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Unidade 1 - As transformações das primeiras décadas do século XX

1.1. Um novo equilíbrio global

Entre 1914 e 1918, deu-se a 1ª grande guerra mundial entre a Tríplice Aliança (Império Austro-
húngaro; Império Otomano; Alemanha) e a Tríplice Entente (Reino Unido; Itália; França; EUA;
Portugal; Grécia; Roménia; Sérvia; Rússia). O palco deste grande guerra foi a Ásia Menor,
Alsácia-Lorena e o continente africano, nomeadamente, a Angola e Moçambique.

A crise teve repercussões a nível socio-económico e territorial, tais como a crise económico
devido aos gastos, a ocupação do território alemão, o aumento da mortalidade e o,
consequente, declínio da natalidade, desenvolvimento das armas, a redução do exército
alemão e a perda de territórios e colónias alemãs, a ascensão dos EUA como potência mundial
e, por último, o surgimento de novos países.

O desfecho da 1ª guerra mundial deu-se com a Tríplice Aliança derrotada. E após esta guerra,
Woodrow Wilson escreveu os “14 pontos de Woodrow Wilson”, que tinha como objetivo
assegurar a paz mundial.

1. Negociações transparentes;
2. Resolução pacífica dos conflitos;
3. Respeito pelo príncipio das nacionalidades;
4. Devolução dos territórios conquistados;
5. Tratamento digno aos países vencidos.

São alguns dos pontos no documento escrito a 8 de janeiro de 1918, por Woodrow Wilson.

Apesar disso, entrou em vigor em 1919 o Tratado de Versalhes que impôs as condições e
consequências impostas a Alemanha a nível militar, territorial e económico.

Nível militar:

 A zona da Renânia foi desmilitarizada;


 A abolição do serviço militar universal obrigatório;
 O exército não ppodia exceder os 100 mil homens;
 A Alemanha perde a marinha de guerra;
 É proibida de ter aviação de guerra e artilharia pesada.

Nível territorial:

 A Alemanha perde todas as suas colónias;


 A Alemanha perde território para a formação da Polónia;
 Alsácia-Lorena foi devolvida à França.

Nível económico:

 A Alemanha renuncia às colónias;


 A Alemanha paga indemnizações de guerra;
 Perda de navios de guerra que não estejam em territótio nacional;
 A Alemanha cede à França território para que esta possa explorar a nível mineiro.

Este Tratado foi visto de formas diferentes pelos vários países. França achava que este tratado
concedia uma paz muito branda a Alemanha, ainda assim foi muito vantajoso para França na
mesma, já que obteve o seu território e teve o seu império colonial aumentado. No entanto,
para a Alemanha foi uma paz vergonhosa e humilhante, pois após este tratado tornou-se
vulnerável, com um exército reduzido e condicionado com a Polónia e a Checoeslováquia.

O território Europeu sofreu algumas mudanças devido à guerra, viu-se o aparecimento de


novas nações, como a Letónia, a Lituânia e a Estónia, que inicialmente faziam parte do Império
Russo. O Império Austro-Hungaro divide-se também em vários novos países, nomeadamente,
a Checoslováquia, a Hungria e a Jugoslávia. A Alemanha perde território para a formação da
Polónia e, por último, a Irlanda torna-se independente. Fora da Europa, temos a divisão do
Império Otomano na Turquia, Síria, Iraque e Irão.

A Sociedade das Nações foi fundada em junho de 1919, com a adesão de 32 países, a sua
criação ficou a dever-se Woodrow Wilson que defendeu a existência de uma organização
internacional permanente que defendesse a paz, promovesse a diplomacia a garantisse a
prosperidade. Esta organização tinha como objetivo garantir a paz, promovendo o diálogo no
caso de conflito (reduzindo o armamento, arbitrando os conflitos, promovendo a cooperação
internacional…). Ainda assim, teve vários fatores que a onduziram à sua fraca eficácia, tais
como a sua criação apenas por países vencedores da guerra, a dominância europeia, a não
aderência dos EUA, a insatisfação dos países vencedores com as suas compensações, a possível
vetação das decisões, a insuficiência de recursos humanos e materiais para prevenir a guerra,
etc.

Entre 1922 e 1923, especialmente, na Europa central houve uma desvalorização monetária
que os conduziu a uma hiperinflação. Isto deveu-se à multiplicação de notas em circulação, o
aumento da procura, a falta de mercadorias e a desvalorização da moeda, que levou a que os
preços aumentassem, a produção abrandasse e os salários diminuissem e houvesse mais
desemprego.

Os EUA tornam-se a principal potência económica do mundo, pois na primeira grande guerra
entraram apenas um ano antes do seu fim, o que lhes permitiu ser fornecedor de armamento,
mantimentos e capitais aos países que participavam, o que lhes possibilitou lucros elevados.
Para além disso, tiveram menos perdas monetárias, populacionais e menos destruição no seu
território e infraestruturas (capacidade industrial intacta) no ano em que participaram na
guerra. Após a guerra, emprestaram capitais aos países europeus para a sua reconstrução e
estabilização, e aumentaram a sua exportação, tornando-se assim a 1ª potência mundial a
nível económico.

1.2. A implatação do Marxismo-Leninismo na Rússia: a construção do modelo soviético

A Rússia no início do século XX

Política:

 Regime autocrático e autoritário – regime monárquico;


 Os poderes eram todos concentrados em Czar Nicolau;
 Qualquer manifestação era reprimida;

Sociedade:

 Classes dominantes: nobreza e clero;


 Os camponeses eram a maioria da população e estavam sobrecarregados de impostos;
 A Burguesia tinha pouca influência;
 Havia uma minoria de “Kulaks” (pequenos proprietários de guerra);
 O operariado era pouco numeroso.

Economia:

 Meios de comunicação e transportes insuficientes;


 A agrícola era arcaica (os rendimentos provinham da produção dos camponeses;
subsistência);
 Afirmação tardia do capitalismo;
 O comércio interno era pouco dinâmico;
 Frágil industrialização com base nos investimentos estrangeiros;
 As comunidades viviam sobrecarregadas.

Liderada pelos sovietes (assembleia de campoenses, operários, soldados e marinheiros) e pela


Burguesia, deu-se a Revolução de Fevereiro de 1917, pelas razões pilíticas, sociais e
económicos. Tais como a existência de um regime autocrático e autoritário chefiado por Czar
Nicolau II, que deixava a população descontente e revoltada. Para além disso, as desigualdades
sociais e o baixo desenvolvimento económico levaram também ao desencandeamento desta
revolução. Mas o principal motivo foi a entrada da Rússia na 1ª GM, que se traduziu em
milhões de mortes, inflação dos preços, fome, entre outros.

Esta revolução levou à proclamação da república, e até ser elaborada uma Constituição, o
poder foi entregue a um Governo Provisório. Este que prometeu a realização das eleições com
sufrágio universal, direto e igual, e uma reforma agrária. Mas a medida que acarretou mais
problemas e revoltas foi a insistência em continuar com a nação na guerra, já que assim
continuariam a progredir as mortes, a fome, etc.

Foi este contexto político e social que Lenine encontrou na Rússia, quando chegou do exílio.

Assim no dia 4 de abril, apresenta à assembleia de mencheviques (opunham-se a Lenine e


pertenciam ao Partido Operário Social-Democrata; nobreza, monarquia, burguesia,etc) e
bolcheviques (apoiavam Lenine e pertenciam ao Partido Social-Democrata russo; comunistas)
as Teses de Abril, e instalou-se assim o ambiente revolucionário contra o Governo Provisório.

Descontentes e revoltados com as promessas não cumpridas do Governo Provisório, dá-se a


Revolução de Outubro, chefiada por Lenine, que faz surgir o Governo Bolchevique.

O Governo Bolchevique toma algumas medidas para reorganizar e estabilizar o país, tais como
a reforma agrária, o controlo operário nas indústrias, promete também um monopólio estatal
de bancos, propôs uma paz justa e democrática com a Alemanha e, por último, a realização de
eleições.

 Soviete: é uma assembleia de camponeses, operários, soldados e marinheiros (gente


do povo) de grande importância, pois subiram ao poder na revolução de fevereiro de
1917, na Rússia.
 Ditadura do proletariado: regime político criadona Rússia em outubro de 1917,
imposto pela força, e onde o proletariado assume o poder.
 Marxismo-leninismo: teoria política e económica que se tornou na ideologia de regime
da União Soviética entre 1917 e 1991. Baseava-se na doutrina Marxista, porém
adotada por Lenine à realidade da Rússia.
 Sociedade sem classes: sociedade na qual não existem diferenciações sociais.
 Economia socialista: idealizado por Karl Marx, diz que todos os meios de produção
(fábricas, campos, capitais) pertencem ao Estado.
 Comunismo: idealiza uma sociedade sem classes, na qual os meios de produção
pertencem à comunidade, deixando de haver desigualdades sociais, e em que o Estado
deixaria de existir.

Dá-se uma guerra civil com a duração de 3 anos, entre os Russos Brancos (nobreza; clero;
mencheviques; burguesia; monárquicos; EUA; Reino Unido; França) e Russos Vermelhos
(Bolcheviques). Para reforçar o poder do Estado Soviético, Lenine desenvolveu o comunismo
de guerra, que consistia num conjunto de medidas políticas, económicas e sociais. Eram essas:

 A proibição de oposição e de liberdade de expressão, ou seja, a censura dos jornais


não bolcheviques;
 A proibição dos partidos políticos, exceto o bolchevique;
 A criação da KOMINTERN/III Internacional Comunista, que tinha como objetivo
difundir o comunismo pelo mundo através de revoluções proletárias;
 O reforço da polícia política TCHEKA;
 Proibição do comércio livre;
 Tabelamento dos preços;
 Nacionalizações mais abrangentes;
 Trabalho obrigatório;
 Horários alargados e salários baixos.

Após a guerra civil e para atenuar todas as suas consequências (falta de m ão de obra, o que
fez decrescer a produção agrícola e a indústria, as vias de comunicação e trocas ficaram
paralisadas, a falta de circulação da moeda, que se traduziu na asfixia do sistema económico) e
recuperar a economia da União Soviética, Lenine propõe a NEP, Nova Política Económica. Esta
permite o imposto em espécie, a liberdade limitada do comércio, a existência de pequenas
indústrias privadas e, por último, a permissão para a investimento estrangeiro e contratação
de técnicos estrangeiros. Manteve-se na mão do Estado a grande indústria, o setor financeiro,
a energia e os transportes.

Os partidos comunistas leninistas adotaram um sistema democrático de organização internaa,


denominado centralismo democrático, no qual as divergências programáticas são debatidas
democraticamente em todas as instâncias do partido.

1.3. A Regressão do Demoliberalismo

Em 1918, com o final da guerra, o demoliberalismo tornou-se dominante na Europe central e


ocidental. No entanto, revelou-se frágil e instável, devido as características socioeconómicas
do pós guerra, a instabilidade política, a agitação revolucionária socialista e a afirmação das
forças conservadoras, que levaram a que as pessoas reagissem ao demoliberalismo criando a
extrema direita (ex: Partido Nacional Fascista) e a extrema esquerda.

Assim, os regimes totalitários ascenderam em grande parte da Europa devido a instabilidade


social, nomeadamente, o descontentamento social, às manifestações, atentados, as vagas
revolucionárias que colocavam em perigo a propriedade privada e ameaçavam os valores da
alta burguesia e das classes médias, e entre outros.
A crise económica que se deparavam (a inflação dos preços e o crescente desemprego, por
exemplo) foi também um fator preponderante para se erguerem os partidos extremistas.

A instabilidade política de cada nação e o receio do avanço do comunismo que estava a ser
difundido pela a Europa fê-los acreditas na proteção e promessas dos regimes totalitários.

No caso específico da Alemanha, que tinha acabado de ser derrotada na 1ªGM e humilhada no
Tratado de Versalhes, sentiu-se assim forçada a acreditar nas mudanças prometidas para a sua
prosperidade e levou à ascensão do regime totalitário.

Na década de 20, ascenderam a um regime ditatorial os seguintes países:

 Alemanha;
 Hungria;
 URSS;
 Aústria;
 Espanha;
 Portugal;
 Polónia;
 Turquia;
 Grécia;
 Bulgária;
 Jugoslávia;
 Albânia;
 Roménia;
 Países Balticos.

O contexto político e socioeconómico que conduziu ao poder o Partido Nacional Fascista, na


Itália:

A Itália no pós-guerra encontrava-se num ambiente político e socioeconómico frágil e instável,


já que existe a nível económico uma inflação e perda de poder de compra, desemprego e má
distribuição da terra que leva, consequentemente, a manifestações e greves. Para assumir o
controlo da situação Benito Mussolini forma o movimento fascista, que organizava expedições
punitivas contra os revolucionários.

A “Marcha sob Roma” e o receio do rei das vagas revolucionárias concederam ao Partido
Nacional Fascista a sua ascensão ao poder, em 1921.

1.4. Mutações nos comportamentos e na cultura

Após a 1ªGM, ocorreram várias alterações e mudanças nos padrões de vida, epóca conhecida
então como os “Loucos Anos 20”.

Começaram a ser mais frequentados os cinemas (nesta época deu-se a estreia de um filme
audiovisual e neles refletia-se bem o american way of life), teatros, nightclubs, cabarés, os
jogos de futebol, rugby, ciclismo, ténis, corridas de cavalos e de automóveis, natação e boxe.
Passaram a ser frequentes as viagens de negócios ou lúdicas (criando-se agências de viagens,
mapas, guias turísticos, etc). Para além disso, desenvolveram-se os meios de comunicação e
meios de transporte.
Desenvolveram-se assim os telefones e a rádio, este último que se tornou um meio de difusão
de notícias, informações, publicidade e música. O telefone veio com a intenção de melhorar as
transmissões do telégrafo. Sendo que no início era muito incomum, só mais tarde é que
começou a a estar em várias localidades de Portugal.

Com a maior frequentação de nightclubs e cabarés, surgiram, também, novos estilos de dança
e música. Tais como o foxtrot (uma dança de salão de origem norte-americana), o charleston
(uma dança vigorosa e popular, originalmente dançada apenas pelos negros), o tango (surgiu
na Argentina, e era uma dança a pares com uma coreografia complexa), a ramba (dança
cubana), e por último na dança, o swing (estilo de dança que surgiu no EUA e se desenvolveu a
partir do jazz). Na música, surgiu o jazz nos EUA, o blues que se desevolveu a partir de
tradições africanas e, na década de 30, o swing, que se influenciava muito pelo jazz.

Houve a emancipação da mulher, que começaram a substituir os homens que tinham ido para
a guerra nas fábricas, passaram a ser o chefe de família e a não depender da autoridade do
marido, executavam funções que pertenciam apenas aos homens e, assim desejavam manter a
sua liberdade. Assumindo assim, um papel mais ativo na sociedade. O casamento passou a ser
mais tardio e passaram a usar-se os primeiros contracetivos, contribuindo também para a
emancipação feminina.

Passaram a puder escolher o que vestiam (abandonando o uso do espartilho, por exemplo, e
adotaram o uso do sutien) e lutavam cegamente pelo seu direito ao voto.

Além de todas estas mudanças, no século XX, houve também novas conceções científicas.
Sigmund Freud desenvolveu a psicanálise e a mente tripartida, Henri Bergeson adotou o
relativismo abandonando o positivismo, Albert Einstein apresentou, também, a teoria da
relatividade e a fórmula da conversão da massa em energia, e Ernest Rutherford identificou a
estrutura do átomo. Ainda nos anos 20, Werner Heisenberg formolou o princípio da incerteza.

O Modernismo é o conceito que define as diversas correntes artísticas de vanguarda que


surgem na primeira metade do século XX. Tais como:

 Fauvismo – surgiu no século XX, em França. Característica do uso de formas


simplificadas, utilização de cores puras, pinceladas largas e definitivas, a aplicação de
cores nas delimitações transmitindo a sensação de profundidade. Retrata emoções,
especialmente, a alegria, através de termos do quotidiano. A escolha das matizes não
corresponde à realidade.
 Expressionismo – surgiu na Alemanha, em 1905. Era caracterizado pelo uso de cores
vivas, pelo traçado grosso, anguloso e distorcido, pinceladas largas e pelos delineados
a preto. As tématicas eram: a angústia, o sofrimento e a desgraça humana. As ideias
retratadas criticavam os valores da sociedade burguesa. Existem duas subcorrentes:
Dier Brücke e a Der Blave Reiter.
 Cubismo – surgiu em França, no século XX (1907-1914). Baseava-se na tentativa da
representação do real através de formas geométricas e estava dividida em 3
subcorrentes: fase cezaniana; o cubismo analítico e o cubismo sintético.
 Futurismo – surgiu em 1909, e rejeitava o passado, glorificava os progressos
científicos, estílisticos e técnicos, valorizava o mundo industrial e era muito
influenciado pela modernidade. Utilizava cores vivas e contrastes, a sobreposição de
imagens, traços e pequenas deformações para dar a ideia de movimento, dinamismo e
velocidade.
 Abstracionismo – surgiu em 1912, na Europa. É uma arte subjetiva que não permite ao
espetador reconhecer os temas e as figuras facilmente. Recorre às cores e traços livres
e formas geométricas. Existem duas subcorrentes, o abstracionismo lírico e o
abstracionismo geométrico.
 Dadaísmo – movimento artístico iniciado em Zurique, em 1916. Era uma arte de
protesta que tinha como objetivo chocar e provocar a sociedade burguesa da época.
Eram obras que se baseavam no acaso, caos, na desordem e em objetos e elementos
de pouco valor, desconstruindo conceitos da arte tradicional.
 Surrealismo – é uma combinação do abstrato, do inconsciente e do irreal. As principais
características são o pensamento livre, expressividade espontânea, criação de uma
realidade paralela, criação de cenas irreais, valorização do inconsciente.

1.5. Portugal no primeiro pós-guerra

Após a 1ª Guerra Mundial, Portugal sofreu várias dificuldades socioeconómicas. A fome, a


inflação, e a consequente perda de poder de compra e a desvalorização da moeda, o aumento
dos gastos militares e a diminuição das remessas de dinheiro dos emigrantes, foram algumas
delas. O fraco desenvolvimento económico e o endividamento do Estado, foram também
consequências acrescidas da guerra.

No que diz respeito à população, o proletariado encontra-se na miséria e as classes médias


perdem o poder de compra, o que resulta no seu descontentamento, em conjunto com a
burguesia, os militares e a igreja católica.

Criaram-se, assim, as condições para um golpe de Estado que ocorreu a 5 de dezembro de


1917, quando Sidónio Pais assume o país.

Sidónio Pais implementou um regime autoritário que contou com meios repressivos (ou seja,
era de estilo ditatorial), quase todos os poderes se centravam nele e havia pouca liberdade
política.

Sidónio Pais tomou algumas medidas políticas, nomeadeamente:

 A dissolução do parlamento;
 A destituição do governo e do presidente da república;
 Proibição de alguns partidos republicanos;
 A alteração à constituição;
 Sidónio Pais torna-se presidente, 1º ministro, ministro de guerra e ministro dos
negócios estrangeiros;
 Alteração à lei eleitoral para garantir a sua ascendência.

Em dezembro de 1918, o presidente Sidónio Pais foi assassinado, instalando-se assim um


ambiente de quase guerra civil com revoltas e a tentativa de restauração da monarquia.
Proclamou-se a monarquia em Lisboa e no Porto, em janeiro de 1919, durou cerca de um mês,
quando os republicanos entraram no Porto.

O regime republicano não conseguiu melhorar a credibilidade devido à corrupção, aos


incidentes parlamentares e à falta de autoridade do governo.

Em 1920, foram sete os governos que se sucederam, aumentando o clima de


ingovernabilidade.
Assim, o impacto da guerra, das manifestações e da conjuntura política despertou um revolta
social e agravou a situação da economia. As classes médias e o operariado ansiavam pelo
restabelecimento da ordem e tranquilidade. Os grandes proprietários, a banca e o industriais
desejavam um governo forte e autoritário, pois estavam descontentes com os sucessivos
aumentos de impostos e receosos da agitação anarcossindicalista e de soluções políticas de
esquerda. A igreja católica perde a influência sobre o Estado, perde os seus bens e algumas das
suas funções, como o registo civil. No caso dos militares, que perdem o prestígio, na esperança
de o recuperar apoiam as soluções autoritárias. Todos estes setores constroem uma
desconfiança aos governos republicanos e apoiam uma solução ditatorial.

Dá-se então a falência da primeira república quando, a 28 de maio de 1926, o genral Gomes da
Costa liderou uma rebelião e em junho, o parlamento foi dissolvido e se instaurou a ditadura
militar.

→ Tendências culturais: entre o naturalismo e as vanguardas

Desde 1911, artistas plásticos e escritores como Cristiano Luz, Santa-Rita, Amadeo de
Souza-Cardoso, Mário de Sá Carneiro, Fernando Pessoa, Eduardo Viana, entre outros lutavam
por colocar Portugal no mapa cultural da Europa. Muitos deles tinham estudado em Paris e lá
se fascinaram com as vanguardas artísticas do tempo.
Estes, de costas voltadas para o academismo, revelaram-se cosmopolitas. Substituíram
a iconografia rústica, melancólica e saudosa pelo mundanismo boémio, esquematizavam em
vez de pormenorizarem, apoiavam-se no plano, procuravam a originalidade e
experimentavam. Foram cubistas, impressionistas, futuristas, abstracionistas, expressionistas,
surrealistas.
1º Modernismo português:
 Amadeo de Souza-Cardoso;
 Almada Negreiros;
 Eduardo Viana;
 Revista “Orpheu”.
2º Modernismo Português:
 Mario Eloy;
 Júlio dos Reis Pereira;
 Sarah Afonso;
 Revista “Presença”;
 Outras manifestações (arquitetura, música…).

Unidade 2 – O agudizar das tensões políticas e sociais a partir dos anos 30


2.1. A grande depressão e o seu impacto social

Em meados da década de 20, os efeitos da crise económica e financeira, provocada pela


Primeira Guerra Mundial na Europa, pareciam atenuados, e os EUA viviam uma época de
prosperidade.

Nesta altura, a economia dos EUA era tão boa que as condições de vida ultrapassaram o nível
da necessidade para entrar na região do luxo. A produção era cada vez maior, tendo em conta
que tinham uma procura interna crescente e um comércio externo em expansão.

Em 1929, a produção dos EUA era tão grande que criou uma crise de superprodução devido à
diminuição crescente da procura. O mercado inteno ficou tão saturado que levou à diminuição
das vendas, portanto dos lucros, isto que levou à diminuição dos preços na tentativa das suas
vendas, à diminuição da produção, ao aumento do desemprego e, consequente, diminuição do
poder de compra e desvalorização das ações. Levando, assim, ao “Crash de Wall Street”, que
tem como consequência a falência de diversas empresas e bancos, e a queda da economia.

Esta crise bolsista teve consequências imediatas na economia dos EUA, tais como: as falências
de empresas e bancos, que resultam no aumento progressivo do desemprego e,
consequentemente, na diminuição do poder de compra.

Esta crise alastrou-se pela Europa rapidamente, já que os norte-americanos retiraram os


capitais investidos nos países europeus, que os usavam para a reconstrução do seu território e
a estabilização do país, consequentes da Primeira Guerra Mundial. Assim, entram também
num défice de capitais e, consequentemente, algumas empresas e bancos em falência, que
resultou na queda da toda a economia. Progrediu o desemprego, decresceu o poder de
compra e instalou-se a miséria. Este foi o mecanismo económico que contraiu o comércio
mundial e o alstramento da crise nos países europeus e outros países do mundo.

A população dos EUA foi muito afetada pela crise bolsista. Entre muitos dos problemas eram
recorrentes a construção de bairros de lata, com casas sem saneamento básico, que
resultavam numa higiene pouco cuidada, tinham falta de aquecimento e conforto, nem
eletrecidade ou água potável. As habitações não estavam preparadas para precipitações ou
humidades. Devido a estas condições e à escassez de cuidados hospitalares, levam à
progressiva propagação de doenças, para além disso, aumentou também os suicídos, a
criminalidade e a corrupção.

Tinham pouco vestuário e calçado, e muitas vezes em mau estado. Tinham uma alimentação
pouco variada e desequilibrada, quando não passavam fome. As crianças tinham menos acesso
à educação, por esse motivo a taxa de analfabetismo aumentou.

Todos estes fatores levaram ao crescente descontentamento da população, que se traduziu


em manifestações e revoltas. Houve, também, uma radicalização das ideias políticas
(extremismo), já que lhes prometiam mudanças nas condições de vida.

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