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Jeciane do Nascimento Sousa Raynnara Ribeiro Dias Lucenas
BANCA EXAMINADORA
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Matheus Leoni Martins Nascimento, MSc
(Orientador – Centro Universitário Euro Americano – UNIEURO)
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Bernardo Antônio Silva Ramos, MSc
(Avaliador 1 – Centro Universitário Euro Americano – UNIEURO)
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Ana Elisa G. C. Garcia, MSc
(Avaliador 2 – Centro Universitário Euro Americano – UNIEURO)
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DEDICATÓRIA
“Porque Dele, e por meio Dele, e para Ele são todas as coisas.
(Romanos 11:36)
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AGRADECIMENTOS
Ao nosso amado Deus por ter nos dado força e coragem para trilharmos todo o caminho até
aqui percorrido, por ser nosso refúgio, força e segurança em meio as adversidades, sempre
nos protegendo e nos capacitando para os desafios da vida.
Aos nosso pais: Maria José, José Maria, Rosilene e Raimundo por serem a nossa base e que
mesmo estando distantes, sempre nos apoiaram em tudo. A eles dedicamos todas as nossas
conquistas.
Aos nossos irmãos: Jean, Gerlane, Gilvan, Rayron e Wallisson, pelo companheirismo e amor
incondicional, durante esses anos que vivemos longe da família.
Aos nossos tios e tias: Benedita, Fátima, Francisco, Valdivino e Valdeci, por ter nos dado
apoio, durante esses cinco anos.
A todas as nossas amigas de curso com quem dividimos essa árdua jornada, em especial à
Luana Januário, Larissa Oliveira, Elen Leles, Irislayne Júlia e Fernanda Gonçalves que
aprendemos a amar como irmãs. A todas, o nosso muito obrigada pela força e pelos
momentos compartilhados.
Aos Técnicos de Laboratório Pedro Laurindo e Jean Carlos por toda a ajuda durante o nosso
ensaio experimental.
Ao nosso querido professor e orientador Matheus Leoni por ter acreditado em nós, por todo
apoio e incentivo, assim como todo conhecimento repassado durante esta etapa de conclusão
de curso.
As nossas queridas coordenadoras Ana Elisa e Sirlane Ferreira, por todo o auxílio no
decorrer do curso.
Enfim, a todos os nossos amigos que nos ajudaram direta ou indiretamente durante esta
jornada. A todos o nosso muito obrigada!
iv
RESUMO
ESTUDO DA CORROSÃO DE ARMADURAS EM CONCRETO POR ATAQUE DE
CLORETOS
Autores: Jeciane do Nascimento Sousa e Raynnara Ribeiro Dias Lucenas
Orientador: Matheus Leoni Martins Nascimento
Curso de Engenharia Civil – Centro Universitário Euro Americano (UNIEURO)
Brasília, Novembro de 2018
Para que as estruturas de concreto armado cumpram com as funções para quais foram
projetadas é necessário que se assegure as características mínimas de desempenho, tais
como: cobrimento, baixo índice de vazios, correto fator água/cimento entre outros. Quando
estes requisitos não são atendidos, ao interagir com o meio envolvente a camada de concreto
descumprirá com sua função de barreira protetora das armaduras, permitindo assim a
penetração de substâncias agressivas presentes na atmosfera. Uma das anomalias mais
recorrentes nessas estruturas é a corrosão das armaduras, resultante da ação dos íons cloretos.
O processo de corrosão se manifesta pelo aparecimento de manchas marrom-avermelhadas,
perca de seção e expansão das armaduras, acarretando problemas de fissuração,
fragmentação e por fim desplacamento do concreto, afetando desta forma o desempenho
estrutural do conjunto. Com o intuito de compreender a degradação de estruturas de concreto
armado, o presente trabalho realizou um estudo com foco na ação dos íons cloretos no
processo de corrosão das armaduras. Com base nisso, foi proposto um ensaio em laboratório,
onde foram adicionados resíduos de marmoraria ao concreto a fim de demonstrar sua
eficiência ao ataque acelerado de íons cloretos quando comparado ao concreto convencional.
Junto a este ensaio, realizou-se uma simulação higrotérmica com o uso da ferramenta
computacional WUFI Pro 6.1, na qual foram monitorados dois sistemas em concreto
armado com valores de porosidades distintos, para diferentes cidades ao longo do litoral
brasileiro. Os resultados obtidospor meio da simulação apontaram para as regiões Norte,
Nordeste, Sudeste e Sul, as cidades mais propícias ao fenômeno de corrosão das
armadurassendo elas Belém, Aracaju, Rio de Janeiro e Florianópolis, respectivamente. Em
relação ao ensaio de aceleração da corrosão, mesmo com a dispersão dos resultados, chegou-
se a conclusão que as adições de resíduos de marmoraria se mostraram efetivas como
inibidores de corrosão, a depender da proporção adicionada ao concreto como adição.
v
ABSTRACT
In order for the reinforced concrete structures to fulfill the functions for which they were
designed, it is necessary to ensure the minimum performance characteristics, such as: cover,
low voids, correct water / cement factor among others. When these requirements are not met,
when interacting with the surrounding environment the concrete layer will not comply with
its protective barrier function of the reinforcement, thus allowing the penetration of
aggressive substances present in the atmosphere. One of the most recurrent anomalies in
these structures is the corrosion of the reinforcement, resulting from the action of chloride
ions. The corrosion process is manifested by the appearance of reddish-brown spots, section
loss and expansion of the reinforcement, causing problems of cracking, fragmentation and
finally displacement of the concrete, affecting in this way the structural performance of the
set. In order to understand the degradation of reinforced concrete structures, the present work
carried out a study focusing on the action of chloride ions in the process of corrosion of
reinforcement. Based on this, a laboratory test was proposed, where marbled residues were
added to the concrete in order to demonstrate its efficiency to the accelerated attack of
chloride ions when compared to conventional concrete. Next to this test, a hygrothermal
simulation was performed using the WUFI Pro 6.1 computational tool, in which two
systems in reinforced concrete with different porosity values were monitored for different
cities along the Brazilian coast. The results obtained by means of the simulation showed the
cities most favorable to the corrosion phenomena of the Belém, Aracaju, Rio de Janeiro and
Florianópolis, respectively, in the North, Northeast, Southeast and South regions. In relation
to the corrosion acceleration test, even with the dispersion of the results, it was concluded
that additions of marble residues were effective as corrosion inhibitors, depending on the
proportion added to the concrete as addition.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 2
3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 20
3.1 PROGRAMA EXPERIMENTAL ..................................................................... 20
vii
3.3 SUSCETIBILIDADE À CORROSÃO DE ACORDO COM DIFERENTES
REGIÕES BRASILEIRAS ........................................................................................... 27
5 CONCLUSÕES .......................................................................................................... 37
5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................ 37
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 39
viii
LISTA DE FIGURAS
ix
LISTA DE TABELAS
x
LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURA E ABREVIAÇÕES
xi
1 INTRODUÇÃO
Com o passar do tempo as estruturas de engenharia vêm sendo impostas a variados tipos de
solicitações, sendo as mais relevantes de origem mecânica, climática e física.Quando não
executado segundo: as especificações normativas, com os devidos cuidados construtivos, uso
de materiais em boa qualidade e mão de obra especializada, o concreto armado deixa de cumprir
com os requisitos de resistência e durabilidade a que se destina.
A interação entre o material e o seu meio envolvente é responsável por provocar solicitações
físico-químicas, que possibilitam o surgimento de anomalias no sistema, sendo a corrosão das
armaduras o processo mais relevante de deterioração de estruturas de concreto (AITCIN, 2000).
Existem vários mecanismo de corrosão das armaduras, no entanto para este trabalho, dedicou-
se atenção especial para a corrosão por íons cloretos que consiste basicamente na ação
simultânea de três fatores: água, oxigênio e íons cloretos. Primeiramente, a camada passivadora
é danificada pela ação destes agentes que logo após penetram ao longo da camada de concreto
atingindo a armadura em pontos localizados, dão origem a uma pilha eletroquímica, onde na
região anódica ocorre as reações de oxidação do metal e na região catódica ocorrem as reações
de redução dos íons presentes no eletrólito (MOTA et al., 2012).
Como proposta para minimizar estes efeitos de corrosão, foi inserido Resíduo de
Beneficiamento de Rochas Ornamentais – RBRO no concreto, ou seja, toda a lama descartada
do processo de corte e polimento dos blocos. O grande potencial de utilização dessa lama traz
benefícios não só de ordem ambiental mas também de ordem econômica.
Além disso, foi realizada através do software WUFI® Pro 6.1 uma simulação higrotérmica, na
qual foi utilizadoum sistema convencional de concreto armado, sob condições específicas de
variação climática ao longo da extensão litorânea brasileira. Diante dos resultados fornecidos
através da simulação para umidade e temperatura foi possívelanalisar a influência de tais
agentes nas zonas de atmosfera marinha, em relação a corrosão das armaduras. Já os resultados
obtidos através do ensaio de potencial de corrosão, permitiram estudar o comportamento de
estruturas localizadas em zona de variação de maré, com relação ao processo de corrosão.
1
1.1 JUSTIFICATIVA
A costa litorânea do Brasil possui uma extensão de mais de 7.000 Km de litoral, apresentando
tanto áreas densamente povoadas quanto áreas de baixa densidade populacional, devido a isso,
são construídos na orla edifícios de diversos padrões residenciais e comerciais.
Recentemente, estudos vêm sendo desenvolvidos no sentido de mostrar que resíduos industriais
podem ser utilizados na fabricação do concreto, agregando sustentabilidade a indústria da
construção civil (DIETRICH, 2015). Neste sentido, os resíduos sólidos proveniente do
beneficiamento de rochas ornamentais- RBRO vêm se destacando, pois, pesquisas
desenvolvidas por Rana et al. (2015), Ramos et al. (2013), e Negredo (2017) têm demonstrado
seu potencial enquanto inibidor do processo de corrosão das armaduras em matrizes de
concreto.
Baseado nisso, este trabalho justifica-se pela necessidade de uma análise mais detalhada quanto
a ação dos íons cloretos no processo de degradação das armaduras em ambientes marítimos,
usando para tal análise, ensaios laboratoriais e ferramentas computacionais na quantificação
desta degradação com ênfase nos parâmetros de desempenho, durabilidade e vida da útil das
estruturas.
2
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
3
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Helene et al. (1993), a durabilidade não é uma propriedade exclusiva da estrutura, mas
sim o resultado de uma relação entre a estrutura de concreto, o meio envolvente e as condições
de uso, de operação e manutenção. Ou seja, as estruturas de concreto devem ser projetadas de
modo que os condicionantes ambientais verificados na época de projeto conservem suas
características operacionais durante o período de vida útil estipulado.
Com base nisso, a norma ISO 15686-1 (ISO, 2011), define vida útil (VU) comoo período de
tempo no qual o edifício e/ou seus sistemas atingem ou excedem os requisitos de desempenho
previstos em projeto. Já a vida útil de projeto (VUP), é definida pela norma NBR 15575:2013
como o período de tempo durante o qual um sistema cumpre com todos os requisitos e critérios
4
de desempenho para qual foi projetado, levando em consideração o cumprimento dos
programas de manutenção.
Diante das diversas condições de exposição em que podem ser encontradas as estruturas de
concreto, dedicou-se atenção especial para aquelas próximas ao ambiente marinho que
dependendo do grau de agressividade e do microclima da região, podematingir tanto a estrutura
da matriz de cimentoquanto propiciar à corrosão das armaduras do concreto.
5
Figura 2.1 – Representação do microclima
A ação simultânea dos agentes de degradação presentes no ambiente marinho costeiro pode
causar às estruturas de concreto armado diversas anomalias, entre estas se encontra a corrosão
das armaduras, que poderá se manifestar na forma de desagregação e fissurações no concreto,
sendo uma das mais preocupantes do ponto de vista estrutural e financeiro. Para Mehta e
Monteiro (1994), neste tipo de ambiente, a água salgada é o agente principal nos mecanismo de
degradação, pois nela se encontram substâncias e organismos que aceleram esse processo e
comprometem a integridade da estrutura (MEHTA, 1982).
De acordo com Lima (2001), devido aos diferentes tipos de agentes agressivos e pela forma
como a água entra em contato com estrutura, o ambiente marinho é caracterizado em diferentes
zonas, cada uma apresentando suas características de degradação, conforme o ilustrado pela
Figura 2.2.
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Figura 2.2 – Apresentação das distintas regiões (zonas) de agressividade às estruturas de
concreto armado
1) Zona de atmosfera marinha: Trata-se do local em que a estrutura não está em contato direto
com o mar, porém recebe uma quantidade significativa de sais em sua superfície. Isso só é
possível, porque os ventos predominantes por meio de sua direção e velocidade transportam
esses sais na forma de partículas sólidas ou de gotículas e os depositam na face da estrutura. A
quantia de sais depositados vai depender na direção e velocidade dos ventos predominantes,
pois a medida que a distância do mar aumenta a quantidade de sais transportados diminuem. O
principal mecanismo de degradação encontrado nesta zona é a corrosão de armaduras pelo
transporte de íons cloretos.
2) Zonas de respingos: É nesta região, onde se verifica um contato direto das estruturas de concreto
com o mar, ou com as ondas e respingos. As anomalias mais frequentes são ocasionadas pela
atuação dos íons cloretos e pela ação erosiva proveniente das ondas.
3) Zona de variação das marés: É a região que se localiza entre os níveis máximos e mínimos
atingido pelas marés, condição esta que dependendo das condições climáticas e solução salina
poderá propiciar a saturação do concreto. O desgaste ocorre devido ao ataque dos íons cloretos,
ação das ondas e micro-organismos biológicos.
O processo de corrosão pode ser compreendido como a relação agressiva de um material com
o meio envolvente onde este está inserido, sendo o resultado desta interação, reações nocivas
de origem química ou eletroquímica. Podendo essas reações estarem associadas ou não a ações
físicas ou mecânicas de degradação. Esta interação físico-química pode resultar em alterações
nocivas indesejáveis, como desgastes, modificações químicas e estruturais, fazendo com que o
material se torne inapropriado para o uso (HELENE, 1986; GENTIL, 1996).
Na análise de deterioração das armaduras de concreto armado, existem dois tipos de corrosão
que podem ocorrer: corrosão química ou direta e corrosão eletroquímica. A corrosão química
ocorre por meio da reação gás-metal, onde os átomos do aço reagem diretamente com o
oxigênio presente na atmosfera, resultando na formação de uma membrana uniforme e
ininterrupta de óxido de ferro. Sendo que este tipo ocorre de forma muito lenta em temperatura
ambiente, sendo mais relevante para temperaturas elevadas e ocorre principalmente na etapa de
fabricação das barras de aço (HELENE, 1986).
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O fenômeno de corrosão das barras de aço, consiste na formação de uma pilha ou célula de
corrosão galvânica e sua formação ocorre de forma espontânea, assim como qualquer outra
pilha eletroquímica. Esta consiste no conjunto formado por um eletrólito, um anôdo, um cátodo,
da existência de uma diferença de potencial de eletrodo e oxigênio.
O eletrólito é formado pela presença de umidade relativa elevada (UR≥60%), solução aquosa
ou água, em contato com a superfície das barras ou na própria camada de concreto que as cerca.
O anôdo consiste na região onde ocorre a dissolução do aço e como este processo não decorre
de forma uniforme, na região do cátodo a influência do ataque pode ser considerada irrelevante.
A diferença de potencial (DDP) de eletrodo consiste no diferencial que surge entre o anôdo e o
cátodo, propiciando a circulação de corrente elétrica, uma vez que o eletrólito fecha o circuito,
dando origem a pilha, conforme ilustra a figura 2.3 (FORTES; ANDRADE, 2001; HELENE,
1993).
De acordo com Gentil (1996) o processo de corrosão eletroquímico pode ser enumerado e
equacionado da seguinte forma:
-Zona catódica consiste na região onde acontecem as reações de redução dos íons existentes no
eletrólito. A solução aquosa do eletrólito recebe os íons de ferro (Fe++) provenientes do ânodo,
carregados positivamente e aqueles com carga negativa, denominados elétrons livres (e-) são
transportados pela própria barra de aço até o cátodo e neste local passam pelo processo de
absorção, por meio dos integrantes do eletrólito e uma vez mesclados com a água e oxigênio,
resultam na formação dos íons hidroxila (OH-).
1
𝐻2 𝑂 + 2 𝑂2 + 2𝑒− → 2𝑂𝐻 − (2.4)
Vale ressaltar que, segundo Andrade (1992), é necessário que todos os elementos necessários a
formação da pilha estejam presentes. Uma vez que um destes componentes é retirado e o
circuito é interrompido, a pilha deixa de funcionar e o processo de corrosão se estagna.
Segundo Tuutti (1982) as máximas velocidades de corrosão se dão nos concretos com alta
presença de umidade, mas não em concretos saturados, pois é necessário que o oxigênio consiga
chegar até a região da armadura. Para Andrade (1992) o papel da temperatura é incitar a
mobilidade iônica, facilitando o transporte de íons ao longo da microestrutura do concreto,
influenciando também na quantidade de água presente no concreto, no tocante à condensação
ou evaporação da mesma.
10
como cobrimento. Esta camada forma uma barreira física que dificulta a entrada de agentes
externos e também propicia uma proteção química, pois possui a função de passivação das
armaduras contra a corrosão. Sendo isto possível pela alta alcalinidade presente nos poros do
concreto, pela solução aquosa ali existente (HELENE, 1986).
A atmosfera formada contendo sais dissolvidos, provenientes da água do mar, é conduzida pelo
vento até a superfície da estrutura, se depositando sobre esta. Esta deposição permite que os
íons cloretos penetrem no concreto por adsorção capilar da água em que estes estão dissolutos.
Este ingresso no concreto pode se dar também por sais de degelo, por água ou solo
contaminados, além de agregados ou aditivos que na sua composição contenham sais de cloreto.
O percentual de sais de cloreto admitido pela NBR 7211 (ABNT, 2009) para concreto armado
é menor que 0,1%. Quando os agregados utilizados excedem este percentual, sua aplicação no
concreto se limita a um teor total de todos seus componentes (água, cimento, agregado, adições
e aditivos químicos) menor igual a 0,15% quando a estrutura está exposta a cloretos nas
condições de serviço e menor igual a 0,40% quando a estrutura não está exposta a condições
severas (CAVALCANTI FILHO, 2010).
Cascudo (1997) afirma que os agentes de degradação causadores de corrosão das armaduras
no concreto, mais relatados na literatura técnica sobre o assunto são os cloretos. Estes agentes
são considerados como os mais prejudiciais do ponto de vista da corrosão de armaduras, uma
vez que podem destruir a camada de passivação do aço, mesmo diante de altos valores de pH,
iniciando assim o processo corrosivo. Vale ressaltar que os cloretos não só despassivam as
armaduras, como participam integralmente do processo de corrosão.
11
Segundo González et al. (1996) os íons cloretos destroem a camada passivadora das armaduras
de forma localizada ou pontual (corrosão por pites), conforme ilustra a figura 2.4. Esta forma
de corrosão é uma das principais e mais nocivas, pois, pode acarretar em machas superficiais,
fissuras, destacamento do cobrimento e perda de seção acelerada da armadura, ocasionando
pontos de acúmulo de tensões, resultando em fraturas que minimizam a resistência mecânica
do elemento, comprometendo assim a segurança estrutural (GENTIL, 1987; HELENE, 1993).
Esta tipologia corrosiva ocorre quando existem diferenças geométricas na interface aço-
concreto, fissuras e oxigênio; e em geral, acontece pela ventilação diferencial nas fissuras,
levando a uma acidificação pontual crescente que resulta na eliminação da camada passivadora.
No processo de corrosão os íons cloretos também exercem a função de catalisadores, acelerando
a dissolução do ferro e de acordo com Metha e Monteiro (1994), outra característica dos cloretos
que pode intensificar a corrosão está ligado à higroscopicidade deste sal, que consiste na sua
capacidade de preservar por mais tempo a umidade no interior do concreto.
A presença de íons cloretos na parte interna do concreto pode ocorrer de três formas: cloretos
fixos, adsorvidos e livres. Os cloretos fixos são aqueles ligados quimicamente às fases alumino-
ferríticas (C3A e C4AF), os adsorvidos são aqueles que na superfície dos poros dos silicatos de
cálcio hidratados, foram adsorvidos de forma física (C-S-H) e por último os cloretos livres, que
consistem naqueles dissolutos na solução aquosa dos poros (SANTOS, 2006).
12
A influência dos cloretos no processo de corrosão está diretamente relacionada a forma como
estes estão inseridos no concreto, sendo que apenas os cloretos livres induzem este processo.
Porém, as normas e bibliografias relacionadas a este assunto apresentam valores limites de
cloretos como cloretos totais, uma vez que a interação (reações) do cloreto com as fases do
cimento, resulta em instabilidade e cloretos antes fixos, são liberados para a solução aquosa do
concreto (CSIZMADIA et al., 2000).
Mazer et. al (2014) apresenta a sequência de reações referentes a ação dos cloretos no processo
corrosivo do concreto, tendo como referencia as equações determinadas por Mehta (1982) e
Gentil (2003). As equações 5 e 6 apresentam a forma de interação dos cloretos nas regiões
anódicas e catódicas.
- Região anódica:
𝐹𝑒 + 2𝐶𝑙 − → 𝐹𝑒𝐶𝑙2 → 𝐹𝑒 ++ + 2𝐶𝑙 − + 2𝑒 −2 (2.5)
-Região catódica:
½ 𝑂2 + 𝐻2 𝑂 + 2𝑒 − → 2(𝑂𝐻)− (2.6)
De acordo com Gentil (2003) ocorre uma migração dos íons gerados de uma região para a outra.
Os íons Ferro originados na zona anódica, passam para a catódica e os íons Hidroxilas
produzidos na zona catódica, migram para a anódica. As equações 7 e 8 apresentam a formação
do Hidróxido ferroso e Hidróxido de ferro expansivo, respectivamente. O Hidróxido ferroso é
resultante do encontro entre os íons Ferro e Hidroxilas em uma zona intermediária, onde
também são produzidos outros compostos. No concreto é possível encontrar oxigênio e a junção
deste com os compostos originados na reação 6, permite a formação do Hidróxido de ferro
expansivo.
13
Em relação aos valores críticos de cloretos presentes no concreto, para que haja a destruição da
camada passivadora das armaduras, a literatura apresenta, em relação à massa de cimento,
segundo Morris et al. (2004), os valores que variam de 0,17% a 2,5% e segundo estudos
realizados por Alonso et al. (2000) 1,24% a 3,08%.
Segundo Santos (2006), entre outros fatores que influenciam o processo de iniciação da
corrosão estão: as fissuras do concreto, que permitem a rápida penetração dos agentes de
degradação até as armaduras, assim como a entrada de oxigênio e umidade, elementos
essenciais a este processo e também as estruturas da rede de poros do concreto.
2.4.2 Resistividade elétrica como ferramenta para previsão de início de corrosão por
ataque de cloretos
De acordo com Santos (2006), a resistividade elétrica se apresenta como uma das principais
propriedades do concreto, sendo definida como a habilidade do mesmo em resistir à passagem
de corrente elétrica. A permeabilidade de fluidos e à difusividade de íons por meio dos poros
do concreto estão diretamente ligadas a capacidade de resistência elétrica. Sendo que este fator
está relacionado a velocidade do processo corrosivo das armaduras.
Andrade (2004) apresenta a resistividade elétrica como uma ferramenta de medição indireta da
conectividade dos poros do concreto, para aqueles em estado saturado, uma vez que a mesma
14
se relaciona com a sua microestrutura. Quando a fração volumétrica dos poros for maior,
acontecerá que menor será a sua resistividade, isto é válido quando se tem um mesmo grau de
saturação. A resistividade será menor, quanto maior for nível de saturação do concreto
(SANTOS, 2006).
Em estruturas sujeitas a influência dos cloretos, à entrada destes íons por meio da rede de poros
do concreto está correlacionada ao intervalo de iniciação da corrosão. Uma ferramenta bastante
eficaz para a detecção da despassivação de armaduras é o ensaio de potencial de corrosão. Este
processo é realizado com o objetivo de apresentar uma previsão do momento de iniciação da
corrosão e possível deterioração das armaduras, por meio de ciclos de imersão e secagem em
estufa de corpos de prova, e medição de DDP das barras de aço. Esta penetração tem relação
intrínseca com a capacidade de absorção e difusividade iônica do concreto, sendo estas
definidas pelas propriedades dos poros e da solução aquosa presente nos mesmos (SANTOS,
2006; DIETRICH, 2015).
A indústria das rochas ornamentais é uma das que mais geram rejeitos na área da construção
civil. Estes efluentes em sua maioria são constituídos por material de elevada finura a partir do
processo de esquadrejamento, desdobramento, corte e polimento por quais passam as faces de
rochas ornamentais (CHIODI FILHO, 2001). A figura 2.5 mostra de forma esquemática, o tipo
de resíduo gerado em cada etapa do processo de beneficiamento das rochas.
Assim, uma alternativa para minimizar a quantidade desses resíduos em benefício da sociedade
e da natureza é a sua reutilização como subproduto da construção civil. Para isso, várias
pesquisas foram desenvolvidas com o objetivo de caracterizar o mesmo, inserindo os como
matéria prima na produção de argamassas (Calmon et al., 1997), peças cerâmicas (Lima filho
et al., 1999) e concretos (GONÇALVES, 2000).
Segundo Dietrich (2015), a produção de concretos com baixa relação a/c e baixos teores de
adição de RBRO poderá proporcionar maior proteção física para as armaduras embutidas em
estruturas de concreto armado expostas a ambientes marinhos, tornando-os menos susceptíveis
a ação de cloretos.
Segundo estudos desenvolvidos por Rana, Kalla & Csetenyi (2015), a concentração de íons
cloretos dentro do concreto, contendo 5 à 10% de RBRO em substituição ao cimento, foi menor
que a concentração de íons no concreto referência. Os autores afirmam ainda que essa redução
foi devido ao efeito filer, que refinou os poros da estrutura.
No estudo da durabilidade de concreto frente a ação de cloretos, Dietrich (2015) concluiu que
o tempo de indução a corrosão aumenta de acordo com o aumento do porcentual da adição.
Verficou também que quando adicionadado no percentual de 5%, o RBRO se demonstrou mais
vantajoso em relação a durabilidade, pois mostrou menor contaminação de 𝐶𝑙− no ensaio
colorimétrico.
16
2.6 UTILIZAÇÃO DA SIMULAÇÃO HIGROTÉRMICA COMO INSTRUMENTO
NA PREVISÃO DE CORROSÃO
O estudo da degradação de estruturas de concreto armado tem se mostrado cada vez mais
necessário ao longo dos anos, principalmente em zonas marítimas, que segundo a NBR 6118
(ABNT, 2014) se enquadram nos mais elevados níveis de agressividade ambiental. A
determinação da tendência de comportamento das estruturas localizadas nestas regiões, por
meio da reprodução da realidade do meio envolvente têm se mostrado como uma ferramenta
efetiva para previsão do comportamento higrotérmico das estruturas e da vida útil.
Por radiação, se compreende a quantidade de energia solar que chega até o elemento estrutural,
sendo composta por três fragmentos: direta, difusa e refletida; e conforme explica Nascimento
(2016) a maior responsável pelos ganhos térmicos da edificação é a radiação direta. Segundo a
ASTM E632 (ASTM, 1996) temperatura consiste em um agente capaz de ocasionar
modificações químicas e físicas no elemento em que exerce influência. Além de ocasionar
alternações entre expansão e retração, na qual está última exerce o papel de dinamizadora de
reações químicas (RESENDE et al 2002).
A ação conjunta da precipitação com o vento recebe o nome de chuva dirigida, sendo sua
influência muito mais relevante, quando comparada apenas a ação da chuva. Este agente é
considerado como uma das principais fontes de origem de umidade nas estruturas e sua entrada
e saída dos elementos estruturais, pode originar movimentos de expansão e retração
(NASCIMENTO, 2016; RIBEIRO E BARROS, 2010).
17
Em relação a presença de umidade como agente de degradação, Sousa e Feitosa(2017),
destacam que a umidade relativa do ar tende a aumentar quando ocorre diminuição da
temperatura e a diminuir quando há aumento da temperatura, conforme o observado pela figura
2.6(LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2004).
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3 METODOLOGIA
Como proposta para estudar a degradação das armaduras de concretos situadas em ambientes
litorâneos, será desenvolvido neste trabalho ensaios em laboratório com base na norma ASTM
C 876 (2015), onde serão submetidas amostras de concreto armado com adição de RBRO ao
ataque acelerado de íons cloretos, isso com o intuito de analisar a influência desta adição no
processo de corrosão das armaduras expostas a ação de cloretos.
O programa experimental aplicado neste estudo será baseado na análise da condição de zona de
atmosfera marinha, através dos resultados de temperatura e umidade relativafornecidos por
meio de uma simulação higrotérmicae um ensaio experimental realizado em laboratório, em
que será observada a condição de zona de variação de maré, sendo ambos realizados de acordo
com as etapas descritas no fluxograma da Figura 3.1.
Fonte: Autores.
20
3.1.1 Montagem dos corpos de prova
O presente estudo é uma continuação da pesquisa desenvolvida por Mota e Guimarães (2018),
onde foi estudada a durabilidade de concretos confeccionados com RBRO, sendo apresentado
a seguir o modo de confecção dos corpos de prova desenvolvidos por estes autores e adaptado
nesta pesquisa para a realização dos ensaios de aceleração e potencial de corrosão.
A dosagem dos traços de concreto com adição de RBRO foi feita em conformidade com o
modelo do IPT/EPUSP de Helene e Terzian (1992) e foram adotados seis teores de adição: 0,
5, 10, 15, 20, 25%, sendo sua aplicação uma adiçãoem massa, ao cimento Portland. Na primeira
etapa foram moldados 12 corpos de prova, sendo dois para cada teor de adição, do tipo
prismático com dimensões 10x10x10cm e foram utilizadas 4 barras de aço, com cobrimentos
de 1 ou 2 centímetros no mesmo CP, conforme ilustra a figura 3.2.
21
O tipo de agregado graúdo utilizado foi brita, porém adotou-se duas faixas de graduação
(dimensão máxima 12,5 mm com 30% e 19 mm com 70%) para assegurar uma boa distribuição
granulométrica do traço. O agregado miúdo utilizado foi areia média natural e o optou-se por
utilizar também um aditivo superplastificante Tecflow 50N, pois além de reduzir a quantidade
de água de amassamento, este aditivo é livre de cloretos. A tabela 3.1 apresenta os respectivos
traços utilizados para cada teor de adição do resíduo de marmoraria (RM) aplicado nesta
pesquisa.
O processo de aceleração da corrosão por meio do ataque acentuado de cloretos ocorre a partir
de um ciclo de imersão dos CPs em uma solução rica em NaCl e posterior secagem destes em
uma estufa ventilada. A solução é preparada com base na concentração de NaCl da água
marinha, que oscila entre 3 a 4%, sendo adotado o teor de 5% em massa deste sal (DEBIEB et
al., 2010; HIGASHIYAMA et al., 2012).
O ciclo é realizado semanalmente, sendo a duração da imersão parcial dos CPs de dois dias e a
secagem em estufa a 50°C de cinco dias. Durante este processo também é feito o controle da
solução, sendo esta renovada a cada ciclo de imersão, de forma a garantir a concentração de
cloretos necessária. O período de tempo para realização dos ciclos pode variar, sendo estes
realizados até que ocorra o processo de despassivação das armaduras (DIETRICH, 2015).
22
3.1.3 Ensaio de potencial de corrosão
O ensaio de potencial de corrosão consiste em uma ferramenta que possibilita prever o início
de despassivação e corrosão das armaduras. Normatizado pela ASTM C-876 (ASTM, 2015),
constitui-se de um processo não destrutivo e que mensura indicativos de forma qualitativa,
visando obter os valores de potencial de corrosão das armaduras inseridas no concreto
(DIETRICH, 2015).
Para sua realização são utilizados: um multímetro de alta impedância, com capacidade de
medição em milivolts; um eletrodo de referência; uma esponja com elevada tendência de
condução e conexões elétricas. A partir da ocorrência de um processo de corrosão eletroquímico
é possível identificar linhas de corrente nas armaduras, conhecidas também como eletrodo de
trabalho. A mudança do estado externo das armaduras de passivo para ativo, revela valores de
potencial de corrosão mais eletronegativos por conta da redução da resistividade do concreto,
sendo que isso ocorre por meio da presença de íons cloretos na solução existente nos poros do
concreto (DIETRICH, 2015).
23
Figura 3.3 – Esquema de medição
Neste estudo foi utilizado como parâmetro para análise dos valores de potencial de corrosão, o
eletrodo de referência sulfato de cobre, apresentando os intervalos de probabilidade de corrosão
conforme a figura 3.5.
24
Figura 3.5 – Intervalos de potencial de corrosão apresentados pela ASTM C-876:15
25
consegue descrever a pior condição de absorção de radiação. Vale ressaltar que neste estudo foi
observado apenas o clima externo referente a cada localidade simulada.
Após processada a simulação, obter-se-á na etapa referente à saída de dados, todos os resultados
dos horários referentes aos três anos simulados, dentre eles estão o fluxo de calor e umidade,
radiação, precipitação e amplitude térmica. Porém este trabalho terá como foco especial os
valores de umidade e temperatura, pois estes agentes são os que mais interferem na análise de
degradação das armaduras.
Por fim, na última etapa do processo (tratamento de dados), todos os valores serão organizados
em planilhas do Excel com o objetivo de quantificar a intensidade da ação destes agentes e
dessa forma associá-los com o surgimento de anomalias nas estruturas de concreto.
Para os casos analisados, adotou-se um sistema em concreto aparente. Este é um dos tipos de
sistemas predominantes no Brasil e tipicamente um dos mais utilizados em cidades litorâneas.
Para fins de simulação considerou-se que o sistema é composto por uma única camada de
simples vedação com espessura de 25 cm, pois este tamanho relaciona-se com a dimensão típica
das espessuras de vigas e pilares (SOUSA E FEITOSA, 2017), conforme ilustra a figura 3.6. O
programa WUFI apresenta um banco de dados, contendo as características higrotérmicas de
cada material que pode ser aplicado a um sistema construtivo DIN EN 15026, sendo o concreto
utilizado no sistema construtivo simulado, proveniente desta base de dados e suas propriedades
apresentadas na tabela 3.2.
Com os resultados obtidos pela simulação higrotérmica foi realizada a identificação das regiões
brasileiras onde se encontram a atmosfera marinha mais agressiva as estruturas de concreto
inseridas nestas localidades. Para cada região foi apontada a cidade com maior probabilidade
de desenvolver o processo de corrosão das armaduras.
Foram realizadas simulações para quatorze cidades do litoral brasileiro, conforme mostram as
figuras 3.7 e 3.8, e com os dados de umidade relativa das respectivas localidades, realizou-se
uma identificação por faixas das cidades mais propícias ao processo de corrosão das armaduras
de estruturas de concreto. Estas faixas se dividem em muito baixa, baixa, média, alta e saturada,
e os níveis de risco se dividem em risco insignificante (0), risco leve (1), risco médio (2) e alto
risco (3), conforme mostra o tabela 3.3 (CEB, 1992; SOUSA E FEITOSA, 2017).
27
Figura 3.7 – Cidades simuladas para regiões Norte e Nordeste
28
A agressividade ambiental às estruturas de concreto está diretamente ligada ao nível de umidade
relativa do ambiente e também a temperatura local, sendo apresentados no item 4.1 os
resultados obtidos, onde foram apotadas as cidades com base na influência destes dois agentes.
Tabela 3.3 – Classificação do grau de agressividade com base na umidade relativa do ambiente
Umidade relativa Corrosão em concreto
efetiva UR contaminado com cloretos
Muito baixa ≤ 45% 0
Baixa 45 a 65% 1
Média 65 a 85% 3
Alta 85 a 98% 3
Saturada ≥ 98% 1
Fonte: Adaptado de CEB, 1992.
29
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foram estudados por meio da simulação higrotérmica os valores de umidade e temperatura para
as principais cidades da costa brasileira, a saber: Aracaju, Belém, Florianópolis, Fortaleza, João
Pessoa, Macéio, Natal, Parnaíba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e
Vitória. Desta forma, um dos objetivos desta pesquisa consiste em verificar quais destas regiões
apresentam a atmosfera mais agressiva para as estruturas de concreto armado nelas localizadas.
Com base nos gráficos localizados no Apêndice B para temperatura e umidade gerados a partir
software STATISTICA 8.0 (STATISOFT. INC, 2007) elaborou-se duas tabelas para as cidades
litorâneas simuladas, quantificando por faixas, a porcentagem e o maior número de ocorrências
de temperatura e umidade para as mesmas. No entanto, dentre estas cidades, dedicou-se atenção
especial para aquelas que apresentaram as maiores ocorrências para as regiões Norte, Nordeste,
Sudeste e Sul, conforme o destacado nas tabelas 4.1 e 4.2.
30
Tabela 4.2 – Agressividade: Umidade
DEFINIÇÃO DA AGRESSIVIDADE -UMIDADE
FAIXA DO MAIOR NÚMERO
CIDADES LITORÂNEAS NÚMERO DE PORCENTAGEM DE
REGIÃO DE OCORRÊNCIAS DE
ANALISADAS OCORRÊNCIAS OCORRÊNCIAS
UMIDADE ANUAL (%)
NORTE BELÉM 85-98 4129 47%
ARACAJU 65-85 6410 73%
SALVADOR 65-85 6236 71%
JOÃO PESSOA 65-85 5208 59%
NATAL 65-85 5108 58%
NORDESTE FORTALEZA 65-85 4308 49%
RECIFE 65-85 4293 49%
PARNAÍBA 65-85 4125 47%
SÃO LUIS 65-85 4037 46%
MACÉIO 85-98 3619 41%
RIO DE JANEIRO 85-98 3649 42%
SUDESTE
VITÓRIA 65-85 3596 41%
FLORIANOPOLIS 65-85 4968 57%
SUL
PORTO ALEGRE 65-85 4455 51%
Fonte: Autores.
Desta forma, nota-se que as cidades onde se observou as maiores ocorrências de temperatura e
umidade foram Belém, Aracaju, Rio de Janeiro e Florianópolis respectivamente. Sabendo disso,
será esboçado adiante para cada uma destas regiões os histogramas que quantificam essa
variação de uma forma mais criteriosa.
31
Figura 4.1 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Belém/PA
(a) (b)
Fonte: Autores.
Fonte: Autores.
32
expressivos valores de umidade identificados na figura 4.3 (b) para esta cidade, onde as maiores
ocorrências se encontram na faixa de 85% à 98% (alta agressividade) com 3649 ocorrências.
Fonte: Autores.
Fonte: Autores.
33
4.2 POTENCIAL DE CORROSÃO
As medições dos potenciais de corrosão foram realizadas para cada ciclo, ao final de cada etapa
de imersão em solução 5% NaCl e secagem em estufa a 50°C. As medições foram realizadas
com o intuito de observar através dos resultados, o momento da provável despassivação das
armaduras inseridas nos corpos de prova. Porém em decorrência dos ciclos de imersão e
secagem, houve uma variação considerável dos potenciais obtidos. As figuras 4.5 e 4.6
apresenta o ciclo de aceleração de corrosão.
Figura 4.5 - Ciclo imersão em solução NaCl 4.6 - Ciclo de secagem em estufa
50°C
Fonte: Autores.
Com isso, os valores de DDP obtidos apresentaram grande dispersão sendo tal fato atribuído
aos ciclos e ao medidor utilizado, que já se encontrava desgastado pela recorrente utilização
mesmo antes deste estudo. Para dar sequência a pesquisa foi confeccionado um novo medidor
de potencial e foi realizada a aferição dos dois últimos ciclos (13° e 14°). Por este motivo,
foram analisados apenas os resultados dos dois últimos ciclos de medição que comprovam a
corrosão das armaduras.
Cada ciclo correspondeu a um período de 7 dias de indução a corrosão, ao todo foram realizados
quatorze ciclos, totalizando 98 dias. Os resultados de potencial de corrosão obtidos após a
imersão apresentam valores mais negativos do que os obtidos após a secagem, isso ocorre
34
porque após a imersão o corpo-de-prova se encontra saturado e segundo Cascudo (2005), isto
pode distorcer os valores reais de potencial para mais eletronegativos.
As figuras 4.11 e 4.12 apresentam os resultados para o 13° ciclo, sendo possível realizar a
análise da tendência de comportamento dos dados, em relação aos teores de RBRO. Foi
observado em todos os resultados uma oscilação acentuada nos valores de potencial de corrosão
(Ecorr) do corpo-de-prova com teor de adição 10%, sendo tais resultados descartados para
efeitos de análise. Apenas os teores 0, 5, 15, 20 e 25% terão seus dados discutidos. Existe uma
certa continuidade nos resultados, sem oscilações muito relevantes, exceto para o teor 10;
porém se observa uma leve tendência dos teores 0% e 5% apresentarem os maiores valores
absolutos que os teores de 15%, 20% e 25%.
4.7 - Gráfico 13° ciclo cobrimento 1cm 4.8 - Gráfico 13° ciclo cobrimento 2cm
Fonte: Autores.
Isso comprova o que foi constatato na pesquisa desenvolvida por Dietrich (2015), que quando
adicionado ao concreto em baixos teores, os RBRO aumentam a proteção física das armaduras
e quando analisado em relação a estruturas expostas a ambientes marinhos, pode retardar o
processo ou mesmo diminuir a probabilidade de corrosão das armaduras por ação de cloretos.
Os teores 15, 20 e 25 apresentam resultados menos negativos pois possuem maior adição de
RBRO, aumentando a proteção física das barras. Apesar da variação dos teores, estes ainda são
considerados como baixos em quantidade de adição.
Os resultados para o último ciclo realizado estão nas figuras 4.13 e 4.14 que apresentam a
mesma tendência de comportamento do ciclo 13° (figuras 4.11 e 4.12). De acordo com a figura
3.6, para o eletrodo de referência adotado neste estudo (Sulfato de cobre), valores superiores a
-0,200 V apresentam probabilidade de corrosão inferior a 10%, valores no intervalo de -0,200
35
a -0,350 V probabilidade entre 10% e 90% e para dados inferiores a -0,350 V tal probabilidade
é superior a 90% (ASTM C 876:15).
4.9 - Gráfico 14° ciclo cobrimento 1cm 4.10 - Gráfico 14° ciclo cobrimento 2cm
Fonte: Autores.
Ao final do ensaio de aceleração de corrosão foi possível observar que todos os teores de adição
apresentaram alta probabilidade de haver um processo de corrosão eletroquímica instalado na
barra de aço inserida no corpo de prova, sendo tal tendência superior a 90%, com exceção do
teor 15% para cobrimento 1 cm. No Apêndice A serão dispostas as imagens dos corpos-de-
prova rompidos, onde foi possível confirmar aquilo que foi apontado pelo ensaio: para todos os
teores de adição foi constatado a instalação do processo de corrosão.
Vale ressaltar que as adições RBRO se mostraram efetivas como inibidores de corrosão, na
proporção de sua adição ao traço de concreto, sendo uma alternativa para melhorar o
desempenho e garantir vida últil de estruturas situadas em zonas de variação de maré. Em locais
onde há variação de maré são geradas as variáveis umidade e temperatura, atuantes diretas no
processo eletroquímico de corrosão.
36
5 CONCLUSÕES
Na zona de atmosfera marinha identificou-se dentre todas as cidades analisadas, as que mais
foram influenciadas pelos agentes temperatura e umidade, sendo elas: Belém, Aracaju, Rio de
Janeiro e Florianópolis, que por apresentarem as maiores ocorrências de temperatura e umidade,
apontam maior agressividade às estruturas de concreto. Constatou-se por meio da classificação
CEB (1992) que as cidades simuladas apresentam alta probabilidade de corrosão por cloretos.
Os resultados identificados por meio do ensaio experimental permitiram o estudo das zonas de
variação de maré. Nestas zonas é comum a variação do nível d’água e por meio do ensaio foi
possível simular esta realidade, sendo observado que tal variação contribui com o fenômeno de
corrosão das armaduras, pois fornece de forma intercalada, as variáveis umidade e temperatura.
Foi costatado que as adições de RBRO se mostraram efetivas como inibidores de corrosão. Os
teores 15, 20 e 25% se mostraram eficientes para retardar e/ou diminuir o processo de corrosão,
quando comparados a adição de referência de 0%.
37
• Analisar de forma mais ampla como cada cidade da costa brasileira se comporta em
relação aos parâmetros de temperatura e umidade;
• Correlacionar o tempo de indução com o tempo real de corrosão das estruturas;
• Repetir os ensaios para comprovar a efetividade das adições de RBRO como inibidor
de corrosão.
38
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WUFI Pro 6.1. IBP - Fraunhofer Institute for Building Physics. Holzkirchen, Germany, 2018.
44
APÊNDICES
45
APÊNDICE A – CORPOS DE PROVA
46
Figura 5 – Teor de adição RBRO 15% Figura 6 – CP teor 15% rompido
47
Figura 9 – Teor de adição RBRO 25% Figura 10 – CP teor 25% rompido
48
APÊNDICE B – HISTOGRAMAS DA SIMULAÇÃO HIGROTÉRMICA
49
Figura 4 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de João Pessoa/PB
(a) (b)
50
Figura 7 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Recife/PE
(a) (b)
51
Figura 10 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Maceió/AL
(a) (b)
52
Figura 13 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Florianópolis/SC
(a) (b)
53