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UFS – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

RELATÓRIO DE METALOGRAFIA

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA

LUIS FERNANDO SANTOS DE OLIVEIRA


OSCAR SIMIÃO NETO
VARLEY ALEXANDRE SANTOS SOUSA

Turma: 2022.2 - 01

SÃO CRISTOVÃO – SE
09/05/2023
RELATÓRIO DE METALOGRAFIA

Trabalho apresentado à disciplina


“Materiais de construção mecânica”
como avaliação parcial para obtenção da
aprovação na mesma disciplina.

Docente: Prof° Alessandra Gois Luciano de Azevedo

São Cristovão - SE
2023
SUMÁRIO

Objetivos ------------------------------------------------------------------------------------------ 1

Introdução ----------------------------------------------------------------------------------------- 2
Definição e aplicação das técnicas de metalografia -------------------------------- 2.1
Definição dos tratamentos térmicos empregados na aula prática -------------- 2.2

Materiais e Métodos --------------------------------------------------------------- 3


Equipamentos e materiais utilizados ---------------------------------------------------- 3.1
Preparação da amostra ---------------------------------------------------------------------- 3.2
Têmpera e Revenido ------------------------------------------------------------------------- 3.3
Estrutura Interna ------------------------------------------------------------------------------ 3.4
Levantamento da Microdureza ------------------------------------------------------------ 3.5

Resultados --------------------------------------------------------------------------------------- 4
Fotos da amostra lixada -------------------------------------------------------------------- 4.1
Fotos da microestrutura após o Tratamento Térmico ----------------------------- 4.2
Comparação da microestrutura antes e após o Tratamento Térmico -------- 4.3

Conclusão ----------------------------------------------------------------------------- 5

Referências Bibliográficas -------------------------------------------------------- 6


1. Objetivos

Na unidade 3 da matéria “Materiais de construção mecânica” as aulas foram realizadas em laboratórios


(Galpão do DMEC e NUPEG) com o intuito de repassar a experiência prática de análise de materiais aos
aulunos. O objetivo dessas aulas era realizar as etapas de metalografia e tratamento térmico no material
disponibilizado (metal), para que houvesse a análise em microscópio da microestrutura do material após cada
uma das etapas para verificar o contorno de grão e as mudança na resistência do material.

2. Introdução

2.1 Definição e aplicação das técnicas de metalografia

A metalografia é uma técnica de aná lise microestrutural que estuda a microestrutura dos metais e
suas ligas. Ela é uma ferramenta fundamental para a compreensã o das propriedades mecâ nicas, físicas
e químicas dos materiais metá licos e sua aplicaçã o em diversas indú strias, como a automotiva,
aeroná utica, naval, petroquímica, entre outras.
As técnicas de metalografia consistem em preparar uma amostra do material metá lico, que será
observada em microscó pio ó ptico ou eletrô nico de varredura. O processo de preparaçã o inclui o corte,
o lixamento, o polimento e o ataque químico da superfície da amostra para revelar sua microestrutura.
A partir da aná lise dessa microestrutura, é possível identificar a presença de fases, porosidade, trincas,
inclusõ es e outros defeitos que podem afetar o desempenho do material.
Entre as técnicas de metalografia mais utilizadas estã o a metalografia ó ptica, a microscopia
eletrô nica de varredura, a difraçã o de raios X e a espectroscopia de emissã o ó ptica. Cada técnica tem
suas vantagens e limitaçõ es, e a escolha da técnica adequada depende do tipo de material, do objetivo
da aná lise e da disponibilidade de equipamentos.
A metalografia é aplicada em diversas á reas da engenharia, como na seleçã o de materiais para peças
e componentes, no controle de qualidade de produtos, no desenvolvimento de novos materiais e na
investigaçã o de falhas e quebras de componentes em serviço. Ela também é utilizada em pesquisa
acadêmica para o estudo da estrutura e propriedades de materiais metá licos.

2.2 Definição dos tratamentos térmicos empregados na aula prática


Os tratamentos térmicos sã o processos de aquecimento e resfriamento controlados aplicados a um
material metá lico com o objetivo de alterar suas propriedades mecâ nicas, físicas e químicas. Existem
diversos tipos de tratamentos térmicos, cada um com sua pró pria finalidade e temperatura de
aplicaçã o.
Dessa forma, os tratamentos térmicos sã o métodos para manipular as propriedades dos materiais em
seu benefício para otimizar processos, reduzir custos com manutençã o e até mesmo aumentar a
segurança de determinados projetos.
Entre os tratamentos térmicos mais comuns estã o:
 Recozimento: processo de aquecimento e resfriamento lento do material para aliviar tensõ es,
melhorar a ductilidade e a usinabilidade.
 Normalização: processo de aquecimento e resfriamento controlado para homogeneizar a
estrutura do material e aumentar sua resistência mecâ nica.
 Tempera: processo de aquecimento seguido de resfriamento rá pido do material para aumentar
sua dureza, resistência mecâ nica e tenacidade.
 Revenimento: processo de aquecimento do material temperado para reduzir sua fragilidade e
aumentar sua tenacidade.
Existem outros tipos de tratamentos térmicos, mas para esse relató rio iremos abordar apenas os que
foram utilizados em sala de aula.

3. Materiais e Métodos

3.1 Equipamentos e materiais utilizados

 Cortadora metalográ fica


 Lixas d’á gua: 180, 320, 400, 600, 800, 1000 e 1200
 Suporte para lixa
 Lixadeira/politriz metalográ fica Arotec
 Microdurô metro Vickers
 Forno JUNG

3.2 Preparação da amostra

De uma barra de aço 1020, utilizado a cortadora metalográ fica, foi-se cortada uma pequena
amostra. Em seguida, foi realizado o lixamento de maneira manual, utilizando-se lixas d’á gua, até a lixa
nú mero 1200. Apó s isso, foi visualizada a estrutura interna do material (antes do tratamento), para
realizar o tratamento em seguida e comparar.

Imagem 1: Peça metá lica utilizada. Imagem 2: Peça metá lica lixada.

Fonte: Autoral. Fonte: Autoral.

3.3 Têmpera e Revenido

Apó s o preparo inicial, foi realizado o processo de tratamento térmico, que consistiu na têmpera e
revenido.
A têmpera foi o primeiro passo do processo, que consistiu em aquecer o metal dentro de um forno,
sob uma temperatura de 930° C durante uma hora, para resfriá -lo rapidamente em seguida, com á gua.
Esse resfriamento gera o "choque térmico", que torna a estrutura do metal mais dura e resistente, mas
também mais frá gil.
O revenido foi o segundo passo do processo, que consistiu em aquecer o metal temperado a uma
temperatura mais baixa, abaixo da zona crítica, e mantê-lo nessa temperatura por um determinado
período de tempo. Com esse processo, entã o, nó s aliviamos a tensã o interna do material, o tornando
menos frá gil e aumentando a sua tenacidade.

3.4 Estrutura Interna


Para a visualizaçã o da estrutura interna apó s o tratamento térmico, refizemos o lixamento,
iniciando novamente das lixas mais baixas até atingir novamente a 1200. Desta vez, realizamos
também o polimento manual, com o auxílio da politriz metalográ fica. Em seguida, para revelar ainda
mais a microestrutura da amostra, realizamos o ataque químico, onde um material é posto sob a sua
superfície, onde reage durante um certo tempo. No nosso caso, realizamos o ataque com o Nital 2%,
uma soluçã o de 2 mL de á cido nítrico (HNO3) em 98 mL de etanol, durante 15 segundos.

Imagem 3: Peça apó s o polimento. Imagem 4: Politriz.

Fonte: Autoral. Fonte: Autoral.

3.5 Levantamento da Microdureza


A peça foi colocada no microdurô metro Vickers, onde foi realizada uma carga de 9,8 kgf para
endentar o material, deixando duas diagonais na superfície.
Com os valores obtidos, calcula-se a média aritmética, para em seguida, calcular a dureza Vickers
Fó rmulas:
1,8544∗F D 1+ D2
HV = Dm=
Dm 2 2

Onde,
• Dm = Diagonal média
• F = carga da má quina
• 1,8544 = Constante
4. Resultados

4.1 Fotos da amostra lixada


Para o lixamento utilizamos a técnica da rotaçã o, que consiste basicamente em cada vez que a lixa
for trocada a amostra é girada em um â ngulo de 90° e sendo lixada com movimentos continuos em uma
só direçã o. Em conjunto com essa técnica, utilizamos outros meios para evitar defeitos durante o
lixamento, como:
1. Seleção adequada da lixa: escolhemos uma sequência de lixas com grã o apropriado para a
peça em questã o. Utilizamos as seguintes lixas: 120, 240, 400, 600, 800 e 1200.

2. Atenção à pressão exercida: aplicamos uma pressã o uniforme ao lixar a peça, pois pressã o
excessiva pode causar sulcos e arranhõ es profundos, enquanto pressã o insuficiente pode
deixar marcas de lixa superficiais.

3. Remoção completa de marcas de lixa anteriores: antes de lixar com uma lixa mais fina, era
necessá rio que certificassemos de que todas as marcas de lixas anteriores tinham sido
removidas.

4. Verificação constante do trabalho: durante o processo de lixamento, era necessá rio a


verificaçã o da base da amostra frequentemente para garantir que as imperfeiçõ es estivessem
sendo removidas e que nã o estariam surgindo novos riscos e defeitos.

5. Limpeza adequada: apó s o lixamento, limpamos cuidadosamente a peça para remover todas
as partículas de poeira e resíduos de lixa.

Abaixo segue as imagens obtidas através do microscó pio da aná lise da amostra lixada:

Imagem 5: Aumento de 20x. Imagem 6: Aumento de 50x.

Fonte: Autoral. Fonte: Autoral.


Imagem 7: Aumento de 100x.

Fonte: Autoral.
Apó s a finalizaçã o do lixamento de vá rios grupos, algumas conclusõ es foram tiradas sobre
problemas que houve durante o processo. Dentre elas destaca-se a grande dificuldade de lixamento das
bordas da amostra utilizada, onde mesmo realizando os movimentos necessá rios para um bom
lixamento nã o foi possível obter resultados satisfató rios. Esse problema se dá á alguns fatores
perceptíveis durante os processos realizados, como as má s condiçõ es das lixas utilizadas, onde era
quase impossível obter um nivelamento da base da amostra.
A principal soluçã o para resolver esse problema seria a realizaçã o do embutimento. Nessa técnica, a
amostra é embutida em uma resina ou material semelhante para permitir o seu lixamento e polimento
de forma precisa. Com isso seria possível a nivelaçã o da base do material para um lixamento melhor.

4.2 Fotos da microestrutura após o tratamento térmico


Com a finalizaçã o do processo de metalografia e da aná lise de imagens no microscó pio, avançamos
para o tratamento térmico da amostra. Para esse relá torio iremos abordar o tratamento térmico
realizado na nossa amostra, que foi a têmpera e revenido.
A têmpera é o processo de aquecimento do aço a uma temperatura acima da sua temperatura
crítica, seguido de resfriamento rá pido em um meio líquido ou gasoso. Esse resfriamento rá pido
"congela" a estrutura cristalina do aço em uma estrutura metaestá vel chamada martensita, que é dura e
frá gil. Já o revenido é o processo que segue a têmpera e consiste em aquecer o aço temperado a uma
temperatura abaixo da sua temperatura crítica, porém acima da temperatura ambiente.
Esse aquecimento causa uma mudança na estrutura da martensita, tornando-a mais tenaz e menos
frá gil, sem perder a sua dureza.

Imagem 8: Aumento de 20x. Imagem 9: Aumento de 50x.

Fonte: Autoral. Fonte: Autoral.


Imagem 10: Aumento de 100x.

. Fonte: Autoral.

4.3 Comparação da microestrutura antes e após o Tratamento Térmico


Imagem 11: Aumento de 20x. Imagem 12: Aumento de 50x.

Fonte: Autoral. Fonte: Autoral.


Imagem 13: Aumento de 100x.

Fonte: Autoral.

Apó s todos esses processos foi possível realizar uma comparaçã o entre a microestrutura do material
metá lico antes e depois do tratamento térmico. As fotos acima foram tiradas do material antes do
tratamento, e se compararmos com as fotos do tó pico anterior, 5.2, podemos observar que apó s esses
processos foi criado uma fase cristalina metaestá vel e desordenada resultante da formaçã o da
martensita através da austenita aquecida a cima da sua temperatura de transformaçã o.
Devido ao revenimento esses á tomos se redistribuiram resultando a transformaçã o da martensita na
perlita e ferrita revenida.

5. Conclusão
Apó s a têmpera e revenimento, a estrutura do material é geralmente mais resistente e dura do que
a estrutura original. Como prova disso, este trabalho mostra um aumento na dureza com os valores
obtidos através do método Vickers. No material sem tratamento, obteve-se o resultado de 185,78 HV
na medicaçã o de dureza realizada, já no teste com o mesmo material temperado e revenido, chegou-se
ao valor de 257,18 HV, o que representa um considerá vel aumento, com uma dureza maior em quase
40%. O resultado final da estrutura do material apó s a têmpera e revenimento dependerá do tipo de
material, dos parâ metros de temperatura e tempo utilizados durante o tratamento térmico e do
processo de resfriamento. Em geral, a estrutura final será uma combinaçã o de martensita, austenita
retida e precipitados, que proporcionam uma combinaçã o de dureza, resistência e tenacidade.
Ademais, durante a realizaçã o de todo o experimento, aconteceram intempéries com o corpo de
prova utilizado, o que dificultou a aná lise no microscó pio. Inicialmente, com um erro no corte do
material, o corpo de prova ficou demasiadamente alto, o que exigiu muito cuidado durante as etapas de
lixamento. A altura do corpo de prova também foi um problema durante a aná lise em microscó pio e
fez-se necessá rio o corte do excesso de material, entretanto, a superfície ficou irregular e prejudicou
minimamente a aná lise no microscó pio, contudo, os resultados da visualizaçã o no microscó pio ficaram
ligeiramente prejudicados. Por fim, para a realizaçã o do ensaio de dureza, a base do corpo de prova foi
lixada para torná -la o mais plana possível para fornecer resultados o mais preciso tanto quanto
possível. Deste modo, os erros relativos dos valores medidos em relaçã o aos valores calculados se
devem ao fato da interferência humana no experimento.

6. Referências Bibliográficas
Metalografia: por que analisar a propriedade da matéria? | Soluções (solucoesufv.com.br)
O que são tratamentos térmicos?   - EESC jr.
APOSTILA_METALOGRAFIA.pdf (usp.br)

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