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Biologia Marinha e Biotecnologia

Gestão de Recursos Marinhos


Créditos: 6

Docente: João Correia

e-mail: joao.correia@ipleiria.pt

Gabinete: 6
Bioeconomia
 Introdução
A pesca, actualmente, disponibiliza empregos para milhões de
pescadores e múltiplas indústrias associadas a esta actividade, tais
como construção naval, construção de redes, venda de pescado, etc.
Os pescadores propriamente ditos compram barcos e artes, vendem

as suas capturas, gastam as suas receitas, investem os seus lucros e


recebem, frequentemente, subsídios.
Sendo a pesca uma actividade que move tantos recursos financeiros,

não deixa de ser surpreendente que os factores económicos da pesca


sejam tão frequentemente ignorados.

Para que a pesca seja gerida eficazmente os aspectos económicos


também devem ser tomados em conta.
Bioeconomia
 Introdução
Esperar-se-ia que a pesca fosse uma actividade lucrativa, já que a
matéria-prima (i.e. recursos marinhos) não tem custos, restando os
custos associados aos barcos e artes.
Contudo, a pesca é uma actividade extraordinariamente ineficiente e

os seus custos (muitas vezes suportados pelos Governos na forma de


subsídios) ultrapassam as receitas anualmente em mais de 50 biliões
de dólares!
A análise económica desta actividade ajuda a compreender os motivos

por trás desta ineficiência.


Esta análise, em conjunto com a análise de aspectos biológicos (i.e.

bioeconomia), poderá auxiliar em questões como: qual a dimensão


óptima para uma frota, deverão as quotas de capturas ser fixas ou
variáveis, como deverá ser configurado o sistema de licenciamento, etc.
O valor da pesca
 Comércio de espécies capturadas
A maior parte dos stocks são explorados por motivos económicos.
Mesmo quando os pescadores pescam por subsistência, normalmente

vendem sempre parte das capturas de que não se alimentam.


Anualmente, mais de 50 biliões de dólares de recursos marinhos são

comercializados entre países; o valor das transacções dentro de cada


país é ainda muito superior.
Em 1997, 95% do comércio de recursos marinhos era detido por 20

países, sendo os principais exportadores Noruega, China, E.U.A.,


Dinamarca, Tailândia e Canadá, totalizando mais de 2.000 milhões de
dólares.
O principal país importador é o Japão, recebendo mais de 15.450

milhões de dólares em peixe em 1997.


E.U.A., França e Espanha importaram 3.000 milhões no mesmo ano.
O valor da pesca
 Comércio de espécies capturadas
Na maioria dos países desenvolvidos, a pesca representa uma fatia
pequena da actividade económica total.
Na Europa e E.U.A. a contribuição das pescas para o Produto Interno

Bruto (P.I.B. i.e. total das receitas antes dos custos, Gross domestic
product – GDP) é menor que 1%.
Os valores nacionais, contudo, podem induzir em erro, já que os

valores específicos de comunidades mais pequenas podem ser


substancialmente superiores.
Em ilhas pequenas e países em vias de desenvolvimento

(particularmente se tiverem uma costa extensa), a pesca pode


desempenhar um papel preponderante na economia nacional:

15% do PIB da Islândia é devido à pesca (que inclui Bacalhau, Arenque e
Capelin).

Em ilhas do Pacífico, como Kiribati, há muita captura artesanal de pequenos
peixes de recife e atum, chegando esta a contribuir com 54% do PIB.
O valor da pesca
Valor das capturas

e emprego
Em 1993, o valor de primeira venda das
capturas mundiais de recursos aquáticos
foi de 93.329 milhões de dólares; 74.601
milhões corresponderam a espécies
marinhas.
Os grupos mais valiosos foram os

Imperadores, Robalos e Congros, com


13.687 milhões, seguidos dos
Bacalhaus, Pescadas e Solhas, com
8.423 milhões.
Os crustáceos têm um custo alto

(25,1% do valor total) e peso baixo


(6,2% do peso total).
Os peixes vendidos para farinha têm

um custo baixo (3,3% do valor total) e


peso alto (28,6% do peso total).
O valor da pesca
Valor das capturas e

emprego 7.000.000 2,5 €

 O tratamento dos dados de 6.000.000


elasmobrânquios desembarcados em 2,0 €

Total desembarcado (Kg)


Portugal de 1986 a 2006 permitiu calcular um

Preço médio (€ / Kg)


5.000.000
total de 108.670.527 Kg desembarcados, 1,5 €
4.000.000
correspondendo a 138.127.846 €. Isto
corresponde a desembarques médios de 3.000.000
5.174.787 Kg por ano (n = 21, desvio padrão 1,0 €

= 549.681 Kg). 2.000.000


A análise por ano está representada na 0,5 €
1.000.000
figura 1, onde é possível identificar uma
tendência dos desembarques genericamente 0 0,0 €
descendente, particularmente desde 1988
1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006
(máximo = 6.165 ton) e uma tendência do
preço genericamente ascendente. Os
desembarques permaneceram inferiores a Figura 1. Total, por ano, de elasmobrânquios
5.000 ton desde 1998. desembarcados (barras) e preço médio anual por quilo
(linha) em Portugal de 1986 a 2006.
O valor da pesca
 Valor das capturas e emprego
O preço de indivíduos de algumas espécies pode atingir 100 dólares
por Kg quando revendidos.
As Garoupas gigantes, Epinephelus lanceolatus, chegam a ser

vendidas por 10.000 dólares em Hong Kong.


As espécies de tunídeos Thunnus obesus, T. thynnus e T. maccoyii

são vendidas por valores semelhantes para o mercado de sashimi


Japonês.
O valor relativo das pescas para um país, e a quantidade de pessoas

empregues, depende de múltiplos factores; genericamente, contudo,


estes valores são mais elevados nos países em desenvolvimento.
Em muitos destes países a pesca pode ser a única fonte de

alimentação e rendimento.
O valor da pesca
 Valor das capturas e emprego
 https://www.theguardian.com/world/2017/jan/05/bluefin-tuna-sells-for-500000-at-japan-au
ction-amid-overfishing-concerns
O valor da pesca
 Valor das capturas e emprego
 https://www.reuters.com/article/us-tuna-auction-idUSKCN1OZ056
O valor da pesca
 Valor das capturas e emprego
 https://www.reuters.com/article/us-new-year-japan-tuna-auction-idUSKBN1Z4060
O valor da pesca
 Valor das capturas e emprego
 https://www.bloomberg.com/news/articles/2021-01-05/tuna-sells-for-just-10-of-2020-price-
at-tokyo-new-year-auction
O valor da pesca
Valor das capturas e

emprego
A Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico (OCDE,
Organization for Economic Co-operation and
Development, OECD) compilou estes valores
para vários países:
Nos países desenvolvidos, o emprego

devido à pesca é bastante baixo, com


apenas a Noruega e Coreia a ultrapassarem
a barreira do 1%.
Estes valores contrastam bastante com os

30% que correspondem às Ilhas Fiji, em que


37% dos homens, 48% das mulheres e 5%
das crianças são considerados pescadores.
O valor da pesca
Valor das capturas e

emprego
Na maioria dos países desenvolvidos as
capturas são vendidas, pelo que o seu valor
é um bom indicador da significância
económica das pescas.
Em ambientes rurais, muitos dos

desembarques podem ser consumidos pelos


pescadores, pelo que a significância dos
valores das capturas deixa de ser
contabilizada facilmente.
Dazell et al. (1996, in Jennings et al. 2001)

criaram valores de substituição dos valores


das capturas de subsistência, de modo a que
possam ser incluídos em modelos de
avaliação.
Este método permitiu verificar que, tal como

se esperava, nas Ilhas do Pacífico, os


valores de subsistência são
substancialmente superiores aos valores
comercialmente declarados.
Modelos bioeconómicos
 Introdução
Os modelos económicos de análise das pescas consistem, tal como os
modelos biológicos já estudados, numa representação de um sistema
que permita prever a forma como se irá comportar sob variados
cenários.
Antes de prosseguir é importante definir alguma terminologia:

 Receitas (Revenue) – o preço do produto multiplicado pela quantidade vendida.


No caso da pesca, o ‘produto’ costuma ser peixe.
 Custos (Costs) – a quantia que tem de ser gasta para gerar receita. Dividem-se
em:
 Custos variáveis (Variable / short-term costs) – variam facilmente, ex.

combustível
 Custos fixos (Fixed / long-term costs) – não dependem do facto de a

actividade estar a ser exercida, ou não; ex. prestações, prémios de seguro


 Os custos variáveis são, normalmente, proporcionais ao esforço de pesca,

enquanto que os custos fixos não são.


Modelos bioeconómicos
 Introdução
Antes de prosseguir é importante definir alguma terminologia:
 Lucro (Profit) – diferença entre custos e receitas.
 Os Produtores vendem produtos que são comprados pelos Consumidores –
assume-se que os produtores tentam maximizar os seus lucros, decidindo o que
vender, quanto vender e quando vender; o preço reflecte quão desejável é o
produto para o consumidor, ex.:
 Os Napoleões (Cheilinus undulatus) são vendidos em restaurantes de Hong

Kong por 90 dólares / Kg


 As Enguias Ammodytes sp., capturadas pela pesca comercial no Mar do

Norte, são vendidas por 0,1 USD / Kg


 Se um produto é caro, os produtores tentarão disponibilizar maior

quantidade e tirar mais lucro > contudo, aumentar a quantidade disponível


no mercado significa despender mais custos e > como o preço normalmente
varia inversamente em relação à oferta (lei da procura e da oferta) o preço
terá tendência a descer
Modelos bioeconómicos
Bioeconomia

descritiva – modelo de
Gordon
Gordon (1954, in Jennings et al.
2001) foi responsável por uma das
primeiras tentativas nesta área,
produzindo um modelo económico
que tentava explicar porque é que
os pescadores Canadianos tinham
rendimentos tão baixos.
O modelo de Gordon era

baseado no modelo de produção


clássico de Schaefer.
Modelos bioeconómicos
 Bioeconomia descritiva – modelo de Gordon
O modelo de Gordon possuía as limitações dos modelos biológicos de
produção mas a sua análise foi extremamente importante, sugerindo
que uma pescaria de livre-acesso será naturalmente sujeita a sobre-
pesca e os pescadores envolvidos terão um retorno económico
reduzido.

Se assumirmos que as capturas são


proporcionais às receitas e os custos são
proporcionais ao esforço, então a curva de
produção pode simplesmente relacionar
receitas e custo com esforço.
Modelos bioeconómicos
 Bioeconomia descritiva – modelo de Gordon
Numa pesca não regulada, espera-se que esta cresça até que receitas
= custos (i.e. ponto E1 na figura). A partir deste ponto o custo da pesca
excede as receitas e os pescadores perdem dinheiro.
A pesca tem um pico de lucro no ponto E2, em que o diferencial entre

receitas e custos (i.e. lucro) é máximo.


O modelo de Gordon explica um número vasto

de pescarias e, portanto, ilustra porque muitos


pescadores têm rendimentos baixos (i.e. porque
uma pescaria não regulada evolui até um ponto
em que as capturas já não compensam os
Custos).
Legenda: área de lucro | área de prejuízo
Modelos bioeconómicos
 Bioeconomia descritiva – a tragédia da pesca
 A pesca corresponde a uma situação de difícil resolução e que está associada,
frequentemente, a um grupo de pessoas que tem livre acesso ao recurso e que o
exploram para além dos seus limites biológicos.
Mesmo com a introdução das Zonas Económicas Exclusivas (que garantem direitos de

exploração a cada País dentro da área delimitada por uma linha a 200 milhas de costa), o
mar continua a ter acesso virtualmente livre dentro de cada país.
Cada pescador tem a sensação de que as suas acções individuais têm pouco impacto na

protecção dos recursos.


Pior ainda, cada pescador tem a sensação de que os recursos que não capturar serão

capturados por outros!


Dir-se-ia, por isso, que a falta de controlo no acesso ao recurso mais a percepção de que

todos têm direito ao recurso serão as razões principais para a sobre-exploração.


Actualmente considera-se que a melhor solução para este problema envolve o

estabelecimento de direitos de propriedade (i.e. licenças, áreas reservadas, etc.) aos


pescadores, que assumem responsabilidade pelas áreas / quotas que lhes são atribuídas.
Modelos bioeconómicos
 Bioeconomia descritiva – capital não maleável
O capital investido em frotas de pesca é apelidado de não-maleável
porque raramente pode ter outros fins e a sua venda está associada a
perdas altas.
Este é um dos motivos por que os pescadores são relutantes em

reduzirem o esforço de pesca depois de terem investido na frota.


Isto significa que a paragem de uma pescaria, para recuperação de um

stock, pode ter consequências económicas catastróficas.


Há muitos exemplos da falta de vontade dos pescadores em reduzirem

o esforço de pesca depois de terem investido o seu capital em barcos


de pesca e equipamentos associados...
Modelos bioeconómicos
 Bioeconomia descritiva – capital não maleável
 Exemplo da pesca ao Bacalhau na Newfoundland e Nova Scotia:
Em 1977 o Canadá implementou legislação que colocava os stocks de

Bacalhau (anteriormente de acesso livre por parte de vários países) sob


o seu controlo directo;
O Governo Canadiano decidiu que a mortalidade tinha de ser reduzida,

para que o stock recuperasse;


As reduções de mortalidade foram inicialmente fáceis porque se

tinham eliminado todos os barcos estrangeiros da área;


À medida que o stock recuperava, a indústria pesqueira Canadiana

começou a planear um crescimento generoso e investiu fortemente em


equipamento de pesca e processamento...
(a saga continua no próximo slide)

(também descrito alternativamente em www.iiasa.ac.at/Research/ADN/Fisheries.html )


Modelos bioeconómicos
 Bioeconomia descritiva – capital não maleável
Exemplo da pesca ao Bacalhau na Newfoundland e Nova Scotia:
(continuação)

...Este equipamento, obviamente, não servia para mais nenhuma função, i.e. O
capital investido era não-maleável;
Em 1987 cientistas pesqueiros chegaram à conclusão

de que os stocks de Bacalhau não estavam a


recuperar às taxas previstas e as taxas de
crescimento iniciais tinham sido optimistas demais;
Foram implementadas reduções drásticas nas

capturas, o que teve uma reacção muito adversa


por parte de pescadores que tinham investido em
capital não-maleável.
Modelos bioeconómicos
 Bioeconomia descritiva – descontos
Mesmo quando os pescadores não competem por um recurso a
decisão de os capturar, ou não, depende do seu valor no futuro.
Se o valor de um stock, passados 5 anos, for inferior ao valor que

teremos se capturarmos o stock já e colocarmos o dinheiro a render no


banco, então será mais vantajoso pescar o stock todo já.
As taxas desconto são usadas para medir a
diminuição do valor de um recurso com o tempo.
As taxas de desconto reflectem o custo dos

dividendos no investimento.
I.e., se investirmos nos peixes, deixando-os no

mar, espera-se que o seu valor aumente pelo


menos tanto como se os capturássemos e
vendêssemos já.
Modelos bioeconómicos
 Bioeconomia descritiva – descontos
O valor actual (present value, PV) do rendimento (income, V) em t
anos no futuro é dado por:

 - taxa de desconto
O declínio no valor de uma unidade de rendimento

é dado na figura, a taxas de desconto diferentes.


Uma taxa de desconto mais elevada significa

uma redução mais rápida no valor do peixe


capturado.
Modelos bioeconómicos
 Bioeconomia descritiva – descontos
Tradicionalmente os pescadores usam taxas de desconto elevadas
porque estas reflectem o maior risco a que a actividade piscatória está
associada, uma vez que os pescadores não têm garantias quanto aos
recursos que irão capturar no futuro.
As taxas de desconto usadas por pescadores são, tipicamente, mais

elevadas do que a diferença entre a inflação (~2~3%) e as taxas de


juro definidas pelos Governos (~4~5%).
Ao usarem taxas de desconto elevadas, os pescadores terão a

tendência de quererem capturar peixes o mais rápido possível,


especialmente se os custos da captura não aumentarem à medida que
o stock vai diminuindo.
O investimento deixando peixes no mar é muito menos apelativo

porque os peixes crescem mais lentamente do que o capital investido.


Modelos bioeconómicos
 Bioeconomia descritiva – descontos
Na realidade, há tantos stocks com taxas de crescimento mais lentas
do que as taxas de desconto que há uma tendência generalizada para
os pescar até à última.
Esta sobre-pesca generalizada não ocorre ainda com maior frequência

porque:
 Os custos da pesca tornam-se proibitivos quando a abundância

diminui bastante
 Há legislação para impedir este fenómeno

Estas razões não evitam, contudo, a multiplicação de histórias de

boom & bust, em que pescadores capturaram todos os animais de uma


espécie e tiveram de esperar décadas até que estas recuperassem e
pudessem voltar a capturá-las; ex.:
 Pepinos-do-mar nas Galápagos
Modelos bioeconómicos
 Bioeconomia descritiva – descontos
Se as espécies marinhas são tão mais valiosas se as capturarmos já
em vez de as capturarmos mais tarde, então porque é que nos
preocupamos com a conservação destas?? Porque é que não as
capturamos todas já e investimos o dinheiro em aplicações com maior
rendimento??
Dum ponto de vista estritamente económico esta afirmação é

verdadeira...
...Contudo a pesca envolve outros aspectos para além do económico,

nomedamente:
 Sociais – o fim da pesca significa desemprego
 Biológicos – o fim da pesca significa desequilíbrios imprevisíveis
 Morais e éticos – aceita-se hoje, genericamente, que o papel do
Homem no Planeta é o de protector para as gerações futuras
Objectivos económicos vs. sociais
 Subsídios
Parece mentira, mas é verdade (!): a pesca, de um ponto de vista
global, não é uma actividade lucrativa.
Em circunstâncias normais as indústrias que não dão lucro abrem

falência; contudo, no caso da pesca, persistem devido a subsídios.


O objectivo principal dos Governos é manter níveis de emprego e

assegurar que os pescadores têm um rendimento razoável.


Paralelamente, a análise de dados da pesca é famosa por ser tão

difícil, devido à enorme proporção de dados que não são reportados à


nem compilados pela FAO (organismo das Nações Unidas responsável
por esta tarefa).
Objectivos económicos vs. sociais
 Subsídios
Em 1993 a FAO produziu uma análise de custos e receitas da pesca, a
nível mundial, usando dados de 1989. Note-se que só foram usados
dados relativos a navios com mais de 100 TAB, pelo que os resultados
constituem uma sub-estimação da realidade.
A tabela revela que os custos da pesca

excederam as receitas em 54,1 biliões


de dólares em 1989.
Como sabemos, muitos pesqueiros

têm acesso livre e a forma de apanhar


mais peixes é investindo em equipa-
mento para tal.
Objectivos económicos vs. sociais
 Subsídios
E também já sabemos que, quando os preços estão altos e os peixes
abundam, constróem-se mais barcos, mas estes não podem servir mais
nenhum fim quando os preços descem e os recursos se tornam
escassos.
Este investimento em capital não-maleável explica porque é que,

tantas vezes, muitos navios de pesca continuam a pescar mesmo


quando já não é rentável, meramente para cobrirem os custos fixos.

Hoje em dia ninguém discute que a atribuição de subsídios mantém


uma indústria economicamente deficiente e aumenta a probabilidade de
os stocks de pesca serem capturados para além dos seus limites
biológicos.
Objectivos económicos vs. sociais
 Subsídios
Contudo, a atribuição de subsídios mantém os níveis de emprego no
sector das pescas e previne o colapso de comunidades pesqueiras.
O sector das pescas é subsidiado de diversas formas:

 Controlo artificial do preço das capturas

 Subsídios para combustível ou equipamentos

 Condições especiais para empréstimos

 Disponibilização de instalações de apoio nos portos (ex. em

Portugal: Docapesca)
Ex. em 1989 a indústria pesqueira Japonesa recebeu 19 biliões de

dólares de subsídios.
Ex. no mesmo ano a Comunidade Europeia atribuiu 0,6 biliões.
Objectivos económicos vs. sociais
 Subsídios – exemplos em Portugal
MARE – Programa para o desenvolvimento sustentável do sector
da Pesca:
http://www.ifadap.min-agricultura.pt/ifadap/incentivos/mare/mainMARE.h
tml
Paralização de pescadores em Maio de 2008:

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1330035
Protesto contra preço dos combustíveis
Pescadores e armadores marcaram paralisação por tempo indeterminado, 26.05.2008 - 13h14 Lusa, PÚBLICO

Pescadores e armadores agendaram para dia 30 de Maio (sexta-feira) uma paralisação por tempo indeterminado

devido ao aumento dos preços dos combustíveis, com o objectivo, segundo o presidente da Associação dos Armadores
da Pesca Industrial (ADAPI), António Miguel Cunha, de “chamar a atenção do ministro para os problemas dos
pescadores”.
António Miguel Cunha refere que a paralisação permanecerá mesmo com a garantia do ministro de Agricultura e

Pescas de que não haverá mais apoio ao nível dos combustíveis. “Somos um sector limitado pelas restrições da União
Europeia e por isso temos que ter um tratamento excepcional”, explicou o presidente da Adapi.
A paralisação geral foi decidida a 21 de Maio, numa reunião que juntou todas as associações de armadores e a

federação dos sindicatos do sector da pesca e irá abranger cerca de sete mil embarcações registadas no continente. A
paralisação vai abranger cerca de 20 associações e sindicatos nacionais do sector, juntando armadores e pescadores.
Objectivos económicos vs. sociais
 Subsídios – exemplos em Portugal
Paralização de pescadores em Maio de 2008:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1329653&idCanal=57
 Peixe fresco vai escassear nos mercados portugueses
Frota pesqueira pára a partir de 30 de Maio e ameaça abastecimento do mercado, 22.05.2008 - 08h28 José Manuel Rocha
A partir do final deste mês, o peixe fresco poderá tornar-se uma espécie rara nos mercados portugueses. E a preços
proibitivos. A paralisação de toda a frota pesqueira nacional por tempo indeterminado, a partir de 30 de Maio, vai
deixar as lotas vazias e os postos de revenda a procurar alternativas nas espécies importadas e nos congelados.
Armadores e pescadores garantem que só voltarão ao mar quando o Governo tomar medidas que atenuem os custos
decorrentes do aumento dos combustíveis.
Esta espécie de greve geral do sector pesqueiro, inédita por juntar proprietários e trabalhadores, vai

inevitavelmente afectar o abastecimento dos portugueses, conhecidos por um forte apetite pelos produtos do mar. Em
2006, dois terços do mercado de peixe fresco foi abastecido pelas embarcações nacionais, ficando o restante
terço para o produto importado, essencialmente de Espanha. Acontece que a frota do país vizinho vive os mesmos
problemas e tem prevista uma paragem de actividade também para o próximo dia 30.
A paralisação, decidida ontem numa reunião em Lisboa que juntou todas as associações de armadores e a federação

dos sindicatos do sector da pesca, deverá abranger as mais de 7.000 embarcações registadas no continente. António
Miguel Cunha, presidente da Associação dos Armadores da Pesca Industrial, Adapi, espera uma adesão generalizada a
este movimento de protesto, a exemplo do que aconteceu em França e do que irá ocorrer em Espanha, também a partir
de 30 de Maio.
(…)
Objectivos económicos vs. sociais
 Subsídios – exemplos em Portugal
Paralização de pescadores em Maio de 2008:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1329653&idCanal=57
 Peixe fresco vai escassear nos mercados portugueses
Frota pesqueira pára a partir de 30 de Maio e ameaça abastecimento do mercado, 22.05.2008 - 08h28 José Manuel Rocha
 (…)
 António Cunha diz que, no espaço de um ano, o preço dos combustíveis para a pesca aumentou 89 por cento. "É
uma situação incomportável", defendeu o presidente da Adapi, uma das associações que, em Janeiro, assinaram uma
exposição ao ministro da Agricultura e Pescas a alertar para os problemas que a escalada de preço do gasóleo
marítimo estava a gerar no sector. "Aguardámos estes meses todos uma tomada de posição, que acabou por não
acontecer. Só encontrámos insensibilidade e falta de disposição para o diálogo".
A resposta do ministro Jaime Silva surgiu ontem, na Assembleia da República. Durante uma audição parlamentar, o

titular da pasta afirmou que agricultores e pescadores têm ajudas de 57 milhões de euros por ano para combustíveis. O
argumento não convence os responsáveis da pesca. "Ou o ministro não conhece o sector, ou está a fazer demagogia.
Nós só não pagamos imposto sobre produtos petrolíferos, como acontece em todos os países europeus. É uma
forma de nos compensar pelas limitações impostas à actividade - quotas de pesca e defesos obrigatórios ".
António Macedo, coordenador do Sindicato dos Pescadores do Norte, afirmou que a adesão das plataformas sindicais

é natural, uma vez que a escalada dos combustíveis afecta também os trabalhadores do sector. " O pagamento dos
pescadores é feito pelo que resta do monte de pesca, subtraído o custo do gasóleo. Quanto mais pesar a factura
energética, menos sobra para quem trabalha", revelou.
A despesa das embarcações com os combustíveis é superior a 30 por cento dos custos da actividade pesqueira. A

paralisação irá abranger os diferentes segmentos de pesca no continente - artesanal, arrasto, sardinha, industrial.
Objectivos económicos vs. sociais
 Eficiência económica
A eficiência económica é apenas um dos possíveis objectivos de
uma política de pesca.
Já vimos, em aulas anteriores, que, na maioria dos casos, um navio de

pesca de grandes dimensões a operar numa área regulada é


economicamente mais eficiente do que muitos barcos pequenos numa
área não regulada.
A eficiência económica, na pesca e em outras indústrias, aumenta com

a mecanização e redução no número de funcionários.


Uma vez que a pesca emprega, tradicionalmente, números largos em

comunidades pequenas, torna-se legítima a questão: será a eficiência


económica nas pescas um objectivo mais, ou menos, desejável do que
a manutenção de postos de trabalho?
Objectivos económicos vs. sociais
 Eficiência económica
Alguns autores defendem que a pesca tradicional não é muito
produtiva e encarar a pesca como um museu vivo não é uma solução
viável para a sobre-exploração, ineficiência nem o excesso de
investimento em equipamento.
A manutenção de uma pesca tradicional

meramente por motivos culturais ou


emocionais tem um preço que é
suportado pela sociedade em geral.
Os recursos que são consumidos

nesse esforço poderiam ser usados


para outros fins, como a construção
(e operação) de hospitais, escolas e estradas.

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