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CENTRO UNIVERSITÁRIO EURO AMERICANO UNIEURO

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ESTUDO DA CORROSÃO DE ARMADURAS EM


CONCRETO POR ATAQUE DE CLORETOS

JECIANE DO NASCIMENTO SOUSA


RAYNNARA RIBEIRO DIAS LUCENAS

ORIENTADOR(A): MATHEUS LEONI MARTINS NASCIMENTO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

BRASÍLIA/DF NOVEMBRO – 2018


CENTRO UNIVERSITÁRIO EURO AMERICANO UNIEURO
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ESTUDO DA CORROSÃO DE ARMADURAS EM CONCRETO POR


ATAQUE DE CLORETOS

JECIANE DO NASCIMENTO SOUSA


RAYNNARA RIBEIRO DIAS LUCENAS

Trabalho de conclusão de curso apresentado


à Coordenação de Engenharia Civil, do
Centro Universitário Euro Americano, como
requisito para obtenção do Título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador(a): Prof. MSc. Matheus Leoni


Martins Nascimento.

BRASÍLIA/DF, NOVEMBRO DE 2018.


i
JECIANE DO NASCIMENTO SOUSA
RAYNNARA RIBEIRO DIAS LUCENAS

ESTUDO DA CORROSÃO DE ARMADURAS EM CONCRETO POR ATAQUE


DE CLORETOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação de Engenharia Civil, do Centro


Universitário Euro Americano, como requisito para obtenção do Título de Bacharel em
Engenharia Civil.

______________________________ ______________________________
Jeciane do Nascimento Sousa Raynnara Ribeiro Dias Lucenas

Aprovado em: Brasília/DF, ____/____/____.

BANCA EXAMINADORA

______________________________
Matheus Leoni Martins Nascimento, MSc
(Orientador – Centro Universitário Euro Americano – UNIEURO)

______________________________
Bernardo Antônio Silva Ramos, MSc
(Avaliador 1 – Centro Universitário Euro Americano – UNIEURO)

______________________________
Ana Elisa G. C. Garcia, MSc
(Avaliador 2 – Centro Universitário Euro Americano – UNIEURO)

ii
DEDICATÓRIA

À Deus e a nossos pais.

“Porque Dele, e por meio Dele, e para Ele são todas as coisas.

A Ele, pois, a glória eternamente. Amém.”

(Romanos 11:36)

iii
AGRADECIMENTOS

Ao nosso amado Deus por ter nos dado força e coragem para trilharmos todo o caminho até
aqui percorrido, por ser nosso refúgio, força e segurança em meio as adversidades, sempre
nos protegendo e nos capacitando para os desafios da vida.

Aos nosso pais: Maria José, José Maria, Rosilene e Raimundo por serem a nossa base e que
mesmo estando distantes, sempre nos apoiaram em tudo. A eles dedicamos todas as nossas
conquistas.

Aos nossos irmãos: Jean, Gerlane, Gilvan, Rayron e Wallisson, pelo companheirismo e amor
incondicional, durante esses anos que vivemos longe da família.

Aos nossos tios e tias: Benedita, Fátima, Francisco, Valdivino e Valdeci, por ter nos dado
apoio, durante esses cinco anos.

A todas as nossas amigas de curso com quem dividimos essa árdua jornada, em especial à
Luana Januário, Larissa Oliveira, Elen Leles, Irislayne Júlia e Fernanda Gonçalves que
aprendemos a amar como irmãs. A todas, o nosso muito obrigada pela força e pelos
momentos compartilhados.

A todos os nossos amigos de sala em especial ao Agamenon, Adelar Júnior, Marcos


Sampaio, Thales Eduardo, Weslley César, Rhenan e Tiago, pelos momentos de conversa,
pelas palavras motivadoras nos momentos difíceis, pela ajuda nos momentos em que mais
precisamos e por todo o incentivo e compreensão.

Aos Técnicos de Laboratório Pedro Laurindo e Jean Carlos por toda a ajuda durante o nosso
ensaio experimental.

Ao nosso querido professor e orientador Matheus Leoni por ter acreditado em nós, por todo
apoio e incentivo, assim como todo conhecimento repassado durante esta etapa de conclusão
de curso.

As nossas queridas coordenadoras Ana Elisa e Sirlane Ferreira, por todo o auxílio no
decorrer do curso.

Enfim, a todos os nossos amigos que nos ajudaram direta ou indiretamente durante esta
jornada. A todos o nosso muito obrigada!

iv
RESUMO
ESTUDO DA CORROSÃO DE ARMADURAS EM CONCRETO POR ATAQUE DE
CLORETOS
Autores: Jeciane do Nascimento Sousa e Raynnara Ribeiro Dias Lucenas
Orientador: Matheus Leoni Martins Nascimento
Curso de Engenharia Civil – Centro Universitário Euro Americano (UNIEURO)
Brasília, Novembro de 2018

Para que as estruturas de concreto armado cumpram com as funções para quais foram
projetadas é necessário que se assegure as características mínimas de desempenho, tais
como: cobrimento, baixo índice de vazios, correto fator água/cimento entre outros. Quando
estes requisitos não são atendidos, ao interagir com o meio envolvente a camada de concreto
descumprirá com sua função de barreira protetora das armaduras, permitindo assim a
penetração de substâncias agressivas presentes na atmosfera. Uma das anomalias mais
recorrentes nessas estruturas é a corrosão das armaduras, resultante da ação dos íons cloretos.
O processo de corrosão se manifesta pelo aparecimento de manchas marrom-avermelhadas,
perca de seção e expansão das armaduras, acarretando problemas de fissuração,
fragmentação e por fim desplacamento do concreto, afetando desta forma o desempenho
estrutural do conjunto. Com o intuito de compreender a degradação de estruturas de concreto
armado, o presente trabalho realizou um estudo com foco na ação dos íons cloretos no
processo de corrosão das armaduras. Com base nisso, foi proposto um ensaio em laboratório,
onde foram adicionados resíduos de marmoraria ao concreto a fim de demonstrar sua
eficiência ao ataque acelerado de íons cloretos quando comparado ao concreto convencional.
Junto a este ensaio, realizou-se uma simulação higrotérmica com o uso da ferramenta
computacional WUFI Pro 6.1, na qual foram monitorados dois sistemas em concreto
armado com valores de porosidades distintos, para diferentes cidades ao longo do litoral
brasileiro. Os resultados obtidospor meio da simulação apontaram para as regiões Norte,
Nordeste, Sudeste e Sul, as cidades mais propícias ao fenômeno de corrosão das
armadurassendo elas Belém, Aracaju, Rio de Janeiro e Florianópolis, respectivamente. Em
relação ao ensaio de aceleração da corrosão, mesmo com a dispersão dos resultados, chegou-
se a conclusão que as adições de resíduos de marmoraria se mostraram efetivas como
inibidores de corrosão, a depender da proporção adicionada ao concreto como adição.

Palavras-Chave: Corrosão, Íons Cloreto, Concreto Armado, Simulação Higrotérmica

v
ABSTRACT

STUDY OF CORROSION OF CONCRETE ARCHANGES BY CHLORIDE


ATTACK
Authors: Jeciane do Nascimento Sousa e Raynnara Ribeiro Dias Lucenas
Supervisor: Matheus Leoni Martins Nascimento
Civil Engineering Course –Euroamerican University Center (UNIEURO)
Brasília, Novemberof 2018

In order for the reinforced concrete structures to fulfill the functions for which they were
designed, it is necessary to ensure the minimum performance characteristics, such as: cover,
low voids, correct water / cement factor among others. When these requirements are not met,
when interacting with the surrounding environment the concrete layer will not comply with
its protective barrier function of the reinforcement, thus allowing the penetration of
aggressive substances present in the atmosphere. One of the most recurrent anomalies in
these structures is the corrosion of the reinforcement, resulting from the action of chloride
ions. The corrosion process is manifested by the appearance of reddish-brown spots, section
loss and expansion of the reinforcement, causing problems of cracking, fragmentation and
finally displacement of the concrete, affecting in this way the structural performance of the
set. In order to understand the degradation of reinforced concrete structures, the present work
carried out a study focusing on the action of chloride ions in the process of corrosion of
reinforcement. Based on this, a laboratory test was proposed, where marbled residues were
added to the concrete in order to demonstrate its efficiency to the accelerated attack of
chloride ions when compared to conventional concrete. Next to this test, a hygrothermal
simulation was performed using the WUFI Pro 6.1 computational tool, in which two
systems in reinforced concrete with different porosity values were monitored for different
cities along the Brazilian coast. The results obtained by means of the simulation showed the
cities most favorable to the corrosion phenomena of the Belém, Aracaju, Rio de Janeiro and
Florianópolis, respectively, in the North, Northeast, Southeast and South regions. In relation
to the corrosion acceleration test, even with the dispersion of the results, it was concluded
that additions of marble residues were effective as corrosion inhibitors, depending on the
proportion added to the concrete as addition.

Keywords: Corrosion, Chloride Ions, Armed Concrete, Hygrothermal Simulation.

vi
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 2

1.2 OBJETIVO GERAL............................................................................................. 2

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................. 3

2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 4


2.1 ASPECTOS ASSOCIADOS À DURABILIDADADE DAS ESTRUTURAS
DE CONCRETO .............................................................................................................. 4

2.2 DESEMPENHO, DURABILIDADE E VIDA ÚTIL ......................................... 4

2.3 AGENTES DE DEGRADAÇÃO QUE INFLUENCIAM NA CORROSÃO


DAS ARMADURAS ........................................................................................................ 5

2.3.1 Influência da agressividade do ambiente marinho sobre as estruturas de


concreto6
2.4 MECANISMO DE CORROSÃO DAS ARMADURAS .................................... 8

2.4.1 Corrosão do aço no concreto por íons e principais consequências ......... 11


2.4.2 Resistividade elétrica como ferramenta para previsão de início de
corrosão por ataque de cloretos ................................................................................ 14
2.5 UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE MARMORARIA NO CONCRETO
ARMADO COMO PROPOSTA PARA MINIMIZAR OS EFEITOS DE
CORROSÃO .................................................................................................................. 15

2.6 UTILIZAÇÃO DA SIMULAÇÃO HIGROTÉRMICA COMO


INSTRUMENTO NA PREVISÃO DE CORROSÃO ................................................ 17

3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 20
3.1 PROGRAMA EXPERIMENTAL ..................................................................... 20

3.1.1 Montagem dos corpos de prova.................................................................. 21


3.1.1.1 Materiais utilizados ...................................................................................... 21

3.1.2 Aceleração da corrosão por ataque de cloretos ........................................ 22


3.1.3 Ensaio de potencial de corrosão ................................................................. 23
3.2 SIMULAÇÃO HIGROTÉRMICA - MÉTODO WUFI PRO 6.1................... 25

vii
3.3 SUSCETIBILIDADE À CORROSÃO DE ACORDO COM DIFERENTES
REGIÕES BRASILEIRAS ........................................................................................... 27

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................. 30


4.1 SIMULAÇÃO HIGROTÉRMICA ................................................................... 30

4.2 POTENCIAL DE CORROSÃO ........................................................................ 34

5 CONCLUSÕES .......................................................................................................... 37
5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................ 37

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 39

APÊNDICE A – CORPOS DE PROVA .......................................................................... 46

APÊNDICE B – HISTOGRAMAS DA SIMULAÇÃO HIGROTÉRMICA ............... 49

viii
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Representação do microclima ........................................................................... 6


Figura 2.2 – Apresentação das distintas regiões (zonas) de agressividade às estruturas de
concreto armado ................................................................................................................... 7
Figura 2.3 – Processo de corrosão eletroquímica no concreto armado ................................. 9
Figura 2.4 – Pite de corrosão resultante da ação de íons cloretos ....................................... 12
Figura 2.5 - Esquema do processo do beneficiamento das rochas ...................................... 15
Figura 2.6 – Relação entre temperatura e umidade ............................................................. 18
Figura 3.1 – Fluxograma da metodologia de estudo abordada ............................................ 20
Figura 3.2 – CP prismático com aresta de 10 cm e cobrimentos c1(1 cm) e c2 (cm) ......... 21
Figura 3.3 – Esquema de medição ....................................................................................... 24
Figura 3.4– Ciclo de medição .............................................................................................. 24
Figura 3.5 – Intervalos de potencial de corrosão apresentados pela ASTM C-876:15 ....... 25
Figura 3.6 – Sistema construtivo simulado ......................................................................... 26
Figura 3.7 – Cidades simuladas para regiões Norte e Nordeste .......................................... 28
Figura 3.8 – Cidades simuladas para regiões Sudeste e Sul ................................................ 28
Figura 4.1 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Belém/PA .......................... 32
Figura 4.2 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Aracaju/SE ........................ 32
Figura 4.3 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Rio de Janeiro/RJ .............. 33
Figura 4.4 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Florianópolis/SC ............... 33
Figura 4.5 – Ciclo imersão em solução NaCl ...................................................................... 34
Figura 4.6– Ciclo de secagem em estufa 50°C .................................................................... 34
Figura 4.7 – Gráfico 13° ciclo cobrimento 1cm ................................................................ 35
Figura 4.8 – Gráfico 13° ciclo cobrimento 2cm ................................................................. 35
Figura 4.9 – Gráfico 14° ciclo cobrimento 1cm ................................................................ 36
Figura 4.10 – Gráfico 14° ciclo cobrimento 2cm .............................................................. 36

ix
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Traços unitários dos concretos..........................................................................22


Figura 3.2 – Propriedades higrotérmicas do material utilizado............................................27
Tabela 3.3 – Classificação do grau de agressividade com base na umidade relativa do
ambiente ..............................................................................................................................29
Tabela 4.1 – Agressividade: Temperatura............................................................................30
Tabela 4.2 – Agressividade: Umidade .................................................................................31

x
LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURA E ABREVIAÇÕES

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ASTM American Society for Testing and Materials
CP Corpo de prova
CP V ARI RS Cimento Portland de alta resistência inicial resistente a sulfatos
CP V RS Cimento Portland resistente a sulfatos
ºC Graus Célsius
DDP Diferença de potencial
DIN German Institute for Standardization
ISO International Organization for Standardization
NBR Norma Brasileira Registrada
RBRO Resíduo de beneficiamento de rochas ornamentais
RM Resíduo de marmoraria
UR Umidade Relativa
VU Vida Útil
VUP Vida Útil de Projeto
WUFI Wärme Und Feuchte Instationär
CEB Comite Euro-International Du Beton

xi
1 INTRODUÇÃO

Com o passar do tempo as estruturas de engenharia vêm sendo impostas a variados tipos de
solicitações, sendo as mais relevantes de origem mecânica, climática e física.Quando não
executado segundo: as especificações normativas, com os devidos cuidados construtivos, uso
de materiais em boa qualidade e mão de obra especializada, o concreto armado deixa de cumprir
com os requisitos de resistência e durabilidade a que se destina.

A interação entre o material e o seu meio envolvente é responsável por provocar solicitações
físico-químicas, que possibilitam o surgimento de anomalias no sistema, sendo a corrosão das
armaduras o processo mais relevante de deterioração de estruturas de concreto (AITCIN, 2000).

Existem vários mecanismo de corrosão das armaduras, no entanto para este trabalho, dedicou-
se atenção especial para a corrosão por íons cloretos que consiste basicamente na ação
simultânea de três fatores: água, oxigênio e íons cloretos. Primeiramente, a camada passivadora
é danificada pela ação destes agentes que logo após penetram ao longo da camada de concreto
atingindo a armadura em pontos localizados, dão origem a uma pilha eletroquímica, onde na
região anódica ocorre as reações de oxidação do metal e na região catódica ocorrem as reações
de redução dos íons presentes no eletrólito (MOTA et al., 2012).

Como proposta para minimizar estes efeitos de corrosão, foi inserido Resíduo de
Beneficiamento de Rochas Ornamentais – RBRO no concreto, ou seja, toda a lama descartada
do processo de corte e polimento dos blocos. O grande potencial de utilização dessa lama traz
benefícios não só de ordem ambiental mas também de ordem econômica.

Além disso, foi realizada através do software WUFI® Pro 6.1 uma simulação higrotérmica, na
qual foi utilizadoum sistema convencional de concreto armado, sob condições específicas de
variação climática ao longo da extensão litorânea brasileira. Diante dos resultados fornecidos
através da simulação para umidade e temperatura foi possívelanalisar a influência de tais
agentes nas zonas de atmosfera marinha, em relação a corrosão das armaduras. Já os resultados
obtidos através do ensaio de potencial de corrosão, permitiram estudar o comportamento de
estruturas localizadas em zona de variação de maré, com relação ao processo de corrosão.

1
1.1 JUSTIFICATIVA

A costa litorânea do Brasil possui uma extensão de mais de 7.000 Km de litoral, apresentando
tanto áreas densamente povoadas quanto áreas de baixa densidade populacional, devido a isso,
são construídos na orla edifícios de diversos padrões residenciais e comerciais.

Estudos demonstram que o ambiente marinho é prejudicial às estruturas metálicas que


compõem as edificações, segundo Dietrich (2015) a presença de cloreto de sódio, cloreto de
magnésio e outros íons trazidos pelo vento na forma de cristais ou gotículas de água salgada
são fatores que aumentam a agressividade do meio. Para Ribeiro et al. (2014), a velocidade de
corrosão no ambiente marinho varia de 30 a 40 vezes em relação ao ambiente rural, fato este
que pode gerar problemas estruturais e custos adicionais. Estes custos também são maiores na
etapa de manutenção dessas estruturas, que tedem a ter velocidade de degradação maior que em
outros locais, principalmente com relação ao concreto em contato com zona de maré.

Recentemente, estudos vêm sendo desenvolvidos no sentido de mostrar que resíduos industriais
podem ser utilizados na fabricação do concreto, agregando sustentabilidade a indústria da
construção civil (DIETRICH, 2015). Neste sentido, os resíduos sólidos proveniente do
beneficiamento de rochas ornamentais- RBRO vêm se destacando, pois, pesquisas
desenvolvidas por Rana et al. (2015), Ramos et al. (2013), e Negredo (2017) têm demonstrado
seu potencial enquanto inibidor do processo de corrosão das armaduras em matrizes de
concreto.

Baseado nisso, este trabalho justifica-se pela necessidade de uma análise mais detalhada quanto
a ação dos íons cloretos no processo de degradação das armaduras em ambientes marítimos,
usando para tal análise, ensaios laboratoriais e ferramentas computacionais na quantificação
desta degradação com ênfase nos parâmetros de desempenho, durabilidade e vida da útil das
estruturas.

1.2 OBJETIVO GERAL


Este trabalho tem como objetivo verificar a influência do potencial agressivo da atmosfera
marinha associando-o com a análise da adição de resíduos de marmoraria na durabilidade de
concretos armados submetidos à ação de cloretos em regiões litorâneas.

2
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Como objetivos específicos deste trabalho têm-se:


• Realizar uma simulação higrotérmica de um sistema em concreto armado para
diferentes cidades litorâneas;
• Analisar os resultados referentes à temperatura e umidade, fornecidos pela simulação,
correlacionando-os com o grau de agressividade ambiental dos locais estudados;
• Relacionar este grau de agressividade com a despassivação do concreto e posterior
corrosão das armaduras;
• Identificar as regiões do litoral brasileiro que mais influenciam por meio da temperatura
e umidade, na degradação das estruturas de concreto armado localizadas na zona de
atmosfera marinha;
• Submeter concretos com resíduo de marmoraria à ciclos de imersão e secagem com ação
de solução salina.

3
2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ASPECTOS ASSOCIADOS À DURABILIDADADE DAS ESTRUTURAS DE


CONCRETO

O Concreto armado é um material de construção resultante da união de concreto simples e


barras de aço de tal forma que, por meio da interação entre ambos possa resistir aos esforços
solicitantes.Tendo em consideração as novas tecnologias do concreto, torna-se indispensável
conhecer e entender alguns critérios relacionados à durabilidade e vida útil do mesmo, pois ao
se conceber um concreto objetivando a sua durabilidade, os gastos com manutenção serão
reduzidos e novos materiais para reparo também. Portanto, explanaram-se abaixo alguns
conceitos fundamentais para uma melhor compreensão das propriedades e características do
mesmo.

2.2 DESEMPENHO, DURABILIDADE E VIDA ÚTIL

De acordo com o descrito na NBR15575 (ABNT, 2013), desempenho é definido como o


comportamento desenvolvido pela edificação e seus sistemas enquanto utilizados, ou seja, as
condições mínimas de habitabilidade para que os usuários possam utilizá-la por um período de
tempo determinado.De acordo com esta mesma norma durabilidade consiste na capacidade da
estrutura ou dos elementos que a compõemem desempenhar suas respectivas funções ao longo
do tempo perante condições de uso e manutenção especificadas.

Segundo Helene et al. (1993), a durabilidade não é uma propriedade exclusiva da estrutura, mas
sim o resultado de uma relação entre a estrutura de concreto, o meio envolvente e as condições
de uso, de operação e manutenção. Ou seja, as estruturas de concreto devem ser projetadas de
modo que os condicionantes ambientais verificados na época de projeto conservem suas
características operacionais durante o período de vida útil estipulado.

Com base nisso, a norma ISO 15686-1 (ISO, 2011), define vida útil (VU) comoo período de
tempo no qual o edifício e/ou seus sistemas atingem ou excedem os requisitos de desempenho
previstos em projeto. Já a vida útil de projeto (VUP), é definida pela norma NBR 15575:2013
como o período de tempo durante o qual um sistema cumpre com todos os requisitos e critérios
4
de desempenho para qual foi projetado, levando em consideração o cumprimento dos
programas de manutenção.

Neste contexto, a definição da VU também está ligada a um conceito quantitativo associado a


um intervalo de tempo, devendo sempre ser analisada de modo que sejam considerados o
projeto, a execução, os materiais e o manual de uso e operação com foco no desempenho,
qualidade e sustentabilidade.

2.3 AGENTES DE DEGRADAÇÃO QUE INFLUENCIAM NA CORROSÃO DAS


ARMADURAS

O processo de deterioração do concreto ocorre na maioria das vezes como resultado da


associação de fatores externos e internos. Estes fatores podem ser separados segundo a sua
natureza em: mecânicos, físicos, químicos, biológicos e eletromagnéticos, uma vez combinados
podem alterar as propriedades físico-químicas do concreto impossibilitando-o de cumprir com
suas funções e interferindo diretamente em sua durabilidade.

Diante das diversas condições de exposição em que podem ser encontradas as estruturas de
concreto, dedicou-se atenção especial para aquelas próximas ao ambiente marinho que
dependendo do grau de agressividade e do microclima da região, podematingir tanto a estrutura
da matriz de cimentoquanto propiciar à corrosão das armaduras do concreto.

Entende-se por microclima, aquele que se encontra na envoltória da edificação ou em


determinado ponto especifico da escala intra-urbana, estando correlacionado com os fatores
climáticos do local, sendo os mais comuns: vegetação, revestimento do solo, fluxo dos ventos,
topografia, sobreamentos dentre outros (ROMERO, 2011), conforme exemplifica a figura 2.1.

5
Figura 2.1 – Representação do microclima

Fonte: DURACRETE (1999); HAAGENRUD (2004); ZANONI, (2015).

2.3.1 Influência da agressividade do ambiente marinho sobre as estruturas de concreto

A ação simultânea dos agentes de degradação presentes no ambiente marinho costeiro pode
causar às estruturas de concreto armado diversas anomalias, entre estas se encontra a corrosão
das armaduras, que poderá se manifestar na forma de desagregação e fissurações no concreto,
sendo uma das mais preocupantes do ponto de vista estrutural e financeiro. Para Mehta e
Monteiro (1994), neste tipo de ambiente, a água salgada é o agente principal nos mecanismo de
degradação, pois nela se encontram substâncias e organismos que aceleram esse processo e
comprometem a integridade da estrutura (MEHTA, 1982).

De acordo com Lima (2001), devido aos diferentes tipos de agentes agressivos e pela forma
como a água entra em contato com estrutura, o ambiente marinho é caracterizado em diferentes
zonas, cada uma apresentando suas características de degradação, conforme o ilustrado pela
Figura 2.2.

6
Figura 2.2 – Apresentação das distintas regiões (zonas) de agressividade às estruturas de
concreto armado

Fonte: Adaptado de DURACRETE, 1999.

1) Zona de atmosfera marinha: Trata-se do local em que a estrutura não está em contato direto
com o mar, porém recebe uma quantidade significativa de sais em sua superfície. Isso só é
possível, porque os ventos predominantes por meio de sua direção e velocidade transportam
esses sais na forma de partículas sólidas ou de gotículas e os depositam na face da estrutura. A
quantia de sais depositados vai depender na direção e velocidade dos ventos predominantes,
pois a medida que a distância do mar aumenta a quantidade de sais transportados diminuem. O
principal mecanismo de degradação encontrado nesta zona é a corrosão de armaduras pelo
transporte de íons cloretos.

2) Zonas de respingos: É nesta região, onde se verifica um contato direto das estruturas de concreto
com o mar, ou com as ondas e respingos. As anomalias mais frequentes são ocasionadas pela
atuação dos íons cloretos e pela ação erosiva proveniente das ondas.

3) Zona de variação das marés: É a região que se localiza entre os níveis máximos e mínimos
atingido pelas marés, condição esta que dependendo das condições climáticas e solução salina
poderá propiciar a saturação do concreto. O desgaste ocorre devido ao ataque dos íons cloretos,
ação das ondas e micro-organismos biológicos.

4) Zona submersa: Nesta região, o concreto se encontra completamente submerso. O processo de


degradação ocorre por meio de sais agressivos e pela ação de micro-organismos biológicos.
7
Desta forma, percebe-se que embora a região submersa esteja sujeita as ações químicas, ela é a
menos afetada pelo fenômeno de corrosão. Em contrapartida a região de zona de atmosfera
marinha é uma das mais vulneráveis ao surgimento de corrosão, por ser uma dasmais
influenciada pelos fenômenos físicos e químicos, resultantes da agressividade do meio.
(MEHTA E MONTEIRO, 2008).

2.4 MECANISMO DE CORROSÃO DAS ARMADURAS

O processo de corrosão pode ser compreendido como a relação agressiva de um material com
o meio envolvente onde este está inserido, sendo o resultado desta interação, reações nocivas
de origem química ou eletroquímica. Podendo essas reações estarem associadas ou não a ações
físicas ou mecânicas de degradação. Esta interação físico-química pode resultar em alterações
nocivas indesejáveis, como desgastes, modificações químicas e estruturais, fazendo com que o
material se torne inapropriado para o uso (HELENE, 1986; GENTIL, 1996).

Na análise de deterioração das armaduras de concreto armado, existem dois tipos de corrosão
que podem ocorrer: corrosão química ou direta e corrosão eletroquímica. A corrosão química
ocorre por meio da reação gás-metal, onde os átomos do aço reagem diretamente com o
oxigênio presente na atmosfera, resultando na formação de uma membrana uniforme e
ininterrupta de óxido de ferro. Sendo que este tipo ocorre de forma muito lenta em temperatura
ambiente, sendo mais relevante para temperaturas elevadas e ocorre principalmente na etapa de
fabricação das barras de aço (HELENE, 1986).

Para as estruturas de concreto, o mecanismo de corrosão mais relevante e frequentemente


observado é o eletroquímico. Este ocorre de forma preponderante em temperatura ambiente e
meio aquoso. Este processo aponta a presença de uma reação de óxido-redução e também da
movimentação de íons em um eletrólito. Nas estruturas em que este mecanismo ocorre, surgem
como produto de corrosão, os óxidos e hidróxidos de ferro, que apresentam cor amarronzada e
acréscimo no volume da seção original das barras de aço-carbono. Chegando esta expansão,
por vezes, à ordem de 600% do volume original do elemento, podendo causar pressões de até
40 MPa na peça estrutural (GENTIL, 1996; HELENE, 1993; MEHTA & MONTEIRO, 1994).

8
O fenômeno de corrosão das barras de aço, consiste na formação de uma pilha ou célula de
corrosão galvânica e sua formação ocorre de forma espontânea, assim como qualquer outra
pilha eletroquímica. Esta consiste no conjunto formado por um eletrólito, um anôdo, um cátodo,
da existência de uma diferença de potencial de eletrodo e oxigênio.

O eletrólito é formado pela presença de umidade relativa elevada (UR≥60%), solução aquosa
ou água, em contato com a superfície das barras ou na própria camada de concreto que as cerca.
O anôdo consiste na região onde ocorre a dissolução do aço e como este processo não decorre
de forma uniforme, na região do cátodo a influência do ataque pode ser considerada irrelevante.
A diferença de potencial (DDP) de eletrodo consiste no diferencial que surge entre o anôdo e o
cátodo, propiciando a circulação de corrente elétrica, uma vez que o eletrólito fecha o circuito,
dando origem a pilha, conforme ilustra a figura 2.3 (FORTES; ANDRADE, 2001; HELENE,
1993).

Figura 2.3 – Processo de corrosão eletroquímica no concreto armado

Fonte: HELENE, 1986.

De acordo com Gentil (1996) o processo de corrosão eletroquímico pode ser enumerado e
equacionado da seguinte forma:

-Zona anôdica é o local onde ocorrem os processos de dissolução do metal ou o desprendimento


de íons metálicos para o eletrólito, sendo estabelecida uma conexão elétrica entre esta região e
a zona catódica.
9
𝐹𝑒 → 𝐹𝑒 2+ + 2𝑒− (2.1)

𝐹𝑒 2+ + 2(𝑂𝐻 − ) → 𝐹𝑒(𝑂𝐻)2 (Hidróxido de Ferro) (2.2)

4𝐹𝑒(𝑂𝐻)2 + 2𝐻2 𝑂 + 𝑂2 → 4𝐹𝑒(𝑂𝐻)3 (Hidróxido Férrico - Ferrugem) (2.3)

-Zona catódica consiste na região onde acontecem as reações de redução dos íons existentes no
eletrólito. A solução aquosa do eletrólito recebe os íons de ferro (Fe++) provenientes do ânodo,
carregados positivamente e aqueles com carga negativa, denominados elétrons livres (e-) são
transportados pela própria barra de aço até o cátodo e neste local passam pelo processo de
absorção, por meio dos integrantes do eletrólito e uma vez mesclados com a água e oxigênio,
resultam na formação dos íons hidroxila (OH-).

1
𝐻2 𝑂 + 2 𝑂2 + 2𝑒− → 2𝑂𝐻 − (2.4)

Vale ressaltar que, segundo Andrade (1992), é necessário que todos os elementos necessários a
formação da pilha estejam presentes. Uma vez que um destes componentes é retirado e o
circuito é interrompido, a pilha deixa de funcionar e o processo de corrosão se estagna.

A evolução do processo corrosivo está ligado a condições termodinâmicas que influenciam


diretamente na intensidade e velocidade da corrosão. Entre estas variáveis se encontram a
umidade e temperatura, sendo a umidade o principal indicador de comando deste processo
(ANDRADE et al., 2002, FIGUEIREDO et al. 1993).

Segundo Tuutti (1982) as máximas velocidades de corrosão se dão nos concretos com alta
presença de umidade, mas não em concretos saturados, pois é necessário que o oxigênio consiga
chegar até a região da armadura. Para Andrade (1992) o papel da temperatura é incitar a
mobilidade iônica, facilitando o transporte de íons ao longo da microestrutura do concreto,
influenciando também na quantidade de água presente no concreto, no tocante à condensação
ou evaporação da mesma.

As barras de aço ou armaduras que compõem os elementos estruturais de concreto, estão


localizadas em uma zona de proteção, devido a camada de concreto que as envolve, conhecida

10
como cobrimento. Esta camada forma uma barreira física que dificulta a entrada de agentes
externos e também propicia uma proteção química, pois possui a função de passivação das
armaduras contra a corrosão. Sendo isto possível pela alta alcalinidade presente nos poros do
concreto, pela solução aquosa ali existente (HELENE, 1986).

2.4.1 Corrosão do aço no concreto por íons e principais consequências

Entre os principais responsáveis pela destruição da camada de passivação das estruturas de


concreto estão os íons cloretos (Cl-) presentes em regiões litorâneas.A relevância da ação deste
agente sobre as estruturas de concreto se dá, principalmente, conforme mencionado, em regiões
litorâneas, onde esta interação ocorre principalmente pela atmosfera marinha, contato direto
com a água do mar e lençol freático.

A atmosfera formada contendo sais dissolvidos, provenientes da água do mar, é conduzida pelo
vento até a superfície da estrutura, se depositando sobre esta. Esta deposição permite que os
íons cloretos penetrem no concreto por adsorção capilar da água em que estes estão dissolutos.
Este ingresso no concreto pode se dar também por sais de degelo, por água ou solo
contaminados, além de agregados ou aditivos que na sua composição contenham sais de cloreto.

O percentual de sais de cloreto admitido pela NBR 7211 (ABNT, 2009) para concreto armado
é menor que 0,1%. Quando os agregados utilizados excedem este percentual, sua aplicação no
concreto se limita a um teor total de todos seus componentes (água, cimento, agregado, adições
e aditivos químicos) menor igual a 0,15% quando a estrutura está exposta a cloretos nas
condições de serviço e menor igual a 0,40% quando a estrutura não está exposta a condições
severas (CAVALCANTI FILHO, 2010).

Cascudo (1997) afirma que os agentes de degradação causadores de corrosão das armaduras
no concreto, mais relatados na literatura técnica sobre o assunto são os cloretos. Estes agentes
são considerados como os mais prejudiciais do ponto de vista da corrosão de armaduras, uma
vez que podem destruir a camada de passivação do aço, mesmo diante de altos valores de pH,
iniciando assim o processo corrosivo. Vale ressaltar que os cloretos não só despassivam as
armaduras, como participam integralmente do processo de corrosão.

11
Segundo González et al. (1996) os íons cloretos destroem a camada passivadora das armaduras
de forma localizada ou pontual (corrosão por pites), conforme ilustra a figura 2.4. Esta forma
de corrosão é uma das principais e mais nocivas, pois, pode acarretar em machas superficiais,
fissuras, destacamento do cobrimento e perda de seção acelerada da armadura, ocasionando
pontos de acúmulo de tensões, resultando em fraturas que minimizam a resistência mecânica
do elemento, comprometendo assim a segurança estrutural (GENTIL, 1987; HELENE, 1993).

Figura 2.4 – Pite de corrosão resultante da ação de íons cloretos

Fonte: TREADAWAY, 1988.

Esta tipologia corrosiva ocorre quando existem diferenças geométricas na interface aço-
concreto, fissuras e oxigênio; e em geral, acontece pela ventilação diferencial nas fissuras,
levando a uma acidificação pontual crescente que resulta na eliminação da camada passivadora.
No processo de corrosão os íons cloretos também exercem a função de catalisadores, acelerando
a dissolução do ferro e de acordo com Metha e Monteiro (1994), outra característica dos cloretos
que pode intensificar a corrosão está ligado à higroscopicidade deste sal, que consiste na sua
capacidade de preservar por mais tempo a umidade no interior do concreto.

A presença de íons cloretos na parte interna do concreto pode ocorrer de três formas: cloretos
fixos, adsorvidos e livres. Os cloretos fixos são aqueles ligados quimicamente às fases alumino-
ferríticas (C3A e C4AF), os adsorvidos são aqueles que na superfície dos poros dos silicatos de
cálcio hidratados, foram adsorvidos de forma física (C-S-H) e por último os cloretos livres, que
consistem naqueles dissolutos na solução aquosa dos poros (SANTOS, 2006).

12
A influência dos cloretos no processo de corrosão está diretamente relacionada a forma como
estes estão inseridos no concreto, sendo que apenas os cloretos livres induzem este processo.
Porém, as normas e bibliografias relacionadas a este assunto apresentam valores limites de
cloretos como cloretos totais, uma vez que a interação (reações) do cloreto com as fases do
cimento, resulta em instabilidade e cloretos antes fixos, são liberados para a solução aquosa do
concreto (CSIZMADIA et al., 2000).

Mazer et. al (2014) apresenta a sequência de reações referentes a ação dos cloretos no processo
corrosivo do concreto, tendo como referencia as equações determinadas por Mehta (1982) e
Gentil (2003). As equações 5 e 6 apresentam a forma de interação dos cloretos nas regiões
anódicas e catódicas.

- Região anódica:
𝐹𝑒 + 2𝐶𝑙 − → 𝐹𝑒𝐶𝑙2 → 𝐹𝑒 ++ + 2𝐶𝑙 − + 2𝑒 −2 (2.5)

-Região catódica:
½ 𝑂2 + 𝐻2 𝑂 + 2𝑒 − → 2(𝑂𝐻)− (2.6)

De acordo com Gentil (2003) ocorre uma migração dos íons gerados de uma região para a outra.
Os íons Ferro originados na zona anódica, passam para a catódica e os íons Hidroxilas
produzidos na zona catódica, migram para a anódica. As equações 7 e 8 apresentam a formação
do Hidróxido ferroso e Hidróxido de ferro expansivo, respectivamente. O Hidróxido ferroso é
resultante do encontro entre os íons Ferro e Hidroxilas em uma zona intermediária, onde
também são produzidos outros compostos. No concreto é possível encontrar oxigênio e a junção
deste com os compostos originados na reação 6, permite a formação do Hidróxido de ferro
expansivo.

- Geração do Hidróxido de ferro II:


𝐹𝑒 ++ + 2 𝑂𝐻 − → 𝐹𝑒(𝑂𝐻)2 (2.7)

-Geração do Hidróxido de ferro III expansivo:


2𝐹𝑒(𝑂𝐻)2 + 𝐻2 𝑂 + ½𝑂2 → 2𝐹𝑒(𝑂𝐻)3 (2.8)

13
Em relação aos valores críticos de cloretos presentes no concreto, para que haja a destruição da
camada passivadora das armaduras, a literatura apresenta, em relação à massa de cimento,
segundo Morris et al. (2004), os valores que variam de 0,17% a 2,5% e segundo estudos
realizados por Alonso et al. (2000) 1,24% a 3,08%.

Além do teor de cloretos presente no concreto, outros elementos influenciam no processo de


início da corrosão. Para Morris et al. (2004) a composição e a qualidade do concreto, as
características do meio envolvente e da superfície da barra, assim como a alcalinidade,
porosidade e tipo de cimento (Page et. al., 1991) influenciam tanto na iniciação do processo
corrosivo, quanto nos valores críticos de cloretos, respectivamente.

Segundo Santos (2006), entre outros fatores que influenciam o processo de iniciação da
corrosão estão: as fissuras do concreto, que permitem a rápida penetração dos agentes de
degradação até as armaduras, assim como a entrada de oxigênio e umidade, elementos
essenciais a este processo e também as estruturas da rede de poros do concreto.

2.4.2 Resistividade elétrica como ferramenta para previsão de início de corrosão por
ataque de cloretos

A resistividade elétrica consiste na resistência elétrica de um cabo de volume unitário e seção


transversal contínua, onde a corrente é análoga e incessantemente distribuída (ESBACH, 1975
apud WHITING e NAGI, 2003), sendo a resistência elétrica apresentada entre superfícies
opostas de um volume unitário de um elemento (SANTOS, 2006).

De acordo com Santos (2006), a resistividade elétrica se apresenta como uma das principais
propriedades do concreto, sendo definida como a habilidade do mesmo em resistir à passagem
de corrente elétrica. A permeabilidade de fluidos e à difusividade de íons por meio dos poros
do concreto estão diretamente ligadas a capacidade de resistência elétrica. Sendo que este fator
está relacionado a velocidade do processo corrosivo das armaduras.

Andrade (2004) apresenta a resistividade elétrica como uma ferramenta de medição indireta da
conectividade dos poros do concreto, para aqueles em estado saturado, uma vez que a mesma

14
se relaciona com a sua microestrutura. Quando a fração volumétrica dos poros for maior,
acontecerá que menor será a sua resistividade, isto é válido quando se tem um mesmo grau de
saturação. A resistividade será menor, quanto maior for nível de saturação do concreto
(SANTOS, 2006).

Em estruturas sujeitas a influência dos cloretos, à entrada destes íons por meio da rede de poros
do concreto está correlacionada ao intervalo de iniciação da corrosão. Uma ferramenta bastante
eficaz para a detecção da despassivação de armaduras é o ensaio de potencial de corrosão. Este
processo é realizado com o objetivo de apresentar uma previsão do momento de iniciação da
corrosão e possível deterioração das armaduras, por meio de ciclos de imersão e secagem em
estufa de corpos de prova, e medição de DDP das barras de aço. Esta penetração tem relação
intrínseca com a capacidade de absorção e difusividade iônica do concreto, sendo estas
definidas pelas propriedades dos poros e da solução aquosa presente nos mesmos (SANTOS,
2006; DIETRICH, 2015).

2.5 UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE MARMORARIA NO CONCRETO ARMADO


COMO PROPOSTA PARA MINIMIZAR OS EFEITOS DE CORROSÃO

A indústria das rochas ornamentais é uma das que mais geram rejeitos na área da construção
civil. Estes efluentes em sua maioria são constituídos por material de elevada finura a partir do
processo de esquadrejamento, desdobramento, corte e polimento por quais passam as faces de
rochas ornamentais (CHIODI FILHO, 2001). A figura 2.5 mostra de forma esquemática, o tipo
de resíduo gerado em cada etapa do processo de beneficiamento das rochas.

Figura 2.5 - Esquema do processo do beneficiamento das rochas

Fonte: Gomes, Lameiras e Rocha, 2004 apud Reis, 2008.


15
No entanto esse processo de beneficiamento tem se tornado um problema ambiental, pois o
volume de resíduo gerado é muito grande e na maioria das vezes o mesmo é disposto de forma
inadequada no meio ambiente, gerando efeitos que podem comprometer a fauna e a flora
(MANHÃES E HOLANDA, 2008).

Assim, uma alternativa para minimizar a quantidade desses resíduos em benefício da sociedade
e da natureza é a sua reutilização como subproduto da construção civil. Para isso, várias
pesquisas foram desenvolvidas com o objetivo de caracterizar o mesmo, inserindo os como
matéria prima na produção de argamassas (Calmon et al., 1997), peças cerâmicas (Lima filho
et al., 1999) e concretos (GONÇALVES, 2000).

Segundo Dietrich (2015), a produção de concretos com baixa relação a/c e baixos teores de
adição de RBRO poderá proporcionar maior proteção física para as armaduras embutidas em
estruturas de concreto armado expostas a ambientes marinhos, tornando-os menos susceptíveis
a ação de cloretos.

Baseado nestes aspectos, o resíduo de beneficiamento de rochas ornamentais (RBRO), foi


utilizado como uma adição em massa, em relação ao cimento Portland, demonstrando-se viável
tecnicamente ao ser incorporado ao concreto, melhorando não só suas propriedades mecânicas,
mas também funcionando como um bloqueio contra ataques externos provocados por íons
cloretos (SOARES, 2014).

Segundo estudos desenvolvidos por Rana, Kalla & Csetenyi (2015), a concentração de íons
cloretos dentro do concreto, contendo 5 à 10% de RBRO em substituição ao cimento, foi menor
que a concentração de íons no concreto referência. Os autores afirmam ainda que essa redução
foi devido ao efeito filer, que refinou os poros da estrutura.

No estudo da durabilidade de concreto frente a ação de cloretos, Dietrich (2015) concluiu que
o tempo de indução a corrosão aumenta de acordo com o aumento do porcentual da adição.
Verficou também que quando adicionadado no percentual de 5%, o RBRO se demonstrou mais
vantajoso em relação a durabilidade, pois mostrou menor contaminação de 𝐶𝑙− no ensaio
colorimétrico.

16
2.6 UTILIZAÇÃO DA SIMULAÇÃO HIGROTÉRMICA COMO INSTRUMENTO
NA PREVISÃO DE CORROSÃO

O estudo da degradação de estruturas de concreto armado tem se mostrado cada vez mais
necessário ao longo dos anos, principalmente em zonas marítimas, que segundo a NBR 6118
(ABNT, 2014) se enquadram nos mais elevados níveis de agressividade ambiental. A
determinação da tendência de comportamento das estruturas localizadas nestas regiões, por
meio da reprodução da realidade do meio envolvente têm se mostrado como uma ferramenta
efetiva para previsão do comportamento higrotérmico das estruturas e da vida útil.

Instrumentos computacionais têm sido desenvolvidos com o objetivo de reproduzir


graficamente a realidade da envoltória das estruturas, permitindo tanto a caracterização do
elemento construtivo, quando do ambiente a que está exposto. Por meio destas ferramentas é
possível mensurar a incidência de agentes climáticos de degradação como radiação,
temperatura, chuva dirigida e umidade, que estão intimamente ligados ao processo de corrosão
das armaduras de estruturas de concreto armado além de influenciar diretamente no
comportamento higrotérmico do elemento como um todo.

Por radiação, se compreende a quantidade de energia solar que chega até o elemento estrutural,
sendo composta por três fragmentos: direta, difusa e refletida; e conforme explica Nascimento
(2016) a maior responsável pelos ganhos térmicos da edificação é a radiação direta. Segundo a
ASTM E632 (ASTM, 1996) temperatura consiste em um agente capaz de ocasionar
modificações químicas e físicas no elemento em que exerce influência. Além de ocasionar
alternações entre expansão e retração, na qual está última exerce o papel de dinamizadora de
reações químicas (RESENDE et al 2002).

A ação conjunta da precipitação com o vento recebe o nome de chuva dirigida, sendo sua
influência muito mais relevante, quando comparada apenas a ação da chuva. Este agente é
considerado como uma das principais fontes de origem de umidade nas estruturas e sua entrada
e saída dos elementos estruturais, pode originar movimentos de expansão e retração
(NASCIMENTO, 2016; RIBEIRO E BARROS, 2010).

17
Em relação a presença de umidade como agente de degradação, Sousa e Feitosa(2017),
destacam que a umidade relativa do ar tende a aumentar quando ocorre diminuição da
temperatura e a diminuir quando há aumento da temperatura, conforme o observado pela figura
2.6(LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2004).

Figura 2.6 – Relação entre temperatura e umidade

Fonte: LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2004.

As principais anomalias no concreto relacionadas à umidade são: manchamentos, corrosão,


fissuras, eflorescências, lixiviação, bolor e outros. Esssas anomalias podem ser originas através
da condensação do vapor de água, presente no meio, que acontece quando a superfície do
material se encontra com temperatura mais baixa do que a temperatura correspondente ao ponto
de orvalho (LERSCH, 2003) e também pela higroscopicidade dos materiais que está
relacionada a umidade consequente da difusão do vapor d’água existente no ar para dentro do
material através dos poros;
Assim, a mensuração destes agentes sobre as estruturas de concreto se tornou possível por meio
da utilização de um dos programas desenvolvidos até o presente momento, o software WUFI®.
Esta ferramenta computacional é responsável por correlacionar parâmetros de temperatura e
umidade por meio de simulação higrotérmica, sendo que tal procedimento permite reconstruir
o ambiente envolvente assim como definir os níveis de agressividade, possibilitando
correlacionar os resultados obtidos com a durabilidade e possível deterioração das estruturas,
pela ação dos diferentes agentes de degradação a que estão expostas.
18
Nesta ótica, este trabalho irá apresentar uma abordagem parecida com a desenvolvida por Sousa
e Feitosa (2017), que estudaram a incidência de faixas de umidade relativa, correlacionando
estas ocorrências com níveis de suscetibilidade a corrosão das armaduras. Estes foram os
primeiros autores a relacionar os resultados da simulação higrotérmica com a degradação de
sistemas em concreto aparente.

19
3 METODOLOGIA

Como proposta para estudar a degradação das armaduras de concretos situadas em ambientes
litorâneos, será desenvolvido neste trabalho ensaios em laboratório com base na norma ASTM
C 876 (2015), onde serão submetidas amostras de concreto armado com adição de RBRO ao
ataque acelerado de íons cloretos, isso com o intuito de analisar a influência desta adição no
processo de corrosão das armaduras expostas a ação de cloretos.

Paralelamente a isso, serão realizadas também simulações higrotérmicas com o objetivo de


identificar ao longo do litoral brasileiro, as cidades mais vulneráveis à ação dos agentes
climáticos que influenciam diretamente no fenômeno de corrosão.

3.1 PROGRAMA EXPERIMENTAL

O programa experimental aplicado neste estudo será baseado na análise da condição de zona de
atmosfera marinha, através dos resultados de temperatura e umidade relativafornecidos por
meio de uma simulação higrotérmicae um ensaio experimental realizado em laboratório, em
que será observada a condição de zona de variação de maré, sendo ambos realizados de acordo
com as etapas descritas no fluxograma da Figura 3.1.

Figura 3.1 – Fluxograma da metodologia de estudo abordada

Fonte: Autores.
20
3.1.1 Montagem dos corpos de prova

O presente estudo é uma continuação da pesquisa desenvolvida por Mota e Guimarães (2018),
onde foi estudada a durabilidade de concretos confeccionados com RBRO, sendo apresentado
a seguir o modo de confecção dos corpos de prova desenvolvidos por estes autores e adaptado
nesta pesquisa para a realização dos ensaios de aceleração e potencial de corrosão.

A dosagem dos traços de concreto com adição de RBRO foi feita em conformidade com o
modelo do IPT/EPUSP de Helene e Terzian (1992) e foram adotados seis teores de adição: 0,
5, 10, 15, 20, 25%, sendo sua aplicação uma adiçãoem massa, ao cimento Portland. Na primeira
etapa foram moldados 12 corpos de prova, sendo dois para cada teor de adição, do tipo
prismático com dimensões 10x10x10cm e foram utilizadas 4 barras de aço, com cobrimentos
de 1 ou 2 centímetros no mesmo CP, conforme ilustra a figura 3.2.

Figura 3.2 - CP prismático com aresta de 10 cm e cobrimentos c1 (1 cm) e c2 (2 cm)

Fonte: SILVA, 2010.

3.1.1.1 Materiais utilizados

Foi utilizado na composição do traço de concreto o cimento Portland tipo V RS (resistência a


sulfatos),pois este tipo de aglomerante possui uma maior porcentagem de clínquer quando
comparado a outros tipos de cimento (mais puro), logo, apresenta menor quantidade de adições
pozolânicas e permitem avaliar de forma mais clara a interferência do RBRO nos concretos
(NEGREDO, 2018).

21
O tipo de agregado graúdo utilizado foi brita, porém adotou-se duas faixas de graduação
(dimensão máxima 12,5 mm com 30% e 19 mm com 70%) para assegurar uma boa distribuição
granulométrica do traço. O agregado miúdo utilizado foi areia média natural e o optou-se por
utilizar também um aditivo superplastificante Tecflow 50N, pois além de reduzir a quantidade
de água de amassamento, este aditivo é livre de cloretos. A tabela 3.1 apresenta os respectivos
traços utilizados para cada teor de adição do resíduo de marmoraria (RM) aplicado nesta
pesquisa.

Tabela 3.1 –Traços unitários dos concretos

Fonte: Mota e Guimarães, 2018.

3.1.2 Aceleração da corrosão por ataque de cloretos

O processo de aceleração da corrosão por meio do ataque acentuado de cloretos ocorre a partir
de um ciclo de imersão dos CPs em uma solução rica em NaCl e posterior secagem destes em
uma estufa ventilada. A solução é preparada com base na concentração de NaCl da água
marinha, que oscila entre 3 a 4%, sendo adotado o teor de 5% em massa deste sal (DEBIEB et
al., 2010; HIGASHIYAMA et al., 2012).

O ciclo é realizado semanalmente, sendo a duração da imersão parcial dos CPs de dois dias e a
secagem em estufa a 50°C de cinco dias. Durante este processo também é feito o controle da
solução, sendo esta renovada a cada ciclo de imersão, de forma a garantir a concentração de
cloretos necessária. O período de tempo para realização dos ciclos pode variar, sendo estes
realizados até que ocorra o processo de despassivação das armaduras (DIETRICH, 2015).

22
3.1.3 Ensaio de potencial de corrosão

O ensaio de potencial de corrosão consiste em uma ferramenta que possibilita prever o início
de despassivação e corrosão das armaduras. Normatizado pela ASTM C-876 (ASTM, 2015),
constitui-se de um processo não destrutivo e que mensura indicativos de forma qualitativa,
visando obter os valores de potencial de corrosão das armaduras inseridas no concreto
(DIETRICH, 2015).

Para sua realização são utilizados: um multímetro de alta impedância, com capacidade de
medição em milivolts; um eletrodo de referência; uma esponja com elevada tendência de
condução e conexões elétricas. A partir da ocorrência de um processo de corrosão eletroquímico
é possível identificar linhas de corrente nas armaduras, conhecidas também como eletrodo de
trabalho. A mudança do estado externo das armaduras de passivo para ativo, revela valores de
potencial de corrosão mais eletronegativos por conta da redução da resistividade do concreto,
sendo que isso ocorre por meio da presença de íons cloretos na solução existente nos poros do
concreto (DIETRICH, 2015).

A medição da diferença de potencial (DDP) ou potencial de corrosão (Ecorr) é feita nas


armaduras com referencial em um eletrodo de referência pois não é possível realizar a medição
do valor de DDP entre um metal e a solução (CASCUDO, 1997). O polo positivo do multímetro
é ligado ao corpo de prova por meio da conexão com o fio de cobre que é fixado em uma
pequena abertura na ponta da barra de aço. Já o polo negativo é conectado ao eletrodo de
referência, que deve estar instalado na face de cobrimento da armadura. A figura 3.3 apresenta
o esquema de medição do DDP (DIETRICH, 2015) e a figura 3.4 exemplifica o ciclo de
medição adotado, sendo realizadas duas medições: uma após a imersão parcial do CP e outra
após a saída do mesmo da estufa.

23
Figura 3.3 – Esquema de medição

Fonte: adaptado de ASTM C 876:91(ASTM, 2009); DIETRICH (2015).

Figura 3.4 – Ciclo de medição

Fonte: DIETRICH (2015).

Neste estudo foi utilizado como parâmetro para análise dos valores de potencial de corrosão, o
eletrodo de referência sulfato de cobre, apresentando os intervalos de probabilidade de corrosão
conforme a figura 3.5.

24
Figura 3.5 – Intervalos de potencial de corrosão apresentados pela ASTM C-876:15

Fonte: Adaptado de Ribeiro et al. (2012) e DIETRICH 2015.

3.2 SIMULAÇÃO HIGROTÉRMICA - MÉTODO WUFI PRO 6.1

O presente estudo utilizou a ferramenta computacional WUFI® Pro 6.1, desenvolvida na


Alemanha pelo Fraunhofer Institute for Building Physics (IBP), na mensuração dos agentes
climáticos de degradação que incidem sobre o envelope construtivo das edificações,
relacionando os resultados obtidos com a possibilidade de degradação do sistema de concreto
aparente adotado neste estudo (NASCIMENTO, 2016). Os parâmetros para esta simulação
baseiam-se na norma DIN EN 15026: 2007, que reforça a necessidade da caracterização do
sistema estudado a fim de que os resultados retratem de forma verídica as reais condições
encontradas nos ambientes simulados.

Assim, de acordo com a metodologia referente a simulação higrotérmica exemplificada na


Figura 3.1, na etapa correspondente a entrada de dados foram inseridas todas as informações
relacionadas ao local de estudo e as propriedades do sistema construtivo, sendo estas obtidas
no banco de dados do programa. Com base nisso, para dar início a simulação foi considerada
uma amostra de edifício que varia de 10 a 20 m de altura, estimando-se para tal um período de
três anos a datar de 01/01/2018 à 01/01/2021. Porém, para termos de análise foram considerados
apenas os dados referentes ao último ano simulado, pois segundo Nascimento (2016), é somente
a partir do terceiro ano que a umidade de construção tende a se estabilizar na estrutura.

Ainda na etapa de entrada de dados, para os coeficientes de transferência a superfície foram


adotados os valores de 0,04 m²K/W para a resistência térmica externa e 0,13 m²K/W para a
resistência térmica interna (ABNT 15575:2013). Em relação ao coeficiente de absortância, foi
adotado para todas as cidades, o coeficiente de absortância 0,7 (admensional), pois este

25
consegue descrever a pior condição de absorção de radiação. Vale ressaltar que neste estudo foi
observado apenas o clima externo referente a cada localidade simulada.

Após processada a simulação, obter-se-á na etapa referente à saída de dados, todos os resultados
dos horários referentes aos três anos simulados, dentre eles estão o fluxo de calor e umidade,
radiação, precipitação e amplitude térmica. Porém este trabalho terá como foco especial os
valores de umidade e temperatura, pois estes agentes são os que mais interferem na análise de
degradação das armaduras.

Por fim, na última etapa do processo (tratamento de dados), todos os valores serão organizados
em planilhas do Excel com o objetivo de quantificar a intensidade da ação destes agentes e
dessa forma associá-los com o surgimento de anomalias nas estruturas de concreto.

Para os casos analisados, adotou-se um sistema em concreto aparente. Este é um dos tipos de
sistemas predominantes no Brasil e tipicamente um dos mais utilizados em cidades litorâneas.
Para fins de simulação considerou-se que o sistema é composto por uma única camada de
simples vedação com espessura de 25 cm, pois este tamanho relaciona-se com a dimensão típica
das espessuras de vigas e pilares (SOUSA E FEITOSA, 2017), conforme ilustra a figura 3.6. O
programa WUFI apresenta um banco de dados, contendo as características higrotérmicas de
cada material que pode ser aplicado a um sistema construtivo DIN EN 15026, sendo o concreto
utilizado no sistema construtivo simulado, proveniente desta base de dados e suas propriedades
apresentadas na tabela 3.2.

Figura 3.6 – Sistema construtivo simulado

Fonte: Adaptado do WUFI, 2018.


26
Tabela 3.2 - Propriedades higrotérmicas do material utilizado

Fonte: WUFI, 2018.

3.3 SUSCETIBILIDADE À CORROSÃO DE ACORDO COM DIFERENTES


REGIÕES BRASILEIRAS

Com os resultados obtidos pela simulação higrotérmica foi realizada a identificação das regiões
brasileiras onde se encontram a atmosfera marinha mais agressiva as estruturas de concreto
inseridas nestas localidades. Para cada região foi apontada a cidade com maior probabilidade
de desenvolver o processo de corrosão das armaduras.

Foram realizadas simulações para quatorze cidades do litoral brasileiro, conforme mostram as
figuras 3.7 e 3.8, e com os dados de umidade relativa das respectivas localidades, realizou-se
uma identificação por faixas das cidades mais propícias ao processo de corrosão das armaduras
de estruturas de concreto. Estas faixas se dividem em muito baixa, baixa, média, alta e saturada,
e os níveis de risco se dividem em risco insignificante (0), risco leve (1), risco médio (2) e alto
risco (3), conforme mostra o tabela 3.3 (CEB, 1992; SOUSA E FEITOSA, 2017).

27
Figura 3.7 – Cidades simuladas para regiões Norte e Nordeste

Fonte: Google Earth, 2018.

Figura 3.8 – Cidades simuladas para regiões Sudeste e Sul

Fonte: Google Earth, 2018.

28
A agressividade ambiental às estruturas de concreto está diretamente ligada ao nível de umidade
relativa do ambiente e também a temperatura local, sendo apresentados no item 4.1 os
resultados obtidos, onde foram apotadas as cidades com base na influência destes dois agentes.

Tabela 3.3 – Classificação do grau de agressividade com base na umidade relativa do ambiente
Umidade relativa Corrosão em concreto
efetiva UR contaminado com cloretos
Muito baixa ≤ 45% 0
Baixa 45 a 65% 1
Média 65 a 85% 3
Alta 85 a 98% 3
Saturada ≥ 98% 1
Fonte: Adaptado de CEB, 1992.

29
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 SIMULAÇÃO HIGROTÉRMICA

Foram estudados por meio da simulação higrotérmica os valores de umidade e temperatura para
as principais cidades da costa brasileira, a saber: Aracaju, Belém, Florianópolis, Fortaleza, João
Pessoa, Macéio, Natal, Parnaíba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e
Vitória. Desta forma, um dos objetivos desta pesquisa consiste em verificar quais destas regiões
apresentam a atmosfera mais agressiva para as estruturas de concreto armado nelas localizadas.

As temperaturas altas são grandes influenciadoras no processo de degradação de uma estrutura


de concreto em atmosfera marinha. O aumento gradativo deste agente climático poderá
proporcionar maior celeridade no transporte de íons cloretos, portanto, a agressividade
ambiental está condicionada a ação simultânea deste agente em conjunto com a umidade.

Com base nos gráficos localizados no Apêndice B para temperatura e umidade gerados a partir
software STATISTICA 8.0 (STATISOFT. INC, 2007) elaborou-se duas tabelas para as cidades
litorâneas simuladas, quantificando por faixas, a porcentagem e o maior número de ocorrências
de temperatura e umidade para as mesmas. No entanto, dentre estas cidades, dedicou-se atenção
especial para aquelas que apresentaram as maiores ocorrências para as regiões Norte, Nordeste,
Sudeste e Sul, conforme o destacado nas tabelas 4.1 e 4.2.

Tabela 4.1 – Agressividade: Temperatura


DEFINIÇÃO DA AGRESSIVIDADE -TEMPERATURA
FAIXA DO MAIOR NÚMERO DE
CIDADES LITORÂNEAS NÚMERO DE PORCENTAGEM DE
REGIÃO OCORRÊNCIAS DE
ANALISADAS OCORRÊNCIAS OCORRÊNCIAS
TEMPERATURA ANUAL (°C)
NORTE BELÉM 24-25 1929 22%
ARACAJU 26-27 1826 21%
SALVADOR 25-26 1605 18%
JOÃO PESSOA 25-26 1545 18%
NATAL 25-26 1509 17%
NORDESTE FORTALEZA 26-27 1656 19%
RECIFE 26-27 1308 15%
PARNAÍBA MAIOR OU IGUAL A 30 2235 26%
SÃO LUIS 25-26 1809 21%
MACÉIO 23-24 1329 15%
RIO DE JANEIRO 22-23 1004 11%
SUDESTE
VITÓRIA 22-23 1012 12%
FLORIANOPOLIS 22-23 922 11%
SUL
PORTO ALEGRE MENOR OU IGUAL A 15 1583 18%
Fonte: Autores.

30
Tabela 4.2 – Agressividade: Umidade
DEFINIÇÃO DA AGRESSIVIDADE -UMIDADE
FAIXA DO MAIOR NÚMERO
CIDADES LITORÂNEAS NÚMERO DE PORCENTAGEM DE
REGIÃO DE OCORRÊNCIAS DE
ANALISADAS OCORRÊNCIAS OCORRÊNCIAS
UMIDADE ANUAL (%)
NORTE BELÉM 85-98 4129 47%
ARACAJU 65-85 6410 73%
SALVADOR 65-85 6236 71%
JOÃO PESSOA 65-85 5208 59%
NATAL 65-85 5108 58%
NORDESTE FORTALEZA 65-85 4308 49%
RECIFE 65-85 4293 49%
PARNAÍBA 65-85 4125 47%
SÃO LUIS 65-85 4037 46%
MACÉIO 85-98 3619 41%
RIO DE JANEIRO 85-98 3649 42%
SUDESTE
VITÓRIA 65-85 3596 41%
FLORIANOPOLIS 65-85 4968 57%
SUL
PORTO ALEGRE 65-85 4455 51%
Fonte: Autores.

Desta forma, nota-se que as cidades onde se observou as maiores ocorrências de temperatura e
umidade foram Belém, Aracaju, Rio de Janeiro e Florianópolis respectivamente. Sabendo disso,
será esboçado adiante para cada uma destas regiões os histogramas que quantificam essa
variação de uma forma mais criteriosa.

As faixas de temperatura foram classificadas em função da variação térmica mais frequente


para o litoral brasileiro (INMET, 2018). Já as faixas de umidade, foram classificadas de acordo
com o risco de probabilidade de corrosão, dividindo-se em: Muito baixa ≤ 45%: risco
insignificante (0); Baixa 45 a 65%: risco leve (1); Média 65 a 85%: risco alto (3); Alta 85 a
98%: risco alto (3) e Saturada ≥ 98%: risco leve (1) (CEB, 1992; SOUSA E FEITOSA, 2017).

a) Região Norte: Bélem/PA


Por meio dos valores apresentados na figura 4.1 (a), verificou-se que para Belém as maiores
ocorrências das médias anuais de temperaturas estão entre os intervalos de 24° Ce 25°C com
1929 ocorrências o que representa aproximadamente 22% do total. Já em relação a umidade
relativa do ar, figura 4.1 (b), as maiores ocorrências se encontram no intervalo de 85% à 98%,
que segundo Sousa e Feitosa (2017), representa um alto grau de agressividade.

31
Figura 4.1 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Belém/PA
(a) (b)

Fonte: Autores.

b) Região Nordeste: Aracaju/SE


Observa-se que para esta cidade as maiores ocorrências de temperatura estão entre os intervalos
de 26°C e 27°C, ou seja, 21% do total de ocorrências conforme ilustra a figura 4.2 (a). Por sua
vez, a figura 4.2 (b), informa que as ocorrências de umidade relativa do ar foram mais intensas
no intervalo de 65% a 85%, representando um alto risco de corrosão para as estruturas
localizadas na região.

Figura 4.2 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Aracaju/SE


(a) (b)

Fonte: Autores.

c) Região Sudeste: Rio de Janeiro/RJ


No que tange ao estado do Rio de Janeiro, os resultados mensurados na figura 4.3 (a) para
temperatura, evidenciam uma forte influência deste agente na degradação das armaduras, uma
vez que se verificou 1004 ocorrências dispostas na faixa de 22°C e 23°C. Isso justifica os

32
expressivos valores de umidade identificados na figura 4.3 (b) para esta cidade, onde as maiores
ocorrências se encontram na faixa de 85% à 98% (alta agressividade) com 3649 ocorrências.

Figura 4.3 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Rio de Janeiro/RJ


(a) (b)

Fonte: Autores.

d) Região Sul: Florianópolis/SC


Esta região diferentemente das demais, por apresentar clima temperado úmido com verão
quente, apresentou valores de temperatura mais brandos, sendo as maiores ocorrências
verificadas na figura 4.4 (a) entre as faixas de 22° C e 23°C com 922 eventos. Já o número de
ocorrências de umidade relativa foi mais frequente entre as faixas de 65% a 85%, figura 4.4 (b),
que apresenta um grau de alto risco de corrosão das armaduras. Para esta região se verificou
ainda que é típico a ocorrência de baixas temperaturas, fato que pode causar condensação no
interior do concreto, aumentando a umidade nos poros. (Goñi e Andrade, 1990).

Figura 4.4 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Florianópolis/SC


(a) (b)

Fonte: Autores.

33
4.2 POTENCIAL DE CORROSÃO

As medições dos potenciais de corrosão foram realizadas para cada ciclo, ao final de cada etapa
de imersão em solução 5% NaCl e secagem em estufa a 50°C. As medições foram realizadas
com o intuito de observar através dos resultados, o momento da provável despassivação das
armaduras inseridas nos corpos de prova. Porém em decorrência dos ciclos de imersão e
secagem, houve uma variação considerável dos potenciais obtidos. As figuras 4.5 e 4.6
apresenta o ciclo de aceleração de corrosão.

Figura 4.5 - Ciclo imersão em solução NaCl 4.6 - Ciclo de secagem em estufa
50°C

Fonte: Autores.

Com isso, os valores de DDP obtidos apresentaram grande dispersão sendo tal fato atribuído
aos ciclos e ao medidor utilizado, que já se encontrava desgastado pela recorrente utilização
mesmo antes deste estudo. Para dar sequência a pesquisa foi confeccionado um novo medidor
de potencial e foi realizada a aferição dos dois últimos ciclos (13° e 14°). Por este motivo,
foram analisados apenas os resultados dos dois últimos ciclos de medição que comprovam a
corrosão das armaduras.

Cada ciclo correspondeu a um período de 7 dias de indução a corrosão, ao todo foram realizados
quatorze ciclos, totalizando 98 dias. Os resultados de potencial de corrosão obtidos após a
imersão apresentam valores mais negativos do que os obtidos após a secagem, isso ocorre

34
porque após a imersão o corpo-de-prova se encontra saturado e segundo Cascudo (2005), isto
pode distorcer os valores reais de potencial para mais eletronegativos.

As figuras 4.11 e 4.12 apresentam os resultados para o 13° ciclo, sendo possível realizar a
análise da tendência de comportamento dos dados, em relação aos teores de RBRO. Foi
observado em todos os resultados uma oscilação acentuada nos valores de potencial de corrosão
(Ecorr) do corpo-de-prova com teor de adição 10%, sendo tais resultados descartados para
efeitos de análise. Apenas os teores 0, 5, 15, 20 e 25% terão seus dados discutidos. Existe uma
certa continuidade nos resultados, sem oscilações muito relevantes, exceto para o teor 10;
porém se observa uma leve tendência dos teores 0% e 5% apresentarem os maiores valores
absolutos que os teores de 15%, 20% e 25%.

4.7 - Gráfico 13° ciclo cobrimento 1cm 4.8 - Gráfico 13° ciclo cobrimento 2cm

Fonte: Autores.

Isso comprova o que foi constatato na pesquisa desenvolvida por Dietrich (2015), que quando
adicionado ao concreto em baixos teores, os RBRO aumentam a proteção física das armaduras
e quando analisado em relação a estruturas expostas a ambientes marinhos, pode retardar o
processo ou mesmo diminuir a probabilidade de corrosão das armaduras por ação de cloretos.
Os teores 15, 20 e 25 apresentam resultados menos negativos pois possuem maior adição de
RBRO, aumentando a proteção física das barras. Apesar da variação dos teores, estes ainda são
considerados como baixos em quantidade de adição.

Os resultados para o último ciclo realizado estão nas figuras 4.13 e 4.14 que apresentam a
mesma tendência de comportamento do ciclo 13° (figuras 4.11 e 4.12). De acordo com a figura
3.6, para o eletrodo de referência adotado neste estudo (Sulfato de cobre), valores superiores a
-0,200 V apresentam probabilidade de corrosão inferior a 10%, valores no intervalo de -0,200

35
a -0,350 V probabilidade entre 10% e 90% e para dados inferiores a -0,350 V tal probabilidade
é superior a 90% (ASTM C 876:15).

4.9 - Gráfico 14° ciclo cobrimento 1cm 4.10 - Gráfico 14° ciclo cobrimento 2cm

Fonte: Autores.

Ao final do ensaio de aceleração de corrosão foi possível observar que todos os teores de adição
apresentaram alta probabilidade de haver um processo de corrosão eletroquímica instalado na
barra de aço inserida no corpo de prova, sendo tal tendência superior a 90%, com exceção do
teor 15% para cobrimento 1 cm. No Apêndice A serão dispostas as imagens dos corpos-de-
prova rompidos, onde foi possível confirmar aquilo que foi apontado pelo ensaio: para todos os
teores de adição foi constatado a instalação do processo de corrosão.

Vale ressaltar que as adições RBRO se mostraram efetivas como inibidores de corrosão, na
proporção de sua adição ao traço de concreto, sendo uma alternativa para melhorar o
desempenho e garantir vida últil de estruturas situadas em zonas de variação de maré. Em locais
onde há variação de maré são geradas as variáveis umidade e temperatura, atuantes diretas no
processo eletroquímico de corrosão.

36
5 CONCLUSÕES

Na presente pesquisa foi constatada a importância do estudo da influência que o ambiente


marinho exerce sobre as estruturas de concreto armado, seja na zona de atmosfera marinha ou
na zona de maré, alvos de análise neste trabalho. Por meio da simulação higrotérmica observou-
se as ocorrências máximas e mínimas de temperaturas e umidade para as cidades simuladas,
sendo identificadas as cidades mais influenciadas por estes agentes.

Na zona de atmosfera marinha identificou-se dentre todas as cidades analisadas, as que mais
foram influenciadas pelos agentes temperatura e umidade, sendo elas: Belém, Aracaju, Rio de
Janeiro e Florianópolis, que por apresentarem as maiores ocorrências de temperatura e umidade,
apontam maior agressividade às estruturas de concreto. Constatou-se por meio da classificação
CEB (1992) que as cidades simuladas apresentam alta probabilidade de corrosão por cloretos.

Os resultados identificados por meio do ensaio experimental permitiram o estudo das zonas de
variação de maré. Nestas zonas é comum a variação do nível d’água e por meio do ensaio foi
possível simular esta realidade, sendo observado que tal variação contribui com o fenômeno de
corrosão das armaduras, pois fornece de forma intercalada, as variáveis umidade e temperatura.
Foi costatado que as adições de RBRO se mostraram efetivas como inibidores de corrosão. Os
teores 15, 20 e 25% se mostraram eficientes para retardar e/ou diminuir o processo de corrosão,
quando comparados a adição de referência de 0%.

Diante do exposto, é necessário que a análise da agressividade ambiental seja levada em


consideração desde a etapa de projeto, pois é evidente que sua influência interfere nos
parâmetros de desempenho e vida útil das estruturas de concreto, principalmente quando são
analisados os ambientes marinhos que segundo a NBR 6118:2014 apresentam forte
agressividade.

5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Como sugestõs para trabalhos futuros têm-se:

• Simular outras cidades do litoral para análise da probabilidade de corrosão;

37
• Analisar de forma mais ampla como cada cidade da costa brasileira se comporta em
relação aos parâmetros de temperatura e umidade;
• Correlacionar o tempo de indução com o tempo real de corrosão das estruturas;
• Repetir os ensaios para comprovar a efetividade das adições de RBRO como inibidor
de corrosão.

38
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e Urbanismo. Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de Brasília, Brasília, DF, 293 p.

44
APÊNDICES

45
APÊNDICE A – CORPOS DE PROVA

Figura 1 – Teor de adição RBRO 0% Figura 2 – CP teor 0% rompido

Figura 3 – Teor de adição RBRO 5% Figura 4 – CP teor 5% rompido

46
Figura 5 – Teor de adição RBRO 15% Figura 6 – CP teor 15% rompido

Figura 7 – Teor de adição RBRO 20% Figura 8 – CP teor 20% rompido

47
Figura 9 – Teor de adição RBRO 25% Figura 10 – CP teor 25% rompido

48
APÊNDICE B – HISTOGRAMAS DA SIMULAÇÃO HIGROTÉRMICA

Figura 1 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Belém/PA


(a) (b)

Figura 2 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Aracaju/SE


(a) (b)

Figura 3 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Salvador/BA


(a) (b)

49
Figura 4 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de João Pessoa/PB
(a) (b)

Figura 5 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Natal/RN


(a) (b)

Figura 6 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Fortaleza/CE


(a) (b)

50
Figura 7 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Recife/PE
(a) (b)

Figura 8 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Parnaíba/PI


(a) (b)

Figura 9 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de São Luís/MA


(a) (b)

51
Figura 10 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Maceió/AL
(a) (b)

Figura 11 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Rio de Janeiro/RJ


(a) (b)

Figura 12 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Vitória/ES


(a) (b)

52
Figura 13 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Florianópolis/SC
(a) (b)

Figura 14 – Histograma de temperatura (a) e umidade (b) de Porto Alegre/RS


(a) (b)

53

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