Você está na página 1de 17

INSTALAÇÕES

ELÉTRICAS

Eduardo Scheffer Saraiva


Localização dos comandos,
dos interruptores e do
quadro de disjuntores
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar a localização para interruptores seccionadores.


„„ Especificar a localização para quadro de disjuntores.
„„ Reconhecer os requisitos complementares para instalações ou locais
específicos.

Introdução
No desenvolvimento de projetos elétricos, o profissional precisa estar
atento aos mais diversos equipamentos e à sua correta utilização, sejam
eles dispositivos de proteção, comando ou seccionamento. O conheci-
mento aprofundado destes equipamentos garante ao profissional segu-
rança, menor retrabalho e, ao projeto, custos menores. Saber discernir o
melhor local para a instalação de equipamentos e dispositivos também
é parte importante no dia a dia do profissional eletricista, uma vez que
isso garante não só um melhor andamento do projeto, como também
entregas mais eficientes aos clientes. Além disso, o correto uso das normas
vigentes no país garante um projeto seguro tanto para o profissional
quanto para o consumidor.
Neste capítulo, você aprenderá mais sobre os diferentes dispositivos
de comando de circuitos e de seccionamento. Ademais, você estará
apto a posicionar adequadamente o quadro de distribuição geral, não só
atentando às normas, mas também às boas práticas de engenharia que
lhe garantirão um retorno maior no projeto. Finalmente, você aprenderá
sobre os requisitos complementares em um projeto, como a instalação
de componentes e circuitos em locais específicos.
2 Localização dos comandos, dos interruptores e do quadro de disjuntores

1 Dispositivos de comando dos circuitos e


seccionadores
O conhecimento dos diferentes tipos de dispositivos de uma instalação elétrica
é fundamental para o desenvolvimento do profissional eletricista, tanto para
sua segurança e dos clientes, quanto para garantir o melhor custo benefício no
projeto. O conhecimento das normas técnicas a respeito do uso dos dispositivos
em cada situação auxilia o profissional na hora de tomar a decisão, evitando
assim dimensionamentos equivocados dos circuitos. Nesta seção você entenderá
a diferença entre dispositivos de seccionamento e dispositivos de comando.

Dispositivos de seccionamento
No cotidiano de profissionais eletricistas acidentes podem ocorrer. Para reduzir
o impacto desses acidentes existem os dispositivos de seccionamento, que
garantem o desligamento de um dispositivo ou circuito defeituoso dos demais
aparelhos ou circuitos, provendo assim maior segurança. A norma técnica
regulamentadora brasileira NBR 5410 estipula que para fins de manutenção,
verificação e localização de defeitos deverão sempre existir meios secciona-
dores de modo a interromper a alimentação dos circuitos em uma instalação
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004). Todo
circuito deve possuir conjunto próprio de dispositivos de proteção de modo
a interromper todos os condutores do circuito (fases e neutro). Com exceção
apenas do esquema de aterramento TN-S, no qual não há na norma previsão
de uso de dispositivos de seccionamento.
Dispositivos de seccionamento podem ser utilizados por conjuntos de cir-
cuitos. isto acontece quando se deseja o desligamento geral de uma instalação
ou de segmentos a partir de um quadro de distribuição. Porém isso não anula
a obrigatoriedade do uso de circuitos de proteção de cada circuito isolado.
Um dos componentes de proteção mais conhecido é o fusível, um dispositivo
de segurança elétrica que opera para fornecer proteção de sobrecorrente de
um circuito elétrico. Seu componente essencial é um fio ou tira de metal que
derrete quando muita corrente flui através dele, interrompendo a corrente.
É um dispositivo de sacrifício; uma vez que um fusível funcione, ele deve ser
substituído ou religado, dependendo do tipo. Esses dispositivos foram utilizados
como segurança essencial desde os primeiros dias da engenharia elétrica.
Hoje existem milhares de projetos de fusíveis diferentes, com classificações
específicas de corrente e tensão, capacidade de interrupção e tempos de
Localização dos comandos, dos interruptores e do quadro de disjuntores 3

resposta, dependendo da aplicação. O tempo e as características operacio-


nais atuais dos fusíveis são escolhidos para fornecer proteção adequada sem
interrupções desnecessárias. Os regulamentos de fiação geralmente definem
uma classificação máxima de corrente de fusível para circuitos específicos.
Curtos-circuitos, sobrecarga, cargas incompatíveis ou falha do dispositivo
são os principais ou alguns dos motivos da operação do fusível. De acordo
com a aplicação, a norma internacional IEC 60269­2­1 utiliza duas letras para
a especificação dos fusíveis (INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL
COMMISSION, 2004).
A primeira letra indica em que tipo de sobrecorrente o fusível irá atuar, e a
segunda, que tipo de equipamento o fusível é indicado para proteger, conforme
especifica o Quadro 1.

Quadro 1. Código de utilização de fusíveis

a — Fusível limitador de corrente,


proteção contra curto-circuito
Primeira letra minúscula
g — Fusível limitador de corrente, proteção
contra curto-circuito e sobrecarga

G — Uso geral

M — Proteção de circuitos motores

L — Proteção de linha
Segunda letra maiúscula
Tr — Proteção de transformadores

R — Proteção de semicondutores

S — Proteção de semicondutores e linha

Fonte: Adaptado de Creder (2007).

Outro dispositivo de proteção muito comum nas instalações elétricas é


o disjuntor. O disjuntor é um interruptor elétrico operado automaticamente,
projetado para proteger um circuito elétrico de danos causados por excesso
de corrente de sobrecarga ou curto-circuito. Sua função básica é interromper
o fluxo de corrente após a detecção de uma falha.
4 Localização dos comandos, dos interruptores e do quadro de disjuntores

O fusível é um dispositivo de sacrifício, ou seja, uma vez utilizado, ele deve ser substituído
ou religado, enquanto o disjuntor, ao contrário, pode ser redefinido para retomar a
operação normal.

Os disjuntores são fabricados em tamanhos variados, desde pequenos


dispositivos que protegem circuitos de baixa corrente ou eletrodomésticos
individuais até grandes quadros de distribuição projetados para proteger
circuitos de alta tensão que alimentam uma cidade inteira.
Já o dispositivo diferencial residual é um dispositivo que interrompe rapi-
damente um circuito elétrico para evitar danos graves causados por um choque
elétrico em andamento. Esses dispositivos de fiação elétrica são projetados
para desconectar rápida e automaticamente um circuito quando detectar que
a corrente elétrica não está equilibrada entre os condutores de alimentação e
retorno de um circuito. Qualquer diferença entre as correntes nesses condutores
indica corrente de fuga, o que representa um risco de choque. Uma corrente
de cerca de poucos mA através do corpo humano é suficiente para causar
parada cardíaca ou danos graves se persistir por mais de uma pequena fração
de segundo (HANSEN et al., 2017). Os dispositivos diferenciais residuais foram
projetados para desconectar os fios condutores com rapidez suficiente para
evitar ferimentos graves. São dispositivos testáveis e reinicializáveis. Um botão
de teste cria com segurança uma pequena condição de vazamento, e um botão
de reset reconecta os condutores após a eliminação de uma condição de falha.

Dispositivos de comando
Dispositivos que automaticamente ou manualmente alteram o estado de um
determinado equipamento elétrico são conhecidos como dispositivos de co-
mando. Estes dispositivos são destinados a garantir o desligamento ou a
ligação de energia elétrica de um segmento ou de toda a instalação elétrica.
Um dispositivo de comando familiar a todos é o interruptor responsável pelo
acendimento ou desligamento de lâmpadas em ambientes domésticos.
Localização dos comandos, dos interruptores e do quadro de disjuntores 5

A norma técnica prevê o uso de dispositivos de comandos sempre que


houver necessidade de controle de todo o circuito ou parte de circuito que
seja independente de outras partes da instalação. A norma ainda estipula a
necessidade de usar os dispositivos de comando para seccionar todos os con-
dutores vivos de um circuito, caso este gere riscos de acidentes para pessoas
ou demais circuitos. Todo e qualquer equipamento deve possuir dispositivo de
comando; este poderá vir já incorporado no equipamento, de modo que quando
não incorporado o dispositivo de comando deve ser provido na instalação.
De maneira similar aos dispositivos de proteção, os dispositivos de comando
podem ser utilizados para diversos equipamentos simultaneamente, como é
o caso de interruptores destinados a várias lâmpadas. Tomadas podem ser
considerados dispositivos de comando, desde que a corrente nominal não
ultrapasse os 20 A estipulados em norma. Alguns exemplos de dispositivos de
comando são o interruptor, sensores de presença e comutadores. Mais detalhes
a respeito destes dispositivos são apresentados a seguir.
O interruptor é um componente elétrico que pode desconectar ou conectar o
caminho condutor em um circuito elétrico, interrompendo a corrente elétrica ou
desviando-a de um condutor para outro. O tipo mais comum de interruptor é o
dispositivo eletromecânico que consiste em um ou mais conjuntos de contatos
elétricos móveis conectados a circuitos externos. Quando um par de contatos
está se tocando, a corrente pode passar entre eles, enquanto que quando os
contatos são separados, nenhuma corrente pode fluir. Existem muitas formas
especializadas de interruptores, como chave seletora, chave rotativa, chave de
mercúrio, chave de botão, chave de reversão, relé e disjuntor.
Diferentemente do apresentado até então, o contator é um interruptor
controlado eletricamente usado para alternar um circuito de energia elétrica.
Um contator é tipicamente controlado por um circuito que possui um nível
de energia muito menor do que o circuito comutado, como um eletroímã de
bobina de 24 V que controla um comutador de motor de 230 V. Diferentemente
dos relés de uso geral, os contatores são projetados para serem conectados
diretamente a dispositivos de carga de alta corrente. Os relés tendem a ser de
menor capacidade e geralmente são projetados para aplicações normalmente
fechadas e normalmente abertas. Os dispositivos que comutam mais de 15 A
ou em circuitos com mais de alguns kW são geralmente chamados contatores.
Os contatores são fornecidos de várias formas, com capacidades e recursos
variados. Diferentemente de um disjuntor, um contator não se destina a in-
terromper uma corrente de curto-circuito. Os contatores variam entre aqueles
com uma corrente de ruptura de vários amperes a milhares de amperes e
24 V DC a muitos quilovolts.
6 Localização dos comandos, dos interruptores e do quadro de disjuntores

Outro exemplo de dispositivo de comando é o sensor de presença, ca-


paz de detectar a presença de objetos próximos sem nenhum contato físico.
Um sensor de presença geralmente emite um campo eletromagnético ou um
feixe de radiação eletromagnética (infravermelho, por exemplo) e procura
alterações no campo ou no sinal de retorno. O objeto que está sendo detec-
tado é geralmente chamado de alvo do sensor de proximidade. Os sensores
de proximidade podem ter alta confiabilidade e longa vida funcional devido
à ausência de peças mecânicas e à falta de contato físico entre o sensor e o
objeto detectado.
Nesta seção foram apresentados os dispositivos tanto de comando quanto
de seccionamento mais comumente encontrados em projetos elétricos. Para o
profissional eletricista o conhecimento destes equipamentos aliado ao conheci-
mento da norma técnica é fundamental para segurança tanto dos profissionais
que trabalham no projeto quanto para os clientes. Na próxima seção aprende-
remos mais sobre a instalação de dispositivos em projetos elétricos, bem como
a interpretar a norma no que se refere a instalação de quadros de distribuição.

2 Quadro de distribuição principal


O quadro de distribuição tem grande papel nas instalações elétricas, sendo ele
responsável por armazenar dispositivos para proteção de circuitos e conexões
de condutores elétricos, de modo a distribuir a energia aos diversos circuitos
da instalação elétrica.
Circuito é o nome dado àqueles conjuntos de pontos de consumo que estão
interligados pelos mesmos dispositivos de proteção e pontos de alimentação.
Dividir a instalação em diversos circuitos é prática usual, a fim de limitar as
consequências de falhas que possam vir a ocorrer na instalação. Além disso,
a divisão da instalação em circuitos menores facilita a verificação, ensaios
e manutenção do sistema. Circuitos ainda podem ser usados de maneira a
separar sistemas que exijam menor e maior potência, visando à diminuição
da seção circular dos condutores, o que diminui custos do projeto (CREDER,
2007). Circuitos de maior potência, além de condutores de maior seção, exigem
maiores cuidados na instalação dos condutores nos eletrodutos.
Nos sistemas polifásicos os circuitos devem ser distribuídos de maneira a
assegurar o melhor equilíbrio de cargas entre as fases.
Localização dos comandos, dos interruptores e do quadro de disjuntores 7

Devem ser observadas as seguintes restrições em unidades residenciais,


hotéis, motéis ou similares:

„„ devem ser separados em circuitos independentes aparelhos com corrente


nominal superior a 10 A;
„„ circuitos de iluminação deverão ser separados dos circuitos de tomadas;
„„ poderão ser instalados pontos de iluminação e tomada no mesmo cir-
cuito, exceto em cozinha, copas e áreas de serviço, que devem ser
constituídas por circuitos independentes;
„„ se um conjunto de condicionadores de ar utilizar da mesma fonte de
alimentação, deverá ser utilizado um dispositivo de proteção para cada
aparelho e um dispositivo de proteção geral para a alimentação;
„„ cada circuito deverá ter seu próprio condutor neutro;
„„ circuitos de tomadas deverão ter um condutor de proteção ligado dire-
tamente ao condutor terra da instalação;
„„ circuitos de iluminação instalados em áreas com piso “molhado” ou
instalados em algumas instalações industriais também deverão ter um
condutor de proteção.

A norma NBR 5410 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-


NICAS, 2004) prevê que os quadros de distribuição devem ser instalados em
local de fácil acesso e ser providos de identificação do lado externo, legível
e não facilmente removível.
A fim de evitar custos desnecessários, uma boa prática no projeto de
instalação de quadros de distribuição é a alocação do quadro o mais próximo
possível das cargas mais altas e preferencialmente próximo do medidor da
concessionária. Isso porque o cabeamento do circuito que vem do medidor,
assim como o que vem de cargas mais altas, necessita de maior seção, o que
para maiores distâncias acaba aumentando desnecessariamente o custo de
projeto. Além disso, nos quadros de distribuição deve ser previsto espaço de
reserva para ampliações futuras, com base no número de circuitos com que
o quadro for efetivamente equipado, conforme o Quadro 2.
8 Localização dos comandos, dos interruptores e do quadro de disjuntores

Quadro 2. Espaço reserva para quadros de distribuição

Quantidade de circuitos Espaço mínimo destinado a


efetivamente disponíveis (N) reserva (em número de circuitos)

≤6 2

≥ 7 ≤ 12 3

≥ 13 ≤ 30 4

N > 30 0,15 N

Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004).

Nesta seção foi introduzido o conceito de quadro de distribuição, assim


como são apresentados os detalhes para sua instalação segundo a norma NBR
5410 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004). Além
disso, são enumeradas algumas boas práticas na hora da instalação, de maneira
a facilitar o trabalho do profissional tanto para a sua segurança e dos clientes
quanto para futuras manutenções, visando, também, a uma diminuição dos
custos do projeto. Na próxima seção serão apresentados requisitos comple-
mentares no desenvolvimento de projetos, como por exemplo, a instalação de
circuitos elétricos próximos a banheiras, chuveiros e piscinas.

3 Requisitos complementares para instalações


ou locais específicos
Acidentes elétricos são bastante comuns e, quase sempre, resultam do descuido
ou da falta de informação. E nesse contexto a combinação água e eletrici-
dade é a responsável por graves e, em boa parte das vezes, fatais acidentes.
O grande risco da eletricidade para alguém em contato com a água é haver
condições de se estabelecer um circuito fechado entre a fonte de tensão e o
solo (aterramento). Tendo em vista a periculosidade de locais que contêm
grandes volumes de água, a NBR 5410 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2004) traz algumas normas para a instalação de
sistemas elétricos especificamente para esses locais.
Localização dos comandos, dos interruptores e do quadro de disjuntores 9

Locais com chuveiros e banheiras


Nesses locais o risco de choque elétrico aumenta, devido à redução da resis-
tência do corpo humano e ao contato com o potencial da terra. A norma então
prevê a divisão do local em 4 volumes devidamente limitados para a correta
instalação de equipamentos elétricos, conforme detalhado a seguir e ilustrado
pela Figura 1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2004).

a) O volume 0 é o volume interior da banheira, do piso-boxe ou do rebaixo


do boxe (local inundável em uso normal).
b) O volume 1 é limitado:
■■ pelo volume 0;
■■ pela superfície vertical que circunscreve a banheira, o piso-boxe,
o rebaixo do boxe ou, na falta de uma clara delimitação do boxe, por
uma superfície vertical situada 0,6 m ao redor do chuveiro ou ducha;
■■ pelo piso;
■■ pelo plano horizontal situado 2,25 m acima do fundo da banheira,
do piso do boxe ou, de modo geral, da superfície onde as pessoas
possam se postar para o banho.
c) O volume 2 é limitado:
■■ pelo volume 1;
■■ por uma superfície vertical paralela situada 0,60 m ao redor da su-
perfície vertical externa do volume 1;
■■ pelo piso;
■■ pelo plano horizontal situado 3 m acima do piso.
d) O volume 3 é limitado:
■■ pela superfície vertical externa do volume 2;
■■ por uma superfície vertical paralela situada 2,40 m ao redor da su-
perfície vertical externa do volume 2;
■■ pelo piso;
■■ pelo plano horizontal situado 2,25 m acima do piso.
10 Localização dos comandos, dos interruptores e do quadro de disjuntores

(a) (b)

(c)

Figura 1. (a) Dimensões dos volumes para banheiras; (b) dimensões para volumes com
boxe; (c) dimensões para volumes sem boxe ou rebaixo.
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004, p. 171–172).

Para proteção contrachoques elétricos a norma prevê a admissão no volume


0 apenas de sistemas de extra baixa tensão, com tensão nominal não superior a
12 V. Além disso, qualquer que seja sua tensão nominal, devem ser providos de
isolação capaz de suportar ensaio de tensão aplicada de 500 V durante 1 min,
ou de barreiras ou invólucros impermeáveis. Deve também ser realizada uma
equipotencialização suplementar, reunindo todos os elementos condutivos dos
volumes 0, 1, 2 e 3 e os condutores de proteção de todas as massas situadas
nesses volumes.
Os componentes da instalação elétrica devem possuir pelo menos os se-
guintes graus de proteção:

„„ Para o volume 0: IPX7


„„ Para o volume 1: IPX4
„„ Para o volume 2: IPX3
„„ Para o volume 3: IPX1
Localização dos comandos, dos interruptores e do quadro de disjuntores 11

Níveis de classes de proteção IP ou grau de proteção IP são padrões internacionais


definidos pela norma IEC 60529 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2017)
para classificar e avaliar o grau de proteção de produtos eletrônicos fornecidos contra
intrusão, poeira, contato acidental e água. É publicada pela Comissão Eletrotécnica
Internacional (IEC).

Nos volumes 0, 1 e 2 as linhas devem ser limitadas às necessárias à ali-


mentação de equipamentos situados nesses volumes. Dispositivos de proteção,
seccionamento ou comando não devem ser instalados nos volumes 0, 1 e 2.

Locais com piscinas


As prescrições complementares desta subseção são aplicáveis aos reservatórios
de água de piscinas, incluindo os lava-pés e as áreas adjacentes às piscinas.
Nesses locais o risco de eletrocussão aumenta devido à redução da resistência
elétrica do corpo humano e ao contato com o potencial de terra.
Para efeito de aplicação de prescrições desta subseção, as piscinas e área
adjacente são divididas em três volumes, conforme a NBR 5410 (ASSOCIA-
ÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004).

a) O volume 0 é o volume interior do reservatório (da piscina e do lava-pés).


b) O volume 1 é limitado:
■■ pelo volume 0;
■■ pela superfície vertical situada a 2 m das bordas do reservatório;
■■ pelo piso ou superfície na qual as pessoas possam vir a se postar;
■■ pelo plano horizontal situado 2,5 m acima do piso ou superfície na
qual as pessoas possam vir a se postar.
c) O volume 2 é limitado:
■■ de um lado, pela superfície vertical externa do volume 1 e uma
superfície paralela situada a 1,50 m desta última;
■■ por outro lado, pelo piso ou superfície na qual as pessoas possam vir
a se postar e o plano horizontal situado a 2,50 m acima desta última.
12 Localização dos comandos, dos interruptores e do quadro de disjuntores

Quando na piscina houver plataformas de qualquer tipo, nas quais as


pessoas possam vir a se postar, o volume 1 deve incluir o volume delimitado
pela superfície vertical situada 1,50 m ao redor da plataforma e pelo plano
horizontal situado 2,5 m acima da superfície mais elevada na qual as pessoas
possam vir a se postar (Figura 2).

(a)

(b)

Figura 2. (a) Dimensões dos volumes de piscinas; (b) dimensões dos volumes de piscinas
acima do solo.
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004, p. 176).

A norma prevê que, para proteção contra choques elétricos, os volumes 0 e


1 admitem apenas o uso de sistema de extra baixa tensão com tensão nominal
não superior a 12 V em corrente alternada, ou 30 V em corrente contínua,
sendo que estes sistemas, qualquer que seja sua tensão nominal, devem ser
Localização dos comandos, dos interruptores e do quadro de disjuntores 13

providos de isolação capaz de suportar ensaio de tensão aplicada de 500 V


durante 1 min ou barreiras ou invólucros impermeáveis. A fonte de segurança
deve ser instalada fora dos volumes 0, 1 e 2. No volume 2 são admitidas as
seguintes medidas de proteção: sistemas de extra baixa tensão são permitidos,
desde que a fonte de segurança seja instalada fora dos volumes; dispositivos de
seccionamento podem ser utilizados desde que sejam providos por dispositivo
diferencial-residual com corrente nominal não superior a 30 mA; além disto,
pode-se utilizar de circuito individual para este volume, de modo que a fonte
de alimentação esteja fora dos volumes estabelecidos pela norma.
Nos volumes 0 e 1 as linhas devem ser limitadas às necessárias à alimen-
tação dos equipamentos situados nesses volumes. As linhas não devem conter
nenhum revestimento metálico. Nos volumes 0 e 1 não são admitidas caixas de
derivação, exceto aquelas situadas no volume 1 destinadas especificamente a
sistemas de extra baixa tensão. Nenhum dispositivo de proteção, seccionamento
ou comando pode ser instalado nestes volumes.
Em pequenas piscinas onde a instalação de tomadas de corrente fora do
volume 1 não for possível, admite-se sua instalação no volume 1, desde que
as tomadas não possuam corpo e/ou cobertura metálica, e sejam posicionadas
com distância igual ou superior a 1,25 m, a partir do limite do volume 0, e no
mínimo a 0,3 m acima do piso.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410: instalações elétricas de


baixa tensão. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR IEC 60529: Graus de proteção
providos por invólucros (Códigos IP). 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2017.
CREDER, H. Instalações elétricas. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007.
HANSEN, S. M. et al. Mortality and risk of cardiac complications among immediate
survivors of accidental electric shock: a Danish nationwide cohort study. BMJ open, [s.
l.], v. 7, n. 8, 2017. DOI: 10.1136/bmjopen-2017-015967. Disponível em: https://bmjopen.
bmj.com/content/7/8/e015967.full. Acesso em: 9 fev. 2020.
INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION. IEC 60269-2-1: Low-voltage fuses
— Part 2–1: supplementary requirements for fuses for use by authorized persons (fuses
mainly for industrial application). 4th ed. Geneva: IEC, 2004.
14 Localização dos comandos, dos interruptores e do quadro de disjuntores

Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.

Você também pode gostar