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Rio de Janeiro
Julho de 2013
ii
AGRADECIMENTOS
iii
Resumo
Neste trabalho foi apresentado uma breve revisão sobre aços inoxidáveis, um
histórico dos aços duplex e algumas de suas características, os resultados de um tratamento
térmico de solubilização com temperatura máxima de 1040° C em amostras de aço
inoxidável duplex UNS S31803, ou SAF 2205, no qual as peças foram resfriadas em meios
diferentes, sendo uma resfriada em água, outra resfriada em óleo e uma terceira resfriada
em ar, com o objetivo de saber as mudanças ocorridas.
iv
Abstract
Since its discovery, the three families of stainless steel - the martensitic, ferritic and
austenitic - has been widely used in a wide range of applications. With the emergence of
the duplex stainless steel, with its first commercial manufacturing in 1930 in Sweden and
widely used in the pulp and paper industry at the time, not only the stainless martensitic,
ferritic and austenitic have utility in the world today. The duplex stainless steel has been
successful in many applications, such as in the petrochemical industry for desalination of
sea water and in various other areas where high mechanical and corrosion resistance are
required.
In this work we presented a brief review of stainless steels, duplex steels a history
and some of its characteristics, the results of a thermal treatment solubilization with
maximum temperature of 1040 ° C in samples of duplex stainless steel UNS S31803, or
SAF 2205 in which the pieces were cooled in different ways, being a water-cooled, oil
cooled in another and a third cooled in air, in order to know the changes.
The results were dissolutions and precipitation phase, variations in the percentages of
ferrite and austenite and the hardness of the samples.
v
Lista de Figuras
Figura 1: Diagrama de transformação isotérmica de um aço eutetóide...............................17
Figura 2: Diagrama de equilíbrio. A martensita não aparece no diagrama por ser
metaestável...........................................................................................................................19
Figura 3: Seção do ternário Fe-Cr-Ni à 1300°C (RAYNOR e RIVLIN, 1988 apud
MAGNABOSCO, 2001)......................................................................................................25
Figura 4: Seção do ternário Fe-Cr-Ni à 1200°C (RAYNOR e RIVLIN, 1988 apud
MAGNABOSCO, 2001)......................................................................................................26
Figura 5: Seção do ternário Fe-Cr-Ni à 1100°C (RAYNOR e RIVLIN, 1988 apud
MAGNABOSCO, 2001)......................................................................................................26
Figura 6: Seção do ternário Fe-Cr-Ni à 1000°C (RAYNOR e RIVLIN, 1988 apud
MAGNABOSCO, 2001)......................................................................................................27
Figura 7: Diagramas pseudo-binário para o sistema Fe-Cr-Ni. (SOLOMON E DEVINE,
1982, P. 698 apud PUPIN, 2010)..........................................................................................27
Figura 8: Exemplo de substituições que podem ocorrer em uma célula CCC na qual os
átomos de ferro (esferas azuis) são substituídos por átomos de cromo (vermelho)
(MARTINS e CASTELETTI)..............................................................................................32
Figura 9: Exemplo de algumas substituições que podem ocorrem em uma célula CFC na
qual os átomos de ferro (esferas azuis) são substituídos por átomos de cromo (esferas
vermelhas) e átomos de níquel (esferas pink) (MARTINS e CASTELETTI).....................32
Figura 10: Imagem de precipitados de fase alfa linha obtida por MET (OTÁROLA et al,
2005 apud PARDAL, 2009).................................................................................................34
Figura 11: Precipitados da fase chi (χ). Imagem obtida por MEV (ESCRIBA et al, 2009
apud LOUREIRO, 2010)......................................................................................................36
Figura 12: Precipitados de nitretos com diferentes morfologias: pontilhado, esfere e
acicular. Imagem obtida por MET (SATHIRACHINDA et al, 2010 apud LOUREIRO,
2010).....................................................................................................................................37
Figura 13: Precipitados de carbetos de M23C6 na interface ferrita-austenita em aço
duplex. Imagem obtida por MET (POHL et al, 2007 apud LOUREIRO, 2010)..................38
Figura 14: Cortadeira Metalográfica Pantec – Modelo Pancut 80.......................................40
Figura 15: Curva do tratamento térmico de solubilização realizado nas amostras utilizadas
no presente trabalho (BRASTEMPERA – BENEFICIAMENTO DE METAIS LTDA).....44
Figura 16: Forno de atmosfera controlada - Modelo T4 – Fabricante Combustol
( BRASTÊMPERA - BENEFICIAMENTO DE METAIS LTDA)......................................44
Figura 17: Micrografia de aço inoxidável duplex SAF 2205 antes do tratamento – Ataque:
Behara...................................................................................................................................45
Figura 18: Micrografia de aço inoxidável duplex SAF 2205 antes do tratamento – Ataque:
Behara...................................................................................................................................46
Figura 19: Micrografia do aço inoxidável duplex SAF 2205 antes do tratamento com
vi
ausência de fases deletérias – Ataque KOH.........................................................................47
Figura 20: Micrografia do aço inoxidável duplex SAF 2205 após o tratamento a 1040°C e
resfriado em água – Ataque: Behara.....................................................................................48
Figura 21: Micrografia do aço inoxidável duplex SAF 2205 após o tratamento à 1040° C e
resfriado em água – Ataque: Behara.....................................................................................48
Figura 22: Micrografia do aço inoxidável duplex SAF 2205 após tratamento à 1040° C e
resfriada em água com ausência de fases deletérias – Ataque KOH....................................49
Figura 23: Micrografia do aço duplex SAF 2205 após o tratamento à 1040° C e resfriado
em óleo – Ataque: Behara....................................................................................................49
Figura 24: Micrografia do aço inoxidável duplex SAF 2205 tratado à 1040° C e resfriado
em óleo - Ataque: Behara.....................................................................................................50
Figura 25: Micrografia do aço inoxidável duplex SAF 2205 após tratamento à 1040° C e
resfriada em óleo, na qual pode-se notar ausência de fases deletérias – Ataque KOH........50
Figura 26: Microestrutura do aços inoxidável duplex SAF 2205 após o tratamento à 1040°
C e resfriado em ar – Ataque: Behara...................................................................................51
Figura 27: Microestrutura do aços inoxidável duplex SAF 2205 após o tratamento à 1040°
C e resfriado em ar – Ataque: Behara...................................................................................52
Figura 28: Micrografias do aço inoxidável duplex SAF 2205 após tratamento à 1040° C e
resfriada em ar nas quais pode-se notar a presença de fases deletérias – Ataque KOH.......53
Figura 28: Micrografias do aço inoxidável duplex SAF 2205 após tratamento à 1040° C e
resfriada em ar nas quais pode-se notar a presença de fases deletérias – Ataque KOH.......53
vii
Lista de Tabelas
Tabela 1: Tipos de aços martensíticos com suas respectivas temperaturas de têmpera e
durezas (CHIAVERINI, 2008).............................................................................................17
Tabela 2: Temperaturas e tempos de permanência para alívio de tensões conforme tipo, teor
de carbono e níquel dos aços inoxidáveis martensíticos (CHIAVERINI, 2008)..................18
Tabela 3: Temperatura, tempo e meios de resfriamento adequados para o tratamento
térmico de alguns tipos de aço inoxidável ferrítico (CHIAVERINI, 2008).........................19
Tabela 4: Temperaturas para solubilização em aço inoxidável austeníticos (CHIAVERINI,
2008).....................................................................................................................................20
Tabela 5: Composição química do aço utilizado .................................................................39
Tabela 6: Resultados dos testes de dureza. Método Hardness Vickers................................40
Tabela 7: Porcentagens de ferrita, austenita e fases deletérias de cada amostra..................51
viii
Sumário
Resumo...................................................................................................................................4
Abstract..................................................................................................................................5
Lista de Figuras......................................................................................................................6
Lista de Tabelas......................................................................................................................8
Introdução.............................................................................................................................11
Capitulo 1.............................................................................................................................13
1.1. Características dos Aços Inoxidáveis........................................................................13
1.2. Classificação dos Aços Inoxidáveis..........................................................................14
1.3. Tratamento Térmico dos Aços Inoxidáveis Martensíticos........................................16
1.4. Tratamento Térmico dos Aços Inoxidáveis Ferríticos..............................................20
1.5. Tratamento Térmico dos Aços Inoxidáveis Austeníticos..........................................21
Capitulo 2.............................................................................................................................23
2. Aço Inoxidável Duplex.....................................................................................................23
2.1. Histórico...................................................................................................................23
2.2. Metalurgia Física dos Aços Inoxidáveis Duplex......................................................24
2.3. Composição Química...............................................................................................29
2.4. Tratamento Térmico de Solubilização......................................................................31
2.5. Estrutura Cristalina dos Aços Inoxidáveis Duplex...................................................31
2.6. Fases que Precipitam nos Aços Inoxidáveis Duplex................................................33
2.6.1. Fase Alfa Primário (α')......................................................................................33
2.6.2. Fase G...............................................................................................................34
2.6.3. Fase Austenita Secundária (γ2).........................................................................34
2.6.4. Fase Chi (χ).......................................................................................................35
2.6.5. Fase R................................................................................................................36
2.6.6. Fase Tau (τ).......................................................................................................36
2.6.7. Nitretos (Cr2N e CrN)......................................................................................37
2.6.8. Carbetos M23C6 e M7C3.................................................................................38
2.6.9. Fase Epsilon (ε).................................................................................................39
2.6.10. Fase Sigma (σ)................................................................................................39
Capitulo 3.............................................................................................................................40
3. Materiais e Métodos.........................................................................................................40
3.1. Preparação das Amostras..........................................................................................40
3.2. Medição de Dureza...................................................................................................41
3.3. Ataques Químicos Utilizados...................................................................................42
3.4. Tratamento Térmico..................................................................................................43
Capitulo 4.............................................................................................................................45
4.1. Resultados e Discussões ..........................................................................................45
Capitulo 5.............................................................................................................................54
5.1. Conclusões................................................................................................................54
ix
BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................55
x
11
Introdução
Foram utilizados 4(quatro) amostras de aço inoxidável duplex dentre as quais 3(três)
passaram por tratamento térmico de solubilização e cada uma foi resfriada em meios
diferentes: água, ar, óleo.
Após o tratamento as peças foram lixadas, polidas e observadas em microscópio no
qual foram tiradas as fotos de suas microestruturas para comparar as diferenças que
surgiram.
12
Capitulo 1
Esta “imunidade” dos aços inoxidáveis depende de certos fatores como: composição
química do metal, suscetibilidade a corrosão intergranular, suscetibilidade a corrosão
localizada, condições de oxidação1, ou seja, depende do material e também do meio em
que o material for exposto (GENTIL, 2007).
Conclui-se, portanto, que aço inoxidável é todo aço ao qual foram adicionados
elementos de liga com o intuito de torná-lo resistente a corrosão. São classificados de
acordo com a microestrutura apresentada em temperatura ambiente e divididos em três
grupos: aços inoxidáveis martensíticos, ferríticos e austeníticos.
Neste capítulo será apresentada uma revisão sobre os tratamentos térmicos dos aços
inoxidáveis, que são: recozimento (pleno, isotérmico, subcrítico), têmpera, revenido,
1 Os meios corrosivos são classificados em dois grupos: oxidantes, que tornam uma liga passiva, e
redutora, que atuam de maneira contrária diminuindo a passividade.
14
Todos esses aços estão classificados como AISI, sendo os aços martensíticos turbina
como tipo AISI 403, 410, 414, 416, que apresentam carbono em no máximo 0,15%, cromo
entre 11,5% até 14,4%. O AISI 414 apresenta também níquel com porcentagens em torno
de 1,25% a 2,50%. Os martensíticos turbina AISI 431 apresentam teor máximo de 0,20%
de carbono, teores de cromo entre 15% a 17% e, semelhante ao AISI 414, contém níquel de
1,25% a 2,50%.
O aço ferrítico do tipo 405, de baixo cromo semelhante ao 409, pode ser submetido a
15
Os aços ferríticos do tipo 430 são os únicos do grupo que não apresentam estrutura
totalmente ferrítica, e com resfriamento rápido pode sofrer um endurecimento. São os mais
usados do grupo por serem mais resistentes a ação de ácidos e da água do mar, são de fácil
conformação a frio, boa resistência a corrosão em temperatura ambiente ou mais elevada,
etc. Suas variações, o 430 F e o 430 Se, são os de melhor usinabilidade por conterem
adições de enxofre, fósforo ou selênio.
Os aços ferríticos tem grande aplicação de acordo com o tipo. Algumas delas são na
indústrias automobilística, química, de eletrodomésticos, tubos de radiadores, caldeiras,
parafusos, porcas, exaustores e para-choques de automóveis, etc.
São materiais não magnéticos e só podem ser endurecidos por encruamento, que
pode ser controlado com o aumento do teor de níquel por ser um elemento estabilizador da
austenita. Quando passam pelo processo de deformação, apresentam dureza superior a de
outros aços submetidos a mesma deformação devido a instabilidade da austenita que se
16
Os aços austeníticos podem ser empregados para vários fins de acordo com o tipo.
Exemplo: na industria química, naval, equipamentos de indústria de papel, utensílios
domésticos, peças de forno, eixos, válvulas, parafusos, etc (COSTA E SILVA, et al, 2010).
Vale lembrar que esses aços precisam ser tratados em fornos preaquecidos em
17
temperatura entre 760°C a 790°C para evitar empenamentos e fissuras, por determinado
tempo que varia de acordo com a espessura da peça. Esse tempo pode variar de 12 a 24
minutos em peças com até 0,5 cm de secção, acima disso se acrescenta 12 minutos para
cada centímetro adicional.
Isso porque os aços martensíticos possuem condutibilidade térmica bem mais baixa
que os aços-carbono. Essa medida deve ser tomada principalmente quando a peça
apresenta secções finas e grossas simultaneamente, com cantos vivos e ângulos reentrantes,
ou de pequena espessura. Recomenda-se também às peças que sofreram usinagem,
retificação intensa, deformação a frio ou que foram tratadas com têmpera previamente e
precisam ser retratadas. Para o resfriamento usa-se óleo ou água para os martensíticos com
baixo teor de carbono, mas geralmente são resfriados ao ar (CHIAVERINI, 2008).
Nos aços inoxidáveis martensíticos de dureza elevada e alto teor de carbono pode
ocorrer um fenômeno denominado “fragilidade pelo hidrogênio”, que pode se originar
durante o processo de fusão, por meio da atmosfera protetora, ou talvez por processos
químicos ou eletroquímicos de decapagem ou revestimento superficial. A solução contra
esse fenômeno é a prevenção.
O Alívio de tensões, pelo qual o revenido pode ser substituído, é aplicado logo após a
têmpera antes que o material atinja a temperatura ambiente. O objetivo deste tratamento é
aliviar as tensões residuais.
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Tabela 2: Temperaturas e tempos de permanência para alívio de tensões conforme tipo, teor
de carbono e níquel dos aços inoxidáveis martensíticos (CHIAVERINI, 2008)
Tipo AISI Temperatura °C Tempo h
403, 410, 416 (baixo C) 210° a 370° 1,5 a 3
420 (médio C) 150° a 370° 1a2
414 (médio C e Ni acimo de 1%) 210° a 370° 1,5 a 3
431 (médio C e Ni acima de 1%) 210° a 370° 1a2
440, 440B, 440C 150° a 370° 1a2
Para solucionar o problema, caso aconteça, o material deve ser aquecido a uma
temperatura acima de 600°C e resfriado rapidamente evitando a faixa entre 400°C a 525°C.
Alívio de tensões, que é utilizado nos austeníticos que passam por processos de
deformação, visto que só podem ser endurecidos por encruamento. O objetivo é eliminar as
tensões internas causadas por esses processos e melhorar a elasticidade do material. Neste
tratamento, a temperatura utilizada é de 350°C a 430°C, ou seja, abaixo da temperatura que
provoca as precipitações de carbonetos. A peça pode permanecer exposto à temperatura por
um tempo que varia de 30 minutos a 2 horas de acordo com suas dimensões. O
resfriamento também varia conforme a espessura e pode ser em água ou ar (para peças da
ordem de décimos de milímetros) (HONEYCOMBE, 1984).
Capitulo 2
2.1. Histórico
O aço duplex, que apresenta duas fases (austenita-ferrita), foi descoberto por Bain e
Griffith em 1927 na França (NILSSON, 1992 e STILL, 1994 apud TAVARES &
SCHIMITT, 2012). Em 1930, na Suécia, foi fabricado o primeiro aço duplex comercial
com aplicação na indústria de papel (IMOA, 2009 apud TAVARES & SCHMITT, 2012),
com o objetivo de reduzir a corrosão intergranular, comum nos aços austeníticos da época.
Holtzer concebeu sua patente em 1936, na França, com um material fabricado em 1933 que
apresentava 18%Cr-8%Ni-2,5%Mo (BORDINASSE, 2006 apud TAVARES & SCHMITT,
2012). Este foi o primeiro duplex fundido produzido na Finlândia ( IMOA, 2009 apud
ZEMPULSKI, 2011).
Com estrutura básica formada por ferro, cromo e níquel e de outros elementos que
apresentam comportamentos parecidos com os do cromo e do níquel, que deu origem ao
25
Adições de cromo e níquel nas porcentagens adequadas e nas temperaturas certas vão
proporcionar as porcentagens ideais de ferrita (α) e austenita (γ) dos aços duplex.
No sistema ternário Fe-Cr-Ni são encontradas quatro fases sólidas. Dentre essas
quatro fases três são soluções sólidas: a austenita (γ) de estrutura CFC, a ferrita (α) de
estrutura CCC, a alfa primário (α') de estrutura também CCC e o intermetálico denominado
sigma (σ), que é a quarta fase sólida, de estrutura tetragonal (RAYNOR E RIVLIN, 1988
apud MAGNABOSCO, 2001).
As quatro figuras apresentadas a seguir mostram que o campo de equilíbrio das fases
ferrita (α) e austenita (γ) aumenta com temperaturas menores.
Mas, segundo Solomon e Devine, 1982 apud Pupin, 2010, a maneira mais fácil de
considerar o sistema Fe-Cr-Ni é através de diagramas pseudo-binários conforme
apresentado na figura abaixo.
A figura mostra 6 diagramas com porcentagens de ferro (Fe) diferentes que variam de
40% à 90%. Para cada porcentagem de ferro constante ocorre uma variação nos teores de
Cr e Ni. No diagrama que apresenta o ferro à 90%, a ferrita é representada com (α) quando
derivada do sólido e representada com (δ) quando derivada do líquido, mas apresentam a
mesma composição (PUPIN, 2010).
Outros elementos de liga podem ser adicionados para melhorar ainda mais as
qualidades do material, como o: manganês (Mn), que aumenta a resistência mecânica, à
abrasão, ao desgaste, sem que o material perca a ductilidade, entre outros benefícios
(PARDAL, 2009); o teor adequado de cobre (Cu) aumenta a resistência à corrosão em
determinadas soluções como 70% de H 2SO4 a 60°C e, o cobre com adições de 0,5% em
soluções aquecidas de HCL reduz as taxas de dissolução ativas e também a suscetibilidade
à corrosão em frestas; o tungstênio(W) melhora a resistência à corrosão por pite e em
frestas em soluções aquecidas com cloreto (PARDAL, 2009); o silício (Si) proporciona
resistência à corrosão quando o material for exposto em meio onde há elevadas
concentrações de ácido nítrico e também aumenta a resistência à oxidação em serviços a
altas temperaturas. Sendo o silício um grande formador da fase sigma, é adicionado, de
preferência à 1% nos aços duplex (GUNN, 2003 apud PARDAL, 2009). Os aços duplex
apresentam baixo teor de carbono, evitando principalmente a precipitação de carbonetos de
cromo (PARDAL, 2009).
31
Os materiais metálicos são representados por três estruturas, que são: cúbica de face
centrada (CFC), cúbica de corpo centrado (CCC) e hexagonal compacta (HC). Para
representar essas estruturas vai ser utilizado no presente trabalho um esquema bastante
comum na maioria dos estudos sobre o assunto, no qual os átomos são representados por
esferas. Estas, conforme o tipo de estrutura, tomam determinadas posições que representam
as posições dos átomos em um grupo repetitivo de esferas que são chamadas de células
unitárias. Essas células, com exceção da hexagonal compacta, no caso dos metais, tem a
forma de cubo.
Os aços podem ter duas dessas estruturas conforme a temperatura e o tempo aos
quais são submetidos: a CFC e a CCC. Daí a importância dos tratamentos térmicos, entre
outros métodos, para modificar algumas propriedades dos aços como dureza, ductilidade,
tenacidade, etc.
Nos aços inoxidáveis duplex, a ferrita apresenta estrutura CCC e a austenita apresenta
estrutura CFC. Devido às concentrações de cromo, níquel, molibdênio e de outros metais
32
de adição, formam-se soluções sólidas substitucionais e também intersticiais, por causa das
concentrações de carbono e nitrogênio, na ferrita e na austenita.
Os esquemas abaixo servem como exemplos de soluções sólidas substitucionais que
podem ocorrer na ferrita e na austenita. Os átomos de ferro são representados pelas esferas
azuis.
Abaixo estão listadas algumas fases que podem surgir nos aços duplex.
Esta fase é uma das fases paramagnética e pode ser encontrada nos aços ferríticos e
nos duplex na faixa de temperatura compreendida entre 280°C a 500°C (BORBA e
MAGNABOSCO, 2008; ZUCATO et al, 2002; SHEK et al, 1996 apud LOUREIRO,
2010).
Essa fragilização ocorre pelo fato de a fase alfa primário formada ser rica em Cr na
ferrita e observa-se a máxima fragilização a uma temperatura aproximada de 475°C, daí o
termo “fragilização a 475°C” (NASCIMENTO et al, 2003; SHEK et al, 1996; SAHU et al,
2009 apud LOUREIRO, 2010).
Considerando uma liga de Fe com 27% de Cr que foi envelhecida à 480°C por
34
10.000 à 34.000 horas, os precipitados da fase alfa linha aparecem bem pequenos com
diâmetro de aproximadamente entre 15 à 30 nm (SOUZA, 2004 apud PARDAL, 2009).
A foto abaixo mostra partículas de precipitados da fase alfa linha em aço inoxidável
super duplex.
2.6.2. Fase G
Provoca uma melhora na tenacidade do aço, mas de acordo com alguns estudos pode
causar a diminuição da resistência à corrosão por pite devido ao baixo teor de N presente
nesta fase em relação à austenita original (LIPPOLD E KOTECKI, 2005 apud PARDAL,
2009).
Esta fase é comum nos aços austeníticos, ferríticos e duplex (ESCRIBA et al, 2009
apud LOUREIRO, 2010). Neste ultimo aparece em faixas de temperaturas compreendidas
entre 700°C a 900°C. O elemento Mo é o responsável pela precipitação da fase chi, que
possui maior quantidade deste elemento que a fase sigma (ESCRIBA et al, 2009 apud
LOUREIRO, 2010). Também é encontrado nesta fase Si e Cr em menores quantidades que
na fase sigma. Sua precipitação ocorre antes da fase sigma nos contornos de grãos ferrita-
ferrita. A temperatura em que ocorre a precipitação da fase chi é de 750°C com duração de
1 hora e a fase sigma ocorre na temperatura de 700°C com duração de 2 horas
(MAGALHÃES e MAGNABOSCO, 2004; ESCRIBA et al, 2009; POHL et al, 2007;
CHEN et al, 2002 apud LOUREIRO, 2010).
A figura abaixo mostra a precipitação da fase chi (χ) nos contornos da grãos ferrita-
ferrita.
36
2.6.5. Fase R
De estrutura trigonal, esta fase é rica no intermetálico Mo. Também conhecida como
Leaves, a fase R (Fe2Mo) precipita na faixa de temperatura entre 550°C e 700°C e sua
precipitação pode ser intergranular e intragranular (MAGALHÃES e MAGNABOSCO,
2004 apud LOUREIRO, 2010). Causa a diminuição da tenacidade do material e
semelhante as fases sigma e chi reduz a resistência à corrosão por pite (SHEK et al, 1996
apud LOUREIRO, 2010).
Por ser uma fase muito rara só é mencionada quando encontrada nas ligas do tipo
22% de Cr, 5% de Ni e 3% de Mo (SHEK et al, 1996 apud LOUREIRO, 2010).
37
Nos aços duplex é mais comum a precipitação do Cr 2N (SHEK et al, 1996 apud
LOUREIRO, 2010).
Esta fase possui estrutura cúbica e se assemelha a fase austenita secundária. Para
diferenciá-las o melhor é realizar análise por EDX (Energy Dispersive X-Ray)
(SENATORE et al, 2007 apud LOUREIRO, 2010).
Por ser mais prejudicial e precipitar em maior quantidade é a fase mais estudada. É
rica principalmente em Cr e também contém boas quantidades de Mo e Si (HUANG e
SHIH, 2005; SATHIRACHINDA et al, 2009; SHEK et al, 1996 apud LOUREIRO, 2010).
A escassez de Cr, Mo e Si nas regiões adjacentes à fase sigma, pelo fato desta ser rica
nesses elementos (HUANG e SHIH, 2005 apud LOUREIRO, 2010), causa a diminuição da
resistência à corrosão dos aços duplex (NASCIMENTO et al, 2003; ZUCATO et al, 2002;
SATHIRACHINDA et al, 2009 apud LOUREIRO, 2010). Além da perda da resistência à
corrosão, provoca também uma forte redução na tenacidade ao impacto (GUNN, 2003;
SMUK, 2004; TAVARES et al, 2000 apud PARDAL, 2009). Portanto, se a precipitação
desta fase for de aproximadamente de 4% em volume pode ocorrer uma redução de uns
90% na tenacidade do material (SMUK, 2004 apud PARDAL, 2009).
Capitulo 3
3. Materiais e Métodos
Foram utilizadas 4 amostras de aço duplex do tipo SAF 2205 cortadas de um tubo de
espessura aproximada de 18 mm. Para cortar as amostras foi utilizada um cortadeira
metalográfica de marca “Pantec” – modelo “Pancut 80”. As amostras tem dimensões
aproximadas de 18 mm x 15 mm.
Na medição de dureza, 4 amostras passaram pelo teste, sendo que três passaram por
tratamento térmico de solubilização e resfriadas em meios diferentes (água, ar e óleo) e
uma não passou pelo tratamento térmico. Foi utilizado um durômetro de bancada e o
método foi o Hardness Vickers. A carga exercida foi de 4,9 Newtons por 15 segundos em
cada amostra.
42
– Direções
D1 = 58,57 μm
D2 = 58,13 μm
Para obtenção das imagens foram utilizados dois ataques químicos diferentes. O
primeiro foi realizado com behara e o segundo com hidróxido de potássio.
1. Ataque Behara
Composição:
20 ml de ácido clorídrico
Composição:
Capitulo 4
Com os métodos utilizados foram observados mudanças nas porcentagens das fases
ferrita (α) e austenita (γ) e fases deletérias, mais especificamente a fase sigma que é
considerada a mais deletéria.
É possível notar a presença de uma terceira fase numa coloração mais escura que a
ferrita (α) na forma de placas.
Porém, não se pode afirmar que a terceira fase desconhecida presente no aço
utilizado neste trabalho seja martensita pois, segundo Aguiar (2012), é difícil a obtenção
de uma imagem de martensita nos aços duplex por ser extremamente fina tendo a forma de
ripas, ou seja, tem estrutura lamelar.
Por falta de recursos e pela necessidade de pesquisas e estudos mais detalhados sobre
o assunto, a identificação desta terceira fase, presente na amostra do aço inoxidável duplex
SAF 2205 utilizado neste trabalho, não será realizada.
A média de porcentagem de ferrita (α) e austenita (γ) na peça que não passou pelo
tratamento é de, aproximadamente, 37,87 % de ferrita e 40,55 % de austenita com um
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desvio padrão de 2,87 e, 21,58 % da fase não identificada com um desvio padrão de 3,94.
E, como já foi apresentado anteriormente, a dureza média é de 250,5 Hardness Vickers
com um desvio padrão de 6,1. A quantidade mais baixa de austenita nesta peça pode ser
devido a presença de placas da terceira fase até então desconhecida, que por sua vez pode
ser formada a partir da austenita.
Esta peça não apresentou precipitados de fases deletérias, como pode ser observado
na imagem abaixo, a qual foi atacada com hidróxido de potássio (KOH).
Abaixo, micrografia do aço inoxidável duplex SAF 2205 após o tratamento a 1040°C
e resfriado em água – Ataque: Behara - com um aumento menor possibilitando uma visão
mais ampla.
A figura 20, apresentada abaixo, mostra a microestrutura do material que foi tratado
termicamente à 1040° C e resfriado em óleo.
Nesta peça, foi quantificado uma média aproximada de 56,55 % de ferrita e 43,45 %
de austenita com um desvio padrão de 3,02 e um dureza média de 265,87 Hardness Vickers
com um desvio padrão de 3,42. Abaixo pode ser observada a micrografia da mesma peça
com uma visão mais ampla.
O aumento na porcentagem de ferrita nesta peça pode ter sido causado pelo meio de
resfriamento utilizado.
Nesta peça, tratada e resfriada em óleo, também não foi observado presença de fases
deletérias.
Nesta peça, houve redução da fase ferrita (α), com porcentagem aproximada de 44,85
% e austenita com porcentagem aproximada de 47,39 % com um desvio padrão de 2,85 e
uma dureza média de 277,13 Hardness Vickers com um desvio padrão de 7,17. Nota-se um
aumento na dureza desta peça em relação às demais. Observa-se também a presença de
fases deletérias, que na maioria é da fase sigma devido a porcentagem de cromo (Cr) do
material ser elevada. A precipitação de fases indesejadas no material é resultado de um
resfriamento lento em faixas de temperaturas que favorecem à formação dessas fases
prejudiciais ao aço duplex.
A porcentagem média dessas fases indesejadas é de 7,77 % com um desvio padrão de
0,93. A figura 25 mostra mais uma micrografia da mesma peça.
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A redução da fase ferrita (α) é consequência da precipitação da fase sigma (σ), que se
forma a partir da ferrita. Sua formação ocorre em faixas de temperaturas entre 600° C e
1000° C, dependendo da composição química da liga (GUNN, 2003; NILSSON, 1002
apud PARDAL, 2009). A fase sigma, por ser uma fase dura, pode ter contribuido para o
aumento da dureza do material.
É possível visualizar também a presença de austenita secundária (γ2) que pode se
formar a partir da austenita existente no material ou por nucleação no interior da ferrita
(RAMIREZ, 2001; RAMIREZ, 2003 apud PARDAL, 2009).
Nas micrografias atacadas com hidróxido de potássio pode ser notada a presença de
fases deletérias. Segue abaixo duas imagens nas quais podem ser observadas com mais
clareza as fases indesejadas.
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Figura 28: Micrografias do aço inoxidável duplex SAF 2205 após tratamento à 1040° C e
resfriada em ar nas quais pode-se notar a presença de fases deletérias – Ataque KOH
Capitulo 5
5.1. Conclusões
De acordo com os resultados obtidos e lembrando que todas as peças passaram pelas
mesmas temperaturas, conclui-se que:
BIBLIOGRAFIA
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Engenharia Mecânica). São Bernardo do Campo, 2009. Centro Universitário da FEI.
Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Magnabosco. Disponível em:
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