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Realização Organização

03 a 05 de novembro de 2020

ENGB047
ESTUDO DAS PROPRIEDADES SUPERFICIAIS DE UM AÇO BAINÍTICO
SUBMETIDO A TRATAMENTOS DE NITRETAÇÃO E DE PÓS-OXIDAÇÃO A
PLASMA
Mateus Ritter Pasini, mateus.pasiini@gmail.com
Felipe Canal, felipe1234@gmail.com
Alexandre da Silva Rocha, alexandre.rocha@ufrgs.br

1 Aluno do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais


2 Aluno do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais
3 Prof essor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Resumo: Componentes mecânicos estão expostos a danos de desgaste superficial quando em contato com
outros componentes. A engenharia de superfícies busca aprimorar as propriedades mecânicas superficiais dos
materiais visando aumento da vida útil. Métodos de tratamento superficial de nitretação a plasma e de pós -
oxidação permitem aprimorar as propriedades superficiais de aços. O presente estudo foi realizado em um aço
bainítico, submetido a dois tratamentos superficiais a plasma distintos. O primeiro foi o tratamento de nitretação
a plasma convencional em atmosfera gasosa com 24% de N2 e 76% de H2 durante 6 horas em temperatura de
500°C. No segundo tratamento, o processo de pós-oxidação foi realizado imediatamente após o primeiro, com
composição gasosa de 30% de O2 e 70% de H2, temperatura de 450°C durante 2 horas. Ensaios como os de
dureza superficial, rugosidade, perfil de microdureza Vickers, ensaio de coeficiente de atrito via reciprocating,
análise de fases e perfil de tensões residuais via difração de raios-x e perfil de composição química por
espectrometria GDOES caracterizaram as superfícies. As análises de fases indicaram a formação homogênea
de óxidos da fase magnetita, sendo satisfatório tratando-se de uma fase mais densa, de maior dureza e
resistência do que a fase hematita. As durezas superficiais superiores nas amostras somente nitretadas
comprovam que os nitretos formados possuem maior dureza que os óxidos, entretanto, a rugosidade e o
coeficiente de atrito do grupo nitretado e pós-oxidado apresentou melhores resultados pois os óxidos
preenchem as rugosidades oriundas do processo de nitretação a plasma.

Palavras-chave: nitretação, pós-oxidação, resistência, superfície.

STUDY OF SURFACE PROPERTIES OF A BAINITIC STEEL SUBMITTED


TO PLASMA NITRIDING AND POST-OXIDATION TREATMENTS
Abstract: Mechanical components are exposed to surface wear damage when in contact with other
components. Surface engineering aims to improve the surface mechanical properties of materials to increase
their life cycle. Surface treatment methods like plasma nitriding and post-oxidation improve the surface
properties of steels. This study was accomplished on a bainitic steel subjected to two different plasma surface
treatments. The first treatment was conventional plasma nitriding in a gas atmosphere with 24% N2 and 76% H2
at a temperature of 500°C for 6 hours. In the second treatment, the post-oxidation process was performed
immediately after the first treatment, using a gas composition of 30% O 2 and 70% H2 at a temperature of 450°C
for 2 hours. Tests such as surface hardness, roughness, Vickers microhardness profile, friction coefficient test
via reciprocating motion, phase analysis, residual stress profile via X-ray diffraction, and Chemical composition
profile via GDOES Spectrometry characterized the surfaces. Phase analyses indicated the homogeneous
formation of magnetite phase oxides, which is satisfactory as magnetite is denser, harder and more resistant
than hematite phase. The higher surface hardness in the samples solely nitrided confirms that the formed
nitrides are harder than oxides. However, the roughness and friction coefficient of the nitrided and post-oxidized
group showed better results because the oxides fill the roughness originating from the plasma nitriding process.

keywords: nitriding, post-oxidation, resistance, surface.


1. INTRODUÇÃO

Constantemente as indústrias estão buscando por materiais que possuam determinadas propriedades
mecânicas que permitam aos seus componentes possuírem maiores resistências à corrosão, alta dureza e
baixo coef iciente de atrito, principalmente as do setor metalmecânico. Entretanto, estes materiais estão sujeitos
às ações de corrosão e diversos tipos de desgaste.
O contato entre superf ícies mecânicas é um grande causador dos def eitos gerados em componentes
mecânicos. Este contato entre as superf ícies, principalmente em condições de trabalho onde ocorrem
movimentações entre os mesmos, causam desgaste superf icial, diminuind o a vida útil dos componentes e
podendo causar até mesmo f alhas catastróf icas destes componentes, aumentando a f requência com que estes
materiais são submetidos às manutenções.
Neste sentido, tratamentos envolvendo processos a plasma são amplamente utilizados para auxiliar n o
aprimoramento de propriedades mecânicas capazes de aumentar a vida útil dos componentes. Tratamentos
duplex de nitretação e de pós-oxidação a plasma possuem a capacidade de implementar as resistências
necessárias aos materiais. As camadas de nitretos f ormadas apresentam alta dureza que permitem uma maior
resistência ao desgaste e que, quando aliadas a tratamentos de pós -oxidação, podem maximizar estes
resultados garantindo ainda um baixo coef iciente de atrito e maior resistência à corrosão.
Por conta disso, este estudo buscou utilizar de dif erentes métodos envolvendo nitretação a plasma
combinados com procedimentos de pós-oxidação para otimizar a superf ície dos materiais e identif icar possíveis
f ormas de garantir melhores propriedades de resistência mecânica para materiais f errosos.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os tratamentos que envolvem processos a plasma of erecem diversas vantagens como se obter resultados
superiores aos tratamentos convencionais, por conta de serem f acilmente reprodutíveis , não poluentes e utilizar
temperaturas relativamente mais baixas do que as utilizadas em outros processo s. Com isso, é possível
controlar com mais precisão a microestrutura que será desenvolvida nesta superf ície através de modif icações
na composição gasosa, temperatura, tempo e pressão utilizados durante o tratamento (Rovani, 2010).
A nitretação a plasma é um processo termo químico que é amplamente utilizado para aumentar a vida útil de
aços e f erramentas, permitindo ainda a redução do coef iciente de atrito. Uma camada de nitretos é f ormada
com a dif usão do nitrogênio e que possui elevada dureza e resistência ao desgaste. O processo de nitretação a
plasma ocorre em um reator em pressões extremamente baixas (vácuo) o nde aplica-se uma dif erença de
potencial entre a peça a receber o tratamento e o reator. Esta dif erença de potencial causa um
bombardeamento de íons em direção à peça, onde que esta energia é responsabilizada por gerar o
aquecimento do material, auxiliando na dif usão do nitrogênio, gerando assim as camadas de nitretos, conf orme
ilustrado pela Fig. (1).

Figura 1 - Representação esquemática do processo de dif usão do nitrogênio na superf ície de um material
(Rovani, 2010).

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O tratamento de pós-oxidação ocorre no mesmo reator utilizado para a nitretação a plasma, com a dif erença
dos gases a serem utilizados, normalmente utilizados em uma combinação de oxigênio e hidrogênio . O
tratamento de pós-oxidação permite maior resistência à corrosão e a redução do coef iciente de atrito visto que a
camada de óxidos é mais densa, compacta e ocupa a grande parte dos espaços deixados entre picos e vales
resultantes do bombardeamento dos íons durante a nitretação a plasma. Por outro lado, a dureza superf icial é
reduzida por conta de os óxidos possuírem menores durezas do que os nitreto s (Mahboubi; Fattah, 2005).
No processo de pós-oxidação, duas dif erentes f ases podem ser f ormadas, a magnetita e hematita. Estas
f ases podem ser geradas de f orma homogênea através da utilização de certos parâmetros, onde normalmente
busca-se a f ormação somente da magnetita por se tratar de uma f ase mais densa, compacta e aderente do que
a hematita, aumentando a resistência à corrosão e diminuindo o coef iciente de atrito do material (Ebrahimi et al.
2010).
Outra f orma de aumentar a resistência mecânica dos aços é o de mo dif icar suas propriedades de f orma
termomecânica. Uma das maneiras amplamente utilizada pelas indústrias é o ef eito TRIP, que possui o objetivo
de aumentar as resistências mecânicas transf ormando a austenita retida em martensita durante a def ormação
plástica. A Figura (2) apresenta de maneira ilustrativa o procedimento realizado em um dos aços utilizados
neste estudo. Inicialmente o material passa pelo processo de aquecimento até a temperatura de austenitização
e controle desta temperatura até que ocorram as def ormações mecânicas do material durante o processo de
laminação. Isto possibilita a modif icação da microestrutura do material, além de diminuir o tamanho de grão ,
que combinados, permitem o aumento das propriedades mecânicas do material.

Figura 2 - Processo esquemático do processo TRIP (Adaptado de Burda et al, 2022).

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1 Materiais Utilizados

Neste estudo f oram utilizados dois materiais distintos para verif icação da inf luência da nitretação a plasma e
da pós-oxidação na superf ície destes aços. Ambos os materiais se tratam do aço bainítico de resf riamento
contínuo DIN 18MnCrSiMo6-4, porém, possuem dif erenças nas características de recebimento do material. Um
destes aços é denominado de HSX ® e o outro de XTP ®, onde que a principal dif erença entre ambos é o
tamanho de grão destes materiais. O XTP ® passa por um processo termomecânico em sua f abricação,
causando o ref inamento do grão durante a laminação da barra, este ref inamento permitiu diminuir em até 30% o
tamanho do grão, quando comparado ao HSX ®.
A composição química dos aços utilizados neste trabalho está identif icada na Tab. (1).

Tabela 1 - Composição química dos materiais do estudo (% em massa).


C Si Mn P S Cr Mo Ni Al
HSX® 0,15 1,72 1,05 < 0,01 0,04 1,12 0,29 0,07 0,01
XTP ® 0,14 1,71 1,09 < 0,01 0,04 1,13 0,29 0,07 0,04
Co Cu Nb Mg V Ti W Fe
HSX® 0,01 0,11 0,016 < 0,005 < 0,005 < 0,003 < 0,1 Balanço
XTP ® 0,01 0,13 0,021 < 0,005 < 0,005 < 0,003 < 0,1 Balanço

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3.2 Tratamentos Superficiais

Dois tratamentos superf iciais f oram desenvolvidos nas amostras, sendo primeiro o tratamento convencional
de nitretação a plasma, e o segundo a realização do tratamento de pós-oxidação logo após a f inalização da
nitretação. Anterior ao início dos tratamentos, realizou-se a limpeza do reator e das amostras através do
processo de sputtering que consiste na inserção de mistura gasosa binária composta de 50% de H2 e 50% de
Argônio com 1 mbar de pressão durante 15 minutos após as amostras atingirem 300°C.
A etapa de nitretação a plasma convencional f oi realizada com pressão interna da câmara de 3 mbar,
mistura gasosa binária com proporção de 24% de N2 e 76% de H2, temperatura de tratamento de 500°C com
duração de 6 horas. Este procedimento f oi repetido igualmente para o grupo de amostras nitretadas e pós-
oxidadas, onde que nesta segunda etapa a pressão de trabalho f oi de 2,5 mbar a uma temperatura de 450°C
durante 2 horas. A atmosf era f oi composta da mistura gasosa composta de 30% de O2 e 70% de H2.

3.3 Caracterização da Superfície

O método de dif ração de raios-X f oi utilizado para a determinação das f ases geradas pela nitretação e pós-
oxidação a plasma, bem como verif icar as tensões residuais que f oram induzidas às amostras após os
tratamentos a plasma. As análises de f ases presentes nos dif ratogramas de cada amostra f oram realizadas
utilizando correções pelo ref inamento de Rietveld, calculado computacionalmente através do TOPAS 4.2. A
dif ração de raios-X com radiação Cr f oi utilizada para as amostras somente nitretadas por conta da incidência
dos raios com o equipamento operando a 33 kV e 40 mA e colimador de 2 mm de diâmetro , com intervalo de
medição de 40° a 164°, espaçamento de 0,1° e tempo de escaneamento de 500 segundos. Já para as amostras
pós-oxidadas, f oi necessário o uso de ângulo rasante com radiação Cobre, com ângulo de incidência de 10°,
ângulo de varredura de até 110°, f enda de divergência de 0,3 mm, espaçamento de 0,05° e tempo de
escaneamento de 20 segundos. As tensões residuais f oram medidas no último pico da base f errítica do
material, entre 142 e 163°, com espaçamento de 0,1° e tempo de escaneamento de 60 segundo s, com
medições CHI em 19 ângulos igualmente divididos entre -60° e 60°. O perf il de composição química via GDOES
(Glow Discharge Optical Emission Spectrometry) f oi realizado pelo equipamento Spectruma Analytik GDA
750HR do laboratório de Spektrometrie do departamento de análise f ísica do IWT – Bremen.
A medição de rugosidade utilizou o método do perf ilômetro de contato através da indicação dos valores de
rugosidade Ra e Rz f ornecidos pelo próprio equipamento. Foram realizadas 5 medições na superf ície das
amostras com trilhas de 4 mm de comprimento, velocidade de deslocamento da haste de 0,25 mm/s e cutoff de
0,8 mm. As análises de dureza, tanto da superf icial quanto do perf il de microdureza, f oram realizados pelo
método de microdureza Vickers com aplicação de carga de 100 gf durante 10 segundos.
A determinação do coef iciente de atrito f oi desenvolvida pelo método de reciprocating utilizando um pino
com esf era de alumina de 5 mm de diâmetro deslizando sobre a amostra com aplicação de carga constante.
Neste estudo a carga aplicada f oi de 2 N em trilhas de 4 mm e f requência de 4 Hz.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Resultados por Difração de Raios-X e GDOES

No desenvolvimento de análise de f ases por dif ração de raios-x com radiação Cromo se possibilita a
verif icação das f ases f ormadas pelo processo de nitretação a plasma. Na Figura (3.a-b) estão apresentados os
dif ratogramas dos substratos e na Fig. (3.c-d) os dif ratogramas do HSX ® e do XTP ® respectivamente. Nota-se
que os picos da matriz f errítica estão levemente deslocados nas amostras nitretadas por conta das tensões
compressivas induzidas à superf ície destes materiais através da nitretação, além disso, os picos de austenita
somem por completo por conta da camada de nitretos possuir espessura e densidade suf icientes para sobrepor
totalmente a incidências destes picos.

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a) b)
Austenita Austenita
Ferrita Ferrita

50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160

Ângulo (2) Ângulo (2)


c) d)
Austenita Austenita
Ferrita Ferrita
Fe2-3N Fe2-3N
Fe4N Fe4N

50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 60 80 100 120 140 160

Ângulo (2) Ângulo (2)

Figura 3 - Análise de f ases com radiação Cromo do (a) substrato HSX, (b) substrato XTP, (c) HSX6 e (d) XTP6.

Para a análise das amostras pós-oxidadas, f oi necessária a realização da dif ração de raios-x com radiação
Cobre por se tratar de uma radiação com menor prof undidade de penetração, permitindo a verif icação das f ases
f ormadas em menores espessuras, uma vez que as camadas de óxido possuem espes suras em torno de 0,2 a
2 μm como comprovado por autores como (Mahboubi; Fattah 2005, Borgioli et al. 2002 e Karimzadeh et al.
2013). A Figura (4) apresenta os dif ratogramas do (a) HSX ® e do (b) XTP ®, onde é possível verif icar a presença
das duas f ases de nitretos oriundas da etapa de nitretação, além da presença monof ásica de hematita na
camada de óxidos, sem apresentar nenhum pico de austenita nesta situação.

a) b)
Ferrita Ferrita
Fe4N Fe4N
Fe2-3N Fe2-3N
Magnetita Magnetita

20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110


Ângulo () Ângulo ()

Figura 4 - Análise de f ases com radiação Cobre para (a) HSX6PO e (b) XTP6PO.

As tensões residuais compressivas induzidas aos materiais por conta da nitretação a plasma estão
apresentadas na Fig. (5) juntamente com as tensões do substrato, onde as tensões f oram aplicadas durante os

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processos de lixamento e polimento, servindo de preparação da superf ície para os tratamentos a plasma que,
apesar de não serem submetidas a nenhum tratamento, f oram preparadas a título de comparação.
Ambos os materiais apresentaram similaridad e nas tensões induzidas até aproximadamente 50 μm para as
amostras somente nitretadas e até 100 μm para as amostras nitretadas e pós-oxidadas, onde que após esta
prof undidade o XTP ® f oi capaz de desenvolver tensões compressivas superiores às do HSX ®, além de atingirem
prof undidades máximas de 200 e 250 μm para o HSX ® e o XTP®, respectivamente.

Tensão Residual (MPa) -200

-400 SNHSX
SNXTP
HSX6
-600
XTP6
HSX6PO
-800 XTP6PO

-1000

-1200

0 50 100 150 200 250

Profundidade (m)

Figura 5 - Perf il de tensões residuais compressivas induzidas às amostras do estudo.

Os perf is de concentração de nitrogênio, carbono e oxig ênio (somente para as amostras pós-oxidadas)
estão apresentados na Fig. (6). Verif ica-se uma maior concentração de nitrogênio nas amostras somente
nitretadas por conta da grande presença de oxigênio na superf ície das amostras pós-oxidadas. Ocorre ainda a
descarbonetação da região próxima da superf ície, porém, com aumento do teor de carbono abaixo da camada
nitretada (Dalcin, 2021), onde este deslocamento é justif icado pela f ormação dos nitretos, f ormando uma zona
rica de carbono em direção ao núcleo que pode atingir quantidades até mesmo superiores às encontradas no
próprio substrado (Sun; Bell, 1991). Pela concentração de carbono ser af etada na superf ície e também em
direção ao núcleo, seus perf is são indicados em (c-d) onde que em (c) é enf atizada a concentração na
superf ície e em (d) é apresentado todo o perf il, permitindo verif icar o aumento da sua concentração em direção
do núcleo.

a) b)
30
Concentração de Nitrogênio (% de massa)

HSX6 HSX6PO
Concentração de Oxigênio (% de massa)

10 XTP6 XTP6PO
HSX6PO 25
XTP6PO
8
20

6 15

4 10

5
2

0
0
0 5 10 15 20 25 30 0,5 1,0 1,5 2,0
Profundidade (µm) Profundidade (µm)

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c) d)
HSX6 HSX6

Concentração de Carbono (% de massa)


Concentração de Carbono (% de massa)
1,6 1,6
XTP6 XTP6
1,4 HSX6PO 1,4 HSX6PO
XTP6PO XTP6PO
1,2 1,2

1,0 1,0

0,8 0,8

0,6 0,6

0,4 0,4

0,2 0,2

0,0 0,0
0 1 2 3 4 5 0 10 20 30

Profundidade (µm) Profundidade (µm)

Figura 6 - Perf il de composição química de (a) nitrogênio, (b) oxigênio, (c) carbono superf ície e (d) carbono total.

4.2 Microdureza Superficial e Perfil de Microdureza

Para análise da microdureza superf icial, a Fig. (7) apresenta estas inf ormações, onde verif ica-se
signif icativo aumento da dureza superf icial, conf orme esperado . Entretanto, após a pós-oxidação, ocorre grande
diminuição deste valor por conta de os óxidos f ormados durante este processo possuírem dureza inf erior aos
nitretos, f ato amplamente discutido por Birol (2021). Além disso, o XTP ® f oi capaz de desenvolver durezas
ligeiramente superiores às do HSX® . HV0,1

1200

1000
Microdureza Superficial (HV0,1)

800

600

400

200

0
HSX6 XTP6 HSX6PO XTP6PO SNHSX SNXTP

Figura 7 - Microdureza Superf icial HV.

A determinação da prof undidade total da camada nitretada f oi desenvolvida pelo método de perf il de
microdureza Vickers, onde que espessura desta camada f oi determinada e atribuída ao ponto inicial em que a
curva de dureza tende a manter-se horizontalmente constante, conf orme demonstra a Fig. (8). Para o ponto
inicial da curva (ponto zero), f oi utilizado o valor de dureza obtido pelo ensaio de microdureza superf icial.

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1100 HSX6
XTP6
1000 HSX6PO
XTP6PO
900

Microdureza (HV0,1)
800

700

600

500

400

300

0 50 100 150 200 250


Profundidade (m)

Figura 8 - Perf il de microdureza para determinação da camada nitretada.

Para auxiliar na compreensão das curvas acima e comparar os valores obtidos, a Tab. (2) apresenta os
valores de dureza superf icial, dureza de núcleo e a prof undidade total da camada através dos métodos
descritos anteriormente.

Tabela 2 - Microdureza superf icial, microdureza de núcleo e pro f undidade total da camada nitretada.

Dureza Superficial Dureza de Profundidade da


Amostra
(HV0,1) Núcleo (HV 0,1) Camada (μm)
HSX6 1008,5 ± 31,2 378,1 ± 9,1 175 ± 5
XTP6 1051,5 ± 19,7 372,4 ± 6,4 175 ± 5
HSX6PO 855,1 ± 33,9 329,9 ± 4,5 175 ± 5
XTP6PO 894,1 ± 10,3 339,3 ± 17,6 175 ± 5

Nota-se que a prof undidade total da camada f ormada f oi similar para os materiais em ambas as condições
de tratamento, resultado condizente uma vez que a pós-oxidação possui maior inf luência apenas na região
superf icial. A menor dureza de núcleo nestas amostras pode ser indício de o tempo total de tratamento de duas
horas a mais do que as somente nitretadas, aliado ao f ato de a temperatura ter sido diminuída, podem ter
causado a redução da dureza nesta região.

4.3 Rugosidade e Coeficiente de Atrito

Os valores obtidos através do ensaio de rugosidade demonstraram similaridade para ambos os materiais
estudados e em todas as dif erentes condições em que f oram submetidos aos tratamentos, tanto na preparação
do substrato quanto aos tratamentos a plasma, portanto, os resultados estão apresentados apenas
dif erenciando a condição em que se encontra o material, sem distinção de qual material está representado.
Como a superf ície do material sof re bombardeamento dos ío ns durante o processo de nitretação a plasma,
esta região sof re danos que acarretam no aumento considerável da rugosidade quando comparado com a
superf ície do material antes do tratamento , além disso, a f ormação dos nitretos auxiliam para o aumento da
rugosidade. Por outro lado, a pós-oxidação permite a diminuição considerável da rugosidade das amostras,
principalmente por conta de as camadas de óxido serem mais compactas do que os nitretos, permitindo que os
óxidos ocupem os espaços entre picos e vales da superf ície, gerados pelo processo de nitretação a plasma
convencional. Estas inf ormações podem ser conf irmadas pela análise da Fig. (9).

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Figura 9 – Valores de rugosidade Ra e Rz.

O método de ensaio por reciprocating permite analisar a inf luência dos tratamentos realizados no
coef iciente de atrito na superf ície das amostras. A análise da Fig. (10) indica que para o caso do HSX ®, o
substrato apresenta maior coef iciente de atrito possivelmente por conta da quebra inicial do s picos e vales
oriundos do lixamento e polimento da superf ície, entretanto, para o XTP ® o maior coef iciente de atrito está
justamente na amostra somente nitretada, onde a rugosidade teve maior inf luência neste início por conta dos
picos e vales gerados pelo tratamento a plasma. Os maiores coef icientes de atrito já na f ase estacionária
podem estar associados aos f ragmentos removidos da superf ície e que continuam em contato com a esf era, ou
ainda na própria região da trilha de análise, uma vez que este ensaio f oi realizado a seco.

a) b)
1,0 1,0

0,8 0,8
Coeficiente de Atrito
Coeficiente de Atrito

0,6 0,6

HSX XTP
0,4 HSX6 0,4 XTP6
HSX6PO XTP6PO

0,2 0,2

0,0 0,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 0 10 20 30 40 50 60 70 80
Distância de Deslizamento (m) Distância de Deslizamento (m)

Figura 10 - Coef iciente de atrito para (a) HSX e (b) XTP.

5. CONCLUSÕES

A análise de f ases por radiação Cromo indicou a presença d as f ases de nitretos ɛ (Fe2-3N) e de γ’ (Fe4N) em
todas as amostras nitretadas, não sendo possível a identif icação d os picos de austenita pois a camada de
nitretos gerada possui espessura e densidade que sobrepuseram totalmente a incidência destes picos. Nas
amostras pós-oxidadas os picos também não f oram identif icados, entretanto, verif icou-se a f ormação
monof ásica de magnetita na camada de óxidos.
Tanto as amostras somente nitretadas quando as amostras nitretadas e pós-oxidadas de HSX ® f oram
capazes de desenvolverem tensões residuais compressivas em prof undidades de aproximadamente 200 μm. Já
as amostras de XTP ®, as tensões residuais compressivas atingiram prof undidades de cerca de 250 μm para os
dois grupos de amostras.

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As durezas superf iciais do XTP ® f oram ligeiramente superiores às da superf ície do HSX®. O processo de
pós-oxidação diminuiu consideravelmente a dureza superf icial após a nitretação em até 20% devido aos óxidos
f ormados possuírem dureza inf erior aos nitretos.
Apesar de as tensões residuais terem af etado prof undidades distintas entre os materiais, o perf il de
microdureza realizado indicou que a prof undidade da camada de todas as amostras f oi de aproximadamente
175 μm, com uma maior dureza de núcleo para o para as amostras somente nitretadas.
O processo de pós-oxidação realizado permitiu a redução considerável da rugosidade das amostras devido
ao f ato de a camada de óxido ser mais compacta dos que os nitretos, f azendo com que os espaços entre picos
e vales da superf ície ocasionados pela etapa de nitretação a plasma convencional f ossem preenchidos. Após a
pós-oxidação para o XTP ®, a superf ície apresentou baixo coef iciente de atrito em distâncias de deslizamento de
até 46 metros. No caso da superf ície do HSX ®, a pós-oxidação demonstrou inf luência para distâncias de
deslizamento de até aproximadamente 20 metros.

6. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao CNPq pelo auxílio f inanceiro, processo n° 88887.665103/2022-00.

7. REFERÊNCIAS

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Burda, I. et al. “Fatigue crack propagation behavior of a micro-bainitic TRIP steel”. Materials Science and
Engineering. [S.L.], v 840, 2022
Dalcin, R. L. “Inf luência da nitretação a plasma sobre a resistência ao desgaste de engrenagens f orjadas em
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Mahboubi, F.; Fattah, M. “Duplex treatment of plasma nitriding and plasma oxidation of plain carbon steel”
Vaccum, [S.L.], v. 79, n. 1-2, p. 1-6, jul. 2005. Elsevier BV.
Rovani, A. C. “Ef eito do hidrogênio e mecanismos na pós-oxidação por plasma pulsado de ligas f errosas
nitretadas”. 2010. Dissertação de Mestrado. Universidade de Caxias do Sul. Caxias do Sul. 2010. 83 p.

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