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ESTUDO COMPARATIVO DO PROCESSO CORROSIVO DE


DIFERENTES TIPOS DE MATERIAIS

Diego Ruan Pereira de Lima1, João Bosco Nunes de Souza2, Joyce Oliveira da Costa Paiva
Pereira3, Lucas Pereira de Sá Braga 4, Victor Hugo Bitencourt de Paula 5

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Acadêmico de Engenharia Química do Centro Universitário Mauricio de Nassau (UNINASSAU),
Departamento de Exatas, Recife-PE, diegoruan20@hotmail.com;
2
Acadêmico de Engenharia Química do Centro Universitário Mauricio de Nassau (UNINASSAU),
Departamento de Exatas, Recife-PE, b0zk0@hotmail.com;
3
Acadêmico de Engenharia Química do Centro Universitário Mauricio de Nassau (UNINASSAU),
Departamento de Exatas, Recife-PE ,j.joycep@hotmail.com;
4
Acadêmico de Engenharia Química do Centro Universitário Mauricio de Nassau (UNINASSAU),
Departamento de Exatas, Recife-PE, lucas.pereira.braga89@gmail.com;
5
Acadêmico de Engenharia Química do Centro Universitário Mauricio de Nassau (UNINASSAU),
Departamento de Exatas, Recife-PE, victor_hugo_bitencourt@hotmail.com.

RESUMO

O presente trabalho trata do estudo comparativo entre seis sistemas diferentes de ligas
matálicas que foram aço galvanizado, aço carbono, ferro fundido, aço carbono ligado a aço
galvanizado, aço inoxidável e alumínio, à resistência à corrosão. Foi estudado e avaliado o processo
de corrosão em um único tipo meio, o salino, durante um período de sessenta dias. No estudo da
corrosão ,foi empregada a avaliação visual da condição de cada material em relação a sua estrutura
e aparência devido ao processo de deterioração causado pelo NaCl. Algumas ligas metálicas sofrem
maior deterioração que outras,expostas ao mesmo meio, devido a sua constituição.

Palavras-chave: Corrosão; Resistência; Ligas metálicas.

INTRODUÇÃO

Num aspecto muito difundido e aceito universalmente pode-se definir corrosão como a
deterioração de um material, geralmente metálico, por ação química ou eletroquímica do meio
ambiente aliada ou não a esforços mecânicos. A deterioração causada pela interação físico-química
entre o material e o seu meio operacional representa alterações prejudiciais indesejáveis, sofridas pelo
material, tais como desgaste, variações químicas ou modificações estruturais, tornando inadequado o
seu uso.(GENTIL,Corrosão,3ª Edição).

O processo através do qual um metal retorna ao seu estado natural, tal qual se encontrava na
natureza formando compostos estáveis na forma de óxidos, é espontaneo pois corresponde a uma
redução da energia livre de Gibbst. O fenôneno vai acompanhado de uma perda de elétrons por parte
do metal, o que também o torna conhecido equivocadamente por "oxidacao", termo geral utilizado na
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química para indicar processos de combinação de uma substância com o oxigenio.Toda corrosão
metálica à temperatura ambiente em meio aquoso é de natureza eletroquímica, ou seja, pressupõe a
existência de uma reação de oxido-redução e a circulação de íons num eletrólito. Essa corrosão
eletroquímica de cor predominantemente amarronzada com constituição gelatinosa e porosa,
denominados ferrugem.(HELENE,1003).

Sendo a corrosão, e geral, um processo espontâneo, está constantemente transformando os materiais


metálicos de modo que a durabilidade e desempenho dos mesmos deixam de satisfazer os fins a que
destinam. No seu todo esse fenômeno assume uma importância transcendental na vida moderna, que
não pode prescindir dos metais e suas ligas.Com o avanço tecnológico mundialmente alcançado, os
custos da corrosão evidentemente se elevam , tornando-se um fator de grande importância a ser
considerado já na fase de projeto de grandes instalações industriais para evitar ou minimizar futuros
processos corrosivos.(GENTIL,Corrosão,3ª Edição).

Por outro lado, para manter os metais protegidos contra a corrosão há a necessidade de uma parcela
adicional de energia, a qual pode ser aplicada de diversas formas, dependendo logicamente das
condições de emprego do metal. Essa energia adicional pode ser presentada por revestimentos
protetores, inibidores de corrosão, proteção catódica ou proteção anódica.( GENTIL,Corrosão,3ª
Edição).

Os principais meios corrosivos e respectivos eletrólitos são, atmosfera: o ar contém umidade, sais
em suspensão, gases industriais, poeira, etc. O eletrólito constitui-se da água que condensa na
superfície metálica, na presença de sais ou gases presentes no ambiente. Outros constituintes como
poeira e poluentes diversos podem acelerar o processo corrosivo. Solos: os solos contêm umidade, sais
minerais e bactérias. Alguns solos apresentam também, características ácidas ou básicas. O eletrólito
constitui-se principalmente da água com sais dissolvidos; Águas naturais (rios, lagos e do subsolo):
estas águas podem conter sais minerais, eventualmente ácidos ou bases, resíduos industriais, bactérias,
poluentes diversos e gases dissolvidos. O eletrólito constitui-se principalmente da água com sais
dissolvidos. Os outros constituintes podem acelerar o processo corrosivo. Água do mar: estas águas
contêm uma quantidades apreciáveis de sais. (ABRACO,Corrosão uma abordagem geral).

Existe um grande interesse prático neste estudo uma vez que a corrosão causa um prejuízo estimado
em torno de 1,5 a 3,5% do PIB nos países industrializados. O objetivo estudar a deterioração dos
materiais pela ação do meio em que são usados. Dessa forma a pesquisa foi comparar 6 tipos de
materiais utilizados na indústria, em relação à corrosão em solução de NaCl.

Diante do que foi exposto, o objetivo dessa pesquisa foi comparar 6 tipos de materiais utilizados na
indústria, em relação à corrosão em solução de NaCl.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório Multidisciplinar: Farmacotécnica e


Bromatologia, do Centro Universitário Mauricio de Nassau (UNINASSAU). O reagente utilizado no
processo de degradação/deterioração por corrosão foi de grau analítico. Uma solução aquosa de cloreto
de sódio (NaCl) 3% foi preparada utilizando-se água destilada.

Foram realizados estudos com 6 sistemas diferentes em uma solução de NaCl, conforme descrito
na Tabela 1.

Tabela 1: Condições de estudos para diferentes sistemas


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Sistemas Tipo de material Condições

1 Aço galvanizado Superfície com risco

2 Aço carbono Superfície com risco

3 Ferro fundido Superfície com risco

4 Aço carbono ligado a Duas placas ligas por um fio de cobre, formando uma
aço galvanizado ponte salina

5 Aço inoxidável Superfície com risco

6 Alumínio Superfície com risco

Fonte: autor (2018)

As amostras descritas na Tabela 1 tinham a forma de uma chapa e apresentaram dimensões 10 cm x 5


cm e espessura de 1 a 3 cm. Estes corpos de prova foram lavados com álcool 70 % em seguida com
agua destilada. Após o processo de limpeza, cada corpo de prova foi acomodado em béquer e
adicionado a solução aquosa de NaCl. O processo de degradação dos corpos de prova foi avaliado pelo
método de inspeção visual, por fotografia, nos dias 0, 10, 30 e 60.

(a) (b)

Figura 1: Representação das condições dos experimentos: (a) os sistemas 1 a 5 e (b) o sistema 6
Fonte: autor (2018)

RESULTADOS

O quadro 1 mostra o desenvolvimento progressivo de cada sistema em relação à corrosão no meio


salino.
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Quadro 1: Fotos do desenvolvimento progressivo dos sistemas de corrosão para os dia 0, dia 10,
dia 30 e dia 60.

Sistema Dia 0 Dia 10 Dia 30 Dia 60


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Construindo uma escala do material que menos se corroeu até o material de maior deterioração, tem-se
alumínio < aço inoxidável < aço carbono < ferro fundido < aço gavanizado < aço carbono+aço
galvanizado.

No Sistema 1 teve início o processo de corrosão a partir do dia 30. Ao se passarem 60 dias ,o material
estava bastante corroído e o meio bastante alaranjado contaminado pelo produto de corrosão.

No Sistema 2 ,o processo e deterioração teve início a partir do dia 10, agravando–se ao passar dos dias.

No Sistema 3, o material começou a se deteriorar também a partir dia 10, agravando-se ao passar dos
dias.

O Sistema 4 começou a deteriorar a partir do dia 10. Havendo uma corrosão bastante agressiva.

O Sistema 5 pouco sofreu corrosão durante todo o período de 60 dias.

O Sistema 6 não sofreu corrosão durante todo o período de 60 dias, motrando-se como um material
bastante resistente à corrosão.

DISCUSSÃO

Sistema 1 - Aço galvanizado

A Galvanização é o processo de aplicação de uma camada protectora de zinco ou ligas de zinco a uma
superfície de aço ou ferro de modo a evitar a corrosão destes. O método mais comum é a Galvanização
por imersão a quente (Hot-dip Galvanizing ou HDG) no qual as peças ou estruturas são mergulhadas
num banho de zinco fundido.

Como o aço galvanizado tem uma camada protetora de zinco onde o mesmo vai atuar como metal de
sacrifício ,o tempo para o processo de oxidaçao só acontece quando o meio que vai atuar como agente
redutor consumir todo o zinco que protege a camada de aço. Isso pode ser observado entre o período
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de 10 a 30 dias, no qual ainda há existência de zinco. Passando este período o zindo foi consumido e o
material começou a entrar em processo oxidativo.

Sistema 2 -Aço carbono

O aço carbono é uma liga metálica formada essencialmente por ferro e carbono, com percentagens
deste último variando entre 0,008 e 2,11%. Distingue-se do ferro fundido, que também é uma liga de
ferro e carbono, mas com teor de carbono acima de 2,11%. O carbono é um material muito usado nas
ligas de ferro, porém varia com o uso de outros elementos
como: magnésio, cromo, vanádio e tungstênio. O carbono e outros elementos químicos agem como
agente de resistência, prevenindo o deslocamento em que um átomo de ferro em uma estrutura
cristalina passa para outro. A diferença fundamental entre ambos é que o aço, pela sua ductilidade, é
facilmente deformável por forja, laminação e extrusão, enquanto que uma peça em ferro fundido é
muito frágil.

Apesar da variedade de materiais presentes no mundo contemporâneo, o aço continua sendo o mais
empregado na maioria dos segmentos de bens de produção. Aço é uma denominação genérica para
ligas de ferro e carbono, sendo os mais comuns o aço-carbono que contém entre 0,2 e 15% de carbono,
e o aço inoxidável que, além desses elementos, contém cromo e, em alguns casos, níquel. Apesar de
ser mais suscetível à corrosão, por sua menor relação custo/resistência mecânica e a facilidade de solda
e conformação, o aço-carbono é o material mais utilizado em instalações industriais (TELLES, 2000).

Ao reagirem com o oxigênio do ar, formam uma camada superficial de óxidos de ferro. Esta camada
por sua vez é porosa o que permite uma oxidação do metal produzindo ferrugem. Isso pode ser
observado a formação do ferrugem ja no dia 10 onde a água já está ficando amarelada e ao chegar no
dia 30 é nítido a formação de óxidos de ferro deixando o meio salino totalmente alaranjado.

Sistema 3 - Ferro fundido

O ferro fundido é uma liga de ferro em mistura eutética com elementos à base de carbono e silício.
Forma uma liga metálica de ferro, carbono (a partir de 2,11%), silício (entre 1 e 3%), podendo conter
outros elementos químicos. Sua diferença para o aço é que este também é uma liga metálica formada
essencialmente por ferro e carbono, mas com percentagens entre 0,002 e 2,11%.

A diferença para aço carbono é porcentagem de ferro e carbono que no aço carbono é maior onde o
carbono funciona como um agente de resistência previnindo deslocamento em que um átomo de ferro
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em uma estrutura cristalina passa para o outro como preciso ter elétrons livres para ter corrosão a
quantidade de carbono vai influenciar na resistência corrosivas,
Isso pode ser observado na sensibilidade que o ferro fundido em meio salino logo no primeiro dia já
ficou amarela, sendo mais perceptível que no aço carbono.

Sistema 4 - Aço carbono ligado a uma placa de aço galvanizado, duas placas ligadas por um fio de
cobre , formando uma ponte salina

O zinco reveste a superfície do ferro como se fosse uma camada de tinta, impedindo seu contato com o
ar úmido ou com a água que contém oxigênio. Esse zinco também atua, diante do ferro, como se fosse
o ânodo de uma pilha. Se o ferro galvanizado fosse “riscado” e exposto ao ar e à umidade, ele estaria
sujeito a ser oxidado a Fe2+. Este seria imediatamente reduzido a Fe pelo zinco, impedindo o
aparecimento da ferrugem. Porém, como o zinco tem mais facilidade para se oxidar que o ferro (pois
tem menor potencial de redução), ele tende a se oxidar preferencialmente, mesmo que o ferro esteja
exposto. Em outras palavras, se a película protetora de zinco for danificada e o ferro estiver exposto, o
zinco atuará como metal de sacrifício, ou seja, um metal propositalmente colocado em contato com o
ferro para que seja oxidado em lugar dele, preservando-o.

Sistema 5 - Aço inoxidável

aço inoxidável é uma liga de ferro e crómio, podendo conter também níquel, molibdénio e outros
elementos, que apresenta propriedades físico-químicas superiores aos aços comuns, sendo a alta
resistência à oxidação atmosférica a sua principal característica. As principais famílias de aços
inoxidáveis, classificados segundo a sua microestrutura, são: ferríticos, austeníticos, martensíticos,
endurecíveis por precipitação e duplex.

Estes elementos de liga, em particular o crómio, conferem uma excelente resistência à corrosão quando
comparados com os aços carbono. Eles são, na realidade, aços oxidáveis. Isto é, o crómio presente na
liga oxida-se em contacto com o oxigênio do ar, formando uma película, muito fina e estável, de óxido
de crómio - Cr2O3 - que se forma na superfície exposta ao meio. Ela é denominada camada passiva e
tem como função proteger a superfície do aço contra processos corrosivos. Para isto é necessária uma
quantidade mínima de crómio de cerca de 11% em massa. Esta película é aderente e impermeável,
isolando o metal abaixo dela do meio agressivo.

Sistema 6 - Alumínio.
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O alumínio é um elemento químico de símbolo Al e número atômico 13 (treze prótons e


treze elétrons ) com massa 27 u. Na temperatura ambiente é sólido, sendo o elemento metálico mais
abundante da crosta terrestre. Sua leveza, condutividade elétrica, resistência à corrosão e baixo ponto
de fusão. Isso porque o material é extremamente reativo e, em contato com o ar, reage
instantaneamente formando uma película de óxido sobre sua superfície. Isto é o que você de fato vê.
No entanto, apesar de extremamente reativo, o alumínio apresenta uma elevada resistência à corrosão
devido a um fenômeno chamado passivação. Basicamente, o alumínio fica mais nobre (menor
atividade) por ação desta película óxida, que tem uma boa aderência à superfície e acaba impedindo
que um volume maior do material seja corroído. No entanto, se engana quem acha que a passivação
torna o alumínio imune à corrosão.

Os resultados obtidos permitem concluir que fatores como salinidade e aeração agravaram a corrosão
nos Sistemas 1, 2, 3 e 4 .

CONCLUSÃO

Os experimentos propostos nos seis sistemas reproduzem de forma simples situações que
ocorrem no cotidiano, possibilitando a compreensão de fatores importantes que afetam o processo de
corrosão e faz com que possa ser compreendido qual material que é mais resistente à deterioração e
vice-versa fazendo com que para cada atividade/finalidade industrial qual material teria melhor
aplicabilidade. Todo o processo permitiu uma compreensão na qual pode ser abordado de forma
contextualizada relacionando diversas áreas como química, meio ambiente, cotidiano e tecnologia.

REFERÊNCIAS

AOKI, I.V. Técnicas de análise de superfícies na caracterização de produtos de corrosão sobre


metais. Fortaleza, 2006.

ABRACO, Corrosão uma abordagem geral.

COSTA,J.A.M. Avaliação da resistência à corrosão em juntas soldadas do aço arbl cos ar cor
500.São Luís, 2009.

GENTIL, V. Corrosão – 4a Edição, Rio de Janeiro: LTC, 2003.


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GEMELLI, E. Corrosão de Materiais Metálicos e Sua Caracterização. 2. Ed. Rio de Janeiro: LTC -
Livros Técnicos e Científicos Editora S.A, 2001.

HELENE,P.R.L. Contribuição ao estudo da corrosão em armaduras de concreto armado. São


Paulo.1993.

MAINIER,F.B.,GUIMARÃES,P.I.C.,MERÇON,F. Sistemas Experimentais para o Estudo da


Corrosão em Metais, 2011.

SOUZA, E. D.. Análise de Corrosão por Meio da Perda de Massa e Espessura em Aços pela Ação
da Água Produzida de poços Petrolíferos. 2010. 143 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciência e
Engenharia de Materiais, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2010.

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