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a, c, e
Departamento de Engenharia de Materiais. Universidade Federal do Piauí, Teresina,
Brasil.
b
Departamento de Engenharia Mecânica. Universidade Federal do Piauí, Teresina, Brasil.
d
Departamento de Engenharia Mecânica. Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Natal, Brasil.
RESUMO
O presente estudo tem como objetivo avaliar a aplicação de nitretação a plasma (nas
deposição de TiN, utilizando a técnica de deposição com gaiola catódica). Amostras foram
MEV e Espectroscopia por Dispersão de Energia - EDS. O desempenho das brocas foi
avaliado após usinagem de corpos de prova de aço SAE1045, através das medidas de desgaste
tratamento a 450°C, cuja broca tratada apresentou uma maior vida útil do que na broca sem
tratamento.
2017, mostram maior crescimento econômico nos países com foco na oferta (otimização dos
dos processos de usinagem, que pode ser alcançada através de duas estratégias: redução dos
ferramentas de corte pode contribuir para a redução dos tempos não produtivos (através da
trabalhar com maiores velocidades de corte ou realizar um menor número de passes para a
ferramentas de corte. Porém, as altas velocidades de corte exigidas por essas ferramentas
limitam o seu uso em algumas operações, como na usinagem de furos de pequeno diâmetro,
que exige grande rotação das máquinas para alcance das velocidades requeridas. Outra
limitação na utilização do metal duro está relacionada às operações que requerem elevada
tenacidade e resistência à flexão das ferramentas, como na furação profunda. Essas limitações
Uma alternativa para aumentar a dureza, a resistência ao desgaste e a vida útil das
duplex e é mais eficiente para aplicação em ferramentas. [9]. A nitretação produz uma
transição mais suave entre a dureza da superfície e a do substrato, contribuindo para uma
melhor adesão do filme depositado. [9,10]. Um dos revestimentos mais utilizados é o nitreto
de titânio TiN, que tem como características, elevada dureza, estabilidade térmica e
de titânio – TiN) em brocas comerciais de aço rápido. Como parâmetros de comparação foram
utilizadas uma broca de aço rápido sem tratamento e uma broca comercial revestida.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Material
Foram utilizadas oito brocas comerciais helicoidais de aço rápido – HSS sem
de 9 mm. Cada tratamento foi aplicado em duas brocas comerciais sem revestimento,
totalizando seis brocas tratadas. As ferramentas restantes foram utilizadas como parâmetro de
comparação.
2.2 Tratamento
máxima de 800 V.
em uma solução com 90% de água destilada e 10% de HCl por 100 s. Em seguida foram
ultrassom por 20 min. As gaiolas catódicas, utilizadas na segunda etapa do tratamento duplex,
foram lixadas utilizando lixa d’água de granulometria 400 mesh. Em seguida foram imersas
em uma solução com 5% de HF, 10% de HNO3 e 85% de água destilada no equipamento de
ultrassom por 20 min. A limpeza foi finalizada com a lavagem em água corrente, seguida da
temperaturas foram escolhidas com base em trabalhos como os de Borgioli et al. [13] e
Zagonel et al. [14], que mostraram maior eficiência no aumento de dureza superficial para
reator utilizado durante aquecimento das brocas helicoidais em temperaturas superiores. Foi
No tratamento a 450 °C o pré-sputtering foi realizado a 350°C, com atmosfera composta por
50% de argônio e 50% de hidrogênio, duração de 1 h e pressão de 1 Torr. Após essa etapa a
temperatura foi elevada para 450°C e a composição dos gases foi alterada para 75% de
hidrogênio e 25% de nitrogênio, a pressão foi aumentada para 3 Torr, mantendo essas
condições por 5 h. Em seguida o reator foi desligado e o resfriamento das brocas até a
realizada nas mesmas condições do tratamento à 500 ºC, descrito na seção 2.2.1. Na segunda
etapa foi realizada deposição utilizando a técnica de deposição com gaiola catódica. As brocas
foram posicionadas sobre um disco de alumina e envoltas por uma gaiola de titânio. Na
convencionais (seção 2.2.1). Em seguida a temperatura foi elevada até 500°C e a atmosfera
deposição foi de 1,24 Torr, que foi a menor possível dentro das limitações do equipamento,
trabalhos como o de Bilek [15] mostraram que a eficiência do tratamento aumenta com a
vácuo.
2.4 Caracterização
2.4.1 Nomenclatura
sem revestimento - CSR; broca comercial com revestimento - CCR; broca nitretada na
Foram cortadas amostras em três seções ao longo do corpo das brocas N450,
N500 e CSR, para análise das superfícies transversais: próximo às arestas de corte (corte A),
no meio do corpo da broca (corte B) e na junção entre o corpo e a haste (corte C). Foi retirada
apenas uma amostra transversal (corte A) da broca Duplex, considerando que, segundo Sousa
flutuante durante tratamento em gaiola catódica. Na broca CCR também foi estudada apenas
a região do corte A, pois essa ferramenta é utilizada apenas como parâmetro de comparação e
Além das amostras transversais foram cortadas em cada broca uma amostra com a
INSIZE modelo ISH-TDV 1000. Para avaliar a dureza na superfície de folga das brocas,
foram realizadas dez medidas em cada amostra e calculada a média aritimética dessas
medidas. A carga utilizada foi de 0,2 kgf com tempo de aplicação de 15 s. Para análise de
dureza do núcleo nas amostras transversais (Cortes A, B e C), foram feitas cinco medidas para
cada amostra e apresentado como resultado a média aritmética das cinco. A carga utilizada foi
Eletrônico de Varredura – MEV Tescan (modelo Vega XMU). A superfície polida foi
Para os testes de usinagem foi adotado o aço SAE1045, um aço de médio carbono,
diâmetro [4,19]) e o cuidado com as distâncias mínimas entre furos e entre os furos e as
bordas do corpo de prova, que devem ser de pelo menos 1,5 vezes para que não influencie
A cada bloco usinado, 4 furos, a broca foi retirada para verificação do desgaste de
imagens. As medidas de desgaste foram feitas utilizando o software livre ImageJ. Para o
para usinagem dos corpos de prova). Sendo determinante aquele que ocorrer primeiro
Segundo a fabricante de ferramentas Dormer [21] a tolerância é H12 para brocas de aço
rápido para utilização geral, portanto, as dimensões mínima e máxima do furo, de acordo com
Associação Brasileira de Normas Técnicas [22] são, respectivamente, 9,000 mm e 9,150 mm.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
que a dureza média na broca CCR (919,3 HV) é maior do que a apresentada pela CSR (772,0
média foi 14,83% maior do que na broca CSR. A broca N500 apresentou dureza superficial
média de 978,8 HV, o aumento devido o tratamento foi de 26,79%. Esse valor excedeu
inclusive o apresentado pela broca CCR. A broca Duplex apresentou o maior valor para a
dureza superficial média, alcançando a média de 1030,6 HV, com aumento percentual de
concorda com os resultados obtidos por Hiraoka et al. [23] e Zagonel et al. [14]. Outra
alteração.
resultado uma média de dureza maior do que a N500, porém, considerando as barras de erro,
esses valores são coincidentes. Não era esperado essa variabilidade nas medidas de
revestimentos de TiN é a redução da rugosidade [27] e de acordo com De Sousa et al. [28] a
uniformidade da camada depositada é uma das vantagens da técnica de deposição com gaiola
dureza do filme e medindo a da camada nitretada (não uniforme) formada na primeira etapa
do tratamento.
Surface Microhardness
1200
1100
Microhardness HV
1030,6
1000
978,8
900 907,7
886,5
800
772,0
700
CSR CCR N450 N500
Duplex Drill
Fig.1
longo do comprimento das amostras [28], como a etapa de nitretação do tratamento duplex foi
HV próximo à ponta (corte A) até 437 HV na junção entre o corpo e a haste (corte C). Essa
importantes para aplicações em que as solicitações mudam em regiões distintas. [29,30]. Nas
brocas é necessário considerável tenacidade próximo à haste para evitar a falha por flexão, e
conhecida como fragilização por revenido. Nos aços convencionais quanto maior a
temperatura, maior a redução de dureza devido ao revenido [31]. Essa redução contínua de
dureza não foi observada nas brocas nitretadas, pois, comparando por exemplo, a dureza do
substrato nos cortes A e C da broca tratada a 500 °C observa-se uma maior redução de dureza
precipitação dos carbonetos de elementos de liga à uma faixa de temperatura que depende da
na parte superior das peças, provocando um aquecimento maior nessa região. Analisando os
resultados da broca N450 é possível observar que a temperatura crítica para o revenimento é
maior do que 450°C, já que a redução não foi observada no corte realizado próximo a haste
(corte C). Na broca N500 pode-se observar que o endurecimento secundário para o material
microdureza, enquanto nos cortes A e B não foi observada redução de dureza. Esses
resultados mostram que as temperaturas estabelecidas nessas regiões estão na faixa em que
aplicação simultânea de revenimento e nitretação, que pode contribuir para redução de custos
Fig. 2
Fig. 3 (a) é semelhante à estrutura da martensita, indicando que as brocas devem ter passado
Fig. 3
A análise por EDS da broca CSR revelou a presença dos elementos de liga silício
– Si e cromo – Cr, conforme pode ser visualizado na Tab. I. Esses elementos de liga estão
A amostra transversal da broca CCR foi submetida à análise por EDS para estudo
Fig. 4
Tab. II – Análise quantitativa EDS da broca comercial com revestimento – CCR (composição
pelo seu endurecimento secundário, esses carbonetos além de aumentar a dureza elevam a
a) b)
5 μm 5 μm
compounds
compounds layer
layer
c) d)
5 μm 5 μm
5 μm
compounds
layer
compounds
layer
e) f)
5 μm 5 μm
Fig. 5
Observando a Fig. 5 pode-se notar que a camada de compostos foi formada nas
apresenta uma maior uniformidade com relação à N500. A uniformidade diminui no sentido
da ponta das brocas, segundo De Araújo et al. [8] na nitretação de peças de maior altura a taxa
de sputtering é maior na superfície superior, essa diferença se deve ao direcionamento do
movimento das espécies ativas do plasma, e acaba formando camadas mais uniformes na
superfície lateral dessas peças. Podemos observar que com o aumento da temperatura de
tratamento a uniformidade das camadas diminui comparando a Fig. 5 (e) com Fig. 5 (f), esse
resultado está de acordo com os apresentados por Aguajani, Torshizi e Soltanieh [36].
deposited
layer
Fig. 6
realizada na primeira etapa do tratamento e, também, sofre influência do processo de corte das
amostras. A camada da broca N500 apresentada na Fig. 5 (f) tem aspecto semelhante.
na Fig. 6.
Tab. III – Medidas de espessura da camada de compostos nas brocas nitretadas a 450 e
Pode ser notada a variação da espessura de camada ao longo do corpo das brocas
para a ponta, esse comportamento está associado ao gradiente térmico que foi evidenciado nos
superfície lateral bem maior do que a frontal, o que leva a espessuras de camada maiores nas
regiões mais próximas da superfície superior das peças, comportamento semelhante foi
que na N450, evidenciando mais uma vez que a espessura cresce com a temperatura. Já as
medidas na região mais próxima à haste (corte C) não apresentaram a mesma tendência, esse
variação do ângulo de incidência dos íons na região das bordas, deixando de incidir
Fig. 7
do nível de ruído.
(concentração das cargas nas bordas da ferramenta que causam um aquecimento maior nessas
regiões) que é característico da nitretação convencional, esse efeito torna-se mais crítico a
medida que a temperatura de tratamento aumenta, produzindo camadas menos uniformes [8],
função do número de furos realizados são apresentados na Fig. 8. O resultado não inclui a
Fig. 8
primeiros furos e depois mantiveram uma taxa aproximadamente constante até os furos 12, 16
furo, quando a usinagem foi interrompida devido ao elevado nível de ruído, que segundo
Santos, Kieckow e Casarin [4] está relacionado com a presença do mecanismo de desgaste por
adesão, conforme pode ser observado na Fig. 9, combinado com desgastes de flanco elevados.
A broca CSR apresentou desgaste por adesão conforme pode ser visualizado na Fig. 9.
Adhesion
Fig. 9
A Fig. 8 mostra que as brocas N450 e CCR usinaram o máximo de furos previstos
(20 furos) sem que chegassem ao final da vida útil. A nitretação à 450°C aumentou a
resistência ao desgaste de flanco com relação ao material de partida, uma vez que, após a
usinagem do 20° furo o desgaste de flanco apresentado (0,358 mm) ainda foi menor do que o
apresentado pela broca CSR, que já apresentava desgaste de flanco elevado (0,385 mm) no
14º furo, no 16º furo o desgaste da broca N450 era de apenas 0,291 mm. Esse resultado se
maior, porém, as duas apresentaram resultados semelhantes até o 16° furo, nas medidas feitas
após o 4° e o 16° furo os desgastes coincidem quando se considera o desvio das medidas. O
bom comportamento da broca CCR pode ser atribuído à uniformidade do seu revestimento
superficial. Adicionalmente, de todas as brocas ensaiadas foi a que apresentou menor
que pode estar relacionado com uma baixa rugosidade superficial e um baixo atrito no contato
ferramenta/peça [39].
foram feitos apenas 4 furos e o critério de parada foi o desgaste máximo de flanco igual a
broca duplex (originada na primeira etapa do tratamento), que foi sugerida através da
variabilidade dos resultados de microdureza na Fig. 1. Segundo Lima e Ferraresi [39] quanto
Fig. 10
Fig. 11
4. CONCLUSÃO
superficial de brocas de aço rápido HSS. Foi observado que a dureza cresce com o aumento
da temperatura de tratamento.
Para a usinagem do aço SAE 1045 a broca nitretada a 450 °C - N450, apresentou o melhor
desempenho entre todas as brocas ensaiadas, contribuindo para o aumento da vida útil da
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(comercial sem revestimento – CSR, comercial com revestimento – CCR, nitretada a 450°C –
N450, nitretada a 500 °C - N500 e com aplicação de tratamento duplex a 500 °C – Duplex)
Fig. 2 – Gráfico de dureza do núcleo ao longo do corpo das brocas (comercial sem
Fig. 3 – Micrografias obtidas por microscopia óptica das amostras transversais das brocas
comerciais (aumento de 500 vezes). Ataque Nital 4%. (a) Comercial sem revestimento; (b)
Fig. 1 – Pontos para análise por EDS da broca comercial com revestimento – CCR: (a) Ponto
Fig. 5 – Microscopia Eletrônica de Varredura das Seções Transversais das Brocas Submetidas
à Nitretação Convencional com Aumento de 5000 vezes. (a) N450 Corte C; (b) N500 Corte
C; (c) N450 Corte B; (d) N500 Corte B; (e) N450 Corte A; (f) N500 Corte A
Fig. 8 – Desgaste de flanco das brocas: comercial sem revestimento – CSR; comercial com
Fig. 9 – Fenômeno de desgaste por adesão na broca comercial sem revestimento – CSR após
usinar 12 furos.
Fig. 10 – Diâmetros dos Furos das Brocas CSR, CCR, N450 e Duplex.
Fig. 11 – Desgaste de flanco nas arestas de corte da broca duplex após usinagem do 4º furo