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)

I 1

AUTORES

I) C. Angelina Neto C. A. N. CONSULTORIA


N.Aoki SCAC
)
'I C. S. Carvalho IPT
S. Golombek CONSULTRIX
Y. Hasui UNESP - RIO CLARO

I'' P. A. C. Luz THEMAG


L. Martin ORSTOM - FRANÇA
I ) F. Massad EPUSP
)
J. A. Miolo IPT
J. T. L. de Moraes IPT
N. Morales IPT
Ii ) M. Mori F. FERRAZ
I
S. Navajas IPT
I f
S. Niyama IPT
)
) C. S. Pinto EPUSP
) O. G. Ramos UERJ- OGR
)
K. Suguio IGUSP
)
A. H. Texeira A. H. T. CONS. E PROJ.
)
) M. Vargas THEMAG
C. M. Wolle IPT
)
C. T. Yassuda GEOTÉCNICA

Correspondência aos autores pode ser enviada aos cuidados da ABMS:


IPT- Cidade Universitária, Caixa Postal 7141, CEP 01064-970, São Paulo, SP.
Tei/Fax: 268-7325

••
)

MESA REDONDA

DO liTORAl N

DE SAO PAUlO

ORGANIZAÇÃO

Arsenio Negro Jr., Argimiro A Ferreira, Urbano R. Alonso


Paulo A C. luz, Frederico Fernando Falconi, Regis Q. Frota

PROMOÇÃO
Associação Brasileira de Mecânica dos Solos - NRSP - ABMS

COLABORAÇÃO
Associação Construtores da Baixada Santista - ASSECOB
Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos

AUXÍLIO
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP
) '
')
")

) PREFÁCIO
)
) Com redobrada satisfação apresentamos este volume, que contém uma síntese do estado
atual do conhecimento sobre os solos que ocorrem no faixa litorâneo do Estado de São
)
Paulo. Abordamos aqui lemos ligados não só à baixada litorâneo mos também às
) encostos da Serro do Mor que o confino. Este volume, o terceiro de uma série iniciado em
) 1992, segue o linho editorial dos dois primeiros (Solos do Cidade e Solos do Interior de
)
São Paulo): reúne contribuições específicas, encomendados o renomados autores, obser·
vando temático e abordagem editorial unificada. Com isto pretendeu-se atingir o unidade
)
necessário à confecção de um livro, sem prejuízo, contudo do identidade de estilo dos

' autores.

Este volume de revisão e síntese pretende tornar-se obra de leitura, consulta e referência
paro profissionais que atuam em Engenharia Civil no faixa litorânea. O livro foi organi-
)
zado em doze capítulos cada um abordando um assunto particular. Os qualros primeiros
e
tratam de assuntos básicos os sele seguintes de temas aplicados, de interesse específico.
O último capítulo contém uma extensa revisão bibliográfica que, em conjunto com os
referências incluídos ao final de cada capítulo, virtualmente exaurem a literatura disponí-
vel sobre o assunto.
)

O Capítulo 1 fornece uma revisão histórica dos conhecimentos geolécnicos que se


acumulou sobre a região. Dada o extensão do tema, este capítulo foi subdividido em
duas partes: na primeiro trato-se da Serro do Mar, no segunda abordo-se a Baixada
\ ) Litorânea. O Capítulo 2 fornece uma a tualizado quadro da geologia do Pré-Cambriono
do faixa costeiro, contendo inclusive dados de evolução tectônica e de sismicidade. O
) Capítulo 3 apresento aspectos. da formação das planíces costeiros no Quartenário, que
deram origem aos sedimentos que ali ocorrem e que apresentam grande interesse
)
geotécnico. O Capítulo 4 trato dos propriedades dos sedimentos marinhos do litoral, a
) luz da história geológico descrita no capítulo anterior.
)
j O primeiro lemo de interesse prático específico é abordado no Capítulo 5, que trata de
problemas de fundações executadas nas encostas da Serra do Mar. Os Capítulos 6 e 7
abordam o estado da prática de fundações rasos e profundas na Baixada litorânea, com
) ênfase nas condições encontradas na cidade de Santos, com suas notórias dificuldades e
DESIGN
Mauricio Negro desafios técnicos. O Capítulo 8 discute os principais mecanismos de instobilizoções que
são observados nas encostos da Serro do Mar e morros isolados, que se estendem ao
PRODUÇÃO GRÁFICA longo do litoral. Já o Capítulo 9 Fornece uma detalhado revisão sobre os processos de
\ )
Produtores Associados estabilização usados ao longo do Serro do Mor, suas características e desempenho.
,..
)
1
O Capítulo 1Odiscute o atraente lemo do transposição dos baixados litorâneos por meios ÍNDICE
de aterros lançados sobre sedimentos de baixa resistência superficial. A implantação de
-, obras portuárias nestas condições representa desafios que são discutidos no Capítulo 11, 1. HISTÓRIA DOS CONHECIMENTOS GEOTÉCNICOS:
que aborda o assunto através de estudo de casos. Finalmente o Capítulo 12 apresenta PARTE 1 -SERRA DO MAR
uma atualização bibliográfica sobre os solos do faixa litorânea do Estado de São Paulo, PARTE 2 - BAIXADA LITORÂNEA
) incluindo relação de importantes relatórios produzidos pelo IPT sobre o assunto, desde a Milton Vargas 17
década de 40. Por motivos diversos alguns tópicos que despertam interesse não puderam
ser incluídos neste volume: geografia, barragens e túneis são temas que serão tratados em 2. GEOLOGIA DO PRÉ-CAMBRIANO
eventos futuros. Yociteru Hasui, José Augusto Miolo e Noberto Morales 41

Como das outras vezes, poro divulgação e discussão do temário deste livro foi realizada 3. GEOLOGIA DO QUARTENÁRIO
1 uma mesa redondo homônimo nos dias 5 e 6 de dezembro de 1994, em Santos, Kenitiro Suguio e Louis Martin 69
organizado pelo Núcleo Regional da ABMS, com a colaboração do ASSECOB e da
AEAS. 4. PROPRIEDADES DOS SEDIMENTOS MARINHOS
\ Faiçal Massad 99
Os Editores manifestam agradecimento à contribuição essencial dos autores dos capítulos
deste livro, que revelaram singulares entusiomo e competência na redação de seus 5. FUNDAÇÕES NA SERRA
trabalhos. Agradecem também à FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mário Mori e Sigmundo Golombek 129
São Paulo, pelo continuado apoio.
6. FUNDAÇÕES RASAS NA BAIXADA SANTISTA
,
\ São Paulo, dezembro de 1994 Alberto Henriques Teixeira 137
Falconi e Negro
7. FUNDAÇÕES PROFUNDAS NA BAIXADA SANTISTA
I Nelson Aoki e Constantino Angelina Neto 155
)
8. TALUDES NATURAIS
)
Claudio Michael Wolle e Celso Santos Carvalho 179
)
) 9. ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES
Paulo Afonso de Cerqueira Luz e Carmo Tsuguinori Yassuda 205
)
) 10. ATERROS NA BAIXADA
) Carlos de Sousa Pinto 235
)
11 . OBRAS PORTUÁRIAS
)
Octávio Galvão Ramos e Sussumu Niyama 265

j 12. BIBLIOGRAFIA
José Theophilo Leme de Moraes e Sergio Navajas 289
J

)
)
)
)
)

)
)
) HISTÓRIA DOS CONHECIMENTOS

~
) GEOTÉCNICOS: SERRA DO MAR
) Milton Vargas
)

' ) PartB 1
~
ru-;suMO

O conhecimento das propriedades g e otécnicas das encostas d a Ser-


) ra do Mar, no litoral paulista, tem origem na construção de estradas
de fe~ro e de r odagem que galgam a Serra e nos frequentes eventos ca-
tastrÓficos de escorregamentos de terra . Entretanto, an tes do projeto
e construção da Via Anchieta, no i nício da década dos anos 40 , e do
) escorregamento por detrás da Cas a de Força de Cubatão, não há menção
detalhada de tais· eventua lidade s. Começa-se a conh ecer a formação ' ge~
lógica e geomorfológica e as propriedades geotécnicas dos solos das
encostas com a exploração do terreno para projeto das estradas e suas
) obras de arte e com a re t ro -análise dos escorregamentos ocorridos em
Santos, em março de 1956. Foi a part ir de então , que se foram acumu-
l ando dados sobre a natureza geológica e os parâmetros geotécniros des
ses solos , bem como , sobre o mecanismo de ruptura dos taludes . -

)
)
As er i~eiras ref~rências ao s c onheciment os d os solos b~a silei ro s
) em relaçao a construçao de estradas de ferro no Brasil, es t ao no tra-
tado pionei ro sobre a g e ologia brasileira : "Geology and Physical
) Gcography of Brazi-1 " (l), d e um dos pais da nossa geologia : o america
no Charles Fre derick Hartt , publicada em Boston , em 1870 . Curiosamen=
) te nesse tratado llartt mostra que aproveitou a construção de estradas
)
)
de ferro, que se fazia naquela época , para estudar a nossa geologia.
Entre as várias a que e l e se refere está a Santos-Jundiaí, no trecho
da Serr a do Cubatão. De pois de descrever sumariamente os mangues
baixada, Hartt, apoiando-se em relatório de um engenhei ro ame ricano,
da
li
construtor da es t rada , descreve a subida da Serra. Diz ele: por uma
) garganta formado por dois espigÕes, a estrada sobe pela encosta do es r

I~~
pigão norte. Descreve então as camadas superficiais expostas nos cor=
) tes, como de uma argila amarela não estratificada, pouco compacta, in
terceptada por pedregulhos e p e dras bem arredondadas, sobre rocha gneis
sica decomposta. Mas, nada diz sobre os escorregamentos de terra que~
segundo crônicas não bem documentadas , ocorreram frequentemente duran
) te e após a construção . 'l'endo sido as encos tas estabilizadas por um
extenso sistema de drenagem que penetrava nas matas a té muito acima
) do leito da estrada.
)
( )
k) 3
2 HISTÓRIA DOS CONHECIMENTOS GEOTÉCNICOS: SERRA DO MAR
lu, SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO

I ~~ As i n formaçõe s obt idas no t ratado " Geologia do Brasil " de Avelino


Ignacio de Oliveira e Othon Leonardo (21 publicado no Rio de Janeiro ,
111 em 1943 são pouco relevantes para a Geotecnia. Entretanto, nele há G"I1! :D
uma menção à s formações geológicas , do trecho da estrada de ferro Ma i ~::;g
111 rink-Santos , como que arqueanas de gneisses porém, cortadas, na desci z:z:'"
da da Serra, por uma faixa d e micaxistos da série de são Roque, algo~
::; 2) g
111
, ~
VI-
....
) quiana . Mas, também aí nada se encontra sobre os possíveis e scorrega C on
mentes durante a construção , que se deu na décad a dos anos 30 . ~. po= G"IC:D

In) rém, de se chamar a atenção sobre uma fotografia do livro, mostrando


a ocorrência do Monte Serrat , como uma da s "ilhas" granito-gneissic as
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"'
,... ~n
/ 11 na planície hologênica de Santos . Nessa fotografia destaca-se o escor O r-
I>
- o<
re g amento de terra que ali se deu, em 1928 , s em maiores comen t á rios~ .... "',.,
)11 alé m de que causou grande número de mortes. "'<01'1
:0
:o o
/11 O p ri meiro tra balho sobre a natureza e as p ropriedades geotécni-
cas dos solos residuais brasileiros, entre os quais estão os das en-
In costas da Serra do Mar, foi apresentado ao 39 Congresso Internacional
) de Mecânica dos Solos , realizado em Zurich , em 1953 (3) . Nesse traba-
1'1 . lho divide-se o p erfi l dos solos residuais de granitos e gneisses em
três c amadas princi pai s : 1) uma camada s uperficial de solo residual ma
)
/ll duro, com alto Índice de vazios e baixo grau de saturação, que vem re
c ebendo a d enominação de "solo poroso" , - e ventualmente ess a c am a dã
1 11
)
pode ser substituída por uma camada de solo humoso ou por argila res-
secada -; 2) um solo residual jovem cuja car acterís ti c a principal é .,. ., .. o

lt) mostrar a e s trutura reliquial da sua "rocha madre" - e que é comumen-


t e chamada de s apr olito ; e 3) uma camada de rocha decomposta, a qual
9g~
);z..,
r fi'lr

I A'> eventualmente já ne c essita de explosivo para ser removida, e que reco "'"''"
,.,..,
º"'o
b r e a rocha gran!tico- g ne i ss ica o u as intrusõe s de micaxistos. No s o=
I 'I) pé das encostas encontram-se, ainda, depósitos de antigos escorrega-
mentes, constituídos por uma mistura das camadas ac ima , r efe ridas , c om
~E!
N VNO :t>J::;tVI
~ Z-1'10

I~
blocos de rocha, formando os chamados "ta lus". A figura 1 anexa mos - !I! r" o 0 ~ c
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tra uma seção e squ emát i ca da encosta, o nde e stã o indicadas e ssas di- ~~
,gJ>C- ~~~o
ve rsas camadas. ~;!';!ti:o
I) r "',.
"' "'"' ~~:F.g
I, Note-se q u e as propriedades e a natureza dos solos das encostas ~~i ~ "'n"'
I I ~.~
da Serra do Mar, f oram estud adas , sob o ponto de v is t a da eng enhari a
de solos e da geologia aplicada por dois motivos : a construção de es-
~ - ---·:--m l"'l!~il
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UI A VI 0 ~:I:üi ~
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tradas ga l gando a Serr a e os deslizamentos de terra que ali são cons-
) tante s. Os estudos geotécnicos para projeto e construção de estradas
tiveram lugar a p a r ti r da construção da Vi a Anchieta, n a década do s
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'",( anos 40; mas, foram cada vez mais aperfeiçoados em .obras seguintes,c~ ~% J> I ~~777-t
~ n~ ~ ~ ~? i~Ul G>~~ b~
mo a re c on strução do tre cho da Ser ra na BR-116; nos t rabalhos d e e sta ,.. ,- :oi""' V))J!Jo
piA:O '-"-<0-<f'l'l., 'P:O- g"'" I
bilização da Serra de caraguatatuba; na remodelação do trecho da Ser=
I~ "1 ~~g8'i:o~;~5g"'Q;::
ra da Mairink-Santos; na r odo vi a Sa ntos-Rio. Finalmente esses e studos H
C\
V\~rl~~n~n~:z:~rã
culminaram no trecho da Serra da Rodovia dos Imigrantes . oo ~> ;.s~,.t."'~rl>Q:Ec
c i»~~ ~~ ..r(~..r((l)~,...~l'!
Quanto aos escor regamentos de te rra , eles tiveram inicio com o ~ ~\Zl!~ .... ~~~~2nixVt

:I i)
zon:D o rr ~o
escorregamento de "talus" e xis tente por de t rás da Casa de f'orça de ~ go .., 0 o'i:~n~z;"'"'cr
batão, ocorrido em 1948, estudado e estabilizado por meio de drena-
.... "~~~~o~x ã~ -<g~
~r E g ~o o:o ~~~~
gem pelo próprio Prof. Karl Te rzaghi , que e sc reveu um importante rela ,.,u.of', i" ~~
tório sobre o caso (4). A f igura 2 mostra uma planta e seção longitu= ~ ~o -v9 il=t p
li,.. 2~ g~ ~ ~ ~
I~ din al do escorregamento e indica a posição em qu e foram esc avados t ú-
neis de drenagens e também um gráfico onde se mostra a influência do r-
_.n l""'r"' ,.,
... ~ Or- r-

~
-< n- ... -c
abaixamento do l ençol dágua, proveniente da drenagem, sobre o s deslo-
a ~ ã~ i
camentos do "talus" . Medidas de deslocamentos feita s em um poço vert.!_ ~
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cal , mostraram q u e os d eslocament os do " talus" eram s e me lhantes ao s
de um fluído viscoso (figura 2-c) . Nessa época o D.E. R. já ensejava 8 ~ ~ª ~
'd e studos sobre dois escorregamentos p rovo cad os pela construção da Via
Anchieta um na cota 500 outra na 95 , estudados por J . C. Rodrigues
J.S. Nogami segundo os ensinamentos de Te rz ag hi (5) (6)
e
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)
4 SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO HISTÓRIA DOS CONHECIMENTOS GEOT(CNICOS: SFHRA 00 MAO 5

Ne ssa época a Serra do Ma,r já cha mava a atenção de geomor:-fólogos

'
como f'rancis Rue,Llan, com sua. conferência pronunciada em dezembro de
1943 , sob o paLrocínio da Associação dos Geógrafos Brasileiros (7) e
") de geólogos , como Fernando Marques de Almeida que publicou , no Bole-
tim Paulista , em 1953, o seu notável trabalho "Consideraçõe s sobre a
) Geomorfologia da Serr:-a do Cubatão" (8). Esses dois trabal ho s vier:-am
a servir de base para estudos posteriores .
) "> -
.:·;;.:~').· ~ Contudo , sob o ponto de vista da engenharia de solos urna pesqui-
·>·%%';> .- sa intensiva do fenômeno, só foi feita pelo I . P.T . quando ocorreram
l
>:...-;;~:..';.::).:- ...J' 'C os escorre gament.os simultâneos nos morros de Santos , em rrarço de 1956,
após chuvas violentas. Os primeiros resultados desses estudos foram

.,..,i'.,:;~~.::<~.~~j::;,_;;.'=,'~:. :--'
) publicados por Ernesto Pichler, no Boletim da Sociedade Brasileira de
Geologia, em 1957 (9), enfatizando os aspectos geológicos . Destacando
)
~ : .~~ ....~.,. - .0.·--=.,-,_, -~~ • -
os aspectos tecnológicos os resultados de análises dos principais ca-
) -· ;::;::;;.:
_:;;.:;; ..;; :;-:_ ~- >; '"~;::).·,., .. sos de escorregamen to s hav idos, foram apresentados ao 4Q congresso T.n
ternacional de Mecânica dos Solos, realizado em lDndres, em 1957 (lO) -:-
) . ~ ... ... .. .. .o .. _
Nesse trabalho já se classificavam os movimentos de terra das encos-
ta s da Serra, em três grupos : 19) Rastejes das camadas superficiais
de solos residuais; 29) movimentos de "talus"; 39) escorregamentos s ú
) u c: l o • .. •
bitos do manto de solo r esídual. Re t ro-análises feitas indicaram ade
quação do c5lculo com base a pressões efetivas e neutras. -
)
a) PL.ANTA E SEÇÃO LONGITUDINAL DO ESCORREGAMENTO Durante o 39 Congresso Brasileiro de Mecânica dos Sol os , realiza
) do em Belo Horizonte, em 1960, foi apresentado um trabalho sumarizan=
do o s conhecimen to s adquiridos nos e studos e anál i ses desses aconteci
) mentos (11). Uma aplicação imediata desses conhecimentos ê também
mencionada nesse trabalho no que se re fere aos trabalhos de ta ludamen
) ~ OEtlOCAMtHTO ttO•UlOHfj,L. VfLOCIDAtJt OESI...OCA.U(HIO t.M/dio t o do Morro Tape r a , durante a cons truç ão da Us ina Siderúrgi ca da CDSIPA-;
em Piaçaguera. Aliis os resultados finais desses trabalhos de estabi-
..,"'..,
:.(
o~,, ,. ><> '"''••• lização foram ap re sen tados ao 39 Congresso Panamericano de Mecâni c a
..~ ~- - ·
dos Solos, realizado em Caracas, em 1967 (12) . Nessa época, já o sis-
t ema de sub-drenagem para es tabiliza ç ão dos "talus" por meio de tú-
) ~ ~-
I
),0 J · - --- neis, tinha sido substituído por tubos sub-horizontais, cravados na
) ~ ?; 4.~ base de " talus" por meio de aparelhagem de sondagens rotativas. Uma
P."
- . - - ·· · -

...o de scr iç~o det alhada nesse tipo de es t abi l ização fo j apresentada ao
49 Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos, reunido no Rio de Ja -
g
n eiro , em 1970, por Alberto llenriques Teixeira e Milton Kanji (13) . Es
) b ) fNfi.UENCIA DO ABAIXAMENTO ""'"
a
a
se trabalho foi complementado por um outro sobre o mesmo caso, de au=
toria de Rica rdo Guilherme Busch , aprese ntado ao 59 Congresso Pa n ame -
) 00 NlVEI. O' ÁGUA SOBRE O ~
TALUI
ri ca no, realizado em Buenos Aires, em 1975 11 4 l. Nesse mesmo Congres-
Df:SI.OCAMENTO HORIZONTAL so de Buenos Aires, Alberto Teixeira e Paulo Cesar Abrão, descreveram
) um outro tipo de escorregamento, até então não estudado, ocorrido ta~
( Sequnoo TERZAGHI Op_ cit. ) /ft"'-'777 " " ' bém na Via Anchieta em setembro de 1970 - portanto, inusitadamente fo
) XIS TO ra da es tação ch uvosa. Foi um escorregamento de talude cortado em r~
cha fissurada. A solução foi a de ancoragem do talude por meio de ti -
) rante de aço cravados no maciço rochoso (15) .
c) VE LOCIDADES DE DESLOCAMENTO
Voltando um pouco atrás vamos nos referir agora ao tipo de escor
) EM FUNÇÃO DA PROFUNDIDADE . regamento múltiplos simultâneos e catastróficos que ocorreram em
1967, quase que ao mesmo tempo na Serra de Caraguatatuba e, na Serra
) das Araras, na Via Dutra, ji no estado do Rio de Janeiro . O fenômeno
c on sistiu na quase completa lique fação de massas de solo coluvial e
) residual, com matacões de rocha, devido as chuvas intensas e concen-
tradas, com períodos de recorrência de 700 a 2.000 anos. O primeiro
) trabalho que descreveu tal tipo de ooorrência é o do Prof. Costa Nunes,
- ESCORREG AMENTO DE "TALUS" apresentado ao Congresso do México, em 1969. Porém, esse trabalho r e-
I I ) fere-se somente ao evento da Serra das Araras (16). A descrição com-
CUBATÃO, 1 947
I J) pleta do evento de Caraguatatuba, sob o ponto de vista da Geologia
Aplicada , está no trabalho de F'Úl.faro, Ponçano , Bistrlch e St ein, apr.9_
IJ f'CGURA 2

1
. )

I
7
~.,.) HISTÓRIA DOS CONHECIMENTOS GEOTÉCNICOS: SERRA DO MAR
5 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO
)

.) sentado ao 19 Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia, reali- \


')
zado no Rio de Janeiro, em 1976 (17). Nesse trabalho é feito uma aná-
lise da coluna sedimentar da plan icie de Caraguatatuba, com datações
de C-14 para calcular o periodo de recorrência de escorregamentos se-
I
} melhantes, chegando a conclusão que, nos últimos 3300 anos teria ocor
rido apenas uma grande fase de escorregamentos, que te ria sido justã
mente a em estudo. -
J
Os estudos geológicos e as retro-análises de todos esses escorre
) gamentos, permitiram, naquela época, chegar aos seguintes conhecimen=
tos sobre as propriedades geotécnicas dos solos das encostas da Serra
J do Mar: ·
) 19) De uma forma geral, os solos das encostas , podiam ser divididos
nascinco zonas do perfil de intemperismo mostrado na figura 3. Isto
é: al uma camada superficial de solo coluvial ou residual maduro; bÍ Ateio ou arQIIO eotu·
c~ uma zona intermediária de argila rija ou dura, eventualmente na super
rodo. wermelhO, ponta
ou omotela
flcie e endurecida por secamente; c) uma zona com estrutura reliquiar
da rocha madre (granito-gneissica); uma zona de rocha alterada;- e fi- ( Solo r u lduot ..~
nalmente, a rocha sã. Eventualmente uma ou mais desses camadas pode , "'""'•! ""'dura I
estar faltando localmente .
) 29) No sopé da Serra ou em patamares mais planos , encontram-se maci-
ços de uma mistura desuniforme de solo residual com matacões de rocha ..J
. ArQIIO rito ou diUO
) que são os "talus" provenientes de escorregamentos antigos.
39) Conforme se pode observar, num gráfico de plasti cidade do traba-
"'o
:::l "'rmetho, pardo cu
amarelo .
) lho acima citado (referência 3) que os solos residuais de granito, gneiss ...
Cll
0::
E"antuo1mt nte com
e•truturo f t QuiOr.
) ou xistos, colocam-se em geral abaixo ou pouco acima da linha A e com
limites de liquidez muito variável, de 20 até cerca de 70; e com por- o..J
centagem de argila (~ <2 \l) abaixo de 40%. As primeiras referências com
)
maiores detalhes sobre as propriedades geotécnicas desses solos foram OI
Ul o1- Areia com l*hQUiho
feitas em relatório ao IV Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos, ..J
o
ru.iduol au eolo ,.. ..
realizado em 1970 {18) . a: 11duol O.fQdOIG
<L ( Ettruturo r • hQlliOt)
49) Quanto as propriedades mecânicas de resistência a cisalhament odes 4 Ev~ntuolmante oom 11'0'
Ul
ses solos, a principio utilizou-se o ensaio de cisalhamento direto len tocõe• ou c:otn3d0 de
roc;hO de()Qmj)OOIO.
) to para determinar a ângulo de atrito t' e a coesão c• efetivos . A es
tabil idade era calculada pelo método do equillbrio limite , em superfi Rocha alterado.
Moloco'iot ou bioGOO ..,
cies de ruptura circulares, deduz indo-se das pressões totais as pres=
sões neutras de percolação da água da chuva e as pressões neutras de :::l
O "'
1- _.,. _
(lQtft(ldol _ dt
oa1o reo4d.
. .. roc;hO

deformações por cisalhamento.


'êl ~
Cll Aocloo oi.
Posteriormente resolveu-se , oonjugar as vári as pressões neutras nun
4 E-'""'"'- ti......OO.
s~
2:
único coeficiente ru = Uf/yz e determinar os parâmetros efetivos ~· e
' )
c ', pelo ensaio de compressão triaxial não drenado e pré-adensado,
I com medidas de pressões neutras. O desenho da figura 4, mostra um ex~
plo de uma retro-análise feita para um escorregamento em solo re sidual
I l intacto, provocado por escavação no pé do talude. Portanto, os valo-
res médios de+' = 250 e c' = 5,5 tjm2, com ru = 0, 4 , correspondem ao RlCHA GRANÍTICAS OU METAMÓRACAS
solo em seu estado natural. Outras retro-análises mos traram que t ' va SERRA 00 MAR
riava de 20 a 400 e c ' de 4 a 6 tjm2 , ru estando entre 0,3 e 0,5 . Po=
) rém , com os solos saturados, correspondente ao estado dos taludes após
chuvas violentas no final do período chuvoso, os valores de t ' e c ',
deveriam ser obtidos em ensaios sobre corpos de prova previ amente sa- FIGURA 3
turados. ·
59) Quanto aos parâmetros a serem adotados para o cálculo da resistê~
cia e velocidade de escoamento dos "talus", pos tos em movimento, dev_!
do a percolação dágua, e que seriam o ângulo de atrito e a coesão,
correspondente ao l imite de escoamento e não ao equi líbrio limite, e
mais o coeficiente de viscosidade do maciço, não há ainda pesquisa a
respeito.
r
) \
.,
"),
8 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO HISTÓRIA DOS CONHECIM ENTOS GEOT~CNICOS: SEARA DO MAR 9
h
.,) Contudo, d u ra nte a Confe rê nc ia J?anamer,icana, realizada em Buenos

\
Aires, em 1975, foi apresentado pelo professor Morgenstern e o nosso
•') o I~ lg) (")
o
colega Milton de Ma ttos , um trabalho sobre e stabilid ade de taludes em
solos naturais, que modificou o ponto de vista adotado , na escolha dos
~~
iI r~
parâmetros dos solos das encostas, para cálculos de estabilidade {19).
~ Os autores mostra ram que o mecanismo da s rup turas de talude não esta-

,,~ ~l
UI \
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vam tanto nos valores das pressões neutras desenvolvida s durante o mo

111
=.
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§\
c
o
,..,
o
~
3
....., vimen to ou nas pressões n eutras de p ercolaçã o da água da chuva ,
sim na drástica redução da coesão efetiva devido a infiltração dágua
da chuva, através dos solos não saturados , pela eliminação da s ucção
existent e nesses solos n ão saturados. Desenvolveram ai nda uma teoria
mas

o~
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do avanço da onda de saturação nos solos, em funç ão do tempo e da con
2):>
~ I~ o
::0 \ ( \ dutividade h id ráulic a desses solos .

) I) "'....
o., -i
~ \~
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Uma idéia dessa redução de ~· e c ', com a saturação completa já
ti nh a sido d ada pe lo professor Cos ta Nunes, em seu t rabalho " Fatores
., (T1 \
;p Geológicos e Climáticos na Estabilização de ·raludes de Estradas", no
il o -i
' ' I> \
qual ele apres en ta res ul tados de e nsai.os f e itos !:iObre amostras de so-
) N ::0
il Q. l:> los coluvia i s e residuais de gneiss decomposto, das encostas do Rio
) o 2 de Janei ro , em seu estado natural e saturado . A figura 5 mostra uma
!I
(J) ap re sen tação e s ta tís ti ca dos r esu l tados desses en s aios . Por ele obser
rr1
C/) < va - se que, enquanto o ângulo de atrito efetiva cai de valores máximos
(T1
li õ
n
rr1
CJ)
::0
(J)
e n t re 35 e 400 para 30 a 350 , quando satu r ado; a queda d a coesão , ca i
da média de 0,3 para cerca de 0,1 kg/cm2 quando saturado; podendo, en-
o, (") l:> tretan t o , a coes ão anular -se comple t amente .
\ o
Q.
o
::0
r
Nessa época, as investigações geotécnicas para o projeto e cons-
li
') "'
8c .,
Cb
-; ,G')
::0 -,..,
(/)
trução do tr echo da Serra da Via dos I migrante s ve i o a ume nta r de mui -
Lo os dados tanto sobre a natureza geológica como s obre as proprieda-
'I o des geotécn ica s do s sol os das encostas da Serra do Mar . Um trabalho
~ S. l> ):>
típico sobre esses estud os é o d e au to ri a do GeÓlogo Joel Mari o Hessing,

~· ' ~'
(. .... 3o :!: ,z r
):> I g
\ -,1
I;>
r apresentado ao 19 Seminário DE RSA, r'ealizaCb em são Paulo, em 1976 (20) .
( Cb
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r,q Durante o s trabal hos de pesquisa do I.P.T . e m trechos da p ista
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o
o I - " )>
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\ \ ar,q
ascendente des sa rodov ia, veio-se a confirmar as idéias de Morgenstern
e Mattos, sobre o moca ni ~mo de e~ ta bilidade de s sas enco stas . De fato
i\ na Publicação n9 1079, do I.P.'l'., sob o título " Carac te ri~ação de um
) o 2
Mecanismo d e Escor r egamento nas Encostas da Serra do Ma r" , Wolle, Gu.:!:,
I~ o: o dicin i, Araujo e Pedrosa (21), além de descreverem a natureza genéti-
..0
i c ;;: ca dos solos das encostas e exporem sua s idéias sobre as caracter1sti
o o· cas hidrogeológicas dos maciços' mostram que certos esc:orregamentos nes
( - ::0
K, sas encostas não podem ser explicados por meio do aparecimento de pres
s6es neutra s de percolaçio . As re t ro-análises procedi das mostrara m i
:!: ::0 o
1\) (>I ~
I e. o CT o o o o diminuição dos parâme tros de resistência pela saturação do solo e , ax1
sequente , eliminação da sucção - a 9ua l e levava a r esistência a eis~
" o -;
)
(f)l:>
Q. l> l:>,-i lhamento dos solos antes d a saturarrao . Note-se que este mesmo traba-
Cb "U :o ::o o(TJ o - lho foi apresentado pelos autores a 3~ Conferência Internacional de

::0 g~
Geolog ia d a Engenharia, realizada em Madrid , em 1978 .
-U) rn
~~ .. -~- :r: _ 'Yi
1\)

jg rr1 Em setembro de 1981, a COPPE/U . F . R.3., promoveu , com a colabora-


l? O)

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(J)
_),I
K:, . . (11,

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ção da A.B . M.S . e do CNPq , um simpó sio sob re Solos Tropicais em ~ ng e­

,? (")
(T1
o
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rr1 ~
OII --
(/)
):> nharia, durante o qual o autor Leve a ocasião de pronunciar uma confe
rência sobre "Os Prog r essos dos Estudos dos Solos Tropicais em
Paulo", na qual as propriedades geotécnicas dos solos das encostas da
sã~

I( (j)
(f)
-i ..... t ~
n_ .A-
y Serra foram relatadas (22) . A fig ur a 6 , mostra gráficos de plasticida
~ de e d e atividade de tais solos. -
d
II
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CD
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C: rn
o() -
o -..._
2 3
N
O> A co rrelaç ão entre pluviosidade e escorregamen to s e , portanto ,
entre pluviosi dade e resistência a cisa lhamen to dos solos das encos-
ta s tornou-se patente . Os escorregamentos se davam com mais frequên-
l:> rn I
d orn•(f) '
cia , du ra n te ou após chuvas violentas , no final da e!:itaçâo chuvosa
porque, nessa ocasião , a coe!:ião e o ângulo de atrito efetivos redu-
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~ 1,6 + 1,7 ê
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30 I I : I I l I I
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20 I : I 1/J/J/L I I I I
... 101 I I I" ,Vf,l
10 I b"7°oL/I:/J I l
o1 I r" ccc !n 1
1,0 1,5 2,0 2,5 01 1' 1 <, c <;"cvc v' I I
o lO 20 30 40 50 60 70
00 p (tlm 3 l-
!f' (0)-
Standord
Averaçe : Oeviation ov c c? ? f ==:o'! l Average :
o 0,5 1,0 5tondard
Natural : 1,64 t/m3 5= .!: 0 ,14
c'( kQ/cm Z l _ Standard Noturor . 40° Oeviation
Saturoted : 1,81 11m3 S= tO, ll
AveroQe : 0eV1o hon Sa turoted: 32, 5° 5= t 8, 2
Not\l'ol : 0,27kçtcmZ 5=.±.0,16 S=± 7,0
Soturoted 0.12kQ/cmZ S=.!: 0,08
SPECIFIC GRAVITY, EFECTIVE COHE~OO ANO EFECTIVE ANGLE OF FRICTION
C~U\'IAL Ai-40 RESIDUAL SOIL FROM GrJê:ISS- Ri.o de Janeiro, R J . ( apud Cosia Nune s , 1'97 1)
~ f IGr;?;.. S
r ,.-... r r r r r ·r r- r ,.-... ,...., ,.., r- /'. ......, ,......__,......,,..... ......... _-'"'"""'"'""' '" "'"'"'"'""'""
)
) 12 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO HISTÓRIA DOS CONHECIMENTOS GEOTéCNICOS: SERRA DO MAR 13
I)
~iam-se aos seus valo res rninirnos. ~ de se notar , ent retanto, que , em U l kg/cm 2 l
) certos casos est udados em retro-análise, isto não era suficiente. Se
')
ria necessário ainda que pressões neutras, quer de deformação de cisa
lharnento, quer de percolação ainda atuassem.
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I}
,.,
Estudos de r etro-análise , fe itos em vários escorregarnentos , ocor
ridos em tempo seco, por efeito de escavações no pé do talude do Mor=
ro Tapera, durante a construção da Us i na da COSIPA, mostraram que a
'O
~
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o
"'"'6. ,g-~ · ; n
c c I c
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I

relação entre a pressão neutra provocada pela deformação de cisalha- i


a. ~';---
.;t 4- I~
!~ _
11

rnento na ruptura Uf e o va~or de 03 obedecia a fónJU.la Uf = (oJ - o c) m, o g·


~~ ~
~~
Õ _ _1
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uf pode ser negativo (sucçao) para valores pequenos de o 3 ; mas, pode- lu• - 7/ •
~ P~ 'n~~ ~,' / ·.. I/JI~
I "'I I (/)

~~
-se admitir Uf/OJ, variando de um rninimo Uf/OJ = 0,16 para o solo o::rn coe (')
ficiente de saturação baDco S =57%, até un máximo, próximo de Uf/o3 • 1 pã I a.;;; Ii P

r--
o
) ra solos saturados , oonforrne se mostra na fi gura 7. Essas observações fÕ o o' _.!_ " ! • /; ::o
g~ ~
1
ram apresentadas pelo autor nuna palestra que fez no I Seminário de Altos Es= ::>
! ..f>
O - uo •3
://-T- .·/-?-I tJ'/_
·· ::0
I)
tudos sobre <bntenção de Encostas (23), realizada em Petrópolis, em 1986.
3â ; ;
-;

:
_ _

f/T
_

fj ITI

)
No caso das avalanches, em que há liquefaç~o .do solo escorregado
tudo se passa corno se a res istência ao cisalhamento do solo desapare- i ~c;!?.
,---- -- ~-.- 1
•- t-N G>
l>

~ ;
~esse. No caso de Caraguatatuba a lama depositou-se vários 3:
: "'~,..-
krn, além : . / ,.
I)
j_ ITI

~-- - .
do pé da Serra, mostrando assim que o material escorregado transforma I ; - --- - - ' / / .
ra-se num verdadeiro liquido. Isto só pode ser explicado, admitindo= I (Y'/-· .• --· :··· · • , z
I)
I;
-se que a coesão efetiva caiu a valor zero e que a r esistência
atrito efetiva foi anulada pela presença de pres sões neutras que anulassem
por
. I;Jfr->· a
f ;,-
~ -- - - L; . I
- o •
os pesos dos materiai s, corno acontece no caso das are ias movediças.
3:
I)
'I
o último estágio dos estudos sobr e a resistência a c isalhamento
dos solos das encostas refere-se ao fato de neles, senéb solos não sa tu
I o -o
I ,- •
..
/:T
_;L+ ; -·. I+· - ~~1---
&~ c<liC
./ .
O' o
::o

r~~ ~..-!-~ J___ ri~r-A


7 . I 1, "' p-
·.:;à
rados, aparecer o fenômeno da sucção que, por um lado aumenta sua re=
s istência a cisalharnento nas épocas secas, mantendo assim· os taludes
i• oo . / \ / » ::o
o
1,1
estáveis; porém, reduz essa mesma re sist ência, quando a água da chuva

~
~~ ~ v:I - - .\
1 ~
àas estações chuvosas, anulam a sucção nos solo s. Um estudo completo UI l>
\1 ) desse fenômeno foi o ob~eto da dissertação de mestrado de Mauricio 10 I
· - ; - - · C1>
"'O
Abramento, apresentada a Poli, em 1988 (24). Um re-estudo dos resulta , \: i ITI
~ ~
: g ;-~"r
L ~ --~~-+-~7-6ft. __!_t~g·Cõõ>~-~ -
::o
)
~
dos dessa investigação foi apresentada corno contribuição ao Congressõ I
c"'
--
O O""'\ .I o
u11> . ,
Internacional de Mecânica dos Solos realizada no Rio de Janeiro, em .__ a. I O l>
J 1989, pelo autor em colaboração com c.s. Carva~ho (25). Na Universid~ I

~L
de católica do Rio de Janeiro, tais investigaçoes foram aplicados no

~ ~
re-exame de seis casos históricos de escorregamentos ocorridos nas en <D !;' . !?. I - .
• 00 o< , ' - •
costas do Rio e na Serra do Cubatão, mostrando que essa nova aproximã •
i ' - o
E-8' n
~Il ,-
·_~ I~ 7 ~~- ~---r-;;;~ - -~~-o~
-o- 1 - ·-/-~•
lj ção do problema é perfeitamente j usti ficável (26) .. Também seguindo Õ -g. o o I. .

~) o e. ao.
_L ;;; ' g•
mesmo ponto de vista, Wolle e Carvalho, publicaram um trabalho sob o o- · -- -- . "8 V> "'I>
titulo "Deslizamentos em Encostas da Serra do Mar- Bra sil ", onde se
4) apresentam anál ise de estabilidade de taludes, baseados em ensaios de -gQ I .. (;'I I .. l>
8'
~ ~· ~
J
compressão triaxia l com sucção controlada, e medidas "in-si tu" de pres "' (D I
(]'t
o <Jl"'
(1\ -
-.r
sões de sucção . (27) . - • N - I o

+~o- -··· •.I ·- - .


1)
Contudo, em 1985 ocorreram escorregamentos na Serra do Cubatão
- -- - -- - - õ'o <D ' ... o,.e .....
o3
)
.
- -- - - (J) N
li nos quais notou-se que, além das chuvas, a destruição da cobertura v~

I)
) getal devido a poluição aérea, proveniente da indústria local e o uso
inadequado do terreno das encosta s, foram fa tores de instabilização.
A respeito desses aconteciment os, em 1987, organizou-se um simpósio
sobre Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira, no qual fo i apre 'TI
. ...... .
~
o o o
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-Q .q..""
~~-i
o o o
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~
JTI
o~ o~~C>
~ ~ ~
a o o -

i)
sentado um substancial trabalho de Aziz .Ab ' Saber sobre "A Ruptura dÕ
Equilibrio Ecológico da Serra de Paranapiacaba e a Poluição I ndus-
....
Cl
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11) 11) (V
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trial", referentes a tais eventos catastróficos. Portanto , é de se ~ CD CD -I N !D !D 18' - l> )> ,;g
I) concluir que as caracteristicas geotécnicas não são fatores únicos na .... lO I I :0
estabilidade das encostas. Há também fa to res ecológi cos a serem consi
I

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JTI ::> .,. ::> o
V>
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i) derados por nós engenheiros em nossas obras. C>
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ê ê ê Cê C z
,J Para terminar quero referir -me à l~ Conf erência Brasileira sobre o-a.o aa. à- à à I>
~ -, ~
o- õa. o-
Estabilidade de Encostas, realizada no Rio de Janeiro, em novembro de o o 0
JTI
i)

/
lI

.> 14 SOLOS DO LITORAL DE SÀO PAULO HISTÓRIA DOS CONHECIMENTOS GEOT~CNICOS: SERRA 00 MAR 15

)
19 92 . O Tema 2, de ssa conferência : Técn,tc a de Inst r umentaç ão , Ensa ios no s Aire s.
) de Campo e La boratório e Parâ met r os Geot é cnicos , incl ue comun ica ções
I (161 NUNES, A. J . c . ( 19 69) . Lan dsl i de s in Soil s o f Decompos ed Rock due
s obre as p ropr iedade s geotécn icas de s olos re s idua is d os morro s do Rio t o in te nse Ra i nstorms. Proc . VJI C.I.M.S . E.F., Méx i co.
,.) d e J an ei r o - o s qu ai s, e mbora não se j am d a f ai xa lito r ânea d e são Pau
(17) F ULFA RO , V. J ., PONÇANO , W. L ., BTSTRICH , C . A . & STEIN , D. P . (l976) .
]1 l o , devem te r prop ried ade s s e melhante s aos dessa .
Por ta nto, e ssas comun ica ções dev em ser l evada s e m con ta p o r
-
to -
Es corregame nto de Carag uata tuba : Expres são Atua l e Re g is tro n a
Col una Sedime ntar d a Planíci e Cos Lei r a Ad jace nte . Anais do 19
d os a quel e s qu e e s t udam a s p r opri edade s d os s olos da s enc os tas d o li - C. B .G.E., Rio d e Jane iro .
t oral d e s ão P a ulo. são sei s c omun icações cons tant es d o vo l ume I I do s
'·I )J ana is daq uela con ferência q ue vem tra zer con t ribuição ine stimável pa- ( 1 8) VARGAS , M. ( 1 970) . S i tuação dos Con he cime nto s da s Proprieda de s
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) d o Mar (28) (2 9) (30 ) (3 1) (32 ) (3 3) .
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tên c ia a Cisalh a men to e de Comp r ess i bili dad c de Solo s
e Co luvion ares da Encos t a do Soberbo . Anais do 19 COBRAE -
Re sLd uai s
Rio
I V COBRAMSEF , Rio d e J a n e i r o . de J ane i ro.
( (1 4 ) BUSCH , R . G. (1975) . Stabil ization of a Landslide with Oeep Drainage . (3 1 ) CLEMENTINO , R . V . & LACERDA, W. A. ( 1 992) . Resis tên c ia a Cisalha-
r), P ro c . V COP AMS EF , Buenos Aires. men t o d o s So los Re sidua is e Coluvio nare s de Gran j to d o E sco rrega

,;, ( 15 ) TEIXEIRA , A . H. & AB RÃO , P . C . (197 5 ) . E stabiliz ação da EncosLa na


Via Anchieta , km 44, 7 , São Pa u lo , Bras il . P r oc. v COPAM SEF, Bu~
me nto da Rua Licurgo . An ais do 19 COBRAE - Rio d e Janeiro . -

1)1
)
')
") 16
SOLOS DOUTORAL OC SÃO PAULO

\ (32) SILVE!AA, G.C, & LJ\CERD.A, W. J\, ll9921. Caracterização Mineralóg!_


') c a dos Sol os Resid~a is e Coluvianares d o Escorregament o da Encos
'~, ta do Soberbo. Anais do 19 COBRAE - Rio de Janeiro. -
(33) ROCIIA , J . C.S . da, ANTUNES, F. dos S ., ANDRADE, M.li.A. (1992) . Ca
'l racterização Geológica-Geotécnica Prelimiar dos Materiais Envol=
)

~
vidas nos Escorregamentos da Vista Chinesa . Anais do 19 COBRAE - HISTÓRIA DOS CONHECIMENTOS
'I
Rio de Janeiro.
) GEOTÉCNICOS: BAIXADA UTORÂNEA
'\ Milbn Vargas
ll
!I)
!I ) PartB2
IL)
") RESUMO

') A primeira exploração do subsolo , foi feita em 1940 , pelo I.P.T. ,


para a ponte sobre o rio Juqueriqueré, em Caraguatatuba . Nos anos 40
;f) houve inten sa atividade de engenharia de solos e fundações por parte
da Cj a. Docas de Sant os, na Via Anchie t a, destac ando-se os para o 'l'an-
'l que OC"i1':.' e a rontc sobre o canal do Casqueiro . No final da década dos anos
) 40 , iniciam-se os pro jetos e co n strução de edifíci os altos ao longo
t(
da praia . Executam-se investigações visando cálculo e observam-se os
) recalques desses ediflcios. Na década dos anos 60 , a construção da
'.1
Usina Siderúrgica de Piaçaguera, trouxe ma i ores informações sobre fu~
dações por es t aca s nessa área . Nessa mesma época de senvolve-se a téc-
11 nica de construção de a te rros sobre solos moles . A partir do início
da década dos anos 70, há grande atividade por parte dos geólogos, no
I]) esclareci~ento da natureza e origem do s depósi t os litorâneos de São
Paulo , as quais são aproveitadas por Faiçal Massad e seus companhei-
I ! ros do laboratório de s olos da Poli .

Deixando de lado possíveis investigações geológica-geotécnica que


teriam sido realizadas , antes de 1940; mas , das quais não se tem notf
cias, como por exemplo: na segunda metade do século passado, para a
construção da Santos-Jundial; da qual só se Lem notícia de que foi~
do o método de estivas de madeira, sob os aterros lançados sobre o
mangue; ou ainda para construção do porto·de Santos, no início do sé-
culo; ~ar a o porto de sio Sebastião, na década dos a nos 30; para edi-
ficações da cidade de Santos; ou ainda, para a construção, dos tre~
da Baixada, ainda na década dos a no s 30,da moderna Mairink-Santos , po
de-se dizer que a primeira exploração geotécnica do solo da baixadã
li torânea fo i feita em 1 940 . Trata- se das sondagens, com retirada das
amostras jnde(ormadas, para ensaios de laboratório, feita em 1940, pe
lo I . P.T . para o estudo das fundações da ponte sobre o rio Juqueri.qu~
ré, em Caraguatatuba.
Seguiram-se a essa , as investigações , também fe itas pelo I . P.T .,
a partir da década de 1940 para ampliação de cais das Docas de Santos
I' fundações de tanques de Oleo na Aletnôa , fundações da ponle sobre o ca
li nal do Casqueiro e investigações ao longo do trecho da Via Anchietã
na Baixada. Naquela época a unica inf ormação geológica sobre as baix~
)1
il
I ~~ I USTÓAIA DOS CONI IECIMI::NTOS GFOT(.CNICOS: BAIXADA UTOHÂNEA
19
( 18 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO
I)
I')· das litorâneas , ao dispor de engenheiros , eram as informações do capí
tulo XX: "Quarte nário ", do tratado "Geologia do Brasil" , de 1\velinÕ

~~
Ignácio de Oliveira e Othon Leonardo . Ali as baixadas eram descritas
como "planícies holocênicas em plena fase de crescimento , por en tre j I ...i
ilhas granÍLico-gneissica" . Ali se descreviam as planícies de Santos

,
I' o
) e são Vicente, como "constituídas por dunas e vasas". As areias ac umu
l adas pelo vento elevam-se pouco acima do mar , enquanto as planícies __ _ .. ~
II 1 ltegralmente
odosas, nio o bstan te serem reve stidas de vegetação (mangais), são in

I ~~
I)
, alagadas nas marés altas. Os grandes bananais de Santos
eram protegidos por diques artificiais .
As poucas sondagens ao longo da projetada Via Anchieta o essas
r-.
.. \ '
escassas informaç ões geol 6gicas já permitiam e ntreLanto, traçar um es V)
I) bôço de cor te geol6g i co na Baixada Santista que é apresentado na figura n9 1-:
e dessa época a primeira publicação sobre as propriedades geotéc
I)
\I
nol6qicas doi solos da Baixada Sanlista , a nlvel internacional. R Õ
arti.go de A. J. d a Costa Nun es : " F'oundations of ·ra nk OCH9 a L Alemôa ,
San tos , Brazil " - publicado nos Anais da 2f Conferência I nLernaci onal
I ) de Mecânica dos Solos, realizada em Rotterdam , em 1948 (1) . I
..
o
~
Vale a pena mencionarmos, com um pouco mais de detalhes , esse
~
fi ~ projeto de fundação do Tanque OCB9 , devido a sua importância hist6ri- :l
I 11 I
ca; pois foi, com o da ponte de Juqueriqueré , os dois primeiros
que, no Brasil, empregaram-se os métodos da Mecânica dos Solos, basea
em r
~
d
dos em ensaios sobre amostras indeformadas. O projeto foi feito pelã
I i1)

11 )
Cia . Estacas F.r anki, sob a orientação do Pro f . Costa Nunes, e as s onda
gens , ensaios de l aboratório , medida s de recalque e pr~ssões neutras"";
foram fe i tas pe lo I . P.T ., em 19 41.
"cl
li
)
O artigo de Costa Nunes descreve a fundação do 'l'anquo corno uma
placa de concreto armado de lOcrn de espessura sobre um
areia de 1,85m de espes sura sobre o solo de areia fLna . ~ 3 , 5m de pro
fundidade hav i a uma camada de argi l a orginjca mole, cujo adensamenLÕ
acelerado por drenas verticais de areia de 30cm de diâme tro e espaça
[I ) dos de 2m, como está indicado na figura n9 2.
colchão de

-
~
J
o-
,;- .....

~
,I ) Somente em 1953, o Eng. Francisco Pacheco Silva, do
sentou à 3~ Conferência Internacional de Meccinica dos So l os e Engenhn
I.P.T . apre-
< :::::>
l!l
H

li j ria de Fundações, realizada em Zurich, os primeiros resu l tados das ob


servaçôes de recalques e medidas de pressões neutras levadas a efeitÕ
c...

11) nessa obra, abrangendo somente o período de enchimento do 'l'anque; pois

"'1
essa operaçio foi lenta , levando cerca de sete meses, em vista das in
\1. I cerLezas que, naquela época, cobri.am o desempenho dos drenos verti=

I""' ~
,J cais de areia12). Depois disso o 1'anque foi esvaziado e, finalmente, car
li I regado rapidamente, para observar a resposLa dos piezômetros, anLes
) de pô-lo em operação normal. Mas , somente em dezembro de 1956 foi ela
I
li
I
li borado pelo l .P.T. um relat6rLo da pesquisa de Pacheco Silva que, in=
feJ jzmente não foi publicado , abrangendo toda a pesquí.sa .
Numa seção, em rrem5ri.a de Francisco Pacheco gi)va,re<~lizaàa curanLe o 59 ~
gresso de M?cãnica dos Solos, tive a oportunidade de apresentar aos congressistas
"slides" rrostrando os gráficos dessas observações (vide figuras 3 e 4). lin relato
t1 Ai; ~
<!!
1\) O?mPleto dessas pesquisils do nosso saudoso colega Pacheoo Silva , f oi feita por car
los Sousa PinLO, em sua Cbnferincia "Pacheco SHva", publicada na Revista Solos e ~ L--
? Ibchas, de ouLubro de 1992 . Nesse trabalho Sousa Pinto relembra a :i.rrportância
rrétodo de detenninação da pressão de pré-adensamento proposto por Pacheco (3)
oo \~
)I
\i I No final da década dos a nos 40, intensificou-se a construção de
) I edifícios altos, ao longo da Praia José Menino, para apartamentos de
li ' fim de semana . o J . P.T. e a Geotêcnica S/A foram chamados para execu-
,.J I
tar sondagens e ensaios sobro amostras indeformadas e opinar sobre o
1-
~

li)I
....,....,.-..,..-=---- ·-=--=-- ~-- -- - · - - - - --
DISPOSIÇÃo DOS DRENOS
DE AREIA
18 29m
10 40m
lOcm CAMADA DE SUPERFÍCIE
CONCRETi HOR I ZONTAL
E
LENÇOL DE DRENAGEM
DIMENSÔES DO TANQUE E CONDIÇÕES DO SUBSOLO
FIGURA ~
9,18 m dt o~ l mododoo no OO.oo)
TonQUt c~'C>
- ---- - - - - + - - - - - - -
lO
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60
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10 20
AGOSTO
31 10 20
SETDo<I!'!O
SO lO 20
OUTUBRO
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N()VE).'~
20 30 10 20
DEZEM~
31
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JANEIRO
31 10 · 20
FEVEREIRO
28 10 20
MARCO
31 10
ABRIL
20 30
MAIO
RECALOU~ ~ ~~~SÃO
5
h GURA 3 - GRÁFICOS DE CARGA- TEMPO- NEUTRA .OBSERVADOS
TANQUE OCB -11 - ALEMÕA
I~ 22 SOLOS DOUTORAL DE SÃO PAULO HISTÓRIA DOS CONHECIMENTOS GEOT~CNICOS: BAIXADA UTORÀNEA 23
I ')
~~ ., "' .. "' o o 2 ~
Wl ' >anbiOOa!j
.,o ~ la ~ li!
tipo de fundação a ser adotado em tais edifícios . Já as primeiras son
dagen s mostraram uma camada supe rficial d e are ia , com ce rc a de 10m de
I~ w • anbuo1 ou
a onbo,p omuv
~19

~
espessura perf~itamente capaz de suportar fundações diretas por sapa-
t as rasas , c om ati 2,5 kg/cm2 de pressão a drulss ível. Porim so b es~as
~~ zq on
on
ocorriam camadas inferiores de argila mole, normalmente adensadas ati

'
I
I I I -- '!!! profundidades de mais de 50m.
I) I
\
-
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®
- -
N
"'

....
A primeira publicação de resultados de observação de recalques e
li)
' ~
o "' d e pres s ões neu t ras destes edifício s , foi apre sen tada pelo EnCJ . ~ro si
' ' 'I o>
z
Machado, do I . P . T ., ao 19 Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos,
realizado em Porto Alegre e m 1954 , sob o titulo " Estudo de Recalques
I) '' .... de Fundações Diretas em Santos ". No 2'? Congresso Brasileiro de Mecãni
5 ca dos Solos, realizado em Recife , em 1958 , Josi Machado retomou ã
I~ I, --r I -'--
t' questão, apres en Lando o t r abalho : " Es t udo Comparativo de Recalques cal
j cu lados e Observados em Fundações Di retas em santos." - onde ele mos=
I?
')
( _

-l) :1 I
,..-
)

1
t ra que as curvas teóricas de recalques máximos e mínimos calculados ,
para três dos edifícios em observação pelo I.P.T. -que eram da ordem
d e 40 a 70cm no cent r o e 20 a 30cm nos bordos dos mesmos - ·e nglobavam
4..:.. __ l_;o. os recalques observados em várias colunas desses edifícios . Porém, nem
IJ 5..,
sempre os recalques máximos c o rr. es po nd iam ao. centro dos edlfíclos, nem
':1 j (r "'
(
\
I
~
. i
os mínlmos aos bordos, como fazia prever o cálculo teóri co .
As obser vações d e recalq ues d a Geoté cnica S/A f oram a prese n ta das
fl i
')
Jj L
- i
!i
ao 19 Congresso Panamericano de Mecânica dos Solos , realizado no Mêxi
co , em 1 95 9. são t rês contr.ibuições do Eng . Al be r to Henriques ~rei=
xeira e urna quarta de 'l'eixeira com o Eng . Enio Ivan Pock . O primeiro
j I' LU~
trabalho i de Teixeira , sob o título " Condiciones Típicas de Subsue-
lo y Problemas de Asiento en Santos, Brasil " , onde s e apresentam re-
•I I
~ g: ;i
·~ sul t ados de sondagens , ensaios sobre amostras representativas e inde
ll ) :=ir"'a:::""~~~---.J--_J:li 1 fo r mada s, e observações dos re cal ques de 5 edifícios, cu jas f un dações

li I f
f
f
~I ~
~ ~
O
.,. .J CD
I
foram estudadas pela Geoticnica S/A . A figura n9 5 mostra o perfil e
indi ces f ísicos do sol o em questão. A f i gura n9 6 mostra cur vas tí pl
), rg ~ :: <( u cas tempo-recalque e tempo-velocidade de recalque de um dos edif{cios
8 - u es tuda dos p ela Geoticnica S/A (4) .
1
§ § § § -·--·- -1-·-- :~a ; i j - ~ o
'> ~ V N @ ::.!-
2 ~ I W
f') Note - se que , ati 2000 dias , as observações de José Machado mos-
:r~ ~
U)
I' I t ' ano11o1 ou to6Jo~ "'.:!. \:
§~ .. 2lll- travam razoáve l correspo ndênc ia dos recalque s observ ados com os calcu
) ::::>
,, ~ !3?: ~ lados . No 19 tr abalho de Teixeira essa comparação não i fe iLa; porim7

~~
pela forma da s curva s do desenho 6 , nota - s e que há uma silnilitude des
),
I ,_ --- . - - --·-- ... ·- - -- , sas curvas observadas com as teóricas ati cerca de 2000 dias . Dai, por
I )I <( diante , os recalques - d iversamen Le do que prevj.a a teoria normal do
,, l!l adensamento de •rerzaghl - conLinuam com velocidade quase oonstanLe. Is-

,?
&
a
3
u
o
i~
~

!<
5 to é , inte rvem o , agora bem conhecido, fenômeno do adensamento secun
dário .
~ ~ No segundo tr aba lho de Tei xeira , sob o título "Contribuci on para
)
~ .. . . -·- --~ -·-·--·- ..._ E-
i), g ~ ., (/) el estudio de la relacion tiempo-asiento de es truturas existentes " , o

li i; !
');!

~~
"'

:
;;;

2li
8
i'L
autor compa ra as curvas obtidas em ensaios de a densamento com as cur-
vas observadas , mostrando que após o t.empo teori.camen te normal de aden

!
) -
& 2
-õ ~
r=
2"'
~ '<(
a:
l!l
sarnento , os reca l ques crescem linearmente com o logar i tmo do terrpo.sãõ
os recalques secundários que o autor julgav a, naquele tempo, sem ex-
):
o
3
- - - a plicação plausível. As observações da Geotécnica mostraram que, nas
i .... fundações dos edificios de Santos , esses reca lq ue s são de grandeza s i
)I ~
o
~ ~ milar ou maior que os recalques normais (5).
'~-~=::";,
- ~ ---=~~=· li!~
<3) ..
I '
".' .. L I -. !f ~
o~ No terceiro trabalho Teixeira relata o caso de um edifici;, em cu
'U- ::J

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-. .... . - ,... ..
) (..,) ,...--_...--
__ ,
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-~
··- · •;;.;
l!l
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~
jo solo de fundação , encontrou- se inesperadamente , uma camada de argi
la a l tamente preconsolidada, apesar de seu aspecto semelhante as arCJ!
I las normalmente adensadas de Santos . Esse alto pre-aden samento , res -
I . I
trito a uma zona limi~ada, não encontrou explicação geoló~ica na épo-
t.( E I .,I f
I
I
I

I ~i
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I 2~ ca . Atualmente eles sao explicados como veremos adiante ( l.

' I
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I 2~"'

I
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FIGt.:RA 5 - PROPRIEDADES GEOTÉCN ICAS DA ARGIL A DA PRAIA DE SANTOS (opud A. H TEIX!: IR4)

VMI060l ( '-n mU O( CO•IISTh CI A rUO fSftiCÍ,ICO


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i! ~:-;1
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~


"=-lt-& / ~ : : --- I ! :
r--_l_L-
.!.__ TI - --·- --------i
i i I : i i i I
•')
I' ' 26 SOLOS 00 LITORAL OE SÃO PAULO HISTÓRIA DOS CONHI:CIMENTOS GEOTIÔCNICOS: BAIXAOA lll ORÃNEA 27
• L.)
l') O quarto trabalho apresentado ao o:mgresso do Méxioo é de Teixeira

s em colaboração com Enio Ivan Pock, e tem o titulo "El comportamiento


de Edificios Tipicos de Concreto Armado sujetos e asientos en Santos,
Brasil" . Nesse artigo os autores discutiram os efeitos dos recalques
diferenciais dos edificios estudados pela Geotécnica, sobre as respec o"'
RE CAL QU E
o"' "'o
EM em.

õ
tivas estruturas de concreto armado, com paredes de tijolos (7) . -
l e-v• · fl2
) O Eng. Jos é Machado, voltou a considerar as observações de recal
I ques feitas pelo I.P . T. nos quatro edificios de Santos, que ele já re 2$-XJ· &.l

) latara em Congressos anteriores, apresentando ao 59 COngresso Inter= )0-n -u


nacional de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações, realizado em
) Paris, em 1961, o seu trabalho : "Settlement of Structures in the City 25 II" U

of Santos, Braz,il" . Esse trabalho confirma as observações de Teixeira


. ) de que os recalques normais se completariam em cerca de 1800 dias; mas
após esse tempo ocorreriam recalques secundários, proporcionais aos
l t) logaritmos dos tempos decorridos, conforme se poae ver pelos gráficos
I Ir tempo-recalqueê do edificio B, observado pelo I.P.T., que se vêm
figura n9 7 C l ·•
na
I
zt • XIt • U

I Também no final da década dos anos 40, surgiu. o tipo de fundação


8
por estacas de aço longas.~solução do prGblema de fundação de es-
li truturas na Baixada de Santos. Foi o caso das fundações da ponte so- ·~
H
I
bre o rio Casqueiro , na Via Anchieta. o terreno no local era consti- C'>
;:

~~ ~
tuido por três camadas de argila entremeadas com delgadas camadas de CD

areia, sobre uma camada de pedregulho grosso que capeava o embasamen- 8, b'>
I) to de alteração de rocha gneissica, a 45m de profundidade. As duas ca .ao
madas supe riore s são de argila mole normalmente a~ensadas; porém, ã
I 'i inferior é pré- adensada, semelhantemente ao já encontrado por Teixeira
num dos edificios da praia. §~
li Foi nessa época que e s teve entre nós , pe la primeira vez, o Prof .
1\)
,...
Arthu~ casagrande. Ele visitou a obra e aprovou o projeto de funda-
li ções por estacas de aço cravadas até a nega . O Eng. A.O.Ferraz Napoles i\)

11' Neto, do I . P.T . apre s entou ao 29 Congre sso Brasileiro de Mecânica dos 8. l>.
Solos, realizado em 1958, em Recife, uma contribuição descrevendo uma ~
) o
prova de carga sobre estaca de aço, cravada nesse ·terreno até 32m de
\1 I
J
profundidade, constituida por dois perfis duplo T de dez polegadas,
soldados ao longo de suas abas. Nessa prova observou-se a capacidade
-1 8.~
.f>

8
o

ll i J de carga de 152t, em prova de compressão, e resistência ao arrancamen


to de 117t (9) .
~-

'J
jl'
No a no de 1959 o I.P.T. foi encarregado da exploração do subsolo
para o projeto de fundações da Usina Siderúrgica de Piaçaguera. Com
§\ ~ <.11
.J. essas sondagens veio a conhecer-se o perfil do solo da Baixada, próxi 3
li t mo a Serra de Cubatão. A figu ra n9 8, mostra três perfis t!picos: Õ
) primeiro em Piaçaguera; o segundo na ponte do ri~Casqueiro; e o ter-
11),
ceiro na Praia José Menino - os quais mostram, em linhas gerais, a 8
- · 1\)

disposição das camadas de argila e de areia da Baixada , em relação ao


11' ! embasamento de alteração de rocha gneissica. Já nessa época o conhec!
mento dos !ndices fisicos das argilas da Baixada Santista já em tal

~I, que se permitia reuni-los em gráficos como as da figura n9 9. Dispo~


do desses dados foi possivel a Pro f~ Vera Cozzolino, apresentar ao 59
Congresso Internacional de Mecânica dos Solos e Engenharia de Funda-
ções, realizado em Paris, em 1961, um trabalho correlacionando os !n- Rll
'OI
()1 ·

,;Il
dices de compressão das argilas de Santos , com seus limites de liqui- oo .o
7<'

dez e s e us !ndices de vaz i os naturais, conforme aparece nas curvas da ~ ~ ~ õ .....


;.~l-
:·I
figu ra n9 10 (10).
Os edificios da Usina Siderúrgica de Cubatão foram fundados so- • -
.. tt
~ ..
o
~
.~ J'
Nn~
•-o
O n
-
; · -o
~
l>
(/)
n
3
1\)

(i I
bre estacas de vários tipos - desde estacas de madeira, para carga ad
missivel de 20 t; e, nUM segunda etapa da construção a estacas de aço crav~
N-o
4., 11
.. Õ.'"N
_\
o
I,
)
das até a rocha, para 120t de carga admissivel. Isto deu ensejo a uma I
S R-6 s r- 11 z"
S P.T . S PT.
QOlp,./30cm . $,$
.x ·z At i rro oorl
::l~:m
Areia fii'\O, ~ou to orQilosc, t6tc , '
U t.o.rtO

At t iO IMIIO com.ooc:•. . .
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cMuo n curo .t.rotlo t •lt~- o-ttlloto "'"'
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tituo ornor.todo
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Art•lc '"ont~ ho stltotO conah-
ttfi(IC ~cba tlf'llt t acuro

o) Perfil do IIOOdOQtm no terreno


do Usina do COSI PA . Att iCI "'i cho t ti'OUO co~pocto
( PIOÇa O U er a )
PtCI,toulno t ' ouo
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A,n;c t r-..o tOI'PtpoCIO Cff\rt
An e rO(O O Cltt rocf'lo ( Qflttu } ~
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Lt~~ttl e fo so~fooem o
b) P erfil do aondog em no ter reno
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de fundoçdo do Pont o do Coa- c ) Perf il do oondooom no )>o
queira. ( VIa Anthioto l o
Praia Jooó Moníno
, I. Rr is DC SONDAG EW NA IAIX.ADA DE SA NTOS ~
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COTAS ( REF ZERO COSIPA )
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\ 30
SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO HISTÓRIA UOS CONHECIMENTOS GEOTECNICOS: BAIXADA U TOAÁNI:A 31
r~
I I ± ERRO PA DRÃO
análise do compo•tamento de fundações por estacas na Baixadct de Sctn-
t J.) 2 ,8 tos , relat ada pe l o auLor, no LNEC, de Li sboa em 1977 e publ icada na
!' r) o
Revista Ceotecnia n9 31 (11)
.I ·~ 2 ,4 Nesse trabalho procurou mostrar - se como seria possivel por mei o
) (/) d e f ór mu la simples, de•ivacta de consi derações sobre a interação esLa-
t..J ca-solo , a partir de dados obtidos em prova de carga sobre estaca in-
\ &:
:E
2,0 dividual, com descarregamento, separarem-se as parcelas de carga
res i sLi ncia late ra l e de po n ta ; assim como determinar-se o módulo de
de
I) 8 1,6 compressibilidade do solo na ponta da esLi1ca. o qual é o principal pa
I r i me tro pa ra de t er mi na çâo do r e ca l qu e de uma estaca isolad a, con heci~
) do o módulo de elasticidade d,l esLacu .
~ 1,2 Mostr ou-se ajnda como seria poss{vel ~alcular a capacida~e de

>') ~ 0,8
c arga de e s t acas cra v ada s a t é camada re s istente , a p arLir da rcsis t ên
cia a penetração dinâmica SPT do solo. Porém, confessava-se, naqueld
é poc a , q ue a estimativ a d os re c a lque s de q ru p o s de e sLacas ai nda esta
I o va l onge de poder ser feita .
)
- ~ 0,4 Durante a construção da COSIPI\ desenvolveram-se observnções que,
') i nfc liz me n le não foram c oncluoivas e c u jos re su l t ado s n5o fora m pub l i
cados sobre o amolgamento da camad.:. de argUa mole , por e f eito de cr:i

? )
50 60 70 80
LIMITE
90
DE LIQUIDE Z
10 0 110 120 130 140 150 v açâo d e esta cas mu i to prÔx j ma s um a d as o ul ra s . Ma s, e m cont r apar ti d~
processava-se o fenômeno de tixotropia nas mesmas Drqil<.l s . Isto é , em
ce r ca d e sei s meses e l as recuperavam resistõncias se~elhantcs âs q ue
tinham antes de serem remoldadas .
ARGILAS DE SANTOS
Uma técnica que se desenvo 1veu durante a construção da {U;[PI\ foi
+ BAIXADA FL UMI NE N SE
(Apud P SILVA)
CORRELAÇÃO Cc - LL
Apud V. COZZ O L I NO
a da c on s trução de ate rros so bre col chões de areia ob tid os por ct ra<Ja -
gem da argila mol e e reenchiruento hidráulico da cova dra<Jada . Essa
té c ni c a f oi usada , em pr imei ro luga r pora a construçio de um aterro,
·-9- AV. PRESIDENTE
(Apud
VARGASIURUGUAYIINA
M M. SOARE S)
na ex t ens a á rea da Lami n açio d a Usi n a , com a fi n alidade de perm it ir
o a ces so aos ba~e - es t acas . Foi aplicada, depois , na construção da es-
tr a da Pi a çag ue r a-Gua ru j á e , p o sterio rmen te , na con st r uçâo dos at erros

,,
j )

o
2, 8
+ ERRO PADR ÃO do trecho da Baixada, da Via ImigrnnLes, conforme reJat,,do , pelo au-
to r , na Ediç ão Es p ecial - 7 3 dct Hev ls t a PoliLé cn i c a , so b o ti tu l o "Ate r
ros na Baixada de Santos" (12) .

-
•<t
I (/) 2,4 - - -- · A estabili zação de aterros sobre os s olos moles da Baixada de &m
(/) to s, p or me i o d e d re nas ve r ti c ai s de a r ei a, f oi muiLo bem s u ced ida n~
I )
I g:t..J 2,0 t - - - - ·- - .. .. . - -···. ,.....-- ~-.:- p~ locnl de indústria química no Guarujá , conforme relatado por Evel.ina

-.C· ~;.-
I
So u to S ilveira e Nc l io Gaioto , numa s ua c omunicação .'i 9'.1 Con f e rê n cia
~? :E
o - -r - - - -- o
l-- Internacion al de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações , reali-

--
1, 6 ·- F--·-

- -- -- --_;.~
zada em Tokio , em 1977 . Ali, foram i ns t alado s d r e na s v ertica js de

~~
(.)
1--.-'J 1-- ~ o
"o l---- areia , espaçados de Jm e abrangendo toda esp essura de cerca de 17 m
l,a o !lo ~ da camada superficial de a r gila mo l e . Sob• c a s u perf í cie do terreno ,

-
t..J o o ......11-
o la n ç ou -se um le nçol de areia e sobre esse um ater ro c o mpac t ado . 1\ co n
Ii
·~ t..J
u
o
0 ,8

0 ,4
---
-- --
--:~ --
"
-o o

_.
o
o
,.-
o
~- solidação foi obtida com o pré-carregamen to do terreno , com um aterro
q ue era r e mo vi do ã med ida que os recal<l\lCS U::u!:~w;un (o.:)rc<~ dv J mc:;c~:) (.lJJ •
Co n tudo , ate rros e xperi mentais onde se observaram recalque s com

r -~
0,0
1,20 1,30 1,40 1,50 1,60 1,70 1,80 1,90 2,0
-
2,10 2,20 2,30 2,40 2,50
I o tempo , indicaram os tempos necessários para atingir es t abj Hzaçilo
dos r eca lq ues era m mui t o menore s q ue os que s5o previ sto s teor i cnmenLe .
Para esclare ce r esta questão Carlos de So u sa Pi nto e f'aiçal M.:ls&.-.d ,
( (NDICE DE VA Z IOS NAT URAL
e s tud ara m essa q uestão e a pre se n ta r am os resultados d e sua pesq u isa
a o 69 Con g r ess o Bras ile iro d e Me câ ni c a do s Solos , realizado no Rio de
.) Janeiro , em 1978 . Dizem eles : " Em termos priíticos, isto siqnificu que
.'
I I

AR GILA S DE SANTOS
uma c a mada de 10m d e e spe ssu ra de s te sol o e xigiria cerc<:~ de 2 meses
d C O R RE L AÇÃO Cc - e
para que 90% dos recalques se desenvolvessem , ao invé s dos 12 anos "
q u e c o nd uz i ri a m p arâ metros d e l aboratório" (1 4 1 .
O t ra balho t ra t a d as observ ações de re c alq ue nu m a t e~:r-o cx pcr.L-
;, ) Apud V. COZZOLINO

FIGURA 10
11 (!
')
I)
32
SOLOS 00 liTORAL OE SÃO PAULO 33
HISTÓRIA DOS CoNHECIMENTOS GEOTIÔCNICOS: BAIXADA LITORÂNEA
/)
mcntül e m iireu indu!it:i<~l da bai xadü e e m nov e s eçõ es i ns tr umenL<J d as
·~ do üLe rro sob re colchno de areia da Via dos Imigrantes-Baixada, estu-
dad as pelo r . r .T. Para a c on s truçã o do s a te r r os dessa es t ra d a , remo
ao prumo q u ando foi construido outro prédio à esquerda.
Com o abuso na altura dos prédios e consequente aumento dos re-
L) calques diferenciais começaram a aparecer casos em que, não só os da-
ver<lm- se cerca de Sm de solo mole , substjtuindo-os por areia lançadã
nos sobre as estruturas preocupavam como também começou-se a temer o
li) hid ra ulicamente. Sobre o colchão de are i.a [ oi. construído aLerro de cer
ca de 3m de altura , em p l aLaforma de 50 a 60m de largura. Maiores de perigo de colapso. Disso re sultaram reuniões e discussões sobre o as-

~
t alhes do pro j eLo des sa es t rad a e nco ntr nm- se e m trabalho a presen tadÕ sunto não só no Clube de Engenheiros de Santos, como também na Câmara
uo J Seminiir i o DERSA, realizado em 1976 , pe l o autor em colaboração com dos Vereadores, no sentido de se estabelecer uma legislação limi tando
o Bny . Orlando Pereira dos Santo s . a altura dos p réd ios. O relato de uma dessas reuniÕes que contar am as
[) discussões dos engenheiros, Golombek , Vargas, Machado, Rios e Lorena ,
No trabalho de Sousa Pin to e Mas s ad , e nco nL r am-se c urvas r eca l- foi publicada no "Diri gente Construtor", em novembro de 1965.
i) q ue s - t empo , observada s em s e te das seções i n strumentadas da e st ra da
em q uestão- às q uais fo r am aj us t adas c urv a s t eó r icas cal culadas co m Um dos ·caso s que mais despertaram a atenção do nosso meio foi o
L) os c v jJJ2 ajustado ao t empo de recalque observ ado . do edifício Morená, de 18 andares e muito esbelto, pois sua largura
I era de apenas cerca de um sétimo de seu comprimento . Além d isso o edi
A conclusão final do s autore s fo i que os coefi cientes de adensa f!cio vizinho de grande porte causaria desaprumo previsível no Morena.
') mento da s a r gilas de Santos , c v =
k/romv, dos qu a is dependem a s vel o= o r e lato completo das operações p ara estabilização e t entativa de re~
I) cidades d e r ecalque, s ão 30 a 10 0 v e zes maio res que os deLerminados em prumo desse edi fício f o i comuni cado pelos Eng9s Ignacio Gerber, SigJTl.II1Ó)
labora tório . Portanto , os "coe fi ciente s d e p erme a bi lidade " r eais de s- Golombek e Armando Coloto, ao 59 Congresso Paname ricano de Mecân i ca
I s es solos sio ma iores "in natu r a " que os determinados em ensaios so- d o s Solos , realizado em Buenos Aires, em 1975, sob o titulo "Estabi li
bre amostras indeformadas . Ca rlos Pinto e Ma ssad, a t ribuem e sse fato zação d e Recalques e Tentativas de Endireitamento de um Prédio de lã
i) a exisLência d e veios de are ia fi n a na s c amada s de argila. Andares em santos" (16). . Ali se apresentou a evolução dos recalques, a so-
Além disso, as de f ormações f ina is, extra p ola d as d as cu rva s ~ lução adotada e os r e sul ta dos de observações feitas apõs a estabilização.

:i
'
-recalque obse r vadas levam a "indice s de compressio" de 0 , 0 6 a
e nq uan to que o s e nsa ios d e l aboratór io forne cem valores d e 1 a 2. Os
autores interpreta m esses r e ca l ques muito menores q ue os ca l c ul ados,a
0 , 67 ,

Com o grande de s envolvi mento da Baixada Santista , fizeram-se ne-


ocor rência d e p re ssõ es de pré-ade n samen Lo e l e vado s e m re l aç ã o aos in- cessário s estudos científicos sobre a região. Assim que em 1965 , a
l crementos de p r es s ão máxima induzidos pelo a te r ro .
) Editora da Universidade de são Paulo, editou em quatro volumes , uma
Daí por diante o número de t r aba lhos geotécnicos sobre os solos série de e studos sobre a Baixada, elaborados por Departamento de Geo-
do li to ra l de s ão Pa ulo, e spe cjalme nte os da Baixada de Sa n tos cre sce grafia da Faculdade de Filosofia, Ciê ncias e Le t ras da U.S.P . O v ol u-
considerave lmente . Entre eles é de se destacar o de Samara, ~s , De me I , dessa obra, sob o titulo de "As Ba ses FÍsicas" foi divid i do em
). Marco, Be linca n to e \vol le sobr e "Alg uma s Propri e dade s Ceotécn icas d e duas partes: "A Estruturá Geológica e os Solos" e "O Quadro Climático
I I Argilas Mar i nha s da Baj xada Santis ta ", apresentado ao 79 Cbngresso Bra Botânico" . A primeira parte incluía três memórias: a primeira: "As Ba
~ s ile i ro d e Me cânica do s Solos , realizado e m Recif e, em 1982 . Esse Lra ses Geológicas", de autoria de José Carlos Rodrigues, d e morava-se mais
• b a lho versa sobre os dados de ensaios e correlaçõe s , en tre p ropri e da= sobre a geo logia da Se rra de Cubatão e continha muito pouco s obre a
'i de s g eoté c ni cas da a r gi l a marinha ao l o ngo da Rodovia Pi açaguera-Gua - Baixada no que se re f ere a geotecnologia; a segunda: " A Evolução Ge2
q rujá , obtidas para o projet o de duplicação da mesma. Tais d ados v ie - morfológ ica", de autoria de As siz Ab ' Saber, também é mais útil para a
compre-;nsão da morfo-gênese d a encosta da Serra e da fo rma2ão do pa~

~
ram c onfirmar e completar o q ue j á s e s a bia sobre a n atureza geoté cni
ca dos solos em ques t ão (15) . - a rquipelago s a nt i sta (os morros confinados pela sedimentaçao marinha
da Baixada) , do que para a elucidação da natureza técnico-geológica dos
Um ou tro aspecto r elacionado com a s propriedades geotécnicas do s sedimentos. A terce i ra memória : "Os Solos", de autoria de José Pereira
solos do l i toral é o dos r eca lques excessivos e desaprumas observados de Queiroz Neto e Alfredo Nuper, foi esc r ita sob o ponto de vista pe-
! ?, nos e difícios altos ao l ongo das praias de Santos . Enquanto os edifi
cio s eram de menos de dez an dar e s, o ti p o de fundação direta por s ap~
dológico, por t an t o r efere-se tão somente à camada supe rficial ag rá r ia
dos solos. Contudo é de interesse para nós geotecnologistas pois pode
I? t as , sobre a camada superficial de areia, a cima do lençol dágua, [oi
mu i to bem suc edi do, a prese nLa ndo r eca lqu es que , apesar de a ti ngirem
esclarece r muitas de nossas dúvidas sobre a s propriedades físicas des
ses solos {17). -
.1 algumas poucas dezenas de em, passavam desapercebidos. Porém, o suce~
so de sse tipo d e fundação , an imo u os con s tru tores a a ume nta r o nú mero Cre i o que o pri me iro estudo em profundidade dos d epósi to s sedi-
) de andares do s edificios e , conseque n temente , aumentar a pressão apl~ mentares do l i t oral de são Paulo, f o i o publ icado em 1973, no Boletim
y cad a sob re as ca mad as i n fer ior es de a rgila mo l e . O resultado disso [oi
que, em edifí c io de 14 andares, como o correspondente à curva t empo-
do Institu to de Geociências da U.S.P., vo lume 4, por Setembrino Petri
e Keni tiro Suguio , s ob o titulo "Str atigraphy o f the Iguape - Can a né ia
I I, - recalque da fjgura n9 6 , o recalque máximo já atingia cerca de 85cm logoonal region sedimentary deposita, São Paulo s tate, Brazil" (18).

d), e o mín i mo 60cm . Tais r e ca l que s já se t o r nava m visi ve ls e sua s c onse-


quências já mo lestavam os moradores .
Depois desse, os mais conhecidos são os e s tudo s apresentados pe-
los geólogos da U. S .P . ao "S impósio Internacional s o bre Evolu;:âo Cos-
I Alé m disso um ou tro fenômeno j á apare c era. Era o efeito da cons - tal no Quarten á rio", rea l izado aqui, em são Paulo, em 197 9. O primei -
trução de um prédio vizinho muito alto , sobre um prédio de menor alt~ ro na P ublicaçã o Especial n9 l de 1978: " For maç ões quar tenárias mari-
~I ra . 1\ constr ução d o v i zinho f az i a inclinar o prédio menor , para o seu nhas do l i toral paulista e sul fl um i nense", de au to ria de Kenit iro Su
lado . Houve me smo um caso constatado de um prédio que inclinou- s e pa- guio e I.Ouis Hartin (19) ; o segundo , publ ica do nos Anais desse Congresso-;
r a o vizinho d a d ire jta, quando e sse fo i construído; e , depois, voltou sob o titulo: "Le Quartena ire marin du littoral brésili en ent r e Cana
fi néia (SP) et Barra de Guaratiba (RJ) (20) . Nesse trabalho é relatdda a da=

11
·~
li HISTÓRIA DOS CONHECIMENTOS GEOT~CNICOS: BAIXADA LITORÂNEA 35
J 34 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO
I ~)
L1 tação, por meio de radiocarbono, que permitiram o t r açado de curvas
II loUR I N HO II 'I
) de flutuação do nível do ar, nos Últimos 8000 anos em vários locai s
da costa. Esses dados foram de fundamental importância para os estu- L AG UN A : (PL EI S TOCE NO)I L AG U NA : loiAII I HH O

''> dos geotécnicos de Faiçal Massad sobre as propriedades


das argilas litorâneas (vide figura 11) .
tecnológicas ( HOLOC EN O)
'
1
1
IC'OUNAS O( AREil 1(HOLOUNOl ( HOLOC EN Of
I
1.") I
I
I
I
I
I
Segundo os auto res os depósi tos sedimentares relacionam-se com CU IATÁO Roo Sonlo na I IPII AIA GRANDE
L) duas e levações do nível do mar . A primeira os geó logos chamam de "'J.'ran~ R1o f~o~ro d o
I
doa
g ressão Cananéia" - que teria se dado no Pleistoceno (cerca de há 100 . 000 "' I1 , Moriono
R1o ____ _JI :
, Roo Po oçoouç u
20
I) anos) dá origem as assim chamadas " argilas transicionais (que corre~ ~
pondem às camadas atuais de maior consistência) . A segunda é a "Tran~ o
l) gressão Santos" - que teria dado origem a sedimentos fluvio-lagunares

~\~~~~~~~~"'""
e de ba ias do holoceno (cerca de há 7 .000 anos) -correspondente as ·20
l' atuais cama das de argilas moles a muito moles.
) -..._. . . . .. .. . . '.
Declarando s eu propósit o como o de esclarecer as hipóteses sobre · 40
.•••;+.•.•.r..-.•.-.; . -•-;t~r••-. -.-.T
, '

:\
!
a origem das formações cenozoicas nas planícies costeiras do
de são Paulo , Fúlfaro, Ponçano e Ciantelli Jr ., apresentaram
Simpósio Regional de Geologia, realizado em R~o Claro , em 1979,
memória sobre "A Planície de Itanhaem - SP" 21).
Estado
ao 29
uma
o l 2
( e ) SE CÇ ÃO
lo 4 Km

A · A ( P Oli
•• • • • •••••••••
S ANARITÁ)

A conclusão dess e traba l ho é que, no Ple istoceno, com a "Trans- "'


~i
100
gre s são Cananéia", são depositados sobre as cascal heiras que recobrem
o embasamento de alteração de rocha gneissica, as camadas de arg i la e
de areia, chamadas de transicionais . Essas camadas sofreram profunda
) LAG UN A (HOLOC EN O)
erosão que atingiram tanto as areias quanto as argilas,
vales de rios, canais do mar ou lagunas . No holoceno, durante a
formando -se
re-
••

gressão que se seguiu a transgressão marinha, chamada de Santos, por
:~ Seguio e Martin, originaram- se no vo s sedimentos argi losos , entulhan-
do es ses vales , canais e lagunas . o
I Portanto, sob o ponto de vi~ta ~eotécnico, as conclusões de Fúl-
I fa ro, Ponçano e Ciantelli Jr. , nao sao diferentes das de Suguio e Mar tin
e podem se r generalizadas para todas as baixadas do litoral sul
são Paulo.
de
·~ O ... .. ..
I
Adotando essas conclusões Faiçal Massad, em agosto do 1985 , pu- o l. 2 3 4 li 1\ 111
blicou, em fa scículo editado pe la A.B.M.S . o pela A. B. E. F ., um t raba
lho , onde ele re-interpreta os resultados da s investigações geo t ecno= l •l I[CÇlO AO LONGO DA VIA I' I AÇADUERA • OUAIIUJÁ
I lógicas, dos solos das baixadas litorâneas paulistas, a luz desses no
vos conhecimentos estra t igráficos . A figura nQ 12, mostra a interpre LEGENDA
-( tação de Massad, das conclusõ es de Suguio e Martin , s obre as transgres
sões marinhas por eles constatadas. A figura nQ 12 mostra dois cor=
~ - AL UV I ÓES IU'C [N T ES ( loiANI U [ )
tes ao l ongo da Bai xada Santista, onde Faiçal Massad, combina dados
f' de perfis de sondagens f eitas para fins geotécn i cos , com os novo s c o- t2Z2l DEP ÓSITOS LA CUS T RINOS HO LOC E NICOS ( S I'L)
nhecimentos geológicos, acima referidos (22). ·
E;SSj liUILAS TRAHS ICIO HAIS ( AT )
As principais conclusões do trabal ho de Massad são que há uma se
pa raçã o gené tica dos sedimento s argilosos das baixadas, em
trans icionais" e "sedimentos fluvio-lagunares e de baias".
"argilas
Massad
r ·> !ARE IA S MAR INH AI OU E ÓL ICAS

acrecenta mais um terceiro grupo que são as vasas estremamente moles 1://l DE P Ó SIT O S CO NTI NENTAIS ( P L E I ST OCENO )
dos mangues . Esses grupos não são diferenciáveis entre si pelos índi -
ces físicos , gra nulometria e ativ idade , u t ilizados n a classificação g~
m DEPÓSITOS CO NT IN ENTAIS ( H OL OCENO l
técni ca dos solos. Po rém , d i fere nc iam-se nitidamente entre si , pelas ~ '[IUASAMEN T O PIIÉ • CANIR IANO
respectivas pressões de pré-adensamento e índices de vazios -os quais
determin am os parâmetros mecânicos e hidráulicos desses solos . Portan
to, os resultados dos cálculos de capacidade de carga e de recalques
serão difere~tes para cada um desses grupos genéticos dos solos lito- SECÇÕES GEOLÓGICAS ESQUEMÁTICAS( APUO
râneos.
SUGUIO E MARTIN 1978)
t1 Aliás , essas conclusões d e Massad decorrem de ~ua e x te nsiva in-
I

·~ ves t igação dos s olos da Baixada Santista, feita para sua Tese de Li-
vre Docencia : "As Argilas Quartenárias da Baixada Santista. Caracterís-
FIC.URA 11

~
I' )
,.~ 36

~~ SOLOS DO LI TORAL DE SÃO PAULO HISTÓRIA DOS CONHECIMENTOS GEOT~CNICOS: BAIXADA LITORÂNEA 37

1\ l i ESTA,DIO - MÁX IMO OA TRANSGRESSÃO- CANANÉI A I PL EISTOCENO I


ticas e Propr i edades Gcotécntcas " (23) , defendida cx:m distinção em Concur
I~ so na Escola Politécnica d a u. S . P ., em junho de 1985 . Mass ad apoia-se:
em sua argumentação sobre as i nvestigações geológica s das baixadas do

~
litoral d e São Paulo , prjncipalmente as levadas a efeito por Kenitiro
Suguio e Louis Martin, apo iadas nas datações de Cl4 de J ean- Marie Ple
-~
xor . Aliás a correlação d e suas inves t igações com a geologia foi mu i::-
to bem espla nada na prova do erudição a que se subme teu, no Concurso
jl) para Professor Titular,d<~ EPUSP , em 19 90, a qua l deu o t itulo de "Dai
xada Santista : I mp l icações da História Geológica no Projeto de f'unda
I ~) 2t ES TÁDIO- RCGRESslo E fORMAÇlO OE CORDÕ ES DE AR[ I A ções " (24) •
Fina lmente as conclusões de Massad, foram g eneralizadas

'~
para t o -
da a costa brasileira e levadas a nível internacional na sua comunica
ção à 12~ Conferência I nternaciona l de Mecânica dos Solos e Enge nha =
![) ria d e Fundações, real izada no Rio d e Janeiro e m 1989 , sob o titulo :
" Se tt l ement s of Earthwo rk on Brazilian Madn e Soft Clays, in the Light
li) of their Geological History" (25) _

~~ 311 ESTA..OIO • EROSÃO PARC IAL OOS SEO IMEHTOS


O inte resse sobre a natureza e propriedades geotecnol óqicas dos
depósitos quarte nários da s baixadas litorâneas não se res tringe aos
I~ do litoral paulista . Elas também são de grande importância para a geo
logia e a engenharia brasileira ao long o de toda a c o sta, princi pal=
i) mente nos nossos grandes portos , como o Rio de Janeiro e Recife. Aten
dendo a esse interesse fo i realiz ado, no ano passado, n o Rio de Janci
i r) (I~ 000 onot otrÓI) r o um " Simpósio sobre Depósitos Quar t enários das Rai xadas LiLorãneai
Brasil eiras ". Em relató rio ao Tema 3 dess e Simpósio , Faiça l Massad es
r) tendeu os novos conhecimentos geo lógicos sobre tais depÓl:d tos às pro::
priedades das bai xadas em diferentes l ocai s da costa brasileira , ba-
seando-se para isso no trabalho de Kenney: " Sea- r,evel Movements and
I) 4f ESTÁDIO- NÁ XIMO DA TRANS GRESSÃO
SANTOS (HOLDCEHO I the Geologic Histories of the Post-Glacial Narinc Soils at DosLOn , Nicolet,
Ottowa and Oslo", publicado na Geotechnique de setembro de 1964 , no qual
L) é mo s trada uma curva do nível do mar , nos últimos 20 . 000 anos , supos-
, I) ta válida paril todo o mundo (26)
Em segu i mento às pesquisas sobre as propriedades da s argilas d e
I) ••
+• Santos , no Laborató~io de Solos da Poli, I~ loisa He lena Silva Gonça!
il •• ves, sob a orientaçao da Prof~ Evel yna Blocm Souto, defendeu em 1992,
urna Tese de Do utorado sob o título, auto-explicativo : "Análise cr íti-
l i) ~~~ESTÁDIO ca, atr a v és de mode los visco-elásticos , dos res ultados de ensaios de
REGRESSÃO Elol DIREÇÃO .40 N. lol . ATUAL
•• laboratóri o , para previsão de recalques dos solos da Baixada S8ntista"-
) •• Nessa tese , procura - se compreender s ob o pon to de vista reológico, o
I
WH fenômeno do adensamento dos solos de Santos, unificando uma primeira
) par te: "adensamen to primário", devido a dissipação de pressões neu -
'I
I) tras em conjunto com fluên cia , com a se1unda : o " adensamen to secund.§_
rio" devido exclusivamente i fl uência C 7) .
I?
I .,
Para final izar peço v ênia para chamar a atenção sobre o fa Lo de
que a evolução dos conhecimentos de noss as baixadas litorâneas servem
) LE GENDA : como um bom e xemp lo de como se processam os dese n volvimentos tecnoló-
!I N P • NAR IHHO IPL E ISTOC ENO I gicos . De inicio aparece uma necessidade econômica ou s ocial de resol
) N H· NAR tHHO I HOLOCENO)
ver um problema . No caso em questão, a da construção de aterros sobre
;l solos moles para estradas de rodagem e de fundações para edifícios ,
l H-LAGUNA I HOLOCENOI
usin as e fábricas - as quais se faziam necessárias com o desenvolvi -
r? N. loi.·NÍVEL DO MAR
mento econômico da região, após a Guer ra .
,( ILUSTRAÇÃO DOS POSSÍVEIS ESTÁDIOS DA GÊNESE
Para tanto a engenhar ia civil é chamada e essa reco rre a pesqui -
sa tecno l ógica que, por sua v ez , tem que b asear-se em conhecimentos
DAS
J? PLAN(C I ES SEDIMENTARES PAULISTAS ( APUO
cien t í ficos. Assim a Mecân ica dos Solos e a Geo logia Aplicad a ã Enge-
nhar ia , foi procurar apoio, para suas soluções, no saber científico
dos geólogos e geomorfólogos . Então ini cia-se uma i nteração entre a
lf SUGUIO E M ARTIN , 1981 ) tecnologia e a ciência , fertilizando - se essas mutuamente . Por outro
I( F IGU RA 12
lado, com o aumento do saber técnico - cientffico os p rocessos emprega-
)
I
I')
]>I
) 38
SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO HISTÓRIA DOS CONHECIMENTOS GEOTÉCNICOS: BAIXADA UTOAÁNEA 39
]I)

I~ dos pela engenharia, na solução de seus problemas práticos, vai desen


vo lvendo-se; e essa melhoria rebate sobre a necess idade de aquisiçãõ
(18) PETRI , S . & SUGUIO, K. (197 3) . Stratigraphy of the Iguapc-Cananéia
Logoona l Re g ion Sedimentary Deposits , Sio Paulo, Drazi l . Boletim
ll) de novos conhecimentos tanto tecnológicos como científicos . Insti tuto Geoc iências U. S.P., v. 4, São Paulo .
Esse fato confirma, para mim, a tese que sempre defendi; isto é, (19) SUGUIO, K. & MARTIN, L . (1978.) . Formações Quartenárias Marinhas
l i) que a tecnologia não é mercadoria que se compra ou vende mas, é sabe~ do Litoral Pau lista c Sul-fluminense. S i mpósio Internacional so-
que se adquire através do estudo e da pesquisa.
I) bre Evolução Costal no Qua rte nário . Publ icação Especial n9 1
São Paulo.
Jl) REPER.eNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (20) MARTIN, F.; SUGUIO, K. & FLEXOR, J.M. (1979) . Le Quaternarie marin
du littoral brésilien entre Cananéia (SP) et Barra de Guaratiba
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tos - Brazi l. Proc . IT I. C.S.M.F'.E . , Rotterdam. Paulo , São Paulo . '
]I)
(2) SILVA, F .P., (1953) . Controlling the Stability of a Foundation (21) FÓLFARO, V.J.; PONÇANO, W.L . & CIANTELLI JR, C . A. (1979) . A rla -
l i) through Neutra! Pressures Measu remen ts. Proc . TII I.c.S .M.F. E., nície de Itanhaem, SP . Atas 29 Simpósio Regional de Geologia, Rio
Zurich. Claro, São Paulo.
l i) (3) PINTO, C. S . (1992) . Conferência Pacheco Silva - Revista Solos e (22) MASSAD , F. (1985). Progressos Recen tes dos Estudos sobre as 1\rgi
Rochas. v . 15, nQ 2 . São Paulo. las Quartenárias da Baixada Santis ta . Publicação ABMS/ABEF, SiÕ
i ') Paulo.
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l i) mas de Asiento en Santos, Brasil. Proc. I P.l\. C.S .M.F. E., Méx icÕ (23) MASSJ\D, F. (1985). As Argilas Quartenár ias da Baixada Santista ,
Características e Propriedades Gcotécnicas. Tese de Liv r e Docên-
(5) 'l'Eix~:IRJ\, A.H. (1959). Contribucion para el Estudio de la Rel a- cia - EPUSP, são Paulo.
11) tion Tiempo- Asiento de Estruturas Existentes. Proc. I P.A.C.S .M.F.E.
r México. (24) MASSAD, F. (1990) . Baixada Santista: Implicações Geológicas no
) Projeto de Fundas:ões. Prova de Erudição . Concurso para Professor
(6) 'l'E IXEI RA, A. H. (1959). Caso de un Edifí cio en que la Camada de Titular EPUSP , Sao Paulo .
I) Arcilla (Santos) se encontraba Inusitamcnte Preconsolidad - Proc.
I P.A.C.S.M.F. E ., México. (25) MASSAD, F. (1989) . Settlements of Earthwork on Brazilian Marine
li Soft Clays, in the J,ight o f their Gcological History. Proc. XII
(7) TEIXEIRA , A. H. & POCK , E. I . (1959) . El Comportamiento de Edif!- I.C.S.M . F.E., Rio de Janeiro.
cios Tipicos de Concreto Armado Sujet os a Asientos en Santos , Bra
,,I [)
I ) (8)
zil . Proc . I P.A .C.S.M. F.E ., Mé xico.
MACHADO, J. (1961). Settlement of Structures in the City of San-
- (26) MASSAD, F. (1988). História Geológica e Propried ades do s Solos
das Baixadas - Comparaçio entre Diferentes Locais da Costa Brasi
leiras . Anais do Simpósio sobre Depósitos Quartenários das Baixa
tos, Brazil . Proc. V I.C.S .M. F.E ., Paris . das Litorâneas Brasileiras: Origem, Características Geotécnicas
li
) (9) NAPOLES NE'IO,A. D. (1958). Ensaio d e Ca rre gamen t o c 1\rrancamcnto do e Experi ências de Obras , Rio de Janeiro .
Estaca Metálica . Anais Ir C.B.M.S . E . F., Recife. (27) GONÇALVES, H.H.S . (1992) . Análise Crí tica, atra vés de MJdelos Vis
l i)
,,)
(10) COZZOLINO, V.M. (1961). Statist ical Forecasting
I ndex. Proc . V. LC . S . M.F.E . , Paris .
of compression co-elásticos dos Resultados de Ensaios de Laboratório , para
Previsão de Recalques dos Solos da Baixada Santista . Tese de Dou
a
torado EPUSP , São Paulo .
li) (11) VARGAS , M. (1977). Uma Experiência Brasileira em Fundações por
Estacas. 2~ Par te : Comportamento de Fundações por Estacas na Ba!
li xada de San t os . Geotecnia 31, Lisboa .

,( (12) VARGAS, M. (197 3) . Aterros na Baixada de Santos. Revista Politéc


nica . Ediçio Especial 73, sio Paulo .
)
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) Orains . Proc . IX l.C . S .M.F. E ., Tokio .
I (14) PINTO , C.S. & MASSAD , F. (1978). Coeficientes de Adensamento em
) Solos da Baixada Santista. Anais 69 C.l:l.M.S.E.F., Rio de Janeiro.
li
(15) SAMARA, V.; BARROS, J . M.C.; MARCO, L.A.A. de ; BELTNCANTO & WOLLE,
I? C .M. (1982) . Algumas Propriedades Geotécnicas de Argilas Mari-
nhas da Baixada Sant ista . Anais VII C . D .M. S . E . F., Olinda/Recife.
I( (16) GE RBER, I .; GOLOMBEK, S . & COI.OTO, A.S . A. (1975). Estabilizaçio
,; de Recalques e Tentativa de Endireitamento de Prédio de 18 Pavi-
mentos em Santos. Proc . v C.P. A.M. S . E .F., Buenos Aires .
/ (17) (1965). A Baixada de Santos. Editora Universidade
Sio Paulo , Sio Paulo .
de

~
1

· ~~
GEOLOGIA DO PRÉ-CAMBRIANO
Yociteru Hassui, José Augusto Mioto e Norberto Morales

RESUMO

Rocha s crist alinas p r é -cambrianas c onstituem o embas a mento da


fa ixa litorânea, expondo-se sobretud o na s e rrania que a delimita pelo
I lado interior e nas elevações que se salientam das áreas baixas, estas
I marcadas por cobe rturas sedimentares. Gnaisses de tipos variados são
os l itotipos predominantes e a eles se associam metass edimentos
I' d ive rsos .
I Essas rochas são sistemat izadas em termos de complexos l i tológi -
cos e seqüências metassedimentares, no contexto de três blocos crustais
agre gados por processos de colisão contjn ent al pré- cambrianos.
As f e ições e s trutura i s d estacadas são a fo l iação, as f alhas e a s
juntas, que representam as anisotropias e descont inuidades das rocha~
pré-cambrianas que aqu i importam.
O quadro litoesL rutural a ntigo foi importante no controle da
inc idênc ia de proce ssos tec tôni cos e g eológicos fanero zóicos, inclusiv e
neotectônicos, e ence rra predisponentes para alLeração, percolação ~e
água, escultura do relevo, entalhe da rede de drenagem e instabil izações
de massas de rochas e solos.

1. INTRODUÇÃO

Os dados geológicos sobre as rochas pré - c ambrianas da faixa


costeira de São Paulo são ainda pouco vo lumosos. Os estudos são
escassos, na maio ria não detalh ados e sempre dificu l tado s pela f alta
de afloramentos em ma lha adequada e pela inexistência de acessos em
extensos trechos. Apesar dessa limitação, as informações existe nLes são
suficientes para delinear um quadro geológico geral, cuja apresentação
sintética e revisada constitui objeto deste capítulo .
')
L) 43
42 SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO GEOLOOIA 00 PRé·CAMBRIANO
I)
Por necessidade de se limitar aqui a abordagem a uma área bem
~ demarcada, considerou-se como "faixa litorânea• o domínio da província
(f)

I') fisiográfica conhecida sob a designação de Província Costeira (Almeida, ~ :s


I')
1964; Ponçano e t al., 1981) ou simplesmente Litoral (J\b' Saber· &
Bernardes 1958) , mostrado na Figura 1.
+ + lD
'<j-

IJ
I) 2. TRAÇOS GEOMORFOLÓGICOS GERAIS

I)
I} cQ)
Um golpe de vista no relevo do território paulista destaca de
'-
L) imediato a região litorânea pelo forte e quase abrupto desnível das 'C
porções interiores para a baixada, marcando -se bem a Provínc ia :Q..
I)
c
Cos t e i ra . -c
Essa un i d a de geomorfológica do Estado caracteriza - se pel a <6 o
[1 ) ·~

p)
drenagem escoando diretamente para o mar , Aparece como uma e s treita
faixa no Litoral Norte, delimitada p ela linha de costa e a bo rda da
,o
-
"':ó..
u
C)

-
Serra do Mar ; no t.i tor.al Sul, e l a a l a r g a - se em ampla reentrância 'o
jt) avançando pelo bai x o vale do Rio Ribeira d e Iguape e alcançando a b orda o o
da Serra de Pa ranapiacaba. o<t: <t:c:t:/
-a::
u_ <á
li) A província é divi dida em três zonas: a Serrania Costeira, as w.zw ~ o' -
Baixªdas Litorâneas e a Morraria Costeira (Ponçano et al., 1981), como 1-6~
o E
li) mostrã a Figura 1. ~ a:: o o
Q)
li A Serrania Costeira corresponde aos frontes das serras interiores
(Serra do Mar e Paranapiacaba), que descem de altitudes de 800 a 1.200
_jQ..(_) C)

m para as áreas baixas adjace ntes ao mar, bem como . algumas elevações
c
lt ) 0..
que se alçam das áreas baixas. c
li) Dada a d i ve rsidade morfológica , na Serrania distinguem-se vá rias :::E
subzonas que se marcam como elevações maiores (Serra do Mar , Serra d e
li Paranapiacaba, Serr a de J Latins , Serrania do Ribeira e Pl analtos ,--t
)
Interiores ), contend o feições como esc arpas festonadas , e s pigões
li") digitados, serras a l ongadas, morros paral e los , mar de morros , morr os
c
"-
isolados, morrotes em meia-laranja e outras formas. ~
jl C)
' ) As Baixadas Li torâneas correspondem às porções baixas e têm o
li altitudes que em geral não ultrapassam 70 m. No Litoral Norte aprese ntam >6 LJ_
)
l i)
elevações que separam pequenas planícies e enseadas, onde se formaram
praias de bolso, num contexto de costa sinuosa e em submersão. No
<l: <l: <l:
a:: a:: w ~
.=--=
Litoral Sul a linha do mar é retilínea, as baixadas são formadas por
w w z 3 -g:;
--I"?'
I') extensos cordões litorâneos progradantes, marcando costa em emersão
1-
(f)
O
1- l<l:
a::
(f)
O O
<X)
<:T o
<:>v E
-""
li (F'úlfaro et al., 1974; Suguio & Martin, 1978), e a planície é quebrada
o.-

:~
u ut-
) por algumas elevações limitadas .
'1 A Morraria Costeira aparece no baixo vale do Rio Ribeira ·de <t: <l: ::i
) Iguape, com morr os , montes , colin as e serx·as de até 100-2 0 0 m de z 0:: <l:
11 altitude, ao longo de uma extensa á rea que r epresenta uma trans ição da <l: <l: o
0:: 0:: <t:
,( baixada para a serrania. 0::
w
0::
o X
- 0:: o

o~~
Essa paisagem é produto de processos de tectonismo, alçamento e 0-
11)
+~
entalhamento durante o Mesozóico (principalmente no Cretáceo) e
primeira metade do Terciário (Pa leogeno), e, depois, de incidência
11 eminentemente de processos de esculturação na segunda metade do (f)
) Terciário (Neogeno) e no Quaternário. lD
('\..)
I Nela distinguem- se variadas unidades litológicas e estratigráfi-

I~
)
44 GEOLOGIA 00 PR~.CAMBRIANO 45
SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO

cas , bem como diversos tipos de feições estruturais i mportantes, que médi o a baixo ( fácies anfibolito a x i sto-verde) , representando
são abordados nos itens seguintes. níveis crusta is menos p rofundos.
Em relaçã o às entidades geote ctônicas, primeiramente foi conside -
rado um cinturão orogênico, a Faixa Paraibides, desenvqlvida no fim do
Pré - Cambriano (Ebert, 1968). Depois, foi suge rido um cinturão
3. ESTRATIGRAFIA E LITOLOGIA transamazônico , designado Cinturão Paraíba do Sul, que teria servido
de embasamento pa ra o ut ro , brasil iano , o Cinturão Ribei ra (Almeida et
al. , 1973, 1 976, 1981; Cordani et al., 1973; Hasui et al., 1975). Na
A SISTEMATIZAÇÃO ESTRATIGRÁFICA ANTERIOR déca da de 70, apenas um trabalho procurou sustentar a idéia de um
cinturão, mas do Paleozóico Inferior (Freitas, 1976) . Complicações por
deslocamentos transcorrentes foram também indicadas íHasui & Sadowski,
A sistematização estrat igráfica, como acon tece em todas as 1976 )o

regiões pré -cambrianas do Pais, encerra d ificulda des de d i versas ordens Nos últimos anos, dados gravimétricos têm sido explot"ados para
e foi apresentada com modificações em traba lhos sucessivos. definir a compartimentação regional (Hasui, 1982; Hasui et al., 1989,
l Na primeira proposição as rochas gnáissicas foram reun idas no 1993a, b) . As a nomalias Bouguer marcam bem grandes descontinuidades
Complexo Cristalino e as metassedimentares na Série São Roque (Rego, (sutu ras) separando blocos crustais distint os, designados Brasília,
1933). Depois, elas foram enfeixadas, respec tivamen te, nos g rupos Vitória e São Paulo. Esses blocos se justapuseram por mecanismos de
Paraíba e Açungui (Ebert , 1968) . Em seguida, foram admi tid as roc has convergência chegando a colisão de continen tes. Em termos re lativos; o
mais antigas (Complexo Piaçagüera) , preservadas em alguns núcleos Bloco Vitória d eslocou- se para o este. sobrepondo-se aos blocos Brasília
envoltos por rochas mais jovens, estas consistindo de metassedimentos e São Paulo, e este último, por sua vez, foi empurrado por baixo daquele;
do Grupo Açungui divididos em porções não - migmati zadas (Complexo Pil ar) na faixa de contato, as rochas de um e outro lado da sutura foram
e outras migmatizadas (Compl exo Embu); tais rochas teriam sido fo rtemente defo r madas durante a convergê ncia/ colisão e o Bloco Vitória
p enetradas por corpos grani tóides cambro-ordovicianos (Hasui & chegou a expor porções profundas da crosta representadas por rochas de
Sadowski, 1976). A primeira unidade foi posteriormente r eferida como alto grau que constituem o Cinturão Granulitico Atlântico (Hasui, 1982,
Complexo Paraíba do Sul, por s e apresentar constituída de gnaisses e 1986; llasui & Quade, 1988; Hasui et al. 1989, 1993a,b; Ebert et al.,
metassedimentos (Hasu i et al., 1978) . Por fim, face à dificuldade de 1993). A Figura 2 mostra os três blocos na área enfocada, cabendo
se dist ingui r gnaisses e mui t os migrnatitos de i d ades dis tintas , e les esc larecer que as curv as isogá licas refl etem a dist ribu ição de massas
f o:r·a m enfei xados no Comple xo Costeiro (Hasui & Oliveira . 1984) . em s ubsuperf ície e os traços de sutu:t·as são os demarcados em supe rfí cie .
As propostas sucessivas, ainda que tenham s ido aprese ntadas de A discri minação dos tipos de conjunt os litológi cos para cada uma
modo pouco claro e com base em critérios discutíveis, podem ser vistas das grandes unidades geo tectônicas, que são esses três blocos crustais,
como passos avançando no entendimento da geologia regional . permite avançar na sistematização estratigráf ica de manei ra mais lógica
Todas elas embutiram a concepção de dois conjuntos l i tológicos e consistente .
distintos , u m representando o embasament o mais anUgo , possivel mente A Tabela 1 apresen ta a col u na estrat igráfica , completada com
do Ciclo Transamazônico (2,1 - 1,8 Ga) e outro cons tituído pelas outros conj untos mais jovens, fanerozóicos, e a Figura 3 mos tra a
supracrus tais a ele sobrepostas, bem como pelos corpos granitóide s distribuição das unidades na área abordada.
intrusivos, do Ciclo Brasil iano (0,7-0,5 Gal . Também basearam-se em
a spectos estritamente litológicos que levaram a s e correlacionar e a
juntar e m uma mesma u nidade l i t otipos semelhantes mas não necessaria - CONJUNTO 1
mente equivalentes .

o conj unto 1 aparece de modo marcante na faixa de Maranduba-Picin-


OS CONJUNTOS LITOLÓGICOS guaba (notadamente e n t re Maranduba e Uba tuba) , em São Sebast ião e na
reg ião da Se rra de Itat ins e Serra Negra, representado por gnaisses
charnockíticos (bem exempli fic ados por aqueles explorados em Ubatuba
Mais recentemente, tem-se proposto sistematizar os litotipos em como pedra ornamental), enderbíticos, opdaliticos, máficos, ulcramáfi-
termos de tipos de conjuntos litológicos vinculados a entidades cos e outros tipos menos expressivos (Freitas, 1976 ; Hasu i eL al., 1978;
geotectônicas (Hasui et al ., 1 989 , 1993a). Fons eca et al., 1979 ; Silva et al., 1981) .
Dois tipos de conjuntos l itológicos pode m se r sepat"ad os: Essas rochas mos tram e vidências de metamorfismo de alto grau e
1. gnaisses e rnetassed imentos de alto grau metamórfico (fácies de transformações superimpostas , de graus médio (fácies anfibolito) e
granulito) , representando níveis crustais mais profundos alçados por baixo ( fácies xislo-verde), denotando a incidência de processos de
processos tectônicos; associam- se-lhes metassedimentos de graus recristalização metamórfica em diferentes pulsos com temperaturas
metamórficos inferiores; decrescentes. Elas apresentam migmaLização mais ou menos intensa.
2. gnaisses de médio 'g rau ( fá cies anfi b o l ito) e me tassediment os de grau predominando a estrutura bandada (estromatitica ) .

li
)
., )
!·,
') 46
SOLO:;> DO LITORAL DE SÃO PAULO GEOLOGIA DO PR~·CAMBRIANO 47
L)
L)
IDADE ESTRATIGRAFIA LITOLOGIA

, I~

- - - --
(- )
- - - - -- - -
Sedimentos continentais,
marinhos e de ambientes de
JJ Cenozóico Formação Cananéia
transição, re lacionados com
a morfogênese produzida RSA
l) E
Q)

....
-o
Formação Pariquera - Açu
Formação Sete Barras
e com a esculturação
neogênico - quaternária do
I) o relevo.
I) ....
o Cretáceo
Superior
(- )
Rochas alcalinas intrusivas
relacionadas com a RSA.
I) Q)

E Rochas básicas, inter-


') ....
0..
Cretáceo Inf. a
Jurássico Sup. (Formação Serra Geral/
mediárias e ultra - básicas,
~ de enxames de diques e
I ) Q) ou Grupo São Bento)
sills, relacionadas com a
,,, ·~
\,52. -o riássico Sup.?
RSA.
I) -:a. o
10 Sedimentos imaturos e rochas
) ~
(>
Formação Quatis granitóides intrusivas, re-
....
o

--
~
Ca!llbriano-
I) Ordoviciano !acionados com episódio de
~ :::J
Suíte Serra do Mar tectônica extensional eopa -
I)
C/)
....
:::J leozóico .
( /) Grupo Setuva Grupos: sedimentos detriti -
I) Lí)
w
N;s: cos e químicos , e possíveis
r
) -1- ~ N I Grupo Ribeira
!Complexo Apiaí- Mirim
vulc3nicas, acumulados em
bacias dive rsas invertidas e
I) ....o
:::J
Proteroz6ico? 1- - - - I I - - - - termo- tectonizados .
I) c:n e/ou I Grupo Paraibuna
Arque ano? I Complexo Piaçagüera Complexos: granit6ides de
li: )
<(
LL
I
Grupo Paraíba do Sul
tipos e gerações diversos,
transformados em gnaisses
a:: <(

1: ~
1- a:: Complexo Ubatuba-Itatins por tiróides, bandados, la-
w w ,minados e hOfllcx,Jêneos .
w ~ ---

tg
-- --- -------------- --

--
u ~
li ) LL a:: u TABELA 1 - COLUNA ESTRATIGRÁFICA DA ÁREA.
RSA • Reativação Sul-Atlant iana.
0:: (!) <(
li w u
jl~
a.. <( z
=>
C/)
u '
-__J o>- <( Gnaisses de grau médio, de tipos bandados e porfir6ides, estão
1 11 <( <:.t a:: z presentes em meio a tais rochas e podem representar porções com-
z a..
.1,,) (.!)
o <( êi3
0::
pletamente retrometamorfoseadas e intrusões g ranit6ides contemporâneas
<( ~o =>
o u tardias no processo de colisão referido.
',,? 0::
=> § <(
Essas roc has são enfeixadas no Complexo Ubatuba-Itatins (Has.ui

li)
1- 0:: w L5 et al., 1993a) . - Ele incorpora os complexos Itatins e Serra Negra
reconhe cidos no sul do Estado (Silva et al., 1981; Battola Jr. et al.,
~ a~ <:r
0::
1981) . Representa uma extensão do Complexo Juiz de Fora, descrito no
,i
rn ~o ~
leste de Minas Gerais/Rio de Janeiro (Hasui & Oliveira , 1984), ambos
constituindo porções do Cinturão Granulítico Atlântico, de idade
'u( arqueana.

11~
Associam-se-lhes metassedimentos, bem como metabasitos e meta-

11)
)
)

') 48
SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO
') GEOLOGIA 00 PRt:-CAMBRIANO 49

j l) o
... ..o ultrabasitos, em pequenas lentes e faixas. Os metassedimentos são
I) :::J
gnaisses kinsigíticos, quartzitos, quartzo x istos, micaxistos, rochas

~-+
c álcio-silicáticas e mármores. Metaba.s itos aparece m mais expressi -
]1) <::r vamente num corpo a oeste de Caraguatatuba, em cortes da rodovia
Rio - Santos (Complexo Bairro do Mar i sco, de Silva et al., 1977). Essas
) I) rochas são reunidas no Grupo Paraíba do Sul (llasui et a l . 1993a ). No
~ I' sul do Estado , rochas dessa unidade foram antes enfeixadas sob a
) designa ção Seqüência Cachoeira e datadas como mais velhas que 2,3 Ga.
11) (Silva & Fernandes, 1979; Silva et al., 1981).
A reconstituição da história de formação e transf ormação metamór -
<I <I <I
I) O o o::
wzw
fica dessas duas unidades representantes do âmbito da crosta inferior
constitui ainda problema a se investigar, de resto como em todos os
rs I-'> I- -- ·
- O (f)
~0:::0
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cinturões granu líticos.
I~ "C No sul do Estado aparecem também metassedimentos detríticos
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(principalmente , filit os, x istos , quar tzitos , quartzo x i stos e metacon-
11 c glomerados) , químicos ou com contribuição química (predominantemente
-c
rochas cálcio-s ilicáticas e mármores), metabasitos e metaultrabasitos,
li 8 reunidos no Grupo Setuva (Hasui et al'. : 1993a) . Essa unidade parece
'(,
-~ O" representar o enchimento de uma bacia desenvolvida em ambiente
') ,s 'o
o
retroarco na época do processo de convergência/colisão, que acabou
li --a <1>
sofrendo inversão tectônica (deformação e metamorfismo de baixo grau)
) Ol na progressão desse processo.
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c CONJUNTO 2

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o conjunto 2 é formado por gnaisses de tipos diversos e aparece
extensivamente em toda a área. Em termos estruturais podem ser
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a.O...
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reconhecidos os tipos bandado , laminado , homogêneo e porfiróide , de
granulações fi na a muito grossa . Em termos composicionais variam de
l 1' -co... LL tonalíticos a graníticos, constituindo um conj unto essencialmente do
E@-
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tipo TTG (Tonalíto- Trondhjemito- Granodiorito) , e têm como acessórios

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mais comuns biotita e /ou hornblenda. Também gnaisses de cor cinza - claro
com biotita e muscovi ta aparecem e m corpos limitados .
O metamorfismo foi síncrono ao processo de conve rgência/colisão,

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de grau médio, a ele tendo se superimposto transformações retrogressi -
vas de grau baixo . Todas essas rochas apresentam- se mais ou menos
migmatizadas , predominando estrutura estrornatítica, com leucossomas
- 2 ·-.!=:;::C>--=- -~ ~a_ ros ados a cinzentos. Parte dos ortognaisses podem representar i n trusi-
o --2 ~o ~.o <l) -
-~ .s _Q ·;;;-:c a_:::- .E
vas granitóides síncronas a tardias no referido processo.
'2 C/) (f) <l> . ~ 0::: 'õ 'Q Tais rochas são reunidas no Complexo Piaçagüera (Hasui &
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(f) I
0 oc:-2-- ~- o Sadowski, 1976; Hasui et al. 1993a) e no Complexo Apiaí-Mirim. o
~ c:..c:-o o o::::> o.O
:::J ..... .o ::> ::::1 primeiro representa uma extensão do Complexo Barbacena, do Bloco
<l) · - (.) -
(.)o e·c:o·-·- ~
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<l>o-o ~ g Brasília, descrito no sul de Minas Gera is, e o segundo, uma extensão

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o - <1> ' - o:-9 Õ <l>.O do Complexo Amparo, do Bloco São Paulo, descrito na região de Amparo
..... o -o 0>10 o:: 0... (f) ~
.2 (f)
..... o~oo ooo a.
(f) <> (f) _ ; '3(9 a::
a.. (Ebert, 1968, Hasui & Oliveira, 1984, Hasui, 1986 ; Hasui et al., 1989) .
A idade desses complexos é atribuída ao Arqueano ou Proterozóico
a>..c: :::~.c: E o..o..o..E 2
.o (.) o-ü ..... :::J :::J :::J Inferior, faltando ainda dados seguros para o posicionamento temporal.
8&6&~23~<.98 o desenvolvimento desses complexos não está ainda reconstituído,
I I I I I I I I o já que as relações entre os variados granitóides originais não são
conhecidas.
50
SOLOS 00 LITORAL OE SÃO PAULO GEOLOGIA 00 PA~·CAMBAIANO 51

Me tassedimentos aparecem intercalados no Complexo Piaçagüera, em São admitidos como de idade cambro-ordoviciana (570-490 Ma).
forma de faixas ou lentes, representados por rochas cálcio- silicáLicas, 2 . Formação Quatis (IPT, 1985). Constitui discreta ocorrência no baix o
mármores, micaxistos e quartzitos. Também comparecem corpos de anfibo- vale do Rio Ribeira de Iguape, representando um resto do enchimento
litos e metaultramafitos. Gonditos apare cem no sul do Estado. A unidade de uma bacia ainda mal entendida . É formada por arcóseos, arenitos
litoes tratigráfica que enfeixa essas rochas é o Grupo Paraibuna (Ebert, arcoseanos, grauvacas, siltitos e conglomerados polimíticos. Ela é
1954; Hasu i. et al., 1 993a) . Ele representa um embaciarnento antigo admitida como d e idade cambro-ordovic i ana .
possivelme nt e equ i valente ãquele de u nidades semelhantes do sul e 3. Rochas intermediárias a ultrabásicas, represe ntadas p or diabási.o e
s udeste de Minas Gera i s. A idade dessa unj dade não está determinada , subordinadamente por lamprófiros, dioritos pórfiros, monzonit·os
devendo ser mais antiga que a época do processo de convergê ncia/co! isão. pórfiros, andes itos pórfiros, traquiandesitos, gabros e outros tipos
Extensa faixa de rochas derivadas de sedimentos deLríticos petrográficos (Damasceno, 1966; Cava lcanLe & Kaefer, 1974; Freitas,
(pelí ti cos: filitos, filitos carbonosos, micaxistos, paragnaisses; 1976). Formam diques e sills, configurando um enxame de corpos de
L\ psamíticos: quartzitos, quartzo xistos; psefíticos: metaconglomerados
oligo e polimiticos), e de origem quími ca ou com contribui ção química
direção predominantemente NE-SW no Litoral Norte e outro, de corpos
orientados preferencialmente segundo NW-SE no ba i xo vale do Rio

~)
(metaca lcários, rochas cálcio-silicáticas, metachertes , f ormação fer - Ribeira de Iguape; esses enxames marcam áreas que se sujeitaram· a

I rífera, gonditos ) aparece a mplamente n o vale do Rio Ribeira de Iguape


e apenas em pequena parte d a área abordada. Metabasi tos e metaultra-
diste nsão na época das intrusões. A idade é do Juráss ico Superior a
Cretáceo Inferior (em torn o de 1 40 - 110 Ma) ; uma da tação de 210 Ma
I( basitos também estão presentes. O metamorfismo foi d e ·grau baixo a sugere que possa remontar: ao 'I'riássi co Superior (Amaral et al. , 1966;
médio . Em parte, essas rochas exibem migmatização, predominantemente Minioli 1971; Freitas 1976). Esse magmatismo é síncrono aos derrames

'\' com estruturação estromatitica.


As rochas dessa faixa foram reunidas anteriormente no Grupo
e sills básicos da Bacia do Paraná (Formação Serra Geral/Grupo São
Bento)e àqueles que forram o fundo da Bacia de Santos.
Açungui, mas, ao se distinguir no Vale do Ribeira duas unidades de 4 . Rochas alcalinas. Aparecem em f orma de corpos intrusivos nas ilhas
idades d istintas , esta designação foi reservada para a seqüência mais de São Sebastião, Mo nt e de Trigo, Vitória , Búzios e Cananéia, bem
jovem e se resgatou a des ignação ·Grupo Ribe ira para a un idade mai s como nas regiões de Juquiá, J acup j:ranga e Pariquera-Açu. Elas
antiga e mais express i va, cujo e mbasamento é representado pelo Complexo ass inalam também áreas de incidência de di.stensão na época das
Apiaí -Mirim (Leonardos, 1941; Hasui et al., 1984; Hasui, 1 986; Basui intrusões. São de três gerações dis ti n tas , com idades em torno de
et al. 1993a) . Essa unidade é o enchimento de uma bacia aparentemente 22 0 para Pariquera-Açu, 127-136 para Jacupiranga e Juquiá, e 78-84
de margem passiva do Bloco São Paulo, que foi atingida por deformação Ma para as demai s (Amaral et al . , 1967; llennies & Hasui, 1968, 1977;

I f
e metamorfismo durante o processo de convergência/colisão.
A idade dessa última unidade não está ainda bem determinada .
Resul tados preliminares forneceram cifras em torno de 500-600 Ma e, com
Ulbrich & Gomes, 1977; Hasui et al., 1982; Ferreira et al., 1987).
5 . Sedimentos cenozóicos, que são descritos ·abaixo, por constituírem
extensas coberturas na faixa litorânea.
base nelas, admitiu-se geração e transformações termotec tôni cas no fi m
I do Pré -Camb riano a iníc io do Paleozóico, durante o Ciclo Brasil i.ano
I (Cordani & Teixeira, 1979). Cont udo, a lguns dados d i screpantes de
1,0 -1,3 Ga (Pb-Pb e K-Ar) foram também obtidos no Paraná e no sul do
SEDIMENTOS CENOZÓICOS

Estado, que podem ser tomados como idades mínimas . Dados mais altos
ainda foram apontados por Rb-Sr, mas de valor duvidoso. O posicionamnLo Os sedimentos cenozóicos mais antigos foram enfeixados nas
temporal requer ainda outras datações mais decisivas, e, de todo modo, formações Sete Barras e Pariquera -Açu e como depós i tos de terraços
1l a idade do pacote é anterior ao processo de convergência/colisão
refer ido, já que foi por ele atingido .
pré-atuais.
A Formaç'ão Sete Barras (Melo, 1990) preencheu um pequeno gráben
iI na região de Sete Barras. f:: const ituída de cascalhos, areias e a l guns
sedimentos fi nos , que c hegam a alcançar 15 rn de espessura (sondagens
CONJUNTOS LITOLÓGICOS PANERO ZÓICOS e l étricas indicaram a possibilidade de chegarem a 130-~00 m). Os
detr itos foram transportados por tração, suspensão e por fluxos de
massas densas em condições de clima semi - árido e acumul a dos em contextos
Outros conjuntos litol6gicos mais jovens aparecem constituindo de leques aluviais passando para planícies fluviais e lagos. Sua idade
corpos i ntrusivos e capeamentos sedimentares. São eles : é admitida como do Terciário Inferior e ela é correlacionqda com
1 . Granitóides. Formam pequenos corpos i ntrusivos no sul do Estado e depósitos mais antigos das bacias de São Paulo e Taubaté.
no vale do Rio Cubatão (Hasui & Sadowsk i , 1976; Hasui et al . , 1993a) , A Formação Pariquera- Açu ocorre nas duas margens do Rio RibeÍra
e são enfe ixadas na Suí te Serra do Mar (Kau ] , 198 4). Têm composições de Iguape , expondo-se principalmente na área de Registro/Jacupi-
variadas, cores róseo a ve rmelho e loca lme nte cinza, e p ortam biotita ranga/Pariquera-Açu . Ela é const ituída de leitos de sedimentos rudáceos
e/ou anf ib6lio. Most r am granulação fina a grossa, eqüi - ou ineqüi- (cascalhos e brechas), arenosos (finos a grossos) , e peliticos (siltes
granulares, sendo localmente porfiriticos e em parte rapakivíticos. e argilas), representando fácies fanglomeráLic:as (brechas, cascalhos e
)
') 52 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO GEOLOGIA DO PRt-CAMBRIANO 53
l)
I~) lamitosl , fluvi al meandrante (cascalhos, areias e argilas) e lacustre
(argilas) . A espessura pode chegar a 15 m (sondagens elétricas sugerem
1973) é constituída de areias e argilas, sendo considerada mais jovem
que a Pariquera- Açu e atribuída ao Pleistoceno. Ela distribui-se
],J que possa alcançar 30 m). O transporte dos detritos foi análogo ao da extensivame nte nas planícies litorâneas, formando cordões sub-
paralelos, resultantes do r etrabalhamento pelo mar de areias trazidas
Formação Sete Barras. A idade presumida é do Terciário Superior, embora
I, alguns ave ntem a possibilidade de remontarem ao Terciário Inferior e
outros a considerem como do Quaternário .
pelos rios; por sua vez, esses cordões vêm sofrendo retrabalhamento
pelos rios que chegam à planície litorânea, e mesmo pelos ventos. Entre
I) Os depósitos de terraços pré -atuais aparece m bem representados os cordões são comuns depressões alagadas, onde até turfeiras se
no baixo vale do Rio Ribeira de Iguape. São testemunhos de paleovales desenvolvem .
) escavados em rochas pré-cambrianas e ainda poupados pela erosão. São Os depósitos modernos da orla litorânea são holocênicos e
descontínuos e marcam três níveis: a algu ns metros, 25-30 e 50 - 60 m formados por areias, siltes e argilas, depositadas em ambientes
) acima do nível dos rios na bacia do baixo Rio Ribei ra de Iguape. são mari nho, flúvio - marinho, de mangue , de pântanos , lagunar e eólico
I) cons ti tuídos de cascalhos ol igomíticos, cujas espessuras alcançam (Fúlfaro et al., 1974; Hasui et al. , 1978; Suguio & Mart in, 1978). Os
valores da ordem de uma dezena de metros, por vezes com camadas de depósitos de praias de bolso, encaixadas entre pontões cristalinos, têm
) areias arcoseanas e de lamitos intercaladas. Os cascalhos têm seixos areias médias a grossas derivadas das rochas c i rcundantes, com minerais
arredondados , com d iâmetros de centí metros (excepcionalmente alcança m máficos e pesados como componentes comuns . As praias mais extensas e
11) largas têm areias mais finas , melhor selecionadas e predomii-tantemente
até 60 em), predominando os de quartz ito e quartzo e sendo subordinados
lt os de outras rochas da região; a matriz é arenosa, com participação de quartzosas.
quartzo e feldspatos, e podem aparecer também argi las intersticiais
I J, ) (cimento ou matriz) . Os detritos foram transportados por tração em
correntes de alta energia e depositados em ambiente fluvi a l, sob clima
]I semi-árido . Esses depósitos configuram barras longitudinais, dunas
4. ESTRUTURAS E EVOLUÇÃO TECTÔNICA

")
]1)
subaquosas e depósitos de canais .
Os sedimentos cenozóicos mais novos têm distribuição geral que
pode ser assim resumida: descendo as serras , observam- se rampas · de Muitos tipos de es trutu ras estão prese ntes nas rochas pré - cambri-
colúvio e depósitos de tálus, que se associam a cones de dejeção dos anas da área.
]1 > vales; nas baixadas, aparecem planícies de constituição heterogênea, Elas podem ser vistas sob três ângulos:
incluindo depósitos fluviais em aluviões e terraços, bem como marinhos 1 . o da estruturação regional , de primeira ordem;
]I ) pré-atuais e atuais, estes de ambiente de transição continental/ma - 2 . o da estruturação interna de maciços, de ordens maiores e de
r inho; na orla li torânea , tem-se os sedimentos marinhos mais novos
li (Fúlfaro & Suguio, 1974; Hasui et al., 1978).
expressão local, importando analisar seus tipos e padrões de
disposição espacia l traduzidos em termos de geometria e seqüên-
11 ) Os depósitos coluviais são depósitos de encostas , em que os ciação;
detritos são transportados por tração , suspensão e fl uxo de massas 3. o de fei ções que indicam direções e sentidos de movi mentação de
li densas, formando cascalhos com f ragmentos arredondados ou angulosos em massas rochosas na geração das estruturas, procurando resgatar a
matriz areno- siltoargilosa e l amitos. Os fragmentos provêm das rochas
,, ) que sustentam as encostas. São de dois tipos: o primeiro aparece c.om
cinemática e a dinâmica dos deslocamentos tectônicos.
É com base em tais informações que se pode avançar de modo seguro
,, ) espessuras variáveis, chegando a métricas, tendo uma linha de seixos
basal (seixos de quartzo, quartzito, às vezes canga limonitica e outros
no e nte ndimento do quadro estrut ural e da evolução tectônica , sem lançar
mão de modelos paradigmáticos ou ilações mal fundamen tadas .
,, ) materiais) e sotoposto a uma massa areno-argilosa; o segundo tipo,
aparentemente menos evoluído, é mais heterogêneo, incluindo grânulos,
A estruturação de primeira ordem, em blocos crustais justapostos,
foi antecipada no item anterior. Ela foi deduzida em âmbito que
11 ) seixos e matacões em matriz areno-argilosa e, por vezes, restos extrapola em muito a área abordada , com base em dados geofís icos e no
vegetais . quadro geológico regional, que permitem reconhecer a compartimentação
11 ) Os depósitos de tálus representam acumulações de fragmentos de
rochas, de dimensões até métricas, em sopés de elevações mais íngremes,
do território brasileiro em mais de duas dezenas de blocos (Hasui "et
al., 1989, 1993b).
ll ) como resu ltado de processos gravi tacionais.
li Depósitos de cones de dejeção apa r ecem nos sopés de encostas
íngremes, formados por clastos grossos, a té métricos, acumulados por TIPOS E PADRÕES ESTRUTURAIS
lf) torrentes.
i~) Os depósitos aluviais acumulam-se em calhas de cursos de água,
planícies de inundação e t erraços; são em geral arenosos, podendo ter Feições dúcteis
) intercalações de cascalhos e pelitos, ou de turfa.
11 Os sedimentos marinhos formam depósitos pré - atuais, enfeixados
na Formação Cananéia, e modernos. A Formação Cananéia (Petri & Suguio, Nos maciços, a feição estrutural marcante é a fol iac;:ão (Hasui,
11 )
11
,, .,
_I
f>5
\ 54 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO GEOLOGIA DO PRfO-CAMBAIANO

~~
l!
)
1983; Hasui e t al., 1989). Esse termo d iz r espei to à propriedade que
condiciona a partição preferencial das rochas ao longo d e p lanos (/)
r<>
...
:\ paralelos. Nas rochas abo rdadas e la é configurada p or um ou ma i s dos N

+
I
seguintes tipos de f eições estruturais:
jl' • Xis tos idade nos xistos e fi l i t os , ou gnaissosidade no s gnaisses, dada

I~
pela orientação planar de componentes (minerais, agre gado s minerais)
ao longo d e p lanos paralelos ou subparalelos p erva sivos nas rochas.

~~
É produzida pela recristalização metamórfica da s roc has em cont e xtos
dinâm icos;
• Bandamento composicional, dado pel a presença de faixas al ternadas de
I~ composições mineralóg icas distintas e espessuras milimé tricas a
111 ) centimétricas. Pode corr esponder a vest ígios de ac amamen to em rochas
me tassedimentares ou se r produto de de f ormação , migmatização ou c
j ll segregação metamórfica; '0
-~ .....
Q.)

I 111 • Poliação milonítica, definida pela orientação plpnar de compon entes 2 'C
d efo rmados (achatados em uma d ireção e es t irados em outra s) ao l ongo
de zonas de cisalhamento dúctil.
,g c
I Jll ) '0<...? A -o
A fo lia ção na área tem d ireção geral e m torno d e NE- SW, "•,... ' ~ <O
In )
aproximadamente para lela à do litoral (Figura 4); variações locais 'E~
'Q.) ..-
-~
,g_
e
::l
chegam a NW- SE , como acontece em San tos (Carneiro. & llasui, 1 979). Os
c ~,.... d -
I'J mergulhos variam muito, de praticamente horizontais a verticais, os
i nc l inados vo l tando - se ta nto pa r a NW q uan to para · SE ; a r egião de São
+ \Y ~9-l.~ -2\ 7_ o ~
I li c:. (/')
Sebastião-Caraguatatuba é um e xemplo de porção onde baixos mergulhos ~ Q.)
se faze m presen tes . Os me rgu l hos mai o re s r e lacionam-se com rotações L>
111 o c
ligadas a zonas de cisalhamento subverticais. a..
c
!li Zonas de cisalhamento são fa ixas de deformação concent rada
~
produzidas por deslocamento diferencial de blocos (deformaçã o não -co- ~

,r>·~\~~"{(/f)-..
.. ~~~~ / ~ ~ 8-- ~. . .
\ 11 axial) . As zonas de cisalhamento dúctil de s envolvem- se por flux o em z
cond ições plásticas e envolvem cominuição, que resulta na foliação w
0::
\
In milonít ica , e a comodações ao l ongo d e f ai xas de espessuras sub- a: ::l
Iu
I
milimé tri c as a quilométricas (Hasui & Costa, 1991) . O fl uxo dúctil 8
(/)
_Ql
u_
ocorre em profundidades a baixo d e 10 - 15 km onde atuam temperaturas acima
111 de 250-350C . ~
Na área, zonas de cisalhamento d esse tipo aparecem com grande 0::
) 1- (f) (/)
lll freqüência e são de d ois tipos: <(
• um, repr~sentado por faix as p aralelas à foliação, tendo mergulhos
w
~ u 8
,U -o
u_ zw
111 mui to var i ados e c orresponde ndo a zonas d e cavalgamento; 'O
N N
• outro, com atitudes verticais e subverticais, que deformam a foliação o o
1\ anterior, corres pondendo a zonas t ranscorrentes, que cheg am a t er
espessuras quilométricas e ex t ensões de at é c enlenas de quilômetros
0::
\.J..J
a.. :c
~ _J
~
<( z
w
u
z
w
u
1n (f) I
) (Figura 4). <(
(f)
-w (f)
E
0::
~
111 Lineação é o termo utilizado para se r e ferir a feições lineares <( .><!
z u 0...

:~
de vá r ios tipos . Dois d eles , comume nt e pa ra lelo s entre s i e d ispostos
112 ao longo dos planos de foliação, importam aqui: <( w
o 19 (/)z
<( w
• lineação de esti ramento, que corresponde à disposição l ine ar do s
0::
~ <( ~ :c ~
l i' eixos de alongamento de componentes (minerais e agregados minerais) . 1- z :::J u ô
o ow
~
2
mrnNJon
É produzida por d e formação (eixo de estiramento) sob reg i me dúctil ; (f) L1- 0:: (/)
111

w & u
• 1ineação mineral, que corresponde à disposição linear dos eixos de o
111 alongamento de mine ra is. É produzida p ela recristalização metamór-
fica. ·
Elas indicam a direção de movimentação de z onas de cisalhamento
e, na área, a l inea ção tem orientação muito va ria d a nas zonas de
lll)
111
)
11
)
11\ 56 SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO GEOLOGIA 00 PA~·CAMBRIANO 57
11~
li) cavalgamento , rotacionadas que foram pelos movimentos das zonas de
trans corrência. Nestas elas se apresentam com postura horizontal ou de
Elas permitem substanciar o s estudos estruturais e pod em
importância prática local na caracterização dos maciços.
assumi r

[I? baixo mergulho , marcando a movimentação direcional.


A presença de zonas de cisalhamento dúcti l de um ou mais dos tipos
l l) do modelo de Riedel (R, R', P, X e Y), quer em sistemas de cavalgamento, SEQÜENCIAÇÃO ESTRUTURAL
li\ quer em sistemas transcorrentes, bem como a segmentação das rochas por
boudinage , fa zem com que os corpos rochosos se ap res entem desfeitos em
I ~~ lascas e boudins com formas de lentes ou amêndoas justapostas, compondo Além dos aspectos puramente geomé tricos das feições estruturais,
o que se tem designado padrão amendoado (Hasui & Costa, 1991) . Nesse o entendimento da geração das estruturas r e quer a reconstituição da
I 1\ padrão, as faixas envoltóri as dessas amêndoas v ia de r egra constituem seqüência de formação e da movimentação tectônica .
superfícies d e maior susceptibil idade a segmentação e alt eração, Em termo s de seqüenciação estrutural , v erifica- se , por rel ações
11 respondendo pela i n cidência preferencial de zonas de · i nstabilização . A de sobreposição e truncamento, que:
lineação referida marca o eixo de maior a longamento de lascas de corpos 1. a foliação e a lineação associada são as estruturas mais antigas,
i~ rochos os. re fletindo uma primeira e tapa deformativa;
l i~ 2. z onas de cisalhamento dúctil transcorrentes afe tam essa Eol :lação e
marcam uma segunda etapa deformativa;
111 Feições rúpteis 3. a lgumas ondulações podem ser vistas e correspondem a uma terceira
' etapa de deformação ;
111 4. as famílias de juntas de altos mergulhos seccionam as feições a cima
As descontinuidades são feições onipres entes e classificadas e representam uma quarta eta pa deformativa;
' I~ como: S. as falhas e juntas inclinadas são p osteriores ; a s primeiras podem
111
1. falhas ou zonas de cisalhamento rúptil, g eradas em reg ime rúp til, ser de diversas ge rações e as últ imas parecem ser relacionadas a
em profundidades e temperaturas inferiores âs ci tadas acima e processos mesozóicos;
11\ envolvendo fragmentação (cataclase) das rochas ao longo de urna
superfície que se torna l isa e estriada ou de uma fai.xa de
6 . as juntas de al ívio de carga, rel ac ionadas a processos morfogené-
ti cos cenozóicos, são as últimas feições. ·
!ti, fragmentação (zona de fal ha) ;
J 2. juntas, que são superfícies d e ruptura ao longo das quais os blocos
i I~ separados não se movimenta ram. Suas superfícies são áspe ras, tanto EVOLUÇÃO TECTÔNICA
mais quanto ma ior a granulação d a rocha. Aparecem em sis temas , que
1 1~ consistem de conjuntos entrecruzados de superfíci e s subparalelas,
I li com espaçamentos e persistências variáveis, cada um representando Episódios da evolução tectônica
uma família .
111 Na área, as fa lhas presentes são de tipos diversos: transcorren-
tes, inversas e normais, faltando ainda estudos que as caracterizem no A movimentação tectônica é reconstituída a partir dos dados
111 âmbi to regional em termos de conjuntos corresponde ntes a eventos geomé tricos, de seqüenciação e cinemáticos . Ela deu-se e m episódios e
)
tec tôni cos distin to s ou como produ tos de uma ún ica movi mentação . No etapas de tectonismo .
111 passado, muitas falhas de grande porte foram indicadas, corno as de 1. o primeiro episódio tectônico , ocorrido em tempos pré -cambrianos
Cubatão e Agudos Grandes, mas elas correspondem a zonas de cisalhamento antigos e ainda não bem determinados, envolveu quatro etapas:
''11} dúctil .
Os sistemas de juntas têm (IIas ui et al ., 1978; · santoro et al. ,
a) A primeira foi de cavalgamento . Os dados da área não permitem
deduzir o s ent ido desse movimento, mas admite -se, com base no
1979): qu adro macrorregional, que tenha ocorrido de leste para oeste
• famílias de altos mergulhos, em geral quatro, com disposições (Hasu i & Quade, 1988) . A ele deve - s e o desmembramento de
111 longitudinal (direção em torno de NE-SW), transversal (em t orno d e litot ipos , deslocamento s e e mpi l h a mentos de lascas , resultando
li
q
. NW-SE) e duas oblíquas (uma em t orno de N- S e outra e m torno d e E- W),
em relação à direção da foliação;
num si stema imbricado de um cintu rão compressivo .
b) A segunda etapa foi conseqüente da anterior: o bloqueio do
• famíl ias inclinadas , em geral duas, com direções preferenciais em empilhamento de lascas f ez com que o alívio das tensões passasse
torno de NE - S W e mergu l hos médios e opostos , aparent eme nte geradas a se dar por transcorrências de di reção NE - SW e de tipo dextral,
durante p r ocessos mesozóicos; compondo um cinturão transcorrente.
li • famíl ia de baixa inclinação , mais ou menos paralela à superfície do c) Ondulações e formação de juntas de altos mergulhos marcam as duas
te rreno , geradas po r al í vios da carga rochosa pela erosão . etapas s eguintes , que refletem alívios f inais de tensões.
li Outros tipos de estruturas, como dobras intraEoliais, estruturas 2. O segundo episódio tectônico , atribuído ao início do Paleo zóico,
s-e, boudins , crenulações e indicadores de rotação, são freqüentes. responde pela geração de intrusões granitóides e da bacia que acolheu
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li ') 58 59
SOLOS DO LITORAL OE SÃO PAULO GEOLOGIA 00 PRIÕ-CAMBRIANO

~~ ~
11
a Formação Quatis. Este episódio deve ter - se estendido por essa era considerada como a ti v a e designada Regiã o Sismotectônica do Sudeste
e pelo Triássico, quando se implantou a Bacia do Pa raná. Os limites (Berrocal et al., 1984).
11 ')
conhecidos dessa bacia são erosivos e ela deve t er avançado para Contudo, a atividade sísmica não ocorre com distribuição
leste, mas suas ma rcas não são conhecidas. · geográfica un iforme, mas concentra -se em algumas áreas . Tais áreas são
IL"' 3. O terceiro episódio tectônico corresponde à chamada Reativação
Sul -Atlantiana (Schobbenhaus & Campos, 1984) ou Wealdeniana
qualificadas como zonas sismogênicas , das quais interessam aqu i as de
Canané ia, Cunha e Santos (Hasui et al., 1982; Mioto, 1983, 1993 ; Mioto
~~ ~ (Almeida, 1969), que d iz respeito aos processos ocorrid os no interior & Hasui, 1993), most radas n a Figura S. Os maiores sismos nessas três
do conti nent e por ocasião da abert ura do Oceano Atlânti co , n o zonas sismogªnicas foram, r espectivamente , os de Cananéi a (de

,, 11
intervalo Triássico/Mioceno.
Esses processos consistiram de movimentos de blocos sob regime
te ctônico extensional , ge rando grandes soerguimentos, alçamen tos e
18/7/1946, com magnitude 4, 6 mb), Cunha (de 22/3/1967, com magnitude
4,1 mb) e de Campos (de 24/10/1972, com magnitude 4,8 mb).
Os e ventos têm sido esse nci a lmente de baixas magnitudes, fracas
)1 ) abatimentos de blocos por falhas com formação de altos e depressões, intens idades e discretas f reqüências, mas não podem ser desprezados em
e poss ibil itando intrusões magmáticas, derra mes vulcânicos, sedi - estudos de estabilidade geológica.
11 ) mentação e d elineação dos grandes traços do relevo . A sismicidade refl ete um estado de tensão regional , ao qua l s e
A área em pauta situa - se entre uma zona abatida, a Bacia de Santos, pode relacionar:
li e outra elevada e rifteada, da serrania interior das serras do Mar, • a subsidência ainda em progressão nas bacias de Santos e Campos;
11 ) Mantiqueira e Paranapiacaba (Fúlfaro & Ponçano, 1974 ; Almeida, 1976; • a varia ção dos tipos de costa, com trechos alternados de costa em
Hasui et al . 19 78, 1982). Ne la o terceiro episódio gerou : submersão (t r echos Rio de Jane iro-Santos , Paraná- santa Catari na) e
li • as intrusivas tr iássico (?)-eocretácicas (diques e sills de diabásio em emersão (trechos Santos -Cananéia, Rio Grande do Sul);
e outras rochas afiliadas); • a sismicidade induzida por reservatórios, como nos r eservatórios de
li ) • as intrusivas al calinas neocretácicas ; Capivara e Jaguar i , com abalos de intens i dade até VI na esca la
• os traços gerais do re levo; Mercalli Modificada (Mioto, 1993), e n o Reservatório de Pa raibuna-
11
• falhas normais ainda não bem estudadas. Parait i nga, com mais de 30 .000 eventos registrados desde 1 . 977
O r egime de tens ão envolveu eixo de tensão mínima com orientação em (Ribotta , 1989);
11 )
torno de NW-SE/horizontal , eixo de tensão máxima e m torno da vertical • fenôme nos d e rock burst (túneis da barragem de Capivari- Cachoeira,
li e eixo i ntermediário e m torno de NE- SW/horizontal (Campanha et al ., PR).
1985; Hasui, 1990). Isso significa que o regime tectônico foi de
,, ) tipo distensivo.
4. O quarto e p isódio tectôni c o só recentemente começou a s er investigado
li' e corresponde à Neotectônica (M i oceno-Recente) . S. EVOLUÇÃO GEOLÓGICA
li Os estudos estrutura is têm conduzido à conclusão de que o regime de
tensão neot ectônico regional envolve eixo de tensão máxima em torno
11 de NW -SE /hor izontal, e ixo de tensão mínima em torno de NE - SW/hori -
zontal e eixo de tensão intermediário em torno da vertical (Saadi A evolução geológica reconhecida pode ser colocada em te rmos de
li et al., 1991; Hasui et al., 1992a, b). três grandes fases:
1. Desenvolvimento da crosta inf erior (rochas de alto grau metamór-
11 ) Isso significa que o r egi me tectônico vige nte é d e ti po t ranscor-
re nte; fa lhas neoformadas são basicamente de tipo t ranscorrente e fico), da crosta superi or (gnaisses de médio grau) e das sup racrus-
descontinuidades pree xistentes podem ser reativadas com caráter tais {sedimentos acumulados em bacias de tipos diversos ,
I• > transcorrente, normal ou inverso dependendo de sua orientação em poss ivelmente com contribuições vulcânicas) , em tempos pré - cam-
brianos a ntigos , compondo b l ocos cru stais . A reconstituição d~ssa
li relação ao tensor.
Ainàa como manifestação neotectônica c abe lembrar a s ismicidade. etapa que remonta à origem da crosta é complexa e r esta ainda por
11 ) ser deslindada.
2. Convergência e colisão dos blocos crus ta is, formando uma grande massa
11 )
S ism.i ci d ade continental, com os moviment os gerando as fe ições estruturais
referidas nas quatro etapas do primeiro episódio tectônico.
3. Reativação dessa massa continental nos eventos tectônicos fanero-
Abalos sísmicos n a reg ião S udes te têm sido ref eridos d esde Lis boa zóicos.
(1909) e representam alívios de tensões regionais. Ocor rem ao longo de
I uma vasta regi ã o que do oeste mineiro estende - se para a costa en tre o
Es pírit o Santo e Santa Catarina e avança para a plataforma cont i nen t al 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
)I no trecho onde se localizam as bacias de Campos e Santos (Veloso &
,, ) Me ndiguren, 1983; Hasui et al., 1982; Hasui, 199 0); e ssa região foi

,,
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) 60 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO GEOLOGIA DO PRIÕ-CAMBAIANO 61


)
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~ t~,
(/) Do quadro geológico e tectôn ico delineado acima, a l guns aspectos

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gerais devem ser salientados, de interesse aqui nas rochas pré - cambri-

o f anas e seus produtos de alteração.

) -J~o\ o
o o MORFOLOGIA
) \ o
) -- \ ...a o
i\ ::::J o No tocante à morfologia, a presença de encostas íngremes ao longo
) .\ E o das serras e até mesmo de elevações esparsas sal ientes nas á reas baixas,

} \ g favorece a incidência de instabilizações gravitacionais de massas


alteradas (Pra ndini et al ., 1980).
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o o LI TOTIPOS
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0 oo \ oo o? o O aspecto mais evi-dente é o controle que a natureza das rochas
) -.:i 0 0 0 c cri s talinas da áre a e suas e st rutu ras exerceram sobre a escul t u ra d o
u) OoO \ 'C o o o (1)

~o \ -2 o o ~ relevo e a orientação dos curs os de água (Hasui & Almeida, 1978 ), com

+ o-~ 'C forte imposição das direções NE -SW e NW - SE no entalhamen to das formas.
% +~
\§ "'é.

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o o <.!) ·9- c Os tipos litol6gicos pré-cambrianos têm formas a mendoadas e se
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'1:J dispõem com direções em torno de NE-SW. Como a natu reza das rochas
condiciona a suscetibilidade delas frente aos agentes físicos que atuam
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E o '1:J na s u perfície , essa direção é p rivile giada e m termos d e alteraç.ão


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) d: ..n °: :. À ' <1> o o '1:J
difere ncial, dis t ribuição de tipos de solos de alte ração , erosão,
u~ · •· / o\ 0 ~ percol ação de água, entalhamento da rede de drenagem e escullura de
) o '" ···. u formas a longadas do relevo.
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~ , .::-:_.•.·:··:::.:.._:.:():· ~, ,~ As anisotropias e descontinuidades são feições salientes nas
(..) -~ o~ oU)o ..<· . : ·.- ~ oc
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\ ·. ··..: . ·" ... ~ a.. rochas pré -cambriarias. A foliação tem direção geral em torno de NE - SW
-z w \ .···. . · . : ~\:
.· ··. - : ·•. o e mergulhos variáveis; uma das famíl ias de juntas subverticais tem a
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mesma direção . Is t o realça a direção NE-SW em sua suscetibilidade .
Por outro l ado, fren t e ao regime d e tensão n e o tectônico, as
descontinuidades NW - SE são aquelas que tendem a se abri r, tornando essa
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o o (/) z · ., . ·. .:: .>. 1 revestir de importância na instabilização de massas rochas ou
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2 Outro aspecto a destacar diz respeito ao regime de tensão
neotectônico, que atua em toda a região em níveis acima do normal, como
... • __ , u o ates tam a sismicidade e outras man ifestações. A orientação regional dos
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) 62 SOLOS DOUTORAL DE SÃO PAULO GEOLOGIA DO PRÉ-CAMBRIANO 63
i

''")
seus eixos é deduzida através de dados estruturais. ALMEIDA, F.F.M . (1 976). The system of continental rifts bordering the
Contudo, a orientação indicada pode se apresentar localmente Santos Basin, Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v. 48,
,,) 1nodific ada e d e maneira variável, em (unção da forte anisotropia e do Suplemento , p. 15-2 6. ABC, Rio de Janeiro .
) estado de segmentação dos maciços e t ambém pelo fato de, na porção
próxima da superfície, as tensões tenderem a se re l axar com forte ALMEIDA, F.F.M. et al. (1973). The Preca mbrian evolution of the South
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1992/96), den tro do qual se insere a presente pesquisa. O Instituto rle mesozóico-cenozóico de bacias continentais do Sudeste do Brasil . Atas do
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) a poiou a finalização 5 Simpósio Regional de Geologia, v. 1, p. 337 -3 50. SBG, são Paulo.
deste trabalho. A todas essas entidades os autores externam seus
) agradecimentos. CARNEIRO, C. D.R. & HASUI, Y. (1979). Evolução geológica do Pré - Cambriano
) da Baixada Santista. Atas do 2 Simpósio Regional de Geologia, v. 2, p.
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SOLOS DO LITORAL DE SÀO PAULO GEOLOGIA DO PA~·CAMBAIANO 65
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66
SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO GEOLOGIA DO PR~·CAMBRIANO 67

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'j·
í)
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11)
i[ )

))
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il~
li '
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I!
11 ~

~
GEOLOGIA DO QUATERNÁRIO
li I) Kenifiro Suguio e Louis tv\orfin
li)
11
1\
li;
')
') RESUMO
~ I)
~~
) O litoral do Estado de São Paulo é ca r acte rizado p o r uma s u ce s -
são ~e p lan ic'ie s SEJdimentares mais ou menos e x te nsas 1 separadas por
jl_) "pontoes em pro montorio do e mbas amento cris Lali no pre-cambr iano , que
alcan çam o ma r . Ac ham-se amp lame nte di stribuÍdas na metade s ul do li
'S
Ih
toral paul is t a e tor nam-s e g r a dualmente menos e xpre ssivas rumo
norte . -

Os sedimentos que c o n stitu e m e ssas p lanÍc i e s foram depositado s


du ran te dois e v en t o s transgressj v os/ re g r essi vos princ ipais , no Plei s
~ r_
tocen o Superior e Holoceno , em amb i en te s mari nho s raso s. As v ari a=
UI Ções de nivel relat ivo do mar d uran t e o Quaternár io , l i gadas primo r -
dialme n te às f lu tuações gl ácto-eustáticas, dese mp e nharam um papel e s
~I) s e nc i al n as s u a s origens. -
}
Ao mesmo temp o e m que são formalizadas as unidades li toes trati"-
gráq cas , a l g um a s pe l a P!'1me1 ra v e z, é aqu i também e n fat i zada a i rn-
11 1) po r t anc ia praLic a e econo mica do seu conheci me nto, de modo cada vez
mais detal hado , na sol ução e mi tigação d e a l gu n s dos pro b lemas d eco r
~I re n te s d a ocupação hu ma na acelerada de ssas áreas , ligado s às q u es=
tões geotécnicas e ge oambientais .
l t)
~I 1. INTRODUÇÃO
~/)
A po rção d a costa brasilei ra aqui enfocada e ste nde-se n a dire-
]il) ção NE- SW e está situada entr·e l o ngitude s '44 •45 ' e 4B•oo •w. Comp r ee n
de toda a linha coste ira do Estado de São Paulo q ue, em l i nha reta~
111 perfaz mais de 400 km de e x tensão . Es ta porção é cl ass ificável na li
lt) nha costeira cristalina de Sil v eira (1964), que é ca r acte r izada pri n
cipa lmen te pela onip r e s ença da Se rra do Mar . -
~~) As denominações n orte , centro e sul , ao referir- s e aos diferen -
t es s e gmentos do litoral paulista , já s ão mutLo a n t igas e as origens
de ste s t ermos ach am-s e p erdidas na lite r atura . Embora de s pojadas de
I! I rigor c ie n tifico , essas design a çõe s são b asLant e práticas e , po r is-
) so mesm o , t;m s i do fre qUe n te me nt e usadas .
'li
,,
' ) Por outro lado, com objeti v o s d i versos tê m s i do usados
rios me nos subjetivos , como os baseados em parâmetros tect~ni~os
c r ité-
ou
geanor folÓgicos, tais cano , distância do corrplexo cristalino da lima praia! atual ,
)
I
)
) !'
)
')
.1 ) 70 71
I " SOLOS DO LITORAL DE SÂO PAULO GEOLOGIA DO QUATERNÁRIO
Jl )
largu_ra e comprimento das planÍcies costeiras, padrÕes de drenagem,
11) etc . Fulfaro et al. (1974), valendo-se de critérios de provável com-
,I ) partimentação tectÔnica atribuÍda por alinhamentos obliquos ou trans
ver~ais à costa, subd!vidiram o litoral paulista em planÍcies de ca=
'I naneia/Iguape, I~anhaem , Santos, Ber~ioga e Caraguatatuba .
'J Usando cri~erios mais geomorfologicos, Mar tin & Suguio (1975,
I! 1976a) reconhe ce~am no litoral paulista , morfologia de subme rs ão
norte e de emersao ao sul. De fato , ao norte , o e mbasamento cristal!
ao

/1 ~~
•·MI •
) no atinge quase continuamente o mar, exceto ao longo de restritas +
+
+
:JC
.o..-.
I) planÍcies formadas na sua porção interna por depÓsitos continentais
e na porção externa por depÓsitos marinhos . + +
.... +>
r.. r...
+><li
' ) +
Considerando-se os limites mais importantes do embasamento pré-
~<T."· ....UI :E
!) cambriano, do sul para o norte, podem ser reconhecidas quatro unida-
d~s morfolÓSicas: Cananéia/Iguape, Itanhaém/Santos, Bertioga/Ilha de .+ +
+
+
o 'O
<11
I) Sao Sebastiao e Caraguatatuba/Ubatuba . (Fig . 1) A primeira dessas + +
:.:
..,~

UI
...
unidades acha-se comp letamente preenchida por depÓsi·tos quaternários + + + + ,.., ....o
I) e a linha de praia é praticamente retilÍnea. Para o norte, essas pla
n:Í.ci·es tornam-se cada vez menos preenchidas até que. finalmente. na
'l'
-~
:J :J
<llbO
O.:J
I) área da Baia de Ilha Grande no Rio de Janeiro escassos depÓsitos qua
ternários acham-se presentes. Descartando-se a presença de depÓsitos
..
!:1::;
o
(/)
....<11 .......
I sedimentares mais con~picuos ao sul 1 esta linha costeira é bastante
.!:
õ
Oi
r..
00
<>o
UI
uniforme nas características morfologicas . Por exemplo, os morros de ·;: ........
I) rochas pré-cambrianas das planÍcies costeiras ao sul podem ser facil
mente comparados com as ilhas existen tes nas linhas costeiras ao nor
..
u

2u
.-.bO
•O

~
o ....
te . - '00
) A diferenciação morfolÓg ica obse r·vável entre as partes norte e
o
a: UI S..
....

G
<110
I) sul pode ser explicada, tanto por diferenças na dinâmica de sedimcn- .•.,. E
r..
I- .tação , como por influência tectÔnica. Desta maneira, pode-se
lar que o suprimento sedimentar tenha sido mais importante na parte
posLu- •<11 UI
c o
1-. -+>
sul do que na - norte, ou que a metade sul da linha costeira tenha so- 11) c
I frido levantamento enquanto a metade norte era submetida à
dência . Como a maioria dos rios adjacentes nasce na Serra do Mar
subs1-
e .2
VIl)
<11
:J ....
E
-~
I flui para o in~er1or do continen~e 1 exceto_o Rio Ribeira de Iguape, I!
t
0' -+>
UI
r...
(\j
a primeira hipotese parece inaceitavel e nao explicaria as diferen-
I) ças na dis tribuição dos sedime n tos quaternários. Se a segunda hipÓte + ~ <110.
r.. cE
....
se es tiver correta , a linha costeira mostrar·l a uma tendência para ~.ofo
s ..,v o
I) submersão ao norte e emersão ao sul . Esta diferenciação e n tre as pro
vincias norte e sul é também evidente na largura e declividadeda plã
<,
l~ UI 0
o r..
+ o+>
IJ taforma continental. Em frente à região monLanhosa de Parati (RJ) , aõ
+ ~
<11

~
norte, a isÓbata de 50m está situada a 8 km da linha de costa, en- <D::l
I quanto que na área de Santos situa-se a 30 km e na região de Cana- + ....11)0'
o E ~

IJ néia (SP), ao sul , está a 50 km . Analogamente, as maiores alt i tudes


ocorrem mais prÓximas à linha costeira ao norte do que ao sul.
·.o+
+o•••+
..... v
c
<IIUIC'
<11
<X)

I) É também interessante verificar que a transição entre as zonas + .-.<IIm

fi?
Jl,'Ori
de emersão e de subme rsão não é brusca mas gradual. Isto parece eli- +
I) minar a p ossibilidade de diferenciação morfolÓgica por in teração tec
tÔnica entre blocos separados por descontinuidades normais à linha
+ - "' ....
I) costeira sendo, então, necessário apelar para o mecanismo de flexura
continental diferencial para explicar as diferenças observadas .
+
+
+ + <I
a:
CD
....bO
+ +
I> 1<.

I) 2. ESBOÇO ESTRUTURAL

IJ Toda esta região , excetu ando-se pequenas bacias sedimentares e


planicies costeiras, é composLa por rochas metamÓrficas pré-cambr·ia-
I> nas atravessadas por rochas intrusivas , algumas datando do Cre tác eo.
Nesta parto da costa brasil e ira a margem continental é caracte-
IJ rizada por (Fig. 2):
IJ
' )
I"
)_
'')
J•
1,) 72 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO GEOLOGIA DO QUATERNÁRIO 73
•' \
111 a) Ocorr~ncia do Planalto Atl intico, que termi n a em escarpas
I com 900 a 2 .000m de altitude e estende-se p or mais de 1 . 200 km, dan-
~ ~f t.) do origem à Serra do Mar . Estudos sÍsmicos realizados
(1970) mostraram que o embasamento pré- cambriano sobre a
por Baccar
plataforma

I ~~
li)
continental acha- se inclinado rumo a zona da falha de Santos .
superficie rochosa cristali na teria resulLado do recuo erosivo para
oe ste da antiga Serra do Mar a p arti r da sua posição orjgtnal na zo-
Esta

na da f'alha de Santos . A área aqui e nfocada e x ibe numer•osas i lhas de


~I . ...E
•)
e !!O cl

rochas pré-cambrianas e intrusivas alcalinas senoni anas.

.. ....
.,E E o b) Presença da bacia sedimentar submarina de Sántos, uma depres
)L) .,..,
<11
são tectÔnica mesozÓica-cenozÓica preenchida por depÓsitos sed1mentã
o
u
o 'O res e lavas basálticas . Esta bacia é limitada rumo ao continente pe=
õ <11
)' o
..- -..
a.
'O ·o
~
O)
la zona da falha de Santos , cujo rejeito é superior 3 . 000m ao
(área de Santos), passando gradualmente para uma grande flex ura fa-
nor te

[I', I
I
I
...o (1j
(l)
k
l hada para SW. A espessura máxima de sedimentos ac umulados é estima-
da em 8.000rn.
li
ª ...
'b •<1l
I I o O)
A margem continental brasil eira sul-atlântica foi submetida à
(lj reativação apÓs separação da África. Esta reativação se fez sentir
!t) 'O no continente através de vários eventos , tais como a ascenção da Ser

.. .. o..
c (l) ra do Mar e a f ormação dos grábens da ParaÍba e Guanabara . Enquantõ

,,!: ~
u
o ~
ri isso , a bacia de Santos sofria continua subsidênc ia (Fig. 3) . Parece
'O <1l
"õ o
.&; u +> que esses processos continuaram até o Quaternário , pois os sedimen-
e 2 c to s do gráben do Paralba acham-se afetados por fal has pÓs-deposicto-
.. .... .. ...c
c
oc g (l)
nais de difere ntes idades (Sugui o & Vespucci, 1986 ; Ric com1ni ,1 989).
~ Além disso, a baixa ativ idade sismica no sistema tectÔnJco da Serra

...õ . ... o
o :> o .....~
..c ..c I: L{) do Ma r parece indicar que ele não se acha completamente inativo (Ful
~I i: õ c--
om
....,
faro & Ponçano, 1974j Almeida, 1975) . . -
\ Durante o Cenozo1co; zona positi va do contjnente e area n e ga ti-
~I
li)
I
\ \ E
(l) •
b()(Ô
S... 'O
<1l .....
E G>
va adjacente do oceano permaneceram ativas . Deste modo, seria possí-
v e l visualizar uma área com mecanismo de f l e xura contine n tal(Boun:::art ,
1949), que pode r ia originar as diferenças morfolÓgicas observadas e~
o
..
.lo! E tre as partes norte e sul do litoral paulista . Aceitando-se esta hi-

.. ..e;.
ai ..-o
Jt '2 c 'O<( pÓtese como sendo verdadeira, pode-se admitir as seguintes possibil!
o ~ dade s (Fig . 4) :
o •o
~I c õ 'ãl.--o
~
o B..
I ..
e "'.. o
~. •.-i
:l O)
a) Se a linha praial estiv er situada à esque rda da .1 j nha de fle
xura, isLo é , na zona de levantame nto, a area cos t ei ra e x ibi rá morfÕ
jl o
E
."õ
+><1l
:l S.. logia de e me rsão. , -
Jt
u
'U
I

ct
N
o .. !
:lO ..J
S.,l]l
•-'
O)
(l)'O
o
b) Se a linha praial estiver localizada a dire i ta da linha
flexura, isto é, na zona de subsidência, a área costeira será carac-
de

terizada por morfologia de submersão .

0~',
oi.:!
") ()o{/) c) Se a linha praial estiver no mesmo lado da linha d e f'lexura.
,,) :l
o o
,D'O
<1l
tanto ao norte como ao sul , mas a dist âncias relati vamente diferen-
tes dela, a área cos tei ra exibirá caracterist icas de emersâo difere~
jl) .... o
S.. Q)
O) cial.
Essas três possibilidades podem ser complementadas por duas ou-
.!!
·Õ
.2 ..
lO
<( +'
tras situaçõe s nas quais consideram-se a distância entre o levanta-
I'J ..
1-
~
.!:
C\1
mento máximo e a linha de flexura:
d) A zona de levantamento máximo está longe da linha de flexu-

·,,>
")
::::--~ ~N
+
+
+
+~ ~f.:]
.. •6 ..... r: O(o
.....
4.
ra.

ra .
e) A zo na óe levantamen to má x i mo está prÓxima à linh a de f lexu-

Considerando- se alturas de levan tamento h para (d) e (e), iguais


li) em ambos os casos, a superfÍcie afetada pelo fenômeno será mais ex-
tensa em (d) do que em (e) . Na realidade , a zona de levantamento má-
11 ximo é encontrada mais prÓ xima à linha praial ao norte do que ao
sul . Isto poderia explicar porque zonas mais extensas estejam subme -
11 tidas ao le van t amento na porção s ul e porque paleoni veis marinh os h o
I
locênicos, prÓximos à lin ha pra i al at ual, estejam mais alLos ao n o~
li te do que ao s ul .

.11)
",
)
) 74 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO
GEOLOGIA DO QUATERNÁRIO 75
')
) NW SE
I 5 . Plioceno- Quaternário
) I
I Serra da Mantiqueira Serra da Bocolna
) GRÁeEN DO I
BACIA DE SANTOS I
) I. BACIA DO PARANA' Itatiaia PARAfBA CONTINENTE
~lo NÍVEL DO MAR
~i~
) I. S. SEBASTIÃO :
,, cAso L c:· G>
::;I;:
) i N.M.
) Linho costeiro com morfo-
logia de emersõo
)
)
4. Oligoceno -Mioceno 2' CASO
)
) N.M.
Linho costeiro com morfo-
logia de submersão
)
)
31 CASO
)
) N.M.(sull
Linho costeira com emer- N.M. (norte)
) sõo diferencial

)
)
! 2. Coniociono-Sontoniono 4' CASO

) Zona de emersõo máxima


longe da linho de flexuro
) I. Aptiono- Albiono
v v v v
) 5' CASO'
E.V. O I 4km
) H I I I

E.H. O 20 60km N.M.


)
Fo=õl
~Sol opliono ~Grupo Bouru ~ Plioceno-Oualer- Zona de emersao máximo
) ~ Senoniono Sup. ~ ndrio próximo 'o linho de flexuro
~ Bosollo do Cre- .
[8].Poleozoico ~ Quolerndno
Comodo~ marinhos
) ~ ldceo inferior do Creloc~o Sup.-
Fig . 4 - Esquemas de diferenciação do litoral paulista em areas
) ~ Form. Tremembé
~OHQoceno -~ lnlrusõn aleGo
li nos f Vulcões alcalinos com carac t eristicas de emers~o (metade sul) e de sub-
mersão (metade norte) por mecanismo de flexura conti-
) Fig. 3 - Possível evolução tectono-magmática-sedimen nental (Martin & Suguio, 1978a) .
tar da margem continental e das áreas adja=
) centes à Bacia de Santos (Almeida, 1975) .
)
)
)
)

) 76 GEOLOGIA DO QUATERNÁRIO
77
SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO
)
3. MUDANÇAS DE NÍ VEL RELATIVO DO MAR
EVIDÊNCIA DE PALEONÍVEIS MARINHOS
~

Mapeamento sistemático dos depÓsitos sedimentares das planÍcies


l . c osteiras e da tações de amos t ras pelo mé t od2 do radiocarbon9 em mais
de 100 amost r as permitiram identificar evidencias incontestaveis dei
I xadas por di v ersas fases ~ransgr~ssi vo-regre ss ~vas quate rn ár ias , que O·Q.• ~
foram decisivas na evoluçao geologica das planícies costeiras do 11 o 1.. ;l o
.. c-.

~I ~1-!!1 !IUJ
.... CT
toral paulista . - -~ ~ :s
) Essas evidên cias vinham sendo mencionadas por diversos autores, ;l ....
~
crc.-.
) tais como Hartt(1870), Branner (1904) , Freitas (1951) e Bigarella o
c: C)
·!::
"'~ Q.•
-o ....
>
(1965). En tre t a nto, el as foram no inicio estu dadas sob o ponto de
vista essencialmente geomorfolÓgico tendo sido consideradas como de
"'
u
..2
~
::::
...
t: o
(fi

) 2 a: co J.l fl'

- co
o
i dade s terciá r ias , enquanto que atual mente são at ri buÍ das ao Quater- :I: 2: ~ ·c:o <i L,.....
:I ~
·o
nário. Até 1960 eram escassas as pesquisas sobre paleonlveis quater-
õo+~.,
"O
nários , no Brasil , sendo um ~os p r imejros estudos feitos de maneira o c: li) C,..
ti) ..... ·rl
sistematica, inclu indo dataçoes, o de Van Andel & Laborel (1964) . &i .~ - o o '~·o
ApÓs 1974, as mudanças de nive l r elativo do mar , principalmente -~
z ~
:&:
_:.
g
- ~ "O
<11
EO
E
durante os ~ltimos 7 . 000 an o s, têm si do e s tud ad a s por v ár ios p esq uj - :::::: ·o wi ·~ c -~
) a. ~. 11)
sadores (Martin & Suguio, 1975, 1976 a,b,c; 1978 a,b, Suguio & Mar- C) o o Q.l

tin, 1 976 a,b , 1978 a , b , c , 1982 a , b; Martin et a l., 1979 , 1980; Su- ·!:: <,.,.;li)

) 111 1.. c
gu io et al ., 1 980) . a: >· CU<I>
1-<C"O
a) Evidências geolÓgicas - DepÓsitos marinhos quaternários si- 1.. c
) tuados aci ma do nivel do mar a t ual c onsti tu e m evidências insofismá-
(1J Q.l
,_, 1..
cu
veis de paleoniveis marinhos mais altos do que o atual. Mapeamento .... ~t>O
;l o
g e olÓgico e d ataç õ es po r r adiocarbono , executados de maneira sistemá (/) ()" ·.....
C\l 1..
tica, permiti ram distinguir várias geraçõe s de ter r aços arenosos C 11) I
cons truidos aoós os niveis máximos relacionados a ep1sÓd1.os trans- o ::lO.-.
bO .c ;l
c:
gress ivos d o Quate rnári o . ~c 11)

b) Evidências biolÓgicas - Essas evidências são representadas


"'
u
o
........
...... ~.. .....

por· inscrustaç~es de v ermet i deo s (gas tr6pod es) , ostras , co r ai s e era ; (/) ~ (1j
) '~ E 1..
cas, bem como tocas de ouri ços, situados acima do nivel de vida des=
ses organismos, indicando , paleoniveis marinhos mais altos do que o
o:"' 1..
......
o
Cl) .a.>

) a t ual (Labore1, 1979) . Alem di s so , muitos terraços marinhos p le isto-


Q) •ri '"'"'
1..<1).--t
1.. >
cênicos e holocênícos exibem freqüentes tubos de Cattichirus (crus- <11•-rl o
.OC"O
tác eos) situados também acima d a presen te zo na de vida deste an i mal I O
(/)(1)0
(Suguio & Martin, 1976 b; Suguio et al. , 1984; Rodrigues et al ., 1985) . <11 ..... bO
) c) Evidênc ias pré-h i stÓric as - Div ersos sambaquis, construidos .c~c
~ o. o
pe l os antigos Í ndios da zona l i torânea , são encontrados nas planí-
~
........
. -1

<I> <D
~

c ies costeiras da metade sul do Estado de são Paulo. A posição geo-


g rá fi ca de sse s samb aq ui s, freqü en tem e nt e situados no i n te ri or do con .ti QJ"OOOO
·o ro "'
tinente (até mais de 30 km da atual linha de costa), só pode ser ex= à (/) ....
(/) o -
plicada pela ex te nsão lagunar ma io r do que a a t ual e conseqüe nt eme n - .~g C\1•M ...... ..
) E"O al•

)
te por um n.Ível marinho mais alto do que o atual
1986; Suguio et al ., 1992) .
(Martin et al ., 1984,
-z~ ii
~-';'
CI>•O ::l ,....
... 11)<-'<11
li) .... (1j
•rl o. ..,
g~ (1)(1)0QJ
o O.
) D
PALEONÍVEIS MARI NHOS MAIS ALTOS QUE O ATUAL .5~ li)

a) Paleon !vei s mais al~os anteriores a 120 . 000 anos A.P.


Dois episodios de paleoniveis mais altos, provavelmente anteriores
a 120 . 000 anos A.P . (Sangamoni an o ou Riss/Würm) , são conspicuamente
[d bO
·rl
"-
representados na planÍcie costei ra do Estado do Rio Grand e do Su l.
Villwock et al . (1986) admitira m tentativamente que esses niveis po
de ri a m ser do Pl ei stoceno médio a i n fe ri or e denominaram- nos r espec
tivamente , como Barreira II e I (Fig . 5) . Poderiam ser atribuÍdos
respectivamente aos estádios interglaciats YarmouLhiano(Mindel/Riss)
e Af to ni ano (G ünz/Minde l } . Disperso s atravé~ das p lanÍcies costeiras
de Santa Catarina , Parana e provavelmente Sao Paulo , existem alguns
)

I' >
J' ~
li ) 78 SOLOS DO UTORAL DE SÃO PAULO GEOLOGIA DO QUATERNÁRIO
79

li
Lc r raços a re nos os o u casca lhos os c om mais de 1 3 m de alt u ra , d e p r o -
Jl ) v á ve l o ri gem ma ri nha, que poderi a m s er c o r re 1ac io nad 0 s à Barrei ra I I
do Rio Grande do Su l (Mar tin et al . , 1988) . Nenhuma evidência de pa-
li ) leonivc l marinho corr elac ionáv cl a Barre ira I foi , até agora , enco n
!" A-Solvodor!Bohi.!!L___ --
t rada f ora d o Ri o Gra n d e do Sul. ·
li ~qr
Ir)
(1)
b) Paleon ivol marinho mais alto de 120 . 000 anos A. P .
Nes t a época , o nivel relativo do mar estav a situad0 prova velmen
t e 8 ±2m a c i ma do a t u al . Es te e pi s Ód i o de n i v e l ma ri n h o mais al to
conh ecido como Tran sgre ssão Ca nané ia no li tora l paulista
Martin , 1978a) ou como PenÚltima Tr ansg r essão nas planÍcies costei -
(Suguio &
é
,3
-5
ç
7 6~4

E-Santos (Sôo P~u~~--


2 l ó

~ c-----
ras da Bah ia , Se rg i p e c Alagoas (Bit te ncou rt et a l ., 1979 ) . A ida de
il )

I' )
I)
abs oluta dest a transgressão fo i es t abelecida a trav és dn cinco da t a -
çÕes realizadas em amostras de cora l obtidas da porção basal do ter
raço ma rinh o n a p lan Íc ie cos t e i ra do Es t ad o da Bah i a us and o-se o mé=
t odo do Io/U (Mar t i n e t a l . , 1982 ) . Emb o r a bem p r e se r v a do s em cortas
áreas, como nas planicies costeiras de Ca nané i a (Sugu i o & Tessle r,
0
-5
+5
1 7
ilr i
6 54

F-Cononeio -lguo.e_eJ.~c:_':'_oulo l__


i I
3
i
2 i o
~r
1
1987) e Paranagua ( Tess l e r & Suguio , 1987 ) , os af lorame ntos
3 . -----
desta
I) fo rmação n as costas su l e s udeste do Br asi l não fo r n ecem
qu e poss a se r datado para obtenção de sua idade absoluta . Entretan-
materi al o 17r s 4 2 r-- ô
I) to , tron c os de madei ra c a rbo n izad0s cole t ados do in teri o r da s a r g i - -5 anos A.P. xi.OOO
l a s b as a i s desses af lo ramentos i ndic a ram que a s i dades si tuam- se aci Fi g . 6 - Cu rvas de v a riaç io de nl v c l re l ati v o do mar du r an te o s
I) ma do limite de alcance do método do radiocarbono . Segundo Massad Últ i mos 7 . 000 anos ao longo do lito r al paulista em con
(1985a , b) , c a madas situ adas n as po rçõe s basa is d as formaçõe s Cana- fronto à cu r va de S alv ado r (BA) s~gunrlo Mar tin & s u=
J ) néia (plei stoc ; n i ca) e I lha Compri da ( hol oc~ n i ca ) exi be m p ropri e da- gu io (1989).
de s geo t écnic a s di s tintas , sen do a primei ra s uper-consolidada e a
I\ segunda mole a muito mole .
I
c ) Paleonivei s ma rinh o s mais al to s do Holoce no
I ) Os paleonive is holocênic os mai s al t os e xi stentes no l itor al b r a
sileiro (nordeste , l~ste e sudeste) fora m bem definidos em função de
I n umerosas r eco ns t r u çoe s n o tempo e n o e s paço , rea l izada s a t.raves d e
)
mai s de 700 d a taç ~es ao r ad iocarbon o ( Su guio et a l . , 19 85 , 198 8 ).
I) Al é m di sso , as po si ç~es de alguns s ambaquis , quando comparadas
m
c om sua s ·ida des abs ol utas ob t idas f Or rad1ocarbono e s e ~ s val ores d e
I) &1 3C(PDB) d e co nc has d e mol u scos t e m forn~c i do i nformaçoes a dic io- 4
n a is mu i to interessantes sob r e as flutua çoes de n í vel relativo do 2
I) mar du ran te os Últimos 7 . 000 anos ( Fle xor e t al ., 1 979) .
Us a n do-se t odos e sses dad os f o i possi ve l de li n ea r curva s p ar- 0 I ,1:/ 1
i, 1
Nfvel :"édio do 1mo r =:::--::;.
IJ ciais ou comp letas das flutu aç~es de nÍvel r e lativo do mar p a ra vá-
-2
6 5 4.. ~
3 2 - idades
....--- ·--
rios setores da c o sta brasile ira . P ara se te r curvas r elat ivame nt e 4-0.............--___ ... A.P.xiOOOonos
I> homogin e a s , some n t e se gmento s b as tan te curt o s ( 60 a 80 km), c om a rc a
bouços geolÓgicos s emelhante s e d a dos s uficientemente numerosos (2Õ
-4 ( ~Q ...............
«'& ...
I)
I)
a 30 d a tações ) , fo r am c onsiderados . -6 .
.. ~~/
;

,/
-8
CURVAS DE FLUTUAÇÕES DE N] VEL RE LATIVO DO MAR DURANTE OS ÚLTI-
I> MOS 7 . 00 0 ANOS PARA O LITORAL PAULISTA -10

I) A Fig . 6 mostra claramente que os palconiveis rclativo·s do mar


-12 ,/ Brasil
,/
e st i v e ram mai s a ltos do que o at ual, com o p i co máx i mo ocorre ndo h á - 14
I; cerca de 5 . 150 a n os A. P. , ao longo de todo o litora l pau lista . 'l'od as
as curvas exibem a mesma configuração geral , embora apresentem dife- -16
- - - Estados Unidos
I> ren ças de a mp l itude nos picos. Tod os o s seto r es parece m ter passado ,
a p ós 5 . 150 an os A. P . , po r duas r áp idas osc i l a çõe s de n i vel r elativ o
-18 /
I) dg mar de ? a 3m , que podem s er de origem e s sencialmente glácio-eus-
Fig . 7 - Curvas médias esquemáticas de mudança de nÍvel relati-
tatica . Alem dis s o , no litoral pau lis ta, as linhas costeiras halo- vo do mar ao l ongo das costas cent r al do Rrasil e do
IJ cê nic as parec e m t e r s ido a f etadas po r fl e xuras con tine n tais re gi o- s udeste dos Estados Un i dos de 7 . 000 anos A. P . a L ~ h oj"
nais , embora este fenômeno não tenha g r ande i nfluência em escala de (Martin & Suguto , 1989) .
IJ tempo do llol oceno . Por outro lado , desvios n o pico de 5 . 150 anos , que
n ão p ode m s er e xpli cados pel a gl ác io-e u stasia nem p el a tec t ono-e u s-
I) tasia têm s i do explicados , pelo menos em parte, pelo levantamento r!!

J)
r
81
80 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO GEOLOGIA DO QUATERNÁRIO

gional de to da a superfÍc ie geoidal antes de 5 . 150 anos A. P., segui-


do por abaixamento e pequeno deslocamento para leste (Martin et al .,
1985) . Similarmente, dep ressão regional do geÓide, seguida p or 1ovan
tamento em e s cala secular, poderia explicar as rápidas oscilações
apÓs 5.150 anos A.P . Nível médio do mor após elevação
') Ntvel médio inicial do mor pz
o1=o 2
)

i )
4. PAPÉIS DAS FLUTUAÇÕES DE NÍVEL RELATIVO DO MAR E DA DERIVA
TORÂNEA SOBRE A SEDIMENTAÇÃO ARENOSA COSTEI RA
LI-
~
..._ ~
...__
Perfil de fundo após elevação
do n1vel do mor
(,)•$V.A~I lo I
Perfil de fltldo Inicial
Em suma, independentemen te da origem , as costas nordeste, leste
e sudeste do Brasil sofreram submersão até cerca de 5 . 150 anos Nfvel médio inlcid do mo r
A.P. , seguida p or emersão até os dias atuais, incluindo duas peque- Ntvel medio do mor opds o descido P3
nas oscilaçÕe s. Esta não é a s ituação ubiqua durante este intervalo ....
I.) de tempo . Por e x e mplo, ao longo da costa atlân tica e do Go lfo do Mé -
x ic o dos Estados Unidos, o nivel relat ivo do mar nunca inte rc eptou o
atual nivel durant e o Holoceno (F ig . 7). Evidentemente , a e vo lução
~Erosão
litorânea durante este lapso de tempo não é comparável ne ssas
áreas . Costas de subme rsão, como as dos Estados Unidos , são caracLe-
duas fU!i0i· Deposição
da zona 1 i
rizadas eor sis temas de ilhas-h ~rreiras/l agun as , enquanto que costa~ Fig . B - Comeortamcnto d~ perfil de equil1brio do fundo do mar
em emersao como as do Brasil, sao caracter izadas por extensas p1ani toranea em funçao da subida de nivel relativo
cies de cristas praiais, muitas vezes imprecisamente referidas comõ (modif . de Brunn, 1962) e em fu nção da descid a de nivel
planÍcies de r estingas. Sit uação equivalente à encont rada atualmente r elaL1vo do mar (Dominguez, 1983).
nos Es tados Un idos deve ter existido no Brasi l há cerca de 5 .150 A.P.
)
) PAPEL DAS FLUTUAÇÕES DE NlVEL RELATIVO DO MAR
Segundo Bruun (1962), um a vez estabelecido o perfil de equilÍ-
brio em uma zona litorânea , posterior ascenção do ma r perturbará es-
te eq uilÍbrio, que se rá recueerado pel a sua translação.(migração) r.!:!.
mo ao continente . Em conseqüencia , o prisma praia! sera erodido e o 120.000 anos A.P. 5.1QO. onos A.P.
) material resultante será transportado e deposi tado nas áreas de ante I I Holoceno - -- -- -- -- - --
praia . Es te processo indu zirá um a e levação do fundo da antepraia em - --Pieistoceno
I
•1• I
igual magni tude ao levan tamento de nivel do ma r, conserv a n do
constante a profundidade da águ a .
assim Barreiro 11 I Barreiro II/I 1
Barreiro IV

) Experiências de laboratÓri o e de campo conduzidas por v ários au m 1 : I


I! .. . . I I Perfil transversal à costa • lcoporo (lguope, S.P.I
r=::~.::;;.\;.'
tores (Schwartz , 1965, 1967 e Dubois , 1976, 1977) ratificaram a hipo
tese de Bruun. Embo ra esta regra tenha s ido desenvolvida somente pa=
ra a situação inve rsa à encontrada no Brasil, isto é, subida de nÍ- · ~-:.{; :-.
I I
8,50m I
vel relativo do mar, o e qu ilÍb r io destruido na dinâmica de sedimenta
:::··~(::;::.':,'.:.'.·:.=:·,:·;"\
I
)
)
ção litorânea durante a descida de nível relativo do mar também deve
rá ser restaurado (Fig.' 8). De fato , descida de n:ivel rela t ivo
mar com decréscimo de profundidade de água produ zirá

desequil tbrio
n o perfi l , gue se torn ará mai s " agradado" . Em conseqüê ncia, as o nd as
5
· ··;·.~~· Form~~~ ·;:~5.90m
·: :·:;\,C.anonciO ••;:. 14
Formação · :;.-,~::.,·.•;::·:;·_::;::::~·. ;;;~~85m
lOm
2,80m
NÍvel de maré alto
2,40m
I
2,60m
Morro de tcaporâ ·-·~;::.:.~·::::.:::;:<;,;;.:':·:::.,...:.,=·:.::.:.,::,·;'..... .-:.·=. ::··;·> · ,·:.: ·.··,.· :··:-::~:·::.'·., ·, :: ':·-:.-,·.:· w
transpo rtarao os sedimentos inconsolidados da antepraia rumo ao con - · · ·.;-.: ·· · · ., Formoçoo Ilha Compndo · ·. · · · ·· · · ·~.:.':.':.
ti n e nte , depos itando-os no prisma prai a l e então propiciando a pro-
o~ ...:.'·:, •
)
gradação costeira . Esta transferência cessará somente quando a pro- Fig . 9 - DepÓsiLos arenosos de !capara, pr~ximo a Tguape (SP), cujos
fundidade de água ~rev!amente existente for atingida. Comparativame~ topos situam-se a cerca de 13 , 8 e 3m acima do atual "n i vel
te , este processo e analogo ao que ocorre com o perfil praial de tem de maré alta , prt)vavelmente corresponden t es às Barreiras TI,
pestade , que é recuperado por transferência de sedimento da ante= III e TV, respectivamente, do Rio Grande do Sul (Martin et
praia para o prisma praial em um perfil de ondulaçÕes ( swell profile),
al ., J 98.8) .
como se encontra amplamente registrado na literatu r a (Davies, 1972 ;
King, 1972; Kom ar , 1973, 1976; Swift , 1976). An a l ogamente, este me-
) canismo pode ser perfeitamente observado duran te o ciclo mensal das
marés . Duran te as marés d e sizÍgia, corr espondente a uma " mini-trans
) gre ssão", ocorrerá e r osão na pÓs-praia e deposição na antepraia e-;-
contrariamente , durante as marés de quadratura , correspondente a uma
"mini- r egressão", oco rre rá deposição na pÓs- praia e erosão na ante-

)
\
' ")
!.) 82
SOLOS 00 UTORAL DE SÃO PAULO GEOLOGIA 00 QUATERNÁRIO 83
I)
praia.
J ) dimentar visÍvel, constitui a Formação Morro de !capara , para a qual
Logo, e obvio que , em costas arenosas de suave declividade, co- não foi possível até o momento definir uma s eção-tipo ou seções de
L) mo é o caso das praias da metade sul do litoral paulista, uma desci-
da de nivel relativo do mar induzirá intenso transporte de arei~ da
referência.
plataforma continental interna para a praia. Se a deriva litoranea c) SuperfÍcies de limitantes, d i s t r ibuição em área e e spes sura -
I) for minima ou ausente, processar-se-á progradação da linha costeira Deve apresentar- s e com superfÍcies delimitantes erosivas , tanto em
através da acreção de sucessivas cristas praiais . relação à Formação PariqUera-Açu, sotoposta, bem como em relação à
,I ) Formação Cananéia, superpos t a . No Estado de Sã o Paulo foi reconheci-
da, até o mome nto, so mente a o norte de l guape na r egião de ! c apara
!I ) PAPEL DA DERIVA LITORÂNEA (Fig . 9). Desconhece-se ~ espes ~ura desta_formação.
d) Idade e correlaçoes - Nao se dispoe , ate agora, de qualquer
l) O transporte de areias ao longo de uma praia arenosa e causado
material que permita definir a sua idade ab soluta . Entretanto, a cor
principalmente por correntes lon~itudi~pis (ou de deriva l!torânea) relação geomorfol Ógic a com os quatro sistemas de ilhas-barreiras!
J) geradas p elas ondas . De fato, proximo as praias, a s ondas nao encon-
l agunas , reconhecidos por Villwock et al . (1986), permite considerá-
la correlacionável à Barreira II da ProvÍncia Coste ira Sul-Riogran-
tram profundidade suficiente pa.r a o seu avanço e se arreben tam . Este
:1 ) fenômeno é acompanhado pela liberação de grande quan t idade de ener- dense (Fig. 5) . De fato, ao longo das planÍcies coste iras dos esta-
gia, quo será parcialmente usada para colocar as areias em suspensão d os de Santa Catarina e Par·aná, ao sul da ocorrência paulista do Mo r
'i
l ) e, e m p a rte , para gerar correntes de deriva litorânea . Obviamente , r o de !cap a r a , existem t amb é m t e stemunhos compostos de depÓsitos a r e
este mecanismo é a t ivo som!nte quando as frent es dos tr~ns de onda nosos ou conglomeráticos, indicativos de nivel marinho pretérito si=
!' ) apro x imam-se obliquamente a praia . tuado 13 a 15m acima do atual. Segundo Bigarella et al . (1975) ,
desses e xemplos é · representado pelo t e rraço arenoso com o topo a 1 3,9
um
A velocidade desta corrente é muito lenta mas a s u a influência
m a c ima do n i vol atual do ma r., encon t r a do na reg i ão de Itapema (Esta
i' ) é muito efetiva onde a areia tenha sido colocada em suspensão pela
quebra de ondas e , p o r tan to, vo l ume significativo de areia será do de Santa Cata rina) . -
,I J transportado desta maneira . vários cálculos t êm mostra do que a v e l o -
c idade máxima das correntes é alcançada quando as ondas a t ingem a li
I) nha de c o s ta com inclinação entre 46 e 58• (Larras, 1981). Uma combi
FORMAÇÃO CANANÉIA
nação do efeito de esp a lhamento das ondas quebradas e das correntes
I) de deriva litorânea provocará um t r a n spor t e pulsatÓrio da are ia. Cer
a) Introdução - Na ace~ção original de Suguio & Petri (1973),
corresp onde a parte dos depositas argila-arenoso na base e arenoso
I tamente, a direção de transporte dependerá do â n gulo de
d as frentes d e onda que c h egam à praia .
incídênciã no topo, cuja localidade - tipo está em Cananéia, n a ilha homÔnima
do litoral sul-paulista . As suas altitudes a cima do nivel atual do
Não há dÚvida de que, durante a descida de nivel relativo do
I·) mar , a areia suprida para recuperação do perfil de equilibrio será
mar variam de 5 a 6m junto ao oceano , até 9 a 10m junto às serras de
par·cialmente transportada ao longo d a s praias e m conse qüênc i a deste rochas cri s talinas pre-cambrianas.
b) Litologia - S ug u i o & Petri (1 9 73 ), em s ondage ns executada s
I> mecanismo. ~s te transporte prosseguirá até que a areia seja retida
na planÍcie Cananéia-Iguape pelo a n tigo IGG ( Ins tituto Geográfj.co e
por um obstaculo . Isto expl i ca as grandes diferenças que podem exis-
,,I l tir den~ro de uma área gue t e nha sido subme tida a uma descida unifo!:
me de nivcl do mar . Deposit2s arenosos ~odem s e r menos desenvolvidos
ou me smo ausentes onde o transito litoraneo seja dominante e tornar-
GeolÓgico) , reconheceram as quatro seqüências litolÓgicas : (I) cama-
das arenosas e conglomeráticas com a r gilas subordinadas, (II) argi-
las silticas , (III) areias s ilticas e ( I V) areias inconsolidadas bem
) selecion a d as (Fig. 10) .
se-ã o importantes onde uma trapa ou obstáculo tenha facilitado a sua
I• De acordo com Suguio & Petri (1973) e Petri & Suguio (1973),
,, )
retenção . Há muitos tipos diferentes de obstáculo s naturais,
como, embaiamenlos coste·iros , ilhas, baixios formando áreas d e ener-
tais
Formação Cananéta seria composta por areia inconsolidada com extre
ma uniformidadç granulométrica, contendo 80% dos grãos no i n terv alÕ
a

g i a muito fraca, pontÕes do embasamento cristalino, i mporlant o s de-


semb o c a duras f luviais , etc. entre a r eia fina (0 , 125- 0,250mm) a muito fina (0 , 062- O, 125mm),
I IJ freqüentemente impregnada com matéria orgânica , podendo incluir lei
tos de argila. Na acepção original, somente a seqüência IV seriã
I> 5. UNIDADES LITOESTRA'fi GRÁFICAS atribuida à Formação Cananéia , r epresentando um depÓs i to regressivo.
) FORMAÇ~O MORRO DE !CAPARA Sugulo & Ma r tin (1978a ,c) incorporam a s unidades li e I li, passando a
formação a ser composta pelas seqüências II , III e IV . Porém , P~nça­
IJ no (1981) atribuiria aos sedimentos mais finos , das seqüências II e
a) Introdução - Situada estratigrafigamente acima da Formação
I II de Petri & Suguto (1973), a designação Formação Ilha Comprida. A
IJ Pariqüera-Açu, considerada de idade terciaria (Sundaram & Su gu io ,
idéia mais aceita atualmente (Sugui.o & Tessler. 1 987, 1 9 92) é a de
1985; Melo, 1990), e abaixo da Formação Cananéia (Suguto & Petri ,
I· 1973) ocorrem , segu ndo Martin ot al. (1988), restos de um terraço de Suguio & Marlin (1978a , c).
) Estudo mais pormenorizado desta formação nas ilhas Comprida e
construção marinha , de natureza arenosa e topo mais ou menos e r odido
I e situado cerca de 13 m acima do nivel atu a l do mar . Este testemunh o
Cananéia, bem como na planÍcie cosleira adjacente (Suguio & Tessler ,
) 1987) permitiu reconhecer estruturas sedimentares s ingenéticas repre
I, parece t e r sido preservado dos eventos erosivos posteriores, prova-
senlativas de ambientes deposlcionais de mar raso. Areias finas com
velmente por se achar mais ou menos protegido por detrás do Morro de
,/) !capara , ao norte de Iguape . PropÕe -se , aqui, a designação Formação
Morro de !capara para esta unidade sedimentar.
laminações definidas por minerais opacos e intercalações arena-argi-
losas, exibindo acamamentos ondulados, lent.iculares e "flaser" as-
sociados a intensas bioturbações e estruturas de sob r ecarga, são pro
b) Litologia - Areia média a grossa , sem qualquer estrutura se-
ll vavelmcnte relacionados à face litorânea s uperior (upper shoreface) ~
)
l i.
,,J
)
84
SOLOS DOUTORAL DE SAO PAULO GEOLOGIA 00 QUATERNÁRIO 85

Esses sedimentos são superpostos por areias finas e mais puras com
) laminações horizontais e sub- horizontais paralelas e com estratiflc a
ções cruzadas de baixo ângulo e gretas de contração , representandÕ
) um s~bambiente,majs raso do que o anterior, submetido a exposiçÕes
subaereas periodicas em uma antepraia, indicativas do fim da Trans-
) gressão Cananéia (Fig . 11) .
FURO NR I FURO Ng2 c) êuperficJes delimitante s 1 distribuição em ~rea e espessura -
) A Formaçao Cananeia e xibe superfícies delimitantes e ros ivas, tanto
m em relação às formações Pariqüera-Açu ou Morro de !capara, sotopos-
) tas, bem como em relação à Formação Ilha Comprida , superposta..

~;ll~l
Ela ocorre mais ou menos continuamente ao longo das plánicies
) costeiras, interrompida pelos pontões do embasamento pr-é-cambriano,
.JJZ
N pelo menos na metade sul do litoral paulista, isto é , até as vizi-
) 21 o nhanças 9e Santos. Na ~lanicie de Bertioga, prÓximo ao vale do . Rio
1ll Itapanhau, ocorrem os ultimes afloramentos provavelmente atribuiveis
)
)

) Embasamento
1I31:i l lll30

li
37

49 li
.......
-
à Formação Cananéta mais t1p ica. Restos de terraços marinhos com 7 a
8m de altura, muito dissecados pela erosão , ocorrem também na porç~o
norte da pl~nlcie de Caraguatatuba entro os morros de Indaiaquara e
Empresa , alem de alguns testemunhos reduzidos e isolados no
e sul daquela planicle . À.idade pleistocênica desses depÓsitos
centro
é
)
Prtl-cambriono
......
o~
.....· :.1.·. atestada por fragmentos de madei ra coletados de depÓsitos argllo-arc
nosos preenchendo as parte s erodidas dessas are i as , que forne ceram
: f:-:;: idades supe riores a 6.000 anos A.P .

........
I- Conglomerado e arenito ~--="-~-:~ Na localidade-tipo de Cananéia (Ceobr~s S.A ., 1966) , bem como
)
conglomerdtico
1I- Silte argiloso com diatomó-
...
,
.
.:::...
....
.
,• • • • •I , na área de Caraguatatuba (FÚlfaro et al. 1976), a espessura da rorma
ção Cananéia segundo furos de sondagem deve ser superior a 30m. -
ceas e raros foramlníferas
......:.·..... d) Idade e Correlações - A idade desLa formaç~o, determinada
através de corais (Martin et al., 1982), é de cerca de 120.000 anos
JI[- A.rgllo siltosa com abun&m-
tes foraminíferos ·.....
..·.·.
..... ~.
. ....·
A.P . 9orrespondendo, portanto , ao est~dio interglacial Sangamoniano
da America da Norte ou Riss/Würm dos Alpes (Europa) . Embora apresen-
1JZ- Areia fino multo bem sele- I ·......
...·..
~
tem-se muito bem preservados, os afloramentos desta formação não tem

.·...: fornecido material que possa ser datado para obte nç~o de idade abso
) cionado
luta . Porém , troncos de madeira carbonizados provenientes do inte:=-

,.-...-......
........
) I • • • rior d'as argilas basais desses afloramentos indicaram que a 1 nade
Coordenados • -..!.!~ est ~ além do alcance do método do radiocarbono (normalmente cerca de
Furo NJ I ........ 30 .000 anos) .

)
24°45'30" latitude sul
47°38'24N longitude oeste ~ .......·•.
~
Os registros deste terraço ocorrem, pelo menos, da Paraiba
Rio Grande do Sul: Neste estad o , corresponder la à Barreira III (Fig.S)
ao

:·:.·. dos qua t ro sistemas de ilhas-barreiras/lagunas de Villwock et al .


)

)
Furo N'2
24° 52'26" latitude sul
47°43'30" lonoitude oeste
.....
• o ••••

....
• o • ••
-~ (1986) . A partir das suas estruturas sedimentares hidrodinâmtcas e
tubos fossilizados de CaLlichiPus é posslvel reconstruir as posiç9es
dos paleoniveis relativos do mar durante a sua deposiç~o. No entan-
167 ~ to, a escassez de idades absolutas não permitiu, até o momento, de-
) F1g . 10 - Estratigrafia dos furos de sondagem
linear a curva de flutuaç9e s de nivel relativo do mar ao redor de
120 . 000 anos A. P ., ou comparar as alturas de reconstruç9es mais ou
execu~ados peln ,antigo Instituto
) menos sincrÔnicas de diferentes pontos do ljtoral brasileiro .
Geografico e Geologico IGC (Pctri & e) Problema de nomenclatura estratigráfica - A denominaç~o For-
Suguio, 1971) .
) maç~o Cananéia para estes depÓsitos pleistocêntcos foi proposta por
Suguio & Petri (1973) , tendo sido redefinida por Suguio & Martin
) (1978a) na forma atualmente aceita ,
Mais tarde , a mesma desig nação foi usada por Ojeda y Ojeda &
) Aranha (1980), para referir- se ao intervalo 4.447-4.580m do poço
A-SCS-2 perfuradl") na Bacia de Santos na plataforma continental de
) Santa Catarina .L •' Omposto por basal tos, cretáceos . _ _
Por questa l") de prioridade, aqui e mantida a designaç9o Formaç~o
) Cananéia para os sedimentos do Pleistoceno Superior do litoral pau-
lista , cuja idade situa-se em torno de 120.000 anos A. P .
)
)

)
)
)
) 86 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO GEOLOGIA DO QUATERNÁRIO 87
I )
Oceano- - c ontinente FORMAÇÃO ILHA COMPRIDA
) (ml •8

1..
f.F.!-":_..·.......:Y....Jl
~
a) Introduç~o- - Na porç~o externa (lado oceânico dos depÓsllos
) 7 u~ arenosos da Formaçao Cananeia) ocorrem sedimentos, cuja altitude si -
) ·"'
-~
.., tua- se normalmente entre 3 a 4m , separados entre si por uma escarpa
de 1 a 2rn. F.les fo rmam uma fai xa pratl.camente conti nua entre o ocea-
~"'
6 no e os dep Ósitos arenosos maj s a n tigos . Mais par·a o inte rior , nas
) zonas erodidas da Fo rmaç~o Cananéia , foram depositados sedimentos ar
5 ~ gilo-arenosos de origem flÚvio-lagunar . Ocorrem também areias lagu=
)
~ nares,recobrindo antigas formações argilosas de mangue ou de fundo
~ de baia , alem de bancos de conchas de moluscos com 20 a 30 em de es-
) 4 [-.:,'.::::)t:,:::,.~
pessura intercalados nas areias lagunares .
A esses depÓsitos sedimentares das planlcies cos t eiras paulis-
) tas , ligados à Transgre s s~o Santos (S ugu io & Marttn , 1978a), prop;;}e-
3
se a designaç~o F'ormaç~o Ilha Comprida , em sub~tit uiçi;o à Forrnaç~o
) Santos, que v in ha s e n do usad a jnformalment e ate o mome nt o ( Suguto &
2 Tessle r, 1992) .
1 b) Litologia - A s emelhança dos ambientes de sedimentação faz
com que as formações Cananéia e Ilha Comprida sejam muito semelhan-
tes entre si . Outr o fato que contribui para isto ó que parte desta
formaç~o resultaria do retrabalhamento da formação mais antiga. Oes-
te modo, predominam areias finas a mu i to finas, formando terraços re
)
)
LITOLOGIAS
A •10 r-~-a
'9' --=-- ,\\\, · ·
a ESTRUTURAS SEDIMENTARES
Esrrotificoçõo cruzado oconq
lodo
CObe rt9s por COrdQes litorâneo~ (ou cristas praiais) re~ressiVOS em
superficie, claramente di scerni veis sobre fotografias aereas em gran
de ex ten ~~o . Ao lado desses depÓsitos marin~os oco rrem, com freguê n=
c ia, de positas a rena-ar g i losos de origem fluv io-estuarino ou fluvio-
p·;Ã?]
Solo arenoso ·.·.· ......... 1:ji.~~'
:..'....
,~ ' "
Acomomenro "floser" lagunar. DepÓsitos eÓlicos s~o pouco conspicuos e m toda a planÍcie
costeira paulista, sendo encontrados de maneira mais r e presentativa
, ·c p:·.zJ;(~ f&~J Morco ondulado de pequeno
SoIo hum na por~ão sul da Ilha Comprida .
r o ~.;::.~::;: ·~ •:- . escoro
Sao comuns as laminaç9es em areias, realçadas pelas concentra-
Areia fino 0 muílo fino{-§:~:::yj ~Es lrolificoç?o cruzado espi - çSies de minerais pesados opacos, sendo a impregnaç~o por m~téria or-
·········< ~nho-de-perxe
ganica bem mai~ rara e incipiente do que na ~ormaç~o Cananeia .
Areia médio 1:·.";:::::} ~ Acomomenlo lenriculor c) Superfícies deli mitantes , distribuiçao em area e espessura -
A Formaç~o Ilha Comprida e xibe supe rfic ie delimttante inferior de na
Cascalho Jf~~J~ ~ Acomomenro ondulado t ureza e r osiva , e mb'ora o s eu co ntato com as areias pleis tocê n icas se
ja dificilme n te r ec onh ec1vel . -

ESTRUTURAS SEDIMENTARES ~ Bolsos de ar9ilo A sua ocorrê ncia, ern relação aos dep Ósitos da Formaç~o
~éia , é mais reslrita na planicie costeira Cananéia-Iguape , onde
Cana-
a
)
Tubos de CoUichirus mO]Q[ R [~~Bolsos arenosos Formaç~o Ilha Comprida aparece mais conspicuamente na ilha homÔnima .
A Ilha Comprida é uma feição tipo ilha- barreira (Martin & Suguio ,
~?.'1/.:,f: ~ Marco de sobrecarga
Bioturboções
1978b) , que foi estudada em detalhes por Barcelos et al . (1976) .
partir da regi~o de Santos os depÓsitos holocênicos passam a predo-
A
J
Estruluros de escape ~?{%1 rm
Eslruluro pedogenérico
LominoçOes ~rateio~ horizon ~fM ~ Eslrolificoçõo cruzado de boi-
minar sobre os ple istocênicos, chegando a ser exclusivos em
planic ies costeiras da p arte norte do estado .
várias

A e spessura d a Form aç~o llha Compr i d a deve ser , em gera l, infe-


) lors e sub-horrzonlors ,.,•. :.-·..·. ~ xo ôngulo rior à da Form aç~o Canan éia , sjtuando-se entre lO a 20m .
d) Idade e correlaçÕes - O evento goolÓgic2 de nivel marinh9
) NMA- Nível de Moré Alio / Conraro mais ou menos lronsicionol mais alto do que o atual , que originou a Formaçao Ilha Comprida e
conhecido no litoral paulisla como Transgressão Santos . Os paleoni-
1"\JLJVl/t Conlolo erosivo ~ Croslo llnonítico vei s marinhos mais altos do Holoceno foram bem definidos em função
de numerosas reconstruções no Lempo e no espaço, realizadas alravés
Fig . ll - Seções colunar es integradas da Formação Cananéi a de mais de 100 dataçÕes executadas no litoral paulista pelo método
na planÍcie costeira homÔnima , mostrando as 11 - do radiocarbono. Numerosos testemu nhos de antigos n i ve is marinhos pu
) tologias e as estruturas sedimen tares predomina~ deram ser definidos, pe rmi tindo construir curvas de vari ação do ni=
tes ( Sugu i o & Tessler, 1987). vel relativ o do mar durante os Últimos 6 . 000 a 7 . 000 anos (Suguio et
) al . , 1980) . Corresponderi a à Barreira IV (Fig. 5) dos quatro siste-
mas de ilhas-barreiras/lagunas, concebidos por Villwock et al . (1986) .
e) Problema de nomenclatura estratigrifica - A dominaç~o Forma-
ç~o Santos Leria sido atribuida por Ojeda y Ojcda & césero (1973),r~
)
) 88 SOLOS DO LITORAL DE SÀO PAULO GEOLOGIA DO QUATERNÁRIO 89

)
ferindo -se aos sedimentos continentais macroclástlcos , encontrados
) no poço 1-SPS-3 entre 670- 2 . 590m na Bacia de Sanlos , de provável ida
de terciária . -
J Por questão de prioridade, propÕe -se aqu i que seja abandonada a
mesma design ação que vinha sendo e mpregada informalmente aos depÓsi-
) tos holocênicos de Transgressão Santos (Suguio & Tessle r, 1992) . Em 12 estÓgio-MÓximo da transgressão Cananéia
substituição, prop~e-se o uso da domi nação Formação Ilha Comprida
) para e stes depÓsitos .. Es te nome havia sido proposto impropriamente
por Ponçano (1981) para referir-se às sequências JI e III de Suguio
') & Petri (1973) , ignorando o fato de que essas seqUências já haviam
sido incorporadas à Formação Cananéia , juntamente com a IV, por Su-
guio & Martin (1978a) . ....
) 2!!est6gio- Regressão e deposição de co rdões litorâneos
OUTRAS UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS
)
a) Dados de s ubsuperf:Í.cie e outras un idades litoest ratigrá.flcas
Localmente, como na planÍc i e costeira de Santos , foram realizadas
muitas sondagens . Porém,sendo na sua totalidade furos executados com
fins geotécnicos , as informaç~es geolÓgi cas obtidas são limitadas em
quantidade e qualidade .
Na planlc ie costei ra entre o Mor ro da Juréia e Barra do Una, ao · 3!!estágio- Erosão parcial dos depÓsitos marinhos
sul de Pe rulbe , foram executadas sondagens relativamente profundas CoiÚvlo-
) (mais de 1 50m ). Essas sondagens mostraram que a superflc ie do embasa
mento cristal ino pré-camb riano é bastant e irregular . Além disso, es=·
') tudo s de di atomáceas realizados por Servan t-Vild a ry & Suguio ( 1990)
indicaram a possibilidade de existênci a de s edimentos terciários , de
ambiente tr~s icional 1 ne s ta área . , ....
b) Deposites coluvio-aluviais - No sopo da escarpa do Planalto
Atlântico ocorrem depÓsi tos colÚvio-aluviais interdigitados com as 4iestógio-Tronsgressõo Santos- Holoceno
formaçõe s quaternárias da planicie cos teira . Este fato foi demonstra Colúvlo- ·
do por FÚlfaro et al . (1976) e por Su~uio et al . (1976) em estudos aluvial
realizados, r espectivamente, nas planícies costeir'a s de Caraguatatu-
ba e Itanhaém . Entretanto, s eria necessári o realizar pe s quisas mais
pormenorizadas para caracter izaç ão mais ade qu ada desse s d epÓsitos .
....
) 6 . MODELO DE EVOLUÇÃO GEOLÓGICA DAS PLANÍCIES COSTEIRAS PAULIS-
TAS 52estdgio- Regress6o em direção ao nível atual
)

Não há um modelo gue, através de uma Única seqüência de .even-


tos, e xp lique a evol u çao geologica ern todas as unidades morfologicas
) que consti t uem o litoral pau lista . Porém, não h á dÚ vida de que as
..........N'f~éi'êii~ai·..:.:.:::
etapas transgressiv o-regressivas das transgress~es Canané ia e Santos ....
) foram d e cisivas no dese nvolvimento das p lanicies costeiras paulis-
tas .
) De s te modo , como não se pretende discutir exaustivamente a evo- Fig . l 2 - Estádios evolutivos propostos para explicar
lução geolÓgic a de cada uma das unidades morfolÓgicas e muito menos a origem da planicie costeira desde Cana-
de cada uma das planÍcies, o modelo idealizado por Martin & Suguio néia até o Morro da Juréia ( Martin & SUguio,
(1978a) presta-se bem para esta finalidade (Fig . 12) : 1978 a) .
a) Primeiro estádio - Durante o máxi mo da Transgressão Cananéia
(120.000 anos A.P.), o mar deve ter atingido o sopé da Serra do Ma r ,
) quando foram depositadas as arg i l as transicionais e marinh as da For-
maçã9 Cananéia, recobrindo parcialmente a Formação Pa riqUera-Açu . Um
~ossi vel regi stro transgress ivo-regress i v o anterior , co r~espondente
a Barreira II do Rio Grande do Sul , ocorre apenas na regiao de Jcapa
ra (Martin et al ., 1988) . -
b) Segundo estádio - Com o advento da fase regressiva, depÓsi-
tos de cristas p r aiai s (cordÕes litorâneos) foram sedimentados no
-)

') 90 SOLOS DO LITORAL DE S.l.O PAULO GEOLOGIA 00 QUATERNÁRIO 91

')
topo dos depÓsitos arenosos da Fo r mação Cananéia . bindo propriedades geot~cnicas muito d i ferente s. A importância des t e
) c) Terceiro e stádi o - Durante e sta fase o n ivol marinh o esteve fato fo i demonstrada po r Massad (1985b) , na sua te se de livre-docê n-
sempre mais baixo do que hoje em dia (mais de 100m abaixo do n i vel cia e l e vou também a ABMS (Associação Brasileira de Mecânica dos So-
a tua l há cerca de 18 . 000 ano s A.P.), qu a ndo os r ios qu e dre nava m a los) a rea l izar (Su g uio, 1988) o simpÓsi o "DepÓsi Los quatern ár·ios
} planÍcie costeira de v em t er erodido profundamente os depÓsitosdaForma das baixadas litorâneas brasileiras : origem , caracterí s ticas geotéc-
ção Cananéla . Muitos desses vales podem ter ex ibido configuraçÕes se n i cas e e xp"!riê nc ias de obras" . P roblemas geoté cni.c os , que remontam
) melhante s às observadas n a á re as de ocorrência da Fo rmação Barreiras a9 fim da déca~a de 40 , foram solucl~nados po r Massad (o& . cit . ),atr~
ao longo da costa baiana . ves da aplicaçao do modelo de evoluçao geologica quate r naria da Bai
') d) Quar to e stád io - No in Ício do ~l timo eve nt o trans gre ss i vo o x a da Santista i de ali zado por Sug uí"o & Martin (1 978a). Out ro s prob le=
nível do mar subiu rapidamente , tendo ultrapassado o nivel atual en- mas podem s e r vislumbrados nos depÓsitos colÚvio-aluviais , por exem-
) tre 6 . 000 a 7. 000 anos A. P . Des t e modo , o mar i nva diu as áreas re- p l o , pe la ·ocor r ê nci a de e ve nt u ais matacõos de r oc has cristal i nas que,
baixadas pela erosão , fo rman do um extenso sistema lagunar, onde se- dificilmente podem ser previstos, mesmo apÓs caracterização mais por
) dimentos areno -argilosos freq Uentemente ricos e m matéria orgânica menorizada desses depÓsitos sed1mentares . -
fo ram deposi t ados, fato que· atingiu o cl.Í.max h á apro x imadamente 5 .150 Al ém d iss o , em maio de 1993 fo i inst ituÍ do o projeto in t itu lad o
) anos A. P . Enquanto isso, o mar deve ter também erodido as partes al LOICZ (Land-Ocean Interactions in the Coastal Zone/Interações Conti-
t asda Formação Can a néi a , r e dep os i tan do a s a r eias p a ra fo rma r de pÓsi= n e nte - Ocean o n a Zona Costeira), sob os a uspÍcios do p rog ram a IGBP
) tos marinhos e trans i cionais holocên i cos . (InLe r national Geosphere/Biosphere Programme - Programa Internac i o-
e) Qui n to e stád io - Durante o retorno do nível marinho pa ra o nal Geosfera/Biosfera) 1 e m cujos ob jetiv o s se inserem os conhecimen-
\ a tual, c r istas praiais r e gressivas ho locênic a s foram formadas. Flu- aprescntados n este capitulo .
tuações do nivel marinho durante a parte final d a ~l t ima ·· t ransgres-
s ão pro du zi ram várias ge r ações de c ristas prai ai s. Oes te mo do , na
I lha Comprida pode-se visualizar pelo menos duas gera çÕe s de cris tas 8. AGRADEC I MENTOS
pra iais ho l oc ên icas s eparadas por uma z ona baixa e ma is ou men o s pan
tanosa , que pode ser acompanhada por aproximadamente 50 k m. -
) ·re mos o grato p ra zer de dei xa r aqul registrados os nossos mais
s i nceros a grad ec ime ntos ao CNP q (Conselho Nac i onal de Dese nvo lv i men -
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS to Cientifico e TecnolÓgico) e a _ORSTOM (Institut F~ançai s de Re-
\
che rch es Sct en ti fi qu es pour l e Developpernent e n Coopc ration) por te -
rem en~ejado estas pesguisas em coo~eração . Desejamos, també~ , agra-
Ne ste cap itulo s ão sumariados al guns dos a spec tos fundamentai s decer a FA PESP (Fundaçao de Am paro a Pesq u isa do Estado de Sao Pau-
d a f ormação d as p lanÍcies costeiras paulistas que respondem, pe l o me l o) po r ter concedido , e m v á ri as ocasiÕes , au xilies para os traba-
nos parcialmente , à q~estão: como e qu ando se formaram essas plani= lhos de campo e p ara a divulgação dos resultados .
) cie s? Re pres e nta a s ín tese d os princ ieai s tr ab alh o s real izados p e lo
autor , com a imp r escindível participaçao do Dr . Louis Martin (~/
França) , du rante os ~ lt imo s 20 an os . Em t e rmo s estratisrifi cos , há 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
n eces sidade de pesquisas ad ic ionais talvez com aplicaçao de concei -
t os de a loes tratigrafia , para s e chegar a uma sistematização mai s
apropriada das un idades estrati grá fi cas . ALMEIDA, F .F.M. de . 1975 . The sys t em of c on t inental rif ts borde r ing
) As necessidades do conhecimento cada vez mais aprimorado dessas the Santos basin , Brasil . Anais da Academia Brasileira de Ciências ,
planic ies c os te iras , po r re presen tarem o registro d os ~ lt i mos e ve n- 48 (supleme n to) :15 -26, Ri o de Ja neiro .
) tos geolÓgicos na zona de interface oceano/continente , podem ser jus
tifícadas t an to do ponto de v is ta c i en tifico (acadêmico) , q uant o te c:: BACCAR , M. A. 1970 . Evidências geofÍsicas do pacote s ed imen tar no pla
) nolÓgico (aplicado) . Em termos ci entificos , a possibi lidade de s e co- tÔ de São Paulo . In : CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA , 24, Bras Ília
nhecer como e quando se formaram as planÍcies coste iras paulista cons (DF) , Sociedade Brasileira de Geologia , Anais:201- 210 .
) t ! tu i , por si só, um a ssunto fas cinan te . Sob o p onto de .v is ta tecno=
logico eodem ser enumeradas algumas das seguintes possibilidades de BARCELOS, J . H.; SUGUIO, K. & COIMBRA, A. M. 1976 . Sedimentação e sub
} ap licaç ao dos conhe c ime n to s adq u iridos : ambientes de posic ionai s da I lha Comprida , São Paul o . In : CONGR ESSÕ
a) Em geologia amb i ental - Os processos geolÓgicos atuantes nes- BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 29, Ouro Preto (MG), Sociedade Brasileira de
) sas localidades , hoje em di a, são uma continuaç ão natural dos e v entos Geologia, 1976 . Anais , 2 : 107-135 .
ocorridos nos ~lt i mos mi lhar es de anos, isto é , o e s tu do do passado
pouco r emoto ajudari a compreender o presente e os conhecimentos so BIGARELLA , J . J . 1965 . SubsÍdios para o estudo das variaçÕes do nivel
bre o passado pouco r e moto e o pre sente consti tu irão uma f erramen t a oceân ico no Quaternário b ras i le iro . Anais da Academ ia Bras ilei ra de
imp r escindÍv el na compreensão do futuro . Deste modo , vislumbra-se a Ciências, 37 (suplemento) : 263-278 , Rio de Janeiro .
ap licabil idad e desses conhecimentos em assu n to s relacionados à ero são
e sedimentação , à águ a subterrânea , à poluição ambiental, etc . na zo- BIGARELLA , J.J.; BIGAREL LA, I. E .K. & JOST, H. 197 5 . Tro pics for
na de in terf ace entre o continen te e o oceano . discussion . In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE QUATERNARY , Boi . Para
. bl Em ge o te cn ia - O modelo de evol uç ão geol~S ic a concebido pa r a n ae ns e de Geoci : , 33:17 1 -363 .
planíc ies costeiras paulistas ensejou a compreensao da causa de oco r -
) rê nc ia , muitas v ezes a mes ma profundidade , de camadas argilosas e xi - BITTENCOURT , A. C . S . P . , MART IN,L.; DOMINGUEZ , J . M. L. & VILAS-BOAS , G.
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11'1

11'1

~
li
PROPRIEDADES DOS SEDIMENTOS MARINHOS
I) Foiçol Mossad
I~
11 )

li )
li ')
li ) ~ RESUMO
Os sedimentos marinhos do litoral paulista, com história
li.) geológica mais complexa do que a principio se imaginava, foram
ll ) depositados de 100 mil anos atrás até nossos dias, em dois ciclos de
sedimentação, entremeados por um intenso processo erosivo . Mostra-se
como a história geológica afetou o sobre-adensamento e a
11 )
consistência das argilas, que varia de muito mole a rija, e mesmo
li ) dura , ao mesmo tempo em que possibilitou o uso de uma classificação
genética, cuja pertinência tem sido verificada na prática.
li ) As suas caracteristicas geotécnicas e propriedades de
engenharia são apresentadas, quando possivel, em contraponto com
jl argilas semelhantes de outros trechos do litoral bras ileiro.
,> Mostra-se que alguns parametros, quando adimensionalizados em
relação à pressão de pré-adensamento, são muito próximos entre si, o
[I( que recoloca a origem geológica no centro das atenções .
)
IH 1. I NTRODUÇlO
'I .)
Num trabalho memorável Pacheco Silva (1953) externava uma
I crença comum ao meio técnico nacional, que perduraria até meados da
década de 80, a saber, que as argilas organicas moles da Baixada
., ( Fluminense, como, de resto, de outras partes do nosso litoral ,
) possuíam uma "história geológica simples", isto é, haviam se formado
num ciclo continuo de sedimentação, sem que se seguisse qualquer
li processo erosivo . ro i embasado nesta concepção de " história simples"
') que, posteriormente, se atribuiu ao "aging" (envelhecimento) o fato
li observado, tanto no Rio quanto em santos, de que mesmo as argilas
") moles possuíam um leve sobre-adensamento.

") No entanto, de há muito engenheiros de solos deparavam-se com


uma realidade mais complexa na Baixada Santista, que revelava a
Ir) presença de argilas médias a rijas, mesmo duras e altamente
sobre-adensadas: eram os " casos inusitados", termo empregado por
l _)? Teixeira (1960-b) ao caracterizar subsolo atipico de edificio em S.
Vicente, fato que também o c orreu nas fundações da Ponte sobre o
]1:; Canal do casqueiro, Via Anc hieta, conforme IPT (1950) e na Via dos
Imigrantes (Sousa Pinto e Massad, 1978). Estes casos levantavam a
~r? questão da origem real destes sedimentos .
.,)
r? I
' )
I 1) 100
SOLOS 00 LITORAL OE SÃO PAULO

I 1\ A resposta foi encontrada há pouco tempo (veja-se Suguio e


PROPRIEDADES DOS SEDIMENTOS MARINHOS 101

I·) Martin, 1978-a e 1981), estando as variações relativas do nivel do


mar na origem destes sedimentos. Basicamente, dois episódios
, I. transgressivos, isto é, de ingressão do mar rumo ao continente, um

I , _~ no Pleistoceno e outro no Holoceno, deram origem a tipos diferentes


de sedimentos, com propriedades de engenharia distintas.
Recentemente, Massad (1985-a e b) desenvolveu uma pesquisa
) sobre estes sedimentos, à luz dos conhecimentos sobre a sua gênese e
com base: a) em dados geotécnicos dos arquivos do IPT; b) em
) informações divulgadas na literatura técnica, como, por exemplo,
Teixeira (1960-a); Vargas (1973); Sousa Pinto e Massad (1978);
) Sarnara at alii (1982); e c) em ensaios complementares, executados
pelo autor. Como resultado chegou-se a uma ampliação dos
) conhecimentos geológicos sobre a sua distribuição em sub-superficie
(Massad, 1986-b); à explicação do sobre-adensamento das argilas
) quaternárias da Baixada Santista, inicialmente tidas corno
normalmente adensadas , mas que se comportam corno levemente e, às
) vezes, fortemente sobre-adensadas; e a uma primeira tentativa de
sistematização dos nossos conhecimentos sobre as suas propriedades.
')
Como a costa brasileira comportou-se de forma homogênea do NE
I) ao Sul, foi possivel estabalecer comparações entre os sedimentos
quaternários de alguns de seus trechos; Massad ( 1988- a) teve a Ponte
) oportunidade de apontar algumas diferenças e semelhanças entre eles.
Na mesma ocasião, Teixeira (1988) divulgou novos e valiosos dados
) sobre solos da Baixáda Santista e do Rio de Janeiro. Aliás o
conceito de semelhança entre solos, proposto p·o r Terzaghi,
) baseava-se na história geológica e nos limites de co-nsistência. De N

/
fato, a sua premissa era: "If several soils with similar geologic
i) origin have fairly.identica1 1irnits, their physical properties too
will be identical ... ", com a ressalva, talvez, de que hoje diriamos:
I ) " ... their physical properties too will be similar ... " .
I) É este o enfoque que será dado a este relato: utilizar os
conhecimentos sobre a história geológica dos sedimentos marinhos,
I) indo até os detalhes sobre flutuações do n,ivel do mar;
retrabalhamento pelo próprio mar; ação eólica e envelhecimento
I) ( "aging"), para tentar aprofundar no entendimento das suas Figúra 1: Principais locais referidos no texto
propriedades. Avançar-se-á na direção dos conceitos estabelecidos
.I ) pelos modelos SHANSEP (Stress History and Normalized Soil
Engineering Properties) e YLIGHT (Yield Locus Influenced by o primeiro, depositado há 100.000 - 120.000 anos em ambiente
i) Geological History and Time), que refletem, modernamente, a questão misto continental-marinho, é argiloso (Argilas Transicionais) ou
da semelhança entre solos. arenoso, na sua base, e arenoso, no seu topo (Areias
I) Transgressivas) . Por ocasião do máximo da última glaciação, há cerca
Os objetivos deste trabalho são os de apresentar uma revisão e de 17.000 anos, o nivel do mar abaixou 110-130m em relação ao atual,
I) uma sintese dos conhecimentos das propriedades das argilas do o que provocou intenso processo erosivo e um forte sobre-adensamento
litoral paulista, com destaque para a Baixada Santista e em nos sedimentos argilosos da Formação . Cananéia. Eles têm sido
I) contraponto com outros solos da costa brasileira . detectados, em abundância, do l i toral santista até o paranaense.

I)
2.
.
A ORIGEM DOS DEPOSITOS QUATERNARIOS
o segundo tipo é mais recente, formado nos últimos 7.000 anos,
por sedimentação em lagunas e baías. São os Sedimentos Flúvio-
j ) Lagunares e de Baías (SFL), formados quer pelo retrabalhamento das
areias e argilas da Formação Canané i a, quer por sedimentação em
l) Em trabalho pioneiro Suguio e Martin (1978-a e 1981) colocaram águas paradas; quando argilosos, são levemente sobre-adensados. Ao
longo das lagunas, dos canais de drenagem e nos cursos inferiores de
as variações relativas do nivel do mar, durante o quaternário, como
!) as causas primeiras da sedimentação nas nossas planicies costeiras . rios encontram-se os Mangues (areias e argilas) ou "aluviões
modernos", que estão ainda se fazendo. São estes sedimentos marinhos
Dois episódios de ingressão do mar em direção ao continente, a
I) Transgressão Cananéia (Pleistoceno) e a Transgressão Santos que ocorrem, de forma generalizada, em toda a costa brasileira.
I (Holoceno), deram origem a dois tipos diferentes de sedimentos.
O auge da Transgressão Santos ocorreu por volta de 5000 anos
IJ
I )
11) 102 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO PROPRIEDt-DES DOS SEDIMENTOS MARINHOS 103
I~
111) ..s.~LO SANTOS TABELA 1: BAIXADA SANTISTA E IGUAPE: DIFERENÇAS NAS
CARACTERÍ STICAS E PROPRIEDADES GEOTÉCNICAS
11\ ÍTEM/UNIDADE MANGUE SFL AT
11) PROFUNDIDADE (m) ss ss o 20:SZ:S45
111) SPT o 0-4 5-25
e >4 2-4 <2
ll~ Ü.,(kPa) S30 30-200 200-700
su(kPa) 3 10-60 >100
I!S
'Y n (kN/m3) . 13 13,5-16,3 15,0-16,3
,,~
320 280 240 200 160 120 80 ARGILO-MINERAIS caulin ita e caulinita, mon- caulini ta e
,,~ DISTÂNCIA l ml
PREDOMINANTES ilita tmor ilon. f i l ita ilita

lt\ Figura 2: Secção geológica esquemática- Ponte do Casqueiro MATÉRIA ORG. (%) 25 6 ( 1) 4 (1)
SENSITIV. 4-5
OI
atrás, quando o mar atingiu o seu nlvel máximo, +4m em ,, ( 1) e (2) - 24° 19°
~\ Cananéia-Iguape; +4, Sm em Santos-Bertioga e +Sm no Litoral Norte.
Entrou depois numa fase de regressão continua até o seu nlvel atual, ca (%) - 3-6
111) exceto por pelo menos uma "rápida" oscilação negativa, em que esteve
CLAB (cm 2 j s) 4 4 4
abaixo do n1vel atual, como mostra a Figura 7-b, relativa à região ( na ) (0,4-400) .10- (0,3-10) .10- (3-7).1Õ
~I ) de Santos, conforme Martin et alii (1982). Finalmente, é de
v
CCAHP O/CLAB
interesse referir- se à presença de duna~ ativas no Holoceno, em v v - 15-100 -
111 diversos locais, destacando-se Samaritá e parte da Ilha de Santo ----·--

'Amaro (ver Figura 1) , na faixa que dá de frente para o Canal do NOTAS : (1)-(% <5~>~50 E IP~ 50 (2)- ,, DE ENSAIOS CID
lil Porto (Apud Mapa Geológico Preliminar da Baixada Santista, 1973). na - NORMALMENTE ADENSADO
:11
' )
3. CARACTERÍSTICAS GERAIS E DISTRIBUIÇÃO DOS SEDIMENTOS ~TERRO
11
)
.11 ) As milhares de sondagens analisadas por Massad ( 1985-a e
1986-b) permitiram caracterizar os diversos sedimentos que ocorrem
li na Baixada Santista e conhecer a sua distribuição em sub-superf1cie.
Mapas do litoral paulista , com a distribuição em superf1cie, h a v iam
]I ) sido apresentados anteriormente por Suguio e Ma rtin ( 1978-b) . A
) Tabela 1 resume as diferenças nos SPTs.
[I i
) a) Sedimentos Plei stocênicos
...o
li) As Areias Pleistocênicas constituem terraços a lçados de 6 a 7m •o
li em relação ao n1vel atual do mar, na Baixada Santista. Em Paranaguá
(PR), aonde são bem mais desenvolvidas, podem atingir 9 , 5m de o
z
li ) altura. Além do litoral paranaense, apresentam bom desenvolvimento
em Cananéia e Santos, no litoral paulista; começam a rarefazer-se ...o
::>

no litoral norte de S. Paulo e no Nordeste e não foram encontrados a:


li L
no Rio de Janeiro. Superficialmente, essas areias são amareladas,
ll tornando-se de cor marrom, ou marrom escuro a preta, em
profundidade, face à impregnação com matéria orgãnica.
11
As camadas de argila média a rija, detectadas abaixo dos 20-25m
li de profundidade, às vezes 15m, em toda a região oeste do Largo do
Canéu, incluindo Alemoa e o casqueiro (Figura 2), são resqulcios das
Argilas Transicionais (ATs) . Elas se encontram em n!tida FERRY- BOAT

"li "discordSncia " em relação às camadas superiores de argilas muito


moles (SFL), fato que também foi constatado a leste, na Ilha de
( GUARUJA')

) Santo Amaro e mesmo em partes da c idade de Santos: a profundidades Figura 3 : Perfis de sondagen s
li
)
11
)

~~ ~ 104 SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO PROPRIEDADES DOS SEDIMENTOS MARINHOS 105
11\
h) TABELA 2: BAIXADA SANTISTA E IGUAPE: SEMELHANÇAS NAS
CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES GEOT~CNICAS
TABELA 3 : BAIXADA SA~TISTA: ARGILAS DE SFL, COM RSA~2 E SPTa O

111 ÍTEM/UNIDADE MANGUE SFL AT


LOCAL SPT l'..,(kN/m3) CJ (1+e 0
) u,.(kPa) su(kPa) (VT)

lU) 8( kN frn3) 26, 5 26,6 26


ALEMO A o 15,5 0,33 35+5 ,5z 13 +2,0z

111 )
%<5j.L - 20-90 20-7D CUBATÁO o 13 , 5
0,47 20+3 ,5z 6+1 , 7Z
LL 40-150 40-150 40-150 - 30+5,0z 15+1 6z
lii) IP
IA
30-90
1,2-2,2
20-90 40-90 VALE R.MOJ I
DO RIO o
13,6
1 4, o
-- 24+3,6z
33+3 ,5z
8+1,8z
14+l., 7z
0,7-3,0 0,8-2,0
PIAÇAGUERA 14 2 0,42 33+4,2z 11+ 1 7z
lll) C /(1+e 0
0
) 0,35-0,39(0,36) 0,33 - 0,51(0,43) 0,35 - 0,43(0,39) VALE DO RIO o 14, o 0,44 13+4,0z 6+2,3z
~~) C /C 12 QUILOMBO
(%) 8-12 9
r c VALE DO RIO
EL fÜ a 13 13-18 JURUBATUBA
o 13,8 0,48 26+3,8z 18+1 ,4Z
!~')
11
VALE DO RIO 14,6 0,41 28+4, 6z 7+2,lz
EJÜv (CT " ~ü v S2Ü o ) 8 6-10 7-11
DIANA/CANAL o 13 ,5 0,45 21+3,7z 7+1,6Z
!lii ) BERTIOGA 13 , 5 0,51 27+3,3z 15+1,0z
EI. /Ü v (p/ ü l!:2C1 l 6-7 5-7 5-7
~I v " ILHA DE
) E 1 / su - 138 143 STO. AMARO
o 13,8 0,48 22+3,8Z 5+2 , 1Z
p 8 so/Su
( 1)
- 237 234
- ---

Notas : Dados de Massad (1985) VT - Vane Test


,, ))
.

su/u. (1) - 0,28 0,30


li ) Su/Üc (1) - 0,34RSA
0
'
78
0 ,4 0RSA
0
'
60 toda a costa brasileira, particularmente no sul de Santa Catarina e,
como já foi mencionado, em Samaritá e na Ilha de Santo Amaro, na
Baix ada Santista (Figura 1 ) . Fato interessa nte refere-se a contato ,
11) K (LABORATÓRIO )
0
- 0,57RSA
0
'
44
0,58RSA 0 '
45
na forma de um vale, entre areias fofas e compactas, d etectado na
li NOTA: (1)- ENSAIOS CIU- C Via dos Imigrantes, Ilha de S. Vicente, próximo ao Largo da Pompeba.
~ também o caso, a ser comparado, do perfil geotécnico típico de
li Vitória (figura 2 do trabalho de Castello et al, 1986).

li de 30-40rn .encontrou-se fortes indícios da presença das ATs, como As argilas de SFL mostram, por vezes, características de
ilus tram as sondagens junto ao " Ferry Boat", Guaruj á (Figura 3) . homogeneidade e uniformidade, com a entremeação de camadas de areias
li continuas, com espessuras constantes. A palavra encontrada para
) Estas camadas de ATs apare ntam serem mais uniformes e descrever esta feição foi " calmaria " . Regiões de " calmaria" são
li homogêneas quando comparadas com os outros sedimentos. A presença de encontradas , por exemplo, na Ilha de Santo Amaro (Figura 1), aonde a
folhas carbonizadas (Teixeira, 1960-b) e de nódulos de are ia quase erosão que antecedeu a Transgressão Santos atingiu até o topo
11) pura , quando argilosas, ou bolotas de argilas, quando arenosas rochoso e, posteriormente , com o advento deste último episódio, deve
(Petri e Suguio, 1973), parecem serem algumas marcas distintivas das ter-se formado uma grande baia ou l a guna, aonde foram depositados o s
ll ATs. Velloso et alii (1978) mostram secção geológica de um local em sedimentos, pode-se dizer, em águas paradas.
Paranaguá, Paraná , semelhante à secção da Figura 2. Em Vitória (ES)
11) há indicias de sua presença, segundo Castello et al (1988) . outras vezes, os SFL apresentam-se com acentuada
heterogeneidade, com d istribuição caótica, como na Ilha de Santana
b) Sed imentos Fl~vio-Lagunare s e de Baias (SFL) ou cand inha (Figura 1), consequê ncia de um retrabalharnento dos
li ) sedimentos pleistocê n icos provocado p e l a Transgressão Santos. Nos
Ir . Sob esse nome são designadas as argilas e areias, ricas em vales de rios corno os de Mogi e Piaçaguera , aonde se localiza a
h) conchas, depositadas no Holoceno, em lagunas, baias. ou ao longo dos
cursos ant igos e atuais dos r i os. Há indícios da existência de
Cosipa, existem sedimentos que aparentam "calmaria" e, outros,
deposição em ambientes "conturbados", mostrando interdigitação;
) paleolagunas anteriores a 7 . 000 anos atrás, conforme Martin et alii provavelmente devido à proximidade da rede fluvial.
(1982); as argilas que ocorrem na cidade de Santos devem ser dessa
li ) época, pois sobre elas estã o assentes areias regressivas, Constatação digna de nota, conforme dados de Massad (1985-a) e
provavelmente de 5.100 anos de i dade . Teixeira (1988) , é que, ao longo do Canal do Porto até o Largo do
h) Caneú, em locais como Alemoa, Sabo6, Macuco e Conceiçãozinha (Figura
Os terr aços de Areias Holocênicas ocorrem entre o mar e os 1), os solos apresentam-se mais arenosos, o que se reflete nos
11 ) terraços de Areias Pleistocênicas, por vezes separados através de índices de compressão, mais baixos , e n as densidade naturais , mais
paleolagunas holocênicas. Apres entam grandes extensões nas regiões elevadas (ver Tabelas 3 e 4) .
11 ) de Santos e Praia Grande, ao contrário do que ocorre no Paraná e sul
li de Santa Catarina. Não se apresent am impregnados por matéria
organica, mas revelam a ação de dunas inativas e ativas, ao longo de
Segundo Costa Filho et alii (1985), as camadas de argilas
cinzas esc uras, moles, d o Rio de Janeiro t ambém são holocênicas. Têm
li
h
)
') 106 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO PROPRIEDADES DOS SEDIMENTOS MARINHOS 107

)
)
TABELA 4 BAIXADA SANTISTA: ARG ILAS DE SFL, COM RSA>2 E 1~SPT$ 4 TABELA 5 : OUTROS SOLOS DA COSTA DO BRASIL: SÍNTESE DAS
li
CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES GEOTtCNICAS
LOCAL SPT 7 (kN/m3) Cc/(1+e) CT {kPa) su(kPa) (VT)
0 6 RIO DE PORTO RIO PORTO
CONCEIÇAO- RECIFE VITÕRIA-ES
0,3+0,077z 14,8+0 ,0 5z 0,34 * 80+5,3 Z* 35+2,3 z JANEIRO GRANDE DE SERGIPE
'' ) ZINHA ÍTEM
MANGUES MANGUES MANGUES
SABOÓ 0,4+0,113z - - - 32+2,0 z E SFL E SFL E SFL SFL -
') PROF. (m) 14 28 13 40 11
MACUCO 0,3+0,10 z 14,9+0 ,1 0z - - 26+2,4 z SPT o 0-2 0-5 - -
') e 1-5 1-2,5 1,2-1,7 1-2
Notas: Dados de Teixeira (1988), exceto aqueles com * (Massad,198 5) u.,(kPa) S60 15-190 ~300 200-270 60-100
VT - Vane Test
su(kPa) 5-15 2-40 - 50-90 15-25

espessuras variAveis entre 2 e 20m e são , aparentemente, homogêneas,


7n(kN/m3) 12 -17 11-17 - 15-17,8 -
) ARGILO-
com valores de SPTs nulos (Tabela 5) . Para as argilas orgãnicas do
Rec ife, Ferre ira et alii (1986 ) destacam a sua origem holocênica: MINERAIS
CAULINITA CAULINITA - - -
) MATERIA
tratam-se de sedimentos flúv io-deltaico-marinhos , com espessuras que
podem atingir mais de 20m e SPT variando entre O e 2 golpes. Apesar ORGÂN. ( %) 4 -6 ,5 3-l.O 5-8 - -
)
da complexidade na formação dos solos de Vitória, ES, face à SENSITIV. 4,3 - - - -
presença de morros e de af loramentos rochosos, Castello et al (1986
e 1988) mostram perfis de subsolo que lembram os sedimentos de SFL 41' (2) 25° (300) 25-28° - 23-29° 27°
de a mb ientes "conturbados" da Baixada Santista. CI.A B
y
na (0,5-2)10- · (1-20) .10 - . - - -
c) Ma ngues
) 2
cm fs sa (35-75)10 - 4
(20-90 )10 - 4
- - -
Os mangues, sedimentados ~obre ós SFL, nas margens e fundos de CCAM/CI.AB 20-30
)
canais, braços de marés e da rede de drenagem, podem apresentar, por v v crosta :100 - - - -
vezes , alternãncias, de forma caótica, de argilas arenosas e areias
argilosas, com consistência de vasa. Têm sido constatados em outros ~(kN/m3) 26- 26,7 23-27 - 25-27 -
trechos da costa brasileira, conforme autores já citados . %<51J 20-80 25-80
30-110
>70 34-96 -
LL 60-150 30-130 4 0-90 50-90
IP 30-110 10-70 10-90 20-60 20-70
'
) .. O SOBREADENSAMENTO IA 1,4-2 ,3 0,5? - - -
) a) Ar gi las Transicionais (AT ) CJ (1+e 0
) - 0 ,4 5 0,22 0,31-0 , 38 -
) O forte sobre-adensamento das ATs, mencionado acima, pode ser
C /C
r c
(%) 10-15 10-15 - - 10

constatado em diversos locais da Baixada Santista, como ilustram as Eso /Su (1) 125 - - - 250
Figuras 4 e 5: nota-se, nas camadas mais profundas, uma relação
entre peso total de terra (atual) e pressão de pré-adensamento. A s /Ü
u "
(1) 0,35 0,28-0,32 - - -
comparação é com o peso "atual" pois desconhecem-se as espessuras
) dos sedimentos (areia e argilas) que se soprepunham às ATs, antes da
sua erosão parcial.
Su/Ü c O• 31RSA
0
'
(1)
77
- - - O, 27RSA 0 80
'( 2)

) Ko (I. AB) 0 , 58RSA0 '


42
- - - 0,61RSA 0 '
50

Camadas de ATs, de consis.tência média a rija, têm sido


encontradas com pressão de pré-adensamento de 200 a 250 kPa, como ao NOTAS: (1) ENSAIOS TRIAXIAIS (2) VANE TEST
) longo da Piaçaguera-Guarujá e no Canal do Casqueiro, Via Anchieta na - NORMALMENTE ADENSADO sa - SOBREADENSADO
(Massad, 1986-c). Em local próximo à Praia de Itararé, e.m São
Vicente, Tei xeira (1960-b) encontrou cifras de 600 a 700 kPa para um
"bolsão" de argi la marinha, resquicio da Formação Cananéia, conforme
explicação dada por Massad (1985-a). pré-adensamento) entre 4 00 e 800 kPa, com média de 500 kPa. Uma
confirmação de que se tratava de ATs foram os valores de pressão
) neutra medidos du rante os ensaios, menores do que as pressões
Ensaios de piezocone, realizados na Baixada Santista, fornecem hidrostáticas iniciais, indica nd~ dilatação dos solos. Ademais, em
novos dados sobre o assunto. Valendo-se de uma correlação empirica
) alguns furos de sondagens encontrou-se, a 20m de profundidade , solo
proposta por Ku lh!!WY e Maine (1990), citada por Coutinho et a1 com SPT~5 a 6, constituido de argila com nócleos (bolotas) de areias
(1993), a saber, u.,= (qt-CTv 0 )/3, onde qt é a resistência de ponta finas, ou vice versa, fato marcante nas ATs, como já foi mencionado.
)
corrig i da e, u YO , a pressão vertical total, obteve-se Üa (pressão de
Em trabalho j á citado, Castello e al (1986) observaram pressões

)
' )
I)
,,,
110 SOLOS DO LITORAL DE SÀO PAULO PROPRIEDADES DOS SEDIMENTOS MARINHOS 111

o) MARGEM DO RIO MARIANA oa - PRESSÃO OE PRÉ- ADENSAMENTO I kPal


l i') m 50 100 o 50
7 12.
c) H ISTOGRA MA I
~
' o)COSIPA-LAMlNAÇN;)
-! I~
.
b)lTAPEMA S 1lii
100

)I) "'~ \ !11 \ , ..


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I
N5 1 \íNA:Om)
(NA:OI4) \ (NA:2 12mf·-...... N 5 \ ·, n
• _l_ • ..
I) b) CURVA DE VARIAÇÃO DO Ni'VEL DO
m
I' 4 MAR
) 2 .~ 8 Figura 8: Perfis de história das tensões em Mangues- B. Santista
I) oi 1 /c= 1 1 "\. I I • 4
7 6 5 4
Em alguns locais no Rio de Janeiro (Costa Filho et alii, 1985;
I) M ILHARES DE ANOS ATRÁS
Gerscovich et alii, 1986; e Teixeira, 1988), no Recife (Coutinho et
Figura 7: Argilas de SFL: Influência da variação do NM na história al, 1994 ) e no Sergipe (Brugger et alii, 1994), têm sido encontradas
I) de tensões- (a) e (b): Martin et alii (1982) e (c) Massad (1985-a) elevadas pressões de pré-adensamento próximo à superficie,
caracterizando, por vezes, crostas ressecadas . o primeiro a
I) observâ-la na Baixada Fluminense (RJ) foi Pacheco Silva (1953), que
é igual a 7 (a densidade submersa ou efetiva). A Tabela 3 mostra a atribuiu a abaixamento do NA, por ação antrópica.
I) algumas das 19 correlações deste tipo, obtidas pelo autor.
Fazendo um contraponto com caso por ele constatado em Santa
I) A nosso ver, a hipótese de envelhecimento ( "aging") n!o se Cruz, Rio de Janeiro, Teixeira ( 1988) destacou que o fenômeno não
·sustenta pois, fosse este o caso, as pressões de pré-adensamento foi observado na Baixada Santista, fato de resto atestado pelos jâ
I) deveriam crescer com a profundidade segundo uma reta passando pela citados 19 perfis de subsolo, como os das figuras 6-a e 6-b. É uma
1. , origem, portanto com a Relação de Sobre-adensamento constante, situação semelhante à que ocorre em certos trechos da Baia de
independentemente da profundidade, o que não se constatou. Ademais, Sepetiba (RJ) e da Baia de Guanabara, conforme Costa Filho et alii
I I pode-se argumentar que o pré-adensamento, provocado pelas oscilações (1985); nestes trechos o teor de umidade cresce continuamente com a
negativas do nivel do mar, se sobrepuseram ao efeito de " aging", profundidade.
I) mascarando-o por um mecanismo facilmente compreensivel. E 7000 anos
são muito tempo para se supor nivel do mar constante. Recentemente, com base em ensaios de Piezocone, Danziger (1990)
I) conjecturou sobre a existência de duas camadas de argilas moles no
As argilas moles do Rio de Janeiro, dos tipos SFL e Mangue (ver Sarapui, ao invés de uma, como até agora se supôs, e, entre elas,
I·) Tabela 5 ), têm se apresentado como levemente sobre-adensadas, com uma segunda crosta ressecada , a 6,5m de profundidade.
pressões de pré-adensamento linearmente crescentes com a
I) profundidade, numa taxa pouco maior do que o crescimento do peso c) Argilas de SFL muito sobre-adensadas (RSA>2)- Ação de dun as
efetivo de terra, fato atribuido ao "aging" (Lacerda et alii, 1977).
I; Costa Filho et alii (1985) falam em "aging" e variaç~o do NA, Massad (1985-a) verificou um caso de exceção, de SFL muito
enquanto Almeida (1982) dá mais importância a este último fator. sobre-adensado, na Ilha de Santo Amaro, próxi-mo ao Cais
IJ Conceiçãozinha; os valores do SPT variavam de 1 a 4. A causa deste
As argilas do Recife, também dos tipos SFL e Mangue (ver Tabela sobre-adensamento foi atribuida ao peso de dunas sob ação eólica,
I) 5), aparentam serem normalmente adensadas ou com certo que se fêz sentir na região, como aliás jâ foi mencionado neste

I) sobre-adensamento, cuja causa foi atribuida ao ressecamento de


camadas superiores e ao "aging" (Ferreira et alii, 1986). A variação
da pressão de pré-adensamento com a profundidade é do tipo solo
ressecado entre 6 e 10m de profundidade e, abaixo dos 10 m,
trabalho. Ensaios de laboratório em amostras indeformadas (Figura
6-c) revelaram uma relação do tipo da expressão {1), com a constante
igual a 80 kPa {Tabela 4), corroborando um adensamento por
sobrecarga. Ensaios de Piezocone, feitos recentemente nesta área,
linearmente crescente com a profundidade, deslocada p~ralelamente de também confirmam a expressão (1), com dispersão muito pequena em
IJ mais de 20 kPa em relação ao peso efetivo de terra, o que denotaria cada furo. Mas quando se comparam os furos entre si, a constante da
influência de variações do NA. Recentemente, Coutinho et al (1993 e expressão (1) oscila numa ampla faixa de valores, de 40 a 120, com
l) 1994) apresentaram perfil de subsolo em que n~o há este média de 80, o que é justific ável por se tratar da ação de dunas.
deslocamento, mas em local aonde houve terraplenagem.
I) Mais recentemente, Teixeira (1988) destacou em seu trabalho que
Uma camada de argila mole do Rio Grande (RS), com 15m de as argilas que ocorrem em alguns locais ao longo do Canal do Porto,
espessura média, subjacente a 25m de areia, revelou-se ser como em Saboó, Macuco e Conceiçãozinha (ver Tabela 4), são
IJ normalmente adensada ou levemente sobre-adensada, conforme Dias et pré-adensadas, com RSA>2. É possivel que também nestes locais tenha
havido ação eólica, pois a pressão de pré-adensamento satisfaz a
al (1994). A Tabela 5 mostra outros dados sobre esta argila.
l)

li ~
I :1 )
I) 112 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO PROPRIEDADES DOS SEDIMENTOS MARINHOS
113

;r) expressão (1). Os dados de Teixeira (1988) apontam para uma


ltJ constante em torno de 50 kPa e uma taxa de crescimento com a

I J~
profundidade aproximadamente igual a 7 (densidade submersa) .

d) Argilas de Hanguesais
Íl) MANG UE

Para os Mangues, os poucos dados disponíveis apontam na direção MAN GUE


111 de solos levemente sobre-adensados, com pressões de pré-adensamento w
o • • Cos i po • LDm inação
médias da ordem de 30 kPa . Para um dos poucos locais (Figura 8-a) •- Ponte s/Cosque i ro
ll) <:(

li)
aonde foram extraídas amostras indeformadas, obteve-se Ü ~16+7z, com
&
7~3,3 kNfm 3 • Em outro local (figura 8-b), em que o mangue, com cerca
c~:::;;;::::""'""
Cl) _,..;z;: 1;;:;;;znwr
........ ', . ,. ··"
t 1 lilhli 1 1 'I
o
o
de 2m de espessura, aflorava à superfície, notou-se um Cl) f-
lll
L') ~obre -adensamento por PfSO total de terra! A express!o obtida foi c <:(
CL .J
ua~7nZ, com ~a13 kN/m . Em ambos os casos pode-se explicar o
I) .., SFL
~
·~
&.t../" SF L
sobre-adensamento por um simples mecanismo de abaixamento do NA. :::> lmiQrontes1Es1.56l +
o -lmiQronte.s -Est.56 Edifício A·Sonto• •
I) ---Petrobrás l Alemoo) PotrobrdsiAiemoo) •

I)
S. COMPOSIÇÃO HINERALOGICA, ESTRUTURA E TEOR DE HATERIA ORGANICA ..,2 - .. -Ploçoguero ·G..,rojó
( <;:p •••T
Cosa do bombaiiCoolpa l •
PioçOQUera·Guarujá(SP7) o
C)

~10011111 illiiHti ililliWJ>T.JWWI iiiilitif 1111


I) Amostras de Argilas Transicionais, extraídas tanto na Baixada
Santista (Alemoa) quanto no Litoral Sul (Iguape), foram submetidas a ..,z

"=
1,) Análises Mineralógicas por Difratometria por Raios-X. A Caulinita o ~· AT
apareceu como argila-mineral predominante, seguida da Ilita e da 11:
o
L) Montmorilonita; para uma amostra de Alemoa a proporção foi de 5 :2:1. , CL - lmiQrontu • Est 127

~
Tal constatação não é surpreendente, pois denota degradação de ---·Patrobrdi(Aiemoo)
1) argila-minerais em clima semi-árido e ambiente bem drenado, situação ~ · - - -Ponte sobre o
que deve ter prevalecido há 17.000 anos, quando o nivel do mar Cosque iro
I ) recuou cerca de 110-130m em relação ao atual. " o' , k,..,, , , • , , , , , , , , •

~01 OÍ)l 0,1 1 10 o 50 100 150


I) Quanto às argilas de SFL, observou-se, a leste da Planície de DIÂ ME TRO OOS GRÃoS (mm) LIMITE DE LIQUIDEZ
Santos, em amostras coletadas na I lha de santo Amaro, a
I) predominância de Montmorilonita, seguida da Caulinita e da Ilita. Figura 9: Solos da Baixada Santista - Granulometria e Plasticidade
Teixeira (1960-a) faz menção a resultado de Análise
I; Termo-Diferencial em amostra tipica da Cidade de Santos , que indicou
) a predominância da Ilita e da Montmorilonita , segu~da da Caulin ita. 26,7 kN/rn3 para a Baixada Santista, independentemente da unidade
li Note-se que nestes locais a sedimentação holocênica deve ter genética (Tabela 2). Para o Rio de Janeiro os valores médios estão
ocorrido em águas paradas (lagunas ou baias). Não são de se
,I surpreender os resultados obtidos a oeste da Planície de Santos,
mais ou menos neste interval o (Costa Filho et alii, 1985 e Collet,
1978), embora Ortig!o (1975) tenha obtido 24,9 kN/m3 como média, num
) aonde os SFL formaram- se pelo retrabalhamento dos antigos sedimentos certo local. Para o Recife, Ferreira et alii (1986) divulgaram
ll pleistocênicos: análises mineralógicas de amostras de Alemoa valores entre 23 a 27 kN/m3, exceto para um material turfoso, em que
' j indicaram a preponderância da Caulinita. tal faixa foi de 17 a 22 kN/rn3. Ver a Tabela 5 para outros solos
J! marinhos brasileiros.
Dai também decorrerem as diferenÇas e semelhanças constatadas
I) nas estruturas ("fabric 11 ) dos sedimentos através da análise de fotos Quanto ao teor de matéria orgânica, as diversas medições
I) em microscópio eletrônico de varredura (Massad, 1985-a). A oeste da
Planície de Santos prevaleceram as matrizes de argilas com sistemas
indicaram cifras muito baixas, da ordem de 6% para as Argilas de SFL
e 4\ para as Argilas Transicionais, em contraste com um caso de
~~
parcialmente discerniveis, usando terminologia introduzida por argila org4nica com raizes (mangue) , que apresentou teor de 27\
Collins e McGown (1974), tanto para as Argilas Transicionais quanto (Tabela 1) . Ao longo de toda a costa brasileira têm sido reportados

~~
para as Argilas de SFL. A leste, as matrizes de argila aparentaram baixos teores de matéria orgânica (Tabela 5), entre 3 e 10 \, como
possuir um arranjo predominantemente aberto e com abundância de ocorre no Rio de Janeiro (Costa Filho et alii, 1985), no Recife e em
carapaças de animais marinhos.
Vitória (ES) .
li
d )
Nas argilas do Rio de Janeiro (Costa Filho et alii, 1985; Sayão
e Sandroni, 1986) e do Recife (Ferreira et alii, 1986) têm sido
observada a predominância da Caulinita, com traços de Montmorilonita
6. CARACTERÍSTICAS GEOTÉCNICAS DE CLASSIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO
e Ilita.
'Ilj Valores da densidade dos grãos (~) situam-se na faixa de 26 a
Mais de 30 perfis geotécnicos, como os das Figurá 4 e 5, foram
levantados, referentes a vários pontos da Baixada Santista, aonde,

.1 >
I l
)t ' 114 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO PROPRIEDADES DOS SEDIMENTOS MARINHOS 115
I )

Y')
~~
desde 1942, o IPT extraiu centenas de amostras "shelby". Uma
conclusão sal ta aos olhos: para uma dada unidade genética há uma
VIA DOS IMIGRANTES
erraticidade de variação dos parâmetros com a p rofundidade, fato que •
~i/ já havi a sido constatado por Teixeira (1960-a) e Vargas (1973) e foi §: 4~ + ESTACA !16 t SfL)

~I)
atribuido à heterogeneidade do subsolo, com alternâncias de camadas
de argilas e, entre elas, transições de areias argilosas ou argilas 1!1 ~ • ESTACA l27tAT)
~.J
arenosas. A fração argila varia numa ampla faixa de valores, - C
.J c
fi) independentemente da unidade genética (Tabela 2). Esta erraticidade
'·li ) é comum aos solos litorâneos brasileiros e manifesta-se na
plasticidade, textura e indices fisicos, como mostra a Tabela 5. 15
~~
3, ./ 4

11 ) Ademais, os ensaios usuais da Mecânica dos Solos revelaram-se


,) ~$ 2r \_~ = 11,5 ão

/
ser de pouca serventia na distinção entre as três unidades
genéticas : Ar gilas Transicionais, de SFL e de Mangues . Dai, 9 ~ r = 98 °/o
aparentemente, os engenheiros terem considerado os sedimentos ,§ ~ s =250 kPo

'') argilosos da Baixada santista como pertencendo a um mesmo grupo. As


curvas granulométricas e os Limites de Atterberg (Figura 9)
li
I
8 l N = 22 ensaios

IL) praticamente se sobrepõem, o mesmo acontece ndo com o indi ce de IL<l'

Jl )
Atividade de Skempton (IA) e o indice de liquidez (IL), conforme a
Tabela 2. E isto tudo apesar de haver diferenças na composição
1 /+
100 200 300
mineralógica. Tal fato, se deve, aparentemente, à ocorrência de mais
)i ) de dois argilo-minerais nos sedimentos das três unidades genéticas. Õ - PRESSlO DE PRÉ-ADENSAMENTO( k Pa)
0
[I' Como a história das tensões foi diferente, procurou-se usar a Figura 10: Correlação entre E e ã-o , no trecho sobre-adensado
r1 ) pressão de pré-adensamento e, principalmente, o indice de vazios, de L
mais fácil obtenção, como diferenciadores das unidades genéticas.
,, Para as Argilas Transicionais o indice de vazios é, grosso modo,
inferior a cerca de 2 , enquanto que para os Mangues, é superior a 4;
de Alemoa e Conceiçãozinha, mais aren osas, obteve-se um valor mâdio
um tanto menor, da ordem de o, 34, conforme Tabelas 3 e 4. Para o
os SFL variam entre estes extremos. No mesmo sentido, tem-se indice de Recompressão cc.> I observaram-se relações c.;cc de 9\,
11 pressões de pré-adensamento super iores a 200 kPa para as Argilas
Transicionais; entre 30 e 200kPa para os Sedimentos Flúvio-Lagunares para a s Argilas Transicionais; 8 a 12% para as Argilas de SFL e 12\
,11 ) e de Baias (SFL) e infe riores a cerca de 30 kPa para os Mangues . para os Mangue s . Para a argila cinza do Rio de Janeiro Costa Filho
et alii (1985) reportam valores médios entre 10 e 15 %. Os dados de
li O SPT também se presta para diferenciar as Argilas Dias et al (1994) para o Rio Grande, indicados na Tabela 5, mostram
Transicionais dos outros sedimentos, como se infere dos perfis de resultados semelhantes.
I
li )
sondagens examinadas por Massad ( 1985-a e 1986-b) . Aná lises dos
dados lá apresentados e de outros, mais recentes, indicam valores de As curva s e-log p nâo são retilineas ao longo da reta virgem.
ljl l SPT variando de 5 a 25 para as Argilas Transicionais; de O a 4 para Este fato tem sido constatado nas argilas do Recife (Ferreira et
I ) os SFL e nulos para os Mangues. alii, 1986; e Coutinho et al, 1993 e 1994); nas argilas do Rio de
~I Janeiro (Lins e Lacerda, 1980; e Costa Filho et alii, 1985) e nas
. ) · o mesmo acontece com a res istência não drenada: observou-se argilas da Baixada Santista (Massad, 1985-a). Coutinho et al (199 3)
II! J (Massad , 1985-a) valores superiores a 100kPa para as Argilas têm trabalhado com dois 1ndi ces, conforme o n1vel de tensões. Os

[lr~ Transicionais; de 10 a 60kPa para os SFL e da ordem de 3kPa para os valores da Tabela 2 referem-se ao pr;i.meiro trecho retil1neo, de
Mangues (Tabela 1). maior interesse para as alturas usuais de aterros.

li )· outra forma de analisar os resultados dos ensaios de


7. PROPRIEDADES DE ENGENHARIA adensamento é através dos M6dulos de Deformabilidade com
li confinamento Lateral (EL), que é o inverso do Coeficiente de
A seguir serão apresentadas e comentadas algumas das Compressibilidade Volumétrica (m.), de uso mais corrente pela escola
li propriedades de engenharia das arg ilas das três unidades genéticas

~
(Tabelas 2, 3 e 4), mantendo-se a linha, adotada neste relato, de inglesa de Mecânica dos Solos. como não poderia deixar de ser, E L é
lll confronto, sempre que poss1vel, com as argilas de outros trechos da fortemente influenciado pela Relação de Sobreadensamento (RSA) e
costa brasileira (Tabela 5) .
Ili a) Compressibilidade Oedom~trica
pelo nivel de tensões impostas ao solo (Ü y ).

u)? para RSA>l,-EL/Ü v é uma função

l111~
Massad (1985-a) constatou que,
Com base em dezenas de ensaios feitos em amostras shelby, Isto significa dizer que existe
ll l linear· de RSA, passando pel~ ori~em.
extraidas de 17 locais da Baixada Santista, Massad (19S5-a) chegou
às relações de Cc/(1+e 0 ) indicadas na Tabela 2. Vê-se que, para as uma relaçâo linear entre EL e u., como se ilustra na Figura 10;

argilas de SFL, a média global fo i de 0,43. Para as argilas de SFL donde E ;ã- é constante. A Tabela 2 indica valores desta relação

~~ ~
L a
Ir; 116 SOLOS DO UTOAAL DE SÃO PAULO PROPRIEDADES DOS SEDIMENTOS MARINHOS 117
I~
I) 0,6 a) COSIPA (SFL)
6297
b) IGUAPE (AT)
NSM08 (6156)
Of> TABELA 6: VALORES DE
.
K E DO ÂNGULO DE ATRITO EFETIVO (f I)
Ko ~I

)
fi UNIDADE LOCAL
COSIPA
AMOSTRA IP
6297 91 0,60
(na) (na)
22 (23}
EXPRESSAO
Ko = 0 1 61 . RSA
0
'
36
r(\)
100,0

I
/
'") 0,7 SFL
= õi.- 03 Ko = 0,52.RSA
0 53
/
/
q ALEMOA 6484 45 o, 52 27 (28) ' 99,9
)
J
~
o
o, / '/
/ Õl+2Õ3
p = "--
3 - ALEMOA 6500 44 0,57 23 (19)
-
.
K = 0,57.RSA 0
'
38
100,0

~
0 54

I
AT 6491 92 0,55 25 K = 0,55.RSA
1'/ o
' 99,9

/l0 ~TA
') 0,9 NSM
IGUAPE
08-615
49 0,63 20 - K = 0,63.RSA
o
0
'
43
99,9
) 1,0 o NOTAS: 1) · ~'s
calculados pe la fórmula de Jaky: Ko=0,95 . (1-sen ~')
j
~ o 19 VOLTA exceto os valores entre(), que são de ensaios CIO-C.
) 1,1 /6 ' 2~ IDA 4 29 IDA 2) r é o coeficiente de correlação.
')
·, 1,2
0,1 1p 0,1 1,0 "Ü~
-1
) (RSA) - - (RSA)"
1
..-.. resistência não drenada, obtidas através de 5 séries completas de
ensaios triaxiais CIU-C, mostram-se também próximas entre si,
) independentemente da unidade genética (AT ou SFL}. Por exemplo, para
' Figura 11: Relação entre o K e a RSA - Ensaios de laboratório o módulo de deformabilidade a 1\ de deformação (E 1 ) , E 1 /su assumiu
') 0
valor médio da ordem de 140 (Tabela 2). Para o módulo correspondente
para as três unidades genéticas. Já acima dos efeitos do a 50\ da resistência (E ) , a média da r elação E fsu foi de 235
) 50 50
pré-adensamento, tem-se: (Tabela 2), comportando uma certa dispersão, mas muito próxima dos
)
)
EL
= 2,3
l+e
.
----c:- (2)
250 encontrados por Samara et alii (1982).

Sayão e Sandroni (1986) determinaram valores de E da argila


(f
v
cinza do Rio de Janeiro através de ensaios triaxiais segundo várias
I ) tra jetórias de tensões. De seu trabalho pode-se extrair relações do
tipo E 50 /su entre 120 e 130 (Tabela 5) . Ainda para a argila cinza
I) Para
levar em conta a curvatura da relação e-log p, nas
Ero~imidades . da pressão de p~e-adensamento, procurou-se definir mole do Rio, Ortigão e Lacerda (1979) encontraram valores na faixa
.I EL/crv em dois niveis de tensão (crv), como mostra a Tabela 2. Note-se de 100 a 150 para esta relação, obtida através de ensaios CIU.
J Portanto cerca de 50% do que se encontrou para a Baixada santista.
li que os valores de E ;ü para Ü 2:2Ü praticamente coincidem com
L v v a

'l'i aque l es calculados pela expressã o (2), usando-se os valores de c) Coeficient e de Empuxo em Repouso (K ) das argi l as
1
0
) C0 /(1+e.) da própria Tabela 2 .
Massad (1985-a e 1986-a) ap resentou resultados de medidas do K.
i) Barata e Danziger (198 6 ), partindo do pressuposto de que as em câmaras de ensaios triaxiais, numa ampla faixa de valores da
argilas das baixadas litorâneas da costa brasileira _gu~rdam Relação de Sobreadensamento (RSA), englobando duas amostras de
!I ) semel hanças entre si, chegaram à seguinte re lação média E L f <:r v =7, argilas de SFL e 3 de Arg i las Transicionais . Para as amostras da
Cosipa ( 6297) e de Igua pe , os K foram determinados na primeira
i) válida ao longo da reta virgem, o que signi fi ca Cc/(1+e ) • 0,33 0
0
"volta" e na segunda " ida" do carregamento, com valores praticamente
coincidentes (Figura 11) . Na interpretação dos resultados,
'; Correlações semelhantes à de Terzaghi, entre cc e LL, têm sido empregou-se metodologia desenvolvida por Wroth (1972).
)) divulgadas ao meio técnico. Entre elas encontram-se:
Cc=0,0186(LL-30) para a Bai xada santista (Cozzolino, 1961) e Uma nova análise foi feita pelo autor, inspirada na fórmula de
'I Parry, citada por Almeida ( 1982):
~) Cc=0,024(LL-25) para as argilas do Recife (Ferreira et alii, 1986).
I) Além da dispersão, estas correlações podem variar de um perfil para
Kn 4 .RSA~
1

outro, como observou (Costa Filho, et alii, 1985) no Rio de Janeiro. K = (:l)
o o
I) b) M~dulos de Deformabilidade Não Drenada (E)
;() onde K~· é K na co ndição normalmente adensada. Foram f eitas
0
Relações do ti po E/s u ,entre módulo de deformabilidade e correla ções estatisticas, na forma da expressão (3), cujos

~,) resultados estão indicados na Tabela 6. Considerando-se todas as

~
·j,)
118
J< SOlOS DO LITORAL DE SÃO PAULO PROPRIEDADES DOS SEDIMENTOS MARINHOS 119

lt)
,,. COESÃO ( kPo) COESÃO ( k Po)
Werneck et ali i ( 1977) , trabalhando com a técnica
f raturamento hidráulico na região do Sarapui, Rio de Janeiro,
do
o"f. , :·r ...,... ~ determinaram valores de campo do Ko na faixa de 0,69 a o, 75, em
li) profundidade~ ~ntre 4 e 6m . Em Feijó (1991) encontra-se a expressão
,) K • 0,58.RSA ' , obtida supondo ~' =25° . Levando-se em conta que no
4
o
11 E 5 Sarapu1, entre 4 e 6 m, a Relação de Sobreadensamento (RSA) osc ila
,,? E
E 51- lI
entre 1,5 e 2, conforme Almeida (1982), a aplicação desta fórmula

,! ~
<{
o
olOI
~
<{
o
w
~
tI
emp1rica leva a valores de Ko= 0,68 e 0,78, respectivamente,
bastante próximos dos valores de campo.

)1 ) z
:::>
"-
o
z
:::>
6101
z
:::>
t I
alii
Para uma argila mole do Serg ipe, (ver Tabela 5), Brugger et
(1994) encontraram a expressao K = o,6l.RSA0 ' 5 • A medida foi
,,? ~
0..1
~
:
I
LL
~
0..15
LL
o
a:
I
\
I feita em l aboratório.
o

,,~
0..15
'
c•ll+l,lh
I

' d) Resistê ncia não drenada das argi las quatern~rias


IP ESTACA 56-30mE ESTACA 56-15mE ESTACA 56+2 A resistência nl!io drenada (s 0 ) das argilas da Baixada Santista
)li ) mostram, com tendência sempre crescente com a profundidade, valores
COESÃO ( kPo) de 3 kPa para os Mangues; na faixa de 10 a 60 kPa para os SFL ; e
I~í o~. , .2?.4!Y
superiores a 100 kPa para as Argilas Transicionais. Para as argilas
,,? E E E arenosas de SFL Teixeira (1988) chegou a val ores máximos de 150 kPa,

·r
w w
~
em ensaios de Vane Test até 30m de profundidade .
o w

~·r
5 o
)11) <{
o
o
z
'I
I 0
z r I e
O
\I A este propósito e referindo-se ainda às arg i las de SFL, é
interessante r egistrar que da aná l ise de mais de mil ensaios de Vane
fiI ~ I
:::>
~ t Test , feitos em 70 locai s da Baixada Santi sta, como ilustra a Figura
''
LL :::>
LL '
) ~1 12, em profundidades que atingiam, em média, 15 m, muitas vezes 20m
~lO
LL I
J' oa:
111 Q_
0.. J' e até mesmo 30 m, como ocorreu em Piaçaguera, Massad (1985 -a)
c •16+ 1,5 z c•lll+l,6z 0.. concl uiu que s 0 /~a~0 ,43, confirmando resultado a nterior de Sousa
u/} ESTACA l27-30mE ESTACA l27-15mE Pinto e Massad (1978), e que a resistência n!o drenada do Vane Test
pode ser assim expressa :
IH
Figura 12: Resultados de ensaios de Vane Test - Baixada Santista
Ifi
,( amostras, obteve-se:
s=
u
0,43 [C~-
...
7. z)
..
+ 7.z] (5)

,,? em função da profundidade (z), o nde ua.,é a


pré-adensamento na profundidade z•• plano médio da camada de argila
pressão de
) Ko = O, 57 . (RSA) 0 ' 45
fi:J (4) SFL. Através do estudo de uma grande quantidade de ensaios na
Cosipa, Vargas (1973) propôs uma fórmula para a " coesão com um
ul que ~ válida para RSAs3, quando então o máximo desvio e ntre valores m1nimo de perturbaçao", cuja taxa de crescimento com a profundidade
aproxima-se bem da expressão (5). Dados de Teixeira (1988 ) (ver
)'l medidos e calculados não passa de 7%, em valor· absoluto . A expressão
(4) equivale â aplicação direta da expressão (3), com~'= 25,5°. Tabela 4) também confirmam esta expressao.
~, / Procedeu-se também de forma inversa, estimando-se K com base Ne ste mesmo trabalho, Teixeira (1988) propôs para su:
,,J na expressao (3) e nos ~· de ensaios lentos. Os valores obtidos
o

11~
situaram-se muito próximos dos K de ensaios para RSA entre 1 e 4. o su= (4,5 - 0,05 z). N (6)
u
.desvio máximo foi de 5\ para as SFL e de 10 \ para as ATs.

'" ( Finalmente, aos depósitos naturais de ATs estao associados


valores de RSA de 2 a 3; donde, pelas fórmulas da Tabela 6, o K deve
onde N é o SPT, indi c a de resistênc ia à penetração, e s u é a
resistência medida no Vane Tes t. Estabe leceu-a c om base em
ser da ordem de 0 ,9. Para as Argilas de SFL, com RSA~1,5 , em média,
0 correlações entre s u e z, de um lado, e N e z, de outro, como
j'u'(" chega-se a K 0 ~0,7, quando o teor de areia é baixo; ou K ~0,8, quando
são mais arenosas , como em Alemoa . 0 aquelas reproduzidas na Tabela 4, sendo, portanto, v ál idas para a s
Argilas d e SFL, arenosas e com RSA>2.
]li'(
lltl
l
)
J 120
SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO PROPRIEDADES DOS SEDIMENTOS MARINHOS 121
)
),5
~ ARGILAS DE SFL
o
ARGILAS DE SFL
LEGENOA:VER
1,5 FIGURA l '
) su
-=- =0,34 RSA0,78 2=028 RSA
Oc '
. ) 10'
......
(f)
:J
1
Oc
o lO
o
......
1 o
o
o
o :r
) ::J 201- b)AMOSTRA - 5
(f) 0,5 JURUBATUBA
n = 19 7- =19
}
J
n ENSAIO PN

) of.'o 0,2 '


s = 1,17
'
0,4
LOGARITMO DA RSA
r= 90%
'
o:6
1
0,8 o
I
2
I I

RSA
s =013
r= 8'7%
I
4 6 ~
~ 10
k=Õ3/01=0,50

) >
w
o
) Figura 13 : Resistência não drenada em função da RSA 2
... o
(/)
'lU
Para as argilas do Recife, a resistência não drenada (Tabela ct: r . , , , , , . , . , , . . 1
0
5), obtida através de ensaios de laboratório, pode apresentar-se em ~ o 10 20 50 100 150
~ -0EFORMAÇÃO AXIAL ( %)
duas faixas de valores, segundo Ferreira et alii (1986), uma delas
de 2 a 10 kPa e, a outra, de 20 a 40 kPa, até 28m de profundidade.
1 p:(Ol + 03)/2(kPo)
Para as argilas cinzas do Sarapui (RJ), em que o depósito atinge
cerca de 10m de profundidade, a faixa de valores tem sido de 5 a 10 Figura 14: Ilustração de resultados de ensaios triaxiais-Jurubatuba
kPa para ensaios triaxiais, e de 5 a 15 kPa para ensaios de Vane
Test ou com piezocones, sempre com tendências de crescimento linear 0 80
com a profundidade, exceçi!o feita à crosta ressecada. s u fÜvo = O, 27. RSA ' (10)
Argilas de SFL: a relação s fÜ em função da RS A
u c
onde su é a resistência do Vane Test; os . coeficientes de (10) foram
O autor teve a oportunidade de executar ensaios triaxiais obtidos com base em ensaios de piezocone e de adensamento.
rápidos pré-adensados (CIU-C) em 12 amostras indeformadas, extraldas
de vários locais da Baixada Santista (Cosipa; Vales dos Rios
Estes mesmos autores propuseram a seguinte expressão para a
) Quilombo, Jurubatuba, Diana; canal de Bertioga; e Ilha de Santo
estimativa de su(Vane Test) da argila de Sergipe:
Amaro), cujas carac~erlsticas geotécnicas podem ser encontradas em
) Massad (1985 -a) . As Figuras 14 e 15 ilustram resultados obtidos para q-u
um destes locais; note-se que foi adotada a metodologia do SHANSEP s u= t vo com Nk= 14, 1 (11-a)
~N--
) de Ladd (1964). Para um universo de 18 pontos (Figura 13-a) obteve: k

) onde qt é a resistência de ponta, corrigida , do piezocone. Para a


s U /iiC "' OI 34. RSA0 ' 78 (7)
) argila do Sarapui (RJ), Oanziger (1990) obteve Nk=B-12, abaixo do
valor acima, expressão (11-a). É interessante notar que
) Outra forma de correlação (figura 13-b) permite escrever:
combinando-se a correlaçi!o de Kulhawy e Maine, já citada, com a
expressão (11-a) e adotando-se NkglO, resulta:
)
S/Üc ~ 0,28.RSA ou SJÜa= 0,28. (8)
q - O' 3 • O'

--ro-" sJfi.. ~ 0,3
t vo
donde (11-b)
A titulo de - comparação, para as Argilas Cinzas Moles do Rio de u lO
Janeiro, Almeida (1982) obteve:
que é um pouco inferior à cifra indicada pela primeira das
expressões (9). Coutinho et al (1994) chegou a Nk~l3, em média, para
) s u fÜ c = O, 3 5 . RSA e s u fÜ c = 0,31. RSA0 ' 77 (9) as argilas do Recife; a resistência não drenada da expressão (1l~a)
foi obtida de ensaios de laboratório.
) embora ensaios CK o U tenham revelado valores menores. o mesmo ocorreu
Argilas Transicionais (AT): a relação s u fÜ c em função da RSA
) com ensaios de extensão, feitos numa argila plástica média do Rio,
conforme Lins e Lacerda (1980). Para a argila de Sergipe, pode-se Repetindo-se a análise acima para os dados referentes a duas
) inferir a seguinte relaçi!o do trabalho de Brugger et al (1994): amostras indeformadas de AT, extraidas em Alemoa e submet idas a
.)
I"
)
~lf
) 122
SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO
PROPRIEDADES DOS SEDIMENTOS MARINHOS 123
111 )

}') ·ll )
LEGENDA l; lP
}") b} • -ENSAIOS PN SI,MBOLO Oc ( kPa) S(MBOLO õ"c (kPa) I lo
0
o}COSIPA ( SFL}
to•~ ~UAPE(All\NSM08)
..... •CIU-C ...._ , •CIU-C
lU) 1 98 7 l!Hi ...
O' + uu-c a +uu-c
2 l% 8
'',,,)' ) to
o
.....
qi t-· - 392

o,l
X PN

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25 10 98
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5 34 ll 147 .<
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C/ ,L. I
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ADENSADAS COM Oc =294(•) E 392 kPo(••l
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o
ii I oa P /ao
111) 0..
o) ENSAIOS TRIAX I AI S CIU -C

111 )
( JURUBATUBA)
~8 Figura 16: curvas de plastificação ("Yielding")
C\1
..... 1001
In alii (1986) relatam valores de 1,5 kPa , 30 e 31 graus,
o"'
respectivamente. Valores de IP' para outros solos da costa do Brasil
I
o
... estão indicados na Tabela 5 .

'jlt)"
111 )
"
O'

o
f) Cu rvas de Plastificação

400 500 Para a determinação da linha do estado limite (também


denominada linha de plastificação, cadência ou escoamento),
jll seguiu-se metodologia estabelecida por Tavenas .e Leroueil ( 1977).
)
Segundo estes autores, acima da linha dos IP' a linha de
ju Figura 15: Trajetórias de tensões e curvas de plastificaç!o plastificação representa o critério de ruptura da argila intacta; e,
Jurubatuba, Baixada Santista abaixo, o limite entre os estados sobre-adensado e normalmente
lu adensado.
)
111 ensaios triaxiais cru-c, Massad (1985-a) obteve: Ao todo foram ensaiadas amos tras de 4 loca is d i ferent es, sendo
)
duas de Argilas de SFL (Cosipa e Vale do Rio Jurubat uba) e duas de
lU ATs (Iguape e Alemoa). As Figuras 14 e 15-a ilustram resul tados de
) sjã-c O, 30 . RSA e s u /'Uc = 0,40. RSA0 ' 60 ensaios triaxiais, relativos a um destes locais, e a Figura 15-b
Jll (12)
indica como se procedeu para definir a curva de plastificação.
' )
In . para um universo de 8 pontos. A Figura 16 mostra as curvas obtidas pelo autor para Arg ila
) Transicional e Argila de SFL. Atente-se para o fato de que as
e) Envo1t~rias de resistência em termos de tensões efetivas coordenadas destes gráficos foram adimensionalizadas em relação às
)
'l!t."
-)
Para as argilas de Santos, com IP e teor de argila superiores a
50%, ensaios triaxiais lentos em 8 amostras indeformadas revelaram
pressões de pré- adensamento, que assumem valores muito diferentes,
da ordem de 350 kPa para a Argila Transicional e 60 kPa para a
Argila de SFL. Note- se também que: a) os eixos das elipses, que são
jll) valores de tP' da ordem de 24 graus para os SFL, e, para as AT, 19 as formas aproximadas das curvas de plastificação, situam-se entre
graus, acima dos efeitos do pré-adensamento (Massad, 1985-a); as retas do IP'e do Ko; a bem da verdade, este é um dos pontos que
jll argilas muito arenosas, destas duas unidades, forneceram valores de diferenciam o modelo "Ylight" do modelo de Cam-Clay do grupo de
•) até 28 graus. Valores . de tP' inferidos dos ensaios Ko na condiçl\o Cambridge (Schofield et al, 1968); como consequência,_ ex,!ste um
lt• normalmente adensada são mostrados na Tabela 6, juntamente com os ponto ou trecho comum ã curva de plastificação e à reta p+q=u ; e b)
J correspondentes valores de ensaios lentos. Apesar do pequeno ndmero
as curvas de pJastificação cortam o eixo das abcissas num ponto tal
o
111 de ensaios, a aproximação é boa para as argilas de SFL,
) que p = o, 6 u o, o que vem de encontro a resultados obtidos por
0

111) Para a argila cinza mole, não ressecada, do Rio de Janeiro, os Tavenas e Leroueil (1977) para argi las moles de vários pa ises.
,,, dados de Costa Filho et alii (1977) e Ortigão (1980) indicam
parâmetros de resistência iguais a 1,5 kPa e 25 graus, abaixo dos curvas de plastificação, determinadas com base no modelo
,/ efeitos do sobre-adensamento; acima destes efeitos, o ângulo de
atrito efetivo é de 25 graus. Para a crosta ressecada, Gerscovich et
Cam-Cláy modificado, foram apresentadas por Almeida (1982), para a
argila cinza mole do Sarapui (RJ) e, mais recentemente, por Brugger
~} et alii (1994), para uma argila mole de Se rgipe .
. )
ll i
I !" )
l~l)
124 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO PROPRIEDADES DOS SEDIMENTOS MARINHOS 125
jll )
~~,
g) Coeficientes de adensamento 4 2
!t) na faixa de (80 a 160) .10- cm fs, bem acima dos valores de
1,, laboratório, que se situaram no i.ntervalo de (20-90) .10- 4 cm 2 /s;
Da análise de uma grande
quantidade de ensaios de segundo Coutinho et al ( 1994) , isto se deve à presença de f i nas
i )
permeabilidade (k), Massad concluiu que o produto k.~
(1985-a) lentes de areia não detectadas por sondagens. A relação kh/kv variou
v
)H) varia em faixas relativamente estreitas. Com base na expressão : na faixa 1-2,5.
111 ) (k.Ü ) . (E /Ü)
v L v
C= (13) 8. CONCLUSÕES
11L) v
'10
!íl Os estudos sobre solos do litoral paulista, em progresso desde
) pode estimar intervalos de variação para Cv, como .· seguem . Para a década de 40, quando foram iniciados consistentemente, ganharam um
-4 2 grande impul so tanto com as grandes obras viárias, construídas
,n) argilas 4
de
2
SFL chegou a (0,3 a 10) .10 em fs; e, para· as ATs, (3 a
7) . 10- cm fs. Para os Mangues, a interpretação de ensaios de principalmente na Baixada Santista, quanto com os avanços recentes
adensamento levaram a valores de (0,4 a 1,7) .10 -4 em2 js, quando dos conhecimentos geológicos de sua formação. Durante estes anos uma
jl' ) 4 2
argilosos; e (30 a 400) .10- cm fs, quando arenosos. Vê-se, pois, que quantidade imensa de 'dados, sem paralelo no Brasil, foram se
acumulando, o que possibilitou uma primeira tentativa de
jll ) numa mesma unidade genética as variações são muito grandes,
sistematização dos conhecimentos existentes.
confirmando a extrema heterogeneidade dos solos litorâneos.
!li ) Como, geneticamente, a costa brasileira comportou-se de forma
Durante a fase de investigação do subsolo para o projeto da Via
lil dos Imigrantes, na Baixada Santista, foram realizados ensaios de homogênea, do NE ao Sul, foi possível mostrar relações de afinidade
l) permeabilidade ~~ situ, por bombeamento, que revelaram valores de k entre os solos nela ocorrentes, desde que se trabalhe com parâmetros
adimensionalizados. Neste contexto, a pressão de pré-adensamento
r.f' ) da ordem de lo cmfs (Vargas e Santos, 1976), cem vezes superiores
jogou papel decisivo, o que recoloca a origem geológica como questão
ao obtidos em laborat6rio. Este resultado viria a ser confirmado
posteriormente por Sousa Pinto e Massad (1978), ao analisarem os central . Ademais, conhecimentos de um local, como a Baixada
lt!) aterros experimentais da Imigrantes. Santista, poderão ser extrapolados para outros locais, como os
1 Litorais Norte e Sul de S. Paulo, carentes ainda de investigações
1'1
I' ) Da análise de doze casos de obras instrumentadas na Baixada geotécnicas sistematizadas, que só o tempo pode propiciar.
,,,, Santista, incluindo-se aterros sobre solos moles (Imigrantes,
) Cosipa, Alemoa, Itapema e Conceiçãozinha); tanque de óleo em Alemoa, Os ensaios usuais de caracterização e identificação da Mecânica
e edifícios em Santos, chegou-se à conclusão (ver Massad, 1985-a e dos Solos revelaram-se de pouca serventia para distinguir as argilas
J1!1) das três unidades genéticas, a saber, as Argilas Transicionais (mais
1988-b) de que, para carregamentos flexíveis, os Coeficientes de
antigas), as Argilas de SFL (mais recentes) e as Argilas de Mangues.
]1!1) Adensamento de Campo (Cv) variam de 15 a até 100 vezes os valores de
Mostrou-se que o índice de vazios, a pressão de pré-adensamento e a
laboratório. Tal fato é atribuído mais à grande heterogeneidade das resistência não drenada, inclusive o SPT, tomados concomitantemente,
jlil ) camadas de argilas, com teores de areia variáveis, do que ao permitem diferenciar entre si as três unidades genéticas.
sobre-adensamento, para níveis de tensões impostos (peso pr6prio
!111 mais acréscimo de pressão devido ao carregamento) de .1 a 2 vezes a
. ) A distribuição superficial dos diferentes sedimentos no litoral
]'I pressão de pré-adensamento. Para os casos· dos Edifícios de santos, paulista é conhecida, graças aos mapas geológicos existentes. Em
I) os valores de campo foram de 10 a 20 vezes os correspondentes sub-superfície, · os conhecimentos se restrigem ~ Baixada Santista,
111 valores de laboratório, sendo, portanto, menores do que os obtidos face às milhares de sondagens lá executadas nas últimas 5 décadas.
com "carregamentos flexíveis" (Massad, 1988-b). Uma possível
· ) explicação para este último fato estaria nos efeitos tridimensionais A Caulinita é o argila-mineral predominante nas Argilas
]111 da interação solo-estrutura.
.) Transicionais, o que é compreensível à luz de sua origem geológica:
o recuo do mar há 17.000 anos atrás propiciou ambiente bem drenado,
1111
) Para a argila cinza do Rio de Janeiro, cita-se trabalho de além do clima semi-árido . Já para as Argilas de SFL podem prevalecer
Regina Terra (1988), de interpretação de medidas de recalques no quer a Caulinita, quando a sua formação deu-se pelo retrabalhamento
l!i ) Aterro Experimental II do sarapui, nos trechos que não foram das Argilas Transicionais; quer a Montmorilonita, quando a
tratados com drenos . Chegou a coeficientes de adensamento, no trecho sedimentação se deu em lagunas ou baias.
!1!1
virgem, de 20 a 30 vezes os correspondentes valores de laboratório,
) estes últimos4 divulgados por Coutinho e Lacerda (1976) como sendo da O sobre-adensamento das argilas do litoral paulista foi causado
!JII 2
ordem de 10- cm fs (Tabela 5). Segundo Danziger (1990), ensaios de por sobrecarga: a) do peso total de terra nas Argilas Transicionais,
) piezoc9ne, correspondentes, portanto, à condição sobre-adensada, face ao grande abaixamento do nível do mar há 17 . 000 anos atrás,
lll indicaram valores de Ch na faixa de (24-67) .10-4 , próximos aos que lhe.s imprimiu um forte sobre-adensamento; b) de flutuações
) negativas do nível do mar, durante o Holoceno, que deram um caráter
[1'1· obtidos em ensaios de adensamento com drenagem radial externa. Para
de levemente sobre-adensado a Argilas de SFL: e c) da ação de dunas
) estes solos a relação kh/kv situa-se entre 1 (sobre-adensado) e 2
holocênicas, resultando, em alguns depósitos de Argilas de SFL, um
)IJ (normalmente adensado). elevado sobre-adensamento. Estas conclusões têm sido confirmadas por
,,,( Ensaios de piezocone, feitos no Recife, revelaram valores de ch
resultados de ensaios de adensamento, de piezocones e de medidas de
recalques de aterros, em vários pontos da Baixada Santista.
II!!J
,.,)
'1
I I)
I)
127
126 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO PROPRIEDADES DOS SEDIMENTOS MARINHOS
ll )
.11 ) Parâmetros como os módulos de deformabilidade, o Ko e a
resistência não drenada puderam ser relac ionados com a Relação de
CONGR. BRAS. MEC. SOLOS E ENG. FUND. - Foz do Iguaçü (no prelo).
COZZOLINO, v. M. ( 1961) " Statistical forecasting of compression
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1 ~~ ) Outros parâmetros como o índice de compressão, ângulos de
atrito efetivos, de ensaios triaxiais, foram determinados, de forma
da história geológica recente da região" . In: X CONGR. BRAS. MEC.
SOLOS E ENG. FUND. - Foz do Iguaçú (no prelo)
consistente . Estes últimos mostraram-se coerentes com os ~· obtidos FEI JÓ, R.L. (1991) "Relação entre a compressão secundária, RSA e
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1)
de plastificação de forma aproxima damente elitica, como preconizado GERSCOVICH,O.M.S., COSTA FILHO, L.M. & BRESSANI, L . A. (1986)
;, )
1
pelo Modelo Ylight. "Pr opriedades geotécnicas da camada ressecada de um depósito de
argila mole da Baixada Fluminense." In VIII CONGR . BRAS. MEC. SOLOS
~I ) Espera-se, com o uso mais intenso do p iezocone e de outros
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l) Simpósio Sobre Depósitos quaternários das Baixadas Litorâneas que basica mente foram projetadas em tubulões executados com o uso
Brasileiras: Anais, Rio de Janeiro, vol 2, p.5.1-5.25 de ar comprimido.
11 ( VARGAS, M. (197 3) "Aterros na Baixada de Santos" . Revista
Politécnica, Edição Especial, p. 48-63 . Quando dos estudos preliminares, o Eng• Hastropietro, da
~) VARGAS, H. & SANTOS, O.P. (1976) "Filosofia e condicionantes de Alpina, consorciada no Escritório Figueiredo Ferraz, sugeriu que
fossem utilizados anéis de concreto, afastados do fuste dos
~?
projeto da Rodovia dos I migrantes, no trecho da Ba ixada Santista" I
Seminário OERSA , RODOVIA DOS IMIGRANTES, p. 107-113, Junho. tubulões, de maneira a se deslocarem com um movimen to do t alus sem
VELLOSO, O. A. ET ALII (1978) "Fundações Para Silo Vertical para 100 encostar nos tubulões, de modo que estes não recebessem qualquer
~( mil Toneladas no Porto de Paranaguá". VI CONGRESSO BRASILEIRO DE
MECÂNICA DOS SOLOS E ENG. DE FUND., Rio de Janeiro, V. 3, P. 125.
esforço horizontal.

I~ WERNECK, M.L. G. , COSTA FILHO,L.M. & FRANÇA, H. (1977) "In situ


permeability and hidraulic frature tests in Guanabara bay clay".
INTERN. SYMP. SOFT CLAY, Bangkok, Tailândia, July, p. 399 e
Em artigo publicado pelo Eng• Antonio Francisco Fernandes, do
OERSA, às páginas 155 e seguintes do I Seminário DERSA realizado
em 1976, no mesmo volume consta um trabalho do Eng • Eliseo Celso
li
s. WROTH, C. P. ( 1972) "General Theories o f Earth Pressures and
?
J(
Deformations". 5 EUROPEAN CONF SOIL MECH FOUND ENG, Madrid, v.
2:33-52 .
IJ
li
' ;?
)
) 130
SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO FUNDAÇÚES NA SERRA 131
)
) Bernini que na ocasião era Engenheiro da Consul trix (fls. 59 a
62 ).
)
Neste trabalho são apresentadas a problemátjca e os critérios
) para liberação das fundações.

") A idéia de uso dos a néis de concreto e sua distância em relação


N aos tubulões visou garantir estabilidade das fundações por um
)

)
) o período bastante grande após o qual tendo os anéis encostado no
fuste seriam os mesmos refeitos, reproduzindo-se a situação
inicial por um período pelo menos igual ao da 1• etapa.

Evidentemente todo este mecanismo está ligado a uma monitoração


constante do eventual deslocamento das camisas. o DERSA ficou
) encarregado de contratar firmas que fizessem esse serviço.

) Recebemos relatórios de medidas fe itas pelo IPT no ano de 197 6 ,


pela COEPE em 1979 e novamente pela COEPE em 1985. Essas leituras
) que infelizmente não "estão correla cionadas entre si, indicam
movimentos muito pequenos, pelo menos no período de observação.
)
Na tese já citada, do Eng• Roberto Rodrigues, fls. 92 , constam
) valores de des locamentos que o mesmo deve ter obtido de outras
fontes . Esses deslocamentos variam de 8,82 mm no VA19 a 37,8 mm no
) Km 55,9 correspondendo ao VA17j18 até 1990 .

) Esses deslocamentos são muito inferiores aos valores previstos


inicialmente que admitiam deslocamentos de até 50 em.
) VIADUTO
De maneira geral , os tubulões dos viadutos foram executados sem
I) qualquer problema maior com exceção de ocorrências local izadas de
TRA fendas na rocha. Apenas o VA21 apresentou alguns problemas
I posteriormente que passamos a descrever .
)
I
. )
2. LOCALIZAÇÃO
I
)
l) O v iaduto VA-21 da pista ascendente da Rodovia dos Imigrantes
I está localizado no trecho de transição entre a Serra e a Baixada
) Santista.
I. É um viaduto de t ransposição d a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega
) e os trilhos da Fepasa. É o último viadut o do trecho Serra da
I
Rodovia.
)
I) Nesta região foi projetada e construída uma alça de ligação da
Rodovia Padre Manoel da Nóbrega com a Rodovia dos Imigrantes,
'J conforme pode-se ver no croquis da figura n• 1.
I
4) 3. ASPECTOS GEOLÓGICOS
F IGURA
)
f ALÇA DE LIGAÇÃO - CROQUIS No trecho Serra da reg ião do apoio 7, encontra-s e uma camada
) supe rficial de argila sil tosa, pouco arenosa, cinza amarelada de
f natureza coluvionar (talus) que pode atingir espessura de a té 4 m.
1)
~)
~ .
l)
. li
)

132
") SOLOS DO 1 ITO RAL DE SÀO PAULO FUNOAÇOES NA SE RRA 133

ll)
Subjacente a este horizonte, ocorre areia fina, siltosa, micácea,
11) cinza, pouco a medi a mente c ompacta, com espess ura média de 4 m
) seguida de rocha alterada de 2 m de espessura e rocha sã
constituída de Biotita- Gna isse a partir dos 14 m. o lençol
IL freático encontra-se a pequena profund i dade, aprox i madamente a 2m.
11 )
)I ) 4• FUNDAÇÕES

'II ) As fundações do viaduto no trecho a montante da Rodovia Padre


li ) VA- 21 João Manoel da Nóbrega são em tubulões executados com auxilio de
ar comprimido e no trecho da Baixada onde predominam os sedimentos
) ALÇA DE L 1GolÇ4()
quartenários e devido às peculiaridades encontradas, além da
')
.b.
solução em tubulào e ar comprimido, alguns apo ios foram executados
com estac as metálicas e esc avadas com perfuratriz Calweld, embora
inicialmente estivesse prevista a so l ução em tubulões par a toda a
')
I!')
obra .

I ,:,, 5• MOVIMENTO DO MACIÇO


)1 )
Na região de montante do viaduto havia sido projetada a alça de
11 )
ligação com a Rodov ia conforme pode-se ver na figura 1.
u) A figura 2 apresenta esquematicamente as condições de
Ir ( implantação da alça de ligação que previa a execução de um pequeno
aterro sobre o terreno coluvionar na região a montante de apoio 7 .
)
11 1 o viaduto VA-21 estava já em fase adiantada de construção com a
) laje do tabuleiro inclusive concretada, faltando apenas a execução
,111 da pavimentação e outros serviços complementares.
ju, Embora o mapeamento acusasse um corpo talus de pequena expressão
) (figura 3), inexplicavelmente os tubulões do apoi o 7 não estavam
1~1 1 T37 T38 T39 com as camisas de proteção preconizadas em todas regiões onde
111) ~ ~ ~
fossem detectadas camadas de natureza coluvionar.

Os serviços de terraplenagem prosseguiam normalmente e quando o


1
111) -$· -$- -$- aterro estava praticamente atingindo o greide final notou-se a
,,,. ~
T34 T35 T36 movimentação do viaduto acusado pela abertura da junta do
tabuleiro no apoio 7 do lado de jusante que atingiu 12 em.

lb f Após análise da situação, a Fiscalização e a Projetista

l, (
jr ~
resolveram efetuar imediatamente a alivio a montante, removendo-se
a sobrecarga do aterro que causara o movimento.
Paralelamente aos serviços de alivio, foi efetuada inspeção dos
fustes dos tubulões constatando-se que os mesmos apresentavam
lrn FIGURA 2
trincas próximo ao bloco de coroamento. Foi projetada a execução

111 t SEÇ40 ESQUEMÁTICA- APOIO 7


das camisas de proteção tanto para a
tubulões bem como para protegê-los contra
de talus.
execução do reforço dos
os movimentos das massas
111 (
Devido à presença do lençol freático a pequena profundidade,
,!,( foi providenciado um sistema de rebaixamento através de poços
)1 1(
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t)
•...)
,,,
134 135
SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO FUNDAÇÕES NA SERRA
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ROCHA
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IH, FIGURA 4

IP1. CAMISA DE PROTEÇÃO DO TUBULÁO

Inr
I
SEDIMENTOS RECENTES
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MEDIDAS DE A l'l.E._ffiQli ÇÃQ
llji 'CõN'VERGENCIA
I
li) I
MONTANTE
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FIGURA 3
ju r ~
MAPA GEOLÓGICO o
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(/)
1111
) F IGURA !!
11111
DETALHE DA INSTRUMENTAÇÃO
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1111
·~ )
R) 136 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO
li ~
11 ~ injetores em torno do apoio para
execução das cami sas de concreto .
possib i l i tar a escavação e

11 ~ Dura nte a fase de escavação f o i então p ossível ins p ecionar c om


cuidado a gravidade das lesões p r ovocadas pel o esforço h o rizonta l
111) da camada de ta1us. FUNDAÇÕES RASAS NA BAIXADA SANTISTA
~ ~)
!!;.)
.\
~I
)
O que se pôde verificar durante a esc avação é que o viaduto
retornou gradativamente à p osição ori g i nal à med ida que a
escavação prossegui a. o refo r ço dos t Ubu lões cons ist i u no seu
encamisamento em toda a espessura d o ta1us •

Após a ocorrência do fenô meno e sol u cionado o problema da


fundação seria necessário estudar uma soluçã o para este trecho da
Alberto Henriques Teixeira
l)J
!li alça de ligação. Após vários estudos, optou-se por mudar
) parcialmente o traçado neste t r e c ho final da l igação, projetando-
111 se um pequeno viadut o l i gando-se diretamen te a o viadu to VA-21 e m
detrimento da qualidade do traçado .
~I
RES UMO
6. BIBLIOORAFIA
lll
lli )-, BERMINI E.C. (1976): "Problemática e Cr itér i o s para Liberação de
O traba lho apresenta e analisa as caracter íst icas geotéc n icas
e a s proprieda des de engenharia dos solos situados especificamente
111 Fundações - Anais d o 1• Seminár i o DERSA - Rod o via d os I migrantes, na faixa praiana das ·cidades de Santos e São Vicen t e , onde no perío
São Paulo, p. 59-62." do de 1946 à 1975 foram e ri gidas muitas centenas de edifícios resi~
d e n ciais do grande porte .
111 '\ FERMANDES, A. F. (1976): "Problemas na Impl antação dos Vi adutos no
Trecho Serra da Rodovi a dos Imigrantes - Anais do 1• Seminário São a presentadas e dis c u tidas a gr a n de~a e a d istribuição dos
111 DERSA - Rodovia dos Imigrantes, São Paulo, p. 155-171. r eca lques d esses edifícios todos apoiados em fundaç ões diretas r a-

~:
s as, comparando-as com aque l as estimadas por cálculos teóricos , bem
RODRIGUES, R . ( 1992): "Caracterí sticas geológ i cas e geo técnicas como a sua evolução com o tempo considerando-se a grande dife r ença
interveni e ntes na e stabilidade d e massas coluvi ais d a Serra de entre os coeficientes de adensamento determinados e m laboratório e
Cubatão - SP", Dissertação de Mestrado, E. E . São Carlos , USP, p. a q ue l es medidos no campo .
11 116.
São c ome nt a d os o s efei tos decorren tes da i nte ração de p réd ios
I .jl c o nt í guos e as co nsequênc ias do emp r e go d as [undações rasas no com-
po r tamento estrutural e seus efeitos sobre a funcio nalidade do s edi

~:
fícios .

) 1. I NTRODUÇÃO

I~ I ) Face a e xi stência de uma camada s uperficia l de areia medi ana


.Ir> mente compacta a compacta todos os edifícios residenciais de até
li 18 pavimentos construídos na orla praiana de Santos e de São Vicen
te no período de 1946 à 1970 são dotados de fundações diretas quan
,,
!I J do já se sabia que as mes mas estariam s ujeitas a re calques de gran
) ) de mon ta de v ido a existênci a de camadas profunda s e espessas de ar
li gi la s mari nhas muito comp r essíveis .

Na ocasião era inviável, quer técnica quer economicamente , a


Jll e xecução de fundações profundas que eliminassem ou reduzissem esses
i li
r e calques , de modo que os proprietários, os construtores e os usuá
r i os dos edifícios eram al e rtados pelos projetistas das fundações-
das consequências futuras d a grande ~ a e da evolução d os reca lques
,li c om o correr do tempo so bre o compo r t ame nto e o de s e mpenho dessas
e di ficações .
,,
:l i
!')
,li) 139
138 SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO FUNDAÇOES RASAS NA BAIXADA SANTISTA
),.)
Mesmo quando inicialmente se contou com recursos técnicos A espessura mínima desta camada de areia pode chegar excepcto
:1) para execução de estacas através de camadas de areias compactas e nalmente a 7 m, bem como ter bolsões de compacidade f ofa à superfí=
li.
I '·)
podendo c hegar a profundidades superiores a 30 m, os empreendendo- cie . A med ida que se afasta du praia no senti do de Cubatao ou no
res imobiliários julgavam inviável economicamente o uso dessas fun s e ntido de Concciçãozi nh a ( Guarujá ) a te nd ê ncia é do desaparecime n-
dações. -
IH) to do sed i me nto ar e noso , resta ndo ape nas um horizonte de ar gi l a de
consistlncia mu i to mo l e . As argilas subjacentes à camada de are i a
'l i.) Os proble mas se agravaram quando a especulação imobiliária e ncontram- se e m camadas cuja espessura pode alcançar até 16 rn, as
levou o número de pavimentos para 18 e começou-se a t er o problema quais foram intensamente pesquisadas no per íodo de 1946 a 1960,
I• da fort e interação de prédios contíguos, apesa r dos al ertas aciona quando ocor reu na orla praiana um grande sur to de construções de
1 dos pelos especialistas de fundações eporentidades profissiona is - ed i fícios entre 10 c 18 pavimentos . A grande maioria das amos tras
sobre os problemas decorrentes do desempenho dessas edi ficações . indeformadas d as argilas fo i obtida por meio d e amestradores du pd-
11 ) rede delg ada (tipo " shelby ") de 4" de diâme tro.
Jt) 2. CARACTERÍSTICAS GEOTÉCNICAS Em algumas áreas foram detectadas camada s de argila de cor
!L) cinza cla ra situadas e ntre profundidades de 30 me 4 5 m (vide fig.
3) e de espessuras não superiores a 5 m. Tais s olos devem pertencer
1•~ O subsolo da baix ada santista é constituído por sedimentos
quaternários os quais fo ram es t udados principalmente por Machado
a c ategor ia das argilas transicionais estudadas por S uguio e Martin
(197 6 ) e Massad ( 1985) .
I (1954, 1958 e 1961) , Tei xeira (1960a, 1960b e 1960c), e mais recen
temente por Massad (1985 e 1986) . Na fig. 1 é apresentado um per= Na fig . 2 , 3 e 4 são apresentados três perfis típicos publica
I fil sintético ao longo da orla praiana das cidades de Santos e de dos por Teixeira (1960a) , e onde constam os principais parâmetros-
,, São Vicente pelo qual nota-se uma al t ernância de camadas de areias
e argilas com espessuras de ordem decamétricas . O embasamento cri~
da s a rgilas marinhas e algumas correlações estabelecidas entre eles .

,, ta lino, constituído por rochas gnáissicas e graníticas, foi regis-


trado em profundidades de até 65 m ou mais . Essas rochas afloram
Pelo exame desses perfís , e de outros publicados, '.:: iram-se as seguin-
tes conclusões :-
em algumas áreas formando colinas e ilhas, algumas com altura de Pelos índices de resistência à penetraçio ( SPT ' S) medidos nas
lt 200 m. sonda g e ns as argilas são classificadas como sendo muito moles, toda
*WVlCCifTt AV. aMlOl.OWU A'tAlMaAAiff(
via p e los resultados de ensaios de resistência à c omp ressào simplei
AV. M o\IIIOU
lit OA IIÔUlU
AVI'IUW!l $0lt O[ Of 4õu$W.ÂO $Al-0ANMA (valores entre 0 , 6 kgf/cm' e 1,5 kgf/cm'J elas se si t uam na catego-
f~~'\ I 04 U MA I
ria de argilas de consistência média a ri ja. Is to deve -se ao fato
lit da sua sensibilidade ser da ordem de 4, conforme vi- s e no diagrama
J de variação da res istência à compressão uniaxial apresentado na f iy.
1
11
I )
2.

11 Apesar da sua aparente ho moge ne idade as propriedades da argila


\
variam ligeirame nt e e n tre diferentes locais .
li
li )

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";" IIOISTlMciA
......Do KJO UH(..CO À~ UM
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~-~-rríE" " =
Em grande parte da área defronte ao mar a deposição superior
h é de areias uniformes (0,1<~<0,2 mm) geralmente medianamente compac
u? tas (SPT ' s variando de 9 à 30) . O peso específico desse sedimento-
se situa entre 2 e 2,2 tf/m' e possue um ângu lo de atrito interno
,,; de 28° à 32° . Provas de carga realizadas median te carregamento de
placa rígida de 80 em de diâmetro , assente à profundida d e de 1,50m,
r esultaram em diagramas pressões x recalques praticamente lineares FIG. 2- PROPRIEDADES GEOTtCHICAS DA UG ILA ( EDIFICIO I. A)
até 70 t f/m 2 , com recalques totais de cerca de 9 mm e re calques re-
·lt'' siduais da ordem de 3 mm.

ll)
,,)
)
I') 140 141
SOLOS DO LITORAL DE SÀO PAULO FUNDAÇCES RASAS NA BAIXADA SANTISTA

'~ Há uma grande variação das propriedades entre pequenas diferen


ças de profundidade. Isto deve-se, principalmente, a presença de -
::~-1 1 ~:~1 . . ;-.
I
i)
lentes muito delgadas e horizontais de areia dispersas no seio da ar
gila. ·'•'J --"': . · ·. _: -__,
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·:~~~·~...~~~~~~.Tt ·.::· :··., uw•trsoec~ubcu.
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~ -~ )4 ;,:::;~~~~·~[.;.;;\ .~.::r.i•• ' '' • •[DI•ICIO IN •CAkA.C1 ( 1U5f iCA$ GCO'IíCNJCAS 00 SU(:ISOLO

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)
'J I I I J="'b
Tfi14
.,, ~!ofl..••\.t•ttr!"t
-. •
Dada a boa qualidade das amostras e nsaiadas , as determinações
\ ao so . .-o » ao 10 • das pressões de pr6-adc n sa mento sâo bem cnnf i iveis , de forma que
, •• ,... .,.._.,001-1%1
.: o,• ' pode- se afirmar qu e as argilas da área e m análise são normalmen te
) j.. .. . . . . .;.. '- ~.
'Cl•" ~. •
adensadas. Es te [alo é de grande rep erc ussão prática com relaçlo
à grandeza dos reca lques de fundações e não confi rma as corre tas
) Jl!t ..• ,.._--:::- conclusões alcançadas por Massad (1 985 e 1986) e Teixeira (1 9 88)
IG. ) .. ~:~~~o:· u~fOtiCNICU com relação ao pr~-adensamento verificado nas argilas marinhas das
...~- ±
, .:--:1:,.:--:1••:--:l.:--:o!.,.e--:-"!::.----:!,..
formações vizinhas (Cubatão, Conceiçãozi nh a e outras áreas).
)
) Todavia , em muitos casos , há uma lei de var iação linear de al- 3- FUNDAÇÕES
guns parâmetros com o aumento da profundidade, como por exemplo , na
fig. 2 ( y x ~ e Pa x z l e na f ig . 3 ( qu x z e Pa x z l .
Quando da construção dos primeiros edifícios de grande porte
Nas zonas de transição entre as camadas de areia e de argila na orla praiana no ano de 1946 a ~ngenharia de Fundações brasilei-
(ou vice-versa) há um horizonte de areia argilosa e de argila areno- ra dispunha de meios técnicos limitados a estacas pré- moldadas de
sa (ou vice-versa). concreto de comprimento máximo de 14 m, estacas Pranki e tubulões
pneumáticos , na época sem condições técnicas de implantar elementos
As argilas são muito compressívei s ( Índices de compressão va- atravessando a camada superficial de areia compacta e alcançar até
r iáveis ente 0 ,8 e 1,2). profundidades de 30 à 40 m, ou mais .

. Pelo exame dos gráficos que mostram a variação da pressão de Face a esta impossibilidade técnica optou-se na época por fun
pré-adensamento com a profundidade com aqueles das pressões geostá- dações constituídas por sapatas apoiadas na areia medianamente com=
ticas e f etivas verifica-se uma razoável coincidência entre ambos . pacta à c ompacta à profundidade de cerca de 1,50 m, sabendo-se que
elas e stariam sujeitas a recalques totais de cerca de 50 em ou mais
)

)
FUNDAÇÕES RASAS NA BAIXADA SANTISTA 143
·a 142 SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO

l. dependendo do porte do prédio (nas ocasiões variáveis de 8 a 12 pa- Atualmente, decorridos 46 anos da sua cons trução , o recalque máxi-
vimentos ou da disposição e geometria das camadas de argila no sub- mo (pilar P.l) já é superio r a 1m .
I
li
lll
1
1
solo) .
Na f ig. 5 é apresentada a planta de locação de pilares de um
edifício de 15 pavimentos ( Edifício S . A. l cuja construção foi ter-
minada em 19 48 e apoiado em sapatas isoladas que a~licam na areia , à
··~
01\1
- 1' l w" O
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I O tAS~

J.
I
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-Hr·-1 -
...,.,
h
H ,_
-
1
profundidade de 1,20 m, a pressão de 2,5 kgf/cm. As sapatas são - I- - H-
li interligadas por um reticulado de vigas robustas de concreto armado
(dimens ões de 40 em x 80 em) cuja final idade e r a de introduzir uma
o

~
.- liol
.

:"
rigidez adicional à estrutura e reduzir, desta forma, os recalques
diferenciais entre o s pilares. Nessa planta estão os resultados ." 1'.
~
.. IY. ~
.
1] das medidas dos recalques apresentados na forma de curvas de igual
recalque quando a porcentagem de recalque era de cerca de 80%. •o
~

~
I-
!=....."
'

l
Na mesma figura são apresentadas as curvas de igual velocidade de
recalque por ocas iãõ do final de construção do prédio. •o . - r-- i ...
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70 ~ -- ~

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Fll. I -tOtnC~ ~A. ·CURVAI Tlf.KAS ltMIO a .tCAUII.IU
l TlMPO 1 Vn.acJDAot M UCA~S

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,, A - RECALQUES MEDIDOS ICE.NT(IIETROS I

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li A .. RlCALOUES CALCULADOS Ct• 1

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q li -VELOCIDADE DE RECALOU[ NO ,I NAL O-' CONSTRUç:Ao(MMidlol
..... .....
~~ 10
8 ~ RECALOUU WEOIOOS E EXTRAPOlAOOS te.11)
to

FIG , ' - EOIFfCIO S. A. - RECALOUU MEDIDOS E VELOCIDADE DE RECALQUES

Na fig. 6 são apresentados gráficos da variação, como correr "G. 1 •EDIFftoO I.A • RECALOUU CAI.CUlAOO$ E MEDIDOS (EXTRAPOLADO$)

1, do tempo , dos recalques e da velocidade de recalques de pilares CU RVAS DE IGUAL RECALQUE


~ípicos desse edifício.

11
li
rlm
11 1 144 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO FUNDAÇOES RASAS NA BAIXADA SANTISTA 145

)UI
i
...
Pl _..,
4. FATORES QUE INFLUENCIAM A GRANDEZA E A DISTRIBUIÇÃO DOS RECAL
lU~ QUES
Jll
Os fatores que mais influem na grandeza e na distribuição d os
lll recalques são os seguintes : -
1 Número de pavimentos - na fig. 9 é apresentada a ordem de gran
111~ deza dos recalques pelo aumento do número de pavimentos, consideran-
do-se uma camada de argila compressível de 10 m de espessura. -
lfJ
Espessura, posições e características geotécnicas das camadas
111 A- R ECALQUES CALCU LA DOS l <ml de areias e argilas em profundidade. Os edifícios situados entre
o meio e o final da Av. Bartolomeu de Gusmão têm recalques bem mais
IIJ acentuados po i s, nesse trecho, a camada de areia superficial ' é mais
de l gada e as camadas de argilas são mais espessas.
llt( .. Na fig . 10 é mostrada a influência da geometr i a da camada com
li! .....,/. ~'.!-> pressível e de suas características de compressibilidade .
....
Forma em p l anta do edifício. A forma ideal é a r e tangular
UJ

ll
·~

.S%Y·:
/(./.
para se ter simetr ia na distribuição dos recalques, não sendo r eco
mendadas formas em T ou L, pois nestes casos ocorrem reca l ques di=
ferenciais de desaprumo da estrutura. Na fig. 12 é apresentado o
caso de um edifício em for ma de "L" publicado por Machado (1961),
,p no qual o desaprumo (inal da estrutura foi superior a 30 em .
!(!ti
•'
B -R ECALQUES MEDIDOS EXTRAPOLAOOS l <m l Diferenças de alturas no corpo do edifício . Na fig. 1 1 mos-
clllj tra~se esse f ator que l eva a reca l ques que desaprumam a estrutura.
1

11[~1 F IG. 8 '


• EDIFICIO I.B. DE 14 PAVIMENTOS- RECALQUES CALCULADOS

1111
E RECALQUES MEDIDOS EXTRAPOLAOOS
w~~r~~uo
• 10
u 'AVIMliiiTOI
.. 10 ..
111 Na fase de projeto das fundações foram feitas estimativas dos .. ~
o

.w
reca l ques empregando-se, para o cálculo das pressões despertadas ~ ,.t~
111 nas camadas de argilas e em d i ve rsas profundidades, a fórmula de :::--.....
......,
nr
Boussine sq considerando-se as cargas dos pilares como sendo pon-
tuais e independentes entre si, e os reca l ques eram calcu l ados pela
!
...,
.. " '<.......
'F, R
L., ~
!
1\ ( I' I /I·J;

""
teoria do adensamento clássico de Ter z agh i .
1111. o

.... -
J

Nas fig. 7 e 8 são apr e sentadas comparaçõe s dos recalqu e s c a l ,____ lliJ 1'\..
1111] culados com aqueles medidos. Para efei t o dessa comparação os recai
'\. - ~m
ques medidos 'pois as porcentagens de r e calques primários e ram de
~
-;
cerca d e 60%) foram e xt r apo l ados por m~ todo propos t o por Teixeira ·- i
-AIIIIIL A f'llfAOE..SAOA

1
1111 -AIUiiLA
-U.M.AOA
..OIIIMALIIlNTL AK'WSAC-4
O( A.IIGALA 0[ fi PtUUU \'.AII•iVtL
(1960b).

Pt.0s inúmeros casos d e pré dios anal isados conclui-se que os


..
lO ti • U:• .m•1,.•)1: COW.PittS.SJttl,.tOAOt
VAitiÁVII., C Dl +20.,..}.
•tCM.CIUl 01,-(.tU•C IA\,., • l 'c•
UUSA 'ots.APIIWO OI: c • ,.,_

reca l que . máx i mos previstos pe l o cá l culo concordam, para fins prá-
ticos, muito satisfatoriamente com aqu eles me didos, todavia os r e - fiG. 9 •IHfi.UÍNCIA DO N ÚWUO DE I'AVIW[NTO$ fiG.lO •INfL\I(HCIA DA GE:OW(TIUA DA CAMA DA COWPII:US(vEL
ca lque~ tot ais minimos são subestimados por não se levar e m conta ( 0( SUJ.S CARACTERÍSTICAS O( CCMPRUSIIILIOAO(

a rigi . . z estru t ural a qual causa uma transferência de cargas de


centre pa r a a per i f e r ia da e strutura . Assim, os recalques diferen
ciais específicos (disto r ção) ca lcu l ados s ão ma ~ or e s do que a qu e l es
med i d o s.

Jlij
'I
tll! ;!
111 :j
111]
I!
146 147
SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO FUNDAÇÕES RASAS NA BAIXADA SANTISTA

•or-----------,r-----------,•o Todavia , somente com o aparecimento do Método de Asaoka (1982)


aprimorado por Massad (1982) foi possível dete r minar com a precisão

j~ -
adequada o coeficiente de adensamento real utilizando- se as medidas

~-~
de recalque .
Na fig . 13 apresenta-se a aplicação do Mé todo de Asaoka- Massad
para os dados do Edifício S . A. de 15 pavimentos e do Edif ício u. -
.o 1 ::::........, i _....,.- I 10 pavimentos e espessura da camada de argila de 16 m conforme fig .
11 tU , .. ,
3 . Os valores dos coeficientes de adensamento assim determinados
variam entre os limi tes 5,3 x 1o-'cm'/seg e 7 , 0 x 10-'cm'/seg, com va-
li lor médio de Cv = 6 x 10-'cm' /scg .
<D. <D. <D.
r=-1 r;õ"1i";1 • r=-1
IJ t....:.::J ~ ~ Os coeficientes de adensamento determinados em laboratório e
I I I
• corrigidos pelo método proposto por 'Peixeira ( 1960al têm valores em
li FIG. ll· INFLUfHCIA DA DIFERENÇA DO NÓIIEAO
DE PAVI IIENTOS HO CORPO DO PRÉDIO
"'· U • EFttTO 04 (OMirU 00 (O.,fciO [ • ' l' Hl. Ol stfU!IUI(Io CO$ •f:.t..Outs
tor no de 3 x 10-4cm' jseg, resultando a rela<;ão
li Cv campo ..,
20
IJ cv lab

li 5. TEMPO DE OCORRÊNCI A DOS RECALQUES

11 6. RECALQUES SECUNDÁRIOS OU SECULARES


Alguns anos após o início das medidas sistemáticas de reca l-
111 ques constatou-se que a velocidade de ocorrência dos r ecalques era
bem superior àquela calculada com base no coeficiente de adensa me n Jnfeli?.mente não foi possível até o momento a me dida no campo
111 to de t e rminado nos ensai os de ade nsamento de l abora tório. Esta - da velocidade dos recalques secundários pois e m todos os edifícios
observação confirmou a s.uspei ta que havia de que as delgadas lentes que vinham sendo medidos os recalques ou perderam-se as condições·
111. de areia fina existente no seio da argila marinha funcionariam como de medidas ou os recal ques for am mascarados pela construção de edi-
elementos drenantes radiais na dissipação das sobrepressões neutras . fícios vizinhos .
,,1r Teixei ra (1958) tentou desenvolver um método que propiciasse o
conhecimento antecipado da parcela de recalques primários pela e x- Todavia , estima-se por uma análise dos poucos dados disponí-
illl trapolação de recalques medidos empregando-se o método de Casagran- veis que a velocidade dos recalques s ecundários s e ja variável ~e
de ( p x logt) . 3 mm/ano (para edi fíc ios de até 12 pavimentos) a 20 mm/ano (para e -
UI. d i fícios de 16 pavimentos .

li~ 7. I NTERFIDlÊNCI A MÚTUA ENTRE PRÉDIOS


nl
I
'R"tc.'~ s • ,,....~

v Com a densificação da construção de edif ícios contíguos e pró


ximos iniciou-se um processo cont ínuo de polêmicas judiciais r elatT
i li , L vas aos recalques mútuos ou recíprocos e os consequentes desaprumes
das estruturas . Na fig. 14 são apresentados 4 casos de diferentes
li "-'
lO ~ ]
.
cond ições de desaprumes de edif ícios em função da relatividade do
tempo de suas constr uções . Esses diferen tes comporta mentos decorrem
dos di ferentes graus do pré-adensamento da arg ila sob o terre no v i -
!I
_t Y' 0.:
zinho induzidos pelo espraiamento das pressões despertadas pelo edi
fício já construído.

- / t;/ t•u_)c:

Na fig . 15 é apresentado um gráfico mostrando a ordem de gran-

~~
.__.., • o.Jt, deza dos desaprumes das est ruturas de dois edifíc ios de 16 pavimen-
tos construídos simultâneamente . A dis tância mais comum entre os
~ .,-•Ar-•o,1o • prédios na região é de cerca de 8 m.
.., ~..
. TI

111]11
'11
"'
.., 70 10
~ cc':l
100 110
•• .. 110 .. r.••h• I
.. 110
Para se aquilatar os efe itos da interação de prédios viz inhos
sobre a grandeza e dis tr ibuição dos recalques São mostradosna fi g. 16
os recalques, após 7 anos de existência, de dois edifícios gêmeos ,
111 ' FI,. U • Arl.JC,AÇlo 00 U.ÉTQlO 0E A.S.At*.A • t.IASSAO
PARA DETERWIN.tc,Jo DO COEFICIENTE ot: AMNS.A W[IHO DE . CAWPO
Edifício J.A . 1 e J.A.2. Esses edifícios têm 14 pavimentos e são mui

"I
11
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149

------··
148 SOLOS 00 U TORAL DE SÃO PAULO FUNOAÇ0ES RASAS NA BAIXADA SANTISTA
~- i•ó s~
t o compr idos - ce rca de BO m - s endo que o segundo prédio foi c ons- .. ,. ---:-; :~ .

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tr uído com um certo i nte rvalo e m relação ao primei ro . .,
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111 , IG, l 4 · VARIAS rOAWAS Dl OfS,.,.,.,..O DI l Oif'ÍClOS [W NN(io T E M PO (D IAS I


8
,~] 8 ~ ~
04 RILATIVIDAOl DO ltW, O OC CONSTRUCl O

8 !i! § § § :a
8 8 8
As est rut uras, na ocasião , estavam desaprumadas de 29 em e 7 e m o
tA" nos sent i dos c ontr á ri os con f o r me indica ç ão na fi g . 16.
1ft Nes sa ocasi!o i nic i ou- se a construção de edi f íc~o c om g ra ndes
dimens ões e m plant a ( cerc a de 40 mx 40 m) vizinho ao bloco 2 , e na
111 fig . 17 estã o mostradas a s curvas de i gual reca lque e os desapr umes
,,, das est r ut uras a pós decor ridos 35 anos de sua exi stência . Note-se
que o des aprumo do bloco 1 passou de 29 em para 77 em, e nquanto o
b l oco 2 s i mplesme nte passou no va me n te pelo prumo e c o me çou a desa-
É
111.

IR
p r uma r - se no out ro s e ntido ( desapr umo hoje de ma is de 6 4 em ) .
Na fig . I B são apres e ntadas curvas reca lque x log t e mpo de pi
..
w

lares t ípicos , veri fic a ndo-se o no tá ve l aume n to da veloc i dade dos - "'o...
r ecalques dos pi lares P .4 e P. 9 do bloco 2 c ausado pela construç ão •u
w
vi z inha . No cruzame nto des sas duas cur vas ( por volta de 6 . 100 dias) c
1111 a es trutu ra passou pelo prumo e , a segu ir , voltou a desaprumar- s e no
s e ntido con t rário .
I~

lll
I
Nas fig . 16 e 17 estão mos trados os pilares da parte da f r ente
dos edif ícios por uma e x t e ns ão de cerca de 25 m. ..... ~
~
~
..... .;
~

T E M PO (A NO I
tll,
8. A POSSIBILIDADE DE RUPTURA DA CAMADA DE ARGI LA FIG. 18 · EDIFÍCIOS J . .l. 1 E J . .l.Z - CURV.l S
111, LOG T EM PO • R ECII L OUES

I~ Quando começou a ocor rer a construção de mui t os edifícios pró-

111
li
150
SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO FUNDAÇÚES RASAS NA BAIXADA SANTISTA 151

11 x imos entre si apoiados em fundaçõe s rasas , o aumento do número de de Obras na Baixada Santi sta" (1965) e "Recomendações à Prefeitura
pavimentos (chegando até 18 pavimentos) e edifícios muito la rgos, Municipal de Santos " (1965) . Os principais tópicos res ultantes de-
foi necessário proceder a uma análise da possibilidade de ocorrên- ses documentos são : -
cia de ruptura da camada de argila situada a partir de profundida-
li de de cerca de 7 m. Este alerta foi dado pelo Prof. Milton Vargas "Quando se tratar de fundaçã o direta rasa será obriga tório o
por ocasião do evento adiante me ncionado. cálculo de recalques e a comprovação de que o efei to desses recal-
J ques sobre o próprio edifício e sobre os edifícios vizinhos não se-
Na fig . 19 apresen ta-se uma anál ise aproximada do problema admitin- rão prejudi ciais .
I do-se válido o Método de Skempton de determinação da capacidade de
carga e, pelo qual, c hega-se a um limite de 18 do número de pavimen O contorno e xterno do edifício em projeção horizontal deve ter
,JII tos . -
f orma perfeitamente regular, retangular ou quadrada, s e m corpos sa-
lientes, apêndices ou em forma de "L".

Ell ,A Em elevação, sem blocos de alturas diferentes, formando perfei


to paralelepípedo, exceção feita à casa de máquinas para elevadores-

li
.
~
;:
e caixa d'água superior .
Esbeltez : - limitação de relação entre o l ado menor de projeção
hori zontal da construção e sua altu ra total ao valor de 1:5.
111, .
~
>

.1':
A pressão no topo da pr imeira camada de argila não deve ult ra-
passar 1 kgf/c m2 • Essa pressão será calculada d ividindo-se a carga
111 ..::
ri
total do prédio pela área do retângulo cuja largura é igual à largu-
ra do lote e cujo comprimento é igual ao comprimento da construção
acrescida da soma dos dois recuos laterais .
A distância míhima entre dois prédios vizinhos não será infe-
RUistlJoaà M CIUlHAOIUTO t • 1-ot. •t 10 • 5 11,.l rior ao dobro do recuo lateral.
t .APAC:IOAOl O( CUIA OA ARGILA r, a. 7c • 1S t/a2
H
p
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CAitGA DA E.STRIJT'URA • l,Z 1/.Jt ..4w
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6 I Sempre que o projeto arquitetônico planejar anexos térreos,
cujo recalque não acompanhe o recalque do corpo do edifício princi-
N • NÚIIE~ OE ANDARES 4,l :

111 NESSÂO II~ÔIA A,.L.1CAOA 'I LO AAÉDfO AD TERRENO :- p -a1,2 N


,. 2Z ll ' I
pal, deverão ser previ stos disposi tivos adequados para corrigí-los • .

,f]
1 '1 • COt:FICI[Of[ D[ SUUIIAOÇA À RUPTURA 24 29
·~ ·J Com a e xperiência colhida na observação do desempen ho das edi
ficações os problemas podem ser r e sumidos nos seguintes itens : - -
FIG. 19 -POSSIBILIDADE DE RUPTURA DA ARGILA

If Os prédios acabam f icando dentro de uma depressão em forma de


bacia de modo que todas as águas pluvia is nela precipitada correm
11 para dent ro do edif ício, exigindo a execução de ra l os corridos em
torno do mesmo, os quais conduzam as águas para o sistema de esgo-
11 9. IMPLICAÇÕES DECORRENTES DO USO DE FUNDAÇÕES RASAS tos do prédio. Na fig . 20 estão figuradas as dimensõe s aproximadas
1 dessa bacia.
111
1

I Por volta do ano de 1952 , já tendo-se pleno conhecimento dos Para evitar-se tal problema o piso tér reo do pavimento é cons
n problemas que seriam criados com o uso de fundações rasas , procuro~ t ruído com uma sobrealtura para compensar , no futuro, os recalques~
-se alertar as autoridades competente s da necessidade de s e limitar
o número de pavimentos dos edifícios de forma a minimizar as conse- A formação dessa bacia faz com que os coletores de esgotos si
quências dos recalques . Na ocasião recome ndava-se limi t ar a 10 es- tuados na sua área de influência acompanhem os recalques, podendo -
se número, todavia, face às pressões da especulação imobiliária o então ocorrer o refluxo dos esgotos para os ralos situados no pavi-
mesmo foi levado a 18 pavimentos , tendo como consequência a criação mento térreo.
de inúmeros problemas de natureza estrutural e de f unc ionalidadedos
edifícios.
o desaprumo das estruturas desnivela os pisos de todos os pa-
No ano de 1965 o Instituto de Engenharia de São Paulo preocu- vimentos. Dependendo do sentido desse desnivelamento e da posição
pado com o panorama técnico-juríd ico gerado pelas construções na relativa dos ralos (seja de banheiras, seja das pisos de cozinhas,
( orla praiana promoveu uma série de palestras, para avaliar os proble banheiros e de terraços) a água não mais corre para os mesmos. Com
mas, ministradas por M. Vargas , L. Rios, J. Machado, S . Golombek , - o passar do tempo deve- se refaze r o caimento dos pisos para corre~
li P. Lorena e A.H. Teixeira, tendo como resultados dois documentos in
titulados "Para uma Orientação ao Projeto da Estrutura de Fundação-
ção do problema.

111! o desaprumo das estruturas faz com que sejam perdidas as pru-

111'
,f1
~~·
at 152 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO FUNDAÇOES RASAS NA BAIXADA SANTISTA 153

111
madas das guias dos elevadores causando dificuldades na operaciona- 10. CONCLUSOES
lidade dos mesmos.

Os recalques diferenciais (de distorção) deformam as paredes O t r abalho apresentado mostra que as fundações diretas rasas
de alve naria , os caixilhos de janelas e os batentes das portas obri dos edifícios de 8 a 16 pavimentos construídos na orla praiana das
gando o acer t o intermitente dos mesmos. - cidades de Santos e de São Vicen te ficam su jeitas a re calques pri-
mários totais variáveis ent r e 40 e m a 1 , 20 m, e evolue m por um pe-
Os recalques dife renciai s causam fissuramentos nas alve nar ias ríodo de tempo de até 15 anos ou mais, quando sofrem a ação de no-
e nos revestimentos, os quais se estendem ató cerca do 22 ou 32 pa- vos edifícios cons truídos em terrenos vizinhos.
vimentos. Esses danos são corrigidos intermitentemente por obtura-
ção das fissuras. A o rdem de grandeza desses recalques decorre do fato das argi
las marinhas serem muito compressíveis e normalmente adensadas. A
Durante a evolução dos recalque s ocorre , devido à rigide z da conclusão de que as argilas nes sa área são normalmente adensad as é
estrutura , uma redistribuição das cargas com al ívio das mesmas nos ba$eada tanto nos r esultados do s ensa ios de laboratór i o , pelosquais
pilares ce n t rais e uma sobrecarga dos pilares periféricos. Face a as pressões de pré - adensame nt o coincidem com as pressões geostáti -
essa sobrecarga ocorrem, à s ve ze s , e smagamentos ou ruturas por com- cas efetivas, como também pela boa aprox imação entre os r e calques
pressão da base dos pilares do pavimento térreo, com o aparecimento medidos _no campo e aqueles estimados pelo cálculo teórico.
da ferragem longitud i nal na forma de alças . Corrige-se o problema
11. encamisando estruturalmente o pilar . A constatação de que as argilas na área são normalmente aden-
sadas contrapõe-se ao fato de que as argilas em áreas regionais ad -
ll.i jacentes apre sentam alg um pré-adensamento.
111 O tempo de ocorrência dos recalques é cerca de 20 vezes menor
do que aquele que seria calculado pelos resultados de ensaios la bo-
111 ratoriais. Todayia, devido a interação de edifícios vizinhos cons-
truídos em diferentes épocas faz com que o tempo de recalque se es-
DI tend a por muitas dezenas de ano s .
1111 ~ A opção pela cons trução de ed i f ícios com o max1mo do número
..."' de pavimentos e com recuos mínimos en tre eles conduz a problemas
Ili ::>

IIU
.....o
u
....
graves e que só podem ser corr igidos parcialmente.

Cumpre notar que somente no ano de 1986 a Prefe itura Municipal


u(
"' de Santos no s eu Cqdigo de Obras inclui u um par~grafo contendo os se
gu i nte s dizere s "As edificaçÕe s com mais de doze pavimentos de verão-
111 necessariamente possui r fundaçõe s profundas" .
FIG. 20· BACIA OE RECALQUE ADJACENTE AO PRÉDIO
111
11. BIBLIOGRAFIA
111_1

IIQ ASAOKA, A. (1982) . Observati onal P r ocedure of Settlement


I Apêndices , edículas e coberturas térr e as ligadas à estr utur a Prediction. Soils and Foundations . Japanese Soci ety of Soil
11 principal sofrem fortes danos e desn ivelame ntos acentuados. Mecha nics and Foundat ion Enginee ring. Vol . 18, Dec n2 4 , P.87
a 101 .
n: Todos esses pro blemas são às vezes esquecidos pe r a nte os gran
des d esaprumes da s e struturas v i zinhas que ocorrem pela in t eração - INSTITUTO DE ENGENHARIA DE SÃO PAULO (19651 . Para uma Orien
111 das me smas . Esses d e saprumes, de terrível e feito anti -estético , são tação ao Projeto de Estruturas de Fundação de Obras na Baixa=
i facilme nte visíveis simpl esmente olhando-se para os prédios . da Santi sta. Publicação da Div isão Té cnica de Estrutura s. P.
IIIJ 1 a 66.
De ve ser mencionado o fato de que exi s tem vigas d e c oncreto a r
mado l ongitudinais às estrutura s , cu j os comprimentos são da ordem de INSTITUTO DE ENGENHARIA DE SÃO PAULO ( 1965). Recomendações
llfl) 40 m, qu e têm flexa s de até 10 e m e que não a p resentam ne nhum dano à Prefeitura Municipal de Santos . P. I a 3.
ou fis s ura. Isto de ve-se ao ( a to de que as deformações i nduzidas no
lili concre to são muito l entas (por uma dezena de anos) . MACHADO, J. (1954). Estudos de Recalques de Fundações D1r e
tas e m Santos. Anai s do I Congresso Brasileiro de Mecân i ca -
d os Solos. Vol.II , P. l66 a 174. Porto Alegre .
1111"1
111
A

"'1111·
ll
154 SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO
I
M MnCHAOO, J . (1958) . Estudo Comparativo de Recalques Calcu-
lados e Obse rvados e m Fundações Diretas em Santos . Anai s do
11. II Congresso Bra sile iro d e Mecân ica dos Solos . Vo l.I, P. 21 a
36 . Reci fe e Cam pina Grande .

-
Ih
MACHADO, J . ( 1961) . Settlemen t of Structures in the City
of Santos , Brasil. P roc eed ings V I nterna t ional Conference on

~~
Soil Mechan ics and Foundation Engineee rin g. Vol. 1, P. 719 a
FUNDAÇÕESPROFUNDASNABAIXADASANnSTA
lf: 725. Par is.
Nelson Aoki e Constantino Angelino Neto
I MASSAD, F .· (198 2) . Método Grá fico para o Acompanhamento da
Evolução dos Recalque s com o Tempo. Anai s d o VI l Co ngre sso
• Brasileiro de Mecân ica do s Solos e Engenharia de Fundaç ões.
Vol.II, P. 321 a 331 . Olinda/Rec i fe .

MASSAD, F . ( 1985). As Argilas Quaternárias da Baixada San-


ui. tista :- Ca racter ís ticas e Propriedades Geotécnicas . Tese de
Livre Docênc ia apr e sentada ao Departamento de Estruturas e
.,1 I
Fundações da Es cola Politécnica da Universidade de São Paulo .

·~.,
MASSAD, F . (198 6) . O sobreaden samento das Arg ilas Quate rná
rias da Baixada Santi sta. Anais do VIII Cong res so Brasil e1r~ RESUMO
d e Mecâni ca dos Solos e Engenharia de Fundaçõe s. Vol . II, P .
147 a 162. O fato n ovo, na práti c a de fundaçõ es da Baixada Santista, é o
reconhecimento da importância da história geológica dos sedimentos
R li' SUGUIO, K. & MARTIN , L. ( 19 78). Fo rma ções Quate rnária s Ma ali depositados. Sabe- se agora que os problemas que afetam as
UI rinhas do Litora l Pa u l is ta e Sul Fl uminen se . Pu blicação Espe
cial n2 1 - Qua ternary Mar1ne Formatton of the State of São - fundaçõe s nes ta região, são devidos ao leve pré-adensamento da
nl/ Paulo and Southern Rio de Janeiro . lnternational Sympos1um
on Coastal Evolution in the Quaternary . P. 11 a 18- São Paulo .
camada de argi la de SFL. O bom comportamento das estacas flutuantes
é explicado pelo pré- adensamento da camada de argila transicional.
11~. Citam-se os tipos de fundações profundas u sados nos diferentes
TEI XEIRA, A. H. (1 958) . Es tu do de uma Propriedade da Relação locais desta Bai xada, bem como os problemas de projeto e de execução
HI Teór ica Tempo-Recalque . Anais do II Congresso Brasileiro de
I Mecânica dos Solos. Vol.I , P . 2l7a 244 . Rectfe/Campina Gran relacionados com a estrutura das camadas de solo da região.
Ri de. - Discute-se a problemátic a da interação estrutura - solo nos prédios
de Santos. Conclui-se que a questão é menos relevante para o caso
111 TErXE IRA, A.H. ( 1960 . a). Typ ical S:.~bsoil Condi tio ns and das fundações profundas . o desempenho d e estacas pré-moldadas medido
Settlement in Santos, Brasil . Proceeàtngs 12 Panamcrican Con- em termos de estatística de cargas mobilizadas e medidas de vibração
ference on Soil Mechanics and Foundal1on Engineering . Vol. 1,
P. 149 a 177 . MéX iCO . em viz i nhos é o último tópico abordado .
11 11
TEIXE IRA, A.H . ( 1960 . b). Contrlbucton to the Study of the
Time - Settlement Relation of Actual Scructures . Proceeà1ngs 1. PROBLEMAS GBOTÉCNICOS NOS SOLOS DA BAIXADA SANTISTA
12 Panamer1can Conference on Soil Mechanics and Foundation
Engtneer.ing. Vol.1, P . 179 a 200. Méx ico .
1111 O litoral do Estado de São Paulo compreende uma série de
J Baixadas que se sucedem de Norte para o Sul : Ubatuba,
111
TEIXEIRA, A. H. ( 1960 . cl . Case llistory of Building Underla1n
by Unu s ual Condit1on of Preconsolidaced Clay Layer (Santos). Ca ragua tatuba , São Sebastião, Bertioga , Santos, Praia Grande,
Proceedings 12 Panamerican Conference on Soil Mechanics anà Peruibe, Cananéia e Iguape. Os problemas de fundações, nos solos de
liI F'oundation Engineenng . Vol. 1, P . 20 1 a 2 15 . Méx1 co . argilas moles destas Baixadas, oco rrem na área entre a serra e o mar
111
TEIXEIRA, A.H. ( 1988) . Capacidade àe Carga de ~stacas Pr~­ e , nes te relato, considera-se apenas aqueles específicos da região
moldadas de Concreto nos Sedtmentos Q3a t ernários da Baixada da Baixada de Santos.
lii' Santi sta. Anais do Simpósio Depds1tos Quaternár1os das Balxa - As indústrias concentram- se em Cubatão, Piaçaguera, Cosipa
d as Lito râneas Bras i le ir as:- Or igem , Cara cte rísti cas Geo téc nl e junto ao Cais do Tecon, do lado esquerdo , bem como em Alemoa, do
!li case Experiênci as de Obras . Vol. 2 , P.5. 1 a 5 .2 5 . Rio de Jane!
ro. lado di re ito do c anal que acessa o Porto de Santos.
As obras de Construção Civil compreendem os prédios , junto
às praias do litoral de Guarujá e Santos, e as obras de arte, das
vias d e acesso à Baixada.
-~~ FUNDAÇÕES PROFUNDAS NA BAIXADA SANTISTA 157

·~u~
156 SOLOS DO LITORAL DE SÀO PAULO
especiais, como jatos de água, lavagem ou pré - escavação com trado ou
As fundações das estruturas de acostagem do Porto e dos agulha, sejam usados.
armazéns junto ao cais, não são aqui tratados. Os recalques da camada de AT só ocorrem de modo acentuado, se
u• Enfim , abordam-se apenas os aspectos geotécnicos da área de
fundações profundas uma vez que, os aspectos referentes às fundações
a pressão de pré-adensamento for ultrapassada pelo v a lor da pressão
atuante, e, nesta condição poderá ocorrer atrit o negativo e empuxo
u diretas (em superfície), constam de relato específico. horizontal em estacas embutidas nes ta camada.
~ As sondagens de simples reconhecimento à percussão tipo SPT, As camadas de areias transicionais medianame nte compactas ou
são, na maioria das obras, a única fonte de informações que se compactas podem, eventualmente , servir de suporte d e fundações por
u dispõe sobre a estratificação dos solos da região. Bm casos estacas, se as pressões transmitidas pelas pon tas provocarem
» esporádicos dispõe-se de ensaios de penetração estática ou de
ensaios de laboratório.
recalques aceitáveis.
A camada de solo residual maduro, em geral, não oferece
11 o conhecimento que se tem hoje , das características capacidade de suporte adequada para as pontas das estaca s.
geotécnicas e ·das propriedades das Argilas de SFL (Sedimentos A atitude da camada de solo saprolítico e a e rraticidade do
ij Flúvio - Lagunares e de Baias, Holocênic os) e das ' Argila s AT (Argilas seu nível de alte r a ção, acarreta m uma variação acentuada nos
Transicionais, Pleistocênicas), em função da história geológica comprimentos de estacas muito próximas , ali cravadas .
li destes sedimentos, graças aos vários traba lhos de pesquisa de A superfície da rocha matriz, quando inclinada , pode vir a ser
I Massad (1985, 1986, 1988 e 1990), mudou a abordagem dos problemas problemática para o apoio das pontas das estacas, devido ao
~ que se relacio nam ao pré-adensamento destas camadas, especialmente a aparecimento de componente horizontal importante na interface.

·~
questão de recalques das fundações profundas.
Pode- se estabelecer, com relativa fidelidade, o seguinte

·~
~
I
perfil típico completo do subsolo da baixada : a) camada superficial
de aterro recente; bl camada de SFL de areia sobrej acente à camada
de argila orgânica, ou camada de SFL de argila orgânica, com
2 . ALGUNS TIPOS DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS DA BAIXADA SARTISTA

No relato de Golombek (1965), pode -se encont rar os vários


~ eventuais intercalações de lentes de areia; c) camadas alternadas de tipos de fundações utilizadas no Brasil naquela época e, entre eles,
areias e de argilas transicionais ( AT ) ; d) camada de solo residual as estacas pré-moldadas flutuantes da Baixada Santist a.
~ maduro; e) camada de solo saprolítico, e f) rocha matriz. Na realidade pode-se afirmar que praticamente todos os . tipos
J
AI Dependendo do local e da gênese geológica algumas destas de fundações foram utilizados ou experimentados, com maior ou menor
camadas podem não aparecer. Assim em Santos, junto à orla marítima, sucesso, nesta região.
n1 a camada · de areia de SFL é espessa e compacta e na região de Umas poucas pal avras são d edicadas a alguns tipos mais
Piaçaguera ela não exi ste. notórios sem que isto signifique a não importância das demais
[lj A camada de argila mole orgânica de SFL provoca, di reta ou soluções.
Uj indiretamente, a ocorrência de vários problemas : a) recalques por
adensamento dos prédios em fundações diretas; bl atrito negativo em Es taca s tipo Pranki .
estacas decorrente de sobrecargas verticais; c) esforços de flexão Foram bastante utilizadas em passado recente. Conforme Gol ombek
"' nas estacas, devidos ao adensamento horizontal, provocado por
sobrecargas verticais unilaterais; d) instabilidade dinâmica
(1965), existem vários projetos em estacas tipo Franki em Santos,
com escavação prévia da camada de areia compacta superior.
direcional, que provoca o encurvamento do eixo de estacas, durante a
cravação; e) corrosão d e estacas de a ç o provocada pel a exposição da Tubulõe s a a r comprimido
mesma à atmosfera agressiva, em conseqüência do recalque do terreno Tradicionalmente util izados n as fundações de obras viárias no
adjacente; f) tração durante a cravação de estacas, devida à pequena Brasil. Lauro Rios (1965) cita vários exemplos de aplicação na
resistência de ponta ou presença de camadas resistentes Baixada Santista. Wolle & outros (1982) des crevem o uso de tubulões
superficiais; g) deslocamento horizontal de estacas já cravadas a ar comprimido no Viaduto da Cosipa da Rodovia Piaçaguera- Guarujá.
devido à cravação de estacas na vizinhança; h) a presença de forte
concentração de matéria orgânica pode impedir a pega do cimento de Es tac as de aço .
estacas moldadas in situ ou de colunas tipo jet grout . Trata- se do tipo de solução l argamente utilizado no passado,
A vibração, provocada pel as operações de instalação dos seja nas obras industriais da Cosipa ou Alemoa, s ej a nos edifícios
elementos estruturais de fundações, ao longo das camadas de solo , em Santos e Guarujá. As estacas de seção I ou H constituem uma
pode afetar as edi ficações vizinhas. solução adequada para esta região e tem a vantagem de poderem ser
d: Ass im , camadas de areia ou de aterro, quando compactas,
impossibilitam a cravação de estacas, a não ser que recursos
usadas nas zonas de talus com eventual presença de ma tacões. As
estaca s tubulares e tubadas são tambem de uso corrente .
ufl
UI~, ,
158 SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO FUNDAÇOES PROFUNDAS NA BAIXADA SANTISTA 159

•1 I
Estacas pr6-moldadas de concreto . 4. FUNDAÇÕES NO POLO INDUSTRIAL DE CUBATÃO E PIAÇAGUERA
A monitoração da cravação e os procedimentos de controle em
•i uso tem aumentado o grau de confiabilidade desta solução. As emendas Trata-se de uma planície aluvionar ao longo da bacia do rio
por solda já foram consagradas pelo uso. Cubatão que corre entre a serra do Mar e afloramentos do Cristalino.
As sondagens mostram a seguinte sucessão de camadas : aterro,
R Estacas escavadas sob lama bentonítica. camadas de SFL e AT, solo residual e rocha. Esporadicamente aparece
As condições dos vizinhos e a magnitude das cargas dos uma camada de pedregulhos e areia sobre o residual.
u! edifícios de Santos levam, muitas vezes, à solução de fundações por Citam-se a seguir alguns casos de obras especiais executadas
estacas escavadas sob lama bentonítica, com comprimentos de até 60 nesta região.

ll·~
metros. Deve- se tomar todos os cuidados executivos prescritos em Na área da Petrobras utilizou- se estacas de concreto pré-
norma, durante a escavação e a concretagem, para garantir a moldadas para a compactação de uma camada de areia de espessura da
integridade do fuste, devido à presença das espessas camadas moles e ordem de 3 metros com lençol freático quase aflorante, para receber
·~
li
o alto nível do lençol freático. a fundação de uma chaminé a ser construída ao lado de outra
existente, com fundação direta. O local apresentava muitas
Estacas raiz e micro - estacas. construções vizinhas que não permitiam a execução de escavação .
ti! Tem sido utilizada como reforço de fundações ou como fundações Nesta mesma área, o controle de recalque de um silo de
normais para obras com espaço limitado. concreto armado, com cerca de 40 metros de altura e 25 metros de
11 diâmetro e uma carga total de cerca de 130000 kN, com fundações em
11]
estacas pré-moldadas de concreto armado dotadas de ponteira de aço e
3 . CARACTERÍSTICAS DAS OBRAS INDUSTRIAIS DA BAIXADA SANTISTA cravadas praticamente até à rocha, indicou valores da ordem de 8 em
li no centro e 6 em na borda. Observou-se que parcela destes recalques
Tratam- se de obras que apresentam grandes cargas permanentes e foram plásticos apesar de as pontas das estacas estarem cravadas na
acidentais, estáticas e dinâmicas, concentradas em áreas rocha.
relativamente pequenas. Vários prédios da cidade de Cubatão encontram-se sobre estacas
As estruturas dos galpões industriais suportam, além da pré-moldadas de concreto armado.
cobertura, pontes rolantes que provocam o aparecimento de cargas No reforço do estaqueamento do Ginásio de Esportes de Cubatão
transientes importantes. Geralmente os pilares destes edifícios são foram utilizadas estacas metálicas I 12" com de cerca de 35 metros
estaqueados e o piso pode ou não ser estaqueado, dependendo de sua de comprimento. Uma prova de carga comprovou que a estaca se
utilização. Assim a existência de máquinas dentro do edifício exige comportava elasticamente apresentando grandes recalques para a carga
muitas vezes fundações pesadas e escavações importantes. de trabalho de 600 kN. A incorporação destas estacas à estrutura foi
As linhas dos pipe-racks, que interligam as diversas unidades feita com auxílio de macacos hidráulicos.
de um complexo industrial, são geralmente estaqueadas. o mesmo não
ocorre com as tubulações de esgoto e com o sistema de águas
pluviais, acarretando , em alguns casos, problemas funcionai s e de 5. FUNDAÇÕES NA ÁREA DA COSIPA E ULTRAPÉRTIL
manutenção. As subestações elétricas, portarias, refeitórios,
balanças e outras instalações de cargas leves nem sempre são .Trata-se de uma planície aluvionar ao lado da serra do Mar e
estaqueadas. de afloramentos do Cristalino.
Nos complexos de armazenamento de granéis líquidos e sólidos As sondagens mostram a seguinte constituição geral : uma
as cargas verticais são elevadas e em alguns casos apresentam camada de aterro seguida de camadas de SFL, camada de AT e do solo
concentração incompatível com o terreno de fundação. Nestes casos residual. A rocha encontra-se em profundidades variáveis de 12 a 45
recorre-se ao estaqueamento . Assim, para os tanques de armazenamento metros. A camada de argila mole atinge espessuras de até 40 metros.
de combustíveis e outros líquidos, as fundações mais utilizadas são Esporadicamente aparece uma camada de pedregulhos e areia sobre o
constituídas por lajes sobre estacas, com sobrecargas médias da residual.
ordem de 150 kN/m2. Na área da Cosipa foram empregadas quase todos os tipos de
Os silos podem ser horizontais ou verticais. No primeiro caso fundações profundas : estacas de madeira, estacas mistas de concreto
a sobrecarga pode ser da ordem de 100 kN/m2 atingindo valores de até e madeira, estacas tubulares de aço sem enchimento de concreto,
300 kN/m2 no caso de silos verticais. estacas mistas tubulares de aço com suplemento de concreto armado
As pilhas de matérias -primas apresentam cargas muito variadas. centrifugado no trecho de oscilação do lençol freático ou com
As maiores concentrações de carga ocorrem no caso de pilhas de enchimento de concreto, estacas pré-moldadas de concreto vibrado e
IliI minério de ferro com valores de pico de até 800 kN/m2. centrifugado , armado ou pretendido, de vários tipos, estacas de
I
lfl
m
11(
161
160 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO FUNDAÇOES PROFUNDAS NA BAIXADA SANTISTA
li!

perfil metálico composto aberto, estacas de trilho compostos, Embora estudos do solo tenham indicado condições adequadas
estacas tipo Franki, estacas tipo West, micro-estacas injetadas, para o aparecimento de sulfo- bactérias, não há notícias de que tenha
estacas tipo raiz e estacas com capitéis de concreto e laje de brita ocorrido corrosão deste tipo nos trechos enterrados das estacas
compactada. Alguns tubulões a céu aberto e sob ar comprimido foram metálicas. Entretanto foram adotadas medidas especiais de proteção
feitos junto á encosta do morro da Tapera. contra a corrosão da parte superior das mesmas com suplemento de
Estes diferentes tipos de fundações foram utilizados ao longo concreto armado centrifugado. Em outros casos desprezou- se a seção
da implantação das diversas etapas da Usina, até. a atual de 3. 6 de aço da parte superior das estacas que foram concretadas ( estacas
milhões de toneladas/ano. A escolha do tipo esteve vinculada á tubadas). Isto foi feito porque, debaixo das estruturas, não é
tecnologia da época e ás condições financeiras da empresa. possível a reposição do solo que recalcou, devido ao adensamento
Inicialmente. foram usadas predominantemente estacas de madeira ou vertical das camadas moles sob a carga do aterro, o que acaba
madeira e concreto ou concreto e nas etapas finais, quando a usina expondo o trecho superior à ação do tempo.
já produzia chapas, estacas tubulares de aço. A comparação da diferença de comportamentos entre estacas
Nos locais de difícil acesso, com a usina em funcionamento, isoladas , em provas de carga estáticas, e grupo de estacas neste
utilizaram-se estacas tipo raiz ou micro-estacas injetadas. local possibilitou Vargas (1981) estabelecer um procedimento para
Logo no inicio foi tentada a utilização de estacas tipo Franki esta estimativa.
tradicionais com resultados pouco animadores. Também nesta época O pier da Ultrafértil é uma obra marítima executada em seco
constatou-se que estacas tipo West cravadas com mandril sofriam o com posteri or dragagem. As estacas tubadas da plataforma de
fenômeno atualmente conhecido como drapejamento ( fluttering ), fato acostagem foram cravadas e parte de sua superestrutura já se achava
constatado antes da concretagem do núcleo destas estacas. Bste concretada quando foi iniciada a dragagem em volta da mesma. Nesta
fenômeno consiste no encurvamento do eixo da estaca que no caso ocasião, ao contrário do previsto, a dragagem progrediu mais de um
ficou extremamente exacerbado pelo fato de se tratar de uma estaca lado que do outro, provocando um desn í.vel de poucos metros. Como
formada por segmentos tubulares de concreto armado de 1 metro de conseqüência apareceram empuxos horizontais nos fustes das estacas,
lU comprimento. que provocaram deslocamentos horizontais de alguns decímetros do

,~~I.
No pátio de mistura de minérios foram adotadas estacas com trecho parcialmente concretado. A volta parcial para a posição de
capitéis de concreto e laje de brita compactada, Bock (1982), para projeto foi obtida dragando- se diferencialmente do lado oposto.
sustentação das pilhas triangulares de minério, de cerca de 13 A avaliação dos parâmetros do solo, para o cálculo de estacas
metros de altura no centro, 35 metros de largura e 300 metros de metálicas submetidas a cargas horizontais, obtidos em provas de·
1~1 comprimento. Constatou-se que as vigas dos trilhos ao longo da carga, pode ser encontrada em Fanton (1982).
pilha, deslocaram-se lateralmente para fora cerca de 10 em, logo no
•lfl início da operação . Como solução foram construídos tirantes de
Jl
concreto armado transversais, ligando as vigas. 6 . FUNDAÇÕES NA MARGEM ESQUERDA DO CANAL DE ACESSO AO PORTO
111 ..
A influência da cravação de estacas sobre estruturas vizinhas
14~, pode ser ilustrada no caso de cravação das estacas de um piso em Algumas obras pioneiras neste local adotaram a solução de
1 radier estaqueado, entre duas linhas de blocos de apoio da estrutura estacas de concreto armado flutuantes, como é o caso da obra do
I~
do edifício, provocando deslocamentos horizontais, para fora, dos Tefer e da Dow, e seu comportamento tem sido satisfatório.
blocos já concretados. No caso de se executarem escavações, mesmo A questao da capacidade de carga de estacas pré-moldadas de
de pequenas profundidades, nestas áreas, o mesmo fenômeno se concreto e, particularmente, os valores dos atritos laterais
verifica com os blocos se deslocando no sentido da escavação. unitários que justificam tal fato, podem ser estimados pelos métodos
A solução para estes casos consiste no plane jamento da de Teixeira (1988) e Massad (1990) .
lll De modo geral as camadas de argilas moles de SFL da Baixada
dllil execução de forma que a cravação seja feita do centro do vão para as
bordas e também que a escavação de uma área estaqueada seja Santista são levemente sobre- adensadas , face a oscilações negativas
executada antes da cravação das estacas de áreas vizinhas. do nível do mar, da ordem de 2m, conforme Massad (1985 e 1986), o
I~ Nas escavações profundas foram utilizadas estacas-pranchas de que facilita a estimativa das pressões de pré-adensamento a partir
aço e de concreto. Especial atenção tem que ser dada aos problemas das densidades das camadas de solos atravessadas pelas estacas.
~' de levantamento de fundo e de ruptura hidráulica.
Como regra geral os estaqueamentos foram sempre projetados
No entanto, na margem esquerda do canal , no trecho
compreendido entre a Dow Química e o Terminal de Fertilizantes de
1 111t considerando- se uma pequena parcela de atrito negativo, no máximo da Conceiçãozinha, o sobreadensamento das camadas de SFL é também
1 11~· ordem de 25\ da carga admissivel. A preocupação maior reside na devido ao pré-carregamento por areias de antigas dunas, em parte
removidas, que devem ter a l çado cerca de 4.4 m acima do atual nível
I ~~~~
estimativa dos valores dos recalques e da condição de apoio da ponta
das estacas na rocha ou em solo. do terreno .
11~1,

I ~~~
1\
lll 162
SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO
FUNOAÇOES PROFUNDAS NA BAIXADA SANTISTA 163

ll, Segundo Massad (1990), sendo H1 a espessura da argila de SFL e (1985). Gomes (1986) e Gomes & Lopes (1986). Esta experiência
ll H o comprimento da estaca, em situações sem dunas , em que o sobre- confirma a aplicabilidade destes métodos simplificados, de
adensamento é devido apenas âs oscilações negativas do nível do mar, determinação d o valor da carga mobilizada, no final da cravação .
lU é de esperar valores de atritos laterais de 15 kN/m2 quando Hl/H = A ocorrência do fenômeno de drapej ament.o ( i nstabilidade
100\ ( isto é, quando todo o perfil é SPL ) , e, de 30 kN/m2 quando dinâmica di re cional) , causando o encurvamento do eixo de estacas
111
H1/H = 50 \ ( isto é, me tade do perfil for SFL e a outra metade for pré-moldadas d e concreto at111ado cent r.i fugado, durante a cravação ,
AT l . No caso de terem exis tido aquelas dunas , os atritos laterais foi observado por Aoki & Alonso (1988), durante a execuçã o das
passam de 25 kN/m2 ( H1/H = 100 t ) para 35 kN/m2 ( H1/H = 50 \ ) . fundações de tanques de combustível. Apesar de terem sido
Para valores mais baixos de H1/H os atritos podem chegar a 40 kN/m2. consta tados desv ios de até 5 m da vert ical , em estacas de 50 em de
Estas modernas explicações justificam a prática de d eixar diâmetro e 38 m de comprimento, as provas de carga estáticas até
estacas inteiramente fl utuantes. como no caso da Dow e do Tefer. 2600 kN, em 6 estacas da obra, demonstraram que este fa to não
Entretanto, nas obras da Cutra le e da Cargill, as estacas não são prejudicou o bom desempenho das estacas. Este tipo de ocorrência
flutuantes e f oram cravadas até a nega. confirma que só a experiência pode demonst rar a eficiência das
I~] emendas por solda, de elementos pré-moldados , largamen te usadas nas
obras d a Baixada.
1(
7 . FUNDAÇÕES NA ÁREA DE ALEMOA NO PORTO DE SANTOS.

: ~1 1 As fundações do Tanque OCB-9 de Alemoa, constituída por uma 8 . ATERROS DAS VIAS DE ACESSO À BAIXADA SANTISTA
placa de concreto armado a poiada sobre estacas de areia instaladas
pelo processo Franki, já é parte da História da Mecânica de Solos no Os problemas de comportamento de aterros da via relacionam-se
Brasil, conforme Vargas (1989). muito fo r temente com a resistência e a deformabilidade das camadas
As es tacas moldadas in si t u sempre foram de difícil execução moles subjacentes. Desta forma impõe-se a ve rificação da
devido às espessas camadas moles de SFL e AT que a li existem até estabilidade dos aterros e da evolução dos reca l ques a o longo da via
profundidades de cerca de 30 metros . e do tempo .
O principal problema de execuçã o das fundações de fustes Quando não ocorrem as camadas de areia ou de aterro
moldados in-situ é a garantia de s ua integridade. Na Baixada ocorreu superficiais, a camada de argila mole do Quaternári o p ode ou não ter
uma evolução no sentido de se adotarem estacas -mistas , com sofrido ressecamento, ou seja, pode ou não apresentar o decorrente
INI
utilização de elementos pré-fabricados no trecho de argila mole ou pré-adensamento.
numa reavaliação dos processos de moldagem dentro desta camada. As Para evitar os recalques ou, a té mesmo, a ruptura do solo
•• estacas escavadas moldadas sob lama bentonítica enquadram- se neste suporte os ate rro s das vias, algumas soluções tem sido adotadas na
l(i último caso e tem sido empregadas em al gumas obras em Santos. Baixada Santista:
Mesmo as estacas tipo Franki de fuste vibrado, que consti tuem limitação da altura dos aterros compatibilizando-os com a
Jdt
uma solução al terna tiva ao tipo Franki convencional, não são resistência da camada de suporte.
111 totalmente adequadas. Por este motivo as estacas de fu ste pré- . quando a camada superficia l não é p ré - adensada, procede- se
fabricado constituem, quase exclusivamente , a única solução sua remoção até uma profundidade em que a resistência do solo mole
disponível para as obras neste loca l. Como as estacas de aço, tipo seja compatível com a altura de aterro pretendida, sendo o solo
trilho ou perfis metál icos l a minados, as estacas t ubulares e tubadas retirado, subst ituído por um colchão de areia.
são relativamente caras, restam as estacas de concreto que . quando a camada superf icial é pré-adensada em u ma espessura
constituem a opção normal de fundação nesta região. adequada, utiliza-se muitas vezes a solução em bermas de equil íbrio .
Uma solução não convencional, proposta por Jordão e Salomão
111 (1982), em estaca Franki mista com tubo corrugado, foi executada com
êxito aparente em dois tanques nesta reg ião. 9. PROBLEMAS DE EXECUÇÃO DE ESTACAS CRAVADAS PRÉ- FABRICADAS
Em Danziger (1980) , cita-se a realização de provas de carga
:i estáticas em 13 estacas tubadas de aço de 35 m de comprimento, com
ponta fe chada e posterior concretagem. Conclui - se que a previsão da
Recupe.r açlo ou s et-up do solo ap6s a cravaçlo .
O fenômeno de fechamento da nega de estacas cravadas, com o
carga de ruptura destas estacas, pelo método de Aoki & Velloso decorrer do tempo , é comprovado em todas as obras da Baixada, com
(1975), conduziu a resultados razoáveis. raras exceções . O aumento de resistência pode ser sentido pela
::i, A monitoração com o PDA (Pile Driving Analyser) e a análise diminuição acentuada da nega, no caso de estacas com negas abertas
dos métodos de controle da cravação de estacas de concreto, por meio (estacas flutuantes ) e, também, pelo aumento do valor do repique, em
li~ de negas e rep iques, ensejou os trabalhos d e Constantino & al. recravações realizadas ao longo do tempo .
IIJj
Jdill
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111
164
u( SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO FUNDAÇÕES PROFUNDAS NA BAIXADA SANTISTA 165

111
Sabe- se que as camadas de argila mole dos SFL e das AT Quebras por e l ev adas tensões de traçio
apresentam acentuada queda de resistência, devida ao seu As tensões de tração podem ocorrer durante a cravaç ão de
amolgamento, durante a cravação. As caracteristicas tixo t rópicas estacas pré - fabricadas nas seguintes situações: a) quando existem
111 dessas argilas permite um ganho considerável de resistência após o camadas resistentes sobrej acentes a camadas moles ; b) quando a
término da cravação, caracterizando o fenômeno de set-up. Por isso, camada ·mole é espessa ; c) quando a onda ascendente de compressão,
111 não se deve interromper a cravação de estacas l ongas por muito devido à alta resistência de ponta, reflete- se no topo da estaca e
li tempo, sob pena de não se conseguir retomar a cravação. Por outro volta como onda de tração.
lado as estacas flutuantes desenvolverão sua capacidade de carga Nestes casos a cravação deve ser p r ecedida de um estudo de
plena somente após a ocorrência do set-up. cravabilidade que dimensione de modo adequado o peso do martelo e o
Um caso típico é citado por Golombek & Flecht man (1982 ) , nas sistema de amortecimento .
fundações da Ponte sobre o Mar Pequeno, onde se adotou as negas de De acordo com Gonçalves ( 1991 ) , um caso especialmente
recuperação como parâmetro de controle da capacidade de carga das severo, de elevadas tensões de tração medidas pela monitoração com o
I~ estaca s. PDA (Pile Driving Analyser), ocorreu na obra do Pedágio da SP- 140,
lll A prática diá ria mostra que a recuperação d e resistência é já p róximo a Guarujá , em obra d e e s t acas pré - moldadas de concreto
muito rápida e pode ser percebida sempre que s e interrompe a protendido, de 33/38 em de diâmetro e 38 m de comprimento.
•t cravação pelos mais diversos motivos operacionais.
Bste fato pode ser constatado na figura 1 que apresenta os
resultados de 6 ensaios de carregamento dinâmico crescente, Des vio da p onta da esta c a dev ido i inclinaç io da r ocha .
realizados com o PDA ( Pile Driving Analyser ), em uma estaca pré-
·~
Quando a espessura da camada de solo residual ou do saprolito
moldada de concreto de 42 em de diâmetro e 27.35 m, cravada até o é muito pequena e a superfície da rocha é inclinada a ponta da
IM saprol i to, na Ilha de Barna.b é . esta ca pode se deslocar horizonta lmente durante a cravação. Bsta
1 1~ o,,- - - .---
situação pode ocor rer em locais p r óximos ás encostas da serra ou
junto aos afloramentos do Cristalino. Para impedir o deslizamento do
IP pé d a estaca adotam-se os seguintes procedimentos :
perfurar a rocha e embutir a ponta da estaca
u ~ I I :c'\
. utilizar ponteiras especiais de aço nas estacas.

~R=P~
lhut
- -10 '*1>= o minutos
~ *'•
*I~
10 minutos
20 minutos
Variaçi o a c entuada de comprimento d e e s t acas vizin has .
Na formação geológica da Serr a do Mar o correm corpos
-* T
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11,
111
1

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-® -1- - -+-----1
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~1.J
Dt•
+t•
40 mlnutos
eo minutos
o - 13diaa
gnaissicos e xistosos, com estruturas bandadas, on de a xistosidade
apresenta atitude variável devida aos dobramentos ocorridos. As
camadas apresentam predominância de minerais como o quartzo, o
feldspato e a mica, cujo comportamento face ao intemperismo é
·~ -25 ~ ---+--~~ diferenciado. Quando essa atitude é sub- vertical a superfície da
o 500 1.000 1.500 2.000 2.500 rocha sã é recortada formando altos e baixos. Os pontos altos
Carga Mobilizada ( kN ) constituem os topos das camadas sub- verticais mais resistentes e as
li Figura 1. Efeito do set - up em e staca pré - moldada 0=42 em na partes - baixas os topos das camadas menos resistentes ã ação d o
li Ilha de Barnabé int emperismo.
Em conseqüência desta formação a implantação de estacas
1~1 Pode- se perceber que o deslocamento ne c essário para mobi lizar vizinhas pode apresentar comprimentos acentuadamente diferentes
uma certa carga, diminui com o tempo de set - up decorrido . Assim o visto que suas pontas estarão apoiadas nestes altos e baixos . .
I~ deslocamento do topo da estaca, necessário para mobilizar 2000 kN, Esta situação não deve ser confundida com o caso de cravação
I

li' foi de cerca de 21 mm para t = 10 minutos, 18 mrn para t = 40 minutos de estacas em solos coluvionares, onde a presença de blocos de rocha
e 15 mrn para t a 13 dias, caracterizando a melhoria de desempenho em na matriz de solo provoca a parada da cravação, sem que isto
li termo s de deslocamento para a mesma c a rga mobilizada. signifique uma estaca com capacidade de carga adequa da.
Registra-se que o fenômeno contrário de relaxação do solo foi Também as camadas de areias transicionais compactas podem
detectado em casos esporádicos nos solos saprolíticos da regi ão do apresentar estreitamentos bruscos de espessura e nestes locais as
cais de Valongo. estacas não encontram supo rte e apresentam maior comprimento
localizado.
166 SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO FUNDAÇOES PROFUNDAS NA BAIXADA SANTISTA 167

Dificuldade de travessia de camadas compactas intermedilrias. do aterro, absorve os empuxos e protege, por efeito de sombra, as
As camadas compactas podem ocorrer na superfície ou em demais estacas.
profundidade, dentro das camadas moles. Durante a cravação elas As soluções de aterro escalonado sobre estacas, aterro de
constituem obstáculo que deve ser ultrapassado. Para isto empregam- materi a l leve ou a criação de vazios no corpo do aterro de acesso
se diferentes recursos, tais como : pré-furo, jatos de ar ou de água não tem sido utilizadas nesta região.
ou lavagem no caso de estacas moldadas in-situ, Devido ao adensamento das camadas moles do Quaternário ocorre
um recalque diferencial entre o aterro e a estrutura. Para minimizar
os efeitos do desnível criado na entrada das estruturas tem sido
10. PROBLBXAS OUB OCORREM APÓS A EXECUÇÃO DAS ESTACAS adotada a laje de aproximação. Esta solução consiste em se apoiar
11, uma das extremidades da laje no aterro e outra na borda da
I( Após a execução das fundações e a conclusão da obra , novos estrutura. Pode-se af i r.mar que, na Baixada Santista, esta solução
problemas poderão ocorrer ao longo do tempo : somente tem-se revelado adequada apenas no caso em que os recalques
11 atrito negativo nas estacas são pequenos, ou seja quando os aterros de acesso são muito antigos.
empuxo horizontal nas estacas dos encontros . Algumas vezes existem galerias estaqueadas que cruzam a via de
I{_ recalque diferencial entre o aterro e a estrutura. maneira esconsa. Ao longo do tempo forma-se um degrau esconso na
pista que gera grandes problemas de segurança de tráfego. Para
Atrito negativo nas estacas minimizar este problema deve- se suportar o aterro da via por meio de
I( Nas obras da Baixada, a deposição de aterros ou de sobrecargas estacas corrigindo- se a esconsidade.
verticais sobre as camadas moles de SFL, provoca os fenômenos de O recalque do terreno, sob os blocos de fundação, ao longo do
ll atrito negativo e de empuxo horizontal sobre os fustes das estacas tempo, expõe os fustes da estacas à ação agressiva do meio ambiente.
lf de qualquer tipo colocadas nas suas proximidades. Os esforços No caso de estacas metálicas deve -se protege - las contra a corrosão.
verticais adicionais, devidos ao atrito negativo e à flexão
11 provocada pelos empuxos horizontais, podem ocasionar grandes
deslocamentos verticais e horizontais e, até mesmo, a ruptura do 11. ASPECTOS DA INTERAÇÃO ESTRUTURA- SOLO EM SANTOS
elemento estrutural.
ld A aceleração do processo de adensamento das camadas moles, A ocorrência de problemas de recalques na cidade de Santos,
visando minimizar os efeitos destes fenômenos, tem sido feita .nas fundações por sapatas apoiadas na camada de areia compacta
instalando-se drenes {fibra-químicos ou areia) e sobre- aterro superficial, devido ao adensamento da camada de argila mole
adicional da área, durante um certo período . subjacente, encontra - se largamente difundida no meio geotécnico
Em algumas obras o atrito negativo foi minimizado pela pintura brasileiro. Os aspectos da interação estrutura - solo pertinentes
do fuste das estacas com asfalto . foram objeto de ampla análise e de debates divulgados
internacionalmente na década de 1950.
Jbapuxos horizontais devidos a sobrecargas verticais O estado da arte das Fundações na cidade de Santos até 1965,
Para o caso de (;!mpuxos horizontais nos fustes das estacas, pode ser apreciado na série de Palestras, realizadas no Instituto de
provocados por sobrecargas verticais unilaterais, várias soluções Engenharia de São Paulo, por eminentes especialistas preocupados em
tem sido adotadas nesta região. orientar o projeto destas Estruturas. Assim Vargas {1965), Teixeira
Nas pontes e viadutos da Baixada, os efeitos dos empuxos {1965 ) e Rios {1965), deixam o relato de suas experiências com
~~~ horizontais são minorados pela disposição sui-generis do greide fundações profundas e rasas neste local . É relevante relembrar a
] vertical em curva da obra de arte, de modo que a altura do aterro no recomendação da época, de jamais deixar as bases das fundações
ua acesso seja o mínimo compatível com a resistência estrutural à profundas, assentadas na espessa camada superficial de areia
flexão, dos elementos estruturais de fundação dos pilares dos compacta de SFL, para evitar os problemas já conhecidos de grandes
I lU encontros. recalques experi mentados pel as fundações por sapatas ali apoiadas. A
~~~ Outra solução é prolongar a obra de arte por meio de uma regra da época, para as fundações profundas, era de sempre procurar
estrutura de aproximação ou de um aterro estruturado, sobre estacas, as camadas mais rígidas de solo residual, situadas abaixo das
~ nos encontros de obras e arte, com greide descendente, sempre
visando a redução da altura do aterro, no acesso.
camadas de argilas e areias transicionais. Em conseqüência, as
fundações profundas eram sempre dignas desse nome e atingiam, quando
n( I
Evidentemente pode-se dimensionar as estacas para a sobrecarga utilizadas, profundidades superiores a 40 metros. As dificuldades
1111
de empuxo horizontal quando as deformações esperadas forem para executar estacas moldadas in situ com estes comprimentos
admissíveis. Neste caso a última linha de estacas do bloco, do lado conduziram ao abandono de sua utilização até o advento das estacas
l'' escavadas sob lama bentonítica. As estacas metálicas eram a opção

1111!1\
!1111
168 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO FUNDAÇÕES PROFUNDAS NA BAIXADA SANTISTA 169

natural. Esta postura evoluiu graças aos estudos de Massad (1985) A redistribuição das cargas para os pilares periféricos que se
que comprovaram a substancial diferença no grau de pré-adensamento observa no caso de fundações diretas, em conseqüência dos maiores
das camadas de sedimentos flúvio lagunares (SFL) e das camadas de recalques na parte central dos edifícios, fica drasticamente
areias e argilas transicionais (AT) . Atualmente as fundações por reduzida quando se trata de uma fundação estaqueada, sendo válidos
estacas dos prédios em Santos atraves sam as camadas de SFL, os procedimentos tradicionais de cálculo , que geralmen te desprezam
L~ levemente pré-adensadas, e, muitas vezes, podem se apoiar sobre as esta interação.
camadas pré-adensadas AT. Em certos locais a camada AT não é Quando se leva em conta esta interação é de fundamental
li confiável e as fundações devem procurar apoio no solo residual importância a consideração do cronograma de construção do prédio. É
subjacente. Os principais obstáculos são a travessia da camada de errada a modelagem que consiste em colocar o edifício concluído
areia compacta e a situação dos prédios vizinhos. instantaneamente sobre as fundações considerando o concreto com
Do ponto de vista de projeto, a consideração da interação módulo de elasticidade constante em todos os andares.
estrutura - solo, para esta nova condição de suporte, impõe o De fato, uma vez concluída a execução das fundações, monta-se
::11 cálculo de recalques de grupos de estacas em meios estratificados. o cimbramento para a construção do primeiro andar. O peso próprio do
I
I
Apesar das dificuldades deste cálculo pode-se dizer que, no
caso de fundação profunda, os pilares do prédio se apeiam sobre um
concreto e do cimbramento representam um carregamento distribuído
sobre o terreno. Este carregamento passa, para efeitos de cálculo,
grupo de blocos rígidos que capeiam os elementos estruturais da instantaneamente para as fundações, quando se remove o cimbramento .
·•li! fundação. Para o bloco k do grupo o recalque ôik, do topo de cada Na construção do segundÕ andar monta-se novo cimbramento e as cargas
til elemento i, é constituído por duas parcelas : do peso próprio do concreto e do cimbramento representam um
11l'
carregamento distribuído sobre as lajes já concretadas do primeiro
ôik = ôik,s + ôik,p ( l ) andar, que passa instantaneamente para as fundações. Este
11 procedimento se repete até o ultimo andar. Neste momento os
11! O efeito de grupo encontra-se na parcela ôik, s ou seja, no concretos dos andares inferiores terão módulos de deformação
1111 reca lque da ponta do elemento estrutural devido à ação de todas as diferentes conforme suas idades além dos efeitos das deformações
cargas, transmitidas por todos os elementos do grupo, sobre as lentas também variáveis ao longo da altura do prédio . Conclui-se
uj
camadas de solo sob a ponta do elemento i. Quanto maior o valor da que, à medida em que os andares vão sendo superpostos, vai ocorrendo
uj parcela ôik,s maior é o efeito de grupo. A parce-la Õik,p refere - se um aumento gradual de rigidez da super-estrutura concomitante com o
I ao encurtamento do elemento estrutural sob ação . do esforço normal aumento gradual das cargas nas fundações.
llli que atua sobre o elemento i. Os recalques das fundações profundas variam ao longo do tempo.
No caso de estacas apoiadas na rocha os valores de Õik,s podem No iníc io, durante a construção há uma fort e influencia do
ser considerados igual a zero sendo válida a hipótese de estacas carregamento, predominando os recalques elásticos, com velocidades
lU rotuladas nas pontas. de recalques que podem atingir 300 micra/dia. Na fase seguinte, após

.. 1
;
Um fato relevante que resulta das observações através de provas
de carga é que, quando as estacas de concreto ou de aço, L/D = 100
são cravadas até a presumível superfíc ie da rocha, verifica-se que
a construção, dependendo da presença e do grau de pré-adensamento de
camadas argilosas abaixo das pontas das estacas, ocorrem recalques
por adensamento primário, com velocidades inferiores a 100
111
após o carregamento e descarga, ocorrem recalques permanentes da micra/dia. Finalmente, entra-se na fase dos recalques secundários,
~IÍ ordem de 15% do recalque total. Isso pode ser também constatado no com velocidades finais da ordem de 5 a 10 micra/dia, que se estende
caso de tanques e silos onde é possível realizar uma prova de carga praticamente por toda a vida do prédio.
11: em verdadeira grandeza no conjunto de estacas. Questiona-se a causa Neste caso a magnitude dos recalques absolutos dificilmente
destas deformações plásticas que poderiam estar relacionadas ao ultrapassa uma dezena de centímetros, ao contrário das fundações
nível de fraturamento da rocha ( relaxação ) ou . ao fenômeno de diretas que podem atingir valores lO ou mais vezes este valor.
tensões residuais, decorrentes do set-up do atrito lateral impedindo A influencia ao longo do tempo da implantação de um edifício
11'1
a restituição elástica da estaca. estaqueado junto a edifícios sobre fundações diretas, é desprezível,
1111 A carga preponderante no caso de prédios é o peso próprio uma vez que o bulbo de pressões do estaqueamento é levado para as
responsável por cerca de 70 a 80 \ da carga total. A interação camadas profundas e, geralmente, de baixa compressibilidade.
estrutura - solo depende das características de ambas as partes. Um caso típico de medidas de recalques de obra sobre estacas
Assim a distribuição de cargas nas fundações depende da rigidez da flutuantes com as pontas em camadas de AT, em Santos, é apresentado

super-estrutura que se apoia sobre elas. Além disso as dimensões e a na figura 2. Trata - se de um conjunto de 2 edifícios de 15 andares,
UI forma em planta do estaqueamento exercem uma influência ponderável com 19 pilares por prédio, cargas variáveis de 3600 e 6400 kN,
no mecanismo de interação. apoiado em 116 estacas pré-moldadas de SOem e carga admissível de
lllli 1400 kN. As curvas de iso- recalques da figura 2, mostram que os dois

w~
Ullll
170 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO FUNDAÇOES PROFUNDAS NA BAIXADA SANTISTA 171
K.

n prédios, construídos simultaneamente, tendem a se incl inar um na 12. AVALI AÇÃO DO DESEMPENHO DE ESTACAS CRAVADAS
direção do outro, como tem ocorrido· em dezenas de outros casos em
Santos. A única diferença é que, por se tratar de prédio em fundação Medições de vibrações em Santos.
por estacas pré-moldadas flutuantes (estacas com cerca de 30m), os Na execução das fundações profundas em Santos deve-se
recalques estabili zados foram mínimos, cerca de 12 mrn, se comparados cons iderar a existência de vizinhos em condições precárias,
com os recalques dos prédios em fundações diretas. constituídos por residências antigas e por prédios que apresentam
ol. o ; l! 11 IS M grandes recalques e grandes inclinações, com fundações diretas na
HJ' ~ espessa c amada de areia compacta superficial.
I No caso de estacas cravadas, pode- se minorar acentuadamente os

·~nl dissabores decorrentes das v i brações provocadas pela execução,


usando- se o recurso de pré-furo com o equipamento de lançagem de
I água descrito em Alonso · & Aoki (1988).
•I, A comprovação da adequação deste procedimento é feita pela
medição da intensidade das vibrações provocadas pela cravação das
11 ~
estacas, que permite verificar se o projeto atende às condições das

llnll õr~'~J
(ô'e) ~ ô()'
~C ~~
v \\~o~õ
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se
~
obras vizinhas.
Nas figuras 3 e 4 apresenta-se um caso típico de obra, em
estacas pré-moldadas de concreto de 50 e 60 em de diâmetro, onde o
IPT de São Paulo realizou medidas de vibrações em 5 prédios e 4
residências vizinhas , a distâncias variáveis entre 5 e 50 metros das

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estacas.
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.... Ido d4 F und • Pr fur·o c: ~Jato ,.
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5 10 15 20 25 30 35 40
Figura 2. Curvas de iso- recalques de 2 prédios vizinhos Frequencla ( Hz )
cons truídos s imultaneamente, em Santos: ( mrn )
Figura 3. Vibrações em prédios v i zinhos devido ao ruído de
lli, O solo no local do bench-mark da obra, apresenta uma espessa camada fundo e ao pré-furo com jato d'água.
SFL de areia fina siltosa, cinza, medianamente compacta e compacta,
1111 com índices de penetração SPT variável entre 8 e 30, com 9. 8 m de O subsolo local é constituído por uma camada de cerca de 11.5
espessura, sobrejacente à camada SFL de argila siltosa, com matéria m de areia fina s iltosa, pouco argilosa, cinza , com índices de
lU
orgânica, mole a média , cinza escura, com índice de penetração entre resistência à penetração SPT variando entre 4 e 33. Subjacente a
llli 2 e 6, com 15. 65 m de espessura. A formação de argilas e areias esta camada, ocorre uma camada de 16 m de argila marinha siltosa,
transicionais (AT) encontra-se rep resentada pela camada de argila cinza escura, com SPT variável entre 1 e 6. Segue-se uma camada de
1111 arenosa, média a rija, cinza, com lentes de areia fina, SPT entre 10 argila marinha muito arenosa, cinza, de cerca de 4 m de espessura, e
e 16, com 5.35 m de espessura, sobrejacente a outra camada de a rgila SPT variável entre 3 e 7. Abaixo desta, encontra-se a camada de
~~ siltosa, média a ri ja, cinza, SPT entre 7 e 17 e 4.65 m de apoio das estacas, com cerca de 7 . 6 m de espessura, de areia f i na
uÍI espessura. Segue-se nova camada de argila siltosa AT, média a rij a, siltosa, pouco argilosa, cinza, com SPT variável entre 10 e 23. A
cinza, com lentes de a reia média a grossa e pedregulhos finos, com partir da profundidade de aproximadamente 39 m, ocorre uma camada de
SPT variável entre 9 e 15, com 6. 35 m de espessura. Segue-se uma argila marinha siltosa, pouco arenosa, cinza escuro, com índices de
camada de com areia média e grossa a té a profundidade de ins talação resistência variável entre 4 e 11 . Seguem-se as camadas resistentes.
do bench mark, a 43 m de profundidade.

11
"''!

173
FUNDAÇÕES PROFUNDAS NA BAIXADA SANTISTA
172 SOLOS DO LITORAL DE SÀO PAULO
\
As estacas foram cravadas com martelos de queda livre de cerca No quadro 1 indicam-se os valores das velocidades de vibração
de 50 kN, caindo de 1 metro de altura máxima, atingindo 30 a 35 admissíveis,, para avaliação dos efeitos de vibrações de curta

·~ metros de profundidade. Observa- se na figura 3 que o ruído de fundo, duração, da atual Norma DIN 4150 - parte 3, de 1986.
verifica-se que, para a faixa de freqUências de 10 a 50 Hz, as

·~'
devido à passagem de ônibus e carros, provoca ·picos de velocidade
inferiores a 0.3 mm/s, em uma faixa de freqUência entre 17 e 33 Hz. velocidades admissíveis para o caso de residências e prédios é de 5
111 A execução do pré- furo de 13 metros de comprimento , com a 15 mm/s, valor compatível com a cravação sem pré-furo.
diâmetro igual ao da estaca, provoca vibrações com picos de No caso de estruturas particularmente sensíveis à vibração
velocidades de até 3 mm/s, numa faixa de freqUência variável entre impõe-se o uso de pré-furo.
12 e 17 Hz. Na figura 4 verifica -se que a cravação experimental, sem
o pré - furo, provocou picos de até 5.5 mm/s, numa faixa de
freqUências de 12 .5 a 25Hz. Controle estatístico da carga de estacas pré- moldadas.

Desde a publicação da extensa análise sobre a aplicação de


10
fórmulas dinâmicas na cravação de estacas pré-moldadas de concreto
-;; em Piaçaguera, por Pinto & outros (1974), ocorreu uma grande
~ evolução representada pela aplicação intensiva da monitoração de
••
.. cravação de estacas, com importante participação do IPT de São
i
.a 1 Paulo. Hoje o valor da carga mobilizada é determinada, durante a
E
execução, por método dinâmico simplificado, a partir da medida das
I
;:
.. .
negas e dos repiques de todas as estacas. Comprova -se a adequação
deste método realizando - se ensaios de carregamento dinâmico
0,1
• Cr lv~ I pr._l r o rav a ç. o e / _pr 1'-cluro crescente, executado com o PDA.
5 10 15 20 25 30 35 40
Frequencla ( Hz )
OBRA EMÉCUBATÃO COM 739 ESTACAS
PR -MOlDADAS D= 26 em
Figura 4. Vibrações em prédios vizinhos devido à c ravação sem as ...- - .---.--r-
pré-furo e com pré-furo de jato d'água. ao
~ 25

·~
A cravação normal, com pré- furo, reduziu a velocidade de pico 20

ft

11'
I<
para 2.5 mm/s, com freqüências entre 12.5 e 25 Hz, demons trando a
grande eficiência deste processo executivo, na redução do nível de
vibração em prédios e residências vizinhas à obra, na mineração dos
efeitos da cravaçã o de estacas pesadas.
1~~ g-.fft
15

385 400 801 7::1 818 11218 10041142 ::!51136111467

·~ QUADRO 1. Velocidades de vibração admissíveis da DIN 4150 - 1986


Aoeiot6ndM rnollillladM na cnveçio ( kN )
Padm = 400 kN, Pmédio= 926 k.N, Desvio padrão = 180 kN
Velocidade Ve locidade Velocidade Coei. var.= 19% , Pk= 635 kN
Linha Tipo de estrutura (mm/s) (mm/s) (mm/s)
freqUência freqUência freqUência Figura 5. Curvas de distribuição de resistências mobilizadas
•n111
1 Prédios comerciais,
< 10 Hz 10 a 50 Hz 50 a 100 Hz no final da cravação.

prédios industriais e 20 20 a 40 40 a 50 A estatística de valores de cargas mobilizadas em uma obra


similares típica em Cubatão pode ser visto na figura S. A experiência com esse
n tipo de controle tem mostrado que a distribuição teórica da curva de
1ft 2 Residências e prédios 5 5 a 15 15 a 20 Gauss não se aplica bem aos resultados de campo. Pelo fato de não
existir na obra, valores inferiores a Pmín ou superiores ao valor da
111 resistência estrutural Re, a curva de distribuição d~ resistências é
Estrut. particularmente melhor representada pela curva tipo Beta, conforme sugere a
11
sensíveis à vibração, distribuição de freqUências indicada pela figura. Nessa obra de
ll 3 que não correspondem às 3 3 a 8 8 a 10 Cubatão notou-se , pela primeira vez, esta importante característica
linhas 1 e 2 do desempenho de obras controladas por procedimentos dinâmicos .
-
....,
llll
174

:l
SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO FUNDAÇOES PROFUNDAS NA BAIXADA SANTISTA 175

13 . CONCLUSÃO Simpósio Teoria e Prática de Fundações Profundas. v.II, p. 119-135,


Porto Alegre .
A experiência adquirida com o Projeto e a Execução de
Fundações Profundas na Baixada Santista mal começa a ser analisada Danziger, B. R. ( 1980 ) - Provas de carga em estacas tubadas.
u'\ e, espera -se que este relato contribua para a divulgação e estimule Revista Solos e Rochas. v. 3, no.3, p. 29 - 38, Rio de Janeiro .
nll a publicação de grande número de casos que continuam no anonimato.
' Fanton , J. V. ( 1982 ) - Correlação entre as tensões resultantes
DI! de ensaios triaxiais e de provas de carga horizontais em estacas.
VII Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia de
11\ 14 . REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Fundações. v.II, p.190-207, Olinda I Recife.
n11l
j Alonso, u. R. & Aoki, N. ( 1988 ) - Uma Solução Alternativa para as Golombek, S. ( 1965 ) - Conferência do Eng. Sigmundo Golombek . Série
R!j Fundações na Baixada Santista. Anais do Simpósio sobre Depósitos
Quaternários das Baixadas Litorâneas Brasileiras: Origem, de Palestras "Para uma orientação ao projeto da Estrutura de
Características Geotécnicas e Experiência de Obras. ABMS, ABGE, IPR, fundação de obras na Baixada Santista". Instituto de Engenharia de
UI CE-RJ. p.5.11-5.25, Rio de Janeiro. São Paulo, Divisão Técnica de Estruturas. p.30-39, São Paulo.
•ti Aoki, N. & Alonso, U. R. ( . 1988 ) - Instabilidade Dinâmica na Golombek, S. ( 1970 ) - Problemas especiais de projeto e construção
Cravação de Estacas em Solos Moles da Baixada Santista. Anais do
Simpósio sobre Depósitos Quaternários das Baixadas Litorâneas de fundações ( em geral ) . Relato Geral. IV Congresso Brasileiro de

·~
Brasileiras: Origem, Características Geotécnicas e Experiência de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações. v.II, Tomo I, Rio de
Obras. ABMS, ABGE, IPR, CB- RJ. p. 5.01-5.10, Rio de J aneiro. Janeiro.

:l Aoki, N. & Velloso, D. A. ( 1975 l - An approximate method to


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TALUDES NATURAIS
dm.dio Michael Wolle e Celso Santos Carvalho
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I. RESUMO

I~

11. No presente relato são descritos os principais processos de


instabiliza ção obse rvados na s encostas da Serra do Mar e dos morros
I~ e s erras i s olados q ue se e stendem a o longo da f a ixa litorânea do
Estado de São Paulo. · A ênfase principal do trabalho está voltada à
I. caracterização dos fenômenos, com descrição dos mecanismos. de
instabilização já detect a dos, confirmados ou apenas inferidos,
I~ procurando- s e situar os domínios em que ocorrem nas encostas em
questão. As s i m, de screvem-se os d iversos tipos de escorregamentos
li observados na região, assim como as movimentaçõe s de massas de
talus, quedas, deslizamentos e rolamentos de blocos e, por fim, são
I~ descritos, ao nível ainda restrito do seu conhecimento, as corridas
de massas (debris flows) . Ao fi nal do traba lho apresentam-se
li bre vemente , as açõe s para a impleme ntação da segurança na região e m
relação aos processos de instabilização de encostas.
~

·~. 1. I NTRODUÇÃO
li
111
Ao s e referi r às ques tões de estabi lidade de taludes natura i s
na região da faixa litorânea do Estado de São Paul o, imediatamente
dois grandes domínios se apresentam ao investigador: as escarpas da
Serra do Mar, palco de extensos processos de instabilização de
encostas e frequentes problemas dai decorrentes às rodovias,
fe r rovias e dema i s instalações adj acentes, e os morros e serras
isolados que despontam junto à maioria das cidades do l itoral do
estado, em cujas encostas já se implantaram numerosos núcleos
urbanos, freqüentemente afetados por problemas de instabilização e
atingindos por massas escorregadas ou blocos · que deslizam ou rolam
pelas encos tas.
As semelhanças em termos de processos intrínsecos de
instabilização de taludes nas escarpas da Serra e nas encostas dos
morros das cidades litorâneas são muitas, sendo o princ ipal
diferenciador a at i vidade e a ocupação antrópica, que faz com que,
no segundo domínio , predominem problemas decorrent e s desta ocupação,
~ 181
180 SOLOS 00 UTORAL OE SÀO PAULO TALUDES NATURAIS

~
~ ou s e ja instabilizações geradas por c ortes , aterros, l ançamento s isoladas até a ruptura de porções rochosas fratura das , de ocorrência
d'água nas encos tas , ac(imulo de l ixo o u e n tulho e o desma t amento bem ma i s rara na região .
generalizado, enquanto que nas encostas da Serra d o Mar a i nda são Em todos estes fenômeno s de instabilização de encostas isentas
amplame nte predomina n tes os p rocessos de inst a bilizaçã o em encostas da a ç ã o antr6pica , o p ri n cipal agente instabilizante é a água e a
nat u ra is não ocupa d as, apenas por vezes p oten c iados pelo de fl a g r ação ocorre d uran t e períodos chuvosos i ntensos. Os mecanismos
des ma tamento e, espec ialmente , p ela degradação qa cob e rtura vegetal, d e instabi lização propriamente ditos não dif erem, em sua essência ,
como no caso de vastas áreas do município de Cubatão . daqueles ocorrentes em encostas nat u rais submetidas a ações
Os estudos g eológico-geotéc nicos com ba s e técnico -científica a antrópicas deletéri a s, c omo se v erá mais a d i ante.
respeito das i nstabilizações de encostas na região pratic amente se Sob tais ações, no entan to , urna varied a de maior de mecanismos
iniciaram e m fins da década de 40, com o s trabalhos de Terzag h i d e ins t abilização pode p revalecer , especialmente q ua ndo a ação
(1950) e Rodrig u es e Noga mi ( 1 950) assumindo caráter mais huma na envolve a produçã o d e modificações geomé t r ica s nos taludes,
sistemático na d écada seguinte, a p a r tir dos e v entos c ata stróficos decorrendo dai alterações nos estados de tensõe s a tua ntes , como no
que atingiram o s morros de Santos e m 1956 (Vargas et al 1 956 , 1 957, cas o da e x ecução de cortes, a terros ou imposição de sobrecargas no
1966). Poré m, f o i principalmente a part i r de mea dos da déca d a d e 70 talude.
que o ass u n to me receu um destaque maio r no campo da Geotecn ia , com De um modo geral, n a s condições prevalecentes nas encostas da
investigações de campo incluindo a instrumen tação das encostas e Serr a do Mar e dos morr o s e serras isoladas oc orrentes na faixa
estudos l abo ratori ais e de mod e lação mais aprofundadas, conforme litor ânea, a ação ant r ópic a basicamente potenc ia a ocorrência de
Vargas (1 97 1, 1 974 ), Wolle et al (1976, 1 978 , 1980) , Guidi cini et a l i ns t a bi l izações nestas enco s t as , acelerando uma fenomenologia que,
(1976) , Ro d ri gues et al (1976 , 197 8 ) , entre o u tros. de qua l quer modo , ocorria nas condições na tura i s o r i g i na is, porém
A partir de meados da década de 80, o s estudos dos processos com me nor velocidad e e/ou i n ten sidade . Além disto, acresce m- se
de instabilização de encostas na r egião s err a n a e morros do litoral outros modos de ;rup tura, ou seja, passam a o correr alguns mecanismos
paulista evoluíram para d ois caminhos difere n tes. De um lado, a de instabi l ização não atuantes nas condições o r iginai s.
ú engenha ria geotécnica desenvo lveu técnic a s mais sof isti cadas d e
ensaios l aborato riais e de i nstrumentação d e campo , principa l mente
u no que t ange à i nvestigação dos c o mpo rt amentos dos solos n ão
saturados , c om use de medidores d e tensão de sucção e ensa ios com 3. PRINCIPAI S TIPOS DE INSTABILIZAÇÕES DE ENCOSTA
sucção controlada , que encontraram no estudo dos taludes n atu rais da OBSERVADOS NA REGIÃO
• região um campo especialmente fértil de aplicação. Por outro l a do,
geólogos d e e ngenharia e engenheiros geotécnicos voltaram- se com
grande ênfase p a ra estudos de cará ter ma is regional , objetivando
avaliações d e riscos e dese nvolvendo trabalhos de c artogra f ia Os diversos t 1p0s d e instabi 1 izações observ a dos em encostas
J geotécnica para finalidades múltip l as que também tiveram a plicação nat urais, inclusive na regiã o da Serra do Mar e ad jacências, já
marca n te na regi ão ora enfocada . De nt r e os primeiros, destaca m- se foram objeto de muitas pro postas de classificação, a lgumas gerais e
M~i trabal ho s como os d e Abrament o ( 1988), Carvalho ( 1989) , Carvalho e a brangenLes (Freire. 1965 ; Guididni e Nicble, 1 976 ), outras mais
I
Wolle ( 1 98 7 ), Wo lle ( 1988 ), Wo lle e Hachich ( 1989 ), enquanto os e spec i f icas (Barata . 1 96 9 ; Cos ta Nunes , 1969 ; Varg a s , 1956, 1966 ,
11~ trabal ho s do segundo grupo baseiam-se p ri ncipal mente e m lPT ( 1985, 198 5 e Wolle , 1988) . iá vol t a d as para um e nfoque d e caráter
1986 , 1987, 1988), tendo s ua divulgação ao meio técn i co sido reg i onal.
ll'j realizada atravé s d e Augusto Filho (1990, 1 993) . Procu rar - se - á utll i zar uma classificação reg ional , a de Vargas
(1985 ), apenas real ízando- s e a l gumas pequen as adaplações para que
possa abranger todos os t i p ·-·s de processos obs erva dos na região . Na
tabela l, adJõnte, pode - se visualizar os vários processos
2. A EVOLUÇÃO NATURAL DAS ENCOSTAS E A AÇÃO ANTRÓPICA r e lacionados. A seguir, descrevem-se os dive rsos tipos de
instabilização observados, analisando - se as condições típicas para
1 sua deflagração e os ambientes propicies às suas ocorrências.

-~~~~ ~ Mesmo s em qualquer atividade humana, as encostas da s e rra do


111! ! Mar, assjrn c omo os morros das cida d es l itorâneas, sofrem processos
de instabilizaç ã o associados a ocorr ê nc i as de eventos pluviomét ricos
intensos. Esta é a d inâmica da e vo lução natural destas e ncostas que
produz , e m escala de tempo geol ógica, a r egressão da escarpa da
Serra do Mar cont i nente adent ro. Assim, sucedem e p i sódios d e
escorregamentos e d e erosão do solo exposto a períodos nos q uai s as
porções s uperfi c i a i s dos maciços s o f r em intemperismo, até nova me n te
ficar disponíve l um horizonte intemperizado, composto d e solo
saprolitico e eventualmente coberto com material coluvi onar,
passível de novas instabilizações.
Dependendo das configurações locais de litologias e
esLruturas, além dos escorregamentos e da erosão das capas de solo
formadas "in-si tu", podem também ocorrer instabilizações no próprio
maciço rochoso, envolvendo desde o d e sprendimento de blocos e lascas

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1
182 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO TALUDES NATURAIS
183

In Tabela 1. Classifi cação de Fenômenos de lnstabi l i zação de Encostas. de um metro a t é alguns poucos metros , dependendo da l i tologia local
(apud Vargas, 1985 - modificado) e do mecani smo de instabili zação, associado às condições de fluxo
d'água, resistência dos solos e perfil de permeabilidades.
Pelas cicatrizes que se observam nas encostas, ocorrentes às
centenas após episódios p luviométricos muito intensos como em
CLAS S !: HODO OCORRENC I A
Caraguatatuba (1 967), Vale do Mogi - Cuba tão (1985), Vale do Rio das
Pedras -Cubatão (1994) , o s escorregamentos trans lacionais costumam
RJ\STI!JO Movilnentos tentoa · Movimento constante ou
apresentar larguras relat i v amente redu zidas e comp rimentos bastante
Movin•clltoa ·vl.tsticos" I (CREEP) mobi 1 i z~mdo apena~ i n tert~~iten te. acelenado longos. De um modo geral, tais largura s situam-se geralmente entre
ou •vi a coao:& "' Lent.o9 parte da r"eatatfncia ao J du,.ante períodos de 10 e 15m, às vezes apresentando um pouco menos que 10m (praticamente

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H0V 1Mt:HTOS

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cis.alha.-e:nto
Movi.ent.oo contínuos ou
lntetl~titen te• cn•
I
chuva :a

MOvi . . ntoe detonado&


P.Qr ••cav~<;ões 110 pé ou
não se observam cicatrizes com menos do que 6 a 7m de l argura ),
outr as vezes apresentando larguras maiores, possivelmenLe
re s ultantes de movimentos laterais consecutivos. Os compriment os das
TAWS acumulaçoe• dctriticas sobrecatgas no t opo, .,a cica trizes a t i ngem até três centenas de metros , p orém geralmen te a
I ~'po c a de chuvas p art e inferior corresponde apenas ao t recho de passage m da massa
IQ
ESC'ORRt::GAMeNTOS Oesli zatneauoa de I Ru})tUt'a s súbitas instabilizada, de m"odo que, em geral, o comprimento do


I
R.scot.t ega.entoa e •
ao longo dt~
solo
supet·fíci~s
PI.ANAAES
I CTRANSLAClOHAIS)
delgado• horhootes de
capas s upert'&c1.•ia de
solos reaidua.le
duranl..c chuvas
~

100..,./dl.l. dvr-ant.e
int.~nsas

precipit.ações >
escorregamento propriamente dito atinge algumas dezenas de metros.
Os escorregamentos translacionais estão associados a mais de
um mecan ismo de instabiliza ção, dependendo das condições geológicas
de LllptUl' A
1-- - - ---- - --+------ ---- - ; per.i odon chuvosos e geotécnicas locais, a saber:
E::it;."ORREGAHENTOS Idem, 1naitJ eBpesso!> â s
M' ~O'L'ACIONAIS I vez.~ s contcnUo 1natacõ e s 1• Mecanismo : Flux o Paralelo à Encosta/Pr e ssões Neu t ras de
I DE:SL. lz.AMeNTOS o& CUNHAS I o~sll ~4\Mento ao longo Percolaçã o
e de de scon t I nu idade 3
I
T.ASCAS

Ide• aos R~ptucas sübi tas Neste mecanismo, a ruptura do talude é provocada pelo fluxo
I .-:scorn:gc.\..elltos KSCORR.ECAHENTOS
esoorrega-.c:ntos durunte ou após chuvaa d'água, desenvolvendo - se aproximadamente paralelo à encosta (figura
~slrulut.l'dos e• rocha e RSTRlFTURADOS
~.ls:nol i ro rot.actonala, prec tpit.ações > 1) , em função das pressões neutras (poro-pressões ) resultantes no
~
Ma& éOtlll

'I c nvolve•)dO rocha n•uito 1OOmm/dla. dut:ante .interior da massa submetida a este fl uxo (ou , equivalentemente , como
IW~
1 h:a t uradu p~d odos chuvo sos decorrente das forças de percolação produz idas pe l o fluxo ) .
QUf;DAS UI:! BLOCOS Quedas de IJlocos e

• AVALAH{11S:S
rola...ento da .ata.cões
A partt l" de
escorrega. . nto.a ou
Pode• ocorrc:r" durant.e
chuv~.&• u1terlsas t=-
LI N HA
fii[ 6Tt(&

A Vil& iliU'!h~lil desloca~r~entoa de- blocos SOn~m/hota) nos períodoo LINHAS (QU"1)TtJC)&.
N,RP[ N01CU1..41111t AO
n a s e n costas chuvosos do s anos ma i •
TAL U DE:
con·idllift
1-----------~--------------------; ~huvoaoG
CORQ. Ll)AS DE MASSAS Escoamento• 1. :ipidos de
CJ.AMA, BLOCOS . ,I .assas ao longo das
drenagens
,__ _] '?;,•Za cos'-<
A
.d_o(
4. ESCORREGAMENTOS EM SOLO
LI NHAS 01[ FLU X O
PAIIIAL (LAS AO U LUO[

Figura 1. Fluxo Paralelo à Encosta.


I~ ESCORREGAMENTOS TRANSLACIONAI S
Neste modelo, quanto mais a linha freática se aproximar da
superfície do t erreno , maiores serão as pressões n eutras, have ndo
111,
São
indubi.Lave l mente , os tipos mais frequentes de uma condição limite para deflagração da r uptura .
inst abi l i~açõesde e ncostas encontrados em toda a re gião da Serra do Caso a encosta possa ser rep r esentada através do mo de lo do
111
Mar, respondendo pela imensa maioria dos e v entos, especialmente nos "talude infinito", ou seja com superf ície do t a lude paralel a à
q trechos alto e médio das encostas serranas. superfície potencial de ruptura, aprox imadamente plana, e a uma
Woll e (1988) e Wolle e Carvalho (1989) apresentam descrições profundidade muitas vezes menor do que o seu comprimento, o
basLanLe detalhadas dos escorregamentos tra nslacionais observados e quacionamento do problema é bastante fácil, resultando:
~~ i
nas encostas da Serra do Mar. Caracterizam-se semp re pelo destaque
de p orções s uperfi c iais da e ncos ta , atingindo o hori zonte coluvionar C+ (y z- Ya zal coe2 a t g '
111'
c . s. (1)
superfic ial e, comumenLe, o horizonte de solo saprolitico (residual )
imediaLamente ~oLoposto. As espessuras envo!vjdas variam desde menos y z sen a coe a

:~fl ll
184 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO TALUDES NATURAIS 185

Onde: talude, nos horizontes superficiais de solo. O fl uxo nes tes casos
passa a ser predominanteme nte vertical (figura 2), sem
c, + são os parâmetros de resistênc ia do solo (coesão e desenvolvimento, por tanto, d e pressões neut ras positivas e de forças
ângul o de atrito); de percolaçã o na direção paralela ao talude .
Por outro lado, a partir de um grande número de ensaios
Y·Ya são os pesos específicos do solo e da água , laboratoriais sobre amostras indeformadas dos solos constituintes
respectivamente; dos ho ri zontes superficiai s, passívei s de instabilização, constatou-
se que o s parâmetros de resistência dos mesmos eram bastante
z,za são as alturas (medidas na vertical) da superfície afetados (reduzidos) quando estes solos eram encharcados. O efeito
potencial de ruptura até a superfície do terreno e até do encharcamen to (a umento do grau de saturação) destes solos produz
a superfície freática respectivamente; e a .n~dução principalmen te do parâmetro de coesão, pela eliminação da
a é o ângulo de inclinação do talude (admit i do constante) . "coesão aparente ", ou se ja, da parcel a de resistência res ultan te das
11 tensões de sucção" que prevalecem nos solos insaturados .
Verifica -se , de imediato, o efeito redutor no coeficiente de Analiticamente constatou-se (Wolle et al, 1976, 1978) que esta
segurança (C .S. ) decorrente da "subida do NA" (aumento de za l. Para redução de resistência devida ao encharcamento do solo é suficiente
cada conjunto de parâmetros geotécnicos e g eométricos, haverá um para levar à instab i l ização destes ta ludes, não havendo necessidade ,
11l~ 1
"za" limite, para que se mantenha CS > 1. · para tanto , d e ocorrer qualquer nível de pressão neutra "posit iva ".
A este mecanismo foi atribuída a ruptura da encosta da
•f' Caneleira, nos morros de Santos, ocorrida em 1956 e estudada por
Vargas et al (195 6, 1957. 1966 ). Apesar de haver divergências de
11 interpret ação (Morgenstern e Ma tos, 197 5) , a existência de um maciço
rochoso muito pouco f rat urado (p r aticame nte "impermeável ") sotopos to

·~
à capa de solo escorregada, e os parâmetros geotécnicos det e rminados
a partir de ensaios laboratoriais, permitem admitir, em princípio. a
ll validade da ocorrência dest e mecanismo, no caso da Caneleira .
No entanto, este mecanismo não expl ica a grande ma ioria das
111 ocorrências de escorregamentos translacionais observados na região . CKUV&
Para que este mecanis mo possa se estabelecer' é essencial a
11 e xis tência de um horizonte menos permeável sob a camada passível d e
instabilização, de f o rma a permitir a ocorrência da rede de fluxo no
IM horizonte superior. Es ta situação é relativamente rara nas encostas • -44,....'\0 "J'
da Serra do Mar no Estado de São Paulo , res tringindo-se a alguns y ~"·~~'"'"'".
t"lf=+.,. •• I
IQ c asos de capeamentos de solo s obre maciços rochosos pouco .,...,*> ._rY<tl...., . . ; ~ EOUIPOTENCIAJS
fraturados, constituídos por granitos e migmatitos granitóides, que ..._\. o'>l••~ . HORIZONTAIS
ocorrem de f orma algo espars a na região (al gumas ocorrências nos •",o~v"o•'""-f..
·~ morros de Santos , na v ertente sul da Se~ra do Morrão e em porções da
vertente da ma rgem di reit a do Rio Cubatão ). Também n o Litoral Sul,
,. y
• +o ...o ...o
·~'~~,_'>) . / ..
1 u ~o

I~
no Vale do Ribeira, próximo às local idades de Ribeira e de Biguá
cons tatam-se a lgumas ocorrências semelhantes, assim como no Litoral - !.

·~IQ Norte , Caragua tatuba e Obatuba. Mesmo ass im, estas .ocorrênc ias são
muito me nos numerosas no litoral paulista do que nos estados do Ri o
,. de Janeiro e Espírito Santo, onde se tornam freqüentes.
2• Mecanismo : Fluxo Vertical I Redução da Resistência pela
Figura 2. Fluxo predominantemente vertical.

Saturação do Solo Em a nálise de e stabilidade tridimensional, Wolle (1988)


111 veri ficou, no e ntanto, que é necessário para a lnstabi lizaç ão destes
Constatou-se que , na maioria dos t r echos da alta e média taludes, que áreas suficien temente extensas sof ram o efeito do
encosta da Serra do Mar no Estado de São Paulo, predominam encharcamento, não bastando que isto ocorra puntualmente. As
c apeamentos de lgados de solos coluvionares e saprolíticos sobre larguras de tais áreas afetadas, na análise realizada, conferem com
111 mac iços rochosos intensamente fraturados. Estes maciços . aquelas usualmente constatadas nas cicatriz es dos escorregamenLos,
cons tituídos por migmatitos diversos, gnai sses e x istos , apresentam visíveis nas encostas após os e ventos.

·~
n
seus horizontes superiores com intenso fraturamento , alteração mui t o
v ariável e significativamente afetados por processos de rastejo
(•creep•) . Resultam dai maciços com grande número de fraturas
O quadro da Tabela 2 apresenta dados típjcos de parâmetros de
resistência dos solos destas encostas, medidos em ensaios
l a boratoriais realizados e m amostras de duas áreas piloto, Área 1,
abertas, francame nte drenante~. com condutiv idades h idráulicas mui t o próxima ao túnel 'rA- 6 da Rodovia dos Imigran tes, entre as cotas 500
1111 superiore s à dos solos do capeamento. Nestas condições, tod a a água e 600m e Área 2 , próxima ao túne l TA-4 , entre as coLas 700 e fiOOm
das chuvas que se infiltra na e ncosta acaba sendo drenada para os (apud Wolle 1988) .
I~ horizontes inferiores, só configurando um nível freático, quando Na Tabela 3, apresenta se um resumo dos resultados de me didas
isto ocorre, a algumas de zenas de metros de profundidade, no maciço de tensiomet r ia "in si tu" realizados na Área Piloto n• 2, durant:e
rochos o. Assim, inviabil.iza - se um fluxo par alelo ou sub-paralelo ao cerca de 6 mese s no ano d e 1987.

1111

u
\11
I
llll 186 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO TALUDES NATURAIS 187

ntl!
Tabela 2 . Parâmetros Geotécnicos de Duas "Áreas Piloto•. inferior à unidade e que as tensões de sucção chegam a se anular
localmente, pelo menos na porção superficial (primeiro me tro) do
solo, por ocasião de eventos pluviométricos mais intensos.
LOca 1 estudado Na u•idade nalural Ea condição inundada ( • saturada•)
Outrossim, constata-se que as condições típicas de deflagração de
escorregamentos mais significativos nas encostas da Serra do Mar são
111 ylkN/m•) C(kPa) .,., y(kN/oh C ' (kPa) +(•) aquelas em que ocorrem chuvas intensas (geralmente com índices
pluviométricos superiores a lBOmm em 24 horas), p recedidas por
l U~ "
R
solo aupertt cHt.l
(c:oluvionar) 14' 1 6,0 34 11,1 1,0 )4
períodos chuvosos moderados de alguns dias (que permitiram um prévio
aumento do grau de saturação dos solos das encostas) . Nesras
m condiçõa s é possíve l a formação de "frentes de saturação" que
>l (z= 1, Orn)
avançam em áreas suficientemente extensas, de modo a permitir a
A solo si1prolí t:ico
IR ., deflagração dos escorregamentos.
l h•l.0-2,0•) ti,O 12, o 45 19,5 • •o )9

:~
Obs: lnclinaçlo d& e ncosta "' • o• profundidade da ruptura • 1, o• 3• Mecanismo - Encontro de Frente de Saturação com N.A.
A aolo s uperficial ! Pre-Existente
R tcoluvionilr) 16,5 9. 5 40 18 ,2 1,0 )6

.I
E <•· 1,010) Este mecanismo foi idealizado por Vaughan (1985) para explicar
11 A solo eaprolítico a ocorrência de inúmeros escorregamentos observados nas Ilhas Fidji,
2 (1• 1. 0-2, Om} u.s 11, o 45 20 ,1 3. 5 )9 cuj a deflagração ocorreu associada a um evento excepcional de
m LObs : incl ina_ção da encosta - 4.1• profundidade da ruptura • 1. OM chuvas, com índices pluviométricos j amais antes registrados naquela
região (lSO Omm em 3 dias). O curioso é que a maioria dos
m escorregamentos ocorreu no último destes dias de chuvas, já algumas
Tabe la 3. Medidas "in situ" de Tensões de Sucção. horas ap6s terem ocorri do os 1ndices mai s elevados e quando a chuva
~ já estava amainando. A explicação dada por Vaughan (1985) é que
1 Ten.sõe• de Sucçlo Medidas •Jn S1 t u• durante o período de chuvas mais intensas formou-se uma "frente de
~
saturação" que avançou solo adentro, a partir da superfície dos
Profundidade solo Hin (kPa• Med ll<Pa) Max(kP-.)
tal udes, e que apenas no locais em que durante o seu avanço, esta

rn~J
solo a\aperf icial
frente alcançou o nível d'água pré - existente. é que se deflagraram
O, SID (coluvionar• o ) 9
os escorregamentos. Nestas condições, quando a frente avança talude
solo •uperficial

1~ 0,9m
.L, 4 •n
(coluvionar)
solQ eaprolíL l co
o
l

~
8
15
adentro, alimentada a partir da i nfiltração da água da chuva com
incidência acima de um valor de precipitação c rítico que permite
manter este avanço, ao ocorrer o choque da frente com o N. A., ocorre
!
2.01D s olo ••pr:olít.i<"o
' l) 23 praticamente de imediato um violento aumento das pressões neutras
~ (coluna de água equivalente à profundidade do N.A. até a
Na fi gura 3, a seguir . ap rese nta -se um grá f.ico . da variação do superfície) . capaz de levar à instabilização do talude.
m coef iciente de segurança calculado (análise bidimensional - tipo A g eração de pressões neutras por este processo já foi
"talude infinito " ) em função da tensão de sucção prevalecente no observada em encostas no Brasil a partir da mo nitoração de
m solo, baseada em resultados de ensaios laboratoriais triaxiais de parâ metros, inclusive nas ombreiras de uma barragem no estado do Rio
sucção c ontrol ada, realizados segundo a t écnica p r e conizada por Ho e de Janeiro. A deflagração de escorregamentos associada a este
m Fredlu nd (1982), sobre amos t ras de solo superfi cial col uvionar da mecanismo, no entanto, é apenas suspeitada, não se dispondo de
Área Piloto n• 2. · comprovação para tal.
~ No entanto, a exigência de N.A. pré - existente e portanto de um
horizonte menos permeável sob aquele passível de instabil ização faz
~
FS
com que, de certa forma, este mecanismo se assemelhe bastante ao 1•
citado, já que as condições para sua ocorrência são es~>encialmen te
SO LO SUPERFICIAL ~ t ,O
( ( COLUVIONAR ) :
~
semelhantes.
" ' , 36° rn •.•
~ { C ' 1,0+ 3,1 ( Pouc ) 0'~ 0 ( KPa)
"'~ ESCORREGAMENTOS ROTACIONAIS
~ Q: ·~
I?
~ f! Os escorregamentos rotacionais clássicos são mu i to raros na
região da Serra d o Mar e dos morros e serras isolados da faixa
n l itorânea, uma vez que raramente subsistem condições para sua
ocorrência, (solos relativamente homogêneos e espessos) . A própria
Figura 3 . Variação elo Coeficiente de Segura nça com a Sucção. frequência dos escorregamentoe tranelacionais (planares ) que
~
produze m o suces sivo "descascamento " das encostas impede c
Verifica- s e, a par~ir dos dados apresentados que, de fa t o, o espessamento do manto de solo e as características geomorfológicas
coeficiente de segurai1ÇCI :~alcu '. ado para condição do solo saturado é da região favorecem a heterogeneidade dos horizontes de s olo ,
g e ralme nte delgados e bem diferenciados e ntre si .
.(i
188
SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO TALUDES NATURAIS 189

n1 ,
.,l · .' Apenas e m cond ições localmente peculiares é que ocorrem forma abrupta quando uma frente d e saturação avançando maciço
l i espessamentos suficientes de solo residual "maduro" que permitem a adentro atinge o N. A pré - existente, conforme sugerido por vaughan
deflagração de escorregamentos rotacionais . O caso mais conhecido é (1985) , não é sabido até o presente e apenas uma monitoração
MIV o do Monte Serrat, em Santos, no qua l ocorreram duas rupturas d este bastan te sofisticada, com base em p iezômetros e tensiômet ros com
tipo, a primeira em 1928 e a segunda em 1956, causando grande número registros de leitura em tempo real poderia estabelecer. Para fins
de vítimas devido à existência de um hospital no sopé da encosta ,
-~
práticos, de trabalhos de prevenção e estabilização, no entanto,
que foi atingido e parcialmente destruído pela massa escorregada. No ambas as hipótes es são essencialmente similares .
IIIC caso do Monte Serrat, o espessamento do .manto de alteração,
atingindo mais de 20m próximo ao topo deste morro, foi condicionado
UI~ pela geometria d o mesmo e por peculiaridades l itológicas locais. A
rocha granítica se apresentava pouco f raturada naquele local,
ESCORREGAMENTOS PROVOCADOS POR DESCONFINAMENTO NA BASE
constituindo-se em base impermeável que sustentava o fluxo d'água no

:~ capeamento terroso e ainda direcion ava este fluxo em sent ido


e specialment e d esfavorável à estabilidade do hori zonte superior,
conforme mostrado na figura 4 (apud Vargas,1966), a seguir .
Escorregamentos de taludes e encostas naturais que tem como
principal causa o desconfinamento em sua base são bas tante comuns em
qualquer região e envolvendo quaisquer tipos de solos. Na Serra do

:~
Mar e nos morros e serras isolados na região l itorânea paulista isto
COTA
(m) também ocorre. São dois os principai s fa tores que provocam tais
desconfinamentos: a erosão fluvial e a execução de cortes e
escavações .
I[~ Ao l ongo d e muitas das ravinas e dos cursos d ' água que descem
a serra as vazões são ínfimas ou até nulas em períodos de seca. No
mO 1!10 entanto, durante episódios de chuvas intens as, assumem valores

~~~
desproporcionalmente elevados. Nestas condições, caudais t orren ciais
de grande vazão formam-se rapidamente, atingindo as ravinas e
canais destes cursos d'água, provocando erosão em suas margens e
1111! solapando os tal udes adjacentes. 8scorregamentos nestes t a ludes
100 podem ocorrer de imediato ou então em prazo mais longo, associa dos à
•'
Ull
SUP(Il, iCI ( o• ACICHA
eventual formaç ão de trincas de tração em zonas mais elevadas e à
infiltração d'água em próximas chuv as. Estes escorregamentos podem
afetar indistintamente taludes em solo saprolítico , coluvionar ou
4 I RANITOtDE ) ti
i massas de talus, função apenas de sua localização e configuração
1111 geomét rica.
50 Quan to ao fo rmato destas rupturas, elas são variadas,
~t) o 10
EtCAL4
50•
predominando porém as cunhas
escorregamentos em taludes íngremes.
plana s, cara cterísticas de

UI Os cortes executados p ara implantação de estradas, ruas ou


?igura 4. Escorregamentos Rotacionais do Mon te Serrat em Santos. plataformas que irão susten t ar construções di versas, assim como as
111 (apud Vargas,l966) atividades de extr ação de solos e rochas provocam, da mesma forma
que n o caso anterior, o descon finame nto de porções do mac i ço as
lll Nas encostas da Serra do Mar , os escorregamentos rotacionais quais podem, de imediato ou posteriormente, sofrer instabilizações.
ocorrem apenas junto ao topo e em espigões que se projetam a partir Nada existe , nestes casos, de suficientemente peculiar ou
m d a e s carpa principal. Nestas cond ições , o bserva m-se g eralmente diferenciado com relação a o u tras regiões que mereça algum destaque
rupturas conchoidais de pequenas dimensões, com cerca de 10 a 20m de ou maior discussão .
d arco . Wolle (1988) cita um escorregamento com estas características
ocorrido próximo ao túnel TA- 1 0/11 da Rodovia dos Imigrantes, a
jusante da estrada de s erviço, com largura de cerca de 30m,
comprimento de aproximadamente SOm e espessura inferior a 10m, que S. INSTABILIZAÇÕBS EM MACIÇOS ROCHOSOS
~~~ a tingiu um trecho d e encosta nat ural coberto de mata rala . A
presença de uma s e la topográfica permitiu a ocorrência desta

~
espessura maior de solo residual maduro e, possivelmente, a execução
da estrada provocou uma certa concentração do fluxo de água Os escorregamentos envolvendo porções significativas de
superficial. Quan to ao mecanismo de instabilízação associado à maciços rochosos ( "rock slides") são muito raros em toda a reg ião ,
ocorrência dos escorregamentos rotacionais observados, não tem sido existindo muito poucos relatos a este respeito (Vargas, 1966; Wolle,
levantadas objeções à postulação de que o aparecimen to de pressões 19 80) . No entanto, instabilizações de blocos rochosos por queda e/ou
neutras, originadas pelo fl uxo d ' água através do ma ciço, confinado rol amento nas encostas e deslizamentos d e lascas ou blocos rochosos
~I. inferiormente por um embasamento rochoso funcionando como barreira ao longo de escarpas são relativamente comuns ern alguns domínios
impermeável, deva ser o elemento deflagrador das rupturas. Se tal lito lógicos. Procurar - se-á apresentar um breve panorama destes t i pos
sucede dev ido à s ubida gradativ a do N.A ocasionada pelo fl uxo da de ocorrências.
utl
J á gua infiltrada, como proposto por Vargas (1966), ou se ocorre de
(j

lll
M.:
191
SOLOS DO LITORAL DE SÀO PAULO TALUDES NATURAIS
111 190

IH ESCORREGAMENTOS "ESTRUTURADOS" EM ROCHA E SAPROLITO


DESLIZAMENTOS E ROLAMENTOS DE BLOCOS ROCHOSOS SOBRE
ENCOSTAS · TERROSAS
tl
'I Conforme citado no início deste item, os escorregamentos em
ld Nos maciços graníticos e assemelhados como os migmatitos
rocha ("rock slides"l são relativamente raros na reg ião . Um dos
c asos mais f amosos é o de um escorregamento ocorrido em 1956 em
1 granitóides, é comum a formação, no processo de alte ração, de
lll Santos, na encosta sudoeste do Morro de Santa Terezinha, descrito
matacões imersos no man to de intemperismo . A erosão do solo por Vargas et al (1957, 1966). Conforme descrição dos autores, o
circundante pode fazer com que o ma tacão aflo re na encosta e se deslizamento envolveu uma porção intensamente fraturada do maciço
torne passível de deslocamento, por deslizamento ou por rolamento, rochoso e foi condicionada por juntas de esfoli ação sub- paralelas ao
bastando para isto que pequenas porções do solo junto a sua base talude. Esta ruptura causou a destruição de dezenas de casas e cerc a
sejam removidas, por e xemplo, através de erosão . de 20 vitimas fatais, tendo sido deflagrada por uma chuva
Situações como esta representam, evidentemente, ri sco para e xcepcionalmente intensa (224mm em 24 horas , das quais 120mm em
111
áreas ocupadas situadas a jusante , me recendo ass im uma atenção pouco mais de 3 horas) . Nes tas condições , segundo os autores, é
especial nos estudos e exigindo soluções para sua estabilização muito provável que o preenchimento de fratu ras do maciço pela água
111
(desmonte do bloco ou sua fixação no local) . tenha provocado e levadas pressões nestas juntas ( "cleft pressures " )
Ocorrências deste tipo são comuns em certos trechos das deflagrando a ruptura.
li encostas da Serra do Mar e de muitos morros e serras isoladas, ao Outro c aso envolvendo a ruptura de um maciço composto de rocha
longo de todo o litoral paulista. Os autores já observaram tais e saprolito, fraturados, ocorreu em 1974 junto ao emboque São Paulo
11 ocorrências nas encostas adjacentes às rodovias SP-222 (Biguá- do túnel TA-6 da Rodov ia dos Imigrantes, então em construção. 'A
I guapel, SP-55 (Trecho denominado "Rodovi a da Banana"), SP-55 ruptu ra arrastou alguns metros da abóbada já concretada do túnel e
I( (Trecho Piaçaguera - Guarujá), SP-55 (Trecho Caraguatatuba-Ub atuba), foi condicionada por uma junta de alívio apenas descoberta "a
BR-101 (Ubatuba -Parati ) e n os morros de Santos, Ilha Bela e Ubatu ba. posteriori ", ocorrendo em um periodo de chuvas bastante intensas.
li Hessing (1976) cita a ocorrência de um "rock slide" envolvendo
maciço rochoso muito fraturado, junto a um corte da estrada de
li DESLIZAMENTOS E ;(lÚEDAS DE BLOCOS E . LASCAS EM ESCARPAS serviço da Rodovia dos Imigrantes, porém não descreve o evento .
ROCHOSAS Outra ocorrência em corte de e strada é uma ruptura envolvendo
til grande número de blocos rochosos, ao longo de p lanos de fraqueza,
que teve lugar em 1970 na Via Anchieta, citada por Teixeira e Abrão
111
'Ao longo de encostas de rocha aflorante, como em algumas (1975).
escarpas da Serra do Mar, também é frequ ente o des taque de blocos e Wolle (1980) relata um caso de ruptura estruturada em
I~ saprolito fraturado, junto ao túnel TA-7 da Rodovia dos Imigrantes,
lascas rochosas, separadas do maciço por descontinuidades diversas,
especialmente por juntas de alívio . e m que o destaque de um bloco ("bloco cha ve •) permitia o
O desprendimento des tes elementos do maciço ao qual estavam deslizamento de vários outros, condicionados por três sistemas de
ligados pode, em função da topograf ia da escarpa, produzir seu juntas (dois planos de fratura e um associado à xistosidade) . À
desliza mento, queda ou ambos os mo v i mentos e m seqüência. exceção da ruptura ocorrida em Santos e descrita por Vargas (op
Frequentemente o mecanismo associado à instabilização destes blocos cit), todas as demais, como é regra quase geral, estão associadas a
não está l igado ao agente água, mas sim às contrações e dilatações encostas mutiladas por cortes ou escavações, que além de decapar o
por variações térmicas, que acabam por produzir f issuração da rocha, talude pondo à mostra o maciço rochoso, ainda esconfinam- no,
permitindo assim a instabilização de porções do mesmo, condicionadas
inclusive de ressaltes e "dentes" que às vezes são responsáveis pela
fixação do bloco à escarpa. Evidentemente, há também casos em que o por estruturas desfavoráveis. Aparentemente, apenas nestes casos é
que são produzidos escorregamentos em rocha, envolvendo porções mais
agente deflagrador é a água, sej a por efeitos de erosão , sej a por
pressões resultantes do preenchimento temporário de trincas e significativas do maciço , na região em estudo.
fis suras .
Às v ezes, após o despreendimento de um ou mais blocos numa
escarpa, o seu movimento encosta abaixo acaba por instabilizar
6. ESCOAMENTOS LENTOS E MUITO LENTOS
outros blocos, provocando uma avalanche de blocos. Existe um local
•• na Serra do Mar, num trecho da encosta da Serra do Morrão, na margem
esquerda do Rio Mogi , próximo à cidade de Paranapiacaba , em que tais
I~ ocorrências são muito comuns e o nde as avalanches de blocos de rocha MOVIMENTOS EM MASSAS DE TALUS
já provocaram a destruição de um an tigo viadu to ferroviário da
·~li RFFSA. Trata-se do local conhecido como Grota Funda, uma das maiores
áreas afetadas por instabilizações nas encostas da Serra do Mar, na Apesar de não produzirem cicatrizes nas encostas , nem
qual todo o capeamento terroso já foi removido e, atualmente, as torrentes de material escorregado que avançam pelas drenagens, os
~~ instabilizações afetam essencialmente o maciço rochoso . Devido às
condições de sua estruturação, o maciço sofre sucessivos des taques
movimentos envolvendo os •corpos de tálus" tem causado grandes
problemas para rodovias e outras ~nstalações existentes na Serra do
de blocos que deslizam at ravés de uma ravina que., ao longo de quase Mar e em suas adj acên cias.
um século , foi se aprofundando dezenas de metros. Yassuda ( 1981) Inicialmente é necessário caracterizar o que entendemos por
descreve algumas das o bras de estabilização implantadas neste local. massas ou "corpos de tálus": são depósitos coluvionares constituídos

I~J~
'1~:1
- I

~~
192 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO TALUDES NATURAIS 193

por materiais escorregados d<:~ s encostas e que se acumula m no seu Os casos mais famosos de movimentações de massas de tálus
sopé ou à meia encosta quando encontram condições t opográficas para estão todos situados nas encostas do Vale do Rio Cubatão : dois na
tal. ConsLituem-se de materia is finos e grosseiros não selecionados Via Anchieta e um na Usina Hidrelétrica Henry Borden.
e caoticamente depositados. Nas encostas dos vales dos rios Cubatão Na cota 500 da Via Anchieta, os movimentos de uma extensa
e Mogi, mais estudadas , os corpos de tálus típicos são cons tituídos massa de tálus foram responsáveis pela des truição de dois viadutos
por urna matriz de solo argi lo - are noso, geralmente plás tico, com no local conhecido por "Curva da Onça " . Devido aos deslocamentos
grande quantidade de b locos de r ocha e saprolito caoticamente provocados nas fundações dos viadutos, os mesmos tiveram que ser
dispostos em seu interior . demolidos - parte de um deles permanece até hoje no l ocal - e o
11~, Comumente os tálus se deposi tam em Lrechos mais suaves da traçado da estrada foi alterado. A estabilização da área foi
,.,, encosta, em se las topográficas ou em vales Lransversa is,
frequentemente obstruindo os caminhos das drenagens naturais e por
conseguida às custas de drenagem interna, tendo-se utilizado dezenas
de drenos profundos perfurados na encosta, conforme descrevem
vezes soterrando nascenLes d'água. DesLa forma, é muiLo comum qu e as Teixeira e Kanji (1970).
111: massas de tálus ou parte delas e stejam sempre saturadas e não é Na área das cotas 90 e 100 da Via Anchieta, um corte executado
incomum que ocorram condiçõe s de semi-artesianismo , devido ao na base de um tálus - vide figura 6 - não se estabilizava,
Itil b l oqueio das drenagens naturais. apresentando movimentações significativas dia após dia, durante as

I. i
Há casos no enLanto em que , seja pela forma de d eposição, sej a obras de implantação da estrada. A área foi parcialmente
11] por eCeitos posteriores do fluxo d'água, a base do tálus venha a se es~abilizada na época através de obras de drenagem e
constitui r de blocos rochosos sem f i nos, por s obre os quais está impermeabilização superficial, conforme relato de Rodrigues e Nogami
I assente o restante da massa. NesLas condições, a água dispõe de um (1950), porém durante décadas sempre voltou a apresentar problemas,
I caminho de saída, verdadeiro dreno na ~ do tá )us , não vindo a como levantamentos da pista, inclinação e rupturas parciais em muros
1 ~1 provocar subpressões na massa e permitindo que esta se consol ide e de arrimo, exigindo frequentes intervenções da concessionária da
permaneça estável. Já nos outros casos, bastante comuns, em que a rodovia, inclusive instalação de drenagem profunda, para manter a
1111 massa d e tálus barra o fluxo d ' água, e la é submetida ao fluxo e, ern área estável.
certos casos, a sub-pressões em sua base, situação em que se mostra Finalmente, outro caso conhecido é o da massa de tálus junto à
~~ bas tante instável, com tendências a se movimentar sempre que o fluxo Usina Henry Borden, que foi instabilizada, ainda na década de 40,
d'água se intensifica, ou seja, as pressões d'água aumentam. A por um pequeno corte em seu pé, durante as obras da usina. Ta mbém
1U figura 5, a seguir, proc u ra ilust rar as duas cond ições neste caso a estabilização foi conseguida graças a obras de drenagem
hidrogeológicas, que conduzem aos tálus "instávei s" e "estáveis". profunda, na base do tálus e impermeabilização superficial em
1!1! extensa área do mesmo. o caso mereceu referência de Terzaghi (1950),
que mostrou a estreita relação entre o nível d 'água. no maciço e a
ll] (o ) (b) velocidade de movimentação da massa, a qual se anula com determinado
valor de rebaixamento do N.A.

COTA
(m ) DA
TAL.UOI
I~

SURGÊNciA
D'ÁGUA

l
IM

::1 1
DEPÓSITO GROSSEIRO,
ORENANTE NA BASE
(OU SUBSTRA'rO MUITO
FRATURAOO,ORENANTE)
100

S>
rttov:vcL tuP€ft, ÍCIE 01
I ICOIUIIItANINTO

Figura 5. Massas de Talus {a) Com Drenagem na Base - Estável; (b)


sem Drenagem e Com Fluxo Obstruído Provocando Sub-
pressões - Instável. -100 -~ o S> 100 I~ l!OO 2!10
I ti OIS'fiNCIA 00 EIXO ( m)
As massas instáveis são passíveis de se mov i me ntarem por Figura 6. Movimentações em Massa de Tálus na Região das
ocasião dos períodos chuvosos, geralme nte em movimentos Cotas90/100 da Via Anchieta (apud Rodrigues e Nogarni,
relativamente lentos (centímetros ou decímetros a cada estação),
1950 e Vargas, 1966)
porém podem ter estes movimentos muito acelerados quando submetidos
a sobrecargas de aterros em seu topo ou a cortes próximos à sua
base. Nestas condições, as . velocidades de movimentação crescem e
RASTEJO NAS ENCOSTAS
podem ati ngir a té alguns d ecímetros num único dia, produzindo
!ill movimenLos de vá rios metros e m algumas semanas e , em vários casos ,
causando danos sérios a instalações ou benfeitorias.
~ Os fenômenos de rastejo nas encosta s da Serra do Mar são
conhecidos e citados na bibliografia há várias décadas e atingem, de

·~·
I(
....

194 SOLOS DO UTOAAL DE SÂO PAULO TALUDES NATURAIS 195

uma forma ou outra, a maioria das encostas em quase todas as suas Dentre os fenômenos de movimentos de massa ocor rentes nas
p orções. regiões da Serra do Mar e adjacências, e xis te um grupo que , apesar
Nas décadas de 50 e 60, discutiu -se muito a r espeit o de de sua grande importância, associada ao enorme pode r de destruiçã o
class ificações destes movimentos , até que velocidades de que podem desenvolver , é ainda p ouco estudado e seus mecanismos não
movimentação d evem ser consideradas como sendo rastejos, s e tais estã o, nem de longe, devidamente entendidos.
movimentos era m ou não precursores de escorregamentos ou outras Trata-se das corr idas de massas ("debris flows"), as quais,
formas de movimenta ção mais rápidas e perigosas. Dentre os au tores conforme o material predominante, podem ser c lassificadas como
que d iscutiram estes assuntos destacam-se Va rgas (1966, 1971, 1991 ), corridas de lama, de solo ou de blocos, e que consistem em
Mello (1966), Teixeira (1966), Teixeira e Kanji (1970), Lacerda escoamentos muito rápidos enVolvendo os ma teriais citados com
(1966), Costa Nunes (1966), entre outros. elevadas vazões d'água .
No entanto, estes autores não dispunham de medições de Tentaremos s epara r os fenômenos de avalanches e d e corridas,
movimentações em profundidade, que só se tornaram viáveis com a muitas vezes confundidos, inclusive por h a ver, freqüentemente,
introdução dos inclinôme tros ( 11 slope indicators 11 ) , na década d e 70 . passagem do p rime i ro para o segundo . As avalan ches são f enômenos de
Com os primeiros dados a este respeito, foi ·possíve l distinguir movimentação e xt remamente rápida, ocorrentes nas e ncostas,
fenômenos diversos, englobados até então todos no contexto mais produzidas a partir do deslizamento ou rolamento de blocos de rocha
geral dos rastejes , conforme apresentado e d iscutido por Wolle ou a partir d e e scorregame ntos deflagrados nas porções mais e levadas
(1980, 1991). das encostas . Nas avalanches, o s blocos ou massas escorregad as, no
Nas encostas da Serra do Mar, podem ser observados três tipos seu processo de deslizamento encosta abai xo, mobilizam novos blocos,
~~IH diferentes d e movimentos lentos , ou cujo deslocament o resultante ao massas , árvores ou detritos acumulados, que sofrem demolição p or
l ongo do tempo é de pequena monta (mm a em/ano), associados a impacto ou desestabilização por a rraste. No seu caminho, as
I~ mecanismos totalmente diversos: ava lanc!les tem alto poder destruidor, produz indo a destruição de
1• ) movimentos contínuos, c om velocidades lige i ramente ma iores nas obstác ulos na turais ou ar ti fic iais , tais como edificações , t orres,
111 épocas chuvosas, mas de um modo geral bastante reduz idas, pil ares de viadutos, etc.. O exemplo característico, citado, da
devido à ação isolada da gravidade, conforme d escriç ão de Grota Funda na r egião do vale do Rio Mogi, permite que se tenha uma
Ui Terzaghi (1950); i mage m d e tais fenômeno s. Ao atingir um fundo de v ale ou uma
,.,1 2°) movimentos pulsantes , com resultante p a ralela à e ncosta e ciclos
coincidentes com as épocas do ano, causados pelas alterações
ravina, a avalanche, especialmente quando ocorre com baixos teores
de água , c e ssa, produzindo o acúmulo do material envolvido. Já

~~11 1
sazonais d e temperatura e umidade no solo, ou por forças de quando a ocorrê ncia se dá em meio a e levadas precipitações e . c om
percolação na época das chuvas; altas vazões d'água ao longo das encostas, as avalanches podem ao,
J•) movimentos bruscos, denominados "mic;o-escorregamentos• por atingir drenagens da Serra, dar origem aos fenômenos das corridas.

U~ll l
Wolle (1991 ), oriundos de pres~es hidrostáticas por As corrida s carac te riz a m- s e por se c onsti tuí rem de escoamentos
preenchimentos de fendas por água, da perda de resistência do rápidos de água e materiais sól idos de diversos tamanhos e
I~ solo por saturação, ou de efeitos externos localizados, como constituições, que demandam elevadas energias e a penas ocorrem em
queda s de árvores ou de blocos. c ondições excepcionais, em que o fluxo de água e/ou d e ma teria is
I~.~ ~ Apesar de que este terceiro mecanismo nã o apresenta as
características t radicionalmente descritas nos rastejes, seus
sólidos é suficientemente elevado para produzi - las. o caminhamento
das corridas se dá ao longo de drenagens em vales estreitos
l~]j efeitos são muito parecidos, uma ve z que não se trata de e ncaixad os nas encostas até que, ao atingir vales mais abe rtos ou a
escorregamentos propriamente ditos, com destaque da massa rompida, planície, com d e clividades mais baixas, ocorre o espraiame nto e a
ocorrendo ainda o s tradicionais encurvamentos de árvores e o s demais deposi ç ão do material, c essando a corrida. Na sua trajetória, as
efeitos danosos sobre estruturas implantadas na área. corridas podem destru ir e carrear ilhas que existam nos córregos ou
Em maior ou menor grau, aparentemente todos os ma teriais que riachos que lhes servem de caminho, costumam provocar significativa
ocorrem em superfície e em sub- superf ície nas encostas estão erosão nas margens, com arranque de porções do solo e da vegetação
sujeitos aos efeitos do rastejo . que o recobre e, por vezes "saltando fora" do curso d 'água que serve
Os solos superficiais, . quando coluvionares, são originados de guia, seja por corte de algum meandro, seja por extravasamento
praticamente pela ação do rastejo. Mas também os solos saprolíticos , para outro canal ou ravina próximos .
lll. o horizonte de saprolito e até a porção superior do maciço rochos o, Como exemplo de tal ocorrência pode - se cita r o mais recente
.~ fraturado, sofrem movimentos lentos, encosta abaixo. Nestes últimos
horizontes, e ste efeito fica bastante pate nte n a medida em que , nos
episódio ocorrido na região da Serra do Mar, no estado de São Paulo
(IPT,1994): a corrida de massas que suce deu em 06/02/94, no vale do
poços escavados que atingem este horizonte, podem-se notar as Córrego das Pedras, em Cubatão, atingiu a Refi naria Presidente
u: deformações sofridas pelo saprolito e pela rocha, com juntas abertas Bernardes, causando danos significativos, apesar de uma série de
e blocos deslocados de sua posição ori ginal , sempre em direção medidas de proteção toma das desde há alguns anos. Neste d i a o
n~!
encosta abaixo. pluviômetro mais próximo (porém não localizado dentro da bacia do
córrego, mas no alto da Serra) registrou precipitação de 248,8mm em
24 horas, sendo o pico horário regis trado de 60mm. A corrida ocorreu
no perí odo noturno, não tendo sido de fato o bservada, havendo apenas
7. ESCOAMENTOS RÁPIDOS- CORRIDAS E AVALANCHES registro dos ruídos (estrondos) ouvidos e a observação dos estrago s

~J
,I causados, n o dia seguinte, que envolv eram inclusive a compleLa
destruição de e pequenas barragens de gabiões. o fluxo de material
mobilizado foi estimado em cerca de 100 a 150. ooorn3, t:endo enchi do
llil completamente o reservatórjo existente na desembocadura do cór rego e
...
11'
197
SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO ÍALUOES NATURAIS
196

seus a fluentes. Este , apenas a título de e xemplo, foi alargado pel o


provocado uma enchente de lama em grandes áreas da planta processo eros i v o deste único evento, de 3 a 4m de largura para mais
industri al. de 20m, evidentemente produzindo uma enor me quantidade de ma teria l
Na deposição do material ·desta corrida, notou-se um razoável que se incorporou à corrida .
selecionamento, com a lama atingindo alguns quilômetros de
distância, os sedimentos arenosos entulhando o reservatório e
atingindo as ruas e diques de proteção de tanques, próximos a o
mesmo, e a ma i oria dos blocos de maiores dimensões permanecendo n o
leito do córrego e em suas proximidades. Me smo assim, muitos b locos
com dimensões de 1 a 2m a tingi ram o reservatório e, alguns poucos a

l!l l·
111 '
avenida de contorno do mesmo , isto a cerca de 300m da desembocadu ra
do córrego e, certamente, a mais de 1km da área de origem de stes
blocos no lei to do córreg r (foto 1).

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UI I'
i'·
1111
ltl l \

:~li Foto 1: Blocos e res tos


Foto 2: Vista aerea ao vale do Cór rego das Pedras em Cubatã o , após a
passagem da corrida de massas em fev/94. Notar a d eposição
UII vegetais carreados de sedimentos gross eiros e a i nvasão d e á rea na antiga
e depositados na margem do córrego
1U;' área da RPBC
Cubatão pela
111 corrida de ma ssas
I (debris f low) de
I~' 06/02/94 .

UI

I
~ll'i I'iI
U'
Outro aspecto de interesse é que, após atravessar uma garganta
rochosa, o córrego faz uma cur va suave, c erca de SO Om. antes de
desembocar no reserva tório . A corrida de ma ssas, no entanto , no
local d esta curva , produziu estravazamento por sobre ·a margem,
galgando cerca de 5 a 6m e praticamente destruindo um horto ali
~I ~~ e xis tente, protegido por um pequeno d ique que l adeava a margem do
l córrego (foto 2) .

lll
111

Quanto ao materia l carreado pela corr ida, ele certamente se


compõe de três origens distintas: as massa s esco rregadas e blocos
que desceram das encostas em forma de a valanches (inclusive
produzindo várias cicatrizes bem definidas nas encostas, c onf orme
apresentado na foto 3); o mate rial já disponível como sedimento na
calha da drenagem (al uviões) ; e o ma terial removid o por erosão das
suas margens (terraços, capeamentos de e ncostas . e massas d e tálusl. Foto 3: Cicatrizes dos Escorregamentos ocorridos nas encostas da
Poss ivelmente, em volume, a contribuição d estes dois últimos seja Serra do Mar adjacentes à RPBC - Cuba tão em 06/02/94.
até maio r, haja visto a grande quantidade de blocos mobilizados no
evento e o signific ativo alargamento da calha do córrego e de um dos
198
SOlOS 00 LITORAL DE SÃO PAULb TALUDES NATURAIS 199

~(li '
Muitas questões a respeito do mecanismo de formação e do segurança, que, para fins de análise, podem ser agrupadas em cinco
avanço das corridas ainda não estão esclare cidas. Sabe-se que o grandes grup os.
perfi l de dec l ividades do leito da drenagem é importante, assim como O primeiro grupo corresponde às obras de estabil ização e
11 I o são as características geométricas da calha, porém não é conhecida contenção de taludes (muros de arrimo, cortinas atirantadas,
a influência de cada um destes fatores, assim como não são sistemas de drenagem superficial e profunda, impermeabilização de
IK conhecidos os dados pluviométricos e fluviométricos a partir dos taludes, etc.), que constituem-se em objeto de um capitulo
quais as corr idas podem ser deflagra das. Por exemplo, no caso do espe cífico deste livro.
lU Córrego das Pedras em Cubatão, um outro evento pluviométrico O segundo grupo, ações de recomposição da cobertura vegetal
intenso, ocorrido em 16/01/92, com 'índices muito próximos aos de
., 1994 (valores maiores para chuva horária e acumulado em 84 horas e
valor menor para o acumulado em 24 horas) não produziu corrida de
quando esta ~ncontra - se degradada pela ação antrópica, abrange
regiõe~ mais extensas e podem ser implementadas através do plantio
manual de mudas ou do p l antio a éreo de sementes especialmente
111
massas , tendo inclusive os sedi mentos sido r e tidos p e lo siste ma de tratadas. Utilizam-se espécies de porte a r bóreo, que atuam através
barragens de gabiões, depois destruído em fevereiro de 1994. Devido da diminuição da infiltração (interceptação das águas de chuvas e
à inex istência de observação direta dos eventos descritos, também favorecimento do escoamento superficial e subsuperficial pela camada
11,
não há disponibilidade de informações a respeito da forma do de material orgânico que se deposita sobre os taludes), retira~a de
movime n to (torrente única ou em várias ondas), espessur a da parcela da umidade do maciç o devido à evapotranspira ção, aumento da
corrente, ve l ocidade da fren te e p resença de blocos de rocha resistência das · cama das superficiais de solo através do travament o
sobrenadantes, confor me citado freqüentemente na · bibliografia exercido pel o sistema radicular e proteção contra erosão. No caso do
11. (Hampton, 1979; Takahashi, ' 1981) . município de Cubatão, onde cerca de 60 km2 de encostas degradadas da
~~~·
Mesmo o caso mais famoso já ocorrido no Brasil, o de Serra do Mar foram submetidas a esse tratamento, as ações de
Caragua tatuba em 196 7, foi pouco e studado e as informações revegetação foram a companhadas por medidas rigorosas de r e dução d a
dispon íveis praticamente se restr i ngem às investigações nos emis são de poluentes, uma vez que a d e gradação fora p roduzida
•I sedimentos produzidos e depositados (Fulfaro et al, 1976). Outros principalmente pela poluição atmosférica emanada do Pólo Industrial .
estudos procuraram identificar ocorrências pretéritas e riscos de O terceiro grupo compreende as intervenções de proteção,

:I
111
I
novos eventos, num contexto essencialmente cartográ fico (Augusto
Filho, 1993). o único c aso de corrida~e massas que foi estudado com
maiore s detalhes não ocorreu na regi ão da Serra do Mar, mas em
Lavrinhas, na Serra da Mantiqueira, em 1986. Neste caso, a torrente
vol t adas para o controle do caminhamento de massas mobilizadas em
proc essos v a riados d e movimentação d e encostas, de maneira a evitar
o atingimento das áreas a serem protegidas. Destacam- se neste grupo
as obras associadas às corridas de massas, implantadas nas drenagens
I
caminhou cerca de 6 km desde a cabeceira até o espraiamento e com o objetivo de reter, desviar ou reduzir a epergia do fluxo
deposição do material, com uma torrente que atingiu espessura de 12 (barragens de retenção de finos, grades de retenção de blocos, muros
•I! m próx imo à c a beceira , reduzid a de 6m a meio c aminho. A velocidade e d i ques de desv i o, obras de can a l ização de córre gos, etc) e as
do movimento não pode ser avaliada com precisão (IPT, 1988). obra s relativas a processos de queda ou rolamento de blocos rochosos
11( Os· estudos já realizados em outros países poderão subsidiar em (anteparos vegetais e de telas metálicas, .muros e diques de espera,
li! muito os trabalhos de caracterização e quantificação dos movimentos
do tipo corrida de massas no Brasil, em especial na reg ião da Serra
do Ma r . No e ntanto a s condições locais (especialmen te no que se
fossos de deposição, etc) .
Ações de conv ivência com o risco constituem-se num quarto
grupo de i n tervenç ã o . Trata - se da i mplanta ção de p lanos de defesa
• ;1: refere à caracteri·zação de materiais envolvidos e, às condições civil onde, através da previsão da possibil idade de deflagração de
pluviom~tricas
•I! topográficas, e fluviométricas) tem importância
marcante no condicionamento destes fenômenos, sendo de difícil
eventos de movimentação de massas, busca-se atuar visando a
pres ervação de vidas. A montagem de um plano de defesa civil exige,
transposição a s regras e equa cionamentos propostos para loca is e basi camente, as seguintes atividades:
i! condiçõ es diversas, ~orno no caso do J apão (Takahashi, 1981), China - est abelecimen to de correlaçõ es entre chuvas e mov i mentos de
(Li e Luo, 1981), e Estados Unidos (Johnson e Rabn, 1970), entre massas;
11, outros. - definição de níveis de alerta, em função de precipitação
Trata - se aqui, sem dúvida, de um campo de investigação ainda pluviométrica, previsão meteorológica e resultados de vistorias de
~I aberto e pouco explorado, a ser cuidadosa mente p almilhado e campo;
esmiuçado pelos pesquisa dores geotécnicos brasi leiros. - definição de ações de defesa civil associada s aos níveis de
hli alerta (desativação de processos industriais, evacuação de
indústrias, remoção de população em áreas de risco, interdição de
rt: rodovias e ferrovias, etc); e,
8. A IMPLEMENTAÇÃO DA SEGURANÇA NA REGIÃO - esta belecime nto d a infra-estrutura logística (equipes d e
plantão, equipamentos, flux o de comunicação, áreas para remoção e
abrigo, assistência social, etc).
I Encontram-se atualmente em operação no Estado de São Paulo, o

11~
Em razão da sua localização estratégica para o Estado de São Plano de Contingência para o Pólo Industrial de Cubatão e o Plano
Paulo , observa m-se na Serra do Mar (com sua s inúmeras obra s de Preventivo d e Defes a Civil em oit o municíp ios do Litoral Norte e
transposição - rodovias, ferrovias, dutovias, linhas de transmissão Baixada Santista, sob responsabilidade de vários orgãos do governo
de energia, dutos de adução de hidrelétric as, etc) e nas serras e do Estado de São Paulo, entre eles o IPT, em conjunto c o m as

l
morros isolados (ocupados por parcelas ponderáveis da população de Comissões Municipais de Defesa Civil dos municípios envolvidos.
várias cidades litorâneas) , os mais variados tipos de intervenção de Finalmente, ações preventivas de gerenciamento do território
configuram- se como um quinto grupo de intervenções. ·rem por objetivo
~:
201
200 SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO TALUDES NATURAIS
i li
1
111 evitar a degradação das condições de estabilidade das encostas, COSTA NUNES, A.J. (1969) - · "Landslides in Soils of Decomposed Rock
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1965, p. 10-18 .
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Expressão Atual e Registro na Coluna Sedimentar da Planície Costeira
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l Os autores agradecem ao IPT - Instituto de Pesquisas
Tecnológicas e aos colegas das equipes de Geotecnia deste Instituto, GUIDICINI, G. et al. (1976) - "Um Caso de Instrumentação de Maciço
1•1 que com eles tem realizado os estudos e as pesquisas na área de na Rodovia dos Imigrantes". SEMINÁRIO DERSA, 1, - ROD. DOS
Estabilidade de Taludes, o apoio recebido. À Sueli A. P. Tavares, IMIGRANTES, São Paulo. Anais, p. 78-89.
Ozéias Rodrigues e Nelson R. Gomes, os autores agradecem pela
digitação e desenhos des te texto. GUIDICINI, G. e NIEBLE, C .M . (1976) - "Estabilidade de Taludes
Naturais e de Escavação". Editora da USP/Ed. Edgard Blucher. 170 p.,
111 il.

I~
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~
l
til
LII
1~111

,. ESTABIUZAÇÃO DE TALUDES

~c~
1-1.
Paulo Afonso de Cerqueira Luz e Carmo Tsuguinori Yossudo
lllj
IIIIH
lml."'
,.,
~~~

RESUMO

O histórico dos grandes escorregame.ntos, nu faixa da Serra do Mar,


quase sempre está relacionado a in tervenç ões feitas no equilíbr io
natural e/ou a grandes precipitações p l uviométricas. No decorr er do
tempo, a Serra do Mar foi muitas vezes cortada por estradas,
ferrovias, oleodutos, aquedutos, etc, que exigiram a implantação de
soluções de estabilização. O tipo de solução tem variado com o
passar do tempo , em função de novas tecnologias gue surgiram. Neste
trabalho são discutidos os pri n c i pais tipo s de obras de
estabilização usua lment;e empregadas na Serra do Mar , além de se
fazer uma tentativa de avaliação de seu desempenho ao longo do
tempo.

1. I NTRODUÇÃO

A Serra do Mar é um complexo montanhoso cuja rocha matriz é


basicamente constituída por granitos e gnaissea. Desenvolve- se desde
uma cota pouco superior ao nível do mar até cotas da ordem de 750m e
praticamente corre ao longo de todo o 11 tora! do estado de São
Paulo. Apresenta escarpas de inclinações variáveis podendo atingir
valores superiores a 45 graus. Em geral tem uma cobertura de solo
residual, com esparsos co rpos de col úvio e tálus. Encontra- se via de
regra coberta por uma vegetação de porte mediano, ti pico da Mata
Atlântica.

Trata-se de uma região onde a precipitação pluviométrica é


elevada (média anual da ordem de 3000mm, com predominância chuvosa
no período de novembro a março). Os registros históricos indicam que
chuvas intensas com mais de 100mm/24horas, podem provocar grandes
instabilidades de taludes. índice a dessa ordem de grandeza têm sido
registrados com certa frequência, particularmente na s décadas de 70
e 80, quando ocorreram grandes instabilidades na região da Serra do
Mar.

11111
)

IM 206 SOLOS 00 UTORAL DE SÃO PAULO ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES
207

li
Os registros históricos dos grandes escorregamentoe na Serra obras de estabilização. Esse universo pode ser classificado em

•., do Mar começam com o escorregamento do Monte Serra t em 1928.


Seguem-se o escorregamento de tálue junto à então Casa de Forca da
LIGHT (atual .Henry Borden) em 1947, os eacorregamentoe da cota 95 e
quatro grandes grupos, reunindo cada um deles um conjunto de obras
com concepção e caracteristicas de funcionamento semelhantes.
Desta forma, tem-se :
cota 500 da Via Anchieta, respectivamente em 1947/1948 e 1951, as
avalanches da Serra de Caraguatatuba em 1967, os grandee -obras de terraplenagem;
escorregamentos na Grota Funda (ramal da Rede Ferroviária) em 1971 e -obras de proteção superficial;
1976, os escorregamentos no ramal da Fepasa entre 1975 e 1976, e os -obras de drenagem;
escorregamentos generalizados na Serra de Cuba tão em 1985. -obras de contenção.
Evidentemente inúmeros outros escorregamentos ocorreram, porém em
menor escala, mas que exigiram obras de estabilização. Tais tipos de obras são descritos a seguir, sempre em ordem
11! crescente da "'complexidade", analisando- se sua concepção e os
A e xecução de obras civis na Serra, sempre exigiram obras de critérios para sua escolha.
11 estabilização, particularmente para os casos dos escorregamentos que
~ ocorrem em eventos chuvosos. Os tipos de solução bem como a OBRAS DE TERRAPLENAGEM
11[ discussão do seus desempenhos são o assunto central do presente
trabalho. Constituem o tipo mais simples de obrã de estabilização de
t·aludes, procurando-se restaurar o local rompido através da execução
•I
,. 2. A NECESSIDADE DE OBRAS DE ESTABILIZACXO
de um aterro, um corte ou um misto de corte e aterro.
São utilizados em locais, com condições topográficas e
ll geométricas favoráveis (encostas suaves), aliadas aos cond icionantes
Conforme se sabe, as obras de estabilização s.ãó necessárias, geológico -geotécnicos necessár ios (estabilidade dos taludes,
na maioria das vezes, em proporção ao vulto da intervenção humana no dis ponibilidade de jazidas para aterros, condições de fundação,
equilíbrio natural da Serra, com a implantação de "e\(entual obra ou presença de nivel d'água. etc.).
111 até mesmo decorrent e de ocupação humana. Evidentemente, a
implantação de obras de pequeno vulto tal como um oleoduto ou Nas análises para elaboração de um projeto de estabilização as
obras de terraplenagem sempre estão entre as primeiras alternativas
•i I
aqueduto de poucas linhas, provocam pequenas intervenções e, na
maioria doe casos, poucas obras de estabilização são necessárias.
Vice-versa, nas rodovias e ferrovias, por razões técnicas (rampa,
a serem aventadas por sere m normalmente as mais econômicas . Porém ,
em regiões como a Serra do Mar seu emprego é limitado, devido às
11 restrições topográficas e geométricas usualmente encontradas.
ralo de curvatura, etc.), muito frequentemente uma intervenção maior
é necessária, originando-e~! a necessidade de .eventuais obras de
estabilização. OBRAS DE PROTECXO SUPERFICIAL
A ocupação humana desordenada, das áreas ·da Serra também tem
despertado preocupações quanto à estabilidade, não se descartando a Compreendem uma série de obras cujo objetivo é a proteção
necessidade de eventual aplicação de obras de .éstabilização. superficial doe taludes (existentes ou a serem construidos ) contra
Igualmente, o desiquilibrio provocado pela morte da vegetação, infiltrações, erosões, etc, sendo normalmen_te obras complementares,
indispensl§.veis à estabilização de qualquer talude em região serrana
t/ ocorrida principalmente nae décadas de 70 e 80 na encosta de
1

Cubatão,também exigiram medidas "corretivas de estabilização". (assim com as obras de drenagem) .


Os principais tipos são: proteção vegetal, impermeabilização
As obras de estabilização na faixa da Serra do Mar, na maioria betuminosa, proteção com solo - cimento, proteção com concreto e
dos casos, se restringe m àquelas existentes ao longo das rodovias, proteção com tela.
ferrovias, oleodutos , aquedutos e linhas de transmissão
eventualmente construídas na região. -PROTECÃO VEGETAL
Logicamente, junto ao sopé das serras, há muitas ocupações
urbanas ou industriais e even tualmente podem existir obras de Caracter iza-se pelo plantio de algum tipo de vegetação (em
estabilização, que contudo estão fora do escopo deste "trabalho. geral rasteira ou arbustiva) na superfície dos taludes, protegendo-
os contra erosões porém sem impermeabilizá- los (as infiltrações
111 continuam em menor escala). A mais comum é o plantio de grama (em
1. 3. PRINCIPAIS TIPOS DE OBRAS DE ESTABILIZACXO placas ou por hidro- eemeadura) , sendo também a mais econômica. São
utilizadas em condições topográficas muito a medlamente favoráveis
(taludes não mui to íngremes) , e quase sempre a grama em placas
,J A escolha do tipo de solução de establização de um talude em conduz a resultados melhores que a hidro- semeadura, por resultar em
região serrana (em particular, na Serra do Mar) depende de uma série uma área de proteção mais homegênea e densa. Ambos os tipos são
de fatores, dentre os quais s e destacam: geológico - geotécnicos, encontrados em inúmeros locais de rodovias e ferrovias na Serra do
topográficos, geométricos, construtivos, etc. Mar.
Seja para a restauração de um local que sofreu um Quando as condições topográficas são desfavoráveis <taludes
escorregamento de ta1ude, seja para a implantação de uma obra que mui to ingremes) , pode ser empregada a proteção com grama armada
requeira uma estabilização, existe uma grande vari edade de tipos de (grama em placas reforçadas po r te la plástic a e grampos) . A função
lt.. 209
ti 208 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES

11 da tela e grampos é a fixação das placas de grama até que elas


supo r ta pequenas deformações não f issurando com tanta fac i lldade
como o solo-cimento. A pro\..eção com concreto em geral requer pouGa
ki "peguem" e cresçam. Existem vários exemplos de utilização dEl grama
manutenção (vistorias periódicas).
1 em placas na rodovia SP- 55 (.trecho São Sebastião/Bertioga). dentr e
outros.
ttj· Tem-se inümcros exemplos de aplicações de proteção com
concreto pro j etado nos taludes das r odovias SP- 99 (Rodovia dos
1! -IMPERME ABILI.ZAÇí\0 BETUMINOSA Tamoios, trecho entre Paralbuna e Caraguatatuba), SP-55 ( trecho
entre São Sebastião e Bertioga), SP- 98 ( trec ho entre Hogi das Cruzes
,,,, Consiste' n a aplicação de mater i a l betuminoso (asfáltico) sobre e Bertioga). entr·e outros. No Caso da SP-99, e xistem locais onde o
a superfície do talude , impermeabilizando- a totalmente. Trata-se de concreto projetado foi aplicado há mais de 15 anos, estando em bom
li~·· uma proteção eficiente contra erosões e infiltrações desde que
a companhada por uma manutenção sistemática, além de ser constitu ída e stado de conservação e funcionamento.

I]\ por material elástico , q ue consegue absorver pequenas deformações,


frequentes nos maciços da Serra do Mar. -PROTEÇÃO COM TE LA
Compreende a proteção superficial de talude (geralmente
IJ\ 1t empregada em praticamente qualquer inclinação de talude , rochoso ou com mu itos matacões) a\..ravés da colocação de tela
quase sempre nos cortes e encostas naturais , podendo-se constituir
IL~ na solução d e estabilização propriamente di ta (complementada por
(metálica ou plástica), presa à sua superficíe através de grampos.
Destina-se à proteção do talude con tra pequenos desplac amentos ou
alguma obra de drenagem ). Também são utilizadas em taludes de
nJ aterros, porém com eficiênci a mais limita da. deslizamentos de pequenos blocos de rocha.

uj Como exemplo, existem inúmer os taludes com impermeabilização


É mais comum, neste tipo de proteção, a utilização de tela
betuminosa no ra.m al da RFFSA entre Raiz da Serra e Paranapiacaba. metálica, devidamente protegida contra co rrosão , pois fica exposta
nl às intempéries.
É rara a aplicação de proteção com tela para ta ludes em solo.
-PROTECí\0 COM SOLO-CIMENTO
lll
11
Trata-se da aplicação sobre o talude, de uma camada de solo- OBRAS DE DRENAGEM
c imento, que é a mistura entre solo de propriedades geotécnicae
adequadas e cimento, na proporção em peso seco de 5 a 10%. Em geral Trata-se de uma série de tipos de obras. cujo obje\..ivo
nJ a proteção com solo-cimento resulta numa camada de espessu r a fundamenta l é facilit ar o escoamento da água, seja ela superficial
I
ou interna ao maciço , cond uz i nd o - a pa ra locais apropr iados
variável entre 20 e 30cm, sendo sempre compactada (manual ou
me can icamente). Este tipo de proteção é eficiente contra erosões e (talvegues, córregos, rios, ele.).
'li} i infiltrações, poré m tem um comportamento rígido, não suportando
deformações: Caso estas ocorram, haverá a formação de trincas e As obras de drenaaem são sempre obras complementares.
fissuras, compro metendo seu bom func i o n amento . Não exige tanta i ndispensáveis à estabilização d e q ualquer talude em região serrana .
ui, manutenção como a impermeabilização b etuminosa, porém d e ve ser Não custa lembrar que, n a quase tota lidade dos casos, os problemas
vistor iado periodicamente. de i nstabilidade de taludes são decorrentes de um sistema de
lll i drenagem deficiente ( ou de operação deficiente) ou me s mo
lt utilizado em qualquer inclinação de talude,. podendo ser a inexis tent e .
•rf.l solução de estabili zação propriamente dita ou complementando uma
Pode- se classificar as obr as de drenagem em dois tipos
obra de contenção . Como exemplo tem- se o l ocal do Km 87+250 da
r odovia SP-98 (trecho Mogi/Bertioga). básicos: superficial e profunda. Embora alguns autores utilizem a
denominação de drenagem eubsuperficial para bueiros, trincheiras,
-PROTEÇí\0 COH CONCRETO etc, esta não será aqui adotada , sendo considerada como drenagem
profunda.
Corresponde à aplicação de uma camada de concreto (moldado ou
projetado) sobre o talude, de pequena espessura ( 5 a 10cm) , com a - DRENAGEM SUPERFICIAL
finalidade de protegê-lo contra erosões e infiltrações. A proteção
com concreto moldado consiste no lançamento, adensamento e moldagem O sistema de drenagem superficial é constituído basicamente
do concreto "in situ", de preferência reforçado pela implantação de por canaletas e descidas d'àgua, havendo ocasionalmen\..e a
tela metálica (ou armadura convencional) e grampos. A proteção com necessidade de implantação de caixas de passagem, para a conexão
concreto projetado é feita através de lançamento do mesmo, por meio entre elas. Tais elementos são executados , nos dias atuais, quase
de equipamento apropr lado, sobre a superfície do talude previamente sempre em concreto at·mado (pré-moldado, moldado "in loco" ou
re forçada com tela metálica e grampos . projetado). Nota-se que nos tempos antigos não eram rara s as
canaletas executadas em alvenaria de pedras .
A proteção com concreto proj etado é utilizada para qualquer
inclinação de talude, em solo ou rocha, podendo ser a solução de As canaletas são dispostas ao l o ngo dos taludes no sentido
estabilização propriamente dita ou c omplementando uma obra de horizontal, s empre com alguma declividade: não tão suave para evitar
contenção. No caso do conc reto moldado sua aplicação é r estrita a deposição de solo e detritos (sedimentação) nem tão íngreme que
taludes pouco 1ngremes. Geralmente é mais eficiente e mais caro que provoque e r•osão do concreto (ca v itacão ). Existe uma grande var iedadE:
a proteção com solo-cimento, pois o concreto reforçado com te la de tipos de f,leção transversal das cana l etas : pré-moldadas em mel a
I
li 210 SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO ESTABIUZAÇÂO DE TALUDES 211

I
cana, moldadas "in loco" (quadradas, retangulares, trapezoidais), instalados no interior de perfurações abertas no maciço a drenar . Em
1. seção variável (em concreto projetado, adaptando-se ao terreno), aeral os tubos têm diâmetros de 1 a 2, 5" e podem ser inseridos no
etc. interior de furos, abertos usualmente por sonda rotativa, em
l di!metro "B" a "H" .
As canaletas podem ser posicionadas no topo doa taludes São particularmente indicados para casos onde haja necessidade
I (canaletas de crista), em patamar intermediário (bermaa), no pé dos de drenagem de pontos de dificil acesso (por exemplo devido à
taludes, na borda da pista de rolamento (rodovias e ferrovias, profundidade, devido à instabilidade do maciço a processos

I
inclusive na forma de guias e sarjeta~), devendo conduzir o fluxo
d'água superficial (ou proveniente de drenagem profunda) para
descidas d'àgua, caixas de passagem, bueiros ou para outras
convencionais de escavação, etc) .
Antes da década de 60 , se empregava tubos de ferro
galvanizado, quando então não h avia o tubo de pvc. Alguns doa drenoa
canaletas. executados nessa época, com ferro galvanizado, ainda operam (como
ocorre nas cotas 95 e 500 da Via Anchieta).
As descidas d'água são dispostas nos taludes no sentido Uma particularidade dos drenos horizontais profundos é a
inclinado ("vertical") para transposição de desníveis devendo ser possibilidade de drenagem em comprimentos elevados , não sendo raro
providas de degraus, para melhor dissipação da energia da água casos de comprimentos superiores a 100m.
I proveniente do desnível transposto. Normalmente as descidas d ·água Nas obras , os drenos horizontais profundos em geral são
(também denominadas de escadas hidraúlicas) são executadas em implantados em várias linhas, cada uma situada numa cota diferente,
• concreto moldado "in loco·· (usualmente com seção quadrada ou
retangular) ou em concreto projetado (seção trapezoidal), devendo
ser preferencialmente subfundadas por meio de brocas armadas de
para um melhor desempenho do sistema .
Existem muitos exemplos de obra com estabilização por drenos
horizontais profundos, destacando- se entre os maia conhecidos
I
concreto. aqueles das cotas 95 e 500 da Via Anchieta.
ll Para efeito de ilustração, apresenta-se um exemplo de
Geralmente as descidas d'água conduzem o fluxo para uma caixa estabilização executada no Km 142 + 400 da rodovia SP-55 (trecho São
~ de passagem, indo deat~para uma canaleta ou bueiro. Sebastião/Bertioga), constituída por 4 linhas de DHP (vide figura l -
Pimenta e outroa-1992).
11 , Deve-se observar que, a boa prática de execução de drenagem
superficial, indica que o topo das canaletas deve estar rente à OBRAS DE CONTENCXO
I superfície do terreno (talude) para não somente conduzir o fluxo
superficial de um ponto a outro como também coletá-lo em qualquer Representam o tipo mais· complexo de obras de estabilização · de


~
ponto ao longo de sua extensão. t relativamente frequente a
existência dessas obras de drenagem com topo superior à superfície
do terreno, prejudicando sua eficiência de funcionamento.
taludes, sendo consti tu idas geralmente por um elemento estrutural
externo ou por um maciço de solo reforçado.

São empregadas em locais cujas condições topográficas e


111 -DRENAGEM PROFUNDA geométricas não permitem a utilizacão de obras de terraplenagem, o
que ocorre frequentemente em regiões serranas e em particular, na
li Neste caso estão incluídas todas as drenagens não Serra do Mar.
superficiais, tais como: trincheiras drenantea, bueiros, galerias,
poços, filtros de tardoz, túneis e drenas horizontais profundos. Os principais tipos de obras de contenção são descritos a
~ seguir :
,. As trincheiras drenantea correspondem a valas escavadas em
profundidades variáveis e preenchidas por material drenante (areia e - MURO DE GRAVIDADE
~ bri ta e eventualmente geotextil), além de conter um tubo perfurado
no seu interior (para melhor conduzir o fluxo d ·água). Quando não ~uma estrutura de arrimo que ' funciona apenas e~ função de seu

il contam com esse tubo perfurado, são denominadas "drenes cegos". peso próprio, não trabalhando à flexão. Caracteriza-se por ser uma
estrutura maciça (não esbelta), com relação entre as dimensões
Os bueiros e galerias são implatados geralmente para travessia base/altura da ordem d e 0,70 e seção transversal geralmente
de um fluxo d'água sob a pista de uma rodovia ou plataforma de trapezoidal. Os tipos maia utilizados são: em pedra argamassada, em
ferrovia. Os bueiros são em geral constituidos por tubos circulares concreto massa (não armado), em soLo-cimento (às vezes solo-c imento
if' (de concreto armado pré-moldado ou metálicos). ensacado), em gabiões e "crib wall". Podem ser subfundadas ou não,
dependendo das condições de material de fundação.
I! As galerias são executadas em concreto mo1dado "in loco",
tendo capacidades de escoamento em geral superiores à dos bueiros. Os muros de gravidade são empregados em locais com boas
condições de fundação e com geometria adequada, tal que permita a
Os poços de drenantea são em geral associados a um sistema de execução de uma base larga. Aplicam- se a condições topográficas
rebaixamento do lençol freático, sendo quase sempre obras favoráveis, situando-se geralmente no topo de um aterro (solução de
provisórias. plataforma) ou no pé do aterro (ou encosta). Podem ser utilizados
também como muros de espera.
Os drenos h orizontais profundos são em geral constituídos por
tubos filtros de pvc (perfurados, envoltos por tela de nylon ou Dentre os quatro tipos citados, os muros em pedra argamassada
geotextil ou mais modernamente por tubos com ranhuras de precisão), em concreto massa são encontrados em inúmeros locais (ex. : nas
212 SOLOS 00 LI fOnAL DE SÃO PAULO ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES 213


rodovias SP-55 e SP-99, na RFFSA, etc). O muro em gabiões também é
!Q.......
,... E o.,.. o o bastante difundido, tendo - se como exemplo aquele construido no
o ...... o o
u "' IIJ
Km 552 da BR 116.
~
J Já o "crib wall" é uma solução de ef ic iência discutível.
~· devido à possibilidade d e fuga do material de enc himento interno.
Seu uso nos dias atuais não parece ser muito difundido . Um exemplo
•l t í pico pode ser v isto no Km 73 + 200 da SP- 99.

m1! 1 I
I o~ - MURO A FLEXÃO
·~ ::i
~ I Este tipo de muro é uma obra de contenção em concreto
~ < <!
m II ~~
;i ~
o
z
:::>
estrutural, caracterizada por ser esbelta (pequena espessura das
pare de s em relação à base e à altura) e por trabalhar à flex ão. Sua
seção transversal normalmente tem um f ormato de "L". com a relação
~ ~~~ LL. de dimensões base/altura da ordem de 0, 4 a 0, 6 , podendo
o
~ I
eventualmente contar c om reforço de contrafortes. Os muros à f l exão
VI <
o :z: ~ a:
,;z::I u u
..J Q..
podem ser atirantados ou não, dependendo da grandeza do ca rregamento

~j .... ~ :? ~o e condições de e stabilidade. Assim como os muros de gravidade,


~ também podem ser subfundados ou não.
I I I w
~ ·r: t:i ~ :Q
(.!)
<! Os muros à flexão são indicados para locais com condições

,,..
f
z topog ráficas e geo l 6gi co-geoté cnicae maia desfavoráveis que aquelas
llj w dos muros de gravidade.
1 a:
~~I ~~,.. ~ ' >;~ ~ o
•li :I ~ --- ~'bC'& '
Podem se r citados dois exemplos implantados na r odovia SP- 55 :
Km 138 + 500 (não at irantado) e no Km 148 + 500 ( atirantado - 1
a:
111 I o
Q..
nível de tirante).
N

•11 I 0 ~
m
- SOLOS REFORÇADOS

.,, I 1<! '


<> "'
<! ~
Es te grupo cont-empla uma série d e tipos de o bra em que o
objetivo é reforçar o maciço de sol o existente Cex.: estacas
N ~ injetadas , "jet g r out ing") ou i mp lantar urn maciço de solo executado
•'I I -o
com dispositivoo de reforço (ex.: aterro de solo-cimento, solo
::! "'
~I CD ..
envelopa do , terra armada).
<! ~
~~ ..
I- w
(f) ~
-ATERRO DE SOLO-CIMENTO
~ wn.
a é um tipo de obra d e contenção cujo emprego tem encon trado
~ ~
gran des avanços e que representa uma solução relativamente simples:
consiste na exec ução de um maciço (ate rro ) em solo compactado (de
preferênc ia mecanicamente), r eforçado pare ial ou integralme nt e po r
<! solo-c imento. Este por sua vez, corresponde à mistura de solo (com
a: propriedades geotécnicas adequad as) com cimento, na proporção de 5 a
:::> 10%, em peso seco.
(.!)

~· LL. Este tipo de obra é utilizado quando as condições topográficas


exigem taludes mais íngremes e para fundações d e comportame nto mais
I~ 8 rigido. Para otimização do consumo de c imento, o maciço pode s e r
zoneado, interc alando-se adequadamen te regiões de sol o - cimento com
:l
I~ ...~
ou tras de solo compactado (sem cimento).

~I !Q...... o o
Dois exemplos típicos de aplicação desse tipo de obra podem
ser encontrados na rodovia S P- 55: no Km 139 + 500 <trecho São
,... E .,.. o
~ll o ......
u "' o o
IIJ
Sebastião/Bertioga) com maciço homo gêneo (somente solo-c imento) e no
Km 66 (trec ho Ubatuba/Caraguatatuba) com maciço z o neado (vide
~ fi~Jra 2 - Santos Fi lho e outros- 1988).

~I
-ATERRO ENVELOPA DO
21 4
SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES 215

Trata-se da execução de um ate r ro em solo campactado,


reforçado com geotêxteis . Este tipo de obra teve sua aplicação
bastante difu ndida nos últimos anos, sendo no r malmente executado
através da intercalação de mantas de geotêxtil, de propriedades
) adequadas (resistência e permeabi lidade), num ate rro em solo
compactado. As mantas são colocadas horizontalmente no interior do
ma ciço à medida em que este vai sendo alteado e na face externa do
llij mesmo. O espaçamento vertical entre as mantas depende das condições
necessárias à estabilização do talude, variando tipicamente entre 30
11 11 e 60cm .
lll] Sua aplicação é indicada para l ocais onde as condições
J6,00m topográficas exijam taludes mais íngremes, podendo apoiar- se em

r-
11.00 m • 5.00m materiais de fundação rígidos ou não, uma vez que o aterr o
envelopado tem comportamento flexível, suportando pequenas
Solo - Cimento deformações.
Compactado , ./ ~ . . ~
Existem vários exemplos de aplicação de aterro envelopado na

~olchõol
rodovia SP- 55 (trecho São Sebastião/Bertioga) , destacando- se aquele
do Km 144, executado sobre um corpo de tálus e com desempenho
5% satisfátorio há mais de 5 anos (vide f igura 3) .
10,20m or.nanr,
- MACiçO EM "TERRA ARMADA"
A terro E xi stent e
A solução de contenção em ter r a a rmada é const i tuíd a por u m
~--~ Aterro maciço de solo compactado de propriedades adequadas (seção em aterro
· ComPQctodo
pleno ou ater r o a me ia-encosta ) , refor çado por tiras metálicas
illl (armadura) dispostas ho rizontalmente, em camadas, no interior do
maciço e colocadas à medida em que este é a l teado. A s upe r fície
m} externa é recoberta por um paramento flexível, composto por
··escamas" (placas de concreto pré-moldado) presas às armaduras
~ metálicas.

~ Este tipo de obra de contenção é u t ilizada quando as condições


geométricas e topográficas exigem um paramento vertical. Sua
m! uti l ização é comum para aterros a mei a-e ncosta e e ncontros de obras
) de ar te especiais, com alturas geralmente até 10,0m.
~ Apesar do emprego de contenções em terra armada ter aumentado
4
~
-
FIGURA 2- ESTAB ILIZAÇA O COM ATERR O
nos últimos anos, é rara sua utilizacão na reg i ão da Serra do Mar.
Um exemplo de sua utilização pode ser encontrado no km 88 da rodovia
SP- 140 (trecho Piaçaguera-Guarujá), no talude de jusante da saída do
DE· SOLO· CIMENTO
~
túnel do Quilombo.
( SANTOS FILHO E OUTROS - 1988 I

~
- ESTACAS INJETADAS
São comumente denomina das de estacas - raiz, mic r o-e stacas ou
'pregos". São constituídas por a r maduras introduzidas no interior de
ml per.furação aberta no maciço a ser estabilizado. Após a per furação , a
~ armação é inserida no furo, fazendo-se em então a injeção de c alda
de cimento ou argamassa, sob pressão controlada .
~
~
As estacas inJetadas são utilizadas como reforço de fundação
de outras obras de contenção, ou então como obras de ·contenção
propriamente ditas como no caso de reticulado de estacas- raiz e
11!( i' grampeamento do maciço ( "soil- nailing") . Também são empreg adas como
reforço para estabilização de taludes, sem estar necessariamente
~ associadas a outro ti po de obra de contenção.

j
,'•.mr 216 SOlOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES 217

~~lll
o Um exemplo de aplicação de estacas in,1etadas refere-se à sua
q
N utilização como elemento de contenção de ·talude ( estaca- raiz), no
emboque do túnel TA- 12 da Rodovia dos Imigrantes, onde te r ia s ido
·~ usada pela primeira ve z no Brasil, por volta de 1972 (vide figura 4-

~liI
Hessing- 1976).
Um outro exemplo é o cas o d e reforço de fund ação de uma
cortina atirantada, na forma de mic ro - e stacas, n o Km 147 da rodovia

T
~

>
SP-55 (trech o São Sebastião/Bertioga).
Já o "soil-na il ing " é uma técnica mais recente e ainda não há
re gistro de uso como elemento de estabilização nas obras mais
o I? IIJ c onhec idas da Serra do Har.
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o .... z o
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w
...o o - "JET GROUTING"
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o o N.Q:' ll. Conforme se sabe, o "jet- grouting" é uma técnica de inj eção de
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oo X
w :!
~ o c alda de cimento no interior do solo. Para tanto emprega- se uma
CL :::1
..J has te, c omumente usada em sondagem rotativa, com um bico lat eral (de
iü o -Cll
a:
w pequeno diâmetro) instalado em sua extremidade inferior. A haste é
1111 CL > introduzida no maciço a ser tratado, até a profundidade des ejada. A
::> z
·~:
J o
w c a lda de cime nto, sob alta p ressão , ao at i n g ir o bico, p r oduz um
~ o Jato de altíssima velocidade que desagrega o solo, provocando a
(W ~
.._ . Q. o mistura da calda com os seus grãos. A has te é gi rada e retirada do
••J 00
w
..J
o maciço com v elocidade c onstante, d e modo que se forma urna co luna de

·~11[1
.., ::1!
(/) solo- cimento, cujo diâmetro pode variar de 0 ,5 a 1,5m depen dendo do
.. 9 tipo de solo e da pressão d e inj eção.
1- CD
z ·~
As colunas executadas no inter ior d e um maciço, representam
o .. ::>
:;; o o
(J
elementos de "maior resistência" e portanto podem conferir maior
~
·- ) "estabi l i dade" ao maciço . Evidente mente é possível se e xecutar as
o colunas, umas adjacentes (ou até mesmo secantes) à s outras, de mo do
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I
- o
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w
u
l <t
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a formar "figuras" semelhantes a um muro de grav idade - nesse caso
poderia t raba lhar como muro· de gravidade. Em outros casos, é
posslve l se formar figur as em arco de modo que seu comportamento
N
"estrutural"se j a a de uma peça trabalhando a compressão , etc .
I ..J No caso particul ar de estudos de estabilidade de taludes, é
(D comum se emp regar f ileiras de colunas de sorte que a su perfície
<t provável de ruptura as "interce pte " func iona ndo dessa f orma como um
....
(/)
agente estabilizante. Normalmente as fileiras de colunas são
desc o ntí nuas para que se evite o "represamento" de água o gue
o w evidentemente é nocivo à estabilidade .
' CL
o :I Um exemplo típico foi empregado na saida do túnel do Quilombo,
o ..
.. « rt') da SP 140, trech o entre P iaçaguer a e Gua ruj á (vide figura 5) .
1- C> o
o
., +
w ~
<t
o z <L - ATIRANTAHENTOS ISOLADOS
a: o o 0::
u J
CL
J
w :::> Correspondem à a plicação de tirantes i s olados, em geral
o w >
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1- 1-
w w t irante s de barra ou cordoalhas, executados para a estabilização de

/LJ
a: .. IL matacõee ou b locos d e rocha isolados.
u J
z w
o
J
o ... o
u - VI Geralmente são utilizados para matacões af lo rantee em taludes
1 de solo (de cortes ou encosta s naturais). Também são usados em
,~11 bloc o s de rocha (cunhas) em posições potencialmente instáveis,
situados em taludes de rocha nos emboques de túne is. Estão quase
l
sempre associados à utilização de telas metálicas de alta
resistênc ia.

Existem inúmeras aplicações de atirantamentos isolados na


Serra d o Har . Como exemplo pode ser citado o local do Km 69 + 800 da
rodovia SP- 99 (trec ho Paraibuna/Caraguatatuba) , cujo talude de
montante possuía vários b locos de rocha instáveis e que f o r am
A- ;a..___,- .- .-._. --
,......-. --e-a ......
iii

PE T A L HE •A•
SEÇÃO DE UMA VIGA

ESOlJEMA DE Ul/,. RETÍCULO DE


ESTACAS RAíZ Elo! MATERIAL ROCHOSO

FIGURA 4- ESTABILIZAÇÃO COM ESTACAS- RA IZ


( HESS I N G • 1976)

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221
220 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES

.atirantados isol adamente, conjungando-se a proteção s uperficial com


concreto projetado e tela de alta resistência.
o
-CHUMBAMENTOS o
...w
<t

São mui to semelhantes ao tipo anterior ( atirantamentos .,


o
isolados), com· a diferença que os tirante s são pretendidos (pré- a:
Q.
carregado s) e os chumba dores não. Os chumbadores são conten ções (/)

passivas, isto é, só trabal ham-quando o maciço em que est ão situados t<t


u
<t
...w
o
começa a se deformar (deslocar) . Por outro lado, os tirantes são a> a:
a: u
ativos e já trabalham antes do inicio dos deslocamyntos dos maciços. <t z
a> o
u
w
Sua aplicação é idêntica àquela dos atirantamentos, porém para o
cargas menores e ancorage m passiva. <t
<t
:I: a
z <t
Tem- se uma grande quantidade de exemplos de utilização de .J :X:
chumbamentos localizados na Serra do Mar. Pode ser citado o local do u
Km 145 + 200 da rodovia · SP 55 (trecho São Sebastião/Bertioga} , no (/) z
qual. vários blocos de rocha instáveis presentes no talude de ~~~ <t
montante foram chumbados isoladamente.
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4. ~
a:
a: - o..
oç'z ·1 oç'z <!>"-
-PRANCHADA ~
<t
z o
A pranchada é uma estrutura de contenção constituída por u
l perfis metálicos (tipo I; H, CS, trilho, etc.) cravados no terreno e o
por painéis em concreto armado (às vezes por madeiras, em caso de l<t
• obras provisórias}. Seu funcionamento é semelhante ao de uma 1 inha
de estacas (ligadas entre si por um paine l vertical } trabalhando com
carregamento lateral. Ou seja, trata- se de uma estrutura que
0-
<t
N

'
li
traba l ha à flexão, utilizando-se de uma fundação descontínua e
profunda (ficha). Para alturas livres (balanço) maiores, normalmente
as pranchadas são atirantadas (reforçados por tirantes cuja cabeça
..J
-al
<t
está solidarizada a uma viga longarina , presa ao perfis verticais). o 1-
ll ' o o (/)
u
~
É empregada em locais onde as condições topográficas se u -' w
,_ ,
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apresentam desfavoráveis, com materi al de boa capacidade de carga a "2
4.
W N I
maior profundidade, porém sem a ocorrência de matacões ou topo o
u
2: w
rochoso subsuperficial . É comum sua utilização · em aterros a meia- o ::!
u.
encosta, preferecialmente no topo do aterro (solução de plataforma) a: a: . <t
ou a meia altura. É uma sol ução com aplicação .semelhante à de uma ">o ...w
a: w
Q. a:
cortina atirantada, porém de execução mais simples e econômica. Em o <t
w
o i-
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o (.!)
ferrovias, é ba-stante difundida a implantação de pranchadas a:
constituídas por trilhos e pranchões de madeira, em boa parte como <t
x"
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uZ
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o ouo
obras emergenciais (provisórias ou não)' tais como aquelas a:
encontradas ao longo do trecho Paranapiacaba/Raiz da Serra da RFFSA . o
)(

w
Um exemplo de aplicação de pranchada convencional (perfis
metálicos e painéis em concreto) situa-se no Km 72 + 200 da rodovia -~--J-
SP- 99 (trecho Paraibuna/Caraguatatuba), cujo vão central foi
reforçado com uma linha de tirantes (vide figura 6).
-CORTINA ATIRANTADA 10

A cortina atirantada é uma estrutura esbe l ta (usualmente com


espessura entre 0,15 e 0,3m), executada em conc reto armado e ~~
refo rçado por tirantes pro tendidos (normal mente de fios, barra ou
cordoalhas } , distribuídos em uma ou mais l i nhas. Pode ser
subfundada (quando a geometria do talude é tal que o pé da cort i na
não garantiria estabilidade à mesma} ou não .
;:,'
tl,
11 222 SOLOS DO LITORAL DE S'AO PAULO ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES 223
I
li !
A cortina atirantada é parecida com um muro à flexão, porém
11~ sua base tem dimensão muito reduza em relação à sua altura .

• t empregada para obras de contenção de maior porte, em


situações topograficamente desfavorávei-s , particularmene nos casos
onde é necessária a execução da obr a de cima ·para baixo (onde a
execução convencional de baixo para cima seja extremamente dificil
ou até mesmo impossivel). Sua utilização na Serra do Mar aumentou a
partir do inicio da década de 70, tanto em casos de manutenção
(reparos de rupturas ocorridas) como no caso de implantação de
empreendimentos novos <rodovias, ferrovias, oleodutos, emboques de
túneis, etc.). ·

t prevista geralmente em aterros a meia-encosta, de


preferência no topo do aterro (solução de plataforma) ou a meia
~~ altura. Também é empregada em locais onde a geomorfologia da
fundação não permite a c ravação de perfis metálicos para as
11' pranchadaa (ex .: ocorrência de matacões ou de topo rochoso
subsuperficial >. Em alguns casos, a cortina atirantada pode ser
.,j dupla ou tripla ( várias cortinas isoladas de pequena altura para
estabilizar uma grande altura em vez de uma única de elevada
' altura ) . Alguns exemplos desse tipo podem ser encontados no t recho
11
Paranabiacaba/Raiz da Serra da RFFSA.
t!l Existem inúmeras cortinas atirantadas implantadas na Serra do
Mar . Estão p resentes em quase todas as obras mais impo rtantes,

.,
111
existentes na Serra (Complexo Anchieta-Imigrantes, Ramais da RFFSA e
FEPASA, Rodovia dos Tamoios, Rio-Santos, BR-116 , etc).
Um e xemplo , com cortina de grande porte, refere- se àquela
•li executada no km 74 do ramal da FEPASA entre Evange lista de Souza e
Samaritá (vide figura 7).
1111
-PLACAS ATIRANTADAS
11~ Este tipo d e obra de contenção é constituida por uma parede
.,: composta de placas isoladamente atirantadas, porém contiauas entre
si . Tais placas são executadas em concreto pré- moldado e com
dimensões variáv eis em função do tipo de maciço a ser estabilizado.
111 Têm uma utilização semelhante à da cortina atirantada ,
particularmente para estabilização de cortes em e'mboques de túneis.
~li' Sua vantagem reside no fato das peças serem pré-moldadas, sendo
normalmente uma solução mais econômica e de execução mais rápida que
•• as cortinas convencionais .
111 Ex istem inúmeros exemplos de aplicação de placas atiran tadas
na Rodovia dos Imigrantes <SP-160) .
- ~((
. ,.
• Oo ~~Cb
- GRELHAS ATIRANTADAS

Constituem um tipo de obra mais simples que as placas ( ( ~ ~


atirantadas, sendo constituido por grelhas (reticulado de vigas) de
concreto armado moldado ·· in loco", reforçado por tirantes nos
pontos de cruzamento das vigas.
·~~~
ll I
I
São empregadas geralmente em taludes ro chosos com blocos de
rocha (cunhas) instáveis, que não seriam estabi lizados somente com a
aplicação de tirantes isolados . ~~
F IGU RA 7- ESTAS I LIZAÇAO COM CORTI NA ATIRA NTA DA
llij
I' 4. PRINCIPAIS SOLUCOES DE ESTABILIZACAO DAS OBRAS EXIS1'1?.NTES
~~
tliJ
w
ru 22-' SOLOS DO UTORAL DE sk) PAULO ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES 226

~ Para se falar de desempenho de obras de eatabiliz~ção a melhor SoluÇões eemelhan t e s f oram também implantadas nas cotas 95 e
~ · forma seria a verificação do comportamento de soluções aplicadas há 400 , e que também apresentam compo rtamento satisfatório. A
algum tempo . estabilização na cota 95 f oi iniciada com a con stru ção de uma
u Para tanto se procurou fazer um resumo do histórico das obras drenagem em túnel que não pôde ser totalmente implantada devido às
de estabilização na f aixa da Serra do Mar propriamente dita, no grandes movim.entaçê!es do maciço . A s olução fi na l foi e ncontrada pe la
111 Estado de.São Paulo. instalação de drenos horizontais profundos, com tubos de ferro
galvanizado, o gue ocorreu no inicio da década de 50. A solução de
H Dessa f orma procurou -se enfocar o desempenho das obras de d renoe h ori zont ais foi encontrada quase que ac identa l mente, quando
' estabilização, justamente nas principais rodovias e ferro vias que se observou ·a grande aurgência de água durante a e xecução de algumas

"~
corta m as serras do l itor a l paulista e que tenham um periodo d e vida sondagens horizontais.
relativamente gran de, ou seja o complexo Anchieta-Imigrantes, o

"~
ramal d a Rede Ferroviária Fedéral S.A. {RFFSA) entre Paranapiac aba e No inicio da década de 70, vários eacorregamentos de menor
Raiz da Serra { sietema c remalheira) , o tre c ho da FEPASA (ligação volume ocorreram ao longo da Via, Anchieta. Esses escorregamentos ,
também o co rr eram a pós p eriodo chuvoso intenso, e muitas vezes fo r a m
"\ Mairinque/Santos) entre Evangelista de Souza e Samaritá, r odovia
Rio-Santos <BR101-SP55), rodovia BR- 116 no trecho São Paulo-Curitiba de correntes' da deficiência no funcionamento da drenagem e/ou
~ e a rodo via do a Tamoios (SP99 trec ho · entre São Jos é dos Campos e
Caraguatatuba).
proteção superficial.
Nessa época, a técnica de estabilização por cortinas

~
atirantadas estava e m grande desenvo lvi mento. e mu itos desses
Como complemento ainda s ão tecidas algumas considerações sobre escorregamentoa foram estabilizados por tais cortinas atirantadas

~
o Oleoduto Cubatão- Utinga e casos históricos de eac orregamentos de dos mais variados tipos (convencional de plac a continua de con c reto
vulto. armado, de peças prémoldadas de c oncreto armado e perfis metálicos,

~
com ancoragem em muro passivo, e tc >.
VIA ANCHIETA Pode- se contar cerca de 8 cor tinas executadas ao longo do

"~
trecho da Serr a, e a té a presente data, após cerca de 2 décadas e
A construção da Via Anchieta fo i iniciada em 1939 e sua meia, aprese ntam comportamento satisfatório, não se tendo noticia de
p rimeira pista f oi aberta ao tráfego em 22/4/46. Posteriormente foi nenhum problema di gno de mencão.
m( t erminada prat icamente nos meado s do presente século. A r odovia foi
Da mesma fo rma, o s maciços das cotas 95 , 400 e 500,
~ constru í da ao longo da Serra do Mar e se desenvolve com muitos
cortes /aterros, v iadutos e túneis. estabilizadQs por drenagem horizontal pro funda, a lgun s deles com
quase 4 décadas de operação, apresentam comportamento satisfatório.
Nota- se que naquela é poca a s obras de estabiliza ção se Os drenos são limpos periodi camente por simples lav agem interna (em
baseavam em muros de ar rimo convenc iona i s (principalmente muro de termos médios uma vez a cada 2 anos) , tepdo o corr ido poucos casos de
gravidade), com grande ênfase na proteção e drenagem superficial necess i dade de substi tuição.
(frequentemente fei t a com aplicação de materi al asfáltic o e com um
sistema de canaletae eupe rf iciais). RODOVIA DOS I MIGRANTES

Ao longo d e eu~ h istória, vários ''acidentes" de ina tabilização A rodovia dos Imig rantes foi i naugur a da no dia 28/6/76. Trata-
de taludes estão registrados, todos eles associad os a intensas se po rtanto uma r odovia com pouco menos que 2 décadas de existência .
precipitações pluviométricas . Dentre os acidentes destacam-se os A r odovia foi construída basicamente entre o inicio e os
escorregamentoa da cota 95, da cota 400 e da cota 500. Nesses 3 meados da década de 70 e sua execução foi feita com uma grande
locais, uma grande massa de solo coluvial e res i dual apresentou int ervenç ã o na Serra do Mar, com uma sucessão de viadutos (alguns
movimentações de vulto que causaram grandes problemas. Em deles com maia de 100m de a ltura) e túneis, incluindo uma estrada de
particular, no caso da cota 500 (km 4 5, conhecido por "Curva da serviço, tendo - se empregado muitas obr as de e stabili zaç ão .
Onça" ) , os problemas começaram a s urgir em 1952, quando um muro
mis to de grav i dade e "crib-wall" começou a se mover , inutilizando um As obras de e s tabili z aç ão empregaram desde mur os c onvencionais
viaduto em concreto, da pista ascendente, que existia na região de gravidade, do tipo gabião e do tipo "crib- wall" (mais usado nas
(abandonado em 19 57) . Posteriormente, as movime ntações inuti lizaram estradas de s e rviço), cortinas at i rantadas d e vários tipos, além de
um segundo viaduto (metálico), na me sma região (abandonado em 1961). estacas- raiz .
A solução de estabilizaç ão aplicada no local fo i a i mplantação de Segundo r e gistros <Rodriguea- 1976), a est abilização de ta lude s
uma proteção por impermeabilização e drenagem superficial e com estacas- raiz teria sido empregada pela primeira vez no Brasil,
principalmente pela execução de um grande número . de dr enos justamente na Rodov i a dos Imigrantes.
horizontais profundos (tubos galvanizados de 1" a 2 , 5" de diâmetro) , Já a s cortinas atirantadas foram executadas com 3 tipos
alguns de les com até 120m de comprimento, tendo-se alcançado p leno principais (Gitelman e outros-76) : com pla ca continua de concreto
êxito, com a estabilização da massa em movimento (Teixeira e Kanji - armado, com placas retangulares e com "sapatas" isolada e.
1970). Essa solução foi implantada até o ano de 1966, e at é o Pela locação das cort inas atirantadas, nota-se uma
momento (após quase 3 décadas) ainda a presenta comportamento predominãqc ia de sua presença nos emboques/desemboques de túneis, o
satis fatório. que comprova a necessidade de " e stabilização " , nos pontos de ma io r
intervenção no equilíbri o natural.
228
I
SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO
ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES w
Observa-se também uma clara alteração na escolha da solução de
e stabilização, se comparado com a Via Anchieta, construída na mesma pedra, implantação de uma proteção superficial com impermeabilização
serra , em época anterior. aafáltica, e construção de extensas redes de canaletas superficiais
e galerias (muitas vezes em alvenaria de pedras e em d egraus).
Alguns tirantes de determinadas cortinas receberam células de Nota-se também que tanto as canaletas comuna como aquelas em
carga, tendo-se observado valores de 70 a 100% da carga prevista. As degraus e ainda a s galerias, apresentam secç ões de dimensões
perdas de carga ocorreram, em sua grande parte, durante a aparentemente avantajadas (secções com áreas superiores a 1-2m2 são
incorporação à estrutura de concreto . Até o momento, não se tem mui to comuna) .
registro de nenhum comportamento anômalo que merece maior
comentá rio. Existiam basicamente 2 linhas (sistema funicular) que tinham
alguns túneis e alguns viadutos metálicos que operaram por muito
RAMAL DA FEPASA tempo.
No final da década de 60 e inicio da década de 70, foi
O leito ferroviário da Fepasa. em seu trecho de serra, se construida uma linha maia moderna, com sistema de cremalheira. Esta
desenvolve entre Evangelista de Souza -e Samaritá e foi construido no linha foi implantada basicamente ao longo de uma linha antiga que
inicio deste século. Pertencia originalmente à Estrada · de Ferro foi "remodelada'', e possui algumas obras de arte em concreto,
Sorocabana. incluindo um viaduto com pilares de concreto armado que chegam a
atingir 50m de altura (Viaduto da Grota Funda).
•t Dos arquivos da antiga Sococabana, é possível de se verificar Ao longo desse traçado, existem muitos aterros à meia encosta,
u que o leito foi construido com métodos semelhantes aos empregados na
Via Anchieta, ou seja com corte/aterro, alguns túneis e viadutos, no
que muitas vezes têm muros em suas pontas (muro de alvenaria de
pedras e às vezes muro do tipo "crib-wall").
uim ~ inicio da década de 30. Durante o inicio da implantação do sistema de cremalheira, se
A ênfase nas obras de estabilização foi para os muros de podia notar que muitas vezes os aterros antigos apresentavam sinais
gravidade (a maioria deles constituídos por alvenaria de pedra), de intervenções antigas para sua estabilização, frequentemente
drenagem e proteção superficial. const1 tu idas por trilhos cravados e arrimo feitos com dormentes e
trilhos (pranchadas provisórias), o que denota problemas de
As obras se mantiveram com comportamento satisfatório , por instabilidades e possíveis deformações dos arrimos.
muito tempo, sem que houvessem eecorregamentos catastróficos.
Alguns escorregamentos de pequeno vulto ocorreram ao longo do Durante o desenvolvimento doa trabalhos da nova linha, alguns
tempo , porém os que mereceram alguma atenção especial são aqueles muros de pedra acabaram por ruir e alguns aterros acabaram por
ocorridos a partir dos anos 74/75. Particularmente em janeiro/.7 6 , deslizar envolvendo superficiea profundas que atingiram o leito da
após uma chuva intensa (390mm/dia), ocorreram vários deslizamentos. estrada. Particularmente, após a chuva catastrófica de 25/02/71,
Em jan/77, após uma chuva de 330mm/dia, ocorreu um grande ocorreram ·grandes deslizamentos que acabai\am por instabilizar alguns
eacorregamento de um aterro situado próximo ao km 79 e 80. aterros (e seus muros de arrimo) que obrigaram a · implantação de
Os eacorregamentos mais significativos ocorreram em áreas de novas obras de estabilização.
aterro. Muitas das obras de estabilização foram feitas, tendo-se
Um doa maiores escorregamentos na Fepasa ocorreu no Km74, numa aplicado soluções por cortinas atirantadas, proteção e drenagem
região de aterro a meia encosta. Na realidade esse ·aterro sofrera superficial.
vários proce ssos de escorregamento ao longo de v"ários anos, que Dentre as principais, se destaca uma cortina atirantada
foram sendo remediados por várias tentativas de estabilização e de conatruida junto à estaca 325. com cerca de 15m de altura, suportada
desvio de linha , até se chegar a uma situação critica de necessidade por até 6 linhas de tirantes de 300kN de capacidade.
de contenção e/ou implantação de viaduto. A opção escolhida foi a
con str ução de uma grande cortina atirantada com cerca de 19m de Um destaque de grande eecorregamento ocorrido no local , data
altura, suportada por até 12 linhas de tirantes (com cargas de 250 a d o final de 1975, quando uma massa com volume avaliado em um milhão
350kN). A cortina foi terminada na virada de 81 para 82, sendo que de metl•os cúbicos se movimentou e destruiu um doa viadutos da linha
a l guns tirantes foram moni toradoa com células de cargas. A cortina antiga, além de colocar em sér i o risco o· viaduto novo da Gro ta
está com pouco mais que uma década de existência, e não apresenta Funda. Este escorregamento se iniciou próximo ao quarto patamar do
nenhum sinal de eventual problema que mereça algum destaque. sistema funicular da RFFSA ( próximo à cota 650m) e praticamente
atingiu o topo da serra onde se encontravam as instalações das
Outras cortinas também foram feitas ao longo da linha durante t o rre s de microondas de algumas emissoras de televisão.
a reforma e modernização ocorrida recentemente , tornando- se uma Nessa ocasião, se observou que o processo de ruptura se
solução comum no trecho. iniciou com a instabilizacão de um grande muro de arrimo (de
alvenaria de pedra) que existia junto ao viaduto do sistema
RAMAL DA REDE FERROVIARIA FIIDRRAL-RFFSA funi c ular. A instabilização do muro, provocou uma série de rupturas
remontantes que subiram encosta acima.
O trecho da RFFSA se desenvolve entre Paranapiacaba e Raiz da Em virtude doe volumes envo lvidos e da extensão dos problemas,
Serra. Foi originalmente construida entre o final do século passado não se executou nenhum serviço espe cifico de estabilização da área
e o inicio do presente século. e scorregada, deixando que a própria natureza adquir isae seu
Nota- as que, para efeito de estabilização de taludes, a ênfase equilíbrio, tendo- se exec utado apenas serviços de proteção dae
dessa época era pelo uso de muros de gravidade em alvenaria de e struturas (muros d o .impac to) a jusante do eecorregamento (Ya aauda-
1981 )
229
228 ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES
SOLOS 00 UTORAL DE SÃO PAULO

•• Muitos outros locais sofreram também intervenç õ es


estabilização, sendo que a maioria delas é constituída por cortinas
atirantadas. Se observa no local a existência de cerca de 14
de
acabaram por se romper causando problemas de interdição da rodovia e
até mesmo colocando em risco o oleoduto São Sebastião- Cubatão que
po r vezes corre parale lo à rodovia , tal como ocorreu no km 143+600.
Neste local se encontrava um corpo de tálua que se movimentava em


11
cortinas. Essas cortinas foram construídas basicame nte no período d e
1971 a 1979, e não se tem registros de mau funcionamento (das
cortinas em si), a menos de alguns problemas de erosão dos maciços
direção ao mar, que foi estabilizado com drenagem profunda (valas e
drenas horizontais profundos).
adjacentes às mesmas, em casos de chuvas catastróficas. Algumas obras de estabil ização foram construídas ao longo da
rodovia, tendo- se aplicado vários tipos de solução tais como cortina
Um escorregamento de média proporção ocorreu no final de 1990, atirantada convencional, retaludamento com proteção superficial,
I envolvendo a ruptura de um muro do tipo "crib-wall " junto ao muro de solo- cimento e s olo envelopado com geotêxtil, drenagem
km 24+700. horizontal profunda, etc. As obras são relativamente novas e, até a


I
RODOVIA DOS TAMOIOS
presente da ta, não há maiores comentários a fazer quanto a seus
desempenhos.
Conforme se sabe, a Rodovia dos Tamoios era originalmen te uma Um caso especial de problema de instab iliz a ção, oc orre no
I( antiga estrada secundária que ligava o planalto ao litoral, na km 178+100, onde uma enorme massa de tálus de se encontra depositada
região entre Paraibuna e Caraguatatuba, construída inicialmente com junto à rodo v ia. Orig inalmente, e x istia um muro de gabião junto ao
11 pequenos cortes e aterros, com poucas obras de arte. Posteriormente pé do tálus, na n1argem da rodovia, que não foi suficiente para
foi "modernizada", re cebendo algum tratamento de proteção contra conter as movimentações. Tentativas mais recentes de estab.Llização
I( instabilizações de taludes. com terraplenagem e drenagem (basicamente com drenas h orizontais
profundos) foram f e i tas, porém as mov .lmentações, embora pequenas,
1r: No ano de 1971, após período de c huvas intensas, vários ainda continuam.
escorregamentos ocorreram particularmente nos locais de aterro, que
11 afetaram as pistas. Para a estabilização se aplicou a solução que BR- 116
estava em franca utilização na época: a cortina atirantada .
Nessa época foram construídas cor.tinas de porte avantajado, O histórico da. BR 116 é muito semelhante a o da Rio- Santos.

"
lt
com alturas que c h egavam a atingir cerca de 13m, suportadas por até
5 linhas de tirantes com capacidade de 270kN.
Não há nenhum registro que mereça atenção, com relação ao seu
Iniciou-se como uma rodovia de pista simples e passa, no trecho
paulista, por 2 áreas de serra (Hiracatu e Caj a ti/Barra do T1:1 r vo).
Em meados da década de 70 foi melho r ada com a implantação da
funcionamento, em quase duas décadas e meia de e xistência. "terceira faixa" na serra de Hiracatu e pistas duplas em 2 ramais no
11 trecho de Cajati/Barra do Turvo. Nessa época foram implantadas
Haia recentemente, já nos anos 80, novas obras de várias obras de estabilização, destacando-se o uso de cortinas
estabilização foram executadas. Estas no entanto tem menor vulto e atirantadas. Estas foram muito ueadas e m região de aterro e muito
se compõem de pranchadas com e sem tirantes, recomposição de talude frequent e mente a cortina se situa nas bordas do acostamento da
pista . Podem ser vistas cortinas dos mais variados tipos ( painéis
com solo-cimento, cortinas atirantadas de pequena altura, etc.
contínuos e placas isoladas atirantadas), com tirantes de fios e de
Não há também nenhum registro de mau funcio namento dessas barras. Curiosamente, nos últimos 3 a 4 anos tem-se reg.Lstrado
estabilizações mais re centes. algumas quedas de . painéis, tal como ocorreu no km 525+500 (com
tirantes de barra), no km 521 com placas isoladas e tirantes de fios
RODOVIA RIO-SANTOS
e no km 505+300 com tirantes de fios.
A atual rodov ia Rio-Santos também se originou de uma e strada
FAIXA DO OLEODUTO
~ secundária que foi construída originalmente com pequenos cortes e
aterros, com pouc as obras de estabilização. Pouco antes da conhecida cota 95 da subida da Via Anchieta,
rllli nota-se a existên cia de uma faixa onde existe um oleoduto com várias
) Nos meados da década de 70, a antiga estrada foi incorporada
tubulações.
li p ela BR101 e houve a necessidade de modernização e algumas obras de O oleoduto tem praticamente a mesma idade da Via Anchieta e
estabilização tiveram que ser construídas. nota-se que s ua i mplantação provocou uma intervenção pouco diferente
li! Nesse período nota- se a construção de cortinas atirantadas,
algumas delas em áreas de corte e outras em áreas de aterro, além d e
da implantação de uma rodovia ou ferrovia: se evitam os cortes e
aterros, porém envolve um desmata mento total na faixa. Observam-se
muro de gabião. Nota-se até mesmo trec h os onde existem obras os cuidados especiais com a impermeabi l i zação superficial feita com
abandonadas , com traçado distinto do traçado atual. t o caso material asfáltico, além da implantação de uma rede de canaletas
particular do km 179+400 onde existe uma cortina atirantada, incluindo descidas d'água em degraus.
executada em área de aterro, totalmente abandonada e rompida.
Não se tem registros de acidentes nessa faixa que mereçam
Mais re c entemente, a par ti r de 1981, foram efetuados estudos destaque.
para a avaliação da estabilidade de vários maciços que apresentavam Curiosamente, o oleoduto se situa entre a cota 95 da Anchieta ,
indicies de movimentação. Ficou constatado que vários pontos e a Usina Henry Borden, ambas famosas pelo vulto do s escorregamentos
apresentavam potencial de instabilização, particularmente aqueles ocorridos em suas áreas. Embora o tipo de subsolo da faixa do
onde se notava a presença de corpos de tálus. Mui tos dos locais
-·,
•(
~1 230 SOLOS DO UTOAAL DE SÃO PAULO ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES 231

• oleoduto s e ja um pouco diferente (corpos de tálus pouco espessos necessária a qualquer obra de estabilização da região serrana , e a

• sobre solo residual), é possível que o tipo de intervenção tenha


influência no comportament o da estabilidade subsequente à obra .
avaliação de seu desempenho de forma i solada não tem sentido .
Ou tros tipos de proteção tais como solo-cimento e concreto
projetado têm h istórico ainda reduzido e a avaliação de seu

~
desempenho parece ser prematura no momento .
5. COHENTARIOS GERAIS REFERENTES A DESEMPENHO DAS SOWCOES
DRENAGEM SUPERFICIAL
I, A avaliação do desempenho dos vários tipos de solução de A drenagem superficial é tipi camente constituída por canaletas
estabil ização, só pode ser feita de f orma qual itativa, pois vár ios "hori zo ntais" e por desc idas em de graus.
11. fatores, n em sempre mensuráveis, podem interferir no mesmo. Em É notório que as c analetas desempenham um papel fundamental na
alguns casos, soluções de estabilização que se mantinham em boas estabilidade doe maciços da região da serra, haja vista as elevadas
11 condições, às vezes por d écadas, podem apresentar problemas por um pluviosidade s do local. Evidentemente a manutenção das canaletas é
simples detalhe de manutenção . Em outros casos, obras igualmente um fator fundamental no seu bom desempenho.
Jl1 superd imensionadas podem eventualmente se manter estáveis à s custas
do seu alto custo, e no outro extremo , obras · dime ns ionadas com Hui to frequentemente, grandes e scorregamentos têm origem em
~ fatores de segurança "normais", podem eventualmente apresentar pontos localizados onde houve um mau f uncionamento da drenagem
problemas diante de um fato excepcional e imprev isív el. s uperficial.
111 A drenagem superficial também é parte inte grante , minima e
Um fato todavia é notório: após o i níc io da década d e 70, necessária, de um conjunto de medidas em s oluções de estabilização
li houve um incremen to generalizado no uso da so lução por cort ina na região d e serra e portanto t orna-se impraticáve l uma anális e
atirantada e m detrimento d o uso de soluções t radic ionais por muro de isolada de seu desempenho.
11 gravidade, part i cularmente para arrimos de elevada altura .
Há indícios de que há uma tendência de se empregar soluções DRENAGEM PROFUNDA
til convencionais com muro de gravidade, para cas os de baixa a ltura ou
para c asos d e obras d e menor importância. As drenagens profundas exis te ntes nas obras serranas são e m
11[ geral constituídas por vala s drenantes, túneis e pri ncipalmente
Abstraindo- se os fatores não mensuráve is, procurou- se fazer d reno s horizontais profundos.
111 uma análise qualitativa para as soluções maia frequ entemente Praticamente n enhum dado existe que permita a avaliação de
encontradas na Serra do Har. valas e túneis. Já os drenos hor izontais profundos apreeentam dados
llli históricos que permite m a discussão d e seu desempenho. Os pri mei ros
PROTECXO SUPERFICIAL drene s h or i zontais pro fundos usad os na região da Serra do Har , são
IIJ· provavelmente aqueles instalados na cota 95 da Via Anchieta (in icio
I
A pro teção superficial com impermeabilização parece ser da década de 50) . Na ocasião f oram executados em tubos de ferro
1111, eficiente, particularmente quando aplicada s obre terreno natural galvanizado e atingiram comprimentos de cerca de até 60m.
mesmo que seja sobre massas de tálus. ~ o que indica o bom Posteriormente f oram usados nas obras da cota 400 e 500 da mesma Via

·~
comport amento da fa i xa do oleoduto e x istente pouc o abaixo da cota 95 Anchieta .
da Via Anchieta. Aliás este mesmo bom comporta~ento é encontrado na Os drene s mais recentes (depois dos meados da década de 60) ,
.,,,,, faixa doa dutos de água que descem a serra e que alimentam a Usina passaram a s e r executados c om tubos de pvc.
Henry Borden e a Usina da Codesp .
As impermeabilizações, par ticularmente da ·faixa do oleoduto, Os drenos ho r izontais profundos, se reve laram uma e x celente e
são a base d e ma te rial asfál tico , e portanto suficientemente eficiente solução para a e stabil ização d e grandes maseas de tálus
w elásticas para acomodar pequenas deformações muito frequentes nos com nivel d 'água elevado (evidente mente conjugada com uma eficiente
maciços da Serra do Har . proteção e drenagem supe rficial) .
.,, A proteção asfál tica também desempenha fat or de suma Aliás, é notoriamente sabido que em casos de grandes massas de
importância na estabilização dos grandes escorregamentos de grandes tálus, a proteção superficial conjugada com uma d r enagem eficiente é
massas coluv iais e d e tálus da Via Anchieta. praticamente a única solução técnica e econômica de e stabilização.
t evidente · que a impermeabilização é eficiente quando
acompanhada de uma boa manutenção. MUROS CONVENCIONAIS DE GRAVIDADE E "CRIB- WALL"

Já para os aterros protegidos por impermeabilização asfáltica, Os muros conven.::ionais de gravidade e "crib-wall" são soluções
a se considera r o s fatos observados na linha da RFFSA, é de se que apresentaram compor tamento satisfa tório por periodos
preesupor um desempenho bastante discutível (e certamente exigem relativamente longos, nas obras da Serr a . d o Har, e muito deles
muita manutenção). continuam a funcionar normalmente.
Todav ia , o histórico dos anos 70 em diante tem mostrado que
O outro tipo de prot ecão superficial é por plantio de algum podem apresentar problemas sérios quando de precipitações
tipo de vegetação (usualmente vegetação nativa ou que se adapta a o extremamente e levadas (eventualmente prejudicados por mau desempenho
ecosistema do local). Essa proteção contudo é em geral parte da drenagem superfic ial). Muros re l ativame nte recentes , executados
integrante de um conjunto de medidas que formam uma solução de nae est radas de serviço da Rodovia dos Imigrantes apresentaram
estabil ização e pode ser considerada como uma condição mínima

lil:
UI.
llf,' 232 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES 233

li(
problemas de estabilidade, o que nos leva a considerar a solução consti tuídos por alvenaria de pedras. talvez pela facilidaJe dw m3c
como de desempenho, pelo menos discutíve L de obra da época, ou talvez pela ausência JE> t-ecnolortia mais
111
avançada.
CORTINAS ATIRANTADAS Alguns acidentes têm sido noLados co m os arri.mo::: de alvenaz;·ia
1\l! de pedl'a trad icionalmente usados antes da meLad e do prc;·aoute sécu lo .
A história das cortina s atirantadas, na região da Serra do embo ra muitos deles continuem a operar no rmulrnente .
m1. Mar , no Estado de São Pau lo , deve estar atingindo quase um quarto d e
século. Nenhum caso de acidente report ado na literatura fo i A partir do início da década de 70. se observa uma maior·
u encontrado. Todavia, algumas rupturas podem ser vistas, tal como ênfase na construção de cortinas atirantadae. com menor ênfase em
a que la no Km 179+400 da Ri o - Santos. Outros c asos conhecidos são a muro de gravidade com alvenaria de pedra.
11 ruptura de alguns painéis do km 552+500, km 521 e km 505+300 da BR- Alguns acidentes com co rtinas atirantadas t ambém têm s i d o
116. Em ambos os casos , as cortinas tinham pouco mais que uma notados, porém ainda em pequeno número_ Hú indício:.; de qut= as
fl d écada de vida (cerca de 13 anos). Nos 4 c a sos n ota- se que as rupturas em cortinas atirantadas são mais frequentes em ater1•os d.:
cortinas arrimavam um aterro sobre o qual se construiu a pista de elevada al tura, sendo que as mesmas quase sempre ocor•rem no a co. na
UI rolamento, de altura relativamente elevada (alturas da ordem de 6 a parte livre junto à cabeça dos tirante!: , o que está de conformidade
9m), t endo pelo me nos 3 linhas de tirantes. com a esta tíst ica universal. Portanto med idas de precaução adic io nal
UI A exceção do km 552+500 o nde os tirantes eram de barra, os devem ser tomados nesses casos , particularmente em vista de risccc
tirantes vistos nos locais são constituídos por fios de aço para de corrosão e/ou flexo- tração.
111 concreto pretendido. Nota- se também que no ponto i nicial da ruptura Em v ista de que as obras at i rantadas mais a nt igas, na região
em geral havia um sistema de drena.g em enterrado (galeria), fator que serrana, têm apenas cet•ca de duas décadas e me ia. o desempenho de
UI eventualmente pode ter condicionado a ruptura ocorrida. long o prazo só poderá ser conhecido no futuro.
A s e concluir pelos fios expostos a pós a ruptura, é de se
UI antever que a mesma deva ter ocorrido no aço, · em área próxima à Finalmente deve-se destacar a im{Jortância da manutenção dã.S
cabeça de ancor agem, dentro do trecho livre (muito provavelmente por soluções de estabi lização , particularmente no a specto da proteção e
problema d e c orrosão eventualmente agravado por proble mas de flexo- drenagem supe r fic ial - u ma manut.enção bem fei ta é quase sinônimo d 0
tração J á que os aterros podem sofrer adensamento, "arrastando" os boa performance por muito tempo_
fio s de aço).
Ali ás, e ste tipo de ruptura (corrosão próximo à cabeça l é a
que predomina na estatístic a mundial (LittleJohn- 1990). 7. AGRADECIMENTOS
De qualquer fo r ma, o hist órico das cortinas na região da Serra
tem um período de cerca de 25 anos e portanto apenas o futuro poderá Os autores agradec em à GEOTÉCN!CA e à THEMAG por terem
fo rnecer melhores subsídios quanto ao desempenho d a soluç ão a longo facilitado o acesso aos se us arquivos. Agradecem ainda às entidadu ~
prazo. Embora existam várias cortinas e m aterro de elevada consultadas - DER/SP, DERSA, RFFSA e FEPASA que gentilment e
espessura, em perfeitas condições de opera ção, há um certo indicio ofeceram i n formações úteis que permitiram a elaboração deste
de que o uso de ti ran tes e m aterros de elevada a ltura merece trab alho.
cu i dado s espec i a ia, p articularmente n o aspecto da proteção contra
corrosão Junto à cabeça (eventualmente na prevenção de flexo-
tração). 8. BIBLIOGRAFIA

•I
6. CONCWSOES GITELMAN,H . , MILENA,D . C., MORI ,M ., PESCE,I\.A. (1976). Filosofia c::
url Condicionante s de Projeto Trecho Ser1•a - Obras de Arte E~peci&ie -Ol.>rac
de Contenção-Primeiro Seminário Dersa-Sã o Paulo.
111 O l evanta ment o das obras de estabilização na região da Serra
do Mar, no 1 i toral do Estado de São Paulo, mostra que o grande LITTLEJOIIN, S. ( 1990). Ground Anc horage Practice ASCE Spec ial
Kl agente instabilizador é a chuva intensa . Dados ' de vár ios autores PublicatiGn n9 25-USA.
indicam que chuvas de a lta intensidade são o fator determinante nas
instabilizações. Particularmente, chuvas com intensidade superiores PIMENTA.J .A.M .• LUZ.P.A.C., KATO.J.T., BASSO,D.C., FATTORI NETO.D.
a 100mm/24horas, são agente deflagrador de grandes rupturas. ( 1992 l . Es tabili zao6o Re alizada em um Co r te em Tálus na Rodov lo. SP-
55 <São Sebastião) .. 1!2COBRI\E-Rio d e Janeiro.
As obras de estabilização usualmente empregadas na regi ão
serrana , até o final da década de 60, se baseavam fundamentalmente RODRIGUES. E .C. (1976) . A Rod o via dos Imigr-antes no Desenvolviment-o
no uso de uma proteção e intensa drenagem superfi cial e muros de Te c no lógic o- Pr 1 me ir o Semi ná1:·io Dersa - São Paulo.
gravidade (às vezes do tipo .. crib-wall .. ).
As dimensões usualmente encontradas para as canaletas de SANTOS FILHO.M.G.E OUTROS (1988). Aterros Enrijecidos com Solo-
drenagem, pelo menos das obras ma i s antigas tais como a s da RFFSA, Cimento- Boletim do DER.
FEPASA e Via Anchieta, dão a nítida impressão de um dimensionamento
com bastante segurança. Já as "obras" de conten ção, quase sempre se
baseavam na construção d e arrimos de gravidade , muito frequent emente

~~
234 SOLOS 00 UTORAL DE SÃO PAULO

TEIXEIRA, A. H. E KANJI H. A. <1970). Estabilização do Escorregamento


da Encosta. da Serra do Mar na. Area. da cota 500 da Via Anchieta-IV
COBRAMSEF-Rio de Jane iro.

YASSUDA, C . T. ( 1981). Encontro Téc n i co da ABHS- Estabilização de

~~
Taludes-São Paulo. ATERROS NA BAIXADA
Carlos de Sousa Pinto

111

~~
RESUMO
Jil
Dil.
A transposição das Baixadas Li torãneas do Estado de São Paulo
L'!l constitui-se num desafio tecnológico dos mais interessan Les da
engenharia geotécnica . A experiência acumulada indica alterna ti v as
11 de processo construtivo que apresentam resultados satisfatórios.
I Para a estabilidade dos aterros, o valor da resistência não drenada
·~ti deve levar em consideração fatores que afetam a coesão das argilas
J moles, como a anisotropia, a permanência com o tempo e os efei.tos de
~11 amostragem. Em função del as, as diversas técnicas de obtenção da
resistência são discutidas . Ábaco para projeto com bermas é apresen-
~111, t ado. O desenvolvimento dos recalques e sua evol ução com o tempo são
analisados com dados de compo rtamento de aterros na regi ão .
Mil i
lll{!r 1. INTRODUÇÃO

b11J1 A transposiç!o dos terrenos constituídos por sedimentos


marinhos argilosos da Baixada Litorânea do Estado de São Paulo
constitui-se num desafio tecnológico dos mais interessanLes da
engenhar ia geotécnica. Numa histórica conferência s obre o assunto, o
Prof. Milton Vargas (1973) lembra que a ligação, no tempo das
d iligências , de Santos a São Paulo, começava em Cubata.o e não em
Santos . Havia necessidade de ir de Santos a Cuba tão por barco, em
111 virtude das dificuldades de traf egar pela região .


li
Estes terrenos , de fato,
superficial que ,
arenosos,
a menos dos
apresentam tão b a i xa resistência
locais onde afloram sedimentos
só se consegue trafegar sobre eles pisando-se nas
ramificações das raizes da vegetação própria dos mangues.

A colocação de aterros sobre estes terrenos provoca preocupação


aos engenheiros geotécnicos sob dois aspectos: o solo pode não
suportar o peso do aterro e romper, ou, mesmo não rompendo,
apresentar recalques que prejudicam a boa utilização do aterro.
....
•• 238 SOLOS DO LITORAL DE SÂO PAULO ATERROS NA BAIXADA
237

1 argila compressivel na Baia de Osaka, deverá apresentar, segundo as


Quando não existem depósitos superficiais arenosos, aterros com
•t I menos de 2 metros de altura podem provocar rup tura . Estas rupturas previsões a tuais , recalques de 11,5 m, 3 , 5 m maior que os
~ são especia lmente problemáticas porque a própria . resistência do solo
diminui com a dest ru ição de sua complexa estrutura natural, pelo
inicialmente previstos. Esta diferença, que provocou urna atraso nas
obras de vários meses e um considerável aumento de custo, foi

.
atribuída à incorreta estimativa das tensões de sobre-adensamento da
~ efeito do cisalhamento induzido.
camada de argila(Duncan,1993). Isto, apesar da qualidade
H Por outro lado, os recalques, de valores geralmente superiores indiscuti vel da tecnologia japonesa em geotecnia de argilas
, a 1 metro, devem ser considerados por ocasião do projeto, para que ·
sejam tomadas as medidas necessárias para a adequada utilização da
sedimentares .
Estes fatos apontam para dois tipos de consideração. De um
~
ol:)ra . ·
lado, a complexidade do comportamento das argilas moles, e a
I
Apesar das dificuldades, as baixadas litorâneas foram sendo importância da qualidade de amostragem, programação e execução dos
~- ensaios. Os conhecimentos neste setor estão ainda em fase de revisão
conquistadas. Estradas foram abertas e áreas foram ocupadas com
instalações industriais ou ocupações residenciais. A 1 imitação de e aprimoramento.
~ áreas na região, faz com que, atualmente, a Prefeitura de Cidade de
Santos esteja executando um aterro sobre antigo canal construido De outro lado, estes fatos mostram que a ocupação adequada da
~ pelo DNOS, a fim de nele assentar um Conjunto Residencial em Baixada Litorânea do Estado de SAo Paulo justifi.ca a aplicação de
construção pela COHAB, para nele assentar moradores de favela recursos para o melhor conhecimento do comportamento dos sedimentos
~
instalada sobre palafitas. Apesar do custo, foi a maneira mais marinhos.
econômica encontrada para a solução do problema social existente.
~-


~
O número de trabalhos técnicos publicados sobre o assunto é bem
reduzido, frente ao volume dos empreendimentos executados. As
técnicas construtivas foram apresentadas por Vargas (1973). Dados e
análises sobre rupturas simplesmente não existem na li. teratura,
2. TÉCNICAS
As argilas
CONSTRUTIVAS

sedimentares devem sua resis tência ao


adensamento devido ao próprio peso e ao efeito de rebaixamentos
seu

~ apesar de ser de conhecimento corrente a ocorrência de di versos pretéritos do nivel do mar. Desta forma, elas são especialmente
moles na superficie, aumentando a consistência com a profundidade .


casos não documentados. Já informações sobre o desenvolvimento de
recalques são disponíveis em maior número. · As diversas alternativas de construção de aterros se valem desta
caracteristica.
~~, o acervo de conhecimentos sobre as propriedades dos sedimentos
marinhos no Litoral Paulista foi objeto de aprofundados estudos de Uma técnica de construção consiste em lançar o aterro de ponta,
~ Hassad (1985). Deles resultaram não só a coletânea e a interpretação com uma sobre elevação, de maneira que ele fosse rompendo o solo
dos parâmetros geotécnicos obtidos · de ensaios de l aboratório e da superficial, assentando-se o aterro num solo um pouco mais profundo,
~ análise de comportamento de obras, como a explicação do sobre- e, portanto, mais res istente. Tal procedimento, entretanto, é pouco
adensamento das argilas quaternárias, com base na gênese dos seguro, em vi rtude da desestruturação do solo, já refe rida, e da
~ sedimentos marinhos, sendo este aspecto de fundamental importância conseqüente reduçAo de resistência. Por outro lado, como apontam
para o entendimento do comportamento dos aterros. Vargas e Santos (1976), ao analisar as alternativas para a
~ construção da Rodovia dos Imigrantes, não se tem idéia do volume de
Há mui to ainda a pesquisar, a se compara r com o volume de terra necessário para a construção do aterro, podendo ser várias
~ recursos que têm sido alocados para o estudo do comportamento de vezes superior ao volume do aterro acima da cota do terreno natural.


~
sedimentos argilosos moles em todo o mundo . Técnicas de ensaios,
métodos de análise, acompanhamento e interpretação de obras vêm
sofrendo permanente desenvolvimento. Na Inglater ra , por e x emplo, urna
área de 11 hectares foi adquirida pelo Science and Engi neer ing
Além disto, parte do aterro ficará sobre terreno firme e parte sobre
terreno mole, advindo recalques diferenciais extremamente danosos,
constatados em algumas estradas assim construídas no Litoral.

Research Council do Governo Bri tânico, para a constituição do Campo A expulsão da argila, em ·alguns casos, se bem controlada, pode
~ Experimental de Argilas Moles de Bothkennar, dedicado integ-ralmente ser uma técnica plenamente adequada. Foi empregada na Cosipa, com
~ a pesquisas (Nas h et al., 1992) . Um volume da Revista Geotechnique
foi inteiramente dedicado à divu lgaçAo das primeiras investigações
sucesso, para a constituição do Pátio de Minérios. Uma parte deste
pátio repousava sobre um terreno firme, resu ltante de um corte num
morro, enquanto que outra ficaria assente sobre argila mole, de
~ lá realizadas com relevantes res ultados.
pequena espessura. Esta argila foi expulsa pelo peso de terra
Se tais investimentos sAo feitos, é porque deles se espera um colocado, por sucessivas rupturas, auxiliadas pela re~oção da argila
retorno nos empreendimentos que a sociedade virá a executar em superficial. No final, o aterro ficou apoiado no terreno firme
regiões onde ocorrem este tipo de solo. Como exemplo disto, pode ser subjacente ao depósito sedimentar mole, e em condições de re ceber as
citada a construção do Aeroporto Internacional de Kansai, em Osaka. elevadas cargas do minério nele depositado .
Nesta maior obra de engenharia civil do final do século, com custo
de 15 bilhões de dólares , a ilha artificial construida sobre a
.11
~~-
..,
I
239
238 SOLOS DO UTÓRAL DE SAO PAULO ATERROS NA BAIXADA

'
N Para a ocupação de g randes área s, entretanto, recomenda-se que 0 0
• ~ ~h~·~§·
o ater r o seja lançado em espessuras tão redu zidas quanto permi ta a
movimentação do equipamento, após o desmatamento da vegetação aérea,
mas sem a remoção das raízes da vegetação. o emaranhado de raízes ~·i\5l&'::·=~: ~
I vegetais faz um papel de estiva, melhorando a estabilidade durante a Tll'tl't[IIO ORIGI NAL 4TERRO HtORAULICO
construção. Quando são empregados aterros hidráulicos , · a contenção (ENCHI MENTO 00 C4N4L COM AREIA I
11 @ 1•14 m e tro~
nas bordas da área pode ser garantida pela construção de diques ®
• ~ ~~
formados com sacos de manta geossintética preenchidos com areia,
denominados " salsichões ".
I Var gas (1973) cita que o aterr o da Estrada de Ferro Santos-
. '/: '/
ATERRO ( COiol TERR4 DE EMPRESTt loiO)
Jundiai , na Baixada de Santos, foi construido sobre uma estiva de
LI M PEZA
@ .

~;:;)r///;~
"··- · ·~
IIJI madeira, prática trazida pel os ingleses. Ao estivas impedem rup turas


I
pequenas; qualquer ruptura tem que mobilizar todo o corpo do aterro.
Ora, as superfícies possíveis de ruptura ficam assim mais profundas
e, conseqüentemente, solicitam camadas mais p r ofundas da argila, que AIEIITIJI'IA 00 CANAL CON DRAGAS
~ ... .
....., ,....... ...
PAVIMENT4ÇÃO ASfALTIC4
~

são mais resistentes.


I{ Figura .1 Esquema d e c onstrução da estrada Piaçaguera-Guarujá, com
Outra técnica construtiva consiste na construção de bermas ou " colchão de areia " (apud Vargas, 1973) .
• no abatimento de taludes. Conforme mostrou Pinto (1966), é possível
construir nos terrenos moles da Baixada aterros com quaisquer
alturas , sem que haja r uptura , desde que se adotem taludes
longo da secção longitudinal. Aparentemente, o lançamento hidráulico
da areia, estabelecendo taludes submersos não tão abatidos como
adequados. Tal procedimento, análogo ao da construção de bermas, desej âvel, provocava rupturas d o fundo d o canal, com elevações à
tem, naturalmente, uma limitação econômica. frente do lançamento, que e r am recobertas no prosseguimento do
lançamento .
lf Técnica de muita eAgenhosidade foi desenvolvida pelo Prof.
Milton Vargas, inicialmente para a área da COSIPA, e posteriormente Para a duplicação desta Rodovia , foi recomendada uma solução
adaptada a rodovias . Para o estaqueamento das fundaçõ es da COSIPA, econômica, valendo-se da consolidação provocada pelo primeiro aterro
havia a alternativa de dragagem d o material mole, com os bate- (Cunha e Wolle , 1984). Um cana l lateral ao aterro existen te , de
estacas armados sobre flutuantes . Foi empregada, entretanto a p e quena profundidade, foi aberto com uma drag-line, removendo - se a
seguinte alternativa: o terreno mole foi dragado até uma certa cota camada superior de argila mole . O canal foi preenchido com areia,
e a escavação foi reaterrada hidraulicamente com areia, ficando num trecho, e com pedregulho grosso bem graduado noutro ,
11 suficientemente res istente p ara suportar os bate-estacas e a constituindo- se uma base firme para o pavimento sobre ele
circulação dos equip~me ntos. construido.
R Os bons resultados obtidos levaram o Pro·f. Milton Vargas a O trecho da Baixada Santista da Rodovia dos Imigrantes foi
ll adaptar o processo à Rodovia Piaçaguera-Guarujá, batizando-o de construido com a mesma técnica empregada na linha original da
" colchão de areia". A Figura 1 mostra as fases de construção: estrada Piaçaguera-Guarujá. Neste caso, o canal dragado ficou com 5
li limpeza do terreno , abertura do canal, no caso com 3,5 m de m d e pro fund idade e o enchimento com areia fo i cuidadosamente
profundi dade, reenchimento com ate rro hidrául ico e con strução do controlado. Os resu ltados foram excelentes.
~ aterro convencional com solo compactado . Com o assentamento do
aterro em cota inferior, a camada de argila mole solicitada já Com relação à construção dos aterros, deve-se fazer referên c ia,
n apresenta maior resistência que a superficial. Não é isto,
entretanto, que provoca a estabilidade . O col chão de areia faz um
ainda, ao emprego de drenos verticais de areia. Na região, a téc nica
foi pioneiramente apl icada por Pacheco Silva (1953), para a
111 pape l semelhante ao da estiva, já comentado. Uma superfíci e de aceleração dos recalques e o con seqüente ganho d e resistência para a
ruptura parcial do aterro teria que provocar uma ruptu ra do colchão estabilidade de um tanque de óleo na Alemoa, em Santos. Nesta obra,
de areia, que é bastante resistente . Por outro lado, uma ruptura mereceram especial atenção os cuidados com a técnica construtiva,
geral, envolvendo todo o colchão de areia, teria que ser profundo, elemento fundamental para o sucesso do procedimento, como havia sido
solicitando a argila em cotas onde sua resistência já é constatado em aplicações anteriores na Baixada Fluminense (Pac heco
suficientemente elevada para garantir a estabilidade. Silva, 1950).
o comportamento desta Rodovia foi satisfatório, se comparado Drenes verticais têm sido empregados em diversas rodovias,
com o da Estrada Cubatão-Piaçaguera, construído com aterro lançado especialmente nas proximidades das obras de arte, onde os recalques
de ponta. Entretanto, os recalques diferenciai s ainda foram são mais prejudiciais. Côrtes e Adeodato (1978) descrevem os
sensíveis . Sondagens rea lizadas pelo DER, após a construção,
mos traram que o colchão de areia f icou com espessura variável a o :
....
111
240 SOLOS DOUTORAL DE SÂO PAULO ATERROS NA BAIXADA 241
li
[1 , processos construtivos de 160.000 m de drenos na Rodovia Rio-Santos sendo q a tensão aplicada que provoca a ruptura, Nc um coeficiente
e de 450 . 000 m na construç~o do acesso ferroviário, à margem que depende da geometria da área carregada e do método de cálculo, e
Pll esquerda do Porto de Santos. A utilização dos drenos foi considerada su a resistência não drenada do solo, único parâmetro envolvido.
bem sucedida, mas, não são divulgados dados sobre o comportamento
dll dos aterros. Recalques em trechos tratados da Rodovia dos Imigrantes
s~o apresentados por Pinto e Massad (1978). Os valores observados A resistência nlo drenada daa a~gilaa moles
111 sugerem que o rápido desenvolvimento dos recalques pode estar
associado ao amolgamento da argila, em virtude da técnica Nos problemas correntes de funda ções em árgilas; a coesão é
111 construtiva empregada . considerada de fácil obtenção . Pode ser adotada como a metade da
111
resistência à compressão simples, ou estimada através de correlações
Existe muita polêmica sobre a eficácia dos drenos verticais de empíricas em funç~o , por exemplo, do SPT. Tal procedimento é aceito,
areia. Os recalques que se sucedem à sua execução são por uns de um lado, porque em argilas de consistência média ou rijas e
111\ atribuídos ao seu efeito drenante, enquanto que outros os atribuem à duras, a coesão não varia muito em função de fatores referentes à
desestruturação da argila e conseqUente diminuição de rigidez amostragem e a procedimentos de ensaio. Por outro lado, nos projetos
llli (Casagrande e Poulos, 1969) . O advento de materiais sintéticos como de fundações correntes se empregam coeficientes de segurança à
DI elementos verticais drenantes, em substituição aos drenos de areia, ruptura da ordem de três . Pequenas flutuações que a resistência
que ocupam muito volume, parece vir sanar a principal d'ificuldade possa apresentar · estão cobertas pela segurança estabelecida por este
11. desta técnica. coeficiente .

DI Deve ser notado que os drenos aceleram os recalques primários, Nos projetos de aterros sobre argilas moles os coeficientes de
mas não têm efeito sobre os secundários . A sua simples utilização, segurança raramente ultrapassam valores da ordem de 1,3, sendo, em
111 no encontro de pontes, não elimina os recalques que ocorrerão geral, por razões de ordem econômica, inexeqüíveis projetos com
continuadamente, provocando a necessidade de periódicos coeficientes de segurança superiores. Qualquer oscilação nos valores
recapeamentos, e, certamente, contribuindo para o carregamento das de resistência, portanto, podem comprometer a estabilidade da obra .
"'}
Ul.
fundações por efeito do atrito negativo . E nas argilas moles , diversos fatores influem na r esistência não
drenada em intensidade bem superior a 30 %.
Para que o efeito do adensamento secundário seja eliminado, ou,
11( que seja significativamente reduzido, é necessário que a técnica de Para que se possa discutir os diversos procedimentos de
' drenes seja associada a sobre-elevação temporária do aterro . Tal estimativa de resistência não drenada para projeto, resumem-se, a
dll procedimento foi adotado, com sucesso, em área industrial no Guarujá seguir, algumas das mais importantes características da resistência
(Silveir~ e Gaioto , 1977) . Ensaios de adensamento radial , em não drenada das argilas moles, com base na bibliografia
111
amos tras do subsolo, indicaram coeficientes de permeabil idade radial internacional.
111
cerca de dez vezes superior ao vertical , fator dete rminante para o
bom resultado da alternativa empregada. a) Anisotropi·a de resistência.
A resistência não drenada das argilas moles depende do plano
3. A ESTABILIDADE DOS ATERROS submetido ao cisalhamento. O que provoca a anisotropia não é só a
disposição relativa das partículas sedimentadas . Rea l izando ensaios
lU Existe uma preferência generalizada de se analisar a em centrífuga, Ohshima et al. (1991) comprovaram de f orma cabal a
estabilidade dos aterros sobre arg i las moles por métodos que anisotropia de resistência não drenada, associada não só à direção
til consideram as tensões totai s envolvidas. Cálculos em termos de do plano de cisalhamento, como também ao sentido das tensões de
tensões efetivas, apesar dos atrativos que apresentam, não se cisal hamento preexistentes em relação ao sentido das tensões
udj generalizaram pela dificuldade de se terem estimativas confiáveis cisalhantes induzidas pelo carregamento . Para a análise das rupturas
das pressões neutras que se desenvolvem no processo de ruptura. Por ativas e passivas dos taludes, em centrlfuga, foram utilizadas
outro lado, o número de análises de rupturas em termos de tensões resistência não drenadas ativas e passivas obtidas por meio de
totais é muito maior do que em tensões efetivas, possibilitando um prensa de cisalhamento direto desenvolvida por Mikasa (Mikasa et
aprimoramento desse método e gerando confiabilidade a quem o al . , 1987) (Takada, 1993), cuja principal característica é de
emprega. eliminar o atrito entre os anéis.

Para a análise da estabilidade, dois aspectos devem ser Tal fato tem sido reconhecido pelos estudiosos da estabilidade
considerados: os parâmetros representativos da resistência do solo e de aterros em argilas moles. Considerando que ao longo da superficie
o método de análise das forças envolvidas, ou seja, a estabilidade . de ruptura ocorrem situações diferentes, como esquematizado na
Problemas de estabilidade se equacionam, para carregamentos na Figura 2, tem-se realizado ensaios que representam as três situações
superfície, através de equações do tipo: nela indicados. Resultados destes ensaios, resumidos na Figura 3,
indicam resistências diferentes segundo a técnica empregada, em
q = Nc.Su ( 1) virtude das tensões induzidas. A resistência numa situação de

llli'
)
llli
242 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO 243
DII ATERROS NA BAIXADA

Jl]! compressAo triaxial é sempre superior à obtida em extensAo triaxial, Logo após a construção ráp i da, dois fatores passam a ocorrer.
I!IJ sendo a relaçAo tanto maior quanto menos plástico for o solo, n·e um lado, as ligações argila-a r gila passam a se des f azer
podendo esta relação ser superior a dois. Bjerrum (1972) apresenta lentamente. De outro, a dissipação da pressão · neutra diminui o
111 justificativa para a maior anisotropia dos solos mais arenosos, com índice de vazios e aumenta a resistência . A longo prazo a
) base nas transferência de forças entre particulas arenosas ou estabilidade será aumentada, mas a curto prazo, ela poderá estar
111) argilosas. sendo diminuída.

1111\ 1,2
1,2
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SlloiPLES o L-~-~~--+--+--+--+--~-J {NDICE DE PLASTICIDADE,% I N OICE DE PLASTICIDADE,%
1111
o 20 40 60 80
ÍNDICE DE PLASTICIDADE,%

111 Figura 5 Relações de resis-


Figura 4 Correções propostas po r
Figura 2 Tensões induzidas na Figura 3 Resistênc i a de argilas Bjerrum para levar em considera- tência de ensaios de palheta
111
superficie de ruptura de aterros segundo condições de solicitaçAo ção tempo e anisotropi a. em função do tempo de ensaio.
11[ (apud Bjerrum, 1972) (apud Jamiolkowski, 1985)
Com base na retro-análise de rupturas ocorridas, Bjerrum (1972)
sugere coeficientes para correção de valores de ensaios de
b) Dependência da resistência não drenada com o tempo resistência determinados em ensaios de palheta de campo para que
;',J
"\1
representem a res i stência média que ocorria na ocas i ão da ruptura
Tanto ensaios de laboratório como ensaios de palheta no campo levando-se em conta o efeito do tempo e a anisotro pia (Fi gura 4).
li! I (vane testl mostram que a resistência depende da velocidade de Com base em ensaios de palheta de campq com velocidade de rotação
aplicação das cargas. Ensaios de Bje r rum (1972), como de Ortigão variável, Chandl er (1988) apresenta a relação de resistência em
nl (1980) e Coutinho (1986) com solos da Baixada Fluminense, mostram relaçAo à do ensaio com velocidade padrão (Figura 5). A semelhança
J que a resistência varia cerca de 10 a 15 % por .ciclo de vari ação do dos dois conjuntos de resultados é expressiva.
li! tempo de carregamento; quando a solicitação é feita num tempo 10
vezes mais longo, a resistência é 10 a 15 % menor. c ) Sobre-adensamento provocado por adensamento secundário

O fenômeno é explicado por Bjerrum (1972) com base na não Nos ensaios de adensamento se observa nitidamente o efeito do
permanência definitiva de l igações argila-argi la no complexo de adensamento secundário, pri ncipalmente nas argilas orgânicas moles,
forças transmitidas entre as particulas do soio . Por esta razão, o e para as tensões acima das tensões de cedência.
efeito é t ão mais sensível quanto mais argiloso o solo.
A Figura 6 apresenta o g r áfico u til izado por Bj errum (1973)
Esta conclusão estari a, aparentemente, a indicar que a para ilustrar como o efeito do adensamento secundário afeta a curva
construção de um ate rro rapidamente ap r esentaria uma capaci dade de de adensamento de um solo, apresentando uma tensão de cedência
carga ma i or do que se a constr ução fosse demo r ada. Em princípio (geralmente denominada tensão de pré-adensamento) superior à t ensão
i sto seria válido: o aterro construído r apidamente teria maior a que o solo foi previamente adensado. Como o adensamento sec undário
probabilidade de per manec er estável logo após a construçAo . Mas ele é tanto maior quanto mais argiloso o solo, este efeito é
poderia não pe r manecer estável po r mui to tempo. Considere-se, por proporcionalmente mais visível nos solos argilosos. A razão d~
exempl o, um aterro que sendo construi do lentamente, rompe uma semana cedência (OCR) como vem sendo chamada a r e l ação entre a t ensão de
após o i n i cio da cons t ruçAo, quando a altura fo r de dois metros. Se cedênci a e a tensão efet iva vertical de c ampo (co stumeiramente
se c onstruir o ater r o com dois metros de altura num dia, ele não denominada razão de sobre adensamento) para a r gilas norma l mente
romperá de i mediato, mas antes de decorrida uma semana a ruptura adensadas por perí odos de alguns milhares d e anos, variam, segundo
ocorrerá. Bje r rum (1973), conforme a Figura 7. A alteração de te r mi no l o gia
procura evitar distorções de conceitos que a a nte rior p rop o r c ionava.
i
!IIJ[.
Q~!
-.,.,. - - -

SOLOS DOUTORAL DE SÃO PAULO


244
ATERROS NA BAIXADA 245

.....•
o
l0.000 OftOI
obtenção do parâmetro de resistência a adotar para o projeto de um
aterro . O primeiro aspecto a considera r é que n ão ex iste uma
resistência não drenada da uma argila; a resistência depende de
c do odo•ao....,to 2,0
dive rsos fa tores. De interesse é o valor de resistência mais
>
...
o
IICUftdÔrlo -,: representa tivo para um projeto. ·
...
u •' E Sob um ponto de vista pragmático, o valor de resistência maj s
u
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-!
3\\\\ \te-;,.
H '-- ..... .
c
l, 5 correto é a quele que confere um coe ficiente de segurança igual a um,
em análise por método· bem definido, quando o aterro se encontra na
o situação de ruptura . A retro-análise de rupturas bem documen tadas é
o o elemento básico pa ra convalidar um procedimento de e scolha de
l,O parâmetro . Com base em informações deste tipo, e das caracteris ticas
o 20 40 60
TENS .lO VERTI CAL ( l o 1 .J
80 lOO acima relembradas, as seguin tes considerações se apresentam sob os
ÍNDICE DE PLASTICIDADE,% métodos de determinaç.!lo da coesão :

Figura 6 Desenvolvimento do a) Res istência não drenada a partir de em ensaios de campo.


sobre adensamento por efeito Figura 7 Razões de sobre
do adensamento secundário . adensamento por efeito do O ensaio de cisalhamento pela palheta (vane tes t) é quase que o
adensamento secundário . único unive rsa lmente empregado para a determinação da r esistência
não drenada. Apesar das criticas teóricas que s e podem faze r a e ste
ensaio , ele ap resenta uma boa r eprodutibilidade . Exemplo dis t o é
o fato princ ipal é que ainda que existam ·argilas normalmente apresentado na Figura 8, onde se mostram resultados de ensaios
adensadas , sob o ponto de vista geológico, não existem ar!;)'ilas
normalmente adensadas sob o ponto de vista das tensões envolvidas . fei tos em três perf is ver ticais dis tantes de 15 m, na e staca 56 do
Tal ' cons ideração é extr emamente importante para a interpretação das Rodovia dos Imigrantes, na Baixada Santista . A r esi stência cresce
correlações freqüen temente empregadas para a estimativa da com a profundidade , como teoricamente se jus ti fica, e a dispersao
r esistência não drenada das argilas (Pin to , 1992) . dos resultados é bein pequena. Uma correlação linear dos dados em
~u~
função da profundidade apres enta um coeficiente de c orrelação de
d) ManutençAo daa tensões internas das amostras 0,99, e o desvio padrão da es timativa é de 1,7 kPa.

~ Bj errum e
Berre (1972) mostraram que ·ensaios de compressão
simples de argil as realizados em corpos de prova moldados PA LHETA I N SITU CONPRESs.lO S I N I' L ES TRIAXIAL N.lO DRE NAD O

:r·\ · · · · ·
imediatamente após a amostragem apresentavam resistência superior a o o
de corpos de prova moldados alguns dias após . Tal fato já havia sido s.·•6+1, 7r Su • 8,5 +0,4 I
verifi cado por Lambe e Ladd (1960), sendo atribuido à não z
permanência da pressão neutra nega ti v a nas amos tras . Segundo estes
2 J.
-·~- n • tI n • 26 • n • l5
O, ti r a 0, 54 r • O,aO
autores , a pressão neutra negativa em amostras de boa quali dade ,
depois de algum tempo após a col eta, não ficam em niveis superiores
a 40 % dos valores que seriam corresponden tes ao a livio das tensões E
• 6
4 1,7 kPo 4

6
••• G' •l,lkPo

-1
4

6
_ ()', 2,7kPa

de correntes da amostragem . A res istência , em consequênci a, cai a 1/J


valores da ordem de 60 a 70 % da de campo, não sendo a queda da o
c
mesma intensidade da correspondente ã pressão neutra por ficar a o a a .j 8
amostra sobre- adensada em relação ã tensão efeti va a tuante.

Es te fenômeno ficou demonstrado por Kirkpatrick e Khan (198 4)


õ
z
...o 10
:::> 1~ ,..,. ~ J.O

ensaiando amostras amolgadas em laboratório . A redução de pressao "'... 12


neutra com o tempo de armazenagem de corpos de prova. al iviados das
tensões de confi namento e a perda de resi stência correspondente,
foram cabalmente demonstradas. 14J. -. ..• • :J
\

-· • 116
..1 ••
J:
l6
A reaiatência não drenada de projeto 161 I I I
o lO 20 30 40 o 10 zo 30 40 o lO zo 30 40
S u , k Po S u , k Po S u , k Po
As caracteri sticas da resistência não drenada de argilas moles ,
acima recordadas, são importantes para a anál ise das al ternativas de
Figu ra 8 Resultados de ensaios de palheta in situ e de laboratório
na Rodovia dos Imigrantes (estaca 56) na Baixada Santista .
I
248 SOLOS DOUTORAL DE SÃO PAULO ATERROS NA BAIXADA 249
l,
l! com os ensaios de palheta o fato de levarem o solo à ruptura em o,s
poucos minutos, estando portanto ambos sujeitos a indicarem valores
I superestimados em rel ação às resistências representativas da
solicitação em aterros. Na correlação de Skempton, o denominador da
0, 4
•• •
I ra zão de resistência é , na realidade, a tensão de cedência, ainda
que originalmente fosse considerada como a tensão vertical efetiva 'u
~ o. ~ ------
__.... ---

·~'••I ,I
de campo . Isto porque o autor se referia a argilas geologicamente .....
normalmente a densadas, não havendo a consideração do efeito de • 0,2
011
sobre-adensamento por adensamento secundário, acima discutida .
Jl,
0,1 S • !fi''•• • 0,22 ( 11 f:SII I I
I Correlação semelhante foi apresentada por Bjerrum (1973), claya I S • 2001
dife renciando argilas recentes de argilas envelhecidas por efeito do o
adensamento secundário, como mostrado na Figura 10. Aqui, o o 20 40 60 eo 100
denominador é a tensão v e rtical de campo. a'NDICE DE PLASTICIDADE,%

As correlações acima expressam resultados que se obtém em


ensaios rápidos. São muito úteis para avaliação de ensaios, e, até .Figura 11 Relações de resis tência de retro-análises de ruptur as
mesmo, para a estimativa das condições de pré-adensamento das (apud Larsson, 1980)
argilas. Por serem referentes a ensaios rápidos , e ntretanto, não se
ap licam a projetos. o fator (OCR)O,B leva em conta o efe ito de sobre adensamento,
comprovado . experimentalmente. Fórmulas deste tipo, com base em
A correção dos fatores tempo e anisotropia (Figura 4) e a ensaios de corpos de prova adensados isotropicamente e rompidos por
consideração do pré-adensamento, levaram Mesri (1975) a propor a compressão, sobre solos da Baixada Santista são apresentadas por
I equação : Massad (1994) . Infelizmente, não existem ainda disponíveis
resultados de ensaios de extensão e de adensamen t o an isotrópico para"
M!ll Su I <J ' vrn 0,22 (2) estes solos da Bai xada Santista.
11 No desenvol vimento de um projeto de aterro sobre solos moles, o
Neste caso, Su é a "resistência não drenada de projeto" e se projetista, com frequência, utiliza-se de mais de uma fonte de

·~ mostrou muito consistente com o comportamento de aterros rompidos, d a dos . Neste sentido, as correlações são sempre úteis. Em especial,
tanto no Canadá (Trak et al., 1980) como na Escandinávia (Larss on, elas são muito convenientes para projetos por etapas, permitindo
Ali 1980). Na r.ealidade , o coeficiente O, 22 corresponde a uma média para prever o ganho de resistência nas diversas fases de construção.
j
• todas as argilas, mas superestima a resistência para argilas de
baixa plas ticidade e subestima para argilas de a lta plas ticidade.

• Com base nas retro-anAlises, pode-se considerar este coefi ciente


variando de O, 16 para solos não plásticos a 0,29 para IP = 100
(Pinto, 1992).
A análise da estabilidade

Se o problema de estabi lidade for considerado corno o de um


carregamento uniforme superficial sobre urna argila não drenada, de
Correlações de ensaios de compressão e extensão triaxial em maneira semelhante ao de uma sapata, o coeficiente Nc, da equação
corpos de prova adensados anisotrop icamente estão mostradas na (1), tem valor da ordem de 5,5. Desta equação , então, resulta:
Figura 3 . Com base nes tes valores , considerando que a média de les é
que deve ser usada em projetos e levando ainda em consideração o
efeito do sobre adensamento, Jarniolkowski et al. (1979) apresentam a hc • 5, 5 SuiYn (4)
correlação:

sendo Yn o peso especi f ico do aterro. hc é denominado " altura


Su I cr' vo = (0, 23 :!:. O, 04). (OCR) O, B (3) critica ", a máx ima altu ra de aterro que o terreno pode suportar.

O conceito de "altura critica " , entretanto, não se aplica a


O coeficiente (0,23:!:. 0,04) da fórmula acima representa a reta depósitos com coesão crescente com a profundidade, típico de
média das correlações mostradas na Figura 3. Na realidade, verifica- depósitos sedimentares como os da Baixada Santista. Como foi
se, também aqui, que há urna tendência de crescimento do fator demonstrado por Pinto (1962), neste caso, a altura possível de um
adotado com · a plasticidade do solo . Esta tendência se manifesta, aterro depende do ta lude do aterro construido, pois, quando mais
também, no r esumo de relações de resistência determinadas em ret ro- abat ido o talude, mais profundamente é solicitada a argila e maiores
anál ises de rupturas, realizado por Larsson (1980) e mostrado na resis tências são mobilizadas.
Figura 11 .
250 SOLOS DO LITORAL DE SÀO PAULO ATERROS NA BAIXADA 251

O problema se assemelha ao da estabilidade de taludes e sua do aterro estaria integro, colaborando para a estabilidade. De fato ,
análise se faz pelo equilíbrio de forças da massa que se des loca. Um admitindo-se, para o aterro, uma coesão de 15 kPa e urn ângulo de
método de equilíbrio limite, como de Bishop Simplificado, de Spencer atrito interno de 30°, valores perfeitamente compatíveis com o
ou de Jambu, pode ser aplicado, considerando-se as resi stências material existente, o coeficiente de segurança fi ca superior a um.
ocorrentes em cada lamela.
O posicionamento da região de tensões de tração no corpo do
umtema sujeito a questionamento é a contribuição do corpo do aterro não é de fácil determinação, mas a ocorrência de superfícies
aterro na e~tabilidade. Se intacto, o aterra resiste; se trincado, de rupturas mais afastadas da borda do talude do que os círculos
não. Em principio, se· o aterro for constituído de material não críticos resultantes de análises de estabilidade tem sido constatado
coesivo, como enrocamento ou areia, a trinca não se mantém, o em outras s ituações (Sandroni, 1993). Não havendo segurança para o
terreno se refaz e contribui para a resistênci a. É o que deve conhecimento do estado de tensões no interior do ate rro , a não
ocorrer, por exemplo, no co lchão de areia empregado na Cos i pa ou no consideração de sua contribuição na estabilidade parece ser uma
Rodovia dos Imigrantes, como descrito anteriormente. recomendação prudente.
No caso de aterros compactados com solos coesivos, as A não consideração da contribuição do corpo do aterro não é a
deformações do terreno de fundação provocam, no corpo do aterro, mesma coisa que consider á-lo como um material de coesão P. atrito
tensões de tração que reduzem a capaci dade de resistência e levam, nulos no cálculo de estabilidade. Esta hipótese (c e 41 nulos)
eventualmente, à formação de trincas. corresponde a um material que, não tendo resistência, ainda assim
participa do equilíbri o de forças, pois do peso do material externo
Na Figura 12 apresenta-se uma ruptura ocorrida num aterro, com à trinca advem, do próprio método de cálculo, um empuxo p rovocado
cerca de 2 m de altura, na Baixada Fluminense (Pinto, l 992). A pela porção do aterro externo à trinca, o que·. não pode ocorrer se a
ruptura se manifestou com uma trinca a 11, B m da borda do talude. trinca existe. O coeficiente de segur ança obt i do com esta hipótese é
Uma análise de estabilidade, com círculos passando por este ponto, e menor do que o r eal (Pinto, 1992) . No caso da ocorrência de trinca,
não considerando contribuição do aterro, apresentou um coeficiente o cálculo deve considerar o aterro como a ação de cargas pontuais
de segurança igual a 1, adotando-se valores de resistência de ensaio independente, ou seja, como sobrecarga.
de palheta, corrigidos pelo fator de Bjerrum (Figura 4).
A consideração da ação do aterro por meio de cargas pontuais,
Uma pesquisa por circulas livres pela fundação indicou que a permite análises de estabilidade, como feitas por Fel enius e
superfície de menor coeficiente de segurança ocorria para um circulo Jakobson, considerando o equilíbrio geral dos momentos atuantes e
bem mais próximo da borda do talude, a 3,5 m dele. Porque a ruptura resistentes, como esquematizado na Figu.r a· 13 . Os resultados, neste
não teria ocorrido nesta posição? Provavelmente porque nela o corpo caso, são idênticos aos obtidos pel o método de Bishop Simplificado,
por exemplo .

2 ~

• •

·-
}
S.u • 3,9 + 0,6 Z ( kPal

Figura 12 Análi se da ruptura de t a lude na Baixada Fluminense .


Figura 13 Esquema de cálculo da estabi lidade de taludes.

)
252 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO ATERROS NA BAIXADA 253

fXfM,LO

J~<@>
Trabalhando com este mé t odo, Pin t o (1966) desenvolveu ábacos
para a análise de estabili dade cons i de r ando a coesão linearmente DADOI : IOLUÇlO •
crescentes com a profundidad e , motivado p e l a constatação de que as " • s. C,L.fiC 0 • 0 ,1Sa.LO/O,I•Z,5
resistências medidas na Baixada Santista apresentavam este 1 • I t/• 1 Á•ue - Mee • U,7
compo r tamento . Os ábacos origin a i s se basei am n a e stabilidade de uma
área carregada , devendo r omper integralmente (super ficie rígida) .
I· f
c••
• l.O •
0,1 ' ,••
... .LS,7 I 0,1. 1,11
••laS•I
Definindo-se a variação da r es i s t ênci a com a pro fund idade , z , pela C.1 • O,U t/•lf• , • 1,11/1 • l,S7
C1.Z:
e quação c • co + c 1 . z , foi v e rificado que a ruptura poderia ser u
associada a um parâmetro d e fini do c omo c o/ c 1 .b, sendo b a semi / I
largura da área carregada . Pa r a valore s deste parâmetro, foram
I
determinados coeficientes Nc 0 , que , numa equação idêntica à equação 40 / J.S
(1) , indicavam a estabilidade .
L ~

Com base nestes valores, f o i apresentado um modelo para o so L:_ ./


v
cálculo da estabilidade de um aterro com qualquer configuração,
mostrando-se que a segurança depe ndia da inclinação do talude . ..
o v ..
o
ll
/
v v
v "'
z z
Constatou-se que podia-se associar um coe ficiente do tipo Nc 0 ao zo t
parâmetro c 0 /c 1 . d , sendo d a projeção do talude .
/
v
Na mesma época, Nakase (1966) publicava no Japão, análise
.10 ~~ /
v
1
semelhante, chegando a resultados para taludes constantes de forma V I
analítica . Os resultados finais numericame nte eram semelhantes, como I I
não podiam deixar de ser, desde que a s hipóteses iniciais eram as _L ....._ ...._
o_ __
mesmas . Nakase incluiu no seu est u do a e x istência de sobre carga no
aterro e a influência de cama d as de argi l a de pequenas espessuras . o 4 •
Cl . f /C 0
lZ li 20 'o 0,4 0,1 J,2
C1 . f/Co
l,, 2P
Os ábacos correspondentes a est es estudos f oram apresentados por
Pinto (1974), com o format o utilizado por Nakase, em que o parâmetro
d e semelhança é o inverso da exp r essão do t rabalho original de Pinto Fi gu r a 14 Ábaco para cálculo da estabilidade de aterro com urna
(1966) , o que torna os gráf icos d e ma i s fácil u tilização . berma.
Taludes muito abatidos não são de execução p rática . Por este
motivo , recomendava-se que, após a definição do t alude médio seguro, 4. O RECALQUE DOS ATERROS
a geometria do ta l ude f o sse subdividida em ber rnas , com igual área n a
secção trans v ersal e i gual projeção , de maneira qu e a segu rança s6 A conside r a ç ão dos recalques e sua evo l ução com o tempo ap ós a
aume n taria . A aplicação desta recomendação a casos reais de projeto, construção é uma preocupação comum p a r a t odos os aterros , mesmo
mo stro u que este proced i me nto elevava o coefi ciente d e segurança a aque l es que tem sua estabilidade ga r an tida por urna camada
valo r es que poder i a m ser maiores do que dese jado . Em vista disso , superfic i a l de areia ou pela const ruç ão de colchão fl u t ua n te de
com a mesma metodologia , foi elaborado um ábaco , apresentado na areia. Este aspecto é particularmente i mportante no s e n contros de
Figura 1 4, p ara o projet o d e taludes com uma berma , com altura igual obras de arte ou nos aterros constr uid o s para asse ntamentos
à metade da altura to tal d o a t erro. h abitacionais ou industriais.
Para a utilização dest e á b a co c o n forme o e squema nele mostrado, Os registros de recalques de aterros n a Baixada Santista são em
determina-se parâmetro c 1 .f/c 0 , sendo f a projeção do talude, número bastante reduzido diante da quantidade d e obras realizadas e
d e termina-se o parâmetro Nco' e obtém-se a pre ssão aplicada para mesmo diante daquelas em que os recalques foram obser vad os durante a
coefici e nte de segurança un i tá r io . ou opera-se inversamente; construção . Deve-se isto à descontinuidade das obse rvações ao longo
considerando-se a pressão aplicada p e lo a terro e a resistência do tempo e à freqüente perda de marcos e refe r ências durante a
disponivel, calcula- se o f ator Nc 0 e , pelo ábaco, o parâmetro cons trução, seja pela ação dos equipamentos de terr apla nagem, seja
c1 . f/co, do qual resulta a proj eção necessária para a berma . pela remoção das peças pela população vizinha à obra.
Para configurações geométricas mais complexas, com várias A estimativa d o s recalques finais
bermas, por e x emplo, a soluç ão deve ser obtida por tentativas, a
partir do ábaco original para superfície rígida, substituindo-se o O cálculo dos recalques em terrenos como o s da Baixada Santista
p eso do aterro pela sua resulta n te ap l i cada no centro de gravidade . com base na teoria do adensamento é aparentemente uma operação
Ainda que se disponha atualmente d e progr amas de fácil aplicação s imples, consistindo-se num exercicio bás ico em disciplinas de
para análise de estabilidade, estes áb a cos tem sjdo óteis em casos graduação dos cursos de engenharia civil . Sua aplica ção na prática ,
reais de projetos de aterros .

)
li!
l 255
I~! 254 SOLOS 00 UTORAL DE SÀO PAULO ATERROS NA BAIXADA

lllj
entretanto, encerra uma considerável dificuldade, em virtude de 14 kPa. Estes são valores médios, representati vos da região de
serem estes depósitos levemente sobre-adensados, devido a pequenas mangue da Rodovia dos Imigrantes , referida na Figura a.
•• oscilações negativas do nivel do mar (Massad, 19a5) ou por efeito de
adensamento secundário . Para a determinação do indice de vazios na t u ral com a
profundi dade, considerou-se que o local tenha sido suje i to a um
Massad (19a5 ) mostrou a importância da consid'e ração do sobre- rebaixamento ' do nível freático de 2 m, provocando um sobre
adensamento na estimativa dos recalques, analisando os dados adensamento de 20 kPa (Massad, 19a5). Os próprios valores de coesão
U' experimentais disponíveis . Um resumo de sua análise é mostrada na apresentados na Figura a confirmam esta consideração. De fato, o
Figura 15 , onde a deformação especifica final (recalque final pela solo apresenta um aumento de coesão com a p ro fundidade de 1,7 kPa/m,
11: espessura da camada) é apresentada um função da relação entre as e sendo da ordem de 4 kPa/m o aumento da tensão efetiva, decorre a
I tensões efetivas após e antes da construção e da razão de sobre- re l ação llsu/llavo = 0,42 . Os valores de coesão, 6 kPa aci ma dos
UI adensamento. correspondentes à tensão efetiva, em cada profundidade, indicam que
este solo .esteve submetido a uma tensão efetiva superior à atual da
1111
Para a previsão dos recalques, tanto quanto como para a escolha ordem de 15 kPa, correspondente a 1, 5 m de rebaixamento do lençol
da coesão na aná lis e da -estabilidade, o projetista deve se basear freático , que é da mesma ordem do valor adotado.
ICi em análise a partir de diversas frentes de abordagem. No caso dos
recalques, a heterogeneidade dos depósitos e a dificuldade de Cons iderou-se, de outra parte, que o solo apresenta uma razão
estimativa da tensão de pré-adensamento (extremamente dependente da de s obre-adensamento de pelo menos 1, 6, por efeito do adensamento
qualidade das amostras e da técnica de ensaio) justifica o estudo secundário anterior (Figura 7) . Para profundidades superiores a 9 m,
por diversas· vertentes. isto corresponde a uma diferença entre Ovm e Ovo maior do que 20 kPa,
o contrário ocorrendo nas camadas mais superficiais . Nesta análise,
Com o objetivo de aprofundar uma destas abordagens, apresenta- para cada profundidade, foi considerado o fenômeno de ma ior efeito.
se a seguir cálculos elaborados a partir da consideração de um sol'o O estado natural deste solo, é apresentado na Figura 16 .
idealizado , homogêneo na sua composição física e apresentando um
índice de compressão de 1, 5, índice de recompressAo de 0, 15 e um Considere-se a aplicação de uma sobre-carga de 40 kPa, numa
•• índice de vazios igual a 4, para a tensão vert ical na reta virgem de faixa de 20 m de largura, sobre este solo . Esta carga corresponde a
••:
,
U! ~. I C:vo - RELAÇÃO ENTRE AS TENSÕES VERTICAIS EfETIVAS FINAL E INICIAL
2 3 4 :i · 6 1 8 9
4,2

4,0
~
+ lmíQrontu (Cubalao)
A PÓ Ito dt Carv6o ( Coai pa) 3,8 1
...J
C(
e lloptma (Canal dt BtrtioQa)
z 0 Tanque dt Ólta ( Ala moa)
... O Prox .caía Conctiçãazinho (Ilha StoAmoro 3,6 VIRGEM
C(
....
(1,:1) RSA • 1,:1 "'o
;;:: t... Limita Superior t 1 N
C(

3,4
>
~ :i ...o
"'... 3,2
k Po

....<>
o .......
cr o 3,0
:1
CC -:- Aeloçõea teÓricos méd i oa ~
L EGEN DA :
......
o
(poro E L lff 0 • 16 ; e - Eat ado Natural no Aif • 40 kPo
2,8
o l ll~ •• l l t profundi dade indicado, m
C c I ( 1 ~to )•0,430
<V 10 2, 6

2,4
10 100 1000
1
T ENSÃO EfETIVA , kPo

Figura 15 - Recalques observados e o sobre adensamento das argilas Figura 16 - Estado natural , curva de adensamento e desenvolvimenlo
na Baixada Santista (apud Massad, 1985) dos recalques numa argila idealizada da Baixada Santista
.,
~· )
SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO ATERROS NA BAIXADA 257
••p 256

a.o
um aterro com cerca de 2 , 5 m de altura, dos quais cerca de O, 8 m
1 ,1
ficam submersos em virtude dos recalques. Os recalques finais podem
~ ser calculados considerando-se o ponto médio de toda a camaaa de 20 .L, I IU' l i i URA DA CAMADA D[ ARGILA
I
m, ou os pontos médios das sub-camadas, cada uma, por e x emplo, com 2 • .l, 4
m de espessura . Os resultados assim obtidos estão apresentados na
Tabela I. Observa-se que o cálculo pelo ponto médio de toda a camada ~ .L,t
pode induzir a erro, pois indica um reca l que bem menor do que o ~ 1 ,0
obtido pela somatória dos recalques de cada sub-camada de 2 m. ~ 0,1

Nota-se que as sub-camadas superficiais apresentam recalques


"'11: 0, 1
2
consideravelmente maiores. Os 6 metros superficiais do subsolo (30 % 0,4
da espessura total ) , por exemplo, são responsáveis por 65 % d o s o, a
•• recalques, enquanto que aos 6 metros inferiores corresponde somen te o
~·~n 4 '· o JO 20 10 40 ~o &o 70 lO
CARGA AI'LICADA , kPo
Para carregamentos em Loda a área, também se observa a maior
contribuição das camadas superiores, ainda que em menor grau, como
.111 se mostra na Tabela I . Figura 17 Recalques em função da carga aplicada numa faix~de 20 m
de largura e da espessura da camada, pa ra o solo idealizado.
~111
Carregamento em fa lxa de 20 m em toda a área
~" Camada p, e m % p, em % tratar de uma região tipica de solo mole, toda a área foi submetida
.,, O a 2 m 21 ,9 27,2 21 ,9 23,0
a pré-carregamento com aterro, f eito com areia fina, parte dele

.. 2 a 4 m
4 a 6 m
6 a 8 m
17,0
13 , 7
10,9
21,1
17,0
13 ,6
17,2
14,5
12 , 6
18,0
15,2
13, 2
removido para a construção das edificações. O planejamento dos
serviços e o controle tecnológico foram realizados pelo IPT. Vinte e
sete placas de recalque f oram observadas durante as obras,
liberando-se as áreas para construção quando os dados apresentavam
8 a 10 m 8, 1 10,0 10, 7 11,2
•• I
1 0 a 12 m 4,0 5,0 7,5 7,9
indicação segura de que o s recalques posteriores não afetariam a
qualidade das habitações. Nesta a ltura, parte do aterro , com cerca
•nlI 12 a 14 m 1, 5 1,9 5, 0 5, 2 de 1 m de altura, correspondente à carga das construções , era
14 a 16 m 1, 3 1, 6 2, 9 3, 0 removida.
Jllll 16 a 18 m 1, 1 1,3 1, 6 1 ,7
! 18 a 20 m 0,9 1' 1 1,5 1, 6
1111
Total 80,4 100,0 95,4 100,0
O a 20 m 59 , 6 90,3
~li 2,0
TABELA I - Recalques para carregamento de 40 kPa em terreno l ,l
idealizado . l, l [SPESSURA DA CAMA DA
I l, 4
A justificativa para este f ato encontra-se e xplicitada na
Figura 16. O acréscimo de carga para as camadas mais superficiais ..; .l,2
::>
faz com que a tensão efetiva final seja superior à tensão de pré- o l ,O
..J
adensamento, enquanto que para maiores profundidades, além de ser
~ 0, 1
proporcionalmente menor em relação à tensão efetiva inicial , se faz
toLalmente ao longo da curva de recompressão . ~ 0, 1
2
0,4
Cá l cul os semelhantes para outros ca rregame nto s permiti ram 0,2
elaborar as Figuras 17 e 18 . Os resultados são apresentados em
0
função da carga aplicada , e não em função da altura do aterro, ~ 1'o z'o 1b 4b ~'o ~ 1'o a~
porque com o desenvolvimento dos recalques parte de sua altura fica CARGA AP LICADA • k Po
submersa, diminuindo a tensão aplicada. Estes resultados também
.. evidenciam a importância relativa das camadas superlores .

.. Uma contribuição ao estudo dos recalques na Baixada Santista


resulta d a análi se de dados do Conjunto Residencial Tuyuty,
Figura 18 Recalques em função da c arga aplicada em toda a área e da
espessura da camada, para o solo idealizado .

•11 construido no periodo de 1984 a 1986, pela COHAB-Santista , no


municipio de São Vicente, ocupando uma área de 30 hectares . Por se

11111
)
258 SOLOS DO UTORAL DE SÃO PAULO ATERROS NA BAIXADA 259

O controle desta obra permitiu uma análise bastante A e volução dos recalques com o tempo após a cons trução
interessante sobre o desenvolvimento dos recalques (Moraes, at al.
1994) , que r epresenta uma efetiva contribuição para projeto de obras A observação de aterros experimentais feitos por ocasião da
semelhantes . Não foram feit as amostragens e ensaios especiais no construção da Cosipa levou Vargas (1973) a chamar a atenção para o
subsolo . Do ze sondagens de simples reconheci mento mostr aram que o f ato de que os recalques ocorrem em tempos muito menores do que os
subsolo era constituído de s edimentos mari nhos, onde ocorriam que seriam esperados a partir da teoria do adensamento , apl icando-se
camadas de argi la orgânica com espessuras variada s de 6 a 12 metros, parâmetros de ensaios de laboratório sobre amostr as indeformadas. Os
geralment e à superfície ou logo abai xo de f ina camada de a r eia, e resultados eram mais de acordo com as permeabilidades obtidas no
sobrepostas a camadas espessas de ar eia fina argilosa fofa, alguma s campo do que nos ensaios de laboratório. Estes dados permitiram a
vezes entremeadas de delgadas camadas de argila. Vargas (1973) estimar , para a construção da Rodovia dos Imigrantes,
que "grande porcentagem dos recalques (cerca de 70 %) ocorrerá
Os recalques finais por adensamento primário, correspondentes a durante o tempo da construção".
cada local instrumentado, foram determinados pelo método de Asaoka .
Seus valores es tão apresentados na Figura 19 em função da altura do Analisando resultados da própria Rodovia dos Imigrantes e de
aterro existente. Existe, como não poderia deixar de ser, uma outro local, Pinto e Massad (1978) concluíram que os coeficientes de
tendência dos resultados serem função da al tura do aterro, mas nota- adensamento equivalentes dos solos orgânicos da Baixada Santista são
se que exis te uma dispersão bastante grande dos resultados . Não f oi 30 a 100 vezes superiores aos valores determinados em laboralório .
possível justificar esta dispersão com base nos perfis de sondagem, Coefi cientes equivalentes significando aque les que ajustam a curva
talvez por serem em número limitado . Próximos à mesma sondagem, por de r ecalques observados ao mode l o matemático da teoria de
exemplo , se encontravam a p l aca que apresentou recalque d e 79 em, ade nsamento. A discrepância foi atribuida: a ) à hi~ese de
para altura de aterro de 1, 6 m (dado que mpis se a f asta da adensamento exclusivamente unidimensiona l ; b) à existência de lentes
tendência) , e outra com recalque de 51 em, para de · aterro de 2,5 ,m. de areia; c ) ao efeito do adensamento secundário anterior afetando
os resultados dos ensaios; e d) ao fato de se consi derarem valores
Na Figura 19 estão representados os recalques correspondentes a médios para camadas de 20 m de espessura .
camadas de argila mole co~ espessuras de 4 a 12 m, do estudo
anterior, com base nos dados de um solo idealizado a partir de uma Estendendo o traba lho, com dados de outros locais, Massad
região da Rodovia dos Imigrantes. Os dados de Tuyuty se agrupam em (198 51 confirmou que o coeficiente de adensamento médio
torno del es, ' mas não com a tendência correspondénte às espessuras de correspondente ao comportamento de aterros é da ordem de 0, 1 a 0,5
argi l a mole detectadas nas sondagens. Os resultados confirmam a m2 /dia, bem superiores aos 10- 3 m2/dia obtidos em laboratório . Na
heterogeneidade dos depósitos marinhos existentes na região. A ordem Fi gura 20 apresentam-se os valores determinados em funçã o do ni vel
de grandeza dos recalques observados parece ser, entretanto , repre- de tensões no plano médio da camada argilosa .
sentativa dos sedimentos marinhos superficiais da Baixada Sa ntista.
A parti r das curvas de recalque· com o tempo do Conjunto
Re s i denci al de · Tuyuty, de t erminaram-se os tempos em que ocorreram
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Figura 19. Recalque finais por adensamento primário obtidos no Figura 20 - Coeficientes de adensamento de aterros na Bai xada
Con junto . Habitacional de Tuyuty Fluminense, obtidos em retro-análises (apud Massad, 19851 .
,, . ..--

260 SOlOS 00 UTORAL DE SAo PAULO ATERROS NA BAIXADA 261

50 % e 80 % dos recalques totais por adensam.ento primário. Deles, Para a determinação do Cv a partir dos recalques medidos,
foram estimados os coeficientes de adensamento equivalentes, obtém-se inicialmente valores do parAmetro Cv;H2, onde H é a semi-
considerando as espessuras das camadas identificadas como de argila espessura da camada. Pois este parâmetro apresentou muito menor
orgânica mole nas sondagens . Os val ores obtidos, para U - 50% e U - d i spersão do .que os valores do coeficiente dele calculados. O valor
80 %, foram bastante próximos (para U ~ 80%, Cv 13% maior), mas médio de CvfH2 foi de 2, 4 x lo-3 m2/dia/m2, com coeficiente de
cerca da metade dos valores obtidos pelo método de Asaoka. A variação de 31 %, enquanto que o coeficiente de variação dos valores
discordância pode ser atribuída a que neste método os dados ficam de Cv foi de 54 %.
afetados pelo adensamento secundário, enquanto que os anteriores
representam melhor a informação que s e deseja. A constatação de que o parâmetro Cv;H2 representa melhor o
1111 comport amento do aterro, do que os valores de Cv determinados,
Não se encontrou uma tendência de variação de Cv com os dados corrobora as observações anteriores sobre a dificuldade de drenagem
do solo indicados pelas sondagens próximas. o valor médio resultou provocada pelas camadas de areia fina que contornavam as camadas de
IIJ.l em O, 032 m2/dia, com desvio padrão de O, 017 m2/dia. Na Figura 21 argila, de tal forma que a espessura de drenagem não fica bem
1.] estes valores estão apresentados em função da carga atuante devida caracterizada.
,1I ao aterro, com a qual parece haver uma tendência, não justificada,
~-I II de variação. Como se viu na análise dos recalques, a contribuição das
camadas superiores é sensivelmente maior do que as demais. A
li' j evolução dos recalques com o tempo, pela teoria do adensamento
I tradicional , resulta da integração das deformações ao longo da
1
41 •
O,.l camada considerada, considerando-se que os recalquei específicos
sejam constantes. Isto não ocorre , entretanto.
:;
11111 ;;- fiJ
I
.. • • Considerando-se o exemplo apresentado de um carregamento de 40
u
• • •~ kPa num solo idealizado, calculou-se a evolução dos recalques com o
.,;
...
z •• •• • tempo, para urna camada de 20 m, com drenagem tanto pelas duas faces
como só pela fronteira superior. Para tanto, os recalques de cada
o sub-camada de 2 m foram determinados por intermédio da porcentagem
c 0,0 •
••
de recalque média -correspondente à profundidade , corno se ilustra na
"'o
..: Figura 22 a), adotado-se, ainda que de maneira imprecisa , a solução
111
"'uo de Terzagui.
lU .. I t Na Figura 22 b) a curva de recalque , em termos de U em fuQção
.lO 100
111~1 do fator tempo T, calculada como a somatória dos recalques das sub-
C ARGA 00 ATERRO, kPa
camadas é apresentada juntatnente com a solução c lássica. Como se
111~·1
I~.~
Figura 21 Coeficientes de adensamento correspondentes ao
H
comportamento do aterro no Conjunto Residencial Tuyuty.
0.---------------------------------------~
LEG ENDA o
I Os valores encontrados são sensivelmente m~nores do que os • _ Curvo TeÓrico
indicados na bibliografia relatada. Tal fato pode ser atribuído,
li inicialmente a que, nesta obra, em virtude das dimensões em planta, o • - Ca r ta '"' todo oroa

11
.I
ti!
o adensamento deve ter sido preferencialmente vertical, enquanto que
nos casos anteriores, por se tratarem de aterros rodoviárias, de
largura relativamente pequena, a contribuição da _percolação lateral
:r
' .~~~
',r~
''-o '-~
..
. ........... ·~· .....
6 6

6
-
-_
Cargo
'"' foi ao do ZO ,.

Oronot•"' P
pe l o topo

I pode ter sido importante.


. " •'-o'-o ~~~ ~
'·,,~x~~~~~~~!Sii•:::<
11:
Por outro lado, deve-se considerar que as camadas de areia fina
argilosa existentes abaixo das argilas, e a areia fina empregada lO

-.....::,~~=
como sobre-carga, ambas com permeabilidade relativamente reduzida,
dificultaram a drenagem. De fato, os pesquisadores que trabalharam =:::: - - -
na obra detectaram que a camada de areia do aterro encontrava-se 100
freqUentemente saturada, com nítida ação de percolação ascendente da o zo 40
60 ao
•;.
100 o 0,1 o, z o,3 o.• o.~ o, 6 o, 1 0, 1 o,t
água, que até provocava instabilidade· do aterro, levando-o a uma u• • F ATOR T EMPO, T

situação próxima à de areia movediça (Moraes et al, 1994). Para que


o efeito da sobrecarga se tornasse efetivo, foram executadas Figura 22 Esquema de cálculo do recalque com o tempo e curvas de
trincheiras de drenagem. recalque considerando o efeito da contribuição das sub-camadas .
262 SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO ATERROS NA BAIXADA 263

observa, os recalques das camadas superiores, que são responsáveis CÕRTES, H.V.M. e ADEODATO, II.V.F. (1978). "Processos de Execução de
pela maior parte dos recalques, determinam urna maior velocidade dos Drenas Verticais de Arei a ele Emprego Corrente no Brasil ". Anais do
recalques. Este aspecto se sorna aos anteriores para justificar a 6o. COBRAMSEF, v.I p.J- 15. Rio de Janeiro.
maior velocidade dos recalques na Baixada Sanlista , superior à
indicada pela teoria . COSTA FILHO, L. M., et ali i (1985). Disc. e m " Embankment Failure on
Clay near Ria de Janeiro ". ASCE, JC~D , v.lll, n.2, p . 259-262 .
Por outro lado, e~tes dados sugerem que, neste CdSO , o
parâmetro Cv nào é o melhor indicador da velocidade dos recalques. A COUTINHO, R.Q. (1986). "Aterro Experimental Instrumentado l evado a
relação CvfH2, obtida de retro-análise, pode - ser mais Ruptura sobre Solos Orgânicos Moles da Baixada de Jurubatuba, Tese
representativa. Adotando-se esta alternativa, os dados do Conjunto de Mestrado, COPPE- UFRJ.
Residencial de Tuyuty indicam que, em condições an~logas , 50 % dos
recalques ocorrem em cerca de 90 dias (± 45 dias) e 80 \ dos CUNHA, M.A. e WOLLE, C.M. (1984) . " Use of Aggregates for Road Fills
recalques em 8 meses (± 2 meses) . in the Mangrove Regions of Brazil " . Bul. IAEG , n.30, p.47-50.

Uma melhor possibilidade de análise virá quando se dispuser, de DUNCAN, J .M. (1993) . "LimitaLions of Conventional Analysis of
forma prática, de soluções que contemplem o adensamento de grandes Consolidation SetLlement", ASCF., JGED, v.Jl9, n . 9, p.l331-1359 .
deformações (Gabara e Pinto, 1993), acopladas às hipóteses
anteriormente relatadas, principalmente no que se refere ao sobre- GOBARA, W. e PINTO, C.S. (1993) . "A Teo~ia de Adensamento de
adensamento das camadas compressiveis . Mikasa". Solos e Rochas, v . l6, n.l, p.3-14.

JAMIOLKOWSKI, M. et ali i (1985). "New Developments in Field and


AGRADECUO:NTOS Laboratory Testing of Soíls. 9nt ICSOFE, v.l, p.57-153 .

O autor agradece aos colegas do IPT pelo apoio recebido, KIRKPATRICK, W.M. e KHAN, A.J. (1984). " The Rea clion of C1ays lo
especialmente ao eng. Wilson Gabara, com quem os estudos conjuntos e Sampling Stress Refief". Geolechnique, v . 34, n.l, p . 29-42.
.a constante troca de opiniões foram fundamentais para a elaboração
deste texto , e ao eng. José Theóphilo L. de Moraes, pela análise LADO, c .c . E FOOTT, R. (1974). " A New Design Procedure for Stability
conjunta dos dados do Conjunto Residencial Tuyuty. Muito proveitosas of Soft Clays ". ASCE, JGED, v.lOO, n.7, p.591-602 .
foram as trocas de opinião com o eng. Ladislau Paladino , da Themag
Engenharia, e o eng . Caetano Moruzzi, da DERSA S.A. , sobre suas LARSSON, R. (1980). "Undrained Sehar Strength in Stabilily
experiências nos aterros na Ba ixada Santista. o autor deixa Calculat i on of Embankments on 5oft Clays ". Canadian GJ, v.l7, p.59l -
registrado seus agradecime ntos ao sr. Emílio Antonio Szmidke e à 602.
sra . Fátima A. Ferrarezi S . Maurici , pe la 'atenciosa e competente
colaboração n a editoração e na preparação dos desenhos. MASSAD, F. (1985). "ll.s Argilas Quaternárias da Baixada Santlsta " .
Tese de Livre DocOncia. Escola PollL6cnlca da USP .

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J"ll l
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'iiJil
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Crescente com a Profundidade". Jornal de Solos, v.3, n.l, p.21-44.
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}111
.111 · PINTO, C. S . (1992). "Primeira Conferência Pacheco Silva: Tópicos da
) 111, Contribuição de Pacheco Silva e Considerações sobre a Resistência
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PINTO, C .S. E MASSAO, F. (1978). "Coeficiente de Adensamento em


)tJI, Solos da Baixada Santista", 6. COBRANSEF, v.4, P.358-389, Rio de
IJlll Janeiro.

11111 SANDRONI, S. S. (1993) . " Sobre o Uso dos Ensaios de Palheta no


IJI , Projeto de Aterros sobre Argilas Moles". Solos e Rochas, v.l6, n.3,
RESUMO
Jllll p. 207-213.
I

~~~~ ~ · SILVEIRA, E.B.S. e GAIOTO, N. (1977). "Behaviour of Vertical Sand


Drains " Proc. IX ICSMFE, v.I, p.721-724, Toquio.
O presente trabalho apresenta aspectos ligados a fundações de
a l gumas obras por tuárias no litoral de São Paul o. A apresenLação é
'~l SKEMPTON, A. W. ( 1957) . Discussão de " The Planing and Design o f the
fe i ta através . do que se pode chamar de estudo de casos, urna vez que
são abordados casos especiíicos ocorridos em obras portuárias já
ICII New Hong Kong Airport ". Inst . Civ . Eng .. v.7, p.305- 307. construidas . Como não poderia deixar de ser, as obras porluárias
relatadas situam-se no porto de Santos, tanto na margem direita como
lC~ TAKADA, N. (1993). "Mikasa ' s Direct Shear Apparatus, Test Procedures na margem esquerda do estuário , como ajnda na região da COSIPA.
and Result". Geotech. Testing Journ., v.l6, n.3, p . 314-322.
11111'
São relatados e estudados o uso de fundações profundas em
VARGAS, M. (1973) "Aterros na Baixada de Santos". Revista estacas cravadas de grande porte e estacas curtas, flutuantes.
lllij Politécnica, Edição Especial, p.48-63.
É
objeto ainda deste relato a execução e o desempenho de um aterro
~ VARGAS, M. e SANTOS, o ·.P. (1976) "Filosofia e Condicionantes de
instrumentado.
Projeto da Rodovia dos Imigrantes no Trecho da Baixada. Primeiro
.. .11!1; Seminario Dersa - Rodovia dos Imigrantes.
l. INTRODUÇÃO

As fundações das obras portuárias objetos do presente trabalho


se constituem em estacas cravadas de aço, de concreto ou de seção
mista, sendo em geral de grande porte e uma pequena parte por
estacas curtas ou flutuantes. São descritos, a seguir, os casos de
algumas obras onde predominaram estes tipos de projeto .
288 SOLOS 00 LITORAL DE SÃO PAULO

No trecho I, a pintura na estaca 152 reduziram os valores de


atrito latecal de aproximadamente 27% em relação à estaca 151, Lanto
na compressão como na tração (no caso, grande coincidência do
valor).

~~
BIBUOGRAFIA
No trecho II, uma situação inversa se observa; os valores de
atrilo na estaca 152 são maiores, pois a maior parte da carga José Theophilo Leme de f.kroes e Sergio Novojas
aplicada é transferrida para o trecho II pela baixa resistência no
trecho I (na compressão). A estaca 151 não chega a mobilizar toda a
resistência no trecho II no nivel de carga da prova. Este falo pode
ser constatado pela análise das mobilizações de resistências de
atrito e da base mostradas na Figura 10-b).
Concluiu-se, pois, que a eficiência da pintura asfál t;i c a foi INTRODUÇÃO
da ordem de 73 \ no caso desta obra.

O levantamento bibliográfico que se apresenta teve por objetivo


7. AGRADECIMENTOS reunir da maneira mais abrangente possível, todos os trabalhos
referidos aos solos da faixa litorânea do Estado de São Paulo,
incluindo-se nestes os solos da região da Serra do Mar.
Os autores desejam expressar seus agradecimentos ao Eng. Masao
Nasuo pelas valiosas contribuições recebidas.
Como critério para seleção dos trabalhos foram considerados
aspectos geológico-geotécnicos, tecnológicos e em alguns casos até
geográficos, mostrando a maneira pela qual a ciência, a tecnologia e
REFE!ÚlNCIAS BIBLIOGRÁFICAS a engenharia nacionais se irmanaram no passado com o intuito de
soluçionar os problemas afetos ao comportamento dos solos da orla.
BJERRUM, M. L.; IIJOH.ANESSEN & EIDE (1969). Reductlon of
Negative Skin Friction on Piles lo Rock. "/th ICSMFE, Vol.2. Como fonte foram pesquisadas as publicações dos principais
eventos como congressos internacionais, pan-americanos e
CLAESSEN & HORVART (1974). Reducing Negative Skin Friction brasileiros, simpósios, mesas redondas, seminários, etc. Igualmente
with Bitumen Slip Layers. Journal of the Geotech. Eng. Div., Vol. foram pesquisadas as publicações de revistas técnicas especializadas
100. bem como as dissertações e teses produzidas pelos trabalhos de pós-
graduação.
FELLENIUS,B. (1975). Reducing Nega tive Skin Friction with
Bilumen Slip Layers - Discussion on paper. Journal of the
Geolechnical Eng. Division, Vol. 101. Outra fonte importante constituiu-se no IPT - Instituto de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - S/A, que vem atuando
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São na região desde os primórdios da década de 40. Entretanto deve-se
Paulo S/A (1988). Relatório 26.950 - Provas de Carga Dinâmicas e alertar que os dados constantes dos relatórios cuja relação se
Estáticas Instrumentadas nas Obras do Porto de Santos. São Paulo. apresenta, não são públicos, pertencendo conjuntamente ao IPT·e às
entidades patrocinadoras dos trabalhos. Para a obtenção desses dados
NIYAMA,S.;SILVA,A.B.da & BARLETTA, S.C. (1986). Monitoração o interessado deverá conseguir autorização expressa junto ao IPT e
Dinâmica da Cravação de Estacas da Ampliação do Terminal Marítimo da às referidas entidades.
Cosipa. VIII COBRAMSEF, Porto Alegre.
NIYAMA,S.;AZEVEDO,N.;POLLA,C.M.;SOUZA,L.F.A. & DECHICHI,M.A. Pela natureza abrangente pretendida no levantamento, os autores
(1989). Drivability and Performance Assessment of Driven Piles antecipadamente pedem desculpas pela omissao de algum trabalho
Subjected to Negative Skin Friction. Proc.of Discussion Session 14 - relativo ao tema, e solicitam a colaboração do(s) respectivo(s)
XII ICSMFE, v.l,pp 75-78, Rio de Janeiro. autor(es) no sentido de integralizar a presente bibliografia, ao
mesmo tempo em que agradecem a todos aqueles que cooperaram na
TECNOSOLO - Engenharia de Soloe c Materiais S.A. (1980). elaboração desta pesquisa.
Relatórios sobre instrumentação do Aterro no Terminal de Conteiners.
;jfll~
lli!l !li 266 SOLOS DO LITORAL DE SÀO PAULO OBRAS PORTUÁRIAS . 267
lll
1
j.
2. CAIS DO TECON PROVA DE CARGA - PC 2 (1 O o 12/05/7 9)
l(j: CARGA Ct)

,.wll1 Conce p ção do Proj e to


Ê
f
PC 2- PC2 A
(+4,23)
Ili SONDAGEM 522
A concepção do Cais de Conteineres do Porto de Santos,
Ifi
atua l mente conhecido como Cais do TECON, procurou concil iar a
llij necessidade de uma estrutura de contenção de 17,78 m de altura, PROVA DE CARGA - PC 2A (14 o 16/05/79) LiNIHA 0' ÁGUA
desde a profundidade de -13,50 m até, a cota de coroamento do cais 80 125 16'1 2lZ 255
CARGA (tI
300 345 38$
111. de + 4 ,28 m, com as características geotécnicas do local. 1'07 . ---

li! De um modo ger al o terreno na região do cai s é consti tuído por


"'
:>
depósitos quaternários de mais de 50 m de espessura, f ormados por
li[ uma pequena camada de argila orgânica muito mole e quase fluida; em ..
~
" 10
l/)

seguida, por um espesso manto de argila orgânica . com freqüentes ~ 12t I I I I I 01 ~-4 :::-= I d
1111 intercalações sil t o arenosas e areias de granulometria variável que

lll l
J recobrem o substr ato cristal1no.

De acordo com os perfis típicos de sondagens, o subsolo


LOCAÇÃO DAS PROVAS OE CARGA
Obs: Medido' tm tml t- -
S 22
12~

llll t apresentou- se com a seguinte configuração: uma camada de argila ARGIL,..A NARitOiA • SILTO
I muito mole preta (lodo quase fl uido), desde -3,50. m. até,, em média-
111.' • 6,00 m; s egue-se uma camada de argila sil tosa muito mole a mole até,
a cota média de -19,00 m; a seguir uma camada de argi l a siltósa E•:.OO l E-551
llíl\ pouco arenosa com consistência crescente com a profundidade, de mole MODuLo41H~•c->-oo-c•"'~""s •
4 40
ARENOSA ,CINZA ESCURO.

a média até a profundidade .de -30,00 m, em média; esta camada J -+


IJIIm·
1111
apresentou, no trecho inicial do cais , lentes de argila siltosa mole
e muito mole; em seguida uma camada de 2,00 ma 3,00 m de espessura,
de areia pouco argilosa compacta a muito compacta até, a cota
------------------....______ 50,00

CANAL OE SANTOS --------

lfJI I aprox imada de -33, 00 m; abaixo desta ultima segue-se uma camada de
argila siltosa pouco arenosa com cons i stênci a crescente com a
S I TUAÇÃO
ARGILA MARINHA SILTOSA

. II
LtJI profundidade, de médi a a rija, até, a profundidade de -40,00 m; em
PCO. ARENOSA\ CIN ZA
seguida uma camada de areia pouco argilosa compacta a muito compacta·
até, -50,00 m ou mais; esta última camada se assenta sobre solo ESCURO.

111· 1 residual impenetrável a percussão. Em algumas sondagens apareceram


1'111

111 I
l entes arenosas e silto arenosas em diversas profundidades.

Os perfis dos furos de sondagens que aparecem junto com os


.
lt

diagramas das provas de carga, Figur as 1 e 2, representam pontos do lO

'IJII I perfil genérico descrito acima .

~~ I
ARGILA MARINHA , SILTO

Do ponto de vista do projeto das estacas e do comportamento ARENOSA • MÉDIA , CINZA


dessas na cravação o terreno é bastante homogêneo, variando apenas ELEMENTOS FORNECIDOS PELO CLI ENTE lO
1111 ! ESCURO.
na influência sobre os comprimentos a p r ever para as estacas. PROVA DE CARGA PC2 - PC2A

~!
Uma das dificuldades encontradas durante os es t udos de projeto ESTACA EPV2

..
"' 519 78

do cais foi a estabilidade global do maciço ante o desnível de 17,78 TIPO DE ESTACA PftÉ MOLDADA (I 80cm

~~ l
m para o degrau constituinte do cais. Face à fraca resistência dos COMPRIMENTO DA ESTACA so,oo"'
l2
solos, com acréscimo de resistência somente a g.rande profundidade, COMPRIMENTO CRAVADO 4!,04 m
••
~~ ~
se o projeto seguisse uma linha convencional, com a contenção em
..
.,
PESO 00 NAfHELO (NEHC.K) 10.000 "' >7
estacas- prancha, os coeficientes de segurança ao des l i z amento, ENERGIA OE CRAVAÇiO lZ.OOOII.t m
(SOLO RESIDUAL )

.j
•1!
segundo Fellenius-Bishop, seri am insuficientes. Por outro l ado, o
taludamento do aterro sob a pla t a fo rma do cais, para atingir o
desnível necessário, ex ~ g~ria uma grande l argura de plataforma, com
aumento considerável nos custos.
NEGA

Fig. 1 - Dados das Provas de Carga PC-2 e PC-2A .


15 oolpu I lO em

Jill
)
268 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO OBRAS PORTUÁRIAS 26G

PROVA DE CARGA -PC 1 (7o 9/06/78)


CARGA. t. Assim, após exaustivos estudos, decidi u - se pela criação de
135 180 225 270 31!1 360 PC- l três degraus , um na reta guarda da plataforma, um no meio e o outro
--ro:ãO na fren t e da p lataforma , es t e em estacas- prancha.
t+ ],1Qt
C-t-l.U)
SONDAGEM S 17
I I I y;::::;;:::j 13 °" ' O primeiro degrau fo i constituído de um muro de gabiões
E
• 4
parcialmente submerso, com 6, 00 m de altura e o aterro sobre ele com
0,78 m d e altura. O segundo consistiu em um di qu e de areia submerso ,
"'o:> 6•- LlMINA D'ÁGUA s ob a plataforma, com cerca de 3 ,0 0 m de altura , apoiando-se sobre o
.J
.. 7 fundo dragado de argi la mole e concordando com um pequeno ta l ude com
u
mais 2, 00 m de altura. O terceiro d egrau fo i proporcionado po r uma
""' ...~ ~:e:~~r~~~.'MEOtt
~ c ortina de estacas-pranch a , permitindo a contenção de 6, 00 m de
10~~~~-L~~--~L_~~~_L~~~~
9,0,
COWMC- altura. Os três degrau s compl etam os 17, 78 m de altura to ta l do
cais.
ARGlLA MARIHHA. SII..TOSA ' I
ESQUEMA DE MONTAGEM MTO . MOU:, CINZA ESCURO :

,.
"-A"~A u E GA810ES OE
PEDRA • 601 VI6A l U 101
Adicionalmente, com a f inalidade de aumentar a segurançél ao
>•A deslizamento e proporcionar uma gradél çào entre os reca l que s quase
' ARGILA SILTOSA, NTO. MOLE, nulos da p l a taforma do cais e o pA tio de conteine r es , foram
CINZA.
lt /46 executados, ern urna f aix a paralela ao cais, dre nas de areia de
l•··
1/40 16.0o densidade d e crescente em d ireção ã retagua rda .

ll Estabel ecidas es t as premissas, foi f eita a adequação

I. ARGILA MAR INHA ,SIUOSA,


C/ VEIOS DE AREIA, MOLE E
NÉDI.t. , CINZA ESCURO.
geomé tr ica e estrutural, resu l tando na es trutura qu e se pode ver , em
corte nn Figu ra 3 .

ra
ld ... '0

!UI Af!GILA SILTOSA,MOLE A


MEDIA I CINZA.

UI ... 18
AREIAf'JNAE M!-!XA,PCO.AA·
GILOSA,MEO!J COMPACTA A

~~ " $ ~-PACTA, CINZA.

S2Z
"I
• I
·~ ARGILA WAAINKA,§ai..TOSA,
PCO. ARENOSA, WEOIA ,
CINZA ESC URO.

-.r- ·~ ~~ '~\~::.r:: FINA,PCO. AAGILOSAI


~,
(PV\

!i M ODULO Nf7 00 CAI S L~


t !.I, .
AAGILA MARINHA, SILTOSA ,
PCO. ARENOSA, MÉDlA A RIJA
CINZA ESCURO.

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MODULO N9 1, 00 CAlS 10
<p; - - - · ·-· - - ; t
l · P .S] 51,20 _ 2,80 I ,.
AREIA DE GftANULAÇÃO
VARIADA, PCO. ARGILOSA,

-t---~~-0-~
~ . $5 ,00 ·- · COMPACTA A MTO. CONPACTA
~ 395,00
,." C INZA. H ,,
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ELEMENTOS. FORNEODOS PELO CLIENTE ,, 11 •' '•
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PROVA DE CARGA -PC 1 - ESTACA EPV/1
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ESTACA PRÊ • MOLOAOA ~ 80 CM
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OE ESTACAS ESl ACAS G 0,80 .QM!!QSOE~ IOtQMf
-·--- ----- ~o.oorn
~~0 ATb~1QQ!!•
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7.500 lu~
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.15.600 tnk9. p/ GOLP[S
CANAL DE SAN TOS ~ 0,4mm

Fig. 3 -Seção típica do cais e parte do aterro de retaguarda


Fi g. 2 - Dados da Prova de Carga PC-3.
OBRAS PORTUÁRIAS 271
270 SOLOS 00 LITORAL OE SÃO PAULO

Devido à grande profundidade do sol o r es i stente, às elevadas


cargas atuantes e à inconveniência de serem · utilizadas estacas
emendadas. em obr as mar í timas deste tipo, foi necessário prever
estacas premoldadas de grande porte, cravadas até, a cota -48,00 m
abaixo do zero hidrográ fi co, o que representou um comprimento na
cravação de 52,00 m em uma única peça.

Assim, foram adotadas estacas cilíndri cas, premoldadas, de


concreto pretendido, fio aderente, com seção tubu l a r de d i âmetro
externo de O, 80 m e interno de O, 50 m. Os comprimentos variaram
conforme a profundidade do terreno firme, entre 46,00 e 52,00 m.
Foram fabricadas e cravadas 894 estacas deste tipo, com comprimento
total de cerca de 44.000 m. Quar enta e quatro por cento das estacas
foram cravadas com inclinação de 1:5, sendo as demais cravadas na
posição vertical. A carga máxima prevista foi .de 2320,00 kN.

Cravação das Estacas

As estacas do cais foram cravadas até, as cotas -42,00 a -


50,00 m através das camadas de solo descritas acima, por meio de um
,, bate-estacas flutuante de grande porte, uma máquina MENCK MR-100,

,. equipada com um martelo "HERA 7. 500". As estacas receberam, em


média, 2.500 a 3.700 golpes do martelo até atingirem a camada
resistente prevista para a ponta e alcançarem a nega calculada .

Ili Na época da execução desses serviços não existia ainda


disponível para fins pràticos, a instrumentação dinâmica com uso do
PDA, de ·forma que o controle da cravação foi feito exclusivamente
pelo critério das negas e pela observação do comportamento da
cravação, face às diversas camadas conhecidas do solo.
A Foto l mostra o bate-estacas levantando uma estaca de 50,00
m pouco antes de posicioná -la para a cravação.

Provas de Carga
Foto 1 - Martelo MENCK MR-100, levantando uma estaca uma
estaca de 50 m de comprimento, vendo-se a parte tratada com asfalto.
Foram realizadas seis provas de carga; todas no mar. Os
carregamentos foram levados até, 3600 e 3850 kN, sendo os resultados
plenamente satisfatórios. O recalque máximo observado foi de 11,5 mm
sob a carga de 3600 kN, com um correspondente recalque residual de Uso do Betume para a Redução do Atrito Negativo
1,5 mm.

As Figuras 1 e 2 mostram os dados mais importantes relativos a O projeto das estacas levou em consider ação a possi bil i dade de
três das seis provas de carga realizadas, sendo duas executadas na desenvolvimento de atrito negativo ao longo de uma parte
mesma estaca, com intervalo de 2 dias. Nestas figuras estão considerável do fuste.
apresentadas informações sobre as estacas, sobre o terreno, sobre o
equipamento de cravação e sobre os resultados das provas de carga. Afim de reduzir os val ores do at r ito negati vo, majorando o
coeficiente de segurança final das fundações, foi p r evisto o
tratamento da super fície exte r na das estac as com uma pintur a
( SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO
OBRAS PORTUÁRIAS 273
272

<' Após decorrido um prazo a partir do qual as pressões nao mais

~:; betuminosa, de acordo com as recomendações de L.K.Walker e P.LE


P.Darvall, na VIII Conferência Internacional de Mecânica dos Solos e
colocaram em risco as estacas, provocando apenas deformações
compativeis com a sua resistência, foi iniciada a cravação. Tanto o
prazo critico como o comportamento das estacas foram estabelecidos

~:
Engenharia de Fundações, em Moscou, 1973.
teoricamente, porém havia necessidade de um acompanhamento, por meio
O projeto do tratamento asfáltico seguiu as recomendações dos de instrumentaçao para confirmação das expectativas, e eventualmente
trabalhos de Claussen & Horvat (1974) e de Fellenius (1975) e permitir a redução do citado prazo critico.
consistiu de uma pintura à base de betume, com a espessura média de
1,5 mm. A pin tu ra foi feila em cerca de "/ !>% do compri mento total da Por esses motJvos decidiu-se , além da instrumentação do
estaca (37, 50 m em uma estaca de 50,00 m ) , ou seja a extensão aterro, instrumentar as estacas por meio de inclinõmetros.
sujeita ao desenvolvimento do atrito negativo. Estes,por sua vez se
basearam nos trabalhos apresentados por Bjerrum & Johanessen e por Os inclin0metro5 utilizados foram do tipo "Slope Indica to r",
Endo et allii na VII ~onferência realizada na Cjdade do México, em sendo as leituras feJ.Las com o auxilio de uma unidade digital, no
1969. caso, um " Digitilt Indicator 50325 " , da " Slope Indicator Co. ".

Na ocasião do proieto do TECON de santos já eram também A instalação do5 inclinõmetros se deu em janeiro . As leituras
conhecidas as pesquisas e as aplicações desle processo nas fundações foram feitas em todOS os meses, in]ciando-se em fevereiro e
do compl exo industrial da Nippon-Kokan, na baia de Tóquio, no Japao. terminando-se em dezembro. No inicio, após a primeira leitura de
referência, foram feit:as duas leituras em março. A partir de abril
A pintura asfáltico utilizada foi do tipo CAP-85-100, sobre foi feita uma leitura em cada mês e nos últimos dois meses, em
uma demão de primer CR-70, cuja finalidade foi garantir a aderência novembro e dezembro, os trabalhos se encerraram com quatro leituras.
da pelicula de asfalto ao concreto, fato tanto mais importante
quanto o risco de arrancamento da pintura principal durante a As Figuras 4 e 5 mostram duas curvas tipicas de um dos
cravação. inclinOmetros , instalado em uma estaca do módulo no. 1 do cais.

Na Foto 1, já mencionada, vê-se claramente o tratamento


asfáltico aplicado às estacas . ~ Df , LIX I O (c,.)
.,..__ OE,Lf JiO ( CIIIII,
... -4 .. , o 2 4
-1 •4 ·I O
Infelizmente não foi feita nenhuma instrumentação para
comprovar a eficiência do processo utilizado para a redução do
atrito negativo. Assim, as conclusões sobre o seu desempenho
baseiam-se em considerações puramente teóricas e no fato de que as
o o 1n•
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o

10
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10
referidas fundações se comportaram impecavelmente ao longo dos 15
....
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anos de serviço, que já completaram.
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Instrumentação sob as Pressões da Arqila. JO

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Todo o cais é um degrau entre o nivel do terrapleno do


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retropor t o e o fundo do mar em frente ao cais , degrau que limi ta o l: I T A C~ .. fi
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plano d ' água na linha de acostagem dos navios .
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Como tal, esse degrau comporta sempre uma estrutura de 10
r e

contenção e ocasiona uma desigualdade de pressões no maciço de solo, UITU IU S ( X( CUU DAS
L.EITUliUS [)(( CUTA0 4 0 AS
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entre o lado da terra e o lado do mar da estru t ura. 0 14/ O'l./ 7 1
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2 • 1:)/ 0 ) /7 1 s - tl /U/f t
J • lO/ 0 4 /7 1
No caso de maciços argilosos, essa desigualdade de pressões · - ~/0 ~ / 7 1
4 ·1 1 /U/7 1

resulta em pressões horizontais da argila, as quais acima de um ( ~TÓMO 'KCNOI OLO I . A. )


ClltC.LATÓ ..IO TlC..aec:LO I. A. )

certo limite critico , tendem a sobrecarregar estacas que estejam


embebidas no maciço.
Uma das formas de minorar este efeito é promover o adensamento Fi q . 4 - Gráficos do Ino linômetro Fig . S - Gráficos do Inclinôme tro
das camadas de argila, antes que possa haver o desenvolvimento per iodo de 14 ~e !ev. a no peri odo de 1 6 de out.
daquelas pressões . Tais medldas foram adotadas em relaç ão ao aterro 1 0 de abril a 19 de dezembro .
de retaguarda do cais do Tecon , como será descri to no i tem "ATERRO
INSTRUMENTADO NO TECON" , adiante neste capitulo.
,.
llj

I
274 SOLOS DO LITORAL DE SAO PAULO OBRAS PORTUÁRIAS 275

11(
A análise de todas as curvas do inclinômetro para uma mesma A primeira prova de carga (estaca de 25x25 em com 24 metros)
111 estaca, considerando as mudanças periódicas de origem, mostrou que apresentou resultado considerado satisfatório pela citada NB-20,
as deformações dos topos livres das estacas atingiram o máximo de 25 para a carga de trabalho de 400 kN. Extrapolando-se o resultado da
Ifi mm no sentido terra-mar, como era de se esperar. Além disto, as prova pelo método de Van der Veen, a carga de ruptura seria da ordem
curvas dos inclinOmetros mostraram também que, no final do periodo de 690 kN. Supondo- se que a prova fosse levada à ruptura e
111 de leituras, os deslocamentos tenderam a se tornar despreziveis. adotando-se o coeficiente de segurança i gual a 2, teciamos para a
carga de trabalho, no máximo 350 kN.
li Estes resultados ficaram em perfeita concordância com as
previsões do cálculo para as estacas e mostraram que a consolidação A segunda prova de carga (estaca de 35x35 em com 24 m)
111 do aterro teve uma influência decisiva na redução das pressões apresentou ruptura com 980 kN. Com coeficiente de segurança igual a
horizontais da argila sobre as estacas . 2, seria adequada para carga de trabalho de 500 kN.
If,
Os resultados dessas duas provas de carga indicaram para a
li; 3. ESTACAS CURTAS NO TECON adesão entre a argila e as estacas de 24 m, o valor médio cal culado
de 28,3 kN/m2.

,.
lll
Concepçlo do Pr ojeto a Provas de Carga A terceira prova de carga (estaca de 35x35 em com 28 m) , não
apresentou ruptura com a c arga de 1050 kN . A carga de ruptura
extrapolada seria da ocdem de 1200 kN. Para o critério do
O Terminal de Conteineres de Porto de Santos tem, em seu coeficiente de segurança minimo à ruptura igual a 2, teriamos de
retroporto, uma área muito grande de edi ficações de diversos tipos . estipular um comprimento ma i or, para a carga necessária de 700 kN.
Dois armazéns de 3 .150 m2 cada, um de 9.000 m2 , construções para fins
variados e dois prédios, para a administração de 2 . 200 m2 cada, Foi considerada para a adesão argila-estaca uma variação
totalizavam uma área de mais de 20.000 m2 . A maioria desses prédios, linear da forma A - a + b.L, com o que foram obtidos os seguintes
tem apenas um pavimento, sendo que os prédios da adminl~tração resultados:
possuem três. Completando o elenco, existem um castelo d ' ág1.:a de
1•1 grande altura, com capacidade para meio milhão ·de litros e um Das duas primeiras provas de carga : A = a+ b.l2 c 28,3
reserva tório subterrâneo para três milhões de litros de d ' água . Da ú ltima prova de carga: A= a+ b.26 = 39,2
•li As fundações para as duas últimas construções, que apresentam
(39,2 kN/m 2 é a adesão média entre 24 e 28m)

lCii grande concentração de carga, em um terreno com as caracteristicas Dessas equações resultou para o valor da adesão, em qualquer
semelhantes às descritas no ítem· acima CAIS DO TECON-Concepção do profundidade:
projeto, tiveram de ser em estacas a t é uma profundidade de 50 ,00 m.
Nestes dois casos foram escolhidas estacas de perfil metálico para A= 18,9 + 0,78.1 (kN/m2) ( l)
2.000 kN de carga cada uma, emendadas por solda durante a cravação .
A fórmul a acima foi aplicada a uma estaca de 35x35 com 32 m,
As demais construções apresentavam-se, par~ o projeto, com resultando uma capacidade de carga lateral de 1360 kN mais a c arga
cargas relativamente pequenas, não sendo econômico o uso de estacas de ponta avaljada em 50 kN.
metálicas cravadas a grande profundidade.
A partir das provas e análises realizadas, adotando- se o
Assim, optou-se pela utilização de estacas de concreto armado, coeficiente de segurança minimo à ruptura igual a 2, concluiu-se
de comprimento até 32,00 m, cravadas com ponta na argila, e pela utilização das seguintes estacas, nas fundações com estacas
portanto, flutuantes. cur tas flutuantes:

Para a determinação segura dos comprimentos e seções Estacas para 300 kN - Estacas 25x25 em com 24 m
necessárias das estacas a serem considerados no proj eto das Estacas para 400 kN - Es tac as 35x35 em com 24 m
fundações flutuantes, foram realizadas três provas de carga Estacas para 700 kN - Estacas 35x35 em com 32 m
experimentais, de acordo com a NB-20 da época, sendo a primeira
sobre estacas de 25x25 em, com 24 m de comprimento, a segunda sobre Cravação das Estacas Flutuantes
estacas de 35x35 em, com 24 m de comprimento e a terceira sobre
estacas de 35x35 em, com 28 m de comprimento. Infelizmente dois As estacas flutuantes, embora consideradas curtas, quando em
acidentes com os arquivos da época fiz eram com que se perdessem os comparação com as demai s estac as do Tecon, são na realidade bastant e
gráficos dos resultados das provas de carga. Salvaram-se os longas quando se pensa em ter mos de cravação em terra. Assim, foram
r elatórios gerais que permitiram a reconstituição dos dados a seguir projetadas para serem cravadas em dois segmentos, emendados durante
apresentados. a cravação.
276 SOLOS DOUTORAL DE SÃO PAULO OBRAS PORTUÁRIAS 2n

Para a emenda das estacas foram utilizadas emendas metál i cas A malha dos drenos era triangular, variando o lado do
desenvolvi das pela própria firma construtora, semelhantes à emenda tri ângulo de 2, 00 m, na linha adjacente e paralela ao cais, até ,
"WEST ", muito utilizada no Reino Unido, e suficientemente econômicas 3,00 m, na linh~ mais afas tada do cais . Disto res ultou uma área
quando empregadas em larga escala. média de 7 , 45 m por dreno . Não foi necessária a execução de um
colchão drenante , pois o terreno superior era totalmente constituído
A cravação foi feita com guindaste equipado com to rre de de areia fi na . A Figura 3, já citada, dá uma ideia de uma parte
cravação e martelo diesel KOBE K-35. A cravação e as emendas dos drenos projetados.
transcorreram sem dificuldades .

Execução dos Drenos de Areia


Desempenho ao Lon9o do Tempo

11 O método de execução dos drenos de areia consistiu na


Não foi realizada nenhuma ·instrumentação das fundações utilização de um longo mandril provido inferiormente de cabeça de
rt relatadas acima, como também nenhum acompanhamento quantitativo ao perfuração acionada por jato d 'água a alta pressão. Este conjunto
longo dos quinze anos de serviço que e las já têm.' era suspenso e manobrado por um guindaste.

" sido
No entanto,
excelente,
indesejáveis.
até ,
sem
onde se tem noticia, o s eu desempenho tem
registro de recalques diferenciais ou
A colocação da areia era feita por meio de um tubo acoplado
superiormente a uma tremonha. A alimentação da tremonha se dava por
meio de um guindaste auxiliar. Concluído o dr eno, o tubo era sacado
com o auxilio do guindaste.

4. ATERRO INSTRUMENTADO NO TECON Instrumentação do Aterro.

Concepção do Aterro Devido ao grande interesse em se conhecer o progresso do


processo de consolidação das camadas inferiores de argila, não só
para comprovar a aceleração dos recalques durante a fase de
o aterro na retaguarda do cais, concordando com o aterro do construção, como também para garantir um grau de adensamento dessas
retropor to, foi concebido para ser depos itado na retaguarda do dique camadas, compatível com as pressões horizontais a serem suportadas
de areia submerso e do muro de gabiões, conforme se vê na Figura 3 . pelas estacas do cais, fo i previsto · um extenso programa de
O material utilizado neste aterro foi areia muito fina , proveniente instrumentação do aterro .
de locais disponívei s na Baixada Santista, a razoáveis distâncias de
.transporte do Terminal. A instrumentação foi projetada para ser instalada em quatro
seções, S-1 , S-2, S-3, · e S-4, ao longo do cai s, igualmente
Conforme explicado no item acima CAIS DO TECON-Concepção do espaçadas, representando cada uma cerca de 150,00 m. Além dislo,
projeto, esse aterro está apoiado sobre a camada de argila mole, foram previstas mais três seções intermediárias , somente para placas
após a dragagem do lodo superficial do fundo do mar, ou seja sobre de recalque.
solo de baixa capacidade de carga e sujeito a grandes recalques.
Em cada uma das quatro seções principais foram instalados:
o dique de areia , o muro de gabiões e o aterro logo atrás
foram executados bem antes da cravação das estacas do cais, para que 6 Piezõmetros éasagrande
a argila pudesse atingir um grau razoáve l de adensamento e os 3 Piezõmetros Pneumáticos
recalques maiores ocorressem no inicio da construção do Terminal. 5 Ex tensõmetros Magnéticos , (aranhas Magnéticas , )
Para acelerar o processo de adensamento e criar uma barreira de solo 1 Medidor de nivel d'água
melhorado entre a estrutura do cais e a retaguarda do aterro, fo i 5 Placas de recalque
projetada uma densa rede de drenos de areia, numa faixa de cerca de 1 Bench Mark (somente nas seções s-1 e S-4)
45,00 m ao longo e atrás do muro de gabiões.
Em cada uma das três seções intermediárias foram colocadas 5
A rede de drenes de areia cobria uma área atrás do cais de placas de recalque .
cerca de 24.000 m2 · Foram e xecutados cerca de 4. 400 drenos, num
total aproximado de 110.000 m. Cada dreno tinha 25,00 m de Ao todo foi prevista a instalação de 97 instrumentos, a l ém dos
comprimento, desde a cota provisória do aterro em +3, 50 m até a 4 inclinõmetros colocados no interi or das estacas e já mencionados
pro fundidade de 21,50 me 40 em de diâmetro. no item CAIS DO TECON-Instrumentação sob as pressões de argila.
Esses instrumentos foram distri buídos verticalmente ao l ongo da
278 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO OBRAS PORTUÁRIAS 279

I camada de argila, de acordo com critérios baseados nas A Figura 7 apresenta o comportamento das 5 placas de recalque
I~ características das camadas indicad as p e las sondagens. da primeira seção intermediáriaS-lA (75,00 m depois da seção S- 1).
o periodo das leituras foi de 40 dias a partir do início das
li1U1.~ As primeiras l e ituras de todos os instrumentos foram feitas leituras. Pelos gráficos Tempo- Recalque verifica-se que os recalques
no dia 1 4 de f evereiro. No período inici a l , as leituras dos foram rápidos e de significativa magnitude, atingindo 35 em em 40
111 piezômetros foram fe itas di.a riamente, as d a s placas de recalque a dias. Os trechos ascendentes dos gráfi cos foram causados pela
in t e rvalos de 2 a 5 dias e os extensôme t ros com intervalos de 8 a 1 5 cravação de estacas do cais a uma distância capaz de causar as
d ias. perturbações observadas.
A Figu r a 6 (aJ mos tra o gráfico do Piezômet ro Casagrande No. As leituras prosseguiram até, 26 de julho, quando foi dada por
1 , re f erente aos primeiros 40 dias , na Seção 1 . Nele se observa que concluída ·a campanha de instrumentação, com 6 meses de duração, uma
a linha do Níve l d'água está bem abaixo da l inha das Pressões vez que os objetivos foram atingidos, considerando também o
Neutras , ind icando o acrésci mo, destas po r força d o carregamento d o comportamento das leituras dos instrumentos nas demais seções, que
ater ro a que foram submetidas as camadas de argila. foram em tudo semelhantes ao ocorrido na seção S-1. Além disto, as
leituras indicaram a estabilização geral dos recalques e das
A Figura 6 (b) e (c) mostram respect ivame nte os gráficos dos pressões neutras para o carregamento a que estavam submetidas as
Piezômetros Casagr ande No . 1 e Pneumá t i cos No. 1, correspondentes a camadas de argila. As placas de recalque ~encionadas acima
pouco mais de um mês de l e ituras, no período de cerca de quatro apresentaram, nos últimos 20 diás de observações, recalques médios
meses após o início das obse r vações. Por esses gráficos vê- se de apenas 4 mm.
c l a ramente a tendência à es tabi l ização das pressões neutras no níve l
da pressão d'água do l e nçol . No mesmo período os extensômetros
i ndicaram também tendência à es tabilização dos recalques.

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Fig. 6 - Gráficos do Piezômetro
Gráficos do Piezômetro Pneumático (c) .
Casagrande (a) e (b) e Fig. 7 - Gráficos de 5 placas de recalque na seçio S-lA.

11\
SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO OBRAS PORTUÁRIAS 281
280

Desempenho ao Longo do Tempo de 802 mm e espessura de 16 mm, composta por emenda de segmentos com
comprimentos da ordem de 6 m, No total, para a primeira fas e de
expansão (cais 1), foram utilizudas 208 estacas verticais e 11 2
Após a conclusAo da instrumentação, conforme mencionado no inclinadas.
item anterior, não houve mais acompanhamento da evolução dos
recalques do aterro, que haviam se tornado bastante pequenos.
Estudo de Cravabil idade
Com a continuação da obra, o aterro teve sua cota elevada
para +4,28 m, em média, incluída nesta cota a pavimentação, ou seja,
foram acrescentados O, 78 em mais o abatimento de cerca de O, 50 em, o objetivo do estudo de cravabilidade foi realizar uma
devido ao recalque. previsão da resistência do solo à cravação das estacas até a
profundidade de projeto, próxima de 20m, para o martelo Delmag D44.
Com a entrada em operação do terminal, novas cargas elevadas O perfil do sub-solo típico apresentava, sob urna lâmina d ' água de 10
de conteineres empilhados e de máquinas móveis sobre pneus, m, uma camada de argila mole superficial de cerca de 3,0 m, seguida
ocorreram com maior ou menor intensidade e f requência. Os recalques de areia argilosa com quase a mesma espessura sobre um silte (solo
não foram acompanhados. de alteração) com cerca de 13,5 m até o topo rochoso. Na Figura 8
pode ser vista a secção longitudinal simplificada do sub-solo ao
O projeto do páteo de conteineres, do qual· f az parte a área longo do eixo do cais . A nega prevista na obra era de 20 mm/10
de aterro a qu e nos referimos, foi previsto para correção do golpes, comumente empregada nas obras da COSIPA.
nivelamento em intervalos variáveis a medida que os abatimentos da
pavimentação se tornassem indesejáveis para a operação do terminal. Após o estudo de cravabilidade por equação de onda , programou-
Por esta razão a pavimentação f oi projetada em placas premoldadas de ·se uma campanha de i nstrumentação dinâm i ca de controle em 21
concreto removíveis, para aproveitamento após os nivelamentos. estacas, sendo uma delas, a E-64, escolhida para estaca teste com
Acredita-se que pelo menos um nivelamento seria necessário nos realização da prova . de ca rga estática, para confrontação de

ll
I primeiros 5 a 8 anos. resultados (Niyama et al, 1986). Os va lores previstos para
~.i Tal procedimento, por várias razoes, não foi realizado , o que
resistência do solo situaram-se entre 4680 e 6420 KN, com uma média
da ordem de 5480 kN. Este valor médio foi confirmado posteriormente
1111 não permitiu que se pudesse fazer uma avaliação dos recalques nas inúmeras instrumentações dinâmicas realizadas, com uma dispersão
ocorridos após o término da construção. da ordem de + ou - 10%.
•I
•,
"J~
Observação visual feita em 1985, mostrou que na linha que
delimita o aterro da plataforma do cais, fundada a grande
profundidade, como fo i explic ado anterio r mente no item CAIS DO
Instrumentação Dinâmica da Cr a vação d e Estacas

~I TECON-Concepção do Projeto, a pavimentação apresentava um degrau de A instrumentação da cravação das estacas foi feita desde o
altura variável de acordo com a seção considerada, que atingia o inicio da obra. Os procedimentos do ensaio dinâmico e os resultados
valor máximo de cerca de 35 em. Essa altura máxima do degrau ocorria obtidos são descritos por Niyama et al (1986). Desempenhos médios
., justamente na região onde a espessa camada de argila, d o subsolo
apresentava-se nas condições mais desfavoráveis, do ponto de vista
de 20 a 33% foram verifi cados para os martelos 044 e 046. Concluiu-
se que em outras análises de que a energia dos equipamentos não
dos recalques. estaria sendo suficiente para mobilizar toda a res istência
llj disponível no sistema solo-estaca ao longo da profundidade num único
A exceção do d ado acima, identif icado facilmente por golpe. Num caso como este, a estimativa da capacidade de carga
.il observação visual, nenhum outro elemento esteve disponível de modo a
permitir uma avaliação dos recalques do aterro, inclusive na região
feita através de medições dinâmicas tende a ser inferi~r em relação
aquela obtida por prova de carga estática. Tal fato teria sido uma
não consolidada por drenos de areia. De um modo geral, porém, o seu das justificativas para a não verificação do crescimento das
comportamento mostrou-se satisfatório e d e ntro das premissas e res i stências dinAmicas medidas com t e mpos de repouso crescente de
previsOes do projeto. até 168 dias na estaca teste, como era esperado.

Prova d e Carga na Estaca Teste

S. CAIS DA COSIPA A estaca teste, similar às demais da obra, denominou-se E-64,

••• A obra de ampliação do term i nal maritimo da COSIPA foi


executada em módulos sustentados basicamente por estacas tubulares
tendo sida cravada em 29/01/85 até atingir uma penetração de 22 m,
com a sua ponta a cerca de 3, 9 m do topo rochoso. As provas de
carga (primeira de acordo com norma NBR 6121 e outra rápida) foram
executadas 83 dias após a cravação, pela Tecnosolo S/A. Os dois
de aço de ponta aberta, verticais e inclinadas, com diâmetro externo carregamentos , mesmo a rápida até cerca de 6000 kN; l evaram às
•!
•..
282 SOLOS DO LITORAL DE SÀO PAULO OBRAS PORTUÁRIAS 283

curvas carga-recalque situadas na faixa elástica de compor lamento .


Para uma avaliação ilustrativa, estes resultados foram ex t rapol ados
resultando cargas de ruptura entre 7600 a 11300 kN, as quais
comparadas com valores obtidos por análises CAPWAP da ordem de 4000
1 wJ 30 VOIONnc:lOtld kN, se encol)tram muito dis tantes. Entende-se que os resultados de
o ~ oN otil oV o
1.{) dimensões dinâmicas foram consideravelmente sub-es timados pe la
I I
I
I I I
I
I
I
I I I
I
I
I
I insuficiência da energia do martelo pa ra mobilização plena das
1-- wo~·et resistência do solo .
OO!Pil>l. · ~o - 3 ~

111· o)( 6. CAIS DO VALOHGO


.....
ltJ !:!.
lll o Concepçlo do Projeto
'O

11] .....~ A ampliação do porto de Santos previa a construção de um cais


~ adicional de 2230 m utiizando um grande número de estacas cravadas ,
.....
ll
1
~
e2
·-
r-i
vertica is e inclinadas. Para verificar o comportamento destas
estacas, um amplo programa de inve stigação com ensaios dinâmicos e
.....~
·~ ;:
provas de carga estáticas foram conduzidas ao longo da fase inicial
~
C/) da obra.
m .... o
E
E (/) r-i Além do estudo da c ravabilidade por equação de onda,
N <i o 11)'
111 instrumentação d i nâmica, for am programadas provas de carga à
o o
<X> I 0 compressão e à tração para observar a eficiência da pintura
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o .g~
..8
19

. .s5
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C/) ..
111
asfáltica na minimização de atrito negativo sobre as estacas da
obra.
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o •
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.... :1
....
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o .. ~o
r-i
Para tanto , duas estacas tubulares de concreto fabricadas no
canteiro num único segmen to de 41 m, com 91 em de diâmetro externo e
c:
-• 11,5 em de espessura de parede, tendo cerca de 600 kN de pretensão,
(/)
.... 1-4
I I I I :a o foram preparadas. A estaca 151 ·sem a pintura de asfalto e a 152 com
z~
;3D.
~ o a pintura, similar às demais estacas da obra . Esta p intura não e ra
WIÍ <r
...J ·s.'O feita num trecho de 5 m a partir da ponta , trecho de embutimento da
ml
Q.
g o. estaca no solo residual.
..:~•B,
.. A capacidade de carga de projeto à compressão era de 3000 kN e
~l r-i .....
..... r-i à tração de 900 kN. Uma carga adicional de 2400 kN devida ao atrito
~f
~
li negativo era prevista, que pretendia ser reduzida a 600 kN com o uso
"'....' do filme de pintura asfál tica , com espessura média de 3 mm.
111
,,
D. ..

Na Figura 9 pode-se ver a compl exidade da estratigafia do solo


li mô local. Uma camada de a rgila mole sob a lâmina de água de cerca de 10
o m foi removida e substituída por material arenoso lançado que
•O
til· atingiria a cota +3,0 m de acordo com o proj eto. Na porção inferior
•o-i N
f.o.ID predominam camadas arenosas intercaladas erraticamente por camadas
~ Ih··
OI
OO!õ ' 901> ·v - 3 -+---L--+- N
de argila siltosa de espessura variável até a cota -32 m, quando se
o encontra o solo residual de silte arenoso sobre o topo tochoso, este
o
I()
8o z em torno da cota -4 0 m.
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~·1111 I <X>
0\ "'0\ I I I ' I ' I ' I
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o ~ 2 ~ ~ 2 Estudos de Cravabilidade por Equação de Onda
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( w) 30\fOIONnJOtld
Os estudos de cravabilidade foram efeluados simulando-se as
duas estac as testes 151 e 152 utilizando-se do programa WEAPSI/86.
1
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t> 284

?t SOLOS DO LITORAL Dt: SÃO PAULO OBRAS PORTUÁRIAS 285

t· .. O martel o objeto da análise foi o BSP-15 a ar comprimido .


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O próp~:i.o jateamento d<.~ água que seria empregado patd
atravessar camadas de areia mais resistentes também foi simulado,
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como resistênciu nula na distr ' buição trianyul<Jr da resistênc ia de
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Os dcmals pa râ metros ut i lizados , bem como o sumário


resultados obtidos são descritos por Niyama et allii (1989) .
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o Resultados da Cravação de Estacas Teste

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pressão de água de jateamenlo Leria causado considerável perturbação
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ao redor da estaca 151 , o que foi minorada para a estaca 152 com uma
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I dinamicamente com uso do aparelho PDA, sendo os regist r os oht1dos
anal.isados dltavés dos modelos numéricos CAPWAP. Para garant.tr a
obtenção de má ximas resistências mobilizadas, variou-se a c~ltura de
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(l:-q S I 'O queda do martelo desde O, 8 m (no["mal) até 1 , 37 m, no caso da estaca
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que a 151 , devido à menor perturbação do solo, como exposto iiCima .
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I ::, Provas de Carga a Compressão e a Tração


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" strain-gages " além de tell- lales , em 3 niveis (ver Figura 9) .
técnica adotada , de pós instalação dos instrumentos , conforme
descrito pelo Relatório IPT(l988) , permitiu Lrabalhar sem nenhuma
perda destes e perfeito funcionamento durante os ensaios .
A

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Cada uma das estacas fo i s ubme t i da a provas de carga à
~I compressão e ó Lr ação . A carga máxi ma de comp1essão apl icada foi de
?j ~700 kN . N ~o tendo s i do a tlngJda a c a rga de rup t ura , as mesmas
foram estimadas em 1800 kN para a estaca 151 e de 6100 kN para a

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286 SOLOS DOUTORAL DE SÃO PAULO OBRAS PORTUÁRIAS
287

EST.l51 EST.152 RESISTÊNCIA LATERAL (kN)


REGIÃO DA
ES TA CA ESTACA 15 1 ESTACA 152
fcowPR!SsÃo TRAÇÃO ONPftESSÁO TRAÇÃO

I 26 1o 900 70 o 240
K
o n 3 90 1 1 1o 2290 1 7 6 o
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o) DISTRIBUIÇÃO DA RESISTÊNCIA LATERAL ENTRE AS DUAS REGIÕES DE INTERAÇÃO


SOLO -ESTA CA.
~·oto 2 - .Estrutura da reação tipica utilizada.

estaca 152, de acordo com o método de Van der Veen. A limitação das
cargas máximas foi em funç1io do sistema de reação utilizado. Os
deslocamentos máximos atingidos foram de 24,7 mm para es taca 151 e
de 36,6 mm para estaca 152. Na Foto 2 pode-se observar uma aspecto
da estrutura de. reaçao durante os prepara ti vos para execução da •
EST-151 •
EST-152
prova de carga.
~
Os ensaios à traçao foram conduzidas até a carga máxima de
2000 kN. Mesmo neste caso a ruptura nao foi atingida e, de aco rdo
com o método de Van der Veen, a mesma foi estimada em 2500 kN para
ambas as estacas, que foi um resultado não esperado . Uma
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possibilidade seria de que a estaca 152 teria uma ruptura do tipo ~

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geral, que não seria previsivel · por qualquer dos métodos de ~
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DESLOCAMENTO (••)
extrapolação.

Eficiência da Pintura Aafáltica na Redução do Atrito Negativo

oprograma de investigação produziu um grande volume de dados


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para diversas análises. E, particularmente, a comparação de
comportamento do atrito lateral nos trechos com e sem a pintura
asfáltica foi plenamente· conseguida .
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GAUGES 02 4 6 0248 ~0246
Na Figura . 10-a) pode ser observada a interpretação dos f OESLOCANENTO (m,.)
instrumentos que permitiu distinguir as parcelas de resistências de
atrito lateral em dois trechos (com e ·sem pintura na estaca 152)
medidas durante as provas de carga. b) MOBILIZAÇÃo DE RESISTÊNCIA DE PONTA E DO ATRITO LATERAL UNITÁRIO .

Fiq. 10 Desempenho das Pinturas Asfálticas no Cais do


Valongo.

I
)
288 SOLOS 00 LITORAL DE SAO PAULO

No trecho I, a pintura na estaca 152 reduziram os valores de


atrito lateral de aproximadamente 27% em relação à estaca 151, tanto
na compressão como na tração (no caso, grande coincidência do
valor).

~;
BIBUOGRAFIA
No trecho II, uma situação inversa se observa; os valores de
atrito na estaca 152 são maiores, pois a maior parte da carga José Theophilo leme de 1-k>roes e Sergio Navojas
aplicada é transferrlda para o trecho II pela baixa resistência no
trecho I (na compressão) . A estaca 151 não chega a mobilizar toda a
resistência no trecho II no nivel de carga da prova. Este fato pode
ser constatado pela análise das mobilizações de resistências de
atrito e da base mostradas na Figura 10-b).
Concluiu-se, pois, que a eficiênd a da pintura asfáll ica foi. INTRODUçÃO
da ordem de 73 \ no caso desta obra.

O levantamento bibliográfico que se apresenta teve por objetivo


7. AGRADECIMENTOS reunir da maneira mais abrangente possivel, todos os trabalhos
referidos aos solos da faixa litorânea do Estado de São Paulo,
incluindo-se nestes os solos da região da serra do Mar.
Os autores desejam expressar seus agradecimentos ao Eng. Masao
Nasuo pelas valiosas contribuições recebidas.
Como critério para seleção dos trabalhos foram considerados
aspectos geológico-geotécnlcos, tecnológicos e em alguns casos até
geográficos, mostrando a maneira pela qual a ciência, a tecnologia e
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS a engenharia nacionais se irmanaram no passado com o intuito de
solu~ionar os problemas afetos ao comportamento dos solos da orla.

BJERRUM, M.L.; HJO~mNESSEN & EIDE (1969). Reduction of


Nega tive Skin Friction on Piles to Rock. 7th ICSMF'E, Vol. 2. Como fonte foram pesquisadas as publicações dos principais
eventos como congressos internacionais, pan-americanos e
CLAESSEN & HORVART (1974). Reducing Negative Skin Friction brasileiros, simpósios, mesas redondas, seminários, etc. Igualmente
with Bitumen Slip Layers. Journal of the Geotech. Eng. Div., Vol. foram pesquisadas as publicações de revistas técnicas especializadas
100. bem como as dissertações e teses produzidas pelos trabalhos de pós-
graduação.
FELLENIUS,B. (1975). Reducing Nega tive Skin Friction with
Bitumen Slip Layers - Discussion on paper. Journal of the
Geotechnical Eng. Division, Vol. 101. Outra fonte importante constituiu-se no IPT - Instituto de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - S/A, que vem atuando
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São na região desde os primórdios da década de 40. Entretanto deve-se
Paulo S/A (1988). Relatório 26.950 - Provas de Carga Dinâmicas e alertar que os dados constantes dos relatórios cuja relação se
Estáticas Instrumentadas nas Obras do Porto de Santos. São Paulo. apresenta, não são públicos, pertencendo conjuntamente ao IPT·e às
entidades patrocinadoras dos trabalhos. Para a obtenção desses dados
NIYAMA,S.;SILVA,A.B.da & BARLETTA, S . C. (1986). Monitoração o interessado deverá conseguir autorização expressa junto ao IPT e
Dinâmica da Cravação de Estacas da Ampliação do Terminal Maritimo da às referidas entidades.
Cosipa. VII I COBRAMSEF, Porto Alegre.
NIYAMA, S. ;AZEVEDO,N.; POLLA, C.M .; SOUZA, L. F .A. & DECHICHI,M.A. Pela natureza abrangente pretendida no levantamento, os autores
(1989). Drivability and Performance Assessment of Driven Piles antecipadamente pedem desculpas pela omissão de algum trabalho
Subjected to Negative Skin Friclion . Proc.of Discussion Session 14 - relativo ao tema, e solicitam a colaboraçao do (s) respectivo (s)
XII ICSMFE, v.1,pp 75-78, Rio de Janeiro. autor (es) no sentido de integralizar a presente bibliografia, ao
mesmo tempo em que agradecem a todos aqueles que cooperaram na
TECNOSOLO - Engenharia de Soloe e Materiais s.A. (1980). elaboração desta pesquisa.
Relatórios sobre instrumentação do Aterro no Terminal de Conteiners.

11,

• ~90

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p. 49- 67 (Relatório nQ 757)

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A


INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (1944) Exploração do subsolo à Av. Manoel da Nobrega em São Vicente
(1942) Estudo do subsolo para as fundações do tanque O. C.B . 9, em (Relatório nQ 764)
Alemoa - Santos (Relatório nQ. 256)
INSTITUTO DE PESQUTSAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (1945) Exploração do subsolo à Av. Presidente Wilson en1 Santos
(194 3) Exploração do subsolo no local de ponte sobre o canal do (Relatório nQ 860)
casqueiro (Relatório nQ 421)
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (1945) Exploração do subsolo à Rua Galião Carvalhal em SanLos
(1942) Estudo do subsolo para as fundações do tanque O.C.B.lO, em (Relatório nQ 865)
Alemoa - Santos (Relatório nQ 457)
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (1945) Estudo do subsolo para ampliação do Porto ' de Santos
(1942) Verificação das fundações do futuro pavilhão de Comando da (Relatório nQ 874)
Base Aérea de Santos (Relatório nQ 463)
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO m: SÃO PAUT.O S/A
INSTITU'l'O DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (1946) Sondagens e provas · ue carga na Base Aérea de Santos
( 194 2 ) Exploração do subsolo das futuras pistas da Base Aérea de (Relatório nQ 895)
Santos (Relatório nQ 479)
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (1946) Exploração do subsolo à Av. Beira Mar no Guarujá (Relatório
(1943) Sondagens na via Anchieta na zona da baixada de Cubatão entre nQ 900)
as estacas O e 105 (Relatório nQ 506)
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ES1'ADO DE SÃO PAULO S/A
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (1946) Sondagens no edificio Elaborado no Guarujá (Relatório nQ 901)
(1943) Exploração do subsolo no local do futuro Palácio da Policia
de Santos (Relatório nQ 600) INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
(1946) Estudo do subsolo para a ampliação do Porto de Santos
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (Relatório nQ 915)
( 1943) Investigação do subsolo da pista NW - SE da Base Aérea de
Santos (Relatório nQ 613) INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
(1946) Exploração do subsolo à Av. Bartolomeu de Gusmão em Santos
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (Relatório nQ 950)
(1943) Reconhecimento geral do subsolo entre as estacas O a . 280 da
Via Anchieta (Relatório nQ 623) INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
(1946) Exploração do subsolo à Av. Bartolomeu de Gusmão em Santos
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (Relatório nQ 977)
(1944) Reconhecimento do subsolo entre as estacas 280 a 593 da Via
Anchieta (Relatório nQ 646) INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
(1947) Sondagens de reconhecimento na Ilha Barnabe em Santos
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (Relatório nQ 1.138)
(1944) Estudo do subsolo no local da ponte sobre o canal das
Barreiras (Relatório nQ 698) INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
(1947) Sondagens de reconhecimento em São Vicente -· Santos
INS'l'ITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (Relatório nQ 1.173)
(1944) Sondagens de reconhecimento no local de um futuro
reservatório d ' água na Base Aérea de Santos (Relatório nQ 700) INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAUT.O S/A
(1948) Sondagens de reconhecimento à Rua Circe - Praia Grande
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (Relatório nQ 1.357)
(1944 J ~~studo do subsolo no local da ponte sobre o rio Branco
(Relatório nQ 702)
306 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO BIBLIOGRAFIA 307

INSTITUTO DE PESQUISAS 'l'ECNOLÓGICAS DO F.S'l'ADO DE SÃO PAULO S/A INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
(1949) Sondagens de reconhecimento à Av. Rodrigues Alves- Santos (1952) Sondagens de reconhecimento à Rua Freitas Guimarães
(Relatório n& 1.415) (Relatórío n~ 1.866)

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO F.STADO DE SAO PAULO S/A INSTITUTO DE PESQUISAS TF.CNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÂO PAULO S/A
(1949) Sondagens de reconhecimento à Rua João Otávio, em Santos (1952) Estudo geológico do Túnel sob o Morro do Fontana, em Santos
(Relatório n& 1.432) (Relatório nO 1928)

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A INSTl TUTO DF: PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAUT.O S/ A
(1949) Reconhecimento preliminac do subsolo no local do (uluro túnel (1952) Estudo preliminar no subsolo em área adjacente a Estação de
sob o Monte Serrate - Santos (Relatório n~ 1.436) Piaçaguera (Relatório nQ 1941)

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SAO PAULO S/A INSTITUTO D~ PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
(1949) Exploraçao do_subsolo ao longo do eixo da futura Ponte sobre (1953) Sondagens de reconhecimento nos terrenos da Policia Maritima
o Canal do Casqueiro ·na Via Anchieta (Relatório r~ 1525) em Itapeva - Santos (Relatório nQ 2.032)

INSTITUTO DE: PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO F.S1'J\DO DE SÃO PAULO S/A tNSTITU1'0 DE PESQUI SAS 'fECNOl,ÓGICAS 00 ESTADO DE SÃO l'J\ULO S/ A
(1950) Sondagem de reconhecimento no local onde será con.sLruido o ( 1953 ) Sondagens de reconhecimento à Rua José Ricardo, em Santos
Entreposto de Pesca e Porto-Ponta da Pra La Santos (Relatório n& (Relatório nO 2.080)
1. 626)
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO F.STADO DE SÂO PAULO S/A INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAUI,O S/A
(1950) Sondagens de reconhecimento à Rua do Comercio em Santos (1953) Instalação de marco de referência em São Vicente (Relatório
(Relatório n& 1.669) n.Q. 2.139)

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
(1951) Sondagens de reconhecimento e provas de carga na Ponta da . (1953) Sondagens de reconhecimento à Rua Carl os Affonseca nQ 9,
Praia - Santos (Relatóri o n.Q. 1.733 ) Santos (RelaLório n.Q. 2.1 42)

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A INSTITUTO DF. PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
(1951) Sondagens preliminares junto à Ponte Pênsil de São Vicente (1953) Sondagens de reconhecimento à Av. Vicente de Carvalho
(Relatório nO 1743) (Rel~tório n~ 2.153)

INSTITUTO DE PF.SQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO F.STADO DE SÃO PAULO S/A
Sondagens de reconhecimento (Relatório nQ 1.761) (1953) Sondagens de reconhecjmento à Av. Antonio Rodrigues - São
Vicente (Relatório n.Q. 2.164)
I NSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ES'l'ADO DE SÃO PAUI.O S/ A
Sondagens de reconhe cimento à Av. Vicente de Carvalho em Santos INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS 00 ESTADO DE SÃO PAUT.O S/A
(Relatório n.Q. 1 .803) (1954) Sondagens de reconhecimento à Praça 22 de Janeiro - São
Vicente (Relatório n.Q. 2.206)
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
(1951) Sonddgens de reconhecimento no terreno do Depósito de Fosfato INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO l?.f\ULO S/A
no Cais do Sabão- Santos (Relatório nQ 1 . 839) (1954) Sondagens de reconhecimento à Av . Lima Costa - Santos
(Relatório n2 2.251)
INSTITUTO DF. PESQUISAS TECNOT,ÓGICAS DO· EST.l\DO DE SÃO PAULO S/A
(1951) Sondagens de reconhecimento (Relatório nO 1 .787) I NSTITUTO DE PESQUISAS TF.CNOT.ÓGTCAS DO F:S'l'ADO DE SÃO Pl\.U J.O S/A
(2 . 265) Sondagens de reconhecimento no Morro de Itapemd Santos
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (Relatócio n~ 2.265)
(1952) Sondagens de reconhecimento no terreno da Companhia Docas de
Santos (Relatório n.Q. 1.866) INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE sJ\0 PAULO S/A
(1955) Sondagens de reconhecimenLo à Av . Bartolomeu de Gusmão nQ 73
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO F.STADO DE SÃO PAULO S/A (Relatório nO 2.350)
(1952) Sondagens de reconhecimento à Rua Embaixador Pedro Toledo
(Relatório ~o 1.861) INSTITUTO DE PESQUISAS 'l'ECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SJ\0 PAU I.O S/A
(1955 ) Estudo da estabj I Ldade do tr echo nO 1 5 do Cais do Sabo
(Relatório no 2 . 353 )

(
I( 308 SOLOS DO LITORAL DE SÃO PAULO BIBLIOGRAFIA 309
.,,
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A INSTITUTO · DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
11 (1955} Sondagens de reconhecimento e instalação de um R .N à Av. (1958). Sondagens de Reconhecimento em Santos. (Relatório n& 2.830)
Bartolomeu de Gusmão (Relatório ~ 2.356}
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (1958). Estudo Monte Serrate. (Relatório nQ 2.848)
Jl! (1955) Sondagens de reconhecimento à Av. Presidente Wi lson - São
Vicente (Relatório ~ 2.371} INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SAO PAULO S/A
11. (1959). Sondagem e Reconhecimento à Rua Princesa Isabel. (Relatório

• INSTITUTO DE PESQUISAS
(1955) Determinação dos
(Relatório n& 2 . 397)
TECNOLÓGICAS
recalques do
DO ESTADO
Edificio América
DE SÃO PAULO S/A
em Santos
~2.865)

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A

"
ll INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO
(1955) sondagens de reconhecimento em Vicente de Carvalho, Guarujá
DE SÃO PAULO S/A
(1959). Sondagem de Reconhecimento. (Relatório nQ 2 .916 )

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÂO PAUI.O S/A


(Relatório nQ 2.467) (1959) Prova de Carga Hor-izontal. (Relatório nQ 2. 955)
. .,.1

~I INSTITUTO DE PESQUI SAS TECNOLÓGICAS


(1956) Sondagens de Reconhecimento na
DO ESTADO
Praia das
DE SÃO PAULO
Pitangueiras
S/A
em
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO
Ú959) . Prova de Carga num Tubulão da Ponte ria Estrada de
ESTADO DE SÃO PAULO S/A
Ferro


~.
Guarujá. (Relatório n& 2.499)

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A


Sorocaba. (Relatório nQ 2 . 998)

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLóGICAS DO Es·,'ADO DE SÃO PAULO S/A


(1956). Sondagens de Reconhecimento a Rua Floriano Peixoto, em (1960). Sondagem de Reconhecimento. (Relatório nQ 3.134)
... Santos. (Relatório nQ 2.556)
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÂO PAULO S/A
11 INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (1962) . Sondagem de Reconhec imento . (Relatório nQ 3 . 363)
(1956}. Sondagens de Reconhecimento a Rua Frei Gaspar, São
I Vicente. (Relatório ~ 2.558) INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
(1962) Estudo Geotécnico. (Relatório~ 3.446)

~
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
(1956). Sondagens de Reconhecimento a av. Ana Costa , INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÂO PAUI.O S/A
Santos. (Relatório nQ 2.575) (1962). Estudo da Estabilidade da Ponte da Encosta Norte do Monte
Seriat. (Relatório nQ 3.448)
~I INSTITUTO Dt PESQUI SAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A

.j
~
Sondagens de Reconhecimento
SP. (Relatório nQ 2.591}

INSTITUTO DE PESQUISAS
à Rua

TECNOLÓGICAS
Rio

DO
de

ESTADO
Janeiro,

DE SÃO
Guarujá.

PAULO
-

S/A
INSTITUTO
( 1963) .
DE
Sondagem e
(Relatório nQ 3.545)
PESQUISAS TECNOLÓGICAS
Reconhecimento
DO
no
ESTADO
Rio
DE SÃO PAULO
Pereque-Piaçaguera.
S/A

(1957). Sondagens de Reconhecimento no fim da Rua Ri_o de Janeiro, INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
Frente a Rua Bosque. Guarujá.(Relatório nQ 2.592) (1963). Prova de Carga sobre Estaca de Concreto . (Relatório nQ


11
INSTITUTO DE . PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO
(1957}. Secretaria Viação e Obras Publ icas. (Relatório ~ 2 . 620)
DE SÃO PAULO S/A
3. 613)

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO


(1964). Verificações no Aterro Experimental em Itapemirim. (Relatório
DE SÃO PAULO S/A

11 INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A ~ 3.914)


(1958). Edificio Ipê. (Relatório nQ 2.677}
•l INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
INSTITUTO DE PESQUISAS
(1966) . Sondagem de Reconhecimento.
TECNOLóGICAS DO ESTADO
(Relatório nQ )
DE SÂO PAUI.O S/A

111 (1958) Sondagens de Reconhecimento. (Relatório n& 2.745)

., I INSTITUTO DE PESQUISAS
(1958). ' Ensaios de
TECNOLÓGICAS
Compressão Tração
DO ESTADO
de
DE
Estaca.
SÃO PAULO
Em
S/A
Santos.
INSTITUTO

4.512)
DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS
(1967). Estudo do Escorregamento do Morro do Belmiro.
DO ESTADO DE SÃO PAULO
(Relatório nQ
S/A

·I•t I'
(Relatório nQ 2.751)
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
INSTITUTO DE ' PESQUISASTECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (1968). Sondagem .de Reconhecimento. (Relatório nQ 4.982)
(1958). Sondagem de Reconhecimento. Em Santos. (Relatório nQ 2.810)
•Il
••
•I,,
310 SOLOS 00 LITORAL DE SAO PAULO BIBLIOGRAFIA 311

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SAO PAUI.O S/A
(1969) . Ensaio de Permeabilidade em Sondagem de Reconhecimento. . (1975). Medidas de Pressão Neutra e Recalque Rodovia dos Imigrantes
(Relatório nQ 5 . 255) Baixada Santista. (Relatório n~ 6 . 379)

I NSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SAO PAULO S/A INS'ri'l'UTO DE PESQUISAS TEC NOLÓGICAS DO ESTADO DE SAO PAU1.0 S/A
(1969) . Ensaio de Cisalhamento. (Relatório nQ 5 . 263 ) (1976) Investigaçil.o Geotécnica do comportamen t o do aterro la nçado
para execuçil.o da montagem do e missário submarino da praia José
I NSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A . Menino (Relatório nQ 8 .843 )
Sondagem e Ensaio de Cisalhamento. (Relatório nQ 5 . 182)
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
I NSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (1976) Sondagem de reconhecimento na pista ascendente da Rodovia dos
(1970) . Sondagem. (Relatório nQ 5 .472 ) Imigrantes (Relatório ~ 8. 880) ·

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
(1969) . Sondagem de Reconhecimento e Cisalhamento. (Relatório nQ (197 6 ) Investigação Geotécnica do subsolo da alça de ligação,
5 .363) Anchieta/Imigrantes (Relatório nQ 9.1 49)

I NSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
S/A(1971). Ensa io de Cisalhamento. (Relatório nQ 5 . 803) (1977) Controle tecnológi co da Rodovia dos Imigrantes na região do
Rio Ruivo no trecho da baixada Santista (Relatório nQ 10.478)
INST ITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A .
Investigação da Baixada Santista nos Locais da Rodov i a dos INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
Imigrante . (Relatório nQ 5 . 855) (1979) Estudo Geotécnico em Cubatão (SP) (Relatório nQ 12.189)

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
Ü972) . Sondagem de Reconhecimento Alameda Saldanha da (1 979 ) Controle de recalque da Rodovia dos Imigrantes na região do
Gama . (Re l a tório nQ 6.395) Rio Ruivo entre as estacas 19 e 56 na baixada Santista (Relatório nQ
12.242)
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SAO PAULO S/A
(1973). Ensaio de Resistência a Penetração Estática na Rodovia dos INSTITUTO DE PESQUI SAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
Imigrantes da Baixada Santista . (Relatór io nQ 6 . 775) (12.844) Analise dos . recalques verificados no armazém e nas
estruturas (Relatório nQ 12.844)
I NSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
(1973 ). Mapa Geológico Prelimina r da Baixada Santis ta. (Relatório nQ INSTITUTO DE · PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÂO PAULO S/A
7 . 44 3) (1980) Sondagem à · percussão. Proj.eto executivo de dup Hcação de
rodovia. (Relatório nQ 12.892)
INS'f iTUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
(1974) . Sondagem de Reconhecimen to. (Relatório nQ 7.620) INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLóGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
(1980) Estudo de materiais de dupl icação da Rodovia SP 55. (Relatório
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLóGICAS DO ESTADO DE SÂO PAULO S/A nQ 13 . 252)
(1974) . Investigação Geotécnica do Local de Escorregamento Ocorr ido
na Rodovia dos Imigrantes . (Relatório nQ 7 . 743) INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLóGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
(1980) Estudo Geotécnico . Recomendação de projeto . (Relatório nQ
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE · SÃO PAULO S/A 13 . 253)
(1975). Sondagem de Reconhecimento no Guaru já. (RelaLório nQ 7.842)
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
I NSTI TUTO DE PESQUI SAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A . (1980) Estudos geológicos-geotécnicos . Projeto das f undações.
Ensaios Pressiomé tricos Real i. z ados em uma Are a da Cosipa Ilha dos (Relatório n& 13. 413 )
Amores. (Re l a tório nQ 7.968 )
INSTITUTO DE PESQU!SAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (198 0) Estudos geológicos-geotécnicos . Projeto de fundação .
(1975) . Sondagem de Reconhecimento Rio Ruivo Estacas de O a (Relatório nQ 13 .414)
190. (Relatório nQ 8 . 336)
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
(1980) Viaduto Cosipa. (Relatório nQ 13.515)
312 SOLOS 00 UTORAL DE SÃO PAULO BIBLIOGRAFIA 313

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(19BO) Estudos de parâmetros geotécnicos (Relatório~ 13 .4 70) (1982) Estudo geológico-geotecnico - projeto (Relatório nQ 15 . 966)

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(198 0) Estudos geológicos-geotécnicos de projeto (Relatório nQ (1982) Estudo geológico-geotecnico- projeto (Relatório n& 15 .967)
13.4 72)
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INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÂO PAULO S/A (1982) Estudo geológico-geotecnico -projeto (Relat ório nQ 1 5 . 960 )
(1980) Estudos geotécnicos de projeto (Re l a tório n& 13 .47 3)
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I NSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (1982) Ensaio Geotécnico de campo para elaboração de projeto
(1980) Ensaios geotécnicos de c ampo para elaboração do projeto (Relatório n& 15 . 983)
executivo (Relatório nQ 1 3 .479)
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INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SAO PAULO S/A (1982) Estudo geológico- geotecnico para caracterização e
(1980) Extensão do reservatório de Graminha (Relatório n& 13.607) quantificaçào de materiais (Relatório ~ 16 .44 2)
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(1981) Sondagens de reconhecimento com ensaio SPT na área do (1982) Projeto de consolidação dos taludes de corte adjacentes ao
Aeroporto de Santos (Relatório n& 14 . 801) viaduto Cosipa (Relatório n& 16.571)
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(1981) Execuçào de provas de carga direta sobre placa no sub-leito (1982) Averiguação das condições de uso de equipamento para execução
na pista da Base Aérea de Santos (Re latório nQ 15 . 139) de ensaio " IN SITU " (Vane-Test) e fiscalização dos ensaios no local
de implantação da subestação de Vicente de Carvalho · (Relatório n&
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÂO PAULO S/A 16.601)
(1981) Pesquisa preUminar da Base Aérea de Santos (Relatório n&
15.700) INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
(1982) Sondagens de simples reconhecimento com ensaios SPT, retirada
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A de amostras indeformadas tipo " Shelby", tipo " Osterberg" e com
(1981) Estudos de viabilidade técnica e econqmica das atividades c i l i ndro "Hil f ", ensaios de perme abilidade " IN SI TU" e sondagens de
(Re latório nQ 15.714 ) s imples reconhecimenLo a Lrado na área do tradona área d o Aeroporto
de Santos - SP (Relatório nQ 16 .799)
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( 198J ) Estudo geológico-geotecnico preliminar (Relatório n& 15 .782) INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOI.ÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAUT.O S/A
(1982) Ap reciação técnica a respeito das obras de recuperação de
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÂO PAULO S/A áreas alagadas no município de Cubatão (Relatório nQ 16 . 923)
(1981) Estudos geológico-geotécnicos prelimí:nares (Relatório nQ
15. 815) INST ITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLóGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (1982) Instalação de dois referenciais de nivel profundo (RNPS) de
(1982) Estudo geológico-geotécnicos - projeto(Relatório n2 15.961) 20 peças de referência de nivel (Relatório~ 17.086)

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(1982) Estudo geológico-geotecnico - projeto (Relatório nQ 15.962) (1982) Diretrizes e recomendações de caráter geológico-geotécnico.
Projeto de execução da duplicação da SP 55, Rodovia Piaçaguera-
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SAO PAULO S/A Guarujá - Serra do Quilombo (Relatório nQ 17.107)
(1982) Estudos geológico-geotecnico - projeto Geotécnico (Relatório
n& 15.963) INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/ A
(1982) Investigações geotecnicas em jazidas de solo - materi ais
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A pétreos e areias, com execução de sondagens a trado de 6 " e poços de
(1982) Estudo geológico-geotecnico - projeto (Relatório nQ 15.964) inspeção, coletas de amostras deformadas e indeformadas para
ampliação do Aeroporto de Santos (Relatório nQ 17 .2 10)
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SAO PAULO S/A
(1982) Estudo geológico-geotecnico -projeto (Relatório nQ 15 . 965) INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A
(1982) Apreciação técnica preliminar a respeito da implantação de
projeto (Relatório nQ 17.244)
314 SOLOS 00 U TORAL DE SAO PAULO BIBLIOGRAFIA 315

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A • Métodos construtivos dos túneis na Rodovia dos Imigrantes (1976)
(1982) Estudos geotécnicos e recomendações para adequação do projeto Ano 6, n. 65, p. 89-94 , jun.

.I dos aterros e fundações do conjunto Residencial Tuyuty em Sâo


Vicente -SP (Relatório nQ 17.688)
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SJ\:0 PAULO S/A
• Sistema. de classificação geomecânica dos mate riais geológicos
associado ao comportamento do sistema de intervenção com apoio
da instrumentação nas obras subterrâneas . (1976) Ano 6, n. 65,
(1982) Execução de sondagem de simples reconhecimento dom medida de p. 95-99, jun.
SPT, sondagens mistas de sol o e rochas, ensaios de permeabilidade,
perda d • água e cisa1hamento direto "IN SITU" (Vane-Test) (Relatório • Estrada sobre colchão de areia - Metodologia construtiva (1976)
nQ 17.851) Ano 6, n. 65 , p. 126-132 , jun.
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SAO PAULO S/A
(1983) Investigações geotecnicas de campo com ex tração de amostra • Filosofia e condicionamento de projeto da Rodovia dos Imigrantes
(Relatório nQ 18.378) - trecho da baixada (1976) Ano 6, n. 65, p. 100-104, jun.

U{ INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SAO PAULO S/A • Tirantes de injeção - Sistemática de utilização (1976) Ano 6, n.
(1988). Provas de Carga dinâmicas e estáticas instrumentadas nas 65, p. 110-115, jun.
"'li obras do Porto de Santos - SP. (Relatório nQ 26.950)
• Problemas diversos na implantação de túneis (1976) Ano 6, n. 65,
''I!I p. 144-149, jun.
111 REVISTA CONSTRUÇÃO PESADA:
• Problemas na implantação dos módulos no trecho-serra da Rodovia
• Imigrantes na baixada (1972) Ano 2, n. 18, p. · 8-16, jul. dos Imigrantes (1976) Ano 6, n. 66, p. 5- 69, jul .

• Imigrantes na serra (1972) Ano 2, n. 21, p. 28-40, out. • As etapas de construção da ponte do Mar Pequeno (1982) Ano 11,
n . 172, p. 20-26, jan .
• Interceptor oceânico de Santos: 140 metros cúbicos (1972) Ano 2,
n . 23, p. "23-.27 , dez .
REVISTA A CONSTRUÇÃO SÃO PAULO:
• Rio-Santos (1973) Anos 2, n. 24 , p. 17-30, jan .
• R'lo-Santos - A rodovis que tem a ousadis de desafiar a Serra do • Santos discute o que fazer com os prédios fora de prumo ( 1977)
Mar (1 974) Ano 4, n. 41, p. 17-26, jul. São Paulo, n. 1548, p. 8-16, out.

• Imigrantes: Células de carga controlam comportamento de tirantes


(1976) Ano 5, n. 59, p. 35-39, dez. . • Marketing do prumo - Obra usa estacas profundas como apelo
comercial na baixada· santista (1993) Ano 46, n. 2393, p. 12,
• Imigrantes: Células de carga controlam comportamento de tirantes dez.
(1976) Ano 5, n. 60, jan.
REVISTA ENGENHARIA:
• Considerações sobre os estudos geológicos realizados em diversas
fases na Rodovia dos Imigrantes (1976) Ano 6; n. 65, p. 48-53, • Imigrantes: A maior obra de engenharia rodoviária da Améd c a
jun. Latina. (1976) São Paulo, (38): 10-14, jun.
• Problemáti cas e critérios para liberação de fundações (1976) Ano
6, n. 65, p. 56- 58, jun. REVISTA O DIRIGENTE CONSTRUTOR:
• Acompanhamento geológico das escavações das fundações das obras • FUndação em Santos é problema: Recalque é ques t ão de
de a rte da Rodovia dos Imigrantes - trecho-serra (1 976) Ano 6, temperamento (1965). In: revista O Dirigente Construtor, n. 2,
n. 65 , p. 65- 68, j un. p. 31-32
• Cent ro l e t ecnológi co na Rodovi a dos Imigrantes - t recho-ser ra • Rodovia Cubatão - Guarujá (1965) Vol. 1, n. 4, p. 25-30, fev.
(1976) Ano 6, n. 65, p. 73- 77, jun.
316 SOLOS DO LITORAL DE S.l.O PAULO

• Fundações na baixada san tis t a (1965 ) Vol. 2, n. 1, p . 30-42 ,


nov.

• Terminal de São Sebas tião Termina l da Petrobrás já é


referência no litoral paul ista (1966) Vol. 3, n. 1 , p . 8-17 ,
no v.

• Estabilização de tal udes: deslizament os apon tam soluções (1967 )


Vo1 . 4, n . 2 , p . 29-34 , de z .

• Estrada dos Imigrantes (1969) Vol. 5, n . 5, p . 16- 24, mar .

• Pontes na rodovia Cubatão - Guaru já (1971) Vo . 7, n . 11, p. 32-


44 , age.

• Uma sucessão de obras de arte pa r a vencer a Serra do Mar (1972)


. Vol. 8, n. 4, p. 10-17, fev .

• Na Imigrantes as dificuldades estimulam avanço tecnológico


(1974) Vol. 11, n . 4, p. 14-21, abr .

• Escorregamentos na Imigrantes contrariam teoria clássica (1976)


Vol . 12, n. 11, p . 30-34, dez .

• Novas soluções para a construç ão de viadutos (1977) Vol . 12 , n .


12 , p . 37-43

• Novas técnicas construt i vas p a ra ampl i ação da Cosipa (1977) Vo1 .


13 , n . 2 , p. 38-42 , mar.

• Ponte do Mar Peque no: Simpl icidade p aL·a facilita r a execuç ão


(1980 ) Vol . 15, n . 5, p. 21-24, jan.

• Conceiçãozinha , Alternativa para o porto de Santos (1980 )


Vol . 16, n . 2, p. 23-33 , ma r .

REVISTA O EMPREITEIRO:

• Obras padronizadas enfrentam desl i zamentos na Imigrantes. (1977)


Silo Paulo, (118): 45-46, nov .

• Cortinas atirantadas seguram a serra no caminho do mar. (1979)


São Paulo, (135): 19-21, abr .

REVISTA POLITÉCNICA:

• Visita do prof. Arthur Casagrande ao Brazil. (1950) N. 157 , p.


43-48

• Aterros na baixada de Santos. (1973) ed i ção especial , p. 40-63

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