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1. Em nenhum caso a proteção deve dar ordens se não existe defeito na sua zona de controle.
2. Se existe defeito nessa zona, as ordens devem corresponder exatamente àquilo que se espera,
considerando a forma, intensidade e localização do defeito.
Disso resulta que a proteção por meio de relés, ou releamento, tem duas funções:
- Função Principal;
- Função Secundária.
a)Função principal:
Uma rápida retirada de serviço de um elemento do sistema quando esse sofre um curto-
circuito, ou quando o funcionamento anormal deste possa causar danos ou influir na perfeita
operação do sistema.
Nessa função um relé (elemento detector-comparador e analisador) é auxiliado pelo
disjuntor (interruptor), ou então um fusível engloba as duas funções.
b)Função secundária:
Indicação da localização e do tipo de defeito, visando a mais rápida reparação.
Dentro dessa idéia geral, os chamados princípios fundamentais do releamento
compreendem:
- Releamento ou Proteção Primária;
- Releamento ou Proteção Retaguarda;
- Releamento Auxiliar.
a) Releamento Primário:
É aquele em que uma zona de proteção separada é estabelecida ao redor de cada elemento
do sistema, com vistas a seletividade, pelo que disjuntores são colocados na conexão de cada dois
elementos; Há uma superposição das zonas, visando ao socorro em caso de falha da proteção
principal; Se isso de fato ocorre, obviamente, prejudica-se a seletividade, mas esse é o mal menor.
b) Releamento de Retaguarda:
Atua na manutenção do releamento primário ou falha deste, só é utilizado por motivos
econômicos para determinados elementos do circuito e somente contra curtos-circuitos.
É desejável que o releamento de retaguarda seja arranjado independentemente das possíveis
razões de falhas da proteção primária.
c)Releamento auxiliar:
a) Sensibilidade:
b) Seletividade:
Reconhecer e selecionar entre aquelas condições para as quais uma a imediata operação é requerida,
isto é, a proteção deve desligar somente os disjuntores necessários para isolar completamente o
elemento defeituoso.
c) Velocidade de Atuação:
d) Confiabilidade:
A configuração do sistema, a qualidade do equipamento utilizado e sua manutenção nos devem dar
uma certeza que a proteção funciona adequadamente em caso de defeito. Zonas de proteção
sobrepostas e proteção de retaguarda são requisitos indispensáveis num esquema de proteção
confiável.
Para que um Transformador para Instrumentos opere corretamente e sem se danificar, tanto
em condições normais quanto no caso de faltas, é necessário que:
- Seja dimensionado para suportar todo tipo de solicitação (térmica, dinâmica ou dielétrica)
que o sistema possa lhe impor;
- Tenha características nominais adequadas para o uso desejado;
- Seja projetado, construído e testado de tal modo a assegurar por muitos anos, as
características especificadas.
Para os transformadores para instrumentos, temos tanto normas brasileiras (ABNT) como
internacionais (ANSI, IEC, VDE, etc.).
3. TRANSFORMADORES DE CORRENTE:
3.1 INTRODUÇÃO:
De acordo com a norma ABNT NBR 6546, Transformador de Corrente (TC) é o
“transformador para instrumentos cujo enrolamento primário é ligado em série em um circuito
elétrico e reproduz, no seu circuito secundário, uma corrente proporcional à do seu circuito
primário, com sua posição fasorial substancialmente mantida”.
O Transformador de Corrente (TC) tem a finalidade de:
Onde:
n1 e n2 : número de espiras dos enrolamentos primários e secundários,
respectivamente;
I1 e I2 : corrente eficaz primária e secundária, respectivamente;
Zc : impedância de carga;
Zs : impedância de carga do secundário do TC (impedância de todos os dispositivos ligados
em série).
Como regra, temos que a corrente primária I1 entra pela polaridade e a corrente secundária
I2 sai pela polaridade e assim, temos I1 e I2 em fase.
F1 - F2 = ℜ.∅
onde:
ou:
n2
n1 . I1 - n2 . I2 = ℜ.∅
n1 . I1 - n2 . I2 = 0
n1 . I1 = n2 . I2
onde:
I1 = corrente no primário
I2 = corrente no secundário do TC
Z1 = impedância do primário referida ao secundário
Z2 = impedância do secundário
Zc = carga ligada no secundário do TC (“burden”)
Ie = corrente de excitação do TC
Ie = Im + Ip
Im = corrente de magnetização do núcleo do TC
Ip= corrente de perdas (perdas por corrente de Foucault, histerese e pequeno efeito Joule)
Rp = resistência equivalente às perdas no ferro do núcleo do TC (corrente Ip)
Xm = reatância equivalente à magnetização do núcleo do TC (corrente Im)
É o fator empregado em TC´s para serviço de proteção. É expresso pela relação entre a
máxima corrente com a qual o transformador mantém a sua classe de precisão e a sua corrente
nominal.
Os valores máximos de corrente (corrente de curto-circuito) que podem passar pelo
primário do TC para que o seu erro seja mantido é padronizado de acordo com as normas utilizadas.
Segundo a ABNT, temos fator de sobrecorrente de 5, 10, 15 e 20 e segundo a ANSI, fator
de sobrecorrente de 20.
Assim, um TC de fator de sobrecorrente 20, erro de 10% e com relação de transformação
1000 / 5 só poderá ser utilizado num sistema elétrico se a máxima corrente de curto-circuito no
local da sua instalação não ultrapassar o valor de:
Isso significa que para uma corrente de curto circuito inferior a 20 kA, o erro que o TC na
sua corrente secundária é menor ou igual a 10%.
O fator de sobrecorrente também impõe uma limitação construtiva do TC devido ao erro
produzido pela não linearidade da curva de magnetização do núcleo.
Assim, ao se limitar:
É o fator pelo qual a corrente nominal primária do TC deve ser multiplicada para se obter a
corrente primária máxima que o transformador deve suportar, em regime permanente, operando em
condições normais, sem exceder os limites de temperatura especificados para sua classe de
isolamento.
Segundo a ABNT, são normalizados os seguintes valores:
É definido como sendo o valor eficaz da corrente primária simétrica que o transformador
pode suportar por um determinado tempo (normalmente 1,0 segundo) com o enrolamento
secundário em curto-circuito ou com determinada carga normalizada, sem exceder os limites de
elevação de temperatura especificados para sua classe de isolamento.
Isto quer dizer que um TC deve ser construído de maneira a suportar termicamente uma
determinada sobrecorrente durante 1 segundo, sem se danificar. Para instalação protegida por
disjuntor, o TC é selecionado de forma que o seu:
É definida como sendo o maior valor eficaz da corrente primária que o transformador deve
suportar durante determinado tempo (normalmente 0,1 segundo), com o enrolamento secundário
curto-circuitado, sem se danificar mecanicamente devido às forças eletromagnéticas existentes.
Normalmente essa corrente dinâmica (ou corrente de curta duração para efeito dinâmico) é
definida como devendo ser de 2,5 vezes o valor da corrente térmica nominal (ou corrente de curta
duração para efeito térmico).
Os TC´s para serviço de medição devem retratar fielmente a corrente a ser medida. É
imprescindível que apresentem erros de fase e de relação mínimos dentro de suas respectivas
classes de exatidão. Segundo as normas ABNT e ANSI, os transformadores de corrente devem
manter sua exatidão na faixa de 10 a 100% da corrente nominal, ou seja:
Os TC´s de medição devem manter sua precisão para correntes de carga normal, enquanto
os TC´s de proteção devem ser precisos até o seu erro aceitável para corrente de curto-circuito de 20
x In.
Para medição, em caso de curto circuito, não há necessidade que a corrente seja
transformada com exatidão. É até melhor que em condições de curto-circuito, o TC sature,
proporcionando assim, uma autoproteção aos equipamentos de medição conectados no seu
secundário.
Os núcleos magnéticos dos TC´s de medição são de seção menor que os de proteção para
propositadamente saturarem durante o curto-circuito quando a corrente atinge valores altos (fig. 3.4)
Essa saturação limita o valor da sobretensão aplicada nos equipamentos de medição.
Classes de Exatidão:
Os TC´s para serviço de medição devem ser enquadrados em uma das seguintes classes de
exatidão:
0,3 - 0,6 - 1,2 %
É também prevista uma classe de exatidão 3, porém por não ter limitação de ângulo de fase,
esta classe não deve ser utilizada para serviço de medição de potência ou energia.
Para serviço de medição, indica-se a classe de exatidão seguida do símbolo da maior carga
nominal com a qual se verifica essa classe de exatidão. Cada enrolamento secundário deverá ser
indicado com todas as suas classes de exatidão, com as cargas nominais correspondentes.
Exemplo:
0,3-C12,5 (segundo ABNT) ou 0,3 B-0,5 (segundo ANSI)
Se o TC tiver diferentes classes de exatidão para diferentes cargas, estas classes deverão
ser indicadas conforme mostrado a seguir:
0,6-C2,5 : 1,2-C12,5
Aplicações Típicas:
O TC que possui alta impedância interna, isto é, aquele cuja reatância de dispersão do
enrolamento secundário possui valor apreciável em relação à impedância total do circuito
secundário, quando este alimenta sua carga nominal.
Para melhorar a sensibilidade e qualidade do TC através do aumento da sua força magneto
motriz, a bobina primária é enrolada.
O TC de alta reatância de dispersão é conhecido como:
• Tipo A, pela ABNT (A de Alta reatância de dispersão)
• Tipo H, pela ANSI (H de High)
São transformadores de corrente que tem a bobina primária enrolada sobre o seu núcleo
magnético, conforme mostrado na figura 3.5:
3.8.2 Classe B:
O TC que possui baixa impedância interna, isto é, aquele cuja reatância de dispersão do
enrolamento secundário possui valor desprezível em relação à impedância total do circuito
secundário, quando este alimenta sua carga nominal. Constituem exemplos, os TC´s de núcleo
toroidal, com enrolamento secundário uniformemente distribuído. Esse TC é também conhecido
como do tipo Bucha.
A bitola do cabo primário é grande para suportar alta corrente primária e construtivamente,
é impraticável se fazer espiras no núcleo magnético do TC. Assim, o primário é praticamente uma
barra que transpassa o núcleo do TC, conforme mostrado na figura 3.6:
O secundário é enrolado com muitas espiras para produzir o máximo acoplamento possível,
diminuindo consideravelmente a reatância de dispersão.
O TC da baixa reatância é conhecido como:
• Tipo B, pela ABNT (B de baixa reatância)
• Tipo L, pela ANSI (L de Low)
Pela ANSI, define-se o erro do TC pela limitação da máxima tensão que pode aparecer no
seu secundário devido à máxima corrente de curto-circuito, considerando-se o seu fator de
sobrecorrente.
Portanto é a máxima tensão que pode aparecer no secundário do TC para uma corrente no
primário de 20 vezes a sua corrente nominal primária (fator de sobrecorrente é sempre considerado
igual a 20) sem que o erro ultrapasse 2,5% ou 10%.
Na figura 3.7 são mostradas as combinações possíveis das classes de exatidão dos TC´s,
segundo a ANSI:
Um TC 10H400 significa:
Vmáx = 400 V
I2 = 100 A
Zcarga = 400 / 100 = 4Ω
Portanto, para um TC classe 10H400, a máxima carga que se pode conectar em seu
secundário para garantir a sua classe de exatidão é de 4 Ω.
Nesse valor de 4 Ω estão incluídas as impedâncias dos réles de proteção, da cablagem,
enfim, toda a impedância que será conectada em série com o secundário do TC.
Atualmente, a ANSI não normaliza mais a classe 2,5 (apenas a classe 10) e substituiu as
letras L (Low) por C (Calculated) e a letra H (High) por T (Tested).
Assim, na moderna denominação ANSI, teríamos a seguinte situação:
2,5 L 400 --> Não há mais esta denominação. Atualmente --> 10 C 400
10 H 200 --> Atualmente --> 10T200
A ABNT (EB - 251) define a classe de exatidão de um TC como sendo a máxima potência
aparente (VA) consumida pela carga conectada no seu secundário, para uma corrente nominal
secundária de 5 A.
É a máxima potência aparente (VA) que se pode conectar em regime permanente no
secundário do TC para que com a máxima corrente de curto-circuito, limitado pelo seu fator de
sobrecorrente, o seu erro não ultrapasse o definido na sua classe de precisão. Na figura 3.8 abaixo
são apresentadas as combinações possíveis das classes de exatidão segundo a ABNT:
Um TC A10F20C100 significa:
A - TC de alta reatância
10 - erro admissível da sua classe de precisão de 10%
F - fator de sobrecorrente
20 - 20 vezes a corrente nominal (no secundário, 20 x 5 A = 100 A)
C - carga no secundário do TC em VA para corrente nominal de 5 A do TC
100 - 100 VA, carga no TC para uma corrente nominal secundária do TC de 5 A
Carga no Secundário do TC
Temos que:
Scarga = Vcarga . I2 = Zcarga . I2 . I2
Scarga = Zcarga . 5 .5 = 25 . Zcarga
Zcarga = Scarga / 25
A NBR 6856 alterou a indicação das classes de exatidão para serviço de proteção, onde a
carga é indicada pela tensão que aparece nos terminais do TC com 20 vezes a corrente secundária e
carga nominal, ou seja, o mesmo critério adotado pela ANSI C57.13. Desse modo, em um TC, o
núcleo de serviço para proteção, classe de exatidão 10 de alta impedância, com corrente secundária
5 A e com carga nominal C25, é designado por 10A100. Na norma brasileira anterior, a EB-251,
essa mesma classe de exatidão era designada por A10F20C25, sendo que na nova norma, o fator de
sobrecorrente é considerado sempre igual a 20.
Na versão mais recente da ABNT, os TC´s para serviço de proteção devem ser enquadrados
em uma das seguintes classes de exatidão:
• 5 (erro percentual até 5%) ou
• 10 (erro percentual até 10%)
Os TC´s para serviço de proteção das classes A e B devem estar dentro de sua classe de
exatidão para as tensões secundárias nominais e as cargas respectivas especificadas. O erro de
corrente deve ser limitado ao valor especificado, para qualquer valor de corrente secundária desde
uma a 20 vezes a corrente nominal e com qualquer carga igual ou inferior à nominal.
Por exemplo, a designação 10B200 significa que o TC é de baixa reatância e que o erro de
corrente não excede 10%, para qualquer corrente variando de uma a 20 vezes a corrente nominal,
desde que a carga não exceda 2 Ω . (2 Ω x 5A x 20 vezes = 200 V)
Exemplo:
Considerando o TC especificado sob ABNT - A10F20C100, encontrar o seu equivalente
ANSI.
Scarga = 100 VA
Vmáx = 4. Scarga = 4. 100 = 400 V ► 10H400
4. TRANSFORMADORES DE POTENCIAL:
4.1 INTRODUÇÃO:
5. TIPOS DE TP´s:
Em sistemas com tensões acima de 138 kV, o divisor capacitivo de potencial está sendo
cada vez mais usado, principalmente por ser confiável em serviço e ter baixo custo em relação aos
TP´s convencionais além de possibilitar seu uso como um elemento de conexão em sistemas de
frequência de carrier.
Observando a figura 6.1, o divisor capacitivo de potencial (DCP) pode ser definido como
um projeto de um transformador de potencial onde um divisor de tensão capacitivo tem seus
terminais extremos conectados à tensão a ser reproduzida e um transformador de potencial
intermediário magnético, cuja finalidade é ter enrolamento primário conectado a “taps” do divisor
capacitivo de tensão. O divisor capacitivo de potencial e o enrolamento primário do transformador
intermediário têm um ponto comum conectado a terra.
Como mostrado na figura 6.2 abaixo, o divisor de tensão capacitivo (DTC) é constituído por
dois capacitores de capacitância Ca e Cb conectados em série com suas perdas representadas pelas
resistências série Ra e Rb, respectivamente. O divisor de potencial é alimentado por uma fonte de
tensão alternada V.
A equação anterior pode ser representada pelo diagrama equivalente da figura 6.4:
Com a definição das equações acima, podemos chegar na equação final que representa o
circuito equivalente simplificado do DTC:
A figura 6.6 mostra o diagrama fasorial do circuito. Na prática, as perdas nos capacitores
são muito pequenas e podem ser desprezadas (o ângulo de fase para a impedância Za e Zb é muito
próximo de 90o). Portanto, a queda de tensão Ze.I será puramente capacitiva. Se a carga tem um
ângulo de fase indutivo, o que ocorre normalmente, verificamos que a tensão V2 aumenta com a
corrente de carga I e está adiantada da tensão primária V de um ângulo γ .
Foi visto que o divisor capacitivo de tensão é um equipamento transformador de tensão, que
usa um divisor capacitivo de tensão ligado entre fase e terra. Com tensões de serviço acima de 69
kV torna-se mais econômico o uso de divisores capacitivos de tensão, em vez de TP´s
convencionais.
A Fig. 6.8 mostra um circuito simplificado de um DCP em cada fase da linha de
transmissão junto ao barramento da subestação, onde observamos que o TP é energizado com uma
tensão E2, bem menor que a tensão da linha.
Como já citamos, o DCP é um banco de capacitores em série e que este pode ser usado
como um divisor de tensão, para se utilizar um TP convencional com uma tensão primária mais
baixa que a tensão da linha de transmissão, bem como aproveitar os capacitores para o acoplamento
do Carrier, na transmissão e recebimento de dados do sistema elétrico.
XC2 C1
VTh = E 2 = E LT . ou VTh = E 2 = E LT .
X C1 + X C 2 C1 + C 2
Para obtermos a impedância ZTh, basta definirmos a impedância vista pelos terminais A e
B com a fonte de tensão nula (curto-circuitada), ficando o conjunto de capacitores C1 e C2 em
paralelo:
X C1. X C 2 1
ZTh = ∴ ZTh =
X C1 + X C 2 jω .(C1 + C2)
Com base neste teorema, podemos então fazer a determinação analítica das componentes
simétricas, fazendo o uso do operador a=1∠ ∠1200 e assim as componentes simétricas do sistema
desequilibrado original podem ser facilmente obtidas, como mostra a figura 7.3.
Va = Va 0 + Va1 + Va 2
Vb = Vb0 + Vb1 + Vb 2 (1)
Vc = Vc 0 + Vc1 + Vc 2
Assim, através da substituição dos valores dos fasores em função das componentes
simétricas no conjunto de equações (1), obtemos uma representação matricial que relaciona os
valores de fase do sistema trifásico desequilibrado com os valores de componentes simétricas,
representada da seguinte forma:
Va 1 1 1 V 0
Vb = 1 a 2 a . V 1 (2)
2
Vc 1 a a V 2
Como as grandezas de fase podem ser medidas diretamente em um circuito físico, o mesmo
não pode ser feito para as grandezas de seqüência, pois sua medição depende de transformações,
conhecidas como filtros de seqüências e que podem ser implementadas por circuitos tem como
entrada tensões e correntes de fase e como saída, tensões e correntes de seqüência. Para realização
destes filtros, utilizam-se resistores e capacitores para montagem de impedâncias, bem como
amplificadores operacionais, que ajustados convenientemente com os valores de resistores e
capacitores, proporcionam as transformações desejadas.
A seguir, pode-se observar a estrutura típica de filtros de seqüência zero, seqüência positiva
e seqüência negativa. A figura 7.4 ilustra a estrutura de filtro de seqüência zero e mostra a dualidade
do filtro tensão e do filtro de corrente para a seqüência zero.
Portanto os relés de sobrecorrente são todos os relés que atuam para uma corrente superior a
do seu ajuste. Assim, quando a corrente de curto-circuito ultrapassa a corrente pré-ajustada do
sensor do relé, o mesmo atuará instantaneamente ou temporizado, de acordo com as necessidades
previstas. A figura 8.1 mostra um esquema funcional de um sistema de proteção, com a utilização
de relés de sobrecorrente e um disjuntor.
Os relés estáticos, como o próprio nome diz é caracterizado pela ausência de movimentos
mecânicos, surgiram com o crescente desenvolvimento de sistemas elétricos, suas interligações e
aumento dos níveis de tensões, potências de suprimento e também dos níveis de curto-circuito.
Estes relés eram construídos com dispositivos eletrônicos, onde qualquer regulagem era feita pela
mudança física dos parâmetros dos componentes envolvidos no circuito eletrônico. Acabaram
caindo em desuso com o avanço rápido dos relés digitais microprocessados. A figura 8.3 mostra a
vista frontal de um relé estático, cuja aplicação funcional é idêntica a um relé eletromecânico.
Os relés digitais como citado, surgiram como os sucessores dos relés estáticos, e nada mais
são do que relés eletrônicos gerenciados por microprocessadores, não há a necessidade de variação
física de parâmetros e sim de um software, onde os registros e a calibração são digitados. Desta
forma, além das funções de proteção, os relés digitais podem ser programados para desempenhar
outras funções num sistema elétrico, como a medição de tensões e correntes de circuitos, bem como
oscilografia de eventos. A figura 8.4 ilustra alguns modelos de relés digitais empregados
atualmente.
Quanto às características tempo x corrente, estes relés podem ser classificados em relés
Instantâneos (Função 50) e relés Temporizados (Função 51). Os relés temporizados podem ser
classificados conforme sua característica tempo x corrente:
Nos relés de sobrecorrente de tempo inverso, não há a escolha do tempo de atuação, mas
sim a curva de atuação. Escolhe-se a curva levando-se em consideração as características e as
condições de coordenação dos relés utilizados na proteção, na qual os mesmos estão inter-
relacionados. Assim, a coordenação vai depender de uma cadeia de tempos diferentes para a mesma
corrente de curto-circuito. Isto irá garantir uma seqüência de seletividade na abertura dos
disjuntores, eliminando o defeito, sem deixar de atender os demais consumidores de um sistema.
As curvas de atuação dos relés, como relatado anteriormente, podem ter diferentes
inclinações e as mesmas são demarcadas pelos fabricantes em percentagem ou na base de 10, como
mostra a figura. 8.7. Portanto temos:
Curva 0,5 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5 – 6 – 7 – 8 – 9 – 10
ou
Curva 5%-10%-20%-30%-40%-50%-60%-70%-80%-90%-100%
Observa-se que todas as curvas são referenciadas para 100%, portanto, as demais tem seu o
tempo referido a esta curva. As curvas inversas dos relés são dadas a partir do múltiplo 1,5,
correspondente a um torque do relé 50% superior ao torque para o limiar de operação. O múltiplo
M indica quantas vezes a corrente de curto-circuito no secundário do TC é maior que o tape
escolhido no relé.
Assim, escolhendo-se o tape do relé sobre a bobina magnetizante do relé (Fig. 8.2),
podemos ajustar a corrente de atuação do relé de sobrecorrente.
Já nos modernos relés digitais com a utilização de microprocessadores, existe uma
flexibilidade bem maior. Sendo possível a escolha de um tipo de curva (“inclinação”) dentre muitos
normalizados (norma IEC ou IEEE / ANSI) e aplicando fórmula para determinação tempo de
atuação mostrada a seguir, onde alguns coeficientes são obtidos das normas, dependendo do tipo de
curva.
K
t =T. +1
α
I − 1
Is
A relação entre a corrente primária (I) e a corrente secundária (i) em cada fase corresponde
à relação de transformação do TC. Por exemplo, para um TC de 300-5 A, a relação é de 60 para 1.
Os relés são ajustados para a corrente secundária (i), levando-se em conta a corrente do lado
primário (I). A simbologia 50 ou 51 corresponde à antiga norma ASA (Estadunidense), atual IEEE /
ANSI.
Para funções de fase, a sensibilidade da proteção é limitada pela carga no circuito
protegido. Para função de terra, a limitação é a relação de transformação dos TC’s utilizados, isto
é, quanto maior a relação de transformação, menor será a sensibilidade da função.
Em condição normal, as correntes das três fases são equilibradas entre si. Nessas condições,
não há corrente no circuito residual ou no neutro de equipamento. E também, as correntes
secundárias (i) devem estar aquém da sensibilidade mínima da proteção de sobrecorrente (pick-up
mínimo ajustável) e os relés permanecem sem atuação.
Nesta condição, as correntes IA, IB e IC, apesar de estarem equilibradas entre si, elas são
elevadas. Geralmente muito maiores que na condição de carga normal. E as correntes secundárias
(i) atuam os relés instalados nas fases ou as funções de fase. Não há corrente no circuito residual,
portanto não há atuação do relé ou da função 50/51N.
Devemos sempre observar que a função de sobrecorrente de fase não pode ser ajustada para
correntes próximas à corrente de carga máxima prevista para o equipamento ou circuito protegido.
Desta forma, a sua sensibilidade é limitada pela carga, mas por outro lado, como em condições
normais de operação em um sistema trifásico equilibrado não há corrente pelo circuito residual dos
TC´s, a função de sobrecorrente de terra pode ser ajustada bem sensível. Isto é, quando há corrente
no circuito residual, isto significa que há curto-circuito à terra. Normalmente ajustam-se esses relés
de terra na máxima sensibilidade. A seletividade se obtém ajustando adequadamente seu tempo de
atuação.
Coordenar significa fazer com que o relé mais próximo ao defeito atue primeiro, caso esse
venha a falhar, o relé mais próximo deverá atuar.
Ajustar o relé mais próximo da falta no menor tempo possível. O relé a montante
deve ter um tempo de operação cuja diferença com o tempo do relé a jusante deva ser maior
ou igual ao tempo de coordenação (∆t). A figura 8.10a seguir ilustra essa coordenação.
Esse tipo de coordenação se observa em circuitos radiais, mas essa aplicação tem a
desvantagem de que a atuação dos relés é contrária a filosofia de proteção, pois o tempo de
atuação é constante, permitindo que os defeitos perdurem por tempos demasiadamente
grandes.
Um desbalanço em um sistema trifásico, com ou sem terra, fará com que apareçam as
componentes simétricas de seqüência negativa. A componente de seqüência negativa pode ser
obtida através da expressão que envolve a matriz de Fortescue, como visto anteriormente. A
expressão abaixo, apresenta como a corrente de seqüência negativa pode ser obtida, o mesmo
processo se dá no caso da tensão, onde os valores de seqüência são obtidos através dos valores de
fase.
Para linhas de transmissão, esta função é utilizada em casos especiais onde há dificuldades
de detecção de curtos-circuitos, como por exemplo, uma linha longa em alta ou média tensão, onde
as faltas se confundem com as cargas e as funções de sobrecorrente e de distância têm dificuldades.
Lembrando que a seqüência negativa de corrente aparece sempre que há desbalanço, com ou sem
terra, ela pode ser utilizada para detectar curto-circuito.
A exigência é que a carga, em condições normais, deve ser equilibrada o suficiente para não
atingir limite de atuação da proteção.
Uma boa diretriz é ajustar o valor da seqüência negativa entre 10 e 40% da corrente
nominal prevista na LT, se o objetivo é detectar fase aberta. Deve-se, entretanto, estabelecer uma
temporização entre 2,0 e 5,0 segundos, dependendo da filosofia da empresa.
Principalmente para linhas de transmissão com religamento automático monopolar, deve-se
tormar cuidado com a função 46, se utilizada, pois durante o tempo de extinção de arco, quando
uma fase está aberta, há corrente de seqüência negativa. A ordem de grandeza é de cerca de 40% da
corrente de carga que havia na LT. Assim, o tempo de atuação dessa função, para o desbalanço de
uma fase aberta deve ser superior ao tempo morto de religamento automático monopolar dessa
linha, com margem de segurança. O critério acima de 2,0 a 5,0 s (tempo definido) deve satisfazer
esta condição.
Para o caso de linhas especiais com dificuldade de detecção de curto-circuito pelas funções
convencionais, deve-se fazer estudo específico, caso a caso.
Os relés direcionais são conectados para atuar, por exemplo, para correntes saindo da barra
para a linha. Caso haja corrente no sentido inverso, mesmo que de grande intensidade, essa função
direcional de sobrecorrente não irá atuar. A figura 8.14 a atuação do relé 67 para a falta a sua frente
e a não atuação para falta na direção reversa.
Esta característica é muito importante, uma vez que, delimitando as condições com a
imposição do fator de direcionalidade, existirão maiores facilidades para obter a seletividade no
menor tempo possível.
As funções direcionais de sobrecorrente de fase e de terra são utilizadas principalmente para
proteção de linhas de transmissão e subtransmissão, geralmente como proteção de retaguarda. Em
circuitos radiais não há necessidade de uso de função 67, a menos em casos específicos com fontes
de terra no circuito (nesse caso pode haver necessidade de 67N – terra, mas depende das condições
de curto-circuito do sistema).
Modernas proteções digitais de sobrecorrente de aplicação geral, já incluem funções 67 para
uso opcional. Deve-se sempre lembrar que há necessidade de TP’s para informação de tensão de
polarização.
A tensão de polarização deve ser tal que forneça uma firme referência de direção de
corrente (determinado pelo ângulo entre fasores medidos ou calculados). Assim a corrente de curto-
circuito ICC deverá ter uma tensão de referência para que a proteção determine sua direção.
A figura 8.15 mostra que a tensão de referência é a tensão UBC para a corrente na fase A, e
que a tensão da fase em curto UCC não é apenas a tensão UA, pois há a influência da impedância da
fonte ZF (sistema) no ponto de instalação da proteção.
Portanto caso haja uma falta na fase A imediatamente à frente da proteção e a tensão UCC
for para zero, haverá ao menos a referência UBC.
Na concepção da função direcional, faz-se com que haja direcionalidade para todo ICC que
esteja à direita da referência hachurada de direção, que tem um ângulo α com relação à tensão UBC.
Para curto-circuito trifásico, bem à frente da proteção, todas as tensões podem ir a zero. Assim neste
caso não haveria referência, mas as proteções mais elaboradas devem possuir memória de tensão
(informações sobre a tensão antes do curto-circuito). Para as proteções eletromecânicas essa
memória era feita através de circuitos ressonantes, já para as proteções digitais, são utilizados dados
de um buffer com as informações do passado.
Outra forma de concepção da proteção direcional é com base no uso de componentes
simétricas, onde se pode usar a tensão de seqüência zero (UA + UB + UC) / 3 para servir de referência
para corrente de seqüência zero (IA + IB + IC) / 3 na execução da função direcional de sobrecorrente
de terra.
A figura 8.16 mostra os diagramas de seqüência zero no local de aplicação da proteção para
a falta à frente do relé e reversa, e as grandezas que alimentam o relé de neutro.
A figura 8.17 ilustra como fazer a coordenação com relés direcionais de sobrecorrente com
tempo definido, já a figura 8.18 ilustra a coordenação utilizando relés direcionais de tempo inverso.
Todo o processo de coordenação segue as etapas de coordenação apresentadas anteriormente, para
os relés de sobrecorrente não direcionais, onde primeiramente é feita a coordenação numa direção e
depois é feita a outra coordenação na direção oposta.
Como o próprio nome menciona, estes relés possuem a função para detectar condições de
tensão superiores ou inferiores aos valores normalmente aceitos para a operação do sistema ou do
equipamento.
Para detectar condição de tensão superior a um valor aceitável. Pode ser de dois tipos, com
a função de sobretensão instantânea ou a função de sobretensão temporizada.
Na função instantânea o seu tempo de atuação depende apenas de suas características
construtivas e inerentes ou do seu algoritmo. Por outro lado, a função temporizada é construída para
introduzir uma temporização intencional e ajustável. Os relés de sobretensão temporizados são,
geralmente, com uma característica de tempo definida.
A figura 8.19 mostra a característica do relé 59 de tempo de definido para as tensões de
linha. Dependendo do nível de sobretensão esperado, utiliza-se a função instantânea ou a função
temporizada.
Uma característica muito importante num relé de sobretensão é a chamada relação pick-up /
drop-out. Num relé de sobretensão, dependendo da sua construção e da tecnologia utilizada, tem-se
a sua atuação quando se atinge o nível de tensão ajustado e tem-se a sua desatuação quando a tensão
retorna às condições normais.
Utilizam-se relés de sobretensão na proteção de transformadores, reatores e máquinas
rotativas, isto é, na proteção de equipamentos que podem ter sua isolação deteriorada no caso de
exposição a condições de sobretensão. São utilizados também em linhas de transmissão de EAT,
para desligar trechos do sistema afetados por sobretensão (excesso de reativos).
O relé 27 atua quando a tensão cair abaixo de um valor ajustado. Esta função do relé pode
ser utilizada como proteção para equipamentos que não podem operar com tensão abaixo de um
certo limite (geralmente máquinas rotativas), ou pode ser utilizada apenas como relé de subtensão
para desligamento automático de circuito quando de falta de tensão (relé de manobra).
O relé de distância mede, através da leitura das correntes e tensões do circuito protegido, a
impedância entre o ponto de aplicação da proteção e o ponto onde ocorreu o curto-circuito.
A unidade da grandeza calculada é ohms: Impedância = Tensão / Corrente
Como a impedância da linha de transmissão protegida é proporcional ao seu comprimento,
(ohms / km), pode-se associar a impedância medida com a distância até o ponto de curto-circuito.
Daí a denominação “distância” quando a função de impedância é utilizada para proteção de linha de
transmissão.
Nota: Quando a função de impedância é aplicada para proteção de linha de transmissão,
ela é chamada de “distância”. Quando a função de impedância é aplicada para proteção de
máquina ou transformador, a mesma é chamada “impedância”.
Considerando o princípio, torna-se evidente que uma função de distância deve ser
alimentada por TC’s (correntes) e TP’s (tensões). A figura 8.20 mostra as grandezas avaliadas na
função de distânica de um relé localizado na barra A.
Os Relés de Admitância são indicados na proteção de fase em linhas longas e de mais altas-
tensões, sujeitas a sérias oscilações. São bastante afetados pela resistência de arco, mas devido
serem inerentemente direcionais e praticamente insensíveis a oscilações do sistema, são muito
usados na prática de proteção de linhas. A figura 8.24 mostra a característica desse relé num
diagrama de impedância.
Como visto anteriormente, uma proteção de distância não possui apenas uma zona de
alcance. Ela possui várias zonas, sendo que cada zona pode ser ajustada com seus respectivos
valores de alcance e tempo.
Portanto, temporizando adequadamente cada zona de proteção, pode-se obter seletividade e
garantir uma proteção de retaguarda para faltas em outros componentes ou linhas adjacentes.
Uma maneira simplificada de representar as zonas de alcance de uma proteção de distância
está mostrada na figura 8.26.
Ajustar um relé de impedância para cobrir uma determinada distância de uma linha de
transmissão não apresenta dificuldade pelo fato de se ter impedância da linha pré-calculada, com
muita precisão.
Assim, é comum ter-se elementos de distância ajustados em 80 %, 85 %, 120 %, 150 % ,
etc. da impedância total da linha protegida, sendo estas porcentagens dependentes da finalidade de
cada um desses elementos.
No caso de ajustes com relés de admitância, devemos tomar cuidado quando o ângulo de
máximo torque (τ) ou ângulo de inclinação do diâmetro não coincidir com o ângulo natural da
impedância da linha de transmissão. Neste caso o ajuste é feito com o Zajuste posicionado na linha
do seu ângulo máximo de torque, tanto para o ajuste da primeira zona, como das demais, conforme
mostra as figuras 8.27 e 8.28.
Estas facilidades para um relé de distância se tornam mais evidentes quando se tenta ajustar,
por exemplo, um relé de sobrecorrente. No caso de elemento de sobrecorrente, o valor a ser
ajustado dependerá do valor de corrente de curto-circuito pré-calculado.
Na prática, a corrente de curto-circuito poderá no máximo ser aproximadamente igual ao
calculado. Entretanto, é comum ter-se correntes menores ou muito menores que o previsto, em vista
das impedâncias envolvidas caso a caso. Assim, para o caso de função de sobrecorrente, nunca se
terá garantia de precisão.
Devido a este aspecto, a função impedância (relé de distância) é a mais utilizada para
proteção de linhas.
Uma proteção diferencial ou uma função diferencial tem a finalidade de detectar curto-circuito
na sua área de supervisão, área essa que fica entre os TC’s que adquirem as correntes medidas pela
proteção, e prover imediato desligamento do equipamento protegido quando da atuação.
Essa proteção é inerentemente seletiva, isto é, a seletividade é obtida pela própria concepção
e não através de temporizações ou graduações de corrente. Assim sendo, seu tempo de atuação pode
e deve ser o menor possível, sem temporização intencional. A proteção diferencial não tem a
finalidade de detectar faltas internas insipientes, do tipo arcos limitados, que podem ocorrer num
transformador.
Como o próprio nome indica, seu princípio de funcionamento baseia-se na comparação entre
grandezas (ou composição de grandezas) que entram no circuito protegido e grandezas de mesma
natureza que saem do circuito protegido. A figura 8.29 esse princípio da função diferencial.
• Considerar os efeitos de erros de precisão nos TC’s e TC’s auxiliares utilizados para
conexão da proteção;
• Manter a estabilidade para curto-circuito externo à área protegida, mesmo com
saturação de TC;
• Manter a estabilidade para correntes de magnetização transitória quanto se aplica à
transformadores de potência;
• Rápida atuação para curto-circuito interno, mesmo para aquelas faltas de baixa
corrente.