2000, o SIN era basicamente composto por máquinas síncronas
(sistema hidro-térmico) com exceção do elo CC de Itaipu 50 Hz. Como já foi exposto no
Capítulo 2, as máquinas síncronas apresentam várias vantagens para a operação do
sistema elétrico, com destaque para a resposta inercial e regulação primária de frequência,
focos desse trabalho, além do controle dinâmico da tensão.
No entanto, o setor elétrico brasileiro vem passando por grandes mudanças na sua
matriz elétrica, com o aumento acentuado da participação de fontes renováveis conforme
Figura 1.3, especialmente no subsistema Nordeste (Figura 1.5), tendo apresentado índices
de crescimento superiores à média mundial. A penetração de geração eólica tem se
destacado, chegando ao patamar de 9%. A geração fotovoltaica, por sua vez, apresenta
um crescimento percentual muito expressivo para o horizonte 2019-2024, apesar de ainda
representar uma pequena parcela da matriz elétrica [30].
35
frequência da rede e, portanto, não agregam resposta inercial ao sistema, levando a um
aumento da RoCoF observada durante desequilíbrios entre a carga e a geração.
4
Vale ressaltar que, enquanto o modelo de máquina será o mesmo independente do carregamento da usina,
o número de unidades geradoras irá variar. Por exemplo, um caso com carga pesada terá mais máquinas
sincronizadas do que um caso com carga leve.
36
cada barra e o número do modelo dinâmico da máquina associado a cada barra (Figura
3.16).
De posse dos dois conjuntos de arquivos, pode-se fazer a ligação entre o número
de unidades geradoras de cada barra com a inércia e potência base de cada unidade através
do número do modelo de máquina. A partir daí, basta multiplicar esses três valores para
se chegar no valor de energia cinética armazenada nas máquinas síncronas em MW.s.
A carga do sistema, por sua vez, pode ser obtida diretamente do arquivo histórico
(.SAV) do programa ANAREDE, que também acompanha a base de dados do ONS.
37
Finalmente, a inércia equivalente é obtida dividindo-se a energia cinética (MW.s) pela
carga do sistema (MW).
38
3.2.3 Sensibilidade da Resposta Dinâmica da Frequência ao Modelo da
Carga
Tabela 3.5 – Patamares de carga disponíveis no caso histórico (.SAV) dos casos de
referência mensais de dezembro de 2019
Caso Título
1 ONS - MENSAL - DEZEMBRO 2019 - Pesada
2 ONS - MENSAL - DEZEMBRO 2019 - Média
3 ONS - MENSAL - DEZEMBRO 2019 - Leve
4 ONS - MENSAL - DEZEMBRO 2019 - Mínima
5 ONS - MENSAL - DEZEMBRO 2019 - Sábado Dia
6 ONS - MENSAL - DEZEMBRO 2019 - Sábado Noite
7 ONS - MENSAL - DEZEMBRO 2019 - Domingo Dia
8 ONS - MENSAL - DEZEMBRO 2019 - Domingo Noite
9 ONS - MENSAL - DEZEMBRO 2019 - Média da Média
39
As condições de operação do SIN e dos seus subsistemas, assim como os valores
de inércia calculados se encontram resumidos na Tabela 3.6.
Tabela 3.6 – Condições gerais e valores de inércia equivalente do SIN e seus subsistemas
a. O caso com carga mínima terá menos unidades geradoras sincronizadas, portanto,
é de se esperar que sua inércia seja menor. No entanto, o comportamento
observado na Tabela 3.6 é o oposto.
∑𝑁
𝑖=1 𝑆𝑛𝑖 𝐻𝑖
𝐻𝑆 = (3.2)
𝑃𝐿
O que isso quer dizer é que, para o mesmo valor de desbalanço em pu na base da
Δ𝑃
carga do sistema em questão ( 𝑃 ), o sistema na carga mínima tenderá a ter melhor
𝐿
desempenho dinâmico. Repare que isso significa que, se for estudado um evento que gere
um desvio entre a carga e a geração de 8,4 GW para o caso de carga pesada (10% da
carga), para o caso de carga mínima teríamos que estudar um evento que gerasse um
Δ𝑃
desvio de 4,8 GW para obter a mesma relação .
𝑃𝐿
40
Caso o valor em MW de Δ𝑃 seja exatamente igual, pode-se facilmente prever o
resultado alterando os valores de 𝐻𝑆 para a mesma base. Por exemplo, utilizando a base
do sistema na carga pesada, a inércia do caso com carga mínima valeria
5,255 ∙ 48524
𝐻𝑆 𝑀𝐼𝑁 = = 3,034𝑠 < 4,523𝑠 (3.3)
84059
Ou seja, seria obtido um valor menor de inércia comprovando que, para essa
contingência, o caso com carga mínima terá pior desempenho dinâmico.
Quanto ao Norte, sua alta inércia pode ser explicada pelo mesmo motivo do
discutido acima. A geração no Norte apresenta valores bem elevados se comparada com
a carga do subsistema, isso porque a maior parte da geração (UHE Belo Monte e UHE
Tucuruí) é escoada por meio dos Bipolos Xingu – Terminal Rio e Xingu – Estreito para
o subsistema Sudeste, onde se encontra o maior centro de cargas. Por isso, a região
apresenta alta energia cinética armazenada e uma carga própria baixa para alimentar,
gerando um valor alto de inércia equivalente calculado por (3.2).
Voltando para a análise do caso, a contingência base definida foi a perda da UTN
Angra I e UTN Angra II. Apesar da perda simultânea das duas usinas representar uma
contingência extremamente severa e pouco provável, ela foi escolhida de forma a permitir
uma melhor exploração dos conceitos aqui abordados. Tanto para o patamar de carga
pesada quanto para o de carga mínima, a potência total gerada pelas duas máquinas é de
1990 MW.
41
também foi simulada para uma carga com parcela ativa 100% Z constante, 75% Z
constante, 50% Z constante e 25% Z constante. Primeiramente, é analisado o desempenho
da frequência do COI e, em seguida, o valor das RoCoF máximas.
Nas Figuras 3.19 e 3.20 observa-se como o perfil de frequência do COI varia com
o modelo de carga utilizado para os patamares de carga mínima e pesada respectivamente.
Observa-se novamente uma grande variação entre o nadir associado a cada modelo de
carga, reforçando a importância de uma representação a mais fidedigna possível da real.
42
Figura 3.19: Variação da frequência do COI com o modelo da parcela ativa da carga para o patamar de carga mínima.
Figura 3.20: Variação da frequência do COI com o modelo da parcela ativa da carga para o patamar de carga pesada
43
Apesar da resposta dinâmica da frequência ter apresentado diferenças
consideráveis (em torno de 0,15 Hz), ainda foi um desvio bem menos significativo do que
o observado no caso IEEE 39 Barras (Figura 3.9). Além disso, a RoCoF máxima
apresentou valores bem próximos entre os diferentes modelos de carga (Figura 3.21),
diferentemente do observado para o caso IEEE 39 barras (Figura 3.10). Isso se deve a
dois principais fatores: o tamanho do sistema estudado e a diferença no nível de curto-
circuito.
Figura 3.21: RoCoF máxima observada para cada patamar de carga e modelo estudado. Barras de erro de ±5%
44
tensão significativamente afetada, de forma que a carga total do sistema não é tão
impactada.
O outro fator é que, para um sistema de energia elétrica de grande porte como o
SIN, temos uma capacidade de curto-circuito maior do que em um sistema pequeno como
o IEEE 39 barras. Como já mencionado (2), isso implica em menores desvios de tensão,
de forma que o modelo da carga tem menos influência sobre a resposta dinâmica do
sistema.
Apesar dos reforços previstos, até a entrada em operação dos circuitos, existe a
possibilidade real do isolamento da região Nordeste. Tanto existe que, no dia primeiro de
outubro de 2019, às 18h, iniciou-se uma sequência de eventos que levou à operação ilhada
do subsistema Nordeste e Norte do resto do SIN. Esse evento, assim como o
45
comportamento dos dois subsistemas criados será o próximo caso estudado nesse trabalho
[33].
Figura 3.22: Interligação Norte – Nordeste – Sudeste/Centro-Oeste. Panorama atual e reforços futuros. [30]
46
potência entre os subsistemas Nordeste e Sudeste que provocou a atuação da proteção de
perda de sincronismo (PPS) após 1,2 segundos, desligando a LT 500 kV Rio das Éguas –
Bom Jesus da Lapa 2 C1. Em seguida, a LT 230 kV Bom Jesus da Lapa – Tabocas do
Brejo Velho C1 foi desligada pela atuação da proteção da linha. Com esses dois
desligamentos, a região Nordeste, que exportava 123 MW para o Sudeste foi isolada junto
à região Norte. A interligação e as linhas desligadas (tracejadas) podem ser vistas em mais
detalhes na Figura 3.23.
Figura 3.23: Interligação entre os subsistemas Norte, Nordeste e Sudeste. Linhas tracejadas foram as desligadas pela
perturbação.
47
Para a simulação dessa ocorrência, partiu-se de um caso histórico do ANAREDE
(.SAV) com ponto de operação próximo do aferido pelo estimador de estados para o dia
01.10.2019, às 18h. O caso mais próximo encontrado foi o Caso 5 dos Casos de
Referência do Estudo Mensal de Outubro de 2019, “ONS MENSAL – OUTUBRO –
SÁBADO DIA”. Esse caso apresenta geração dos subsistemas e das principais usinas
muito próximos dos valores medidos no momento da ocorrência, possuindo apenas
discrepâncias nas distribuições de carga entre os subsistemas. As cargas foram corrigidas
por meio de um arquivo de alterações do ANAREDE de forma que a geração, carga e
principais fluxos nas interligações ficaram muito próximos dos valores pré-contingência.
Esses valores se encontram resumidos na Figura 3.24 e Tabela 3.7. Também foi calculado
o valor da energia cinética e da inércia equivalente para cada subsistema seguindo o
mesmo procedimento descrito previamente.
A partir da Tabela 3.7, pode-se calcular a inércia equivalente dos dois subsistemas
que irão se formar após a contingência. Para o subsistema NE+N basta somar o valor da
energia cinética armazenada e dividir pela soma das cargas dos subsistemas. Raciocínio
análogo pode ser realizado para o subsistema SE/CO+S, obtendo-se os valores em (3.4).
77389
𝐻𝑁𝐸+𝑁 = = 4,45 𝑠
17391
(3.4)
249821
𝐻𝑆𝐸/𝐶𝑂+𝑆 = = 4,52 𝑠
55273
48
Figura 3.24: Situação das principais interligações pré-contingência
Por outro lado, o subsistema SE/CO+S teve um valor de Δ𝑃 < 0, ou seja, pouca
geração para abastecer a carga. As máquinas irão fornecer sua energia cinética para suprir
o déficit e a frequência irá cair.
49
Esses dois comportamentos são corroborados pela Figura 3.25. O tempo 𝑡 = 0 𝑠
na figura representa o instante 18:02:18.128, exatamente 1 segundo antes do curto-
circuito na LT 500 kV Gurupi – Miracema C1. As linhas tracejadas verticais representam,
respectivamente, o momento de curto-circuito na LT 500 kV Gurupi – Miracema C1, o
curto-circuito na LT 500 kV Gurupi – Miracema C2 e a atuação da PPS separando os dois
subsistemas. Repare que os curtos-circuitos tiveram pouca influência na resposta da
frequência, tendo esta apenas variado significativamente quando os sistemas foram
completamente separados com a atuação da PPS.
Figura 3.25: Frequência do COI para a abertura da interligação Norte/Sul. 𝑡0 = 18: 02: 18
50
aproximação das condições gerais do sistema e que o resultado simulado foi para a
frequência do COI enquanto a medição da PMU foi da frequência em uma barra, a
resposta simulada se mostrou muito boa.
Por fim, é interessante observar que, apesar do valor de Δ𝑃 ser exatamente igual
em módulo para os dois subsistemas, o RoCoF variou muito de um caso para o outro. Isso
porque, em pu, o valor de Δ𝑃 para o subsistema NE+N foi muito mais expressivo do que
para o SE/CO+S visto que a carga do primeiro é muito menor que a do segundo.
51
Figura 3.26: RoCoF absoluta máxima simulada e teórica com margem de ±5%
52
Capítulo 4
Conclusão
A busca por formas de geração de energia elétrica mais limpas e o consequente
crescimento da participação dos parques eólicos na matriz elétrica mundial traz diversos
novos desafios para os operadores de sistemas de energia elétrica do mundo. Dentre as
principais consequências da substituição da geração síncrona convencional por essa
forma assíncrona de geração estão a redução da resposta inercial do sistema, a
variabilidade e a difícil previsão de energia disponível.
Em especial, as regiões Nordeste e Sul do Brasil são duas das regiões com maior
potencial eólico do mundo, e tem sido observado crescimento exponencial dessa forma
de geração. Além disso, a construção de usinas hidrelétricas na região Norte com
reservatórios de baixa capacidade e os elos de corrente contínua utilizados para transmitir
essa energia apenas agravam ainda mais o problema.
Índices de inércia baixos significam que o sistema de energia elétrica está mais
vulnerável a distúrbios que provoquem grandes variações carga-geração, apresentando
rápidas variações de frequência e estando, portanto, mais sujeito a cortes de carga ou a
grandes blecautes. Sendo assim, se faz necessário a determinação de um valor de inércia
mínima que garanta que o sistema seja capaz de suportar as contingências estabelecidas
e apresente um desempenho dinâmico aceitável.
Os resultados obtidos nas simulações mostraram que essa equação representa bem
o comportamento médio do sistema, na forma da frequência do COI e apresenta
resultados muito próximos dos simulados contanto que o valor de Δ𝑃 seja corretamente
53
especificado. Isso significa que fatores como a capacidade de curto-circuito, o perfil de
tensão imediatamente após a contingência e o modelo da carga podem influenciar
significativamente no resultado da equação, gerando erros grosseiros em algumas
situações. O modelo da carga, inclusive, mostrou que pode alterar significativamente a
resposta da frequência do sistema a uma dada perturbação, reforçando a importância de
uma representação a mais próxima do real possível.
Apesar dessa ressalva, os valores obtidos pela equação sem a correção de Δ𝑃 para
o caso do SIN foram mais próximos dos simulados que para o caso do sistema IEEE 39
barras, devido à natureza local dos fenômenos relacionados à tensão, podendo servir
assim como uma boa estimativa expedita para um valor de inércia mínima.
Por fim verificou-se que, mesmo que um sistema apresente altos índices de
segurança quando operando interligado, sempre há o risco de que um evento provoque o
ilhamento de um subsistema. Para esses casos, a determinação de índices de inércia para
regiões selecionadas do sistema interligado se mostrou uma boa ferramenta para análise
da operação isolada de uma dessas regiões.
Além das análises realizadas neste trabalho, ainda existem várias questões
relacionadas com o impacto das fontes renováveis conectadas via inversores para serem
estudadas. Assim sendo, propõem-se os trabalhos futuros a seguir:
54
geração conectada por meio de inversores. Sugere-se então avaliar a utilização
deste recurso junto a parques eólicos.
Atualmente no Brasil existem vários elos de corrente contínua responsáveis pela
transmissão de potência entre os subsistemas. Assim como a geração eólica e
solar, essa forma de transmissão configura uma injeção de potência de forma
assíncrona no sistema. Dito isso, sugere-se uma análise de como isso impacta na
resposta inercial do sistema. Em particular, a perturbação de outubro de 2019
descrita neste trabalho é um caso de estudo interessante onde dois subsistemas
ficaram conectados apenas por um elo de corrente contínua.
55
Capítulo 5
Bibliografia
[2] GWEC, “Global Wind Report - Annual Market Update 2017,” Global Wind Energy
Council, 2018.
[7] ENTSO-E, “Frequency Stability Evaluation Criteria for the Synchronous Zone of
Continental Europe,” European Network of Transmission System Operators for
Electricity, 2016.
56
[12] ONS, “DPL-RE-0076/2019 - Proposta de Indicadores de Reserva de Potência
Girante e Inércia Equivalente para Supervisão na Operação em Tempo Real,”
Operador Nacional do Sistema Elétrico, 2019.
[14] IEEE, “IEEE Guide for Abnormal Frequency Protection for Power Generating
Plants,” Std C37.106-2003 (Revision of ANSI/IEEE C37.106-1987), 2004.
[16] ONS, “Procedimentos de Rede - Submódulo 3.6 - Requisitos técnicos mínimos para
a conexão às instalações de transmissão,” Operador Nacional do Sistema Elétrico,
2019.
[23] I. Dudurych, “The Control of Power System with a High Wind Power Penetration,”
em IEEE Lausanne Power Tech 2007, 2007.
57
[24] T. Rizzoto, Contribuição dos Parques Eólicos para o Desempenho Estático e
Dinâmico dos Sistemas de Energia Elétrica: Uma Aplicação no Sistema Elétrico
Brasileiro, Tese de Mestrado: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2016.
[26] I. Hiskens, “IEEE PES Task Force on Benchmark Systems for Stability Controls,”
2013.
[27] A. Wank, Modification of a dynamic simulation tool for power networks to analyse
and calibrate a risk-based OPF approach, Diplomarbeit: Technische Universität
München, 2012.
[28] F. Milano, Power System Analysis Toolbox - Documentation for PSAT version
2.1.8, Documentação do Programa, 2013.
[29] J. Jia, Assessment of Short Circuit Power and Protection Systems for Future Low
Inertia Power Systems, Technical University of Denmark: Department of Electrical
Engineering, 2018.
58
Apêndice A
Foi utilizado um modelo de quarta ordem [28] para a modelagem dinâmica dos
geradores síncronos, como definido pelas equações subsequentes. Os parâmetros do
modelo estão resumidos na Tabela A.1 na base de 100 MVA.
1
𝐸̇𝑞′ = ′ ′
′ (−𝐸𝑞 − (𝑥𝑑 − 𝑥𝑑 )𝐼𝑑 + 𝐸𝑓𝑑 )
𝑇𝑑0
1
𝐸̇𝑑′ = ′ ′
′ (−𝐸𝑑 + (𝑥𝑞 − 𝑥𝑞 )𝐼𝑞 )
𝑇𝑞0
𝛿̇ = 𝜔
1
𝜔̇ = (𝑇 − (𝜙𝑑 𝐼𝑞 − 𝜙𝑞 𝐼𝑑 ) − 𝐷𝜔 )
𝑀 𝑚𝑒𝑐ℎ
0 = 𝑟𝑎 𝐼𝑑 + 𝜙𝑞 + 𝑉𝑑
0 = 𝑟𝑎 𝐼𝑞 − 𝜙𝑑 + 𝑉𝑞
0 = −𝜙𝑑 − 𝑥𝑑′ 𝐼𝑑 − 𝐸𝑞′
0 = −𝜙𝑞 − 𝑥𝑞′ 𝐼𝑞 − 𝐸𝑑′
0 = 𝑉𝑑 sen 𝛿 + 𝑉𝑞 cos 𝛿 − 𝑉𝑟
0 = 𝑉𝑞 sen 𝛿 − 𝑉𝑑 cos 𝛿 − 𝑉𝑖
0 = 𝐼𝑑 sen 𝛿 + 𝐼𝑞 cos 𝛿 − 𝐼𝑟
0 = 𝐼𝑞 sen 𝛿 − 𝐼𝑑 cos 𝛿 − 𝐼𝑖
59
Tabela A.1 – Parâmetros do modelo dinâmico dos geradores síncronos
′
# 𝑈𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝐵𝑎𝑟𝑟𝑎 𝐻 [𝑠] 𝑅𝑎 𝑥𝑑′ 𝑥𝑞′ 𝑥𝑑 𝑥𝑞 ′
𝑇𝑑0 [𝑠] 𝑇𝑞0 [𝑠] 𝑥𝑙
1 39 500 0 0.006 0.008 0.02 0.019 7 0.7 0.003
2 31 30.3 0 0.0697 0.17 0.295 0.282 6.56 1.5 0.035
3 32 35.8 0 0.0531 0.0876 0.2495 0.237 5.7 1.5 0.0304
4 33 28.6 0 0.0436 0.166 0.262 0.258 5.69 1.5 0.0295
5 34 26 0 0.132 0.166 0.67 0.62 5.4 0.44 0.054
6 35 34.8 0 0.05 0.0814 0.254 0.241 7.3 0.4 0.0224
7 36 26.4 0 0.049 0.186 0.295 0.292 5.66 1.5 0.0322
8 37 24.3 0 0.057 0.0911 0.29 0.28 6.7 0.41 0.028
9 38 34.5 0 0.057 0.0587 0.2106 0.205 4.79 1.96 0.0298
10 30 42 0 0.031 0.008 0.1 0.069 10.2 0 0.0125
∗ 1
𝑝𝑖𝑛 = 𝑝𝑟𝑒𝑓 + (𝜔 − 𝜔)
𝑅 𝑟𝑒𝑓
∗ ∗
𝑝𝑖𝑛 𝑠𝑒 𝑝𝑚𝑖𝑛 ≤ 𝑝𝑖𝑛 ≤ 𝑝𝑚𝑎𝑥
∗
𝑝𝑖𝑛 = { 𝑝𝑚𝑎𝑥 𝑠𝑒 𝑝𝑖𝑛 > 𝑝𝑚𝑎𝑥
∗
𝑝𝑚𝑖𝑛 𝑠𝑒 𝑝𝑖𝑛 < 𝑝𝑚𝑖𝑛
𝑥̇𝑔1 = (𝑝𝑖𝑛 − 𝑥𝑔1 )/𝑇𝑠
𝑇3
𝑥̇𝑔2 = ((1 − ) 𝑥 − 𝑥𝑔2 ) /𝑇𝑐
𝑇𝑐 𝑔1
𝑇4 𝑇3
𝑥̇𝑔3 = ((1 − ) (𝑥𝑔2 + 𝑥𝑔1 ) − 𝑥𝑔3 ) /𝑇5
𝑇5 𝑇𝑐
𝑇4 𝑇3
𝑝𝑚 = 𝑥𝑔3 + (𝑥𝑔2 + 𝑥𝑔1 )
𝑇5 𝑇𝑐
60
Tabela A.2 – Parâmetros do modelo do Regulador de Velocidade
# 𝑈𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝐵𝑎𝑟𝑟𝑎 𝐷𝑟𝑜𝑜𝑝 𝑃𝑚𝑎𝑥 𝑃𝑚𝑖𝑛 𝑇𝑠 [𝑠] 𝑇𝑐 [𝑠] 𝑇3 [𝑠] 𝑇4 [𝑠] 𝑇5 [𝑠]
1 39 0.02 12 3 0.1 0.02 0.006 0 7
2 31 0.02 16.24 1.56 2.7 0.295 0.07 0 6.56
3 32 0.02 7.8 1.95 0.386 0.2495 0.053 0 5.7
4 33 0.02 7.56 1.9 0.222 0.262 0.044 0 5.69
5 34 0.02 6.12 1.53 0.14 0.67 0.132 0 5.4
6 35 0.02 8.12 2.03 6.15 0.254 0.05 0 7.3
7 36 0.02 6.72 1.68 0.268 0.295 0.049 0 5.66
8 37 0.02 6.5 1.63 0.686 0.29 0.057 0 6.7
9 38 0.02 9.98 2.5 0.3 0.2106 0.057 0 4.79
10 30 0.02 3.01 0.75 0.14 0.1 0.031 0 10.2
𝑣̇𝑚 = (𝑣 − 𝑣𝑚 )/𝑇𝑟
𝐾𝑓
𝑣̇ 𝑟1 = (𝐾𝑎 (𝑣𝑟𝑒𝑓 − 𝑣𝑚 − 𝑣𝑟2 − 𝑣 ) − 𝑣𝑟1 ) /𝑇𝑎
𝑇𝑓 𝑓
𝑣𝑟1 𝑠𝑒 𝑣𝑟𝑚𝑖𝑛 ≤ 𝑣𝑟1 ≤ 𝑣𝑟𝑚𝑎𝑥
𝑣𝑟 = { 𝑣𝑟𝑚𝑎𝑥 𝑠𝑒 𝑣𝑟1 > 𝑣𝑟𝑚𝑎𝑥
𝑣𝑟𝑚𝑖𝑛 𝑠𝑒 𝑣𝑟1 < 𝑣𝑟𝑚𝑖𝑛
𝐾𝑓
𝑣̇ 𝑟2 = − ( 𝑣𝑓 + 𝑣𝑟2 ) /𝑇𝑓
𝑇𝑓
61
Tabela A.3 – Parâmetros do modelo do Regulador de Tensão
# 𝑈𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝐵𝑎𝑟𝑟𝑎 𝑉𝑚𝑎𝑥 𝑉𝑚𝑖𝑛 𝐾𝑎 𝑇𝑎 [𝑠] 𝐾𝑓 𝑇𝑓 [𝑠] 𝑇𝑒 [𝑠] 𝑇𝑟 [𝑠] 𝐴𝑒 𝐵𝑒
1 39 10.5 -10.5 40 0.02 0.03 0.1 1.4 0.001 0.0039 1.555
2 31 5 -5 6 0.05 0.06 0.05 0.41 0.001 0.0039 1.555
3 32 5 -5 5 0.06 0.08 0.1 0.5 0.001 0.0039 1.555
4 33 5 -5 5 0.06 0.08 0.1 0.5 0.001 0.0039 1.555
5 34 30 -10 5 0.02 0.03 0.1 0.785 0.001 0.0039 1.555
6 35 5 -5 5 0.02 0.08 0.125 0.471 0.001 0.0039 1.555
7 36 6.5 -6.5 5 0.02 0.03 0.1 0.73 0.001 0.0039 1.555
8 37 5 -5 5 0.02 0.09 0.126 0.528 0.001 0.0039 1.555
9 38 10.5 -10.5 5 0.02 0.03 0.1 0.5 0.001 0.0039 1.555
10 30 5 -5 5 0.06 0.04 0.1 0.25 0.001 0.0039 1.555
𝑇3 𝑇1
𝑣̇ 3 = ((1 − ) (𝑣2 + ( (𝐾𝜔 𝑣𝑆𝐼 + 𝑣1 ))) − 𝑣3 ) /𝑇4
𝑇4 𝑇2
𝑇3 𝑇1
𝑣𝑠 = 𝑣3 + (𝑣2 + (𝐾𝜔 𝑣𝑆𝐼 + 𝑣1 ))
𝑇4 𝑇2
62
Tabela A.4 – Parâmetros do modelo do Estabilizador
# 𝑈𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝐵𝑎𝑟𝑟𝑎 𝐾 𝑇𝑤 [𝑠] 𝑇1 [𝑠] 𝑇2 [𝑠] 𝑇3 [𝑠] 𝑇4 [𝑠] 𝑉𝑚𝑎𝑥 𝑉𝑚𝑖𝑛
1 39 1 10 5 0.6 3 0.5 0.2 -0.2
2 31 0.5 10 5 0.4 1 0.1 0.2 -0.2
3 32 0.5 10 3 0.2 2 0.2 0.2 -0.2
4 33 2 10 1 0.1 1 0.3 0.2 -0.2
5 34 1 10 1.5 0.2 1 0.1 0.2 -0.2
6 35 4 10 0.5 0.1 0.5 0.05 0.2 -0.2
7 36 7.5 10 0.2 0.02 0.5 0.1 0.2 -0.2
8 37 2 10 1 0.2 1 0.1 0.2 -0.2
9 38 2 10 1 0.5 2 0.1 0.2 -0.2
10 30 1 10 1 0.05 3 0.5 0.2 -0.2
O modelo de gerador eólico escolhido foi o gerador síncrono conectado por meio
de conversores eletrônicos (DDSG – Direct Drive Synchronous Generator) cujas
equações estão dispostas abaixo [28]. São assumidas equações elétricas em estado
estacionário do gerador síncrono, visto que a dinâmica do fluxo do estator é muito mais
rápida em comparação com a dinâmica da rede e o conversor desacopla completamente
o gerador do sistema.
enquanto as potências ativa e reativa injetadas na rede dependem apenas das correntes do
conversor do lado da rede:
63
𝑣𝑑𝑐 = −𝑣 sen 𝜃
𝑣𝑞𝑐 = 𝑣 cos 𝜃
𝑝𝑐 = 𝑝𝑠
𝑞𝑠 = 0
A potência reativa injetada na rede é controlada pela corrente de eixo direto com
conversor 𝑖𝑑𝑐 .
𝑝𝑠 + 𝑣𝑖𝑑𝑐 sen 𝜃
𝑖𝑞𝑐 =
𝑣 cos 𝜃
𝑞𝑐 = 𝑣(𝑖𝑑𝑐 cos 𝜃 + 𝑖𝑞𝑐 sen 𝜃)
𝑝𝜔
𝜏𝑚 =
𝜔𝑚
𝑛𝑔 𝜌
𝑝𝜔 = 𝑐 (𝜆, 𝜃𝑝 )𝐴𝑟 𝑣𝜔3
2𝑆𝑛 𝑝
116 12.5
−
𝑐𝑝 = 0,22 ( − 0,4𝜃𝑝 − 5) 𝑒 𝜆𝑖
𝜆𝑖
1 1 0,035
= − 3
𝜆𝑖 𝜆 + 0,08𝜃𝑝 𝜃𝑝 + 1
2𝑅𝜔𝑡
𝜆 = 𝑛𝐺𝐵
𝑛𝑝 𝑣𝜔
64
relação da caixa de engrenagens, 𝑛𝑝 é o número de polos do gerador, 𝑅 é o raio do rotor,
𝜔𝑡 é a velocidade do rotor e 𝑣𝜔 é a velocidade do vento.
As dinâmicas dos conversores são simplificadas uma vez que são muito mais
rápidas que os transitórios eletromecânicos, sendo modelado como uma fonte de corrente
ideal. O controle de tensão está representado na Figura A.4 e as equações diferenciais das
correntes do conversor são dadas por
̇
𝑖̇𝑞𝑠 = (𝑖𝑞𝑠𝑟𝑒𝑓 − 𝑖𝑞𝑠 )/𝑇𝜖𝑝
̇
𝑖𝑑𝑐 = (𝐾𝑉 (𝑣𝑟𝑒𝑓 − 𝑣) − 𝑖𝑑𝑐 )/𝑇𝑉
∗(
𝑝𝜔 𝜔𝑚 )
𝑖𝑞𝑠𝑟𝑒𝑓 =
𝜔𝑚 (𝜓𝑝 − 𝑥𝑑 𝑖𝑑𝑠 )
∗
onde 𝑝𝜔 é a característica potência-velocidade que otimiza o aproveitamento de energia
do vento. Para evitar problemas de sobrecorrentes, são impostos os limites:
𝑚𝑎𝑥 𝑚𝑎𝑥
𝑖𝑞𝑠 , 𝑖𝑞𝑐 = 𝑝𝑚𝑎𝑥
𝑚𝑖𝑛 𝑚𝑖𝑛
𝑖𝑞𝑠 , 𝑖𝑞𝑐 = 𝑝𝑚𝑖𝑛
𝑚𝑎𝑥 𝑚𝑎𝑥
𝑖𝑑𝑐 , 𝑞𝑐 = 𝑞𝑚𝑎𝑥
𝑚𝑖𝑛 𝑚𝑖𝑛
𝑖𝑑𝑐 , 𝑞𝑐 = 𝑞𝑚𝑖𝑛
65
Figura A.5: Modelo do controle do ângulo de pitch.
𝐵𝑎𝑟𝑟𝑎 38 34 36 37 35
𝑆𝑛 [MVA] 852 522 575 555 667
𝑟𝑠 0,01
𝑥𝑑 1
𝑥𝑞 0,8
𝜓𝑝 1
𝐻𝑚 2
𝐾𝑝 10
𝑇𝑝 [s] 3
𝐾𝑉 10
𝑇𝑉 [s] 1
𝑇𝜖𝑝 [s] 0,01
𝑇𝜖𝑞 [s] 0,01
𝑅 [m] 75
𝑛𝑝 4
𝑛𝑏 3
𝑛𝐺𝐵 0,01123596
𝑝𝑚𝑎𝑥 1
𝑚𝑖𝑛
𝑝 0
𝑚𝑎𝑥
𝑞 0,7
𝑞𝑚𝑖𝑛 -0,7
𝑣𝜔 [m/s] 13
𝜌 [kg/m ]3
1.225
𝑛𝑔 435 270 300 285 340
66
A.3 Modelo da Carga
A carga foi modelada como uma carga ZIP, cuja característica segue abaixo
𝑣 2 𝑣
𝑝 = 𝑝𝑧0 ( 0 ) + 𝑝𝑖0 ( 0) + 𝑝𝑝0
𝑣 𝑣
𝑣 2 𝑣
𝑞 = 𝑞𝑧0 ( 0 ) + 𝑞𝑖0 ( 0 ) + 𝑞𝑝0
𝑣 𝑣
Conforme recomendado pelo ONS [19], o modelo adotado foi de 50% impedância
constante e 50% potência constante para a parcela ativa da carga e 100% impedância
𝑝
constante para a parcela reativa da carga. Ou seja, 𝑝𝑧0 = 𝑝𝑝0 = 2 e 𝑞𝑧0 = 𝑞.
A Tabela A.6 expõe os valores de carga para a tensão inicial do sistema, na base
de 100 MVA.
67
A.4 Linhas e Transformadores
68
Tabela A.8 – Dados de Transformadores
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Tensão Ângulo Carga Geração
Barra
[pu] [graus] MW Mvar MW Mvar Unit No.
20 0.9912 -2.01 -628 -103
21 1.0318 -3.78 -274 -115
22 1.0498 0.67 0 0
23 1.0448 0.47 -247.5 -84.6
24 1.0373 -6.07 -308.6 92.2
25 1.0576 -4.36 -224 -47.2
26 1.0521 -5.53 -139 -17
27 1.0377 -7.5 -281 -75.5
28 1.0501 -2.01 -206 -27.6
29 1.0499 0.74 -283.5 -26.9
30 1.0475 -3.33 250 146.16 10
31 0.982 0 -9.2 -4.6 520.81 198.25 2
32 0.9831 2.57 650 205.14 3
33 0.9972 4.19 632 109.91 4
34 1.0123 3.17 508 165.76 5
35 1.0493 5.63 650 212.41 6
36 1.0635 8.32 560 101.17 7
37 1.0278 2.42 540 0.44 8
38 1.0265 7.81 830 22.84 9
39 1.03 -10.05 -1104 -250 1000 88.28 1
70