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1
Bacharel em Ciência da Computação; MBA em Estruturas e Fundações. E-mail: marcosabbortoluzzi@gmail.com
2
Bacharel em Engenharia Civil; MBA em Gestão de Projetos. E-mail: adilsoncortesouza@gmail.com
Desse modo, com a necessidade de facilitar a concretagem da estrutura que utiliza muito
aço, surgiu o concreto autoadensável (CAA). Esse concreto, diferente do concreto convencional
(CCV), possui maior fluidez e coesão, o que torna mais coerente seu manuseio.
A alta fluidez e coesão do CAA fazem com que o mesmo passe facilmente entre as barras
de aço que compõem a armadura do elemento concretado, desde que a granulometria do
agregado graúdo seja menor que o espaçamento entre barras. Dessa forma ainda que seu custo
seja maior que o do concreto convencional, fica evidente a vantagem na sua utilização.
Com o aumento da construção civil na cidade de Alta Floresta, o consumo de concreto
cresce de forma exponencial e com isso forman-se alguns problemas com respeito a qualidade
do concreto ofertado pelas concreteiras da região e também com o concreto produzido no
canteiro de obra.
O concreto segundo Helene e Terzian (1992) é composto basicamente de agregados
miúdos e graúdos, aglomerante (cimento) e água, onde esses materiais essenciais devem ser
dosados de forma correta para que se obtenha o desempenho e qualidade desejado. Nas obras,
visando facilitar o manuseio do concreto, muitos acabam adicionando maior quantidade de água
para que se tenha uma maior fluidez do concreto e assim possa melhorar seu manuseio.
Ao ultrapassar a dosagem correta de água necessária para hidratação do concreto, o
mesmo perde parte da resistência que poderia atingir e também apresenta manifestações
patológicas como descreve Guerra:
Embora a adição de água, em alguns casos facilite um mais fácil lançamento
do concreto, as desvantagens deste incluem o seguinte: Baixa resistência à
compressão; Á segregação da mistura de concreto, sob certas condições, resultando
em qualidade variável na massa de concreto; Cracking - com muita água, não haverá
resistência à tração inferior, e uma tendência de alto encolhimento e rachaduras serão
subsequentes. (Guerra, 2014)
Figura 2 - J-Ring
Fonte: Gomes e Barros, 2009.
Figura 3 - U-Pipe
Fonte: Gomes e Barros, 2009.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 ESCOLHA DOS MATERIAIS
Na região de Alta Floresta foram encontrados todos materiais necessários para se elaborar
o traço do CAA, exceto o aditivo que deve ser encomendado de industrias que forneçam o
mesmo.
Neste caso, o aditivo utilizado foi o CastFlow 4455 que é um aditivo a base de
policarboxilatos (PCs) e outras matérias primas secundárias, classificado como tipo RAII pela
NBR 11768-2019 da marca ADCO.
O cimento escolhido foi o Itaú CP-II F40 por se tratar de um cimento que é utilizado em
toda região e principalmente por industrias de artefatos de concreto. Outro fator da escolha
desse tipo foi a menor granulometria em relação aos outros cimentos, que para o CAA é
fundamental.
A areia média e fina utilizada foi de origem natural e foram fornecidas por uma extratora
da cidade que faz a extração da areia no rio Teles Pires. Areias industriais não foram possíveis
de se encontrar pois não há na cidade nenhuma empresa que forneça esse tipo de produto.
Como agregado graúdo foi determinado a utilização da brita com granulometria menor
que 19mm conforme orienta Tutikian, o qual foi fornecido pela única empresa de britagem de
rocha da região. A brita escolhida é nomeada de brita número 0, de origem de rocha granítica.
Outro material utilizado foi o pó de brita que é fornecido pela mesma empresa da brita o
qual é um resíduo gerado na britagem das rochas.
A tabela 2 apresenta a granulometria dos agregados na forma de porcentagem retida, seus
pesos específicos e a umidade de cada componente.
Tabela 2 - Granulometria dos agregados
Peneira Areia Fina (%) Areia Média (%) Pó de Pedra (%) Brita 0 (%)
19
9,5 1,43
4,8 84,24
2 2,60 20,32 8,60
1,2 7,47 17,93 1,15
0,6 0,17 21,43 15,54 0,86
0,42 2,42 36,69 12,75 0,86
0,25 89,19 27,92 12,35 0,86
0,15 7,10 3,31 7,17 0,57
0,075 1,04 0,45 8,37 0,86
Fundo 0,07 0,13 5,58 0,57
Dimensão Máxima 1,2 mm 4,8 mm 4,8 mm 19mm
Peso Específico (g/cm³) 1,49 1,57 1,5 1,32
Umidade (%) 3,74 3,60 1,56 0,26
Fonte: Os autores, 2020.
Os traços listados são apenas uma base do início da dosagem do CAA, onde qualquer
elemento pode ser modificado.
4.3 DETERMINAÇÃO DA DOSAGEM DO ADITIVO
Para continuação da dosagem foi escolhido o traço referência 1:5 com 55% de teor de
argamassa onde foi adicionado o aditivo superplastificante onde o concreto a ficou
extremamente fluido e segregando, a quantidade ideal do aditivo é determinada pela fluidez
desejada do concreto, dessa forma chegou-se a quantidade de 0,65% da massa do cimento, onde
de forma visual verificou-se que o concreto estava bastante fluído.
O aditivo escolhido apresentou boa interação com o cimento CP-II F 40, demonstrando
boa abertura das partículas do aglomerante. Na figura 4 mostra o concreto no período de adição
do aditivo, apresentando forte segregação e exsudação.
Nessa etapa houve grande dificuldade em controlar a segregação do concreto com os finos
escolhidos. A areia fina disponível na região de Alta Floresta, apresenta granulometria pequena
e se enquadra como areia fina, porém não possui finos pulverulentos o suficiente para conter a
segregação. Durante o teste da dosagem com areia fina, tentou-se as várias formas de
substituição e até o extremo de utilizar somente a areia fina como agregado miúdo, porém sem
êxito.
Ao utilizar o pó de pedra como fino substituto, ocorreu o mesmo problema que a areia
fina, apesar do pó ter maior quantidade de finos pulverulentos que a areia, como demonstra a
granulometria na tabela 2, ainda não era o suficiente para conter a segregação e consequente
exsudação. A alternativa para se obter um agregado com finos o suficiente foi o peneiramento
do pó de pedra para se obter somente a parte mais fina do mesmo.
O pó de pedra foi peneirado na peneira 0,25 mm, e utilizado todo montante passante dessa
peneira, isso gerou um pó muito fino. Ao utilizar o pó peneirado como substituto, houve uma
grande redução da fluidez o que demandou maior quantidade de água. O resultado final da
substituição da areia média pelo pó foi uma relação de 90% de substituição e um a/c de 0,75
para o traço 1:5.
4.5 CORREÇÃO DO CIMENTO
Outro fator que sofreu uma pequena correção foi o cimento, houve um aumento de 10,7%
para o concreto atingir a fluidez necessária sem segregar, fazendo com que o traço 1:5 passasse
a ser 1:4,5, o 1:7 ficou 1:6,3 e o 1:3 passou a ser 1:2,7. A tabela 5 apresenta os traços
intermediário, rico e pobre com suas devidas correções e na figura 5 mostra o CAA pronto.
Tabela 5 - Traços do CAA
Traço C F AM B A/C Aditivo (%)
1:2,7 (Rico) 1 1,24 0,14 1,62 0,45 0,65
1:4,5 (Intermediário) 1 1,87 0,2 2,44 0,75 0,65
1:6,3 (Pobre) 1 2,62 0,29 3,41 0,94 0,65
Fonte: Os autores, 2020.
Figura 5 - CAA com finos suficientes
Fonte: Os autores, 2020.
Para submeter o CAA a um teste de coesão foi utilizado o método do U-Pipe. Foi utilizado
o traço do CAA de 1:6,3 para executar o teste, a figura 6 mostra o tubo já preenchido com
concreto.
Figura 6 - Tubo-U preenchido com concreto.
Fonte: Os autores, 2020.
A habilidade passante do CAA foi testada utilizando o método do J-Ring (Anel-J) com o
traço de 1:6,3. O diâmetro médio do espalhamento do concreto com o anel de barras foi de
72cm, o tempo até atingir o diâmetro de 50cm foi de 1,6 segundos e as medidas interna e externa
do concreto em relação ao cone estão listado na tabela 8.
Tabela 8 - Resultado do ensaio do Anel-J
Medição Dentro no Anel Fora do Anel Média
1 29 28,5 0,5
2 29 28,7 0,3
3 29 28,2 0,8
4 29 28,5 0,5
Média Geral 0,525
Fonte: o autor, 2020.